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mencionadas no caput, de produtos,

LEI 13303 DE 30/06/2016 serviços ou obras especificamente


(DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS ÀS relacionados com seus respectivos objetos
EMPRESAS PúBLICAS, ÀS sociais;
SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA E
ÀS SUAS SUBSIDIÁRIAS QUE II - nos casos em que a escolha do
EXPLOREM ATIVIDADE ECONÔMICA DE parceiro esteja associada a suas
PRODUÇÃO OU COMERCIALIZAÇÃO DE características particulares, vinculada a
BENS OU DE PRESTAÇÃO DE oportunidades de negócio definidas e
SERVIÇOS, AINDA QUE A ATIVIDADE específicas, justificada a inviabilidade de
ECONÔMICA ESTEJA SUJEITA AO procedimento competitivo.
REGIME DE MONOPÓLIO DA UNIÃO OU
SEJA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS § 4o Consideram-se oportunidades
PÚBLICOS) de negócio a que se refere o inciso II do §
3o a formação e a extinção de parcerias e
CAPÍTULO I outras formas associativas, societárias ou
contratuais, a aquisição e a alienação de
participação em sociedades e outras
DAS LICITAÇÕES
formas associativas, societárias ou
contratuais e as operações realizadas no
Seção I âmbito do mercado de capitais, respeitada
a regulação pelo respectivo órgão
Da Exigência de Licitação e dos competente.
Casos de Dispensa e de Inexigibilidade
Art. 29. É dispensável a realização
Art. 28. Os contratos com terceiros de licitação por empresas públicas e
destinados à prestação de serviços às sociedades de economia mista:
empresas públicas e às sociedades de
economia mista, inclusive de engenharia e I - para obras e serviços de
de publicidade, à aquisição e à locação de engenharia de valor até R$ 100.000,00
bens, à alienação de bens e ativos (cem mil reais), desde que não se refiram a
integrantes do respectivo patrimônio ou à parcelas de uma mesma obra ou serviço ou
execução de obras a serem integradas a ainda a obras e serviços de mesma
esse patrimônio, bem como à natureza e no mesmo local que possam ser
implementação de ônus real sobre tais realizadas conjunta e concomitantemente;
bens, serão precedidos de licitação nos
termos desta Lei, ressalvadas as hipóteses II - para outros serviços e compras de
previstas nos arts. 29 e 30. valor até R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais)
e para alienações, nos casos previstos
§ 1o Aplicam-se às licitações das nesta Lei, desde que não se refiram a
empresas públicas e das sociedades de parcelas de um mesmo serviço, compra ou
economia mista as disposições constantes alienação de maior vulto que possa ser
dos arts. 42 a 49 da Lei Complementar realizado de uma só vez;
no 123, de 14 de dezembro de 2006.
III - quando não acudirem
§ 2o O convênio ou contrato de interessados à licitação anterior e essa,
patrocínio celebrado com pessoas físicas justificadamente, não puder ser repetida
ou jurídicas de que trata o § 3o do art. 27 sem prejuízo para a empresa pública ou a
observará, no que couber, as normas de sociedade de economia mista, bem como
licitação e contratos desta Lei. para suas respectivas subsidiárias, desde
que mantidas as condições
§ 3o São as empresas públicas e as preestabelecidas;
sociedades de economia mista
dispensadas da observância dos IV - quando as propostas
dispositivos deste Capítulo nas seguintes apresentadas consignarem preços
situações: manifestamente superiores aos praticados
no mercado nacional ou incompatíveis com
I - comercialização, prestação ou os fixados pelos órgãos oficiais
execução, de forma direta, pelas empresas competentes;
V - para a compra ou locação de praticados no mercado e que o objeto do
imóvel destinado ao atendimento de suas contrato tenha relação com a atividade da
finalidades precípuas, quando as contratada prevista em seu estatuto social;
necessidades de instalação e localização
condicionarem a escolha do imóvel, desde XII - na contratação de coleta,
que o preço seja compatível com o valor de processamento e comercialização de
mercado, segundo avaliação prévia; resíduos sólidos urbanos recicláveis ou
reutilizáveis, em áreas com sistema de
VI - na contratação de remanescente coleta seletiva de lixo, efetuados por
de obra, de serviço ou de fornecimento, em associações ou cooperativas formadas
consequência de rescisão contratual, exclusivamente por pessoas físicas de
desde que atendida a ordem de baixa renda que tenham como ocupação
classificação da licitação anterior e aceitas econômica a coleta de materiais
as mesmas condições do contrato recicláveis, com o uso de equipamentos
encerrado por rescisão ou distrato, compatíveis com as normas técnicas,
inclusive quanto ao preço, devidamente ambientais e de saúde pública;
corrigido;
XIII - para o fornecimento de bens e
VII - na contratação de instituição serviços, produzidos ou prestados no País,
brasileira incumbida regimental ou que envolvam, cumulativamente, alta
estatutariamente da pesquisa, do ensino ou complexidade tecnológica e defesa
do desenvolvimento institucional ou de nacional, mediante parecer de comissão
instituição dedicada à recuperação social especialmente designada pelo dirigente
do preso, desde que a contratada detenha máximo da empresa pública ou da
inquestionável reputação ético-profissional sociedade de economia mista;
e não tenha fins lucrativos;
XIV - nas contratações visando ao
VIII - para a aquisição de cumprimento do disposto nos arts. 3º, 4º,
componentes ou peças de origem nacional 5º e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro
ou estrangeira necessários à manutenção de 2004, observados os princípios gerais
de equipamentos durante o período de de contratação dela constantes;
garantia técnica, junto ao fornecedor
original desses equipamentos, quando tal XV - em situações de emergência,
condição de exclusividade for indispensável quando caracterizada urgência de
para a vigência da garantia; atendimento de situação que possa
ocasionar prejuízo ou comprometer a
IX - na contratação de associação de segurança de pessoas, obras, serviços,
pessoas com deficiência física, sem fins equipamentos e outros bens, públicos ou
lucrativos e de comprovada idoneidade, particulares, e somente para os bens
para a prestação de serviços ou necessários ao atendimento da situação
fornecimento de mão de obra, desde que o emergencial e para as parcelas de obras e
preço contratado seja compatível com o serviços que possam ser concluídas no
praticado no mercado; prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias
consecutivos e ininterruptos, contado da
X - na contratação de concessionário, ocorrência da emergência, vedada a
permissionário ou autorizado para prorrogação dos respectivos contratos,
fornecimento ou suprimento de energia observado o disposto no § 2o;
elétrica ou gás natural e de outras
prestadoras de serviço público, segundo as XVI - na transferência de bens a
normas da legislação específica, desde que órgãos e entidades da administração
o objeto do contrato tenha pertinência com pública, inclusive quando efetivada
o serviço público. mediante permuta;

XI - nas contratações entre empresas XVII - na doação de bens móveis


públicas ou sociedades de economia mista para fins e usos de interesse social, após
e suas respectivas subsidiárias, para avaliação de sua oportunidade e
aquisição ou alienação de bens e conveniência socioeconômica
prestação ou obtenção de serviços, desde relativamente à escolha de outra forma de
que os preços sejam compatíveis com os alienação;
XVIII - na compra e venda de ações, d) fiscalização, supervisão ou
de títulos de crédito e de dívida e de bens gerenciamento de obras ou serviços;
que produzam ou comercializem.
e) patrocínio ou defesa de causas
§ 1o Na hipótese de nenhum dos judiciais ou administrativas;
licitantes aceitar a contratação nos termos
do inciso VI do caput, a empresa pública e f) treinamento e aperfeiçoamento de
a sociedade de economia mista poderão pessoal;
convocar os licitantes remanescentes, na
ordem de classificação, para a celebração g) restauração de obras de arte e
do contrato nas condições ofertadas por bens de valor histórico.
estes, desde que o respectivo valor seja
igual ou inferior ao orçamento estimado
para a contratação, inclusive quanto aos § 1o Considera-se de notória
preços atualizados nos termos do especialização o profissional ou a empresa
instrumento convocatório. cujo conceito no campo de sua
especialidade, decorrente de desempenho
anterior, estudos, experiência, publicações,
§ 2o A contratação direta com base
organização, aparelhamento, equipe
no inciso XV do caput não dispensará a
técnica ou outros requisitos relacionados
responsabilização de quem, por ação ou com suas atividades, permita inferir que o
omissão, tenha dado causa ao motivo ali seu trabalho é essencial e
descrito, inclusive no tocante ao disposto
indiscutivelmente o mais adequado à plena
na Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992.
satisfação do objeto do contrato.

§ 3o Os valores estabelecidos nos § 2o Na hipótese do caput e em


incisos I e II do caput podem ser alterados, qualquer dos casos de dispensa, se
para refletir a variação de custos, por
comprovado, pelo órgão de controle
deliberação do Conselho de Administração
externo, sobrepreço ou superfaturamento,
da empresa pública ou sociedade de
respondem solidariamente pelo dano
economia mista, admitindo-se valores
causado quem houver decidido pela
diferenciados para cada sociedade. contratação direta e o fornecedor ou o
prestador de serviços.
Art. 30. A contratação direta será
feita quando houver inviabilidade de
§ 3o O processo de contratação
competição, em especial na hipótese de:
direta será instruído, no que couber, com
os seguintes elementos:
I - aquisição de materiais,
equipamentos ou gêneros que só possam
I - caracterização da situação
ser fornecidos por produtor, empresa ou
emergencial ou calamitosa que justifique a
representante comercial exclusivo; dispensa, quando for o caso;

II - contratação dos seguintes


II - razão da escolha do fornecedor
serviços técnicos especializados, com
ou do executante;
profissionais ou empresas de notória
especialização, vedada a inexigibilidade
para serviços de publicidade e divulgação: III - justificativa do preço.

a) estudos técnicos, planejamentos e Seção II


projetos básicos ou executivos;
Disposições de Caráter Geral
b) pareceres, perícias e avaliações sobre Licitações e Contratos
em geral;
Art. 31. As licitações realizadas e os
c) assessorias ou consultorias contratos celebrados por empresas
técnicas e auditorias financeiras ou públicas e sociedades de economia mista
tributárias; destinam-se a assegurar a seleção da
proposta mais vantajosa, inclusive no que
se refere ao ciclo de vida do objeto, e a
evitar operações em que se caracterize
sobrepreço ou superfaturamento, devendo Pesquisa de Custos e Índices da
observar os princípios da impessoalidade, Construção Civil (Sinapi), no caso de
da moralidade, da igualdade, da construção civil em geral, ou no Sistema de
publicidade, da eficiência, da probidade Custos Referenciais de Obras (Sicro), no
administrativa, da economicidade, do caso de obras e serviços rodoviários,
desenvolvimento nacional sustentável, da devendo ser observadas as peculiaridades
vinculação ao instrumento convocatório, da geográficas.
obtenção de competitividade e do
julgamento objetivo. § 3o No caso de inviabilidade da
definição dos custos consoante o disposto
§ 1o Para os fins do disposto no § 2o, a estimativa de custo global poderá
no caput, considera-se que há: ser apurada por meio da utilização de
dados contidos em tabela de referência
I - sobrepreço quando os preços formalmente aprovada por órgãos ou
orçados para a licitação ou os preços entidades da administração pública federal,
contratados são expressivamente em publicações técnicas especializadas,
superiores aos preços referenciais de em banco de dados e sistema específico
mercado, podendo referir-se ao valor instituído para o setor ou em pesquisa de
unitário de um item, se a licitação ou a mercado.
contratação for por preços unitários de
serviço, ou ao valor global do objeto, se a § 4o A empresa pública e a
licitação ou a contratação for por preço sociedade de economia mista poderão
global ou por empreitada; adotar procedimento de manifestação de
interesse privado para o recebimento de
II - superfaturamento quando houver propostas e projetos de empreendimentos
dano ao patrimônio da empresa pública ou com vistas a atender necessidades
da sociedade de economia mista previamente identificadas, cabendo a
caracterizado, por exemplo: regulamento a definição de suas regras
específicas.
a) pela medição de quantidades
superiores às efetivamente executadas ou § 5o Na hipótese a que se refere o §
fornecidas; 4o,o autor ou financiador do projeto poderá
participar da licitação para a execução do
empreendimento, podendo ser ressarcido
b) pela deficiência na execução de
pelos custos aprovados pela empresa
obras e serviços de engenharia que resulte
pública ou sociedade de economia mista
em diminuição da qualidade, da vida útil ou
da segurança; caso não vença o certame, desde que seja
promovida a cessão de direitos de que trata
o art. 80.
c) por alterações no orçamento de
obras e de serviços de engenharia que
causem o desequilíbrio econômico- Art. 32. Nas licitações e contratos de
financeiro do contrato em favor do que trata esta Lei serão observadas as
seguintes diretrizes:
contratado;

I - padronização do objeto da
d) por outras alterações de cláusulas
financeiras que gerem recebimentos contratação, dos instrumentos
contratuais antecipados, distorção do convocatórios e das minutas de contratos,
de acordo com normas internas
cronograma físico-financeiro, prorrogação
específicas;
injustificada do prazo contratual com custos
adicionais para a empresa pública ou a
sociedade de economia mista ou reajuste II - busca da maior vantagem
irregular de preços. competitiva para a empresa pública ou
sociedade de economia mista,
considerando custos e benefícios, diretos e
§ 2o O orçamento de referência do
indiretos, de natureza econômica, social ou
custo global de obras e serviços de
ambiental, inclusive os relativos à
engenharia deverá ser obtido a partir de
custos unitários de insumos ou serviços manutenção, ao desfazimento de bens e
menores ou iguais à mediana de seus resíduos, ao índice de depreciação
correspondentes no Sistema Nacional de
econômica e a outros fatores de igual economia mista da qual decorra impacto
relevância; negativo sobre bens do patrimônio cultural,
histórico, arqueológico e imaterial
III - parcelamento do objeto, visando tombados dependerá de autorização da
a ampliar a participação de licitantes, sem esfera de governo encarregada da
perda de economia de escala, e desde que proteção do respectivo patrimônio, devendo
não atinja valores inferiores aos limites o impacto ser compensado por meio de
estabelecidos no art. 29, incisos I e II; medidas determinadas pelo dirigente
máximo da empresa pública ou sociedade
de economia mista, na forma da legislação
IV - adoção preferencial da
modalidade de licitação denominada aplicável.
pregão, instituída pela Lei no 10.520, de 17
de julho de 2002, para a aquisição de bens § 3o As licitações na modalidade de
e serviços comuns, assim considerados pregão, na forma eletrônica, deverão ser
aqueles cujos padrões de desempenho e realizadas exclusivamente em portais de
qualidade possam ser objetivamente compras de acesso público na internet.
definidos pelo edital, por meio de
especificações usuais no mercado; § 4o Nas licitações com etapa de
lances, a empresa pública ou sociedade de
V - observação da política de economia mista disponibilizará ferramentas
integridade nas transações com partes eletrônicas para envio de lances pelos
interessadas. licitantes.

§ 1o As licitações e os contratos Art. 33. O objeto da licitação e do


disciplinados por esta Lei devem respeitar, contrato dela decorrente será definido de
especialmente, as normas relativas à: forma sucinta e clara no instrumento
convocatório.
I - disposição final ambientalmente
adequada dos resíduos sólidos gerados Art. 34. O valor estimado do contrato
pelas obras contratadas; a ser celebrado pela empresa pública ou
pela sociedade de economia mista será
sigiloso, facultando-se à contratante,
II - mitigação dos danos ambientais
mediante justificação na fase de
por meio de medidas condicionantes e de
preparação prevista no inciso I do art. 51
compensação ambiental, que serão
desta Lei, conferir publicidade ao valor
definidas no procedimento de
licenciamento ambiental; estimado do objeto da licitação, sem
prejuízo da divulgação do detalhamento
dos quantitativos e das demais informações
III - utilização de produtos, necessárias para a elaboração das
equipamentos e serviços que, propostas.
comprovadamente, reduzam o consumo de
energia e de recursos naturais;
§ 1o Na hipótese em que for adotado
o critério de julgamento por maior
IV - avaliação de impactos de desconto, a informação de que trata
vizinhança, na forma da legislação o caput deste artigo constará do
urbanística; instrumento convocatório.

V - proteção do patrimônio cultural, § 2o No caso de julgamento por


histórico, arqueológico e imaterial, inclusive melhor técnica, o valor do prêmio ou da
por meio da avaliação do impacto direto ou remuneração será incluído no instrumento
indireto causado por investimentos convocatório.
realizados por empresas públicas e
sociedades de economia mista;
§ 3o A informação relativa ao valor
estimado do objeto da licitação, ainda que
VI - acessibilidade para pessoas com tenha caráter sigiloso, será disponibilizada
deficiência ou com mobilidade reduzida. a órgãos de controle externo e interno,
devendo a empresa pública ou a sociedade
§ 2o A contratação a ser celebrada de economia mista registrar em documento
por empresa pública ou sociedade de
formal sua disponibilização aos órgãos de unidade federativa a que está vinculada a
controle, sempre que solicitado. empresa pública ou sociedade de
economia mista, enquanto perdurarem os
§ 4o (VETADO). efeitos da sanção;

Art. 35. Observado o disposto no art. IV - constituída por sócio de empresa


34, o conteúdo da proposta, quando que estiver suspensa, impedida ou
adotado o modo de disputa fechado e até declarada inidônea;
sua abertura, os atos e os procedimentos
praticados em decorrência desta Lei V - cujo administrador seja sócio de
submetem-se à legislação que regula o empresa suspensa, impedida ou declarada
acesso dos cidadãos às informações inidônea;
detidas pela administração pública,
particularmente aos termos da Lei VI - constituída por sócio que tenha
no 12.527, de 18 de novembro de 2011. sido sócio ou administrador de empresa
suspensa, impedida ou declarada inidônea,
Art. 36. A empresa pública e a no período dos fatos que deram ensejo à
sociedade de economia mista poderão sanção;
promover a pré-qualificação de seus
fornecedores ou produtos, nos termos do VII - cujo administrador tenha sido
art. 64. sócio ou administrador de empresa
suspensa, impedida ou declarada inidônea,
Art. 37. A empresa pública e a no período dos fatos que deram ensejo à
sociedade de economia mista deverão sanção;
informar os dados relativos às sanções por
elas aplicadas aos contratados, nos termos VIII - que tiver, nos seus quadros de
definidos no art. 83, de forma a manter diretoria, pessoa que participou, em razão
atualizado o cadastro de empresas de vínculo de mesma natureza, de
inidôneas de que trata o art. 23 da Lei empresa declarada inidônea.
no 12.846, de 1o de agosto de 2013.
Parágrafo único. Aplica-se a
§ 1o O fornecedor incluído no vedação prevista no caput:
cadastro referido no caput não poderá
disputar licitação ou participar, direta ou
I - à contratação do próprio
indiretamente, da execução de contrato. empregado ou dirigente, como pessoa
física, bem como à participação dele em
§ 2o Serão excluídos do cadastro procedimentos licitatórios, na condição de
referido no caput, a qualquer tempo, licitante;
fornecedores que demonstrarem a
superação dos motivos que deram causa à II - a quem tenha relação de
restrição contra eles promovida.
parentesco, até o terceiro grau civil, com:

Art. 38. Estará impedida de participar


a) dirigente de empresa pública ou
de licitações e de ser contratada pela sociedade de economia mista;
empresa pública ou sociedade de
economia mista a empresa:
b) empregado de empresa pública ou
sociedade de economia mista cujas
I - cujo administrador ou sócio
atribuições envolvam a atuação na área
detentor de mais de 5% (cinco por cento) responsável pela licitação ou contratação;
do capital social seja diretor ou empregado
da empresa pública ou sociedade de
economia mista contratante; c) autoridade do ente público a que a
empresa pública ou sociedade de
economia mista esteja vinculada.
II - suspensa pela empresa pública
ou sociedade de economia mista;
III - cujo proprietário, mesmo na
condição de sócio, tenha terminado seu
III - declarada inidônea pela União,
prazo de gestão ou rompido seu vínculo
por Estado, pelo Distrito Federal ou pela
com a respectiva empresa pública ou
sociedade de economia mista promotora da II - cadastro de fornecedores;
licitação ou contratante há menos de 6
(seis) meses. III - minutas-padrão de editais e
contratos;
Art. 39. Os procedimentos
licitatórios, a pré-qualificação e os contratos IV - procedimentos de licitação e
disciplinados por esta Lei serão divulgados contratação direta;
em portal específico mantido pela empresa
pública ou sociedade de economia mista na
V - tramitação de recursos;
internet, devendo ser adotados os
seguintes prazos mínimos para
apresentação de propostas ou lances, VI - formalização de contratos;
contados a partir da divulgação do
instrumento convocatório: VII - gestão e fiscalização de
contratos;
I - para aquisição de bens:
VIII - aplicação de penalidades;
a) 5 (cinco) dias úteis, quando
adotado como critério de julgamento o IX - recebimento do objeto do
menor preço ou o maior desconto; contrato.

b) 10 (dez) dias úteis, nas demais Art. 41. Aplicam-se às licitações e


hipóteses; contratos regidos por esta Lei as normas
de direito penal contidas nos arts. 89 a 99
II - para contratação de obras e da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993.
serviços:
Seção III
a) 15 (quinze) dias úteis, quando
adotado como critério de julgamento o Das Normas Específicas para
menor preço ou o maior desconto; Obras e Serviços

b) 30 (trinta) dias úteis, nas demais Art. 42. Na licitação e na contratação


hipóteses; de obras e serviços por empresas públicas
e sociedades de economia mista, serão
III - no mínimo 45 (quarenta e cinco) observadas as seguintes definições:
dias úteis para licitação em que se adote
como critério de julgamento a melhor I - empreitada por preço unitário:
técnica ou a melhor combinação de técnica contratação por preço certo de unidades
e preço, bem como para licitação em que determinadas;
haja contratação semi-integrada ou
integrada. II - empreitada por preço global:
contratação por preço certo e total;
Parágrafo único. As modificações
promovidas no instrumento convocatório III - tarefa: contratação de mão de
serão objeto de divulgação nos mesmos obra para pequenos trabalhos por preço
termos e prazos dos atos e procedimentos certo, com ou sem fornecimento de
originais, exceto quando a alteração não material;
afetar a preparação das propostas.
IV - empreitada integral: contratação
Art. 40. As empresas públicas e as de empreendimento em sua integralidade,
sociedades de economia mista deverão com todas as etapas de obras, serviços e
publicar e manter atualizado regulamento instalações necessárias, sob inteira
interno de licitações e contratos, compatível responsabilidade da contratada até a sua
com o disposto nesta Lei, especialmente entrega ao contratante em condições de
quanto a: entrada em operação, atendidos os
requisitos técnicos e legais para sua
I - glossário de expressões técnicas; utilização em condições de segurança
estrutural e operacional e com as
características adequadas às finalidades i) memorial descritivo dos elementos
para as quais foi contratada; da edificação, dos componentes
construtivos e dos materiais de construção,
V - contratação semi-integrada: de forma a estabelecer padrões mínimos
contratação que envolve a elaboração e o para a contratação;
desenvolvimento do projeto executivo, a
execução de obras e serviços de VIII - projeto básico: conjunto de
engenharia, a montagem, a realização de elementos necessários e suficientes, com
testes, a pré-operação e as demais nível de precisão adequado, para,
operações necessárias e suficientes para a observado o disposto no § 3o, caracterizar
entrega final do objeto, de acordo com o a obra ou o serviço, ou o complexo de
estabelecido nos §§ 1o e 3o deste artigo; obras ou de serviços objeto da licitação,
elaborado com base nas indicações dos
VI - contratação integrada: estudos técnicos preliminares, que
contratação que envolve a elaboração e o assegure a viabilidade técnica e o
desenvolvimento dos projetos básico e adequado tratamento do impacto ambiental
executivo, a execução de obras e serviços do empreendimento e que possibilite a
de engenharia, a montagem, a realização avaliação do custo da obra e a definição
de testes, a pré-operação e as demais dos métodos e do prazo de execução,
operações necessárias e suficientes para a devendo conter os seguintes elementos:
entrega final do objeto, de acordo com o
estabelecido nos §§ 1o, 2o e 3o deste a) desenvolvimento da solução
artigo; escolhida, de forma a fornecer visão global
da obra e a identificar todos os seus
VII - anteprojeto de engenharia: peça elementos constitutivos com clareza;
técnica com todos os elementos de
contornos necessários e fundamentais à b) soluções técnicas globais e
elaboração do projeto básico, devendo localizadas, suficientemente detalhadas, de
conter minimamente os seguintes forma a minimizar a necessidade de
elementos: reformulação ou de variantes durante as
fases de elaboração do projeto executivo e
a) demonstração e justificativa do de realização das obras e montagem;
programa de necessidades, visão global
dos investimentos e definições c) identificação dos tipos de serviços
relacionadas ao nível de serviço desejado; a executar e de materiais e equipamentos a
incorporar à obra, bem como suas
b) condições de solidez, segurança e especificações, de modo a assegurar os
durabilidade e prazo de entrega; melhores resultados para o
empreendimento, sem frustrar o caráter
competitivo para a sua execução;
c) estética do projeto arquitetônico;

d) informações que possibilitem o


d) parâmetros de adequação ao
estudo e a dedução de métodos
interesse público, à economia na utilização,
construtivos, instalações provisórias e
à facilidade na execução, aos impactos
condições organizacionais para a obra,
ambientais e à acessibilidade;
sem frustrar o caráter competitivo para a
sua execução;
e) concepção da obra ou do serviço
de engenharia;
e) subsídios para montagem do plano
de licitação e gestão da obra,
f) projetos anteriores ou estudos compreendendo a sua programação, a
preliminares que embasaram a concepção estratégia de suprimentos, as normas de
adotada; fiscalização e outros dados necessários em
cada caso;
g) levantamento topográfico e
cadastral; f) (VETADO);

h) pareceres de sondagem; IX - projeto executivo: conjunto dos


elementos necessários e suficientes à
execução completa da obra, de acordo com integral e de contratação semi-integrada,
as normas técnicas pertinentes; nos termos definidos neste artigo;

X - matriz de riscos: cláusula c) documento técnico, com definição


contratual definidora de riscos e precisa das frações do empreendimento
responsabilidades entre as partes e em que haverá liberdade de as contratadas
caracterizadora do equilíbrio econômico- inovarem em soluções metodológicas ou
financeiro inicial do contrato, em termos de tecnológicas, seja em termos de
ônus financeiro decorrente de eventos modificação das soluções previamente
supervenientes à contratação, contendo, no delineadas no anteprojeto ou no projeto
mínimo, as seguintes informações: básico da licitação, seja em termos de
detalhamento dos sistemas e
a) listagem de possíveis eventos procedimentos construtivos previstos
supervenientes à assinatura do contrato, nessas peças técnicas;
impactantes no equilíbrio econômico-
financeiro da avença, e previsão de d) matriz de riscos;
eventual necessidade de prolação de termo
aditivo quando de sua ocorrência; II - o valor estimado do objeto a ser
licitado será calculado com base em
b) estabelecimento preciso das valores de mercado, em valores pagos pela
frações do objeto em que haverá liberdade administração pública em serviços e obras
das contratadas para inovar em soluções similares ou em avaliação do custo global
metodológicas ou tecnológicas, em da obra, aferido mediante orçamento
obrigações de resultado, em termos de sintético ou metodologia expedita ou
modificação das soluções previamente paramétrica;
delineadas no anteprojeto ou no projeto
básico da licitação; III - o critério de julgamento a ser
adotado será o de menor preço ou de
c) estabelecimento preciso das melhor combinação de técnica e preço,
frações do objeto em que não haverá pontuando-se na avaliação técnica as
liberdade das contratadas para inovar em vantagens e os benefícios que
soluções metodológicas ou tecnológicas, eventualmente forem oferecidos para cada
em obrigações de meio, devendo haver produto ou solução;
obrigação de identidade entre a execução e
a solução pré-definida no anteprojeto ou no IV - na contratação semi-integrada, o
projeto básico da licitação. projeto básico poderá ser alterado, desde
que demonstrada a superioridade das
§ 1o As contratações semi- inovações em termos de redução de
integradas e integradas referidas, custos, de aumento da qualidade, de
respectivamente, nos incisos V e VI redução do prazo de execução e de
do caput deste artigo restringir-se-ão a facilidade de manutenção ou operação.
obras e serviços de engenharia e
observarão os seguintes requisitos: § 2o No caso dos orçamentos das
contratações integradas:
I - o instrumento convocatório deverá
conter: I - sempre que o anteprojeto da
licitação, por seus elementos mínimos,
a) anteprojeto de engenharia, no assim o permitir, as estimativas de preço
caso de contratação integrada, com devem se basear em orçamento tão
elementos técnicos que permitam a detalhado quanto possível, devendo a
caracterização da obra ou do serviço e a utilização de estimativas paramétricas e a
elaboração e comparação, de forma avaliação aproximada baseada em outras
isonômica, das propostas a serem obras similares ser realizadas somente nas
ofertadas pelos particulares; frações do empreendimento não
suficientemente detalhadas no anteprojeto
b) projeto básico, nos casos de da licitação, exigindo-se das contratadas,
empreitada por preço unitário, de no mínimo, o mesmo nível de detalhamento
empreitada por preço global, de empreitada em seus demonstrativos de formação de
preços;
II - quando utilizada metodologia III - contratação por tarefa, em
expedita ou paramétrica para abalizar o contratações de profissionais autônomos
valor do empreendimento ou de fração ou de pequenas empresas para realização
dele, consideradas as disposições do inciso de serviços técnicos comuns e de curta
I, entre 2 (duas) ou mais técnicas duração;
estimativas possíveis, deve ser utilizada
nas estimativas de preço-base a que IV - empreitada integral, nos casos
viabilize a maior precisão orçamentária, em que o contratante necessite receber o
exigindo-se das licitantes, no mínimo, o empreendimento, normalmente de alta
mesmo nível de detalhamento na complexidade, em condição de operação
motivação dos respectivos preços imediata;
ofertados.
V - contratação semi-integrada,
§ 3o Nas contratações integradas ou quando for possível definir previamente no
semi-integradas, os riscos decorrentes de projeto básico as quantidades dos serviços
fatos supervenientes à contratação a serem posteriormente executados na
associados à escolha da solução de projeto fase contratual, em obra ou serviço de
básico pela contratante deverão ser engenharia que possa ser executado com
alocados como de sua responsabilidade na diferentes metodologias ou tecnologias;
matriz de riscos.
VI - contratação integrada, quando a
§ 4o No caso de licitação de obras e obra ou o serviço de engenharia for de
serviços de engenharia, as empresas natureza predominantemente intelectual e
públicas e as sociedades de economia de inovação tecnológica do objeto licitado
mista abrangidas por esta Lei deverão ou puder ser executado com diferentes
utilizar a contratação semi-integrada, metodologias ou tecnologias de domínio
prevista no inciso V do caput, cabendo a restrito no mercado.
elas a elaboração ou a contratação do
projeto básico antes da licitação de que
§ 1o Serão obrigatoriamente
trata este parágrafo, podendo ser utilizadas
precedidas pela elaboração de projeto
outras modalidades previstas nos incisos
básico, disponível para exame de qualquer
do caput deste artigo, desde que essa interessado, as licitações para a
opção seja devidamente justificada. contratação de obras e serviços, com
exceção daquelas em que for adotado o
§ 5o Para fins do previsto na parte regime previsto no inciso VI do caput deste
final do § 4o, não será admitida, por parte artigo.
da empresa pública ou da sociedade de
economia mista, como justificativa para a
§ 2o É vedada a execução, sem
adoção da modalidade de contratação
projeto executivo, de obras e serviços de
integrada, a ausência de projeto básico.
engenharia.

Art. 43. Os contratos destinados à Art. 44. É vedada a participação


execução de obras e serviços de
direta ou indireta nas licitações para obras
engenharia admitirão os seguintes regimes:
e serviços de engenharia de que trata esta
Lei:

I - empreitada por preço unitário, nos I - de pessoa física ou jurídica que


casos em que os objetos, por sua natureza,
tenha elaborado o anteprojeto ou o projeto
possuam imprecisão inerente de
básico da licitação;
quantitativos em seus itens orçamentários;
II - de pessoa jurídica que participar
de consórcio responsável pela elaboração
II - empreitada por preço global,
do anteprojeto ou do projeto básico da
quando for possível definir previamente no
licitação;
projeto básico, com boa margem de
precisão, as quantidades dos serviços a
serem posteriormente executados na fase III - de pessoa jurídica da qual o autor
contratual; do anteprojeto ou do projeto básico da
licitação seja administrador, controlador,
gerente, responsável técnico, executado de forma concorrente e
subcontratado ou sócio, neste último caso simultânea por mais de um contratado.
quando a participação superar 5% (cinco
por cento) do capital votante. § 1o Na hipótese prevista
no caput deste artigo, será mantido
§ 1o A elaboração do projeto controle individualizado da execução do
executivo constituirá encargo do objeto contratual relativamente a cada um
contratado, consoante preço previamente dos contratados.
fixado pela empresa pública ou pela
sociedade de economia mista. § 2o (VETADO).

§ 2o É permitida a participação das Seção IV


pessoas jurídicas e da pessoa física de que
tratam os incisos II e III do caput deste
artigo em licitação ou em execução de Das Normas Específicas para
contrato, como consultor ou técnico, nas Aquisição de Bens
funções de fiscalização, supervisão ou
gerenciamento, exclusivamente a serviço Art. 47. A empresa pública e a
da empresa pública e da sociedade de sociedade de economia mista, na licitação
economia mista interessadas. para aquisição de bens, poderão:

§ 3o Para fins do disposto no caput, I - indicar marca ou modelo, nas


considera-se participação indireta a seguintes hipóteses:
existência de vínculos de natureza técnica,
comercial, econômica, financeira ou a) em decorrência da necessidade de
trabalhista entre o autor do projeto básico, padronização do objeto;
pessoa física ou jurídica, e o licitante ou
responsável pelos serviços, fornecimentos b) quando determinada marca ou
e obras, incluindo-se os fornecimentos de modelo comercializado por mais de um
bens e serviços a estes necessários. fornecedor constituir o único capaz de
atender o objeto do contrato;
§ 4o O disposto no § 3o deste artigo
aplica-se a empregados incumbidos de c) quando for necessária, para
levar a efeito atos e procedimentos compreensão do objeto, a identificação de
realizados pela empresa pública e pela determinada marca ou modelo apto a servir
sociedade de economia mista no curso da como referência, situação em que será
licitação. obrigatório o acréscimo da expressão “ou
similar ou de melhor qualidade”;
Art. 45. Na contratação de obras e
serviços, inclusive de engenharia, poderá II - exigir amostra do bem no
ser estabelecida remuneração variável procedimento de pré-qualificação e na fase
vinculada ao desempenho do contratado, de julgamento das propostas ou de lances,
com base em metas, padrões de qualidade, desde que justificada a necessidade de sua
critérios de sustentabilidade ambiental e apresentação;
prazos de entrega definidos no instrumento
convocatório e no contrato.
III - solicitar a certificação da
qualidade do produto ou do processo de
Parágrafo único. A utilização da fabricação, inclusive sob o aspecto
remuneração variável respeitará o limite ambiental, por instituição previamente
orçamentário fixado pela empresa pública credenciada.
ou pela sociedade de economia mista para
a respectiva contratação.
Parágrafo único. O edital poderá
exigir, como condição de aceitabilidade da
Art. 46. Mediante justificativa proposta, a adequação às normas da
expressa e desde que não implique perda Associação Brasileira de Normas Técnicas
de economia de escala, poderá ser (ABNT) ou a certificação da qualidade do
celebrado mais de um contrato para produto por instituição credenciada
executar serviço de mesma natureza pelo Sistema Nacional de Metrologia,
quando o objeto da contratação puder ser
Normalização e Qualidade Industrial III - apresentação de lances ou
(Sinmetro). propostas, conforme o modo de disputa
adotado;
Art. 48. Será dada publicidade, com
periodicidade mínima semestral, em sítio IV - julgamento;
eletrônico oficial na internet de acesso
irrestrito, à relação das aquisições de bens V - verificação de efetividade dos
efetivadas pelas empresas públicas e pelas lances ou propostas;
sociedades de economia mista,
compreendidas as seguintes informações: VI - negociação;

I - identificação do bem comprado, de


VII - habilitação;
seu preço unitário e da quantidade
adquirida;
VIII - interposição de recursos;
II - nome do fornecedor;
IX - adjudicação do objeto;
III - valor total de cada aquisição.
X - homologação do resultado ou
revogação do procedimento.
Seção V
§ 1o A fase de que trata o inciso VII
Das Normas Específicas para do caput poderá, excepcionalmente,
Alienação de Bens anteceder as referidas nos incisos III a VI
do caput, desde que expressamente
Art. 49. A alienação de bens por previsto no instrumento convocatório.
empresas públicas e por sociedades de
economia mista será precedida de: § 2o Os atos e procedimentos
decorrentes das fases enumeradas
I - avaliação formal do bem no caput praticados por empresas públicas,
contemplado, ressalvadas as hipóteses por sociedades de economia mista e por
previstas nos incisos XVI a XVIII do art. 29; licitantes serão efetivados
preferencialmente por meio eletrônico, nos
II - licitação, ressalvado o previsto no termos definidos pelo instrumento
§ 3o do art. 28. convocatório, devendo os avisos contendo
os resumos dos editais das licitações e
contratos abrangidos por esta Lei ser
Art. 50. Estendem-se à atribuição de
previamente publicados no Diário Oficial da
ônus real a bens integrantes do acervo
União, do Estado ou do Município e na
patrimonial de empresas públicas e de
internet.
sociedades de economia mista as normas
desta Lei aplicáveis à sua alienação,
inclusive em relação às hipóteses de Art. 52. Poderão ser adotados os
dispensa e de inexigibilidade de licitação. modos de disputa aberto ou fechado, ou,
quando o objeto da licitação puder ser
parcelado, a combinação de ambos,
Seção VI
observado o disposto no inciso III do art. 32
desta Lei.
Do Procedimento de Licitação
§ 1o No modo de disputa aberto, os
Art. 51. As licitações de que trata licitantes apresentarão lances públicos e
esta Lei observarão a seguinte sequência sucessivos, crescentes ou decrescentes,
de fases: conforme o critério de julgamento adotado.

I - preparação; § 2o No modo de disputa fechado, as


propostas apresentadas pelos licitantes
II - divulgação; serão sigilosas até a data e a hora
designadas para que sejam divulgadas.
Art. 53. Quando for adotado o modo definidos no instrumento convocatório,
de disputa aberto, poderão ser admitidos: destinados a limitar a subjetividade do
julgamento.
I - a apresentação de lances
intermediários; § 3o Para efeito de julgamento, não
serão consideradas vantagens não
II - o reinício da disputa aberta, após previstas no instrumento convocatório.
a definição do melhor lance, para definição
das demais colocações, quando existir § 4o O critério previsto no inciso II
diferença de pelo menos 10% (dez por do caput:
cento) entre o melhor lance e o
subsequente. I - terá como referência o preço
global fixado no instrumento convocatório,
Parágrafo único. Consideram-se estendendo-se o desconto oferecido nas
intermediários os lances: propostas ou lances vencedores a
eventuais termos aditivos;
I - iguais ou inferiores ao maior já
ofertado, quando adotado o julgamento II - no caso de obras e serviços de
pelo critério da maior oferta; engenharia, o desconto incidirá de forma
linear sobre a totalidade dos itens
II - iguais ou superiores ao menor já constantes do orçamento estimado, que
ofertado, quando adotados os demais deverá obrigatoriamente integrar o
critérios de julgamento. instrumento convocatório.

Art. 54. Poderão ser utilizados os § 5o Quando for utilizado o critério


seguintes critérios de julgamento: referido no inciso III do caput, a avaliação
das propostas técnicas e de preço
considerará o percentual de ponderação
I - menor preço;
mais relevante, limitado a 70% (setenta por
cento).
II - maior desconto;
§ 6o Quando for utilizado o critério
III - melhor combinação de técnica e referido no inciso VII do caput, os lances ou
preço; propostas terão o objetivo de proporcionar
economia à empresa pública ou à
IV - melhor técnica; sociedade de economia mista, por meio da
redução de suas despesas correntes,
V - melhor conteúdo artístico; remunerando-se o licitante vencedor com
base em percentual da economia de
VI - maior oferta de preço; recursos gerada.

VII - maior retorno econômico; § 7o Na implementação do critério


previsto no inciso VIII do caput deste artigo,
será obrigatoriamente considerada, nos
VIII - melhor destinação de bens
termos do respectivo instrumento
alienados.
convocatório, a repercussão, no meio
social, da finalidade para cujo atendimento
§ 1o Os critérios de julgamento serão o bem será utilizado pelo adquirente.
expressamente identificados no
instrumento convocatório e poderão ser
§ 8o O descumprimento da finalidade
combinados na hipótese de parcelamento
a que se refere o § 7o deste artigo resultará
do objeto, observado o disposto no inciso
na imediata restituição do bem alcançado
III do art. 32.
ao acervo patrimonial da empresa pública
ou da sociedade de economia mista,
§ 2o Na hipótese de adoção dos vedado, nessa hipótese, o pagamento de
critérios referidos nos incisos III, IV, V e VII indenização em favor do adquirente.
do caput deste artigo, o julgamento das
propostas será efetivado mediante o
emprego de parâmetros específicos,
Art. 55. Em caso de empate entre 2 exclusivamente em relação aos lances e
(duas) propostas, serão utilizados, na propostas mais bem classificados.
ordem em que se encontram enumerados,
os seguintes critérios de desempate: § 2o A empresa pública e a
sociedade de economia mista poderão
I - disputa final, em que os licitantes realizar diligências para aferir a
empatados poderão apresentar nova exequibilidade das propostas ou exigir dos
proposta fechada, em ato contínuo ao licitantes que ela seja demonstrada, na
encerramento da etapa de julgamento; forma do inciso V do caput.

