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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA-UDESC

CENTRO DE CIÊNCIAS AGROVETERINÁRIAS-CAV

PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS


DEPARTAMENTO DE SOLOS E RECURSOS NATURAIS

MÉTODOS DE ANÁLISES FÍSICAS DO SOLO

Rodrigo Vieira Luciano


Jackson Adriano Albuquerque
Patricia Pértile

Lages/SC

2010
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 4
1.1. Preparo das amostras .............................................................................................................. 4

2. CARBONO ORGÂNICO ..................................................................................................... 5


2.1. Determinação do teor de carbono orgânico ............................................................................. 5
2.1.1. Método Tedesco (1995) .......................................................................................................... 5
2.2. Oxidação da matéria orgânica ................................................................................................. 6
2.2.1. Método via úmido simplificado (Albuquerque, 2008) ............................................................. 6

3. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA....................................................................................... 7
3.1. Método da Pipeta - Day (1965) e Gee & Bauder (1986) .......................................................... 7
3.1.1. Exemplo dos cálculos do método da pipeta ............................................................................. 9
3.2. Método do Densímetro (Hidrômetro de Bouyoucos) “Simplificado” ..................................... 10
3.2.1. Exemplo dos cálculos do Método do Densímetro Simplificado ............................................. 11
3.3. Método do Densímetro (Hidrômetro de Bouyoucos) ............................................................. 12
3.3.1. Exemplo dos cálculos do método do densímetro (fração areia determinada pelo densímetro). 13
3.4. Grau de Floculação ............................................................................................................... 13

4. DISTRIBUIÇÃO DO TAMANHO E ESTABILIDADE De AGREGADOS ESTÁVEIS


EM ÁGUA .......................................................................................................................... 14
4.1. Método por Via Úmida Padrão (Kemper, W. D. & Chepil, W. S., 1965) ............................... 14
4.1.1. Exemplo dos cálculos do método por via úmida padrão (Kemper, W. D. & Chepil, W. S.,
1965) .................................................................................................................................... 15
4.2. Método por Via Úmida 2 (Kemper, W D. & Rosenau, R. C., 1986)....................................... 17
4.2.1. Exemplo dos cálculos do método por via úmida 2 - (Kemper, W.D. & Rosenau, R.C., 1986) 18

5. DENSIDADE DE PARTÍCULAS (REAL) ........................................................................ 19


5.1. Método do balão volumétrico modificado (Gubiane et al., 2000)........................................... 19
5.1.1. Exemplo dos cálculos do método do balão volumétrico modificado (Gubiane et al., 2000) .... 19
5.2. Método do balão volumétrico (Embrapa, 1997)..................................................................... 20
5.2.1. Exemplo do cálculo do método do balão volumétrico (Embrapa, 1997) ................................. 20

6. DENSIDADE DO SOLO (APARENTE) ........................................................................... 21


6.1. Método do anel volumétrico ................................................................................................. 21
6.1.1. Exemplo de cálculo do método do anel volumétrico .............................................................. 21

7. UMIDADE ATUAL............................................................................................................ 22
7.1. Umidade Gravimétrica.......................................................................................................... 22
7.1.1. Exemplo de cálculo da umidade gravimétrica ....................................................................... 22

2
7.2. Umidade Volumétrica ........................................................................................................... 22
7.2.1. Exemplo de cálculo da umidade volumétrica ........................................................................ 23

8. POROSIDADE ................................................................................................................... 24
8.1. Porosidade do solo................................................................................................................ 24
8.1.1. Exemplo de cálculos de porosidade do solo .......................................................................... 25
9. Curva de retenção de água no solo ........................................................................................ 27
9.1. Determinação da curva de retenção de água no solo .............................................................. 27
9.1.1. Exemplo de cálculos da curva de retenção de água no solo.................................................... 29
9.1.2. Cálculos do fracionamento da porosidade do solo e da água disponível no solo ..................... 30

10. CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA SATURADA ........................................................... 31


10.1. Determinação da condutividade hidráulica saturada .............................................................. 31

11. RESISTÊNCIA DO SOLO À PENETRAÇÃO DE RAÍZES ............................................ 32


11.1. Determinação da resistência do solo à penetração de raízes ................................................... 32

12. ENSAIO DE PROCTOR NORMAL ................................................................................. 33


12.1. Determinação do ensaio de proctor normal (Klein, 2008) ...................................................... 33
12.1.1. Exemplo de cálculo do ensaio de Proctor Normal .................................................................. 34

13. LIMITE DE LIQUIDEZ .................................................................................................... 36


13.1. Determinação do limite de liquidez (Embrapa, 1997) ............................................................ 36
13.1.1. Exemplo de cálculo do cálculo do limite de liquidez .............................................................. 37

14. LIMITE E ÍNDICE DE PLASTICIDADE ........................................................................ 38


14.1. Determinação do limite de plasticidade (Embrapa, 1997) ...................................................... 38
14.1.1. Exemplo de cálculo do limite de plasticidade ........................................................................ 39

15. LIMITE PEGAJOSIDADE................................................................................................ 40


15.1. Determinação do limite de pegajosidade (Embrapa, 1997) .................................................... 40

16. VALORES DE REFERÊNCIA DOS ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO ....................... 41

17. TRANSFORMAÇÕES DE UNIDADES ............................................................................ 42

18. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 43

3
1. INTRODUÇÃO

1.1. Preparo das amostras

Para as análises físicas do solo devem ser coletadas amostras representativas da área do estudo,
visando detectar a variabilidade do solo e conforme os objetivos propostos nos experimentos.

Conforme a análise que será realizada as amostras podem ter a “estrutura alterada” também
denominada de “amostra deformada”, ou devem ter a “estrutura preservada” também denominada de
“amostra indeformada”. As amostras com estrutura alterada são coletadas com trados, espátulas, facas,
pás ou colher de pedreiro. Já as amostras com estrutura preservada, são coletadas com cilindros de aço
de volumes variados, geralmente entre 50 e 370 cm3. Em situações específicas, solo muito compactado
ou com presença de cascalho, o que inviabiliza o uso dos cilindros, um “torrão” com um volume
próximo de 100 a 200 cm3 pode ser coletado, o qual no laboratório é impermeabilizado para
determinar a densidade e porosidade do solo.

As amostras com estrutura preservada são utilizadas para determinar: a relação massa volume
do solo; umidade volumétrica; a retenção de água em diferentes tensões; condutividade a água e ao ar;
e a resistência do solo a penetração. Para evitar a formação de fendas na amostra às mesmas devem ser
mantidas com umidade próximo da capacidade de campo até o momento de serem processadas. Além
disso, se o processamento não for imediato, os insetos presentes devem ser eliminados para evitar
distúrbios na estrutura do solo.

As amostras com estrutura alterada são utilizadas para determinações de: umidade gravimétrica;
distribuição do tamanho das partículas (também denominado de textura); dispersão ou floculação da
argila; consistência do solo; coeficientes de contração e expansão; e estabilidade de agregados. As
amostras devem ser secas ao ar (TFSA) ou em estufa de circulação de ar não ultrapassando a
temperatura de 50ºC. Após a secagem as amostras devem ser peneiradas a 2 mm de diâmetro e
acondicionadas em embalagens até o processamento. Para estabilidade de agregados as amostras
devem ser preparadas com umidade próxima da friabilidade.

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2. CARBONO ORGÂNICO

2.1. Determinação do teor de carbono orgânico

2.1.1. Método de Tedesco (1995)

1) Tomar aproximadamente 20 g da TFSA, moer em almofariz de ágata e peneirar em malha de


50 mesh/polegada (0,297 mm).
2) Pesar 0,2 g da amostra em erlenmeyer de 125 mL.
3) Adicionar 5 mL de dicromato de potássio (K2Cr207) 1,25 moI L-1, com pipeta volumétrica ou
seringa de vidro calibrada.
4) Adicionar 10 mL de ácido sulfúrico (H2SO4) concentrado com pipeta volumétrica ou seringa
de vidro calibrada.
5) Aquecer as amostras em chapa aquecedora. Após a amostra atingir a temperatura de 150°C,
deixar por 1 minuto.
6) Retirar as amostras da chapa e deixar esfriar. Adicionar às amostras um volume de 50 mL
de água destilada (não precisa ser com precisão porque é apenas para facilitar a visualização do ponto
de viragem).
7) Acrescentar 3 gotas de indicador ferroin.
8) Titular com sulfato ferroso (FeSO4) 0,25 mol L-1 até observar o “ponto de viragem” da cor
verde intenso para vermelho intenso. Utilizar uma lâmpada para melhor visualizar o ponto de viragem.

Reagentes
- K2Cr2 O7 1,25 moI L-1: pesar 61,30 g de K2Cr2O7 (seco a 105°C por 2 horas) e dissolver a 1 L
em balão volumétrico com água destilada;
- FeSO4 0,25 moI L-1: dissolver 69,5 g de FeSO4.7H2O em 400 mL de água destilada. Adicionar
15 mL de H2SO4 concentrado e diluir a 1 L em balão volumétrico com água destilada. Essa solução
dever ser preparada a cada 10-15 dias.
- Indicador ferroin (complexo ortofenantrolina - FeSO4 0,025 moI L-1): dissolver 1,485 g de
ortofenantrolina (monohidratado) e 30,695g de FeSO4.7H20 em água destilada e completar o volume
para 100 mL.

Cálculos

a) Teor de carbono orgânico:


  amostra *6, 25  
6, 25     *0, 003*100*1,12
1   branco 
CO( g kg ) 
gramas de solo
O valor de 6,25 é calculado pelo volume de K 2Cr2O7 adicionado multiplicando pela sua
molaridade (5x1,25=6,25), esse valor deve ser ajustado de acordo com o volume gasto na prova em
branco.

b) Cálculo do teor de matéria orgânica:


Para calcular o teor de matéria orgânica utilizar a equação abaixo:
MO( g kg 1 )  CO *1,7239
5
2.2. Oxidação da matéria orgânica

2.2.1. Método via úmido simplificado (Albuquerque, 2008)

1) Pesar 70 g de terra fina seca ao ar (TFSA) em potes plásticos de 500 mL e adicionar 7 mL de


peróxido de hidrogênio (H2O2) a 30 volumes (9%). Agitar as amostras com um bastão de vidro e
verificar a reação efervescente.
2) Deixar em repouso por uma noite.
3) Adicionar diariamente na amostra 7 mL de H2O2 30V e agitar com bastão de vidro. Esse
procedimento deve ser feito até o total desaparecimento da reação efervescente.
4) Secar a amostra em estufa de circulação de ar forçado a temperatura de 50ºC.
5) Moer a amostra em almofariz, quando necessário, e realizar a análise granulométrica.

