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Faculdade de Educação

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DA EDUCAÇÃO

Módulo: Contexto Histórico, Antropológico e Sociológico da educação em Moçambique.

Ensaio sobre Gênero

Docentes: Prof. Dr. António Cipriano

Discente: Clarismundo de Oliveira Batista

Maputo, Novembro 2017


Ensaio sobre Gênero

Introdução

Hoje em dia um dos assuntos mais compartilhados, mais “twitados” e por incrível que pareça
mais controverso é tratar sobre gênero. No século passado esse era um assunto totalmente
definido, sem muitas controvérsias. O que chamou a atenção do autor deste ensaio foi ao
assistir uma reportagem relacionado com o tempo, onde jovens universitários em determinada
universidade tinham dificuldade em responder certas perguntas relacionadas com gênero. Esse
vídeo de Backholm, ( 2016 ) pode ser visto no youtube.

Se no século passado esse tema não era motivo de grandes controvérsias, ser as questões de
gênero eram bem definidas e mesmo nas escolas enfatizava-se estas questões, menina era
menina e se vestia como menina, menino eram menino, se vestia como menino e brincava
com brinquedos de meninos, se era assim no passado o que mudou? Será que isso é um
reflexo da era em que vivemos?

É possível que Bauman, ( 2000 ) de nos uma resposta quando ele trás o conceito de
Moderindade líquida defendidas em seu livro com o mesmo tema. A idéia principal é que
nada é absoluto, tudo se torna relativo, com isso os sistemas e a própria sociedade passa a
desenvolver esta característica “liquefeita” de ser. Atentando para a modernidade líquida de
Bauman é fácil compreender que temas absolutos do passado fiquem diluidos no presente.
Sendo assim esta “fluides” torna se uma das principais caracteríticaas da era em que vivemos.

Compreendendo o Gênero

De acordo com Guedes, (1995) De uns anos para cá, começou-se a escutar algumas pessoas,
tanto no movimento de mulheres quanto na Academia, dizendo: "Isto é uma questão de
Gênero!" "O Gênero dentro do trabalho..." "O Gênero e a Política..." "A construção de
Género... "Mas, afinal que Gênero é esse? Será algo divino da Lógica e significando "classe
cuja extensão se divide em outras classes, as quais, em relação à primeira, são chamadas
espécies?" Ferreira (1986, p.844). Se formos nos guiar por esse sentido, teríamos as espécies
homem e mulher da chamada classe Humana. Ainda, segundo o linguista Ferreira, o termo
Gênero também poderia ser "qualquer agrupamento de indivíduos, objetos, idéias, que tenham
caracteres comuns" (p.844). Teríamos assim indivíduos dos dois sexos, de novo o homem e a
mulher agrupados, agregados através de características comuns, ou seja, o feminino para a
mulher e o masculino para o homem. Prosseguindo com a nossa língua portuguesa, esses
caracteres comuns seriam convencionalmente estabelecidos. Este convencionalmente pode ir
desde maneiras, estilos, significando os Gêneros artísticos ou se referir aos estilos de arte: o
Gênero Literário e Gênero Dramático. Pode-se buscar o significado do termo ainda na
Biologia ou no campo da Gramática propriamente dita.

Na era atual já não se fala apenas em gênero masculino e gênero feminino, hoje em dia se
acrescenta o que se chama de gênero neutro. Seria isso uma tentativa de tornar esta assunto
ainda mais líquido? Apesar disso, o autor entende que é importante definir se bem o que é
gênero, pois através disso podemos ver a importância de se trabalhar a igualdade de gênero.
Fazendo uma relação da modernidade líquida de Bauman e as questões de gênero vemos
“Gênero” como sendo algo fluido, socialmente construído, performado e sistémico.

De acordo com o relatório sobre igualdade de gênero do Banco mundial, ( 2012) A igualdade
de gênero é importante por direito próprio, A alocação indevida das aptidões e talentos das
mulheres representa um alto (e crescente) custo econômico, A igualdade de gênero é
importante para o desenvolvimento.

