You are on page 1of 10

ARTIGO DE REVISÃO

Implicações nutricionais da gravidez após cirurgia de


bypass gástrico: uma revisão da literatura
Nutritional implications of pregnancy after gastric bypass surgery: a
literature review

Rosikely Calandrine Mendes Pinheiro


1
1
Amália Almeida Bastos RESUMO
1
Mariana Silva Meléndez Araújo
Introdução: A cirurgia bariátrica destaca-se como a melhor forma
Programa de Residência em Nutrição Clínica,
1

Hospital Regional da Asa Norte, Secretaria de de tratamento para obesidade mórbida, proporcionando melhora e
Estado de Saúde do Distrito Federal, Brasília- resolução de comorbidades, além de benefícios sobre a fertilidade.
DF, Brasil. A gestação no pós-operatório pode ser preocupante para a mãe e o
Correspondência
feto, pelo risco de aborto, subnutrição e desenvolvimento de defi-
Rosikely Calandrine Mendes Pinheiro ciências nutricionais.
Quadra 21 Conjunto A lote 21 apartamento
01.Vila Buritis IV, Planaltina- DF. 73358-605, Objetivo: Realizar uma revisão crítica da literatura científica so-
Brasil.
rosi_kely@hotmail.com bre as principais implicações nutricionais para mãe e seu respecti-
vo recém-nascido após a cirurgia de Bypass gástrico em Y-de -Roux.
Recebido em 15/julho/2014
Aprovado em 14/agosto/2014 Materiais e métodos: Realizou-se estudo exploratório tipo revisão
bibliográfica nas bases de dados SciELO, LILACS, PubMed, Medli-
ne, sob os seguintes indexadores: “obesidade”, “gestação”, “cirurgia
bariátrica”, “acompanhamento nutricional” e “Bypass”.

Resultados: De 57 referências analisadas relativas à gestação após


cirurgia bariátrica, 53 foram selecionadas. Os estudos mostraram
que o bypass gástrico exerce influência benéfica sobre a fertilida-
de, reduz o risco de hipertensão arterial e diabetes gestacional. As
deficiências nutricionais podem ser prevenidas ou revertidas com
o adequado manejo nutricional, no entanto, o ganho de peso ges-
tacional é menor nessa população e há uma tendência maior para
crianças nascidas PIG.

Conclusão: A gestação pós-cirurgia bariátrica tem se mostrado se-


gura, tanto para a mãe quanto para o feto, desde que acompanhada
adequadamente. É fundamental que as mulheres que engravidam
após a cirurgia bariátrica sejam acompanhadas por uma equipe
multidisciplinar, a fim de prevenir riscos de complicações durante
a gestação, tratar precocemente deficiências, proporcionando con-
dições favoráveis para a mãe e o feto.

Palavras-chave: Obesidade, gestação; Cirurgia bariátrica; Acom-


panhamento nutricional; Bypass.

Com. Ciências Saúde. 2014; 25(1): 69-78 69


Pinheiro RCM et al.

ABSTRACT
Introduction: Bariatric surgery stands out as the best form of treat-
ment for morbid obesity, providing improvement and resolution
of comorbidities, and benefits on fertility. The postoperative preg-
nancy can be worrisome for both mother and fetus at risk of mis-
carriage, malnutrition and development of nutritional deficiencies.

Objective: To conduct a critical review of the scientific literature


on major nutritional implications for mother and their newborn af-
ter surgery Gastric Bypass Roux-in- Y.

Materials and methods : We conducted an exploratory review in


databases SciELO , LILACS , PubMed , Medline, under the following
indexes: “obesity”, “pregnancy” , “bariatric surgery” , “nutritional
counseling” and “Bypass”.

Results: From 57 analyzed references related to pregnancy after


bariatric surgery, 53 were selected. Studies have shown that gastric
bypass exerts beneficial influence on fertility, reduces the risk of
hypertension and gestational diabetes. Nutritional deficiencies can
be prevented or reversed with the proper nutritional management,
however, the gestational weight gain in this population is lower
and there is a greater tendency for children born SGA.

Conclusion: Women who become pregnant after bariatric surgery


must to be is accompanied by a multidisciplinary team in order to
prevent risks of complications during pregnancy, early treatment
failures, providing favorable conditions for mother and fetus.

Keywords: Obesity; Pregnancy; Bariatric surgery; Nutritional


counseling; Bypass.

INTRODUÇÃO
A cirurgia bariátrica destaca-se no cenário fertilidade, no entanto, existe a recomendação
atual como a melhor forma de tratamento para de se evitar a gestação nos primeiros 12 a 18 me-
obesidade mórbida, mostrando-se eficaz a cur- ses de pós-operatório, devido aos riscos e efeitos
to e longo prazo não somente no que diz respei-
provenientes da rápida e significativa perda de
to à perda de peso, mas também à melhora e até
resolução de comorbidades como diabetes mel- peso neste período2,5-9.
litus e hipertensão arterial, entre outras, pro-
movendo uma melhor qualidade e expectativa A presença da obesidade durante a gestação au-
de vida1. Dentre as técnicas cirúrgicas, o Bypass menta em três vezes o risco de pré-eclampsia e,
gástrico em Y-de-Roux (BGYR) ou técnica de no caso de gestantes com obesidade mórbida,
Fobi-Capella, é a mais realizada no Brasil e no esse número aumenta para sete vezes. Após a
mundo2-4. cirurgia bariátrica, observa-se uma redução
na incidência de diabetes gestacional e hiper-
Atualmente, em torno de 75 a 80% dos pacien-
tes que se submetem à cirurgia de obesidade são tensão arterial durante as gestações trazendo,
mulheres, grande parte delas em idade fértil, portanto, benefícios inegáveis para a mulher e
observando-se uma melhora significativa na o feto8,10.