6
3. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA

3.1. Método da Pipeta - Day (1965) e Gee & Bauder (1986)

1) Amostras de solo com teor de matéria orgânica (MO) maior que 5% devem passar pelo
tratamento de oxidação da MO antes da determinação da granulometria com dispersante químico
(NaOH).
2) Para a correção da umidade do solo (fc), pesar aproximadamente 30 g da amostra de TFSA
em latas de alumínio pré-pesadas e levar a estufa a 105ºC por 24 h, pesando a amostra seca.
3) Pesar aproximadamente 50 g de TFSA em frascos snap-cap de 150 mL, com duas repetições.
Podem ser utilizadas balanças com precisão de duas casas decimais. Em solos com alto teor de argila,
pode-se utilizar 25 a 30 g de TFSA.
4) Adicionar aos snap-cap, juntamente com a amostra, 70 mL de água destilada com proveta
graduada e 10 mL de NaOH 1N com pipeta volumétrica ou seringa calibrada. Adicionar duas bolinhas
de acrílico e vedar os frascos com plástico e tampa para evitar o vazamento da amostra.
5) Para calcular o grau de floculação, repetir o procedimento anterior apenas com água
destilada, sem adicionar dispersante químico (NaOH).
6) Efetuar uma prova em branco (pb), realizando o mesmo procedimento sem adicionar a
TFSA, ou seja, adicionar em snap-cap 70 mL água destilada e 10 mL de NaOH 1N.
7) Agitar as amostras utilizando agitador horizontal a 200 rpm, o que pode ser feito por três
métodos:
1º) Agitar por 15 minutos. Deixar em repouso por uma noite e agitar por 2 horas, sempre com os
frascos na posição horizontal.
2º) Agitar por 3 horas sem repouso. Segundo a literatura, os resultados são semelhantes à
agitação de 15 min + 2 h.
3º) Agitar por 4 horas sem repouso. O aumento do tempo de agitação tem resultado em melhor
dispersão do solo.
8) Transferir o material para uma proveta de 1000 mL, passando por peneira de malha
0,053 mm para separar a fração areia. Usar jatos d'água destilada e funil. Completar o volume da
proveta para 1000 mL.
9) Transferir a fração areia retida na peneira com o auxilio de jatos de água para uma lata de
alumínio pré-pesada. Deixar decantar a areia, retirar o excesso de água e levar à estufa de circulação
de ar a 1050C por 24 h. Após secar, pesar a areia total. Separar a areia fina usando peneira de 0,25 mm.
Pesar a areia fina e obter areia grossa por diferença.
10) Nas provetas, medir a temperatura de algumas amostras (3-5) e da prova em branco, agitar
cada amostra por um tempo fixo de 30 a 60 s com o auxílio de uma vareta com êmbolo. Fazer a média
da temperatura das amostras e marcar o tempo zero, deixando a suspensão em repouso por tempo pré-
determinado conforme a Tabela 1.
11) Após o tempo de repouso da suspensão na proveta, pipetar lentamente 50 mL a 5 cm de
profundidade. Colocar o volume pipetado em becker (seco e pré-pesado em balança de precisão de 3 a
5 casas decimais) e levar à estufa de circulação de ar por até 48 h. Após secar, pesar.
12) Os exemplos dos cálculos da granulometria estão em percentagem. Transformar os
resultados para g kg-1 (g kg-1 = % x 10) e kg kg-1 (kg kg-1 = % ÷ 100) e classificar o solo em relação as
classes texturais (Figuras 1 e 2).

Reagente
- NaOH 1N: pesar 40 g de NaOH e dissolver em água destilada completando o volume para 1L
em balão volumétrico.
7
Cálculos

a) Fator de correção da umidade do solo:


massa úmida
fc 
massa sec a
b) Desconto da umidade da amostra:
massaAmostra
massaAmCorrigida 
fc
c) Areia total:

AT 
(massaAreia  pl )  pl  *100
massaAmCorrigida
d) Areia fina:
massaAreiaFina
AF  *100
massaAmCorrigida
e) Areia grossa:
(massaAreiaTotal  massaAreiaFina )
AG  *100
massaAmCorrigida
f) Prova em branco:
pb   massaBec ker  soluçãoNaOH1N   massaBec ker
g) Argila:
 massaArgila  bec ker   bec ker  pb 
Argila   *20*100
massaAmCorrigida
h) Silte:
Silte  100   Argila  AreiaTotal 

Onde:
- pl = massa da lata;

Tabela1. Tempo de repouso, para pipetar 50 mL da solução a 5 cm (Dp = 2,65g/cm3).


Temperatura (oC) Tempo de repouso
12 4h 55min
14 4h39min
16 4h 26min
18 4h 12min
20 4h 00min
22 3h 48min
24 3h 38min
Obs: Os valores de temperatura intermediários aos da tabela acima, devem ser interpolados.

8
3.1.1. Exemplo dos cálculos do método da pipeta

Exemplo 1. Determinar a granulometria de um Nitossolo Bruno do município de Painel/SC pelo


método da pipeta. A amostra inicial foi de 50 g. Na correção da umidade do solo o laboratorista
utilizou uma lata de alumínio de 16,325 g, a massa de solo úmido (SU) mais lata foi de 33,840 g e solo
seco (SS) mais lata de 32,760 g. Na determinação da areia a massa da lata foi de 20,2850 g, lata mais
areia total foi 24, 3293 g e areia fina foi 1,8153 g. A massa do becker mais argila foi de 49,7388 g e do
becker de 48,3678 g. Para a prova em branco (pb), a massa do becker mais a solução NaOH foi de
48,5213 g e do becker de 48,4984 g.

a) Correção da umidade do solo:


(33,840  16,325) 17,515
fc    fc  1, 066
(32, 760  16,325) 16, 435
b) Correção da amostra:
50
massaAmCorrigida   46,90 g
1, 066
c) Areia total:
(24,3293  20, 2850)
AT  *100  8, 62 % ou 0,0862 kg kg 1 .
46,90
d) Areia fina:
1,8153
AF  *100  3,87 %
46,90
e) Areia grossa:
(4, 0443  1,8153)
AG  *100  4, 75 %
46,90
f) Prova em branco:
pb  48,5213g  48, 4984g  0,0229 g
g) Argila:

Argila 
 49, 7388  48,3678  0, 0229  *20*100  57, 49 %
46,90
h) Silte
Silte  100   57, 49  8,62  33,89 %
Para granulometria, os resultados são expressos em números inteiros e as unidades podem ser
em %, g kg-1 ou kg kg-1. Exemplo: 45%; 450 g kg-1 ou 0,450 kg kg-1.

Tabela 2. Granulometria de um Nitossolo Bruno do município de Painel/SC.


Areia Fina Areia Grossa Areia Total Silte Argila Total
--------------------------------------- % ---------------------------------------------
4 5 9 33 58

9
0 0
100 100

10 10
90 90

20 20
80 80

Muito Argilosa 30 Muito Argilosa 30


70 70

40 40
60 60

S il

Sil
,%

,%
te,

te,
gila
gila

50 50

%
%
50 Argilosa 50 Argilosa Argilo-

Ar
Ar

60 Argilo- siltosa
60
40 40 arenosa
Franco-argilosa Franco-argilo-
70 siltosa 70
30 30 Franco-argilo-
arenosa
Média Siltosa 80 80
20 20
Franca
90 Franco-siltosa 90
10 10 Franco-arenosa
Areia
Arenosa -f ranc Siltosa
100 a 100
0 Arenosa
0
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0
Areia,% Areia,%

Figura 1. Diagrama triangular simplificado (utilizado Figura 2. Diagrama triangular utilizado para a
pela Embrapa) para a classificação textural do solo. classificação textural do solo.

3.2. Método do Densímetro (Hidrômetro de Bouyoucos) “Simplificado”

1) Amostras de solo com teor de matéria orgânica (MO) maior que 5 % devem passar pelo
tratamento da oxidação da MO antes da determinação da granulometria com dispersante químico.
2) Para a determinação da correção da umidade do solo (fc), pesar aproximadamente 30 g de
TFSA em latas de alumínio pré-pesadas e levar a estufa a 105ºC por 24 h. Pesar as amostras secas.
3) Pesar aproximadamente 50 g de TFSA em frascos snap-cap de 150 mL, com duas repetições.
Podem ser utilizadas balanças com precisão de duas casas decimais. Em solos com alto teor de argila,
pode-se utilizar 25 a 30 g de TFSA.
4) Adicionar aos snap-cap, juntamente com a TFSA, 70 mL de água destilada com proveta
graduada e 10 mL de NaOH 1N com pipeta volumétrica ou seringa calibrada. Adicionar duas bolinhas
de acrílico e vedar os frascos com plástico e tampa para evitar o vazamento da amostra. Para calcular o
grau de floculação, repetir o procedimento sem adicionar NaOH 1N.
5) Efetuar uma prova em branco (pb), realizando o mesmo procedimento sem adicionar a
TFSA, ou seja, adicionar em snap-cap 70 mL de água destilada e 10 mL NaOH 1N.
6) Agitar por 4 horas sem repouso, utilizando agitador horizontal a 200 rpm.
7) Transferir o material para uma proveta de 1000 mL, passando por peneira de malha
0,053 mm para separar a fração areia. Usar jatos d'água destilada e funil. Completar o volume da
proveta para 950 mL.
8) Transferir a fração areia retida na peneira com o auxilio de jatos de água para uma lata de
alumínio pré-pesada. Deixar decantar a areia, retirar o excesso de água e levar à estufa de circulação
de ar a 105 °C por 24 h. Após secar, pesar a areia total. Separar a areia fina usando peneira de 0,25
mm. Pesar a areia fina e obter a areia grossa por diferença.
9) Agitar cada amostra por um tempo fixo de 30 a 60 s com o auxílio de uma vareta com
êmbolo. Marcar o tempo zero, deixando a suspensão em repouso por 2 h.
10) Após o tempo de repouso, fazer as leituras das amostras imediatamente colocando o
densímetro vagarosamente nas provetas. Após a estabilização do densímetro na suspensão, realiza-se a
leitura rente a superfície do líquido, considerando leituras intermediárias (Exemplos: 1,5 g L-1,
12,5 g L-1). Anotar a leitura da prova em branco e as leituras das amostras.

10
11) Após a leitura com o densímetro, determinar a temperatura da prova em branco e das
amostras (podendo ser a média de algumas amostras).
12) O densímetro é calibrado a uma temperatura de 68 ºF (20 ºC), fornecendo leituras diretas
das amostras em g L-1. Para as demais temperaturas deve-se utilizar fatores de correção, conforme a
Tabela 3.
13) Os exemplos dos cálculos da granulometria estão em percentagem. Transformar os
resultados para g kg-1 (g kg-1 = % x 10) e kg kg-1 (kg kg-1 = % ÷ 100) e classificaar o solo em relação
as classes texturais (Figuras 1 e 2).

Reagente
- NaOH 1N: pesar 40 g de NaOH e dissolver em água destilada completando o volume para 1L
em balão volumétrico.

Tabela 3. Valores para correção da leitura do densímetro em função da temperatura da suspensão.


Temperatura ºC Correção (ct)
12 -2,88
13 -2,52
14 -2,16
15 -1,80
16 -1,44
17 -1,08
18 -0,72
19 -0,36
20 0,00
21 +0,36
22 +0,72

Cálculos

a) Areia total:

AT 
(massaAreia  pl )  pl  *100
massaAmCorrigida
b) Areia fina:
massaAreiaFina
AF  *100
massaAmCorrigida
c) Areia grossa:
AG  (massaAreiaTotal  massaAreiaFina)*100
d) Argila:
Argila  [( LAmostra  ct )  ( LPB  ct )]*2* fc
e) Silte:
Silte  100   Argila  Areia 

Onde:
- LAmostra = Leitura da suspensão da amostra;
- LPB = Leitura da prova em branco.

