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INTRODUÇÃO
Desta forma, este trabalho justifica-se por servir como fonte de pesquisas
iniciais para aqueles que se interessarem por este tema e também, por apresentar
uma abordagem mais profunda a respeito das resoluções das equações polinomiais.
12
1º ao 4º. Por último, apresenta os desdobramentos a respeito das equações
algébricas de 5º grau.
2. EQUAÇÕES DO 1º GRAU
13
2.1. A necessidade de se estudar equações algébricas polinomiais
Figura 1
Figura 2
14
V = (comprimento) ∙ ( largura) ∙ (altura),
isto é:
x2 + 7x + 10 = 0, equação polinomial
9 2
2 , equação fracionária
x 4 y 1
x7 + x3 + 20x = 3
x 5 – 3x2 + 8, equação irracional, entre outras.
15
De modo geral, uma equação transcendente não possui uma solução exata
expressa através de funções conhecidas, sendo necessário recorrer ao cálculo
numérico para obter uma solução. As equações transcendentes mais comuns são:
equações trigonométricas em que a incógnita aparece tanto como argumento
de uma função trigonométrica quanto independente. Ex.: a Equação de Kepler,
x - a sen(x) = b.
equações logarítmicas com combinações do logaritmo e da incógnita. Ex.: O
NIS (Nível de Intensidade Sonora) é dado em decibéis (dB) por
10
IS
NIS = log ,
IR
16
solução de uma equação pode ser um ou mais números, mas, pode também, ser a
medida de uma grandeza física, como uma distância, um peso, um intervalo de
tempo; uma grandeza química, como o número de átomos de hidrogênio mais
oxigênio que sob certas condições produzem água, etc.
ax + b = c
ax2 + bx + c = 0
x7 + x3 + 20x = 3 2
x 5 – 3x + 8
x –2 = 5 + x –1
x4 + 2x3 = – 7 + e – x
tg x + cotg (3x) = 3
cos x = – 1
6
diz-se que ela está em sua Forma Canônica e a mesma é chamada de Equação
Polinomial. Sendo estas equações nosso objeto de estudo, voltaremos nossa
atenção para elas a partir daqui.
17
Segundo Dante (2004, p. 542), denomina-se raiz da equação algébrica
Por exemplo,
x2 + x – 6 = 0
admite x = – 3 como raiz pois,
(– 3 )2 + (– 3 ) – 6 = 0.
Equações do tipo
x7 + x3 + 20x = 3 2
x 5 – 3x + 8
x – 2 = 5 + x – 1,
embora algébricas, não são polinomiais e, portanto, não faz sentido falar em grau. A
primeira equação pertence à classe das irracionais e a segunda à classe das
equações fracionárias.
18
O desenvolvimento da notação algébrica evoluiu ao longo de três estágios: o
retórico (ou verbal), o sincopado (no qual eram usadas abreviações de palavras) e
o simbólico. No último estágio, a notação passou por várias modificações até tornar-
se razoavelmente estável ao tempo de Isaac Newton.
x+y=k
[2] [Dado] 32 soma; 252 área.
x . y= P (I)
[3] [Resposta] 18 comprimento; 14
largura.
16 x 16 = 256 (k/2)2
2
k
A raiz quadrada de 4 é 2. P t
2
16 + 2 = 18 comprimento. (k/2) + t = x.
1
A escrita cuneiforme foi desenvolvida pelos sumérios, sendo a designação geral dada a certos tipos
de escrita, feitas com auxílio de objetos em formato de cunha. É juntamente com os
hieróglifos egípcios, o mais antigo tipo conhecido de escrita, tendo sido criado pelos sumérios por
volta de 3500 a.C. Inicialmente a escrita representava formas do mundo (pictogramas), mas por
praticidade as formas foram se tornando mais simples e abstratas.
19
16 - 2 = 14 largura (k/2) - t = y.
Então o produto
k k k 2
xy = t t = t2 = P
2 2 2
2
20
traduzida, entretanto, em termos de segmentos de retas e áreas e ilustrada por
figuras geométricas.
