You are on page 1of 6

18 DE DEZEMBRO DE 2015


Batendo no suporte

*por Rodolfo Amstalden, Analista CNPI

Caro Leitor,

Foi mais uma semana bastante atribulada, com os cadernos político,


jurídico e policial se sobrepondo ao noticiário econômico.

Do ponto de vista estritamente financeiro, porém, a semana me passou


certa tranquilidade.

Tranquilidade?

Pois é, não estou ficando louco. Através da fumaça, vemos corroboradas nossas apostas
sobre o rumo que o mercado vai tomar em médio e longo prazo.

Estamos negociando a um prêmio de risco suficientemente elevado, a ponto de compensar


um amplo espectro de novos choques de estresse.

As amostras estão por toda parte: nos juros futuros, no câmbio e na Bolsa.
1
A rigor, principalmente na Bolsa.

O Ibovespa vai chegando zerado ao final desta semana “caótica”. Não é muito, eu sei. Porém,
condicionada a todos os picos de volatilidade dos últimos dias, essa estabilidade - até ontem -
me parece realmente formidável.

O gráfico que escolhi para ilustrar o topo desta edição evidencia um importante suporte da
Bolsa brasileira.

Veja lá: de 2013 até hoje, o IBOV bateu diversas vezes no patamar aproximado de 45 mil
pontos e então voltou a se recuperar.

Isso não é ciência exata, tampouco estatística. Mas é uma peça de informação relevante.
Sugere um relativo equilíbrio entre os problemas que nos circundam e as oportunidades que
se colocam mais à frente.

Os problemas estão quase que integralmente no preço; já as oportunidades não se embutem


no preço. Quando isso acontece, dizemos que há um baixo downside fazendo frente a um
alto upside.

Se cair, cai pouco. Se subir, sobe muito.

Isso é muito diferente de dizer que “não vai cair” ou que “é muito provável que suba” - ambas
afirmações falaciosas e irresponsáveis.

O que interessa para nós é o risco a se tomar tendo em vista determinado retorno esperado.
No mercado, não existem situações de risco zero ou de retorno garantido.

Como podemos avaliar, mesmo que subjetivamente, o baixo downside do Ibovespa?

Vale um exercício imaginativo.

Suponha que você embarcou em uma máquina do tempo e foi parar em 13 de dezembro de
2010. Você acorda dentro de uma sala escura, parcialmente iluminada pela luz de quatro
velas roxas. À sua frente, um oráculo, de olhos cerrados, medita calmamente.

Você pede licença e pergunta em voz baixa, quase sussurando: “Senhor Oráculo, quais serão
as manchetes estampando os jornais nesta semana, daqui a exatos cinco anos?”.

O oráculo engole seco, gulp! - “Tem certeza? Não quer perguntar sobre 2025? Ou 2050?”.

Mas não; você quer saber de 2015 mesmo. Então lá vai:

- Fed aumenta a taxa de juros americana.


- Perdemos o grau de investimento.
- PF faz busca e apreensão na casa do presidente da Câmara.
- Ministro da Fazenda é um demissionário em atividade.
- Supremo devolve o impeachment à estaca zero.

2
“Ave mãe! Pode parar, Senhor Oráculo. Isso é demais para mim”.

Você começa a imaginar os efeitos dessa pauta-bomba sobre o mercado em dezembro de


2015. Bolsa derretendo, dólar e juros bombando.

Então o Oráculo continua - “Ibovespa estável, dólar pouco subiu e DI ficou praticamente
parado”.

O quê? Sério?

Sim, seríssimo. O mundo caiu sobre nossas cabeças, e continuamos de pé.

Esse milagre só foi possível por um motivo nada miraculoso. Os preços de nossos ativos de
risco já sofreram tanto nos últimos meses que não há muito mais a se cobrar. Atingimos um
fundo de poço, tecnicamente chamado de “suporte”.

Suportes não são traçados a caneta, mas sim a lápis. A história sempre é capaz de apagá-los
com borracha e redesenhá-los mais abaixo.

No pregão de hoje, é provável que a estabilidade da Bolsa, câmbio e juros seja mais uma vez
colocada em xeque, graças à votação do Supremo na véspera.

Porém, um dia em específico não muda o jogo. Temos que aguardar que os processos de
correção política e econômica sejam maturados. Pode levar mais três meses ou mais três
anos; não sei. Só sei que não vai levar três dias.

Façamos agora o advogado do diabo. Quais fatos poderiam, efetivamente, redesenhar o


suporte para baixo?

