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RESUMO DE HGP – 17

AS PRIMEIRAS COMUNIDADES HUMANAS DA PENÍNSULA IBÉRICA

OS RECURSOS NATURAIS E A OCUPAÇÃO HUMANA

As primeiras comunidades recoletoras

Os primeiros grupos de homens e mulheres que habitaram a Península Ibérica viviam em comunidades: grupos
de vinte a quarenta pessoas que partilhavam entre si os abrigos, a comida, os utensílios e os perigos.
Para se protegerem do frio e dos animais ferozes refugiavam-se em grutas e outros abrigos existentes nas
rochas. Por vezes construíam cabanas com troncos, ramos e peles de animais.
As peles de animais também serviam para se vestirem. Faziam também utensílios de pedra e osso para se
protegerem, para caçar, esquartejar animais e raspar e cortar as suas peles.
As cenas de caça eram gravadas e pintadas nas paredes das grutas onde viviam. A estas gravuras e pinturas
chamamos arte rupestre.
Estas comunidades viviam da pesca, da caça, e da recoleção, por isso as chamamos comunidades recoletoras.
Isto significa que viviam da recolha do que a Natureza lhes oferecia.
Quando os recursos naturais de um local escasseavam tinham que procurar um novo local com mais frutos e
mais animais para sobreviverem. Por isso não tinham casa fixa e não permaneciam no mesmo local durante
muito tempo. Diz-se então que eram nómadas.
A descoberta do fogo permitiu defenderem-se melhor dos animais ferozes, para se aquecerem e assarem os
animais.

As comunidades agro-pastoris

Há cerca de 10000 anos a temperatura subiu, os gelos fundiram-se e o clima tornou-se quente e seco. Os
animais de clima frio desapareceram e surgiram novas espécies vegetais e animais.
Ficaram assim reunidas condições para os homens abandonarem as grutas e melhorar a sua forma de vida.
As comunidades agro-pastoris vivam da agricultura, da pastorícia e da domesticação de animais. Como viviam
perto das terras que cultivavam deixaram de precisar de se deslocar constantemente, tornando-se assim
sedentários.
Começou a haver uma maior abundância e diversidade de alimentos o que originou os primeiros povoados.
Começou-se a praticar a cestaria, a cerâmica e a tecelagem. Novos utensílios foram inventados como a foice,
a enxada de pedra, o arado de madeira e a mó manual, e deu-se maior uso da roda.
Surge também nesta época vários monumentos em pedra como antas, ou dólmenes, e os menires.

Homens dos castros

Há cerca de 2500 anos a Península Ibérica era habitada pelos:

 Celtas: povos guerreiros vindos no Centro da Europa, eram altos de cabelo e olhos claros e fixaram-se
no Norte e Oeste da Península Ibérica.

 Iberos: homens morenos e de estatura média que se fixaram no Sul e Este da Península Ibérica.

Os Iberos só conheciam o cobre e o bronze. Os celtas trouxeram o ouro e o ferro.

Com o passar do tempo estes povos acabaram por se misturar dando origem aos celtiberos.

Estas tribos viviam nos cimos dos montes rodeados por muralhas nas citânias, ou castros.
Contato com os povos mediterrânicos

Os povos do sul da Península Ibérica viviam melhor que os do norte principalmente devido ao contato com
Fenícios, Gregos e Cartagineses, que eram povos mais evoluídos.
Estes povos dedicavam-se ao comércio. Na Península Ibérica encontraram metais e em troca ofereciam
objectos de vidro, adornos, cerâmicas, tecidos de linho e púrpura.
Deixaram-nos novas ideias e costumes e deram a conhecer o alfabeto fenício, a moeda grega e a conservação
dos alimentos pelo sal.

OS ROMANOS NA PENÍNSULA IBÉRICA

A CONQUISTA ROMANA E A RESISTÊNCIA DOS POVOS IBÉRICOS

A conquista

Os romanos eram um povo proveniente da Península Itálica que conquistaram vários territórios à volta do mar
Mediterrâneo graças ao seu poderoso e organizado exército.
Atraídos pelas riquezas das Península Ibérica, conquistaram-na no séc. III a.C. Desta forma conseguiram o
domínio do comércio do Mediterrâneo.

A resistência

As populações do litoral sul não ofereceram grande resistência. O mesmo não aconteceu com os povos do
Centro e Norte que lutaram contra os romanos durante quase 200 anos. Um dos povos que se distinguiu na
luta contra os romanos foram os Lusitanos, chefiados por Viriato. Estes montavam armadilhas e emboscadas
aproveitando as montanhas e desfiladeiros.

O império romano

Entretanto não foi só conquistada a Península Ibérica, mas sim um conjunto de territórios à volta do
Mediterrâneo que fez com que os romanos construíssem um grande Império. A sua capital era a cidade de
Roma e possuíam territórios na Europa, Ásia e África. O chefe supremo do Império era o imperador.

A PENÍNSULA IBÉRICA ROMANIZADA

Herança romana

Os romanos permaneceram quase 700 anos na Península Ibérica e durante este tempo os costumes das
pessoas alterou-se e foram construídos edifícios e estruturas que influenciaram bastante o modo de vida da
população. A todas as alterações provocadas pela presença dos romanos na Península Ibérica chama-se
romanização.

As transformações mais significativas foram:

 construção de estradas, aquedutos, pontes, teatros, balneários públicos, templos, monumentos;


 casas cobertas com telha, com jardins exteriores e com mosaicos a decorar o pavimento;
 intensificação da produção agrícola (vinho, azeite e trigo) e da exploração agrícola;
 criação de indústrias: salga do peixe, olaria, tecelagem;
 desenvolvimento do comércio;
 maior uso da moeda;
 a língua falada passa a ser o latim.
Era cristã

Este período também ficou marcado pelo surgimento de uma nova religião: o Cristianismo. Esta nova religião
expandiu-se por todo o Império e a contagem do tempo passou-se a fazer pela era cristã, ou seja, a partir do
do nascimento de Jesus Cristo (quem começou a pregar esta religião e que afirmava ser filho de Deus).
Na contagem do tempo podemos utilizar o ano, a década (10 anos), o século (100 anos) e o milénio (1000
anos).
Para fazer corresponder os anos aos séculos há duas regras bastante simples:

 quando o ano termina em dois zeros o número de centenas indica o século. Ex: ano 1500, séc. XV;
 quando o ano não termina em dois zeros, acrescenta-se uma unidade ao número das centenas. Ex:
1548, séc. XVI.