3.2.1. Exemplo dos cálculos do Método do Densímetro Simplificado

11
Exemplo 2: Determinar a granulometria pelo método do densímetro simplificado. A
temperatura da amostra no momento da leitura era de 18 ºC e a leitura foi de 19,5 g L-1, a temperatura
da prova em branco era 19 ºC e a leitura de 0,5 g L- 1. O fator de correção da umidade (fc) é de 1,072.

a) Argila:
Argila  [( LAmostra  ct )  ( LPB  ct )]*2* fc
Argila  [(19,5  0,72)  (0,5  0,36)]*2*1,072
Argila  (18,78  0,14)*2*1,072  39,96 %

Tabela 4. Granulometria de um Latossolo Vermelho, do município de São Carlos-SP horizonte B – Método do


Densímetro Simplificado.
Areia Fina Areia Grossa Areia Total Silte Argila Total
-------------------------------------------- % ---------------------------------------------------
31 27 58 2 40

3.3. Método do Densímetro (Hidrômetro de Bouyoucos)

1) Realizar a oxidação da matéria orgânica nas amostras de solo com mais de 5% de MO.
2) Calcular a correção da umidade do solo (fc).
3) Colocar 50 g de TFSA no copo do agitador, adicionar 1/3 do copo com água destilada (±230
mL) e 10 mL de NaOH 1N.
4) Agitar por 10 minutos em agitador elétrico a 12.000 rpm. O agitador elétrico pode ser
substituído pela agitação horizontal por 4 h sem repouso em frasco do tipo snap cap de 150 mL.
5) Transferir o material diretamente para uma proveta de 1000 mL usando jatos d'água
destilada sob um funil. Completar o volume da proveta para 1000 mL. A areia deve ser separada
utilizando peneira de 0,053 mm, segundo as metodologias da Pipeta ou Densímetro Simplificado.
6) Agitar cada amostra por um tempo fixo de 30 a 60 s com auxílio de uma vareta com êmbolo.
Marcar o tempo zero.
7) Fazer a leitura de silte mais argila com o densímetro aos 40 s após o início da sedimentação
(1ª leitura). Medir a temperatura da suspensão para correção da leitura. Obs.: o densímetro deve ser
colocado com cuidado para evitar perturbação na suspensão e choque com o fundo da proveta. Após
cada leitura, deve-se lavar o densímetro com água destilada.
8) Após 2 h de repouso (2ª leitura), retirar 250 mL da parte superior das provetas com 1000 mL
de suspensão e transferir para provetas de 250 mL. Inserir o densímetro vagarosamente na proveta de
250 mL. Após a estabilização do densímetro na suspensão, realizar a leitura rente a superfície,
considerando leituras intermediárias. Medir a temperatura da prova em branco e das amostras para
correção (ct).
9) O densímetro é calibrado a uma temperatura de 68 ºF (20 ºC), fornecendo leituras diretas
das amostras em g L-1, para as demais temperaturas utilizam-se fatores de correção conforme Tabela 3.
10) Os exemplos dos cálculos da granulometria estão em percentagem. Transformar os
resultados para g kg-1 (g kg-1 = % x 10) e kg kg-1 (kg kg-1 = % ÷ 100) e classificar o solo em relação às
classes texturais (Figuras 1 e 2).

Reagente
- NaOH 1N = pesar 40 g de NaOH e dissolver em água destilada completando o volume para 1L
em balão volumétrico.

Cálculos

12
a) Argila:
Argila  (2ª LAmostra  ct )  ( LPB  ct ) *2* fc
b) Silte:
Silte  (1ª LAmostra  ct  2ª LAmostra  ct )  ( LPB  ct ) *2* fc
c) Areia:
Areia  100  ( Argila  Silte)

Onde:
- 1ª LAmostra = Leitura da suspensão da amostra aos 40s após a agitação;
- 2ª LAmostra = Leitura da suspensão da amostra após 2 h após a agitação.

3.3.1. Exemplo dos cálculos do método do densímetro (fração areia determinada pelo
densímetro)

Exemplo 3. Determinar a granulometria do horizonte B de um Latossolo Vermelho-Amarelo, do


município de Piracicaba/SP pelo método do densímetro. A temperatura da amostra no momento da 1ª
leitura (silte+argila) era de 17 ºC e a leitura foi de 16 g L-1. No momento da 2ª leitura a temperatura da
amostra era de 18 ºC e a leitura de 12,5 g L -1. A temperatura da prova em branco era 19 ºC e a leitura
do densímetro foi de 0,5 g L-1. O fc foi de 1,03.

a) Silte:

 
Silte  16  1,08  12,5  0,72    0,5  0,36  *2*1,03  3, 21 %

b) Argila:
Argila  (12,5  0,72)  (0,5  0,36) *2*1,03  23,98 %
c) Areia:
Areia  100  (23,98  3, 21)  72,81 %

Tabela 5. Granulometria de um Latossolo Vermelho- Amarelo, do município de Piracicaba-SP, horizonte B –


Método do Densímetro.
Areia Silte Argila
---------------------------------------- % -----------------------------------------
73 3 24

No Método do Densímetro pode-se obter o teor de areia através da separação por peneiramento,
utilizando as metodologias descritas nos métodos da Pipeta ou do Densímetro Simplificado.

3.4. Grau de Floculação

1) Realizam-se as determinações da fração argila do solo conforme os procedimentos


descritos anteriormente, determinando argila total (dispersa em água e NaOH) e argila natural
(dispersa apenas em água).

Cálculo
( Argilatota l  Argilanatu ral )
GF (%)  *100
Argilatota l
13
4. DISTRIBUIÇÃO DO TAMANHO E ESTABILIDADE DE AGREGADOS ESTÁVEIS
EM ÁGUA

4.1. Método por Via Úmida Padrão (Kemper, W. D. & Chepil, W. S., 1965)

1) Coletar as amostras a campo quando o solo estiver úmido. Coletar preferencialmente torrões
maiores.
2) Trabalhar com as amostras no ponto de friabilidade do solo (até um mês após a coleta). A
separação dos agregados maiores em agregados menores deve ser realizada com as mãos, nos planos
naturais de fraqueza, aplicando forças no sentido de tração e nunca de compressão, não compactando
ou pulverizando o solo.
3) Peneirar as amostras de solo no conjunto de peneiras 8 e 4,76 mm. Guardar em potes
plásticos com tampa aproximadamente 150 gramas de cada amostra que passou pela peneira de 8 mm
e ficou retida na peneira de 4,76 mm.
4) Antes da agitação em água, passar as amostras novamente pela peneira de 4,76 mm,
retirando os cascalhos e os restos vegetais. Pesar 3 sub-amostras de aproximadamente 25 g cada,
sendo que uma deve ser transferida para lata de alumínio pré-pesada e levada a estufa a 105 ºC por
24 h, pesando o solo seco para a correção da umidade da amostra.
5) Preparar o aparelho de oscilação vertical colocando os conjuntos de peneiras pela seguinte
ordem decrescente de tamanho: 4,76; 2,00; 1,00 e 0,250 mm.
6) Acrescentar água no aparelho de agitação vertical, ajustar o nível da água até atingir
aproximadamente 1 cm acima da base das peneiras de 4,76 mm quando o conjunto estiver em sua
posição mais alta; e não submergir por completo as peneiras de 4,76 mm em sua posição mais baixa.
Ajustar a rotação do aparelho para 42 rotações por minuto. As peneiras não devem bater entre si ou
nas paredes do aparelho.
7) Distribuir uniformemente a amostra sobre a peneira de 4,76 mm de um conjunto. Os
agregados deverão ficar submersos em água por 10 minutos em repouso para umedecimento.
8) Após o tempo de repouso, ligar o aparelho e deixar oscilando por 10 minutos.
9) Desligar o aparelho, retirar os conjuntos de peneiras da água e transferir o material retido em
cada peneira para latas de alumínio, previamente pesadas e identificadas, com auxílio de jatos de água.
10) Eliminar o excesso de água e colocar as latas em estufa de circulação de ar a 105 ºC por
24 h. Após secar, pesar o material retido em cada peneira.
11) Para amostras de solos mais cascalhentos, determinar a quantidade de material inerte
(outros que não agregados) retida em cada peneira. Para isso, transferir os agregados de cada lata para
sua respectiva peneira utilizando jatos de água e imergir a peneira em uma solução de hidróxido de
sódio NaOH 1N. Mexer por aproximadamente 1 minuto o solo com um bastão de vidro até sobrar
apenas areia e cascalho. Lavar com jato de água, transferir o material inerte para lata de alumínio e
secar em estufa. Pesar o material seco e descontar da massa de cada classe de agregados.
12) Calcular a percentagem de agregados por classe de tamanho, o diâmetro médio ponderado
(DMP) e o diâmetro médio geométrico (DMG). Se a distribuição de agregados nas peneiras tiver
distribuição normal deve ser calculado o DMP e se tiver distribuição log normal calcular o DMG.

Reagente
- NaOH 1N = pesar 40 g de NaOH e dissolver em água destilada completando o volume para 1L
em balão volumétrico.

Cálculos

14
a) Cálculo da umidade gravimétrica do solo (Ug):
(mSU  mSS )
Ug (kg kg 1 ) 
mSS
Onde:
- mSU = massa do solo úmido (g)
- mSS = massa do solo seco (g)

b) Massa seca inicial de agregados (TAgr):


massaAmostra
TAgr 
(1  Ug )
c) Percentagem de agregados por intervalo de classe de tamanho:
(mAgri  mi)
% AGRi  *100
(TAgr  miT )
d) Diâmetro Médio Ponderado (DMP):
n
 mAgri  mi 
DMP(mm)    * ci 
i 1  TAgr  miT 
e) Diâmetro Médio Geométrico (DMG):

 
n  mAgr  mi * Ln.ci 
DMG(mm)  EXP  i

i 1  TAgr  miT 

Onde:
- mAgri = massa de agregados em cada classe (g);
- mi = massa de material inerte em cada classe (g);
- TAgr = massa de agregados da amostra inicial (g);
- miT = massa de material inerte total (de todas as classes) (g);
- ci = diâmetro médio da classe de agregados (mm) (Tabela 6);
- Ln = logaritmo natural.

Tabela 6. Diâmetro médio da classe de agregados (ci).


Limites da classe (mm) Diâmetro médio da classe – ci (mm)
Classe 1 8,00 - 4,76 6,38
Classe 2 4,76 - 2,00 3,38
Classe 3 2,00 - 1,00 1,50
Classe 4 1,00 - 0,25 0,625
Classe 5 0,25 – 0,00 0,125

4.1.1. Exemplo dos cálculos do método por via úmida padrão (Kemper, W. D. & Chepil, W. S.,
1965)

Exemplo 4: Determine o percentual de agregados, o diâmetro médio ponderado (DMP) e o


diâmetro médio geométrico (DMG) de um Neossolo Litólico do município de São Joaquim/SC na
camada de 0 a 0,15 m. Dados: massa de solo úmido + massa lata = 50,93 g; massa de solo seco +
massa lata = 44,59 g; massa lata = 16,33 g; massa inicial de agregados = 25,14 g.