Alguns séculos depois, outro grego, Diofanto, também usou a abordagem
paramétrica em seu trabalho com equações "diofantinas". Ele deu início ao
simbolismo moderno introduzindo abreviações de palavras e evitando o estilo um
tanto intrincado da álgebra geométrica.
Já os matemáticos árabes (inclusive al-Khowarizmi) não usavam o método
empregado no problema anterior; preferiam eliminar uma das incógnitas por
substituição e expressar tudo em termos de palavras e números.
A álgebra babilônica era capaz de resolver uma variedade surpreendente de
equações, inclusive certos tipos especiais de cúbicas e quárticas.
Figura 3 Figura 4
16 32
.2 .
3 3
a2 = b2 + c2,
produzi-se pela 1º vez na Europa, uma equação do 2º grau, com um atraso de pelo
menos 1 200 anos em relação ao que já havia acontecido na Babilônia.
23
cultural. Mas quando Felipe da Macedônia passou a controlar a maior parte do
mundo grego e seu sucessor, Alexandre Magno, conquistou boa parte da Ásia, criou
no delta do rio Nilo uma cidade portuária chamada Alexandria, no Egito.
24
Pela verdade decorrente 6, se dividirmos os dois lados pelo número 3, a
igualdade se preserva. Assim
3x 6
ou
3 3
x=2
3. EQUAÇÕES DO 2º GRAU
26
O califa2, al–Mansur (reinou de 754 a 775), construiu Bagdad, hoje capital do
Iraque, às margens do rio Tigre, desejando fazer dela uma nova Alexandria e para lá
atraiu sábios de várias regiões. Já o califa Harun al–Raschid (reinou de 786 a 809),
ordenou que Os Elementos fossem traduzidos para o árabe, fato que permitiu que a
Europa mais tarde, reencontrar-se os perdidos ensinamentos de Euclides. Seu filho
Al-Mamun (reinou de 813 a 833) criou uma escola científica cuja biblioteca foi a
melhor do mundo desde que a que existira em Alexandria e assim foram salvas
importantes obras de gênios da Antiguidade Clássica.
x–3=6
passa a
x = 9,
x–3
2
Califa era o título que se atribuía ao chefe supremo do islamismo, durante o período de expansão do
Império Árabe.O califa era considerado o sucessor de Maomé e possuía vários poderes relacionados
à justiça, economia, ações militares e ações religiosas.
27
No seu trabalho, Al-Khwarizmi apresenta dois métodos geométricos de
solução da equação do 2º grau, sem a utilização de notações simbólicas em seu
tratado, pois suas equações são escritas no estilo retórico.
x2 + 10x = 39
10
x2 4 x 39
4
ou seja
5
x 2 4 x 39
2
Figura 5 3
5
Interpretação geométrica da equação x 4 x 39
3 2
2
28
Figura 6 4
5
x 2 x 5 ,
2
medindo então
25
39 4 39 25 64
4
2 2
5 5 5
x 2 4 x 4 39 4
2 2
2
ou seja,
x 5 2 39 25 64
x5 64 8
x = 8 – 5 = 3.
4
O completamento do quadrado é realizado, resultando na equação equivalente
2 2
5 5 5
x 2 4 x 4 39 4
2 2 2
29
Para Al-Khwarizmi, porém, quantidades negativas careciam de sentido, por isso no
seu método, a solução
x = – 8 – 5 = – 13
não existe.
x2 + 10x = 39
é escrita na forma
x2 + 5x + 5x = 39.
Figura 7 5
5
Interpretação geométrica da equação x2 + 5x + 5x = 39.
30
Figura 8 6
x2 + 5x + 5x + 52 = 39 + 52
de onde, então,
(x + 5)2 = 39 + 25 = 64
6
O completamento do quadrado é realizado, resultando na equação equivalente
x + 5x + 5x + 52 = 39 + 52.
