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SESSÕES RITUALÍSTICAS
Grau de Aprendiz
Ir Samuel Detoni
Confederação Maçônica do Brasil – COMAB
Grande Oriente de Santa Catarina – GOSC
ARLS Talhadores da Pedra nº 135
Oriente de Itá, Outubro de 2017.
Introdução
Desenvolvimento
A música sempre teve grande influência sobre a mente humana, atua sobre o homem e a
grande massa, está presente não apenas na história das revoluções como também nas
psicoses de guerra. Ela é nas mãos dos homens um feitiço, seu efeito se difunde e vai desde o
despertar dos mais nobres e solenes sentimentos, podendo doutro norte, acordar os mais
baixos instintos, desde a concentração devotada até a perda da consciência que se confunde
com a embriaguez, dá veneração religiosa até a mais brutal sensualidade.
Nos tempos da Bíblia, o Rei Davi tocava harpa. Os egípcios possuíam liras, alaúdes e
chocalhos de metal; seus soldados utilizavam trombetas e tamborins. Na África ainda são
utilizados os tambores para enviar mensagens entre as tribos mais antigas. Na França,
Inglaterra e Alemanha, os viajantes contavam suas histórias em forma de trovas. O instrumento
musical mais antigo que se tem noticia surgiu na Ilha do Ceilão, há cerca de 7.000 anos,
chamado de Ravanastron, sendo o precursor dos instrumentos de corda.
Os chineses, três mil anos antes de Cristo, já desenvolviam teorias musicais complexas como,
por exemplo, o ciclo das quintas. Para os gregos e romanos, a musa EUTERPE tinha a
atribuição especial de proteger a música. Para os católicos, a padroeira dos músicos é Santa
Cecília, uma musicista cristã sacrificada no ano de 232 d.C. que é festejada no dia 22 de
novembro em todos os países do mundo ocidental.
Um das mais relevantes características do som é a altura. Até o século XI a altura era a única
característica grafada. No século XII inicia-se a definição da duração. O timbre começa a ser
indicado a partir do século XVI e a intensidade a partir do século XVII. A música foi cultivada
durante muito tempo por transmissão oral, de geração em geração. As origens da notação
musical ocidental encontram-se nos símbolos taquigráficos gregos.
E ainda, teria igualmente o referido músico nominado os sons musicais e para tanto, se utilizou
da primeira sílaba de cada verso do hino a São João Bastistai: Utqueant laxis; Resonare fibris;
Mira gestorum; Famuli tuorum; Solve polluti; Labii reatum; Sancte Ioannes. Como a sílaba Ut
era difícil de ser cantada, foi substituída por Dó. O Si foi formado da primeira letra de Sancte e
da primeira letra de Ioannes. Um coral de meninos daquela época costumava, antes de suas
exibições em público, cantar este hino, pedindo com fé a São João Batista que protegesse
suas cordas vocais.
A música como uma mensagem sonora, deve penetrar nos sentidos do ouvinte, causando-lhe
sensações as mais variadas – alegria, tristeza, exaltação, depressão, agrado, euforia,
desagrado etc. Podemos dizer que a apreciação de uma página musical, qualquer que seja,
importa em dois aspectos distintos: o emocional e o técnico e só há um meio de apreciá-la:
ouvi-la.
Segundo Nicola Aslan, a música: “é uma das sete ciências das artes liberais, vem do grego
musa, que significa inspiração, poesia, harmonia dos sons. Dentro do último conceito, é a arte
ou ciência de combinar os sons de maneira agradável aos sentidos, que sejam provenientes da
voz humana ou de instrumentos musicais”. Ela faz parte dos trabalhos maçônicos e o bom
rendimento das cerimonias e sessões ritualísticas é função, em razão direta, do bom
funcionamento da Coluna da Harmonia.
Acerca da Coluna da Harmonia, a mesma pode assim ser conceituada: “A Coluna da Harmonia
é o conjunto de cantores, músicos, instrumentos musicais, equipamentos eletrônicos,
acessórios, e o conjunto de partituras, discos e fitas, destinados, no todo ou em parte, sob a
direção do Mestre de Harmonia, à musicalização das Sessões Ritualísticas e outras
Cerimônias realizadas por uma Loja Maçônica”. (BARROS, p. 43).
A música, e através dela a liturgia, foram os instrumentos mais eficazes que dispôs a cultura do
século XI, sendo as demais ciências do Quadriviumii a elas subordinadas, não do ponto de
vista de estrutura didático-curricular, mas como uma decorrência natural do ambiente da época.
O estudo da música na Maçonaria parece tão importante quanto o foi ao longo da História. Na
Maçonaria está voltada para a liturgia e o Ritual. Reprisando que essa função já era exercitada
no século XII, quando o Ritual e a liturgia tinham foro de prioridade na atividade intelectual da
época.
Neste sentido, imperioso colacionar o entendimento do Ir. Albert Mackey, citado pelo Ir. Zaly
Barros de Araújo acerca da música na Maçonaria, vejamos:
“A música, diz Mackey, é recomendada aos Maçons, porque assim como a concórdia de
sons suaves eleva os generosos sentimentos da alma, assim a concórdia de bons
sentimentos reinará entre os Irmãos e, pela união de amizade e de amor fraternal, as
violentas paixões serão acalmadas e a harmonia existirá através da Ordem”.
No tocante ao Mestre de Harmonia, este, integra o elenco de Oficiais da Loja, sendo a Joia do
Cargo, a Lira, devendo lembrar-lhe que o principal objetivo da música, quer no preparo do
ambiente, tornando-o solene, inspirador e belo, quer como complemento dos trabalhos, é o de
contribuir para a elevação dos nossos sentimentos de amor e bondade.
Conclusão
Posto isto, podemos concluir que independentemente do Rito e do Grau da Sessão Ritualística,
mais do que o estudo, o emprego da música na Maçonaria é de relevância impar, visto que sua
função está intimamente relacionada à liturgia e ao Ritual. Tendo como premissa, propiciar aos
Irmãos a harmonia necessária à elevação da alma e espírito, otimizando o sentimento de
concórdia e fraternidade no decorrer dos trabalhos da Loja.
É inegável que estamos rodeados de sons e música desde o nosso surgimento como seres
humanos, ela (a música) sem sombra de dúvidas exerce um notório poder sobre os
sentimentos e pensamentos que nos afloram durante sua apreciação. Portanto, não poderia
estar a par da nossa Ordem, sendo utilizada desde a concepção desta, como elemento
regulamentador de energias, almejando trazer o equilíbrio tanto nas sessões quanto na vida
profana.
Bibliografia e fontes
ARAÚJO, Zaly Barro de. “Coluna de Harmonia”. 3ª ed. Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA”,
2010.
BENNETT, Roy. “Um breve história da música”. Tradução Maria Teresa Resende Costa. Rio
de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 1986.
CAMINO, Rizzardo da. “Breviário Maçônico para o dia a dia do maçom”. São Paulo:
Madras, 2017.
PAHLEN, Kurt. “Nova História Universal da Música”. 5ª ed. São Paulo: Editora
Melhoramentos, 1991.
i
“Purifica, bem-aventurado João, os nossos lábios polutos, para podermos cantar dignamente as maravilhas que o
Senhor realizou em Ti. Dos altos céus vem um mensageiro a anunciar a teu Pai que serias um varão insigne e a
glória que terias”.
ii
Da antiguidade grega à idade média, as artes liberais, isto é, as artes dignas do homem livre, estavam dividias
em dois grupos: o Trivium e o Quadrivium, sendo que a este último, inserem-se a aritmética, a geometria, a
astronomia e a música.