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- Quero te fazer um pedido:
Romance do Pavão procure no estrangeiro 16
Misterioso um objeto bonito O conde não consentiu
João Melquíades Ferreira da só para rapaz solteiro; Outro homem educá-la
Silva traz para mim de presente Só ele como pai dela
embora custe dinheiro. Teve o poder de ensiná-la
1 E será morto o criado
Eu vou contar uma história 9 Que dela ouvir a fala.
De um pavão misterioso João Batista prometeu
Que levantou vôo na Grécia Com muito boa intenção 17
Com um rapaz corajoso De comprar um objeto Os estrangeiros têm vindo
Raptando uma condessa De gosto de seu irmão Tomarem conhecimento
Filha de um conde orgulhoso. Então tomou um paquete Amanhã quando ela aparece
E seguiu para o Japão. No grande ajuntamento
2 É proibido pedir-se
Residia na Turquia 10 A mão dela em casamento.
Um viúvo capitalista João Batista no Japão
Pai de dois filhos solteiros Esteve seis meses somente 18
O mais velho João Batista Gozando daquele império Então disse João Batista
Então o filho mais novo Percorreu o Oriente - Agora vou me demorar
Se chamava Evangelista. Depois voltou para a Grécia pra ver essa condessa
Outro país diferente. estrela desse lugar
3 quando eu chegar à Turquia
O velho turco era dono 11 tenho muito o que contar.
Duma fábrica de tecidos João Batista entrou na Grécia
Com largas propriedades Divertiu-se em passear 19
Dinheiro e bens possuídos Comprou passagem de bordo Logo no segundo dia
Deu de herança a seus filhos E quando ia embarcar Creuza saiu na janela
Porque eram bem unidos. Ouviu um grego dizer Os fotógrafos se vexaram
Acho bom se demorar. Tirando o retrato dela
4 Quando inteirou uma hora
Depois que o velho morreu 12 Desapareceu a donzela.
Fizeram combinação João Batista interrogou:
Porque o tal João Batista - Amigo fale a verdade
Concordou com o seu irmão por qual motivo o senhor 20
E foram negociar manda eu ficar na cidade? João Batista viu depois
Na mais perfeita união. Disse o grego: - Vai haver Um retratista vendendo
Uma grande novidade. Alguns retratos de Creuza
5 Vexou-se e foi dizendo:
Um dia João Batista 13 - Quanto quer pelo retrato
Pensou pela vaidade - Mora aqui nesta cidade porque comprá-lo pretendo.
E disse a Evangelista: um conde muito valente
- Meu mano eu tenho vontade mais soberbo do que Nero 21
de visitar o estrangeiro pai de uma filha somente O fotógrafo respondeu:
se não te deixar saudade. é a moça mais bonita - Lhe custa um conto de réis
que há no tempo presente João Batista ainda disse:
6 - Eu compro até por dez
- Olha que nossa riqueza 14 se o dinheiro não der
se acha muito aumentada - É a moça em que eu falo empenharei os anéis.
e dessa nossa fortuna Filha do tal potentado
ainda não gozei nada O pai tem ela escondida 22
portanto convém qu'eu passe Em um quarto de sobrado João Batista voltou
um ano em terra afastada. Chama-se Creuza e criou-se Da Grécia para a Turquia
Sem nunca ter passeado. E quando chegou em Meca
7 Cidade em que residia
Respondeu Evangelista: 15 Seu mano Evangelista
- Vai que eu ficarei - De ano em ano essa moça Banqueteou o seu dia.
regendo os negócios bota a cabeça de fora
como sempre eu trabalhei para o povo adorá-la 23
garanto que nossos bens no espaço de uma hora Então disse Evangelista:
com cuidado zelarei. para ser vista outra vez - Meu mano vá me contando
tem um ano de demora. se viste coisas bonitas
onde andaste passeando

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vou sair do país Passeavam pelas praças
não posso ficar contigo Os grupos de cavalheiros
o que me traz de presente pois a moça do retrato Havia muito fidalgos
vá logo entregando. deixou-me a vida em perigo. Chegado dos estrangeiros.

