You are on page 1of 10

533

TEMAS LIVRES FREE THEMES


Exposição ocupacional por uso de mercúrio em odontologia:
uma revisão bibliográfica

Occupational risk due to use of mercury in dentistry:


a bibliographic review

Jamyle Calencio Grigoletto 1


Aline da Silva Oliveira 1
Susana Inés Segura Muñoz 1
Leny Borghesan Albertini Alberguini 2
Angela Maria Magosso Takayanagui 1

Abstract The aim of this study is to present data Resumo Este trabalho visa apresentar dados
concerning hazardous waste management in the referentes ao gerenciamento de resíduos perigo-
health area, with emphasis to the utilization of sos na área da saúde, com ênfase no uso de mer-
mercury in dentistry. The study was based on a cúrio em odontologia. Foi elaborado com base
bibliographic review regarding the use of mercu- numa revisão bibliográfica sobre o uso do mer-
ry in dental fillings and its potential toxicological cúrio em amálgama dentário e seus potenciais
risks for patients and due to occupational expo- riscos toxicológicos ligados à exposição, tanto de
sure. The studies also take into consideration na- profissionais quanto de pacientes. Os estudos le-
tional and international recommendations on the vantados baseiam-se também em recomendações
use of mercury and its occupational exposure lim- de alguns organismos internacionais e nacionais
its. The review of the literature reveals the poten- em relação ao uso do mercúrio e seus limites de
tial toxic effects of mercury both on the environ- exposição ocupacional. Os dados da literatura
ment and on human health. Given that the use of revelam o potencial tóxico do mercúrio, tanto
dental amalgam is still very frequent in dentistry, para o ambiente quanto para a saúde humana.
there is a need for safety regulations in order to Tendo em vista que o amálgama ainda é muito
minimize the risks posed by dental amalgam in utilizado na odontologia, considera-se necessá-
dentistry proceedings based on technical guide- rio uma tomada de decisão político-administra-
lines for its use, discard and final disposal. tiva que vise minimizar os riscos relacionados
Key words Amalgam, Mercury, Dentistry, Public ao uso de amálgama em procedimentos odonto-
health lógicos, voltados para a segurança ocupacional,
dos indivíduos e do ambiente, baseada em dire-
trizes e orientações técnicas sobre seu uso, des-
carte e disposição final.
1
Escola de Enfermagem de Palavras-chave Amálgama, Mercúrio, Odon-
Ribeirão Preto, tologia, Saúde pública
Universidade de São Paulo.
Av. Bandeirantes 3900,
Monte Alegre. 14048-900
Ribeirão Preto SP.
jamylecalencio@hotmail.com
2
Laboratório de Resíduos
Químicos, USP de São
Carlos.
534
Grigoletto, J. C. et al.

As formas nas quais pode ser encontrado, O mercúrio, portanto, possui uma ampla
além da elementar, são: mercúrio metálico (Hg0), utilização, tanto na indústria quanto na odonto-
mercúrio I e mercúrio II, onde os átomos per- logia; porém, pode acarretar sérios danos se utili-
dem um ou dois elétrons, respectivamente, for- zado de maneira indiscriminada ou inadequada8.
mando mercúrio mercuroso (Hg2++) e o mercú- O mercúrio causa graves problemas de cor-
rio mercúrico (Hg++)3. Os sais mais importantes rosão, devido à alta mobilidade, tendência à dis-
são: cloreto de mercúrio (HgCl2), um sublimado persão e facilidade com que forma amálgamas
corrosivo muito tóxico; cloreto mercuroso ou ligas com a maioria dos metais, exceto o fer-
(Hg2Cl2); fulminato de mercúrio (Hg(ONC)2), ro. O mercúrio aquecido emite fumos altamente
detonador usado em explosivos; e sulfeto de tóxicos3.
mercúrio (HgS), de cor vermelha, usado como Para a saúde humana, o mercúrio representa
pigmento em tintas1. um grande risco, pela toxicidade e danos no nível
A produção mundial de mercúrio é estimada celular e orgânico do organismo humano. Gold-
em 10.000 toneladas por ano para uso nas mais man e Shannon9 afirmam que o mercúrio, em
diversas áreas, como indústrias, mineração e todas as suas formas, é tóxico para fetos e crian-
odontologia, sendo o Canadá, a Rússia e a Espa- ças, devendo ser reduzida a exposição de mulhe-
nha os principais produtores. A emissão natural res grávidas e crianças, bem como da população
de mercúrio é devida à gaseificação da crosta ter- em geral.
restre, emissões vulcânicas e à evaporação natu- Um exemplo claro e trágico na história, que
ral de corpos d’água. A mineração de ouro e pra- despertou grande interesse e preocupação, prin-
ta, a extração de mercúrio, a queima de combus- cipalmente na academia, foi o envenenamento
tíveis fósseis e a fabricação de cimento são exem- que ocorreu em Minamata, no Japão, em 1960,
plos de fontes antropogênicas de mercúrio4. onde uma indústria de aldeídos, que utilizava o
Os problemas associados à contaminação metilmercúrio como agente catalisador, despeja-
por metais pesados têm recebido um destaque va seus resíduos na Baía de Minamata, contami-
especial em vários países, independente do seu nando a água e os peixes, que eram consumidos
grau de desenvolvimento. O controle do mercú- pela população local. Isso causou grandes agra-
rio surge como uma preocupação atual devido à vos à saúde da população, desencadeando a
sua alta toxicidade e persistência na atmosfera, morte de 65 pessoas por intoxicação e o nasci-
estando incluído no rol das Substâncias Tóxicas mento de crianças com grandes distúrbios gené-
Persistentes, sob monitoramento pelo GEF - Glo- ticos, principalmente neurológicos10,11.
bal Environmental Facility (Facilidade do Ambi- Sabendo-se da intensa utilização de amálga-
ente Global), organização financeira independen- ma dentário e da problemática relacionada ao
te, estabelecida em 1991, que promove a coope- gerenciamento de resíduos perigosos na área da
ração em projetos e programas internacionais saúde, foi realizado um levantamento na litera-
voltados para a proteção do ambiente global. O tura científica, com o objetivo de conhecer dados
GEF apóia e estimula a realização de projetos de referentes ao tipo de gerenciamento que vem sen-
sustentação relacionados à biodiversidade, à do dado a esses resíduos, com ênfase no uso de
mudança de clima, às águas internacionais, à mercúrio em odontologia. O trabalho foi elabo-
degradação da terra, à camada de ozônio e aos rado com base numa revisão bibliográfica sobre
poluentes orgânicos persistentes, estando incluí- o uso do mercúrio em amálgama dentário e seus
dos projetos envolvendo mercúrio5. potenciais riscos toxicológicos ligados à exposi-
O mercúrio é utilizado em processos indus- ção, tanto de profissionais quanto de pacientes.
triais, na fabricação de aparelhos como termô- Os estudos levantados baseiam-se também em
metros, esfigmomanômetros, na produção de recomendações de alguns organismos internaci-
gás cloro e de soda cáustica, em amálgamas den- onais e nacionais em relação ao uso do mercúrio
tários e em pilhas, sendo também encontrado na e seus limites de exposição ocupacional.
forma de compostos orgânicos em fungicidas, Os artigos foram levantados junto à base de
bactericidas e inseticidas6. É também usado em dados BBO (Bibliografia Brasileira de Odonto-
vários tipos de lâmpadas elétricas, incluindo as logia), além de outras bases eletrônicas e acervos
fluorescentes e as de descarga de alta densidade; bibliográficos da Biblioteca Central da Universi-
em interruptores, retificadores e termostatos elé- dade de São Paulo de Ribeirão Preto, no período
tricos; em bombas de difusão a vapor de mercú- de maio a julho de 2005, utilizando-se como des-
rio; em manômetros; e em outros tipos de ins- critores amálgama odontológico e mercúrio.
trumentos de pressão, medição e calibração7.
535

