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ESPAÇOS DA MEDIAÇÃO:
A ARTE E SUAS HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO
Organização
CARMEN S. G. ARANHA
ROSA IAVELBERG
São Paulo
2016
2
ISBN 978-85-7229-072-2
CDD – 700.7
Apoio
Museu de Arte Contemporânea – MAC USP
Programa de Pós-Graduação Interunidades em Estética e História da Arte – PGEHA USP
Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação – PPGE FEUSP
Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da Universidade de São Paulo – PRCEU
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP
Comunidade Educativa CEDAC
5
Sumário
Apresentação
Carmen Aranha, Rosa Iavelberg e Paulo Marquezini .............................. 7
A arte como instrumento de educação popular: discussões sobre
educação estética e escola nova nos anos 1920 e 1930
Rachel Duarte Abdala & Diana Gonçalves Vidal ................................. 11
Do ler ao fazer: o papel da leitura nas situações de produção de
imagens em sala de aula
Maria Carolina Cossi Soares Barretti ............................................ 27
Processos de interação entre crianças e o desenvolvimento do
desenho na Educação Infantil
Maria Carolina Cossi Soares Barretti & Rosa Iavelberg .......................... 37
Famílias em tempo de ócio no museu de arte: Formação de
hábitos culturais de crianças e adolescentes
Andrea Alexandra do Amaral Silva e Biella ...................................... 51
La creación del dibujo moderno: una revolución educativa
Juan Bordes ..................................................................... 73
Os princípios do Movimento Escola Nova como norteadores do
trabalho de arte e educação desenvolvido no campo de
concentração nazista de Terezín
Luciane Bonace Lopes Fernandes ............................................... 101
Qual é a arte dele? Indícios do olhar-pensante na lição
emancipadora do artista
Andrea Matos da Fonseca ...................................................... 115
Com-partilhas da coleção de Artes da UFES nos processos de
formação de professores de Artes
Maria Gorete Dadalto Gonçalves ............................................... 131
6
Apresentação
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Apresentação 9
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
10 Carmen S.G. Aranha, Rosa Iavelberg e Paulo Marquezini
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
III Simpósio Internacional
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação
29 DE AGOSTO A 1 DE SETEMBRO DE 2016
ABDALA, R.D. ; VIDAL, D. A arte como instrumento de educação popular: discussões sobre educação estética e escola nova
nos anos 1920 e 1930. In: ARANHA, C.S.G. ; IAVELBERG, R. (Orgs.). Espaços da Mediação: A arte e suas histórias na
educação. São Paulo: MAC USP, 2016, pp. 11-26.
12 Rachel Duarte Abdala & Diana Vidal
O ensino de desenho
O interesse de educadores e profissionais da educação pela
arte e educação transparece nas conferências anuais promovidas
pela Associação Brasileira de Educação. A ABE, fundada em 1924,
alcançou importância a partir da atuação de seus associados e das
conferências por ela promovidas, tornando-se, na década de 20,
uma das “agências multiplicadoras” da Escola Nova, como a percebe
Carlos Monarcha (1990, p. 27). Apesar do tema central da
primeira Conferência Anual de Educação, realizada em Curitiba em
1927, ser a organização do ensino primário, houve, entre as teses
apresentadas e defendidas, algumas que versavam sobre tópicos
relacionados à visualidade. Dentre elas: a tese nº 15, intitulada
“Organização dos museus escolares: sua importância”, apresentada
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
14 Rachel Duarte Abdala & Diana Vidal
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
A arte como instrumento de educação popular: discussões sobre educação estética e escola nova... 15
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16 Rachel Duarte Abdala & Diana Vidal
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
18 Rachel Duarte Abdala & Diana Vidal
Arquitetura escolar
Anteriormente à sua atuação na Reforma da educação no
Distrito Federal, Fernando de Azevedo presidiu, a pedido do diretor
do jornal, Júlio de Mesquita Filho, ao inquérito sobre a Arquitetura
Colonial Brasileira, publicado em nove edições, de 13 a 30 de abril de
1926, quando entrevistou José Mariano Filho, que “[...] se voltava
para a nossa arquitetura tradicional com a ciência de um pesquisador
da arte colonial e com os ardores de uma paixão romântica pelas
antigas casas senhoriais” (AZEVEDO, 1971, p. 72). Apesar de ser
médico por formação, Mariano Filho fora Diretor da Escola Nacional
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
A arte como instrumento de educação popular: discussões sobre educação estética e escola nova... 19
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22 Rachel Duarte Abdala & Diana Vidal
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A arte como instrumento de educação popular: discussões sobre educação estética e escola nova... 23
Comentários finais
O processo de espetacularização é a estética mediática por
excelência. Em seu texto A obra de arte na época de suas técnicas de
reprodução, Walter Benjamin defende a teoria de que, com a
possibilidade de reprodução da obra de arte, efetivada principalmente
pela fotografia e pelo cinema, rompe-se com o valor de culto
determinado pela “aura” da qual se revestia a obra de arte, estabelecido
pela relação direta entre ela e o espectador. O valor de culto foi
substituído pelo de exposição; o sagrado, pelo espetáculo. A exposição
em massa impõe uma nova relação com a obra de arte, tornando
necessária uma mediação entre o espectador e o objeto de apreciação,
realizada pela legenda, pela forma de exposição, pela composição. O
modo de apresentar ou de expor é fundamental para atingir os
objetivos pretendidos na realização das imagens. Assim, Azevedo
procurou apresentar, da melhor forma possível, os ideais e os aspectos
da renovação educacional na arquitetura e por meio de fotografias.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
24 Rachel Duarte Abdala & Diana Vidal
Referências
ABDALA, Rachel Duarte. A fotografia além da ilustração: Malta e
Nicolas construindo imagens da Reforma Fernando de Azevedo no
Distrito Federal (1927-1930). São Paulo: Faculdade de Educação da
Universidade de São Paulo-FEUSP, 2003. [Dissertação Mestrado].
AZEVEDO, Fernando de. A Reforma do Ensino do Distrito Federal.
Discursos e entrevistas. São Paulo: Melhoramentos, 1929.
______. Novos caminhos e novos fins. A nova política de educação no
Brasil. São Paulo: Melhoramentos, 1931.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
A arte como instrumento de educação popular: discussões sobre educação estética e escola nova... 25
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26 Rachel Duarte Abdala & Diana Vidal
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III Simpósio Internacional
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação
29 DE AGOSTO A 1 DE SETEMBRO DE 2016
Introdução
Desde a década de 1970, sobretudo nos Estados Unidos, as
investigações que buscaram elevar a qualidade do ensino no campo da
arte apontam a necessidade de incluir a leitura de imagens como
prática permanente nos currículos escolares.
Em espacial, autores como Edmund Feldman, Brent Wilson,
Elliot Eisner e Rosa Iavelberg, contribuíram para desequilibrar a
hipótese do desenvolvimento natural da produção de imagens, que
tanto influenciou e ainda influencia arte educadores.
Também as pesquisas sobre o desenvolvimento estético de
Michael J. Parsons e Abigail Housen, que buscaram conhecer a gênese
da compreensão da arte e do desenvolvimento estético, contribuíram
1
Maria Carolina Cossi Soares Barretti é Mestre pela Faculdade de Educação da Universidade de
São Paulo (FEUSP) na área de Psicologia e Educação. Membro do Grupo de Pesquisa Formação de
Professores e Aprendizagem em Arte (CNPq). Autora do trabalho: Os processos de intercâmbio entre as
crianças e a aprendizagem do desenho em contextos educativos. 2013. Dissertação (Mestrado) – FEUSP,
São Paulo, 2013. http://lattes.cnpq.br/2865716079650147
BARRETTI, M.C.C.S. Do ler ao fazer: o papel da leitura nas situações de produção de imagens em sala de aula. In:
ARANHA, C.S.G. ; IAVELBERG, R. (Orgs.). Espaços da Mediação: A arte e suas histórias na educação. São Paulo:
MAC USP, 2016, pp. 27-36.
28 Maria Carolina Cossi Soares Barretti
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Do ler ao fazer: o papel da leitura nas situações de produção de imagens em sala de aula 29
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
30 Maria Carolina Cossi Soares Barretti
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Do ler ao fazer: o papel da leitura nas situações de produção de imagens em sala de aula 31
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
32 Maria Carolina Cossi Soares Barretti
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Do ler ao fazer: o papel da leitura nas situações de produção de imagens em sala de aula 33
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
34 Maria Carolina Cossi Soares Barretti
Conclusão
Este trabalho buscou ampliar a reflexão sobre o papel da leitura
de obras de arte para a aprendizagem de produção de imagens nos
contextos educativos.
A leitura de imagens se constitui como ferramenta indispensável
para a aprendizagem no campo da arte, uma vez que pode levar
aprendizes a conhecer arte e refletir sobre ela a partir da troca de
ideias e experiências entre pares e educadores.
Se as situações de leitura podem favorecer a aprendizagem no
campo do desenvolvimento estético, podem também colaborar
imensamente para a aprendizagem da produção de imagens – embora
muitos educadores ainda baseiem-se em concepções que
desencorajam as situações de empréstimos de imagens de artistas por
acreditarem que impeçam avanços de alunos.
Assim como alguns autores contemporâneos, acreditamos que a
criação não surge do vazio, mas é fruto de experiências que
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Do ler ao fazer: o papel da leitura nas situações de produção de imagens em sala de aula 35
Referências:
BARBOSA, Ana Mae (org.). Arte-educação: leitura no subsolo. São
Paulo: Cortez Editora, 2008.
______. A imagem no ensino da arte. São Paulo: Perspectiva., 2008.
SOARES, Maria Carolina Cossi. Os processos de intercâmbio entre
as crianças e a aprendizagem do desenho em contextos educativos.
2013. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação da
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.
EISNER, Elliot. Educating artistic vision. Nova Iorque: Macmillan
Publisching Co., 1972.
FELDMAN, Edmund Burke. Becaming human through art. Aesthetic
experience in the school. Nova Jersey : Prentice-Hall, 1970.
IAVELBERG, Rosa. Desenho na Educação Infantil. São Paulo:
Melhoramentos, 2013.
______. O desenho cultivado da criança. Porto Alegre: Zouk, 2006.
______. Para gostar de aprender arte. Sala de aula e formação de
professores. Porto Alegre: Artmed Editora, 2003.
NOVAK, Joseph D. Learning, Creating and using knowledge. Nova
Iorque: Routledge, 2000.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
36 Maria Carolina Cossi Soares Barretti
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
III Simpósio Internacional
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação
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BARRETTI, M.C.C.S ; IAVELBERG, R. Conceitos iniciais de História da Arte para a graduação: A formação do conceito de
história da arte para alunos da graduação em Publicidade e Propaganda. In: ARANHA, C.S.G. ; IAVELBERG, R. (Orgs.).
Espaços da Mediação: A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016, pp. 37-49.
38 Maria Carolina Cossi Soares Barretti & Rosa Iavelberg
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Processos de interação entre crianças e o desenvolvimento do desenho na Educação Infantil 39
3
O conceito de momentos conceituais do desenho infantil foi desenvolvido na pesquisa O
desenho cultivado da criança, publicada em IAVELBERG (2006, 2013).
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
40 Maria Carolina Cossi Soares Barretti & Rosa Iavelberg
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Processos de interação entre crianças e o desenvolvimento do desenho na Educação Infantil 41
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
42 Maria Carolina Cossi Soares Barretti & Rosa Iavelberg
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
44 Maria Carolina Cossi Soares Barretti & Rosa Iavelberg
Aprendizagem compartilhada
Luna e Carla4
Primeira figura humana de Primeira figura humana
Luna de Carla
Nota-se que inicialmente Luna Carla possui um esquema mais
desenha um esquema para a complexo que o de Luna,
figura humana sem forma para contendo formas que
representar o tronco, risca representam o tronco, as mãos
apenas um círculo representando os pés e inclusive as roupas.
a cabeça, de onde saem os braços
e as pernas. As linhas em cima da
cabeça representam cabelos.
4
Os nomes das crianças não corresponderam aos reais.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Processos de interação entre crianças e o desenvolvimento do desenho na Educação Infantil 45
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Processos de interação entre crianças e o desenvolvimento do desenho na Educação Infantil 47
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
48 Maria Carolina Cossi Soares Barretti & Rosa Iavelberg
Referências:
EISNER, Elliot W. The arts and the creation of mind. New Haven: Yale
University Press, 2002.
IAVELBERG, Rosa. O desenho da criança na pesquisa moderna e
contemporânea. In: ARANHA, Carmen; CANTON, Kátia. (Orgs.).
Desenhos da pesquisa, novas metodologias em arte. São Paulo:
MAC/USP; PPGIEH, 2012, p.79-92.
______. O desenho cultivado da criança: práticas e formação de
educadores. Porto Alegre: Zouk, 2006.
______. Desenho na educação infantil. São Paulo: Melhoramentos,
2013.
MATTHEWS, John. The art of childhood and adolescence: the
construction of meaning. London: Falmer Press, 1999.
______. Drawing and painting: children and visual representation (0-
8) years. London: Paul Chapman, 2003.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Processos de interação entre crianças e o desenvolvimento do desenho na Educação Infantil 49
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
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III Simpósio Internacional
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação
29 DE AGOSTO A 1 DE SETEMBRO DE 2016
Apresentação
Este artigo tem como base os dados obtidos na pesquisa
“Famílias no Museu de Arte: lazer e conhecimento: um estudo sobre
o programa educativo Interar-te do MAC USP”2, sob orientação da
Profª Drª Rosa Iavelberg, apresentada como dissertação de mestrado
ao programa de pós-graduação em Educação da Faculdade de
Educação da Universidade de São Paulo, em 2012.
1
Andrea Alexandra do Amaral Silva e Biella é Doutoranda em Educação (ingresso em 2014) e
Mestra em Educação (2012) pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP), é
Especialista pela mesma Universidade em Ensino, Arte e Cultura (ECA, 1999) e Monitoria em Artes
(MAC, 2000). É Licenciada (licenciatura plena, 1994) e Bacharel (1995) em Educação Artística/Artes
Plásticas pela Universidade Estadual de Campinas, tendo sido bolsista do CNPq (Iniciação Científica).
Integra os Grupos de Pesquisa (CNPq) Mediação Cultural (Universidade Presbiteriana Mackenzie),
Formação de Educadores em Arte (USP) e Acessibilidade em Museus (USP). É educadora do Museu de
Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo desde 2006, onde coordena programas educativos a
diferentes públicos (famílias, inclusão socioeducativa e cultural, professores e educadores). Lecionou no
ensino superior e na educação básica, além de ter atuado como educadora em ONGs e instituições
culturais (Instituto Itaú Cultural, 27ª e 28º Bienais de SP, Museu Lasar Segall).
2
A dissertação “Famílias no Museu de Arte: lazer e conhecimento: um estudo sobre o
programa educativo Interar-te do MAC USP”, sob orientação da Profª Drª Rosa Iavelberg,
pode ser consultada no sítio eletrônico: www.teses.usp.br.
