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CURSO DE CUIDADORES

PARA PESSOAS
COM DEFICIÊNCIA FÍSICA

PARCERIA
2

Sumário

1. PSICOLOGIA ............................................................................................................................... 6
Orientações Gerais .................................................................................................................... 6
Orientações Específicas ao Paciente Amputado ....................................................................... 7
Orientações Específicas ao Paciente Lesado Medular .............................................................. 9
Orientações Específicas ao Lesado Medular na Esfera Sexual ................................................ 10
Orientações Específicas ao Paciente com Lesão Encefálica Adquiridas.................................. 11
Diante de Sequelas Cognitivas ................................................................................................ 11
2. ASPECTOS CLÍNICOS INFANTIS ................................................................................................ 13
Paralisia Cerebral – PC............................................................................................................. 13
Amputações e Malformações (M.F.C.).................................................................................... 14
Doenças do Sistema Nervoso .................................................................................................. 16
Lesão Medular ......................................................................................................................... 17
Mielomeningocele................................................................................................................... 19
3. PARTICULARIDADES DAS PATOLOGIAS NEUROLÓGICAS ........................................................ 21
Lesão Encefálica Adquirida...................................................................................................... 21
Lesão Medular ......................................................................................................................... 21
Poliomielite ............................................................................................................................. 21
Amputações de Membros Inferiores ...................................................................................... 22
Doenças Neuromusculares ..................................................................................................... 22
Complicações Secundárias a Lesão Neurológica ..................................................................... 22
4. “CUIDADOS DE ENFERMAGEM” .............................................................................................. 24
Queda – Impacto no cuidar ..................................................................................................... 24
Crise convulsiva ou epilepsia - O que Fazer? .......................................................................... 25
O que é a Crise convulsiva? ................................................................................................. 25
O que causa? ....................................................................................................................... 25
Quais os sinais e sintomas? ................................................................................................. 25
Como Tratar?....................................................................................................................... 26
Recomendações .................................................................................................................. 26
Banho- “Banho é um momento de prazer, bem estar, que o Cuidador pode proporcionar” 26
Queimaduras ........................................................................................................................... 28
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Cuidados com Traqueostomias ............................................................................................... 29


Cuidados com a Gastrostomia ................................................................................................ 29
Cuidados com Sonda Nasoenteral .......................................................................................... 30
Cuidados com Sonda Vesical de alívio e demora (Cateterismo vesical) ................................. 31
Cateterismo de alívio - Técnica Limpa..................................................................................... 31
Curativo ................................................................................................................................... 32
Prevenção de lesões de pele e úlceras por pressão................................................................ 32
5. FISIOTERAPIA APLICADA AOS CUIDADOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA – MÓDULO INFANTIL
..................................................................................................................................................... 33
Manutenção das estruturas músculo-esqueléticas: ............................................................... 33
Alongamento muscular ....................................................................................................... 33
Fortalecimento muscular .................................................................................................... 33
Posicionamento ................................................................................................................... 33
Órteses/Próteses ................................................................................................................. 33
Equipamentos ..................................................................................................................... 34
Deslocamento ..................................................................................................................... 34
Transferência....................................................................................................................... 34
Transporte ........................................................................................................................... 34
Desenvolvimento motor ..................................................................................................... 35
Considerações importantes ................................................................................................ 35
6. FISIOTERAPIA APLICADA AOS CUIDADOS DA PESSOA ADULTA COM DEFICIÊNCIA ................ 39
Introdução ............................................................................................................................... 39
Tratamento Fisioterapêutico .................................................................................................. 39
Posicionamentos ................................................................................................................. 39
Mobilizações articulares...................................................................................................... 40
Alongamentos musculares .................................................................................................. 40
Treino de equilíbrio de tronco ............................................................................................ 41
Push-up................................................................................................................................ 41
Atividades motoras ............................................................................................................. 42
Atividades de vida diária ..................................................................................................... 42
Transferências tipos: ........................................................................................................... 43
Tábua de Transferência ....................................................................................................... 44
Equipamentos para andar ....................................................................................................... 44
Adaptação do Ambiente ......................................................................................................... 45
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7. TERAPIA OCUPACIONAL .......................................................................................................... 46


Atividades da Vida Diária ........................................................................................................ 46
Banheiro .............................................................................................................................. 46
Banho .................................................................................................................................. 47
Uso do Vaso Sanitário, Fralda e Asseio ............................................................................... 48
Auto cuidado ........................................................................................................................... 51
Barba ................................................................................................................................... 51
Depilação ............................................................................................................................. 51
Maquiagem ......................................................................................................................... 51
Cozinha ................................................................................................................................ 51
Vestuário ............................................................................................................................. 53
Brincar ................................................................................................................................. 54
8. FONOAUDIOLOGIA .................................................................................................................. 56
O que é disfagia? ..................................................................................................................... 56
Quais são as causas mais comuns da disfagia? ................................................................... 56
Quais são os principais sinais e sintomas da disfagia? ........................................................ 56
Sinais esperados para um paciente disfágico: .................................................................... 57
Quais são as conseqüências da disfagia? ............................................................................ 57
Quem devo procurar ? ........................................................................................................ 57
Quais são os objetivos fonoaudiológicos no tratamento com o paciente disfágico? ......... 57
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM ............................................................................................... 58
Como e quando estimular a linguagem de uma criança? ................................................... 59
O que é importante observar no paciente adulto?............................................................. 60
O que é afasia? ........................................................................................................................ 60
Quais as alterações de linguagem que um paciente com afasia pode apresentar ? .......... 60
Como facilitar a comunicação da pessoa com afasia? ........................................................ 60
O que é disartria ou disartrofonia? ......................................................................................... 61
Quais as queixas mais comuns dos pacientes com disatria? .............................................. 61
O que não se deve fazer? .................................................................................................... 61
O que é Comunicação Suplementar e Alternativa (CSA)?....................................................... 62
O que são pranchas de comunicação ? ............................................................................... 62
Para quem indicar ?............................................................................................................. 63
9. A ODONTOLOGIA NO PROCESSO DE REABILITAÇÃO............................................................... 64
FATORES DE RISCO PARA DESENVOLVIMENTO DAS DOENÇAS BUCAIS ................................. 65
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Dieta .................................................................................................................................... 65
Uso de Medicações ............................................................................................................. 65
Higiene Bucal Deficiente ..................................................................................................... 65
Função Muscular ................................................................................................................. 65
Prevenção ............................................................................................................................ 66
10. Cuidados respiratórios básicos.............................................................................................. 68
Posicionamento correto .......................................................................................................... 68
Higienização das Vias aéreas ................................................................................................... 70
11. CUIDANDO DO CUIDADOR .................................................................................................... 72
12. ÉTICA ..................................................................................................................................... 74
13. NUTRIÇÃO E SAÚDE – IMPORTÂNCIA DA BOA ALIMENTAÇÃO ............................................ 80
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1. PSICOLOGIA

Orientações Gerais

• Procure não tocar no assunto em um primeiro momento

• permita a expressão de sentimentos (não dá pra fazer de conta que não


aconteceu);

• Faça o paciente ocupar seu tempo (ler, tocar um instrumento musical, se


distrair, voltar a estudar...)

• Ajudar a pensar questões de acessibilidade (redistribuir mobiliários, louças,


roupas, material de higiene, altura de cama/colchão – transferência, lençois bem
esticados...)

• Processo de enfrentamento é muito doloroso – dê tempo ao tempo

• Dispense sentimentos de dó, encoraje

• Não agir como „mãezona‟ ou „ paizão‟ ;

• Fomentar a independência desde o início

• Habilidades devem ser aprendidas

• Estimule o convívio com outros deficientes; é encorajador

• Estimule o retorno à prática de cuidados com a beleza (pintar o cabelo, as


unhas, fazer a barba, cortar cabelo...)

• tentar transmitir a idéia de higiene vinculada a saúde

• Orientar na adequação do vestuário a nova condição física, primar por


conforto, comodidade, praticidade

• Desencoraje o uso das mantas/cobertores de bebê em adultos (idosos)

• Estimule uso de calça comprida no inverno (amputados, lesados medulares) e


uso de bermuda no verão

• Esteja preparado para confidências sobre vida sexual

• Tentar agir com naturalidade nunca com diferenciação (levar mimos, agrados,
gracinhas, passar a mão na cabeça, oferecer frequentemente a comida que mais
gosta...)

• Não responda por ela


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• Uma pessoa com deficiência quer o “direito a igualdade. Não o direito de ser
igual, mas a possibilidade de, sendo diferente, ter acesso aos mesmos direitos”
(cartilha de orientação)

• O paciente também tem o direito de tomar suas próprias decisões

• Promover a integração – deixe que ela mesma se defenda às vezes; saia de perto
quando as condições forem favoráveis à integração social

• Crie um ambiente que favoreça a participação social em casa - sair da cama,


receber visitas na sala, desestimular uso da cama hospitalar

• Cadeira do papai nem sempre é o melhor

• Não isolar a pessoa com deficiência na casa

• É esperado alguma resistência a reinserção social

• Oriente as pessoas a se sentarem quando conversar com um cadeirante

• Planeje os momentos sociais com algum intervalo (para cateterismo, por


exemplo)

• Desencoraje a comparação (do presente com passado, da sua marcha com a dos
outros pacientes, do desempenho)

• Não precisa dar resposta a todas as questões

• Alinhar o cuidado prestado com os objetivos da reabilitação

• Não subestime a capacidade do paciente nem superestime as dificuldades

• Oferecer ajuda é melhor do que intervir, pergunte e espere que ele responda.
Se ele aceitar ajuda pergunte como você pode fazê-lo

• Haja com naturalidade se ocorrer situações imprevistas (com delicadeza, com


sensibilidade). Não finja que nada aconteceu. Dê a devida importância ao
sucedido nem demais nem de menos.

• Bom humor é um ótimo recurso

Orientações Específicas ao Paciente Amputado

 Dar uma perspectiva esperançosa mas realista, nunca otimista demais


 Fale acerca do profissional de psicologia, psiquiatria
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 Não repreenda os sonhos e devaneios do paciente quando estes não contemplam


a amputação;
 Quando a realidade da perda é assimilada assegure-se de que o paciente não fique
só nesta fase;
 Não subestime o sofrimento que advém em se perder uma parte do corpo
 Oriente a família a não menosprezar esse sofrimento
 Podem existir sentimentos de revolta sobretudo em situações de descuido,
negligência, imprudência ou ato maldoso
 Fique atento aos sinais de depressão nestas situações
 Transtornos mentais mistos são frequentes
 Permita ao paciente ajudar ativamente na administração do dia, da casa, da rotina
 Dor fantasma não é fantasia
 Transmita a ideia de que nem tudo paciente poderá fazer da forma como fazia
antes
 Desencoraje o isolamento social
 Contribua para uma representação social da Cadeira de rodas mais positiva
 Protetização não é uma certeza para o paciente amputado
 Adeque as expectativas
 Paciente oscila no humor ao longo da reabilitação (fases otimistas e pessimistas)
 ESPERANÇA - é a palavra-chave
 Pode haver projeção de sentimentos negativos sobre os outros, incluindo você
 Conscientize o paciente acerca da necessidade de intensificar os cuidados com o
corpo
 Levá-lo a compreender que muitas das suas reações emocionais são normais;

 Focar pontos fortes do paciente

 Desencorajar a dependência

 No início ajudar na resolução de aspectos práticos

 Ajudar em uma formulação realística de planos

 Sinalizar sentimentos de vitimização ou diminuição do controle pessoal

 Percepção de controle sobre eventos de vida e sentido da vida


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 Levá-lo a ter uma atitude ativa na resolução de problemas

 Incentivar a confrontação com evento representativo do trauma

 Identificar os resultados positivos, melhoras

 Você pode ajudar na identificação de fatores desencadeadores de ansiedade,


reações esperadas.

