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METROLOGIA-2003 – Metrologia para a Vida

Sociedade Brasileira de Metrologia (SBM)


Setembro 01−05, 2003, Recife, Pernambuco - BRASIL

LEVANTAMENTO DA CARGA TÉRMICA EM ESTÁGIOS REMOTOS DE


COMUTAÇÃO INTEGRADA

Karlo Homero Ferreira Santos 1 , Ademir de Jesus Lourenço 2


1
FUCAPI – Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica, Manaus, Brasil
2
FUCAPI – Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica, Manaus, Brasil

Resumo: O presente trabalho tem por objetivo estimar a convecção com o ar externo e/ou radiação solar, responsável
carga térmica existente em estágios remotos de comutação pelo aumento da temperatura interna do ar do estágio
integrada, solução bastante empregada atualmente para remoto, esteja ou não os equipamentos em operação, com
suportar tráfego de voz e dados, apresentando vantagens elevado ou reduzido tráfego. A carga térmica total, a ser
como confiabilidade e redução de custos, devido à utilização retirada do interior do estágio remoto corresponde a soma
de fibras ópticas. Será apresentada a metodologia para o das parcelas ativa e passiva.
cálculo da carga térmica no estágio remoto de comutação
Neste artigo, desenvolveu-se uma metodologia para estimar
integrada, instalado de maneira “outdoor”, denominado
quantitativamente a carga térmica total. Para se calcular a
Accessus 2000. A carga térmica total existente no interior
parcela devida à carga ativa, deve-se somar as dissipações
do Accessus 2000 é composta de uma parcela passiva e de
típicas unitárias dos equipamentos alojados, de tal forma que
uma parcela ativa. Para o cálculo da carga passiva,
a carga ativa total gerada no interior do estágio remoto será
dependente da localidade, foi baseada nas tabelas de [1], que
considerada como um valor fixo, embora haja variações em
fornecem valores de fluxo de calor incidente em uma
torno deste, devido ao tráfego. A carga passiva é dependente
localidade, conforme a sua latitude geográfica. A carga
da localização do estágio remoto, que é traduzida, para fins
ativa é determinada a partir da soma das dissipações típicas
de cálculo, na latitude geográfica da localização. Existem
unitárias dos equipamentos alojados no interior do
tabelas, extraídas de [1], que fornecem valores de fluxo de
respectivo estágio remoto. Devido tais estágios remotos
calor incidente em uma determinada região, em função de
estarem ativos em várias localidades, situadas de norte a sul
uma latitude específica. Devido à natureza dinâmica de
do país, torna-se importante a otimização do balanço
mudanças climáticas, tais tabelas estão baseadas em valores
térmico, pois isto poderá implicar em redução de custos
máximos de radiação solar incidente, no dia 21 de cada mês,
(dependentes do custo unitário dos módulos de refrigeração
a cada 8º de latitude específica (0º, 8º, ..., 32º N ou S). O
e do consumo de energia elétrica) e eliminação de
valor considerado para a carga passiva correspondeu ao
desperdícios (torna-se possível saber qual a quantidade
momento em que o somatório das parcela de calor
adequada de módulos de refrigeração a ser empregada).
incidentes nas paredes do equipamento foi máximo. O
Palavras chave: Climatização, Carga térmica, Estágios Brasil, país-continente, varre consideráveis faixas de
remotos de comutação integrada. latitude, o que faz com que a parcela passiva da carga
térmica de um estágio remoto localizado no norte do país,
por exemplo, apresente valores diferentes da parcela
1. INTRODUÇÃO passiva de um estágio remoto localizado no sul do país.
Atualmente, as elevadas taxas de tráfego para voz e dados Desta forma, a carga térmica total é calculada para o pior
demandadas necessitam de equipamentos que apresentem caso de condição climática nas latitudes especificadas. Esta
desempenho cada vez melhor. Os estágios remotos condição deve ser considerada em um projeto térmico, que
