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FILME DE ABERTURA

ZAMA
Dir. Lucrecia Martel
Idioma: Espanhol
Legenda: Português
País: Argentina, Brasil, Espanha, França, Holanda, México, Portugal, EUA
Duração: 115 min.
Ano: 2017
Contato: sales@matchfactory.de
Sinopse
Zama, um oficial da Coroa Espanhola nascido na América do Sul, aguarda por uma carta do rei que deverá
autorizá-lo a se transferir da cidade em que vive estagnado, para um lugar melhor. Os anos passam e
a carta do Rei nunca chega. Quando Zama percebe que tudo está perdido, ele se junta a um grupo de
soldados que saem a perseguir um perigoso bandido.
FILME DE ENCERRAMENTO MOSTRA COMPETITIVA DE LONGAS

ERA UMA VEZ BRASÍLIA HÍBRIDOS, OS ESPÍRITOS DO BRASIL


Dir. Adirley Queiróz Dir: Priscilla Telmon e Vincent Moon,
Idioma: Português Idioma: Português
País: Brasil País: Brasil
Duração: 100 min. Duração: 86 min.
Ano: 2017 Ano: 2017
Contato: cincodanorte@gmail.com Contato: abreufernanda@gmail.com
Sinopse Sinopse
Em 1959, o agente intergaláctico WA4 é preso por fazer um loteamento ilegal e é lançado no espaço. Híbridos, os espíritos do Brasil é um filme ambicioso no mais amplo sentido da palavra. É, em primeiro
Recebe uma missão: vir para a Terra e matar o presidente da República, Juscelino Kubitschek, no dia da lugar, um projeto transmídia, que se complementa com vários curtametragens, fotografias e música. Mas
inauguração de Brasília. Sua nave perde-se no tempo e aterrissa em 2016 em Ceilândia. Essa é a versão também é o retrato da maneira que um país expressa sua espiritualidade. Assim, o filme trata de indagar
contada por Marquim do Tropa, ator e abduzido. Só Andreia, a rainha do pós-guerra, poderá ajudá-los a desde a experimentação visual acerca do mundo invisível dos espíritos até a relação do ser humano com
montar o exército para matar os monstros que habitam hoje o Congresso Nacional. Este é um documen- eles.
tário gravado no ano 0 P.G. (Pós Golpe), no Distrito Federal e região.
A potência da obra de Moon e Telmon reside na decisão de não fazer um documentário etnográfico, basea-
do em entrevistas e na observação de ritos. Antes disso, trata a exploração da espiritualidade como uma
maneira de experimentar com o próprio cinema. O filme fala dos espíritos, mas a partir de uma reflexão
sobre as capacidades expressivas do cinema para indagar o mundo que escapa aos olhos.
(SEBASTIAN MORALES)
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UN SECRETO EN LA CAJA ESTREIA


ANDRÉS LEE I ESCRIBE ESTREIA
Dir.: Javier Izquierdo BRASIL Dir.: Daniel Peralta BRASIL
Idioma: Espanhol Idioma: Espanhol
Legenda: Português Legenda: Português
País: Equador País: Chile
Duração: 71 min. Duração: 93 min.
Ano: 2016 Ano: 2016
Contato: astudillo.tomas@gmail.com Contato: danielperaltaros@gmail.com
Sinopse Sinopse
Javier Izquierdo, em Un secreto en la caja, indaga sobre uma figura esquecida do chamado boom lati- O chileno Daniel Peralta continua seu inquérito nem como parte de seu último ano de estudos.
no-americano de literatura, o equatoriano Marcelo Chiriboga. Esse personagem permite a Izquierdo não sobre personagens frustrados, estagnados em Que paradoxo que sejam estranhos a diagnosticar
somente fazer um retrato sobre o escritor, mas também sobre um Equador real e imaginário. uma etapa de suas vidas por algo que não podem seus males, enquanto ele não consegue sequer
decifrar. O protagonista de seu terceiro longa-me- expressar em palavras o que sente. O cinema de
O filme se constrói como um documentário clássico. As entrevistas no entorno próximo de Chiriboga mais Peralta examina os estados mentais, nunca para
tragem é Andrés Centeno, um homem de trinta
um material de arquivo permitem reconstruir a biografia do escritor. Mas, à medida que passa o filme, obter uma resolução idílica, mas para que sejam
anos, independente, que tem um trabalho noturno
começa-se a duvidar sobre o que se vê na tela. É que o filme, em sua forma clássica de narrar, esconde um eles mesmos a tomar consciência das verdadei-
em uma fábrica e uma namorada ocasional, apesar
mistério, um segredo que o espectador vai descobrindo a partir da alucinada biografia de Chiriboga. Ao ras causas de seu desconforto. A delicadeza com
do que, se encontra imerso na insatisfação e no
final, a questão do filme se avulta em uma linha mais filosófica: A história se constrói a partir de mentiras? que ele maneja o fluxo de emoções já é um sinal
desconsolo. No caminho da maturidade, diz Peral-
Ou em sua versão cinematográfica: A forma de um filme assegura uma relação transparente com o real? distintivo de seu cinema. Que vai sendo refinado à
ta, algo se perde de sua essência, algo valioso que
(SEBASTIAN MORALES) nunca deveríamos descartar. Só procurando por medida que seus protagonistas crescem e têm que
isso é possível encontrar-se consigo e, em conse- enfrentar novos desafios cotidianos.
quencia, obter isso a que chamam felicidade. A tudo isso, devemos acrescentar a devoção ao
Além de seu trabalho noturno, Andrés Centeno cinema dos anos oitenta, que apenas os especta-
é ator amador, interpretando diferentes tipos de dores mais atentos saberão descobrir e valorizar.
pacientes para que médicos internistas o exami- (JOSÉ ROMERO)
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PINAMAR CINEPHILAS ESTREIA