II - avaliação do desempenho § 3o Nas licitações de obras e


contratual prévio dos licitantes, desde que serviços de engenharia, consideram-se
exista sistema objetivo de avaliação inexequíveis as propostas com valores
instituído; globais inferiores a 70% (setenta por cento)
do menor dos seguintes valores:
III - os critérios estabelecidos no art.
3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de I - média aritmética dos valores das
1991, e no § 2o do art. 3o da Lei no 8.666, propostas superiores a 50% (cinquenta por
de 21 de junho de 1993; cento) do valor do orçamento estimado
pela empresa pública ou sociedade de
IV - sorteio. economia mista; ou

Art. 56. Efetuado o julgamento dos II - valor do orçamento estimado pela


lances ou propostas, será promovida a empresa pública ou sociedade de
verificação de sua efetividade, economia mista.
promovendo-se a desclassificação
daqueles que: § 4o Para os demais objetos, para
efeito de avaliação da exequibilidade ou de
I - contenham vícios insanáveis; sobrepreço, deverão ser estabelecidos
critérios de aceitabilidade de preços que
considerem o preço global, os quantitativos
II - descumpram especificações
e os preços unitários, assim definidos no
técnicas constantes do instrumento
instrumento convocatório.
convocatório;

III - apresentem preços Art. 57. Confirmada a efetividade do


lance ou proposta que obteve a primeira
manifestamente inexequíveis;
colocação na etapa de julgamento, ou que
passe a ocupar essa posição em
IV - se encontrem acima do decorrência da desclassificação de outra
orçamento estimado para a contratação de que tenha obtido colocação superior, a
que trata o § 1o do art. 57, ressalvada a empresa pública e a sociedade de
hipótese prevista no caput do art. 34 desta economia mista deverão negociar
Lei; condições mais vantajosas com quem o
apresentou.
V - não tenham sua exequibilidade
demonstrada, quando exigido pela § 1o A negociação deverá ser feita
empresa pública ou pela sociedade de com os demais licitantes, segundo a ordem
economia mista; inicialmente estabelecida, quando o preço
do primeiro colocado, mesmo após a
VI - apresentem desconformidade negociação, permanecer acima do
com outras exigências do instrumento orçamento estimado.
convocatório, salvo se for possível a
acomodação a seus termos antes da § 2o (VETADO).
adjudicação do objeto e sem que se
prejudique a atribuição de tratamento
isonômico entre os licitantes. § 3o Se depois de adotada a
providência referida no § 1o deste artigo
não for obtido valor igual ou inferior ao
§ 1o A verificação da efetividade dos
lances ou propostas poderá ser feita
orçamento estimado para a contratação, atos decorrentes da fase referida no inciso
será revogada a licitação. IV do caput do art. 51 desta Lei.

Art. 58. A habilitação será apreciada Art. 60. A homologação do resultado


exclusivamente a partir dos seguintes implica a constituição de direito relativo à
parâmetros: celebração do contrato em favor do licitante
vencedor.
I - exigência da apresentação de
documentos aptos a comprovar a Art. 61. A empresa pública e a
possibilidade da aquisição de direitos e da sociedade de economia mista não poderão
contração de obrigações por parte do celebrar contrato com preterição da ordem
licitante; de classificação das propostas ou com
terceiros estranhos à licitação.
II - qualificação técnica, restrita a
parcelas do objeto técnica ou Art. 62. Além das hipóteses previstas
economicamente relevantes, de acordo no § 3o do art. 57 desta Lei e no inciso II do
com parâmetros estabelecidos de forma § 2o do art. 75 desta Lei, quem dispuser de
expressa no instrumento convocatório; competência para homologação do
resultado poderá revogar a licitação por
III - capacidade econômica e razões de interesse público decorrentes de
financeira; fato superveniente que constitua óbice
manifesto e incontornável, ou anulá-la por
ilegalidade, de ofício ou por provocação de
IV - recolhimento de quantia a título
terceiros, salvo quando for viável a
de adiantamento, tratando-se de licitações
em que se utilize como critério de convalidação do ato ou do procedimento
julgamento a maior oferta de preço. viciado.

§ 1o A anulação da licitação por


§ 1o Quando o critério de julgamento
motivo de ilegalidade não gera obrigação
utilizado for a maior oferta de preço, os
requisitos de qualificação técnica e de de indenizar, observado o disposto no §
capacidade econômica e financeira 2o deste artigo.
poderão ser dispensados.
§ 2o A nulidade da licitação induz à
do contrato.
§ 2o Na hipótese do § 1o, reverterá a
favor da empresa pública ou da sociedade
de economia mista o valor de quantia § 3o Depois de iniciada a fase de
eventualmente exigida no instrumento apresentação de lances ou propostas,
convocatório a título de adiantamento, caso referida no inciso III do caput do art. 51
o licitante não efetue o restante do desta Lei, a revogação ou a anulação da
pagamento devido no prazo para tanto licitação somente será efetivada depois de
estipulado. se conceder aos licitantes que manifestem
interesse em contestar o respectivo ato
prazo apto a lhes assegurar o exercício do
Art. 59. Salvo no caso de inversão
direito ao contraditório e à ampla defesa.
de fases, o procedimento licitatório terá
fase recursal única.
§ 4o O disposto no caput e nos §§
1o e 2o deste artigo aplica-se, no que
§ 1o Os recursos serão apresentados
couber, aos atos por meio dos quais se
no prazo de 5 (cinco) dias úteis após a
determine a contratação direta.
habilitação e contemplarão, além dos atos
praticados nessa fase, aqueles praticados
em decorrência do disposto nos incisos IV Seção VII
e V do caput do art. 51 desta Lei.
Dos Procedimentos Auxiliares das
§ 2o Na hipótese de inversão de Licitações
fases, o prazo referido no § 1o será aberto
após a habilitação e após o encerramento Art. 63. São procedimentos
da fase prevista no inciso V do caput do art. auxiliares das licitações regidas por esta
51, abrangendo o segundo prazo também Lei:
I - pré-qualificação permanente; § 6o Na pré-qualificação aberta de
produtos, poderá ser exigida a
II - cadastramento; comprovação de qualidade.

III - sistema de registro de preços; § 7o É obrigatória a divulgação dos


produtos e dos interessados que forem pré-
qualificados.
IV - catálogo eletrônico de
padronização.
Art. 65. Os registros cadastrais
Parágrafo único. Os procedimentos poderão ser mantidos para efeito de
habilitação dos inscritos em procedimentos
de que trata o caput deste artigo
licitatórios e serão válidos por 1 (um) ano,
obedecerão a critérios claros e objetivos
no máximo, podendo ser atualizados a
definidos em regulamento.
qualquer tempo.
Art. 64. Considera-se pré-
§ 1o Os registros cadastrais serão
qualificação permanente o procedimento
amplamente divulgados e ficarão
anterior à licitação destinado a identificar:
permanentemente abertos para a inscrição
de interessados.
I - fornecedores que reúnam
condições de habilitação exigidas para o
§ 2o Os inscritos serão admitidos
fornecimento de bem ou a execução de
segundo requisitos previstos em
serviço ou obra nos prazos, locais e
regulamento.
condições previamente estabelecidos;

§ 3o A atuação do licitante no
II - bens que atendam às exigências
cumprimento de obrigações assumidas
técnicas e de qualidade da administração
será anotada no respectivo registro
pública.
cadastral.
§ 1o O procedimento de pré-
§ 4o A qualquer tempo poderá ser
qualificação será público e
alterado, suspenso ou cancelado o registro
permanentemente aberto à inscrição de
do inscrito que deixar de satisfazer as
qualquer interessado.
exigências estabelecidas para habilitação
ou para admissão cadastral.
§ 2o A empresa pública e a
sociedade de economia mista poderão
Art. 66. O Sistema de Registro de
restringir a participação em suas licitações
Preços especificamente destinado às
a fornecedores ou produtos pré-
licitações de que trata esta Lei reger-se-á
qualificados, nas condições estabelecidas
em regulamento. pelo disposto em decreto do Poder
Executivo e pelas seguintes disposições:
§ 3o A pré-qualificação poderá ser
§ 1o Poderá aderir ao sistema
efetuada nos grupos ou segmentos,
segundo as especialidades dos referido no caput qualquer órgão ou
fornecedores. entidade responsável pela execução das
atividades contempladas no art. 1o desta
Lei.
§ 4o A pré-qualificação poderá ser
parcial ou total, contendo alguns ou todos
os requisitos de habilitação ou técnicos § 2o O registro de preços observará,
necessários à contratação, assegurada, em entre outras, as seguintes condições:
qualquer hipótese, a igualdade de
condições entre os concorrentes. I - efetivação prévia de ampla
pesquisa de mercado;
§ 5o A pré-qualificação terá validade
de 1 (um) ano, no máximo, podendo ser II - seleção de acordo com os
atualizada a qualquer tempo. procedimentos previstos em regulamento;
III - desenvolvimento obrigatório de I - o objeto e seus elementos
rotina de controle e atualização periódicos característicos;
dos preços registrados;
II - o regime de execução ou a forma
IV - definição da validade do registro; de fornecimento;

V - inclusão, na respectiva ata, do III - o preço e as condições de


registro dos licitantes que aceitarem cotar pagamento, os critérios, a data-base e a
os bens ou serviços com preços iguais ao periodicidade do reajustamento de preços e
do licitante vencedor na sequência da os critérios de atualização monetária entre
classificação do certame, assim como dos a data do adimplemento das obrigações e a
licitantes que mantiverem suas propostas do efetivo pagamento;
originais.
IV - os prazos de início de cada etapa
§ 3o A existência de preços de execução, de conclusão, de entrega, de
registrados não obriga a administração observação, quando for o caso, e de
pública a firmar os contratos que deles recebimento;
poderão advir, sendo facultada a realização
de licitação específica, assegurada ao V - as garantias oferecidas para
licitante registrado preferência em assegurar a plena execução do objeto
igualdade de condições. contratual, quando exigidas, observado o
disposto no art. 68;
Art. 67. O catálogo eletrônico de
padronização de compras, serviços e obras VI - os direitos e as
consiste em sistema informatizado, de responsabilidades das partes, as
gerenciamento centralizado, destinado a tipificações das infrações e as respectivas
permitir a padronização dos itens a serem penalidades e valores das multas;
adquiridos pela empresa pública ou
sociedade de economia mista que estarão
VII - os casos de rescisão do contrato
disponíveis para a realização de licitação. e os mecanismos para alteração de seus
termos;
Parágrafo único. O catálogo referido
no caput poderá ser utilizado em licitações
VIII - a vinculação ao instrumento
cujo critério de julgamento seja o menor
convocatório da respectiva licitação ou ao
preço ou o maior desconto e conterá toda a termo que a dispensou ou a inexigiu, bem
documentação e todos os procedimentos como ao lance ou proposta do licitante
da fase interna da licitação, assim como as
vencedor;
especificações dos respectivos objetos,
conforme disposto em regulamento.
IX - a obrigação do contratado de
manter, durante a execução do contrato,
CAPÍTULO II em compatibilidade com as obrigações por
ele assumidas, as condições de habilitação
DOS CONTRATOS e qualificação exigidas no curso do
procedimento licitatório;
Seção I
X - matriz de riscos.
Da Formalização dos Contratos
§ 1o (VETADO).
Art. 68. Os contratos de que trata
esta Lei regulam-se pelas suas cláusulas, § 2o Nos contratos decorrentes de
pelo disposto nesta Lei e pelos preceitos de licitações de obras ou serviços de
direito privado. engenharia em que tenha sido adotado o
modo de disputa aberto, o contratado
deverá reelaborar e apresentar à empresa
Art. 69. São cláusulas necessárias
pública ou à sociedade de economia mista
nos contratos disciplinados por esta Lei:
e às suas respectivas subsidiárias, por
meio eletrônico, as planilhas com indicação
dos quantitativos e dos custos unitários,
bem como do detalhamento das Parágrafo único. É vedado o contrato
Bonificações e Despesas Indiretas (BDI) e por prazo indeterminado.
dos Encargos Sociais (ES), com os
respectivos valores adequados ao lance Art. 72. Os contratos regidos por
vencedor, para fins do disposto no inciso III esta Lei somente poderão ser alterados por
do caput deste artigo. acordo entre as partes, vedando-se ajuste
que resulte em violação da obrigação de
Art. 70. Poderá ser exigida prestação licitar.
de garantia nas contratações de obras,
serviços e compras. Art. 73. A redução a termo do
contrato poderá ser dispensada no caso de
§ 1o Caberá ao contratado optar por pequenas despesas de pronta entrega e
uma das seguintes modalidades de pagamento das quais não resultem
garantia: obrigações futuras por parte da empresa
pública ou da sociedade de economia
I - caução em dinheiro; mista.

II - seguro-garantia; Parágrafo único. O disposto


no caput não prejudicará o registro contábil
III - fiança bancária. exaustivo dos valores despendidos e a
exigência de recibo por parte dos
respectivos destinatários.
§ 2o A garantia a que se refere
o caput não excederá a 5% (cinco por
cento) do valor do contrato e terá seu valor Art. 74. É permitido a qualquer
atualizado nas mesmas condições nele interessado o conhecimento dos termos do
contrato e a obtenção de cópia autenticada
estabelecidas, ressalvado o previsto no §
de seu inteiro teor ou de qualquer de suas
3o deste artigo.
partes, admitida a exigência de
ressarcimento dos custos, nos termos
§ 3o Para obras, serviços e previstos na Lei no 12.527, de 18 de
fornecimentos de grande vulto envolvendo novembro de 2011.
complexidade técnica e riscos financeiros
elevados, o limite de garantia previsto no §
Art. 75. A empresa pública e a
2o poderá ser elevado para até 10% (dez
sociedade de economia mista convocarão
por cento) do valor do contrato.
o licitante vencedor ou o destinatário de
contratação com dispensa ou
§ 4o A garantia prestada pelo inexigibilidade de licitação para assinar o
contratado será liberada ou restituída após termo de contrato, observados o prazo e as
a execução do contrato, devendo ser condições estabelecidos, sob pena de
atualizada monetariamente na hipótese do decadência do direito à contratação.
inciso I do § 1o deste artigo.
§ 1o O prazo de convocação poderá
Art. 71. A duração dos contratos ser prorrogado 1 (uma) vez, por igual
regidos por esta Lei não excederá a 5 período.
(cinco) anos, contados a partir de sua
celebração, exceto:
§ 2o É facultado à empresa pública
ou à sociedade de economia mista, quando
I - para projetos contemplados no o convocado não assinar o termo de
plano de negócios e investimentos da contrato no prazo e nas condições
empresa pública ou da sociedade de estabelecidos:
economia mista;
I - convocar os licitantes
II - nos casos em que a pactuação remanescentes, na ordem de classificação,
por prazo superior a 5 (cinco) anos seja para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas
prática rotineira de mercado e a imposição condições propostas pelo primeiro
desse prazo inviabilize ou onere classificado, inclusive quanto aos preços
excessivamente a realização do negócio. atualizados em conformidade com o
instrumento convocatório;
II - revogar a licitação. § 3o As empresas de prestação de
serviços técnicos especializados deverão
Art. 76. O contratado é obrigado a garantir que os integrantes de seu corpo
reparar, corrigir, remover, reconstruir ou técnico executem pessoal e diretamente as
substituir, às suas expensas, no total ou em obrigações a eles imputadas, quando a
parte, o objeto do contrato em que se respectiva relação for apresentada em
verificarem vícios, defeitos ou incorreções procedimento licitatório ou em contratação
resultantes da execução ou de materiais direta.
empregados, e responderá por danos
causados diretamente a terceiros ou à Art. 79. Na hipótese do § 6o do art.
empresa pública ou sociedade de 54, quando não for gerada a economia
economia mista, independentemente da prevista no lance ou proposta, a diferença
comprovação de sua culpa ou dolo na entre a economia contratada e a
execução do contrato. efetivamente obtida será descontada da
remuneração do contratado.
Art. 77. O contratado é responsável
pelos encargos trabalhistas, fiscais e Parágrafo único. Se a diferença
comerciais resultantes da execução do entre a economia contratada e a
contrato. efetivamente obtida for superior à
remuneração do contratado, será aplicada
§ 1o A inadimplência do contratado a sanção prevista no contrato, nos termos
quanto aos encargos trabalhistas, fiscais e do inciso VI do caput do art. 69 desta Lei.
comerciais não transfere à empresa pública
ou à sociedade de economia mista a Art. 80. Os direitos patrimoniais e
responsabilidade por seu pagamento, nem autorais de projetos ou serviços técnicos
poderá onerar o objeto do contrato ou especializados desenvolvidos por
restringir a regularização e o uso das obras profissionais autônomos ou por empresas
e edificações, inclusive perante o Registro contratadas passam a ser propriedade da
de Imóveis. empresa pública ou sociedade de
economia mista que os tenha contratado,
§ 2o (VETADO). sem prejuízo da preservação da
identificação dos respectivos autores e da
responsabilidade técnica a eles atribuída.
Art. 78. O contratado, na execução
do contrato, sem prejuízo das
responsabilidades contratuais e legais, Seção II
poderá subcontratar partes da obra, serviço
ou fornecimento, até o limite admitido, em Da Alteração dos Contratos
cada caso, pela empresa pública ou pela
sociedade de economia mista, conforme
Art. 81. Os contratos celebrados
previsto no edital do certame.
nos regimes previstos nos incisos I a V
do art. 43 contarão com cláusula que
§ 1o A empresa subcontratada estabeleça a possibilidade de alteração,
deverá atender, em relação ao objeto da por acordo entre as partes, nos seguintes
subcontratação, as exigências de casos:
qualificação técnica impostas ao licitante
vencedor.
I - quando houver modificação do
projeto ou das especificações, para melhor
§ 2o É vedada a subcontratação de adequação técnica aos seus objetivos;
empresa ou consórcio que tenha
participado:
II - quando necessária a modificação
do valor contratual em decorrência de
I - do procedimento licitatório do qual acréscimo ou diminuição quantitativa de
se originou a contratação; seu objeto, nos limites permitidos por esta
Lei;
II - direta ou indiretamente, da
elaboração de projeto básico ou executivo. III - quando conveniente a
substituição da garantia de execução;
IV - quando necessária a modificação pagos pela empresa pública ou sociedade
do regime de execução da obra ou serviço, de economia mista pelos custos de
bem como do modo de fornecimento, em aquisição regularmente comprovados e
face de verificação técnica da monetariamente corrigidos, podendo caber
inaplicabilidade dos termos contratuais indenização por outros danos
originários; eventualmente decorrentes da supressão,
desde que regularmente comprovados.
V - quando necessária a modificação
da forma de pagamento, por imposição de § 5o A criação, a alteração ou a
circunstâncias supervenientes, mantido o extinção de quaisquer tributos ou encargos
valor inicial atualizado, vedada a legais, bem como a superveniência de
antecipação do pagamento, com relação ao disposições legais, quando ocorridas após
cronograma financeiro fixado, sem a a data da apresentação da proposta, com
correspondente contraprestação de comprovada repercussão nos preços
fornecimento de bens ou execução de obra contratados, implicarão a revisão destes
ou serviço; para mais ou para menos, conforme o
caso.
VI - para restabelecer a relação que
as partes pactuaram inicialmente entre os § 6o Em havendo alteração do
encargos do contratado e a retribuição da contrato que aumente os encargos do
administração para a justa remuneração da contratado, a empresa pública ou a
obra, serviço ou fornecimento, objetivando sociedade de economia mista deverá
a manutenção do equilíbrio econômico- restabelecer, por aditamento, o equilíbrio
financeiro inicial do contrato, na hipótese econômico-financeiro inicial.
de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou
previsíveis porém de consequências § 7o A variação do valor contratual
incalculáveis, retardadores ou impeditivos para fazer face ao reajuste de preços
da execução do ajustado, ou, ainda, em previsto no próprio contrato e as
caso de força maior, caso fortuito ou fato atualizações, compensações ou
do príncipe, configurando álea econômica penalizações financeiras decorrentes das
extraordinária e extracontratual. condições de pagamento nele previstas,
bem como o empenho de dotações
§ 1o O contratado poderá aceitar, orçamentárias suplementares até o limite
nas mesmas condições contratuais, os do seu valor corrigido, não caracterizam
acréscimos ou supressões que se fizerem alteração do contrato e podem ser
nas obras, serviços ou compras, até 25% registrados por simples apostila,
(vinte e cinco por cento) do valor inicial dispensada a celebração de aditamento.
atualizado do contrato, e, no caso particular
de reforma de edifício ou de equipamento, § 8o É vedada a celebração de
até o limite de 50% (cinquenta por cento) aditivos decorrentes de eventos
para os seus acréscimos. supervenientes alocados, na matriz de
riscos, como de responsabilidade da
§ 2o Nenhum acréscimo ou contratada.
supressão poderá exceder os limites
estabelecidos no § 1o, salvo as supressões Seção III
resultantes de acordo celebrado entre os
contratantes.
Das Sanções Administrativas
§ 3o Se no contrato não houverem
sido contemplados preços unitários para Art. 82. Os contratos devem conter
obras ou serviços, esses serão fixados cláusulas com sanções administrativas a
mediante acordo entre as partes, serem aplicadas em decorrência de atraso
respeitados os limites estabelecidos no § injustificado na execução do contrato,
1o. sujeitando o contratado a multa de mora,
na forma prevista no instrumento
convocatório ou no contrato.
§ 4o No caso de supressão de obras,
bens ou serviços, se o contratado já houver
adquirido os materiais e posto no local dos § 1o A multa a que alude este artigo
trabalhos, esses materiais deverão ser não impede que a empresa pública ou a
sociedade de economia mista rescinda o II - tenham praticado atos ilícitos
contrato e aplique as outras sanções visando a frustrar os objetivos da licitação;
previstas nesta Lei.
III - demonstrem não possuir
§ 2o A multa, aplicada após regular idoneidade para contratar com a empresa
processo administrativo, será descontada pública ou a sociedade de economia mista
da garantia do respectivo contratado. em virtude de atos ilícitos praticados.

§ 3o Se a multa for de valor superior CAPÍTULO III


ao valor da garantia prestada, além da
perda desta, responderá o contratado pela DA FISCALIZAÇÃO PELO ESTADO
sua diferença, a qual será descontada dos E PELA SOCIEDADE
pagamentos eventualmente devidos pela
empresa pública ou pela sociedade de
economia mista ou, ainda, quando for o Art. 85. Os órgãos de controle
caso, cobrada judicialmente. externo e interno das 3 (três) esferas de
governo fiscalizarão as empresas públicas
e as sociedades de economia mista a elas
Art. 83. Pela inexecução total ou
relacionadas, inclusive aquelas
parcial do contrato a empresa pública ou a
domiciliadas no exterior, quanto à
sociedade de economia mista poderá,
legitimidade, à economicidade e à eficácia
garantida a prévia defesa, aplicar ao
da aplicação de seus recursos, sob o ponto
contratado as seguintes sanções:
de vista contábil, financeiro, operacional e
patrimonial.
I - advertência;
§ 1o Para a realização da atividade
II - multa, na forma prevista no fiscalizatória de que trata o caput, os
instrumento convocatório ou no contrato; órgãos de controle deverão ter acesso
irrestrito aos documentos e às informações
III - suspensão temporária de necessários à realização dos trabalhos,
participação em licitação e impedimento de inclusive aqueles classificados como
contratar com a entidade sancionadora, por sigilosos pela empresa pública ou pela
prazo não superior a 2 (dois) anos. sociedade de economia mista, nos termos
da Lei no 12.527, de 18 de novembro de
§ 1o Se a multa aplicada for superior 2011.
ao valor da garantia prestada, além da
perda desta, responderá o contratado pela § 2o O grau de confidencialidade
sua diferença, que será descontada dos será atribuído pelas empresas públicas e
pagamentos eventualmente devidos pela sociedades de economia mista no ato de
empresa pública ou pela sociedade de entrega dos documentos e informações
economia mista ou cobrada judicialmente. solicitados, tornando-se o órgão de controle
com o qual foi compartilhada a informação
§ 2o As sanções previstas nos sigilosa corresponsável pela manutenção
incisos I e III do caput poderão ser do seu sigilo.
aplicadas juntamente com a do inciso II,
devendo a defesa prévia do interessado, no § 3o Os atos de fiscalização e
respectivo processo, ser apresentada no controle dispostos neste Capítulo aplicar-
prazo de 10 (dez) dias úteis. se-ão, também, às empresas públicas e às
sociedades de economia mista de caráter e
Art. 84. As sanções previstas no constituição transnacional no que se refere
inciso III do art. 83 poderão também ser aos atos de gestão e aplicação do capital
aplicadas às empresas ou aos profissionais nacional, independentemente de estarem
que, em razão dos contratos regidos por incluídos ou não em seus respectivos atos
esta Lei: e acordos constitutivos.

I - tenham sofrido condenação Art. 86. As informações das


definitiva por praticarem, por meios empresas públicas e das sociedades de
dolosos, fraude fiscal no recolhimento de economia mista relativas a licitações e
quaisquer tributos; contratos, inclusive aqueles referentes a
bases de preços, constarão de bancos de dias úteis antes da data fixada para a
dados eletrônicos atualizados e com ocorrência do certame, devendo a entidade
acesso em tempo real aos órgãos de julgar e responder à impugnação em até 3
controle competentes. (três) dias úteis, sem prejuízo da faculdade
prevista no § 2o.
§ 1o As demonstrações contábeis
auditadas da empresa pública e da § 2o Qualquer licitante, contratado ou
sociedade de economia mista serão pessoa física ou jurídica poderá
disponibilizadas no sítio eletrônico da representar ao tribunal de contas ou aos
empresa ou da sociedade na internet, órgãos integrantes do sistema de controle
inclusive em formato eletrônico editável. interno contra irregularidades na aplicação
desta Lei, para os fins do disposto neste
§ 2o As atas e demais expedientes artigo.
oriundos de reuniões, ordinárias ou
extraordinárias, dos conselhos de § 3o Os tribunais de contas e os
administração ou fiscal das empresas órgãos integrantes do sistema de controle
públicas e das sociedades de economia interno poderão solicitar para exame, a
mista, inclusive gravações e filmagens, qualquer tempo, documentos de natureza
quando houver, deverão ser contábil, financeira, orçamentária,
disponibilizados para os órgãos de controle patrimonial e operacional das empresas
sempre que solicitados, no âmbito dos públicas, das sociedades de economia
trabalhos de auditoria. mista e de suas subsidiárias no Brasil e no
exterior, obrigando-se, os jurisdicionados, à
§ 3o O acesso dos órgãos de adoção das medidas corretivas pertinentes
controle às informações referidas que, em função desse exame, lhes forem
no caput e no § 2o será restrito e determinadas.
individualizado.
Art. 88. As empresas públicas e as
§ 4o As informações que sejam sociedades de economia mista deverão
revestidas de sigilo bancário, estratégico, disponibilizar para conhecimento público,
comercial ou industrial serão assim por meio eletrônico, informação completa
identificadas, respondendo o servidor mensalmente atualizada sobre a execução
administrativa, civil e penalmente pelos de seus contratos e de seu orçamento,
danos causados à empresa pública ou à admitindo-se retardo de até 2 (dois) meses
sociedade de economia mista e a seus na divulgação das informações.
acionistas em razão de eventual divulgação
indevida. § 1o A disponibilização de
informações contratuais referentes a
§ 5o Os critérios para a definição do operações de perfil estratégico ou que
que deve ser considerado sigilo tenham por objeto segredo industrial
estratégico, comercial ou industrial serão receberá proteção mínima necessária para
estabelecidos em regulamento. lhes garantir confidencialidade.

Art. 87. O controle das despesas § 2o O disposto no § 1o não será


decorrentes dos contratos e demais oponível à fiscalização dos órgãos de
instrumentos regidos por esta Lei será feito controle interno e do tribunal de contas,
pelos órgãos do sistema de controle interno sem prejuízo da responsabilização
e pelo tribunal de contas competente, na administrativa, civil e penal do servidor que
forma da legislação pertinente, ficando as der causa à eventual divulgação dessas
empresas públicas e as sociedades de informações.
economia mista responsáveis pela
demonstração da legalidade e da Art. 89. O exercício da supervisão
regularidade da despesa e da execução, por vinculação da empresa pública ou da
nos termos da Constituição. sociedade de economia mista, pelo órgão a
que se vincula, não pode ensejar a redução
§ 1o Qualquer cidadão é parte ou a supressão da autonomia conferida
legítima para impugnar edital de licitação pela lei específica que autorizou a criação
por irregularidade na aplicação desta Lei, da entidade supervisionada ou da
devendo protocolar o pedido até 5 (cinco) autonomia inerente a sua natureza, nem
autoriza a ingerência do supervisor em sua às empresas públicas e às sociedades de
administração e funcionamento, devendo a economia mista a eles vinculadas.
supervisão ser exercida nos limites da
legislação aplicável. Art. 93. As despesas com
publicidade e patrocínio da empresa
Art. 90. As ações e deliberações do pública e da sociedade de economia mista
órgão ou ente de controle não podem não ultrapassarão, em cada exercício, o
implicar interferência na gestão das limite de 0,5% (cinco décimos por cento) da
empresas públicas e das sociedades de receita operacional bruta do exercício
economia mista a ele submetidas nem anterior.
ingerência no exercício de suas
competências ou na definição de políticas § 1o O limite disposto
públicas. no caput poderá ser ampliado, até o limite
de 2% (dois por cento) da receita bruta do
TÍTULO III exercício anterior, por proposta da diretoria
da empresa pública ou da sociedade de
DISPOSIÇÕES FINAIS E economia mista justificada com base em
TRANSITÓRIAS parâmetros de mercado do setor específico
de atuação da empresa ou da sociedade e
aprovada pelo respectivo Conselho de
Art. 91. A empresa pública e a Administração.
sociedade de economia mista constituídas
anteriormente à vigência desta Lei deverão,
§ 2o É vedado à empresa pública e à
no prazo de 24 (vinte e quatro) meses,
sociedade de economia mista realizar, em
promover as adaptações necessárias à
ano de eleição para cargos do ente
adequação ao disposto nesta Lei.
federativo a que sejam vinculadas,
despesas com publicidade e patrocínio que
§ 1o A sociedade de economia mista excedam a média dos gastos nos 3 (três)
que tiver capital fechado na data de últimos anos que antecedem o pleito ou no
entrada em vigor desta Lei poderá, último ano imediatamente anterior à
observado o prazo estabelecido no caput, eleição.
ser transformada em empresa pública,
mediante resgate, pela empresa, da
Art. 94. Aplicam-se à empresa
totalidade das ações de titularidade de
pública, à sociedade de economia mista e
acionistas privados, com base no valor de
às suas subsidiárias as sanções previstas
patrimônio líquido constante do último
na Lei no 12.846, de 1o de agosto de 2013,
balanço aprovado pela assembleia-geral.
salvo as previstas nos incisos II, III e IV do
caput do art. 19 da referida Lei.
§ 2o (VETADO).
Art. 95. A estratégia de longo prazo
§ 3o Permanecem regidos pela prevista no art. 23 deverá ser aprovada em
legislação anterior procedimentos até 180 (cento e oitenta) dias da data de
licitatórios e contratos iniciados ou publicação da presente Lei.
celebrados até o final do prazo previsto
no caput.
Art. 96. Revogam-se:
Art. 92. O Registro Público de
I - o § 2o do art. 15 da Lei no 3.890-A,
Empresas Mercantis e Atividades Afins
de 25 de abril de 1961, com a redação
manterá banco de dados público e gratuito,
dada pelo art. 19 da Lei no 11.943, de 28 de
disponível na internet, contendo a relação
maio de 2009;
de todas as empresas públicas e as
sociedades de economia mista.
II - os arts. 67 e 68 da Lei no 9.478,
de 6 de agosto de 1997.
Parágrafo único. É a União proibida
de realizar transferência voluntária de
recursos a Estados, ao Distrito Federal e a Art. 97. Esta Lei entra em vigor na
Municípios que não fornecerem ao Registro data de sua publicação.
Público de Empresas Mercantis e
Atividades Afins as informações relativas
Art. 42. Nas licitações públicas, a
comprovação de regularidade fiscal e tra
balhista das microempresas e das empr
esas de pequeno
porte somente será exigida para efeito
de assinatura do contrato.
(Redação dada pela Lei Complementar nº
155, de 2016) Produção de efeito

Art. 43. As microempresas e


empresas de pequeno porte, por ocasião
da participação em certames licitatórios,
deverão apresentar toda a documentação
exigida para efeito de comprovação de
regularidade fiscal, mesmo que esta
apresente alguma restrição.

Art. 43. As microempresas e as e


mpresas de pequeno porte, por
ocasião da participação
em certames licitatórios, deverão apresent
ar toda a documentação
exigida para efeito de comprovação de
regularidade fiscal etrabalhista, mesmo que
esta apresente alguma restrição.
(Redação dada pela Lei Complementar nº
155, de 2016) Produção de efeito

§ 1o Havendo alguma restrição na


comprovação da regularidade fiscal, será
assegurado o prazo de 2 (dois) dias úteis,
cujo termo inicial corresponderá ao
momento em que o proponente for
declarado o vencedor do certame,
prorrogáveis por igual período, a critério da
Administração Pública, para a
regularização da documentação,
pagamento ou parcelamento do débito, e
LEI COMPLEMENTAR 123 DE 14/12/2006 emissão de eventuais certidões negativas
(ESTATUTO NACIONAL DA ou positivas com efeito de certidão
MICROEMPRESA E DA EMPRESA DE negativa.
PEQUENO PORTE) § 1o Havendo alguma restrição na
comprovação da regularidade fiscal, será
APÍTULO V assegurado o prazo de 5 (cinco) dias úteis,
(Redação dada pela Lei Complementar nº cujo termo inicial corresponderá ao
147, de 2014) momento em que o proponente for
declarado o vencedor do certame,
DO ACESSO AOS MERCADOS prorrogável por igual período, a critério da
administração pública, para a regularização
Seção I da documentação, pagamento ou
parcelamento do débito e emissão de
Das Aquisições Públicas eventuais certidões negativas ou positivas
com efeito de certidão negativa.
Art. 42. Nas licitações públicas, a (Redação dada pela Lei Complementar
comprovação de regularidade fiscal das nº 147, de 2014)
microempresas e empresas de pequeno
porte somente será exigida para efeito de § 1o Havendo alguma restrição na c
assinatura do contrato. omprovação
da regularidade fiscal e trabalhista, será a
ssegurado o prazo de cinco dias úteis,
cujo termo inicial corresponderá ao moment enquadrem na hipótese dos §§ 1o e 2o do
o em que o proponente for art. 44 desta Lei Complementar, na ordem
declaradovencedor do certame, prorrogáve classificatória, para o exercício do mesmo
l por igual período, a critério da direito;
administração pública, para regularização
da III - no caso de equivalência dos
documentação, para pagamento ou parce valores apresentados pelas microempresas
lamento do débito e para e empresas de pequeno porte que se
emissão de eventuais certidões negativas encontrem nos intervalos estabelecidos
oupositivas com efeito de nos §§ 1o e 2o do art. 44 desta Lei
certidão negativa. (Redação Complementar, será realizado sorteio entre
dada pela Lei Complementar nº 155, de elas para que se identifique aquela que
2016) Produção de efeito primeiro poderá apresentar melhor oferta.

§ 2o A não-regularização da § 1o Na hipótese da não-contratação


documentação, no prazo previsto no § nos termos previstos no caput deste artigo,
1o deste artigo, implicará decadência do o objeto licitado será adjudicado em favor
direito à contratação, sem prejuízo das da proposta originalmente vencedora do
sanções previstas no art. 81 da Lei certame.
no 8.666, de 21 de junho de 1993, sendo
facultado à Administração convocar os § 2o O disposto neste artigo
licitantes remanescentes, na ordem de somente se aplicará quando a melhor
classificação, para a assinatura do oferta inicial não tiver sido apresentada por
contrato, ou revogar a licitação. microempresa ou empresa de pequeno
porte.
Art. 44. Nas licitações será
assegurada, como critério de desempate, § 3o No caso de pregão, a
preferência de contratação para as microempresa ou empresa de pequeno
microempresas e empresas de pequeno porte mais bem classificada será
porte. convocada para apresentar nova proposta
no prazo máximo de 5 (cinco) minutos após
§ 1o Entende-se por empate aquelas o encerramento dos lances, sob pena de
situações em que as propostas preclusão.
apresentadas pelas microempresas e
empresas de pequeno porte sejam iguais Art. 46. A microempresa e a
ou até 10% (dez por cento) superiores à empresa de pequeno porte titular de
proposta mais bem classificada. direitos creditórios decorrentes de
empenhos liquidados por órgãos e
§ 2o Na modalidade de pregão, o entidades da União, Estados, Distrito
intervalo percentual estabelecido no § Federal e Município não pagos em até 30
1o deste artigo será de até 5% (cinco por (trinta) dias contados da data de liquidação
cento) superior ao melhor preço. poderão emitir cédula de crédito
microempresarial.
Art. 45. Para efeito do disposto
no art. 44 desta Lei Complementar, Parágrafo único. A cédula de crédito
ocorrendo o empate, proceder-se-á da microempresarial é título de crédito regido,
seguinte forma: subsidiariamente, pela legislação prevista
para as cédulas de crédito comercial, tendo
I - a microempresa ou empresa de como lastro o empenho do poder público,
pequeno porte mais bem classificada cabendo ao Poder Executivo sua
poderá apresentar proposta de preço regulamentação no prazo de 180 (cento e
inferior àquela considerada vencedora do oitenta) dias a contar da publicação desta
certame, situação em que será adjudicado Lei Complementar. (Revogado
em seu favor o objeto licitado; pela Lei Complementar nº 147, de 2014)

Art. 47. Nas contratações públicas


II - não ocorrendo a contratação da da União, dos Estados e dos Municípios,
microempresa ou empresa de pequeno poderá ser concedido tratamento
porte, na forma do inciso I do caput deste diferenciado e simplificado para as
artigo, serão convocadas as microempresas e empresas de pequeno
remanescentes que porventura se porte objetivando a promoção do
desenvolvimento econômico e social no II - poderá, em relação aos
âmbito municipal e regional, a ampliação processos licitatórios destinados à
da eficiência das políticas públicas e o aquisição de obras e serviços, exigir dos
incentivo à inovação tecnológica, desde licitantes a subcontratação de
que previsto e regulamentado na legislação microempresa ou empresa de pequeno
do respectivo ente. porte; (Redação dada pela Lei
Complementar nº 147, de 2014)
Art. 47. Nas contratações públicas da
administração direta e indireta, autárquica e III - em que se estabeleça cota de
fundacional, federal, estadual e municipal, até 25% (vinte e cinco por cento) do objeto
deverá ser concedido tratamento para a contratação de microempresas e
diferenciado e simplificado para as empresas de pequeno porte, em certames
microempresas e empresas de pequeno para a aquisição de bens e serviços de
porte objetivando a promoção do natureza divisível.
desenvolvimento econômico e social no
III - deverá estabelecer, em certames
âmbito municipal e regional, a ampliação
para aquisição de bens de natureza
da eficiência das políticas públicas e o
divisível, cota de até 25% (vinte e cinco por
incentivo à inovação tecnológica.
cento) do objeto para a contratação de
(Redação dada pela Lei Complementar
microempresas e empresas de pequeno
nº 147, de 2014)
porte. (Redação dada pela Lei
Complementar nº 147, de 2014)
Parágrafo único. No que diz respeito
às compras públicas, enquanto não § 1o O valor licitado por meio do
sobrevier legislação estadual, municipal ou disposto neste artigo não poderá exceder a
regulamento específico de cada órgão mais 25% (vinte e cinco por cento) do total
favorável à microempresa e empresa de licitado em cada ano civil.
pequeno porte, aplica-se a legislação
federal. (Incluído pela Lei § 1o (Revogado). (Redação
Complementar nº 147, de 2014) dada pela Lei Complementar nº 147, de
2014)
Art. 48. Para o cumprimento do
disposto no art. 47 desta Lei § 2o Na hipótese do inciso II
Complementar, a administração pública do caput deste artigo, os empenhos e
poderá realizar processo licitatório: pagamentos do órgão ou entidade da
administração pública poderão ser
Art. 48. Para o cumprimento do destinados diretamente às microempresas
disposto no art. 47 desta Lei e empresas de pequeno porte
Complementar, a administração subcontratadas.
pública: (Redação dada pela Lei
Complementar nº 147, de 2014) § 3o Os benefícios referidos
no caput deste artigo poderão,
I - destinado exclusivamente à justificadamente, estabelecer a prioridade
participação de microempresas e empresas de contratação para as microempresas e
de pequeno porte nas contratações cujo empresas de pequeno porte sediadas local
valor seja de até R$ 80.000,00 (oitenta mil ou regionalmente, até o limite de 10% (dez
reais); por cento) do melhor preço válido.
(Incluído pela Lei Complementar nº
I - deverá realizar processo licitatório 147, de 2014)
destinado exclusivamente à participação de
microempresas e empresas de pequeno Art. 49. Não se aplica o disposto
porte nos itens de contratação cujo valor nos arts. 47 e 48 desta Lei
seja de até R$ 80.000,00 (oitenta mil Complementar quando:
reais); (Redação dada pela Lei
Complementar nº 147, de 2014)
I - os critérios de tratamento
II - em que seja exigida dos licitantes diferenciado e simplificado para as
a subcontratação de microempresa ou de microempresas e empresas de pequeno
empresa de pequeno porte, desde que o porte não forem expressamente previstos
percentual máximo do objeto a ser no instrumento convocatório;
subcontratado não exceda a 30% (trinta por
cento) do total licitado;
I - (Revogado); (Redação seguro, câmbio, transporte e armazenagem
dada pela Lei Complementar nº 147, de de mercadorias, objeto da prestação do
2014) (Produção de efeito) serviço, na forma do regulamento.
(Incluído pela Lei Complementar nº 147,
II - não houver um mínimo de 3 (três) de 2014)
fornecedores competitivos enquadrados
como microempresas ou empresas de Parágrafo único. As pessoas juríd
pequeno porte sediados local ou icas prestadoras de serviço de
regionalmente e capazes de cumprir as logística internacional, quando contratada
exigências estabelecidas no instrumento s pelas empresas descritas
convocatório; nesta Lei Complementar,
estão autorizadas a realizar atividades
III - o tratamento diferenciado e relativas alicenciamento administrativo,
simplificado para as microempresas e despacho aduaneiro,
empresas de pequeno porte não for consolidação e desconsolidação de carga e
vantajoso para a administração pública ou a contratar seguro, câmbio, transporte e
representar prejuízo ao conjunto ou armazenagem de mercadorias, objeto da
complexo do objeto a ser contratado; prestação do
serviço, de forma simplificada
epor meio eletrônico, na forma de
IV - a licitação for dispensável ou
inexigível, nos termos dos arts. 24 e 25 da regulamento. (Redação dada
Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. pela Lei Complementar nº 155, de
2016) Produção de efeito
IV - a licitação for dispensável ou
Art. 49-
inexigível, nos termos dos arts. 24 e 25 da
Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, B. (VETADO). (Incluído pela Lei
excetuando-se as dispensas tratadas pelos Complementar nº 155, de
2016) Produção de efeito
incisos I e II do art. 24 da mesma Lei, nas
quais a compra deverá ser feita
preferencialmente de microempresas e
empresas de pequeno porte, aplicando-se
o disposto no inciso I do art. 48.
(Redação dada pela Lei Complementar
nº 147, de 2014)

Seção II
(Redação dada pela Lei Complementar nº
147, de 2014)

Acesso ao Mercado Externo

Art. 49-A. A microempresa e a


empresa de pequeno porte beneficiárias do
SIMPLES usufruirão de regime de
exportação que contemplará
procedimentos simplificados de habilitação,
licenciamento, despacho aduaneiro e
câmbio, na forma do regulamento.
(Incluído pela Lei Complementar nº 147,
de 2014)

Parágrafo único. As pessoas jurídicas


prestadoras de serviço de logística
internacional quando contratadas por
beneficiários do SIMPLES estão
autorizadas a realizar atividades relativas a
licenciamento administrativo, despacho
aduaneiro, consolidação e desconsolidação
de carga, bem como a contratação de
LEI Nº 556, DE 25 DE JUNHO DE 1850. Comércio do domicílio do seu proprietário
ostensivo ou armador (artigo nº. 484), e
PARTE SEGUNDA - DO COMÉRCIO sem constar do registro não será admitida
MARÍTIMO a despacho.

