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1 LEI Nº 11.892, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2008. Art.

6o Os
2 Institutos Federais têm por finalidades e características:
3 Constituir-se em centro de excelência na oferta do ensino de
4 ciências, em geral, e de ciências aplicadas, em particular, estimulando
5 o desenvolvimento de espírito crítico, voltado à investigação empírica;
6 - qualificar-se como centro de referência no apoio à oferta do
7 ensino de ciências nas instituições públicas de ensino, oferecendo
8 capacitação técnica e atualização pedagógica aos docentes das redes
9 públicas de ensino;
10 - desenvolver programas de extensão e de divulgação científica e
11 tecnológica;
12 - realizar e estimular a pesquisa aplicada, a produção cultural, o
13 empreendedorismo, o cooperativismo e o desenvolvimento científico e
14 tecnológico;
15 - promover a produção, o desenvolvimento e a transferência de
16 tecnologias sociais, notadamente as voltadas à preservação do meio
17 ambiente.
18 Observadas as finalidades e características definidas no art.
19 6o desta Lei, são objetivos dos Institutos Federais:
20 - ministrar educação profissional técnica de nível médio,
21 prioritariamente na forma de cursos integrados, para os concluintes do
22 ensino fundamental e para o público da educação de jovens e adultos;
23 - ministrar cursos de formação inicial e continuada de
24 trabalhadores, objetivando a capacitação, o aperfeiçoamento, a
25 especialização e a atualização de profissionais, em todos os níveis de
26 escolaridade, nas áreas da educação profissional e tecnológica;
27 - realizar pesquisas aplicadas, estimulando o desenvolvimento de
28 soluções técnicas e tecnológicas, estendendo seus benefícios à
29 comunidade;
30 - desenvolver atividades de extensão de acordo com os princípios
31 e finalidades da educação profissional e tecnológica, em articulação
32 com o mundo do trabalho e os segmentos sociais, e com ênfase na
33 produção, desenvolvimento e difusão de conhecimentos científicos e
34 tecnológicos;
35 A expressão “indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão” não
36 deve ser considerada como uma fraseologia de efeito, mas deve ser um
37 instrumento na direção da construção de uma ensino superior de um
38 bom nível acadêmico, pública, autônoma, democrática, que
39 efetivamente propicie a inclusão da maioria de acordo com suas
40 necessidades concretas.
41 O princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão
42 reflete um conceito de qualidade do trabalho acadêmico que favorece a
43 aproximação entre universidade e sociedade, a auto-reflexão crítica, a
44 emancipação teórica e prática dos estudantes e o significado social do
45 trabalho acadêmico. A concretização deste princípio supõe a realização
46 de projetos coletivos de trabalho que se referenciem na avaliação
47 institucional, no planejamento das ações institucionais e na avaliação
48 que leve em conta o interesse da maioria da sociedade.
49 A formação humana, cidadã, precede à qualificação para a laboralidade
50 e pauta-se no compromisso de assegurar aos profissionais formados a
51 capacidade de manter-se em desenvolvimento. Assim a concepção de
52 educação profissional e tecnológica que deve orientar as ações de
53 ensino, pesquisa e extensão nos Institutos Federais baseia-se na
54 integração entre ciência, tecnologia e cultura como dimensões
55 indissociáveis da vida humana e, ao mesmo tempo, no desenvolvimento
56 da capacidade de investigação científica, essencial à construção da
57 autonomia intelectual.
58 Neste projeto educacional, a contribuição com o progresso
59 socioeconômico local e regional é fundamental, sendo, para isto,
60 necessário o efetivo diálogo com outras políticas setoriais. Afirma-se,
61 pois, a educação profissional e tecnológica como política pública, não
62 somente pela fonte de financiamento de sua manutenção, mas
63 principalmente por seu compromisso com o todo social.
64 De acordo com Libâneo (1994), o ensino constitui-se o principal
65 meio e fator da educação, mesmo que não seja o único e, por isso,
66 destaca-se como campo principal da instrução e da educação. O ensino
67 corresponde às ações, aos meios e às condições para a realização da
68 instrução. O ensino deve ter um caráter formador e crítico, ser
69 presencial, para construir na interação com a pesquisa e a extensão, a
70 autonomia do pensar e do fazer no exercício profissional e na ação
71 social. O ensino deve ser especialmente considerado em todos os
72 aspectos da vida acadêmica.
73 O conceito de pesquisa, por sua vez, é amplo, e recebe várias
74 conotações. Na concepção de Demo (2005), a pesquisa deve ser vista
75 como um processo social que perpassa toda a vida acadêmica, do
76 professor e do aluno. Não se pode falar de Universidade sem pesquisa,
77 se a compreendermos como descoberta e criação. Pesquisar, assim, é
78 sempre produzir conhecimento do outro para si e de si para o outro.
79 Pesquisar coincide com a vontade de viver, de mudar, de transformar,
80 de recomeçar. Dialogar com a realidade talvez seja a definição mais
81 adequada de pesquisa, porque a compreende como princípio científico
82 e educativo. A pesquisa é uma atividade intelectual de caráter artesanal,
83 devendo ser valorizada como um instrumento de desenvolvimento
84 soberano – científico, tecnológico, cultural, artístico, social e
85 econômico – do país, não podendo ser submetida a critérios de
86 produção industrial ou de mercado, devendo respeitar as condições
87 específicas das diversas áreas do conhecimento no desenvolvimento do
88 trabalho acadêmico; Nenhum trabalho de pesquisa realizado na
89 universidade pode ser submetido a qualquer forma de contrato que
90 imponha condições de segredo ou de não divulgação pública.
