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PAULO RIBEIRO

OS 7 PILARES DO
APRENDIZADO
Usando a ciência para aprender mais e melhor

Licenciado para Joelson Fernandes de Oliveira, E-mail: joelson.nat@hotmail.com, CPF: 02996926129


A meus pais, que me criaram para amar a
educação e respeitar ao próximo. Sem eles não
seria quem eu sou.

A Sebastian Marshall, um mentor, que com um


exemplo de vida, me fez acreditar na construção de
um mundo melhor e de uma vida significativa.

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sumário
Introdução 07
Capítulo 1 13
1. A Arquitetura da Mente: Como o conhecimento é armazenado

1.1 A teoria do multiarmazenamento 15


1.2 Conhecimento Declarativo 24
1.2.1 Reconhecimento Sensorial 25
1.2.2 Strings: associações simples como a base 26
1.2.3 Ideias 29
1.2.4 Schemas: como as ideias se relacionam 32
1.2.5 Modelos Mentais: executando realidades virtuais 33
1.3 Conhecimento Procedural 35
Para Relembrar e por em prática 37
Capítulo 2 38
2. Os Principais Fatores que Influenciam o Aprendizado
2.1 O Poder de Uma Base Sólida 40
-
2.1.1 Como Ativar e Acelerar o Aprendizado 42
2.1.2 O Perigo de Saber Sem Saber 45
2.2 O Impacto de Organizar o Conhecimento da Maneira Correta 50
2.2.1 O Que Fazemos (de errado) No Automático 52
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sumário
2.2.2 Diferenças Entre O Modo de Um Expert e de Um Principiante 56
2.3 A Motivação e o Aprendizado 59
2.3.1 Como Desativar o Modo Automático de Enrolação 61
2.3.2 Alinhando os Valores de Sua Jornada 62
2.3.3 Criando Confiança de Modo Saudável 67
Para relembrar e por em prática 71
Capítulo 3 72
3. A Caixa de Ferramentas do Autodidata
3.1 O Que é Possível Fazer Sozinho? 75
3.2 Desenvolvendo Hábitos e Rotinas de Sucesso 80
3.2.1 Força de Vontade Não É Infinita 81
3.2.2 Os 4 Passos Para Criar Qualquer Hábito 84
3.2.2.1 Identifique a Rotina
87
89
3.2.2.2 Experimente com as Recompensas
90
3.2.2.3 Isole a deixa e possíveis barreiras

3.2.2.4 Tenha um plano 91


3.2.3 Desenvolvendo os sistemas ideias 93
3.3 A mentalidade certa importa. E muito 95
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sumário
3.4 O Que Fazer Quando For Demais: 99
Um Guia Para Superar a Sobrecarga Cognitiva
Para relembrar e por em prática 107
Capítulo 4 108
4. A Arte de Estudar o Problema Certo
4.1 Trazendo a Eficiência Para O Mundo do Aprendizado 110
4.2 Modulando Seu Objetivo 113
4.2.1 Duas Técnicas Para Modular Seus Objetivos 116
4.2.1.1 Referências 116
4.2.1.2 Entrevistas 119
4.3 A Regra de Pareto Acelerando o Aprendizado 121
4.3.1 Selecionando para Acelerar 122
4.3.2 Utilizando Os Critérios Certos 125
4.4 A Ordem Importa? 132
4.4.1 Aprendendo a falar antes de escrever 133
4.4.2 Dominando as finalizações antes das aberturas 135
Para relembrar e por em prática 138
Capítulo 5 139
5. A Captura Eficiente do Conhecimento
5.1 Tomando notas de maneira eficiente 141
5.1.1 Erro comum ao fazer anotações 142
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sumário
5.1.2 Duas Técnicas Para Melhorar Suas Anotações 145
5.2 Como Extrair o Máximo de Um Livro 150
5.2.1 Os Quatro Tipos de Leitura 152
5.3 Um Guia Para Extrair o Máximo da Leitura 155
Para relembrar e por em prática 162
Capítulo 6 163
6. Como Processar o Conhecimento
6.1 Flip Learning ou "Indo de Fora Para Dentro" 165
6.2 Transferência e A Busca Por Conexões 171
6.3 Técnicas Mnemônicas 177
6.3.1 Técnicas para Processar Conceitos 178
6.3.1.1 Metáforas 179
6.3.1.2 Técnica Goldfish 182
6.3.1.3 Mapas Mentais 185
6.3.2 Técnicas Para Processar Informações 196
6.3.2.1 Sistema Link 196
6.3.2.2 Sistema Peg 198

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sumário
6.3.2.3 Palácios de Memória 200
Para relembrar e por em prática 204
Capítulo 7 205
7. Desenvolva a Maestria e Crie a Memória Perfeita
7.1 O significado da maestria 208
7.2 A mente de um expert 212
7.2.1 Conhecimento em chunks 213
7.2.2 Padrões significativos 213
7.2.3 Automatismo por causa da experiência 214
7.2.4 Schemas e modelos mentais 215
7.3 As 3 Características da Prática Deliberada 216
7.4 Repetição Espaçada e a Memória Perfeita 219
7.4.1 Como Esquecemos das Coisas 220
7.4.2 Usando Um Sistema Para Maximizar Lembranças 223
Para relembrar e por em prática 228
Conclusão 229
Agradecimentos 240
Referências 241
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3.

introdução
T odo mundo quer aprender melhor e mais
rápido. Seja para melhorar o desempenho em
escolas e faculdades, passar em concursos e
certificações, aprender novas línguas ou dominar
hobbies: aprender melhor traz resultado direto
em nossas vidas.
“Grande parte dos
resultados vem O problema é que parecemos estar fadados a
depender de escolas, cursos e materiais cada vez
dos métodos e mais caros a fim de aprender melhor. Afinal de
das técnicas de contas, todo mundo estuda da mesma maneira e
o que vai diferenciar os resultados é a qualidade
estudo.””
estudo. dos materiais de sua preparação, certo?

Errado. Aprender é uma habilidade como outra


qualquer e depende muito pouco de sua
capacidade original; grande parte dos resultados
vem dos métodos e das técnicas de estudo. Não é
conhecimento comum, mas há um corpo inteiro
de pesquisas científicas em torno do aprendizado,
em busca de entender como o processo acontece
e como podemos fazê-lo melhor.

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07
Meu interesse pelo aprendizado começou há mais de seis anos e tem permeado minha vida
desde então. Na época, eu era um estudante prestes a entrar no terceiro ano do ensino médio e em
um ponto-chave da vida: a preparação para entrar na universidade. Como eu venho de uma família
humilde, não tinha escolha: ou aprendia da melhor maneira possível para entrar numa
(concorrida) faculdade pública, ou não faria ensino superior. Não teríamos dinheiro para uma
faculdade particular.

Comecei, então, numa jornada pesada de


estudos. E não apenas de conteúdo do
colégio, mas também um tema incomum:
aprendizado. Eu comecei a ativamente
experimentar com técnicas diferentes de
aprendizado em busca dos melhores
resultados, para que eu pudesse absorver e
aplicar na minha jornada de preparação.
Experimentei bastante, principalmente com
meus (então) calcanhares de Aquiles: história
e redação.

Hoje, olhando para trás, eu vejo como essa


fase de experimentação com o aprendizado
foi importante. Usei o conhecimento que
adquiri para ser aprovado em 1º lugar nas
duas maiores universidades do meu estado, o
que me permitiu cursar engenharia.

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O
s resultados obtidos depois de eu ter refinado as melhores técnicas de estudo que
encontrei não teriam existido se eu não tivesse investido tempo nesse garimpo. Aprender a
aprender mostrou-se essencial naquele momento da minha vida.

E tem sido assim desde então. De lá para cá,


já usei essas técnicas para: aprender inglês por
conta própria ao nível de fluência, estudar
negócios e marketing, tendo trabalhado com
empreendedores de sucesso ao redor do mundo
em startups e organizações filantrópicas,
melhorar minha escrita a um nível profissional,
aprender programação, dança de salão e tudo
aquilo que me interessa. Até que chegou o
momento de ensinar o que aprendi às outras
pessoas, de modo que elas pudessem ficar mais
perto de seus sonhos como eu fiquei. Sempre
tivesse essa vontade de causar impacto, o que se
traduziu em alguns projetos e blogs que se
acabaram com o tempo.

Exceto um, desde 2011, escrevo em um portal sobre estilo de vida e sucesso chamado
Estrategistas, onde compartilho o conhecimento que tem funcionado na minha vida e na vida de
mentores. No final de 2012, em uma conversa com Eduardo, com quem eu fundei o Estrategistas,
durante o evento TEDxRecifeAntigo, algo clicou na minha cabeça.

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E u já tinha um projeto sobre desenvolvimento pessoal para causar impacto na forma como as
pessoas vivem suas vidas. Eu poderia fundar um projeto sobre aprendizado, agora para
compartilhar conhecimento e técnicas a fim de ajudá-las a aprender melhor, um passo essencial
na busca de qualquer objetivo.
A partir dali, mergulhei na ciência do
aprendizado. Minha ideia foi refinar todos os
conceitos e técnicas que eu tinha adquirido ao
longo dos anos com o conhecimento científico,
atual, a respeito do processo. Fiz cursos, li vários
livros, dezenas de artigos científicos, sites na
internet, vi palestras, enfim, mergulhei de cabeça
na área.

Oficialmente, o Aprendizado Acelerado nasceu


no segundo semestre de 2013. Desde então, tem
sido uma jornada fantástica. Tenho conhecido
muita gente, levado esse conhecimento sobre
aprendizado para dezenas de milhares de pessoas
pelo Brasil e pelo mundo e impactado muitas
vidas no processo.

Nossa comunidade não para de crescer e as pessoas estão aplicando as técnicas do Aprendizado
Acelerado nas mais diversas áreas e obtendo resultados reais. Desde faculdades, escolas,
concursos até aprendizado de línguas, de música e hobbies como o pôquer. Essa semana até
recebi a excelente notícia que Fábio, um de nossos leitores assíduos, foi aprovado em engenharia
na terceira melhor faculdade do país! Um email que fez meu dia.

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N o final de 2013, as pessoas começaram a me pedir por um livro. Um livro sobre aprendizado,
que falasse da ciência por trás do processo e contivesse as técnicas de melhor resultado em um
lugar só, praticamente um manual. Comecei, então, a trabalhar na pesquisa e na escrita desse
projeto.
Se eu fosse escrever um livro recheado sobre
aprendizado, ele precisaria ter:

- Uma linguagem acessível. Afinal de contas, uma


barreira grande para o acesso ao conhecimento
científico atual sobre o aprendizado é o fato dele
ser, bem, científico. Há muitas pesquisas e
resultados interessantes na área, mas eles estão
espalhados e escritos em artigos acadêmicos pela
internet. Se fosse para escrever um livro, eu teria
que reunir essas informações em um só lugar e
fazer uso de uma linguagem acessível.

- Fundamentação científica. A área do


aprendizado é vastamente povoada por mitos e
confusões a respeito de conceitos importantes,
ocorridos principalmente quando eles vão para a
mídia pelas mãos de jornalistas sem uma
background científico. Não adiantaria escrever
um livro com base em "achismo", por isso fui
refinar minhas técnicas com uma pesquisa
profunda na área.

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- Uma abordagem prática. Conhecimento teórico
é importante para entendermos como as coisas
funcionam, mas a pegada de um livro útil sobre
aprendizado é a parte prática. Esse livro teria que
ter sido preparado, desde a concepção, com a
ideia de que o leitor, ao concluí-lo, tivesse uma
compreensão geral e fosse capaz de aplicar na
hora o que aprendeu.

Este é exatamente o e-book que você está lendo


agora. Espero que ele seja útil, lhe ajude a
aprender melhor e mais rápido, te deixando mais
perto de seus sonhos.

Um grande abraço,
Paulo Ribeiro

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CAPÍTULO 01

A ARQUITETURA DA MENTE:
COMO O CONHECIMENTO É ARMAZENADO

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A “Um homem deve manter seu pequeno
cérebro-sótão abastecido com todos os móveis
que são de provável uso e o resto ele pode por de
lado na sala de sua biblioteca, onde ele pode
pegá-los se quiser.” Arthur Conan Doyle

“Um homem deve A melhor maneira de estudar qualquer atividade


manter seu pequeno é entender os princípios por trás dela. Enquanto
cérebro-sótão raciocínio por comparações e a partir de
exemplos é algo extremamente útil se quisermos
abasteciso com
fazer avanços significativos em qualquer área, é
todos os móveis que
preciso raciocinar com base em princípios para
são de provável uso e dominar os fundamentos. Construir nossa
o resto ele pode por imagem mental do que estamos estudando a
de lado na sala de partir de suas bases, de modo que obtenhamos o
sua biblioteca, once modelo mais realista possível e possamos
ele pode pegá-los se trabalhar dentro dele.
quiser ”
Para nosso estudo do aprendizado, não vai ser
diferente. Começaremos mergulhando em um
dos modelos mais bem aceitos pela academia
para explicar o armazenamento de informações
no cérebro e então estudamos a própria estrutura
do conhecimento em nossa mente. Esse capítulo
é essencial para compreender em que as técnicas
apresentadas ao longo do livro são eficientes e
por que elas funcionam.

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A TEORIA DO MULTIARMAZENAMENTO

Há dezenas de teorias que visam a


explicar o funcionamento da memória
humana e suas particularidades. Conforme
nosso entendimento de psicologia cresceu
no século passado, especialmente com o
surgimento do campo de estudo cognitivo e
com os avanços em neurociência, as teorias
inadequadas foram ficando para trás e as
mais eficientes continuaram a ser
selecionadas.

O modelo do multiarmazenamento,
também conhecido como modelo modal ou
multimemória, foi apresentado pela primeira
vez em 1968 por Richard Atkinson e Richard
Shiffrin . Ele propõe que possuímos não um,
mas alguns tipos de memória, que são
diferentes em termos de duração e
capacidade de armazenamento de
informações.

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15
O primeiro nível é a memória sensorial, a mais externa, cuja existência foi demonstrada
por Sperling(1960). Ela é a nossa conexão com a realidade, ou seja, uma pequena região
onde nossos sentidos, principalmente o sistema auditivo e o visual, mantêm um grande
volume de informações antes de ocorrer a filtração para a região de atenção consciente,
como sugerido por Coltheart et al (1974).

Essa memória sensorial está relacionada


com a transformação dos estímulos externos,
que existem em várias formas (fótons,
“Memória sensorial vibrações, cheiros, etc.) em impulsos elétricos,
está relacionada com a a "linguagem" dos neurônios. Para a visão, a
duração é extremamente curta, entre meio e
transformação dos
um segundo, até sumir da sua mente. Para a
estímulos externos, que memória auditiva, a duração é entre 1 e 3s.
existem em várias
formas.” O segundo tipo de memória é a de curto
prazo, também chamada de memória de
trabalho. Embora os termos sejam utilizados
como significassem a mesma coisa, há uma
pequena diferença: aquela se refere a nossa
capacidade biológica e esta ao que o cérebro
faz com essa capacidade.

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A memória de trabalho está diretamente
relacionada a nossa consciência sobre as
coisas, ao nosso foco de atenção. Ela só
consegue manter entre 5 e 9 itens ao mesmo
tempo, dependendo da familiaridade com eles.
O fato dela ser tão reduzida é apenas um dos
problemas; outra dificuldade é o tempo curto
que a informação passa dentro do sistema,
entre 5 e 20 segundos.

Isso explica o porquê das coisas escaparem


de nossa atenção quando somos distraídos
tentando memorizar um número de telefone,
por exemplo. Para reter a informação, você
precisa mantê-la ativa dentro de um buffer
chamado ciclo articulatório. Estudos de
laboratório mostram que o loop natural da
mente dura 1,5s, ou seja, o que você conseguir
repetir para si mesmo em blocos de 1,5s vai
ficar gravado indefinidamente. A alternativa,
muito mais prática, é fazer a transferência da
informação para a memória de longo prazo.

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Amemória de longo prazo é o lugar de armazenamento permanente de informações
na sua mente. Embora certamente ela esteja a mercê de doenças e acidentes com o cérebro,
ela não passa pelos mesmos problemas de transiência nem de limitação da memória de
trabalho. Mesmo o processo natural de envelhecimento não causa danos per se ao volume
de informações que você guarda, apenas reduz a velocidade de recuperação das memórias.

Tudo o que você já vivenciou, fez ou pensou


na vida está guardado lá. Não só conteúdo
relacionado a conhecimento/estudo explícito,
“Quanto mais mas experiências de vida, situações, pessoas,
em suma, seu entendimento geral do mundo.
informações
absorvemos, Não há limitações conhecidas à capacidade
de armazenamento de informações nessa
mais fácil será memória. Na realidade, o princípio do
conhecimento de base (que veremos no
absorver mais.” capítulo 2) nos leva a concluir que quanto
mais informações absorvermos, mas fácil será
absorver mais. Se essa capacidade é ilimitada e
dura indefinidamente, por que ela não resolve
todos os problemas? Ou seja, por que
esquecemos coisas?

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H á dois grandes problemas: a
dificuldade em carregar conteúdo nessa
memória, nos obrigando a desenvolver
estratégias para codificar a informação de
maneira adequada a conectar com o que
já está armazenado, e a necessidade de
utilizar estratégias para recuperar o que
foi guardado lá. O principal motivo pelo
qual as pessoas esquecem é o fato delas
não terem aprendido direito em primeiro
lugar. É natural as pessoas serem super
confiantes em suas capacidades de
lembrar o que é preciso, mesmo sem
entender como funciona o processo de
memorização ou sem nunca ter
desenvolvido estratégias para codificar a
informação da maneira adequada.

As principais estratégias para processar


o conhecimento, ou seja, transferi-lo
permanentemente da memória de
trabalho para a memória de longo prazo
envolvem um C.R.I.M.E .

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19
° Chunking– Agrupar informações de uma
maneira original de modo a fazer sentido
° Repetição– Sim, repetição é uma das
formas pela qual podemos fazer essa
transferência. Toda técnica tem um pouco de
repetição, mas focaremos nesse tópico em si
no capítulo 7 deste livro.
° Imagens– Criar imagens mentais
envolvendo a informação a ser guardada.
° Mnemônicos– Qualquer metodologia que
aplicamos de modo consciente a formar
memórias de melhor qualidade, como
criação de músicas, uso de siglas e afins.
° Elaboração– Explanar, explicar, abordar o
mesmo tópico por vários ângulos,
aprofundando o entendimento a respeito.

Para ficar mais claro, podemos comparar o


cérebro com um computador.

Não existe um equivalente direto para a memória sensorial, mas digamos que haja um
termômetro medindo a temperatura da sala conectado ao computador. O espaço em que as
informações obtidas pelo termômetro são convertidos em sinais elétricos e enviadas à
maquina seria o equivalente à memória sensorial.

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I
ndo além, a memória RAM da máquina seria nossa memória de trabalho. No entanto,
embora você sempre possa adicionar mais memória RAM a um PC, isso não acontece com a
memória de trabalho, que é severamente limitada para novas informações (quando
trabalhando com informações retiradas da memória de longo prazo, essas limitações
somem).

Por fim, há o HD do computador, responsável


pelo armazenamento permanente. Lá, as
informações estão guardadas de modo
organizado e há protocolos de busca e
recuperação de dados, fazendo do processo
algo totalmente controlado. No caso da
memória de longo prazo, a organização do
conteúdo não é nem de perto tão estruturada
e a busca é um processo pouco conhecido. A
grande vantagem é: uma vez que você
aprender a dominar o sistema, você tem uma
capacidade ilimitada a sua disposição.

A memória é apenas o espaço em si onde as


informações serão guardadas. Se há tipos
diferentes de memória, a próxima pergunta é:
há tipos diferentes de informações? Como elas
se organizam dentro da memória?

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21
OS TIPOS DE CONHECIMENTO

termos
classe tipo relacionados funções exemplos
Para qualquer situação
- Habilidades no ambiente, você precisa - Saber como nadar
Procedual Conhecimento - Análise de tarefas - O que fazer quando se tem febre
desenvolver uma série de
Procedual - Conhecimento - Como trocar uma lâmpada.
respostas, a fim de
Condicional alcançar seus objetivos

Você faz uso das - Conhecer a textura e o formato


informações sensoriais dos objetos comuns
Reconhecimento - Memória visual
para fazer julgamentos - Diferenciar água morna
sensorial - Julgamento Táctil
específico sobre para banho e água fervente
estímulos externos. - Saber julgar distâncias
Acessar pedaços
- Sequências - Versos de poemas
de informações
Declarativo Strings - Cadeias - Números de telefones
sem a necessidade
- Associações simples - Tábuas de multiplicação
de elaboração.

- Churrasco é feito
- Proposições Permite que unidades
Ideias com carne.
- Sujeito e Predicado de informações sejam
- O Brasil é um país
- Fatos armazenadas como
em desenvolvimento.
relacionamento entre
- Recife é a capital
entidades discretas.
de Pernambuco.

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22
OS TIPOS DE CONHECIMENTO

termos
classe tipo relacionados funções exemplos
Ideias não estão isoladas, - Todos os países têm povos,
mas organizadas em leis, dinheiro, capitais etc.
torno de estruturas - Qualquer ferramenta usada
- Conceitos
Schemas abstratas de alto nível, para envio e recebimento
- Abstrações
que fornecem uma de mensagem é um meio
- Visão geral
estrutura para de comunicação. Como
armazenamentodos fatos. celulares e pombos correios.
Declarativo
- O que acontece com o
- Solução de Ideias e schemas são
motor se eu demorar para
Modelos problemas usados para simular
passar marcha?
Mentais - Pensamento diferentes possibilidades,
- O que pode acontecer
hipotético a fim de se resolver
quando o gelo dos
problemas.
pólos derreterem?

Visible learning and the Science of How We Learn, John Hattie and Gregory Yates.

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23
Conhecimento Declarativo
Em termos simples, conhecimento declarativo envolve sempre as respostas para as
perguntas “O quê?”, “Por quê?” e “Quando?”. Fatos, sensações, ideias... tudo se encaixa sob a
classe declarativa. É através dessa base de informações que conhecemos um pouco sobre a
realidade externa (fatos, estímulos sensoriais) e interna (ideias, sensações).

É importante saber separar o conhecimento


declarativo do conhecimento procedural (este

?
mais ligado à pergunta ‘como?’). Um problema
comum que atrapalha o aprendizado, como
veremos, é o estudante reter um tipo
inadequada de conhecimento.

Por exemplo, ele pode precisar fazer uma


prova de solução de problemas “sabendo o
assunto”, mas só de modo declarativo; ele não
sabe o como e por isso se dá mal. Ou o
contrário, ele sabe a parte operacional do
assunto, aplicar as fórmulas para resolver os
problemas, mas não entende o porquê ou
quando aplica-las, tendo dificuldades em
questões teóricas ou muito contextualizadas.

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24
Reconhecimento Sensorial
O conhecimento de reconhecimento sensorial se refere a como nossa mente se relaciona
com as informações dentro de nossa experiência sensorial imediata. Não temos dificuldade
em diferenciar azul de preto, liso de áspero ou até processar tarefas como "preste atenção,
quando o pôr do sol assumir essa tonalidade, poder bater a foto".

A tendência natural é discriminar


informações que possuem significado pessoal
para nós, filtrando tudo de irrelevante do plano
de fundo. Nossos sentidos funcionam como
qualquer outro equipamento que precisam de
“Reconhecimento calibragem, que só pode vir de experiências
sensorial se refere anteriores. Ao tocar em algo muito quente e
a como nossa mente em algo muito frio, somos capazes de
se relaciona com as identificar tons entre os extremos e
aprendemos o significado daquela informação
informações.” sensorial.

Com experiência, podemos fazer julgamentos


extremamente precisos, como saber qual o
"ponto em neve" de batida da clara de ovo, o
quanto girar um volante para fazer uma curva
e prever a trajetória de uma bola de futebol ao
observar um chute.

25
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O aprendizado dessa área é tipicamente não verbal. Você não consegue falar a uma pessoa
que nunca cozinhou qual é exatamente o ponto em que um peru está pronto para sair do
forno. A habilidade de reconhecimento sensorial depende da estimulação progressiva do
estímulo (tocar na água cada vez mais quente) com o feedback correspondente (água boa,
morna, quente, perigosa).

Por isso algumas instruções como "bata a


massa do bolo até desenvolver a consistência
certa" parecem não fazer sentido para
principiantes, pois elas fazem referência a um
conhecimento sensorial que eles não
possuem.

Strings: associações simples como


a base.
O Brasil é o ______ país mais populoso da
Terra.
A E I O _____
A seleção brasileira tem ____ títulos da copa
do mundo.
O átomo de carbono faz ______ ligações.

26
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S trings, também conhecidas como ordenamento serial ou associações, são informações
guardadas de modo breve, com um ponto de começo e um pequeno fluxo de dados. A
habilidade de guardar informações na sequência correta é essencial para sobrevivência e, ao
longo da vida, adquirimos centenas de milhares de associações, como exemplificado acima.

Para aprender uma associação, usamos


repetição simples de modo focado. Com a
mente vazia, repetimos a informação em
nossa memória de trabalho várias vezes, em
diferentes momentos, de diferentes modos e
“A habilidade de
velocidades. O velho método do
guardar informações olhe-diga-cubra-escreva-cheque vem a ser
na sequência correta útil aqui.
é essencial para
Justamente por não compreender como o
sobrevivência”
aprendizado se processa em um nível global,
as pessoas utilizam técnicas ineficientes de
estudo. Elas cometem o erro de "quebrar" áreas
inteiras do conhecimento a um punhado de
associações a serem memorizadas. É isso que
acontece quando tentamos apenas decorar o
assunto: selecionamos pedaços de conteúdos
e repetimos ad nauseum. De longe, um dos
modos mais ineficientes de estudar.

27
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Primeiro, repetição em massa não é a melhor maneira de garantir que a memória seja
duradoura. A comunidade científica já tem uma boa ideia de como as informações são
esquecidas e a que velocidade. Com um modelo matemático com base nesses estudos, há
aplicativos que te ajudam a prever quando você vai esquecer as coisas e te auxiliam a revisar.

E
ssa prática de repetir a associação de
modo espaçado no tempo (para atingir a
memória quando ela está prestes a ser
esquecida) consiste o sistema de repetição
espaçada, o qual discutiremos com
profundidade no capítulo 7.

Segundo, dividir o conhecimento em


(dezenas ou até centenas de) associações não
é o modo ótimo de fazer seu cérebro
processá-lo. Como veremos a seguir, as
informações são organizadas de uma maneira
bem mais abstrata do que uma simples
sequências de dados. Para que você maximize
o aprendizado, é necessário aprender a
organizar o assunto de outra, normalmente
mais de uma, maneira (discutiremos isso no
capítulo 2).

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Ideias
Ideias são o próximo nível de complexidade. Elas são transmitidas através de sentenças que
têm propriedades como sujeito e predicado. Ideias são proposições sobre coisas,
normalmente descritivas, explicitando características do 'algo' estudado ou relacionamentos
daquele algo com outras partes da realidade. Por exemplo, a sentença "a bola é azul" contém
uma ideia, mas "minha bola é azul" contém duas: a cor da bola e o fato de que eu possuo
uma bola.

