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Belo Horizonte

2016

MANDADO DE
SEGURANÇA
Lei nº 12.016 de 07/08/09
Disciplina o Mandado de Segurança Individual e Coletivo

Roteiro de Estudos

PROF. ANDRÉ LUIZ LOPES


ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA
MANDADO DE SEGURANÇA

I. CONCEITO - É o remédio constitucional cabível para proteger direito líquido e


certo de alguém, pessoa física ou jurídica, violado ou ameaçado, não amparado por
Habeas Corpus ou Habeas Data, por ato ou omissão ilegal ou inconstitucional,
quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

O Mandado de Segurança tem processualidade própria, regulada pela Lei nº


12.016 de 07/08/09 - Lei que disciplina o Mandado de Segurança individual e
coletivo, delineada sua aplicação pelo art. 5º, incisos LXIX e LXX da CF.

II - LEGITIMIDADE ATIVA - Têm legitimidade ativa toda pessoa física, pessoa


jurídica de direito público ou de direito privado, sindicato, partido político, entidade e
associação de classe – arts. 01º e 21.

Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer


uma delas poderá requerer o Mandado de Segurança – art. 1º, § 3º.

III – NATUREZA PROCESSUAL - É ação civil de rito sumário especial, destinada a


afastar ofensa a direito subjetivo individual ou coletivo, privado ou público, através
de ordem corretiva ou impeditiva da ilegalidade. Por ser ação civil, mesmo que o ato
impugnado seja administrativo, judicial, civil, penal, policial, militar, eleitoral, esta
será sempre processada e julgada como ação civil no juízo competente, daí porque
não há que se falar em Mandado de Segurança criminal nem eleitoral.

IV – ATO DE AUTORIDADE PÚBLICA - Ato de Autoridade pública é toda


manifestação ou omissão do Poder Público ou de seus delegados, no desempenho
de suas funções ou a pretexto de exercê-las.

Autoridade Pública é aquela competente para praticar atos administrativos


decisórios, os quais se ilegais ou abusivos, são suscetíveis de impugnação por
Mandado de Segurança quando ferirem direito líquido e certo.

Consideram-se atos de autoridade, também, os praticados por representantes


ou órgãos de partidos políticos e os de administradores de entidades autárquicas,
bem como os de dirigentes de pessoas jurídicas ou de pessoas naturais no exercício
de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições.

Não cabe Mandado de Segurança contra os atos de gestão comercial


praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia
mista e de concessionárias de serviço público – art. 1º, § 2º.

V - DIREITO LÍQUIDO E CERTO - "Direito líquido e certo é aquele que não desperta
dúvidas, que está isento de obscuridades, que não precisa ser aclarado com o
exame de provas em dilações, que é de si mesmo concludente e inconcusso."

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Assim, Direito líquido e certo é aquele comprovado de plano, sem a
necessidade de instrução probatória, comprovados por documentos, jamais
testemunhalmente, pois, todas as provas alegadas e permitidas em lei,
acompanharão a inicial. Inclui-se a possibilidade de cumulação do pedido de
apresentação de documentos retidos pela autoridade coatora – art. 6º, § 1º.

TEIXEIRA FILHO ensina que: "Em sede de Mandado de Segurança, por


conseguinte, será líquido e certo o direito que decorra de um fato inequívoco, cuja
existência possa ser plenamente comprovada, em regra, mediante documentos
juntados à petição inicial.”

VI - OBJETO - "Visa, precipuamente, à invalidação de atos de autoridade ou à


supressão de efeitos de omissões administrativas capazes de lesar direito individual
ou coletivo, líquido e certo". (Meireles, Hely Lopes, Mandado de Segurança; 17ª
Edição, página 23/24, São Paulo, Malheiros, 1996).

Assim, o objeto do Mandado de Segurança será sempre a correção de ato


administrativo específico ou omissão de autoridade, desde que ilegal e ofensivo a
direito individual ou coletivo, líquido e certo do impetrante, mas, por exceção, presta-
se a atacar as leis e decretos de efeitos concretos, as deliberações legislativas e as
decisões judiciais para as quais não haja recurso ordinário com efeito suspensivo
capaz de impedir a lesão ao direito subjetivo do impetrante.

VII - CABIMENTO – A regra é o cabimento de Mandado de Segurança contra ato de


qualquer autoridade, mas a lei excepciona contra ato que comporte recurso
administrativo com efeito suspensivo, independente de caução; contra decisão
judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; contra decisão judicial
transitada em julgado – art. 5º.

Ato de que caiba recurso administrativo, não há obrigação de exaurirem a via


administrativa para depois se utilizar da via judicial – Mandado de Segurança. O que
não pode ocorrer é a duplicidade dos recursos administrativo e judicial a um só
tempo.

O efeito normal dos recursos administrativos é o devolutivo; o efeito


suspensivo depende de norma expressa a respeito. Assim sendo, de todo ato para o
qual não se indique o efeito do recurso hierárquico cabe Mandado de Segurança.
Mas a lei admite, ainda, Mandado de Segurança contra ato de que caiba recurso
administrativo com efeito suspensivo desde que se exija caução para seu
recebimento.

Também não é admitido Mandado de Segurança contra decisão judicial


contra a qual caiba recurso com efeito suspensivo.

VIII - PRAZO PARA IMPETRAÇÃO - O prazo para impetrar a segurança é de 120


dias a contar da data em que o interessado tiver conhecimento oficial do ato
impugnado, sendo que o prazo é decadencial, porquanto, não se suspende e nem
se interrompe – art. 23.

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Insta salientar que a decadência recai apenas sobre o direito de impetrar o
Mandado de Segurança, mas não o direito material ameaçado ou violado, que
poderá ser protegido através de ação ordinária, inclusive com pedido de tutela
provisória de urgência (antecipada ou cautelar - art. 300, C.P.C) ou de evidência –
art. 311, C.P.C.

O pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo


para a impetração do Mandado de Segurança (Súmula nº 430 do Supremo Tribunal
Federal).

Nos atos sucessivos o prazo renova-se a cada ato, e, em se tratando de


omissão ou inércia da administração, este não correrá.

Também prescreve o art. 6º, § 6º que o Mandado de Segurança poderá ser


renovado dentro do prazo decadencial, se a decisão denegatória não lhe houver
apreciado o mérito.

IX - PARTES - O Impetrante, titular do direito, é a parte autora. O Impetrado,


autoridade coatora, é o réu. O Ministério Público é considerado como parte
autônoma visto que este é oficiante necessário como fiscal da correta aplicação da
lei, jamais como auxiliar da autoridade coatora.

O Impetrante pode ser pessoa física ou jurídica, órgãos públicos


despersonalizados ou universalidades patrimoniais, já que, diferente do habeas
corpus, a lei não restringiu seu uso a pessoas humanas.