70 Com. Ciências Saúde. 2014; 25(1): 69-78


Implicações nutricionais da gravidez após cirurgia de bypass gástrico

A ocorrência da gestação nos primeiros meses RESULTADOS E DISCUSSÕES


pós-operatórios é descrita como preocupante
Foram encontrados 57 artigos e, destes, 4 foram
por alguns autores devido a maiores taxas de
excluídos por se tratarem de gestação após técni-
aborto, risco de subnutrição e do desenvolvi-
ca de banda gástrica, restando 53 (92,98%) refe-
mento de deficiências nutricionais específicas rências utilizadas. Do total de artigos, 29 (50,84%)
tanto na mãe, quanto no feto2,11. Assim, o acom- eram originais; 17 (29,82%), de revisão; 1 (1,75%)
panhamento nutricional individualizado e a relato de caso; 4 guidelines (7,01%); 1 (1,75%) revi-
suplementação adequada de nutrientes, são são sistemática; 1 (1,75%) capítulo de livro.
essenciais desde a fase de planejamento da ges-
tação12.
Alterações fisiológicas na mulher após a cirurgia
A presente pesquisa tem o objetivo de realizar bypass gástrico em Y-de-Roux
uma revisão crítica da literatura científica so-
bre as principais implicações nutricionais para A literatura estabelece uma associação positiva
mãe e seu respectivo recém-nascido após a ci- entre obesidade e infertilidade, devido às altera-
rurgia de Bypass gástrico em Y-de -Roux. ções metabólicas decorrentes do excesso de peso
que podem provocar distúrbios na ovulação e
aumento do risco de desenvolvimento da sín-
MÉTODOS drome dos ovários policísticos (SOP)13. O BGYR
exerce influência benéfica sobre grande parte
Este estudo consiste em uma revisão biblio- das morbidades típicas de mulheres obesas, em
gráfica, sobre o tema, de artigos publicados em especial sobre a fertilidade, devido à normaliza-
revistas indexadas nas bases de dados PubMed, ção dos níveis hormonais, controle da SOP, re-
Medline, Lilacs, Scielo, nos idiomas inglês, es- gularização da menstruação e ovulação, aumen-
panhol e português, utilizando os descritores: tando a fertilidade e a fecundidade14.
“obesidade”, “gestação”, “cirurgia bariátrica”,
“acompanhamento nutricional” e “Bypass”, nos Eid et al.15 ao analisarem 24 pacientes portado-
idiomas português, inglês e espanhol. ras de SOP submetidas a BGYR, observaram que
a cirurgia e sua consequente perda de peso resul-
Foram selecionados artigos que atenderam aos taram em melhora de várias desordens relacio-
seguintes critérios de inclusão: artigos publica- nadas a SOP como a anovulação, infertilidade e
dos preferencialmente entre 2000-2013, com hirsutismo. Das 24 pacientes, todas as mulheres
ênfase nos últimos 10 anos; com pelo menos um retomaram os ciclos menstruais normais depois
de uma média de 2 a 3 meses de pós-operatório,
dos descritores selecionados; estudos transver-
das 23 mulheres que possuíam hirsutismo, 52%
sais, coorte, observacionais, epidemiológicos,
tiveram resolução completa em um período de
revisões sistemáticas, entre outros.
8 meses e 21% foram capazes de engravidar sem
medicações indutoras de ovulação. Teitelman
Os critérios de exclusão considerados foram: es-
et al.16 estudaram 195 submetidas à cirurgia de
tudos que analisaram as consequências da gra-
bariátrica e verificaram que cerca de metade
videz após outras técnicas cirúrgicas que não
das mulheres eram anovulatórias no pré-ope-
o BGYR, pesquisas em forma de tese que não
ratório. Após o procedimento cirúrgico, houve
foram publicadas. Artigos em duplicidade nas
regularização do ciclo menstrual em 71,4% das
bases de dados foram excluídos da pesquisa.
participantes do estudo.
Os artigos foram analisados e selecionados ob-
Diante da melhora ou da resolução de alguns
servando-se: fonte, objeto de estudo, população
transtornos endócrinos e aumento da atividade
estudada, metodologia utilizada, instrumento
sexual após a realização da cirurgia bariátrica,
de avaliação ou de coleta de dados e análise
mulheres podem ser surpreendidas com o au-
dos mesmos. Quando considerado pertinente,
mento na capacidade de engravidar principal-
outras bibliografias foram consultadas a partir
mente no período de maior e mais rápida perda
de referências dos artigos previamente anali-
ponderal14.
sados.