OS MUÇULMANOS NA PENÍNSULA IBÉRICA

A OCUPAÇÃO MUÇULMANA

O profeta Maomet e o Islamismo

No séc. VI a Arábia (península da Ásia) era bastante pobre. Foi neste local que Maomet, nascido na cidade de
Meca, anunciou-se em 612 como profeta (enviado de Deus para revelar verdades sagradas aos homens) e
começou a pregar uma nova religião – o Islamismo.
Os seguidores desta religião são os Muçulmanos e acreditam num único deus – Alá. Os princípios desta religião
estão reunidos num livro sagrado chamado Corão.
Obrigações dos Muçulmanos:
 reconhecer Alá como Deus único e Maomet como seu profeta;
 rezar cinco vezes por dia virados para Meca;
 jejuar no mês do Ramadão;
 dar esmola aos mais pobres;
 ir a Meca pelo menos uma vez na vida.
Conquista da Península Ibérica

Os Muçulmanos começaram a conquistar novos territórios de forma a:

 expandir o Islamismo, procurando converter outros povos à sua religião;

 melhorar as suas condições de vida dado que a Arábia era um território bastante pobre.

Foram conquistados territórios na Ásia, no Norte de África e, em 711, iniciou-se a conquista da Península
Ibérica. Os Mouros (designação para os Muçulmanos oriundos do Norte de África) entraram pelo estreito de
Gibraltar e venceram os cristãos visigodos na batalha de Guadalete.
Muito rapidamente (em cerca de dois anos) os Muçulmanos ocuparam praticamente toda a Península Ibérica,
com excepção das Astúrias e parte dos Pirinéus, devido às suas condições adversas.
Esta ocupação foi realizada através do uso de armas mas, em muitos casos, faziam-se acordos com os visigodos
que lhes permitiam viver em paz e confraternizar, desde que se submetessem aos novos conquistadores.
CRISTÃOS E MUÇULMANOS NO PERÍODO DA RECONQUISTA CRISTÃ

A resistência cristã

Durante a ocupação muçulmana, alguns nobres visigodos conseguiram refugiar-se nas Astúrias (zona
montanhosa no norte da Península ibérica). Foi a partir deste local que os cristãos formaram núcleos de
resistência contra os Muçulmanos e, no ano de 722, obtiveram a sua primeira grande vitória, na batalha de
Covadonga, chefiados por Pelágio. Depois deste acontecimento formou-se o reino das Astúrias.

A Reconquista Cristã
Foi então a partir das Astúrias e junto dos Pirinéus que se iniciou a Reconquista Cristã, ou seja, os cristãos
começaram a lutar contra os Muçulmanos para voltar a conquistar as terras que perderam para os
Muçulmanos.
Reinos cristãos formados a partir do Reino das Astúrias:

 reino de Leão;
 reino de Castela;
 reino de Navarra;
 reino de Aragão.
Cada reino tinha como objectivo conquistar terras a sul aos Muçulmanos de forma a expulsá-los da Península
Ibérica.
Foram precisos quase 800 anos para o conseguirem. Entretanto também houve períodos de paz e
confraternização. Cristãos e Muçulmanos foram-se habituando a aceitar costumes e tradições diferentes dos
seus.

A HERANÇA MUÇULMANA

Influência muçulmana nos povos peninsulares

Os povos que sofreram maior influência da presença dos Muçulmanos na Península Ibérica foram os do sul
pois foi aí que permaneceram mais tempo.

As principais marcas muçulmanas foram:

 construção de mesquitas e palácios decorados com azulejos;


 casas com terraços e pátios interiores e eram caiadas de branco;
 desenvolvimento de indústrias artesanais como armas, carros e tapetes;
 desenvolvimento da agricultura com novos processos de rega, a nora, a picota e o açude;
 introdução de novas plantas como a laranjeira, o limoeiro, a amendoeira, a figueira e da oliveira;
 novos conhecimentos de medicina, navegação, astronomia e matemática;
 cerca de 600 palavras, a maior parte começadas por al.
A FORMAÇÃO DO REINO DE PORTUGAL

D. AFONSO HENRIQUES E A LUTA PELA INDEPENDÊNCIA

Condado Portucalense

Durante a Reconquista Cristã, os reis cristãos da Península Ibérica pediram auxílio a outros reinos cristãos da
Europa para reconquistar os territórios aos Muçulmanos. Os cavaleiros que vieram ajudar na luta contra os
Muçulmanos chamavam-se cruzados.

A pedido de D. Afonso VI, rei de Leão e Castela, vieram de França os cruzados D. Raimundo e D. Henrique. Em
troca pelos seus serviços os cruzados receberam:

 D. Raimundo: a mão da filha legítima do rei, D. Urraca, e o Condado de Galiza;

 D. Henrique: a mão da filha ilegítima do rei, D. Teresa, e o Condado de Portucale.

Estes condados pertenciam ao reino de Leão, por isso D. Henrique tinha que prestar obediência, lealdade e
auxílio militar ao rei D. Afonso VI. Em 1112 morre e, como o seu filho D. Afonso Henriques apenas tinha 4 anos
de idade, ficou D. Teresa a governar o Condado Portucalense.

A luta pela independência

Em 1125, aos 16 anos, D. Afonso Henriques armou-se a si próprio cavaleiro, como só faziam os reis. D. Afonso
Henriques tinha como ambição concretizar o desejo do seu pai D. Henrique: tornar o Condado Portucalense
independente do reino de Leão e Castela.
Nesta altura, D. Teresa mantinha uma relação amorosa com um fidalgo galego, o conde Fernão Peres de Trava.
Esta relação prejudicava a ambição de tornar o Condado Portucalense independente. Por isso, apoiado por
alguns nobres portucalenses, D. Afonso Henriques revoltou-se contra a sua mãe.
Em 1128, D. Teresa é derrotada na batalha de S. Mamede por D. Afonso Henriques, que passa a governar o
Condado Portucalense.