Ciência & Saúde Coletiva, 13(2):533-542, 2008


Riscos à saúde humana Normatização da exposição ao mercúrio

Os resultados apontam que há um grande nú- Segundo Guimarães2, no Brasil, os valores ad-
mero de estudos experimentais na literatura so- missíveis para presença do mercúrio no ambien-
bre efeitos neuro-teratogênicos pela exposição do te e nos organismos vivos são estabelecidos por
mercúrio, onde ambos, humanos e animais, ex- normas com limites de tolerância biológica. A
postos a baixas doses de mercúrio no útero e legislação brasileira, seguindo as normas regula-
logo depois do nascimento, revelam um déficit mentadoras (NRs) do Ministério do Trabalho e
considerável de inteligência, coordenação moto- da Organização Mundial de Saúde, e também de
ra e outros problemas neurológicos12-18. acordo com a NBR 10004 de 2004, da Associação
De acordo com os trabalhos levantados, os Brasileira de Normas Técnicas22, estabelece como
efeitos tóxicos do mercúrio são expressos de limite de tolerância biológica para o ser humano,
modos diferentes, de acordo com a forma quí- a taxa de 33 ug Hg/g de creatinina urinária e 0,04
mica do mercúrio, a dose e a rota de exposição19. mg Hg/m3 no ambiente de trabalho. Assim, ocu-
No entanto, há duas formas principais de efei- pa lugar de destaque entre as substâncias mais
tos tóxicos do mercúrio, a saber: efeitos nefrotó- perigosas relacionadas nessas normas.
xicos e efeitos neurotóxicos2. O vapor de mercú- De acordo com a NBR 10004/04, os resíduos
rio, quando inalado, entra na corrente sanguínea gerados em diferentes fontes produtoras podem
e se transforma por oxidação em íon Hg-. Devido ser classificados de acordo com o grau de risco
ao fato dessa reação não ser instantânea, o metal ou periculosidade para a saúde e ambiente, ou
permanece em sua forma elementar por alguns seja: resíduos Classe I – perigosos e Classe II –
minutos, no sistema circulatório, e se deposita não perigosos, podendo, os resíduos Classe II,
nas células nervosas concluindo sua oxidação fi- ser não inertes (Classe II A) ou inertes (Classe II
nal, podendo ainda transpor a barreira placentá- B). Os resíduos Classe I são considerados peri-
ria. O íon Hg- se deposita nos tecidos do córtex gosos por apresentarem uma das cinco caracte-
cerebral, cerebelo e também no núcleo cerebral20. rísticas: toxicidade, reatividade, inflamabilidade,
Em altos teores, o mercúrio pode prejudicar corrosividade e patogenicidade. O mercúrio in-
o cérebro, o fígado, o desenvolvimento de fetos e clui-se como Classe I pelo risco, principalmente,
causar vários distúrbios neuropsiquiátricos. O ligado à toxicidade e patogenicidade humana,
sistema nervoso humano é também muito sen- além da contaminação ambiental22.
sível a todas as formas de mercúrio que, ao ser Por sua vez, a Norma Regulamentadora
inalado sob a forma de vapor ou ingerido, atinge NR15, estabelecida pela Portaria nº 3214, de 08
diretamente o cérebro, podendo causar irritabi- de junho de 1978, do Ministério do Trabalho do
lidade, timidez, tremores, distorções da visão e país, que trata das atividades e operações em lo-
da audição e problemas de memória. Pode haver cais insalubres, também considera o mercúrio
também problemas nos pulmões, náuseas, vô- como um dos principais agentes nocivos que afe-
mitos, diarréia, elevação da pressão arterial e ir- tam a saúde do trabalhador, considerando-o
ritação nos olhos, pneumonia, dores no peito, como de insalubridade de grau máximo. O limi-
dispnéia e tosse, gengivite e salivação3. te de tolerância para os fins desta norma é a con-
O metilmercúrio também se acumula avida- centração ou intensidade máxima ou mínima,
mente no cabelo. A concentração no escalpo hu- relacionada com a natureza e o tempo de exposi-
mano formado é diretamente proporcional à ção ao agente, que não causar danos à saúde do
concentração simultânea no sangue. Assim que trabalhador, durante sua vida laboral. E a NR-15
incorporado dentro da fibra do cabelo, sua con- preconiza como limite de tolerância para uma
centração permanece estável, de modo que o ca- jornada de trabalho de até 48 horas semanais o
belo serve como registro histórico de níveis san- valor de 0,040 mg Hg/m3, para os trabalhadores
guíneos anteriores2. que estão expostos ao mercúrio durante a sua
Como observado por Skerfving21, a maior atividade profissional23.
parte do metilmercúrio no sangue encontra-se Na Tabela 1, podem-se observar os valores de
nos glóbulos vermelhos, o que os torna um meio referência propostos pela OSHA - Occupational
indicador desejável. Já o plasma é mais apropri- Safety & Health Administration (Agência de Saú-
ado para monitorar o mercúrio inorgânico, pois de e Segurança Ocupacional), uma agência fede-
este se distribui sempre entre o plasma e os eri- ral norte-americana que edita e aplica regulamen-
trócitos. tações sobre segurança e saúde ocupacional para
empresas e indústrias nos Estados Unidos; e, tam-
536
Grigoletto, J. C. et al.

