METROLOGIA-2003 – Metrologia para a Vida
Sociedade Brasileira de Metrologia (SBM)
Setembro 01−05, 2003, Recife, Pernambuco - BRASIL
UMA MANEIRA LÚDICA DE APRENDER METROLOGIA
Gustavo Almeida Gadelha 1, Armando Albertazzi G. Jr 2
1
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Núcleo de Educação à Distância
2
Universidade Federal de Santa Catarina
Resumo: A sensibilização para a metrologia deve se iniciar
muito cedo. Percebendo esta necessidade, o SENAI
desenvolve uma nova proposta para o ensino da metrologia
para um público jovem. Este artigo apresenta os principais
elementos de uma nova proposta de ambiente multimídia
concebido para propiciar o aprendizado da metrologia de
uma forma lúdica e prazerosa. Uma estória é usada como fio
condutor que leva à descoberta gradativa da importância e
da presença da metrologia em vários aspectos do nosso dia-
a-dia de uma forma natural e prazerosa. A concepção dos
ambientes, a estruturação e o encadeamento dos conteúdos
de metrologia foram concebidos com base em um cuidadoso
planejamento pedagógico de forma a oferecer ao aprendiz
uma oportunidade de absorver e aplicar conhecimentos e
desenvolver habilidades de forma natural.
Palavras chave: Ensino da Metrologia, Educação e
comunicação, Produção de conhecimento, Tecnologia para
educação, Sociedade do conhecimento, Ludicidade e
criatividade.
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O projeto “Metrologia Básica – Conceitos e aplicações: uma
abordagem sistêmica para a inserção nos cursos do SENAI”,
que vem sendo desenvolvido sob a coordenação do SENAI-
Departamento Nacional, contando com as parcerias do
CETIQT-RJ, NEAD-BA e dos Departamentos Regionais da
BA, PE, RJ, RS e SP, consiste numa série de recursos
multimídia a serem desenvolvidos para utilização pelo corpo
docente e discente do SENAI, como mais um elemento
didático provocador da produção de conhecimento.
Este projeto propõe incitar as Unidades do SENAI a irem
além dos seus muros, de criarem “pontes” entre os
conteúdos estudados, as competências desenvolvidas e o
mundo do trabalho. A intenção é tornar alunos e docentes
pessoas mais conscientes do seu papel como cidadãos e
profissionais. A realização do projeto passa pela emergência
de um novo e amplo entendimento do estudo da Metrologia
a ser incorporado pela Educação Profissional.
O presente artigo aborda o desenvolvimento do recurso
multimídia “Beto, o Ás do Skate. – Fundamentos da
Metrologia”, parte componente da série de recursos
multimídia referente ao Projeto Metrologia Básica:
Conceitos e Aplicações – uma abordagem sistêmica para a
sua inserção nos cursos do SENAI.
2. A TECNOLOGIA DA EDUCAÇÃO A SERVIÇO DA
EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA
A avaliação da realidade das salas de aula freqüentemente
revela um quadro frio e desumano, onde a criatividade e a
ludicidade são trocadas por disciplina, organização,
objetividade. Este quadro é resultante de argumentações que
propõem uma educação dentro de um contexto científico
positivista demais, em que o ser humano é apenas mais uma
peça de toda engrenagem. A tecnologia discutida neste
universo é mais uma peça, encarada como elitista e
robotizante, reflexo dos excessos de toda filosofia
positivista, que busca formar mais máquinas que homens;
ou, a tecnologia fornece uma explosão de sensações
narcotizantes, voltada somente para diversão, incapaz de
gerar reflexão e produção de conhecimento, logo, um
instrumento dispersivo que não auxilia, e atrapalha, a
efetividade dos sistemas educacionais.
Este contexto da educação precisa ser revisto, não só devido
aos problemas que a própria educação vem enfrentando
bombardeada e responsabilizada de todos os lados, por
fatores econômicos, sociais, políticos, dentre outros. Os
efeitos do desenvolvimento das novas tecnologias de
comunicação incidem diretamente sobre a educação, que
nunca deixou de ser também, um espaço de comunicação.
Estes espaços de educação, que também comunicam, após
tamanha evolução instrumental e conceitual, continuam os
mesmos. Se ainda considerarmos que todos os espaços onde
o homem se insere e se relaciona com outros homens são
espaços de comunicação, e que esta comunicação faz uso de
tecnologias configuradoras dos ambientes e da própria