BIELLA, A.A.A.S. Famílias em tempo de ócio no museu de arte: Formação de hábitos culturais de crianças e adolescentes.
In: ARANHA, C.S.G. ; IAVELBERG, R. (Orgs.). Espaços da Mediação: A arte e suas histórias na educação. São Paulo:
MAC USP, 2016, pp.51-72.
52 Andrea Alexandra do Amaral Silva e Biella
Introdução
Na pesquisa que pauta o artigo, investigou-se o que levou os
adultos da amostra a buscarem atividades num museu de arte nos
momentos de lazer com a sua família atual. Foram verificadas as
influências da família de origem (pais e irmãos dos entrevistados) na
formação de seus próprios hábitos de visitação a exposições de artes
visuais e no contato com programações culturais em geral, assim
como da escola de educação básica; de experiências sociais da vida
adulta e a incidência de visitas destes adultos a exposições de arte com
e sem a sua família.
Dado que o setor educativo de um museu pode contribuir para a
iniciação do conhecimento sobre artes visuais pelo público em geral,
não especializado, promovendo experiências e auxiliando-o na
construção de repertório, foi selecionado para a investigação, como
estudo de caso, o programa educativo Interar-te do Museu de Arte
Contemporânea da Universidade de São Paulo. No Interar-te, uma
das condições de participação é que esteja presente a família,
compreendida como um adulto com o qual o menor tenha vínculos,
sejam ou não de parentesco, mas sim afetivos e de cuidados.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Famílias em tempo de ócio no museu de arte: formação de hábitos culturais de crianças e adolescentes 53
Referencial teórico
O papel da família é essencial para que seus membros,
principalmente crianças e adolescentes, vislumbrem possibilidades de
lazer, que será nomeado como ócio diante dos autores selecionados
para esta discussão. Puig e Trilla (2004, p.126) afirmam que “os
hábitos que a família construirá sobre essas atividades costumam ser
de grande importância para os filhos e para satisfação futura que
encontrarão no tempo livre”; e citam o sociólogo Pierre
Fougeyrollas3: “a família e a escola são as duas instituições
fundamentais para a custódia da infância. A família, além de unidade
econômica, afetiva, social, etc., constitui uma comunidade de ócios”
(apud PUIG & TRILLA, 2004, p.56); a “maior parte da atividade de
tempo livre infantil transcorre no meio familiar. Tanto no que se
refere aos ócios cotidianos como aos semanais e anuais (fins de
semana, férias, etc.), a família era a instituição que determinava sua
forma e conteúdo” (PUIG & TRILLA, 2004, p.57). Apesar disso, os
autores apontam mudanças nesse panorama, dadas as características
comentadas serem consideradas mais próximas do cotidiano das
famílias nucleares; eles afirmam que atualmente, em lares de centros
urbanos, há a delegação parcial dessa responsabilidade a instituições
como brinquedotecas, clubes infantis e colônias de férias, mas sem
descaracterizar a importância da família na formação e educação de
crianças e jovens (PUIG & TRILLA, 2004, p.19).
Para o estudo, foram compreendidos como famílias os grupos
nos quais o vínculo entre seus membros é estabelecido pela qualidade
da relação entre eles e não pelo parentesco consanguíneo (SARTI,
2009, p.85-86). Ou seja, a existência de diferentes arranjos familiares
ressalta a importância de atividades de ócio de maior qualidade e o
papel dessas atividades na promoção de integração dos novos
agrupamentos.
3
FOUGEYROLLAS, P. La família, comunidad de ócios. In: DUMAZEDIER, I. e outros:
Ocio y sociedad de classes. Barcelona, Fontanella, 1971, pp.167-182.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
54 Andrea Alexandra do Amaral Silva e Biella
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
56 Andrea Alexandra do Amaral Silva e Biella
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
58 Andrea Alexandra do Amaral Silva e Biella
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Famílias em tempo de ócio no museu de arte: formação de hábitos culturais de crianças e adolescentes 59
Metodologia
Para a pesquisa foram entrevistadas as famílias que frequentaram
o programa Interar-te do MAC USP4 por mais de uma vez no período
de seu início até o fim da gestão de diretoria na qual foi criado, ou
seja, outubro de 2006 a abril de 2010. O programa é oferecido
mensalmente aos sábados nos meses de janeiro a novembro. O foco
das propostas são as obras em exposição no Museu, cuja abordagem
inclui uma atividade prática ou reflexiva, na qual todos familiares são
envolvidos. A participação dos adultos é variada: às vezes são
assistentes dos menores, ora parceiros na produção, na qual o
momento final de socialização promove aproximações e
conhecimento recíproco fora do contexto cotidiano, estreitando seus
vínculos.
Das 103 famílias presentes nas 43 programações oferecidas no
período delimitado para estudo, 18 participaram do Interar-te mais
de uma vez e formaram os agrupamentos selecionados como amostra.
Destas, 12 responderam ao chamado de participação da pesquisadora.
Dos 12 agrupamentos familiares entrevistados obteve-se
depoimento de 13 adultos, 9 crianças com idade entre 5 e 11 anos e 6
jovens com idade entre 13 e 20 anos; 17 crianças e jovens
participaram mais de uma vez do Interar-te no período estudado; dos
quais 15 foram entrevistados. Entre os adolescentes, alguns já
estavam com idade entre 18 e 20 anos à época da entrevista.
A maioria destas famílias residia próximo ao bairro do Museu:
58,3% até 6 km de distância, 8,3% de 6 a 12 km. Destas, 84%
utilizaram como meio de transporte veículo particular; 8% veículo
próprio ou a pé, 8% transporte público. O índice de classificação
4
O Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, criado em 8 de abril
de 1963, é um museu universitário e público.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Famílias em tempo de ócio no museu de arte: formação de hábitos culturais de crianças e adolescentes 61
Resultados e análise
Serão tratados aqui os dados coletados referentes aos dois
primeiros eixos supra citados. Demais informações podem ser
consultadas, na íntegra, na pesquisa disponível em sítio eletrônico
cujo endereço foi indicado na introdução do artigo.
Das 23 atividades de lazer citadas da infância e adolescência dos
13 entrevistados adultos, a de cunho artístico-cultural mais
recorrente foi o cinema (30,4%). Depois apontaram assistir TV
(13%), ir ao teatro (13%), à biblioteca (4,3%), ouvir música (8,7%),
visitar exposições (8,7%) e ir a espetáculos de dança (4,3%). Mais
informações no quadro a seguir.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
62 Andrea Alexandra do Amaral Silva e Biella
No de
Atividades de lazer citadas nos depoimentos %*
vezes
Relacionadas à realização na residência:
1. Brincar 9 39,1
2. Assistir TV 3 13,0
Relacionadas a locais externos à residência, na
mesma cidade:
1. Ir ao circo 1 4,3
2. Ir ao zoológico 1 4,3
3. Ir ao cinema 7 30,4
4. Ir a exposições; ir ao museu 2 8,7
5. Ir ao teatro 3 13,0
6. Ir à biblioteca 1 4,3
7. Visitar parentes 2 8,7
8. Ir ao shopping 1 4,3
9. Ir ao clube, ao parque (municipal); ir ao bosque 4 17,4
10. Andar de bicicleta 1 4,3
11. Ir ao baile 1 4,3
12. Ir a espetáculo de dança 1 4,3
13. Ir a feiras de artesanato/arte popular 1 4,3
14. Frequentar cursos de atividades esportivas 1 4,3
15. Frequentar cursos de línguas estrangeiras 1 4,3
Relacionados a outras cidades (viagens):
1. Ir à praia 4 17,4
2. Ir à casa de familiares 4 17,4
3. Outras, visando conhecimento de novos lugares 2 8,7
Outras:
1. Ler 1 4,3
2. Ouvir música 2 8,7
3. Escrever jornalzinho 1 4,3
Quadro 1: Atividades de lazer dos 13 adultos na infância e na adolescência, por categoria
(local de realização). * Porcentagem calculada a partir do número (23) de atividades de
lazer comentadas pelos entrevistados.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Famílias em tempo de ócio no museu de arte: formação de hábitos culturais de crianças e adolescentes 63
5
Pais e irmãos de uma pessoa; em geral, refere-se à família nuclear original de um adulto.
(NICHOLS & SCHWARTZ, 1998, p.486)
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
64 Andrea Alexandra do Amaral Silva e Biella
No de
Atividades de lazer citadas nos depoimentos %*
vezes
Relacionadas à realização na residência:
1. Cozinhar 1 5,3
2. Assistir TV 1 5,3
Relacionadas a locais externos à residência, na mesma
cidade:
1. Ir a restaurante 1 5,3
2. Praticar esportes 2 10,5
3. Ir ao clube, parque ou bosque 4 21,1
4. Ir ao shopping 1 5,3
5. Visitar parentes 1 5,3
6. Ir a espetáculos musicais 4 21,1
7. Ir ao cinema 10 52,6
8. Ir ao teatro 3 15,8
9. Ir a festas populares 1 5,3
10. Ir à livraria 1 5,3
11. Visitar exposições; ir ao museu 7 36,9
12. Frequentar cursos de atividades esportivas 1 5,3
13. Frequentar cursos de línguas 1 5,3
Relacionadas a outras cidades (viagens):
1. Ir pescar 1 5,3
2. Turismo em geral 1 5,3
Outras:
1. Ler 1 5,3
2. Ouvir música 1 5,3
Quadro 2: Atividades de lazer dos 13 adultos na época da entrevista, por categoria (local
de realização).
* Porcentagem calculada a partir do número de adultos entrevistados: 13. Observa-se que
alguns apontaram mais de uma atividade, totalizando 19 atividades (número
correspondente a 100%).
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Famílias em tempo de ócio no museu de arte: formação de hábitos culturais de crianças e adolescentes 65
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
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gente vive, a gente cada vez tem menos tempo pra estar ali reunido, estar
junto, fazer alguma coisa junto; então eu achei muito boa a ideia de uma
atividade... e também porque... as crianças, pra eles tudo é divertido, é
diversão, mas a participação do pai né, normalmente, principalmente... às
vezes é mais difícil né, eles nem sempre se interessam, ou até querem estar
junto, participar mais de alguma coisa, mas não veem como, hoje. Eu não
sei, eu tenho a impressão de que, apesar de não me lembrar muito de... dos
meus pais brincando exatamente comigo, estavam mais próximos. Minha
mãe, principalmente né, não trabalhava... o tempo todo em casa... então,
tudo que queria, precisava, qualquer interrogação que tivesse, tava ali pra
responder. E hoje em dia, não. Então, tudo que é pra poder fazer junto eu
procuro fazer, né, e às vezes a gente, ficando em casa, a gente fala... Ah...
vou ficar em casa, vou brincar... Não, não faz! Então a gente, procurando
alguma coisa desse tipo, e como estamos começando a conviver nesse meio
de arte, né, eu acho que é uma coisa que é importante, que é legal que eles
conheçam, que eles convivam.
Pesquisadora: Pensando agora no Interar-te, por que você quis
proporcionar essa experiência para suas filhas?
Adulto: Eu penso que é fruto... pra mim, eu sempre penso que é fruto da
angústia, eu não acredito que isso sirva... pra universalizar... porque cada
um tem a sua história e o seu sentimento. Eu acho que, no meu caso, é
sempre fruto da angústia. Fruto da angústia e da dificuldade de travar
diálogos, de organizar ações... é sempre muito difícil alcançar o objetivo de
um diálogo, duma convivência que termine a convivência e você fale: poxa,
isso foi legal! O sentimento fica legal, o sentimento fica acomodado. Aí, a
possibilidade de vivenciar o Interar-te é como vivenciar a terapia, eu acho
que é uma sessão de terapia, é uma sessão de... nos encontramos. Agora
não tem rota de fuga, não dá pra falar: não enche o saco vai!... Não dá pra
rosnar... (risos). Ninguém rosna pra ninguém... eu acho que é uma grande
possibilidade. Não é fácil parar de rosnar, não é fácil.
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Famílias em tempo de ócio no museu de arte: formação de hábitos culturais de crianças e adolescentes 69
Considerações finais
O objetivo da pesquisa foi conhecer o perfil do público adulto
que frequentou um museu com a família em busca de lazer, assim
como o impacto dessas ações na qualidade das relações e vínculos no
interior de cada família. Porém não há dúvidas de que nesse ínterim
promove-se conhecimento sobre arte. Afinal, o que move o
programa são as exposições em cartaz no Museu de Arte
Contemporânea, instituição que abriga mostras de arte moderna e
contemporânea em grande maioria de seu acervo, mas também de
demais procedências (colecionadores, outras instituições públicas ou
privadas, artistas, etc.).
Ao participar do programa Interar-te, além de promover esta
vivência às crianças, os adultos também participam e se transformam.
A convivência familiar é valorizada e estimulada, assim como a troca
de opiniões, de papéis – muitas vezes adultos, crianças e adolescentes
discutem seus trabalhos como colegas, como iguais, apesar de suas
diferenças. Ou seja, investe-se na qualidade da experiência no museu
– não só do contato com a arte, mas da relação que se estabelece
entre visitantes, familiares, a equipe de educadores e demais grupos
que se encontram neste espaço, que é institucional.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
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Referências
BIELLA, A.A.A.S. Famílias no museu de arte: lazer e
conhecimento: um estudo sobre o programa educativo Interar-te do
MAC USP. 2012. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.
DEWEY, J. Art as experience. New York: The Berkley Publishing
Group, 2005.
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Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação
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JUAN BORDES1
BORDES, J. La creación del dibujo moderno: una revolución educativa. In: ARANHA, C.S.G. ; IAVELBERG, R. (Orgs.).
Espaços da Mediação: A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016, pp. 73-99.
74 Juan Bordes
***
La construcción de un nuevo dibujo que derivó en la creación
del arte moderno, es una clara prueba del enunciado renacentista que
concibe el dibujo como fundamento de todas las artes. Es decir que la
transformación de esta cimentación es la causa más sólida que justifica
la creación del nuevo edificio del arte moderno. Pero esta
construcción fue un largo proceso en el que convergieron varios
programas docentes heterodoxos que surgieron durante el siglo XIX.
Y tal cambio en las capacidades del dibujo se produjo como
consecuencia de revisar esta disciplina a partir de las ideas de
Rousseau, expresadas en su Emile (1762), quien propuso separar los
objetivos artísticos del dibujo y convertirlo en una herramienta para
la educación general del niño, pues identificó entre los objetivos y
efectos del dibujo la coordinación entre el sentido de la vista y el
tacto. Así pues su aprendizaje se consideró como una forma de educar
la percepción, y se estableció un debate generalizado en muchos
países para crear programas docentes con los que lograr el camino
más corto para dominar una expresión gráfica esencial.
