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Rio de Janeiro
Setembro de 2017
SIMULAÇÃO EULER-LAGRANGE DO PROCESSO DE GASEIFICAÇÃO DE
BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR EM REATOR DE LEITO FLUIDIZADO
Examinada por:
iii
“A persistência é o menor cami-
nho para o êxito”. (Charles Cha-
plin)
iv
À minha famı́lia e amigos.
Em especial, Ágatha, Fátima e
Paulos.
v
Agradecimentos à ANP
vi
Agradecimentos
vii
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
Setembro/2017
viii
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
September/2017
ix
Sumário
Lista de Sı́mbolos xx
1 Introdução 1
1.1 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1.1 Uso e Pesquisa de Fontes Alternativas de Energia . . . . . . . 1
1.1.2 Utilização de Biomassa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.1.3 Gaseificação do Bagaço da Cana-de-Açúcar . . . . . . . . . . . 4
1.1.4 Aplicação de CFD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.3 Estrutura da Dissertação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2 Revisão Bibliográfica 9
2.1 Modelagem do Processo de Gaseificação . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.1.1 CFD em Simulações de Gaseificação . . . . . . . . . . . . . . . 12
3 Fundamentação Teórica 17
3.1 Histórico do Processo de Gaseificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.2 Princı́pios de Gaseificação de Biomassa . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.2.1 Secagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.2.2 Pirólise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.2.3 Gaseificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.3 Tipos de Gaseificadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.3.1 Gaseificador de Leito Fluidizado . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
x
3.4 Tendências e Novos Conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
8 Análise da Malha 99
8.1 Análise da Malha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
xi
8.1.1 Malha Utilizada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
8.1.2 Análise da Qualidade da Malha . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
8.1.3 Influência do Refino da Malha nos Resultados . . . . . . . . . 103
xii
Lista de Figuras
xiii
6.1 Fluxograma de cálculos. Adaptado de ZHOU et al. (2004a). . . . . . 64
6.2 Estrutura do diretório onde a simulação será realizada e gravada. . . 65
6.3 Seção “RUN CONTROL”do mfix.dat. . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
6.4 Seção “NUMERICAL PARAMETERS”do mfix.dat. . . . . . . . . . . 68
6.5 Seção “GEOMETRY”do mfix.dat. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
6.6 Seção “GAS”do mfix.dat. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
6.7 Seção “PARTICLE”do mfix.dat. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
6.8 Subseção “SOLID PHASE”do mfix.dat. . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
6.9 Seção “INITIAL CONDITIONS”do mfix.dat. . . . . . . . . . . . . . 71
6.10 Seção “BOUNDARY CONDITIONS”do mfix.dat. . . . . . . . . . . . 71
6.11 Seção “CHEMICAL REACTION”do mfix.dat. . . . . . . . . . . . . . 72
6.12 Seção “OUTPUT CONTROL”do mfix.dat. . . . . . . . . . . . . . . . 72
6.13 Seção “DMP SETUP”do mfix.dat . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
6.14 Exemplo da entrada de dados no arquivo usr rates.f. . . . . . . . . . . 72
6.15 Exemplo da entrada de dados no arquivo particle input.dat. . . . . . 73
6.16 Exemplo da output no arquivo .LOG. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
6.17 Exemplo da output no arquivo .OUT. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
6.18 Domı́nio utilizado no trabalho de KU et al. (2015). Adaptado de KU
et al. (2015). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
6.19 Frações volumétricas na saı́da do reator. . . . . . . . . . . . . . . . . 81
xiv
8.7 Temperatura média dos gases no reator - Análise da malha. . . . . . 106
xv
Lista de Tabelas
3.1 Faixa de poder calorı́fico do gás gerado, de acordo com o agente ga-
seificador utilizado (PINHO, 2012). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.2 Composição elementar do char (GARCIA-PÈREZ et al., 2002). . . . 23
xvi
6.2 Comando para executar o código . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
6.3 Unidades utilizadas no MFiX. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
6.4 Variáveis armazenadas nos arquivos .SPX (PINHO, 2012). . . . . . . 75
6.5 Análise próxima da madeira de pinho utilizada por (KU et al., 2015).
Adaptado de KU et al. (2015). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
6.6 Análise elementar da madeira de pinho utilizada por (KU et al., 2015).
Adaptado de KU et al. (2015). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
6.7 Condições de contorno da simulação realizada por KU et al. (2015).
Adaptado de KU et al. (2015). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
6.8 Dados gerais da simulação realizada por KU et al. (2015). Adaptado
de KU et al. (2015). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
6.9 Composição do gás de pirólise utilizada por KU et al. (2015). . . . . . 80
6.10 Resumo dos modelos de reações para reprodução do trabalho de KU
et al. (2015). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
6.11 Frações volumétricas na saı́da do reator no trabalho de KU et al. (2015). 81
6.12 Comparação dos resultados obtidos para fração volumétrica dos gases
na saı́da do reator com o trabalho de KU et al. (2015) . . . . . . . . . 82
xvii
8.3 Avaliação da malha - Média das frações mássicas de CO em diferentes
alturas do reator. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
8.4 Avaliação da malha - Média das frações mássicas de CO2 em diferentes
alturas do reator. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
8.5 Avaliação da malha - Temperatura média dos gases no reator. . . . . 106
xviii
9.21 Casos 1 e 2 - PCI. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
9.22 Tempo de simulação dos Casos 3 e 4. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
9.23 Casos 3 e 4 - Temperatura média dos gases na saı́da do reator. . . . . 125
9.24 Médias das taxas de reações quı́micas dos Casos Base, 3 e 4. . . . . . 127
9.25 Variação das taxas de reações quı́micas dos Casos 3 e 4 em relação ao
Caso Base. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
9.26 Caso 3 - Produção de gás. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
9.27 Caso 4 - Produção de gás. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
9.28 Casos 3 e 4 - PCI. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
9.29 Tempo de simulação do Caso 5. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
9.30 Caso 5 - Temperatura média dos gases na saı́da do reator. . . . . . . 130
9.31 Médias das taxas de reações quı́micas dos Casos Base e 5. . . . . . . . 132
9.32 Variação das taxas de reações quı́micas do Caso 5 em relação ao Caso
Base. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
9.33 Caso 5 - Produção de gás. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
9.34 Caso 5 - PCI. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
9.35 Tempo de simulação dos Casos 6 e 7. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
9.36 Casos 6 e 7 - Temperatura média dos gases na saı́da do reator. . . . . 136
9.37 Médias das taxas de reações quı́micas dos casos 1, 7 e 8. . . . . . . . 140
9.38 Variação das taxas de reações quı́micas dos Casos 6 e 7 em relação ao
Caso Base. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
9.39 Caso 6 - Produção de gás. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
9.40 Caso 7 - Produção de gás. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
9.41 Casos 6 e 7 - PCI. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
xix
Lista de Sı́mbolos
A Área
Cd Coeficiente de arrasto
Cp Calor especı́fico
D Diâmetro da partı́cula
E Módulo de Young
e Coeficiente de restituição
Ea Energia de ativação
He Altura
xx
I Momento de inércia
k Condutividade térmica
M Massa molar
m Massa
Nu Número de Nusselt
P Pressão
P ap Peso aparente
Pr Número de Prandtl
Qm Vazão mássica
R Raio da partı́cula
r Taxa da reação
Re Número de Reynolds
xxi
Rr Taxa de geração ou consumo
T Temperatura
V Volume
Siglas e Abreviaturas
E-E Euler-Euler
E-L Euler-Lagrange
MAD Madeira
xxii
NETL National Energy Technology Laboratory
Letras Gregas
∆ Variação
µ Viscosidade
∇ Operador gradiente
ν Coeficiente de amortecimento
ν Coeficiente de amortecimento
σ Coeficiente de Poisson
xxiii
σsb Constante de Stefan-Boltzmann
εmm Emissividade
Sobrescritos
a Termo dissipativo
m Termo conservativo
Subscritos
c Termo de contato
d Termo de arrasto
gr Termo gravitacional
j Referente à partı́cula j
xxiv
l Refere-se ao estado lı́quido
m Relativo à partı́cula m
n Componente normal
T Relativo ao total
t Componente tangencial
Vetores e Tensores
F Vetor força
T Vetor torque
u Vetor velocidade
X Vetor posição
xxv
I Matriz identidade
S Tensor tensão
xxvi
Capı́tulo 1
Introdução
1.1 Motivação
A avaliação de uma fonte de energia não pode se dar exclusivamente pelo critério
do tempo de duração desta. A maneira como é convertida de forma a atender nossas
necessidades, as questões ambientais e de saúde - em nı́veis local, regional e global
- os problemas sociais, relacionando energia e pobreza e a geração de empregos
também devem ser verificadas (GOLDEMBERG, 2004).
Durante os últimos vinte anos, a crescente preocupação com o efeito estufa,
causado pelo uso de combustı́veis fósseis, tem motivado estudos no sentido de se
encontrar maneiras ambientalmente corretas, de geração de energia em diferentes
modos, logo, o interesse nas chamadas fontes renováveis de energia, também cresceu
(VERISSIMO et al., 2014).
Fonte renovável é uma expressão usada para descrever uma ampla gama de fon-
tes de energia que são disponibilizadas na natureza de forma cı́clica, podendo ser
utilizadas para gerar eletricidade, calor ou combustı́veis para o setor de transpor-
tes, exercendo um papel importante para a sustentabilidade do sistema energético
(COSTA e PRATES, 2005).
Além da conscientização ambiental, o setor econômico foi outro importante
agente no papel do incentivo à pesquisa de novas formas de se gerar energia. O
fim da era do petróleo barato, com a formação do cartel dos paı́ses exportadores a
1
partir de 1973, provocou profundas transformações nas economias de todo o mundo.
Os paı́ses importadores, especialmente os subdesenvolvidos, foram os mais afetados,
visto que tiveram seu desenvolvimento estruturado em um perı́odo de petróleo ba-
rato, onde as demais fontes foram praticamente abandonadas (FERREIRA, 1983).
Tal fato, além de evidenciar a dependência ao uso de petróleo como principal ma-
triz energética em diversos paı́ses, incentivou a pesquisa em fontes alternativas de
energia (VERISSIMO, 2014).
A situação difere ligeiramente no Brasil. Uma vez que mais de 90% da energia
aqui produzida advém de hidrelétricas e esta produção é sazonal, dependendo do
regime de chuvas, torna-se importante a identificação e o desenvolvimento de outras
fontes energéticas que sejam capazes de complementar a geração hidrelétrica. Na
Região Sudeste, por exemplo, o perı́odo de colheita da cana-de-açúcar – portanto,
um perı́odo propı́cio para a geração elétrica a partir do bagaço – coincide com o
perı́odo de estiagem, tal como, na Região Nordeste, a época de maior intensidade
dos ventos coincide com a época de estiagem (COSTA e PRATES, 2005).
Outra questão que favorece a utilização de fontes renováveis de energia diz res-
peito à geração de empregos. De acordo com GOLDEMBERG (2004), de uma
maneira geral, fontes renováveis de energia são importantes para geração local de
emprego e renda, resultantes da fabricação de equipamentos, desenvolvimento de
projetos, manutenção e, no caso de uso de biomassa, na produção da mesma. A
Tab. 1.1 mostra a geração de emprego por ano por Terawatt-hora para diferentes
tipos de geração de energia.
Com base no exposto, e considerando ainda o crescente consumo de energia no
mundo, como exibido na Fig. 1.1, e a futura escassez de combustı́veis fósseis, torna-
se notória a necessidade de se utilizar e incentivar a pesquisa por outras matrizes
para a obtenção de energia, tanto a nı́vel nacional, quanto global. O uso de biomassa,
de energia solar e de energia eólica são exemplos de resultados desta necessidade.
2
Tabela 1.1: Empregos gerados na produção de energia. Adaptado de GOLDEM-
BERG (2004).
Petróleo 260
Petróleo Offshore 265
Gás Natural 250
Carvão 370
Nuclear 75
Lenha 733-1067
Hidroeletricidade 250
Pequena Central Hidrelétrica 120
Eólica 918-2400
Fotovoltaica 29580-107000
Bioenergia (do bagaço da cana-de-açúcar) 3711-5392
Figura 1.1: Consumo global de energia a partir do século XIX (VERISSIMO, 2014).
3
combustı́veis fósseis (GASIFIPEDIA, 2013).
Diante do cenário anteriormente descrito, a utilização de biomassa apresenta
algumas vantagens em relação ao uso das energias eólica e solar, principalmente
pela intermitência na geração destas energias (KIRKELS e VERBONG, 2011).
Através da produção de biocombustı́veis, a utilização de biomassa pode impulsi-
onar a indústria agrı́cola, transformando resı́duos de baixo ou nenhum valor, em
combustı́veis, fertilizantes e produtos quı́micos, além de reduzir a dependência do
uso de petróleo (GASIFIPEDIA, 2013).
Algumas motivações relevantes em se substituir os combustı́veis de origem fóssil
por aqueles oriundos de biomassa, segundo BASU (2013), seriam:
4
maior quantidade e qualidade. No Brasil, a cana-de-açúcar é amplamente utilizada,
não somente para fins de geração de energia, quando da produção do etanol, como
também na indústria alimentı́cia. Portanto, o aproveitamento do bagaço da cana-
de-açúcar como biomassa no processo de gaseificação se mostra uma alternativa
interessante.
5
cada vez mais eficiente e, assim aumentar a viabilidade técnico-econômica da uti-
lização do mesmo em nossa sociedade, se torna de grande relevância. Logo, fica
evidente a importância em se buscar modelos capazes de representar o processo de
gaseificação com nı́veis de predição de seus resultados cada vez maiores.
1.2 Objetivos
Diante do cenário e das informações anteriormente descritos, a proposta geral
do presente trabalho reside no estudo computacional do processo de gaseificação do
bagaço de cana-da-açúcar em um reator de leito fluidizado.
Utilizando o software de código aberto de CFD, MFiX (Multiphase Flow with In-
terphase eXchanges), versão 2016.1, propõe-se desenvolver um estudo bidimensional
através da abordagem Euler-Lagrange.
A partir do objetivo geral, alguns objetivos especı́ficos foram traçados, consis-
tindo em avaliar a influência dos seguintes parâmetros na eficiência do processo,
assim como no comportamento térmico e fluidodinâmico:
• tipo de biomassa;
6
Neste capı́tulo será feita uma revisão contemplando diversos trabalhos que
utilizaram CFD para simular o processo de gaseificação, em partes ou como
um todo.
Neste capı́tulo será mostrada a modelagem das principais reações quı́micas que
representam o processo de gaseificação de biomassa.
7
É realizada avaliação da malha utilizada e ainda da influência da utilização de
um método de discretização de primeira ordem nos inı́cio da simulação sobre
os resultados obtidos.
8
Capı́tulo 2
Revisão Bibliográfica
Neste capı́tulo será feita uma revisão bibliográfica, com o intuito de explorar
os trabalhos que se propuseram a estudar o processo de gaseificação através da
modelagem computacional.
• Modelos de fluidização
Assume que o leito apresenta diversas fases ou regiões, com topologia predefi-
nida, permitindo o transporte de massa e calor entre as mesmas. As equações
9
de quantidade de movimento não são resolvidas e a dinâmica dos escoamentos
é descrita por correlações semi-empı́ricas.
10
Tabela 2.1: Principais tipos de abordagens para modelagem da gaseificação. Adaptado de GÓMEZ-BAREA e LECKNER (2010).
