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Periscópio Cidadão: Julho 2008 Página 1 de 24

Periscópio Cidadão Cultura, Políti…

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30th July 2008 Balanço do grupo móvel: mais de


30 mil libertados desde 1995
De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), 2.269 pessoas
foram libertadas em ações de combate à escravidão no 1º semestre de 2008.
Apesar da repressão, trabalho escravo continua sendo uma realidade no país

Por Maurício Hashizume*

Dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), nesta terça-


feira (29), dão conta de que o grupo móvel de fiscalização do governo federal
libertou 2.269 trabalhadores de condições análogas à escravidão nos seis
primeiros meses deste ano. Com isso, o número de trabalhadores libertados
desde 1995 chegou a 30.036. Em 2007, foi batido o recorde de libertações
registradas em apenas um único ano: 5.999 pessoas.

De acordo com o balanço da pasta, 96 fazendas foram fiscalizadas em 54


operações de janeiro a junho de 2008. As equipes - compostas de auditores
fiscais do Trabalho, procuradores do Trabalho e agentes da Polícia Federal
(PF) - vasculharam propriedades rurais distribuídas em 14 estados do país.
Ao todo, o MTE contabilizou o pagamento de R$ 3,5 milhões em indenizações
trabalhistas para as vítimas desse tipo de exploração criminosa.

A servidão por dívida continua sendo uma das formas mais comuns de
trabalho escravo contemporâneo, salienta Marcelo Campos, coordenador
nacional do grupo móvel. "Como ele [o trabalhador] acredita que deve ao
patrão, trabalha para quitar essa dívida que nunca é saldada, pois a cada mês
ele adquire mais despesas", descreve. O cerceamento da liberdade, o calote
nos salários, as jornadas exaustivas de trabalho e as condições degradantes -
alojamentos inadequados, não utilização de equipamentos de proteção
individual (EPIs) e cobrança de despesas com comida e transporte - fazem
parte do rol de infrações constantemente flagradas pela fiscalização.

O balanço do primeiro semestre confirma basicamente duas tendências, na


visão do coordenador da campanha nacional de combate e prevenção ao
trabalho escravo da Comissão Pastoral da Terra (CPT), frei Xavier Plassat. A
primeira diz respeito à recorrência de casos de trabalho escravo em estados
como Pará, Maranhão e Tocantins, nas áreas de fronteira agrícola em volta da
Amazônia, especialmente na atividade pecuária.

Levantamento paralelo feito pela CPT revelou que 58% dos casos de trabalho
escravo fiscalizados até o último dia 9 de julho se deram na criação de gado
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bovino. Em segundo aparece o cultivo de cana-de-açúcar e de outras lavouras


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agrícolas, com 11% cada. "Houve 47 fazendas denunciadas no Pará e apenas
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26 foram fiscalizadas", salienta Xavier, que reside em Araguaína (TO). A
prevalência de casos na pecuária também pôde ser observada na última
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atualização da "listaMosaico Menu de
suja", cadastro Lateral Fotografiamão-de-obra
quem explorou Linha Do Tempo
escrava.

Ele diagnostica ainda algumas mudanças no número de libertados nas


fazendas de pecuária fiscalizadas pelo grupo móvel. Em comparação com
dados até 2003, houve uma queda da média de envolvidos que ficava entre
30 e 40 para a casa dos 20 trabalhadores. Na avaliação de Xavier,
"gatos" (aliciadores de mão-de-obra) e fazendeiros têm utilizado "operações
relâmpago" - sem melhorias significativas de condições de trabalho, mas com
menos gente e sem causar muito alarde - para tentar burlar a fiscalização.

"Essa prática coincide com a lógica da MP [medida provisória] 410, que


dispensou a assinatura de carteira para empreitadas rurais de até dois meses
e já virou lei", adiciona o coordenador da "Campanha de Olho Aberto para
Não Virar Escravo", mantida pela CPT e por outras entidades de base.
Informações mais precisas sobre o tempo de duração do trabalho em casos
de escravidão poderão ser aferidos a partir de dados relativos ao seguro-
desemprego liberado para os trabalhadores depois das fiscalizações.

O balanço semestral do MTE mostra ainda, de acordo com Xavier, a


tendência de libertações envolvendo uma grande quantidade de pessoas em
regiões da Região Centro-Oeste e na Região Nordeste - especialmente
Alagoas. As usinas de cana-de-açúcar do estado alagoano foram objeto de
uma devassa de força-tarefa encabeçada pelo Ministério Público do Trabalho
(MPT) e o próprio grupo móvel intensificou ações em Goiás, Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul.

"A fiscalização está chegando em lugares que normalmente não ia. E está
encontrando muitos problemas. Há muito tempo denunciamos que a situação
em Alagoas era grave", coloca o integrante da CPT, que faz parte da
Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae). No
Mato Grosso do Sul, por exemplo, houve uma mobilização da sociedade civil
contra o trabalho escravo no início dos anos 90, que depois se enfraqueceu.
"Nosso desafio é levar a campanha para essas outras regiões", acrescenta
Xavier. "Mas não podemos correr o risco de dizer que o trabalho escravo hoje
se concentra apenas na cana-de-açúcar. Isso está longe de ser verdade".

*Com informações da assessoria de imprensa do MTE.

Fonte: Site www.reporterbrasil.com.br de 29.07.2008


Postado há 30th July 2008 por Asclê Junior
Marcadores: Direitos Humanos, Fiscalização, Ministério do Trabalho e
Emprego, PF, Sociedade, Trabalho Escravo

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30th July MST faz denúncias à ONU contra


2008Mosaico Menu Lateral Fotografia Linha Do Tempo
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processo de criminalização
Para advogado que defende o MST, acusação de desrespeito à Lei de
Segurança Nacional busca tipificar movimento como "organização
criminosa" para reforçar posição de membros do Ministério Público
Estadual do RS

Por Verena Glass

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e outras 12


entidades de defesa dos direitos humanos encaminharam duas denúncias à
Organização das Nações Unidas (ONU) contra o que consideram uma
campanha de criminalização do MST pelo Ministério Público do Rio Grande do
Sul. Protocolados na última segunda-feira (21), os documentos também
desqualificam o processo de ordem política contra oito integrantes do
movimento com base na Lei de Segurança Nacional (LSN). Os acusados
devem ser ouvidos pela Justiça Federal na próxima terça-feira (29).

Segundo os advogados do MST, as acusações se baseiam em quatro artigos


da LSN: Art. 16 (Integrar ou manter associação, partido, comitê, entidade de
classe ou grupamento que tenha por objetivo a mudança do regime vigente ou
do Estado de Direito, por meios violentos ou com o emprego de grave
ameaça), Art. 17 (Tentar mudar, com emprego de violência ou grave ameaça,
a ordem, o regime vigente ou o Estado de Direito), Art. 20 (Devastar, saquear,
extorquir, roubar, seqüestrar, manter em cárcere privado, incendiar, depredar,
provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por
inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção
de organizações políticas clandestinas ou subversivas) e Art. 23 (Incitar à
subversão da ordem política ou social; à animosidade entre as Forças
Armadas ou entre estas e as classes sociais ou as instituições civis; à luta
com violência entre as classes sociais; à prática de qualquer dos crimes
previstos nesta Lei).

A procuradora da República Patrícia Muxfeldt, autora da denúncia - aceita


pelo juiz federal Felipe Veit Leal em 11 de abril - acusa os oito integrantes de
crimes como a prática de "depredação e explosão por inconformismo político"
e "propaganda da luta entre as classes sociais" na fazenda Coqueiros - área
reivindicada para reforma agrária pelo MST em Coqueiros do Sul (RS).