Los profesores que se empeñaron en crear estos nuevos
procedimientos para desarrollar la percepción del ojo y coordinarla
con la expresión de la mano, no tenían como objetivo una educación
artística, sino que al implicar la enseñanza del dibujo en la primera
infancia consideraban esta disciplina como necesaria para la formación
integral de la persona; aunque también otros programas más
específicos dirigidos al adolescente, buscaban una formación
industrial. El carácter marginal y secundario que tuvieron estas
transformaciones no inquietó a los cenáculos académicos pues surgían
con fines educativos de la infancia o formación industrial de
adolescentes, pero sin llegar a penetrar en los cenáculos de la
preparación artística. Finalmente, la fuerza que generaron esas
novedades terminó derribando fronteras y lo invadió todo.
El conjunto de todas estas nuevas tácticas de las que se va
nutriendo la disciplina del dibujo abandonó la mera representación y
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78 Juan Bordes
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El siglo XIX ha sido destacado por una atención a la infancia, a
pesar de coexistir con situaciones de extrema explotación laboral. La
situación en la enseñanza, con un sombrío panorama, provocó como
reacción la entrega de algunos idealistas que pretendieron un cambio
a través de la educación. Pero para solucionar el conflicto con el
poder, que los veía como provocadores de un desclasamiento social,
estos nuevos pedagogos integraron sus objetivos con una mejora de la
productividad industrial, y por lo tanto con un aumento de la riqueza
y el poder de un pais. Estos son los argumentos que aparecen desde el
primer momento y fueron utilizado por Bachelier para obtener la
protección del rei al fundar l’Ecole Gratuite de Dessin de París, que a
lo largo del siglo XiX obtiene eco en toda Europa y América.
La solución de acudir a la infancia para regenerar la humanidad
tiene su aplicación en el arte; y la inocencia ha sido invocada varias veces
para olvidar los convencionalismos acumulados por la tradición como
causa que sofocaba la auténtica expresión. Es una idea que está presente
desde el principio de la modernidad en los deseos de “volverse niño”
expresados por Corot, o las recomendaciones de una ingenuidad óptica
de Ruskin al escribir sobre “la inocencia del ojo” en su obra Elemnts of
drawing (1857), o los elogios de Baudelaire desde Le peintre de la vie
moderne (1863) reconociendo que “el genio no es más que la infancia
recobrada a voluntad, la infancia dotada ahora para expresarse de
órganos viriles y del espiritu analítico que le permite ordenar la suma de
material involuntariamente almacenado” (p. 85 ed. Murcia 1995).
Y esta actitud está latente en una generación de artistas que
prepararon el cambio sin distanciarse de la tradición, pero se visualizó
más claramente en los protagonistas de las primeras vanguardias del
siglo XX, que vivieron de forma muy próxima la renovación de la
infancia con una iconografía nueva proveniente de ciertos profesores y
la recogieron como expresión de modernidad. En 1900, Kandisky
tenía 34 años; Picasso, Léger, Kupka y Balla, 29; Mondrian, Braque,
Boccioni y Exter, 28; Duchamp y Arp, 23; Ittem y Malevich, 22; Klee
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y Popova, 21; etc. Y esas edades evidencian que quienes en las tres
décadas siguientes van a establecer las bases del arte moderno, habían
terminado su etapa de formación y se disponían a producir un cambio.
Pero desde las ideas revolucionarias sobre la educación
expresadas por Roussseau y que inspiran los programas pedagógicos
de profesores como Pestalozzi o Froebel, a los profesores que
actuaron sobre la generación de los vanguardistas, como Ross, Dow,
Cizek o Hölzel (que precisamente tuvo como alumnos a Schlemmer,
Ittem, Baumeister, Ackermann, etc), median muchos otros docentes
y teóricos que configuraron el conjunto de conclusiones que
finalmente se transmitió como legado progresista del siglo XIX para
materializar la modernidad con la que se inaugura el siglo XX.
Las nuevas docencias de la infancia nacidas en el siglo XIX,
introdujeron el concepto de juguete educativo a través del material
didáctico que crearon para llevar a cabo su docencia; pues la mayoría de
estos programas coinciden, de forma mas o menos explícita, en aceptar
el juego como motor para alcanzar los objetivos que pretenden. El juego
es una actividad necesaria para el desarrollo de la personalidad del niño, y
ya Friedrich Schiller advertía que “Entre todos los estados del hombre, es
precisamente el juego, y sólo el juego, el que lo hace completo y
despliega a la vez su doble naturaleza(,,,) El hombre solamente juega
cuado en el sentido completo de la palabra es hombre y solamente es
hombre completo cuado juega” (Über die ästhetische Erziehung des menschen
(1795), ed espñ.1920, p.94) Pero en la historia comprobamos cómo
hasta el siglo XIX dominan aquellos juegos en los que el niño asume los
comportamientos de los adultos apoyado por juguetes figurativos, por lo
que el niño se condiciona par reproducir la sociedad que imita,
heredando los comportamientos de sus adultos. Los juguetes alternativos
a éstos eran los de habilidad, con los que el niño encauzaba su energía y
conseguía autoestima, pero ya en la primera mitad del siglo XIX aparece
el concepto de juego educativo produciéndose objetos destinados a
fomentar la imaginación y la creatividad.
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***
En el corto espacio de este texto presentamos solo un resumen
breve de las diferentes corrientes que nacen en el siglo XIX sobre la
docencia del dibujo. Cada una de ellas matiza de forma particular la
disciplina del dibujo, para hacerlas converger sobre el caudal común
del arte moderno. Sin embargo estas sintéticas presentaciones habría
que complementarlas con las secuelas de juguetes comerciales que
generan muchos de estos métodos pues, aunque produzcan una
difusión amortiguada de sus principios tienen gran importancia por
aumentar su difusión.
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mind are educated gy means thet conserve vitality and develop a unión of
thought and action (c.1898) cuyo extenso título es un manifiesto de su
contenido. En él desarrolló las técnicas del dibujo ambidiestro, y
también propuso ejercicios de dibujo con los ojos cerrados,
consiguiendo que sus tácticas tuvieran una gran repercusión europea.
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Epílogo
Como anunciábamos al principio todo este bagaje de nuevas
estrategias de las que se provee la disciplina del dibujo llega a manos
de los vanguardistas gracias al último escalón de profesores como
Denman Waldo Ross, Arthur Wesley Dow, Franz Cizek o Adolf
Hölzel e incluso a una segunda generación de vanguardistas a través
de programas como el de María Montessori. De esta manera se
demuestra que la ruptura que supone el arte moderno es una
revolución silenciosa y lenta que propicia la aparición de los artistas
capaces para producirla, pero que desde luego no es un mérito
individual, sino compartido con la generosidad de unos profesores
que han quedado en un segundo plano.
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Luciane Bonace Lopes Fernandes é Pós-Doutoranda da área de Psicologia e Educação da
Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP) (2015), Doutora em Educação pela
FEUSP, Mestre em Estética e História da Arte pelo Programa de Pós-Graduação Interunidades em
Estética e História da Arte da Universidade de São Paulo (PGEHA USP) (2009), licenciada em Artes
Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (2003) e bacharel em Desenho Industrial
(Projeto de Produto) pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2000). Professora, pesquisadora e
elaboradora de livros e outros materiais didáticos na área de Artes (Artes Visuais, Teatro, Música e
Dança) para as séries do Ensino Médio e do Ensino Fundamental II. Email: lucianebonace@usp.br
FERNANDES, L.B.L. Os princípios do Movimento Escola Nova como norteadores do trabalho de arte e educação
desenvolvido no campo de concentração nazista de Terezín. In: ARANHA, C.S.G. ; IAVELBERG, R. (Orgs.). Espaços da
Mediação: A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016, pp. 101-114.
102 Luciane Bonace Lopes Fernandes
2
Terezín também é designada como gueto pois, de acordo com Klüger (2005), quando os
judeus foram expulsos de suas casas, primeiramente tiveram de morar com outras famílias
judias. Quando lhes foi dito que sairiam dessas casas para viverem em uma “colônia
judaica” imaginaram que seria uma espécie de gueto, daí ter surgido a denominação. Em
geral, os guetos foram áreas isoladas das cidades onde os judeus eram segregados.
3
Reinhard Heydrich foi um dos principais líderes da Schutzstaffel (SS), a tropa de choque
nazista. Ele era responsável pelos territórios da Boêmia e Morávia.
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Os princípios do Movimento Escola Nova como norteadores do trabalho de arte e ... 103
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4
Essa é considerada a primeira fase da Bauhaus, caracterizada por uma abordagem mais
expressionista e espiritual, graças à forte influência exercida pelo professor e artista
Johannes Itten. A Bauhaus (do alemão: “casa de construção”) foi uma escola de arte, design
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Os princípios do Movimento Escola Nova como norteadores do trabalho de arte e ... 105
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108 Luciane Bonace Lopes Fernandes
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Os princípios do Movimento Escola Nova como norteadores do trabalho de arte e ... 109
A casa velha
A casa velha aqui está abandonada.
Em silêncio, em um profundo sonho.
Que formosa era antes,
Quando ali estava, que formosa era.
Está abandonada,
Se apodrecendo em silêncio,
Pena de casas,
Pena de tempos.7
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Os princípios do Movimento Escola Nova como norteadores do trabalho de arte e ... 113
Referências:
BRENNER, Hannelore. As meninas do quarto 28: amizade, esperança e
sobrevivência em Theresienstadt. São Paulo: LeYa, 2014.
FEDERAÇÂO ISRAELITA DE PERNAMBUCO. Catálogo da
Exposição Os desenhos das crianças de Terezín, Recife, 2010.
GRUENBAUM, Thelma. Nesarim: child survivor of Terezín. Portland:
Vallentine Mitchell, 2004.
IAVELBERG, Rosa. Interações entre a arte das crianças e a produção de
arte adulta. In: ASSOCIAÇÃO DE PESQUISADORES EM ARTES
PLÁSTICAS – ANPAP, 17, 2008, Florianópolis. Anais da Anpap.
Disponível em:
<http://www.anpap.org.br/anais/2008/artigos/129.pdf>.
Acesso em: 13 jun. 2014.
IAVELBERG, Rosa. O desenho cultivado da criança: prática e formação de
educadores. 2 ed. Porto Alegre: Zouk, 2013 (a).
IAVELBERG, Rosa. Desenho na educação infantil. Col. Como eu ensino.
São Paulo: Melhoramentos, 2013. v. 1. 143p. (b).
IAVELBERG, Rosa. Para gostar de aprender arte: sala de aula e formação
de professores. Porto Alegre: Artmed, 2003.
ITTEN, Johannes. Design and form: the basic course at the Bauhaus and
later. 1 ed. New York: Van Nostrand Reinhold, 1964.
ITTEN, Johannes. Design and form: the basic course at the Bauhaus and
later. 2 ed. New York: Van Nostrand Reinhold, 1975.
KLEE, Paul. Sobre arte moderna e outros ensaios. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 2001.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
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Andrea Matos da Fonseca é Doutoranda do Programa de Pós-Graduação Interunidades em Estética
e História da Arte da Universidade de São Paulo (PGEHA USP). É mestre pelo PGEHA USP, graduada
em licenciatura plena em Pedagogia pela Faculdade de Educação da USP (FEUSP) (2003), especialista
em Estudos de Museus de Arte pelo Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC USP) (2004) e em
Museologia pelo Museu de Arqueologia e Etinologia da USP (MAE-USP) (2006). Atualmente, coordena
a equipe pedagógica do Centro de Desenvolvimento Infantil do SESC SP.
2 Este artigo inspira-se em notas e reflexões de aulas ministradas pela profa. Dra. Carmen
S. G. Aranha (MAC-USP) durante a disciplina Arte como forma de pensamento,
oferecida no primeiro semestre do ano de 2016, no âmbito do Programa de Pós
Graduação Interunidades em Estética e História da Arte da Universidade de São Paulo.
3
A exposição “Iberê Camargo: um trágico nos trópicos” foi realizada pelo Centro
Cultural Banco do Brasil em parceria com a Fundação Iberê Camargo em São Paulo no
ano de 2014.
FONSECA, A.M. Qual é a arte dele? Indícios do olhar-pensante na lição emancipadora do artista. In: ARANHA, C.S.G. ;
IAVELBERG, R. (Orgs.). Espaços da Mediação: A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016, pp.
115-130.
116 Andrea Matos da Fonseca
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Qual é a arte dele? : Indícios do olhar-pensante na lição emancipadora do artista 117
4
A noção de olhar-pensante aparece em itálico, pois nosso objetivo é construir essa noção
enquanto fenômeno interrogado na apreciação estética. Assim, no decorrer deste trabalho
a palavra olhar-pensante será indicada sempre em itálico, já que se trata de uma noção a ser
desenvolvida ao longo da pesquisa de doutoramento.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
118 Andrea Matos da Fonseca
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Qual é a arte dele? : Indícios do olhar-pensante na lição emancipadora do artista 119
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
120 Andrea Matos da Fonseca
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Qual é a arte dele? : Indícios do olhar-pensante na lição emancipadora do artista 121
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
122 Andrea Matos da Fonseca
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Qual é a arte dele? : Indícios do olhar-pensante na lição emancipadora do artista 123
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
124 Andrea Matos da Fonseca
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Qual é a arte dele? : Indícios do olhar-pensante na lição emancipadora do artista 125
5
Portas do inferno (La Porte de l’Enfer), 1880-1917, conjunto de esculturas de Auguste
Rodin (1840-1917).
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
126 Andrea Matos da Fonseca
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Qual é a arte dele? : Indícios do olhar-pensante na lição emancipadora do artista 127
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
128 Andrea Matos da Fonseca
Referências
ARCHER, Michael. Arte Contemporânea: uma história concisa.
Tradução: Alexandre Krug, Valter Lellis Siqueira. São Paulo:
Martins Fontes, 2001.
ARANHA, Carmen Sylvia. G. ______. Exercícios do olhar:
conhecimento e visualidade. Assistentes de pesquisa Amauri C.
Brito, Alex Rosato, Evandro C. Nicolau. – São Paulo: Editora
UNESP; Rio de Janeiro: FUNARTE, 2008.
______. ; CANTON, Katia. Espaços de mediação. São Paulo : PGEHA /
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, 2011.
CÂMARA, José Bettencourt da. Expressão e Contemporaneidade: a arte
moderna segundo Merleau-Ponty. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa
da Moeda, 2005.
CHAUÍ, Marilena. Experiência do pensamento: ensaios sobre a obra de
Merleau-Ponty. São Paulo : Martins Fontes, 2002. (Coleção Tópicos).
DIDI-HUBERMAN, Georges. O que vemos, o que nos olha. Trad.:
Paulo Neves. 2º Edição, São Paulo : Editora 34, 2010.
FONSECA, Andrea Matos da. Corporeidade na arte atual brasileira:
sensibilidades desveladas. São Paulo : PGEHA : USP, 2012
(Dissertação de Mestrado)
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
130 Andrea Matos da Fonseca
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
III Simpósio Internacional
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação
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GONÇALVES. M.G.D. Com-partilhas da coleção de Artes da UFES nos processos de formação de professores de Artes. In:
ARANHA, C.S.G. ; IAVELBERG, R. (Orgs.). Espaços da Mediação: A arte e suas histórias na educação. São Paulo:
MAC USP, 2016, pp. 131-146.
