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107 Bíblia, canonicidade da

E é por isso que a árvore Seus argumentos básicos falh am . Os argum entos de
Continuará a existir Berkeley a favor do idealismo são baseados na noção equi­
Já que é observada por este seu vocada de que conhecer envolve a percepção d e idéias em
fiel criado, Deus. vez de perceber as coisas p o r m eio das idéias. Trata-se
novamente de petição de princípio. Se as idéias não são o
Pode-se argum entar contra Berkeley que isso faria objeto form al do conhecimento, e sim o instrumento do
tudo um resultado direto de Deus ou, senão, artificial. conhecimento, a teoria de Berkeley é destruída.
Ele acreditava que isso não era verdadeiro. Há causas Suas soluções engenhosas são contrárias à experiên­
secundárias — idéias com binadas em padrões regula­ cia. Falar de corpos, matéria e natureza que todos experi­
res (natureza) para os propósitos práticos da vida. O fogo m entam os como m eras idéias que Deus regularmente
indica dor em potencial, m as não a provoca. estimula em nós é brilhante, m as anti-intuitivo. É possí­
Já que a Bíblia fala de corpos físicos, Berkeley foi vel, mas inacreditável. Na verdade, é forçad o falar em co­
acusado de negar o ensinam ento da Bíblia. Sua res­ mer idéias. Afirmar que Deus apenas ressuscitou um con­
posta foi que o que cham am os “corpo” é apenas um a junto de idéias de fa to solapa a doutrina d a ressurreição.
coleção de im pressões sensoriais, m as não algo real­ Sua teo ria acu sa D eus d e m en tira. Na verdade,
m ente m aterial. À insistência de que sua teoria era um a Berkeley parece acusar Deus de m entira (v. D e u s , n a ­
negação dos milagres, Berkeley respondeu que as coi­ t u r e z a d e ; m o r a l , a r g u m e n t o ). Se é apenas um a questão
sas não são reais, m as são percepções reais. Então os do poder de Deus, não há dúvida de que Deus pode
discípulos realm ente perceberam que estavam tocan­ estim ular a idéia de m atéria nas nossas m entes sem
do o corpo ressurrecto de Cristo, apesar de este não que a m atéria realm ente exista. Mas não é apenas um a
ser feito de m atéria da m aneira que geralm ente pen­ questão de poder. Deus é m ais que poderoso. Ele é per­
sam os (v. r e s s u r r e i ç ã o , e v i d ê n c i a s d a ). feito. Não pode enganar. Entretanto, estim ular em nós
Os valores do idealism o. O bispo Berkeley enu­ regularm ente a idéia de um m undo fora da m ente
m erou valores positivos em seu idealism o filosófico. quando esse não existe é m entira.
Por exemplo, a fonte do ceticism o (v. a g n o s t i c i s m o ) aca­
bou. Como podem os saber que idéias correspondem Fontes

à realidade? Sem problem a; já que as idéias sã o reais, B e r k e le y , G eorge,E P.


G.
elas não precisam corresponder a m ais nada. A pedra B e r k e l e y , ,4 treatíse concerning theprincipies o f

fundam ental do ateísm o tam bém se foi — a m atéria . human knowledge.

É a m atéria em m ovim ento eterno que os ateus usam ___ ,The analyst; or, A discourse addressed to an infidel
para elim inar a idéia de Deus. mathematician.
___ , Three dialogues between Hylas and
A base para a idolatria é elim inada. Quem adora­ Philonous.
ria a m era idéia de um objeto na sua m ente? Os J. CoEiiNS, A history of m odem european phüosophy.
socinianos perdem sua objeção à ressurreição, já que
não há nada específico a ser ressuscitado (v. r e s s u r r e i ­ Bíblia, canonicidade da. C a n on icid ad e (do grego
ç ã o , o b j e ç õ e s A ).
k a n o n , reg ra ou n o rm a ) diz resp eito aos livros
Avaliação. Apesar de Berkeley ser um cristão teísta norm ativos ou autorizados inspirados por Deus para
na tradição clássica, suas idéias m etafísicas causaram inclusão nas Escrituras Sagradas. A canonicidade é de­
grande desconforto para outros teístas. Em vez de re­ term inada por Deus (v. b í b l i a , e v i d ê n c i a s d a ). Não são a
solver problem as, parecem criá-los. V árias críticas antigüidade, a autenticidade ou a com unidade religiosa
devem ser observadas: que tornam um livro canônico ou autorizado. Um livro
Sua pressu posição básica é forçad a. A pressuposi­ é valioso porque é canônico, e não canônico porque é
ção fundam ental do idealism o de Berkeley é que ape­ ou foi considerado valioso. Sua autoridade é estabelecida
nas m entes e idéias existem. Uma vez concedida essa por Deus e simplesmente descoberta pelo povo de Deus.
