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SOBERANIA TERRITORIAL
RESUMO:
A promulgação da Constituição Federal de 1988 fez uma abordagem aprofundada da matéria direito Indígena,
apesar de que a matéria já se encontrar de forma sublime na constituição de 1934, pode- se dizer que a
Constituição de 1988 foi o marco na criação de uma matéria a respeito do tema. A preservação indígena, assim
com a sua vivencia e atuação no meio ambiente, deve conter um função dúplice. Se por um lado é direito dos
povos indígenas, garantidos constitucionalmente, o direito ao uso e fruição da terra, por outro lado também é
dever dessas comunidades a preservação e o uso conforme as normas reguladoras e supervisão dos órgãos
competentes. O presente trabalho, pauta-se nas possibilidades de exploração dos recursos naturais pelos
indígenas, em função de um usufruto garantido pelo advento da Constituição Federal de 1988, inclusive no
tocante comercial.
ABSTRACT:
The promulgation of the 1988 Constitution, made a examination of the matter Indigenous rights, although the
matter is already so sublime in the constitution of 1934, one can say that was the milestone in creating a story
about the theme. Preserving indigenous, so with your experiences and acting in the environment must contain a
twofold function. If one hand is the right of indigenous peoples, constitutionally guaranteed the right to the use
and enjoyment of the land, on the other hand it is also the duty of these communities to preserve and use as
regulatory standards and supervision of the competent bodies.This work is guided in the possibilities of
exploitation of natural resources by indigenous people, according to a usufruct guaranteed by the advent of the
1988 Constitution, including on trade.
1 INTRODUÇÃO
5
AMADO. Luiz Henrique Eloi. A dupla afetação em terras indígenas: perfeita Compatibilidade entre terra
indígena e meio ambiente. Obtido em : www.neppiorg/anais/gestãoterritoriaesustentabilidade.
A Constituição federal de 1988 foi o marco na elaboração de uma matéria a cerca de
direitos indígenas, haja vista, assegurou o direito originário dos povos indígenas sobre suas
terras. A magna carta conferiu aos povos indígenas o titulo de “Primeiros Senhores da
Terra”. Pode se dizer que esta é a principal fundamentação de seu direto a terra. Segundo
Paulo Bessa Nunes, “o direito dos povos indígenas a exercício de domínio da terra independe
de formalização”. Sendo assim, sempre que uma comunidade indígena ocupar primariamente
uma determinada extensão, é obrigação de o estado promover o reconhecimento, assim como
as devidas demarcações.
O estatuto do índio é taxativo quanto ao direito dos indígenas ao usufruto da terra em
que ocupam no que diz respeito ao solo, e seus acessórios. Todavia a Constituição Federal em
seu art. 231 dispõe que se trata de bens da união. Logo, por se tratar de bens públicos, são
inalienáveis e indisponíveis, não podendo ser objeto de uso por um não indígena. Salvo nos
casos pré-estabelecidos pelo mencionado artigo.
6
AMADO. Luiz Henrique Eloi. A dupla afetação em terras indígenas: perfeita Compatibilidade entre terra
indígena e meio ambiente. http://www.neppi.org/anais/Gestao%20territorial%20e%20sustentabilidade. Acesso
em 17/07/2013.
permitem que madeireiros adentrem na reserva para a extração de arvores sem o devido
manejo.
Todavia, estudos garantem que a reserva indígena é a forma mais eficiente de garantir
a preservação das florestas amazônicas. Conforme o artigo abaixo:
Muitos ainda pensam que conceder grandes extensões de terras para povos indígenas
pode levar ao desmatamento, pois temem que os índios tentem lucrar vendendo para outras
pessoas o acesso à região para que sejam instaladas madeireiras ou garimpos. Porém, um
estudo publicado nesta semana no periódico Proceeding sof the National Academy of
Sciences aponta que entre todos os modelos de proteção florestal, a criação de reservas
indígenas está no topo como um dos mais eficazes, junto com o estabelecimento de parques
nacionais7.