12
euleriana, além da fase fluida real (gases presentes no processo). Este estudo teve
como objetivo principal verificar a fluência do tamanho da partı́cula de char no
arrasto da partı́cula para fora do reator.
De acordo com SINGH et al. (2013), a modelagem multidimensional de com-
bustores e gaseificadores preenche uma lacuna existente entre testes em modelos
de escala reduzida e a operação dos equipamentos, ao prover informações sobre
os processos de combustão e de gaseificação que dados experimentais sozinhos não
conseguem fornecer.
Em seu trabalho, SINGH et al. (2013) mostram uma visão geral da modelagem
em CFD para problemas de gaseificação em leito fluidizado. O trabalho expõe
diversas caracterı́sticas das diferentes abordagens possı́veis (Euler-Euler, Euler-
Lagrange), assim como principais modelos e sub-modelos utilizados para descrever
os diferentes fenômenos que ocorrem durante o processo de gaseificação.
Utilizando o software de código-aberto OpenFOAM, OEVERMANN et al. (2009)
realizaram a simulação bidimensional do processo de gaseificação da madeira em
leito fluidizado, empregando a abordagem Euler-Lagrange. A fase gasosa foi mo-
delada como um meio contı́nuo, utilizando as equações de Navier-Stokes, enquanto
a fase sólida foi modelada utilizando o DEM, com abordagem de esferas macias
para modelar a dinâmica de colisão das partı́culas. A redução do tamanho das
partı́culas durante o processo foi levada em consideração, tendo como base o tra-
balho de DI BLASI (1996). A turbulência do escoamento foi modelada através do
método LES, com modelo de sub-malha de Smagorinsky. A secagem da partı́cula
foi considerada instantânea e modelos zero dimensional foram considerados para os
processos de pirólise e gaseificação.
Fazendo uso da abordagem Euler-Euler, GERBER et al. (2010) simularam bidi-
mensionalmente o processo de gaseificação de madeira, tendo como referência o tra-
balho realizado por OEVERMANN et al. (2009). Foram analisadas como alterações
em parâmetros operacionais, por exemplo altura inicial do leito, taxa de entrada de
combustı́vel, condições de contorno e modelos de pirólise afetam a composição dos
produtos do processo, assim como concentração e temperatura de alcatrão formado.
O software MFiX foi utilizado na implementação do modelo, através de abordagem
Euler-Euler.
13
Com o uso do software Ansys Fluent 14, HE et al. (2009) desenvolveram um
estudo sobre o processo de gaseificação da madeira, também através da aborda-
gem Euler-Euler. Diferentes razões de equivalência e razões entre vapor injetado
e biomassa foram testados de modo a avaliar a influência destes nos produtos do
processo.
NGUYEN et al. (2012), utilizando o software Ansys Fluent 14, realizaram o
estudo de um gaseificador de leito fluidizado circulante, através de abordagem Euler-
Euler. Não foi relatado o uso de algum modelo de turbulência. O principal foco do
estudo foi investigar o comportamento do leito dentro do reator, sendo o material
utilizado para o leito a areia de sı́lica.
MURGIA et al. (2012) investigaram o comportamento de um gaseificador de
leito fixo, utilizando abordagem Euler-Euler. O combustı́vel utilizado foi o carvão e
a simulação foi configurada de modo a ter o carregamento de combustı́vel e a extração
de cinzas de maneira não contı́nua, com o objetivo de caracterizar a dependência
espaço-temporal do comportamento do processo. O software MFiX foi empregado
no estudo.
PINHO (2012) utilizou o software MFiX para realizar o estudo computacional
do processo de gaseificação do bagaço da cana-de-açúcar. Ambas as fases gás e
sólida foram modeladas segundo uma descrição euleriana. Foi feita uma comparação
entre dois modelos diferentes de pirólise utilizados no estudo. Foi também feita
uma análise da influência da razão estequiométrica utilizada na composição e poder
calorı́fico do gás produzido e uma análise da relevância de incluir no modelo de
reações a reação de reforma do metano com vapor de água.
Com o intuito de analisar o processo de gaseificação de madeira em reator de leito
fixo, utilizando uma mistura de vapor e ar aquecido como agente gaseificante, WU
et al. (2013) utilizaram o software Ansys Fluent 14.5 para desenvolver um estudo
baseado na abordagem Euler-Euler. O modelo de turbulência adotado foi o κ − .
VERISSIMO et al. (2014) verificaram a influência da temperatura do leito e
do agente gaseificador no processo de gaseificação do bagaço de cana-de-açúcar.
Utilizando o software MFiX, foi desenvolvido um modelo empregando a abordagem
Euler-Euler. O leito foi modelado como sendo composto por areia (material inerte)
e char. O processo de secagem foi considerado instantâneo, assim como processo de
14
pirólise.
JEONG et al. (2014) realizaram o estudo computacional do processo de ga-
seificação de carvão em reator de leito de arraste. Utilizando abordagem Euler-
Lagrange, implementada no software Ansys Fluent 14, investigou-se o efeito do
tamanho das partı́culas de carvão sobre o gás de sı́ntese obtido. O modelo κ − foi
adotado para representar a turbulência do processo.
Através da abordagem Euler-Euler, VERISSIMO (2014) realizou um estudo com-
putacional do processo de gaseificação do bagaço da cana-de-açúcar em um reator
de leito fluidizado. Foram discutidas formas eficientes de se reduzir o tempo compu-
tacional das simulações, além de ter sido realizada a comparação entre a composição
do gás produzido no processo de gaseificação, utilizando métodos de discretização
de primeira e segunda ordem. Foi avaliado ainda o impacto da utilização de um
domı́nio bi-dimensional na simulação de um problema tri-dimensional, através da
comparação de resultados de estudos bi e tri-dimensionais.
KLIMANEK et al. (2014) apresentaram um modelo para simular o processo de
gaseificação do carvão em um gaseificador de leito fluidizado circulante. Através do
software Ansys Fluent 14 foi desenvolvido um modelo utilizando uma abordagem
Euler-Lagrange Hı́brida. Para modelar o escoamento da fase sólida, foi aplicado o
modelo de fase discreta densa (DDPM-Dense Discrete Particle Method ). Ao invés de
simular diretamente as interações partı́cula-partı́cula, as interações entre partı́culas
foram contabilizadas a partir da teoria cinética de escoamento granular (KTGF-
Kinectic Theory of Granular Flow ).
Fazendo uso do software OpenFOAM, KU et al. (2014) realizaram o estudo
computacional do processo de gaseificação de diferentes tipos de madeira em um
reator de leito de arraste. Foi utilizada a abordagem Euler-Lagrange, em um domı́nio
tridimensional e foram analisadas as influências de parâmetros como temperatura
do reator, razão molar vapor/carbono, taxa de excesso de ar, tipo da biomassa e
tamanho da partı́cula sobre o comportamento do processo. O modelo de esferas
macias foi empregado para simular as interações das partı́culas. Para modelar o
fenômeno de turbulência o modelo κ − ε foi utilizado .
KU et al. (2015) fizeram a simulação do processo de gaseificação de madeira de
pinho, em um gaseificador de leito fluidizado. Novamente foi utilizada a abordagem
15
Euler-Lagrange, através do software OpenFOAM. Foram verificadas variações na
temperatura do reator, na razão entre massas de vapor e combustı́vel e na altura do
ponto de injeção de combustı́vel e seus efeitos sobre o comportamento do processo.
Os mesmos modelos fı́sicos, quı́micos e matemáticos do trabalho anterior foram
empregados.
O presente trabalho se insere no contexto dos trabalhos apresentados, em um
momento em que é observado o aumento na quantidade de estudos utilizando a
abordagem Euler-Lagrange, embora este número ainda seja inferior ao número de
trabalhos que utilizam a abordagem Euler-Euler.
A utilização da abordagem Euler-Lagrange, ao invés da abordagem Euler-Euler,
visa alcançar uma descrição mais acurada do comportamento termofluidodinâmico
do sistema, uma vez que a descrição da fase sólida é realizada de maneira discreta,
utilizando uma menor número de correlações e relações de fechamento, que são
requeridas quando da utilização da abordagem Euler-Euler, que modela a fase sólida
como sendo outra fase contı́nua, além da fase gás.
Devido ao elevado custo computacional do método Euler-Lagrange, quando com-
parado ao método Euler-Euler, não é viável, ainda, utilizar um trabalho Euler-Euler,
mesmo os que utilizaram a abordagem para simular casos tri-dimensionais, como no
trabalho de VERISSIMO (2014), para comparação, dado que, em geral, as condições
utilizadas nestes trabalhos (e.g. número de partı́culas e tempo de simulação) torna
muito onerosa a sua reprodução com o método Euler-Lagrange empregado neste
trabalho. Tendo em vista tal fato, será utilizado para verificação do modelo ado-
tado neste trabalho, o trabalho de KU et al. (2015), que empregou a abordagem
Euler-Lagrange para simular a gaseificação da madeira.
Ressalta-se que o presente trabalho se mostra um primeiro esforço no sentido de
se realizar a simulação Euler-Lagrange da gaseificação de biomassa no Programa de
Engenharia Mecânica da COPPE/UFRJ e ainda o primeiro trabalho a simular a
gaseificação do bagaço da cana-de-açúcar utilizando tal método.
16
Capı́tulo 3
Fundamentação Teórica
• 1850-1940: Durante este estágio inicial, o gás obtido do carvão era usado prin-
cipalmente para iluminação de ruas e residências e também para aquecimento.
A iluminação auxiliou a Revolução Industrial, através da extensão no número
de horas em que pessoas trabalhavam em fábricas, especialmente em dias de
inverno. A invenção do bulbo elétrico, em 1900, reduziu a necessidade de
gás para iluminação, porém seu uso para aquecimento e cocção de alimen-
tos continuou. Com a descoberta do gás natural, a utilização do processo de
gaseificação do carvão ou da biomassa sofreu um declı́nio.
17
e sı́ntese de óleo e outros produtos quı́micos a partir dos produtos do processo.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o bombardeio dos Aliados às refinarias
de óleo e rotas de abastecimento de óleo nazistas reduziu o suprimento que
abastecia o sistema bélico germânico. Tal fato forçou a Alemanha a sintetizar
óleo a partir da gaseificação do carvão, utilizando os processos Fischer-Tropsch
e Bergius.
18
derivado de matéria animal ou vegetal, usada primariamente como combustı́vel. Tal
definição inclui madeira, restos de alimentos, plantas, resı́duos agrı́colas e florestais
entre outros e excluem material orgânico que tenha sido transformado, através de
processos geológicos, em combustı́veis fósseis como carvão ou gás natural.
Composta basicamente por celulose, hemicelulose e lignina (DI BLASI, 2008),
a biomassa apresenta maior umidade e maior quantidade de substâncias voláteis,
quando comparada ao carvão (NEVES et al., 2011), com a vantagem de possuir
menores nı́veis de nitrogênio e enxofre (DI BLASI, 2008). O uso de biomassa como
combustı́vel apresenta algumas vantagens, não apenas em termos energéticos, como
também em termos econômicos, polı́ticos, sociais e ambientais. A conversão de
biomassa em energia pode ser realizada por diversos processos e a gaseificação é
reconhecida como uma das mais promissoras áreas de pesquisa e desenvolvimento
sobre a conversão de biomassa em energia (CASTELLANOS et al., 2012).
De acordo com GASIFIPEDIA (2013), dois métodos principais são utilizados
para converter biomassa em produtos de alto valor: conversão bioquı́mica e con-
versão termoquı́mica. A conversão bioquı́mica se utiliza de processos biológicos
para converter biomassa em combustı́veis, insumos para a indústria quı́mica e ener-
gia elétrica. Na produção de etanol, por exemplo, enzimas são utilizadas para extrair
o açúcar da biomassa, que então pode ser convertida em etanol por fermentação. A
gaseificação representa o método de conversão termoquı́mica, utilizando calor para
converter a biomassa em produtos de alto valor. Se comparada com a combustão
direta da biomassa, temos que o produto da gaseificação, o gás de sı́ntese, é mais
fácil e mais barato de limpar do que os gases de exaustão produzidos na combustão.
Adicionalmente, o gás de sı́ntese produzido na gaseificação apresenta uma maior
variedade de usos, quando comparado ao processo de combustão.
As duas principais vantagens que o processo de gaseificação apresenta sobre os
processos de conversão bioquı́mica são a velocidade em se obter o produto final
(minutos ou horas no processo de gaseificação e dias na conversão bioquı́mica) e
a possibilidade de se extrair a energia presente na lignina, a estrutura mais rı́gida
presente na biomassa, uma vez que os atuais métodos de fermentação não são capazes
de tal feito.
Segundo PEREIRA et al. (2012), o processo de gaseificação consiste na con-
19
versão termoquı́mica de material carbonado em um gás combustı́vel rico em CO e
H2 . Este gás recebe o nome de gás de sı́ntese ou syngas. Além do gás de sı́ntese, o
processo tem outros produtos gasosos (como CO2 , H2 O e CH4 ), sólidos, como o char
(também chamado de carbonizado), uma substância formada praticamente por car-
bono, e cinzas, além de compostos condensáveis, como alcatrão e óleos. O processo
de gaseificação adiciona valor a matérias com baixo ou nenhum valor de mercado,
convertendo estes em produtos e combustı́veis comerciais (PUIG-ARNAVAT et al.,
2010). Aplicações dos produtos do processo de gaseificação incluem geração de calor
e de eletricidade, insumos para a indústria quı́mica e combustı́veis (KIRKELS e
VERBONG, 2011).
De maneira esquemática, a Fig. 3.1 representa o processo de gaseificação.
20
do gás produzido. A Tab. 3.1 apresenta as faixas de poder calorı́fico conferido ao
gás produzido, de acordo com o agente gaseificador utilizado.
Tabela 3.1: Faixa de poder calorı́fico do gás gerado, de acordo com o agente gasei-
ficador utilizado (PINHO, 2012).
Ar 4-7
Vapor d’água 10-18
Oxigênio 12-28
3.2.1 Secagem
21
processo de secagem é complexo, combinando eventos que envolvem 3 fases distintas:
água lı́quida, vapor e sólido poroso (por onde água lı́quida e o vapor escoam). A
taxa com que a água é transferida da superfı́cie da partı́cula para o ambiente é
significantemente afetada pelos seguintes parâmetros:
3.2.2 Pirólise
22
Sendo formado por uma mistura de matéria orgânica e inorgânica o char é com-
posto em sua quase totalidade por carbono. A Tab. 3.2 apresenta a composição
elementar do char, de acordo com GARCIA-PÈREZ et al. (2002). Por conta do alto
teor de carbono, grande parte dos trabalhos tratam o char como sendo constituı́do
apenas por carbono (PINHO, 2012).
Carbono 85,6
Hidrogênio 2,9
Nitrogênio 1,3
Enxofre < 0, 1
Oxigênio + Cinzas 10,2
23
Figura 3.2: Esquema simplificado do processo de pirólise
X X
Biomassa Seca + Energia −−→ Ca Hb Oc Nd Se + Ci Hj Ok + Cchar (R3.1)
gás lı́q
X X X
Ci Hj Ok −−→ mCO + H2 + oCO2 + Cr Hs + Cx Hy Oz + Cchar (R3.2)
lı́q HC. leves alcatrão
24
3.2.3 Gaseificação
C + H2 O −−→ CO + H2 (R3.3)
• Reação de Bouduard
C + CO2 −−→ 2 CO (R3.4)
• Reação de metanação
C + 2 H2 −−→ CH4 (R3.5)
Combustão
• Oxidação de char
C + O2 −−→ CO2 (R3.8)
25
• Oxidação de monóxido de carbono
1
CO + O −−→ CO2 (R3.9)
2 2
• Oxidação de metano
• Oxidação de hidrogênio
1
H2 + O −−→ H2 O (R3.11)
2 2
• Oxidação parcial de benzeno
C6 H6 + 3 O2 −−→ 6 CO + 3 H2 (R3.12)
26
maior velocidade de injeção do agente gaseificador, o leito apresenta intensa mo-
vimentação, se comparado ao gaseificador de leito fixo, se mantendo em estado de
permanente fluidização. É indicado para instalações de médio porte, com capacidade
de geração de potência na faixa entre 3 MW e 100 MW (PINHO, 2012).
