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FISIOLOGIA 2º SEMESTRE 2012

Receptores nicotínicos ......................... 313 Repouso............................................ 331


DEFINIÇÃO ........................................... 300
NEUROTRANSMISSORES ..................... 314 Inspiração ......................................... 331
HOMEOSTASE ...................................... 300 Neurotransmissão adrenérgica ........ 314 Expiração.......................................... 331
Epinefrina ............................................. 314
Homeostase no corpo ....................... 300
Norepinefrina (Ne) ............................... 314 FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL .......... 332
Líquidos corporais................................. 300
Dopamina ............................................ 314 TUBO DIGESTÓRIO .............................. 332
TRANSPORTE PELA MEMBRANA .......... 301 Glutamato ........................................ 314 Boca 332
SNC ...................................................... 315 Faríngea ........................................... 333
DIFUSÃO SIMPLES ............................... 301
Córtex cerebral ................................. 315 Motilidade gastrointestinal .............. 333
Difusão Não-eletrólito ...................... 301
Tronco encefálico................................. 315 Controle neuroentérico........................ 333
Coeficiente de partição (CA-CB) ............. 301
Cerebelo............................................... 315
Coeficiente de partição (K) ................... 301 Esôfago ............................................ 333
Talamo e hipotálamo ........................... 315
Área de superfície (A) ........................... 301 Esfíncter cárdia ..................................... 333
Medula espinhal ............................... 316
Difusão de eletrólitos........................ 301 Estomago ......................................... 334
SNP ...................................................... 316 Secreção gástrica de ácido ................... 334
DIFUSÃO FACILITADA .......................... 302
Sistema nervoso autônomo (SNA) .... 316 Fases de secreção................................. 335
TRANSPORTE ATIVO ............................ 302
SISTEMA SOMATOSSENSORIAL (SSS) .. 317 Fatores protetores ............................... 335
Transporte ativo primário ................ 302
Subdivisões ....................................... 317 Intestino delgado ............................. 335
Bomba de 11Na e19K .............................. 302
2+ Inervação da pele ................................. 317 Duodeno .............................................. 335
Bomba de Ca ...................................... 302
- +
Bomba de 1H 19K .................................. 302 SISTEMAS SENSORIAIS ........................ 318 Jejuno 335
Sentido mecânico ............................. 318 Íleo 335
Transporte ativo secundário ............. 303
Co-transporte ....................................... 303 Controle motor ................................. 319 Intestino grosso ................................ 336
Contratransporte .................................. 303 Vias sensoriais .................................. 319 Ceco 336
Receptores sensoriais .......................... 319 Cólon 336
OSMOSE .............................................. 303
Receptores ........................................... 319 Reto 336
Osmolaridade ................................... 303
Tradução sensorial ............................... 319 Anus 336
Pressão osmótica .................................. 304
ORGÃO ACESSÓRIOS ........................... 336
CANAIS IÔNICOS .................................. 304 FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR .............320
Fígado .............................................. 336
Dependentes de voltagem ................ 304
SISTEMA CIRCULATÓRIO (SC) .............. 320 Secreção biliar ...................................... 336
Dependente de ligantes .................... 304
Coração ............................................ 320 Pâncreas ........................................... 337
FISIOLOGIA DO SN ................................ 305 Condução elétrica no coração ............. 321 Suco pancreático .................................. 337
Células marcapasso e não- Amilase ................................................. 338
COMPONENTES CELULARES ................ 305
marcapasso ............................. 322 Lípase 338
Neurônio ........................................... 305 Tripsina ................................................. 338
Contração............................................. 322
Transporte axônico ............................... 306
Ciclo cardíaco ....................................... 323 SISTEMA NERVOS ENTÉRICO (SNE) ..... 338
Matriz de suporte ................................. 307
Vasos ................................................ 324 Neurotransmissores entéricos .......... 339
Neuroglia .......................................... 307
REGULAÇÃO DO VOLUME ................... 325 Controle hormonal da motilidade
Astrócitos.............................................. 307
REGULADORES DO VOLUME ............... 325 gastrointestinal ....................... 339
Podócitos .............................................. 307
Oligodendrócitos .................................. 307 Sistema renina-angiotensina- METABOLISMO ................................... 340
Células Schwann ................................... 307 aldosterona (SRAA) .................. 325 Carboidratos..................................... 340
Barreira hematoencefalica ................... 307 Peptídeos natriuréticos .................... 326 Reações acopladas ............................... 340
BIOELETROGENESE .............................. 308 Hormônios antidiuréticos (ADH) .......... 327 Energia livre ......................................... 340
Potencial de repouso (PR)................. 308 ATP no metabolismo ............................ 340
Nervos simpáticos renais.................. 327
Glicose no metabolismo dos
Potencial de ação (PA) ...................... 308 FLUXO SANGUÍNEO ............................. 328
carboidratos.............................. 340
Limiar 309 Física................................................. 328 Transporte da glicose ........................... 340
Potencial de membrana (PM)........... 310 Pressão sanguínea............................ 328 Pela membrana .................................... 340
Voltímetro ............................................ 311
Facilitação do transporte da glicose
COMUNICAÇÃO CELULAR .................... 312 FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA ...................329 pela insulina .............................. 341
Receptores pós-sinápticos ................ 312 Troca gasosa .................................... 330 Fosforilação da glicose ......................... 341
Receptores ionotrópicos....................... 312 VOLUMES PULMONARES .................... 330 Armazenamento do glicogênio no
Receptores metabotrópicos ................. 312 Capacidade pulmonar ...................... 330 fígado e nos músculos .............. 341
Receptores adrenérgicos .................. 312 Espaço morto ................................... 330 Controle glicêmico ............................... 341
Receptores α......................................... 312 Regulação da glicemia pós-
CONTROLE RESPIRATÓRIO .................. 331
Receptores-β ........................................ 312 alimentar ................................. 341
Estado de alerta ............................... 331
Receptores colinérgicos .................... 313 Manutenção da glicemia no jejum ... 341
Durante o sono ................................. 331
Receptores muscarínicos ...................... 313 Fase absortiva ...................................... 342
CICLO RESPIRATÓRIO .......................... 331
292
Lipídios.............................................. 342 FISIOLOGIA TEGUMENTAR ...................350 Eixo hipotalâmico-hipofisario-sistema
Transporte de lipídio nos líquidos reprodutor ................................ 355
EPIDERME ........................................... 350
corporais ................................... 342 ADENO-HIPOFISE ................................ 356
Remoção dos quilomícrons do sangue . 342 Melanócitos ...................................... 350
Somatotropina (GH) ......................... 356
Ácidos graxos livres .............................. 342 Células de Merkel ............................. 350
NEURO-HIPÓFISE ................................ 356
Lipoproteínas ........................................ 343 Células de Langerhans ...................... 350
Hormônios antidiuréticos (ADH) ...... 356
Lipídios hepáticos ................................. 344 DERME ................................................ 350
Ocitocina .......................................... 356
Síntese de triglicerídeos a partir dos Suprimento sanguíneo e linfático ..... 350
GLÂNDULA TIREÓIDE .......................... 357
carboidratos .............................. 344 Receptores sensoriais ....................... 350
PANCREAS ENDOCRINO ...................... 358
Fosfolipídios e colesterol .................. 344 Pêlos 351
Fosfolipídios .......................................... 344
Insulina ............................................. 358
Cabelos ................................................ 351
Colesterol ............................................. 344 Regulação ............................................. 358
Ciclo de crescimento do cabelo ........ 352 Mecanismo de ação ............................. 358
Proteínas .......................................... 345 Glândulas ......................................... 353
Aminoácidos ......................................... 345
Glucacon .......................................... 358
Glândulas sebáceas .............................. 353 Regulação ............................................. 358
Papeis funcionais das proteínas
Glândulas sudoríparas ......................... 353 Mecanismos de ação ............................ 359
plasmáticas................................ 345
HIPODERME ........................................ 353 PÂNCREAS ........................................... 359
FISIOLOGIA RENAL................................ 347 Insulina ............................................. 359
FISIOLOGIA ENDOCRINA .......................354
RINS ..................................................... 347 Glucagon .......................................... 359
Sistema hormonal ............................ 354
Néfrons ............................................. 347 Somatotastina .................................. 359
HIPÓFISE.............................................. 354
Filtração ................................................ 348 Peptídeo glucagon-símile-1 .............. 359
ADENO HIPÓFISE ...................................... 354
Reabsorção ........................................... 348
Reabsorção ativa ou passiva ................. 348 Inibição por retroalimentação .......... 354 FISIOLOGIA ERÉTIL ............................... 360
Secreção ............................................... 349 Eixo hipotalâmico-hipofisário-
ESTROGÊNIOS E PROGESTOGÊNIOS ..... 362
Excreção ............................................... 349 prolactina ................................. 355
Eixo hipotalâmico-hipofisario-supra-
Micção .............................................. 349
renal ......................................... 355

293
DEFINIÇÃO O LEC é constituído pelo plasma e o líquido
Fisiologia do grego physis=natureza ou função, intersticial; o plasma é o líquido circulante nos
logia=estudo. É o estudo do funcionamento do vasos sanguíneos. O líquido intersticial banha as
corpo, e é o ramo da biologia que estuda as células e é o maior dos dois subcompartimento. Os
múltiplas funções mecânicas, físicas e bioquímicas dois estão separados pelas paredes capilares.
nos seres vivos.

HOMEOSTASE
É a propriedade de um sistema, de regular o seu
ambiente interno para manter uma condição
estável, mediante ajuste de equilíbrio dinâmico
controlado por mecanismo de regulação inter-
relacionado. Termo criado em 1932 por Walter
BradFord Cannon, a partir do grego
Homeo=similar ou igual, stasis =estático.

Figura 1: Walter Bradford Cannon (1871-1945) fisiologista norte Figura 2: Relação entre o meio interno e o externo de um
Americano, dirigiu o laboratório de fisiologia na universidade de organismo. (a) LEC meio do corpo; (b) LIC da maioria das células;
Harvard. (c) meio externo ao corpo; (d) material que entra e sai do corpo.

Homeostase no corpo As diferenças de concentrações dos solutos através


A capacidade de sustentar a vida, no corpo humano da membrana, são geradas e mediadas por
é afetada por um leque de fatores, como a mecanismos de transportes consumidores de
temperatura, a salinidade, o pH, ou as energia.Abomba de 11Na e 19Ktransporta 11Na do
concentrações de nutrientes, como a glicose, íons, LIC para o LEC e, de modo simultâneo, transporta
8O, e resíduos como o CO2 e a ureia.
19K do LEC para o LIC, como os dois íons são
transportados contra seus gradientes, é necessário
Líquidos corporais uma fonte de energia, o ATP.
No ser humano a H2O corresponde a 70% do peso
corporal, a H2O corporal é dividida em dois
compartimentos:

Líquido intracelular (LIC): contido dentro das


células. Seu principal cátion é o 11Na+ e os ânios
que contrabalançarão são o Cl-eoHCO3.
Líquido extracelular (LEC): contido fora das
células: os principais cátions do LEC são o19K e o
12Mg e os ânios que os contrabalançam, são as
proteínas e os fosfatos orgânicos.

300
TRANSPORTE PELA MEMBRANA Coeficiente de partição (CA-CB)
As membranas celulares são compostas por lipídios É a força impulsora para a difusão efetiva. Quanto
e proteínas. O componente lipídico é composto por maior for à diferença de concentração do soluto
fosfolipídios, colesterol e glicolipidios, substâncias entre as soluções A e B, maior a força impulsora e
lipossolúveis, comoCO2,8O, ácidos graxos e maior a difusão efetiva. Se as concentrações nas
hormônios esteroides. Também, é responsável pela duas soluções forem iguais, não haverá força
baixa permeabilidade de membranas a substâncias impulsora nem difusão efetiva.
hidrossolúveis, como íons, glicose e aminoácidos.
Os componentes proteicos da membrana consistem Coeficiente de partição (K)
em transportadores, canais para íons e para H2O.As Descreve a solubilidade em H2O. Quanto maior a
substâncias podem ser transportadas a favor, do solubilidade em relação ao óleo, maior o coeficiente
gradiente de concentração, ou contra este gradiente de partição e mais facilmente o soluto pode
de concentração. O transporte a favor ocorre por dissolver na bicamada lipídica das membranas
difusão simples ou facilitada, não necessitando de celulares. Solutos apolares tendem a ser insolúveis
energia. O transporte contra tal gradiente ocorre por em óleo e ter baixos valores de coeficiente de
transporte ativo, podendo ser primário ou partição. Esse coeficiente pode ser determinado
secundário.No primário há necessidade de energia, pela adição de soluto a uma mistura de azeite e
no secundário, ocorre uso indireto de energia.Outra H2O e, a seguir, dosando-se sua concentração na
diferença entre os mecanismos de transporte é a fase oleosa em relação á sua concentração na fase
presença ou não de proteínas carreadoras. A aquosa.
difusão simples não é mediada por carreador. A concentraçãonoazeite
K= concentraçãonaágua
difusão facilitada, o transporte ativo primário e o
secundário envolvem proteínas integrais, chamadas
de transporte mediado por carreador. Área de superfície (A)
Quanto maior a área disponível da superfície da
DIFUSÃO SIMPLES membrana, maior será a velocidade de difusão. Por
Difusão Não-eletrólito exemplo, gases lipossolúveis, como o 8O e o CO2,
Ocorre como resultado de movimento térmico têm velocidades de difusão particularmente altas
aleatório das moléculas, como a figura abaixo. através das membranas celulares. Essas altas
velocidades podem ser atribuídas a grande área de
superfície para a difusão oferecida pelo
componente lipídico da membrana.

Difusão de eletrólitos
Se o soluto for um íon ou um eletrólito, há duas
consequências adicionais da presença de carga no
Figura 3: Difusão simples soluto.
1ª se houver diferença de potencial através da
Duas soluções A e B, separadas por uma membrana, essa diferença altera a velocidade de
membrana permeável ao soluto, a concentração difusão efetiva de soluto com carga. Por exemplo, a
dosoluto A é, duas vezes maior do que na solução difusão de íons K+ diminuirá se o K+ estiver se
B. As moléculas estão em movimento constante, difundindo para área de carga positiva, e acelerará
com igual probabilidade de que dada molécula se o K+ estiver difundindo para área de carga
atravessará a membrana para a outra solução. positiva, e acelerará se o K+ estiver difundido para
Contudo, como há duas vezes mais moléculas na área de carga negativa. Esse efeito da diferença de
solução A do que em B, haverá maior potencial pode tanto adicionar quanto anular os
movimentação de moléculas de A para B do que de efeitos das diferenças das concentrações,
B para A. dependendo da orientação da diferença de
A difusão efetiva do soluto é chamada de fluxo e potencial e da carga do íon difusível.Se o gradiente
depende das seguintes variáveis: tamanho de concentração e o efeito de carga forem
(intensidade) do gradiente de concentração, orientados no mesmo sentido através da
coeficiente de partição, coeficiente de difusão, membrana, eles se combinarão; se forem
espessura da membrana e área da superfície orientados em sentidos opostos, eles poderão se
disponível para a difusão. cancelar.
2ª quando um soluto com carga se difunde a favor
do gradiente de concentração, a difusão pode, gerar
diferença de potencial através da membrana,
chamado potencial de difusão.

301
DIFUSÃO FACILITADA O ciclo de transporte se inicia com a enzima no
Parecida com a difusão simples, ocorrendo a favor estado E1 que se liga ao ATP. Nesse estado, os
do gradiente de potencial eletroquímico, não locais de ligação do íon estão voltados para o
necessitando de suporte de energia metabólica, a líquido intracelular, e a enzima tem alta afinidade
difusão facilitada utiliza um carreador de membrana, por Na+, três íons Na+ se ligam e o ATP é
isso é a que difere da difusão simples. A difusão hidrolisado, e o fosfato terminal é transferido para a
facilitada ocorre mais rapidamente do que a difusão enzima, gerando uma forma de alta energia.
simples devido à função do carreador. Agora ocorre uma alteração conformacional, e a
enzima se transfere de E1 para E2. No estado E2 os
TRANSPORTE ATIVO sítios de ligação iônicos estação voltados para o
Transporte ativo primário líquido extracelular, a afinidade para Na+ e baixa
Nele um ou mais soluto se movem contra um afinidade para o K+ é alta.
gradiente de concentração. Devido ao fato de se Os três íons de Na+ são liberados da enzima para o
movimentar contra o gradiente é necessário o uso líquido extracelular, são ligados dois íons K+ e alta.
de energia na forma de ATP. Os três íons Na+ e fosfato inorgânico são liberados
O ATP é hidrolisado em difosfato de adenosina de E2. A enzima se liga ao ATP no lado intracelular
ADP e o fosfato inorgânico P, liberando energia da da membrana, e passa por outra alteração
ligação fosfato terminal de alta energia do ATP. conformacional, o que faz com que retorne à sua
Quando o fosfato terminal é liberado, ele se forma original; os dois íons K+ são liberados para o
transfere para a proteína transportadora, iniciando líquido intracelular e as enzimas estãoprontas para
ciclo de fosforilação e desfosforilação. Quando a começar o ciclo.
fonte de energia do ATP é acoplada ao processo de
transporte, ela é chamada de proteína de transporte
primário.

Figura 6: bomba de Na+ K+ das membranas celulares. ADP,


difosfato de adenosina ATP, trifosfato de adenosina; E, Na Na+ K+
ATPase, E~P, Na+ K+ ATPasefosforilada; P, fosfato inorgânico.

Figura 4: transporte ativo primário. Bomba de Ca2+


A maioria das membranas celulares contém uma
Bomba de 11Na e19K Ca2+ATPase ou Ca2+da célula contra o gradiente
Está presente nas membranas de todas as células, eletroquímico; um íon Ca2+ é expulso para cada
bombeando 11Na do LIC para o LEC e 19K do LEC ATP hidrolisado. É responsável por manter muito
para o LIC. Para cada três íons de11Na bombeados baixa a concentração intracelular de Ca2+. O retículo
para fora, dois íons de 19K são bombeados para sarcoplasmático das células musculares e o retículo
dentro da célula. endoplasmático das outras células contêm variantes
A bomba de 11Na e 19K consiste em subunidade α e da Ca2+ATPase que bombeiam dois íons Ca2+ do
β. A subunidade de α contém a atividade ATPásica, LIC para o interior do retículo sarcoplasmático ou
assim como os locais de ligação para os íons endoplasmático, isto é, ocorre sequestro de Ca2+.
transportados, Na+ e K+. a bomba de11Na e19K se Essa variantes são chamadas de Ca2+ATPase dos
alterna entre os dois principais estados retículos sarcoplasmático e endoplasmático.
conformacionais, E1 e E2o estado E1são os sítios de
ligação para Na+ e K+. A função extracelular e Bomba de 1H-19K+
enzima tem alta afinidade por K+à função Esta bomba é encontrada nas células parietais da
transportadora de íons dessa enzima se baseia nos mucosa gástrica e nas células intercaladas α do
ciclos entre os estados E1 e E2 e recebe sua ducto coletor renal. No estômago, ela bombeia 1H+
energia da hidrolise do ATP. do LIC das células parietais para o lúmen do
estomago, onde acidifica os conteúdos gástricos.

Figura 5: bomba de 11Na e 19K.

302
Transporte ativo secundário Contratransporte
São aqueles nos quais é acoplado o transporte de É a forma de transporte ativo secundário na qual os
dois ou mais solutos geralmente 11Na, se movendo solutos se movem em sentido oposto através da
de acordo com seu gradiente de concentração. O membrana celular. O Na+ se move para dentro da
movimento sem gasto de energia do11Na fornece célula por meio do carreador a favor de seu
energia para o movimento com gasto de energia do gradiente eletroquímico: Os solutos que são contra-
outro soluto. Sendo assim o ATP, não é utilizado transportados ou trocados pelo Na+ se movem para
diretamente, mas é fornecida de modo indireto pelo fora da célula.
gradiente de concentração do 11Na através da
membrana celular. O nome secundário se refere à
utilização indireta de ATP como fonte de energia.
Há dois tipos de transporte secundário, distinguido
pela direção do movimento do soluto Uphill. Se o
soluto se move no mesmo sentido que o Na+, é
chamado co-transporte ou simporte. Se o soluto se
move em sentido oposto ao do Na+, é chamado
contratransporte, antiporte ou troca.
Figura 9: Contratransporte (troca) de Ca2+Na+ em uma célula
muscular.

OSMOSE
É o fluxo de H2O através da membrana
semipermeável, pela diferença de concentração de
soluto. A osmose da H2O não é difusão da H2O, a
osmose ocorre devido à diferença de pressão,
enquanto a difusão ocorre devidoadiferencia de
concentração da H2O.
Figura 7: transporte ativo secundário.
Osmolaridade
Co-transporte É a sua concentração de partículas osmoticamente
É uma forma de transporte ativo secundárionaquais ativas. Para calcular a osmolaridade, é necessário
todos os solutos são transportados no mesmo conhecer a concentração do soluto e se o soluto se
sentido através da membrana celular. O 11Na se dissocia na solução. Por exemplo, a glicose não se
move para dentro da célula por meio do carreador, dissocia em solução. O NaCl se dissocia em duas
de acordo com a gradiente e os solutos, co- partículas, o CaCl2 se dissocia em três partículas. O
transportados com o 11Na, se movam para dentro símbolo g fornece o número de partículas em
das células. solução e também explica se há dissociação
O co-transporte está envolvido em vários processos completa ou somente parcial. Assim, se o NaCl se
fisiológicos, principalmente no epitélio absortivo do dissocia completamente em duas partículas, g é
intestino delgado e do túbulo renal. Por exemplo, os igual a 2,0; seoNaCl se dissocia somente de modo
co-transportes de Na+ glicose e de Na+ aminoácidos parcial, então g declina, ficando entre 1,0 e 2,0. A
estão presentes nas membranas luminais das osmolaridade é calculada como se segue:
células epiteliais tanto do intestino delgado quanto Osmolaridade=gxC
no túbulo proximal do rim. Onde:
 Osmolaridade= concentração de partículas;
 S=número de partículas por mol em solução;
 C= concentração.
Se a solução tem a mesma osmolaridade calculada,
elas são chamadas de isosmóticas. Se duas
soluções têm diferentes osmolaridade é chamada
de hiperosmótica, e a solução com a menor
osmolaridade, de hiposmótica.

Figura 8: Co-transporte de Na+glicose em uma célula epitelial do


intestino. ATP, SGLT1, proteína 1 transportadora de Na+ -glicose.

303
Pressão osmótica Os canais dependentes de voltagem abrem e
Osmose é o fluxo de H2O através de membrana fecham em respostas à ligação de ligantes, como
semipermeável, a concentração de soluto gera hormônios, neurotransmissores ou segundos
diferença de pressão osmótica através da mensageiros.
membrana, e essa diferença éa força impulsora
para o fluxo osmótico de H2O.
Na figura abaixo temos duas soluções aquosas,
abertas à atmosfera, são mostrada: A membrana
que separa as soluções é permeável àH2O, mas é
impermeável ao soluto. Inicialmente, o soluto está
presente apenas na solução 1. O soluto na solução
produz pressão osmótica é causada pela interação
hidrostática da solução 1. A diferença resultante, na
pressãohidrostática através da membrana, provoca,
o fluxo de água da solução 2 para a solução 1. Com Figura 11: Canal iônico dependente de ativador.
o tempo, o fluxo de H2O da solução 1. Com o
tempo, o fluxo de H2O causa aumento do volume da Dependentes de voltagem
solução e diminuição do volume da solução 2. Têm comportas que são controladas por alterações
do potencial de membrana. Por exemplo, a
comporta de ativação do canal de Na+ no nervo é
aberta pela despolarização da membrana celular do
nervo; a abertura desse canal é responsável pelo
curso ascendente de PA.

Figura 10: osmose através de membrana semipermeável: o soluto


está presente em um lado de uma membrana semipermeável; com
o tempo a pressão osmótica, gerada pelo soluto, causa o fluxo de
H2O da solução 2 para a solução 1.

CANAIS IÔNICOS
São proteínas de membranas integrais
que,permitem a passagem de certos íons.Eles são
seletivos e permitem que íons com características
especificas, se movam por eles, seletivamente
baseada no tamanho do canal quanto nas cargas
que os revestem. Por exemplo, um canal revestido
por carga negativa, seletivo para cátions, deve
Figura 12: Canal iônico dependente de voltagem.
permitir a passagem de 11Na, mas exclui 19K, outro
canal seletivo para cátions, deve ter menos
Dependente de ligantes
seletividade e permitir a passagem de vários
pequenos cátions diferente. Têm comportas que são controlados por hormônios,
por neurotransmissores e por segundos
Os canais iônicos são controlados por comportas e
dependente de sua posição. Os canais podem abrir mensageiros. Por exemplo, o receptor nicotínico da
ou fechar quando um canal se abre, os íons para os placa motora é um canal iônico que se abre quanto
quais ele é seletivo podem fluir. a ACh se liga a ele; quando aberto, ele é permeável
aos íons Na+ e K+.
Os canais iônicos são controlados por comporta e,
dependendo da sua posição, os canais podem abrir
ou fechar. Quando um canal se abre, os íons para
os quais ele é seletivo podem fluir por ele, movido
pelo gradiente eletroquímico existente. Quando o
Figura 13: Canal iônico dependente de ligante.
canal se fecha, os íons não podem fluir por ele, não
importando a grandeza do gradiente
eletroquímico.Dois tipos de comportas controlam a
abertura e o fechamento dos canais iônicos.

304
FISIOLOGIA DO SN Neurônio
O SN representa uma rede de comunicação e É a unidade funcional do SN e os circuitos
controle que permite que o organismo interaja, com neuronais são formados por neurônios conectados
o seu ambiente, esse ambiente inclui o meio sinapticamente. A atividade neuronal é onde é
externo e o interno. O SN pode ser subdividido codificada as sequencias de PA propagados ao
poráreas central e periférica, e cada uma delas longo dos axônios nos circuitos neuronais. A
tem subdivisões. O SNP representa a interface interferência codificada é transformada de um
entre o meio ambiente, e o SNC inclui os neurônios neurônio para outro por meio de transmissão
sensitivos, motores somáticos e motores sináptica. Na transmissão sináptica, os PAs que
autônomos.As funções do SN incluem: chegam à terminação pré-sináptica levam a
 Detecção sensorial; liberação de um neurotransmissor químico.
 Processamento das informações; O neurotransmissor pode excitar a célula pós-
 Expressão do comportamento. sináptica, e inibir a atividade dessa célula pós-
A detecção sensorial é o processo pelo qual os sináptica ou influenciar a ação de outras
neurônios transformam a energia ambiental em terminações axonais.
sinais neuronais. Ela é feita por neurônios, O aparelho biossintético neuronal inclui os
chamados receptores sensoriais. Varias formas corpúsculos de Nissi, que são agregados de RER,
de energia pode ser sentida, incluindo a mecânica, e proeminentes aparelho de Golgi.
luminosa, sonora, química, térmica e, em alguns Osdendritos são a principal área de recepção, do
animais, elétrica. estimulo sináptico de outros neurônios, o formato e
O processamento das informações, incluindo o tamanho da arvore dendrítica, bem como a
aprendizado e a memória, depende da população e distribuição dos canais na membrana
comunicação intercelular nos circuitos neuronais. O dendrítica, são determinantes importantes como o
mecanismo envolve eventos elétricos e químicos. O estímulos sinápticos afetaram osneurônios,estimulo
processamento das informações inclui: simpático, para os dendritos, pode ser conduzidos
 Transmissão da informação pelas redes passivamente para fora do corpo celular, mas esses
neuronais; sinais diminuem de intensidade conforme passam
 Transformação da informação por meio da para o soma e, assim, nãoteriam influência das
recombinação com outras informações; células maiores. Os dendritos dos neurônios
 Percepção da informação sensorial; maiores podem ter zona ativas que, usam canais
 Armazenamento e recuperação da informação; dependentes de Ca2+ e de voltagem que produzem
picos de voltagem importantes na integração de
 Planejamento e implementação de comandos
estímulos sinápticos múltiplos, para um só neurônio.
motores;
Oaxônio é a extensão da célula que leva o estimulo
 Processos de pensamentos e conscientização;
de uma célula para o próximo neurônio ou, no caso
 Aprendizado; do neurônio motor para um músculo. Geralmente,
 Emoção e motivação. os PAs são gerados no cone axônico, onde existe
O aprendizado e a memória são formas especiais grande concentração dos canais necessários.
de processamento de informação, que permite que Assim, os axônios, além de transmitirem
o comportamento se modifique de forma, informações pelos circuitos neuronais, também
apropriado em resposta a desafios ambientais transportam substâncias químicas para os terminais
vividos. sinápticos, ou a partir deles, pelo transporte
axônicos. Os neurônios da medula e do cérebro
COMPONENTES CELULARES diferem dos neurônios motores no tamanho da
O SN é composto pelos neurônios e células da soma, comprimento, tamanho e números do axônio
glia. Ascélulas da glia são caracterizadas como e número de terminações pré-sinápticas.
células de suporte que sustentam metabólica e
fisicamente os neurônios, mas também isolam os
neurônios uns dos outros e ajudam a manter o meio
interno do SN.

305
Transporte axônico Os neurônios interconectados constituem os
Os componentes da membrana e do citoplasma circuitos neurais, que são redes de comunicações
originados no aparelho biossintético do soma, deve feitas através de PAs. As informações passam por
ser distribuídos no aparelho biossintético do soma transmissões sinápticas, onde o terminal pré-
para repor materiais secretados ou desativados ao sináptico libera substâncias neurotransmissoras na
longo do axônio e, para os elementos das fenda sináptica.A liberação de neurotransmissores
terminações pré-sinápticas. na fenda sináptica ocorre por exocitose. Quando a
Um mecanismo chamado transporte axônico é despolarização de um PA alcança o terminal
responsável por essa distribuição. Existem vários axônico, mudança no potencial de membrana do
tipos de transporte axônicos. terminal axônico que possui canais de Ca2+
O transporte axônico requer energia metabólica e controlados por voltagem que se abrem em
envolve íons cálcio. Os microtúbulos formam o resposta à despolarização.Como os íons 20Ca são
sistema de guias ao longo dos quais as organelas mais concentrados no LEC do que no citosol, eles
se movem. As organelas se conectam aos se movem para dentro da célula. O Ca2+ liga-se a
microtubulos por meio de ligação. proteína reguladora e inicia a exocitose. A
O Ca2+ desencadeia o movimento das organelas ao membrana da vesícula sináptica se funde com a
longo dos microtubulos. Proteínas motoras membrana celular, com o auxílio de várias proteínas
especiais, associadas aos microtubulos, chamadas da membrana. A área fundida se abre e os
cinesina e dineina, são necessárias para o neurotransmissores se movem de dentro da
transporte axônico.O transporte axônico se dá nas vesícula sináptica para fenda sináptica.As
duas direções: moléculas do neurotransmissor se difundem através
1. O transporte da soma para os terminais axonais da fenda para se ligarem com receptores na
é chamado transporte axonal anterógrado membrana da célula pós-sináptica. Quando os
esse processo envolve a cinesina e permite a neurotransmissores se ligam aos seus receptores,
reposição das vesículas sinápticas e das uma resposta é iniciada na célula pós-sináptica.
enzimas responsáveis pela síntese de
neurotransmissores nos terminais sinápticos.;
2. Há o transporte de vesículas contendo proteínas,
lipídeos, neurotransmissores, açúcares e etc.O
transporte feito na direção oposta, impulsionado
pela dineina, é chamadotransporte axônico
retrogrado. Esse processo o faz com que a
membrana reciclada das vesículas sinápticas
retorne para o soma, para que seja submetido à
degradação nos lisossomos.Há o transporte de
toxinas, vírus e fatores de crescimento de Figura 15: Transferência de informações na sinapse. (A) um
nervos. potencial de ação despolariza o terminal axônico; (B) a
despolarização abre canais de Ca2+ controlados por voltagem e o
Ca2+ entra na célula; (C) a entrada do 20Ca inicia a exocitose do
conteúdo das vesículas sinápticas; (D) o neurotransmissor se
difunde através da fenda sináptica e se liga aos receptores na célula
pós-sináptica; (E) a ligação do neurotransmissor inicia uma
resposta na célula pós-sináptica. (a) terminal axônico; (b) vesículas
sináptica; (c) proteína de ancoragem; (d) resposta celular; (e) célula
pós-sináptica; (f) canal de Ca2+ controlado por voltagem; (g)
receptor; (h) fenda sináptica; (i) molécula do neurotransmissor.