2
31
No primeiro milênio da era cristã a Índia produziu célebres matemáticos e
astrônomos, mas nenhum teve tanta notoriedade quanto Bhaskara, que foi um dos
mais importantes matemáticos do século XII, graças aos seus avanços em álgebra,
no estudo de equações. Quando se cita o nome de Bhaskara, associa-se logo o seu
nome a fórmula geral da solução das equações do segundo grau, porém tal nome
relacionado a esta fórmula aparentemente só ocorre no Brasil, pois não há esta
referência na literatura internacional.
É importante ressaltar que a fórmula de Bhaskara não foi descoberta por ele,
conforme o mesmo relatou ainda em vida. Existem registros atribuídos ao próprio
Bhaskara, de que a idéia inicial da citada fórmula teria sido desenvolvida no século X
por Sridhara, matemático hindu, e publicada em uma obra a qual não temos acesso
hoje. Mas foi Bhaskara, que ao lançar o célebre livro Lilavati, mesmo nome de sua
filha e escrito na forma de versos, que tratava de Álgebra e Geometria que a
eternizou.
ax2 + bx + c = 0, com a ≠ 0
b c
x2 x 0
a a
ou seja,
b c
x2 x
a a
32
daí, para reduzir o grau do 2º para o 1º, é necessário extrair a raiz quadrada de
x 2 (b / a ) x . Todavia, este binômio não é um quadrado perfeito, logo foi necessário
somar aos dois membros da igualdade alguma coisa que tornasse o lado esquerdo
um quadrado perfeito, exatamente o mesmo raciocínio seguido pelos Babilônios. A
quantidade a ser somada é
b 2 / 4a 2
, pois
x 2 (b / a ) x b 2 / 4a 2
b b2 c b2
x x 2 2
2
a 4a a 4a
Como
x 2 (b / a ) x b 2 / 4a 2
( x b / 2a ) 2 ,
tem-se
2
b c b2
x 2
2a a 4a
ou
2
b b 2 4ac
x
2a 4a 2
33
elevados ao quadrado são sempre positivos. Logo, extrações de raízes quadradas
geram sempre duas alternativas, uma com sinal + e outra com sinal –.
2
b b 2 4ac
x
2a 4a 2
ou
b b 2 4ac b b 2 4ac
x x
2a 4a 2 2a 2a
Portanto,
b b 2 4ac
x
2a
ax2 + bx + c = 0
não era esta forma compacta usada nos dias de hoje. Na realidade até o fim do
século XVI não se utilizava uma fórmula para obter as raízes de uma equação do
segundo grau, simplesmente porque não existia a notação usual de hoje, pois esta
notação literal e intuitiva, somente foi introduzida no século XVII, por René
Descartes, filósofo e matemático francês (1596 - 1650).
34
4. EQUAÇÕES DO 3º GRAU
Anos depois, um inglês conhecido por Adelard de Bath (1075 a 1160), após
viagem por vários países islâmicos, levou para a Inglaterra uma cópia dos
Elementos de Euclides em Árabe, o qual traduziu para o Latim, colocando assim a
Inglaterra em contato com a matemática grega.
35
surgiam as primeiras universidades: a de Bolonha em 1 088, a de Paris em 1 200, a
de Oxford em 1 214, a de Pádua em 1 222, a de Nápoles em 1 224, a de Cambridge
em 1 231.
Fibonacci tentou provar que a equação não poderia ser resolvida com régua e
compasso, mas obteve uma resposta aproximada que, expressa em notação
decimal, é 1,3688081075 e que é correta até a nona casa decimal.
Mais uma vez, as equações do terceiro grau, que desde o período áureo da
Grécia antiga já desafiava matemáticos que tentaram, em vão, deduzir um método
geral de solução da equação cúbica e que Arquimedes, num tratado sobre esferas e
cilindros, estudando alguns problemas, deu origem a uma das primeiras equações
do 3º grau da história, passava a provocar novamente os matemáticos.
36
também conhecido como Pacioli. Seguindo o caminho de Fibonacci, Pacioli
introduziu mais alguns símbolos na Álgebra: a incógnita que antes fora abreviada
para “cosa”, passou a ser chamada como “co”, enquanto o quadrado e o cubo
chamados respectivamente de “census” e “cubus” foram abreviados para “ce” e
“cu”.