consistem em um gabinete mecânico que aloja tais consistirá em determinar a quantidade de carga térmica que
equipamentos. Tais estágios são instalados de maneira deverá ser retirada do interior do estágio remoto, para que os
“outdoor”, tanto em zonas urbanas ou rurais. Desta forma, equipamentos nele alojados trabalhem em uma faixa de
devem apresentar uma infra-estrutura robusta, preparada temperatura compatível com a estabelecida pelos fabricantes
para suportar, sem prejuízo de performance, a intempéries e dos equipamentos. Além do mais, é sabido que se houver
vandalismos. Em decorrência disto, o projeto de capacidade suficiente para resfriamento, haverá bastante
climatização para os equipamentos alojados no interior para aquecimento, o que poderá ser necessário para algumas
destes estágios torna-se um fator crucial para o desempenho regiões do país. Será visto que a quantidade de “módulos de
geral do sistema. Neste projeto, deve-se considerar a carga refrigeração” é função do valor da carga térmica calculada
térmica ativa, que corresponde à potência dissipada nos através da metodologia apresentada.
equipamentos e fontes de alimentação, alojados no interior
do estágio remoto, e a carga térmica passiva, devida à
O Accessus 2000 é totalmente configurável, capaz de tensão aplicada: o sistema opera como um aquecedor em
suportar até 1.000 assinantes convencionais (voz), além de uma polaridade e como resfriador em outra.
dados e imagens de alta e baixa velocidade, possuindo
infra-estrutura de uma central de grande porte, incluindo
2.2. Módulos de refrigeração
alimentação AC/DC, aterramento, comutação, transmissão,
DID, BEO/DIO, DG (com as devidas proteções de linha) e o Os módulos de refrigeração são unidades formadas por 6
sistema de climatização e supervisão. Tanto a frente como o “dispositivos Peltier”, arranjados eletricamente em série e
fundo são formados por paredes duplas, com um espaço de termicamente em paralelo. Para melhorar o desempenho dos
ar entre as chapas de Alumínio. O Accessus 2000 é módulos de refrigeração, cada um destes possui dois
composto por 3 compartimentos: câmara quente, que abriga dissipadores, onde o dissipador maior fica do lado de fora e
os módulos de refrigeração e que possui contato térmico o dissipador menor fica no interior do estágio remoto.
com o ambiente externo; compartimento do DG, que abriga Durante o processo de resfriamento do interior do estágio
os blocos de conexão e comutação para os assinantes; e o remoto, o sentido da corrente elétrica faz com que o
compartimento de equipamentos, que abriga as gavetas do dissipador maior seja o “lado quente” e o dissipador menor
sistema de comutação dos assinantes, os equipamentos de seja o “lado frio”. De maneira oposta, durante o processo de
transmissão, as fontes de alimentação e os bancos de aquecimento do interior do estágio remoto, ao se inverter a
baterias. Todos as partes alojadas no compartimento de corrente elétrica, o dissipador maior torna-se o “lado frio” e
equipamentos necessitam de uma climatização adequada. As o dissipador menor torna-se o “lado quente”. Para melhorar
paredes laterais do compartimento de equipamentos (ao lado o rendimento do módulo de refrigeração, utilizam-se dois
da câmara quente e do compartimento do DG) são formadas ventiladores DC logo acima do dissipador maior, par
por chapas de alumínio simples. Todo o gabinete é pintado agilizar o processo de retirada de calor deste dissipador.
com tinta a base de poliéster, na cor cinza. Ver figuras 1, 2, Estes ventiladores funcionam sempre que o módulo de
3 e 4. refrigeração esteja operando, soprando para o lado de fora
do ambiente. No interior do estágio remoto, existem
ventiladores que forçam a circulação do ar interno, resfriado
pelo dissipador menor. O estágio remoto pode ser equipado
com até seis módulos de refrigeração, conforme a localidade
geográfica.