 Incentive-o a planejar-se e ser proativo

Orientações Específicas ao Paciente Lesado Medular

 Respeite o paciente, sobretudo numa fase recente

 Sinalize aos poucos o comportamento agressivo

 Estimule a participação do paciente (presença de sentimentos de inutilidade)

 O paciente precisa muito de informações corretas

 Negativas devem ser dadas com muita delicadeza

 Desencoraje uma vinculação muito forte

 Estimule a participação do paciente no processo decisório

 Faça o que puder para que ele sinta que está no controle de sua vida;
proporcione estes momentos

 Incentive-o a ser o mais independente possível (tentar, testar, treinar)

 Não pressuponha que dificuldade de mobilidade é o mesmo que falta de


autonomia

 Tenha paciência – rever objetivos demanda tempo necessário

 Estimular a proatividade

 Transmitir a idéia de flexibilidade como recurso importante para melhor


ajustamento
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 Treinar habilidades sociais e de comunicação ajudam


 “o suporte social tem sido o fator mais fortemente relacionado ao
enfrentamento bem-sucedido à lesão medular” encoraje-o a engajar-se em
atividades sociais

 Sensibilize-o para retomar seus papéis sociais, em casa e na sociedade

 Ajude-o a reorganizar sua rotina (dia X noite)

 Estimule-o a pensar na possibilidade de trabalhar um dia, ou assumir


determinadas situações

Orientações Específicas ao Lesado Medular na Esfera Sexual

 As confidências na esfera sexual devem ser acolhidas, ouça-o não mude de


assunto

 Aja com naturalidade, sem fazer brincadeiras

 Pode ajudá-lo com perguntas que o leve a pensar

 Apresente a figura do urologista como especialidade em disfunção sexual e


existência de tratamentos

 Situe o lugar da reabilitação sexual no processo de reabilitação (UP, controle


dos esfíncteres, espasticidade, dor)

 Encoraje o paciente a conversar com parceira sobre isso

 Desfaça os mitos

 Estimule mudanças em relação a atitude com seu corpo já que não pode mudar
seu corpo

 Incentivá-lo a usar os recursos de personalidade de que dispõe

 Lembrá-lo de que leva tempo para desenvolvimento de segurança interior

 Lembre-o de que não vai agradar a todos


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 Estimule-o a ser criativo, planejar o encontro, adequar expectativas em relação


aos encontros

 Existem questões que não tem a haver com a lesão medular

 lembrá-lo de que muitas pessoas tem problemas nesta área

 Desafiá-lo a desfrutar de mais interações sociais, de lazer, se inserir em outras


atividades

 Lembrá-lo de que o desejo e frequência das relações sexuais dependem de


estímulos e situações que variam ao longo da vida

 Relembrar sempre o direito do outro na relação

Orientações Específicas ao Paciente com Lesão Encefálica Adquiridas

 Considerar que o paciente atendido não seja exatamente o mesmo referido pela
família

 Adequar expectativas da família quanto à recuperação

 Favorecer a participação social, nas tarefas doa dia-a-dia;

 Dinâmica familiar é profundamente afetada, o clima pode ser estressante

 Considere a possibilidade de existir sequelas cognitivas e/ou comportamentais

Diante de Sequelas Cognitivas

 Leve-o a executar tarefas em ambientes calmos;

 Uma atividade por vez;

 Tempo de execução da tarefa reduzido;

 Evitar outros estímulos no ambiente da estimulação cognitiva


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 Treino de repetição;

 Uso de estratégias auxiliares de memória (despertador, celular, agenda, caderno


de notas);

 Fale devagar, não fale alto;

 Dê uma informação por vez;

 Avise quando mudar o assunto;

 Espere o paciente falar;

 Peça para repetir quando não entender.

 Faça perguntas dissertativas não do tipo sim ou não apenas.

 Estimule a iniciativa não dê tudo na mão;

 Ajude no planejamento, na organização dos passos, direcione a realização


efetiva, e o auto-monitoramento

 Considere a possibilidade do paciente não perceber seus déficits

 Considere a possibilidade de heminegligência, permaneça neste campo para


estimular o paciente a se voltar para esse lado

 Dê tempo ao paciente, organize horários de maneira que ele tenha tempo para se
vestir, comer......

 Evitar fazer pelo paciente o que ele consegue fazer mesmo que precise treinar
habilidades para isso;

 Não recrime atos como deixar comida cair, sujar a mesa, sujar a roupa...no treino
de habilidades

 Nunca se esqueça de que o paciente tem sentimentos.

 Não desista do paciente. Ele pode surpreender!


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2. ASPECTOS CLÍNICOS INFANTIS

Paralisia Cerebral – PC

1. Conceito:
Definido como um grupo de desordens motoras não progressivas, porém sujeitas a
mudanças, resultante de lesão do cérebro nos primeiros estágios do seu
desenvolvimento. As alterações motoras são frequentemente acompanhadas por
distúrbios sensoriais, cognição, percepção, comunicação, comportamento, epilepsia e
problemas musculoesqueléticos secundários.
2. Incidência:
RN < 1000g : possibilidade de um distúrbio neurológico próximo a 50%
RN < 1500g : a incidência é 25 a 31 vezes menor que entre os nascidos a termo
3. Etiologia:
- Pré-natal ( genética, vascular, infecciosa, tóxico-metabólica, traumática, por
irradiação, etc.)
- Peri-natal (prematuridade, anóxia, kernicterus)
- Pós-natal ( infecciosas, traumáticas, anóxicas, tumorais )
4. Classificação:
Por localização anatômica das regiões afetadas:
- Tetraparesia – comprometimento nos membros superiores e membros inferiores.
- Triparesia – comprometimento predominante de três membros.
- Diparesia – o comprometimento dos membros inferiores é maior do que dos membros
superiores.
- Hemiparesia – é o lado direito ou esquerdo do corpo comprometido.
5. Problemas Associados:
- Retardo no Desenvolvimento Neuro Psicomotor – RDNPM – atrasos no
desenvolvimento da criança.
- Espasticidade – alteração no tônus muscular
- Movimentação involuntária
- Deformidades
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- Dor ( luxação quadril )


- Déficits Mental / Visual / Auditivo
- Convulsões
- Estrabismo / Baixa Acuidade Visual
- Disfagia e alterações nutricionais – a dificuldade de engolir (deglutir) influencia o
estado nutricional (desnutrição), pode causar problemas respiratórios, engasgos
- Alterações respiratórias – pneumonia por repetição
- Alterações da fala
- Problemas odontológicos – geralmente acontecem por consequência do tônus
aumentado dos músculos responsáveis pela mastigação e deglutição (exemplo: más
oclusões
- Incontinência esfincteriana
6. Recursos no processo de reabilitação:
- Comunicação Suplementar Alternativa (C.S.A.) – para crianças com alterações da fala.
Seu objetivo é compensar e ampliar as possibilidades de comunicação. Utiliza-se
símbolos, recursos tecnológicos, estratégias e técnicas (pastas ou álbuns, comunicadores
com voz sintetizada, computadores portáteis...)
- Órteses e Acessórios – dispositivos que auxiliam na postura do membro e/ou
favorecem a função da criança.
7. Resumo do Acompanhamento
O diagnóstico precoce é importante.
A avaliação e a indicação do tratamento da equipe multiprofissional é essencial. O
tratamento pode englobar: terapias, medicamentos e cirurgias.
O acompanhamento deve ser periódico, de acordo com as necessidades do dia a dia da
criança.
Na paralisia cerebral não há tratamento de cura!

Amputações e Malformações (M.F.C.)

Amputações:
1. Causas:
- Traumáticas (acidentes de trabalho, automobilístico e motociclístico, fogos de
artificio), Alterações vasculares, Tumores, Queimaduras.
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2. Cuidados com o coto:


- Higiene local
- Observar pontos por pressão ou feridas
- Quando orientado – manter o uso adequado do enfaixamento do coto

Malformações:
1. Conceito:
Defeito morfológico de um órgão ou parte dele, resultante de um processo
intrinsicamente anormal.
Quando possível a correção é cirúrgica. Exemplo: fenda labial.
2. Causas:
- Maternas: Diabetes, endocrinopatias, deficiências nutricionais, uso de drogas,
álcool, tabagismo, etc.
- Infecções maternas: rubéola, toxoplasmose, sífilis, herpes, varicela.
- Agentes químicos, medicamentos, irradiação, hipertermia.
- Alterações genéticas.
- Causas desconhecidas.
As M.F.C. mais frequentes: Artrogripose, Osteogênese Imperfeita, Deficiência
congênita do fêmur, Bridas Amnióticas, Gigantismo / hipoplasias, Hemimelias/
Amelias, Duplicação.
- Artrogripose Múltipla Congênita – Consiste de uma síndrome clínica caracterizada por
diversas contraturas articulares presente ao nascimento (mais de 3 articulações).
- Osteogênese Imperfeita – Consiste de um grupo de distúrbios genéticos que afetam os
tecidos conjuntivos de forma generalizada e a manifestação clínica predominante é a
maior susceptibilidade para fraturas generalizadas.
- Deficiência Congênita do Fêmur – presença de deformidade e deficiência do fêmur
(osso da coxa) presente no nascimento.

Doenças Musculares - Miopatias


Alterações motoras: progressivas
Distrofia Muscular Progressiva – Duchenne:
Doença genética que afeta musculatura genética e cardíaca – somente acomete meninos.
O início das manifestações fica evidente por volta de 3 a 5 anos de idade.
Incidência de 1:4000 nascimentos masculinos.
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Marcha miopática – perda da marcha por volta dos 13 anos

Distrofia Muscular Progressiva – Becker:


Doença genética que afeta musculatura genética e cardíaca – somente acomete meninos.
A distrofia de Becker manifesta-se mais tardiamente, depois de 5 anos de idade)
Semelhante a DMP de Duchenne
Mais rara: 1: 30 000
Inteligência preservada
Óbito na vida adulta

Strumpell Lorrain – Paraparesia espástica familiar:


Presença de espasticidade e fraqueza progressiva dos membros inferiores. Nas formas
mais complexas outras manifestações podem aparecer.
Herança variada;
Dificuldade progressiva na marcha;
Incoordenação e disartria (dificuldade motora da fala).

Doenças do Sistema Nervoso

Lesões Encefálicas Adquiridas - TCE:


1. Definição:
É uma lesão encefálica que ocorre após o nascimento.
As alterações congênitas, doenças degenerativas e trauma de parto devem ser excluídas
do grupo de lesões encefálicas adquiridas. Brain Injury Association – USA (1997)
2. Alterações:
Motoras – paresia (diminuição da movimentação voluntária em determinado
segmento do corpo). Podemos também observar: espasticidade, rigidez ou hipotonia.
Cognitivas – dificuldade para abstração, raciocínio lógico, déficit de atenção,
dificuldade de memória...
Sensitivas – alterações da sensibilidade.
Sensoriais – deficiência visual, auditiva. Outras alterações: percepção (por
exemplo: dificuldade de organizar as informações do ambiente ou de si mesmo),
sistema vestibular (equilíbrio).
3. Causas:
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- Traumáticas: acidentes automobilísticos, atropelamentos, quedas (laje, escada, beliche,


etc.), violência (ferimentos por arma de fogo, agressões físicas).
- Não Traumáticas: Hipóxia, Acidente Vascular Encefálico (AVC, “derrame”),
Tumores, Encefalites, Meningites, Mal convulsivo
Hipóxia:
Afogamento (piscina, lagoa, rio, balde, etc); Choque elétrico; Aspiração de corpo
estranho (semente de fruta, brinquedo miúdo, etc); Sufocação (saco plástico), etc..
Fatores de risco para Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico (AVCH) / Isquêmico
(AVCI):
Malformações vasculares intracranianas, Aneurismas arteriais, Doenças Cardíacas,
Vasculites, Anemia Falciforme, Coagulopatias (hipercoagulabilidade).
4. TCE em crianças:
Responsável por 50% das mortes em crianças nos EUA
- 2 Picos de Incidência:
Crianças menores de 5 anos de idade e adolescência.
- Possíveis consequências pós L.E.I.A.:
- Alterações Comportamentais: apatia, impulsividade, irritabilidade, depressão, etc.
- Disartria – dificuldade motora da fala.
- Problemas de linguagem: dificuldade para nomear objetos, organizar pensamentos,
respostas lentas, dificuldade para entender múltiplos comandos e abstrair -
ATENÇÃO: Pode não ser notado em crianças pequenas.
- Sequelas Cognitivas: impacto para o prognóstico social, educacional e vocacional.
Inclui, falta de atenção, concentração, alteração de memória, dificuldade em raciocínio
lógico.
- Alterações motoras: espasticidade, distonia, paresias, apraxia, ataxia.
Obs. Com o tempo, a melhora motora geralmente é muito melhor que a cognitiva.

Lesão Medular

1. Conceito:
É uma lesão na coluna do indivíduo podendo apresentar alterações: motoras, sensitivas,
vesicais, intestinais, vesicais e autonômicas. Alterações da função sexual podem estar
presentes.
2. Incidência: 40 pessoas / milhão / ano
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Predominante no adulto jovem do sexo masculino.