À revelia dos réus e com a denuncia já acolhida, Patrícia Muxfeld, procuradora


do Ministério Público Federal (MPF) em Carazinho (RS), solicitou que o
processo tramitasse em segredo de justiça, o que, de acordo com os
advogados, impede a divulgação e discussão públicas das acusações.

Para Aton Fon, advogado dos acusados, o segredo de justiça é inadmissível e


tem como objetivo Tema
evitarVisualizações
que as estratégias da campanha
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do processo, que visa atingir o MST por meio de seus militantes, sejam de
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conhecimento público. O processo com base na Lei de Segurança Nacional,
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avalia Aton Fon, tem como intuito tipificar o MST como organização criminosa
ou terrorista, tese defendida por membros do Ministério Público do Estado.
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Como consta no procedimento administrativo 16315-0900/07-9 do Conselho
Superior do MP, relatado pelo procurador Gilberto Thums, o órgão afirmou
que "cabe ao MP-RS agir agora: Quebrar a espinha dorsal do MST. O
momento é histórico no país e se constitui no maior desafio já apresentado à
instituição desde o pos-88: a defesa da democracia". "Para nós, está claro
que a denúncia do MPF se baseia na estratégia do MP", diz Aton Fon.

Mesmo recuando sobre acusações como a ligação do MST com as Forças


Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARCs) - a própria Polícia Federal
(PF) negou qualquer ligação entre as organizações -, o procurador Gilberto
Thums afirmou em várias entrevistas que o MP considera o MST uma
organização que representa ameaça à soberania nacional por suas posições
políticas.

No procedimento administrativo relatado por ele, constam afirmações como a


de que setores de inteligência "obtiveram informações da estratégia de
atuação do movimento na região, que seria incentivada pelas FARC".

"O arrojado plano estratégico do MST, sob orientação de operadores


estrangeiros como as FARC, é adotar nesta rica produtiva região do nosso
Estado o método de controle territorial branco tão lucrativamente adotado
pelas FARC na Colômbia (...). Análises de nosso sistema de inteligência
permitem supor que o MST esteja em plena fase executiva de um arrojado
plano estratégico, formulado a partir de tal ´convênio´, que inclui o domínio de
um território em que o governo manda nada ou quase nada e o MST e a Via
Campesina tudo ou quase tudo", adiciona o procurador.

Delírio

Para o jurista e professor aposentado da Faculdade de Direito da


Universidade de São Paulo (USP), Fabio Konder Comparato, enquadrar os
militantes do MST na Lei de Segurança Nacional é um delírio. Segundo o
jurista, a "integridade territorial" tratada na LSN é bem mais ameaçada pela
compra de terras por estrangeiros do que pelas lutas sociais, que visam o
cumprimento da função social da terra, prevista na Constituição.

De acordo com Fábio Konder Comparato, os ataques ao MST no Rio Grande


do Sul são uma resposta do poder local às campanhas do movimento contra a
venda de terras para plantio de eucalipto por papeleiras estrangeiras, como a
sueco-finlandesa Stora Enzo, que já adquiriu grandes áreas nas faixas de
fronteira (do Estado com países do Cone Sul), descumprindo restrições
existentes na lei para a comercialização de áreas com essas características.

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Além das denúncias na ONU, a defesa do MST estuda entrar com um


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habeas corpus para travar o processo, o que, na prática, levaria à sua
extinção.
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Clássica Flipcard Revista


Movimentos Mosaico
denunciam Menu
onda que Lateral Fotografia
criminaliza Linha Do Tempo
lutas populares
No Rio Grande do Sul, o Ministério Público (MP) alterou ata de reunião
em que foi sugerida a "dissolução" do Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST). No Pará, advogado da Comissão Pastoral da
Terra (CPT) foi condenado

Por Maurício Hashizume

A ata de uma reunião fechada do Conselho Superior do Ministério Público


Estadual do Rio Grande do Sul (MPE-RS), ocorrida em 3 de dezembro de
2007, registrou a decisão das autoridades do poder público de formar uma
força-tarefa para "promover uma ação civil pública com vistas à dissolução do
MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra] e a declaração de sua
ilegalidade". Combinada com prontas decisões da Justiça - que vem emitindo
seguidas decisões no sentido de cercear a atuação política do MST e chegou
a cassar o direito a voto de militantes camponeses - e ações truculentas da
Brigada Militar - que direcionou o seu Serviço Secreto para vasculhar o
movimento, reprimiu protestos e realizou despejos com violência -, os planos
do MPE traduzidos na ata da reunião, em que foi proposta até a intervenção
nas escolas do MST, foi repudiada publicamente por organizações da
sociedade civil, partidos políticos, políticos e personalidades do país.
Em resposta, foi lançado um manifesto contra a criminalização do MST que
repudia o ataque aos direitos civis e políticos de cidadãos brasileiros que não
ocorriam "desde o término da ditadura militar". O documento defende o
cumprimento de convenções internacionais e da Constituição Federal que, no
Art. 5º, inciso XVII, garante a "liberdade de associação para fins lícitos,
vedada a de caráter paramilitar".

Nesta terça-feira (1º), o MPE-RS substituiu oficialmente a polêmica ata.


Paralelamente, o procurador-geral da Justiça, Mauro Henrique Renner, veio a
público nesta quarta-feira (2) para esclarecer que a instituição "em nenhum
momento postulou a extinção ou a ilegalidade do MST, respeitadas a
independência funcional e a liberdade de consciência de seus membros".
Revelou ainda a autoridade que a ata expressara equivocadamente a
manifestação de um dos membros como posição de todo o Conselho Superior
e que a decisão de formar uma força-tarefa para investigar as ações do
movimento serviram apenas "para vencer a tradicional atuação fragmentada
(de um promotor de justiça restrito ao limite territorial de sua comarca) e
realizar a análise global de uma série de atos com aparente coordenação".

No mesmo artigo que divulgou para esclarecer a sua posição diante dos
acontecimentos, Mauro Henrique deixou transparecer, contudo, que o MPE-
RS acolhe, sim, a idéia de que pelo menos parte do MST deva ser patrulhada.
"Talvez fosse mais cômodo afetar a neutralidade ´politicamente correta´ diante
dos conflitos acirrados. Mas a sociedade brasileira, assim como precisa do
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MST para dialogar e exigir direitos na questão agrária, necessita de um MP


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com coragem para levar ao Poder Judiciário uma hipótese que é, no mínimo,
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diante das investigações realizadas, razoável, isto é, que alguns setores do
MST perderam o foco e estão desbordando de seus direitos constitucionais",
Clássica Flipcard
argumentaRevista Mosaico Menu
o procurador-geral Lateral"Neste
da Justiça. Fotografia
cenário,Linha
o MP Dotem
Tempo
o dever
de levar ao Estado-Juiz os fatos, para que sejam decididos sob o império do
direito. É de lembrar que desde 1996 o direito brasileiro exige intervenção do
MP nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural".

Em decisão do último dia 9 de junho, o juiz Carlos Henrique Borlido Haddad,


da Vara Federal de Marabá (PA), condenou o advogado José Batista
Gonçalves Afonso, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), a dois anos e cinco
anos de reclusão. José Batista, na época assessor do MST e da Federação
dos Trabalhadores Rurais do Pará (Fetagri), e Raimundo Nonato Santos da
Silva, liderança desta última, foram responsabilizados criminalmente por ter
mantido funcionários públicos em cárcere privado durante protesto realizado
por camponeses sem-terra que ocuparam a sede do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Marabá, no dia 4 de abril de 1999.

