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Final de análise

Clínica Psicanalítica

Final de análise
Sandra Seara Kruel

Resumo
A teoria do final de análise é trabalhada através da noção de estrutura. A estrutura da lingua-
gem e as estruturas clínicas nos indicam o que pode-se esperar de um final de análise.

Palavras-Chave
Final de análise – Plasticidade da estrutura psíquica

I – O final de análise zem com que os resultados alcançados


numa análise sejam geralmente mais ou
Este tema, de início, nos confronta menos incompletos uma vez que sempre
com a queda de ideais, uma vez que não é haverá restos, fenômenos residuais no di-
possível dizer que haja um final ideal de zer de Freud, Restercheinung (fenômenos
uma análise. de resto) (na ESB, fenômenos residuais ou
Na sua articulação com a entrada em pendências parciais).
análise, o percurso terapêutico vai de A a Daí se deduz que o final de análise não
S(A); S(A) sendo lido aqui como escrita, é sem sintoma. A capacidade de desen-
obra pela qual o sujeito inclui a falta es- volver sintomas permanece. Se o sinto-
trutural na sua vida. ma neurótico se encontra no início da
Para trabalhar este percurso vamos análise (A), já no seu final poderá haver a
tomar como base dois textos: “Análise escrita de um synthoma como signo de um
Terminável e Não-Terminável”, de Freud trabalho com os restos: S(A).
de 1937, e L’Étourdit (‘o atordoado às vol- Por outro lado, Freud nos chama a
tas com o dito’ poderia ser uma tradução, atenção para o fato de que em todas as fa-
entre outras), texto de Lacan, contempo- ses da cura do paciente, temos de lutar con-
râneo do Seminário Ou pior..., dos anos tra sua INÉRCIA [gozo], que está pronta a
1972 e 1973. se contentar com uma solução incompleta
Em “Análise Terminável e Não-Ter- (FREUD, 1969, p.264). Assim os fenôme-
minável”, Freud considera que os resulta- nos de resto não podem ser compreendi-
dos das análises podem variar em função dos como “desesperança”, ou “descrença”
de três fatores (RSI): 1. a etiologia trau- na capacidade da psicanálise de aliviar o
mática, 2. a força relativa das pulsões e 3. sofrimento ou buscar uma satisfação pul-
as alterações do eu. Esses três fatores fa- sional real. Ao lutarmos contra a inércia
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libidinal, ou em termos lacanianos, con- tasma para chegar à presentificação da