pressuposição, o restante é resultado natural. No en­ D efinição de canonicidade. A distinção entre a
tanto, não existe razão convincente para aceitá-la. Na determ inação de Deus e a descoberta hum ana é es­
verdade, trata-se de petição de princípio, pois presu­ sencial para a visão correta da canonicidade, e deve
m e que ap en as m entes e idéias existem . Não é surpre­ ser feita cuidadosam ente:
sa, portanto, que ele conclua que nada existe além de Xa “visão incorreta” a autoridade das E scrituras
m entes e idéias. A existência da realidade além da é baseada na autoridade da igreja; a visão correta é
m ente e não-m ental não é elim inada por nenhum dos que a autoridade da igreja deve ser encontrada na
argum entos de Berkeley. autoridade das E scrituras. A visão incorreta coloca a
Bíblia, cononicidade da 108
O relacionamento de autoriadade 3. Incapacidade de distinguir entre o acréscim o
entre a igreja e o cânon de livros ao cánon e a rem oção de livros dele.
4. Incapacidade de distinguir entre o cânon que
Posição incorreta Posição correta a com unidade reconhecia e as opiniões excên­
sobre o cânon sobre o cânon tricas de indivíduos.
A igreja determina A igreja descobre 5. Incapacidade de usar adequadam ente a evi­
o cânon. o cânon. dência judaica sobre o cânon transm itido por
A igreja é mãe do A igreja é filha do m ãos cristãs, quer por negar as origens judai­
cânon. cânon. cas, quer por ignorar o meio cristão pelo qual
A igreja é magistrada A igreja é ministra ele foi transm itido.
do cânon. do cânon.
A igreja regula A igreja reconhece P rin cíp ios d e ca n o n icid a d e. A dm itido o fato de
o cânon. o cânon. que Deus concedeu autoridade e, daí, canonicidade
A igreja é juíza A igreja é testemunha à Bíblia, surge outra questão: Como os crentes to m a­
do cânon. do cânon. ram conhecim ento do que Deus fizera? Os próprios
A igreja é mestra A igreja é serva livros canônicos aceitos da Bíblia referem -se a ou ­
do cânon. do cânon. tros livros que não estão m ais disponíveis, por exem ­
plo, o “Livro dos Justos” (Js 10.13) e o “livro das Guer­
igreja acim a do cânon, ao passo que a posição apro­ ras do S e n h o r ” (K m 21.14). E ain d a há os livros
priada vê a igreja so b o cânon. Na verdade, se na co­ a p ó crifo s e os cham ados “livros perdidos”. Como os
luna intitulada “visão incorreta” a palavra “igreja” for pais da igreja sabiam que eles não eram inspirados?
substituída por “Deus”, a visão adequada do cânon Por acaso João (21.25) e Lucas (1.1) não m enciona­
surge claram ente. Foi Deus quem regulou o cânon; o ram um a profusão de literatu ra religiosa? Não havia
hom em apenas recon heceu a autoridade divina que epístolas falsas (2Ts 2.2)? Quais m arcas de in sp ira­
Deus deu ao cânon. Deus d eterm in ou o cânon, e o ção guiaram os pais apostólicos enquanto identifi­
hom em o descobriu . Louis Gaussen dá um resum o cavam e coletavam os livros inspirados? Talvez o p ró ­
excelente dessa posição: prio fato de alguns livros canônicos serem q uestio­
nados periodicam ente, com base em um ou outro
Nessa questão, então, a igreja é serva e não senhora; princípio, defende o valor do princípio e a precaução
repositório, e não juíza. F.la exercita o cargo de ministra, não dos pais no seu reconhecim ento da canonicidade.
de magistrada [...] Dá testemunho, não sentencia. Discerne o Oferece certeza de que o povo de Deus realm ente in ­
cânon das Escrituras, não o cria; reconhece-o, não o autenti­ cluiu os livros que Deus queria.
ca [...] A autoridade das Escrituras não é fundada, assim, na Cinco questões fundam entais estão no centro do
autoridade da igreja. É a igreja que é fundada na autoridade processo da descoberta:
das Escrituras (Gaussen,p. 137). O livro f o i escrito p o r um p rofeta d e Deus? A per­
g u n ta b á sic a era se um liv ro era p ro fético . A
D escobrindo a canonicidade. M étodos adequa­ caractéristica profética determ inava a canonicidade.
dos devem ser em pregados para descobrir que livros O profeta era alguém que declarava o que Deus havia
Deus determ inou serem canônicos. Senão, a lista de revelado. Então, som ente escrituras proféticas eram
livros canônicos seria variada e identificada incorre­ canônicas. Q ualquer coisa que não fosse escrita por
tam ente. M uitos procedim entos usados no estudo do um profeta de Deus não fazia parte da Palavra de Deus.
cânon do a t foram prejudicados pelo uso de m étodos Os term os característicos “E a palavra do S e n h o r veio
falhos (v. APÓCRIFOS DO AT F DO X E ). ao profeta”, ou “O S e n h o r disse a”, ou “Deus disse” são
Critérios in ad eq u ad os d e can on icidade. Cinco m é­ tão freqüentes nos a t de tal m aneira que se tornaram
todos errados afligiram especificam ente a igreja (v. fam osas. Se com provadas, essas afirm ações de inspi­
B eckw ith,p. 7-8): ração são tão claras que seria praticam ente desneces­
sário discutir se alguns livros eram de origem divina.