Com. Ciências Saúde. 2014; 25(1): 69-78 71


Pinheiro RCM et al.

Gestação após cirurgia bariátrica de DMG após a cirurgia bariátrica, o que se as-
semelha a mulheres com IMC adequado, sem
Qual o melhor período para engravidar após a
cirurgia prévia. Essa taxa foi 27% menor do
cirurgia bariátrica? que em gestações de mulheres obesas que não
foram submetidas ao procedimento cirúrgico.
As gestações concebidas logo após a cirurgia
Em contrapartida, Patel et al.18 não observaram
podem ser preocupantes, especialmente no que
diferenças significativas em relação a incidên-
diz respeito ao crescimento intrauterino, maio- cia de DMG entre as mulheres submetidas a ci-
res taxas de aborto e parto prematuro, devido à rurgia bariátrica, as não obesas, obesas e obesas
intensa perda de peso nesse período17. Patel ET mórbidas. Apenas um estudo demonstrou um
al.18 analisaram 26 gestações após BGYR e ob- maior risco de diabetes gestacional em mulhe-
servaram que a ocorrência da gravidez antes res após a cirurgia bariátrica (9,4%), em compa-
de 1 ano de cirurgia esteve associada a partos ração com o grupo controle (5,0%)31. O BGYR,
prematuros (prevalência de 50% de partos pré- portanto, pode ser estratégia para evitar DMG
maturos, quando a gestação ocorreu antes dos em mulheres obesas mórbidas30.
12 meses pós operatórios, de 25% para mulhe-
res operadas entre o 130 e 240 mês e de 20%, Distúrbios hipertensivos na gestação antes e
quando as mulheres engravidavam após 24 após a cirurgia bariátrica
meses de cirurgia bariátrica). Wax et al.19 en-
contraram em seu estudo, que o ganho de peso Menores taxas de complicações da hipertensão
gestacional foi menor em mulheres submetidas arterial são encontradas em mulheres que se
ao BGYR a menos de 18 meses, do que naquelas submeteram a BGYR14,17,26-29. Richards et al.32 en-
com mais de 18 meses de cirurgia. contraram uma redução de aproximadamente
45,6% na prevalência de hipertensão associada
Em contrapartida, Sheiner et al.20, em estudo re- à gravidez após cirurgia de BGYR. Em um es-
trospectivo, analisaram 104 pacientes durante tudo de coorte retrospectivo27, onde foram estu-
das 585 mulheres, observou-se que aquelas que
a gestação e concluíram que aquelas ocorridas
deram à luz após a cirurgia tinham 75% menos
durante o primeiro ano pós-operatório apre-
chance de apresentarem um diagnóstico de hi-
sentaram resultados perinatais (idade gestacio-
pertensão na gravidez, quando comparadas as
nal, peso ao nascer) semelhantes se comparadas
mulheres que ainda eram obesas no momento
com gestações concebidas antes e após o pri- do parto. No entanto, em outro estudo18 com 26
meiro ano pós-operatório, 1,9% e 1,3%, respecti- pacientes que deram a luz após BGYR, não se
vamente. Dao et al.21 também não encontraram observaram diferenças entre a prevalência de
diferenças estatísticas nas taxas de parto pre- pré-eclâmpsia e hipertensão arterial em gestan-
maturo, peso fetal e complicações ao comparar tes operadas e não operadas.
gestações ocorridas no primeiro ano pós cirur-
gia e após esse período. Porém, o ganho de peso Ganho de peso gestacional em mulheres subme-
gestacional foi significativamente mais baixo tidas ao BGYR
nos grupos de mulheres que engravidaram no
primeiro ano de pós BGYR. Eerdekens et al.22 e Recomenda-se que haja um adequado ganho de
Wax et al.19, da mesma forma, encontraram re- peso gestacional para permitir o crescimento fe-
sultados maternos e neonatais estatisticamente tal normal, desenvolvimento e melhor adequa-
semelhantes em mulheres que engravidaram ção metabólica. Mulheres que não ganham peso
durante ou após o período de máxima perda de ou ganham muito pouco durante a gravidez
peso. aumentam o risco de retardo do crescimento
intrauterino (RCIU), anormalidades ou do bebê
Diabetes mellitus gestacional antes e após a ci- ser pequeno para a idade gestacional (PIG)19.
rurgia bariátrica
Hedderson et al.33 verificaram, em contraparti-
Alguns estudos apontam que as prevalências da, que mulheres com ganho peso acima do re-
de diabetes e diabetes gestacional (DMG) são comendado pelo IOM apresentaram três vezes
mais risco de desenvolverem macrossomia e
significativamente menores após o BGYR17,23-
1,5 vez mais risco de obterem hipoglicemia ou
29
. Burke et al.30 encontraram uma taxa de 8%
hiperbilirrubinemia neonatal. O ganho de peso

