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IMPLEMENTAÇÃO BIM
NA CASAIS
A implementação BIM na indústria da construção, pelo facto de se realizar em contexto
multidisciplinar, apresenta desafios acrescidos. No desenvolvimento da sua atividade, a CASAIS atua
na totalidade dos diversos estágios do ciclo da construção: desde a conceção de projeto de raiz,
percorrendo a fase comercial (...)
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ENGENHARIA
ENGENHARIA
Divulgação da Norma Técnica:
Controlo Económico de Projetos
Execução de Impermeabilização // pág. 12
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“O Engenho” é um Boletim de Conhecimento Técnico Mensal, os conteúdos não podem ser reproduzidos ou copiados sem a devida autorização dos autores.
Todos os direitos reservados. Grupo Casais © 2016 www.casais.pt | www.casaisnet.casais.pt
Boletim de Conhecimento Técnico Nº 27/2016
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IMPLEMENTAÇÃO BIM
NA CASAIS
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A multidisciplinaridade dos processos integração do faseamento construtivo implementação BIM que permita
e a presença em diversas geografias nos modelos e a simulação animada uma transição eficiente dos atuais
obrigou, previamente à implemen- do processo de construção. processos 2D centrados na produção
tação BIM na empresa, à reflexão de documentos, para processos 3D
ponderada acerca da estratégia e plano ↘ Estratégia BIM na CASAIS suportados por modelos BIM paramé-
de ação a realizar na CASAIS. Qualquer alteração de metodologias, tricos e enriquecidos de informação;
em especial numa indústria como da • Apresentação das metodologias
Como âncora de desenvolvimento Arquitetura, Engenharia e Construção preconizadas e dos processos a
da implementação BIM, foi decisão (AEC), caracterizada pela rigidez dos implementar no âmbito da imple-
orientadora a constituição de núcleo seus processos, em concomitância mentação operacional do BIM, ten-
BIM na sede da CASAIS, ao nível do com a elevada maturidade da CASAIS do por base o nível de maturidade
Departamento Técnico da constru- (cerca de 6 décadas de atividade), tecnológica aferido para a empresa
tora. Enquanto área privilegiada de implicam mudanças profundas, resul- no contexto atual.
interação com os diversos ramos da tando em processos delicados.
empresa, bem como com as diferentes ↘ Objetivos da Implementação BIM
geografias, revelou ser o local mais Foram assim desenvolvidas reuniões Foram definidos três objetivos ambicio-
apropriado para desenvolvimento de estratégicas de discussão com os sos no âmbito da Implementação BIM:
competências e especialização BIM. Por diversos intervenientes que ocorreram • Curto Prazo - Criar e consolidar o
outro lado, é no Departamento Técnico de forma informal, mas essenciais Núcleo BIM Casais ancorado no
que os benefícios mais diretos da para a correta caracterização dos obje- Departamento Técnico da empresa;
aplicação das ferramentas BIM tendem tivos. Posteriormente foram realizadas • Médio Prazo - Integrar workflows
a surgir de forma mais imediata, na entrevistas mais personalizadas com e processos de trabalho suportados
medida em que é possível desde logo os responsáveis da equipa técnica em modelos BIM nas diferentes
tirar partido de funcionalidades como bem como o Administrador da tutela áreas de atividade do Grupo Casais;
a extração automática de vistas e e o responsável de sistemas informá- • Longo Prazo - Desenvolver e inte-
quantidades do modelo, ou a deteção ticos da CASAIS. grar novas áreas de negócio supor-
de incompatibilidades [1]. tadas por processos BIM no portfólio
↘ Objetivos do Plano Estratégico de serviços do Grupo Casais.
Este tipo de funcionalidade permi- Previamente à implementação foi re-
te, por um lado, agilizar várias das alizado um Plano Estratégico que per- ↘ Motivação da Implementação BIM
tarefas associadas ao desenvolvimento mitisse a avaliação das características A motivação para a implementação
de projetos, e por outro, facilitar a próprias da organização, bem como a BIM na CASAIS ocorreu predominan-
comunicação entre cliente, equipas definição de um plano de formação temente pelos fatores seguintes:
projetistas e equipas de produção e de operacionalização personaliza- • Acompanhar as exigências do
(fabrico e construção), ambos aspetos dos. Os objetivos principais adotados mercado: O contacto com clientes
muito importantes para a maioria das foram os seguintes: internacionais que num contexto
construtoras [2], incluindo a CASAIS. • Definição de objetivos a alcançar de mercado globalizado e numa
No sentido de começar a estabelecer com a implementação BIM na indústria cada vez mais qualificada
dinâmicas de interação com outras Casais, compreendendo a forma- e especializada. A CASAIS enquanto
áreas da empresa, em particular, com lização de uma visão integrada empresa que pretende estar posi-
as equipas de fabrico e de constru- de adoção de processos BIM na em- cionada neste tipo de mercados de
ção, foram desde o início exploradas presa a curto, médio e longo prazo; criação de Valor, pretende adotar e
funcionalidades adicionais como a • Definição de uma estratégia de incorporar a metodologia BIM;
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↘ Análise SWOT
Como forma prática de sistematizar as diversas perspetivas e
variáveis foi realizada uma análise SWOT enquanto metodo-
logia apropriada na cenarização para apoio à decisão.