Percebe-se, conforme o disposto trabalho acima, que, apesar de criticado, a reservas
indígenas ainda são de fato, a forma mais eficiente de preservação e conservação de florestas
e recursos naturais.
A discussão que se assevera a cerca da demarcação de terras indígenas e sua eficácia
na proteção ambiental, é nada mais, do que uma disparidade de entendimentos quanto ao
direito de usufruto dos recursos naturais presentes na área preservada.
Ocorre que, conforme mencionado anteriormente, algumas comunidades indígenas
acabam por vender os recursos naturais a madeireiros ou garimpeiros de forma irregular.
Oque há de se discutir é, se existindo direito de usufruto sobre a coisa principal, há também
direito dobre os acessórios?
7
AVILA. Fabiano. Reservas Indígenas sãomuito eficazes para proteger a floresta Amazônica.
http://www.institutocarbonobrasil.org.br/uso_da_terra/noticia=733386. Acesso em 17/09/2013.
de 1988 garante usufruto exclusivo aos indígenas, sendo assim não há nenhuma vedação
constitucional à exploração dos recursos naturais pelos indígenas.
O instituto do usufruto exclusivo indígena não pode ser interpretado como uma
proibição de desenvolvimento de atividades produtivas que excedam às suas necessidades de
subsistência, uma vez que as comunidades indígenas têm direito ao desenvolvimento
consoante com sua autodeterminação. Deve ser absorvido como uma proteção especial e não
como uma restrição.
O Estatuto do Índio atribui aos índios o direito à exploração das riquezas do solo, ao
corte de madeira e o exercício da caça e da pesca em suas terras. Assegura, pois, aos
indígenas o direito à exploração de recursos naturais.
Ocorre que, muitas reservas indígenas, fatidicamente estão sobrepostas em regiões
ricas em minério, ou de potencial madeireiro, logo as imposições e limitações impostas pelo
código florestal, pode ter certa discrepância, se for analisada a reserva como unidade de
conservação.
Assim, os índios podem usar livremente os recursos florestais de suas terras em
atividades tradicionais, voltadas para a subsistência ou consumo interno, podendo cortar
árvores para construir casas, fazer utensílios domésticos, móveis, instrumentos de trabalho,
cercas, canoas e barcos, e usar seus recursos florestais para quaisquer outros fins que visem
possibilitar a sobrevivência física e cultural da comunidade indígena.
No desenvolvimento de suas atividades tradicionais, as comunidades indígenas não
estão sujeitas a quaisquer limitações legais, pois a Constituição Federal lhes assegura o
reconhecimento de sua "organização social, costumes, línguas, crenças e tradições" e direitos
"originários" sobre as terras que tradicionalmente ocupam (Art. 231, caput).
Portanto, não incidem sobre as atividades tradicionais desenvolvidas pelas
comunidades indígenas as limitações gerais estabelecidas pelo Código Florestal. Assim,
podem plantar, fazer roças e aldeias mesmo nas áreas de preservação permanente
estabelecidas pelo Código Florestal8.
Conforme o exposto pode se perceber que a exploração sustentável em áreas indígenas
é um direito único exclusivo dos indígenas, como coisa acessória da área que é de seu
usufruto, dessa forma a exploração não autorizada por um não indígena é pratica criminal,
podendo haver sansão tanto no seara administrativo, quanto no penal.
8
ROMERO. Ellen Cristina Oenning e MARQUES. Vera Lúcia Leite. Terras indígenas: usufruto exclusivo e
proteção do meio ambiente Indigenouslands: exclusive usufructandenvironmentprotection. Obtido em:
http://pib.socioambiental.org/pt/c.
6.1 MINERAÇÃO EM TERRAS INDÍGENAS
Segundo o art.79 do Código Civil de 2002 “são bens imóveis o solo e tudo quanto se
lhe incorporar natural ou artificialmente”. Ao se fazer uma analogia do texto legal acima,
percebe se que tudo que se incorpora a coisa principal, ou sejas, as coisas acessórias, são
passiveis de uso. Logo se a comunidade indígena tem direito atribuído quanto ao usufruto da
área, logo, terá também o direito de usufruto sobre as coisas acessórias, ou seja as arvores,
que são coisas naturais incorporas a coisa principal. Dessa forma, não há duvida quanto ao
direito dos índios no uso da coisa acessória.
