Professional Documents
Culture Documents
PÁGINA
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
Ramo que abrange parte de nossas ações cotidianas relacionadas ao Direito Civil.
- Teoria Geral das Obrigações (estudado atualmente)
- Teoria Geral dos Contratos
“No Direito Civil, a parte relativa aos vínculos jurídicos, de natureza patrimonial, que se
formam entre sujeitos determinados para a satisfação de interesses tutelados pela lei, se acha
sistematizada num conjunto de noções, princípios e regras a que se denomina, com mais
frequência, Direito das Obrigações” (Orlando Gomes).
RELAÇÃO SIMPLES: “As partes correspondem a duas pessoas, figurando cada qual,
unicamente, na qualidade de credor e de devedor, ou seja, tendo uma exclusivamente direito
e outra dever. Essas relações são as que derivam de contratos unilaterais. Não são as mais
frequentes, por importarem gratuidade. Falta-lhes o objetivo da troca de vantagens ou
utilidades, que norteia a vida econômica”. (Orlando Gomes).
RELAÇÃO COMPLEXA: “As duas posições, de credor e de devedor, são ocupadas, ao
mesmo tempo, pelos sujeitos da mesma relação obrigacional. Um deles é o credor e também
devedor do outro em condições de reciprocidade próprias dos contratos bilaterais ou
signalamáticos”. (Orlando Gomes).
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA 2 2
PÁGINA
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
O credor, que também pode ser chamado de sujeito ativo ou accipiens, é aquele que tem um
interesse a ser satisfeito e o direito subjetivo de exigir um comportamento certo e determinado
de outrem, que é o devedor. Portanto, o devedor, também designado como sujeito passivo ou
solvens, é aquele que tem o dever da prestação, o dever de um comportamento certo e
determinado para com o credor. O devedor deve dar, fazer ou não fazer algo a alguém, no
caso, ao credor.
O vínculo jurídico resulta de diversas fontes e sujeita o devedor a determinada prestação em
favor da satisfação do interesse do credor. O vínculo jurídico perfaz-se em débito e
responsabilidade. O débito é o vínculo pessoal que forma o liame entre o credor e o devedor.
A responsabilidade corresponde diretamente à facultas agendi.
As prestações, que constituem o objeto direto da obrigação, poderão ser:
Obrigações
Positivas Negativas
Coisa Certa
Coisa Incerta
A obrigação pode ser vista a partir do ponto de vista do objeto direto ou imediato (a prestação)
ou do objeto indireto ou mediato (o bem da vida).
OBRIGAÇÕES NATURAIS – São aquelas que não são exigíveis judicialmente. Os créditos
cujas pretensões prescreveram, por exemplo, constituem obrigação natural. Outro exemplo
são as dívidas de jogo e aposta (a não ser das legalizadas, a exemplo dos jogos da Mega
Sena).
Obrigação natural é a expressão, por vezes utilizada para nomear prestações não-acionáveis
e, outras vezes, para designar deveres sociais ou convencionais.
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA 3 3
PÁGINA
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
OBRIGAÇÃO DE DAR
- Não é sinônimo de “doar”, mas de entregar determinada coisa a uma pessoa.
- A obrigação de dar pode consistir na entrega ou restituição de algo a alguém. É, portanto,
uma obrigação positiva.
- Coisa certa – Prestação determinada;
- Coisa incerta – Prestação determinável;
- Não existe prestação totalmente indeterminada;
- A obrigação de dar transmite-se por sucessão;
- A entrega consiste em dar originalmente algo, ou seja, se José comprou a moto de João,
este tem de cumprir sua obrigação através da entrega.
OBRIGAÇÃO DE FAZER
- Existe a possibilidade de duas modalidades estarem na mesma ocasião: Por exemplo,
contratar um artesão para fazer uma bolsa exatamente igual a uma pré-determinada,
artesanalmente.
- As obrigações de dar e fazer são positivas, ao contrário as obrigações de não-fazer, que são
negativas;
- A obrigação de fazer é uma obrigação positiva que se perfaz com atos executados pelo
devedor.
- Quando a obrigação de fazer só puder ser executada por pessoa certa e determinada, com
características essenciais ou peculiares, diz-se que se está diante de uma obrigação
infungível ou personalíssima. Por outro lado, quando a obrigação de fazer pode ser cumprida
por terceiro, chama-se fungível ou não-personalíssima.
OBRIGAÇÃO DE NÃO-FAZER
A obrigação de não-fazer consiste em obrigação negativa pela qual o devedor se obriga à
abstenção de determinado ato. Tem por objeto uma prestação negativa, um comportamento
omissivo do devedor.