P or isso, frases normalmente contêm


várias ideias em conjunto. Dizer "O maior
centro populacional do oeste da Austrália é a
bela cidade de Perth" é transmitir várias ideias:
a Austrália tem várias cidades, populações
vivem em cidades, Perth é uma cidade, daí em
diante.

A noção de ideia implica conexões no nível


conceitual, algo que vai muito além de
simplesmente informação encadeada, como
é o caso das associações. As coisas precisam
fazer sentido para serem uma ideia, ao
contrário de simplesmente memorizar frases
inteiras, como fazemos ao abordar um
assunto em termos de strings.

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U m fato interessante é que as pessoas processam as informações no nível das ideias
quando elas não lembram as palavras exatas que foram usadas na ocasião. Ou seja, quando
a memória exata (de uma string, por exemplo) falha, lembramos da ideia que ela queria
dizer.

Q uando relatamos ideias para outras


pessoas, usamos nossa linguagem - conjunto
de palavras com as quais estamos
acostumados - e não exatamente como
“Para aprendermos estava escrito. Esse é o motivo de dar tanto
ideias, precisamos trabalho memorizar algo palavra por palavra:
ser expostos a precisamos quebrar em strings e usar "força
informações factuais” bruta".

Por exemplo, você pode ler agora que "A


maior cidade do oeste da Austrália é Perth,
que é um lugar amável". Você pode ver como
a mesma sentença que leu mais cedo, mas se
olhar de perto e comparar, verá que são
diferentes.

Para aprendermos ideias, precisamos ser expostos a informações factuais. Não importa se
nos é dada de modo verbal ou escrito, mas é importante que se respeite o limite de atenção,
já que o foco é requerido. O quanto você pode processar é uma função do modo como você
vai processar: o fator de conexão é relevante aqui.

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N ovas ideias se tornam significativas ao passo que elas se relacionam com o
conhecimento prévio, o que permite uma certa elaboração ser aplicada à nova sentença.

Pense sempre em nosso conhecimento


como algo ativo, nunca como estantes vazias
esperando livros. Cada pedaço novo de
informação pode ser explicado e relacionado
ao que sabemos de uma alguma forma.
Qualquer esforço feito para empurrar a ideia
mais fundo nessa rede de informações é
recompensado com o aumento da resistência
ao esquecimento.

O truque para criar ideias persistentes é se


perguntar "por que isso é verdade?". Ao
responder essa pergunta, você está
adensando as conexões entre o novo e o
velho e "explicando com suas próprias
palavras" aquele conceito.

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Schemas : como as ideias se relacionam
Schemas são a unidade básica através da qual organizamos nosso conhecimento. Eles
fornecem a estrutura necessária que precisamos para para extrair sentido de nossas ideias e
fatos que de outro modo existiriam como pontos isolados, como ilhas de conhecimento.

H á um schema para várias coisas em sua


mente, desde objetos, situações, lugares ou
qualquer coisa que precise de abstração
baseada em partes. Exemplo: você tem um
schema para descrever um país, de modo que
quando você lê a ideia "Brasília é a capital do
Brasil", fica mais fácil de guardar como parte de
seu conhecimento sobre o Brasil.

Schemas não são facilmente aprendidos, já


que o nível de organização se torna mais
complexo. Enquanto que ideias são facilmente
aprendidas depois de, digamos, explicações
dentro de 3 ou 4 diferentes contextos, schemas
implicam um refinamento do que já sabemos,
que adquirimos com nossas experiências
passadas, em descrições mais fiéis do mundo a
nossa volta.

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Por exemplo, quanto mais informações sobre geografia você estuda, mais seu schema de
país é refinado e melhor você entende aquilo; o que leva a surgir um schema para nação e
outro para povo, refinando seus conceitos anteriores. A maneira de organizarmos a
informação influencia também, discutiremos mais a respeito no capítulo 2.

Modelos Mentais:
executando realidades virtuais.

Movendo-se um nível acima na hierarquia


da organização do conhecimento no cérebro,
chegamos aos modelos mentais. Eles são o
equivalente a um programa de computador,
algo que você pode simular exclusivamente
em sua mente, te permitindo simular a
realidade. Esse é o tipo de conhecimento que
te permite engajar em resolução de problemas
de verdade extraindo conteúdo de todos os
schemas disponíveis.

Por exemplo, se você é da área de direito, tem


um modelo mental de como se procede o
julgamento de um recurso, de modo que você
pode adicionar informações pertinentes ao

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caso que está trabalhando no momento e "rodar o programa". Assim, você poderá simular o
que pode acontecer e agir de acordo. Claro, enquanto que modelos mentais permitem que
as pessoas liberem o pensamento hipotético, o processo só será acurado na medida em que
você dispuser de bastantes dados a respeito de sua situação. Por mais que você modele,
digamos, a biosfera, você nunca vai conseguir extrair fatos sobre localidades específicas pois
isso iria requerer informação demais.

P
or outro lado, pessoas diferentes
possuem modelos mentais com refinamentos
diferentes sobre o mesmo assunto. Enquanto
“Pessoas diferentes para crianças, carros são pequenos
possuem modelos brinquedos, para um cidadão mediano é algo
mentais com em que colocamos gasolina e que responde se
movendo quando aceleramos. Já para um
refinamentos mecânico, é um sistema complexo composto
diferentes sobre o pela interação de outros sistemas separados:
mesmo assunto” hidráulico, mecânico, elétrico, daí em diante.

As condições sob as quais os modelos


mentais são adquiridos não são claramente
compreendidas. Com certeza você precisa de
fatos e schemas sobre os quais construir os
modelos, mas exposição a experiências de
desafio e exposição a indivíduos com

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avançado nível de abstração de raciocínio (algo para você emular) parece ajudar. Conforme
você se torna expert em uma área com o tempo, você se torna capaz de ativar seus modelos
mentais com certa facilidade e manipular modelos inteiros na memória de trabalho, já que
esta não possui limitações quando as informações são extraídas do próprio cérebro.

Conhecimento Procedural
Como o nome sugere, conhecimento
procedural é a habilidade de realizar algum
procedimento. Por exemplo, uma pessoa que
nunca trocou um pneu de carro mas já leu a
respeito não tem o conhecimento procedural,
mas um conjunto de instruções. Se ela for
trocar um pneu sozinha, é bem provável que
se machuque. O conhecimento procedural
vem da experiência de primeira mão em
realizar alguma coisa.

De um certo modo, termina implicando um


conjunto de submetas. Cada submeta
corresponde a certas atividades que precisam
ser realizadas, com uma cadeia de cenários
se-então.

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Se o pneu furou, então encoste em uma área segura. Se você consegue chegar à mala,
então cheque a pressão do pneu reserva. Se a pressão está boa, então remova o estepe e
busque pelo macaco no carro. Daí em diante.

N ão só de atividades físicas é composto o


conhecimento procedural; o conceito se
expande para habilidades cognitivas. Resolver
equações matemáticas, por exemplo, ou
realizar diferentes procedimentos enquanto se
lê diferentes tipos de gêneros(uma maneira de
ler poesia, outra para ler história, outra para
matemática).

Como ocorre a aquisição do conhecimento


procedural? Através de experiência de primeira
mão na qual a pessoa responde a problemas
reais. Ajuda bastante a interação social,
observar outras pessoas realizando, para
clarificar pontos que não foram bem
explicados durante a instrução.

Em termos de procedimentos cognitivos, exemplos resolvidos têm um impacto grande no


aprendizado, como mostram vários estudos, como aqueles de Sweller e Cooperem 1985
edePaas e Van Merrienboer em 1994. Em certos cenários, eles dispensam até a utilização do
professor para adicionar instrução verbal extra.

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PARA RELEMBRAR E
POR EM PRÁTICA
- Uma das teorias mais bem aceitas - Saber os tipos diferentes de
divide a memória humana em três conhecimento é importante para
tipos: sensorial, curto-prazo e longo entender como as memórias se
prazo. organizam no cérebro.
- A memória sensorial está ligada aos - O conhecimento pode ser dividido em
sentidos; é muito curta, procedural, relacionado com
durando apenas alguns segundos. procedimentos e passo-a-passos, e
- A memória de curto-prazo, também declarativo, relacionado com fatos e
chamada de memória de trabalho, é informações.
onde reside nossos pensamentos. Ela - O conhecimento declarativo se divide
retém poucas informações ao mesmo em: reconhecimento sensorial,
tempo, de 4 a 7 coisas diferentes, e não strings, ideias, schemas (unidade básica
é durável. da memória) e modelos
- A memória de longo prazo é onde fica mentais.
armazenado tudo que sabemos.
Como não é um lugar bem organizado
como um computador, facilita o
aprendizado desenvolvermos métodos
para guardar e buscar informações
nela claramente.

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37
CAPÍTULO 02

OS PRINCIPAIS FATORES QUE


INFLUENCIAM O APRENDIZADO

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Os Principais Fatores que Influenciam o Aprendizado
“O todo é mais do que a soma de suas partes” Aristóteles

P ara aprender melhor, é essencial saber o


que você pode fazer para melhorar o processo.
Ao entender como o sistema funciona e quais
são suas partes principais, você pode fazer um
“Para aprender esforço consciente nas atividades que trarão
melhor, é essencial os melhores resultados no estudo.
saber o que você E, como Aristóteles colocou de modo
pode fazer para perspicaz, o esforço separado em melhorar
melhorar o processo.” cada um dos fatores, já que eles interagem
positivamente entre si, vai dar em retorno mais
do que a soma de suas partes. Um
investimento e tanto.

Neste capítulo, estudaremos os principais


fatores que influenciam no aprendizado de
modo aprofundado e o que você pode fazer de
melhor em cada ponto.

São eles: a influência do conhecimento de base, a forma de organizar as informações


enquanto as aprende e a relação da motivação com o aprendizado.

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39
O Poder de Uma Base Sólida
"Se eu tivesse que reduzir toda a psicologia educacional a apenas um princípio, eu diria que
o fator mais importante influenciando o aprendizado é o que o aprendiz já sabe. Averigue
isso e ensine de acordo." David Ausubel
Um grande determinante da velocidade do
aprendizado é o conhecimento prévio, o que a
mente já sabe. É muito mais fácil trazer novas
informações para um conhecimento bem
organizado e já construído do que começar do
zero. O conhecimento prévio é mais
importante do que QI ou estilos de
aprendizado em termos de efeitos sobre o
aprendizado.

Um estudo focado em memória, feito por


Peter Morris e sua equipe em 1981, contou
com estudantes com vários níveis de
conhecimento sobre futebol. Ao serem
pedidos para memorizar placares de jogos, os
estudantes com mais conhecimento prévio
sobre o jogo tiveram maiores taxas de sucesso.
Em outra pesquisa, por Alice Healy e James Cole em 2007, estudantes de universidade
mostraram uma taxa de memorização 100% maior quando pedidos para memorizar a
mesma quantidade de fatos sobre pessoas conhecidas do que sobre pessoas desconhecidas.

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A
s pessoas entendem a importância de ter uma base bem feita, mas parecem ser
incapazes de determinar o quão importante é. Normalmente só levam em consideração
quando a ausência da base está incapacitando o aprendizado; não conseguem imaginar o

Digamos, por exemplo, que eu pergunte a


alguém o que é preciso saber para resolver
uma equação do 2º grau. A resposta é algo
como "ah, essa é fácil, é só saber fazer conta e
usar a fórmula de Bháskara". Bem, não é só
isso. Você precisa estar confortável com
expressões numéricas, potenciação, sistemas
de equações, fatoração de expressões e
operações básicas. Uma pessoa com todas
essas áreas cobertas se torna muito mais
eficiente ao resolver equações do 2º grau,
possuindo um schema mais acurado do
processo.

Isso é só um exemplo de como as pessoas


não pensam até o final quando se trata de
conhecimento de base. Além de servir como
terreno sobre o qual as ideias futuras serão
sedimentadas, ele serve, ao mesmo tempo,
como filtro de informações importantes.

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Afinal de contas, com base no que sabemos, realizamos julgamentos a respeito da
relevância de novos fatores durante o momento do estudo. No entanto, não ter o
conhecimento necessário, ou tê-lo de modo deficiente, pode se provar desastroso.
Estudaremos como contornar esses casos a seguir, começando por como ativar o
conhecimento prévio caso você já o tenha.
Como Ativar e
Acelerar o Aprendizado
Mesmo que tenhamos o adequado
conhecimento de base, nem sempre o
ativamos como deveríamos ou quando
precisamos. Por exemplo, em um famoso
estudo feito por Gyck e Holoyakem 1980,
estudantes de faculdade foram apresentados a
dois conjuntos de problemas para serem
resolvidos aplicando o conceito de
convergência. Mesmo sabendo a solução para
o primeiro problema, os estudantes não
aplicavam o princípio automaticamente para a
segunda situação. Contudo, quando foram
solicitados para pensar como o segundo
problema se relacionava com o primeiro, 80%
dos estudantes foram capazes de resolvê-lo.

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D urante o processo do estudo, se perguntar o porquê de algo ser verdadeiro ou
inesperado, se for o caso, foi o modo como os experimentadores conseguiram que adultos
lembrassem mais fatos de parágrafos estudados.

Esse procedimento auxiliou estudantes a


gerar conhecimento prévio condizente com o
material, melhorando a performance em
comparação com os demais.

Não apenas basear-se em conhecimento


passado, mas também em prévias experiências
pessoais trouxe resultados interessantes ao
processo do aprendizado, como mostra o
estudo feito por Joan Garfield e sua equipe em
2007. Perguntar-se como aquele conceito se
aplica a situações pelas quais você passou ou
que são próximas a você também ajuda gerar
conhecimento prévio relevante, acelerando o
processo do aprendizado.

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E
sse efeito ocorreu mesmo com os estudantes sendo apresentados às situações no
mesmo dia, com menos de uma hora de diferença. O modo de resolver estava ali, só não
havia sido ativado. É algo que faz você se perguntar: "Quantos problemas eu conseguiria
resolver se ativasse o conhecimento que já tenho? Obtido dois anos atrás, ou em outra
disciplina, ou em um livro perdido que li em algum lugar?". Seu conhecimento está ali, só
precisa ser usado. A pergunta é: como ativá-lo?

Uma quantidade grande de pesquisas


mostra como pequenos empurrões, lembretes
simples (como a feita por Bransford & Johnson,
1972), ou perguntas elaboradas (estudo feito
por Woloshyn, Paivio, e Pressleyem 1994)
ajudam a ativar o conhecimento prévio do
estudante. Interessante, sem dúvida, quando
estamos na posição de estudante, com alguém
competente para nos guiar no processo.
Todavia, o que fazer quando estamos
estudando sozinhos para obter efeitos
parecidos?

Adaptamos essa estratégia, chamada


elaboração interrogativa, e aplicamo-na a nós
mesmos.

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O Perigo de Saber Sem Saber
A situação é a seguinte: você está fazendo uma prova importante e, no meio dos
questionamentos, se depara com uma pergunta sobre um assunto que você estudou, mas
não sabe como responder. É aquela sensação familiar de "eu sei isso, estudei dia tal e tal",
mas por algum motivo, você não consegue lembrar exatamente o ponto perguntado.
Sensação bastante frustrante.

O que não é conhecimento geral é que


'competência' em determinado tópico varia
numa escala que vai além da binária (sabe/não
sabe). Varia de familiaridade superficial ("Eu já
ouvi falar sobre isso"), a conhecimento factual
("Eu poderia definir esse ponto"), a
conhecimento conceitual ("Eu poderia explicar
a alguém"), a aplicação("Eu consigo usar para
resolver problemas").

No caso do exemplo anterior, apenas


familiaridade não é suficiente para resolver
questões objetivas, aquelas de marcar X -
exceto as mais triviais, claro. “Ter visto algo
sobre aquilo em algum lugar” não é domínio
suficiente para acertar uma pergunta.

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N o caso de provas discursivas, quando você estará respondendo por extenso aos
questionamentos, o requerimento é ainda maior: é preciso um domínio no nível conceitual
e, caso sejam contextualizadas, no de aplicação.
É essencial saber qual o seu nível de
conhecimento nos tópicos de base para julgar
se será preciso reforçá-lo ou não. Ter um tipo
de conhecimento e precisa de outro pode ser
igualmente um problema. É o perigo de achar
que sabe sem saber.

É comum, por exemplo, estudantes


possuírem conhecimento declarativo, mas não
saber executar (procedural). Estudos na
ciência do aprendizado, como o realizado por
John Clement, em 1982, mostram que mesmo
se estudantes dominam fatos, por exemplo,
sendo capaz de afirmar "Força é igual a massa
vezes aceleração", normalmente são fracos em
aplicá-los. Esses estudantes ao seguirem para
outro assunto, como o estudo de polias, serão
incapazes de aprender. Insistência,nesse caso,
não vai ajudar, mesmo que eles "saibam" a
segunda lei de newton, pois eles possuem o
conhecimento no nível errado.

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Para lidar com isso, uma boa estratégia:

Faça uma pesquisa bem feita do conhecimento necessário para abordar o


1 tópico que você está tentando aprender. Conversar com professores e
pessoas que já aprenderam o que você deseja ajuda.

2 Faça uma lista de tudo o que é preciso saber junto com o respectivo nível
requerido (Conceitual? Factual? Procedural?).

Para cada tópico necessário, faça uma avaliação correspondente. Se for


preciso um nível factual, basta checar as informações mais importantes. Se
3 uma compreensão conceitual é requerida, monte explicações como se
estivesse ensinando o conteúdo a alguém; daí em diante. Desse modo, você
poderá julgar se detém o nível necessário para estudar o que deseja.

4 Dê um passo atrás, corrija o que encontrou de deficiência para então começar


o assunto alvo.

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C laro, você não precisa realizar o procedimento acima de modo detalhado para tudo que
quiser aprender (embora esse seja cenário ideal). Se você está na faculdade estudando
Fisiologia 3 é porque foi aprovado nos pré-requisitos existentes, então se assume que você
tem tem o estudo prévio preciso. Você encontrará o método acima mais útil quando sair de
sua área direta. Por exemplo, um estudante de serviço social que precisa estudar uma
disciplina de estatística (e há anos não estuda matemática).

Outra problema em potencial com o


conhecimento que você já possui é utilizá-lo
de modo errado. O raciocínio análogo
(comparação com o que você já sabe) é útil e
uma ferramenta poderosa, mas precisa ser
acompanhado de limites; caso contrário,
torna-se contraproducente.

Por exemplo, músculos esqueléticos e


cardíacos são parecidos em sua constituição;
logo, extrair analogias entre eles faz sentido
até certo ponto. Contudo, as diferenças no
funcionamento deles são sensíveis e vitais
para entender melhor suas respectivas
operações e isso precisa ser destacado; o que
normalmente não é.

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T anto que a equipe de pesquisa RandSpiro em 1989 descobriu que muitos estudantes de
medicina possuem uma informação incorreta sobre uma potencial causa de falha cardíaca
que pode ser rastreada à distinção deficiente entre esses dois tipos de músculos.

A boa notícia é que, mesmo sendo um erro


comum que passa despercebido, a solução é
simples. Os estudos, como o trabalho do
próprio Spiro, mostram que garantir que os
estudantes conheçam os limites para as
analogias, sabendo onde falham e quando não
podem ser utilizadas, ajuda a evitar o erro.

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O Impacto de Organizar o Conhecimento da Maneira Correta
Se o conhecimento prévio é um fator relevante ao aprendizado pois determina a base sobre
a qual se absorve novos conteúdos, a maneira como organizamos esse conhecimento
prévio e o novo está relacionada à facilidade com que aprendemos. O cérebro humano
anseia por padrões e sentidos em todo tipo de informação que encontra; ele evoluiu para
isso.

Quer um exemplo simples? Olhe para cima


em um dia ensolarado e observe o céu por
alguns instantes. Não vai levar um minuto para
“O cérebro humano observar alguma nuvem com formato
conhecido passando. A parte curiosa? Nuvens
anseia por padrões e não possuem forma intrínseca, elas não foram
sentidos em todo tipo desenhadas; ao olhar para uma configuração
de informação que aleatória, nosso cérebro automaticamente
encontra; ele evolui imprime algum tipo de sentido naquilo que
vemos. Daí surgem as nuvens com formato de
para isso.” sorvete, de passarinho e afins.

Como vimos no capítulo passado, a unidade


básica de organização das informações no
cérebro são os schemas, estruturas de
abstração que contém fatos e ideias para
representar pedaços da realidade.

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S e manipulamos a informação de modo a ficar mais similar ao nosso "formato padrão",
temos muito mais chance de lembrar o que desejamos. Ou seja, a forma como organizamos,
caracterizamos e conectamos os fatos entre si influencia diretamente nossa taxa de
aprendizado e memorização.

Por exemplo, em 1982, Gary Bradshaw e


Jonh Anderson pediram para um grupo de
estudantes memorizar vários fatos sobre
algumas figuras históricas. Metade do grupo
recebeu fatos históricos não-relacionados,
como "Newton se tornou emocionalmente
inseguro e instável quando criança","Newton
foi nomeado diretor do London Mint" e
"Newton participou da Trinity College em
Cambridge".A outra metade recebeu fatos
relacionados entre si de alguma forma, como
"Newton se tornou emocionalmente inseguro
e instável quando criança", "O pai de Newton
morreu quando ele nasceu" e "a mãe de
Newton se casou novamente e deixou-o com a
avó".

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R esultado? O grupo que recebeu as informações que possuíam alguma relação
significativa entre si teve uma taxa de memorização muito maior. Olhando mais de perto,
vemos o resultado como a diferença entre tentar memorizar fatos como strings, e fatos
relacionados, como schemas.
O Que Fazemos (de errado)
No Automático.

Durante o aprendizado no dia a dia, não


prestamos muita atenção consciente a
questões como "organização do
conhecimento". No modo automático,
assumimos que a maneira apresentada pelo
livro que escolhemos é a única e pronto;
lemos, tentamos memorizar, fazemos
exercícios e seguimos em frente sem entender
porque esquecemos a informação tão
facilmente.

O fato é que organização não só ajuda, mas


organização deficiente ou inadequada
atrapalha.

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N o modo automático, terminamos por juntar os fatos em contiguidade temporal (uma
coisa depois da outra em termos de quando aconteceram) porque, de algum modo, isso é
intuitivo para gerar relações de causa e consequência (apertou o interruptor, a luz apagou).
Contudo, isso nos causa bastante dor de cabeça quando fazemos de modo impensado.

Digamos, por exemplo, que você quer


estudar os pensadores iluministas. A lista é
enorme (várias dezenas) e cada um possui um
período associado, um país de origem, ideias
principais e obras importantes. A pior maneira
de fazer isso seria sem organização alguma,
simplesmente memorizando a lista completa e
os atributos relacionados (um punhado de
strings). Separar os pensadores por países seria
menos ruim, mas só isso não ajuda tanto.

Já categorizar pelo foco das ideias - separar o


grupo que se concentrou em refutar religiões,
do grupo que questionou os valores sociais,
daquele preocupado com o avanço científico -
é bem mais útil para entender a relação entre
os participantes e conectar o conhecimento
aprendido (alguns schemas bem ricos).

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U m estudo clássico feito pelo conhecido Anders Ericsson e sua equipe em 1980
(falaremos mais dele no capítulo 7) demonstra isso, ainda que numa escala menor. Ele
documentou como alguns estudantes de faculdade com memórias normais puderam
desenvolver a habilidade incríveis de memorizar longas sequências de dígitos ao organizar
o que estavam aprendendo em uma estrutura hierárquica de vários níveis.

Os estudantes eram também competidores


de atletismo, então ao se deparar com uma
sequência de números, eles quebravam em
pedaços e davam sentido a eles (uma técnica
chamada chunking, falamos dela no capítulo
1), organizando-os depois disso. Por exemplo,
"....3432..." podia ser lembrado como "34:32, o
recorde mundial para ..." e "...12456..." como
"1:24:56, o recorde olímpico feminino de ...".

A seguir, eles organizavam isso em grupos,


como "recordes olímpicos", "recordes
nacionais para a prova z", etc.. Esse
procedimento empoderou estudantes normais
a lembrar sequências de até 100 dígitos sem
auxílio externo algum!

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O utro estudo com resultados impressionantes sobre o poder da organização adequada
foi feito por Gordon Bower e sua equipe em 1969. Ao receberem uma lista de minerais a ser
memorizada, os estudantes aos quais os itens foram fornecidos em hierarquia (metais versus
pedras como categorias, e subcategorias dentro delas) tiveram resultados de 60 a 350%
melhores do que aqueles com apenas a lista de minerais.

A pergunta, então, fica no ar: como podemos


replicar esse tipo de resultado quando
estudamos por conta própria, sem ter quem
nos forneça diretamente esse tipo de
organização?

A resposta para isso está em entender as


diferenças entre as mentes de experts e de
principiantes, replicando técnicas úteis desde
o princípio.

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Diferenças Entre O Modo de Um Expert e de Um Principiante

O s quadros A e B são exemplo


de organizações mentais que
provavelmente utilizamos quando
começamos a estudar um assunto.
Ou não integramos os conceitos,
fatos e exemplos o suficiente, como
no quadro A, ou utilizamos
A B categorizações simples, lineares
(como a separação temporal de
nosso exemplo sobre iluminismo),
que são insuficientes para nos dar
uma compreensão aprofundada do
assunto.

Já os quadros C e D são exemplos


de como experts organizam o
conhecimento (ainda que
C D inconscientemente).

A figura acima representa alguns exemplos de


organizações do conhecimento em nossa mente.

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N a figura C, vemos uma hierarquia clara, de modo que é fácil entender como os pontos
se relacionam. Já a figura D, embora possa parecer o mais aleatório de todos os quadros, é
na realidade o mais poderoso: o fato de tudo estar conectado fornece ao expert a
possibilidade de usar múltiplas organizações, adequando-se à situação e usando o
conteúdo de modo mais eficiente.
Dois grandes fatores chamam
atenção: a quantidade e a densidade
de conexões. Na hora de estudar,
podemos conscientemente fazer
uso de procedimentos que nos
permitam, como iniciantes na área,
desenvolver mais rapidamente esse
tipo de organização e, por
conseguinte, obter resultados mais
rápidos no aprendizado.

Como fazer isso? O procedimento


é: focar primeiro no cenário geral e
só então buscar absorver detalhes.

Vejamos a aplicação disso em nosso


exemplo. Um grupo de estudantes,
como vimos, está estudando os
pensadores iluministas.

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E les já descobriram que certos modos de agrupar os pensadores são melhores do que
outros (que são melhores do que estudar sem organização). O que eles podem fazer para
abordar o tema como experts e acelerar o aprendizado? Eles poderiam começar analisando
fatores históricos e geopolíticos dos países envolvidos durante o período do Iluminismo.

Como estavam economicamente? Qual era o


estado geral da população, havia guerras
externas, guerras civis? O que levou certos
pensadores a se revoltarem especificamente
contra religiões, as crenças predominantes
eram opressoras? Os pensadores focados em
ciência viviam em países com mais recursos a
serem destinados a pesquisas?

Ao investir um pouco de energia estudando o


cenário no qual os iluministas estavam
imersos ao invés de pular direto para a
memorização, os estudantes terão uma visão
muito mais rica dos pensadores e a
necessidade de memorização direta vai cair
porque haverá compreensão. "Quais os
principais ícones do Iluminismo na
Alemanha?".