Dir.: Federico Godfrid Dir.: Maria Álvarez BRASIL
Idioma: Espanhol Idioma: Espanhol
Legenda: Português Legendas: Português
País: Argentina País: Argentina
Duração: 84 min. Duração: 74 min.
Ano: 2016 Ano: 2017
Contato: info@shortsfit.com Contato: alvarez.amaria@gmail.com
Sinopse Sinopse
A estreia solo de Federico Godfrid parte de uma tencia a eles na infância. Cinephilas, obra de estreia, como diretora, da argentina María Álvarez, com toda simplicidade é um
premissa das mais sugestivas: capturar a essên- Os irmãos encontram uma amiga de infância, a pequeno manifesto a favor do – às vezes obsessivo – amor ao cinema. O filme segue mulheres de terceira
cia de uma cidade a partir de seu balneário e suas jovem Laura (Violeta Palukas), acendendo o dese- idade que têm um denominador comum: uma cinefilia militante. Álvarez descreve o dia-a-dia das cinéfilas,
ruas. Todos esses lugares tão característicos de Pi- jo entre eles. O que inicialmente foi o palco para suas incursões diárias à sala escura, a maneira como se organizam para otimizar o tempo e ver a maior
namar configuram o clima de um longa-metragem, purgar a dor e o luto da família, então se torna o quantidade de filmes nos diferentes festivais de cinema que frequentam, e mais importante: a forma como
que se fosse filmado em outro lugar perderia muito início de uma aventura totalmente inesperada de elas reinterpretam o vivido a partir do que viram ao longo dos anos. Neste registro, Álvarez reestabelece
do influxo e de seu contorno emotivo. amadurecimento. a relação com o cinema como um relacionamento amoroso. No fim das contas, o filme é uma narrativa
sobre o amor e o que o cinema pode fazer por nós.
A cidade é o pano de fundo, a atmosfera que en- Em Pinamar não há grandes dramas ou conflitos,
volve a história dos irmãos Pablo e Miguel (Juan (SEBASTIAN MORALES)
mas o sinal cúmplice de um autor, o diretor Fede-
Grandinetti e Agustín Pardella), que viajam até rico Godfrid, que habilmente transforma o terreno
esse balneário para se desfazer das cinzas de sua em possíveis reflexos do nosso passado. No final,
mãe e, de passagem, resolver uma questão imobi- fica a certeza de que ao menos um deja-vu irá afe-
liária, a venda de um departamento de seus pais. tá-lo. Um que seja de puro prazer, prelúdio daquilo
Um detalhe a quitar para continuar com suas vidas que acertadamente chamam de o começo do resto
na grande capital. Este é o gatilho para o reencon- de nossas vidas.
tro com um lugar instalado na memória, que per-
(JOSÉ ROMERO)
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BARONESA RUINAS TU REINO