TÍTULO I Art. 461 - O registro deve conter:

DAS EMBARCAÇÕES 1 - a declaração do lugar onde a


embarcação foi construída, o nome do
Art. 457 - Somente podem gozar das construtor, e a qualidade das madeiras
principais;
prerrogativas e favores concedidos a
embarcações brasileiras, as que
verdadeiramente pertencerem a súditos do 2 - as dimensões da embarcação em
Império, sem que algum estrangeiro nelas palmos e polegadas; e a sua capacidade
possua parte ou interesse. em toneladas, comprovadas por certidão
de arqueação com referência à sua data;
Provando-se que alguma embarcação,
registrada debaixo do nome de brasileiro, 3 - a armação de que usa, e quantas
pertence no todo ou em parte a cobertas tem;
estrangeiro, ou que este tem nela algum
interesse, será apreendida como perdida; e 4 - o dia em que foi lançada ao mar;
metade do seu produto aplicado para o
denunciante, havendo-o, e a outra metade 5 - o nome de cada um dos donos ou
a favor do cofre do Tribunal do Comércio compartes, e os seus respectivos
respectivo. domicílios;

Os súditos brasileiros domiciliados em 6 - menção especificada do quinhão de


país estrangeiro não podem possuir cada comparte, se for de mais de um
embarcação brasileira; salvo se nela for proprietário, e a época da sua respectiva
comparte alguma casa comercial brasileira aquisição, com referência à natureza e data
estabelecida no Império. do título, que deverá acompanhar a petição
para o registro. O nome da embarcação
Art. 458 - Acontecendo que alguma registrada e do seu proprietário ostensivo
embarcação brasileira passe por algum ou armador serão publicados por anúncios
título domínio de estrangeiro no todo ou em nos periódicos do lugar.
parte, não poderá navegar com a natureza
de propriedade brasileira, enquanto não for Art. 462 - Se a embarcação for de
alienada a súdito do Império. construção estrangeira, além das
especificações sobreditas, deverá declarar-
Art. 459 - É livre construir as se no registro a nação a que pertencia, o
embarcações pela forma e modo que mais nome que tinha e o que tomou, e o título
conveniente parecer; nenhuma, porém, por que passou a ser de propriedade
poderá aparelhar-se sem se reconhecer brasileira; podendo omitir-se, quando não
previamente, por vistoria feita na conste dos documentos, o nome do
conformidade dos regulamentos do construtor.
Governo, que se acha navegável.
Art. 463 - O proprietário armador
O auto original da vistoria será prestará juramento por si ou por seu
depositado na secretaria do Tribunal do procurador, nas mãos do presidente do
Comércio respectivo; e antes deste tribunal, de que a sua declaração é
depósito nenhuma embarcação será verídica, e de que todos os proprietários da
admitida a registro. embarcação são verdadeiramente súditos
brasileiros, obrigando-se por termo a não
Art. 460 - Toda embarcação brasileira fazer uso ilegal do registro, e a entregá-lo
destinada à navegação do alto mar, com dentro de 1 (um) ano no mesmo tribunal,
exceção somente das que se empregarem no caso da embarcação ser vendida,
exclusivamente nas pescarias das costas, perdida ou julgada incapaz de navegar;
deve ser registrada no Tribunal do
pena de incorrer na multa no mesmo termo 2 - o porto da partida e o do destino, e
declarada, que o tribunal arbitrará. a torna-viagem, se esta for determinada;

Nos lugares onde não houver Tribunal 3 - as soldadas ajustadas,


do Comércio, todas as diligências especificando-se, se são por viagem ou ao
sobreditas serão praticadas perante o juiz mês, por quantia certa ou a frete, quinhão
de direito do comércio, que enviará ao ou lucro na viagem;
tribunal competente as devidas
participações, acompanhadas dos 4 - as quantias adiantadas, que se
documentos respectivos. tiverem pago ou prometido pagar por conta
das soldadas;
Art. 464 - Todas as vezes que qualquer
embarcação mudar de proprietário ou de 5 - a assinatura do capitão, e de todos
nome, será o seu registro apresentado no os oficiais do navio e mais indivíduos da
Tribunal do Comércio respectivo para as tripulação que souberem escrever (artigo
competentes anotações. nºs 511 e 512).

Art. 465 - Sempre que a embarcação Art. 468 - As alienações ou hipotecas


mudar de capitão, será esta alteração de embarcações brasileiras destinadas à
anotada no registro, pela autoridade que navegação do alto-mar, só podem fazer-se
tiver a seu cargo a matrícula dos navios, no por escritura pública, na qual se deverá
porto onde a mudança tiver lugar. inserir o teor do seu registro, com todas as
anotações que nele houver (artigo nºs 472
Art. 466 - Toda a embarcação e 474); pena de nulidade.
brasileira em viagem é obrigada a ter a
bordo: Todos os aprestos, aparelhos e mais
pertences existentes a bordo de qualquer
1 - o seu registro (artigo nº . 460); navio ao tempo da sua venda, deverão
entender-se compreendidos nesta, ainda
2 - o passaporte do navio; que deles se não faça expressa menção;
salvo havendo no contrato convenção em
contrário.
3 - o rol da equipagem ou matrícula;

4 - a guia ou manifesto da Alfândega Art. 469 - Vendendo-se algum navio


do porto brasileiro donde houver saído, em viagem, pertencem ao comprador os
fretes que vencer nesta viagem; mas se na
feito na conformidade das leis,
data do contrato o navio tiver chegado ao
regulamentos e instruções fiscais;
lugar do seu destino, serão do vendedor;
salvo convenção em contrário.
5 - a carta de fretamento nos casos em
que este tiver lugar, e os conhecimentos da
Art. 470 - No caso de venda voluntária,
carga existente a bordo, se alguma existir;
a propriedade da embarcação passa para o
comprador com todos os seus encargos;
6 - os recibos das despesas dos portos salvo os direitos dos credores privilegiados
donde sair, compreendidas as de que nela tiverem hipoteca tácita. Tais são:
pilotagem, ancoragem e mais direitos ou
impostos de navegação;
1 - os salários devidos por serviços
prestados ao navio, compreendidos os de
7 - um exemplar do Código Comercial. salvados e pilotagem;

Art. 467 - A matrícula deve ser feita no 2 - todos os direitos de porto e


porto do armamento da embarcação, e impostos de navegação;
conter:
3 - os vencimentos de depositários e
1 - os nomes do navio, capitão, oficiais despesas necessárias feitas na guarda do
e gente da tripulação, com declaração de navio, compreendido o aluguel dos
suas idades, estado, naturalidade e armazéns de depósito dos aprestos e
domicílio, e o emprego de cada um a aparelhos do mesmo navio;
bordo;
4 - todas as despesas do custeio do anotadas no registro da embarcação (artigo
navio e seus pertences, que houverem sido nº. 468).
feitas para sua guarda e conservação
depois da última viagem e durante a sua As mesmas dívidas, sendo contraídas
estadia no porto da venda; fora do Império, só serão atendidas
achando-se autenticadas com o Visto - do
5 - as soldadas do capitão, oficiais e respectivo cônsul.
gente da tripulação, vencidas na última
viagem; Art. 473 - Os credores contemplados
nos artigo nºs 470 e 471 preferem entre si
6 - o principal e prêmio das letras de pela ordem dos números em que estão
risco tomadas pelo capitão sobre o casco e colocados; as dívidas, contempladas
aparelho ou sobre os fretes (artigo nº. 651) debaixo do mesmo número e contraídas no
durante a última viagem, sendo o contrato mesmo porto, precederão entre si pela
celebrado e assinado antes do navio partir ordem em que ficam classificadas, e
do porto onde tais obrigações forem entrarão em concurso sendo de idêntica
contraídas; natureza; porém, se dívidas idênticas se
fizerem por necessidade em outros portos,
7 - o principal e prêmio de letras de ou no mesmo porto a que voltar o navio, as
risco, tomadas sobre o casco e aparelhos, posteriores preferirão às anteriores.
ou fretes, antes de começar a última
viagem, no porto da carga (artigo nº. 515); Art. 474 - Em seguimento dos créditos
mencionados nos artigo nºs 470 e 471, são
8 - as quantias emprestadas ao também privilegiados o preço da compra do
capitão, ou dívidas por ele contraídas para navio não pago, e os juros respectivos, por
o conserto e custeio do navio, durante a tempo de 3 (três) anos, a contar da data do
última viagem, com os respectivos prêmios instrumento do contrato; contanto, porém,
de seguro, quando em virtude de tais que tais créditos constem de documentos
empréstimos o capitão houver evitado inscritos lançados no Registro do Comércio
firmar letras de risco (artigo nº. 515); em tempo útil, e a sua importância se ache
anotada no registro da embarcação.
9 - faltas na entrega da carga, prêmios
de seguro sobre o navio ou fretes, e Art. 475 - No caso de quebra ou
avarias ordinárias, e tudo o que respeitar à insolvência do armador do navio, todos os
última viagem somente. créditos a cargo da embarcação, que se
acharem nas precisas circunstâncias dos
artigo nºs 470, 471 e 474, preferirão sobre
Art. 471 - São igualmente privilegiadas,
o preço do navio a outros credores da
ainda que contraídas fossem anteriormente
massa.
à última viagem:

1 - as dívidas provenientes do contrato Art. 476 - O vendedor de embarcação


é obrigado a dar ao comprador uma nota
da construção do navio e juros respectivos,
por ele assinada de todos os créditos
por tempo de 3 (três) anos, a contar do dia
privilegiados a que a mesma embarcação
em que a construção ficar acabada;
possa achar-se obrigada (artigo nºs 470,
471 e 474), a qual deverá ser incorporada
2 - as despesas do conserto do navio e na escritura da venda em seguimento do
seus aparelhos, e juros respectivos, por registro da embarcação. A falta de
tempo dos 2 (dois) últimos anos, a contar declaração de algum crédito privilegiado
do dia em que o conserto terminou. induz presunção de má-fé da parte do
vendedor, contra o qual o comprador
Art. 472 - Os créditos provenientes das poderá intentar a ação criminal que seja
dívidas especificadas no artigo precedente, competente, se for obrigado ao pagamento
e nos nºs 4, 6, 7 e 8 do artigo nº. 470, só de algum crédito não declarado.
serão considerados como privilegiados
quando tiverem sido lançados no Registro Art. 477 - Nas vendas judiciais
do Comércio em tempo útil (artigo nº. 10, nº extingue-se toda a responsabilidade da
2) e as suas importâncias se acharem embarcação para com todos e quaisquer
credores, desde a data do termo da
arrematação, e fica subsistindo somente Art. 480 - Nenhuma embarcação pode
sobre o preço, enquanto este se não ser embargada ou detida por dívida não
levanta. privilegiada; salvo no porto da sua
matrícula; e mesmo neste, unicamente nos
Todavia, se do registro do navio casos em que os devedores são por direito
constar que este está obrigado por algum obrigados a prestar caução em juízo,
crédito privilegiado, o preço da achando-se previamente intentadas as
arrematação será conservado em depósito, ações competentes.
em tanto quanto baste para solução dos
créditos privilegiados constantes do Art. 481 - Nenhuma embarcação,
registro; e não poderá levantar-se antes de depois de ter recebido mais da quarta parte
expirar o prazo da prescrição dos créditos da carga correspondente à sua lotação,
privilegiados, ou se mostrar que estão pode ser embargada ou detida por dívidas
todos pagos, ainda mesmo que o particulares do armador, exceto se estas
exeqüente seja credor privilegiado, salvo tiverem sido contraídas para aprontar o
prestando fiança idônea; pena de nulidade navio para a mesma viagem, e o devedor
do levantamento do depósito; competindo não tiver outros bens com que possa
ao credor prejudicado ação para haver de pagar; mas, mesmo neste caso, se
quem indevidamente houver recebido, e de mandará levantar o embargo, dando os
perdas e danos solidariamente contra o juiz mais compartes fiança pelo valor de seus
e escrivão que tiverem passado e assinado respectivos quinhões, assinando o capitão
a ordem ou mandado. termo de voltar ao mesmo lugar finda a
viagem, e prestando os interessados na
Art. 478 - Ainda que as embarcações expedição fiança idônea à satisfação da
sejam reputadas bens móveis, contudo, dívida, no caso da embarcação não voltar
nas vendas judiciais, se guardarão as por qualquer incidente, ainda que seja de
regras que as leis prescrevem para as força maior. O capitão que deixar de
arrematações dos bens de raiz; devendo as cumprir o referido termo responderá
ditas vendas, além da afixação dos editais pessoalmente pela dívida, salvo o caso de
nos lugares públicos, e particularmente nas força maior, e a sua falta será qualificada
praças do comércio, ser publicadas por três de barataria.
anúncios insertos, com o intervalo de 8
(oito) dias, nos jornais do lugar, que Art. 482 - Os navios estrangeiros
habitualmente publicarem anúncios, e, não surtos nos portos do Brasil não podem ser
os havendo, nos do lugar mais vizinho. embargados nem detidos, ainda mesmo
que se achem sem carga, por dívidas que
Nas mesmas vendas, as custas não forem contraídas no território brasileiro
judiciais do processo da execução e em utilidade dos mesmos navios ou da sua
arrematação preferem a todos os créditos carga; salvo provindo a dívida de letras de
privilegiados. risco ou de câmbio sacadas em país
estrangeiro no caso do artigo nº. 651, e
vencidas em algum lugar do Império.
Art. 479 - Enquanto durar a
responsabilidade da embarcação por
obrigações privilegiadas, pode esta ser Art. 483 - Nenhum navio pode ser
embargada e detida, a requerimento de detido ou embargado, nem executado na
credores que apresentarem títulos legais sua totalidade por dívidas particulares de
(artigo nºs 470, 471 e 474), em qualquer um comparte; poderá, porém, ter lugar a
porto do Império onde se achar, estando execução no valor do quinhão do devedor,
sem carga ou não tendo recebido a bordo sem prejuízo da livre navegação do mesmo
mais da quarta parte da que corresponder navio, prestando os mais compartes fiança
à sua lotação; o embargo, porém, não será idônea.
admissível achando-se a embarcação com
os despachos necessários para poder ser TÍTULO II
declarada desimpedida, qualquer que seja
o estado da carga; salvo se a dívida DOS PROPRIETÁRIOS, COMPARTES E
proceder de fornecimentos feitos no CAIXAS DE NAVIOS
mesmo porto, e para a mesma viagem.
Art. 484 - Todos os cidadãos
brasileiros podem adquirir e possuir
embarcações brasileiras; mas a sua viagem dois ou mais compartes, preferirá o
armação e expedição só pode girar debaixo que tiver maior parte de interesses na
do nome e responsabilidade de um embarcação; no caso de igualdade de
proprietário ou comparte, armador ou caixa, interesses decidirá a sorte; todavia, esta
que tenha as qualidades requeridas para preferência não dá direito para exigir que
ser comerciante (artigo nºs 1 e 4). se varie o destino da viagem acordada pela
maioria.
Art. 485 - Quando os compartes de um
navio fazem dele uso comum, esta Art. 491 - Toda a parceria ou
sociedade ou parceria marítima regula-se sociedade de navio é administrada por um
pelas disposições das sociedades ou mais caixas, que representa em juízo e
comerciais (Parte I, Título XV); salvo as fora dele a todos os interessados, e os
determinações contidas no presente Título. responsabiliza; salvo as restrições contidas
no instrumento social, ou nos poderes do
Art. 486 - Nas parcerias ou sociedades seu mandato, competentemente
de navios, o parecer da maioria no valor registrados (artigo nºs 10, nº 2).
dos interesses prevalece contra o da
minoria nos mesmos interesses, ainda que Art. 492 - O caixa deve ser nomeado
esta seja representada pelo maior número dentre os compartes; salvo se todos
de sócios e aquela por um só. Os votos convierem na nomeação de pessoa
computam-se na proporção dos quinhões; estranha à parceria; em todos os casos é
o menor quinhão será contado por um voto; necessário que o caixa tenha as qualidades
no caso de empate decidirá a sorte, se os exigidas no artigo nº. 484.
sócios não preferirem cometer a decisão a
um terceiro. Art. 493 - Ao caixa, não havendo
estipulação em contrário, pertence nomear,
Art. 487 - Achando-se um navio ajustar e despedir o capitão e mais oficiais
necessitado de conserto, e convindo neste do navio, dar todas as ordens, e fazer
a maioria, os sócios dissidentes, se não todos os contratos relativos à
quiserem anuir, serão obrigados a vender administração, fretamento e viagens da
os seus quinhões aos outros compartes, embarcação; obrando sempre em
estimando-se o preço antes de principiar-se conformidade do acordo da maioria e do
o conserto; se estes não quiserem seu mandato, debaixo de sua
comprar, proceder-se-á à venda em hasta responsabilidade pessoal para com os
pública. compartes pelo que obrar contra o mesmo
acordo, ou mandato.
Art. 488 - Se o menor número entender
que a embarcação necessita de conserto e Art. 494 - Todos os proprietários e
a maioria se opuser, a minoria tem direito compartes são solidariamente
para requerer que se proceda a vistoria responsáveis pelas dívidas que o capitão
judicial; decidindo-se que o conserto é contrair para consertar, habilitar e
necessário, todos os compartes são aprovisionar o navio; sem que esta
obrigados a contribuir para ele. responsabilidade possa ser ilidida,
alegando-se que o capitão excedeu os
Art. 489 - Se algum comparte na limites das suas faculdades, ou instruções,
embarcação quiser vender o seu quinhão, se os credores provarem que a quantia
será obrigado a afrontar os outros pedida foi empregada a benefício do navio
parceiros; estes têm direito a preferir na (artigo nº. 517). Os mesmos proprietários e
compra em igualdade de condições, compartes são solidariamente
contanto que efetuem a entrega do preço à responsáveis pelos prejuízos que o capitão
vista, ou o consignem em juízo no caso de causar a terceiro por falta da diligência que
contestação. Resolvendo-se a venda do é obrigado a empregar para boa guarda,
navio por deliberação da maioria, a minoria acondicionamento e conservação dos
pode exigir que se faça em hasta pública. efeitos recebidos a bordo (artigo nº. 519).
Esta responsabilidade cessa, fazendo
aqueles abandono do navio e fretes
Art. 490 - Todos os compartes têm
vencidos e a vencer na respectiva viagem.
direito, de preferir no fretamento a qualquer
Não é permitido o abandono ao proprietário
terceiro, em igualdade de condições;
concorrendo na preferência para a mesma ou comparte que for ao mesmo tempo
capitão do navio.
Art. 495 - O caixa é obrigado a dar aos Art. 500 - O capitão que seduzir ou
proprietários ou compartes, no fim de cada desencaminhar marinheiro matriculado em
viagem, uma conta da sua gestão, tanto outra embarcação será punido com a multa
relativa ao estado do navio e parceria, de cem mil réis por cada indivíduo que
como da viagem finda, acompanhada dos desencaminhar, e obrigado a entregar o
documentos competentes, e a pagar sem marinheiro seduzido, existindo a bordo do
demora o saldo líquido que a cada um seu navio; e se a embarcação por esta falta
couber; os proprietários ou compartes são deixar de fazer-se à vela, será responsável
obrigados a examinar a conta do caixa logo pelas estadias da demora.
que lhes for apresentada, e a pagar sem
demora a quota respectiva aos seus Art. 501 - O capitão é obrigado a ter
quinhões. A aprovação das contas do caixa escrituração regular de tudo quanto diz
dada pela maioria dos compartes do navio respeito à administração do navio, e à sua
não obsta a que a minoria dos sócios navegação; tendo para este fim três livros
intente contra eles as ações que julgar distintos, encadernados e rubricados pela
competentes. autoridade a cargo de quem estiver a
matrícula dos navios; pena de responder
TÍTULO III por perdas e danos que resultarem da sua
falta de escrituração regular.
DOS CAPITÃES OU MESTRES DE NAVIO
Art. 502 - No primeiro, que se
Art. 496 - Para ser capitão ou mestre denominará - Livro da Carga - assentará
de embarcação brasileira, palavras diariamente as entradas e saídas da carga,
sinônimas neste Código para todos os com declaração específica das marcas e
efeitos de direito, requer-se ser cidadão números dos volumes, nomes dos
brasileiro, domiciliado no Império, com carregadores e consignatários, portos da
capacidade civil para poder contratar carga e descarga, fretes ajustados, e
validamente. quaisquer outras circunstâncias ocorrentes
que possam servir para futuros
esclarecimentos. No mesmo livro se
Art. 497 - O capitão é o comandante da
lançarão também os nomes dos
embarcação; toda a tripulação lhe está
sujeita, e é obrigada a obedecer e cumprir passageiros, com declaração do lugar do
as suas ordens em tudo quanto for relativo seu destino, preço e condições da
passagem, e a relação da sua bagagem.
ao serviço do navio.

Art. 503 - O segundo livro será da -


Art. 498 - O capitão tem a faculdade de
impor penas correcionais aos indivíduos da Receita e Despesa da Embarcação; e nele,
debaixo de competentes títulos, se lançará,
tripulação que perturbarem a ordem do
em forma de contas correntes, tudo quanto
navio, cometerem faltas de disciplina, ou
o capitão receber e despender
deixarem de fazer o serviço que lhes
respectivamente à embarcação; abrindo-se
competir; e até mesmo de proceder à
prisão por motivo de insubordinação, ou de assento a cada um dos indivíduos da
qualquer outro crime cometido a bordo, tripulação, com declaração de seus
vencimentos, e de qualquer ônus a que se
ainda mesmo que o delinqüente seja
achem obrigados, e a cargo do que
passageiro; formando os necessários
receberem por conta de suas soldadas.
processos, os quais é obrigado a entregar
com os presos às autoridades competentes
no primeiro porto do Império aonde entrar. Art. 504 - No terceiro livro, que será
denominado - Diário da Navegação - se
assentarão diariamente, enquanto o navio
Art. 499 - Pertence ao capitão escolher
se achar em algum porto, os trabalhos que
e ajustar a gente da equipagem, e despedi-
tiverem lugar a bordo, e os consertos ou
la, nos casos em que a despedida possa
ter lugar (artigo nº. 555), obrando de reparos do navio. No mesmo livro se
conserto com o dono ou armador, caixa, ou assentará também toda a derrota da
viagem, notando-se diariamente as
consignatário do navio, nos lugares onde
observações que os capitães e os pilotos
estes se acharem presentes. O capitão não
são obrigados a fazer, todas as ocorrências
pode ser obrigado a receber na equipagem
interessantes à navegação,
indivíduo algum contra a sua vontade.
acontecimentos extraordinários que
possam ter lugar a bordo, e com
especialidade os temporais, e os danos ou provir dano ao navio ou à carga, sem ter
avarias que o navio ou a carga possam precedido deliberação tomada em junta
sofrer, as deliberações que se tomarem por composta de todos os oficiais da
acordo dos oficiais da embarcação, e os embarcação, e na presença dos
competentes protestos. interessados do navio ou na carga, se
algum se achar a bordo. Em tais
Art. 505 - Todos os processos deliberações, e em todas as mais que for
testemunháveis e protestos formados a obrigado a tomar com acordo dos oficiais
bordo, tendentes a comprovar sinistros, do navio, o capitão tem voto de qualidade,
avarias, ou quaisquer perdas, devem ser e até mesmo poderá obrar contra o
ratificados com juramento do capitão vencido, debaixo de sua responsabilidade
perante a autoridade competente do pessoal, sempre que o julgar conveniente.
primeiro lugar onde chegar; a qual deverá
interrogar o mesmo capitão, oficiais, gente Art. 510 - É proibido ao capitão entrar
da equipagem (artigo nº. 545, nº 7) e em porto estranho ao do seu destino; e, se
passageiros sobre a veracidade dos fatos e ali for levado por força maior (artigo nº.
suas circunstâncias, tendo presente o 740), é obrigado a sair no primeiro tempo
Diário da Navegação, se houver sido salvo. oportuno que se oferecer; pena de
responder pelas perdas e danos que da
Art. 506 - Na véspera da partida do demora resultarem ao navio ou à carga
porto da carga, fará o capitão inventariar, (artigo nº. 748).
em presença do piloto e contramestre, as
amarras, âncoras, velames e mastreação, Art. 511 - O capitão que entrar em
com declaração do estado em que se porto estrangeiro é obrigado a apresentar-
acharem. Este inventário será assinado se ao cônsul do Império nas primeiras 24
pelo capitão, piloto e contramestre. Todas (vinte quatro) horas úteis, e a depositar nas
as alterações que durante a viagem sofrer suas mãos a guia ou manifesto da
qualquer dos sobreditos artigos serão Alfândega, indo de algum porto do Brasil, e
anotadas no Diário da Navegação, e com à matrícula; e a declarar, e fazer anotar
as mesmas assinaturas. nesta pelo mesmo cônsul, no ato da
apresentação, toda e qualquer alteração
Art. 507 - O capitão é obrigado a que tenha ocorrido sobre o mar na
permanecer a bordo desde o momento em tripulação do navio; e antes da saída as
que começa a viagem de mar, até a que ocorrerem durante a sua estada no
chegada do navio a surgidouro seguro e mesmo porto.
bom porto; e a tomar os pilotos e práticos
necessários em todos os lugares em que Quando a entrada for em porto do
os regulamentos, o uso e prudência o Império, o depósito do manifesto terá lugar
exigirem; pena de responder por perdas e na Alfândega respectiva, havendo-a, e o da
danos que da sua falta resultarem. matrícula na repartição onde esta se
costuma fazer com as sobreditas
Art. 508 - É proibido ao capitão declarações.
abandonar a embarcação, por maior perigo
que se ofereça, fora do caso de naufrágio; Art. 512 - Na volta da embarcação ao
e julgando-se indispensável o abandono, é porto donde saiu, ou naquele onde largar o
obrigado a empregar a maior diligência seu comando, é o capitão obrigado a
possível para salvar todos os efeitos do apresentar a matrícula original na
navio e carga, e com preferência os papéis repartição encarregada da matrícula dos
e livros da embarcação, dinheiro e navios, dentro de 24 (vinte e quatro) horas
mercadorias de maior valor. Se apesar de úteis depois que der fundo, e a fazer as
toda a diligência os objetos tirados do mesmas declarações ordenadas no artigo
navio, ou os que nele ficarem se perderem precedente. Passados 8 (oito) dias depois
ou forem roubados sem culpa sua, o do referido tempo, prescreve qualquer ação
capitão não será responsável de procedimento, que possa ter lugar
contra o capitão por faltas por ele
Art. 509 - Nenhuma desculpa poderá cometidas na matrícula durante a viagem.
desonerar o capitão que alterar a derrota
que era obrigado a seguir, ou que praticar O capitão que não apresentar todos os
algum ato extraordinário de que possa indivíduos matriculados, ou não fizer
constar devidamente a razão da falta, será presentes, se dirigiu a eles e não
multado, pela autoridade encarregada da providenciaram.
matrícula dos navios, em cem mil-réis por
cada pessoa que apresentar de menos, 3 - Que a deliberação seja tomada de
com recurso para o Tribunal do Comércio acordo com os oficiais da embarcação,
competente. lavrando-se no Diário da Navegação termo
da necessidade da medida tomada (artigo
Art. 513 - Não se achando presentes nº. 504).
os proprietários, seus mandatários ou
consignatários, incumbe ao capitão ajustar A justificação destes requisitos será
fretamentos, segundo as instruções que feita perante o juiz de direito do comércio
tiver recebido (artigo nº. 569). do porto onde se tomar o dinheiro a risco
ou se venderem as mercadorias, e por ele
Art. 514 - O capitão, nos portos onde julgada procedente, e nos portos
residirem os donos, seus mandatários ou estrangeiros perante os cônsules do
consignatários, não pode, sem autorização Império.
especial destes, fazer despesa alguma
extraordinária com a embarcação. Art. 517 - O capitão que, nos títulos ou
instrumentos das obrigações procedentes
Art. 515 - É permitido ao capitão em de despesas por ele feitas para fabrico,
falta de fundos, durante a viagem, não se habilitação ou abastecimento da
achando presente algum dos proprietários embarcação, deixar de declarar a causa de
da embarcação, seus mandatários ou que procedem, ficará pessoalmente
consignatários, e na falta deles algum obrigado para com as pessoas com quem
interessado na carga, ou mesmo se, contratar; sem prejuízo da ação que estas
achando-se presentes, não possam ter contra os donos do navio
providenciarem, contrair dívidas, tomar provando que as quantias devidas foram
dinheiro a risco sobre o casco e pertences efetivamente aplicadas a benefício deste
do navio e remanescentes dos fretes (artigo nº. 494).
depois de pagas as soldadas, e até
mesmo, na falta absoluta de outro recurso, Art. 518 - O capitão que tomar dinheiro
vender mercadorias da carga, para o sobre o casco do navio e seus pertences,
reparo ou provisão da embarcação; empenhar ou vender mercadorias, fora dos
declarando nos títulos das obrigações que casos em que por este Código lhe é
assinar a causa de que estas procedem permitido, e o que for convencido de fraude
(artigo nº. 517). em suas contas, além das indenizações de
perdas e danos, ficará sujeito à ação
As mercadorias da carga que em tais criminal que no caso couber.
casos se venderem serão pagas aos
carregadores pelo preço que outras de Art. 519 - O capitão é considerado
igual qualidade obtiverem no porto da verdadeiro depositário da carga e de
descarga, ou pelo que por arbitradores se quaisquer efeitos que receber a bordo, e
estimar no caso da venda ter como tal está obrigado à sua guarda, bom
compreendido todas as da mesma acondicionamento e conservação, e à sua
qualidade (artigo nº. 621). pronta entrega à vista dos conhecimentos
(artigo nºs 586 e 587).
Art. 516 - Para poder ter lugar alguma
das providências autorizadas no artigo A responsabilidade do capitão a
precedente, é indispensável: respeito da carga principia a correr desde o
momento em que a recebe, e continua até
1 - Que o capitão prove falta absoluta o ato da sua entrega no lugar que se
de fundos em seu poder pertencentes à houver convencionado, ou que estiver em
embarcação. uso no porto da descarga.

2 - Que não se ache presente o Art. 520 - O capitão tem direito para ser
proprietário da embarcação, ou mandatário indenizado pelos donos de todas as
seu ou consignatário, e na falta algum dos despesas necessárias que fizer em
interessados na carga; ou que, estando utilidade da embarcação com fundos
próprios ou alheios, contanto que não
tenha excedido as suas instruções, nem as grossas e despesas a seu cargo; e na falta
faculdades que por sua natureza são de pronto pagamento, depósito, ou fiança,
inerentes à sua qualidade de capitão. poderá requerer embargo pelos fretes,
avarias e despesas sobre as mercadorias
Art. 521 - É proibido ao capitão pôr da carga, enquanto estas se acharem em
carga alguma no convés da embarcação poder dos donos ou consignatários, ou
sem ordem ou consentimento por escrito estejam fora das estações públicas ou
dos carregadores; pena de responder dentro delas; e mesmo para requerer a sua
pessoalmente por todo o prejuízo que daí venda imediata, se forem de fácil
possa resultar. deterioração, ou de guarda arriscada ou
dispendiosa.
Art. 522 - Estando a embarcação
fretada por inteiro, se o capitão receber A ação de embargo prescreve
carga de terceiro, o afretador tem direito a passados 30 (trinta) dias a contar da data
fazê-la desembarcar. do último dia da descarga.

Art. 523 - O capitão, ou qualquer outro Art. 528 - Quando por ausência do
indivíduo da tripulação, que carregar na consignatário, ou por se não apresentar o
embarcação, ainda mesmo a pretexto de portador do conhecimento à ordem, o
ser na sua câmara ou nos seus capitão ignorar a quem deva
agasalhados, mercadoria de sua conta competentemente fazer a entrega,
particular, sem consentimento por escrito solicitará do juiz de direito do comércio, e
do dono do navio ou dos afretadores, pode onde o não houver da autoridade local a
ser obrigado a pagar frete dobrado. quem competir, que nomeie depositário
para receber os gêneros, e pagar os fretes
Art. 524 - O capitão que navega em devidos por conta de quem pertencer.
parceria a lucro comum sobre a carga não
pode fazer comércio algum por sua conta Art. 529 - O capitão é responsável por
particular a não haver convenção em todas as perdas e danos que, por culpa
contrário; pena de correrem por conta dele sua, omissão ou imperícia, sobrevierem ao
todos os riscos e perdas, e de pertencerem navio ou à carga; sem prejuízo das ações
aos demais parceiros os lucros que houver. criminais a que a sua malversação ou dolo
possa dar lugar (artigo nº. 608).
Art. 525 - É proibido ao capitão fazer
com os carregadores ajustes públicos ou O capitão é também civilmente
secretos que revertam em benefício seu responsável pelos furtos, ou quaisquer
particular, debaixo de qualquer título ou danos praticados a bordo pelos indivíduos
pretexto que seja; pena de correr por conta da tripulação nos objetos da carga,
dele e dos carregadores, todo o risco que enquanto esta se achar debaixo da sua
acontecer, e de pertencer ao dono do navio responsabilidade.
todo o lucro que houver.
Art. 530 - Serão pagas pelo capitão
Art. 526 - É obrigação do capitão todas as multas que forem impostas à
resistir por todos os meios que lhe ditar a embarcação por falta de exata observância
sua prudência a toda e qualquer violência das leis e regulamentos das Alfândegas e
que possa intentar- se contra a polícia dos portos; e igualmente os
embarcação, seus pertences e carga; e se prejuízos que resultarem de discórdias
for obrigado a fazer entrega de tudo ou de entre os indivíduos da mesma tripulação no
parte, deverá munir-se com os serviço desta, se não provar que empregou
competentes protestos e justificações no todos os meios convenientes para as
mesmo porto, ou no primeiro onde chegar evitar.
(artigo nºs 504 e 505).
Art. 531 - O capitão que, fora do caso
Art. 527 - O capitão não pode reter a de inavegabilidade legalmente provada,
bordo os efeitos da carga a título de vender o navio sem autorização especial
segurança do frete; mas tem direito de dos donos, ficará responsável por perdas e
exigir dos donos ou consignatários, no ato danos, além da nulidade da venda, e do
da entrega da carga, que depositem ou procedimento criminal que possa ter lugar.
afiancem a importância do frete, avarias
Art. 532 - O capitão que, sendo Art. 537 - Toda a obrigação pela qual o
contratado para uma viagem certa, deixar capitão, sendo comparte do navio, for
de a concluir sem causa justificada, responsável à parceria, tem privilégio sobre
responderá aos proprietários, afretadores e o quinhão e lucros que o mesmo tiver no
carregadores pelas perdas e danos que navio e fretes.
dessa falta resultarem.
TÍTULO IV
Em reciprocidade, o capitão, que sem
justa causa for despedido antes de finda a DO PILOTO E CONTRAMESTRE
viagem, será pago da sua soldada por
inteiro, posto à custa do proprietário ou Art. 538 - A habilitação e deveres dos
afretador no lugar onde começou a viagem,
pilotos e contramestres são prescritos nos
e indenizado de quaisquer vantagens que
regulamentos de Marinha.
possa ter perdido pela despedida.
Art. 539 - O piloto, quando julgar
Pode, porém, ser despedido antes da
necessário mudar de rumo, comunicará ao
viagem começada, sem direito a
capitão as razões, que assim o exigem; e
indenização, não havendo ajuste em
se este se opuser, desprezando as suas
contrário.
observações, que em tal caso deverá
renovar-lhe na presença dos mais oficiais
Art. 533 - Sendo a embarcação fretada do navio, lançará o seu protesto no Diário
para porto determinado, só pode o capitão da Navegação (artigo nº. 504), o qual
negar-se a fazer a viagem, sobrevindo deverá ser por todos assinado, e
peste, guerra, bloqueio ou impedimento obedecerá às ordens do capitão, sobre
legítimo da embarcação sem limitação de quem recairá toda a responsabilidade.
tempo.
Art. 540 - O piloto, que, por imperícia,
Art. 534 - Acontecendo falecer algum omissão ou malícia, perder o navio ou lhe
passageiro ou indivíduo da tripulação causar dano, será obrigado a ressarcir o
durante a viagem, o capitão procederá a prejuízo que sofrer o mesmo navio ou a
inventário de todos os bens que o falecido carga; além de incorrer nas penas criminais
deixar, com assistência dos oficiais da que possam ter lugar; a responsabilidade
embarcação e de duas testemunhas, que do piloto não exclui a do capitão nos casos
serão com preferência passageiros, pondo do artigo nº. 529.
tudo em boa arrecadação, e logo que
chegar ao porto da saída fará entrega do Art. 541 - Por morte ou impedimento do
inventário e bens às autoridades
capitão recai o comando do navio no piloto,
competentes.
e na falta ou impedimento deste no
contramestre, com todas as prerrogativas,
Art. 535 - Finda a viagem, o capitão é faculdades, obrigações e responsabilidades
obrigado a dar sem demora contas da sua inerentes ao lugar de capitão.
gestão ao dono ou caixa do navio, com
entrega do dinheiro que em si tiver, livros e
Art. 542 - O contramestre que,
todos os mais papéis. E o dono ou caixa é
recebendo ou entregando fazendas, não
obrigado a ajustar as contas do capitão
exige e entrega ao capitão as ordens,
logo que as receber, e a pagar a soma que recibos, ou outros quaisquer documentos
lhe for devida. Havendo contestação sobre justificativos do seu ato, responde por
a conta, o capitão tem direito para ser pago
perdas e danos daí resultantes.
imediatamente das soldadas vencidas,
prestando fiança de as repor, a haver lugar.
TÍTULO V
Art. 536 - Sendo o capitão o único
proprietário da embarcação, será DO AJUSTE E SOLDADAS DOS OFICIAIS
simultaneamente responsável aos E GENTE DA TRIPULAÇÃO, SEUS
afretadores e carregadores por todas as DIREITOS E OBRIGAÇÕES
obrigações impostas aos capitães e aos
armadores. Art. 543 - O capitão é obrigado a dar às
pessoas da tripulação, que o exigirem, uma
nota por ele assinada, em que se declare a
natureza do ajuste e preço da soldada, e a surgidouro seguro, e amarrá-lo, sempre
lançar na mesma nota as quantias que se que o capitão o exigir; pena de perdimento
forem pagando por conta. As condições do das soldadas vencidas;
ajuste entre o capitão e a gente da
tripulação, na falta de outro título do 7 - prestar os depoimentos necessários
contrato, provam-se pelo rol da equipagem para ratificação dos processos
ou matrícula; subentendendo-se sempre testemunháveis, e protestos formados a
compreendido no ajuste o sustento da bordo (artigo nº. 505), recebendo pelos dias
tripulação. da demora uma indenização proporcional
às soldadas que venciam; faltando a este
Não constando pela matrícula, nem por dever não terão ação para demandar as
outro escrito do contrato, o tempo soldadas vencidas.
determinado do ajuste, entende-se sempre
que foi por viagem redonda ou de ida e Art. 546 - Os oficiais e quaisquer outros
volta ao lugar em que teve lugar a indivíduos da tripulação, que, depois de
matrícula. matriculados, abandonarem a viagem antes
de começada, ou se ausentarem antes de
Art. 544 - Achando-se o Livro da acabada, podem ser compelidos com
Receita e Despesa do navio conforme à prisão ao cumprimento do contrato, a repor
matrícula (artigo nº. 467), e escriturado com o que se lhes houver pago adiantado, e a
regularidade (artigo nº. 503), fará inteira fé servir 1 (um) mês sem receberem soldada.
para solução de quaisquer dúvidas que
possam suscitar-se sobre as condições do Art. 547 - Se depois de matriculada a
contrato das soldadas; quanto, porém, às equipagem se romper a viagem no porto da
quantias entregues por conta, matrícula por fato do dono, capitão, ou
prevalecerão, em caso de dúvida, os afretador, a todos os indivíduos da
assentos lançados nas notas de que trata o tripulação justos ao mês se abonará a
artigo precedente. soldada de 1 (um) mês, além da que
tiverem vencido; aos que estiverem
Art. 545 - São obrigações dos oficiais e contratados por viagem abonar-se-á
gente da tripulação: metade da soldada ajustada.

