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BOLETIM DE Nº 27

CONHECIMENTO setembro 2016


TÉCNICO

IMPLEMENTAÇÃO BIM
NA CASAIS
A implementação BIM na indústria da construção, pelo facto de se realizar em contexto
multidisciplinar, apresenta desafios acrescidos. No desenvolvimento da sua atividade, a CASAIS atua
na totalidade dos diversos estágios do ciclo da construção: desde a conceção de projeto de raiz,
percorrendo a fase comercial (...)
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ENGENHARIA
ENGENHARIA
Divulgação da Norma Técnica:
Controlo Económico de Projetos
Execução de Impermeabilização // pág. 12
// pág. 09

GESTÃO DIREITO A FALAR

As Pequenas Grandes Regras O Poder da Fiscalização


// pág. 17 // pág. 18

“O Engenho” é um Boletim de Conhecimento Técnico Mensal, os conteúdos não podem ser reproduzidos ou copiados sem a devida autorização dos autores.
Todos os direitos reservados. Grupo Casais © 2016 www.casais.pt | www.casaisnet.casais.pt
Boletim de Conhecimento Técnico Nº 27/2016

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IMPLEMENTAÇÃO BIM
NA CASAIS

A implementação BIM na indústria da construção,


Miguel Pires pelo facto de se realizar em contexto multidisciplinar,
Departamento Técnico apresenta desafios acrescidos.
André Monteiro
bimTEC, Porto
No desenvolvimento da sua atividade, Motivada pelo forte impulso de inter-
a CASAIS atua na totalidade dos di- nacionalização, a atividade da CASAIS
versos estágios do ciclo da construção: desenvolve-se muito para além do
desde a conceção de projeto de raiz, mercado português, encontrando-se
percorrendo a fase comercial de apre- atualmente a laborar em 14 países.
sentação das propostas de orçamento, A forte internacionalização da CASAIS
através da produção e construção dos induz igualmente diversas variáveis a
edifícios, fase de assistência pós- ter em conta no processo de imple-
-venda e incluindo por vezes a própria mentação.
gestão e manutenção de edifícios.

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A multidisciplinaridade dos processos integração do faseamento construtivo implementação BIM que permita
e a presença em diversas geografias nos modelos e a simulação animada uma transição eficiente dos atuais
obrigou, previamente à implemen- do processo de construção. processos 2D centrados na produção
tação BIM na empresa, à reflexão de documentos, para processos 3D
ponderada acerca da estratégia e plano ↘ Estratégia BIM na CASAIS suportados por modelos BIM paramé-
de ação a realizar na CASAIS. Qualquer alteração de metodologias, tricos e enriquecidos de informação;
em especial numa indústria como da • Apresentação das metodologias
Como âncora de desenvolvimento Arquitetura, Engenharia e Construção preconizadas e dos processos a
da implementação BIM, foi decisão (AEC), caracterizada pela rigidez dos implementar no âmbito da imple-
orientadora a constituição de núcleo seus processos, em concomitância mentação operacional do BIM, ten-
BIM na sede da CASAIS, ao nível do com a elevada maturidade da CASAIS do por base o nível de maturidade
Departamento Técnico da constru- (cerca de 6 décadas de atividade), tecnológica aferido para a empresa
tora. Enquanto área privilegiada de implicam mudanças profundas, resul- no contexto atual.
interação com os diversos ramos da tando em processos delicados.
empresa, bem como com as diferentes ↘ Objetivos da Implementação BIM
geografias, revelou ser o local mais Foram assim desenvolvidas reuniões Foram definidos três objetivos ambicio-
apropriado para desenvolvimento de estratégicas de discussão com os sos no âmbito da Implementação BIM:
competências e especialização BIM. Por diversos intervenientes que ocorreram • Curto Prazo - Criar e consolidar o
outro lado, é no Departamento Técnico de forma informal, mas essenciais Núcleo BIM Casais ancorado no
que os benefícios mais diretos da para a correta caracterização dos obje- Departamento Técnico da empresa;
aplicação das ferramentas BIM tendem tivos. Posteriormente foram realizadas • Médio Prazo - Integrar workflows
a surgir de forma mais imediata, na entrevistas mais personalizadas com e processos de trabalho suportados
medida em que é possível desde logo os responsáveis da equipa técnica em modelos BIM nas diferentes
tirar partido de funcionalidades como bem como o Administrador da tutela áreas de atividade do Grupo Casais;
a extração automática de vistas e e o responsável de sistemas informá- • Longo Prazo - Desenvolver e inte-
quantidades do modelo, ou a deteção ticos da CASAIS. grar novas áreas de negócio supor-
de incompatibilidades [1]. tadas por processos BIM no portfólio
↘ Objetivos do Plano Estratégico de serviços do Grupo Casais.
Este tipo de funcionalidade permi- Previamente à implementação foi re-
te, por um lado, agilizar várias das alizado um Plano Estratégico que per- ↘ Motivação da Implementação BIM
tarefas associadas ao desenvolvimento mitisse a avaliação das características A motivação para a implementação
de projetos, e por outro, facilitar a próprias da organização, bem como a BIM na CASAIS ocorreu predominan-
comunicação entre cliente, equipas definição de um plano de formação temente pelos fatores seguintes:
projetistas e equipas de produção e de operacionalização personaliza- • Acompanhar as exigências do
(fabrico e construção), ambos aspetos dos. Os objetivos principais adotados mercado: O contacto com clientes
muito importantes para a maioria das foram os seguintes: internacionais que num contexto
construtoras [2], incluindo a CASAIS. • Definição de objetivos a alcançar de mercado globalizado e numa
No sentido de começar a estabelecer com a implementação BIM na indústria cada vez mais qualificada
dinâmicas de interação com outras Casais, compreendendo a forma- e especializada. A CASAIS enquanto
áreas da empresa, em particular, com lização de uma visão integrada empresa que pretende estar posi-
as equipas de fabrico e de constru- de adoção de processos BIM na em- cionada neste tipo de mercados de
ção, foram desde o início exploradas presa a curto, médio e longo prazo; criação de Valor, pretende adotar e
funcionalidades adicionais como a • Definição de uma estratégia de incorporar a metodologia BIM;

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↘ Análise SWOT
Como forma prática de sistematizar as diversas perspetivas e
variáveis foi realizada uma análise SWOT enquanto metodo-
logia apropriada na cenarização para apoio à decisão.

