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Devido a necessidade de moagem fina para obter partículas de tamanho inferior a 0,5mm,
as rações para pós-larvas estão sujeitas a maiores perdas de nutrientes por dissolução na
água, principalmente os minerais, as vitaminas hidrossolúveis, proteínas e aminoácidos
livres. Para minimizar estas perdas é preciso que estas rações apresentem boa
flutuabilidade, reduzindo o contato das partículas com a água e assim as perdas de
nutrientes por dissolução. Uma boa flutuabilidade das rações pode ser alcançada com a
correta combinação de ingredientes e moagem fina da mistura. As rações usadas para pós-
larvas e alevinos durante o período de reversão sexual devem ser fortificadas com pelo
menos 3 vezes mais vitaminas e minerais do que o mínimo recomendado. Na Tabela 7 é
apresentada a sugestão de enriquecimento para estas rações, bem como um exemplo de
enriquecimento vitamínico e mineral de rações com 40 a 45% de proteína que vêm
garantindo bons resultados na alimentação de pós-larvas de tilápias em pisciculturas de
São Paulo.
Manejo alimentar. A reversão sexual deve ser iniciada com pós-larvas entre 9 a 12mm. A
ração com 60mg de metiltestosterona/kg deve ser fornecida em 5 a 6 refeições diárias. Em
cada refeição, a ração deve ser fornecida até o momento em que os peixes estiverem
saciados. Isto é conseguido através de contínuo fornecimento de ração e atenta observação
do consumo e atividade dos peixes. Deve se evitar excessiva sobra de ração nas unidades
de reversão. Anéis de alimentação flutuantes são úteis para evitar que a ração se espalhe,
sendo muito usados quando a reversão é feita em “happas”. Os peixes devem receber
rações com metiltestosterona por um período de 28 dias. Cerca de 600 a 800 gramas de
ração são necessárias para cada 1.000 alevinos de 4 a 5 cm produzidos.
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22/01/2018 Nutricao e Alimentacao de Tilapias - Parte 2 - Final
Enquanto a biomassa de tilápias em viveiros de recria com plâncton não ultrapassar 4.000
kg/ha, rações com 24 e 28% de proteína, 2.600 a 2.800 kcal de ED/kg e sem
enriquecimento vitamínico e mineral podem ser utilizadas mantendo adequado crescimento
e conversão alimentar. Durante esta fase os peixes devem ser alimentados entre 2 a 3%
do peso vivo ao dia, quantidade dividida em 2 refeições diárias. O uso de rações flutuantes
permite melhor ajustar a quantidade de ração fornecida. Alimentar os peixes tudo o que
eles podem consumir numa refeição maximiza o crescimento, o que é desejado nas fases
iniciais. Porém, tal prática pode não ser a melhor estratégia do ponto de vista econômico,
principalmente nas fases de engorda (Tabela 9).
Tabela 9. Influência da taxa de alimentação diária sobre o ganho de peso e conversão alimentar de
alevinos de tilápia do Nilo em aquários (Xie et al 1997) e de tilápia vermelha da Flórida, híbrido entre
O. hornorum e O. mossambicus, cultivadas em Tanques-rede (Clark et al 1990)
Nível de Ganho de peso Ganho de peso Conversão Conversão alimentar
arraçoamento (%/dia) relativo alimentar relativa
(% do PV/dia)
1% PV 0,48 100 1,85 210
2% PV 1,67 348 0,88 100
3% PV 2,20 458 0,92 105
4% PV 2,35 490 1,14 130
Saciedade 2,71 565 1,85 210
Xie et al 1997
(% do consumo Ganho de peso Ganho de peso Conversão Conversão alimentar
voluntário) (gramas/dia) relativo alimentar relativa
110% 1,63 166 2,26 144
90% 1,58 161 2,11 134
70% 1,47 150 1,68 107
50% 0,98 100 1,57 100
Clark et al 1990
Quando a biomassa nos viveiros ultrapassar os 4.000 kg/ha, o plâncton disponível não é
capaz de complementar a nutrição e manter os mesmos índices de desempenho dos peixes
na recria. A partir deste ponto é recomendável o uso de rações com 28 a 32% de proteína,
energia digestível entre 2.900 a 3.200 kcal/kg (Tabela 6) e suplementação mínima de
vitaminas e minerais (Tabela 7). Deve ser esperada uma piora nos índices de conversão
alimentar a partir deste ponto, devido tanto à diminuição no plâncton disponível por
animal, quanto à deterioração progressiva na qualidade da água. Ainda assim valores de
conversão entre 1,0 e 1,2 devem ser obtidos. Sob condições adequadas de temperatura da
água (28 a 32 °C), tilápias de 1g atingem o peso de 100g após 60 a 70 dias de recria em
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· Com a estocagem dos peixes e início da alimentação a água começa a adquirir uma
coloração esverdeada, o que indica a presença de plâncton.