experiência humana, percebe-se que o potencial das
transformações resultante destas experiências de
comunicação é educacional, e a comunicação educa.
Ao lado das salas de aula, por todos os ambientes por onde
passamos, as novas tecnologias de comunicação são
atuantes, nossos sentidos por elas são provocados e reagem
de maneira imediata, não por outro motivo, as sensações
provenientes destes ambientes e tecnologias nos causam
prazer. O prazer ainda é estranho ao fazer educacional,
mesmo após vários esforços contrários. Os caminhos que
levam à aprendizagem efetiva ainda estão associados a dor,
ao sofrimento.
As dificuldades intrínsecas da descoberta do mundo não
podem ser encaradas pelo prisma da dor somente, o prazer
de enxergar o mundo que se constrói frente às descobertas
que se faz é realizador da vida, justifica a existência. A
educação que abre as portas da sala de aula para as novas
tecnologias de comunicação, espera sair pela porta e ganhar
todos os espaços onde a comunicação acontece em
sociedade, ampliando sua ação ainda mais, gerando reflexão
crítica e produzindo conhecimento. Esta educação não nega
o prazer de aprender, nem o potencial educacional das novas
tecnologias de comunicação.
Esta revisão da ação educacional traz consigo também a
necessidade de rever como as novas tecnologias,
principalmente de comunicação, estão sendo utilizadas em
sociedade. Ao configurarem os ambientes por onde
passamos, modificando nossas experiências de vida, as
tecnologias incitam a produção de conhecimento sem juízo
de valor (em nossa opinião algo impossível!), ou com um
juízo de valor específico, obediente ao posicionamento
político daquele que a comanda e constrói. As novas
tecnologias de comunicação que obedecem à lógica de
mercado preparam um homem que sempre acrítico, consome
sem reclamar.
Esta proposta de educação pula os muros da escola e ganha
todos os ambientes, sugerindo a assunção da
responsabilidade por todos com a utilização e a construção
das novas tecnologias. Não são as tecnologias que ao
configurarem ambientes e a experiência humana educam, até
porque por detrás desta tecnologia existe um homem, um
grupo, uma corporação, ou um país com interesses próprios,
muitas vezes diferentes dos nossos. A educação que resulta
deste processo é difícil de ser notada, muitas vezes é
confundida com uma comunicação fria, apolítica, ou com a
suposta idéia de uma tecnologia neutra e sem vontades;
porém, esta educação acontece e é reprodutora das
condições que estes homens precisam para continuar
exercendo seu poder.
Não são alguns poucos homens e suas tecnologias que
devem nos dizer como será a educação. Nem mais podemos
permitir que toda sociedade continue a mercê destas
tecnologias acriticamente, desapercebidos do potencial
educador que elas possuem e exercem: com o fim de evitar a
educação para reprodução social, nós a distanciamos da sala
de aula. Neste conflito, a educação sempre perde pois
esquece-se de um detalhe: as novas tecnologias de
comunicação são incitadoras do prazer. A educação que
rejeita a tecnologia, rejeita também o prazer de aprender e
de modificar a vida.
Ao invés de pensar na educação que rejeita a tecnologia,
permitindo à tecnologia a configuração dos espaços onde a
educação acontece acriticamente, educando sem
responsabilidade, é possível pensar na tecnologia que amplia
e abrilhanta a ação educacional, estando a serviço da
educação como mais um fator de estímulo e provocação.
Este trabalho apresenta uma proposta de inserção das novas
tecnologias de comunicação na educação, pensando não
somente na sala de aula, mas no processo educacional como
um todo. No que concerne à aprendizagem presencial
servindo como elemento didático, permitindo a produção
coletiva, fornecendo novas maneiras de incitar a
participação e cooperação entre professor e aluno, além de
acionar outros estímulos e prazeres há muito esquecidos,
que devem fazer do momento educacional, um momento de
dificuldade e realização. Já no caso da aprendizagem à
distância, um fator fundamental para acompanhamento do
desenvolvimento do aluno, um apoio para avaliação e auto-
avaliação de questões como comprometimento, organização,
além das novas possibilidades de estudo individual e
independente que devem-se tornar atividades mais lúdicas,