132 Maria Gorete Dadalto Gonçalves
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Com-partilhas da coleção de Artes da UFES nos processos de formação ... 133
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134 Maria Gorete Dadalto Gonçalves
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Com-partilhas da coleção de Artes da UFES nos processos de formação ... 135
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136 Maria Gorete Dadalto Gonçalves
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Com-partilhas da coleção de Artes da UFES nos processos de formação ... 137
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
138 Maria Gorete Dadalto Gonçalves
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Com-partilhas da coleção de Artes da UFES nos processos de formação ... 139
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
140 Maria Gorete Dadalto Gonçalves
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Com-partilhas da coleção de Artes da UFES nos processos de formação ... 141
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
142 Maria Gorete Dadalto Gonçalves
Apropriações do Acervo
As ações educativas explorando a coleção da UFES ocorrem na
disciplina Propostas Metodológicas do Ensino da Arte II ministrada no
primeiro semestre de 2015 no Curso de Licenciatura em Artes
Visuais EAD. Uma das proposições teve como objetivo aproximar o
Acervo da UFES dos alunos do curso para o estudo e compreensão da
Abordagem Triangular e da Semiótica Plástica. De posse de parte do
conjunto de imagens das obras do Acervo enviado aos Polos em
suporte DVD, as professoras demandam aos alunos para, após
visualização das obras disponíveis no DVD, fazerem a escolha de uma
obra, apresentar a justificativa da escolha da obra para a educação da
arte, e os procedimentos metodológicos fundamentados na
Abordagem Triangular. A partir de uma bibliografia dada, exposições
em vídeo- aulas e de discussões dos grupos nos polos e no AVA, os
alunos apresentaram para os demais colegas as reflexões.
Ainda na disciplina Propostas Metodológicas do Ensino da Arte
II, quando foi apresentada a Abordagem da Semiótica Plástica, as
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Com-partilhas da coleção de Artes da UFES nos processos de formação ... 143
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
144 Maria Gorete Dadalto Gonçalves
Referências:
ACERVO da Galeria de Arte Espaço Universitário – GAEU. Galeria
de Artes Espaço Universitário. Vitória: Edufes, 2007.
COLOMBO, Fausto. Os arquivos imperfeitos, memória social
e cultura eletrônica. São Paulo: Editora Perspectiva. 1991.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Com-partilhas da coleção de Artes da UFES nos processos de formação ... 145
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III Simpósio Internacional
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação
29 DE AGOSTO A 1 DE SETEMBRO DE 2016
ROSA IAVELBERG1
1
Rosa Iavelberg é Professora Livre Docente do Departamento de Metodologia de Ensino da Faculdade de
Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP). Autora dos livros: Para gostar de aprender arte: sala de aula
e formação de professores. Porto Alegre: Artmed, 2003; O desenho cultivado da criança: práticas e formação de
educadores. Porto Alegre: Zouk, 2006; Desenho na educação infantil. São Paulo: Melhoramentos, 2013; e, com
Luciana Arslan, Ensino de Arte. São Paulo: Thomson, 2006. É líder, junto à Profa. Carmen Aranha (MAC USP),
do Grupo de pesquisa Formação de Educadores em Arte (CNPq)
http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/1940688940065691#indicadores.
IAVELBERG, R. Contribuições de Thierry de Duve à arte/educação contemporânea. In: ARANHA, C.S.G. ; IAVELBERG,
R. (Orgs.). Espaços da Mediação: A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016, pp. 147-163.
148 Rosa Iavelberg
1 A entrevista autobiográfica de Lowenfeld é citada na bibliografia do texto de Michael e Morris (1984) e foi
traduzida para língua portuguesa e divulgada na internet pela Profa. Ana Mae Barbosa. Em sua abertura, Barbosa
afirma que a entrevista foi feita em 1958, por alunos de pós-graduação da Penn State University, onde
Lowenfeld ensinou e dirigiu o Departamento de Arte Educação durante14 anos. Essa tradução está disponível
em http://www.prof2000.pt/users/marca/lowenfeld.htm e a fita original, segundo Barbosa, está nos arquivos de
arte/educação da Universidade de Miami em Oxford, Ohio (USA).
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Contribuições de Thierry de Duve à arte/educação contemporânea 149
Talento Criatividade
Imitação Invenção
Expressão que segue um nível que não é Expressão que está de acordo com o nível
próprio, mas sim alheio pessoal da criança
3
ARNHEIM, Rudolf. Arte e percepção visual, uma psicologia da visão criadora. São Paulo: Pioneira/ EdUSP, 1986.
GOMBRICH, Ernest. H. A História da Arte. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.
READ, Herbert. Educação pela Arte. São Paulo: Martins Fontes, 1977.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
150 Rosa Iavelberg
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Contribuições de Thierry de Duve à arte/educação contemporânea 151
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152 Rosa Iavelberg
Bauhaus. Faz muito sentido refletir sobre qual foi a educação escolar
recebida por aqueles que foram protagonistas da arte moderna.
Bordes (2007) aponta no sistema educativo idealizado por
Friedrich Wilhelm August Fröebel (1782-1852) o momento
decisivo e crucial para a concepção do desenho moderno.
Foi com o trabalho de Froebel que se deu por completo o
rompimento com os esquemas clássicos e ortodoxos do desenho
sobre o plano para compreender-se “espacial y sólido, constructivo
y modular”, mas sem abandonar as noções de representação,
reflexão e análise características do desenho clássico. Noções como
destreza e a relação entre pensamento e sentimento encontravam
no método froebeliano um instrumento de desenvolvimento da
inteligência. Preceitos desenvolvidos em sua didática, como o
estudo a partir de formas cúbicas, contrastes de cores e formas e
trabalhos com tecidos, serviram de estrutura conceitual para
diversos métodos de desenho nas décadas que se seguiram.
A obra de Fröebel teve impacto e, como que em uma síntese de outros
métodos e práticas anteriores, esse pedagogo desenvolveu uma maneira
de ensino do desenho reunindo diversas capacidades conquistadas ao
longo dos três primeiros quartos do século XIX, estabelecendo certas
bases que seriam “el terreno de cultivo para los cultivos de las
vanguardias”. (IAVELBERG & MENEZES, 2013, p. 88)
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Contribuições de Thierry de Duve à arte/educação contemporânea 153
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
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Contribuições de Thierry de Duve à arte/educação contemporânea 155
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Contribuições de Thierry de Duve à arte/educação contemporânea 159
6
Em seu livro História de los juguetes, BORDES (2012) desenvolve em profundidade as relações entre jogos
construtivos, presentes na Educação Básica de artistas e arquitetos que estudaram em escolas modernas quando
crianças como a alma de um pensamento artístico que marcará a arquitetura e a arte modernas.
7
Wright, Frank Lloyd. A Testament, New York: Horizon Press, 1957.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
160 Rosa Iavelberg
Referências:
BORDES, Juan. La Infancia de las Vanguardias: sus profesores desde
Rousseau a la Bauhaus. Coslada: Ediciones Cátedra, 2007.
______. História de los juguetes de construction: escuela de la
arquitetura moderna, Espanha: Ediciones Cátedra, 2012.
BULTMAN, Scott. The Froebel gifts: 1-6 the solids. USA: Froebel USA,
2014.
CIZEK, Franz. Children’s coloured paper work. Viena: Anton Schroll,
1910.
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Contribuições de Thierry de Duve à arte/educação contemporânea 161
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
162 Rosa Iavelberg
Revista Ars, São Paulo: Programa de Pós Graduação artes visuais, ano
11, n.21, Universidade de São Paulo/Escola de Comunicações e
Artes, 2013. pp 74-89.
KELLY, Donna Darling. Uncovering the history of children’s drawing and
art. Wesport: Praeger, 2004.
LOWENFELD, Viktor. Creative and mental growth. 3. reimpr. New
York: Macmillan, 1957.
______. Desarrollo de la capacidad creadora. Vols. 1 e 2. Buenos Aires:
Kapelusz; 1961.
______; BRITTAIN. W. L. Desenvolvimento da capacidade criadora. São
Paulo: Mestre Jou, 1977.
LUQUET, Georges-Henri. O desenho infantil. Barcelona: Porto
Civilização, 1969.
STERN, Arno. Aspectos e técnica de la pintura infantil. Buenos Aires:
Kapelusz,1961.
______. Compreensión del arte infantil. Buenos Aires: Kapelusz,1962.
______. El lenguage plástico. Buenos Aires: Kapelusz,1965.
VIOLA, Wilhem. Child Art and Franz Cizek. Viena: Austrian Junior
Red Cross, 1936.
______. Child Art. Peoria: Illinois, Chas. A. Bennett Co.,Inc., 1944
(2a ed.).
WICK, Rainer. Pedagogia da Bauhaus. São Paulo: Martins Fontes,
1989.
WILSON, Brent; WILSON; MARJORIE; HURWITZ, Al. Teaching
drawing from art. Massachusetts: Davis, 1987.
Sites
LESHNOFF, Susan K. Viktor Lowenfeld: portrait of a young art
teacher in Vienna in the 1930s. Studies in Art Education: A Journal of
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Contribuições de Thierry de Duve à arte/educação contemporânea 163
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Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação
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1
Rosa Iavelberg é Professora Livre Docente do Departamento de Metodologia de Ensino da
Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP). Autora dos livros: Para gostar de aprender
arte: sala de aula e formação de professores. Porto Alegre: Artmed, 2003; O desenho cultivado da criança:
práticas e formação de educadores. Porto Alegre: Zouk, 2006; Desenho na educação infantil. São Paulo:
Melhoramentos, 2013; e, com Luciana Arslan, Ensino de Arte. São Paulo: Thomson, 2006. É líder, junto
à Profa. Carmen Aranha (MAC USP), do Grupo de pesquisa Formação de Educadores em Arte (CNPq)
http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/1940688940065691#indicadores
2
Denise Grinspum é Graduada em Licenciatura em Educação Artística pela FAAP (1981). Realizou o
mestrado em Artes (1991) e doutorado em Educação (2000), ambos pela Universidade de São Paulo. É
Assessora Técnica dos Museus Castro Maya/Ibram/MinC. Implantou a Área de Ação Educativa do
Museu Lasar Segall (1985-2002) e foi Diretora dessa instituição (2002-2008). Foi Gerente Geral do
Instituto Arte na Escola (2008-2010), Presidente do Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de
Museus (Icom, 2010-2012) e trabalha com formação de professores em cursos de especialização desde os
anos 1990. http://lattes.cnpq.br/0087710881975586
IAVELBERG, R. ; GRINSPUM, D. Escola e museu: lugares do aprender artes visuais. In: ARANHA, C.S.G. ; IAVELBERG,
R. (Orgs.). Espaços da Mediação: A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016, pp. 165-179.
166 Rosa Iavelberg & Denise Grinspum
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Escola e museu: lugares do aprender artes visuais 167
4
HARGREAVES, D. H. The teaching of art and the art of teaching: towards an
alternative view of aesthetic learning. In: HAMMERSLEY, M.; HARGREAVES, A.
(eds.). Curriculum practice: some sociological case studies: London, Falmer, 1983.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Escola e museu: lugares do aprender artes visuais 169
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Escola e museu: lugares do aprender artes visuais 173
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Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Escola e museu: lugares do aprender artes visuais 175
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176 Rosa Iavelberg & Denise Grinspum
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
178 Rosa Iavelberg & Denise Grinspum
Conclusões
A interface entre a educação na escola e a educação no museu
colabora sobremaneira com a formação dos alunos em arte. Assumir a
perspectiva da interação que propomos neste artigo supõe a
necessidade de uma coerência epistemológica e afinidade de
princípios entre as duas práticas.
Soma-se aos pressupostos aqui desenvolvidos considerar que a
formação docente em arte caminha junto à valorização da profissão e
requer políticas públicas de aplicação das leis e adequação curricular
de carga horária para as linguagens da arte na execução dos
documentos oficiais obrigatórios da educação escolar. Portanto, aqui
abordamos um proposição didática que dialoga com o conjunto de
fatores que compõe o sistema escolar e o museológico.
Reconhecemos, para que possamos executar em grande escala a
proposição da educação construtivista aqui desenvolvida, que ainda
temos apenas horizontes, mas que merecem lentes de aproximação
para serem visualizados.
Referências:
BRUNO, Cristina. Museologia: algumas ideias para a sua organização
disciplinar. Cadernos de Sociomuseologia: Revista Lusófona de Museologia,
n. 9, 1996.
DUVE, Thierry. Fazendo a escola (ou refazendo-a?). Chapecó (SC):
Argos, 2012.
FERREIRO, Emília. Atualidade de Jean Piaget. Porto Alegre: Artes
Médicas, 2001.
GRINSPUM. Denise. Educação para o patrimônio: museu de arte e
escola; responsabilidade compartilhada na formação de público.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
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ROLF LAVEN1
Introduction
The reformer Franz Čížek (1865-1946) is considered by
worldwide experts in his field to be a pioneer in art education. As an
eminent inspirer and mentor he had an influence on the development
of current art education practices. He was a catalyser for reform
pedagogical and artistic innovation. Čížek, who dedicated his life to
“research on psychogenic creation”, had many followers and
imitators, particularly in the English speaking realm. The relationship
between art and pedagogics, the history of which is marked not only
by tensions between varying views on perception, but also by the
productive exchange of ideas, can be seen clearly in Čížek’s lifework.
This work included the development of Viennese Kineticism and the
leadership of art classes for children and youths. Through his activities
Čížek, who was extensively artistically trained, was able to broach
the issue of this rift and in the end he was able to transcend the
division of the two disciplines within his sphere of influence. He
1
Rolf Laven was born in Germany. He studied Sculpture in Maastricht/NL (Rijkshogeschool:
Academie Beeldende Kunsten) and Vienna (Universität: Akademie der bildenden Künste), graduating in
1998. He finished his studies also with a Master Diploma in 1995 as a Masters in Visual Arts Education
and his phd Dissertiaton in 2004. Today, he is Full Professor at the Department for Secondary Schools,
University of Teacher Education in Vienna / Austria.
LAVEN, R. Franz Čížek and the Viennese Juvenile Art. In: ARANHA, C.S.G. ; IAVELBERG, R. (Orgs.). Espaços da
Mediação: A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016, pp. 181-202.
