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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Educação
Licenciatura em

Física Biologia Celular


Tania Regina Paintner Marques

pONTA gROSSA - PARANÁ


2009
CRÉDITOS

João Carlos Gomes


Reitor

Carlos Luciano Sant’ana Vargas


Vice-Reitor

Pró-Reitoria de Assuntos Administrativos Colaboradores em EAD


Ariangelo Hauer Dias - Pró-Reitor Dênia Falcão de Bittencourt
Jucimara Roesler
Pró-Reitoria de Graduação
Graciete Tozetto Góes - Pró-Reitor Colaboradores de Informática
Carlos Alberto Volpi
Divisão de Educação a Distância e de Programas Especiais Carmen Silvia Simão Carneiro
Maria Etelvina Madalozzo Ramos - Chefe Adilson de Oliveira Pimenta Júnior
Juscelino Izidoro de Oliveira Júnior
Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância Osvaldo Reis Júnior
Leide Mara Schmidt - Coordenadora Geral Kin Henrique Kurek
Cleide Aparecida Faria Rodrigues - Coordenadora Pedagógica Thiago Luiz Dimbarre
Thiago Nobuaki Sugahara
Sistema Universidade Aberta do Brasil
Hermínia Regina Bugeste Marinho - Coordenadora Geral Colaboradores de Publicação
Cleide Aparecida Faria Rodrigues - Coordenadora Adjunta Denise Galdino de Oliveira - Revisão
Marcus William Hauser - Coordenador de Curso Janete Aparecida Luft - Revisão
Flávio Guimarães Kalinowski - Coordenador de Tutoria Ana Caroline Machado - Diagramação
Milene Sferelli Marinho - Ilustração
Colaborador Financeiro
Luiz Antonio Martins Wosiak Colaboradores Operacionais
Edson Luis Marchinski
Colaboradora de Planejamento Joanice Kuster de Azevedo
Silviane Buss Tupich João Márcio Duran Inglêz
Kelly Regina Camargo
Projeto Gráfico Mariná Holzmann Ribas
Anselmo Rodrigues de Andrade Júnior

Todos os direitos reservados ao Ministério da Educação


Sistema Universidade Aberta do Brasil
Ficha catalográfica elaborada pelo Setor de Processos Técnicos BICEN/UEPG.

M357b Marques, Tania Regina Paintner


Biologia celular./ Tania Regina Paintner Marques. Ponta
Grossa : UEPG/NUTEAD, 2009.
87p. il.

Licenciatura em Educação Física - Educação a Distância.

1. Fisiologia celular - estrutura. 2. Metabolismo energético.


3. Controle cardiorrespiratório. I. T.

CDD : 574.87

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA


Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância - NUTEAD
Av. Gal. Carlos Cavalcanti, 4748 - CEP 84030-900 - Ponta Grossa - PR
Tel.: (42) 3220-3163
www.nutead.uepg.br
2009
APRESENTAÇÃO INSTITUCIONAL
Prezado estudante

Inicialmente queremos dar-lhe as boas-vindas à nossa instituição e ao curso que


escolheu.
Agora, você é um acadêmico da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG),
uma renomada instituição de ensino superior que tem mais de cinqüenta anos de história
no Estado do Paraná, e participa de um amplo sistema de formação superior criado pelo
Ministério da Educação (MEC) em 2005, denominado Universidade Aberta do Brasil
(UAB).

O Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) não propõe a criação de uma


nova instituição de ensino superior, mas sim, a articulação das instituições
públicas já existentes, possibilitando levar ensino superior público de qualidade
aos municípios brasileiros que não possuem cursos de formação superior ou
cujos cursos ofertados não são suficientes para atender a todos os cidadãos.

Sensível à necessidade de democratizar, com qualidade, os cursos superiores em


nosso país, a Universidade Estadual de Ponta Grossa participou do Edital de Seleção UAB
nº 01/2006-SEED/MEC/2006/2007 e foi contemplada para desenvolver seis cursos de
graduação e quatro cursos de pós-graduação na modalidade a distância.
Isso se tornou possível graças à parceria estabelecida entre o MEC, a CAPES e
as universidades brasileiras, bem como porque a UEPG, ao longo de sua trajetória, vem
acumulando uma rica tradição de ensino, pesquisa e extensão e se destacando também
na educação a distância.
A UEPG é credenciada pelo MEC, conforme Portaria nº 652, de 16 de março
de 2004, para ministrar cursos superiores (de graduação, seqüenciais, extensão e pós-
graduação lato sensu) na modalidade a distância.
Os nossos programas e cursos de EaD, apresentam elevado padrão de qualidade e
têm contribuído, efetivamente, para a democratização do saber universitário, destacando-
se o trabalho que desenvolvemos na formação inicial e continuada de professores. Este
curso não será diferente dos demais, pois a qualidade é um compromisso da Instituição
em todas as suas iniciativas.
Os cursos que ofertamos, no Sistema UAB, utilizam metodologias, materiais e
mídias próprios da educação a distância que, além de facilitarem o aprendizado, permitirão
constante interação entre alunos, tutores, professores e coordenação.
Este curso foi elaborado pensando na formação de um professor competente, no
seu saber, no seu saber fazer e no seu fazer saber. Também foram contemplados aspectos
éticos e políticos essenciais à formação dos profissionais da educação.
Esperamos que você aproveite todos os recursos que oferecemos para facilitar o
seu processo de aprendizagem e que tenha muito sucesso na trajetória que ora inicia.
Mas, lembre-se: você não está sozinho nessa jornada, pois fará parte de uma
ampla rede colaborativa e poderá interagir conosco sempre que desejar, acessando
nossa Plataforma Virtual de Aprendizagem (MOODLE) ou utilizando as demais mídias
disponíveis para nossos alunos e professores.
Nossa equipe terá o maior prazer em atendê-lo, pois a sua aprendizagem é o nosso
principal objetivo.

EQUIPE DA UAB/UEPG
SUMÁRIO

■■ PALAVRAS DA PROFESSORA 7
■■ OBJETIVOS E ementa 9

estrutura e Fisiologia Celular


■■ seção 1- Célula Animal
11
12
■■ seção 2- Membrana Plasmática 26
■■ seção 3- Citoplasma e Organelas 33
■■ seção 4- Núcleo Celular 38

Metabolismo Energético
■■ seção 1- Energia
45
46
■■ seção 2- Via Aeróbica de Síntese e Ressíntese de energia 52
■■ seção 3- Via Anaeróbica de Síntese e Ressíntese de energia  57

Controle Cardiorrespiratório
■■ seção 1- fisiologia do sistema cardiorrespiratório 
65
66
■■ seção 2- Controle cardiorrespiratório 71

■■ PALAVRAS FINAIS 83
■■ REFERÊNCIAS 85
■■ NOTAS SOBRE A AUTORA 87
PALAVRAS DA PROFESSORA

Prezado(a) estudante,

Seja bem vindo (a) à disciplina de Biologia Celular!


O estudo da Biologia Celular é de grande importância para você, futuro
educador físico, uma vez que, seu objeto de trabalho é o organismo humano
constituído por células.
Os conceitos abordados nesta disciplina também subsidiam o entendimento
de disciplinas subsequentes como histologia e fisiologia.
É com essa compreensão que este livro aborda a constituição e fisiologia
da célula, relacionando as diferentes estruturas, mostrando uma relação de
interdependência.
Este livro é dividido em três unidades. Nelas, você vai encontrar as
estruturas que constituem uma célula animal e como essas estruturas atuam para
manter o funcionamento celular. Vai conhecer como a célula obtém energia para
desempenhar suas funções e quais são as fontes de energia utilizadas. Ainda vai
entender como e porque a respiração e a circulação sanguínea se alteram quando
o organismo é submetido a atividade física e como o sistema cardiorrespiratório
se adapta à atividade física.
Durante o estudo deste livro, você terá os bonecos Elastycon e Elástica que
trarão conteúdos multimídia e, por isso, são obrigatórios os acessos.
Esta disciplina será indispensável para o aprendizado no curso de
Educação Física e para sua atuação como Professor de Educação Física. Fique
atento e disposto a aprofundar seus conhecimentos.
Ótimo estudo para você!

Profa. Tania R. P. Marques


OBJETIVOS E ementa

Objetivo Geral

■■ Compreender a fisiologia celular, relacionando a interdependência de suas

estruturas.

Objetivos Específicos

■■ Identificar as estruturas que constituem uma célula animal.

■■ Compreender o funcionamento da célula animal.

■■ Identificar as diferentes fontes de energia utilizadas pelo organismo.

■■ Compreender os processos utilizados pelas células para obtenção de energia.

■■ Conhecer os mecanismos utilizados pelo organismo para controle

cardiorrespiratório em repouso e em atividade física.

■■ Aplicar conceitos de biologia celular em disciplinas subseqüentes.

Ementa

■■ Fundamentos de Estrutura e Fisiologia Celular. Metabolismo energético: Síntese e

Ressíntese de ATP. Controle Cardiorrespiratório em escolares em repouso e durante

atividades físicas.
UNIDADE I
Estrutura e
Fisiologia Celular

Tania Regina Paintner Marques

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
■■ Identificar as principais estruturas que constituem uma célula animal.

■■ Relacionar as funções das diferentes estruturas celulares.

■■ Identificar os componentes químicos da célula e suas respectivas funções.

■■ Caracterizar a membrana plasmática e citar suas funções.

■■ Enumerar as organelas e suas respectivas funções.

■■ Reconhecer a importância do núcleo no controle do funcionamento celular.

ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ Seção 1 - Célula Animal

■■ Seção 2 - Membrana Plasmática

■■ Seção 3 - Citoplasma e Organelas

■■ Seção 4 - Núcleo Celular


Universidade Aberta do Brasil

PARA INÍCIO DE CONVERSA

Na seção 1, você terá a oportunidade de conhecer uma célula animal,


de forma que possa identificar suas principais partes e funções. Você
identificará diferentes tipos celulares e como elas estão organizadas no
nosso corpo. No final da seção 1, irá reconhecer os componentes químicos
de uma célula.
Na seção 2, você estudará um dos componentes da célula, a membrana
plasmática. Você compreenderá as funções que ela desempenha. Conhecerá
a composição química da membrana plasmática e saberá como ela interfere
no transporte e seleção de substâncias que entram e saem da célula.
Na seção 3, será abordada a estrutura do citoplasma, assim como as
organelas que nele se localizam. Você terá a oportunidade de conhecer
as funções desempenhadas pelas organelas que estão no citoplasma e
reconhecer a importância dessas organelas para o funcionamento celular.
Na seção 4, você estudará sobre o núcleo celular. Todas as funções
da célula são coordenadas por esta estrutura, onde está localizado o nosso
material genético, o DNA. Você vai entender como o núcleo desempenha
essas funções.
É importante que você compreenda o funcionamento desta estrutura
microscópica que constitui o nosso corpo para que na sua prática profissional,
possa aplicar estes conceitos.

seção 1
Célula Animal

Antes de iniciar o estudo da célula animal assista


ao vídeo no link http://www.johnkyrk.com/CellIndex.
pt.html. Nesse vídeo, você visualizará as estruturas
celulares com imagens coloridas que auxiliarão uma
melhor compreensão desta seção.
Você sabia que a palavra Biologia se origina do
grego, onde bios significa vida e logos significa estudo?

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unidade 1
Biologia Celular
Ou seja, Biologia quer dizer estudo da vida.
Sabia que a Biologia é a área da ciência que estuda os seres
vivos? E que a Biologia Celular é uma área da Biologia que estuda
especificamente a célula?

Mas o que é célula? Como podemos definí-la?

Célula é a menor unidade que constitui o corpo humano. A célula


só pode ser visualizada ao microscópio. O microscópio é um aparelho
muito utilizado na Biologia Celular e que serve para aumentar o tamanho
da célula muitas vezes. Existem diferentes tipos de microscópio.
Um deles é o microscópio óptico, que você observa na figura
abaixo. Ele pode aumentar o tamanho de uma célula em até mil vezes
através de um sistema de lentes. Além do microscópio ótico, existe o
microscópio eletrônico (ME), que é muito mais potente e que aumenta
a célula milhares de vezes. No entanto, este tipo de microscópio não
está disponível na maioria das universidades brasileiras, devido ao seu
elevado custo.

Figura 1- Microscópio óptico.

Como a célula que constitui os seres vivos só pode ser visualizada


ao microscópio, dizemos que ela é microscópica. Para formar o corpo
humano são necessárias cerca de 10 quatrilhões de células, por isso,

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unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

dizemos que o organismo humano é pluricelular, quer dizer, tem mais


de uma célula. Alguns seres vivos como as bactérias são constituídas por
apenas uma célula e, por isso, são denominados seres unicelulares.
Além do número de células que constituem um ser vivo, as células
que constituem os seres vivos diferenciam em alguns aspectos. Por exemplo,
as plantas são constituídas por células vegetais que desempenham
funções específicas destes seres vivos. O organismo humano é constituído
por células animais. Observe a figura, ela representa uma célula animal
que é o foco de estudo desta disciplina.

Figura 2 - Célula animal

Você notou toda a complexidade e riqueza de detalhes que compõem


uma célula?
Veja só, o ser humano (você) tem cerca de 10 quatrilhões de células
no seu organismo. São estas estruturas microscópicas, mas complexas,
que mantém você vivo.
A figura apresenta as três regiões básicas que constituem uma
célula animal:
• Membrana plasmática: é o envoltório da célula, a região mais
externa da célula animal. É ela que está em contato com o meio
extracelular e tem como funções a proteção celular e troca de

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unidade 1
Biologia Celular
substâncias entre o meio intra e extracelular.
• Citoplasma: é a maior região da célula, localizando-se entre
a membrana plasmática e o núcleo. Nele estão dispersas
substâncias necessárias ao funcionamento celular e também estão
imersas organelas citoplasmáticas (Retículo endoplasmático,
peroxissoma, lisossoma, complexo de Golgi, mitocôndrias,
ribossoma) e o núcleo.
• Núcleo: geralmente é centralizado e tem uma membrana que o
reveste, a membrana nuclear ou carioteca. Nele está localizado
nosso material genético, o DNA. É esférico e possui cromatina
e nucléolo.
Cada uma destas regiões será abordada nas próximas seções e você
poderá conhecer com mais detalhes as funções.
Apesar de serem microscópicas, são as células que dão forma ao
organismo. Como você já viu são 10 quatrilhões de células que formam o
Meio extracelular:
corpo humano.
região que se localiza
externamente à célula.
Como estruturas tão pequenas podem dar forma ao corpo humano?
Meio intracelular: região
interna da célula.
As células se agrupam de acordo com suas funções e formas. Por
exemplo, uma célula muscular estará agrupada a milhares de outras
células musculares porque elas têm a mesma forma e desempenham a
mesma função, que é de contrair e relaxar o músculo durante a execução
de um movimento. Observe a figura 3, veja que as células musculares
são alongadas e cilíndricas. Esta forma permite a elas desempenhar sua
função durante o movimento.
Assim as células animais têm diferentes formas dependendo
da sua localização e função. Veja outros exemplos: Os neurônios,
células nervosas, têm prolongamentos para propagar o impulso
nervoso. As hemácias, células do sangue, são esféricas para facilitar
seu deslocamento pelos vasos sanguíneos. O espermatozoide, célula
reprodutiva masculina, possui um flagelo para deslocar-se até chegar
ao óvulo.