numa proposta de leitura mais amena dos conteúdos.
O CD “Beto, o Ás do Skate. – Fundamentos da Metrologia”
conta a estória de Beto, um ás do skate, garoto fascinado por
esportes radicais que numa manobra mais arriscada, quebra
o eixo de seu skate. Inquieto por conta deste acidente que o
impede de se divertir, busca soluções para consertar o eixo.
Entretanto, para consertar seu eixo, Beto precisa da
metrologia, ciência das medições. Conhecer a metrologia
torna-se seu maior desafio, a única maneira de obter seu
skate consertado de volta.
Assumindo uma forma diferenciada de pensar a utilização
das novas tecnologias de comunicação nas salas de aula, este
CD é uma proposta educacional que busca agregar mais
prazer, reflexão e cooperação aos momentos coletivos
presenciais, além de diminuir a dificuldade do estudo
solitário e independente, por meio de multimídias mais
lúdicas e desafiadoras.
3. ASPECTOS PEDAGÓGICOS
Os aspectos pedagógicos que nortearam o desenvolvimento
deste projeto abordam as questões referentes ao currículo de
metrologia, como ciência configuradora da cultura de seu
tempo; questões gerais sobre educação, incontornáveis
quando se discute qualquer proposta educacional na
atualidade; e por fim, o papel do SENAI como instituição
educacional formadora para o trabalho e responsável pela
preparação do homem frente a sociedade do conhecimento.
No que concerne ao currículo de metrologia, vale apresentar
algumas das reflexões direcionadoras de todo planejamento
deste projeto, sem os quais não se atingiria com
responsabilidade os objetivos propostos.
Para a abordagem do tema metrologia neste CD,
inicialmente viu-se necessária a construção de uma estrutura
curricular, com base em objetivos e conteúdos planejados,
tendo em vista a discussão e a formação do senso crítico
sobre como a metrologia se insere no cotidiano das vidas de
alunos e docentes; além destes conhecimentos principais,
vale ressaltar a importância de uma base complementar de
conhecimentos facilitadores, temas transversais propositores
da tomada de consciência do sujeito frente às necessidades
presentes do seu cotidiano, requisitadores de uma postura
integradora, interdisciplinar e de entendimento das
responsabilidades sociais e profissionais que fazem parte da
cidadania.
Esta proposta não consiste na passagem descontextualizada
de conhecimentos metrológicos, mas no entendimento
crítico da metrologia que está inserida no cotidiano,
configurando a cultura presente e modificando a experiência
humana; esta proposta de educação visa uma
formação/capacitação que enxergue e faça uso desta cultura
de metrologia, desenvolvendo a autonomia, pesquisa e
produção de conhecimento.
Este cotidiano onde o indivíduo se insere, deixa de ser um
reflexo mecanizado do mundo do trabalho, estabelecido
segundo relações de interesse voltadas para produtividade,
resultante de uma educação que preparava mais máquinas
que homens. O advento de novas tecnologias, da
microinformática, enfim, toda revolução eletrônica, ampliou
a ação tecnológica humana e retirou o homem das linhas de
produção, deixando o trabalho braçal para máquina; o
resultado disso é que, ao homem, coube o entendimento de
sua ação centrada na sua capacidade produtiva de
conhecimento, configurando o que hoje chamamos de
sociedade do conhecimento. A metrologia insere-se neste
contexto como parte da cultura que não passa despercebida,
pois configura e transforma a realidade; entende-se o estudo
da metrologia como elemento integrador do homem na
sociedade do conhecimento.
Entendendo a metrologia como um elemento da cultura do
homem na sociedade do conhecimento, a educação é a
responsável pela formação/capacitação do homem crítico
frente a todos os elementos desta cultura que se apresenta.
A educação que hoje é realizada divide o conhecimento em
diversos campos já consolidados, definidores do currículo
como é conhecido hoje: biologia, história, matemática, entre
outros. Esta é uma visão não integrada do conhecimento,
que tem como resultado uma visão fragmentada, onde as
áreas possuem fronteiras que as separa e limita, o que não é
condizente com a maneira como concebe-se a produção
numa sociedade do conhecimento. O tema metrologia
reforça a revisão desta idéia de conhecimento separado,