1. Incapacidade de distinguir um livro que era Na m aioria dos casos tratava-se apenas da questão de
“conhecido” de um livro que tinha a autorida­ estabelecer a autoria do livro. S e foi escrito por um
de divina. apóstolo ou profeta reconhecido, seu lugar no cânon
2. Incapacidade de distinguir conflitos sobre o estava assegurado.
cânon entre grupos diferentes de incerteza so­ Evidências históricas ou estilísticas (externas ou
bre o cânon dentro desses grupos. internas) que apóiam a autenticidade de um livro
109 Bíblia, canonicidade da
profético tam bém defendem sua canonicidade. Esse é Assim, ou a epístola era um a fraude ou havia grande
o m esm o argum ento que Paulo usou para defender dificuldade em explicar seu estilo diferente. Os que se
suas duras palavras aos gálatas (Gl 1.1-24). Ele argu­ incom odavam com essas evidências duvidavam da
m entou que sua m ensagem era autorizada porque ele autenticidade de 2 Pedro e por isso ela foi colocada en­
era um m ensageiro autorizado por Deus: “... apóstolo tre os livros denom inadas antilegô-menos por um tem ­
enviado, não da parte de hom ens nem por meio de pes­ po. Finalm ente foi aceita porque era a obra genuína de
soa algum a, m as por Jesus Cristo e por Deus Pai...” Pedro. As diferenças de estilo podem ser atribuídas à
C ontra-atacou tam bém seus oponentes que pregavam passagem do tem po, a ocasiões diferentes e ao fato de
outro evangelho que, na realidade não é o evange­ Pedro ter ditado verbalm ente IPedro a um am anuense
lho. [...] pervent[endo] o evangelho de Cristo”. O evan­ (ou secretário; v. IPe 5.12).
gelho dos seus oponentes não podia ser verdadeiro A inspiração era tão certa em várias obras proféti­
porque eram “falsos irm ãos” (Gl 2.4). cas que sua inclusão era óbvia. Algum as foram rejei­
Deve-se observar nesse sentido que ocasionalm en­ tadas por falta de autoridade, especialm ente as obras
te a Bíblia contém profecias verdadeiras de indivíduos pseudepigráficas. Esses livros não com provavam sua
cuja posição no povo de Deus é questionável, como alegação de autoria. Esse m esm o princípio de autori­
Balaão (Nm 24.17) e Caifás (Jo 11.49). Mas, m esm o dade foi a razão do livro de Ester ser questionado, prin­
presum indo que essas profecias tenham sido dadas cipalm ente pelo fato do nom e de Deus estar nitida­
conscientem ente, esses profetas não eram autores de m ente ausente. Com um exam e m ais cuidadoso, Ester
livros da Bíblia, e foram apenas citados pelo verdadei­ reteve seu lugar no cânon depois de os pais apostóli­
ro autor. Portanto, seus pronunciam entos estão na cos se convencerem de que a autoridade estava pre­
m esm a categoria que os poetas gregos citados pelo sente, ainda que m enos evidente.
apóstolo Paulo (cf At 17.28; ICo 15.33; Tt 1.12). O autor foi confirmado pelos atos de Deus? O milagre
Os argum entos que Paulo usou contras os falsos é o ato de Deus para confirm ar sua palavra dada por
m estres da Galácia tam bém foram usados como base meio do seu profeta para o seu povo. É o sinal para com ­
para a rejeição de um a carta que foi forjada ou escrita provar seu serm ão; o milagre para confirm ar sua m en­
sob falso pretexto. Uma carta desse tipo é m enciona­ sagem. Nem toda revelação profética foi confirm ada por
da em 2 Tessalonicenses 2.2. Um livro não pode ser um milagre específico. Havia outras m aneiras de deter­
canônico se não for autêntico. Um livro pode usar o m inar a autenticidade de um suposto profeta. Se havia
recurso de personificação literária sem traude. Um dúvidas sobre suas credenciais proféticas, isso seria de­
autor assum e o papel de outro para causar im pressão. term inado pela confirm ação divina, como realm ente
A lguns e stu d io so s ach am que esse é o caso de aconteceu em várias ocasiões nas Escrituras (Êx 4; Nm
Eclesiastes, se Qohelet escreveu autobiograficam ente 16,17; lR s 18; Mc 2; At 5; v. m i l a g r e s n a B í b l i a ).
como se fosse Salom ão (v. Leupold, p. 8ss.). Havia profetas verdadeiros e falsos (M t 7.15), logo
Essa teoria não é incom patível com o princípio, era necessária a confirmação divina dos verdadeiros.