72 Com. Ciências Saúde. 2014; 25(1): 69-78


Implicações nutricionais da gravidez após cirurgia de bypass gástrico

da mãe pode ser, portanto, um importante pre- isso, o ideal é que as deficiências de micronu-
ditor para o peso do bebê ao nascer, e se ocorrer trientes sejam prevenidas ou corrigidas antes
acima do esperado, está associado a resultados da gestação13.
desfavoráveis para a criança, ao aumento na
prevalência de DMG, doença hipertensiva in- É importante sempre dar atenção ao risco de
duzida pela gravidez e à dificuldade na perda subnutrição da mãe ou feto durante a gravi-
de peso após o parto. O risco de uma gestante dez, principalmente pelo risco de desenvolver
com ganho de peso excessivo apresentar pré- deficiências nutricionais de ferro, ácido fólico,
-eclampsia dobra a cada aumento de 5 a 7 kg/m2 vitamina B12, cálcio e vitamina D decorrentes
sobre o IMC pré-gestacional34-36. de cirurgias disabsortivas, como o BGYR, que
podem ocasionar complicações fetais como
Em 2009, o Institute of Medicine (IOM) atua- nascimento prematuro, baixo peso ao nascer,
lizou as recomendações sobre o ganho de peso hipocalcemia neonatal ou raquitismo, retardo
durante a gravidez baseados no IMC pré ges- mental fetal e defeitos do tubo neural11.
tacional para a população em geral. Para as
mulheres com baixo peso (IMC < 18,5 kg/m2), As deficiências nutricionais após o BGYR po-
o ganho total recomendado é 12,5-18,0 kg; para dem surgir através de diferentes mecanismos.
o peso adequado (18,5-24,9 kg/m2), 11,5-16,0 kg, Em primeiro lugar, a restrição dietética indu-
para sobrepeso (25,0-29,9 kg/m2), 7,0-11,5 kg, e zida pela cirurgia pode comprometer a inges-
para mulheres obesas (>30,0 kg/m2), 5,0-9,0 kg. tão e, muitas vezes, causar intolerância a certos
Esses parâmetros não são específicos para mu- alimentos, como carne, leite e alimentos ricos
lheres submetidas à cirurgia bariátrica, sendo em fibras, resultando em uma dieta monótona
ainda necessário estabelecer o que pode ser con- e com pouca variedade de nutrientes. Em se-
siderado adequado para o ganho de peso nesse gundo lugar, a exclusão de parte do estômago
grupo de pacientes37. do trânsito alimentar pode levar a uma redução
na secreção de ácido gástrico, necessário para
Alguns estudos mostram que as pacientes sub- absorver vitaminas e minerais (vitamina B12 e
metidas à cirurgia bariátrica tendem a ganhar ferro). Por último, o desvio intestinal promove
menos peso durante a gestação21,24-26. Santulli et um prejuízo na absorção de certos nutrientes
al.38 relatou em seu estudo que o ganho de peso como o cálcio, já que são excluídos do trânsito, o
das pacientes submetidas a cirurgia bariátrica duodeno e jejuno proximal11,17.
foi, em média, a metade do que o observado em
mulheres com IMC classificado como adequa- As deficiências nutricionais mais comuns após
do (5,8 vs 13,2 kg, respectivamente, p <0,0001). o BGYR estão relacionadas à proteína, cálcio,
ferro, vitaminas B12, D e ácido fólico e todos
Dao et al.21 em outra pesquisa encontraram uma podem ter um grande impacto sobre a gravi-
diferença estatisticamente significativa no ga- dez33,39,40. A ingestão inadequada de cálcio, por
nho de peso em um grupo de mulheres grávidas exemplo, pode resultar na perda óssea materna,
logo após a cirurgia (1,8 kg), quando compara- diminuição da secreção de cálcio do leite ma-
dos com um grupo que engravidou após 1 ano terno, ou inadequada mineralização do esque-
de cirurgia (15,4 kg) e concluíram que a gravi- leto do feto40.
dez precoce após BGYR (menos de 1 ano) estão
associados com menor ganho de peso do que Pesquisas41,42 observaram um aumento do risco
das gravidezes após 1 ano de cirurgia17. de anemia durante a gravidez após BGYR e cin-
co casos de hemorragia intracraniana neonatal,
todos possivelmente relacionados à deficiência
Deficiências nutricionais e recomendações para de vitamina K, foram relatadas após a cirurgia
gestantes após a cirurgia bariátrica bariátrica materna.

Sabe-se que mulheres grávidas têm uma maior No estudo de Sheiner et al.43 foram relatados
necessidade de ingestão de micronutrientes resultados favoráveis ​​
em mulheres grávidas
e, no caso de gestantes submetidas à cirurgia que usaram suplementação de vitaminas e mi-
bariátrica, essa necessidade é ainda maior. Por nerais após diferentes tipos de cirurgia bariá-

Com. Ciências Saúde. 2014; 25(1): 69-78 73


Pinheiro RCM et al.

trica. Portanto acredita-se que em sua maioria, Quanto ao ácido fólico, deve ser administrado
as deficiências nutricionais ocorrem devido a na dosagem de 400 µg por dia para mulheres
não adesão da suplementação de vitaminas e em idade reprodutiva e gestantes após a cirur-
minerais e acompanhamento nutricional ade- gia bariátrica a fim de proteger contra defeitos
quado14. do tubo neural45,46.