Já o Impetrado é de regra a autoridade coatora, sujeito passivo, e nunca a


pessoa ou o órgão a que a pessoa representa, haja vista que não vai haver a citação
do órgão que a pessoa representa, nem tampouco a instauração do contraditório.
Outrossim, a pessoa jurídica da qual faz parte a autoridade coatora é ente abstrato,
e, "como tal não se concretiza por si, seus atos são considerados lícitos (porque
estão sempre no mundo da licitude), ilícitos, aí sim, são os atos praticados por
aqueles que concretizam de um modo ou de outro os meios para alcançar os
objetivos, estatuída por lei para a sua função, entretanto, tal ente jurídico se
responsabilizará pelos danos patrimoniais, através de ação direta autônoma ".

Equiparam-se às autoridades, para efeito desta Lei, os representantes ou


órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem
como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de
atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições –
art. 1º, § 1º.

Assim, autoridade coatora é aquela que tenha praticado o ato impugnado ou


da qual emane a ordem para a sua prática – art. 6º, § 3º.

X - LITISCONSÓRCIO - É admitido no Mandado de Segurança, por expressa


disposição da lei que o regulamenta, (art. 24 da Lei 12.016/09 c/c arts. 113/118,
C.P.C) o Litisconsórcio.

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Diante dessa possibilidade, caberá ao juiz, preliminarmente, se ocorrerem as
hipóteses estabelecidas nos artigos 113/118 do Código de Processo Civil,
determinar, permitir ou negar o ingresso de terceiros no feito.

Admissível, também, o litisconsórcio no Mandado de Segurança coletivo


desde que a pretensão desses intervenientes coincida com a dos impetrantes
originários.

No litisconsórcio necessário a causa pertence a mais de um em conjunto e a


nenhum isoladamente, pelo quê a ação não pode prosseguir sem a presença de
todos no feito, sob pena de nulidade, devendo o autor tomar as providências para
citar o litisconsorte passivo necessário, devendo juntar às cópias da inicial cópias
dos documentos que a instruíram, que acompanharão a notificação de cada um dos
Réus, sob pena de extinção do processo por ausência de pressuposto processual
(arts. 115, parágrafo único e 485, IV do C.P.C).

XI - COMPETÊNCIA - A competência para julgar Mandado de Segurança define-se


pela categoria da autoridade coatora e pela sua sede funcional. A Constituição da
República e as leis de Organização Judiciária especificam essa competência.

A competência dos Tribunais e Juízos para o julgamento de Mandado de


Segurança, injunção e habeas data está discriminada na Constituição da República,
e, para a fixação do juízo competente em Mandado de Segurança não interessa a
natureza do ato impugnado; o que impõe é a sede da autoridade coatora e sua
capacidade funcional, reconhecida nas normas de organização judiciária
competentes.

A intervenção da União desloca a competência para a Justiça Federal; Varas


Privativas das Fazendas Públicas, onde houver, farão o deslocamento para estas,
devido a sua competência específica.

XII - MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO - A Constituição da República em


seu artigo 5º, inciso LXX, instituiu o Mandado de Segurança Coletivo que poderá ser
impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;


b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e
em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
membros ou associados.

O conceito do Mandado de Segurança Coletivo está fundado em dois


elementos:

 Institucional: caracterizado pela atribuição da legitimação processual a


instituição associativa para a defesa de interesses de seus membros ou
associados;

 objetivo: para defender o interesse coletivo.

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A legitimação é a primeira característica do Mandado de Segurança Coletivo,
e, para que uma entidade possa ser reconhecida como representante de uma
coletividade, é necessário que sejam:

a) Partidos Políticos que tenham representação no Congresso Nacional, na defesa


de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou às finalidades
partidárias (representação nacional exigida no artigo 17, I da Constituição
Federal/88); ou

b) organizações sindicais, entidades de classe ou associações legalmente


constituídas e em funcionamento há pelo menos um ano em defesa de direitos
líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na
forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada,
para tanto, autorização especial – art. 21.

Os direitos protegidos pelo Mandado de Segurança Coletivo pode ser:

 Coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de


natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas
entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica;

 Individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os


decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da
totalidade ou de parte dos associados ou membros do Impetrante – art. 21, I e
II.

No Mandado de Segurança coletivo a sentença fará coisa julgada


limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo Impetrante.
Também não induz litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa
julgada não beneficiarão o Impetrante a título individual se não requerer a
desistência de seu Mandado de Segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da
ciência comprovada da impetração da segurança coletiva – art. 22.

A liminar somente poderá ser concedida após a audiência do representante


judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de
72 (setenta e duas) horas – art. 22, § 2º.

DIFERENÇAS ENTRE DIREITOS DIFUSOS, COLETIVOS SCTRICTO SENSU E


INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS – Há interesses que não pertencem a alguém
especificadamente, pertencem de forma equânime a muitas pessoas. Os interesses
difusos diferenciam-se por ter seus titulares indetermináveis unidos por fatos
decorrentes de eventos naturalísticos, impossíveis de diferenciar na qualidade e
separar na quantidade de cada titular. Ex.: meio ambiente, qualidade do ar, poluição
sonora, poluição visual, fauna, flora, etc.

Os interesses coletivos são interesses de um determinado grupo de


pessoas que foram unidas por uma relação jurídica única. É uma lesão inseparável
na qualidade e quantidade. Ex.: os mutuários da SFH – uma ilegalidade no contrato
atinge a todos.

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Os direitos individuais homogêneos caracterizam-se por ser um grupo
determinado de interessados, com uma lesão divisível, oriunda da mesma relação
fática. Cada um pode pleitear em juízo, mas como o grupo foi lesionado
homogeneamente, estes podem recorrer ao litisconsórcio unitário multitudinário ativo
facultativo. Ex.: compradores de uma TV com defeito de serie.

XIII - MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO - No Mandado de Segurança


Preventivo, não há ato ilegal, mas, o justo receio do impetrante de sofrer violação
em seu direito.

A noção de justo receio se caracteriza como um daqueles conceitos jurídicos


indeterminados, variáveis conforme o subjetivismo das pessoas (ainda que a
doutrina se esforce para torná-los dotados de maior grau de determinabilidade).

Não há diferença de rito entre o Mandado de Segurança Preventivo e o


Repressivo. A lei reguladora do Mandado de Segurança, Lei nº 12.016/09, e a
Constituição Federal não exibem qualquer passo processual na ação que possa
conduzir à distinção de procedimento.

Havendo ato ilegal, o Mandado de Segurança é repressivo.

XIV - PETIÇÃO INICIAL - A petição inicial deve preencher os requisitos dos arts.
319/321 do C.P.C., e será apresentada em 02 (duas) vias com os documentos que
instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade
coatora, a pessoa jurídica que esta integra, a qual se acha vinculada ou da qual
exerce atribuições - art. 6º.

Importante que a argumentação expendida seja bem fundamentada e os


documentos juntados adequados à tese esposada, pois no Mandado de Segurança
a prova do direito invocado tem de vir pré-constituída desde logo, pois, regra geral, a
petição de ingresso é a única oportunidade do Impetrante se pronunciar na alegada
ofensa ao seu direito líquido e certo.