3
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA 4 4
PÁGINA
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
SIMPLES;
COMPLEXAS;
OBRIGAÇÃO DE FAZER
- Por exemplo, um advogado para fazer um exercício de assessoria. Roberto Carlos para
fazer um show;
- Não há aceitação que a pessoa seja instada à força para realizar algo;
- Se a obrigação for descumprida o devedor deverá responder civilmente;
- Deve-se observar se é obrigação de fazer fungível ou obrigação de fazer infungível;
- Se a obrigação for infungível o devedor não pode exigir que o credor aceite,
obrigatoriamente, um substituto em seu lugar;
- Caso a obrigação não seja cumprida por culpa do devedor, ele deve ressarcir a quantia
(caso já a tenha recebido) e indenizar perdas e danos. Há casos em que a quantia é
estipulada já no contrato;
- Caso a obrigação não seja cumprida sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação por
perdas e danos;
- Art. 247 do Código Civil de 2002
4
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA 5 5
PÁGINA
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
OBRIGAÇÃO DE NÃO-FAZER
- Por exemplo, um vizinho que não quer que seja construído um edifício de três andares ao
lado de seu domicílio com dois andares porque senão perderá sua vista ao mar. Então cria
uma obrigação solicitando que o vizinho não exerça seu direito de construir.
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do
devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor
pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa,
ressarcindo o culpado perdas e danos.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar
desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do
ressarcimento devido.
- O que é Servidão?
Art. 1.378. A servidão proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o
prédio serviente, que pertence a diverso dono, e constitui-se mediante
declaração expressa dos proprietários, ou por testamento, e subseqüente
registro no Cartório de Registro de Imóveis.
OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS
- É quando o objeto da obrigação recai sobre mais de uma obrigação, mas basta a realização
de uma única;
- Pode combinar de diversas formas: Dar X ou fazer Y; Dar X ou dar Y; não-fazer X ou dar Y.
São disjuntivas (ou uma ou outra);
- Se a obrigação se tornar impossível, por culpa ou não-culpa do devedor, se o devedor deve
escolher, não precisará indenizar perdas e danos, bastando dar a outra parte da obrigação.
Ou seja, se não satisfazer com uma, satisfaz com outra.
- “Ou realiza a prestação ou indeniza perdas e danos” – Isso não é prestação alternativa;
- Quando a escolha cabe ao credor ou a terceiro, se ele já escolheu e comunicou a escolha
ao devedor, ela deixa de ser alternativa e passa a ser obrigação simples. Se uma delas não
puder ser paga por culpa do devedor (e for justamente a que o credor escolheu), deverá
indenizar o credor por perdas e danos (e ressarcir o dinheiro, se for o caso). Ou o credor pode
escolher a outra.
- A sistemática do Código Civil de 2002 é para facilitar a exoneração do devedor, finalizar a
obrigação.
- O que é compensação?
Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da
outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.
- O que é sub-rogação?
Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações,
privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor
principal e os fiadores.
5
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA 6 6
PÁGINA
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
SOLIDARIEDADE
Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores
ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para
o outro.
Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o
cumprimento da prestação por inteiro.
Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor
comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.
6
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA 7 7
PÁGINA
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o
montante do que foi pago.
Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções
pessoais oponíveis aos outros.
Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele
obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da
quantia paga ou relevada.
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação
tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros
pela obrigação acrescida.
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem
pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a
outro co-devedor.
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada
um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do
7
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA 8 8
PÁGINA
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
OBRIGAÇÃO AMBULATÓRIA – Obrigação que segue a coisa, que está sempre anexada a
algo.
SUBLOCAÇÃO;
8
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA 9 9
PÁGINA
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
ADIMPLEMENTO
1. Nomenclatura;
2. Natureza Jurídica;
2.1 Negócio Jurídico;
2.2 Ato Jurídico;
2.3 Corrente Mista;
3. Pressupostos;
4. Elementos;
4.1 Sujeitos;
4.1.1 Solvens;
4.1.2 Accipiens;
4.2 Objeto;
4.3 Prova;
4.4 Lugar;
4.5 Tempo;
5. Adimplemento substancial.
Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome,
tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do
credor.
Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado
depois que não era credor.
Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se
o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu.
9
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA
PÁGINA10
10
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é
devida, ainda que mais valiosa.
Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o
credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não
se ajustou.
Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o
pagamento, enquanto não lhe seja dada.
Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular,
designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem
por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou
do seu representante.
Art. 321. Nos débitos, cuja quitação consista na devolução do título, perdido este,
poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, declaração do credor que inutilize
o título desaparecido.
Art. 323. Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se
pagos.