contanto que se possa dem onstrar tratar-se de um re­ Moisés recebeu poderes m iraculosos para comprovar
curso literário e não um a fraude. Mas, quando um au­ seu cham ado (Êx 4.1-9). Elias triunfou sobre os falsos
tor finge ser apóstolo para conquistar a aceitação de profetas de Baal por um a ação sobrenatural (lR s 18).
suas idéias, como os autores de m uitos livros apócrifos Os milagres e sinais que Deus realizou por meio de Je­
do n t fizeram , trata-se de fraude. sus lhe conferiram autoridade (At 2.22). Quanto à m en­
Por causa desse princípio “protético”, 2Pedro foi sagem dos apóstolos,
questionada na igreja prim itiva. Até Eusébio, no sécu­
lo iv, disse: Deus também deu testemunho dela por meio de sinais,
maravilhas, diversos milagres e dons do Espírito Santo
Quanto àquela enumerada como segunda, ti vemos no­ destribuídos de acordo com a sua vontade” (Hb 2.4).
tícias de que não é testamentária, todavia muitos a conside­
ram útil e foi tomada em consideração com as demais Es­ Paulo deu testem u n h o do seu ap osto lado aos
crituras. (História eclesiástica,livro m,cap. 3.3). coríntios, declarando:“As marcas de um apóstolo — si­
nais, maravilhas e milagres — foram dem onstradas en­
Com base em diferenças no estilo literário, alguns tre vocês, com grande perseverança” (2Co 12.12; v. m i l a ­
acreditavam que o autor de 2Pedro não podia ser o m es­ g r e s , VALOR APOLOGÉTICO DOS).
mo autor de IPedro. Mas 2Pedro afirmava ser escrita por A mensagem diz a verdade sobre £>e«s?Apenas os con­
“Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo” (2Pe 1.1). tem porâneos imediatos tiveram acesso à confirmação
Bíblia, canonicidade da 110
sobrenatural da m ensagem do profeta. Outros cren­ da igreja prim itiva rejeitaram ou consideraram de se­
tes em lugares distantes e em épocas posteriores d e­ gunda categoria esses livros porque tinham im preci­
pendiam de outros testes. Um deles era a autentici­ sões h istó ric a s e até in co n g ru ên cias m o rais. Os
dade de um livro. Isto é, o livro diz a verdade sobre reform adores rejeitaram alguns deles por causa do que
Deus e seu m undo conform e outras revelações? Deus consideravam ensinam entos heréticos, como orações
não se contradiz (2Co 1.17,18), nem pode m entir (Hb pelos m ortos, que 2M acabeus 12.45 apóia. 0 apóstolo
6 .8). N enhum livro com afirm ações falsas pode ser a João incentivou firm em ente que toda suposta “verda­
Palavra de Deus. M oisés afirm ou o princípio sobre de” fosse testada pelo padrão conhecido antes de ser
profetas em geral que: recebida (ljo 4.1-6).
O teste de autenticidade foi a razão de Tiago e Judas
Se aparecer entre vocês um profeta ou alguém que faz pre­ serem questionados. Algum as pessoas já considera­
dições por meio de sonhos e lhes anunciar um sinal ram Judas falso porqu e possivelm ente cita livros
miraculoso ou um prodígio, e se o sinal ou o prodígio de que pseudepigráficos não autênticos (Jd 9,14; v. Jerônimo,
ele falou acontecer, e ele disser: ‘Vamos seguir outros deuses 4). M artinho Lutero questionou a canonicidade de
que vocês não conhecem e vamos adorá-los’, não dêem ouvi­ Tiago por não possuir ênfase evidente da cruz, opi­
dos às palavras daquele profeta ou sonhador (Dt 13.3a) nando que o livro parecia ensinar a salvação por obras.
Um estudo m ais cuidadoso liberou Tiago dessas acu­
Assim, qualquer ensinam ento sobre Deus contrá­ sações, e até Lutero se sentiu m elhor quanto a ela. His­
rio ao que seu povo já sabia ser verdadeiro devia ser tórica e uniform em ente, Judas e Tiago foram justifi­
rejeitado. Além disso, qualquer previsão feita sobre o cados, e sua canonicidade foi reconhecida depois de
m undo que não se realizasse indicava que as palavras serem harm onizados com o resto das Escrituras.
do profeta deveriam ser rejeitadas. Como Moisés disse Ele veio com o poder de D eus? O utro teste de
a Israel: canonicidade é o poder do livro de edificar e equipar
os crentes. Isso requer o poder de Deus. Os pais acre­
Mas talvez vocês perguntem a si mesmos: ‘Como sabe­ ditavam que a Palavra de Deus era “viva e eficaz” (Hb
remos se uma mensagem não vem do S e n h o r ?’ 4.12) e co n seq ü en tem en te deveria ter um a força
Se o que o profeta proclamar em nome do S e n h o r não transform adora (2Tm 3.17; IPe 1.23). Se a m ensagem
acontecer nem se cumprir, essa mensagem não vem do Se­ de um livro não atingia seu devido objetivo, se não
n h o r . Aquele profeta falou com presunção. Não tenham medo
dele (Dt 18.21,22). tivesse o poder de m udar vidas, então Deus evidente­
m ente não estava por trás da sua m ensagem . A men­
Se um profeta fizesse essas falsas afirm ações po­ sagem divina certam ente seria apoiada pelo poder de
deria ser apedrejado. Iavé disse: Deus. Os pais acreditavam que a Palavra de Deus atin­
ge seu propósito (Is 55.11). Paulo aplicou esse princí­
Mas o profeta que ousar falar em meu nome alguma pio ao a t quando escreveu a Timóteo: “Porque desde
coisa que eu não lhe ordenei, ou que falar em nome de ou­ criança você conhece as Sagradas Letras que são ca­
tros deuses, terá que ser morto (Dt 18.20). pazes de torná-lo sábio para a salvação...” (2Tm 3.15).