Tabela 7. Dados da Estabilidade dos Agregados de um Neossolo Litólico na camada de 0 a 0,15 m, no


município de São Joaquim-SC.
15
Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4
Agregados retidos na classe (g) 18,24 0,25 0,04 0,08
Material inerte (g) 0,06 0,04 0,01 0,00
Massa de material inerte total = 0,11 g.

1) Cálculos da percentagem de agregados:


(50,93  16,33)  (44,59  16,33) 34, 6  28, 26
a) Ug    Ug  0, 22 kg kg 1
(44,59  16,33) 28, 26
25,14 g
b) TAgr   20, 61 g
(1  0, 22)
c) Classe5  20,61  (18, 24  0, 25  0,04  0,08)  2,00 g

(18, 24  0, 06)
d) AgrClasse1 *100  88, 68 %
(20, 61  0,11)
i

(0, 25  0, 04)
e) AgrClasse 2 *100  1, 02 %
(20, 61  0,11)
i

(0, 04  0, 01)
f) AgrClasse3 *100  0,15 %
(20, 61  0,11)
i

(0, 08  0, 00)
g) AgrClasse 4 *100  0,39 %
(20, 61  0,11)
i

2, 00
h) AgrClasse5 *100  9, 76 %
(20, 61  0,11)
i

2) Cálculos do Diâmetro Médio Ponderado (DMP):


n
 mAgri  mi 
DMP    * ci 
i 1  TAgr  miT 

(18, 24  0, 06)
a) AgrClasse1  *6,38  5, 66 mm
(20, 61  0,11)
(0, 25  0, 04)
b) AgrClasse2  *3,38  0, 03 mm
(20, 61  0,11)
(0, 04  0, 01)
c) AgrClasse3  *1,5  0, 002 mm
(20, 61  0,11)
(0, 08)
d) AgrClasse4  *0, 625  0, 002 mm
(20, 61  0,11)
2, 00
e) AgrClasse5  *0,125  0, 01 mm
(20, 61  0,11)
f) DMP  AgrClasse1  AgrClasse2  AgrClasse3  AgrClasse4  AgrClasse5)
DMP  5,66  0,03  0,00  0,00  0,01  5,70 mm

16
3) Diâmetro Médio Geométrico (DMG):

   
n  mAgr  mi * Ln ci 
DMG  EXP  i

i 1  TAgr  mi 
 18, 24  0, 06  * Ln  6,38  
a) Classe1DMG  EXP    1, 64
 20, 61  0,11 
  0, 25  0, 04  * Ln  3,38  
b) Classe2 DMG  EXP    0, 01
 20, 61  0,11 
  0, 04  0, 01 * Ln 1,5  
c) Classe3DMG  EXP    0, 00
 20, 61  0,11 
 0, 08* Ln  0, 625  
d) Classe4 DMG  EXP    0, 00
 20, 61  0,11 
 2, 00* Ln  0,125  
e) Classe5DMG  EXP    0, 20
 20, 61  0,11 
f) DMG  EXP 1,64  0,01  0  0  0, 20 

g) DMG  EXP(1, 45)  DMG  4, 26 mm

Tabela 8. Percentagem dos agregados de um Neossolo Litólico de São Joaquim/SC, na camada de 0 a 0,15 m.
Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4 Classe 5
------------------------------------------ % -------------------------------------------
88,68 1,02 0,15 0,39 9,76

Tabela 9. Diâmetro Médio Ponderado (DMP) e Diâmetro Médio Geométrico (DMG) de um Neossolo Litólico
de São Joaquim/SC, na camada de 0 a 0,15 m.
DMP DMG
-------------------------------- mm ---------------------------------
5,70 4,26

4.2. Método por Via Úmida 2 (Kemper, W D. & Rosenau, R. C., 1986)

1) Destorroar o solo agregado seco ao ar e passar em peneiras de 2 e 1 mm, guardando o solo


que passar pela peneira de 2 mm e ficar retido na peneira de 1 mm.
2) Pesar 3 subamostras de 4 g, secando uma delas em estufa a 105 ºC por 24 h para determinar
a umidade.
3) Preparar o aparelho de oscilação vertical para 35 rotações por minuto e amplitude de 1,3 cm.
Fixar a peneira de 0,25 mm, colocar o aparelho em sua amplitude mais elevada e, acrescentar água até
que o nível fique aproximadamente 1 cm acima da malha da peneira.
4) Distribuir, uniformemente, a amostra sobre a peneira e deixar umedecendo em repouso por
10 minutos.
5) Depois do repouso, ligar o aparelho por 10 minutos.

17
6) Desligar o aparelho, transferir o solo retido na peneira para uma lata de alumínio
previamente pesada e colocar em estufa a 105 ºC por 24 h. Pesar depois de seco.
7) Para amostras de solos mais cascalhentos, determinar a quantidade de material inerte (outros
que não agregados) retida em cada peneira com solução NaOH 1N.

Cálculos

a) Estabilidade de Agregados:

EA 
(massaAgr  A)  mA *100
(TAgr  mA)
Onde:
- EA = estabilidade de agregados em %;
- massaAGR  A = massa de agregados + areia (g);
- mA = massa de areias (g);
- TAgr = amostra corrigida em relação o teor de umidade (g).
b) Índice de Estabilidade de Agregados do Solo (IEA) (Castro Filho et al., 1998):
TAgr  wp 25  areia
IEA  *100
TAgr  areia
Onde:
- wp 25 = peso dos agregados < 0,25 mm (g);

4.2.1. Exemplo dos cálculos do método por via úmida 2 - (Kemper, W.D. & Rosenau, R.C., 1986)

Exemplo 5. Determinar o percentual de agregados de um Latossolo Bruno do município de


Entre Rios/PR na camada de 0 a 0,025 m, no sistema de plantio direto incorporado. Dados: massa de
agregados + areia = 2,36 g; massa de areia = 0,03 g; massa inicial da amostra = 4 g; Ug = 0,39 kg kg-1.

a) Estabilidade de Agregados

 2,36  0, 03 
EA    *100  EA  82%
 2,88  0, 03 

18
5. DENSIDADE DE PARTÍCULAS (REAL)

5.1. Método do balão volumétrico modificado (Gubiane et al., 2000)

1) Macerar, em gral de ágata, aproximadamente 50 g de TFSA, colocar em lata de alumínio e


secar em estufa a 105° C por 24 horas.
2) Aferir o volume de balões volumétricos de 50 ml (com bureta ou pesagem) com
antecedência.
3) Retirar as amostras de solo da estufa e resfriar em dessecador.
4) Pesar o balão ( mB ), transferir aproximadamente 20 g de solo seco em estufa para o balão e
pesar novamente o balão contendo o solo ( mB  mS sec o ).
5) Utilizando uma bureta, adicionar o álcool no balão com o solo, aproximadamente até a
metade, e agitar cuidadosamente com movimentos circulares para eliminar o ar até a ausência de
bolhas. Deixar em repouso por 15 minutos.
6) Adicionar o álcool até ajustar o volume de álcool na marca de aferição de 50 mL do balão e
pesar ( mB  mS sec o  mA ).
7) Determinar a densidade do álcool a partir da massa de álcool em 50 mL. Usar a média de três
repetições.
8) Calcular a densidade de partículas (g cm-3; kg m-3; Mg m-3 ).

Cálculos

a) Densidade do álcool:
massaÁlcool
Da 
50 mL
b) Densidade de partículas:
 mB  mS sec o   mB 
Dp 
  mB  mS sec o  mA    mB  mS sec o  
50   
 Da 

Tabela 10. Densidade dos principais solos tropicais (Klein, 2008)


Material Densidade Mg m-3
Quartzo 2,50 – 2,80
Feldspatos 2,50 – 2,60
Micas 2,70 – 3,00
Argilas 2,20 – 2,60
Matéria Orgânica < 1,00
-3
Para as condições de solos tropicais e subtropicais assume-se valores de 2,65 Mg m , em função da composição
média dos constituintes dos solos.

5.1.1. Exemplo dos cálculos do método do balão volumétrico modificado (Gubiane et al., 2000)

19
Exemplo 6. Determine a densidade de partículas de um Neossolo Litólico do município de São
Joaquim/SC na camada de 0 a 0,15 m em um vinhedo comercial. Dados: mB  mS sec o  mA =
92,14 g; mB  mS sec o =57,87 g; mB =37,69 g; massa de álcool em 50 mL = 41,27 g.

a) Densidade do álcool
41, 27 g
Da   0,825 g cm3
50mL
b) Densidade de partículas
(57,87  37, 69) 20,18
Dp    2,385 g cm3
  92,14  57,87   (50  41,54)
50   
  0,825 

5.2. Método do balão volumétrico (Embrapa, 1997)

1) Macerar aproximadamente 30 g de TFSA e deixar em estufa a 105 ºC deixar por 24 horas.


2) Transferir aproximadamente 20 g de solo seco para balão aferido de 50 mL.
3) Adicionar álcool etílico com bureta, agitando bem o balão para eliminar as bolhas de ar
formadas. Prosseguir com a operação vagarosamente até a ausência de bolhas e completar o volume
do balão.
4) Anotar o volume de álcool gasto.

Cálculo

a) Densidade de partículas:
massaS sec o
Dp (g cm3 ) 
(50mL  volume álcool )
Onde:
- massaS sec o = massa do solo seco a 105 ºC (g);
- volume álcool = volume do álcool adicionado (mL).

5.2.1. Exemplo do cálculo do método do balão volumétrico (Embrapa, 1997)

Exemplo 7. Determine a densidade de partículas de um Cambissolo Háplico do município de


Ituporanga/SC na camada de 0 a 0,40 m. Dados: massaS sec o = 19,95 g; volume álcool = 42,11
mL.

a) Densidade de partículas
19,95
Dp   2,53 g cm-3
(50  42,11)

20
6. DENSIDADE DO SOLO (antigamente denominada de densidade aparente)

6.1. Método do anel volumétrico

1) Determinar o volume do anel que contém a amostra de solo (Ex: 50 cm³, 100 cm³).
2) Colocar as amostras na estufa a 105ºC, por um período de 24 a 48 horas. Pesar o conjunto
solo seco mais anel (mSs+mA) em balança digital com precisão de duas casas decimais.
3) Retirar o solo do anel, lavar o anel metálico, secar e pesar (mA).
4) Calcular massa de solo seco ( mS seco ) contida no anel, por diferença entre mSs+mA e mA.
5) Com a massa de solo seco e o volume do anel, determinar a densidade do solo.