10
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA
PÁGINA11
11
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
- Leitura do art. 323 do Código Civil de 2002 – Se dão por quitados primeiro os juros e depois
o capital. Tem como enfoque as instituições financeiras;
- A mera devolução do título ao devedor (título de crédito) já consubstancia o pagamento;
- Em caso de perda do título do crédito por culpa do credor poderá o devedor exigir, retendo o
pagamento, declaração do credor que inutilize o título desaparecido (art. 321 do Código Civil
de 2002);
11
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA
PÁGINA12
12
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
Art. 329. Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no lugar
determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor.
Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia
do credor relativamente ao previsto no contrato.
- Art. 327 do Código Civil de 2002 – A regra é que o local do pagamento é o domicílio do
devedor;
- A competência que versa sobre obrigação vinculada a direito real (propter rem) é efetuar o
pagamento onde se encontra o imóvel. Por exemplo, o IPTU deve ser pago no local onde se
situa o imóvel;
- Em relação ao local do pagamento as dívidas podem ser:
QUERABLES – Terminologia francesa. “Quesível”. O ônus relativo à localização da perda
para a localização do pagamento é do credor. É a regra. O domicílio do devedor funciona
como local do pagamento;
PORTABLES – O devedor deve entregar no domicílio do credor;
TEORIA DA IMPREVISÃO;
- Lei 8.2435/1991 – Lei do Inquilinato.
- Art. 330 do Código Civil de 2002 – Princípio da Confiança – É um dispositivo novo que não
tem correspondência no Código Civil de 1916 (Código anterior);
- Leitura da Seção V – Do tempo do pagamento;
Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época
para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente.
Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo
estipulado no contrato ou marcado neste Código:
12
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA
PÁGINA13
13
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
- Leitura do art. 333 do Código Civil de 2002 – Uma exceção às condições da sistemática do
pagamento;
- Leitura do art. 939 do Código Civil de 2002 – Não se trata efetivamente de antecipação de
tutela. Aqui ocorre que o credor apressado cobra a dívida antes da data estipulada. Então o
credor terá que pagar as custas do processo em dobro:
Art. 939. O credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos
casos em que a lei o permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para
o vencimento, a descontar os juros correspondentes, embora estipulados, e a
pagar as custas em dobro.
Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem
ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado
a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no
segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição.
ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL
Art. 763. Não terá direito a indenização o segurado que estiver em mora no
pagamento do prêmio, se ocorrer o sinistro antes de sua purgação.
- Decreto-Lei 911/1969;
- Função Social do Contrato.
13
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA
PÁGINA14
14
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
Pagamento em consignação – Não é uma forma de pagamento strictu sensu. Ocorre nas
situações de mora accipiendi ou quando houver dúvida causada pelo credor quanto aos
elementos do pagamento;
- Leitura do art. 334 do Código Civil de 2002:
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou
dar quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição
devidos;
Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister concorram, em
relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o
pagamento.
- Art. 335, I – Ocorrem casos nos quais o credor tem o intuito de retomar para si a posse do
imóvel e elabora, de má-fé, maneiras pelas quais o devedor não consiga efetuar o
pagamento. Consequentemente, poderia haver ação de despejo. Aqui cabe ação de
pagamento em consignação.
- Lei 8.245 de 1991 – Lei do Inquilinato – Descreve sanções para o caso de não-pagamento
do aluguel por parte do inquilino;
- Nenhum devedor deve pagar se o credor não apresenta a quitação (uma prova documental
que houve aquele pagamento). É complicado provar só com testemunha;
- Art. 335, III – Se o credor for incapaz de receber seu representante poderá; se for
desconhecido pode ajuizar ação de consignação em pagamento, publicando edital; se for
declarado ausente pode ser pago aos bens do curador dos bens do ausente; se residir em
lugar incerto publica-se edital através de ajuizamento de ação de consignação em
pagamento; se o acesso for perigoso ou difícil e o devedor quer pagar não é necessário que
ele ponha em risco sua integridade física.
- Art. 336 – Fala-se na consignação extrajudicial e judicial.
14
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA
PÁGINA15
15
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
Ele é pagamento só para uma das partes da relação obrigacional. Satisfaz o credor, mas não
libera o devedor.
SUBROGAÇÃO REAL – Uma coisa substitui a outra com a mesma qualificação jurídica;
SUBROGAÇÃO PESSOAL – Pode ser de causa legal ou de causa convencional;
Lei 8.009/1990 – Proteção aos bens de família;
NOVAÇÃO
I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir
a anterior;
II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor;
Art. 361. Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito mas inequívoco, a
segunda obrigação confirma simplesmente a primeira.
Art. 363. Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor, que o aceitou, ação
regressiva contra o primeiro, salvo se este obteve por má-fé a substituição.
Art. 366. Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso com o
devedor principal.
Art. 367. Salvo as obrigações simplesmente anuláveis, não podem ser objeto de
novação obrigações nulas ou extintas.