D. Afonso Henriques passa a ter duas lutas:

 luta contra D. Afonso VI, para conseguir a independência do Condado Portucalense;

 luta contra os Muçulmanos, para aumentar o território para sul.

O reino de Portugal

Para a formação de Portugal foram bastante importantes as seguintes batalhas:

 1136: batalha de Cerneja onde D. Afonso Henriques vence os galegos.

 1139: batalha de Ourique onde D. Afonso Henriques derrota os exércitos de cinco reis mouros.

 1140: batalha em Arcos de Valdevez, D. Afonso Henriques vence novamente os exércitos de D. Afonso
VII.

Com estas vitórias de D. Afonso Henriques, D. Afonso VII, seu primo agora rei de Leão e Castela, viu-se obrigado
a fazer um acordo de paz – o Tratado de Zamora. Neste tratado, assinado em 1143, Afonso VII concede a
independência ao Condado Portucalense que passa a chamar-se reino de Portugal, e reconhece D. Afonso
Henriques como seu rei.
A conquista da linha do Tejo

Feita a paz com o rei de Leão e Castela, D. Afonso Henriques passou a preocupar-se exclusivamente em
conquistar territórios a sul aos mouros de forma a alargar o território do reino de Portugal:

 1145: conquista definitiva de Leiria;

 1147: conquista de Santarém e Lisboa.

Na reconquista das terras aos mouros participou quase toda a população portuguesa que podia pegar em
armas:

 senhores nobres e monges guerreiros: combatiam a cavalo, comandavam os guerreiros e recebiam


terras como recompensa pelos seus serviços prestados ao rei;

 homens do povo: combatiam a pé e eram a grande maioria dos combatentes.

Em algumas batalhas os portugueses foram ainda ajudados por cruzados bem treinados e com armas próprias
para atacar as muralhas, vindos do Norte da Europa.

O reconhecimento do reino

Apesar de o rei Afonso VII ter reconhecido em 1143 D. Afonso Henriques como rei de Portugal, o mesmo não
aconteceu com o Papa.
O Papa era o chefe supremo da Igreja Católica e tinha muitos poderes. Os reis cristãos lhe deviam total
obediência e fidelidade. Para a independência de um reino ser respeitada pelos outros reinos cristãos teria de
ser reconhecida por ele. Para obter este reconhecimento D. Afonso Henriques mandou construir sés e igrejas
e deu privilégios e regalias aos mosteiros.
Só em 1179 é que houve o reconhecimento por parte do papa Alexandre III através de uma bula (documento
escrito pelo papa).

O REINO DE PORTUGAL E DO ALGARVE

Alargamento do território e definição de fronteiras


Portugal foi uma monarquia desde 1143 até 1910, ou seja, durante este período Portugal foi sempre
governado por um rei.
A monarquia portuguesa era hereditária. Isto significa que quem sucede um rei é o seu filho mais velho (o
príncipe herdeiro).
Depois da morte de D. Afonso Henriques sucederam-lhe:
 D. Sancho I;

 D. Afonso II;

 D. Sancho II;

 D. Afonso III;

 etc…

Os primeiros 4 reis de Portugal, a seguir a D. Afonso Henriques, continuaram a conquistar territórios aos
mouros até que em 1249 D. Afonso III conquista definitivamente o Algarve.
Entretanto, os limites do território não estavam totalmente definidos pois havia zonas a norte e a este que
ainda estavam em disputa com o reino de Leão e Castela.
Só em 1297, com o Tratado de Alcanises, entre D. Dinis, rei de Portugal, e D. Fernando, rei de Leão e Castela,
ficaram definidas as fronteiras do território português que assim se mantiveram aproximadamente até os dias
de hoje. Apenas em 1801 Espanha ocupou Olivença que já não faz parte de Portugal.

Características naturais de Portugal

O relevo de Portugal no séc. XIII apresentava características idênticas às de hoje. De realçar os contrastes que
ainda hoje existem:
 Norte/Sul: terras altas, planaltos e serras no norte enquanto que no sul predominam terras de baixa
altitude como as planícies;
 Litoral/Interior: no litoral temos pequenas planícies costeiras enquanto que no interior encontramos
planaltos e serras.
Os rios correm para o Atlântico seguindo a inclinação do relevo e existem em maior número no Norte.

Sobre o clima destacam-se três zonas climáticas:

 Norte Litoral: chuvas abundantes e temperaturas amenas tanto no Verão como no Inverno;
 Norte Interior: poucas chuvas, muito frio no Inverno e quente no Verão:
 Sul: poucas chuvas, invernos suaves e temperaturas muito elevadas no verão, sobretudo no interior.
No entanto, nem todas as características naturais permanecem exactamente iguais aos dias de hoje. Ao longo
dos tempos a paisagem do território português foi-se alterando devido à influência humana e da própria
Natureza. Um exemplo disso mesmo é o facto de os rios serem antigamente mais navegáveis mas com a
acumulação de areias trazidas pelos próprios rios o litoral ficou mais alinhado tornando os rios menos
navegáveis ao longo dos tempos.
No séc. XIII abundava a vegetação natural, ou seja, que ainda não tinha sido modificada pelo homem. No Norte
abundavam bosques e florestas muito densas com árvores de folha caduca e no Sul as florestas eram menos
densas e predominavam as folhas de folha persistente.

Atribuição de terras

Ao serem reconquistadas terras os reis tinham a necessidade de as povoar, defender e explorar para não
voltarem a ser ocupadas pelos mouros.
Os reis reservavam uma parte dessas terras para si e a grande parte era dada aos nobres e às ordens religiosas
militares como recompensa pela sua ajuda prestada na guerra, bem como às ordens religiosas não militares
para que fossem povoadas mais rapidamente.
Sendo assim, as terras pertenciam ao rei, à Nobreza e ao Clero. O povo trabalhava nessas terras e em troca
recebiam proteção.