FORÇAS FRAQUEZAS
• Infraestruturas necessárias à implementação BIM; • Prepoderância atual das ferramentas CAD 2D na produção;
• Equipa BIM com conhecimento prévio sobre ferramentas • Duração relativa à implementação de um workflow BIM
e métodos; transversal a toda a empresa;
• Know-how tecnológico e abertura da equipa; • Desiquilíbrio nos colaboradores alocados às diferentes
INTERNO
OPORTUNIDADES AMEAÇAS
• Tendência do mercado para começar a exigir BIM, sendo já • Dimensão da empresa e abrangência de serviços pode
obrigatória a sua utilização em alguns países; constituir fator de dispersão;
• O BIM potencia novas áreas de negócio como o Facility • A solicitação de serviços BIM ainda não é tão conside-
Management ou o Clash Detection; rável que justifique por si só um investimento com ROI
garantido;
EXTERNO
POSITIVO NEGATIVO
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Facility
Novas áreas de negócio BIM
Management
80%
Departamento
20%
5% Eng. Civil Eng. Civil Eng. Civil Eng. Civil
Hidráulica Hidráulica Hidráulica Hidráulica
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↘ Projeto-piloto
A CASAIS Gibraltar, motivada pelo
impulso anglo-saxónico atualmente
presente na adoção e obrigatoriedade
de projetar de acordo com metodologia
BIM [3], apadrinhou enquanto patroci-
nador a iniciativa de implementação.
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DIVULGAÇÃO DA NORMA
TÉCNICA INTERNA: EXECUÇÃO DE
IMPERMEABILIZAÇÕES
Sabia que?
Ana Costa
Assistência Pós-Venda – PT
Em 2014, cerca de 46% das anomalias tratadas pela APV eram
relativas a problemas de impermeabilizações?
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2. Membranas Betuminosas
Impermeabilização
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CONTROLO ECONÓMICO
DOS PROJETOS
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Elencando os principais benefícios avaliado dos fatores de produção de planeado; Influenciar os fatores que
com a utilização da metodologia: uma organização em uma área de condicionam as alterações; Garantir
• Gestão do risco (enfoque na pre- contabilidade de contas. Uma classe que só as mudanças consentidas são
venção e não no apagar fogos); de custo corresponde a um item rele- implementadas.
• A monitorização do custo e prazo vante no plano de contas.
durante a execução da empreitada Proveitos são o resultado da venda e/
permite tomar ações preventivas Contabilidade de Gestão (analítica ou produção de bens e serviços, bem
que reduzam as surpresas e tor- interna de custos) recolhe, mede, pro- como de outras fontes de resultado
nem os resultados mais previsíveis; cessa e comunica informação, muito para a empresa.
• Dar visibilidade ao suporte de em particular sobre os processos pro-
decisão; dutivos, para ser usada internamente Resultados Financeiros são o produto
• Uma monitorização efetiva dos dois pelos gestores no planeamento, da utilização ou aplicação de recursos
vetores referidos (custo / prazo) controlo e tomada de decisão. financeiros, ou seja, custos e pro-
permite mais facilmente identificar veitos que surgem em sequência de
desvios e corrigi-los; Contabilidade Financeira (geral, decisões financeiras.
• Uma boa gestão contratual; externa) recolhe, mede, processa e
• Informação transparente e participada. comunica informação sobre o patri- Resultados Operacionais compre-
mónio e o seu valor para facilitar a ende os ganhos e perdas gerados
Ficamos a conhecer melhor a em- tomada de decisão, em especial, por na empresa resultantes de decisões
preitada, facto determinante para entidades externas à organização. de carácter operacional (comerciais,
melhorar a relação com o Cliente, compras, vendas, produção e outras).