- animus novandi;
- Na dúvida, há a interpretação de que não é novação. Ela não se presume;
- A novação pode estar tácita;
- NOVAÇÃO OBJETIVA (REAL) – Acontece quando na relação obrigacional continua a
mesma em relação às partes, mas o objetivo é extinguir a primeira e substituir essa primeira;
- NOVAÇÃO SUBJETIVA (PESSOAL) – Muito parecida com assunção de dívida. Existe
alteração das partes (credor ou devedor). Acontece muito em famílias;
15
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA
PÁGINA16
16
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
- NOVAÇÃO MISTA;
- Uma simples alteração na taxa de juros não é novação. Alterações secundárias não é
novação. A alteração tem que ser substancial para que haja novação;
- Qual a relação da novação com a nulibilidade e anulabilidade?
- Pode-se novar obrigação prescrita? A obrigação em si continua existindo (apenas não era
mais exigível). Pode sim haver novação de dívida prescrita;
- O Código Civil de 2002 também permite renúncia à prescrição;
- Nada impede que uma obrigação que seja objeto de lide judicial seja objeto de novação;
- Não se pode novar obrigação nula. A obrigação que decorre de um negócio nulo não existe;
- O que é confissão de dívida?
- Pode-se novar obrigação natural? A maioria da doutrina entende que não pode. A doutrina
minoritária entende que pode;
- Obrigação condicional admite novação. A nova obrigação criada pode ser convencional ou
não;
- Diferença entre Novação Subjetiva e a Assunção de Dívida – Na novação subjetiva
extingue-se a outra obrigação e inicia-se outra;
- A novação subjetiva pode acontecer com ou sem o consentimento do devedor;
CESSÃO DE CRÉDITO
Cessão
Cessionário
16
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA
PÁGINA17
17
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
Delegação
Expromissão
Credor Devedor
Fiador
CESSÃO DE CONTRATO – O contrato inteiro é cedido a terceiro.
Posse / uso
Locatário
Locação
Locador Locatário
Aluguel (R$)
OBS.: Há alguns créditos intransmissíveis. Restringe-se a cessão, por lei, por exemplo: títulos
de crédito alimentício; por exemplo, obrigação personalíssima. O crédito penhorado também
não pode ser cedido.
ADIMPLEMENTO
17
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA
PÁGINA18
18
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
Art. 304 – Fala do interessado que paga. Sub-roga-se aos interesses do credor, tornando-se
credor, então;
Terceiro não-interessado pode pagar. Contudo, não se sub-roga;
Art. 305 – Fala do reembolso, mas sem sub-rogação (ocupar o lugar do credor). Reembolso é
simples direito à devolução. Tal é feito pelo devedor. Se este não o faz, ressalve-se por via da
lei.
R$
Terceiro
Devedor Credor
Arts. 315 e 317 – Dívida em dinheiro é diferente de dívida de valor. A primeira está no artigo
315. A dívida de valor não segue o nominalismo. Apena-se o valor da nominal mais seus
aumentos em decorrência do tempo, se ocorrer. É o valor da coisa e este valor pode variar;
Art. 316 – Cláusula de Escala Móvel – Muito comum, principalmente na época de inflações;
A correção monetária é uma exceção ao princípio do nominalismo (em época de inflação seria
fonte de injustiça);
Art. 323 – Quando o objeto for capital (dinheiro), quitam-se primeiro os juros. Só depois o
principal (obrigação de dar dinheiro). A finalidade é a venda do bem por dinheiro.
Art. 324 – A mera devolução do título induz à prova do pagamento. Se o título se perde, o
devedor tem o direito de exigir o pagamento de volta. O credor deve provar que perdeu-o de
boa-fé.
Art. 325 – Despesas por conta do credor.
Art. 326 – Invoca regionalidade. Presumem-se pesos e medidas do local de execução do
contrato em caso de omissão no mesmo.
LUGAR
Art. 327 – O Código Civil de 2002 não expunha nesse sentido. Falava do domicílio do
devedor. Aqui, consideram-se eventualidades de acordo com a boa-fé subjetiva e função dos
contratos. Exemplo: pagamento de pensão alimentícia – ver casos dos parágrafos.
Art. 329 – Teoria da imprevisão;
OBS.: Obrigações quesíveis – Paga no domicílio do devedor;
Obrigações portáveis – Paga no domicílio do credor;
A regra do Código Civil de 2002 é a primeira, como dito (Seu Barriga vai à procura de Seu
Madruga). Hoje a maioria das obrigações são bancárias, o que facilita muito;
Art. 330 – Princípio da confiança – Presume-se o local como aquele em que foi efetuado o
pagamento.
