Professional Documents
Culture Documents
E é por isso que a árvore Seus argumentos básicos falh am . Os argum entos de
Continuará a existir Berkeley a favor do idealismo são baseados na noção equi
Já que é observada por este seu vocada de que conhecer envolve a percepção d e idéias em
fiel criado, Deus. vez de perceber as coisas p o r m eio das idéias. Trata-se
novamente de petição de princípio. Se as idéias não são o
Pode-se argum entar contra Berkeley que isso faria objeto form al do conhecimento, e sim o instrumento do
tudo um resultado direto de Deus ou, senão, artificial. conhecimento, a teoria de Berkeley é destruída.
Ele acreditava que isso não era verdadeiro. Há causas Suas soluções engenhosas são contrárias à experiên
secundárias — idéias com binadas em padrões regula cia. Falar de corpos, matéria e natureza que todos experi
res (natureza) para os propósitos práticos da vida. O fogo m entam os como m eras idéias que Deus regularmente
indica dor em potencial, m as não a provoca. estimula em nós é brilhante, m as anti-intuitivo. É possí
Já que a Bíblia fala de corpos físicos, Berkeley foi vel, mas inacreditável. Na verdade, é forçad o falar em co
acusado de negar o ensinam ento da Bíblia. Sua res mer idéias. Afirmar que Deus apenas ressuscitou um con
posta foi que o que cham am os “corpo” é apenas um a junto de idéias de fa to solapa a doutrina d a ressurreição.
coleção de im pressões sensoriais, m as não algo real Sua teo ria acu sa D eus d e m en tira. Na verdade,
m ente m aterial. À insistência de que sua teoria era um a Berkeley parece acusar Deus de m entira (v. D e u s , n a
negação dos milagres, Berkeley respondeu que as coi t u r e z a d e ; m o r a l , a r g u m e n t o ). Se é apenas um a questão
sas não são reais, m as são percepções reais. Então os do poder de Deus, não há dúvida de que Deus pode
discípulos realm ente perceberam que estavam tocan estim ular a idéia de m atéria nas nossas m entes sem
do o corpo ressurrecto de Cristo, apesar de este não que a m atéria realm ente exista. Mas não é apenas um a
ser feito de m atéria da m aneira que geralm ente pen questão de poder. Deus é m ais que poderoso. Ele é per
sam os (v. r e s s u r r e i ç ã o , e v i d ê n c i a s d a ). feito. Não pode enganar. Entretanto, estim ular em nós
Os valores do idealism o. O bispo Berkeley enu regularm ente a idéia de um m undo fora da m ente
m erou valores positivos em seu idealism o filosófico. quando esse não existe é m entira.
Por exemplo, a fonte do ceticism o (v. a g n o s t i c i s m o ) aca
bou. Como podem os saber que idéias correspondem Fontes
É a m atéria em m ovim ento eterno que os ateus usam ___ ,The analyst; or, A discourse addressed to an infidel
para elim inar a idéia de Deus. mathematician.
___ , Three dialogues between Hylas and
A base para a idolatria é elim inada. Quem adora Philonous.
ria a m era idéia de um objeto na sua m ente? Os J. CoEiiNS, A history of m odem european phüosophy.
socinianos perdem sua objeção à ressurreição, já que
não há nada específico a ser ressuscitado (v. r e s s u r r e i Bíblia, canonicidade da. C a n on icid ad e (do grego
ç ã o , o b j e ç õ e s A ).
k a n o n , reg ra ou n o rm a ) diz resp eito aos livros
Avaliação. Apesar de Berkeley ser um cristão teísta norm ativos ou autorizados inspirados por Deus para
na tradição clássica, suas idéias m etafísicas causaram inclusão nas Escrituras Sagradas. A canonicidade é de
grande desconforto para outros teístas. Em vez de re term inada por Deus (v. b í b l i a , e v i d ê n c i a s d a ). Não são a
solver problem as, parecem criá-los. V árias críticas antigüidade, a autenticidade ou a com unidade religiosa
devem ser observadas: que tornam um livro canônico ou autorizado. Um livro
Sua pressu posição básica é forçad a. A pressuposi é valioso porque é canônico, e não canônico porque é
ção fundam ental do idealism o de Berkeley é que ape ou foi considerado valioso. Sua autoridade é estabelecida
nas m entes e idéias existem. Uma vez concedida essa por Deus e simplesmente descoberta pelo povo de Deus.
