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FICHA DE APOIO AO ESTUDO


BIOLOGIA 11.º ANO: Unidade 1. Ocupação antrópica e problemas de ordenamento

1. Ocupação antrópica e problemas de ordenamento:

Ordenamento do território – conjunto de processos integrados de ordenação do


espaço biofísico, tendo como objetivo a sua ocupação, utilização e transformação de
acordo com as capacidades do referido espaço.

Ocupação antrópica – ocupação de grandes zonas da superfície terrestre pelo Homem


com consequente modificação das paisagens naturais.

.:.

O crescimento da população humana obriga-a a expandir-se geograficamente e a


ocupar zonas naturais, algumas das quais, sujeitas a risco geológico (riscos potenciais
decorrentes de processos geológicos naturais, como, por exemplo, os deslizamentos
de massa ou os sismos). A ocupação antrópica privilegia áreas com acessos favoráveis
e com riqueza natural próprias, como é o caso das zonas fluviais e das faixas litorais.

A ocupação antrópica levou a grandes alterações paisagísticas, o que tem levado à


deterioração ambiental.

Para evitar que a ocupação antrópica acentue cada vez mais os impactos negativos, é
necessário definir regras de Ordenamento do Território.

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A ocupação antrópica gera situações de risco especialmente no tocante à água, às
zonas costeiras e às zonas de vertente.

Risco geomorfológico:

 Bacias hidrográficas – erosão fluvial, cheias, exploração de inertes, …;


 Zonas costeiras – erosão costeira, pressão urbanística, …;
 Zonas de vertente – erosão das vertentes, movimentos de massa, …

1.1 Bacias hidrográficas (Análise de uma situação-problema).

De entre todos os agentes naturais que atuam sobre a superfície da Terra, a água é,
provavelmente, aquele que mais modificação provoca na paisagem.

A ocupação antrópica em regiões próximas dos cursos de água muitas vezes deve-se ao
facto de muitos rios serem utilizados para o transporte, fácil acesso à água, energia e
alimento, bem como devido à existência de solos férteis.

O escoamento fluvial processa-se de um modo hierarquizado, definindo uma rede de


drenagem composta por cursos de água que vão confluindo, o que possibilita o
deslizamento das águas das zonas mais altas em direção às mais baixas. Segundo o seu
grau de importância na hierarquia fluvial, os cursos de água tomam diferentes
designações: regato, ribeiro, ribeira e rio.

O conjunto formado pelo rio principal, seus afluentes e subafluentes constitui uma
rede hidrográfica.

A área geográfica que contém uma dada rede hidrográfica constitui a bacia
hidrográfica ou de drenagem.

O leito do rio é o espaço que pode ser ocupado pelas águas, sendo possível distinguir:

 leito ordinário ou aparente – traçado de relevo por onde correm as águas de um


rio;
 leito maior ou leito de cheia (ou de inundação) – área marginal inundada pelo
rio em regimes de cheia;
 leito menor ou de estiagem - zona do leito aparente ocupado pelas águas do
rio durante a estação seca.

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O comportamento de cada rio depende do seu regime hidrográfico que, por sua vez,
depende das inter-relações complexas das condições da bacia hidrográfica (p. ex.:
geometria, relevo, composição rochosa, materiais dos solos, cobertura vegetal e grau
de interferência humana).