18
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA
PÁGINA19
19
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
TEMPO
Art. 331 – Se não for fixado, deve-se pagar imediatamente. É raro. Deve ser à vista;
Art. 332 – Correlação entre modo, tempo e lugar. O credor deve provar o implemento. Notifica
o devedor da condição especial, impelindo-o a pagar;
Art. 333 – Exceção à sistemática do pagamento. Oportunizar ao credor cobrar uma dívida
ainda não vencida;
Art. 334 – Compensação do devedor (relação com o Código de Defesa do Consumidor). Freia
recebimento indevido;
OBS.: Contrato de locação: Em caso de silêncio, 6 dias úteis após o dia do vencimento.
ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL
Termo novo no Brasil. Não é citado nos manuais. Consiste num reconhecimento da
adimplência de grande parte da dívida por parte do devedor visando evitar a rescisão do
contrato quando se está muito próximo de obter a quitação da dívida (o devedor, no caso).
Exemplo: contratos de seguro. Se já se quitou 11 das 12 parcelas, por exemplo. Aproxima-se
do total cumprimento. Visa suspender a incidência de juros (art. 763).
Vem trazer a questão da função social dos contratos (constitucionalização dos direitos),
evitando a punição de quem não pagou uma ou duas parcelas. Não exonera o devedor do
pagamento. Busca é evitar a dissolução do contrato, fazendo valer a sua função social.
1. Pagamento em consignação.
Não possui o requisito da voluntariedade. Situações: “mora accipiendi” de dívida, causada
pelo credor, quanto aos elementos do pagamento (a quem se deve pagar, quem deve pagar,
prova, tempo e lugar do pagamento).
Art. 334 – O procedimento pode ser judicial ou extrajudicial. CPC, arts. 340 a 400;
Art. 335 – Fora da primeira situação citada, de mora.
Na consignação há um obstáculo por parte do credor. Está no Código do Processo Civil. Não
é depósito extrajudicial, mas ação mesmo. Fala da obrigação de dar.
O depósito extrajudicial é mais raro, aceito em algumas hipóteses, como em caso de
impossibilidade de quitar a ação de consignação em pagamento.
É muito comum em casos de locação de imóveis. Para se evitar ação do credor, o inquilino ou
curador pode ajuizar uma ação de consignação. A recusa em receber o pagamento pode ser
indício de má-fé e é esta que se busca suprimir. Se a recusa for justa, contudo, a ação é tida
como improcedente. O réu, que é o credor, ganha a ação. O devedor está em mora, correndo
juros e correção monetária até este momento. Tem de haver um cuidado com isto.
Verifica-se quem tem a razão. Muitas vezes busca-se uma atitude intermediária, regulando o
valor a ser pago.
Se o credor for incapaz de receber, paga-se ao representante legal. Não se entra logo com
ação de consignação. A ação se aplica ao credor incapaz ou desconhecido. Em caso de
credor falecido também. Busca-se porque se quer pagar. Pede-se ao juiz cite os interessados
por Edital nos últimos dois casos.
Art. 337 – Infere-se o conteúdo do artigo 336. Durante o intervalo em que já venceu a
obrigação e o depósito, caso o juiz julgue procedente, só correm os juros e moras nesse
período. Contudo, se ação for julgada improcedente, o devedor pagará juros e mora durante
todo o período.
O levantamento do depósito pelo credor é possível em alguns casos, como dispõe o art. 338;
19
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA
PÁGINA20
20
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
Art. 338 – Quando o credor nada disser de não impugnar o depósito, o devedor poderá fazer
o levantamento do mesmo. Se o credor se manifestar e deixar o devedor levantar o depósito,
extinguem-se as garantias reais e fidejussórias (caso do fiador). Ou seja, os terceiros
coobrigados exoneram-se da obrigação.
Art. 339 – Quando a ação de consignação é julgada procedente e o devedor pede o
levantamento do depósito e o credor autoriza. Se os terceiros não autorizam, não há
levantamento do depósito.
CONSIGNAÇÃO DE IMÓVEL – É simbólico. Refere-se à consignação das chaves.
Art. 342 – A ação de consignação pode ser usada para quem o credor efetue a escolha. Após
a escolha, realiza-se o depósito.
Art. 344 – Duas ou mais pessoas brigam judicialmente por algo. O devedor deverá depositar e
aguardar a decisão judicial.
Art. 346 – É um pagamento que satisfaz o credor, mas não exonera o devedor da dívida
propriamente, pois o mesmo passa a dever para uma outra pessoa.
SUBROGAÇÃO PESSOAL X SUBROGAÇÃO REAL – A primeira pode ser de causa legal ou
convencional.
Terceiro interessado ou codevedor – Subrogação pessoal de causa legal, expressa por lei.
Terceiro não-interessado – Subrogação convencional.