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unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

Figura 3 – Espermatozoide, neurônio, célula muscular e hemácia.

As células que se agrupam de acordo com sua função e forma,


constituem um tecido. Veja na figura abaixo que as células musculares
estão unidas e que entre elas quase não há espaços vazios. O tecido
muscular é assim, mas em outros tecidos as células podem estar mais
distantes, dependendo das funções que o tecido desempenha.

Figura 4- Tecido muscular.

Para que o tecido muscular possa desempenhar suas funções, ele


necessita de nutrientes, oxigênio e estímulo nervoso.

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unidade 1
Biologia Celular
Como o tecido muscular obtém oxigênio e nutrientes para que as células se contraiam?

As células do tecido muscular recebem oxigênio e nutrientes através


do sangue que percorre os vasos sanguíneos. O sangue também é um tipo
de tecido. Uma de suas células denominada glóbulo vermelho ou hemácia
tem a função de transportar oxigênio e gás carbônico. Além dos nutrientes e
oxigênio trazidos pelo sangue, as células musculares também necessitam de
estímulos para contrair ou relaxar. Estes estímulos vêm do cérebro e chegam
até o tecido muscular através dos nervos. O cérebro e os nervos são constituídos
pelo tecido nervoso. O tecido nervoso é outro tecido que encontramos no corpo
humano, sendo seu funcionamento bastante complexo. A principal célula do
tecido nervoso é o neurônio que você observa na figura abaixo.

Figura 5 – Célula nervosa: neurônio.

Observe que o neurônio tem a forma de uma estrela, pois a função


dele é de conduzir impulsos nervosos do cérebro até o músculo e também
do músculo até o cérebro.
Você pode notar, um tecido depende do outro para desempenhar
sua função e, portanto, um órgão como um músculo do braço tem mais
de um tecido, como acabamos de ver. Portanto o conjunto de diferentes
tecidos constitui um órgão.

Agora observe o seu braço. Quantos músculos você consegue perceber?

Você deve ter notado que em seu braço existe mais de um músculo
e quando você realiza algum movimento tem de utilizar um grupo de
músculos.

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unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

Você saberia dizer o nome de alguns músculos do braço? Veja


que a figura abaixo mostra estes músculos. Nos movimentos de flexão
e extensão você precisa que estes músculos atuem em conjunto para
conseguir realizar o movimento.

Figura 6 - Músculos do braço e antebraço.

Portanto o conjunto de todos os músculos do corpo humano forma o


Sistema Muscular.

Figura 7 - Sistema muscular.

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unidade 1
Biologia Celular
O Sistema Muscular é um dos sistemas que constitui o corpo
humano. Os outros sistemas são:
• Sistema Esquelético
• Sistema Neuroendócrino
• Sistema Digestório
• Sistema Cardiorrespiratório
• Sistema Urogenital
• Sistema Linfático
• Sistema Tegumentar

Ou seja, o organismo humano é um conjunto de diferentes sistemas.

O quadro a seguir esquematiza a organização do organismo humano


que acabamos de estudar, em que o conjunto de células forma um tecido,
o conjunto de diferentes tecidos forma um órgão, o conjunto de diferentes
órgãos forma um sistema e o conjunto dos diferentes sistemas constitui
um organismo. Desta forma, você entendeu como a célula pode dar forma
ao corpo e desempenhar suas funções.

células → tecidos → órgão → sistema → organismo

Curiosidade
O tempo de vida de uma célula animal também é variável. Algumas células como as hemácias
têm tempo médio de vida que varia de 90 a 120 dias. Já as células epiteliais podem ter aproximadamente
45 dias de vida. A renovação celular é necessária porque com o tempo as estruturas das células
envelhecem e deixam de desempenhar satisfatoriamente suas funções. Para que a renovação celular
ocorra, a célula utiliza diferentes componentes químicos. Você conhecerá cada um destes componentes
a seguir.

Composição Química da Célula

As células são compostas por diferentes substâncias químicas:


água, sais minerais, carboidratos, lipídeos, proteínas, vitaminas e ácidos
nucleicos. Agora você vai conhecer as funções e importância de cada uma
destas substâncias.

a) Água: componente químico mais abundante na célula.

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unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

Suas funções são:


• Atua como solvente universal: quer dizer que a maioria das
substâncias pode ser dissolvida na água;
• Realiza o transporte de substâncias, permitindo uma troca de
substâncias entre o meio extra e intracelular;
• Participa da regulação térmica: o controle da temperatura corporal
ocorre através da produção do suor. Quando a temperatura
corporal começa a se elevar, as glândulas sudoríparas da pele
secretam suor como forma de resfriar nosso corpo. O suor é
composto por água e sais minerais.
• Tem ação lubrificante: a maioria das articulações do corpo
possui um líquido, denominado líquido sinovial, que lubrifica
as articulações, facilitando o movimento.

Como você pode ver a água é essencial ao ser vivo. Cada célula do nosso organismo tem 75% de
água, 15% de proteínas, 4% de lipídeos, 2% de carboidratos e 4% de outros componentes.

Curiosidade
Em uma pessoa adulta, 60% da sua massa total corresponde a água, ou seja, um pessoa que
tenha massa corporal igual a 60 kg, tem 36 kg de água. A perda de 20% da água contida no organismo
pode levar o indivíduo a óbito num quadro de desidratação. Você já calculou quantos quilos de sua
massa corporal são correspondentes a água?

b) Sais Minerais: componente químico da célula


Os sais minerais podem estar na forma solúvel ou insolúvel. Na
forma insolúvel podemos ter, como exemplo, o fosfato de cálcio que
constitui nosso esqueleto. Na forma solúvel estão os minerais dissolvidos
em água em forma de íons e exercem diferentes funções. Veja na tabela
abaixo:

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unidade 1
Biologia Celular
Tabela 1- Principais sais minerais encontrados nas células e suas funções.

Sais minerais Funções


Constituição da hemoglobina e das enzimas
Ferro
envolvidas no metabolismo energético.
Equilíbrio ácido-básico.
Sódio Equilíbrio da água corporal.
Condução do impulso nervoso.
Equilíbrio ácido-básico.
Potássio Equilíbrio hídrico.
Transmissão nervosa.
Iodo Constituição de hormônios tireóideos.
Atuam nos mecanismos de coagulação do
Cálcio
sangue e de contração dos músculos.
Formação dos ossos e dentes.
Fósforo
Equilíbrio ácido-básico.
Zinco Constituição das enzimas digestivas.
Flúor Manutenção da estrutura óssea.
Magnésio Ativa as enzimas da síntese protéica.

É importante que você perceba que cada um dos sais minerais tem
uma função específica no seu organismo e por isso a falta ou insuficiência
de um deles pode ocasionar doenças como o bócio endêmico pela falta de
iodo, a osteoporose pela falta de cálcio e a anemia pela falta de ferro.
Todos estes minerais podem ser obtidos pelas nossas células através
de uma dieta alimentar equilibrada.

c) Carboidrato: componente químico da célula altamente


energético.
Os carboidratos são compostos por carbono, hidrogênio e oxigênio.
Dividem-se em três tipos:
• Monossacarídeos: ribose, desoxirribose, glicose, frutose e
galactose;

Monossacarídeo Ocorrência e Função


Componente estrutural do ácido ribonucléico
Ribose
(RNA).
Componente estrutural do ácido
Desoxirribose
desoxirribonucléico (DNA).
Encontrada no mel e frutos diversos. Função
Glicose e frutose
energética.
Galactose Açúcar encontrado no leite. Função energética.

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unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

• Dissacarídeos: maltose (glicose + glicose), lactose (glicose +


galactose) e sacarose (glicose + frutose);
Dissacarídeo Ocorrência e Função
Maltose Obtido pela quebra do amido. Função energética.
Lactose Açúcar encontrado no leite. Função energética.
Açúcar da cana de açúcar e da beterraba. Função
Sacarose
energética.

• Polissacarídeos: amido (aproximadamente 1.400 moléculas de


glicose) e glicogênio (cerca de 30.000 moléculas de glicose).

Polissacarídeos Ocorrência e Função


Reserva energética das plantas, encontrado nas
Amido
raízes, nos caules e sementes. Função energética.
Reserva energética dos animais, encontrado
Glicogênio principalmente nas células do fígado e dos
músculos. Função energética.

Curiosidade
No sangue humano, a taxa normal de glicose em jejum é de 70 a 110mg de glicose em cada 100
ml de sangue. Taxas menores que 70mg/ml caracterizam a hipoglicemia. Os sintomas da hipoglicemia
incluem fraqueza, fome, vertigens e desmaios e pode ocorrer durante a realização de exercícios quando
a pessoa não se alimenta antes da atividade física.

d) Lipídeo: componente químico da célula.


Os lipídeos são moléculas insolúveis em água, mas solúveis em
solventes orgânicos como álcool e éter. São constituídos por ácidos graxos
e glicerol. Os ácidos graxos são gorduras e o glicerol é um álcool. Suas
funções são:
• isolamento térmico;
• reserva energética;
• composição de alguns hormônios;
• isolamento elétrico na bainha de mielina nos neurônios.
Como você pode observar as gorduras são muito importantes para
o seu organismo, pois realizam várias funções, além de constituírem
a membrana plasmática. No entanto seu consumo deve ser feito com
moderação, pois níveis elevados de lipídeos, como o colesterol e
triglicerídeos, no sangue podem causar doenças cardiovasculares como
aterosclerose e infarto.

22
unidade 1
Biologia Celular
e) Proteína: componente químico da célula constituído por
aminoácidos.
As proteínas participam da estrutura das células e dos tecidos. Ainda
constituem muitos hormônios, as enzimas e os anticorpos.
Veja algumas proteínas encontradas no corpo humano:
• Colágeno: pele, cartilagens, ossos e tendões.
• Miosina e actina: encontradas nos músculos. Realizam a
contração muscular.
• Queratina: encontrada no cabelo, na pele e nas unhas. É
impermeabilizante.
• Fibrinogênio: participa na coagulação do sangue.

As proteínas estão amplamente distribuídas no corpo humano com


diferentes funções.

f) Vitaminas: componente químico da célula. Processo metabólico:


As vitaminas ativam enzimas fundamentais no processo metabólico na unidade 2, você verá
com mais detalhes este
dos seres vivos. Cada vitamina tem um papel biológico específico. As conceito.
vitaminas podem ser hidrossolúveis (vitamina C e complexo B) ou
lipossolúveis (A, D, E, K).

Vitaminas Lipossolúveis

Vitamina Fontes Funções


Laticínios, gema do ovo, Manutenção de
Vitamina A ou retinol fígado, rins, tomate, tecidos epiteliais.
cenoura, mamão,etc. Visão.
Facilita a absorção
Fígado, óleo de peixe, de cálcio e fósforo
Vitamina D ou calciferol
laticínios, gema do ovo. para a formação
dos ossos.
Cereais, hortaliças de Proteção celular
Vitamina E ou tocoferol folhas verdes, laticínios, contra oxidações e
gemado ovo, amendoim. radicais livres.
Vitamina K ou Laticínios, fígado, car- Coagulação
naftoquinona nes, frutas, hortaliças. sanguínea.

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unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

Vitaminas hidrossolúveis

Vitamina Fontes Funções


Cereais integrais, feijão,
frutas, fígado, carnes, Metabolismo de
legumes, gema de ovo. carboidratos e
Vitamina B1 ou
Cereais integrais, ovos, aminoácidos.
tiamina
laticínios, carne, fíga- Coenzima na respiração
do, hortaliças de folhas celular.
verdes.
Cereais integrais, Produção de aminoácidos
Vitamina B2 ou banana, verduras, e transporte destes
riboflavina carne, fígado, ovos, aminoácidos através da
laticínios. membrana plasmática.
Vitamina B6 ou Produtos de origem
Formação das hemácias.
piridoxina animal.
Hortaliças, legumes, Coenzima no
Vitamina B12 ou fígado, carne, ovos, metabolismo de
cobalamina cereais integrais, frutas, aminoácidos e ácidos
amendoim, feijão. nucléicos.
Folacina ou áci- Amplamente
Coenzima da respiração
do fólico distribuídas nos
celular.
Biotina alimentos.
Amplamente
Ácido pantotê- Coenzima da respiração
distribuídas nos
nico celular.
alimentos.
Goiaba, caju, laranja,
Produção de colágeno.
Vitamina C ou limão, manga, acerola,
Crescimento das
ácido ascórbico morango, pimentão,
cartilagens e dos dentes.
brócolis, couve.

Como você pode ver, as vitaminas estão amplamente distribuídas


nos alimentos. A quantidade que o organismo necessita de cada uma
delas diariamente é pequena. Por exemplo, a dose diária recomendada
de vitamina A é de 1mg, de vitamina D 0,01 mg, de vitamina E 15mg, de
vitamina C 60 mg.
Quando a alimentação não satisfaz estas necessidades, o organismo
pode apresentar doenças decorrentes de hipovitaminoses, ou seja,
insuficiência ou falta de vitaminas. Por exemplo, a deficiência de vitamina
D pode causar o raquitismo em crianças, a falta de vitamina A pode causar
a cegueira noturna, a falta de vitamina C pode causar imunodepressão.
Sendo assim, uma alimentação variada e equilibrada é essencial
para manutenção da saúde.

