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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1

1.IDENTIFICAÇÃO DA ESCOLA .............................................................................................. 3

1.1.HISTÓRICO ............................................................................................................ 4

1.2.DESCRIÇÃO FÍSICA ................................................................................................ 4

1.3.ESTRUTURA DE PESSOAL E FUNCIONAMENTO..................................................... 5

1.4.RECURSOS PEDAGÓGICOS E ATUAÇÃO NA COMUNIDADE ................................. 10

2. DESENVOLVIMENTO DO ESTÁGIO ......................................................................................11

2.1. OBSERVAÇÃO GERAL ..............................................................................................11

2.2. OBSERVAÇÕES EM SALA.........................................................................................13

2.3. PARTICIPAÇÕES EM SALA........................................................................................15

2.4. REGÊNCIA DE AULAS............................................................................................. .16

2.4.1. PLANOS DE AULAS ............................................................................................. .17

2.5. ATIVIDADES VARIADAS .......................................................................................... 22

3. CONCLUSÃO....................................................................................................................... 24

4. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 27
INTRODUÇÃO

- Como você vê o futuro da pintura?


- Primeiro, preciso dizer que não vejo a pintura como uma profissão. No
meu caso, é uma atividade sem a qual eu não conseguiria viver. Sobre o
futuro da pintura, atualmente existe a teoria de que ela já é passado, que
não tem mais como você se expressar por ela, que tudo já foi dito. Esses
teóricos, em minha opinião, colocam-se como deuses. Você não sabe o que
uma criançade hoje vai desenhar, o que a próxima geração vai desenhar,
mas há a necessidade atávica pelo desenho, ela existe sempre. Veja a
minha netinha, ela fez três anos agora, mas com um ano e meio já riscava.
Toda criança desenha e pinta. Como afirmar que tudo já foi dito ou feito?
[Siron Franco, entrevista aos curadores da exposição retrospectiva exibida
em julho de 2017 na Biblioteca Mario de Andrade]

A fala do pintor goiano Siron Franco resume, na minha visão, a natureza do fazer artístico.
Mas para além disso, revela igualmente que suas multifacetadas expressões possuem uma
vitalidade que é universal: a necessidade intrínseca de dar forma a um conteúdo informe
(seja ele um sentimento, uma revolta, um mistério), e faz caminhar pelos séculos a música,
a dança, o teatro, a pintura, a escultura e assim por diante.

Em geral, a transposição da arte (poética) para a Arte (componente curricular) traz consigo
uma mudança de compreensão e postura - estética e ética. Impõe sobre crianças e jovens
elevada carga de ansiedade, gerada pelo objetivo de se atingir um resultado supostamente
correto. É certo que essa discussão tem origens em ideologias pedagógicas tradicionais, e
vigentes até hoje, que refletem o status social atribuído à infância (do latim infantis, aquele
que não fala, portanto não compartilha do simbólico). O professor de Arte, nesse sentido, é
encarado com um profissional qualquer, aquele que agencia o imaginário dos sujeitos-
alunos entre as molduras da aArte – agora já não há diferença significativa entre maiúscula
ou minúscula, a arte fica reduzida na Arte.

Se professores de Matemática, Química, Geografia, e etc., se esforçam para cada vez mais
inserir suas práticas pedagógicas no cotidiano, por que, então, a Arte deveria se ver refém
de uma concepção pretensamente totalizadora, de saber articulado a conhecimentos de
outras áreas, como pretendem os Parâmetros Curriculares Nacionais? Seja nos currículos,
seja na indústria cultural ou até na imprensa especializada, o fato é que nas últimas
décadas, tanto a arte, como a Arte, se viram incluídas e excluídas, em igual medida, das
políticas educacional brasileiras. E por isso seu território ainda é tão difícil de definir. E é por
isso que ainda temos um horizonte público tão precário para o trabalho de artistas. Porém
não considero que a proposta salvacionista dos PCN seja a solução para o problema, quer
dizer, parece confundir ainda mais o que já estava confuso.
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A contrapelo, diferentemente do conteúdo de outras outras disciplinas, a arte assume como
condição de sua existência a dúvida, a possibilidade do erro e, algumas vezes, o improvável.
Isto não implica em colocar a arte em um compartimento especial e próprio, autônomo,
desvinculado da experiência de viver. O que se pretende apenas é fazer com que a educação
em Arte esteja rente à arte – e, por consequência, à vida. “- Está certo, professor?”,
pergunta-me um aluno. “- E o que é certo em arte? Você está satisfeito com o seu desenho?
Como você solucionaria esse problema de outra maneira?”, respondo. E como é difícil
provocar nos jovens em ambiente escolar a aceitação da tentativa, do caráter processual e
falho de viver e de aprender! E como é difícil também encontrar professores que estejam
conscientes dessa premissa!

Fazer e aprender fazendo. Aceitar a possibilidade de entrar em sala e sair dela sabendo
menos, porque a arte no final das contas é essa porta de entrada, cuja saída
desconhecemos.

Americana, dezembro de 2017.

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1. IDENTIFICAÇÃO DA ESCOLA

Escola Estadual Professora Olympia Barth de Oliveira

Endereço: Rua Itapemirim, nº 149, Jardim Ipiranga

Município: Americana – SP

CEP 13468-480

Telefones: (19) 34616674 / (19) 34062288

E-mail: eeolympia@yahoo.com.br

A E.E. PROFESSORA OLYMPIA BARTH DE OLIVEIRA é mantida pelo Poder Público Estadual,
estando subordinada à SEE-SP - Secretaria de Estado de Educação de São Paulo, à CEI -
Coordenadoria de Ensino do Interior e à DERA - Diretoria de Ensino – Região de Americana,
tendo os códigos abaixo e sendo reconhecida pelos seguintes atos legais:

Ato de criação: Ato 26 publicado D. O. E. de 27/03/68.

Data de instalação: 28/03/68

Denominação: E. E. PROFESSORA OLYMPIA BARTH DE OLIVEIRA

CNPJ da UE: 50.113.521/0001-23

CNPJ da APM: 50.113.211/0001-23

ENSINO FUNDAMENTAL:

Res. SE nº 23/76, publicada em 28/01/76

ENSINO MÉDIO:

Res SE nº 22 de 27 / 09 / 88, publicada no DOE de 28 / 09 / 87

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1.1. HISTÓRICO

No dia 16 de março de 1968, o prefeito Dr. João Baptista de Oliveira Romano, inaugura o
Grupo Escolar do Jardim Ipiranga. Naquela época a escola se localizava na Rua XX (entrada
principal), Rua II, Rua XXI e Rua XV. Começou a funcionar com duas salas de aulas, diretoria,
sala de professores, cozinha e galpão, funcionando em dois períodos. Em 16 de agosto de
1968, uma 3ª sala de aula foi entregue para uso.

Em 21 de março de 1970, começam a serem utilizadas mais duas salas de aula, passando o
Grupo Escolar a contar com 5 salas de aula. Nesta época, o prefeito Abdo Najar, além de
entregar estas salas foi também responsável pela ligação da água encanada em 1969.

Em 1974, na administração do Sr. Ralph Biasi, foram construídas novas dependências; 7


salas de aula, 1 porão, 1 secretaria e uma diretoria. Em 1976 foram ampliados os banheiros.
Até o presente momento houve outras ampliações e reformas.

O Grupo escolar DO Jardim Ipiranga, passou a chamar-se Grupo Escolar Profª Olympia Barth
de Oliveira a partir de 23/03/1970, conforme processo nº 82658/69 e publicação do D. O. de
25/03/1970, página 4- Decreto de 24/3/70.

O D.O. de 12/09/75, publicava a Lei 776, de 11/09/75, na página 2, mudando a


denominação do Estabelecimento do Ensino de “GESC” para “ Escola Estadual” ficando este
Estabelecimento com a denominação de Escola Estadual de 1º grau Profª Olympia Barth de
Oliveira. A iniciativa da adaptação da denominação coube ao deputado Vanderley Macris.

Em maio de 1975, o professor Cláudio Roberto Muller do Grupo Escolar “Profª Olympia
Barth de Oliveira”, criou um emblema para a escola.

O tema do emblema é “Ipiranga”, pelo grupo estar situado no bairro do Jardim Ipiranga. Daí
a razão das cores nacionais e a figura de D. Pedro I, em seu gesto Histórico de
Independência.