Credor 1
R$
Devedor Credor 2
Credor 3
O devedor não pode ser opor. O credor 2 paga ao credor 1 por livre e espontânea vontade,
por achar melhor e evitar ação judicial ou extrajudicial do devedor. Libera-se o credor 1. O
credor 2 subroga-se ao credor 1.
Exemplo II:
(R$) (R$)
Caixa Econômica
Federal
Não há prejuízo
Mútuo para ela
CEF
Mutuário Mutuante
Devedor Credora (quem empresta)
(R$)
O devedor é terceiro qualquer, terceiro adquirente, no contrato. Teria que haver cessão de
contrato, mas com o conhecimento da Caixa Econômica Federal. A Caixa não conhece o
sujeito. Tem-se que ter cuidado com a má-fé do devedor, que pode não repassar o dinheiro. A
20
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA
PÁGINA21
21
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
Caixa só toma ciência se faz-se a cessão. Essa situação ocorre porque o devedor não quitou
a sua dívida. Portanto, o sujeito paga ao devedor o que o mesmo já gastou e paga o resto à
Caixa. A Caixa pode recusar a cessão.
Terceiro
Empréstimo
R$
Terceiro
Devedor Credor
IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO
Entre o credor e o devedor há mais de um crédito. Não se pagou nada ainda. Todos têm a
mesma natureza e objeto (créditos fungíveis entre si).
Escolhe-se uma ou algumas pessoas para se pagar primeiro. O devedor indica o que está
pagando. É direito seu tal imputação. Com R$400,00 ele pode pagar a dívida de R$300,00 e
de R$100,00 ou a de R$400,00, por exemplo:
R$ 300,00 R$ 400,00
R 01 R 02
R$ 100,00
R 03
Devedor Credor
Excepcionalmente, o direito pode ser do credor, quando o devedor não indica o que está
pagando. O credor decide na quitação. Se não o fizer, ocorre imputação legal.
21
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA
PÁGINA22
22
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
O credor não pode se opor à imputação do devedor. Não pode cobrar dívida não vencida
também. Raríssimas são as exceções, estabelecidas em contrato, geralmente.
Para se haver pagamento parcial, o credor tem que aceitar. Se não aceitar, restitui o
pagamento ao devedor.
Art. 354 – Presume-se primeiro o pagamento dos juros e não do capital, senão acarreta
prejuízo ao credor.
Art. 352 – Dívida líquida: certa quanto à existência e determinada quanto ao objeto.
Art. 355 – Imputação legal. Tem critérios da ordem de quitação. Na dívida líquida não pode
fazer imputação. A dívida mais onerosa é aquela que impõe maior prejuízo ao credor ou
aquela que tem garantia.
Quando todos são de mesma onerosidade, o que fazer? O Código não responde. A doutrina
sugere que se quite todas as dívidas, de forma parcial sobre cada uma (imputação parcial).
DAÇÃO EM PAGAMENTO
O credor acha mais interessante, devido à situação do devedor, receber um bem no lugar
daquilo que ele realmente tem direito (o dinheiro). Gera o efeito do pagamento este negócio
jurídico bilateral. A dação extingue a obrigação.
Alguns a entendem apenas como uma forma especial de pagamento, indireto, e não como um
negócio. Contudo, o devedor não pode impor ao credor. Este tem que aceitar, tacitamente
mesmo.
Se o devedor entregar e não diz nada, o credor pode entender como uma doação.
Comprovando que não foi, o credor vai escolher ficar ou não com a coisa recebida.
DAÇÃO EM FUNÇÃO DO PAGAMENTO – Não extingue a dívida, a obrigação. Na entrega de
título de crédito, o devedor continuaria como tal até que este título de crédito seja pago.
A dação pode se dar por meio de ação ou entrega de um bem.
Quando o objeto for um imóvel deve ser feito por escritura pública com o registro no cartório
de imóveis.
Há casos de dação em que o pagamento será inválido.
Ex.: Não pode entregar todos os seus bens ou de ascendente sem o consentimento dos
outros, etc. Outro exemplo é sobre bem que o devedor não pode dispor, como bens
penhorados.
COMPENSAÇÃO
R$ 10.000,00 R$ 10.000,00
R 01 R 02
Há compensação parcial quando, por exemplo, os valores devidos não são os mesmos.
Exemplo: R1 de R$10.000,00 e R2 de R$13.000,00. A R1 se resolve e o devedor da R2 só paga
R$3.000,00. É legal também. Não depende de acordo entre as partes.
A compensação convencional pode ocorrer quando os requisitos para a legal não estão
presentes. Faz-se isso expressamente, de comum acordo.
22
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA
PÁGINA23
23
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
OBS.: Dar coisa esbulhada em realidade é uma obrigação de restituir. Comodato também.
