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O médico austríaco Leo Kanner usou essa palavra em 1943 para descrever
uma série de sintomas que observava em alguns de seus pacientes. Com o
passar dos anos, porém, ficou provado que essas crianças apresentavam
apenas uma das manifestações de autismo. Na verdade, as dificuldades do
autista variam em grau e intensidade e o comprometimento pode ser muito
grave e estar associado à deficiência mental, ou tão leve que o portador do
transtorno consegue levar uma vida próxima do normal.
Apesar de autismo não ter cura, quanto antes for diagnosticado, melhor.
Crianças convenientemente tratadas podem desenvolver habilidades
fundamentais para sua reabilitação. O problema é que, muitas vezes, os pais
se recusam a admitir que o filho tem algumas características que requerem
atenção especial e não procuram ajuda.
Na verdade, não é exagero dizer que autismo não é uma doença; é um capítulo
da neuropediatria.
PREVALÊNCIA
Drauzio – Existe concentração de casos de autismo em certas famílias?
José Salomão Schwartzman – Existe um fator genético indiscutível. Nos
casais que já tiveram filhos autistas, a probabilidade de ter mais um é de cerca
de 2%. Parece pouco, mas significa um risco de 50 a 100 vezes maior do que
na população em geral.
Drauzio – Qual é a prevalência do autismo na população?
José Salomão Schwartzman – Admite-se que a prevalência não só do
autismo clássico, mas de todas as condições do espectro autista seja de um
para mil. Na Califórnia (EUA), os últimos relatos falam de um caso para cada
150 crianças, o que não é possível. Talvez, o conceito deles seja tão amplo,
que daqui a pouco todos nós seremos considerados um pouco autistas.
Drauzio – Qual é a vantagem do diagnóstico precoce de uma doença que
pode ter uma evolução que vai desde o retardo mental e a impossibilidade
de aprender até a genialidade se o conhecimento for dirigido?
José Salomão Schwartzman – Se tenho uma criança que necessita de mais
estímulo para tentar estabelecer uma relação com a mãe, com o pai, com os
irmãos, o aconselhamento familiar precoce permite ensinar técnicas que
tentem facilitar essa comunicação. Além disso, existem medicamentos que
podem ser indicados em determinadas situações.
Não há cura para o autismo, mas acontece que algumas pessoas têm melhora
tão grande com o tratamento que podem levar vida independente. Tenho
autistas adultos, casados, com filhos, que são excepcionalmente bem dotados
em algumas áreas do conhecimento e tomaram consciência da própria doença
aos 40 anos. Esses tiveram um percurso feliz, porque o distúrbio evoluiu de
forma adequada e, em grande medida, tiveram famílias e escolas que
souberam trabalhar suas dificuldades.
Publicado em 12/12/2011.
Revisado em 06/08/2013.
Como identificar os primeiros sinais de
autismo leve
Beatriz Beltrame
Pediatra
O autismo leve pode ser diagnosticado em qualquer fase da vida e não tem cura,
mas ele geralmente é diagnosticado na infância quando a criança apresenta
algumas características do autismo, que podem ser observadas pelos familiares ou
professores, por exemplo.
Os primeiros sintomas do autismo leve podem ser observados quando a criança,
entre os 3 e 5 anos de idade, já apresenta dificuldades no relacionamento, na fala
e na interação com os outros.
Sintomas e características do autismo leve
Os sintomas e características do autismo leve podem abranger uma destas 3
áreas:
Problemas na comunicação, como não conseguir falar corretamente, dar uso
indevido às palavras, não saber expressar-se utilizando palavras;
Dificuldade na socialização, como dificuldade em ter amigos, em iniciar ou
manter uma conversa, olhar nos olhos;
Alterações de comportamento, como padrão repetitivo de movimentos e
fixação por objetos.
Nutricionista
A alimentação para autismo deve ser isenta de caseína, glúten e soja. Essa dieta
promove alterações cerebrais que diminuem a euforia e a agressividade dos
autistas, sendo uma ótima forma de complementar o tratamento do autismo infantil
e adulto.
Os autistas tendem a ter algumas deficiências nutricionais, que quando são
supridas também ajudam a controlar melhor a doença. A maior parte dos autistas
possui:
Deficiência em zinco;
Excesso de cobre;
Deficiência em cálcio e magnésio;
Deficiência em ômega 3;
Deficiência de fibras;
Deficiência em antioxidantes.
O autista é incapaz de tirar o total proveito das terapias comportamentais se
tiver um cérebro desnutrido, inflamação gastrointestinal ou acúmulo de compostos
tóxicos - fatores que prejudicam a comunicação cerebral. Por isso, a alimentação é
fundamental.
O que o autista deve comer
Algumas dicas do que se pode comer no autismo são:
Alimentos ricos em ômega 3 como sardinha, salmão, cavala, nozes,
amêndoas, avelãs, cajus, pinhões, sementes de linhaça, sementes de
abóbora, sementes de chia;
Alimentos ricos em antioxidantes, como frutas e legumes orgânicos.