Em entrevista à Repórter Brasil por telefone, o magistrado reafirmou o


entendimento já exposto na sentença de que "é possível que [José Batista]
não tenha incitado a invasão da sede do Incra pelos trabalhadores rurais e
parece crível que não teria condições de controlar a multidão exaltada". Ou
seja, o magistrado reconhece que não se pode afirmar categoricamente que a
mobilização tenha sido motivada diretamente pela ação dos réus. No entanto,
ele garante que "partiu deles [José Batista e Raimundo Nonato] a decisão por
não libertar servidores e autoridades enquanto não atendidos os pleitos dos
trabalhadores rurais", como descreve na decisão.

"Julgo o ato, não a vida das pessoas", comenta Carlos Henrique, que insiste
na tese de que houve "colaboração" dos réus no "crime". A versão de quem
participou da manifestação naquele dia 4 de abril de 1999 é outra. De acordo
com eles, 10 mil trabalhadores rurais da Fetagri, do MST, da CPT e da
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), depois de
permanecer 20 dias acampados, permaneceram do lado de fora do prédio
aguardando a negociação da pauta de reivindicações pela reforma agrária. No
final do dia, por volta das 22h, a multidão impaciente diante da ausência de
resposta entrou no Incra e impediu a saída da equipe de representantes do
governo federal até a manhã do dia seguinte. Na ocasião, José Batista e
lideranças das organizações do campo teriam atuado não como
"colaboradores", mas como mediadores do conflito.

Para o juiz, porém, o teor da condenação - que não admite a substituição da


pena por serviços à comunidade, benefício concedido a outros réus
envolvidos no mesmo caso que não chegaram nem a contribuir com a Justiça
- é uma questão de "coerência", pois ele próprio já determinara a mesma
punição para casos anteriores relativos à cárcere privado em condições
semelhantes. Outros indiciamentos envolvendo o advogado da CPT teriam
determinado, conforme explica Carlos Henrique, a reabertura deste processo
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que havia sido objeto de acordo para suspensão (por meio de proposta do
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Ministério Público, em 2002) pelo juiz que o antecedeu na Vara Federal de
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Marabá, Francisco Garcês Júnior. "Para os outros réus, não houve esse
pedido de revogação de benefício de suspensão do processo porque não
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houve reincidência", declara. Menu Lateral Fotografia Linha Do Tempo

José Batista Gonçalves Afonso recorreu da decisão e o processo ficará a


cargo do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, em Brasília. Um
desembargador será sorteado para conduzir o caso e deverá intimar
novamente os réus. José Batista interpreta a decisão como reflexo da
situação tensa que caracteriza a região de Carajás - com disputas acirradas
entre sem-terras, garimpeiros, fazendeiros e grandes empresas. "O Poder
Judiciário não é muito simpático às causas populares", analisa.

"Vamos utilizar todos os recursos que a lei permite", antecipa a irmã Maria
Madalena dos Santos que, assim como José Batista, faz parte da
coordenação nacional da CPT. Para garantir o trabalho dos defensores de
direitos humanos, recomenda Maria Madalena, é preciso que haja uma
"mudança de postura dos Poderes da República, em especial do Judiciário". A
criminalização dos movimentos sociais, reforça a religiosa, está se dando
tanto no Norte quanto no Sul do país e se insere no contexto de expansão do
agronegócio, com grandes empresas se apoderando cada vez mais de
territórios. Ela avalia que a ofensiva do poder econômico visa "anular o
contraponto".

Em nota, a CPT vincula o caso do advogado de Marabá (PA) a outros casos:


perseguição de instituições do Estado com relação ao MST no Rio Grande do
Sul; impunidade que premiou o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura (o
"Bida"), acusado de ser o mandante do assassinato da missionária Dorothy
Stang; julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que coloca em risco a
demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima; e
paralisação das ações de reconhecimento de áreas quilombolas.

A sucessão de ocorrências que colocam militantes e organizações que lutam


por direitos no banco dos réus parece uma tradução empírica dos escritos do
já falecido sociólogo Octavio Ianni, um dos expoentes da "Escola Paulista de
Sociologia", capitaneada por Florestan Fernandes. No Capítulo I (A Nação da
Burguesia) da obra "Classe e Nação", de 1986, o pensador discorre sobre a
conduta das elites da América Latina ao longo do século XX. "Ela própria [a
burguesia] adota um discurso liberal, civilizado, parnasiano, em suas relações
com a burguesia estrangeira e os setores sociais privilegiados das maiores
cidades de seus respectivos países . Simultaneamente, é oligárquica,
caudilhesca, autoritária, nas atividades internas, nas suas relações com os
trabalhadores da cidade e do campo".

"A burguesia tem um peculiar compromisso com a nação. E mais peculiar


ainda com a democracia. Em todos os países, os seus representantes podem
fazer discursos em favor de liberdades democráticas, direitos humanos,
prerrogativas do cidadão. Inclusive afirmam-se como defensores da
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democracia quando se acham em viagem pelo exterior; ou mesmo em suas


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câmaras, associações, clubes e salões. Mas alegam que os movimentos
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populares ultrapassam o limite do razoável, deixam-se levar por demagogos e
carismáticos, ameaçam a paz social, a harmonia entre o capital e o trabalho,
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põem emRevista Mosaico
risco a ordem e o Menu Laterala segurança
progresso, Fotografia eLinha Do Tempo
o desenvolvimento,
provocam a dissolução social, colocam a turba no cenário da nação", provoca
o sociólogo. E conclui: "A nação da burguesia não compreende a nação do
povo. Os camponeses mineiros, operários e outras categorias sociais, ou
índios, mestiços, negros, mulatos, brancos e outros, constituem uma espécie
de nação invisível; aparentemente invisível".

Fonte: Site http://www.reporterbrasil.org.br de 25.07.2008


Postado há 30th July 2008 por Asclê Junior
Marcadores: Criminalização, Direitos, FARC´s, Habeas Corpus, Lei de
Segurança Nacional, MST, ONU, Processo, Sociedade

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26th July 2008 "Coração Vulgar" com Caetano


Veloso e Teresa Cristina

Obra de arte do Paulinho da Viola na voz do Caetano Veloso e da Teresa


Cristina.
Postado há 26th July 2008 por Asclê Junior
Marcadores: Caetano Veloso, Coração Vulgar, Cultura, Música, Paulinho da
Viola, Teresa Cristina
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26th July 2008 Imagem com tarja


Mendigo deve receber R$ 20 mil por uso de sua foto

O morador de rua Sebastião de Jesus deve receber R$ 20 mil de indenização


por danos morais porque sua imagem foi usada sem autorização em uma
campanha eleitoral. A decisão é da 2ª Câmara de Direito Civil do Tribunal de
Justiça de Santa Catarina.

Os candidatos à Prefeitura de Lajes, em 2000, João Raimundo Colombo e


Renato Nunes, usaram a imagem de Jesus em um folheto de campanha. Os
dois foram eleitos.

Jesus é uma pessoa conhecida na cidade. Ele tem uma doença que o faz
andar curvado. Na propaganda, a imagem do morador de rua é estampada
com uma tarja preta sobre o seu rosto. Abaixo está escrito Desalento,
Desânimo, Desleixo, Desrespeito: Você vai deixar que Lages continue assim?.

As fotos em que Jesus aparece pedindo esmola foram feitas e publicadas por
um jornal da cidade. Elas serviram para ilustrar reportagem sobre o aumento
de mendigos na região de Lajes.

Na primeira instância, o pedido não foi aceito, sendo reformado no TJ. “A


idéia, em si, não pode ser taxada de negativa por mostrar uma situação
existente, mas as conseqüências, sim”, afirma o desembargador substituto
Jaime Vicari.

Para o desembargador, o uso sem autorização da foto de Jesus para retratar


situação degradante ofende o direito de imagem.

A ação do mendigo foi ajuizada na comarca de Lages, em setembro de 2000.