fragmentado, descontextualizado, pois transita por todas as
áreas do conhecimento científico sistêmica e
significativamente.
Além desta questão, outras também foram discutidas e
compiladas num conjunto de pressupostos pedagógicos que
servem como fios condutores da elaboração deste projeto:
o Recomenda-se o entendimento de que aprende-se sob
muitas e variadas formas, em diversos ambientes
relacionais, em tempos, contextos, bases e conteúdos
diversos.
o Sugere-se que o recurso didático seja elaborado de
forma que o usuário possa interagir com ele,
estabelecendo uma relação dialógica.
o Enfatizem-se, na elaboração do recurso didático, os
princípios de contextualização e de provisoriedade do
conhecimento.
o Definam-se competências a serem desenvolvidas
considerando objetivos sistematizados, de caráter geral
e específico, levando em conta os conteúdos previstos.
Após todas estas reflexões referentes ao campo curricular da
metrologia e aos pressupostos pedagógicos do projeto, vale
apresentar os parâmetros discutidos que refletem de alguma
maneira a proposta formativa do SENAI para sociedade e
para o mundo do trabalho:
o Contribuir para que os docentes do SENAI participem
de um amplo processo de discussão sobre a indústria no
Brasil e no mundo, sobre os objetivos institucionais,
formação de profissionais e a importância do
desenvolvimento do conceito de qualidade como
formador de cidadania e de orgulho profissional.
o Compreender a essência da metrologia como ciência
capaz de obter informações confiáveis na presença das
imperfeições do mundo real.
o Compreender a questão metrológica e sua motivação no
ambiente de produção e de comércio.
o Apresentar as grandes cadeias produtivas e suas áreas
de interesse metrológico, visando contribuir para o
desenvolvimento, no aluno, do interesse em produzir
com qualidade.
o Assimilar o método matemático contido na metrologia
como elemento fundamental das habilidades básicas.
o Estimular comportamentos adequados aos ambientes de
produção e de laboratórios.
o Desenvolver o conceito de saúde e segurança no
trabalho a partir de aspectos ambientais, hoje
entendidos como mensuráveis, portanto elementos de
gestão.
o Perceber que a preservação ambiental é avaliada por
métodos metrológicos.
o Estimular o hábito de estudo e pesquisa, e de
desenvolvimento da criatividade e pró-atividade, no
uso do conhecimento metrológico nos ambientes
industriais, essenciais para as habilidades de gestão.
o Utilizar a cultura metrológica para desenvolver
comportamento colaborativo e do trabalho em grupo,
assim contribuindo para as habilidades de gestão;
o Desenvolver o hábito de leitura de manuais e normas e
o cuidado com o ambiente de trabalho;
o Compreender, em linhas gerais, a importância da
Metrologia na informatização que permite a automação
industrial.
O SENAI, enquanto instituição com mais de sessenta anos
de tradição na educação para o trabalho, compromete-se
neste projeto a uma formação mais ampla, entendendo que a
formação para o trabalho resulta da formação integral do
homem social. A seleção da área da metrologia é de caráter
estratégico, por ser fundamental para a indústria o controle e
a medição de indicadores de qualidade dos processos,
parâmetros indispensáveis para uma política competitiva no
mercado.
Este projeto alinha-se com as propostas mais arrojadas e
atualizadas na educação hoje, bem como com uma visão da
metrologia voltada para realidade da sociedade do
conhecimento. O Senai busca com mais esta ação
educacional firmar-se como uma instituição fundamental
para formação da mão de obra produtora de conhecimento
para o presente e o futuro da indústria brasileira.
4. OBJETIVOS
Como resultado de um trabalho consensuado, o Projeto tem
como objetivo desenvolver conteúdos e metodologias que
sustentem a inserção do tema metrologia nos cursos do
SENAI visando:
o Contribuir para uma visão holística do processo
industrial, em especial nos seus aspectos de organização
em cadeias produtivas e de internacionalização da
produção.
o Favorecer a compreensão da sua importância como
elemento central da qualidade industrial, conectando-a
com os valores exigidos pelo estudante no exercício do
seu papel de profissional – cidadão.
o Preparar o profissional para o uso do conhecimento