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A Motivação e o Aprendizado
"Motivação faz referência ao investimento pessoal que um indivíduo tem em buscar um
estado ou objetivo desejado" Martin Maehre Heather Meyer, 1997. No contexto do
aprendizado, a motivação influencia a direção, a intensidade, a persistência e a qualidade
dos comportamentos de aprendizado nos quais os estudantes se engajam.

Não é necessário espressar o quão importante


alinhar a motivação do estudante é, pois no
final das contas, ela controla o grau de esforço
(consciente e inconsciente) é investido no
processo.

Para quem está estudando por conta própria, a


motivação assume uma importante dimensão.
Enquanto quem está usando escolas, cursos e
treinamentos também precisa ajustar a
motivação para melhorar o processo de
aprendizado, quem estuda sozinho precisa
estar motivado até mesmo para sentar e
estudar, já que não há pressão externa para
isso.

Portanto, trataremos da motivação


cuidadosamente.

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C omo estavam economicamente? Qual era o estado geral da população, havia guerras
externas, guerras civis? O que levou certos pensadores a se revoltarem especificamente
contra religiões, as crenças predominantes eram opressoras? Os pensadores focados em
ciência viviam em países com mais recursos a serem destinados a pesquisas?

Ao investir um pouco de energia estudando


o cenário no qual os iluministas estavam
imersos ao invés de pular direto para a
memorização, os estudantes terão uma visão
muito mais rica dos pensadores e a
necessidade de memorização direta vai cair
porque haverá compreensão. "Quais os
principais ícones do Iluminismo na
Alemanha?". "Deixa me ver, Alemanha, século
XVIII; estavam assim e assado, por isso os
pensadores principais, tal e tal, tinham essas e
aquelas características"

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Como Desativar o Modo Automático de Enrolação
"Uma das maneiras mais comuns (e desconhecidas) de autossabotagem é a sinalização. A
pior parte é que ela está tão enraizada em nosso cérebro primitivo que é difícil julgar quando
está acontecendo, afetando a vida de muita gente sem nem que elas saibam.”

S
inalizar, como a palavra sugere, é dar
alguma forma de indicação que você está
realizando determinada atividade, para si
mesmo e para os outros. Por exemplo, um
adolescente pode passar a tarde inteira na
internet, navegando a esmo e se distraindo nas
redes sociais, mas quando os pais passam pelo
corredor para checar seu quarto, ele fecha
tudo e abre os livros. Desse modo, ele sinaliza
para os pais que está estudando sem
realmente fazê-lo.

O modo como isso afeta nossas vidas é que


normalmente engajamos em atividades que
sinalizam características desejadas, que nos
fazem parecer fazer algo, sem ser
necessariamente o melhor caminho para
alcançar o objetivo.

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N o fundo, é a necessidade de nosso cérebro social em busca de validação externa. O
adolescente precisa que os pais pensem que ele está estudando, por isso ele engaja em
atividades que envolvem mais sinalizar do que realmente estudar.

Esse fenômeno pode, inclusive, assumir o


formato de autossinalização, quando
inconscientemente sinalizamos para nós
mesmos alguma característica desejada, sem
persegui-la de verdade.

NinaMazar e Chen-boZhong, em 2009,


trouxeram à tona um caso interessante de
autossinalização. Eles mostraram que pessoas
que compram produtos "verdes"
(ambientalmente saudáveis) são mais
propensas a trapacear e roubar depois da
compra, o que supostamente ocorre porque
elas já fizeram a "boa ação moral" do dia.
Richard Beck, um teologista experimental,
encontrou um fenômeno similar entre os
religiosos: eles são menos propensos a
fazerem boas ações depois de irem à igreja,
por exemplo, pelo mesmo motivo.

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N o aprendizado, isso se manifesta de diversas formas. Ir para aulas em escolas, faculdades
ou cursos é uma delas: a maioria das pessoas não aprende tanto quanto poderia nesses
contextos, mas continua frequentando pois é o "papel" esperado pela sociedade de um
estudante.

Outra é quando as pessoas preferem


vídeo-aulas a livros, já que elas são mais
'fáceis' de consumir e passam a impressão de
que o aprendizado está ocorrendo.

Para corrigir esse problema, não há um


antídoto óbvio. É necessário que você esteja
analisando constantemente as tarefas nas
quais se engaja em busca do melhor método
para fazer aquilo. Não o mais tradicional, não o
que é esperado de você no processo, mas o
melhor método para fazer a coisa acontecer.

O curioso é que as evidências apontam que


nosso estado natural seja essa enrolação.

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E m um estudo feito por Carol Dweck e Ellen Leggett em 1988, foi observado que que
quando guiados por objetivos de performance (foco em tirar boas notas ou ser aprovado em
concursos), que é o caso mais comum, estudantes se preocupam com padrões normativos
e tentam fazer o que é necessário para demonstrar competência a fim de parecer inteligente,
ganhar status e adquirir reconhecimento.

O objetivo final, o aprendizado, passa a ser


coadjuvante no processo de sinalizar
aprendizado, dar a entender que está fazendo
o que se espera, o que é um problema
considerável para quem está de fato
interessado em alcançar o que se propôs.
“Ao invés de focar
apenas no objetivo, Felizmente, a correção para o problema é
valorize a jornada” fácil. Ao invés de focar apenas no objetivo,
valorize a jornada. Claro, isso não quer dizer
“deixar de querer passar naquele concurso de
seus sonhos”. Não! Isso quer dizer entender
que para passar no concurso, você precisa
aprender bem o que for necessário estudar,
seja português, direito ou matemática. Você
passa a cultivar um interesse real pelo que
estuda, a nutrir a vontade de ficar bom
naquilo, não apenas se concentrar aonde quer
chegar.

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E isso funciona. As evidência são amplas de como usar objetivos de aprendizado, ao invés
de objetivos de performance, melhora o rendimento do estudante. É mais provável que eles
usem estratégias de estudo que levem a uma compreensão profunda do tópico, que
busquem ajuda quando precisam e que se sintam confortáveis com tarefas desafiadoras,
como mostram os estudos de Carter e Elliot em 2000 e de Mcgregor e Elliot em 2002.

Alinhando os Valores de Sua


Jornada

Se fôssemos desconstruir a motivação para o


processo de aprendizado, o que
“A importância de um encontraríamos como espinha dorsal? Embora
objetivo, frequentemente haja várias teorias para tratar disso, boa parte
referida como seu valor delas contêm dois fatores principais: o valor
subjetivo, influencia a subjetivo da meta e as expectativas de ter
motivação.” sucesso no objetivo (como apontado por John
Atkinson em 1964 e outros pesquisadores).

Comecemos, então, discutindo o valor


subjetivo de uma meta. A importância de um
objetivo, frequentemente referida como seu
valor subjetivo, influencia a motivação, já que
só perseguimos metas com alto valor
percebido.

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P or exemplo, você estará bem mais motivado para estudar inglês, se for requisito para ser
promovido, do que para estudar uma língua aleatória, como o esperanto, sem razão alguma.

'Valor' em si pode ser derivado de várias


fontes diferentes. Allan Wigfielde Jacquelynne
Eccles sugerem três categorias amplas: de
obtenção, intrínseco e instrumental.
Estudemos cada uma separadamente e
vejamos como alinhá-las para maximizar
nossa motivação durante os estudos.

Primeiro, o valor de obtenção representa a


satisfação que a pessoa obtém da maestria e
do alcance do objetivo ou da tarefa. É aquela
sensação boa que temos quando concluímos
algo difícil, seja passar de nível no jogo do
computador ou a resolução de um problema
complicado de física.

A segunda fonte é o valor intrínseco, que


representa a satisfação que obtemos em
realizar a tarefa em si, independente do
resultado final do processo.

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E le aparece quando estamos fazendo algo que gostamos, como gastar horas para aprender
aquela música na bateria ou quebrar a cabeça estudando astronomia.

A fonte final é o valor instrumental, que


representa o quanto uma atividade ou um
objetivo ajuda a alcançar outros objetivos
importantes, levando ao recebimento de
recompensas extrínsecas. Reconhecimento,
dinheiro, bens materiais, carreiras
interessantes ou bons salário são todos
objetivos de longo prazo que podem fornecer
valor instrumental para objetivos de curto
prazo (esudar inglês – curto prazo a fim de se
mudar para Londres – longo prazo).

Vejamos um exemplo para classificar o


alinhamento dos três valores. Digamos que eu
objetive ser aprovado em uma prova de
certificação, a fim de aplicar para uma nova
posição na empresa em que trabalho. Para
tanto, preciso estudar várias disciplinas,
algumas das quais não me interessam nem um
pouco. Como alinhar meus valores para me
manter motivado ao máximo enquanto
estudo?

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Em primeiro lugar, eu preciso extrair o máximo de valor de obtenção possível (o prazer
que temos ao alcançar coisas), principalmente no que toca às disciplinas que não gosto.

Para tanto, eu vou atrás das "frutas mais


baixas da árvore"; em outras palavras, persigo
as vitórias fáceis.

Começando debaixo, com os conceitos mais


simples, eu inicio um ciclo de vitórias para me
manter motivado. Eu ataco o tópico mais
simples da disciplina, domino-o, e uso a
sensação boa de estar progredindo para
alimentar meu avanço a tópicos um pouco
mais complicados. Aos poucos, eu vou
cobrindo o assunto inteiro, mantendo o moral
alto.

Quanto ao valor intrínseco, parece não haver


muito o que fazer. Afinal de contas, ou você
sente prazer executando uma tarefa ou não,
certo?

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V ocê está fadado a gostar de estudar as matérias que te agradam e não apreciar as
matérias que não te interessam?

Os resultados de alguns estudos dizem que


não. Suzanne Hidi e Ann HIDI &Renninger, em
2006, mostraram que uma tarefa que
inicialmente só possui valor instrumental para
o estudante (aprender para passar na
certificação e obter aumento) pode vir a
desenvolver valor intrínseco (prazer em
praticar) com o tempo, conforme ele absorve
conhecimento e fica melhor naquilo. Em
palavras simples, não gostar não é desculpa
para não começar; você vai começar a
aproveitar a atividade uma vez que comece a
ficar bom naquilo. Então comece!

Resta-nos cobrir o conjunto de valores


instrumentais. Por que você quer essa
certificação? Pense até o final. Seu objetivo de
vida, qual é? Se você deseja melhorar sua
renda pois está se preparando para ter um
filho, tirar a certificação faz todo sentido.

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P orém, se seu interesse é apenas financeiro, já que você nem gosta mais da carreira que
persegue e quer apenas aumentar a renda, por mais que você se force a estudar, é bem
provável que sua motivação quebre ao longo do caminho. Afinal de contas, as motivações
não estão muito bem alinhadas, você precisa pensar num objetivo que conecte tudo de
modo a se manter motivado a vencer as adversidades naturais de aprender uma grande
quantidade de conteúdo para obter uma certificação.

Criando Confiança de Modo


Saudável
“Confiança genuína é uma maneira de pensar
sobre si mesmo e suas habilidades.É sua
percepção de seu próprio potencial; é um tipo
de pensamento de longo prazo que te
empodera através de obstáculos e momentos
difíceis, te ajudando a resolver problemas e te
colocando no caminho do sucesso.” John Eliot

John Eliot é um expert mundial da área de


performance de alto nível. Ele trabalha com
atletas campeões, homens de negócio de
grandes empresas, médicos respeitados e
músicos famosos. Dentro de minhas
pesquisas, ele é uma das poucas pessoas que
realmente entendem o que é confiança.

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N ão se tratar de repetir para si mesmo que é possível ou que aquilo vai dar certo. Não,
você não é bobo o suficiente para acreditar em algo só porque é repetido várias vezes.

Confiança se trata de olhar objetivamente


para o que você quer alcançar, reconhecer a
dificuldade real do caminho e acreditar que, se
você colocar o esforço necessário, é possível.
Não tem nada de esotérico ou surreal a
respeito; é algo bem conectado com a
realidade.

Todo esse conceito de confiança se conecta


bem com a ideia de expectativas em torno de
sua meta de aprendizado. Como vimos,
motivação pode ser resumida a alto valor
esperado (que aprendemos como alinhar os
vários tipos de modo a maximizá-lo) mais
expectativas ajustadas em relação à linha de
chegada.

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O ponto é que a motivação para aprender não acontece se o estudante não possui uma
expectativa de resultado positivo, ou seja, se ele não acredita que é possível conseguir o que
deseja, como explicado por Charles Carvere Michael Scheierem 1998.

Aquela tática de "encorajamento reverso",


quando você diz à pessoa que ela está
tentando algo difícil demais para o potencial
dela não funciona se a pessoa realmente
acreditar no que você está dizendo.Ela não se
sentirá extramotivada por ser julgada incapaz
“Só acreditar que como nos filmes.
é possível não é Por outro lado, só acreditar que é possível não
suficiente para é suficiente para manter a motivação de
manter a pé.Albert Bandura, em seu livro “Self-efficacy:
The exercise of control” confirma isso, que o
motivação de pé.” estudante precisa desenvolver o que
chamamos de expectativa de eficácia; em
outras palavras, ele precisa se sentircapaz de
identificar, organizar, iniciar e executar um
plano que vai trazer o resultado esperado.

Se você não acredita ser possível, vai


desenvolver comportamento 'vitimista' na
situação.

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S e acredita que é possível mas não confia na sua capacidade de executar, vai atrapalhar
com sua autoestima. Novamente, esse não é um tipo de situação com antídoto claro, mas
boas práticas incluem (1) procurar pessoas que já alcançaram algo parecido com o que você
almeja e (2) buscar entender a eficácia das estratégias delas para montar a sua de modo
adequado.

“Se acredita que é


possível mas não
confia na sua
capacidade de
executar, vai
atrapalhar com
sua autoestima.”

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PARA RELEMBRAR E
POR EM PRÁTICA
- No final do dia, todas as pessoas aprendem - Além de formar hábitos, que uma vez criados
por conta própria. Mesmo com professores e requerem pouco esforço cerebral, criação de
escolas, o ambiente não pode forçar o sistemas é outra maneira de contornar nosso
conhecimento na cabeça de ninguém. limite natural da força de vontade.
- Uma vez que você olha para além dos - Ter a mentalidade certa importa bastante e
estigmas sociais enxerga que é possível fazer causa impactos reais no aprendizado. O cultivo
muita coisa sozinho e que o autodidatismo do mindset de crescimento ajuda no
está ao alcance de qualquer um. aprendizado a partir de erros.
- A ciência aponta para a descoberta que força - A sobrecarga cognitiva é um problema real e
de vontade não é algo infinito; você não pode uma das grandes barreiras a ser superada no
ser forçar a realizar atividades para sempre. aprendizado de qualidade. A boa notícia é que
- Para o autodidata, formar hábitos é uma das é possível adotar um sistema para tratá-la.
principais base para o sucesso. Afinal de - Na ordem de fatores externos a fatores
contas, não há pressão externa para que ele internos, o checklist a verificar ao se encontrar
faça o que é necessário para alcançar o que "travado" em um assunto: condições do
deseja. ambiente de estudo, qualidade da instrução e
- O processo de criação de hábitos é simples, do material,foco excessivo na avaliação,
composto de identificação da rotina, desenvolvimento de expectativas irreais, uso
experimentação com as recompensas, de estratégias mentais deficientes e baixos
isolamento de deixas e possíveis barreiras e níveis de conhecimento de base.
criação de um plano.
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CAPÍTULO 03

A CAIXA DE FERRAMENTAS
DO AUTODIDATA

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“Autodidatismo é, acredito firmemente, o único tipo de educação que existe.” Isaac Asimov

Hoje, pode-se dizer que informação é algo


que existe de sobra. Mas, ainda assim, com
milhões de conteúdos a disposição de todos e
inúmeros cursos online - com qualidade e
acessíveis a todos - as pessoas ainda não se
sentem confortáveis ao falar de autodidatismo
ou de se apresentarem como autodidatas.

Há um certo estigma social com os


autodidatas; é algo perceptível para qualquer
pessoa que já conversou a respeito.

As pessoas tratam autodidatismo como se


fosse uma condição rara, que confere a alguns
seres humanos escolhidos o super-poder de
"aprender as coisas sozinhos".

O que é a maior bobagem, se você parar para


pensar.

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A ntes da popularização da internet, era explicável estar numa posição dependente de
professores e aulas.
Afinal de contas, a informação existia, na
forma de livros, mas era mais prático ir a
escolas do que catar livros e quebrar a cabeça
com tutores particulares caros. Atualmente,
não só o material já está disponível a um clique
de distância, como você pode se conectar com
potenciais tutores facilmente e de modo bem
acessível (sem falar nos fóruns onde se tira
dúvidas de modo gratuito).

Esse capítulo é uma coletânea de ferramentas


importantes para você tirar ao máximo desse
estado da sociedade e aprender tudo o que
deseja, controlando você mesmo o
aprendizado.

Começamos analisando o que é possível,


olhamos de perto os hábitos e a rotina do
sucesso, a importância da mentalidade correta
e veremos um passo a passo para você seguir
quando estiver se sentindo sobrecarregado

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(quem já estudou algo por conta própria sabe o que é isso).

O Que é Possível Fazer Sozinho?

Há um certo estigma social com os


autodidatas; é algo perceptível para qualquer
pessoa que já conversou a respeito. As pessoas
tratam autodidatismo como se fosse uma
condição rara, que confere a alguns seres
humanos escolhidos o super-poder de
"aprender as coisas sozinhos".

O que é a maior bobagem, se você parar para


pensar.

Tudo que você aprende é por conta própria.


Independente se você fez o melhor curso da
cidade, se sua escola é campeão nacional em
aprovação, no final do dia, é você que estará
estudando para a aprovação no vestibular.

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A diferença é que em cursinhos caros e escolas famosas você transfere a responsabilidade
do aprendizado e, por conseguinte, da aprovação para terceiros. Desse modo, você fica livre
do resultado: se não passar, não foi culpa sua certo? Você estava frequentando os melhores
cursos da cidade!

Os autodidatas têm uma vantagem: como


eles assumiram a responsabilidade por gerar o
aprendizado para si, eles tendem a não engajar
em atividades que apenas sinalizam
aprendizado (vide capítulo 2), mas que
realmente o promovem. Talvez por isso o
estigma autodidata-gênio seja tão popular:
afinal de contas, ninguém os vê indo à escola e
eles conseguem aprender. Isso é genialidade,
certo?

Embora esse livro não seja um guia exclusivo


para aprendizado autodidata, sendo aplicável
para qualquer situação de
aprendizado-ensino, minha esperança é que
você assuma aos poucos responsabilidade
pelos seus estudos; você só pode acelerar
aquilo que controla. E está cada vez mais
simples e prático seguir uma trajetória dessas.

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A informação está mais disponível do que no século passado. Até então, o que você queria
estava a um livro de distância: entrávamos na livraria, pagávamos e saíamos de lá com um
livro sobre determinado assunto. Hoje? É ridiculamente diferente: você tem acesso a
dezenas de livros, áudios, palestras e artigos a um clique de distância!

A necessidade por escolas ou professores era


compreensível há algumas décadas atrás; mas
hoje, não é mais justificável. Você pode sim
aprender o que quiser por conta própria.
Contudo, isso não quer dizer que você não
possa fazer uso de professores e tutores para
auxiliar na jornada. É completamente diferente
você contratar um tutor para te auxiliar em
certos pontos do assunto com os quais você
apresenta dificuldade e contratar alguém para
te ensinar, passando o bastão para ele.

Conseguimos fazer coisas incríveis apenas


com informação e sem instrução, como
comprovaram os trabalhos do Sugata Mitra,
agora professor da Universidade do Newcastle.
Ele conduziu uma série de experimentos ao
redor do mundo.

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A ideia era bem simples: uma caixa fixada a uma parede foi montada com um computador
dentro, de modo que apenas o monitor, o teclado e um touchpad ficassem disponíveis, com
internet e o navegador aberto no buscador. A estrutura foi instalada nas ruas de Nova Delhi,
próximo a uma favela, em frente ao escritório onde trabalhava.

O resultado? Menos de 8 horas depois,


encontraram um garoto ensinando uma
criança mais nova como navegar. Ninguém
tinha ensinado primeiro o garoto e as crianças
nem ao menos falavam inglês. Situações
similares ocorreram em outras pequenas vilas.
Sempre o mesmo perfil: crianças pobres, que
não sabiam falar inglês e sem ajuda de
professores, aprenderam a usar o computador
e mais tarde já estavam utilizando
vocabulários da língua inglesa entre si.

“Nós precisamos de um processador mais


rápido e um mouse melhor”, disse uma das
crianças durante um desses experimentos.

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D aí você fala: “usar computador é fácil, isso não é ser autodidata”. Bem, o número de
escolas de informática espalhadas pelo país ensinando o básico, exatamente o que as
crianças estavam fazendo, discorda de você. Sem mencionar que o experimento foi também
realizado em outros moldes: poderiam essas crianças aprenderem biotecnologia sozinhas?

Ao que parece, elas conseguem. Sugata


visitou uma vila, deixou um computador lá
com as crianças e disse: “tem algumas coisas
“Ser autodidata, bem complicadas em inglês no computador,
dentro de certas eu não esperaria que vocês entendessem” e
partiu. Dois meses depois, ele volta e as
limitações, parece crianças já parecem ser capazes de discutir
ser uma condição como problemas na replicação do DNA
natural dos seres causam doenças genéticas.
humanos e não
Ao que tudo indica, você não precisa
algo restrito a necessariamente de professor. Ser autodidata,
gênios.” dentro de certas limitações, parece ser uma
condição natural dos seres humanos e não
algo restrito a gênios. Crianças pobres, com
educação deficitária ao redor do mundo
mostraram ser capazes, por que não você, bem
alimentado e com boa base escolar?

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P ara começar nessa jornada e tirar o máximo possível, você precisa aprender duas coisas,
já que não há mais professores te forçando a fazer as coisas: como estudar de modo eficiente
e como garantir que você faça o que é preciso para executar o processo de
aprendizado,propósitos desse livro.

Desenvolvendo Hábitos e Rotinas


de Sucesso

Ao ir para uma escola (ou um curso, ou um


preparatório), você não pensa a respeito, mas
automaticamente está assumindo o hábito
estudar algumas horas por dia. Quando a
presença é compulsória, esse hábito surge
forçadamente; quando não, também
costumamos ir pois dói no bolso a
mensalidade referentes às aulas em questão.

Quando por conta própria, como criar o


costume de sentar todos os dias das 8h as 12h
em uma cadeira para estudar? Ou praticar o
inglês todo dia ao chegar em casa?

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N ormalmente somos muito ruins em criar hábitos de modo consciente; a popularidade de
resoluções de ano novo que envolvem voltar para academia ou manter uma dieta
demonstram isso. A questão é que não entendemos como criar hábitos, de modo que
estamos fadados a falhar. A formação de hábitos retém um interessante grande da
psicologia, com dezenas de estudos sendo feitos por ano na área.

Força de Vontade Não É Infinita


Um dos maiores erros quando as pessoas
tentam criar hábitos novos é acreditar que eles
são desenvolvidos com base na força de
vontade. O indivíduo inicia uma nova rotina, às
vezes tentando implantar vários hábitos ao
mesmo tempo (acordar cedo, ir à academia,
alterar a dieta), e quando eventualmente falha,
se sente mal por achar que é culpa sua. Bem,
até então não era, pois você (sim, o indivíduo
aqui é você) não sabia como criar hábitos do
modo adequado; agora saberá. Entendamos,
primeiro, o que é força de vontade e como
manipulá-la.

Uma breve discussão de como funciona o


cérebro.

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F orça de vontade, ou seja, agir contra os próprios impulsos e instintos, é uma habilidade
bem recente em termos evolutivos. Afinal de contas, servia muito bem a nossos
antepassados cavernosos fazer o que o corpo queria, uma vez que ele tinha evoluído com o
propósito de continuar vivo: comer o que desejasse, dormir muito para conservar energia,
etc.

Por ser uma função nova na história de nossa


espécie, tendo se desenvolvido provavelmente
nos últimos milhares de anos, a força de
“Agir contra os vontade faz uso ativo do córtex pré-frontal,
que é a parte do cérebro mais recente em
próprios impusos termos evolutivos. Essa área também é
e instintos, é uma responsável por gerenciar coisas como
habilidade bem estipular objetivos, analisar informações, fazer
recente em termos predições e toda uma gama de atividades de
“alto nível”, que separam o ser humano de seus
evolutivos.” parentes primatas.

Uma variedade de estudos mostra que nossa


habilidade de executar tarefas que fazem uso
ativo do córtex pré-frontal diminui com o uso
em curto-prazo. Ou seja, tudo funciona como
se as atividades daquela região dependessem
de uma reserva limitada de recursos.

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E quanto mais planejamento e processamento de informações você fizer, mais os recursos
vão sendo utilizados, diminuindo seu "combustível do autocontrole". Fazer várias coisas ao
mesmo tempo, portanto, vai literalmente diminuir suas chances de fazer o que se propôs.
Você não consegue se forçar a fazer muita coisa a que não está acostumado.

Qual a solução, você se pergunta? Como


garantir que você faça o que deseja, que é
necessário para alcançar seus objetivos, se
você não é capaz de "se forçar" a fazê-lo?

O segredo está em criar bons hábitos e


desenvolver sistemas.

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Os 4 Passos Para Criar Qualquer Hábito
Há um corpo de estudos na psicologia envolvendo a formação de hábitos e
comportamentos semi-automáticos. A ideia básica é que, ao ser exposto à mesma rotina
várias vezes, nós aprendemos como realizar aquela atividade e não precisamos mais prestar
atenção consciente para aquilo, podemos "desligar" a atenção.
A adaptação do cérebro ao longo da
evolução humana é interessante: conforme
fomos requerendo a execução de tarefas cada
vez mais complexas, outras áreas foram sendo
desenvolvidas como camadas ao cérebro
anterior. Isso fez com que as áreas mais
externas sejam mais recentes em termos
evolutivos, lidando com demandas do homem
"moderno", como pensamento estratégico e
predições, enquanto as áreas internas são
responsáveis por funções mais primitivas.

Ao estudar o cérebro de ratos em um


ambiente controlado, os cientistas do MIT
encontraram resultados interessantes. Eles
colocaram os animais em um caminho
fechado simples, com uma porta no começo;
ao ouvir o clique para abertura da porta,

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os ratos começavam a caminhar em busca da alimentação que estava escondida ao final do
corredor. Analisando o cérebro dos ratos enquanto eles seguiam no processo, os cientistas
notaram como a atividade cerebral diminuía com o tempo, indicando uma automatização
do processo. Observe a figura abaixo:

CLIQUE SEGUNDA
OPÇÃO
PRIMEIRA CHOCOLATE
OPÇÃO

Gráfico representando a atividade cerebral do rato no experimento, extraído do livro O Poder do Hábito, Charles Duhigg

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A o longo do tempo, conforme o hábito vai se formando com a repetição da rotina, a
atividade geral diminui durante a execução, embora os picos nos extremos continuem. Eles
equivalem ao momento em que o cérebro do rato identifica que a rotina referente ao hábito
deve ser executada, o gatilho, e o momento em que o rato encontra a recompensa.