Dentro deste âmbito, surge um outro aspecto de gênero que também tem sido muito debatido
nos últimos anos, causando polêmica e incertezas no que diz respeito ao gênero.

Ideologia de gênero, uma forma de vigiar e punir

Muitos movimentos a nível mundial tem tentado introduzir nas escolas públicas a ideia de
ideologia de Gênero, para que isso aconteça e necessário ter uma nova compreensão do
assunto, ou desconstruir os conceitos atuais para se introduzir novos conceitos. Hoje a nível
mundial a Drª Butler tem sido uma das principais proponentes do tema, segundo De Lima,
(2017) A figura de Butler é mais associada ao campo de estudo da identidade de gênero e à
teoria queer. Seu livro “Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade”, de 1990,
é um dos títulos mais importantes da teoria feminista contemporânea. Para Butler, a
identidade de gênero é um tipo de performance, culturalmente construída, múltipla e passível
de mudanças: não é binária (dividida nas categorias homem e mulher) ou linear.
Apesar de toda teoria relacionada com a ideologia de gênero, é de observar que a forma como
o assunto tem sido apresentado em alguns lugares, o Brasil, por exemplo, onde os regimes de
esquerda tem imposto o tema a sua maneira, sem antes um debate amplo e transparente junto
a sociedade. Isso nos faz lembra o Panotipismo de Michel Fucoult quando é usado a alegoria
da peste, pois os proponentes da ideologia do gênero agem de forma a ter não só a soberania
de poder mais também de disciplina, visto que aqueles que não aceitam tal ideologia tornam
se opositores, desta forma precisam ser isolados.

É comum os conflitos entre os defensores da ideologia de gênero e os contrários, mas há um


fenômeno que surge também em nossa era líquida, que são as leis para defenderem
determinados posicionamentos, neste caso a ideologia de gênero, sendo assim como no
modelo de Fucoult, (1999) todos são observados, há uma tentativa de controle, controlar
estrategicamente os comportamentos humanos, isto é, visa corrigir os comportamentos
anormais, através de um isolamento efectuado ao prisioneiro, que depois de um tempo poderá
trazer uma mudança de comportamento.

Conclusão

Podemos até compreendermos que vivemos em uma era de maior “flacidez” em uma
modernidade líquida, no entanto, não podemos desconstruir valores que foram sendo
construídos ao longos de anos, décadas, milênios, pois dentro da visão moderna líquida ainda
precisamos compreender que apesar das evoluções, nossa formação veio de nossos
antepassados e isso está em nosso “DNA”. Mesmo que se crie um gênero neutro, não
podemos virar as costas para as gerações anteriores a nossa que trouxeram contribuições de
estrema importância para a humanidade.

Não se pode concordar que para se garantir o direito a alguns se aprisione outro, para fazer
valer uma ideologia crie-se leis com o objetivo de vigiar e punir o diferente. Parece que tenta
se no momento tornar o diferente normal e o normal diferente. Isso é um grande paradoxo
desta era em que vivemos, mas que analisado através dos olhos sociológicos, antropológicos,
teológicos e humanos poderá ser equalizado com o objetivo de garantir a todos neste caso
homens e mulheres liberdade, igualdade e equidade.
Obras Citadas
Backholm, J. (22 de 04 de 2016). https://www.youtube.com. Acesso em 10 de 2017, disponível em
youtube.com: https://www.youtube.com/watch?v=zMQNan17i9U

de Lima, J. D. (07 de 11 de 2017). https://www.nexojornal.com.br. Acesso em 15 de 11 de 2017,


disponível em nexojornal: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/11/07/O-que-
pensa-Judith-Butler.-E-quem-protesta-contra-sua-vinda-ao-Brasil

Fucoult , M. (1999). Vigiar e punir. Rio de Janeiro: Vozes.

Guedes, M. F. (1995). http://www.scielo.br. Acesso em 11 de 2017, disponível em scielo:


http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98931995000100002

Mundial, B. (2012). Relatório sobre o desenvolvimento mundial de Igualdade de Gênero. Washington,


D.C.: The World Bank.

Zygmunt Bauman, Z. (2000). Modernidade Líquida. RJ: Zahar.

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