182 Rolf Laven
In his art class for children and youths, which quickly gained
worldwide fame, a large number of interested Viennese children and
youths were given the opportunity to produce creative artistic work
in a well-planned environment over a period of decades. Although
the timing for this artistic experiment, which for following
generations was superficially understood purely as a pedagogical
intervention, was right, overlaying realities caused by societal and
political countercurrents were created. In Franz Čížek‘s biography
the radical changes are reflected: His life spans a time period from the
2
All 5 Images were made by Rudolf Johann Bohl, 1934, courtesy Wien Museum
Karlsplatz.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Franz Čížek and the Viennese Juvenile Ar 183
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
184 Rolf Laven
Like Čížek James Sully was also one of the first people to speak
about the “child as an artist”. A systematic investigation on the nature
of the child’s capability of expression and the development of graphic
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Franz Čížek and the Viennese Juvenile Ar 185
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
186 Rolf Laven
1975, p. 282). Years before making this assumption Götze had already
visited Čížek in the Schottenfeld Secondary School:
My work in the secondary school quickly became known and the
number of foreigners who came to Vienna in order to get to know
the Austrian style of drawing instruction increased, they reported
to the Ministry of Education on what they found and saw, through
which this public authority became increasingly aware of my
instruction. Many drawing and art instructors came from
Germany. One of the first was Karl Götze, the Director of the
Teachers’ Association for Art Education in Hamburg. In 1899 he
visited me in the school and, after hours of observation, voiced the
opinion that “it appeared to be that here much of what they were
trying to do in Hamburg was already being done. (Čížek,
1942/43, no page number)
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Franz Čížek and the Viennese Juvenile Ar 187
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
188 Rolf Laven
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
190 Rolf Laven
First the process-like qualities of art are perceived and then the
meaning of the contact with materials is discerned. “The children
must try to see what they can produce and soon they come jubilantly
with their work. The material and the tools have such an immense
influence, that the children almost always know how they should
work with them.” (Čížek, o.J, o.S.). Thereby such techniques which
could be used directly were preferred.
The Juvenile Art Class is not a school in the usual sense, but rather
primarily a workshop to which the children can come voluntarily
and where they can also carry out their activities independently and
according to their own inclinations and nature. The body and the
soul should be undivided here. That is why we have music here
(grammaphone, piano). The children can dance if they want to.
They draw on large easels so that their whole body is involved in
their work. They are allowed to walk around in the class. They are
allowed to sing. The whole person should be involved here. The
children come to me only once a week for two hours. Of course
they are free to come more often if they want to. And there are
often children who come outside of these two hours because they
have the desire to create. (...) In the Juvenile Art Class the
children work with materials and tools (material and methods)
which they like. In this way one child who wants to build
something will build a framework made of wood, while another
child uses wood to make a moveable creation, for example a mill;
many children draw (with pencil, charcoal, chalk, etc.), others
paint without drawing. The children have the choice. (…) I give
only the children who are distracted more difficult materials, while
others who have difficulties with the work need to be given easier
materials (soft pencils, charcoal, paintbrushes). (…) When you
give them a gouge for cutting linoleum they are forced to set the
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
192 Rolf Laven
forms very confidently. But the children who stipple a lot and who
are unable to make up their mind about the form are forced to
draw the lines with a reed pen without making an initial sketch.
They can’t erase. They have to leave the form as it is. Therefore
they must think about what they are drawing before they start to
draw. Every child develops his or her own technique according to
what is meant to be portrayed. You wouldn’t believe how
inventive children are. (…) When a child asks me about something
I just say “Try it!” It is often unbelievable how immediately
dexterous the children are, they know what they have to do with
the materials or the tools. (ibid.)
The children were not only allowed to choose the material and
the techniques themselves, they also were autonomous in their
appropriation and operation of the equipment and tools needed.
One time there were artificial silks, or there were plaster blocks
and carving tools lying there, or he said: “You know, if you want
you can do some etching.” That is how I found out what etching
needles are, then linocuts. Then he showed us how dangerous the
gouges are – I injured myself many times – how dangerous they
are can never be exaggerated – “next time you should be more
careful”; He never made a big deal out of that. Techniques which
we knew nothing about were never forced on us, he just offered
them to us and we could accept them if we wanted to. (Laven,
2006, p. 155)
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
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Franz Čížek and the Viennese Juvenile Ar 195
Easels stood by the back wall of the art classroom and were
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196 Rolf Laven
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Franz Čížek and the Viennese Juvenile Ar 197
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
198 Rolf Laven
This part here is quite good. There is a nice feeling for the filling of
space. And this here shows the ‘horror vacui‘“ (Viola, 1942, p. 131).
Although the children in the Juvenile Art Class were given a greater
amount of freedom than was possible in regular classes, one can still
clearly see from what has been described that the modus operandi
was neither fully free nor fully without obligations. It appears that
one can come to the conclusion that certain forms of graphic
expression were approved of while others were inhibited. However,
the successes of the Čížek doctrine, which was able to exist for such a
long time in the Viennese environment – thanks to Čížek’s
charismatic character- were transferable to other systems only under
certain circumstances. In spite of all the propagation, publicity and
international travelling exhibitions the Juvenile Art Class was not an
imitable phenomenon. Still, in retrospect, one can recognize that
through its creation a whole series of important and positive contents
and impulses were introduced to the daily routine in the field of art
education. This influence has been able to extend itself into current
practices. Čížek can be credited first and foremost for recognizing
and nurturing so-called “free children’s drawings” as an autonomous
form of childish expression.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Franz Čížek and the Viennese Juvenile Ar 199
Final conclusions
Franz Čížek has proved to be a profoundly innovative artist and
researcher. His roots can be found in the culture of modern art from
the beginning of the 20th century. He was reacted to positively in the
“Red Vienna” of the First Republic and he made a lasting and
international impression in the development of art pedagogy.
The content of Čížek‘s pedagogical work emerged at an early
stage and largely from his concrete educational ideas which reflected
the art educational and artistic currents of his day. Thanks to him the
idea of an extracurricular experimental class was implemented for
almost 60 years, a class which was essentially the opposite of the
reality within schools.
The illustrious defender of his own ideas, who was able to
demonstrate his communicative abilities in a multitude of lectures,
was often accused of being a bad theorist; for this reason his
pedagogical stance did not gain wide recognition. He himself often
asserted that he was not a pedagogue, not a scientist and also not a
theorist. In reality he was an innovative artist who very rarely
documented and seldom debated his pedagogical activity.
His ability to publicly propagate his pedagogical idea in the form
of exhibitions stands in contrast with his apparent inability to give his
idea a theoretical framework.
The reception of Čížek’s lifework, in particular within the
framework of the popular travelling exhibitions, provided for a large
public following in these times of economic strife – from the
corporative state, through National Socialism and even after his death,
and this secured the survival of the school, at least for the time being.
For this reason in the year of Čížek’s death, 1946, his obituary
Solomonically stated:
“The artistic centre for Juvenile Art which he created was a
shining example in the whole world. (…) A peaceful world will
forever know his name and honour it!” (Matejka, 1946).
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
200 Rolf Laven
Referências:
Čížek, F. (1942/43). Gestaltung als Bekenntnis. (Design as a Profession)
Printed publication, unnumbered. Handschriftensammlung der
Wiener Stadt- und Landesbibliothek. (Manuscript Department of
the Vienna City Library)
Čížek, F. (1946). Curriculum Vitae. Printed publication, unnumbered.
Handschriftensammlung der Wiener Stadt- und Landesbibliothek.
(Manuscript Department of the Vienna City Library)
Čížek, F. (no year.). Copy of a visitor’s conversation documented by
Čížek, Čížek Archive, Wien Museum.
Čížek-Schüler berichten. (Čížek pupils report) (no year) unpublished
printing. Čížek Archive, Wien Museum.
Ermers, M. (1935). Vater unserer Kinderkunst. (The father of our
children’s art) In: Der Wiener Tag; Daily newspaper from
16.06.1935.
Laven, R. (2006). Franz Čížek und die Wiener Jugendkunst. (Franz Čížek
and the Viennese Juvenile Art) Vienna: SCHLEBRÜGGE.EDITOR.
Löwenfeld, V. (1964). Creative and mental growth. New York:
McMillan.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Franz Čížek and the Viennese Juvenile Ar 201
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
III Simpósio Internacional
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação
29 DE AGOSTO A 1 DE SETEMBRO DE 2016
DENISE NALINI1
1
Denise Nalini é Doutora pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP) na linha
de pesquisa de Psicologia e Educação (2015) e Mestre em História e Filosofia da Educação (FEUSP)
(1996). Estuda e pesquisa as relações entre a poética da criança pequena e a Arte Contemporânea.
Realiza consultorias presenciais e a distância em Arte - Educação, Educação Infantil e Leitura e Escrita.
NALINI, D. Arte Contemporânea nas creches: como os modos de fazer e pensar a arte afetam os professores e podem
contribuir para a criação de novos campos de experiências junto as crianças. In: ARANHA, C.S.G. ; IAVELBERG, R.
(Orgs.). Espaços da Mediação: A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016, pp. 203-217.
204 Denise Nalini
O estado da arte
A presença da arte na escola e os modelos idealizados a serem
alcançados precisavam ser questionados. Acreditamos que é no espaço
de constituição de uma crítica da história vivida, no estabelecimento
de um diálogo com as poéticas dos artistas, seus modos de fazer, nos
modos de fazer das crianças de 0 a 3 anos e nas interpretações dos
professores que poderemos “abrir” possibilidades novas de um
trabalho com arte. Trata-se, portanto, de um conhecimento móvel,
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Arte Contemporânea nas creches: como os modos de fazer e pensar a arte afetam os professores ... 205
2
Termo cunhado por Saviani (1985) em seu livro Escola e Democracia: Teorias da
Educação, numa metáfora sobre o antagonismo presente nas concepções de educacionais.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
206 Denise Nalini
3
A pesquisa completa encontra-se disponível em
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-16122015-092949/pt-
br.php)
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Arte Contemporânea nas creches: como os modos de fazer e pensar a arte afetam os professores ... 207
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
208 Denise Nalini
trabalho que requer um tempo mais longo. As sequências didáticas são: “uma série planejada e
orientada de tarefas, com o objetivo de promover uma aprendizagem específica e definida” (Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil – Brasil, Vol. 01,1998, p.55).
6
A tematização da prática é uma estratégia utilizada de formação de professores
alfabetizadores e tem sido desenvolvida pela Profa. Dra. Telma Weisz (2000), a qual
remete a análise de registros escritos e ou situações de vídeo que são discutidas com um
grupo de professores.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
210 Denise Nalini
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Arte Contemporânea nas creches: como os modos de fazer e pensar a arte afetam os professores ... 211
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
212 Denise Nalini
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Arte Contemporânea nas creches: como os modos de fazer e pensar a arte afetam os professores ... 213
Conclusões
As respostas a essas perguntas foram construídas durante o
percurso que gerou sequências didáticas que se mostraram
significativas, tanto para os professores como para as crianças. Nelas
prevaleceu a ideia da interação, da diversidade, da continuidade e
sobretudo da autoria e brincadeira. Gostaríamos de citar alguns
exemplos, como o de um grupo de professoras das crianças de 02 a
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Arte Contemporânea nas creches: como os modos de fazer e pensar a arte afetam os professores ... 215
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
216 Denise Nalini
Referências:
ARCHER, Michel. Arte contemporânea. Uma história concisa.
Tradução: Alexandre Krug, Valter Lellis Siqueira - São Paulo:
Editora Martins Fontes, 2008.
BARBIER, R. A Pesquisa-Ação. Tradução: Lucie Didio. Brasília: Liber
Livro Editora, 2007.
BARBIERI, Stela. Interações: onde está a arte na infância. São Paulo:
Blucher, 2012.
BIENAL DE SÃO PAULO 27ª Bienal de São Paulo: seminários/
curadoria geral Lisette Lagnado; co-autores Adriano Pedrosa (et al);
curadoria convidado Jochen Volz – Rio de Janeiro: Cobogó. 2008.
BRASIL. LEI N.9394, DE 20 de dezembro de 1996. Diretrizes e Bases
da Educação Nacional. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 23 de
dezembro de 19996. Disponível em
<https://www.planalto.gov.br.ccivil 03/Leis/L9394.htm.>
Acessado em 10 de setembro de 2013.
Centro de Documentação e Referência Itaú Cultural, Hélio Oiticica:
museu é o mundo. São Paulo: Itaú Cultural.2010.
FAVARETTO, Celso. Arte Contemporânea e Educação in Revista
Iberoamericana de Educación. N.º 53, p.225-235.2010. Disponível
<http://www.rieoei.org/rie53a10.pdf> Acessado em 02 de out de
2013.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade (14ª edição). São
Paulo: Paz e Terra. 1983.
IAVELBERG, Rosa. Para gostar de aprender arte. Porto Alegre:
Artmed, 2003.
LEVY, Pierre. A Inteligência Coletiva. São Paulo: Edições Loyola,
1999.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Arte Contemporânea nas creches: como os modos de fazer e pensar a arte afetam os professores ... 217
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
218
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
III Simpósio Internacional
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação
29 DE AGOSTO A 1 DE SETEMBRO DE 2016
EVANDRO NICOLAU1
1
Evandro C. Nicolau tem Licenciatura Plena em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista
Júlio de Mesquita Filho (2003). É Mestre e Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação Interunidades
em Estética e História da Arte da Universidade de São Paulo. É Educador do Museu de Arte
Contemporânea da Universidade de São Paulo desde 2004, tendo chefiado a Divisão Técnico Científica
de Educação e Arte do MAC USP entre 2010 e 2015. É professor em nível de graduação no Bacharelado
Interdisciplinar em Ciências do Trabalho na Escola DIEESE de Ciências do Trabalho.
NICOLAU, E.C. O Desenho como estratégia sociopolítica. In: ARANHA, C.S.G. ; IAVELBERG, R. (Orgs.). Espaços da
Mediação: A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016, pp.219-240.
220 Evandro Nicolau
2
http://www.publico.pt/sociedade/jornal/e-muito-mais-facil-ensinar-matematica--e-
ciencia-do-que-artes-67080 <acesso em 30/06/2016>
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
222 Evandro Nicolau
3
Friedrich Ratzel (1844-1904) é considerado por muitos o fundador da moderna
geografia humana, sendo responsável também pelo estabelecimento da geografia política
como disciplina.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
224 Evandro Nicolau
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
226 Evandro Nicolau
7
A sequência de imagens está no final do trabalho.
8
Todas as imagens coletadas foram extraídas do Google (Maps e Street View) e
selecionadas por mim para comporem o percurso, acessadas em junho de 2015.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
O Desenho como estratégia sociopolítica 227
9
Não analisei com profundidade as imagens, e nem os aspectos formais em sua amplitude
da visualidade urbana de São Paulo para este trabalho. Cabe explorar outros trajetos e
coletar mais imagens, aqui é um trabalho introdutório de pesquisa que, porém, dá conta
de propor uma possível forma de ver a cidade.
10
O Museu Aberto de Arte Urbana de São Paulo (MAAU-SP) constitui em um conjunto
de 66 painéis de grafite instalados nas pilastras que sustentam o trecho elevado da Linha 1-
Azul do Metrô de São Paulo, localizados no canteiro central da Avenida Cruzeiro do Sul
entre as estações Santana e Portuguesa-Tietê, no distrito de Santana, Zona Norte de São
Paulo. Esta região da cidade é considerada como berço do grafite paulistano desde os anos
1980 e 1990. De acordo com seus organizadores é o primeiro Museu Aberto de Arte
Urbana do Brasil e do mundo. Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
228 Evandro Nicolau
Livre de Artes Plásticas, de curta duração. No final dos anos 1950, cria o curso de
formação para professores do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp,
que é posteriormente transferido para a Fundação Armando Álvares Penteado - Faap.