Para efeitos de comparação, a Fig 3.3 mostra faixas de operação tı́picas para os
três tipos de gaseificadores citados.
Figura 3.3: Faixas tı́picas de operação para os três tipos de gaseificadores (PINHO,
2012).
27
dor (velocidade média na direção axial do equipamento, desconsiderando a presença
de partı́culas, proporcional ao fluxo mássico do fluido) atinge a velocidade mı́nima
de fluidização. Antes deste ponto, o leito é considerado do tipo fixo. A perda de
carga ao longo do equipamento varia linearmente com a velocidade superficial do
agente gaseificador, enquanto esta se encontra abaixo da velocidade mı́nima de flui-
dização. A partir deste ponto, a perda de carga se mantém praticamente constante,
com uma pequena perturbação devido à acomodação do leito (PINHO, 2012). A
Fig. 3.4 ilustra este comportamento.
28
Figura 3.5: Gaseificadores de leito fluidizado: (a) Borbulhante: (b) Circulante.
Adaptado de GÓMEZ-BAREA e LECKNER (2010).
29
• Combinar gaseificação com o estágio de combustão: Dessa forma, o char que
ainda não tiver reagido, pode ser queimado, aumentando a eficiência do pro-
cesso;
30
Capı́tulo 4
Modelagem CFD
DEM/Euler-Lagrange
31
coamentos densos. Outros métodos como o MPPIC (Multiphase Particle-In-Cell )
e o MPM (Material Point Method ), utilizam a noção de parcelas, para descrever
estatisticamente a fase discreta, onde uma parcela representa mais de uma partı́cula
real. Embora as duas últimas abordagens acabem reduzindo o custo computacional
em relação ao DEM/E-L, têm a desvantagem de não representar adequadamente
as interações inter-partı́culas. A Fig. 4.1 mostra de forma resumida os diferentes
métodos citados anteriormente.
32
método de elemento discreto, utilizando a abordagem de esferas macias para mode-
lagem das colisões, para a simulação da gaseificação de biomassa.
A seguir são apresentadas de maneira mais detalhada as equações utilizadas pelo
método DEM/E-L neste trabalho. Ressalta-se que o método, como mostrado a
seguir, já se encontra totalmente implementado, por padrão, no código MFiX.
M
X
εg + εm = 1, (4.1)
m=1
com a fração de mistura da fase gás em cada célula computacional sendo dada por
(OEVERMANN et al., 2009):
1 X
εg = 1 − Vm , (4.2)
Vcel m=1
onde Vcel é o volume da célula computacional e Vm é o volume da partı́cula m,
contida na célula computacional.
A fase gás presente no processo de gaseificação é modelada como uma fase
contı́nua, enquanto as fases sólidas são modeladas como um conjunto de partı́culas.
Ng
∂εg ρg X
+ O.(εg ρg ug ) = Rrgn , (4.3)
∂t n=1
33
PNg
onde ug é a velocidade da fase gás e o termo n=1 Rrgn representa a transferência de
massa entre as fases por conta de processos fı́sico-quı́micos, com Ng sendo o número
de espécies presentes na fase gás e Rrgn a taxa de geração ou consumo da espécie
gasosa n.
A fase contı́nua é modelada através da equação de gases ideais, simplificação que
é adotada na maioria dos trabalhos de referência (e.g.: VERISSIMO (2014), PINHO
(2012), OEVERMANN et al. (2009) e GERBER et al. (2010)). Essa abordagem é
válida para a modelagem da fase gás quando o sistema opera a altas temperaturas e
baixas pressões, como ocorre no processo de gaseificação estudado. Portanto, temos
que:
Pg Mg
ρg = , (4.4)
RTg
onde Mg é a massa molar da mistura gasosa, Tg é a temperatura da fase gás e Pg a
pressão da fase gás.
m N
dmm X
= Rrnm , (4.5)
dt n=1
34
4.1.2 Conservação da Quantidade de Movimento
m
∂εg ρg ug X
+ O.(εg ρg ug ug ) = O.S g + εg ρg g − Igm (4.6)
∂t m=1
S = −Pg I + τ , (4.7)
e, de acordo com OEVERMANN et al. (2009), o tensor tensão viscosa τ é dado por:
2
τ = µef f,g εg (Oug + OuTg − Oug I), (4.8)
3
onde µef f,g é a viscosidade efetiva da fase gás, que irá depender da abordagem
utilizada na modelagem da turbulência.
κ2
µef f,g = µg + µturb,g = µg + ρg Cµ (4.9)
com µg sendo a viscosidade da fase gás e µturb,g sendo a viscosidade turbulenta da
fase gás. A energia cinética turbulenta e a dissipação de energia cinética turbulenta,
respectivamente, κ e , são dadas pelas seguintes equações de conservação (KU et al.,
2015):
∂εg ρg κ µt
+ O.(εg ρg ug κ) = O.(εg (µg + )Oκ) + εGκ − εg ρg (4.10)
∂t σκ
35
∂εg ρg µt
+ O.(εg ρg ug ) = O.(εg (µg + )O) + ε (C1 Gκ − C2 ρg ) (4.11)
∂t σ κ
Constante Valor
Cµ 0,09
C1 1,44
C2 1,92
σκ 1,0
σ 1,3
dXm (t)
= um (t) (4.12)
dt
dum (t)
mm = FT,m (t) (4.13)
dt
dωm (t)
Im = Tm (4.14)
dt
onde Xm , um e ωm são, respectivamente, o vetor posição, o vetor velocidade linear
e o vetor velocidade angular da partı́cula m. FT,m representa a força total agindo
36
sobre a partı́cula e Tm é o momento atuante na partı́cula, em relação ao seu centro.
Im é o momento de inércia da partı́cula esférica, dado por (HIBBELER, 2005):
1 2
Im = mm Dm , (4.15)
10
onde tem-se que Dm é o diâmetro da partı́cula m.
onde Fd,m é a força de arrasto, Fgr,m é a força gravitacional, Fc,m é a força total de
contato agindo na partı́cula m.
O termo relativo à força gravitacional é dado pela relação usual Fgr,m = mm g.
Ao desprezar as demais forças agindo sobre a partı́cula, o termo Igm, presente
na Eq. (4.6) e que representa a transferência da quantidade de movimento entre
as fases sólida e gás, se torna parte integrante apenas da força de arrasto Fd,m
calculada sobre a partı́cula. A força de arrasto é modelada segundo a relação dada
pela Eq. (4.17) (GARG et al., 2012a). O primeiro termo do lado direito da Eq.
(4.17) representa o arrasto de forma, devido à distribuição não-simétrica de pressão
em torno da partı́cula, enquanto o segundo termo do lado direito corresponde ao
37
arrasto viscoso, devido ao escoamento do fluido ao redor da partı́cula.
Vm β
Fd,m = −OPg (Xm )Vm + (ug (Xm ) − um ) = −OPg (Xm )Vm + Igm, (4.17)
εsm
εg ρg Dm |ug − um |
Rem = (4.20)
µg
Antes de se definir os termos de força e torque oriundos dos contatos sofridos
pelas partı́culas, deve-se primeiro modelar a colisão em si. Uma prática comum,
observada na literatura pesquisada e que também é implementada no código MFiX
é a utilização do modelo de esferas macias, que, usualmente, modelam as forças de
contato entre partı́culas como sendo sistemas mola-amortecedor, como ilustrado na
Fig. 4.2.
Tanto KU et al. (2015), quanto OEVERMANN et al. (2009), por exemplo, se uti-
lizam desta abordagem. Nela, a mola é responsável pelo ricocheteio das partı́culas
que estão colidindo, enquanto o amortecedor representa a dissipação de energia
38
Figura 4.2: Modelo de esfera macia. Adaptado de OEVERMANN et al. (2009).
cinética causada pelas colisões inelásticas. Segundo KU et al. (2015), uma carac-
terı́stica importante deste modelo é a capacidade de contabilizar múltiplos contatos
entre as partı́culas, o que se torna especialmente relevante na modelagem de siste-
mas densos de partı́culas, como é o caso da região do leito de um reator de leito
fluidizado.
Considerando-se duas partı́culas, m e j, como mostrado na Fig. 4.3, com
diâmetros Dm e Dj , locadas nas posições Xm e Xj , respectivamente, onde a partı́cula
m se move com velocidades linear e angular iguais a um e ωm , respectivamente, e
a partı́cula j se move com velocidades linear e angular iguais a uj e ωj , respectiva-
mente, temos que a sobreposição normal é calculada pela Eq. (4.21).
δn,mj = 0, 5(Dm + Dj ) − Xm − Xj (4.21)
Xj − X m
ηmj = (4.22)
Xj − Xm
A velocidade relativa no ponto de contato entre as partı́culas é dado pela Eq.
(4.23).
39
Figura 4.3: Esquema de contato entre duas partı́culas. Adaptado de GARG et al.
(2012a).
Xj − Xm 2 + Rm
2
+ Rj2
Lm = (4.24)
2Xj − Xm
Lj = Xj − Xm − Lm, (4.25)
A força de contato Fcmj entre duas partı́culas m e j pode ser decomposta em duas
componentes, a componente normal ao contato, Fcnmj e a tangencial ao contato,
Fctmj . As componentes normal e tangencial da força de contato Fcmj podem ser
m m
decompostas em termos das forças conservativas Fcnmj e Fctmj , representada pela
40
a a
mola e das forças dissipativas Fcnmj e Fctmj , representado pelo amortecedor (GARG
et al., 2012a):
m a
Fcnmj = Fcnmj + Fcnmj (4.28)
m a
Fctmj = Fctmj + Fctmj (4.29)
partı́culas:
m
Fcnmj = −ksn δnmj ηmj , (4.30)
onde ksn representa a constante elástica da mola normal, enquanto a força normal
a
dissipativa, Fcnmj , é dada por:
a
Fcnmj = −νn unmj , (4.31)
m
Fctmj = −kst δt , (4.32)
|δn |
δt = utmj min( , ∆t) (4.33)
umj .ηmj
No instante (t + 4t), a sobreposição tangencial é calculada por:
0
δt (t + 4t) = δt (t) + utmj 4t, (4.34)
41
0
onde δt é a contribuição do deslocamento tangencial acumulado δt (t) no instante t,
ajustado pela rotação do plano de contato entre as partı́culas entre os instantes t e
t + 4t. Este termo é obtido pela Eq. (4.35).
0
δt (t) = (δt (t).ζ)ζ + (δt (t).told )tnew , (4.35)
onde os vetores unitários ζ, told e tnew são obtidos através das seguintes relações:
ζ × ηmj (t)
told = (4.37)
ζ × ηmj (t)
ζ × ηmj (t + 4t)
tnew = (4.38)
ζ × ηmj (t + 4t)
a
A força tangencial dissipativa. Fctmj , é calculada através da Eq. (4.39),
a
Fctmj = −νt utmj (4.39)
De acordo com GARG et al. (2012a), é necessário ainda verificar se ocorre des-
lizamento entre partı́culas. Esta condição é verificada através da Eq. (4.40),
Fctmj > µatmj Fcnmj (4.40)
Caso esta condição seja confirmada, a força de contato tangencial, Fctmj é cal-
culada pelas seguintes relações:
− µatmj Fcnmj tmj , se tmj 6= 0
δt
Fctmj = − µatmj Fcnmj , se tmj = 0 e δt 6= 0 (4.41)
|δt |
0, se tmj = 0e δt = 0,
onde µatmj é o coeficiente de atrito entre as partı́culas m e j.
Com isto, tem-se que a força total de contato agindo sobre uma partı́cula m,
Fc,m (t), é dada pela Eq. (4.42).
N
X
m a m a
Fc,m (t) = (Fcnmj (t) + Fcnmj (t) + Fctmj (t) + Fctmj (t)), (4.42)
j=1
j6=m
42
e o torque total agindo sobre uma partı́cula m é calculado de acordo com a Eq.
(4.43),
N
X
Tm (t) = (Lm ηmj × Fctmj (t)) (4.43)
j=1
j6=m
Os termos de somatórios nas Eqs. (4.42) e (4.43) são responsáveis por contabi-
lizar os múltiplos contatos que ocorrem simultaneamente entre a partı́cula avaliada
e as demais partı́cula presentes no sistema.
De acordo com GARG et al. (2012a), considerando a colisão entre duas partı́culas
m e j, o coeficiente normal de amortecimento, νn , se relaciona com o coeficiente de
restituição normal, en pela relação expressa na Eq. (4.44),
νn tcol
n
en = exp(− ), (4.44)
2mef f,mj
onde a massa efetiva de partı́culas, mef f,mj e o tempo de colisão, tcol
n são dados pelas
mm mj
mef f,mj = (4.45)
mm + mj
ksn νn2 1
tcol
n = π( − 2
)− 2 (4.46)
mef f,mj 4mef f,mj
Combinando as duas relações anteriores, temos a seguinte equação, relacionando
o coeficiente de amortecimento e o coeficiente de restituição:
p
2 mef f,mj ksn |ln en |
νn = p (4.47)
π 2 + ln2 en
Modelo de mola não-linear
3
Fcnmj = −ksn δn2 (4.48)
43
3
Fctmj = −kst δt2 , (4.49)
onde as constantes de rigidez das molas são calculadas a partir do módulo de Young
e do coeficiente de Poisson das partı́culas, como mostrados nas Eqs. (4.50) e (4.51),
p ∗
4 Em Ej Rmj 1
ksn = δn
2
(4.50)
3 Em (1 − σj2 ) + Ej (1 − σm
2 )
p ∗
16 Gcism Gcisj Rmj 1
kst = δn2 (4.51)
3 Gcism (2 − σj ) + Gcisj (2 − σm )
Nas equações acima, os termos Em e Ej representam os módulos de Young e σm
e σj os coeficientes de Poisson das partı́culas m e j, respectivamente. Os módulos de
∗
cisalhamento Gcism e Gcisj e o termo Rmj são calculados pelas Eqs. (4.52), (4.53)
e (4.54):
Em
Gcism = (4.52)
2(1 + σm )
Ej
Gcisj = (4.53)
2(1 + σj )
1 1 1
∗
= + (4.54)
Rmj Rm Rj
44
que está colidindo com a parede, uma nova partı́cula “virtual” é gerada, caso a
partı́cula ainda esteja em contato com a parede. Este procedimento continua até
que a partı́cula não esteja mais em contato com a parede. Este método garante
que as forças de contato entre partı́culas e parede sejam sempre perpendiculares ao
plano do contorno (MUSSER, 2011).
A Fig. 4.4 representa de maneira esquemática o método descrito nesta seção.