Pacioli afirmava que não podia haver regra geral para a solução de problemas
do tipo “cubo e coisas igual a número”, ou seja,
x3+ px = q.
Afirmação que foi demolida, pouco tempo depois, na própria Itália, por dois grandes
matemáticos que marcaram seus nomes na história pela enorme rivalidade em torno
das equações cúbicas, sendo eles: Tartaglia e Cardano.
x3+ px = q,
Mais tarde Antônio Maria Fiore, também chamado de Fior, tentou ganhar
notoriedade valendo-se da descoberta do mestre. Para isso, desafiou Nicolo
Fontana (1499-1557), mais conhecido como Tartaglia (o gago) para uma disputa
37
pública. Nesta época, estes duelos intelectuais eram freqüentes, cercados de
rituais, presididos por alguma autoridade e muitas vezes assistido por muitas
pessoas. Chegando a determinar o destino de professores universitários na
cátreda7, de acordo com o desempenho dos professores nessas disputas.
Nicoló Tartaglia nasceu em Brescia, Itália. Era muito pobre quando criança.
Aos onze anos viu sua cidade ser invadida por tropas francesas, nessa oportunidade
sofreu graves ferimentos na face. Deste incidente Tartaglia levou para o resto da
vida uma profunda cicatriz na boca, o que lhe trouxe permanente defeito na fala.
Tartaglia desde cedo demonstrou grande interesse pelos estudos, porém sua
mãe retirou-o da escola por impossibilidade de paga-lá, assim passou a estudar
sozinho nos raros livros que encontrara e sem dinheiro para comprar papel, pena e
tinta, escrevia nas lápides dos túmulos de um cemitério com carvão. Mesmo diante
de tais dificuldades, conseguiu construir sua cultura, passando a se sustentar dela
como professor de ciência em Veneza.
A infeliz idéia de Fior em eleger Tartaglia como seu oponente se deu por este
já ter derrotado outros desafiantes, o que o tornou bastante conhecido por seu
talento. O desafio consistia na solução de diversos problemas que um deveria
propor ao outro e faltando poucos dias para a disputa, Tartaglia descobriu que Fior
estava armado por um método descoberto por seu falecido mestre que lhe permitia
resolver equações do 3º grau.
38
x3+ px = q,
x3+ px2 = q,
39
pretendia publicar um livro de álgebra, ajudado por seu brilhante e fiel discípulo
Ludovico Ferrari.
Não era pretensão de Cardano tocar no tema das equações cúbicas em seu
livro, porém resolveu pedir a Tartaglia que lhe revelasse a solução de tais equações
com o intuito de publicá-la. Compreensivelmente, Tartaglia lhe negou o pedido com o
intuito de publicá-la futuramente. A negativa, porém, não desestimulou Cardano que
usou de todos os meios para atrair Tartaglia até a sua casa em Milão. Lá em 1539,
Cardano persuadiu Tartaglia a contar-lhe seu método secreto de solução das
cúbicas, sob o juramento de jamais divulgá-lo.
40
x 3 px q 0
x 3 px 2 q 0
ax 3 bx 2 cx d 0 .
ax 3 bx 2 cx d 0 ,
1
pode ser simplificada, multiplicando-se ambos os membros por , resultando a
a
equação equivalente
b 2 c d
x3 x x 0.
a a a
x 3 ax 2 bx c 0
a substituição de
a
x y
3
a transforma em
41
3 2
a a a
y a y b y c 0 ,
3 3 3
ou seja:
a2 2a 3 ab
y 3 b y c 0,
3 27 3
y 3 py q 0 ,
a
y .
3
x 3 px q 0 ,
Tartaglia deu uma resposta geral e não apenas uma resposta particular.