Os rios desempenham um triplo papel geológico:

 Meteorização e erosão – as águas em movimento podem provocar desgaste


físico das rochas do leito, tanto vertical (p. ex.: aprofundando o canal fluvial),
como lateralmente (p. ex.: alargando o canal fluvial). Esta ação de desgaste
deve-se, principalmente, ao arrastamento dos materiais sólidos transportados.
Todos os materiais soltos são removidos devido à pressão exercida pela água
em movimento, mais importante em época de cheias. Este processo de
remoção tem o nome de erosão.
 Transporte – os materiais podem ser levados para maiores distâncias (tanto
maiores quanto menor for a sua dimensão), são designados por detritos e
constituem parte da carga sólida do curso de água. Os rios transportam
igualmente uma grande quantidade de substância dissolvidas.
 Sedimentação – consiste na deposição dos materiais, quer ao longo do leito do
rio, quer nas suas margens, quer na foz. A sedimentação é geralmente
ordenada de acordo com as dimensões, a forma, o peso dos detritos e com a
velocidade da corrente. Após a deposição os materiais designam-se por
sedimentos. Os materiais mais pesados e de maiores dimensões normalmente
depositam-se mais para montante e os de menores dimensões e mais finos
depositam-se a jusante (junto à foz) ou são transportados para o mar. A
deposição de materiais é importante quando ocorrem cheias, formando
depósitos no leito de cheia chamados aluviões.

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Em cada troço de um rio realizam-se simultaneamente os três tipos de ação geológica:
erosão, transporte e sedimentação.

O risco geológico dos rios está associado, sobretudo, à variação do seu caudal. Quando
a pluviosidade é abundante, ou ocorre degelo a montante, o nível de água fluvial
aumenta e pode inundar as margens do rio, invadindo o leito de cheia.

As populações edificam, frequentemente, construções nos leitos de cheia das bacias


hidrográficas. Este facto aumenta, enormemente, o potencial destrutivo das cheias
fluviais.

O risco geológico associado aos cursos de água é amplificado peça ação humana. No
entanto, as consequências deste risco podem ser minimizadas com medidas de
prevenção.

1.2 Zonas costeiras (Análise de uma situação-problema).

As zonas costeiras são talhadas pela ação do mar no litoral. A subida e a descida das
águas das marés, o movimento das ondas nas rochas são responsáveis pela ação
destrutiva do litoral (abrasão marinha – impacto das ondas que provoca o desgaste
sobre a costa).

Na vida da Terra, o nosso litoral já assistiu a várias subidas e descidas do nível do mar,
alternância de regressões (períodos glaciares e interglaciares o que faz com que o nível
da água do mar desça) e transgressões (períodos de fusão das grandes massas de gelo,
o que faz com que o nível da água do mar suba), são responsáveis por estas alterações.

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Como resultado da ação do mar, podem considerar-se as formas de erosão e as formas
de deposição.

As formas de erosão resultam do desgaste provocado pelo impacto dos movimentos das
águas do mar sobre a costa. A este desgaste dá-se o nome de abrasão marítima. Os
efeitos da abrasão são particularmente visíveis nas costas altas e escarpadas,
chamadas arribas (fronteira litoral escarpada e elevada, onde a transição da área
continental para o oceano é abrupta).

A abrasão ocorre principalmente na base da arriba, onde o impacto das águas sobre as
rochas vai escavando e provocando a queda de detritos que se acumulam nas zonas
mais baixas, dando origem a uma superfície chamada plataforma de abrasão. Esta
plataforma é recoberta pelas águas durante a preamar (maré cheia) e fica a descoberto
durante a baixa-mar (maré vazia).

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Nos locais onde predominam forças de abrasão é possível observar um conjunto de
formas, para além da plataforma de abrasão, como as cavernas, os leixões (penedos
altos e isolados da costa marítima) e os arcos litorais.

A zona litoral constitui um importante recurso natural, tanto como espaço de lazer
como fonte geradora de riqueza. Contudo, constitui um recurso não renovável à escala
humana.

Praias

 Local de acumulação de sedimentos de variados tamanhos e formas;

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 Geologica e ecologicamente são mais frágeis do que as arribas;
 Impedem o avanço das águas do mar para o interior;
 Por vezes, em algumas praias é possível observar dunas litorais que assumem
uma enorme importância, pois, impedem de um modo natural o avanço das
águas do mar e protegem a terra da intensidade do vento e do avanço das
areias.