45
Conservação de energia da fase gás
M
∂Tg X
4
εg ρg Cpg ( +ug .OTg ) = −O.qg + [γgm (Tm −Tg )]−4Hg +γRg (TRg −Tg4 ), (4.55)
∂t m=1
γgm = hm Am , (4.56)
N um kg
hm = (4.57)
Dm
com kg sendo a condutividade térmica da fase gás e o número de Nusselt, N um ,
determinado a partir da Eq. (4.58), que representa a correlação de Ranz e Marshall,
de acordo com MUSSER (2011).
1 1
N um = 2, 0 + 0, 6Rem
2
Pr3, (4.58)
µg Cpg
Pr = , (4.59)
kg
O vetor fluxo de calor, qg é modelado pela Lei de Fourier (PINHO, 2012):
46
Conservação de energia da fase sólida
dTm
Cpm mm = Qmj + Qmgj + Qmg + Qmrad − 4Hmr , (4.61)
dt
onde Cpm é o calor especı́fico da partı́cula m, 4Hmr é o calor das reações hete-
rogêneas das quais a partı́cula m participa e Qmj , Qmgj , Qmg e Qmrad são, respecti-
vamente, as taxas de energia transferidas por condução entre duas partı́culas m e j
em contato, por condução entre duas partı́culas m e j separadas por uma pequena
lâmina de gás, por convecção entre a partı́cula m e o gás e por radiação entre a
partı́cula m e o ambiente.
O termo de condução de calor entre duas partı́culas em contato, Qmj , é dado,
de acordo com MUSSER (2011), por:
s
2 2 2
4km kj 2
Rmax − Rmin + lmj
Qmj = Rmax − (Tm − Tj ) (4.62)
km + kj 2lmj
onde km e kj são as condutividades térmicas das partı́culas m e j, respectivamente,
Rmax é o raio da maior partı́cula, Rmin é o raio da menor partı́cula e lmj é a distância
entre os centros das partı́culas m e j. No lado direito da Eq. (4.62), o primeiro termo
fora do radical representa a condutividade térmica efetiva entre as duas partı́culas
que colidem, enquanto o termo no radical responde pelo raio equivalente da área de
contato.
O termo de condução de calor entre duas partı́culas separadas por uma pequena
lâmina de gás é dado, de acordo com MUSSER (2011), por:
Z Rf
2πr
Qmgj = kg (Tm − Tj ) 1 1 dr (4.63)
2 − r 2 ) 2 + (R2 − r 2 ) 2 )
lmj − ((Rm
Rc j
com Rc (raio equivalente da área de contato) e Rf (raio limite da região em que ocorre
condução entre duas partı́culas separadas por uma camada de gás) calculados por
0 , se lmj > 2Rmax
Rc = (4.64)
s
2 2 2
2
Rmax − Rmin + lmj
R − , se lmj ≤ 2Rmax
max
2l mj
47
e
s
Rmax 2 2 2
Rmax 2 (Rmax + 5
) − Rmin + lmj
Rf = (Rmax + ) −( ) (4.65)
5 2lmj
O termo de transferência de calor por convecção entre a partı́cula e gás, Qmg , é
equivalente ao termo γgm , dado pela Eq. (4.56).
O termo Qmrad representa a transferência de calor por radiação. O sistema multi-
partı́culas é simplificado, de forma que as partı́culas que estão expostas a radiação
de uma partı́cula de interesse formem uma região esférica em torno de tal partı́cula,
denominada ambiente (Fig. 4.5). Assim, apenas as partı́culas que se encontram
dentro do “ambiente” da partı́cula de interesse trocam energia por radiação com
esta. É importante ressaltar que modelo opera dentro de um laço de repetição de
forma que todas as partı́culas presentes no sistema são avaliadas.
Figura 4.5: Transferência de calor por radiação entre partı́cula e ambiente. Adap-
tado de MUSSER (2011).
4
Qmrad = εmm σsbAm (Tamb − Tm4 ), (4.66)
N pΩ
1 X
Tamb = εg Tg + (1 − εg ) Tj , (4.67)
Np,Ω j=1
j6=m
48
e N pΩ é o número de partı́culas no subdomı́nio Ω (região que limita o ambiente),
próximas à partı́cula m. Este subdomı́nio é definido como a região limitada por um
cı́rculo igual à 1,5 vezes o diâmetro da partı́cula m (Fig. 4.6).
∂εg ρg Ygn
+ O.(εg ρg Ygn ug ) = O.(εg ρg Difgn OYgn ) + Rrgn , (4.68)
∂t
onde Ygn corresponde a fração mássica da espécie gasosa n, o termo O.(εg ρg Dgn OYgn )
representa a difusão da espécie gasosa n, com Difgn sendo a difusividade mássica
da espécie gasosa n.
d
(Ynm mm ) = Rrnm (4.69)
dt
49
Capı́tulo 5
5.1 Secagem
A temperatura de ebulição da água, à pressão atmosférica, é igual à 100 ◦ C,
e a faixa de temperaturas encontradas no interior de reatores é significantemente
superior, entre 700 ◦ C e 900 ◦ C (PINHO, 2012). Assim, as partı́culas, que pos-
suem diâmetros da ordem da unidade de mm, atingem rapidamente temperaturas
superiores a 100 ◦ C.
Tais aspectos, presentes no processo de gaseificação em reator de leito fluidizado,
contribuem para que haja uma grande divergência no que tange à modelagem do
processo de secagem das partı́culas de biomassa, quando estas entram no reator. Ao
passo que muitos autores utilizam a hipótese de secagem instantânea, uma outra
parcela utiliza um modelo cinético para descrever tal reação.
A hipótese de que a evaporação da água presente nas partı́culas de biomassa se dá
instantaneamente, utilizada por VERISSIMO (2014), OEVERMANN et al. (2009)
e PINHO (2012), é implementada de forma que a biomassa seca seja injetada no
domı́nio, junto a uma corrente de vapor d’água, que representa a umidade evaporada
do interior da partı́cula.
50
Já a modelagem da reação de secagem segundo um modelo cinético, geralmente
envolve uma reação com cinética definida pela equação de Arrhenius (e.g. KU et al.
(2015), GERBER e OEVERMANN (2014) e VERISSIMO (2016)).
O presente trabalho utiliza um modelo cinético para representação do processo
de secagem.
O modelo, utilizado também por VERISSIMO (2016), é representado pela reação
quı́mica (R5.1).
H2 Ol −−→ H2 Ov , (R5.1)
88000
rsec = 5, 13 × 106 e RuTm [H2 Ol ]Vm , (5.1)
onde Ru é a constante universal dos gases ideais, igual à 8,31 J/mol.K, e os dois
últimos termos do lado direito da equação representam a concentração de umidade
na partı́cula m e o volume da partı́cula m. Estes termos são necessários para que a
taxa da reação seja dada em mol/s, conforme requerido pelo MFiX.
De acordo com VERISSIMO (2016), o calor de vaporização da água é igual à
−2, 44 × 103 kJ/kg.
5.2 Pirólise
Segundo VERISSIMO (2014), a modelagem da etapa de pirólise é a mais com-
plicada dentre todas as etapas do processo de gaseificação, por ser um processo
complexo que envolve diversos fenômenos fı́sicos e quı́micos.
Em seus trabalhos, VERISSIMO (2014), PINHO (2012) e BRANDÃO (2015)
realizam uma rica revisão da literatura no que concerne à pirólise de bagaço de
cana-de-açúcar e de biomassa em geral. Uma conclusão importante observada nestes
trabalhos, é que não existe na literatura um modelo de pirólise adequado ao bagaço
51
da cana-de-açúcar, ou ainda um modelo geral que seja capaz de representar a pirólise
de biomassa como um todo.
De acordo com SOUZA-SANTOS (2010), os modelos de pirólise podem ser di-
vididos em 3 classes diferentes, a saber:
• modelos básicos;
• modelos estruturais.
−Eapir
rpir = Arrpir e( RuTm ) , (5.2)
−Eapir
rpir = [biomassa]Arrpir e( RuTm
)
Vm , (5.3)
52
A partir da composição avaliada do bagaço de cana-de-açúcar (Tab. 5.1), PINHO
(2012) obteve a composição molar dos gases liberados na pirólise do bagaço de cana-
de-açúcar (Tab. 5.2).
Umidade 4,26
Voláteis 77,99
Carbono fixo 11,03
Cinzas 6,72
H2 37,6001
CH4 14,8755
CO 32,7833
CO2 12,2302
Demais componentes 2,5109
• não há formação de tar (alcatrão). Com isto, a pirólise secundária também
não ocorre;
53
Tabela 5.3: Composição final do gás de pirólise
H2 38,5685
CH4 15,2586
CO 33,6277
CO2 12,5452
5.3 Gaseificação
A modelagem do processo de gaseificação, assim como dos demais processos que
envolvem reações heterogêneas tem sua complexidade diretamente ligada a forma
como a partı́cula é modelada (PINHO, 2012).
SOUZA-SANTOS (2010) define dois tipos principais de modelos para partı́culas
reativas, o modelo de núcleo exposto e o modelo de núcleo não-exposto, descritos a
seguir.
54
pequenas. Desta forma, o núcleo está sempre exposto de modo que, para que
ocorra a reação, é necessária a difusão de gás reativo apenas pela camada de
gás não-reativo no entorno da partı́cula, até que o núcleo seja atingido.
55
Tendo como base o trabalho desenvolvido por KU et al. (2015), as seguintes
reações de gaseificação são consideradas no presente trabalho (Tab. 5.4):
rdif f rkin,H2 O
r1 = −Am PH2 O M −1 (5.4)
rdif f + rkin,H2 O m,H2 O
e
rdif f rkin,CO2
r2 = −Am PCO2 M −1 (5.5)
rdif f + rkin,CO2 m,CO2
onde PCO2 e PH2 O são as pressões parciais de CO2 e H2 O, respectivamente e Mm,CO2 e
Mm,H2 O são as respectivas massas molares (necessárias para passar a taxa da reação
de g/s para mol/s, unidade requerida pelo MFiX para reações heterogêneas). Já o
termo de taxa de difusão, rdif f , e os termos cinéticos rkin,H2 O e rkin,CO2 são dados
por
[(Tm + Tg )/2]0,75
rdif f = C (5.6)
Dm
e
−Eai
rkin,i = Arri Tm e( RuTm ) (5.7)
56
Tabela 5.5: Parâmetros de Arrhenius das taxas cinéticas das reações heterogêneas
de gaseificação (KU et al., 2015).
Tabela 5.6: Taxas das reações homogêneas de gaseificação (KU et al., 2015).
Os parâmetros de Arrhenius são mostrados na Tab. 5.7, onde Arri e Ea,i repre-
sentam os parâmetros relativos à taxa kri .
Tabela 5.7: Parâmetros de Arrhenius das taxas cinéticas das reações homogêneas
de gaseificação (KU et al., 2015).
57
5.4 Combustão
Nas situações em que se tem gaseificação autotérmica, ou seja, quando não há
fonte de calor externa ao processo, a etapa de combustão é a responsável por fornecer
energia para que as demais ocorram. A modelagem da combustão pode alterar de
maneira significativa, não somente a cinética das demais reações, como também
diretamente a composição dos gases produzidos (VERISSIMO, 2014).
De acordo com o trabalho de PINHO (2012), as reações de combustão, tanto do
char, quanto dos gases liberados no processo de pirólise, podem ocorrer simultane-
amente, estando mais sujeitas a ocorrerem na parte inferior do reator, uma vez que
a gaseificação ocorre em condições substequiométricas e o oxigênio é rapidamente
consumido à medida que entra no reator.
O presente trabalho utiliza as reações de combustão encontradas nos trabalhos
de OEVERMANN et al. (2009) e GERBER e OEVERMANN (2014), conforme
mostrado na Tab. 5.8.
( −13078 )
r6 = 1, 5 × 106 e Tg PO2 (1 − Xc)1,2 [O2 ]Vm , (5.8)
58
é dada por
m0,char − mchar
Xc = , (5.9)
m0,char
onde m0,char é a massa inicial de char na partı́cula e mchar é a massa atual de char
na partı́cula.
As taxas das reações homogêneas de combustão, em mol/cm3 .s, são apresentadas
na Tab. 5.9.
59
Capı́tulo 6
Apresentação e Validação do
MFiX
• domı́nio bi ou tridimensional;
• balanço de energia;
60
Por se tratar de um programa com código aberto, um número crescente de traba-
lhos vem utilizando o MFiX (e.g. GERBER et al. (2010),PINHO (2012),GARG et al.
(2012b), LI et al. (2012), VERISSIMO (2014), VERISSIMO (2016), BRANDÃO
(2015), LU et al. (2017) e LATTANZI e HRENYA (2016)).
61
necessárias aumente, um ajuste é realizado no sentido de reduzir o passo de
tempo empregado e, caso contrário, o passo de tempo é aumentado.
SYAMLAL et al. (1998) relata que diversos testes foram realizados após a im-
plementação destas modificações e que as simulações rodaram de 3 a 30 vezes mais
rápido do que antes da implementação.
Segundo PINHO (2012), o MFiX discretiza as equações de conservação de massa,
de conservação de energia interna e de conservação de espécies quı́micas de forma
implı́cita, assim como os termos de pressão de arrasto presentes nas equações de
conservação da quantidade de movimento. Já os termos convectivos e difusivos das
equações de conservação da quantidade de movimento são discretizados explicita-
mente.
O usuário possui liberdade de escolher qual esquema será utilizado na discre-
tização dos termos convectivos. Os seguintes esquemas, de 1a e 2a ordem, estão
implementados no código:
• upwind de 1a ordem;
• smart;
• quickest;
• ultra-quick ;
• van Leer;
• MUSCL;
• minmod;
• central.
62
• sobrerelaxações sucessivas (SOR - Sucessive Over-Relaxation);
• gradiente conjugado.
63
Figura 6.1: Fluxograma de cálculos. Adaptado de ZHOU et al. (2004a).
64
Tabela 6.1: Comando para construção do Makefile
Arquivos de entrada
65
Arquivo mfix.dat
quais equações serão resolvidas para quais fases (por exemplo, pode-se querer
simular um caso não-reativo ou sem transferência de energia);
A Tab. 6.3 mostra as unidades utilizadas pelo MFiX em cada um dos sistemas.
A Fig. 6.3 mostra o preenchimentos destas informações na seção “RUN CON-
TROL”.
66
Tabela 6.3: Unidades utilizadas no MFiX.
67
Figura 6.4: Seção “NUMERICAL PARAMETERS”do mfix.dat.
68
Figura 6.6: Seção “GAS”do mfix.dat.
69
Figura 6.8: Subseção “SOLID PHASE”do mfix.dat.
Analogamente ao que ocorre no arquivo usr rates.f, neste arquivo, o usuário deve
especificar as taxas de todas as reações heterogêneas que foram definidas no arquivo
70
Figura 6.9: Seção “INITIAL CONDITIONS”do mfix.dat.
71
Figura 6.11: Seção “CHEMICAL REACTION”do mfix.dat.
72
mfix.dat. Diferentemente das taxas especificadas para as reações homogêneas, as
taxas das reações heterogêneas devem ser definidas em mol/s.
Neste arquivo são definidas as posições e velocidades iniciais das partı́culas pre-
sentes inicialmente no domı́nio, assim como seus raios e suas massas especı́ficas. O
usuário deve especificar as informações de uma partı́cula a cada linha, na seguinte
ordem, para o caso bidimensional, separando os campos por espaços em branco:
coordenada X do centro da partı́cula, coordenada Y do centro da partı́cula, raio
da partı́cula, massa especı́fica da partı́cula, componente em X da velocidade da
partı́cula e componente em Y da velocidade da partı́cula. Deve-se ressaltar que as
unidades de entrada neste arquivo são compatı́veis com as unidades do sistema es-
pecificado no arquivo mfix.dat. A Fig. 6.15 mostra exemplo de preenchimento deste
arquivo.