tra o gozo, torna-se possível para o anali- realidade do inconsciente que é a pulsão
sando uma mudança de posição subjetiva (LACAN, 1989, p.258).
na regulação da dor e do prazer. A construção e travessia do fantasma
Embora haja mudança de posição sub- masoquista fundamental são exemplifica-
jetiva, o synthoma de final de análise sur- das muito claramente no texto freudiano
ge do fato de não haver saber completo e, “Bate-se uma criança” (KRUEL, 1999).
portanto, não haver regulação ou contro- O que é construído em análise é a impli-
le completo sobre o gozo. cação subjetiva do analisando com seus
Gozo e saber são disjuntos; são cam- modos de gozo. É daí que o objeto a, que
pos heterogêneos dos quais só alcançamos dava consistência à frase fantasmática,
o litoral entre eles. Assim podemos com- pode cair. O objeto cai e há um luto do
preender a diferença assinalada por Freud objeto. O luto do objeto que dava consis-
em seu texto entre análise incompleta e tência à frase fantasmática, i(a), permite
análise inacabada, como também a impos- que o objeto condensador de gozo se tor-
sibilidade de um fim ideal para o tratamen- ne então causa de desejo.
to analítico. A construção e travessia do fantasma
Já em L’Étourdit também são três fundamental masoquista é mostrada por
(RSI) os saberes que um analisando deve Lacan pelo corte em oito interior no cross-
possuir ao final de uma análise. Saber cap. O uso de objetos topológicos tem a
sobre o sexo, sobre o sentido e sobre a vantagem de demonstrar que o senso co-
significação. São três dimensões do im- mum nem sempre é suficiente para lidar
possível. com as questões psíquicas. O cross-cap
1. Sobre o sexo: não há relação sexu- sendo equivalente à formula do fantas-
al. ma, S a, o corte em oito interior são os
2. Sobre o sentido: Diz Lacan: não é atos analíticos que resultam numa sepa-
sério, é cômico. ração de sujeito e objeto, ou em termos
Isso quer dizer que não é da lógica sig- topológicos, em uma banda de Moebius e
nificante; não é pela série, isto é, pela as- em uma esfera.
sociação livre, pelas ressignificações da Lacan pergunta no Seminário 11:
história de vida do analisando. Não é esta “Como um sujeito que atravessou a fan-
a direção ou o sentido da interpretação tasia radical pode viver a pulsão?” (LA-
do analista. É cômico: é pelo tropeço, pelo CAN, 1988, p.258). O matema da pulsão
uso da equivocidade da língua que a in- é S D: o sujeito se divide diante da de-
terpretação opera para apontar o objeto a manda do Outro. Ele se divide entre desejo
no fantasma, para chegar aos modos de e gozo. Nem um nem outro são completos.
gozo do analisando. A realização do desejo sendo sempre
3. Sobre a significação. Toda signifi- fantasmática fica destinada a ser decepcio-
cação provém do fantasma. nada.
L’Étourdit é um texto eminentemente A satisfação da pulsão sendo parcial
clínico que trata da interpretação, da po- exige a renúncia ao fantasma de gozo to-
sição do analista, do final de análise, onde tal idealizado.
Lacan indica que para além das ficções o “Devo fazer o que me pedem?”, se
analista busca a fixão, ou ainda, as fixa- pergunta o sujeito. “Fazer o que eu imagi-
ções libidinais, o gozo. Para isso é neces- no que o Outro quer de mim” pode ser
sária a perlaboração (Durcharbeitung) (tra- característico da posição de objeto, onde
balho de atravessamento), isto é, o traba- a compulsão e o agir sem pensar predomi-
lho de construção e de travessia do fan- nam.
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Ou, devo seguir meu desejo, mesmo nal? Com Freud e Lacan acreditamos que
sabendo que o desejo do sujeito é, em sua sim.
origem, o desejo do Outro. Esta é já uma No capítulo 7 de “Análise Terminá-
posição de sujeito desejante, que barra a vel e Não-Terminável”, Freud fala sobre a
compulsão levando o sujeito a refletir so- análise do analista: “Entre os fatores que
bre sua ação. influenciam as perspectivas do tratamento
Se o inconsciente é o discurso do analítico e se somam às suas dificuldades da
Outro, o desejo é a condição absoluta para mesma maneira que as resistências, deve-se
barrar essa compulsão de obedecer hip- levar em conta não apenas a natureza do eu
noticamente o Outro e atender a sua de- do paciente, mas também a individualidade
manda sem pensar. do analista. Não se pode discutir que analis-
Esse sujeito que se interroga sobre o tas, em suas próprias personalidades, não es-
que ele quer é a raiz de uma experiência tiveram invariavelmente à altura do padrão
que pode ser chamada de “experiência de normalidade psíquica para o qual deseja
moral”, diz Lacan no Seminário da Ética, educar seus pacientes”. (...) “as condições
lição de 18/novembro/59. especiais do trabalho analítico fazem realmen-