FORÇAS FRAQUEZAS

• Infraestruturas necessárias à implementação BIM; • Prepoderância atual das ferramentas CAD 2D na produção;
• Equipa BIM com conhecimento prévio sobre ferramentas • Duração relativa à implementação de um workflow BIM
e métodos; transversal a toda a empresa;
• Know-how tecnológico e abertura da equipa; • Desiquilíbrio nos colaboradores alocados às diferentes
INTERNO

• Rácio engenheiro/desenhador elevado; especialidades;


• Sensibilidade da administração para a necessidade da • Relação nível de desenvolvimento / ritmo de produção do
exploração comercial do BIM; Projeto Base;
• Formação em processos e software BIM. • Normas de desenho e representação não uniforme entre
departamento;
• Sistema de gestão documental não uniforme entre
departamentos.

OPORTUNIDADES AMEAÇAS

• Tendência do mercado para começar a exigir BIM, sendo já • Dimensão da empresa e abrangência de serviços pode
obrigatória a sua utilização em alguns países; constituir fator de dispersão;
• O BIM potencia novas áreas de negócio como o Facility • A solicitação de serviços BIM ainda não é tão conside-
Management ou o Clash Detection; rável que justifique por si só um investimento com ROI
garantido;
EXTERNO

• A implementação BIM por si só potencia a adoção de


novas práticas de produção que resultam de uma reflexão • A integração incompleta e/ou deficiente de ferramentes e
estratégica sobre os problemas atuais; processos BIM num workflow consolidado pode resultar
• Os processos BIM tornam tendencialmente a produção na quebra de produtividade e motivação;
mais eficaz; • O custo por posto (Hardware, Software e Formação) não é
• Potencial para integração do BIM no domínio da construção. um investimento garantido a curto prazo.

POSITIVO NEGATIVO

Figura 1 – Análise SWOT

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↘ Integração por Fases da Implementação


Foi prevista a criação por fases do processo de implemen-
tação. A primeira fase corresponde ao definido no Plano
Estratégico ao estágio temporal de Curto Prazo, sendo o mais
importante por constituir a base de fundação da implemen-
tação BIM.

1ª FASE 2ª FASE 3ª FASE


Fases de Implementação
Fase 1.1 Fase 1.2 Fase 2 Fase 3

Objetivos Núcleo BIM Workflows Oportunidades

Consultoria BIM TEC Implementação ativa Suporte A definir

Facility
Novas áreas de negócio BIM
Management

Construção Construção Construção


Obra

100% Fabrico Fabrico Fabrico


Grau de Integração BIM por

80%
Departamento

60% Eletricidade Eletricidade Eletricidade

40% Mecânica Mecânica Mecânica


Arquitetura Arquitetura Arquitetura Arquitetura
Projeto

20%
5% Eng. Civil Eng. Civil Eng. Civil Eng. Civil
Hidráulica Hidráulica Hidráulica Hidráulica

NÚCLEO BIM NÚCLEO BIM NÚCLEO BIM NÚCLEO BIM

Figura 2 – Fases de implementação

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↘ Vetores Principais da Implementação ↘ Sistema de Classificação


Na primeira fase da implementação No âmbito da especialidade de Esta-
foram definidos os quatro vetores bilidade foi desenvolvido um sistema
principais: de classificação dos diversos elementos
• Formalização do Núcleo BIM da baseado no sistema definido no NRM2
CASAIS: Constituído por dois arqui- – “RICS new rules of measurement –
tetos, três engenheiros de estrutu- Detailed measurements for building
ras, um engenheiro de mecânicas, works” [1].
um engenheiro eletrotécnico e um
desenhador; Este sistema permitiu classificar os
• Desenvolvimento de competências elementos de modo a obter de forma
de modelação BIM: Desenvolvi- automática as medições em tabelas
mento de aulas de formação teórica criadas dinamicamente e que são atua-
e prática para aprendizagem do lizadas automaticamente sempre que o
software; modelo sofre alterações.
• Integração da infraestrutura de
suporte: Criação do Template de
representação, realização de manual
de boas práticas BIM;
• Integração de processos e operacio-
nalização da equipa BIM.

↘ Projeto-piloto
A CASAIS Gibraltar, motivada pelo
impulso anglo-saxónico atualmente
presente na adoção e obrigatoriedade
de projetar de acordo com metodologia
BIM [3], apadrinhou enquanto patroci-
nador a iniciativa de implementação.