· Se houver muita troca de água no início das etapas de recria o plâncton não se forma e o
desenvolvimento dos peixes será prejudicado. A água fica muito transparente, facilitando o
desenvolvimento de algas filamentosas e plantas aquáticas no fundo dos tanques, o que
pode prejudicar a qualidade da água e dificultar as operações de despesca.
· Se a água estiver muito cristalina no início das fases de recria, a formação do plâncton
pode ser estimulada fechando toda a entrada de água e aplicando 2 a 3 kg de
uréia/1.000m2/semana e cerca de 4 a 6 kg de farelos vegetais/1.000m2/dia. Farelos de
arroz, trigo ou algodão, por exemplo, podem ser usados e também servirão de alimento
para os peixes estocados.
· O ideal é deixar a água ir adquirindo uma coloração esverdeada até atingir transparência
entre 40 a 50cm, o que pode ser medido com o auxílio do Disco de Secchi. Atingida esta
transparência, pode se interromper o uso de uréia e farelos.
Durante a engorda em viveiros até o limite de 6.000 kg/ha, o piscicultor pode utilizar
rações sem suplementação mineral e vitamínica, entre 24 e 28% de proteína e energia
digestível de 2.600 a 2.800 kcal/kg. O nível de arraçoamento deve ficar entre 1,5 a 2,% do
peso vivo ao dia, dividido em 2 refeições. O tempo necessário para que as tilápias
alcancem 600g não deve ultrapassar 110 dias sob condições adequadas de temperatura. A
conversão alimentar deve fica entre 1,3 a 1,5. Se o objetivo é produzir mais do que 6.000
kg de tilápia/ha, a partir desta biomassa é recomendável o uso de uma ração
suplementada com minerais e vitaminas e com maior concentração protéica (28 a 32%) e
energética (2.800 a 3.000 kcal/kg). Deve ser esperada um piora nos índices de conversão
alimentar (1,5 a 1,7) e uma redução na velocidade de crescimento, devido à diminuição no
plâncton disponível e a progressiva redução na qualidade da água.
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Rações com 32 a 36% de proteína e 2.900 a 3.200 kcal ED/kg e enriquecidas com pelo
menos níveis duplos de vitaminas e minerais devem ser usadas na engorda de tilápias em
raceways e tanques-rede (Tabelas 6 e 7). O arraçoamento diário entre 1,5 a 2,5% do peso
vivo deve ser dividido em 3 refeições. A expectativa de conversão alimentar é de 1,5 a 1,8.
Sob condições adequadas de temperatura (28 a 32 °C). Cerca de 130 dias serão
necessários para os peixes chegarem a 600g.
Tabela 11. Efeito da suplementação ou não de rações com ácido ascórbico sobre o desempenho
reprodutivo e o desenvolvimento das pós-larvas de tilápia de Mossambique, Oreochromis
mossambicus (Soliman et al. 1986)
0 mg/kg de ração 1.250 mg/kg de ração
Efeito no desempenho reprodutivo
Taxa de eclosão (%) 54 89
Larvas deformadas (%) 57 1
Concentração de vitamina C
no ovos (ug/kg) Não detectado 202
nas larvas (ug/kg) Não detectado 135
Efeito no desempenho das pós-larvas
Peso inicial (mg) 5 7,25
Peso final (mg) 30 237
Conversão alimentar 5,00 1,05
Sobrevivência (%) 1,8 86,4
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Idade ou tamanho dos peixes. Dentro de uma mesma espécie, peixes menores (mais
jovens) apresentam melhores índices de CA, o que pode ser explicado pelo fato dos peixes
menores apresentarem uma maior relação taxa de crescimento/exigência de manutenção
comparados a peixes de tamanho maior. Peixes de menor tamanho também são mais
eficientes na utilização do alimento natural quando este for disponível.