Arquivos de saı́da
Dentre os arquivos gerados pelo MFiX durante sua execução, encontram-se ar-
quivos de texto, .LOG e .OUT e diversos arquivos binários, que irão armazenar as
informações das variáveis contidas no estudo computacional realizado.
73
O arquivo .LOG é responsável por armazenar uma espécie de relatório da si-
mulação. Nele podemos encontrar informações sobre erros, caracterı́sticas de con-
vergência, tempo gasto na simulação e estimativa de tempo para o término da rodada
e informações sobre escrita nos demais arquivos (Fig. 6.16).
74
arquivos .SPX.
75
6.3 Validação do MFiX
Para validação do código MFiX, procurou-se reproduzir o trabalho realizado por
KU et al. (2015). Os autores utilizaram o software OpenFOAM para realizar a
simulação da gaseificação de partı́culas de madeira de pinho em um reator de leito
fluidizado, formado por partı́culas de areia, utilizando uma mistura de vapor d’água
e nitrogênio como agente gaseificador. O trabalho realizado por KU et al. (2015) é
baseado nos experimentos relatados no trabalho de SONG et al. (2012).
A composição da madeira de pinho utilizada por KU et al. (2015) é dada pelas
Tabs. 6.5 e 6.6.
Tabela 6.5: Análise próxima da madeira de pinho utilizada por (KU et al., 2015).
Adaptado de KU et al. (2015).
Umidade 11,89
Cinzas 1,56
Voláteis 71,78
Carbono fixo 14,77
Tabela 6.6: Análise elementar da madeira de pinho utilizada por (KU et al., 2015).
Adaptado de KU et al. (2015).
C 46,29
H 6,48
O 46,08
NeS 1,15
76
nessa direção e as equações de conservação são resolvidas no plano perpendicular a
esta direção. O domı́nio representado possui altura de 1500 mm, largura de 230 mm
e profundidade de 1, 5 mm. Um orifı́cio com largura de 10 mm, na parte inferior do
domı́nio é utilizado para injeção da biomassa e do agente gaseificador. A Fig. 6.18
mostra a representação do reator utilizado por KU et al. (2015).
77
constante, e o valor médio encontrado das variáveis calculadas varia muito pouco)
de maneira mais rápida. Pela entrada inferior, a biomassa e o agente gaseificador
(mistura de vapor d’água e nitrogênio) são injetados a uma vazão constante, igual
à 0,03125 g/s para as partı́culas de biomassa e 0,18935 g/s para o agente gaseifica-
dor. Ambos são injetados com temperatura igual 300 ◦ C. O diâmetro inicial das
partı́culas de biomassa também é igual à 1,5 mm. A vazão de vapor d’água é tal
que a razão vazão de vapor d’água/vazão de biomassa seja mantida igual à 1,2. As
Tabs. 6.7 e 6.8 mostram as condições utilizadas por KU et al. (2015) nas simulações.
Com relação aos métodos numéricos empregados, não são fornecidos detalhes
suficientes que possibilitem a reprodução exata do procedimento adotado.
• Secagem
• Pirólise
A pirólise foi modelada por KU et al. (2015) de acordo com a Seç. 5.2, através de
um modelo de reação de passo único com cinética dada pela fórmula de Arrhenius.
78
Tabela 6.8: Dados gerais da simulação realizada por KU et al. (2015). Adaptado de
KU et al. (2015).
Propriedade Valor
• Gaseificação
• Combustão
79
Tabela 6.9: Composição do gás de pirólise utilizada por KU et al. (2015).
CH4 7,72
H2 6,0
CO2 45,155
CO 41,125
Uma vez que não há formação de O2 no interior do reator nas condições simuladas
por KU et al. (2015), não ocorre nenhuma reação de combustão.
Etapa Modelo
H2 Ol −−→ H2 Ov
Secagem 88000
rsec = 5, 13 × 106 e RTm [H2 Ol ]Vm
biomassa −−→ gases + cinzass + chars
−Ea
Pirólise rpir = [biomassa]Apir e( RuT ) Vm
Apir = 5, 0 × 106 s−1 e Ea = 120000 J/mol
C + H2 O −−→ CO + H2
C + CO2 −−→ 2 CO
Gaseificação CO + H2 O ←−→ CO2 + H2
CH4 + H2 O −−→ CO + 3 H2
Taxas de acordo com Seç. 5.3
Combustão Não ocorre combustão.
80
Resultados obtidos
A avaliação dos resultados obtidos será feita com base nas frações volumétricas
de H2 , CO, CO2 e CH4 , na saı́da do reator, informações disponibilizadas no trabalho
de KU et al. (2015).
A Tab. 6.11 mostra os resultados obtidos no trabalho de KU et al. (2015).
81
Observando os valores obtidos, é seguro dizer que após o instante de 5 s, a
simulação alcançou o regime “pseudo permanente”.
Comparando o valor médio da simulação, a partir dos 5 s, com os resultados
mostrados por KU et al. (2015), temos os resultados mostrados na Tab. 6.12.
Tabela 6.12: Comparação dos resultados obtidos para fração volumétrica dos gases
na saı́da do reator com o trabalho de KU et al. (2015)
82
Capı́tulo 7
Modelagem e Simulação do
Processo
83
entre si (Fig. 7.1). Basicamente, o processo consiste em se obter um gás com poder
calorı́fico intermediário e char residual através da gaseificação de biomassa com
vapor d’água no reator de gaseificação e na queima do char residual no reator de
combustão, gerando calor para o processo de gaseificação.
O equipamento descrito está inserido em uma planta que possui outros compo-
nentes e sistemas auxiliares, como mostrado na Fig. 7.2.
O ar é comprimido e então é injetado no reator de combustão, onde ocorre a
84
Figura 7.2: Fluxograma de operação da planta. Adaptado de SONG et al. (2013).
85
queima de biomassa e do char residual originado no reator de gaseificação. Parte
do calor liberado nesta combustão é utilizado na geração de vapor d’água no eva-
porador. Este vapor é então, injetado no reator de gaseificação, onde ocorrerá a
gaseificação da biomassa. Um separador do tipo ciclone é utilizado para separar o
gás produzido na gaseificação das partı́culas de char residual, que vai para o reator
de combustão. Os gases produzidos em ambos os reatores são resfriados para a tem-
peratura ambiente pelos trocadores de calor CLpgas e CLfgas . A energia cedida neste
processo é recuperada para a formação de vapor. O gás produzido na gaseificação
passa por um processo de limpeza, tendo como produto final o gás de sı́ntese.
De acordo com SONG et al. (2012), resistências elétricas envolvem os reatores e,
conectadas a um sistema de controle, são responsáveis por fornecer energia inicial
ao processo e estabilizar a temperatura durante a operação do equipamento.
O reator de leito fluidizado possui seção retangular, com dimensões de 40 mm x
230 mm, e altura de 1500 mm. Um distribuidor cônico é montado na parte inferior
do reator, por onde são injetados o agente gaseificador e a biomassa. A biomassa
é injetada com vazão controlada através de um fuso de velocidade variável. Já o
reator de combustão possui seção circular com diâmetro interno de 50 mm e altura de
2000 mm. Uma placa perfurada é utilizada como distribuidor do ar que é injetado
na parte inferior do reator. Um sistema semelhante ao empregado no reator de
gaseificação é utilizado na alimentação de biomassa no combustor (SONG et al.,
2012).
No presente trabalho, apenas o reator de gaseificação é modelado e todas as
análise são realizadas neste equipamento.
86
mensional de coordenadas retangulares. Neste sistema de coordenadas, o domı́nio
é discretizado por uma malha com Imax e Jmax intervalos nas direções X e Y , res-
pectivamente. Na terceira dimensão, Z, o domı́nio é discretizado em apenas um
intervalo (Kmax = 1), com comprimento igual ao diâmetro da maior partı́cula pre-
sente no reator, como observado em trabalhos de referência (e.g. OEVERMANN
et al. (2009); GERBER e OEVERMANN (2014) e KU et al. (2015)).
A Fig. 7.3 mostra de forma esquemática a modelagem do gaseificador no MFiX.
Nela, pode-se ver na região do leito os pontos de injeção de biomassa e do agente
gaseificador e, na região do freeboard, o ponto de saı́da dos gases. Para simplificar
a modelagem do equipamento, o distribuidor não foi detalhado, sendo utilizado um
perfil plano de velocidade na entrada do agente gaseificador.
O sistema de unidades escolhido na modelagem do problema é o CGS
(centı́metro-grama-segundo), embora na Fig 7.3 as medidas estejam sendo mostradas
em mm. Tal escolha se justifica por conta dos valores encontrados e empregados na
simulação, de forma que a entrada de dados e a leitura dos resultados seja facilitada,
se comparada aos valores encontrados quando do emprego do sistema SI.
De acordo com PINHO (2012), a representação do reator, que possui formato
real diferente do domı́nio modelado computacionalmente, requer que alguns cuidados
sejam tomados na determinação das vazões mássicas adotadas, tanto para o agente
gaseificador, como para a biomassa, uma vez que as seções de alimentação do agente
gaseificador e da biomassa possuem dimensões menores do que as do equipamento
real.
De modo a manter uma correspondência entre diferentes situações simuladas
e/ou entre as condições simuladas e possı́veis condições experimentais, uma correção
nos valores adotados para as vazões mássicas deve ser adotada, de modo que a razão
estequiométrica seja mantida. Neste ponto, ressalta-se que é importante utilizar
esta correção, de forma que as simulações aqui realizadas possam ser verificadas
experimentalmente no futuro.
A adequação necessária à representação do reator real em um sistema de co-
ordenadas retangulares ou na compatibilização entre diferentes situações simuladas
consiste na manutenção da velocidade superficial do gás e da razão entre as vazões
de biomassa e do agente gaseificador entre as situações avaliadas (PINHO, 2012).
87
Figura 7.3: Representação do reator de gaseificação no MFiX, com medidas em
milı́metros. Sem escala para melhor representação.
Qmag,gas
usup = , (7.1)
ρag,gas Aent
onde usup é a velocidade superficial do agente gaseificador, Qmag,gas é a vazão mássica
88
do agente gaseificador, ρag,gas é a massa especı́fica do agente gaseificador e Aent é a
área de entrada do agente gaseificador.
Com a velocidade superficial do agente gaseificador calculada para determinada
situação de referência, a vazão mássica a ser adotada em uma condição alternativa
(pode ser experimental ou outra simulação) deve ser tal que a velocidade superficial
em tal condição seja a mesma obtida na condição de referência.
Por último, conhecendo a vazão mássica do agente gaseificador nas condições
de referência e alternativa, e a razão entre as vazões do agente gaseificador e de
biomassa na situação de referência, obtém-se a vazão de biomassa a ser utilizada
nas demais situações, mantendo-se esta razão constante, conforme Eq. (7.2).
Qmag,gas
= Constante (7.2)
Qmbio
onde os termos Qmbio representa a vazão de biomassa na condição de referência.
Após determinar as vazões que serão utilizadas, todas as demais condições de
contorno devem ser especificadas.
89
uma mistura de nitrogênio e vapor d’água é utilizada, com frações mássicas de 0,802
e 0,198, respectivamente. Estes valores são os mesmos empregados por KU et al.
(2015) e foram adotados para possibilitar a futura comparação com os resultados
aqui obtidos.
90
As paredes do reator operam à temperatura constante de 820 ◦ C (1093,15 K),
sendo utilizado o mesmo valor como temperatura inicial do sistema. O agente ga-
seificador e a biomassa são injetados à uma temperatura de 300 ◦ C (573,15 K). Tais
valores são os mesmos adotados por KU et al. (2015), e são selecionados com base
em experimentos realizados no mesmo equipamento modelado neste trabalho.
As propriedades das partı́culas são determinadas com base nos trabalhos de KU
et al. (2015), PINHO (2012) e VERISSIMO (2014). À exceção dos diâmetros das
partı́culas, as propriedades empregadas não se alteram nos demais casos simulados.
As propriedades das partı́culas são exibidas na Tab. 7.1.
Bagaço de
Material inerte Madeira
cana-de-açúcar
Dinerte 1,5 mm Dbagaco 1,5 mm Dmadeira 1,5 mm
ρinerte 2600 kg/m3 ρbagaco 250 kg/m3 ρmadeira 470 kg/m3
Cpinerte 860 J/kg.K Cpbagaco 231,34 J/kg.K Cpmadeira 1500 J/kg.K
∗ ∗
kinerte 0,328 W/m.K kbagaco 0,105 W/m.K kmadeira 0,105 W/m.K
εminerte 0,9 εmbagaco 0,9 εmmadeira 0,9
*Não informado no trabalho de KU et al. (2015), é adotado o mesmo valor dos
trabalhos de PINHO (2012) e VERISSIMO (2014).
91
Tabela 7.2: Propriedades relacionadas as colisões entre partı́culas e entre partı́culas
e as paredes do reator.
Propriedade Valor
Coeficiente de restituição 0, 9
Módulo de Young 5 × 106 Pa
Coeficiente de Poisson 0, 30
Coeficiente de fricção 0, 30
92
Não foram utilizados diâmetros de partı́culas menores que os empregados no caso
base, uma vez que acarretaria em um maior número de partı́culas, o que aumentaria
consideravelmente o custo computacional das simulações.
A quantidade de partı́culas inertes inicialmente no leito é definida em ambos os
casos de forma a manter a mesma massa inicial de partı́culas no leito do caso base.
Desta forma não foi simulado um caso com partı́culas menores que as empregadas
no caso base, uma vez que o número de total de partı́culas iria causar um grande
aumento no tempo de simulação, além de aumentar a possibilidade de arrasto de
partı́culas para fora do domı́nio. O arrasto de partı́culas para fora do domı́nio não
é previsto no modelo aqui utilizado, por conta dos tipos de contorno disponı́veis no
código MFiX, que não permitem a reentrada das partı́culas no domı́nio.
A vazão de agente gaseificador é determinada mantendo-se a mesma velocidade
superficial do caso base, afim de manter uma correspondência entre as situações
simuladas, enquanto a vazão de biomassa é definida de modo a garantir a mesma
razão entre massa de vapor e biomassa injetados do caso base, sendo esta igual à
1,2.
Todas as demais condições utilizadas nos casos 1 e 2 são idênticas às adotadas
no caso base.
A Tab. 7.4 mostra as condições de contorno empregadas nos casos 1 e 2.
A simulação dos casos 3 e 4 tem por objetivo avaliar como a variação na tem-
peratura inicial do sistema e na temperatura das paredes do reator interferem nos
resultados obtidos. No caso 3 é utilizada a temperatura de 720 ◦ C (993,15 K), 100 ◦ C
abaixo da temperatura do caso base, enquanto no caso 4 emprega-se a temperatura
de 920 ◦ C (1193,15 K), 100 ◦ C acima da temperatura do caso base.
Todas as demais condições empregadas são iguais as utilizadas no caso base.
A Tab. 7.5 exibe as condições de contorno dos casos 3 e 4.
93
Tabela 7.4: Condições de contorno dos casos 1 e 2.
94
7.3.4 Caso 5 - Avaliação da Influência do Agente Gaseifica-
dor
Com este caso avalia-se a influência do agente gaseificador nos resultados obtidos.
