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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

unesp “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”


FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

NOTAS DE AULA
INSTALAÇÃO HIDRÁULICA
COMBATE A INCÊNDIO

Prof: Dib Gebara

Ilha Solteira
março 2001
SUMÁRIO

VI. - INSTALAÇÕES PREDIAIS DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO 101


VI.1. - NOÇÕES GERAIS DE COMBATE A INCÊNDIO 101
VI.2. - CLASSIFICAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES 102
VI.3. - PROTEÇÃO POR EXTINTORES MANUAIS E SOBRE RODAS 104
VI.4. - .PROTEÇÃO POR REDE DE HIDRANTES 106
VI.5. - DIMENSIONAMENTO DO RESERVATÓRIO, DISTRIBUIÇÃO
POR GRAVIDADE, POR RECALQUE E “BY-PASS” 108
EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO 109
INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E SANITÁRIAS

VI. - INSTALAÇÕES PREDIAIS DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO

VI.1. - NOÇÕES GERAIS DE COMBATE A INCÊNDIO.


No Estado de São Paulo, o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar é o responsável pela
fiscalização das condições de segurança das edificações, cabendo ao mesmo vistoriar e aprovar
equipamentos de proteção contra incêndios instalados nos imóveis.
Para que ocorra a combustão de quaisquer materiais, é necessário juntar três elementos
simultaneamente num mesmo local, caso contrário a combustão não ocorre. A associação de um
combustível com oxigênio e uma fonte de calor dentro de uma edificação produzirá o fogo, e
consequentemente, provocará o incêndio. Na Figura 5.1 é ilustrado a inter-relação dos três
elementos que produz a chama de um incêndio.

COMBUSTÍVEL CALOR

FOGO

OXIGÊNIO

Fig. 01 - Esquema do triângulo do fogo.

 PREVENÇÃO: Para prevenir contra incêndio, basta evitar que as partes se


juntem, caso contrário, o incêndio é eminente.

 COMBATE: Para combater ou deliberar um incêndio, basta eliminar um dos


elementos que compõe o triângulo. O combate pode ser fito de três maneiras:
a) retirando o elemento combustível do contato com a chama; b) retirando o
fluxo de oxigênio por meio de abafamento; e c) retirando a fonte de calor ou
resfriando o elemento que esteja provocando calor suficiente para a
combustão.

Algumas definições importantes:

 Abrigo - é o compartimento destinado ao acondicionamento de mangueiras e


acessórios.
 Agente extintor - Produto químico utilizado para extinção do fogo.
 Aspersor - dispositivo utilizado nos chuveiros automáticos ou sob comando,
na produção de neblina.
 Bomba de incêndio - aparelho hidráulico especial destinado a recalcar água no
sistema de hidrantes.
 Canalização - rede de tubos que levam água aos hidrantes.
 Carreta - é o extintor sobre rodas, tem capacidade mínima de 20 kg de agente
extintor.
 Demanda - é a solicitação da instalação de hidrantes à fonte de alimentação.
 Extintor portátil - aparelho carregado com agente extintor, com capacidade de
até 25 kg, destinado ao combate de princípio de incêndio.

101
 Esguicho - peça metálica destinada a dar forma ao jato d’água.
 Hidrante - é o ponto de tomada de água, provido de dispositivo de manobra
(registro) e união de engate rápido.
 Mangueira - é o condutor flexível destinado a transportar água do hidrante ao
esguicho.
 Registro de manobra - registro destinado à manobra de abertura e fechamento
do hidrante.
 Registro de recalque - dispositivo hidráulico que permite a introdução externa
de água na instalação, deve ser colocado em posiçào que assegure a rápida
identificação e de fácil acesso.
 Reserva de incêndio - é a quantidade de água reservada especialmente para o
combate a incêndio.
 Reservatório - local onde se armazena a água da rede de hidrantes.
 Unidade extintora - capacidade mínima convencionada de agente extintor.