Ela chegou ao TJ em julho de 2002. O relator recebeu o processo apenas em
dezembro de 2007.

Apelação Cível 2002.021.552-5

Revista Consultor Jurídico, 24 de julho de 2008


Postado há 26th July 2008 por Asclê Junior
Marcadores: Cível, Desembargador, Direito da Imagem, Direitos, Indenização,
Justiça, Mendigo, Uso Não Autorizado da Imagem
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26th July 2008 Filme: "XXY" de Lucía Puenzo


[http://4.bp.blogspot.com/_SHx5bMSJtKk/SIrBQiE5_1I/AAAAAAAAATk/Kg_JSJyXHf
Q/s1600-h/XXY.jpg]
Argentina/França/Espanha - 2007. Dir.: Lucía Puenzo. Distr.: Imovision -
AA+
25/07/2008

AAA Excepcional / AA+ Alta qualidade / BBB Acima da média / BB+


Moderado / CCC Baixa qualidade / C Alto risco

Num vilarejo litorâneo do Uruguai, uma hermafrodita de 15 anos enfrenta o


dilema de uma eminente metamorfose sexual. Relutante em prosseguir com a
terapia hormonal recomendada, a protagonista (Inés Efron) viverá um
conturbado romance com um rapaz argentino, filho, justamente, do cirurgião
plástico que discute com sua família as possibilidades de uma operação.
Passível de controvérsias, o tema (raro, senão inédito no cinema) ganha um
tratamento tão sutil quanto politicamente correto - o que não chega a
comprometer o realismo da trama. Dirigido pela estreante Lucía Puenzo, o
filme recebeu 17 prêmios internacionais, incluindo o Goya de filme estrangeiro
e 2 prêmios especiais na edição 2007 do Festival de Cannes.

[http://2.bp.blogspot.com/_SHx5bMSJtKk/SIrA6qGzFxI/AAAAAAAAATc/CjRNDBTsB
0s/s1600-h/XXY.jpg]
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Resumo do filme XXY de Lucia puenzo - Por Karolline Pacheco Santos


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O filme XXY da cineasta argentina Lúcia Puenzo traz como enredo a questão
da sexualidade através da história de Alex, um(a) jovem intersexual
Clássica Flipcard Revista
(vulgarmente Mosaico
chamados Menu Lateral ou
de hermafroditas, Fotografia
seja, que Linha Do Tempo
apresentam os dois
órgãos sexuais) e que se vê constantemente em conflito com a idéia de optar
por um dos sexos e gêneros; caso ainda mais agravado pela presença de um
cirurgião e sua família, convidados pela mãe d@ jovem com a idéia de uma
possível cirurgia de redesignação sexual, e sua relação com o filho do casal
que aflora ainda mais seus desejos e dúvidas quanto à idéia de escolher um
‘lado’. Alex entra em um embate consigo e com as relações estabelecidas que
são influenciadas pela sua situação, o dilema da sexualidade como identidade
e o próprio preconceito por parte dos outros.

Mas o dilema de Alex traz o confronto daquilo que é freqüentemente aceito e


que foi naturalizado, mas vem sendo problematizado, discutido fora da idéia
de norma e da concepção de natural que foi atribuída às questões de sexo e
gênero. Há uma tênue divisão entre sexo e gênero que precisa ser resgatada
e repensada (e foi através de movimentos como o feminismo e de autores de
linha pós-estruturalista), mas em si funcionam da mesma forma como
“invenções sociais, que sublinha um dado biológico cuja importância,
culturalmente variável, torna-se um destino natural e indispensável para a
definição dos corpos. Isto significa que a materialidade do corpo existe, porém
a diferença entre os sexos é uma atribuição de sentido dada aos
corpos” (SWAIN, 2000, p. 50).

Seguindo autores como Butler, inclusive o sexo entra como discursivo além da
noção de gênero e que define atribuições e papéis em uma estrutura binária
que limita a própria manifestação plural do sujeito e funciona como um dos
vários pontos de relações de poder e controle. Práticas interiorizadas
transformadas em regimes de verdade que inserem nos corpos discursos
definidores que relacionam sexo e gênero como identidades fixas;
concepções de masculinidade, feminilidade e heterossexualidade são tidas
como verdades e tudo que foge a essa esfera normativa de uma realidade
construída é combatido essencialmente através de preconceitos “A história do
Ocidente naturaliza as relações e as funções atribuídas a mulheres e a
homens, recriando-as e desenvolvendo uma política de silenciamento, que
apaga a diferença, o plural e o múltiplo do humano. Neste sentido, a noção de
diferença é historicamente construída” (SWAIN, 2000, p. 49).

Assim Alex encontra-se no limbo, em ter que escolher uma identidade sexual,
passar por uma cirurgia de redesignação sexual(castração ou mutilação) e se
adequar as normas que regem o masculino/feminino que tolhe essa
pluralidade do ser humano; e como proposta de discussão problematizar a
forma que essas relações heterossexuais e sua premissa essencial de
macho/fêmea opera a complexidade que envolve a sexualidade e suas
ilimitadas formas marginalizadas por esse padrão tido como normal e motor
de diversos preconceitos.

Tema Visualizações dinâmicas. Tecnologia do Blogger.

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Periscópio Cidadão: Julho 2008 Página 12 de 24

Karolline Pacheco Santos é estudante de História do 2o Semestre.


Periscópio Cidadão Cultura, Políti…
Fonte: Jornal "Valor Econômico" de 25.07.2008
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Postado há 26th July 2008 por Asclê Junior
Marcadores: Cinema, Cirurgia, Cultura, Hermafrodita, Lucía Puenzo, Política,
Sexualidade, XXY

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26th July 2008 Um polonês de alma errante e pés


no teatro
Por Elaine Guerini, para o Valor, de Wroclaw (Polônia)
25/07/2008

Divulgação
[http://2.bp.blogspot.com/_SHx5bMSJtKk/SIq8SD8h6hI/AAAAAAAAATM/K0o1bHcuSG
Q/s1600-h/Ziembinski.jpg]
Ziembinski, ator e diretor, acabou escrevendo capítulos importantes de um
teatro brasileiro em plena renovação

Quando deixou a Europa, em 1941, fugindo da guerra, o polonês Zbigniew


Marian Ziembinski (1908-1978) estava exilado em Paris, então ocupada pelos
alemães. Ele havia aceitado convite para participar de um grupo teatral
formado por compatriotas, que atuava em Nova York. Antes de chegar aos
Estados Unidos, porém, Ziembinski precisou parar por algum tempo no Brasil,
por uma questão relacionada à aposição de visto em seu passaporte. No Rio
de Janeiro, acabou conhecendo intelectuais, artistas e profissionais liberais.
Resolveu ficar. Começava a nascer ali parte relevante do moderno teatro
brasileiro, que teria em Ziembinski um de seus principais nomes.

O episódio ilustra a importância do acaso na vida, em geral, e na atividade


artística de Ziembinski - ou simplesmente Zimba, como era chamado pelos
amigos. É com esse mesmo sentimento, o de não ter destino certo, que Kiko
Goifman inicia a pré-produção de um documentário sobre o ator e diretor
polonês, sempre lembrado, quando se fala de seu profícuo trabalho no teatro
brasileiro, pela montagem inovadora de "Vestido de Noiva", de Nelson
Rodrigues, peça encenada pela primeira vez em 1943.