O restante do conteúdo da fenda é captado por


células a Glia, que rodeiam os neurônios. As
terminações pré-sinápticas têm duas estruturas
internas: vesículas com neurotransmissores e
Figura 14: (A) Peptídeos sintetizados e empacotados;
(B) Transporte axonal rápido ao longo da rede de mitocôndrias, que fornecem ATP para síntese das
microtúbulos; (C) conteúdo das vesículas liberados substâncias transmissoras liberadas causa a
por exocitose; (D) Reciclagem das vesículas
sinápticas; (E) transporte axonal rápido retrógrado;
alteração da permeabilidade da membrana pré-
(F) componentes velhos da membrana são digeridos sináptica. A membrana pré-sináptica contém muitos
nos lisossomos. (a) RER; (b) soma; (c) lisossomo; (d) canais de 20Ca sensíveis à voltagem, quando o
aparelho de Golgi; (e) Vesícula sináptica.
potencial de ação despolariza a terminação, muitos
20Ca fluem para dentro do botão, permitindo que as
Pequenos botões chamados terminações pré-
terminações e as vesículas com
sinápticas estão sobre a superfície dos dentritos e
neurotransmissores sejam excitadas. Na sinapse,
da soma. Essas terminações podem ser
esse conteúdo se liga aos receptores de membrana
excitatórias, quando secretam substâncias que
no neurônio pós-sináptico para alterar o
existam os neurônios pré-sinápticos, ou podem ser
funcionamento dessa célula.
inibitórias, quando o inibem.
306
Células Schwann
Matriz de suporte Encapsulam as células dos gânglios das raízes
O ambiente local da maior parte dos neurônios do dorsais e dos nervos cranianos, regulando seu
SNC é controlado de forma que, essas células são microambiente de modo semelhante dos astrócitos.
protegidas de variações extremas na composição As células da microglia são células fagocitárias
do líquido extracelular que os banham. Esse latentes. Elas são auxiliadas pela neuroglia e por
controle é feito pela função de tampão da microglia, outras células fagocitárias que invadem o SNC a
pela regulação da circulação do SNC, pela partir da circulação.A maior parte do LCE é
presença da barreira hematoencefalica e pelas secretada por células ependimárias especializadas
trocas de substâncias entre o líquido cerebroespinal dos plexoscoróides, localizadas no sistema
(LCE) e o fluido extracelular do SNC. ventricular.

Neuroglia Barreira hematoencefalica


A neuroglia não participa da comunicação em curto O movimento de moléculas grandes e com carga de
prazo da informação no SN, alguns tipos de células sangue para o cérebro e medula é restringido. A
da glia capturam moléculas de neurotransmissores restrição se deve a ação de barreira das células
e, influência de forma direta a atividade sináptica endoteliais capilares no SNC e as junções oclusivas
outras formam as bainhas de mielina de vários entre elas. Os astrócitos podem ajudar a limitar o
axônios, o que aumenta a velocidade dos potenciais movimento de algumas substâncias. Ex.: eles
de ação ao longo do axônio, permitindo, que alguns podem captar K+ e, desse modo, regular a [K+].
axônios se comuniquem, rapidamente, por
distâncias relativamente longas.

Astrócitos
Regulam o microambiente do SNC. Seus
processos entram em contato com os neurônios e
cercam grupos de terminações sinápticas, isolando-
os de sinapses adjacentes e do espaço extracelular
geral. Os astrócitos também têmpodócitos que
entram em contato com os capilares e TC na
superfície do SNC, a pia-mater. os astrócitos
servem para tamponar o ambiente extracelular dos
neurônios em relação aos íons e aos
neurotransmissores, seu citoplasma contém
filamentos gliais que fornecem suporte mecânico
para o tecido do SNC.

Podócitos
Figura 16: Células da glia do SNC. (a) célula ependimárias;
Participam da mediação da entrada de substâncias (b) microglia; (c) capilar; (d) astrócito; (e) oligodendrócito;
no SNC. Essas células podem captar íons K+ e (f) nó; (g) axônio; (h) mielina; (i) interneurônio.
neutransmissores, que são metabolizados,
biodegradadas ou reciclados. Após lesão, os
podócitos dos astrócitos que contem esses
elementos se hipertrofiam e forma cicatrizes gliais.

Oligodendrócitos
Vários axônios são cercados por uma capa de
mielina, formada por enrolamento em espiral de
varias camadas de membrana da célula da glia. A
mielina aumenta a velocidade de condução do
potencial de ação devido, à restrição do fluxo de
corrente iônica por pequenas porções não
mielinizadas do axônio entre as bainhas adjacentes
das células de Schwann, os nódulos de Ranvier.

307
BIOELETROGENESE Potencial de ação (PA)
O transporte de íons através da membrana é As células possuem um potencial eletroquímico
realizado por proteínas especializadas localizadas gerado por elas mesmas. A alteração rápida deste
na membrana celular. Se a bicamada lipídica estiver potencial, seguida pela restauração do mesmo, é
ausente de proteínas, a membrana será altamente chamada de PA.É um fenômeno das células
permeável, mesmo a íons muito pequenos. excitáveis,como as nervosas e as musculares, que
A diferença de cargas geradas é o potencial consiste na rápida despolarização, seguida por
elétrico, que tem como medida volt (V). A corrente repolarização do potencial de membrana. São os
elétrica é o fluxo entre esses dois pontos. Essa mecanismos básicos para a transmissão da
diferença de potencial elétrico é mantida na célula informação no SN e em todos os tipos de músculos.
pela ação da bomba Na+ e K+ e pela busca  Despolarização: É o processo que torna o PM
constante do equilíbrio eletroquímico pelos íons menos negativo. Como observado, o PR das
envolvidos. Por esse sistema de bombeamento, células excitáveis é orientado com o interior da
mais a difusão de potencial entre o meio interno e o célula negativa. A despolarização torna o interior
externo, ou seja, cria energia potencial: da célula menos negativa, até mesmo, fazer
Bioeletrogenese. com que o interior da célula fique positivo.
 Hiperpolarização: É o processo que torna o PM
Potencial de repouso (PR) mais negativa. Semelhante à despolarização, os
É a diferença de potencial que existe através da termos, aumentando ou diminuindo, não
membrana celular excitável, como as células deveriam ser utilizadopara descrever a variação
nervosas e as musculares no período entre dois PA. que torna o PM mais negativo.
O PR é estabelecido pelos potenciais de difusão,  Corrente de influxo: É o fluxo de carga positiva
resultante das diferenças de concentração para para fora da célula, corrente de
vários íons, através da membrana celular. Cada íon efluxohiperpolarizam o PM. ex.: a corrente de
tenta impulsionar o potencial de membrana em influxo é o fluxo onde o sódio para dentro da
direção a seu próprio potencial de equilíbrio. célula, durante o curso ascendente do PA;
Os íons mais permeáveis em repouso terão  Corrente de efluxo: É o fluxo de carga positiva
contribuições menores terão pouca ou nenhuma para fora das células corrente de
contribuição.O PR dessas células está entre -70 a - efluxohiperpolarizam o PM. Um exemplo de
80mV. O PR está próximo do potencial de equilíbrio corrente de efluxo é o fluxo de 19K para fora da
do 19K e do 17Cl, pois a permeabilidade a esses íons célula, durante a fase de despolarização do PA
em repouso é alta. O PR está longe dos potenciais
de equilíbrio do 11Na e 20Ca, pois a permeabilidade
a esses íons em repouso é baixa.

Figura 17: (A) no PR, os canais de 11Na estão fechados; (B)


quando a membrana é despolarizada, mudanças
conformacionais abrem os canais de 11Na.
Figura 18: Condução do potencial de ação. (A) um
potencial graduado acima do limiar alcança a zona de
disparo; (B) canal de Na+ controlados por voltagem se
abrem e o Na+ entra PM axônio; (C) cargas positivas fluem
para os segmentos adjacentes do neurônio por fluxo de
corrente local; (D) o fluxo de corrente local da região ativa
faz com que os outros segmentos da membrana se
despolarizem; (E) o período refratário impede a condução
retrógrada. A perda de K+ do citoplasma repolariza a
membrana. (a) região refratária; (b) região ativa (c) região
inativa.

308
Limiar
É o potencial de membrana no qual é inevitável a
ocorrência do potencial de ação.Quando atinge o
limiar, abrem-se canais de 11Na, e muito 11Na do
meio extracelular flui para o meio intracelular. A
célula recebe muita carga positiva do 11Na e eleva
seu potencial elétrico até 20mv. Essa fase
ascendente é chamada despolarização. Quando
houver aumento na condutância para o Na+, ele
entrará na célula e alcançará o limiar de
desencadeamento do PA. Esse limiar é o valor
elétrico que cada célula possui para provocar a
abertura de canais dependentes de voltagens.
Assim, quando essas células atingem esse valor,
novos canais do 11Na e 19K abrem-se permitindo o
fluxo de 11Na e efluxo de 19K.
Quando os canais de 19K abrem-se e ocorre
acentuado fluxo de 19K para o meio extracelular.
Assim, a célula perde carga positiva e retorna seu
potencial de membrana ao valor mais negativa esta
fase chama-se repolarização.
Algumas vezes o canal de 19K tarda a se fechar e o
fluxo de 19K ocorre em demasia, então à célula fica
mais negativa do que durante o repouso, tendo Figura 20: Modelo do canal de Na+ controlado por
voltagem. (A) durante o potencial de membrana em
essa fase o nome de hiperpolarização.Durante o repouso o portão de ativação fecha o canal; (B) o estimulo
período da repolarização, nenhum novo estímulo despolarizante chega ao canal. Portão de ativação abre; (C)
pode voltar a alterar os canais voltagem com o portão de ativação aberto, o Na+ entra na célula; (D)
o portão de inativação se fecha e a entrada de Na+ para; (E)
dependendo da célula. A este período damos o durante a repolarização causada pela saída do K+ da célula,
nome de período refratório absoluto. No final da os dois portões voltam ás suas posições iniciais.
repolarização, há o período refratário relativo, no
qual um estímulo forte pode gerar novo potencial de
ação.

Figura 21: (1) potencial de membrana em repouso; (2)


estímulo despolarizante; (3) membrana despolarizada até o
limiar. Os canais do Na+ controlados por voltagem se
abrem rapidamente e o Na+ entra na célula de K+ controlado
por voltagem, e começam a se abrir lentamente; (4) a
entrada rápida de Na+ despolariza a célula; (5) os canais de
Na+ se fecham e os canais de K+ mais lentos se abrem; (6)
o K+ se move da célula para o líquido extracelular; (7) os
canais de K+ continuam abertos e mais K+ deixa a célula,
hiperpolarizando-a; (8) os canais de K+ controlados por
voltagem se fecham e menos K+ sai da célula; (9) a célula
em repouso.

Figura 19: (1) canais de Na+ e k+. (A) ambos os canais


fechados; (B) os canais de Na+ se abrem; (D) os canais de
Na+ voltam à posição original, ao passo que os canais de
K+ permanecem abertos; (E) ambos os canais estão
fechados. (a) período refratário absoluto; (b) período
refratário relativo.

309
Potencial de membrana (PM)
Todas as células tem potencial de repouso (PR),
em torno de -70mV. Uma das características dos
neurônios é a sua capacidade de alterar seu PA
rapidamente, em resposta a estímulo apropriado,
com o PA sendo uma resposta mais significativa.
Quando um microeletródio é inserido, através da
membrana plasmática do axônio de uma lula,
registra-se a diferença de potencial entre a ponta do
eletródio, dentro da célula, e do eletrólito colocado-
fora da célula. O eletródio interno registra valor de
cerca de 70mV, negativos em relação ao eletródio
externo. Essa diferença de 70mV é o PRM do
axônio.
Vários solutos do corpo, incluindo componentes
Figura 22: Separação de carga elétrica. a membrana celular
orgânicos como piruvato e o lactato, são íons e atua como um isolante para impedir o movimento livre de
carregam uma carga elétrica líquida. O K+é o íons entre os compartimentos intracelular e extracelular.
principal cátion dentro das células, e o Na+ (1) A célula e a solução estão elétrica e quimicamente em
equilíbrio. (2) A célula e a solução estão em desequilíbrio
predomina no LEC. Quanto aos anions, os íons Cl- químico elétrico. É usada energia para bombear um cátion
ficam com o Na+ no LEC. Os íons fosfatos e as para fora da célula, deixando uma carga resultante de -1 na
célula e +1 fora dela: (a) e (c) do LIC; (b) e (e) LEC; (d)
proteínas negativamente carregadas são os escala de carga absoluta. (3) Numa escala de carga
principais ânions do LIC. absoluta o LEC teria +1 e o LIC teria -1. As mensurações
O comportamento intracelular não é eletricamente fisiológicas sempre estão numa escala relativa, na qual é
atribuído um valor zero ao LEC. Isso desloca a escala para
neutro: existem algumas proteínas aniônicas dentro a esquerda e dá ao interior da célula uma carga relativa de -
das células que não possuemcátions 2.
correspondentes, dando às células uma carga
líquida negativa. O compartimento extracelular tem Assim que o primeiro íon positivo deixa a célula, o
uma carga líquida positiva: alguns cátions de LEC. equilíbrio elétrico entre o LEC e o LIC é rompido: o
Não possuem anions correspondentes. Uma interior da célula tem uma carga líquida de -1, o
consequência desta distribuição desigual de íons e exterior da célula tem uma carga líquida de +1.
que os compartimentos intracelular e extracelular O aporte de energia para transportar íons através
não estão em equilíbrio elétrico. Ao invés isso, os da membrana criou um gradiente elétrico, isto é,
dois compartimentos existem num estado de uma diferença de carga líquida entre as duas
desequilíbrio elétrico. Esse desequilíbrio geram regiões.
sinais elétricos conhecidos como PA. O transporte ativo de íons positivos para fora da
No corpo, a separação das cargas elétricas célula cria um gradiente de concentração: agora há
acontece através da membrana celular. A imagem a mais íons positivos fora da célula do que dentro. a
seguir mostra uma célula artificial preenchida com combinação do gradiente elétrico e do gradiente de
moléculas que se dissociam em íons positivos e concentração é chamado de gradiente
negativos, representadas pelos sinais mais e eletroquímico. A célula permanece em equilíbrio
menos.As moléculas eram inicialmente osmótico porque a água pode mover-se livremente
eletricamente neutras, há numero igual de íons através da membrana em resposta ao movimento
positivos e negativos dentro da célula.Colocamos dos solutos. Um gradiente elétrico entre o LIC e o
uma solução aquosa, também eletricamente neutra, LEC é conhecido como diferença de potencial de
que tem os mesmos tipos de cátions e ânios. A membrana em repouso, ou potencial de
bicamada de uma célula real, não e permeável a membrana para simplificar.Podemos dividir esse
íons. A água pode atravessar livremente esta nome em partes:
membrana celular, igualando as concentrações 1. A parte em repouso do nome vem to fato de
extracelular e intracelular de íons. Uma proteína que esse gradiente elétrico está presente em
carreadora de transporte ativo é inserida na todas as células vivas, inclusive naquelas que
membrana. Este carreador usa energia para mover parecem, não ter atividade elétrica. Nestas
íons positivos para fora da célula contra seu células em repouso, o potencial de membrana
gradiente de concentração. Os íons negativos da alcançou um estado estacionário e não está
célula tentam seguir os íons positivos e negativos. mudando;
Como a membrana é impermeável a íons negativos, 2. A parte potencial, do nome vem do fato de que
eles permanecem retidos na célula. Os íons o gradiente elétrico criado pelo transporte ativo
positivos presentes fora da célula podem tentar de íons da membrana celular é uma forma de
passar para dentro dele, atraídos pela carga energia armazenada, ou potencial, da mesma
negativa resultante do LIC, mas a membrana não forma de energia potencial.
permite que estes cátions vazem através dela.
310
Quando moléculas com cargas opostas se unem, Nafigura 1: a célula artificial possui uma membrana
elas liberam energia, que pode ser usada para impermeável aos íons. A célula contém K+ e
realizar trabalho da mesma forma que as moléculas proteínas grandes carregadas negativamente,
se movendo através dos seus gradientes de representada por Pr-. A célula é colocada numa
concentração podem realizar trabalho. O trabalho solução de Na+ e Cl-. A célula e a solução são
feito pela energia elétrica inclui a abertura de canais neutras eletricamente, e o sistema em equilíbrio
controlados por voltagem na membrana e o inicio elétrico. Existem gradientes de concentração para
dos sinais elétricos. todos os quatro tipos de íons no sistema, e todas se
3. A parte diferencial dá nome e para lembrar que difundiriam a favos dos seus respectivos gradientes
o potencial de membrana representa uma de concentração se eles pudessem atravessar a
diferença na quantidade de carga elétrica dentro membrana celular;
e fora da célula. Nafigura 2: um canal de vazamento de K+ é
inserido na membrana, tornando-a permeável
Voltímetro somente ao K+. Como não há inicialmente no LEC,
O equipamento usado para medir o potencial de algum K+ sairá da célula, a favor do seu gradiente
membrana celular. Os eletrodos são produzidos a de concentração.
partir de tubos de vidro ocos tracionados formando A medida que o K+ deixa a célula, as proteínas de
pontos muitos finos. Estas micropipetas são carga negativa, Pr-, são incapazes de segui-la
preenchidas com um líquido que conduz porque a membrana células não é permeável a
eletricidade e conectadas a um voltímetro, que elas. As proteínas estabelecem gradativamente
mede a diferença elétrica entre dois pontos em uma carga negativa dentro da célula, à medida que
unidades como os Volts (v) ou milivolts (mV). Um é mais K+ se difunde para fora da célula. Se a única
eletrodo da célula um eletrodo de referência. É força que atua no K+ fosse o gradiente de
colocado no banho externo que representa o líquido concentração, o K+ sairia da célula até que a
extracelular. concentração de K+ dentro da célula fosse igual à
concentração de K+ fora dela. A perda de íons
positivos da célula cria um gradiente elétrico. Pelo
fato de cargas opostas atraírem-se umas as outras,
as proteínas de carga negativa dentro da célula
tentam puxar o K+ de volta para dentro dela. Num
ponto desse processo, a força elétrica que atrai o K+
Figura 23: Medindo a diferença de potencial da membrana. para dentro da célula se torna igual em magnitude
(a) banho contendo salina; (b) célula; (c) um eletrodo de ao gradiente de concentração química que empurra
registro é colocado dentro da célula; (d) entrada; (e) o terra
ou eletrodo de referencia é colocado no banho e é dado a
o K+ para fora da célula. Neste ponto, o movimento
ele um valor de 0mv; (f) o registrador dos sinais registra as resultante de K+ cessa. A taxa de íons K+ que se
mudanças no potencial de membrana com o passar do movem para fora da célula a favor do seu gradiente
tempo; (g) saída; (h) o voltímetro mede a diferença de
carga elétrica entre o interior de uma célula e a solução
de concentração é igual à taxa no qual os íons K+
que a circunda. Este valor é a diferença de potencial da se movem para dentro da célula a favor do
membrana, ou mV. gradiente elétrico.
O potencial de membrana em repouso é devido ao
potássio: podemos usar uma célula artificial
diferente para mostrar como o potencial de
membrana em repouso surge numa célula viva.

Figura 24: Potencial de equilíbrio do potássio: (1) uma


célula artificial cuja membrana é impermeável aos íons é
preenchida com K+ e grandes proteínas aniônicas. estas
células são colocadas numa solução de Na+ e Cl- a célula e
a solução são eletricamente neutras: (a) células artificiais.
(2) um canal de vazamento de K+ é inserido na membrana.
o K+ vaza para fora da célula porque há um gradiente de
concentração do K+: (a) canal de vazamento de K+. (3) o
potencial de membrana negativo atrai o K+ de volta para
dentro, da célula. Quando o gradiente elétrico se opõe ao
gradiente de concentração equilíbrio para o K+: (a) o
gradiente de concentração; (b) gradiente elétrico.

311
COMUNICAÇÃO CELULAR Receptores metabotrópicos
Os neurônios se comunicam uns com os outros, São receptores acoplados à proteína G, os
através da liberação de pequenos peptídeos, domínios extracelulares e citoplasmáticos desses
chamados neurotransmissores, que podem atuar receptores diferem muito, essas diferenças
em órgãos distantes ou difunde-se por uma curta permitem o desenvolvimento de agonistas que
distância, atuando sobre as células-alvo justapostas ativam ou inibem subtipos específicos de receptores
numa conexão chamada sinapse, essa transmissão metabotrópicos.
integra sinais elétricos e químicos:
Receptores adrenérgicos
São seletivos para a norepinefrina e a epinefrina.
Esses receptores são divididos em duas classes,
chamadosα e β, acoplados a proteínas de suporte
citoplasmáticas e as cascatas de sinalização distais.

Receptores α
Os receptores αadrenérgicos são divididos em
α1 e α2 os receptores α1 efetuam a sinalização
através de vias mediadas por Gi, que geram IP3, que
mobiliza as reservas intracelulares de Ca2+, e DAG,
que ativa a proteína-cinase C.
 Os receptoresα1adrenérgicos:São expressos
no músculo liso vascular, no músculo liso do
trato geniturinário, no músculo liso intestinal, no
Figura 25: (1) Os neurotransmissores são sintetizados e
coração e no fígado.
armazenados no neurônio, especializados na liberação de  Os receptoresα2adrenérgico: Ativam a Gi, uma
neurotransmissor. Após sua produção são transportados do proteína G inibitória. Ele exerce várias ações de
citoplasma para o interior de vesículas, atingindo altas
concentrações. As vesículas sofrem um processo iniciador sinalização, incluindo inibição da adenililciclase,
fixando-se sobre a zona ativa da membrana plasmática da ativando os canais de K+ retificadores
terminação pré-sináptica; (2) Ao atingir a voltagem limiar no
neurônio, um PA é iniciado e propagado ao longo da membrana
internamente dirigidos acoplados à proteína G,
axônica até a terminação nervosa pré-sináptica; (3) A inibindo dos canais de Ca2+ neuronais.
despolarização da membrana provoca abertura dos canais de
Ca2+ dependente de voltagem e o influxo de Ca2+ através desses
canais abertos para a terminação nervosa pré-sináptica; (4) Na
Receptores-β
Receptores βadrenérgicos são divididos em três
terminação nervosa pré-sináptica, a rápida elevação da
concentração de Ca2+ provoca a fusão das vesículas cheias de
classes, denominadasβ1, β2, β3 todas elas ativam
neurotransmissores com as proteínas na membrana plasmática
uma proteína G estimuladoras, Gs. A Gs ativa a
pré-sináptica. Após a fusão da vesícula, ocorre liberação do
neurotransmissor na fenda sináptica; adenililciclase, elevando os níveis de AMPc
(5) Os
neurotransmissores difundem-se através da fenda sináptica,
intracelular que ativa a proteína-cinase, que
ligando-se a duas classes de receptores sobre a membrana
fosforilam proteínas celulares, incluindo canais
pós-sináptica: (5a) Ligação nos receptores ionotrópicos
iônicos.
regulados por ligantes abre canais que permitem o fluxo de
íons através da membrana pós-sináptica; (5b) Ligação aos
 Os receptores β1adrenérgico: Localizam-se no
receptores metabotrópicos produz ativação das cascatas de
coração e nos rins, onde são encontradas nas
sinalização de segundos mensageiros intracelulares; (6) Os
potenciais pós-sinápticos excitatórios e os potenciais pós-
células justa glomerulares renais, onde induz a
sinápticos propagam-se ao longo da membrana da célula pós-
liberação de renina. No coração a estimulação
sináptica. (7) A estimulação da célula pós-sináptica termina
com a remoção do neurotransmissor, dessensibilizaram do dos receptores P1 cardíacos provoca aumento no
receptor pós-sináptico ou uma combinação de ambos. Essa
degradação ocorre de duas maneiras: (a) Degradação do
inotropismo (força de contração), mediado pela
fosforilação dos canais de Ca2+. Quando no
neurotransmissor por enzimas na fenda sináptica. (b) Captação
por transportadores na terminação sináptica, que termina na
cronotropismo (frequência diminuída
ação sináptica e permite a reciclagem do neurotransmissor em
vesículas sinápticas. cardíaca)que é resultado da taxa de
despolarização da fase 4 das células marca-
Receptores pós-sinápticos passo do nó-sinoatrial.
Essas proteínas são divididas em duas classes; os  Os receptoresβ2 adrenérgicos:São expressos
receptores ionotrópicos e os metabotrópicos. no músculo liso, no fígado e no músculo
esquelético, no músculo liso, e no fígado. No
Receptores ionotrópicos músculo esquelético e ativação dessas mesmas
vias de sinalização estimula a glicogenólise e
São receptores como os nicotínicos de acetilcolina
promove a captação de K+.
e os de GABA do tipo A. A ligação de uma molécula
de ligante ao receptor leva a uma alteração  Os receptoresβ3 adrenérgicos são expressos
conformacionalalostérica, que abre o poro do canal. no tecido adiposo, sua estimulação determina
um aumento de lipólise.

312
Receptores nicotínicos
As transmissões colinérgicas são resultado da
ligação da Ach ao nAchR que deflagra uma
alteração na conformação do receptor que, cria um
poro relativo para cátions monovalentes através da
membrana celular, que são também permeáveis a
íons K+ e Na+. Quando aberto, esses canais
produzem uma corrente efetiva de entrada de Na+,
que despolariza a célula. O receptor nicotínico de
Ach é constituído de cinco subunidades, que são
designados em α, β, γ, δ e ɛ.

Figura 26: Receptores adrenérgicos. (1) transportadores de L-


aminoácidos aromáticos: (a) Na+; (b) tirosina; (c)
diidroxifenilalanina (L-dopa); (d) dopamina. (2) monoaminas
+
vesiculares (VMAT): (a) H ; (b) dopamina. (3) transportador de Ne:
(a) Na+; (b) DOPGA. (4) receptor α2 adrenérgico (auto-receptor). (5)
receptores adrenérgicos pós-sinápticos.

Receptores colinérgicos
Principal neurotransmissor na junção
neuromuscular, deflagrando a contração muscular.
A Ach é sintetizada numa única etapa a partir da
colina e da acetil coenzima-A pela enzima colina
ChTA; a Ach é transportada em vesículas
sinápticas e é fornecida por uma ATPase, que
bombeia prótons para dentro da vesícula. Uma vez
liberada na fenda sináptica, a Ach liga-se a uma de Figura 27: (1) A colina é transportada até a terminação
duas classes de receptores e liga-se na membrana nervosacolinérgica pré-sináptica por um co-transportadorde
Na+colina de alta afinidade. A enzima colinaacetiltransferase
sináptica, os efeitos da Ach em sinapses catalisa a formação da ACh a partir da acetil coenzima A ecolina.
colinérgicas são determinadas, pelo tipo de receptor (a) Na+; (b) colina. (2) A ACh recém-sintetizada é acondicionadaem
vesículas. O transporte da Achnavesícula é mediado por um
de ACh presente nessa sinapse. Os receptores contratransportadorde H+ACh. As vesículascontendoACh fundem-
colinérgicos são divididos em duas grandes classes: se com a membrana plasmática quando os níveis intracelulares de
os receptores muscarínicos e os nicotínicos. cálcio aumentam em resposta a um PA pré-sináptico, liberando o
neurotransmissorna fenda sináptica. A Achdifunde-sena fenda
sináptica e liga-se a receptores pós-sinápticos pré-sinápticos. (a)
Receptores muscarínicos canal de cálcio; (b) Ca2+. (3)Os receptores muscarínicos M2 e M4
Receptores acoplados à proteína G com domínio pré-sinápticosinibem a entrada de Ca2+ no neurônio pré-
sináptico,diminuindo, assim, a fusão das vesículas e a
transmembranares. A ativação da proteína G pela liberaçãodeACh; e os receptores nicotínicos pré-sinápticos
ligação do agonista aos receptores muscarínicos aumentam a entrada de Ca2+ no neurônio pré-sináptico aumentando
a fusão das vesículas e a liberação de Ach: (a) receptor
tem efeitos sobre a célula, que consiste em inibição muscarinico de Ach (M2 e M4); (b) receptores nicotínicos de Ach.
da adenililciclase e estimulação da fosfolipases (4) Ach na fenda sináptica édegradada pela acetilcolinesterase
influenciando os canais iônicos através de (AChE) ligada àmembrana em colina e acetato. (5) Os receptores
muscarínicos M2 e M4 pós-sinápticos são inibitórios.Os receptores
moléculas de segundos mensageiros. Foram muscarinicos são receptores acoplados a proteína G, que alteram
detectados cinco DNAs distintos para os receptores vias de sinalização da célula, incluindo ativação da fosfolipase C e
muscarínicos, chamados M1-M5. Eles formam dois abertura do canal de K+.(6) Os receptores nicotínicos são canais
iônicos regulados por ligantes, que são permeaveis a cátions.Os
grupos, os receptores M1, M3 e M5 que estão receptores nicotínicos são excitatórios.
acoplados a proteínas G responsáveis pela
estimulação da fosfolipases C. Os receptores M2 e
M4estão acoplados a proteínas G responsáveis pela
inibição da adenililciclase e ativação dos canais de
K+, os receptores M1 expressos em neurônios
corticais e gânglios autônomos, os receptores M2 no
músculo cardíaco.