3. Causas:
Traumática = 80 % (Ferimento por arma de fogo, acidentes de transito, quedas,
mergulho)
Não traumática = 20 % (tumores, infecciosas)
4. Prevenção de Traumatismos:
RESPEITE AS CAMPANHAS DE SEGURANÇA NO TRÂNSITO
USE SEMPRE O CINTO DE SEGURANÇA.
NÃO DIRIJA APÓS CONSUMIR ÁLCOOL OU DROGAS.
NÃO ULTRAPASSE OS LIMITES DE VELOCIDADE PERMITIDA.
NÃO USE ARMAS
CUIDADO AO MERGULHAR
- Não mergulhe em locais desconhecidos;
- Não mergulhe em águas turvas;
- Antes, verifique a profundidade do local;
- Não consuma alcool/drogas antes de mergulhar;
- Não brinque de empurrar para dentro das águas.
5. Alterações:
- Motoras – paraplegia (comprometimento dos membros inferiores) ou tetraplegia
(comprometimento dos membros inferiores e superiores)
- Sensitivas – diminuição ou ausência da sensibilidade.
- Autonômicas – hipotensão ortostática (mudanças bruscas de postura levam a
hipotensão gerando quadro de mal estar, palidez e desmaio); crise autonômica
hipertensiva ( bexiga ou intestino cheio, roupas ou órteses apertadas ou qualquer outro
estímulo ruim abaixo do nível da lesão podem desencadear rubor, sudorese facial,
taquicardia, dor de cabeça e pressão alta)
- Emocionais
6. Níveis de Lesão:
Segmentos: Cervicais - Tetraplegia
Torácicos, Lombares e Sacrais- Paraplegia
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Mielomeningocele
É um Defeito do Fechamento do Tubo Neural (DFTN) - falta fusão arcos, displasia
medular, com ou sem protrusão. O defeito acontece durante a 3ª e 5ª semana da
gestação e ao nascimento, a criança apresenta comprometimento funcional de vários
órgãos e sistemas.
A Mielomeningocele é a alteração mais frequente de DFTN. Outras formas de DFTN:
Mielocele, Spina Bifida Oculta, Lipomeningocele, Agenesia lombossacro,
Meningocele.
1. Alterações:
Motoras – paraplegia (comprometimento dos membros inferiores) ou tetraplegia
(comprometimento dos membros inferiores e superiores)
- Sensitivas – diminuição ou ausência da sensibilidade.
2. Problemas associados:
- Urológicos: Incontinência, Infecções, Refluxo, Cálculos.
- Sexualidade
- Neurológicos: hidrocefalia (necessidade de uso de válvula, podendo acontecer trocas
ocasionais desta válvula), infecções.
- Úlceras por pressão (fatores que favorecem o surgimento das úlceras: Pele anestésica
& Apoio prolongado, Saliências Ósseas, Higiene Precária).
Obs. Pacientes deambuladores que possuem deformidades nos pés e alteração da
sensibilidade, podem desenvolver Mal Perfurante Plantar.
- Alergia ao Látex - Incidência população geral < 1%
Causa: Imaturidade mecanismo defesa das mucosas quando do início de exposição ao
alérgeno
CUIDADO: o quadro clínico é variável: urticária, asma, rinite, conjuntivite, diarreia e
até choque anafilático podendo ir a óbito. O paciente não deve ter contato com
equipamentos/ produtos que tenham látex.
- Obesidade: a hidrocefalia pode causar uma disfunção do centro da fome, causando um
apetite insaciável; problemas emocionais também podem conduzir a uma alimentação
exagerada.
3. Nível Funcional: (HOFFER ET AL, 1973)
TORÁCICO – não apresenta movimentação ativa de membros inferiores, prognóstico
de marcha ruim.
LOMBAR ALTO – poucos músculos dos membros inferiores presentes, prognóstico de
marcha reservado.
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LOMBAR BAIXO – presença de vários músculos dos membros inferiores, prognóstico


de marcha bom.
SACRAL – o prognóstico de deambulação é o melhor possível.
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3. PARTICULARIDADES DAS PATOLOGIAS NEUROLÓGICAS

Lesão Encefálica Adquirida

- Ocorre uma lesão no encéfalo, pode ter como causa: Acidente Vascular Encefálico
(Hemorrágico ou Isquêmico), Traumatismo Crânio Encefálico (TCE), Neuro
infecções ou Encefalites, Encefalopatia Anóxica, Tumores Cerebrais e Doença de
Parkinson.

- Resultam na maioria das vezes, em alterações motoras, sensorias, cognitivas e


comportamentais. Sua manifestação normalmente com paralisia ou paresia em lado
ou ambos os lados do corpo. Dependem da localização e extensão.

- Suas principais manifestações são: alterações do tônus muscular, sensibilidade,


déficit na contração muscular e com isso um desequilíbrio na ação dos músculos e
consequentemente imobilidade, aprendizado do não uso e o desenvolvimento de
alterações secundárias.

Lesão Medular

- A Lesão Medular (LM) caracteriza- se pelo acometimento da medula espinhal e


suas raízes nervosas, pode ocorrer por etiologia traumática ou não traumática como
as tumorais ou infecciosas. Acarreta alterações da motricidade, sensibilidade,
distúrbios neurovegetativos e alterações esfincterianas. A lesão poderá ser completa
ou incompleta.

A fisioterapia na LM atuará de acordo com o nível da lesão e terá ainda a presença


de fatores que interferiram no tratamento, tais como: a espasticidade, automatismos,
dor central, alterações osteomioarticulares. Visará maior independência possível de
acordo com o potencial residual e para evitar as complicações secundarias.

Poliomielite

- É uma doença infecciosa aguda, causada por vírus, acomete o corno anterior da
medula espinhal e como consequência uma paralisia flácida.

Comprometimento puramente motor, ou seja, a sensibilidade totalmente preservada.


Quadro clínico de paralisia flácida parcial ou total dos músculos. Acometimento é
22

irregular e por isso é importante identificar quais os grupos musculares foram


comprometidos. Com esta identificação é que iremos trabalhar para minimizar as
complicações secundárias.

Amputações de Membros Inferiores

- A amputação de um membro ocorre após todas as tentativas de salvar este


seguimento serem esgotadas. As causas podem ser: vascular, traumática, tumoral ou
por infecção. Como principal etiologia a doença vascular acomete na sua grande
maioria a população idosa. Já a amputação traumática é mais comum em indivíduos
mais jovens e, portanto o tratamento será diferente. O Tratamento fisioterapêutico
deverá levar em consideração alguns aspectos como: nível da amputação,
comprimento do seguimento amputado (coto), forma do coto, cicatriz, presença de
dor e neuroma doloroso. O Tratamento não constitui apenas da fase protética, que é
a fase de confecção e treino com a prótese, mas também da fase pré-protética onde o
paciente será trabalhado para receber sua prótese e para ter maior independência e
minimizar as complicações secundárias.

Doenças Neuromusculares

- Grupo de desordens, hereditárias ou adquiridas, que afetam a unidade motora.


Pode ocorrer lesão no corpo do neurônio motor no corno anterior da medula
espinhal, ao longo do nervo periférico, na junção neuromuscular e no tecido
muscular. Também as doenças que afetam o trato cortiço- espinhal na medula
espinhal, no cerebelo e nas vias espinocerebelares.
Todas com comprometimento motor e característica progressiva.
È muito Importante o diagnóstico da doença, conhecimento da doença, reconhecer
fatores externos que possam interferir no tratamento e minimizar a progressão da
doença e suas possíveis complicações.

Complicações Secundárias a Lesão Neurológica

- Encurtamentos musculares
- Retrações Tendineas
- Deformidades articulares
- Ossificação Heterotópica
- Ulceras de Pressão
23

- Complicações Respiratórias
- Complicações Circulatórias
- Complicações Cardíacas
- Dor
- Atitudes Antálgicas
- Alterações da Biomecânica
- Alterações do tônus/ espasticidade
- Desequilíbrio muscular
- Alteração do equilíbrio

Para alcançar os objetivos propostos na reabilitação é fundamental a participação do


paciente, dos profissionais de reabilitação e dos familiares e/ou cuidadores.

ASPECTOS
IMPORTANTES

PACIENTE

PARTICIPAÇÃO E
COLABORAÇÃO
FAMILIARES E
24

4. “CUIDADOS DE ENFERMAGEM”

Queda – Impacto no cuidar

É definida como o evento não planejado que levou a pessoa ao chão, com ou sem
lesão.

Existem riscos podem facilitar ou predispor uma pessoa à queda, como:

Riscos Externos:

 Piso Molhado e escorregadio


 Desnível do piso
 Tapetes de tecido
 Tipos de calçados
 Roupas inadequadas
 Corrimão
 Grades de proteção
 Transferências

Riscos Internos:

 Distúrbios Neurológicos (crise convulsiva, mal de Parkinson hemiplegias);


 Pacientes diabéticos;
 Lesão Medular;
 Doenças degenerativas.

O que Fazer em caso de queda?

Verificar o nível de consciência – Caso a pessoa esteja acordada:

 Sinalizar onde dói;


 Verificar se apresenta movimentos;
 Verificar possíveis ferimentos;
 Se for necessário mantenha a pessoa imobilizada;
 Encaminhá-lo ao Serviço de saúde e em caso de impossibilidade de
movimentação chamar atendimento de emergência.

Verificar o nível de consciência – Caso a pessoa esteja desmaiado:

 Chamar, verificar pulso e respiração


 Não movimentar
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 Solicitar o Serviço de Emergência

Crise convulsiva ou epilepsia - O que Fazer?

O que é a Crise convulsiva?

Convulsão é um distúrbio que se caracteriza pela contratura muscular involuntária de


todo o corpo ou de parte dele, provocada por aumento excessivo da atividade elétrica em
determinadas áreas cerebrais.

As convulsões podem ser de dois tipos: parciais, ou focais, quando apenas uma parte do
hemisfério cerebral é atingida por uma descarga de impulsos elétricos desorganizados, ou
generalizadas, quando os dois hemisférios cerebrais são afetados.

Emoções intensas, exercícios vigorosos, determinados ruídos, músicas, odores ou luzes


fortes podem funcionar como gatilhos das crises. Outras condições – febre alta, falta de
sono, menstruação e estresse – também podem facilitar a instalação de convulsões, mas
não são consideradas gatilhos.

O que causa?

Em alguns casos, não é possível identificar a causa da convulsão. Nos outros, entre as
causas prováveis, podemos destacar: 1) febre alta em crianças com menos de cinco anos;
2) doenças como meningites, encefalites, tétano, tumores cerebrais, infecção pelo HIV,
epilepsia, etc; 3) traumas cranianos; 4) abstinência após uso prolongado de álcool e de
outras drogas, ou efeito colateral de alguns medicamentos; 5) distúrbios metabólicos,
como hipoglicemia, diabetes, insuficiência renal, etc; 6) falta de oxigenação no cérebro.

Quais os sinais e sintomas?

Os sinais e sintomas dependem do tipo de convulsão, da região do cérebro envolvida e da


função que ela desempenha no organismo.

Nas convulsões parciais, podem ou não ocorrer alterações do nível de consciência, como
movimentos involuntários em alguma parte do corpo, comprometimento das sensações
de paladar, olfato, visão, audição e da fala, alucinações, vertigens, delírios. Algumas
vezes, essas manifestações são leves e podem ser atribuídas a problemas psiquiátricos.

Existem diversos tipos de convulsões generalizadas. Os dois mais frequentes são a crise
de ausência, ou pequeno mal, e a convulsão tônico-clônica, ou grande mal.

No primeiro grupo, incluem-se as pessoas que, durante alguns segundos, ficam com o
olhar perdido, como se estivessem no mundo da lua, e não respondem quando chamadas.
Quando a ausência dura mais de dez segundos, o paciente pode manifestar movimentos
automáticos, como piscar de olhos e tremor dos lábios, por exemplo. Essas crises chegam
a ser tão breves que, às vezes, ele nem sequer se dá conta do que aconteceu.

Já as convulsões tônico-clônicas estão associadas à perda súbita da consciência. O


quadro dura poucos minutos. Na fase tônica, todos os músculos dos braços, pernas e
26

tronco ficam endurecidos, contraídos e estendidos e a face adquire coloração azulada. Em


seguida, a pessoa entra na fase clônica e começa a sofrer contrações rítmicas, repetitivas
e incontroláveis. Em ambas as situações, a saliva pode ser abundante e ficar espumosa.
Mordida pelos dentes, a língua pode sangrar.

Como Tratar?

O risco de novas crises diminui nos pacientes com convulsões provocadas por álcool,
drogas, pelo efeito colateral de alguns medicamentos e por distúrbios metabólicos,
quando são retiradas essas substâncias ou corrigido o problema orgânico. Nos outros
casos, existem vários medicamentos que devem ser indicados de acordo com o tipo de
convulsão para evitar a recorrência e assegurar o controle das crises.

Recomendações

Diante de um quadro de convulsão:

 Deite a pessoa de lado para que não engasgue com a própria saliva ou vômito;
 Remova todos os objetos ao redor que ofereçam risco de machucá-la;
 Afrouxe-lhe as roupas;
 Erga o queixo para facilitar a passagem do ar;
 Não introduza nenhum objeto na boca nem tente puxar a língua para fora;
 Leve a pessoa a um serviço de saúde tão logo a convulsão tenha passado.

Observação importante:

Convulsão não é sinônimo de epilepsia. Epilepsia é uma doença específica, que


predispõe a pessoa a convulsões, mesmo na ausência de problemas como febre alta,
pancadas na cabeça, derrames ou tumores cerebrais

Banho- “Banho é um momento de prazer, bem estar, que o Cuidador


pode proporcionar”

Higiene íntima – É a prática de higiene das regiões genital do homem e da mulher com
finalidade de proporcionar conforto e segurança, prevenir infecções e manter a boa
imagem corporal.

Higiene íntima masculina – Levantar delicadamente e segurar o pênis, retrair o prepúcio


e lavar com água e sabonete, enxaguar e secar bem, voltar o prepúcio a posição natural,
limpar o períneo na região do ânus, após enxaguar e secar bem. Utilizar luvas de
procedimento e colocar fraldas após a higiene caso o paciente necessite.

Higiene íntima feminina - Umedecer os pelos pubianos, lavar os grandes lábios em


direção do períneo para o ânus (frente para trás), separar e lavar os pequenos lábios,
meato uretral, enxaguar e secar muito bem. Utilizar luvas de procedimento e colocar
fraldas após a higiene caso o paciente necessite.
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Banho no leito - O banho no leito é necessário nos casos de pessoas acamadas que
estejam impossibilitadas de irem até o banheiro ou sentarem em cadeira de banho.

Material utilizado:

Panos de banho;
Toalha de banho,
Material para higiene oral,
Pente,
Sabonete,
Comadre e/ou papagaio do proprio paciente,
Roupa para o paciente (pijama ou camisola),
Roupa de cama (02 lencois, 01 cobertor S/N, 01 toalha de banho, 01 para fralda S/N, 01
forro S/N)
Luvas de procedimento,
01 bacia,
01 balde,

Como fazer?
Lavar as mãos e calcar as luvas de procedimentos;
Explicar para a pessoa o que vai ser feito;
Fechar as portas e janelas;
Proteger a unidade do paciente com biombos;
Oferecer comadre ou papagaio ao paciente e procurar saber se tem clister prescrito.