No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em


repartição ou estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a
fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a
exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o
cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá cópias do
documento para juntá-las à segunda via da petição – art. 6º, § 1º.

Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, a


ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação – art. 6º, § 2º.

O Mandado de Segurança será denegado nos casos previstos do art. 485, do


C.P.C.

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O pedido de Mandado de Segurança poderá ser renovado dentro do prazo
decadencial (120 dias – art. 23), se a decisão denegatória não lhe houver apreciado
o mérito – art. 6º, § 6º.

XV - EMENDA OU INDEFERIMENTO INICIAL - Apresentando a inicial vícios


sanáveis, o juiz poderá determinar que o impetrante a emende ou complete no prazo
de 15 (quinze) dias, conforme determina o art. 321, do C.P.C.

É facultado ao juiz indeferir de plano a inicial, por decisão motivada, quando


não for o caso de Mandado de Segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais
ou quando decorrido o prazo legal para sua impetração (120 dias) – art. 10.

Contra a decisão do juiz de primeiro grau que indeferir a inicial caberá


Recurso de Apelação, e, quando a competência do Mandado de Segurança couber
originariamente a um dos Tribunais, do ato do relator caberá Agravo Interno para o
órgão competente do tribunal que integre - art. 10, § 1º c/c art. 1.021, C.P.C.

O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da


petição inicial – art. 10, § 2º.

XVI - DESPACHO INICIAL, LIMINAR E NOTIFICAÇÃO – Estando em termos a


petição inicial, o juiz apreciará o pedido de liminar, caso tenha sido formulado.

A medida liminar é provimento cautelar admitido pela Lei de Mandado de


Segurança quando relevantes os fundamentos da impetração e do ato impugnado
puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado
exigir do Impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o
ressarcimento à pessoa jurídica, presentes o Periculum in Mora e Fumus Boni Júris
– art. 7º, III.

O pedido de liminar para suspender o ato atacado tem de ser anunciado


desde o preâmbulo da inicial. Recomenda a melhor técnica processual, que se crie
um tópico específico ao final da peça, iniciando os pedidos, propugnando pela
concessão da liminar. Imperioso, para se convencer ao magistrado, um bom
fundamento no sentido mais objetivo de que pelas questões de direito que
consubstanciaram o writ, que, se porventura não suspenso o ato combatido
liminarmente, resultará na ineficácia da futura decisão que conceder aquele
Mandado de Segurança.

Ao despachar a inicial o juiz ordenará que se notifique o coator do conteúdo


da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as cópias dos
documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as informações devidas
art. 7º, I.

Também ordenará que se dê ciência do feito ao órgão de representação


judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem
documentos, para que, querendo, ingresse no feito – art. 7º, II.

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Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de
créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a
reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou
a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza – art. 7º, § 2º.

A intimação da autoridade coatora da liminar concedida é feita pelo meio mais


rápido possível (ofício, telegrama, fax, via postal, telefone ou mandado), que
também pode seguir juntamente com o mandado de intimação para prestar
informações.

Da decisão de juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar caberá


Agravo de Instrumento (art. 1.015 e seguintes do C.P.C) – art. 7º, § 1º .

O art. 4º da Lei 12.016/09 possibilita que, em caso de urgência, observados


os requisitos legais, impetrar Mandado de Segurança por telegrama, radiograma, fax
ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada, o que também poderá ser
feito para notificação da autoridade coatora. O texto original da petição deverá ser
apresentado nos 05 (cinco) dias úteis seguintes – art. 4º, § 4º.

Os efeitos da liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a


prolação da sentença - art. 7º, § 3º.

Deferida a liminar, o processo terá prioridade para julgamento – art. 7º, § 4º.

Será decretada a perempção ou caducidade da medida liminar ex officio ou a


requerimento do Ministério Público quando, concedida a liminar, o impetrante criar
obstáculo ao normal andamento do processo ou deixar de promover, por mais de 03
(três) dias úteis, os atos e as diligências que lhe cumprirem – art. 8º.

As autoridades administrativas, no prazo de 48 horas da notificação da


medida liminar, remeterão ao Ministério ou órgão a que se acham subordinadas e ao
Advogado-Geral da União, do Estado, do Município ou da entidade apontada como
coatora cópia autenticada do mandado notificatório, assim como indicações e
elementos outros necessários às providências a serem tomadas para eventual
suspensão da medida e defesa do ato apontado como ilegal ou abusivo de poder –
art. 9º.

Feitas as notificações, o serventuário em cujo cartório corra o feito juntará aos


autos cópia autêntica dos ofícios endereçados ao coator e ao órgão de
representação judicial da pessoa jurídica interessada, bem como a prova da entrega
a estes ou da sua recusa em aceitá-los ou dar recibo e, no caso do art. 4º da Lei, a
comprovação da remessa – art. 11.

Constitui crime de desobediência, nos termos do art. 330 do C.P., o não


cumprimento das decisões proferidas em Mandado de Segurança, sem prejuízo das
sanções administrativas e da aplicação da Lei nº 1.079/50 – Lei de crimes de
responsabilidade – quando cabíveis – art. 26.

XVII - INFORMAÇÕES – Notificada a autoridade coatora, está deverá no prazo de


10 (dez) dias prestar as informações sobre o ato ilegal – art. 7º, I.
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Via de regra, essas informações hodiernamente assumem características de
verdadeira contestação, defendendo a integridade formal e material do ato
impugnado.

A falta das informações pode importar confissão ficta dos fatos argüidos na
inicial, se isto autorizar a prova oferecida pelo impetrante.

XVIII - MINISTÉRIO PÚBLICO - O Ministério Público oficia obrigatoriamente no


Mandado de Segurança como fiscal da lei. Será intimado para se manifestar no
prazo de 10 dias após o fim do prazo fixado para a autoridade coatora prestar
informações - art. 12.

XIX - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – Não cabe a fixação de honorários


advocatícios em Mandado de Segurança. Caberá a aplicação das sanções previstas
no caso de litigância de má-fé – art. 25.

XX - SENTENÇA - Findo o prazo para colheita do parecer ministerial,


independentemente de prestadas informações pela autoridade coatora ou do
parecer do Ministério Público, os autos serão conclusos ao juiz dentro de 30 (trinta)
dias, para proferir a decisão - art. 12, parágrafo único.

A sentença a ser prolatada no Mandado de Segurança pode ser terminativa,


quando extingue o processo sem apreciação do mérito por faltar um dos
pressupostos processuais e/ou condições da ação (art. 485, do C.P.C), ou,
definitiva, quando julga pela procedência ou improcedência do pedido (art. 487, do
C.P.C).

Goza de eficácia mandamental a sentença que dá pela procedência do


pedido.

Concedido o Mandado de Segurança, o juiz transmitirá em ofício, por


intermédio do oficial do juízo ou pelo correio, mediante correspondência com aviso
de recebimento, o inteiro teor da sentença à autoridade coatora e à pessoa jurídica
interessada, podendo, ainda, em caso de urgência, observar o disposto do art. 4º da
Lei.

