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M8
Textos Narrativos/Descritivos e Textos Líricos
OS MAIAS
Episódios da Vida Romântica
Publicados em 1888
EÇA DE QUEIROZ
6. “É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos […],
para condenar o que houver de mal na nossa sociedade.”
7. O realismo deve aliar-se ao naturalismo; os romances são construídos para
provar determinadas teses, sobretudo o determinismo que julgavam dirigir
todos os comportamentos.
O desfecho anunciado, a
força do destino e os
presságios
Guimarães simboliza o
destino (Anankê) – o seu
aparecimento fortuito
altera radicalmente a vida
das personagens e origina
o luto da família Maia.
DIMENSÃO TRÁGICA
Ação principal
Carlos vê Carlos
Maria declara a sua Guimarães
Eduarda paixão a
Consumação
revela a Ega a
acompanha Maria identidade de
do incesto
da por Eduarda e Maria
percebe que Eduarda Carlos realiza
Castro o incesto de
é recíproca
Gomes forma
consciente
Carlos volta a
Portugal,
Carlos Viaja Maria
defendendo uma pela Europa Eduarda Afonso morre
teoria de existência durante 10 parte para
– o fatalismo anos Paris
muçulmano
Ação Secundária
Fuga de Maria
Monforte com o
Casamento de Pedro napolitano Tancredo,
Pedro conhece da Maia e Maria que Pedro ferira
Namoro entre Monforte, ainda que involuntariamente e
Maria Pedro e Maria
Monforte contra a vontade de que recolhera em sua
Afonso – rutura na casa (Maria leva
relação pai/filho consigo a filha e deixa
Carlos entregue ao
marido)
Suicídio de Pedro
PARALELISMO ENTRE AÇÃO PRINCIPAL E SECUNDÁRIA
O Tempo - cronológico
1. Introdução (5 pp.): marco inicial da ação; o
Ramalhete; Afonso.
• O Ramalhete
• A Toca
• A casa de Maria Eduarda
• A Vila Balzac
Época da
Regeneração
E
Figurantes Ambientes
Meio social
lisboeta
Personagens planas Contraste ser/parecer
Figurantes
1. Tomás de Alencar – o Ultra-romantismo
2. Conde de Gouvarinho – o poder político
3. Cohen – o poder económico
4. Palma “Cavalão” e Neves – o jornalismo
5. Dâmaso Salcede – os vícios e os defeitos da Lisboa da Regeneração
6. Eusebiozinho – a educação à portuguesa
7. Cruges
8. Craft
9. Outros figurantes: Taveira (empregado no Tribunal de Contas/ócio); Sousa Neto
(representante da Administração Pública/mediocridade intelectual); condessa de Gouvarinho
(adultério)
Ambientes
1. Afonso da Maia
Afonso representa simbolicamente a integridade moral e a retidão de caráter.
Defensor dos ideias liberais durante a juventude, Afonso é o reflexo de um
passado áureo que corporiza a incapacidade de regeneração do país. Vítima da
moral, Afonso sucumbe ao tomar conhecimento da relação incestuosa do neto:
Carlos da Maia.
Personagens de maior evidência
2. Pedro da Maia
Filho único de Afonso da Maia e de Maria Eduarda
Runa, simboliza a geração ultrarromântica.
Educado segundo os valores tradicionais, baseados
na religião institucional, Pedro, de caráter débil e
melancólico, revelará a sua incapacidade de reação
perante a adversidade, optando pelo suicídio.
Personagens de maior evidência
3. Maria Monforte
É uma mulher egocêntrica, amante do luxo do fausto, que revela a sua
insatisfação e o seu caráter volúvel ao abandonar o marido e o filho.
Personagens de maior evidência
4. Carlos da Maia
Carlos é o protagonista da obra. Descrito como um jovem cavaleiro da
Renascença, Carlos da Maia representa o Portugal da Regeneração que, apesar
da enunciada revolução de mentalidades, não consegue reinventar-se de
acordo com os ideias da Geração de 70. Dândi e diletante, Carlos sucumbe
rapidamente aos encantos da inatividade e acaba por ser absorvido por uma
vida social e amorosa que originará a frustração das suas capacidades. Após a
desilusão amorosa, defende o fatalismo muçulmano como forma de
sobrevivência.
Personagens de maior evidência
5. Maria Eduarda
Representa o arquétipo do feminino na sua dupla aceção,
isto é, se, por um lado, Maria Eduarda alia a perfeição
física à faceta humanista que a aproxima de Afonso (na
opinião de Carlos), por outro, simboliza o elemento
feminino que destruirá, definitivamente, o universo
masculino da família Maia.
Personagens de maior evidência
6. João da Ega
É o melhor amigo de Carlos e será também o mensageiro da verdade revelada por Guimarães.
Representa o intelectual dos grandes ideais que não chegam a concretizar-se. Partidário do
Realismo e Naturalismo, Ega é irónico, irreverente e crítico da sociedade. Assume-se como dândi
excêntrico e exuberante.
Outras personagens / personagens tipo
1. Castro Gomes – elemento catalisador da catástrofe ao introduzir Maria Eduarda na
sociedade portuguesa.
2. Craft – assume o seu diletantismo e ociosidade. Amante do belo, é um símbolo da época em
que vive.