Se houver, faze-lo em primeiro lugar;


Desprender a roupa de cama, iniciando do lado oposto onde permanecer;
Fazer higiene oral do paciente e lavar a cabeca, se necessario;
Trocar a agua do banho, obrigatoriamente, apos a lavagem da cabeca;
Lavar os olhos, limpando o canto interno para o externo, usando gaze;
Lavar, enxaguar e enxugar o rosto, orelhas e pescoco;

Remover a camisola ou camisa do pijama, mantendo o torax protegido com o lençol,


descansando os braços sobre o mesmo;
Lavar e enxugar os bracos e maos do lado oposto ao que se esta trabalhando, depois o
mais proximo, com movimentos longos e firmes, do punho a axila;
Trocar a agua;
Lavar e enxugar o torax e abdome, com movimentos circulares, ativando a circulacao,
observando as condicoes da pele e mamas;
Cobrir o torax com lencol limpo, abaixando o lencol em uso, ate a regiao genital;
Lavar, enxaguar e enxugar as pernas e coxas, do tornozelo ate a raiz da coxa, do lado
oposto ao que se esta trabalhando, depois o mais proximo;
Colocar bacia sob os pes e lava-la, principalmente nos interdigitos, observando as
condicoes dos mesmos e enxugar bem;
Trocar a agua da bacia e a luva de pano, obrigatoriamente;
Encaixar a comadre no paciente;
Fazer higiene intima do paciente, de acordo com a técnica; Trocar, obrigatoriamente, a
agua da bacia e a luva de banho, retirando a comadre,
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deixando-a ao lado do leito;


Virar o paciente em decubito lateral, colocando a toalha sob as costas e nadegas,
mantendo esta posicao com o auxilio de outra pessoa;
Lavar e enxugar as costas, massageando-as, incluindo nadegas e coccix do paciente;
Deixar o paciente em decubito lateral, empurrando a roupa umida para o meio do leito,
enxugando o colchao;
Trocar de luvas;
Proceder a arrumacao do leito, com o paciente em decubito lateral;
Virar o paciente sobre o lado pronto do leito;
Retirar a roupa suja e despreza-la no hamper;
Calcar outras luvas;
Fazer os cantos da cama: cabeceira e pes;
Vestir o paciente;
Pentear os cabelos do paciente;
Trocar a fronha;
Utilizar travesseiros para ajeitar o paciente no decubito mais adequado;
Limpar balde, bacia, comadre com agua e sabao;
Recompor a unidade do paciente, colocando tudo no lugar;
Retirar as luvas e lavar as maos;

Queimaduras

É uma lesão produzida nos tecidos de revestimento do organismo e causada por agentes
térmicos, produtos químicos, eletricidade, radiação etc.

A queimadura pode ser a mais simples lesão de pele, como também pode envolver
estruturas abaixo da pele, incluindo músculos, ossos, nervos e vasos sanguíneos.

Tipos de queimadura:
1º grau - Superficiais ou epidérmicas
2º grau - Comprometimento parcial ou reticular da derme
3º grau - Comprometimento de toda a espessura da derme e parte do subcutâneo.

Cuidados:
Queimadura de 1º grau –

 Aplicar água corrente fria sobre a área afetada por


 15 minutos
 Não aplicar nada no local
 Procurar o serviço de saúde

Queimadura de 2º grau -

 Aplicar água corrente fria por 15 minutos


 Não fure as bolhas
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 Cubra com gaze ou pano limpo umidecido com água fria


 Procure o serviço de saúde

Queimadura de 3º grau -

 Coloque a lesão sobre água fria corrente por 15 minutos


 Não passe nada no local
 Cubra com gaze ou pano limpo umidecido
 Encaminhe com urgência ao serviço de saúde.

Queimadura - “O que não fazer”-


Nunca Aplicar:
 Pasta de dente
 Manteiga ou Margarina
 Pomadas
 Outras substâncias de conhecimento popular

Cuidados com Traqueostomias

Traqueostomia é uma pequena abertura feita na traquéia, que fica na parte anterior
do pescoço, onde é introduzido um tubo de metal (chamado cânula traqueal) para
facilitar a entrada de ar.
Cuidados:

 Higienizar as mãos;
 Utilizar luva de procedimento;
 Retirar a fixação e remover o conjunto da traqueostomia;
 Lavar com água e sabão neutro, esfregando por dentro e por fora utilizando
uma esponja;
 Enxague com água corrente para retirar todo o resíduo do sabão;
 Limpe o intermediário 3 vezes ao dia para evitar obstrução;
 Mantenha uma boa higiene na área ao redor da traqueostomia, limpando-a
cuidadosamente com água e sabonete neutro, 3 vezes ao dia;
 Conserve a região ao redor da traqueostomia com a pele bem hidratada;
 Utilize um acolchoado (com duas gazes dobradas) entre a cânula e a pele;
 Use material macio para o cadarço e não o coloque muito apertado, de forma
que não o machuque.

Cuidados com a Gastrostomia

Gastrostomia é uma cirurgia realizada para existir a comunicação do estômago


com parede abdominal, por onde é inserida uma sonda com a finalidade de
30

alimentar o paciente sem que o mesmo tenha que passar pelos processos de
mastigação e deglutição, podendo ser temporária ou definitiva.
Cuidados:

 Higienizar as mãos;
 Troca diária do curativo;
 Realizar movimento de rotação e anti-horário;
 Observar aspecto da pele ao redor da gastro;
 Observar a fixação da sonda/botom;
 Higienizar a conexão da sonda/botom;
 Puxar o resíduo gástrico com uma seringa antes da administração da dieta;
 Manter sentado ou cabeceira elevada durante administração da dieta e
medicação.
 Administrar medicamentos separadamente um a um;
 Dissolver de forma adequada comprimidos;
 Instalar dieta gota a gota ou utilizar a seringa porém administrar lentamente;
 Lavar a sonda/botom após dieta e medicação com água filtrada;
 Não deixar a extensão acessível;
 Parar administração da dieta em caso de vômito, desconforto, distensão
abdominal;
 Procurar o serviço de saúde.

Cuidados com Sonda Nasoenteral

A sonda nasoenteral é um tubo de silicone usado para alimentação quando o


alimento não pode passar pelo trajeto normal é instalado por via nasal ou
oral (nariz ou boca) e chega até o intestino.

Cuidados:

 Higienizar as mãos
 Verificar fixação da sonda e trocá-la sempre que necessário
 Não deixar acessível
 Não reintroduzir em caso de exteriorização
 Observar sinais de lesão na pele
 Aspirar para verificar resíduo gástrico
 Sentar ou manter cabeceira elevada 30º grau durante dieta e medicação
 Lavar com água filtrada após dietas e medicações
 Atenção durante a manipulação
 Parar a administração da dieta em caso de vômito, distensão ou desconforto
abdominal e procurar o serviço de saúde
 Em caso de obstrução lavar com água filtrada morna
 Troca somente por profissional capacitado (Enfermeiro).
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Cuidados com Sonda Vesical de alívio e demora (Cateterismo vesical)

É a introdução de uma sonda até a bexiga a fim de retirar a urina.

Indicações: Quando o paciente está impossibilitado de urinar, coleta de urina asséptica,


exames, preparo pré-parto, pré-operatório, incontinência urinária.

Para o cateterismo vesical de alívio existe a técnica estéril usada em ambientes


hospitalares e a técnica limpa utilizada em ambiente domiciliar.

Cuidados:

 Higienização das mãos a manipulação.


 Higienização da região genital.
 Fixação correta.
 Manter bolsa coletora sempre abaixo do nível da cintura.
 Estimular a hidratação se não houver contra indicação médica.
 Troca a cada 30 dias ou conforme indicação médica em um Serviço de
Saúde.

Cateterismo de alívio - Técnica Limpa

 Higienizar as mãos
 Separar o material necessário: (sonda, xylocaína, lenço umedecido,
recipiente próprio).
 Higienizar a genitália, destacando a limpeza entre os lábios nas mulheres e
na glande nos homens;
 Higienizar as mãos
 Pegar a sonda e fechar na extremidade que contém o orifício de drenagem.
 Na ponta da sonda passar um pouco de xylocaína gel.
 Posicionar a pessoa de forma confortável e realizar a introdução do cateter
no meato urinário;
 Após o esvaziamento completo da bexiga em um recipiente próprio, retire a
sonda.
 Jogue fora a sonda e a gaze que foi utilizada, higienizar o recipiente que foi
colocado a urina e esterilizar com água fervente.
 Guarde a xilocaína e o recipiente em local apropriado para o próximo horário do
procedimento.
.
 Higienizar as mãos
32

Curativo

É um procedimento utilizado para a limpeza, proteção e tratamento das lesões.


Existem vários tipos de lesões e a forma de realização do curativo pode mudar
dependendo da lesão.

Finalidades principais do curativo:

 Remover corpos estranhos;


 Limpar a lesão;
 Evitar o aparecimento de infecções;
 Manter a umidade da superfície da ferida;
 Fornecer isolamento térmico;
 Proteger e isolar a ferida do meio externo e contra trauma mecânico. Favorecer a
cicatrização da ferida;
 Proporcionar maior conforto físico e psicológico aos clientes;
 Diminuir a intensidade da dor.

A limpeza deverá ser realizada sempre da área mais limpa para a área mais
contaminada.

Prevenção de lesões de pele e úlceras por pressão

A úlcera de pressão pode ser definida como uma lesão de pele causada pela
interrupção sangüínea em uma determinada área, que se desenvolve devido a uma
pressão aumentada por um período prolongado, ou seja quando a pessoa fica muito
tempo em uma mesma posição.

Como prevenir?

 Observar integridade da pele


 Hidratar a pele com hidratante a base de óleos graxos
 Estimular se possível ingesta hídrica e alimentar
 Mudança de decúbito ( Mudança de posição) a cada 2 horas, verificar
tolerância de cada pessoa
 Manter roupa de cama limpa e seca
 Lençóis esticados
 Observar sinais de hiperemia (vermelhidão na pele)
 Manter proeminências ósseas livres, calcanhares e regiões ósseas que ficam
em contato com a cama ou cadeira;
 Posicionamento adequado ( Posicionar de uma forma que a pessoa se sinta
confortável e que não aumente a pressão na posição).
33

5. FISIOTERAPIA APLICADA AOS CUIDADOS DA PESSOA COM


DEFICIÊNCIA – MÓDULO INFANTIL
Ft Debora S F Campos

Manutenção das estruturas músculo-esqueléticas:

Alongamento muscular

Alongamentos são exercícios voltados para o aumento da flexibilidade do


músculo. Quanto mais alongado um músculo, maior será o movimento desta articulação
e isso pode tornar mais fácil a execução das funções. Portanto, realizar os alongamentos
alguns dias na semana ajuda a relaxar o corpo, proporciona maior consciência corporal,
deixa os movimentos mais soltos e leves; previne lesões; e ativa a circulação.

Fortalecimento muscular

O fortalecimento muscular melhora a capacidade de geração de força e é


importante para as transferências, marcha, atividades de vida diária e em algumas
patologias melhora o desempenho funcional sem aumento da espasticidade (condição
patológica do músculo ser mais tenso que o normal).
Muitas vezes o paciente não é capaz sozinho de realizar os exercícios tanto de
alongamento quanto de fortalecimento em sua totalidade e o cuidador necessita auxiliá-
los em maior ou menor grau.

Posicionamento

O posicionamento correto do paciente é um importante aliado para preservar a


integridade muscular e articular. Para isso, em alguns casos se faz necessário o uso de
mobiliários e equipamentos específicos considerando as necessidades do paciente e a
capacidade funcional. A postura correta continua o tratamento, facilita as atividades
diárias e melhora a interação do paciente com o meio em que vive.

Órteses/Próteses
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Órteses são dispositivos externos que aplicados a algum segmento do corpo


coloca este segmento em uma postura mais adequada possível e auxilia na função. As
próteses são dispositivos que substituem um membro ou uma parte do corpo.

Alguns pacientes conseguem realizar certas funções somente com uso das
órteses/próteses, por isso a necessidade de uma correta avaliação para que o potencial
do paciente não seja subutilizado. A colocação e utilização erradas das órteses/próteses
podem ser tão ruins quanto uma indicação incorreta.

O encaixe de ambas precisa ser correto para que haja uma adequada função e
não machuque.

Equipamentos

O equipamento pode ser entendido como um objeto que é inserido no dia a dia
do paciente com o objetivo de melhorar a postura e facilitar uma função específica. Ele
pode facilitar, o sentar, o ortostatismo, o deslocamento, etc.

Deslocamento

A locomoção é a capacidade de se mover de um ponto até outro. E a marcha que


é o deslocamento rítmico de partes do corpo é a locomoção comumente realizada pelo
humano. Porém, alguns indivíduos realizam os deslocamentos de outras formas, com
auxílio de aditamentos para marcha e/ou uso de equipamentos.

Transferência

A mudança do paciente entre superfícies deve ser estimulada da maneira mais


independente possível. O paciente é treinado a realizar as transferências entre cadeira de
rodas e leito, vaso sanitário, carro, tablado, etc, sozinho ou com o mínimo de ajuda
possível. Em alguns casos se faz necessário o uso de facilitador ou mesmo adaptações
no ambiente para que a transferência seja eficiente e segura.

