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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA


Rod. Washington Luís, Km 235
13565-905 – São Carlos – SP
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e-mail: ppgeciv@ufscar.br site: www.ppgeciv.ufscar.br

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTRUTURAS E


CONSTRUÇÃO CIVIL

RELATÓRIO

MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS

BCO UFSCAR

CIV 284 – Avaliação de Estruturas em Concreto Armado

Profª Drª Fernanda Giannotti

Ary Rodrigues Alves Netto

São Carlos, 2015


1 INTRODUÇÃO

O presente laudo técnico estrutural foi solicitado pela Profª Drª Fernanda
Giannotti e elaborado pelo Engº Civil Ary Rodrigues Alves Netto, em atendimento
ao disposto na ementa da disciplina CIV 284 – Avaliação em Estruturas de
Concreto Armado.
Este trabalho caracteriza-se pela inspeção predial edificação, tendo como
escopo um diagnóstico geral sobre a estrutura da Biblioteca Comunitária da
Universidade Federal de São Carlos, campus São Carlos, identificando as
manifestações patológicas, por meio de inspeção visual e ensaios, e posterior
prognóstico e indicação de ações corretivas.
Este laudo tem como base o mês de agosto de 2016.

2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

2.1 Identificação

- Edificação: Biblioteca Comunitária da UFSCar;


- Endereço: Rodovia Washington Luis, km 235, São Carlos/SP, CEP:
13565-905

2.2 Realização do Laudo

- Responsável Técnico: Engº Civil Ary Rodrigues Alves Netto

2.3 Data da Vistoria

As vistorias técnicas nas dependências da Biblioteca Comunitária foram


realizadas nos seguintes dias e horários:

- 12 de agosto de 2016 – das 15:00h às 16:00h;


- 19 de agosto de 2016 – das 15:00h às 16:00h;
- 27 de agosto de 2016 – das 10:00h às 12:00h.

2.4 Objeto da inspeção

A Biblioteca Comunitária, Figura 1, é o local onde se encontra o acervo de


livros da Universidade, com acesso ao público durante todos os dias da semana.
O edifício foi entregue em 1994, executado em 6 pavimentos, com um grande
vão livre central. São 9.000 m² de área construída, executada em estrutura de
concreto pré fabricado com vedações em bloco de concreto. A cobertura foi
executada com telhas de concreto e por quatro arcos, também em concreto.

Figura 1: Fachada da Biblioteca Comunitária.

2.5 Macroclima

O edifício está inserido no campus São Carlos UFSCar, localizado na


região oeste do município de São Carlos, Figuras 2 e 3. Conforme a norma NBR
6118, a biblioteca está localizada em meio urbano com classe de agressividade
ambiental II. A umidade relativa do ar, varia de 54% a 72%, e a amplitude térmica
do município é da ordem de 16º.
Figura 2: Localização da Bco em relação ao município de São Carlos.

Figura 3: Relação do entorno com a edificação.

3 DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA

Para a elaboração do presente laudo, foram consultadas as plantas


baixas dos pavimentos da Biblioteca Comunitária, ilustradas por meio das
Figuras 4 a 6, fornecidas pelo Escritório de Desenvolvimento Físico – EDF da
UFSCar.
Figura 4: Planta pavimentos 1 e 2.

Figura 5: Planta pavimentos 3 e 4.


Figura 6: Planta pavimentos 5 e 6.

4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Primeiramente foi realizada a inspeção visual do local, de forma


minuciosa, com o intuito de localizar e identificar as manifestações patológicas
na estrutura do edifício. Esta inspeção foi realizada tanto internamente quanto
externamente, quando este engenheiro teve acesso à cobertura do edifício. Após
a primeira vistoria e anotação das ocorrências, passou-se a análise das plantas
fornecidas, para melhor entendimento das possíveis causas das manifestações
patológicas encontradas no local. Então, foram realizadas mais duas visitas ao
local, de forma a confrontar as informações do projeto com a situação no local.
Após estas visitas ao local, foram marcadas duas reuniões com o
engenheiro responsável pelo setor de manutenção do campus, Engº Jhonny
Soares de Carvalho, onde também esteve presente a arquiteta do EDF, Raquel
Jannuzzi Cunha. Nessas reuniões foram esclarecidos quando as ocorrências
foram notificadas e os procedimentos já adotados como correção das
manifestações patológicas presentes no local.
Com essas informações, foram selecionados os ensaios a serem
realizados para a exata averiguação do estado de conservação da estrutura e
quais as ações corretivas que deverão ser adotadas para a correção das
manifestações patológicas encontradas.