Dessa forma, a fim de evitar complicações na Em um estudo realizado por Faintuch et al.48
gravidez após a cirurgia bariátrica, como as com mulheres gestantes submetidas a cirurgia,
deficiências de micronutrientes e doenças as- observou-se que a ingestão de cálcio e vitamina
sociadas, os pacientes devem ser continuamen- B12 não atingiram a recomendação, já a inges-
te informados sobre a necessidade de ingestão tão de ácido fólico foi alcançada, no entanto a
de suplementação no pós-operatório, além de anemia não foi totalmente eliminada, apesar da
realizar acompanhamento nutricional, exames orientação dietética e uso de suplementação.
periódicos, e se necessário, adequar as doses de
vitaminas ou minerais8,44. Certa atenção deve ser dada à vitamina B12, pois
a baixa concentração de cobalamina pode re-
Atualmente, não há um consenso a respeito do sultar em elevação de homocisteína no soro
manejo nutricional em gestantes após a cirur- plasmático que está diretamente relacionada à
gia bariátrica. Entretanto, as “Diretrizes de prá- ocorrência de aborto espontâneo, assim como a
tica clínica para o suporte nutricional, metabó- deficiência grave de vitamina B12, também pode
lico e não cirúrgico perioperatório do paciente resultar em anemia megaloblástica49. Desta for-
submetido à cirurgia bariátrica” elaborada por ma recomenda-se a suplementação intramus-
três sociedades americanas (American Associa- cular ou subcutânea de 1000 a 3000 mg cada 6
tion of Clinical Endocrinologists, The Obesity a 12 meses46.
Society, and American Society for Metabolic &
Bariatric Surgery) alertam para os principais As diretrizes sugerem a ingestão de 1200 a 1500
nutrientes que devem ser monitorados após o mg de cálcio elementar por dia em doses divi-
procedimento cirúrgico e suas recomendações didas após a cirurgia, em conjunto com o mo-
de ingestão durante a gestação45,46. nitoramento do hormônio da paratireóide e os
níveis de vitamina D para garantir a ingestão e
absorção adequada, o citrato de cálcio é a forma
Ferro, ácido fólico, cálcio e vitamina B12 de suplementação mais recomendada visto que
é melhor absorvido em ambientes com menor
A anemia ferropriva é comum após cirurgias
acidez gástrica44-46.
mistas e está relacionada à diminuição da in-
gestão de quantidades adequadas de ferro que
pode estar associada ao reduzido volume gás- Proteína
trico, à intolerância a alimentos fontes de ferro
(em particular à carne vermelha) e à redução na Em relação à ingestão de proteína, as últimas
absorção causada pela derivação intestinal8,34,47. diretrizes de Cirurgia Bariátrica45,46 recomen-
Deve-se, portanto, monitorar os níveis séricos dam o consumo mínimo de 60 g por dia ou su-
de hemoglobina, ferro, ferritina e transferrina perior a 1,5 g/kg de peso corporal ideal por dia
durante a gestação para verificar o estado de para população submetida à cirurgia bariátrica,
ferro no organismo40. Como prevenção, as di- em geral, não especificando uma recomenda-
retrizes atuais recomendam a ingestão de 40- ção para o grupo de gestantes. A adequada in-
65mg de ferro elementar por dia e em caso de gestão proteica é necessária para permitir que
deficiência 150-200mg para pacientes subme- as necessidades de proteínas do feto em desen-
tidas à cirurgia bariátrica45,46. volvimento sejam atendidas. 44