Eles desconfiavam que os gânglios basais,


presentes na região central do cérebro, tinham
relação com comportamento automáticos
apresentados por animais. Então, durante o
experimento, eles rastrearam a atividade
cerebral geral e a atividade nessa área em
específico. O resultado? Durante a execução
da rotina do hábito (correr atrás da comida
dentro do labirinto), a atividade cerebral do
rato diminui, enquanto a atividade dos
gânglios basais aumentam. Ao sair da nossa
atenção "consciente", os hábitos passam a ser
controlados por uma das regiões mais
primitivas do cérebro. O que faz sentido, afinal
de contas, prestar atenção nas atividades que
realizamos é algo custoso, então uma
habilidade evolutiva importante é a
capacidade de realizar rotinas com o foco livre
para o ambiente.

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U m excelente livro para quem quer se aprofundar no assunto é o "O Poder do Hábito", do
Charles Duhigg. Bem escrito, cuidadosamente documentado, o livro é ideal para quem quer
entender mais sobre criação de hábitos e como eles influenciam não só nossa vida pessoa,
mas também companhias e a sociedade como um todo.
Se seu interesse está na criação de hábitos em si, segue um conjunto de quatro passos a
serem seguidos para ser mais efetivo formando essas rotinas.

Identifique a Rotina
Como vimos, a atividade cerebral diminui
quando você começa a executar seu hábito
em si, embora os dois picos permaneçam:
aquela referente ao gatilho, à deixa que
sinaliza o começo do hábito e a
correspondente à recompensa. Esse é o loop
do hábito: gatilho ou deixa -> rotina ->
recompensa.

O primeiro passo é identificar o que você quer


fazer e o melhor momento para fazer isso.
Digamos que sua rotina é estudar; você quer
adicionar duas horas de estudo por dia na
agenda. Qual é o melhor horário para isso: de
manhã, assim que acorda?

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O u colocar uma grande mensagem como papel de fundo da tela. Já barreiras que viriam
atrapalhar com o estabelecimento do hábito? Deixar o navegador aberto no facebook.
Checar o smartphone e todas notificações correspondentes (que te levam à terra do nunca
e só trazem de volta quando você está atrasado).

Ou se você está tentando criar o hábito de ir


à academia antes do trabalho. Um bom gatilho
é deixar as roupas de academia no banheiro,
de modo que você as vista assim que sair do
banho. Uma barreira? Ter que pegar o carro, ou
seja, trânsito para ir se exercitar. O ideal é uma
solução sem barreiras, como ir correndo à
academia.

Sempre se pergunte: qual é o gatilho aqui? O


que posso fazer para diminuir as barreiras de
entrada?

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N a hora do almoço? Ao chegar em casa, depois de brincar com as crianças? Seja bem
específico naquilo que você quer. Não simplesmente "estudar todo dia", mas estudar duas
horas após acordar. E garanta que você não está inserindo duas rotinas diferentes de uma
vez. Por exemplo, se você quer estudar logo após acordar, digamos, das 6h às 8h, sem ter o
costume de sair cedo da cama, você na realidade está tentando dois hábitos: acordar cedo e
estudar. Tenha certeza de que isolou uma rotina desejada que seja simples. Um hábito de
cada vez aumenta suas chances de sucesso.
Experimente com as Recompensas

As recompensas, o prêmio que você ganha ao


executar o hábito, não podem ser qualquer
coisa. Nem mesmo qualquer coisa que você
ache bacana e gostaria de ter/fazer. Para
funcionar, as recompensas precisam ser algo
pelo qual você anseie. Algo que te excite tanto
que realmente te mova a fazer o que o hábito
requer só para ganhar aquele prêmio.

Não precisa ser nada absurdo, normalmente


elas são bem pessoais. Se você está de dieta
(hábito já formado!) e quer começar a praticar
musculação, uma boa recompensa pode ser
um chocolate. Ou um milk-shake. Ou uma
dose de tequila.

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S ó você experimentando para descobrir; durante o processo, não se cobre por resultados,
mantenha na mente que é tudo um experimento.

Isole a deixa e possíveis barreiras

É preciso ser específico em termos de qual


será o gatilho para seu hábito; ele é o sinal que
“O importante é você você dá ao cérebro para começar a executar a
se livrar das barreiras rotina correspondente. Pode ser algo simples,
como um alarme no celular com uma música
no momento de específica, ou uma mensagem automática em
começar a executar seu computador. O importante é você se livrar
a rotina.” das barreiras no momento de começar a
executar a rotina.

Por exemplo, digamos que você esteja


tentando criar o hábito de abrir sua lista de
afazeres assim que acorda (a minha está no
evernote). Um bom gatilho seria, por exemplo,
um post-it colado em seu computador com
um lembrete do que fazer.

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Tenha um plano
Esse ponto pode parecer simples, mas é de uma eficácia ridícula. O que você vai fazer
quando encontrar com uma dificuldade?

Digamos que você está em um regime


alimentar de poucos carboidratos, focado em
proteínas. Você vai a uma festa de aniversário
“Planejar com longe de casa e não há nada dentro de seus
antecedência as padrões para se alimentar. O que você faz,
quebra o hábito alimentar? Fica com fome por
possíveis adversidades
horas?
foi comprovado ter
um efeito significativo Planejar com antecedência as possíveis
no sucesso da adversidades foi comprovado ter um efeito
formação de significativo na sucessão da formação de
hábitos.” hábitos. Em um dos estudos, organizado por
Sheina Orbell e Paschal Sheeran em 2000,
pacientes idosos em processo de recuperação
de cirurgias no quadril, um dos tipos mais
dolorosos existentes, foram acompanhados no
pós-cirurgia. Eles precisam começar a se
exercitar após a cirurgia para estimular o
desenvolvimento das articulações, caso
contrário correm o risco de perder os

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movimentos das pernas ou desenvolverem coágulos sanguíneos.

O porém dessa recuperação é o fato dela


ser muito dolorosa; os menores movimentos,
seja um movimento para se ajeitar no sofá ou
um passo em uma caminhada podem ser
excruciantes. Por isso, formar o hábito de se
movimentar no pós cirurgia é essencial para a
recuperação desses pacientes.

O resultado? Parece até brincadeira: um


grupo de pacientes, após 3 meses de
acompanhamento, voltou a andar quase duas
vezes mais rápido e se levantar da cadeira três
vezes mais rápido que o resto. O que foi feito
de diferente? No começo, ao grupo bem
sucedido foram dados pedaços de papel em
branco, para que eles escrevessem o que fazer
quando encontrassem dificuldade para se
exercitar. Por exemplo, como agir em dias frios
(quando a dor aumenta), ou o que fazer
quando não houvesse pessoas em casa para
auxiliar nos exercícios).

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S e você quer ter sucesso formando hábitos, planeje sua falha. A situação anterior, da festa
de aniversário? Você poderia ter barras de proteína na bolsa, se tivesse planejado melhor a
criação do regime alimentar. Um ponto simples, mas que pode fazer a diferença entre
sucesso ou fracasso em uma nova dieta.

Desenvolvendo Os Sistemas Ideiais

Após criar hábitos de maneira eficiente, a


melhor maneira de garantir que você consiga
o que deseja sem depender da força de
vontade (que, afinal de contas, é limitada) se
trata de criar sistemas.

O que é um sistema, você pergunta?

Pense numa caixa preta; nessa caixa, você


deposita alguns inputs, elementos de entrada
e, depois de certo tempo, extrai outputs, os
elementos de saída. Um sistema, quando
desenvolvido adequado às suas necessidades,
é como aquela caixa preta: você coloca algo
dentro, algumas vezes apenas sua energia, e
retira dele um output de valor.

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A vantagem que você obterá ao desenvolver um sistema para a vida pessoal é a mesma
que um cientista da computação tem ao desenvolver um programa. Se há um certo
conjunto de ações que precisa ser tomada, sempre dependente dos mesmos fatores, para
obter um resultado previsível, por que não desenvolver um programa para o computador
fazer aquilo? Em seu caso, desenvolver algumas rotinas para executar com frequência.

Por exemplo, como você gerencia


tarefas/afazeres? Você sempre terá (1)
pendências a resolver, (2) obrigações
recorrentes a cumprir, (3) novas
responsabilidades de várias fontes (tarefas do
trabalho chegando por email, telefone, por
reunião), (4) projetos que você quer colocar
em prática, daí em diante. Sempre há algo a
fazer, chegando através de diferentes canais, e
o resultado disso é o que você executa na vida.
Não faz sentido desenvolver um sistema, algo
que você possa executar todo dia para tratar
desses afazeres? Bem, há vários desses no
mercado, como GTD, ZTD, etc. (você pode
combinar e adaptar para sua realidade).

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N o campo do aprendizado, isso pode assumir conotações extremamente úteis. Uma vez
que pesquisei e refinei meus métodos, desenvolvi sistemas para tudo, algo que eu executo
sempre que encontro os inputs necessários e desejo obter os outputs, os resultados. Eu
tenho sistemas para: ler e extrair o máximo de livros, capturar conteúdo de aulas, pesquisar
material de estudo e vários outros. Você está tendo acesso a alguns dos meus melhores
sistemas nesse livro: pode começar a usá-los do jeito que estão e ir refinando ao longo do
tempo para continuar obtendo resultados, mas adaptando-se a seu cenário

A Mentalidade Certa Importa.


E muito.
“Se você acha que pode ou se você acha que
não pode, você normalmente está certo”
Henry Ford
Eu não faço o tipo que advoga “O Segredo” ou
“como pensar positivo vai atrair o que você
quer”. Não, mas os efeitos da mentalidade
foram reais e comprovados. Acreditar que você
tomou estimulante faz levantadores de peso
conseguirem aumentar a carga do exercício.
Utilizar avatares virtuais mais bonitos e
atraentes faz as pessoas se sentirem mais
confiantes e assertivas.

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A creditar que você pode aprender com os erros e ficar melhor com prática, ou seja, ter o
mindset do crescimento, leva as pessoas a ter uma melhor taxa de sucesso pós-erro, como
comprovam estudos na área.

A psicológa Carol Dweck, autora de “Por que


algumas pessoas fazem sucesso e outras não”,
tem uma pesquisa interessante em relação a
crenças. Ela identificou que as pessoas são em
grande parte de dos tipos: ou elas possuem um
“Ter o mindset mindset (conjunto de crenças sobre a
do crescimento, realidade) fixo ou um mindset de crescimento.
leva as pessoas a Já as pessoas com o mindset fixo, “acreditam
ter uma melhor que suas habilidades básicas, suas
taxa de sucesso inteligências, seus talentos são apenas traços
fixos. Eles possuem certa quantidade e pronto,
pós-erro.” e então o objetivo delas é parecer esperto o
tempo inteiro e nunca parecer bobo” [ou
errar].

Com base na pesquisa de Dra. Dweck, um


grupo da Universidade de Michingan liderado
por Jason Moser foi investigar por que
algumas pessoas aprendem mais rápido a

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partir de seus próprios erros do que outras, analisando como as crenças delas (estado
mental) tinha algo a ver com isso.

A premissa do experimento é que existem


duas reações distintas ao erro, ambas podendo
ser detectadas usando eletroencefalografia. A
primeira reação é chamada Negatividade
Relacionada Ao Erro (ERN, do inglês) e ocorre
50 ms depois de cometermos algum deslize; é
uma reação praticamente involuntária. Ela
ocorre no córtex cingulado anterior, região
responsável por monitoração de
comportamento e regulação de atenção.

O segundo sinal é conhecido como


Positividade do Erro (Pe) e chega entre
100-500 ms depois do erro. Ocorrendo na
região centro-parietal, está associado com
nosso reconhecimento de que cometemos um
deslize. Estudos recentes já mostraram que
pessoas que aprendem com seus erros tem um
ERN alto (notam que cometeram o erro) e um
Pe amplo, o que indica que provavelmente

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estão prestando atenção como errara. O resultado: as pessoas com mindset de crescimento
foram significantemente melhores em aprender com os próprios erros. Elas produziram
sinais do Pe (positividade do erro) muito maiores do que aqueles com o mindset fixo (3 vezes
maior). E esse aumento na amplitude do Pe correlacionou bem com a melhoria na
performance, ou seja, prestar atenção no motivo do erro estava levando as pessoas a
aprender com eles, se elas tinham a mentalidade certa.

O Que Fazer Quando For Demais:


Um Guia Para Superar a
Sobrecarga Cognitiva
“As pessoas com o
mindset de crescimento Essa sensação é familiar para você:
foram signifantemente abordando um conteúdo novo, chega um
melhores em aprender momento em que parece que o livro "deu um
com os próprios erros ” salto", pois repentinamente começou a falar de
algo que você não consegue entender. Você lê,
relê, mas aquilo parece ser coisa demais para
processar, você sente a sobrecarga.
É um fenômeno comum, uma vez que a
memória de trabalho tem limitações claras na
quantidade de itens (de 4 a 7) que ela pode
processar.

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E m uma aula, por exemplo, o professor pode falar de como as baterias requerem um polo
positivo, um negativo e eletrólitos entre eles. Para um novato, essa frase aparentemente
simples gera três itens que precisam ser mantidos na memória de trabalho de modo a serem
processados.

Com o crescimento do número de itens,


cresce muito a quantidade de relações entre
eles. Ter 3 itens na memória de trabalho quer
dizer analisar 6 possíveis relações; ter 4 itens
requer a análise de 24. Levando em conta que
cada relação pode ser de vários tipos
diferentes (causa/consequência, sequências,
hierarquias, variações de intensidade),
+ - estamos falando de possibilidades demais para
um sistema de processamento tão limitado.
A sobrecarga cognitiva é um dos fatores que
impedem o aprendizado e, com frequência,
causa bastante dor de cabeça. Para o
estudante, é essencial saber reconhecer e o
que fazer quando se deparar com a situação.
Por isso, entender melhor a respeito é uma boa
forma de aumentar a eficiência do
aprendizado.

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É possível separar as fontes de carga cognitiva referentes a qualquer tarefa de aprendizado
em internas e externas. Carga cognitiva externa se refere à carga imposta pelas condições de
aprendizagem e pelo contexto instrucional em si, mas que é irrelevante ao aprendizado.

Idealmente, reduz-se essa carga o máximo


possível, já que ela ameaça a capacidade da
pessoa de focar nas informações críticas para
alcançar a maestria.
Vários estudos mostram que conseguimos
lidar com essa carga externa (barulho,
distrações, informações desnecessárias) se
estamos estudando conceitos simples, mas
para conteúdos complexos, torna-se
disruptivo: travamos e o aprendizado
simplesmente não acontece.
O segundo tipo é a carga cognitiva intrínseca,
que é fixada pela natureza da tarefa em si. Seu
maior determinante será o conhecimento
prévio do estudante, o que implica a
disponibilidade de schemas a serem
acessados.

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P or exemplo, estudar a teoria atômica atual, sem conhecimento básico de física quântica,
é algo naturalmente estressante, em termos cognitivos, uma vez que os temas estão
consideravelmente conectados. Toda essa teoria é interessante, pois nos ajuda a entender o
que passamos quando "travamos" ao tentarmos estudar, mas o verdadeiro valor surge
quando sabemos o que fazer nesses momentos.
Por isso, segue um checklist simples de
fatores para você checar sempre que se sentir
travado durante o estudo. Eles estão
organizados do mais simples ao mais
trabalhoso de corrigir.

* Condições desfavoráveis ao aprendizado:

Barulhos de fundo, constantes interrupções,


temperatura ou luminosidade inadequadas,
esses são fatores relacionados ao ambiente
que quebram seu foco e rompem o processo
de aprendizado. Um pouco clichê, mas a
solução é simples: busque um lugar isolado,
tranquilo e bem ventilado para estudar; isso
vai trazer mais resultado especialmente se
você estiver processando conteúdos
complexos.

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* Instrução ruim ou material fraco
O ideal, quando for estudar, é ter várias fontes diferentes de material para comparação. Com
as diferentes abordagens somadas, é muito menos provável de você travar graças a um
material ruim.

* Apreensão com a avaliação


Se você está com dificuldades emocionais ou
extrapreocupado com a avaliação para a qual
está se preparando, é natural se sentir
sobrecarregado. Tirar o foco da linha de
“O ideal, quando for chegada e valorizar mais o processo e as
estudar, é ter várias pequenas vitórias (como vimos no capítulo 2)
fontes diferentes de pode ajudar nesse momento.
material para
comparação. ” * Expectativas irreais
Normalmente são provenientes de objetivos
irreais com demandas muito altas ou de falta
de flexibilidade com as metas. Desenvolver
uma capacidade de estrategizar bem e
gerenciar o estudo como se estivesse
gerenciando um time realizando tarefas com o
objetivo de atingir uma meta é uma
abordagem que costuma gerar bons
resultados.

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* Uso de estratégias mentais deficientes
Utilizar estratégias de estudo deficientes podem te fazer travar. Neste livro, você está sendo
exposto a várias estratégias e técnicas de qualidade, então terá maiores chances de resolver
esse ponto que um estudante mediano.

* Baixos níveis de conhecimento de base


Esse é o ponto mais trabalhoso de corrigir.
Nesse cenário, o melhor a fazer é fazer uma
pausa, reajustar o calendário de estudo e dar
um passo atrás. Não dá para continuar sem ter
“Dê um passo o conhecimento de base que você identificou:
força o caminho só vai gerar mais estresse. Por
atrás para dar isso, dê um passo atrás para dar dois à frente:
dois à frente.” sistematicamente ataque todas as bases
deficientes antes de voltar a estudar seu objeto
de desejo.

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PARA RELEMBRAR E
POR EM PRÁTICA
- No final do dia, todas as pessoas aprendem - Além de formar hábitos, que uma vez
por conta própria. Mesmo com professores e criados requerem pouco esforço cerebral,
escolas, o ambiente não pode forçar o criação de sistemas é outra maneira de
conhecimento na cabeça de ninguém. contornar nosso limite natural da força de
- Uma vez que você olha para além dos vontade.
estigmas sociais enxerga que é possível fazer - Ter a mentalidade certa importa bastante e
muita coisa sozinho e que o autodidatismo causa impactos reais no aprendizado. O
está ao alcance de qualquer um. cultivo do mindset de crescimento ajuda no
- A ciência aponta para a descoberta que força aprendizado a partir de erros.
de vontade não é algo infinito; você não pode - A sobrecarga cognitiva é um problema real e
ser forçar a realizar atividades para sempre. uma das grandes barreiras a ser superada no
- Para o autodidata, formar hábitos é uma das aprendizado de qualidade. A boa notícia é que
principais base para o sucesso. Afinal de é possível adotar um sistema para tratá-la.
contas, não há pressão externa para que ele - Na ordem de fatores externos a fatores
faça o que é necessário para alcançar o que internos, o checklist a verificar ao se encontrar
deseja. "travado" em um assunto: condições do
- O processo de criação de hábitos é simples, ambiente de estudo, qualidade da instrução e
composto de identificação da rotina, do material,foco excessivo na avaliação,
experimentação com as recompensas, desenvolvimento de expectativas irreais, uso
isolamento de deixas e possíveis barreiras e de estratégias mentais deficientes e baixos
criação de um plano. níveis de conhecimento de base.
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CAPÍTULO 04

A ARTE DE ESTUDAR O
PROBLEMA CERTO

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“Um problema bem definido está meio resolvido” John Dewey

Um termo comum para se referir ao estudo


do aprendizado é o meta-aprendizado. Meta é
um prefixo que significa “fazendo referência a
si mesmo”, então meta-aprendizado é o área
do conhecimento que estuda o aprendizado
em si.

Como nosso interesse também é


instrumental, ou seja, focado no lado prático
para transformar conceitos em ações, em
métodos melhores de estudo, o
meta-aprendizado vai englobar pontos além
de psicologia e pedagogia. Como estudaremos
nesse capítulo, há técnicas muito mais
prováveis de aparecer em livros de
administração e gerenciamento que mesmo
irão trazer resultados para incríveis para o
processo de aprendizado.

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A seguir, começaremos com uma análise sobre eficiência no processo do aprendizado,
mergulharemos na parte de modulação dos objetivos, a fim de aplicarmos o princípio 80/20
nas partes e selecionar o que trará mais resultado, ordenando as etapas para maximizar a
velocidade de aprendizado.
Trazendo a Eficiência Para o
Mundo do Aprendizado
Nós, seres humanos, não evoluímos para
sermos estratégicos. Nosso modo automático
de agir não envolve técnicas boas de
planejamento, criação de planos e execução.
Em termos evolutivos, nosso cérebro hoje está
perfeitamente adaptado à realidade de 10~20
mil anos atrás: caça, defesa contra animais
selvagens, vida na floresta. Por isso, se você
corre atrás de metas sem pensar a respeito
com antecedência, o mais provável é você se
engajar em métodos que te levarão a falhar.
Parece um pouco bobo dizer isso, mas não é
tradição pensar a respeito do que se está
fazendo.

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P or exemplo, sempre estudamos da maneira como aprendemos de professores, pais e
colegas ao longo da vida escolar; nunca paramos para pensar se havia um jeito melhor, se
estávamos engajados na melhor maneira possível de estudar (até agora). Se algo precisa ser
feito, é bom descobrir a melhor maneira existente para fazer aquilo; caso contrário, você está
perdendo tempo e energia em algo que poderia ser feito de um modo mais eficiente.
Esse pensamento cortante de eficiência
pode ser trazido ao aprendizado. Afinal, usar a
melhor técnica conhecida pelo homem no
problema errado ou ser extremamente
“Se algo precisa ineficiente trabalhando no problema certo não
são meios produtivos.Parte da aceleração do
ser feito, é bom aprendizado que você vai extrair desse livro
descobrir a vem da compreensão do processo e das
melhor maneira técnicas de estudo e parte se dará por essa
mentalidade que você desenvolverá de buscar
existente para
o problema certo.
fazer aquilo.” Vejamos um problema comum; digamos,
aprendizado de línguas. Você quer melhorar
seu inglês para ser capaz de compreender
materiais escritos, de modo a estudar para a
faculdade. O que você faz? Não precisa pensar
muito a respeito: se matricula em uma escola
de línguas, gasta milhares de reais e alguns

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anos de sua vida, certo? E se você (1) pegasse uma apostila simples para dar uma olhada a
fim de entender os tempos verbais mais comuns e (2) a lista das, digamos, 300 palavras mais
usadas da língua. A seguir, você estudaria o vocabulário técnico referente a sua área de
atuação, talvez usando aqueles livrinhos de bolso (3). No final, jogaria todas as palavras em
um programa como o Anki (4) para manter uma revisão constante (falaremos disso em
detalhes no capítulo 7).

O resultado seria uma compreensão básica


da língua, com o desenvolvimento de
vocabulário o suficiente para te permitir ler os
materiais e utilizá-los como fonte de estudo. E
quanto isso te custaria? 1% do dinheiro/tempo
dedicado à outra solução!
Essa é a grande diferença entre usar uma
solução padronizada pela sociedade e
desenvolver algo por conta própria para
resolver seus problemas. Você alcança um
nível de customização alto, atacando
exatamente o que deseja, gastando a
quantidade mínima de recursos no processo.
Para tanto, o método que vou apresentar
envolve modular seu objetivo, selecionar as
partes mais importantes e ordenar de modo a

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maximizar os resultados. Não importa o que você deseja aprender, esse processo se aplica e
vai te trazer bons resultados.

Modulando Seu Objetivo


Antes que possamos selecionar as partes
mais importantes de seu objetivo, aquelas que
trarão o maior volume de resultado em menor
tempo, primeiro é preciso identificar quais são
as partes relevantes. Se você quer aprender
inglês para ler conteúdo da faculdade, como
vimos, de todas as partes, a menos importante
é o foco na conversação.
A situação já inverte se o foco é a
comunicação. Em outubro/2013, fiz um
desafio público de aprender a me comunicar
em espanhol em 30 dias. Nesse período, saí do
zero a um nível conversacional em espanhol e
meu interesse foi a comunicação; não leitura
técnica ou nem composição. Esta última eu
desenvolvi apenas à medida que me ajudou a
conversar mais fluentemente.

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A primeira grande vantagem de modular o que quer que você queira aprender, seja direito
constitucional ou a jogar futebol, é que você passa a entender qual é a relação lógica entre
as partes. Você desenvolve uma visão completa de como as subatividades se relacionam.
Como vimos no capítulo 1, isso promove o aprendizado pois nos fornece a estrutura geral do
assunto, o schema adequado onde encaixar os fatos e informações aprendidos.

A segunda vantagem é que evita a


sobrecarga cognitiva. Como vimos no capítulo
3, aquela sensação opressora de estar
abordando um assunto que você não faz ideia
para onde vai atrapalha ativamente o
aprendizado. Ao quebrá-lo em partes menores,
o objetivo fica muito mais alcançável e não
causa pane em seu sistema cognitivo ao
requerer muitos recursos ao mesmo tempo.
Por fim, como veremos no capítulo 7, ter
sub-habilidades pequenas e práticas que
possam ser praticadas isoladamente é o
caminho ideal para a prática deliberada, que é
o maior fator correlacionado com a maestria.
Como veremos, não é a quantidade de
preparação, experiência ou horas de prática
que você tem que se correlaciona com a

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a maestria, o verdadeiro domínio de um tema. A prática deliberada, um modo bem peculiar
de prática, que segue certas características que estudaremos em breve, é o que separa os
novatos dos mestres. E para executá-la, você precisa de um objetivo bem modulado.

A grande pergunta é: como saber quais são


as partes de algo que você está tentando
aprender? Normalmente, se estamos
estudando algo, é porque não temos
familiaridade com a aquilo, não entendemos
bem a área. É diferente, por exemplo, de eu te
pedir para modular a língua portuguesa: você
alcançou a maestria na língua por imersão,
então consegue me identificar exatamente
como estudá-la. No caso de um tema
desconhecido, esse não é o caso.

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Duas Técnicas Para Modular Seus Objetivos
As técnicas a seguir, assim como todo o conteúdo desse capítulo, trarão resultados reais
apenas se forem aplicadas. Ler, gostar e não aplicar não vai mudar a forma como você
aprende para melhor. Não as vejo como metodologias inéditas, são inclusive bem simples de
aplicar. Contudo, são ferramentas que, quando utilizadas de modo diligente, têm trazido
resultados concretos para mim e para quem as utiliza.

Referências
A primeira técnica para modular seu tópico de
estudo é fazendo uso de referências. Você irá
“A primeira técnica fazer uso do conhecimento existente para
para modular seu entender como as partes funcionam. O
tópico de estudo segredo aqui é fazer uso de duas frentes:
materiais populares e materiais "estilo
é fazendo uso de manual".
referências.” Ao pegar um livro popular, é fácil perceber
que eles são 'mastigados' para facilitar a
compreensão de quem está lendo, já que os
autores assumem a falta de uma base boa.
Esses livros normalmente omitem detalhes
técnicos ou cansativos, passando apenas uma
visão geral do assunto.

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J á os manuais ou livros-referência, costumam ser bem detalhados e até cansativos de ler
de capa a capa, funcionando melhor como referência para busca de algo mais técnico.