Desta fora, uma praia é uma fronteira litoral de transição suave, onde ocorre a
deposição de sedimentos de calibre variado, maioritariamente, de origem fluvial.

Erosão costeira ou litoral

Cerca de 90% das zonas de litoral estão em acelerado processo de erosão, não
só devido a causas naturais, como a subida do nível das águas, mas, sobretudo,
devido à ação humana:

 a libertação de dióxido de carbono devido à queima dos combustíveis


fósseis; a desflorestação que reduz a quantidade de oxigénio na
atmosfera; os incêndios que emitem grande quantidade de gases para a
atmosfera e que provocam um aumento da temperatura no planeta
(efeito de estufa), o que origina o degelo das calotes polares. Tudo isto
tem influência nas zonas litorais;
 A ocupação da zona litoral com construções e estruturas de lazer que
interferem no equilíbrio natural da distribuição de sedimentos no litoral;

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 As barragens que aprisionam uma série de sedimentos nas suas
albufeiras, sedimentos esses que seriam naturalmente encaminhados
para as várias praias e que diminuiriam o efeito da erosão no litoral;
 A destruição das dunas das praias quer pelo uso contínuo quer pela
destruição das espécies vegetais que "consolidam" essas dunas, barreiras
naturais que evitam a aceleração da erosão no litoral;
 A construção desenfreada junto à costa, com cerca de 3/4 da população
portuguesa a viver junto ao litoral;
 A exploração de matérias-primas para a construção civil (exploração de
inertes).

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Formas de deposição

Obras de intervenção na faixa litoral

Para diminuir os estragos provocados pela natureza, mas principalmente pela


ação humana, têm surgido construções destinadas à proteção das investidas do
mar: esporões, molhes e enrocamentos.

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Os esporões (estruturas artificiais perpendiculares à linha de costa, cuja
finalidade é evitar a remoção de sedimentos pela ondulação. Da sua ação
resulta uma deficiente retenção de areias a sul, a que está associada uma
erosão intensa) e os molhes (pontões, ou estruturas alongadas que são
introduzidas nos mares ou oceanos, afixadas no leito aquático por meio de bases
que os sustentam firmemente, e que permitam que emerja da superfície
aquática. Constituí o único meio de se atracar uma embarcação nas costas que
não contam com águas suficientemente profundas). Ambas são estruturas
perpendiculares à praia que a protegem e podem ser formadas por rochas
amontoadas, estruturas em betão ou em tetrápodes de betão.

Normalmente estão associados a portos de abrigo, resolvem localmente o


problema das águas, mas transferem-no para outros locais, pois os sedimentos
deixam de se depositar a jusante e essas praias ficam sem areia, sendo a erosão
superior à sedimentação. Na tentativa de reparar o estrago a jusante, o Homem
vai construindo outras estruturas para reter as areias dessas praias.

Estas construções podem ser um perigo para os banhistas, pois alteram o


percurso natural das correntes marítimas, criando autênticas armadilhas
mortais na praia.

Exemplo deste tipo de construções são os enrocamentos ou paredões


(constituídos por grande quantidade de enormes blocos rochosos dispostos
paralelamente à costa. O inconveniente dos enrocamentos é o seu elevado
custo e a necessidade de serem renovados, aproximadamente, de 4 em 4 anos)
e os quebra-mar (muros dispostos no mar, paralelamente à costa, que a
defleção da energia das ondas, provocando um estreitamento da praia e,
eventualmente, o seu desaparecimento).

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Consequências da erosão

 destruição das construções;


 invasão pela água dos campos de cultivo;
 estreitamento e desaparecimento de praias;
 desaparecimento das areias, ficando apenas os calhaus de maiores
dimensão.