74 Com. Ciências Saúde. 2014; 25(1): 69-78


Implicações nutricionais da gravidez após cirurgia de bypass gástrico

Resultados perinatais em mulheres submetidas CONCLUSÃO


ao BGYR
Após uma revisão critica da literatura sobre as
Guelinckx et al. , após realizarem uma revisão
17 principais implicações nutricionais para a mãe
da literatura, encontraram maior incidência de e seu recém-nascido, observa-se que; 1) após a
restrição do crescimento intra-uterino e baixo cirurgia pode haver um aumento da fertilidade,
peso ao nascer em pacientes submetidas à ci- devido à normalização dos níveis hormonais;
rurgia bariátrica. O baixo peso ao nascer e as 2) Os estudos analisados relatam não haver
diferenças significativas nos resultados ma-
restrições de crescimento em filhos de mulhe-
ternos e neonatais em mulheres que engravi-
res submetidas ao BGYR podem estar associa-
daram no período de até 1 ano após a cirurgia
dos às alterações metabólicas causadas princi-
e aquelas que conceberam após esse período; 3)
palmente por deficiências nutricionais33.
O risco de desenvolver diabetes gestacional e
distúrbios hipertensivos durante a gestação são
Um estudo de coorte nacional na Suécia ob-
significativamente reduzidos após cirurgia de
servou que as crianças nascidas de mulheres
BGYR; 4) O ganho de peso gestacional tem sido
obesas tratadas cirurgicamente apresentam
menor após esse tipo de procedimento, quando
um comprimento significativamente menor e
comparado ao ganho ponderal de gestantes não
um menor peso ao nascer. Além disso, houve operadas; 5) Mulheres que engravidaram após a
uma maior prevalência de filhos nascidos PIG cirurgia possuem maior propensão de dar à luz
(5,2%) se comparados aos filhos de mães com a crianças PIG; 6) A deficiências nutricionais
IMC normal sem cirurgia prévia (3,0%)50. podem ser evitadas se houver acompanhamen-
to nutricional adequado com ênfase na inges-
Outros estudos51,52 também relataram um risco tão proteica, suplementação adequada de vita-
aumentado de crianças nascidas PIG de mulhe- minas e minerais e monitoramento adequado
res submetidas à cirurgia bariátrica. Um exem- dos micronutrientes por exames laboratoriais.
plo é o estudo de Patel et al.18 que observou uma
maior prevalência de nascidos PIG após a cirur- É fundamental que as mulheres submetidas à
gia (11,5%) em comparação a filhos de pacientes cirurgia bariátrica e que almejam engravidar
sejam acompanhadas por uma equipe multi-
não obesas. Marceau et al.53 em seu estudo, veri-
disciplinar, a fim de prevenir riscos de compli-
ficaram que dos filhos nascidos de mães opera-
cações durante a gestação, tratar precocemente
das, apenas 34% nasceram com peso normal e
deficiências, proporcionando condições favo-
60%, com peso inadequado.
ráveis para a mãe e o feto, levando em conside-
ração que a gravidez após a cirurgia bariátrica
Em relação à idade gestacional, Roos et al.50 en-
tem se mostrado segura tanto para a mãe quan-
contraram maiores taxas de nascimento pré ter-
to para o recém-nascido, desde que seja acom-
mo (9,7%) em mulheres submetidas à cirurgia,
panhada adequadamente.
em relação ao grupo controle (6,1%, p <0,001).
No entanto, no estudo de Dao et al.21, de um total Atualmente, ainda não há consenso sobre as
de 34 pacientes que engravidaram no pós-ope- necessidades de o ganho de peso e ingestão de
ratório de cirurgia bariátrica, 33 apresentaram micronutrientes em gestantes submetidas à ci-
gestações a termo. È importante salientar que rurgia bariátrica. Diante disso, são necessárias
as divergências nos resultados encontrados nos mais pesquisas nessa área, com o intuito de elu-
estudos podem ter ocorrido devido às diferen- cidar melhores condutas e controle clínico nu-
ças metodológicas utilizadas51. tricional.

Com. Ciências Saúde. 2014; 25(1): 69-78 75


Pinheiro RCM et al.

REFERÊNCIAS 10. Decker, G. Swain JM , Crowell MD , Sco-


lapio JS . Gastrointestinal and nutritional
1. Sjostrom L, Lindroos AK, Peltonen M, Torg-
complications after bariatric surgery. Am.
erson J, Bouchard C, Carlsson B, et al. Life-
J. Gastroenterol., v. 102; p. 2571– 2580, 2007.
style, diabetes, and cardiovascular risk fac-
tors 10 years after bariatric surgery. N Engl 11. Poitou Bernert C, Ciangura C, Coupaye
J Med. 2004;351(26):2683-93. M , Czernichow S, Bouillot JL, Basdevant A.
Nutritional deficiency after gastric bypass:
2. Bordalo LA; Teixeira TFS; Bressan J; Mou-
diagnosis, prevention, treatment. Diabetes
rão DM. Cirurgia bariátrica: como e por que
suplementar. Rev. Assoc. Med. Bras. 2011; & Metabolism, New York, 2007. v. 33, p. 13-
57(1): 113-120. 24.

3. Bernert, CP, Ciangura, C; Coupaye, M; Zer- 12. Lima JG, Nóbrega LC, Mesquita JB, Nóbrega
nichow, S; Bouillot, JL; Basdevant, A. Nutri- MC, Medeiros AC, Maranhão TO. Gestação
tional deficiency after gastric bypass: diag- após gastroplastia para tratamento de obe-
nosis, prevention and treatment. Diabetes sidade mórbida: série de casos e revisão da
& Metabolism.2007; 33(1): 13-24. literatura. Rev. Bras. Ginecol. Obstet.  2006,
vol.28, n.2, p. 107-111.
4. Gasteyger C; Suter M, Gaillard RC; Giusti V.
Nutritional deficiencies after Roux-en-Y 13. American College of Obstetricians and
gastric bypass for morbid obesity after Gynecologists, “ACOG practice bulletin
cannot be prevented by standard multivi-
no. 105: bariatric surgery and pregnancy “,
tamin supplementation. Am. J. Clin. Nutr.
Obstet Gynecol , vol. 113, 2009, p.1405-1413
2008; 87:1128-1133.
14. Maggard MA, Yermilov I, Li Z, Maglione
5. Dias MC, Dias CA, Burgos MG. Dietoterapia
de pacientes bariátricos em situações espe- M, Newberry S, Suttorp M, et al. Pregnancy
ciais. In: Burgos MG. Nutrição em cirurgia and fertility following bariatric surgery: a
bariátrica. Ed. Rubio, Rio de Janeiro. 2011. p systematic review. J Am Med Assoc. 2008;
167-175 300: 2286–96.