Se é de Deus, funcionará — irá se cum prir. Esse teste
Esse tipo de castigo garantia que não haveria ne­ simples foi dado a Moisés para testar a verdade da pre­
nhum a ação sem elhante por parte daquele profeta e visão do profeta (Dt 18.20ss.). Se o que foi previsto
dava a outros profetas hesitação antes de dizer: “Assim não acontecesse, não seria de Deus.
diz o S e n h o r ” . Com base nisso, literatura herética e boa literatura
A verdade por si só não torna um livro canônico. apostólica não-canônica foi rejeitada do cânon. Até os li­
Esse é m ais um teste de não-autenticidade de um li­ vros cujo ensinamento era espiritual, m as cuja m ensa­
vro que de canonicidade. É um teste negativo que po ­ gem era no m áxim o devocional, foram julgados não
deria elim inar livros do cânon. Os crentes de Beréia canônicos. Esse é o caso da m aioria da literatura escrita
usavam esse princípio quando exam inavam as Escri­ nos períodos apostólico e subapostólico. Há um a diferen­
turas para ver se os ensinam entos de Paulo eram ver­ ça trem enda entre os livros canônicos do n t e outras obras
dadeiros (At 17.11). Se a pregação do apóstolo não religiosas do período apostólico.“Não há o m esm o fres­
concordasse com o ensinam ento do cânon do a t , não cor e originalidade, profundidade e clareza. E não é para
poderia ser de Deus. admirar, pois indica a transição das verdades dadas por
G rande p arte dos apócrifos foi rejeitada porque inspiração infalível para a verdade reproduzida por pio­
não era autêntica. As autoridades judaicas e os pais neiros falíveis” (Louis B e r k h o f : A história da doutrina
111 Bíblia, canonicidade da
cristã, p.38). Falta poder aos livros não-canônicos; não Paulo (2Pe 3.16). Na verdade, os apóstolos insistiram
tinham os aspectos dinâmicos encontrados na Escritura em que suas cartas fossem lidas e circulassem entre as
inspirada.Não eram acom panhados pelo poder de Deus. igrejas (Cl 4.16; lTs 5.27; Ap 1.3).
Os livros cujo poder edificante foi questionado in ­ Alguns argum entaram que Provérbios 25.1 m os­
cluem Cântico dos Cânticos e Eclesiastes. Um livro que tra um a exceção. Sugere que alguns provérbios de
é erótico, sensual ou cético poderia ser de Deus? Cer­ Salomão provavelm ente não foram aceitos no cânon
tam ente não; enquanto esses livros fossem vistos des­ d u ran te sua vida. Antes, “os hom ens de Ezequias”
sa m aneira, não poderiam ser considerados canônicos. transcreveram outros provérbios de Salomão. É pos­
C ertam ente, a m ensagem desses livros foi considera­ sível que esses provérbios adicionais (cap. 25 até 29)
da espiritual; assim os livros foram aceitos.M as o prin­ não tenham sido apresentados oficialm ente à com u­
cípio foi aplicado im parcialm ente. Alguns livros pas­ nidade dos fiéis durante a vida de Salomão, talvez por
saram no teste; outros não. Nenhum livro que care­ causa do seu declínio m oral posterior. Mas, como eram
cesse das características edificantes ou práticas foi con­ provérbios autênticos de Salomão, não havia razão para
siderado canônico. não apresentá-los m ais tarde e então aceitá-los im e­
Ele fo i aceito p e lo p o v o d e D eus ? Um profeta de diatam ente como autorizados. Nesse caso Provérbios
Deus era confirm ado por um ato de Deus (m ilagre) 25 até 29 não seria um a exceção à regra canônica da
e era nom eado porta-voz pelo povo que recebeu a aceitação im ediata.