1 - ir para bordo prontos para seguir Se, porém, o rompimento da viagem


viagem no tempo ajustado; pena de tiver lugar depois da saída do porto da
poderem ser despedidos; matrícula, os indivíduos justos ao mês têm
direito a receber, não pelo tempo vencido,
2 - não sair do navio nem passar a mas também pelo que seria necessário
noite fora sem licença do capitão; pena de para regressarem ao porto da saída, ou
perdimento de 1 (um) mês de soldada; para chegarem ao do destino, fazendo-se a
conta por aquele que se achar mais
3 - não retirar os seus efeitos de bordo próximo; aos contratados por viagem
sem serem visitados pelo capitão, ou pelo redonda se pagará como se a viagem se
achasse terminada.
seu segundo, debaixo da mesma pena;

Tanto os indivíduos da equipagem


4 - obedecer sem contradição ao
capitão e mais oficiais, nas suas justos por viagem, como os justos ao mês,
respectivas qualidades, e abster-se de têm direito a que se lhes pague a despesa
da passagem do porto da despedida para
brigas; debaixo das penas declaradas nos
aquele onde ou para onde se ajustarem,
artigo n os 498 e 555;
que for mais próximo. Cessa esta
obrigação sempre que os indivíduos da
5 - auxiliar o capitão, em caso de equipagem podem encontrar soldada no
ataque do navio, ou desastre sobrevindo à porto da despedida.
embarcação ou à carga, seja qual for a
natureza do sinistro; pena de perdimento
Art. 548 - Rompendo-se a viagem por
das soldadas vencidas;
causa de força maior, a equipagem, se a
embarcação se achar no porto do ajuste,
6 - finda a viagem, fundear e só tem direito a exigir as soldadas
desaparelhar o navio, conduzi-lo a vencidas.
São causas de força maior: ultimada a descarga, o capitão, em lugar de
fazer o seu retorno, fretar ou carregar a
1 - declaração de guerra, ou interdito embarcação para ir a outro destino, é livre
de comércio entre o porto da saída e o aos indivíduos da tripulação ajustarem-se
porto do destino da viagem; de novo ou retirarem-se, não havendo no
contrato estipulação em contrário.
2 - declaração de bloqueio do porto, ou
peste declarada nele existente; Todavia, se o capitão, fora do Império,
achar a bem navegar para outro porto livre,
3 - proibição de admissão no mesmo e nele carregar ou descarregar, a tripulação
porto dos gêneros carregados na não pode despedir-se, posto que a viagem
se prolongue além do ajuste; recebendo os
embarcação;
indivíduos justos por viagem um aumento
de soldada na proporção da prolongação.
4 - detenção ou embargo da
embarcação (no caso de se não admitir
Art. 553 - Sendo a tripulação justa a
fiança ou não ser possível dá-la), que
partes ou quinhão no frete, não lhe será
exceda ao tempo de 90 (noventa) dias;
devida indenização alguma pelo
rompimento, retardação ou prolongação da
5 - inavegabilidade da embarcação viagem causada por força maior; mas se o
acontecida por sinistro. rompimento, retardação ou prolongação
provier de fato dos carregadores, terá parte
Art. 549 - Se o rompimento da viagem nas indenizações que se concederem ao
por causa de força maior acontecer navio; fazendo-se a divisão entre os donos
achando-se a embarcação em algum porto do navio e a gente da tripulação, na mesma
de arribada, a equipagem contratada ao proporção em que o frete deveria ser
mês só tem direito a ser paga pelo tempo dividido.
vencido desde a saída do porto até o dia
em que for despedida, e a equipagem justa Se o rompimento, retardação ou
por viagem não tem direito a soldada prolongação provier de fato do capitão ou
alguma se a viagem não se conclui. proprietário do navio, estes serão
obrigados às indenizações proporcionais
Art. 550 - No caso de embargo ou respectivas. Quando a viagem for mudada
detenção, os indivíduos da tripulação justos para porto mais vizinho, ou abreviada por
ao mês vencerão metade de suas soldadas outra qualquer causa, os indivíduos da
durante o impedimento, não excedendo tripulação justos por viagem serão pagos
este de 90 (noventa) dias; findo este prazo por inteiro.
caduca o ajuste. Aqueles, porém, que
forem justos por viagem redonda são Art. 554 - Se alguém da tripulação
obrigados a cumprir seus contratos até o depois de matriculado for despedido sem
fim da viagem. justa causa, terá direito de haver a soldada
contratada por inteiro, sendo redonda, e se
Todavia, se o proprietário da for ao mês far-se-á a conta pelo termo
embarcação vier a receber indenização médio do tempo que costuma gastar-se
pelo embargo ou detenção, será obrigado a nas viagens para o porto do ajuste. Em tais
pagar as soldadas por inteiro aos que casos o capitão não tem direito para exigir
forem justos ao mês, e aos de viagem do dono do navio as indenizações que for
redonda na devida proporção. obrigado a pagar; salvo tendo obrado com
sua autorização.
Art. 551 - Quando o proprietário, antes
de começada a viagem, der à embarcação Art. 555 - São causas justas para a
destino diferente daquele que tiver sido despedida:
declarado no contrato, terá lugar novo
ajuste; e os que se não ajustarem só terão 1 - perpetração de algum crime, ou
direito a receber o vencido, ou a reter o que desordem grave que perturbe a ordem da
tiverem recebido adiantado. embarcação, reincidência em
insubordinação, falta de disciplina ou de
Art. 552 - Se depois da chegada da cumprimento de deveres (artigo nº. 498);
embarcação ao porto do seu destino, e
2 - embriaguez habitual; Entende-se última viagem, o tempo
decorrido desde que a embarcação
3 - ignorância do mister para que o principiou a receber o lastro ou carga que
despedido se tiver ajustado; tiver a bordo na ocasião do apresamento,
ou naufrágio.
4 - qualquer ocorrência que o inabilite
para desempenhar as suas obrigações, Se a tripulação estiver justa a partes,
com exceção do caso prevenido no artigo será paga somente pelos fretes dos
nº. 560. salvados, e em devida proporção de rateio
com o capitão.
Art. 556 - Os oficiais e gente da
tripulação podem despedir-se, antes de Art. 560 - Não deixará de vencer a
começada a viagem, nos casos seguintes: soldada ajustada qualquer indivíduo da
tripulação que adoecer durante a viagem
1 - quando o capitão muda do destino em serviço do navio, e o curativo será por
conta deste; se, porém, a doença for
ajustado (artigo nº. 551);
adquirida fora do serviço do navio, cessará
o vencimento da soldada enquanto ela
2 - se depois do ajuste o Império é durar, e a despesa do curativo será por
envolvido em guerra marítima, ou há conta das soldadas vencidas; e se estas
notícias certas de peste no lugar do não chegarem, por seus bens ou pelas
destino; soldadas que possam vir a vencer.

3 - se assoldadados para ir em Art. 561 - Falecendo algum indivíduo


comboio, este não tem lugar; da tripulação durante a viagem, a despesa
do seu enterro será paga por conta do
4 - morrendo o capitão, ou sendo navio; e seus herdeiros têm direito à
despedido. soldada devida até o dia do falecimento,
estando justo ao mês; até o porto do
Art. 557 - Nenhum indivíduo da destino se a morte acontecer em caminho
tripulação pode intentar litígio contra o para ele, sendo o ajuste por viagem; e à de
navio ou capitão, antes de terminada a ida e volta acontecendo em torna-viagem,
viagem; todavia, achando-se o navio em se o ajuste for por viagem redonda.
bom porto, os indivíduos maltratados, ou a
quem o capitão houver faltado com o Art. 562 - Qualquer que tenha sido o
devido sustento, poderão demandar a ajuste, o indivíduo da tripulação que for
rescisão do contrato. morto em defesa da embarcação será
considerado como vivo para todos os
Art. 558 - Sendo a embarcação vencimentos e quaisquer interesses que
apresada, ou naufragando, a tripulação não possam vir aos da sua classe, até que a
tem direito às soldadas vencidas na viagem mesma embarcação chegue ao porto do
do sinistro, nem o dono do navio a reclamar seu destino.
as que tiver pago adiantadas.
O mesmo benefício gozará o que for
Art. 559 - Se a embarcação aprisionado em ato de defesa da
aprisionada se recuperar achando-se ainda embarcação, se esta chegar a salvamento.
a tripulação a bordo, será esta paga de
suas soldadas por inteiro. Art. 563 - Acabada a viagem, a
tripulação tem ação para exigir o seu
Salvando-se do naufrágio alguma parte pagamento dentro de 3 (três) dias depois
do navio ou da carga, a tripulação terá de ultimada a descarga, com os juros da lei
direito a ser paga das soldadas vencidas no caso de mora (artigo nº. 449, nº 4).
na última viagem, com preferência a outra
qualquer dívida anterior, até onde chegar o Ajustando-se os oficiais e gente da
valor da parte do navio que se puder tripulação para diversas viagens, poderão,
salvar; e não chegando esta, ou se terminada cada viagem, exigir as soldadas
nenhuma parte se tiver salvado, pelos vencidas.
fretes da carga salva.
Art. 564 - Todos os indivíduos da Art. 567 - A carta-partida deve
equipagem têm hipoteca tácita no navio e enunciar:
fretes para serem pagos das soldadas
vencidas na última viagem com preferência 1 - o nome do capitão e o do navio, o
a outras dívidas menos privilegiadas; e em porte deste, a nação a que pertence, e o
nenhum caso o réu será ouvido sem porto do seu registro (artigo nº. 460);
depositar a quantia pedida.
2 - o nome do fretador e o do afretador,
Entender-se-á por equipagem ou e seus respectivos domicílios; se o
tripulação para o dito efeito, e para todos fretamento for por conta de terceiro deverá
os mais dispostos neste Título, o capitão, também declarar-se o seu nome e
oficiais, marinheiros e todas as mais domicílio;
pessoas empregadas no serviço do navio,
menos as sobrecargas.
3 - a designação da viagem, se é
redonda ou ao mês, para uma ou mais
Art. 565 - O navio e frete respondem viagens, e se estas são de ida e volta ou
para com os donos da carga pelos danos somente para ida ou volta, e finalmente se
que sofrerem por delitos, culpa ou omissão a embarcação se freta no todo ou em parte;
culposa do capitão ou gente da tripulação,
perpetrados em serviço do navio; salvas as 4 - o gênero e quantidade da carga que
ações dos proprietários da embarcação o navio deve receber, designada por
contra o capitão, e deste contra a gente da
toneladas, nºs, peso ou volume, e por conta
tripulação.
de quem a mesma será conduzida para
bordo, e deste para terra;
O salário do capitão e as soldadas da
equipagem são hipoteca especial nestas 5 - o tempo da carga e descarga,
ações.
portos de escala quando a haja, as
estadias e sobre estadias ou demoras, e a
TÍTULO VI forma por que estas se hão de vencer e
contar;
DOS FRETAMENTOS
6 - o preço do frete, quanto há de
Capítulo I pagar-se de primagem ou gratificação, e de
estadias e sobre estadias, e a forma, tempo
DA NATUREZA E FORMA DO e lugar do pagamento;
CONTRATO DE FRETAMENTO E DAS
CARTAS-PARTIDAS 7 - se há lugares reservados no navio,
além dos necessários para uso e
Art. 566 - O contrato de fretamento de acomodação do pessoal e material do
qualquer embarcação, quer seja na sua serviço da embarcação;
totalidade ou em parte, para uma ou mais
viagens, quer seja à carga, colheita ou 8 - todas as mais estipulações em que
prancha. O que tem lugar quando o capitão as partes se acordarem.
recebe carga de quanto se apresentam,
deve provar-se por escrito. No primeiro Art. 568 - As cartas de fretamento
caso o instrumento, que se chama carta- devem ser lançadas no Registro do
partida ou carta de fretamento, deve ser Comércio, dentro de 15 (quinze) dias a
assinado pelo fretador e afretador, e por contar da saída da embarcação nos
quaisquer outras pessoas que intervenham lugares da residência dos Tribunais do
no contrato, do qual se dará a cada uma Comércio, e nos outros, dentro do prazo
das partes um exemplar; e no segundo, o que estes designarem (artigo nº. 31).
instrumento chama-se conhecimento, e
basta ser assinado pelo capitão e o
Art. 569 - A carta de fretamento valerá
carregador. Entende-se por fretador o que
como instrumento público tendo sido feita
dá, e por afretador o que toma a por intervenção e com assinatura de algum
embarcação a frete. corretor de navios, ou na falta de corretor
por tabelião que porte por fé ter sido
passada na sua presença e de duas
testemunhas com ele assinadas. A carta de Art. 573 - Achando-se um navio fretado
fretamento que não for autenticada por em lastro para outro porto onde deva
alguma das duas referidas formas, obrigará carregar, dissolve-se o contrato, se
as próprias partes mas não dará direito chegando a esse porto sobrevier algum dos
contra terceiro. impedimentos designados nos artigo nºs
571 e 572, sem que possa ter lugar
As cartas de fretamento assinadas pelo indenização alguma por nenhuma das
capitão valem ainda que este tenha partes, quer o impedimento venha só do
excedido as faculdades das suas navio, quer do navio e carga. Se, porém, o
instruções; salvo o direito dos donos do impedimento nascer da carga e não do
navio por perdas e danos contra ele pelos navio, o afretador será obrigado a pagar
abusos que cometer. metade do frete ajustado.

Art. 570 - Fretando-se o navio por Art. 574 - Poderá igualmente rescindir-
inteiro, entende-se que fica somente se o contrato de fretamento a requerimento
reservada a câmara do capitão, os do afretador, se o capitão lhe tiver ocultado
agasalhados da equipagem, e as a verdadeira bandeira da embarcação;
acomodações necessárias para o material ficando este pessoalmente responsável ao
da embarcação. mesmo afretador por todas as despesas da
carga e descarga, e por perdas e danos, se
Art. 571 - Dissolve-se o contrato de o valor do navio não chegar para satisfazer
fretamento, sem que haja lugar a exigência o prejuízo.
alguma de parte a parte:
Capítulo II
1 - Se a saída da embarcação for
impelida, antes da partida, por força maior DOS CONHECIMENTOS
sem limitação de tempo.
Art. 575 - O conhecimento deve ser
2 - Sobrevindo, antes de principiada a datado, e declarar:
viagem, declaração de guerra, ou interdito
de comércio com o país para onde a 1 - o nome do capitão, e o do
embarcação é destinada, em conseqüência carregador e consignatário (podendo omitir-
do qual o navio e a carga conjuntamente se o nome deste se for à ordem), e o nome
não sejam considerados como propriedade e porte do navio;
neutra.
2 - a qualidade e a quantidade dos
3 - Proibição de exportação de todas objetos da carga, suas marcas e números,
ou da maior parte das fazendas anotados à margem;
compreendidas na carta de fretamento do
lugar donde a embarcação deva partir, ou 3 - o lugar da partida e o do destino,
de importação no de seu destino. com declaração das escalas, havendo-as;

4 - Declaração de bloqueio do porto da 4 - o preço do frete e primagem, se


carga ou do seu destino, antes da partida esta for estipulada, e o lugar e forma do
do navio. pagamento;

Em todos os referidos casos as 5 - a assinatura do capitão (artigo nº.


despesas da descarga serão por conta do 577), e a do carregador.
afretador ou carregadores.
Art. 576 - Sendo a carga tomada em
Art. 572 - Se o interdito de comércio virtude de carta de fretamento, o portador
com o porto do destino do navio acontece do conhecimento não fica responsável por
durante a sua viagem, e se por este motivo alguma condição ou obrigação especial
o navio é obrigado a voltar com a carga, contida na mesma carta, se o
deve-se somente o frete pela ida, ainda conhecimento não tiver a cláusula -
que o navio tivesse sido fretado por ida e segundo a carta de fretamento.
volta.
Art. 577 - O capitão é obrigado a pagas pelo dono do navio as despesas da
assinar todas as vias de um mesmo conferência; mas se a despedida provier de
conhecimento que o carregador exigir, fato do capitão, serão por conta deste.
devendo ser todas do mesmo teor e da
mesma data, e conter o número da via. Art. 582 - Se as fazendas carregadas
Uma via ficará em poder do capitão, as não tiverem sido entregues por número,
outras pertencem ao carregador. peso ou medida, ou no caso de haver
dúvida na contagem, o capitão pode
Se o capitão for ao mesmo tempo o declarar nos conhecimentos, que o mesmo
carregador, os conhecimentos respectivos número, peso ou medida lhe são
serão assinados por duas pessoas da desconhecidos; mas se o carregador não
tripulação a ele imediatas no comando do convier nesta declaração deverá proceder-
navio, e uma via será depositada nas mãos se a nova contagem, correndo a despesa
do armador ou do consignatário. por conta de quem a tiver ocasionado.

Art. 578 - Os conhecimentos serão Convindo o carregador na sobredita


assinados e entregues dentro de 24 (vinte declaração, o capitão ficará somente
e quatro) horas, depois de ultimada a obrigado a entregar no porto da descarga
carga, em resgate dos recibos provisórios; os efeitos que se acharem dentro da
pena de serem responsáveis por todos os embarcação pertencentes ao mesmo
danos que resultarem do retardamento da carregador, sem que este tenha direito para
viagem, tanto o capitão como os exigir mais carga; salvo se provar que
carregadores que houverem sido remissos houve desvio da parte do capitão ou da
na entrega dos mesmos conhecimentos. tripulação.

Art. 579 - Seja qual for a natureza do Art. 583 - Constando ao capitão que há
conhecimento, não poderá o carregador diversos portadores das diferentes vias de
variar a consignação por via de novos um conhecimento das mesmas fazendas,
conhecimentos, sem que faça prévia ou tendo-se feito seqüestro, arresto ou
entrega ao capitão de todas as vias que penhora nelas, é obrigado a pedir depósito
este houver assinado. judicial, por conta de quem pertencer.

O capitão que assinar novos Art. 584 - Nenhuma penhora ou


conhecimentos sem ter recolhido todas as embargo de terceiro, que não for portador
vias do primeiro ficará responsável aos de alguma das vias de conhecimento,
portadores legítimos que se apresentarem pode, fora do caso de reivindicação
com alguma das mesmas vias. segundo as disposições deste Código
(artigo nº. 874), nº 2), privar o portador do
Art. 580 - Alegando-se extravio dos mesmo conhecimento da faculdade de
primeiros conhecimentos, o capitão não requerer o depósito ou venda judicial das
será obrigado a assinar segundos, sem que fazendas no caso sobredito; salvo o direito
o carregador preste fiança à sua satisfação do exeqüente ou de terceiro opoente sobre
pelo valor da carga neles declarada. o preço da venda.

Art. 581 - Falecendo o capitão da Art. 585 - O capitão pode requerer o


embarcação antes de fazer-se à vela, ou depósito judicial todas as vezes que os
deixando de exercer o seu ofício, os portadores de conhecimentos se não
carregadores têm direito para exigir do apresentarem para receber a carga
sucessor que revalide com a sua imediatamente que ele der princípio à
assinatura os conhecimentos por aquele descarga, e nos casos em que o
assinados, conferindo-se a carga com os consignatário esteja ausente ou seja
mesmos conhecimentos; o capitão que os falecido.
assinar sem esta conferência responderá
pelas faltas; salvo se os carregadores Art. 586 - O conhecimento concebido
convierem que ele declare nos nos termos enunciados no artigo nº. 575
conhecimentos que não conferiu a carga. faz inteira prova entre todas as partes
interessadas na carga e frete, e entre elas
No caso de morte do capitão ou de ter e os seguradores; ficando salva a estes e
sido despedido sem justa causa, serão aos donos do navio a prova em contrário.
Art. 587 - O conhecimento feito em carregado efeitos alguns, terá o capitão a
forma regular (artigo nº 575) tem força e é escolha, ou de resilir do contrato e exigir do
acionável como escritura pública. afretador metade do frete ajustado e
primagem com estadias e sobre estadias,
Sendo passado à ordem é transferível ou de empreender a viagem sem carga, e
e negociável por via de endosso. finda ela exigir dele o frete por inteiro e
primagem, com as avarias que forem
devidas, estadias e sobre estadias.
Art. 588 - Contra os conhecimentos só
pode opor-se falsidade, quitação, embargo,
arresto ou penhora e depósito judicial, ou Art. 593 - Quando o afretador carrega
perdimento dos efeitos carregados por só parte da carga no tempo aprazado, o
causa justificada. capitão, vencido o tempo das estadias e
sobre estadias, tem direito, ou de proceder
a descarga por conta do mesmo afretador e
Art. 589 - Nenhuma ação entre o
capitão e os carregadores ou seguradores pedir meio frete, ou de empreender a
será admissível em juízo se não for logo viagem com a parte da carga que tiver a
bordo para haver o frete por inteiro no porto
acompanhada do conhecimento original. A
do seu destino, com as mais despesas
falta deste não pode ser suprida pelos
declaradas no artigo antecedente.
recibos provisórios da carga; salvo
provando-se que o carregador fez
diligência para obtê-lo e que, fazendo-se o Art. 594 - Renunciando o afretador ao
navio à vela sem o capitão o haver contrato antes de começarem a correr os
passado, interpôs competente protesto dias suplementares da carga, será
dentro dos primeiros 3 (três) dias úteis, obrigado a pagar metade do frete e
contados da saída do navio, com intimação primagem.
do armador, consignatário ou outro
qualquer interessado, e na falta destes por Art. 595 - Sendo o navio fretado por
editais; ou sendo a questão de seguros inteiro, o afretador pode obrigar o fretador a
sobre sinistro acontecido no porto da carga, que faça sair o navio logo que tiver metido
se provar que o mesmo sinistro aconteceu a bordo carga suficiente para pagamento
antes do conhecimento poder ser assinado. do frete e primagem, estadias e sobre
estadias, ou prestado fiança ao pagamento.
Capítulo III O capitão neste caso não pode tomar carga
de terceiro sem consentimento por escrito
do afretador, nem recusar-se à saída; salvo
DOS DIREITOS E OBRIGAÇÕES DO
por falta de prontificação do navio, que,
FRETADOR E AFRETADOR
segundo as cláusulas do fretamento, não
possa ser imputável ao fretador.
Art. 590 - O fretador é obrigado a ter o
navio prestes para receber a carga, e o
Art. 596 - Tendo o fretador direito de
afretador a efetuá-la no tempo marcado no
contrato. fazer sair o navio sem carga ou só com
parte dela (artigo nºs 592 e 593), poderá,
para segurança do frete e de outras
Art. 591 - Não se tendo determinado na indenizações a que haja lugar, completar a
carta de fretamento o tempo em que deve carga por outros carregadores,
começar a carregar-se, entende-se que independente de consentimento do
principia a correr desde o dia em que o afretador; mas o benefício do novo frete
capitão declarar que está pronto para pertencerá a este.
receber a carga; se o tempo que deve
durar a carga e a descarga não estiver
Art. 597 - Se o fretador houver
fixado, ou quanto se há de pagar de
declarado na carta-partida maior
primagem e estadias e sobreestadias, e o
tempo e modo do pagamento, será tudo capacidade daquela que o navio na
regulado pelo uso do porto onde uma ou realidade tiver, não excedendo da décima
parte, o afretador terá opção para anular o
outra deva efetuar-se.
contrato, ou exigir correspondente
abatimento no frete, com indenização de
Art. 592 - Vencido o prazo, e o das perdas e danos; salvo se a declaração
estadias e sobre estadias que se tiverem estiver conforme à lotação do navio.
ajustado, e, na falta de ajuste, as do uso no
porto da carga, sem que o afretador tenha
Art. 598 - O fretador pode fazer primeiro vento favorável depois que tiver
descarregar à custa do afretador os efeitos recebido mais de dois terços da carga
que este introduzir no navio além da carga correspondente à lotação do navio, se
ajustada na carta de fretamento; salvo assim o exigir a maioria dos carregadores
prestando-se aquele a pagar o frete em relação ao valor do frete, sem que
correspondente, se o navio os puder nenhum dos outros possa retirar as
receber. fazendas que tiver a bordo.

Art. 599 - Os carregadores ou Art. 604 - Se o capitão, no caso do


afretadores respondem pelos danos que artigo antecedente, não puder obter mais
resultarem, se, sem ciência e de dois terços da carga dentro de 1 (um)
consentimento do capitão, introduzirem no mês depois que houver posto o navio a
navio fazendas, cuja saída ou entrada for frete geral, poderá sub-rogar outra
proibida, e de qualquer outro fato ilícito que embarcação para transporte da carga que
praticarem ao tempo da carga ou descarga; tiver a bordo, contanto que seja igualmente
e, ainda que as fazendas sejam apta para fazer a viagem, pagando a
confiscadas, serão obrigados a pagar o despesa da baldeação da carga, e o
frete e primagem por inteiro, e a avaria aumento de frete e do prêmio do seguro;
grossa. será, porém, lícito aos carregadores retirar
de bordo as suas fazendas, sem pagar
Art. 600 - Provando-se que o capitão frete, sendo por conta deles a despesa de
consentiu na introdução das fazendas desarrumação e descarga, restituindo os
proibidas, ou que, chegando ao seu recibos provisórios ou conhecimentos, e
conhecimento em tempo, as não fez dando fiança pelos que tiverem remetido.
descarregar, ou sendo informado depois da Se o capitão não puder achar navio, e os
viagem começada as não denunciar no ato carregadores não quiserem descarregar,
da primeira visita da Alfândega que receber será obrigado a sair 60 (sessenta) dias
a bordo no porto do seu destino, ficará depois que houver posto o navio à carga,
solidariamente obrigado para com todos os com a que tiver a bordo.
interessados por perdas e danos que
resultarem ao navio ou à carga, e sem Art. 605 - Não tendo a embarcação
ação para haver o frete, nem indenização capacidade para receber toda a carga
alguma do carregador, ainda que esta se contratada com diversos carregadores ou
tenha estipulado. afretadores, terá preferência a que se
achar a bordo, e depois a que tiver
Art. 601 - Estando o navio a frete de prioridade na data dos contratos; e se estes
carga geral, não pode o capitão, depois forem todos da mesma data haverá lugar a
que tiver recebido alguma parte da carga, rateio, ficando o capitão responsável pela
recusar-se a receber a mais que se lhe indenização dos danos causados.
oferecer por frete igual, não achando outro
mais vantajoso; pena de poder ser Art. 606 - Fretando-se a embarcação
compelido pelos carregadores dos efeitos para ir receber carga em outro porto, logo
recebidos a que se faça à vela com o que lá chegar, deverá o capitão apresentar-
primeiro vento favorável, e de pagar as se sem demora ao consignatário, exigindo
perdas e danos que dá demora resultarem. dele que lhe declare por escrito na carta de
fretamento o dia, mês e ano de sua
Art. 602 - Se o capitão, quando tomar apresentação; pena de não principiar a
frete à colheita ou à prancha, fixar o tempo correr o tempo do fretamento antes da sua
durante o qual a embarcação estará à apresentação.
carga, findo o tempo marcado será
obrigado a partir com o primeiro vento Recusando o consignatário fazer na
favorável; pena de responder pelas perdas carta de fretamento a declaração requerida,
e danos que resultarem do retardamento deverá protestar e fazer-lhe intimar o
da viagem; salvo convindo na demora a protesto, e avisar o afretador. Se passado o
maioria dos carregadores em relação ao tempo devido para a carga, e o da demora
valor do frete. ou de estadias e sobre estadias, o
consignatário não tiver carregado o navio, o
Art. 603 - Não tendo o capitão fixado o capitão, fazendo-o previamente intimar por
tempo da partida, é obrigado a sair com o via de novo protesto para efetuar a entrega
da carga dentro do tempo ajustado, e não
cumprindo ele, nem tendo recebido ordens nem aumento de frete se for por viagem.
do afretador, fará diligência para contratar Quando o navio for fretado para 2 (dois) ou
carga por conta deste para o porto do seu mais portos e acontecer que em um deles
destino; e com carga ou sem ela seguirá se saiba ter sido declarada guerra contra a
para ele, onde o afretador será obrigado a potência a que pertence o navio ou a
pagar-lhe o frete por inteiro com as carga, o capitão, se nem esta nem aquele
demoras vencidas, fazendo encontro dos forem livres, quando não possa partir em
fretes da carga tomada por sua conta, se comboio ou por algum outro modo seguro,
alguma houver tomado (artigo nº. 596). deverá ficar no porto da notícia até receber
ordens do dono do navio ou do afretador.
Art. 607 - Sendo um navio embargado Se só o navio não for livre, o fretador pode
na partida, em viagem, ou no lugar da resilir do contrato, com direito ao frete
descarga, por fato ou negligência do vencido, estadias e sobre estadias e avaria
afretador ou de algum dos carregadores, grossa, pagando as despesas da descarga.
ficará o culpado obrigado, para com o Se, pelo contrário, só a carga não for livre,
fretador ou capitão e os mais carregadores, o afretador tem direito para rescindir o
pelas perdas e danos que o navio ou as contrato, pagando a despesa da descarga,
fazendas vierem a sofrer provenientes e o capitão procederá na conformidade dos
desse fato. artigo nºs 592 e 596.

Art. 608 - O capitão é responsável ao Art. 612 - Sendo o navio obrigado a


dono do navio e ao afretador e voltar ao porto da saída, ou a arribar a
carregadores por perdas e danos, se por outro qualquer por perigo de piratas ou de
culpa sua o navio for embargado ou inimigos, podem os carregadores ou
retardado na partida, durante a viagem, ou consignatários convir na sua total
no lugar do seu destino. descarga, pagando as despesas desta e o
frete da ida por inteiro, e prestando a fiança
Art. 609 - Se antes de começada a determinada no artigo nº. 609. Se o
fretamento for ao mês, o frete é devido
viagem ou no curso dela, a saída da
somente pelo tempo que o navio tiver sido
embarcação for impedida temporariamente
empregado.
por embargo ou força maior, subsistirá o
contrato, sem haver lugar a indenizações
de perdas e danos pelo retardamento. O Art. 613 - Se o capitão for obrigado a
carregador neste caso poderá descarregar consertar a embarcação durante a viagem,
os seus efeitos durante a demora, pagando o afretador, carregadores, ou
a despesa, e prestando fiança de os tornar consignatários, não querendo esperar pelo
a carregar logo que cesse o impedimento, conserto, podem retirar as suas fazendas
ou de pagar o frete por inteiro e estadias e pagando todo o frete, estadias e sobre
sobre estadias, não os reembarcando. estadias e avaria grossa, havendo-a, as
despesas da descarga e desarrumação.
Art. 610 - Se o navio não puder entrar
no porto do seu destino por declaração de Art. 614 - Não admitindo o navio
guerra, interdito de comércio, ou bloqueio, conserto, o capitão é obrigado a fretar por
o capitão é obrigado a seguir sua conta, e sem poder exigir aumento
imediatamente para aquele que tenha sido algum do frete, uma ou mais embarcações
prevenido na sua carta de ordens. Não se para transportar a carga ou lugar do
achando prevenido, procurará o porto mais destino. Se o capitão não puder fretar outro
próximo que não estiver impedido; e daí ou outros navios dentro de 60 (sessenta)
fará os avisos competentes ao fretador e dias depois que o navio for julgado
afretadores, cujas ordens deve esperar por inavegável, e quando o conserto for
tanto tempo quanto seja necessário para impraticável, deverá requerer depósito
receber a resposta. Não recebendo esta, o judicial da carga e interpor os competentes
capitão deve voltar para o porto da saída protestos para sua ressalva; neste caso o
com a carga. contrato ficará resciso, e somente se
deverá o frete vencido. Se, porém, os
afretadores ou carregadores provarem que
Art. 611 - Sendo arrestado um navio no
o navio condenado por incapaz estava
curso da viagem por ordem de uma
inavegável quando se fez à vela, não serão
potência, nenhum frete será devido pelo
tempo da detenção sendo fretado ao mês, obrigados a frete algum, e terão ação de
perdas e danos contra o fretador. Esta
prova é admissível não obstante e contra Todavia, não sendo a avaria ou
os certificados da visita da saída. diminuição visível por fora, o exame judicial
poderá validamente fazer-se dentro de 10
Art. 615 - Ajustando-se os fretes por (dez) dias depois que as fazendas
peso, sem se designar se é líquido ou passarem às mãos dos consignatários, nos
bruto, deverá entender-se que é peso termos do artigo nº 211.
bruto; compreendendo-se nele qualquer
espécie de capa, caixa ou vasilha em que Art. 619 - O capitão ou fretador não
as fazendas se acharem acondicionadas. pode reter fazendas no navio a pretexto de
falta de pagamento de frete, avaria grossa
Art. 616 - Quando o frete for justo por ou despesas; poderá, porém, precedendo
número, peso ou medida, e houver competente protesto, requerer o depósito
condição de que a carga será entregue no de fazendas equivalentes, e pedir venda
portaló do navio, o capitão tem direito de delas, ficando-lhe direito salvo pelo resto
requerer que os efeitos sejam contados, contra o carregador, no caso de
medidos ou pesados a bordo do mesmo insuficiência do depósito.
navio antes da descarga; e procedendo-se
a esta diligência não responderá por faltas A mesma disposição tem lugar quando
que possam aparecer em terra; se, porém, o consignatário recusa receber a carga.
as fazendas se descarregarem sem se
contarem, medirem ou pesarem, o Nos dois referidos casos, se a avaria
consignatário terá direito de verificar em grossa não puder ser regulada
terra a identidade, número, medição ou imediatamente, é lícito ao capitão exigir o
peso, e o capitão será obrigado a depósito judicial da soma que se arbitrar.
conformar-se com o resultado desta
verificação. Art. 620 - O capitão que entregar
fazendas antes de receber o frete, avaria
Art. 617 - Nos gêneros que por sua grossa e despesas, sem pôr em prática os
natureza são suscetíveis de aumento ou meios do artigo precedente, ou os que lhe
diminuição, independentemente de má facultarem os leis ou usos do lugar da
arrumação ou falta de estiva, ou de defeito descarga, não terá ação para exigir o
no vasilhame, como é, por exemplo, o sal, pagamento do carregador ou afretador,
será por conta do dono qualquer provando este que carregou as fazendas
diminuição ou aumento que os mesmos por conta de terceiro.
gêneros tiverem dentro do navio; e em um
e outro caso deve-se frete do que se
Art. 621 - Pagam frete por inteiro as
numerar, medir ou pesar no ato da fazendas que se deteriorarem por avaria,
descarga.
ou diminuírem, por mau acondicionamento
das vasilhas, caixas, capas ou outra
Art. 618 - Havendo presunção de que qualquer cobertura em que forem
as fazendas foram danificadas, roubadas carregadas, provando o capitão que o dano
ou diminuídas, o capitão é obrigado, e o não procedeu de falta de arrumação ou de
consignatário e quaisquer outros estiva (artigo nº. 624).
interessados têm direito a requerer que
sejam judicialmente visitadas e
Pagam igualmente frete por inteiro as
examinadas, e os danos estimados a bordo
fazendas que o capitão é obrigado a
antes da descarga, ou dentro em 24 (vinte vender nas circunstâncias previstas no
e quatro) horas depois; e ainda que este artigo nº. 515.
procedimento seja requerido pelo capitão
não prejudicará os seus meios de defesa.
O frete das fazendas alijadas para
salvação comum do navio e da carga
Se as fazendas forem entregues sem o abona-se por inteiro como avaria grossa
referido exame, os consignatários têm (artigo nº. 764).
direito de fazer proceder a exame judicial
no preciso termo de 48 (quarenta e oito)
horas depois da descarga; e passado este Art. 622 - Não se deve frete das
prazo não haverá mais lugar a reclamação mercadorias perdidas por naufrágio ou
alguma. varação, roubo de piratas ou presa de
inimigo, e, tendo-se pago adiantado,
repete-se; salvo convenção em contrário.
Todavia, resgatando-se o navio e pagamento do preço da sua passagem por
fazendas, ou salvando-se do naufrágio, inteiro, se o navio se fizer de vela sem ele.
deve-se o frete correspondente até o lugar
da presa, ou naufrágio; e será pago por Art. 630 - Nenhum passageiro pode
inteiro se o capitão conduzir as fazendas transferir a terceiro, sem consentimento do
salvas até o lugar do destino, contribuindo capitão, o seu direito de passagem.
este ao fretador por avaria grossa no dano,
ou resgate.
Resilindo o passageiro do contrato
antes da viagem começada, o capitão tem
Art. 623 - Salvando-se no mar ou nas direito à metade do preço da passagem; e
praias, sem cooperação da tripulação, ao pagamento por inteiro, se aquele a não
fazendas que fizeram parte da carga, e quiser continuar depois de começada.
sendo depois de salvas entregues por
pessoas estranhas, não se deve por elas
Se o passageiro falecer antes da
frete algum. viagem começada, deve-se só metade do
preço da passagem.
Art. 624 - O carregador não pode
abandonar as fazendas ao frete. Todavia
Art. 631 - Se a viagem for suspensa ou
pode ter lugar o abandono dos líquidos,
interrompida por causa de força maior, no
cujas vasilhas se achem vazias ou quase porto da partida, rescinde-se o contrato,
vazias. sem que nem o capitão nem o passageiro
tenham direito a indenização alguma; tendo
Art. 625 - A viagem para todos os lugar a suspensão ou interrupção em outro
efeitos do vencimento de fretes, se outra qualquer porto de escala ou arribada, deve
coisa se não ajustar, começa a correr somente o preço correspondente à viagem
desde o momento em que a carga fica feita.
debaixo da responsabilidade do capitão.
Interrompendo-se a viagem depois de
Art. 626 - Os fretes e avarias grossas começada por demora de conserto do
têm hipoteca tácita e especial nos efeitos navio, o passageiro pode tornar passagem
que fazem objeto da carga, durante 30 em outro, pagando o preço correspondente
(trinta) dias depois da entrega, se antes à viagem feita. Se quiser esperar pelo
desse termo não houverem passado para o conserto, o capitão não é obrigado ao seu
domínio de terceiro. sustento; salvo se o passageiro não
encontrar outro navio em que
Art. 627 - A dívida de fretes, primagem, comodamente se possa transportar, ou o
estadias e sobre estadias, avarias e preço da nova passagem exceder o da
despesas da carga prefere a todas as primeira, na proporção da viagem andada.
outras sobre o valor dos efeitos
carregados; salvo os casos, de que trata o Art. 632 - O capitão tem hipoteca
artigo nº. 470, nº 1. privilegiada para pagamento do preço da
passagem em todos os efeitos que o
Art. 628 - O contrato de fretamento de passageiro tiver a bordo, e direito de os
um navio estrangeiro exeqüível no Brasil, reter enquanto não for pago. O capitão só
há de ser determinado e julgado pelas responde pelo dano sobrevindo aos efeitos
regras estabelecidas neste Código, quer que o passageiro tiver a bordo debaixo da
tenha sido ajustado dentro do Império, quer sua imediata guarda, quando o dano
em país estrangeiro. provier de fato seu ou da tripulação.