313
NEUROTRANSMISSORES Norepinefrina (Ne)
O SNP usa: É um agonista nos receptoresα1 e α2 sua
 Ach; administração sistêmica aumenta a pressão arterial
 Ne. sistólica, diastólica e a resistência periférica total. A
O SNC: Ne aumenta a frequênciacardíaca, aumenta o
 Ach; volume sistólico, mantendo o débito cardíaco
 NE; inalterado. A NE é usada em emergências do
 Peptídeosneuroativos. choque distributivo.
A transmissão por pequenos neurotransmissores
desempenham papel neuromodelador. Os Dopamina
neurotransmissores são organizados em várias Ativam alguns subtipos de receptores de
categorias, com base na sua estrutura e função. A catecolaminas, nos tecidos periféricos e o efeito
primeira categoria de neurotransmissores de predominante dependem da concentração local do
aminoácidos inclui o: composto. A DoA é usada no tratamento de choque
 Glutamato: principal neurotransmissor causado por baixo débito cardíaco e acompanhado
excitatório, atuando sobre receptor ionotrópicos de comprometimento da função renal, resultando
quantometabotrópicos; em oligúria.
 Aspartato;
Glutamato
 GABA: é um neurotransmissor inibitório no
A ligação do glutamato aos seus receptores
SNC.
desencadeia eventos moleculares e celulares
Os neurotransmissores de aminas biogênicos
associados a numerosas vias fisiológicas e
derivam de aminoácidos descarboxilases, incluindo-
fisiopatológicas, incluindo a sensação da dor,
as:
neurotoxicidade cerebral e alterações sinápticas
 Norepinefrina: Liberada por neurônios
envolvidas na memória.
simpáticos produzindo resposta simpática,
modulando funções como o estado de alerta e
consciência.
 Dopamina: Transportada em vesículas
sinápticas, algumas vezes a dopamina é
convertida em norepinefrina no interior das
vesículas sinápticas pela enzima dopamina-β
hidroxilase.
 Epinefrina: Liberada, em resposta a estresse.
 Serotonina;
 Histamina.
As purinas adenosina e trifosfato de adenosina
(ATP) também são utilizados na neurotransmissão
central.

Neurotransmissão adrenérgica
A síntese da epinefrina predomina nas células da
medula suprarrenal, enquanto os neurônios
adrenérgicos produzem norepinefrina.

Epinefrina
É um agonista nos receptores α e β adrenérgicos,
nos receptores β1, aumentam a força de contração
cardíaca e o débito cardíaco, com consequente
aumento no consumo de oxigênio do coração e na
pressão arterial sistólica. A estimulação do β2
aumenta o fluxo sanguíneo para o músculo
esquelético, relaxa o músculo liso brônquico e
aumenta a concentração de glicose e de ácidos
graxos livres no sangue. A epinefrina é usada no
tratamento da asma e em anestésicos locais.

314
SNC  Lobo occipital: Sua função primaria é o
Tem três funções básicas: processamento e a percepção visuais. As
1. Processar informações que chegam; (sistema conexões dos campos visuais frontais afetam os
sensorial); movimentos oculares e a projeção para o
2. Organizar a função motora; (sistema mesencéfalo. Auxilia no controle dos
somático); movimentos oculares convergentes, a contração
3. Processar as tomadas de decisões (funções pupilas e a acomodação que ocorrem quando os
corticais elaboradas). olhos se ajustam para a visão próxima.
O sistema inclui neurônios sensoriais e neurônios  Lobo temporal: Tem varias conexões. A
motores, e diversos inter-neurônios no SNC que audição, que depende do processamento e da
interconectam as partes e estão envolvidos em percepção de informações relacionadas aos
processos mais avançados e complexos do SN. sons, é uma delas. A superfície inferior do córtex
 A divisão sensorial (aferente):Traz infratemporal está envolvida no reconhecimento
informações para dentro do SNC. Em geral da face. O lobo temporal medial pertence ao
iniciando com a atividade nos receptores sistema límbico que participa do
sensoriais na periferia. Esses receptores comportamento, emocional e regula o SNC. A
incluem receptores visuais, receptores auditivos, formação hipocâmbica está envolvida no
quimiorreceptores e os receptores SS. Essas aprendizado e na memória. As interações das
informações aferentes são transmitidas para varias partes do córtex cerebral e entre ele, e as
níveis progressivamente mais elevados do SNC outras parte do cérebro são responsáveis por
e, por fim para o córtex cerebral. muitas das funções superiores que caracterizam
 A divisão motora (eferente): Conduz os humanos.
informações para fora do SNC, até a periferia
essas informações resultam na concentração Tronco encefálico
dos músculos esqueléticos, dos músculos lisos Conduz informações sensoriais para o tronco
e do músculo cardíaco ou nas secreções das encefálico e informações motoras para fora dele. O
glândulas endócrinas e exócrinas. bulbo contém centros autônomos que regulam a
respiração e a pressão sanguínea, bem como
Córtex cerebral centros que coordenam os reflexos da deglutição,
As interações das varias partes do córtex cerebral da tosse e do vômito. A ponte participa da
entre ele e as outras partes do cérebro são regulação da respiração, e envia informações dos
responsáveis por muitas das funções superiores hemisférios cerebrais para o cerebelo.
que caracterizam os humanos.
 Lobo frontal: Sua principal função é o Cerebelo
comportamento motor. As áreas motoras, pré- Suas funções são: a coordenação do movimento, o
motoras, cingulada motora e motora planejamento e a execução dos movimentos, a
suplementar estão localizadas no lobo frontal, manutenção da postura e a coordenação dos
bem como no campo visual frontal essas áreas movimentos da cabeça e dos olhos.
são cruciais no planejamento e na execução do
comportamento motor. A área da Broca, Talamo e hipotálamo
essencial para fala fica na parte inferior no giro- O tálamo processa a maioria das informações
frontal do hemisfério dominante para a sensoriais dirigidas ao córtex cerebral e a quase
linguagem nos humanos. O córtex pré-frontal, todas as informações motoras provenientes do
na parte rostral do lobo frontal, desempenha córtex cerebral, para o tronco encefálico e a medula
papel na personalidade e no comportamento espinhal.
emocional. O hipotálamo contem centros que regulam a
 Lobo parietal: Contem o córtex, SS e o córtex temperatura do corpo, a ingestão de alimentos e o
de associação parietal da informação sensorial. equilíbrio hídrico. O hipotálamo também é uma
Conexões com o córtex frontal permite que glândula endócrina que controla as secreções
informações SS afetem a atividade motora. hormonais da hipófise.
Informações visuais, do lobo occipital chegam
ao córtex de associação parietal e ao lobo
frontal, onde ajudam guiar os movimentos
voluntários. Informações somatossensoriais
podem ser transmitidas para os centros de
linguagem, como a área de Wernicke, no
hemisfério dominante o lobo parietal, no lobo
não dominante, está envolvido na determinação
do contexto espacial.

315
Medula espinhal 2. Sistema nervoso parassimpático: Os gânglios
Contem 31 pares de N. espinhais, constituídas por parassimpáticos estão nos órgãos que inervam ou
N. sensoriais (aferentes) e N. motores (eferentes). em suas proximidades, suas fibras originadas no
 Os N. sensoriais conduzem informações da tronco encefálico ou nos segmentos sacrais da
pele, das articulações, dos M. e das vísceras da medula espinal (craniossacral).
periferia para a medula espinhal, por intermédio
da raiz dorsal e dos seus gânglios;
 Os N. motores conduzem informações da
medula espinhal para a periferia e incluem os N.
motores somáticos, que inervam o M.
esquelético, e os N. motores do SNA, que
inervam o M. cardíaco, o M. liso, as glândulas e
células secretoras.
As vias ascendentes da medula espinhal
conduzem informações motoras dos níveis mais
elevados do SNC para os N. motores que inervam a
periferia.

SNP
O sistema nervoso periférico regula as respostas
involuntárias do M. liso e do tecido glandular. É
dividido em sistema nervoso simpático (SNS),
responsável pelas respostas de luta ou fuga, e em
sistema nervoso parassimpático (SNPa),
responsável pelas respostas de repouso e digestão.
O sistema nervoso periférico sensitivo e somático
transporta sinais sensitivos da periferia para o SNC
e os sinais motores do SNC para o músculo
estriado. Esses sinais regulam o movimento
voluntário.

Sistema nervoso autônomo (SNA)


O SNA, junto com o sistema endócrino coordena a
regulação e a integração das funções corporais. O
SNA envia sinais aos tecidos-alvo, variando os
níveis de hormônio na corrente. As fibras nervosas
autônomas interagem com seus órgãos através de
uma via de dois neurônios. O primeiro origina-se no
tronco encefálico ou na medula espinal e é
denominado neurônio pré-ganglionar. O neurônio
pré-glanglionar faz sinapse fora da medula espinal
com um neurônio pós-ganglionar, que inerva o
órgão-alvo. Ele também mantém a homeostasia
através da ação combinada de seus ramos
simpáticos e parassimpáticos.
1. Sistema nervoso simpático: Originam-se da
região torácica e lombar da medula espinhal. Os
neurônios pré-ganglionares são curtos. O SNS
estimula a frequência cardíaca e a pressão
arterial, mobilizando reservas de energia do
organismo, e aumenta o fluxo sanguíneo para
os músculos e para o coração desviando-o da
pele e dos órgãos internos.Suas fibras pré-
ganglionares originam-se do primeiro segmento
torácico ao segundo ou terceiro segmento
lombar da medula espinal. O sistema simpático
prevalece em condições de estresse,
produzindo resposta de luta ou fuga.

316
SISTEMA SOMATOSSENSORIAL (SSS) Subdivisões
Leva informação ao SNC sobre o estado do corpo e Com base na distribuição de seus receptores, o
de seu contato com o mundo. Isso é feito por meio SSS recebe três categorias de informações:
de vários receptores sensoriais como a transdução 1. Exteroceptiva: É responsável pela informação
de energias mecânicas (pressão, alongamento e sobre o contato da pele com objetos do mundo
vibrações) e térmicas em sinais elétricos. Esses exterior e vários receptores mecanorreceptivos,
sinais elétricos ocorrem nas extremidades das nociceptivos (dor) e térmicos são usados para
cristas dos axônios dos neurônios essa finalidade;
somatossensoriais (SS) de primeira ordem e 2. Proprioceptivo: Fornece informações sobre a
desencadeiam salvas de PA que refletem as posição e o movimento do corpo e de partes do
informações sobre as características do corpo se baseia, nos receptivos encontrados
estímulo.Os corpos celulares desses neurônios nas articulações, nos músculos e nos tendões;
ficam localizados na raiz dorsal e nos gânglios dos 3. Enteroceptivos: tem receptores que monitoram
nervos cranianos.Cada célula ganglionar dá origem o estado interno do corpo e inclui
a um axônio que, após curta distância, se divide em mecanorreceptores que detectam distensões no
processos periféricos e centrais: intestino ou a bexiga cheia.
1. O processo periférico:das células ganglionares As vias SS também podem ser classificadas pelo
coalescem para formar os nervos periféricos. tipo de informação que transmitem. São conhecidas
Um nervo sensorial terá apenas axônios duas categorias e cada uma inclui varias
provenientes de gânglios sensoriais; entre tanto, modalidades SS:
nervos mistos, que inervam os músculos, 1. A sensação de toque fino inclui o toque leve,
contem fibras aferentes (sensoriais) e eferentes pressão, vibração, tremores e alongamento ou
(motoras).No órgão alvo, os processos tensão;
periféricos do axônio aferente se dividem, com 2. O segundo grupo de sensação incluindo dor e
cada ramo terminado num receptor sensorial. temperatura. Submodalidades desse inclui
Na maioria dos casos, a própria terminação sensação nociceptivas e inócuas de frio e calor
nervosa livre forma um receptor funcional, mas e doresmecânicas e químicas.
em outros casos, o terminal nervoso é A informação sobre a sensação tátil é transportada,
encapsulado por células acessórias e a por fibras grossas mielinizadas das classes e Aβ,
estrutura, como um todo, forma o receptor; enquanto a informação sobre a dor e temperatura
2. O processo central: do axônio entra na medula Aαé transportada por fibras de menor diâmetro,
pela raiz dorsal, ou no tronco cerebral, por um com pouca mielina (Aδ) e fibras não mielinizadas.
nervo craniano. Em geral, o processo central dá
origem a vários ramos que podem fazer Inervação da pele
sinapses com vários tipos celulares, incluindo os Baixo limiar mecanossensorial: a pele é um
neurônios de segunda ordem das vias SS. A órgão sensorial importante é muito inervada, com
localização terminal desses ramos centrais varia vários tipos de fibras aferentes. Essas fibras
de acordo com o tipo de informação que é aferentes estão relacionadas com os
transmitida. mecanorreceptores de baixo limiar.Para estudar a
Os neurônios de segunda ordem que fazem parte resposta dos receptores táteis, usamos hastes de
da via de percepção da informação SS se projetam pequeno diâmetro para pressionar regiões
para os núcleos talâmicos específicos, onde se localizadas da pele. Dessa forma, podemos
encontram os neurônios de terceira ordem. Esses observar dois tipos de resposta ao registraràs fibras
neurônios se projetam para o córtex sensoriais aferentes:
somatossensorial primário (S-I). No córtex, as 1. Resposta de adaptação rápida (AR);
informaçõesSSsão processadas no S-I e em varias 2. Resposta de adaptação lenta (AL).
áreas corticais de ordem maior. A informação SS Fibras de AR apresentam curtos PAs, quando o
também é transmitida para o cerebelo, por outros bastão é inicialmente pressionado contra a pele,
neurônios de segunda ordem, para que seja usado mas depois elas param de disparar, apesar da
na coordenação motora. Em particular, os continuação do estímulo.
receptores de outros sistemas sensoriais estão Unidades de AL começa a disparar PA no inicio do
localizados num só órgão, onde estão presentes em estímulo e continuam a disparar até que o estímulo
altas concentrações (o olho, no caso do sistema seja continuado. As fibras AR e AL podem ser
visual). Em contrapartida, os receptores SS são subdivididos com base em outros aspectos de seu
distribuídos ao longo do corpo (e da cabeça). Os campo receptivo, quando o campo receptivo é
outros sentidos transmitem sua informação para o definido como a região da pele na qual se podem
cérebro por meio de um feixe nervoso único, (num evocar respostas. Os campos receptivos tem forma
caso, por 2 ou 3 nervos), enquanto a informação SS circular ou oval e nele existe sensibilidade uniforme
entra no SNC por meio das raízes nervosas e dos e elevada aos estímulos, que se reduz em sua
nervos cranianos (primariamente o nervo trigêmeo). periferia.

317
Propriedades das camadas receptivas: quatro SISTEMAS SENSORIAIS
classes de fibras aferentes mecanossensíveis de Nos animais, precisamos receber informações do
baixo limiar foram identificadas (AR1, AR2, AL1 e ambiente onde vivemos, para podermos detectar
AL2). Perifericamente esses axônios podem ser alterações ambientais e responder a elas. Os
concluídos como terminações nervosas livres ou órgãos do sentido constituem a porta de entrada
numa capsula composta de células de sustentação. dos sinais ambientais.
Os aferentes de AR1 terminam nos corpúsculos de O órgão sensorial serve como um transdutor que
Meissner, enquanto os aferentes de AL1 terminam converte o sinal externo em uma alteração do
nos discos de Merkel. Essas cápsulas são potencial de membrana da célula receptora. Assim,
pequenas e orientadas para detectar estímulos de sinais mecânicos químicos ou luminosos são
pressão na superfície da pele acima delas, transformados em PAs e podem ser interpretados
permitindo que o campo perceptivo dos aferentes pelo SNC. Alterações na frequência dos PAs no
AL1 e AR1 sejam pequenas. axônio podem ser usadas como indicador de
Na pele glabra, os aferentes de AL2 acabam nas intensidade do estimulo, quanto mais forte os
terminações de Ruffini e os aferentes de AR2 estímulos, maior será o número de PAs enviados ao
terminam nos corpúsculos de Pacini. Esses dois SNC. Em todos os sentidos, o principio básico é o
receptores estão localizados na derme e TC, e só mesmo:
são sensíveis aos estímulos aplicadosem território  Cada célula sensorial capta apenas um tipo de
mais amplo. As capsulas de Pacini e Meissner, sinal, sem especificar para ele;
filtram estímulos que mudam lentamente ou são  O órgão sensorial serve como transdutor em
constantes, tornando esses aferentes seletivamente que o sinal externo, e gera potenciais
sensíveis a estímulos que variam. receptores;
Na pele pilosa, a relação entre os receptores e as  A informação é transmitida pelos nervos
classes de aferentes é parecida ao da pele glabra. sensoriais na forma de PAs;
As fibras AL1 e AL2 se conectam aos corpúsculos  O PA em todos os nervos sensoriais é da
de Merkel e Ruffini da mesma forma que na pele mesma intensidade e magnitude;
glabra.  A intensidade do estimulo é codificada pela
Os corpúsculos de Pacini são também responsáveis modulação da frequência dos PAs.
pelas propriedades aferentes AR2, eles não são
encontradas na pele que contem cabelo, mas estão Sentido mecânico
profundamente nos tecidos que cercam os Os mecanaceptores respondem a estímulos
músculos e vasos sanguíneos. mecânicos como vibração, toque, gravidade,
estriamento. O sentido tátil corresponde à sensação
sobre a pele. Há dois tipos de receptores para o
tato: receptores de adaptação rápida e lenta.
 Os receptores de adaptação rápida: levam
sinais no inicio e no final da estimulação, mas
param de responder o estimulo e continua.
Quando trocamos de roupa pela manhã,quando
colocamos anel ou óculos, inicialmente
percebemos a presença do objeto, mas ao longo
do tempo esquecemos que o objeto está lá, pois
os receptores sensoriais param de mandar
sinais quando são continuamente estimulados.
 Os receptores de adaptação lenta: mandam
sinais sensoriais ininterruptos, mantendo o SNC
Figura 28: Mecanorreceptores cutâneos e padrões de informado do estimulo, se a presença deste for
respostas associados às fibras aferentes: (a) corpúsculo prolongada. As regiões mais sensíveis ao toque
de Meissner; (b) corpúsculo de Paccini; (c) disco de
Merkel; (d) terminações de Ruffini; (e) cabelo; (f) possuem mais receptores sensoriais, como a
terminações nervosas livres. boca e as patas/mão.Nos animais também
temos receptores sensíveis à temperatura
(termoceptores) que respondem a frio (entre 10
e 25 ºC) e ao calor (entre 30 e 45 ºC).O sentido
da dor é percebido por nociceptores. Há dois
tipos de dor levadas ao SNC por dois tipos de
nociceptores:
1. A dor rápida: sinalizada como uma pontada e
percebida imediatamente ao dano tecidual é
carregado ao SNC por neurônios mielinizados e
a rota até o córtex conta com poucas sinapses.
318
2. A dor lenta, em queimação, que é levada por Receptores
uma rede de neurônios amielinicos, chegando São classificados pelo tipo de estímulo que os
lentamente ao SNC. ativam. Os cinco tipos de receptores são: os
Durante a passagem até o córtex sensorial, os mecanorreceptores, os fotorreceptores, os
sinais da dor passam pelo tálamo. quimiorreceptores, os termorreceptores e os
nociceptores:
Controle motor 1. Os mecanorreceptores: São ativados pela
A coordenação de contração muscular para pressão ou por variações da pressão;
execução de tarefas é gerada dentro do SN, pela 2. Os fotorreceptores: são ativados pela luzestão
chegada de impulsos na junção neuromuscular e envolvidas na visão;
geração de potencial de ação na unidade motora. 3. Os quimiorreceptores: São ativados por
Quando um potencial de ação se inicia no neurônio substâncias químicas e estão envolvidas no
motor, a excitação da membrana da unidade gera olfato, no palato e na detecção de 8O e CO2 no
resposta de todas as fibras musculares envolvidas, controle da respiração;
gerando contração da unidade motora. 4. Os termorreceptores: São ativados pela
Os músculos de vertebrados possuem diferentes temperatura ou por variações da temperatura;
tipos de fibras de modo que o SN pode modular 5. Os nociceptores: São ativados por fortes
quais fibras e quantas fibras estarão ativas em estímulos de pressão, temperatura ou produtos
determinadas atividades. Por causa disso, podemos químicos nocivos.
segurar um copo de plástico cheio de água numa
mão enquanto na outra seguramos um tijolo.Todos Tradução sensorial
os comportamentos são controlados por sinais É o processo pelo qual o estímulo do ambiente ativa
motores vindos do SNC. A atividade motora o receptor e é convertido em atividade elétrica. A
voluntária ou em resposta a determinado estímulo conversão envolve a abertura ou o fechamento dos
ambiental depende da organização dos circuitos canais iônicos na membrana do receptor, o que leva
neuronais e do modo como os neurônios a fluxo de íon através da membrana.
processam e integram as informações.
As redes neuronais mais simples são os arcos-
reflexos neste caso, uma informação aferente
chega ao SNC e imediatamente uma informação
eferente sai, levando à contração coordenada do
músculo e resposta motora um exemplo, é a
retirada da mão quando tocamos um objeto quente.

Vias sensoriais
Recebem informações do ambiente por meio de
receptores especializados na periferia, e transmitem
as informações por uma série de neurônios e
retransmissores sinápticos do SNC.As seguintes
etapas estão envolvidas na transmissão da
informação sensorial:

Receptores sensoriais
São ativados por estímulos do meio ambiente. Nos
sistemas visual, gustativos e auditivos os receptores
são células epiteliais especializadas. Nos sistemas
somatossensorial e olfativo, os receptores são
neurônio de primeira ordem, ou neurônios aferentes
primários. O processo de conversão, chamado
transdução sensorial, é mediado pela abertura ou
o fechamento dos canais iônicos, que leva a uma
alteração no potencial de membrana, a
despolarização ou hiperpolarização do receptor
sensorial. Essa modificação no potencial da
membrana do receptor sensorial é chamada de
potencial receptor.
Após a tradução e a geração do potencial receptor, .
a informação é transmitida ao SNC por uma série
de neurônios sensoriais aferentes, que são
designados neurônios de 1ª ordem, 2ª ordem, 3ª
ordem e 4ª ordem.
319
FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR
Sua principal função é entregar sangue aos
tecidos, fornecendo nutrientes às células para seu
metabolismo e removendo os dejetos metabólicos
das células. O coração é um órgão mecânico e
elétrico que funciona como uma bomba. O
componente mecânico bombeia o sangue, e o
componente elétrico controla o ritmo da bomba, e a
atividade elétrica determina a contração cardíaca
rítmica. O coração propele o sangue ao longo de
vasos sanguíneos. Os vasos que transportam
sangue do coração para os tecidos são as artérias, Figura 29: (A)cabeça e encéfalo; (B) braços; (C) pulmões; (D)
tronco; (E) fígado; (F) TG; (G) rins; (H) pelve e pernas. (a) capilares;
elas contem uma pequena porcentagem de sangue, (b) artérias; (c) artérias ascendentes; (d) parte abdominal da aorta;
as veias que transportam sangue dos tecidos de (e) artérias descendentes; (f) valvas venosas; (g) veias
volta ao coração contem uma porcentagem maior ascendentes; (h) veia cava inferior; (i) veia cava superior; (j) veias;
(l) átrio direito; (m) artérias pulmonares; (n) veias pulmonares; (o)
de sangue. A troca de nutrientes, dejetos átrio esquerdo; (p) artérias coronárias; (q) ventrículo esquerdo; (r)
metabólicos e de líquido ocorre através das paredes coração; (s) artéria hepática; (t) veia porta do fígado; (u) veia
dos capilares. hepática; (v) artérias renais; (x) veias renais; (z) ventrículo direito.
Esse sistema também está envolvido em várias
funções homeostáticas, participando da regulação Coração
da pressão sanguínea arterial, leva hormônios O coração é um músculo que contrai
regulares das glândulas endócrinas para seus continuamente, descansando somente nas pausas
locais de açãoe participam da temperatura corporal. entre os batimentos. Estima-se que o trabalho do
coração, num minuto, seja equivalente a levantar
SISTEMA CIRCULATÓRIO (SC) 3kg a uma altura de 30cm. O trabalho cardíaco é
O SC transporta materiais para, e de todas as dividido em sístole (contração) e diástole
partes do corpo. As substâncias transportadas pelo (relaxamento). As fibras musculares cardíacas são
SC podem ser divididas em: nutrientes, água e interconectadas entre si, formando um sincício. O
gases que entram no corpo a partir do meio sincício atrial é separado do sincício ventricular por
externo; materiais que se movem de células para tecido fibroso. Assim todo o átrio contrai num só
células e resíduos que as células eliminam. Em tempo e todo ventrículo também. o coração
animais de porte grande possuem vasos pelos éconstituído por duas bombas distintas:
quais o fluido sanguíneo flui e leva os gases e  O coração direito: bombeia sangue para os
nutrienteàs partes do corpo, enquanto animais pulmões.
menores ainda usam difusão simples porque a  O coração esquerdo: bombeia sangue para
distância a ser percorrida é pequena. O SC aberto órgãos periféricos.
é característico de invertebrados, no qual não há Cada um desses corações é uma bomba pulsátil
vasos conectando artérias e veias. No SC fechado, de duas câmaras compostas de um átrio e um
o sangue fica confinado nos vasos ao longo de todo ventrículo.
o percurso pelo sistema vascular. Neste sistema, o
coração bombeia sangue pelas artérias que
ramificam até arteríolas e uma rede de capilares. O
sangue deixa os capilares, entram em vênulas,
veias e retorna ao coração. O SC também recolhe
os resíduos metabólitos e o CO2 liberado pelas
células e os transporta para os pulmões e rins, de
onde serão excretados. Alguns produtos são
transportados até o fígado para serem processados
antes de serem excretados na urina e nas fezes.

Figura 30: (a) aorta; (b) valva semilunar pulmonar; (c) artéria
pulmonar esquerda; (d) veias pulmonares esquerda; (e) átrio
esquerdo; (f) folheto da valva AV esquerda; (g) cordas tendíneas;
(h) músculos papilares (biscúpide); (i) ventrículo esquerdo; (j) parte
descendente da aorta, (l) veia cava inferior; (m) ventrículo direito;
(n) folheto da valva AV direita (tricúspide); (o) átrio direito; (p) veia
cava superior; (q) artérias pulmonares direita.

320
Condução elétrica no coração
O potencial de ação do músculo cardíaco dura
cerca de três décimos de segundo. Portanto, a
duração da contração cardíaca é maior do que a do
músculo esquelético.
Um pequeno grupo de fibras cardíacas na parede
superior do átrio direito que formam o nósinoatrial
(SA). Esse nódo é capaz de contração rítmica. As
membranas das fibras do nó SA são muito
permeáveis ao 11Na, o que faz com que o potencial
de repouso se desvie sempre para valores mais
positivos. Ao seu término, a membrana fica
temporariamente menos permeável ao 11Na e mais
permeável ao 19K, o que caracteriza uma
hiperpolarização. Daí, a permeabilidade ao 11Na
retorna ao normal e um novo potencial de ação
pode ser gerado. Isso dura sem interrupção por
toda a vida.
O fato da duração da contração cardíaca ser maior
do que o músculo esquelético se deve à lentidão da
membrana das células em se repolarizar após a
despolarização. Isso leva um platô no pico do Figura 31:condução elétrica no coração. (A) o nó AS despolariza;
potencial de ação de cerca de 0,3s. Durante a (B) a atividade elétrica vai para o nó AV pelas vias internodais; (C) a
despolarização se espalha mais lentamente através do átrio. A
despolarização, entram íons de 11Na e de 20Ca em condução atrasa através do nó AV; (D) a despolarização move-se
grande número. Os canais de 20Ca são lentos e rapidamente pelo sistema de condução ventricular para o ápice do
então, este íon continua entrando após cessar a coração; (E) a onda de despolarização se espalha para cima a partir
do ápice. (a) nó SA; (b) nó AV; (f) vias internodais; (g) fasciulo AV;
entrada de 11Na. Após alguns décimos de segundo, (h) ramos do fascículo; (i) ramos subendocárdicos (fibras de
os canais de 20Ca fecham-se e tem inicio a Purkinje).
repolarização.
A duração da contração é semelhante à duração O potencial no interior da célula cardíaca é -90mV
do potencial de ação. Há dois tipos de potencial de em relação ao meio externo. Durante a
ação: os de resposta rápida e o de resposta lenta. despolarização, o potencial se inverte e excede o
 A resposta rápida: Ocorre no átrio, nos externo em 20mV. Depois da despolarização rápida
miócitos ventriculares e nas fibras da fibra, segue-se uma breve repolarização precoce
especializadas de Purkinje. parcial, e então há um platô por 0,1 a 0,2 segundos,
 A resposta lenta: Ocorre nos nodos SA e período em que há influxo de 20Ca e efluxo de 19K.
atrioventricular (AV). Nessas células o potencial A despolarização rápida ocorre com o
de ação se propaga mais lentamente e a desenvolvimento da força-cardiaca. A repolarização
probabilidade de bloqueio da condução é maior. completa coincide com o pico da força. O
O nodo SA é considerado marca-passo do relaxamento ocorre quando o potencial volta ao
coração. A atividade elétrica do marca-passo atinge repouso.
primeiros os átrios e depois os ventrículos. Devido à
separação dos átrios e ventrículos por tecidos
fibrosos que não deixam o impulso elétrico passar,
há a necessidade de um feixe de condução entre
eles: o feixe atrioventricular,ele leva o impulso do
nó SA até o nó AV. o ventrículo, por ser maior,
depende de uma rede de fibras para poder contrair
em uníssono para o eficaz bombeamento do
sangue. Esse arranjo permite que a contração inicie
no ápice e se espalhe pelo tecido empurrando o
sangue para a artéria de modo eficiente. Figura 32: PA de uma célula cardíaca contrátil. (0) canais de Na+
abertos; (1) canais de Na+ fechados; (2) canais de Ca2+ abertos;
canais de K+ rápidos fechados; (3) canais de Ca2+ abertos; (4)
potencial de repouso.

321
Células marcapasso e não-marcapasso Quando os canais RYR se abrem, o Ca2+ entra nas
O coração tem dois tipos de miócitos cardíacos, os células para fora do retículo sarcoplasmático e para
que tem a capacidade de iniciar potenciais de ação dentro do citosol, criando um pulso de Ca2+, varias
e aqueles que não tem essa capacidade. as células faíscas de diferentes canais de RYR se somam
que possuem a capacidade de iniciar potenciais de para criar um sinal de Ca2+. Este processo de
ação espontaneo são chamados marcapasso. acoplamento E-C no músculo cardíaco é também
todas as células marca-passo exibem chamado de liberação de Ca2+ induzido por Ca2+.
automaticidade, todas as células marcapasso A liberação de 20Ca do reticulo sarcoplasmático
exibem automaticidade, isto é, a capacidade de fornece, 90% do Ca2+ necessário para a contração
despolarizar de forma ritmica acima de um limiar de muscular, sendo que os 10% restantes entram na
voltagem. A automaticidade resulta na geração de célula aparti do líquido extracelular. O 20Ca se
potenciais de ação espontanea. as celulas difunde pelo citosol para os elementos contráteis,
marcapasso são encontradas no nó sinuatrial, no nó onde se liga à troponina e inicia o ciclo de formação
atrioventricular e no sistema de condução de pontes cruzadas e o movimento. Quando as
ventricular. Em seu conjunto, as células concentrações citoplasmáticas de Ca2+ diminuem o
marcapasso constituem o sistema de condução Ca2+ desliga-se da troponina, a miosina libera a
especializado que governa a atividade elétrica do actina e os filamentos contráteis deslizam de volta
coração. para sua posição de relaxamento. No músculo
O segundo tipo de células cardiacos, as células cardíaco o Ca2+ também é removido da célula na
não-marcapasso, inclui os miocitos atriais e troca por Na+ via trocador de antiporte Na+, -Ca2+.
ventriculares. nelas incluimos os miocitos atriais e Cada Ca2+ sai da célula contra seu gradiente
ventriculares. as células não-marcapasso sofrem eletroquímico em troca por 3Na+ que entram na
contração em resposta à despolarização e são célula a favor do seu gradiente eletroquímico. O
responsaveis pela maior parte da contração 11Na que entra na célula durante essa transferência
cardiaca. é removida pela Na+ -K+ -ATPase.