"O que mais me interessa são as contradições e os imprevistos na vida de


Ziembinski", diz Goifman, que pisou pela primeira vez na Polônia ao participar
da oitava edição do Era Nowe Horyzonty (de 17 a 27 de julho), em Wroclaw.
Além de apresentar seu filme "33" (de 2002), selecionado para o ciclo especial
de títulos brasileiros dentro da programação do evento, Goifman se reuniu
com o produtor Wojciech Szczudto,dinâmicas.
Tema Visualizações da Kalejdoskop,
Tecnologia para discutir detalhes do
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Periscópio Cidadão: Julho 2008 Página 13 de 24

projeto. Essa empresa polonesa, baseada em Varsóvia, vai coproduzir o


Periscópio Cidadão
documentário, orçado em US$ 600 mil, com as brasileiras Plateau Produções
Cultura, Políti…
e Urszula Groska Produções, ambas de São Paulo.

Clássica Flipcard Revista


"A idéia seria Mosaico
iniciar Menu ainda
as filmagens Lateraleste
Fotografia Linha
ano, quando Do Tempo o
comemoramos
centenário de nascimento de Ziembinski, mas ainda estamos em fase de
captação de recursos", diz Goifman.

"Ziembinski", título provisório, será rodado em pelo menos três cidades


polonesas: Varsóvia, de onde Zbigniew fugiu (sem se despedir de ninguém)
após o bombardeio de 5 de setembro de 1939; Cracóvia, onde se formou na
escola de arte dramática e iniciou a carreira nos palcos; e Wieliczka, sua
cidade natal.

"Desde criança, me acostumei a viver modestamente e, talvez por isso,


durante muitos anos não consegui despertar em mim a idéia de trabalhar para
me tornar um homem rico. Foi minha maior fraqueza", conta Ziembinski num
dos depoimentos em áudio que Goifman aproveitará para costurar a narrativa
do longa-metragem.

Cerca de 70% do filme serão produzidos com as imagens filmadas na Polônia


e também no Brasil -principalmente em São Paulo, onde Ziembinski foi
convidado a participar do Teatro Brasileiro de Comédia, nos anos 1950, e no
Rio de Janeiro, onde foi contratado pela TV Globo, nos anos 1970, para
coordenar núcleos de teledramaturgia. Os 30% restantes serão feitos de
imagens de arquivo.

Ziembinski deixou um legado importante de realizações, sem dúvida, mas,


para Goifman, sua vida pessoal é ainda mais fascinante - como a ambígua e
complicada relação com o pai, que morreu quando ele tinha 11 anos, e o
relacionamento com o filho, que Ziembinski só reencontrou nos anos 1960, ao
voltar à Polônia.

"Não tenho o menor receio quanto à capacitação técnica dos poloneses. Eles
realizam o mais respeitado festival de fotografia de cinema do mundo", diz
Goifman. Acostumado a buscar parcerias em outros países (como Alemanha
e Holanda) para a realização de seus filmes, o diretor aposta na coprodução.
"Fora dos Estados Unidos, não vejo outra forma de sobrevivência para o
cinema." O produtor polonês concorda. "Mas é muito mais fácil levantar
dinheiro nos dois países quando o projeto conecta as duas culturas tão
organicamente, como acontece com esse sobre Ziembinski", afirma Szczudto,
que busca subsídios para o filme junto ao Polish Film Institute. "Além de um
orçamento anual de cerca de US$ 50 milhões, eles têm muito interesse em
promover a cultura polonesa ao redor do mundo."

Fonte: Jornal "Valor Econômico" de 25.07.2008


Postado há 26th July 2008 por Asclê Junior
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Polônia, Teatro, Vestido de Noiva, Ziembinski
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26th July 2008 O intelectual essencial

[http://2.bp.blogspot.com/_SHx5bMSJtKk/SIq23HKNAVI/AAAAAAAAATE/GiG94OogFb
M/s1600-h/Antonio+Candido.jpg]
Por Carla Rodrigues, para o Valor, do Rio
25/07/2008

Julia Moraes/Folha Imagem


[http://4.bp.blogspot.com/_SHx5bMSJtKk/SIqw4lcVkPI/AAAAAAAAASE/qg0cTuARCso/
s1600-h/Antonio+Candido+I.jpg]
Antonio Candido, que ocupa o primeiro lugar no panteão dos principais
intelectuais brasileiros: herdeiro de uma linhagem que vem da tríade Gilberto
Freyre, Sergio Buarque e Caio Prado

Ao completar 90 anos na quinta-feira, Antonio Candido alcançou a idade dos


grandes clássicos. Logo ele, que em toda a sua obra trabalhou para repensar
a tradição patriarcal, ocupa há tempos o primeiro lugar no panteão dos
principais intelectuais brasileiros, herdeiro de uma linhagem que vem da tríade
modernista Gilberto Freyre, Sergio Buarque de Holanda e Caio Prado - nomes
que, com "Casa Grande e Senzala" (1933), "Raízes do Brasil" (1936) e
"Formação do Brasil" (1942), fundaram os primeiros estudos de interpretação
do país.

Hoje, com o que o filósofo francês Jean-François Lyotard chamou de "fim das
grandes narrativas", com a crise das ideologias e a morte das utopias, não há
mais espaço para a formação de grandes nomes como os de Antonio Candido
e seus sucessores: Celso Furtado, Darcy Ribeiro, Décio de Almeida Prado,
Evaldo Cabral de Melo, Fernando Henrique Cardoso, Florestan Fernandes,
José Murilo de Carvalho, Roberto DaMatta, Raimundo Faoro e Wanderley
Guilherme dos Santos. Quem indica o rol de ilustres herdeiros é o antropólogo
Gilberto Velho, decano do Museu Nacional (UFRJ), ele mesmo um dos nomes
lembrados como parte da tradição de pensar o Brasil e pioneiro dos estudos
de antropologia urbana.

Se Candido, direta ou indiretamente, influenciou todos eles, foi menos no


objeto de estudo e muito mais ao cumprir a função de pensar o Brasil na sua
totalidade, tarefa impossível nos tempos que correm, seja pelo grau de
especialização dos estudos acadêmicos, seja pelas exigências de
produtividade que chegaram para ficar.
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Periscópio Cidadão: Julho 2008 Página 15 de 24

Folha Imagem
Periscópio Cidadão Cultura, Políti…
[http://3.bp.blogspot.com/_SHx5bMSJtKk/SIqxOA4K2uI/AAAAAAAAASM/-
4Vp3xRzoc0/s1600-h/Antonio+Candido+II.jpg]
Companheiros de toda a vida, Decio de Almeida Prado e Antonio Candido
Clássica Flipcard Revista
trabalharam juntos Mosaico Menurevista
na legendária Lateral"Clima",
Fotografia Linha
em que Do Tempo
Candido começou
como crítico literário, aos 23 anos de idade

"Há um processo mundial de substituição das grandes interpretações por


trabalhos mais específicos, o que não depõe contra a importância da grande
teoria", explica Renato Janine Ribeiro, diretor de avaliação da Capes e um
dos responsáveis por um sistema de medição quantitativa da produção
acadêmica no qual nomes como Antonio Candido não se encaixariam. "Não
vejo decadência nisso. Existe muita coisa de qualidade hoje. Nós nos
lembramos de Antonio Candido e nos esquecemos de uma quantidade
enorme de nomes ruins do passado", afirma. "O modo de produção
acadêmico mudou, deixou de ser intuitivo, ensaístico, para ser mais
monográfico. Quando é bem-feito, pode mostrar mais os matizes da
realidade", diz Ribeiro, disposto a eliminar qualquer percepção de que o
tempo anterior foi melhor.