5 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS

Após a inspeção visual foram identificadas as seguintes manifestações


patológicas, descritas a seguir.

5.1 Eflorescência

São depósitos normalmente brancos que se formam sobre a superfície do


concreto, alterando a estética dos acabamentos. As eflorescências se formam
pela dissolução, ocasionada pelas águas de infiltrações, dos sais (hidróxido de
cálcio/ principalmente) do cimento e cal. Quando a água evapora, deposita estes
sais na superfície. A ocorrência de eflorescência varia conforme a quantidade de
água; tempo de contato entre a água e a estrutura; a elevação de temperatura;
e porosidade do material.
Na cobertura, mais precisamente nas estruturas de casca, Figura 7, esta
manifestação patológica é decorrente de fissura existente entre a peça destinada
a coleta de águas pluviais (“calha”) e a estrutura da casca, como pode ser visto
por meio das Figuras 8 a 12. Fissuras são aberturas que afetam a superfície do
elemento estrutural tornando-se um caminho rápido para a entrada de agentes
agressivos à estrutura. Neste caso as fissuras tiveram sua origem devido a
variação da temperatura. A variação de temperatura pode causar variações
dimensionais no concreto, de modo que, se a estrutura for impedida de se
movimentar, essa variação térmica gerará trincas devido às tensões elevadas.
Figura 7: Estrutura em casca da cobertura.

Figura 8: Parte externa da ligação entre as duas partes constituintes da cobertura.


Figura 9: Parte interna da estrutura de cobertura.

Figura 10: Parte interna da estrutura de cobertura, mostrando que as fissuras ocorrem em
todas as ligações.
Figura 11: Detalhe da eflorescência.

Figura 12: Eflorescência.

Estas ocorrências geralmente são ocasionadas por falhas na etapa de


projeto, uma vez que o calculista estrutural deve sempre levar em conta a
variação térmica em seus cálculos, seguindo as normas vigentes, como a NBR
6118.
Internamente, esta manifestação patológica ocorre na junção entre as
vigas e pilares que tem contato com o exterior da edificação, Figuras 13 a 15.

Figura 13: Eflorescência na ligação viga/pilar.

Figura 14: Eflorescência no lado oposto do mesmo pilar da figura anterior.


Figura 15: Outro pilar com a manifestação patológica.

Nesses mesmos locais foram fixados, externamente, os coletores


verticais de águas pluviais, conforme mostra a Figura 16. Portanto,
diferentemente da cobertura, essa lixiviação que ocorre no local, é em
decorrência da umidade proveniente da água pluvial, que percola pelo concreto.

Figura 16: Posicionamento do coletor de águas pluviais na face externa do pilar.


5.2 Corrosão

A corrosão é a causa mais frequente da deterioração e redução de


resistência das armaduras do concreto e é também uma das principais causas
da degradação do mesmo; sendo um fenômeno expansivo, a corrosão pode
provocar fissuras e até a desagregação do concreto. No caso das armaduras, as
principais causas da corrosão são a presença do cloreto na sua vizinhança e a
carbonatação do concreto. Já para o concreto são os gases contidos na
atmosfera, as águas puras, ácidas ou marinhas e os compostos fluidos ou
sólidos de natureza orgânica.
Durante a inspeção, foi detectado a corrosão da peça de ligação entre
vigas, conforme Figuras 17 e 18, localizadas na parte interior da biblioteca.
Porém apenas com a inspeção visual não foi possível diagnosticar quais as
possíveis causas para aquela ocorrência, uma vez que o local se encontra
protegido do meio externo. Sendo necessário a remoção do material empregado
na ligação e posterior realização de ensaios.