24
unidade 1
Biologia Celular
Linus Pauling e o risco do excesso

Há cerca de quarenta anos, um homem propôs mudar a visão que tínhamos das vitaminas e
de seu papel em nossa saúde. Tratava-se de ninguém menos que o químico americano Linus Pauling
(1901-1994), uma grande estrela da ciência e único homem a ganhar dois prêmios Nobel em áreas
diferentes (Química e Paz).
Dono de uma enorme inteligência e carisma, Pauling utilizou toda a sua credibilidade para
difundir a ideia de que o consumo de doses maiores de vitaminas – várias vezes mais elevadas que as
doses diárias normais – poderia evitar a ocorrência de enfermidades e até nos proporcionar uma vida
mais saudável. Pauling, inclusive, passou a empregar em si próprio a sua teoria e consumiu, durante
a vida, quantidades diárias enormes de vitamina C, na crença de que esse nutriente iria fortalecer seu
sistema imune e prevenir o resfriado e outras doenças.
Pauling e seus seguidores contribuíram para difundir a crença de que o consumo de vitaminas
poderia, sem efeitos adversos, zelar por nosso bem-estar físico e mental.
Contudo, pesquisas posteriores têm demonstrado que o consumo diário de vitamina C não
evita a ocorrência de resfriados ou mesmo de outras doenças. Isso ocorre porque nosso organismo é
incapaz de absorver doses elevadas dessa vitamina. Além disso, seu consumo elevado pode ocasionar
efeitos colaterais como uricosúria (excesso de ácido úrico na urina), absorção aumentada de ferro,
acidose sistêmica e hemólise infantil.
Outras pessoas consomem vitaminas diariamente para evitar os radicais livres e seus efeitos
danosos sobre nosso cérebro, sistema circulatório e envelhecimento. A ingestão de pílulas contendo
dezenas de vezes a dose diária das vitaminas A, C e E é comumente empregada com esse propósito.
Porém, esse procedimento normalmente mostra-se inócuo, pois nosso organismo não é capaz
de absorver as doses elevadas, que podem inclusive provocar efeitos adversos como distúrbios
gastrointestinais, interferência na captação das vitaminas A e K e mesmo predisposição para infecções
entéricas em crianças.
O consumo excessivo da vitamina A, por outro lado, pode representar perigos para a saúde.
Doses elevadas desse nutriente consumidas diariamente durante períodos prolongados por fumantes
podem aumentar em até 30% o risco de câncer de pulmão nesses indivíduos. O consumo de retinoides
pode, por sua vez, causar lesões hepáticas e osteoporose em indivíduos com predisposição genética
ou comportamentos de risco.
Esses resultados mostraram que esses compostos químicos não são inertes e incapazes
de causar males. As vitaminas são substâncias cujo consumo desregrado envolve consequências
inesperadas e enormes perigos e, por isso, devem somente ser prescritas de forma criteriosa por
profissionais da medicina. Era realmente bom demais para ser verdade... (Borges, Jerry Carvalho.
Ciência Hoje On-line
Disponível em http://cienciahoje.uol.com.br/110742)
Como você acaba de ler, o excesso no consumo de vitaminas também pode causar danos a
saúde. Pesquise outras conseqüências do organismo decorrentes das hipervitaminoses.

g) Ácidos nucléicos: componente químico da célula


Os ácidos nucleicos são as maiores moléculas encontradas nos seres
vivos. Estão relacionados à transmissão das características hereditárias,
além de controlar e comandar todas as atividades das células.

25
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

Existem dois tipos básicos: o ácido desoxirribonucleico (DNA) e o


ácido ribonucleico (RNA).
O DNA teve sua estrutura descoberta em 1953 por Watson e Crick,
graças ao DNA a espécie humana transmite suas características, geração
após geração, através dos genes há milhares de anos. Cada gene da
espécie humana é constituído por um segmento de DNA.
O RNA é produzido a partir do DNA e atua na síntese de proteínas
que são utilizadas pelas células. Na seção 4, você entenderá este
processo.
Como você pode observar, a célula viva é uma estrutura microscópica
e bastante complexa. Cada um dos seus componentes desempenha
funções diversificadas para manutenção da vida.

seção 2
Membrana Plasmática

Antes de iniciar o estudo da membrana


plasmática assista ao vídeo Biologia: Transporte
através da membrana, no link www.youtube.com.
Nesse, vídeo você visualizará como as substâncias
atravessam a membrana plasmática com imagens
coloridas que auxiliarão uma melhor compreensão
desta seção.
A membrana plasmática é o envoltório da célula.
É ela que está em contato com o meio extracelular. É uma película muito
fina, de contorno irregular e que seleciona as substâncias que entram e
saem da célula.
A membrana é constituída por lipídeos e proteínas conforme modelo
proposto por Singer e Nicolson em 1972, denominado modelo do mosaico
fluido. Nesse modelo, uma bicamada de lipídeos possui proteínas que
podem ou não atravessar totalmente a bicamada. A figura a seguir
representa o modelo proposto por Singer e Nicolson.

26
unidade 1
Biologia Celular
Figura 8 – Modelo proposto por Singer e Nicolson.

Para entrar ou sair da célula, as substâncias devem atravessar a
membrana plasmática. A membrana plasmática seleciona as substâncias
que entram e saem da célula, conforme sua necessidade. A entrada e saída
dessas substâncias na célula podem consumir energia ou não. Quando
há o consumo de energia dizemos que o transporte é ativo. Quando não há
consumo de energia dizemos que o transporte é passivo.
São exemplos de transporte passivo:
• Osmose
• Difusão
• Difusão facilitada

Osmose: transporte passivo

Você já ouviu este comentário: “Que bom se eu aprendesse por


osmose. Era só colocar o livro embaixo do travesseiro e os conhecimentos
do livro passariam para o meu cérebro”.
Qual é a relação deste comentário com a osmose que ocorre na célula?
Primeiro entenda o conceito de osmose e depois relacione o conceito com
o comentário mencionado.

27
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

Na osmose realizada pela célula ocorre a passagem apenas de


solvente (água) do meio menos concentrado (hipotônico) para o meio mais
concentrado (hipertônico).

Por exemplo, a célula está em um meio que tem maior concentração de sódio que o meio
intracelular, a membrana vai permitir a entrada ou saída da água (solvente)?

Se você respondeu que ela vai permitir a saída da água, acertou,


porque o meio extracelular está hipertônico em relação ao meio
intracelular.
O conceito de osmose do comentário, quer dizer que o livro tem
uma quantidade muito maior de conhecimento sobre determinado
assunto que o cérebro da pessoa que fez o comentário. Sendo
assim, o conhecimento passaria do livro, meio mais concentrado
de conhecimento, para o cérebro, meio menos concentrado de
conhecimento. Já imaginou como seria fácil adquirir o conhecimento
por osmose? Mas como isto não é possível, continue lendo e estudando
os demais transportes realizados pela membrana plasmática.

Difusão: transporte passivo

Na difusão ocorre a passagem de soluto do meio hipertônico


para hipotônico até atingir as mesmas concentrações. Por exemplo,
a concentração de gás carbônico no meio intracelular é maior que no
meio extracelular, a membrana permitirá que o gás carbônico entre
ou saia da célula? Se você respondeu que haverá saída, acertou,
porque o meio intracelular está com maior concentração do que o meio
extracelular.

Difusão facilitada: transporte passivo

Na difusão facilitada também ocorre a passagem de soluto do


meio hipertônico para hipotônico, porém, com auxílio de uma proteína
carreadora presente na membrana. Essas proteínas carreadoras
transportam o soluto da superfície externa para superfície interna

28
unidade 1
Biologia Celular
da célula. O transporte de glicose ocorre dessa forma. Uma proteína
carreadora se liga a glicose na superfície externa da membrana e
transporta a molécula para a superfície interna sem que haja consumo
de energia.

Outros tipos de transporte através da membrana consomem energia e, portanto, são


denominadas de transporte ativo. Isto ocorre porque as concentrações dos íons no meio intra e
extracelular são diferentes. É o caso da bomba de sódio e potássio.

Bomba de sódio e potássio: transporte ativo

Por exemplo, nos neurônios (células nervosas), a concentração de


íons de sódio (Na+) é maior no meio extracelular do que no interior da
célula. Já com os íons de potássio (K+) ocorre o inverso. A concentração
é maior no meio intracelular que no meio extracelular. Como o transporte
destes íons ocorre das regiões menos concentradas para as mais
concentradas, ou seja, contra a difusão, haverá um gasto de energia.
Esse tipo de transporte também depende de proteínas.
Observe na figura que a entrada de sódio (Na) e a saída de potássio
(K) da célula ocorrem com o auxílio de proteínas que estão inseridas na
bicamada lipídica da membrana plasmática.

Figura 9- Bomba de sódio e potássio.

O transporte de sódio e potássio realizado pela membrana plasmática


é essencial para o funcionamento celular. A falta desses íons no organismo
pode causar um desequilíbrio orgânico que tem como consequência a
cãibra, derrame e hipertensão.

29
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

Durante a realização de exercícios você perde sódio, potássio e outros


minerais que estão dissolvidos no suor. Quanta mais intensa a atividade,
maior é a perda.
Para repor essas perdas, os praticantes de atividade física utilizam
bebidas isotônicas. Os isotônicos são bebidas compostas de água, sais
minerais e carboidratos. Além de repor sais minerais e água, eles também
servem para matar a sede e repor as energias, graças à presença de
carboidratos (glicose, sacarose e frutose) que são rapidamente absorvidos
pelo organismo, fornecendo-lhe calorias. Esse tipo de bebida também é
recomendado para crianças com alto nível de desidratação. A água de coco
é um isotônico natural que possui apenas 22 calorias por 100 ml.

Você sabia
Você já observou que a maioria dos atletas ingere banana? Você sabe por que eles têm
preferência por esta fruta?
Os esportistas geralmente ingerem banana para evitar cãibras. As cãibras são contrações
dolorosas espasmódicas dos músculos e que podem ocorrer durante a atividade física devido a
falta de minerais como o potássio, por exemplo. Uma banana média, de 115g, fornece um terço das
necessidades diárias recomendadas de potássio. Além de ser rica em potássio, a banana também é
uma fonte energética.
Agora você já sabe porque o tenista brasileiro Gustavo Kuerten comia banana durante o
treino.

Algumas moléculas orgânicas são muito grandes (macromoléculas) e não seriam absorvidas
pela membrana plasmática por nenhum dos mecanismos estudados. A entrada destas
macromoléculas ocorre por endocitose e a saída delas denomina-se exocitose.

Fagocitose e Pinocitose: entrada de macromoléculas na célula

Existem dois tipos de endocitose: fagocitose (fago=comer) e


pinocitose (pino = beber).
Na fagocitose a célula engloba partículas sólidas, relativamente
grandes, emitindo expansões citoplasmáticas denominadas pseudópodes.
Esse processo é utilizado para englobar alimentos em seres unicelulares
como a ameba. Nas células animais, como nos glóbulos brancos, esse
processo é utilizado para destruir corpos estranhos, como bactérias e
vírus.
Observe a figura a seguir:
1. O alimento ou micro-organismo começa a ser englobado

30
unidade 1
Biologia Celular
pela célula através de projeções da membrana plasmática
(pseudópodes).
2. A seguir observa-se que o alimento ou micro-organismo foi
completamente englobado (vesícula fagocítica) e logo após será
digerido por enzimas.

Figura 10 – Fagocitose.

Na pinocitose, a célula engloba líquidos através de invaginações da


membrana plasmática que formam um canal por onde a partícula líquida
penetra.
Analise a figura a seguir e note que as gotículas de determinada
substância aproximam-se da membrana plasmática. Então formam um
canal e depois são englobadas totalmente. É assim que os lipídeos são
absorvidos pelas células intestinais.

Figura 11 – Pinocitose

Exocitose: saída de macromoléculas da célula

Para eliminar produtos para o meio externo, ocorre o processo


denominado exocitose ou clasmocitose. Nesse processo, o produto

31
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

encontra-se no interior de pequenas bolsas denominadas vesículas que


são desfeitas na superfície da membrana. É através desse processo que o
pâncreas e outras glândulas liberam seus produtos.

Especializações da Membrana Plasmática

Além dos transportes realizados, a membrana plasmática possui especializações como


microvilosidades, desmossomos, zônula de adesão e junção comunicante. São alterações que ocorrem
na superfície da membrana possibilitando a execução de diferentes funções, conforme o tecido no qual
célula está.

Microvilosidades
As microvilosidades presentes em células intestinais, por exemplo, aumentam a superfície de
absorção dos nutrientes.

Desmossomos
Já os desmossomos, ricos em queratina, aumentam a adesão entre células epiteliais.

Zônulas de oclusão
As zônulas de oclusão criam um cordão ao redor das células epiteliais do intestino, favorecendo
a seleção e absorção de nutrientes pela membrana plasmática.

Junção comunicante
A junção comunicante ou nexos permite a troca de substâncias entre as células através de
canais.
Como você pode observar, a membrana plasmática tem funções diversificadas, sendo o
canal de comunicação entre o meio intra e extracelular.

32
unidade 1
Biologia Celular
SEÇÃO III
Citoplasma e Organelas

Antes de iniciar o estudo do citoplasma e suas


organelas assista ao vídeo Biologia: O interior da célula-
legendado, no link http://www.youtube.com. Nesse vídeo,
você visualizará o citoplasma e as organelas com imagens
coloridas que auxiliarão uma melhor compreensão desta
seção.
O citoplasma, também conhecido por citosol ou
matriz citoplasmática, compreende a maior porção de
uma célula. Localiza-se entre a membrana plasmática e o núcleo celular.
É preenchido por um líquido gelatinoso denominado hialoplasma. No
hialoplasma estão imersas as organelas celulares.
No hialoplasma das células eucariotas estão presentes inúmeras
estruturas proteicas observáveis ao microscópio eletrônico. Estas
estruturas constituem o citoesqueleto.

Citoesqueleto
Ciclose: é o movimento
do citoplasma das
O citoesqueleto ajuda na manutenção da forma celular, serve de células vivas. Sua
sustentação para estruturas celulares e participa de movimentos celulares função é facilitar a
troca de substâncias
(movimento ameboide e ciclose). intracelularmente ou entre
Uma das estruturas proteicas que constituem o citoesqueleto são os a célula e o meio externo.
São movimentos que
microfilamentos de actina. Essas estruturas participam na contração das não acarretam alterações
células musculares e nos movimentos celulares. da forma celular e
que podem arrastar
A outra estrutura proteica são os microtúbulos constituídos determinadas estruturas
pela proteína tubulina. Os microtúbulos orientam o movimento dos e inclusões, como as
organelas.
cromossomos no processo de divisão celular, além de participar da
formação de centríolos, cílios e flagelos.
Os centríolos são formados por 27 túbulos de tubulina, sendo
exclusivo de células animais. Essa organela orienta a formação dos fusos
mitóticos ou acromáticos durante a divisão celular. O fuso mitótico é uma
estrutura do citosqueleto das células envolvida na mitose e na meiose,

33
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

dois tipos de divisão celular. A sua função é a de separar os cromossomos


durante a divisão celular de modo a que sejam incluídos nas células-
filha.
Os centríolos também estão relacionados com a formação de cílios
e flagelos. Essas estruturas móveis são encontradas em vários tipos de
células, onde atuam na locomoção ou na captura de alimentos.
Além dos centríolos, outras organelas estão mergulhadas
no hialoplasma das células animais. São elas: ribossomos, retículo
endoplasmático, complexo golgiense, lisossomos, peroxissomos, vacúolos
e mitocôndrias. Cada uma das organelas realiza determinadas funções
que permitem a manutenção da vida na célula.
Observe na figura a seguir que cada uma das organelas está
destacada, apresentando diferentes formas. A seguir, você entenderá a
função de cada uma delas.

Figura 12 – Organelas citoplasmáticas.