Contração
O coração recebe o sangue desoxigenado e
reenvia através da circulação pulmonar para
distribuir sangue oxigenado nos tecidos periféricos.
Para isso, o ventrículo esquerdo precisa
desenvolver uma tensão para superar a impedância
à ejeção que reside na circulação periférica.
O músculo cardíaco contrai-se quando os
potenciais de ação despolarizam as membranas
plasmáticas das células musculares cardíacas.
O processo de acoplamento excitação-contração,
em que os processos mecânicos intracelulares
traduzem um sinal eletroquímico em força dos
canais de 20Ca regulados por voltagem, aumento do
20Ca intracelular, a ativação das proteínas contrateis
por interação actina-miosina.
O coração pode se contrair sem uma conexão com
outras partes do corpo, pois o sinal da contração é
originado dentro do próprio músculo cardíaco. O Figura 33: acoplamento excitação-contração (E-C) e relaxamento no
músculo cardíaco. (1) contração; (2) relaxamento. (a) Actina; (b)
sinal para a contração vem de células conhecidas miosina. (A) o potencial de ação chega proveniente de células
como células autoexcitáveis. Essas células são adjacentes; (B) canais de Ca2+ controlados por voltagens se abrem. O
Ca2+ entra na célula; (C) o Ca2+ induz a liberação de Ca2+ pelos canais
conhecidas como marca-passo porque determinam receptores de rinodina (RYR); (D) liberação local causa faísca de Ca2+;
a frequência dos batimentos cardíacos. (E) os íons de Ca2+ se ligam na troponina para iniciar a contração; (F)
No músculo cardíaco, um PA se origina os íons de ca2+ se desligam da troponina; (G) Ca2+ é bombeado de
volta para dentro do retículo sarcoplasmático para se armazenado;
espontaneamente nas células do marca-passo no (H) o Ca2+ é trocado por Na2+ pelo trocador de antiporte NCX; (I) o
coração e se propaga para as células contrateis gradiente de Na2+ é mantido pelo Na+ -K+ -ATPase.
pelas junções comunicantes.
Um PA entra numa célula contrátil se move pelo
sarcolema e entra nos túbulos T, onde abre os
canais de Ca2+ controlados por voltagem, na
membrana das células. O Ca2+ entra nas células e
abre os canais liberadores de Ca2+ receptores de
rianodina (RYR) no retículo sarcoplasmático.

322
Ciclo cardíaco Uma vez que a pressão ventricular cai abaixo da
Cada ciclo possui duas fases: diástole, período pressão nas artérias, o sangue começa a fluir de
durante o qual o músculo cardíaco relaxa, e sístole, volta para o coração. Este fluxo retrógrado enche as
período durante o qual o músculo está contraindo. cúspides, forçando-os para a posição fechada,
O sangue flui de uma área de pressão mais alta fechando as valvas.
para uma área de pressão mais baixa. A contração As vibrações geradas pelo fechamento das valvas
aumenta a pressão, ao passo que o relaxamento semilunares ao o segundo som cardíaco S2tã do
diminui a pressão. Tum-tã.Uma vez que as valvas semilunares se
1. Coração em repouso: fecham, os ventrículos novamente se tornam
 Diástole atrial e ventricular: os átrios estão câmaras isoladas. As valvas AV
se enchendo com o sangue vindo das veias, permanecemfechadas devido à pressão ventricular
os ventrículos acabaram de completar uma que, ainda é maior que a pressão nos átrios.O ciclo
contração. À medida que os ventrículos cardíaco começa novamente.
relaxam, as valvas AV entre os átrios e os
ventrículos relaxam e se abrem e o sangue flui
por gravidade dos átrios para os ventrículos.
2. Término do enchimento ventricular:
 Sístole atrial:Amaior parte do sangue entra
nos ventrículos enquanto os átrios estão
relaxados, os restantes 20% de enchimento
dos ventrículos ocorrem quando os átrios
contraem e empurram o sangue para os
ventrículos. A sístole inicia seguindo a onda de
despolarização que percorre rapidamente os
átrios, a pressão aumentada que acompanha
a contração empurra o sangue para dentro dos
ventrículos.
3. Contração ventricular inicial e o primeiro
som cardíaco: enquanto os átrios se contraem,
a onda de despolarização se move lentamente
pelas células condutoras do nó AV e
rapidamente segue pelos ramos dos
fascículosefibras de Purkinje até o ápice do
coração.Asístole ventricular inicia no ápice do
coração quando as bandas musculares em
espiral empurram o sangue para cima em
Figura 34:ciclo cardíaco. (A) final da diástole: ambos os conjuntos
direção à base. O sangue empurrado contra a de câmaras estão relaxados e os ventrículos enchem-se
porção inferior das valvas AV faz com que elas passivamente; (B) sístole atrial: a contração atrial força uma
pequena quantidade de sangue adicional para dentro dos
se fechem de modo que não haja refluxo para ventrículos; (C) contração ventricular isovolumétrica: a primeira
os átrios. As vibrações geradas pelo fechamento fase da contração ventricular empurra as valvas AV e elas se
das valvas AV criam o primeiro som cardíaco, S1 fecham, mas não cria pressão suficiente para abrir as valvas
semilunares; (D) ejeção ventricular: como a pressão ventricular
o Tum do Tum-tá. Com ambos os conjuntos de aumenta e excede a pressão nas artérias, as valvas semilunares se
valvas AV e semilunares fechados, o sangue é abrem e o sangue é ejetado; (E) relaxamento ventricular
pressionado. isovolumétrico: quando os ventrículos relaxam, a pressão nos
ventrículos cai, o sangue flui de volta para as cúspides das valvas
4. O coração bombeiaejeção ventricular: quando semilunares e elas se fecham.
os ventrículos contraem, eles geram pressão
suficiente para abrir as valvas semilunares e
empurrar o sangue para as artérias. A pressão
criada pela contração ventricular se torna a força
propulsora do fluxo sanguíneo. O sangue sobre
alta pressão é forçado para dentro das artérias,
deslocando o sangue sobre baixa pressão que o
preenche e empurrando-o para adiante na
vasculatura. Durante essa fase, as valvas AV
permanecem fechadas os átrios continuam se
enchendo.
5. Relaxamento ventricular e o segundo som
cardíaco: no final da ejeção ventricular, os
ventrículos começam a repolarizar e a relaxar,
diminuindo sua pressão.

323
Vasos
São tubos de diferentes tamanhos com paredes
elásticas e musculares para facilitar a alteração do
diâmetro quando recebe o sangue. Os vasos são
classificados de acordo com suas estruturas:
 Artérias: são tubos cilindróides, elásticos, sem
válvulas, que conduzem o sangue que sai do
coração.
 Arteríolas: são vasos menores, mais estreitos e
com grande resistência a passagem de sangue;
 Capilares: são vasos ainda menores,
compostos por uma camada de endotélio, que
permite a troca de gases e nutrientes;
 Vênulas e veias: são vasos que aparecem no
retorno do sangue ao coração, depois das
trocas teciduais.
Os vasos de trocas são os capilares, tubos com
calibre extremamente pequeno que facilita a troca
de gases, nutrientes, metabólitos, calor e etc.
O sistema venoso tem grande influencia da pressão
hidrostática. As veias são tubos cilindróides, pouco
elástica e repletos de válvulas que auxiliam na
impulsão do sangue em direção ao coração o
calibre aumenta, a pressão sanguínea decresce
progressivamente e a velocidade do fluxo diminui.O
sistema vascular tem a função de transportar e
distribuirsubstâncias essenciais e remover produtos
do metabolismo das células, manter a homeostase,
regular a temperatura, fazer a manutenção dos
fluidos e o suprimento de oxigênio e nutriente.A
pressão de pulso (PP) é a diferença entre a pressão
sistólica e a diastólica.

Figura 35: Pressão arterial média x débito cardíaco x resistência.


(A) débito cardíaco; (B) resistência variável. (a) ventrículo
esquerdo; (b) artérias elásticas; (c) arteríolas.

O coração e a rede vascular são regulados por


fatores neurais e humorais. Mecanismos neuronais
envolvem os ramos simpáticos adrenérgicos e
parassimpáticos colinérgicos do SNA. Em geral o
sistema simpático estimula o coração e contrai os
vasos, resultando em aumento de pressão arterial.
O parassimpático deprime a função cardíaca,
provoca a queda da pressão.

324
REGULAÇÃO DO VOLUME Sistema renina-angiotensina-aldosterona
A regulação adequada da homeostásia do volume e (SRAA)
do tônus vascular mantém a perfusão tecidual A renina é um aspartil protease produzida e
adequada, em resposta a estímulos ambientais secretada pelo aparelho justaglomerular, um
variáveis. As alterações ocorridas no plasma são conjunto de celulas musculares lisas que revestem
percebidas, sinalizadas e moduladas por um as arteríolas aferentes e eferentes do glomérulo
conjunto de mecanismo. Existem sensores de renal. O resultado da secreção de renina consiste
volume em toda a árvore vascular, inclusive nos em vasoconstrição e renteção de Na+, duas ações
átrios e nos rins. Muitos reguladores de volume que mantém a perfusão tecidual e que aumentam o
ativados por esses sensores são hormônios volume do líquido extracelular. A liberação de
sistêmicos e autócrinos, enquanto outros envolvem renina é controlada por três mecanismos:
circuitos neurais. O resultado integrado ao 1º. Um mecanismo sensor de pressão direto da
mecanismo de sinalização consiste em alterar o arteríola aferente, aumenta a liberação de renina
tônus vascular e regular a reabsorção e excreção pela celulas justaglomerulares em resposta a uma
renais de Na+. diminuição da tensão;
2º. A inervação simpática das células
REGULADORES DO VOLUME justaglomerulares promove a liberação de renina
A resposta neuro-hormonal a determinada pela através da sinalização dos receptores β2-
alteração no volume é controlada por quatro adrenergicos;
sistemas: 3º. Um mecanismo auto-regulador, percebe ácido
 O sistema renina-angiotensina-aldosterona; como retroalimentação tubulo-glomerular, percebe a
 Os peptídeos natriuréticos; chegada de 11Na ou Cl- no néfron distal e modula a
 Os hormônios antiuréticos; liberação de renina.
 Os nervos simpáticos renais. A anatomia do néfron é organizada de tal modo
que a extremidade distal do ramo ascendente
espesso cortical de cada néfron está estreitamente
justaposta ao mesângio justaglomerular do mesmo
néfron. Essa proximidade permite uma rapida
regulação da atividade arteriolar aferente e
mesangial glomerular pela concentração de
eletrólitos ou carga de sal no néfron distal.
As células da macula densa do ramo ascendente
espesso cortical respondem a um aumento do
aporte luminal de NaCl através de aumento da
adenosina extracelular no intersticio
justaglomerular, ativando, assim, os receptores AT1
nas células mesangiais justaglomerulares, por outro
lado, diminuindo o aporte de NaCl luminal ativa uma
cascata de sinalização de prostaglandinas que
culmina em liberação aumentada de renina pelas
células justaglomerulares. A renina plasmática cliva
o pré-hormônio hepático circulante de 14
aminoácidos angiotensinogenio na decapeptidio
angiontensina I. Por sua vez, a angiotensina I é
clivada no octapeptidio ativo angiotensina II (AT2)
pela ECA uma carboxipedidase localizada na
superfície de células endoteliais. A ECA é altamente
expressa no endotelio vascular pulmonar, mas
também é encontrada sobre a superfície coronária.
A atividade da ECA regula a produção local de AT2
em todos os leitos vasculares. A AT2 possui pelo
menos 4 ações farmacológicas:
1. Estimulação da secreção de aldosterona por
células da zona glomerulosa das glandulas
supra-renais;
2. Reabsorção aumentada de NaCl no tubulo
proximal e em outros segmentos do néfron;
3. Estimulação da sede e secreção de ADH;
4. Vasoconstrição arteriolar e, ajudam a manter a
pressão de perfusão.

325
A secreção de aldosterona aumenta a reabsorção
tubular distal de Na+ filtrado que é reabsorvido, a
estimulação da sede aumenta a água livre
absorvida na vasculatura, a secreção de ADH
aumenta a absorção de água livre no ducto coletor;
e a vasoconstrição arteriolar mantem a pressão
arterial. Todas essas ações da AT2 são mediadas
pela sua ligação ao subtipo 1 do receptor de AT2,
um receptor acoplado à proteína G. As ações do
AT2 são mais bem compreendidas nas celulas
musculares lisas vasculares, onde o receptor AT1
ativa a fosfolipase C, levando a liberação de Ca2+
das reservas intracelulares e ativação da
proteinocina C. A inibição do AT1 pode resultar em
relaxamento das celulas musculares lisas
vasculares e em diminuição da resistência vascular Figura 37: modulação da liberação de renina. a renina é liberada
sistêmica e da pressão arterial. pelas células justaglomerulares em resposta a varios estimulos
que sinalizam uma depleção de volume. 1º a redução da pressão
na arteriola aferente estimula a liberação aumentada de renina; 2º
as células justaglomerulares expressam receptores β1-
adrenérgicos (β1-AR) acopladas a Gm que estimula a adenilil
ciclase a aumentar o nivel intracelular de cAMP, que constitui um
estimulo para a liberação de renina. 3º as celulas que revestem os
segmentos diluidores de néfron modula a liberação de renina,
com base na intensidade do fluxo luminal de NaCl. Em casos de
diminuição do fluxode NaCl, a entrada de Cl- através do
transportador de Na+/2Cl-/K+ (NKCC2) na membrana apical das
células da macula densa no tubulo contorcido distal, estimula a
atividade da ciclo-oxigenase 2 (COX2) aumentando a produção de
prostaglandinas. as prostaglandinas difundem-se e ativam os
receptores de prostaglandinas (PG) das celulas
justaglomerulares, que estimulam a liberação de renina através
do aumento na produção de cAMP. em contrapartida o aumento
do aporte de NaCl no ERA cortical leva a um aumento da geração
de adenosina no intersticio mesangioal justaglomerular. a
ativação dos receptores A1 das ´celulas justaglomerulares a uma
liberação diminuida de renina.

Peptídeos natriuréticos
Figura 36: Eixo renina-angiotensina-aldosterona. o São hormônios liberados pelos átrios, pelos
angiotensinogenio é um pró-hormônio secretado na circulação
pelos hepatócitos. a renina, secretado pelas células ventrículos e pelo endotélio vascular em resposta a
justaglomerulares do rim, cliva a angiotensinogenio em uma sobrecarga de volume. Há três tipos de
angiotensina I. a ECA, uma protease expressa no endotélio peptídeos os A, B e C. O de tipo A é liberado pelos
capilar pulmonar, cliva a angiotensina I em angiotensina II. a
angiotensina II possui quatro ações que aumentam o volume ventrículos, e o tipo C é liberado pelas células
intravascular e que mantem a perfusão tecidual. 1º a angiotensina endoteliais vasculares. O tipo A aumenta a
II estimula as células da zona glomerular do cortex supra-renal a
secretar aldosterona, um hormônio do néfron. 2º a angiotensina II
permeabilidade do endotélio capilar, esse efeito
estimula diretamente a reabsorção tubular proximal renal da NaCl. reduz a pressão arterial ao favorecer a filtração de
3º a angiotensina II provoca vaso constrição arteriolar eferente, líquido do plasma para o interstício.
uma ação que aumenta a pressão intraglomerular e, a TFG. 4º por
fim, a angiotensina II estimula os centros da sede do hipotalamo e Os peptídeos natriuréticos atuam indiretamente
promove a secreção de ADH. para aumentar a excreção de Na+ e H2O pela
inibição da liberação de renina, aldosterona e
vasopressina, ações que reforçam o efeito
natriurético-diurético. Os peptídeos natriuréticos
agem diretamente no centro de controle
cardiovascular do bulbo para diminuir a pressão
sanguínea.
os peptideos natriuréticos circulantes ligam-se a
três receptores, chamados NPR-A, NPR-B e NPR-
C. os receptores NPR-A e NPR-B são proteínas
transmembranar com atividade intrínseca de guanilil
ciclase. a ativação desses receptores aumeta os
niveis intracelulares de cGMP. o NPR-C carece de
um domínio guanilil ciclase intracelular e pode atuar
como receptor chamariz ou tampão, reduzindo, o
nivel de peptidio natriurético circulante disponivel
para a ligação aos dois receptores de sinalização.
326
os peptidios natriureticos afetam o sistema Nervos simpáticos renais
cardiovascular, os rins e o SNC. a integração de Enervam as arteríolas eferentes e aferentes. Em
sinais derivados dos peptidios natriureticos serve resposta a uma regulação de volume intravascular,
para diminuir a sobrecarga de volume e suas os nervos simpáticos renais diminuem a taxa de
sequelas. o ANP relaxa o musculo liso vascular volume intravascular, reduzem a taxa de filtração
atraves do aumento do cGMP inttracelular, que glomerular ao estimular a constrição da arteríola
induz à desfolarização da cadeia leve de miosina, aferente em maior grau do que a da arteríola
com relaxamento vascular subsequente. o ANP eferente. a diminuição da TFG em decorrência da
também aumenta a permabilidade do endotelio constrição preferêncial da arteríola aferente leva, a
capilar, esse efeito reduz a pressão arterial ao uma diminuição da natriurese. os nervos simpáticos
favorecer a filtração do liquido do plasma para o renais tabmém aumentam a produção de renina
intersticio. através da estimulação dos receptores β1-
no rim, os peptidios natriuréticos prmovem tanto um adrenérgicos nas células mesangiais
aumento da taxa de filtração glomerular (TGF) justaglomerulares e aumentam a reabsorção tubular
quanto a natriorese. a TGF aumento devido à proximal de NaCl.
constrição da arteriola eferente e dilatação da
arteriola aferente, resultando em maior pressão
intraglomerular e, em aumento da filtração de
plasma. os efeitos natriuréricos sobre o rim resulta
do antagonismo da reabsorção de Na+ em multiplos
segmentos do néfron distal.

Figura 38: vias de sinalização dos peptidios natriuréticos. (a) os


peptidios natriuréticos do tipo A e do tipo B são hormonios
secretados em resposta a uma sobrecarga de volume. esses
peptideos ligam-se ao receptor de peptidios natriuréricos A (NPR-
A) e ao receptor de peptidios natriuréticos C (NPR-C). o NPR-A
tem atividade ligada a quanilil ciclase. os efeitos dos peptidios
natriuréticos inclui o aumento da natriurese, são mediadas por
aumentos niveis intracelulares de cGMP. (b) o hormônio
antidiurético (ADH) também conhecido como vasopressina, o
CNP, é expresso pelas células em resposta a um aumento da
osmolaridade e depleção do volume. o ADH medeia a reabsorção
de água pelo ducto coletor renal atraves da ativação do receptor
V2 acoplado à G1. a ativação do G1 leva a um aumento do fluxo de
água através do ducto coletor e, em maior reabsorção de agua
filtrada.

Hormônios antidiuréticos (ADH)


É um hormônio secretado pelaneuro-hipófise em
resposta ao aumento da osmolaridade plasmática.
Ele provoca vasoconstrição da vasculatura
periférica e promove a reabsorção de água no ducto
coletor renal. A secreção de ADH pela hipófise é
aumentada por dois estímulos:
 Aumento na osmolaridade de soro;
 Diminuição na pressão sanguínea.
Há dois tipos de receptores ADH:
 Receptor V1: Presente no músculo liso
vascular, quando ativados causam
vasoconstrição das arteríolas;
 Receptor V2: Presentes nas células principais
dos ductos coletores. Estão envolvidos na
reabsorção de H2O pelos ductos coletores e na
manutenção da osmolaridade dos líquidos
corporais.
327
FLUXO SANGUÍNEO Pressão sanguínea
O sangue flui, por que líquidos e gases fluem a é a medida da força do sangue contra a paredes
favor de gradientes de pressão (ΔP), de regiões de das artérias. a medida de pressão arterial
pressão mais elevadas, para regiões de pressão compreende a verificação da pressão máxima
mais baixas. Por isso, o sangue pode fluir no chamada sistólica e pressão mínima diastólica. em
sistema circulatório apenas se uma região todo tempo existirá uma pressão na artéria aorta
desenvolver pressão mais alta que outra. devido a existência de sangue no interior do vaso,
Nos humanos o coração gera uma alta pressão mesmo quando o ventricular temos uma pressão
quando se contrai. O sangue flui do coração (região chamada de pressão diastólica que é menor do que
de maior pressão) para o circuito fechado de vasos a pressão na artéria aorta no momento que há a
sanguíneos (região de menor pressão). Conforme o contração do ventrículo, pois o sangue bombeado
sangue se move pelo sistema, a pressão diminui pela força ejetora do ventrículo é jogado mais esta
devido ao atrito entre o sangue e a parede dos pressão que agora é chamado de pressão sistólica,
vasos sanguíneos. Consequentemente, a pressão pois ocorrer no momento da contração do ventrículo
cai continuamente, conforme o sangue se afasta do e é uma pressão maior. assim, temos um ciclo de
coração. A pressão mais alta nos vasos é pressão sistólica e diastólica ocorrendo uma após a
encontrada na aorta e nas artérias sistêmicas que outra formando a 120 por 80 mmHg.
recebem sangue do ventrículo esquerdo. As A pressão sanguínea é gerada pela contração
pressões mais baixas ocorrem nas veias cavas, ventricular e a força propulsora par ao fluxo de
ante de desembocarem no átrio direito. sangue pelo sistema circulatório. As artérias
mantém o sangue fluindo continuamente pelos
Física vasos sanguíneos, mantendo a pressão de
A pressão num líquido é a força exercida pelo propulsão do fluxo sanguíneo durante o
líquido no seu recipiente. Se o líquido não está em relaxamento ventricular. Na circulação sistêmica, a
movimento à pressão exercida é chamada de pressão maior ocorre na aorta e resulta da pressão
pressão hidrostática, e a força exercida é gerada pelo ventrículo esquerdo. Pressão aórtica
igualmente em todas as direções.No coração e nos alcança uma média de 120mmHg durante a sístole
vasos sanguíneos, a pressão é geralmente medida ventricular (pressão sistólica) e depois cai até
em milímetros de mercúrio (mmHg), onde um 80mmHg durante a diástole ventricular (pressão
mmHg equivale à pressão hidrostática exercida por diastólica).a pressão de pulso, uma medida de
uma coluna de mercúrio com 1mm de altura sobre amplitude da onda de pressão, é definida como
uma área de 1cm2.no sistema onde o líquido está pressão sistólica menos a pressão diastólica.
em movimento a pressão cai com a distância, à pressão sistólica – pressão diastólica = pressão de
medida que a energia é perdida pelo atrito. a pulso.
pressão exercida por, um líquido em movimento 120mmHg – 80mmHg = 40mmHg
tem dois componentes: um dinâmico, que é o Categoria PA diastólica PA sistólica
componente do movimento, que representa a (mmHg) (mmHg)
Pressão ótima <80 <120
energia cinética do sistema, e um componente Pressão normal 80-84 120-129
lateral, que representa a pressão hidrostática Pressão normal alta 85-89 130-139
(energia potencial) exercida sobre as paredes do Hipertensão grau 1 90-99 140-159
sistema.Variações na pressão também podem Hipertensão grau 2 100-109 160-179
ocorrer nos vasos sanguíneos, se os vasos Hipertensão grau 3 ≥110 ≥180
sanguíneos se dilatam, a pressão sanguínea no seu Hipertensão sistólica <90 ≥140
isolada
interior cai. Se ocorrer contração dos vasos a Tabela 1: Classificação da Sociedade Europeia de Hipertensão e
pressão sanguínea aumenta. As mudanças no Sociedade Europeia de Cardiologia.
volume dos vasos e no coração são os principais
fatores que influenciam a pressão sanguínea no Categoria PA diastólica PA sistólica
sistema circulatório. (mmHg) (mmHg)
Pressão ótima <80 <120
Pressão normal <85 <130
Pressão limítrofe 85-89 130-139
Hipertensão estágio 1 90-99 140-159
Hipertensão estágio 2 100-109 160-179
Hipertensão estágio 3 ≥110 ≥180
Hipertensão sistólica <90 ≥140
isolada
Tabela 2: Classificação das Sociedade Brasileira de Cardiologia,
Sociedade Brasileira deHipertensão e Sociedade Brasileira de
Nefrologia.

328
Categoria PA diastólica PA sistólica
(mmHg) (mmHg)
Pressão normal >80 <120
Pré-hipertensão 80-89 120-139
FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA
Hipertensão 90-99 140-159 A função do sistema respiratório é a troca de 8O e
Estágio 1 CO2 entre o ambiente e as células do organismo.A
Hipertensão ≥100 ≥160 respiração é o processo de uso de 8O pelos
Estágio 2 organismos. Os pulmões auxiliam nesse caso, já
Tabela 3: Classificação da American Heart Association.
que são áreas invaginadas altamente
vascularizadas. Nos mamíferos, milhões de sacos
chamados alvéolos revestem a parte de troca
gasosa pulmonar. Cada alvéolo é muito
vascularizado, levando grande quantidade de
8Opara o sangue, o ar pulmonar.
De todo o ar inspirado, apenas uma parte menor
chega aos alvéolos e o 8Oé retirado. Grande parte
fica presa nas áreas onde não há troca essas
regiões são chamadas de espaço morto.
A relação entre ventilação e perfusão representa o
maior determinante da troca gasosa normal:
 A ventilação: é o volume de ar que entra ou sai
do órgão respiratório num determinado tempo, e
é o processo pelo qual os novos gases se
movem para dentro e para fora do organismo.
 A perfusão: é o processo pelo qual o sangue
desoxigenado torna-se oxigenado durante o
contato entre o órgão respiratório e o sistema
circulatório.
A relação entre ventilação e perfusão é definida
como relação entre o fluxo de ar que entra e sai do
organismo respiratório e o sistema circulatório.
A relação entre ventilação e perfusão é definida
como relação entre o fluxo de ar que entra e sai do
organismo e o fluxo o sanguíneo que passa pelo
organismo respiratório a fim de capturar O2e
eliminar CO2.

Figura 39: visão geral da respiração celular e respiração interna.


(a) vias aéreas; (b) alvéolos dos pulmões; (c) circulação pulmonar;
(d) circulação sistêmica. (A) troca 1: entre a atmosfera e o pulmão
(ventilação); (B) troca 2: entre o pulmão e o sangue; (D) troca 3:
entre o sangue e a células. (1) célula; (2) nutrientes.

329
VOLUMES PULMONARES
Troca gasosa Os volumes dos pulmões são medidos por um
A respiração é normalmente involuntário, controlado Espirômentro. A respiração normal é suave e
pelo centro da respiração no tronco encefálico. corresponde à inspiração e à expiração de volume
Neurônios localizados ao redor das vias aéreas, e corrente (VC). O volume normal é de cerca de
no SNC podem perceber a quantidade de 500mL. Com o volume adicional que pode ser
CO2circulante e estimular ou inibir o centro de inspirado acima do volume corrente é chamado de
controle. volume inspiratório de reserva (VIR) e é de quase
O CO2 é danoso porque seu excesso causa a 3.000ml. O volume adicional que pode ser expirado
diminuição do pH. Em todos os vertebrados há abaixo do VC é chamado de volume expiratório de
proteínas chamadas pigmentos respiratórios que reserva (VER), e é de cerca de 1.200ml. O volume
auxiliam no transporte de 8Oe CO2 no fluido de gásque fica nos pulmões após expiração
corpóreo. A hemoglobina é o pigmento respiratório máximaforçada e o volume residual (VR) que é de
mais comum.Essa proteína tem alta afinidade aproximadamente1.200 ml.
com8Oe carrega o gás pelo sangue para os tecidos.
O transporte de8O e CO2 édefinido pela difusão de
gases e sua solubilidade. Enquanto o mecanismo
de transporte de 8Oe CO2 é ligado à hemoglobina, o
CO2 é transportado dentro das hemácias na forma
de HCO3-.
O 8Oliga-se a grupamentos heme de hemoglobina e
sua afinidade pelo 8Opode ser alterada na presença Figura 41:espirômetro. Quando a pessoa inspira, o ar move-se para
dentro dos pulmões, o volume da campânula diminui, e apenas
de CO2-. sobe no traçado. (a) H2O; (b) Ar; (c) campânula; (d) inspiração; (e)
espiração.

Capacidade pulmonar
A capacidade inspiratória(CI) é composta pelo VC
mais o VIR, e é de cerca de 3.500ml.Acapacidade
funcional residual(CFR)é composta peloVER mais o
VR. A CFR é o volume que permanece nos
pulmões após ser expirado o volume corrente
normal, e pode ser considerado o volume que pode
ser expirado após a inspiração máxima.A
capacidade pulmonar total (CPT) inclui todos os
volumes pulmonares, é a capacidade vital mais o
volume residual.

Espaço morto
É o volume das vias aéreas e dos pulmões que não
participam da troca de gases. O espaço morto pode
ser considerado como os alvéolos que não
Figura 40: o 8O e o CO2 se movem para dentro e para fora do participam das trocas gasosas. Eles não participam
sangue nos capilares pulmonares e nos capilares. (1) circulação por causa de um desencontro entre a ventilação e a
pulmonar; (2) circulação sistêmica; (A) troca de 8O na interfase
capilar-alveolar; (B) transporte de oxigênio; (C) troca de 8O nas
perfusão.
células; (D) troca de CO2 nas células; (E) transporte de CO2; (F)
troca de CO2 na interfase capilar alveolar.

Figura 42: volumes e capacidade pulmonares. (a) final da


inspiração normal; (b) VC 500ml; (c) final da expiração normal; (d)
VR 1.200ml; (e) VER 100ml; (f) VRI 3000ml; (g) CPT; (h)CI; (i)
capacidade vital 4.600ml; (j) CRF.