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Respondeu João Batista: João Batista falou sério: 40
- Para ti trouxe um retrato - Precipício não convém As duas horas as tarde
de uma condessa da Grécia de que te serve ir embora Creuza saiu à janela
moça que tem fino trato por este mundo além Mostrando a sua beleza
custou-me um conto de réis em procura de uma moça Entre o conde e a mãe dela
ainda achei muito barato. que não casa com ninguém. Todos tiraram o chapéu
Em continência à donzela.
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Respondeu Evangelista - Teu conselho não me serve 41
Depois duma gargalhada: estou impressionado Quando Evangelista viu
- Neste caso meu irmão rapaz sem moça bonita O brilho da boniteza
pra mim não trouxe nada é um desaventurado Disse: - Vejo que meu mano
pois retrato de mulher se eu não me casar com Creuza Quis me falar com franqueza
é coisa bastante usada. findo meus dias enforcado. Pois esta gentil donzela
É rainha de beleza.
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- Sei que tem muitos retratos - Vamos partir a riqueza 42
mas como o que eu trouxe não que tenho a necessidade Evangelista voltou
vais agora examiná-lo dá balanço no dinheiro Aonde estava hospedado
entrego em tua mão porque eu quero a metade Como não falou com a moça
quando vires a beleza o que não posso levar Estava contrariado
mudará de opinião. dou-te de boa vontade. Foi inventar uma idéia
Que lhe desse resultado.
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João Batista retirou Deram o balanço no dinheiro 43
O retrato de uma mala Só três milhões encontraram No outro dia saiu
Entregou ao rapaz Tocou dois a Evangelista Passeando Evangelista
Que estava de pé na sala Conforme se combinaram Encontrou-se na cidade
Quando ele viu o retrato Com relação ao negócio Com um moço jornalista
Quis falar tremeu a fala. Da firma se desligaram. Perguntou se não havia
Naquela praça um artista.
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Evangelista voltou Despediu-se Evangelista 44
Com o retrato na mão Abraçou o seu irmão Respondeu o jornalista:
Tremendo quase assustado Chorando um pelo outro - Tem o doutor Edmundo
Perguntou ao seu irmão Em triste separação na rua dos Operários
Se a moça do retrato Seguindo um para a Grécia é engenheiro profundo
Tinha aquela perfeição. Em uma embarcação. para inventar maquinismo
é ele o maior do mundo.
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Respondeu João Batista Logo que chegou na Grécia 45
- Creuza é muito mais formosa Hospedou-se Evangelista Evangelista entrou
do que o retrato dela Em um hotel dos mais pobres Na casa do engenheiro
em beleza é preciosa Negando assim sua pista Falando em língua grega
tem o corpo desenhado Só para ninguém saber Negando ser estrangeiro
por uma mão milagrosa. Que era um capitalista. Lhe propôs um bom negócio
Lhe oferecendo dinheiro.
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João Batista perguntou Ali passou oito meses 46
Fazendo ar de riso: Sem se dar a conhecer Assim disse Evangelista:
- Que é isso, meu irmão Sempre andando disfarçado - Meu engenheiro famoso
queres perder o juizo? Só para ninguém saber primeiro vá me dizendo
Já vi que este retrato Até que chegou o dia se não é homem medroso
Vai te causar prejuizo. Da donzela aparecer. porque eu quero custar
um negócio vantajoso
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Respondeu Evangelista Os hotéis já se achavam 47
- Pois meu irmão eu te digo Repletos de passageiros Respondeu-lhe Edmundo

