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O senhor
concorda?
02. O Círio tem uma dimensão devocional. Quais outras podemos detectar nesse
evento?
03. O Círio é um fenômeno de massa?
04. Como entender, à luz da ciência antropológica, essa manifestação de massa que é o
Círio de Nazaré?
05. Como é possível à razão o entendimento do crescimento incessante desse fenômero
que é o Círio de Nazaré?
06. O Círio é um evento que pode transformar, em todos os sentidos, a cidade, as
pessoas?
07. O Círio de Nazaré já faz parte de uma cultura enraizada do povo paraense?
A tendência ao aumento de participantes a cada ano deve ser buscada nos desafios
atuais nos quais nos encontramos no dia a dia. Esse aumento observa-se em praticamente
todas as religiões. É preciso superar o presente pela esperança, pelo diferente, pois “o
presente pode não ser verdade” (E. Bloch). O ser humano tem que dar sentido à sua
existência, ao seu fazer, à sua história e este sentido não se encontra na realidade rotineira,
mas a ultrapassa. Por isso imaginação e desejo são duas bases de toda religião. A religião pode
ser, na visão do cientificismo, ilusão. Mas que seria do ser humano sem esperança, sem o
desejo e a busca do diferente? Esta realidade sim apresenta-se como ilusória!
Por isso o Círio é um fenômeno religioso paraense, que por ‘imigração’ é levado a
outros estados, mas carece da alma paraense. São reproduzidos símbolos do Círio (como na
Jornada Mundial da Juventude, na visita do Papa), mas só o paraense se emocionou quando
viu a “santinha” e a “corda”... Sem entrar na alma paraense, não se entende praticamente
nada do Círio, que no olhar do estranho, do distante é uma festa confusa, estranha, não
sabendo até vai o religioso e onde se sai dele. Mas o paraense não faz essa confusão, pois ele
sabe que o Círio é o natal dos paraenses, é sua festa, é sua vida, é sua cara. Não conhece o
Pará quem não conhece minimamente o Círio, que tem uma força social, política religiosa de
alterar o calendário civil e fazer do Círio quase que o momento liminar, de fim-início de um
novo ciclo.
Difícil de definir, pois quando perguntei a uma senhora o que era o Círio, ela me olhou,
e emocionada disse: “O Círio é o Círio!” Ele carrega o elemento central de todas as religiões: a
experiência religiosa, acima de toda racionalidade ou ortodoxia. Ele está enraizado no DNA de
quem dele participa. Por isso sua força e a dificuldade de explicá-lo... apenas buscar
compreendê-lo... um pouquinho, pois ele ultrapassa toda e qualquer categoria de
compreensão.