CONFUSÃO E REMISSÃO
CONFUSÃO – Acontece sobre a mesma obrigação e objeto o débito e o crédito recai sobre a
mesma pessoa.
Art. 384. Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus
acessórios, a obrigação anterior.
Ex.: Situação de herança – Filho deve R$100,00 ao pai e quando o pai morre herda sozinho
os bens. Torna-se credor e devedor das obrigações.
Trata-se com este exemplo de causa extintiva obrigação.
A confusão transitória não extingue a dívida.
Exemplo: Processo de ausência. Herda o devedor o patrimônio do ausente. Passa a ser
credor e devedor da mesma obrigação. Contudo, com o aparecimento do ausente retorna a
obrigação. Trata-se de uma confusão ineficaz.
A confusão opera-se em todos os casos automaticamente.
Art. 381 – Pessoa jurídica (A) comprou pessoa jurídica (B) que devia. Não há mais dívida.
Confusão;
Art. 382 – Confusão de dívida solidária;
Art. 384 – Casos de confusão temporária;
REMISSÃO – Ato pelo qual o credor exonera por liberalidade o devedor. Necessita de
aprovação do devedor (expressa ou tácita, inequívoca). Ato bilateral, embora seja espécie do
gênero. Renúncia (ato unilateral);
Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas
sem prejuízo de terceiro.
ANOTAÇÃO: “Registre-se, por óbvio, que a fiança criminal deve ser prestada pelo próprio
afiançado, sendo o pagamento por terceiro situação excepcional, enquanto a fiança civil é
prestada necessariamente por terceiro”.
24
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA
PÁGINA25
25
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
Em que hipótese prevista no art. 306 do Código Civil de 2002 o devedor tem a faculdade de
opor-se ao pagamento da dívida por terceiro?
Por exemplo, mencionado por Pablo Stolze Gagliano em que “em uma determinada cidade,
dois comerciantes disputam entre si o mercado de cereais. Um deles, necessitando de
numerário para levar à frente os seus negócios, contrai vultosa dívida perante um
determinado credor, não conseguindo adimpli-la no vencimento, embora ainda não estivesse
insolvente. O seu concorrente, ciente do fato, paga a dívida, tornando-se seu credor. Ora, em
tal caso, é indiscutível que a situação de devedor ficará agravada, uma vez que terá muito
mais dificuldade de solver amigavelmente a obrigação, sem mencionar o fato de que o seu
desafeto – o novo credor – poderá macular sua imagem na praça, alardeando informações
falsas acerca de sua real situação econômica”. [...]
“Ou seja, havendo o desconhecimento ou a oposição do devedor, e o pagamento ainda assim
se der, o terceiro não terá o direito de reembolsar-se, desde que o devedor, obviamente,
disponha de meios para solver a obrigação”.
25
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA
PÁGINA26
26
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
Além de poderem ser efetuadas no dia do vencimento, quando pode ser paga a dívida?
Na falta de ajuste, e não dispondo a lei em sentido contrário, poderá o credor exigir o
pagamento imediatamente.
Se a obrigação é a termo, em sendo o prazo concedido a favor do devedor, nada impede que
este antecipe o pagamento, podendo o credor retê-lo. Em caso contrário, se o prazo
estipulado for feito para favorecer o credor, não poderá o devedor pagá-lo antecipadamente.
Finalmente, é possível ao credor exigir antecipadamente o pagamento, nas estritas hipóteses
previstas em lei:
- No caso de falência do devedor ou de concurso de credores;
- Se os bens, hipotecados ou empenhados (objeto de penhor), forem penhorados em
execução de outro credor;
- Se cessarem ou se tornarem insuficientes, as garantias de débito, fidejussórias (fiança, por
exemplo), ou reais (hipoteca, penhor, anticrese), e o devedor, intimado, se negar a reforça-
las.
TEORIA DA IMPREVISÃO
GAGLIANO, Pablo Stolze. Algumas considerações sobre a Teoria da Imprevisão . Jus Navigandi, Teresina, ano
5, n. 51, out. 2001. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2206>.
Segundo o Professor Miguel Maria de Serpa Lopes: "a imprevisão consiste, assim, no
desequilíbrio das prestações sucessivas ou diferidas, em conseqüência de acontecimentos
ulteriores à formação do contrato, independentemente da vontade das partes, de tal forma
extraordinários e anormais que impossível se tornava prevê-los razoável e antecedentemente.
São acontecimentos supervenientes que alteram profundamente a economia do contrato, por
tal forma perturbando o seu equilíbrio, como inicialmente estava fixado, que se torna certo que
as partes jamais contratariam se pudessem ter podido antes antever esses fatos. Se, em tais
circunstâncias, o contrato fosse mantido, redundaria num enriquecimento anormal, em
benefício do credor, determinando um empobrecimento da mesma natureza, em relação ao
devedor. Consequentemente, a imprevisão tende a alterar ou excluir a força obrigatória dos
contratos
[...]