O caso 5 utiliza o bagaço da cana-de-açúcar como biomassa a ser gaseificada e,
diferentemente do caso base, ar aquecido como agente gaseificador. Foi adotada a
mesma vazão mássica de agente gaseificador do caso base.
A Tab. 7.6 mostra as condições de contorno empregadas no caso 5.
95
gaseificação, este estudo mostra relevância no sentido de se buscar maneiras mais
eficientes de se realizar o processo de gaseificação, onde se busca aproveitar dife-
rentes caracterı́sticas inerentes no processo de gaseificação das diferentes biomassas
envolvidas.
Todas as demais condições são idênticas às do caso base e estão mostradas na
Tab. 7.7
Bagaço de cana-de-açúcar
Biomassa Madeira
e Madeira
Ag. gaseificador Vapor d’água + N2 Vapor d’água + N2
Dinerte 1,5 mm 1,5 mm
Dbagaco 1,5 mm 1,5 mm
Npart,inerte 40000 40000
Qmag,gas 0,18935 g/s 0,18935 g/s
Qmbio 0,03125 g/s 0,03125 g/s
Treator 1093,15 K 1093,15 K
Tent−ag,gas 573,15 K 573,15 K
Tent−bio 573,15 K 573,15 K
Vapor/Biomassa 1,2 1,2
Para facilitar a comparação entre os casos que são avaliados neste trabalho, a
Tab. 7.8 mostra um resumo de todas situações que são simuladas (BM se refere à
biomassa, BCA se refere ao bagaço da cana-de-açúcar, MAD à madeira e VAP ao
vapor d’água).
Com o intuito de reduzir o tempo necessário para que a simulação atinja o
regime “falso-permanente”, a temperatura inicial do sistema foi especificada como
sendo igual as temperaturas das paredes.
Por conta do alto custo computacional, as simulações foram limitadas a 10 s de
operação do equipamento. Embora este perı́odo de tempo não seja adequado para
avaliar na prática o funcionamento de um equipamento, desde a partida até o regime
96
Tabela 7.8: Resumo dos casos simulados no presente trabalho.
Temp.
Qmbio Agente Qmag,gas de Dpart
Caso BM
[g/s] Gaseif. [g/s] Parede [mm]
[K]
97
mı́nimo e máximo, 10−10 s e 1, 0 s, respectivamente. Em geral, percebeu-se que o
passo de tempo flutuava entre 10−3 s e 10−6 s durante as simulações.
Com relação aos métodos de discretização, foi adotada a mesma estratégia em-
pregada por VERISSIMO (2014). Os métodos de primeira ordem, como o upwind,
não conseguem descrever de maneira realista o processo de formação de bolhas,
porém, os métodos de segunda ordem, como o superbee, apesar de proporcionar
resultados mais realistas, incorrem em um aumento considerável do custo compu-
tacional (VERISSIMO, 2014). Com isto, durante os 5 s iniciais da simulação, será
utilizado o método de primeira ordem upwind, sendo utilizado o superbee nos 5 s
finais, de forma que, embora menos acurado, o método de primeira ordem, mais
estável, possa ser utilizado para obter uma boa “condição inicial”para a utilização
do método de ordem mais alta.
98
Capı́tulo 8
Análise da Malha
Neste capı́tulo, é feita uma análise da malha utilizada, tendo o Caso Base como
referência, afim de aumentar a confiança nos resultados gerados pelas simulações.
99
Figura 8.1: Malha utilizada no presente trabalho.
100
• Razão de aspecto
Embora não tenham sido encontrados valores limites para este parâmetro, temos
que, idealmente, quanto mais próximo da unidade, melhor a qualidade dos resultados
gerados, embora nem sempre seja possı́vel e, em alguns casos, desejado.
No presente trabalho a razão de aspecto dos elementos computacionais é igual à
2, para todos os elementos.
• Skewness
Este parâmetro representa o desvio entre o vetor que liga o centro de dois volumes
de controle adjacentes e o vetor normal à face compartilhada entre estes dois volumes
de controle.
Para o tipo de malha gerada neste trabalho, com elementos hexaédricos, o
parâmetro skewness é avaliado a partir do máximo desvio relativo dos ângulos nas
faces dos elementos em relação ao ângulo de 90◦ (Fig. 8.3). Este parâmetro possui
valores entre 0 e 1, podendo ser calculado pela Eq. (8.1), sendo 0 o melhor resultado
e 1 o pior resultado possı́vel.
◦
90 − θmax 90◦ − θmin
Skewness = max
, (8.1)
90◦ 90◦
101
Figura 8.3: Ângulos da face do elemento para avaliação do parâmetro skewness.
• Smoothness
• Ortogonalidade
Esta métrica refere-se ao desvio entre o vetor que liga o centro de dois elementos
adjacentes e o vetor normal a superfı́cie que une os dois elementos (Fig. 8.5). Este
parâmetro afeta principalmente a discretização do vetor gradiente, além de afetar a
aproximação numérica dos fluxos calculados.
102
Figura 8.5: Métrica de ortogonalidade (SILVA, 2015).
No presente trabalho o desvio entre tais vetores é nulo, não apresentando pro-
blemas de não-ortogonalidade.
A avaliação das métricas citadas não aponta quaisquer problemas na malha uti-
lizada que possam afetar os resultados obtidos.
103
Figura 8.6: Malha gerada para avaliação da independência dos resultados.
• Qualidade do gás
As Tabs. 8.1, 8.2, 8.3 e 8.4 exibem os valores médios das frações mássicas das
espécies, em base seca e livre de N2 em diferentes alturas do reator. A média foi
tomada nos dois últimos segundos de operação, para que o transiente inicial tenha
menor influência sobre os resultados.
104
Tabela 8.1: Avaliação da malha - Média das frações mássicas de H2 em diferentes
alturas do reator.
Tabela 8.2: Avaliação da malha - Média das frações mássicas de CH4 em diferentes
alturas do reator.
Tabela 8.4: Avaliação da malha - Média das frações mássicas de CO2 em diferentes
alturas do reator.
105
• Temperatura do gás na saı́da do reator
A Fig. 8.7 exibe o valor médio da temperatura dos gases no interior do reator.
A Tab. 8.5 mostra o valor médio obtido para a temperatura dos gases na saı́da
do reator e a diferença relativa entre tais valores, com relação ao valor obtido com
a malha utilizada neste trabalho refinada. Novamente, a média foi tomada nos dois
últimos segundos de operação, para que o transiente inicial tenha menor influência
sobre os resultados.
106
Tendo em vista os resultados obtidos, conclui-se que a independência dos re-
sultados da simulação em relação à malha foi alcançada e a malha utilizada para
discretizar o domı́nio se mostra adequada ao estudo.
107
Capı́tulo 9
108
s finais das simulações, que representaram um total de 10 s de operação do equipa-
mento, de modo a considerar o perı́odo que a simulação já alcançou a condição de
“falso permanente”.
Todas as simulações foram executadas em um cluster de alto desempenho com
19 máquinas Intel Xeon 2.4 Ghz, com 24 núcleos cada máquina. Foram utilizados
18 núcleos de uma mesma máquina para cada simulação.
A seguir são apresentados os resultados obtidos nas simulações realizadas.
Caso Base
109
Tabela 9.2: Caso Base - Média da temperatura dos gases na saı́da do reator.
Caso Base
Tg 1069,6 K
A Tab. 9.3 apresenta os valores médios obtidos para as taxas das reações mode-
ladas.
H2 0,054 0,22
CH4 0,016 0,07
CO 0,135 0,56
CO2 0,036 0,15
110
Tabela 9.5: Caso Base - PCI.
Perı́odos avaliados
5-7 s 5-9 s 5-11 s 5-13 s 5-15 s
1072,4 1070,3 1068,6 1066,6 1064,5
Var. em relação ao perı́odo 5-10 s [%]
0,3 0,1 0,1 0,3 0,5
111
Tabela 9.7: Método de Discretização - Composição mássica média do gás na saı́da
do reator.
Diante dos valores expostos, foi considerado que o valor médio dos parâmetros
avaliados não sofreu variação significativa e que, portanto, o regime ”falso-
permanente”foi alcançado, tendo o método de 1a ordem, utilizado no inı́cio da si-
mulação, pouco impacto sobre os resultados obtidos.
112
Para avaliar o impacto da utilização do valor de 1 × 10−1 , outras três simulações
foram realizadas, tendo o Caso Base como referência, onde os valores de tolerância
de resı́duos foram alterados. As Tabs. 9.9, 9.10 e 9.11, a seguir, mostram os resul-
tados obtidos e as diferenças relativas as Caso Base original. As simulações nesta
seção foram limitadas à 5 s de duração, por conta do maior custo computacional
e os valores foram tomados no perı́odo entre 3 e 5 s de simulação, de modo que o
transiente inicial tenha menor relevância sobre os resultados obtidos.
Tolerância de Resı́duos
1 × 10−2 1 × 10−3 1 × 10−4
1076,9 1074,4 1076,5
Var. relativa Caso Base [%]
0,2 0,1 0,1
...
...
...
...
...
113
Tabela 9.11: Tolerância de Resı́duos - Variação da composição média do gás na saı́da
do reator em relação à tolerância de 1 × 10−1
Variação [%]
A razão entre a soma da massa que deixa o reator e massa que está no interior
do reator, e massa injetada (gás e biomassa) é da ordem de 99,9%.
Conclui-se que o balanço de massa foi verificado com sucesso, considerando o
erro obtido aceitável.
114
9.2 Casos 1 e 2 - Influência do Tamanho das
Partı́culas
Os resultados exibidos nesta seção são utilizados para avaliação da influência do
tamanho das partı́culas no processo de gaseificação. O Caso Base utiliza partı́culas
com diâmetro igual à 1,5 mm, enquanto os casos 1 e 2 utilizam partı́culas com
diâmetros iguais a 2,0 mm e 2,5 mm, respectivamente. Ressalta-se que as vazões
de agente gaseificador e biomassa foram alteradas de forma a manter a mesma
velocidade superficial do agente gaseificador e mesma razão entre massa de vapor
d’água injetada e massa de biomassa injetada em todos os casos simulados.
A Tab. 9.13 exibe a comparação entre os tempos de simulação de ambos os casos
com o Caso Base.
Caso 1 Caso 2
115
Figura 9.2: Temperatura dos gases na saı́da do reator - Casos 1 e 2.
116
Figura 9.3: Altura inicial do leito nos casos Base, 1 e 2 - medidas em cm.
Temos que o peso aparente do leito, P apleito , é dado pela Eq. (9.1).
onde Heleito é a altura do leito fixo, Asec,leito é a área da seção transversal do leito e
ρp,leito é a massa especı́fica da partı́cula que forma o leito.
Pode-se utilizar então, a relação de Ergun (Eq. (9.2)) para obtenção da variação
de pressão no leito, de acordo com XU e ZHU (2008).
117
Tabela 9.16: Velocidade mı́nima de fluidização dos Casos Base, 1 e 2.
e variação no número de moles dos gases, os Casos 1 e 2 requerem uma maior vazão
de agente gaseificador para que o comportamento fluidodinâmico do sistema seja
compatı́vel com o Caso Base. Este comportamento já era esperado, uma vez que a
massa das partı́culas dos Casos 1 e 2 é maior, e, consequentemente, requerem maior
arrasto para que sejam fluidizadas. As Figs. 9.4, 9.5 e 9.6 mostram a diferença na
fluidização dos leitos dos Casos Base, 1 e 2 em diferentes instantes de tempo.
118
Figura 9.5: Fluidização do leito do Caso 1.
A Tab. 9.17 mostra a média das taxas das reações quı́micas que ocorrem no
processo, enquanto a Tab. 9.18 mostra a variação percentual das taxas das reações
quı́micas dos Casos 1 e 2 em relação ao Caso Base.
Com a variação da temperatura do sistema, explicada anteriormente, e ainda a
redução de área de superfı́cie das partı́culas, por conta do aumento do diâmetro das
mesmas, como era de se esperar, as taxas da reações quı́micas modeladas também
apresentaram alterações em relação ao Caso Base.
As Tabs. 9.19 e 9.20 mostram a quantidade de gás produzido durante o perı́odo
de 5 a 10 s, a relativa fração mássica, em base seca e livre de N2 e a diferença relativa
ao Caso Base em ambos os casos.
É possı́vel observar que o aumento do tamanho das partı́culas favorece a formação
119
Figura 9.7: Velocidade média dos Casos Base, 1 e 2.
120
Tabela 9.17: Médias das taxas de reações quı́micas dos Casos Base, 1 e 2.
Tabela 9.18: Variação das taxas de reações quı́micas dos Casos 1 e 2 em relação ao
Caso Base.
Espécie Qtde. produzida [g] Fração mássica Dif. relativa ao Caso Base [%]
de um gás mais rico em H2 , CH4 e CO2 , enquanto ocorre uma redução na concen-
tração de CO.
Avaliando-se conjuntamente a variação nas taxas das reações quı́micas modela-
121
Tabela 9.20: Caso 2 - Produção de gás.
Espécie Qtde. produzida [g] Fração mássica Dif. relativa ao Caso Base [%]
Caso 1 Caso 2
Verifica-se que o poder calorı́fico inferior do gás produzido foi elevado com o
122
aumento do tamanho das partı́culas. Isso se explica pelo aumento nos teores de H2
e CH4 no gás produzido, uma vez que são os componentes que possuem maiores
poderes calorı́ficos individuais.
Caso 3 Caso 4
123
Figura 9.9: Fluidização do leito - Caso Base.
124
Figura 9.11: Fluidização do leito - Caso 4.
125
Figura 9.12: Velocidade média dos Casos Base, 3 e 4.
126
Figura 9.14: Temperatura dos gases na saı́da do reator - Casos 3 e 4.
energia são afetadas pela temperatura das paredes do reator. Ainda, a maior tem-
peratura nas paredes do reator reduz a transferência de energia das partı́culas e do
gás ao entrar em contato com as paredes, uma vez que o gradiente de temperatura
apresentado é menor.
A Tab. 9.24 mostra a taxa média das reações quı́micas nos Casos Base, 3 e 4, e
a Tab. 9.25 mostra a variação das taxas das reações quı́micas em relação ao Caso
Base.
Tabela 9.24: Médias das taxas de reações quı́micas dos Casos Base, 3 e 4.
127
Tabela 9.25: Variação das taxas de reações quı́micas dos Casos 3 e 4 em relação ao
Caso Base.
Espécie Qtde. produzida [g] Fração mássica Dif. relativa ao Caso Base [%]
Espécie Qtde. produzida [g] Fração mássica Dif. relativa ao Caso Base [%]
128
deste, quando do aumento da temperatura. Verifica-se, porém, que mesmo com o
maior consumo do CH4 , o teor deste componente no gás produzido se elevou. Uma
possı́vel explicação reside na redução das frações mássicas de CO e CO2 , que mos-
traram maior peso na composição do gás produzido, de forma que, ainda que tenha
havido um maior consumo de CH4 em termos volumétricos (as taxas das reações
são dadas em mol), a variação mássica final dos componentes levou à um gás mais
rico em CH4 . A redução da temperatura das paredes do reator beneficiou a reação
de Deslocamento Gás-Água no sentido de formação de CO2 e consumo de CO, fato
que ajuda a entender o comportamento observado no teor deste componente no gás
produzido. Tal comportamento da reação de Deslocamento Gás-Água, em conjunto
com a variação observada nas taxas da reação de Bouduard, que também consome
CO, pode explicar a variação negativa no teor de CO observado no gás produzido.