Cálculos

a) Volume do anel (cilindro):


D2
V  h ou V   r 2 h .
4
Onde:
- V = volume do anel (cm³);
-  = 3,1416;
- D = diâmetro interno do anel (cm);
- r = raio do anel (cm);
- h = altura do anel (cm).
b) Densidade do solo:
mS seco
Ds 
V

6.1.1. Exemplo de cálculo do método do anel volumétrico

Exemplo 8. Determine a densidade de um Neossolo Litólico do município de São Joaquim/SC


na camada de 0 a 0,15 m. Foi utilizado nas coletas das amostras um anel metálico com diâmetro
interno de 5,956 cm e altura de 2,508 cm. Dados: mSs+mA = 138,5 g; mA = 69,49 g.

a) Massa do solo seco a 105ºC:


mS seco  138,5  69, 49  69,01 g
b) Volume do anel:
5,9562
V  3,1416* *2,508  69,876 cm3
4
c) Densidade do solo:
69, 01
Ds   0,987 g cm3
69,876

21
7. UMIDADE ATUAL

7.1. Umidade Gravimétrica

1) Coletar amostras de solo nas camadas de estudo do solo em estrutura alterada. Utilizar latas
de alumínio ou embalagens plásticas evitando perda de umidade da amostra.
2) Pesar aproximadamente 30 g das amostras de solo em latas de alumínio pré-pesadas ( mL ),
anotar a massa de solo úmido mais a massa da lata ( mSU  mL ). Transferir as amostras para estufa
de circulação de ar a 105ºC por período de 24 a 48 h. Pesar o solo seco ( mSS  mL ).
3) Calcular a umidade gravimétrica (kg água/kg solo, kg kg-1, Mg Mg-1 ou g g-1).

Cálculo

a) Umidade gravimétrica
mSU  mSS  mSU  mSS 

Ug kg kg 1   mSS
ou Ug  %   
 mSS
 *100

7.1.1. Exemplo de cálculo da umidade gravimétrica

Exemplo 9. Determinar a umidade gravimétrica de um Neossolo Litólico do município de São


Joaquim/SC na camada de 0 a 0,15 m em dezembro de 2008. Dados: mSU  mL = 139,09 g;
mSS  mL = 106,32 g e mL = 29,01 g.

a) Umidade gravimétrica:
(139, 09  29, 01)  (106,32  29, 01) (110, 08  77,31)
Ug   Ug   0, 424 kg kg 1
(106,32  29, 01) 77,31

7.2. Umidade Volumétrica

1) Coletar amostras de solo utilizando anéis metálicos, com solo de estrutura preservada.
Utilizar latas de alumínio ou papel alumínio para acondicionar as amostras evitando a perda de
umidade.
2) Preparar as amostras no laboratório, de modo que o solo fique rente ao anel e não ocorram
espaços vazios visíveis nas duas faces do anel. Limpar também a face externa do anel.
3) Pesar as amostras de solo. Anotar a massa de solo úmido mais a massa do anel metálico
( mSU  mAnel ).
4) Transferir as amostras para estufa de circulação de ar a 105ºC por 24 a 48 h. Pesar o solo
seco ( mSS  mAnel ).
5) Calcular a umidade volumétrica (  ou Uv ) (cm3 cm-3; m3 m-3).
6) Para os cálculos, utilizam-se as equações abaixo, considerando-se a densidade da água igual
a 1 g cm-3, logo, 1 g de água é igual a 1 cm-3.

Cálculos

a) Umidade volumétrica:
22
mSU  mSS
 ou  = Ug * Ds
V

b) Armazenamento de água em uma determinada camada de solo:


H (m)   Média (m3m3 )* h(m)
H (m)  Ug (kg kg 1 )* Ds( g cm3 )* h(m)

7.2.1. Exemplo de cálculo da umidade volumétrica

Exemplo 10. Determine a umidade de um Neossolo Litólico do município de São Joaquim/SC


na camada de 0 a 0,15 m. Foi utilizado nas coletas das amostras um anel metálico com volume de 50
cm³. Dados: mSU  mA = 106,30 g; mSS  mA = 82,15 g; mA = 32,71 g.

a) Umidade volumétrica:
(73,59  49, 44)
 = 0,483 m3m3
50

7.2.2. Exemplo de cálculo de armazenamento de água no solo

Exemplo 11. Determine a altura de água em um Neossolo Litólico do município de São


Joaquim/SC na camada de 0 a 0,30 m. Em dezembro de 2008, fez-se três leituras da umidade
gravimétrica nas camadas de 0 a 0,15 m nos dias 12, 17 e 22, sendo as leituras de 0,42, 0,44 e 0,36 kg
kg-1, respectivamente. Na camada de 0,15 a 0,30 m, nos mesmos dias, as leituras foram 0,42, 0,41 e
0,35 kg kg-1, respectivamente. A densidade do solo (Ds) na camada de 0 a 0,15 foi de 0,987 g cm-3 e na
camada de 0,15 a 0,30 m foi de 0,900 g cm-3, sendo a densidade da água de 1 g cm-3.

a) Camada de 0-0,15 m:
12 = 0,42 kg kg1 *0,987 g cm3  0, 415 m3 m3
17 = 0,44 kg kg 1 *0,987 g cm3  0, 434 m3 m3
22 = 0,36 kg kg 1 *0,987 g cm3  0,355 m3 m3
0, 415  0, 434  0,355
H 00,15 m = *0,15  0, 060 m ou 60 mm
3
b) Camada de 0,15-0,30 m:
12 = 0,42 kg kg1 *0,900 g cm3  0,375 m3 m3
17 = 0,41 kg kg 1 *0,900 g cm3  0,369 m3 m3
22 = 0,35 kg kg 1 *0,900 g cm3  0,315 m3 m3
0,375  0,369  0,315
H 0,150,30 m = *0,15  0, 053 m ou 53 mm
3
HTotal  H 0,150,30 m + H 0,150,30 m
H 00,30 m  60 mm  53 mm  113 mm

Assim, este perfil de solo no momento em que a θ 0-0,15 m = 0,401 m3 m-3 e θ 0,15-0,30 m = 0,353 m3
m , contém 113 mm de água ou 1130 m3 ha-1 ( 1 mm = 10 m3 ha-1) na camada de 0 a 0,30 m. Portanto,
-3

se fosse possível retirar toda a água de 1 ha até 0,30 m desse perfil nessas condições de umidade,
obteria-se um volume de 1130 m³ de água.

23
8. POROSIDADE

8.1. Porosidade do solo

1) Após a coleta de amostras de solo com estrutura preservada em anéis metálicos, realizar a
limpeza do anel e o emparelhamento das duas superfícies do solo rente as bordaduras do anel com o
uso de estilete.
2) Após o preparo das amostras, pesar o conjunto solo mais anel e colocar um tule na face
inferior do anel com auxílio de um elástico. Pesar o tule e o elástico utilizado para cada amostra.
3) Colocar os anéis para saturar em bandejas plásticas elevando o nível da água até próximo da
borda superior do anel, deixando por 48 h. No caso de não ocorrer a saturação das amostras, colocá-las
em recipiente com água dentro de dessecador e aplicar vácuo.
4) Pesar as amostras saturadas (mSsat+mAnel) e retornar as amostras para a bandeja com água,
de forma a não baixar o nível da água.
5) Acondicionar os anéis na mesa de coluna de areia previamente saturada e nivelada. Abaixar
o nível de água para 10 cm , deixando por 48 horas.
6) Retirar os anéis da mesa, limpar com um pincel a parte inferior do anel para retirar a areia
aderida ao tule e pesar (mS10 cm+mAnel).
7) Retornar os anéis para a mesa de areia e baixar o nível de água para 60 cm, deixando por 48
horas. Retirar, limpar e pesar os anéis (mS60 cm+mAnel).
8) Transferir os anéis para estufa de circulação de ar a 105ºC por 48 h. Pesar quando seco
( mSS  mAnel ). Retirar o solo, lavar o anel metálico, secar e pesar ( mAnel ).
9) Calcular as porosidades do solo: macroporosidade, microporosidade, porosidade total,
porosidade de aeração (m3 m-3, cm3 cm-3 ou %).

Cálculos

a) Porosidade total:
 Ds    Ds  
PT (m3m3 )  1    ou PT (%)  1     *100
 Dp    Dp  
Onde:
- Ds = densidade do solo (g cm-3);
- Dp = densidade de partículas (g cm-3).
Outra forma para o cálculo da porosidade total do solo é pela saturação:
(mSaturado  mSS )  (mSaturado  mSS ) 
PT (m3m3 ) = ou PT (%) =   *100
V  V
Onde:
- mSaturado = massa do solo saturado menos a massa do anel+tule+elástico (g).
- mSS = massa do solo seco a 105ºC menos a massa do anel+tule+elástico (g).
- V = volume do anel (cm³).

Esta fórmula para o cálculo da PT não é recomendada pela literatura científica, pela
possibilidade do solo não saturar totalmente, o que subestima a porosidade total.

b) Microporosidade:

24
(mS 60 cm  mSS )  (mS 60 cm  mSS ) 
Micro(m3 m3 ) = ou Micro(%) =   *100
V  V
Onde:
- mS 60 cm = massa do solo a 60 cm de sucção menos a massa do anel+tule+elástico (g);
- mSS = massa do solo seco a 105ºC menos a massa do anel+tule+elástico (g);
- V = volume do anel (cm³).

c) Macroporosidade:
Macro(m3m3 )  PT  Micro
Macro(%)   PT  Micro  *100

d) Volume de bioporos:
(mSsat  mS10 cm)
Bio (m3 m3 ) =
V
Onde:
- mS10 cm = massa do solo a 10 cm de sucção menos a massa do anel+tule+elástico (g);
- mSsat = massa do solo sarurado (m3 m-3);
- V = volume do anel (cm³).

e) Porosidade atual de aeração do solo:


Ea(m3m3 )  PT  Uv
Onde:
- PT = porosidade total do solo (m3 m-3)
- Uv = umidade volumétrica do solo (m3 m-3)

f) Volume ocupado pelas partículas sólidas:


Vp(m3m3 )  1  PT

8.1.1. Exemplo de cálculos de porosidade do solo

Exemplo 12. Determine as porosidades de um Neossolo Litólico do município de São


Joaquim/SC na camada de 0 a 0,15 m. Dados: volume do anel metálico = 50 cm³; densidade do solo =
1,14 g cm-3; densidade de partículas = 2,529 g cm-3 e umidade volumétrica = 0,44 m3 m-3.