A escolha do projeto-piloto recaiu


pelo edifício “West One” cuja conceção
construção foi totalmente desenvol-
vida pelos técnicos da CASAIS e que o
Dep. Técnico coordenou. É um edifício
de 12 andares destinado a habitação
com os dois pisos iniciais aptos para
comércio e a presença de uma pen-
thouse no último piso.
Figura 3 – Utilização do “Keynote” para classificação dos elementos

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↘ Modelação e Deteção de Incompa- ↘ Extração de Quantidades ↘ Planeamento da Construção


tibilidades A utilização da metodologia BIM Ao nível da especialidade de Estrutura
O software utilizado para a modelação permitiu atingir a extração automá- foi possível realizar a simulação do
do edifício foi o “Revit” da Autodesk. tica de quantidades diretamente do planeamento construtivo alicerçado
Foram realizados modelos distintos modelo sendo importante a adoção de no plano de trabalhos da execução
das diversas especialidades: Arquitetu- rigorosos critérios de modelação para da obra. O software utilizado foi o
ra, Estrutura e MEP. garantia a qualidade e fiabilidade da “Navisworks”.
informação obtida.
↘ Projetos Adicionais
Decorrente da implementação BIM e
Quantidades Globais
da experiência alcançada foram reali-
zadas outros projetos pelo Núcleo BIM
Tipo de Elemento Qtd. Volume nomeadamente:
Escadas • Projeto de Contenção Periférica da
Betão 22 22m3 obra “Ocean Spa Plaza” em Gibraltar;
• Projeto de Estabilidade do edifício
Fundações
“Consulado de Angola” no Porto;
Betão de Limpeza 22 19m3 • Projeto de Contenção de Fachada e
Estaca 344 13m3 de Estabilidade do “Edifício Estrela
Maciço de Estacas 22 211m3 24” em Lisboa;

Sapata Contínua 14 87m3


Lajes
Aligeiradas 4 10m3
Maciças 68 1562m3
Paredes
Núcleos 241 373m3
Pilares
Betão 204 168m3
Metálicos 36 1m3
Figura 4 – Modelos BIM Vigas
(Arquitetura, Estrutura e MEP)
Vigas de Betão 273 227m3
Vigas Metálicas 98 2m3
A realização dos modelos permitiu a
Grand Totals: 1348 1348 2695m3
visualização de diversas incompatibi-
lidades durante os estudos de projeto
Figura 5 – Exemplo de extração
bem como apresentar diversas versões automática de quantidades.
da fachada para aprovação do cliente,
revelando-se de enorme interesse e
utilidade a sua utilização no decurso
dos trabalhos de projeto.

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Figura 6 – Exemplo de Projetos adicionais

↘ Conclusão Na relação com os Clientes e com os


A implementação BIM na CASAIS tem- demais intervenientes (técnicos de
-se revelado um desafio interessante, licenciamento camarário, Fiscalizações,
possibilitando a interação profunda Subempreiteiros, etc.) é uma mais-va-
entre as diversas especialidades ao lia ao melhorar a comunicação, dete-
nível da conceção de projeto. ção de incompatibilidades e a deteção
de colisões entre especialidades.
Em complemento permite de forma
muito competente e clarificadora expor A implementação BIM é uma evolução
e apresentar o faseamento construtivo positiva e a criação do Núcleo BIM
em obras de especial complexidade às permite não só atuar no presente, ao
equipas de Direção de Obra. nível da realização de projetos, mas
garantir a incorporação do conheci-
A apresentação de soluções alternati- mento e sua difusão para o futuro, ali-
vas bem como o controlo automático cerçando as bases de evolução numa
das medições são uma garantia de metodologia de grande potencial e na
apoio à decisão e cruciais na fase co- aplicação aos diversos estágios do ciclo
mercial da apresentação de propostas. da construção.

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DIVULGAÇÃO DA NORMA
TÉCNICA INTERNA: EXECUÇÃO DE
IMPERMEABILIZAÇÕES

Sabia que?
Ana Costa
Assistência Pós-Venda – PT
Em 2014, cerca de 46% das anomalias tratadas pela APV eram
relativas a problemas de impermeabilizações?

A presente norma técnica tem como objetivo identificar procedimen-


tos essenciais na execução dos diferentes tipos de impermeabilizações
utilizados nas edificações atuais. O presente documento deve ser com-
plementado com o PMM relativo às impermeabilizações e deve ser
usado como uma ferramenta auxiliar no acompanhamento da obra.
Serão apresentados quatro tipos de impermeabilizações em cobertu-
ras diferentes, sendo as mais convencionais e as mais utilizadas nas
edificações construídas recentemente.

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1. Tipos de Impermeabilizações mais utilizadas 3. Localização da camada de isolamento térmico


1. Membranas Betuminosas a. Sistema Tradicional
2. Membranas Líquidas de Poliuretano b. Cobertura Sistema Invertido
3. Telas de Borracha EPDM
4. Telas de PVC 2.3. Etapas de aplicação das membranas betuminosas

2. Membranas Betuminosas

2.1. Elementos constituintes de um sistema de membra-


nas betuminosas
1. Camada de Suporte
As membranas betuminosas são recorrentemente usadas
em coberturas planas. São membranas geralmente cons-
tituídas por betumes polímeros. A massa betuminosa en- Laje
volve as armaduras de poliester, fibra de vidro, polietileno Camada de Forma
ou metálicas. Como acabamento pode ser utilizado filme • Betão Leve de argila expandida
de polietileno, areia ou granulado de ardósia. • Granulado de cortiça
• Betão leve de poliestireno expandido
• Betão celular
Betume Polímetros Armaduras Acabamentos Aditivos Camada de Regularização
• Superfície limpa, afagada e sem ressaltos
APP
Fibra de Alumínio • As betonagens devem ser executadas em
Video
Oxidado painéis com as dimensões máximas de 3,0 x
Areia 3,0 m, feitas alternadamente de modo a evitar
SBS Poliéster Anti raiz a sua fissuração e retração
Filme
Plástico
Destilação Outros
Alumínio
2. Sistemas de
(NEO) Ardósia