Medidas de prevenção

 Construção dos paredões e quebra-mares, anteriormente referidos, com


estudos prévios. É eficiente para o local, mas pode ser prejudicial para os locais
a jusante. Além disso, do ponto de vista estético, são uma forma de poluição
visual, devido ao seu aspeto pouco agradável. Têm ainda um custo muito
elevado e de são de curta duração (renovação, aproximadamente, de 4 em 4
anos.;
 Injeção de areias, com custos menos elevados que as construções anteriores e
com menos impacto na paisagem. É uma medida temporária, pois a dinâmica
da água vai retirando as areias depostas;
 Planos de ordenamento do litoral – como de forma a proteger o litoral português
elaborou-se os:
o Planos de Ordenamento da Orla Costeira (POOC), cujos objetivos são:
 identificar áreas de risco potencial;
 promover a reabilitação das áreas afetadas;
 elaborar medidas a tomar nas zonas afetadas;

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 estabelecer regras de utilização da orla costeira.
o Programa FINISTERRA, com o objetivo de requalificar e reordenar o
litoral português e de levar a cabo os POOC e cujos objetivos são:
 estabilização e recuperação de dunas;
 alimentação artificial das praias;
 manutenção e construção de quebra-mares, esporões e muros de
proteção;
 demolição e remoção de estruturas situadas em áreas de risco;
 estabilização de arribas.

1.3 Zonas de vertente (Análise de uma situação-problema).

As zonas de vertente são locais de constituição rochosa que apresentam um declive


acentuado e que estão sujeitos à ação rápida e intensa de processos de meteorização
e erosão.

A erosão ocorre depois de se dar a meteorização e pode assumir duas formas principais:

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1. erosão provocada pela água das chuvas, ou erosão hídrica – erosão lenta e
gradual, onde os materiais arrancados às vertentes são, quase sempre, em
pequena quantidade e de pequenas dimensões;
2. erosão provocada pelos movimentos de terreno, ou erosão dos movimentos em
massa – movimentação brusca e inesperada, ao longo de uma vertente de
grandes quantidades de materiais.

Causas dos movimentos em massa:

 Fatores Condicionantes – correspondem às condições mais ou menos


permanentes que podem favorecer ou não os movimentos em massa.
o Força da gravidade;
o Contexto geológico;
o Tipo e características das rochas;
o Inclinação da vertente;
o Grau de alteração e fraturação.

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 Fatores desencadeantes – correspondem a fatores que resultam de alguma
alteração que foi introduzida numa determinada vertente.

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o Precipitação;
o Ação Antrópica – destruição do coberto vegetal, remoção de terrenos
para construção;

o Sismos e tempestades no mar.

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Fatores Antrópicos

Procedimentos perigosos exercidos devido à ação humana nas vertentes,


modificando o seu perfil. Exemplos deste tipo de intervenção são: a escavação
nas bases para a construção; a sobrecarga no topo e a desflorestação.

Medidas preventivas

As medidas preventivas devem ser pensadas antes da ocupação do território,


sendo as principais:

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 Estudo das características geológicas e geomorfológicas de um local para
avaliação do seu potencial risco;
 Elaboração de cartas de ordenamento do território com definição de zonas
habitacionais, agrícolas, ecológicas, vias de comunicação, etc.;
 Elaboração de cartas de risco geológico;
 Remoção ou contenção dos materiais geológicos (pregagens, muros de suporte,
arborização, sistema de drenagem, redes metálicas, etc.) que possam
constituir risco;
 Verificação da ocorrência de episódios antigos;
 Pesquisa de movimentações (P. ex.: se há árvores inclinadas);
 Evitar o corte das vertentes (construção de estradas);
 Evitar aumentar a sobrecarga em declives de muita inclinação;
 Não desflorestar o local e reflorestar com árvores de crescimento rápido;
 Controlar a drenagem;
 Reavaliar a ocupação do território;
 Tentar diminuir a inclinação das vertentes;

 Manter as populações de sobreaviso.

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Medidas de estabilização das vertentes

CARTA DE EXPLORAÇÃO:

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U1F23

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