pressuposição, o restante é resultado natural. No en D efinição de canonicidade. A distinção entre a
tanto, não existe razão convincente para aceitá-la. Na determ inação de Deus e a descoberta hum ana é es
verdade, trata-se de petição de princípio, pois presu sencial para a visão correta da canonicidade, e deve
m e que ap en as m entes e idéias existem . Não é surpre ser feita cuidadosam ente:
sa, portanto, que ele conclua que nada existe além de Xa “visão incorreta” a autoridade das E scrituras
m entes e idéias. A existência da realidade além da é baseada na autoridade da igreja; a visão correta é
m ente e não-m ental não é elim inada por nenhum dos que a autoridade da igreja deve ser encontrada na
argum entos de Berkeley. autoridade das E scrituras. A visão incorreta coloca a
Bíblia, cononicidade da 108
O relacionamento de autoriadade 3. Incapacidade de distinguir entre o acréscim o
entre a igreja e o cânon de livros ao cánon e a rem oção de livros dele.
4. Incapacidade de distinguir entre o cânon que
Posição incorreta Posição correta a com unidade reconhecia e as opiniões excên
sobre o cânon sobre o cânon tricas de indivíduos.
A igreja determina A igreja descobre 5. Incapacidade de usar adequadam ente a evi
o cânon. o cânon. dência judaica sobre o cânon transm itido por
A igreja é mãe do A igreja é filha do m ãos cristãs, quer por negar as origens judai
cânon. cânon. cas, quer por ignorar o meio cristão pelo qual
A igreja é magistrada A igreja é ministra ele foi transm itido.
do cânon. do cânon.
A igreja regula A igreja reconhece P rin cíp ios d e ca n o n icid a d e. A dm itido o fato de
o cânon. o cânon. que Deus concedeu autoridade e, daí, canonicidade
A igreja é juíza A igreja é testemunha à Bíblia, surge outra questão: Como os crentes to m a
do cânon. do cânon. ram conhecim ento do que Deus fizera? Os próprios
A igreja é mestra A igreja é serva livros canônicos aceitos da Bíblia referem -se a ou
do cânon. do cânon. tros livros que não estão m ais disponíveis, por exem
plo, o “Livro dos Justos” (Js 10.13) e o “livro das Guer
igreja acim a do cânon, ao passo que a posição apro ras do S e n h o r ” (K m 21.14). E ain d a há os livros
priada vê a igreja so b o cânon. Na verdade, se na co a p ó crifo s e os cham ados “livros perdidos”. Como os
luna intitulada “visão incorreta” a palavra “igreja” for pais da igreja sabiam que eles não eram inspirados?
substituída por “Deus”, a visão adequada do cânon Por acaso João (21.25) e Lucas (1.1) não m enciona
surge claram ente. Foi Deus quem regulou o cânon; o ram um a profusão de literatu ra religiosa? Não havia
hom em apenas recon heceu a autoridade divina que epístolas falsas (2Ts 2.2)? Quais m arcas de in sp ira
Deus deu ao cânon. Deus d eterm in ou o cânon, e o ção guiaram os pais apostólicos enquanto identifi
hom em o descobriu . Louis Gaussen dá um resum o cavam e coletavam os livros inspirados? Talvez o p ró
excelente dessa posição: prio fato de alguns livros canônicos serem q uestio
nados periodicam ente, com base em um ou outro
Nessa questão, então, a igreja é serva e não senhora; princípio, defende o valor do princípio e a precaução
repositório, e não juíza. F.la exercita o cargo de ministra, não dos pais no seu reconhecim ento da canonicidade.
de magistrada [...] Dá testemunho, não sentencia. Discerne o Oferece certeza de que o povo de Deus realm ente in
cânon das Escrituras, não o cria; reconhece-o, não o autenti cluiu os livros que Deus queria.