Os ribossomos estão presentes em todas as células e são visíveis
apenas ao microscópico eletrônico. São encontrados livres no hialoplasma
ou aderidos à membrana do retículo endoplasmático. São formados
por ácido ribonucleico e proteínas. Todas as proteínas utilizadas pelas
células, como queratina, actina, fibrinogênio, globina, entre outras, são

34
unidade 1
Biologia Celular
produzidas pelos ribossomos.
O retículo endoplasmático (RE) é constituído por membranas
lipoproteicas que se comunica com a membrana plasmática. Desta, forma
a superfície de contato entre a célula e o meio extracelular fica aumentada
e a entrada, saída e distribuição de substâncias são facilitadas.
Como vimos, os ribossomos podem estar aderidos às membranas do
RE que então é denominado RE granuloso ou ergastoplasma. Suas funções
são de síntese proteica e de glicídeos, armazenamento de substâncias,
deslocamento de partículas no interior da célula, facilitar o intercâmbio
de substâncias entre o meio intra e extracelular.
O outro tipo de RE denomina-se agranuloso, pois não possui
ribossomos aderidos as suas membranas. Além das funções citadas acima,
o RE agranuloso sintetiza lipídeos, sendo, portanto, bem desenvolvido
em células que produzem hormônios esteroides, que são constituídos
por lipídeos. Células que constituem as glândulas suprarrenais e que
produzem cortisona, assim como células dos testículos que secretam
testosterona e células dos ovários que secretam estrógeno têm os RE
agranuloso bem desenvolvidos.
O complexo golgiense é constituído por um conjunto de sáculos
achatados e empilhados e de vesículas. Após a síntese da proteína realizada
pelos ribossomos ou pelo RE granuloso, a mesma fica armazenada
nos sáculos do complexo golgiense que fará sua secreção através das
vesículas, conforme a necessidade da célula. Sendo assim, certas células
como as que constituem os ácinos no pâncreas e que secretam o suco
pancreático, necessário para a digestão de gorduras no intestino, possuem
o RE granuloso e o Complexo golgiense bastante desenvolvidos devido a
sua intensa atividade de síntese proteica. acrossoma do
espermatozoide:
O complexo golgiense também origina o acrossoma do estrutura situada
espermatozoide, sintetiza carboidratos e lipídeos. na cabeça do
espermatozoide, rica em
Entenda na figura como ocorre a secreção de substâncias pelo enzimas que facilitam
Retículo Endoplasmático (RE). a penetração do
espermatozóide no óvulo.
1. O RE libera pequenas bolsas (vesículas) que contém substâncias
como lipídeos ou carboidratos.
2. Essas bolsas são incorporadas pelo complexo golgiense ou
secretam suas substâncias diretamente para o meio extracelular
através membrana plasmática.

35
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

Figura 13- Secreção de substâncias.

Para compreender melhor as funções do complexo


golgiense, assista a um vídeo no link http://www.johnkyrk.
com/golgiAlone.pt.html. Lá você visualizará esse conteúdo
com imagens coloridas, facilitando o seu entendimento.

As vesículas cheias de enzimas digestórias que são secretadas


pelo complexo golgiense são denominadas lisossomos. Esta organela é
responsável pela digestão intracelular. Quando a célula realiza a fagocitose
ou a pinocitose, forma-se uma cavidade no citoplasma denominado
fagossomo ou pinossomo. Quando os lisossomos associam-se a esta
cavidade, forma-se o vacúolo digestivo, onde o material é digerido e os
resíduos serão eliminados da célula por clasmocitose.
As células podem digerir organelas inativas, parte de seus
componentes, em caso de subnutrição como forma de obter mais energia.
Estes processos são denominados autofagia. A ruptura dos lisossomos
no interior da célula pode causar a sua morte num processo denominado
autólise.
Os peroxissomos são pequenas vesículas que contêm enzimas

36
unidade 1
Biologia Celular
como a catalase, capazes de decompor o peróxido de hidrogênio (H2O2),
mais conhecido como água oxigenada, em água e oxigênio. Essa reação
é muito importante em virtude da toxidade do peróxido de hidrogênio
para a célula.
As mitocôndrias são organelas na forma de grãos ou bastonetes
presentes nas células eucariotas. São delimitadas por duas membranas,
sendo que a membrana interna forma uma série de dobras chamadas
cristas mitocondriais. Entre as cristas mitocondriais há um líquido
denominado matriz mitocondrial As mitocôndrias têm DNA próprio e
são capazes de autoduplicarem. A função desta organela é de respiração
celular. O estudo desta função será aprofundado na próxima unidade.

Figura 14- Mitocôndrias.

Como você viu nesta seção, cada organela desempenha uma função
específica, mas o funcionamento da célula para manutenção da vida
depende da ação em conjunto dessas organelas.

37
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

SEÇÃO IV
Núcleo Celular

As células animais são eucariontes e, como vimos na seção 1,


o núcleo é individualizado e tem uma membrana que o delimita, a
carioteca. A maioria das células animais tem apenas um núcleo, porém,
temos células multinucleadas como as células musculares estriadas
esqueléticas, células anucleadas como as hemácias. A forma do núcleo
também pode variar, podendo ser esférico, alongado ou achatado.
A figura mostra a estrutura do núcleo que apresenta um
envoltório nuclear (carioteca) com poros, o nucleoplasma, cromatina e
nucléolo.

Figura 15 – Núcleo celular



A membrana nuclear ou carioteca é dupla e tem poros que
permitem a troca de substâncias entre o núcleo e o citoplasma. Entre
as membranas existe o espaço perinuclear.
O interior do núcleo é preenchido por um líquido incolor

38
unidade 1
Biologia Celular
denominado cariolinfa ou nucleoplasma, constituído principalmente
por água. Imersa neste líquido está a cromatina. A cromatina é a
associação da molécula de DNA com proteínas denominadas histonas.
O nível de maior compactação da cromatina constitui os cromossomos
que podem ser vistos na microscopia óptica individualizados durante
a metáfase, uma das fases da divisão celular.

Curiosidade
O núcleo foi a primeira organela a ser descrita. Observações dessa região celular foram
feitas em 1682 pelo “pai da microbiologia”, o holandês Antonie van Leeuwenhoek (1632-1723), e
posteriormente, em 1802, pelo botânico austríaco Franz Andreas Bauer (1758-1840). Contudo,
a descoberta do núcleo celular é frequentemente atribuída a outro botânico: o escocês Robert
Brown (1773-1858), que descreveu essa região celular 29 anos depois (1839), a partir do exame
de células de orquídeas.
Contudo, nenhum dos três arriscou-se a indicar uma função para essa estrutura recém-
descrita. O primeiro a sugerir um papel para o núcleo celular foi o alemão Matthias Schleiden
(1804-1881), botânico considerado um dos fundadores da teoria celular, que apresenta as células
como a unidade funcional básica dos seres vivos. Um ano antes da descrição de Brown, Schleiden
propôs que o núcleo seria o local responsável pela geração de novas células.
As afirmações de Schleiden foram duramente criticadas e somente em 1876 as pesquisas
do zoólogo alemão Oscar Hertwig (1849-1922) com embriologia de ouriços marinhos, anfíbios e
moluscos indicaram que o núcleo celular tinha participação no processo de formação de novas
células e, posteriormente, de novos seres vivos. A participação dessa organela nos processos
hereditários tornou-se clara apenas algumas décadas depois, no início do século 20. (Borges, Jerry
Carvalho, Ciência Hoje On-Line. Disponível em http://cienciahoje.uol.com.br/122998)

Cromossomos

Cada célula somática humana possui 46 cromossomos. Células


somáticas são aquelas responsáveis pela manutenção do organismo
como neurônios, hepáticas, epiteliais, musculares, renais, enfim
todas, exceto as germinativas. As células germinativas (óvulo e
espermatozoide) possuem 23 cromossomos cada.
Os cromossomos são formados por DNA e proteínas. Na seção 1,
vimos que o DNA é um ácido desoxirribonucléico. O DNA é formado
por estruturas denominadas nucleotídeos e cada nucleotídeo é formado
por um grupo fosfato, uma pentose (açúcar) e uma base nitrogenada
que pode ser adenina, timina, citosina e guanina.

39
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

Material Genético

A informação genética que determina todas as características


físicas, morfológicas, fisiológicas e até comportamentais de um ser vivo
localizam-se no DNA. Todas as funções que serão exercidas pelo nosso
organismo durante toda a nossa vida, assim como doenças que poderemos
desenvolver estarão determinadas no nosso DNA, a partir do momento da
fecundação do óvulo pelo espermatozoide, quando recebemos o material
genético dos nossos pais. É claro que este material sofrerá intervenções
Genoma: é uma do ambiente em que vivemos.
sequência de DNA
O estudo do DNA humano, após o sequenciamento do genoma,
completa de um conjunto
de cromossomos que tem permitido a localização de vários genes. Cada célula humana
cada ser vivo tem em
possui de 20 a 25 mil genes e são estes genes que determinam nossas
suas células.
características.
O número de genes em cada cromossomo é variável. Os genes
são constituídos por sequências de DNA. Cada três bases nitrogenadas
que estão no DNA determinam um códon. Cada códon codifica um
aminoácido. Como vimos na seção 1, as proteínas são formadas pela
junção de aminoácidos.
Por exemplo, a sequência GCA codifica o aminoácido alanina que
ao unir-se a outros aminoácidos formará uma proteína.

seqüência de bases nitrogenadas → códon →aminoácido→proteína→ característica

Sendo assim, a informação genética presente no DNA determinará


a proteína a ser sintetizada pela célula. A síntese da proteína ocorrerá
conforme a necessidade celular. A informação genética do DNA é transcrita
por um tipo de RNA, que também é um ácido nucleico, denominado
mensageiro.
Através dos poros da membrana nuclear, o RNA mensageiro leva
a informação copiada até o citoplasma onde ela será traduzida por
outros RNA: o transportador e pelo ribossômico. A tradução consiste em
determinar os aminoácidos que formarão a proteína e uni-lo. O RNA
transportador transporta os aminoácidos até o local da síntese proteica.
O RNA ribossômico que constitui os ribossomos é o sítio de ligação para
o RNA transportador e também une os aminoácidos através de ligações

40
unidade 1
Biologia Celular
peptídicas.
Como você observou, o núcleo controla a síntese proteica
dependendo da demanda celular. O mecanismo é bastante complexo e
envolve várias proteínas durante o processo. Muitos desses mecanismos
não estão totalmente esclarecidos na espécie humana. No entanto, a
Genética, área da biologia que estuda o material genético, tem evoluído
muito nos últimos anos e a Genética Molecular é uma das áreas mais
promissoras para o diagnóstico e tratamento de doenças genéticas.
Para aprofundar os conhecimentos sobre o núcleo da
célula assista ao vídeo no link http://www.universitario.com.br/
celo/video/genoma.html. Lá, você visualizará os componentes
nucleares com imagens coloridas que auxiliarão uma melhor
compreensão desta seção.

Na Citologia, ramo da Biologia que estuda a célula, a primeira célula foi observada pelo inglês
Robert Hooke em 1665. Eram células da casca de uma árvore.
Atualmente temos visto nos noticiários, notícias sobre células-tronco. Essas células, também
conhecidas como células-mãe ou células estaminais, são células que possuem a melhor capacidade
de se dividir dando origem a células semelhantes às progenitoras.
As células-tronco dos embriões têm ainda a capacidade de se transformar, num processo
também conhecido por diferenciação celular, em outros tecidos do corpo, como ossos, nervos,
músculos e sangue. Devido a essa característica, as células-tronco são importantes, principalmente na
aplicação terapêutica, sendo potencialmente úteis em terapias de combate a doenças cardiovasculares,
neurodegenerativas, diabetes tipo-1, acidentes vasculares cerebrais, doenças hematológicas, traumas
na medula espinhal e nefropatias.
O principal objetivo das pesquisas com células-tronco é usá-las para recuperar tecidos
danificados por essas doenças e traumas. São encontradas em células embrionárias e em vários locais
do corpo, como no cordão umbilical, na medula óssea, no sangue, no fígado, na placenta e no líquido
amniótico.

41
unidade 1
Universidade Aberta do Brasil

Nesta unidade, você pôde entender a estrutura do organismo humano, conhecendo a unidade
morfofisiológica que o constitui: a célula.
Viu que a célula é uma unidade microscópica bastante complexa e cada um de seus componentes
tem uma função específica.
A membrana plasmática é a película que separa o meio intra e extracelular e controla a entrada
e saída de substâncias seletivamente.
O citoplasma contém as organelas e cada organela desempenha uma função, porém
a manutenção da vida celular só é possível em virtude da relação de dependência existente entre
elas. Uma organela sintetiza a proteína, outra armazena e outra secreta. Uma organela digere, outra
desintoxica e a outra faz a respiração celular.
E para gerenciar tudo isto, o núcleo celular que contém o DNA com todas as informações
necessárias para a manutenção da vida desde a fecundação até a sua morte.
Você observará na próxima unidade, que o conhecimento adquirido na Unidade 1 servirá como
embasamento para continuarmos a explorar o organismo humano. Na unidade a seguir, estaremos
abordando a energia e os processos que nosso organismo utiliza para obtê-la e também quando e
como consumimos essa energia.
Siga em frente aprofundando seu conhecimento, afinal ter chegado até aqui mostra a importância
que você dá aos seus estudos e futuro profissional.

1. Associe a primeira coluna com a segunda de acordo com as características ou funções relacionadas
às organelas.

a) Apresenta membrana interna e externa. Possui DNA.


b) Sintetiza proteínas. Pode estar isolado no citoplasma ou associado ao retículo endoplasmático.
c) Suas enzimas são necessárias na fagocitose e pinocitose.
d) Suas enzimas participam na desintoxicação celular.
e) Bastante desenvolvido em células glandulares devido a sua função de secreção.
f) Orientam a divisão celular, geralmente encontrado em células animais.
g) Complexo de bolsas cujas membranas comunicam-se com a membrana plasmática.

( ) Centríolos.
( ) Mitocôndrias
( ) Retículo endoplasmático.
( ) Complexo Golgiense.
( ) Peroxissomos.
( ) Lisossomos.
( ) Ribossomo.

42
unidade 1
Biologia Celular
2. Escreva V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas:

( ) A membrana plasmática é constituída por uma bicamada lipoproteica.


( ) Algumas substâncias como a água atravessam a membrana plasmática sem gasto de energia e
outras substâncias como íons de sódio e potássio atravessam a membrana com gasto de energia,
ou seja, por transporte ativo.
( ) O englobamento de bactérias por células brancas do sangue ocorre por fagocitose e a digestão
desta bactéria no citoplasma ocorre pela ação de enzimas presentes nos ribossomos.
( ) A absorção de nutrientes líquidos pelas células intestinais ocorre pelo processo de pinocitose.
( ) A célula possui um esqueleto que permite a sustentação das organelas e a realização de movimentos.
Este esqueleto é constituído por proteínas como a actina e queratina.

3. Como você estudou, o núcleo contém as informações para a manutenção da célula. Leia a seção 3
novamente e pesquise na internet, em livros e revistas, como a informação genética que se encontra no
DNA nuclear, origina a síntese de proteínas que se encerra no citoplasma. Após sua pesquisa, descreva
em até cinco linhas, como é este processo.