Descartar visões nostálgicas também é a intenção do professor da PUC-Rio


Renato Cordeiro Gomes. "O tempo é outro, é pós-utópico, e novo é perceber
que não há mais novo", argumenta ele, doutor em letras e organizador do livro
"O Papel do Intelectual Hoje", que se soma a dezenas de títulos devotados a
discutir o tema. Do importante "Homos Academicus", em que o sociólogo
francês Pierre Bourdieu analisa as transformações ocorridas na universidade
depois de maio de 1968, a "O Silêncio dos Intelectuais", resultado de ciclo de
conferências organizadas por Adauto Novaes para pensar a relação dos
intelectuais e a política, passando por "Os Últimos Intelectuais: a Cultura
Americana na Era da Academia", de Russell Jacoby, há um debate sobre os
fatores de mudança. Ribeiro cita os argumentos de Jacoby, para quem o
isolamento dos campi em relação aos grandes centros, o fim da vida boêmia e
a profissionalização são fenômenos mundiais que afetaram a produção
intelectual.

"O que seria a grande fala virou um paper", afirma Renato Cordeiro, evocando
as reuniões de associações nacionais de pesquisa - Anpocs (ciências sociais),
Anpof (filosofia), ABA (antropologia), ABCP (ciência política) e Abralic
(literatura comparada) e outras - como os atuais fóruns de reflexão. "Hoje, há
maior especialização, menos espaço para atravessar disciplinas, mas ainda
assim existe a possibilidade de encontrar grandes obras que dão
contribuições à interpretação do Brasil", pondera Gilberto Velho. Embora
reconheça que a universidade mudou - com fatores positivos, como bolsas de
estudo e agências de pesquisa -, o antropólogo acredita que ainda existe
espaço para a produção intelectual que não está na universidade. Cita como
exemplo o historiador Evaldo Cabral de Melo, o jurista Raimundo Faoro, o
antropólogo Darcy Ribeiro e o economista Celso Furtado, pensadores fora dos
campi.

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Folha Imagem
Periscópio Cidadão Cultura, Políti…
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s1600-h/Antonio+Candido+III.jpg]
O presidente Lula abraça Antonio Candido, um dos fundadores do PT, no qual
Clássica Flipcard
atuou comoRevista Mosaico
presidente Menu Lateral
do conselho editorialFotografia Linha
da Fundação Do Tempo
Perseu Abramo,
órgão cultural do partido

Mais democrático

Antonio Candido faz parte de uma geração que valorizava o aprimoramento


do espírito por meio das artes e do "conhecimento para o laço social e
afetivo", avalia a filósofa Olgária Mattos. A professora da USP lembra que a
universidade tem acolhido alunos cada vez menos portadores de repertório
intelectual, que se relacionam episodicamente com a cultura literária e a
história das artes.

Os números de Ribeiro confirmam a ampliação da base de matrículas, fator


de democratização do ensino e uma das conseqüências da ausência desse
capital cultural a que Olgária alude. Em 1968, eram cem mil universitários no
Brasil. Hoje, são 5 milhões de alunos - número que deve crescer nos próximos
anos - e 60 mil doutores docentes, sendo 15 mil pesquisadores beneficiados
por bolsas de estudos.

Por causa do processo de profissionalização, Ribeiro prefere separar


cientistas de intelectuais: os primeiros são pautados pela pesquisa, enquanto
o intelectual é aquele que vai à cena pública pôr em questão os valores da
sociedade. Segundo Ribeiro, Antonio Candido teve a capacidade de combinar
as duas funções, já que atuou a vida inteira dentro da universidade, sempre
dando aulas, e ao mesmo tempo vinculou toda a sua obra a engajamentos
políticos.

"Antonio Candido acrescenta à qualidade etnográfica um imenso talento e


elegância na escrita, sem perder a dimensão científica. Nesse sentido, ele é
único, singular e, sobretudo, humilde", reconhece a antropóloga Maria Luiza
Heilborn, professora da Uerj e leitora das obras de Candido que criticam a
família patriarcal, indicação da interdisciplinaridade do autor de "Formação da
Literatura Brasileira".

Gilberto Velho lembra que muitas das qualidades de Antonio Candido têm
origem numa palavra da moda nas universidades - a interdisciplinaridade.
"Antonio Candido teve uma formação ampla, ele próprio mudou ao longo da
obra, e escreveu sobre literatura, sociologia e política", diz Velho, para quem o
crítico literário não é um fenômeno isolado, mas resultado de uma geração
que pôde ler seus antecessores e se valer de importantes influências
externas, como o francês Roger Bastide.

[http://4.bp.blogspot.com/_SHx5bMSJtKk/SIqydY8GF9I/AAAAAAAAASc/2kgt-
u0DSP4/s1600-h/Antonio+Candido+IV.bmp]
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Periscópio Cidadão: Julho 2008 Página 17 de 24

É sobre essas influências externas que trabalha a socióloga Lícia Valladares,


Periscópio Cidadão
professora da Universidade de Lille I e pesquisadora do Iuperj, atualmente
Cultura, Políti…
debruçada sobre a contribuição do americano Robert Park na formação dos
pesquisadores brasileiros. A passagem do sociólogo pelo Brasil, em 1937,
Clássica Flipcard Revista
deixou marcas Mosaico Menu
da ascendência Lateralde Chicago
da Escola Fotografia Linha"Ele
no país. Do Tempo
estudou as
relações raciais e levantou temas que estão presentes na atual discussão
sobre cotas", explica Lícia.

Como gostava de repetir Mario de Andrade, de quem Candido foi


contemporâneo, a tradição é uma lição a não ser repetida.

Um observador literário que vê longe

Walnice Nogueira Galvão, para o Valor, de São Paulo


25/07/2008

Angelo Pirozelli/Folha Imagem


[http://2.bp.blogspot.com/_SHx5bMSJtKk/SIq09Vxw4vI/AAAAAAAAASs/XMt-
vAWAf1U/s1600-h/Antonio+Candido+V.jpg]
Antonio Candido, Gilda de Mello e Souza (sua mulher) e José Mindlin, em
registro de 1998

Os 90 anos de Antonio Candido de Mello e Souza fazem multiplicar as


homenagens. Entre outras, suplementos especiais de vários jornais, números
inteiros de revistas, programas e documentários de TV, e o Prêmio Juca Pato
para o intelectual do ano. Mas talvez nenhuma se iguale à que já recebeu no
passado, ao ser objeto de um poema de ninguém menos que Carlos
Drummond de Andrade (leia ao lado).

Antonio Candido passou a vida como professor, ofício de que se orgulha. Sua
matéria, no departamento que criou na USP, se intitula teoria literária e
literatura comparada. Os alunos que formou, em 36 anos de magistério,
perfazem legião. E estão espalhados por aí, compartilhando com outros,
agora alunos deles, o que aprenderam com o mestre.

O lugar que ocupa em nossa cultura é múltiplo. De saída, há que destacar seu
papel como autor de uma reflexão fundamental para a criação de uma
consciência sobre o país, de que é pedra angular seu livro de 1959,
"Formação da Literatura Brasileira". Ali procura retomar, a seu modo, o
esforço de obras magistrais como "Casa Grande & Senzala", de Gilberto
Freyre, "Formação do Brasil Contemporâneo", de Caio Prado Jr., e "Raízes do
Brasil", de Sérgio Buarque de Holanda.

É nesse livro que Antonio Candido desenvolve o argumento de que tal


formação pode ser vista como se, a partir de certo momento, fosse
comandada pelo desejo dos brasileiros de construir uma literatura que
expressasse o país. Ao mesmo tempo, essa literatura deveria marcar sua
diferença em relação à matriz: o que se faria mediante adaptação de modelos.
Até atingir tal maturidade, os escritores vão-se impregnando dos modelos que
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Periscópio Cidadão: Julho 2008 Página 18 de 24

vêm da Europa e adaptando-os às condições locais, o que, justamente, vai


Periscópio Cidadão
dar resultados de extrema originalidade. Quando a literatura brasileira deixa
Cultura, Políti…
de se referir a eles e passa à auto-referência, é que chegou ao ponto de
maturidade. A noção de sistema, que preside à análise, é inseparável da
Clássica Flipcard Revista
compreensão Mosaico
desses Menu
itinerários. E Lateral Fotografia
o argumento Linha Do
será depois Tempo por
estendido
outros estudiosos a diferentes ramos da cultura.