330
CONTROLE RESPIRATÓRIO CICLO RESPIRATÓRIO
O sistema de controle respiratório determina o É dividido em três fases: repouso, Inspirações e
estímulo nervoso para os músculos respiratórios, expiração.
com isso ditando a quantidade e o padrão da
ventilação numa tentativa de manter os valores dos Repouso
gases arteriais dentro de limites estreitos apesar de Período entre os ciclos respiratório, quando o
alterações substanciais na faixa metabólica, do diafragma está em sua posição de equilíbrio, no
trabalho da respiração, ou doença dos músculos repouso, nenhum ar está se movendo para dentro
respiratórios. As principais fontes desses estímulos ou para fora dos pulmões. A pressão alveolar é
aferentes incluem os corpos carotídeos, igual à atmosférica, diz-se que a pressão alveolar é
quimiorreceptores medulares, fusos musculares e zero.
órgãos tendinosos de Golgi, receptores localizados
nas vias aéreas e pulmões. Inspiração
Durante o estado de alerta, a ventilação também é Durante a inspiração, o diafragma se contrai,
substancialmente influenciada por atividades fazendo com que aumente o volume do tórax.
comportamentais, como a fala, a deglutição e a Quando o volume do pulmão aumenta, a pressão
ansiedade. Embora o ritmo respiratório surja a partir pulmonar tem de diminuir. No meio do caminho na
dos neurônios na medula e na ponte, esses inspiração a pressão alveolar cai abaixo da pressão
neurônios recebem estímulo aferente de várias atmosférica. O ar se dirige aos pulmões até que, ao
fontes que fornecem informações constantes dos final da inspiração, a pressão alveolar, mais uma
gases arteriais. Pressão de oxigênio arterial [PaO2], vez, é igual à pressão atmosférica.
pressão parcial de dióxido de carbono arterial
[PaCO2]. Expiração
A pressão alveolar torna-se positiva porque as
Estado de alerta forças elásticas dos pulmões e os volumes
Em pessoas em estado de alerta a pressão parcial pulmonares voltam à CFR.
de PaCO2, é estável, variando menos do 2 a
4mmHg. A ventilação tem um aumento brusco se a
PaCO2 for agudamente elevada acima desse nível
de repouso, mas não declina de forma significativa
se PaCO2 diminuir esta aparência em pata de
cachorro da resposta respiratória hipercapnéia do
estado de alerta levou ao conceito do estimulo do
estado de alerta para respirar, que persiste na
ausência de estimulação da respiração pela Figura 43:(A) em repouso, o diafragma está relaxado; (B) quando o
diafragma contrai, o volume torácico aumenta; (C) quando o
quimiorreceptores. diafragma relaxa o volume torácico diminui.

Figura: Resposta ventilatória típicas à hipercapnéia. (1) e hipóxia;


(2) Comparadas com o estado de alerta, as respostas ventilatórias
declina durante o sono NREM e declínio ainda mais durante o
sono REM V+L= ventilação expirada. (a) alerta; (b) sono NREM.
(a)alerta; (b) sono REM.

Durante o sono
Varias alterações ocorrem no controle respiratório
quando dormimos durante o sono NREM, as
influências do estado de alerta e o comportamento
na respiração em grande parte são perdidas,
deixando o sistema metabólico dos
quimiorreceptores controla a respiração.

331
FISIOLOGIA GASTROINTESTINAL TUBO DIGESTÓRIO
O trato gastrointestinal (TGI) é um tubo longo e oco O TGI é formado por uma estrutura básica. É um
que passa através do corpo. Os animais usam o tubo oco com camadas de tecido que o rodeia,
alimento para conseguir matéria prima para a onde temos glândulas, vasos, músculos e tecidos
formação e manutenção celular. Os alimentos nervosos e conectivos em vertebrados, a estrutura
vindos de animais ou vegetais precisam ser do TGI é formada por quatro camadas:
degradados, para fornecer os compostos ideais 1. Túnica serosa: Camada mais externa e
para atividade celular. Todos os mamíferos são consiste no peritônio visceral e em tecido
sugadores no inicio da vida, quando se alimentam conjuntivo limitado subjacente a ela;
apenas do leite materno. Alguns animais usam a 2. Túnica mucosa: Essa camada possui
raspagem e mastigação antes de engolir grandes invaginações que forma uma infinidade de
bolos alimentares. Os dentes, que auxiliam na vilosidades que aumentam a superfície de
mastigação podem estar presentes em diferentes contato com o alimento;
formatos e quantidades. A mastigação favorece a 3. Túnica submucosa: Camada de TC frouxo no
ação enzimática no TGI. O estômago também serve qual são encontrados vasos sanguíneos e
como armazenador, porem tem alguma função na nervos. Contém pequenas glândulas que
digestão de proteínas devido à presença da enzima lançam suas secreções em direção à luz do
pepsina. Depois do estômago, o intestino faz o esôfago. Substancias que combatem os agentes
papel final da digestão e absorção de nutrientes. infecciosos do meio externo;
 Fome: Refere-se ao desejo de comer. São 4. Túnica muscular: Bem desenvolvida,
sinais fisiológicos proveniente da complexa importante para a mobilidade do sistema
interação entre os receptores adrenérgicos no digestório.
hipotálamo medial do SNC e os receptores
serotonérgicos dopaminérgicos no hipotálamo
lateral;
 Apetite: Está ligado à fome, supõe-se que seja
influenciado por processos ambientais e
psicológicos;
 Saciedade: Refere-se à gratificação da fome e
do apetite, mediado em parte pela
colecistonina e bombesina, que atuam tanto Figura 44:(a) vilosidade; (b) criptas; (c) mucosa; (d) muscular da
perifericamente através do nervo vago, como mucosa; (e) submucosa; (f) muscular externa; (1) camada circular;
centralmente, no centro hipotalâmico da (2) camada longitudinal; (g) serosa; (h) artéria e V. submucosa; (i)
placa de Peyer; (j) plexo mioentérico; (l) plexo submucoso; (m)
saciedade. vaso linfático.
O TGI abastece o corpo com um suprimento
contínuo de água, eletrólitos e nutrientes. Isto Boca
requer, movimentação do alimento pelo TGI, A mastigação é o primeiro movimento voluntário e
secreção de soluções digestivas e digestão dos parte reflexa. Este movimento tem a intenção de
alimentos, circulação de sangue através do TGI triturar o alimento e misturá-lo às secreções
para o transporte das substâncias absorvidas, e salivares. O processo de mastigação é causado
controle de todas essas funções pelo SNC e pelo reflexo da mastigação; a presença de um bolo
hormonal local. alimentar na boca dá início à inibição reflexa dos
Cada parte do TGI está acoplada a suas funções músculos da mastigação, o que permite que a
específicas; algumas para simples passagem do mandíbula caia. Essa queda inicia um reflexo de
alimento, como o esôfago; outras para estiramento dos músculos da mandíbula, o que leva
armazenamento temporário do alimento, como uma contração de rebote. Isso eleva a mandíbula,
estômago; e outros para digestão e absorção, como provocando o fechamento dos dentes, mas também
intestino delgado. comprime o bolo alimentar novamente contra as
paredes da boca, o que inibe de novo os músculos
da mandíbula, propiciando a queda da mandíbula, e
outra vez, o rebote. A mastigação auxilia na
digestão dos alimentos por uma simples razão, as
enzimas digestivas atuam apenas na superfície das
partículas alimentares, a velocidade da digestão
depende muito da área total da superfície exposta
às secreções intestinais. O próximo movimento é a
deglutição. A primeira fase da deglutição é
voluntária (fase oral): a língua move o bolo
alimentar e o força pela faringe.

332
A segunda fase é na faringe (fase faríngea), Motilidade gastrointestinal
começa quando o palato mole é empurrado para Controle neuroentérico
cima e a faringe é movida contra a epiglote. A função motora do TGI depende da contração de
células musculares lisas e de sua integração e
Faríngea modulação por nervos entéricos e extrínsecos são
À medida que o bolo alimentar entra na parte moduladores neurogênicos da motilidade
superior da boca e na faringe, ele estimula as áreas gastrointestinal do SNC, os nervos autônomos e o
receptoras da deglutição situadas ao redor da SNE.
abertura da faringe. Impulsos dessas áreas vão Controle nervoso extrínseco: da função motora
para o tronco cerebral para dar início a uma série gastrointestinal consiste no efluxo parassimpático
de contrações automáticas da musculatura da cranial e sacral e da inervação toraco-lombar
faringe da seguinte forma: (excitatória para esfíncteres, inibitórias para
 O palato mole é empurrado para cima, fechando músculos não-esfincterico). O efluxo cranial se faz
a parte superior das narinas; através do nervo vago, que inerva o TGI deste o
 As pregas palatofaríngeas são puxadas estômago até o colón direito. Fibras simpáticas
medialmente e se aproximam; aferentes ao estômago e intestino delgado têm
 As cordas vocais são puxadas, e a faringe é origem no T5 e T10 da coluna intermedilateral da
puxada para cima e para frente pelos músculos medula espinhal.
do pescoço.
Essas ações fazem com que a presença desses Esôfago
ligamentos impeça o movimento da epiglote para O esôfago conduz o alimento da faringe para o
cima, fazendo com que essa se dobre para trás, estômago. O esôfago apresenta dois tipos de
recobrindo a abertura da faringe. movimentos peristálticos:
O movimento da laringe para cima também  Peristáltico primário: É a continuação da onda
traciona para cima a abertura do esôfago. Ao peristáltica iniciada na faringe e se propaga para
mesmo tempo, as paredes musculares superior do o esôfago durante a etapa faríngea da
esôfago chamadas de esfíncter esofágico deglutição.
superior relaxam-se, permitindo que o alimento se  Peristáltico secundário: Caso a onda primária
desloque fácil e livremente da porção posterior da não consiga empurrar todo o alimento para o
faringe para a parte superiores do esôfago. Ao estômago, surgem as ondas peristálticas
mesmo tempo em que a laringe é elevada e os secundárias resultantes da distensão do
esfíncter faringo-esofágico se relaxam, começando esôfago pelo alimento retido.
em sua parte superior muscular da faringe, e
propagando-se para baixo como uma rápida onda Esfíncter cárdia
peristáltica que passa pelas porções médias e Situado na parte inferior do esôfago, um pouco
inferiores da faringe e alcança o esôfago, acima de sua junção com estomago, o músculo
impulsionando o alimento para este órgão. esofágico, funciona como esfíncter. Ele permanece
A mecânica da etapa faríngea da deglutição inclui o contraído, encontraste com a porção média do
fechamento da traqueia, abertura do esôfago e uma esôfago, que em geral permanece relaxada.
rápida onda peristáltica originada na faringe que Quando uma onda peristáltica de deglutição se
força o bolo alimentar para o esôfago. propaga pelo esôfago o relaxamento receptivo,
relaxa o esfíncter à frente da onda peristáltica,
permitindo a propulsão do alimento para o
estômago. Ele também evita o refluxo do bolo
alimentar.

Figura 45: Reflexo da deglutição. (A) a língua empurra o bolo


contra o palato mole e a parte posterior da cavidade oral,
disparando o reflexo da deglutição. (a) palato mole; (b) palato duro;
(c) língua; (d) bolo alimentar; (e) epiglote; (f) glote; (g) laringe; (h)
esfíncter esofágico superior contraído. (B) o esfíncter esofágico Figura 46: contração peristáltica e segmentar no TGI. (A) as
superior relaxa enquanto a epiglote fecha para manter o material contrações peristálticas são responsáveis pelo movimento para
deglutido fora das vias aéreas. (C) o alimento move-se para baixo adiante; (a) tempo zero; (b) contração; (c) direção do movimento;
no interior do esôfago, propelido por ondas peristálticas e (d) segmento receptor; (e) segundos depois. (B) as contrações
auxiliados pela gravidade. resultantes para adiante responsáveis pela mistura; (a) nenhum
movimento resultante para adiante.

333
Estomago Secreção gástrica de ácido
O estômago tem como função motora armazenar o O HCl é secretado no estômago pelas células
alimento, misturá-lo com secreções gástricas até parietais, que se localizam nas glândulas oxítincas
formar o quimo e também é a passagem do do fundo e do corpo gástrico. As células parietais
alimento para o intestino delgado. transportam ativamente H+ através de suas
O suco digestivo é secretado pelas glândulas membranas canaliculares apicais por intermédio
gástricas, que recobrem quase toda a parede do das bombas de prótons, responsáveis pela troca
corpo do estômago. Essas secreções entram em do H+ intracelular pelo K+ extracelular. Esse
contato com o alimento armazenado. No mesmo processo é regulado por três secretores neuro-
tempo ondas peristálticas, deslocam-se em direção hormonais: Histamina, Gastrina e ACh.
ao piloro, ao longo da parede do estômago. À Cada um deles liga-se a receptores específicos na
medida que essas ondas percorrem a parede do membrana basolateral da célula parietal e ativa,
estômago, elas misturam e propulsionam o alimento desencadeando, as mudanças bioquímicas
em direção ao fundo. A parti daí as ondas necessárias para o transporte ativo do H+ para fora
impulsiona o alimento em direção ao piloro. da célula.
Após a mistura do alimento com as secreções A histamina liga-se a receptores H2 da histamina
gástricas, a mistura resultante que se desloca pelo sobre a célula parietal. Que estimula a adenilil-
intestino é o quimo. ciclase e aumenta o monofosfato de adenosina
O suco gástrico é um líquido incolor e ácido. Possui cíclico (cAMP) intracelular. Por sua vez, o cAMP
componentes como enzimas digestórias e HCl.O ativa a proteinocinase dependente da cAMP que
papel do HCl é: fosforila a bomba de prótons na membrana apical
 Tornar o suco gástrico ácido com ph 2,0 fato da célula. A fosforilação do trocador ativa a saída
importante para a ativação da pepsina; do H+ da célula parietal para a luz gástrica. A
 Tem ação antisséptica, promovendo a morte ou Gastrina é secretada na corrente sanguínea pelas
inibição de vários microrganismos que penetram células G, enquanto a ACh é liberada dos nervos
no tubo digestivo junto com o alimento; pós-ganglionares. Essas secreções liga a seus
 Atua sobre a mucosa gástrica, permitindo a receptores respectivos na célula parietal e, desse
abertura da válvula pilórica. Fato importante por modo, aumentam os níveis intracelulares de
permitir a passagem gradativa do alimento do Ca2+que estimula a adenililciclase. O Ca2+ também
estômago para o duodeno. ativa a proteinocinase C, que fosforila e ativa a
A principal enzima gástrica é a pepsina. Ela é bomba de prótons para aumentar a secreção de H+.
lançada na cavidade gástrica como pepsinogênio. As células D secretoras de somatostatina e as
Em presença de HCl, ela se transforma em pepsina prostaglandinas limitam a extensão da secreção
ativa. Ela digere as proteínas. gástrica de ácido. A somatostatina diminui a
secreção ácida através de três mecanismos:
1. Inibição da liberação de Gastrina das células G
por um mecanismo parócrino;
2. Inibição da liberação de histamina das células
ECL e dos mastócitos;
3. Inibição direta da secreção de ácido pelas
células parietais.

Figura 47: (1) estômago. (a) antro; (b) corpo; (c) diafragma; (d)
esôfago; (e) fundo; (f) piloro; (g) rugas: (2) superfície pregueada
que aumenta a área.(a) abertura da glândula gástrica; (b) epitélio;
(c) vaso linfático; (d) lâmina própria; (e) muscular da mucosa; (f)
submucosa; (g) muscular externo: (1) camada obliqua; (2) camada
circular; (3) camada longitudinal; (h) serosa; (i) plexo miontérico; (l)
artéria; (m) mucosa.

Figura 48: controle da secreção de ácido pelas células parietais. A


estimulação da secreção de ácido pelas células parietais é
modulada por vias parócrinas (histamina), neuroendócrinas (ACh)
e endócrina (gástrica), que ativam seus respectivos receptores H2,
M3 e CCK2. A ativação do receptor H2 aumenta o cAMP, que ativa
as proteinocinase. A ativação dos receptores de M3 e CCK3
estimula a liberação de Ca2+ pela via de IP3 mediada por Cq/DAG,
esses sinais estimulam a atividade da proteinocinase.

334
Intestino delgado
Assim que o quimo entra no intestino delgado, a
fase intestinal da digestão inicia, essa fase dispara
uma série de reflexos que retroalimentam, para
regular a velocidade de liberação do quimo do
estômago. Uma vez no intestino delgado, o quimo é
lentamente impulsionado no intestino delgado por
ondas peristálticas. Essas ações misturam o quimo
Figura 49: secreção de Cl- pelas células intestinais. (1) Na+, K+ e Cl- com enzimas e expõem os nutrientes digeridos à
entram na célula por cotransporte; (2) o Cl- entra no lúmen através
do canal CFTR; (3) o Na+ é reabsorvido; (4) o Cl- negativo no lúmen
mucosa para absorção. O intestino é dividido em
atrai o Na+ através da rota paracelular; a água segue. três porções:
 Duodeno;
Fases de secreção  Jejuno;
A secreção gástrica aumenta durante uma refeição.  Íleo.
A secreção de ácido ocorre em três fases:
1. A fase cefálica envolve resposta à visão, Duodeno
paladar, olfato e pensamento no alimento; É nele que o suco biliar vindo da vesícula, se junta
2. A fase gástrica é estimulada pela distensão ao alimento. Pela mudança de pH, diversas
mecânica do estômago e a ingestão de enzimas digestivas são ativadas. É a porção
aminoácido. A distensão ativa receptores de primária do intestino delgado e possui diversas
estiramento na parede do estomago, que estão vilosidades. É onde se tem espaço para a maior
associados a nervos intramurais curtos e fibras parte do processo digestório.
vogais;
3. A fase intestinal envolve a estimulação da Jejuno
secreção gástrica de ácido pela proteína É a porção do intestino delgado que está entre o
digerida no intestino. A gástrina também duodeno e o íleo. É um órgão responsável pela
desempenha um importante papel na mediação absorção de carboidratos e aminoácidos digeridos
dessa fase. parcialmente pelo estômago e o duodeno.

Fatores protetores Íleo


Inclui o muco gástrico, o HCO3- gástrico e o É onde continua a digestão química após passar
duodenal, as prostaglandinas, o processo de pelo duodeno e jejuno, recebe esse nome porque
restituição e o fluxo sanguíneo. As células epiteliais está apoiado sobre o osso íleo. Absorve bastante
do estômago secretam muco, que atuam como vitamina B12.
lubrificantes para proteger as células mucosas de
escoriações. A camada de muco consiste de
glicoproteínas hidrofílicas que são viscosas e
possuem propriedades formadoras de gel, permite a
formação de uma camada ininterrupta de água na
superfície luminal do epitélio. O HCO3- protege o
epitélio gástrico ao neutralizar o ácido gástrico. O
HCO3- é secretado pelas células epiteliais na
superfície luminal da mucosa gástrica, e fenda
gástrica e na superfície luminal da mucosa
duodenal. A secreção de HCO3- no duodeno serve
para neutralização gástrica. Ocorre reparo da lesão
através da migração de células epiteliais intactas ao
logo da membrana basal, preenchendo os defeitos
criados pela descamação das células lesadas. Figura 51: vilosidade e uma cripta no intestino delgado. (a) borda
em escova; (b) microvilocidade; (c) os enterócitos transportam
nutrientes e íons; (d) os capilares transportam a maioria dos
nutrientes absorvidos; (e) as células caliciformes secretam muco;
(f) o ducto lactífero transporta a maior parte das gorduras para a
linha; (g) lâmina própria; (h) células endócrinas; (i) muscular da
mucosa; (j) lúmen da cripta.

Figura 50: secreção de HCO3- no pâncreas e no duodeno. (a) lúmen


do pâncreas ou intestino; (b) células do ducto pancreático ou
células duodenal; (c) líquido intersticial; (d) capilar.

335
Intestino grosso ORGÃO ACESSÓRIOS
Várias bactérias que habitam o colo degradam uma Fígado
quantidade significativa de carboidratos complexos Sua principal função é sintetizar e metabolizar
e proteínas não digeridas por meio de fermentação. proteínas, carboidratos e gorduras, bem como
As colônias também produzem vitaminas desintoxicar metabólidos, medicamentos e produtos
absorvíveis, especialmente vitaminas K. Divide-se químicos ingeridos. Produz a maioria das proteínas
em três segmentos: plasmáticas; A albumina é produzida no fígado, ele
também sintetiza os fatores 11 e 13 da coagulação
Ceco sanguínea, inclusive o fibrinogênio, protrombina, e
É a primeira parte do intestino grosso que recebe o fatores 4, 8, 9, 10, 12 e 13. O fígado desempenha
conteúdo do intestino delgado. É onde se localiza o um papel na homeostase da glicose. A
apêndice. Sua única função é a reabsorção de água desintoxicação e excreção de fármacos e outras
e nutrientes. substâncias pelo fígado são realizados em múltiplas
etapas. As reações da fase 1 são oxidações
Cólon conduzidas por uma das três enzimas P450, a
É a parte mais longa do intestino grosso e CYP1, 2 ou 3. O fígado é a maior glândula do corpo
subdivide-se em cólon ascendente, cólon humano pesando em média 1500g, ele também
transverso, cólon descendente e cólon sigmoide. armazena glicogênio e secreta bile. O metabolismo
As principais funções do intestino grosso são: dos ácidos graxos representa uma função central
Reabsorção da água e formação e acúmulo de do fígado. O excesso de glicose pode ser
fezes. convertido a ácidos graxos que, podem ser
armazenados no fígado e serão fontes de energia
Reto através da β-oxidação.
Sua função é acumular as fezes, para absorção
final de nutrientes, antes de serem eliminadas pelo Secreção biliar
organismo, através do anus. A bile é importante para a digestão e a absorção
dos lipídios no intestino delgado. Os sais biliares
Anus emulsificam os lipídios, preparando-os para a
É o orifício final do intestino grosso por onde são digestão, e, a seguir, solubilizam os produtos da
eliminadas as fezes e gazes intestinais. A digestão.
musculatura de suporte do ânus é a do períneo, Sistema biliar: os componentes do sistema biliar
juntamente com o esfíncter interno e externo da são o fígado, o íleo e a circulação porta. Os
região. hepatócitos sintetizam e secretam os constituintes
da bile. Os componentes da bile são os sais
biliares, o colesterol, os fosfolipídios, os pigmentos
biliares, os íons e água. A bile flui para fora do
fígado pelos ductos biliares e enche a vesícula biliar
onde é armazenada. A seguir, a vesícula concentra
os sais biliares por absorver íons e água. Quando o
quimo atinge o intestino delgado, é secretada
aCCK. Esse hormônio tem duas ações distintas,
mas coordenadas, estimula a contração da vesícula
biliar e o relaxamento do esfíncter de Oddir,
provocando o refluxo da bile armazenado na
vesícula para o lúmen do duodeno.
No intestino delgado, os sais biliares emulsificam e
solubilizam os lipídios da dieta. Quando se
completa a absorção dos lipídios, os sais biliares
são recirculados para o fígado pela circulação
entero-hepática.
Composição da bile: Os constituintes da bile são
50% de sais biliares, 2% de pigmentos biliares,
como a bilirrubina, 4% de colesterol e 40% de
Figura 52: (1) intestino grosso. (a)veia porta do fígado; (b) veia cava
inferior; (c) colo transverso; (d) colo ascendente; (e) papila ilial; (f) fosfolipídios.
ceco; (g) apêndice vermiforme; (h) íleo; (i) reto; (j) colo sismóide; (l)
saculação do colo; (m) colo: tênia do colo; (n) aorta. (2) corte do
intestino grosso. (a) lifonodo; (b) glândula intestinal; (c) muscular
da mucosa; (d) submucosa; (e) muscular externa: (1) camada
longitudinal; (2) camada circular. (3) reto. (a) esfíncter interno do
ânus; (b) esfíncter externo do ânus; (c) ânus.

336
a) Sais biliares: Os hepatócitos sintetizam os ácidos Pâncreas
biliares primários, ácidos cólicos e outros. Quando Desempenha funções endócrinas e exócrinas. As
esses ácidos são secretados no lúmen do intestino funções exócrinas são desempenhadas pelas
parte deles é desidroxilada pelas bactérias, células acinases, centroacinases e ductais, que
produzindo os dois ácidos biliares secundários, os correspondem a mais de 98% dos 60 a 140g de
ácidos desoxicólico e litocólico. O fígado conjuga massa pancreática. O pâncreas exócrino produz
os ácidos biliares com os aminoácidos da glicina pelo menos 22 enzimas digestivas 15 das quais são
ou taurina, para formar os sais biliares. A função proteases.
dos sais biliares é a de solubilizar os lipídios da As funções exócrinas pancreáticas são
dieta; desempenhadas pelas células acinares, centro
b) Fosfolipídios e colesterol: De modo parecido acinares e ductais, que correspondem a mais de
aos sais biliares, os fosfolipídios são anfipáticos e 98% dos 60 a 140g de massa pancreática. Sob
ajudam os sais biliares na formação das micelas. ação do suco pancreático, as proteínas são
As porções hidrofóbicas dos fosfolipídios apontam digeridas pelas enzimas tripsina, quimiotripsina e
para o interior da micela, e as hidrofílicas se elastase. Os lipídeos são digeridos pelas enzimas
dissolvem na solução aquosa intestinal; lipase, fosfolipases A2 e carboxil esterase. Os
c) Bilirrubina: Pigmento amarelado resultante do carboidratos complexos são digeridos pela alfa-
metabolismo da hemoglobina é o principal amilase. As células ductais e centroacinares
pigmento biliar. O fígado extrai a bilirrubina do secretam água e eletrólitos no suco pancreático. O
sangue e a conjuga com ácido glicurônico bicarbonato secretado neutraliza o ácido clorídrico
formando a bilirrubina glicuronídeos, que é vindo do estomago.
reconvertida em bilirrubina, que é, a seguir, Vários hormônios ou CCK, a Secretina e a gastrina,
transformada em urobilinogênio pela ação das a somastatina tem efeito inibitório sobre todas as
bactérias intestinais. Parte do urobinogênio secreções pancreáticas exócrinas e outras funções
recircula de volta ao fígado, parte é excretada na gastrintestinais.
urina e outra é oxidada a urobilina e É uma glândula, anexa ao duodeno, ela produz o
estercobilina, os componentes que dão cor suco pancreático, um líquido incolor, rico em
escura as fezes. A bilirrubina é o produto final da enzimas e básicos, com pH ao redor de 9.As
degradação da heme. A maior parte da produção principais enzimas pancreáticas são: Tripsina:
da bilirrubina deriva da degradação dos eritrócitos Quebra proteínas, Amilopsina: Quebra amido,
pelos fagócitos, no baço, no fígado e na medula Lípase: Quebra lipídios e Nuclease: Quebra ácidos
óssea. A heme oxigenase oxida a heme para nucleicos. A digestão no intestino delgado ocorre
biliverdina, que é reduzida a bilirrubina pela graças à ação conjunta de três sulcos digestório:
biliverdina-redutase. A bilirrubina formada fora do
fígado é liberada e ligada à albumina sérica. O Suco pancreático
processo hepático da bilirrubina envolve captação O suco pancreático é rico em bicarbonato, que
mediada por portador na membrana sinusoidal, neutralizam no intestino a acidez do quimo gástrico.
conjugação com uma ou mais moléculas de ácido A atividade do pâncreas como produtor de suco
glicurônico bilirrubina UDR-glicuroniltransferase no pancreático sofre poderosa influência hormonal.
RE, e excreção da glicuronídeos da bilirrubina Isso porque o HCl gástrico estimula no duodeno, a
atóxica hidrossolúvel para dentro da bile. produção de dois hormônios que ativam a secreção
do suco pancreático:
1. Secretina: Hormônio que provoca a produção
de um grande volume de suco pancreático
alcalina, porém pobre em enzimas digestivas.
2. Pancreozimina: Hormônio que provoca a
produção de um pequeno volume de suco
pancreático rico em enzima digestória.

Figura 53: metabolismo e eliminação da bilirrubina. (a) eritrócitos;


(b) heme; (c) biliverdina; (d) célula-fagocitica; (e) heme oxigenase;
(f) biliverdina redutase; (g) bilirrubina-albumina; (h) sangue; (i)
fígado; (j) ductos biliares; (l) duodeno; (m) urobilinogênio; (n)
cólon; (o) canalículo biliar; (p) glicuronídeos bilirrubina; (q)
hepatócito. (1) produção de bilirrubina a partir da heme, pela
degradação de eritrócitos; (2) bilirrubina extra-hepática, ligada à
albumina e distribuída ao fígado; (3) captação hepatocelular; (4)
glicuronidação no RE geram bilirrubina mono e diglicuronídeos Figura 54: pâncreas exócrino e endócrino. (A) os acinos
que são hidrolisados e excretados na bile; (5) as bactérias no tubo pancreáticos formam a porção exócrina do pâncreas; (B) as
digestivo desconjugam a bilirrubina e degradam a para células acinares secretam enzimas digestórias; (C) as células
urobilinogênios incolores. os urobilinogênios e os resíduos de dos ductos secretam NaHCO3; (D) as ilhotas pancreáticas
pigmentos intactos são excretados nas fezes. secretam hormônios.

337
Amilase SISTEMA NERVOS ENTÉRICO (SNE)
É uma enzima que catalisa o desdobramento do O TGI possui um sistema nervoso próprio chamado
amido e glicogênio ingeridos na dieta. A amilase SNE. Estes se localizam inteiramente na parede
sérica é secretada, pelas glândulas salivares e intestinal, começando no esôfago e estendendo-se
células acinosas do pâncreas. É secretada no TGI até o anus. Esse sistema é especialmente
por meio do ducto pancreático. importante no controle dos movimentos e da
As glândulas salivares secretam a amilase que secreção gastrointestinal. O SNE é composto de
inicia a hidrólise do amido presente nos alimentos dois plexos, um plexo externo disposto entre
na boca e esôfago. Esta ação é desativada pelo camadas de dois plexos, um plexo externo disposto
conteúdo ácido do estômago. No intestino, a ação entre camadas musculares longitudinais e circular,
da amilase pancreática é favorecida pelo meio chamado plexo mioentérico, um plexo interno,
alcalino presente no duodeno. chamado plexo submucoso (Meissner), localizado
na submucosa.
Lípase O plexo mioentérico controla os movimentos
A lípase é uma enzima especifica que catalisa a gastrointestinais e o plexo submucoso controla a
hidrólise dos ésteres de glicose de ácidos graxos de secreção gastrointestinal e o fluxo sanguíneo bocal.
cadeia longa em presença de sais biliares e um 1. Plexo mioentérico: consiste numa cadeia linear
cofator chamado colipase. Tanto a lípase como a de neurônios interconectados que estende por
colipase são sintetizado pelas células acinares do todo o comprimento do TGI. Como o plexo
pâncreas. mioentérico se estende por todo o comprimento
na parede intestinal e se localiza entre as
Tripsina camadas longitudinal e circular do músculo liso
É uma enzima proteolítica produzida no pâncreas, intestinal, ele está envolvido no controle da
na forma de tripsinogênio inativo. É convertida em atividade muscular por todo o intestino. Quando
tripsina no duodeno pela esteroquinase. A ativação esse plexo é ativado seus efeitos são: Aumento
do tripsinogênio no duodeno, evita a autodigestão da contração tônica, ou tônus, da parede
proteolítica do pâncreas. intestinal, aumento na intensidade das
contrações rítmicas, um ligeiro aumento no
ritmo da contração e aumento na velocidade de
condução das ondas excitatória ao longo da
parede do intestino, causando o movimento
mais rápido das ondas peristálticas intestinais.
O Plexo mioentérico não é considerado
inteiramente excitatório porque alguns de seus
neurônios são inibitórios. Nestes, os terminais
de suas fibras produzem um transmissor
inibitório, possivelmente o polipeptídio intestinal
vasoativo ou algum outro peptídeo inibitório
polipeptídio intestinal vasoativo ou algum outro
peptídeo inibitório. Os sinais inibitórios
resultantes são úteis na inibição dos músculos
de alguns dos esfíncteres intestinais, que
impedem a movimentação dos alimentos pelos
segmentos sucessivos do TGI, como esfíncter
pilórico, que controla o esvaziamento do
estômago para o duodeno, e o esfíncter
ileocecal, que controla o esvaziamento do
intestino delgado para o ceco.
2. Plexo submucoso: está basicamente envolvido
com a função de controle na parede interna de
cada segmento diminuto do intestino. Ex.:
muitos sinais sensoriais originam-se do epitélio
gastrointestinal a secreção intestinal local, a
absorção local e a contração local do músculo
submucoso, que causa grais variados de
dobramento da mucosa gastrointestinal.