Aproveitamento dos recursos naturais

O aproveitamento dos recursos naturais das terras era realizado através da:

 terrenos bravios: pastorícia, criação de gado, caça e recolha de produtos (como a lenha, a madeira, a
cortiça, frutos silvestres, mel e cera).
 terrenos aráveis: agricultura onde se produzia cereais, vinho, azeite, legumes, frutos e linho.
 mar e rios: pesca e salicultura.
Produção artesanal:

 O vestuário, calçado, instrumentos e todos os objetos necessários para o dia-a-dia dos pastores,
agricultores e pescadores eram feitos por eles mesmos à mão e através da utilização de produtos
retirados diretamente da Natureza ou pelos materiais fornecidos pela agricultura e pela pastorícia.

PORTUGAL NOS SÉCULOS XIII E XIV

A VIDA QUOTIDIANA NO SÉCULO XIII


Ordens sociais
A população portuguesa no séc. XIII era constituída por três grupos sociais:
 nobreza: grupo privilegiado que possuía terras, não pagava impostos, recebia impostos e aplicava a
justiça nas suas terras. A sua principal atividade era combater;
 clero: grupo privilegiado que possuía terras, não pagava impostos, recebia impostos e aplicava a
justiça nas suas terras. A sua principal atividade era prestar serviço religioso;
 povo: grupo não privilegiado que trabalhava nas terras do rei, da nobreza e do clero e que ainda
tinham que pagar impostos.
Todos os grupos sociais deviam ao rei fidelidade, obediência e auxílio.

Vida quotidiana nas terras senhoriais

As terras senhoriais, ou senhorios, pertenciam aos senhores nobres que viviam numa casa acastelada situada
na parte mais alta. À sua volta distribuíam-se campos cultivados, a floresta, o moinho e as casas dos
camponeses que trabalhavam as terras.
Nestas terras era o nobre que aplicava a justiça, recrutava homens para o seu exército e recebia impostos de
todos os que lá trabalhavam. Em troca, tinha como obrigação proteger as pessoas que estavam na sua
dependência.

Atividades dos nobres:

 em tempo de guerra: combatiam;


 em tempo de paz: praticavam a caça, a equitação e exercícios desportivos que os preparavam para a
guerra.
Distrações dos nobres:

 À noite entretinham-se com jogos de sala, como o xadrez e dados, com os saltimbancos, que faziam
proezas, e com os jograis, que tocavam e cantavam.

Casa senhorial:

 o salão era o aposento mais importante e era onde o nobre dava as suas ordens, recebia os hóspedes
e onde serviam-se as refeições;
 o mobiliário existente na casa era uma mesa, arcas para guardar a roupa e outros objetos domésticos,
poucas cadeiras e bancos chamados escanos;
 para a iluminação durante a noite utilizavam-se lamparinas de azeite ou tochas e velas de cera e sebo.
Alimentação dos nobres:

 faziam-se normalmente duas refeições, o jantar e a ceia, onde predominava a carne, pão de trigo,
vinho, queijo e um pouco de fruta.

Por outro lado, os camponeses tinham uma vida dura e difícil. Trabalhavam seis dias por semana nos campos
dos senhores nobres e ainda tinham que lhes pagar impostos pois só assim garantiam proteção.

Atividades dos camponeses:

 trabalhar nos campos.

Distrações dos camponeses:

 ida à missa, procissões e romarias.

Casa do camponês:

 tecto de colmo, paredes de madeira ou pedra, quase sem aberturas, e chão em terra batida;

 tinha só uma divisão e havia pouca mobília;

 dormia-se num recanto coberto de molhos de palha.

Alimentação dos camponeses:

 baseava-se em pão negro, feito de mistura de cereais ou castanha, acompanhado por cebolas, alhos
ou toucinho. Apenas nos dias festivos havia queijo, ovos e bocados de carne.

Vida quotidiana nos mosteiros

O clero, cuja principal função era o serviço religioso, dividia-se em dois:

 clero secular: padres, bispos e cónegos que viviam junto da população nas aldeias ou cidades;

 clero regular: frades (ou monges) e freiras que viviam nos mosteiros ou conventos.

A vida no mosteiro era dirigida pelo abade ou abadessa. Os monges dedicavam a sua vida a Deus e ao serviço
religioso, meditavam, rezavam e cantavam cânticos religiosos.
Para além do serviço religioso, os monges também se dedicavam ao ensino. Durante muito tempo, o clero foi
a única ordem social a saber ler e escrever. Fundaram-se algumas escolas junto aos mosteiros, os monges
eram os professores e os alunos eram os futuros monges. Existiam ainda os monges copistas que dedicavam-
se a copiar os livros mais importantes e ilustravam o texto com pinturas chamadas iluminuras.
Todos os mosteiros tinham enfermarias onde os doentes eram recolhidos e tratados pelos monges. Era
também dada assistência aos peregrinos que se dirigiam aos santuários para cumprir promessas ou para rezar.
O clero praticava também a agricultura. Produzia tudo o que precisava.

Alimentação dos clérigos:

 a refeição principal era tomada em comum e em silêncio, no refeitório: sopa, pão, um pouco de carne
ou peixe nos dias de abstinência.

Vida quotidiana nos concelhos

Um concelho era uma povoação que tinha recebido foral ou carta de foral. A carta de foral era um documento
onde estavam descritos os direitos e os deveres dos moradores do concelho para com o senhor (dono) da
terra.
Os moradores de um concelho tinham mais regalias que os que não lá viviam:
 eram donos de algumas terras;

 só pagavam os impostos exigidos no foral.

Existia ainda uma assembleia de homens-bons, formada pelos homens mais ricos e respeitados do concelho,
que resolvia os principais problemas do concelho. Elegiam juízes entre si para aplicar a justiça e
os mordomos que cobravam os impostos.
Os concelhos eram formados por uma povoação mais desenvolvida (a vila) e por localidades rurais à sua volta
(o termo).
Muitos dos concelhos foram criados pelo rei mas houve alguns também criados por grandes senhores da
nobreza e pelo clero nos seus senhorios e surgiram da necessidade de garantir o povoamento e a defesa das
terras conquistadas aos mouros e para desenvolver as atividades económicas.