Agora, coloque esses dois livros juntos e


você vai ter uma excelente visão geral do
assunto. Digamos, por exemplo, que você
esteja estudando a história de Roma. Livros do
gênero popular podem ser "Roma: Um Guia
para Marinheiros de Primeira Viagem" ou "O
Guia de Roma Para Leigos" (não sei se esses
títulos existem, mas é provável que sim). Livros
no modelo de manuais podem ser "A Ascensão
e a Queda de Roma" ou qualquer material
aprofundado no assunto.
O índice do primeiro tipo de livro deve
conter só os fatos mais importantes para
compreensão da história de Roma como um
todo: provavelmente aborda as origens
(lendárias e possíveis), fala do Reinado, da
transição para a República, dos Triunviratos,
das transições instáveis, da ascensão de César,
seu assassinato, daí em diante.

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J á o índice do segundo tipo de livro traria muito mais informações do que a simples
compreensão. Ele mergulharia nos costumes de cada época, informações geográficas,
interação com povos vizinhos, todas as figuras históricas relevantes, etc.

Ao ter em mãos os dois índices, você pode


comparar e modular a história de acordo com
suas necessidades. Se você está numa
faculdade direito e deve fazer um tratado sobre
a evolução da estrutura legal em paralelo à
história de Roma, você vai usar a visão geral
nos demais tópicos e detalhar mais a cultura, a
estrutura social. Se seu interesse é pessoal em
busca dos grandes nomes da história, você vai
focar em como o povo evoluiu ao longo da
vida das grandes figuras, ignorando detalhes
como relações internacionais e a evolução das
táticas de guerra.
Ao final do processo, você terá partido todo
seu objeto de estudo em subpartes que você
pode estudar separadamente, entendendo
como elas se conectam e como 'juntar tudo'
depois.

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Entrevistas
“Se vi mais longe foi por estar de pé sobre ombros de gigantes” Isaac Newton

Uma das lições na vida que você não pode se


dar o luxo de esquecer: não é preciso
reinventar a roda. Como disse o Will Smith:
“bilhões de pessoas já viveram antes de você;
você nunca terá um problema novo. Alguém
escreveu a resposta em um livro, em algum
“Umas das melhores lugar”.
formas de acelerar
Uma das melhores formas de acelerar o
o aprendizado é, aprendizado é, portanto, utilizar a experiência
portanto, utilizar a alheia. Você vai sentar e conversar com a
experiência alheia.” pessoa de modo a extrair o máximo possível
dela. Ao tentar entender como ela dividiu o
assunto, o que ela estudou, como estudou,
você está usando todo o esforço dela em seu
estudo: basta garantir que você faça o que deu
certo e evitar o que deu errado.

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E ssa técnica vai além da modulação apenas, já que você pode levantar informação sobre
tudo: os melhores materiais, os erros mais comuns, as maiores dificuldades, sites, revistas,
blogs... tudo. Para entrevistar, no entanto, você tem que encontrar a pessoa certa.

O ideal é que a pessoa seja alguém com uma


experiência parecida com a sua e tenha
aprendido o que você deseja em contextos
parecidos. Se você é alguém de engenharia
estudando direito tributário para se tornar
auditor, o ideal é conversar com um
“O foco é engenheiro que aprendeu para o mesmo
concurso. Alguém sem ensino superior
entender o estudando para um concurso de tribunal não
método da vai poder te ajudar muito, mesmo que essa
outra pessoa.” pessoa tenha domínio do assunto. Primeiro
ponto, então: buscar pessoas parecidas com
você para entrevistar.
O que perguntar numa entrevista como essa?
O foco é entender o método da outra pessoa.
Como ela dividiu o conteúdo? Qual material
ela utilizou como referência? Qual foi o foco
dos exercícios? Que tipo de exercício foi
realizado?

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C om essa linha de questionamentos, você vai ter descoberto como o entrevistado
aprendeu, como ele modulou o conteúdo e o que fez para abordar cada subparte.

A Regra de Pareto Acelerando o


Aprendizado
O princípio de Pareto é uma padrão observado
em várias esferas da atuação humana. Dentre
seus vários fraseamentos, podemos dizê-lo
assim: 80% das consequências advêm de 20%
das causas.
O princípio foi atribuído a Pareto, um cientista
político e economista italiano, por ter notado
que em 1906 que oitenta porcento das terras
da Itália estavam na mão de 20% das pessoas;
assim como 20% dos pés de pêra fornecem em
média 80% das frutas. Embora a relação tenha
surgido com a proporção 80/20, este número
exato não se mantém na natureza; nem
precisaria, o importante do princípio é a ideia
geral: a maioria das consequências vem de
uma quantidade pequena de causas.

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E ssa é a ideia que vamos aplicar em nosso processo de aprendizado, já que tudo nesse livro
é baseado em eficiência. Uma vez que você tenha modulado o conhecimento desejado (seja
aprender inglês, direito tributário ou a jogar bola), o próximo passo é descobrir quais são os
pilares bases, aqueles que lhe trarão os resultados mais rapidamente.

Selecionando para Acelerar


Sempre que vou conversar sobre seleção
gosto de falar de Shinji Takeuchi como um
caso de sucesso. Ele é um japonês que mudou
a forma como as pessoas aprendem natação
criando um estilo diferente de ensino e de
nadar em si.
Se fôssemos modular a natação, quais seriam
as partes principais? Bem, há as
movimentações de braços, pernas, há a
respiração e a coordenação entre os três. Do
modo ortodoxo, os estudantes são colocados
em piscinas tradicionais desde o início, ainda
que com o auxílio de boias.

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A o longo do tempo, para nadar o mínimo que seja, eles precisam realizar todas as sub
-habilidades ao mesmo tempo, ainda que executando de maneira ruim. Afinal de contas,
sem braços envolvidos não há movimentação, sem pernas não há flutuação e sem
respiração não energia.

Desde o início, alguém querendo aprender a


nadar, que usualmente tem medo de morrer
afogado (óbvio), é jogado em uma piscina
profunda e é dito para aprender tudo ao
mesmo tempo. A experiência é um sofrimento.
Surge, então, Shinji Takeuchi e seu método de
natação. Se alguém tivesse parado para pensar
na melhor maneira de ensinar um iniciante a
nadar, eles teriam inventado um método
parecido ao dele. Que os iniciantes sejam
ensinados de qualquer outra forma é um
exemplo de como nós não pensamos em
otimizar as atividades nas quais crescemos
acreditando.
A lógica do método é a seguinte: Shinji
modulou a natação, selecionou a parte mais
importante e possibilitou aos estudantes
praticarem separadamente.

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A o estudar o processo, ele notou que o uso das pernas é desnecessário para nadar se você
estiver "deslizando" próximo a superfície, ao invés de buscar propulsão das braçadas e
enfrentar a resistência do meio.

O método dele envolve básica propulsão com


os braços (modo bem menos intenso que o
nado livre convencional) e movimentação leve
com o corpo, algo que você pode desenvolver
posteriormente.

Ao eliminar o uso das pernas para os


iniciantes, ele acelerou o aprendizado e
adicionou outro fator positivo: ninguém
precisa praticar em piscinas tradicionais.
Como não há técnicas específicas de pernas,
os estudantes podem praticar em piscinas
infantis e não sem muita diferença. Eliminando
o medo/trauma de afogamento por parte dos
estudantes, o processo passa muito mais
confiança.

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A o passar para piscinas profundas, ele já consegue se movimentar o suficiente para ter
confiança no ambiente. Daí, é só corrigir gentilmente a movimentação corporal e o
estudante estará apto para nadar longas distâncias com o mínimo de esforço.

Utilizando Os Critérios Certos


Como aplicar a mesma mentalidade do
Takeuchi para selecionar as subhabilidades da
sua meta, acelerando o aprendizado?
“Não entender o É tudo uma questão de utilizar os critérios
conceito de frequência certos. Afinal de contas, se você vai selecionar,
precisa ser com base em algo. Seguem então
é um dos erros os quatro principais critérios para te ajudar a
mais comuns e aplicar a regra de Pareto em seus objetivos.
ilógicos que as Critério #1: Frequência
pessaos cometem Não entender o conceito de frequência é um
diariamente.” dos erros mais comuns e ilógicos que as
pessoas cometem diariamente. Por exemplo,
as 25 palavras mais utilizadas da língua inglesa
correspondem a 33% de todo material escrito;
as top 100, correspondem a 50% e as top 300
correspondem a 65%.

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A grande pergunta fica no ar: por que as pessoas focam em contextos (cores, números,
cozinha, trabalho, quarto, restaurantes) e não em frequência, que determina as palavras mais
utilizadas? Isso serve para qualquer língua, por sinal. Há várias listas de frequência de
palavras na web; basta escolher uma fonte mais ou menos confiável. Preste atenção apenas
se as palavras são mais utilizadas em materiais escritos ou em conversação, uma vez que os
dois grupos possuem algumas diferenças.

Para alguém estudando para uma prova da


faculdade, por exemplo, selecionar com base
em frequência seria analisar várias avaliações
“Por que as pessoas antigas da disciplina e fazer uma contagem
focam em contextos dos assuntos que mais aparecem nas
avaliações. O mesmo para um concurseiro,
e não em frequência, caso ele consiga colocar as mãos em
que determina as suficientes provas passadas daquela
palavras mais organizadora (o que não é difícil).
utilizadas?” Para seu objetivo, se pergunte e pesquise:
quais são os módulos mais utilizados? Se eu
sofresse um acidente e passasse 90% de meu
tempo no hospital, o que estudaria nos 10% de
tempo restantes? (meio trágico, eu sei). Foque
nisso!

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Critério #2: Nível de Relação com o Resultado
É essencial ter em mente a importância de focar em atividades que vão impactar
diretamente seu resultado. Por exemplo, em meu desafio de espanhol (aquele de 30 dias), ao
modular as partes da língua, uma dos módulos seria 'cultura'.

Como meu foco no processo era a


conversação e eu pretendia conversar com um
nativo no final do mês para avaliar meu
desenvolvimento, eu coloquei cultura como
algo a estudar; afinal de contas, eu não queria
cometer nenhuma gafe durante a conversa.

Enquanto que esse módulo é algo importante,


ao pesquisar mais a fundo, notei que não havia
diferenças culturais severas no que toca a
conversas sociais entre as culturas brasileira e
espanhola. Por isso, eliminei esse módulo do
estudo, já que não teria influência direta no
resultado. Claro, não faria isso se estivesse
estudando, digamos, árabe: não iria correr o
risco de falar algo errado e ofender os
antepassados do meu interlocutor ou algo do
tipo.

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O utro exemplo de (falta de) relação com direta com o resultado: o caso de aprender a
jogar futebol. Há algum tempo recebi email de um leitor perguntando como aplicar essas
técnicas para acelerar o aprendizado de futebol.

Ao modularmos o objetivo (jogar bem como


zagueiro de futebol society), encontramos
várias sub-habilidades como ser veloz, ter bom
passe, marcar bem, ter boa visão de jogo,
calma sob pressão e algumas outras.
No processo de seleção, a pergunta foi: qual
dessas tem relação direta com a função de um
zagueiro? Enquanto que todas encaixam bem
em "ser jogador", para um zagueiro saber
marcar, ter controle emocional sob pressão e
visão de jogo é claramente mais importante do
que, digamos, ter um bom chute. Desse modo,
podemos eliminar módulos secundários da
habilidade geral "ser um bom zagueiro".

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Critério #3: Abrangência
Como vimos no capítulo 2, o modo como os estudantes organizam o conhecimento tem
um impacto direto tanto na qualidade do aprendizado quanto na consistência da memória
formada.

Por isso, abrangência é um critério a ser utilizado:


é de seu interesse selecionar aquelas partes que
têm o máximo de conexões com outras partes.
Afinal de contas,"se falta ao estudante uma rede
[de conhecimento] fortemente conectada, o
conteúdo dele será lento e mais difícil de ser
acessado", como bem colocaram Gary Bradshaw
& John Anderson, em um estudo publicado em
1982.

No exemplo do aprendizado de espanhol, eu dei


especial destaque a um módulo chamado
"estrutura" da língua. Ele inclui um entendimento
macro de como as partes do idioma se
relacionam. Como a frase estrutura o sujeito e o
predicado, qual é o posicionamento dos
advérbios/complementos, quem tem regência
com o quê, quais são os termos acessórios, daí
em diante.

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C omo minha meta era conversação, eu poderia ter aprendido sem ter esse conhecimento
de estrutura. Porém, a qualidade seria mais baixa, pois seriam fatos avulsos; eu não iria ser
capaz de expandir o que aprendi ali para outros cenários (digamos, interpretação de textos),
se tudo o que fizesse fosse memorizar algumas frases comuns em conversação.

A importância de escolher os módulos mais


abrangentes possível está relacionado com a a
ideia de pegar a visão geral do assunto antes
de mergulhar em particularidades. Você
desenvolve essa visão holística ao entender
“Ou você entende como as partes mais conectadas funcionam
como sua área de primeiro, já que "se os estudantes não fizerem
estudo funciona, ou as conexões necessárias entre as partes da
informação, eles podem não reconhecer ou
vai cometer erros buscar corrigir contradições", como disse
bobos.” Andrea Disessa, em 1982. Em outras palavras,
ou você entende como sua área de estudo
funciona, ou vai cometer erros bobos como
cair em contradição e defender crenças
ilógicas.

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Q uando selecionando, dê prioridade aos módulos mais conectados; deixe os isolados por
último.

Critério #4: Dificuldade


Começar pelo fácil é importante por mais de
um motivo. Como vimos no capítulo 2,
conseguir pequenas vitórias no começo de
“Começar uma jornada de aprendizado é importante
pelo fácil é para nossa motivação. Isso porque uma vez
que ficamos bom em algo, aumenta nosso
importante prazer em realizar a tarefa (valor intrínseco), o
por mais de que por sua vez aumenta a motivação.
um motivo.” Outro ponto que faz começar pelo fácil uma
atitudade esperta é: digamos que um módulo
requeira 30h de trabalho, enquanto outro
igualmente importante precise apenas de 15h.
Por que não começar com o que requer menos
tempo? Essa é a alternativa lógica e apenas
uma questão de organização/gerenciamento
de projetos em geral, mas que também
impacta no aprendizado de algo extenso.

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Analisando os 4 critérios
Uma vez com os critérios analisados, eu gosto de pegar um papel em branco e separar em
quatro colunas. Em cada uma, organizo a lista de partes do conteúdo de acordo com o
critério correspondente. Na 1º coluna, do mais frequente ao menos frequente; na
segunda,os de maior impacto para os de menor impacto no resultado, daí em diante.

Ao final, as subpartes que estiverem mais


próximas do topo nas quatro listas serão as
selecionadas primeiro. Uma vez que as
concluo, volto para a página e escolho as
próximas. O processo termina quando já tiver
“A ordem em com resultado satisfatório em minha meta
que você as (conversando espanhol, jogando futebol ou
estuda faz aprendendo direito) no nível que desejei ou
diferença?” quando acabarem as subpartes.
A Ordem Importa?
Uma vez selecionada as partes mais
importantes, a ordem em que você as estuda
faz diferença? Normalmente, você não vai
perder muita coisa se não se preocupar com a
ordem, mas há alguns objetivos que
particularmente se beneficiam de uma análise
mais cuidadosa; vamos discutir dois deles.

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Aprendendo a Falar Antes de Escrever
O método popular de ensino de línguas não é o mais eficiente. Eu, você, todo mundo
conhece alguém próximo que passou 5 anos em uma escola de línguas para sair de lá
“achando que ainda não sabe falar”, ou que “ainda faltam dois níveis para aprender”. Por
outro lado, há alguns malucos espalhando métodos não-ortodoxos sem resultado
comprovado algum.
Contudo, se você procurar com
cuidado, há algumas pessoas com
métodos diferenciados e resultados
comprovadamente extraordinárioos.
Michel Thomas é um exemplo desses.

Michel foi um veterano de guerra e


professor, que dominou mais de 10
línguas durante sua vida e ficou famoso
por ensinar grandes celebridades de
Hollywood. Ele desenvolveu um método
de ensinar linguagens a qualquer um,
independente de habilidade, em
períodos de tempo muito curtos.
Celebridades como Mel Gibson e Woody
Allen utilizaram o método de Michel
para aprender o que se levaria anos em
alguns dias. Isso mesmo, dias.

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O que o método dele tinha de diferente em termos de ordem?
Ele ensinava os alunos a falar antes mesmo de escrever. Enquanto que tradicionalmente as
pessoas aprendem primeiro a gramática, muito vocabulário, escrita, depois compreensão de
fala, criação de frases e só por fim conversação, o método de Thomas faz o contrário: ele
inverte a ordem, começa pelo fim e constrói o conhecimento de modo eficiente.

Afinal de contas, a aplicação prática da língua


normalmente é conversação e ter avanços
nessa área motiva os estudantes a avançarem
em outros setores. O contrário: passar a vida
estudando gramática/escrita e demorar
bastante tempo até conversação? Esse é o dia
a dia de escolas de línguas que focam no
“domínio” do conteúdo ;-)

O único problema do método do Thomas é


que não há um foco estruturado na revisão
nem abordagem clara da gramática. Embora
no começo gramática não deva ser um
impedimento para sua comunicação,
conforme você estuda, é preciso avançar
nessa área com afinco para buscar o domínio
completo. O outro ponto negativo é que o
professor assume responsabilidade pelo

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aprendizado do aluno; o que é bom se o professor for excelente (como Michel era), mas não
é uma boa prática para desenvolver para a vida em geral.

Dominando as finalizações antes


das aberturas
Xadrez é um jogo fascinante: adicione
metáforas de guerra, regras simples e
combinações infinitas, pronto, você terá um
grande jogo. Como toda grande atividade
humana,criaram-se grandes competições em
torno dele e há vários campeonatos, inclusive
mundiais. Nesse nível, competem pessoas fora
de série: gente que consegue jogar 30 partidas
simultâneas numa sala, ou vários jogos
mentalmente (sem olhar para o tabuleiro);
enfim, o mundo do xadrez é um ótimo lugar
para buscarmos aprendizado de alto nível.

Até meados do século passado, o modo


tradicional de aprender era: comece
dominando as aberturas, que são o conjunto
de movimentos iniciais.

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S abe quantas aberturas existem? Pelo menos 1327 (que foram nomeadas)! Dá para
imaginar o progresso lento nesse cenário?

Veio então o mestre Josh Waitzkin e seu


professor Bruce Pandolfini. Josh é um
competidor de xadrez e escritor. Em seu livro,
a Arte do Aprendizado, ele conta como foi
reconhecido como prodígio com 6 anos de
idade, conseguiu o título de mestre nacional
aos 13 anos e aos 16, o de mestre
internacional. Qual teria sido o diferencial no
ensino de Pandolfini que auxiliou Josh nessa
jornada meteórica?
Começar pelo final. Bruce entendia o poder da
inversão de ordem e começava o ensino pelos
cenários finais, quando havia o mínimo de
peças no tabuleiro: peão e rei contra peão.
“Através do micro, posições de reduzida
complexidade, Josh foi forçado a aprender o
macro: os princípios. Ele aprende o poder do
espaço vazio, da oposição e de armar um
zugzwang(uma posição que faz ele destruir

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seu próprio jogo) para o oponente. Tudo de um tabuleiro quase vazio. Por se limitar a
algumas poucas peças, ele masterizou algo sem limites: conceitos de alto nível que ele
poderia aplicar a qualquer momento, contra qualquer um.” Tim Ferris, The four-hour chef

Uma vez que o aluno dominasse as


finalizações, ele entendia os princípios e, por
isso, não iria fazer tanta diferença qual
abertura ele memorizou.
É excelente exemplo da relevância da
ordenação das sub-habilidades para acelerar o
aprendizado.

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PARA RELEMBRAR E
POR EM PRÁTICA

- O aprendizado, como qualquer área de atuação humana, pode se beneficiar


tremendamente de boas práticas de gerenciamento e organização.
- Não adianta ter as melhores técnicas de aprendizado e estar estudando conteúdo
desnecessário ou, pior, o conteúdo errado.
- Os seres humanos não são automaticamente estratégicos, então será necessário um esforço
consciente para realizar planejamento e execução de boas práticas de estudo.
- Modular o conteúdo a ser aprendido é o primeiro passo antes de selecionarmos as partes
mais importantes. Para tanto, é preciso separar o objetivo em pequenas partes que possam ser
estudadas de forma independente.
- Duas técnicas disponíveis para a modulação é o uso de referências, cruzando o índice de
vários livros na área, e o uso de entrevistas, indagando a pessoas com experiência na área
sobre a organização utilizada.
- A regra de Pareto diz que 80% dos efeitos vem de 20% das causas. No aprendizado, isso
significa que os módulos raramente são igualmente importantes; identificar os pontos-chave
trará mais resultado, com menos esforço.
- Para selecionar entre os módulos mais importantes, é preciso utilizar os critérios certos. São
eles: frequência, nível de relação com o resultado, abrangência e dificuldade.
- Em certos campos do conhecimento humano, inverter a ordem tradicional de estudo pode
trazer resultados excepcionais, como no caso da dança de salão e do xadrez.
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CAPÍTULO 05

A CAPTURA EFICIENTE
DO CONHECIMENTO

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“Tantos livros, tão pouco tempo.” Frank Zappa

Até então, estudamos como os tipos de


conhecimento e como eles são guardados no
cérebro. Analisamos os principais fatores que
influenciam no aprendizado, informações
úteis para autodidatas e mergulhamos no
tópico de eficiência: como escolher o assunto
certo para estudar.

Agora entramos na fase de execução;


estudaremos o processo de estudo em si. Para
abordar de um modo didático, dividi entres
grandes partes: captura, que analisaremos
nesse capítulo; processamento, no capítulo 6
e, por fim, maestria e revisão no capítulo 7.

Para começar, iniciemos com um processo


importante para qualquer tipo de
aprendizado: a captura do conhecimento para
o mundo do aprendiz. Ele pode ser feito
através de aulas, vídeos, palestras, podcasts,
artigos científicos, bem, de diversas formas. Os
princípios, no entanto, são os mesmos.

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Tomando Notas de Maneira Eficiente
“Às vezes é um ano, às vezes são 18 meses, onde tudo o que faço é tomar anotações. Estou
reconstruindo a história de trás para frente para que eu possa saber onde a frente é.”
— John Irvin

Não importa se você está fazendo faculdade,


preparatório para concurso ou estudando uma
segunda língua. Em qualquer universo de
aprendizado, você vai se deparar com aulas.
“Em qualquer Saber a melhor maneira de tomar notas
universo de significa ser capaz de absorver o conteúdo das
aulas da melhor maneira possível, o que já é
aprendizado, um grande passo a caminho do aprendizado.
você vai se
deparar com Se você não tem costume de fazer anotações
das coisas com as quais se depara (como eu
aulas.” não tinha), espero te convencer a usar algo
nesse sentido. A taxa de retenção do conteúdo
cresce bastante! Se você já costuma tomar
notas, vamos discutir agora os erros que você
talvez cometa (e o que fazer a respeito).

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Erro Comum Ao Fazer Anotações
O erro mais comum de longe dos estudantes é criar transcrições da aula em seus cadernos.
Anotar tudo o que o professor fez e disse. Hoje em dia informação está a um clique de
acesso: você pode conseguir vídeo-aulas, livros e apresentações em qualquer tópico com
facilidade na web, então seu foco primário não deve ser esse na sala de aula.

Claro, há aqueles 5% das disciplinas para os


quais é impossível achar conteúdo em outro
lugar, por vários motivos. Se seu objetivo é
“saber o que vai cair na prova”, é interessante
ter noção do que foi dado na aula. Apenas
nesses casos, o que falo não se aplica. Mas
meu interesse aqui é te ajudar a aprender,
então vamos entender tudo isso melhor.

Memorizar uma sequência de letras aleatórias


é mais difícil do que memorizar uma frase
porque a frase faz sentido para você; letras
aleatórias não. Quando você simplesmente
toma notas transcrevendo, é como se estivesse
passando para o papel tópicos frases em russo
ou outra língua desconhecida.Elas não fazem
sentido para você pois não estão se
relacionando com seu conhecimento prévio,

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são apenas letras secas; mas fazem sentido para o professor que fala, já que ele “entende
russo” (sabe o significado das partes e como elas se conectam). Segundo, tomar notas
transcrevendo é algo que envolve níveis rasos de seu cérebro. Há um estudo científico feito
por James Jenkins e Thomas Hyde em 1969 que comprova isso. Eles pegaram alguns
estudantes e lhes deram uma lista de palavras para memorizar.
Daí, foi dada uma tarefa aos estudantes
enquanto eles liam o grupo de palavras. Ao
primeiro grupo, foi dito que fizessem uma nota
mental se a palavra continha ou não a letra E.
Ao segundo, foi dito para eles analisarem se a
palavra era agradável ou não.

Os resultados foram intrigantes: os estudantes


que analisaram se as palavras eram agradáveis
ou não tiveram uma taxa de memorização
muito melhor do aqueles que checaram a
presença da letra E.

Por que isso? Tudo está relacionado ao


conceito de níveis de processamento. Checar
se uma palavra é agradável ou não é uma
atividade mental muito mais profunda e
complexa do que analisar a presença de uma

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letra. Você pensa sobre a palavra em si ao invés de apenas fazer uma busca visual por alguma
letra nela. Além disso, envolve também outras áreas do cérebro,principalmente a que lida
com sensações, o que faz a memorização ser mais eficiente.

Por isso, simplesmente tomar notas


transcrevendo aulas, por mais que você saiba
que vai usá-las para estudar para prova, não é
o modo ideal de absorver conteúdo (de vídeos,
áudios, aulas ou livros). Claro, transcrever o
conteúdo é melhor do que não fazer nada.
Pelo menos você se mantém concentrado no
tema em questão. Mas, em termos de
eficiência, é melhor utilizar alternativas para
tornar o processo mais significativo para o
cérebro. Quais, então, são maneiras
interessantes de fazer anotações?

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Duas Técnicas Para Melhorar Suas Anotações
Como vimos no capítulo dois, é essencial que você conecte novas informações ao que você
já sabe; você precisa trazer o conteúdo para sua realidade. Durante a tomada de notas, você
pode engajar com o conteúdo e fazer isso muito bem de duas maneiras: comprimindo o
conteúdo e tornando ele pessoal.

1. Comprima a informação
A ideia por trás da compressão é entender
como o que está sendo ensinado durante a
aula funciona. Uma vez que o cérebro é
geralmente ruim para memorizar informações
sem sentido (strings aleatórias, pura
associação), o processo melhora quando
atribuímos significado aos dados que estamos
tratando.
A palavra dedução tem um carma ruim entre
os estudantes; a maioria acha que é coisa de
matemático.

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M as saber o processo de dedução de alguns procedimentos (entender o que está por trás
das coisas) é útil, porque aprender a deduzir é quase sempre mais fácil do que memorizar o
resultado do processo em si. Um exemplo simples – tente memorizar a sequência aleatória
de caracteres abaixo.

b10C1d8F3g6H5j4K7l2M9n
Fácil, difícil?
E se eu dissesse: consoantes de “b” a “n”
alternando entre maiúscula e minúscula,
intercaladas com os números pares de 10 a 2 e
ímpares de 1 a 9, com um par entre minúscula
e maiúscula e um ímpar entre maiúscula e
minúscula.
b10C1d8F3g6H5j4K7l2M9n
Só o fato de você enxergar a informação de
outro modo já a perspectiva, por isso foco em
entender o processo da informação te poupa
muito. Então, para comprimir o processo,
apenas memorize o que você não
consegue/pode deduzir.