1.2. DESCRIÇÃO FÍSICA

Em 2017 a escola se constitui de:

14 salas de aula,
1 espaço multiuso (Salão Vermelho),
1 laboratório de informática com 15 computadores,
1 sala de leitura/biblioteca,
1 quadra coberta e pátio externo com mesas e bancos,
4 sanitários femininos (1 com acessibilidade),
6 sanitários masculinos (1 com acessibilidade),
1 refeitório coberto (pátio interno),
1 sala de diretoria,
1 sala de coordenação,
1 secretaria,
4
1 sala dos professores,
1 sala para inspetoria,
área de estacionamento,
1 cozinha,
1 despensa,
1 cantina (aluguel),
área de recreação infantil com brinquedos de madeira,
1 sala para Escola da Família/almoxarifado,
1 construção residencial de três cômodos para caseira.

As modalidades de Ensino Ministradas nesta U.E. são: Ensino Fundamental – Anos Iniciais,
Anos Finais e Ensino Médio. A economia da região é basicamente industrial e comercial. A
E.E. Profa. Olympia Barth de Oliveira ocupa um quarteirão inteiro e está localizada a 3 km do
centro da Cidade de Americana, tendo o bairro a seguinte infraestrutura: Parque Ecológico e
Jardim Botânico, Praça de Esportes, Unidade Básica de Saúde e Centro Comunitário e EMEI.

Quanto à caracterização da clientela tem o seguinte perfil: 80% composta por migrantes do
interior do Estado de São Paulo, alunos que moram próximos à escola ou em bairros
próximos. Quanto à escolaridade dos pais (em sua maioria) frequentou até o fim do Ensino
Fundamental. Estes pais e mães (na sua grande maioria) incentivam e acompanham a vida
escolar dos filhos, participando em tudo que a escola propõe.

No ano de 2018 a escola completará 50 anos. O funcionamento se dá em três períodos,


atendendo 1100 alunos. Mudou o espaço físico, aumentaram o número de salas, sempre
numa tentativa de acolher a comunidade. A escola tem um diferencial de outras escolas,
pois, não passou pela reorganização e atende 14 salas no período da manhã, 14 salas no
período da tarde e 4 salas no noturno.

1.3. ESTRUTURA DE PESSOAL E FUNCIONAMENTO

Esta Unidade Escolar terá sua organização técnico-administrativa estabelecida de acordo


com a legislação vigente:

I – Núcleo de direção;
II – Núcleo técnico-Pedagógico;
III – Núcleo administrativo;
IV – Núcleo operacional;
V – Corpo docente;
VI – Corpo Discente;

Os cargos e funções previstos para esta escola, bem como as atribuições e competências,
estão regulamentados na legislação específica. O núcleo de direção da escola é o centro
executivo do planejamento, organização, coordenação, avaliação e integração de todas as
atividades desenvolvidas nos âmbitos da Unidade Escolar.

O Núcleo de Direção de escola é o centro executivo do planejamento, organização,


coordenação, avaliação e integração de todas as atividades desenvolvidas no âmbito da
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unidade escolar, com atuação pautada no Regimento Escolar vigente (aprovado em 28 de
outubro de 2016). Integram o Núcleo de Direção o Diretor de Escola e o Vice-Diretor, cujas
responsabilidade são descritas a seguir.

A direção da escola exercerá suas funções objetivando garantir:

I – a elaboração e execução da proposta pedagógica;


II – a administração do pessoal e dos recursos materiais e financeiros;
III – o cumprimento dos dias letivos e horas de aulas estabelecidas;
IV - a legalidade, a regularidade e a autenticidade da vida escolar dos alunos;
V – meios para esforço e a recuperação de aprendizagem de alunos;
VI – articulação e integração da escola com as famílias e a comunidade;
VII – comunicação ao Conselho Tutelar dos casos de maus-tratos envolvendo alunos
assim como de casos de evasão escolar e de reiteradas faltas, antes que estas atinjam
o limite de 25% das aulas previstas dadas.

Cabe ainda à Direção subsidiar os profissionais da escola, em especial os representantes dos


diferentes colegiados, no tocante às normas vigentes e representar aos órgãos superiores
da administração, sempre que houver decisão em desacordo com a legislação. Essa tarefa
tem por escopo o cumprimento das regras básicas da Lei 10.261/68 (Estatuto do Fncionário
Público) e da Lei Complementar 444/85 (Estatuto do Magistério do Estado de São Paulo),
que disciplina os deveres de seus funcionários, através de Termo de Orientação notificando
o interessado do descumprimento dos seus deveres (durante conversa/entrevista, o Diretor
me mostrou um caso em que foi necessário realizar esse procedimento, em 2016).

Integram o Núcleo Técnico Pedagógico o professor coordenador do diurno, o professor


coordenador do noturno e o professor mediador. O Núcleo Pedagógico terá a função de
proporcionar apoio técnico aos docentes e discentes, relativos à elaboração,
desenvolvimento e avaliação da proposta pedagógica, bem como exercer a coordenação
pedagógica.

A atuação do Professor Coordenador é de grande relevância no processo de elaboração e


implantação da proposta pedagógica da escola; tem importância na articulação e integração
da equipe pedagógica, acompanhar e participar da produção de desenvolvimento de planos
de curso, de ensino e de aula (v. Plano de Ensino Diretor, Anexo), cuidar da avaliação
processual do projeto de escola e dar coerência as reuniões de pais. Acima de tudo
representar os professores e mediá-los em seus desafios, levando-os a crítica do
conhecimento, revisão de opções curriculares, seleções dos objetivos educacionais para
assegurar a qualidade plena do processo ensino-aprendizagem.

Portanto, cabe ao professor coordenador:

- Participação na elaboração no Projeto Pedagógico através de conhecimento da ação


educativa a ser desenvolvido na escola, planejamento de ações previstas no PPP,
coordenação do processo didático-metodológico a ser utilizado, criar momentos de
avaliação periódica e sistemática do plano pedagógico.
- Organizar um calendário de atividades previstas.
6
- Mobilizar a participação dos professores no trabalho coletivo.
- Organizar situações de aprendizagem com os professores.
- Assessorar os professores no planejamento das atividades de ensino.

O professor-mediador tem no diálogo sua principal ferramenta para manter a harmonia na


escola. “O diálogo sempre foi o melhor caminho para se chegar a acordos e finais de
conflitos. Um bom diálogo pode ajudar o aluno à autoestima, levando-o a compreender o
valor que ele tem para si mesmo, para sua família e para o mundo ao redor”.

Vale a lógica de que prevenir é melhor do que reprimir ou punir. Assim, o professor-
mediador atua na detecção e na administração de conflitos, prevenindo a incidência e o
avanço dos problemas de relacionamento para questões mais sérias. Quando intervém
diretamente no conflito, o professor-mediador lida com casos de bullyng, agressão,
desavença, inimizade, desrespeito, implicância, zombaria e racismo.

Integram o Núcleo Administrativo, o secretário e oficial de escola.

O Núcleo Administrativo terá a função de dar apoio ao processo educacional, auxiliando a


direção nas atividades relativas às atividades de:

I- documentação e escrituração escolar e pessoal;


II- organização e atualização de arquivos;
III- expedição, registros e controle de expedientes;
IV- registro e controle de bens patrimoniais, bem como de aquisição, conservação de
bens materiais e de gêneros alimentícios;
V- registro e controle de recursos financeiros.

À unidade administrativa com nível de seção, observadas as normas e procedimentos


estabelecidos pelos órgãos competentes do sistema, incumbem:

I - Quanto à documentação e escrituração escolar:

Organizar e manter atualizados prontuários e documentos de alunos, procedendo ao


registro e escrituração relativos à vida escolar, especialmente no que se refere à
matrícula, frequência e histórico escolar, expedir certificados de conclusão, séries e de
cursos e outros documentos, preparar e afixar, em local próprio quadro de horário de
aulas e cuidar para que seja cumprida a carga horária anual, manter registros
relativos a resultados anuais dos processos de promoções e avaliações, incineração
dos documentos, reuniões administrativas, termos de visitas dos supervisores
pedagógicos, manter registros de levantamentos de dados estatísticos e informações
educacionais, preparar relatórios, comunicados e editais relativos à matrícula, exames
e demais atividades escolares.