Capítulo IV TÍTULO VII

DOS PASSAGEIROS DO CONTRATO DE DINHEIRO A RISCO


OU CÂMBIO MARÍTIMO
Art. 629 - O passageiro de um navio
deve achar-se a bordo no dia e hora que o Art. 633 - O contrato de empréstimo a
capitão designar, quer no porto da partida, risco ou câmbio marítimo, pelo qual o dador
quer em qualquer outro de escala ou estipula do tomador um prêmio certo e
arribada; pena de ser obrigado ao determinado por preço dos riscos de mar
que toma sobre si, ficando com hipoteca oposta à natureza deste contrato, ou
especial no objeto sobre que recai o proibida por lei.
empréstimo, e sujeitando-se a perder o
capital e prêmio se o dito objeto vier a O instrumento em que faltar alguma
perecer por efeito dos riscos tomados no das declarações enunciadas será
tempo e lugar convencionados, só pode considerado como simples crédito de
provar-se por instrumento público ou dinheiro de empréstimo ao prêmio da lei,
particular, o qual será registrado no sem hipoteca nos efeitos sobre que tiver
Tribunal do Comércio dentro de 8 (oito) sido dada, nem privilégio algum.
dias da data da escritura ou letra. Se o
contrato tiver lugar em país estrangeiro por Art. 635 - A escritura ou letra de risco
súditos brasileiros, o instrumento deverá
exarada à ordem tem força de letra de
ser autenticado com o - visto - do cônsul do
câmbio contra o tomador e garantes, e é
Império, se aí o houver, e em todo o caso
transferível e exeqüível por via de endosso,
anotado no verso do registro da
com os mesmos direitos e pelas mesmas
embarcação, se versar sobre o navio ou ações que as letras de câmbio.
fretes. Faltando no instrumento do contrato
alguma das sobreditas formalidades, ficará
este subsistindo entre as próprias partes, O cessionário toma o lugar de
mas não estabelecerá direitos contra endossador, tanto a respeito do capital
terceiro. como do prêmio e dos riscos, mas a
garantia da solvabilidade do tomador é
restrita ao capital; salvo condição em
É permitido fazer empréstimo a risco
contrário quanto ao prêmio.
não só em dinheiro, mas também em
efeitos próprios para o serviço e consumo
do navio, ou que possam ser objeto de Art. 636 - Não sendo a escritura ou
comércio; mas em tais casos a coisa letra de risco passada à ordem, só pode
emprestada deve ser estimada em valor ser transferida por cessão, com as mesmas
fixo para ser paga com dinheiro. formalidades e efeitos das cessões civis,
sem outra responsabilidade da parte do
cedente, que não seja a de garantir a
Art. 634 - O instrumento do contrato de
existência da dívida.
dinheiro a risco deve declarar:
Art. 637 - Se no instrumento do
1 - A data e o lugar em que o
contrato se não tiver feito menção
empréstimo se faz.
específica dos riscos com reserva de
algum, ou deixar de se estipular o tempo,
2 - O capital emprestado, e o preço do entende-se que o dador do dinheiro tomará
risco, aquele e este especificados sobre si todos aqueles riscos marítimos, e
separadamente. pelo mesmo tempo que geralmente
costumam receber os seguradores.
3 - O nome do dador e o do tomador,
com o do navio e o do seu capitão. Art. 638 - Não se declarando na
escritura ou letra de risco que o
4 - O objeto ou efeito sobre que recai o empréstimo é só por ida ou só por volta, ou
empréstimo. por uma e outra, o pagamento, recaindo o
empréstimo sobre fazendas, é exeqüível no
5 - Os riscos tomados, com menção lugar do destino destas, declarado nos
específica de cada um. conhecimentos ou fretamento, e se recair
sobre o navio, no fim de 2 (dois) meses
depois da chegada ao porto do destino, se
6 - Se o empréstimo tem lugar por uma
ou mais viagens, qual a viagem, e por que não aparelhar de volta.
termo.
Art. 639 - O empréstimo a risco pode
recair:
7 - A época do pagamento por
embolso, e o lugar onde deva efetuar- se.
1 - sobre o casco, fretes e pertences
do navio;
8 - Qualquer outra cláusula em que as
partes convenham, contanto que não seja
2 - sobre a carga; tomador, sendo o contrato feito de ida e
volta; e o tomador neste caso tem
3 - sobre a totalidade destes objetos, faculdade de trocá-las ou vendê-las e
conjunta ou separadamente, ou sobre uma comprovar outras em todos os portos de
parte determinada de cada um deles. escala.

Art. 640 - Recaindo o empréstimo a Art. 645 - Se ao tempo do sinistro parte


risco sobre o casco e pertences do navio, dos efeitos objeto de risco já se achar em
abrange na sua responsabilidade o frete da terra, a perda do dador será reduzida ao
viagem respectiva. que tiver ficado dentro do navio; e se os
efeitos salvos forem transportados em
outro navio para o porto do destino
Quando o contrato é celebrado sobre o
originário (artigo nº. 614), neste continuam
navio e carga, o privilégio do dador é
os riscos do dador.
solidário sobre uma e outra coisa.

Art. 646 - O dador a risco sobre efeitos


Se o empréstimo for feito sobre a carga
carregados em navio nominativamente
ou sobre um objeto determinado do navio
designado no contrato não responde pela
ou da carga, os seus efeitos não se
perda desses efeitos, ainda mesmo que
estendem além desse objeto ou da carga.
seja acontecida por perigo de mar, se
forem transferidos ou baldeados para outro
Art. 641 - Para o contrato surtir o seu navio, salvo provando-se legalmente que a
efeito legal, é necessário que exista dentro baldeação tivera lugar por força maior.
do navio no momento do sinistro a
importância da soma dada de empréstimo
a risco, em fazendas ou no seu Art. 647 - Em caso de sinistro,
equivalente. salvando-se alguns efeitos da carga objeto
de risco, a obrigação do pagamento de
dinheiro a risco fica reduzida ao valor dos
Art. 642 - Quando o objeto sobre que mesmos objetos estimado pela forma
se toma dinheiro a risco não chega a pôr- determinada nos artigo nºs 694 e segs. O
se efetivamente em risco por não se dador neste caso tem direito para ser pago
efetuar a viagem, rescinde se o contrato; e do principal e prêmio por esse mesmo valor
o dador neste caso tem direito para haver o até onde alcançar, deduzidas as despesas
capital com os juros da lei desde o dia da de salvados, e as soldadas vencidas nessa
entrega do dinheiro ao tomador, sem outro viagem.
algum prêmio, e goza do privilégio de
preferência quanto ao capital somente.
Sendo o dinheiro dado sobre o navio, o
privilégio do dador compreende não só os
Art. 643 - O tomador que não carregar fragmentos náufragos do mesmo navio,
efeitos no valor total da soma tomada a mas também o frete adquirido pelas
risco é obrigado a restituir o remanescente fazendas salvas, deduzidas as despesas
ao dador antes da partida do navio, ou todo de salvados, e as soldadas vencidas na
se nenhum empregar; e se não restituir, dá- viagem respectiva, não havendo dinheiro a
se ação pessoal contra o tomador pela risco ou seguro especial sobre esse frete.
parte descoberta, ainda que a parte coberta
ou empregada venha a perder-se (artigo nº.
655). O mesmo terá lugar quando o Art. 648 - Havendo sobre o mesmo
dinheiro a risco for tomado para habilitar o navio ou sobre a mesma carga um contrato
de risco e outro de seguro (artigo nº. 650),
navio, se o tomador não chegar a fazer uso
o produto dos efeitos salvos será dividido
dele ou da coisa estimável, em todo ou em
entre o segurador e o dador a risco pelo
parte.
seu capital somente na proporção de seus
respectivos interesses.
Art. 644 - Quando no instrumento de
risco sobre fazendas houver a faculdade de
Art. 649 - Não precedendo ajuste em
- tocar fazer escala - ficam obrigados ao
contrário, o dador conserva seus direitos
contrato, não só o dinheiro carregado em
íntegros contra o tomador, ainda mesmo
espécie para ser empregado na viagem, e
as fazendas carregadas no lugar da que a perda ou dano da coisa objeto do
partida, mas também as que forem risco provenha de alguma das causas
enumeradas no artigo nº 711.
carregadas em retorno por conta do
Art. 650 - Quando alguns, mas não Art. 655 - Incorre no crime de
todos os riscos, ou uma parte somente do estelionato o tomador que receber dinheiro
navio ou da carga se acham seguros, pode a risco por valor maior que o do objeto do
contrair-se empréstimo a risco pelos riscos risco, ou quando este não tenha sido
ou parte não segura até à concorrência do efetivamente embarcado (artigo nº. 643); e
seu valor por inteiro (artigo nº. 682). no mesmo crime incorre também o dador
que, não podendo ignorar esta
Art. 651 - As letras mercantis circunstância, a não declarar à pessoa a
provenientes de dinheiro recebido pelos quem endossar a letra de risco. No primeiro
capitães para despesas indispensáveis do caso o tomador, e no segundo o dador
navio ou da carga nos termos dos artigo respondem solidariamente pela importância
nºs. 515 e 516, e os prêmios do seguro da letra, ainda quando tenha perecido o
correspondente, quando a sua importância objeto do risco.
houver sido realmente segurada, têm o
privilégio de letras de empréstimo a risco, Art. 656 - É nulo o contrato de câmbio
se contiverem declaração expressa de que marítimo:
o importe foi destinado para as referidas
despesas; e são exeqüíveis, ainda mesmo 1 - Sendo o empréstimo feito a gente
que tais objetos se percam por qualquer da tripulação.
evento posterior, provando o dador que o
dinheiro foi efetivamente empregado em 2 - Tendo o empréstimo somente por
beneficio do navio ou da carga (artigo nºs objeto o frete a vencer, ou o lucro esperado
515 e 517).
de alguma negociação, ou um e outro
simultânea e exclusivamente.
Art. 652 - O empréstimo de dinheiro a
risco sobre o navio tomado pelo capitão no 3 - Quando o dador não corre algum
lugar do domicílio do dono, sem risco dos objetos sobre os quais se deu o
autorização escrita deste, produz ação e
dinheiro.
privilégio somente na parte que o capitão
possa ter no navio e frete; e não obriga o
dono, ainda mesmo que se pretenda provar 4 - Quando recai sobre objetos, cujos
que o dinheiro foi aplicado em beneficio da riscos já têm sido tomados por outrem do
embarcação. seu inteiro valor (artigo nº. 650).

Art. 653 - O empréstimo a risco sobre 5 - Faltando o registro, ou as


fazendas, contraído antes da viagem formalidades exigidas no artigo nº. 516
começada, deve ser mencionado nos para o caso de que aí se trata.
conhecimentos e no manifesto da carga,
com designação da pessoa à quem o Em todos os referidos casos, ainda que
capitão deve participar a chegada feliz no o contrato não surta os seus efeitos legais,
lugar do destino. Omitida aquela o tomador responde pessoalmente pelo
declaração, o consignatário, tendo aceitado principal mutuado e juros legais, posto que
letras de câmbio, ou feito adiantamento na a coisa objeto do contrato tenha perecido
fé dos conhecimentos, preferirá ao portador no tempo e no lugar dos riscos.
da letra de risco. Na falta de designação a
quem deva participar a chegada, o capitão Art. 657 - O privilégio do dador a risco
pode descarregar as fazendas, sem sobre o navio compreende
responsabilidade alguma pessoal para com proporcionalmente, não só os fragmentos
o portador da letra de risco. náufragos do mesmo navio, mas também o
frete adquirido pelas fazendas salvas,
Art. 654 - Se entre o dador a risco e o deduzidas as despesas de salvados e as
capitão se der algum conluio por cujo meio soldadas devidas por essa viagem, não
os armadores ou carregadores sofram havendo seguro ou risco especial sobre o
prejuízo, será este indenizado mesmo frete.
solidariamente pelo dador e pelo capitão,
contra os quais poderá intentar-se a ação Art. 658 - Se o contrato a risco
criminal que competente seja. compreender navio e carga, as fazendas
conservadas são hipoteca do dador, ainda
que o navio pereça; o mesmo é, vice-versa,
quando o navio se salva e as fazendas se compatível, no Título - Dos seguros
perdem. marítimos - e vice-versa.

Art. 659 - É livre aos contraentes TÍTULO VIII


estipular o prêmio na quantidade, e o modo
de pagamento que bem lhes pareça; mas DOS SEGUROS MARÍTIMOS
uma vez concordado, a superveniência de
risco não dá direito a exigência de aumento
Capítulo I
ou diminuição de prêmio; salvo se outra
coisa for acordada no contrato.
DA NATUREZA E FORMA DO
CONTRATO DE SEGURO MARÍTIMO
Art. 660 - Não estando fixada a época
do pagamento, será este reputado vencido
apenas tiverem cessado os riscos. Desse Art. 666 - O contrato de seguro
dia em diante correm para o dador os juros marítimo, pelo qual o segurador, tomando
da lei sobre o capital e prêmio no caso de sobre si a fortuna e riscos do mar, se
mora; a qual só pode provar-se pelo obriga a indenizar ao segurado da perda ou
protesto. dano que possa sobrevir ao objeto do
seguro, mediante um prêmio ou soma
determinada, equivalente ao risco tomado,
Art. 661 - O portador, na falta de só pode provar-se por escrito, a cujo
pagamento no termo devido, é obrigado a
instrumento se chama apólice; contudo
protestar e a praticar todos os deveres dos
julga-se subsistente para obrigar
portadores de letras de câmbio para
reciprocamente ao segurador e ao
vencimento dos juros, e conservação do
segurado desde o momento em que as
direito regressivo sobre os garantes do partes se convierem, assinando ambas a
instrumento de risco. minuta, a qual deve conter todas as
declarações, cláusulas e condições da
Art. 662 - O dador de dinheiro a risco apólice.
adquire hipoteca no objeto sobre que recai
o empréstimo, mas fica sujeito a perder Art. 667 - A apólice de seguro deve ser
todo o direito à soma mutuada, perecendo assinada pelos seguradores, e conter:
o objeto hipotecado no tempo e lugar, e
pelos riscos convencionados; e só tem
direito ao embolso do principal e prêmio por 1 - O nome e domicílio do segurador e
inteiro no caso de chegada a salvamento. o do segurado; declarando este se segura
por sua conta ou por conta de terceiro, cujo
nome pode omitir-se; omitindo-se o nome
Art. 663 - Incumbe ao tomador provar a
do segurado, o terceiro que faz o seguro
perda, e justificar que os feitos, objeto do
em seu nome fica pessoal e solidariamente
empréstimo, existiam na embarcação na
responsável.
ocasião do sinistro.
A apólice em nenhum caso pode ser
Art. 664 - Acontecendo presa ou
concedida ao portador.
desastre de mar ao navio ou fazendas
sobre que recaiu o empréstimo a risco, o
tomador tem obrigação de noticiar o 2 - o nome, classe e bandeira do navio,
acontecimento ao dador, apenas tal nova e o nome do capitão; salvo não tendo o
chegar ao seu conhecimento. Achando-se segurado certeza do navio (artigo nº. 670).
o tomador a esse tempo no navio, ou
próximo aos objetos sobre que recaiu o 3 - A natureza e qualidade do objeto
empréstimo, é obrigado a empregar na sua seguro e o seu valor fixo ou estimado.
reclamação e salvação as diligências
próprias de um administrador exato; pena 4 - O lugar onde as mercadorias foram,
de responder por perdas e danos que da deviam ou devam ser carregadas.
sua falta resultarem.
5 - Os portos ou ancoradouros, onde o
Art. 665 - Quando sobre contrato de navio deve carregar ou descarregar, e
dinheiro a risco ocorra caso que se não aqueles onde deva tocar por escala.
ache prevenido neste Título, procurar-se-á
a sua decisão por analogia, quanto seja
6 - O porto donde o navio partiu, devia carregadas, ou não tendo certeza do navio
ou deve partir; e a época da partida, em que o devam ser, pode efetuar
quando esta houver sido positivamente validamente o seguro debaixo do nome
ajustada. genérico - fazendas - no primeiro caso, e -
sobre um ou mais navios - no segundo;
7 - Menção especial de todos os riscos sem que o segurado seja obrigado a
que o segurador toma sobre si. designar o nome do navio, uma vez que na
apólice declare que o ignora, mencionando
a data e assinatura da última carta de aviso
8 - O tempo e o lugar em que os riscos
ou ordens que tenha recebido.
devem começar e acabar.

Art. 671 - Efetuando-se o seguro


9 - O prêmio do seguro, e o lugar,
debaixo do nome genérico de - fazendas -
época e forma do pagamento.
o segurado é obrigado a provar, no caso de
sinistro, que efetivamente se embarcaram
10 - O tempo, lugar e forma do as fazendas no valor declarado na apólice;
pagamento no caso de sinistro. e se o seguro se tiver feito - sobre um ou
mais navios - incumbe-lhe provar que as
11 - Declaração de que as partes se fazendas seguras foram efetivamente
sujeitam à decisão arbitral, quando haja embarcadas no navio que sofreu o sinistro
contestação, se elas assim o acordarem. (artigo nº. 716).

12 - A data do dia em que se concluiu Art. 672 - A designação geral -


o contrato, com declaração, se antes, se fazendas - não compreende moeda de
depois do meio-dia. qualidade alguma, nem jóias, ouro ou
prata, pérolas ou pedras preciosas, nem
13 - É geralmente todas as outras munições de guerra; em seguros desta
condições em que as partes convenham. natureza é necessário que se declare a
espécie do objeto sobre que recai o seguro.
Uma apólice pode conter dois ou mais
seguros diferentes. Art. 673 - Suscitando-se dúvida sobre a
inteligência de alguma ou algumas das
Art. 668 - Sendo diversos os condições e cláusulas da apólice, a sua
seguradores, cada um deve declarar a decisão será determinada pelas regras
quantia por que se obriga, e esta seguintes:
declaração será datada e assinada. Na
falta de declaração, a assinatura importa 1 - as cláusulas escritas terão mais
em responsabilidade solidária por todo o força do que as impressa;
valor segurado.
2 - as que forem claras, e expuserem a
Se um dos seguradores se obrigar por natureza, objeto ou fim do seguro, servirão
certa e determinada quantia, os de regra para esclarecer as obscuras, e
seguradores que depois dele assinarem para fixar a intenção das partes na
sem declaração da quantia por que se celebração do contrato;
obrigam, ficarão responsáveis cada um por
outra igual soma. 3 - o costume geral, observado em
casos idênticos na praça onde se celebrou
Art. 669 - O seguro pode recair sobre a o contrato, prevalecerá a qualquer
totalidade de um objeto ou sobre parte dele significação diversa que as palavras
somente; e pode ser feito antes da viagem possam ter em uso vulgar;
começada ou durante o curso dela, de ida
e volta, ou só por ida ou só por volta, por 4 - em caso de ambigüidade que exija
viagem inteira ou por tempo limitado dela, e interpretação, será esta feita segundo as
contra os riscos de viagem e transporte por regras estabelecidas no artigo nº. 131.
mar somente, ou compreender também os
riscos de transportes por canais e rios. Art. 674 - A cláusula de fazer escala
compreende a faculdade de carregar e
Art. 670 - Ignorando o segurado a descarregar fazendas no lugar da escala,
espécie de fazendas que hão de ser
ainda que esta condição não seja expressa se por alguma forma que a notícia tinha
na apólice (artigo nº. 667, nº 5). chegado ao lugar em que se fez o seguro,
ou àquele donde se expediu a ordem para
Art. 675 - A apólice de seguro é ele se efetuar ao tempo da data da apólice
transferível e exeqüível por via de endosso, ou da expedição dá mesma ordem, e que o
substituindo o endossado ao segurado em segurado ou o segurador a sabia. Se,
todas as suas obrigações, direitos e ações porem, a apólice contiver a cláusula -
(artigo nº. 363). perdido ou não perdido - ou sobre boa ou
má nova - cessa a presunção; salvo
provando-se fraude.
Art. 676 - Mudando os efeitos
segurados de proprietário durante o tempo
do contrato, o seguro passa para o novo Art. 678 - O seguro pode também
dono, independentemente de transferência anular-se:
da apólice; salvo condição em contrário.
1 - quando o segurado oculta a
Art. 677 - O contrato do seguro é nulo: verdade ou diz o que não verdade;

1 - Sendo feito por pessoa que não 2 - quando faz declaração errônea,
tenha interesse no objeto segurado. calando, falsificando ou alterando fatos ou
circunstâncias, ou produzindo fatos ou
circunstâncias não existentes, de tal
2 - Recaindo sobre algum dos objetos
natureza e importância que, a não se terem
proibidos no artigo nº. 686.
ocultado, falsificado ou produzido, os
seguradores, ou não houveram admitido o
3 - Sempre que se provar fraude ou seguro, ou o teriam efetuado debaixo de
falsidade por alguma das partes. prêmio maior e mais restritas condições.

4 - Quando o objeto do seguro não Art. 679 - No caso de fraude da parte


chega a por-se efetivamente em risco. do segurado, além da nulidade do seguro,
será este condenado a pagar ao segurador
5 - Provando-se que o navio saiu antes o prêmio estipulado em dobro. Quando a
da época designada na apólice, ou que se fraude estiver da parte do segurador, será
demorou além dela, sem ter sido obrigado este condenado a retornar o prêmio
por força maior. recebido, e a pagar ao segurado outra igual
quantia.
6 - Recaindo o seguro sobre objetos já
segurados no seu inteiro valor, e pelos Em um e outro caso pode-se intentar
mesmos riscos. Se, porém, o primeiro ação criminal contra o fraudulento.
seguro não abranger o valor da coisa por
inteiro, ou houver sido efetuado com Art. 680 - A desviação voluntária da
exceção de algum ou alguns riscos, o derrota da viagem, e a alteração na ordem
seguro prevalecerá na parte, e pelos riscos das escalas, que não for obrigada por
executados. urgente necessidade ou força maior,
anulará o seguro pelo resto da viagem
7 - O seguro de lucro esperado, que (artigo nº. 509).
não fixar soma determinada sobre o valor
do objeto do seguro. Art. 681 - Se o navio tiver vários pontos
de escala designados na apólice, é lícito ao
8 - Sendo o seguro de mercadorias segurado alterar a ordem das escalas; mas
que se conduzirem em cima do convés, em tal caso só poderá escalar em um único
não se tendo feito na apólice declaração porto dos especificados na mesma apólice.
expressa desta circunstância.
Art. 682 - Quando o seguro versar
9 - Sobre objetos que na data do sobre dinheiro dado a risco, deve declarar-
contrato se achavam já perdidos ou salvos, se na apólice, não só o nome do navio, do
havendo presunção fundada de que o capitão, e do tomador do dinheiro, como
segurado ou segurador podia ter notícia do outrossim fazer-se menção dos riscos que
evento ao tempo em que se efetuou o este quer segurar e o dador excetuara, ou
seguro. Existe esta presunção, provando- qual o valor descoberto sobre que é
permitido o seguro (artigo nº. 650). Além O segurado pode tornar a segurar,
desta declaração é necessário mencionar quando o segurador ficar insolvente, antes
também na apólice a causa da dívida para da notícia da terminação do risco, pedindo
que serviu o dinheiro. em juízo anulação da primeira apólice; e se
a esse tempo existir risco pelo qual seja
Art. 683 - Tendo-se efetuado sem devida alguma indenização ao segurado,
fraude diversos seguros sobre o mesmo entrará este pela sua importância na massa
objeto, prevalecerá o mais antigo na data do segurador falido.
da apólice. Os seguradores cujas apólices
forem posteriores são obrigados a restituir Art. 688 - Não se declarando na
o prêmio recebido, retendo por indenização apólice de seguro de dinheiro a risco, se o
0,5% (meio por cento) do valor segurado. seguro compreende o capital e o prêmio,
entende-se que compreende só o capital, o
Art. 684 - Em todos os casos em que o qual, no caso de sinistro, será indenizado
seguro se anular por fato que não resulte pela forma determinada no artigo nº. 647.
diretamente de força maior, o segurador
adquire o prêmio por inteiro, se o objeto do Art. 689 - Pode segurar-se o navio, seu
seguro se tiver posto em risco; e se não se frete e fazendas na mesma apólice, mas
tiver posto em risco, retém 0,5% (meio por neste caso há de determinar-se o valor de
cento) do valor segurado. cada objeto distintamente; faltando esta
especificação, o seguro ficará reduzido ao
Anulando-se, porém, algum seguro por objeto definido na apólice somente.
viagem redonda com prêmio ligado, o
segurador adquire metade (tão-somente) Art. 690 - Declarando-se
do prêmio ajustado. genericamente na apólice, que se segura o
navio sem outra alguma especificação,
Capítulo II entende-se que o seguro compreende o
casco e todos os pertences da
embarcação, aprestos, aparelhos,
DAS COISAS QUE PODEM SER OBJETO
mastreação e velame, lanchas, escaleres,
DE SEGURO MARÍTIMO
botes, utensílios e vitualhas ou provisões;
mas em nenhum caso os fretes nem o
Art. 685 - Toda e qualquer coisa, todo carregamento, ainda que este seja por
e qualquer interesse apreciável a dinheiro, conta do capitão, dono, ou armador do
que tenha sido posto ou deva pôr-se a risco navio.
de mar, pode ser objeto de seguro
marítimo, não havendo proibição em
Art. 691 - As apólices de seguro por ida
contrário.
e volta cobrem os riscos seguros que
sobrevierem durante as estadias
Art. 686 - É proibido o seguro: intermedias, ainda que esta cláusula seja
omissa na apólice.
1 - sobre coisas, cujo comércio não
seja lícito pelas leis do Império, e sobre os Capítulo III
navios nacionais ou estrangeiros que nesse
comércio se empregarem;
DA AVALIAÇÃO DOS OBJETOS
SEGUROS
2 - sobre a vida de alguma pessoa
livre;
Art. 692 - O valor do objeto do seguro
deve ser declarado na apólice em quantia
3 - sobre soldadas a vencer de certa, sempre que o segurado tiver dele
qualquer indivíduo da tripulação. conhecimento exato.

Art. 687 - O segurador pode ressegurar No seguro de navio, esta declaração é


por outros seguradores os mesmos objetos essencialmente necessária, e faltando ela o
que ele tiver segurado, com as mesmas ou seguro julga-se improcedente. Nos seguros
diferentes condições, e por igual, maior ou sobre fazendas, não tendo o segurado
menor prêmio. conhecimento exato do seu verdadeiro
importe, basta que o valor se declare por
estimativa.
Art. 693 - O valor declarado na apólice, Art. 698 - A avaliação em seguros
quer tenha a cláusula - valha mais ou valha feitos sobre moeda estrangeira faz se,
menos-, quer a não tenha, será reduzindo-se esta ao valor da moeda
considerado em juízo como ajustado e corrente no Império pelo curso que o
admitido entre as partes para todos os câmbio tinha na data da apólice.
efeitos do seguro. Contudo, se o segurador
alegar que a coisa segura valia ao tempo Art. 699 - O segurador em nenhum
do contrato um quarto menos, ou daí para caso pode obrigar o segurado a vender os
cima, do preço em que o segurado a objetos do seguro para determinar o seu
estimou, será admitido a reclamar a valor.
avaliação; incumbindo-lhe justificar a
reclamação pelos meios de prova
Art. 700 - Sempre que se provar que o
admissíveis em comércio. Para este fim, e
segurado procedeu com fraude na
em ajuda de outras provas, poderá o
declaração do valor declarado na apólice,
segurador obrigar o segurado à exibição
ou na que posteriormente se fizer no caso
dos documentos ou das razões em que se de se não ter feito no ato do contrato (artigo
fundara para o cálculo da avaliação que nºs 692 e 694), o juiz, reduzindo a
dera na apólice; e se presumirá ter havido
estimação do objeto segurado ao seu
dolo da parte do segurado se ele se negar
verdadeiro valor, condenará o segurado a
a esta exibição.
pagar ao segurador o dobro do prêmio
estipulado.
Art. 694 - Não se tendo declarado na
apólice o valor certo do seguro sobre
Art. 701 - A cláusula inserta na apólice
fazenda, será este determinado pelo preço
- valha mais ou valha menos - não releva o
da compra das mesmas fazendas,
segurado da condenação por fraude; nem
aumentado com as despesas que estas
pode ser valiosa sempre que se provar que
tiverem feito até o embarque, e mais o o objeto seguro valia menos de um quarto
prêmio do seguro e a comissão de se que o preço fixado na apólice (artigo nºs
efetuar, quando esta se tiver pago; por
692 e 693).
forma que, no caso de perda total, o
segurado seja embolsado de todo o valor
posto a risco. Na apólice de seguro sobre Capítulo IV
fretes sem valor fixo, será este determinado
pela carta de fretamento, ou pelos DO COMEÇO E FIM DOS RISCOS
conhecimentos, e pelo manifesto, ou livro
da carga, cumulativamente em ambos os Art. 702 - Não constando da apólice do
casos. seguro o tempo em que os riscos devem
começar e acabar, os riscos de seguro
Art. 695 - O valor do seguro sobre sobre navio principiam a correr por conta
dinheiro a risco prova-se pelo contrato do segurador desde o momento em que a
original, e o do seguro sobre despesas embarcação suspende a sua primeira
feitas com o navio ou carga durante a âncora para velejar, e terminam depois que
viagem (artigo nºs 515 e 651) com as tem dado fundo e amarrado dentro do porto
respectivas contas competentemente do seu destino, no lugar que aí for
legalizadas. designado para descarregar, se levar
carga, ou no lugar em que der fundo e
Art. 696 - O valor de mercadorias amarrar, indo em lastro.
provenientes de fábricas, lavras ou
fazendas do segurado, que não for Art. 703 - Segurando-se o navio por ida
determinado na apólice, será avaliado pelo e volta, ou por mais de uma viagem, os
preço que outras tais mercadorias riscos correm sem interrupção por conta do
poderiam obter no lugar do desembarque, segurador, desde o começo da primeira
sendo aí vendidas, aumentado na forma do viagem até o fim da última (artigo nº. 691).
artigo nº. 694.
Art. 704 - No seguro de navios por
Art. 697 - As fazendas adquiridas por estadia em algum porto, os riscos
troca estimam-se pelo preço que poderiam começam a correr desde que o navio dá
obter no mercado do lugar da descarga fundo e se amarra no mesmo porto, e
aquelas que por elas se trocaram, findam desde o momento em que
aumentado na forma do artigo nº. 694.
suspende a sua primeira âncora para Art. 710 - São a cargo do segurador
seguir viagem. todas as perdas e danos que sobrevierem
ao objeto seguro por alguns dos riscos
Art. 705 - Sendo o seguro sobre especificados na apólice.
mercadorias, os riscos têm princípio desde
o momento em que elas se começam a Art. 711 - O segurador não responde
embarcar nos cais ou à borda d'água do por danos ou avaria que aconteça por fato
lugar da carga, e só terminam depois que do segurado, ou por alguma das causas
são postas a salvo no lugar da descarga; seguintes:
ainda mesmo no caso do capitão ser
obrigado a descarregá-las em algum porto 1 - desviação voluntária da derrota
de escala, ou de arribada forçada. ordinária e usual da viagem;

Art. 706 - Fazendo-se seguro sobre 2 - alterarão voluntária na ordem das


fazendas a transportar alternadamente por escalas designadas na apólice; salvo a
mar e terra, rios ou canais, em navios, exceção estabelecida no artigo nº. 680;
barcos, carros ou animais, os riscos
começam logo que os efeitos são
3 - prolongação voluntária da viagem,
entregues no lugar onde devem ser
além do último porto atermado na apólice.
carregados, e só expiram quando são Encurtando-se a viagem, o seguro surte
descarregados a salvamento no lugar do pleno efeito, se o porto onde ela findar for
destino.
de escala declarada na apólice; sem que o
segurado tenha direito para exigir redução
Art. 707 - Os riscos de seguro sobre do prêmio estipulado;
frete têm o seu começo desde o momento
e à medida que são recebidas a bordo as 4 - separação espontânea de comboio,
fazendas que pagam frete; e acabam logo
ou de outro navio armado, tendo-se
que saem para fora do portaló do navio, e à
estipulado na apólice de ir em conserva
proporção que vão saindo; salvo se por
dele;
ajuste ou por uso do porto o navio for
obrigado a receber a carga à beira d'água,
e pô-la em terra por sua conta. 5 - diminuição e derramamento do
líquido (artigo nº. 624);
O risco do frete, neste caso,
acompanha o risco das mercadorias. 6 - falta de estiva, ou defeituosa
arrumação da carga;
Art. 708 - A fortuna das somas
mutuadas a risco principia e acaba para os 7 - diminuição natural de gêneros, que
seguradores na mesma época, e pela por sua qualidade são suscetíveis de
mesma forma que corre para o dador do dissolução, diminuição ou quebra em peso
dinheiro a risco; no caso, porém, de se não ou medida entre o seu embarque e o
ter feito no instrumento do contrato a risco desembarque; salvo tendo estado
menção específica dos riscos tomados, ou encalhado o navio, ou tendo sido
se não houver estipulado o tempo, descarregadas essas fazendas por ocasião
entende-se que os seguradores tomaram de força maior; devendo-se, em tais casos,
sobre si todos os riscos, e pelo mesmo fazer dedução da diminuição ordinária que
tempo que geralmente costumam receber costuma haver em gêneros de semelhante
os dadores de dinheiro a risco. natureza (artigo nº. 617);

Art. 709 - No seguro de lucro esperado, 8 - quando a mesma diminuição natural


os riscos acompanham a sorte das acontecer em cereais, açúcar, café,
fazendas respectivas. farinhas, tabaco, arroz, queijos, frutas
secas ou verdes, livros ou papel e outros
gêneros de semelhante natureza, se a
Capítulo V
avaria não exceder a 10% (dez por cento)
do valor seguro; salvo se a embarcação
DAS OBRIGAÇÕES RECÍPROCAS DO tiver estado encalhada, ou as mesmas
SEGURADOR E DO SEGURADO fazendas tiverem sido descarregadas por
motivo de força maior, ou o contrário se Art. 716 - Contendo o seguro sobre
houver estipulado na apólice; fazendas a cláusula - carregadas em um ou
mais navios -, o seguro surte todos os
9 - danificações de amarras, efeitos, provando-se que as fazendas
mastreação, velame ou outro qualquer seguras foram carregadas por inteiro em
pertence do navio, procedida do uso um só navio, ou por partes em diversas
ordinário do seu destino; embarcações.

10 - vício intrínseco, má qualidade, ou Art. 717 - Sendo necessário baldear-se


mau acondicionamento do objeto seguro; a carga, depois de começada a viagem,
para embarcação diferente da que tiver
sido designada na apólice, por
11 - avaria simples ou particular, que,
inavegabilidade ou força maior, os riscos
incluída a despesa de documentos
continuam a correr por conta do segurador
justificativos, não exceda de 3% (três por
cento) do valor segurado; até o navio substituído chegar ao porto do
destino, ainda mesmo que tal navio seja de
diversa bandeira, não sendo esta inimiga.
12 - rebeldia do capitão ou da
equipagem; salvo havendo estipulação em
Art. 718 - Ainda que o segurador não
contrário declarada na apólice. Esta
estipulação é nula sendo o seguro feito responda pelos danos que resultam ao
pelo capitão, por conta dele ou alheia, ou navio por falta de exata observância das
leis e regulamentos das Alfândegas e
por terceiro por conta do capitão.
polícia dos portos (artigo nº. 530), esta falta
não o desonera de responder pelos que daí
Art. 712 - Todo e qualquer ato por sua sobrevierem à carga.
natureza criminoso praticado pelo capitão
no exercício de seu emprego, ou pela
Art. 719 - O segurado deve sem
tripulação, ou por um e outra
demora participar ao segurador, e, havendo
conjuntamente, do qual aconteça dano
mais de um, somente ao primeiro na ordem
grave ao navio ou à carga, em oposição à
da subscrição, todas as notícias que
presumida vontade legal do dono do navio,
é rebeldia. receber de qualquer sinistro acontecido ao
navio ou à carga. A omissão culposa do
segurado a este respeito, pode ser
Art. 713 - O segurador que toma o qualificada de presunção de má-fé.
risco de rebeldia responde pela perda ou
dano procedente do ato de rebeldia do
capitão ou da equipagem, ou seja por Art. 720 - Se passado 1 (um) ano a
datar da saída do navio nas viagens para
conseqüência imediata, ou ainda
qualquer porto da América, ou 2 (dois)
casualmente, uma vez que a perda ou
anos para outro qualquer porto do mundo,
dano tenha acontecido dentro do tempo
e, tendo expirado o tempo limitado na
dos riscos tomados, e na viagem e portos
da apólice. apólice, não houver notícia alguma do
navio, presume-se este perdido, e o
segurado pode fazer abandono ao
Art. 714 - A cláusula - livre de avaria- segurador, e exigir o pagamento da
desobriga os seguradores das avarias apólice; o qual, todavia, será obrigado a
simples ou particulares; a cláusula - livre de restituir, se o navio se não houver perdido e
todas as avarias - desonera-os também se vier a provar que o sinistro aconteceu
das grossas. Nenhuma destas cláusulas, depois de ter expirado o termo dos riscos.
porém, os isenta nos casos em que tiver
lugar o abandono.
Art. 721 - Nos casos de naufrágio ou
varação, presa ou arresto de inimigo, o
Art. 715 - Nos seguros feitos com a segurado é obrigado a empregar toda a
cláusula - livre de hostilidade - o segurador diligência possível para salvar ou reclamar
é livre, se os efeitos segurados perecem ou os objetos seguros, sem que para tais atos
se deterioram por efeito de hostilidade. O se faça necessária a procuração do
seguro, neste caso, cessa desde que foi segurador, do qual pode o segurado exigir
retardada a viagem, ou mudada a derrota o adiantamento do dinheiro preciso para a
por causa das hostilidades. reclamação intentada ou que se possa
intentar, sem que o mau sucesso desta
prejudique ao embolso do segurado pelas Art. 728 - Pagando o segurador um
despesas ocorridas. dano acontecido à coisa segura, ficará
subrogado em todos os direitos e ações
Art. 722 - Quando o segurado não que ao segurado competirem contra
pode fazer por si as devidas reclamações, terceiro; e o segurado não pode praticar ato
por deverem ter lugar fora do Império, ou algum em prejuízo do direito adquirido dos
do seu domicílio, deve nomear para esse seguradores.
fim competente mandatário, avisando desta
nomeação ao segurador (artigo nº. 719). Art. 729 - O prêmio do seguro é devido
Feita a nomeação e o aviso, cessa toda a por inteiro, sempre que o segurado receber
sua responsabilidade, nem responde pelos a indenização do sinistro.
atos do seu mandatário; ficando
unicamente obrigado a fazer cessão ao Art. 730 - O segurador é obrigado a
segurador das ações que competirem, pagar ao segurado as indenizações a que
sempre que este o exigir. tiver direito, dentro de 15 (quinze) dias da
apresentação da conta, instruída com os
Art. 723 - O segurado, no caso de documentos respectivos; salvo se o prazo
presa ou aresto de inimigo, só está do pagamento tiver sido estipulado na
obrigado a seguir os termos da reclamação apólice.
até a promulgação da sentença da primeira
instância. TÍTULO IX

Art. 724 - Nos casos dos três artigos DO NAUFRÁGIO E SALVADOS


precedentes, o segurado é obrigado a
obrar de acordo com os seguradores. Não Arts. 731 a 739, revogados pela Lei nº
havendo tempo para os consultar, obrará 7.542, de 26.9.1986
como melhor entender, correndo as
despesas por conta dos mesmos
seguradores. Em caso de abandono TÍTULO X
admitido pelos seguradores, ou destes
tomarem sobre si as diligências dos DAS ARRIBADAS FORÇADAS.
salvados ou das reclamações, cessam
todas as sobreditas obrigações do capitão Art. 740 - Quando um navio entra por
e do segurado. necessidade em algum porto ou lugar
distinto dos determinados na viagem a que
Art. 725 - O julgamento de um tribunal se propusera, diz-se que fez arribada
estrangeiro, ainda que baseado pareça em forçada (artigo nº. 510).
fundamentos manifestamente injustos, ou
fatos notoriamente falsos ou desfigurados, Art. 741 - São causas justas para
não desonera o segurador, mostrando o arribada forçada:
segurado que empregou os meios ao seu
alcance, e produziu as provas que lhe era 1 - falta de víveres ou aguada;
possível prestar para prevenir a injustiça do
julgamento.
2 - qualquer acidente acontecido à
equipagem, cargo ou navio, que
Art. 726 - Os objetos segurados que impossibilite este de continuar a navegar;
forem restituídos gratuitamente pelos
apressadores voltam ao domínio de seus
3 - temor fundado de inimigo ou pirata.
donos, ainda que a restituição tenha sido
feita a favor do capitão ou de qualquer
outra pessoa. Art. 742 - Todavia, não será justificada
a arribada:
Art. 727 - Todo o ajuste que se fizer
com os apressadores no alto-mar para l - se a falta de víveres ou de aguada
resgatar a coisa segura é nulo; salvo proceder de não haver-se feito a provisão
havendo para isso autorização por escrito necessária segundo o costume e uso da
na apólice. navegação, ou de haver-se perdido e
estragado por má arrumação ou descuido,
ou porque o capitão vendesse alguma Art. 748 - O capitão não pode, debaixo
parte dos mesmos víveres ou aguada; de pretexto algum, diferir a partida do porto
da arribada desde que cessa o motivo dela;
2 - nascendo a inavegabilidade do pena de responder por perdas e danos
navio de mau conserto, de falta de resultantes da dilação voluntária (artigo nº.
apercebimento ou esquipação, ou de má 510).
arrumação da carga;
TÍTULO XI
3 - se o temor de inimigo ou pirata não
for fundado em fatos positivos que não DO DANO CAUSADO POR
deixem dúvida. ABALROAÇÃO

Art. 743 - Dentro das primeiras 24 Art. 749 - Sendo um navio abalroado
(vinte e quatro) horas úteis da entrada no por outro, o dano inteiro causado ao navio
porto de arribada, deve o capitão abalroado e à sua carga será pago por
apresentar-se à autoridade competente aquele que tiver causado a abalroação, se
para lhe tomar o protesto da arribada, que esta tiver acontecido por falta de
justificará perante a mesma autoridade observância do regulamento do porto,
(artigo nºs 505 e 512). imperícia, ou negligência do capitão ou da
tripulação; fazendo-se a estimação por
Art. 744 - As despesas ocasionadas árbitros.
pelo arribada forçada correm por conta do
fretador ou do afretador, ou de ambos, Art. 750 - Todos os casos de
segundo for a causa que as motivou, com abalroação serão decididos, na menor
direito regressivo contra quem pertencer. dilação possível, por peritos, que julgarão
qual dos navios foi o causador do dano,
Art. 745 - Sendo a arribada justificada, conformando-se com as disposições do
nem o dono do navio nem o capitão regulamento do porto, e os usos e prática
respondem pelos prejuízos que puderem do lugar. No caso dos árbitros declararem
resultar à carga; se, porém, não for que não podem julgar com segurança qual
justificada, um e outro serão responsáveis navio foi culpado, sofrerá cada um o dano
solidariamente até a concorrência do valor que tiver recebido.
do navio e frete.
Art. 751 - Se, acontecendo a
Art. 746 - Só pode autorizar-se abalroação no alto-mar, o navio abalroado
descarga no porto de arribada, sendo for obrigado a procurar porto de arribada
indispensavelmente necessária para para poder consertar, e se perder nessa
conserto no navio, ou reparo de avaria da derrota, a perda do navio presume-se
carga (artigo nº. 614). O capitão, neste causada pela abalroação.
caso, é responsável pela boa guarda e
conservação dos efeitos descarregados; Art. 752 - Todas as perdas resultantes
salvo unicamente os casos de força maior, de abalroação pertencem à classe de
ou de tal natureza que não possam ser avarias particulares ou simples; excetua-e
prevenidos. o único caso em que o navio, para evitar
dano maior de uma abalroação iminente,
A descarga será reputada legal em pica as suas amarras, e abalroa a outro
juízo quando tiver sido autorizada pelo juiz para sua própria salvação (artigo nº. 764).
de direito do comércio. Nos países Os danos que o navio ou a carga, neste
estrangeiros compete aos cônsules do caso, sofre, são repartidos pelo navio, frete
Império dar a autorização necessária, e e carga por avaria grossa.
onde os não houver será requerida à
autoridade local competente. TÍTULO XII

Art. 747 - A carga avariada será DO ABANDONO


reparada ou vendida, como parecer mais
conveniente; mas em todo o caso deve Art. 753 - É lícito ao segurado fazer
preceder autorização competente. abandono dos objetos seguros, e pedir ao
segurador a indenização de perda total nos Art. 757 - No caso de inavegabilidade
seguintes casos: do navio, se o capitão, carregadores, ou
pessoa que os represente não puderem
1 - presa ou arresto por ordem de fretar outro para transportar a carga ao seu
potência estrangeira, 6 (seis) meses depois destino dentro de 60 (sessenta) dias depois
de sua intimação, se o arresto durar por de julgada a inavegabilidade (artigo nº.
mais deste tempo; 614), o segurado pode fazer abandono.