2.3. Vantagens da tecnologia termoelétrica


Tal solução apresenta vantagens tais como: refrigeração de
baixa potência; espaço, tamanho e peso reduzidos;
flexibilidade na montagem (estes dispositivos podem ser
montados em qualquer orientação física); confiabilidade,
Fig.1 Desenho representativo Accessus 2000 pois a construção em estado sólido não produz barulho nem
vibração, com vida útil maior que 200.000 horas; controle
mais preciso da temperatura; mínimo ruído elétrico;
2. SISTEMA DE CLIMATIZAÇÃO operação DC (níveis comerciais); funcionalidade
aquecimento/resfriamento disponíveis (obtida pela mudança
da corrente elétrica aplicada); e isenção de produtos
2.1. Tecnologia termoelétrica
químicos prejudiciais ao meio-ambiente.
Uma solução tradicional para sistemas de climatização em
estágios remotos consiste na utilização de aparelhos de ar-
condicionado, que são máquinas baseadas no ciclo de 3. PADRÃO TEMPERATURA SOL-AR
refrigeração por compressão a vapor. A solução adotada
Será utilizado o padrão temperatura sol-ar, onde esta é
para a climatização do Accessus 2000 consiste no controle
definida como a temperatura externa teórica que produz os
de climatização em estado sólido, ou seja, na utilização de
mesmos efeitos térmicos que a combinação de condições de
dispositivos termoelétricos, que funcionam a base do Efeito
temperatura do ar externo e radiação incidente.
Peltier. Tais dispositivos funcionam como uma bomba de
calor, onde a energia térmica, devido à carga térmica passiva Para as paredes do Accessus 2000, que recebem insolação,
e ativa, é extraída do interior do ambiente fechado, realiza-se o cálculo da carga térmica devido à insolação
reduzindo então sua temperatura, sendo então levada para o (frente, fundo e teto), utilizando-se o conceito “temperatura
ambiente externo, onde será dissipada. No Efeito Peltier, a Sol-ar”, baseado em [2], que é resumido a seguir:
passagem da corrente elétrica cria no dispositivo
Para uma dada superfície, temos:
termoelétrico um lado quente e um lado frio. Ao se inverter
o sentido da corrente, inverte-se os lados, ou seja, a q
tecnologia termoelétrica possibilita a mudança da direção do = αI t + ho (t o − ts ) − ε∆R (1)
A
calor bombeado simplesmente revertendo a polaridade da
onde:
• α: absortância da superfície para a radiação solar. • Dt : fator percentual da variação diária da temperatura
na localidade, a ser diminuído de tmax , em função das
• It : radiação solar total incidente na superfície, W/m 2
horas do dia (7 às 17 h), conforme tabela 1. Às 15h,
determinado fazendo-se uso das tabelas de [1], que tem-se Dt = 0% e t 0 = t max.
fornece Solar Heat Gain Factor - SHGF, em função das
latitudes, do dia (todos os meses – janeiro a dezembro) Tabela 1. Fator percentual da variação diária da temperatura
e das horas do dia, W/m2 .
Hora (h) Dt (%) Hora (h) Dt (%)
• h 0 : coeficiente de transferência de calor por radiação e
1 87 13 11
convecção com a superfície externa, W/m2 ºC.
2 92 14 3
• to : temperatura do ar externa, ºC.
3 96 15 0
• ts : temperatura na superfície, ºC
4 99 16 3
• ε: emitância hemisférica da superfície
5 100 17 10
• ∆R = diferença entre a radiação incidente na superfície
com o céu e vizinhança e a radiação emitida por um 6 98 18 21
corpo negro na temperatura externa do ar, W/m2 .
7 93 19 34
Com base no padrão sol-ar temperatura, temos:
8 84 20 47
q
= h (t − t ) (2) 9 71 21 58
A o e s
10 56 22 68
onde:
11 39 23 76
• te: temperatura sol-ar (temperatura fictícia do ar externo
que, na ausência de trocas radiativas na superfície 12 23 24 82
externa da parede, daria a mesma taxa de transferência
de calor através desta superfície, levando-se em conta a
real combinação de radiação solar e vizinhanças e O cálculo de to a partir da equação (5) é válida para as
convecção com o ar externo. paredes da frente, do fundo e do teto do Accessus 2000. A
partir destes valores, obtêm-se, a partir de (3) ou (4), os
Para superfícies verticais, ∆R = 0 e para paredes claras (tipo
valores calculados para te. Para as laterais esquerda (entre a
α câmara quente e o compartimento de equipamentos) e direita
de parede do Accessus 2000) = 0,026. Portanto,
ho (entre o compartimento do DG e o compartimento de
igualando (1) com (2), temos: equipamentos), que não recebem insolação direta, não
haverá a necessidade de se calcular to., sendo que te será
te = to + 0, 026 I t igual à temperatura máxima nestes compartimentos.
(3)
O cálculo de te a partir da equação (3) será aplicável para as A partir destes valores, é montada uma tabela que relaciona
paredes da frente, do fundo e do teto. as horas do dia, o valor de te em função de cada hora e a
Para superfícies horizontais que recebem radiação do céu intensidade solar incidente na parede (W/m2 ).
somente, um valor adequado para ∆R é cerca de 63W/m2, Em seguida, monta-se uma outra tabela que determina o
de modo que ε = 1 e h ≅ 17 e o termo de correção vale cerca ganho de calor (W/m2 ) em função das horas do dia e da
α posição geográfica (com exceção do teto, que independe da
de -3,7 ºC. Ou seja, sendo = 0,026 (paredes claras),
ho posição geográfica), a partir das equações, sendo ti a
temos agora: temperatura no interior do equipamento.