VI.2 .- CLASSIFICAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES

VI.2.1. - CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO RISCO DE INCÊNDIO


Os riscos de incêndio são classificados pela ocupação a que se destina cada edificação
segundo a Tarifa de Resseguro do Brasil.
As edificações são classificados de acordo com sua ocupação numa escala de 1 a 13, e os
riscos são determinados como segue:
 Risco Classe A - risco isolado, cuja classe de ocupação seja de 01 e 02,
excluindo os depósitos.
 Risco Classe B - risco isolado, da classe de ocupação 03 a 06, incluindo os
depósitos das ocupações 01 e 02.
 Risco Classe C - risco isolado, classe de ocupação de 07 a 13.
 Risco Isolado - um imóvel é considerado de risco isolado quando obedecer as
seguintes distância em relação às edificações vizinhas:
4 metros - distância mínima entre paredes sem abertura e de material
incombustível.
6 metros - distância mínima entre paredes com abertura numa delas
e devem ser de materiais incombustíveis.
8 metros - distância mínima entre paredes com abertura em ambas e
devem ser de materiais incombustíveis.

Nota: A via pública entre edificações pode ser considerado suficiente para efeito de isolamento
de riscos.

Outras Noções de Isolamento


Além do conceito de risco isolado numa edificação, o Corpo de Bombeiros fazem outras
exigências quanto a parede corta-fogo, isolamento entre pavimentos e compartimentalização de
áreas muito extensas de uma mesma edificação.

 Parede corta-fogo - A parede é considerada resistente ou corta fogo quando


resistirem a ação do fogo por :

- Risco A - 2 horas
102
- Risco B - 4 horas
- Risco C - 6 horas
 Isolamento entre pavimentos - é considerado isolamento entre pavimentos
quando terem:
- piso de concreto armado de acordo com as normas da
ABNT.
- paredes externas resistentes ao fogo por no mínimo 2
horas.
- afastamento mínimo de 1,20 m entre vergas e peitoris das
aberturas em pavimentos consecutivos.
- as distâncias entre aberturas substituídas por abas
horizontais que avancem pelo menos 1,0 m da face externa
da edificação, solidária com o entre-piso e ser de material
resistente ao fogo de mínimo 2,0 horas.

 Compartimentalização de áreas - as áreas de um mesmo pavimento para serem


consideradas isoladas entre si, deverão obedecer requisitos mínimos como:
- separação entre si por paredes resistente ao fogo por 2,0
horas.
- terem paredes resistente ao fogo por 2,0 horas, isolando-as
das áreas de uso comum.
- terem portas corta-fogo que resistam pelo menos uma hora
e meia.
- terem aberturas situadas em lados opostos das paredes
divisórias entre unidades e afastadas no mínimo de 5,0 m.
- a distância do item anterior poderá ser substituída por uma
aba vertical, perpendicular ao plano das aberturas, com 1,0
m de saliência sobre o mesmo, e ultrapassando 0,60 m a
verga das aberturas.
- terem aberturas situadas em paredes paralelas,
perpendiculares ou obliquas entre si, que pertençam a
unidades autônomas distintas com afastamento mínimo de
5,0 m.

VI.2.2. - CLASSIFICAÇÃO QUANTO A ÁREA CONSTRUÍDA E ALTURA


As edificações são classificadas em quatro:

 Área construída inferior a 750 m2 e altura inferior a 12 m.


 Área construída inferior a 750 m2 e altura superior a 12 m.
 Área construída superior a 750 m2 e altura inferior a 12 m.
 Área construída superior a 750 m2 e altura superior a 12 m.

VI.2.3. - CLASSIFICAÇÃO QUANTO A OCUPAÇÃO

As edificações são classificadas de acordo com sua ocupação e destinação, com segue:

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 uso residencial incluindo apartamentos, conventos e similares.
 uso institucional incluindo escolas, hospitais, clínicas, laboratórios, creches,
sanatórios, asilos e similares.
 uso de escritórios, incluindo agências bancárias, repartições públicas, serviços
de assessoria, de consultoria e similares.
 locais de reunião de públicos incluindo locais de exposições, teatros, cinemas,
auditórios, salas de reunião, salões de festas, bailes, casas noturnas, ginásios
poliesportivos, templos religiosos(igrejas) e similares.
 uso de hotel, motel, flat residencial, apart-hotel, pensão e similares.
 uso industrial incluindo todas atividades com processo industrial e similares.
 uso comercial incluindo lojas, magazines, centros de compras(shoppings
centers), supermercados, restaurantes, bares, lanchonetes, serviços diversos,
oficinas, garagens coletivas(automáticas ou não) e similares.
 depósitos em geral, incluindos centros atacadistas, transportadoras e similares.
 instalações de produção, manipulação, armazenamento ou distribuição de
gases e líquidos combustíveis ou inflamáveis como: a) destilaria, refinaria ou
plataforma de carregamento; b) parques de tanques ou tanques isolados; c)
posto de serviços de abastecimento; d) armazém de produtos acondicionados.

Nota: as ocupações não relacionadas serão classificadas por similaridade.

VI.3. - PROTEÇÃO POR EXTINTORES MANUAIS E SOBRE RODAS.


Toda edificação deve ser protegido por extintores, exceto as residências unifamiliares.

VI.3.1. - EXTINTORES MANUAIS


Uma unidade extintora(UE) tem a capacidade mínima conforme indicado na Tabela 1.

Tab.01 - Capacidade mínima de unidade extintora (UE)


Tipo Capacidade
Espuma 10 l
Água sob pressão 10 l
Gás carbônico 6 kg ou 2 x 4 kg
Pó químico seco 4 kg

Cada UE pode proteger uma determinada área conforme o risco, como indicado na
Tabela 2.

Tab.02 - Área protegida por 1 EU


Risco Área (m2)
A 500
B 300
C 200

A distribuição dos extintores deverá ser equidistante, de forma que o usuário não
necessite percorrer mais que as distância indicadas na Tabela 3, conforme o risco.

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Tab.03 - Distância máxima percorrida pelo usuário
Risco Distância (m)
A 25
B 20
C 15

Cuidados: - a altura da parte superior do extintor não deve ultrapassar 1,80 m.


- deve estar sempre desobstruído.
- não deve ser colocado na escadaria
- deve ficar em locais visíveis e sinalizados
- não deve ficar no piso.

Recomendação: para dimensionamento e distribuição de extintores, além da área máxima de


cobertura por 1 UE e o percurso do operador, cada pavimento deverá ter no
mínimo 2 UE, exceto para edificações de risco A que não sejam escolas,
hospitais ou similares, conforme categoria de incêndio mostrado na Tabela 4.

Tabela 4 - Características dos extintores


Extintor

Categoria de Pó químico seco Espuma Gás carbônico Água sob pressão


Incêndio
Método de Extinção Abafamento Resfriamento / Abafamento Resfriamento
Abafamento
Madeira NÃO; mas controla NÃO; mas controla
Papeis fogos superficiais em SIM pequenos focos SIM
Tecidos fibras têxteis
etc
Óleos
Gasolina SIM SIM SIM NÃO
Tintas
etc
Equipamentos
Elétricos SIM NÃO SIM NÃO

VI.3.2. - EXTINTORES SOBRE RODAS (CARRETAS)


Em edificações classificados com risco C, é obrigatório o uso conjugado de extintores
manuais e sobre rodas. Não podendo proteger a área somente com extintores sobre rodas,
ficando limitado, no máximo 50% da proteção requerida pelo risco. Assim como nos extintores
manuais, deve ficar desobstruídos, sinalizados e posicionados em locais visíveis,
preferencialmente em locais centrais da edificação. O seu uso fica restrito ao pavimento onde se
encontra instalado. Em outros riscos, somente será aceito o uso de extintores sobre rodas se a
edificação permitir facilidade de acesso a todos os pontos. Nas Tabelas 5 e 6 encontram-se as
capacidades dos extintores e as distâncias máximas de percurso.

Tabela 5 - Capacidade mínima dos extintores sobre rodas


Tipo Capacidade
Espuma 75 l
Água sob pressão 75 l
Gás carbônico 25 kg
Pó químico seco 20 kg

105
Tabela 6 - Distância máxima percorrida pelo usuário
Risco Distância (m)
A 32,5
B 30
C 22,5

VI.4. - PROTEÇÃO POR REDE DE HIDRANTES.