ca [...] A autoridade das Escrituras não é fundada, assim, na Cinco questões fundam entais estão no centro do
autoridade da igreja. É a igreja que é fundada na autoridade processo da descoberta:
das Escrituras (Gaussen,p. 137). O livro f o i escrito p o r um p rofeta d e Deus? A per
g u n ta b á sic a era se um liv ro era p ro fético . A
D escobrindo a canonicidade. M étodos adequa caractéristica profética determ inava a canonicidade.
dos devem ser em pregados para descobrir que livros O profeta era alguém que declarava o que Deus havia
Deus determ inou serem canônicos. Senão, a lista de revelado. Então, som ente escrituras proféticas eram
livros canônicos seria variada e identificada incorre canônicas. Q ualquer coisa que não fosse escrita por
tam ente. M uitos procedim entos usados no estudo do um profeta de Deus não fazia parte da Palavra de Deus.
cânon do a t foram prejudicados pelo uso de m étodos Os term os característicos “E a palavra do S e n h o r veio
falhos (v. APÓCRIFOS DO AT F DO X E ). ao profeta”, ou “O S e n h o r disse a”, ou “Deus disse” são
Critérios in ad eq u ad os d e can on icidade. Cinco m é tão freqüentes nos a t de tal m aneira que se tornaram
todos errados afligiram especificam ente a igreja (v. fam osas. Se com provadas, essas afirm ações de inspi
B eckw ith,p. 7-8): ração são tão claras que seria praticam ente desneces
sário discutir se alguns livros eram de origem divina.
1. Incapacidade de distinguir um livro que era Na m aioria dos casos tratava-se apenas da questão de
“conhecido” de um livro que tinha a autorida estabelecer a autoria do livro. S e foi escrito por um
de divina. apóstolo ou profeta reconhecido, seu lugar no cânon
2. Incapacidade de distinguir conflitos sobre o estava assegurado.
cânon entre grupos diferentes de incerteza so Evidências históricas ou estilísticas (externas ou
bre o cânon dentro desses grupos. internas) que apóiam a autenticidade de um livro
109 Bíblia, canonicidade da
profético tam bém defendem sua canonicidade. Esse é Assim, ou a epístola era um a fraude ou havia grande
o m esm o argum ento que Paulo usou para defender dificuldade em explicar seu estilo diferente. Os que se
suas duras palavras aos gálatas (Gl 1.1-24). Ele argu incom odavam com essas evidências duvidavam da
m entou que sua m ensagem era autorizada porque ele autenticidade de 2 Pedro e por isso ela foi colocada en
era um m ensageiro autorizado por Deus: “... apóstolo tre os livros denom inadas antilegô-menos por um tem
enviado, não da parte de hom ens nem por meio de pes po. Finalm ente foi aceita porque era a obra genuína de
soa algum a, m as por Jesus Cristo e por Deus Pai...” Pedro. As diferenças de estilo podem ser atribuídas à
C ontra-atacou tam bém seus oponentes que pregavam passagem do tem po, a ocasiões diferentes e ao fato de
outro evangelho que, na realidade não é o evange Pedro ter ditado verbalm ente IPedro a um am anuense
lho. [...] pervent[endo] o evangelho de Cristo”. O evan (ou secretário; v. IPe 5.12).
gelho dos seus oponentes não podia ser verdadeiro A inspiração era tão certa em várias obras proféti
porque eram “falsos irm ãos” (Gl 2.4). cas que sua inclusão era óbvia. Algum as foram rejei
Deve-se observar nesse sentido que ocasionalm en tadas por falta de autoridade, especialm ente as obras
te a Bíblia contém profecias verdadeiras de indivíduos pseudepigráficas. Esses livros não com provavam sua
cuja posição no povo de Deus é questionável, como alegação de autoria. Esse m esm o princípio de autori
Balaão (Nm 24.17) e Caifás (Jo 11.49). Mas, m esm o dade foi a razão do livro de Ester ser questionado, prin
presum indo que essas profecias tenham sido dadas cipalm ente pelo fato do nom e de Deus estar nitida
conscientem ente, esses profetas não eram autores de m ente ausente. Com um exam e m ais cuidadoso, Ester
livros da Bíblia, e foram apenas citados pelo verdadei reteve seu lugar no cânon depois de os pais apostóli
ro autor. Portanto, seus pronunciam entos estão na cos se convencerem de que a autoridade estava pre
m esm a categoria que os poetas gregos citados pelo sente, ainda que m enos evidente.
