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Midiatização –

Consequências: atravessamento dos campos sociais estabelecidos, gerando situações


indeterminadas e experimentações correlatas.

Para situar a midiatização, Braga faz uma breve reflexão do conceito de mediação, que de
maneira geral, diz respeito a “um processo em que um elemento é intercalado entre sujeitos
e/ou ações diversas, organizando as relações entre estes” (p. 32). O autor ainda afirma que os
sentidos específicos variam de acordo com o elemento que estabelece a mediação; com os
atores dos quais a relação é mediada; e finalmente com a sua forma de atuação.
Epistemologicamente, trata-se do relacionamento do ser humano com a realidade ao seu
redor, que inclui a natureza e a sociedade. Mediação nesse sentido é a noção de que não
temos conhecimento direto desta realidade, pois nossa relação com o real é intermediada por
um “estar na realidade” decorrente de um ponto de vista (cultural, social, psicológico).

Na área de Comunicação, o advento da mídia de massa materializada pela indústria cultural


tornou-se alvo do que Braga chama de “estranhamento social”. Uma sociedade massificada
acabava sendo mediada por processos informativos e de entretenimento não habituais,
restritos a setores sociais dominantes, não regulados pela sociedade em geral. Esse elemento
mediador passava a impressão de uma exposição direta da sociedade à mídia, que se tornava
passiva diante de um processo homogeneizador.

Nos anos 80, em Dos meios às mediações, Jesús Martin Barbero chama a atenção para a
inserção cultural do receptor como mediação entre a sociedade e a ação da mídia de massa,
causando uma transposição do foco dos estudos da comunicação dos meios massivos para as
mediações. Esta formulação trouxe avanços, propondo a superação da visão objetivista dos
meios para serem considerados em sua relação com a sociedade e também a preocupação
com a composição das mediações e os elementos que nelas ocorrem.

O contraste entre estas duas percepções é observado por Braga quando atenta para o fato de
que como a mídia de massa era vista enquanto produtora de sentidos incontroláveis, as
mediações provocadas pelos receptores inscrevem-se como lugares de resistência. Sendo
assim, os dois termos (mediação e midiatização) são comumentes mencionados de maneira
dicotômica. “Essa possível oposição corresponde, também, a duas ênfases alternativas: o
objeto preferencial dos estudos de comunicação seriam os meios ou seriam as mediações?” (p.
33).

Citando uma entrevista de Maria Immacollata Vassalo de Lopes à Martin Barbero, Braga
observa a mudança no olhar do autor mexicano que das “mediações culturais da
comunicação” passou a atentar para as “mediações comunicativas da cultura” e que nessa
direção seria necessário aceitar o protagonismo do comunicativo e esquecer a prioridade dos
meios. É essa concepção que guia os estudos da linha de pesquisa de Braga.

Sociedade dos meios = Mídias teriam certa autonomia em relação aos demais campos

Sociedade midiatizada = a cultura midiática torna-se a referência sobre a qual a estrutura


sócio-técnica-discursiva se estabelece
Observando esse deslocamento, o autor atesta a inviabilidade de se considerar à mídia como
um corpo estranho na sociedade, pois com a midiatização inúmeras possibilidades de
interação cada vez mais aceleradas aparecem entre os vários setores e campos sociais. Assim,
nem se restringe a midiatização à indústria cultural nem às inovações tecnológicas, muito
menos as ignoram. A chave da questão é compreender as diversas formas que se desenvolvem
para criticar e para refletir sobre os processos e produtos dessa indústria, para agir nas e pelas
mídias, contestar a regulamentação vigente e propor novas alternativas, etc.

Sobre os inventos tecnológicos, é necessário que haja uma iniciativa social de direcionamento
interacional.

“Não se trata de retornar das mediações aos meios: ambos são parte necessária e significativa
da abrangência que nos interessa. Mas ao mesmo tempo, não são objetos suficientes. O
conceito de midiatização ‘ainda em construção’, solicita uma abrangência maior”.

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