Sexo e reprodução. No caso específico de tilápias este fator é muito importante. Por
exemplo, as fêmeas de tilápias-do-Nilo direcionam grande quantidade de energia dos
alimentos para a produção de ovos e cuidado parental, portanto crescem mais lentamente
e apresentam piores índices de CA que os machos. De uma forma geral, quando os peixes
entram em fase de reprodução os índices de conversão alimentar tendem a piorar devido
ao maior gasto da energia com as atividades relacionadas à reprodução (formação de
gônadas, côrte e disputa pelos parceiros, construção e defesa de ninhos, cuidado parental,
entre outros).
Qualidade da água. Quanto melhor for a qualidade da água melhor serão os índices de
conversão alimentar. Reduzidos níveis de oxigênio dissolvido, elevada concentração de gás
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Tabela 12. Índices de conversão alimentar (CA) de tilápias de diferentes tamanhos, mantidas em
ambientes variados e alimentadas com rações de diferentes composições e formas de
apresentação
Tamanho PB das CA
Referências Ambiente CA mín. Forma das rações
(g) rações (%) máx.
Furuya et al 1998 Aquário 2 a 11 28 1,14 1,23 Peletes densos
Olvera-Novoa et al
Aquário 0,2 a 6 45 0,76 0,82 Não especificados
1997
Siddiqui et al 1988 Aquário 40 a 170 30 1,70 1,75 Peletes densos
Siddiqui et al 1988 Aquário 0,8 a 20 40 1,90 1,90 pó fino
Xie et al 1997 Aquários 10 35 0,88 1,14 Peletes densos
Abdelghany 1997 Aquários 3 a 40 34 a 39 1,35 1,73 Peletes
Rojas e van Weerd
Aquários 7 a 45 39 1,24 Peletes
1997
Bhikajee e Gobin
Aquários 0,5 a 70 1,21 1,62 Não especificados
1997
Mires e Amit 1992 Recirc. 30 a 400 30 1,30 2,00 Peletes
Peletes flutuantes
Rosati et al 1997 Recirc. 20 a 670 36 1,70
(extrusados)
Siddiqui et al 1991 Raceways 20 a 120 34 1,7 2,3 Peletes densos
Siddiqui e Al-Harbi
Tanques 0,5 a 28 34 0,98 1,46 Peletes densos
1995
Siddiqui e Al-Harbi
Tanques 30 a 100 34 1,50 2,20 Peletes densos
1995
Pouomogne e
Viveiros 11 a 45 28 2,02 3,06 Farelada
Mbongblang 1993
Gur 1997 Viveiros 45 a 120 40 1,18 1,33 Peletes densos
Gur 1997 Viveiros 45 a 400 35 1,42 1,68 Peletes densos
Gur 1997 Viveiros 20 a 300 33-34 1,28 1,70 Peletes
Mainardes Pinto et
Viveiros 10 a 590 25 1,53 1,83 Peletes
al 1989
Viola et al 1988 Viveiros 80 a 500 29-31 1,65 2,50 Peletes
Peletes flutuantes
Gur 1997 Viveiros 50 a 300 33-34 1,01 1,51
(extrusados)
Kubitza e Halverson Peletes flutuantes
Viveiros 4 a 450 32 1,00 1,20
(não public) (extrusados)
Peletes flutuantes
Lovshin et al 1990 Viveiros 5 a 160 3600% 2,20 2,40
(extrusados)
120 a
Viola et al 1988 Gaiolas 25 2,6 3,4 Peletes densos
330
Peletes flutuantes
Clark et al 1990 Gaiolas 10 a 160 32 1,57 2,26
(extrusados)
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