bém por outros órgãos norte-americanos, como Tempo), TLV-STEL - Short Term Exposure Li-
NIOSH - The National Institute for Occupatio- mit (Limite de Curta Exposição) e TLV-C - Cei-
nal Safety and Heath (Instituto Nacional de Saú- ling (Teto ou Limite Máximo).
de e Segurança Ocupacional), agência federal que · O TWA, Time Weighted Average, (Média
coordena ações profissionais nas áreas de saúde e Ponderada pelo Tempo) é considerado o tempo
segurança ocupacional, realizando pesquisas em médio, relativo a um período de trabalho (por
diversos temas relacionados à saúde e segurança exemplo, 8 horas/dia) da exposição de uma pes-
ocupacional com a certificação de vários equipa- soa a um agente químico. A média é determina-
mentos de segurança para uso no ambiente de da por amostragem do contaminante ao longo
trabalho; ACGIH - American Conference of Go- do período. É representado por TLV-TWA;
vernmental Industrial Hygienists (Conferência · O STEL ou TLV-STEL, Short Term Exposu-
Americana de Higienistas Industriais Governa- re Limit (Limite de Curta Exposição), consiste
mentais), sítio mantido por uma organização in- na concentração máxima à qual indivíduos po-
ternacionalmente respeitada, constituída por co- dem ser expostos por um curto período (15 mi-
munidade de profissionais que tratam da higiene nutos), por apenas quatro vezes ao dia ao longo
e saúde ambiental e ocupacional e da segurança da jornada, e com intervalos de pelo menos 1
industrial, desenvolvendo e publicando pesqui- hora entre as exposições. O limite diário (TLV-
sas e limites recomendados de exposição ocupa- TWA) também não pode ser excedido;
cional denominados TLVs -Threshold Limit Va- · O TLV-C, Threshold Limit Value-Ceiling
lues (Valores Limites de Exposição), para cente- (Teto ou Limite Máximo) é uma descrição geral-
nas de substâncias químicas24. mente associada a um limite de exposição. Refe-
TLV é a concentração no ar de substâncias re-se à concentração que não deve ser ultrapas-
selecionadas pela ACGIH, que representam con- sada, nem por um instante24.
dições, nas quais se acredita que praticamente Analisando os valores limites estabelecidos
todos os trabalhadores podem ser expostos con- pela OSHA, NIOSH e ACGIH, verifica-se que es-
tinuamente sem efeitos adversos. TLVs são guias ses são semelhantes para todos os compostos de
de aconselhamento, não sendo padrões legais, mercúrio (alquil, aril e compostos inorgânicos de
mas padrões baseados em evidências de experi- mercúrio). De acordo com a Tabela 1, observa-se
ência industrial, de estudos com animais, ou com também que, para o composto alquil mercúrio
humanos. Há diferentes tipos de TLVs: TLV-TWA (metilmercúrio), os limites de exposição para 8
- Time Weighted Average (Média Ponderada pelo horas de trabalho são até dez vezes menores com-

Tabela 1. Limites de exposição aos vapores de Hg segundo OSHA, NIOSH e ACGIH, no ano de 2003.

Limites de exposição

Compostos Compostos Compostos


Alquil, Hg Aril, Hg inorgânicos, Hg

OSHA
8-horas TWA 0,01 mg/m3 - -
Teto 0,04 mg/m3 0,1 mg/m3 0,1 mg/m3
NIOSH
8-horas TWA 0,01 mg/m3, pele 0,05 mg/m3, pele 0,05 mg/m3, pele
ST/Teto 0,03 mg/m3, (ST) pele 0,1 mg/m3, (Teto) pele 0,1 mg/m3, (Teto) pele
IDLH 2 mg/m3 10 mg/m3 10 mg/m3
ACGIH
8-horas TWA 0,01 mg/m3, pele 0,1 mg/m3, pele 0,025 mg/m3, Teto
Limite de exposição curta 0,03 mg/m3, pele - -
Fonte: http://www.osha.gov
537