m ensagem . Então o selo da canonicidade dependia Também é possível que esses capítulos posteriores
de o livro ser aceito pelo povo. Isso não quer dizer de Provérbios tenham sido apresentados e aceitos como
que todos na com unidade à qual a m ensagem do pro­ autoridade durante a vida de Salomão. Essa teoria pode
feta fora pronunciada a tivessem aceito com o au to­ ser sustentada pelo fato de que a parte salom ônica do
ridade divina. Profetas ( IRs 17-19; 2Cr 36.11-16) e livro deve ter sido compilada em três partes, que com e­
apóstolos (G11) foram rejeitados por alguns. Mas os çam em 1.1,10.1 e 25.1. Talvez elas fossem guardadas
crentes na com unidade do profeta reconheceram a em rolos diferentes. A palavra outros em Provérbios 25.1
natureza profética da m ensagem , assim com o outros pode referir-se ao fato de os hom ens de Ezequias copia­
crentes contem porâneos fam iliarizados com o p ro ­ rem a últim a parte (rolo) com as duas prim eiras partes
feta. Essa aceitação tem duas fases; aceitação inicial (rolos). Os três rolos teriam sido im ediatam ente aceitos
e reconhecim ento subseqüente. como autoridade divina, sendo apenas copiados nova­
A a c eita ç ã o in icial do livro pelo povo a quem foi mente pelos estudiosos.
endereçado era crucial. Paulo disse sobre os telassa- Já que as Escrituras de todas as épocas são m enci­
lonicenses: onadas em obras bíblicas posteriores, e cada livro é
citado por algum pai da igreja prim itiva ou alistado
Também agradecemos a Deus sem cessar o fato de que, em algum cânon, há m uitas evidências de que havia
ao receberem de nossa parte a palavra de Deus, vocès a acei­ contínuo acordo na com unidade da aliança com rela­
taram, não como palavra de homens, mas conforme ela ver­ ção ao cânon. O fato de certos livros serem escritos por
dadeiramente é, como palavra de Deus... (2Ts 2.13). profetas em épocas bíblicas e estarem agora no cânon
defende sua canonicidade. Junto com as evidências de
Seja qual for o argum ento subseqüente que hou­ um a continuidade de crença, isso defende firm em ente
vesse sobre a posição de um livro, as pessoas em m e­ a idéia de que a canonicidade existiu desde o início. A
lhores condições para conhecer suas credenciais pro­ presença de um livro no cânon ao longo dos séculos é
féticas eram as pessoas que conheciam o autor. A evi­ evidência de que os contem porâneos do profeta que o
dência definitiva é a que atesta sua aceitação por cren­ escreveu sabiam que ele era genuíno e tinha autorida­
tes contem porâneos. de, apesar de gerações posteriores não terem conheci­
Há am pla evidência de quais livros foram aceitos mento definitivo das credenciais proféticas do autor.
im ediatam ente para o cànon. Os livros de Moisés foram O debate posterior sobre certos livros não deve ofus­
colocados im ediatam ente com a arca da aliança (Dt car sua aceitação inicial pelos contem porâneos im edia­
31.26). A obra de Josué foi acrescentada (Js 24.26). De­ tos dos profetas. A verdadeira canonicidade foi determ i­
pois vieram os livros de Samuel e outros (ISm 10.25). n ada por Deus quando direcionou o profeta a escrever,
Daniel tinha um a cópia de Moisés e dos Profetas, que in­ e foi im ediatam ente recon hecida pelo povo receptor.
cluía o livro do seu contemporâneo Jeremias (Dn 9.2,10, Tecnicamente faiando, a discussão sobre certos li­
11). Paulo citou o evangelho de Lucas como “Escritura” vros nos últim os séculos não era um a questão de
(lTm 5.18). Pedro tinha um a coleção das “cartas” de can on icid ad e, m as de au ten ticid ad e ou g en u in idade.
Bíblia, canonicidade da 112

Como os leitores mais recentes não tinham acesso ao era terminantemente rejeitado, por mais que fosse
autor nem evidência direta de confirmação sobrena- edificante ou popular entre os fiéis. Segundo, houve certos
tural, eles tinham de depender do testemunho histó- livros que durante muito tempo estiveram na iminência de
rico. Uma vez convencidos pela evidência de que os ser incluídos no cânon, mas que no final deixaram de ga-
livros foram escritos por porta-vozes autorizados por rantir sua admissão, geralmente por que lhes faltava essa
Deus, os livros foram aceitos pela igreja universal. !Mas marca indispensável [...] terceiro, alguns dos livros que mais
as decisões dos concílios da igreja nos séculos iv e v tarde foram incluídos tiveram de aguardar um tempo con-
não determinaram 0 cânon, nem 0 descobriram ou siderável antes de obter reconhecimento universal [...] Gra-
reconheceram pela primeira vez. Em momento algum dualmente, contudo, a igreja, quer do Oriente quer do Oci-
a autoridade dos livros canônicos foi competência dos dente, foi chegando a um denominador comum quanto a
concílios da igreja posterior. Tudo que os concílios fi- seus livros sagrados. Oprimeiro documento oficial que pres-
zeram foi dar reconhecimento p osterior, mais am plo, e creve como canônicos apenas os vinte e sete livros de nosso
fin a l aos fatos de que Deus havia inspirado os livros e Novo Testamento é a Carta de Páscoa que Atanásio escre-
de que o povo de Deus os aceitara. veu para 0 ano de 367, mas 0 processo não se completou em
Vários séculos se passaram antes de todos os li- todos os lugares senão um século e meio mais tarde (Dou-
vros do cânon serem reconhecidos. A comunicação e trinas centrais da fé cristã, p.44).