Dada a similitude entre os institutos de usufruto exclusivo indígena e o usufruto de
ordem privada, tem-se que o usufruto indígena se estende aos acessórios da coisa. Tratando-se
de florestas, o Código Civil estabelece que o dono e o usufrutuário devem prefixar a extensão
do gozo e a maneira de exploração. No caso indígena a extensão está fixada
constitucionalmente, uma vez que o entendimento de terra indígena a abrange como uma
10
SIRVINSKAS. Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental.
11
SANTILI. Juliana. Terras Indigenas. Obtido em : http://terrasindigenas/atividades-
economicas/exploracao-florestal-madeireira Acesso em 17/07/2013
universalidade de bens. Não obstante, o artigo 24 do Estatuto do Índio é expresso no seu
parágrafo 1° que o usufruto se estende aos acessórios e seus acrescidos12.
Muitos ainda divergem quanto a possibilidade de uma comunidade indígena extrair em
caráter comercial a madeira presente e disponível nas áreas indígenas.
Assim, os índios podem usar livremente os recursos florestais de suas terras em
atividades tradicionais, voltadas para a subsistência ou consumo interno, podendo cortar
árvores para construir casas, fazer utensílios domésticos, móveis, instrumentos de trabalho,
cercas, canoas e barcos, e usar seus recursos florestais para quaisquer outros fins que visem
possibilitar a sobrevivência física e cultural da comunidade indígena. Portanto, não incidem
sobre as atividades tradicionais desenvolvidas pelas comunidades indígenas as limitações
gerais estabelecidas pelo Código Florestal. Assim, podem plantar, fazer roças e aldeias
mesmo nas áreas de preservação permanente estabelecidas pelo Código Florestal.
De acordo com o que já foi salientada, a Constituição Federal, garante aos indígenas a
posse permanente de suas terras. O usufruto sobre a terra segundo o art.1390 do Código Civil,
“o usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um patrimônio inteiro,
ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e utilidades”.
Logo, se as arvores são considerados como coisas acessórias da coisa principal que é a
área indígena, pode-se concluir que é direito da comunidade indígena explorar dentro das
formas legais a madeira presente em sua área. ,Diversas são, entretanto, as condições jurídicas
para a exploração de recursos florestais de Terras Indígenas visando a sua comercialização.
Tais atividades madeireiras comerciais devem se submeter à legislação ambiental aplicável.
Assim, estarão sujeitas a todas as restrições impostas pelo Código Florestal, pela Lei
7.754/89, pela legislação que regula a exploração de recursos florestais sob a forma de manejo
florestal sustentável e proíbe o corte e a comercialização de determinadas espécies13.
Segundo Jose Afonso da Silva, “a conservação da floresta não pode significar
manutenção estática, imobilização, de modo que os recursos permaneçam eternamente
inapropriáveis. Um dos objetivos dessa política há de ser também o aproveitamento dos
recursos que as florestas ofereçam”.
12
SIRVINSKAS. Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. ED....., São Paulo. Pg.
13
ROMERO. Ellen Cristina Oenning e MARQUES. Vera Lúcia Leite. Terras indígenas: usufruto exclusivo e
proteção do meio ambiente Indigenouslands: exclusive usufructandenvironmentprotection. Obtido em:
http://pib.socioambiental.org/pt/c/terrasindigenas/atividades-economicas/exploracao-florestal-madeireira .
Acesso em : 17/09/2013.
O referido autor afirma, que no código anterior a exploração em área demarcada como
terra indígena era totalmente vedada. Pois a máxima da ideia era a preservação permanente,
sendo que não havia a menor observância da localização da área.
Por isso, o §.2º do art.3º estabelece que as florestas ficam submetidas ao regime do art.