Folha Imagem
[http://2.bp.blogspot.com/_SHx5bMSJtKk/SIq1LBv1RbI/AAAAAAAAAS0/IGlx-
lCVdxY/s1600-h/Antonio+Candido+VI.jpg]
Homenagem a Guimarães Rosa (centro), em 1956: Ciro dos Anjos, José
Geraldo Vieira, Antonio Candido, Saraiva, Maria de Lourdes Teixeira, Hermilo
Borba Filho, Fernando Soares, Sergio Milliet, Edgar Cavalheiro e Osmar
Pimentel

Dentre seus vários livros sobressaem ainda "Brigada Ligeira", "O Observador
Literário", "Literatura e Sociedade", "Vários Escritos", "Teresina Etc.", "A
Educação pela Noite", "Na Sala de Aula", "O Discurso e a Cidade",
"Recortes", "O Albatroz e o Chinês", todos eles chamando a atenção para a
grande literatura e a alta cultura. Difícil é escolher entre eles, tal o alcance do
pensamento e a finura da erudição. Uma de suas grandes conquistas é a
clareza da escrita, que sempre fez questão que fosse de máxima
acessibilidade. Autor de algumas das mais belas análises formais de nossa
literatura, Antonio Candido é também aquele que erigiu em princípio condutor
a meta de identificar no interior das obras o traço exterior reelaborado.

Antonio Candido estreou como crítico literário na legendária revista "Clima",


em 1941, ainda estudante, aos 23 anos, e tornou-se parte de uma esplêndida
constelação que marcaria duradouramente o panorama cultural do país. Foi
na revista que se definiram enquanto vocação não só ele como vários
companheiros de toda a vida, como Paulo Emílio Salles Gomes no cinema,
Decio de Almeida Prado no teatro, Lourival Gomes Machado nas artes
plásticas, Ruy Coelho na antropologia, Gilda de Moraes Rocha, com quem
viria a se casar, na estética.

Passou depois a exercer o mister na imprensa diária, ao encarregar-se de um


rodapé semanal na "Folha da Manhã", a que se seguiram outros periódicos.
Ali registrava os lançamentos, mas também elaborava temas e falava de
escritores estrangeiros. Nesses primeiros artigos, já é de notar a extensão de
seus interesses.

Em sua folha de serviços prestados, que é interminável, figuram atividades tão


variadas quanto a presidência da Cinemateca Brasileira em mais de um
mandato (1962 e 1977); o planejamento do celebrado "Suplemento Literário"
de "O Estado de S. Paulo" (1956); ou a coordenação do Instituto de Estudos
da Linguagem, na Unicamp (1976-1978). E isso, afora diversos outros cargos,
conselhos de fundações e participação em comissões como a do 4º
Centenário de São Paulo em 1954. Nesse ano, a comissão de literatura, que
compartilhou com Carlos Drummond de Andrade e Paulo Mendes de Almeida,
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Periscópio Cidadão: Julho 2008 Página 19 de 24

premiou o poema "O Rio", apresentado sob pseudônimo por um desconhecido


Periscópio
que tinha
Cidadão
por nome João
Cultura, Cabral
Políti …
de Melo Neto.
[http://4.bp.blogspot.com/_SHx5bMSJtKk/SIq1vPw3XDI/AAAAAAAAAS8/GpWWi4k2aR
Q/s1600-h/Antonio+Candido+VII.bmp]
Clássica Flipcard Revista Mosaico Menu Lateral Fotografia Linha Do Tempo
Com tanto trabalho e com tantos milhares de páginas que escreveu, ainda
achou tempo, desde cedo, para fazer militância política. Para isso pode-se
dizer que foi espicaçado pela ditadura Vargas, contemporânea de sua fase de
universitário. Como todo estudante que se preze, fez parte de grupos de
resistência, como o que levava esse nome (Frente de Resistência) na
Faculdade de Direito. Depois de formado em Ciências Sociais, na Faculdade
de Filosofia, Ciências e Letras, integrou-se à Associação Brasileira de
Escritores (mais conhecida como Abde), que congregou os intelectuais de
oposição ao regime, numa frente ampla que ia do centro à esquerda. Deve-se
à Abde um dos primeiros manifestos contra o regime de Vargas. Após a
redemocratização, Antonio Candido se encaminharia para a Esquerda
Democrática, primeiro, e em seguida para o Partido Socialista. As convicções
socialistas não mais o abandonariam.

Entre as obrigações da carreira, acharia tempo para fazer sua tese de livre-
docência em literatura brasileira, sobre "O Método Crítico de Sílvio Romero",
em 1945. E, mais tarde, o doutoramento em ciências sociais, com a tese
intitulada "Os Parceiros do Rio Bonito", em 1954.

Com o advento da nova ditadura, instaurada pelo golpe de 1964, Antonio


Candido não mais cessaria de participar de inúmeras atividades. Dentre elas
ressaltam seu desempenho na Comissão Paritária Central, de que foi membro
eleito na Maria Antônia ocupada pelos estudantes, e em várias outras ações,
como assembléias, aulas experimentais e passeatas, que assinalaram o ano
de 1968. Foi iniciativa sua a recolha de depoimentos e provas para um "livro
branco" sobre a destruição da faculdade, bombardeada e incendiada, só
publicado 20 anos depois.

Colaborou no jornal "Opinião" e foi um dos dirigentes da revista


"Argumento" (1973-1974), proibida pelo regime militar no seu quarto número.
Depois, continuou militando intensamente nas oposições, inclusive na luta
pela anistia, pela reintegração dos cassados e por esta nova
redemocratização. Nesses tempos, ajudou a criar a Associação dos Docentes
da USP, de que foi o primeiro vice-presidente, bem a tempo para atuar na
grande greve do ensino em 1979.

Foi a essa altura, também, que se tornou membro da Comissão de Justiça e


Paz, criada por d. Paulo Evaristo Arns quando passou a arcebispo de São
Paulo. Compareceu nesses anos a inúmeros comícios e atos públicos. Foi
signatário da Carta aos Brasileiros, redigida por Goffredo Telles Jr., e membro
da comissão que a apresentou ao público, em 1977, na Faculdade de Direito.
Finalmente, foi em 1980 um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, no
qual passou a atuar em diversas posições, incluindo a de presidente do
conselho editorial da Fundação Perseu Abramo, órgão cultural do partido.
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Periscópio Cidadão: Julho 2008 Página 20 de 24

Foram companheiros de militância no PT seus velhos colegas e grandes


Periscópio Cidadão
amigos Sérgio Buarque de Holanda e Florestan Fernandes.
Cultura, Políti…
Walnice Nogueira Galvão é professora titular de teoria literária e
Clássica Flipcard
literatura Revista Mosaico
comparada na USPMenu Lateral Fotografia Linha Do Tempo

Fonte: Jornal "Valor Econômico" de 25,07.2008


Postado há 26th July 2008 por Asclê Junior
Marcadores: 90 anos, Antonio Candido, Brasil, Cultura, Intelectual, Sociólogo

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26th July 2008 "O Que Será (À Flor da Pele)" com


Chico Buarque e Milton
Nascimento

Postado há 26th July 2008 por Asclê Junior


Marcadores: 1976, Chico Buarque, Cultura, Milton Nascimento, Música, O
Que Será (À Flor da Pele)

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Periscópio Cidadão: Julho 2008 Página 21 de 24