Alimentos ricos em ômega 3
biológica
caseína
A dieta sem glúten, sem caseína e sem soja de todas as abordagens dietéticas é a
que tem revelado efeitos mais positivos no maior número de crianças com autismo.
Como esta dieta é muito específica é importante o acompanhamento de um
nutricionista.
Veja como garantir a quantidade de cálcio que a criança precisa: Alimentos ricos em
cálcio sem leite.
Tratamento do autismo
Beatriz Beltrame
Pediatra
Psicomotricidade
Pode ser orientada por um fisioterapeuta especialista e durante as sessões podem
ser realizados diversos jogos e brincadeiras que podem ajudar a criança a focar
sua atenção em apenas uma coisa de cada vez, a amarrar os sapatos,
contribuindo para um melhor controle dos movimentos, combatendo os
movimentos repetitivos, que são comuns em caso de autismo.
Equoterapia
A terapia com cavalos é muito útil para melhorar a reação de endireitamento do
corpo, quando a criança está em cima do animal, a coordenação motora, o
controle da respiração e desenvolver a autoconfiança do autista. As sessões
geralmente duram entre 30 minutos e 1 hora.
Como cuidar da criança autista em casa
Alguns cuidados importantes que se deve ter em casa, para melhorar a qualidade
de vida do autista, são:
Observar se o filho possui algum talento especial, porque muitos autistas
possuem aptidão para matemática, música, desenho ou informática, por
exemplo;
Respeitar as rotinas, pois o autista não tolera bem as mudanças;
Evitar ter móveis e objetos desnecessários em casa, para protegê-los de
acidentes;
Desenvolver bons hábitos do sono, respeitando o horário de dormir, com luzes
menos intensas e refeições leves antes de ir para cama.
Uma outra dica importante é evitar locais como lanchonetes e supermercados, pois
para o autista existem muitos estímulos nestes locais, que o incomodam como
luzes muito fortes, auto falantes anunciando as ofertas do dia, alguém tossindo e
bebês chorando, por exemplo. Com o passar o tempo, os pais vão percebendo o
que o filho tolera ou não e assim que se sentirem seguros poderão levar a criança
para estes locais.
O autista pode frequentar a escola como qualquer outra criança, não necessitando
do ensino especial, mas isso depende do grau do autismo. No entanto, nos casos
de autismo mais graves a criança pode encontrar mais dificuldade para
acompanhar seus colegas de classe, gerando sintomas como ansiedade e
irritabilidade, que podem comprometer o aprendizado. Por isso, alguns pais optam
por matricular seus filhos na escola especial ou contratam professores para
ensinar a criança em casa.
Os pais do autista devem ter, de tempos em tempos, um dia de descanso para
renovar as suas forças porque somente assim poderão oferecer o melhor para os
seus filhos.
Pediatra
Não olhar nos olhos ou evitar não olhar nos olhos mesmo quando alguém fala
com ela, estando bem próximo;
Risos e gargalhadas inadequadas ou fora de hora, como durante um velório
ou uma cerimônia de casamento ou batizado, por exemplo;
Não gostar de carinho ou afeto e por isso não se deixa abraçar ou beijar;
Dificuldade em relacionar-se com outras crianças e por isso prefere ficar
sozinho do que brincar com elas;
Repetir sempre as mesmas coisas, brincar sempre com os mesmos
brinquedos.
Dificuldade de comunicação
A criança sabe falar, mas prefere não falar nada e mantém-se calada por
horas, mesmo quando fazem perguntas para ela;
A criança refere-se a si mesma com a palavra: você
Repete a pergunta que lhe foi feita várias vezes seguidas sem se importar se
está chateando os outros;
Mantém sempre a mesma expressão no rosto e não entende gestos e
expressões faciais dos outros;
Não atender quando é chamado pelo nome, como se não estivesse ouvindo
nada, apesar de não ser surdo e de não ter nenhum comprometimento
auditivo;
Olhar com o canto do olho quando sente-se desconfortável;
Quando fala a comnunicação é monótona e com tom pedante.
Alterações comportamentais
Não tem medo de situação perigosas, como atravessar a rua sem olhar para
os carros, chegar muito perto dos animais aparentemente perigosos, como
cães de grande porte;
Ter brincadeiras estranhas, dando funções diferentes aos brinquedos que
possui;
Brincar com somente uma parte de um brinquedo, como a roda do carrinho,
por exemplo, e ficar constamente olhando e mexendo nela;
Aparentemente não sente dor e parece que gosta de se machucar ou de
machucar os outros de propósito;
Leva o braço de outra pessoa para pegar o objeto que ela deseja;
Olha sempre na mesma direção como se estivesse parado no tempo;
Fica se balançando para frente e para trás por vários minutos ou horas ou
torcer as mãos ou os dedos constantemente;
Dificuldade a se adaptar a uma nova rotina ficando agitado, podendo se
autoagredir ou agredir os outros;
Ficar passando a mão em objetos ou ter fixação por água;
Ficar extremamente agitado quando está em público ou em ambientes
barulhentos.
Caso os pais ou professores observem estes sintomas na criança é recomendada
uma consulta com um neuropediatra para que ele faça o diagnóstico do autismo e
indique o tratamento adequado.
Será Autismo?