Para resolver esta equação, a idéia de Tartaglia foi supor que a solução
procurada era composta de duas parcelas. Assim escrevendo
xuv
E substituindo na equação
x 3 px q 0 ,
obtemos
u v 3 p u v q 0 ,
u 3 3u 2 v 3uv 2 v 3 p u v q 0 ,
isto é:
42
Portanto, se conseguirmos achar números u, v tais que:
p
u 3 v 3 q e u v ,
3
ou seja
p3
u 3 v 3 q e u 3 v 3 ,
27
xuv
x 3 px q 0 .
p3
w2 qw 0,
27
p3
.
27
p3
w2 qw 0,
27
obtemos:
q q2 p3 q q2 p3
u3 e v3 ,
2 4 27 2 4 27
43
donde obtemos a famosa fórmula de Cardano, que não foi descoberta por ele mas
sim por Tartaglia:
q q2 p3 3 q q2 p3
x uv3 .
2 4 27 2 4 27
x 3 px q 0 .
x3 6x 9 0 ,
aqui, p 6 e q 9 , logo
9 9 2 (6) 3 3 9 9 2 (6) 3
x3
2 4 27 2 4 27
9 49 3 9 49
3
2 4 2 4
97 3 97
3
2 2
3 83 1
2 1 3 ,
isto é, x 3 é raíz da equação.
Aparentemente, as equações cúbicas que trouxeram fracasso a tantos outros
matemáticos que tentaram resolvê-las, estavam vencidas. Mas logo começaram a
surgir dúvidas e questionamentos em torno das mesmas. Entre elas, uma surgiu
naturalmente: se a fórmula de Bhaskara exibe claramente as duas raízes, por que o
mesmo não acontece com as equações de 3º grau, mesmo quando as três soluções
de dada equação cúbica são conhecidas? Onde estariam as outras?
Quase trinta anos depois da publicação de Ars Magna, por Cardano, Bombelli
notou que a equação
x 3 15 x 4 0 , (III)
tem uma solução real positiva, a saber x = 4. Notou também que as demais soluções
dessa equação, 2 3 , são também reais, sendo elas as raízes do polinômio do
2º grau
x 2 4x 1 ,
x 3 15 x 4 0 por x 4 .
2 3
q p
,
2 3
Nesse caso
2 3
q p
121 0 .
2 3
45
x 3 15 x 4 0 ,
tem suas três raízes reais e, no entanto, a formula de Cardano, quando aplicada,
produzia uma expressão numérica que carecia de sentido.
Por conta disso, os fatos indicavam que os números com que a matemática
vinha trabalhando, havia séculos, não eram mais suficientes para o estudo da
álgebra. Assim, Bombelli pôs-se a estudar essa nova espécie de números, mais
tarde denominados números complexos, tornando-se o primeiro algebrista a
formular regras elementares das operações dos números complexos em seu tratado
L'Algebra parte Magiore dell’ Arithmetica (1572), ou seja , Bombelli “lançou as bases
para o desenvolvimento de um gigantesco ramo da matemática, com infindáveis
aplicações práticas, principalmente na Eletrônica: A Teoria dos Números
Complexos” (GARBI, 1997,p. 52).
3BA 2 DA A 3 Z ,
46
B3 in quad - D plano in A + A cubo aequator Z solido,
Euler era suíço e foi um escritor prolífico, não havendo ramo da matemática
em que seu nome não figure. Para se ter uma idéia, a sociedade Suíça de Ciências
Naturais catalogou 886 trabalhos produzidos por ele, entre livros e artigos. Ele viveu
os últimos 18 anos de sua vida, completamente cego, mas já havia perdido a visão
47
do olho esquerdo desde os 28 anos. Mesmo assim continuou a produzir guiado por
um secretário. Apesar de sua obra ser demasiadamente numerosa, cabe aqui além
da já citada simbologia moderna por ele implantada, suas contribuições a respeito
dos números complexos.