apóstolo Paulo (cf At 17.28; ICo 15.33; Tt 1.12). O autor foi confirmado pelos atos de Deus? O milagre
Os argum entos que Paulo usou contras os falsos é o ato de Deus para confirm ar sua palavra dada por
m estres da Galácia tam bém foram usados como base meio do seu profeta para o seu povo. É o sinal para com
para a rejeição de um a carta que foi forjada ou escrita provar seu serm ão; o milagre para confirm ar sua m en
sob falso pretexto. Uma carta desse tipo é m enciona sagem. Nem toda revelação profética foi confirm ada por
da em 2 Tessalonicenses 2.2. Um livro não pode ser um milagre específico. Havia outras m aneiras de deter
canônico se não for autêntico. Um livro pode usar o m inar a autenticidade de um suposto profeta. Se havia
recurso de personificação literária sem traude. Um dúvidas sobre suas credenciais proféticas, isso seria de
autor assum e o papel de outro para causar im pressão. term inado pela confirm ação divina, como realm ente
A lguns e stu d io so s ach am que esse é o caso de aconteceu em várias ocasiões nas Escrituras (Êx 4; Nm
Eclesiastes, se Qohelet escreveu autobiograficam ente 16,17; lR s 18; Mc 2; At 5; v. m i l a g r e s n a B í b l i a ).
como se fosse Salom ão (v. Leupold, p. 8ss.). Havia profetas verdadeiros e falsos (M t 7.15), logo
Essa teoria não é incom patível com o princípio, era necessária a confirmação divina dos verdadeiros.
contanto que se possa dem onstrar tratar-se de um re Moisés recebeu poderes m iraculosos para comprovar
curso literário e não um a fraude. Mas, quando um au seu cham ado (Êx 4.1-9). Elias triunfou sobre os falsos
tor finge ser apóstolo para conquistar a aceitação de profetas de Baal por um a ação sobrenatural (lR s 18).
suas idéias, como os autores de m uitos livros apócrifos Os milagres e sinais que Deus realizou por meio de Je
do n t fizeram , trata-se de fraude. sus lhe conferiram autoridade (At 2.22). Quanto à m en
Por causa desse princípio “protético”, 2Pedro foi sagem dos apóstolos,
questionada na igreja prim itiva. Até Eusébio, no sécu
lo iv, disse: Deus também deu testemunho dela por meio de sinais,
maravilhas, diversos milagres e dons do Espírito Santo
Quanto àquela enumerada como segunda, ti vemos no destribuídos de acordo com a sua vontade” (Hb 2.4).
tícias de que não é testamentária, todavia muitos a conside
ram útil e foi tomada em consideração com as demais Es Paulo deu testem u n h o do seu ap osto lado aos
crituras. (História eclesiástica,livro m,cap. 3.3). coríntios, declarando:“As marcas de um apóstolo — si
nais, maravilhas e milagres — foram dem onstradas en
Com base em diferenças no estilo literário, alguns tre vocês, com grande perseverança” (2Co 12.12; v. m i l a
acreditavam que o autor de 2Pedro não podia ser o m es g r e s , VALOR APOLOGÉTICO DOS).
mo autor de IPedro. Mas 2Pedro afirmava ser escrita por A mensagem diz a verdade sobre £>e«s?Apenas os con
“Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo” (2Pe 1.1). tem porâneos imediatos tiveram acesso à confirmação
Bíblia, canonicidade da 110
sobrenatural da m ensagem do profeta. Outros cren da igreja prim itiva rejeitaram ou consideraram de se
tes em lugares distantes e em épocas posteriores d e gunda categoria esses livros porque tinham im preci
pendiam de outros testes. Um deles era a autentici sões h istó ric a s e até in co n g ru ên cias m o rais. Os
dade de um livro. Isto é, o livro diz a verdade sobre reform adores rejeitaram alguns deles por causa do que
Deus e seu m undo conform e outras revelações? Deus consideravam ensinam entos heréticos, como orações
não se contradiz (2Co 1.17,18), nem pode m entir (Hb pelos m ortos, que 2M acabeus 12.45 apóia. 0 apóstolo
6 .8). N enhum livro com afirm ações falsas pode ser a João incentivou firm em ente que toda suposta “verda
Palavra de Deus. M oisés afirm ou o princípio sobre de” fosse testada pelo padrão conhecido antes de ser
profetas em geral que: recebida (ljo 4.1-6).