Figura 17: Corrosão na ligação viga/viga.


Figura 18: Detalhe da corrosão.

6 PROPOSTA DE ENSAIOS

Após a inspeção visual e diagnóstico da estrutura do local, são propostos


alguns ensaios para que seja possível determinar a real situação da estrutura e
posteriormente determinar as ações corretivas à serem executadas. Os ensaios
propostos estão apresentados no Quadro 1, agrupados de acordo com a
manifestação patológica detectada, e após isso, uma breve explicação de cada
um deles.

Quadro 1: Ensaios propostos.

EFLORESCÊNCIA EFLORESCÊNCIA
ENSAIO CORROSÃO
COBERTURA PILAR/VIGA

Pacometria x x

Carbonatação x x

Potencial de corrosão x x

Ultrassom x

Termografia x
Como já mencionado anteriormente, para a corrosão presente na ligação
entre vigas, será necessário uma investigação mais minuciosa, portanto nenhum
ensaio, até o presente momento, foi proposto.

6.1 Pacometria

Ensaio não destrutivo utilizado para determinar a espessura de


cobrimento de concreto das armaduras; localização e quantidade das mesmas.
Para este ensaio não há uma norma brasileira vigente.
Este ensaio se faz necessário para a detecção de armaduras e estimativa
de sua dimensão e orientação, sendo útil na realização de vistorias em peças
estruturais. Para a realização deste ensaio, deve primeiramente limpar a
superfície do local a ser inspecionado e posteriormente deslizar o pacômetro,
equipamento utilizado, em ambos os sentidos da peça, horizontal e vertical, com
a finalidade de se localizar a armadura principal e os estribos.

6.2 Carbonatação

Para a realização do ensaio de frente de carbonatação, com a finalidade


de se determinar a profundidade da carbonatação, expor a armadura utilizando-
se um martelo, por isso este ensaio é considerado semi-destrutivo. Deve-se
então limpar a região, com uma escova seca, retirando os resíduos de pó. Com
um borrifador contendo solução alcoólica de fenolftaleína, molha-se as
superfícies internas e observa-se a sua coloração. A zona carbonatada se
apresentará incolor, e as demais em coloração rosada. Desta forma é possível
medir a profundidade da frente de carbonatação na transição de uma zona para
a outra.

6.3 Potencial de corrosão

A técnica do potencial de corrosão é um dos métodos eletroquímicos mais


utilizados para monitorar e avaliar o comportamento das estruturas de concreto
armado com relação à corrosão de armadura. Este potencial é determinado pela
diferença de potencial existente em virtude da formação de uma pilha de
corrosão, através do eletrodo constituído pelo aço/concreto e o eletrodo de
referência que mantém o potencial estável. Daí, há uma relação entre a
existência de atividade ou passividade no elemento metálico e o potencial obtido,
de maneira que valores mais negativos indicam atividade corrosiva e valores
menos negativos sugerem a passivação do aço.
Para este ensaio semi-destrutivo, deve-se expor a armadura e conectar
um dos eletrodos no ferro, o outro eletrodo é conectado ao eletrodo de
referência, e essa diferença de potencial é medida com a ajuda de um
multímetro.

6.4 Ultrassom

Este ensaio não-destrutivo tem o objetivo de verificar a homogeneidade


(qualidade e uniformidade) do concreto, detectar falhas internas (ninhos e
vazios) e as profundidades das fissuras, e monitorar as variações das
propriedades do concreto. O ultrassom é um método baseado em vibrações
próximas das do som. Detecta descontinuidades internas em materiais,
baseando-se no fenômeno de reflexão de ondas acústicas quando encontram
obstáculos à sua propagação, dentro do material.
O equipamento utilizado, ultrassom, gera pulsos emitidos por um
transdutor posicionado em uma das superfícies da peça estrutural analisada. O
outro transdutor é usado como receptor, para controlar o tempo decorrido entre
a emissão e a recepção. Quanto maior for esse tempo, mais qualidade e
homogeneidade apresentará o concreto