48
importante da teoria das equações algébricas, o Teorema Fundamental da
Álgebra.
x2 (IV)
x 2 4 . (V)
Com isso Euler chama a atenção que se deve ter para com as equações
cúbicas, tendo em vista que a fórmula
q q2 p3 3 q q 2 p3
x3
2 4 27 2 4 27
49
é composta pela soma de duas parcelas, cada qual correspondendo a extração de
raízes cúbicas , tendo, portanto, três alternativas. Como são duas parcelas, 9 são os
valores possíveis para a soma que compõem x, sendo 3 deles raízes legítimas e 6
raízes estranhas.
Dos estudos realizados por Euler e por todos os outros que o antecederam,
após Tartaglia e Cardano, pode-se também se afirmar a respeito das equações
x 3 px q 0 ,
que quando
0 , as 3 raízes são reais, mas pelo menos duas delas são coincidentes.
x3 6x 4 0 ,
x 3 ax 2 bx c 0 ,
a
x y ,
3
50
q q2 p3 3 q q 2 p3
x3
2 4 27 2 4 27
para p 6 e q 4 , assim
x 3
2 48 3 2 48
x 3 2 4 3 2 4
x 3 2 2i 3 2 2i
2k 2k
w n z cos isen .
n n
Para tanto, precisamos antes de usa-lá,
I) Identificar qual a parte real e imaginária, para z1 2 2i , u 2 e v 2 ,
II) em seguida, calcula-se o módulo do número complexo,
z1 22 22 44 8,
u 2 2
cos
z1 8 2
4
v 2 2
sen
z1 8 2
51
2k 2k
w n z cos isen , assim
n n
2 0 2 0
w0 3
8 cos 4 isen 4 ,
3
3
w0 2 cos isen ,
12 12
6 2 6 2
w0 2 i ,
4 4
12 2 12 2
w0 i .
4 4
w1 1 i ,
17 17
w2 2 cos isen ,
12 12
6 2 6 2
w2 2 i ,
4 4
12 2 12 2
w2 i
4 4
52
2 12 2 12
2 i
4 4
4º: diante das respectivas raízes cúbicas, determina-se os 9 valores possíveis para a
soma que compõem x:
12 2 12 2 2 12 12 2 4 2 12 12
x1 w0 0 i
i
1 i
4 4 4 4 4 2
12 2 12 2 12 2 12 6
x 2 w0 1 i ( 1 i )
i
4 4 4 4
12 2 12 2 2 12 2 12 12
x3 w0 2 i
i 1
1 3
4 4 4 4 2
2 12 12 2 2 12 12 6
x4 w1 0 1 i i
i
4 4 4 4
x5 w1 1 1 i (1 i ) 2
2 12 2 12 2 12 6 12
x 6 w1 2 1 i i
i
4 4 4 4
12 2 12 2 2 12 12 2 12
x7 w2 0 i
i 1
i
4 4 4 4 2
12 2 12 2 12 2 12 6
x8 w2 1 i (1 i )
i
4 4 4 4
12 2 12 2 2 12 2 12
x9 w2 1 i
i 1 3 .
4 4 4 4
É importante ressaltar que, dos nove valores possíveis para a soma que
compõem x, três deles são raízes legítimas e seis raízes estranhas, portanto é
necessário testar cada um deles para eliminar as raízes estranhas. Porém,
utilizando-se das informações a respeito do descriminante, nota-se que 0 , o que
implica que as raízes são todas reais, e por sua vez, dos nove valores possíveis
para a soma, apenas três resulta em números reais, donde pode-se concluir que
estes valores, a saber
2, 1 3 e 1 3
são as raízes da equação
x3 6x 4 0 ,
53
dispensando o teste das nove somas.
Devido à complexidade que as equações do 3º grau podem apresentar, como
exposto no exemplo anterior, é conveniente fazer algumas observações sobre a
solução dessas equações, a saber:
I) qualquer equação escrita na forma:
x 3 x 2 x 0 ,
x 0 ou ( x 2 4) 0
x 2 4 0 x 2 ou x 2
donde concluímos que as raízes da referida equação são 0, 2 e – 2 .