II - Quanto à administração geral:

Receber, registrar, distribuir e expedir correspondência, processos e papéis em geral,


requisitar, receber e controlar o material de consumo, organizar e encaminhar à
Delegacia de Ensino os documentos de prestação de contas de despesas miúdas e de
pronto pagamento, manter registros do material permanente recebido pela escola e
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do que foi cedido e elaborar inventário anual dos bens patrimoniais, organizar e
manter atualizado o documentário de leis, decretos, regulamentos, resoluções e
comunicados de interesse para a escola, atender aos servidores da escola e alunos,
prestando-lhes esclarecimentos relativos à escrituração e legislação.

Ao secretário cabe a responsabilidade básica da organização das atividades pertinentes à


Secretaria e a supervisão de sua execução. O Secretário tem as seguintes atribuições:

- participar da elaboração do Plano Escolar, elaborar a programação das atividades da


Secretaria, mantendo-a articulada com as demais programações da escola, atribuir
tarefas ao pessoal auxiliar da Secretaria, orientando e controlando as atividades de
registro e a escrituração, bem como assegurando o cumprimento de normas e prazos
relativos ao processamento de dados;
- verificar a regularidade da documentação referente à matrícula, transferência de
alunos, encaminhando os casos especiais à deliberação do Diretor, providenciar o
levantamento e encaminhando aos órgãos competentes de dados e informações
educacionais, preparar a escala de férias dos funcionários submetendo-se a aprovação
do Diretor, elaborar e providenciar a divulgação de editais, comunicados e instruções
relativas às atividades escolares, redigir correspondência oficial, instruir expedientes,
elaborar proposta das necessidades de material permanente e de consumo, elaborar
relatórios das atividades da Secretaria e colaborar no preparo dos relatórios anuais.

Aos Oficiais de escola cabe a execução das atribuições previstas nos incisos I e III – citados
acima do que lhes foram cometidas pelo Secretário.

Integram o Núcleo Operacional: zelador; agente de organização escolar; merendeiras.

O Núcleo Operacional terá a função de proporcionar apoio ao conjunto de ações


complementares de natureza administrativas e curriculares, relativas às atividades de:

- zeladoria, vigilância e atendimento de alunos;


- limpeza, manutenção e conservação de mobiliários, equipamentos e materiais
didáticos pedagógicos;
- controle, manutenção, conservação e preparo da merenda escolar.

Integram o Corpo Docente todos os professores da escola, que exercerão suas funções,
incluindo- se de:

-Participar da elaboração da proposta pedagógica da escola;


-Elaborar e cumprir o plano de trabalho;
-Zelar pela aprendizagem dos alunos;
-Estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento;
-Cumprir os dias letivos, a carga horária de efetivo trabalho escolar, além de participar
integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao
desenvolvimento profissional;
-Colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade.

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Integram o corpo docente desta U.E. 84 professores. Sendo 09 professores de Educação
Básica I, 60 PEB II; 49 professores são titulares de cargo e do grupo de professores, 51 tem
sede de controle de frequência nesta UE.

Integram o Corpo Discente todos os alunos(as) da escola a quem se garantirá o livre acesso
às informações necessárias à sua educação, ao seu desenvolvimento como pessoa, ao seu
preparo para o exercício da cidadania e a sua qualificação para o mundo do trabalho. O
corpo discente matriculado e frequentes na escola, é assim constituído:

 Ensino Fundamental – Anos Iniciais: 265 alunos


 Ensino Fundamental – Anos Finais: 313 alunos
 Ensino Médio: 366 alunos

EQUIPE GESTORA DA ESCOLA:

 Diretor: Professor Nilson Ribeiro da Silva, RG 22.906.862-5, PEB II Geografia, titular


de cargo na unidade.
 Vice-Diretora: Professora Estela Marta Borsato, RG 21.491.547-7, designada para a
função em 09/02/2010.
 Vice-Diretora de Escola do Programa Escola da Familia: Professora Regina de Souza
Arruda, RG 24.639.188-1, desde fevereiro de 2017.
 Professor Coordenador do EF – Anos Iniciais: Professora Laurita Bordignon, RG
24.134.132, titular de cargo na E. E. Professora Clarice Costa Conti, na disciplina de
português/inglês, designado/a em 13/08/08.
 Professor Coordenador do EM: Professora Sônia Maria Frizzarin Sartori, RG
6.113.164-7, titular de cargo na E. E. Professora Olympia Barth de Oliveira, na
disciplina de português/inglês, designado/a em 15/09/2013.
 Professor Mediador: Professora Denise Cristina Rodrigues Pereira, RG 40.558.794-6 ,
estável na função E E Professora Olympia Barth de Oliveira, na disciplina de
História/Geografia, designado/a em 27/01/2014.

NÚCLEO ADMINISTRATIVO:

 Secretário/a titular: Ana Raquel Bernardi Degrande, RG 12.393.080-7,


ingresso/removido para esta UE em 15/03/04.
 Gerente de organização escolar: Alana Isis Gazola, RG 47.682.358-4,
ingresso/removido para esta UE em 21/01/13
 Agentes de organização escolar: Roberta Cláudia Marcelino, RG 26.134.917-X.
ingresso em 29/05/09, removido para esta UE em 04/01/09
 Agentes de organização escolar: Lucinda Maria de Almeida Marcelino, RG 10.717.963
ingresso/removido para esta UE em 01/06/09
 Agentes de organização escolar Alexssander Canale, RG 11.428.481 ingresso em
03/09/93 removido para esta UE em 01/03/10

NÚCLEO OPERACIONAL

 Zeladora: Lucinda Maria de Almeida Marcelino, RG 27.258.156


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 Merendeira: Zilá da Silva Almeida, RG: 26.634.087- 8
 Dirce Alves de Freitas Martins, RG: 9.641.949

FUNCIONÁRIOS CONTRATADOS: Soluções – SERVIÇOS

 Sueli Rodrigues Pin, RG 27.459.962-4

1.4. RECURSOS PEDAGÓGICOS E ATUAÇÃO NA COMUNIDADE

ACESSA ESCOLA

Criado através da Res SE 37 de 25/04/2008, normatizada pela Resolução Conjunta SE/SGP 1,


de 23-6-2008, o Programa Acessa Escola visa proporcionar a apropriação das tecnologias da
informação e comunicação a partir das salas de informática das escolas estaduais para a
inclusão digital.

É um programa do Governo do Estado de São Paulo, desenvolvido pelas Secretarias de


Estado da Educação e de Gestão Pública, sob a coordenação da Fundação para o
Desenvolvimento da Educação (FDE), e tem por objetivo promover a inclusão digital e social
dos alunos, professores e funcionários das escolas da rede pública estadual. Por meio da
internet, ele possibilita aos usuários o acesso às tecnologias da informação e comunicação
para a construção do conhecimento e o fortalecimento social da equipe escolar.

ESCOLA DA FAMÍLIA

O Programa Escola da Família proporciona a abertura de escolas da Rede Estadual de


Ensino, aos finais de semana, com o objetivo de criar uma cultura de paz, despertar
potencialidades e ampliar os horizontes culturais de seus participantes. Reune profissionais
da Educação, voluntários e universitários.

O Programa oferece às comunidades paulistas atividades que possam contribuir para a


inclusão social tendo como foco o respeito à pluralidade e a uma política de prevenção que
concorra para uma qualidade de vida, cada vez melhor.

Cada escola elabora seus projetos, no coletivo, com seus educadores e organizam as
atividades dentro de 4 eixos: Esporte, Cultura, Saúde e Trabalho, sempre de acordo com os
interesses da comunidade.

As atividades realizadas no Programa serão melhor detalhadas abaixo, na descrição do


Estágio IV.

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2. DESENVOLVIMENTO DO ESTÁGIO

2.1. OBSERVAÇÃO GERAL

Iniciei o estágio no dia 28 de agosto de 2017, quando estive na escola para assinatura do
Termo de Compromisso. Na semana anterior eu havia procurado a direção da escola,
relatando que eu estudara ali entre os anos 1992 e 2000 (governos Fleury e Covas).
Conversamos brevemente e foi autorizada minha atividade, bastando apenas que eu
apresentasse antes as três vias do contrato e preenchesse o livro-ata na secretaria.