Principais atividades:

 agricultura, pastorícia, pesca: camponeses e pescadores;


 artesanato: havia pequenas oficinas onde os artesãos executavam trabalhos à mão (manufactura),
utilizando técnicas e instrumentos muito rudimentares;
 comércio: os camponeses e os artesãos reuniam-se para vender os seus produtos dando origem aos
mercados e mais tarde às feiras (maiores que os mercados e com maior abundância e variedade de
produtos).

A criação de feiras contribuiu para o desenvolvimento do comércio interno, isto é, troca e venda de produtos
dentro do país. No entanto, nesta altura Portugal também comerciava com outros países – comércio externo.
O comércio externo contribuiu para o desenvolvimento das cidades situadas no litoral e contribuiu também
para o surgimento de um novo grupo social: a burguesia. Os burgueses eram homens do povo, mercadores e
artesãos, que enriqueceram com o comércio externo.

Vida quotidiana na corte


A corte era constituída pela família do rei, pelos conselheiros e funcionários. A corte seguia sempre o rei.

Distrações:
 Banquetes e saraus (festas à noite) onde havia espetáculos de jograis (os jograis cantavam e tocavam
instrumentos musicais).

CRISE DE 1383-1385

Portugal na segunda metade do séc. XIV

Neste período viveram-se tempos difíceis:

 Fome: deveu-se aos maus anos agrícolas por causa das chuvas intensas;

 Epidemias – deveu-se à falta de higiene e à falta de alimentação;

 Guerras – devido ao conflito com Castela.

A pior calamidade foi a Peste Negra que em menos de três meses matou cerca de um terço da população.

Problema de sucessão
Em 1383, D. Fernando assina um tratado de paz com Castela para salvaguardar a independência do reino de
Portugal – o Tratado de Salvaterra de Magos.
Neste tratado D. Fernando deu a mão da sua única filha, D. Beatriz, a D. João I, rei de Castela, e ficou
estabelecido que o futuro rei de Portugal seria o seu neto, filho de D. Beatriz, quando atingisse os 14 anos.
População dividida e revolta popular
Quando D. Fernando morre, D. Leonor de Teles, sua esposa, assume a regência do reino e aclama D. Beatriz
como rainha de Portugal.O povo ficou descontente porque não queria ser governado por um rei estrangeiro
e temia que Portugal perdesse a independência.

 Apoiantes de D. Beatriz – alto Clero e alta Nobreza porque temiam perder os seus privilégios;

 Apoiantes de D. João, Mestre de Avis – povo, burguesia, parte do Clero e parte da Nobreza porque
não queriam ser governados por um rei estrangeiro e temiam que Portugal perdesse a
independência.

Álvaro Pais planeou uma conspiração para matar o conselheiro galego de D. Leonor de Teles, o conde Andeiro.
D. João, Mestre de Avis, filho ilegítimo de D. Pedro, é escolhido para o matar. Após a morte do conde Andeiro,
D. Leonor de Teles foge para Santarém e pede ajuda a D. João I, rei de Castela. Mestre de Avis passa a Regente
e Defensor do reino com o apoio do povo.

Resistência à invasão castelhana

D. João I, rei de Castela, invade Portugal:

 ocupa Santarém;
 é vencido na batalha de Atoleiros;
 cerca Lisboa em 1384.
Lisboa esteve cercada 3 meses e só se libertou quando a peste negra atacou os soldados castelhanos.
Nas Cortes em Coimbra (1385) João das Regras provou que D. João, Mestre de Avis, era quem tinha mais
direito a ser o rei de Portugal que passa a intitular-se D. João I.
Ao saber da aclamação de Mestre de Avis como rei de Portugal, D. João I, rei de Castela, invade novamente
Portugal mas é derrotado na batalha de Aljubarrota (1385) pelos portugueses chefiados por D. Nuno Álvares
Pereira.

Consolidação da independência

D. João I, Mestre de Avis, recompensou com terras, cargos e títulos os nobres e burgueses que o apoiaram e
retirou privilégios à alta Nobreza que apoiou D. Beatriz e que fugiu para Castela.
Portugal fez ainda um tratado de amizade com Inglaterra onde os dois países se comprometeram a ajudar-se
mutuamente. esta aliança foi reforçada com o casamento de D. João I com D. Filipa de Lencastre em 1387.
Entretanto, só em 1411 o problema com Castela ficou resolvido com um tratado de paz.
Muito do que sabemos sobre o que aconteceu neste período deve-se a Fernão Lopes através das suas crónicas
sobre o que se passava no reino da época.
PORTUGAL NOS SÉCULOS XV E XVI

DE PORTUGAL ÀS ILHAS ATLÂNTICAS E AO CABO DA BOA ESPERANÇA

O caminho do mar

No início do séc. XV, a Europa vivia isolada do resto do mundo. Apenas se conhecia, além da Europa, a Ásia e
o norte de África.
Nesta altura, Portugal era um reino pobre. No entanto, encontrava-se num período de paz e sentiu a
necessidade de alargar os seus territórios. Os portugueses não podiam alargar as suas fronteiras para território
castelhano, de forma a evitar entrar em guerra com Castela, por isso decidiram encontrar novos territórios
pelo mar.
A procura de novas terras interessou todos os grupos sociais:

 a burguesia procurava riquezas e novos mercados

 a nobreza queria novos títulos e terras

 o clero pretendia converter outros povos ao cristianismo

 o povo desejava melhores condições de vida

Início da expansão portuguesa

Em 1415, Portugal conquistou Ceuta, no norte de África, com o desejo de obter ouro e dominar o comércio
do mar Mediterrâneo. Contudo, os mouros, ao perderem Ceuta, desviaram as rotas do ouro e das especiarias
para outras cidades.
Para obterem as riquezas que tanto ambicionavam os portugueses tinham então que descobrir a origem dos
produtos que os mouros comerciavam mas, para isso, tinham que ir para terras desconhecidas.
Mercadores e aventureiros tinham criados várias lendas sobre o mundo desconhecido. Pensava-se que os
navios que navegassem para sul ao longo da costa africana seriam atacados por monstros marinhos e que o
calor era tanto que os homens brancos se tornavam negros. Imaginava-se também que nas terras
desconhecidas existiam seres maravilhosos e fantásticos: animais estranhos e homens sem cabeça, só com
uma perna e só com um olho.
Os portugueses, aventureiros e corajosos, decidiram enfrentar os medos sobre o mundo desconhecido e
navegaram para sul ao longo da costa africana para áreas totalmente desconhecidas pelos europeus. O infante
D. Henrique foi quem planeou e organizou estas viagens e foi ele o responsável pelos Descobrimentos até à
chegada a Serra Leoa, em 1460.

1ª Fase dos Descobrimentos – Acontecimentos mais importantes na época de D. Henrique:

 1415 – Conquista de Ceuta – D. João I com os seus filhos D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique

 1419 – Redescoberta do arquipélago da Madeira – João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira

 1424 – Descoberta do arquipélago dos Açores – Diogo de Silves

 1434 – Passagem do cabo Bojador – Gil Eanes

 1460 – Chegada a Serra Leoa – Pedro de Cintra


Técnicas de navegação

Quando navegavam no mar alto orientavam-se pelos astros (estrela polar e sol), utilizando para isso o
quadrante, o astrolábio e a balestilha.
Passou-se a utilizar a caravela que era um navio inovador pois possuía velas triangulares que permitiam
bolinar, ou seja, navegar com ventos contrários.
Começaram a ser desenhadas as cartas náuticas com as novas terras descobertas e com informações sobre
os ventos para facilitar as viagens futuras.
Sendo assim, as viagens marítimas feitas pelos portugueses contribuíram para o desenvolvimento das técnicas
de navegação, da cartografia, da astronomia e da matemática.

Da Serra Leoa ao Cabo de Santa Catarina

Depois da morte do infante D. Henrique, D. Afonso V encarregou ao burguês Fernão Gomes de continuar as
descobertas na costa africana. Em troca, tinha o direito de comerciar nas terras descobertas por ele.

2ª fase dos Descobrimentos – Acontecimentos mais importantes na época de Fernão Gomes:

 1471 – descoberta das ilhas de S. Tomé e Príncipe

 1474 – chegada ao cabo de Santa Catarina

Do Cabo de Santa Catarina ao Cabo da Boa Esperança

Em 1474, o infante D. João passa a dirigir do descobrimentos porque as terras descobertas tinham muitas
riquezas como o ouro, marfim e escravos. Em 1488 subiu ao trono e ordenou que nas terras descobertas se
colocassem padrões (um pilar de pedra gravado com uma cruz, as armas reais e a data de implantação).
Mandou também afundar os navios de outros reinos que se encontrassem a sul das ilhas Canárias. foi na sua
época que se descobriu o limite a sul do continente africano e a passagem para o oceano Índico.

3a fase dos Descobrimentos – Acontecimentos mais importantes na época de D. João II:

 1480 – Tratado de Alcáçovas

 1482 – Chegada à foz do rio Zaire

 1488 – Passagem do cabo da Boa Esperança – Bartolomeu Dias

Tratado de Tordesilhas

O grande desejo de D. João II era chegar à Índia por mar por causa do comércio das especiarias. No entanto,
também Castela tinha o mesmo desejo. Em 1492, Cristóvão Colombo, ao serviço de Castela, chega à América
quando procurava chegar à Índia navegando para oeste. Esta descoberta criou um conflito entre Portugal e
Castela porque segundo o Tratado de Alcáçovas, assinado em 1480, as terras a sul das ilhas Canárias
pertenciam a Portugal. Sendo assim, as terras descobertas por Cristóvão Colombo deveriam pertencer a
Portugal.
Para resolver este conflito foi necessária a intervenção do papa que levou os dois monarcas dos dois reinos a
assinar um novo acordo – o Tratado de Tordesilhas. Segundo este tratado o mundo ficava dividido em duas
partes por um meridiano a passar a 370 léguas a ocidente de Cabo Verde. As terras que fossem descobertas a
oriente pertenceriam aos portugueses e a ocidente seriam para Castela
CHEGADA À ÍNDIA E AO BRASIL

Chegada à Índia

D. João II acabou por não ver o seu sonho realizado. Após a sua morte, sucedeu-lhe o seu primo D. Manuel I
que decidiu continuar os descobrimentos. Em 1497 nomeou Vasco da Gama capitão-mor de uma armada
constituída por quatro navios: as naus S. Gabriel, S. Rafael e Bérrio, mais uma embarcação com mantimentos.
O objetivo desta armada era chegar à Índia por mar. A viagem durou um ano e em maio de 1498 os
portugueses chegam a Calecut.

Descoberta do Brasil

Quando Vasco da Gama chega à Índia, os portugueses foram no início bem recebidos. No entanto, começaram
a sentir algumas hostilidades e para garantir o domínio português partiu de Portugal uma armada em Março
de 1500. Esta nova armada, chefiada por Pedro Álvares Cabral, era constituída por treze navios. Um desvio
feito a ocidente levou os portugueses a descobrirem o Brasil.

O IMPÉRIO PORTUGUÊS NO SÉCULO XVI

No fim do século XVI, Portugal tinha um império de grande extensão. Possuía territórios na África, Ásia e na
América mais as ilhas atlânticas.

Os arquipélagos da Madeira e dos Açores

Os arquipélagos da Madeira e dos Açores foram bastante importantes porque as embarcações que se dirigiam
para África e para a Índia iam-se abastecer de alimentos frescos nestas ilhas.
Na Madeira predominavam as árvores, por isso o seu nome.
Nos Açores, encontraram muitas aves de nome açores e outras.

Relevo

O relevo das ilhas atlânticas é muito montanhoso e de origem vulcânica. É na ilha do Pico que se encontra o
pico mais alto de Portugal, com 2351 metros de altitude.
Os cursos de água existentes são pouco extensos por isso têm o nome de ribeiras. Nos Açores são famosas
algumas lagoas formadas nas crateras de vulcões extintos.

Clima e vegetação

A Madeira, situada mais a sul e próximo de África, tem um verão quente e seco e um inverno ameno, com
precipitações mais elevadas na montanha e vertente norte.
Estava coberta de densas matas onde predominavam os dragoeiros, loureiros, urzes, giestas, zimbro e jasmim.
Por seu lado, nos Açores não se notam grandes diferenças de temperatura nas diferentes estações do ano. É
frequente o nevoeiro e as chuvas são abundantes, sobretudo nos meses de Outubro a Janeiro.
Nas matas predominavam os cedros, loureiros, faias, urzes, giestas e fetos gigantes.

Colonização

Quando os portugueses descobriram a Madeira e os Açores encontravam-se desabitadas. O clima ameno e as


terras férteis levaram o infante D. Henrique a realizar de imediato a sua colonização, ou seja, o povoamento
e aproveitamento dos seus recursos naturais.
As ilhas foram divididas em capitanias, cada uma com um capitão que tinha como função povoá-las e cultivar
as suas terras. As pessoas que saíram do continente para as ilhas chamavam-se colonos.
Principais atividades e produtos

Os colonos dedicaram-se sobretudo à agricultura e à criação de gado. Na Madeira introduziram-se as culturas


da vinha, cana de açúcar, árvores de fruto e cereais. Nos Açores o trigo, a criação de gado e as plantas
tintureiras foram as principais riquezas.

Territórios na África

A vida dos povos africanos

Os portugueses avistaram povos de raça negra abaixo do deserto do Sara. Estes povos viviam do
aproveitamento dos recursos naturais existentes: caçavam, criavam animais, pescavam, recolhiam frutos,
cultivavam o inhame (batata-doce) e faziam o aproveitamento de alguns minerais como o ouro e o cobre que
trocavam por outros produtos.
Os povos africanos estavam organizados em reinos que se guerreavam entre si. Normalmente os vencidos
eram feitos escravos.
Na maioria dos reinos praticava-se a poligamia, ou seja, um homem podia ter várias mulheres. Andavam todos
nus da cintura para cima e vivam em palhotas.

Contatos entre portugueses e africanos

Os portugueses faziam comércio com os africanos. Ofereciam sal, trigo, objetos de cobre e latão e tecidos
coloridos de pouco valor. Em troca recebiam ouro, escravos, marfim e malagueta. Nos locais com bons portos
naturais e onde o comércio era mais intenso os portugueses estabeleceram feitorias.
Além dos contatos comerciais, os portugueses realizaram expedições, da costa africana para o interior, para
dominar alguns reis, desenvolver relações de paz e amizade e também para cristianizar os povos africanos. Os
missionários fundaram escolas, foram-se construindo igrejas, fortalezas e criaram-se alguns povoados
comerciais onde viviam africanos e colonos portugueses.

Territórios da Ásia

A vida dos povos asiáticos

Na Ásia os portugueses conquistaram Goa, Malaca e Ormuz, na Índia, e no Extremo Oriente chegaram às
Molucas, ao litoral da China, a Cantão, Timor, Japão e a Macau.
Em todos estes locais os portugueses encontraram povos de cor de pele, costumes, religião e formas de vida
diferentes. Os chineses e os japoneses foram os que causaram maior admiração.

Contatos entre portugueses e asiáticos

Os portugueses comercializavam com os asiáticos. Goa, Malaca e Macau eram as principais feitorias. Os
portugueses levavam para o Oriente vermelhão, cobre, prata e ouro (por amoedar) e em troca recebiam
especiarias, pedras preciosas, porcelanas, perfumes, sedas e madeiras.
Goa era a capital portuguesa na Índia e lá viviam aí muitos portugueses. No entanto, milhares de colonos
portugueses instalaram-se por todo o Oriente, sendo frequente os casamentos com mulheres indianas.
Também se construíram igrejas, escolas e seminários nas terras asiáticas.
Territórios da América

A vida dos índios brasileiros

O Brasil era um território com imensas florestas, aves e frutos de grande beleza. Os índios viviam de uma
maneira bastante simples em estreita relação com a natureza. Dedicavam-se à caça, à pesca e ao cultivo da
mandioca. Eram pacíficos e acolhedores e receberam os portugueses com simpatia.

Colonização
Inicialmente os portugueses deslocavam-se ao Brasil apenas para trazer o pau-brasil e aves exóticas. Em 1530,
iniciou-se a colonização. O rei dividiu as terras em capitanias, tal como nos arquipélagos da Madeira e dos
Açores. Os colonos portugueses começaram a cultivar a cana-de-açúcar e a bananeira.
Os índios não eram fáceis de escravizar por isso os portugueses levaram para o Brasil muitos escravos
africanos.

A VIDA URBANA NO SÉCULO XVI – LISBOA QUINHENTISTA

Importância da cidade de Lisboa no séc. XVI

No séc. XVI Lisboa era uma das cidades mais importantes da Europa devido à chegada de mercadorias oriundas
do Oriente, África e Brasil, que depois eram distribuídas pelo centro e norte da Europa.

Produtos que chegavam a Lisboa

 Oriente: especiarias, sedas, porcelanas, pedras preciosas

 África: ouro, malagueta, marfim, escravos

 Brasil: açucar, pau-brasil, animais exóticos

Crescimento da cidade

Nos reinados de D. João II e de D. Manuel I Lisboa teve um desenvolvimento tão grande que as suas
construções começaram a ocupar espaços fora das muralhas construídas por D. Fernando (Cerca Nova ou
Cerca Fernandina).
O rei D. Manuel deixou o Paço de Alcáçova, junto ao Castelo, para ir viver mais junto ao Tejo, no Paço da
Ribeira, para melhor vigiar o movimento marítimo.