Transporte

O transporte do paciente está relacionado com o movimento do mesmo entre


locais. As crianças na maioria das vezes são transportadas no colo e isto demanda de um
35

desgaste do cuidador. É preferível que o transporte seja realizado com cadeira de rodas
adaptada ou outro equipamento, porém, nem sempre isso é possível. Por isso, o carregar
precisa ser o mais ergonômico possível para preservar a integridade física do cuidador e
a criança não seja privada de se relacionar com o meio durante o transporte.

Desenvolvimento motor

A aquisição das etapas motoras de uma criança acontece respeitando uma ordem
cronológica, emocional, maturacional e psicológica. De uma maneira simplificada um
bebê inicia o sentar por volta de 6 meses, o engatinhar por volta de 9 meses e inicia a
troca de passos por volta de 1 ano de idade aproximadamente. A depender da
deficiência da criança algumas etapas motoras podem acontecer de maneira diferente do
habitual, podem não aparecer no momento cronológico esperado e infelizmente em
alguns casos não acontecem.

Existe uma expectativa alta entre os familiares, cuidadores e até mesmo os


terapeutas envolvidos na reabilitação para que estas crianças atinjam o mais rápido
possível o andar como forma de deslocamento. Porém, às vezes, ao estimular o andar
há um prejuízo funcional desta criança que ainda não está pronta para a função e
recrutam de musculatura não habitual para desempenhá-la e isso contribui na aquisição
de vícios de posturas e deformidades.

Considerações importantes

A cadeira de rodas é um equipamento muito difícil de ser aceito. Muitas vezes os


familiares interpretam a cadeira de rodas como uma condenação, uma incapacidade
permanente de andar. Porém, quando a criança não possui uma cadeira de rodas,
adaptada, a postura sentada é inadequada o que traz conseqüências ruins e atrapalha na
sequência do tratamento.

Associado as alterações motoras é comum encontrar outros distúrbios em


crianças com Paralisia Cerebral como visuais, auditivos, cognitivos, oftalmológicos,
perceptuais, comunicação, comportamento, epilepsia que devem ser investigados e
abordados para que a criança tenha todo o seu potencial alcançado. As deformidades
ortopédicas em coluna e membros são freqüentes e precisam ser acompanhados para
36

que seja tratado no momento certo. A subluxação/luxação de quadril é monitorada pelo


médico com o Raio-X de bacia. O uso do parapodium ou qualquer outro recurso para
ortostatismo nas crianças a partir de aproximadamente 1 ano de vida deve ser
considerado.

No tratamento da discrepância dos membros, em alguns casos, é utilizado o


fixador externo que é um aparelho que parte dele aparece por fora do membro e parte
dele está fixado no osso. É um aparelho do tipo “gaiola de ferro”. São necessários
cuidados especiais de higiene e seguimento rigoroso das orientações médicas quanto à
manipulação do mesmo.

As fraturas na osteogênese imperfeita fazem parte da patologia interrompem


momentaneamente a reabilitação por causa da imobilização e são fontes de grandes
preocupações. Porém, é uma condição inerente e imutável. É preciso encontrar um
equilíbrio entre o proteger e o permitir. As escolas devem estar bem orientadas a
respeito da possibilidade de fratura, mas sem pânico para não privar a criança do
convívio saudável com seus colegas e amigos.

As recidivas de deformidades pós cirúrgicas na artrogripose múltipla congênita


são muito frequentes é necessário seguir rigorosamente todas as orientações de
alongamentos, posicionamento e nunca retirar as órteses nem mesmo para dormir.

Crianças com distrofias neuromusculares na grande maioria das vezes


necessitam de um cuidado especial na parte respiratória. Devido a fraqueza muscular
global esta área é bem atingida levando a complicações. A procura de profissional
especializado se faz necessário. Outro aspecto importante a ser considerados são as
transferências. Normalmente os cuidadores/familiares carregam, pois estas crianças não
tem força suficiente nos braços para ajudar. Para facilitar é necessário que a cadeira de
rodas tenha braços e pés removíveis, que as superfícies de transferências tenham alturas
semelhantes, que segure a criança em pontos específicos do corpo, ou usem lençóis,
pranchas e em alguns casos equipamentos como o “lift” (elevadores). Por fim, nunca
puxar estes pacientes pelos braços para não causar lesões sérias em ombro devido a
fraqueza da musculatura nesta região.

A sensibilidade nas crianças com Mielomeningocele é alterada em algum grau,


portanto as escaras (úlceras de pressão) devem sem monitoradas observando áreas
37

avermelhadas em especial no bumbum e pés. Para evitar escaras no bumbum orientar


que paciente faça de tempos em tempos na cadeira de rodas o “push up” (suspender o
bumbum apoiando as mãos no apoio de braço da cadeira). Quando a criança estiver no
chão permanecer sempre de roupa (calça, meia e goteiras) para que não se machuque ao
arrastar. O uso das órteses tornozelo-pé é essencial para não machucar os pés
principalmente para os pacientes que andam, pois não é incomum pacientes com
mielomeningocele sofrer amputações de membros inferiores devido complicações de
machucados. Caso haja machucado (escaras) nos pés precisa parar de andar até que
cicatrize. Uso do enfaixamento em “8” para posicionar membros inferiores e evitar
deformidades e fraturas é importante para pacientes com nível de lesão torácico.
Cuidado com a parte urinária, pois estes pacientes não controlam corretamente o
esvaziamento da bexiga e apresentam infecções urinárias de repetição podendo evoluir
para complicações mais sérias. Na grande maioria dos casos usarão fralda sempre e em
alguns casos o médico orientará a sondagem. Revezar a postura sentada na cadeira com
a postura deitada de barriga para baixo é muito importante para evitar escara no
bumbum e alongar a musculatura flexora de quadril prevenindo deformidades. Estes
pacientes fazem uso de válvula de derivação que é um tratamento utilizado para a
hidrocefalia. Observar mudanças de humor, comportamento, agitação, sonolência, dor
de cabeça persistente, vômito em jato e caso ocorra um desses sintomas se dirigir à um
posto de atendimento de emergência. É comum que estas crianças tenham queimaduras
graves, devido à falta de sensibilidade. Portanto, cuidado com prato de comida quente,
aparelhos eletrônicos (computadores, jogos, etc), água de chuveiro, etc).

Os cuidadores e familiares das crianças com lesão encefálica adquirida precisam


passar por um processo de desconstrução deste indivíduo que em algum momento da
vida não apresentava a lesão. Esta criança não é mais aquela de antes do incidente. E
este é um passo importante para a reabilitação. Estas crianças frequentemente
apresentam inadequação no comportamento (agressividade, irritação, não aceitação dos
manuseios, etc) o que dificulta o tratamento. As atitudes não são frutos de deboche, falta
de interesse ou o que quer que seja. É um problema comportamental e ás vezes
dificuldade de atenção. O tempo de resposta é muito mais lento. A conversa precisa ser
“olho no olho” trazer a atenção da criança para a atividade o tempo todo. É preciso
paciência e a escola, precisa ser orientada quanto a este aspecto.
38

Por fim, acima de qualquer patologia, alteração, etc, etc etc...são crianças... e
crianças brincam....
39

6. FISIOTERAPIA APLICADA AOS CUIDADOS DA PESSOA ADULTA


COM DEFICIÊNCIA

Introdução

A Fisioterapia na Reabilitação de pacientes com lesões de origem neurológica tem


como objetivo o desenvolvimento de habilidades funcionais, proporcionar maior
independência, bem estar e Inclusão social.

Promover maior independência possível de acordo com o potencial de cada


paciente.

O potencial dependerá:

- patologia

- tipo de lesão

- extensão da lesão

- intervenção precoce/ tempo de lesão

- idade e sexo

- comorbidade ou doença de base

- fator sócio- econômico

- alteração da sensibilidade

- alterações comportamentais

- alterações visuais e auditivas

- alterações cognitivas

- complicações secundárias à lesão

Tratamento Fisioterapêutico

Posicionamentos
40

Para que serve?

• Prevenir deformidades articulares

• Diminuir espasticidade

• Melhorar o retorno venoso

• Aliviar a pressão

Mobilizações articulares

Devem ser feitos sempre de forma lenta e respeitando a amplitude de movimento da


articulação.

Para que serve?

• Prevenir deformidades articulares

• Diminuir espasticidade

• Auxiliar no retorno venoso

Alongamentos musculares

Devem ser feitos sempre de forma lenta e respeitando a amplitude de movimento da


articulação.

Para que serve?

• Prevenir deformidades articulares

• Ganhar maior mobilidade


41

• Diminuir espasticidade

Treino de equilíbrio de tronco

• Melhorar o desempenho em atividades como:

 Tocar a cadeira de rodas


 Transferências
 Atividades de autocuidado
 Dirigir
 Praticar esportes
 Melhorar o padrão de marcha

Push-up

É o ato do paciente se suspender da sua cadeira.

Para que serve?

• Aliviar as áreas de pressão

• Facilitar as transferências

• Fortalecer o músculo tríceps


42

Atividades motoras

Rolar:

Independência nas mudanças de decúbito e trocas posturais

Sentar:

Execução das atividades de vida diária

Ortostatismo ou posição em pé

Execução quando possível de atividades do dia a dia e transferência de peso para MMII

Atividades de vida diária

Tocar a Cadeira de Rodas


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Transferências tipos:

• Transferência totalmente dependente


• Transferência semi-independente: tábua + acompanhante
• Transferência independente com tábua
• Transferência independente
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Mobiliário e Acessórios

São todos os matérias ou recursos utilizados para facilitar e favorecer uma


função da melhor forma possível e com maior segurança e qualidade.
Envolve o uso da Cadeira de Rodas (CR), cadeira de banho, tábua de
transferência, andadores, muletas ou bengalas para facilitar a marcha. O uso de
almofadas e colchões próprios para evitar ulcera de pressão, orteses para
posicionamento ou que facilitem uma função.
Equipamentos de tecnologia para facilitar maior independência do individuo
com alguma dificuldade motora.

Tábua de Transferência

Equipamentos para andar


45

Órteses
Auxiliares de marcha

Adaptação do Ambiente

A adaptação do ambiente facilitará a independência, participação e inclusão do


individuo acometido por qualquer patologia. Um ambiente adequado favorecerá
a acessibilidade, conforto, higiene e segurança. É para nos da reabilitação um
ponto fundamental e sempre buscamos adequar e orientar para que seja um
ponto a favor no processo de reabilitação.
Quando pensamos na adaptação do ambiente levamos em consideração a
segurança, a estimulação do quadro, mas sabemos que alguns aspectos
interferem para que esse ambiente seja o mais adequado, tais como o econômico.
Nesta adaptação pensamos no posicionamento do leito para receber maior
estimulo do ambiente ou facilitar o acesso da CR ou de Banho, retirada de
tapetes que podem levar a quedas frente à marcha ou dificultar o deslocamento
de cadeiras rodas ou de banho.
Também na colocação de barras pra facilitar a realização de algumas atividades
funcionais, tais como: transferências ou a marcha. Na iluminação, o uso de
dispositivo que acedem com sensor ou sonoros para que se perceba a
movimentação do indivíduo caso este tenha dificuldade para falar e ou risco de
realizar alguma tarefa sem a presença de alguém para supervisionar ou dar
apoio.
Um ambiente adaptado oferece oportunidade para que o indivíduo com alguma
dificuldade motora possa ser mais atuante, é um agente facilitador do
aprendizado e também mais motivador.
46

7. TERAPIA OCUPACIONAL

Antes de começar com as orientações sobre os cuidados, podemos pensar e nos


questionar:

De quem estamos cuidando?

Quem é esta pessoa e quais são seus sonhos (prévios e futuros)?

Como podemos facilitar e tentar deixar o cotidiano mais normal possível?

A doença e/ou o aumento da idade podem trazer dificuldades na compreensão e


na execução das atividades diárias. Para incluir este indivíduo em sua própria rotina é
importante:

 Antes de realizar as tarefas, explicar o que e o porquê realizá-las.


 Usar palavras e comandos simples pode facilitar.
 Realizar o estímulo para maior participação do paciente aguardar sua
resposta estimular novamente (se necessário) mostrar como ele pode
realizar esperar.
 A manutenção de uma rotina é importante para maior participação.

Atividades da Vida Diária

Banheiro

Escovar os Dentes:

 Estimular a organizar os objetos necessários e usar cada um corretamente (pasta,


escova e toalha);
 Verificar se há possibilidade para realizar em pé. Caso demonstre ser perigoso,
realizar sentado;
 Apoiar os braços na pia pode facilitar a realização;
 Uma dica pode ser o uso de escova de dente elétrica e no momento do enxágue,
podemos levar a água à boca com o auxílio de um copo;
 Se a dificuldade estiver em segurar o cabo da escova de dente, podemos pensar
em engrossar o cabo com E.V.A., ou algum outro tipo de adaptação.
47

*Lembrar de sempre estimular o paciente para realizar de forma independente, mas com
segurança.

 Em caso de crianças a escovação deve ser monitorada e/ou refeita pelo cuidador,
visto que ainda podem não apresentar coordenação motora e noção de higiene
adequadas para realização desta atividade.
 Paciente que faz uso de prótese dentária: retirar a prótese e escovar
separadamente.
 Se o paciente estiver acamado e não responsivo, DEVEMOS verificar junto com
a Fonoaudiologia e com a Odontologia a maneira mais adequada para a
escovação, evitando assim qualquer tipo de complicação clínica (ex.: engasgo).