O sistema de proteção por rede de hidrantes destina-se a dar combate ao princípio de
incêndio e auxiliar na ação dos bombeiros para deberar o incêndio.

VI.4.1. – HIDRANTE
Os hidrantes podem ser internos ou externos e distribuídos de tal forma que qualquer
ponto da edificação possa ser coberto por jato d’água, considerando-se no máximo 30 m de
mangueira. Devem possuir dispositivos de manobra, registro e engate rápido de 63 mm, ter altura
entre 1 e 1,5 m, estar desobstruídos e sinalizados.
Recomenda-se que um hidrante deve ficar próximo da porta de acesso, a uma distância
máxima de 5,0 m. Em edificação multi-andares, os hidrantes devem ficar próximos da escadaria.
Se a edificação possuir escada enclausurada, devem ser instalados em áreas adjacentes, como
hall, ante-câmaras, etc. O hidrante externo deve ser instalado no mínimo a 15 m de distância da
edificação para garantir alcance do jato d’água de 60 m, caso contrário, o alcance do jato
considerado fica limitado a mesma do hidrante interno, de 30 m.

Nota: Não será exigido a colocação de hidrante em edículas, mezaninos, escritórios de fábricas
em andar superior e zeladorias com áreas inferiores a 200 m2, desde que o hidrante
instalado no pavimento assegure a proteção.

VI.4.2. – CANALIZAÇÃO
As canalizações deverão ter diâmetro mínimo de 63 mm, de material resistente ao calor
como aço galvanizado, ferro fundido ou cobre. Nas redes externas enterra das, pode ser
utilizadas canalizações de cimento amianto e PVC. Deve resistir a uma pressão em torno de 100
mca, valor igual a pressão máxima de recalque de uma bomba de incêndio.
As canalizações deverão ter terminais padronizados pelo Corpo de Bombeiros, com
registro, mangueiras e esguichos com conexões de engate padrão.
Deverá ser previsto um prolongamento da canalização até a entrada principal para
instalação do dispositivo de recalque de 63 mm de diâmetro e vazão de 1000 l/min, no máximo
dois bocais em cada dispositivo e os dispositivos espaçadas de 20 m entre si, quando instalado
mais de um dispositivo de recalque.
Os dispositivos de recalque podem ser de passeio ou de parede. No passeio, o registro de
recalque deverá ficar em caixa de alvenaria de 0,40 x 0,60 m, com a expedição voltada para cima
com profundidade máxima de 0,15 m em relação ao piso, e ter uma tampa metálica com a
inscrição INCÊNDIO. Quando instalada na parede, as dimensões da caixa será a mesma da
utilizada no passeio, com a expedição voltada para a rua e altura entre 0,6 e 1,0 m e ter uma
tampa com inscrição INCÊNDIO.
Em rede de hidrantes alimentada por gravidade recomenda-se não colocar válvula de
retenção no dispositivo de recalque.

VI.4.3. – MANGUEIRA
As mangueiras devem ser revestidas internamente com forro de borracha ou outro
material de acordo com as especificações das normas técnicas. O comprimento máximo das

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mangueiras, o diâmetro e respectivo esguicho serão escolhidos de acordo com a classe de risco
atribuído à edificação. Os valores podem ser observados na Tabela 7.

Tabela 7 - Comprimento e diâmetro da mangueira e respectivo bocal de esguicho


Mangueira Esguicho
Risco Comprimento (m) Diâmetro (mm) Diâmetro (mm)
A 30 38 13
B 30 38 16
C 30 38 16

VI.4.4. – RESERVATÓRIO
O volume mínimo de reservação deverá ser de 5,0 m3. Se a alimentação for por gravidade
ou por “by-pass”, o volume de armazenamento deverá ser feito junto com o reservatório superior
da edificação. Se for por bombeamento ou sob comando, deverá ser armazenado no reservatório
inferio da edificação. O volume armazenado deverá alimentar continuamente os hidrantes em
uso simultâneo em pelo menos 30 minutos.
Para dimensionar o reservatório, ou determinar o volume de reservação necessária para
combate a incêndio, deve-se estimar a pressão e vazão em cada hidrante em funcionamento
simultâneo. Esta estimativa também depende do sistema de alimentação adotado para a rede de
hidrantes instalado na edificação.