0 transporte eram lentos, então demorava tempo para


os crentes do Ocidente estarem completamente cien- Alguns princípios são implícitos e outros são explíci-
tos. Todos os critérios de inspiração são necessários para
tes das evidências de livros que haviam circulado pri-
demonstrar a canonicidade de cada livro. As cinco ca-
meiro no Oriente, e vice-versa. Antes de 313 d.C a igreja
racterísticas devem pelo menos estar presentes impli-
enfrentou perseguições freqüentes que não permiti-
citamente, apesar de algumas prevalecerem sobre ou-
rem espaço para pesquisa, reflexão e reconhecimento.
tras. Por exemplo, a dinâmica do poder capacitador de
Logo que isso se tornou possível, pouco tempo se pas-
Deus é mais óbvia nas epístolas do n t que nas narrati-
sou antes de haver conhecimento geral de todos os li-
vas históricas do at. A autoridade de “Assim diz 0 Se-
vros canônicos pelos concílios regionais de Hipona
nhor” é mais evidente nos profetas que na poesia. Isso
(393) e Cartago (397). Não havia a necessidade gran-
não quer dizer que a autoridade não esteja presente nas
de de precisão até que surgiu um conflito. Marcião
seções poéticas, nem que não haja dinâmica na história
publicou seu cânon gnóstico, com apenas Lucas e dez
redentora. Significa que os pais nem sempre encontra-
das epístolas de Paulo, na metade do século 11. Epísto-
ram todos os princípios operando explicitamente.
las e evangelhos falsos apareceram durante os séculos
Alguns prin cíp ios sã o m ais im portantes qu e outros.
!1 e m. Já que esses livros afirmavam ter autoridade di-
Alguns critérios de inspiração são mais importantes
vina, a igreja universal precisou definir os limites do
que outros, pelo fato de a presença de um subenten-
cânon, autêntico e inspirado, que já se conhecia. der 0 outro, ou ser uma chave paraosoutros.Por exem-
A p lica n d o p r in c íp io s d e c a n o n ic id a d e . Para não pio, se um livro possui autoridade divina, ele será di-
dar a impressão de que esses princípios foram aplica- nâmico — acompanhado pelo poder transformador
dos explícita e mecanicamente por uma comissão, são de Deus. Na verdade, quando a autoridade estava ine-
necessárias algumas explicações. Como é que os prin- gavelmente presente, as outras características de ins-
cípios operavam na consciência da igreja cristã pri- piração eram automaticamente pressupostas. Entre os
mitiva? Apesar da questão do descobrimento do cânon livros do n t a prova de apostolicidade, sua natureza
estar centrada igualmente no a t e no n t, J. N. D. Kelly profética, era considerada uma garantia de inspiração
discute esses princípios conforme aplicados ao cânon ( B . B . W a r f ie ld , The inspiration a n d au thority o f the
do n t. Ele escreve: B ible, p. 415). Se a qualidade profética pudesse ser pro-
vada, só isso fundamentava 0 livro. No sentido geral,
A questão principal a se observar é que a fixação da os pais da igreja só estavam explicitamente preocupa-
lista de livros finalmente reconhecidos e da ordem em que dos com a apostolicidade e autenticidade. As caracte-
deveriam ser despostos foi resultado de um processo bem rísticas edificantes e a aceitação universal de um livro
gradual [...] Devem-se assinalar três aspectos desse pro- eram pressupostas, a não ser que alguma dúvida so-
cesso. Primeiro, o critério que veio a prevalecer em última bre as duas prim eiras perguntas forçasse uma
instância foi 0 da apostolicidade. Se não fosse provado que reavaliação dos testes. Isso aconteceu com 2Pedro e
um livro era de autoridade de um apóstolo ou que, pelo 2João. A evidência positiva dos três primeiros princí-
menos tinha 0 suporte da autoridade de um apóstolo, ele pios surgiu vitoriosa.
113 Bíblia, crítica da
O testem unho do Espírito Santo. O reconhecimento J. N. D. K e i .i .y , Doutrinas centrais da fé cristã.
da canonicidade não era uma simples questão mecâ- ). P. L an g e, Commentary on the Holy Scriptures.
nica resolvida por um sínodo ou concilio eclesiástico. H. C. Exposition of Ecclesiastes.
Era um processo providencial direcionado pelo Espí- R. C. Sproh ,“ The internal testimony of the Holy
rito de Deus à medida que ele testemunhava para a Spirit” , em N. L. Geiseer, org. Inerrancy.