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Para qualquer direção. amanhã a meia-noite
com Creuza conversarei.
- Na arte não tenho medo 56
mas vejo que o amigo Quando Edmundo findou 64
quer um negócio em segredo Disse a Evangelista: À meia-noite o pavão
como precisa de mim - Sua obra está perfeita Do muro se levantou
conte-me lá o enredo. ficou com bonita vista Com as lâmpadas apagadas
o senhor tem que saber Como uma flecha voou
que Edmundo é artista. Bem no sobrado do conde
Na cumeeira pousou.
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- Eu amo a filha do conde 57
a mais formosa mulher - Eu fiz o aeroplano 65
se o doutor inventar da forma de um pavão Evangelista em silêncio
um aparelho qualquer que arma e se desarma Cinco telhas arredou
que eu possa falar com ela comprimindo em um botão Um buraco de dois palmos
pago o que o senhor quiser. e carrega doze arroba Caibros e ripas serrou
três léguas acima do chão. E pendurado numa corda
49 Por ela escorregou.
- Eu aceito o seu contrato 58
mas preciso lhe avisar Foram experimentar 66
que eu vou trabalhar seis meses Se tinha jeito o pavão Chegou no quarto de Creuza
o senhor vai esperar Abriram a lavanca e chave Onde a donzela dormia
é obra desconhecida Encarcaram num botão Debaixo do cortinado
que agora vou inventar. O monstro girou suspenso Feito de seda amarela
Maneiro como balão. E ele para acordá-la
50 Pôs a mão na testa dela.
- Quer o dinheiro adiantado? 59
Eu pago neste momento O pavão de asas abertas 70
- Não senhor, ainda é cedo Partiu com velocidade A donzela estremeceu
quando terminar o invento Coroando todo o espaço Acordou no mesmo instante
é que eu digo o preço Muito acima da cidade E viu um rapaz estranho
quanto custa o pagamento. Como era meia noite De rosto muito elegante
Voaram mesmo à vontade. Que sorria para ela
51 Com um olhar fascinante.
Enquanto Evangelista 60
Impaciente esperava Então disse o engenheiro: 71
O engenheiro Edmundo - Já provei minha invenção Então Creuza deu um grito:
Toda noite trabalhava fizemos a experiência - Papai um desconhecido
Oculto em sua oficina tome conta do pavão entrou aqui no meu quarto
E ninguém adivinhava. agora o senhor me paga sujeito muito atrevido
sem promover discussão. venha depressa papai
52 pode ser algum bandido.
O grande artista Edmundo 61
Desenhou nova invenção Perguntou Evangelista: 72
Fazendo um aeroplano - Quanto custa o seu invento? O rapaz lhe disse: - Moça
De pequena dimensão - Dê me cem contos de réis Entre nós não há perigo
Fabricado de alumínio acha caro o pagamento Estou pronto a defendê-la
Com importante armação. o rapaz lhe respondeu: Como um verdadeiro amigo
Acho pouco dou duzentos. Venho é saber da senhora
53 Se quer casar-se comigo.
Movido a motor elétrico 62
Depósito de gasolina Edmundo ainda deu-lhe 73
Com locomoção macia Mais uma serra azougada De um lenço enigmático
Que não fazia buzina Que serrava caibro e ripa Que quando Creuza gritava
A obra mais importante E não fazia zuada Chamando o pai dela
Que fez em sua oficina. Tinha os dentes igual navalha Então o moço passava
De lâmina bem afiada. Ele no nariz da moça
54 Com isso ela desmaiava.
Tinha cauda como leque 63
As asas como pavão Então disse o jovem turco: 74
Pescoço, cabeça e bico - Muito obrigado fiquei O jovem puxou o lenço
Lavanca, chave e botão do pavão e dos presentes Ao nariz da moça encostou
Voava igualmente ao vento para lutar me armei Deu uma vertigem na moça