ajudar a antecipar os problemas e dar Controlo, confronta os objetivos
suporte às perguntas da gestão de pré-estabelecidos com as realiza- Risco evento associado a incerte-
topo. Por outro lado, serve de orien- ções, permitindo encontrar desvios e za que a ocorrer terá um impacto
tação e apoio permitindo à organiza- proceder ao seu ajustamento através positivo ou negativo nos objetivos
ção desenvolver os seus projetos de de decisões corretivas. O controlo é a dos projetos, deve ser conhecido para
forma mais eficaz e eficiente possível, justificação para que se elabore um que possa ser monitorizado.
criando e protegendo valor e contri- planeamento, sem o qual não have-
buir para o aumento dos resultados. ria razão de ser. Contabilidade funciona como o
coletor de toda a documentação
Na obtenção do conjunto dos resul- Custos são os inputs consumidos e representativa de custos e provei-
tados dos projetos/obras, o controlo que permitem acrescentar valor aos tos provenientes das operações da
de custos é importante para a ava- produtos finais. empresa.
liação do desempenho passado da
empresa, avaliação das perspetivas Processo de monitorização e controlo Contabilidade Geral carateriza-se
futuras e na tomada de decisão. permite monitorizar, rever e regular o por estabelecer relações com o meio
progresso e o desempenho do proje- exterior (Fornecedores, Clientes, Esta-
Importa conhecer alguns conceitos to, identificar as áreas em que possa do, Instituições Financeiras e Outras
gerais e termos mais utilizados no ser preciso introduzir alterações e Entidades), por relevar o património
uso desta ferramenta: produzir essas alterações. Monito- e por permitir obter informação sobre
rizar, antecipar problemas e sugerir o Resultado líquido do exercício da
Classe de Custo (=Conta razão, natu- soluções; Comparar sistematicamente empresa.
reza de custo) classifica o consumo o que está realizado com o que está
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Porém, a sua incorporação na emprei- ↘ Amortizações dos Gastos Gerais São exemplos:
tada pode só acontecer em períodos No início de cada obra, é necessário • Vedação;
subsequentes, sendo por isso, neces- contratar determinados serviços ou • Portaria;
sário retificar as existência para ajustar bens, todavia a sua utilização/consu- • Caminhos de circulação e estacio-
o resultado operacional à realidade mo decorre ao longo de todo o prazo namento;
verificada no mês de análise. da empreitada. Os custos “totais” são • Escritório de obra;
imputados na analítica de imediato, e • Instalações sociais e vestiários;
↘ Análise dos desvios por conseguinte, o resultado opera- • Sinalização;
Relevante é a avaliação que, em cada cional fica agravado. • Armazéns e ferramentaria;
momento, pode ser efetuada no que • Área administrativa e social;
respeita aos valores considerados em São exemplos: • Oficinas de apoio;
orçamento (plafons), comparativa- • Taxa de licenciamento de obras; • Área de preparação de armaduras e
mente com os consumos reais. Saber • Encargos com projetos; cofragens;
atempadamente se os recursos são • Assessoria técnica;
suficientes, vão exceder ou remanes- • Estudos (trabalhos especializados); Uma correta análise económica
cer. Também é importante conhecer • Seguros especiais; permitirá em cada período apresentar
o porquê dos desvios, verificar se • Encargos contratuais com veículos uma tendência da margem industrial
foram motivados por diferença de para a fiscalização/cliente; consistente e fundamentada.
quantidade, de preço, de ambos • Aluguer do espaço aéreo (gruas);
(quantidade e preço) ou por execução • Ocupação do espaço público (mon-
de mais trabalhos dessa natureza. tagem de estaleiro, vedação).
Quando é que o relatório mensal
↘ Rendimentos, consumos e ↘ Amortização dos Custos do de obra e a análise económica do
desperdícios Estaleiro projeto deixa de ser importante?
Importa referir que, durante o pro- A montagem/desmontagem do
cesso da correção do balancete ana- estaleiro de apoio à produção im- Após a entrega física da obra ao
lítico, podemos avaliar ainda os ren- plica custos distribuídos pelos vários cliente é necessário encerrar a
dimentos, consumos e desperdícios grupos: mão-de-obra, equipamen- empreitada, confirmar que todo o
dos materiais e compará-los com os tos, gastos gerais, subempreitadas, trabalho foi aceite, verificar se as
considerados em fase de planeamen- subempreitadas integrais e materiais. atividades administrativas também
to/orçamento. A partir desta análise estão fechadas e avaliar a satisfação
podemos obter rácios e métricas que A maior percentagem destes custos do mesmo.
nos vão ser úteis em empreitadas ocorre aquando a montagem do Importa verificar se as seguintes
futuras do mesmo segmento. estaleiro e uma parte mais reduzida questões estão resolvidas.