6. Pope GD.; Birkmeyer JD; Finlayson SR. Na- 15. Eid GM, Cottam DR, Velcu LM, Mattar
tional trends in utilization and in-hospi- SG, Korytkowski MT, Gosman G, et al  Ef-
tal outcomes of bariatric surgery. Journal fective treatment of polycystic ovarian
of Gastrointestinal Surgery, St. Louis, v.6, syndrome with Rouxen- Y gastric bypass.
2002. p. 855-860. Surg Obes Relat Dis. 2005; 1(2):77-80.

7. Khan R, Dawlatly B, Chappatte O. Preg- 16. Teitelman M, Grotegut CA, Williams NN,
nancy outcome following bariatric sur-
Lewis JD. The impact of bariatric surgery
gery. The Obstetrician & Gynaecologist.
on menstrual patterns. Obes Surg. 2006;16
Vol. 15. 2013; p.37–43
(11):1457-1463.
8. Kaska L, Kobiela J, Chmylko AA, Chmylko
L, Pindel M, Kobiela P et al. Nutrition and 17. Guelinckx I, Devlieger R, Vansant G. Re-
Pregnancy after Bariatric Surgery. ISRN productive outcomeafter bariatric surgery:
Obesidade. Volume 2013. a critical review. Hum Reprod Update
2009; 15: 189–201.
9. Dias MC, Fazio Ede S, de Oliveira FC, ​​No-
mura RM, Faintuch J, M Zugaib. Body 18. Patel JA, Patel NA, Thomas RL, Nelms JK,
weight changes and outcome of pregnancy Colella JJ. Pregnancy outcomes after lap-
after gastroplasty for morbid obesity. Clin- aroscopic Roux-en-Y gastric bypass. Surg
ical Nutrition, V. 28: 169–172, 2009. Obes Relat Dis 2008; 4: 39–45.

76 Com. Ciências Saúde. 2014; 25(1): 69-78


Implicações nutricionais da gravidez após cirurgia de bypass gástrico

19. Wax JR, Cartin A, Wolff R, Lepich S, Pin- 28. Nomura RM, Dias MC, Igai AM, Paiva LV,
ette MG, Blackstone J. Pregnancy following Zugaib M. Anemia during pregnancy af-
gastric bypass for morbid obesity: effect ter silastic ring Roux-em-Y gastric bypass:
of surgery-to-conception interval on ma- influence of time to conception. Obes Surg
ternal and neonatal outcomes. Obes Surg. 2011 Apr;21(4):479-84.
2008. 18:1517–1521
29. Dell’agnolo CM, Carvalho MDB, Pelloso
20. Sheiner E, Edri A, Balaban E, Levi I, Ari- MS. Pregnancy after bariatric surgery: im-
cha-Tamir B. Pregnancy outcome of pa- plications for mother and newborn. Obes
tients who conceive during or after the Surg. 2011. 21(6):699–706
first year following bariatric surgery. Am
J Obstet Gynecol. 2011; 204:50.e1–6 30. Burke AE, Bennett WL, Jamshidi RM, Gil-
son MM, Clark JM, Segal JB, et al. Reduced
21. Dao T, Kuhn J, Ehmer D, Fisher T, McCarty incidence of gestational diabetes with
T. Pregnancy outcomes after gastric by- bariatric surgery. J Am Coll Surg. 2010.
pass surgery. Am J Surg 2006; 192: 762–6. 211(2):169–175.

22. Eerdekens A, Debeer A, Van Hoey G, De 31. Sheiner E, Levy A, Silverberg D, Menes TS,
Borger C, Sachar V, Guelinckx I, et al. Ma- Levy I, Katz M, et al. Pregnancy after bariat-
ternal bariatric surgery: adverse outcomes
ric surgery is not associated with adverse
in neonates. Eur J Pediatr. 2010. 169(2):191–
perinatal outcome. Am J Obstet Gynecol.
196
2004; 190: 1335–40.
23. Weintraub AY, Levy A, Levi I, Mazor M,
Wiznitzer A, Sheiner E. Effect of bariatric 32. Richards DS, Miller DK, Goodman GN.
surgery on pregnancy outcome. Int J Gy- Pregnancy after gastric bypass for morbid
naecol Obstet. 2008. 103(3):246–251 obesity. J Reprod Med 1987; 32: 172– 6.

24. Smith J, Cianflone K, Biron S, Hould FS, 33. Hedderson MM, Weiss NS, Sacks DA, Pettitt
Lebel S, Marceau S, et al. Effects of mater- DJ, Selby JV, Quesenberry CP, et al. Preg-
nal surgical weight loss in mothers on in- nancy weight gain and risk of neonatal
tergenerational transmission of obesity. J complications: macrosomia,hypoglycemia,
Clin Endocrinol Metab. 2009. 94(11):4275– and hyperbilirubinemia. Obstet Gynecol.
4283 2006 Nov;108(5):1153-61.
25. Bennett WL, Gilson MM, Jamshidi R, Burke 34. Pinzón JH, Zamora MC, VE. A Galvis. Em-
AE, Segal JB, Steele KE, Makary et al. Im-
barazo posterior a cirurgía bariátrca: com-
pact of bariatric surgery on hypertensive
plicaciones maternas y fetales. Revista
disorders in pregnancy: retrospective anal-
Colombiana de Obstetrícia y Ginecología.
ysis of insurance claims data. 2010. BMJ
340:c1662 Vol.59. n 3, 2008. p.216-22.