Não é possível fazer uma leitura completamente distanciada sobre o ambiente escolar já
que fui aluno por bastante tempo no Olympia. Entre as décadas de setenta e noventa, havia
grande concorrência entre os responsáveis para conseguir a matrícula dos filhos(as) no
estabelecimento, que contava até com dentista.

O primeiro aspecto que me chamou a atenção durante as observações foi a qualidade da


merenda servida, que se alterou substancialmente: a comida é muito saborosa, mas não há
mais a variedade no cardápio de antigamente, além da quantidade ser restrita por
normativa da Secretaria de Educação evitar desperdícios. Não é oferecido almoço,
resultando que algumas crianças cheguem à escola com fome no turno vespertino, bem
como pela manhã, porque não é mais servido lanche matinal. Por outro lado, a escola não
está localizada em região de vulnerabilidade social, o que atenua a situação, e não há falta
de comida.

A escola possui bons resultados nos índices SARESP (v. Anexo) e IDEB, apresentado a seguir:

Tabela 1. Índices IDEB – Ensino fundamental anos iniciais

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Tabela 2. Índices IDEB – Ensino fundamental anos finais

Quanto à estrutura física do prédio, é necessário dizer que precisa de reformas significativas
porque nos períodos de chuva há muitas goteiras em salas e alagamento do pátio. As salas
de aula estão conservadas mas ficam quentes quando há mais de 25 pessoas presentes. A
direção cuida com bastante zelo para a manutenção dos espaços, sendo realizadas inúmeras
parcerias e campanhas para troca de móveis, pinturas e restauros, como a que foi realizada
ao longo deste ano nos sanitários. Ocorre que há necessidade de maior aporte de verbas
para as reformas estruturais (telhado/calhas, porão, assoalhos e rede elétrica) já que o
prédio tem 50 anos de uso ininterrupto.

O início das atividades de observação foi dedicado à leitura dos principais documentos
norteadores da atividadade pedagógica escolar, dentre eles destacam-se o Plano de Ensino
Diretor, o Plano de Gestão 2015-8 e o Regimento Escolar vigente. Ao longo das semanas
notei que o Conselho de Classe é a época do calendário de maior ebulição da rotina escolar,
pois é quando se cobram os famigerados diários de classe, são decididas importantes
questões de planejamento pedagógico e também é feita a avaliação final dos ciclos de
aprendizagem (progressão continuada no Ensino Fundamental e parcial no Ensino Médio.
No último conselho do ano são decididos os casos extremos, promovendo-se a recuperação
paralela de acordo com o Regimento Escolar e nos termos da Deliberação 09/97 do CEE (v.
Anexos).

Não encontrei nenhum docente que estivesse em atividade desde o tempo em que eu fora
aluno. Logo no primeiro dia a direção me apresentou à professora Elizete e às professoras
coordenadoras. De início o diretor me sugeriu incluir no estágio atividades relacionadas à
biblioteca, espaço que estava em calamidade. Os livros haviam sido transferidos de sala e
permaneceram por longo período no chão; aos poucos, com auxílio dos alunos em “janela”,
foram colocados nas mesas mas sem classificação.

Fiz a organização do acervo durante parte da Observação Geral (Estágio I) e das Atividades
Variadas (Estágio IV), o que contribuiu para o melhor preparo das aulas de regência, pois
12
me familiarizava com materiais didáticos e permitia oferecer auxílio às professoras com
recursos pedagógicos que estavam praticamente à mão, mas escondidos entre montanhas
de livros. Isso ocorreu com o exemplar da obra de Ivaldo Bertazzo encontrado nos primeiros
dias e trabalhado em aula pela Elizete nas turmas do segundo ano (ensino médio).

Nas duas primeiras semanas outra estagiária, de Educação Fisica, também compareceu e
juntos fizemos prateleiras relacionadas às nossas áreas: Educação Física, Saúde e
Adolescência, Música, Artes, Teatro, Histórias em Quadrinhos, Cordel.

2.2. OBSERVAÇÕES EM SALA

O estágio foi realizado apenas nas aulas do componente Arte da modalidade de Educação
Básica, Ensino Fundamental, entre o 4º e o 9º anos, e Ensino Médio, todos os anos, nos
periodos diurno e noturno.

A unidade possui duas professoras designadas para o componente arte, atuando ambas nos
ensinos fundamental e médio: Professora Celia Regina Paiuta, PEB II, RG 18.457.505-9, na
escola desde 2015, e Professora Elizete Arce Vargas (40h semanais), PEB II, RG 30.175.626-
0, cujo exercício no Olympia se iniciou no segundo semestre deste ano, por transferência, e
foi quem me supervisionou.

Notei que existe uma significativa diferença no ambiente escolar entre o turno da manhã e
o turno da tarde, porque neste é priorizado o atendimento ao anos iniciais do ensino
fundamental: as atividades são mais coletivas e a presença da mesma professora durante o
dia promove relações mais acolhedoras. A troca de professores a partir dos Ciclo 2 do
Ensino Fundamental é algo que me assusta até hoje (que o diga o peso das mochilas com
tantos “conteúdos” novos). Ainda me lembro da primeira vez em que isso aconteceu.
13
ENSINO FUNDAMENTAL

Em relação ao Estágio I, foi marcante para mim o compromisso demonstrado pelo núcleo de
direção da escola: há grande atenção ao que está acontecendo nas salas e no pátio, as
portas são fechada apenas durante as reuniões de alinhamento pedagógico, que exigem
concentração, ou quando é necessário discutir algum assunto particular. Existe cuidado com
o equipamento público e também com a qualidade das relações humanas ali presentes,
embora tal preocupação muitas vezes seja traduzida em controle excessivo, ou seja, não se
pode permanecer fora da sala, mesmo que não haja nenhum distúrbio ou algazarra. Ainda
persiste a doutrina de que aluno precisa ficar sentado na carteira para demonstrar que está
fazendo alguma coisa.

Senti falta da utilização dos recursos didáticos tecnológicos em aula, seja dos livros de
apoio, seja do computador. A sala do Acessa é bastante utilizada, mas não por todos os
professores. E o Salão Multiuso é restriito a ocasiões especiais, e não um potente espaço de
dinamização da didática. Depois da organização da sala de leitura, as Professoras-Auxiliares
se sentiram encorajadas a trazer as alunas com necessidades especiais para realizar leituras
em grupo, bem como muitos alunos durante o intervalo. Lamentavelmente, não há como
garantir a abertura em tempo integral da sala porque não há um funcionário designado ou
que se interesse em fazê-lo, o que compromete a organização e integridade do acervo.

A professora Elizete, cujas aulas acompanhei durante o Estágio II (Observação em sala),


demonstra uma atenção cuidadosa com a turma, selecionando atividades em contextos
específicos e fazendo o que não é muito frequente entre professores: ir até as carteiras para
orientar nas atividades.

Na primeira turma observada, 9ªB, a aula era dedicada a “vistar” os cadernos de desenhos e
ela me mostrou um projeto em curso elaborado por ela na semana anterior e baseado no
famoso artista francês Marcel Duchamp. Disse-me também que havia sido apresentada a
esse artista durante a faculdade, quando foi aluna do UNAR. Eu esperava algo que se tratava
de apropriação, campo artístico, perda da autonomia da arte e participação do espectador,
ou readymade e coisas do tipo, mas me surpreendi com a atividade que ela desenvolveu.

Tendo como ponto de partida Disks Bearing Spirals (1923), a proposta inicial era conseguir
auxílio dos pais dos alunos para construir uma réplica da obra e de Roue de bicyclette
(1913). Enquanto isso não ocorria, o trabalho consistia na utilização de CDs para
desenvolver o que ela chama de “pintura raiada”, elaborando efeitos de ilusão de ótica
(profundidade e movimento) em raios desenhados com o contorno da circunferência. Além
disso, a atividade desenvolve a coordenação motora com as turmas dos anos finais do
fundamental – o que reflete falta do mesmo cuidado nos anos iniciais e até mesmo na
educação infantil. Se assim não o fosse, não haveria oportunidade para trabalhar uma
atividade à primeira vista elementar (repetição de linhas) com tão ampla gama de anos,
desde o ensino fundamental ao médio (v. Observação de Sala, turma do 1ºB, dia 09/10).
Assim, percebi que no ambiente escolar deve existir sempre um olhar em cadeia sobre o
processo educativo.