Enquanto a redução da temperatura apresentou efeito menor sobre a fração mássica
de H2 , o aumento da temperatura fez com que a fração mássica de H2 se elevasse
consideravelmente. O aumento na concentração mássica de H2 é diretamente rela-
cionado ao grande aumento na taxa da reação de reforma de Metano comentada
anteriormente.
Partindo da composição do gás obtida, avalia-se a influência da temperatura do
reator sobre o poder calorı́fico inferior do gás produzido. A Tab. 9.28 apresenta o
poder calorı́fico inferior do gás produzido (em base seca e livre de N2 ) e a variação
em relação ao Caso Base.
Caso 3 Caso 4
Verifica-se que o poder calorı́fico inferior do gás produzido foi elevado com o
aumento da temperatura do reator, o que pode ser explicado pelo aumento nos
teores de H2 e CH4 no gás produzido, uma vez que são os componentes que possuem
maiores poderes calorı́ficos individuais. Já a redução na temperatura não apresentou
uma diferença grande em relação ao Caso Base. Isso se explica pelo manutenção do
129
nı́vel de H2 , componente com maior poder calorı́fico inferior.
Caso 5
130
Figura 9.15: Temperatura dos gases na saı́da do reator - Caso 5.
plausı́vel para tal consiste no acréscimo de energia liberada pelas reações de oxidação,
altamente exotérmicas, e que não ocorrem na gaseificação com vapor d’água, como
no Caso Base.
O padrão de fluidização no Caso 5 (Fig. 9.16), quando comparado visualmente
com o padrão observado no Caso Base (Fig. 9.9), se mostra relativamente seme-
lhante, não sendo possı́vel apontar grandes diferenças.
Como não ocorre variação grande na temperatura do sistema em relação ao Caso
Base, e as demais condições de contorno são idênticas nos dois casos, a semelhança
no padrão de fluidização de ambos os casos se mostra coerente.
As Figs. 9.17 e 9.18 exibem os valores médios dos campos de velocidade e
temperatura do gás no interior do reator nos Caso Base e 5.
As Tabs. 9.31 e 9.32 apresentam, respectivamente, os valores médios das taxas
das reações quı́micas e as diferenças relativas ao Caso Base dessas taxas.
A Tab. 9.33 mostra a quantidade de gás produzido durante o perı́odo de 5 a 10
s, a relativa fração mássica, em base seca e livre de N2 e a diferença relativa ao Caso
Base.
Avaliando os resultados obtidos, é possı́vel concluir que o emprego de ar aque-
cido, no lugar da mistura de vapor d’água e N2 favorece a formação de CH4 , ao
passo que inibe a formação dos demais componentes. A maior formação de CH4
pode ser justificada pela diferença obtida na taxa de reação da reforma de metano,
131
Figura 9.16: Fluidização do leito - Caso 5.
Tabela 9.31: Médias das taxas de reações quı́micas dos Casos Base e 5.
132
Figura 9.17: Velocidade média dos Casos Base e 5.
também por conta da reação de Oxidação do CO, o que, combinado com a variação
nas taxas das demais reações, causou a queda na fração mássica de CO no gás pro-
duzido, mesmo que as reações de Bouduard e de Deslocamento Gás-Água tenham
sido beneficiadas no sentido de formação deste componente.
Com a definição da composição média do gás produzido, é possı́vel verificar a
influência do agente gaseificador sobre o poder calorı́fico inferior do gás produzido.
A Tab. 9.34 apresenta o poder calorı́fico inferior do gás produzido (em base seca e
livre de N2 ) e a variação em relação ao Caso Base.
Observa-se um aumento considerável do poder calorı́fico inferior do gás produzido
quando da utilização de ar aquecido no lugar da mistura de vapor d’água e N2
como agente gaseificador. Tal aumento é causado pela variação positiva no teor
133
Figura 9.18: Temperatura média dos Casos Base e 5.
de CH4 e H2 no gás produzido, uma vez que são os componentes que apresentam
individualmente os maiores poderes calorı́ficos inferiores.
134
Tabela 9.32: Variação das taxas de reações quı́micas do Caso 5 em relação ao Caso
Base.
Espécie Qtde. produzida [g] Fração mássica Dif. relativa ao Caso Base [%]
Caso 5 - PCI
135
Tabela 9.35: Tempo de simulação dos Casos 6 e 7.
Caso 6 Caso 7
kg/m3 ) é consideravelmente menor que a da madeira (470 kg/m3 ), temos que, para
uma mesma vazão de biomassa, um número maior de partı́culas de bagaço de cana-
de-açúcar é injetado por unidade de tempo, quando comparado a injeção de madeira.
Embora a diferença citada na vazão de biomassa em quantidade de partı́culas no
tempo possa de fato contribuir para que as simulações possuam durações diferentes,
não é possı́vel afirmar com certeza se este é o único fator determinante para tais
diferenças, que chegam a ordem de 50% no Caso 7 em relação ao Caso Base.
A Fig. 9.19 exibe a concentração de bagaço de cana-de-açúcar (a) e madeira
(b) num mesmo instante de tempo na simulação do Caso 6. Verifica-se a maior
quantidade de partı́culas de bagaço de cana-de-açúcar.
As Figs. 9.20 e 9.21 mostram o estado de fluidização dos sistemas em diferentes
instantes de tempo.
Avaliando as condições de fluidização de ambos os casos, não é possı́vel apontar
visualmente grandes diferenças no comportamento fluidodinâmico das simulações.
A Fig. 9.22 exibe o comportamento térmico dos gases na saı́da do reator durante
a simulação.
A Tab. 9.36 mostra o valor médio dos últimos 5 s de simulação da temperatura
dos gases na saı́da do reator.
136
Figura 9.19: Concentração de bagaço de cana-de-açúcar (a) e madeira (b) no Caso
6. As partı́culas escuras representam a biomassa.
Confirmando o que foi visto anteriormente, as Figs. 9.23 e 9.24 exibem os valores
médios dos campos de velocidade e temperatura do gás no interior do reator nos
Caso Base, 6 e 7.
As Tabs. 9.37 e 9.38 apresentam os valores médios das taxas das reações mode-
ladas e também suas variações em relação ao Caso Base.
As Tabs. 9.39 e 9.40 mostram a quantidade de gás produzido durante o perı́odo
de 5 a 10 s, a relativa fração mássica, em base seca e livre de N2 e a diferença relativa
ao Caso Base em ambos os casos.
137
Figura 9.20: Fluidização do leito - Caso 6.
138
Figura 9.22: Temperatura dos gases na saı́da do reator - Casos 6 e 7.
139
Figura 9.24: Temperatura média dos Casos Base, 6 e 7.
tenha tido maior relevância na formação do gás produzido, de forma que este teve
seu teor de CH4 elevado. A redução da fração mássica de CO no gás produzido
pode ser avaliada pela considerável redução nas taxas das reações de Bouduard e
Hidrogaseificação, quando da injeção de madeira no reator.
A seguir é feita a avaliação da influência da biomassa sobre o poder calorı́fico
inferior do gás produzido. A Tab. 9.41 apresenta o poder calorı́fico inferior do gás
140
Tabela 9.38: Variação das taxas de reações quı́micas dos Casos 6 e 7 em relação ao
Caso Base.
Espécie Qtde. produzida [g] Fração mássica Dif. relativa ao Caso Base [%]
Espécie Qtde. produzida [g] Fração mássica Dif. relativa ao Caso Base [%]
141
Tabela 9.41: Casos 6 e 7 - PCI.
Caso 6 Caso 7
foi balanceada pela redução no teor de CO e aumento da fração mássica de CO2 que,
por ser considerado um gás inerte, acaba por reduzir o poder calorı́fico da mistura.
Verifica-se ainda que a utilização de madeira pura como biomassa a ser gaseificada
acarreta em um aumento considerável do poder calorı́fico inferior do gás produzido,
explicado pelos maiores teores de H2 e CH4 e redução do teor de CO2 . Conclui-se
que para situações em que seja desejável a queima do gás produzido, a utilização da
madeira parece ser um opção mais atraente, considerando as composições utilizadas
neste presente trabalho.
142
Capı́tulo 10
Conclusões e Sugestões
143
cesso, uma vez que a velocidade mı́nima de fluidização depende das condições iniciais
do leito. Foi possı́vel constatar ainda que o aumento do tamanho das partı́culas re-
duziu a caracterı́stica reativa do sistema, que se apresenta dependente da relação
entre a área superficial e o volume das partı́culas, além das temperaturas do meio e
das partı́culas, agindo como inibidor das reações quı́micas. Devido ao aumento no
teor de H2 e CH4 , o poder calorı́fico inferior do gás produzido foi elevado quando da
utilização de partı́culas maiores.
Em relação à interferência da temperatura nas paredes do reator, foi observado
que o aquecimento do equipamento foi acompanhado de um considerável aumento
nos nı́veis de H2 e CH4 , enquanto a redução na temperatura acarretou numa maior
variação no teor de CO2 . O aumento da temperatura também favorece a intensi-
ficação da fluidização do leito, além de garantir uma maior temperatura média dos
gases na saı́da do reator. O poder calorı́fico do gás produzido se elevou quando
do aumento da temperatura, porém, no Caso 3, em que foi simulada a situação
com temperaturas inferiores a do Caso Base, o poder calorı́fico inferior se manteve
praticamente constante.
A avaliação da influência do agente gaseificador apontou que a utilização de ar
aquecido, ao invés do vapor d’água, e a consequente etapa de oxidação, de carac-
terı́stica exotérmica, que advém da presença de O2 no agente gaseificador eleva-
ram ligeiramente a temperatura de saı́da dos gases produzidos, além de favorecer a
formação de CH4 , H2 e CO2 , e de reduzir a formação de CO. O poder calorı́fico do
gás produzido a partir da gaseificação com ar aquecido se mostrou consideravelmente
maior que o obtido com a mistura de vapor d’água e N2 .
A utilização de madeira ou da mistura de madeira com bagaço de cana-de-açúcar
como biomassa a ser gaseificada não implicou em grandes diferenças em termos de
fluidização do leito. Foi possı́vel constatar que quanto maior o teor de madeira
no processo, maior a formação de H2 e CH4 , e menor o teor de CO. A variação
da temperatura média dos gases na saı́da do reator se mostrou desprezı́vel. Sobre
a qualidade do gás produzido, foi verificado que a utilização da madeira favorece a
produção de gás com maior poder calorı́fico inferior, o que, dependendo da aplicação
desejada, pode tornar o uso da madeira mais interessante que o uso do bagaço da
cana-de-açúcar.
144
Tendo em vista os resultados obtidos com os casos 5, 6 e 7, pode-se concluir
que a utilização de madeira como biomassa e ar aquecido como agente gaseificador
resultaria em uma combinação que pode elevar de maneira ainda mais proeminente
o poder calorı́fico do gás gerado. Esta hipótese não foi avaliada neste trabalho, mas
pode ser verificada em alguns trabalhos observados na literatura de referência (e.g.
OEVERMANN et al. (2009), GERBER e OEVERMANN (2014) e GERBER et al.
(2010) ).
No geral, concluiu-se que a quantidade de partı́culas no sistema é o principal
parâmetro que afeta o custo computacional da simulação Euler-Lagrange. Verifica-
se também que quanto mais intensa a fluidização do sistema, menor o tempo de
simulação, devido a menor quantidade de colisões entre as partı́culas.
Após este primeiro trabalho envolvendo a simulação Euler-Lagrange do bagaço
da cana-de-açúcar, sugere-se que estudos mais aprofundados sobre o processo sejam
realizados, como verificação da influência de diferentes modelos de transferência de
energia (radiação/condução/convecção) e proporção de energia transferida sob os
diferentes modos, além de verificar diferentes correlações de arrasto e modelos de
turbulência e sua interferência no comportamento termofluidodinâmico do sistema.
A revisão bibliográfica mostra que tais fatores ainda não foram muito explorados nos
estudos do processo de gaseificação e, portanto, representam linhas de trabalho que
podem ajudar a compreender e predizer melhor o complexo processo de gaseificação.
Como não há o acompanhamento de cada partı́cula individualmente, já que
estas são representadas por grupos de partı́culas (chamadas parcelas), tendendo
à um custo computacional menor, o método MPPIC pode ser avaliado quanto à
sua capacidade de representar o processo de gaseificação, comparando-o ao método
DEM.
Outra frente de estudos interessante pode ser a avaliação mais detalhada das
caracterı́sticas reativas do sistema. Diferentes modelos das reações presentes no
processo podem ser avaliados, com especial atenção à modelagem da pirólise do
bagaço da cana-de-açúcar, que representa uma das principais dificuldades encon-
tradas na literatura estudada. Como as taxas da reações quı́micas normalmente
se apresentam dependentes de diversos fatores (e.g. temperatura, concentração dos
componentes, área e volume das partı́culas), sendo estas dependências altamente
145
não-lineares, um esforço no sentido de encontrar modelos reativos cada vez mais
adequados se apresenta de grande valia.
Aproveitando a utilização do método Euler-Lagrange, apesar de requerer custo-
mização dos softwares disponı́veis atualmente, o estudo com partı́culas de diferentes
formatos, além do esférico (na prática é comum encontrar partı́culas em formatos
oblongos ou achatados), parece ser uma interessante alternativa que pode ajudar
a aumentar a eficiência do processo, assim como o emprego de partı́culas com dis-
tribuição de diferentes tamanhos, outra caracterı́stica do processo de gaseificação
encontrada comumente na prática.
Devido ao alto custo computacional do método Euler-Lagrange/DEM, sugere-se
a avaliação de diferentes formas e estratégias de paralelização da simulação, com o
objetivo de obter tempos menores de simulação.
146
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153
Apêndice A
Parâmetros Numéricos e de
Configuração das Simulações
154
Continuação da Tab. A.1
Parâmetro Valor
Esquema numérico para Upwind de 0 a 5 s
discretizar termos convectivos Superbee de 5 a 10 s
Algoritmo para solução
Gradiente bi-conjugado estabilizado
de sistema lineares de equações
Pressão: 0,8
Quantidade de movimento: 0,5
Fatores de sub-relaxação
Energia: 1,0
Espécies: 1,0
Número de processos em paralelo 18
155
Apêndice B
Arquivo mfix.dat
156
K_EPSILON = .TRUE.