2 - naufrágio, varação, ou outro Art. 758 - Quando nos casos de presa


qualquer sinistro de mar compreendido na constar que o navio foi retomado antes de
apólice, de que resulte não poder o navio intimado o abandono, não é este
navegar, ou cujo conserto importe em três admissível; salvo se o dano sofrido por
quartos ou mais do valor por que o navio foi causa da presa, e a despesa com o prêmio
segurado; da retomada, ou salvagem importa em três
quartos, pelo menos, do valor segurado, ou
3 - perda total do objeto seguro, ou se em conseqüência da represa os efeitos
seguros tiverem passado a domínio de
deterioração que importe pelo menos três
terceiro.
quartos do valor da coisa segurada (artigo
nºs 759 e 777);
Art. 759 - O abandono do navio
4 - falta de notícia do navio sobre que compreende os fretes das mercadorias que
se puderem salvar, os quais serão
se fez o seguro, ou em que se embarcaram
considerados como pertencentes aos
os efeitos seguros (artigo nº. 720).
seguradores; salva a preferência que sobre
os mesmos possa competir à equipagem
Art. 754 - O segurado não é obrigado a por suas soldadas vencidas na viagem
fazer abandono; mas se o não fizer nos (artigo nº. 564), e a outros quaisquer
casos em que este Código o permite, não credores privilegiados (artigo nº. 738).
poderá exigir do segurador indenização
maior do que teria direito a pedir se
Art. 760 - Se os fretes se acharem
houvera acontecido perda total; exceto nos
casos de letra de câmbio passada pelo seguros, os que forem devidos pelas
capitão (artigo nº. 515), de naufrágio, mercadorias salvas, pertencerão aos
seguradores dos mesmos fretes, deduzidas
reclamação de presa, ou arresto de
as despesas dos salvados, e as soldadas
inimigo, e de abalroação.
devidas à tripulação pela viagem (artigo nº.
559).
Art. 755 - O abandono só, é admissível
quando as perdas acontecem depois de
TÍTULO XIII
começada a viagem.

Não pode ser parcial, deve DAS AVARIAS


compreender todos os objetos contidos na
apólice. Todavia, se na mesma apólice se Capítulo I
tiver segurado o navio e a carga, pode ter
lugar o abandono de cada um dos dois DA NATUREZA E CLASSIFICAÇÃO DAS
objetos separadamente (artigo nº. 689). AVARIAS

Art. 756 - Não é admissível o Art. 761 - Todas as despesas


abandono por título de inavegabilidade, se extraordinárias feitas a bem do navio ou da
o navio, sendo consertado, pode ser posto carga, conjunta ou separadamente, e todos
em estado de continuar a viagem até o os danos acontecidos àquele ou a esta,
lugar do destino; salvo se à vista das desde o embarque e partida até a sua volta
avaliações legais, a que se deve proceder, e desembarque, são reputadas avarias.
se vier no conhecimento de que as
despesas do conserto excederiam pelo Art. 762 - Não havendo entre as partes
menos a três quartos do preço estimado na convenção especial exarada na carta
apólice. partida ou no conhecimento, as avarias hão
de qualificar-se, e regular-se pelas
disposições deste Código.
Art. 763 - As avarias são de duas 12 - As despesas da reclamação do
espécies: avarias grossas ou comuns, e navio e carga feitas conjuntamente pelo
avarias simples ou particulares. A capitão numa só instância, e o sustento e
importância das primeiras é repartida soldadas da gente da tripulação durante a
proporcionalmente entre o navio, seu frete mesma reclamação, uma vez que o navio e
e a carga; e a das segundas é suportada, carga sejam relaxados e restituídos.
ou só pelo navio, ou só pela coisa que
sofreu o dano ou deu causa à despesa. 13 - Os gastos de descarga, e salários
para aliviar o navio e entrar numa barra ou
Art. 764 - São avarias grossas: porto, quando o navio é obrigado a fazê-lo
por borrasca, ou perseguição de inimigo, e
1 - Tudo o que se dá ao inimigo, os danos acontecidos às fazendas pela
corsário ou pirata por composição ou a descarga e recarga do navio em perigo.
título de resgate do navio e fazendas,
conjunta ou separadamente 14 - Os danos acontecidos ao corpo e
quilha do navio, que premeditadamente se
2 - As coisas alijadas para salvação faz varar para prevenir perda total, ou
comum. presa do inimigo.

3 - Os cabos, mastros, velas e outros 15 - As despesas feitas para pôr a


quaisquer aparelhos deliberadamente nado o navio encalhado, e toda a
cortados, ou partidos por força de vela para recompensa por serviços extraordinários
salvação do navio e carga. feitos para prevenir a sua perda total, ou
presa.
4 - As âncoras, amarras e quaisquer
outras coisas abandonadas para 16 - As perdas ou danos sobrevindos
salvamento ou benefício comum. às fazendas carregadas em barcas ou
lanchas, em conseqüência de perigo.
5 - Os danos causados pelo alijamento
às fazendas restantes a bordo. 17 - As soldadas e sustento da
tripulação, se o navio depois da viagem
começada é obrigado a suspendê-la por
6 - Os danos feitos deliberantemente
ordem de potência estrangeira, ou por
ao navio para facilitar a evacuação d'água
superveniência de guerra; e isto por todo o
e os danos acontecidos por esta ocasião à
carga. tempo que o navio e carga forem
impedidos.
7 - O tratamento, curativo, sustento e
18 - O prêmio do empréstimo a risco,
indenizações da gente da tripulação ferida
tomado para fazer face a despesas que
ou mutilada defendendo o navio.
devam entrar na regra de avaria grossa.
8 - A indenização ou resgate da gente
19 - O prêmio do seguro das despesas
da tripulação mandada ao mar ou à terra
de avaria grossa, e as perdas sofridas na
em serviço do navio e da carga, e nessa
ocasião aprisionada ou retida. venda da parte da carga no porto de
arribada forçada para fazer face às
mesmas despesas.
9 - As soldadas e sustento da
tripulação durante arribada forçada.
20 - As custas judiciais para regular as
avarias, e fazer a repartição das avarias
10 - Os direitos de pilotagem, e outros grossas.
de entrada e saída num porto de arribada
forçada.
21 - As despesas de uma quarentena
extraordinária.
11 - Os aluguéis de armazéns em que
se depositem, em, porto de arribada
E, em geral, os danos causados
forçada, as fazendas que não puderem
deliberadamente em caso de perigo ou
continuar a bordo durante o conserto do
desastre imprevisto, e sofridos como
navio.
conseqüência imediata destes eventos,
bem como as despesas feitas em iguais Art. 768 - Não são igualmente
circunstâncias, depois de deliberações reputadas avarias, mas simples despesas a
motivadas (artigo nº. 509), em bem e cargo do navio, as despesas de pilotagem
salvamento comum do navio e da costa e barras, e outras feitas por
mercadorias, desde a sua carga e partida entrada e saída de obras ou rios; nem os
até o seu retorno e descarga. direitos de licenças, visitas, tonelagem,
marcas, ancoragem, e outros impostos de
Art. 765 - Não serão reputadas avarias navegação.
grossas, posto que feitas voluntariamente e
por deliberações motivadas para o bem do Art. 769 - Quando for indispensável
navio e carga, as despesas causadas por lançar-se ao mar alguma parte da carga,
vício interno do navio, ou por falta ou deve começar-se pelas mercadorias e
negligência do capitão ou da gente da efeitos que estiverem em cima do convés;
tripulação. Todas estas despesas são a depois serão alijadas as mais pesadas e de
cargo do capitão ou do navio (artigo nº. menos valor, e dada igualdade, as que
565). estiverem na coberta e mais à mão;
fazendo-se toda a diligência possível para
Art. 766 - São avaria simples e tomar nota das marcas e números dos
particulares: volumes alijados.

1 - O dano acontecido às fazendas por Art. 770 - Em seguimento da ata da


borrasca, presa, naufrágio, ou encalhe deliberação que se houver tomado para o
fortuito, durante a viagem, e as despesas alijamento (artigo nº. 509) se fará
feitas para as salvar. declaração bem especificada das fazendas
lançadas ao mar; e se pelo ato do
2 - A perda de cabos, amarras, alijamento algum dano tiver resultado ao
âncoras, velas e mastros, causada por navio ou à carga remanescente, se fará
também menção deste acidente.
borrasca ou outro acidente do mar.

Art. 771 - As danificações que sofrerem


3 - As despesas de reclamação, sendo
o navio e fazendas reclamadas as fazendas postas a bordo de barcos para
separadamente. à sua condução ordinária, ou para aligeirar
o navio em caso de perigo, serão reguladas
pelas disposições estabelecidas neste
4 - O conserto particular de vasilhas, e capítulo que lhes forem aplicáveis, segundo
as despesas feitas para conservar os à diversas causas de que o dano resultar.
efeitos avariados.
Capítulo II
5 - O aumento de frete e despesa de
carga e descarga; quando declarado o
navio inavegável, as fazendas são levadas DA LIQUIDAÇÃO, REPARTIÇÃO E
ao lugar do destino por um ou mais navios CONTRIBUIÇÃO DA AVARIA GROSSA
(artigo nº. 614).
Art. 772 - Para que o dano sofrido pelo
navio ou carga possa considerar-se avaria
Em geral, as despesas feita; e o dano
sofrido só pelo navio, ou só pela carga, a cargo do segurador, é necessário que ele
durante o tempo dos riscos. seja examinado por dois arbitradores
peritos que declarem:
Art. 767 - Se em razão de baixios ou
1 - De que procedeu o dano.
bancos de areia conhecidos o navio não
puder dar à vela do lugar da partida com a
carga inteira, nem chegar ao lugar do 2 - A parte da carga que se acha
destino sem descarregar parte da carga em avariada, e por que causa, indicando as
barcas, as despesas feitas para aligeirar o suas marcas, número ou volumes.
navio não são reputadas avarias, e correm
por conta do navio somente, não havendo 3 - Tratando-se do navio ou dos seus
na carta-partida ou nos conhecimentos pertences, quanto valem os objetos
estipulação em contrário. avariados, e em quanto poderá importar o
seu conserto ou reposição. Todas estas
diligências, exames e vistorias serão que custariam, o segurador pagará as
determinadas pelo juiz de direito do despesas, abatido o excedente valor do
respectivo distrito, e praticada com citação navio.
dos interessados, por si ou seus
procuradores; podendo o juiz, no caso de Art. 777 - Excedendo as despesas a
ausência das partes, nomear de ofício três quartos do valor do navio, julga-se este
pessoa inteligente e idônea que as declarado inavegável a respeito dos
represente (artigo nº. 618). seguradores; os quais, neste caso, serão
obrigados, não tendo havido abandono, a
As diligências, exames e vistorias pagar a soma segurada, abatendo-se nesta
sobre o casco do navio e seus pertences o valor do navio danificado ou dos seus
devem ser praticadas antes de dar-se fragmentos, segundo o dizer de
princípio ao seu conserto, nos casos em arbitradores espertos.
que este possa ter lugar.
Art. 778 - Tratando-se de avaria
Art. 773 - Os efeitos avariados serão particular das mercadorias, e achando-se
sempre vendidos em público leilão a quem estas estimadas na apólice por valor certo,
mais der, e pagos no ato da arrematação; e o cálculo do dano será feito sobre o preço
o mesmo se praticará com o navio, quando que as mercadorias avariadas alcançarem
ele tenha de ser vendido segundo as no porto da entrega e o da venda das não
disposições deste Código; em tais casos o avariadas no mesmo lugar e tempo, sendo
juiz, se assim lhe parecer conveniente, ou de igual espécie e qualidade, ou se todas
se algum interessado o requerer, poderá chegaram avariadas, sobre o preço que
determinar que o casco e cada um dos outras semelhantes não avariadas
seus pertences se venda separadamente. alcançaram ou poderiam alcançar; e a
diferença, tomada a proporção entre umas
Art. 774 - A estimação do preço para o e outras, será a soma devida ao segurado.
cálculo da avaria será feita sobre a
diferença entre e respectivo rendimento Art. 779 - Se o valor das mercadorias
bruto das fazendas sãs e o das avariadas, se não tiver fixado na apólice, a regra para
vendidos a dinheiro no tempo da entrega; e achar-se a soma devida será a mesma do
em nenhum caso pelo seu rendimento artigo precedente, contanto que primeiro se
liquido, nem por aquele que, demorada a determine o valor das mercadorias não
venda ou sendo a prazo, poderiam vir a avariadas; o que se fará acrescentando às
obter. importâncias das faturas originais as
despesas subseqüentes (artigo nº. 694). E
Art. 775 - Se o dono ou consignatário tomada a diferença proporcional entre o
não quiser vender a parte das mercadorias preço por que se venderam as não
sãs, não pode ser compelido; e o preço avariadas e as avariadas, se aplicará a
para o cálculo será em tal caso o corrente proporção relativa à parte das fazendas
que as mesmas fazendas, se vendidas avariadas pelo seu primeiro custo e
fossem ao tempo da entrega, poderiam despesas.
obter no mercado, certificado pelos preços
correntes do lugar, ou, na falta destes, Art. 780 - Contendo a apólice a
atestado, debaixo de juramento por dois cláusula de pagar-se avaria por marcas,
comerciantes acreditados de fazendas do volumes, caixas, sacas ou espécies, cada
mesmo gênero. uma das partes designadas será
considerada como um seguro separado
Art. 776 - O segurador não é obrigado para a forma da liquidação das avarias,
a pagar mais de dois terços do custo do ainda que essa parte se ache englobada no
conserto das avarias que tiverem valor total do seguro (artigo nºs 689 e 692).
acontecido ao navio segurado por fortuna
do mar, contanto que o navio fosse Art. 781 - Qualquer parte da carga,
estimado na apólice por seu verdadeiro sendo objeto suscetível de avaliação
valor, e os consertos não excedam de três separada, que se perca totalmente, ou que
quartos desse valor no dizer de por algum dos riscos cobertos pela
arbitradores expertos. Julgando estes, respectiva apólice fique tão danificada que
porém, que pelos consertos o valor real do não valha coisa alguma, será indenizada
navio se aumentaria além do terço da soma pelo segurador com perda total, ainda que
relativamente ao todo ou à carga segura Art. 787 - Liquidando-se as avarias
seja parcial, e o valor da parte perdida ou grossas ou comuns no porto da entrega da
destruída pelo dano se ache incluído, ainda carga, hão de contribuir para a sua
que indistintamente, no total do seguro. composição:

Art. 782 - Se a apólice contiver a 1 - a carga, incluindo o dinheiro, prata,


cláusula de pagar avarias como perda de ouro, pedras preciosas, e todos os mais
salvados, a diferença para menos do valor valores que se acharem a bordo;
fixado na apólice, que resultar da venda
líquida que os gêneros avariados 2 - o navio e seus pertences, pela sua
produzirem no lugar onde se venderam, avaliação no porto da descarga, qualquer
sem atenção alguma ao produto bruto que que seja o seu estado;
tenham no mercado do porto do seu
destino, será a estimação da avaria.
3 - os fretes, por metade do seu valor
também.
Art. 783 - A regulação, repartição ou
rateio das avarias grossas serão feitos por
Não entram para a contribuição o valor
árbitros, nomeados por ambas as partes,
dos víveres que existirem a bordo para
as instâncias do capitão.
mantimento do navio, a bagagem do
capitão, tripulação e passageiros, que for
Não se querendo as partes louvar, a do seu uso pessoal, nem os objetos tirados
nomeação de árbitros será feita pelo do mar por mergulhadores à custa do dono.
Tribunal do Comércio respectivo, ou pelo
juiz de direito do comércio a que pertencer,
Art. 788 - Quando a liquidação se fizer
nos lugares distantes do domicílio do no porto da carga, o valor da mesma será
mesmo tribunal. estimado pelas respectivas faturas,
aumentando-se ao preço da compra as
Se o capitão for omisso em fazer despesas até o embarque; e quanto ao
efetuar o rateio das avarias grossas, pode navio e frete se observarão as regras
a diligência ser promovida por outra estabelecidas no artigo antecedente.
qualquer pessoa que seja interessada.
Art. 789 - Quer a liquidação se faça no
Art. 784 - O capitão tem direito para porto da carga, quer no da descarga,
exigir, antes de abrir as escotilhas do navio, contribuirão para as avarias grossas as
que os consignatários da carga prestem importâncias que forem ressarcidas por via
fiança idônea ao pagamento da avaria da respectiva contribuição.
grossa, a que suas respectivas
mercadorias forem obrigadas no rateio da
Art. 790 - Os objetos carregados sobre
contribuição comum.
o convés (artigo nºs 521 e 677, nº 8), e os
que tiverem sido embarcados sem
Art. 785 - Recusando-se os conhecimento assinado pelo capitão (artigo
consignatários a prestar a fiança exigida, nº. 599) e os que o proprietário ou seu
pode o capitão requerer o depósito judicial representante, na ocasião do risco de mar,
dos efeitos obrigados à contribuição, até tiver mudado do lugar em que se achavam
ser pago, ficando o preço da venda sub- arrumados sem licença do capitão
rogado, para se efetuar por ele o contribuem pelos respectivos valores,
pagamento da avaria grossa, logo que o chegando o salvamento; mas o dono, no
rateio tiver lugar. segundo caso, não tem direito para a
indenização recíproca, ainda quando
Art. 786 - A regulação e repartição das fiquem deteriorados, ou tenham sido
avarias grossas deverá fazer-se no porto alijados a benefício comum.
da entrega da carga. Todavia, quando, por
dano acontecido depois da saída, o navio Art. 791 - Salvando-se qualquer coisa
for obrigado a regressar ao porto da carga, em conseqüência de algum ato deliberado
as despesas necessárias para reparar os de que resultou avaria grossa, não pode
danos da avaria grossa podem ser neste quem sofreu o prejuízo causado por este
ajustadas. ato exigir indenização alguma por
contribuição dos objetos salvados, se estes
por algum acidente não chegarem ao poder
do dono ou consignatários, ou se, vindo ao PARTE TERCEIRA - DAS QUEBRAS
seu poder, não tiverem valor algum; salvo
os casos dos artigo nºs 651 e 764, nºs 12 e TÍTULO I
19.
DA NATUREZA E DECLARAÇÃO DAS
Art. 792 - No caso de alijamento, se o QUEBRAS, E SEUS EFEITOS
navio se tiver salvado do perigo que o
motivou, mas, continuando a viagem, vier a
Art. 797 - Todo o comerciante que
perder-se depois, as fazendas salvas do
cessa os seus pagamentos, entende-se
segundo perigo são obrigadas a contribuir quebrado ou falido.(Vide Decreto-Lei nº
por avaria grossa para a perda das que 7.661, 1945)
foram alijadas na ocasião do primeiro.
Art. 798 - A quebra ou falência pode
Se o navio se perder no primeiro perigo
ser casual, com culpa, ou
e algumas fazendas se puderem salvar, fraudulenta. (Vide Decreto-Lei nº 7.661,
estas não contribuem para a indenização
1945)
das que foram alijadas na ocasião do
desastre que causou o naufrágio.
Art. 799 - É casual, quando a
insolvência procede de acidentes de casos
Art. 793 - A sentença que homologa à fortuitos ou força maior (art. 898). (Vide
repartição das avarias grossas com
Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
condenação de cada um dos contribuintes
tem força definitiva, e pode executar-se
logo, ainda que dela se recorra. Art. 800 - A quebra será qualificada
com culpa, quando a insolvência pode
atribuir-se a algum dos casos
Art. 794 - Se, depois de pago o rateio,
seguintes: (Vide Decreto-Lei nº 7.661,
os donos recobrarem os efeitos
1945)
indenizados por avaria grossa, serão
obrigados a repor pró rata a todos os
contribuintes o valor líquido dos efeitos 1 - Excesso de despesas no
recobrados. Não tendo sido contemplados tratamento pessoal do falido, em relação ao
no rateio para a indenização, não estão seu cabedal e número de pessoas de sua
obrigados a entrar para a contribuição da família;
avaria grossa com o valor dos gêneros
recobrados depois da partilha em que 2 - Perdas avultadas a jogos, ou
deixaram de ser considerados. especulação de aposta ou agiotagem;

Art. 795 - Se o segurador tiver pago 3 - Venda por menos do preço corrente
uma perda total, e depois vier a provar-se de efeitos que o falido comprara nos seis
que ela foi só parcial, o segurado não é meses anteriores à quebra, e se ache
obrigado a restituir o dinheiro recebido; ainda devendo;
mas neste caso o segurador fica sub
rogado em todos os direitos e ações do 4 - Acontecendo que o falido, entre a
segurado, e faz suas todas as vantagens data do seu último balanço (art. 10 n. 4) e a
que puderem resultar dos efeitos salvos. da falência (art. 806), se achasse devendo
por obrigações diretas o dobro do seu
Art. 796 - Se, independente de cabedal apurado nesse balanço.
qualquer liquidação ou exame, o segurador
se ajustar em preço certo de indenização, Art. 801 - A quebra poderá ser
obrigando-se por escrito na apólice, ou de qualificada com culpa: (Vide Decreto-Lei nº
outra qualquer forma, a pagar dentro de 7.661, 1945)
certo prazo, e depois se recusar ao
pagamento, exigindo que o segurado prove 1 - Quando o falido não tiver a sua
satisfatoriamente o valor real do dano, não escrituração e correspondência mercantil
será este obrigado à prova, senão no único nos termos regulados por este Código (art.
caso em que o segurador tenha em tempo 13 e 14);
reclamado o ajuste por fraude manifesta da
parte do mesmo segurado.
2 - Não se apresentando no tempo e
na forma devida (art. 805);
3 - Ausentando-se ou ocultando-se. Art. 804 - As quebras dos corretores e
dos agentes de casa de leilão sempre se
Art. 802 - É fraudulenta a quebra nos presumem fraudulentas. (Vide Decreto-Lei
casos em que concorre alguma das nº 7.661, 1945)
circunstancias seguintes: (Vide Decreto-Lei
nº 7.661, 1945) Art. 805 - Todo o comerciante que tiver
cessado os seus pagamentos é obrigado,
1 - Despesas ou perdas fictícias, ou no preciso termo de três dias, a apresentar
falta de justificação do emprego de todas na Secretaria do Tribunal do Comércio do
as receitas do falido; seu domicílio uma declaração datada, e
assinada por ele ou seu procurador, em
que exponha as causas do seu falimento, e
2 - Ocultação no balanço de qualquer
o estado da sua casa; ajuntando o balanço
soma de dinheiro, ou de quaisquer bens ou
exato do seu ativo e passivo (art. 10 n. 4),
títulos (art. 805);
com os documentos probatórios ou
instrutivos que achar a bem. Esta
3 - Desvio ou aplicação de fundos ou declaração, de cuja apresentação o
valores de que o falido tivesse sido Secretário do Tribunal deverá certificar o
depositário ou mandatário; dia e a hora, e da qual se dará contrafé ao
apresentante, fará menção nominativa de
4 - Vendas, negociações e doações todos os sócios solidários, com designação
feitas, ou dividas contraídas com simulação do domicílio de cada um, quando a quebra
ou fingimento; disser respeito a sociedade coletiva (arts.
311, 316 e 811). (Vide Decreto-Lei nº
5 - Compra de bens em nome de 7.661, 1945)
terceira pessoa; e
Art. 806 - Apresentada a declaração
6 - Não tendo o falido os livros que da quebra, o Tribunal do Comércio
deve ter (art. 11), ou se os apresentar declarará sem demora a abertura da
truncados ou falsificados. falência, isto é, fixará o termo legal da sua
existência, a contar da data – da
Art. 803 - São cúmplices de quebra declaração do falido, ou da sua ausência,
fraudulenta: (Vide Decreto-Lei nº 7.661, ou desde que se fecharam os seus
1945) armazéns, lojas ou escritórios, ou
finalmente de outra época anterior em que
tenha havido efetiva cessação de
1 - Os que por qualquer modo se
pagamentos: ficando porém entendido que
mancomunarem com o falido para fraudar
a sentença que fixar a abertura da quebra
os credores, e os que o auxiliarem para
não poderá retroagí-la a época que
ocultar ou desviar bens, seja qual for a sua
exceda além de quarenta dias da sua data
espécie, quer antes quer depois da
atual. (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
falência;
Art. 807 - A quebra pode também ser
2 - Os que ocultarem ou recusarem
declarada a requerimento de algum ou
aos administradores a entrega dos bens,
alguns dos credores legítimos do falido,
créditos ou títulos quem tenham do falido;
depois da cessação dos pagamentos
deste; e também a pode declarar o Tribunal
3 - Os que depois de publicada a do Comércio ex-ofícioquando lhe conste
declaração do falimento admitirem cessão por notoriedade pública, fundada em fatos
ou endossos do falido, ou com ele indicativos de um verdadeiro estado de
celebrarem algum contrato ou transação; insolvência (art. 806). Não é porém
permitido ao filho a respeito do pai, ao pai a
4 - Os credores legítimos que fizerem respeito do filho, nem à mulher a respeito
concertos com o falido em prejuízo da do marido ou vice-versa, fazer-se declarar
massa; falidos respetivamente. (Vide Decreto-Lei
nº 7.661, 1945)
5 - Os corretores que intervierem em
qualquer operação mercantil do falido O fato superveniente da morte do
depois de declarada a quebra. falido, que em sua vida houver cessado os
seus pagamentos, não impede a
declaração da quebra, nem o andamento conservatória do direito dos credores,
das diligências subsequentes e convocando imediatamente o Tribunal para
conseqüentes, achando-se esta deliberar sobre a declaração da quebra
anteriormente declarada. (art. 807). (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945)

Art. 808 - No caso do artigo Art. 811 - Recebida pelo Juiz de Paz a
precedente, poderá o falido embargar o sentença declaratória da quebra, passará
despacho que declarar a quebra, provando imediatamente a fazer por os selos em
não ter cessado os seus pagamentos. Os todos os bens, livros e documentos do
embargos não terão efeito suspensivo; mas falido que forem susceptíveis de os
se forem recebidos e julgados provados, o receber, quer os bens pertençam ao
que terá lugar dentro de vinte dias estabelecimento e casa social, quer a cada
improrrogáveis, contados do dia da sua um dos sócios solidários da firma
apresentação, e por conseguinte for falida. (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
revogado o despacho da declaração da
quebra, será tudo posto no antigo estado; e Não se porá selo nas roupas e móveis
o comerciante injuriado poderá intentar a indispensáveis para uso do falido ou falidos
sua ação de perdas e danos contra o autor e de sua família; mas nem por isso
da injuria, mostrando que este se portará deixarão de ser descritos no inventário.
com dolo, falsidade ou injustiça
manifesta. (Vide Decreto-Lei nº 7.661, Aqueles bens que não puderem
1945) receber selo, serão depositados e
entregues provisoriamente a pessoa de
Art. 809 - Na sentença da abertura da confiança.
quebra, o Tribunal do Comércio ordenará
que se ponham selos em todos os bens, Art. 812 - Postos os selos, e publicada
livros e papéis do falido; designará um dos pelo Juiz comissário a sentença da
seus membros, dentre os Deputados
abertura da quebra, cuja publicação se
comerciantes, para servir de Juiz
fará, dentro de três dias depois do
comissário ou de instrução do processo da
recebimento por editais afixados na Praça
quebra, e um dos oficiais da sua secretaria
do Comércio, na porta da casa do Tribunal,
para servir de escrivão no mesmo e nas do escritório, lojas armazéns do
processo: e nomeará dentre os credores falido, o dito Juiz pelos mesmos editais
um ou mais que sirvam de Curadores
convocará a todos os credores do falido
fiscais provisórios, ou, não os havendo tais
para que em lugar, dia e hora certa, não
que possam convenientemente
excedendo o prazo de seis dias
desempenhar este encargo, a outra pessoa compareçam perante ele para procederem
ou pessoas que tenham a capacidade à nomeação do depositário ou depositários
necessária. Os Curadores nomeados
que hão de receber provisoriamente a casa
prestarão juramento nas mãos do
falida. (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
Presidente; a quem incumbe expedir logo
ao Juiz de Paz respectivo cópia autentica
da sentença da abertura da falência, com a Art. 813 - Nomeados o depositário ou
participação dos Curadores fiscais depositários na forma dita, o Curador fiscal
nomeados, para proceder a aposição dos requererá ao Juiz de Paz o rompimento dos
selos. selos, e procederá a descrição e inventário
Sendo possível inventariar-se todos os de todos os bens e efeitos do falido; e este
bens do falido em um dia, proceder-se-á inventário se fará com autorização e
imediatamente a esta diligência, perante o Juiz comissário, presentes o
dispensando-se a aposição dos depositário ou depositários nomeados e o
selos. (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945) falido ou seu procurador, e não
comparecendo este à sua revelia (art.
822). (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
Art. 810 - Constando que algum
devedor comerciante, que tiver cessado os
seus pagamentos, intenta ausentar-se, ou Havendo bens situados em lugares
trata de desviar todo ou parte do seu ativo, distantes, serão as funções do Juiz
poderá o Presidente do Tribunal do comissário exercidas pelo Juiz ou Juizes de
Comércio, a requisição do Fiscal ou de Paz respectivos.
qualquer credor, ordenar a aposição
provisória dos selos, como medida
Art. 814 - A medida que se forem Art. 818 - Fechado o balanço, ou ainda
rompendo os selos e se fizer a descrição e mesmo pendente a sua organização,
inventário dos bens, serão estes entregues procederá o Juiz comissário,
ao depositário ou depositários; os quais se conjuntamente com o Curador fiscal, ao
obrigarão por termo à sua boa guarda, exame e averiguação dos livros do falido,
conservação e entrega, como fieis para conhecer se estão em forma legal (art.
depositários e mandatários que ficam 13), e escriturados com regularidade e sem
sendo. (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945) vicio (art. 14). Indagará outrossim a causa
ou causas verdadeiras da falência,
O Juiz comissário mandará lavrar podendo para este fim perguntar as
termo nos livros do falido do estado em que testemunhas que julgar precisas e
estes se acham, e publicará os títulos e sabedoras, as quais serão interrogadas na
mais papéis que julgar conveniente; e findo presença do falido ou seu procurador, e do
o inventário inquirirá o falido ou seu Curador fiscal; a cada um dos quais é licito
procurador para declarar, debaixo de contestá-las no mesmo ato, e bem assim
juramento, se tem mais alguns bens que requerer qualquer diligência que possa
devam ir à descrição. servir para descobrir-se a verdade; ficando
todavia ao arbítrio do Juiz recusar a
diligência quando lhe pareça ociosa ou
Art. 815 - Concluído o inventário, o
impertinente.
Curador fiscal proporá ao Juiz comissário
duas ou mais pessoas que hajam de
avaliar os bens descritos: o Juiz pode Do exame dos livros, da inquirição das
recusar a primeira e mandar fazer segunda testemunhas e sua contestação, e de
proposta, e se não se conformar com esta, qualquer diligência que se tenha praticado,
nomeará de per si os avaliadores que julgar se lavrarão os competentes autos ou
idôneos em número igual, para procederem termos, mas tudo em um só
à avaliação juntamente com os segundos processo. (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
propostos pelo Curador fiscal. (Vide
Decreto-Lei nº 7.661, 1945) Art. 819 - Ultimada a instrução do
processo, o Juiz comissário o remeterá ao
Art. 816 - Os gêneros ou mercadorias Tribunal do Comércio, acompanhando-o de
que forem de fácil deterioração, ou que não um relatório circunstanciado com referência
possam guardar-se sem perigo ou grande a todos os atos da instrução, e concluindo-
despesa, serão vendidos em leilão por o com o seu parecer e juízo acerca das
determinação do Juiz comissário, ouvido o causas da quebra e sua qualificação, tendo
Curador fiscal. Todos os outros bens não em vista para as suas conclusões as regras
poderão ser vendidos sem ordem ou estabelecidas nos arts. 799, 800, 801, 802,
despacho do Tribunal. (Vide Decreto-Lei nº 803 e 804. (Vide Decreto-Lei nº 7.661,
7.661, 1945) 1945)

Art. 817 - Quando o falido não tenha Art. 820 - Apresentado ao Tribunal o
ajuntado à declaração da quebra o balanço processo, será proposto e decidido na
da sua casa (art. 805), ou quando depois, primeira conferência. (Vide Decreto-Lei nº
tendo sido citado para o fazer em três dias, 7.661, 1945)
o não apresentar, o Curador fiscal
procederá a organizá-lo à vista dos livros e Qualificada a quebra na segunda ou
papéis do falido, e sobre as informações terceira espécie, será o falido pronunciado
que puder obter do mesmo falido, seus como no caso caiba, com os cúmplices se
caixeiros, guarda-livros e outros quaisquer os houver (art. 803): e serão todos
agentes do seu comércio. (Vide Decreto- remetidos presos com o traslado do
Lei nº 7.661, 1945) processo ao Juiz criminal competente, para
serem julgados pelo Júri; sem que aos
No balanço se descreverão todos os pronunciados se admita recurso algum da
bens do falido, qualquer que seja a sua pronúncia.(Vide Decreto-Lei nº 7.661,
natureza e espécie, as suas dívidas ativas 1945)
e passivas (art. 10 n. 4), e os seus ganhos
e perdas, acrescentando-se as Qualquer que seja o julgamento final
observações e esclarecimentos que do Júri, os efeitos civis da pronuncia do
parecerem necessários. Tribunal do Comércio não ficarão inválidos.
Art. 821 - Em quanto no Código sempre que dele constar que o seu ativo
criminal outra pena se não determinar para era naquela época inferior ao seu passivo;
a falência com culpa, será esta punida com
prisão de um a oito anos. (Vide Decreto-Lei 2 - As hipotecas da garantia de dividas
nº 7.661, 1945) contraídas anteriormente à data da
escritura, nos 40 dias precedentes à época
Art. 822 - Logo que principiar a legal da quebra (art. 806).
instrução do processo da quebra, o falido
assinará termo nos autos de se achar As quantias pagas pelo falido por
presente por si ou por seu procurador a dividas não vencidas nos 40 dias anteriores
todos os atos e diligências do processo, à época legal da quebra, reentrarão na
pena de revelia. (Vide Decreto-Lei nº 7.661, massa.
1945)
Art. 828 - Todos os atos do falido
Art. 823 - O devedor que apresentar a alienativos de bens de raiz, móveis ou
sua declaração da falido em devido tempo semoventes, e todos os mais atos e
(art. 805), e assistir pessoalmente a todos obrigações, ainda mesmo que sejam de
os atos e diligências subsequentes, não operações comerciais, podem ser
pode ser preso antes da pronúncia. (Vide anulados, qualquer que seja a época em
Decreto-Lei nº 7.661, 1945) que fossem contraídos, em quanto não
prescreverem, provando-se que neles
Art. 824 - Contra todos os que se interveio fraude em dano de
apresentarem fora de tempo, ou deixarem credores. (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
de assistir aos atos e diligências
subsequentes, pode o Tribunal ordenar que Art. 829 - Contra comerciante falido,
sejam postos em custódia, se durante a não correm juros, ainda que estipulados
formação do processo se reconhecer que o sejam, se a massa falida não chegar para
devedor está convencido de falência pagamento do principal: havendo sobras,
culposa ou fraudulenta, ou se ausentarem proceder-se-á a rateio para pagamento dos
ou ocultarem. (Vide Decreto-Lei nº 7.661, juros estipulados, dando-se preferência aos
1945) credores privilegiados e hipotecários pela
ordem estabelecida no artigo 880. (Vide
Art. 825 - Não existindo presunção de Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
culpa ou fraude na falência, o falido que se
não ocultar, e se tiver apresentado em todo Art. 830 - As execuções que ao tempo
os atos e diligências da instrução do da declaração da quebra se moverem
processo (art. 822), tem direito a pedir, a contra comerciante falido, ficarão
título de socorro, uma soma a deduzir de suspensas até a verificação dos créditos,
seus bens, proposta pelos administradores, não excedendo de trinta dias; sem prejuízo
e fixada pelo Tribunal, ouvido o Juiz de quaisquer medidas conservatórias dos
comissário, e tendo-se em consideração as direitos e ações dos credores privilegiados
necessidades e família do mesmo falido, a ou hipotecários. (Vide Decreto-Lei nº 7.661,
sua boa fé, e a maior ou menor perda que 1945)
da falência terá de resultar aos
credores. (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
Se a execução for de reivindicação
(art. 874), prosseguirá, sem suspensão,
Art. 826 - O falido fica inibido de direito com o Curador fiscal.
da administração e disposição dos seus
bens desde o dia em que se publicar a
Todavia, se os bens executados se
sentença da abertura da quebra. (Vide
acharem já na praça com dia definitivo para
Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
sua arrematação fixado por editais, o
Curador fiscal, com autorização do Juiz
Art. 827 - São nulas, a benefício da comissário, poderá convir na continuação,
massa somente: (Vide Decreto-Lei nº entrando para a massa o produto se a
7.661, 1945) execução proceder de créditos que não
sejam privilegiados nem hipotecários, ou o
1 - As doações por título gratuito feitas remanescente procedendo destes.
pelo falido depois do último balanço,
Art. 831 - A qualificação da quebra Curador fiscal uma e o depositário outra;
torna exigíveis todas as dividas passivas do salvo se os credores acordarem em que
falido, ainda mesmo que se não achem sejam recolhidas a algum Banco comercial
vencidas, ou sejam comerciais ou civis, ou depósito público. (Vide Decreto-Lei nº
com abatimento dos juros legais 7.661, 1945)
correspondentes ao tempo que faltar para o
vencimento. Art. 837 - A saída de fundos da mesma
caixa só pode ter lugar em virtude de
Art. 832 - Os coobrigados com o falido ordem do Juiz comissário. (Vide Decreto-
em divida não vencida ao tempo da quebra, Lei nº 7.661, 1945)
são obrigados a dar fiança ao pagamento
no vencimento, não preferindo pagá-la Art. 838 - Desde a entrada do Curador
imediatamente (art. 379). (Vide Decreto-Lei fiscal em exercício, todas as ações
nº 7.661, 1945) pendentes contra o devedor falido, e as
que houverem de ser intentadas
Esta disposição procede somente no posteriormente à falência, só poderão ser
caso dos coobrigados simultânea mas não continuadas ou intentadas contra o mesmo
sucessivamente. Sendo a obrigação Curador fiscal. Este porém não pode
sucessiva, como nos endossos, a falência intentar, seguir ou defender ação alguma
do endossado posterior não dá direito a em nome da massa sem autorização do
acionar os endossatários anteriores antes Juiz comissário. (Vide Decreto-Lei nº 7.661,
do vencimento (art. 390). 1945)