III) Nos casos em que 0 , a equação de Tartaglia sempre nos fornecerá
uma soma de raízes cúbicas cujo resultado nos mostra uma das três raízes da
equação. Mas diante dela podemos utilizar a mesma idéia de Bombelli, adaptada ao
caso em que a fórmula nos mostra claramente uma das equações, por exemplo,
para a equação
x3 6x 9 0 ,
ao utilizarmos a fórmula resolutiva temos:
para p 6 e q 9 , assim
54
9 49 9 49
x3 3
2 4 2 4
9 7 3 9 7
x3
2 2 2 2
x 3 8 3 1 2 1 3,
5. EQUAÇÕES DO 4º GRAU
fazendo
b
x y
4a
de modo de modo a anular o termo do terceiro grau.
Assim, analogamente ao que ocorre com as equações de 3º grau, quem
souber resolver a equação incompleta
x 4 px 2 qx r 0 ,
56
Somando-se x 2 em ambos os membros, com e sendo números a ser
determinados de modo que os dois lados da igualdade sejam quadrados perfeitos e
reagrupando temos
x 4 ( p ) x 2 ( r ) x 2 qx (I).
q2
q2 4 0 ,
4
substituindo
q2
4
na equação (II) têm-se:
q2
( p ) 2 4 r 0,
4
q2
( p ) 2 4 r 0,
ou seja,
3 2 p 2 ( p 2 4r ) q 2 0
x 4 15 x 2 10 x 24 0 ,
x 4 ( 15) x 2 ( 24) x 2 10 x
e
25
10 2 4 0 .
Substituindo o valor de no 1º descriminante,
25
( 15) 2 4 1 24 0
chega-se a equação
3 30 2 129 100 0 .
3º: Resolve-se a equação em , pelo método de Tartaglia. Obtém e calcula-se
.
2 25 e 3 1.
4
4º: Com e extraem-se as raízes quadradas dos dois lados da igualdade e
obtém-se os 4 valores possíveis para y, caso tenha sido feita a substituição
58
b
x y ,
4a
caso contrário, os valores serão as 4 raízes da equação quártica, como segue para
1 1 e 1 25 :
x 4 ( 15) x 2 ( 24) x 2 10 x
x 4 14 x 2 49 x 2 10 x 25
( x 2 7) 2 ( x 5) 2
( x 2 7) ( x 5) 2 .
Assim
x1 4
( x 2 7) ( x 5) x 2 x 12 0
x 2 3
ou
x3 2
( x 2 7) ( x 5) x 2 x 2 0 .
x4 1
59
6. EQUAÇÕES DE GRAU MAIOR QUE QUATRO
60
Aos 19 anos, antes mesmo de ingressar na Universidade, Abel desenvolveu
pesquisas no campo das equações, chegando a acreditar que tivesse encontrado
uma solução geral para as equações de 5º grau. Mas durante processo de se fazer
entender por outros matemáticos o próprio Abel descobriu que sua solução era
incorreta.
Obcecado pela resolução de tais equações, dedicou-se a estudá-las e
conseguiu demonstrar a impossibilidade de estabelecer a solução geral quíntica por
meio de radicais, acabando com um problema que afligia os matemáticos havia
séculos. Abel ainda conseguiu generalizar tal conclusão para qualquer equação
acima do 4º grau, indo além do que Paolo Ruffini havia conjecturado.
Abel morreu de tuberculose, aos vinte e seis anos de idade e seu sonho que
almejava em vida só veio a se concretizar dois dias depois de morrer, quando uma
carta tardia lhe foi enviado com um convite para trabalhar na Universidade de
Berlim.
Mesmo, com todo o sofrimento vivido por Abel, a vida de Évariste Galois foi
ainda mais trágica. Nascido em 25 de outubro de 1811 numa cidade próxima de
Paris, aos 14 anos teve seu primeiro contato com a matemática, a partir daí,
debruçando-se sobre as obras de Legendre, Jacobi e Abel, chegou a tudo que se
sabia a época sobre as equações algébricas, percebendo que aquela matéria
deveria ser tratada perante novas perspectivas, dedicando-se assim a sua própria
criação.