te = to + 0, 026 I t − 3,7 (4) Q =U A (te −ti ) (6)


O cálculo de te a partir da equação (4) será aplicável para o onde:
teto. • U: coeficiente global, W/m2 K.
A temperatura tO (por hora, entre 7 e 17h), é calculada a • A: área da parede, m2 .
partir da seguinte equação:
to = tmax − Dt ∆t (5)
onde: 4. METODOLOGIA PARA CÁLCULO DA CARGA
TÉRMICA
• tmax : temperatura máxima de verão (ºC). Corresponde
ao dado de entrada “Temperatura externa máxima”. A planilha “Cálculo de carga térmica – Accessus 2000”
determina a carga térmica total (em Watts, BTU/h, kcal/h e
• ∆t: corresponde ao dado de entrada “Variação diária de em TR) no compartimento de equipamentos do Accessus
temperatura”. 2000, devido somente à insolação e/ou condução/convecção
com o amb iente externo, conforme a localidade onde o ear-fr : espessura do espaço de ar entre as paredes da frente,
mesmo é instalado. m;
Conforme explicado, o levantamento da carga térmica nas Ufr: coeficiente global das paredes da frente, W/m2 ºC;
paredes consistiu em se obter a máxima taxa de
Qfr : ganho de calor máximo para a parede da frente, W;
transferência de calor, no período entre 7 e 17h (de hora em
hora), conforme a localidade (dada pela latitude geográfica) Os passos para a determinação de Qfr são:
e a orientação geográfica do equipamento (pontos cardeais).
4.2.1 Determinação de t e para a parede da frente (t efr ):
Este levantamento é consolidado em uma tabela composta
por: Calculada a partir da equação (3), onde, Itfr (SHGF) para a
parede da frente, é obtido a partir das tabelas de [1],
Linhas: horas do dia (7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16 e
correspondente à coluna somente para o dado de entrada
17h).
“Disposição do equipamento – Orientação da parede da
Colunas: direção geográfica do equipamento, conforme a frente”, de tal forma que é gerada uma tabela que fornece
rosa dos ventos (N – norte, NNE – norte nordeste, NE – valores de t e , para o período entre 7 e 17h, de hora em hora.
nordeste, ENE – leste nordeste, E – leste, ESE – leste
4.2.2 Determinação de Ufr :
sudeste, SE – sudeste, SSE – sul sudeste, S – sul, SSW – sul
sudoeste, SW – sudoeste, WSW – oeste sudoeste, W – oeste, 1
WNW – oeste noroeste, NW – noroeste e NNW – norte U fr = (7)
1 1 e fr − in e fr − ex e ar − fr
nordeste) por latitude (para o Brasil, considerar as latitudes + + + +
0, 8, 16, 24 e 32º S). Todas estas informações foram obtidas ho hi k fr k fr k ar − fr
tomando-se como base o dia 21 de janeiro. 4.2.3 Determinação de A fr:

A fr = L fr H fr (8)
4.1. Espaço de ar entre as paredes / Ar interno / Ar externo
4.2.4 Determinação de Qfr :
• kar (coeficiente de condutibilidade térmica do ar em
movimento, com velocidade 6,7m/s – Inverno, página Q fr = U fr A fr (t efr − t i ) (9)
23.3 de [1]); onde ti corresponde ao dado de entrada “Temperatura
• h o (coeficiente de convecção do ar externo, com interna”, conforma citado anteriormente.
velocidade 12km/h - página 1.73 de [1]);
Portanto, é gerada uma tabela que fornece os valores de Qfr,
• h i (coeficiente de convecção do ar interno, com
velocidade 29km/h - página 1.73 de [1]); no período entre 7 e 17h, de hora em hora.