Art. 833 - Incumbe ao Curador fiscal Art. 839 - O Curador fiscal e os


requerer ao Juiz comissário que autorize depositários perceberão uma comissão,
todas as diligências necessárias a que será arbitrada pelo Tribunal do
benefício da massa: e é obrigado a praticar Comércio, em relação à importância da
todos os atos necessários para massa, e à diligência, trabalho e
conservação dos direitos e ações dos responsabilidade de uns e outros. (Vide
credores, e especialmente os prevenidos Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
nas disposições dos artigos 277 e 387,
requerendo para esse fim a imediata Art. 840 - O Tribunal, sobre proposta
abertura e rompimento dos selos nos livros do Juiz comissário, e com audiência do
e papéis do falido. (Vide Decreto-Lei nº Curador fiscal, arbitrará a gratificação que
7.661, 1945) deve ser paga aos guarda-livros e caixeiros
que for necessário empregar na
Havendo despesas que fazer, serão escrituração da falência e mais negócios e
pagas pelo depositário, precedendo dependências correlativas, com atenção ao
autorização do mesmo Juiz (art. 876 n. 2). seu trabalho e à importância da
massa. (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
Art. 834 - O Curador fiscal é obrigado a
diligenciar o aceite e pagamento de letras e Art. 841 - Fica entendido que todas as
de todas as dividas ativas do falido, despesas e custas, que se fizerem nas
passando as competentes quitações, que diligências a que se proceder relativas à
serão por ele assinadas e pelo depositário, quebra com a devida autorização, devem
e referendadas pelo Juiz comissário. (Vide ser pagas pela massa dos bens do falido
Decreto-Lei nº 7.661, 1945) (art. 876 n. 2). (Vide Decreto-Lei nº 7.661,
1945)
Art. 835 - As dividas ativas exigíveis
em diversos domicílios podem validamente TÍTULO II
cobrar-se por mandatários
competentemente autorizados pelo Da reunião dos credores e da concordata
sobredito Juiz. (Vide Decreto-Lei nº 7.661,
1945)
Art. 842 - Ultimada a instrução do
processo da quebra, o Juiz comissário,
Art. 836 - As somas provenientes de dentro de oito dias, fará chamar os
venda de efeitos ou cobranças, abatidas as credores do falido para em dia e hora certa,
despesas e custas, serão lançadas em e na sua presença se reunirem, a fim de se
caixa de duas chaves, das quais terá o verificarem os créditos, se deliberar sobre a
concordata, quando o falido a proponha, ou apresentados, se a reunião os não der logo
se formar o contrato de união, e se por verificados.(Vide Decreto-Lei nº 7.661,
proceder à nomeação de 1945)
administradores.(Vide Decreto-Lei nº 7.661,
1945) Esta Comissão será composta de três
dos credores; e examinando os livros e
O chamamento a respeito dos credores papéis do falido no escritório onde se
conhecidos será por carta do escrivão, e acharem, é obrigada a apresentar o seu
aos não conhecidos por editais e anúncios parecer em outra reunião, que não poderá
nos periódicos: e nas mesmas cartas, espaçar-se a mais de oito dias da data da
editais e anúncios se advertirá, que primeira.
nenhum credor será admitido por
procurador, se este não tiver poderes Os créditos dos membros da
especiais para o ato (art. 145), e que a Comissão, serão verificados pelo Curador
procuração não pode ser dada a pessoa fiscal.
que seja devedora ao falido, nem um
mesmo procurador representar por dois
Art. 846 - Na segunda reunião dos
diversos credores (art. 822).
credores, apresentados os pareceres da
Comissão e Curador fiscal, e não se
Art. 843 - O Curador fiscal, os oferecendo duvida sobre a admissão dos
administradores, e todos os credores créditos constantes da lista, e havidos por
presentes por si ou por seus procuradores verificados para o fim tão somente de
assinarão termo no processo da quebra, de habilitar o credor para poder votar e ser
que se dão por intimados de todos os votado, o Juiz comissário proporá à
despachos do Tribunal do Comércio, que deliberação da reunião o projeto de
no mesmo forem proferidos em sessão concordata, se o falido o tiver
pública, e das decisões do Juiz comissário, apresentado. (Vide Decreto-Lei nº 7.661,
que estiverem patentes em mão do 1945)
escrivão do processo. (Vide Decreto-Lei nº
7.661, 1945)
Porém se houver contestação sobre
algum crédito, e não podendo o Juiz
Art. 844 - Os credores que não comissário conciliar as partes, se louvarão
comparecerem a alguma reunião para que estas no mesmo ato em dois Juizes
tenham sido competentemente árbitros; os quais remeterão ao mesmo Juiz
convocados, entende-se que aderem às o seu parecer, dentro de cinco dias. Se os
resoluções que tomar a maioria de votos dois árbitros se não conformarem, o Juiz
dos credores que comparecerão; contanto comissário dará vencimento com o seu
que, para a concessão ou negação da voto àquela parte que lhe parecer, para o
concordata, se ache presente o número fim sobredito somente, e desta decisão
dos credores exigidos no artigo 848. (Vide arbitral não haverá recurso algum.
Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
Art. 847 - Lida em nova reunião a
Art. 845 - Reunidos os credores sob a sentença arbitral, se passará seguidamente
presidência do Juiz comissário, e presentes a deliberar sobre a concordata, ou sobre o
o Curador fiscal, e o falido por si ou por seu contrato de união (art. 755). (Vide Decreto-
procurador, ou à sua revelia (art. 822), o Lei nº 7.661, 1945)
mesmo Juiz fará um relatório exato do
estado da falência e de suas Se ainda nesta reunião se
circunstâncias, segundo constar do
apresentarem novos credores, poderão ser
processo: e apresentada em seguimento a
admitidos sem prejuízo dos já inscritos e
lista dos credores conhecidos, que estará
reconhecidos: mas se não forem admitidos
de antemão preparada pelo Curador fiscal,
não poderão tomar parte nas deliberações
e na qual se acharão inscritos os que se da reunião; o que todavia não prejudicará
houverem apresentado, com os seus aos direitos que lhes possam competir,
nomes, domicílios, importância e natureza
sendo depois reconhecidos (art. 888).
de seus respectivos créditos (art. 873),
assentando-se em continuação os credores
que neste ato de novo se apresentarem, o Para ser válida a concordata exige-se
referido Juiz proporá a nomeação de uma que seja concedida por um número tal de
Comissão que haja de verificar os créditos credores que represente pelo menos a
maioria destes em número, e dois terços no credores que se opuserem à homologação,
valor de todos os créditos sujeitos aos haverá recurso de apelação para a Relação
efeitos da concordata. do distrito, no efeito devolutivo somente.

Art. 848 - Não é licito tratar-se da Os prazos assinados neste artigo e nos
concordata antes de se acharem satisfeitas antecedentes são improrrogáveis.
todas as formalidades prescritas neste
Título e no antecedente: e se for concedida Art. 852 - A concordata é obrigatória
com preterição de alguma das duas extensivamente para com todos os
disposições, a todo o tempo poderá ser credores, salvos unicamente os do domínio
anulada.(Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945) (art. 874), os privilegiados (art. 876) e os
hipotecários (art. 879). (Vide Decreto-Lei nº
Não pode dar-se concordata no caso 7.661, 1945)
em que o falido for julgado com culpa ou
fraudulento, e quando anteriormente tenha Art. 853 - Os credores do domínio, os
sido concedida, será revogada. privilegiados e hipotecários, não podem
tomar parte nas deliberações relativas à
Art. 849 - A concordata pode ser concordata; pena de ficarem sujeitos a
reincidida pelas mesma causas por que todas as decisões que a respeito da
tem lugar a revogação da moratória; mesma se tomarem. (Vide Decreto-Lei nº
procedendo-se em tais casos, e nos de ser 7.661, 1945)
anulados, pela forma determinada no artigo
902. (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945) Art. 854 - Intimada a concordata ao
Curador fiscal, e ao depositário ou
Art. 850 - A concordata deve ser depositários, estes são obrigados a
negada ou outorgada, e assinada na entregar ao devedor todos os bens que se
mesma reunião em que for proposta. Se acharem em seu poder, e aquele a prestar
não houver dissidentes, o Juiz comissário a contas da sua administração perante o Juiz
homologará imediatamente: mas havendo- comissário; ao qual incumbe resolver
os assinará a todos os dissidentes quaisquer duvidas que hajam de suscitar-
coletivamente oito dias para dentro deles se sobre a entrega dos bens, ou a
apresentarem os seus embargos; dos quais prestação de contas; podendo referi-las à
mandará dar vista ao Curador fiscal e ao decisão de árbitros, quando as partes
falido, que serão obrigados a contestá-los assim o requeiram. (Vide Decreto-Lei nº
dentro de cinco dias. Os embargos com a 7.661, 1945)
contestação serão pelo Juiz comissário
remetidos ao Tribunal do Comércio TÍTULO III
competente, no prefixo termo de três dias
depois de apresentada a
Do contrato de união, dos administradores,
contestação. (Vide Decreto-Lei nº 7.661,
da liquidação e dividendos
1945)
Capítulo I
Art. 851 - Apresentados e vistos os
embargos, proferirá o Tribunal a sua
sentença, rejeitando-os, ou recebendo-os e Do contrato de união
julgando-os logo provados. Todavia, se ao
Tribunal parecer que a matéria dos Art. 855 - Não havendo concordata, se
embargos é relevante mas que não está passará a formar o contrato de união entre
suficientemente provada, poderá assinar os credores na mesma reunião, se o falido
dez dias para a prova; e findo este prazo, não tiver apresentado o seu projeto (art.
sem mais audiência que a do Fiscal, os 846), ou em outra, quando o tenha
julgará a final. (Vide Decreto-Lei nº 7.661, apresentado, que o Juiz comissário
1945) convocará até oito dias depois que a
sentença do Tribunal que a houver negado
Da decisão do Juiz comissário que lhe for remetida. (Vide Decreto-Lei nº
homologar a concordata, não haverá 7.661, 1945)
recurso senão o de embargos processados
na forma sobredita: da sentença porém do Art. 856 - Em virtude do contrato de
Tribunal que desprezar os embargos dos união, os credores presentes nomearão de
entre si um, dois ou mais administradores proporção que os forem conferindo com os
para administrarem a casa falida, livros e mais papéis do falido, porão em
concedendo-lhes plenos poderes para cada um a seguinte nota – Admitido ao
liquidar, arrecadar, pagar, demandar ativa e passivo da falência de F. por tal quantia: -
passivamente, e praticar todos e quaisquer ou – Não admitido por tais e tais
atos que necessários sejam a bem da razões, segundo entenderem e acharem
massa, em Juízo e fora dele. (Vide justo: esta nota será datada, e assinada
Decreto-Lei nº 7.661, 1945) pelos ditos administradores. (Vide Decreto-
Lei nº 7.661, 1945)
A nomeação recairá com preferência
em pessoa que seja credor comerciante, e Art. 860 - Oferecendo-se contestação
cuja divida se ache verificada; e será sobre a validade de algum crédito, ou sobre
vencida pela maioria de votos dos credores sua classificação (art. 873), o Juiz
presentes, correndo-se segundo escrutínio, comissário ordenará, que as partes
no caso de se não obter sobre os mais deduzam perante ele o seu direito, breve e
votados em número duplo dos sumariamente, no peremptório termo de
administradores que se pretenderem cinco dias; findos os quais devolverá o
nomear; e se neste igualmente se não processo ao Tribunal do Comércio: e este,
obtiver maioria, recairá a nomeação nos achado que a causa pode ser decidida pela
mais votados, decidindo a sorte em caso verdade sabida, constante das alegações e
de igualdade de votos. provas, a julgará definitivamente; dando
apelação, se for requerida, para a Relação
Nomeando-se mais de um do distrito, ou remeterá as partes para os
administrador, obrarão coletivamente, e à meios ordinários, quando seja necessária
sua responsabilidade é solidária. mais alta indagação. (Vide Decreto-Lei nº
7.661, 1945)
Art. 857 - O administrador que intentar
ação contra a massa, ou fizer oposição em No segundo caso, e sempre que no
Juízo às deliberações tomadas na reunião primeiro se interpuser recurso, poderá o
dos credores, ficará por esse fato Tribunal ordenar que os portadores dos
inabilitado para continuar na administração, créditos contestados sejam
e se procederá a nova nomeação. (Vide provisionalmente contemplados, como
Decreto-Lei nº 7.661, 1945) credores simples ou chirografários, nos
dividendos da massa, pela quantia que ele
julgar conveniente fixar (art. 888). (Vide
Art. 858 - É permitido aos credores
Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
requerer diretamente ao Tribunal do
Comércio a destituição dos
administradores, sem necessidade de As custas do processo, quando a
alegarem causa justificada, com tanto que oposição for feita por parte dos
a petição seja assinada pela maioria dos administradores e eles decaírem, serão
credores em quantidade de dividas. Dando- pagas pela massa, mas sendo feito por
se causa justificada, a destituição pode ter terceiro, serão pagas por este.
lugar a requerimento assinado por qualquer
credor, e até mesmo ex-ofício. (Vide Art. 861 - Constando pelos livros e
Decreto-Lei nº 7.661, 1945) assentos do falido, ou por algum
documento atendivel, que existem credores
Capítulo II ausentes, o Tribunal do Comércio decidirá,
sobre representação dos administradores e
informação do Juiz comissário, se devem
Dos administradores, da liquidação e
ser provisionalmente contemplados nas
dividendos
repartições da massa, e por que quantia
(art. 886). (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
Art. 859 - Os administradores, logo que
entrarem no exercício das suas funções,
Art. 862 - Os administradores da
examinarão o balanço que houver sido
quebra, sem necessidade de outro algum
apresentado pelo falido ou pelo Curador
título mais que a ata do contrato da união,
fiscal (art. 817), e farão outro parecendo-
e independente da audiência do falido,
lhes que não está exato. Reverão outrosim
a relação dos credores, cujos títulos lhe procederão à venda de todos os seus bens,
efeitos e mercadorias, qualquer que seja a
serão entregues no prazo de oito dias; e à
sua espécie, e a liquidação das suas acabarão logo que as tenham
dividas ativas e passivas. A venda será prestado. (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
feita em leilão público, precedendo
autorização do Juiz comissário, e com as Art. 869 - Se acontecer que, pagos
solenidades da Lei. (Vide Decreto-Lei nº integralmente todos os credores, fiquem
7.661, 1945) sobras, serão estas restituídas ao falido, ou
aos seus herdeiros e sucessores: e quando
Art. 863 - Nem o Juiz comissário e seu estes não apareçam, sendo chamados por
escrivão, nem os administradores e o editais e anúncios repetidos três vezes nos
Curador fiscal poderão comprar para si ou periódicos com intervalo de três dias, serão
para outrem bens alguns da massa; pena metidas em depósito público, por conta de
de perdimento da coisa e do preço a quem pertencer. (Vide Decreto-Lei nº
benefício do acervo comum. (Vide Decreto- 7.661, 1945)
Lei nº 7.661, 1945)
Art. 870 - Se os bens não chegarem
Art. 864 - É permitido aos para integral pagamento dos credores, na
administradores vender as dividas ativas da mesma reunião de que trata o artigo 868,
massa que forem de difícil liquidação ou proporá o Juiz comissário, se deve ou não
cobrança, e entrar a respeito delas em dar-se quitação plena ao falido. Se dois
qualquer transação ou convênio que lhes terços dos credores em número, que
pareça útil para o fim de apressar-se a representem dois terços das dividas dos
liquidação, com tanto porém que preceda créditos por solver, concordarem em a dar,
assentimento dos credores, e autorização a quitação é obrigatória mesmo a respeito
do Juiz comissário. (Vide Decreto-Lei nº dos credores dissidentes; e o falido ficará
7.661, 1945) por este ato desobrigado de qualquer
responsabilidade para o futuro.(Vide
Art. 865 - Os administradores poderão Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
chamar para o serviço da administração da
massa os guarda-livros, caixeiros e mais Art. 871 - Torna-se porém de nenhum
empregados que possam ser necessários efeito a quitação, se, dentro de três anos
(art. 840). (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945) imediatamente seguintes, se provar que o
falido fizera algum ajuste ou trato oculto
Art. 866 - Todas as quantias recebidas com algum credor para o induzir a assinar
serão arrecadadas em caixa de duas a quitação com promessa ou prestação real
chaves, uma das quais se conservará de algum valor. E neste caso, tanto o falido
sempre no poder do Juiz comissário e outra como a pessoa ou pessoas com quem ele
na mão de um dos administradores; salvo o se conluiasse, poderão ser processados
caso em que os credores se acordarem em criminalmente como incursos em
serem depositadas em algum Banco estelionato. (Vide Decreto-Lei nº 7.661,
comercial ou depósito público. (Vide 1945)
Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
Art. 872 - Os bens que o falido possa
Art. 867 - Os administradores vir a adquirir de futuro quando os credores
apresentarão ao Juiz comissário de mês lhe não passem quitação, ficam sujeitos às
em mês uma conta exata do estado da dividas contraídas anteriormente ao seu
falência e das quantias em caixa; e o Juiz falimento. (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
mandará proceder à repartição ou
dividendo toda vez que o rateio possa TÍTULO IV
chegar a cinco por cento. As quantias
pagas serão notadas nos respectivos Das diversas especiais de créditos e suas
créditos ou títulos, e lançadas em uma graduações
folha que os credores assinarão. O saldo a
favor da massa determinará o ultimo Art. 873 - Os credores do falido serão
rateio. (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
descritos em quatro relações distintas,
segundo a natureza dos seus títulos: na
Art. 868 - Ultimada a liquidação, o Juiz primeira serão lançados os credores de
comissário convocará os credores para que domínio: na segunda os credores
reunidos assistam à prestação das contas privilegiados: na terceira os credores com
dos administradores, cujas funções hipoteca: e na quarta os credores simples
ou chirografários. (Vide Decreto-Lei nº créditos do domínio; desta natureza são
7.661, 1945) também as somas entregues a banqueiros
para serem retiradas à vontade, vençam ou
Art. 874 - Pertencem à classe de não juros. (Vide Decreto-Lei nº 7.661,
credores do domínio: (Vide Decreto-Lei nº 1945)
7.661, 1945)
Art. 876 - São credores privilegiados
1 - Os credores de bens que o falido aqueles cujos créditos procederem de
possuir por título de depósito, penhor, alguma das causas seguintes:
administração, arrendamento, aluguel,
comodato, ou usufruto; 1 - Despesas funerárias feitas sem luxo
e com relação à qualidade social do falido,
2 - Os credores de mercadorias em e aquelas a que dera lugar a doença de
comissão de compra ou venda, trânsito ou que falecera; (Vide Decreto-Lei nº 7.661,
entrega; 1945)

3 - Os credores de letras de câmbio, ou 2 - Despesas e custas da


outros quaisquer títulos comerciais administração da casa falida, tendo sido
endossados sem transferência da feitas com a devida autorização (arts. 833 e
propriedade (art. 361 n. 3); 841);

4 - Os credores de remessas feitas ao 3 - Salários ou soldadas de feitores,


falido para um fim determinado; guarda-livros, caixeiros, agentes e
domésticos do falido, vencidas no ano
5 - O filho famílias, pelos bens imediatamente anterior à data da
declaração da quebra (art. 806);
castrenses e adventícios, o herdeiro e o
legatário pelos bens da herança ou legado,
e o tutelado pelos bens da tutoria ou 4 - Soldadas das gentes de mar que
curadoria; não estiverem prescritas (art. 449 n. 4);

6 - A mulher casada: I. pelos bens 5 - Hipoteca tácita especial;


dotais, e pelos parafernais que possuísse
antes do consórcio, se os respetivos títulos 6 - Hipoteca tácita geral.
se acharem lançados no Registro do
Comércio dentro de quinze dias Art. 877 - Tem o credor hipoteca tácita
subsequentes à celebração do matrimônio especial: (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
(art. 31): II. pelos bens adquiridos na
constância do consórcio por título de
1 - Nos móveis que se acharem dentro
doação, herança ou legado com a cláusula da casa, para pagamento dos alugueis
de não entrarem na comunhão, uma vez
vencidos, e nos frutos pendentes, a
que se prove por documento competente
respeito da renda ou foro dos prédios
que tais bens entrarão efetivamente no
rústicos;
poder do marido, e os respectivos títulos e
documentos tenham sido inscritos no
Registro do Comércio dentro de quinze 2 - Nas benfeitorias ou no seu valor,
dias subsequentes ao do recebimento (art. pelos materiais e jornais dos operários
31); empregados nas mesmas benfeitorias;

7 - O dono da coisa furtada existente 3 - O credor pignoratício, na coisa


em espécie; dada em penhor;

8 - O vendedor antes da entrega da 4 - Na coisa salvada, o que a salvou


coisa vendida, se a venda não for a crédito pelas despesas com que a fez salva (art.
(art. 198). 738);

Art. 875 - O depósito de gênero sem 5 - Na embarcação e fretes da ultima


designação da espécie, e o dinheiro que viagem a tripulação do navio (art. 564);
vencer juros, não entram na classe de
6 - No navio, os que concorreram com falta da espécie será pago o seu
dinheiro para a sua compra, concerto, valor. (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
aprestos ou provisões (art. 475);
Art. 882 - Os privilegiados enumerados
7 - Nas fazendas carregadas, o aluguel no artigo 876 em 1., 2., 3., e 4. lugar serão
ou frete, as despesas e avaria grossa (arts. pagos pela massa, os da 5. espécie só
117, 626 e 627); podem ser pagos pelo produto dos bens
em que tiverem hipoteca tácita especial, e
8 - No objeto sobre que recai o até onde esta chegar somente, os da 6.
empréstimo marítimo, o dador do dinheiro a espécie serão embolsados pela massa
risco (arts. 633 e 662); depois de pagos os privilegiados, que os
preferirem; procedendo-se a rateio entre os
últimos, dada a igualdade de direitos, e não
9 - Nos mais casos compreendidos em
havendo bens que bastem. (Vide Decreto-
diversas disposições deste Código (arts.
108,156, 189, 537, 565 e632). Lei nº 7.661, 1945)

Art. 883 - Os administradores podem


Art. 878 - Tem hipoteca tácita geral em
remir os penhores a beneficio da massa; e
todos os bens do falido:
não sendo possível remirem-se, o Juiz
comissário fará citar os credores
1 - O credor por alcance de contas de pignoratícios para os trazerem a leilão. A
curadoria ou tutoria que o falido tivesse sobra, havendo-a, entrará na massa; mas
exercido; se pelo contrário não bastar o seu produto,
a diferença entrará em rateio entre os
2 - O credor por herança ou legado; credores pignoratícios e chirografário. (Vide
Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
3 - O credor que presta alimentos ao
falido e sua família, ou de ordem do falido, Art. 884 - Concorrendo dois ou mais
nos seis meses anteriores à quebra (art. credores com hipoteca especial sobre a
806). mesma coisa, preferem entre si pela ordem
seguinte: (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
Art. 879 - São credores hipotecários
aqueles que tem os seus créditos 1 - O que a hipoteca especial reunir o
garantidos por hipoteca especial (art. privilégio de hipoteca tácita especial ou
806). (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945) geral por algum dos títulos especificados
no artigo 877.
Todos os mais são credores simples
ou chirografários. 2 - O que for mais antigo na prioridade
do registro da hipoteca.
TÍTULO V
Art. 885 - Aparecendo duas hipotecas
Das preferenciais e distribuições registradas na mesma data, prevalecerá
aquela que tiver declarada no instrumento
Art. 880 - Os credores preferem uns a hora em que a escritura se lavrou. Se
aos outros pela ordem em que ficam ambas houverem sido apresentadas para o
classificados, e na mesma classe preferem registro simultaneamente, os portadores
pela ordem da sua enumeração. (Vide dos instrumentos entrarão em rateio entre
Decreto-Lei nº 7.661, 1945) si. (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945)

Art. 881 - Não se oferecendo duvida Art. 886 - Os credores hipotecários a


sobre os credores de domínio (art. 874), respeito dos quais se não der contestação,
nem sobre os privilegiados (art. 876), o Juiz ou que tenham obtido sentença, serão
comissário poderá mandar entregar logo a embolsados pelo produto da venda dos
coisa aos primeiros, e aos segundos a bens hipotecados: a sobra, havendo-a,
importância reclamada. entra na massa; e pela falta ou diferença
A coisa será entregue na mesma espécie concorrem em rateio com os credores
em que houver sido recebida, ou naquela chirografários. (Vide Decreto-Lei nº 7.661,
em que existir tendo sido sub-rogada: na 1945)
Art. 887 - Quando acontecer que o Art. 893 - O falido que tiver obtido
credor hipotecário nada receba dos bens quitação plena de seus credores pode pedir
hipotecados por serem absorvido por outro a sua reabilitação perante o Tribunal do
que deva preferir na mesma hipoteca, Comércio que declarou a quebra. (Vide
entrará no rateio como credor Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
chirografário. (Vide Decreto-Lei nº 7.661,
1945) Art. 894 - A petição deve ser instruída
com a quitação dos credores, e certidão do
Art. 888 - Se antes de liquidado cumprimento da pena, no caso de lhe ter
definitivamente o direito de preferência de sido imposta. Se a quebra com tudo houver
algum credor privilegiado ou hipotecário se sido julgada com culpa, está no arbítrio do
proceder a algum rateio, será contemplado Tribunal, procedendo às averiguações que
na qualidade de credor chirografário; e a julgar convenientes, conceder ou negar a
quota que lhe pertencer, ficará em reserva reabilitação. (Vide Decreto-Lei nº 7.661,
na caixa, para ter o destino que pela 1945)
decisão final do processo deva dar-se-lhe.
O mesmo se praticará a respeito de outro Art. 895 - O falido de quebra
qualquer credor mandado contemplar fraudulenta, não pode nunca ser
provisionalmente nos rateios ou repartições reabilitado. (Vide Decreto-Lei nº 7.661,
(art. 860 e 861). (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
1945)
Art. 896 - Da sentença de concessão
Art. 889 - Os credores que tiverem ou denegação de reabilitação não há
garantias por fianças, serão contemplados recurso. Todavia poderá reformar-se a
na massa geral dos credores sentença que a houver negado, no fim de
chirografários, deduzindo-se as quantias seis meses, apresentado a parte novos
que tiverem recebido do fiador; e este será documentos que abonem a sua
considerado na massa por tudo quanto regularidade de conduta.
tiver pago em descarga do falido (art.
260). (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
Art. 897 - Reabilitado o falido por
sentença do Tribunal competente, cessam
Art. 890 - Os credores da quarta classe todas as interdições legais produzidas por
tem todos direitos iguais para serem pagos efeito da declaração da quebra. (Vide
em rateio pelos remanescentes que ficarem Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
depois de satisfeitos os credores das
outras classes. (Vide Decreto-Lei nº 7.661,
TÍTULO VII
1945)
Das moratórias
Art. 891 - Nenhum credor chirografário
que se apresentar habilitado com sentença
simplesmente de preceito obtida Art. 898 - Só pode obter moratória o
anteriormente à declaração da quebra, tem comerciante que provar, que a sua
direito para ser contemplado nos impossibilidade de satisfazer de pronto as
rateios. (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945) obrigações contraídas procede de
acidentes extraordinários imprevistos, ou
de força maior (art. 799), e que ao mesmo
Art. 892 - O credor portador de título tempo verificar por um balanço exato e
garantido solidariamente pelo falido e documentado, que tem fundos bastantes
outros coobrigados também falidos, será
para pagar integralmente a todos os seus
admitido a representar em todas as massas
credores, mediante alguma espera. (Vide
pelo valor nominal do seu crédito; e
Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
participará das repartições que nelas se
fizerem até seu inteiro pagamento (art.
391). (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945) Art. 899 - O Tribunal do Comércio do
distrito do impetrante, quando o
requerimento se ache nos casos previstos
TÍTULO VI
no artigo antecedente, poderá expedir
imediatamente uma ordem para sustar
Da reabilitação dos falidos todos os procedimentos executivos
pendentes, ou que de futuro contra ele se
intentem, até que definitivamente se
determine a moratória. E quer esta ordem se provar, ou que o impetrante procede de
se expeça quer não, o Tribunal nomeará má fé e em prejuízo dos credores, ou que o
logo dois dos credores do impetrante, que estado dos seus negócios se acha de tal
lhe pareçam mais idôneos, para verificarem sorte deteriorado, mesmo sem culpa sua,
a exatidão do balanço apresentado à vista que o ativo não bastará para solver
dos livros e papéis, que o mesmo integralmente as dividas passivas.
impetrante deve facultar-lhes no seu Nestes casos o Tribunal, revogada a
escritório; e com a nomeação mandará ao moratória, procederá imediatamente a
Juiz de Direito do Comércio a que declarar a falência, continuando nos mais
pertencer, que chame à sua presença, em atos ulteriores e conseqüentes. (Vide
dia certo e improrrogável, a todos os seus Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
credores que existirem no distrito de sua
jurisdição para responderem à moratória; Art. 903 - O efeito da moratória é
devendo o chamamento fazer-se por cartas suspender toda e qualquer execução, e
do escrivão, e por editais ou anúncios nos sustar a obrigação do pagamento das
periódicos. (Vide Decreto-Lei nº 7.661, dividas puramente pessoais do indiciado:
1945) mas a moratória não suspende o
andamento ordinário dos litígios intentados
Art. 900 - Reunidos os credores no dia ou que de novo se intentem; salvo quanto à
assinado, que não será nem menos de dez sua execução. (Vide Decreto-Lei nº 7.661,
nem mais de vinte do em que a ordem do 1945)
Tribunal tiver sido apresentada ao Juiz, e
lida a informação dos credores sindicantes, A maioria não compreende as ações
que lha deverão remeter com antecipação, ou execuções intentadas antes ou depois
serão os mesmos credores e o impetrante da sua concessão, que procederem de
ouvidos verbalmente por si ou seus créditos do domínio, privilegiados ou
procuradores: e reduzidas a termo a hipotecários; nem aproveita aos
contestação e a resposta, tudo em ato coobrigados ou fiadores do devedor.
sucessivo, o Juiz devolverá todos os papéis
com o seu parecer ao Tribunal. (Vide
Art. 904 - O devedor que obtiver
Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
moratória não pode atear, nem gravar de
maneira alguma seus bens de raiz, móveis
O Tribunal, ouvido o Fiscal, concederá ou semoventes, sem assistência ou
ou negará a moratória como julgar autorização dos credores fiscais. A
acertado; podendo, antes da decisão final, contravenção a este preceito, não só anula
mandar proceder a qualquer exame ou o ato, mas pode determinar a revogação da
diligência que entender necessária para moratória, se assim parecer ao Tribunal à
mais cabal conhecimento do verdadeiro vista da gravidade do caso. (Vide Decreto-
estado do negócio; sendo necessário para Lei nº 7.661, 1945)
a concessão que nela convenha a maioria
dos credores em número, e que ao mesmo
Art. 905 - A moratória em que deixar
tempo represente dois terços da totalidade
de cumprir-se alguma das formalidades
das dividas dos credores sujeitos aos prescritas neste Código, a todo o tempo
efeitos da moratória. pode ser anulada. (Vide Decreto-Lei nº
7.661, 1945)
Art. 901 - Não pode em caso algum
conceder-se moratória por maior espaço
Art. 906 - Da sentença do Tribunal do
que o de três anos. (Vide Decreto-Lei nº Comércio que negar moratória, só há
7.661, 1945) recurso de embargos, pela forma
determinada no artigo 851: haverá porém o
O espaço conta-se do dia da de apelação para a Relação do distrito nos
concessão da moratória. casos de concessão, no efeito devolutivo
somente. (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945)
Art. 902 - Concedida a moratória, o
Tribunal nomeará dois dos credores do TÍTULO VIII
indiciado para que fiscalizem a sua conduta
durante a mesma moratória: e esta será
DISPOSIÇÕES GERAIS
revogada a requerimento dos Fiscais, ou
ainda de algum outro credor, sempre que
Art. 907 - Das decisões do Juiz DA ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA NOS
comissário, haverá recurso de agravo para NEGÓCIOS E CAUSAS COMERCIAIS
o Tribunal do Comércio, devendo ser
interposto no peremptório termo de cinco CAPÍTULO I
dias, e decidido no primeiro dia de Sessão
do mesmo Tribunal depois da sua DOS TRIBUNAIS E JUÍZO COMERCIAIS
interposição. (Vide Decreto-Lei nº 7.661,
1945)
SEÇÃO I
Art. 908 - As disposições deste Código
relativamente às falências ou quebras, são DOS TRIBUNAIS DO COMÉRCIO
aplicáveis somente ao devedor que for
comerciante matriculado. (Vide Decreto-Lei Art. 1º - Haverá Tribunais do Comércio
nº 7.661, 1945) na Capital do Império, nas Capitais das
Províncias da Bahia e de Pernambuco, e
Art. 909 - Todavia na arrecadação, nas Províncias onde para o futuro se
administração e distribuição dos bens dos criarem, tendo cada um por distrito o da
negociantes que não forem matriculados, respectiva Província.
nos casos de falência, se guardará no
Juízo ordinário quanto se acha Nas Províncias onda não houver
determinado pelo presente Código para as Tribunal do Comércio, as suas atribuições
quebras dos comerciantes matriculados, na serão exercidas pelas relações; e, na falta
parte que for aplicável. (Vide Decreto-Lei nº destas, na parte administrativa, pelas
7.661, 1945) Autoridades Administrativas, e na parte
judiciária, pelas Autoridades Judiciárias que
Art. 910 - Os direitos e o Governo designar (art. 27).
responsabilidades civis dos credores
falidos passam para seus herdeiros e Art. 2º - O Tribunal do Comércio da
sucessores até onde chegarem os bens Capital do Império será composto de um
daqueles, e não mais. (Vide Decreto-Lei nº Presidente letrado, seis Deputados
7.661, 1945) comerciantes, servindo um de Secretário, e
três Suplentes também comerciantes; e
Art. 911 - Os menores herdeiros dos terá por adjunto um Fiscal, que será
falidos, sendo legalmente representados sempre um Desembargador com exercício
por seus tutores ou curadores, não gozam efetivo na Relação Rio de Janeiro.
de privilégio algum nos casos de quebra, e
a respeito deles tem aplicação o disposto Os tribunais das Províncias serão
no artigo 353. (Vide Decreto-Lei nº 7.661, compostos de um Presidente letrado,
1945) quatro Deputados comerciantes, servindo
um de Secretário, e dois Suplentes também
Art. 912 - O presente Código só comerciantes; e terão por adjunto um
principiará a obrigar e ter execução seis Fiscal, que será sempre um
meses depois da data da sua publicação Desembargador com exercício efetivo na
na Corte. (Vide Decreto-Lei nº 7.661, Relação da respectiva Província.
1945)
Art. 3º - Os Presidentes e os Fiscais
Art. 913 - A contar da referida época são da nomeação do Imperador, podendo
em diante, ficam derrogadas todas as Leis ser removidos sempre que o bem do
e disposições de direito relativas a matérias serviço o exigir.
de comércio, e todas as mais que se
opuserem às disposições do presente Os Deputados e os Suplentes serão
Código. (Vide Decreto-Lei nº 7.661, 1945) eleitos por eleitores comerciantes.

TÍTULO ÚNICO Art. 4º - Os Deputados comerciantes e


os Suplentes servirão por quatro anos,
(Vide Decreto-lei n° 1.608, de 1939) renovando-se aqueles por metade de dois
e (Vide Lei n° 5.869, de 11.1.1973) em dois anos.
Na primeira renovação recairá a Art. 9º - Ao Tribunal do Comércio da
exclusão nos menos votados; decidindo a Capital do Império é especialmente
sorte em igualdade de votos. encarregada a estatística anual do
comércio, agricultura, industria e
Nos casos de vaga do lugar de navegação do Império; e para a sua
Deputado ou Suplente comerciante, organização se entenderá com os Tribunais
proceder-se-á a nova eleição; mas o novo das Províncias, e ainda com outras
eleito servirá somente pelo tempo que Autoridades que serão obrigadas a cumprir
faltava ao substituto. as suas requisições.