Banho

O momento do banho NÃO é para fazer Exercícios! O banheiro pode ser um local
muito perigoso! Devemos estimular a participação do paciente, mas SEMPRE com
Segurança!

Para que possamos estimular a participação, quem sabe começar o banho antes do
horário programado ajude. Dessa forma não precisamos ter pressa para que ele realize
logo.

 Se houver a possibilidade, estimular para que o próprio sujeito tire a roupa.


Podemos apenas dar o comando verbal (falar) para que ele possa lembrar a
ordem, até conseguir memorizá-la;
 Ensaboar as partes do corpo sempre na mesma ordem pode facilitar para que ele
decore e depois consiga realizar;
 Enxaguar, estimular a perceber se falta alguma parte do corpo;
 Secar-se, estimular a perceber se falta alguma parte do corpo;
 Em alguns momento a participação do paciente está em escolher qual sabonete
quer usar, o shampoo de sua preferência. Ou então, segurar o chuveirinho.
Dicas para facilitar e ter mais segurança durante o banho:

 Barras de apoio no banheiro;


 Tapete antiderrapante;
 Não tomar banho com sandálias abertas na parte de trás (calcanhar);
 Realizar sentado, com supervisão se necessário;
 Para evitar queda do sabonete podemos utilizar sabonete líquido na esponja;
48

 Ou então podemos colocar o sabonete dentro de uma meia calça e amarrá-la no


registro da torneira do chuveiro, caso o sabonete escorregue da mão fica fácil
puxá-lo;
 Podemos utilizar escova de cabo longo para lavar as costas, pernas e/ou pés;
 Esponja com alça, para deixar presa no braço;
 Cuidado ao entrar e ao sair do box;
 Para realizar sentado podemos utilizar cadeira de banho, cadeira de plástico com
apoio de braços. Evitar que o paciente tome banho sentado no chão. Em caso de
cadeira plástica infantil, é importante colocar peso nos pés da cadeira, pois existe
o risco da criança virá-la. Outro recurso que também pode ajudar é o uso de
flutuador de piscina como cinto e/ou apoio de cabeça.

Temos que lembrar que o banho é um momento de muita intimidade. Para nós,
adultos, como será que iríamos nos sentir se outra pessoa tivesse que nos dar banho?

Uso do Vaso Sanitário, Fralda e Asseio


49

Para aqueles pacientes que ainda estão utilizando fralda, mas que estamos
tentando tirá-la aos poucos, podemos organizar horários fixos durante o dia para levá-lo
ao banheiro. E regularmente seguir os horários estipulados. Além disso, no caso das
crianças, podemos fazer uso dos tapetes absorventes para forrar o carrinho do carro e/ou
o bebê conforto.

Também podemos estimulá-los para que nos diga o momento de trocar a fralda.
Para que comece a se conscientizar. Ou caso ele consiga sentir que vai ao banheiro,
solicitar que avise. Assim conseguimos estimular o uso do papagaio/comadre ou levá-lo
ao banheiro.

É importante que o paciente esteja bem posicionado/sentado no vaso sanitário


com segurança.

Para isso podemos sentá-lo na cadeira de banho e posicioná-la sobre o vaso


sanitário. Ou também existem assentos para a privada com apoio de braços para que ele
possa segurar. Ou até mesmo podemos pensar nas barras fixas de apoio do banheiro
para esse momento. O apoio dos pés em algo fixo irá ajudá-lo.

Para os pequenos, o uso do penico e/ou redutor de assento também é indicado,


ressaltando que é muito importante que os pés da criança estejam apoiados neste
momento.
50

Se houver possibilidade por parte do paciente, estimular o auxílio durante a


limpeza. Enrolar o papel higiênico em sua mão, para que ele não se suje pode ser uma
alternativa. Até que consiga realizar da melhor forma. O uso do lenço umidecido e/ou
ducha higiênica também facilitam o asseio.
51

Auto cuidado

Barba
Se o paciente tem a possibilidade de auxiliar para a realização, podemos fazer
juntos, com Segurança.

Realizar sentado pode ser uma maneira mais segura.

Podemos treinar antes de começar a realizar de verdade. Pedindo para ele passar
o creme de barbear no rosto. Colocando por exemplo uma fita crepe na lâmina e
realizando os movimentos junto com ele, para treino, evitando assim qualquer ferimento
na pele. Até que ele consiga realizar da melhor forma.

Depilação
Para as mulheres que tem possibilidade motora para realizar, podemos usar o
exemplo da “barba” para treino. Também sentada e com segurança.

Maquiagem
Estimule para que ela tente te contar o que gostava de usar, passar no rosto, em
qual ordem, quais cores mais gosta.

Se houver a possibilidade motora também pode tentar realizar com ela.


Lembrando que sentada e com os braços apoiados pode ser mais fácil.

Cozinha

Na cozinha podemos pensar em algumas etapas: desde a preparação da comida;


organização dos objetos na mesa; colocar a comida no prato; o momento da refeição;
lavar a louça.

Tudo é importante: dizer quais alimentos são necessários para fazer algum tipo
de comida; quais alimentos estão faltando no armário, fazer uma lista de supermercado;
pensar no cardápio da semana.

Podemos estimular o paciente em todas as etapas e tarefas na cozinha. Podendo


ele participar falando ou então fazendo junto. O momento da refeição é um momento
social, em que as pessoas sentam juntas à mesa, comem, conversam, contam do dia.
Então, sempre que possível, temos que estimular para que o paciente participe.
52

O que você percebe que para ele é mais difícil durante a alimentação? Levar o
alimento à boca? Cortar? Ou então ele não consegue segurar o garfo/colher?

Temos que tentar entender o que está difícil para pensarmos em estratégias para
a realização.

Dicas simples podem nos ajudar:

 Usar um tapete antiderrapante embaixo do prato;


 Apoiar os cotovelos na mesa pode facilitar levar a comida à boca;
 Engrossar o cabo dos talheres para ficar mais fácil para segurar;
 Tábua adaptada para cortar os alimentos;
 Se é difícil colocar os alimentos no garfo, podemos tentar começar “espetando”
alimentos sólidos, e ir gradualmente para outros tipos de alimentos;
 Tentar outras alternativas para cortar os alimentos.
53

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materiais

Na cozinha temos que ficar atentos para não colocarmos nosso paciente em
risco. CUIDADO com: objetos pontiagudos, queimaduras, objetos que quebram (vidro)
e com o uso destes. Além disso, se o paciente faz acompanhamento com um
fonoaudiólogo é de extrema importância verificar quais os tipos e consistência de
alimentos que são indicados.

Lembrar que a alimentação tem que ser um momento prazeroso para todos.

Vestuário

Se houver possibilidade de participação do paciente, devemos estimulá-lo desde


o momento da escolha da roupa.

Se ele não tem como ir até o armário para pegar e escolher entre as roupas,
podemos selecionar uns 2 ou 3 pares de roupas para que ele opte por qual utilizar
naquele dia.

Se houver possibilidade motora, podemos estimular para uma maior participação


ativa, visando sempre sua independência, mesmo que com supervisão.

Vestir e despir sempre na mesma ordem pode ser uma dica para que ele consiga
memorizar as etapas!
54

Realizar o vestuário sentado é a forma mais segura para a execução.

Evite fazer esta atividade com pressa, para que o paciente consiga participar e
desempenhar as etapas com calma e sucesso. Muitas vezes deixamos para última hora e,
fica mais difícil para ele participar.

Brincar

A principal ocupação da criança é o brincar, e este é extremamente importante


para que a criança se desenvolva tanto motoramente como intelectualmente. Para isso é
fundamental ofertar brinquedos e brincadeiras adequadas a idade.

Os bebês até 02 anos descobrem o mundo através dos sentidos, portanto eles
adoram brinquedos, sonoros, coloridos, com texturas e formas diferentes. O primeiro
brinquedo da criança é o próprio corpo, então é importante incentivar que ela segure os
pés, que os levem a boca, que role e se arraste. Vale ressaltar que inicialmente a criança
conhece o brinquedo colocando-o a boca, portanto cuidado com objetos pequenos e que
possam soltar peças.

A partir dos 4 meses, as brincadeiras começam a ficar mais ricas, pois a criança
começa a perceber que sua ação causa uma reação no objeto, ex: eles adoram jogar os
brinquedos longe, gostam de empurrar bolas e de puxar o lençol para aproximar o
brinquedo que está mais distante.

Entre os 6 e 10 meses, as crianças gostam de cubos de empilhar, de brinquedos


com encaixes simples, livrinhos com poucas figuras, de ver fotos, entre outros.

Depois dos 10 meses, quando a criança começa a engatinhar, as brincadeiras


mais apreciadas quase sempre envolvem movimentos, como por exemplo, fazer gestos e
dançar com músicas, de serem colocados e empurrados dentro de caixas de papelão,
gostam de entrar e sair de pequenos locais * CUIDADO com a tampa do forno do
fogão, móveis com vidro, prateleira da geladeira, baldes com água, pois são lugares que
geram grande risco a criança.

Entre 1 e 2 anos, as crianças estão mais interessadas em se deslocar, gostam de


empurrar algo (caminhão, carinho de boneca), de brinquedos que promovam seu
55

deslocamento (triciclo, cavalinho com rodinhas, etc.). Nesta fase também há maior
aprendizado quanto ao peso e tamanho dos objetos.

Também começam a fazer representações das atividades cotidianas, por


exemplo, imitam que estão dando comida a boneca, que dirigem um carro, fingem que
estão fazendo o boneco dormir.

A partir dos 2 anos, as brincadeiras de montar e desmontar são bem legais,


incluindo quebra-cabeças com pouca peças e de formato maior.

As brincadeiras de faz de conta também começam a ficar mais elaboradas e a


imaginação começa a aparecer.

As crianças de 3 a 4 anos adoram brincadeiras com massinha, areia, de colorir


desenhos. É a fase de contar histórias com fantoche e de usar fantasias/máscaras.

A partir daí as brincadeiras vão ficando cada vez mais elaboradas, as imitações
se tornam mais ricas e detalhadas, elas usam mais a imaginação nas brincadeiras de faz
de conta e começam os jogos interativos.

Mas o mais importante de tudo isso, é que o brincar tem que ser divertido,
interessante e espontâneo!
56

8. FONOAUDIOLOGIA

O que é disfagia?

Existem patologias (doenças) que podem afetar a sensibilidade ou a coordenação


dos músculos responsáveis pelos movimentos da deglutição (o ato de engolir). O
problema pode ocorrer desde a introdução de alimento na boca até a entrada do
estômago. Esta alteração ao deglutir é o que chamamos de DISFAGIA. A dificuldade
para engolir pode aparecer apenas com alguns alimentos como líquidos ou sólidos, ou
estar presente com todos eles.

Quais são as causas mais comuns da disfagia?

É necessário reconhecer que a disfagia é um sintoma comum resultado de uma


doença de base. Muitas doenças e distúrbios podem produzir a disfagia. Além disso, ela
pode ocorrer em qualquer idade.
Causas mais comuns:
 Desordens neurológicas: AVC, tumores cerebrais, demências, doenças
degenerativas (Esclerose Múltipla, Esclerose Lateral Amiotrófica), TCE,
Parkinson, Alzheimer, Paralisia Cerebral, Lesões encefálicas adquiridas, entre
outros.
 Desordens mecânicas: câncer de cabeça e pescoço, malformações congênitas e
ferimentos (nestes casos ocorre alteração nas estruturas envolvidas durante o
processo de deglutição);
 Desordens de origem psicogênicas: alterações emocionais;
 Desordens do envelhecimento: flacidez da musculatura, xerostomia (sensação de
boca seca), uso de medicamentos, entre outros.

Quais são os principais sinais e sintomas da disfagia?

O problema para deglutir apresenta vários sinais/ sintomas, que na maioria das
vezes podem passar despercebidos pelos familiares e/ou cuidadores. Desta forma
devemos ficar atentos, pois as dificuldades podem ocorrer antes, durante ou após o ato
de engolir.
Sintomas que podem acompanhar a disfagia:
 Tosse ou engasgo com alimento ou saliva;
 Febre sem causa aparente;
 Pneumonias de repetição;
 Hipersecretividade (“pulmão cheio”) e o uso freqüente de antibióticos;
 Recusa alimentar;
 Modificação do nível de consciência devido desidratação;
 Perda de peso e desnutrição por causa da dificuldade de engolir;
57

 Sensação de bolo parada na garganta;


 Sonolência durante as refeições;
 Rouquidão ou mudança de voz após as refeições (voz molhada);
 Aspiração de alimentos, ou seja, estes podem seguir um caminho errado e acabar
nas vias respiratórias acarretando complicações respiratórias importantes.
Sinais esperados para um paciente disfágico:

 Dificuldades para reter o alimento na boca;


 Deglutição demorada ou deglutir várias vezes o mesmo bolo;
 Dificuldades para mastigação;
 Retorno do alimento para a boca ou nariz;
 Permanência de restos de alimentos na boca;
 Baba excessiva após refeição;
 Cansaço após alimentar-se;
 Engasgos freqüentes para qualquer consistência;
 Alteração de voz e respiração após a refeição;
 Insegurança, ansiedade no momento da refeição.

Quais são as conseqüências da disfagia?