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O rapaz muito sutil
Foi pegando na mão dela 90
De repente desmaiou Então a moça assustou-se - Só sendo uma visão
E ele subiu na corda Ele garantiu a ela que entra neste sobrado
Chegando em cima tirou. Que não eram malfazejos: só chega à meia-noite
- Não tenha medo donzela. entra e sai sem ser notado
75 se é gente desse mundo
Ajeitou os caibros e ripas 83 usa feitiço encantado.
E consertou o telhado A moça interrogou-o
E montando em seu pavão Disse: - Quem é o senhor 91
Voou bastante vexado Diz ele: - Sou estrangeiro Evangelista também
Foi esconder o aparelho Lhe consagrei grande amor Desarmou seu pavão
Aonde foi fabricado. Se não fores minha esposa A cauda, a capota, o bico
A vida não tem valor. Diminuiu a armação
Escondeu o seu motor
76 Em um pequeno caixão.
O conde acordou aflito 84
Quando ouviu essa zuada Mas Creuza achou impossível
Entrou no quarto da filha O moço entrar no sobrado 92
Desembainhou a espada Então perguntou a ele Depois de sessenta dias
Encontrou-a sem sentido De que jeito tinha entrado Alta noite em nevoeiro
Dez minutos desmaiada. E disse: - Vai me dizendo Evangelista chegou
Se és vivo ou encantado. No seu pavão bem maneiro
77 Desceu no quarto da moça
Percorreu todos os cantos 85 A seu modo traiçoeiro.
Com a espada na mão Como eu lhe tenho amizade
Berrando e soltando pragas Me arrisco fora de hora 93
Colérico como um leão Moça não me negue o sim Já era a terceira vez
Dizendo: - Aonde encontrá-lo A quem tanto lhe adora! Que Evangelista entrava
Eu mato esse ladrão. Creuza aí gritou: - Papai No quarto que a condessa
Venha ver o homem agora. À noite se agasalhava
78 Pela força do amor
Creuza disse: - Meu pai 86 O rapaz se arriscava.
Pois eu vi neste momento Ele passou-lhe o lenço
Um jovem rico e elegante Ela caiu sem sentido 94
Me falando em casamento Então subiu na corda Com um pouco a moça acordou
Não vi quando ele encantou-se Por onde tinha descido Foi logo dizendo assim:
Porque me deu um passamento. Chegou em cima e disse: - Tu tens dito que me amas
- O conde será vencido. com um bem-querer sem fim
79 se me amas com respeito
Disse o conde: - Nesse caso 87 te senta juntos de mim.
Tu já estás a sonhar Ouviu-se tocar a corneta
Moça de dezoito anos E o brado da sentinela 95
Já pensando em se casar O conde se dirigiu Evangelista sentou-se
Se aparecer casamento Para o quarto da donzela Pôs-se a conversar com ela
Eu saberei desmanchar. Viu a filha desmaiada Trocando o riso esperava
Não pode falar com ela. A resposta da donzela
80 Ela pôs-lhe a mão na testa
Evangelista voltou 88 Passou a banha amarela.
Às duas da madrugada Até que a moça tornou
Assentou seu pavão Disse o conde: - É um caso 96
Sem que fizesse zuada sério Depois Creuza levantou-se
Desceu pela mesma trilha Sou um fidalgo tão rico Com vontade de gritar
Na corda dependurada. Atentado em meu critério O rapaz tocou-lhe o lenço
Mas nós vamos descobrir Sentiu ela desmaiar
81 O autor do mistério. Deixou-a com uma síncope
E Creuza estava deitada Tratou de se retirar.
Dormindo o sono inocente 89
Seus cabelos como um véu - Minha filha, eu já pensei 97
Que enfeitava puramente em um plano bem sagaz E logo Evangelista
Como um anjo de terreal passa essa banha amarela Voando da cumeeira
Que tem lábios sorridentes. na cabeça desse audaz Foi esconder seu pavão
só assim descobriremos Nas folhas de uma palmeira
82 esse anjo ou satanás. Disse: - Na quarta viagem