Meu oráculo não prevê o futuro, mas enxerga dois grandes riscos.

O mais grave supõe continuidade do Governo Dilma, com nova guinada à esquerda. Medidas
populistas neste momento seriam extremamente onerosas ao País, ameaçando inclusive a
solvência de nossas dívidas.

O segundo mais grave depende da desaceleração chinesa, que afeta diretamente o preço de
commodities já bastante depreciadas.

Estamos atentos, mas não somos escravos desses riscos.

Até a próxima!

Rodolfo Amstalden

3
Alocação Geral
Renda Fixa (60%) Moeda Forte (10%) Ações (25%) FIIs (5%)

RADL3 HGCR11
Referenciado DI (25%) Conta no Exterior
(2,5%) (1%)

EMBR3 SAAG11
Indexado IPCA (20%) Fundo Cambial
(2,5%) (1%)

USD ou GBP em CTIP3 BBVJ11


Prefixado (15%)
espécie (2,5%) (1%)

ABEV3 KNRI11
(2,5%) (1%)

UGPA3 THRA11B
(2,5%) (1%)

ITUB4
(2,5%)

TOTS3
(2,5%)

CYRE3
(2,5%)

BVMF3
(2,5%)

ESTC3
(2,5%)

4
Carteira de Ações

Ativo Data Entrada Preço Entrada* Preço Atual Var Teto

RADL3 4-Jul-14 18.58 35.64 91.82% 35.00

CTIP3 23-Mai-14 26.52 37.89 42.87% 35.00

EMBR3 20-Jun-14 20.59 29.05 41.09% 26.00

UGPA3 25-Abr-14 54.05 62.91 16.39% 60.00

ABEV3 9-Mai-14 15.43 17.99 16.59% 20.00

BVMF3 29-Ago-14 12.11 11.10 -8.34% 14.00

ITUB4 15-Ago-14 30.47 26.55 -12.87% 40.00

TOTS3 1-Ago-14 38.72 31.84 -17.77% 42.00

CYRE3 6-Jun-14 12.60 7.44 -40.95% 14.00

ESTC3 18-Jul-14 27.55 13.64 -50.49% 28.00

Carteira de Fundos Imobiliários

Ativo Data Entrada Preço Entrada* Preço Atual Var Teto

HGCR11 21-Nov-14 758.53 929.99 22.60% 950.00

THRA11B 4-Dec-15 54.98 61.99 12.75% 65.00

KNRI11 06-Mar-15 100.39 109.25 8.83% 120.00

SAAG11 7-Nov-14 78.16 83.95 7.41% 92.00

BBVJ11 26-Set-14 54.54 51.80 -5.02% 60.00

MXRF11 24-Out-14 70.81 84.80 19.76% Fechado

BRCR11 11-out-14 111.28 109.70 -1.42% Fechado

(*) Os preços de entrada são ajustados por eventos de custódia, conforme já explicado nos relatórios.

5
Disclosure
Elaborado por analistas independentes da Empiricus, este relatório é de uso exclusivo de seu
destinatário, não pode ser reproduzido ou distribuído, no todo ou em parte, a qualquer
terceiro sem autorização expressa. O estudo é baseado em informações disponíveis ao
público, consideradas confiáveis na data de publicação. Posto que as opiniões nascem de
julgamentos e estimativas, estão sujeitas a mudanças.

Este relatório não representa oferta de negociação de valores mobiliários ou outros


instrumentos financeiros.

As análises, informações e estratégias de investimento têm como único propósito fomentar o


debate entre os analistas da Empiricus e os destinatários. Os destinatários devem, portanto,
desenvolver suas próprias análises e estratégias.

Informações adicionais sobre quaisquer sociedades, valores mobiliários ou outros


instrumentos financeiros aqui abordados podem ser obtidas mediante solicitação.

Os analistas responsáveis pela elaboração deste relatório declaram, nos termos do artigo 17º
da Instrução CVM nº 483/10, que as recomendações do relatório de análise refletem única e
exclusivamente as suas opiniões pessoais e foram elaboradas de forma independente.

*  O
analista Rodolfo Amstalden é o responsável principal pelo conteúdo do relatório e pelo
cumprimento do disposto no Art. 16, parágrafo único da Instrução ICVM 483/10.

A reprodução indevida, não autorizada, deste relatório ou de qualquer parte dele sujeitará o
infrator a multa de até 3 mil vezes o valor do relatório, à apreensão das cópias ilegais, à
responsabilidade reparatória civil e persecução criminal, nos termos dos artigos 102 e seguintes da
Lei 9.610/98.

You might also like