Impermeabilização

2.2. Escolha das características dum sistema de membra- Primário


nas betuminosas • Emulsão betuminosa
A escolha da solução adequada ao tipo de cobertura Membranas Betuminosas
plana a utilizar deve depender de três fatores chave,
nomeadamente:
Considerações sobre a conceção da camada de forma
1. Perceber qual a funcionalidade da cobertura a. Deve ser assente numa superfície limpa e rugosa, que
a. Cobertura acessível deverá ser previamente molhada;
b. Cobertura não acessível b. 3cm < Espessura < 30 cm;
c. i<2%.
2. Necessidade de proteção da impermeabilização d. Caleiras: a espessura mínima da camada > 3;
a. Sem proteção – Membranas auto protegidas (xisto/alumínio) e. Caleiras: i>0,5%;
b. Com proteção – Betonilha, lajetas apoiadas, seixos f. Bolear todas as arestas vivas, no encontro com elemen-
tos emergentes da cobertura;

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g. Executar juntas de dilatação (15 mm em cada 15 m); 5. Telas de PVC


h. Juntas de dilatação: devem ser executadas com cordão As telas em PVC são membranas termoplásticas à base
de polietileno e com remate superior de membrana de PVC-P monomérico. A flexibilidade das membranas de
betuminosa; impermeabilização de PVC permite trabalhar facilmente
i. Betonagens: devem ser executadas em painéis de 3.00 em todas as formas geométricas de suporte.
m x 3.00 m, alternadamente (fissuração por retração); A ligação das membranas de PVC entre si faz-se por solda-
j. Camada de forma: deve apresentar-se seca para poder dura com ar quente ou utilizando solventes.
receber a camada impermeabilizante. As larguras de sobreposição deste tipo de membranas, na
sua aplicação, são bastante menores que no caso das res-
tantes soluções. No caso da ligação por soldadura com ar
Modos de Aplicação das Membranas Betuminosas quente, o valor habitual para a sobreposição é de 40 mm.
Contudo, existem membranas que admitem valores de 20
Coberturas auto protegidas e sem
e 30 mm. Se a ligação for executada por colagem com base
Sistema Bi-capa
proteção pesada em solventes orgânicos a largura da faixa de colagem pode
1% < Pendentes < 5% Pendentes > 5%
ser de 30 mm.

As membranas devem ser totalmente Membrana aderida ao suporte


aderidas entre si
A presente norma técnica está disponível para consulta na
Intranet, através do Link.
A membrana superior deve ser a de Membrana totalmente aderida
maior resistência mecânica

As duas camadas devem ser aplicadas


no mesmo sentido, com as juntas
desencontradas

3. Membranas Líquidas de Poliuretano


Os revestimentos com base em poliuretano apresentam
boa resistência por si só, podendo ser reforçados em casos
pontuais.
São geralmente aplicados por projeção, permitindo tam-
bém a aplicação com rolo ou espátula.

4. Telas de Borracha EPDM


As membranas de borracha EPDM são telas para imper-
meabilização com uma só camada e curadas a 100%. Este
sistema tem também com um conjunto de acessórios que
facilitam a instalação nos pontos singulares: execução de
juntas, esquinas exteriores, interiores, drenos, tubos e
outros. Apresenta também uma boa resistência ao ozono,
à radiação UV, às temperaturas altas e baixas extremas.

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CONTROLO ECONÓMICO
DOS PROJETOS

Num mundo cada vez mais imprevisível, onde o contexto polí-


Regina Ramos
tico, económico, setorial, tecnológico, ambiental e legal (PESTAL)
Engenharia Empresarial da envolvente interna e externa à empresa se altera rapida-
Casais Office mente, é necessário garantir que a estratégia vá de encontro às
necessidades dos clientes e que é corretamente executada.

A capacidade de gerir com suces- Por que é que devemos ter a


so os projetos que maximizam a boa prática de analisar a con-
geração do valor, alinhados com a tabilidade analítica, retificar o
estratégia empresarial são carac- balancete, elaborar o relatório
terísticas chaves das organizações mensal da obra?
bem-sucedidas.
O que ganhámos com esta fer-
Qual a importância de efetuar o ramenta de gestão?
controlo económico/controlo de
custos dos projetos?