4.2 Frente
4.3 Fundo
A transmissão de calor nesta parede é devido a:
A transmissão de calor nesta parede é devido a:
• Insolação direta (cálculo baseado na técnica “Sol-air
• Insolação direta (cálculo baseado na técnica “Sol-air
temperature” , conforme [1], capítulo 26);
temperature” , conforme [1], capítulo 26);
• Condução de calor entre o ambiente e a parede do fundo
• Condução de calor entre o ambiente e a parede da frente do compartimento de equipamentos;
do compartimento de equipamentos;
• Convecção com o ar externo e a parede do fundo do
• Convecção com o ar externo e a parede da frente do compartimento de equipamentos.
compartimento de equipamentos.
Seja:
Seja:
Lfu: comprimento externo da parede do fundo, m;
Lfr : comprimento externo da porta da frente, m;
Hfu: altura externa da parede do fundo, m;
Hfr : altura externa da porta da frente, m;
A fu: área da parede do fundo, m2 ;
A fr : área da frente, m2 ;
kfu: coeficiente de condutibilidade térmica do material das
kfr : coeficiente de condutibilidade térmica do material das paredes do fundo, m;
paredes da frente, W/m2 ºC;
efu-ex: espessura da parede externa do fundo, m;
efr-ex : espessura da parede externa da frente, m;
efu-in : espessura da parede interna do fundo, m;
efr-in : espessura da parede interna da frente, m;
kar-fu: coeficiente de condutibilidade térmica do espaço de ar
kar-fr : coeficiente de condutibilidade térmica do espaço de ar no fundo, W/m2 ºC;
entre as paredes da frente, W/m2 ºC;
ear-fu: espessura do espaço de ar entre as paredes do fundo,
m;
Ufr: coeficiente global das paredes do fundo, W/m2 ºC; equipamentos possui o duto, que tem como função injetar o
ar frio, resfriado pelos dissipadores frios dos módulos de
Qfr : ganho de calor máximo para a parede do fundo, W;
refrigeração. No teto do compartimento de equipamentos,
Os passos para a determinação de Qfu são: existem três ventiladores servem para resfriá-lo, conforme
figura 3.
4.3.1 Determinação de t e-fu para o fundo:
Calculada a partir da equação (3), onde, Itfu (SHGF) para a
parede do fundo, é obtido a partir das tabelas de [1],
correspondente à orientação da parede do fundo, obtida a
partir da orientação da parede da frente, de tal forma que é
gerada uma tabela que fornece valores de te , para o período
entre 7 e 17h, de hora em hora.
4.3.2 Determinação de Ufu:
Fig.3 Desenho representativo mostrando o fluxo de ar entre
1 as paredes do Accessus 2000.
U fu =
1 1 e fu −in e fu − ex e ar − fu
+ + + + Seja:
ho hi k fu k fu k ar − fu
(10) HTCQ : altura total câmara quente, m;
4.3.3 Determinação de A fu:
LTCQ : largura total câmara quente, m;
A fu = L fu H fu (11)
HMR: altura de cada módulo de refrigeração, m;
4.3.4 Determinação de Qfu :
LMR: largura de cada módulo de refrigeração, m;
Q fu = U fu A fu (tefu − ti ) (12)
HD : altura do duto – contato, m;
onde ti corresponde ao dado de entrada “Temperatura
interna”, conforma citado anteriormente. LD : largura do duto – contato, m;