91 Com relação à extensão, Silva (2001) relata que os programas
92 de extensão universitária possibilitam ao aluno vivenciar o fazer, o criar
93 e o construir. E esta vivência é concretizada com a participação dos
94 discentes em projetos oferecidos pelo curso de formação em um
95 processo de integração daquilo que ocorre fora da sala de aula e que
96 possibilita o enriquecimento do processo de formação profissional. Por
97 meio de projetos de extensão são expostas as dificuldades encontradas
98 e a clara intenção de mostrar a validade deste contexto, possibilitando
99 ao acadêmico ter contato direto com o meio no qual está inserido.
100 Aragão et al (1999) sintetizam estas três definições, esclarecendo que:
101 o ensino é o ponto de partida para a apreensão do conhecimento; na
102 pesquisa, o desconhecido é definido ou redefinido em termos sociais,
103 partindo dos conhecimentos já existentes; e a extensão traduz–se pela
104 importância do conhecimento apreendido e ampliado, aumentando seu
105 alcance, menos assistencialista e mais caracterizada como intervenção
106 no contexto social.
107 A extensão deve ser uma política institucional, indissociável do
108 ensino e da pesquisa, que tenha como objetivo a identificação e o
109 acompanhamento de problemas sociais relevantes e propiciar a troca de
110 experiências e saberes entre a universidade e a sociedade. As ações
111 advindas desses projetos devem ser gratuitas e seus resultados, mesmo
112 quando fruto de convênios, devem ser publicizados sem restrições,
113 permitindo a sua apropriação pela sociedade;
114 10. Os projetos de trabalho acadêmico oriundos de propostas de
115 extensão devem estar associados ao avanço da pesquisa social, cultural,
116 artística, científica e tecnológica, sem submeter-se a interesses de
117 mercado ou envolver trabalho de adaptação tecnológica para a
118 indústria, que deve investir neste tipo de atividade. É necessária a
119 destinação anual orçamentária específica para execução dessa política
120 de extensão, que será administrada por comissão paritária de
121 professores, técnico-administrativos, estudantes e administração
122 universitária;
123 Formar profissionais competentes para atuar em situações
124 complexas, produzir conhecimento científico, elaborar materiais
125 instrucionais para socializar conhecimentos, são desafios que nos propomos
126 a encarar a partir do ensinopesquisa-extensão, tendo como princípio
127 articulador o trabalho pedagógico (CHAVES e GAMBOA
128 A articulação que deve existir entre ensino, pesquisa e extensão se
129 justifica porque os três devem estar presentes na Universidade, colaborando
130 e complementando o conhecimento. O conhecimento advindo da extensão
131 deve ser problematizado e divulgado por meio de uma produção científica,
132 o ensino deve se utilizar de pesquisas para não trabalhar apenas com
133 conhecimentos já consagrados, enfim, estes três níveis possuem uma
134 interdependência, na qual a Universidade se baseia para desenvolver uma
135 boa proposta de formação profissional.
136 A pesquisa não pode ser tratada e condicionada como um
137 “subproduto” na universidade, no entender de Fávero (1994); é preciso
138 repensar os programas e os cursos para que suas ações fundamentem-se em
139 concepções teórico-sociais de produção científica. [...] a pesquisa na
140 formação de professores vem como uma possibilidade de rompimento com
141 um ensino repetitivo, tradicionalmente e meramente repassador de
142 conhecimento. Como em “cadeia”, é possível entender que a formação do
143 professor pela pesquisa pode indicar que a sua ação docente também, por aí
144 se encaminhará. O professor pesquisador da sua própria prática deve formar
145 alunos pesquisadores (VENTORIM, 2001
146 A produção científica é parte indispensável no processo de formação
147 de professores, constitui-se como uma forma de tornar o aluno um
148 profissional crítico e reflexivo e, acima de tudo, que esteja apto para agir e
149 transformar a sua realidade, quando necessário.
150 Conclusão
151 O conceito de indissociabilidade remete a algo que não existe sem a
152 presença do outro, ou seja, o todo deixa de ser todo quando se dissocia.
153 Alteram-se, portanto, os fundamentos do ensino, da pesquisa e da
154 extensão, por isso trata-se de um princípio paradigmático e
155 epistemologicamente complexo. (TAUCHEN, 2009, p. 93).
156 Tendo em vista que o processo educativo funda-se sobre os três pilares,
157 ensino, pesquisa e extensão, como dimensões formativas e libertadoras
158 indissociáveis e sem hierarquização, a relação que a extensão estabelece
159 com o ensino e a pesquisa é dinâmica e potencializadora. Ora a extensão
160 intensifica sua relação com o ensino, oferecendo elementos para
161 transformações no processo pedagógico, onde professores e alunos
162 constituem-se como sujeitos do ato de ensinar e aprender, propiciando
163 a socialização e a aplicação do saber acadêmico. Em outros momentos,
164 intensifica sua relação com a pesquisa, utilizando-se de metodologias
165 específicas, compartilhando conhecimentos produzidos pela
166 instituição, e, assim, contribuindo para a melhoria das condições de vida
167 da sociedade.
168 Nesse sentido, é imperativo conceber a Extensão na Rede
169 Federal de EPCT como uma práxis que possibilita o acesso aos saberes
170 produzidos e experiências acadêmicas, oportunizando, dessa forma, o
171 usufruto direto e indireto, por parte de diversos segmentos sociais, a
172 qual se revela numa prática que vai além da visão tradicional de formas
173 de acesso como também de participação. A extensão tem um grande
174 leque de atuação e consequentemente, cria um manancial de dados, o
175 qual precisa ser sistematizado, com objetivo de dar visibilidade à
176 contribuição da extensão nos contextos local, regional e nacional, o que
177 não significa um engessamento das ações, mas ao contrário, favorecem
178 ao estabelecimento de definições e princípios que subsidiarão as ações
179 de cada instituição.
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