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Elencando os principais benefícios avaliado dos fatores de produção de planeado; Influenciar os fatores que
com a utilização da metodologia: uma organização em uma área de condicionam as alterações; Garantir
• Gestão do risco (enfoque na pre- contabilidade de contas. Uma classe que só as mudanças consentidas são
venção e não no apagar fogos); de custo corresponde a um item rele- implementadas.
• A monitorização do custo e prazo vante no plano de contas.
durante a execução da empreitada Proveitos são o resultado da venda e/
permite tomar ações preventivas Contabilidade de Gestão (analítica ou produção de bens e serviços, bem
que reduzam as surpresas e tor- interna de custos) recolhe, mede, pro- como de outras fontes de resultado
nem os resultados mais previsíveis; cessa e comunica informação, muito para a empresa.
• Dar visibilidade ao suporte de em particular sobre os processos pro-
decisão; dutivos, para ser usada internamente Resultados Financeiros são o produto
• Uma monitorização efetiva dos dois pelos gestores no planeamento, da utilização ou aplicação de recursos
vetores referidos (custo / prazo) controlo e tomada de decisão. financeiros, ou seja, custos e pro-
permite mais facilmente identificar veitos que surgem em sequência de
desvios e corrigi-los; Contabilidade Financeira (geral, decisões financeiras.
• Uma boa gestão contratual; externa) recolhe, mede, processa e
• Informação transparente e participada. comunica informação sobre o patri- Resultados Operacionais compre-
mónio e o seu valor para facilitar a ende os ganhos e perdas gerados
Ficamos a conhecer melhor a em- tomada de decisão, em especial, por na empresa resultantes de decisões
preitada, facto determinante para entidades externas à organização. de carácter operacional (comerciais,
melhorar a relação com o Cliente, compras, vendas, produção e outras).
ajudar a antecipar os problemas e dar Controlo, confronta os objetivos
suporte às perguntas da gestão de pré-estabelecidos com as realiza- Risco evento associado a incerte-
topo. Por outro lado, serve de orien- ções, permitindo encontrar desvios e za que a ocorrer terá um impacto
tação e apoio permitindo à organiza- proceder ao seu ajustamento através positivo ou negativo nos objetivos
ção desenvolver os seus projetos de de decisões corretivas. O controlo é a dos projetos, deve ser conhecido para
forma mais eficaz e eficiente possível, justificação para que se elabore um que possa ser monitorizado.
criando e protegendo valor e contri- planeamento, sem o qual não have-
buir para o aumento dos resultados. ria razão de ser. Contabilidade funciona como o
coletor de toda a documentação
Na obtenção do conjunto dos resul- Custos são os inputs consumidos e representativa de custos e provei-
tados dos projetos/obras, o controlo que permitem acrescentar valor aos tos provenientes das operações da
de custos é importante para a ava- produtos finais. empresa.
liação do desempenho passado da
empresa, avaliação das perspetivas Processo de monitorização e controlo Contabilidade Geral carateriza-se
futuras e na tomada de decisão. permite monitorizar, rever e regular o por estabelecer relações com o meio
progresso e o desempenho do proje- exterior (Fornecedores, Clientes, Esta-
Importa conhecer alguns conceitos to, identificar as áreas em que possa do, Instituições Financeiras e Outras
gerais e termos mais utilizados no ser preciso introduzir alterações e Entidades), por relevar o património
uso desta ferramenta: produzir essas alterações. Monito- e por permitir obter informação sobre
rizar, antecipar problemas e sugerir o Resultado líquido do exercício da
Classe de Custo (=Conta razão, natu- soluções; Comparar sistematicamente empresa.
reza de custo) classifica o consumo o que está realizado com o que está

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Contabilidade de Gestão (vulgo “Con- -se só trabalhos a mais, da responsa-


tabilidade Analítica) está voltada para Como podemos efetuar a retifica- bilidade de subempreiteiro integral.
as operações realizadas internamente ção/correção ao balancete? Que Nesse mês, não se conseguiu faturar
e daí a sua preocupação em apurar rubricas corrigir? Que análise efe- ao cliente, porque faltava formalizar o
custos, proveitos e resultados ao ní- tuar? Que informação recolher? adicional. Ao subempreiteiro integral,
vel dos vários segmentos da empresa também, não foi elaborado o adita-
(departamentos, obras/projetos). A Imputações indevidas mento para esses trabalhos, conse-
Contabilidade de Gestão dá respos- Analisar a contabilidade analítica e quentemente, não originou auto de
tas, mas também levanta questões. verificar se existem faturas que não medição e, obviamente, fatura. Neste
É esta contabilidade que interessa ao pertencem à obra (custos ou proveitos). caso, a produção real não está espe-
departamento da produção. lhada na analítica. Portanto, perante
Faturas em atraso este cenário é necessário retificar
Resultado Operacional é a diferença Verificar se as faturas entraram no proveitos e retificar custos.
entre os proveitos/ganhos que uma período/mês da análise, dado que
operação gera e os custos/gastos da por vezes há desfasamento nas datas Se não o fizermos, o que acontece?
mesma. e estas só são contabilizadas no perí- Prejuízo no mês e resultado opera-
odo seguinte. cional não realista. Porquê? Porque,
Margem Industrial representa a os custos da exploração do estaleiro,
percentagem do custo de determina- Trabalho extra contratual nomeadamente o pessoal técnico,
da operação face ao proveito que a (trabalhos a mais) administrativo, consumíveis, (…), con-
mesma origina. Apesar da execução de trabalho tinuam a ser debitados e não foram
extra contratual acontecer duran- absorvidos pelos proveitos, verifica-
Com a análise económica/ controlo te o desenrolar do prazo da obra, -se subfacturação.
de custos podemos: normalmente a sua formalização é
• Acompanhar o estado da obra delongada e, consequentemente, ↘ Sub/Sobre faturação de subem-
em termos de custos e proveitos são apenas faturados em meses preitadas
permitindo uma visão sobre a posteriores à sua execução. Assim, é A análise da Sub/Sobre faturação das
rentabilidade esperada; necessário proceder à sua retificação subempreitadas integrais pode ser
• Influenciar os fatores provocadores no balancete analítico, assumindo a feita comparando, a percentagem de
de mudança no orçamento; percentagem acumulada executada trabalho realmente executada até ao
• Gerir as alterações quando ocor- ao período da análise. período da análise, com a percenta-
rem; gem acumulada do auto ao subem-
• Assegurar que não se excedem os Importa salientar, que a seguinte preiteiro integral e face ao valor total
plafons “autorizados” (i.e. recursos afirmação, não é correta: "realizaram- da adjudicação.
orçados); -se trabalhos a mais, o cliente ainda
• Medir o desempenho da gestão não autorizou a faturação mas tam- Uma vez que, uma parte substancial
dos custos; bém não paguei aos subempreiteiros, das subempreitadas integrais coinci-
• Analisar o desempenho dos traba- então não necessito de corrigir no de diretamente com artigos de venda
lhos relativamente aos consumos; balancete!”. ao cliente, a análise da sub/sobre fa-
• Prevenir a inclusão de despesas turação das subempreitadas integrais
não aprovadas. Vejamos o seguinte cenário: poderá ser feita conjuntamente com
Num determinado mês, executaram- a sub/sobre faturação ao cliente.