Portanto, é gerada uma tabela que fornece os valores de Qfu, A TCQ : área total da câmara quente, m2 ,
no período entre 7 e 17h, de hora em hora. A TMR: área total espaço 6 módulos de refrigeração, m2 ;
A D : área do duto, m2 ;
4.4 Lateral esquerda (entre os compartimentos da
Câmara quente e o compartimentos de equipamentos) A D-TMR: área do duto menos a área do espaço total dos 6
módulos de refrigeração, m2 ;
A transmissão de calor nesta parede é devido a:
A TCQ-D : área total da câmara quente menos a área do duto,
• Condução de calor entre a câmara quente e o m2 ;
compartimento de equipamentos;
eCQ : espessura da chapa de alumínio – câmara quente,
• Convecção com o ar circulante da câmara quente. Ver menos o duto, m;
figuras 2 e 3.
eD : espessura da chapa do duto, m;
Câmara
Câmara Eqtos DG eTCQ : espessura total câmara quente, correspondente à soma
quente
quente
das espessuras anteriores, m;
kCQ : coeficiente de condutibilidade térmica da chapa de
alumínio - câmara quente, W/ m2 ºC;
Módulos de
refrigeração h CQ : coeficiente de convecção do ar interno na câmara
quente, W/ m2 ºC;
h D : coeficiente de convecção do ar interno no duto,
W/ m2 ºC;
UCQ : coeficiente global das paredes da frente, W/m2 ºC;
Fig.2 Desenho representativo mostrando, a esquerda, a vista
lateral da câmara quente e a vista frontal do Accessus 2000 QCQ : ganho de calor máximo para a parede da frente, W;
A figura mostra, à direita, o desenho representativo da vista
frontal do Accessus 2000 aberto. A câmara quente pode
Os passos para a determinação de QCQ são:
comportar até 6 módulos de refrigeração (à esquerda, cada
retângulo vazio pode comportar até 3 módulos de
refrigeração). Estes módulos são alimentados aos pares (a
mesma fonte alimenta dois módulos situados na mesma
coluna). Existem 3 fontes ao todo. O compartimento de
4.4.1 Determinação da temperatura máxima na câmara 4.5.1 Determinação da temperatura máxima na câmara
quente (t CQmax): quente (t DGmax):
Este valor corresponde ao dado de entrada “Temperatura Este valor corresponde ao dado de entrada “Temperatura
máxima na câmara quente, que, para fins de projeto, será máxima no compartimento do DG, que, para fins de projeto,
este valor para o período entre 7 e 17h, de hora em hora. será este valor para o período entre 7 e 17h, de hora em
hora.
4.4.2 Determinação de UD-TMR (área do duto menos o
espaço total dos módulos de refrigeração) e 4.5.2 Determinação de UDG
UTCQ-D (área total da câmara quente menos a área
1
do duto): U DG =
1 1 e
1 + + DG
U D − TMR = (13) hi h DG k DG
(24)
1 1 eTCQ
+ + 4.5.3 Determinação de A DG
h CQ hD k CQ
ADG = H DG L DG
onde: (25)
eTCQ =eCQ +e D (14) 4.5.4 Determinação deQDG
Q DG = U DG ADG ( t DG max − ti )
(26)
1
U TCQ − D = onde t i corresponde ao dado entrada “Temperatura Interna”
1 1 eCQ
+ +
hi h CQ k CQ 4.6 Teto
(15)
4.4.3 Determinação das áreas A D-TMR e A TCQ-D A transmissão de calor nesta parede é devido a:
ATCQ = H TCQ LTCQ (16) • Insolação direta (cálculo baseado na técnica “Sol-air
ATMR =6 H MR L MR (17) temperature” , conforme [1]);
AD = H D L D (18) • Condução de calor entre o ambiente e o teto do
AD −TMR = A D − ATMR (19) compartimento de equipamentos;
ATCQ − D = ATCQ − AD (20) • Convecção com o ar externo e o teto do compartimento
4.4.4 Determinação de QD-TMR , QTCQ-D e QCQ de equipamentos.
Seja:
QD −TMR = U D −TMR A D −TMR (tCQ max − ti ) (21)
Lte: comprimento externo do teto, m;
QTCQ − D = U D −TMR ATCQ − D (tCQ max − ti ) (22)
Hte: largura externa do teto, m;
onde t i corresponde ao dado entrada “Temperatura Interna” A te: área do teto, m2 ;
kte: coeficiente de condutibilidade térmica do material dos
QCQ = QD − TMR + QTCQ − D (23)
tetos superior, intermediário e inferior, W/ m2 ºC;
ete-s : espessura do teto superior, m;
4.5 Lateral direita (entre os compartimentos do ete-m: espessura do teto intermediário, m;
compartimento do DG e o compartimentos de ete-i : espessura do teto inferior, m;
equipamentos) ete-ar-sm: espessura do espaço de ar entre o teto superior e o
A transmissão de calor nesta parede é devido a: teto intermediário, m;
ete-ar-mi: espessura do espaço de ar entre o teto intermediário
• Condução de calor entre o compartimento do DG e o e o teto inferior, m;
