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Universidade Federal de Minas Gerais – Faculdade de Direito – Cursos de Direito e de

Ciências do Estado – Tópicos em Sociologia Jurídica – Profa. Marcella Furtado de


Magalhães Gomes – 1º sem 2016 –Prova Final – Valor 25 pontos

As respostas não podem ultrapassar 20 linhas. A prova deve ser feita pelos grupos dos
trabalhos. Cada questão vale 05 pontos.

Nome e assinatura dos membros do grupo:


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Lucas Parreira Álvares; Leonardo Cariri; Fernanda Ribeiro


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1) "É pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distância que a separava do
homem. Somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência concreta".
Simone de Beauvoir

“Mulheres recebem menos que homens pelo mesmo trabalho em quase todas as
profissões e indústrias, das posições mais baixas até as mais altas, em todas as regiões
do mundo”. (Dados da ONU Mulheres)

A superação da apropriação privada do capital e sua fruição coletiva podem pôr fim às
diferenças sociais de classe, gênero e raça, como a frase de Beauvoir e o pensamento
de Marx parecem indicar? Justifique.

2) "Uma das últimas grandes nações a integrar a UE, entrando somente em 1973, os
britânicos podem ser os primeiros a deixá-la. Embora não tenham adotado o euro (na
Inglaterra) nem tenham se submetido ao acordo Schengen de livre circulação de
pessoas, o país ainda representa uma força política e econômica significativa dentro da
comunidade europeia. A vontade crescente de sair do bloco representa uma vitória dos
mais conservadores, que pedem mais soberania nacional e redução do fluxo de
imigrantes. Para eles, a concentração dos poderes na Bélgica, que abriga as sedes das
instituições europeias em Bruxelas, enfraquece o Reino Unido. Todos os países da UE
devem se adequar a regras supranacionais que regem relações trabalhistas,
econômicas e legais. Conservadores interpretam que a generalidade desses termos
não favorece os britânicos. Para eles, estrangeiros de outros países europeus, em crise
por conta de falhas na zona do euro, usurpam empregos e se aproveitam do Estado, a
partir do sistema de saúde e da previdência". (O Povo Online, 21/06/2016)

O capitalismo é um sistema de produção intrinsecamente propenso à globalização


econômica. a) Você concorda com essa afirmação? Por que?
b) Outros sistemas de produção, como o feudal ou o escravocrata, também buscaram
mercados externos. Há diferença entre estas formas de globalização e a do
capitalismo? Por que?
c) "Proletários do mundo uni-vos!" (Manifesto Comunista). Para Marx, exatamente por
essa característica globalizante do capitalismo, a luta contra esse sistema de produção
também deveria ser global. Você acha que é possível formar uma coalizão global de
trabalhadores haja vista os nacionalismos que nos separam contemporaneamente,
como demonstra o texto acima? Explique.
R: O capitalismo é sim um sistema de produção intrinsecamente propenso à
globalização econômica, como Marx e Engels ressaltaram, no Manifesto
Comunista, esse caráter “internacionalizante” do Capitalismo. E quanto a
isso, o que vai diferenciar o Capitalismo dos outros sistemas de produção
que o antecederam, é exatamente a relação que o Capitalismo propôs junto
às forças produtivas e as relações de produção. Assim, o capitalismo não só
se expande globalmente, como um dos próprios critérios para essa expansão
é exatamente a necessidade de mercados externos (como sabemos, o
Capitalismo europeu só pôde se expandir através do processo assim
chamado “acumulação primitiva do capital”, como Marx expõe no capítulo
24 d’O Capital). Quanto à possibilidade de uma luta global dos
trabalhadores, o que já foi tentado de maneira prática através das
internacionais comunistas, acreditamos que essa é a única forma para se
combater o capitalismo. É só através de uma luta global, que se combate um
sistema de produção também global. Porém, de todos esses “ismos” da
Modernidade, um dos mais esquecidos é exatamente o “Nacionalismo”.
Coube a Benedict Anderson (Comunidades Imaginadas) chamar a atenção
para isso, e demonstrar como que a forma pela qual as nações se constituem
e se interagem hoje dificultam qualquer tipo de atividade contra
hegemônica.

3) A diminuição do tempo de trabalho socialmente necessário para a produção é o que


garante a real eficiência do sistema capitalista, ou seja, a possibilidade constante de
aumento da acumulação privada de capital. a) Você concorda com essa afirmação?
Explique.
b) A frase sugere que há outro sentido para eficiência usado ideologicamente pelo
sistema capitalista. Qual é ele? Explique. Por que o sentido ideológico de eficiência é
diferente do sentido de eficiência utilizado pela frase? Explique.

4) No capitalismo, o valor de uso vai sendo paulatinamente substituído pelo valor de


troca na composição do preço da mercadoria. a) Você concorda com essa afirmação?
Explique.
b) Se você não concorda com a afirmação, dê exemplos de valor de uso na
composição de preços de mercadorias no sistema capitalista.

R: Sim, o valor de uso vem sendo substituído pelo valor de troca. Marx, no
primeiro capítulo d’O Capital, “A mercadoria”, diferencia os conceitos de
“Valor de Uso” e “Valor de Troca”, sendo o primeiro relacionado à dimensão
qualitativa (subjetiva) da mercadoria, e a segunda a uma dimensão
quantitativa (concreta) da mercadoria. O que determina o valor de troca de
uma mercadoria é o trabalho socialmente necessário embutido na produção
da mesma, e o que o advento do capitalismo trouxe, com o também
desenvolvimento das forças produtivas, foi a redução do trabalho concreto
ao trabalho abstrato, ou seja: a substituição do carpinteiro, alfaiate, artesão,
pelo trabalhador abstrato. Assim, a mercadoria foi reduzida a seu valor de
troca, pois já não importa mais se tenho um 100g de cobre, ou 10g de ouro,
se os valores de troca tanto do cobre quanto do ouro forem
correspondentes. É por isso que a riqueza nas sociedades capitalistas
aparece como “uma grande coleção de mercadorias”.

5) A burguesia não pode existir sem revolucionar incessantemente os instrumentos de


produção, por conseguinte, as relações de produção e, com isso, todas as relações
sociais. A conservação inalterada do antigo modo de produção era, pelo contrário, a
primeira condição de existência de todas as classes industriais anteriores. Essa
subversão contínua da produção, esse abalo constante de todo o sistema social, essa
agitação permanente e essa falta de segurança distinguem a época burguesa de todas
as precedentes. Dissolvem-se todas as relações sociais antigas e cristalizadas, com seu
cortejo de concepções e de ideias secularmente veneradas; as relações que as
substituem tornam-se antiquadas antes de se consolidarem. Tudo o que era sólido e
estável se desmancha no ar, tudo o que era sagrado é profanado e os homens são
obrigados finalmente a encarar sem ilusões a sua posição social e as relações com os
outros homens. (Karl Marx, O manifesto comunista, p. 5)

a) Como é possível que a burguesia revolucione os instrumentos de produção


incessantemente? Explique.
b) Tudo o que era sagrado é profanado. O que Marx quer dizer com isso? Novos
sagrados surgem no modo de produção capitalista? Exemplifique e explique.
c) O homem é finalmente obrigado a encarar sem ilusões a sua posição social. No
modo de produção capitalista surgem novas posições sociais e novas ilusões sobre
elas? Explique.

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