Dir: Juliana Antunes Dir: Pablo Escoto
Idioma: Português Idioma: Espanhol
Legenda: Espanhol Legenda: Português
País: Brasil País: México
Duração: 73 min. Duração: 64 min.
Ano: 2017 Ano: 2016
Contato: venturacine@gmail.com Contato: gallinazos.distribucion@gmail.com
Sinopse Sinopse
Um corpo a se requebrar próximo a uma cortina: a primeira imagem do filme instiga pelo sentido de movi- Um grupo de pescadores seleciona mariscos dentro de uma pequena embarcação. A câmera, muito pró-
mento e espaço que logo irá configurar todo o mergulho da diretora no universo cotidiano de um grupo de xima, documenta os animais mexidos por mãos humanas. Dali adiante, o filme de Pablo Escoto passa a
mulheres numa comunidade periférica de Belo Horizonte. Entre o espontâneo e o artificial, a aproximação acompanhar os pescadores pelo Golfo do México. Entre imagens de abstração e registros etnográficos,
e o distanciamento, a justeza e o limite de como e o que abordar, Baronesa é um filme constantemente em Ruinas tu Reino se utiliza de diversas formas plásticas (câmera digital e 16mm) para transmitir sentidos
risco. Ele se arrisca ora a implodir suas próprias provocações, ora a se deixar guiar pelas personagens, que variam conforme avança a viagem. As cartelas em tela preta decifram o mistério: a instabilidade do
ora a ser invadido pela violência latente de um dia a dia sempre à beira do abismo. Algo entre o olhar pa- mar é também a instabilidade do filme. Ora vem o enjoo com os movimentos do barco (e da câmera),
ciente e cúmplice de Pedro Costa (Ossos, No Quarto da Vanda) e a (con)vivência e o ludismo de Affonso ora o plano se fixa em elementos da natureza, ora o quadro retrata a figura humana como deflagrador
Uchôa (A Vizinhanca do Tigre) surge em Baronesa na proposição de outro tipo de proximidade. O filme da jornada. Ecos da Odisseia de Homero ou de Moby Dick de Melville apontam, surpreendentes, aqui
trafega pelas inquietudes de um pequeno e incrível núcleo de mulheres que batalham diariamente para e ali, pelo desafio de se estar à deriva no infinito marítimo. As pretensões de Escoto são bem menores,
poder existir enquanto seres sociais e como indivíduos dentro de uma máquina capitalista e classista porém: ele e sua pequena equipe estão interessados em simplesmente retratar, entre a poesia e a crueza
que tende a excluí-las – não fosse o imenso poderio de ocuparem o mundo e tomarem para si o direito do registro, a travessia cotidiana e comezinha de seus personagens. Ruinas tu Reino tenta dar a estes
à narrativa. Um dos grandes impactos do filme é justamente assistir a essas mulheres por 75 minutos e homens – e ao que surge pelo caminho – o tom épico e experimental de um movimento que em geral lhes
continuar com eles infinitas horas depois. parece apenas mais um dia de trabalho.
(MARCELO MIRANDA) (MARCELO MIRANDA)
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HISTÓRIAS QUE NOSSO CINE (NÃO) CONTAVA CRESPO (LA CONTINUIDAD DE LA MEMORIA)
Dir: Fernanda Pessoa Dir: Eduardo Crespo
Idioma: Português Idioma: Espanhol ESTREIA
Legendas: Espanhol Legenda: Português BRASIL
País: Brasil País: Argentina
Duração: 80 min. Duração: 65 min.
Ano: 2017 Ano: 2016
Contato: fepebarros@gmail.com Contato: educrespo@gmail.com
Sinopse Sinopse
Recortar, no passado, aquilo que resvala ainda no presente: o trabalho de arqueologia e genealogia de Eduardo Crespo, diretor do filme, passou sua infância na cidade de Crespo, na província de Buenos Aires.
Fernanda Pessoa encontra nas comédias eróticas brasileiras dos anos 1970 a matéria-prima para lidar No momento em que realiza o filme, o diretor vive em Villa Crespo. Essas coincidências na vida do diretor
com as complexidades que já estavam lá e ainda permanecem aqui. Num exercício de reconfiguração da não são mais do que isso: curiosas coincidências. No entanto, este é o ponto de partida para Crespo fazer
montagem de atrações (definida por Eisenstein basicamente como: “uma vez reunidos, dois fragmentos um filme sobre outro Crespo, seu pai. O cineasta empreende a missão de voltar à cidade onde nasceu para
de filme de qualquer tipo combinam-se inevitavelmente em um novo conceito, em uma nova qualidade, reconstruir a memória de seu pai.
que nasce, justamente, de sua justaposição”), Histórias que Nosso Cinema (não) Contava reordena
Esta jornada permite uma viagem não só no espaço, ao lugar de infância do diretor, mas também no
uma série de cenas e sequências de maneira a criar novas possibilidades de sentido a filmes que, a
tempo, enquanto procura reconstruir uma memória que, segundo Eduardo Crespo, encontra-se obnubi-
princípio, não tinham outras ambições senão zombar ou reforçar estereótipos e tiques sociais. Nesse
lada. Assim o filme autobiográfico busca encontrar essas relações que o ligam a todos os “Crespos” que
verdadeiro experimento, Fernanda Pessoa repassa o golpe militar de 1964 no Brasil, a linha-dura da
marcaram sua própria vida.
ditadura (tortura, silenciamento, perseguição) e especialmente o moralismo cínico que parece ter voltado
com força total no país nos últimos três anos. Enquanto apresenta para muita gente o que foi o cinema (SEBASTIAN MORALES)
popular brasileiro na época – irreverente, despudorado, ao mesmo tempo liberal e conservador –, o filme
permite, através de seus procedimentos formais, que a diretora reflita direta e perturbadoramente sobre
para onde fomos e, quem sabe, para onde ainda iremos.
(MARCELO MIRANDA)

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