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PROBLEMAS DE MISTURA

Definição:

A partir das equações diferencias aprendidas, podemos analisar também


modelagem especificas para cada departamento, ou seja, determinada área que
se deseja aplicar.
Em ciências, engenharia, economia e até mesmo em psicologia,
frequentemente desejamos descrever ou modelar o comportamento de algum
sistema ou fenômeno em termos matemáticos. Essa descrição começa com:
(i) Identificando as variáveis que são responsáveis por mudanças do
sistema, e
(ii) Um conjunto de hipóteses sobre o sistema.

A estrutura matemática de todas essas hipóteses, ou o modelo


matemático do sistema, é muitas vezes uma equação diferencial ou um sistema
de equações diferenciais. Esperamos que um modelo matemático razoável do
sistema tenha uma solução que seja consistente com o comportamento
conhecido do sistema.
Por exemplo um modelo matemático de um sistema físico geralmente
envolve a variável tempo. A solução do modelo representa então o estado do
sistema; em outras palavras, para valores apropriados do tempo t, os valores da
variável dependente (ou variáveis) descrevem o sistema no passado, presente
e futuro.
Um exemplo comumente utilizado nas bibliografias para demostrar o
problema de mistura que dá origem a uma equação diferencial de primeira ordem
para a quantidade de solúvel, é o modelo de um tanque com uma vazão de
entrada e saída onde se é realizado uma mistura.
Abaixo pode-se observar um exemplo para um tanque com 300 litros de
salmoura (água + sal), onde é bombeado para dentro do mesmo outra salmoura
com um fluxo de três litros por minuto com uma taxa de 2kg de sal por litro. Após
a mistura, esta, será bombeada para fora do tanque com a mesma taxa da
entrada. Se A(t) denotar a quantidade de sal (medida em quilogramas) no tanque
no instante t, a taxa segundo a qual A(t) varia será uma taxa líquida:
𝑑𝐴
= (𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑠𝑎𝑙) − (𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑠𝑎í𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑠𝑎𝑙) = 𝑅𝑒 − 𝑅𝑠
𝑑𝑡

A taxa de entrada de sal no tanque é produto da concentração de sal no


fluxo de entrada de fluído. Percebe-se que 𝑅𝑒 é medido por quilogramas por
minuto:

3𝐿 2𝑘𝑔 6𝑘𝑔
𝑅𝑒 = ( ) .( )=( )
𝑚𝑖𝑛 𝐿 𝑚𝑖𝑛

Taxa de Concentração Taxa de


entrada de de sal no entrada de
salmoura fluxo de sal
entrada
Uma vez que a solução está sendo bombeada para fora e para dentro do tanque
a mesma taxa, o número de litros de salmoura no tanque no instante t é
constante e igual a 300 litros. Assim sendo, a concentração de sal no tanque e
no fluxo de saída é de A(t)/300kg/L, e a taxa de saída de sal 𝑅𝑠 é:

3𝐿 𝐴 𝐴
𝑅𝑠 = ( ) .( . 𝑘𝑔/𝐿) = ( . 𝑘𝑔/𝑚𝑖𝑛)
𝑚𝑖𝑛 300 100

Taxa de Concentração Taxa de


saída de de sal no saída de
salmoura fluxo de saída sal

Logo a variação líquida torna-se:

𝑑𝐴 6𝑘𝑔 𝐴
=( )− ( . 𝑘𝑔/𝑚𝑖𝑛)
𝑑𝑡 𝑚𝑖𝑛 100

Temos uma EDO linear de primeira ordem que pode ser resolvida
utilizando o método de EDOs separáveis:
𝑑𝐴 𝐴
=6−( )
𝑑𝑡 100

𝑑𝐴 600 − 𝐴
=( )
𝑑𝑡 100

𝑑𝐴. 100 = 𝑑𝑡. (600 − 𝐴)

𝑑𝐴 𝑑𝑡
=
600 − 𝐴 100

𝑑𝐴 𝑑𝑡
∫ =∫
600 − 𝐴 100

𝑡
−ln(600 − 𝐴) = +𝑐
100

𝑒 ln(600−𝐴) = 𝑒 −𝑡/100 . 𝑒 𝑐

600 − 𝐴 = 𝑒 𝑡/100 . 𝐾

𝑨(𝒕) = 𝒆−𝒕/𝟏𝟎𝟎 . 𝑲 + 𝟔𝟎𝟎

Podemos observar como esta equação se comporta a longo prazo aplicando um


limite:

lim 𝑒 −𝑡/100 . 𝐾 + 600 = 600


𝑡→∞

De acordo com o resultado podemos perceber que a concentração salina


do tanque tende ao valor da concentração de entrada.

𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎
𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 =
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒
600𝑘𝑔
𝐶𝑚 =
300𝐿

𝐶𝑚 = 2𝑘𝑔/𝐿

Aplicação
Na engenharia a equação diferencial de primeira ordem, problema de
mistura, pode ser vista em alguns processos, como por exemplo nos tratamentos
de esgoto, através da demanda bioquímica de oxigênio (DBO). Esta, por sua vez
é utilizada para indicar o grau de poluição de um esgoto, ou seja, um índice de
concentração de matéria orgânica por uma unidade de volume de água
residuária. Também com o Oxigênio Dissolvido (OD) que é a concentração
de oxigênio contido na água, sendo essencial para todas as formas de vida
aquática. Com esses dados é possível verificar se um esgoto sem tratamento
lançado em um rio pode comprometer o mesmo, ou se ele consegue se
“regenerar”.
A cinética da reação da matéria orgânica remanescente (DBO) se
processa segundo uma reação de primeira ordem:
𝑑𝐿
= −𝑘1 . 𝐿
𝑑𝑡
Onde:
L= constante de DBO remanescente (mg/L)
K1= Constante de desoxigenação
T= tempo (dia)

𝑑𝐿 = −𝑘1 . 𝐿. 𝑑𝑡

𝑑𝐿
= −𝑘1 . 𝑑𝑡
𝐿

𝐿 𝑡
𝑑𝐿
∫ = ∫ −𝑘1 . 𝑑𝑡
𝐿0 𝐿 0

𝐿 = 𝐿0 . 𝑒 −𝑘1 .𝑡
Exemplo da Aplicação
Uma amostra de água de um rio a jusante de um lançamento de esgotos,
obteve os seguintes valores: coeficiente de desoxigenação k1 = 0,25 d -1 ,
demanda última L0 = 100 mg/L. Calcular a DBO remanescente a 1, 5 e 20 dias.

𝐿1 = 100. 𝑒 −𝑜,25∗1 → 77,88 𝑚𝑔/𝐿

𝐿5 = 100. 𝑒 −𝑜,25∗5 → 28,65 𝑚𝑔/𝐿

𝐿20 = 100. 𝑒 −𝑜,25∗20 → 0,67 𝑚𝑔/𝐿

Esses valores representam o quanto ainda restam de esgoto por litro de


agua após os instantes informados.

Exercício do livro:
Exercício 23, pag. 115, Livro Equações diferenciais, ZILL D. G; CULLEN M. R.
Um tanque contém 500 litros de água pura. Uma solução salina contendo 2g de
sal por litro é bombeada para dentro do tanque a uma taxa de 5 litros por minuto.
A mistura é drenada à mesma taxa. Encontre a quantidade de gramas de sal A(t)
no tanque em qualquer instante.

𝑑𝐴 𝐴
= 10 −
𝑑𝑡 100

𝑑𝐴 𝐴
∫ = ∫ 10 −
𝑑𝑡 100

−𝑡
𝐴 = 1000 + 𝐶. 𝑒 (100)

Se A(0)=0, então C= -1000, com isso:


−𝑡
𝐴 = 1000 − 1000. 𝑒 (100)
Referências

ANTON et. al. Cálculo - Volume II - 10.ed., Bookman, 2014.

Apostila ciência do Ambiente, O meio aquático lll: Autodepuração.


Departamento de engenharia civil - UFPR Disponível em:
<https://docs.ufpr.br/~heloise.dhs/ciencias%20do%20ambiente/Aula24_TH022_
2015.pdf>. Acesso em: 06 de maio de 2017

BENEVIDES, Paula. Equações diferenciais. Departamento acadêmico de


matemática - UTFPR Disponível em:
<http://paginapessoal.utfpr.edu.br/vanessah/ensino/2012-primeiro-
semestre/ma70g-s81-equacoes-diferenciais-ordinarias/equacoes-diferenciais-
notas-de-aula-profa-paula-francis-benevides>. Acesso em: 07 de maio de 2017

LIMA, Paulo. Equações diferenciais A. Departamento de matemática - UFMG


Disponível em: <http://www.mat.ufmg.br/~lima/apostilas/apostila_eda.pdf>.
Acesso em: 06 de maio de 2017.

SILVA, Elias. Equações diferenciais ordinárias em alguns contextos


histórico e reais. Trabalho de conclusão de curso UFSCAR. Disponível
em:<http://www.dm.ufscar.br/dm/index.php/component/attachments/download/2
266>. Acesso em: 07 de maio de 2017.

ZILL D. G; CULLEN M. R. Equações diferenciais - Volume 1, 3ª ed., São Paulo,


2001.

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