Art. 5º - Nenhum comerciante poderá Art. 10 - Os negócios de mero


eximir-se do serviço de Deputado ou expediente, poderão ser despachados por
Suplente dos Tribunais do Comércio; três Membros do Tribunal, sendo um deles
exceto nos casos de idade avançada, ou o Presidente. Todos os outros o serão por
moléstia grave e continuada que metade e mais um dos Membros que o
absolutamente o impossibilite. Os que sem compuserem, compreendido o Presidente.
justa causa não aceitarem a nomeação, Excetuam-se unicamente os casos de que
nunca mais poderão ter voto ativo nem tratam os artigos 806, 820 e 894 do Código
passivo nas eleições comerciais. Comercial, para a decisão dos quais é
indispensável que o Tribunal se ache
Não é porém obrigatória a aceitação completo. Em todos os casos a maioria
antes de passados quatro anos de intervalo absoluta dos votos determina o
vencimento.
entre o serviço da antecedente e nova
nomeação.
Art. 11 - Haverá nas Secretarias dos
Art. 6º - Não poderão conjuntamente Tribunais do Comércio um Registro Público
no mesmo Tribunal os parentes dentro do do Comércio, no qual, em livros
competentes, rubricados pelo Presidente
segundo grau de afinidade em quanto durar
do Tribunal, se inscreverá a matricula dos
o cunhado, ou do quarto de
comerciantes (Cód. Comercial art. 4), e
consangüinidade, nem também dois ou
todos os papéis, que segundo as
mais Deputados comerciantes que tenham
sociedade entre si. disposições do Código Comercial, nele
devam ser registrados (Cód. Comercial art.
10 n.º 2).
Art. 7º - Em cada Tribunal do Comércio
haverá uma Secretaria com um oficial
Art. 12 - Os Presidentes dos Tribunais
maior, e os escriturários e mais
empregados que necessários sejam par o do Comércio das Províncias são obrigados
a formar anualmente relatórios dos
expediente dos negócios.
negócios que perante os mesmos Tribunais
se apresentarem, com as decisões que se
A primeira nomeação do oficial maior, tomarem; e deles remeterão cópia ao
escriturários e mais empregados será feita Presidente do Tribunal da Capital do
pelo Imperador, tendo preferência os que Império, com as observações que julgarem
atualmente servem no Tribunal da Junta do convenientes.
Comércio, se tiverem a precisa idoneidade.
As subsequentes nomeações e demissões
Art. 13 - O Presidente do Tribunal do
dos oficiais maiores, escriturários e
porteiros terão lugar por consulta dos Comércio da Capital do Império, formando
respectivos Tribunais; aos quais fica pela sua parte igual relatório, os levará
todos ao conhecimento do Governo,
pertencendo no futuro a livre nomeação e
acompanhados das suas observações,
demissão de todos os mais empregados e
para este providenciar como achar
agentes subalternos.
conveniente na parte que couber nas suas
atribuições, e propor ao Poder Legislativo
Art. 8º - Aos Tribunais do Comércio as disposições que dependerem de
competirá, além das atribuições medidas legislativas.
expressamente declaradas no Código
Comercial, aquela jurisdição voluntária
SEÇÃO II
inerente à natureza da sua instituição, que
for marcada nos Regulamentos do Poder
Executivo (art. 27). Da eleição dos Deputados comerciantes.
Art. 14 - Podem votar e ser votados Art. 18 - Serão reputadas comerciais,
nos Colégios Comerciais, todos os todas as causas que derivarem de direitos
comerciantes (art. 4) estabelecidos no e obrigações sujeitos às disposições do
distrito onde tiver lugar a eleição, que forem Código Comercial, com tanto que uma das
cidadãos brasileiros, e se acharem no livre partes seja comerciante.
exercício dos seus direitos civis e políticos,
ainda que tenham deixado de fazer Art. 19 - Serão também julgadas na
profissão habitual do comércio. conformidade das disposições do Código
Comercial, e pela mesma forma de
Na primeira eleição, não havendo, pelo processo, ainda que não intervenha pessoa
menos, vinte comerciantes matriculados no comerciante:
Tribunal da Junta do Comércio para formar
o Colégio Comercial, serão admitidos a I - As questões entre particulares sobre
votar e ser votados os negociantes que títulos da divida pública, e outros quaisquer
tiverem ou se presumir terem um capital de papéis de crédito do Governo;
quarenta contos.
II - As questões de companhias ou
Ficam porém excluídos de votar e ser sociedades, qualquer que seja a sua
votados aqueles comerciantes, que em natureza ou objeto;
algum tempo foram convencidos de
perjúrio, falsidade ou quebra com culpa ou III - As questões que derivarem de
fraudulenta, posto que tenham cumprido as
contratos de locação compreendidos nas
sentenças que os condenaram, ou se
disposições do Título X do Código
achem reabilitados.
Comercial, com exceção somente das que
forem relativas à locação de prédios
Art. 15 - Nenhum comerciante pode ser rústicos ou urbanos.
Deputado ou Suplente, antes de trinta anos
completos de idade, e sem que tenha pelo
Art. 20 - Serão necessariamente
menos cinco anos de profissão habitual de
decididas por árbitros as questões e
comércio. A nomeação do Presidente não
controvérsias a que o Código Comercial dá
poderá recair em pessoa que tenha menos esta forma de decisão.
da referida idade.
Art. 21 - Todo o Tribunal ou Juiz que
Art. 16 - Os Tribunais do Comércio
conhecer de negócios ou causas do
designarão a época em que deverá ter
comércio, todo o árbitro ou arbitrador,
lugar a reunião do Colégio Eleitoral dos experto ou perito que tiver de decidir sobre
comerciantes; e será este presidido pelo
objetos, atos ou obrigações comerciais, é
Presidente do Tribunal.
obrigado a fazer aplicação da Legislação
comercial aos casos ocorrentes.
A designação do dia da primeira
eleição será feita pelo Ministro do Império CAPÍTULO II
na Corte, e pelos Presidentes nas
Províncias.
Da ordem do Juízo nas causas comerciais.
SEÇÃO III
Art. 22 - Todas as causas comerciais
devem ser processadas, em todos os
Do Juízo Comercial.
Juízos e instancias, breve e sumariamente,
de plano e pela verdade sabida, sem que
Art. 17 - As atribuições conferidas no seja necessário guardar estritamente todas
Código Comercial aos Juizes de Direito do as formas ordinárias, prescritas para os
Comércio serão exercidas pelas Justiças processos civis: sendo unicamente
ordinárias; às quais fica também indispensável que se guardem as formulas
competindo o conhecimento das causas e termos essenciais para que as partes
comerciais em primeira instancia, com possam alegar o seu direito, e produzir as
recurso para as Relações respectivas; com suas provas.
as exceções estabelecidas no Código
Comercial para os casos de quebra.
Art. 23 - Não é necessária a
conciliação nas causas comerciais que
procederem de papéis de crédito respectivos Tribunais, e paga pela caixa
comerciais que se acharem endossados, dos emolumentos.
nas em que as partes não podem transigir,
nem para os atos de declaração de quebra. Art. 29 - O Governo estabelecerá a
tarifa dos emolumentos que devem
Art. 24 - Nas causas comerciais só se perceber os Tribunais do Comércio. Todas
exige que seja pessoal a primeira citação, e as multas decretadas no Código Comercial
a que deve fazer-se no princípio da sem aplicação especial, entrarão para a
execução. caixa dos emolumentos dos respectivos
Tribunais do Comércio.
Art. 25 - Achando-se o réu fora do
lugar onde a obrigação foi contraída, Art. 30 - Fica extinto o Tribunal da
poderá ser citado na pessoa de seus Junta do Comércio. Os Membros do
mandatários, administradores, feitores ou mesmo Tribunal serão aposentados com as
gerentes, nos casos em que a ação derivar honras e prerrogativas de que gozavam, e
de atos praticados pelos mesmos os vencimentos correspondentes ao seu
mandatários, administradores, feitores ou tempo de serviço.
gerentes. O mesmo terá lugar a respeito
das obrigações contraídas pelos capitães Os demais empregados do mesmo
ou mestres de navios, consignatários e Tribunal, que não puderem ser admitidos
sobrecargas, não se achando presente o nas Secretarias dos Tribunais do Comércio,
principal devedor ou obrigado. continuarão a perceber os seus
vencimentos por inteiro, enquanto não
Art. 26 - Não haverá recurso de forem novamente empregados.
apelação nas causas comerciais (art. 18)
cujo valor não exceder de duzentos mil Mandamos portanto a todas as
réis, nem o de revista, se o valor não Autoridades, a quem o conhecimento, e
exceder de dois contos de réis. execução da referida Lei pertencer, que a
cumpram, e façam cumprir, e guardar tão
Art. 27 - O Governo, além dos inteiramente, como nela se contém. O
Regulamentos e Instruções da sua Secretário de Estado dos Negócios da
competência para a boa execução do Justiça e faça imprimir, publicar e correr.
Código Comercial, é autorizado para, em Dada no Palácio do Rio de Janeiro aos
um Regulamento adequado, determinar a vinte e cinco de junho de mil oitocentos e
ordem do Juízo no processo comercial; e cinqüenta, vigésimo nono da
particularmente para a execução do Independência e do Império.
segundo período do artigo 1º e artigo 8º,
tendo em vista as disposições deste Título
e as do Código Comercial: e outro sim para
estabelecer as regras e formalidades que
devem seguir-se nos embargos de bens, e
na detenção pessoal do devedor que deixa
de pagar divida comercial.

Art. 28 - Os lugares de Presidente,


Deputado e Fiscal dos Tribunais do
Comércio, são empregos honoríficos, e os
que os servirem só perceberão, por este
título, os emolumentos que direitamente
lhes pertencerem. Recaindo a nomeação
de Presidente em Desembargador, este
acumulará os dois empregos, mas só
perceberá o seu ordenado se tiver
exercício efetivo na Relação do lugar onde
se achar o Tribunal do Comércio.

Os demais empregados dos mesmos


Tribunais perceberão uma gratificação
arbitrada pelo Governo sobre consulta dos
gerenciadas por terceiros: gerenciamento
financeiro; gerenciamento técnico
(sobressalente, combustível, avarias, etc.);
gerenciamento operacional (rotinas diárias
do navio, pessoal, etc.), e gerenciamento
comercial (emprego do navio, etc.).

Convém, aqui, fazer-se


uma breve diferenciação entre (armador)
proprietário e armador, figuras estas que se
confundem, porém distintas no que diz
respeito à responsabilidade civil. Enquanto
o proprietário é aquele a quem o navio
pertence, por estar registrado em seu nome
Contratos de afretamento e transporte no nos órgãos competentes, o armador (que
Direito Marítimo eventualmente pode ser o mesmo
proprietário) é aquele que arma o navio, ou
seja, apresta o navio colocando todo o
Breve Introdução Histórica necessário para que o navio esteja em
condições de navegabilidade.
A utilização de contrato de
afretamento remonta ao direito bizantino,
considerado o ponto de partida do direito
marítimomedieval, onde "quando um Espécies de Contrato de
homem afreta um navio, o contrato deve Afretamento
ser escrito e assinado pelas partes, o que,
de outra forma será nulo". Nos países que utilizam o
direito civil, como o Brasil, o termo
Dessa forma a "carta afretamento refere-se apenas aos contratos
partita" ou "charta partita" ou "charter para utilização do navio ou dos serviços do
party", era um documento escrito em navio. Já nos países de "commom law"
duplicata, porém em apenas um pedaço de (e.g. Inglaterra) o uso do termo é ambíguo
papel e, posteriormente, cortado (ou e é usado tanto para se referir aos
rasgado) no meio, ficando cada parte contratos de utilização do navio ou dos
contratante com um pedaço do acordo. serviços do navio quanto para os de
Escrito na língua inglesa tem-se notícia de transporte de mercadorias. Abordaremos,
contrato de afretamento por viagem aqui, tais espécies de contratos.
(Voyage charter party) datado de 03 de
julho de 1531, do navio Cheritie. São duas as espécies do
gênero contrato de afretamento: contrato
Em tempos remotos as de afretamento a casco nu; contrato de
companhias de navegação envolviam-se afretamento por tempo.
em todas as operações relacionadas com o
navio, incluindo-se a parte comercial. O
armador-proprietário – pessoa física ou
jurídica – cuidava da armação,
gerenciamento de tripulação, operação - Contrato de Afretamento a
técnica, etc. Em alguns casos ara o próprio Casco Nu (Bareboat ou Demise Charter
armador-proprietário o comandante do Party)
navio.
Contratos de afretamento
Com passar dos tempos a casco nu (bareboat ou demise charter
as companhias de navegação foram parties) são aqueles que se caracterizam
gradualmente modificando essa estrutura pela utilização (arrendamento) do navio,
no sentido de tornarem-se mais ágeis. por um tempo determinado, no qual o
proprietário dispõe de seu navio ao
afretador a casco nu, o qual assume
O armador, enquanto
a posse e o controle do mesmo, mediante
considerado empresário, passou a ter
uma retribuição – hire – pagável em
funções específicas e, em muitos casos,
intervalos determinados durante o período (3) Pelos atos do
do contrato (1). É um contrato de utilização comandante e tripulação: o proprietário do
do navio. navio não é responsável, perante os
embarcadores e /ou consignatários, posto
O navio é tomado em que, são eles prepostos do afretador a
afretamento desprovido do comandante, casco nu;
tripulação, e demais itens inerentes
necessários à navegação. Quer significar (4) Os conhecimentos de
que o comandante e às vezes alguns embarque (Bill of lading) assinados pelo
tripulantes (chefe de máquina, comandante vinculam o afretador a casco
principalmente) poderão ser indicados pelo nu e não o proprietário, e o afretador a
proprietário, porém contratados e casco nu é, para todos os efeitos o
controlados, e por conseqüência transportador das mercadorias;
empregados, do afretador a casco nu.
(5) Nos casos de colisão
Tem-se, pois, as seguintes ou abalroação pelo navio: responderá o
partes na relação contratual: de um lado afretador a casco nu perante terceiros (e da
proprietário do navio - pessoa física ou mesma forma perante o proprietário).
jurídica, em nome de quem a propriedade
da embarcação é inscrita na autoridade
marítima e, quando legalmente exigido, no
Tribunal Marítimo (no caso do Brasil há - Contrato de Afretamento por
necessidade de inscrição no Tribunal Tempo (Time Charter Party)
Marítimo); do outro o afretador a casco nu,
pessoa física ou jurídica que muito embora
não seja o proprietário do navio, arma e Contrato de afretamento
detém o total controle do navio (gestões por tempo (time charter-party) caracteriza-
náutica, de pessoal e comercial) assumindo se pela utilização (arrendamento) do navio,
a posição de armador disponente (ou por um tempo determinado, no qual o
armador pro hac vice – armador proprietário ou armador disponente coloca
beneficiário). Dessa forma, deverá tomar o navio completamente armado, equipado
todas as providências como se fora o e em condição de navegabilidade, a
proprietário (contratar seguros de casco, disposição do afretador por tempo, o qual
máquina, P&I Club (2), etc.), além de poder assume a posse a o controle do mesmo
direcionar o navio para qualquer parte, (gestões náutica e comercial) mediante
observadas as normas internacionais de uma retribuição – hire – pagável em
segurança e salvaguarda da vida humana intervalos determinados durante o período
no mar. do contrato. É um contrato de utilização
dos serviços do navio.
Tem importância o contato de
afretamento a casco nu em eventual Diferencia-se do contrato
relação com terceiros e suas de afretamento a casco nu nos seguintes
conseqüências. pontos:

Vejamos alguns exemplos (1) No contrato de


dentre vários: afretamento a casco nu o comandante e os
tripulantes são empregados do afretador a
casco nu, enquanto que no contrato de
(1) Nos casos de danos afretamento por tempo estes são
causados ao navio: a responsabilidade do empregados do proprietário ou do armador
afretador a casco nu será aquela do direito disponente;
civil, que regem os contratos, e decorrentes
dos estritos termos do contrato em
questão; (2) No contrato de
afretamento a casco nu as despesas de
óleo combustível, diesel, lubrificantes,
(2) Quanto aos fretes água, víveres (rancho), soldadas (salários
gerados pelo navio durante o período do dos tripulantes) são de responsabilidade do
contrato: o proprietário do navio, por não afretador a casco nu. Já no contrato de
ter a posse do mesmo, não terá direito aos afretamento por tempo, apenas as
fretes. Estes são do afretador a casco nu; despesas com óleo combustível, diesel, e
em alguns casos lubrificantes, são de formulários padrão (aprovados pelo
responsabilidade do afretador por tempo; BIMCO), são:

(3) No contrato de (i) "NYPE" – É o nome


afretamento a casco nu todas as despesas código para o contrato de afretamento por
portuárias relativas ao navio e seus tempo aprovado pela "New York Produce
tripulantes são de responsabilidade do Exchange", em 1946. Houve uma revisão
afretador a casco nu. No contrato de em 1981 e uma mais recente, em 1993;
afretamento por tempo as despesas
portuárias relativas ao navio são de (ii) "Baltime 1939" – É o
responsabilidade do afretador por tempo, nome código para o contrato aprovado pelo
permanecendo as referentes aos BIMCO, e mais utilizado na região do
tripulantes de responsabilidade do Báltico.
proprietário ou armador disponente;
Podemos ressaltar as
(4) Nos contratos de seguintes cláusulas, comuns aos
afretamento a casco nu a recompensa por formulários padrão, acima mencionados:
salvatagem irá para o afretador a casco nu.
Nos contrato de afretamento por viagem a
(i) Descrição do navio –
recompensa por salvatagem irá para o
descreve, em detalhes, o navio a ser
proprietário ou armador disponente.
afretado, ou seja: nome, tonelagem, classe,
potência de máquinas principal e auxiliares,
(5) Nos contratos de capacidade de carga, equipamentos,
afretamento a casco nu o armador velocidade cruzeiro, consumo de
disponente não poderá colocar o navio "off combustível e diesel, etc. Normalmente tais
hire" (fora de contrato), porque não haverá dados são informados na base "acerca",
descumprimento de cláusula contratual por quer dizer, são dados com certa tolerância
parte do proprietário, pois que sua única para mais ou para menos, não devendo
obrigação é a entrega do navio. Poderá o exceder 5%;
proprietário, no entanto, apenas colocar o
navio "off hire" pelo não pagamento do
(ii) Período de afretamento
"hire" (preço do afretamento). No contrato
– é o período de utilização do navio.
de afretamento por tempo o afretador por
Expresso em anos, meses e dias (ou uma
tempo poderá colocar o navio "off hire" em
combinação dos três). Também se utiliza a
qualquer hipótese que afete a
expressão "mais ou menos" ou "mínimo" ou
navegabilidade ou operacionalidade do
"máximo" com relação ao período, com o
navio (deficiência de equipamento,
objetivo de determinar-se uma tolerância;
propulsão, etc.).

(iii) Limites de rotas e


(6) No contrato de
utilização – São os limites geográficos onde
afretamento a casco nu o proprietário
o navio poderá ser utilizado. Também: a
jamais será responsabilizado por eventual
especificação do tipo de carga que poderá
avaria à carga perante o embarcador ou
ser transportada (mercadorias legalmente
consignatário, pois que, será, sempre, o
permitidas); especificação de portos e
armador disponente o transportador;
berços seguros (conforme doutrina
internacional); especificação de calado par
Ainda, os contratos de que o navio "sempre flutue em segurança";
afretamento por tempo podem se resumir a eventual restrição quanto ao tipo de carga
uma viagem específica, isto é, por um a ser transportada.
período de tempo pré-determinado, de um
porto a outro especificados, ou mesmo a
(iv) Autorização de
uma viagem redonda (e.g. embarque no
subafretamento – permite ao afretador
porto A, descarga no porto B, embarque no
subafretar o navio a terceiro. Porém, do
porto B e descarga no porto A, com um
ponto de vista da relação jurídica continua
tempo de 90 dias / 10 dias mais ou menos).
– o afretador – responsável, perante o
armador pelo cumprimento do contrato;
Existem vários tipos de contrato
de afretamento por tempo. No entanto, os
mais divulgados e utilizados, em
(v) Entrega do navio – afretador controlar o emprego do navio (do
para que o contrato tenha início, necessária ponto de vista comercial) e nomear os
a entrega do navio em data e horário agentes nos vários porto de escala;
especificados; em local – estaleiro, porto
berço, ou qualquer outro lugar onde o navio (xii) Assinatura de
esteja flutuando em segurança. Deverá, "conhecimentos de embarque" - determina,
também, e é condição "sine qua non", estar expressa ou implicitamente, quem deverá
em condições de navegabilidade, além de assinar os conhecimentos de embarque; se
pronto em todos os aspectos para receber o comandante do navio ou o agente;
(embarcar e descarregar) as mercadorias
permitidas em contrato;
(xiii) Reentrega do navio –
quando do término do contrato, determina o
(vi) Cláusula de local ou a área onde o navio será
cancelamento – permite a rescisão do reentregue, ou seja, retornará à posse do
contrato, pelo afretador, no caso de não armador (proprietário) nas mesma boas
apresentação do navio nas datas condições em que foi entregue;
estipuladas ou não estando o navio em
condições para cumprir o contrato;

(vii) Pagamento do "hire"


(contra-prestação pela utilização dos
serviços do navio) – estipula as condições
de pagamento: local, datas, valores
(normalmente é efetuado mensal ou
quinzenalmente e adiantado); Contrato de transporte

(viii) "Off hire" (fora de Contrato de transporte de


contrato) – especifica as condições em que mercadorias "é aquele em que uma pessoa
o afretador estará isento do pagamento do ou empresa obriga-se, mediante
"hire", quando o navio não estiver retribuição, a transportar, de um local para
totalmente à disposição do afretador (e.g. outro, pessoas ou coisas animadas ou
em casos de acidente, problemas de inanimadas". conforme Caio Mario da Silva
máquinas; docagem, etc.); Pereira. Tem como característica jurídica
principal a bilateralidade, rege-se pelos
(ix) Dedução (pecuniárias) princípios comuns a todos os contratos de
do "hire"- permite ou proíbe deduções transporte e por algumas regras especiais.
quando do pagamento do "hire" (e.g.
adiantamentos feitos pelo afretador por São seguintes as espécies
conta e ordem do armador; deficiência de do gênero de contrato de transporte:
velocidade do navio, etc.);

(x) Retirada (rescisão) do


navio pelo não pagamento de "hire"- - Contrato por Viagem (Voyage
permite ao armador retirar o navio Charter Party)
(rescindir o contrato) nos caos de não
pagamento do "hire"; ou pagamento após a O termo "por viagem" não
data estipulada no contrato; ou pagamento tem significado restritivo, quer dizer, não
parcial. No entanto, o armador deverá determina que o contrato deva ser por
notificar expressamente o afretador de sua apenas uma viagem. Pode ser por várias
intenção. Se o navio estiver em viagem viagens com o mesmo navio. O termo
(com carga), quando da rescisão, a mesma apenas demonstra que o contrato é de
deverá ser terminada e o transporte transporte de mercadorias, de acordo com
(normalmente coberto por Bill of Lading) a Convenção de Roma, de 1980, sobre
deverá ser executado, pelo afretador, até o Obrigações Contratuais.
final. Na prática o navio é reafretrado em
níveis de ‘hire" diferentes; De maneira geral, nos
contratos de transporte por viagem, obriga-
(xi) Emprego do navio e se o transportador a transferir coisas de um
nomeação de agentes – permite ao lugar para outro. Nesses contratos há duas
pessoas, físicas ou jurídicas, que são o portos de embarque e descarga (ou o
transportador (carrier) e o fretador ou direito do afretador em nomeá-los); (e)
charteador (charterer). capacidade de carga do navio.

É o transportador aquele Podemos, ainda, dividi-lo


que fornece o espaço a bordo de seu nas seguintes fases:
navio, enquanto que o fretador (que pode
ser também o embarcador – "shipper") é (i) Viagem preliminar – é
aquele que toma o espaço do navio, a viagem até o porto (ou berço) de
mediante o pagamento de uma contra embarque das mercadorias, ou área
partida – o frete – para o transporte de sua geográfica determinada no contrato;
mercadoria.
(ii) Navio chegado –
Nestes contratos determina em quais condições considerar-
a responsabilidade civil do transportador é se-á o navio como chegado, i.e., se quando
objetiva, quer dizer, é independente de chegado no berço ou cais; ou no porto; ou
culpa. local de fundeio; se deverá, ao mesmo
tempo, ter livre prática, etc.

(iii) Embarque – Após a


COA (Contract of Affreightment) - chegada do navio e antes que o período de
contratos de quantidades ou tonelagem embarque (laytime for loading) comece a
contar, o navio deve estar pronto em todos
Os "contract of os aspectos para receber a mercadoria
affreightment" (contratos de afretamento ou contratual (incluindo seus porões). É aí que
contratos de quantidades ou tonelagem), o armador (o navio) deverá dar a Notícia de
muito embora a terminologia em português Prontidão (NOR) ao afretador (ou a quem
traga uma certa confusão no entendimento, ele determinar) iniciando-se, então, o
são contratos de transporte. Nessa forma contrato propriamente dito;
de contrato, uma parte (armador, na
acepção ampla do termo) acorda com outra (iv) A viagem de
parte (afretador, na acepção estrita do transporte – a viagem de transporte, após
termo) em transportar uma certa terem sido as mercadorias recebidas a
quantidade de carga durante um período bordo – deverá ter lugar da forma mais
de tempo (normalmente grandes rápida possível e, na medida do possível, e
quantidade e por longos períodos, em de acordo com a legislação de cada país,
embarques flexíveis. E.g. um COA para sem desvio de rota (arribada), observando-
400.000 toneladas métricas, por um se que o transportador (afretador) é
período de 20 meses, em embarques de depositário das mercadorias;
20.000 toneladas métricas a cada 60 dias).
Os navios são nomeados, pelo armador, (v) Descarga das
com certa antecedência da data de mercadorias – A responsabilidade pela
carregamento de cada embarque (laytime descarga dependerá da condição de frete
canceling date). Percebe-se, portanto que, acordada (se FIO ou FIOST ou outra),
enquanto uma parte é responsável em significando que tanto pode ser do navio
fornecer os navios para o transporte, a (transportador) quanto da afretador (liner
outra é responsável em fornecer a out);
mercadoria (além, por óbvio, de pagar o
frete).
(vi) Entrega das
mercadorias – Será feita a quem for o
Da mesma forma que para detentor do conhecimento de embarque, ou
os contrato de afretamento por tempo, para o consignatário das mesmas.
os contratos por viagem existem
formulários padrão, dentre os quais
ressaltam-se: "Gencon" e "Asbatankvoy".
Suas cláusulas principais identificam: (a) as
partes contratuais; (b) o navio (como
também pode especificar a posição atual
do navio); (c) a viagem em questão; (d)
Capítulo II

Das Definições

Art. 2º Para os efeitos desta Lei, são


estabelecidas as seguintes definições:

I - afretamento a casco nu: contrato


em virtude do qual o afretador tem a posse,
o uso e o controle da embarcação, por
tempo determinado, incluindo o direito de
designar o comandante e a tripulação;
LEI Nº 9.432, DE 8 DE JANEIRO DE 1997.
II - afretamento por tempo: contrato
Vide Decreto nºDispõe sobre a em virtude do qual o afretador recebe a
2.256, de 17.6.1997 ordenação do embarcação armada e tripulada, ou parte
transporte aquaviário dela, para operá-la por tempo determinado;
e dá outras
Mensagem de veto providências.
III - afretamento por viagem: contrato
em virtude do qual o fretador se obriga a
O PRESIDENTE DA colocar o todo ou parte de uma
REPÚBLICA Faço saber que o embarcação, com tripulação, à disposição
Congresso Nacional decreta e eu do afretador para efetuar transporte em
sanciono a seguinte Lei: uma ou mais viagens;

Capítulo I IV - armador brasileiro: pessoa física


residente e domiciliada no Brasil que, em
Do Âmbito da Aplicação seu nome ou sob sua responsabilidade,
apresta a embarcação para sua exploração
Art. 1º Esta Lei se aplica: comercial;

I - aos armadores, às empresas de V - empresa brasileira de navegação:


navegação e às embarcações brasileiras; pessoa jurídica constituída segundo as leis
brasileiras, com sede no País, que tenha
por objeto o transporte aquaviário,
II - às embarcações estrangeiras
autorizada a operar pelo órgão competente;
afretadas por armadores brasileiros;

VI - embarcação brasileira: a que


III - aos armadores, às empresas de
tem o direito de arvorar a bandeira
navegação e às embarcações estrangeiras,
brasileira;
quando amparados por acordos firmados
pela União.
VII - navegação de apoio portuário: a
realizada exclusivamente nos portos e
Parágrafo único. Excetuam-se do
terminais aquaviários, para atendimento a
disposto neste artigo:
embarcações e instalações portuárias;
I - os navios de guerra e de Estado
VIII - navegação de apoio marítimo:
que não estejam empregados em
a realizada para o apoio logístico a
atividades comerciais;
embarcações e instalações em águas
territoriais nacionais e na Zona Econômica,
II - as embarcações de esporte e que atuem nas atividades de pesquisa e
recreio; lavra de minerais e hidrocarbonetos;

III - as embarcações de turismo; IX - navegação de cabotagem: a


realizada entre portos ou pontos do
IV - as embarcações de pesca; território brasileiro, utilizando a via marítima
ou esta e as vias navegáveis interiores;
V - as embarcações de pesquisa.
X - navegação interior: a realizada navegação, condicionado à suspensão
em hidrovias interiores, em percurso provisória de bandeira no país de origem.
nacional ou internacional;
Capítulo IV
XI - navegação de longo curso: a
realizada entre portos brasileiros e Da Tripulação
estrangeiros;
Art. 4º Nas embarcações de bandeira
XII - suspensão provisória de brasileira serão necessariamente
bandeira: ato pelo qual o proprietário da brasileiros o comandante, o chefe de
embarcação suspende temporariamente o máquinas e dois terços da tripulação.
uso da bandeira de origem, a fim de que a
embarcação seja inscrita em registro de
Capítulo V
outro país;
Dos Regimes da Navegação
XIII - frete aquaviário internacional:
mercadoria invisível do intercâmbio
comercial internacional, produzida por Art. 5º A operação ou exploração do
embarcação. transporte de mercadorias na navegação
de longo curso é aberta aos armadores, às
empresas de navegação e às embarcações
XIV - navegação de travessia: aquela
de todos os países, observados os acordos
realizada: (Incluído pela Lei nº
firmados pela União, atendido o princípio
12.379, de 2010)
da reciprocidade.

a) transversalmente aos cursos dos


§ 1º As disposições do Decreto-lei nº
rios e canais; (Incluído pela Lei nº
666, de 2 de julho de 1969, e suas
12.379, de 2010)
alterações, só se aplicam às cargas de
importação brasileira de países que
b) entre 2 (dois) pontos das margens pratiquem, diretamente ou por intermédio
em lagos, lagoas, baías, angras e de qualquer benefício, subsídio, favor
enseadas; (Incluído pela Lei nº governamental ou prescrição de cargas em
12.379, de 2010) favor de navio de sua bandeira.

c) entre ilhas e margens de rios, de § 2º Para os efeitos previstos no


lagos, de lagoas, de baías, de angras e de parágrafo anterior, o Poder Executivo
enseadas, numa extensão inferior a 11 manterá, em caráter permanente, a relação
(onze) milhas náuticas; (Incluído dos países que estabelecem proteção às
pela Lei nº 12.379, de 2010) suas bandeiras.

d) entre 2 (dois) pontos de uma § 3º O Poder Executivo poderá


mesma rodovia ou ferrovia interceptada por suspender a aplicação das disposições
corpo de água. (Incluído pela Lei nº do Decreto-lei nº 666, de 2 de julho de
12.379, de 2010) 1969, e suas alterações, quando
comprovada a inexistência ou
Capítulo III indisponibilidade de embarcações
operadas por empresas brasileiras de
Da Bandeira das Embarcações navegação, do tipo e porte adequados ao
transporte pretendido, ou quando estas não
Art. 3º Terão o direito de arvorar a oferecerem condições de preço e prazo
compatíveis com o mercado internacional.
bandeira brasileira as embarcações:

Art. 6º A operação ou exploração da


I - inscritas no Registro de
Propriedade Marítima, de propriedade de navegação interior de percurso
pessoa física residente e domiciliada no internacional é aberta às empresas de
navegação e embarcações de todos os
País ou de empresa brasileira;
países, exclusivamente na forma dos
acordos firmados pela União, atendido o
II - sob contrato de afretamento a princípio da reciprocidade.
casco nu, por empresa brasileira de
Art. 7º As embarcações estrangeiras a) da tonelagem de porte bruto
somente poderão participar do transporte contratada, para embarcações de carga;
de mercadorias na navegação de
cabotagem e da navegação interior de b) da arqueação bruta contratada,
percurso nacional, bem como da para embarcações destinadas ao apoio.
navegação de apoio portuário e da
navegação de apoio marítimo, quando
Parágrafo único. A autorização de
afretadas por empresas brasileiras de
que trata este artigo também se aplica ao
navegação, observado o disposto nos arts.
caso de afretamento de embarcação
9º e 10.
estrangeira para a navegação de longo
curso ou interior de percurso internacional,
Parágrafo único. O governo brasileiro quando o mesmo se realizar em virtude da
poderá celebrar acordos internacionais que aplicação do art. 5º, § 3º.
permitam a participação de embarcações
estrangeiras nas navegações referidas Art. 10. Independe de autorização o
neste artigo, mesmo quando não afretadas afretamento de embarcação:
por empresas brasileiras de navegação,
desde que idêntico privilégio seja conferido
à bandeira brasileira nos outros Estados I - de bandeira brasileira para a
contratantes. navegação de longo curso, interior, interior
de percurso internacional, cabotagem, de
apoio portuário e de apoio marítimo;
Capítulo VI
II - estrangeira, quando não
Dos Afretamentos de Embarcações
aplicáveis as disposições do Decreto-lei nº
666, de 2 de julho de 1969, e suas
Art. 8º A empresa brasileira de alterações, para a navegação de longo
navegação poderá afretar embarcações curso ou interior de percurso internacional;
brasileiras e estrangeiras por viagem, por
tempo e a casco nu.
III - estrangeira a casco nu, com
suspensão de bandeira, para a navegação
Art. 9º O afretamento de embarcação de cabotagem, navegação interior de
estrangeira por viagem ou por tempo, para percurso nacional e navegação de apoio
operar na navegação interior de percurso marítimo, limitado ao dobro da tonelagem
nacional ou no transporte de mercadorias de porte bruto das embarcações, de tipo
na navegação de cabotagem ou nas semelhante, por ela encomendadas a
navegações de apoio portuário e marítimo, estaleiro brasileiro instalado no País, com
bem como a casco nu na navegação de contrato de construção em eficácia,
apoio portuário, depende de autorização do adicionado de metade da tonelagem de
órgão competente e só poderá ocorrer nos porte bruto das embarcações brasileiras de
seguintes casos: sua propriedade, ressalvado o direito ao
afretamento de pelo menos uma
I - quando verificada inexistência ou embarcação de porte equivalente.
indisponibilidade de embarcação de
bandeira brasileira do tipo e porte Capítulo VII
adequados para o transporte ou apoio
pretendido; Do Apoio ao Desenvolvimento da Marinha
Mercante
II - quando verificado interesse
público, devidamente justificado;
Art. 11. É instituído o Registro
Especial Brasileiro - REB, no qual poderão
III - quando em substituição a ser registradas embarcações brasileiras,
embarcações em construção no País, em operadas por empresas brasileiras de
estaleiro brasileiro, com contrato em navegação.
eficácia, enquanto durar a construção, por
período máximo de trinta e seis meses, até § 1º O financiamento oficial à
o limite: empresa brasileira de navegação, para
construção, conversão, modernização e
reparação de embarcação pré-registrada
no REB, contará com taxa de juros § 6º Nas embarcações registradas
semelhante à da embarcação para no REB serão necessariamente brasileiros
exportação, a ser equalizada pelo Fundo apenas o comandante e o chefe de
da Marinha Mercante. máquinas.

§ 2º É assegurada às empresas § 7º O frete aquaviário internacional,


brasileiras de navegação a contratação, no produzido por embarcação de bandeira
mercado internacional, da cobertura de brasileira registrada no REB, não integra a
seguro e resseguro de cascos, máquinas e base de cálculo para tributos incidentes
responsabilidade civil para suas sobre a importação e exportação de
embarcações registradas no REB, desde mercadorias pelo Brasil. (Vide Medida
que o mercado interno não ofereça tais Provisória nº 1.602, de
coberturas ou preços compatíveis com o 1997) (Revogado pela Medida
mercado internacional. Provisória nº 1.897-51, de
§ 2º Quando o mercado interno não 1999) (Revogado pela Lei nº 10.206,
oferecer coberturas ou preços compatíveis de 2001)
com o mercado internacional, é assegurada
às empresas brasileiras de navegação a § 8º As embarcações inscritas no
contratação, no mercado internacional, da REB são isentas do recolhimento de taxa
cobertura de seguro e resseguro de para manutenção do Fundo de
cascos, máquinas e responsabilidade civil, Desenvolvimento do Ensino Profissional
bem como aos estaleiros brasileiros a Marítimo.
contratação, no mercado internacional, de
cobertura de seguro e resseguro de risco
§ 9º A construção, a conservação, a
de construção, para as embarcações
modernização e o reparo de embarcações
registradas ou pré registradas no
pré-registradas ou registradas no REB
REB. (Redação dada pela serão, para todos os efeitos legais e fiscais,
Medida Provisória nº 177, de 2004) equiparadas à operação de exportação.

§ 2º É assegurada às empresas
§ 10. As empresas brasileiras de
brasileiras de navegação a contratação, no
navegação, com subsidiárias integrais
mercado internacional, da cobertura de proprietárias de embarcações construídas
seguro e resseguro de cascos, máquinas e no Brasil, transferidas de sua matriz
responsabilidade civil para suas
brasileira, são autorizadas a restabelecer o
embarcações registradas no REB, desde
registro brasileiro como de propriedade da
que o mercado interno não ofereça tais
mesma empresa nacional, de origem, sem
coberturas ou preços compatíveis com o incidência de impostos ou taxas.
mercado internacional. (Vide Medida
Provisória nº 177, de 2004)
§ 11. A inscrição no REB será feita
no Tribunal Marítimo e não suprime, sendo
§ 3º É a receita do frete de
complementar, o registro de propriedade
mercadorias transportadas entre o País e o marítima, conforme dispõe a Lei nº 7.652,
exterior pelas embarcações registradas no de 3 de fevereiro de 1988.
REB isenta das contribuições para o PIS e
o COFINS. (Revogado pela
Medida Provisória nº 1.858-6, de § 12. Caberá ao Poder Executivo
1999) (Revogado pela Medida regulamentar o REB, estabelecendo as
Provisória nº 2158-35, de 2001) normas complementares necessárias ao
seu funcionamento e as condições para a
inscrição de embarcações e seu
§ 4º (VETADO)
cancelamento.

§ 5º Deverão ser celebrados novas Art. 12. São extensivos às


convenções e acordos coletivos de trabalho embarcações que operam na navegação
para as tripulações das embarcações
de cabotagem e nas navegações de apoio
registradas no REB, os quais terão por
portuário e marítimo os preços de
objetivo preservar condições de
combustível cobrados às embarcações de
competitividade com o mercado
longo curso.
internacional.
Art. 13. O Poder Executivo destinará, I - manutenção, em nome da
por meio de regulamento, um percentual do empresa brasileira, do financiamento
Adicional de Frete para Renovação da vinculado à embarcação, da mesma forma
Marinha Mercante - AFRMM, para que novas solicitações de recursos;
manutenção do Fundo de Desenvolvimento
do Ensino Profissional Marítimo, a título de II - constituição, no país de registro
compensação pela perda de receita da embarcação, de hipoteca a favor do
imposta pelo art. 11, § 8º. credor no Brasil;

Art. 14. Será destinado ao Fundo da III - prestação de fiança adicional,


Marinha Mercante - FMM 100% (cem por pela subsidiária integral, para o
cento) do produto da arrecadação do financiamento de que trata o inciso I.
AFRMM recolhido por empresa brasileira
de navegação, operando embarcação
§ 1º As embarcações transferidas ou
estrangeira afretada a casco nu. exportadas para as subsidiárias integrais,
domiciliadas no exterior, de empresas
Parágrafo único. O AFRMM terá, por brasileiras gozarão dos mesmos direitos
um período máximo de trinta e seis meses, das embarcações de bandeira brasileira,
contado da data da assinatura do contrato desde que:
de construção ou reparo, a mesma
destinação do produzido por embarcação I - sejam brasileiros o seu
de registro brasileiro, quando gerado por
comandante e seu chefe de máquinas;
embarcação estrangeira afretada a casco
nu em substituição a embarcação de tipo e
porte semelhante em construção ou reparo II - sejam observados, no
em estaleiro brasileiro. relacionamento trabalhista com as
respectivas tripulações, requisitos mínimos
estabelecidos por organismos
Capítulo VIII
internacionais devidamente reconhecidos;

Das Infrações e Sanções III - tenham sido construídas no


Brasil ou, se construídas no exterior,
Art. 15. A inobservância do disposto tenham sido registradas no Brasil até a
nesta Lei sujeita o infrator às seguintes data de vigência desta Lei;
sanções:
IV - submetam-se a inspeções
I - multa, no valor de até R$ 10,00 periódicas pelas autoridades brasileiras,
(dez reais) por tonelada de arqueação sob as mesmas condições das
bruta da embarcação; embarcações de bandeira brasileira.

II - suspensão da autorização para § 2º Aplica-se o disposto no


operar, por prazo de até seis meses. parágrafo anterior às embarcações que já
tenham sido anteriormente exportadas ou
Capítulo IX transferidas para as subsidiárias integrais
no exterior de empresas brasileiras.
Das Disposições Transitórias
§ 3º As embarcações construídas no
Art. 16. Caso o Registro Especial Brasil e exportadas ou transferidas para as
Brasileiro não seja regulamentado no prazo subsidiárias integrais de empresa brasileira
de cento e oitenta dias, contado da data de gozarão dos incentivos legais referentes à
publicação desta Lei, será admitida, até exportação de bens.
que esteja regulamentado o REB, a
transferência ou exportação de § 4º O descumprimento de qualquer
embarcação inscrita no Registro de das exigências estabelecidas neste artigo
Propriedade Marítima, de propriedade de implica a perda dos direitos previstos no §
empresa brasileira, para a sua subsidiária 1º .
integral no exterior, atendidas, no caso
daquelas ainda não quitadas, as seguintes Art. 17. Por um prazo de dez anos,
exigências: contado a partir da data da vigência desta
Lei, não incidirá o Adicional ao Frete para
Renovação da Marinha Mercante - AFRMM
sobre as mercadorias cuja origem ou cujo
destino final seja porto localizado na
Região Norte ou Nordeste do
País. (Regulamento) (Vide
Medida Provisória nº 340, de 2006) (Vide
Lei nº 11.482, de 2007)

Parágrafo único. O Fundo da


Marinha Mercante ressarcirá as empresas
brasileiras de navegação das parcelas
previstas no art. 8º, incisos II e III, do
Decreto-lei nº 2.404, de 23 de dezembro de
1987, republicado de acordo com
o Decreto-lei nº 2.414, de 12 de fevereiro
de 1988, que deixarão de ser recolhidas
em razão da não incidência estabelecida
neste artigo. (Vide Medida Provisória
nº 545, de 2011) (Revogado pela Lei
nº 12.599, de 2012)

Capítulo X

Das Disposições Finais

Art. 18. A ordenação da direção civil


do transporte aquaviário em situação de
tensão, emergência ou guerra terá sua
composição, organização administrativa e
âmbito de coordenação nacional definidos
pelo Poder Executivo.

Art. 19. (VETADO)

Art. 20. O art. 2º, § 2º, da Lei nº


9.074, de 7 de julho de 1995, passa a
vigorar com a seguinte redação:

"Art. 2º
......................................................................
.....

§ 2º Independe de concessão, permissão


ou autorização o transporte de cargas
pelos meios rodoviário e aquaviário."

Art. 21. Esta Lei entra em vigor na


data de sua publicação.

Art. 22. Revogam-se o Decreto-lei nº


1.143, de 30 de dezembro de 1970, e o art.
6º da Lei nº 7.652, de 3 de fevereiro de
1988.

Brasília, 8 de janeiro de 1997; 176º


da Independência e 109º da República.

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