compartimento de equipamentos; kar-te: coeficiente de condutibilidade térmica do espaço de ar
entre o teto superior e o teto intermediário, idêntico ao
• Convecção com o ar circulante do compartimento do
coeficiente de condutibilidade térmica do espaço de ar entre
DG.
o teto intermediário e o teto inferior, W/ m2 ºC.
Seja:
4.6.1 Determinação de t e para o teto (t eTETO):
HDG : altura total do compartimento do DG, m;
LDG: largura total do compartimento do DG, m; Calculada a partir da equação (4), onde, ItTETO (SHGF) para
A DG : área total DG, m2 ; o teto, é obtido a partir das páginas 27.19 a 27.23 de [1],
eDG : espessura da chapa de Alumínio do compartimento do tendo como base a data de 21 de janeiro, para cada uma das
DG, m; 5 latitudes, conforme tabela 2.
h DG : coeficiente de convecção “ar quieto” do compartimento
do DG, W/ m2 ºC;
kDG : condutividade térmica da chapa de Alumínio do
compartimento do DG, W/ m2 ºC.
Tabela 2. Incidência associada conforme a latitude Recife (PE):
Latitude (º) Incidência associada • Latitude: 8º04’
0 HOR 1 • Temperatura máxima = 31,8ºC
8 HOR 2 • Variação diária de temperatura: 13,0ºC
16 HOR 3 Rio Grande (RS):
24 HOR 4 • Latitude: 32º02’
32 HOR 5 • Temperatura máxima = 19,0ºC
4.6.2 Determinação de Ufr : • Variação diária de temperatura: 5,0ºC
1 Suponhamos que para os três estágios remotos:
U te =
1 1 ete− s ete− m e e e •
+ + + + te−i + te −ar −sm + te− ar − mi Os equipamentos alojados no compartimento de
ho hi k te k te k te k ar −te k ar −te equipamentos, tais como as placas de comutação,
(27) equipamentos de transmissão, unidades retificadoras,
4.6.3 Determinação de Ate: unidades de supervisão e ventiladores internos
dissipem, em forma de calor, uma potência total de
Ate = L te H te 246W.
(28)
4.6.4 Determinação de Qte :
• A frente do equipamento se posicione para o norte
Qte = U te Ate (teTE − ti ) (29) geográfico;
onde ti corresponde ao dado de entrada “Temperatura • A temperatura do ar interna no compartimento de
interna”, conforma citado anteriormente. equipamentos se estabilize em 26ºC;
Desta forma, é gerada uma tabela que fornece os valores de • A máxima temperatura do ar na câmara quente se
Qte, no período entre 7h e 17h, de hora em hora. estabilize 10ºC a mais que a máxima temperatura do ar
externo;
4.7 Levantamento da carga térmica do equipamento • A máxima temperatura do ar no compartimento DG se
(frente, fundo, lateral esquerda, lateral direita e teto) estabilize 5ºC a mais que a temperatura do ar externo.
Com base nos valores calculados para Qfr, Qfu, QCQ , QDG e • Cada módulo de refrigeração seja capaz de “retirar”
Qte, será levantado, por hora , no período de 7 a 17h, o aproximadamente 160W de calor do compartimento de
somatório das taxas de calor incidentes em cada parede do equipamentos.
Accessus 2000. O somatório de maior valor é transferido
para o camp o “Total (W)” da planilha “Cálculo de carga Desta forma, os valores de entrada a serem lançados na
térmica – Accessus 2000”. Este valor é convertido então planilha seriam:
para as unidades BTU/h (campo “Total (Btu/h)”), kcal/h
• Macapá (AP):
(campo “Total (kcal/h)”) e TR (“Total (TR)”). As parcelas
correspondentes ao maior somatório também são Localidade: Região 1
transferidas para os campos “Frente” (valor Qfr), “Fundo”
Temperatura interna: 26,0ºC
(valor Qfu), “Câmara quente” (valor QCQ ), “DG” (valor QDG )
e “Teto” (Qte). Temperatura externa máxima: 35,0ºC
Variação diária de temperatura: 12,5ºC
5. CONCLUSÃO Temperatura Cquente máxima: 45,0ºC
A planilha “Cálculo de carga térmica – Accessus 2000” é Temperatura DG máxima: 40,0ºC
uma ferramenta de auxílio para um projeto térmico.
Orientação da parede da frente: N
Consideremos, por exemplo, 03 cidades brasileiras, com os
seguintes dados: Lançados os valores, teríamos como resultados:
Macapá (AP): Total (W): 475,3 que somado aos 246W, totalizaria uma
carga térmica total a ser vencida pelos módulos de
• Latitude: 0º02’ refrigeração de aproximadamente 721W. Ou seja,
• Temperatura externa máxima: 35,0ºC teoricamente, necessitaríamos de 5 módulos de refrigeração
para manutenção da temperatura desejada no compartimento
• Variação diária de temperatura: 12,5ºC de equipamentos.
• Recife (PE): REFERÊNCIAS
Localidade: Região 2 [1] ASHRAE handbook. Fundamentals, pp. 27.19 - 27.27, 1985.