338
Neurotransmissores entéricos  Motilina: É secretada pelo duodeno superior
Dois deles é a acetilcolina e a norepinefrina. Outros durante o jejum, e sua única função conhecida é
são trifosfatos de adenosina, serotonina, dopamina, aumentar a motilidade gastrointestinal. A
colecistocinina, substância P, polipeptídeo intestinal motilina é liberada ciclicamente e estimula
vasoativo, somatostatina, levencofalina, ondas de motilidade gastrointestinal chamado
metencefalina e bombesina. complexo mioelétricos interdigestivo que se
propagam pelo estômago e pelo intestino
Controle hormonal da motilidade delgado a cada 90 minutos numa pessoa em
gastrointestinal jejum. A secreção de motilina é inibida após a
Vários hormônios afetam a motilidade em algumas digestão por mecanismo ainda não bem
partes do TGI. compreendido.
 Gastrina: É secretada pelas células G do antro
do estômago em resposta a estímulos
associados à ingestão de uma refeição, tais
como a distensão do estômago, os produtos da
digestão das proteínas e o peptídeo liberado de
gastrina, que é liberada pelos nervos da mucosa
gástrica durante a estimulação vagal. As ações
primárias da gastrina são estimulação da
secreção gástrica de ácido e estimulação do
crescimento da mucosa gástrica.
 Colescitocinina: É secretada pelas células I na
mucosa do duodeno e do jejuno em resposta a
produtos da digestão da gordura, ácidos graxos
e monoglicerídeos nos conteúdos intestinais,
esse hormônio contrai fortemente a vesícula
biliar, expelindo bile para o intestino delgado,
onde esta tem funções importantes na
emulsificação de substâncias lipídicas,
permitindo sua digestão e absorção. A
colecistocinina inibe ainda a contração do
estomago. Assim, ao mesmo tempo em que
esse hormônio causa esvaziamento da vesícula
biliar, retarda o esvaziamento do alimento no
estômago, assegurando um tempo adequado
para a digestão de gordura no trato intestinal
superior.
 Secretina: Foi o primeiro hormônio
gastrointestinal descoberto e é secretado pelas
células S na mucosa do duodeno em resposta
ao conteúdo gástrico ácido que é transferido do
estômago ao duodeno através do piloro. A
secretina tem um efeito pequeno na motilidade
do TGI. E promove a secreção pancreática de
bicarbonato que, por sua vez, contribui para
neutralizar o ácido no intestino delgado.
 Peptídeo inibidor gástrico: É secretado pela
mucosa do intestino delgado superior,
principalmente em resposta a ácidos graxos e
aminoácidos, mas em menos extensão em
resposta aos carboidratos. Possui um efeito
brando na diminuição da atividade motora do
estômago e, retarda o esvaziamento do
conteúdo gástrico no duodeno quando o
intestino delgado superior já esta
sobrecarregado com produtos alimentares.

339
METABOLISMO O alimento nas células é gradativamente oxidado,
Carboidratos e a energia liberada é usada para formar novo ATP,
Muitas reações químicas das células são voltadas mantendo assim sempre uma reserva desta
para a obtenção de energia a partir dos alimentos substância.
disponíveis para os vários sistemas fisiológicos das
células. Glicose no metabolismo dos carboidratos
Os produtos finais da digestão de carboidratos no
Reações acopladas aparelho digestorios são quase inteiramente
Todos os alimentos energéticos (carboidratos, glicose, frutose e galactose, com a glicose
gorduras e proteínas), podem ser oxidados nas representando, em média, cerca de 80% deste.
células e durante este processo, grandes Após a absorção a partir do trato intestinal, grande
quantidades de energia são liberadas. Estes parte da frutose e quase toda a galactose são
alimentos podem ser queimados com oxigênio fora rapidamente convertidos em glicose no fígado.
do organismo, num fogo, liberando grandes Existe pouca frutose ou galactose no sangue
quantidades de energia: Neste caso, a energia é circulante. A glicose assim torna-se a via final
liberada, sob a forma de calor. A energia que os comum para o transporte de quase todos os
processos fisiológicos celulares necessitam não carboidratos para as células.
consiste em calor e sim em energia para os Nas células hepáticas, enzimas apropriadas
movimentos mecânicos no caso da função disponíveis para promover interconversões entre os
muscular, para concentrar solutos no caso da monossacarídeos, glicose frutose e galactose.
secreção glandular e para efetuar outras funções. As células hepáticas contêm grandes quantidades
Para fornecer esta energia, as reações químicas de glicose fosfatase. Logo, a glicose-6-fosfato pode
devem estar acopladas com os sistemas ser degradada em glicose e fosfato, e a glicose
responsáveis por estas funções fisiológicas. Este pode então ser transportada de volta para o
acoplamento é obtido por meio do sistema de sangue, através das membranas das células
enzimas celulares especiais e de transferência de hepáticas.
energia.
Transporte da glicose
Energia livre Pela membrana
A quantidade de energia liberada pela oxidação Antes que a glicose possa ser usada pelas células
completa de um alimento é chamada de energia dos tecidos corpo, ela deve ser transportada
livre de oxidação dos alimentos, é geralmente através da membrana para o citoplasma celular. No
representada pelo símbolo ΔG. a energia livre é entanto, a difusão da glicose através dos poros das
geralmente expressa em termos de calorias por mol membranas celulares não é fácil porque o peso
de substância. Ex.: a quantidade de energia livre molecular máximo das partículas com difusão
liberada pela oxidação completa de 1 mol (180 imediata se situa em torno de 100 e a glicose
gramas) de glicose é 686.000 calorias. apresenta um peso molecular de 180. Ainda assim,
a glicose penetra o interior das células com certo
ATP no metabolismo grau de facilidade devido ao mecanismo de difusão
O ATP é um elo entre as funções que usam facilitada.
energia e as funções que produzem energia no Os princípios deste mecanismo de transporte,
organismo. Por isso, o ATP foi chamado de moeda basicamente são os seguintes: permeando a matriz
de energia do organismo, e podem ser obtida e lipídica da membrana celular existe, em grandes
consumida repetidamente. A energia derivada da quantidades, moléculas de proteínas carreadoras,
oxidação dos carboidratos, proteínas e das que podem se ligar a glicose. A glicose, nesta forma
gorduras é usadas para converter o difosfato de ligada, pode ser transportada pelo carreador de um
ADP em ATP, que é então consumido pelas varias lado para outro da membrana do que do outro lado,
reações do corpo, que são necessários para, mais glicose vai ser transportada a partir da área de
transporte ativo das moléculas através das maior concentração do que na direção oposta.
membranas, a contração dos músculos e O transporte de glicose através das membranas da
desempenho, do trabalho mecânico, varias reações maioria das células é bem diferente do que ocorre
sintéticas que criam hormônio, membranas através da membrana gastrointestinal ou através do
celulares e muitas outras moléculas essenciais do epitélio dos túbulos renais. Nestes dois casos, a
organismo, condução de impulsos nervosos, divisão glicose é transportada pelo mecanismo de co-
celular e crescimento e muitas outras funções transporte ativo de sódio e glicose, em que o
fisiológicas que são necessárias para manter e transporte ativo de sódio fornece energia para
propagar a vida. O ATP está presente em toda absorver a glicose contra uma diferença de
parte no citoplasma e no nucleoplasma de todas as concentração.
células, e essencialmente todos os mecanismos
fisiológicos que requerem energia para o seu
funcionamento a obtém diretamente do ATP.
340
Facilitação do transporte da glicose pela Esta conversão dos monossacarídeos num
insulina composto precipitado de elevado peso molecular
A taxa de transporte da glicose, assim como o (glicogênio) possibilita armazenar grandes
transporte de outros monossacarídeos, aumenta quantidades de carboidratos sem alterar a pressão
muito devido à insulina. Quando o pâncreas secreta osmótica dos líquidos intracelulares. Concentrações
grandes quantidades de insulina, a taxa de elevadas de monossacarídeos solúveis de baixo
transporte de glicose para a maioria das células peso molecular alterariam as relações osmóticas
aumenta de 10 ou mais vezes relativamente ao entre os líquidos intra e extracelulares.
valor encontrado na ausência de secreção da
insulina. Por outro lado, a quantidade de glicose Controle glicêmico
que pode se difundir para o interior da maioria das O SNC depende do fluxo contínuo e adequado da
células do organismo na ausência de insulina, com glicose para seu funcionamento. Assim sendo, um
exceção das células hepáticas e cerebrais, é muito complexo sistema de controle neural, hormonal e
pequena para fornecer a porção normalmente celular age de maneira sinérgica, com a finalidade
necessária para o metabolismo energético. A taxa de manter os níveis glicêmicos numa faixa estreita
de uso de carboidratos pela maioria das células é durante a vida. O grau de complexidade desse
controlada pela taxa de secreção de insulina pelo sistema pode ser deduzido a partir da análise de
pâncreas. alguns dados fisiológicos:
 Existe um pool (reserva) de glicose
Fosforilação da glicose compartimento extracelular relativamente
Logo após a sua entrada nas células a glicose se pequeno de 15 a 20g no adulto;
liga a um radical fosfato segundo a reação seguinte:  O turn over (produção e consumo) de glicose
no período de jejum é de aproximadamente
Glicose 𝐴𝑇𝑃 + 𝐺𝑙𝑖𝑐𝑜𝑞𝑢𝑖𝑛𝑎𝑠𝑒 𝑜𝑢 ℎ𝑒𝑥𝑜𝑞𝑢𝑖𝑛𝑎𝑠𝑒 glicose-6-fosfatase 150mg/minuto/1,6-2,6mg/kg/minuto;
 Após uma refeição padrão ocorre acréscimo ao
Esta fosforilação é promovida pela enzima pool onde aproximadamente 10 vezes o seu
glicoquinase no fígado e pela hexoquinase na volume (150 a 200g).
maioria das outras células. A fosforilação da glicose
é quase, irreversível, exceto nas células hepáticas, Regulação da glicemia pós-alimentar
nas células do epitélio tubular renal e do epitélio A hipoglicemia resultante da observação intestinal
intestinal, nestas células existem outra enzima, a da glicose estimula a secreção de insulina, que age
glicose fosfatase, e quando ela é ativada, é capaz para restaurar a normoglicêmia por três vias:
de reverter à reação. Na maioria dos tecidos do 1. Diminuindo a produção hepática de glicose, a
corpo, a fosforilação tem como finalidade manter a partir da redução da glicogenólise e
glicose no interior das células. Isto ocorre devido à gliconeogênese;
ligação quase instantânea da glicose com o fosfato, 2. Aumentando e captação da glicose pelo
que impede sua difusão de volta para fora, exceto músculo e tecido adiposo, translocando os
naquelas células especiais, principalmente nas transportadores de glicose do citoplasma para a
células hepáticas que possuem a fosfatase. membrana célula;
3. Por sua ação antilipolítica e antiproteolítica,
Armazenamento do glicogênio no fígado e nos diminuindo a oferta de substrato
músculos gliconeogenético para o fígado.
Depois de sua captação para o interior de uma Adicionalmente, a insulina inibiu a síntese de
célula, a glicose pode ser usada imediatamente glucagon pela célula α pancreática. A sincronia
para liberar energia, ou pode ser armazenada sob a entre absorção e disponibilização intracelular deve
forma de glicogênio, que é um grande polímero da garantir que a glicose plasmática não exceda a
glicose. Todas as células do corpo são capazes de concentração de 150mg/dl entorno dos 30 a 90
armazenar pelo menos algum glicogênio, mas minutos e que retorne progressivamente ao normal
algumas células são capazes de armazená-lo em (70-110 mg/dl). Entre 120 a 180 minutos.
grandes quantidades, especialmente as células
hepáticas, que podem acumular até 5% a 8% de Manutenção da glicemia no jejum
seu peso sob a forma de glicogênio, e as células A resposta normal após jejum pode ser dividida em
musculares, que podem armazenar entre 1% e 3% três fases que se sucedem de forma ordena e
de glicogênio. continuo:
As moléculas de glicogênio podem ser 1. Fase pós-absortiva (6-12 horas após a última
polimerizadas em qualquer peso molecular, sendo ingestão de alimento);
que o peso molecular médio é de 5 milhões ou 2. Jejum curto (12-72);
mais, a maior parte do glicogênio se precipita sob a 3. Jejum prolongado (após 72 horas).
forma de grânulos.

341
Remoção dos quilomícrons do sangue
Fase absortiva Uma hora após uma refeição rica em gordura, a
Nessa fase a glicemia é mantida basicamente pela concentração de quilomicrons plasmático pode
mobilização das reservas hepáticas de glicogênios, aumentar de 1% a 2% do plasma total, e devido ao
que é desencadeada pela redução dos níveis grande tamanho dos quilomicrons o plasma assume
plasmáticos de insulina a faixa de 10-20 µl/mL o um aspecto turvo, e às vezes amarelado. No
que permite a ação glicogenolítica do glucagon. entanto, os quilomícrons têm uma meia-vida de
Após um período de jejum noturno, apenas uma hora ou menos, de modo que, depois
aproximadamente 50 a 70% da produção da glicose de poucas horas, o plasma volta a ficar claro. As
é derivada da glicogenólise. gorduras são removidas dos quilomicrons.
Quilomícrons triglicerídeos são hidrolisados pela
Lipídios lipase-lipoproteica, e a gordura é armazenada no
Vários compostos químicos nos alimentos e no tecido adiposo e nas células hepáticas. A maior
organismo são classificados como lipídios, entre parte dos quilomicrons é removida do sangue
eles temos: circulante quando eles passam pelos capilares dos
1. Gorduras neutras (Triglicerídeos); tecidos adiposos ou do fígado. Tanto o tecido
2. Fosfolipídios; adiposo como o fígado contem grandes
3. Colesterol. quantidades da enzima lipase-lipoproteíca. Esta
Quimicamente, a metade lipídica básica dos enzima é ativa no endotélio capilar, onde hidrolisa
triglicerídeos e dos fosfolipídios é formada pelos os triglicerídeos dos quilomicrons à medida que eles
ácidos graxos, que são simples cadeias longas de entram em contato com a parede endotelial,
hidrocarbonetos ácidos. liberando assim ácidos graxos e glicerol.
Os triglicerídeos são usados no organismo como Os ácidos graxos, sendo altamente miscíveis com
fonte de energia para os diferentes processos as membranas celulares, difundem-se
metabólicos, função que eles compartilham quase, imediatamente para as células adiposas do tecido
igualmente com os carboidratos. Alguns lipídios, adiposo e para as células hepáticas. Uma vez
como o colesterol, os fosfolipídios e pequenas dentro das células os ácidos graxos são de novo
quantidades de triglicerídeos, são usados para sintetizados em triglicerídeo, com o novo glicerol
formar a membrana de todas as células do sendo fornecido pelos processos metabólicos das
organismo e para realizar outras funções celulares. células de armazenamento. A lipase também causa
hidrólise dos fosfolipídios, isto também libera ácidos
Transporte de lipídio nos líquidos corporais graxos para serem armazenados da mesma forma.
Transporte de triglicerídeos e outros lipídios do TGI
pela linfa, nos quilomicrons quase todas as Ácidos graxos livres
gorduras na dieta, com exceção de uns poucos São transportados no sangue em combinações
ácidos graxos de cadeia curta, são absorvidas a com a albumina. Quando a gordura que tiver sido
parti do intestino pela linfa intestinal durante a armazenada no tecido adiposo for usada noutras
digestão, a maior parte dos triglicerídeos se divide regiões do corpo para fornecer energia, ela deve
em monoglicerídeos e ácidos graxos. Então, na primeira, ser transportada do tecido adiposo para
passagem através das células epiteliais intestinais, outro tecido. Seu transporte ocorre na forma de
os monoglicerideos e os ácidos graxos são ácidos graxos livres. Isto ocorre pela hidrólise dos
ressintetizados em novas moléculas de triglicerídeos de volta a forma de ácidos graxos e
triglicerídeos que penetram a linfa como gotículas glicerol.
minúsculas, dispersas, chamada de quilomicrons, Pelo menos duas classes de estímulos
uma pequena quantidade de apoproteína B é desempenham papel na promoção desta hidrólise,
adsorvida às superfícies externas dos quilomicrons primeiro, quando a quantidade de glicose disponível
no líquido linfático e impede sua aderência às para células adiposa é inadequada, um dos
paredes dos vasos linfáticos. produtos da metabolização da glicose, o α-
A maioria dos colesteróis e fosfolipídios absorvidos glicerofosfato, também está disponível em
do TGI penetra sob a forma de quilomicrons. Os quantidades insuficientes, como esta substância é
quilomicrons são transportados para o ducto necessária para manter a porção glicerol dos
torácico e então para o sangue venoso circulante na triglicerídeos, o resultado é a hidrólise dos
junção das veias subclávia e jugular. triglicerídeos. Segunda, uma lipase celular
hormônio-sensível pode ser ativada por vários
hormônios das glândulas endócrinas, e isto também
promove uma hidrólise rápida dos triglicerídeos. Ao
sair dos adipócitos, os ácidos graxos sofrem uma
forte ionização no plasma, e a porção iônica se
combina imediatamente com as moléculas de
albumina das proteínas plasmáticas.

342
Os ácidos graxos ligados desta forma são Metabolismo das VLDL: entre as refeições, os
chamados de ácidos graxos livres ou ácidos graxos ácidos graxos são mobilizados no tecido adiposo e
não esterificados, para distingui-los dos outros servem como fontes importantes para a síntese
ácidos graxos no plasma que existem sob a forma hepática de triglicerídeos. A lipogenese: síntese de
de ésteres de glicerol, colesterol, ou outras ácidos graxos de novo a partir de carboidratos ou
substâncias. A concentração de ácido graxos livres proteínas, também pode ocorrer no fígado. Os
no plasma sob condição de repouso é cerca de ácidos graxos podem sofrer esterificação para
15mg/dl, totalizando apenas 0.45 gramas de ácidos formar triglicerídeos no citosol. Os triglicerídeos,
graxos em todo o sistema circulatório. Sob juntos com colesterol sintetizado de novo no fígado
condições normais, apenas umas três moléculas de ou levados ao fígado pelos quilomicrons
ácidos graxos se associam a cada molécula de remanescentes, são embalados.
albumina, mas até 30 moléculas de ácido graxo Apolipoproteínas: são componentes das partículas
podem se acoplar com uma única molécula de de lipoproteína, tem papel ativo em seu
albumina quando a necessidade de transporte de metabolismo, as lipoproteínas interagem com os
ácidos graxos é extrema. Isto mostra a variabilidade receptores celulares, elas determinam seu destino
da taxa de transporte de lipídios sob condições metabólico através de interações com receptores
fisiológicas diferentes. das lipoproteínas.
Juntamente com a APOB e fosfolipídios, e formam
Lipoproteínas uma VLDL nascente. As VLDL plasmáticas também
São macromoléculas complexas que transportam contém outras apolipoproteínas, inclusive as
lipídios não-polares: triglicerídeos e colesterol, e os apolipoproteínas C e a apoE. A apoB é encontrada
ésteres que são transportados quase que na forma de uma proteína de comprimento
exclusivamente no núcleo central das partículas completo, chamado APO-B100, fabricada pelo
lipoproteicas esféricas. As partículas de fígado, produzida por humanos apenas no intestino.
lipoproteínas possuem triglicerídeos, colesterol, O tamanho da partícula de VLDL liberada depende
fosfolipídios e proteínas (apolipoproteínas). Elas da disponibilidade dos triglicerídeos no fígado.
também transportam vitaminas lipossolúveis como VLDL ricos em triglicerídeos muito grandes são
as A e E. Uma partícula de lipoproteína possui um secretadas quando ocorre um excesso de síntese
núcleo hidrofóbico de ésteres de colesterol e hepática de triglicerídeos, como nos casos de
triacilglicerois. Fosfolipídios anfipáticos e colesterol obesidade, diabetes, e ingestão excessiva de
livre, juntos com as apolipoproteínas formam sua bebidas alcoólicas. Ao contrário, pequenas VLDL
camada externa. As lipoproteínas presentes no são secretadas quando a disponibilidade de
plasma formam uma escala de tamanho e triglicerídeos está diminuída.
densidade. São classificados com bases em suas As VLDL transportam os triacilglicerois sintetizados
densidades ou apolipoproteínas constituintes. no fígado. Após a secreção no plasma, a VLDL
Os lipídios mais polares, juntamente com as adquire ésteres de colesterol e apoliproteínas da
apolipoproteínas anfipáticas, formam uma HDL, nos tecidos periféricos, seus triacilglicerois
macrocamada de superfície que solubiliza as são hidrolisados pelo LPL, gerando VLDL
partículas e permite que elas permaneçam em remanescentes chamados de IDL. Assim, as
solução estável no plasma aquoso. Cada partícula remanescentes ou são captadas pelo fígado ou são
lipoproteica possui em sua superfície uma ou mais hidrolisadas pela enzima triglicerídeo-lípase
lipoproteínas que desempenham uma variedade de hepática, e transformada em LDL.
papeis funcionais e estruturais. A classificação mais A principal função das partículas lipoproteicas é
usada para as lipoproteínas é baseada em suas transportar os lipídios de um lugar para outro. As
densidades diferentes, que determinam seu lipoproteínas ricas em triglicerídeos servem para
comportamento durante a ultracentrifugação. transportar os triglicerídeos sintetizados para o
Síntese e transporte: As principais classes de tecido adiposo para armazenamento no estado pós-
lipoproteínas são os quilomicros VLDL (IDL), LDL. prandial ou para o músculo para uso no estado de
Os VLDL são partículas remanescentes ricas em jejum. A enzima que cataliza a captação periférica
triacilglicerois, enquanto as LDL são pobres em de triglicerídeos é a lipoproteína lípase (LPL). Esta
triacilglicerois e ricas em colesterol. enzima é sintetizada no tecido adiposo nas células
A densidade das partículas aumenta e o tamanho musculares esquelética, secretadas e transportadas
diminui, com redução do conteúdo de triacilglicerois pelas células endoteliais capilares, onde se liga a
de quilomicrons passando pelas VLDL, IDL, LDL até glicoproteínas na superfície endotelial luminal.
HDL. O sistema de transporte dos lipídios pode ser Quando a VLDL liga-se a LPL, esta é ativada pelo
dividido em duas classes principais: o sistema apoC-2 apresenta na superfície da partícula de
lipoproteico da lipoproteína de muito baixa VLDL. Isto leva a hidrolise dos triglicerídeos e a
densidade (VLDL), de densidade intermediária liberação de ácidos graxos, que são transportados
(IDL) e de baixa densidade (LDL) e o sistema na célula gordurosa ou musculares, para serem
lipoproteico da lipoproteína de alta densidade reesterificados com glicerol e armazenados como
(HDL). triglicerídeos intracelulares.
343
As partículas de LDL são captadas pelas mesmas Fosfolipídios e colesterol
vias das partículas remanescentes, a LDL é uma Fosfolipídios
pequena lipoproteína gerada a partir dos Os principais tipos de fosfolipídios no corpo são as
remanescentes pelo triglicerídeo a lípase hepáticos, lecitinas, cefalinas e esfingomielina, os fosfolipídios
os LDL são ricos em colesterol e contêm somente sempre contêm uma ou mais moléculas de ácidos
uma apolipoproteína: a apoB100. Elas são as graxos e um radical de ácido fosfórico, e geralmente
principais carreadoras de colesterol no plasma. contem uma base nitrogenada, apesar das
O colesterol é removido das células para o HDL por estruturas químicas dos fosfolipídios serem
moléculas transportadoras especificas. A função relativamente variáveis, suas propriedades físicas
das partículas de HDL é transportar o colesterol na são similares porque são todas lipossolúveis,
direção, reversa; dos tecidos periféricos para o transportada por lipoproteínas, e usadas em todo o
fígado. As HDL são sintetizadas no intestino corpo, para varias finalidades estruturais, tal como
delgado e fígado. nas membranas celulares e nas membranas
intracelulares.
Lipídios hepáticos
As principais funções do fígado no metabolismo Colesterol
dos lipídios são degradar os ácidos graxos em Está presente na dieta de todas as pessoas, e
pequenos compostos que pode ser usado como pode ser absorvido lentamente a partir do trato
fonte de energia, sintetizar triglicerídeos, gastrointestinal pela linfa intestinal. É altamente
principalmente a partir de carboidratos, mas, em lipossolúvel, mas só ligeiramente hidrossolúvel. É
menor extensão também de proteínas e sintetizar capaz de formar ésteres em associação a ácidos
outros lipídios a partir dos ácidos graxos, graxos. De fato, cerca de 70% do colesterol nas
especialmente colesterol e fosfolipídios. lipoproteínas plasmáticas se encontra na forma de
Grandes quantidades de triglicerídeos aparecem ésteres de colesterol.
no fígado durante os estágios iniciais de inanição no Armação de colesterol: Além do colesterol
diabetes melitos, e em qualquer outra condição em absorvido todos os dias a partir do TGI, que é
que as gorduras, em vez dos carboidratos, estão chamado de colesterol exógeno, uma quantidade
sendo usados como fonte de energia. Nestas ainda maior é formada nas células do corpo, o
condições, grandes quantidades de triglicerídeos chamado colesterol endógeno. Todo o colesterol
são imobilizadas a partir do tecido adiposo, endógeno que circula nas lipoproteínas do plasma é
transportadas como ácidos graxos livres no sangue formado pelo fígado, mas todas as outras células do
e redepositadas como triglicerídeos no fígado, onde corpo formam pelo menos algum colesterol, que é
iniciam os estágios iniciais de grande parte da consistente com o fato de quitas das estruturas
degradação das gorduras. Assim, sob condições membranosos de todas as células são parcialmente
fisiológicas normais, a quantidade total de compostas por estas substâncias.
triglicerídeos no fígado é determinada em grande
parte pela taxa global com que os lipídios estão
sendo usados no fornecimento de energia. As
células hepáticas, além de conterem triglicerídeos,
contem grandes quantidades de fosfolipídios e
colesterol, que estão sendo continuamente
sintetizados pelo fígado.

Síntese de triglicerídeos a partir dos


carboidratos
Sempre que uma quantidade de carboidrato
ingerido é maior do que pode ser usada
imediatamente como fonte de energia ou do que
pode ser armazenada sob a forma de glicogênio, o
excesso é imediatamente transformado em
triglicerídeos e armazenado na forma de tecido
adiposo. Nos seres humanos, a maior parte da
síntese de triglicerídeos, ocorre no fígado, mas
quantidades pequenas também são sintetizadas
pelo próprio tecido adiposo. Os triglicerídeos
formados no fígado são transportados pelas
lipoproteínas de muito baixa densidade para o
tecido adiposo, onde são armazenados.

344
ser transportado por isso, quando a concentração
Proteínas de um tipo particular de aminoácido se torna muito
Cerca de ¾ dos sólidos corporais são proteínas. alta no plasma e no filtrado glomerular, o excesso
Nelas incluímos proteínas estruturais, enzimas, que não pode ser ativamente reabsorvido é perdido
nucleoproteínas, proteínas transportadoras de pela urina.
oxigênio, proteínas do músculo que provocam a Armazenamento de aminoácidos e proteínas:
contração muscular, e muitos outros tipos que após a sua entrada nas células, os aminoácidos se
desempenham funções intra e extracelulares combinam uns com os outros através de ligações
específicas por todo o corpo. peptídicas, sob a direção do RNA mensageiro
celulares é do sistema ribossomal, para formar as
Aminoácidos proteínas celulares. Portanto, a concentração de
São os principais constituintes das proteínas, 20 aminoácidos livres no interior celular permanece
dos quais estão presentes nas proteínas corporais. baixa. O armazenamento de grandes quantidades
Cada aminoácido Possui duas características de aminoácidos livres não ocorre nas células, em
comuns: apresenta um grupo ácido (-COOH) e um vez disso, eles são estocados sob a forma de
átomo de nitrogênio ligado à molécula, proteínas verdadeiras, muitas dessas proteínas
representado pelo grupo amino (-NH2). podem ser rapidamente decompostas novamente
Aminoácidos do sangue: a concentração normal em aminoácidos sob a influencia das enzimas
de aminoácidos no sangue está entre 35 e 65mg/dl digestivas lisossomais intracelulares, esses
essa é uma média de cerca de 2mg/dl para cada 20 aminoácidos podem, ser transportados de volta
aminoácidos. Uma vez que os aminoácidos são para fora da célula, no sangue. Alguns tecidos
ácidos fortes, eles existem no sangue no estado corporais participam no armazenamento dos
ionizado, resultante da remoção de um átomo de aminoácidos em maior grau do que outros. ex.: o
hidrogênio do radical NH2. fígado, que é um órgão volumoso e que possui
Absorção no TGI e destino após: os produtos da sistemas especiais de processamento de
digestão e absorção proteica no TGI são quase aminoácidos, pode estocar grandes quantidades de
inteiramente aminoácidos, só raramente proteínas rapidamente intercambiáveis, isso é
polipeptídios ou moléculas proteicas inteiras são igualmente verdadeiro, para os rins e a mucosa
absorvidos do TGI para o sangue. Após uma intestinal.
refeição, a concentração de aminoácidos no sangue
do individuo se eleva, mas o aumento em geral é de Papeis funcionais das proteínas plasmáticas
somente poucos miligramas por decilitro, por duas As três principais proteínas presentes no plasma
razões: primeiro a digestão, e a absorção proteica são albumina, globulina e fibrinogênio.
normalmente se estendem ao logo de duas a três A principal função da albumina é produzir pressão
horas, o que permite que apenas pequenas coloidosmótica no plasma, o que impede a perda do
quantidades de aminoácidos sejam absorvidos de plasma pelos capilares.
cada vez. Em segundo lugar, depois de sua entrada As globulinas realizam varias funções enzimáticas
no sangue, o excesso de aminoácidos é absorvido no plasma, mas igualmente importante, são elas
dentro de 5 a 10 minutos pelas células em todo o responsáveis pela imunidade orgânica, natural e
organismo, especialmente pelo fígado. Grandes adquirida.
quantidades de aminoácidos quase nunca se O fibrinogênio polimeriza-se em longos filamentos
acumulam no sangue e nos líquidos teciduais. de fibrina. Durante a coagulação sanguínea, assim
Todavia, a taxa de renovação dos aminoácidos é formando coágulos sanguíneos que ajudam a
tão rápida que muitos gramas de proteínas podem reparar o sangramento no sistema circulatório.
ser carreados de uma parte do corpo a outra, sob a Aminoácidos essenciais e não essenciais; 120
forma de aminoácidos, a cada hora. dos aminoácidos normalmente presentes nas
Transporte ativo para dentro das células: as proteínas animais podem ser sintetizados pelas
moléculas de todos os aminoácidos são grandes células, ao passo que os outros 10 ou não podem
demais para se difundirem através dos poros das ser sintetizados, ou não sintetizados em
membranas celulares. Quantidades significativas de quantidades excessivamente pequenas para suprir
aminoácidos só podem se mover, tanto para dentro todas as necessidades corporais. A síntese dos
como para fora da membrana, por meio de aminoácidos não-essênciais depende da formação
transporte facilitado ou de transporte ativo, usando dos α-cetoácidos adequados, que são os
mecanismos transportadores. precursores dos respectivos aminoácidos. Ex.: o
Limiar renal: nos rins, os diferentes aminoácidos ácido pirúvico, que é formado em grandes
podem ser ativamente reabsorvidos através do quantidades durante a quebra glicolítica da glicose,
epitélio, o túbulo proximal, que os remove do filtrado é o cetoácido precursor do aminoácido alanina,
glomerular, devolvendo-os ao sangue, se eles então, por um processo de precursos do
forem filtrados para os túbulos renais através das aminoácido alanina.
membranas glomerulares, existe um limite superior
para a taxa com que cada tipo de aminoácido pode
345
Então, por um processo de transcrição, um radical
amino é transferido para o ácido α-ceto, e o
oxigênio ceto é transferido para o doador do radical
amino.
Regulação hormonal do metabolismo proteico:
o hormônio do crescimento aumenta a síntese das
proteínas celulares. O hormônio do crescimento
provoca aumento das proteínas teciduais. A insulina
é necessária para a síntese proteica. A completa
falta de insulina reduz a síntese proteica à quase
zero. Os glicocorticoides aumenta a degradação da
maior parte das proteínas teciduais. Os
glicocorticoides secretados pelo córtex adrenal
reduzem a quantidade de proteínas na maior parte
dos tecidos, enquanto aumentam a concentração
dos aminoácidos no plasma, assim como
aumentam tanto as proteínas hepáticas quanto
plasmáticas, parece que os glicocorticoides agem
aumentando, a taxa de degradação das proteínas
extra-hepática, gerando, assim, quantidades
aumentadas de aminoácidos disponíveis nos fluídos
corporais. Isso, supostamente permite ao fígado
sintetizar maiores quantidades de proteínas
celulares hepáticas e plasmáticas.