4. Alguns praticantes de atividade física têm ingerido suplementos alimentares como vitaminas e
minerais procurando obter melhores resultados em um curto período de tempo. Pesquise quais as
consequências orgânicas da ingestão excessivas destes nutrientes e cite as que você acha mais
grave.

43
unidade 1
44
Universidade Aberta do Brasil

unidade 1
UNIDADE II
Biologia Celular
Metabolismo
Energético
Tania Regina Paintner Marques

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
■■ Definir energia.

■■ Identificar as principais fontes para obtenção de energia.

■■ Identificar as etapas da síntese aeróbica de energia.

■■ Citar as vias anaeróbicas para síntese de energia.

■■ Relacionar as vias aeróbicas e anaeróbicas de síntese ATP utilizadas

durante a atividade física.

ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ Seção 1 - Energia

■■ Seção 2 - Via Aeróbica de Síntese e Ressíntese de Energia

■■ Seção 3 - Via Anaeróbica de Síntese e Ressíntese de Energia

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unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

PARA INÍCIO DE CONVERSA

Na seção 1, você terá a oportunidade de estudar as formas de energia


utilizadas pelo organismo humano para desempenhar suas diversificadas
funções. Você entenderá o que é energia, como o organismo humano obtém
energia e como a célula gasta energia. Compreenderá a importância da
energia para manutenção da vida.
Na seção 2, você entenderá como o organismo obtém energia
utilizando o oxigênio. Conhecerá as etapas desse processo e irá relacioná-
lo com estruturas celulares já discutidas na unidade 1. Também poderá
relacionar atividades físicas em que a energia é obtida por essa via
metabólica.
Na seção 3, você entenderá como o organismo obtém energia na
ausência de oxigênio. Identificará as etapas desse processo e poderá
compará-las com as etapas da via aeróbica tratada na seção anterior.
Também relacionará atividades físicas em que a energia é obtida por essa
via metabólica.

seção 1
Energia

O que é energia? Como você a utiliza?

Em linhas gerais, energia é a capacidade de realizar trabalho. A


célula necessita de energia para realizar trabalhos biológicos. Esses
trabalhos podem ser divididos em mecânico, químico e de transporte.
A contração muscular e movimento dos cromossomos durante a
divisão celular são exemplos de trabalhos biológicos mecânicos realizados
por fibras intracelulares ou filamentos do citoesqueleto que você estudou
na unidade 1.
O trabalho de transporte permite às células mover íons, moléculas e

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unidade 2
Biologia Celular
grandes partículas através da membrana celular e através das membranas
que circundam as organelas que se encontram dentro das células. Sendo
assim, esse tipo de trabalho consiste em concentrar substâncias no meio
intra e extracelular, através de processos como a difusão e o transporte
ativo, estudados na unidade 1.
O trabalho químico realizado pelas células tem a finalidade
de manutenção e crescimento. Conforme a célula envelhece, seus
componentes devem ser sintetizados novamente, sendo esse um
processo contínuo. Como você viu na unidade 1, as células renovam-se
constantemente.
Um exemplo de enorme síntese é a que ocorre no tecido muscular
quando ele é submetido a uma sobrecarga crônica no treinamento de
resistência. Esse tipo de treinamento aumenta a massa muscular e,
portanto é necessário a síntese de vários componentes celulares.
Nessas reações de síntese, onde moléculas orgânicas complexas
que formam o organismo são construídas, há o consumo de energia pelas
células. O conjunto dessas reações de síntese denomina-se anabolismo.
Como você vê no quadro, quando o organismo forma uma proteína
a partir dos aminoácidos, ele está realizando uma reação anabólica e que
necessita de energia para ocorrer.

Reações anabólicas que necessitam de energia

Glicose + glicose glicogênio


Glicerol + Ácidos graxos triglicerídeos
Aminoácidos + aminoácidos proteínas

É o que acontece quando você aumenta a massa muscular ao fazer


musculação na academia. Seu corpo utiliza os aminoácidos que você
ingeriu nos alimentos para formar proteína muscular e consequentemente
você terá um aumento do músculo. Esse é um exemplo de uma reação
anabólica.

Você sabe como o seu corpo obtém energia?

A energia que necessitamos para realizar os trabalhos biológicos


é fornecida através dos alimentos que ingerimos. Entretanto, a energia
contida nos alimentos não é transferida diretamente para a célula, porque

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unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

os nutrientes que o alimento contém serão liberados para a célula somente


após um processo denominado metabolismo.
A energia dos alimentos é liberada após as reações de degradação.
Nessas reações as moléculas complexas são quebradas, transformando-
se em moléculas mais simples, por exemplo, proteínas em aminoácidos.
Essas reações denominam-se catabolismo.
Por exemplo, quando você ingere uma gordura ela é degradada
em glicerol e ácidos graxos e essa reação libera energia para o corpo. A
energia liberada pode ser utilizada nos trabalhos celulares ou pode ser
Metabolismo: termo
armazenada nas células.
coletivo para todas as
reações que ocorrem
dentro de uma célula. Reações catabólicas que liberam energia

Glicogênio glicose
Triglicerídeos glicerol + ácidos graxos
Proteínas aminoácidos

Cada alimento tem diferentes tipos e quantidades de nutrientes.


Por exemplo, temos alimentos que são energéticos porque contém uma
elevada quantidade de gorduras. Outros alimentos são constituídos
predominantemente por nutrientes necessários a reconstituição de
componentes celulares, como é o caso das proteínas.
Por isso, é importante saber os nutrientes que estão presentes nos
alimentos que você ingere, afinal você é o que você come.

Você costuma analisar o rótulo de alimentos que consome? Observa os nutrientes presentes
naquele alimento e suas respectivas quantidades? E ainda observa que cada alimento tem
um valor calórico?

Muitas pessoas passam a ler o rótulo dos alimentos apenas quando


já estão doentes, pois sabem que determinados nutrientes podem agravar
seu estado de saúde.
Por exemplo, hipertensos não podem ingerir grande quantidade de
sódio, diabéticos não podem ingerir grandes quantidades de carboidratos,
obesos devem ingerir alimentos menos calóricos.
Analisar e entender o rótulo de um alimento é muito importante
para manutenção da sua saúde. Analisando o rótulo, você pode saber
os nutrientes que o alimento contém e fazer escolhas mais saudáveis e

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Biologia Celular
adequadas ao seu estilo de vida.
Observe o rótulo deste leite de soja para uma porção de 200 ml (1
copo). Veja que nele estão descritas as quantidades de nutrientes que uma
porção deste alimento contém. Neste alimento predominam as proteínas
perfazendo 12%. As gorduras perfazem 6%, sendo que o alimento tem
gorduras saturadas, insaturadas e poliinsaturadas, mas não contém
colesterol que é outro tipo de gordura. E os carboidratos constituem 1%
da porção.

Quantidade por porção % Valor diário*


Valor energético 62 Kcal 3%
Carboidrato 2,8 g 1%
Lactose 0 **
Proteínas 6,0 g 12%
Gorduras totais 3,4 g 6%
Gorduras saturadas 0,7 g 3%
Gorduras trans 0 **
Gorduras monoinsaturadas 0,8 g **
Gorduras poliinsaturadas 1,8g **
Colesterol 0 **
Fibra alimentar 0,5g 2%
Sódio 17mg 0%
(*) Valores diários de referência com base numa dieta de 2.000 calorias. Seus valores diários podem
ser maiores ou menores, dependendo de suas necessidades energéticas.
(**) Valores diários de referência não estabelecidos.

O rótulo também traz o valor calórico do alimento. Neste caso, cada


200 ml fornece 62 quilocalorias ou calorias. O valor calórico dos alimentos
é expresso em quilocaloria (kcal). Uma quilocaloria equivale a 1.000
calorias e refere-se à parcela de energia presente nas ligações químicas
das moléculas que compõem os alimentos. Por exemplo, 55 g de aveia
fornece aproximadamente 190 calorias, um pão francês (50 g) fornece
135 calorias, um copo de leite integral (200 ml) fornece 122 calorias, um
ovo de galinha frito fornece 108 calorias, uma maçã (100 g) fornece 64
calorias.
Como você pode observar a quantidade de calorias fornecida
pelos alimentos é bastante variável, pois depende dos nutrientes que ele
contém. Quanto mais gordura o alimento apresentar, maior será o seu
valor calórico. Observe que um ovo frito tem 108 calorias, se ele fosse

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cozido teria 75 calorias.


A energia fornecida ao organismo é proveniente de substâncias
orgânicas já estudadas na unidade 1: carboidrato, lipídeos e proteínas.
Cada grama de carboidrato fornece 4 calorias, cada grama de lipídeo
fornece 9 calorias e cada grama de proteínas fornece 4 calorias. Ou
seja, se você passar uma colher de chá de margarina no seu pão, estará
consumindo aproximadamente 75 calorias apenas desta gordura,
sem contar o pão que é um carboidrato e ,portanto, também fornece
energia.
São fontes de carboidratos: farinhas em geral, açúcares, batata,
arroz, etc. São fontes de proteínas: leite e derivados, carnes, ovos, etc.
São fontes de lipídeos: óleos, azeite, margarina, sementes como nozes,
castanha, amendoim, etc.

Curiosidade
Você gasta energia mesmo quando não realiza nenhuma atividade física. Acompanhe na tabela
o gasto energético por minuto nas diferentes atividades físicas.

ATIVIDADE ATIVIDADE
CAL/MIN. CAL/MIN.
FISICA FISICA
Alongamento 5,4 Judô, Karatê 15,0
Bicicleta (15 Km/h) 7,7 Musculação 8,9
Basquete 10,6 Natação Costas 13,0
Caminhar (Plano) 6,1 Natação Crawl 9,8
Caminhar (Aci- 6,3 Natação Peito 12,4
dent.)
Circuito Training 14,2 Patinação 6,4
Correr (5’00”/Km) 10,4 Gin. Localizada 5,6
Correr (5’30”/Km) 14,8 Step 10,1
Dança de Salão 3,9 Tênis de mesa 5,2
Futebol 10,7 Trabalho Doméstico 4,6
Hidroginástica 6,1 Voleibol 3,8
SILVA & MAGNONI. Disponível em chttp://www.nutricaoclinica.com.br/content/view/932/19.

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unidade 2
Biologia Celular
Você deve ter notado que as atividades que exigem maior trabalho
muscular são também as que dispendem maior quantidade de energia.
Sendo assim, se você realizar 30 minutos de alongamento gastará
aproximadamente 162 calorias, no entanto, se fizer 30 minutos de
musculação gastará em torno de 267 calorias.
A energia que você utiliza para realizar essas atividades está
armazenada nas células em moléculas de uma substância denominada
trifosfato de adenosina (ATP). Essa molécula tem uma estrutura
química constituída por três fosfatos (trifosfato) unidos a base adenina
ligada ao glicídeo ribose (adenosina) através de ligações químicas
altamente energéticas, conforme você observa na figura. Essa energia
é armazenada temporariamente e depois transferida para os processos
celulares.
A célula contém outros compostos ricos em energia, porém o ATP é
a mais importante.

Figura 1 -Molécula de ATP

Quando uma ligação do grupo fosfato é quebrada por hidrólise,


são liberadas de 7 a 12 Kcal e tem-se uma molécula de ADP (adenosina
difosfato). Hidrólise é uma reação química em que ocorre a quebra da
molécula de água.

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Adenina+ribose+3 grupos fosfatos


(ATP)

Adenina + ribose+ 2 grupos fosfatos + energia


(ADP)

A energia liberada é constantemente gasta pela célula em processos


com transporte de íons sódio e potássio, ou ainda no movimento celular
realizado pela actina, entre outros. Portanto, é necessário que a molécula
de ATP seja constantemente produzida.
A ressíntese de ATP pode ocorrer tanto na presença de oxigênio (via
aeróbica) quanto na ausência de oxigênio (via anaeróbica). São essas vias
que você estudará nas próximas seções.

seção 2
Via Aeróbica de Síntese e Ressíntese de energia

A maioria do ATP utilizado pelas células provém da respiração


Oxidação: significa
perder elétrons, não aeróbica, ou seja, a produção de energia acontece com a participação
necessariamente em
da molécula de oxigênio num processo denominado oxidação. Nesse
presença de oxigênio
(quando um elemento processo, as moléculas orgânicas (glicose e ácidos graxos) são degradadas,
perde elétrons o seu
formando moléculas de gás carbônico e de água e liberando energia.
estado de oxidação
aumenta).
C6H12O6 + 6O2 → 6CO2 + 6H2O + ATP
(Glicose +oxigênio) →(gás carbônico+água+energia)

No exemplo temos a molécula de glicose, mas o processo pode


ocorrer a partir de aminoácidos, ácidos graxos e glicerol. Como você já viu
na unidade 1, os aminoácidos constituem as proteínas, os ácidos graxos e o
glicerol constituem os lipídeos. A energia produzida é liberada ao poucos,
caso contrário, a célula seria danificada pela combustão produzida.
A via aeróbica divide-se em duas fases: uma aeróbica e outra
anaeróbica. A primeira fase, acontece no citoplasma fora das mitocôndrias
e chama-se glicólise (do grego glykos, açúcar e lysis, quebra). A segunda

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Biologia Celular
etapa, é o ciclo de Krebs que ocorre na matriz mitocondrial e a terceira, é
a cadeia respiratória que ocorre nas cristas mitocondriais.

Figura 2 - Síntese aeróbica de ATP.

A glicólise consiste na quebra da molécula de glicose gerando duas


moléculas mais simples de piruvato ou ácido pirúvico. A energia gerada
nessa quebra é de 4 moléculas de ATP,no entanto a ativação da glicose
consome duas moléculas e o saldo é de duas moléculas de ATP. Na
glicólise também são liberados 4 elétrons com nível elevado de energia
e 4 íons de energia. Os elétrons e 2 íons gerados são capturados por
uma substância conhecida como NAD (dinucleotídeo de nicotinamida –
adenina). Os outros 2 íons permanecem livres no citosol.

Glicose → ácido pirúvico + hidrogênio + energia

Essa etapa ocorre nas mitocôndrias, onde o ácido pirúvico é


transportado através das membranas e, na matriz mitocondrial reage
com uma substância denominada coenzima A (CoA). Nessa reação é

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produzida uma molécula de acetilcoenzima A (acetilCoA) e uma molécula


de gás carbônico.
Nessa etapa também há a participação do NAD, associa-se aos
íons hidrogênio e ao oxigênio formando a molécula de gás carbônico.
Os elétrons de alta energia são capturados pelas enzimas NAD e FAD,
formando NADH e FADH2 que ao passarem pela cadeia respiratória
fornecerão energia para produção de ATP. O conjunto de reações que
acontece nessa fase é conhecido como Ciclo do ácido cítrico ou ciclo do
ácido tricarboxílico ou ciclo de Krebs.

Ácido pirúvico → gás carbônico + hidrogênio + energia

O gás carbônico produzido nesta etapa é eliminado pelos pulmões


pela expiração.

Figura 3- Ciclo de Krebs.