XXI - RECURSO VOLUNTÁRIO E DE OFÍCIO - A sentença que denegar ou


conceder o Mandado de Segurança, será impugnada através do Recurso de
Apelação (art. 14 c/c art. 1.009 do C.P.C), aplicável o sistema recursal do C.P.C.,
beneficiando o prazo em dobro para recorrer pela Fazenda Pública ou Ministério
Público (art. 180 e 183 do C.P.C) e nos casos de litisconsortes com diferentes
procuradores (art. 229, do C.P.C).

Julgando procedente o Mandado de Segurança, a sentença que conceder a


ordem, obrigatoriamente, ficará sujeita ao duplo grau de jurisdição, ou seja, o juiz na
parte dispositiva da decisão, recorrerá de ofício, requerendo, após esgotado o prazo
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para recurso voluntário, a subida dos autos para a instância ad quem a fim de
reexame em colegiado art. 14, § 1º - (art. 496, C.P.C).

Apenas a sentença de procedência proferida por juiz singular está obrigada


ao duplo grau de jurisdição e, os acórdãos proferidos em Mandado de Segurança ou
aqueles cujas competências são originárias, não se sujeitam a esse regime. Se
denegada a segurança, não há necessidade do reexame necessário.

Das decisões em Mandado de Segurança proferidas em única instância pelos


Tribunais cabe Recurso Extraordinário e Especial, nos casos legalmente previstos,
e, Recurso Ordinário, para o STF (art. 1.027, I do C.P.C e art. 102, II, “a” da C.F) ou
STJ (art. 1.027, II, “a”, do C.P.C e art. 105, II, “b” da C.F), quando a ordem for
denegada – art. 18.

XXII - COISA JULGADA - A coisa julgada pode resultar da sentença concessiva ou


denegatória da segurança, desde que a decisão haja apreciado o mérito da
pretensão do impetrante e afirmado a existência ou a inexistência do direito a ser
amparado.

Não faz coisa julgada, quanto ao mérito do pedido, a decisão que:

 apenas denega a segurança por incerto ou ilíquido o direito pleiteado;


 a que julga o impetrante carecedor do mandado e a que indefere desde logo
a inicial por não ser caso de segurança ou por falta de requisitos processuais
para a impetração.

XXIII - EXECUÇÃO – O comando liminar ou sentencial do Mandado de Segurança é


para que a autoridade coatora cesse a ilegalidade do ato. Assim, a sentença que
conceder o Mandado de Segurança pode ser executada provisoriamente, salvo nos
casos em que for vedada a concessão da medida liminar (art. 7º, § 2º) – art. 14, § 3º.

Na prática é de pouca utilidade o dispositivo, pois, procedente o pedido, e não


tendo efeito suspensivo o recurso voluntário ou de ofício, a sentença vigorará até
decisão da instância imediata ad quem. Caso mantida a sentença, com o trânsito em
julgado, a decisão se consolidará em coisa julgada. Na hipótese de reformada a
decisão que julgou procedente o Mandado de Segurança, tornam-se ineficazes os
atos praticados depois da interposição do recurso.

XIV - QUESTÕES PROCESSUAIS:

Argüição de incidentes: É inadmissível, visto prescindir de prova pré-constituída,


perícia para apurar falsidade documental, questões acerca da existência da relação
jurídica processual.

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Alteração do pedido ou dos fundamentos: Não é admitido no Mandado de
Segurança, pois o que se aprecia no writ não são os fatos, mas a ilegalidade do ato
praticado pela autoridade coatora, pois, se estiverem em jogo os fatos, em si, a
autoridade coatora poderia repelí-los e beneficiar-se na sua defesa, já que ao
impetrante é vedado contra-argumentar nas informações prestadas pela autoridade
coatora.

Valor da causa: À semelhança das demais causas civis, o Mandado de Segurança


exige o arbitramento do valor da causa, cujo montante deve corresponder ao do ato
impugnado, quando for susceptível de quantificação, ou, caso negativo, este deve
ser estimado.

As vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas neste artigo se


estendem à tutela antecipada a que se referem os art. 300, § 3º, do C.P.C – art. 7º, §
5º.

Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou


do Ministério Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à
economia públicas, o presidente do Tribunal ao qual couber o conhecimento do
respectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a execução da liminar e
da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5
(cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua interposição.

§ 1o Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que se refere o


caput deste artigo, caberá novo pedido de suspensão ao presidente do tribunal
competente para conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário.

§ 2o É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 1 o deste


artigo, quando negado provimento a agravo de instrumento interposto contra a
liminar a que se refere este artigo.

§ 3o A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas


ações movidas contra o poder público e seus agentes não prejudica nem condiciona
o julgamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo.

§ 4o O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo


liminar se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a
urgência na concessão da medida.

§ 5o As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma


única decisão, podendo o presidente do tribunal estender os efeitos da suspensão a
liminares supervenientes, mediante simples aditamento do pedido original.

Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a instrução do


processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento, cabendo, da
decisão do relator que conceder ou denegar a medida liminar, agravo ao órgão
competente do tribunal que integre – art. 16.

Nas decisões proferidas em Mandado de Segurança e nos respectivos recursos,


quando não publicado, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do julgamento, o

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acórdão será substituído pelas respectivas notas taquigráficas, independentemente
de revisão – art. 17.

Os processos de Mandado de Segurança e os respectivos recursos terão prioridade


sobre todos os atos judiciais, salvo habeas corpus, devendo na instância superior
ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que forem
conclusos ao relator, onde o prazo para a conclusão dos autos não poderá exceder
de 5 (cinco) dias – art. 20, §§1º e 2º.

O Mandado de Segurança coletivo não induz litispendência para as ações


individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título
individual se não requerer a desistência de seu Mandado de Segurança no prazo de
30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva
– art. 22, § 1o.

Não cabem, no processo de Mandado de Segurança, a interposição de embargos


infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem
prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé – art. 25.

13
LEI Nº 12.016, DE 7 DE AGOSTO DE 2009.

Disciplina o Mandado de Segurança


individual e coletivo e dá outras
providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional


decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Conceder-se-á Mandado de Segurança para proteger direito líquido e


certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente
ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver
justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam
quais forem as funções que exerça.

§ 1o Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os


representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades
autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no
exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas
atribuições.

§ 2o Não cabe Mandado de Segurança contra os atos de gestão comercial


praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia
mista e de concessionárias de serviço público.

§ 3o Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer


delas poderá requerer o Mandado de Segurança.

Art. 2o Considerar-se-á federal a autoridade coatora se as consequências de


ordem patrimonial do ato contra o qual se requer o mandado houverem de ser
suportadas pela União ou entidade por ela controlada.

Art. 3o O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições


idênticas, de terceiro poderá impetrar Mandado de Segurança a favor do direito
originário, se o seu titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta) dias, quando notificado
judicialmente.