Em relação ao conteúdo observado, notei que em vez de fazer o caminho crono-lógico,


apresentando um trabalho de 1913, passando pelo Urinol, que explode o sistema artístico
em 1917, até chegar aos provocativos e densos projetos de esculturas e instalação
14
posteriores de Duchamp - dos quais Disks fazem parte - a professora partiu de uma
atividade prática e simples, que demanda pouco tempo para execução. Aliás, esse tempo
acaba se dilatando enquanto aprofundamos a execução do desenho e vão surgindo efeitos
inesperados. Nas semanas seguintes eu já havia reunido todos os CDs inutilizados
encontrados em casa e assim garantia maior adesão da atividade por parte das turmas.

Neste mesmo primeiro dia ela também me encaminhou a leitura dos textos “Sucesso de
todos, compromisso da escola” (autoras Claudia Davis e Marta Grosbaum) e “Uma Ostra”
(Rubem Alves). Ambos podem ser resumidos na máxima: ostra feliz não faz pérolas. E assim
se fez um dia de muitos reencontros em minha trajetória acadêmica, satisfeito por
encontrar esse diálogo, seguro de que o caminho era de dores e delícias.

Outras aulas se seguiram e anotei propostas bem elaboradas pelas professoras, como
utilização de canções que os alunos gostavam embasando propostas de releitura: reescrever
a letra da música com as suas próprias palavras e criar um desenho para ilustrá-la (6ªB). No
4ºB a primeira aula que observei tinha um aluno dormindo durante toda a aula, mas a
professora engajou os demais na atividade sobre elementos do teatro.

2.3. PARTICIPAÇÕES EM SALA

Durante os períodos de observação em sala, minha presença também se convertia em


participação sempre que o programa das aulas permitia e sendo do interesse da professora
(ver planilhas do Estágio II). Isso se deu já na primeira aula no caso da turma 7ªB, que
realizava a colagem em cartolina para o mural da primavera. Fiquei me questionando por
que não eram trabalhadas as flores, sementes e folhas das próprias árvores da área externa
em vez de utilizar papel crepom, cujas cores não eram fidedignas à nossa visualidade da
paisagem. A atividade em si trazia reflexões interessantes sobre pontilhismo e cor tonal na
pintura, daí que os grupos eram orientados a criar efeitos de entrelaçamento dos galhos das
árvoes com folhas e flores.

Como mencionei anteriormente, ao levar alguns CDs que estavam inutilizados em casa,
também auxiliei a professora indo às carteiras dos alunos para orientar na execução da
atividade, mostrando os efeitos que eram esperados e também sugerindo que buscassem
num segundo momento desenvolver formas a partir dos semi-círculos da circunferência do
CD, além de alternar as cores para dar efeitos de matiz diferente na composição. Existia uma
preguiça inicial mas depois perceberam que a atividade não levava tanto tempo e o
resultado agradava à percepção.

Também auxiliei a professora com a correção das provas aplicadas às turmas do 1º ano do
ensino médio e com visto nos cadernos de desenhos quando as turmas eram divididias
(parte da sala realizava atividades no pátio comigo e parte dela ensaiava para a Mostra
Cultural com as professoras).

15
No período de fechamento do bimestre colaborei com a correção e visto da apostila,
conversando com os alunos a respeito das perguntas trazidas, que eram bastante abertas
(“Você conhece artistas que lidaram poeticamente com a memória?”) e costumavam ser
respondidas com lacônicos “Sim” e “Não”. Também foi importante minha participação em
sala com as turmas dos 4º 5º e 6º anos, que nem sempre compreendiam a proposta. Na
aula sobre desenho inusitado (26/09) havia algumas instruções e os desenhos dos alunos
acabaram sendo muito parecidos com os que a professora mostrou.

Aos poucos eu trazia para a professora referências de livros para compartilharmos


conteúdos, e ela também acabou me trazendo materiais que encontrava em casa ou fizeram
parte da sua formação docente. Daí surgiu o planejamento de aula com o Livro Negro das
Cores (v. Regência 31/10), de autoras venezuelanas, utilizado no sistema educacional
brasileiro e português.

Nos demais momentos de participação senti que minha atuação era promover o mínimo de
entusiasmo pelas atividade, para que não fossem desacreditadas pela turma (primeiro ano
do ensino médio que relutava com o projeto do mosaico de papel recortado). Concluindo,
me pergunto se os alunos viam em mim alguém que encontrou no ensino de arte uma
perspectiva de atuação profissional e ou alguém que se interessa pelo compartilhamento de
processos artísticos.

2.4. REGÊNCIA DE AULAS

Durante as conversas com a professora Elizete, foram sugeridos muitos temas para
trabalhar com as turmas (ver detalhamento nas planilhas do Estágio III). Ela me auxiliou na
escolha de alguns que teriam maior adesão dos estudantes e estariam melhor conectados
com o curriculo escolar. Em seguida, elaboramos uma sinopse (sem ser taxativo) para o
fundamental 2:

5º ano – atividades com desenhos, mandalas, , teatro de sombras, livros infantis,


explorações e viagens fantásticas

6º ano – atividades com desenho e colagem, análise de repertório de imagens,


livros ilustrados

7º ano – literatura de cordel , ilustração e intertextualidade, música, jogos

8º ano – imagem em movimento, arte cinética, op art, cinema, videoclip

9º ano – arte e geometria, formas e espaço, arte concreta, ilustração

Muitos assuntos se correspondiam por já serem trabalhados em aulas anteriors da Elizete,


por exemplo conteúdos relacionados ao artista Marcel Duchamp e op art nos 8º e 9º anos.
Assim, aproveitei as regências e também na co-participação para abordar mais referências

16
no campo da arte cinética (sobretudo a exposição “Le mouvement” de 1955 em Paris), com
os artistas Tinguely, Vasarely, Giacometti, etc.

E no que diz respeito ao ensino médio, foram elaborados três roteiros, uma para cada série
do ciclo. No primeiro pensamos em abranger temas ligados à inter-relação entre códigos e
linguagens artísticas (imagem e palavra), e o debate sobre/entre cultura(s). Para o segundo
e o terceiro anos foram desdobrados temas relacionados ao meu TCC: o encontro da arte
com a matemática.

Nota: É necessário pontuar que devido à agenda incompatível não foi possível desenvolver a
contento o planejamento do segundo ano, já que as aulas aconteciam nos dias em que eu
não estava na escola.

2.4.1. PLANOS DE AULAS

ENSINO FUNDAMENTAL 1

Duração: duas aulas com 50 minutos, podendo ser estendida

Identificação: Ensino Fundamental I, ciclos 1 e 2 (aplicada nos 5º anos, período vespertino)

Tema: Corpo expressivo – caracterização de personagens, figurino e a maquiagem

Objetivos: A atividade pretende observar, reconhecer e analisar no imaginário das crianças


um número variado de situações em que o uso da caracterização é utilizado. O objetivo
principal é introduzir num segundo momento leituras sobre aspectos especificos das
linguagens artísticas e da utilização do corpo como suporte expressivo.

Conteúdos e desenvolvimento: Artes cênicas, artes visuais, performance, circo, dança e


música. O universo de conteúdos trabalhados depende da pesquisa prévia feita pelo (a)
professor (a) e da utilização de referências diversas (revistas, livrs, catálogos, jornais,
folhetos, etc.). Quanto maior for a dedicação em trazer ilustrações, maiores as
possibilidades de contribuir com repertórios enriquecedores e discussões aprofundadas.

O material de referência não necessita ser especifico das artes, pelo contrário, recomenda-
se trabalhar também jornais e outros tipos de folhetos, encartes, catálogos e revistas,
instigando a busca por imagens que pertençam ao território investigado na atividade. Como
ocorreu, os cartazes trouxeram cruzamentos entre linguagens artisticas e também no
campo dos esportes, da crônica social, e política, agregando viés interdisciplinar à proposta.

Conforme dito no início, a atividade rende no mínimo duas aulas de trabalho, e pode ser
desdobrada em discussões ao longo do ano letivo. Como havia combinado com a professora
utilizamos parte da tarde para finalização dos cartazes, e chegou a um ponto e que
interessava para a turma a aproximação narrativa entre as imagens recortadas e coladas.

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Recursos didáticos: tesouras, muito material impresso ilustrado, cola e cartolinas.