Ein neuen Subjekt é o sujeito da pul- te com que os próprios defeitos do analista
são que surge então quando esta comple- interfiram em sua efetivação de uma avalia-
ta seu trajeto no campo do Outro após ção correta do estado de coisas em seu paci-
cumprir o destino de ‘retorno sobre si ente e em sua reação a elas de maneira útil.
mesmo’ no tempo de verbo reflexivo. É, portanto, razoável esperar de um analista,
A análise portanto se conclui com a como parte de suas qualificações, um grau
assunção de um conflito estrutural em considerável de normalidade e correção men-
torno da castração simbólica, cabendo ao tal” (FREUD, 1969, p.281-282).
sujeito a realização de ‘escolhas forçadas’ Como que o analista irá conseguir
entre as posições de objeto de compulsões essa qualificação? Freud nos diz: “A rela-
e de sujeito desejante. Essa é a experiên- ção analítica está fundamentada no amor à
cia moral promovida pela psicanálise. A verdade, isto é, no reconhecimento da reali-
ética da psicanálise não indica ao anali- dade e exclui toda aparência e ilusão” (POR-
sando que escolhas deve fazer, mas deixa TUGAL).
à sua disposição o conflito estrutural en- A questão levantada por Freud sobre
tre desejo e gozo, de forma que o sujeito realidade e ilusão parece ser central quan-
não fique fixado numa única posição. to à travessia do fantasma se considerar-
mos a estrutura perversa. O apego do per-
Não há
verso a sua fantasia de mãe fálica é tão
Etiologia
traumática
A relação R grande que muitas vezes sacrifica o amor
sexual
à verdade. O reconhecimento da realida-
Força
O sentido é de exige muitas vezes um abrir mão de
relativa das S D S
pulsões
cômico nossos pensamentos, valores, crenças, para
Toda ter uma noção do que poderia ser algo di-
Alteração significação ferente disso.
do eu S a vem do
fantasma
I
Embora o acesso ao Real seja sempre
através de fantasmas, o trabalho de tra-
vessia é para que não se fique apegado
II- A análise do analista demais às próprias fantasias. “Detenhamo-
nos aqui por um momento para garantir ao
O psicanalista deveria ser aquele que analista, que ele conta com nossa sincera sim-
levaria a sua psicanálise pessoal até o fi- patia nas exigências muito rigorosas a que tem
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de atender no desempenho de suas ativida- qüências para mim”, ou ainda ‘Estive aqui’
des” (FREUD, 1969, p.282). passei por uma psicanálise onde “tudo mu-
O termo alteração do eu é novamen- dou” para mim.
te usado aqui por Freud: então, essa alte- O que muda numa psicanálise? A es-
ração do eu, e se isso de fato acontece, crita de final de análise S(A) é, no grafo
“na medida em que acontece, qualifica o in- do desejo construído por Lacan, precedi-
divíduo analisado para ser ele próprio analis- da por S D, ou seja, posição do sujeito
ta”. O termo alteração do eu, em alemão com relação à demanda do Outro, ou ain-
Veränderung, contém o termo ander que da, a vida pulsional do analisando, a posi-
significa outro, de forma que podemos ção do sujeito com relação ao gozo. A
entender esse termo como a modificação construção e travessia do fantasma, onde
do sujeito pelo contato com o Outro. Stra- o sujeito se implica com seu gozo maso-
chey em sua Nota do Editor chama a aten- quista, permite ao sujeito lidar com suas
ção para o fato de que a ‘alteração tera- compulsões a partir de seu desejo. Isso é o
pêutica do eu’ poderia anular alterações que muda. O conflito inerente à estrutura
precedentes resultantes de um processo se faz presente e o sujeito pontualmente é
defensivo. Ein neuen Subjekt, o sujeito da convocado a realizar escolhas forçadas.
pulsão antes acéfala, só surge ao comple- Só a noção de estrutura pode guiar o
tar seu percurso no Outro, podendo se analista na construção e travessia do fan-
tornar então em algum grau responsável tasma de seus analisandos na sua prática
pelo seu gozo. No campo do gozo é novo clínica. Estrutura é definida aqui como,
ver aí surgir um sujeito. evidentemente, estrutura de linguagem, a
As dimensões de realidade e ilusão dimensão simbólica que amarrada ao Real
colocadas por Freud levantam pois a ques- inclui a incompletude lógica (Goedel). O
tão ética de nossas escolhas inconscien- saber nascido da linguagem é um saber
tes. Lembremos que Freud acha que de- não-todo
vemos nos responsabilizar até pelos nos- O real da estrutura, como isso se arti-
sos sonhos noturnos (FREUD, 1969, cula pela linguagem, isto é, no discurso
p.163-167). de um analisando? Lacan em Télévision
responde a pergunta sobre o que posso
III- A plasticidade da estrutura saber numa psicanálise, reformulando:
“Que posso saber? Resposta: nada que não