Igreja sobre a realidade da Palavra de Deus ( v. E s p írito B. B. Wariteed, The inspiration and authority of the
S a n to na a p olo gética, papel d o ). A s pessoas não podiam Bible.
identificar a Palavra enquanto 0 Espírito Santo não
abrisse seu entendimento. Jesus disse: “As minhas ove- Bíblia, crítica da. A palavra crítica, quando aplicada
lhas ouvem a minha voz” (Jo 10.27). Isso não quer di- à Bíblia, significa apenas 0 exercício do discernimento.
zer que 0 Espírito Santo tenha falado misticamente em Teólogos conservadores e não-conservadores fazem
visões para resolver questões de canonicidade. O tes- dois tipos de crítica bíblica: a b aix a crítica, que lida
temunho do Espírito Santo os convenceu da realidade com 0 texto: a alta crítica, que trata da fonte do texto.
de que 0 cânon inspirado por Deus existia, não de sua A baixa crítica tenta determinar 0 que 0 texto original
extensão (Sproul, p. 337-54). A fé se uniu à ciência; dizia, e a outra pergunta quem disse e quando, onde e
princípios objetivos foram usados, mas os pais sabi- por que foi escrito.
am que as obras haviam sido usadas nas suas igrejas A maioria das controvérsias relacionadas à crítica
para mudar vidas e ensinar corações pelo Espírito San- bíblica envolve a alta crítica. A alta crítica pode ser di-
to. Esse testemunho subjetivo se uniu à evidência ob- vidida em negativa (destrutiva) e positiva (construti-
jetiva na confirmação do que era Palavra de Deus. va). A crítica negativa nega a autenticidade de grande
Testes de canonicidade não eram um meio mecâ- parte do registro bíblico. Essa abordagem em geral
nico de medir a quantidade de literatura inspirada, e emprega uma pressuposição anti-sobrenatural (v. mi-
o Espírito Santo não disse: “Esse livro ou essa passa- LAGRES, ARGUMENTOS CONTRA; MILAGRES, MITOS F.). Além dlS-
gem é inspirada; aquele não é” . Isso seria revelação, so, a crítica negativa normalmente aborda a Bíblia com
não descobrimento. O Espírito Santo providencialmen- desconfiança equivalente a um preconceito do tipo
te guiou 0 processo de avaliação e testemunhou para “culpado até que se prove inocente” .
0 povo à medida que liam ou ouviam. C rítica n ega tiv a do nt. Métodos de crítica histó-
C onclusão. É importante distinguir entre a deter- rica, d as fontes, d a form a, d a trad ição e d a red a ção (e
m inação e a descoberta da canonicidade. Deus é 0 único suas combinações) são as abordagens em que, histo-
responsável por determinar; 0 povo de Deus é respon- ricamente, 0 preconceito surge mais forte. Qualquer
sável por descobrir. O fato de um livro ser canônico é um deles, usado para promover uma agenda cética,
devido à in spiração divina. Sabe-se que um livro é com pouca ou nenhuma consideração pela verdade,
canônico devido ao processo de reconhecimento huma- solapa a apologética cristã.
no. O livro foi 1) escrito por um porta-voz de Deus; 2) Crítica histórica. A crítica histórica é um termo
que foi confirmado por um ato de Deus; 3) disse a ver- amplo que abrange técnicas de datar documentos e
dade 4) no poder de Deus; e 5) foi aceito pelo povo de tradições, para verificar eventos relatados nesses do-
Deus. Se um livro tinha 0 primeiro sinal claramente, a cumentos, e usar os resultados na historiografia para
canonicidade geralmente era dada. Os eontemporâne- reconstruir e interpretar. O padre francês Richard
os de um profeta ou apóstolo faziam a confirmação ofi- Simon, oratoriano, publicou uma série de livros, a par-
ciai. Os pais da igreja mais recentes investigaram a pro- tir de 1678, em que aplicou uma abordagem crítica e
fusão de literatura religiosa para reconhecer oficialmen- racionalista para estudar a Bíblia. Esse foi 0 nascimen-
te quais livros eram divinamente inspirados da forma to do estudo histórico-crítico da Bíblia, mas só com
citada por Paulo em 2Timóteo 3.16. Johann Gottfried Eichhorn (1752-1827) e Johann
David Michaelis (1717-1791) 0 moderno padrão his-
Fontes tórico-crítico foi estabelecido. Eles foram influencia-
R. B e c k w i t h , The Old Testament canon oftheXew dos pela pesquisa histórica secular de Barthold Georg
Testament church and its background in early judaism. Niebuhr (1776-1831; R om ische Geschichte, 1811-1812),
L. B e r k h o f , A história das doutrinas cristãs. Leopold von Ranke (1795-1886; G e s h ic h te d e r
E u s e b io , História eclesiástica. ro m a n isch en u m d g er m a n is c h en V olker von 1494-
L G a u ssex, Theopneustia. 1535), e outros, que desenvolveram e refinaram as
N. L. G e i s l e r e \V. E . Nix, Introdução bíblica. técnicas. Entre os influenciados estava Johann
J e r ô n i m o , Lives of illustrious men. Christian Konrad von Elofmann (1810-1877). Ele

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