3. Cruges – representa o músico idealista que tenta sobreviver na acefalia nacional. É esmagado
pela mediocridade do país.
4. Guimarães – tio de Dâmaso Salcede. É o depositário da desgraça da família Maia, pois é ele
que revela a identidade de Maria Eduarda.
5. Os Vilaça – procuradores da família Maia. Vilaça filho é o mensageiro da desgraça, uma vez
que substitui João da Ega na revelação da verdadeira identidade de Maria Eduarda a Carlos
da Maia.
Outras personagens
6. Tomás de Alencar – simboliza o ultrarromantismo, a estagnação intelectual e a recusa das
novas ideias. Defensor da moral e bons costumes, é um elemento referencial do passado de
Carlos, enquanto representação da memória de Pedro da Maia.
7. Eusebiozinho – representa as vítimas da educação tradicional, que o tornará influenciável e
cobarde. Socialmente apagado e moralmente fraco, opõe-se a Carlos desde a infância.
8. Conde de Gouvarinho – representa o Portugal velho e conservador.
9. Steinbroken – visão dos estrangeiros face à complexidade nacional.
10. Sousa Neto – representa a Administração pública. Ignorante e vaidoso.
11. Jacob Cohen – alta finança nacional. Vaidoso, não percebe a relação adúltera da mulher
com Ega.
12. Taveira – amigo dos Maia. Representa a ociosidade da aristocracia nacional.
Outras personagens
12. Dâmaso Salcede – é a personagem mais execrável: mesquinho, cobarde, egoísta e egocêntrico,
simboliza o que há de pior na sociedade portuguesa.
13. Condessa de Gouvarinho – mulher fútil, que despreza o marido pela sua precaridade económica.
Paixão obsessiva por Carlos. Procura emoções fora do casamento.
Focalização: Interna
Capítulos I e II
Raça – paralelismo entre a mãe e o filho; Educação – a mãe escolhe para ele
uma educação dada por um padre, que lhe impede o desenvolvimento físico,
Carlos vê pela 1ª vez “a sua deusa” e sonha com ela nessa noite – dimensão
onírica.
Capítulos VII
Três personagens em evidência: Carlos, Dâmaso e Ega.
Elogio do campo
Dispersão espacial: Ramalhete, Hotel Central, casa dos Cohen, Quinta do Craft,
Aterro, Vila Balzac, casa dos Gouvarinhos. Ritmo lento da intriga, mas que
permite apresentar indícios para a evolução da ação:
Provincianismo snob
Capítulo XI
Carlos em casa de Madame Castro Gomes, Maria
Eduarda: um percurso no interior e na intimidade
este ter faltado ao rendez-vos em casa da titi, vendo nisso uma ofensa.
Para o Grémio pela Havanesa “O Dâmaso anda por aí, por toda a parte,
falando de ti e dessa senhora, tua amiga…A ti chama-te “pulha”, a ela pior
ainda.”
A casa alugada nos Olivais a Craft por Carlos passa a ser o espaço privilegiado da
intriga.
São cada vez mais evidentes os indícios disfóricos desta relação: os boatos baixos
do Dâmaso, os insultos da Gouvarinho à Brasileira, as múltiplas conotações
negativas e trágicas do espaço da Toca, o próprio nome dado à casa, etc.
Capítulo XIV
A ida de Afonso para Santa Olávia favorece os amores de Carlos. O avô continua a
ser o espinho, a perturbação essencial desta relação.
O plano da fuga de Carlos e Maria Eduarda está cheio de indícios de desgraça pela
semelhança já referida com o de sua mãe.
No jornal “A Tarde”. Ega, furioso por ver Dâmaso e Raquel no S. Carlos, decide
destruí-lo utilizando a carta.
Capítulo XVI
Oradores: Rufino – aclamado pelo público tocado no seu sentimentalismo ainda muito
romântico. Alencar – poeta ultrarromântico, aclamado vivamente pelo público. Cruges –
fiasco total, o público preferia um fadinho de Lisboa.
Capítulo XVI
A transgressão dura ainda 5 dias, o que vai contra a unidade de tempo das
tragédias.
Carlos em Paris – Carlos instala-se em Paris, nos Campos Elísios, fazendo a vida de
um príncipe da Renascença.
O Tempo – nos fins de 1886. Elipse de 10 anos. No final de 1886 sabe-se que
Carlos veio fazer o Natal perto de Sevilha.
Lisboa revisitada:
Largo de Camões – nada mudara. Camões triste (séc. XVI vs séc. XIX). A mesmice, a
estagnação, a ociosidade.
Pelo Chiado – as pessoas. Dâmaso, mais velho, casado e traído; Craft, doente e
alcoolizado; o Taveira sempre com uma espanhola.
Capítulo XVIII…continuação
Pela Avenida – os prédios velhos mas repintados, a nova geração, ajanotada, ociosa,
exibicionista e postiça, o Eusebiozinho casado com uma mulher que o desanca, o Cavalão
tornado político, o Alencar – único português genuíno.
Não houve purificação ou catarse porque Carlos regressa ao ponto de partida: o Hotel
Bragança = corre apenas para satisfazer as necessidades biológicas = Portugal não tem
futuro = o Ramalhete em ruínas prefigura-o = final negativo do romance.