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Biologia Celular
As moléculas de NADH e FADH2 produzidas no ciclo de Krebs
passam para as cristas mitocondriais. Na membrana das cristas há um
complexo de proteínas que participam na condução de NADH e FADH2..
Nesse complexo destacam-se os citocromos, proteínas transferidoras
de elétrons que possuem cobre ou ferro em sua composição. Cada
conjunto sequencial de transferidor de elétrons recebe o nome de cadeia
respiratória. Nessa etapa são liberados elétrons com alto nível de energia.
O hidrogênio liberado reage com o oxigênio, formando a molécula de
água e forma-se a maior quantidade de energia.

Figura 4 -Cadeia respiratória.

Todas as células oxidam glicídeos para obtenção de energia.


Algumas como os neurônios da região encefálica obtém praticamente
toda a energia pela oxidação aeróbica da glicose, portanto, níveis baixos
de glicose no sangue podem causar desmaios e até coma. Temos também
no fígado e músculos, o glicogênio, um tipo de carboidrato complexo que
pode ser oxidado. Esse carboidrato é nossa reserva energética e que é
utilizada pelo organismo quando os níveis glicêmicos estão reduzidos.

Outra fonte de energia utilizada pelo nosso organismo são os


lipídeos. As fontes energéticas para o catabolismo das gorduras incluem:
• Triglicerídeos armazenados no citoplasma das células adiposas
(adipócitos);
• Triglicerídeos armazenados nas fibras musculares;
• Triglicerídeos armazenados nos complexos lipoproteicos.

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unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

Curiosidade
Em um adulto jovem as reservas de triglicerídeos existente nos adipócitos constituem de
60.000 a 100.000 Kcal e o triglicerídeo presente nas fibras musculares perfazem cerca de 3.000
Kcal. Na lipoaspiração é aspirada gordura do tecido adiposo que é constituído por adipócitos.
Recentemente descobriu-se que o tecido adiposo descartado de lipoaspiração é fonte rica em
células-tronco.

Já as reservas energéticas de carboidratos correspondem a menos


de 2.000 Kcal. Quando necessário as moléculas lipídicas são degradas
em glicerol e ácidos graxos.
Os ácidos graxos são capturados pelas células e utilizados para
produção de ATP. Quando estão dentro da célula, os ácidos graxos sofrem
oxidação beta e se transformam em AcetilCoA e então continuam o processo
no ciclo de Krebs e cadeia respiratória nas mitocôndrias. A degradação de
lipídeos consome mais energia que a degradação da glicose.
Em casos extremos como desnutrição, atividade física excessiva,
entre outros, o organismo pode utilizar proteínas como fonte de energia.
Nesse caso, a proteína é hidrolisada no citosol liberando aminoácidos. Os
aminoácidos podem ser transformados em acetilCoA ou ácido pirúvico e
continuar o processo na mitocôndrias a partir do ciclo de Krebs.
A via aeróbica para síntese de ATP é utilizada predominantemente
em atividades físicas de baixa intensidade e longa duração como
maratona, triatlon, andar, corrida, etc. Para execução dessas atividades,
grandes grupos musculares são exigidos com elevado gasto de energia.
Nesses casos esta via é mais utilizada porque a quantidade de energia
liberada é maior e há liberação de gás carbônico e água.
A atividade física intensa, sem uma orientação alimentar adequada
pode ocasionar uma perda de massa muscular, pois na ausência de
glicose e lipídeos, o organismo obtém energia através da degradação das
proteínas musculares. Para evitar redução de massa muscular atletas de
alto nível, como Michael Phelps, ingere mais de 10.000 calorias por dia,
sendo que a média de ingestão diária para não atletas é de 2.000 calorias.
Além da dieta hipercalórica, Michael Phelps ingere grandes quantidades
de carboidratos.
Como vimos, o metabolismo das substâncias orgânicas para
obtenção de energia é bastante complexo envolvendo várias reações
químicas, mas é dessas reações que você obtém energia para estar lendo

56
unidade 2
Biologia Celular
e compreendendo este texto, assim como para desempenhar todas as
demais funções orgânicas.

Para melhor fixação do processo de síntese de energia


realizado pela célula assista ao vídeo Biologia: Respiração
Celular – Mitocondria, no link www.youtube.com. Lá você
visualizará as etapas da síntese aeróbica de ATP com imagens
coloridas que auxiliarão uma melhor compreensão.

seção 3
Via Anaeróbica de Síntese e Ressíntese de Energia

Como você viu na seção anterior, a síntese aeróbica de ATP é realizada


por todas as células animais, mas é necessária a presença de oxigênio
para que ela ocorra. No entanto, em algumas situações o oxigênio que
entra nas células não é suficiente para queimar toda a glicose.

Imagine as células musculares esqueléticas de um velocista numa corrida de 100 metros.


O oxigênio inspirado é insuficiente para quebrar a molécula de glicose, porque o esforço é
máximo e o tempo é mínimo. Neste caso, como a célula obtém energia?


Neste exemplo, as células musculares do velocista utilizarão outra
via para obter energia: a via anaeróbica. Nessa via a síntese de ATP
ocorrerá também na ausência de oxigênio, porque o oxigênio inspirado
pelo velocista é insuficiente para produzir toda a energia que as células
estarão gastando naquele momento.
Nessa via, a glicólise acontece da mesma forma que na via aeróbica,
no entanto o ácido pirúvico recebe elétrons e hidrogênio do NADH,
transforma-se em ácido lático, ou seja, o ácido pirúvico passa a ser o
aceptor final de elétrons e hidrogênio. Por essa via, o organismo obtém
energia a curto prazo, porém a quantidade de energia produzida é menor
que na respiração aeróbica.
A produção e o acúmulo de ácido lático nas fibras musculares podem
causar fadiga, pois os músculos toleram, no máximo, o acúmulo de 60 a
70 gramas de ácido lático antes de apresentarem fadiga.

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unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

Curiosidade
Você já deve ter visto imagens dramáticas da maratonista suíça Gabriele Andersen Scheiss
que chegou cambaleando para completar a maratona feminina nos Jogos Olímpicos de 1984. A atleta
estava exausta e nem mesmo assim desistiu da prova. Neste, caso as fibras musculares da atleta
atingiram a fadiga muscular devido ao grande esforço realizado pela atleta que levou 5min44s para
percorrer os últimos 100 metros, terminando na 37ª colocação.
Embora tenha chegado em última colocação, a atleta foi ovacionada pelas pessoas que estavam
no estádio e é lembrada até hoje pela sua persistência.

Você pode rever este momento histórico do esporte


acessando o vídeo: Relembrem Gabrielle Andersen, que fez
história em 1984, no link www.youtube.com . Além de poder
visualizar as consequências do acúmulo de ácido lático nos
músculos

O acúmulo excessivo de ácido láctico no músculo devido ao excesso


de atividade física também pode desencadear a cãibra. As cãibras são
contrações musculares súbitas, involuntárias, dolorosas e momentâneas
de origem nervosa ou neuromuscular.
Outros fatores que podem desencadear as cãibras são a perda
excessiva de água e sais minerais, principalmente o potássio; e a
deficiência de fluxo sanguíneo, ocasionada por mudanças bruscas de
temperatura ou problemas vasculares.
Os efeitos da dor podem ser amenizados com aplicação de toalhas
quentes, massagens suaves e relaxantes musculares. Para evitar
as cãibras é aconselhável comer alimentos ricos em potássio, como
banana ou água de coco, como você viu na unidade 1. Além disso,
o alongamento dos músculos é essencial antes e depois de qualquer
atividade física.
O ácido lático produzido pelas células musculares é lançado no
sangue. O fígado absorve o ácido lático através da corrente sanguínea
e faz a reoxidação transformando-o em ácido pirúvico. O ácido pirúvico
pode ser degradado a gás carbônico nas mitocôndrias hepáticas ou
reconvertido a glicose por um processo denominado gliconeogênese.
Esse processo permite que nossas células mantenham seus níveis de
glicose mesmo durante o jejum.
A via anaeróbica de síntese de ATP é utilizada por células musculares
esqueléticas predominantemente em atividades físicas de curta duração

58
unidade 2
Biologia Celular
e alta intensidade como em corridas de 50 metros, natação de 50 e 100
metros, levantamento de pesos.
Outra substância utilizada pela célula para obter energia na
ausência do oxigênio é a creatina em sua forma fosforilada denominada
fosfocreatina (PCr). Na célula muscular, a fosfocreatina, constitui uma
reserva de energia para a rápida regeneração do trifosfato de adenosina
(ATP), em exercícios de alta intensidade e curta duração, como por
exemplo, durante um sprint de 100m rasos ou em uma sequência de
levantamento de peso em um treino de halterofilismo.
A creatina é um aminoácido, ácido metil guanidina - acético, o qual
se encontra presente tanto nos alimentos quanto no organismo humano,
devido à síntese endógena. O pool orgânico dessa substância encontra-
se localizado quase na sua totalidade (95%) na musculatura esquelética
e sua regeneração após um exercício intenso é um processo dependente
da via oxidativa.

Curiosidade
Nos alimentos, a creatina é encontrada em maior quantidade nas carnes (todos os tipos):
bacalhau - 3,0; linguado - 2,0; salmão - 4,5; atum - 4,0; e carne bovina - 4,5 g/kg. Encontra-se também
em outros alimentos, porém, em quantidades muito pequenas.
Para reforçar o trabalho dos músculos, é bom ingerir alimentos naturalmente ricos em creatina,
como carnes, ovos e peixes. Um homem de 70 quilos necessita de aproximadamente 2 gramas de
creatina por dia. Metade dessa quantidade é obtida por meio da alimentação. Um bife grande, por
exemplo, contém 1 grama da substância. O restante é sintetizado pelo corpo.
Quem pratica exercícios de curta duração e de resistência pode ganhar força se aumentar a
ingestão de creatina. Bastam três porções de carne por dia para garantir 3 gramas desse composto, o
equivalente à dose indicada do suplemento.

Através da cisão de um fosfato proveniente da fosfocreatina, o


fornecimento de energia é imediato. Esse composto é encontrado no meio
intracelular e constitui um fosfato de alta energia. Isto quer dizer que
uma grande quantidade de energia é liberada quando a ligação é clivada
entre as moléculas de creatina e de fosfato no PCr (fosfato+creatina).
Essa via também é conhecida como sistema fosfagênio.
A reação é catalisada pela enzima creatinafosfatoquinase (CPK)
ou creatina cinase, não necessita de oxigênio e alcança produção
máxima de energia em aproximadamente 10 segundos. A ativação da
enzima creatinafosfatoquinase (CPK) ocorre através do aumento de ADP
decorrente da quebra de ATP durante a atividade física.
Essa é uma reação reversível, ou seja, a fosfocreatina pode ser

59
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

ressintetizada, a partir de Pi e creatina (C), através da energia liberada


pela desintegração de ATP, proveniente da rota aeróbia, principalmente.

PCr + ADP ↔ Cr + ATP

O estoque de ATP no corpo é de apenas 80 a 100g em qualquer


momento. No entanto, as células armazenam aproximadamente 4 a 6
vezes mais PCr que ATP. A quantidade de fosfocreatina armazenada nos
grandes grupos musculares é suficiente para caminhar rapidamente por
um minuto, correr com o ritmo de maratona por 20 a 30 segundos ou
correr com velocidade máxima por 20 a 30 segundos.
O sistema ATP-CP, supre a energia de no máximo 15-20 segundos
para os exercícios de curta duração (lançamentos, chutes) e de 30-45
segundos, nos de maior duração (corridas de 100-200 metros, provas
de natação de 50 metros, saltos de grande amplitude e levantamento de
peso).
Numa corrida de 100 metros, por exemplo, o atleta não consegue
manter a velocidade máxima durante toda a corrida. Durante os últimos
segundos, geralmente diminui seu ritmo. O vencedor é aquele que
menos reduz sua velocidade. Nessa situação a quantidade de fosfatos
intramusculares de alta energia afeta significativamente o desempenho.
Uma desvantagem do sistema APC-PCr é que a ressíntese da
fosfocreatina ocorre apenas quando o atleta interromper a atividade
física, ou seja, na fase de recuperação.
Como você estudou nesta seção, o organismo pode utilizar diferentes
fontes de energia dependendo da atividade realizada e do esforço
despendido.

Para compreender melhor as funções da creatina no


organismo humano assista a uma entrevista ao professor
Msc. Guilherme Molina sobre pesquisa do uso da creatina
em atletas de Moutain Bike. Acesse o vídeo Creatina, no link
www.youtube.com.

60
unidade 2
Biologia Celular
Você finalizou mais uma unidade e está entendendo como o nosso organismo funciona em
sincronia para manter-nos vivos.
Nesta unidade, você pôde entender o que é energia e como nosso organismo obtém esta
energia.
Você viu que a energia obtida através dos alimentos deve ser transformada no nosso organismo,
que essa transformação envolve diferentes reações químicas e que ao final desse processo teremos a
molécula de ATP, fonte de energia para as células.
A síntese de ATP pode ocorrer aeróbica ou anaerobicamente. A síntese aeróbica de ATP ocorre
na presença de oxigênio e utiliza nutrientes como os carboidratos, lipídeos e proteínas e acontece em
três etapas. A primeira ocorre no citoplasma, a segunda e a terceira, ocorrem nas mitocôndrias, na
matriz e cristas mitocondriais, respectivamente.
A via aeróbica é mais comumente utilizada pelo organismo. As atividades físicas de longa
duração e baixa intensidade também utilizam essa via para obtenção de energia.
Além da via aeróbica, o organismo pode utilizar a glicose e a fosfocreatina para sintetizar ATP
na ausência de oxigênio, via anaeróbica de síntese. Essa via fornece ATP mais rapidamente para o
organismo, porém a síntese anaeróbica de ATP utilizando glicose como substrato, gera o acido lático
que pode causar dor durante a atividade física. Já a fosfocreatina esgota-se rapidamente durante a
atividade física intensa. Em atividades físicas intensas e de curta duração, essa via é utilizada pelo
organismo para obtenção de ATP, pois a energia gerada pela síntese aeróbica, neste caso é insuficiente
para manter o trabalho orgânico.
Na próxima unidade, você estará compreendendo como o exercício altera a respiração e
circulação e como nosso organismo controla estas funções durante a atividade física para manter vivo
o nosso organismo.
Seja persistente! Afinal você está chegando ao final do livro didático de Biologia Celular, falta
apenas uma unidade. O fato de você ter chegado até aqui mostra o quanto você é capaz e conseguirá
atingir seus objetivos.

1. Relacione cinco atividades esportivas em que a síntese de ATP nas células ocorre
predominantemente pela via aeróbica.

2. Por que durante a realização de atividades esportivas, como natação 50 metros, corrida de 100
metros, arremesso de peso, levantamento de peso, as células utilizam vias aeróbicas e anaeróbicas
para síntese de ATP?

3. Pesquise em livros, revistas, sites de nutrição quais alimentos constituem a dieta básica de um
atleta e relacione a dieta deste atleta com as vias para produção de energia que você estudou
nesta unidade.