A disfagia pode levar a desnutrição, desidratação e pneumonias de repetição,


além de alterações psicossociais como depressão, ansiedade, medo e frustrações. E em
casos mais graves quando não diagnosticada e tratada a tempo pode levar o paciente a
óbito.

Quem devo procurar ?

O auxílio ao paciente disfágico envolve diversos profissionais da saúde. O


profissional responsável pela avaliação e reabilitação dos distúrbios da deglutição é o
fonoaudiólogo. O diagnóstico é realizado através da anamnese (levantamento do
histórico clínico e queixas durante as refeições) e a avaliação fonoaudiológica.Também
são sugeridos/ indicados exames complementares para avaliar de maneira objetiva a
dinâmica da deglutição (videodeglutograma e nasofibrolaringoscopia), além do
direcionamento e encaminhamento do caso junto à equipe interdisciplinar.
Exemplo de profissionais que atuam nesta equipe interdisciplinar: nutricionista,
fisioterapeuta respiratória e motora, terapeuta ocupacional, psicóloga, dentista,
pneumologista, gatroenterologista, ORL, pediatra, geriatra, neurologista, fisiatra, entre
outros.

Quais são os objetivos fonoaudiológicos no tratamento com o paciente disfágico?


58

 Orientar a adequação de consistência alimentar para a oferta de alimentação pela


boca. Exemplos de consistências: pastosos, líquidos, líquidos engrossados, semi-
sólidos e sólidos;
 Orientar o modo de dar a alimentação e o uso do utensílio mais indicado para
cada consistência; o controle de volume durante a alimentação, para evitar
engasgos e favorecer a deglutição;
 Trabalhar em terapia manobras de deglutição que irão auxiliar no ato de engolir
com mais segurança. Estas manobras serão orientadas para os cuidadores e
devem ser realizadas em todas as refeições;
 O posicionamento para alimentação durante as refeições;
 Promover maior eficiência na dinâmica da deglutição;
 Verificar se a via de alimentação utilizada pelo paciente está segura e eficiente;
 Favorecer a rotina de alimentação;
 Diminuir os riscos de aspiração traqueal proporcionando melhora na qualidade
de vida do paciente e familiar.
 Favorecer a manutenção do prazer oral quando o paciente disfágico já utilizar
uma sonda para alimentação;

A disfagia causa grande impacto na qualidade de vida do paciente e de sua


família. É de fundamental importância o envolvimento dos familiares e cuidadores
neste processo de reabilitação, pois os conhecimentos do diagnóstico e de suas
complicações podem favorecer a adesão familiar no processo terapêutico,
permitindo ao paciente uma alimentação de forma mais segura e eficiente. Além de
todos os cuidados mencionados não devemos esquecer a individualidade de cada
paciente, a interação entre cuidador/ paciente é imprescindível, com respeito e muita
dedicação, independente de sua condição atual ou diagnóstico.

COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM

Crianças e adultos com alterações neuromotoras podem apresentar problemas


relacionados à voz, fala, linguagem e comunicação. Por este motivo é importante
conhecer e diferenciar estes termos.

A comunicação é essencial para a inserção social, as trocas afetivas e obtenção


de informações, formando laços sociais e culturais. O homem precisa se relacionar
com o mundo e isso acontece através da comunicação. Através dela as pessoas
compartilham experiências, idéias e sentimentos.

A voz é o som produzido pelas pregas vocais que se localizam na laringe.

A fala é a expressão verbal da linguagem. Ela inclui a articulação (forma como


os sons são produzidos).
59

A linguagem possibilita a comunicação com o mundo, dá significado ao que


desejamos e sentimos além de ser uma forma de expressar idéias e pensamentos.
Existem várias formas de linguagem, como a oral, a escrita e a gestual.

Como e quando estimular a linguagem de uma criança?

A comunicação e a linguagem devem ser estimuladas desde o nascimento. Aproveite as


rotinas diárias para estimular a linguagem: hora do banho, do vestuário, da alimentação
e da brincadeira.

Seguem abaixo algumas sugestões importantes:

 Fale devagar e de maneira tranquila.


 Posicione-se de frente e na mesma altura da criança. Isso favorece
o contato visual.
 Mostre interesse ao que a criança está tentando comunicar.
 Interprete os sinais comunicativos da criança: o olhar, o choro, o
riso, as vocalizações, o apontar.
 Observe o que motiva a criança.
 Espere pelas respostas, dê um tempo maior. Não fale pela criança.
 Não antecipe as necessidades da criança.
 Não tente adivinhar o que a criança quer. Estimule-a e tente que
ela se expresse por qualquer meio de comunicação. Não deixe
que ele se isole, desista ou se acomode frente a dificuldade de
comunicação.
 Atividades com música e arte são excelentes momentos para
estimular a linguagem e a comunicação das crianças.
 Leia histórias .
 Usar palavras novas, explicando o seu significado através de
exemplos que a criança entenda.
 Aproveite para falar tudo o que rodeia a criança, a pessoas, as
coisas. Conte o que se está fazendo no dia-a-dia, conversando e
interagindo com ela. Isso ajuda a aumentar o vocabulário.
 Elogie as respostas e assuma uma atitude de interesse, motivação
e entusiasmo pelas respostas da criança.
 Fale normalmente com a criança e não de forma muito
infantilizada. Fale as palavras corretamente. Ex: “carrinho” ao
invés de “bi-bi” .
 Se a criança falar “errado”, não a repreenda, diga apenas o
correto. Ex: Se a criança disser “bobô” apontando para uma
borboleta, o adulto pode dizer: - Você viu... é uma borboleta,
uma linda borboleta!
 Repita várias vezes a “palavra chave” da sentença.
60

O que é importante observar no paciente adulto?

Entre os problemas de fala, linguagem e comunicação apresentados por


pacientes com lesões encefálicas adquiridas encontramos a afasia e a disartrofonia.

O que é afasia?

A afasia é um transtorno de linguagem que afeta a comunicação do paciente em


diferentes níveis decorrente de lesão neurológica. A compreensão da linguagem
também pode estar comprometida.

Quais as alterações de linguagem que um paciente com afasia pode apresentar ?

 Dificuldade em dizer o nome das coisas.


 Diminuição da fala espontânea, porém o paciente pode conseguir dizer os
números em sequência, meses do ano, cantar, entre outros.
 Alteração da melodia da fala.
 Falar a mesma palavra por outra várias vezes.
 Fala incompreensível.
 Substituição de uma palavra por outra (Ex: mesa ao invés de cadeira).
 Falar palavras que não existem ( Ex: nepeto ).
 Dificuldade em expressar o que deseja através de gestos eqou desenhos.
 Dificuldade de compreender significado e interpretar
 Dificuldade em ler e/ou escrever

Como facilitar a comunicação da pessoa com afasia?

 Proporcione um ambiente calmo e tranquilo para conversarem.


 Olhe para o paciente, dirigindo-se a ele da forma mais clara e possível.
 Simplifique a conversação, evitando frases longas e assuntos
complicados.
 Evite questões abertas (ao invés de “onde você quer ir ?” diga : “Quer ir
ao shopping ? ”) . Ofereça alternativas.
 Espere pelas respostas do paciente, não o interrompa. Dê um tempo
maior. Não termine palavras ou frases iniciadas por ele.
 Evite a mudança de assunto rapidamente. Apresente uma ideia de cada
vez.
 Converse sobre algo que seja de interesse do paciente.
61

 Enriqueça sua fala com gestos, entonação e expressões faciais.


 Mude a forma de falar se suspeitar que o paciente não entendeu o que foi
dito.
 Quando não compreender o que foi dito pelo paciente, não “finja” que
entendeu, seja honesto.
 Utilize outras formas de comunicação (desenhos, gestos, sons ou material
escrito)
 Não converse com outras pessoas como se o paciente não estivesse
presente.
 Alguns pacientes mesmos não conseguindo falar podem compreender o
que está sendo falado e o que está acontecendo.
 Tenha calma e paciência. O paciente não está falando porque não
consegue e não porque é preguiçoso.
 Entenda que há dias em o paciente está melhor e em outros, pior.
 Reconheça o esforço do paciente para falar, não expondo-o . A
comunicação deve ser a mais prazerosa possível.

O que é disartria ou disartrofonia?

É uma alteração na expressão verbal causada por uma alteração no


controle muscular dos mecanismos da fala. Compreende as disfunções motoras de
respiração, fonação, ressonância, articulação e prosódia.

Quais as queixas mais comuns dos pacientes com disatria?

 Voz “fanhosa” .
 Falta de ar ou dificuldade de respirar durante a fala.
 Dificuldade em falar baixo, alto ou manter o controle do volume da voz.
 Piora ou perda da voz por determinado período após o uso.
 Velocidade de fala aumentada ou diminuída.
 Dificuldade de movimentar os lábios, língua e bochechas, o que
atrapalha a fala.
 Dificuldade em realizar movimentos faciais.

O que não se deve fazer?

 Não peça para o paciente fazer exercícios por conta própria, sem
indicação de um profissional.
 Não faça o paciente forçar sua voz.
 Ajude o paciente a evitar o hábito de pigarrear.
62

Adultos e crianças com deficiência podem apresentar dificuldades para falar e


escrever, e para isso, precisamos pensar em alternativas que possibilitem uma
melhor participação social destas crianças.

O que é Comunicação Suplementar e Alternativa (CSA)?

CSA é um termo utilizado para definir outras formas de comunicação como o


uso de gestos, língua de sinais, expressões faciais, o uso de pranchas de alfabeto ou
de símbolos gráficos, até o uso de sistemas sofisticados de computador com voz
sintetizada. (Glennen, 1997).

O que são pranchas de comunicação ?

As pranchas de comunicação são superfícies onde são colocados os símbolos


gráficos. Essas superfícies podem ser de madeira, acrílico, cartolina, plástico, etc.
São colocadas a frente da pessoa para que possa indicar o símbolo desejado. ( Soro
– Camats, 2003, p.30)

As pranchas de comunicação podem ser construídas pelo fonoaudiólogo


utilizando-se objetos ou símbolos, letras, palavras ou números. São sempre
individuais e devem levar em consideração as possibilidades lingüísticas, cognitivas,
visuais e motoras do usuário.
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O uso pode ser temporário ou permanente e não prejudica o desenvolvimento da


fala.

Para quem indicar ?

Indicamos o uso de Sistemas Suplementares e Alternativos de Comunicação


(SSAC) a pessoas que apresentam dificuldades de comunicação, devido à
inteligibilidade de fala. Podemos citar casos de pessoas com: paralisia cerebral,
autismo, afasia, esclerose lateral amiotrófica, Parkinson, síndromes com déficit
cognitivo associado e lesões encefálicas adquiridas.
64

9. A ODONTOLOGIA NO PROCESSO DE REABILITAÇÃO

O paciente com necessidades especiais, seja ele adulto ou criança, apresenta alterações
sistêmicas e/ou neurológicas e/ou comportamentais que exigem atenção especial de uma
equipe multidisciplinar na qual o dentista deve estar inserido.

A saúde bucal é importante para a manutenção de uma adequada saúde geral, pois a
boca pode ser “porta” de entrada de bactérias para o organismo.

Uma infecção grave na boca pode levar ao comprometimento geral do paciente,


prejudicando sua saúde. As principais doenças da boca são a cárie e a doença
periodontal.

A cárie é uma doença contagiosa caracterizada pela destruição da estrutura do dente


(Fig. 1). Ela se instala devido a vários fatores como a dieta, a higiene bucal inadequada,
a presença de bactérias e a resistência imunológica e dentária de cada pessoa. É o
desequilíbrio destes fatores que vai determinar a ocorrência ou não da doença.

Fig. 1 Cárie

A doença periodontal atinge a gengiva causando uma inflamação e/ou infecção que a
torna avermelhada, dolorida e sangrante. O avanço da doença pode levar a mobilidade
(amolecimento) a até a perda dos dentes (Fig.2)

Fig. 2 Doença periodontal

Existem fatores de risco que podem facilitar o desenvolvimento das doenças bucais tais
como a doença cárie, a doença periodontal e as maloclusões (má posição dos dentes).
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FATORES DE RISCO PARA DESENVOLVIMENTO DAS DOENÇAS BUCAIS

São considerados fatores de risco a dieta, o uso de medicações, os hábitos, a higiene


bucal inadequada e a função muscular.

Dieta

Na dieta a frequência de ingestão, a quantidade de açúcar e a consistência dos alimentos


são, em conjunto com a higiene inadequada, fatores que prejudicam a saúde bucal.

Lembrando que a maioria dos pacientes com necessidades especiais possui uma dieta
rica em alimentos pastosos e carboidratos além de líquidos, contendo açúcar,
administrados por mamadeira.

Uso de Medicações

Alguns medicamentos podem provocar diminuição da salivação, além de conter açúcar


em sua composição o que aumenta o risco para o desenvolvimento da doença cárie.
Outros também podem causar aumento do tecido gengival, principalmente quando a
higiene oral não é realizada adequadamente.

Higiene Bucal Deficiente

Alguns pacientes apresentam movimentação involuntária e dificuldade para realizar e


manter a abertura bucal, impossibilitando a higiene oral.

Também existe a falsa a ideia de que aqueles que se alimentam por sonda não precisam
receber a higiene bucal com a mesma frequência dos que se alimentam pela boca.