O teste de autenticidade foi a razão de Tiago e Judas
Se aparecer entre vocês um profeta ou alguém que faz pre serem questionados. Algum as pessoas já considera
dições por meio de sonhos e lhes anunciar um sinal ram Judas falso porqu e possivelm ente cita livros
miraculoso ou um prodígio, e se o sinal ou o prodígio de que pseudepigráficos não autênticos (Jd 9,14; v. Jerônimo,
ele falou acontecer, e ele disser: ‘Vamos seguir outros deuses 4). M artinho Lutero questionou a canonicidade de
que vocês não conhecem e vamos adorá-los’, não dêem ouvi Tiago por não possuir ênfase evidente da cruz, opi
dos às palavras daquele profeta ou sonhador (Dt 13.3a) nando que o livro parecia ensinar a salvação por obras.
Um estudo m ais cuidadoso liberou Tiago dessas acu
Assim, qualquer ensinam ento sobre Deus contrá sações, e até Lutero se sentiu m elhor quanto a ela. His
rio ao que seu povo já sabia ser verdadeiro devia ser tórica e uniform em ente, Judas e Tiago foram justifi
rejeitado. Além disso, qualquer previsão feita sobre o cados, e sua canonicidade foi reconhecida depois de
m undo que não se realizasse indicava que as palavras serem harm onizados com o resto das Escrituras.
do profeta deveriam ser rejeitadas. Como Moisés disse Ele veio com o poder de D eus? O utro teste de
a Israel: canonicidade é o poder do livro de edificar e equipar
os crentes. Isso requer o poder de Deus. Os pais acre
Mas talvez vocês perguntem a si mesmos: ‘Como sabe ditavam que a Palavra de Deus era “viva e eficaz” (Hb
remos se uma mensagem não vem do S e n h o r ?’ 4.12) e co n seq ü en tem en te deveria ter um a força
Se o que o profeta proclamar em nome do S e n h o r não transform adora (2Tm 3.17; IPe 1.23). Se a m ensagem
acontecer nem se cumprir, essa mensagem não vem do Se de um livro não atingia seu devido objetivo, se não
n h o r . Aquele profeta falou com presunção. Não tenham medo
dele (Dt 18.21,22). tivesse o poder de m udar vidas, então Deus evidente
m ente não estava por trás da sua m ensagem . A men
Se um profeta fizesse essas falsas afirm ações po sagem divina certam ente seria apoiada pelo poder de
deria ser apedrejado. Iavé disse: Deus. Os pais acreditavam que a Palavra de Deus atin
ge seu propósito (Is 55.11). Paulo aplicou esse princí
Mas o profeta que ousar falar em meu nome alguma pio ao a t quando escreveu a Timóteo: “Porque desde
coisa que eu não lhe ordenei, ou que falar em nome de ou criança você conhece as Sagradas Letras que são ca
tros deuses, terá que ser morto (Dt 18.20). pazes de torná-lo sábio para a salvação...” (2Tm 3.15).
Se é de Deus, funcionará — irá se cum prir. Esse teste
Esse tipo de castigo garantia que não haveria ne simples foi dado a Moisés para testar a verdade da pre
nhum a ação sem elhante por parte daquele profeta e visão do profeta (Dt 18.20ss.). Se o que foi previsto
dava a outros profetas hesitação antes de dizer: “Assim não acontecesse, não seria de Deus.