2º do Código, e não regime do art. 3º. Apesar do dispositivo continuar existindo e vigente, a
Medida Provisória 2.166-67, de 2001, com a introdução de um art.3ªA, abriu um enorme
brecha que possibilitou a extração de madeira mesmo com finalidade comercial pelos
indígenas.
O novo dispositivo abriu uma margem extensa quanto as áreas que podem
eventualmente ser exploradas. Dessa forma ficam limitadas apenas as áreas classificadas
como área de preservação permanente, logo as demais áreas que não se enquadrem neste
perfil, podem ser alvos de exploração madeireira comercial pelos próprios indígenas14.
Nesse sentido, a LEI 9.985 de 2000 assevera sobre os princípios que norteiam uma
unidade de conservação, conforme o seu art.2º:
Art. 2º Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo
as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído
pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime
especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção;
II - conservação da natureza: o manejo do uso humano da natureza, compreendendo
a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação
do ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases
sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as
necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos
seres vivos em geral.
Em relação ao dispositivo de lei supramencionado, entende-se que a unidade de
conservação pode ser explorada segundo os ditames da sustentabilidade. A esse respeito
ONU, dispõe sobre o tripé da sustentabilidade, que são necessariamente:
a) Ser economicamente viável;
b) Ser socialmente justo;
c) Ser ambientalmente correto.
Economicamente viável indica a vantagem econômica que o empreendimento ou
exploração vai trazer, para determinada comunidade ou região, é um paradoxo, que determina
se o faturamento vale os danos gerados pela atividade. Deve também ser observado se é justo,
socialmente falando, se a atividade beneficia todo o social, se é vantajoso não só para um
grupo especifico, e por ultimo, deve ser ambientalmente correto, ou seja, as atividades devem
estar de acordo com as normas de preservação e de regulamentação da atividade.
14
SILVA. Jose Afonso. Direito Ambiental Constitucional. 9ª ed., Editora Malheiros, São Paulo, 2011.
Sendo respeito esse tripé da sustentabilidade, fica claro que, mesmo com finalidades
comerciais, o nativo pode promover a exploração e corte manejado de arvores, é oque aduz o
art.3.A da lei 4.771 de 1965, que dipõe que “a exploração dos recursos florestais em terras
indígenas somente poderá ser realizada pelas comunidades indígenas em regime de manejo
florestal sustentável, para atender a sua subsistência, respeitados os arts. 2º e 3o deste
Código”.
Logo, a atividade exploradora de madeira, nas florestas das áreas indígenas, desde que
essas não estejam constituídas como áreas de preservação permanente, podem ser alvos de
exploração pelos indígenas. Todavia, ocorre que, por não terem acesso a um planejamento, e
por não existir uma politica de regularização desse tipo de atividade pelas comunidades
indígenas, os índios acabam por explorar de maneira ilegal os recursos madeireiros da reserva
indígena.
Ao meu ver, o que falta é uma regulamentação que venha a facilitar o acesso aos
indígenas a essas informações, e que com certeza, oque limitaria a exploração ilegal, sem
planejamento e degradante das florestas. Pois se há uma atuação desordenada dos indígenas
sobre a área demarcada, é fruto dessa limitação imposta pelo antigo código florestal, que
apesar de superada, ainda produz efeitos quanto ao direitos dos indígenas em explorar o
potencial madeireiro de sua reserva(há de se ressaltar que este pensamento só pode ser
atribuído as áreas de conservação e nunca as APPs). De fato, se houvesse uma devida
legalização e licenciamento para a exploração de madeira pelos indígenas.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAS
ROMERO. Ellen Cristina Oenning e MARQUES. Vera Lúcia Leite. Terras indígenas:
usufruto exclusivo e proteção do meio ambiente Indigenouslands: exclusive
usufructandenvironmentprotection. Obtido em:
http://pib.socioambiental.org/pt/c/terrasindigenas/atividades-economicas/exploracao-florestal-
madeireira . Acesso em : 17/09/2013.
SILVA. Jose Afonso. Direito Ambiental Constitucional. 9ª ed., Editora Malheiros, São
Paulo, 2011.
SIRVINSKAS. Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental.