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NÃO SEI O NOME, MAS É MEU LIVRO.

Por Jaiadeva Seus

Prologo

Eu sou o vigésimo novo filho da imperatriz da lua, príncipe do registro eterno, o salão da
biblioteca infinita, a real lua oculta.

Posso não ser o mais rápido entre meus irmãos, não tenho a armadura brilhante de Ilir, nem os
doces olhos do dançarino rubro, não tenho os cachos ambarinos de Alara nem conheço a
canção das coisas com Eluh. Ha pouca pompa em meus papiros, eles existem em sua
inexistência, são minha eternidade e prisão solitaria, pois ninguém mais visita meus longos
domínios, para ouvir antigas historias. Assim, virei essa coluna solitária, o brilho da lua
resplandecendo eternamente nesse vazio... Você deve estar se perguntar leitor, porque o
narrador se apresentaria assim, de qual império ele fala, quem são e porque você se
interessaria por seus irmãos e irmãs, quem é... era, nosso mãe.

Mas se você achou esse livro, folheou suas paginas e desejou ler, tavez um pouco do sangue
de prata ou ouro corra em suas veias.

Bem, permita-me me sentar em uma cadeira feita de memorias perdidas, e contar uma
historia que você ignora, uma historia sobre você, sobre todos, sobre a realidade, mas que
meros ecos foram dispersados pelas culturas sobre a Terra.

Essa é a historia de três impérios, 5 pilares, 28 casas e de muitas formas 1 príncipe em especial,
e como tudo mudou em seu nascimento imprevisto.

Bem, por onde começar? Lutei para entender onde era o começo ideal, sabe, historias
precisam de um ponto onde o novelo se desenrola e quando se é o eterno bibliotecário de um
arquivo tão vasto, é uma decisão importante, então achei que seria melhor começar por meu
avô.

Começar do inicio, não de seu mundo, não de nenhum mundo em especifico, mas do que
existe entre eles. Bem, essa é a historia que desejo te contar, e quem sabe assim, dividir o peso
de meus ombros, e sermos juntos pilares erguendo as memorias que só os mais antigos das
almas testemunharam?

Cap 1

Existe um Vazio eterno, no vão entre os mundos, onde o nada abarca a realidade e o tempo, e
onde anos, séculos e milênios, onde luz e escuridão, grito ou mesmo silencio, onde mesmo
existir e inexistir não são, e esse é meu avô, e em sua solidão de não ser duas luzes vieram a
ser, uma iluminando em um brilho quente e resplandecente enquanto da escuridão da nova
existência, a outra irradiava em brilhos frios e iridescentes o seu tão novo ser.

E eles existiam no não ser, fora do tempo, fora de um local, eles existiam na inexistência e isso
os forçou para fora do ventre do não Ser, não em irá ou fúria, mas em necessidade, para que o
que aquele que não era continuasse a não ser, e aqueles que eram, pudessem Ser plenamente.

E os brilhos gêmeos vieram a um universo, e cruzaram as estrelas, as galáxias, e voaram pelo


espaço, sem forma, sem corpo, vendo o brilho do universo dançando e se unindo ao Seus,
visitaram estrelas, planetas, buracos negros e galáxias, por gerações sem fim ouviram a musica
de cada pedaço desse universo, tocaram as cores e experimentaram a luz de cada constelação,
até que ouvindo um doce lamento avistaram um pequeno e peculiar planeta, em chamas de
fogo e fumaça em fúria.

Ouviram o lamento e cantaram com o lamento, primeiras notas de interrogação, tentando


entender o que era o lamento, e entendendo o que era dor, choraram em sua canção, pois não
tinham mais o abraço do Vazio que os parira, e lamentando por eles a terra igualmente chorou,
e chorando por séculos voltaram a se interrogar, agora sobre o porque da jovem terra chorar,
e ela cantou notas de medo e desespero, e eles choraram com ela pelo seu medo e desespero.

Mas com o tempo a musica foi lentamente mudando, os Gêmeos começaram uma musica de
consolo, de proteção, de promessas indizíveis, entendida só no vazio entre as notas dessa
musica.

E quando a musica de lamento teve fim as luzes se lançaram sobre a terra, envolvendo ela e
abraçando ela em sua nova canção de conforto.