VI.4.5. - ESTIMATIVA DE PRESSÃO E VAZÃO


A pressão mínima no ponto mais desfavorável deverá ser de 15 mca para os riscos classe
A e B e de 20 mca para o risco classe C, exceto em edificação predominantemente residencial,
sujeita a proteção por hidrantes, alimentadas pelo reservatório elevado, será permitida pressão
dinâmica mínima de 6 mca, mesmo com sistema “by-pass”, e também em edificações destinadas
a manipulação de combustíveis de todos os tipos e em edificação que substituir os hidrantes por
outro tipo de proteção que produza jato sólido ou neblina, a pressão mínima será de 30 mca para
área coberta e 40 mca para área descoberta.
A pressão mínima residual no hidrante mais desfavorável deverá ser alcançada
considerando o uso simultâneo de hidrantes conforme mostrado na Tabela 8.
Tabela 8 - Número de hidrantes em teste de uso simultâneo
Hidrantes instalados Hidrantes em teste de uso simultâneo
1 1
2a4 2
5a6 3
mais de 6 4

Para efeito de equilíbrio de pressão no ponto de cálculo será admitida a variação máxima
de para mais ou menos 0,5 mca.
Em edificação com mais de 12 andares e/ou 36 m de altura, mão são recomendadas
pressões acima de 100 mca em nenhum dos hidrantes.
A vazão da rede de hidrantes será estimada como sendo a soma das vazões que saem dos
hidrantes em testes de uso simultâneo.
O volume necessário de armazenamento será estimado de acordo com o tamanho da
edificação e do seu tempo de funcionamento, dado pela formula:

V  Q.t
onde:
V - volume de reserva, em litros.

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Q - vazão correspondente ao número de hidrante em funcionamento simultâneo,
em litros/minutos.
t - tempo de funcionamento, em minutos.

O tempo de funcionamento depende da área construída da edificação, como pode ser


conferido pela Tabela 9.

Tabela 9 - Tempo mínimo de funcionamento dos hidrantes em uso simultâneo


Área construída (m2) Tempo de funcionamento (minutos)
até 20.000 30
20.001 a 30.000 45
30.001 a 50.000 60
50.001 a 100.000 90
acima de 100.000 120

VI.5. - DIMENSIONAMENTO DO RESERVATÓRIO, DISTRIBUIÇÃO POR


GRAVIDADE, POR RECALQUE E “BY-PASS”
A rede de hidrantes podem ser alimentadas pelo reservatório elevado por gravidade ou
por “by-pass” ou ainda ser totalmente por recalque, isto é, utilização do sistema de alimentação
sob comando.
A rotina de cálculo, para os três casos são similares, mas exige adaptações pertinentes
para cada caso.
A vazão no bocal do esguicho será determinada utilizando a seguinte equação:

Q  Cd .A. 2.g.H
onde:
Q - vazão, m3/s;
A - área do bocal, m2;
g - aceleração da gravidade, m/s2;
Cd = coeficiente de descarga, 0,95 ~ 0,98;
H = pressão dinâmica mínima no bocal, mca.
As perdas de carga nas canalizações e nas mangueiras serão estimadas pela formula de
Hazen-Williams dada por:
10,641 Q 1,85
J  1.85 . 4,87
C D
onde:
C = coeficiente do material;
D = diâmetro da canalização ou mangueira, m.

Os valores de C para canalização de aço galvanizado e mangueira revestida de borracha


são 100 e 140, respectivamente.

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Exemplo de Dimensionamento

Utilizando o edifício do exemplo dos outros tópicos, um prédio de 8 andares, mais térreo e um
sub-solo.

- Determinação da altura do reservatório elevado, pressão e vazão nos hidrantes mais


desfavoráveis (distribuição por gravidade).