diz o S e n h o r ” . Com base nisso, literatura herética e boa literatura
A verdade por si só não torna um livro canônico. apostólica não-canônica foi rejeitada do cânon. Até os li
Esse é m ais um teste de não-autenticidade de um li vros cujo ensinamento era espiritual, m as cuja m ensa
vro que de canonicidade. É um teste negativo que po gem era no m áxim o devocional, foram julgados não
deria elim inar livros do cânon. Os crentes de Beréia canônicos. Esse é o caso da m aioria da literatura escrita
usavam esse princípio quando exam inavam as Escri nos períodos apostólico e subapostólico. Há um a diferen
turas para ver se os ensinam entos de Paulo eram ver ça trem enda entre os livros canônicos do n t e outras obras
dadeiros (At 17.11). Se a pregação do apóstolo não religiosas do período apostólico.“Não há o m esm o fres
concordasse com o ensinam ento do cânon do a t , não cor e originalidade, profundidade e clareza. E não é para
poderia ser de Deus. admirar, pois indica a transição das verdades dadas por
G rande p arte dos apócrifos foi rejeitada porque inspiração infalível para a verdade reproduzida por pio
não era autêntica. As autoridades judaicas e os pais neiros falíveis” (Louis B e r k h o f : A história da doutrina
111 Bíblia, canonicidade da
cristã, p.38). Falta poder aos livros não-canônicos; não Paulo (2Pe 3.16). Na verdade, os apóstolos insistiram
tinham os aspectos dinâmicos encontrados na Escritura em que suas cartas fossem lidas e circulassem entre as
inspirada.Não eram acom panhados pelo poder de Deus. igrejas (Cl 4.16; lTs 5.27; Ap 1.3).
Os livros cujo poder edificante foi questionado in Alguns argum entaram que Provérbios 25.1 m os
cluem Cântico dos Cânticos e Eclesiastes. Um livro que tra um a exceção. Sugere que alguns provérbios de
é erótico, sensual ou cético poderia ser de Deus? Cer Salomão provavelm ente não foram aceitos no cânon
tam ente não; enquanto esses livros fossem vistos des d u ran te sua vida. Antes, “os hom ens de Ezequias”
sa m aneira, não poderiam ser considerados canônicos. transcreveram outros provérbios de Salomão. É pos
C ertam ente, a m ensagem desses livros foi considera sível que esses provérbios adicionais (cap. 25 até 29)
da espiritual; assim os livros foram aceitos.M as o prin não tenham sido apresentados oficialm ente à com u
cípio foi aplicado im parcialm ente. Alguns livros pas nidade dos fiéis durante a vida de Salomão, talvez por
saram no teste; outros não. Nenhum livro que care causa do seu declínio m oral posterior. Mas, como eram
cesse das características edificantes ou práticas foi con provérbios autênticos de Salomão, não havia razão para
siderado canônico. não apresentá-los m ais tarde e então aceitá-los im e
Ele fo i aceito p e lo p o v o d e D eus ? Um profeta de diatam ente como autorizados. Nesse caso Provérbios
Deus era confirm ado por um ato de Deus (m ilagre) 25 até 29 não seria um a exceção à regra canônica da
e era nom eado porta-voz pelo povo que recebeu a aceitação im ediata.
m ensagem . Então o selo da canonicidade dependia Também é possível que esses capítulos posteriores
de o livro ser aceito pelo povo. Isso não quer dizer de Provérbios tenham sido apresentados e aceitos como
que todos na com unidade à qual a m ensagem do pro autoridade durante a vida de Salomão. Essa teoria pode
feta fora pronunciada a tivessem aceito com o au to ser sustentada pelo fato de que a parte salom ônica do
ridade divina. Profetas ( IRs 17-19; 2Cr 36.11-16) e livro deve ter sido compilada em três partes, que com e
apóstolos (G11) foram rejeitados por alguns. Mas os çam em 1.1,10.1 e 25.1. Talvez elas fossem guardadas
crentes na com unidade do profeta reconheceram a em rolos diferentes. A palavra outros em Provérbios 25.1
natureza profética da m ensagem , assim com o outros pode referir-se ao fato de os hom ens de Ezequias copia
crentes contem porâneos fam iliarizados com o p ro rem a últim a parte (rolo) com as duas prim eiras partes
feta. Essa aceitação tem duas fases; aceitação inicial (rolos). Os três rolos teriam sido im ediatam ente aceitos
e reconhecim ento subseqüente. como autoridade divina, sendo apenas copiados nova
A a c eita ç ã o in icial do livro pelo povo a quem foi mente pelos estudiosos.