6.5 Termografia

Este ensaio não destrutivo monitora a presença de umidade interna na


estrutura, por meio de imagens termográficas que por um escala colorimétrica
indica a tempera das superfícies. No caso de um local com umidade, a
temperatura aferida será diferente das demais registradas na superfície. Para
este ensaio basta apenas a utilização de um termógrafo.
7 PROGNÓSTICO

Após o diagnóstico estabelecido, e os ensaios propostos, a próxima fase


foi estabelecer o prognóstico da estrutura. Por meio do prognóstico é feito o
levantamento das hipóteses de evolução das manifestações patológicas.
Para a cobertura, caso as fissuras não sejam devidamente tratadas
poderá haver a evolução do tamanho das aberturas, permitindo a passagem de
água e materiais particulados para o interior da edificação, além de aumentar o
processo de lixiviação do concreto. Este processo, tornando-se contínuo pode
acarretar na exposição da armadura e carbonatação do concreto, e
consequentemente causar a corrosão desta armadura. Com essa corrosão,
pode haver o comprometimento da estrutura e seu futuro colapso.
No caso dos pilares e vigas, o prognóstico não seria favorável também,
pois o contato do concreto com a umidade que está percolando pelo seu interior,
pode ocasionar a carbonatação do concreto e corrosão da armadura, que assim
como no caso da cobertura, pode comprometer a estrutura e possibilitar o seu
colapso.

8 AÇÕES CORRETIVAS

Neste último tópico, serão relacionadas as ações corretivas a serem


executadas para que as manifestações patológicas sejam corrigidas.

8.1 Fissuras

Antes de se solucionar as fissuras, deve-se proceder a limpeza do local


para remoção das manchas, eflorescência. Para tanto, deve-se aplicar solução
acida e esfregá-la, até a completa remoção das manchas. Após isso, o
tratamento das fissuras deverá ser feito por meio da injeção de material
aderente, resistente mecânica e quimicamente e flexível, para que o mesmo não
interfira na movimentação da estrutura em decorrência do processo de retração
e dilatação térmica.
Após isso, deverá ser feita a limpeza da parte externa da estrutura de
casca, com a remoção de todo o resíduo e material orgânico, e então proceder
a impermeabilização do local.
No caso dos pilares e vigas, proceder a limpeza das manchas decorrentes
da lixiviação, da mesma maneira anteriormente mencionada. Caso após o
ensaio de potencial de corrosão seja detectado a corrosão da armadura, deve-
se remover o concreto, com limpeza e, às vezes, com a substituição de
armaduras e com recomposição das partes removidas. Como a remoção do
concreto pode fragilizar a estrutura, prejudicando sua estabilidade, qualquer
tratamento somente poderá ser iniciado após uma inspeção e a existência de um
projeto com especificações.
Para o tratamento da armadura corroída deve-se proceder da seguinte
maneira:
- remover todo o concreto contaminado em redor da armadura com
corrosão, com jato d’água ou ferramentas manuais, para não prejudicar ainda
mais a armadura ou sua aderência ao concreto; a remoção deve deixar um
espaço livre, entre armadura e o concreto de 2cm, no mínimo, e ser prolongada
até atingir um comprimento de ancoragem de barra íntegra;
- limpar cuidadosamente as barras corroídas, com escova de aço para
pequenas áreas ou jato d’água e ar para grandes áreas;
- examinar cuidadosamente as barras corroídas e já limpas, para
avaliação da perda da sua capacidade resistente; se a perda for superior a
10%as barras devem ser suplementadas;
- após a remoção de todos os detritos, a armadura tratada e a
suplementar, se esta for necessária, devem ser pintadas com tinta especial anti-
ferruginosa;
- recompor a seção de concreto anteriormente removida;

Após esse tratamento, deve-se ainda impermeabilizar a face externa dos


pilares e vigas e verificar a estanqueidade das tubulações de coleta de águas
pluviais.

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