Contrato Pedagógico Um Pacto entre Professor e Aluno
O cotidiano escolar Diferente de um regimento es- Como trabalhamos com indiví-
tem se apresentado colar (que é o todo da escola), o duos – por definição únicos e com à maioria dos pro- contrato pedagógico constitui-se ritmos diferentes de caminhada – fessores como um da especificidade de cada sala de sabemos que eles poderão atingir espaço de tensão contínua, em que aula e, ainda mais, de cada profes- estágios diferentes, em momentos mais do que discussões sobre ques- sor – até porque cada objeto de co- distintos, na compreensão do con- tões intelectuais, vêem-se enfren- nhecimento requer uma dinâmica trato pedagógico. Não podemos ser tamentos pessoais, agressões, dile- diferente de exploração. Para tan- ingênuos e acreditar que não ha- mas disciplinares e violência que to, "as cartas precisam ser coloca- verá transgressões, que deverão ser entravam o trabalho em sala de das na mesa" – programa da área, tratadas no coletivo (em que as re- aula. cronograma de atividades, meto- gras foram constituídas), para não Como sabemos, o respeito mú- dologias, formas de avaliação – se tornar algo pessoal – professor/ tuo e a cooperação são condições para que sejam trabalhados concre- aluno). Trazendo para o coletivo, necessárias para uma gestão demo- tamente os objetivos que deverão as transgressões são analisadas crática em sala de aula. Se bem in- ser perseguidos por todos. As re- como contra o bom funcionamen- terpretadas no ambiente escolar, gras poderão, em consenso, sofrer to comum dos trabalhos e contri- elas impulsionam acordos impres- alterações – inclusões ou exclusões bui para que não ajamos com "dois cindíveis entre professor e aluno, de cláusulas, abordando questões, pesos e duas medidas". Aquino faz elucidando as reais expectativas de como o que é entendido por res- uma única ressalva: que as sanções um em relação ao outro. É o mo- peito, colaboração, responsabilida- não podem, sob hipótese alguma, mento de partilhar as responsabi- de, enfim, formas de viabilizar a ci- ser tomadas como mecanismos de lidades pelas decisões no que tange dadania na prática. exclusão. Por sinal, devem sinali- às rotinas de trabalho pedagógico As regras constituídas neste zar o contrário: elas se prestam à (o que será feito) e às regras de con- contrato amadurecem progressiva- inclusão de todos, indiscrimina- vivência escolar (como será feito), mente, do seu desconhecimento damente, uma vez que sacralizam que Júlio G. Aquino denomina de (anomia – ausência de regras) à au- uma atmosfera de isonomia e, por- "contrato pedagógico", assegurado tonomia. Após o nascimento do tanto, de justiça na vivência através de: a) clareza razoável, para contrato, relembrá-lo é função de grupal. O contrato pedagógico não os parceiros, quanto aos propósi- todos, porém, a implantação e o su- se trata de um ideal, algo que sem- tos da relação; b)nítida configura- porte dos acordos, enquanto roti- pre se persegue e nunca se atinge. ção das atribuições de cada parte na do trabalho, está muito mais Esse pacto coletivo de confiança envolvida; c) rotinas e pautas de centrada na figura do professor, que nada mais é do que um conjunto de convivência conhecidos e respei- aos poucos vai deixando isso para parâmetros que delineiam as ações tados por ambos; d) resultados os outros participantes do proces- do coletivo em prol do bem co- concretos que validem o seu so educativo em sala de aula. Quan- mum: a efetivação do trabalho processamento cotidiano. Esse do esse caminho é traçado e com- educativo – a aprendizagem. contrato é gestado no coletivo, co- preendido por todos, consegue-se responsabilizando todos os parti- perceber a real diferença entre Acedriana Sandi é Gerente Pedagógica da cipantes/parceiros para que suas anuência (estar de acordo) e obe- Distribuidora Positivo. cláusulas sejam legitimadas. diência (submeter-se). e-mail: asandi@positivo.com.br