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Desalojados do poder:

por um ensino religioso hermenêutico e não metafísico

José Antonio Mangoni, UEPA1

Resumo

O presente trabalho tem por objetivo refletir sobre o novo paradigma do Ensino
Religioso estabelecido na LDB 9495/97, tendo por referência a pós-modernidade com a
conseqüente desconstrução das metanarrativas e a superação da metafísica. Acena para a
compreensão da pluralidade das experiências religiosas como uma das principais contribuições
da disciplina no tocante á construção da cidadania.

Palavras chave: Ensino Religioso. Pós-modernidade. Metanarrativas e Metafísica. Experiência


religiosa.

Considerações iniciais

O Estado laico brasileiro tem vivido desde suas origens em constantes


tensões religiosas: pode-se fazer memória da período colonial, onde a a cruz e
a espada atuavam pari passu; as ingerências políticas e religiosas no regime
do padroado; a tensão entre corão, igreja e Jesuítas, que culminou com a
expulsão destes últimos; a primeira Constituição que declarava o catolicismo
como religião de Estado; a perseguição e discriminação das religiões indígenas
e afro e, mais tarde, dos protestantes; a contínua indefinição quanto à disciplina
Ensino Religioso como componente ou não do currículo, com ônus ou sem
ônus para o Estado; mais recentemente, os casos de intolerância religiosa
como o chute na santa, a violência contra terreiros e adeptos das religiões de
matriz africana, a condenação das teologias políticas latino-americanas; ou as
polêmicas políticas em torno da PEC 22, os temas religiosos que nortearam as
últimas eleições, as ferrenhas disputas na Comissão de Direitos Humanos. E

1O autor é Licenciado em Teologia pela PUC-RS e licenciado em Filosofia pela FPA-PA, tem
Mestrado em Teologia pela PUC-RS e é Professor efetivo UEPA. Também leciona na FATEBE
e é assessor da Escola de Lideranças Cristãs pela CNBB – IPAR N2. Seu e-mail:
jmangoni@yahoo.com.br.
os exemplos poderiam continuar, mas estes poucos dão mostra de que desde
a origem do Estado brasileiro, a religião gerou tensão, intolerância e violência.

Face a isso surge a pergunta: é possível um Ensino Religioso não


confessional, não proselitista, como preconiza a LDB? É possível a superação
do paradigma catequético, a serviço da instituição para um novo paradigma
centrado no ensino Religioso como disciplina, portador de uma epistemologia
própria e de conteúdos que ajudem a refletir sobre o fenômeno religioso e a
contribuir na construção da cidadania?

O presente trabalho aponta algumas perspectivas a partir da dinâmica


da pós-modernidade e sua cosmovisão religiosa, e acena para a importância
da hermenêutica que desconstrói metanarrativas e supera a metafísica, e faz
emergir a pluralidade das experiências religiosas como elemento relevante
para que o Ensino Religioso possa dar sua importante contribuição no tocante
à educação no Brasil

Aproximações conceituais

Metanarrativas e metafísica como possibilidade de intolerância

Ensino religioso: professores e conteúdos não metafísicos

A compreensão da pluralidade das experiências religiosas

Ensino religioso e cidadania

Considerações finais: uma palavra sobre linguagem

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