Torna-se professor de história da arte e estética no departamento de história da Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - FAU/USP, onde auxilia o
arquiteto e professor Vilanova Artigas na reformulação do currículo escolar.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
230 Evandro Nicolau
13
PIXO O filme não traz respostas, mas fornece argumentos para o debate: pichação é
arte ou é crime?
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
232 Evandro Nicolau
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
O Desenho como estratégia sociopolítica 233
14
O saber desenhar distingui-se do não saber pela intensão expressa no gesto decisivo. O
medo do desenho é que destrói o próprio desenho. Desenhar é enfrentar o temor, ter
intuição e confiança no gesto, na expressão que nasce no pensamento e se converte em
imagem. Linhas se organizam em forma, se tornam dinâmicas e a transformação de ideia
em memória se revela na construção do espaço da representação gráfica. (NICOLAU,
2011, excerto 45)
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
234 Evandro Nicolau
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
O Desenho como estratégia sociopolítica 235
Referências:
ALBERTI, Leon B. Da pintura. Campinas: Editora da Unicamp,
1992.
ARANHA, Carmen S. G. Exercícios do olhar: conhecimento e
visualidade. São Paulo: Editora Unesp, 2008.
BARTHES, Roland. A retórica da imagem, In: O óbvio e o
obtuso. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1990.
BARBOSA, Ana Mae. Arte-educação no Brasil: das origens ao
modernismo. São Paulo: Perspectiva, 1978.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
236 Evandro Nicolau
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
O Desenho como estratégia sociopolítica 237
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
238 Evandro Nicolau
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
O Desenho como estratégia sociopolítica 239
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
240 Evandro Nicolau
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
III Simpósio Internacional
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação
29 DE AGOSTO A 1 DE SETEMBRO DE 2016
Espaços de mediação
entre memória e história
interior, confirmando o local como porta e caminho mais eficiente para entrar nos
domínios do sertão e das minas de ouro.
3
A tradição da invocação de N. Sra. da Luz data do século XVI; o local é, originalmente,
chamado de Campo do Guaré, caminho de Santana, às margens do Rio Anhembi.
4
Criada em Londres, a São Paulo Railway, conhecida como a Inglesa, inicia os trabalhos
em 1860 com dificuldade, pois a escarpa do planalto exige a construção de túneis e
viadutos. A The São Paulo Railway Brazilian Limited (SPR) inaugura a construção
ferroviária no estado de São Paulo, ligando Santos à capital, em 1865, e atingindo Jundiaí
no ano seguinte. Esse primeiro ramo do sistema ferroviário paulista é considerado o mais
difícil e também o mais importante, pois a ele ligam-se as demais redes ferroviárias,
tornando-se responsável pelo escoamento da produção do planalto paulista pelo Porto de
Santos. Idealizada pelo Visconde de Mauá, Irineu Evangelista de Souza, passa às mãos dos
ingleses em negociação prejudicial ao Visconde.
5
O capital e os técnicos ingleses, aliados à mão-de-obra dos imigrantes espanhóis,
portugueses, italianos, constroem planos inclinados da mais alta tecnologia ferroviária da
época. E após o término de sua construção e inauguração, em 1867, este complexo
ferroviário demanda mão-de-obra especializada para sua operação e manutenção, abrindo
oportunidades e fazendo com que muitos ficassem no local.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Espaços de mediação entre memória e história 243
6
Em 1818, constitui-se a primeira colônia suíça no Morro Queimado em Cantagalo (RJ)
e fixam-se os primeiros alemães em Viçosa (BA). Criam-se núcleos coloniais para os
agricultores, com a distribuição de lotes de terra a imigrantes que devem utilizar o
trabalho familiar, financiado pelo governo imperial. Também se instalam as colônias de
parceria, de iniciativa particular, com ônus dividido entre fazendeiros e colonos – grande
lavoura nas quais os imigrantes são empregados.
7
Os comissariados tratam de assuntos comerciais, cuidam da propaganda para atrair
imigrantes e orientam o trabalho dos agentes que, espalhados por cidades européias,
convencem as pessoas a se transferir para o Brasil.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
244 Alecsandra Matias de Oliveira
10
A iniciativa de constituição do MASP é de Assis Chateaubriand, proprietário dos
Diários Associados (forte cadeia de jornais, revistas, rádios e TV – espalhada por todo o
território nacional, naquele período). Chateaubriand como “mecenas” empenha-se em
capitalizar recursos e adquirir visibilidade para sua iniciativa e para seus “colaboradores”.
Por essa razão, a gestão do museu está diretamente ligada ao mecenato e à divulgação das
ações de seus benfeitores. Não são poupados recursos para trazer conferencistas, para a
aquisição e doação de obras, investimento em mostras e publicações e para a criação da
ação educacional.
11
A constituição do MAM SP, em 1949, por iniciativa de Francisco Matarazzo Sobrinho
(o Ciccillo) e membros da elite empresarial e intelectual, altera a relação entre passado
versus presente, pois o presente depositado nos museus representa um legado, uma
espécie de monumento-memória para as gerações futuras, em que se torna relevante no
aspecto subjetivo, na invenção e na ligação com seu tempo. Porém, acima de tudo, a
constituição do museu, colabora para fomentar modificações nas condições culturais e,
também, congrega alguns ideais políticos e econômicos relacionados ao fenômeno de
metropolização, industrialização, desenvolvimentismo e alianças com os Estados Unidos.
12
Em 1963, o MAM SP encerra suas atividades, transferindo seu acervo para a
Universidade de São Paulo, propiciando a composição do Museu de Arte Contemporânea
da Universidade de São Paulo – ponto inicial de uma nova forma de gestão de acervo e de
tratamento das obras de arte. A doação do acervo do Museu de Arte Moderna de São
Paulo, à época, é justificada pelo caráter público atribuído ao mantenedor da instituição,
pois Ciccillo teme que este acervo permaneça nas mãos de pessoas “perecíveis” e deseja
passá-lo às mãos de uma entidade “não perecível”. Desse modo, a USP torna-se a primeira
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Espaços de mediação entre memória e história 247
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Espaços de mediação entre memória e história 249
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
250 Alecsandra Matias de Oliveira
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Espaços de mediação entre memória e história 251
Figura 2: Maria Bonomi, Futura Memória, 1989. Mural em solo cimento, 300 x 800
cm. Memorial da América Latina. (...) Esta unidade geológica e arqueológica remonta à
expansão oceânica que dividiu a África, Europa e continente sul-americano há cerca de
200 milhões de anos. À direita surgem sobrepostos os contornos dos povos que vieram
nos colonizar desde a África até os Urais (...). O lado esquerdo do painel é o contorno da
costa do Pacífico, porta de acesso das outras “presenças” enriquecedoras desta mitologia.
(Depoimento de Maria Bonomi. In: FUNDAÇÃO MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA.
Integração das Artes. São Paulo: Projeto/PW, 1990, p. 97).
Referências
AJZENBERG, Elza. Ciccillo – Acervo MAC USP. São Paulo: MAC USP, 2006.
BONOMI, Maria. “Arte Pública. Sistema Expressivo/Anterioridade.
In: LAUDANNA, Mayra. Maria Bonomi: Da Gravura à Arte Pública.
São Paulo: Imprensa Oficial/EDUSP, 2008.
CARNIER JÚNIOR, Plínio. A Imigração para São Paulo: A Viagem, o
Trabalho, As Contribuições. São Paulo: P. Carnier Júnior, 1999.
CEM ANOS DE LUZ. São Paulo: Dialeto Latin American
Documentary, 2000.
Depoimento de Azis Ab´Saber. In: WILLER, Claudio. “A Cidade e a
Memória – Um Passeio pela São Paulo dos anos 50, em Companhia
de Quem esteve lá”. Revista do Museu da Cidade de São Paulo – Histórias
e Memórias da Cidade de São Paulo no IV Centenário. São Paulo:
Departamento do Patrimônio Histórico/Secretaria Municipal de
Cultura/Prefeitura do Município de São Paulo, ano I, no. 1, 1994.
LOURENÇO, Maria Cecília França. Museus Acolhem Moderno. São
Paulo: EDUSP, 1999, p. 69.
LYOTARD, Jean-François. A Condição Pós-Moderna.Rio de Janeiro:
José Olympio, 1998.
NORA, Pierre.Entre memória e história: a problemática dos lugares.
Projeto História. São Paulo: PUC-SP. N° 10, p. 12. 1993
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Espaços de mediação entre memória e história 253
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
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Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
III Simpósio Internacional
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação
29 DE AGOSTO A 1 DE SETEMBRO DE 2016
Introdução
O parque público sempre se inscreveu no imaginário das
populações como o lócus do lazer e da recreação, das possibilidades
de práticas esportivas e do contato com elementos da natureza;
originário do florescimento de uma contracultura paisagística como
resposta às mazelas da cidade industrial, desde que oficialmente
surgiu na Inglaterra na segunda metade do século XIX, tem ocupado
agendas públicas e reivindicações sociais, ampliando seu leque de
possibilidades de apropriação – das pautas ambientais às pedagógicas.
1
Catharina Pinheiro é Professora Doutora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo (FAU USP). Coordenadora do projeto de proteção e conservação do Parque
Pinheirinho d’Água, parceria entre a FAU USP e técnicos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente,
com a participação de jovens e adultos da região, especialmente os estudantes da Escola Municipal de
Ensino Fundamental Rogê Ferreira. É, atualmente, coordenadora do Laboratório Paisagem Arte e
Cultura da FAU USP - LABPARC.
2
Carmen S. G. Aranha é Professora Associada do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de
São Paulo (MAC USP). É Doutora em Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade de São Paulo
e Livre Docente em Teoria e Crítica de Arte pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de
São Paulo. Foi coordenadora do Programa de Pós-Graduação Interunidades em Estética e História da
Arte da USP entre 2011 e 2015. É autora do livro Exercícios do olhar: Conhecimento e visualidade. São
Paulo: UNESP / Rio de Janeiro: FUNARTE, 2008.
PINHEIRO, C. ; ARANHA C.S.G. Estudos (e projetos) da paisagem: por uma perspectiva fenomenológica. In: ARANHA,
C.S.G. ; IAVELBERG, R. (Orgs.). Espaços da Mediação: A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP,
2016, pp. 255-276.
256 Catharina Pinheiro & Carmen S. G. Aranha
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Estudos (e projetos) da paisagem: por uma perspectiva fenomenológica 257
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
258 Catharina Pinheiro & Carmen S. G. Aranha
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Estudos (e projetos) da paisagem: por uma perspectiva fenomenológica 259
4
O conceito de “correlação” reaparece na colocação do filósofo, na medida em que uma
compreensão-interpretação de significado é feita pela dialética existencial “ser-no-mundo-
com-o-objeto-(e/ou sujeito)-na-experiência-vivida”.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
262 Catharina Pinheiro & Carmen S. G. Aranha
5
Ateliê de imersão com a participação da universidade, escolas públicas e comunidade
com vistas à criação de espaços livres públicos; as Charretes constituem recurso
metodológico desenvolvido pelo LABPARC desde o ano de 2000.
6
Trabalho de Extensão Universitária: Por um parque vivo - A luta de uma comunidade pelo
espaço público, desenvolvido por Paula Martins Vicente e Vanessa Kawahira Chinen, e seus
respectivos Trabalhos Finais de Graduação realizados no Parque, A Escola como um Parque e
o Parque como uma Escola: aprendizado através da paisagem e Parque-escola: Um novo olhar sobre
o Parque Pinheirinho d’Água, 2012.
7
Os relatos estão no projeto “Fenomenologia e Paisagem: espaços de transitividade em
intervenções associadas ao paisagismo e arte contemporâneos”. Pesquisadora
Responsável: Vera M. Pallamin, FAUUSP. Equipe de Pesquisa: Vladimir Bartalini,
FAUUSP, Catharina C. P. S. Lima, FAUUSP, Carmen S. G. Aranha, MACUSP, Ricardo
Saleimen Nader, FAUUSP (Cesad).
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Estudos (e projetos) da paisagem: por uma perspectiva fenomenológica 263
A visita10
O passeio pelo MAC USP11 procurou tecer uma aproximação
dos visitantes com as obras, primeiramente, escolhendo-se trabalhos
10
A visita, o roteiro de obras e proposições reflexivas, feitas no Museu de Arte
Contemporânea da Universidade de São Paulo, contaram com a colaboração de Evandro
Carlos Nicolau, Mestre em Estética e História da Arte, USP, educador e coordenador do
Setor Educativo do MAC USP entre 2010 e 2015.
11
As obras e exposições podem ser consultadas em www.mac.usp.br
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
266 Catharina Pinheiro & Carmen S. G. Aranha
Paisagem imaginada
Paisagem, de Paulo Gomes,12 é uma motivação para o observador
transportar-se a um espaço imaginado. A referência é a literatura.
Gomes apropria-se da descrição da paisagem de José de Alencar, em
“O Pampeiro”, capítulo XII da obra O Gaúcho. A paisagem impressa é
transformada num quadro. O observador aproxima-se da obra e lê
passagens como, “... O Pampeiro varrendo dos cimos dos Andes
todas as tempestades que ali tinham condensado os calores do estio,
12
Paulo Gomes, Rio de Janeiro, Brasil, 1956. Paisagem, 2001/2003. Impressão
tipográfica s/ papel.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Estudos (e projetos) da paisagem: por uma perspectiva fenomenológica 267
Paisagem metafísica
A obra de Giorgio De Chirico,13 O enigma de um dia, motivou-nos
a perceber uma atmosfera de estranhamento, uma duração silenciosa,
presença da temporalidade do instante recortado no espaço da tela,
localizando as prerrogativas da pintura metafísica14 dos anos 1910.
O ano é 1914, eclosão da Primeira Grande Guerra Mundial. A
representação dos arcos arquitetônicos romanos sangrados pelas
bordas do quadro, a construção clássica com o homem petrificado
num pedestal no centro do campo visual, a relação de simetrias
compositivas, a atmosfera sombria, enfim, todos os elementos da
obra parecem deter o tempo.
Diante da obra, sentimos a necessidade de elaborar uma leitura
visual, mostrando alguns perfis que compõem a própria linguagem
pictórica: - a superfície de um amarelo intenso, brilhante, estende-se
pela metade inferior da obra. Ocupa seu centro a estátua de um
homem de costas sobre um pedestal que apóia com um canhão e
balas. A cabeça pende para baixo e sua sombra projeta-se
obliquamente em direção aos limites do quadro, enfatizando o ocaso
de um dia. Dois homens são desenhados numa dimensão ínfima
distantes do centro da obra. E no limite da superfície azulada, que se
esmaece gradativamente até a metade superior da pintura, a fumaça
branca do trem detém mais uma vez o tempo; as bandeirinhas, no
alto da torre próxima à estrada por onde o trem passa, tremulam. O
trem, vindo da direita da obra, desenha sua fumaça acompanhando o
13
Giorgio De Chirico. O enigma de um dia, 1914. Óleo s/ tela.