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ENGENHARIA

↘ Existências / Stock de materiais ↘ Abate de equipamento na sua desmontagem. Poder-se-á,


O aprovisionamento atempado dos Por vezes, existem atrasos nas impu- em termos gerais, apontar os custos
materiais (importados ou não) leva a tações contabilísticas no que respeita previstos na verba do estaleiro, 60%
que tenhamos matérias-primas em ao abate de equipamentos. Qualquer a 70% para a sua montagem e 40% a
obra e, consequentemente, os custos equipamento alugado (interno ou 30% com a sua desmontagem.
apareçam de imediato na contabi- externo) que seja furtado ou sofra Para uma análise económica rigorosa,
lidade caso não exista mecanismo um dano irreparável, o custo é assu- é importante proceder à amortização
automático de gestão dos stocks. mido pela obra. destes valores.

Porém, a sua incorporação na emprei- ↘ Amortizações dos Gastos Gerais São exemplos:
tada pode só acontecer em períodos No início de cada obra, é necessário • Vedação;
subsequentes, sendo por isso, neces- contratar determinados serviços ou • Portaria;
sário retificar as existência para ajustar bens, todavia a sua utilização/consu- • Caminhos de circulação e estacio-
o resultado operacional à realidade mo decorre ao longo de todo o prazo namento;
verificada no mês de análise. da empreitada. Os custos “totais” são • Escritório de obra;
imputados na analítica de imediato, e • Instalações sociais e vestiários;
↘ Análise dos desvios por conseguinte, o resultado opera- • Sinalização;
Relevante é a avaliação que, em cada cional fica agravado. • Armazéns e ferramentaria;
momento, pode ser efetuada no que • Área administrativa e social;
respeita aos valores considerados em São exemplos: • Oficinas de apoio;
orçamento (plafons), comparativa- • Taxa de licenciamento de obras; • Área de preparação de armaduras e
mente com os consumos reais. Saber • Encargos com projetos; cofragens;
atempadamente se os recursos são • Assessoria técnica;
suficientes, vão exceder ou remanes- • Estudos (trabalhos especializados); Uma correta análise económica
cer. Também é importante conhecer • Seguros especiais; permitirá em cada período apresentar
o porquê dos desvios, verificar se • Encargos contratuais com veículos uma tendência da margem industrial
foram motivados por diferença de para a fiscalização/cliente; consistente e fundamentada.
quantidade, de preço, de ambos • Aluguer do espaço aéreo (gruas);
(quantidade e preço) ou por execução • Ocupação do espaço público (mon-
de mais trabalhos dessa natureza. tagem de estaleiro, vedação).
Quando é que o relatório mensal
↘ Rendimentos, consumos e ↘ Amortização dos Custos do de obra e a análise económica do
desperdícios Estaleiro projeto deixa de ser importante?
Importa referir que, durante o pro- A montagem/desmontagem do
cesso da correção do balancete ana- estaleiro de apoio à produção im- Após a entrega física da obra ao
lítico, podemos avaliar ainda os ren- plica custos distribuídos pelos vários cliente é necessário encerrar a
dimentos, consumos e desperdícios grupos: mão-de-obra, equipamen- empreitada, confirmar que todo o
dos materiais e compará-los com os tos, gastos gerais, subempreitadas, trabalho foi aceite, verificar se as
considerados em fase de planeamen- subempreitadas integrais e materiais. atividades administrativas também
to/orçamento. A partir desta análise estão fechadas e avaliar a satisfação
podemos obter rácios e métricas que A maior percentagem destes custos do mesmo.
nos vão ser úteis em empreitadas ocorre aquando a montagem do Importa verificar se as seguintes
futuras do mesmo segmento. estaleiro e uma parte mais reduzida questões estão resolvidas.

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ENGENHARIA

• Tem o auto de receção global


provisória?
• Concluído o processo de compras?
• Entregue documentação ao Cliente
(manual de manutenção/utiliza-
ção, protocolos de testes e ensaios,
relatórios de inspeção, telas finais,
chaves mestras)?
• Os equipamentos/ferramentas
foram devolvidos ao estaleiro?
• O abate do equipamento/fer-
ramentas foi comunicado ao
estaleiro?
• Contadores de água desligados
(obra e alojamento do pessoal)?
• Contadores de eletricidade des-
ligados (obra e alojamento do
pessoal)?
• Rescisão de contrato telefónico?
• Taxas municipais regularizadas?
• Seguro especial da obra regulari-
zado?
• Encerramento dos contratos com
fornecedores/subempreiteiros
efetuado?
• Estado das Garantias Bancárias ou
Seguros caução acautelado?
• Encontro de contas com o parceiro
(no caso de consórcio) efetuado?
• Arquivo de obra atualizado e
guardado?
• Fecho de contas (faturação dos tra-
balhos contratuais + extra contra-
tuais; reclamações/indemnizações/
multas; juros de mora; revisão de
preços definitiva) efetuado?
• Passagem da obra para a APV?
• Relatório com as lições aprendidas!

Após verificados todos estes pontos


não se justifica mais o “report” do
Projeto!