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G E S T ÃO
AS PEQUENAS
GRANDES REGRAS
O fim do ano aproxima-se a passos largos, assim como a época,
tradicionalmente, mais voltada para a reflexão. Deixamos aqui
algumas pequenas grandes regras no quotidiano profissional:
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DIREITO A FALAR
O PODER DA
FISCALIZAÇÃO
Manuel Luís Gonçalves
Departamento Jurídico
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DIREITO A FALAR
tância para o empreiteiro, na medida execução dos trabalhos ou, pelo me- É evidente que o fiscal não pode ser
em que, durante a execução da obra, nos, não a deve limitar até ao ponto perito em todos os assuntos, pelo
o responsável pela fiscalização (fiscal) de converter a convenção do contrato que deve pedir o apoio dos projetis-
é, por regra, o interlocutor direto do re- de empreitada num simples contrato tas sempre que julgue necessário. Em
presentante do empreiteiro (diretor de de trabalho. casos mais especiais, de estruturas ou
obra): é ele quem aprova e assina os outros trabalhos mais complexos, os
autos, é ele quem representa o dono O fiscal é o representante do dono da mesmos devem ser executados sob a
da obra nas reuniões, quem estabele- obra no estaleiro da obra, a quem incum- inspeção de especialistas, devendo os
ce a ligação com os projetistas, quem be acompanhar, ativamente, a execução projetistas acompanhar a execução
esclarece as dúvidas de interpretação dos trabalhos de molde a assegurar que das estruturas especiais ou elementos
do projeto, quem analisa e aprova os o contrato está a ser cumprido pelo em- mais complexos que projetou, pres-
materiais, quem ordena a execução de preiteiro e a que a obra está a decorrer tando ajuda à equipa de fiscalização
trabalhos a mais e a menos, etc. de acordo com o previsto no respetivo da obra que, por vezes, não tem cola-
projeto de execução. É, por isso, que o boradores com formação especial em
Por este motivo, a convivência entre cumprimento do contrato de empreitada trabalhos mais complexos. No entanto,
o diretor de obra e o fiscal, por vezes, deve ser um objetivo que deve ser segui- o empreiteiro não deve jamais receber
não é fácil. Porque o empreiteiro tem o do pelo empreiteiro e pela fiscalização, ordens ou instruções dos projetistas,
dever de executar um projeto e porque na medida em que é essa a expectativa pelo que deve ser sempre a fiscaliza-
o fiscal tem a incumbência de fiscalizar que, em princípio, o dono da obra tem. ção a transmitir ao empreiteiro quais-
a sua execução. Saber onde começa Em princípio, o dono da obra pretende quer ordens ou diretivas emanadas,
ou termina a fronteira da autonomia com a adjudicação da empreitada al- diretamente por si, pelo dono da obra
do empreiteiro na execução dos tra- cançar um fim através do empreiteiro (a ou pelos projetistas. Por escrito, sem-
balhos, e onde encaixam as limitações execução de uma obra física), sendo-lhe pre que possível.
decorrentes da respetiva fiscalização, – ou devendo ser-lhe – relativamente
é o que torna, por vezes, mais árdua indiferente os meios que o empreiteiro Uma vez que o fiscal trabalha para o
a obrigação de cumprir o contrato de utiliza para alcançar esse fim. dono da obra, serve também de ele-
empreitada, no prazo e com o preço mento de ligação com os projetistas,
contratados. Com efeito, a fiscalização funciona no de modo a resolver e antecipar a re-
interesse do dono da obra e não a favor solução dos vários problemas que po-
Deve, por isso, partir-se do princípio do empreiteiro. O fiscal deve conhecer dem surgir, antes e no decorrer da obra.
acima enunciado segundo o qual os bem o seu trabalho e deve demonstrar Relativamente à relação do fiscal com o
poderes de fiscalização não devem afe- isso ao empreiteiro, não esquecendo empreiteiro, é evidente que não deve
tar a autonomia técnica do empreiteiro que a sua missão é, sobretudo, aju- comandar a sua atividade, mas pode e
e o andamento regular da empreitada. dar a completar o que o dono da obra deve ajudá-lo, seguindo as regras da
A fiscalização deve limitar o seu raio mais necessita, do modo mais rápido ética e deontologia profissional.