Locais importantes da cidade

 Paço da Ribeira: onde se encontravam os aposentos do rei e a Casa da Índia (local abastecido de
produtos vindos do Oriente)

 Rossio: onde os camponeses vendiam os seus produtos

 Rua Nova dos Mercadores: onde havia mercadores de toda a parte do mundo

 Ribeira das Naus: onde se construíam navios

 Hospital Todos-os-Santos: recebia doentes, pobres e órfãos

 Misericórdia: recebia pobres e crianças abandonadas

 Feira da Ladra: onde se vendiam produtos usados


Movimento de pessoas

 Emigração: muitas pessoas partiram para as ilhas atlânticas, Brasil e Oriente, à procura de melhores
condições de vida.

 Imigração: chegaram a Lisboa muitas pessoas vindas de todo o mundo: comerciantes, artesãos,
artistas, escravos…

 Migração interna: muitos camponeses abandonaram os campos e foram para a cidade à procura de
melhor condições de vida.

Distribuição da riqueza

 Nobreza:

o recebia riquezas

o gastava dinheiro em luxos, vestuário e na habitação

o as famílias mais ricas tinham todas escravos

 Clero:

o foi beneficiado com a construção e adornação de igrejas e mosteiros

 Grande parte do povo:

o vivia em extrema pobreza

o muitos eram vagabundos, mendigos, miseráveis

 Corte:

o das mais ricas e luxuosas da Europa

o eram frequentes os banquetes e saraus com músicos, poetas e escritores

o o rei realizava ainda cortejos para exibir a sua riqueza, onde desfilavam músicos ricamente
vestidos e animais raros

Cultura

 Literatura

o Luís de Camões: “Os Lusíadas”

o Fernão Mendes: “A Peregrinação”

o Pêro Vaz de Caminha: “Carta do Achamento do Brasil”

o Damião de Góis e Rui de Pina: crónicas de reis

o Bernardim Ribeiro, Sá de Miranda e Garcia de Resende

 Matemática

o Pedro Nunes
 Medicina

o Garcia de Orta e Amato Lusitano

 Geografia e Astronomia:

o Duarte Pacheco Pereira

 Zoologia e Botânica:

o Garcia da Orta

Arte
 Arte Manuelina na arquitetura: decoração com elementos alusivos às viagens marítimas (cordas,
redes, conchas, naus, caravelas, esferas armilares) como no Mosteiro dos Jerónimos e Convento de
Cristo.

 Arte Manuelina na escultura, pintura, ourivesaria, cerâmica e mobiliário: revelam também


influências dos Descobrimentos

PORTUGAL: DA UNIÃO IBÉRICA À RESTAURAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA

A MORTE DE D. SEBASTIÃO E A SUCESSÃO AO TRONO

Perda da independência

Quando D. João III morreu, sucedeu-lhe o seu neto D. Sebastião. Como tinha apenas 3 anos, D. Catarina assume
a regência do reino, seguindo-lhe o cardeal D. Henrique.
Aos 14 anos, D. Sebastião assume ele próprio o governo do reino e decide conquistar o norte de África. No
entanto, não foi bem sucedido e morreu na batalha de Alcácer Quibir sem deixar descendentes. D. Henrique
passa a ser o rei de Portugal mas o problema de sucessão não estava resolvido pois também ele não tinha
filhos.

Surgiram então vários pretendentes ao trono:

 D. Filipe II, rei de Espanha, apoiado por:

o grande parte do clero e da nobreza: porque temiam perder privilégios e aspiravam novos
cargos e terras

o alta burguesia: porque pretendia novos mercados

 D. António, prior do Crato, apoiado por:

o povo e parte da nobreza: não queriam ser governados por um rei estrangeiro e temiam que
Portugal perdesse a independência

 D. Catarina, duquesa de Bragança, apoiada por:

o muitos nobres e elementos do clero, mas desistiu e apoiou a candidatura filipina


O DOMÍNIO FILIPINO E OS LEVANTAMENTOS POPULARES

União Ibérica (1580)

Cortes em Almeirim: D. Filipe II é aclamado rei de Portugal

Batalha de Alcântara: D. António, apoiado pelo povo, enfrenta o exército de D. Filipe II mas é derrotado e
foge, primeiro para os Açores e depois para Inglaterra
Cortes de Tomar: D. Filipe II, rei de Espanha, prestou juramento como rei de Portugal, foi intitulado como D.
Filipe I, rei de Portugal, e fez várias promessas entre as quais:

 manter a moeda, língua e costumes portugueses

 cargos de governo de Portugal apenas para portugueses

D. Filipe I cumpriu a maioria das promessas que fez mas os seus sucessores, D. Filipe II e D.Filipe III, não
respeitaram as promessas feitas aos portugueses. A situação piorou quando Espanha entrou em guerras
contra a Holanda, França e Inglaterra, e surgiram revoltas dentro do próprio país. Tudo isto teve consequências
para Portugal:

 aumento dos impostos

 soldados portugueses no exército espanhol

 espanhóis nomeados para cargos em Portugal

 ataque dos inimigos de Espanha às colónias portuguesas

Surgiu a revolta popular rapidamente reprimida violentamente pelo exército espanhol.

A REVOLTA DE 1º DE DEZEMBRO E A GUERRA DA RESTAURAÇÃO

A União Ibérica, que durou 60 anos, acabou por trazer vários prejuízos a Portugal. À revolta popular juntou-se
o descontentamento da nobreza em muito prejudicada neste período.

1 de Dezembro de 1640

Um conjunto de nobres aproveitou o enfraquecimento da Espanha e a ausência do rei em Portugal para


organizar uma conspiração para matar a vice-rei de Portugal, a duquesa de Mântua. Bem sucedidos,
aclamaram a Restauração da Independência.

Cortes em Lisboa

D. João, duque de Bragança, é aclamado rei de Portugal com o título de D. João IV.

Guerra da Restauração

D. João IV procurou organizar o exército, fabricou armas e fortalezas junto às fronteiras com Espanha. Durante
28 anos Portugal esteve em guerra com Espanha, que só terminou com o Tratado de Madrid, assinado em
1668.

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