Ciência & Saúde Coletiva, 13(2):533-542, 2008


parando com os outros compostos (aril e mer- feto contra exposição ao metal. No entanto, au-
cúrio inorgânico). No Brasil, não existe na legis- tores como Vimy, Takahash e Lorscheider31 cons-
lação a divisão do mercúrio em compostos alquil tataram que restaurações de amálgama feitas em
e aril; os limites de exposição são estabelecidos mulheres grávidas promoviam contaminação dos
para o composto mercúrio, de um modo geral. fetos em poucas horas, pois, segundo os auto-
res, a placenta não impede a passagem do mer-
cúrio. Assim como outros autores, que também
Exposição ocupacional ao mercúrio demonstraram que há uma intoxicação fetal pela
passagem do metal através da placenta32.
O mercúrio metálico (Hg0) é a forma que apre- Segundo Campos e Steagall33, o mercúrio tem
senta maior risco ocupacional, devido à forma- influência nas propriedades do amálgama den-
ção de vapores inodoros e incolores, com facili- tário, e, por isso, é um dos elementos essenciais
dade de penetração por vias respiratórias25. Se- para a sua preparação. Porém, alguns autores
gundo Langhan26, trabalhadores de mais de ses- destacam o perigo que representa para a saúde
senta tipos de indústrias apresentaram risco ocu- dos profissionais odontólogos e de seus auxilia-
pacional com o mercúrio, incluindo-se trabalha- res, uma vez que a contaminação pode ocorrer
dores de fábricas de cloro, soda cáustica, insetici- por contato direto do metal com a pele ou atra-
das, fungicidas, luzes néon, tintas e papéis. A ex- vés da inalação de seus vapores. Gronka et al.34
posição ao mercúrio pode ocorrer ao se respirar mostraram que a operação de maior risco de
ar contaminado, por ingestão de água e comida contaminação em relação ao mercúrio estava na
contaminada e durante tratamentos dentários. fase de preparação do amálgama.
O amálgama odontológico é obtido através
da reação do mercúrio com um pó metálico (liga
Exposição ocupacional de prata [Ag], cobre [Cu] e estanho [Sn], basica-
em serviços odontológicos mente) e contém, em média, 53% de mercúrio. O
problema é que cerca de 55% do amálgama pre-
O amálgama dental tem sido usado por mais de parado por dentistas são perdidos durante a pre-
150 anos; Gainsford e Dunne27 relataram que o paração, e este material é freqüentemente descar-
primeiro amálgama de prata odontológico pro- tado como lixo comum, conforme constataram
vavelmente foi introduzido na Inglaterra por Jo- Ferreira e Appel35. Como via de regra, o conteú-
seph Bell, em 1819. Sabe-se também que os pre- do ministrado em disciplinas de materiais dentá-
cursores da utilização da mistura do amálgama rios determina que o mercúrio não deve perma-
em temperatura ambiente foi o dentista francês necer no amálgama em porcentagem superior a
Onessiphore Taveau, em 1876, que defendia o uso 50%36. Atualmente, como método de preparo das
da “pasta prata” para as restaurações permanen- restaurações de amálgama, é recomendada a téc-
tes, e o químico inglês Charles Bell, que utilizava nica de EAMES, que compreende a proporção
moedas de prata trituradas com o mercúrio6. limalha/Hg de 1:137.
Wasylko et al.28 relatam que, de acordo com Na literatura científica, há uma vasta produ-
Mandel, a preocupação em torno da exposição ção de estudos que revelam que o mercúrio deri-
ocupacional teve importância devido à inadequa- vado do amálgama dentário se espalha pelo cor-
ção dos procedimentos de higiene relacionados po. Vários estudos de necrópsias mostram a cor-
ao mercúrio, da década de 70 até o início dos anos relação entre a concentração de mercúrio em vá-
80, na maioria dos atendimentos odontológicos. rios tecidos e órgãos de cadáveres humanos e o
Segundo Saquy25, em 1840, a Sociedade Ame- número de restaurações ou superfícies de amál-
ricana de Cirurgião-Dentista reconheceu o amál- gamas presentes38-42. Alguns autores relatam que
gama e todas as substâncias com mercúrio como as concentrações de mercúrio encontradas na
nocivas aos dentes e todas as partes da boca. Sto- urina, sangue e fezes diminuem após a remoção
ck29 identificou o amálgama como fonte de va- das restaurações de amálgama43,44,21.
por de mercúrio e alertou que este deveria ser Naleway et al.45, em um estudo realizado en-
abolido da odontologia. tre 1975 e 1983, analisando os níveis de mercúrio
Wannag e Skjaerasen30, em estudo realizado urinário em 4.272 dentistas, encontraram que,
com mulheres grávidas dentistas e não dentistas, em média, os dentistas não apresentavam con-
verificaram que as dentistas apresentaram acú- centrações urinárias de mercúrio acima do limi-
mulo de mercúrio na placenta e membranas fe- te, concluindo então, que não havia problema de
tais, e que estes órgãos serviriam de proteção ao exposição ocupacional deles com relação ao amál-
538
Grigoletto, J. C. et al.