Tabela 11. Dados para cálculos das porosidades de um Neossolo Litólico na camada de 0 a 0,15 m, no
município de São Joaquim/SC.
Solo úmido Tule + Solo saturado + anel Solo a 10 cm + anel Solo a 60 cm + anel Solo seco
Anel
+ anel elástico + tule + elástico + tule + elástico + tule + elástico + anel
------------------------------------------------- g --------------------------------------------
114,74 0,9 121,88 119,00 113,42 89,47 32,52

a) Porosidade total:
 1,14 
PT (m3m3 )  1    = 0,55 m3m3
 2,529 
(88,46  56,95)
PT (m3m3 ) =  0, 63 m3m3
50
25
b) Macroporosidade:
(88,46  80)
Macro(m3m3 ) =  0,17 m3m3
50

c) Microporosidade:
Micro(m3m3 )  0,55  0,17  0,38 m3m3

d) Volume de Bioporos:
(88,46  85,58)
Volume de Bioporos (m3m3 ) =  0, 06 m3m3
V

e) Porosidade atual de aeração do solo:


Ea(m3m3 )  0,55  0, 44  0,11 m3m3

f) Volume ocupado pelas partículas sólidas:


Vp(m3m3 )  1  0,55 = 0,45 m3m3

26
9. CURVA DE RETENÇÃO DE ÁGUA NO SOLO

9.1. Determinação da curva de retenção de água no solo

1) A curva de retenção de água do solo, em mesa de coluna de areia e câmara de pressão, pode
ser determinada nas mesmas amostras de estrutura preservada em anéis metálicos usadas para a
determinação das porosidades, nos potenciais de 1, 6, 10, 33, 100, 300, 500, 1000 e 1500 kPa. Os
resultados são expressos em base volumétrica. Obs.: 100 kPa equivale a 1 Bar.
2) Pesar as amostras saturadas (mSsat+mAnel).
3) Colocar os anéis na mesa de areia previamente saturada e nivelada. Baixar o nível da água
até 10 cm, deixando por 48 horas. Após o período retirar os anéis da mesa, limpar com um pincel o
tule e pesar (mS10 cm+mAnel).
4) Retornar os anéis para a mesa de areia e baixar o nível da água até 60 cm deixando por 48
horas. Retirar os anéis, limpar e pesar (mS60 cm+mAnel).
5) Retornar os anéis para a mesa de areia e baixar a água até o nível de 100 cm deixando por 48
horas. Retirar os anéis, limpar e pesar (mS100 cm+mAnel).
6) A tensão de 100 cm pode ser feita em câmara de pressão também.
7) Colocar os anéis em câmara de pressão (Câmara de Richards) sobre placa porosa de 0,5 ou 1
bar. Adicionar pressão de 0,33 bar deixando por 48 horas ou até que a tensão aplicada não retire mais
água da amostra. Retirar os anéis e pesar (mS330 cm+mAnel).
8) Retornar os anéis para a câmara de pressão e adicionar uma pressão de 1 bar, deixando por
72 horas ou até que a tensão aplicada não retire mais água da amostra. Retirar os anéis e pesar (mS1
bar+mAnel).
9) Colocar os anéis em câmara de pressão de 5 bar sobre placa porosa de 5 bar. Adicionar
tensão de 3 bar deixando por 120 horas ou até que a tensão aplicada não retire mais água da amostra.
Retirar os anéis e pesar (mS3 bar+mAnel). Repetir o procedimento aplicando tensão de 5 bar (mS5
bar+mAnel).
10) Colocar os anéis em câmara de pressão de 15 bar com placa porosa de 15 bar. Adicionar
uma pressão de 10 bar deixando por 168 horas ou até que a tensão aplicada não retire mais água da
amostra. Retirar os anéis e pesar (mS10 bar+mAnel). Repetir o procedimento aplicando tensão de 15
bar (mS15 bar+mAnel).

Tabela 12. Tempo (dias) para a permanência das amostras na mesa de areia e nas panelas de pressão utilizando
anéis cilíndricos metálicos de 0,025 m de altura.
Ponto da Curva, Tensão em bar Tempo (Dias)
Saturação 2
0,01 2
0,06 2
0,10 2
0,33 2
1 3
5 6
10 6
15 7
Secagem a 105ºC 2

11) Observação: as placas porosas de cerâmica devem estar saturadas na ocasião de seu uso.
Para isso, deixá-las imersas em água por 48 h.

27
12) Concluída a pesagem a 15 bar transferir os anéis para estufa de circulação de ar a 105ºC
por 48 h. Pesar quando seco ( mSS  mAnel ). Retirar o solo, lavar o anel metálico, secar e pesar
( mAnel ).
13) Para os cálculos, descontar a massa do anel+tule+elástico.
14) Transformar os dados para valores de umidade volumétrica.
15) Com os valores da umidade volumétrica do solo e do potencial matricial, ajustar a equação
de Van Genuchten (Van Genuchten, 1980):
 
  s   r  
  r   m 

 
 1   m 
n
 

Onde:
- θ = umidade volumétrica;
- θr = umidade volumétrica residual;
- θs= umidade volumétrica do solo saturado;
- Ψm= potencial mátrico da água no solo;
- α, m, n = parâmetros empíricos de ajuste da equação.

16) Com as determinações de umidade e da curva de retenção de água é possível quantificar a


água armazenada em cada camada avaliada e em todo o perfil do solo amostrado e expressar índices
de disponibilidade de água para as culturas.
17) Ajuste de Equação de Van Genuchten utilizando o software Sigma Plot:
a) Clicar nos pontos x y.
b) Com o botão direito do mouse direito clicar em “curve fit”.
c) Edit code.
d) Inserir a equação abaixo com os valores da umidade na saturação e a residual:
f = 0.1343 + ((0.3155 - 0.1343)/(1+(a*x)^n)^m) fit f to DepVar0
e) Initial parameters:
a = 0.5' {{previous: 0,0578843}}
n = 0.5' {{previous: 0,818615}}
m = 0.5' {{previous: 0,631572}}
f) Variables
x = col (1)
DepVar0 = col (2)
g) Ok.
h) Next.
i) Inserir as colunas com dados x e y (se ainda não foi feito).
j) Seguir os passos do programa.

Cálculos

a) Bioporos:
(mSsat  mS10 cm)
Bioporos (m3m3 ) =
V
b) Macroporos:
(mS10 cm  mS 60 cm)
Macro(m3m3 ) =
V
c) Microporos:
(mS 60 cm  mS15 bar )
Micro(m3m3 ) =
V

28
d) Criptoporos:
(mS15 bar  mSSeco)
Criptoporos (m3m3 ) =
V
e) Água disponível:
Solo arenoso = AD(mm)   CC (100 cm)   PMP(15 bar )* h
Solo argiloso = AD(mm)   CC (0,33 bar )   PMP(15 bar )* h
Onde:
-  CC = umidade na capacidade de campo (cm3 cm-3);
-  PMP(15bar ) = umidade no ponto de murcha permanente (cm3 cm-3);
- h = profundidade da camada de solo (mm).

9.1.1. Exemplo de cálculos da curva de retenção de água no solo

Exemplo 13. Determine a curva de retenção de água e o fracionamento da porosidade de um


Latossolo Vermelho do município de Campos Novos/SC na camada de 0 a 0,05 m. Dados: volume do
anel = 49,5 cm³; massa do anel+tule+elástico = 31,56 g.
Tabela 13. Dados para os cálculos da curva de retenção de água de um Latossolo Vermelho na camada de 0 a
0,05 m, no município de Campos Novos/SC.
Solo saturado 0,1 m 0,6 m 1m 0,33 bar 1 bar 3 bar 5 bar 15 bar Solo seco
-------------------------------------------------------- g --------------------------------------------------------
126,20 121,15 118,16 117,69 116,81 116,07 114,05 112,56 112,06 93,79
Os valores são a soma do solo com sua respectiva umidade com anel+tule+elástico.

a) Cálculos da umidade volumétrica para cada ponto da curva:


(94, 64  62, 23)
 SoloSat    SoloSat =0,655 m3m3
49,5
(89,59  62, 23)
0,1 m   0,1 m =0,553 m3m3
49,5
(86, 6  62, 23)
0,6 m   0,6 m =0,492 m3m3
49,5

Tabela 14. Resultados da umidade volumétrica (θ) em cada ponto da curva para os cálculos de retenção de água
de um Latossolo Vermelho na camada de 0 a 0,05 m, no município de Campos Novos/SC.
Solo saturado 0,1 m 0,6 m 1m 0,33 bar 1 bar 3 bar 5 bar 15 bar
--------------------------------------------------- m3m-3 --------------------------------------------------
0,655 0,553 0,492 0,483 0,465 0,450 0,409 0,379 0,369

b) Ajuste da curva de retenção de água no solo com o uso do software Sigma Plot 11.0:

29
0,70
Testemunha
0,65

-3
Umidade Volumétrica (Uv), m m
0, 655  0,3690
  0,3690 

3
0,60 2
[1  [4, 492e 1 PA ]3,575e ]7,294e
0,55 R ²  0,9586

0,50 CC

0,45
Água Drenável
PMP
0,40 Água Drenável
Água Disponível
0,35
Umidade Residual
0,30
1 10 100 1000 10000

Potencial de Água no Solo (PA), cm


Figura 3. Curva de retenção de água ajustada de um Latossolo Vermelho na camada de 0 a 0,05 m, no município
de Campos Novos /SC, 2009.

9.1.2. Cálculos do fracionamento da porosidade do solo e da água disponível no solo

(94,64  89,59)
a) Bioporos (m3m3 ) =  0,10 m3m3
49,50

(89,59-86,60)
b) Macro(m3m3 ) =  0, 06 m3m3
49,50

3 3 (86,60  80,50)
c) Micro(m m ) =  0,12 m3m3
49,50

3 3 (80,50  62, 23)


d) Criptoporos (m m ) =  0,37 m3m3
49,50

e) AD(mm)  (0, 465  0,369)*50  4,8 mm

30
10. CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA SATURADA

10.1. Determinação da condutividade hidráulica saturada

1) Determinar os diâmetros das três mangueiras que constituem o aparelho de condutividade


hidráulica através de leituras diretas com régua. Encher as mangueiras com água e definir um intervalo
de altura. Coletar o volume de água do intervalo determinado e pesar. Com a massa de água e a altura
do intervalo, definir o volume de cada uma das mangueiras.
D2
V  h
4
Onde:
- V = volume de água (g);
-  = 3,1416;
- D = diâmetro da mangueira (cm);
- h = altura do intervalo da mangueira (cm).
2) A preparação das amostras é a mesma utilizada para a curva de retenção de água.
3) Saturar e colocar as amostras de solo com estrutura preservada em anel metálico no aparelho
de condutividade hidráulica com a base do anel, devidamente protegido com tule e elástico, sob a
grade do aparelho.
4) Encaixar o anel no aparelho.
5) Encher com água as três mangueiras.
6) Expulsar o ar da amostra com o respiro do aparelho aberto, soltando uma coluna de água até
saída de água pelo respiro. Fechar o respiro em seguida.
7) Encher novamente a mangueira com água e soltar, agora sobre a amostra sem ar, para
verificar vazamentos de água fora da amostra.
8) Usar o computador próximo ao aparelho, utilizando a planilha do software Ksat 2008.
9) Aferir o cronômetro da planilha do software Ksat 2008 (arquivo , aferir cronômetro). Após o
aferimento do cronômetro a planilha inicia.
10) Na planilha, registrar o número da amostra, clicar em iniciar e abrir todo o registro da
mangueira de maior diâmetro do aparelho. Assim que a água passar pelo ponto zero (primeira marca
na mangueira) apertar a tecla “Enter”, teclando “Enter” na passagem da água pelas demais marcas da
mangueira (de 20 em 20 cm).
11) Na passagem de água pela última marca, parar o cronômetro e fechar o registro do aparelho
para evitar a entrada de ar na mangueira.
12) Escolher a mangueira utilizada na planilha do software Ksat 2008 (P, M ou G) e registrar o
valor da leitura (mm h-1).

31
11. RESISTÊNCIA DO SOLO À PENETRAÇÃO DE RAÍZES

11.1. Determinação da resistência do solo à penetração de raízes

A resistência do solo a penetração é determinada com um penetrógrafo digital a campo


(PLG1020 – FALKER) em intervalos de 1 cm até a profundidade de 60 cm. A velocidade de
penetração deve ser mantida o mais constante possível; as normas internacionais recomendam
perfuração a 30 mm s-1. As leituras devem ser realizadas em diferentes estádios de desenvolvimento
das plantas e diferentes condições de umidade do solo.