de ação a verificar se a obra está a ser e da forma mais económica possível,
executada em conformidade com os fazendo cumprir o contrato e o projeto, No entanto, o poder de fiscalização
requisitos a que deve obedecer a sua e não esquecendo jamais que apenas tem limites. Há autores que defendem
execução. Por isso, a ação da fiscaliza- pode exigir ao empreiteiro aquilo que mesmo que, em determinados casos,
ção não pode ser exercida de molde a foi contratualizado através do contrato tal poder deverá mesmo ser excluído,
coartar a autonomia do empreiteiro na de empreitada. uma vez que o dono da obra ou a fis-
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DIREITO A FALAR
calização têm acesso a dados técnicos velar desconforme ou não funcional contratuais por cada dia de atraso em
a que o empreiteiro pode não estar in- para o fim a que se destina em obra, relação ao prazo contratualmente es-
teressado em revelar como, por exem- o empreiteiro terá aí a sua responsa- tabelecido. A acrescer a isto, sempre
plo, quando estão em causa novas bilidade atenuada, desde que tenha que há um incumprimento do prazo
técnicas de construção ou o desenvol- tempestivamente alertado a fiscaliza- de execução da empreitada, é ao em-
vimento de pormenores construtivos ção sobre esse risco e, claro está, essa preiteiro que cabe fazer a prova de que
protegidos por direitos de propriedade desconformidade não resulte de um o atraso na execução da obra não de-
industrial. Portanto, em determinadas erro de execução ou instalação impu- corre de factos que lhe são imputáveis.
situações, o direito de fiscalização que tável ao empreiteiro. Ora, se assim é, torna-se essencial que
assiste ao dono da obra deve ser re- o diretor da obra escreva, tome notas,
duzido ou até mesmo excluído, não O empreiteiro, ao contratar com o dono registe ou faça consignar em atas e,
se justificando que as liberdades e os da obra, está a aceitar executar uma bem assim, faça as mesmas exigências
direitos das partes possam ser afeta- obra mediante o pagamento de um ao fiscal da obra sempre que, no seu
das se os motivos forem ponderados e preço. Significa isto que, desde o início, entender, a fiscalização esteja a prati-
devidamente justificados. o contrato deve definir claramente qual car ou a omitir a prática de qualquer
é a obra a executar e qual é o preço a ato que, no seu entender, possa deter-
Convém, porém, não perder de vista pagar por ela. Por isso, se por via de minar um atraso no cumprimento do
que a fiscalização levada a cabo pelo ordens ou instruções da fiscalização o prazo de execução da empreitada.
dono da obra não prejudica a possi- objeto da obra vier a sofrer alterações
bilidade de o dono da obra poder, no durante a sua execução relativamente Compaginar esta exigência (de registo
final do contrato, invocar a responsa- àquilo que foi convencionado no con- dos atos da fiscalização) com a salu-
bilidade do empreiteiro por defeitos trato de empreitada, em princípio tal tar convivência que deve manter-se
de execução da obra. Ou dito de outro determinará igualmente uma alteração permanentemente entre diretores de
modo, um mau exercício do poder de do preço a pagar ao empreiteiro. E sem- obra e fiscais não tem porque parecer
fiscalização não afasta a responsabili- pre que tal suceda, é conveniente que difícil. Sempre que alguém regista um
dade do empreiteiro perante o dono tais ordens ou instruções sejam, sem- facto está apenas a descrever uma si-
da obra pela boa execução do contra- pre e antecipadamente, dadas por es- tuação objetiva em determinada data
to. Por isso é que, nas empreitadas de crito pela fiscalização de modo a que o e local, para memória futura. Por isso,
obras particulares, a fiscalização é um empreiteiro possa exigir, nos termos le- tratando-se de um registo de situa-
direito e não uma obrigação do dono gais e contratuais, o acréscimo do preço ções objetivas, tal registo não deverá
da obra. E justamente por causa dis- a que eventualmente tenha direito em conter jamais quaisquer elementos de
to é que o empreiteiro não fica ilibado consequência de tais modificações. carácter subjetivo (vg. insinuações ou
da responsabilidade por deficiências alusões pejorativas a comportamentos
de execução no caso de a fiscalização, É também comum acontecer que um pessoais). Se assim for, o empreiteiro
mesmo sabendo que a obra está a ser exercício menos ponderado dos po- estará, tão-só e apenas, a fazer uma
mal executada, não alertar o emprei- deres de fiscalização provoque atrasos boa gestão contratual do contrato de
teiro em devido tempo para tal facto. substanciais no cumprimento do pla- empreitada cuja execução lhe compete
No entanto, caso a fiscalização aceite no de trabalhos da obra por parte do levar a bom porto, com o apoio da fis-
expressamente (i. é., por escrito) um empreiteiro. Quando tal sucede, o em- calização e dos demais intervenientes
determinado elemento de conceção preiteiro fica sujeito à aplicação, pelo na execução da empreitada.
do projeto que, a final, se venha a re- dono da obra, de elevadas penalidades
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