Se você estiver andando por um de- tenha a estrutura da linguagem, em todo caso,
serto e encontrar um símbolo gravado donde se conclui que até onde eu irei dentro
numa pedra, mesmo que não saiba o que desse limite é uma questão de lógica [topolo-
aquele símbolo quer dizer, você saberá que gia](...) a questão agora é do que que fará
por ali passou um ser humano. A escrita, aparecer o real-da-estrutura: do que que da
mesmo que não seja lida, é eminentemen- língua não faz cifra mas sim signo a decifrar;
te a marca do humano, do ser falante, de (...) o que que daí pode se dizer sobre o saber
um se fazer sujeito a partir da estrutura da que ex-siste para nós no inconsciente, mas que
linguagem. “Estive aqui” é um dizer co- um único discurso articula; o que que se pode
mum que, por algum motivo, as pessoas dizer para que o real nos venha por este dis-
insistem em escrever em árvores e pare- curso? Assim se traduz a sua questão para o
des. meu contexto. É preciso no entanto ousar
A escrita de final de análise S(A) é colocá-la como tal para avançar” (LACAN,
também dessa natureza. O analisando po- 2001, p.531-532).
deria pensar: Estive aqui, “atravessei pon- Lacan reformula a questão e respon-
tos de falta no Outro e isso teve conse- de colocando as estruturas clínicas em
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primeiro plano. Vejamos. “(...) O que se quista, muitas vezes chamado de neurose
formula a partir da experiência instituída pelo de caráter.
discurso psicanalítico e que aí se verifica e é
ensinável a todo mundo: encontro faltoso com o Real e abalo no fantasma (A)
1. Se O homem quer A mulher, ele não
susto
consegue senão ao soçobrar no campo da per-
versão crise subjetiva angústia
2. Uma mulher não encontra O homem
fobia (sintoma sem fantasma)
a não ser na psicose” (LACAN, 2001, p.532
– tradução livre). histeria/obsessão (sintomas
com fantasmas)
Neurose, psicose e perversão são de-
finidas em função da não-relação sexual. neurose de caráter (fantasma masoquista)
A conjunção homem-mulher se realizan-
do somente de forma fantasmática, é o
abalo neste fantasma que gera a plastici- Esta noção de estrutura em que há
dade da estrutura e o movimento em uma estabilização e desestabilização do saber
psicanálise. inconsciente é que pode guiar o psicana-
A plasticidade de estrutura pode ser lista para avaliar a evolução do processo
compreendida como repetidas crises sub- de cura em psicanálise. Não há progresso,
jetivas (etiologia traumática para Freud) nada muda, só se repete em ciclo fecha-
e suas conseqüências que o sujeito atra- do.
vessa para – a cada repetição – incluir a Só a noção de estrutura clínica per-
falta-a-ser na sua vida. mite entender por que Lacan diz que “não
A plasticidade da estrutura, aquilo há progresso” na humanidade; que gera-
que pode vir a mudar numa psicanálise, ção após geração, os mesmos problemas e
surge a partir de encontros faltosos com o questões se repetem de forma semelhan-
Real (A) que abalam o sistema fantasmá- te. Aqui a estrutura se mostra não em sua
tico de crenças e valores estabilizados até plasticidade, mas sim no que ela fornece
então. Através de seus fantasmas, o sujei- um limite.
to tem a ilusão de saber se orientar na vida. A mudança de posição com relação
O encontro faltoso com o real abala o fan- ao gozo que advém da construção e tra-
tasma e o saber do sujeito se torna lacu- vessia do fantasma, ou ainda o corte em
nar, fragmentário e desestabilizado. A par- oito interior no cross-cap que permite a
tir daí a estrutura ganha mobilidade (plas- queda do objeto a condensador de gozo,
ticidade) da seguinte maneira: susto permite que este surja como causa de de-
(Schreck), depois angústia difusa onde se sejo. Diz Lacan em L’Étourdit: “portanto é
inicia a compulsão à repetição (Angst) e enquanto dura seu luto do objeto a ao qual
defesa contra o susto, e depois de um cer- enfim se reduziu, que o psicanalista insiste em
to tempo lógico e cronológico, se instala causar seu desejo.” A falta estrutural, A, é
o medo (Furcht) como defesa contra a fonte de angústia. Cada psicanálise de-
angústia, ou seja, o sintoma fóbico. A fo- verá fazer da fonte de angústia causa de
bia como sintoma sem fantasma é essa desejo. Enquanto o analisando não com-
encruzilhada entre estabilização e deses- provar que o que lhe provoca angústia é
tabilização de onde os sintomas histéricos também o que pode causar um desejo, ele
e obsessivos, estes sim, sintomas com fan- não largará da suas certezas fantasmáti-
tasmas, estabilizam o saber inconsciente cas, fato que faz com que as análises se-
novamente. Ainda há o fantasma maso- jam longas.
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Com isso, A, a falta estrutural, se es- Keywords