61
unidade 2
Universidade Aberta do Brasil

4. Analise os rótulos de 2 alimentos e responda:

a) Qual deles tem maior valor calórico? (Não se esqueça de verificar as porções.)
b) Quais vitaminas são encontradas nestes alimentos? E minerais? (Caso seja necessário, reveja
exemplos de minerais e vitaminas na unidade 1).
c) Qual nutriente é encontrado em maior quantidade nestes alimentos?

5. A síntese aeróbica de ATP ocorre:

a) apenas no citoplasma das células musculares.


b) no citoplasma e mitocôndrias das células.
c) no núcleo celular.
d) no retículo endoplasmático granular.
e) nenhuma alternativa está correta.

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unidade 2
Biologia Celular

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unidade 2
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Universidade Aberta do Brasil

unidade 2
UNIDADE III
Biologia Celular
Controle Cardiorrespiratório
Tania Regina Paintner Marques

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
■■ Compreender os mecanismos da respiração e circulação.

■■ Identificar os fatores orgânicos que interferem na respiração e

circulação.

■■ Diferenciar frequência cardíaca e débito cardíaco.

■■ Conceituar pressão arterial.

■■ Reconhecer os fatores que controlam a pressão arterial durante o

exercício.

■■ Enumerar os mecanismos de controle utilizados pelo organismo

para manter a homeostasia orgânica durante a atividade física.

ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ Seção 1 - Fisiologia do Sistema Cardiorrespiratório

■■ Seção 2 - Controle Cardiorrespiratório


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unidade 3
Universidade Aberta do Brasil

PARA INÍCIO DE CONVERSA

Na seção 1, serão abordados dois processos fisiológicos que ocorrem


no organismo humano e que são essenciais para nossa sobrevivência: a
respiração e a circulação.
Você compreenderá a importância desses dois processos e entenderá
porque eles sofrem alterações durante a realização da atividade física. Você
entenderá ainda, como o organismo realiza o controle cardiorrespiratório
para manter o equilíbrio orgânico que nos mantém vivos e saudáveis e
como o sistema cardiovascular e o sistema respiratório atuam em sincronia
para suprir as necessidades energéticas do organismo.
Na seção 2, você estudará os fatores que controlam o funcionamento
do sistema cardiorrespiratório durante o repouso e durante a realização
de atividade física.

seção 1
Fisiologia do Sistema Cardiorrespiratório

Antes de iniciar o estudo desta seção, assista ao


vídeo “Sistema cardiovascular”, no link www.youtube.
com. Lá você visualizará o funcionamento do sistema
cardiovascular com imagens coloridas que auxiliarão
uma melhor compreensão do funcionamento do sistema
cardiorrespiratório.
Agora que você já assistiu ao vídeo, imagine que
você realizou o primeiro movimento respiratório assim que nasceu, e que
este movimento será realizado por toda sua vida e que você depende dele
para estar vivo.
Você já contou quantas vezes você inspira e expira em um minuto?
Já pensou que além de respirar, o seu coração está contraindo e relaxando
a cada minuto da sua vida? Quantas vezes seu coração contrai a cada
minuto?

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unidade 3
Biologia Celular
A respiração e a circulação são duas funções orgânicas que
realizamos involuntariamente e que são controladas pelo sistema
nervoso autônomo. A respiração é realizada pelo sistema respiratório e
a circulação pelo sistema cardiovascular. O sistema cardiorrespiratório
engloba os dois sistemas citados. A seguir, veremos como os dois sistemas
desempenham suas funções em sincronia.
Através da respiração, as células obtêm oxigênio para produzirem
energia (ATP) aerobicamente e através da circulação o oxigênio é
distribuído pelo organismo e o dióxido de carbono produzido é retirado
e transportado até os pulmões. Se o suprimento de oxigênio dependesse
apenas da difusão através da pele, seria impossível atender a demanda
energética básica.
O processo pelo qual o ar ambiente penetra nos pulmões e é
permutado pelo ar existente no seu interior denomina-se ventilação
pulmonar.
O sistema ventilatório tem como principais funções:
• Fornecer o oxigênio necessário ao metabolismo;
• Eliminar o dióxido de carbono produzido pelo metabolismo;
• Manter o equilíbrio ácido básico, regulando a concentração de
íons de hidrogênio.
O ar penetra pelo nariz e boca, passa pela faringe, traqueia
e brônquios. Os brônquios ramificam-se em bronquíolos. Na porção
terminal dos bronquíolos estão pequenos sacos membranosos elásticos e
de paredes muito finas denominadas alvéolos pulmonares.
Os pulmões contêm mais de 300 milhões de alvéolos. As trocas
gasosas ocorrem na superfície do tecido alveolar. O tecido alveolar recebe
o maior suprimento de sangue do que qualquer órgão do corpo.

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unidade 3
Universidade Aberta do Brasil

Figura 1 - Sistema Respiratório.



Os alvéolos ficam dispostos um ao lado do outro, envolvidos por
capilares em cada minuto de repouso, aproximadamente 250 ml de
oxigênio deixam os alvéolos e penetram no sangue e 200 ml de dióxido
de carbono se difundem na direção contrária.
A principal função da ventilação pulmonar é de manter uma
concentração razoavelmente constante de oxigênio e dióxido de carbono
nos alvéolos durante o repouso e o exercício e consiste de dois movimentos:
inspiração e expiração.
A inspiração consiste na entrada de ar nos pulmões. A entrada
de ar nos pulmões provoca uma expansão lateral e elevação da caixa
torácica. A elevação da caixa torácica ocorre devido a contração do
músculo diafragma. O diafragma é um músculo laminar que separa
a cavidade torácica da cavidade abdominal. Os pulmões localizam-se
superiormente ao diafragma.
A expiração consiste na saída de ar dos pulmões que ocorre
passivamente com o relaxamento dos músculos inspiratórios (diafragma,

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unidade 3
Biologia Celular
escalenos e intercostais internos) e recuo natural do tecido pulmonar
distendido.
Durante o exercício os movimentos do diafragma, das costelas,
do esterno e dos músculos abdominais são sincronizados de forma a
contribuir para a expiração e inspiração.
O transporte e fornecimento de oxigênio e nutrientes pelo organismo
é realizada pelo sistema cardiovascular. O sistema cardiovascular é
composto pelo coração e vasos sanguíneos (artérias, veias e capilares).
O coração é um órgão oco, constituído por uma musculatura estriada
cardíaca denominado miocárdio que realiza movimento de contração e
relaxamento. O movimento de contração é denominado de sístole e o
relaxamento de diástole.
Internamente o coração divide-se em quatro câmaras. As duas
câmaras superiores são os átrios e as duas inferiores são os ventrículos. O
átrio e o ventrículo direito estão separados do átrio e ventrículo esquerdo
por uma parede muscular denominada septo. As câmaras do lado direito
recebem sangue de todas as partes do corpo e bombeiam o sangue para
os pulmões. O percurso realizado pelo sangue do coração até os pulmões
denomina-se circulação pulmonar.

Figura 2 – Coração.

As câmaras do lado esquerdo do coração recebem o sangue


oxigenado (sangue arterial) dos pulmões e bombeiam o sangue para

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unidade 3
Universidade Aberta do Brasil

a artéria aorta. Da artéria aorta, o sangue distribui-se por todo o corpo


através da circulação sistêmica.
As artérias são tubos de alta pressão e que conduzem o sangue
arterial para os tecidos do corpo. As artérias ramificam-se em arteríolas
que realizam as trocas gasosas com os tecidos.
As veias possuem as paredes mais finas que as artérias e transportam
o sangue venoso, que é o sangue desoxigenado, de todas as partes do
corpo para o coração.

Figura 3 - Circulação sistêmica e pulmonar



Agora que você compreendeu como a respiração e a circulação
acontece, você poderia dizer como o ritmo da respiração é controlado
quando estamos em repouso ou quando estamos nos exercitando? Você
poderá responder a esta pergunta após o estudo das próximas seções.

Para melhor fixação da respiração pelo sistema


respiratório, assista ao vídeo “O corpo humano - 07 - Sistema
respiratório - Parte 1”, no link www.youtube.com . Lá você
visualizará a atividade dos pulmões com imagens coloridas
que auxiliarão uma melhor compreensão.

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unidade 3
Biologia Celular
seção 2
Controle cardiorrespiratório

Como foi questionado no início desta unidade, você saberia


responder quantas vezes você inspira e expira em um minuto? Quantas
vezes seu coração relaxa e contrai em um minuto?
Você pode responder que depende do momento. Por exemplo, quando
você está em repouso, o ritmo e frequência dos movimentos respiratórios
são diferentes de quando você está realizando alguma atividade física e
mesmo quando você realiza algum tipo de exercício a freqüência pode
ser alterada conforme a intensidade da atividade física.
O mesmo acontece com a frequência cardíaca que se altera
conforme a atividade que realizamos. Freqüência cardíaca é a frequência
das contrações do coração.

Por que você tem uma variação da frequência cardíaca e no ritmo dos movimentos respiratórios?
Quando é que sua respiração se torna mais ofegante e sua frequência cardíaca mais acelerada?

Como você estudou na seção anterior, os sistemas respiratório e


cardiovascular são responsáveis pelo fornecimento e distribuição de
oxigênio e nutrientes. Portanto, se você está realizando um trabalho
muscular, a necessidade energética é maior do que se estivesse em
repouso. Por exemplo, se você está alongando-se a necessidade energética
é diferente daquela de quando você está correndo, porque o trabalho
muscular exigido na corrida é mais intenso do que aquele do alongamento,
logo o gasto energético também é maior. Outro exemplo, uma pessoa de
57 quilos gasta 12 calorias para ficar em pé por 10 minutos e gasta 90
calorias para correr por 10 minutos a uma velocidade de 9 km/h.
Considerando estes exemplos, pode-se afirmar que os movimentos
respiratórios no primeiro caso apresentam-se normais e a frequência
cardíaca pode estar entre 70 a 80 batimentos por minuto. Já no segundo

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unidade 3
Universidade Aberta do Brasil

exemplo, os movimentos respiratórios ocorrem mais rapidamente, a


respiração será ofegante e a frequência cardíaca será alterada para 150,
160 batimentos por minuto (bpm) dependendo do condicionamento
físico do indivíduo citado, podendo chegar a 180 bpm.
Quando há um aumento no gasto energético pelo organismo,
ocorre um aumento na freqüência cardíaca e alteração na frequência
respiratória em resposta às necessidades metabólicas.
A frequência e a profundidade da respiração em repouso e
durante o exercício são controlados por fatores neurais e humorais. Os
fatores neurais referem-se a regiões do sistema nervoso que controlam
a respiração. Os fatores humorais estão relacionados com o estado
químico do sangue.
O controle da respiração é realizado por uma região do Sistema
Nervoso Central denominada bulbo raquidiano ou,simplesmente, bulbo.
O bulbo é a porção inferior do tronco encefálico. O tronco encefálico
é constituído pelo mesencéfalo, ponte e bulbo. Essa região estabelece
comunicação entre o cérebro e a medula espinhal e é responsável por
controlar diversas funções autonômicas como a frequência cardíaca, o
arco reflexo, o vômito, entre outras.

Figura 4 – Bulbo: centro respiratório.

72
unidade 3
Biologia Celular
Nessa região encontram-se neurônios respiratórios que controlam
a inspiração e a expiração. Os neurônios inspiratórios controlam os
músculos intercostais externos e o diafragma. Os neurônios expiratórios
controlam os músculos intercostais internos e músculos abdominais e
geralmente permanecem inativos durante a respiração em repouso.
Durante a realização de exercícios, a atividade dos neurônios
inspiratórios é aumentada e estimula músculos inspiratórios acessórios
como o esternocleidomastoideo. A contração desses músculos aumenta a
expansão do tórax e empurra o esterno e as costelas superiores.
Os neurônios são estimulados através de quimiorreceptores
que detectam oscilações nos níveis de dióxido de carbono (CO2), de
oxigênio (O2) e de hidrogênio no sangue, sendo o dióxido de carbono o
principal estímulo para mudanças na ventilação. Existem dois tipos de
quimiorreceptores: periféricos e centrais. Plasma: componente
Os quimiorreceptores períféricos localizam-se nos corpos cartídeos líquido do sangue.
Constituído por água,
e aórticos e sentem mudanças nas concentrações de oxigênio, hidrogênio proteínas (como
e dióxido de carbono do plasma. fibrinogênio, globulinas
e albumina) e outras
Os quimiorreceptores centrais monitoram a composição do fluido substâncias dissolvidas
cérebro espinhal e respondem às alterações na concentração de dióxido como gases, nutrientes,
excretas, hormônios
de carbono neste fluido. e enzimas. Compõem
Como os quimiorreceptores estão associados a circulação arterial, as cerca de 55% do volume
total de sangue.
alterações nos níveis de oxigênio e dióxido de carbono são rapidamente
identificados e a frequência e profundidade da respiração são alterados.
Por exemplo, se a concentração de oxigênio estiver baixa no sangue
arterial, isto indica que há pouco oxigênio disponível para os tecidos. A
resposta é um aumento na frequência e na profundidade da respiração.
Os quimiorreceptores também detectam alterações nos níveis
de íons hidrogênio. A concentração de íons de hidrogênio indica o
pH de uma substância. No caso do plasma sanguíneo um aumento na
concentração destes íons indica uma acidose que deverá ser controlada
por um aumento na atividade inspiratória a fim de reduzir os níveis
arteriais de ácido carbônico. A acidez do plasma está relacionada com as
concentrações elevadas de dióxido de carbono e subsequente formação
de ácido carbônico ou ainda com o acúmulo de lactato no exercício
extenuante.

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unidade 3
Universidade Aberta do Brasil

Atividade física intensa



Aumento nas concentrações de dióxido de carbono

Produção de ácido carbônico

Alteração no pH sanguíneo

Estímulo aos quimiorreceptores

Estímulo aos neurônios no bulbo

Aumento na atividade inspiratória

Aumento na frequência e profundidade da respiração

Como podemos ver os movimentos respiratórios são controlados


pelo sistema nervoso e também pelas variações químicas que acontecem
no plasma sanguíneo durante a realização do exercício. Agora vamos
entender como a circulação, a pressão arterial e os batimentos cardíacos são
controlados durante a atividade física, mantendo um equilíbrio orgânico.
Durante a realização de um exercício, a necessidade metabólica
é alterada e os órgãos envolvidos necessitarão de mais nutrientes e
oxigênio que devem ser transportados mais rapidamente pelo sangue
nas artérias. Assim, como a produção de gás carbônico pelos músculos
também é aumentada e a eliminação deste gás através da expiração deve
ocorrer o mais rápido possível. No entanto, para ser expirado, necessita
do transporte sanguíneo até os pulmões através das veias.

O aumento na velocidade da circulação sanguínea ocorre em decorrência do aumento da


frequência cardíaca, ou seja, o miocárdio contrairá mais rapidamente. Como é controlada
a frequência cardíaca?