R2
Reservatório Elevado

R1 X
R.G.
R.G.

1,55

1,45

Valvula de Retenç ão
1,90 2,00

A H1
2,80
B
H2
2,80
C H3
2,80
D
H4
2,80
E H5
2,80
F
H6
2,80
G
H7
2,80
H H8
3,50

I
1,60
H9
1,20
J
H10
K

Dis positivo de Rec alque


ou Registro de Calçada
Fig.02 - Esquema isométrico da rede de hidrantes.

- Equação e dados para dimensionamento

- Prédio residencial - Risco classe A,


- Pressão dinâmica mínima = 6 mca.
- Tubo de aço galvanizado de 63 mm de diâmetro, C = 100.
- Mangueira revestida de borracha de 30 m, C = 140.
- Diâmetro do bocal do esguicho = 13 mm.
- Aceleração da gravidade = 9,81 m / s2.

109
- Equação para calculo da vazão no bocal.

Q  Cd .A. 2.g.H (I)


- Equação para cálculo da pressão, H, no bocal.

2
 Q 
 
H   Cd . A 
(II)
2. g

- Equação para o cálculo da perda de carga no tubo e na mangueira.

10,641 Q 1,85
J . (III)
C 1.85 D 4,87

- para o tubo de aço galvanizado de 63 mm.

J = 1493,46 . Q1,85 (IV)

htubo = J . L (V)

- para mangueira de 30 m, a perda de carga total é dada por:

hmang = 2,82x105 . Q1,85 (VI)

- Estimativa do comprimento total da canalização de 63 mm, da coluna de distribuição até o


engate da mangueira para os hidrantes H1, H2 e H3:

comprimento desenvolvido : 2,00 m


comprimento equivalentes
- registro de ângulo : 10,00 m
- redução 63 x 38 mm : 0,40 m
- Tê saída bilateral : 4,16 m
TOTAL (L) :16,56 m

- para o hidrante H4:

comprimento desenvolvido : 2,00 m


comprimento equivalentes
- registro de ângulo :10,00 m
- redução 63 x 38 mm : 0,40 m
- Tê saída lateral :3,43 m
TOTAL (L) :15,83 m

- Estimativa das pressões e vazões

- Cálculo da pressão no ponto A.

PA = PH1 + hmang + htubo

110
a vazão no hidrante H1, pela Equação I, será :

Q  0,98.1,327x10 4 2.9,81.6

Q1 = 1,41x10-3 m3/s ou 1,41 l/s

substituindo o valor nas Equações IV, V e VI, obtém-se os valores:

hmang = 2,82x105 .(1,41x10-3)1,85

hmang = 1,50 m

J = 1493,46 . (1,41x10-3)1,85

J = 0,0080

htubo = 0,0080 . (16,56)

htubo = 0,13 m

PA = 6,00 + 1,50 + 0,13

PA = 7,63 mca

- Cálculo da pressão em B.

PB = PH2 + hmang + htubo

Adotando Q2 = 1,60x10-3 m3/s, e substituindo nas Equações II, IV, V e VI, tem-se:

PH2 = 7,71 mca


hmang = 1,90 mca
htubo = 0,17 mca

PB = 9,78 mca

- Cálculo da pressão em C.

PC = PH3 + hmang + htubo

Adotando Q3 = 1,79x10-3 m3/s:

PH3 = 9,55 mca


hmang = 2,33 mca
htubo = 0,17 mca

PC = 12,19 mca
- Cálculo da pressão em D.

PD = PH4 + hmang + htubo


111
Adotando Q4 = 1,98x10-3 m3/s:

PH4 = 11,82 mca


hmang = 2,81 mca
htubo = 0,25 mca

PD = 14,88 mca

- Verificação das pressões através da coluna de distribuição de 63 mm de diâmetro.

A diferença entre os valores da pressão nos pontos de cálculos deve ser menor que
0,50 mca.

- Comprimento da tubulação

comprimento desenvolvido : 2,80 m


comprimentos equivalentes
- Tê saída bilateral : 4,16 m
TOTAL (L) : 6,96 m

- Pressão em C.