346
FISIOLOGIA RENAL RINS
Afunção mais importante dos rins é a regulação Filtrar, reabsorver e secretar são os três processos
homeostática da H2O e o conteúdo iônico do básicos que acontecem nos néfrons. A filtração é o
sangue. Os rins mantêm a concentração normal de movimento do líquido do sangue para o lúmen do
íons e H2O no sangue pelo equilíbrio da ingestão néfron, que acontece apenas no corpúsculo renal.
dessas substâncias com a sua excreção na urina, Uma vez que o líquido filtrado, passa para dentro do
obedecendo ao principio do balanço de massa. Os lúmen, ele torna-se parte do meio externo do corpo.
rins têm as funções de: Após o filtrado deixar a cápsula de Bowman, o
 Regular o volume doLEC e da pressão mesmo é modificado por reabsorção e secreção.
sanguínea; A reabsorção é um processo de transporte de
 Regulação da osmolaridade; substância presentes no filtrado, do lúmen do túbulo
 Manutenção do equilíbrio iônico; de volta para o sangue via capilares peritubulares.
 Regulação homeostática do pH; A secreção remove moléculas especificas do
 Excreção de resíduos; sangue e as adiciona ao filtrado no lúmen do túbulo.
 Produção de hormônios.
O sangue entra no rim pela artéria renal antes de Néfrons
seguir para as artérias menores e depois para as Os 180L de líquidos filtrados para dentro da cápsula
arteríolas no córtex. Neste ponto, o arranjo do vaso de Bowman são quase idênticos ao plasma e quase
sanguíneo torna-se um sistema porta, um dos três isosmótico. À medida que esse filtrado flui pelo
que existem no corpo. O sangue flui a partir da túbulo proximal, cerca de 70% do seu volume são
arteríola aferente para uma rede de capilares reabsorvidos. A reabsorção ocorre quando as
chamada de glomérulo. células do túbulo proximal transportam solutos para
O sangue deixa o glomérulo e flui para uma fora do lúmen, e a água segue por osmose. O
arteríola eferente, depois para um segundo conjunto filtrado que deixa o túbulo proximal tem a mesma
de capilares, os capilares peritubulares que osmolaridade que o filtrado que entrou.
circundam o túbulo. Os capilares renais juntam se Após deixar o túbulo proximal, o filtrado passa para
para formar vênulas e pequenas veias, conduzindo a alça de Henle, principal local de produção de
o sangue para fora do rim pela veia renal. urina diluída. À medida que o filtrado passa pela
alça de Henle, proporcionalmente é reabsorvida
mais soluto que água, e o filtrado torna-
sehiposmótico com relação ao plasma. Quando o
filtrado sai da alça, agora 90% do volume
originalmente filtrado para dentro da cápsula de
Bowman foram reabsorvidas para oscapilares.
Da alça de Henle, o filtrado passa para o túbulo
distal e para o ducto coletor. Nestes dois
segmentos, ocorre uma regulação do balanço de
Figura 55: (1) artérias renais levam sangue para os néfrons o sal e de água sob controle de vários hormônios. No
córtex. (a) artéria renal; (b) veia renal. (2) arteríolas aferentes e os final do ducto coletor, o filtrado tem um volume de
glomérulos situam-se no córtex. (a) veia arqueada; (b) artéria 1,5L/dia e uma osmolaridade que pode variar de 50
arqueada; (c) arteríola aferente; (d) glomérulo; (e) néfron cortical.
(3) os capilares do glomérulo formam uma massa semelhante a a 1.200.
uma bola, (a) glomérulo; (b) túbulo do néfron cortado.

A função do sistema porta renal é primeiro filtrar o


líquido para fora do sangue e para dentro do lúmen
do néfron por capilares glomerulares e depois
reabsorver líquidos do túbulo de volta para o
sangue nos capilares peritubulares.

Figura 57: (a) cápsula de Bowman; (b) túbulo contorcido proximal;


(c) inicio do ramo descendente da alça; (d) ramo descendente; (e)
túbulo intermediário (alça de Henle); (f) ramo ascendente, final do
ramo ascendente da alça; (g) túbulo contorcido distal; (h) ducto
Figura 56: (a) veia cava inferior; (b) rim direito; (c) ureter; (d) aorta; coletor; (i) para a bexiga urinária.
(e) peritônio (cortado); (f) bexiga urinária; (g) reto; (h) veia renal; (i)
artéria renal; (j) rim esquerdo; (l) glândula suprarrenal; (m)
diafragma.

347
Filtração
É o primeiro passo para a formação da urina. Este
processo gera um filtrado com composição igual ao
do plasma menos a maioria das proteínas
plasmáticas. As células do sangue permanecem no
capilar de modo que o filtrado é composto apenas
de água e soluto dissolvidos. A filtração ocorre no
corpúsculo renal, formado por capilares circundados
pela cápsula de Bowman. As substâncias que
Figura 59: (a) o filtrado é similar ao líquido intersticial; (b) lúmen
deixam o plasma precisam passar através de três do tubulo. (1) Na+ é reabsorvido por transporte ativo; (2) o
barreiras de filtração antes de entrar no lúmen do gradiente eletroquímico impulsiona a reabsorção do ânio; (3) a
túbulo: o endotélio do capilar glomerular; uma água move-se por osmose, seguindo a reabsorção do soluto; (4) a
concentração de outros solutos aumenta à medida que volume do
lâmina basal e o epitélio da cápsula de Bowman. líquido no lúmen diminui, solutos permeáveis são reabsorvidos
A primeira barreira é o endotélio capilar. Os por difusão. (c) epitélio tubular; (d) líquido extracelular.
capilares são capilares fenestrados com poros que
permitam que a maioria dos componentes do O transporte ativo de 11Na é a principal força que
plasma sejamfiltrada através do endotélio, os poros impulsiona a maior parte da reabsorção. No túbulo
são pequenos o bastante para impedir que as proximal, o transportador de antiporte Na+ -H+
células do sangue deixem o capilar. desempenham o papel principal na reabsorção de
A segunda barreira de filtração é uma camada Na+.
acelular da matriz extra-celular chamada
lâminabasal que separa o endotélio capilar de Reabsorção ativa ou passiva
revestimento epitelial da cápsula de Bowman; a A reabsorção de H2O e soluto do lúmen do túbulo
lâmina basal atua como uma peneira grossa, para o líquido extracelular depende de transporte
excluindo a maioria das proteínas plasmáticas do ativo. As células tubulares precisam usar o
líquido que é filtrado através dela. transporte ativo para criar um gradiente de
A terceira barreira de filtração é o epitélio da concentração, porque o filtrado que flui da capsula
cápsula de Bowman. A porção do epitélio que de Bowman para o túbuloproximal tem a mesma
circunda cada capilar glomerular consiste em concentração de solutos do líquido extracelular.
células especializadas chamadas podócitos. O transporte ativo de Na+ do lúmen do túbulo para o
líquido extracelular cria um gradiente elétrico trans-
epitelial, no qual o lúmen é mais negativo que o
LEC. Os ânions então seguem o Na+, para fora do
lúmen. O movimento resultante de Na+ e de ânions
do lúmen para o líquido extracelular dilui o líquido
luminal e aumenta a concentração do LEC, de
modo que a água sai do túbulo por osmose.
Figura 58: (1) volume de plasma que entra na arteríola aferente
=100%; (a) arteríola aferente; (b) arteríola eferente. (2) 20% do
volume é filtrado;(c) cápsula de Bowman; (d) glomérulo. (3) mais de
19% do líquido é reabsorvido;(f) restante do néfron. (4) mais de
99% foipara o plasma que entram nos rins retornam à circulação
sistêmica; (5) menos de 1% do volume é excretado para o meio
externo.

Reabsorção
99% do líquido que entram nos túbulos precisam
ser reabsorvidos para o sangue à medida que o Figura 60: (1) o Na+ entra na célula pelas proteínas de membrana,
movendo-se a favor do seu gradiente eletroquímico; (2) o Na+ é
filtrado percorre os néfrons. A maior parte desta bombeado para fora na superfície basolateral da célula pela Na+,
reabsorção acontece no túbulo proximal. A K+ATPase.
reabsorção regulada no néfron distal permite aos
rins devolver íons e águas ao plasma
seletivamente, quando necessário manter a
homeostase.
A reabsorção de água e soluto do lúmen do túbulo
para o líquido extracelular depende de transporte
ativo. O filtrado que flui da cápsula de Bowman para
o túbulo tem a mesma concentração do soluto para Figura 61: reabsorção de sódio no túbulo proximal. (1) o Na+ se
move a favor do seu gradiente eletroquímico usando a proteína
fora do lúmen, às células tubulares precisam usar SGLT que puxa a glicose para dentro da célula contra seu
transporte ativo para criar o gradiente de gradiente de concentração; (2) a glicose se difunde para fora na
superfície basolateral da célula usando a proteína Glut; (3) o Na+ e
concentração ou eletroquímico. bombeado para fora pela Na+, K+ e ATPase.

348
Secreção A contração da bexiga ocorre em uma onda que
É a transferência de moléculas do LEC para o empurra a urina para baixo em direção à uretra. A
lúmen do néfron. A secreção, como a reabsorção, pressão exercida pela urina força o esfíncter interno
depende de sistemas de transportes de membrana. da uretra a abrir enquanto o esfíncter externo
Muitos compostos orgânicos são secretados. Esses relaxa. A urina passa para a uretra e para fora do
compostos incluem metabólitos produzidos no corpo, ajudada pela gravidade.
corpo e substâncias trazidas para dentro do corpo.
Se uma substância filtrada não é reabsorvida, ela é
excretada com muita eficácia.A secreção é um
processo ativo porque requer transporte de
substratos contra seus gradientes de concentração.

Excreção
Quando o líquido chega ao final do néfron, ele tem
pouca semelhança com o filtrado que iniciou na
cápsula de Bowman. Glicose, aminoácidos e
metabólitos úteis são reabsorvidos para dentro do
sangue, e os resíduos orgânicos estão mais
concentrados.

Figura 63: (A) bexiga urinária em repouso. (a) esfíncter externo,


permanece contraído; (b) esfíncter interno (músculo liso) contraído
passivamente; (c) estado relaxado (enchimento); (d) bexiga urinária
(músculo liso); (e) neurônio motor disparado; (f) sinais de
estruturas superiores do SNC. (B) micção.(1) receptores de
estiramento disparam; (a) neurônio parassimpáticos disparam
neurônios motores para de disparar. (3) o músculo liso contrai o
esfíncter interno puxado passivamente abre o esfíncter externo
relaxa. (c) receptores de estiramento; (d) neurônios sensoriais; (e)
neurônios parassimpáticos; (f) neurônios motores; (g) descarga
tônica inibida; (i) sinais de estruturas superiores do SNC podem
Figura 62: filtração, absorção e secreção. (a) arteríola eferente; (b) facilitar ou inibir o reflexo.
glomérulo; (c) arteríola eferente; (d) capilares peritubulares; (e)
cápsula de Bowman; (f) túbulo proximal; (g) alça de Henle; (h)
túbulo distal; (i) ducto coletos; (j) para a bexiga e meio externo; (l) Creatina
para a veia renal.
A creatinina é um produto derivado da creatina e
da fosfocreatina presente no músculo
Micção esquelético. A creatina é sintetizada nos rins,
Deixando os ductos coletores, o filtrado não muda fígado e pâncreas, sendo em seguida
mais sua composição. O filtrado agora é chamado transportados para os outros órgãos,
de urina, que flui para a pelve renal e então desce especialmente, o músculo onde é fosforilada a
pelos ureteres em direção a bexiga, com ajuda de fosfocreatina. A interconversão entre a
contrações rítmicas da músculatura lisa. Na bexiga, fosfocreatina e a creatina é particularmente
a urina é armazenada até ser liberado num importante no fornecimento de energia para o
processo chamado urinar. O colo da bexiga é processo da contração muscular.
continuo com a uretra é uma continuação da parede A excreção diária pode ser de 10 a 30% maior
bexiga e é constituído de músculo liso seu tônus em casos de ingestão de carne, que contém
normal o mantêm contraído. O esfíncter externo da creatina e creatinina. Em condições normais, a
uretra é um anel de músculo esquelético controlado creatinina é excreta quase que exclusivamente
por neurônios motores somáticos. pelo rim, sendo 85% por filtração glomerular e o
A micção é um reflexo espinal simples que está resto por secreção tubular.
sujeito aos controles inconsciente pelos centros
superiores do encéfalo.
À medida que a bexiga se enche com urina e as
suas paredes se expandem, receptores de
estiramento enviam sinais via neurônios sensoriais
para a medula espinal. Lá a informação é integrada
e transferida a dois conjuntos de neurônios.
O estimulo de uma bexiga cheia estimula neurônios
parassimpáticos que inervam o músculo liso da
parede da bexiga urinária. O músculo liso contrai
aumentando a pressão no conteúdo da bexiga
urinária, os neurônios motores somáticos que
inervam o esfíncter externo da uretra são inibidos.
349
FISIOLOGIA TEGUMENTAR DERME
A pele tem várias funções como proteção, barreira É onde se apoia a epiderme à pele ao tecido celular
impermeável, regulação da temperatura corpórea, subcutâneo ou hipoderme apresenta espessura
defesa contramicrorganismo, excreção de sais, variável de acordo com a região observada. A
sínteses de vitamina D,serve como um órgão derme é constituída por duas camadas:
sensorial. A pele é constituída por uma porção 1. Camadapapilar: É delgada, constituída por TCF
epitelial (epiderme), uma porção conjuntiva que forma as papilas dérmicas, nesta camada
(derme). Abaixo e continuamente com a derme existem fibrilas especiais de colágenos. Essas
encontra-se a hipoderme. fibrilas contribuem para prender a derme à
epiderme.
EPIDERME 2. Camada reticular: Mais espessa constituída
por TCD, contém muitas fibras do sistema
Melanócitos elástico, responsável pela elasticidade da pele.
Produzem a melanina. A coloração da pele é Além de vasos sanguíneos e linfáticos, e dos
resultante de vários fatores, o mais importante é o nervos, também são encontrados na derme as
seu conteúdo de melanina e caroteno, a melanina seguintes estruturas, derivadas da epiderme
é um pigmento de cor marrom-escura, produzida folículos pilosos, glândulas sebáceas e
pelos melanócitos, que se encontram na junção sudoríparas.
entre os queratinócitos da camada basal da
epiderme. O escurecimento da pele por exposição Suprimento sanguíneo e linfático
do sol ocorre devido ao escurecimento da melanina O suprimento vascular cutâneo tem a função de
pré-existente e à aceleração da transferência de termorregulação e nutrição da pele e dos anexos
melanina para os queratinócitos, depois a melanina cutâneos. A organização dos vasos permite a
tem sua síntese aumentada. modificação rápida do fluxo sanguíneo de acordo
com a necessidade de perda ou conservação de
Células de Merkel calor.
Existem em grande quantidade na pele espessa da
palma das mãos e plantas dos pés, especialmente Receptores sensoriais
nas pontas dos dedos. As células de Merkel são Uma das funções mais importante da pele é receber
mecanorreceptores (sensibilidade táctil). estímulos do meio ambiente. A pele é o receptor
sensorial mais extenso do organismo.três
Células de Langerhans categorias de receptores sensoriais estão presentes
Localizam-se em toda a epiderme entre os na pele e em outros órgãos:
queratinócitos, porem são mais frequentes na  Exteroceptores:Fornecem informações sobre o
camada espinhosa, elas são capazes de captar ambiente externo;
antígenos, processá-los e apresentá-los aos  Proprioceptores: Estão localizados nos
linfócitos, participando da estimulação dessas músculos, tendões, e capsulas articulares, e
células. fornecem informações sobre a posição e
movimento do corpo;
 Interoceptores: Fornecem informações
sensoriais dos órgãos internos do corpo.
Outra classificação dos receptores sensoriais é
baseada no tipo de estimulo que o receptor
responde:
 Mecanorreceptor: Respondem a deformação
mecânica do tecido ou do próprio receptor.
Osmecanorreceptores incluem os
Exteroceptores e os proprioceptores;
 Termoceptores: Respondem ao calor e ao frio;
 Nociceptores: Respondem ao estimulo da dor.
A pele e o tecido subcutâneo contêm receptores
que respondem ao estímulo como o toque, a
Figura 64: Pele. (1) camada da pele. (a) artéria; (b) veia; (c) N. pressão, calor, frio e dor.
sensorial; (d) glândulas apócrinas; (e) hipoderme; (f) derme; (g)
epiderme; (h) receptores sensoriais; (i) glândulas sudoríferas; (j)
folículos pilosos; (l) glândulas sebáceas; (m) músculo eretor do
pêlo. (2) epiderme. (a) matriz fosfolipidica atua como o principal
agente permeabilizador da pele; (b) queratinócitos da superfície
produzem fibras de queratina; (c) desmossomas; (d) células
epidérmicas; (e) lâmina basal. (3) conexões entre epiderme e
derme. (a) hemidesmossomas; (b) lâmina basal.

350
Figura 65: Receptores sensoriais da pele. (1) corpúsculos de
Meisser: presentes nas papilas dérmicas, receptor portátil,
presentes nos dedos, mãos, pés, testa, lábios e língua. (a) fibra
nervosa amielínica; (b) fibra colágena; (c) células epiteliais Figura 66: Estrutura do folículo piloso. (a) Haste do pelo; (b)
discoides táteis, (d) cápsulas de TC; (e) fibra nervosa mielínica. folículo piloso; (c) epiderme. (d) derme; (e) bulbo piloso; (f)
(2) células de Merkel: células derivas da crista neural, localizada hipoderme; (g) bainha de TC; (h) bainha externa da raiz; (f) córtex
na camada basal da epiderme receptor tátil (alta resolução); (a) do pêlo; (j) cutícula do pêlo.
neurotransmissor; (b) disco de Merkel (terminação nervosa); (3)
terminações nervosas livre, não possuem mielina ou células de
Schwann respondem à dor e à temperatura; (4) órgão terminal de Cabelos
Ruffini respondem ao estiramento corpúsculo de Paccini, Não são essenciais para a vida humana, porém,
sensível a pressão. (a) fibra colágena; (b) órgão terminal de
Ruffini; (c) corpúsculos de Paccini. (5) terminação nervosa
nolado psicológico é de vital importância para
peritricial, fibras nervosas enroladas, na base do folículo; pessoa, tem como função proteger o couro
estimulados pelo movimento do pêlo; (a) glândula sebácea; (b) cabeludo da luz solar, do frio e calor, aumento da
folículo piloso.
sensibilidade táctil, e proteção das áreas orificiais e
olhos. O pelo é responsável pelas características
secundárias, como a barba, bigode, região púbica e
axilar não apresentam uma função particular, mas,
como estas áreas são as que expelem ferormônios,
acredita-se que sua função seja a de atração
Pêlos
sexual. Pelos e cabelos nos homens e mulheres
São estruturas delgadas queratinizadas, que se
tem uma grande importância estética e suas
desenvolvem a parti de uma invaginação da
alterações acarretam problemas psicossociais e na
epiderme, sua cor, tamanho e disposição variam de
qualidade de vida.
acordo com a raça e a região do corpo. Estão
As disfunções mais comuns nos cabelos são a
presente em todo o corpo, com exceção de
alopecia, que é a diminuição de pêlos e cabelos e o
algumas regiões.Cada pelo se origina de uma
hisurtismo, aumento exagerado de pêlos nas
invaginação da epiderme, o folículo piloso, que, no
mulheres.Temos dois tipos de cabelos:
pêlo em crescimento, se apresenta como uma
1. Ovellus: É um pelo fino e claro que substitui,
dilatação terminal, o bulbo piloso, no centro
após o nascimento, é o pêlo fetal.
observa-se uma papila dérmica, cada folículo piloso
2. Oterminal: É o mais espesso e pigmentado
é constituído por duas partes:
(são os pelos do couro cabeludo, face,
 Haste do pêlo;
pálpebras, tronco, axilar, púbis e extremidades).
 Bulbo piloso. O processo de calvície está relacionado com o
A haste do pêlo é uma estrutura filamentosa estimulo dos folículos em produzir vellus ao invés
queratinizada presente em quase todasuperfície de pêlos terminais.
corporal, exceto na pele das palmas das mãos e Os tipos e formas de cabelos são controlados
solo dos pés, nas regiões laterais dos dedos, nos geneticamente e variam com as raças. O cabelo é
mamilos e na glande do pênis e do clitóris, entre formado por queratina, uma proteína formada pelo
outros. encadeamento de um número grande de
 O bulbo piloso é a porção final expandida do aminoácidos, unidos por ligações peptídicas. Entre
folículo piloso invaginado. Um eixo de TC os 20 aminoácidos existentes na natureza, 18 estão
vascularizado se projeta para dentro do bulbo. presentes na queratina. Esses aminoácidos
 O folículo piloso está associado a glândulas assumem as características físicas de longas fibras,
sebáceas, com seu ducto excretor conectado ao sendo que a queratina é constituída de várias fibras,
lúmen do folículo piloso. que estão dispostas em paralelo e enroladas
entorno, uma das outras. Logo o cabelo é formado
por cadeia de queratina dispostas em hélice, que
está presa por ligações a base de enxofre.O fio
capilar é formado por microfibrilas e macrofibrilas.
As microfibrilas são formadas pelas
351
protofibrilas.Acaracterística da queratina é o alto
teor de enxofre devido à presença de cistina, que
possui dois grupos aminos e dois carboxílicos,
permitindo que este aminoácido faça parte de duas
cadeias proteicas que ficam unidas por ligações
covalentes via ponte de dissulfeto. Essas ligações
dão estabilidade química e física à queratina. Essas
ligações muitas vezes são quebradas para se
conseguir uma nova configuração do fio capilar,
como no alisamento químico ou no permanente do
cabelo.O cabelo é uma estrutura epiderme que
consiste de raiz, dentro da derme, e uma haste que
se projeta acima da superfície. É uma estrutura Figura 67: estrutura do folículo piloso. (a) bainha de TC; (b) bainha
externa da raiz; (c) bainha interna da raiz; (d) córtex do pêlo; (e)
morta, composta de células queratinizada. Os quais Célula com grânulos de tricô-hialina; (f) bulbo piloso; (g) papila
são muito unidos crescendo em tubos que dérmica do bulbo piloso.(2) esquema das estrutura do folículo
atravessa a epiderme, através do folículo capilar. piloso: (a)haste do pêlo; (b) bainha externa da raiz; (c) bainha
interna da raiz; (d) medula do pêlo; (e) matriz do pêlo; (f) folículo
Os folículos possuem seu maior diâmetro na região do pelo; (g) região do bulbo folicular; (h) bainha de TC; (i) folículo
basal onde são dilatados, com formato de cebola, piloso; (j) ducto da glândula sebácea; (d) zona queratógena; (m)
bulbo piloso; (n) papila dérmica com vasos sanguíneos.
chamado bulbo. A haste do cabelo é formada por
três partes:
 Cutícula;
 Córtex;
 Medula.
A haste capilar é um longo cilindro altamente
organizado composto de células queratinizadas que
se encontram orientadas bioquimicamente
estruturadas de modo a resistirem às forças
degenerativas como fricção, flexão, puxão e
radiação ultravioleta. Além de haste temos a raiz,
que vai determinar a forma do fio, e que representa
a parte viva do cabelo na parte inferior da raiz
temos a papila, pequena depressão que recebe os
vasos sanguíneos e as terminações nervosas.
1. Cutícula: Situa-se na parte mais externa do fio Ciclo de crescimento do cabelo
capilar e é formado por células anucleadas, que O nascimento do folículo piloso não é contínuo, ele
se encaixam umas nas outras, com a ressalva passa por várias fases ao longo de seu ciclo vital
que sua borda livre está direcionada paraponto que são os seguintes:
da haste, esta borda é regular e ondulada perto 1. Fase anágena: É a fase de crescimento durante
da raiz do cabelo, porem ela pode se tornar que a qual o pêlo é produzido. Chamamos de
o cabelo está exposto a cutícula é formada por metanágena o estágio da fase anágena na qual
4 a 5 camadas destas células. É a camada o pêlo tem sua maior atividade de crescimento.
protetora do cabelo. O número de camada vai O tempo de duração desta fase no cabelo do
diminuindo à medida que se aproxima da ponta couro cabeludo dura próximo de 3 a 7 anos. O
do fio. cabelo nesta fase apresenta raiz escura e
2. Córtex: Ocupa a maior parte da área do cabelo desprende-se do folículo quando puxado com
e é formado por células epiteliais fusiformes, força.
ricas em melanina, pigmento que é responsável 2. Fasecatagena: Após a anágena acabara
pela cor que os cabelos apresentam. atividade, o folículo inicia sua fase de
3. Medula: Situa-se na parte central e é inatividade, é fase de involução. Nesta fase a
constituído por células anucleadas. divisão celular cessa e o folículo retrai-se em
4. Raiz: Compreende na parte inferior uma zona direção a superfície. Este estágio dura média de
de divisão celular ativa chamada matriz do 3 a 4 semanas
pêlo. Neste nível, cada célula se divide a cada 3. Fase telógena: Fase final do ciclo de vida do fio
39 horas, dando origem a uma célula-filha que de cabelo. É caracterizada pelo desprendimento
será empurrada para cima pelo nascimento de do fio do couro cabeludo e dura em média de 3
outras novas células e se queratinizará na parte a 4 meses. Neste período os fios de cabelo
superior da raiz. estão em constante queda e após o seu
desprendimento, ocorre o início da produção de
um novo fio de cabelo.

352
1. Glândulas ceruminosas: no meato auditivo
Glândulas externo que produzem o cerume, uma
Glândulas sebáceas secreção lipídica pigmentada;
Situam-se na derme e os seus ductos desembocam 2. Glândulas de Moll: seu ducto excretar se
nos folículos pilosos. Em certas regiões, os ductos abre na superfície livre da epiderme das
abrem-se diretamente na superfície da pele, a pele pálpebras ou dos cílios.
das palmas das mãos e solas dos pés. Não
possuem glândulas sebáceas. A secreção sebácea
é uma mistura de lipídios que contém triglicerídeos,
ácidos graxos livres, colesterol e ésteres de
colesterol. A atividade dessas glândulas é muito
influenciada pelos hormônios sexuais.

Figura 69: Glândula sudorípara. (a) agua e eletrólitos; (b)


glicoproteínas; (c) células escuras; (d) células clara; (e) lâmina
basal; (f) célula mioepitelial; (g) canalículo intercelulares. (1)
células escurecidas excretam glicoproteínas por exocitose
(secreção merocrinas); (2) células claras basais; secretam água e
eletrólitos nos canalículos intercelulares que alcançam o lúmen
do túbulo através dos espaços intercelulares entre as células
escuras apicais; (3) células mioepiteliais são encontradas entre a
lâmina basal e o domínio basal das células claras.
Figura 68: Glândulas sebáceas (secreção halocrina). (1) células
basais regeneram as células produtoras de sebo perdidas durante
o processo de secreção halócrinas. (2) as células secretoras de
sebo acima das células basais começam a armazenar a secreção
oleosa da glândula, os núcleos das células secretoras de sebo
tornam picnótico e degeneram, e as gotículas de sebo
coalescentes são liberados no curto ducto. (a) lâmina basal; (b)
células basais dividem-se por mitose e acumulam lipídios à
medida que se movem para a parte central do alvéolo.