Avaliação: A proposta de aula permitiu ampliar o universo de referências sobre


caracterização (para personagem ou performance) – maquiagem, figurino, adereços –,
trazendo como eixo da discussão o corpo expressivo, seus usos, ritos, potências. Como
aconteceu nessas turmas, alguns grupos desejavam construir narrativas com as imagens
recortadas e por isso a proposta se desdobrou em outra aula com a construção do mini-
livro em papel sulfite.

Material de apoio: Livro didático, folhetos e catálgoos de exposições que coleto há anos,
jornais e revistas encontradas no almoxarifado, fotografias, folhetos de publicidade, etc.

ENSINO FUNDAMENTAL 2

Duração: duas aulas com 50 minutos, podendo ser estendida

Identificação: Ensino Fundamental II, ciclos 3 e 4 (aplicada nos 6º e 9º anos, período)

Tema: Ilustração

Objetivos: A atividade pretende apresentar aos alunos o universo da ilustração com base
em trabalhos históricos e contemporâneos, epromover o reconhecimento da atividade
profissional do ilustrador.

Conteúdos e desenvolvimento: A ilustração na história: pergaminhos, papiros, iluminuras e


xilogravuras medievais, a imprensa moderna.

Partindo do referencial histórico literário, temos como ponto de partida a obra best seller e
pioneira de Laurence Sterne (1759), Vida e Opiniões de Tristan Shandy, e o clássico Alice no
país das maravilhas, de Lewis Carrol (1865), que já foi ilustrado em dezenas de versões. Foi
trabalhado também o livro do premiado autor taiwanês Jimmy Liao, através de seu Uma
noite muito estrelada (2009).

Ilustradores americanos (as strips Little Nemo, Popeye, Gato Felix) e brasileiros: Nho Quim
(1969) e Diabo Coxo (1864) de Angelo Agostini e a sátira política jornalística, o carnaval e a
Pop Art (década de sessenta).

Recursos didáticos: Livros, e se possível realizar a aula na biblioteca ou sala de informática

Material de apoio: Leitura do Documento “Escola de Tempo Integral: oficinas curriculares


de linguagens artísticas”, 2007, Coordenadoria de estudos e normas pedagógicas, Secretaria
de Educação do Estado de SP, de Roseli Ventrella e Suzana dos Santos Rigo. No item “d”,
que trata do segmento de Artes Visuais, elaborado por Maria Terezinha Telles Guerra, há
um panorama do contexto histórico do surgimento da ilustração em diversos países: mangá,
tebeos, comics, fumetti, historietas, muñequitos, bandes dessinés, bandas desenhadas.

Avaliação: A aula precisa ser adaptada para diferentes contextos e interesses das turmas a
fim de acolher as sugestões que inevitavelmente surgirão, é importante acolher essas
18
sugestões. Reencontrar livros que li quando fui aluno também serviu de estímulo para o
preparo da aula:

A fada que tinha ideias e A margarida friorenta, ambos de Fernanda Lopes de Almeida

ENSINO MÉDIO

Duração: mínimo de 2 aulas com 50 minutos

Identificação: Ensino médio, 1º anos

Tema: Poesia Visual

Objetivos: A aula busca apresentar à turma os múltiplos encontros entre imagem e palavra
nos campos da poesia e das arte visuais, apresentando trabalhos editoriais inovadores no
campo dos livros-objetos.

Conteúdos e desenvolvimento: O caráter verbivocovisual, começando com a leitura de


haikais (Leminski, Alice Ruiz) e leitura de trechos de outros autores, como Ondjaki. A partir
de então o interesse se volta aos aspectos visuais das publicações: Marcel Duchamp,
construtivismo russo, Oswald de Andrade num percurso que depende da busca do
professor/alunos. No meu caso pretendia chegar até os autores contemporâneos Arnaldo
Antunes e Marcelino Freire (com apresentação de livros e vídeos do Youtube) porque não
havia nenhum DVD disponível sobre o assunto no acervo da escola.

Num segundo momento (principalmente quando não havia aula dupla), trabalhamos a
poesia concreta brasileira através de dois autores: Wlademir Dias Pino (leitura com a sala
das obras “Solida”, “A Ave”, etc) que continua em atividade aos 90 anos, e de poemas de
Ferreira Gullar, com destaque para “Gira-sol-faro-farol-girafa-girassol”.

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Neste bloco de idéias o interesse era realizar apreciações de obras que levassem à
compreensão de como a poesia solicita do espectador um comportamento ativo (corporal,
mental, político até – o caso de Thiago de Mello e o “Os Estatutos d Homem” (1964). Com
uma aula inteira dedicada a Arnaldo Antunes pode-se trabalhar com a proposta de
realização cartões-postais com fotografias tomadas dentro e fora da sala, onde a relação
entre paisagem e palavra é tensionada (humor, nonsense, trocadilhos, aspectos visuais, etc).

Recursos didáticos: Livros dos autores citados, todos encontrados na Biblioteca da escola,
além de catálogos sobre o movimento neoconcreto e Ferreira Gullar do meu acervo. Para
realização das fotos levei uma maquina fotográfica Sony Cybershot, mas dividi as turmas em
grupos pois muitos possuiam celular com câmera.

Material de apoio: Fichamentos que realizei durante uma tarde na Biblioteca e estão no
caderno de apontamentos, transcritos no Anexo.

Avaliação: Não havia planejado mas isso aconteceu no decorrer das aulas, realizar um
trabalho interdisciplinar com a professora de literatura e trabalhar neologismos. Faltou
propor alguma atividade mais prática, talvez a mesma construção de mini-livro com
recortes, desta vez com poesis visuais. Trambém fico pensando se peguei pesado com a
turma porque o universo de referências não era tão próximo do cotidiano deles (imersos na
indústria cultural). Na aula sobre Cultura(s) isso ficou claro: enquanto só me mostravam
canções do hit parade eu tentava responder com o clássico do rap (Racionais MCs) e
também propostas novas (Karol Conka) e outras vertentes funk (Mc Carol “Não foi Cabral”).

ENSINO MÉDIO

Duração: aula com 50 minutos

Identificação: Ensino médio, 2º anos

Tema: Arte e matemática

Objetivos: A aula busca apresentar à turma os múltiplos encontros entre arte e matemática
nos campos da geometria, ilusão de ótica, ilustração, pintura, arquitetura, tecnologia.

Conteúdos e desenvolvimento: Gramática Visual: parti de um assunto mais técnico


(composição completa de planos com polígonos regulares) utilizando o texto do livro
didático (“Arte de Perto”, Capítulo 20, volume ensino médio), que já havia sido abordado
pela professora para apresentar o artista holandês Maurits Escher, que teve exposição no
Brasil (a mais visitada da história) e desenvolveu um rico trabalho de ilustrações baseadas
em construções matemáticas emprestadas da tradição da arte islâmica, e sobre a qual faz
uma releitura contemporânea e figurativa (não permitida no contexto da arte religiosa).

Recursos didáticos: Livro didático, catálogo de exposição e projetor/computadores

Material de apoio: conteúdo estudado no TCC

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Avaliação: Tive pouco contato com este ano do ensino médio, mas estiveram interessados
na apresentação e fizeram perguntas, quiseram saber mais sobre as técnicas utilizadas por
Escher, e expliquei que muitas são manuais (xilogravura, desenho com nanquim, lápis, tintas
variadas).

ENSINO MÉDIO

Duração: mínimo de 2 aulas com 50 minutos

Identificação: Ensino médio, 3º anos

Tema: Arte e matemática

Objetivos: A aula buscou apresentar à turma os múltiplos encontros entre arte e


matemática, desta vez tendo por tema específico a inveenção da perspectiva linear. Além
disso, introduzir nos alunos o interesse pelo desenho técnico (plantas e croquis) e relacionar
os conteúdos artísticos estudados contextualizando-os no campo social e da História.

Conteúdos e desenvolvimento: Gramática Visual: arte, representação e espaço.

Arte egípcia, arte gótica e a invenção da perspectiva linear (arte moderna europeia).

Renascimento e seus distintos momentos (Alto/Baixo; Trecento, Quattocento, Cincocento).

Guildas e o surgimento das cidades-estado italianas (Siena, Florença).

Arte como saber humano e classicismo: Leonardo da Vinci.