Parágrafo único. O exercício do direito previsto no caput deste artigo


submete-se ao prazo fixado no art. 23 desta Lei, contado da notificação.

Art. 4o Em caso de urgência, é permitido, observados os requisitos legais,


impetrar Mandado de Segurança por telegrama, radiograma, fax ou outro meio
eletrônico de autenticidade comprovada.

§ 1o Poderá o juiz, em caso de urgência, notificar a autoridade por telegrama,


radiograma ou outro meio que assegure a autenticidade do documento e a imediata
ciência pela autoridade.
14
§ 2o O texto original da petição deverá ser apresentado nos 5 (cinco) dias úteis
seguintes.

§ 3o Para os fins deste artigo, em se tratando de documento eletrônico, serão


observadas as regras da Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil.

Art. 5o Não se concederá Mandado de Segurança quando se tratar:

I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo,


independentemente de caução;

II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;

III - de decisão judicial transitada em julgado.

Parágrafo único. (VETADO)

Art. 6o A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela


lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que
instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade
coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual
exerce atribuições.

§ 1o No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em


repartição ou estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a
fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a
exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o
cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá cópias do
documento para juntá-las à segunda via da petição.

§ 2o Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora,


a ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação.

§ 3o Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato


impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática.

§ 4o (VETADO)

§ 5o Denega-se o Mandado de Segurança nos casos previstos pelo art. 267 da


o
Lei n 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

§ 6o O pedido de Mandado de Segurança poderá ser renovado dentro do


prazo decadencial, se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito.

Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:

I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a


segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de
10 (dez) dias, preste as informações;

15
II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa
jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que,
querendo, ingresse no feito;

III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver
fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida,
caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança
ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.

§ 1o Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar


caberá agravo de instrumento, observado o disposto na Lei no 5.869, de 11 de
janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

§ 2o Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação
de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a
reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou
a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.

§ 3o Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão


até a prolação da sentença.

§ 4o Deferida a medida liminar, o processo terá prioridade para julgamento.

§ 5o As vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas neste


artigo se estendem à tutela antecipada a que se referem os arts. 273 e 461 da Lei no
5.869, de 11 janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

Art. 8o Será decretada a perempção ou caducidade da medida liminar ex


officio ou a requerimento do Ministério Público quando, concedida a medida, o
impetrante criar obstáculo ao normal andamento do processo ou deixar de
promover, por mais de 3 (três) dias úteis, os atos e as diligências que lhe
cumprirem.

Art. 9o As autoridades administrativas, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas


da notificação da medida liminar, remeterão ao Ministério ou órgão a que se acham
subordinadas e ao Advogado-Geral da União ou a quem tiver a representação
judicial da União, do Estado, do Município ou da entidade apontada como coatora
cópia autenticada do mandado notificatório, assim como indicações e elementos
outros necessários às providências a serem tomadas para a eventual suspensão da
medida e defesa do ato apontado como ilegal ou abusivo de poder.

Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, por decisão motivada, quando não
for o caso de Mandado de Segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou
quando decorrido o prazo legal para a impetração.

§ 1o Do indeferimento da inicial pelo juiz de primeiro grau caberá apelação e,


quando a competência para o julgamento do Mandado de Segurança couber
originariamente a um dos tribunais, do ato do relator caberá agravo para o órgão
competente do tribunal que integre.

16
§ 2o O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da
petição inicial.

Art. 11. Feitas as notificações, o serventuário em cujo cartório corra o feito


juntará aos autos cópia autêntica dos ofícios endereçados ao coator e ao órgão de
representação judicial da pessoa jurídica interessada, bem como a prova da entrega
a estes ou da sua recusa em aceitá-los ou dar recibo e, no caso do art. 4o desta Lei,
a comprovação da remessa.

Art. 12. Findo o prazo a que se refere o inciso I do caput do art. 7o desta Lei, o
juiz ouvirá o representante do Ministério Público, que opinará, dentro do prazo
improrrogável de 10 (dez) dias.

Parágrafo único. Com ou sem o parecer do Ministério Público, os autos serão


conclusos ao juiz, para a decisão, a qual deverá ser necessariamente proferida em
30 (trinta) dias.

Art. 13. Concedido o mandado, o juiz transmitirá em ofício, por intermédio do


oficial do juízo, ou pelo correio, mediante correspondência com aviso de
recebimento, o inteiro teor da sentença à autoridade coatora e à pessoa jurídica
interessada.

Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o juiz observar o disposto no


art. 4o desta Lei.

Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação.

§ 1o Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao


duplo grau de jurisdição.

§ 2o Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer.

§ 3o A sentença que conceder o Mandado de Segurança pode ser executada


provisoriamente, salvo nos casos em que for vedada a concessão da medida
liminar.

§ 4o O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias assegurados em


sentença concessiva de Mandado de Segurança a servidor público da administração
direta ou autárquica federal, estadual e municipal somente será efetuado
relativamente às prestações que se vencerem a contar da data do ajuizamento da
inicial.

Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público


interessada ou do Ministério Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à
segurança e à economia públicas, o presidente do tribunal ao qual couber o
conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a
execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito
suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão
seguinte à sua interposição.

17
§ 1o Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que se refere o
caput deste artigo, caberá novo pedido de suspensão ao presidente do tribunal
competente para conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário.

§ 2o É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 1 o deste


artigo, quando negado provimento a agravo de instrumento interposto contra a
liminar a que se refere este artigo.

§ 3o A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas


ações movidas contra o poder público e seus agentes não prejudica nem condiciona
o julgamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo.

§ 4o O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo


liminar se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a
urgência na concessão da medida.

§ 5o As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma


única decisão, podendo o presidente do tribunal estender os efeitos da suspensão a
liminares supervenientes, mediante simples aditamento do pedido original.

Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a
instrução do processo, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento.

Parágrafo único. Da decisão do relator que conceder ou denegar a medida


liminar caberá agravo ao órgão competente do tribunal que integre.

Art. 17. Nas decisões proferidas em Mandado de Segurança e nos respectivos


recursos, quando não publicado, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do
julgamento, o acórdão será substituído pelas respectivas notas taquigráficas,
independentemente de revisão.

Art. 18. Das decisões em Mandado de Segurança proferidas em única


instância pelos tribunais cabe recurso especial e extraordinário, nos casos
legalmente previstos, e recurso ordinário, quando a ordem for denegada.

Art. 19. A sentença ou o acórdão que denegar Mandado de Segurança, sem


decidir o mérito, não impedirá que o requerente, por ação própria, pleiteie os seus
direitos e os respectivos efeitos patrimoniais.

Art. 20. Os processos de Mandado de Segurança e os respectivos recursos


terão prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo habeas corpus.

§ 1o Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira


sessão que se seguir à data em que forem conclusos ao relator.

§ 2o O prazo para a conclusão dos autos não poderá exceder de 5 (cinco)


dias.

Art. 21. O Mandado de Segurança coletivo pode ser impetrado por partido
político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses
legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização
18
sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos
da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus
estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto,
autorização especial.

Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo Mandado de Segurança coletivo


podem ser:

I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de


natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre
si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica;

II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os


decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou
de parte dos associados ou membros do impetrante.

Art. 22. No Mandado de Segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada


limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante.

§ 1o O Mandado de Segurança coletivo não induz litispendência para as ações


individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título
individual se não requerer a desistência de seu Mandado de Segurança no prazo de
30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança
coletiva.

§ 2o No Mandado de Segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida


após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que
deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.

Art. 23. O direito de requerer Mandado de Segurança extinguir-se-á decorridos


120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.

Art. 24. Aplicam-se ao Mandado de Segurança os arts. 46 a 49 da Lei no


5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

Art. 25. Não cabem, no processo de Mandado de Segurança, a interposição


de embargos infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários
advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé.

Art. 26. Constitui crime de desobediência, nos termos do art. 330 do Decreto-
Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940, o não cumprimento das decisões proferidas
em Mandado de Segurança, sem prejuízo das sanções administrativas e da
aplicação da Lei no 1.079, de 10 de abril de 1950, quando cabíveis.

Art. 27. Os regimentos dos tribunais e, no que couber, as leis de organização


judiciária deverão ser adaptados às disposições desta Lei no prazo de 180 (cento e
oitenta) dias, contado da sua publicação.

Art. 28. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

19
Art. 29. Revogam-se as Leis nos 1.533, de 31 de dezembro de 1951, 4.166, de
4 de dezembro de 1962, 4.348, de 26 de junho de 1964, 5.021, de 9 de junho de
1966; o art. 3o da Lei no 6.014, de 27 de dezembro de 1973, o art. 1o da Lei no 6.071,
de 3 de julho de 1974, o art. 12 da Lei no 6.978, de 19 de janeiro de 1982, e o art. 2o
da Lei no 9.259, de 9 de janeiro de 1996.

Brasília, 7 de agosto de 2009; 188o da Independência e 121o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA


Tarso Genro
José Antonio Dias Toffoli

BIBLIOGRAFIA:

20
Bibliografia Básica:
(1) CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. Rio de
Janeiro: Lúmen Júris, 2005.
(2) GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, data de
edição a mais recente.
(3) JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva,
2005.
(4) MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São
Paulo: Malheiros, data de edição a mais recente.
(5) MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de Segurança. São Paulo: Malheiros, 2007.
(6) CRETELLA JUNIOR, José. Prática do Processo Administrativo. Rio de
Janeiro: RT, 2007.
Paulo: Saraiva, 2007.
(7) DIDIER, Fredie Jr. Ações Constitucionais. 3ª ed. Salvador: Podivm, 2008.
(8) ARAÚJO, Florivaldo Dutra de. Motivação e controle do Ato Administrativo. 2
ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2005.
(9) DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, data
de edição a mais recente.
(10) FAGUNDES, Miguel de Seabra. O controle dos atos administrativos pelo
poder judiciário. 4 ed. Rio de Janeiro. Forense, 1967.
(11) FIGUEIREDO, Lucia Valle. Curso de Direito Administrativo. São Paulo:
Malheiros, data de edição a mais recente.
(12) JUSTEN FILHO, Marçal. Concessões de serviços públicos. São Paulo:
Dialética, data de edição a mais recente.
(13) MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. São Paulo.
Mandamentos, 2005.
(14) SUNDFELD, Carlos Ari; BUENO, Cássio Scarpinella (Coord.) Direito
Processual Público. São Paulo: Malheiros, 2003.
(15) WALD, Arnold. Do Mandado de Segurança na prática judiciária. Rio de
Janeiro: Forense, 2007.

Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da ª Vara da Fazenda Pública Municipal de


Contagem/MG.
21
FUNERÁRIA SÃO CRISTÓVÃO LTDA, CNPJ – 00.772.419/0001-61,
localizada na Rua Cecildes Moreira Faria, 135 – Bairro Nova Gameleira/BH – MG.,
e-mail, vem respeitosamente perante V. Exa., por seu advogado abaixo assinado,
conforme procuração em anexo, propor o presente MANDADO DE SEGURANÇA
COM PEDIDO DE LIMINAR contra ato ilegal do ILMO. PRESIDENTE DA
COMISSÃO ESPECIAL DE LICITAÇÃO DO MUNICÍPIO DE CONTAGEM – SR.
ÉLIO DE SIQUEIRA VALÉRIO PINTO e ILMA. SECRETÁRIA MUNICIPAL DE
ADMINISTRAÇÃO DE CONTAGEM – SRA. CLEUDIRCE CORNÉLIO DE
CAMARGOS, ambos localizados na Praça Presidente Tancredo Neves, 200 – Bairro
Camilo Alves/Contagem – MG – Edifício-Sede da Prefeitura, e-mail, todos vinculados
à Secretaria Municipal de Administração de Contagem, nos termos dos arts. 5º,
LXIX, 37, XXI - todos da Constituição Federal e arts. 1º e 7º, III da Lei 12.016/09, Lei
8.666/93 e Lei 8.987/95, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

I – DOS FATOS E DO DIREITO

A Impetrante, com intuito de participar da licitação, apresentou seus


documentos de Habilitação e sua Proposta Comercial na forma da Lei e dentro das
regras exigidas pelo Edital nº 001/2008, processo nº 024/2008, licitação na
modalidade de CONCORRÊNCIA, com critério de julgamento de “MAIOR
OFERTA”, com fulcro no art. 15, II da Lei 8.987/95 objetivando a contratação de 02
(duas) empresas, para outorga de CONCESSÃO, para prestação de serviços
funerários no Município de Contagem/MG., conforme especificações constantes
neste Edital e seus anexos.

Acontece que em sessão de julgamento dos documentos de habilitação,


ocorrida no dia 05/05/2008, a Comissão Especial de Licitação, designada pela
Portaria nº 011 de 16/01/2008, com o objetivo de analisar e julgar os documentos
apresentados pelas empresas participantes, decidiu inabilitar a empresa Impetrante,
sob o argumento de que apresenta composição acionária em comum com a
empresa ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA, configurando conluio, causando
prejuízo ao caráter competitivo no certame, nos termos do art. 90 da Lei
8.666/93, tendo a Impetrante interposto Recurso Administrativo e Recurso
Hierárquico, ambos sem êxito, motivo pelo qual não teve outra solução senão
impetrar o presente Mandado de Segurança, com intuito conservar o seu direito de
participar do certame, sendo declarada HABILITADA para a citada licitação.
22
Ora MM. Juiz, dentre as condições previstas no edital para a participação no
processo licitatório, não há qualquer restrição no sentido de que as empresas
interessadas não possam ter sócios em comum, conforme abaixo demonstrado.

II - CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO

2.1. Poderão participar desta licitação pessoas jurídicas do ramo


pertinente ao objeto licitado, que atendam às condições de
habilitação estabelecidas no Título VII e requisitos exigidos neste
instrumento convocatório.
2.2. Participarão da Sessão todos os que tenham protocolados seus
envelopes até o horário estipulado no Preâmbulo deste edital.
2.3. As empresas que desejarem poderão se fazer representar nos
atos desta licitação mediante pessoa devidamente habilitada por
instrumento público ou particular de mandato ou, ainda, pelo
instrumento constitutivo da empresa quando for o caso.
2.4. O documento de mandato referido no item anterior deverá
descrever quais poderes detém o representante da empresa para
este Certame.
2.5. As empresas que não apresentarem representantes ou ainda
que o apresentem em desconformidade com este Edital poderão
participar da licitação sem que, no entanto, seja considerada
qualquer manifestação nas atas elaboradas.

2.6. NÃO PODERÁ PARTICIPAR DA LICITAÇÃO, A EMPRESA:

2.8.1. Suspensa, impedida de licitar ou contratar com a


Administração, nos termos do art. 87, III, da Lei 8.666/93;
2.8.2. Declarada inidônea para licitar ou contratar com a
Administração, nos termos do art. 84, IV, da Lei 8.666/93;
2.8.3. Com falência declarada, em liquidação judicial ou extrajudicial;
2.8.4. Em consórcio;
2.8.5. E que incidir no disposto no art. 9º da Lei n.º 8.666/93 e no art.
33 da Lei Orgânica do Município de Contagem:

Art. 33 - O Prefeito, o Vice-Prefeito, os Vereadores, os ocupantes de


cargo em comissão ou função de confiança, as pessoas ligadas a
qualquer deles por matrimônio ou parentesco, afim ou
consangüíneo, até o segundo grau, ou por adoção, e os servidores e
empregados públicos municipais, não poderão contratar com o
Município, subsistindo a proibição até seis meses após findas as
respectivas funções.

2.9. A observância das vedações do item anterior é de inteira


responsabilidade do licitante que, pelo descumprimento, se sujeita
às penalidades cabíveis.

23
Também a Lei 8.666/93 não restringe a participação no processo licitatório de
empresas que tenham sócios em comum, e, onde o legislador não restringe, não
cabe ao interprete restringir – regra básica de hermenêutica.

Por outro lado, ao contrário do alegado pela Comissão Especial de Licitação,


as empresas FUNERÁRIA SÃO CRISTÓVÃO LTDA – ME e ASSISTENCIAL
LUZIENSE LTDA, não têm “composição acionária comum”, mas cotas que o sócio
CARLOS ALBERTO RIOS MANUEL possui em ambas as empresas, registrando
que a pessoa jurídica não se confunde com a pessoa física de seus sócios.

Aliás, a pessoa jurídica é a unidade de pessoas naturais e/ou de patrimônios


que visa a obtenção de certas finalidades, reconhecida pela ordem jurídica como
pessoa de direitos e obrigações, sendo certo que a licitação em questão informa que
“poderão participar desta licitação pessoas jurídicas do ramo pertinente ao
objeto licitado, que atendam às condições de habilitação estabelecidas...”, não
fazendo qualquer alusão às pessoas de seus sócios.

II - DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

O princípio da legalidade é um dos princípios fundamentais à formação do


próprio Estado de Direito sustentado no império da lei, e, na tripartição dos poderes,
possui especificidades no âmbito do Direito Público, onde é mencionado em
diferentes dispositivos como, por exemplo, no art. 37 da Constituição no Capítulo VII,
que trata da Administração Pública.

A conotação aqui é de estrita vinculação do poder público aos ditames da lei


e do Direito. Resulta, pois, o princípio da legalidade no âmbito do Direito Público
num poder-dever que condiciona toda e qualquer ação do administrador público.
Mesmo quando este age dentro de seu poder discricionário, onde há uma pequena
porção de liberdade de escolha, deve fazê-lo dentro do campo balizado pelo
ordenamento jurídico.

A doutrina entende que o art. 4º da Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993, com


as alterações promovidas pelas Leis ns. 8.883, de 08 de junho de 1994, e 9. 648, de
27 de maio de 1998, abre espaço para que todos os que participam da licitação
promovida pelos órgãos a que se refere o art. 1º (órgãos e entidades integrantes da
Administração Pública direta e indireta, de qualquer dos poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios) tenham direito público subjetivo a que
os preceitos da Lei n. 8.666, de 1993 sejam obedecidos.

Assim, o art. 4º da Lei 8.666/93 assegura a todo licitante o direito à fiel


observância dos procedimentos estabelecidos na lei das licitações, a dizer que cada
licitante é titular de direito subjetivo que deve ser respeitado pela administração.

Esse fato enseja que cada licitante pode exigir, por via do Mandado de
Segurança, que a Administração se atenha ao cumprimento da Lei em face de
incompetência da autoridade, desvio de finalidade, ausência de motivo, fuga ao seu
objetivo principal e por falta de forma.

24
HELY LOPES MEIRELLES, quanto ao significado do princípio da legalidade,
aduz que "o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito
aos mandamentos da lei, e às exigências do bem-comum, e deles não se pode
afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se à responsabilidade
disciplinar, civil e criminal, conforme o caso". (“Direito Administrativo Brasileiro" Ed.
Revista dos Tribunais, 15ª edição, 1990, página 79).

Assim, não tendo o edital exigido, dentre outras condições, que as empresas
participantes não tenham sócios em comum, bem como a Lei 8.666/93 da mesma
forma nada menciona/restringe, não pode a Comissão Especial de Licitação
inabilitar a Impetrante sob este argumento, sob pena de ferir o Princípio da
Legalidade, ignorando o art. 5º, II da Constituição Federal, que dita que “ninguém
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de
lei.", estando, portanto, viciado este ato/decisão, bem como os atos do Ilmo.
Presidente da Comissão Especial de Licitação do Município de Contagem– Sr. Élio
de Siqueira Valério Pinto e da Ilma. Secretária Municipal de Administração de
Contagem – Sra. Cleudirce Cornélio de Camargos, que indeferiram os recursos
administrativos aviados.

Lado outro, a Douta Comissão, somente poderia desclassificar uma das


empresas, pecando pelo excesso ao desabilitar ambas, não aplicando a costumeira
Justiça ou Lei, pois, ao contrário do alegado, não houve conluio entre as empresas,
em face da idoneidade de ambas no mercado de Minas Gerais, tendo ambas real
possibilidade de ganhar o certame pela “maior oferta”, favorecendo a Administração
do Município de Contagem.

III - DA IMPUTAÇÃO DO CRIME TIPIFICADO NO ART. 90 DA LEI 8.666/93

A inabilitação declarada pela Comissão Especial de Licitação imputou à


Impetrante o crime tipificado no art. 90 da Lei 8.666/93, alegando que, por ter
composição acionário em comum com a ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA,
configurou conluio, causando prejuízo ao caráter competitivo no certame.

Ora MM. Juiz, como pode ter conluio pelos simples fato de empresas terem
em comum um sócio, apesar destas terem administrações independentes.