26. Shekelle PG, Newberry S, Maglione M, Li 35. Gore AS, Brown DM, West DS. The role of
Z, Yermilov I, Hilton L, et al. Bariatric sur- postpartum weight retention in obesity
gery in women of reproductive age: special among women: a review of the evidence.
concerns for pregnancy. Evid Rep Technol Ann Behav Med. 2003, 26:149-159.
Assess (Full Rep). 2008. Nov; (169):1–51
36. Bhattacharya S, Campbell DM, Liston WA.
27. Sheiner E, Menes TS, Silverberg D, Abramo- Effect of body mass index on pregnancy
wicz JS, Levy I, Katz M, et al. Pregnancy out- outcomes in nulliparous womwn deliv-
come of patients with gestational diabetes ering singleton babies. BMC Public Heath
mellitus following bariatric surgery. Am J 2007; 7:168.
Obstet Gynecol. 2006. 194:431–435

Com. Ciências Saúde. 2014; 25(1): 69-78 77


Pinheiro RCM et al.

37. Institute of Medicine. Nutrition during 46. AACE/TOS/ASMBS Bariatric Surgery Cli-
pregnancy. Washington DC: National nical Practice Guidelines, Endocr Pract.
Academy Press; 2009. 2013;19(No. 2)

38. Santulli P, Mandelbrot L, Facchiano E, Dus- 47. Love AL, Billett HH. Obesity, bariatric sur-
saux C, Ceccaldi PF, Ledoux S, et al. Obstet- gery, and iron deficiency: true, true, true
rical neonatal outcomes of pregnancies and related. Am J Hematol. 2008; 83: 403-9.
following gastric bypass surgery: a retro-
spective cohort study in a French referral 48. Faintuch J, Dias MC, de Souza Fazio E, de
centre. Obes Surg. 2010. 20(11):1501–1508 Oliveira FC, Nomura RM, Zugaib M, et al.
Pregnancy Nutritional Indices and Birth
39. Wittgrove AC, Jester L, Wittgrove Weight After Roux-em-Y Gastric Bypass.
P, Clark GW. Pregnancy following gas- Obes Surg. 2009; 19: 583-589.
tric bypass for morbid obesity. Obes Surg.
1998;8(4):461–4. discussion 465–6. 49. Allen LH. Vitamin B12 metabolism and sta-
tus during pregnancy, lactation and infan-
40. Woodard CB. Pregnancy following bar-
cy. Adv Exp Med Biol. 1994; 352: 173–86.
iatric surgery. J Perinat Neonatal Nurs.
2004;18(4):329–40.
50. Roos N, Neovius M, Cnattingius S, Lagerros
41. Folope V, Coeffier M, Dechelotte P. Nutri- YT, Granath F, Stephansson O. Perinatal
tional deficiencies associated with bariat- outcomes after bariatric surgery: nation-
ric surgery. Gastroentérol Clin Biol. 2007; wide population based matched cohort
31(4):369–77. study. BMJ. 2013; 347

42. Eerdekens A, Debeer A, Van Hoey G, De 51. Josefsson A, Blomberg M, Bladh M, Frede-
Borger C, Sachar V, Guelinckx I, et al. Ma- riksen SG, Sydsjo G. Bariatric surgery in a
ternal bariatric surgery: adverse outcomes national cohort of women: sociodemogra-
in neonates. Eur J Pediatr. 2009; 69 (2):191–6. phics and obstetric outcomes. Am J Obstet
Gynecol. 2011; 205-206.
43. Sheiner E, Balaban E, Dreiher J, Levi I, Levy
A. Pregnancy outcome in patients follow- 52. Belogolovkin V, Salihu HM, Weldeselasse
ing different types of bariatric surgeries.
H, Biroscak BJ, August EM, Mbah AK, et al.
Obes Surg 2009; 19: 1286–92.
Impact of prior bariatric surgery on mater-
44. Beard JH, Bell RL, Duffy AJ. Reproductive nal and fetal outcomes among obese and
Considerations and Pregnancy after Bar- non-obese mothers. Arch Gynecol Obstet
iatric Surgery: Current Evidence and Rec- 2012; 285: 1211-8.
ommendations.  Obes Surg. 2008; 18:1023–
1027 53. Marceau P, Kaufman D, Biron S, Hould
FS, Lebel S, Marceau S et al. Outcome of
45.
AACE/TOS/ASMBS Bariatric Surgery pregnancies after biliopancreatic diver-
Guidelines, Endocr Pract. 2008; 14(Suppl1) sion. ObesSurg. 2004; 14(3):318-324.

78 Com. Ciências Saúde. 2014; 25(1): 69-78

You might also like