PC = PD - H + htubo

Q = 1,98x10-3 m3/s

PC = 14,88 - 2,80 + 0,10

PC = 12,18 mca ~ 12,19 mca ---> OK!

- Pressão em B.

PB = PC - H + htubo

Q = 3,77x10-3 m3/s

PB = 12,18 - 2,80 + 0,34

PB = 9,72 mca ~ 9,78 mca ---> OK!

- Pressão em A.

PA = PB - H + htubo

Q = 5,37x10-3 m3/s

PA = 9,72 - 2,80 + 0,65

PA = 7,57 mca ~ 7,63 mca  OK!

112
- Determinação da altura do reservatório

A vazão total que sai do reservatório, no teste simultâneo, é de Q = 6,78x10-3 m3/s,


utilizando a Equação IV, acha-se a perda de carga unitária de J = 0,1448 m/m.

O comprimento total pelo esquema apresentado na Figura 5.2, será:

comprimento desenvolvido : (4,90 + X) m


comprimentos equivalentes
- 2 joelhos 90o :4,70 m
- 1 Tê de passagem direta :0,41 m
- 1 registro de gaveta :0,40 m
- 1 entrada normal :0,90 m
- 1 valvula de retenção leve :5,20 m
TOTAL (L) : (16,51 + X) m

- pela manometria, tem-se:

PA = PR2 + H - htubo

7,63 = 0 + (X + 1,90) -(0,1448X + 2,39)

X = 8,12 / 0,8552

X = 9,50 m

Portanto, o fundo do reservatório deverá ficar a 9,50 m acima do barrilete.

- Cálculo do volume da reserva de incêndio

A estimativa da vazão para efeito de armazenamento deve ser feito quando 04 hidrantes
mais favoráveis estiverem em uso ou teste. Portanto, deve-se estimar a vazão dos hidrantes H7,
H8, H9 e H10, pela mesma metodologia de cálculo adotado para os hidrantes mais
desfavoráveis.
O comprimento total da tubulação do trecho K - H10 difere do adotado os outros trechos
pelo uso de um joelho de 90o no lugar de um Tê de saída bilateral, assim o comprimento total
considerado, L = 16,56 m nos demais, passa para L = 14,75 m.

- Cálculo da pressão no ponto G.

Adotando Q7 = 2,10x10-3 m3/s:

PH7 = 13,29 mca


hmang = 3,14 mca
htubo = 0,28 mca

PG = 16,71 mca

- Cálculo da pressão no ponto H.

Adotando Q8 = 2,21x10-3 m3/s:

113
PH8 = 14,72 mca
hmang = 3,45 mca
htubo = 0,30 mca

PH = 18,47 mca

- Cálculo da pressão no ponto I.

Adotando Q9 = 2,34x10-3 m3/s:

PH9 = 16,50 mca


hmang = 3,83 mca
htubo = 0,34 mca

PI = 20,67 mca

- Cálculo da pressão no ponto K.

Adotando Q10 = 2,49x10-3 m3/s:

PH10 = 18,69 mca


hmang = 4,30 mca
htubo = 0,36 mca

PK = 23,35 mca

- Verificação das pressões através da coluna de distribuição de 63 mm de diâmetro

A diferença entre os valores da pressão nos pontos de cálculos deve ser menor que
0,50 mca.

- Comprimento total da tubulação nos trechos considerados é igual a L = 6,96 m, exceto no


trecho K - I, tem-se o acréscimo de um Tê de passagem direta neste trecho, ficando o
comprimento L = 7,37 m.
- Pressão em I.

PI = PK - H + htubo

Q = 2,49x10-3 m3/s

PI = 23,35 - 2,80 + 0,17

PI = 20,72 mca ~ 20,67 mca  OK!

- Pressão em H.

PH = PI - H + htubo

Q = 4,83x10-3 m3/s

PH = 20,72 - 2,80 + 0,54


114
PH = 18,46 mca ~ 18,47 mca  OK!

- Pressão em G.