Aproximações entre ciência e arte: Galileu

Recursos didáticos: Livro didático, catálogo de exposição e projetor/computadores

Material de apoio: conteúdo estudado no TCC

Avaliação: Foi uma reviravolta para os alunos conhecer tantas referências importantes e
que não faz parte do universo cultural deles. Reconheço que o conteúdo que abordei foi de
certa forma “universitário”demais, porém eles se sentiram valorizados em poder
conhecimentos aprofundados. Todavia, não houve grande frequência, porque não estavam
em sala.

21
2.6. ATIVIDADES VARIADAS

Os conteúdos da atividade variadas estão detalhados pormenorizadamente nos descritivos


do Estágio IV. Também tive oportunidade de acompanhar uma saída pedagógica durante o
semestre, quando fomos ao Zoológico de São Paulo. Já as atividades desenvolvidas no
âmbito do Programa Escola da Família se assemelham da minha atuação enquanto artista-
educador no Programa de Iniciação Artística - PIÁ (Secretaria de Cultura da Prefeitura de São
Paulo) em 2017.

Aproveito esta oportunidade para reiterar um comentário que já fiz à minha tutora Cintia e
à coordenadora de estágios Marilena: acho muito burocrático e limitador que a totalidade
dos estágios esteja direcionada à vivência no sistema de ensino formal, principalmente
quando se trata do campo artístico, onde existem muitas e muitas possibilidades (inclusive
por esforço de sobrevivência do artista). Além disso, tenho colegas que também cursam
Licenciatura em outras instituições e puderam tranquilamente validar sua produção na
educação não-formal como horas de atividades variadas.

Não obstante, assumi o Estágio IV como importante momento onde eu poderia desenvolver
algum projeto “meu” ou colaborar na dinâmica de projetos já existentes (o PEF).

Conheci a professora Regina na primeira semana também e a convivência foi bastante


frutífera, porque além de ser professora mediadora ela coordena e desenvolve
praticamente sozinha as atividades do Programa. Tendo desempenhado essa função desde
2010 (em outros municípios inclusive) isso dá a ela bastante experiência no relacionamento
com os familiares e também na criação de parcerias, já que não há verba específica do
governo estadual desde 2015. É através de contatos pessoais que ela consegue doações de
insumos para a padaria artesanal, tecidos, papel, cola, e muitos outros materiais, que
também são trocados entre as responsáveis de outras escolas na cidade.

Contudo, são possíveis algumas críticas. As diretrizes acabam sendo definidas pelo Núcleo
Pedagógico, porém conduzidas por profissionais “ilhados” nas escolas, o que dá um tom
bastante pessoal às escolhas de conteúdos quando não há um ambiente escolar
coletivizado. E isso não é difícil acontecer porque ninguem quer trabalhar durante os finais
de semana. Também notei que existe quase nenhuma apropriação do equipamento publico
pelas famílias, quer dizer, a mesma doutrina de disciplina que se pretende ter do aluno
sentado na carteira durante as aulas se repete nos finais de semana.

Apesar disso, como o foco era a vivência com as crianças e jovens num contexto diferente
do exercido em aula, havia outro tom nos encontros. E isso se reverteu em possibilidades
muito criativas. Fizemos uma bela atividade por ocasião do Mês da Consciência Negra,
afixando cartazes nas portas das salas e também confeccionando as bonecas abayomis com
retalhos de tecido. Mostrando a importância de se conhecer o significado desse brinquedo,
que transita entre o sagrado e o infantil, entre ser um presente e um passatempo, as
crianças se apropriaram da proposta e reconstruiram as bonecas em diferentes versões.

Também foi muito importante começar uma construção coletiva, embrionária mas potente,
das comemorações dos 50 anos da escola. A organização da Sala de Leitura/Biblioteca se

22
converteu em uma iniciativa político-pedagógica para o semestre: agregou professores e
alunos. Agora estamos desenvolvendo um painel de memórias, porque estavam guardadas
nos armários da sala diversos álbuns de fotografias tiradas entre 1972 e 2015, contando a
história das pessoas que por lá passaram. Durante a abertura da sala, nos finais de semana e
também durante as aulas semanais, foram aparecendo algums temas para a curadoria das
fotos, como festas juninas e colação de grau. Numa tarde de conversa com os participantes
e a professora Regina, foi observado um dado importante: a separação entre meninos e
meninas em diversas imagens: no lanche do intervalo, na colação de grau, ou mesmo em
atividades esportivas do calendário. Essa observação pontual gerou grandes reflexões sobre
as mudanças ocorridas, social e pedagogicamente.

Conforme já foi dito, o PEF possui 4 eixos de atuação: esporte, saúde, cultura e trabalho. Em
cada eixo são realizadas atividades variadas, que vão desde o desenho livre a campanhas de
prevenção, conscientização, almoços coletivos, padaria artesanal, enfim, possibilidades que
são conformadas de acordo com a realidade de cada comunidade onde se insere a escola,
por isso a escolha do profissional que atua no programa é tão importante. Se se trata de um
professor que não dá aulas na escola ou reside em outra cidade, esse impulso
transformador necessário fica comprometido.

Outra atividade muito produtiva resultou da necessidade de se trabalhar campanhas


preventivas da dengue. Aproveitei o mote, que já estava inserido no calendário anual do PEF
para relacioná-lo a algo mais prático e de interesse das crianças. A atividade original
(sugerida pelo Núcleo Pedagógico do programa) consistia na confecção de máscaras do
mosquito. Até aí foi ótimo porque as máscaras foram todas muito bem acolhidas pelas
crianças, sumiram em minutos! Mas havia a necessidade de se fazer disso uma campanha,
gerar uma discussão e uma praxis.

Assim, percorremos a escola em busca de possíveis focos de proliferação do mosquito


transmissor e os registramos em fotografias, prontamente enviadas para todos as redes
sociais. Num segundo momento, daí a importância da atuação de estagiários no programa,
pensei em aprofundar o conteúdo proposto: mostrei às crianças como funciona o formato
de intercâmbio de gráficos - ou simplesmente GIF – lembrando que a imagem em
movimento tinha sido um dos conteúdos trabalhados da regência de aulas. E também é
válido considerar que os GIFs estão muito popularizados embora poucos saibam criá-los (ou
têm noção da simplicidade de fazê-lo). Enfim, a atividade chamou a atenção das crianças,
que antes estavam dispersas pela quadra, e criou, através de recursos simples, um resultado
imagético provocador. O link para acessar o blog do programa na Diretoria de Ensina de
Americana com nossa campanha é:

http://pppderame.blogspot.com.br/2017/11/campanha-de-combate-dengue.html.

23
3. CONCLUSÃO

Através da leitura que fiz do livro didático Por Toda Parte (Capítulo 5, p. 192) ficou claro que
a professora demonstrou estar a par do conteúdo e investe no planejamento das aulas, bem
como da tarefa rotineira a que é submetida (preenchimento dos diários de classe).

Além disso, notei que há uma defasagem entre planejamento e avaliação, resultando em
atividades que servem apenas para cumprir o bimestre. A professora tem uma visão crítica
sobre esse problema e a cada planejamento busca inserir um projeto temático de realização
coletiva, mas isso também esbarra no alinhamento pedagógico da escola, justifica-se ela
(“talvez porque tenha chegado há poucos meses”).

Com mais intimidade pelo transcorrer das aulas, confessou-me que vê a Mostra Cultural
como sintoma da disparidade mencionada: organizada por algumas professoras e
desconsiderando a disciplina de Arte, os temas foram definidos sem participação das salas
como um todo. Então, projetos em potencial que estavam sendo desenvolvidos em algumas
turmas foram desmobilizados por um evento intermitente do calendário.

Nesse início de percurso também observei o descaso dos próprios alunos com o ensino de
Arte. Na segunda semana (dia 05/09, durante observação na 6ªC), mais um caso recorrente
de alguém que não havia trazido o caderno para a aula porque o perdera. Indaguei a criança
se se tratava do caderno de desenhos e ela respondeu com indiferença: “Não! Se fosse eu
começava outro”.

Em alguma medida está implícita nessa fala uma visão menosprezada da arte, como saber
não-cumulativo e irrelevante: o importante é manter as anotações feitas durante as outras
aulas, já os esboços, projetos, desenhos e demais atividades experimentadas durante as
aulas de Arte, não!