gama. Entretanto, as concentrações urinárias fixadora de radiografias era a mais eficaz, sendo
foram estatisticamente significantes (p< 0,001) capaz de reter os vapores por dezessete dias; em
quando correlacionadas com o número de res- segundo lugar, apareceu a água, que reteve o metal
taurações de amálgama que cada dentista colo- durante catorze dias.
cava por semana. A população geral dos dentis- Fortes e Samuel49, em um estudo que teve tam-
tas do estudo apresentava um intervalo de 0-5 bém como objetivo avaliar a eficácia de meios para
ug de Hg/L de urina, enquanto 10,9% deles apre- o armazenamento de resíduos de amálgama, com-
sentavam concentrações maiores que 30 ug de pararam diferentes meios como: glicerina, água
Hg/L de urina, incluindo 1,3 % com níveis acima destilada, solução fixadora de radiografias e meio
de 100 ug de Hg/L de urina. seco, visando à diminuição da liberação de vapo-
De acordo com a Organização Mundial da res de mercúrio para o ar do ambiente de traba-
Saúde, em 1991, num encontro entre toxicolo- lho. Os autores encontraram que a glicerina foi o
gistas e especialistas em saúde ambiental, uma meio mais adequado para a armazenagem de re-
pessoa no mundo industrial com restaurações síduos de amálgama de prata.
de amálgama e sem exposição ocupacional ao A recomendação da ADA - Associação Den-
mercúrio poderia absorver entre 3-17 ug por dia, tal Americana é colocar os resíduos de amálga-
com uma média de 10 ug provenientes de restau- ma em recipientes inquebráveis, hermeticamen-
rações dentais; 2,3 ug provenientes da dieta e 0,3 te fechados e imersos em solução fixadora de
ug, de outras fontes ambientais 46. radiografias50.
Considerando que os dentistas passam em
média 40 horas/semana em seus consultórios,
esses profissionais devem se preocupar com os Exposição de pacientes por Hg
vapores de mercúrio liberados dos resíduos de
amálgama, pois podem estar expostos a grandes Para Claro et al.6, o ambiente contaminado dos
concentrações de mercúrio, que, com o passar consultórios constitui um risco não apenas para
do tempo, poderia provocar fadiga, esclerose os profissionais, como também para os pacientes.
múltipla, arteriosclerose, doença de Alzheimer, Um tópico de interesse considerável é o papel
nervosismo, irritabilidade, dores de cabeça e ins- desempenhado pelas restaurações de amálgama,
tabilidade emocional25. que são consideradas fontes potenciais de conta-
Assim, os amálgamas dentários têm sido minação pelo mercúrio, através dos vapores de
considerados como principal fonte de exposição mercúrio liberados por elas no ar e na cavidade
ocupacional ao vapor de mercúrio47. oral, ou por meio da absorção pela mucosa bu-
cal51,52,31. A taxa de liberação é profundamente
incrementada pelo ato da mastigação. A nature-
Manuseio e gerenciamento do amálgama za do alimento também afeta esta taxa; além dis-
so, o mercúrio é liberado como resultado do pro-
Os profissionais da equipe de saúde bucal estão cesso de corrosão e atrição do amálgama25.
expostos diariamente ao mercúrio e a seus riscos O mercúrio contido nas restaurações de amál-
de contaminação, que pode ocorrer por meio de gama tem contribuído para a ocorrência de res-
diferentes fatores, como: pela manipulação do postas alérgicas na forma de dermatites em indi-
amálgama, gotas do metal derramadas aciden- víduos atópicos. Essas respostas desaparecem à
talmente, remoção do excesso do mercúrio do medida que são removidas as restaurações48.
amálgama, por amalgamadores com vazamen- Frykholm53 concluiu que a quantidade calcu-
to, por falhas do sistema de sucção, quando da lada de exposição ao mercúrio proveniente das res-
remoção de restaurações antigas25, ou pela pre- taurações de amálgama não era suficiente para
sença de restos de amálgama armazenados ina- causar envenenamento por mercúrio. Em estudos
dequadamente nos consultórios48,6. A presença mais recentes, considerou-se que a absorção de
de fontes de calor, como estufas e autoclaves, no mercúrio orgânico relacionado com a ingestão de
mesmo ambiente onde o amálgama é manipula- alimentos era seis vezes maior que a ingestão de
do, aumenta as possibilidades de intoxicação mercúrio por amálgamas; um outro fator é que o
mercurial6. mercúrio de origem alimentar é mais tóxico54.
Saquy25 fez um estudo comparativo sobre a Alguns estudos relatam que a restauração de
eficácia de diversas substâncias na retenção da amálgama pode liberar de 2 a 20 mg de mercúrio
emissão de vapores de mercúrio originários de diariamente52 e que a liberação de mercúrio das
resíduos de amálgama e concluiu que a solução restaurações de amálgama pode provocar into-
539

Ciência & Saúde Coletiva, 13(2):533-542, 2008


xicações e acúmulo do metal em fetos de mães sim, depositado nos tecidos e órgãos, dificultan-
que possuem tais restaurações31. No entanto, do o diagnóstico de intoxicação mercurial.
Wasylko et al.28 concluíram que as pequenas quan- Através da presente revisão da literatura ci-
tidades de mercúrio liberadas de restaurações de entífica sobre o tema, fica evidente a toxicidade e
amálgama não são provavelmente nocivas ao o risco que o mercúrio liberado no meio ambi-
feto. Como precaução, os cirurgiões-dentistas ente causa quando atinge a cadeia alimentar. No
devem estar orientados a não remover ou inserir entanto, a possível contribuição de mercúrio atra-
estas restaurações em pacientes grávidas. vés do uso odontológico do amálgama dental
pode ser controlada com medidas preventivas
de segurança, com relação ao mercúrio, aos resí-
Contaminação ambiental por mercúrio duos dele decorrentes, bem como da manipula-
proveniente dos serviços odontológicos ção e disposição final desse elemento.
Por muitos anos, tem-se afirmado que o
Na literatura, pouco se encontra sobre condi- amálgama dental não causa doença humana,
ções relacionadas ao descarte no ambiente de re- exceto raras reações alérgicas, mas há algumas
síduos de mercúrio utilizados na odontologia, o indicações científicas na literatura e muitas su-
que é muito importante, visto que na troca de gestões de que a exposição crônica ao mercúrio
restaurações, ou na remoção dos excessos de res- pode contribuir para sérias doenças; devido a
taurações de amálgama, os resíduos são capta- isso, faz-se necessário o uso adequado desse
dos pelos sugadores e despejados na rede de es- material, bem como a otimização do gerencia-
goto, chegando até as estações de tratamento de mento de risco decorrente desse elemento58.
efluentes ou diretamente nos rios6. É recomendado, para minimizar o risco, a
A contaminação ambiental por mercúrio pro- utilização de substâncias químicas de menor to-
veniente de amálgamas dentários é de 3 a 4% xicidade. No caso do mercúrio utilizado em amál-
quando comparada à industrial e de combustí- gamas dentários, isso nem sempre é possível,
veis fósseis. Segundo Ferreira e Appel35, estima-se devido às dificuldades tecnológicas e econômicas
que no Brasil cerca de dezesseis toneladas de mer- envolvidas, visto que o amálgama ainda é um
cúrio são empregadas, anualmente, em serviços material muito utilizado e considerando que não
odontológicos. Considerando uma perda relata- existe outro material com as mesmas proprieda-
da em estudos de cerca de 55% de amálgama em des, como fácil manipulação, alta durabilidade e
consultórios odontológicos, pode-se pensar, por- baixo custo, que seja compatível com o amálga-
tanto, que cerca de oito toneladas de mercúrio, ma. Sendo assim, os profissionais da equipe de
oriundo dos consultórios odontológicos, são des- saúde bucal devem se conscientizar quanto aos
cartadas no meio ambiente, por ano. No entanto, riscos e cuidados a serem tomados para a utili-
esse descarte pode ser minimizado, se equipamen- zação e manipulação do mercúrio contido no
tos de coleta e segregação forem acoplados às sa- amálgama odontológico.
ídas de água das clínicas dentárias, para que aque- Ainda, o artigo 22 da Resolução SS-15, de 18
les resíduos possam ser submetidos a um trata- de janeiro de 1999, do Centro de Vigilância Sani-
mento. Valenzuela55, Leite, Souza e Araújo56 e tária da Secretaria de Estado da Saúde de São
Souza et al.57 apresentaram propostas viáveis ao Paulo, dispõe sobre áreas físicas dos estabeleci-
meio odontológico para a reciclagem de resíduos mentos de assistência odontológica, recomen-
de amálgama de prata, visando um maior con- dando que esses estabelecimentos devam apre-
trole da contaminação ambiental pelo mercúrio sentar: iluminação que possibilite boa visibilida-
utilizado na odontologia. de, sem ofuscamentos ou sombras; ventilação
que possibilite circulação e renovação de ar; re-
vestimentos de pisos com material lavável e im-
Considerações finais permeável, que possibilite os processos de des-
contaminação e/ou limpeza, sem a presença de
Os resíduos de serviços de saúde têm gerado, no trincas, ou descontinuidades; paredes de alvena-
meio científico e acadêmico, uma grande polê- ria ou divisórias de cor clara, revestidas de mate-
mica a respeito dos impactos que podem causar rial lavável e impermeável, que possibilite os pro-
tanto à saúde pública como à saúde ambiental. cessos de descontaminação e/ou limpeza, sem a
Sabe-se que o mercúrio é um metal tóxico que presença de mofo ou descontinuidades; forros
a longo prazo se aloja em tecidos e órgãos huma- de cor clara, sem presença de infiltrações, racha-
nos, podendo não estar mais presente na urina e, duras ou mofo; instalações hidráulicas e elétricas
540
Grigoletto, J. C. et al.