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G E S T ÃO

AS PEQUENAS
GRANDES REGRAS
O fim do ano aproxima-se a passos largos, assim como a época,
tradicionalmente, mais voltada para a reflexão. Deixamos aqui
algumas pequenas grandes regras no quotidiano profissional:

1 - PERGUNTA PORQUÊ 6 - 80/20


Ricardo Carneiro Gonçalves Tens o direito de perguntar o porquê Grandes problemas podem ser re-
Departamento Jurídico de estares a fazer algo. Frase proibida: solvidos com pequenas soluções. É o
“Estou cansado de explicar o porquê.” princípio de Pareto.
Parte o problema, prioriza, estabelece
2 - A PEQUENA CRISE uma timeline e começa pelo mais
Lida com a crise enquanto for pequena. complexo.
Resolver uma grande crise pode sair
caro. Está atento aos sinais. Age em con- 7 - COMUNICA E EMPATIZA
formidade. Percebe o que é relevante. Coloca-te no lugar do outro. Escu-
ta ativamente e tenta perceber o
3 - APRENDE COM OS ERROS seu PORQUÊ. Ah!, e não se enviam
Como é que aprendes se não sou- emails ou mensagens via skype a
beres falhar? Analisa o erro. Retira quem está até três metros de ti.
uma aprendizagem. Não te esqueças
que existirão fracassos excelentes e 8 - APRENDE E EVOLUI
sucessos medíocres. ”A única coisa que não podes dar-te
ao luxo de não fazer é aprender.”
4 - DESAFIA O STAUS QUO Exige de ti. Procura aprender mais e
Partilha ideias, sugere melhorias. melhor. Está em constante evolução.
Questiona porquê. Sê proactivo e não
te conformes. Frase proibida. “Sem- 9 - EXCEL
pre fizemos desta maneira.” Procurar a excelência não é um obje-
tivo – é a forma como “vivemos”.
5 - COOPERA O que fizeres, faz bem. Fica orgulho-
Oferece ajuda. so do resultado final do teu trabalho.
Quando for a tua vez de pedir ajuda,
verás que será recíproco.

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DIREITO A FALAR

O PODER DA
FISCALIZAÇÃO
Manuel Luís Gonçalves
Departamento Jurídico

Nas empreitadas de obras particulares, o poder de fiscalização do


dono da obra está genericamente consagrado no art.º 1209.º do
Código Civil, que estabelece o princípio segundo o qual o dono da
obra pode fiscalizar, à sua custa, a execução dela, desde que não
perturbe o andamento normal da empreitada.

A fiscalização por parte do dono da execução, de modo a evitar que esta


obra tem como fim principal impedir venha a ser concluída em condições de
que o empreiteiro oculte vícios de di- não poder ser aceite no final ou de ne-
fícil reparação no momento da entre- cessitar de alterações ao projeto para
ga da obra (vg. receção provisória). Por ser recebida.
isso, é admitido ao dono da obra que
este possa dirigir avisos ao empreitei- O âmbito e o exercício dos poderes
ro quando a obra está a ser executada de fiscalização, por parte do dono da
em desconformidade com o projeto de obra, revelam-se de enorme impor-

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DIREITO A FALAR

tância para o empreiteiro, na medida execução dos trabalhos ou, pelo me- É evidente que o fiscal não pode ser
em que, durante a execução da obra, nos, não a deve limitar até ao ponto perito em todos os assuntos, pelo
o responsável pela fiscalização (fiscal) de converter a convenção do contrato que deve pedir o apoio dos projetis-
é, por regra, o interlocutor direto do re- de empreitada num simples contrato tas sempre que julgue necessário. Em
presentante do empreiteiro (diretor de de trabalho. casos mais especiais, de estruturas ou
obra): é ele quem aprova e assina os outros trabalhos mais complexos, os
autos, é ele quem representa o dono O fiscal é o representante do dono da mesmos devem ser executados sob a
da obra nas reuniões, quem estabele- obra no estaleiro da obra, a quem incum- inspeção de especialistas, devendo os
ce a ligação com os projetistas, quem be acompanhar, ativamente, a execução projetistas acompanhar a execução
esclarece as dúvidas de interpretação dos trabalhos de molde a assegurar que das estruturas especiais ou elementos
do projeto, quem analisa e aprova os o contrato está a ser cumprido pelo em- mais complexos que projetou, pres-
materiais, quem ordena a execução de preiteiro e a que a obra está a decorrer tando ajuda à equipa de fiscalização
trabalhos a mais e a menos, etc. de acordo com o previsto no respetivo da obra que, por vezes, não tem cola-
projeto de execução. É, por isso, que o boradores com formação especial em
Por este motivo, a convivência entre cumprimento do contrato de empreitada trabalhos mais complexos. No entanto,
o diretor de obra e o fiscal, por vezes, deve ser um objetivo que deve ser segui- o empreiteiro não deve jamais receber
não é fácil. Porque o empreiteiro tem o do pelo empreiteiro e pela fiscalização, ordens ou instruções dos projetistas,
dever de executar um projeto e porque na medida em que é essa a expectativa pelo que deve ser sempre a fiscaliza-
o fiscal tem a incumbência de fiscalizar que, em princípio, o dono da obra tem. ção a transmitir ao empreiteiro quais-
a sua execução. Saber onde começa Em princípio, o dono da obra pretende quer ordens ou diretivas emanadas,
ou termina a fronteira da autonomia com a adjudicação da empreitada al- diretamente por si, pelo dono da obra
do empreiteiro na execução dos tra- cançar um fim através do empreiteiro (a ou pelos projetistas. Por escrito, sem-
balhos, e onde encaixam as limitações execução de uma obra física), sendo-lhe pre que possível.
decorrentes da respetiva fiscalização, – ou devendo ser-lhe – relativamente
é o que torna, por vezes, mais árdua indiferente os meios que o empreiteiro Uma vez que o fiscal trabalha para o
a obrigação de cumprir o contrato de utiliza para alcançar esse fim. dono da obra, serve também de ele-
empreitada, no prazo e com o preço mento de ligação com os projetistas,
contratados. Com efeito, a fiscalização funciona no de modo a resolver e antecipar a re-
interesse do dono da obra e não a favor solução dos vários problemas que po-
Deve, por isso, partir-se do princípio do empreiteiro. O fiscal deve conhecer dem surgir, antes e no decorrer da obra.
acima enunciado segundo o qual os bem o seu trabalho e deve demonstrar Relativamente à relação do fiscal com o
poderes de fiscalização não devem afe- isso ao empreiteiro, não esquecendo empreiteiro, é evidente que não deve
tar a autonomia técnica do empreiteiro que a sua missão é, sobretudo, aju- comandar a sua atividade, mas pode e
e o andamento regular da empreitada. dar a completar o que o dono da obra deve ajudá-lo, seguindo as regras da
A fiscalização deve limitar o seu raio mais necessita, do modo mais rápido ética e deontologia profissional.
de ação a verificar se a obra está a ser e da forma mais económica possível,
executada em conformidade com os fazendo cumprir o contrato e o projeto, No entanto, o poder de fiscalização
requisitos a que deve obedecer a sua e não esquecendo jamais que apenas tem limites. Há autores que defendem
execução. Por isso, a ação da fiscaliza- pode exigir ao empreiteiro aquilo que mesmo que, em determinados casos,
ção não pode ser exercida de molde a foi contratualizado através do contrato tal poder deverá mesmo ser excluído,
coartar a autonomia do empreiteiro na de empreitada. uma vez que o dono da obra ou a fis-