endereçado era crucial. Paulo disse sobre os telassa- Já que as Escrituras de todas as épocas são m enci
lonicenses: onadas em obras bíblicas posteriores, e cada livro é
citado por algum pai da igreja prim itiva ou alistado
Também agradecemos a Deus sem cessar o fato de que, em algum cânon, há m uitas evidências de que havia
ao receberem de nossa parte a palavra de Deus, vocès a acei contínuo acordo na com unidade da aliança com rela
taram, não como palavra de homens, mas conforme ela ver ção ao cânon. O fato de certos livros serem escritos por
dadeiramente é, como palavra de Deus... (2Ts 2.13). profetas em épocas bíblicas e estarem agora no cânon
defende sua canonicidade. Junto com as evidências de
Seja qual for o argum ento subseqüente que hou um a continuidade de crença, isso defende firm em ente
vesse sobre a posição de um livro, as pessoas em m e a idéia de que a canonicidade existiu desde o início. A
lhores condições para conhecer suas credenciais pro presença de um livro no cânon ao longo dos séculos é
féticas eram as pessoas que conheciam o autor. A evi evidência de que os contem porâneos do profeta que o
dência definitiva é a que atesta sua aceitação por cren escreveu sabiam que ele era genuíno e tinha autorida
tes contem porâneos. de, apesar de gerações posteriores não terem conheci
Há am pla evidência de quais livros foram aceitos mento definitivo das credenciais proféticas do autor.
im ediatam ente para o cànon. Os livros de Moisés foram O debate posterior sobre certos livros não deve ofus
colocados im ediatam ente com a arca da aliança (Dt car sua aceitação inicial pelos contem porâneos im edia
31.26). A obra de Josué foi acrescentada (Js 24.26). De tos dos profetas. A verdadeira canonicidade foi determ i
pois vieram os livros de Samuel e outros (ISm 10.25). n ada por Deus quando direcionou o profeta a escrever,
Daniel tinha um a cópia de Moisés e dos Profetas, que in e foi im ediatam ente recon hecida pelo povo receptor.
cluía o livro do seu contemporâneo Jeremias (Dn 9.2,10, Tecnicamente faiando, a discussão sobre certos li
11). Paulo citou o evangelho de Lucas como “Escritura” vros nos últim os séculos não era um a questão de
(lTm 5.18). Pedro tinha um a coleção das “cartas” de can on icid ad e, m as de au ten ticid ad e ou g en u in idade.
Bíblia, canonicidade da 112
Como os leitores mais recentes não tinham acesso ao era terminantemente rejeitado, por mais que fosse
autor nem evidência direta de confirmação sobrena- edificante ou popular entre os fiéis. Segundo, houve certos
tural, eles tinham de depender do testemunho histó- livros que durante muito tempo estiveram na iminência de
rico. Uma vez convencidos pela evidência de que os ser incluídos no cânon, mas que no final deixaram de ga-
livros foram escritos por porta-vozes autorizados por rantir sua admissão, geralmente por que lhes faltava essa
Deus, os livros foram aceitos pela igreja universal. !Mas marca indispensável [...] terceiro, alguns dos livros que mais
as decisões dos concílios da igreja nos séculos iv e v tarde foram incluídos tiveram de aguardar um tempo con-
não determinaram 0 cânon, nem 0 descobriram ou siderável antes de obter reconhecimento universal [...] Gra-
reconheceram pela primeira vez. Em momento algum dualmente, contudo, a igreja, quer do Oriente quer do Oci-
a autoridade dos livros canônicos foi competência dos dente, foi chegando a um denominador comum quanto a
concílios da igreja posterior. Tudo que os concílios fi- seus livros sagrados. Oprimeiro documento oficial que pres-
zeram foi dar reconhecimento p osterior, mais am plo, e creve como canônicos apenas os vinte e sete livros de nosso
fin a l aos fatos de que Deus havia inspirado os livros e Novo Testamento é a Carta de Páscoa que Atanásio escre-
de que o povo de Deus os aceitara. veu para 0 ano de 367, mas 0 processo não se completou em
Vários séculos se passaram antes de todos os li- todos os lugares senão um século e meio mais tarde (Dou-
vros do cânon serem reconhecidos. A comunicação e trinas centrais da fé cristã, p.44).