26th July 2008 "Cicatrizes" com MPB-4 e Roberta


Periscópio Cidadão Cultura, Políti Sá …

Clássica Flipcard Revista Mosaico Menu Lateral Fotografia Linha Do Tempo

Postado há 26th July 2008 por Asclê Junior


Marcadores: Cicatrizes, Cultura, Miltinho, MPB-4, Música, Paulo César
Pinheiro, Roberta Sá

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23rd July 2008 Informação e ficha suja


[http://1.bp.blogspot.com/_SHx5bMSJtKk/SIearQ2SAVI/AAAAAAAAAR8/COFCK6kB
zfI/s1600-h/Cl%C3%A1udio+Gon%C3%A7alves+Couto.jpg]
23/07/2008

A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) deu início ontem à


divulgação em seu site ( www.amb.com.br ) dos nomes dos candidatos que
respondem a processos na Justiça. Já há algum tempo a organização não
governamental Transparência Brasil também iniciou a divulgação de uma
relação de parlamentares de casas legislativas dos três níveis de governo que
respondem a processos ( http://www.excelencias.org.br/@casa.php?
pr=1 ).Em ambos os casos nota-se uma cautela na utilização dos termos para
designar aqueles cujos nomes serão listados. A AMB fala em "candidatos que
respondem a processo na Justiça, de origem criminal ou eleitoral", enquanto a
Transparência fala em "citados na Justiça e tribunais de contas", ressaltando
que se trata apenas de ocorrências já em segunda instância e excluindo
litígios de natureza privada e crimes contra a honra - no primeiro caso porque
são irrelevantes para o Visualizações
Tema desempenho da função
dinâmicas. pública,
Tecnologia no segundo porque
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Periscópio Cidadão: Julho 2008 Página 22 de 24

políticos são muito comumente processados por este tipo de coisa.


Periscópio Cidadão Cultura, Políti…
Comentando a iniciativa da AMB, o deputado Paulo Maluf, por meio de sua
assessoria, afirmou que "juízes não devem se meter em política" - informou
Clássica Flipcard Revista
ontem o UOL. Mosaico quase
O deputado Menutem
Lateral
razão.Fotografia Linhanão
De fato, juízes Do devem
Tempo - no
exercício do cargo - atuar politicamente, seja mediante decisões, seja por
manifestações públicas que ensejem uma interferência do Judiciário no
processo de competição política. O mesmo não se pode dizer, contudo, de
uma associação de classe - como é o caso da AMB. Neste caso, a atuação do
órgão não expressa a posição individual deste ou daquele juiz e, portanto, não
enseja o entendimento de que seu posicionamento vá influenciar decisões
institucionais de entes estatais, como são os tribunais. Portanto, se os juízes
gostariam de manifestarem-se politicamente como cidadãos, contudo sem
violar o resguardo funcional que o cargo lhes impõe, encontraram na AMB um
instrumento adequado. Por isto, o queixume do deputado Maluf parte de um
princípio correto, mas é inadequado para o caso específico agora em voga.

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Ficha suja é diferente de direito de informação
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O que podemos perguntar é porque esse tipo de iniciativa parte de uma


associação de juízes. Ironicamente, pode-se dizer que as razões para isto não
são muito diferentes daquelas que podem nos auxiliar a compreender o
porquê da intromissão do Judiciário em assuntos tipicamente políticos. Esta
intromissão (analisada por Vitor Emanuel Marchetti Ferraz Jr. em tese de
doutoramento em ciência política, recentemente defendida na PUC-SP) pode
ser compreendida, dentre outras razões, pelo amplo espaço deixado vazio
pela classe política na regulamentação do processo de competição entre
partidos e lideranças. A omissão de nossa classe política para combater os
descalabros morais e mesmo legais cometidos por alguns de seus membros
ensejou a insatisfação de amplos setores da sociedade com a condução dos
negócios públicos. Essa insatisfação assumiu a forma de uma demanda
insatisfeita - e uma vez que não surgiu a possibilidade de que fosse satisfeita
pela classe política, abriu-se o espaço para que outros atores entrassem em
cena - dentre eles, os juízes. Como diz o adágio popular: o cachorro entrou na
igreja porque a porta estava aberta.

Uma parcela dessa abertura de porta se dá diretamente pelos partidos


políticos. Seriam eles os primeiros a ter a possibilidade de filtrar as
candidaturas - oferecendo aos eleitores apenas postulantes de indubitável
conduta. Neste caso, o veto ao candidato não teria de ter qualquer tipo de
motivação judicial, bastando uma avaliação política da conveniência ou não
de aceitar que cidadãos sob suspeição postulem um cargo público. Mas é
difícil esperar dos partidos esse tipo de ação se alguns deles, em vez de
reduzir o poder de lideranças sob suspeição, preferem guindá-las a postos tão
elevados como a presidência da agremiação - é esse o caso do PTB, que
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reconduziu Roberto Jefferson à presidência do partido mesmo depois deste


Periscópio Cidadão
confessar ter cometido ilícitos por ocasião do imbróglio do "mensalão". Outro
Cultura, Políti…
caso emblemático é o dos irmãos, deputado estadual e vereador, presos
ontem no Rio de Janeiro. Ambos foram expulsos da polícia civil por vínculos
Clássica Flipcard
conhecidosRevista Mosaicoarmadas.
com milícias Menu Lateral
Pode-seFotografia
questionar Linha Do então
porque Temposeus
partidos, DEM e PMDB, optaram por ceder-lhes a legenda.

Mas não são apenas os partidos que deixam de fechar as portas, impedindo
que estranhos "se metam em política", nos termos do deputado Maluf.
Também os parlamentares deixam de tomar providências. Deixaram de tomá-
las repetidamente por ocasião dos últimos escândalos que afetaram o
Congresso - não só ao deixar impunes seus pares, mas também ao não
aprimorar as instituições. Com isto abrem espaço para que atores
normalmente estranhos à política nela interfiram - e pior, façam-no gozando
de legitimidade, ainda que não se trate de uma legitimação propriamente
democrática. Noutros termos, se a percepção que o corpo de cidadãos tem é
de que os políticos nada fazem para disciplinar seu meio, passa a não apenas
aceitar, mas exigir, que outros tomem providências, mesmo que essas
providências se dêem ao arrepio da lei e do respeito aos direitos de cidadania.
Num cenário de impunidade e ausência de instrumentos de resguardo do
respeito à coisa pública, linchamentos (ainda que não propriamente físicos,
mas morais) começam a se mostrar atraentes para muitos.

Um exemplo deste tipo de linchamento é o uso que boa parte da imprensa


vem fazendo da expressão "lista suja" ou "ficha suja" para se referir àqueles
que constam das relações divulgadas por órgãos como a AMB e a
Transparência Brasil. Ora, como os ali relacionados respondem a processos
que ainda não transitaram em julgado, permanecem - até sentença em
contrário - apenas como "supostos culpados", ou "suspeitos". O problema é
que a pecha da "ficha suja" pode provocar danos irreparáveis a muitos que
ainda têm o direito de defender-se e provar sua inocência. Portanto, embora a
divulgação de informações sobre a situação judicial dos candidatos seja algo
desejável numa democracia (quanto mais transparência melhor), é preciso ter
cautela na qualificação que se dá a essas pessoas. Falar em "ficha suja" é,
certamente, impróprio.

* Cláudio Gonçalves Couto é professor de Ciência Política da PUC-SP e


da FGV-SP. A titular da coluna, às quartas-feiras, Rosângela Bittar, está
em férias

claudio.couto@pucsp.br

Fonte: Jornal "Valor Econômico" de 23.07.2008


Postado há 23rd July 2008 por Asclê Junior
Marcadores: AMB, Candidatos, Cláudio Gonçalves Couto, Juízes, Lista Negra,
Paulo Maluf, Política, TSE

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