embutidas ou protegidas por calhas ou canale- Essa revisão, a nosso ver, revela que, apesar
tas externas, para que não haja depósitos de su- dos benefícios que envolvem o uso do amálgama
jidades em sua extensão59. em procedimentos odontológicos, pelas suas
A ventilação é a melhor medida de segurança; propriedades, como a facilidade de manuseio, alta
se inadequada, os trabalhadores deverão usar durabilidade e baixo custo, ainda prevalece um
proteção individual. O mercúrio deve, então, ser fator negativo, relacionado ao seu uso, quando
manuseado em sistemas hermeticamente fecha- se reporta aos impactos gerados na saúde, tanto
dos e dentro de normas de higiene. Em caso de ocupacional quanto do paciente, e também, no
derramamento, este pode infiltrar-se facilmente ambiente, pelos riscos de contaminação dos re-
nas saliências ou rachaduras do solo, do piso e cursos naturais necessários para a promoção de
das bancadas de trabalho. Sua pressão de vapor uma adequada qualidade de vida.
permite que atinja concentrações atmosféricas
altas, mesmo após contaminações aparentemente
desprezíveis3.
Ao se trabalhar com o mercúrio, as superfí-
cies devem ser lisas, pouco absorventes e permi-
tir, em caso de derramamento, que os compos-
tos sejam desviados em direção a um coletor6.
Apesar da legislação brasileira ter determina-
do normas e condutas rigorosas para o gerenci-
amento de resíduos sólidos perigosos, apenas a
lei e a tecnologia não são suficientes para que a
problemática dos resíduos, principalmente da-
queles gerados em serviços de saúde, seja soluci-
onada; há a necessidade de se investir em treina- Colaboradores
mentos teórico-práticos sobre manuseio adequa-
do desses resíduos e em educação ambiental. JC Grigoletto contribuiu para a elaboração do
A promoção contínua de trabalhos educati- levantamento bibliográfico, leitura e discussão
vos para conscientizar a população e, principal- dos artigos levantados na revisão e participou da
mente, os profissionais da equipe de saúde bucal elaboração e revisão final do artigo com a equipe
sobre os danos à saúde humana e ao meio am- de pesquisadores. AS Oliveira contribuiu para a
biente, bem como sobre as formas de seu gerencia- elaboração do levantamento bibliográfico, leitu-
mento adequado, ao lado de um sistema de moni- ra e discussão dos artigos levantados na revisão
toramento e controle dos geradores desses resí- e participou da elaboração do artigo com a equi-
duos, são medidas que podem colaborar sensivel- pe de pesquisadores. SIS Muñoz contribuiu com
mente para minimizar a contaminação do ambi- a leitura e discussão dos artigos levantados na
ente de trabalho e de todo ecossistema, além dos revisão e colaborou na elaboração do artigo com
riscos de exposição humana através dos resíduos a equipe de pesquisadores. LBA Alberguini con-
despejados na rede de esgoto e emanados no ar. tribuiu com a leitura e discussão dos artigos le-
Vale destacar que não há, nem na literatura vantados na revisão e colaborou na elaboração
levantada, nem em normas e guias técnicos e le- do artigo com a equipe de pesquisadores. AMM
gais nacionais, uma orientação clara baseada em Takayanagui orientou a investigação, contribuiu
estudos e evidências que permitam uma destina- com a leitura e discussão dos artigos levantados
ção final desses resíduos sem causar danos ao na revisão e participou da elaboração e revisão
ambiente e à saúde pública. final do artigo com a equipe de pesquisadores.
541