multidisciplinar que caracteriza a temática Metrologia e
suas aplicações.
Para o contexto deste artigo, a meta do projeto que será
tomada como referência é o desenvolvimento de um produto
didático inovador, um CD-ROM sobre Metrologia, que
integre diferentes mídias e técnicas aplicadas à educação,
para ser utilizado por docentes e discentes da Educação
Profissional, atingindo os três objetivos supra-citados.
5. O ÁS DO SKATE
Um ambiente multimídia, repleto de oportunidades para
aprender e vivenciar a metrologia, é criado em torno da
estória de Beto, garoto fascinado por esportes radicais que,
numa manobra mais arriscada, quebra o eixo de seu skate.
Inquieto por conta deste acidente que o impede de se
divertir, busca soluções para consertar o eixo. Entretanto,
para consertar seu eixo, Beto descobre que precisa da
metrologia, ciência das medições. Conhecer a metrologia
torna-se seu maior desafio, a única maneira de obter seu
skate consertado de volta. Na trajetória da busca deste
conhecimento, Beto descobre a presença da metrologia em
toda parte e torna-se progressivamente fascinado pela
metrologia.
Para entender a metrologia, Beto precisa explorar a cidade
onde vive, seus ambientes e personagens, contando para seu
auxílio, com alguns recursos simples, que o instruem e
direcionam quando necessário. A descoberta do
conhecimento de metrologia na cidade se confunde com a
descoberta de onde e como o conhecimento se apresenta,
pois tudo remete a alguma reflexão onde a metrologia é
núcleo fundamental.
A solução do problema de Beto vai sendo apresentada na
cidade disposta em ambientes e personagens com os quais
Beto pode interagir.
Os personagens podem indicar uma visita a um ambiente ou
apenas discutir, segundo várias óticas possíveis, um tema
transversal que de alguma maneira será relacionado a
metrologia. Os ambientes podem ser de dois tipos:
ambientes onde um trecho da história acontece, uma
atividade surge como desafio e uma chave lhe é fornecida
em resultado; e ambientes de caráter genérico, sem partes da
história, mas inseridos no contexto de maneira
complementar.
Os ambientes propostos são todos ilustrados com
instrumentos que suscitem intuitivamente uma proposta de
interatividade, sendo esta a maneira pela qual se dará a
navegação pelo conhecimento. Ao clicar num instrumento
de um ambiente, será oferecida ao usuário que assume o
papel de Beto, uma janela onde parte do conteúdo é
apresentado. Para cada uma destas partes de conteúdo, uma
pequena avaliação permite verificar de que maneira os
conhecimentos puderam ser entendidos, se vale ou não o
esforço de uma revisão, lembrando que ali o conteúdo não
se esgota, estando sempre disponível, indefinidamente.
Os recursos de Beto estão todos dentro de sua mochila,
acessíveis a qualquer momento:
o Uma bússola, indicadora dos vários caminhos que pode
tomar por vez, servindo como um mapa de
possibilidades.
o Um celular, onde personagens podem requisitar falar
com ele, ou mesmo o sistema pode manter contato
fornecendo alguma orientação.
o Um robô professor que lhe fornece os parâmetros
educacionais com os quais toda a cidade pôde ser
construída.
o Um caderno de anotações, onde Beto pode inserir o que
pensa, enviando por email ou salvando em disquete para
posterior reflexão e avaliação; entre outros.
A trajetória de descobrimento da metrologia ao percorrer a linearidade proposta, ou podem discutir, segundo várias
cidade não é única. O conteúdo e os ambientes são óticas possíveis, um tema transversal que de alguma maneira
estruturados de forma que várias seqüências e alternativas será relacionado a metrologia. A cada novo ambiente
são possíveis. O aprendiz vai, aos poucos, construindo sua visitado, novos personagens surgem.
estória. Quando convenientes, pré-requisitos de
conhecimento são impostos pela necessidade de responder
corretamente atividades de verificação de conhecimento
para conquistar uma “chave” que dará acesso a outros 6. CONCLUSÕES
ambientes da cidade.
Este trabalho apresenta uma nova proposta de ambiente
A qualquer momento, e de qualquer ambiente da cidade, multimídia concebido para propiciar o aprendizado da
professores e aprendizes têm acesso ao conteúdo de metrologia de uma forma lúdica e prazerosa. Foi concebido