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enquanto vou me vestir Mas no olho de uma palmeira
minha roupa superior O moço tinha voado
Levo essa estrangeira. na classe de homem rico Disso o conde: - Pois é o cão
ninguém pisa meu valor. Que com Creuza tem falado.
98
Creuza então passou o resto 106 114
Da noite mal sossegada Disseram: - Pode mudar Creuza sabendo da história
Acordou pela manhã Sua roupa de nobreza Chorava de arrependida
Meditava e cismada A moça bem que dizia Por ter marcado o rapaz
Se o pai não perguntasse Que o rapaz tinha riqueza Com banha desconhecida
Ela não dizia nada. Vamos ganhar umas luvas Disse: - Nunca mais terei
E o conde uma surpresa. Sossego na minha vida.
99
Disse o conde: - Minha filha 107 115
Parece que estás doente? Seguiu logo Evangelista Disse Creuza: - Ora papai
Sofreste algum acesso Conversando com o guarda Me prive da liberdade
Porque teu olhar não mente Até que se aproximaram Não consente que eu goze
O tal rapaz encantado Duma palmeira copada A distração da cidade
Te apareceu certamente. Então disse Evangelista: Vivo como criminosa
- Minha roupa está trepada. Sem gozar a mocidade.

100 108
E Creuza disse: - Papai E os soldados olharam 116
Eu cumpri o seu mandado Em cima tinha um caixão - Aqui não tenho direito
O rapaz apareceu-me Mandaram ele subir de falar com um criado
Mas achei-o delicado E ficaram de prontidão um rapaz para me ver
Passei-lhe a banha amarela Pegaram a conversar precisa ser encantado
E ele saiu marcado. Prestando pouca atenção. mas talvez ainda eu fuja
deste maldito sobrado.
101 109
O conde disse aos soldados Evangelista subiu 117
Que a cidade patrulhassem Pôs um dedo no botão - O rapaz que me amou
Tomassem os chapéus de Seu monstro de alumínio só queria vê-lo agora
Quem nas ruas encontrassem Ergueu logo a armação para cair nos seus pés
Um de cabelo amarelo Dali foi se levantando como uma infeliz que chora
Ou rico ou pobre pegassem. Seguiu voando o pavão. embora que eu depois
morresse na mesma hora.
102 110
Evangelista trajou-se E os soldados gritaram: 118
Com roupa de alugado - Amigo, o senhor se desça - Eu sei que para ele
Encontrou-se com a patrulha deixe de tanta demora não mereço confiança
O seu chapéu foi tirado é bom que não aborreça quando ele vinha aqui
Viram o cabelo amarelo senão com pouco uma bala ainda eu tinha esperança
Gritaram: - Esteja intimado! visita sua cabeça. de sair desta prisão
onde estou desde de criança.
103 111
Os soldados lhe disseram: Então mandaram subir 119
- Cidadão não estremeça Um soldado de coragem Às quatro da madrugada
está preso a ordem do conde Disseram: - Pegue na perna Evangelista desceu
e é bom que não se cresça Arraste com a folhagem Creuza estava acordada
vai a presença do conde Está passando na hora Nunca mais adormeceu
se é homem não esmoreça. De voltarmos da viagem. A moça estava chorando
O rapaz lhe apareceu.
104 112
- Você hoje vai provar Quando o soldado subiu 120
por sua vida responde Gritou: - Perdemos a ação O jovem cumprimentou-a
como é que tem falado Fugiu o moço voando Deu-lhe um aperto de mão
com a filha do nosso conde De longe vejo um pavão A condessa ajoelhou-se
quando ela lhe procura Zombou de nossa patrulha Para pedir-lhe perdão
onde é que se esconde. Aquele moço é o cão. Dizendo: - Meu pai mandou
Eu fazer-te uma traição.
105 113
Evangelista respondeu: Voltaram e disseram ao conde 121
- Também me faça um favor Que o rapaz tinham encontrado O rapaz disse: - Menina