14
Pintura metafísica é o estilo desenvolvido pelos artistas italianos Giorgio de Chirico
(1888-1978) e Carlo Carrà (1881-1966) nos anos 1910. A pintura metafísica cria
paisagens suprarreais, simbólicas, nas quais suas luzes provocam um certo estranhamento
em relação à percepção da realidade comum.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
268 Catharina Pinheiro & Carmen S. G. Aranha
Paisagem abstração
A exposição Os Volpis do MAC15 nos exercitou para a observação
da gradual construção pictórica da paisagem abstrata. O artista iniciou
seu trabalho por meio de uma relação de apreensão direta da
natureza. Aos poucos, desenvolveu um construtivismo geometrizado
num exercício plástico de formas, cores-luzes e simetrias ritmadas.
Para a compreensão da linguagem artística de Alfredo Volpi,
percorremos obras do final dos anos 1940 até 1960, quando o artista
sai de uma fase considerada naturalista,- com temas populares e
paisagens tratados de forma simples e singela, pinceladas rápidas e
diáfanas e uma atmosfera típica das cidadezinhas do interior de São
Paulo nos finais da década de 30,- para uma construção com os
elementos decorativos de paisagens da cidade interiorana de Mogi das
Cruzes, por ocasião de suas festas juninas. Posteriormente, esses
elementos transformam-se em módulos geométricos que, abstratos e
repetidos infinitamente, passam a construir exercícios de luzes, cores,
ritmos, equilíbrios e espaços.
Paisagem transformação
Com Estrada de ferro Central do Brasil, obra de Tarsila do
Amaral,16 pudemos refletir sobra a paisagem transformada pela
urbanização. A passagem para a industrialização perpassa pela
percepção da paisagem rural que, aos poucos, vai transformando-se
15
Os Volpis do MAC. Exposição de 18 obras de Alfredo Volpi. Curadoria de Paulo Pasta.
31/08/2013 a Julho/2014.
16
Tarsila do Amaral, São Paulo, Brasil, 1886. Estrada de ferro Central do Brasil, 1924. Óleo
s/ tela.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Estudos (e projetos) da paisagem: por uma perspectiva fenomenológica 269
Paisagem cultivada
Paisagem de Val Seriana, de Arturo Tosi,18 nos permitiu refletir
sobre outras transformações que a paisagem pode sofrer, ou seja, a
transformação da natureza por meio da agricultura e dos campos
cultivados por plantações rurais: a produção agrícola recriando a
natureza, produzindo um desenho sobre a superfície da terra em
grandes áreas, em grandes extensões de terra.
Certas obras modernas permitem uma leitura visual da
correlação dos seus elementos compositivos. Assim, como fizemos
em O enigma de um dia, exercitamos, mais uma vez, o olhar a Paisagem
de Val Seriana: - a luminosidade da obra difunde-se pelas tonalidades
17
Hudinilson Junior: Em torno de Narciso. Exposição. Curadoria de Tadeu Chiarelli.
25/01/2014 a 31/08/2014.
18
Arturo Tosi, Itália, Paisagem Val Seriana, s/d. In Exposição Classicismo, Realismo e
Vanguarda: Pintura Italiana no Entreguerras. Curadoria de Ana G. Magalhães. 31/08/2013 a
18/10/2015.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
270 Catharina Pinheiro & Carmen S. G. Aranha
Paisagem máquina
A exposição León Ferrari. Lembranças de meu pai21 possibilitou a
reflexão sobre a máquina moderna, em especial o automóvel,
inventando a cidade contemporânea em sua forma e desenho.
19
SAROUTE ROQUETTI. Dunia. “Arturo Tosi na Coleção do Museu de Arte
Contemporânea da Universidade de São Paulo”. Relatório de qualificação. Programa de
Pós-Grauação Estética e História da Arte – USP. Setembro/2014. P. 72-73.
20
José Antonio da Silva em dois tempos. Exposição. Curadoria de Ana G.Magalhães.
16/06/2013 a 26/04/2014.
21
Leon Ferrari, Buenos Aires, Argentina, 1920. Exposição León Ferrari. Lembranças de meu
pai. Curadoria de Carmen S. G. Aranha e Evandro Nicolau. 57obras. 28/09/2013 a
Agosto/2014.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Estudos (e projetos) da paisagem: por uma perspectiva fenomenológica 271
Paisagem política
Na exposição Julio Plaza Indústria Poética22, as obras Mapas políticos
situaram a paisagem política, a cartografia e a ocupação do espaço
como estrutura de poder e de controle ideológico internacional.
Como surgiram questões específicas sobre a apreenção do sentido
visual dessa expressão artística, criamos algumas movimentações de
aproximação: olhar a obra de longe e ao aproximar-se, corpo e olhar,
perceber suas transformações. Esse exercício deu origem a outras
ideias de compreensão de paisagem: o invólucro da paisagem, a
paisagem como uma miragem, como imaginação projetada no
22
Julio Plaza Indústria Poética. Exposição. Curadoria de Cristina Freire. 09/11/2013 a
25/10/2015.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
272 Catharina Pinheiro & Carmen S. G. Aranha
Paisagem estrangeira
A partir do trabalho World Trade Center, uma paisagem de
impacto simbólico, nos aproximamos também da fotografia. A obra
apresenta uma perspectiva dos dois edifícios que subverte o olhar comum, uma
vez que são vistos a partir do Rio Hudson e não da ilha de Manhattan. O
artifício permitiu que o grupo de professores fizesse um paralelo do olhar a
escola a partir do parque Pinheirinho D’Água e não o oposto como sempre
acontecia, olhar o parque a partir da escola.
Jay Maisel23 estudou pintura e desenho gráfico na Cooper Union
e na Yale University. Durante quarenta anos projetou capas de
revistas, álbuns musicais e peças de propaganda. No final dos anos
1990, iniciou um trabalho mais pessoal, inclusive ministrando
workshops de fotografia para professores. O artista, em suas
fotografias, captura luzes das paisagens tornando-as, às vezes, difusas,
outras esmaecidas, sempre criando uma atmosfera específica para o
recorte. Cores brilhantes, também, definem planos de situações
cotidianas da vida nas cidades.
Paisagem intervenção
A obra de Fernando Piola24 permitiu uma aproximação da
construção da linguagem na obra contemporânea.
Operação Tutoia é um hipertexto. Entrelaça um ato subversivo
com a linguagem virtual, articulando imagem e texto léxico para
discutir o passado da ditadura militar em São Paulo e a relação da
percepção da democracia contemporânea e seu sentido na atualidade.
Em seu percurso artístico, Fernando Piola apropria-se de
temáticas que tocam na memória recente da história do país
oferecendo ainda uma visualidade muito sutil para suas contradições.
Operação Tutoia foi uma intervenção realizada pelo artista, entre 2008
23
Jay Maisel, New York, USA, 1931. World Trade Center, Fotografia.
24
Fernando Piola, São Paulo, Brasil, 1982. Operação Tutoia, Painel fotográfico.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Estudos (e projetos) da paisagem: por uma perspectiva fenomenológica 273
Paisagem metrópole27
O Museu de Arte Contemporânea da USP está instalado em um
complexo arquitetônico criado nos anos 1950 pelo arquiteto Oscar
Niemeyer. Com oito andares de exposições, no último, pode-se ter
uma perspectiva da Cidade de São Paulo. Ali o grupo de professores
encerrou a visita com a observação, ao longe, do Pico do Jaraguá que
fica próximo ao Parque Pinheirinho D’Água, local da Escola
Municipal de Ensino Fundamental Deputado Rogê Ferreira.
Discutiu-se a diferença de observarmos os locais distantemente
e como vivenciar a experiência ao estar na profundidade do Parque.
Como é observar o Pico do Jaragua do oitavo andar do MAC e como
é estar do Pico do Jaraguá observando a metrópole.
As perguntas e afirmativas finais sobre a como olhar a paisagem
foram, então, surgindo naquele momento:- “O que olho?” “Qual
recorte escolho?” “Como descrever o visto?” “Como refletir sobre o
visto?” “Como expressar minha visão?” “É preciso tomar consciência
da paisagem, interior e exterior?”
25
www.fernando piola.com
26
Idem.
27
MAC USP. 8o. andar. Paisagem da Cidade de São Paulo, 2013.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
274 Catharina Pinheiro & Carmen S. G. Aranha
Algumas sínteses
Os segmentos definidos na pesquisa revelaram um
encadeamento que embora guardem, em alguma medida, coerência
de percepções, sentimentos, desejos e demandas, apresentam
transformações na passagem dos registros de memória para os relatos
e imagens colhidos na experiência da paisagem e no exercício de artes
visuais em proposta de ressignificação da paisagem vivida.
A pesquisa evidenciou um sentido de paisagem, uma
sensibilidade paisagística e um apreço pelos elementos da natureza,
além da aproximação de um olhar que criou correlações visuais entre
os seus elementos.
Os relatos de memória tangenciaram o universo de
representações inscritas no imaginário dos professores participantes e
revelaram uma ênfase na crítica aos problemas do parque, registrando
a percepção de que sua identidade encontra-se comprometida pela
existência do gradil que separa o Parque da Escola o qual, aliado à
baixa manutenção, concorre para consolidar a imagem do Parque
como um matagal e não como um equipamento público do gênero;
essa percepção é consonante ao que se encontra também no
‘imaginário popular’ da região. É possível notar, nesses relatos, que
aparece um ‘sentido de paisagem’. Já os registros produzidos pelos
professores (relatos e fotografias) em sua atividade de campo, que aqui
nominamos “paisagem vivida”, evidenciaram um ‘sentido de paisagem’
enfatizado pelo reconhecimento das belezas e potencialidades do sítio.
Nessa condição, desabrocharam novas visadas estéticas, onde os
ângulos e enquadramentos identificaram a riqueza de texturas e cores e
a preocupação em tirar partido da luz natural. A partir da visita ao
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, foi
possível observar que os registros foram além do reconhecimento do
Parque Pinheirinho d’Água como equipamento público para
provimento das funções usuais de um parque urbano.
As respostas dos professores, após toda discussão, registraram a
paisagem das planícies úmidas do Parque, valorizando sua vegetação,
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Estudos (e projetos) da paisagem: por uma perspectiva fenomenológica 275
Referências:
ARANHA, C. S. G. Exercícios do olhar. Conhecimento e
visualidade. São Paulo: UNESP /
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
276 Catharina Pinheiro & Carmen S. G. Aranha
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
III Simpósio Internacional
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação
29 DE AGOSTO A 1 DE SETEMBRO DE 2016
Memórias e interdiscursividades
1
Moema Lúcia Martins Rebouças é graduada em Desenho e Plástica (Licenciatura) pela
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) (1981), fez mestrado em Educação pela UFES (1995),
doutorado em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2000) e
Pós-Doutorado pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Atualmente é professor
associado IV da Universidade Federal do Espírito Santo.
2
A Coleção de Arte da UFES se encontra dispersa em vários setores da instituição, sendo
REBOUÇAS, M.L.M. Memórias e interdiscursividades. In: ARANHA, C.S.G. ; IAVELBERG, R. (Orgs.). Espaços
da Mediação: A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016, pp. 277-291.
278 Moema Martins Rebouças
que a que a maior parte dela está na reserva técnica da Galeria Espaço Universitário da
UFES-GAEU/UFES.
3
A primeira pesquisa foi iniciada em 2012 e ambas, são financiadas pelo CNPq.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Memórias e interdiscursividades 279
4
Nos reunimos depois com professores, diretores e alunos do Centro de Artes, que
acompanharam a formação da coleção. Os depoimentos estão em três documentários
disponibilizados no material educativo MUSEU ABERTO (2015).
5
Cf. REBOUÇAS (2015).
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
280 Moema Martins Rebouças
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
282 Moema Martins Rebouças
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Memórias e interdiscursividades 283
II. Os interdiscursos
O acesso à coleção, composta por aproximadamente duas mil
8
obras , cuja maioria está abrigada na reserva técnica da Galeria Espaço
Universitário-GAEU/UFES, se dá por intermédio da publicação de
um catálogo intitulado Acervo da GAEU/UFES (2007), um projeto da
então Secretária de Produção e Difusão Cultural da UFES, professora
Rosana Paste.
Na apresentação do catálogo, a Secretária esclarece que a
composição do acervo inclui também a coleção proveniente da
Galeria de Arte e Pesquisa da UFES, que, de 1976 a 1994, funcionava
na Capela Santa Luzia, localizada no centro da cidade de Vitória (local
do antigo Museu de Arte Sacra, que funcionou ali de 1950 a 1970).
O catálogo possui 380 páginas. Nas 358 páginas centrais estão as
reproduções fotográficas da coleção, com as peças agrupadas por
linguagens. Inicia-se com Gravura/Desenho, Pintura,
Objeto/Escultura e Fotografia. Como em cada página se encontram
entre 2 a 6 peças, num levantamento inicial é possível constatar que
ali no catálogo constam aproximadamente 1.432 peças. Na leitura da
8
Cf. ACERVO DA GALERIA DE ARTE ESPAÇO UNIVERSITÁRIO-EU (2007).
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
284 Moema Martins Rebouças
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
286 Moema Martins Rebouças
10
Com formação em publicidade, são professoras da Universidade de Vila Velha e na
ocasião desta pesquisa doutorandas do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFES.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Memórias e interdiscursividades 287
público leitor os modos com os quais cada artista construiu a sua leitura
sobre o arcano sorteado e as apresentou. Tal procedimento permitiu
distinguir como cada um dos 22 artistas explorou as cartas e construiu
na plasticidade de suas composições outras narrativas e discursos.
Nesse proceder, a pesquisadora aponta que mesmo sendo uma
encomenda da curadoria da GAEU, cada enunciador construiu seu
texto a partir do seu próprio repertório plástico, tendo em comum o
mesmo suporte: a tela de celulose. Num grau de figuratividade que
varia do mais figurativo, temos as obras da categoria “Citação” como
as que poderão levar o leitor, mais facilmente, a associar a tela ao
jogo de Tarô. Na categoria “Alusão”, poucos elementos estão
presentes, o que exige um enunciatário com um crivo de leitura mais
apurado, para a associação da obra ao jogo, fora do espaço da
exposição. E, finalmente, na categoria de significado místico, as
obras, quando isoladas da exposição, podem compor outros textos
sem carregar os elementos que remetam ao tarô.
O jogo intertextual e interdiscursivo não se fecha, pois as 22
obras dialogam com outras obras dos mesmos artistas pertencentes à
coleção e com outros artistas de outras coleções. O convite para o
diálogo não cessa, conclui a pesquisadora.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
290 Moema Martins Rebouças
Referências:
ACERVO 1979. 1ª Exposição do Acervo da Galeria de Arte e
Pesquisa da UFES- Centro de Artes. Capela Santa Luzia. Vitória-ES.
Diretora: Jerusa Gueiros Samú, 1979.