Temperatura interna: 26,0ºC [2] ASHRAE handbook. Fundamentals, pp. 26.4, 1985.

Temperatura externa máxima: 31,8ºC


Variação diária de temperatura: 13,0ºC Autor: Levantamento da carga térmica em estágios remotos de
comutação integrada;
Temperatura Cquente máxima: 41,8ºC
Karlo Homero Ferreira Santos; FUCAPI – Fundação Centro
Temperatura DG máxima: 36,8ºC de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica; Av. Danilo Areosa,
381, Distrito Industrial, CEP 69075-351, Manaus, Amazonas,
Orientação da parede da frente: N Brasil; Fone: (92) 614 3025; Fax: (92) 613 2680;
karlo.homero@fucapi.br.
Lançados os valores, teríamos como resultados:
Ademir de Jesus Lourenço; FUCAPI – Fundação Centro de
Total (W): 406,6 que somado aos 246W, totalizaria uma Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica; Av. Danilo Areosa,
carga térmica total a ser vencida pelos módulos de 381, Distrito Industrial, CEP 69075-351, Manaus, Amazonas,
refrigeração de aproximadamente 653W. Ou seja, Brasil; Fone: (92) 614 3036; Fax: (92) 613 2680;
teoricamente, necessitaríamos de 4 módulos de refrigeração ademir@fucapi.br.
para manutenção da temperatura desejada no compartimento
de equipamentos.
• Rio Grande (RS):
Localidade: Região 5
Temperatura interna: 26,0ºC
Temperatura externa máxima: 19,0ºC
Variação diária de temperatura: 5,0ºC
Temperatura Cquente máxima: 29,0ºC
Temperatura DG máxima: 24,0ºC
Orientação da parede da frente: N
Lançados os valores, teríamos como resultados:
Total (W): 138,2 que somado aos 246W, totalizaria uma
carga térmica total a ser vencida pelos módulos de
refrigeração de aproximadamente 384W. . Ou seja,
teoricamente, necessitaríamos de 3 módulos de refrigeração
para manutenção da temperatura desejada no compartimento
de equipamentos.
Generalizando, para determinadas regiões do país, é possível
reduzir a quantidade de módulos de refrigeração a serem
utilizados e consequentemente reduzir custos com energia
elétrica. Ou seja, evita-se o desperdício pois o Accessus
2000 pode ser equipado com até 6 módulos de refrigeração.
A planilha supracitada pode ser mais abrangente, pois as
localidades citadas estão nas coordenadas citadas nas tabelas
de [1], ou seja, latitudes 0, 8, 16, 24 e 32ºS. Outras
coordenadas de latitude podem ser obtidas por interpolação
linear.

AGRADECIMENTOS
À coordenação do Metrologia-2003 por possibilitar a
divulgação deste trabalho e a FUCAPI – Fundação Centro
de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica, por viabilizar
a pesquisa que resultou neste trabalho.

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