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FERNANDA BRANCO
PONTA GROSSA
2014
RESENHA CRÍTICA
I. INTRODUÇÃO
O Professor Doutor Alessandro Baratta é diretor do Institut fur Rechtsund
Sozialphilosophie da Universidade do Saarland, Alemanha. É um dos mais brilhantes
criminólogos da atualidade, respeitado pela comunidade científica internacional. Seu
livro apresenta a teoria criminológica confrontando as aquisições das teorias
sociológicas sobre crime e controle social com os princípios da ideologia da defesa
social, quais sejam, igualdade, legitimidade, bem e mal, culpabilidade, prevenção e
interesse social.
Para se entender estas teorias sociológicas, faz-se mister iniciar conceituando
sociologia jurídica. Para Baratta, a sociologia jurídica aborda a relação entre
mecanismos de ordenação do direito e da comunidade, e ao mesmo tempo a
relação entre o direito e outros setores da ordem social. Dessa forma, compreende-
se que a sociologia jurídica se ocupa com modos de ação e de comportamento: que
têm como consequências normas jurídicas, que são percebidos como efeitos das
normas jurídicas, que serão postos em relação com modelos de ação e de
comportamento, que têm como consequências normas jurídicas ou são efeitos de
normas jurídicas.
O objeto da sociologia jurídico-penal corresponde: às ações e
comportamentos normativos que consistem na aplicação do sistema penal; aos
efeitos do sistema entendido como aspecto “institucional” da reação ao
comportamento desviante e do correspondente controle social; às reações não-
institucionais ao comportamento desviante; e finalmente, às conexões entre um
sistema penal dado e a correspondente estrutura econômico-social. Baratta
apresenta uma possibilidade de se fazer uma integração entre micro e
macrossociologia, construindo um discurso baseado em dados empiricamente
controláveis, em pesquisas bem localizadas, em metodologias previamente
declaradas e experimentadas. Para ele, a posição da sociologia jurídico penal é
exemplar para toda a sociologia jurídica, mostrando cada vez mais impulsos de um
modelo crítico e avançado.
A sociologia criminal estuda o comportamento desviante com relevância
penal, a sua gênese, a sua função no interior da estrutura social dada. A sociologia
jurídico-penal, ao contrário, estuda os comportamentos que representam uma
reação ante o comportamento desviante, os fatores condicionantes e os efeitos
dessa reação, assim como as implicações funcionais dessa reação com a estrutura
social global. Essas duas disciplinas têm como problemática comum o conceito e
definição de desvio, considerando, sobretudo, o labeling approach. Segundo os
representantes deste enfoque, o fato de que os autores de certos comportamentos
tornem-se objeto da ação de órgãos da repressão penal, não é sem influência,
especialmente por causa de seu efeito estigmatizante, sobre a realidade social do
desvio e sobre a consolidação do status social do delinquente. Contudo, as reações
não-institucionais também geram o efeito estigmatizante da reação da opinião
pública sobre o status social do delinquente.