E para que não haja dúvidas quanto à aplicação de tão importante teoria, cumpre, neste
ponto, invocar a autorizada lição do Professor Arnoldo Medeiros da Fonseca, um dos juristas
que melhor tratou da matéria entre nós, e que cuidou de sistematizar os pressupostos da
teoria da imprevisão:
A) a alteração radical no ambiente objetivo existente ao tempo da formação do contrato,
decorrente de circunstâncias imprevistas e imprevisíveis;
B) onerosidade excessiva para o devedor e não compensada por outras vantagens auferidas
anteriormente, ou ainda esperáveis, diante dos termos do ajuste;
C) enriquecimento inesperado e injusto para o credor, como consequência direta da
superveniência imprevista.
26
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA
PÁGINA27
27
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
TEORIA DO INADIMPLEMENTO
1. Conceito;
2. Modalidades:
2.1. Inadimplemento fortuito;
2.2 Inadimplemento culposo;
2.2.1 Inadimplemento absoluto;
2.2.2 Inadimplemento relativo;
2.2.2.1 Mora do devedor – mora debendi ou mora solvendi;
2.2.2.2 Mora do credor – mora credendi ou mora accipiendi;
2.2.2.3 Purgação da mora;
2.2.3 Violação positiva do contrato;
3. Responsabilidade civil;
3.1 Extracontratual;
3.2 Contratual;
4. Responsabilidade patrimonial;
4.1 Prisão civil;
4.2 Regime de impenhorabilidade;
5. Consequências do inadimplemento;
5.1 Perdas e danos;
5.2 Juros legais;
5.3 Cláusula penal;
5.4 Arras.
27
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA
PÁGINA28
28
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
cumprimento da obrigação;
Inadimplemento relativo:
- A mora – consta no art. 394 do Novo Código Civil. A mora não tem nada a ver com demora.
- O que é mora?
- A mora pode ser do credor ou mesmo do devedor.
- O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito
em mora o devedor;
- O que é mora ex re?
- O que é mora ex persona? Qualquer obrigação de não-fazer ensejará esta mora.
- Art. 398 – Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora,
desde que o praticou;
- A purgação da mora está expressa no art. 401 do Novo Código Civil;
- O nosso Código Civil de 2002 não trata da Violação positiva do contrato. Os autores que
melhor tratam desse tema são Cristiano Chaves e Nelson Rosenvaldi. Ela se conecta com o
inadimplemento dos deveres anexos e laterais;
- Por exemplo de violação positiva de contrato, quando infringe direitos de cooperação e
informação. Um médico deve cumprir a obrigação de curar um paciente, e a cumpre. Porém,
ao realizar a cura usa ato dispendioso, caro, que traz muito sofrimento, e deixa de usar
método alternativo mais singelo, rápido e indolor. Ou na entrega de um cavalo de raça, deixa-
se de acomodar e acondicionar o animal com cautela, sem deixar água e comida à vontade, e
o animal chega desabilitado e machucado pelas intempéries do transporte. O animal foi
entregue, mas não nas condições almejadas.
- Responsabilidade Civil: Na responsabilidade civil extracontratual é preciso que a parte prove
a culpa. Na responsabilidade civil contratual a culpa é presumida.
- Responsabilidade Patrimonial: Prisão civil e regime de impenhorabilidade. Só existe prisão
civil por inadimplemento de dívida alimentícia.
PERDAS E DANOS
- O que é “perda de chance”? Ocorre, por exemplo, quando uma pessoa que tem alta
probabilidade de passar em um concurso público, mas na hora em que estava indo realiza-lo
um taxista bate no carro dele, impedindo-o de chegar antes que o portão do prédio onde havia
o concurso se feche. Alguns autores dizem que é indenizável, outros dizem que não é;
- O Código Civil só obriga a indenizar o dano direto e imediatamente causado. A cadeia de
prejuízos de danos reflexos não é abrangida, ou seja, em regra, não são danos indenizáveis;
- A lei autoriza que o juiz determine a cobrança de juros de mora, ainda possa determinar uma
indenização suplementar;
- Art. 405 – Pressupõe o descumprimento de uma relação contratual;
28
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA PÁGINA
PÁGINA29
29
FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA
CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES – 2010.1
JUROS LEGAIS
Art. 407. Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos juros da
mora que se contarão assim às dívidas em dinheiro, como às prestações de
outra natureza, uma vez que lhes esteja fixado o valor pecuniário por sentença
judicial, arbitramento, ou acordo entre as partes.
29