Tabela 15. Resultados da umidade volumétrica (θ) em cada ponto da curva para os cálculos de retenção de água
de um Latossolo Vermelho na camada de 0 a 0,05 m, no município de Campos Novos/SC.
Classe Resistência à penetração (MPa)
Extremamente baixa < 0,01
Muito baixa 0,01 - 0,1
Baixa 0,1 - 1,0
Moderada 1,0 - 2,0
Alta 2,0 - 4,0
Muito alta 4,0 - 8,0
Extremamente alta > 8,0
Fonte: Soil Survey Staff (1993), citado por Arshad, Lowery e Grossman (1996).

Resistência a Penetração, MPa

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5


0

10
Profundidade, cm

15

20

25

30
Sem Pastejo
Diferido
35 Pastejado

40

Figura 4. Resistência do solo à penetração de raízes em um Cambissolo Húmico sob sistema integração lavoura
pecuária e diferentes sistemas de manejo da pastagem.

32
12. ENSAIO DE PROCTOR NORMAL

12.1. Determinação do ensaio de proctor normal (Klein, 2008)

1) O ensaio de Proctor foi padronizado no Brasil pela ABNT (NBR 7.182/86). O cilindro
padrão tem volume de 1000 cm3 (10 cm de diâmetro e 12,73 cm de altura).
2) Coletar aproximadamente 15 kg de solo, secar ao ar e passar em peneira de 4,8 mm.
3) Determinar a umidade da amostra.
4) Pesar seis sub-amostras com 2,5 kg cada e acondicioná-las em sacos plásticos.
5) Colocar a primeira sub-amostra em uma bandeja e pulverizar água até atingir o ponto de
friabilidade. Anotar o volume de água adicionado a amostra.
6) Nas demais sub-amostras acrescentar água lentamente, de forma que toda a amostra seja
umedecida uniformemente. A variação de umidade entre as sub-amostras deve ser de 2 % para solos
argilosos e de 1,5 % para solos arenosos para cada amostra. Normalmente acrescenta-se água numa
quantidade na ordem 2 % da massa original de solo, em massa.
7) Embalar as sub-amostras em sacos plásticos, deixando em repouso por um período mínimo
de 24 h, para a adequada distribuição da água por todas as partículas de solo.
8) O ensaio deve ser iniciado pela segunda sub-amostra, podendo a primeira ser compactada
para o primeiro e para o último ponto (depois de reumedecida), conforme os resultados obtidos nos
outros pontos.
9) Realizar a compactação em três camadas, utilizando 25 golpes do compactador do Proctor
Normal. Colocar o solo solto no cilindro até uma altura tal que, o solo depois de compactado tenha
uma altura de 1/3 da altura do cilindro. Entre uma camada e outra, proceder à escarificação da
superfície para melhor contato entre as camadas. As camadas devem ser o mais uniformes possível.
Como o cilindro de 12 cm de altura, cada camada deverá ter em torno de 4 cm de altura.
10) Após a compactação, retirar cuidadosamente o colar. Cuidar para que o solo não exceda de
1 cm da borda superior do cilindro e nem que o cilindro não fique totalmente preenchido.
11) Retirar o excesso de solo de tal maneira que o volume do solo seja igual ao volume do
cilindro.
12) Determinar a massa do solo + cilindro (g).
13) Colocar o cilindro no extrator de amostra e retirar o solo.
14) Determinar a umidade do solo compactado, retirando do interior do corpo de prova
(cilindro) uma amostra composta por parte do solo do terço superior, médio e inferior.
15) Obtida a umidade gravimétrica ( Ug ) e tendo-se a massa de solo úmido ( mSU ) do
cilindro do Proctor, calcular a massa de solo seco ( mSS ).
16) Obtidos os pares de valores de umidade (eixo X) e densidade do solo (eixo Y), plotar
gráfico e traçar as curva que melhor ajustam os pontos.
17) Determinar o valor da densidade do solo máxima (pico da curva) e a umidade ótima.

Cálculos

a) Volume de água a ser adicionado:


 mSU 
Va(mL)    * UgD  UgI 
 1  UgI 
Onde:
33
- Va = Volume de água a ser adicionado (mL);
- mSU = Massa de solo úmido (g);
- UgI = Umidade gravimétrica inicial (g g-1);
- UgD = Umidade gravimétrica desejada (g g-1).

b) Cálculo da umidade gravimétrica do solo:


(mSU  mSS )
Ug ( g g 1 ) 
mSS
Onde:
- mSU = massa do solo úmido (g);
- mSS = massa do solo seco (g).

c) Massa inicial de solo ( mInc ):


massaAmostra
mInc( g ) 
(1  Ug )

d) Cálculo da densidade do solo:


mInc
Ds( g cm3 ) 
Volume do cilindro
Onde:
- mInc = massa inicial de solo (g);
- Volume do cilindro = volume do cilindro padrão do aparelho = 1000 cm³.

12.1.1. Exemplo de cálculo do ensaio de Proctor Normal

Exemplo 14. Determinar a curva de compactação com os dados obtidos no ensaio de Proctor
Normal de um Nitossolo Bruno do município de Painel/SC no horizonte A. Dados: volume do cilindro
padrão = 1000 cm³, massa do cilindro padrão = 2509,1 g e umidade inicial da amostra = 0,10 kg kg-1.

Tabela 16. Dados do ensaio de proctor normal segundo ABNT (NBR 7.182/86) para os cálculos da curva de
compactação de um Nitossolo Bruno no horizonte A, no município de Painel/SC.
Antes da compactação Após compactação Umidade
Solo úmido + Solo úmido +
Sub-amostras Água adicionada Solo úmido Lata Solo seco + lata
cilindro lata
mL ---------------------------------- g ---------------------------------------------
1 300 4.028,7 1.519,6 28,21 188,75 154,81
2 400 4.188,3 1.679,2 29,46 232,88 183,84
3 500 4.264,4 1.755,3 30,61 249,8 192,07
4 600 4.246,1 1.737,0 28,21 257,02 190,22
5 700 4.198,3 1.689,2 29,46 294,22 208,91
6 800 4.173,1 1.664,0 30,61 324,22 225,36

Cálculos para a sub-amostra 1:


 2500 
a) Va    *  0, 27  0,10   386,36 mL
 1  0,10 

(160,54  126, 60)


b) Ug   0, 27kg kg 1
126, 60

34
1519, 6
c) mInc   1196,53 g
1  0, 27 
1198
d) Ds   1,196 g cm3
1000

Tabela 17. Resultados do ensaio de proctor normal segundo ABNT (NBR 7.182/86) para os cálculos da curva
de compactação de um Nitossolo Bruno no horizonte A, no município de Painel - SC.
Água adicionada UG Ds
Sub-amostra
mL kg kg-1 Mg m-3
1 300 0,27 1,20
2 400 0,32 1,27
3 500 0,36 1,29
4 600 0,41 1,23
5 700 0,48 1,14
6 800 0,51 1,10

1,35

1,30
Densidade do Solo (Mg m )
-3

1,25

1,20

1,15

Ds  8,170x 2  5,831x  0, 233


1,10
R²  0,946

1,05
0,27 0,30 0,33 0,36 0,39 0,42 0,45 0,48 0,51 0,54
-1
Umidade do Solo (kg kg )

Figura 5. Curva de compactação de um Nitossolo Bruno, localizado no município de Painel-SC, sobre campo
natural.

35
13. LIMITE DE LIQUIDEZ

13.1. Determinação do limite de liquidez (Embrapa, 1997)

1) Passar as amostras de solo (TFSA) em peneira de malha nº 40 (#0,42 mm) da ABNT.


2) Pesar aproximadamente 100 gramas da amostra e passar 50 g para uma cápsula de porcelana.
Acrescentar água destilada e com o auxílio de uma colher ou espátula mexer até formar uma massa
homogênea.
3) Espalhar aproximadamente 30 ml desta massa na cápsula metálica do aparelho de
Casagrande, de tal maneira que a parte central fique com uma espessura de 1 cm.
4) Cortar a massa de solo no sentido transversal na sua parte central utilizando o cortador
calibrado do próprio aparelho.
5) Realizado o corte, girar a manivela do aparelho numa velocidade constante de 2 rotações por
segundo. Verificar o número de pancadas quando o rachadura central se fechar à espessura de 1 cm.
6) Se o número de pancadas for maior que 18 e menor que 32, encerra-se a determinação,
retirando uma fração da massa de solo para determinar o teor de umidade. Para isso, coletar uma
fração da amostra, de preferência próxima a rachadura, e passar para latas de alumínio de massa
conhecida. Pesar a amostra + lata e colocar em estufa a 105 ºC por 48 horas.
7) Fazer de 3 a 5 repetições por amostra, repetindo o procedimento dos itens acima. Registrar o
número de pancadas correspondentes e o teor de umidade resultante (Ug).
8) O limite de liquidez é representado pelo valor da percentagem de umidade retida pela
amostra, correspondente ao fechamento do vinco no solo a 25 pancadas.
9) Quando não se consegue obter a condição estipulada pelo método para as 25 pancadas,
empregam-se equações que dão esse valor em função de um número de pancadas compreendido entre
certos limites. O American Society for Testing Materials, citado por Sowers, utiliza a equação abaixo:
0,12
N
Limite de Liquidez ( LL)  WN  
 25 
Onde:
- WN = percentagem de umidade correspondente a N pancadas;
- N = número de pancadas.

Tabela 18. Valores de (N/25)0,12 correspondentes ao número de pancadas para a determinação do limite de
liquidez.
N (N/25)0,12 N (N/25)0,12
18 0,961 26 1,005
20 0,974 28 1,014
22 0,985 30 1,022
24 0,995 32 1,03
25 1 - -

Cálculos

a) Limite de liquidez:
0,12
N
LL  WN  
 25 
b) Umidade:
 mSU  mSS 
WN  100*  
 mSS 
36
Onde:
- mSU = massa da amostra úmida retirada após as pancadas (%);
- mSS = massa da amostra seca em estufa a 105 ºC (%).

13.1.1. Exemplo de cálculo do limite de liquidez

Exemplo 17. Determinar o limite de liquidez com os dados obtidos no ensaio com a utilização
do “aparelho de Casangrande” de uma amostra do horizonte A de um Cambissolo Húmico do
município de Lages/SC.

Tabela 19. Dados do ensaio do limite de liquidez com o uso do “aparelho de Casagrande” de um Cambissolo
Húmico no horizonte A, no município de Lages/SC.
mLata mL+SU mL+SS
Repetição N
---------------------- g ----------------------
1 20 15,75 24,76 22,13
2 22 17,11 28,54 25,18
3 20 16,04 29,35 25,51

 9, 01  6,38 
a) WN  100*    41, 22 %
 6,38 
0,12
 20 
b) LL  41, 22    40,15 %
 25 

O Limite de Liquidez é representado pela média das três repetições. Para o Cambissolo Húmico,
os limites de liquidez das repetições foram 40,15, 41,01 e 39,49 % e a média de 40,22 %.