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Q uer um exemplo? Todo mundo teve que estudar trigonometria no Ensino Médio e, por
ser alguém com experiência como professor, eu sei que a maior reclamação durante as aulas
é "a quantidade de fórmulas (relações trigonométricas) a decorar". Todavia, você não precisa
memorizá-las. A maior parte dessas relações vem de outras mais básicas, por matemática
muito simples (divisão, multiplicação). Aprender o caminho é mais eficiente do que decorar
uma sequência de letras que você não sabe de onde veio (1 + cotan²x = cosec²x, tg²x + 1 =
sec²x, …).
2. Torne o conteúdo pessoal
O ato de tornar o conteúdo pessoal é
“Tornar o conteúdo automaticamente conectar o que você está
aprendendo ao que você já sabe. Como vimos
pessoal é no capítulo 2, isso é importante para a
automaticamente solidificação do processo de aprendizado.
conectar o que Como bem apontaram Peeck, Van Den Bosch e
Kruepeling em um artigo publicado em 1982,
você está aprendendo
"se os estudantes são pedidos para gerar
ao que você já sabe.” conhecimento relevante [ao conteúdo
estudado] a partir de cursos anteriores ou de
suas próprias vidas, isso pode ajudá-los a
facilitar na integração do novo material". As
evidências são vastas:

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. Estudantes que conhecem sobre futebol têm uma taxa de memorização mais alta quando
se trata de placares do que estudantes que não entendem o esporte.

. Jogadores de golfe possuem uma memória melhor para termos relacionados ao golfe do
que não jogadores.

. Mestres de xadrez têm resultados muito


superiores que leigos quando memorizando
posições de peças no tabuleiro. A parte
interessante é que eles são melhores apenas
quando as peças refletem posições de jogos;
quando estão dispostas de modo aleatório,
mestres e leigos tem memorização parecida
(já que eles não têm com o que conectar).

... Daí em diante. Durante a aula (ou vídeo, ou


palestra), é mais importante que você escreva
no papel como o conteúdo sendo visto se
relaciona com o que você já sabe ou com algo
que você já viveu do que o conteúdo em si (já
que este está disponível em livros).

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V ejamos uns exemplos. Digamos que eu esteja estudando cálculo integral, como me
familiarizar isso? Utilize para resolver um problema pessoal.

“Ei, essa minha xícara de café favorita tem o


formato de um sólido de revolução. Eu me
pergunto se posso calcular o volume dela,
aproximando a curva por isso isso e aquilo?”
Daí você calcula, conectando um conteúdo
matemático "seco" a um objeto favorito.
Sempre que precisar acessar o conteúdo (o
passo a passo), você pode lembrar de sua
xícara, de seu formato e volume, e trabalhar de
trás para frente.
Algo parecido pode ser feito com conteúdos
“decorebas”. Digamos que a aula seja sobre o
código do defesa do consumidor (CDC). Eu
poderia pegar, para cada artigo, um problema
que tive com compras durante minha vida (ou
inventar um) e associar a ele.

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“ Q uando descobri que meu kindle estava com defeito, a quem eu precisava contatar?
Fazia quantos dias da compra, eu ainda tinha a nota fiscal?” Desse modo, eu ativamente
conecto o conteúdo a minha experiência pessoal e entendo como ele funciona. Note que
esse dicas para tomar notas de modo eficaz não se restringem a aulas: servem para qualquer
coisa, incluindo livros. Porém, como materiais escritos têm suas peculiaridades, decidi
escrever separadamente a respeito.

Como Extrair o Máximo de Um


Livro
Ao contrário do que muitos imagina, ler não é
“Para lidar com a uma atividade.Só em saber como realmente
fazê-lo, você já está obtendo uma grande
leitura, será preciso vantagem. E isso faz toda diferença diante dos
reaprender a ler.” concorrentes (em caso de concursos e
competições).
Para lidar com a leitura, será preciso
reaprender a ler. Leitura que conduz ao
aprendizado não é uma atividade passiva; não
se trata de agir como expectador diante de um
conhecimento construído em sua frente.

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É mais parecido com um diálogo, no qual novas informações são adicionadas e você
precisa rever e atualizar seus conceitos sobre o tema enquanto prossegue na atividade. É
isso que faz da leitura algo valioso, algo muito além de simplesmente tirar as palavras do
papel.

Por exemplo, você já adormeceu em cima do


livro enquanto estudava? Provavelmente você
não estava aprendendo de verdade,
simplesmente passando um olho pelas
páginas do material. Esta é a primeira ideia
chave a ter em mente: ler é um processo ativo.
Não é como assistir televisão, quando você se
assume posição de espectador e fica
observando as palavras dançarem em sua
frente; não, é mais parecido com uma rotina
de academia, onde há esforço, mas também
recompensas palpáveis.
Claro, há vários tipos de livro lá fora, mas nosso
foco aqui são livros de conteúdo,
principalmente não-ficção, os quais são
usados para adquirir novos conhecimentos e
novas habilidades.

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A o ler uma ficção, a experiência se compara melhor com assistir um filme, já que haverá
liberdade para fazer coisas como pular parágrafos de descrição e acelerar leitura. Afinal de
contas, você quer saber o que acontece “depois” e não está preocupado em incorporar
conhecimento a sua bagagem.

Os Quatro Tipos de Leitura


Uma das obras mais influentes em termos de
metaleitura é “Como ler um livro”, de Charles
Doren e J. Adler. Publicado em 1940, o livro
ficou na lista dos best-sellers por um ano,
grande feito para a época. Mais de 30 anos
depois, lançaram uma segunda edição
expandida e muito mais detalhada. O título é
autoexplicativo: ele caminha o leitor por
diferentes tipos de leitura e aborda modos
ideias para ler vários tipos de livro, desde
matemática até história.
O trabalho não chega a ser algo inédito na
história, mas é um dos poucos que são
objetivos.

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E scritores de todas as épocas deixaram suas contribuições sobre a melhor forma de leitura,
ainda que de modo abstrato. De todos os ensaios de autores como Vladimir Nabokov
(responsável pelo romance famoso chamado Lolita) e Virgínia Woolf (destaque do
Modernismo), a principal lição é: trate leitura como um diálogo com o autor, não como um
esporte de expectador.
Doren e Adler, no entanto, além de explicar
como ser um bom leitor, eram autores
competentes e pragmáticos; eles nos
fornecem um framework decente sobre tipos
diferentes de leitura e como elas se adequam a
“Trate leitura como um variados temas.
diálogo com o autor,
O primeiro tipo é a a Leitura Elementar.Como o
não como um esporte
nome sugere, é o modo trivial, que
de expectador.” aprendemos quando criança na escola.
Simplesmente conectar letras em palavras,
palavras em frases e frases em pequenos
parágrafos. O nível de leitura elementar,
contudo, varia bastante entre as pessoas. Você
acha que só por ser capaz de ler, todos leem
mesmo jeito?

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N ão, aqui a experiência e a prática importam: alguém que lê bastante tem um nível de
leitura elementar muito adiante do que quem não tem o costume de ler. A sugestão para
melhorar de nível aqui é a prática simples. Leia, mesmo que seja obras de ficção, livros de
história e fantasia. Só o ato de ler vai elevar sua qualidade como leitor elementar, o que vai
ser útil quando você estiver utilizando leitura como fonte de aprendizado.

A Leitura por Inspeção é o segundo tipo. Se


você, como eu, não pode passar na frente da
livraria nova sem ter que entrar para dar uma
olhada, então já tem noção do que se trata.
Sabe quando você pega um livro que pareceu
interessante da prateleira e folheia para saber
se vale a pena comprar? Você vai, checa o
índice, a introdução, dá uma olhada na
estruturação dos capítulos, epílogo etc. Nesse
processo, você está inspecionando o livro.

Com essa mesma mentalidade, você vai passar


a inspecionar os livros que vai estudar, com o
intuito de ter uma visão geral do assunto antes
de começar a leitura com mais detalhes. É
importante saber o que o autor vai falar e
como, de modo que você extraia a essência da
melhor maneira possível.

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J á a Leitura Analítica é o tipo ‘tradicional’ de leitura que você faz enquanto estuda. Você
analisará o que está sendo dito e poderá extrair o conhecimento do material. Por fim, há a
Leitura Comparativa. Esse tipo é útil se o interesse reside em se aprofundar seriamente em
certo tema. Você lerá alguns títulos da mesma área e fará comparações, diálogos entre as
falas dos vários autores. Essa é a leitura com maior nível de abstração e requer um imersão
prévia na área.

Um Guia Para Extrair o Máximo da


Leitura
1. Comece a ler antes de ler o livro
Se durante as primeiras 50 páginas você ainda
estiver conhecendo o conteúdo do livro, então
já está atrasado. A essa altura, você já deveria
ter noção do conteúdo, saber o estilo do autor
e a forma como o conhecimento é
estruturado. Para tanto, você deve buscar
informações sobre o livro antes de começar a
ler. Seja em páginas de resenhas, em trabalhos
acadêmicos ou em resumos alheios, quanto
mais você souber a respeito antes de iniciar a
leitura, melhor preparado estará para absorver
o máximo que ele tem a oferecer.

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Q uanto mais importante a obra, mais informações você pode levantar. A Wikipedia é um
bom lugar para começar: tanto a página referente ao livro, quanto a página ao autor.

2. Faça uma Leitura por Inspeção


Não tem mistério: inspecione o livro. Junto à
sua pesquisa prévia, essas são as fases onde
você descobre o máximo possível sobre ele
“Quanto mais sem precisar ler o livro por inteiro. Como você
importante a obra, fará isso muito daqui para frente, é
mais informações interessante criar uma metodologia pessoal
você pode levantar.” que você possa seguir sempre que quiser
inspecionar um livro. Por exemplo, responder
as perguntas a seguir é como normalmente
faço a minha leitura:

• Como ele é estruturado: capítulos longos e


profundos, longos e seccionados ou capítulos
curtos?

• Qual o estilo de escrita do autor: jornalístico,


novelístico, acadêmico?

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• Quais são as palavras-chaves que melhor descrevem o conteúdo?
• Qual o modo principal usado para convencer o leitor: anedotas, dados, exemplos
históricos?
• Há muito conteúdo para memorizar ou mais para entender?
Com essas informações na mão, é possível caminhar pelo texto tendo noção de onde está
pisando.
3. Execute a Leitura Analítica
De preferência com um livro impresso na mão
(ou riscando as margens), caminhe pela leitura
com um papel em branco ao seu lado. Faça
tudo que achar necessário, sempre lembrando
que seu objetivo é não precisar ler o livro outra
vez.
•Destaque frases e argumentos principais;
•Enumere pontos de vista e faça setas em
partes conectadas;
•Escreva resumidamente como as ideias da
seção se conectam com o que você já sabe;
•Anote algum material de que você acha que
precisa para entender melhor aquele trecho;

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•Ao final de cada unidade, anote sobre do que se trata em poucas palavras. Aqui, o objetivo
não é resumir o conteúdo, mas lembrar a você mesmo sobre o que aquele trecho trata.
Lembre-se da mentalidade de “contar a um amigo que não leu o livro sobre o que é”; isso
te ajudará com o mapeamento, que explicarei na próxima seção;
•Há fatos que precisamo ser memorizados? Anote onde estão e quantos são;
•Há conceitos complexos que precisam ser tratados? Destaque sua localização e anote o
que precisa para digeri-los.

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4. Mapeie o Conteúdo
Depois de executada a leitura analítica, hora de criar o mapa do livro. Não é um mapa per
se, embora você possa usar um mapa mental se desejar (veja o capítulo 6). Trata-se mais de
um índice com todas as informações relevantes para você.

Uma analogia a esse mapa que você cria ao


terminar o livro é o conhecimento que você
obtém ao final de um semestre na faculdade.
Você sabe quais são as partes principais do
assunto, quais os melhores exercícios
resolvidos, o que memorizar, etc.
Alguns colegas de classe não entendiam como
eu simplesmente deixava para a última
semana da unidade para começar a estudar o
conteúdo da disciplina inteira e ainda me dava
bem nas provas. É uma questão de praticidade:
ao iniciar o curso, assim como ao iniciar um
livro, ainda é tudo muito incerto, mal definido;
não se sabe o que vai ser abordado, nem
como, nem com qual profundidade. Não se
conhece a metodologia predominante, as
ideias principais nem como tudo aquilo se
relaciona com o que já foi estudado.

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Ao esperar chegar próximo às provas, eu ganhava o benefício de ter acesso ao material
processado pela turma inteira. Verei exercícios aplicados e resolvidos, anotações de várias
pessoas, livros usado para estudar (e quais trechos, exatamente), materiais extras, fichas...
tudo.

É a esse nível de processamento que sua


análise do livro tem que chegar: extrair até a
última gota de cada assunto.

Eu não estou recomendando que isso seja a


melhor abordagem para se preparar para
provas, porém ter acesso a esse material e
estudá-lo intensamente durante uma semana
pode trazer o mesmo resultado de estudar o
conteúdo completo ao longo de várias
semanas, a partir do material original.

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5. Adicione referências e fontes externas
Uma vez que você destrinchou o livro por completo e tem em suas mãos um mapa para
todo o conhecimento de valor nele contido, entra a parte final de relacionar o livro com sua
realidade e com a realidade externa. É como se você tivesse “decifrado” a mensagem do
autor ao mapear o conteúdo, mas agora precisa conectá-la ao seu conhecimento prévio e
ao conhecimento disponível lá fora, de modo que ela passe a ser, de fato, parte de uma rede
conectada de conteúdo disponível para você.

O procedimento é bem simples, consistindo na


ideia de “juntar tudo em um lugar só” de modo
organizado. Pegue os pontos principais do
livro e escreva sobre como o conhecimento
que você já tem na área se relaciona com cada
um dos pontos aquilo. A seguir, adicione
fontes externas de conteúdo à cada seção para
leitura futura caso você precise de material
extra para processá-lo (aprofundar algum
tópico ou memorizar alguma seção).

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161
PARA RELEMBRAR E
POR EM PRÁTICA

- A fase de captura, que envolve o - Leitura, assim como qualquer outra


primeiro contato com o conteúdo atividade, é algo que possui princípios
através de livros, aulas, palestras e afins, para aqueles que querem realizá-la da
é essencial e normalmente maneira mais proveitosa possível.
negligenciada pelos estudantes, que - Os tipos de leitura são a leitura
não tomam notas da maneira elementar, aquela que aprendemos na
adequada (se tomam). escola, a leitura por inspeção, como
- O erro mais comum ao tomar notas é quando "folheamos" livros em lojas,
realizar transcrição do conteúdo, pois leitura analítica, o modo tradicional
desse modo haverá pouca conexão como conhecemos, e a leitura
com o conhecimento já existente e comparativa, realizada ao se
nenhum esforço em organizar as "mergulhar" em assuntos.
informações da maneira adequada. - Para tirar o máximo da leitura:
- Duas técnicas eficazes para tomar obtenha informações sobre o livro
notas são a compressão da informação, antes de começar a lê-lo, faça uma
quando você tenta entender o leitura por inspeção, realize a leitura
conteúdo e sua estrutura, e a analítica, mapeie o conteúdo e
personalização, quando você torna o adicione referências externas.
conteúdo pessoal, conectando com
experiências passadas e cotidianas.

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162
CAPÍTULO 06

COMO PROCESSAR
O CONHECIMENTO

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“Memória era uma maldição, sim, ele pensou, mas também era o maior dos presentes.
Porque se você perder sua memória, você perdeu tudo.” Anne Rice

A fase de processamento é o estudo


'tradicional', quando estamos ativamente
buscando entender aquilo que estamos
estudando. Quem não conhece bem a ciência
do aprendizado imagina que as "técnicas" de
estudo, que apresento neste capítulo, são
suficientes para aprender mais rápido e
melhor.. Como vimos, o estudo do
“As técnicas são meta-aprendizado vai muito além disso e já
excelentes para cobrimos bastante até agora.
você preencher
vazios.” Enquanto acredito que sejam úteis, as técnicas
apresentadas a seguir, especialmente na
segunda metade deste capítulo, não deverão
ser seu foco principal durante o estudo. Como
vimos no capítulo passado, se você investe
energia em capturar o conteúdo de maneira
bem feita, o esforço em processar é bastante
reduzido. As técnicas são excelentes para você
preencher vazios, esclarecer temas que não
compreendeu, mas não para substituir uma
leitura bem feita, por exemplo.

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N essa primeira parte, vamos discutir um pouco sobre como abordar o processo de
estudo em si para maximizar o aprendizado. Uma vez que você leu um bom livro sobre o
tema, e agora? O ideal é fazer exercícios diretos, discursivos ou trabalhar em grupo? A
seguir, responderemos a duas grandes perguntas: "qual é a abordagem ideal para dominar
um assunto?" e "como saber quando usar o que aprendi?".

Flip Learning ou "Indo de Fora Para


Dentro"
Um grande esforço em termos de pesquisa na
área de aprendizado está na redução da carga
cognitiva. Uma vez que no âmbito educacional
os estudantes são muito diversos e os
materiais são padronizados, alguns estudantes
terminam batalhando para acompanhar o
resto da turma, sendo sobrecarregados.
Não é uma questão de inteligência em si.
Como vimos, várias coisas podem causar a
sobrecarga cognitiva, desde conhecimento de
base inadequado até o uso de estratégias
mentais deficientes. Por isso, ao pesquisar a
melhor maneira de ensinar na sala de aula, de

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modo a também fazer o processo mais inclusivo, as pesquisas recentes têm focado na
melhor maneira de abordar um conteúdo novo sem sobrecarregar os estudantes.
Do ponto de vista de alguém que não está na sala de aula, ou que está mas assumiu a
responsabilidade pelo próprio aprendizado (ex. você), conhecer essa forma de ensinar é
importante, pois tudo pode ser adaptado para aplicar a si mesmo. O ponto positivo é que se
trata mais de um jeito de abordar o conteúdo do que algo que só o professor pode fornecer,
fazendo o conteúdo valioso para qualquer pessoa que quer estudar e aprender melhor.

EXEMPLOS
PRINCÍPIOS EXERCÍCIOS
PARA
(LIVROS) RESOLVIDOS
COMPLETAR

PRÁTICA SOLUÇÃO DE SOLUÇÃO DE


DELIBERADA PROBLEMAS PROBLEMAS
(SOZINHO) (EM GRUPO)

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E u desenvolvi a abordagem acima com base nas evidências disponíveis sobre a
funcionalidade de cada passo. Alguns pontos não chegam a ser novidade, já que foram
incorporados ao sistema de ensino tradicional (devagar e sempre!), enquanto outros são
interessantes e inéditos. Você não precisa seguir todas as fases como estão apresentadas;
pule aquilo que achar necessário. No entanto, se encontrar dificuldade ou sentir-se
sobrecarregado, já sabe onde voltar para recomeçar. Analisemos um por um.

A absorção dos princípios é essencial, já que


você precisa entender o que está fazendo. Essa
parte foi coberta extensivamente no capítulo
anterior.
Resolver problemas muito cedo pode não só
causar sobrecarga cognitiva, como é
improvável que seja um método efetivo a
empregar se você está tentando aprender o
schema, a compreensão por trás de um tópico.
Isso porque é preciso conhecer as ideias muito
bem antes que se possa usá-las na solução de
problemas. Esse tipo de atividade impõe uma
grande carga cognitiva e pode se tornar uma
fonte de interferência.

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P or exemplo, foi mostrado que colocar estudantes para resolver problemas foi mostrado
que retarda o aprendizado eficiente do schema por trás das questões em estudantes de
ensino médio de matemática. Mesmo quando os estudantes resolvem problemas
específicos, eles podem falhar em entender os princípios por trás deles. O impacto é maior
quando os conceitos são complexos ou bastante intrincados.

No começo do processo, o importante é


solidificar os conceitos, o que não é possível se
o estudante está sob sobrecarga cognitiva, ao
tentar resolver problemas sobre aquele
assunto muito cedo. Por isso que os exemplos
“O impacto é resolvidos possuem sua importância devida:
maior quando eles são como as rodas de apoio quando uma
os conceitos criança está aprendendo a andar de bicicleta.
são complexos Embora as crianças não gostem, é essencial
ou bastante pois elas não conseguem controlar tanta coisa
intricados.” ao mesmo tempo e ainda manter o equilíbrio.
No caso do estudo, os exercícios resolvidos
funcionam bem por fornecer uma forma de
modelagem através da demonstração de
procedimentos bem feitos. Por exemplo, um
passo a passo para resolver uma questão de
matemática ou a aplicação de certo artigo de
uma lei na vida real.

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P assando pelos exemplos resolvidos, o próximo passo são os exercícios para completar.
Esse tipo de exercício nos leva até certo ponto do processo, estando "meio pronto", também
funcionando como apoio para que apliquemos o processo.

A seguir, a solução de problemas em grupo é


sugerida, pois, como constatado por Paul
Kirschner e sua equipe em um estudo de 2011,
grupos podem compartilhar a carga cognitiva
do aprendizado. Ou seja, pode ser que certo
tópico seja complicado demais para você
abordar sozinho, mas não complicado para
resolver em grupo, já que as capacidades 'se
somam'. Para quem tem preferência especial
por estudar em grupo, o ideal é agendar
sessões de solução de problema em conjunto
antes de resolver problemas por conta própria,
para ajudar cada participante a desenvolver
autonomia no uso do conteúdo – assumindo,
claro, que todos já tenham capturado
princípios, caso contrário, se torna sessão de
ensino.

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E ssa é a hora de ser exposto à quantidade máxima possível de abordagens em relação ao
assunto, algo que chamo de aprendizado lateral. Não há muita sutileza: é preciso resolver
um volume grande de questões, na casa das várias centenas. Em caso de preparação para
seleções ou concursos, o ideal é resolver questões no molde das futuras provas, mas não
precisa se limitar a isso.

Uma vez que volume de prática foi


desenvolvido, é a hora da qualidade. Depois de
ser exposto a vários tipos de questões, várias
abordagens e estilos de prova, agora é o
momento de fortalecer os pontos fracos que
você encontrou ao longo do caminho. Para
isso, seu estudo assume um viés de prática
deliberada, o tipo de preparação que leva à real
maestria sobre o assunto. Veremos mais a
respeito no capítulo 7.

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Transferência e A Busca Por Conexões
Uma das maiores queixas do estudantes no sistema educacional brasileiro é "Por que estou
aprendendo isso? Eu nunca vou usar mesmo!". Toda essa filosofia escolar de "ensinar caso
eles precisem" não faz mais sentido em um mundo com tão amplo acesso à informação
como o de hoje. Uma abordagem "ensinar quando eles precisarem" seria algo mais
adequado.

Parte da “culpa” disso está na estrutura didática


brasileira e no volume de informações ao qual
os alunos são expostos, mas os estudantes
também têm sua parcela de responsabilidade.
Muito conteúdo absorvido tem aplicação
prática, mas como os alunos aprendem para
passar em avaliações - o que é, em parte, culpa
do sistema (problema complicado esse, huh?),
eles não desenvolvem um senso de
adequação.

Não sabem quando usar o que sabem; ou seja,


desenvolvem o conhecimento procedural,
referente ao passo a passo que absorveram,
mas não conseguem transferir aquele
conteúdo para as possíveis aplicações que as
situações na vida oferecem.

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C omo vimos no capítulo 2, mesmo quando apresentados a duas questões que seriam
resolvidas com o mesmo princípio, a maioria dos estudantes não reconheceu isso por conta
própria sem ajuda externa.

Tendo essa tendência comum de não saber o


que fazer com o conhecimento em mente, é
adequado que conversemos um pouco sobre
transferência. No contexto do aprendizado,
transferir faz referência a tirar o conteúdo do
contexto no qual ele foi aprendido e levá-lo
para o dia a dia, para aplicações reais.

Por exemplo, você pode ter estudado sobre


índice de refração durante o ensino médio, em
física. Mas você só terá o domínio completo do
tema quando souber como transferi-lo:
naquele momento em que, para buscar algo
que caiu no fundo da piscina, antes de
mergulhar você corrige sua trajetória, pois
sabe que a imagem não é fiel a posição real.
Graças à diferença nos índices de refração!

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A ideia é desenvolver uma filosofia de estudo que já envolva um treinamento em ampliar
nossa visão para enxergar melhor aplicações, de modo a tratar do problema do problema na
raiz.

A primeira causa que leva os estudantes a


falhar em transferir é uma associação
exacerbada do conteúdo com o contexto no
qual eles aprenderam. É a sobre-especificidade
ou dependência de contexto, como chamada
por Mason Spencer e Robert Weisbergem 1986.

Por exemplo, você pode resolver bem as


questões do livro de física e na ir mal na prova,
mesmo que as questões sejam de estilos
parecidos. Se você confiou em referências
superficiais para saber qual fórmula aplicar nas
questões("se é cap. X, então as questões
envolvem a equação horária dos espaços"),
então na ausência dessas referências, você irá
se encontrar incapaz de interpretar o
problema e aplicar o que aprendeu.

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O utra causa da falha em transferir habilidades relevantes, conhecimento ou práticas é a
falta de um entendimento robusto dos princípios e da estrutura central. Em outras palavras,
os estudantes entendem o que fazer mas não o porquê.

Felizmente, a mesma linha de pesquisa que


identificou esse conjunto de problemas
também encontrou sugestões eficazes para
tratá-lo. A seguir, seguem duas boas práticas
para reduzir a dependência de contexto e
desenvolver a capacidade de aplicar o que se
aprende.

1. Combinar experiência concreta e


conhecimento dos princípios em
várias áreas.
Uma das lições mais importantes que absorvi
sobre aprendizado de línguas é sobre o poder
das pausas. Benny Lewis, famoso poliglota, fala
como dominar bem as pausas enquanto se
aprende outra língua te ajuda a parecer mais
natural numa conversação e te dá mais tempo
para pensar.

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A grande sacada para parecer mais natural enquanto conversa é adicionar expressões
para preencher o vazio enquanto você pensa. Algumas são gírias, outras são frases, mas
cada língua tem os equivalentes do "boa pergunta essa...", "tá ligado?", "hum, isso me fez
pensar...", "eu não sei... talvez", daí em diante.

Ao utilizar e obter bons resultados, eu comecei


a transferir; apliquei ao aprendizado do
“A grande sacada espanhol, durante meu desafio (minha
expressão favorita é "mira, ..."). Eu me
para parecer mais
perguntei: em que outras áreas esse raciocínio
natural enquanto
pode ser útil?
conversa é adicionar
expressões para Foi então que usei essa ideia para melhorar
preencher o vazio minha fluidez na dança de salão, outra área na
enquanto você qual eu tinha experiência concreta e entendia
pensa”. os princípios. Sempre que vou aprender um
novo ritmo, eu pergunto ao professor por
movimentos amplos e que me permitam
movimentar a dama pelo salão, de modo que
eu possa "preencher os vazios" enquanto não
domino um bom conjunto de movimentos.

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Q uando estudantes têm a oportunidade de aplicar o que aprenderam em múltiplos
contextos, há uma menor promoção da dependência de contexto e o desenvolvimento de
um conhecimento mais flexível, como mostrado por Mary Gick e Keith Holyak em 1983.