MU_GMAX = 1000
GRAVITY = 981
DRAG_TYPE = 'GIDASPOW'
DES_COLL_MODEL = 'HERTZIAN'
DES_INTG_METHOD = 'EULER'
#_______________________________________________________________________
# NUMERICAL SECTION
MAX_NIT = 5000
NORM_g = 0
NORM_s = 0
TOL_RESID = 1.0d-1
TOL_RESID_T = 1.0d-1
TOL_RESID_X = 1.0d-1
DISCRETIZE(1) = 2 !0
DISCRETIZE(2) = 2 !0
DISCRETIZE(3) = 2 !0
DISCRETIZE(4) = 2 !0
DISCRETIZE(5) = 2 !0
DISCRETIZE(6) = 2 !0
DISCRETIZE(7) = 2 !0
DISCRETIZE(8) = 2 !0
DISCRETIZE(9) = 2 !0
#_______________________________________________________________________
# GEOMETRY SECTION
COORDINATES = 'CARTESIAN'
#_______________________________________________________________________
# MATERIAL SECTION
! GAS SECTION
!---------------------------------------------------------------------//
NMAX_g = 7
! PARTICLE SECTION
!---------------------------------------------------------------------//
MMAX = 2
!Particle-particle:
DES_ET_INPUT = 0.9, 0.9, 0.9
E_YOUNG = 5.0d7, 5.0d7
V_POISSON = 0.3, 0.3
MEW = 0.3 ! Friction coefficient
!Particle-wall
DES_ET_WALL_INPUT = 0.9, 0.9
157
EW_YOUNG = 5.0d7
VW_POISSON = 0.3
MEW_W = 0.3 ! Friction coefficient
!Restitution coefficients
DES_EN_INPUT = 0.9, 0.9, 0.9 ! e11, e12, e22
DES_EN_WALL_INPUT = 0.9, 0.9 ! e1w, e2w
DES_CONV_CORR = 'RANZ_1952'
! Solids phase 1
!---------------------------------------------------------------------//
SOLIDS_MODEL(1) = 'DEM'
NMAX_s(1) = 1
SPECIES_S(1,1) = 'SAND' SPECIES_ALIAS_S(1,1) = 'SAND'
DES_Em(1) = 0.9
! Solids phase 2
!---------------------------------------------------------------------//
SOLIDS_MODEL(2) = 'DEM'
NMAX_s(2) = 5
INERT_SPECIES(2) = 3
DES_Em(2) = 0.9
#_______________________________________________________________________
# INITIAL CONDITIONS SECTION
# PARTE INFERIOR
IC_X_w(1) = 0.0
IC_X_e(1) = 23.0
IC_Y_s(1) = 0.0
IC_Y_n(1) = 35.0
158
IC_EP_g(1) = 0.42
IC_EP_s(1,1) = 0.58
IC_EP_s(1,2) = 0.0
IC_X_g(1,1) = 0.0d0
IC_X_g(1,2) = 0.0d0
IC_X_g(1,3) = 0.0d0
IC_X_g(1,4) = 0.0d0
IC_X_g(1,5) = 0.0d0
IC_X_g(1,6) = 1.0d0
IC_X_g(1,7) = 0.0d0
IC_X_S(1,1,1) = 1.0
IC_P_g(1) = 1013250.0
IC_U_g(1) = 0.0
IC_V_g(1) = 0.0
IC_U_s(1,1) = 0.0
IC_V_s(1,1) = 0.0
IC_U_s(1,2) = 0.0
IC_V_s(1,2) = 0.0
IC_K_Turb_G(1) = 1000.0
IC_E_Turb_G(1) = 10000.0
IC_T_g(1) = 1093.15
IC_T_s(1,1) = 1093.15
# PARTE SUPERIOR
IC_X_w(2) = 0.0
IC_X_e(2) = 23.0
IC_Y_s(2) = 35.0
IC_Y_n(2) = 150.0
IC_EP_g(2) = 1.0
IC_EP_s(2,1) = 0.0
IC_EP_s(2,2) = 0.0
IC_X_g(2,1) = 0.0d0
IC_X_g(2,2) = 0.0d0
IC_X_g(2,3) = 0.0d0
IC_X_g(2,4) = 0.0d0
IC_X_g(2,5) = 0.0d0
IC_X_g(2,6) = 1.0d0
IC_X_g(2,7) = 0.0d0
IC_P_g(2) = 1013250.0
IC_U_g(2) = 0.0
IC_V_g(2) = 0.0
IC_U_s(2,1) = 0.0
IC_V_s(2,1) = 0.0
IC_U_s(2,2) = 0.0
IC_V_s(2,2) = 0.0
IC_K_Turb_G(2) = 1000
IC_E_Turb_G(2) = 10000
IC_T_g(2) = 1093.15
IC_T_s(2,1) = 1093.15
#_______________________________________________________________________
# BOUNDARY CONDITIONS SECTION
! Central Jet
!---------------------------------------------------------------------//
BC_X_w(1) = 11.0
BC_X_e(1) = 12.0
BC_Y_s(1) = 0.0
BC_Y_n(1) = 0.0
BC_TYPE = 'MI'
159
BC_EP_g(1) = 0.99
BC_EP_S(1,1) = 0.0
BC_EP_S(1,2) = 0.01
BC_P_g(1) = 1013250.0
BC_T_g(1) = 573.15
BC_T_S(1,2) = 573.15
BC_X_g(1,6) = 0.802 !N2
BC_X_g(1,1) = 0.198 !H2O (1.2*biomassfeed/gasfeed)
BC_X_s(1,2,1) = 0.9573
BC_X_s(1,2,2) = 0.0426
BC_X_s(1,2,3) = 0.0001
BC_K_Turb_G(1) = 1000.0
BC_E_Turb_G(1) = 10000.0
BC_TYPE(2) = 'PO'
BC_P_g(2) = 1013250.0
BC_HW_T_G(2) = 0.0d0
BC_C_T_G(2) = 0.0d0
BC_HW_T_S(2,1) = 0.0d0
BC_C_T_S(2,1) = 0.0d0
BC_HW_T_S(2,2) = 0.0d0
BC_C_T_S(2,2) = 0.0d0
! LEFT WALL:
!---------------------------------------------------------------------//
BC_X_w(3) = 0.0
BC_X_e(3) = 0.0
BC_Y_s(3) = 0.0
BC_Y_n(3) = 150.0
BC_UW_G(3) = 0.0d0
BC_VW_G(3) = 0.0d0
BC_WW_G(3) = 0.0d0
BC_hw_X_g(3,1) = 0.0d0
BC_C_X_g(3,1) = 0.0d0
BC_hw_X_g(3,2) = 0.0d0
BC_C_X_g(3,2) = 0.0d0
BC_hw_X_g(3,3) = 0.0d0
BC_C_X_g(3,3) = 0.0d0
BC_hw_X_g(3,4) = 0.0d0
BC_C_X_g(3,4) = 0.0d0
BC_hw_X_g(3,5) = 0.0d0
BC_C_X_g(3,5) = 0.0d0
BC_hw_X_g(3,6) = 0.0d0
BC_C_X_g(3,6) = 0.0d0
BC_hw_X_g(3,7) = 0.0d0
BC_C_X_g(3,7) = 0.0d0
BC_TYPE(3) = 'NSW'
BC_UW_G(3) = 0.0
BC_VW_G(3) = 0.0
BC_K_TURB_G(3) = 0.0
BC_E_TURB_G(3) = 0.0
160
BC_TW_G(3) = 1093.15
BC_TW_S(3,1) = 1093.15
BC_TW_S(3,2) = 1093.15
! RIGHT WALL:
!---------------------------------------------------------------------//
BC_X_w(4) = 23.0
BC_X_e(4) = 23.0
BC_Y_s(4) = 0.0
BC_Y_n(4) = 150.0
BC_UW_G(4) = 0.0d0
BC_VW_G(4) = 0.0d0
BC_WW_G(4) = 0.0d0
BC_hw_X_g(4,1) = 0.0d0
BC_C_X_g(4,1) = 0.0d0
BC_hw_X_g(4,2) = 0.0d0
BC_C_X_g(4,2) = 0.0d0
BC_hw_X_g(4,3) = 0.0d0
BC_C_X_g(4,3) = 0.0d0
BC_hw_X_g(4,4) = 0.0d0
BC_C_X_g(4,4) = 0.0d0
BC_hw_X_g(4,5) = 0.0d0
BC_C_X_g(4,5) = 0.0d0
BC_hw_X_g(4,6) = 0.0d0
BC_C_X_g(4,6) = 0.0d0
BC_hw_X_g(4,7) = 0.0d0
BC_C_X_g(4,7) = 0.0d0
BC_TYPE(4) = 'NSW'
BC_UW_G(4) = 0.0
BC_VW_G(4) = 0.0
BC_K_TURB_G(4) = 0.0
BC_E_TURB_G(4) = 0.0
BC_TW_G(4) = 1093.15
BC_TW_S(4,1) = 1093.15
BC_TW_S(4,2) = 1093.15
BC_UW_G(5) = 0.0d0
BC_VW_G(5) = 0.0d0
BC_WW_G(5) = 0.0d0
BC_hw_X_g(5,1) = 0.0d0
BC_C_X_g(5,1) = 0.0d0
BC_hw_X_g(5,2) = 0.0d0
BC_C_X_g(5,2) = 0.0d0
BC_hw_X_g(5,3) = 0.0d0
BC_C_X_g(5,3) = 0.0d0
BC_hw_X_g(5,4) = 0.0d0
BC_C_X_g(5,4) = 0.0d0
BC_hw_X_g(5,5) = 0.0d0
BC_C_X_g(5,5) = 0.0d0
BC_hw_X_g(5,6) = 0.0d0
BC_C_X_g(5,6) = 0.0d0
BC_hw_X_g(5,7) = 0.0d0
BC_C_X_g(5,7) = 0.0d0
BC_TYPE(5) = 'NSW'
BC_UW_G(5) = 0.0
BC_VW_G(5) = 0.0
161
BC_K_TURB_G(5) = 0.0
BC_E_TURB_G(5) = 0.0
BC_TW_G(5) = 1093.15
BC_TW_S(5,1) = 1093.15
BC_TW_S(5,2) = 1093.15
BC_UW_G(6) = 0.0d0
BC_VW_G(6) = 0.0d0
BC_WW_G(6) = 0.0d0
BC_hw_X_g(6,1) = 0.0d0
BC_C_X_g(6,1) = 0.0d0
BC_hw_X_g(6,2) = 0.0d0
BC_C_X_g(6,2) = 0.0d0
BC_hw_X_g(6,3) = 0.0d0
BC_C_X_g(6,3) = 0.0d0
BC_hw_X_g(6,4) = 0.0d0
BC_C_X_g(6,4) = 0.0d0
BC_hw_X_g(6,5) = 0.0d0
BC_C_X_g(6,5) = 0.0d0
BC_hw_X_g(6,6) = 0.0d0
BC_C_X_g(6,6) = 0.0d0
BC_hw_X_g(6,7) = 0.0d0
BC_C_X_g(6,7) = 0.0d0
BC_TYPE(6) = 'NSW'
BC_UW_G(6) = 0.0
BC_VW_G(6) = 0.0
BC_K_TURB_G(6) = 0.0
BC_E_TURB_G(6) = 0.0
BC_TW_G(6) = 1093.15
BC_TW_S(6,1) = 1093.15
BC_TW_S(6,2) = 1093.15
#_______________________________________________________________________
# CHEMICAL REACTION SECTION
@(RXNS)
@(END)
@(DES_RXNS)
162
dh = 0.0
fracdh(0) = 1.0
}
@(DES_END)
#_______________________________________________________________________
# OUTPUT CONTROL SECTION
NRR = 20
DES_REPORT_MASS_INTERP = .TRUE.
DEBUG_DES = .TRUE.
#_______________________________________________________________________
# DMP SETUP
ENABLE_DMP_LOG = .F.
CHK_BATCHQ_END = .F.
#_______________________________________________________________________
THERMO DATA
163
CO2 L 7/88C 1O 2 0 0G 200.000 6000.000 A 44.00000 1
0.46365111E+01 0.27414569E-02-0.99589759E-06 0.16038666E-09-0.91619857E-14 2
-0.49024904E+05-0.19348955E+01 0.23568130E+01 0.89841299E-02-0.71220632E-05 3
0.24573008E-08-0.14288548E-12-0.48371971E+05 0.99009035E+01-0.47328105E+05 4
164
Apêndice C
165
DOUBLE PRECISION, PARAMETER:: RGASS = 8.31447d0 ! J/(mol-K)
INCLUDE 'species.inc'
!Definicoes
DOUBLE PRECISION :: kR4f, kR4b, kR3, kR6, kR7, kR8
166
ELSE
RATES(R7) = ZERO
END IF
! Write the reaction rate data into .SPA file and for visualizing.
!---------------------------------------------------------------------//
if(R3 <= NRR)ReactionRates(ijk,R3) = RATES(R3)
if(R4f<=NRR)ReactionRates(ijk,R4f)=RATES(R4f)-RATES(R4b)
if(R4b<=NRR)ReactionRates(ijk,R4b)=RATES(R4b)-RATES(R4f)
if(R6 <= NRR)ReactionRates(ijk,R6) = RATES(R6)
if(R7 <= NRR)ReactionRates(ijk,R7) = RATES(R7)
if(R8 <= NRR)ReactionRates(ijk,R8) = RATES(R8)
RETURN
167
Apêndice D
A seguir é apresentado o arquivo usr rates des.f, onde são definidas as in-
formações relativas às taxas das reações quı́micas heterogêneas modeladas no MFiX.
168
INTEGER, INTENT(IN) :: NP ! Global index of particle
INTEGER, INTENT(IN) :: pM ! Solid phase index of particle NP
INTEGER, INTENT(IN) :: IJK ! Fluid cell index containing NP
INCLUDE 'species.inc'
! Gas concentrations
DOUBLE PRECISION :: c_H2, c_CH4, c_CO2, c_CO, c_H2O, c_O2, c_BAGACO, c_CHAR
!Definicoes
DOUBLE PRECISION :: Tp, Dp0, aux1, aux2, mchar, Sa, Volp, kO2, Xc, rpyr, mccbio, mbagaco,
mwater, m0charbagaco
DOUBLE PRECISION :: rdiff, rkin, rpyrgas, rpyrchar, Ap, TGX, mpart, molwater, revap,
molchar, kR5
mpart =
(Volp/((DES_X_s(NP,BAGACO)/0.250)+(DES_X_s(NP,CHARBIO)/0.250)+(DES_X_s(NP,ASH)/0.250)+(D
ES_X_s(NP,water)/1.0)))
mccbio = mpart*DES_X_s(NP,CHARBIO)
mbagaco = mpart*DES_X_s(NP,BAGACO)
c_BAGACO=mbagaco/128.0 !wood mols per particle
mwater = mpart*DES_X_s(NP,WATER)
m0charbagaco = (4/3)*3.1416*((0.02/2)**3)*0.25*0.1103
! Reaction rates:
!`````````````````````````````````````````````````````````````````````//
! Include reaction rates here. Reaction rates should be stored in the
! variable DES_RATES. The reaction name given in the data file can be
! used to store the rate in the appropriate array location. Additional
! input format parameters are given in Section 4.11 of the code Readme.
169
IF ((DES_X_s(NP,CHARBIO).GT.0).and.(X_g(IJK,CO2).GT.0) .and.
DES_X_s(NP,BAGACO).LT.0.001) THEN
DES_RATES(R1) = 1000*Ap*pCO2*((rdiff*rkin)/(rdiff+rkin))/(12.0)![mol/s]
ELSE
DES_RATES(R1) = 0.0d0
ENDIF
IF ((DES_X_s(NP,CHARBIO).NE.0).and.(X_g(IJK,H2O).NE.0).and.pm==2 .and.
DES_X_s(NP,BAGACO).LT.0.001) THEN
DES_RATES(R2) = 1000*Ap*pH2O*((rdiff*rkin)/(rdiff+rkin))/(18.0)![mol/s]
ELSE
DES_RATES(R2) = 0.0d0
ENDIF
IF ((DES_X_s(NP,CHARBIO).GT.0).and.(X_g(IJK,O2).GT.0).and.pm==2 .and.
DES_X_s(NP,BAGACO).LT.0.001) THEN
kR5 = 1.51d6*EXP((-108740.0/(RGASS*Tp)))
Xc = (m0charbagaco-mccbio)/m0charbagaco
molchar=mccbio/12.0
ELSE
DES_RATES(R5) = 0.0d0
ENDIF
!Evap
!-------------------------------------------------------------------
molwater = mwater/18.0d0
revap = 5.13d6*EXP((-87900.0d0/(RGASS*Tp)))*molwater
DES_RATES(Evap) = revap
ELSE
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