37
14. LIMITE E ÍNDICE DE PLASTICIDADE

14.1. Determinação do limite de plasticidade (Embrapa, 1997)

1) Retirar aproximadamente 10 a 15 g da amostra de solo do “aparelho de Casagrande” após a


determinação do limite de liquidez.
2) Com as mãos, fazer uma esfera com a amostra e comprimi-la sobre uma placa de vidro até
formar um bastão cilíndrico de 3 a 4 mm de diâmetro e 100 mm de comprimento. Deve-se observar
rachaduras na amostras quando o cilindro atingir o diâmetro de 3 a 4 mm (condição de plasticidade).
3) O cilindro deve ser comparado, ficando o mais parecido possível com um cilindro gabarito.
4) Atingindo essa condição, colocar os cilindros em latas de alumínio pré-pesadas e
identificadas, pesar em balanças com precisão de 0,01 g e levar para estufa a 105 ºC por 48 h. Pesar a
massa seca das amostras e determinar a umidade gravimétrica existente no limite de plasticidade.
5) Realizar a de 3 a 5 repetições por amostra.

Cálculos

a) Limite de plasticidade:
 mSU  mSS 
LP(%)  100*  
 mSS 
Onde:
- mSU = massa da amostra úmida no final da determinação do limite de plasticidade (%);
- mSS = massa da amostra seca a 105 ºC (%).

b) Índice de plasticidade:
IP(%)  LL  LP
Onde:
- LL = limite de liquidez (%);
- LP = limite de plasticidade (%).

c) Índice de Consistência
( LL  Ugnat )
IC (%) 
IP
Onde:
- Ugnat = Umidade natural do solo (%);
- IP = Índice de Plasticidade (%).

Tabela 20. Classificação da consistência do solo segundo Almeida (2005).


Classes da Consistência Índice de consistência (%)
Muito Mole IC < 0
Mole 0 < IC < 0,5
Média 0,5 < IC < 0,75
Rija 0,75 < IC < 1
Dura IC > 1

d) Índice de atividade:
IP
IA 
% Argila
Onde:
- % Argila = porcentagem de argila da amostra.

38
Tabela 21. Classificação da atividade da argila do solo segundo Almeida (2005).
Atividade da Argila Índice de atividade
Normal IA < 0,7
Média 0,7 < IA < 1,5
Grande IA > 1,5

14.1.1. Exemplo de cálculo do limite de plasticidade

Exemplo 18. Determinar o limite e o índice de plasticidade, o índice de consistência e o índice


de atividade de uma amostra do horizonte A de um Cambissolo Húmico do município de Lages/SC.O
LL determinado foi de 40,15 %, a Ugnat de 23 % e o teor de argila de 33 %.

Tabela 22. Dados do ensaio do limite de plasticidade do horizonte A de um Cambissolo Húmico do município
de Lages/SC.
Lata Solo úmido + lata Solo seco + lata
Repetição
------------------------- g ---------------------------
1 16,29 18,83 18,21
2 17,02 19,18 18,68
3 17,77 20,10 19,52

 2,54  1,92 
a) LP  100*    32, 29 %
 1,92 
O Limite de Plasticidade é representado pela média das três repetições. Para o Cambissolo
Húmico as repetições foram 32,29, 30,12 e 33,14 % e o valor do LL é de 31,85 %.

(40, 22  23)
b) IC   2,15 %
8
Segundo Almeida (2005), o IC de 2,15% classifica o Cambissolo Húmico como um solo de
consistência dura.
8
c) IA   0, 24
33
Segundo Almeida (2005), o IA de 0,24 classifica o Cambissolo Húmico como um solo de
atividade normal.

39
15. LIMITE DE PEGAJOSIDADE

15.1. Determinação do limite de pegajosidade (Embrapa, 1997)

1) Retirar 50 a 100 g da amostra de solo do “aparelho de Casagrande” após a determinação do


limite de plasticidade.
2) Colocar a amostra em cápsula de porcelana e adicionar água destilada até formar uma massa
homogênea.
3) Comprimir a face de uma espátula plástica ou colher metálica sobre a massa do solo,
verificando sua aderência. O solo deve aderir no material (limite de pegajosidade).
4) Não atingindo o limite de pegajosidade, repetir a operação adicionando mais água.
5) Atingindo o limite de pegajosidade, retirar uma amostragem da massa de solo e colocar em
latas de alumínio pré-pesadas e identificadas. Pesar a massa úmida e levar a estufa a 105 ºC. Pesar a
massa seca e determinar a umidade gravimétrica no limite de pegajosidade.
6) Realizar a de 3 a 5 repetições por amostra.
7) Conclui-se a determinação do limite de pegajosidade quando os teores de umidade
gravimétrica não diferirem mais do que 2 % entre as repetições.

Cálculos

a) Limite de Pegajosidade
 mSU  mSS 
LPeg (%)  100*  
 mSS 
Onde:
- LPeg = Limite de Pegajosidade (%);
- mSU = massa da amostra úmida no final da determinação do limite de plasticidade (%);
- mSS = massa da amostra seca a 105º C (%).

15.1.1. Exemplo de cálculo do Limite de Pegajosidade

Exemplo 19. Determinar o limite de pegajosidade de uma amostra do horizonte A de um


Nitossolo Háplico do município de Palmeiras/SC, com granulometria igual a 25 % de areia, 37 % de
silte e 38 % de argila, classe textural franco argiloso.

Tabela 23. Dados do limite de pegajosidade do horizonte A de um Nitossolo Háplico do município de


Palmeiras/SC.
Lata Solo úmido + lata Solo seco + lata
Repetição
------------------------- g ---------------------------
1 16,60 44,03 35,74
2 16,55 44,97 36,57
3 15,78 43,23 35,18

 27, 43  19,14 
a) LPeg  100*    43,31 %
 19,14 
O Limite de Plasticidade é representado pela média das três repetições. Para o Nitossolo
Háplico, os LPeg das repetições foram 43,31, 41,96 e 41,49 % e o valor do LPeg é de 42,26 %.

40
16. VALORES DE REFERÊNCIA DOS ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO

Quadro 1. Propriedades físicas e parâmetros relacionados para avaliar a qualidade do solo (valores
críticos).
Parâmetro Valores críticos Fonte
Densidade do solo crítica 1,4 a 1,8 dependendo do conteúdo
Jones (1983)
Mg m-3 de argila
Veihmeyer & Hendrickson
1,4 a 1,6 (argila)
(1948)
Veihmeyer & Hendrickson
1,6 a 1,8 (franco; arenoso)
(1948)
1,25-1,30 (muito argiloso) Reichert et al (2003)
1,30-1,40 (Argila) Reichert et al (2003)
1,40-1,50 (franco argiloso) Reichert et al (2003)
1,56 (franco siltoso) Reichert et al (2003)
1,70-1,80 (franco arenoso) Reichert et al (2003)
Resistência à penetração 2,0 MPa Taylor & Gardner (1963)
2,5 MPa Lapen et al. (2004)
Porosidade de aeração 0,10 a 0,15 m3 m-3 Cockrooft & Olson (1997)
Água disponível 0,15 a 0,25 m3 m-3 Cockrooft & Olson (1997)
1 CC/PT = 0,66
Aeração/Porosidade Olness et al. (1998)
EA/PT = 0,34
Silva et al. (1994); Reichert et al
Intervalo hídrico ótimo Maior que zero
(2003)

41
17. TRANSFORMAÇÕES DE UNIDADES

1) Unidades de potenciais
101,325 Pa  101 kPa  0,1 MPa  1 atm  1,013 bar  76 cmHg  10,33 mH 2O

2) Unidades de densidade do solo e de partículas


1 g cm3  1 kg dm3  1000 kg m3  1 Mg m3  1 t m3

3) Unidades de granulometria do solo


1 %  1 g /100 g  0,01 g g 1  1 dag kg 1  10 g kg 1

42
18. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA,G.C.P. Caracterização Física e Classificação dos Solos.Universidade Federal de Juiz de


Fora. Faculdade de Engenharia.Departamento de Transporte.2005.145p.
BOUYOUCOS, G. J. 1962. Hydrometer method improved for making particle size analyses of soils.
Agronomy Journal, 54:464-465.
COCKROOFT, B., OLSSON, K.A. Case study of soil quality in south-eastern Australia: management of
structure for roots in duplex soils. IN: GREGORICH, E.G., CARTER, M.R. Eds., Soil Quality
for Crop Production and Ecosystem Health. Developments in Soil Science, vol. 25. Elsevier,
New York, NY, p. 339– 350, 1997.
DAY, P.R. 1965. Particle fractionation and particle-size analysis. In: BLACK, C.A. Methods of soil
analysis. American Society of Agronomy, 1: 545-566.
EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Centro Nacional de
Pesquisa de Solos. 1997. Manual de métodos de análise de solo. Brasília, Embrapa Produção
de Informação; Rio de Janeiro, Embrapa Solos. 212p.
GEE, G.W. & BAUDER, J.W. 1986. Particle-size analysis. In: KLUTE, A. Methods of soil analysis.
American Society of Agronomy, 1: 383-411
GUBIANI, P.I; REINERT, D.J.; REICHERT, J.M. Método alternativo para a determinação da
densidade de partículas do solo - exatidão, precisão e tempo de processamento. Ciência Rural,
Santa Maria, v36, n.2, p.664-668, mar-abr, 2006.
JONES, C.A. Effects of soil texture on critical bulk density for root growth. Soil Sci. Soc. Am. J.
47:1208-1211, 1983.
KEMPER, W. D. & CHEPIL, W. S. Size distribution of aggregates. In: BLACK, C.A.; EVANS, D.D.;
WHITE, J.L.; ENSMINGER, L.E. & CLARCK, F.E., eds. Methods of soil analysis. Part 1,
Madison, American Society of Agronomy, 1965. p. 499-510.
KEMPER, W.D. & ROSENAU, R.C. Aggregate stability and size distribution. In: KLUTE, A. (ed.).
Methods of soil analysis. Madison, American Society of Agronomy, 1986. p.425-442.
KLEIN, V. A. 2008. Física do solo. Passo Fundo, UPF Editora. 212 p.
LAPEN, D.R.; TOPP, G.C.; GREGORICH, E.G.; CURNOE, W.E. Least limiting water range
indicator of soil quality and corn production, Eastern Ontario, Canada. Soil and Tillage
Research,v.78, p.151‑170, 2004.
OLNESS, A.; CLAPP, C.E.; LIU, R. & PALAZZO, A.J. Biosolids and their effects on soil properties.
In: WALLACE, A. & TERRY, R.E. eds. Handbook of soil conditioners. New York, NY,
Marcel Dekker, 1998. p. 141-165
REICHERT, J.M.; REINERT, D.J. & BRAIDA, J.A. Condições físicas de solos associadas à sua
qualidade e sustentabilidade de sistemas agrícolas. Ci. Ambiente, 27:29-48, 2003.
SILVA, A.P.; IMHOFF. S. & CORSI. M. Evaluation of soil compaction in an irrigated short-duration
grazing system. Soil Till. Res., 70:83-90, 2003.
TAYLOR, H.M. & GARDNER, H.R. Penetration of cotton seedling taproots as influenced by bulk
density, moisture content, and strength of soil. Soil Sci. 96:153-156, 1963.
VEIHMEYER, F.J. & HENDRICKSON, A.H. Soil density and root penetration. Soil Sci. 65:487–
493, 1948.

43
“Vale muito mais errar tentando fazer alguma coisa, do que acertar por omissão.
Quem optar por esta última decisão estará tão somente aumentando o
contingente dos pobres de espírito”

Neroli Cogo

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