ACERVO 1982. 2ª Exposição do Acervo da Galeria de Arte e
Pesquisa da UFES- Centro de Artes. Capela Santa Luzia. Vitória-ES.
Diretora: Jerusa Gueiros Samú, 1982.
ACERVO 1983. 3ª Exposição do Acervo da Galeria de Arte e
Pesquisa da UFES- Centro de Artes. Capela Santa Luzia. Vitória-ES.
Diretora: Jerusa Gueiros Samú, 1983.
ACERVO da Galeria de Arte Espaço Universitário – GAEU. Galeria
de Artes Espaço Universitário. Vitória: Edufes, 2007.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Memórias e interdiscursividades 291
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
292
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
III Simpósio Internacional
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação
29 DE AGOSTO A 1 DE SETEMBRO DE 2016
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Poder desenhar: uma questão política? 295
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Poder desenhar: uma questão política? 297
2
https://www.questia.com/newspaper/1P2-36290244/writing-chinese-in-a-digital-
world. Acesso em 18.02.2016
3
Writing chinese in a digital world.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
298 Angela Maria Rocha
da escrita para seus leitores: “Os ideogramas chineses não têm pistas
visuais para a pronúncia, o que significa que eles devem ser
aprendidos individualmente, através de cópia repetitiva para construir
a memória motora.”4
A partir dessa lentidão reconhecida na aquisição da escrita, na
China muitos consideram os ideogramas ineficientes. Um dos
argumentos é de que cada chinês teria que “trabalhar duro”,
prolongando o aprendizado por mais tempo, uns dois anos a mais,
para assim “alcançar um nível intelectual de um ocidental”. Outros
sustentam a importância da manutenção dos ideogramas, e caso
contrário a cultura chinesa seria extinta. Há também os que defendem
que o chinês não é tão difícil, mas que houve aqueles que
“mistificaram seu aprendizado para proteger seus privilégios”,
considerados em risco diante da popularização da cultura. Com tudo
isso o artigo se ajusta à interrogação de Flusser e, ao mesmo tempo,
esses testemunhos justificam e atualizam o interesse pela questão. À
primeira vista parece que se escorrega para fora do âmbito desse
conflito entre imagem (ou desenho) e escrita. Todavia, ao se indicar a
possível dificuldade e a morosidade para o acesso à aquisição da grafia
dos ideogramas em relação à escrita alfabética tendo em vista suas
implicações na manutenção de privilégios ou extinção da cultura, se
reconhece o caráter político desse debate.
Ao retomar as peculiaridades do aprendizado dos ideogramas e
lembrando que se trata de uma escrita que se caracteriza como uma
imagem desenhada constata-se que é justamente a autonomia dessa
escrita perante a fala de um idioma, já conhecido pela criança, o que
coloca em relevância a atividade comunicativa escrita como imagem e
desenho. Desenhar nesse caso significa aprender com atenção e
cuidado cada ideograma, focando a atenção na imagem e na
adequação dos gestos, para isso construindo associações mentais que
possam aderir como sentido para essa forma desenhada e única que,
de algum modo se vincule ao idioma cujo som é conhecido.
4
Writing chinese in a digital world.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Poder desenhar: uma questão política? 299
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
300 Angela Maria Rocha
5
https://www.youtube.com/watch?v=R8pH1e5NQaU Chineasy by ShaoLan: TED
Learn to read Chinese with ease. Acesso em 09.03.2016.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Poder desenhar: uma questão política? 301
6
https://www.youtube.com/watch?v=R8pH1e5NQaU Chineasy by ShaoLan: TED
Learn to read Chinese with ease. Acesso em 09.03.2016.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
302 Angela Maria Rocha
dar se conta do que se vê? “A pintura ajuda a ver. Ela faz da vida, da
complexidade da vida, qualquer coisa que se possa ver. Ela torna
visível o que não se pode ver” (PUTMAN ; JULIET, 1992. p.6), diz o
pintor, Bram Van Velde sobre seu próprio trabalho, uma pintura
considerada abstrata. Tão abstrata quanto a letra, na realidade.
Um paralelo entre a história da escrita e a história do desenho e
dos seus respectivos processos de produção poderiam trazer
informações significativas. A perspectiva linear, devidamente
estabelecida no renascimento, permitiu suficiente aproximação à
intenção de codificação e consequente transmissão e facilitação de
seus fazeres, ao mesmo tempo em que mostrou contar com maiores
recursos, mediante a intenção de reprodução de imagens objetivas
mais próximas às da visão humana. Nessa perspectiva é possível
colocar todas as coisas em um mesmo espaço relacionando-as entre si.
Mostra-se aqui a possibilidade de esgotar com isso as representações
do que é dado ao olhar, restando pouco a acrescentar nesse espaço
visual autossuficiente, o que posteriormente se concretizou com a
fotografia. Na história da arte verifica-se como isso tornou possível o
abandono das imagens que não possuíam essa qualificação, mas que
foram necessárias para transmitir e registrar valores, cultos e
memória através de imagens, mediante o pouco acesso de muita
gente à leitura e à escrita. Tais imagens não deveriam e nem
poderiam ser confundidas com o que era visto. Fazendo uso de
inúmeros recursos iconográficos, podiam sugerir interpretações e
possibilidades de leitura em imagens que transcendiam o que era dado
efetivamente ao olhar.
Com a escrita impressa, as imagens precedentes realizadas em
vitrais, pinturas e esculturas perderam essas necessidades. As imagens
no pensamento e no imaginário, não sendo mais requisitadas pelas
antigas representações que convocavam um olhar interessado e aberto
a interpretações, provocaram a cisão entre idioma e desenho,
passando este último a prestar-se mais às representações voltadas para
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Poder desenhar: uma questão política? 303
7
FILARETE, Antonio Averlino (Arquiteto, pintor e escultor italiano, cerca de 1400-1469)
8
Início do livro Vigésimo Terceiro do Tratado de Arquitetura in KATINSKY, Júlio
Roberto – Renascença: estudos periféricos. São Paulo: FAUUSP, 2002, p.107.
9
Filipo Brunilleschi (1377-1446) – arquiteto florentino, construiu a cúpula da capela de
Santa Maria del Fiore, em Florença.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
304 Angela Maria Rocha
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
306 Angela Maria Rocha
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Poder desenhar: uma questão política? 307
Referências:
FLUSSER, Vilém. A Escrita. São Paulo: Annablume, 2010.
KATINSKY. Júlio Roberto. A perspectiva exata florentina e o
desenvolvimento da Ciência Moderna. FAUUSP.
LICHTENSTEIN, Jacqueline. A cor eloquente – Tradução de Maria
Elizabeth Chaves de Mello e Maria Helena de Mello Rouanet. São Paulo:
Ed. Siciliano, 1994.
PUTMAN, Jacques e JULIET, Charles. Bram Van Velde. Paris: Maeght
Éditeur, 1975.
SACKS, Oliver. Um antropólogo em Marte. Tradução de Bernardo
Carvalho. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
VINCI, Leonardo da. Traité de la Peinture.Tradução de André Chastes.
Clube des Libraries de France. Paris: 1960.
WINNICOTT, D.W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1984.
Sites:
https://www.youtube.com/watch?v=R8pH1e5NQaU Chineasy by
ShaoLan: TED Learn to read Chinese with ease. Acesso em
09.03.2016.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
308 Angela Maria Rocha
Imagens
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
III Simpósio Internacional
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação
29 DE AGOSTO A 1 DE SETEMBRO DE 2016
Introdução
Em linhas gerais, e em um pensamento que tem se espalhado em
algumas áreas científicas, entende-se como análise, de qualquer coisa, a
divisão em componentes de um todo para que, como mágica, se
“entenda” do que se trata o objeto analisado. Essa “técnica” atomista de
análise pode ser útil para determinados objetos, mas, com certeza,
podemos recriminá-la quando abordamos o universo da arte. A
mutilação de uma obra não nos faz entendê-la e nem tão pouco a
transforma em mais apreciável, mais bela ou mais repugnante. Isso
decorre pelo próprio sentido da análise em obras de arte que tem
início na vontade de entender “melhor” essa ou aquela obra:
dialogando com ela de maneira coesa, com a finalidade de
1
Doutorando em Linguística pela FFLCH/USP e bolsista CAPES, pesquisa a predicação da composição
musical no cinema através de análises do campo da semiótica tensiva e semióticas de linha francesa. É
mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Estética e História da Arte e atuou como publicitário e
professor universitário.
RODOLFO, G.W. Conceitos iniciais de História da Arte para a graduação: A formação do conceito de história da arte para
alunos da graduação em Publicidade e Propaganda. In: ARANHA, C.S.G. ; IAVELBERG, R. (Orgs.). Espaços da
Mediação: A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016, pp. 309-321.
310 Guilherme Weffort Rodolfo
O ser na arte
Em uma interessante entrevista ocorrida entre o veterano
cineasta vienense Fritz Lang e o então jovem e inovador cineasta
francês Jean-Luc Godard, ocorrida em 1967, com o espirituoso título
de “O dinossauro e o bebê”, Lang declara sua preocupação em ser
analisado em um futuro próximo. Sua preocupação tem fundamento
quando percebe que tudo o que produz é o resultado de um enorme
jogo de soluções não formais, arranjos e subterfúgios, que resultam
em um produto finalizado.
[...] talvez ponhamos em nossos filmes, os nossos corações, os
nossos desejos, tudo que amamos ou algo que nos traiu. Acho que
um dia, se alguém conseguir analisar-nos, talvez saiba o ‘por que’
fiz os meus filmes. Essa pessoa descobrirá por que sabemos fazer as
coisas de certa maneira. Um realizador tem que ser um
psicanalista. (Lang, in LABARTHE, 1967 – tradução nossa)
Lang aponta que deveria ser analisado como homem, como quem
tenta resolver o problema, e não como formador do discurso
cinematográfico final, coisa essa que talvez nem tenha o total controle.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Conceitos iniciais de História da Arte para a graduação: A formação do conceito de história da arte ...311
O coletivo na arte
É comum ao analista, e mesmo ao aluno da graduação, não
perceber qualidades em uma obra de arte por esta não fazer parte de
seu mundo perceptivo, ou sua existência. Nada mais natural: objetos
e imagens distantes de nossa realidade, ou de nosso conhecimento,
podem gerar estranheza. Dessa forma, o que fazer com uma obra de
arte repleta de “estranhezas”? A resposta pode estar na ideia de uma
não existência física da arte: a obra não está lá, afinal, o que se vê em
um museu, por exemplo, é o objeto físico deixado pelo passado e que
pode, ou não, gerar estesia. A obra está, como se diz, “atrás” do
objeto: está atrás do quadro. Ou seja, percebemos a qualidade
artística e a estesia artística quando coabitamos o universo daquela
arte. Isso pode ocorrer por costume, analogia, compreensões, enfim,
agrupamentos de efeitos sensíveis que nos estimulam ao
reconhecimento e, depois, à análise. O exemplo que podemos
empregar é um tanto simples, porém muito claro: em um
determinado momento de reflexão pessoal nos pegamos com saudade
de um ente querido e, para completar aquela reflexão, buscamos uma
fotografia. Esta fotografia com o ente não o trás fisicamente, mas
aplaca nossa sensação de saudade por reconhecê-lo, além de
reconhecer a expressão registrada na foto, reconhecer o local,
lembrar-nos do dia e, até, ver-nos na mesma foto. Ao final,
reconhecemos todos os terrenos de expressão daquele dia ao qual o
instantâneo foi impresso. Veja que apenas uma fotografia pôde
reconstruir as sensações que “apreendemos” quando do registro
daquele evento. Se avaliarmos essa fotografia como meio de
comunicação, em muito menor escala, essa fotografia fará uma troca
rápida de sensações, fazendo-nos reconhecer os eventos afetivos. Isso
talvez explique o porquê do sucesso da fotografia desde sua invenção
e o porquê do sucesso de outras tantas representação na história da
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
314 Guilherme Weffort Rodolfo
Oposições na arte
As descobertas que as propostas acima suscitaram aproximam a
análise da arte aos conceitos iniciais da teoria das oposições
linguísticas de Ferdinand de Saussure. As disciplinas linguísticas,
assim como sua ramificação científica preocupada com o estudo das
significações e análises de textos, verbais ou não verbais, a chamada
semiótica de linha francesa, parecem estar contidas neste estágio
inicial relacionado aos assuntos da história da arte e, desde que seu
fundador a colocou em execução, parece também levantar hipóteses
sobre o funcionamento de análises. Durante o desenvolvimento dos
conceitos da chamada Moderna Linguística, Saussure percebe a
dificuldade de estudar as línguas classificando-as observando apenas
suas diferenças. Notou que os traços salientes, ou seja, todos os
elementos dignos de observação, são compostos por um conjunto de
relações que, por sua vez, estão inseridos em um sistema. Os traços
salientes são oponíveis, e assim são escolhidos para facilitar a
observação do objeto analisado. No caso da linguística de Saussure,
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Conceitos iniciais de História da Arte para a graduação: A formação do conceito de história da arte ...315
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
316 Guilherme Weffort Rodolfo
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Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Conceitos iniciais de História da Arte para a graduação: A formação do conceito de história da arte ...319
Leituras da arte
Utilizando os apontamentos iniciais dos autores analistas e
historiadores da arte, Arnheim e Gombrich, somados às ideias de
oposição de Saussure, encontramos uma vivência junto à arte
diferente dos demais métodos destinados ao ensino inicial e básico
sobre história da arte. Podemos, com essas informações, distanciar os
modelos fixos, ou rigorosos, e buscar através de análises simples o
sentido e a estesia da arte com as informações que próprio aluno de
graduação se preocupará em pesquisar. Ensinando o percurso do
olhar e a busca por informações, torna-se possível realizar “leituras”
enriquecedoras da arte. Mais do que a tentativa de explorar o
universo da arte, tendemos ao entendimento do ser compositor da
arte, o indivíduo que, tal como o falante de uma língua, executa o
sistema em que está inserido. Esta inserção é condicionada pela
atribuição das épocas, dos movimentos, dos limites, etc, fazendo,
assim, pontos de vista sobre composições significativas.
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Referências:
ARNHEIM, Rudolf. Intuição e Intelecto na arte. São Paulo:
Martins Fontes, 2004.
GOMBRICH, Ernst H. A História da Arte. Rio de Janeiro: LTC,
1999. 16° ed.
GOMBRICH, Ernst. Mediações sobre um cavalinho de pau.
São Paulo: EDUP, 1999.
LABARTHE, André S. (Dir.). Le Dinosaure et le Bébé: dialogue
en huit parties entre Fritz Lang et Jean-Luc Godard. França, 1967.
61 min. Com Fritz Lang, Jean-Luc Godard, Howard Vernon et. al.
Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=fgiBoprFZUI>.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Linguística Geral.
Organizado por Charles Bally e Albert Sechehaye. São Paulo:
Cultrix, 2012.
WÖLFFLIN, Heinrich. Conceitos fundamentais da história da
arte. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
Espaços da Mediação – A arte e suas histórias na educação. São Paulo: MAC USP, 2016.
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