2. Fazer uso ativo de estruturas de


comparações
Buscar cenários de comparação facilita, e
muito, a transferência. Por exemplo, em um
estudo feito por Jeffrey Loewenstein e sua
equipe em 2003, dois grupos de estudante de
Administração foram pedidos para analisar
casos de treinamentos em negociação. O
grupo ao qual se pediu para analisar dois casos
ao mesmo tempo, comparando e
contrastando, mostrou um aprendizado
dramaticamente maior que o grupo que
realizou as análises individualmente.

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Técnicas Mnemônicas
Uma vez que já possuímos um modo efetivo de processar o conteúdo e sabemos o que
fazer para aplicar o que aprendemos, eu fico confortável em passar algumas técnicas de
estudo para você. Eu as deixei por último para não haver um foco exacerbado na técnica e
não no entendimento do processo, a parte que traz resultados consistentes.

O uso do termo 'mnemônicos' aqui é feito no


sentido amplo da palavra, se referindo a
qualquer técnica de memória. Como visto no
capítulo 1, a memória de trabalho é muito
restrita e volátil; consolidar o aprendizado só é
possível se há transferência do conteúdo para
a memória de longo prazo.
As técnicas a seguir combinam várias
categorias de posturas que você pode
desenvolver para fazer essa transferência:
chunking (reagrupar itens para fazerem
sentido), repetição, criação de imagens
mentais e elaboração de histórias.

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N ão há necessidade de absorver todas as técnicas descritas; apenas enxergue-as como
acessórios em seu cinturão de utilidades. Nem todas as técnicas se adaptam bem a todo
tipo de conteúdo, então dê uma olhada em todas e aplique o que for melhor em seu caso.

Técnicas para Processar Conceitos


As técnicas a seguir são ideias para serem
usadas naqueles momentos de confusão,
“Nem todas as quando você se depara com algum tópico
técnicas se especialmente complicado ou muito abstrato.
adaptam bem Elas podem ser utilizadas por conta própria,
quando você mesmo busca metáforas que
a todo tipo de descrevam um conceito complexo, por
conteúdo.” exemplo, ou com estudos em grupo, quando
alguém que já entendeu o conceito usa a
técnica para esclarecê-lo para o resto dos
participantes.

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Metáforas
Me.tá.fo.ra: Recurso do estilo em que se substitui a significação natural de uma palavra por
outra que apresenta relação de semelhança com ela.

Não, não é exatamente esse tipo de metáfora


do qual que estamos falando, mas o princípio é
o mesmo. Ao se deparar com um tópico
complexo, faça a digestão dele trazendo o
conceito para sua realidade, criando
visualizações sempre que possível. No fundo, é
uma técnica simples, mas as pessoas
subestimam seu poder quando utilizada
sistematicamente.
Como explica bem o livro “The Analogical
Mind: Perspectives From Cognitive Science”, o
ato de comparar estimula a aplicação de
raciocínio analógico. Este, por sua vez, é
essencial desenvolver uma melhor
organização do conhecimento e, como visto
no capítulo 2, um bom aprendizado.

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C omecemos com um exemplo simples: o estudo dos átomos. Que tipo de metáfora
poderíamos acessar para facilitar o entendimento? Ao longo da história, houve vários
modelos para descrever um átomo, cada um mais acurado que o anterior, conforme a
ciência a avançava. O átomo é composto pelo núcleo, com bastante massa e carga positiva, e
elétrons orbitando em volta do núcleo, leves e com cargas negativas.

Na escola, normalmente estudamos o modelo


do Rutherford. Neste, os elétrons estão
dispostos ao redor do núcleo se
movimentando em órbitas circulares. Os livros
para facilitar nossa compreensão,
normalmente apresentam a metáfora do
sistema planetário: imagine que o átomo é
como um sistema solar, com o núcleo como o
sol e os vários elétrons em órbita como os
planetas.
Conforme avançamos nos estudos, os
modelos ficam mais fieis à realidade, ou seja,
descrevem melhor os átomos, mas ficam
naturalmente complexos. Por exemplo, no
modelo atômico mais atual, não conhecemos
a trajetória dos átomos em torno do núcleo.

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N ão conseguimos saber onde eles estão nem como se movem, mas conseguimos
identificar a região do espaço de maior probabilidade para a presença deles.

Para imaginar como realmente é um átomo,


pense que você encheu várias bolas de festas e
amarrou elas entre si, como aqueles arranjos
que fazemos em festas infantis. A região do
meio, o nó, é o equivalente ao núcleo do
átomo. As bolas de festas são o equivalente às
nuvens de elétrons.

As metáforas são poderosas não por


permitirem que você empacote o conteúdo
inteiro num simples imagem mental, mas por
fornecer a você uma noção intuitiva do que se
passa, de modo que o cérebro possa agir num
campo diferente. É radicalmente distinto
tentar fazer cálculos querendo resolver apenas
coisas abstratas e de difícil compreensão
(nuvens de densidade de probabilidade) ao
invés de trabalhar com uma metáfora
descritiva em mãos (bolas de festa) como
ponto de partida do processo (muito mais
palpável).

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S e for para escolher, então, use a metáfora como linha de frente, como primeira
abordagem, para trazer o conteúdo para sua realidade. Uma vez que você entende em
linhas gerais, pode aproximá-lo como qualquer outro tópico.

Técnica Goldfish
O goldfish (peixe japonês, em português) é o
ser vivo conhecido por ter o menor nível de
memória de atenção existente; o
conhecimento comum diz que a memória do
peixe se reduz a três segundos de duração.
Embora cientistas já tenham refutado essa
posição, ainda é cultura popular e as pessoas
associam peixes em geral à perda de memória
(lembra de Dory, de "Procurando Nemo"?).
A técnica é uma variação da aplicação de
metáforas, mas focando em explicar algo sem
utilizar fatos. Basta supor que sua capacidade
de lembrar de “coisas” fosse drasticamente
reduzida (ao nível do goldfish). Se você não vai
poder absorver fatos, então tem que recorrer a
uma compreensão do que está estudando,
focando na absorção dos schemas por trás dos
assuntos.

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D igamos que você esteja estudando o funcionamento de células eucariontes (humanas).
Por ser a menor unidade de vida, células são naturalmente organismos complexos. Há
várias organelas (subpartes) trabalhando em conjunto para fazê-la funcionar. Como
aprender todas elas?

Você poderia decorar uma lista com todas as


organelas e suas respectivas funções, claro.
Mas já que você tem a memória de um goldfish
e não consegue lembrar bem das coisas, como
contornar isso?
. Bem, as células são a menor unidade viva que
existe, certo? E se nós imaginássemos ela
como um animal minúsculo?
. Ele precisa respirar, que seria transformar o
açúcar por reações com oxigênio em energia.
Ora, isso é feito nas mitocôndrias.
. Será necessário comida: enquanto alguns
alimentos vêm prontos de fora e são
absorvidos pela membrana plasmática, outros
precisam ser digeridos de verdade. Então, os
lisossomos funcionaram como se fossem
nossas bocas.

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. Se o tal animal precisar excretar alguma coisa, como faz através dos rins, há o complexo de
Golgi para isso.
. E o cérebro desse animal, onde fica? Se compararmos com a central de controle, podemos
considerar o núcleo como o cérebro, já que ele guarda as informações sobre síntese
proteica necessárias para a existência.

Ao final do processo, você terá transferido


(conscientemente) o modelo mental que
representa animais para estudar células.
Provavelmente nunca mais esquecerá o
conteúdo. Com um pouco de criatividade,
você pode aplicar essa técnica em qualquer
área. Como todas as dicas novas que trago,
pode levar algum tempo até você se
acostumar, mas a prática vai fazer essas
associações pularem na sua mente.

Por ser uma técnica auxiliar, não vem ao caso


substituir todo o processo de estudo por ela.
Fatos são importantes e você só consegue
chegar até certo ponto sem utilizá-los quando
estudando algum assunto.

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A plicar a goldfish é mais útil quando você está sem compreender algum ponto complexo
ou está em processo de revisão.

Mapas Mentais
Basta fazer uma busca simples e notar como as
pessoas enxergam mapas mentais como o
Santo Graal; a solução mágica para tudo. Claro,
não funciona bem assim.
“Mapas mentais
“Um mapa mental é um diagrama usado para
são ferramentas visualmente descrever informações. É
muito úteis para te frequentemente criado ao redor de uma
dar uma visão da palavra ou texto pequeno, colocado no centro,
estrutura geral do ao qual são associados palavras, ideias e
conceitos. Categorias principais surgem da
assunto.” palavra central e categorias secundárias
surgem destas.” John Budd
Mapas mentais são ferramentais muito úteis
para te dar uma visão da estrutura geral do
assunto. São largamente aplicáveis, incluindo
como ferramenta de gerenciamento de
projetos, justamente por estruturar de modo
claro o escopo do objeto em estudo.

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E m termos de retenção, eles funcionam por organizar a informação de modo lógico, com
níveis claros expostos, que é um modo similar de como ela se arruma no cérebro. As
evidências apontam que usar representações visuais ajudam os estudantes a enxergarem
partes e padrões importantes, como mostrado no estudo realizado em 1987, por Irvin
Biederman E Margaret Shiffrar.

Outro ‘princípio ativo’ é o fato de adicionarmos


cores e imagens à organização do texto; como
temos visto, mistura de elementos, inclusive
visuais, aumenta a interação entre diversas
partes do cérebro e, por conseguinte, facilita o
aprendizado.

Sua aplicação, contudo, não é feito o coringa


do baralho; ele possui limitações. De modo
geral, você precisa analisar se vale a pena o
esforço que você coloca para preparar em
termos do nível de absorção que ele gera para
aquele assunto. Se você tem que estudar algo
muito grande que provavelmente vai requerer
que você tenha uma ideia geral do assunto,
então mapas mentais são uma excelente
pedida.

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P or exemplo, eles não funcionam tão bem (em termos de esforço/resultado) para
avaliações objetivas (tipo abcde), mas ajudam bastante quando você tem que fazer uma
redação ou algum trabalho elaborativo. Em termos gerais, como construir um mapa
mental? Rod Bremer, no livro “O Manual - guia final de estudo”, explica:

. Comece no centro de uma página em branco


- desenhe uma imagem representando o
tópico.
. Da imagem central, desenhe galhos que
representam as divisões chaves do tópico.
. Em cada galho, escreva a palavra chave
representando o conceito.
. Você pode dividir um tópico em quantos
sub-tópicos for preciso, desenhando galhos a
partir da palavra chave.
. Use caixas (retângulos) quando o item
contém informação adicional, como fórmulas.
Coloque perto do galho correspondente.
. Continue até que os temas e conceitos
principais tenham sido expostos em uma
página.

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Algumas considerações gerais:
. A preferência é imagem sobre palavras. Sempre que puder, desenhe algo bobo que vá te
levar diretamente ao conceito. Não precisa de perfeição ou detalhes, apenas gerar um
desenho suficiente para associar o tema à figura.
. Varie a coloração. Se um tópico tem 5 galhos, desenhe cada galho de uma cor diferente.
Varie o peso também: galhos próximos ao centro são mais grossos que os distantes.

. Use letras maiúsculas para palavras chave: dá


certo trabalho no começo, mas facilita
bastante na hora de revisar.
. Busque mapas alheios a fim de encontrar
inspiração e criatividade.

É um processo trabalhoso. Existe a


possibilidade de construir o mapa em
programas específicos para isso no
computador, como o MindManager,
MindMeister e outros similares. Analise o
retorno esperado e o esforço implantado para
saber se vale a pena para seu caso e tema.

188
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Capítulo 1

189
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Capítulo 2

190
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Capítulo 4

192
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Capítulo 5

193
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Capítulo 6

194
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Capítulo 7

195
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Capítulo 3

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Técnicas Para Processar Informações
As técnicas a seguir são focadas em memorizar listas de informações, sem precisar ter
conexão intrínseca umas com as outras ou mesmo fazer sentido. Elas funcionam melhor
com informações aleatórias e são utilizadas em campeonatos mundiais de memória.

Sistema Link
Também conhecido como método da cadeia, o
sistema link se diferencia dos demais por ser
bastante livre em sua forma. Como a maioria dos
sistemas de memorização,cria conexões artificiais
entre as informações a serem guardadas. A
abordagem permite conectar uma lista
teoricamente infinita de links, em ordem, com
habilidade de lembrar de trás para frente, mas
sem saber o posicionamento correto.
Por exemplo, você poderia saber que panela vem
depois de meia na sua lista, mas não saberia que
são os elementos 67 e 68. A aplicação é ideal,
portanto, quando a localização numérica exata
não é requerida.O procedimento é simples:
trata-se de visualização exagerada (em formato,
cores, proporções) do comportamento entre itens
diferentes de uma lista.

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. Defina que tipo de elemento contém na sua lista (presidentes do país, artigos de código pena
sobre roubo, etc.) e memorize o primeiro.
. Crie uma imagem vívida do comportamento do primeiro item se relacionando com o segundo.
. Repita o processo do terceiro para o segundo e daí em diante.

. Visualize a lista em sua mente algumas vezes


para certificar que as conexões são boas.
Exemplo: lista de compras - laranja, café,
sabonete e coca-cola.
Resultado: Imagine pés de laranja tradicional
gerando laranjas enormes, tamanho gigante que
são derrubadas em cima de milhares de xícaras de
café. As xícaras não quebram pois escorregam em
sabonete, já que um urso grande e branco (da
Coca Cola) derrubou sabonete líquido pelo chão
inteiro e agora está dançando de um jeito
esquisito.
Consegue imaginar a cena bem vívida em sua
mente? Pronto, você conectou os pontos
relevantes junto a uma imagem absurda e
desproporcional, transformando o que antes
era uma lista aleatória de objeto em um
mini-filme vívido em sua mente.

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O ponto fraco desse sistema é que toda a informação pode ser perdida caso você
esqueça do primeiro item, já que ele estrutura toda a cadeia que se segue. No entanto, seu
uso é justificável para situações rápidas do dia a dia, já que não requer nenhum esforço com
antecedência.

Sistema Peg
0 Anel de fumaça
O sistema Peg se trata de criar uma lista de
1 Árvore objetos cuja ordem é familiar para você, de
modo a permitir anexar informações a cada
2 Cisna item da lista para que você possa resgatar o
item da lista e o anexo simultaneamente. O
3 Formiga sistema é chamado ‘peg’ (termo que significa
pregar) porque estamos adicionando itens
4 Vela (de barcos) desconhecidos a outro item que é fixo e
conhecido.
5 Gancho

6 Ferro de passar Ao lado, está a lista PEG que utilizo. Essa tabela
é de fácil memorização, criada a partir dos
7 Bumerangue formatos dos números: o zero parece um anel
de fumaça, o um uma árvore, o dois um cisne,
8 Ampulheta daí em diante. A nível de exemplo, digamos
que você precise decorar os elementos da
9 Cavalo-marinho tabela periódica.

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S ua referência será o número atômico do elemento. Lítio, por exemplo, tem o número
atômico igual a 3. Três é equivalente a formiga na tabela acima. Como a palavra lítio lembra
leite, basta imaginar uma formiga enorme dando rios de leite pelo abdômen. Como você já
tem a associação formiga-3 na sua cabeça (esse é o peg), você está adicionando o leite-lítio
na história.
Outro exemplo: o elemento fósforo é 15.
Quinze seria uma árvore e um gancho juntos.
Como formar uma imagem? Uma árvore bem
pequena, do tamanho do dedo mindinho,
presa por um gancho de pirata ao fósforo, que
está aceso e quemando sua mão. Lembre-se:
imagens vívidas, coloridas e engraçadas.

As vantagens aqui são claras: você vai poder


lembrar de itens em ordem correta e esquecer
um item da lista não levará ao esquecimento
da lista inteira. O mecanismo envolvido é
similar ao método link, a diferença é que você
precisa ter construído com antecedência sua
lista fixa para adicionar coisas. O modo de
anexar o item novo a sua lista também é por
conexão, criando imagens vívidas, de tamanho
desproporcional, etc.

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S e você tem interesse de guardar muitos fatos, talvez seja interessante guardar uma tabela
pré-fabricada na memória, com os números de 01 a 99, simplificando o processo para você.
Nas competições mundiais de memória, os participantes desenvolvem pegs enormes, com
até 10.000 itens, de modo que eles possam guardar muita coisa na mente ao mesmo tempo.

Pode parecer muitos itens para ter


pré-memorizado (afinal de contas, o método
deveria diminuir o esforço, não aumentar),
mas compensa: qualquer lista organizada
“Método de Loci: pode ser memorizada utilizando sua tabela
ferramenta fixa de referência
mnemônica que
remonta a tratados Palácios de Memória
retóricos grecos O método de loci (plural de locus, lugar) é
também conhecido como palácios de memória.
e romanos.” Trata-se de uma ferramenta mnemônica que
remonta a tratados retóricos grecos e romanos.
Dentre as técnicas utilizadas para levar a memória
humana ao extremo, é a mais popular: meio
favorito para competidores guardarem milhares
de dígitos binários aleatórios, por exemplo.

Licenciado para Joelson Fernandes de Oliveira, E-mail: joelson.nat@hotmail.com, CPF: 02996926129 200
T ambém uma variação do método peg, o loci é considerado uma evolução por abarcar
mais um campo do cérebro: a memória espacial. Os itens a serem lembrados são
mentalmente associados com locais físicos específicos dentro de um espaço geográfico;
seja sua sala, o caminho de casa ao trabalho ou uma cidade.

A localização que servirá de âncora não


precisa ser criada artificialmente, como as
listas peg nos métodos anteriores: o ideal é
que seja um lugar familiar, repleto de objetos
conhecidos e de uso constante. Um exemplo
clássico seria pegar um ambiente de sua casa e
trabalhar no sentido horário, gravando todos
os itens que podem ser utilizados para anexar
informações.
As recomendações são as seguinte:
. Trabalhe em sentido horário dentro de cada
ambiente;
. Trabalhe em sentido horário dentro da casa,
indo de baixo para cima;
. Faça o caminho mentalmente algumas vezes,
fazendo nota mental de quais objetos seriam
boas âncoras.

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201
E les precisam ser fixos no local (fogão é uma boa, frigideira não), bastante distintos entre
si e não pode haver vários do mesmo tipo numa mesma sala (usar vários livros da sua sala
de estar provavelmente vai levar à confusão);

. Uma vez estabelecida a jornada, revise o


caminho mas não altere nenhum item. A
segurança do acesso das informações vai
depender de sua habilidade de lembrar o
sistema inteiro do jeito que está.
Digamos que você use a cozinha para lembrar
dos presidentes do Brasil no último século, de
trás para frente. Ao analisar o ambiente, você
viu fogão, microondas, torradeira, pia, lugar de
talheres, armário, liquidificador... Assim, você
associa Dilma ao fogão com uma imagem
absurda (fora de proporção, colorida,
engraçada, com um comportamento
inesperado:os requerimentos para a criação de
imagens são sempre os mesmos), Lula a um
microondas (alguma coisa envolvendo perder
um dedo frito?), FHC à torradeira, daí em
diante.

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202
S e a quantidade de informações for muito grande, ao invés de um lugar, você pode utilizar
um trajeto. Por exemplo, o caminho entre seu trabalho e sua casa; nele, há uma quantidade
enorme de lugares físicos para instalar informações, o que facilitará sua tarefa. Lembre-se
apenas de focar nos requisitos de criação de local, para assegurar que o processo de
memorização seja suave e sem confusões/mistura de dados.

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203
PARA RELEMBRAR E
PÔR EM PRÁTICA
- Flip learning é a maneira ideal de abordar o - Mnemônicos, usado no sentido amplo da
processo de estudo, fazendo uso das palavra, refere-se a qualquer técnica de
descobertas mais recentes na área. memória. Diferenciamos essas técnicas de
- Começa-se com o estudo dos acordo com suas finalidades: para
fundamentos, passando por várias etapas: processamento de conceitos, usada quando
análise dos exercícios resolvidos, o uso de nos deparamos com assuntos complexos, e
exemplos para completar (semi-concluídos), para processamento de conteúdo, quando o
solução de problemas (em grupo, de há muita informação a ser memorizada.
preferência), solução de problemas em - As técnicas para processamento de
grande volume (individualmente) e prática conceitos envolvem o uso de metáforas, da
deliberada. técnica goldfish e dos famosos mapas
- Ser capaz de transferir conceitos para além mentais.
do contexto onde foram aprendidos é - Para processar informações, temos à
essencial para dominar a solução de disposição os sistemas link, peg e os palácios
problemas e aplicar o conteúdo no dia a dia. de memória.
- Para desenvolver essa capacidade de
transferência, ou seja, de aplicação em
múltiplos contextos, foque em: combinar
experiência concreta com domínio dos
princípios de várias áreas e faça uso ativo de
estruturas de comparação.
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204
CAPÍTULO 07

DESENVOLVA A MAESTRIA
E CRIE A MEMÓRIA PERFEITA

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"Não apenas pratique sua arte, mas force seu caminho pelos seus segredos, pois ela e o
conhecimento podem elevar o homem ao Divino" Beethoven

Poucas coisas fascinam mais um ser humano


do que assistir a um mestre em ação. Seja
alguém com habilidade musical com uma
performance linda que nos move, um escultor
“Poucas coisas fazendo artesanato delicado surgir da madeira
ou os grandes nomes do futebol com
fascinam mais performances inacreditáveis. Não importa:
um ser humano observar e reconhecer a maestria em outro ser
do que assistir humano nos impacta de algum modo.
a um mestre Maestria não no sentido de "ser o melhor de
em ação.” todos naquilo", mas no sentido de ter uma
intimidade tão grande com aquela arte que o
artista entende suas nuances e é capaz de
expandir a performance humana na área.
Grandes músicos, esportistas, artistas... todos
mestres.

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206
S e você quer alcançar esse tipo de domínio sobre seu objeto de estudo, é preciso uma
dedicação diferenciada. Nós estudamos até agora a formação da memória e os tipos de
conhecimento, os fatores que influenciam no aprendizado, as ferramentas da disponíveis
aos autodidatas, como obter o conhecimento e a melhor maneira de processá-lo.

O que estudaremos agora é o passo final:


como manter a prática continuada para
desenvolver ao longo do tempo a maestria
necessária sobre sua área. Os mesmos
princípios se aplicam se você está em uma
jornada para dominar um instrumento ou quer
aprender bem uma disciplina da faculdade.

O modo de "forçar seu caminho pelos seus


segredos", citando Beethoven, é o mesmo.
Como auxílio à prática deliberada e mais
focado em quem pretende estudar conteúdos
factuais, há uma discussão sobre como criar
memórias duradouras.

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207
O Significado da Maestria
Por muito tempo, ao se observar uma pessoa com alta performance, a explicação mais
plausível na cultura popular foi talento. Tanto que o primeiro elogio quando vemos alguém
fazer algo bem feito é dizer como a pessoa é 'talentosa'.

Principalmente no último século, as pesquisas


científicas se intensificaram em busca de
compreender o que faz algumas pessoas
desenvolverem alta performance e como
replicar esse sucesso. Alguns fatos
interessantes começaram a vir a tona,
principalmente estas duas descobertas:

- Em muitos campos, inteligência geral não se


conecta com inteligência específica. Ou seja,
aptidão para uma habilidade não
necessariamente implica uma inteligência
geral, para todas habilidades.

- Não há relação clara entre QI e aptidão para


desenvolver tarefas a nível de mestre.

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O primeiro achado é interessante pois coloca por água abaixo a dependência da
inteligência inata. Se alguém é extremamente bom em esporte, não significa que ele tenha
uma inteligência espacial fora do comum. Ou se alguém é um "gênio dos negócios", com
resultados extraordinários, não significa que ele é mais inteligente que o cidadão mediano.

O segundo achado complementa o primeiro e


efetivamente encerra a atribuição de grandes
resultados à quantidade de inteligência. Aliás,
o próprio conceito de QI e o que ele mede,
embora tenha sido popularizado, é bastante
confuso. Mas basta dizer que os estudos
concluíram que "seja lá o que o QI meça, não
mede a aptidão para se envolver em formas
cognitivamente complexas de raciocínio
multivariado".
As linha de pesquisa não pararam por aí:
enquanto certo grupo de acadêmicos se
dedicava a testar ideias populares sobre o
sucesso e a maestria (como a dependência do
QI e da inteligência), outro grupo realizou
pesquisas extensivas para entender o que de
fato se correlaciona com a maestria, como
Anders Ericsson e sua equipe com o famoso

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209
estudo The role of deliberate practice in the acquisition of expert performance em 1993
(famoso após o livro “Fora de série”, de Malcolm Gladwell).

Dentre todas as características analisadas, uma


foi consistente: o sucesso - nesse caso,
qualidade da performance, nível da maestria -
estava consistentemente correlacionado com
o que os cientistas chamaram de prática
deliberada. Não com tempo de prática, não
com experiência em campo, mas
especificamente com o volume de prática
deliberada investido em certa habilidade ou
conhecimento.
"Então tudo se resume a essa prática
deliberada e o talento não tem nada a ver com
isso? Como explicar Mozart e outros gênios
como Tiger Woods?"
Mozart é o principal exemplo da teoria da
fagulha divina, do supertalento. Aos cinco
anos já compunha melodias, apresentava-se
em público tocando violino e piano aos oito,
produzindo suas primeiras obras originais aos
onze, evoluindo para ser um dos maiores

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músicos de todos os tempos. Se uma pessoa dessa não é gênio por talento, o que ele é?

O problema é que tudo isso é apenas parte da


história, que nos leva a tomar conclusões
precipitadas. Alguns fatos sobre Mozart que o
público desconhece:
- O pai de Mozart, Leopold, já era um famoso
instrumentalista e compositor, com um
interesse grande em pedagogia e na forma de
ensino da música.
- A personalidade dominadora de Leopold e
sua experiência com a arte o levou a começar
um programa intenso de ensino a Mozart aos
três anos de idade.
- Os manuscritos com as composições do
Mozart filho nunca apareciam com sua letra: o
pai dele sempre as corrigia antes de torná-las
públicas.
- Os primeiros concertos compostos aos 11
anos foram criados por ele, mas não eram
exatamente originais; visivelmente
desenvolvidos com base em obras existentes.
Daí em diante.

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211
A verdade é que Mozart só viria compor algo realmente histórico, um concerto
considerado obra-de-arte, aos vinte um anos: "Concerto para Piano nº 9". A essa altura, ela
já tinha acumulado 18 anos de prática intensa sob a tutoria de um professor competente e
especialmente dedicado à pedagogia.

Como veremos a seguir, ao buscar os fatos da


história completa, o caso de Mozart é melhor
explicado por um acúmulo enorme de prática
deliberada. O mesmo pode se dizer de
praticamente todos os grandes ícones talentosos
mundo afora: Tiger Woods, Michael Phelps, Josh
Waitzkin e muitos outros.

A Mente de Um Expert
Antes de mergulhar na prática dos grandes
mestres em busca de informações que nos
ajudem a dominar nossas próprias práticas e
estudos, busquemos entender como funciona a
mente de um expert. Quais são as principais
diferenças entre um principiante e um expert em
determinado campo? Nós já estudamos como
efetivamente abordar o processo de estudo para
acelerar seu aprendizado no capítulo 6, mas em
termos de diferenças de resultado, a lista a seguir
vale a pena ser destacada.