Função Muscular

A alteração da função muscular pode interferir na mastigação e deglutição dos


alimentos ocorrendo maior retenção de resíduo na cavidade bucal.
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Além disso, muitos pacientes apertam e rangem os dentes. É um ato involuntário


conhecido como Bruxismo que leva ao desgaste da estrutura dental.

Prevenção

Para prevenir as doenças bucais é fundamental realizar uma correta higiene bucal após
as refeições e uso de medicações, usando uma escova com cabeça pequena, cerdas
macias e cabo reto. O fio dental também deve ser usado para limpar as superfícies entre
os dentes. A pasta deve conter flúor e ser usada em pequena quantidade.

Alguns pacientes nem sempre apresentam condições motoras para realizar a higiene oral
de forma adequada e podem usar algumas adaptações orientadas e/ou confeccionadas
pelo terapeuta ocupacional (Fig. 3). Aqueles que necessitam do auxílio de um cuidador
para a realização dessa tarefa também podem contar com alguns artifícios como o fio
dental montado e o abridor de boca (Fig. 4, 5).

Fig.3 Adaptação na escova Fig.4 Fio dental montado

Fig. 5 Abridor de boca


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Portanto para diminuir o risco de desenvolvimento das doenças bucais devemos


controlar o tipo e a frequência da dieta, manter uma higiene bucal satisfatória e
consultar periodicamente um dentista para a prevenção das mesmas.
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10. Cuidados respiratórios básicos

A adequada função respiratória é fundamental para sobrevivência e bem estar do


paciente. Por este motivo é de extrema importância favorecer a ventilação pulmonar e
prevenir complicações respiratórias.

A função respiratória é “divida” em três etapas: Ventilação (mobilização de ar no


sistema respiratório), difusão (troca gasosa) e perfusão (presença de fluxo sanguíneo).
Através dos cuidados básicos adequados, conseguimos interferir na função respiratória
facilitando a ventilação pulmonar.

O Sistema respiratório é divido em Vias Aéreas Superiores: nariz, boca, faringe e


laringe; e Vias Aéreas Inferiores: Traqueia, brônquios, bronquíolos e alvéolos.

A estrutura responsável pela proteção do sistema respiratório é a caixa torácica e o


principal músculo responsável pela função respiratória é o diafragama.

Estas estruturas podem apresentar deformidades que podem interferir na eficiência da


função respiratória e acarretar em desconforto e maior gasto energético do paciente.

Posicionamento correto

O posicionamento incorreto do paciente, na cadeira de rodas ou no leito, também pode


trazer desconforto respiratório, pois pode não favorecer a biomecânica da musculatura
respiratória e assim diminuir sua eficiência.
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Por este motivo é de extrema importância à manutenção da postura correta do paciente


para favorecer a atividade respiratória e prevenir o agravamento ou aparecimento de
deformidades.

- Posicionamento adequado sentado na cadeira comum ou cadeira de rodas (CR), sendo


que pode ser necessário uso de coxins, almofadas ou adaptações na própria CR.

Podem ajudar para que a


comida não caia do
prato.

- Posicionamento adequado deitado

Tapete antiderrapante

O posicionamento correto além de prevenir deformidades e favorecer a dinâmica


respiratória, também pode prevenir episódios de broncoaspiração e consequentemente
infecções pulmonares, pois favorece a liberação das vias aéreas superiores mesmo
durante o sono.
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Higienização das Vias aéreas

Para o adequado funcionamento do sistema respiratório e prevenção de infecções


pulmonares é importante que as vias aéreas permaneçam permeáveis e livres de
secreções. Alguns pacientes estão traqueostomizados ou apresentam tosse ineficaz e por
este motivo necessitam de auxílio para adequada higiene brônquica. Existem
procedimentos que auxiliam na limpeza das vias aéreas, todos eles devem ser realizados
após orientação de profissional especializado e não oferecer riscos para o paciente, são
eles:

Aspiração de secreção (nasotraqueal, orotraqueal, endotraqueal) – Procedimento


utilizado para retirar secreções do trato respiratório superior e ou cavidade oral através
de sucção por cateter. É a retirada passiva das secreções, com técnica asséptica, por um
cateter conectado a um sistema de vácuo. J. bras. pneumol. vol.33 suppl.2 São Paulo
July 2007

Drenagem postural – é quando o corpo do paciente é posicionado, de modo que o


segmento pulmonar a ser drenado seja favorecido pela ação da gravidade.

Auxílio manual a tosse – é a pressão externa exercida sobre o tórax do paciente, de


modo que favoreça o aumento do fluxo expiratório facilitando a tosse e a eliminação das
secreções.
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Estes são alguns cuidados básicos e iniciais que devemos ter com os pacientes que
necessitam de uma atenção especial a questão respiratória, porém existem diversos
outros recursos que dispomos e podem ser utilizados após avaliação individualizada,
abordando a necessidade de cada paciente.
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11. CUIDANDO DO CUIDADOR

Cuidar: atenção, zelo e cautela

Isto é que entendemos por cuidar

O cuidar do outro é uma característica do ser humano, cuidar você demonstra


preocupação, portanto é através do cuidar do outro que você demonstra seu princípio e
moral

O cuidar do outro possui vários fatores, você tem atenção pelo outro, mas se sente
afetivamente ligado a ele, e você cuida quando a existência dessa pessoa tem
significância para você.

Ninguém dá aquilo que não tem, o importante no cuidado é promover o bem estar do
outro sem esquecer o próprio bem estar. Nós profissionais da saúde somos cuidadores
direto através de nossas ações aos doentes e indiretos de nossas ações aos cuidadores.

Para cuidar de alguém você também precisa estar bem. Estar bem de saúde física e
emocional. Cuidamos dos outros, mas precisamos nos cuidar e cuidar também da
equipe que cuida desse doente.

Nós somos exemplos aos outros, através das nossas ações aos doentes e à equipe que
está junto de nós. Não adianta pregarmos uma coisa e agirmos de outra forma. Se eu
digo você precisa cumprir o que o médico diz, eu também preciso me consultar e
cumprir o que o médico vai me dizer. Se sentar direito é importante, eu também preciso
sentar direito. Se comer com moderação é importante, eu também preciso comer com
moderação, e tudo que eu digo eu preciso seguir, precisa ser norma em minha vida. Se o
outro precisa eu também preciso. E muitas vezes preciso para não chegar ao ponto que
esse doente chegou.

Pois cuidando do cuidador, significa também que nós somos responsáveis em cuidar do
doente de maneira preventivamente, e isso vale muito para o cuidador, agir
preventivamente para não adoecer.

Pensar em nós mesmos não significa se egoísta, significa que nos amamos e que
queremos estar bem para cuidar da melhor forma possível do outro.

O trabalho de cuidar envolve uma rotina carregada de alto grau de tensão que abrange
uma equipe toda. Muitas queixas aparecem, algumas vezes, de forma descontrolada,
repleta de ansiedade, de tristeza e às vezes acompanhada de jornadas longas de
trabalho.

Então eu preciso me cuidar física e emocionalmente para cuidar do outro. Para isso eu
também preciso consultar meus médicos, me tratar de possíveis desarranjos para poder
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passar para quem eu cuido e para minha equipe que eu estou bem e posso e tenho
condições de cuidar do outro. Consultar não só o médico, mas muitas vezes o psicólogo,
para ter uma pessoa neutra com quem possa trocar uma ideia, me auto conhecer e
trabalhar possíveis fatos que possam interferir com o meu desempenho como
profissional.

Todos tem problemas e se eu conseguir resolver os meus, eu posso ajudar o outro com
uma qualidade melhor e sem sofrimento.

Outro fator muito, mas muito importante é o ambiente físico, pois podem gerar
frustrações, conflitos, fadigas físicas e mentais.

É preciso criar um ambiente físico favorável, afetuoso, caloroso, atencioso, e muitas


vezes amoroso, que propicie crescimento, alívio, segurança, proteção e bem-estar. Ou
seja, um ambiente no qual a pessoa possa experimentar o cuidado humano.

A presença da sensibilidade nos cuidados é um fator muito importante para penetrar no


mundo emocional da pessoa que precisa ser cuidada e às vezes da equipe que
trabalhamos.

O cuidador pode cuidar de um membro de sua família, e aí não pode esquecer que
muitas vezes esses cuidados são constantes e precisamos um tempinho para nos
cuidarmos, e esses cuidados podem ser muito simples e diários, basta se organizar para
isso. O cuidador pode ser um profissional que precisa cuidar para sobreviver, e aí para e
refletir e se organizar para fazer isso um projeto de vida que traga prazer e seu dia a dia.

Existe diversos motivos porque me tornei um cuidador, mas tudo que eu fizer, fazer
com amor, com responsabilidade e com prazer.

Não esquecer nunca que em tudo na vida eu preciso realizar meus projetos sabendo que
existem outras pessoas ao meu redor, e para dar certo meu envolvimento deve ser o
suficiente para que eu possa crescer e propiciar crescimento ao outro também.

BOA SORTE.
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12. ÉTICA
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13. NUTRIÇÃO E SAÚDE – IMPORTÂNCIA DA BOA ALIMENTAÇÃO

Nutrição é a combinação de processos através dos quais o organismo recebe e


utiliza material necessário para obtenção de energia para manutenção de suas
funções e para a formação e regeneração de tecidos.
A importância entre o equilíbrio dos alimentos consumidos e a saúde já era
conhecida desde a época de Hipócrates, por volta de 480 a.C.: “Que tua comida
seja teu remédio.”
Desde o início do século passado, muitas pesquisas em Nutrição vêm sendo
realizadas, as quais demonstram com grande relevância o elo existente entre
Nutrição e Saúde, o quanto é importante a ingestão de uma alimentação
equilibrada na promoção do crescimento e desenvolvimento normais ao indivíduo.
Uma alimentação normal é composta de uma série de diferentes alimentos, mas
que deverá fornecer os nutrientes necessários à promoção e manutenção da
saúde nos diferentes períodos do ciclo da vida do ser humano.
A má alimentação desencadeia um estado nutricional inadequado, ou seja, a
quantidade insuficiente de alimentos conduz a perda de peso corpóreo e déficits
nutricionais, desencadeando diversas patologias, pois a desnutrição contribui para
a diminuição da capacidade para o trabalho físico e intelectual.
Por outro lado, a ingestão alimentar excessiva incorreta pode levar à obesidade,
aumentando o risco de doenças crônicas como doenças cardiovasculares e
Diabetes Mellitus.
A alimentação deve ser variada, conter alimentos de diferentes grupos
alimentares, para isso pode usar a Pirâmide Alimentar como guia na orientação.
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Porém, o portador de necessidade especial algumas vezes necessitará de


mudanças na sua alimentação:

Em relação, a consistência da dieta ele pode apresentar dificuldades relacionadas


à mastigação e/ ou deglutição, para isso é necessário adequar a consistência da
dieta, ou seja, facilitar esse processo.
Podemos ofertar a dieta:
Na consistência branda – alimentos cozidos, sem alimentos crus;
Na consistência pastosa heterogênea – alimentos bem cozidos (papa, caldos),
com pedaços pequenos e bem macios.
Na consistência pastosa homogênea ou cremosa – alimentos bem cozidos, batidos
no liquidificador.
Qualquer que seja a necessidade do paciente em relação a suas dificuldades
motoras, a dieta deve ser variada em alimentos e nutrientes.
Evitar a monotonia alimentar, procurar ofertar dieta com cores e sabores
agradáveis ao paladar do paciente.
Algumas vezes é necessário aumentar o aporte energético da alimentação,
usando alimentos/ preparações mais calóricas; e, até mesmo uso de
suplementação energética industrializada para atingirmos a necessidade diária de
calorias, para evitar ou corrigir a desnutrição.
A água é outro ponto importante quando falamos de alimentação, ela vai colaborar
para o bom metabolismo do nosso organismo.
É necessário ter uma ingestão hídrica de 1 a 2 litros/dia.
Porém, os pacientes com dificuldades motoras podem ter dificuldades com líquidos
muito ralos como a água, neste caso será indicado o uso de espessantes para
líquidos, e a ingestão de líquidos grossos (como suco de frutas).
Muitas vezes a alimentação via oral é interrompida devido dificuldades excessivas
em relação à alimentação (engasgos, broncoaspiração e desnutrição grave),
nestes casos o paciente deverá usar uma Via Alternativa de Alimentação
(Sondas), que podem ser: Nasogástricas ou por Ostomias.
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A alimentação deverá ser introduzida via sonda.


A dieta poderá ser artesanal ou caseira (sopas liquidificadas, leites com
engrossantes ou frutas, sucos de frutas);

Ou industrializada – esta indicada por nutricionista.


Os pacientes portadores de necessidades especiais podem apresentar excesso de
peso, devido ao baixo gasto energético (dificuldades de locomoção e práticas de
atividades físicas). É importante orientar o paciente em relação ao controle de
quantidades da dieta, o fracionamento e a variedade da alimentação.
Quanto mais saudável for a dieta, ou seja, quanto mais alimentos naturais tiver
uma alimentação, melhor será a saúde e a prevenção de doenças como:
dislipidemias, diabetes, etc.
Devido a pouca movimentação física alguns portadores de necessidades especiais
podem apresentar quadro de constipação intestinal, é importante aumentar a
ingestão de alimentos ricos em fibras (hortaliças, alimentos integrais) e água.
O importante da alimentação é ofertar os nutrientes necessários com ajuste para
as dificuldades de cada portador de necessidade especial

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