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DIREITO A FALAR

calização têm acesso a dados técnicos velar desconforme ou não funcional contratuais por cada dia de atraso em
a que o empreiteiro pode não estar in- para o fim a que se destina em obra, relação ao prazo contratualmente es-
teressado em revelar como, por exem- o empreiteiro terá aí a sua responsa- tabelecido. A acrescer a isto, sempre
plo, quando estão em causa novas bilidade atenuada, desde que tenha que há um incumprimento do prazo
técnicas de construção ou o desenvol- tempestivamente alertado a fiscaliza- de execução da empreitada, é ao em-
vimento de pormenores construtivos ção sobre esse risco e, claro está, essa preiteiro que cabe fazer a prova de que
protegidos por direitos de propriedade desconformidade não resulte de um o atraso na execução da obra não de-
industrial. Portanto, em determinadas erro de execução ou instalação impu- corre de factos que lhe são imputáveis.
situações, o direito de fiscalização que tável ao empreiteiro. Ora, se assim é, torna-se essencial que
assiste ao dono da obra deve ser re- o diretor da obra escreva, tome notas,
duzido ou até mesmo excluído, não O empreiteiro, ao contratar com o dono registe ou faça consignar em atas e,
se justificando que as liberdades e os da obra, está a aceitar executar uma bem assim, faça as mesmas exigências
direitos das partes possam ser afeta- obra mediante o pagamento de um ao fiscal da obra sempre que, no seu
das se os motivos forem ponderados e preço. Significa isto que, desde o início, entender, a fiscalização esteja a prati-
devidamente justificados. o contrato deve definir claramente qual car ou a omitir a prática de qualquer
é a obra a executar e qual é o preço a ato que, no seu entender, possa deter-
Convém, porém, não perder de vista pagar por ela. Por isso, se por via de minar um atraso no cumprimento do
que a fiscalização levada a cabo pelo ordens ou instruções da fiscalização o prazo de execução da empreitada.
dono da obra não prejudica a possi- objeto da obra vier a sofrer alterações
bilidade de o dono da obra poder, no durante a sua execução relativamente Compaginar esta exigência (de registo
final do contrato, invocar a responsa- àquilo que foi convencionado no con- dos atos da fiscalização) com a salu-
bilidade do empreiteiro por defeitos trato de empreitada, em princípio tal tar convivência que deve manter-se
de execução da obra. Ou dito de outro determinará igualmente uma alteração permanentemente entre diretores de
modo, um mau exercício do poder de do preço a pagar ao empreiteiro. E sem- obra e fiscais não tem porque parecer
fiscalização não afasta a responsabili- pre que tal suceda, é conveniente que difícil. Sempre que alguém regista um
dade do empreiteiro perante o dono tais ordens ou instruções sejam, sem- facto está apenas a descrever uma si-
da obra pela boa execução do contra- pre e antecipadamente, dadas por es- tuação objetiva em determinada data
to. Por isso é que, nas empreitadas de crito pela fiscalização de modo a que o e local, para memória futura. Por isso,
obras particulares, a fiscalização é um empreiteiro possa exigir, nos termos le- tratando-se de um registo de situa-
direito e não uma obrigação do dono gais e contratuais, o acréscimo do preço ções objetivas, tal registo não deverá
da obra. E justamente por causa dis- a que eventualmente tenha direito em conter jamais quaisquer elementos de
to é que o empreiteiro não fica ilibado consequência de tais modificações. carácter subjetivo (vg. insinuações ou
da responsabilidade por deficiências alusões pejorativas a comportamentos
de execução no caso de a fiscalização, É também comum acontecer que um pessoais). Se assim for, o empreiteiro
mesmo sabendo que a obra está a ser exercício menos ponderado dos po- estará, tão-só e apenas, a fazer uma
mal executada, não alertar o emprei- deres de fiscalização provoque atrasos boa gestão contratual do contrato de
teiro em devido tempo para tal facto. substanciais no cumprimento do pla- empreitada cuja execução lhe compete
No entanto, caso a fiscalização aceite no de trabalhos da obra por parte do levar a bom porto, com o apoio da fis-
expressamente (i. é., por escrito) um empreiteiro. Quando tal sucede, o em- calização e dos demais intervenientes
determinado elemento de conceção preiteiro fica sujeito à aplicação, pelo na execução da empreitada.
do projeto que, a final, se venha a re- dono da obra, de elevadas penalidades

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