O controle da frequência cardíaca é realizado pelo sistema nervoso


autônomo. Acompanhe na figura 5. O sistema nervoso autônomo divide-
se em simpático e parassimpático. As fibras nervosas do sistema nervoso
simpático inervam o coração, o músculo liso, as glândulas sudoríparas
e as vísceras. A estimulação do sistema nervoso simpático acelera
instantaneamente a respiração e a frequência cardíaca, as pupilas se
dilatam e o sangue flui da pele para os tecidos mais profundos na expectativa

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unidade 3
Biologia Celular
de uma situação de fuga ou luta. O sistema nervoso parassimpático tem
ação oposta ao simpático, por exemplo, as fibras parassimpáticas tornam
a freqüência cardíaca mais lenta enquanto que a simpática acelera.

Figura 5 -Sistema Nervoso Autônomo

A maioria dos órgãos recebe as duas estimulações e ambos os


sistemas mantêm um grau constante de ativação, dependendo da
necessidade fisiológica, um sistema é ativado e o outro inibido. É o que
acontece no sistema cardiovascular durante a realização do exercício.
No tecido muscular estriado cardíaco que constitui o miocárdio,
encontra-se uma massa de células musculares diferenciadas localizadas
na parede do átrio direito. Essa região é denominada de nódulo sinoatrial e
recebe estímulos do sistema nervoso autônomo que se propagam por todo
o miocárdio, desencadeando a contração muscular. O nódulo sinoatrial
também é denominado marcapasso.
Os impulsos do sistema nervoso iniciam-se no centro cardiovascular
no bulbo e percorrem os nervos que constituem o sistema nervoso
autônomo até chegar ao nódulo sinoatrial no miocárdio.

75
unidade 3
Universidade Aberta do Brasil

Quando os nervos cardiovasculares simpáticos são estimulados,


ativam a liberação dos hormônios adrenalina e noradrenalina pelas
glândulas supra-renais. Esses hormônios fazem aumentar a contratilidade
do miocárdio, aumentando a frequência cardíaca, essa resposta é
denominada taquicardia.
Para desacelerar a frequência cardíaca, entra em ação o hormônio
acetilcolina, cuja liberação é estimulada pelo sistema nervoso autônomo
parassimpático. A redução na freqüência cardíaca é denominada
bradicardia.
O centro cardiovascular no bulbo também recebe estímulos
sensoriais dos receptores mecânicos (mecanorreceptores) e dos receptores
químicos nos vasos sanguíneos, nas articulações e nos músculos. Esses
receptores monitoram o músculo ativo e sinalizam para o sistema nervoso
autônomo que fornece uma resposta cardiovascular adequada.
Os sistemas cardiovascular e respiratório atuam de forma
integrada, adaptando-se as condições orgânicas. Se os tecidos exigem
mais oxigênio, ele é fornecido pelo sistema cardiovascular juntamente
com o sistema respiratório. Consequentemente, o aumento da freqüência
respiratória é geralmente acompanhado pelo aumento do débito cardíaco.
Débito cardíaco é definido como a quantidade de sangue ejetada pelo
ventrículo por unidade de tempo. Pode ser calculado multiplicando-se
a frequência cardíaca pelo volume de ejeção (ml por batimento). Por
exemplo, uma frequência cardíaca de 72 bpm e um volume de ejeção de
70 ml por batimento terá um débito cardíaco igual a 5.040 ml/min.

Débito cardíaco = freqüência cardíaca X volume de ejeção

Sendo o volume aproximado de sangue do nosso corpo igual a 5


litros, isto significa que em repouso, um lado do coração bombeia todo
o sangue do corpo em um minuto. Durante o exercício físico o débito
cardíaco pode chegar a 35 l/min.
Além do débito cardíaco, a pressão arterial também sofre
alterações durante a prática de atividades físicas. A pressão arterial pode
ser definida como a pressão que o sangue exerce na parede das artérias
durante a sístole e a diástole ventricular.
Como já vimos no início desta unidade, sístole é a contração do
miocárdio. Quando o ventrículo esquerdo contrai para ejetar o sangue
76
unidade 3
Biologia Celular
para a artéria aorta, o sangue exercerá uma pressão que é medida em mm
Hg conhecida como pressão máxima ou sistólica. O valor considerado
normal para a pressão sistólica é de 120 mmHg.
Após a contração do ventrículo esquerdo ocorrerá o relaxamento
e nesse momento o sangue ainda exercerá uma pressão na parede da
artéria aorta, porém, ela será menor. A pressão sanguínea nesse momento
é denominada de mínima ou diastólica. O valor considerado normal para
a pressão sistólica é de 80 mmHg.
Na tabela a seguir, você pode analisar a classificação da pressão
arterial da Sociedade Brasileira de Hipertensão, localizar os valores da
sua pressão arterial e saber a classificação. Se os valores da sua pressão
arterial estiverem classificados como limítrofe ou hipertensão, você deve
procurar um médico para uma avaliação. Lembre-se que a hipertensão é
uma doença silenciosa.

Tabela- Classificação da pressão arterial.

Classificação Pressão Sistólica Pressão Diastólica


mmHg mmHg
Ótima < 120 < 80
Normal < 130 < 85
Limítrofe 130 - 139 85 - 89
Hipertensão estágio 1 140 - 159 90 - 99
Hipertensão estágio 2 160 - 179 100 - 109
Hipertensão estágio 3 ≤ 180 ≤ 110
Hipertensão sistólica
≤ 140 > 90
isolada

Fonte: Sociedade Brasileira de Hipertensão, 2006.

No início de atividades físicas como caminhar rapidamente, nadar,


marchar e pedalar, a pressão sistólica se eleva e depois se mantém
constante. A pressão diastólica permanece inalterada. O controle da
pressão arterial é realizado pelo bulbo que recebe estímulos neurais
através de barorreceptores localizados na artéria aorta e carótida.
Quando a pressão arterial aumenta, ocorre uma dilatação das artérias que
aumenta a taxa de ativação dos barorreceptores. Como resposta o centro
cardiovascular no bulbo aumenta a atividade parassimpática e diminui a
atividade simpática para desacelerar o coração.

77
unidade 3
Universidade Aberta do Brasil

Alteração da pressão arterial



Maior ativação dos barorreceptores

Estímulo ao centro vascular cardiovascular

Neurônios simpáticos e parassimpáticos

Nódulo sino atrial e vasos sanguíneos

Como você viu anteriormente, a hipertensão é um aumento da


pressão arterial, com pressão sistólica maior que 140 mmHg ou pressão
diastólica maior que 90 mmHg. Nesse caso, os barorreceptores se adaptam
à pressão elevada e o centro cardiovascular interpreta a pressão alta como
“normal” e assim nenhum reflexo de redução ocorre.
A hipertensão pode ser decorrente de fatores hereditários, tabagismo,
obesidade, sedentarismo, entre outros e pode levar o indivíduo a óbito
devido a doenças cardiovasculares como acidente vascular cerebral e
aterosclerose.
Como você pode ver, a integração das funções dos sistemas respiratórios
e cardiovascular permitem a manutenção da homeostasia orgânica. Quando
um destes sistemas não desempenha sua função adequadamente surgem as
doenças, que nada mais são que desequilíbrios orgânicos.

Para um aprofundamento sobre o controle da respiração


e circulação durante a atividade física, assista ao vídeo “O
corpo humano - 07 - Sistema respiratório - Parte 3”, no link
www.youtube.com.br . Lá você visualizará estes conteúdos com
imagens coloridas que auxiliarão uma melhor compreensão.

Pesquise em livros, revistas e sites na internet, como a atividade física pode controlar a hipertensão
e quais são as recomendações quanto ao tipo, frequência e intensidade da atividade física para
hipertensos.

78
unidade 3
Biologia Celular
Você concluiu mais uma etapa na aquisição do conhecimento!
Nesta unidade, você pôde identificar a estrutura do sistema cardiorrespiratório.
Primeiramente entendemos como o sistema respiratório está organizado e como cada órgão
atua na dinâmica da respiração. Estudamos também o que é a ventilação pulmonar e os movimentos
de inspiração e expiração que a constituem.
A seguir prosseguimos o estudo do sistema cardiovascular. Compreendemos a estrutura deste
sistema, assim como a função dos diferentes órgãos.
Então, passamos a relacionar a função dos dois sistemas e a compreender a interdependência
que existe entre eles. Reconhecemos que o equilíbrio orgânico depende do funcionamento do sistema
cardiorrespiratório comandado pelos sistemas nervoso e endócrino.
Finalmente, estudamos o controle da respiração e da circulação durante o repouso e durante a
realização de exercícios. Vimos que fatores neurais (bulbo, neurônios respiratórios) e humorais (plasma)
atuam no controle da respiração e na frequência cardíaca. E que a manutenção da homeostasia
orgânica e consequentemente da vida acontecem a todo instante no corpo humano.
Realize as atividades a seguir para fixar os conceitos importantes para o seu conhecimento e
aprofundamento.

Grande abraço
Profa. Tania

1. Quais são as funções orgânicas da respiração e circulação? Quais órgãos desempenham estas
funções no nosso organismo?

2. O controle respiratório em repouso e durante o exercício é realizado através de fatores neurais


e humorais. Assinale a alternativa que apresenta exemplos de fatores neurais e humorais,
respectivamente:

a) centro respiratório no bulbo; concentrações de dióxido de carbono no plasma sanguíneo.


b) neurônios inspiratórios; neurônios expiratórios.
c) concentração de ácido carbônico no plasma; quimiorreceptores.
d) acúmulo de lactato no plasma; centro respiratório no bulbo.

3. A frequência cardíaca indica o número de vezes que o miocárdio contraiu durante um minuto. O
controle da frequência cardíaca é realizado:

a) pelos quimiorreceptores.
b) pelo centro respiratório no bulbo.

79
unidade 3
Universidade Aberta do Brasil

c) pelos barorreceptores.
d) pelo centro cardiovascular no bulbo e sistema nervoso autônomo.

4. Durante a aula de educação física, um aluno atinge uma frequência cardíaca igual a 150 batimentos
por minuto. Considerando que o volume sanguíneo no corpo deste aluno é de 5 litros, qual é o
valor do débito cardíaco? O que quer dizer este valor?

5. Durante a realização de uma atividade física, a pressão arterial tende a aumentar. Esquematize
como o organismo realiza o controle da pressão arterial nesta situação.

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Biologia Celular

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Universidade Aberta do Brasil

unidade 3
Biologia Celular
PALAVRAS FINAIS

Você chegou ao final do livro de Biologia Celular!


Ao iniciar os estudos pela Unidade 1, você entendeu a dinâmica
celular. Estudou a constituição de uma célula animal e destacou estruturas
exclusivas desse tipo de célula. Viu que a membrana plasmática,
o citoplasma e o núcleo celular tem uma função específica e que a
sobrevivência da célula depende do bom funcionamento de cada uma
dessas estruturas. Observou também que no citoplasma localizam-se
organelas que atuam na síntese proteica e de lipídeos, armazenamento
e secreção de substâncias, digestão, desintoxicação, entre outras ações.
Estudou a mitocôndria, organela que realiza a respiração celular,
produzindo energia.
Na Unidade 2, continuou a estudar a energia. A energia química
que o alimento nos fornece, mas que necessita ser transformada para que
a célula possa utilizá-la. Aprendeu a definir ATP, entender como ele é
produzido pela célula, pela via aeróbica e também pela anaeróbica, além
de saber quais as vias de síntese de ATP utilizadas durante a atividade
física. Viu também quais as vantagens e desvantagens das diferentes vias
de síntese de ATP.
Na Unidade 3, estudou a distribuição e o fornecimento de oxigênio
realizado pelo sistema cardiorrespiratório, conhecendo a estrutura e o
funcionamento dos sistemas respiratórios e cardiovascular. Conheceu
os fatores que realizam o controle cardiorrespiratório em repouso e em
exercício, destacando entre eles o sistema nervoso e a concentração de
oxigênio, dióxido de carbono e íons hidrogênio no sangue.
Espero que os objetivos propostos no início do livro didático tenham
sido atingidos e que suas expectativas em relação ao livro, também.

83
PALAVRAS FINAIS
Desejo que você aplique os conceitos de Biologia Celular nas
disciplinas subsequentes e na sua vida profissional.
Parabéns por mais uma etapa vencida! Continue superando suas
dificuldades e buscando o conhecimento!

Grande abraço
Profa. Tania R. P. Marques

“Educação nunca foi despesa.


Sempre foi investimento com retorno garantido”.
(Arthur Lewis)
Biologia Celular
REFERÊNCIAS

ALBERTS, B.; BRAY, D. ; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.;
WALTER, P. Fundamentos da Biologia Celular. Porto Alegre: Artmed, 1999.

AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Biologia das células. 2 ed. São Paulo: Moderna,
2004.

BOLSOVER, S.R.; HYAMS, J. S.; SHEPHARD, E. A.; WHITE, H.A. ;


WIEDEMANN, C.G. Biologia Celular. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
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BORGES, J. C. Vitaminas: panacéia ou embuste? Revista Ciência Hoje On-Line.


Disponível em: http://cienciahoje.uol.com.br/110742. Acesso em: 05 de janeiro
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BORGES, J. C. O centro de comando. Revista Ciência Hoje On-line. Disponível


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DANGELO, J.G. & FATTINI, C. A. Anatomia Humana Sistêmica e Segmentar.


Rio de Janeiro: Editora Atheneu, 1998.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia Celular e Molecular. 7 ed. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

LINHARES, S.; GEWANDSZNAJDER, F. Biologia: Programa Completo. 10 ed.


São Paulo: Ática, 1999.

MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício. 5 ed. Rio


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PERALTA, J. A; SILVÉRIO, O.M.. A creatina como suplemento ergogênico para


atletas. Revista de Nutrição. Volume 15, no.1,. Campinas, 2002.

SAMPAIO, E. Biologia aplicada à Educação Física. 2 ed. Ponta Grossa: Editora


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SILVA, Jr. C.; SASSON, S. Biologia. Vol 1. 8 ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

SILVERTHORN, DEE UNGLAUB. Fisiologia Humana: uma abordagem


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REFERÊNCIAS
Universidade Aberta do Brasil

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br. Acesso em: 10 de janeiro de 2009.

SPENCE, A.P. Anatomia Humana Básica. 2 ed. São Paulo: Manole, 1991.

86
REFERÊNCIAS
Biologia Celular
NOTAS SOBRE A AUTORA

Tania Regina Paintner Marques


É graduada em Ciências pela Universidade Paranaense. Especialista
em Educação Especial pela Universidade Paranaense. Especialista em
Biologia aplicada à Saúde pela Universidade Estadual de Londrina. Mestre
em Genética e Melhoramento pela Universidade Estadual de Londrina.
Docente da rede pública estadual de ensino há quinze anos. Docente
Adjunta do Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais. Docente da
Especialização em Populacional/Personal trainning na Universidade
Estadual de Ponta Grossa.

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AUTOR

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