creve como S(A), ou seja, dela o sujeito The end of analysis – The plasticity of the
faz obra em sua vida. Não há relação se- psychic structure
xual. E isso faz o sujeito “feliz” ao invés de
causar angústia.
Podem-se localizar os pontos de jun- Bibliografia
ção e disjunção de desejo e gozo. O sujei-
ARNOUX, D. Récreations topologiques. Revue du
to diante da falta estrutural pode ainda se Littoral, Paris, n.13, p.149-156.
orientar, não mais somente por seu fan-
tasma onde suas fixações o obrigavam a FREUD, S. (1937). Análise terminável e não-ter-
minável. ESB. Rio de Janeiro: Imago, 1969, v.23,
agir sem pensar, compulsivamente. Ele não p.241-287.
será mais “dupe” de seu fantasma. Saberá
FREUD, S. (1895). Projeto para uma psicologia
que o desejo não puro mas infiltrado de científica. ESB. Rio de Janeiro: Imago, 1969, v.1,
gozo só é realizado no fantasma e portan- p.401-529
to fadado à decepção. O luto que resulta
FREUD, S. (1920). Além do princípio do prazer.
da decepção permite o relançar do dese- ESB. Rio de Janeiro: Imago, 1969, v.18, p.17-85.
jo, se deixando afetar por coisas que o cau-
FREUD, S. (1925). Responsabilidade moral pelo
sam, possibilitando uma satisfação parcial conteúdo dos sonhos. ESB. Rio de Janeiro: Imago,
porém real da pulsão. Ein neuen Subjekt, 1969, v.19, p.163-167.
sujeito que através da satisfação parcial
LACAN, J. Télévision. Autres écrits. Paris: Éditi-
porém real da pulsão completa um circui- ons du Seuil, 2001, p.509-546.
to no Outro em que ele se sabe acéfalo. O
LACAN, J. L´Étourdit. Autres écrits. Paris: Éditi-
retorno sobre si mesmo como destino da ons du Seuil, 2001, p.449-496.
pulsão leva a um neuen Subjekt que pode
enfim perguntar se ele quer o que deseja. LACAN, J. O seminário: livre 7: a ética da psicaná-
lise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1989.
A psicanálise não é moral e sim ética,
moral num sentido amplo. Diante da fal- LACAN, J. Le séminaire: livre 11. Les quatre con-
cepts fondamentaux de la psychanalyse. Paris: Éditi-
ta, o sujeito pode seguir a cabeça do Ou- ons du Seuil, 1973.
tro como pode seguir a sua cabeça saben-
do que nem um nem outro é a opção ide- KRUEL, S. Uma Verdade como Ficção. In: Decat,
M. (org.). Psicanálise e hospital – a criança e sua
al. O que a psicanálise coloca à disposi- dor. Rio de Janeiro: Revinter, 1999, p.47-55.
ção do sujeito é esse conflito fundamental
PORTUGAL, A. M. Comentário sobre Análise Ter-
onde o sujeito é convocado a realizar es- minável e Não-Terminável. Inédito.
colhas forçadas a todo momento, fazendo
passe aos impasses inerentes ao conflito,
comprovando o que Freud já dizia em RECEBIDO EM 15/06/2007
1895: que o desamparo é a fonte de todos APROVADO EM 27/06/2007
os motivos morais. ϕ
SOBRE A AUTORA

END OF ANALYSIS Sandra Seara Kruel


Psicóloga. Psicanalista. Membro do Círculo
Abstract Psicanalítico de Minas Gerais – CPMG.
The theory about the end of analysis is dis-
Endereço para correspondência:
cussed through the notion of structure. The
Rua Fernandes Tourinho, 735/903
structure of language and the clinical struc- 30112-000 - BELO HORIZONTE - MG
tures are indications of what can be expected Tel.: (31) 3223-5428
at the end of analysis. E-mail: olakruel@terra.com.br

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