Em geral, o que observei no ensino médio é que os professores se aliam a algum grupo da
sala que demonstra maior interesse pela ocupação daquele tempo com algo significativo,
enquanto os demais escapam da maneira que podem.

Na primeira aula observada (1ªC), a professora propôs à sala uma atividade de arte
geométrica a partir de linhas paralelas e diagonais compondo efeitos de ilusão de ótica
(assunto também abordado na aula do fundamental). Em vez da pintura raiada (com CD),
desta vez o desenho deveria ser colorido com lápis (a perspectiva tonal), aumentando ainda
mais o efeito – semelhante ao que observamos em obras de artistas concretos brasileiros,
por exemplo Luiz Sacilotto (1924-2003).

O questionamento sobre a suposta utilidade daquilo não demorou a acontecer - e em


alguma medida a pergunta dizia respeito a mim, ao porquê de algo ser parte do trabalho de
uns (meu, da professora) enquanto para outros era completamente dispensável. Então a
professora, a partir da sua experiência docente e não de uma perspectiva arrogante, nem
autoritária, demonstrou as possibilidades de efeitos óticos que as linhas produziam no olhar
de acordo com o ângulo em que se colocava o papel (na posição horizontal não frontal ao
rosto, inclusive). Talvez isso passasse desapercebido pela maioria, ou só tenha ocorrido
24
porque havia um espectador novo naquele contexto (eu), ou porque se tratava de uma
professora recém chegada à escola e sua eficiência precisasse ser testada perante a turma.

Essas reflexões evidenciam que a postura do docente em sala deve ser dar de corpo inteiro.
Existem muitos aspectos que poderiam ser atribuidos como desestimulantes, porém são
eles que também tornam potentes os encontros. O questionamento da aluna, se tomado
como afronta, leva a uma resposta replicante e não de abertura para um espaço de
apreciação e ação expressiva.

Enquanto no ensino fundamental a desmotivação e a indisciplina estão restritas a algumas


turmas (sobretudo nos 9º anos, e há uma extensa lista de “alunos para acompanhar” na sala
da direção), no ensino médio esse cenário é global. As aulas são esvaziadas; há uma
imperiosa necessidade de muitos permanecerem em pé ou transitando pelos corredores
quando não conseguem sair da sala; e uma quantidade ínfima de presentes traz o caderno
de desenhos/apostilas.

Não quero com isso fazer coro com aqueles que pregam maior rigor nos processos
educativos, seja lá qual for o significado disso. Entendo que haja nesse tipo de
comportamento dito “ReBelDe” qualquer coisa de reativa a um sistema que não está
qualificado para gerar reflexão nem mudanças sociais. Escutamos desde nossas avós que “é
preciso estudar para ser alguém e mudar o mundo”, quando na verdade a educação é o
modo como a sociedade reproduz sua forma de vida (ou morte). E, sem proselitismo, uma
sociedade corrupta, violenta e desigual não pode produzir uma educação diferente.

Os recursos didáticos utilizados já foram detalhados nos descritivos dos Estágios I e II, e se
constituem basicamente de: referências encontradas nos livros didáticos adotados no PNLD,
os Cadernos do Professor/Aluno integrantes do Programa São Paulo Faz Escola (unificação
curricular), do Governo do Estado de SP, além de titulos da Biblioteca (Programa Nacional
Biblioteca na Escola/MEC), mas raramente de materiais audiovisuais, embora haja uma
coleção excelente à disposição, 3 projetores e notebook na escola.

A professora Elizete tem bastante apreço pela questão da materialidade, tópico essencial na
arte-educação. Sabemos o quanto museus estão desenvolvendo recursos novos para
mediação com o publico. Mas nos deparamos com o desestimulante quadro da realidade:
promover um trabalho sério de investigação plástica e possibilidades de expressão nas
escolas sem espaços minimamente adequados, quer dizer, quando se dispõe apenas de
papel sulfite. Isso não isenta a escola de organizar saraus, apresentações e feiras artísticas.

Também é de se questionar o desinteresse da escola em participar dos escassos eventos


culturais realizados na cidade, mas que existem! No início do semestre participei da “Oficina
Ponto MIS” no Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Americana, sobre Efeitos Especiais
no Cinema com o renomado crítico Cassio Starling, e na ocasião estava presente uma única
turma de estudantes, do ensimo médio profissionalizante de comunicação visual da ETEC
Polivalente. Quem sabe se com mais horas de ATPC e facilitação do transporte/ônibus essa
realidade mudasse (ou não ficasse a cargo apenas de docentes mais motivados).

É certo que qualquer conclusão aqui seria até incoerente com o atual momento, pois
apenas inicio minha atividade pedagógica. Durante o ano de 2017 estive imerso
completamente no universo da aprendizagem – no ensino escolar, por ocasião do estágio
25
supervisionado (efetivamente entre 28/08/2017 e 16/12/2017), e o restante do tempo
(março a dezembro) compartilhei com outro projeto onde atuo, em educação “não-formal”,
o PIÁ (Prefeitura de São Paulo).

Espero ter provocado no ambiente escolar alguma expectativa de transformação em relação


ao que já não funciona mais, e agradeço a todos e a todas que me acolheram durante os
últimos quatro meses, a quem dedico sinceramente estas observações.

26
BIBLIOGRAFIA

ANAIS DO SEMINÁRIO INTERNACIONAL GESTÃO DEMOCRÁTICA DA EDUCAÇÃO E


PEDAGOGIAS PARTICIPATIVAS, Brasília, DF, 24 a 28 de Abril de 2006.

ANAIS DO IX CONGRESSO ESTADUAL PAULISTA SOBRE FORMAÇÃO DE EDUCADORES, UNESP


- UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - PRO-REITORIA DE GRADUAÇÃO, São Paulo, 2007.

Base legal para falta e evasão escolar. Secretaria Estadual de Educação, São Paulo, 2017.
Disponível em:
http://www.educacao.sp.gov.br/landingpages/quemfaltafazfalta/build/files/base-legal-de-
apoio-sobre-falta.docx. (Acesso em 13/12/2017)

BRASIL. Ministério da Educação. PNLD 2018: arte – guia de livros didáticos – ensino médio/
Ministério da Educação – Secretária de Educação Básica – SEB – Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação. Brasília, DF: Ministério da Educação, Secretária de Educação
Básica, 2017. 56 p.

BRASIL. Lei Federal n. 11.788, de 25 de set. de 2008. Estágio de estudantes, Brasília, DF, mar
2008.

Conselho Escolar como espaço de formação humana: círculo de cultura e qualidade da


educação, MEC, Brasilia, 2006, 80p.

Conselho Escolar e o financiamento da educação no Brasil, MEC, Brasília, 2006, 92p.

Conselho escolar e o aproveitamento significativo do tempo pedagógico / elaboração Ignez


Pinto Navarro... [et al.]. – Brasília : MEC, SEB, 2004. 64 p. : il. (Programa Nacional de
Fortalecimento dos Conselhos Escolares, caderno 4)

Currículo do Estado de São Paulo: Linguagens, códigos e suas tecnologias / Secretaria da


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Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica inistério da Educação. Secretaria


de Educação Básica. Diretoria de Currículos e Educação Integral. Brasília: MEC, SEB, DICEI,
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Interação escola-família: subsídios para práticas escolares / organizado por Jane Margareth
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Manual Operativo do Programa Escola da Família, Secretaria Estadual de Educação, São


Paulo, 2017. Documento disponível através do link:

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http://escoladafamilia.fde.sp.gov.br/v2/Arquivos/Manual_Operativo_2017.pdf. (Acesso em
13/12/2017).

Manual das cantinas escolares saudáveis : promovendo a alimentação saudável / Ministério


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Editora do Ministério da Saúde, 2010. 56 p. : il. color. – (Série B. Textos Básicos de Saúde).

Ministério Público Estadual do Paraná. Evasão Escolar. Disponível no site:


http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Educacao/Doutrina/Evas%C3%A3o%20escolar
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SÃO PAULO. Lei Estadual n. 16.279, de 08 de jul. de 2016. Plano Estadual de Educação do
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TRAGANTE, Christiane Aparecida. Mas professora, isso é arte?: uma abordagem


antropológica da arte na sala de aula. Dissertação de mestrado. São Carlos: UFSCar, 2012.

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