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Conhecimento em chunks
O conhecimento do expert está organizado em pequenos grupos com significado, algo
compreensível. Enquanto alguém começando no estudo da constituição só consegue
enxergar leis e artigos, um expert na área vê conjuntos de leis (chunks) responsáveis por
várias áreas, como leis referentes à liberdade individual, leis sobre a organização do Estado,
etc.
Padrões significativos
Ao olhar para um tabuleiro de xadrez, um
iniciante enxerga as peças dispostas e suas
relações diretas; talvez até enxergando duas ou
três jogadas adiante.
Um mestre, por outro lado, observa o tabuleiro e
enxerga várias combinações de posicionamentos
e jogadas que ele já estudou na organização
disposta. Ele vê como metade do tabuleiro parece
disposta como aquele jogo de certo grande
Mestre que ele estudou outro dia, em que ele
pode aplicar essa e aquela técnica; enquanto a
outra metade é um exemplo trivial da teoria X e
pode ser vencida do jeito Y.
Alguém começando a estudar geometria olha
para uma dada figura e não sabe como proceder.

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O utra pessoa com mais experiência olha para a mesma questão e consegue enxergar
como o elaborador combinou os assuntos X e Y de modo a confundir o estudante, já que
cometer o erro Z nesse cenário é comum para quem está começando.

Automatismo por causa da


experiência
A prática extensiva do expert transforma
tarefas complexas em fatos rotineiros. Um
médico residente com certeza se sente
“A prática sobrecarregado em sua primeira cirurgia,
extensiva do enquanto um cirurgião experiente realiza o
expert transforma procedimento com certa tranquilidade.

tarefas complexas Não é que pessoas diferentes tenham


em fatos rotineiros.” necessariamente capacidades diferentes. O
que acontece é que conforme o aprendiz
desenvolve expertise, as tarefas complexas
passam a requer menos e menos capacidade
cognitiva ao entrar no modo automático,
permitindo que ele realize mais coisas ao
mesmo tempo.

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Schemas e modelos mentais
Como visto no capítulo 1, a estrutura base de organização do conhecimento em nossa
mente é o schema. Conjuntos de schemas formam modelos mentais, que nos permitem
rodar simulações de partes da realidade em nossa mente.

Para um expert, ele tem tantas informações,


organizadas de tantas maneiras, que seus
schemas são muito ricos e suas simulações,
bastante precisas. O iniciante, por sua vez,
tende a possuir informação mal organizada ou
unidas por conexões superficiais.
Um mecânico experiente, por exemplo, ao ser
dito que o motor está "batendo", roda o
modelo mental referente a um carro na mente,
(que é a integração dos vários sistemas:
hidráulico, mecânico, elétrico.) e começa a
sugerir possíveis causas para o problema.

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As 3 Características da Prática Deliberada
O talento não explica o resultado dos grandes mestres; nem a inteligência, nem o QI. O que
os resultados mostram é a relação direta entre algo batizado de 'prática deliberada' e o
sucesso dos grandes nomes em várias áreas do conhecimento humano.

Vimos na seção anterior como funciona o


cérebro desses "gênios" por dentro. Vejamos
agora como praticar da mesma forma e
replicar seus resultados; analisemos as
principais características da prática deliberada,
vendo como ela se diferencia de "apenas
exercícios".

É Projetada Para Melhorar o


Desempenho
A ideia implícita da prática deliberada é que ela
só ocorre para melhorar o desempenho,
mesmo que seja em algo minúsculo. Um
grande violonista pode tocar um ou dois
concertos por dia em casa praticando, mas
passar horas e horas repetindo apenas um
pequeno trecho com o qual ele está
desconfortável.

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P or exemplo, há uma diferença grande entre sentar em casa querendo melhorar seu nível
de física: (a) resolvendo muitos exercícios indiscriminadamente e (b) focando
explicitamente em seus pontos fracos. Não adianta se você gastou meses resolvendo
questões com as quais já está confortável, aquilo não vai avançar sua habilidade geral. O
avanço está no desconforto.

Exigente do Modo Intelectual


A prática deliberada é acima de tudo um
esforço de foco e concentração. É isso o que
significa deliberada, ao invés de simplesmente
resolver exercícios no modo automático. O
“A prática é trabalho é tão grande que ninguém parece
acima de tudo conseguir sustentá-lo por muito tempo. Uma
descoberta consistente em todas as disciplinas
um esforço de foco é que quatro a cinco horas por dia parece ser o
e concentração.” limite superior da prática deliberada.

A fonte de todo esse esforço é o fato da prática


nos levar à zona de aprendizado. Noel Tichy,
professor na Universidade de Michigan, ilustra
essa ideia em 3 círculos concêntricos. O
círculo mais interno é a zona de conforto, o do
meio é a zona de aprendizado e o de fora é a
zona de pânico.

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D e dentro para fora, expandimos para além de nossos limites, mas aumentamos o
estresse. O ponto ideal, que ainda é estresssante e por isso cansativo, mas gerenciável, é a
região da zona de aprendizado.

Feedback Precisa Estar Disponível


(Ciclo Fechado)
Performance sem feedback é inútil, no sentido
que não ajuda a melhorar o desempenho. É o
equivalente de treinar cobrança de faltas com
uma enorme cortina na pequena área: você
não vai saber se acertou nem se errou, não vai
entender o motivo e não vai poder melhorar a
CONFORT prática.
ZONE No ambiente de estudo, o erro que os
estudantes podem cometer é resolver
questões sem resultado disponível. Se você
LEARNING estiver estudando por conta própria, nem se
ZONE dê ao trabalho. Prefira resolver poucas
PANIC ZONE questões (mas que possuem o gabarito) a
resolver muitas, que não têm.

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Repetição Espaçada e a Memória Perfeita
Como visto no capítulo 1, nosso modelo de memória envolve dois tipos (que nos
interessam): a memória de trabalho e a memória de longo prazo. Se o desejo é criar
memórias que durem, é preciso ocorrer a transferência da memória de trabalho para a
memória de longo prazo.
Todas as técnicas vistas no capítulo 6 auxiliam
no processo. Eles são baseadas no CRIME
(Chunking, Repetição, Imagens, Mnemônicos
e Elaboração) e especialmente úteis para o
aprendizado de conceitos e ideias. No entanto,
em algumas áreas do conhecimento,
precisamos memorizar informações (strings)
em si, não apenas ideias.

No estudo de línguas, por exemplo, você quer


ser capaz de associar pares de palavras "poço -
well" a fim de se comunicar na língua que está
estudando. Para lidar com esse tipo de
conhecimento pesado em informações, é
preciso um sistema bastante focado na parte
da repetição. Felizmente, ele existe.

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Como Esquecemos das Coisas
Memórias são como a vida: a partir do momento em que nascem, começam a decair, e a
uma taxa alarmante. Você esquece as coisas mais rápido do que imagina e um dos modelos
mais bem aceitos aproxima a curva de memória a um decaimento exponencial.

De modo mais simples: no primeiro dia, você


aborda o conteúdo sabendo 0%; então, vai de
0 a 100% de conhecimento. No segundo dia, se
você não pensou a respeito, leu a respeito ou
interagiu com o conteúdo de alguma forma,
você já terá perdido entre 20% e 50% daquilo
que aprendeu.

O cérebro está sempre armazenando


informação temporária: pedaços de conversa,
números de telefone, rostos de pessoas. E, ao
mesmo tempo, está sempre esquecendo essas
informações. O que os dados esquecidos têm
em comum? Não são reutilizados, por isso
perdem a relevância e começam a decair
numa curva já conhecida experimentalmente.
Ao chegar no dia 30, a taxa de retenção já está
por volta de 2% a 3% da original.

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F elizmente, você pode influenciar o formato dessa curva. Reprocessar a informação
manda um sinal para o cérebro sobre seu valor percebido para a sobrevivência, então a
memória vai ficando cada vez mais forte. Se você quer resolver o problema do
esquecimento usando força bruta, simplesmente revise todo dia, todas as informações que
você gostaria de lembrar, para sempre.

De certo modo, é isso que você faz com informações essenciais para seu dia a dia, como seu
nome, o nome de sua mãe e seu endereço. A questão é que ninguém tem tempo disponível
o suficiente para usar a estratégia “revisar tudo todo dia” e fazê-la funcionar.

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J á imaginou estar aprendendo uma nova língua e revisar todo dia todas as palavras que já
aprendeu? Nem se você dedicasse sua vida a isso seria capaz. Essa abordagem está fora de
questão.

Para revisar o conhecimento e criar memórias


da forma mais eficiente possível, vamos
utilizar nossa ferramenta favorita: a ciência.
Estudos específicos já mostraram como se
comporta a memória e sua perda ao longo do
tempo. Inclusive algumas fórmulas
matemáticas foram criadas para prever
quando o sujeito do estudo iria esquecer o
pedaço de informação a que foi exposto.

Nosso interesse aqui, no entanto, está no


trabalho feito: outro grupo de cientistas, com
base no conhecimento sobre memória,
desenvolveu o método de revisão mais
eficiente possível: você fará uma quantidade
mínima de revisões críticas e garantirá a
permanência da memória em sua mente. Esse
modo de revisão é conhecido como revisão
espaçada.

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Usando Um Sistema Para Maximizar Lembranças
O princípio por trás da revisão espaçada é bem simples. Veja a ilustração abaixo.

Ao aprender o conteúdo, você tem 100% de retenção no dia um. Caso não revise, por volta
do dia três seu nível já estará em 60%. Por isso, a primeira revisão ocorre no dia 1, que traz seu
conhecimento de 80% a 100%; a partir de então, a memória volta a decair.

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O ponto chave é que a cada revisão, o decaimento fica mais e mais lento (note como as
curvas ficam mais alongadas), requerendo que a revisão para relembrar o conteúdo
aconteça de modo cada vez mais espaçado (daí vem o nome).

Sabendo o momento certo para revisar, você


trará o conteúdo ao nível máximo de domínio
se esforçando o mínimo possível. É por isso
que conselhos como "revise o conteúdo
depois de uma boa noite de sono" não são
bem fundamentados, já que o momento ideal
para a primeira revisão - quando houve
decaimento o suficiente que vale a pena se
esforçar para trazer o conteúdo de volta a
100% - é de 3 a 7 dias, conforme descrito pela
curva.
Para isso, já existem programas de
computador simples que te auxiliam para dizer
a melhor hora de revisar o conteúdo. Eles
funcionam assim: a informação é guardada
em um cartão virtual - de um lado está uma
pergunta e do, outro uma resposta. Esse cartão
(chamamos flashcard) aparece na tela para
você com a pergunta; você pensa na resposta
e checa se consegue lembrar dela.

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V ocê então clica no botão para “virar” o flashcard e checar a resposta. A carta é
classificada de acordo com o quão fácil foi para você lembrar dela: nota de um a três (ou a
cinco, dependendo da configuração): 1 - fácil de lembrar, 2 - difícil , 3 - não
conseguiu/errou.

Com essas informações, o programa prevê


quando é necessário mostrar aquela carta
novamente: se você lembrou facilmente, ele
vai demorar a mostrá-la novamente; se deu
trabalho, ele reapresenta o flashcard em
alguns minutos, até que você memorize. Com
esse processo, você vai seguindo por toda a
pilha de cartas com informações do assunto.
O uso de repetição espaçada é muito popular
entre poliglotas. Nesse caso, na “frente” do
cartão está a palavra em sua língua de origem
e no “verso” na outra língua (e
vice-versa).Assim, eles que facilitam a
memorização e constantemente revisam um
volume enorme de vocabulário, de modo a
não esquecer as línguas.

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C ontudo, essa técnica pode ser aplicada a qualquer tipo de conhecimento, contanto que
você precise lembrar da informação fielmente e que vá usá-la no futuro .

Por exemplo, se você está se preparando para


um concurso, com apenas um mês para a
prova, talvez não valha a pena o esforço de
aplicar sistematicamente esse método; focaria
mais nas técnicas do capítulo anterior e
investiria pesadamente em exercícios. Porém,
se você está se planejando a médio prazo e
tem pelo menos seis meses de estudo para
frente, essa é com certeza uma estratégia a
aplicar.

Para tanto, você precisa caminhar por todas as


matérias, de assunto em assunto, criando
flashcards (as cartas que mencionei) e
adicionando em sua biblioteca. Algumas
pessoas já estudam dessa forma, fazendo
cartões no papel para revisar o assunto; para
estas será apenas uma questão de digitalizar o
trabalho já feito.

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U m ponto positivo é que o esforço é feito apenas uma vez: sua pilha de flashcards sobre
direito constitucional serve para qualquer prova que for fazer, não apenas o concurso da
Fazenda, por exemplo. Em termos de ferramenta, há vários programas no mercado,
gratuitos e pagos. Alguns têm até aplicativos mobile para te ajudar na revisão, tornando
mais prático, permitindo a inclusão da revisão na rotina do dia a dia: em filas de espera, no
trânsito, em intervalos.

Há o Mnemosyne, Mnemonodo, iSRS,


AnyMemo e o que uso, o Anki (open-source e
em várias plataformas). Se você procura um
guia para se familiarizar e já começar a utilizar
o Anki, cheque a página de bônus deste
ebookpelo treinamento em correspondente.
É algo bem rápido: o tempo médio gasto com
cada carta é 20 segundos no máximo, de
modo que você pode revisar um grande
volume por dia. Conforme eu disse no relato,
durante meu desafio de aprendizado de
espanhol, precisei desenvolver o vocabulário e
utilizei programas desse gênero para isso.
Dependendo do dia, chegava a adicionar 100
cartões novos (expressões novas) à minha
revisão.

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PARA RELEMBRAR E
POR EM PRÁTICA
- Desempenhos extraordinários em várias áreas - Para melhorar no domínio de qualquer
do conhecimento dependem muito menos de assunto, a prática deliberada é essencial. Suas
talento, quando dependem, do que a sociedade três principais características: é projetada
imagina. especificamente para melhorar o desempenho,
- A correlação de maior significância com é exigente e requer presença constante de
maestria é a quantidade de prática deliberada, feedback.
como mostrado no famoso estudo do Dr. - Criar a memória perfeita é possível utilizando
Anders Ericsson. técnicas para consolidar sua formação e
- Experts e iniciantes se diferenciam de várias técnicas para consolidar sua extração.
maneiras; eles não só possuem um nível de - Já há um bom entendimento quantitativo de
performance diferente como pensam e como o esquecimento ocorre, com modelos
processam o mundo de modo distinto. matemáticos razoavelmente precisos.
- Na mente do expert, o conhecimento está - O sistema de repetição espaçada é um método
separado em chunks, agrupado de vários modos de estudo para criação de memórias
diferentes de modo a fazer sentido. duradouras, baseado no conhecimento
- O expert consegue reconhecer padrões matemático de como as informações são
significativos na sua área de atuação, devido a esquecidas.
acumulação de base teórica e experiência - As revisões são otimizadas, ou seja, você revisa
prática nos mais diferentes cenários. a quantidade mínima necessária para manter a
- Experts são capazes de realizar multitasking memória, economizando tempo e ganhando
pois desenvolvem automatismos graças ao em praticidade.
acúmulo de muita prática. - Para facilitar o processo, há programas de
- Os schemas e modelos mentais do expert são computador disponíveis. Um deles, o Anki, é
refinadíssimo devido à vasta e diversa alvo de um dos bônus desse livro.
experiência, permitindo que eles possuam uma
imagem mais acurada da situação.
228
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conclusão
V ocê agora tem em suas mãos uma coletânea
do que há de mais atual e prático sobre a ciência
do aprendizado. O conhecimento aqui disposto
está estruturado de modo a abrir sua mente para
entendimento do processo e fornecer
“Em suas mãos ferramentas para que você melhore desde já a
“Grande parte dos
uma coletânea do forma como aprende.
resultados vem
que há de mais O que fazer agora? Caso haja interesse em se
dos
atualmétodos
e práticoe aprofundar, você pode visitar as referências
específicas em cada área e ler mais sobre o
das técnicas
sobre de do
a ciência assunto. Contudo, não acho que seja mais
estudo. ”
aprendizado.” conhecimento o que você precisa agora, mas sim
prática. Já já discutiremos como fazer isso,
façamos primeiro uma recapitulação rápida do
conteúdo.

O livro começa com uma discussão sobre como o


cérebro organiza as informações, quais são os
tipos de memórias existentes (segundo o modelo
mais popular) e como podemos classificar os
tipos diferentes de informação.

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conclusão
E ntender essas nuances é importante na hora
de decidir como abordar um conteúdo e com
qual profundidade estudá-lo.

Afinal de contas, se você está se preparando para


“Se você está se provas discursivas, não há necessidade de
memorizar o conteúdo palavra por palavra (como
preparando para strings); será bem mais útil entendê-lo no nível
provas discursivas, das ideias e como elas se relacionam (schemas), a
não há necessidade fim de ser capaz de discorrer habilmente sobre o
tema. Ou a situação contrária: no aprendizado de
de memorizar o línguas, é essencial que você seja capaz de
conteúdo palavra associar pares de palavras para entender como
por palavra” traduzir as coisas.

A seguir, os fatores que influenciam o


aprendizado foram trazidos à tona. Garantir a
existência de uma base adequada e ativar esse
conhecimento da maneira certa é uma das
melhores posturas em termos de resultado no
aprendizado. Quando você está tendo dificuldade
no estudo de algum assunto, normalmente é
algum tipo de problema base.

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conclusão
T emos uma tendência natural de subestimar a
importância da base e uma dificuldade em julgar
o que é necessário para entender determinado
assunto. Uma análise dos requisitos e da
profundidade em que são requeridos resolve esse
“Para melhorar a ponto.
compreensão
“Grande dos
parte dos
assuntos, é Para melhorar a compreensão dos assuntos, é
resultados vem
importante analisar
importante analisar conscientemente a melhor
forma de organizar o conteúdo, sem cair em
dos métodos e a
conscientemente nossas técnicas padrões (organização temporal é
das técnicas
melhor de,
forma de uma delas). Esse pensamento é, inclusive, uma
organizar o das diferenças entre principiantes e experts: estes
estudo. ” possuem o conhecimento organizado de diversas
conteúdo.”
formas e podem selecionar o modo mais
conveniente para cada situação, ao contrário
daqueles, normalmente restritos à linearidade.

A motivação, por sua vez, cumpre um papel não


menos importante que a organização. Afinal de
contas, seres humanos têm estruturas mentais
complexas e precisam de vários fatores alinhados
de modo a se manterem firme em seus cursos de
ações.

Licenciado para Joelson Fernandes de Oliveira, E-mail: joelson.nat@hotmail.com, CPF: 02996926129 231
conclusão
E ntender os problemas inerentes de se envolver
com atividades sinalizadoras e autossinalizadoras
vai elevar o nível de eficiência ao restringir os
esforços a atividades com impacto real.

No capítulo 3, estudamos o que pode ser mais útil


nas mãos de um autodidata, que serve, na
“Grande parte dos realidade, para todos nós. Observamos e
“O estudante
resultados vem reavaliamos o que é possível fazer sozinho,
precisa ser um verificando que mesmo crianças de comunidades
dos métodos e humildes da Índia mostram capacidade
bom formador
das técnicas de autodidata. Para tanto, o estudante precisa ser um
de hábitos.” bom formador de hábitos, uma vez que agora ele
estudo. ” é o responsável por sua educação e não possui
instituições forçando-o a realizar atividades. Para
formar hábitos duradouros, é preciso ter em
mente que a força de vontade não é infinita e qual
é o passo a passo da criação de hábitos
(identificar rotina, experimentar recompensas,
isolar deixas e barreiras e ter um plano).

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232
conclusão
O utro ponto não menos importante e
frequentemente negligenciado é a mentalidade
durante o processo de aprendizado. Ter o mindset
de crescimento, ou seja, acreditar que o sucesso
depende do esforço e qualquer pessoa é capaz de
alcançá-lo influencia em como aprendemos com
“Acreditar
“Grandeque o sucesso
parte dos os erros. Ainda sobre o estado mental durante o
depende do esforço e estudo, a sobrecarga cognitiva é um empecilho
resultados vem
qualquer pessoa é capaz real e pode estar impedindo seu aprendizado.
Para lidar com ela, verificamos uma série de
dos
de métodos
alcançá-lo e
influencia pontos a serem checados e tratados, variando de
das
em técnicas
como de
aprendemos fatores externos (mais fáceis) a internos (mais
com os erros.”
estudo. ” difíceis de resolver).

A partir daí, começamos a discussão a respeito da


eficiência no mundo do aprendizado. Afinal de
contas, seres humanos não são automaticamente
estratégicos e precisam desenvolver
procedimentos planejados para maximizar os
resultados. Para alcançar objetivos de
aprendizado, quaisquer que sejam, modular a
meta é o primeiro passo, a fim de, a seguir, focar
nas partes de maior relevância.

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233
conclusão
C omo Pareto já nos disse século passado, a
maior parte dos efeitos vem da menor parte dos
fatores; selecionando estes como prioridade é
possível criar resultados mais rápidos e melhores.
Selecionar com base em quê? Com base nos
critérios vistos: frequência, relação com o
“A maiorparte
“Grande partedos resultado, abrangência e dificuldade.

dos efeitosvem
resultados vem Encerrando da fase de preparação, avaliamos a
captura do conhecimento a partir das mais
da menor
dos métodosparte
e diversas fontes (livros, artigos, palestras,
dos técnicas
das fatores ” de vídeo-aulas, audiolivros). Os princípios são os
mesmos, independente do meio, e passam por
estudo. ” uma tomada de notas eficiente. Por ser usada na
linha de frente, no primeiro contato com o
conteúdo a ser aprendido, a tomada de notas é ao
mesmo tempo essencial e subestimada.

Um dos erros mais comuns é a transcrição do


conhecimento; afinal de contas, ele é facilmente
obtido em outras fontes, como na internet, e
transcrever é uma atividade rasa, que não
promove aprendizado duradouro.

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234
conclusão
P ara tanto, boas práticas na hora de tomar
notas envolvem compressão da informação e
personalização do conteúdo. No caso da leitura
de livros, podemos expandir essas boas práticas
em um passo a passo a ser aplicado em toda
“Boas práticas na leitura.
“Grande parte dos
hora de tomar Uma vez concluída a fase captura, que quando
resultados vem
notas envolvem bem feita encaminha bem o aprendizado,
adentramos na área de estudo pela qual o
dos métodosda
compreensão e meta-aprendizado é famoso: técnicas de
informação
das técnicase de memórias e afins. Começamos discutindo o
personalização do fliplearning, uma abordagem para o estudo de
estudo. ” qualquer disciplina que envolve uma progressão
conteúdo.” lógica na demanda sobre o estudante,
minimizando as chances de sobrecarga cognitiva.

A evolução consiste de: princípios gerais,


exercícios resolvidos, exemplos para completar,
solução de problemas em grupo, solução de
problemas em grande volume por conta própria e
prática deliberada.

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235
conclusão
E specialmente durante a penúltima etapa, é
preciso tomar cuidado para o conhecimento não
ficar dependente do contexto, ou seja, que você
seja incapaz de transferir o que foi aprendido para
solução de problemas. Para tanto, focar na
diversidade das questões (junto ao volume), com
“Grande
“É precisoparte
tomardos revisão dos princípios gerais, é efetivo.

resultados
cuidado paravem
o Com o conteúdo capturado, caso haja
necessidade de processamento, você agora
conhecimento
dos métodos nãoe possui várias técnicas de memória a sua
ficartécnicas
das dependente
de do disposição. É válido lembrar, contudo, que essas
contexto” técnicas mnemônicas servem como
estudo. ” complementos a uma captura bem feita e não
uma muleta para uma captura ausente. Ou seja,
você pode até contornar a fase "tradicional" de
estudo (leitura, tomada de notas) com uso pesado
de técnicas mnemônicas, mas a qualidade do
aprendizado definitivamente não será a mesma.
Essas técnicas mnemônicas, por sua vez,
subdividem-se em técnicas para processar
conceitos, (metáforas, goldfish e mapas mentais)
e técnicas para processar informações(sistemas
link,pege palácios de memória).
236
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conclusão
P or fim, discutimos a maestria e a criação de
uma memória duradoura. A maestria, domínio
sobre qualquer habilidade ou assunto escolhido,
está ligada com um modo diferente do mestre
pensar e de praticar. A mente do expert apresenta
o conhecimento dividido em partes mais
“Grande
“A menteparte
do dos significativas, consegue enxergar padrões
importantes, desenvolve certos automatismos
resultados vem
expert consegue graças à experiência e possui schemas e modelos
dos métodos
enxergar e
padrões
mentais mais acurados. A prática que leva à
obtenção de expertise em qualquer área, por sua
das técnicas de
importantes.” vez, é denominada prática deliberada e possui
estudo. ” características diferenciadas: é projetada para
melhorar o desempenho, exigente e requer
bastante feedback.

Quanto à criação da memória perfeita, a base está


na transferência do conteúdo de nossa memória
de curto prazo para a memória de longo prazo
feita de modo sistemática.

237
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conclusão
O sistema de repetição espaçada, que faz uso
do conhecimento sobre o decaimento da
memória, estipula momentos ideais para
revisar/repetir um conteúdo, de modo que a
memória esteja sempre fresca. Para simplificar o
trabalho de fazer acompanhamento em cada
“Grande parte
“Escolha algo que dos
você memória, faz-se uso de programas específicos
deseja aprender e para auxiliar no processo.
resultados vem
aplique os princípios e Como se pode ver, cobrimos muita coisa; desde
dos métodos
técnicas daqui aoe compreensão até aspectos mais práticos. E
das técnicas
processo de
de estudo mesmo diante de tanto conteúdo, sabe qual é a
utilidade dele se não for aplicado? É, exatamente,
daquele tema.”
estudo. ” zero.

Qual a melhor maneira de colocar os conceitos


daqui em ação?

Com pequenos ciclos de prática! Escolha algo que


você deseja aprender e aplique os princípios e
técnicas daqui ao processo de estudo daquele
tema. Seja uma matéria na faculdade, uma língua
nova que você deseja dominar ou algum
conteúdo de concurso.

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238
conclusão
S elecione um objetivo com um horizonte de
preferência entre 30 e 45 dias, de modo que ele
seja longo o suficiente para te mostrar resultados
e curto o suficiente para não te desencorajar. Se
quiser praticar com algo bem simples, você pode
até começar com esse livro, relendo e aplicando a
“Grande parte dos ele as técnicas aprendidas na primeira leitura!
“Selecione vem
resultados um O conhecimento fornecido aqui é extremamente
objetivo
dos com eum
métodos poderoso e já impactou minha vida e a vida de
milhares de pessoas pelo Brasil e pelo mundo.
horizonte.”
das técnicas de Espero que possa transformar a sua também, te
estudo. ” deixando mais perto de seus sonhos.

Desejo-te muito sucesso!


Paulo Ribeiro

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A GRADECIMENTOS

Um projeto dessa magnitude não é possível sem o


apoio de pessoas fantásticas. Gostaria de agradecer
a Felipe Pereira, amigo e cofundador desse projeto,
por suas sugestões no primeiro rascunho dessa
obra. Minha equipe merece um alô aqui pela ajuda
em tocar Aprendizado Acelerado enquanto eu
estava mergulhado com o nariz nos livros.

Agradeço a todos da comunidade que tem nos


acompanhado de perto, especialmente a Aline
Roncalho, Ricardo Costa e Rubens Fonseca, pelo
importante feedback na versão pré-publicação
deste livro.

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246
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Psiu!
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