HIPODERME
Glândulas sudoríparas É formada por TC, une de modo pouco firme a
Temos dois tipos d glândulas sudoríparas: derme aos órgãos subjacentes. é responsável pelo
1. Glândulas sudoríparas écrinas (ou merocrinas); deslizamento da pele sobre as estruturas nas quais
2. Glândulas sudoríparas apócrinas. se apoia. Dependendo da região e do grau de
A glândula sudoríparaécrinas tem a função de nutrição do organismo, ela poderá ter uma camada
controlar a temperatura corporal. variável de tecido adiposo (panículo adiposo). O
A porçãosecretora da glândula sudorípara écrina é panículo adiposo modela o corpo, é uma reserva
um tubo enovelado composto de três tipos energética e protege contra o frio.
celulares:
1. Células claras: Separadas umas das outras por
canalículos interlobulares, secretam a maior
parte da água e dos eletrólitos do suor;
2. Células escuras: secretam glicoproteínas;
3. Células mioepiteliais: são encontradas entre a
lâmina basal e as células claras.
A porção excretora da glândula sudorípara écrina
é revestida por uma camada de células cubicas que
reabsorvem o NaCl e a água sobre a influência da
aldosterona.
A glândula sudorípara apócrina são enoveladas e
ocorrem nas axilas, no púbis e na área circum-anal.
Essas glândulas tem túbulos secretores maiores
que as écrinas. As glândulas sudoríparas apócrinas
tornam-se funcionais após a puberdade e são
inervadas por fibras nervosas adrenérgicas.
Temos dois tipos de glândulas sudoríparas
apócrinas:

353
FISIOLOGIA ENDOCRINA endócrinas periféricas regulam a liberação de
O sistema endócrino é o responsável pela hormônios estimuladores e atuam nas funções dos
homeostásia. Ele envolve a secreção de hormônios componentes individuais do sistema endocrino
e suas ações subsequentes sobre os tecidos alvos. como um conjunto funcional.
O hormônio é uma substância química classificada
como peptídeo, esteroide ou amina, os hormônios Inibição por retroalimentação
são secretados na circulação e levados até os A inibição pelo produto final controla a liberação de
tecidos-alvos, onde produzem suas respostas hormônios do hipotálamo e da hipófise. Nessas vias
fisiológicas. Células endócrinas são sintetizadas e há um ou mais fatores hipotalâmicos, seu tipo de
secretam os hormônios, geralmente são célula-alvo da hipófise e a glândulas-alvo finais, é
encontradas em glândulas endócrinas. As glândulas chamada de eixo endócrino. Há cinco eixos
endócrinas são o hipotálamo, os lobos anterior e endócrinos, cada eixo regula a homeostasia
posterior da hipófise, a tireoide, a paratireoide, o endócrina e, está sujeita a uma estreita regulação.
córtex suprarrenal, a medula suprarrenal, as A conexão reguladora entre hormônios e seu alvo
gônadas, a placenta e o pâncreas. cria uma alça que altera a extensão da liberação
hormonal. Dependendo do hormônio e do órgão-
Sistema hormonal alvo, elas são chamadas alças longas, curtas e
Os hormônios pertencem a uma de três classes: ultracurtas.
peptídeos e proteínas, esteroides (ou aminas). 1. Alça-longa: Envolve regulação por retro-
Cada classe difere na sua via de biossíntese, os alimentação do hormônio sistêmico sobre o
aminoácidos, os hormônios esteroides derivam do hipotálamo ou hipófise.
colesterol, e os hormônios aminicos derivam da 2. Alça-curta: é um hormônios hipofisario que atua
tirosina. sobre o hipotálamo para alterar a liberação de
fatores hipotalâmicos.
HIPÓFISE 3. Alça-ultracurta: Envolve hormônios
A hipófise é controlada por hormônios liberados a hipotalâmicos ou hipofisários que regulam
parti do hipotalamo, e o eixo hipotalâmico- diretamente as células que secretam o
hipofisário, por sua vez, controla a atividade da hormônio.
glândula supra renal. Os hormônios secretados
pela hipófise controlam funções homeostáticas e
metabólicas, desde a reprodução até o controle da
fisiologia da tireóide. O controle hipotálamo de
adeno-hipófise ocorre através da secreção
hipotalâmica de hormônios no sistema vascular
porta-hipotalâmica-hipofisário. Os neurônios no
hipotálamo sintetizam hormônios, destinados a
armazenamento na neuro-hipófise, nos corpos
celulares dos núcleos supra-ópticos e para
ventricular. Esses hormônios são transportados
pelos axônios até a neuro-hipófise, onde são
armazenados em terminações nervosas até que
ocorra um estimulo de liberação. Figura 70: (1) Hipotalamo; (2) hipófise; (3) glândula supra-renal. A.
A hipofise é composta por três estruturas: Na retroalimentação de alça longa, o órgão-alvo produz um
hormônio, como o cortisol, que, além de suas ações fisiológicas
1. Adeno-hipófise; sobre os tecidos-alvo, inibe a liberação de hormônio
2. Lobo-intermediário; adrenocorticotrópico (ACTH) pela adeno-hipófise e a liberação
3. Neuro-hipófise. hipotalâmica do hormônio de liberação da corticotropina (CRH).
B. Na retroalimentação de alça curta, um hormônio produzido pela
adeno-hipófise, como o ACTH, inibe a liberação hipotalâmica de
Adeno hipófise seu próprio hormônio de liberação, o CRH. C. Na retroalimentação
Secreta varios hormonios importantes para função de alça ultracurta, o hormônio produzido pelo hipotálamo exerce
uma auto-regulação negativa; por exemplo, o CRH inibe a
fisiológica normal. Nesse tecido, as células liberação adicional de CRH.
secretam hormônios que regulam diferentes órgãos
endócrinos do corpo. A secreção da adeno-hipófise
é regulada pela liberação de fatores pelo
hipotalamo, que chegam a hipófise pela corrente
sanguínea.
Neurônios peptidérgicos no hipotalamo secretam
vários hormônios liberados ou inibitorios nos
capilares do plexo capilar primario. A maioria destes
regulam a secreção do hormônio do lobo anterior,
vias de retroalientação negativa entre os hormonios
do hipotalamo, a adeno-hipófise e as glândulas
354
Eixo hipotalâmico-hipofisário-prolactina Eixo hipotalâmico-hipofisario-sistema
Os lactórtrofos da adeno-hipófise produzem e reprodutor
secretam prolactina. Sua atividade diminui em Os gonadotróficos secretam dois hormônios
resposta à secreção hipotalâmica de DoA. O TRH glicoproteicos; o LH e FSH eles são hormônios
pode aumentar a liberação de prolactina. designados como gonadotropinas. Uma vez
Uma doença capaz de interromper o sistema porta secretados, as gonadotropinas controlam a
hipotalâmico-hipofisário resulta em diminuição da produção de hormônios pelas gônadas,
secreção da maioria dos hormônios da adeno- promovendo à síntese de androgênios e de
hipófise, porém causa aumento da liberação de estrogênios. a seguir, os gonadótrofos são inibidos
prolactina. A ação da prolactina envolve a regulação através de retroalimentação epla testosterona e
do desenvolvimento da glândula mamária e a pelo estrogênio.
biossíntese e secreção das proteínas do leite.

Eixo hipotálamo-hipofisário-tireóide
O hipotálamo secreta TRH, que estimula a
produção e a secreção de TSH pelos tireótrofos. O
TSH promove a biossintese e a secreção de
hormônios tireoidianos pelas glândulas tireóides. O
hormônio tireoidiano regula a homeostasia da
energia corporal.
Figura 72: O hormônio de liberação das gonadotropinas (GnRH)
Eixo hipotalâmico-hipofisario-supra-renal é secretado de modo pulsátil pelo hipotálamo, estimulando a
Os neurônios do núcleo paraventricular do secreção do hormônio luteinizante (LH) e do hormônio folículo-
hipotálamo sintetizam e secretam o hormônio de estimulante (FSH) pelas células gonadotrópicas da adeno-
hipófise. O LH e o FSH estimulam os ovários ou os testículos a
liberação da corticotrópica (CRH). Após ser produzir os hormônios sexuais estrogênio ou testosterona,
transportado pelo sistema porta hipotalâmico- respectivamente, que inibem a liberação adicional de LH e de
FSH.
hipofisario, o CRH liga-se à receptores de superfície
celular. A ligação do CRH estimula a síntese e a
liberação do hormônio adenocorticotrópico
(ACTH) pelos corticotróficos.

Figura 71: (1) Eixo normal: No eixo hipotalâmico-hipofisário-


supra-renal normal, a secreção hipotalâmica do hormônio de
liberação da CRH estimula a liberação do hormônio ACTH. Por
sua vez, o ACTH estimula a síntese e a secreção de cortisol
pelo córtex da supra-renal. Aseguir, o cortisol inibe a liberação
adicional de CRH e de ACTH. (2) Tumor supra-renal primário:
Um tumor supra-renal primário produz cortisol de modo
autônomo, independentemente da regulação pelo ACTH. A
administração de CRH não irá aumentar os níveis de ACTH e de
cortisol, visto que a produção excessiva de cortisol pelo tumor
suprime a responsividade da adeno-hipófise ao CRH. (3)
Adenoma hipofisário: um tumor na adeno-hipófise secreta de
modo autônomo níveis excessivos de ACTH, que estimulam a
glândula supra-renal a produzir níveis aumentados de cortisol.
Neste caso, a administração de CRH irá estimular uma elevação
aguda nos níveis de ACTH e de cortisol. (4) tumor secretor de
ACTH ectópico: Um tumor secretor de ACTH ectópico também
estimula a glândula supra-renal a produzir níveis aumentados
de cortisol. Todavia, neste caso, a produção de ACTH pela
hipófise é suprimida pelos níveis elevados de cortisol, e a
administração de CRH não irá aumentar os níveis de ACTH e de
cortisol.(a) Cortisol; (b) Tumor; (c) ACTH.

355
ADENO-HIPOFISE (3) Deficiência secundária: Na deficiência secundária, do
crescimento. Como os níveis de GH estão baixos, o fígado não
O eixo hipotalâmico-hipofisário-hormônio do é estimulado a produzir IGF-1. D. Na deficiência terciária, o
crescimento regula processos que promovem o hipotálamo não secreta GHRH. A ausência de GHRH resulta na
crescimento. O hormônio do crescimento é ausência de estimulação da secreção de GH pela adeno-
hipófise e, portanto, em diminuição da produção de IGF-1. (4)
expresso em altas concentrações durante a deficiência terciária: Na deficiencia terciária, o hipotalamo não
puberdade; nessa ocasião, a secreção de hormônio secreta GHRH, o papel da grelina nessa afecção não é
conhecida. a ausencia de GHRH resulta na ausencia da
do crescimento é pulsátil, e os maiores pulsos são estimulação da secreção de GH pela adeno-hipófise e, em
durante o sono. diminuição da produção de IGF-1.
A incapacidade de secretar hormônio do
crescimento durante a puberdade resulta em Somatotropina (GH)
retardo do crescimento. Casos de retardo do Um dos hormônios da adeno-hipofise, necessário
crescimento dependente de hormônios do durante a infância e a adolescencia para atingir a
crescimento e são tratados com a reposição de estatura normal do adulto, ele também exerce
hormônios do crescimento, designados como efeitos durante toda a vida pós-natal sobre o
genéricos de somastatina. metabolismo dos lipideos e dos carboidratos, bem
O excesso do hormônio do crescimento resulta em como sobre a massa corporal magra e a densidade
adenoma somatotrófico. Essa entidade apresenta óssea. seus efeitos de promoção do crescimento
duas formas de apresentação da doença, são mediados, pelo IGF-1 (Somaomedina C).
dependendo da ocorrência do excesso de hormônio individuos com deficiencia congênita ou adquirida
do crescimento antes ou depois do fechamento das de GH durante a infância ou adolescência não
epífises dos ossos. Ocorre gigantismo quando o conseguem alcançar a altura de adulto e apresenta
hormônio do crescimento é secretado em níveis um aumento desproporcional de gordura corporal e
altos antes do fechamento das epífises, visto que o diminuição da massa muscular.
aumento dos níveis de IGF-1 promove um
crescimento longitudinal excessivo dos ossos. Após NEURO-HIPÓFISE
o fechamento das epífises, os níveis anormalmente Secreta apenas dois hormônios; o hormônio
altos de hormônios do crescimento provocam antidiurético (ADH) e a ocitocina. O ADH regula o
acromegalia, a acromegalia ocorre em volume e a osmolaridade do plasma, a ocitocina
conseqüência do fato que o IGF-1, tem a exerce efeitos fisiológicos sobre a contração uterina
capacidade de promover o crescimento dos órgãos e a lactação.
profundo e do tecido cartilaginoso.
O tratamento padrão consiste na remoção Hormônios antidiuréticos (ADH)
cirúrgica do tumor. A opção clinica são análogos a É produzido por células magnucelulares do
somatostatina, agonista da dopamina e hipotálamo. O aumento da osmolaridade estimula a
antagonistas dos receptores de GH. A secreção de ADH das terminações neuro-hipófise.
somatostatina inibe a secreção de hormônio do O ADH liga-se a dois tipos de receptores, V1 e V2.
crescimento, ele possui a meia-vida de apenas Os receptores V1 que se localizam nas arteríolas,
alguns minutos. medeiam a vasoconstrição (vasopressina). Os
receptores V2 dos néfrons, estimulam a reabsorção
de água no ducto coletor. Essas duas ações
combinam-se para manter o tônus vascular através
de elevação da pressão arterial e aumento da
reabsorção de água.

Ocitocina
Hormônio produzido pelas células
paraventriculares do hipotálamo. Suas ações
envolvem funções como contração muscular; dois
Figura 73: (1) Eixo normal; (a) Grelina; (b) GHRH; (c) desses efeitos consistem na liberação de leite
Somastostatina.: No eixo hipotalâmico-hipofisário–hormônio do
crescimento normal, a secreção hipotalâmica de hormônio de
durante a lactação e nas contrações uterinas.
liberação do hormônio do crescimento (GHRH) ou grelina
estimula a liberação de hormônio do crescimento (GH),
enquanto a somatostatina a inibe. A seguir, o hormônio do
crescimento secretado estimula o fígado a sintetizar e a
secretar o fator de crescimento semelhante à insulina I (IGF-1),
que promove o crescimento ósseo. O IGF-1 também inibe a
liberação de GH da adeno-hipófise. (2) Insensibilida ao
hormônio do crescimento: Na insensibilidade ao hormônio do
crescimento, a adeno-hipófise secreta hormônio do
crescimento, porém o fígado não responde à estimulação pelo
hormônio do crescimento. Em conseqüência, não ocorre
secreção de IGF-1. A diminuição da inibição da liberação de GH
por retroalimentação resulta em níveis plasmáticos mais
elevados de GH;

356
GLÂNDULA TIREÓIDE
Exerce funções variadas na homeostasia
metabólica. Seu tecido é constituído por células
foliculares, que produz os hormônios como: a
Tiroxina (T4), a Triiodotironina (T3) e a
Triiodotironina reversa (rT3). Esses hormônios
regulam o crescimento, o metabolismo e o gasto de
energia. As doenças mais comuns dessa glândula
envolvem o comprometimento do eixo hipotálamo-
hipófise-tireóide. Repor o hormônio deficiente
pode ser uma terapia eficiente para o hipo-
tireoidismo.
Os hormônios da tireóide exercem efeitos em todas
as células por difusão passiva e por transporte
ativo, mediado por carreadores. O TR são proteínas
com domínio de ligação do DNA e da dimerização.
O hormônio tireoidiano é importante na lactância
para o crescimento e o desenvolvimento do SN. No
adulto, o hormônio regula o metabolismo corporal e
o consumo de energia. Muitos efeitos do hormônio
tireoidiano incluem aumento da contratilidade e da
freqüência cardíaca, excitabilidade, nervosismo e
diaforese (sudorese).
Os baixos níveis desse hormônio resultam em
mixedema, um estado hipometabólico
caracterizado por letargia, ressecamento da pele,
voz grosseira e intolerância ao frio. As doenças da
tireóide são classificadas pelas afecções que
resultam em aumento (hipertireoidismo) ou
diminuição (hipotireoidismo) da secreção de
hormônio tireoidiano. A doença de Grave e a
Tireoidite de Hashimoto são doenças comuns da
tireóide. A doença de Graves provoca
hipertireoidismo, a doença de Hashimoto causa
hipotireoidismo.

Figura 74: (1) No eixo normal, o hormônio de liberação TRH


estimula os tireótrofos da adeno-hipófise a liberar o hormônio
TSH. O TSH estimula a síntese e a liberação de hormônio
tireoidiano pela glândula tireóide. O hormônio da tireóide, inibe
a liberação adicional de TRH e de TSH pelo hipotálamo e pela
adeno-hipófise: (a) TRH; (b) TSH; (c) Hormônio tireoidiano; (d)
hormônio tireoidiano; (e) tecido alvo; (f) glândula tireoide. (2)
Na doença de Graves, um auto-anticorpo estimulador ativa de
modo autônomo o receptor de TSH na glândula tireóide,
resultando em estimulação persistente da glândula tireóide,
aumento dos níveis plasmáticos de hormônio tireoidiano e
supressão da liberação de TRH e deTSH: (a) TRH; (b) TSH; (c)
Hormônio tireoidiano; (d) hormônio tireoidiano; (e) tecido alvo;
(f) auto-anticorpo estimulador. (3) Na tireoidite de Hashimoto,
um auto-anticorpo destrutivo ataca a glândula tireóide,
causando insuficiência da tireóide e diminuição nasíntese e
secreção de hormônio tireoidiano: (a) TRH; (b) TSH; (c)
Hormônio tireoidiano; (d) hormônio tireoidiano; (e) tecido
alvo;(f) auto-anticorpo destrutivo.
357
PANCREAS ENDOCRINO
Ele secreta dois hormônios peptídicos, a insulina e
glucagon, cujas funções coordenadas regulam o
metabolismo da glicose, dos ácidos graxos e dos
aminoácidos.

Insulina
Sintetizada e secretada pelas células β. A insulina
é um peptídeo com duas cadeias lineares, a cadeia
A (21 aminoácidos) e a cadeia B (30 aminoácidos).
Duas pontes dissulfetos ligam a cadeia A à cadeia
B, e uma terceira ponte dissulfeto ocorre na cadeia
A. a insulina é metabolizada no fígado e no rim por
enzimas que rompem as pontes dissulfetos. são
Figura 75: mecanismo de secreção da insulina pelas células β
liberadas as cadeia A e B, agora inativas, que são estimuladas pela glicose. (a) glicose; (b) GLUT 2; (c) glicose; (d)
excretada na urina. glicocinase; (e) glicose-6-fosfato; (f) oxidação; (g) ATP; (h) fecha; (i)
despolarização; (g) abre; (l) ↑ [Ca2+]; (m) exocitose; (n) insulina. os
números corresponde as etapas citadas do texto.
Regulação
O aumento da concentração sanguínea da glicose Mecanismo de ação
estimula a rápida secreção de insulina. A glicose Sua ação sobre as células alvo começa quando o
estimula a secreção de insulina pela célula β. hormônio se liga ao seu receptor na membrana
Estímulos, produção e secreção de insulina celular. A insulina é conhecido como o hormônio da
seguem as seguintes etapas: saciedade. Quando a disponibilidade de nutrientes
Transporte de glicose para células β: a membrana excede as demandas do organismo, a insulina
da célula β contem GLUT2 (etapa 1); assegura que os nutriente em excesso sejam
Metabolismo da glicose nas células β: dentro da armazenados como glicogênio no fígado, como
célula a glicose é fosforilada a glicose-6-fosfato lipídio no tecido adiposo e como proteína no
pela glicocinase (etapa 2), e esta é depois, oxidada músculo esses nutrientes estarão, disponíveis,
(etapa 3); durante os períodos subsquentes de jejum,
O ATP fecha os canais de K+ sensíveis ao ATP: os mantendo a oferta de glicose para o cérebro, os
canais de K+ na membrana são regulados por músculos e outros órgãos.
variações nos níveis de ATP quanto aumento os A insulina possui as seguintes ações no fígado, no
níveis de ATP dentro das células, os canais de K+ músculo e no tecido adiposo:
fecham (etapa 4), o que despolariza a membrana Diminuição da concentração sanguínea de glicose:
(etapa 5); a insulina provoca diminuição manifesta da
a despolarização abre os canais de Ca2+ concentração sanguínea de glicose e limita o
dependente de voltagem: esses canais são aumento da glicose sanguínea que ocorre após a
dependentes de voltagens. a despolarização ingestão de carboidratos.
provocado pelo ATP abre esses canais (etapa 6). o Diminuição da concentração sanguínea de ácidos
Ca2+ flui para a célula β a favor do seu gradiente graxos e de cetoácidos: seu efeitos sobre os
eletroquímico e aumenta a concentração metabolismo de lipídios é o de inibir a mobilização
intracelular de Ca2+ (etapa 7); e oxidação dos ácidos graxos, e aumentar o
O Ca2+ intracelular aumentado provoca secreções armazenamento deste. Como resultado, a insulina
de insulinas: o aumento da concentração diminui os níveis circulante de ácidos graxos e de
intracelular de Ca2+ provoca exocitose dos grânulos cetoácidos. No tecido adiposo, a insulina estimula a
secretores contendo insulina (etapa 8). deposição de lipídios e inibe a lipólise.

Glucacon
É sintetizado e secretado pelas células α das
ilhotas de Langherans. É o hormônio da inanição,
promovendo o uso dos combustíveis metabólicos
armazenados.

Regulação
Suas ações coordenadas para aumentar e manter
a concentração sanguínea de glicose os fatores
que causam estimulação da secreção do glucagon
358
são os que informam as células α a respeito da da glicose sofre difusão na célula, onde é
diminuição da glicose sanguínea. O principal fator fosforilada a glicose-6-fosfato pela hexocinase,
estimulador da secreção de glucagon é a seguindo a via glicolítica. A relação ATP/ADP
concentração sanguínea de glicose diminuída. modula a atividade de um canal de K+ sensível ao
Coordenada com esse efeito estimulador da ATP que atravessa a membrana. A insulina liga-se
glicose sanguínea baixa, ocorre ação separada da a receptores presentes na superfície das células
insulina. Assim, a presença de insulina reduz o alvos. O receptor de insulina é uma glicoproteína
modula o efeito da concentração sanguínea baixa constituída por quatro subunidades ligadas
de glicose sanguínea é reduzido e pode levar à pordissulfeto e duas subunidades extracelulares e
hipoglicemia grave. duas subunidades β. A insulina aumenta a atividade
da glicocinase, dessa maneira, a fosforilação e o
Mecanismos de ação seqüestro da glicose nos hepatócitos.
Em suas células alvos começa com o hormônio se
ligando a um receptor da membrana celular, Glucagon
acoplado à adenililciclase por meio da proteína G. Polipeptídio de cadeia simples de 29 aminoácidos é
O segundo mensageiro é o AMPc, que ativa um hormônio catabólico, secretados pelas células α
proteínas cinases, que, fosforilam varias enzimas, do pâncreas, quando os níveis plasmáticos de
a seguir, as enzimas fosforiladas medeiam as glicose estão baixos, o glucagon mobiliza a glicose.
ações do glucagon. As principais ações de Os estímulos para a secreção do glucagon induzem
glucagon são no fígado. O glucagon tem os a atividade do sistema nervoso simpático, o
seguintes efeitos sobre os níveis de sanguíneos, estresse, o exercício e a presença de níveis
como se segue: plasmáticos elevados de aminoácidos. O glucagon
Concentração sanguínea de glicose aumentada: o também promove a lipólise no tecido adiposo.
glucagon aumenta a concentração sanguínea de
glicose pelas seguintes ações coordenadas: (1) o Somatotastina
glucagon estimula a glicogenólise e, inibe a É um peptídeo de 14 aminoácidos são produzidos
glicogenose; (2) o glucagon aumenta a em vários locais. Ele exerce vários efeitos
glicogeneogenese por diminuir a atividade da inibitórios. Diminui a secreção da insulina o
fosfofrutocinase. Assim, o substrato é direcionado glucagon, e inibe a motilidade do trato GI, inibe a
para a formação de glicose. Os aminoácidos são secreção do hormônio tireoestimulante, do
usados para a glicogênese, e os grupamentos hormônio do crescimento e de diversos hormônios
amino resultantes são incorporadas na ureia. do GI.
Concentração sanguínea de ácidos graxos e Peptídeo glucagon-símile-1
cetoácidos aumentado: o glucagon aumenta a Hormônio produzido nas células enterendócrinas da
lipólise e inibe a síntese dos ácidos graxos, o que, parte distal do intestino delgado. Exerce vários
também, desvia os substratos para a efeitos fisiológicos em vários tecidos-alvo
gliconeogenese. diferentes. No pâncreas, aumenta a secreção de
insulina e suprime a do glucagon. No estômago,
PÂNCREAS retarda o esvaziamento gástrico, diminuindo o
Órgão com tecido exógeno e endócrino, a porção apetite através de sua ação no hipotálamo.
exócrina secreta bicarbonato e enzimas digestivas.
As porções endócrinas são pequenas ilhas que
secretam hormônios no sangue são porções
chamadas de Ilhotas de Langherans, que possui
vários tipos celulares, que secretam diferentes
hormônios. As células-α liberam glucagon; as
células-β liberam insulina; as células-𝜹 liberam
somatostatina e gastrina.

Insulina
Proteína com 51 aminoácidos, constituído por duas
cadeias de peptídicos ligados por duas pontes
dissulfeto. Seu nome vem do latim Insula que
significa ilha referindo às ilhotas de Langherans. Ela
é sintetizada nas células β do pâncreas na forma de
pré-insulina, depois é processada em insulina. O
aumento de glicose aumenta a relação ATP/ADP
intracelular, que estimula a secreção de insulina.
A glicose difunde-se para o interior da célula-β, pelo
transportador GLUT2. Na presença elevada de
níveis plasmáticos elevados de glicose, uma parte
359
FISIOLOGIA ERÉTIL
A ereção peniana é uma resposta fisiológica que
envolve a participação de mecanismos
neurovasculares e endócrinos. Estímulos sensitivos
locais das genitais condicionam a ereção reflexa;
estímulos psicogênicos, percebidos ou gerados no
cérebro, condicionam a ereção central. o nervo
pélvico constitui a via para a ereção sendo o efeito
contrário, a detumescência, exercida pelo sistema
simpático, que chega ao penis através dos nervos
hipogástrico, pélvico e dorsal. A ereção peniana
ocorre quando as terminações nervosas e o
endotélio liberam substâncias que relaxam o
músculo liso que circunda os espaços lacunares
dos corpos cavernosos, e esse fenômeno produz
vaso dilatação das artérias aos espaços lacunares.
O relaxamento do músculo liso trabecular dilata os
espaços lacunares, que se enchem de sangue, o
qual aumenta o volume do pênis. A expansão do
espaço lacunar contra a túnica albugínea comprime
os vasos subtunicais, ocasionando uma diminuição
da drenagem venosa, criando-se um mecanismo
veno-oclusivo que provoca a ereção. Esse
mecanismo determina um aumento da resistência
ao esvaziamento do fluido intracavernosos de
ordem 100 vezes superior que no estado de
flacidez. A detumescência peniana ocorre com a
contração do músculo liso peniano, pelo aumento
da atividade simpática, ocasionando uma
diminuição do fluxo sanguíneo para os corpos
cavernosos. A contração do músculo trabecular faz
com que os espaços lacunares se colapsem,
produzindo uma descompressão das vênulas de
drenagens dos corpos cavernosos facilitando ao
penis em ereção voltar ao estado de flacidez.

360
HOMEOSTASIA MINERAL DOS OSSOS
o calcio, fosforo e o magnésio, 3 principais
elementos do corpo, tem varias funções, o íon
calcio na fase cristalina, contribui para varios
papeis estruturais do osso. numa solução
supersaturado no sangue, ele contribui para
excitabilidade da membrana celular, atividade das
enzimas plasmáticas e acréscimo de todos os
minerais na matriz extracelular do osso. no
citoplasma, sua concentração baixa permitem,
rápidas elevações em suas concentrações locais
para para transmitir informação para as celulas,
através de interações com proteínas de ligação
com alta afinidade ao calcio, como a calmodulina
ou a proteína guinase C.
o fosforo é o principal anions intracelular,
possuindo papeis centrais no citoplasma como
tampão, carreador de energia e troca molecular. o
o magnésio é o principal cátion divalente no
citoplasma, funcionando como um co-fator em
muitas reações químicas.

sangue
a concentração de calcio no sangue é muito
regulada. o calcio no sanue é dividido entre frações
ligadas a proteínas, complexadas e ionizadas. o
calcio no sangue se liga a albumina e esta ligação
diminui em pH mais ácido. a fração ionizada do
calcio é o foco para o controle metabólico pela
glandula paratireoide, e as meidas do calcio
ionizado no sangue fornecem o indicador mais
valido para as rupturas patológicas da
homeoastase do calciosanuíneo.
o fosfato e o magnésio no sangue são encontrados
na forma não ligada, e a concentração de cada um
cobre uma variação mais ampla em relação a sua
média do que a encontrada para o calcio.
somente 0,1% do calcio corporal, total se encontra
no sangue e líquido extracelular. este reservatorio
de calcio está num equilibrio de rápida alteração
com grandes reservatórios de calcio sendo
controlados por três órgãos:
osso;
intestino;
rins.
a taxa deste fluxo diário é suficiente grande, de
modo que um distúrbio no fluxo de calcio para ou a
partir de qualquer um desses órgãos pode resultar
em concentrações anormalmente altas ou baixas
do calcio plasmática.

ÓRGÃO
ossos
função: os ossos servem de suporte, serr como
involucro, para o tecidos do sistema hematopoético
ou do SNC e servir como um reservatório para o
calcio, fosfato e magnésio.

intestino
absorção de minerais: a maior parte da absorção
do calcio acontece no intestino delgado. de todo o
361
calcio ingerido, aproximadamente 10% é absorvido ESTROGÊNIOS E PROGESTOGÊNIOS
passivamente, o restante da absorção intestinal do Estão entre os fármacos mais usados. Eles são
calcio é regulado pelos metabólitos ativos da hormônios endógenos que exercem várias ações
vitamina D. fisiológicas; nas mulheres, inclui efeitos sobre o
desenvolvimento, ações neuroendócrinas
rins envolvidas no controle da ovulação, na prevenção
filtração e absorção de ions: as frações de calcio, cíclica do trato reprodutivo para a fecundação e a
magnésio e fosfato não ligados a proteínas no implantação e ações importantes sobre o
plasma atravessam o glomerulo. as porções distais metabolismo dos minerais: carboidratos, proteínas
do néfron possuem sistemas eficientes e seletivos, e lipídios. Muitos aspectos da constituição feminina
que completam a reabsorção de mais de 99% são influenciados por esses hormônios.
destes minerais do líquido tubular. a reabsorção Os estrogênios são responsáveis pelas alterações
tubular de calcio é estimulado pelo PTH, as tiazidas que ocorrem na puberdade das meninas e suas
ou lítio também aumentam a reabsorção tubular do características sexuais secundarias das mulheres.
calcio. a sobre carga salina, com ou sem diuréticos Por uma ação direta, esses hormônios estimulam o
de alça, pode inibir esta reabsorção. crescimento e o desenvolvimento do útero, de
vagina e das tubas uterinas.
REGULADORES HORMONAIS por uma ação direta esses hormônios estimulam o
hormônio paratireoideano crescimento e o desenvolvimento do útero, da
síntese: o PTH é um hormônio rapidamente vagina e das tubas uterinas. os estrogênios atuam
regulado, que mantem o calcio e a vitamina D no junto com outros hormônios para estimular o
sangue diminui o fosfato no sangue. o PTH é crescimento das mamas, mediante promoção do
armazenado na célula da paratireoidena forma de crescimento dos ductos. desenvolvimentos do
peptideos. estroma e acumulo de gordura. alem disso,
contribuem por um mecanismo pouco esclarecido.
vitamina D o crescimento dos pêlos axilares e pubianos e a
é um secoesteroide, sintetizado a partir do 7- pigmentação da região genital também são efeitos
dehidro-colesterol na epiderme numa reação do estrogênios, assim como a pigmentação
catalizada pela luz UV derivada do sol. a vitamina regional dos mamilos e das aréolas, que ocorrem
D2, produzida sinteticamente a partir do esteróide depois do primeiro trimestre da gravidez.
vegetal, esgosterol, é um analogo da vitamina D3, embora o desenvolvimento sexual das mulheres
usado como suplementação dietética ou como pareça ser devido aos estrogênios, os androgênios
droga. podem desempenhar um papel secundário. a
os metabolitos da vitamina D entram na corrente testosterona e a androsteredicona são encontradas
sasnguena como os outros esteroides, e uma no sangue venoso dos ovários: o que pode
pequen fração de todos os metabolitos da vitamina contribuir para as alterações puberais das meninas,
D entra na circulação entero-hepatica. quando a como o estirão de crescimento, o desenvolvimento
síntese cutanea de vitamina D é marginal, qualquer completo dos pêlos pubianos e axilares e o
causa de pro-absorção. aparecimento da acne devido ao crescimento e às
intestinal pode resultar em deficiencia de vitamina secreções das glândulas da acne devido ao
D, os metabolitos de vitamina D são lipossolúveis, crescimento e às secreções das glândulas
eles circulam no plasma ligados da vitamina D são sebáceas.
lipossoluveis, eles circulam no plasma ligados a
prteínas de ligação especificas para a 250HD, a
outros carreadores.

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