PG = PH - H + htubo

Q = 7,04x10-3 m3/s

PG = 18,46 - 2,80 + 1,08

PG = 16,74 mca ~ 16,71 mca  OK!

- verificação da pressão no ponto G a partir do reservatório, considerando a vazão total Q =


9,14x10-3 m3/s

comprimento desenvolvido :31,20 m


comprimentos equivalentes
- 2 joelhos 90o :4,70 m
- 7 Tê de passagem direta :2,87 m
- 1 registro de gaveta :0,40 m
- 1 entrada normal : 0,90 m
- 1 valvula de retenção leve : 5,20 m
TOTAL (L) :45,27 m

- pela Equação IV, determina-se J = 0,2523 m/m

PG = H - htubo

PG = 28,20 - (0,2523 . 45,27)

PG = 16,78 ~ 16,74 mca  OK!

Os resultados mostram que o sistema esta equilibrado dentro das especificações do Corpo
de Bombeiros, e finalmente pode-se calcular o volume de armazenamento.

Vol = Q . t = (9,14 . 60) . 30


Vol = 16.452 l
Este volume ocupará uma altura de 2,35 m no reservatório superior, nas dimensões dadas
pelo projeto.

Determinação da altura manométrica do pressurizador do sistema “by-pass”.

No cálculo anterior, o dimensionamento foi realizado para um sistema de abastecimento


da rede por gravidade, sem a preocupação quanto a estética da construção. Como toda edificação
tem limitação quanto a estética do projeto arquitetônico, a rede de hidrantes calculada deverá ser
redimensionada para receber uma bomba de pressurização do sistema tipo “by-pass”.

115
R2
Reservatório Elevado

R1 2,00
R.G.
R.G.
1,41

1,00 1,00 1,55


0,45

BOMBA 1,00
Valvulas de Retenç ão
SIST EMA "BY-PASS"

1,90 2,00

A H1
2,80
B
H2
2,80
C
H3
2,80
D H4
2,80
E H5
2,80
F H6
2,80
G H7
2,80
H H8
3,50

I H9
1,60
1,20
J
H10
K
Valvula de Retenção

Dis positivo de Rec alque


ou Regis tro de Calçada

Fig.03 - Esquema isométrico da rede de hidrantes com sistema “by-pass”.


Como o fundo do reservatório fica 2,00 m acima do barrilete, como mostrado no esquema
da figura 3. Para o dimensionamento do conjunto pressurizador, é necessário conhecer o valor da
carga a ser acrescida para adequar às recomendações do Corpo de Bombeiros.

- Cálculo do comprimento total do sistema “by-pass” até o ponto A.

comprimento desenvolvido 10,31 m


comprimentos equivalentes
- 3 joelhos 90o 7,05 m
- 2 Tê de passagem direta 0,82 m
- 1 Tê de passagem lateral 3,43 m
- 3 registro de gaveta 1,20 m
- 1 entrada normal 0,90 m
- 1 válvula de retenção leve 5,20 m
TOTAL (L) 28,91 m

116
- Equacionando o esquema para Q = 6,78x10-3 m3/s e J = 1493,46 . Q1,85, tem-se:

PA = PR2 + H - htubo

- J = 0,1448 m/m.

htubo = J . L

htubo = 0,1448 . (28,91)

7,63 = 0 + Hm + 3,90 -4,19

Hm = 7,92 m

- com posse do valor de Q e Hm, estima-se a potência do pressurizador.

Pot = . Q . Hm

Pot = 9806 . 6,78x10-3 . 7,92

Pot = 527 W  ou 0,7 cv

- Recomenda-se o uso de um conjunto de 1 cv de potência.

SUGESTÕES

a) Procurar em catálogos de fabricantes de bomba, um conjunto apropriado em termos de vazão


e pressão, recalculando as novas vazões, pressões e volume de armazenamento par o conjunto
adotado.
b) Indicar, através de cálculos, em quantos pavimentos haverá necessidade de colocar botão de
comando de acionamento do pressurizador.
c) Dimensionar a rede de hidrantes somente por recalque, quando a reserva de incêndio é no
reservatório inferior.

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