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6
Pela cortina da aurora. Chamando a condessa urgente
Pelo motivo que havia.
A mim não fizeste mal 129
Toda a moça é inocente Com pouco o conde acordou 137
Tem seu papel virginal Viu a corda pendurada Dizia o telegrama:
Cerimônia de donzela Na coberta do sobrado "Creuza vem com o teu marido
É uma coisa natural. Distinguiu uma zuada receber a tua herança
E as lâmpadas do aparelho o conde é falecido
122 Mostrando luz variada. tua mãe deseja ver
- Todo o seu sonho dourado o genro desconhecido."
é fazer-te minha senhora
se quiseres casar comigo 130 138
te arrumas e vamos embora E a gaita do pavão A condessa estava lendo
senão o dia amanhece Tocando uma rouca voz Com o telegrama na mão
e se perde a nossa hora. O monstro de olho de fogo Entregou a Evangelista
Projetando os seus faróis Que mostrou ao seu irmão
123 O conde mandando pragas Dizendo: - Vamos voltar
- Se o senhor é homem sério Disse a moça: - É contra nós. Por uma justa razão.
e comigo quer casar
pois tome conta de mim 131 139
aqui não quero ficar Os soldados da patrulha De manhã quando os noivos
se eu falar em casamento Estavam de prontidão Acabaram de almoçar
meu pai manda me matar. Um disse: - Vem ver fulano E Creuza em traje de noiva
Aí vai passando um pavão Pronta para viajar
O monstro fez uma curva De palma, véu e capela
124 Para tomar direção. Pois só vieram casar.
- Que importa que ele mande
tropas e navios pelos mares 132 140
minha viagem é aérea Então dizia um soldado Diziam os convidados:
meu cavalo anda nos ares - Orgulho é uma ilusão - A condessa é tão mocinha
nós vamos sair daqui um pai governa uma filha e vestida de noiva
casar em outros lugares. mas não manda no coração torna-se mais bonitinha
pois agora a condessinha está com um buquê de flor
125 vai fugindo no pavão. séria como uma rainha.
Creuza estava empacotando
O vestido mais elegante 133 141
O conde entrou no quarto O conde olhou para a corda Os noivos tomaram assento
E dando um berro vibrante E o buraco do telhado No pavão de alumínio
Gritando: - Filha maldita Como tinha sido vencido E o monstro se levantou-se
Vais morrer com o seu amante. Pelo rapaz atilado Foi ficando pequenino
Adoeceu só de raiva Continuou o seu vôo
126 Morreu por não ser vingado. Ao rumo do seu destino.
O conde rangendo os dentes
Avançou com passo extenso 134 142
Deu um pontapé na filha Logo que Evangelista Na cidade de Atenas
Dizendo: - Eu sou quem venço Foi chegando na Turquia Estava a população
Logo no nariz do conde Com a condessa da Grécia Esperando pela volta
O rapaz passou o lenço. Fidalga da monarquia Do aeroplano pavão
Em casa do seu irmão Ou o cavalo do espaço
127 Casaram no mesmo dia. Que imita um avião.
Ouviu-se o baque do conde
Porque rolou desmaiado 135 143
A última cena do lenço Em casa de João Batista Na tarde do mesmo dia
Deixou-o magnetizado Deu-se grande ajuntamento Que o pavão foi chegado
Disse o moço: -Tem dez Dando vivas ao noivado Em casa de Edmundo
minutos Parabéns ao casamento Ficou o noivo hospedado
Para sairmos do sobrado. À noite teve retreta Seu amigo de confiança
Com visita e cumprimento. Que foi bem recompensado.
128
Creuza disse: - Eu estou pronta 136 144
Já podemos ir embora Enquanto Evangelista E também a mãe de Creuza
E subiram pela corda Gozava imensa alegria Já esperava vexada
Até que sairam fora Chegava um telegrama A filha mais tarde entrou
Se aproximava a alvorada Da Grécia para Turquia Muito bem acompanhada

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7

De braço com o seu noivo


Disse: - Mamãe estou casada.

145
Disse a velha: - Minha filha
Saíste do cativeiro
Fizeste bem em fugir
E casar no estrangeiro
Tomem conta da herança
Meu genro é meu herdeiro.

FIM

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