metrologia apresentado da maneira tradicional. Um texto para inserir o conteúdo de metrologia nos cursos técnicos do
técnico, concebido em linguagem acessível, complementa os SENAI em um público jovem.
instrumentos disponibilizados para os alunos.
O uso de uma estória como o fio condutor leva à descoberta
O fluxograma da figura 1 representa as principais relações gradativa da importância e da presença da metrologia em
entre ambientes e personagens. Todos estão em uma cidade vários aspectos do nosso dia-a-dia de uma forma natural e
onde a estória de Beto acontece. prazerosa. A identificação do aprendiz com o personagem
central da trama cria uma empatia e cumplicidade que o
Na etapa inicial, Beto estará na cidade, mas não terá acesso
envolve na busca pela solução do problema no skate, que só
a todos os ambientes. Apenas alguns ambientes estariam
é possível pela metrologia. A concepção dos ambientes, a
disponíveis, caracterizando o acesso ao conhecimento
hierarquizado, por nível de complexidade. Além disso, a estruturação e o encadeamento dos conteúdos de metrologia
própria história de Beto se dá por partes, e precisa de um foram concebidos com base em um cuidadoso planejamento
pedagógico de forma a oferecer ao aprendiz uma
nível de linearidade, garantida desta forma neste modelo.
oportunidade de absorver e aplicar conhecimentos e
Alguns ambientes são acessíveis desde o início do desenvolver habilidades de forma natural.
programa, pois possuem um conteúdo complementar é o
caso do Museu, Biblioteca e Praça. Os demais são Este CD estará disponível no sistema SENAI a partir do
acessíveis linearmente, a começar pela Oficina, seguindo a início de 2004.
Casa onde Beto mora, o Observatório Astronômico, o
Laboratório de calibração, uma unidade do Inmetro, a
Fábrica de skates, a Loja de skates, e Escola do Senai.
Estes ambientes de acesso linear propõem aos usuários do
sistema desafios, e na medida que estes desafios são REFERÊNCIAS
superados, são fornecidas partes de chaves para acesso aos [1] SENAI.DN. Metrologia Básica:Conceitos e aplicações: uma
outros ambientes no próximo nível hierárquico. As partes de abordagem sistêmica para a inserção nos cursos do SENAI.
chaves fornecidas em dois ambientes anteriores juntam-se Brasília, 2003. Em elaboração.
umas as outras formando a chave do ambiente seguinte. [2] SENAI.NEAD. Roteiro: “Beto, o Ás do Skate. – Fundamentos
A Praça é o ambiente inicial onde o skate quebra e por onde da Metrologia”. Salvador, 2003. Em elaboração.
circulam alguns personagens. Beto vai à Oficina onde mede
o eixo quebrado e é fabricado um novo que não encaixa. Na
oficina aprende sobre instrumentos de medição e se depara Autores:
com o erro de medição. Ao visitar o Museu Beto aprende 1, Coordenador da Equipe de Criação e Design Educacional do
sobre a história da metrologia. Na Casa onde mora, reflete Núcleo de Educação à Distância (NEAD) do Serviço Nacional de
sobre o quanto a metrologia está presente em sua vida. Ao Aprendizagem Industrial (SENAI), Salvador, BA, Brasil,
visitar o Observatório Astronômico aprende sobre as gadelhag@cetind.fieb.org.br
unidades de medida e o sistema internacional de unidades. 2, Professor do Programa de Metrologia Científica e Industrial da
Visita um Laboratório de calibração onde aprende sobre a Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil,
importância e as técnicas de calibração. Na Fábrica de albertazzi@labmetro.ufsc.br.
skates aprende sobre o uso da metrologia para garantia da
qualidade de processos e produtos. Na unidade do Inmetro
aprende sobre a metrologia legal e a estrutura da metrologia
no Brasil. Na escola do Senai participa de uma exposição na
qual conhece os vários outros instrumentos de medição. Na
Biblioteca, que está sempre acessível, encontrará os textos
completos sobre metrologia com os quais poderá aprofundar
seus conhecimentos.
Os personagens que transitam pela cidade podem ser
indicadores dos próximos ambientes a serem visitados na
 Cidade

Museu Oficina Biblioteca Praça

Museu Casa Biblioteca Observatório Praça

astronômico

Museu Laboratório Biblioteca INMETRO Praça

Museu Fábrica Biblioteca Loja Praça

LEGENDA:
Escola Senai

ambiente

Parte de uma
chave

chave

personagem

Figura 1 – Possíveis trajetórias de navegação pelo sistema e suas inter-relações.