Ciência & Saúde Coletiva, 13(2):533-542, 2008


Referências

1. Tomes CPS System [CD-ROM]. Mercury. Englewood: 17. Grandjean P, Weihe P, White RF, Debes F, Araki S,
Micromedex; 2000. Yokoyama K, Jørgensen PJ. Cognitive deficit in 7
2. Guimarães GA. Efeitos tóxicos do mercúrio. [aces- year old children with prenatal exposure to methyl
sado 2005 Jul 23]. Disponível em: http://www. mercury- neuroradiologic and electrophysiologic
a m b i e n t e b r a s i l . c o m . b r / c o m p o s e r. p h p 3 ? studies. Neurotoxicol Teratol 1997; 19(6):417-428.
base=residuos/index.php3&conteudo=./residuos/ 18. Grandjean P, Weihe P, White RF, Debes F. Cognitive
artigos/toxicidade_mercurio.html performance of children prenatally exposed to “safe”
3. Azevedo FA, Nascimento ES, Chasin AM. Mercúrio. levels of methyl mercury. Environmental Research
In: Azevedo FA, Chasin AAM, organizadores. Me- 1998; 77(2):165-172.
tais: gerenciamento da toxicidade. São Paulo: Athe- 19. Agency for Toxic Substances and Disease Registry.
neu; 2003. p. 299-352. U.S. Department of Health and Human Services,
4. Carmo DA. Vida e morte nos rios. [acessado 2005 Public Health Service. Mercury. 1999. [acessado 2005
Jun 21]. Disponível em: http://www.ambientebrasil. Jul 20]. Disponível em: http://www.atsdr.cdc.gov/
com.br/composer.php3?base=./agua/doce/index. cabs/mercury/
html&conteudo=./agua/vidaemorte.html 20. Lowe JM. Mercury vapor exposure in the dental
5. Global Environmental Facility. 2005. [acessado 2005 office. Dental Hyg 1980; 54(3):118-120.
Jun 23]. Disponível em: http://www.unites.uqam.ca/ 21. Skerfving S. Exposure to mercury in the population.
gmf/intranet/gmp/organization/gef_ gmp.htm In: Suzuki T, Imura N, Clarkson TW, editors. Ad-
6. Claro FA, Ito FR, Bastos FM, Ribeiro ME. Mercú- vances in Mercury Toxicology. New York: Plenum
rio no amálgama odontológico: riscos da exposi- Press; 1991. p. 411-425.
ção, toxicidade e métodos de controle-revisão da 22. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 2004.
literatura. [acessado 2005 Jun 23]. Disponível em: Resíduos Sólidos - Classificação. 2004. [acessado 2005
http://www.bvsde.paho.org/bvsacd/cd49/mercurio Jul 20]. Disponível em: http://www.abnt.org.br/ima-
amalg-N1-2003.pdf gens/NOTATECNICACONSOLIDADOFINAL.pdf
7. Canadian Center for Occupational Health and Safe- 23. Lei nº 6.514, de 22 de Dezembro de 1977. Altera o
ty. 2000. [acessado 2005 Jun 23]. Disponível em: http:/ Capítulo V do Titulo II da Consolidação das Leis do
/www.ccohs.ca/resources/ Trabalho, relativo à segurança e medicina do traba-
8. Lima GA. A segurança e os riscos do mercúrio utilizado lho e dá outras providências. Diário Oficial da União
no amálgama dental: revisão bibliográfica [disserta- 1977; 23 dez.
ção]. Ribeirão Preto (SP): Escola de Enfermagem de 24. Comissão Interna de Segurança Química. Instituto
Ribeirão Preto/ Universidade de São Paulo; 2001. de Biociências, Letras e Ciências Exatas. UNESP, São
9. Goldman LR, Shannon MW. Technical report: mer- José do Rio Preto - SP. 2005. [acessado 2005 Jun 23].
cury in the environment: implications for pediatri- Disponível em: http://www.qca.ibilce.unesp.br
cians. American Academy of Pediatrics: Committee on 25. Saquy PC. Identificação qualitativa de vapor de mercú-
Environmental Health 2001; 108(1):197-205. rio captado de resíduo de amálgama de prata em dife-
10. Weiss B. Long ago and far away: retrospective on the rentes meios de armazenagem [tese de livre docên-
implications of Minamata. NeuroToxicology 1996; cia]. Ribeirão Preto (SP): Faculdade de Odontolo-
17(1):257-264. gia/ Universidade de São Paulo; 1996.
11. Harada M, Nakanishi J, Konuma S, Ohno K, Kimura 26. Langhan DC. The use of mercury in dentristy: a
T, Yamaguchi H, Tsuruta K, Kizaki T, Ookawara T, critical review of the recent literature. J Am Dent
Ohno H. The present mercury contents of scalp hair Assoc 1987; 155(6):867-880.
and clinical symptoms in inhabitants of the Minama- 27. Dunne SM, Gainsford ID, Wilson NHF. Current
ta area. Environmental Research 1998; 77(2):160-164. materials and techniques for direct restorations in
12. Eccles CU, Annau Z. Prenatal methyl mercury expo- posterior teeth. Part1: Silver amalgam. Int Dent J
sure: II. Alterations in learning and psychotropic 1997; 47(3):123-136.
drug sensitivity in adult offspring. Neurobehav Toxi- 28. Wasylko L, Matsui D, Dykxhoorn SM, Rieder MJ,
col Teratol 1982; 4(3):377-382. Weinberg S. A review of common dental treatments
13. Berlin M, Jua J, Logdberg B, Warfvinge K. Prenatal during pregnancy: implications for patients and dental
exposure to mercury vapor: effects on brain devel- personnel. J Can Dent Assoc 1998; 64(6):434-439.
opment. Fund Appl Toxicol 1992; 19:324-326. 29. Stock A. Die Gefahrlichkeit des quecksilberdampfes.
14. Fredriksson A, Dahlgren L, Danielsson B, Eriksson Z Angew Chem 1926; (39):461-488.
P, Dencker L, Archer T. Behavioral effects of neona- 30. Wannag A, Skjaerasen J. Mercury accumulation in
tal metallic mercury exposure in rats. Toxicology 1992; placenta and fetal membranes. A study of dental
74(2-3):151-160. workers and their babies. Environ Physiol Biochem
15. Danielsson BR, Fredriksson A, Dahlgren L, Gard- 1975; 5(5):348-352.
lund AT, Olsson L, Dencker L, Archer T. Behavioral 31. Vimy MJ, Takahash Y, Lorscheider FL. Maternal fetal
effects of prenatal metallic mercury inhalation expo- distribution of mercury (203 Hg) released from dental
sure in rats. Neurotoxicol Teratol 1993; 15(6):391-396. amalgam filling. Am J Physiol 1990; 258(4):939-945.
16. Aschner M, Lorscheider FL, Cowan KS, Conklin DR, 32. Sukel PP. Signs & symptoms of mercury vapor expo-
Vimy MJ, Lash LH. Metallothionein induction in sure from mercury amalgam dental fillings. 2000.
fetal rat brain and neonatal primary astrocyte cul- [acessado 2005 Jul 15]. Disponível em: http://www.
tures by in utero exposure to elemental mercury sukel.com/merc-exp.htm
vapor. Brain Research 1997; 778(1): 222-232.
542
Grigoletto, J. C. et al.