E do conforto do abraço das notas, a terra mudou e foi nutrida, a fúria e a fumaça iluminadas
pelas luzes gêmeas moldaram a superfície, e a luz se fez agua, e a luz a aqueceu.

E o vapor se fez capa, e as luzes a firmaram em fios de uma nova musica, e a terra feliz com
sua canção gerou vida.

E a vida se desenvolveu, e a terra sorria pela companhia das luzes.

Porem com o tempo a dor voltou, e temendo perder as luzes a terra chorou e a beleza sobre
ela sofreu, e as luzes vendo voltaram a cantar em interrogação, e uma musica lenta de
lamento brotou da terra, o medo de perder as luzes que a abraçaram.

Da musica de consolo surgiu uma musica de alegria, e da musica surgiu a dança.

A Terra tomou o corpo de uma filha de sua carne, e andou sobre si mesmo rodopiando e
sentindo a si mesmo, e as luzes vieram até ela, mas elas eram fortes, e seu mero toque
destruía a fragilidade dos filhos da terra.

Então a terra fez de si um novo corpo, e usando os minerais de seu interior brotou um corpo
para si, e dançou com as luzes gêmeas que a tocando a iluminavam sem ferir a pele, ou
queimar ao toque, e a alegria da musica aumentou, até que curiosa, a Terra quis dançar com
seus filhos , e assim o fez. E bebeu de suas bebidas, em suas simples cidades e em suas
fogueiras, e dançou suas danças, suas musicas, e conheceu suas línguas e suas artes e feliz quis
compartilhar comas Luzes que eram tão amigas e as chamando observou o fascínio de sua cria
pelos Gêmeos, e ouviu a canção de fascínio dos gêmeos por sua criação, mas ouviu ao fundo o
medo, de ambos, um pelo outro.

Sua cria temendo por si. Os gêmeos temendo pelo toque da dança que tanto desejavam.
Então a terra cantou sua canção, e o mundo silenciou pois essa era sua canção, não de dor,
não de lamento, não de temor, mas a canção da criação, e juntando o melhor e mais puro dos
minérios de si, dos poucos minérios que tinham caído do espaço para ela, do material formado
pelo toque dos gêmeos em tudo, dois corpos nasceram, brotando vivos e convidativos em sua
musica, e na canção que durou eras, os Gêmeos se lançaram sobre eles, abraçando e sendo
abraçados, e eles vieram a ser novamente, abrindo os olhos um para o outro, vendo a luz que
resplandecia sem fim no interior de cada um, e ao som da musica de seu nascimento,
dançaram.

O corpo esguio similar a uma fêmea entre a cria da terra, de cabelos longos e ondulados,
negros como a noite contrastando ao branco de sua pele, ao rubro de seus lábios, e ao branco
pleno de seus olhos. E ela sorriu, pois ela se sentiu ela, e seu brilho resplandeceu frio, nupcial,
convidativo, e todos que a olhavam a chamaram por um único nome, Seleah, Lua, pois tudo
dela era igual ao brilho da lua cheia.

E ela olhou para seu par, cabelos longos cor de cobre, olhos como a fúria do fogo, e a pele
respingada de pontos, hora como ouro, hora como cobre, e cujo sorriso quente a chamava, e
cujo brilho quente iluminava a noite. E os filhos da terra o chamaram de Halit, Sol, pois seu
brilho resplandecia e vivificava a todos.

E ele olhou para ela, e ela olhou para ele, e não mais desejaram dançar com os filhos da terra,
eles desejaram dançar entre si, e voltaram a sua dança. Voaram pelos céus, mergulharam nas
profundezas dos mares, percorreram a vastidão, e no fim cantaram uma musica de desejo, e
dançaram uma dança de prazer.

E ela chamou por ele, trazendo aos lábios não Halit, não o nome dado pelo povo da terra, mas
o nome que só ela sabia, e ele respondeu a ela, chamando pelo nome que só ele e o vazio
conheciam e assim se uniram, sorriram e conversaram por dias e noites sem fim, criando
línguas enquanto se amavam, e ao fim um olhou para o outro e entendeu o desejo do coração
do outro, e desejosos por criar, tal qual a terra criou, filhos de si, partiram, Ele, o Imperador do
Sol, para Leste, viajando pelas aguas, e Ela, Imperatriz da Lua, para o Norte, escalando
montanhas em busca da inspiração para seus filhos.

Cap. 2

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