Antes mesmo de completar 18 anos apresentou a Academia de Ciências de
Paris um trabalho intitulado Pesquisas sobre as equações algébricas de grau primo,
que já apresentava descobertas naquilo que lhe rendeu glória póstuma, a Teoria dos
Grupos.
Em 1830 foi publicado um artigo de sua autoria sobre equações, com
resultados visivelmente baseados numa teoria geral. Essa teoria, baseada em
conceitos da teoria dos grupos, fornece critérios para a resolubilidade de equações
por radicais.
Em 1832, aos vinte e um anos de idade, uma manobra envolvendo um caso
amoroso e possíveis aspirações políticas, arrastou-o a um maldito duelo de pistola
no qual foi morto. Na noite que antecedeu o tolo duelo, Galois percebendo
plenamente que com toda certeza seria morto, dedicou-se a escrever um testamento
61
cientifico na forma de uma carta a um amigo. Neste escreveu um artigo denominado
Notas sobre Abel, onde esclareceu que suas teorias eram totalmente independentes
do falecido Abel.
Realmente, ambos demonstraram que as equações de grau superior ao 4º
não podem ser resolvidas algebricamente, mas enquanto Abel o fez utilizando ao
máximo os recursos da Álgebra Clássica, Galois inventou uma nova teoria dentro da
qual aquele fato era apenas um caso particular (Garbi, 2007, p. 166).
7. CONCLUSÃO
62
0 , as 3 raízes são reais, mas pelo menos duas delas são
coincidentes. Nesta situação também é mais conveniente utilizar a
mesma ideia de quando o 0 .
Por último, uma equação genérica de grau acima do 4º, não pode ser
resolvida algebricamente, mas existe um grande número de casos particulares em
que isto é possível, independente do grau da equação, porém somente
conhecimentos de Álgebra superior, em especial de Teoria dos Grupos, permitem
saber se ela é ou não resolúvel algebricamente. Foi por esse motivo que, excluir
sobre certo ponto de vista, Galois superou Abel e podemos afirmar que Abel
representa o ápice da Álgebra Clássica enquanto o francês marca o inicio da
Álgebra Moderna (Garbi, 2007, p. 166).
Fica aberto também o caminho para que em trabalhos futuros possa ser
abordado outras deduções das fórmulas resolutivas para as equações algébricas de
3º e 4º grau, bem como explorar possíveis relações entre os coeficientes de cada
uma dessas equações, ou ainda, um aprofundamento sobre o fato de não ser
possível uma fórmula resolutiva para equações algébricas de grau maior que 4.
63
8. REFERÊNCIAS
DANTE, Luiz Roberto. Matemática: contexto e aplicações. Volume 2. São Paulo, SP:
Editora Ática, 2004.
LIMA, E.L. Meu professor de matemática e outras histórias. Rio de Janeiro: SBM,
Coleção do Professor de Matemática, 1991.
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Sites:
http://www.mundoeducacao.com/matematica/historia-das-equacoes.htm. Acesso em
17/01/2013.
http://www.somatematica.com.br/algebra.php. Acesso em 18/01/2013.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Escrita_cuneiforme. Acesso em 19/01/2013.
http://geomaniiia.blogspot.com.br/2010/09/curiosidades.html. Acesso em 19/01/2013.
http://clubedegeometria.blogspot.com.br/2008/03/egipto-2000-ac.html. Acesso em
19/01/2013.
http://www.matematica.br/historia/falsaposicao.html. Acesso em 19/01/2013.
http://professorjanildoarantes.blogspot.com.br/2010/04/equacao-transcendente.html.
Acesso em 28/01/2013.
http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A1tedra. Acesso em 27/02/2013.
http://problemasteoremas.wordpress.com/2010/05/13/resolucao-da-equacao-do-3-
%C2%BA-grau-ou-cubica/. Acesso em 10/03/2013.
http://problemasteoremas.wordpress.com/2010/05/20/resolucao-da-equacao-do-4-
%C2%BA-grau-ou-quartica/. Acesso em 20/03/2013.
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