33. Campos TN, Steagall L. Observação da emissão de 49. Fortes CBB, Samuel SMW. Avaliação de meios para
vapor de mercúrio com técnica do sulfeto de selê- armazenagem de resíduos de amálgama de prata.
nio. Parte II. Correlação entre a proporção do mer- Revista da Faculdade de Odontologia de Porto Alegre
cúrio e a área do halo. Rev Assoc Paul Cir Dent 1988; 1999; 40(1):36-40.
42(5):311-315. 50. American Dental Association. 2005. [acessado 2005
34. Gronka PA, Bobkoskie RL, Tomchick GJ, Bach E, Jun 23]. Disponível em: http://www.ada.org
Rakow AB. Mercury vapor exposures in dental offic- 51. Fiskesjo G. The effect of two organic mercury com-
es. J Am Dent Assoc 1970; 81(4):923-925. pounds on human leukocytes in vitro. Hereditas 1970;
35. Ferreira RCH, Appel LE. Recuperação de mercúrio 64(1):142-6.
em sobras de amálgama odontológico. 1991. [aces- 52. Vimy MJ, Lorscheider FL. Intra-oral air mercury
sado 2005 Jul 20]. Disponível em: http:// released from dental amalgam. J Dent Res 1985;
www.unilivre.org.br/banco_de_dados/experiencias/ 64(13):1069-1071.
experiencias/185.htm 53. Frikholm KO. On mercury from dental amalgam.
36. Elizaur Benitez AB, Dinelli W, Fuller JB. Toxicidade Its toxic and allergic effects and some comments
do mercúrio: um perigo constante na odontologia. on occupational hygiene. Acta Odontol Scand 1957;
Odontologia Clínica 1994; 4(1):9-13. 15:1-108.
37. Pinto EJ, Iacobucci F, Fichman DM. Contaminação 54. Jones DW. Exposure or absorption and the crucial
por mercúrio - um levantamento do comportamen- question of limits for mercury. J Can Dent Res 1999;
to do cirurgião-dentista frente ao risco. Revista Pau- 65(1):42-46.
lista de Odontologia 1990; 12(3):39-42. 55. Valenzuela NP. Tratamiento de los desechos de amal-
38. Friberg L, Kullman L, Lind B, Nylander M. Mercury gama: una forma de disminuir la contaminación
in the central nervous system in relation to amalgam ambiental por el mercurio. Odontol Chil 1985;
fillings. Swed Med J 1986; 83(7):519-522. 33(1):17-20.
39. Nylander M. Mercury in pituitary glands of dentists. 56. Leite JYP, Souza CP, Araujo AD. Uma rota tecnoló-
United Kingdom: Lancet; 1986. gica para a recuperação e reciclagem do amálgama
40. Nylander M, Friberg L, Lind B. Mercury concentra- oriundo de gabinetes odontológicos. Anais do Con-
tions in the human brain and kidneys in relation to gresso Anual da ABM-Associação Brasileira de Meta-
exposure from dental amalgam fillings. Swed Dent J lurgia e Materiais; 1996; São Paulo. p. 225-234.
1987; 11(5):179-187. 57. Souza RA, Marchesan MA, Spanó JCE, Silva RS,
41. Eggleston DW, Nylander M. Correlation of dental Pecora JD. Método de remoção de mercúrio dos
amalgam with mercury in brain tissue. J Prosth Dent resíduos de amálgama odontológico. 15ª Reunião
1987; 58(6):704-707. Anual da SBPqO - Sociedade Brasileira de Pesquisa
42. Drasch G, Schupp I, Höfl H, Reinke R, Roider G. Odontológica; 1998; Águas de São Pedro. p. 11.
Mercury Burden of Human Fetal and Infant Tissues. 58. Koral SM. The scientific case against amalgam. 2002.
Eur J Pediatrics 1994; 153(8):607-610. [acessado 2005 Jun 23]. Disponível em: http://
43. Snapp KR, Boyer DB, Peterson LC, Svare CW. The www.iaomt.com/documents/the%20cientific%20
contribution of dental amalgam to mercury in blood. case%20%Against%20Amalgam.pdf
J Dent Res 1989; 68:780-785. 59. Resolução SS-15 de 18 de janeiro de 1999. Aprova
44. Molin M, Bergman B, Marklund SL, Schütz A, Sker- norma técnica que estabelece condições para insta-
fving S. Mercury, selenium, and glutathione peroxi- lação e funcionamento de estabelecimentos de as-
dase before and after amalgam removal in man. Acta sistência odontológica, e da providência correlatas.
Odontol Scand 1990; 48(3):189-202. Diário Oficial do Estado de São Paulo 1999; 18 jan.
45. Naleway C, Sakaguchi R, Mitchell E, Muller T, Ayer 60. Occupational Safety & Health Administration. 2003.
WA, Hefferren JJ. Urinary mercury levels in US den- [acessado 2005 Jul 12]. Disponível em: http://www.
tists, 1975-1983: review of Health Assessment Pro- osha.gov/SLTC/mercury/index.htlm
gram. J Am Dent Assoc 1985; 111(1):37-42.
46. World Health Organization. Inorganic Mercury.
Geneva. Environmental Health Criteria 118. 1991.
[acessado 2005 Jun 23]. Disponível em: http://www.
inchem.org/documents/ehc/ehc/ehc118.htm
47. Lâmpadas do apagão têm risco ambiental. Folha de
São Paulo 2001 Jun 06; p. 5.
48. Rupp NW, Paffenbarger GC. Significance to health Artigo apresentado em 22/08/2005
of mercury used in dental practice: a review. J Am Aprovado em 18/09/2006
Dent Assoc 1971; 82(14):1401-1407. Versão final apresentada em 25/10/2006

You might also like