O que de fato correu é que ambas as empresas têm administração distintas e


independentes, localizando-se em municípios diferentes, não tendo a empresa
ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA tomado ciência prévia da participação da
Impetrante no certame.

Assim foi leviana a imputação de tão grave crime à Impetrante, desprovida de


qualquer prova inequívoca que justificasse sua inabilitação.

IV - DA RETIRADA DA EMPRESA ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA DO


PROCESSO LICITATÓRIO

Após ser excluída do processo licitatório, a empresa ASSISTENCIAL


LUZIENSE LTDA, peticionou à COMISSÃO ESPECIAL DE LICITAÇÃO informando
o equívoco da presença de ambas as empresas no processo em face da
25
administração independente das empresas, bem como funcionarem em municípios
diferentes, o que culminou na falta de comunicação e a sua inscrição no mesmo
processo licitário, apesar de não haver qualquer restrição quanto a este fato,
concordando, inclusive com sua inabilitação.

" Acontece que, apesar de ter o sócio CARLOS ALBERTO


RIOS MANUEL em comum no quadro societário com a
FUNERÁRIA SÃO CRISTÓVÃO LTDA - ME, possui
administração independente e está localizada noutro
município, motivo pelo qual ocorreu o equívoco de sua
participação no mesmo processo licitatório.

Diante do exposto, informa que concorda com sua


inabilitação para o processo licitatório, informando que
abre mão do prazo recursal.”

Assim, MM. Juiz, se havia algum óbice da participação de empresas que


possuíssem composição acionária em comum, este desapareceu com a retirada da
empresa ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA.

Ademais, não se justifica a inabilitação de ambas as empresas, bastaria a


COMISSÃO ESPECIAL DE LICITAÇÃO excluir uma delas do certame, sendo ilegal
o ato que desabilitou a Impetrante e a empresa ASSISTENCIAL LUZIENSE LTDA,
pois, não encontra amparo no Edital nº 001/2008, nas Leis nº 8.666/93 e 8.987/95, e,
muito menos, na Constituição Federal.

V - DOS REQUISITOS DO PEDIDO DE LIMINAR

Conforme consta, data venia, o fumus boni juris está fartamente


demonstrado pela clara violação dos dispositivos legais acima citados.

Por outro lado, o periculum in mora se aflora em face das propostas serem
abertas no dia 26/05/08 as 14:00h, e, caso não deferida a liminar, torna-se-a inócuo
o presente mandamus – art. 7º, III da Lei 12.016/09.

VI - DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer a V. Exa.:

a) Seja deferida liminarmente, initio litis, em CARÁTER DE URGÊNCIA, ordem


judicial determinando aos Impetrados que incluam a Impetrante no rol das empresas
26
habilitadas, incluindo-a na sessão de abertura de propostas, que ocorrerá no dia
26/05/08 as 14:00h, abrindo sua proposta, sob pena do art. 26 da Lei 12.016/09,
fixando multa diária para o caso de descumprimento da ordem;

b) Sejam notificadas as Autoridades Coatoras a fim de que tomem conhecimento


desta ação, e, querendo, no prazo legal do art. 7º, I da Lei 12.016/09, prestem suas
informações;

c) Seja dada ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica


interessada, enviando-lhe cópia da inicial para, querendo, ingresse no feito;

d) Seja dada vista ao Ministério Público.

e) Seja ao final concedida a segurança, confirmando a liminar acaso deferida,


declarando a Impetrante habilitada para participar da licitação, visto que preenche
todos os requisitos exigidos no Edital nº 001/2008, processo nº 024/2008, ratificando
a tese apresentada.

Dá-se a causa o valor de R$50,00 (cinquenta reais).

Nestes termos, pede deferimento.

Belo Horizonte, 23 de maio de 2008.

André Luiz Lopes


OAB/MG - 70.397

Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da ª Vara da Fazenda Pública Municipal da


Comarca de Belo Horizonte/MG.

ASSOCIAÇÃO MUNICIPAL DE CONTRIBUINTES, inscrita no CNPJ -


0000000, com sede na Rua do Sol, 000, conjunto 000, Belo Horizonte/MG., e-mail,
há mais de um ano em funcionamento, conforme exige o art. 5º, LXX, “b” da C.F.,
vem respeitosamente perante V. Exa., por seu advogado abaixo assinado, conforme
procuração em anexo, impetrar MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO COM
PEDIDO DE LIMINAR, em favor de seus associados, contra ato ilegal do Sr. CHEFE
27
DO DEPARTAMENTO DE RENDAS MOBILIÁRIAS DO MUNICÍPIO DE BELO
HORIZONTE, vinculado à SECRETARIA MUNICIPAL DA FAZENDA DE BELO
HORIZONTE, encontrado na Avenida Afonso Pena,1.212 – Centro/Belo Horizonte –
MG., nos termos dos art. 5º, LXX, “b” da Constituição Federal e arts. 1º, 7º, III e 21
da Lei 12.016/09, pelos fatos e dos fundamentos jurídicos a seguir expostos:

I - DA ENTIDADE IMPETRANTE

A Autora é entidade civil, sem fins lucrativos, legalmente constituída desde


01/01/1990, conforme cópias das certidões inclusas, e tem como finalidade legal e
estatutária amparar e defender os direitos e interesses dos contribuintes, seus
associados, em conformidade com os parâmetros das normas vigentes.

II - DA LEGITIMIDADE ATIVA

A Autora é entidade legitimada para a representação coletiva dos seus


associados, com amparo no artigo 5o. LXX, “b” da Constituição Federal e art. 21 da
Lei 12.016/09.

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

LXX - o Mandado de Segurança coletivo pode ser


impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso
Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação
legalmente constituída e em funcionamento há pelo
menos um ano, em defesa dos interesses de seus
membros ou associados;

Art. 21. O Mandado de Segurança coletivo pode ser


impetrado por partido político com representação no
Congresso Nacional, na defesa de seus interesses
legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade
partidária, ou por organização sindical, entidade de classe
ou associação legalmente constituída e em funcionamento
há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos
e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou
associados, na forma dos seus estatutos e desde que
pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto,
autorização especial.

28
III - DOS FATOS E DO DIREITO

Todos os proprietários de imóveis situados dentro do município de Belo


Horizonte, entre eles os associados da Impetrante, como é de conhecimento público,
foram notificados para efetivar o pagamento do Imposto Predial Territorial Urbano -
IPTU, relativo ao ano de 2.000 (cópia de algumas notificações inclusas) e,
naturalmente serão da mesma forma notificados para pagamento dos IPTUs
relativos aos exercícios subsequentes.

Juntamente com a cobrança do Imposto Predial Territorial Urbano – IPTU, é


cobrado de cada um dos contribuintes um outro valor, denominado de "Taxa de
Limpeza Pública" consubstanciados em valores encontrados mediante fórmula
estampada no artigo 32 da Lei Municipal n. 5.641/89, combinado com o item III da
Tabela I, conforme redação da Lei Municipal 7.237/96, em que se utiliza, como um
dos parâmetros que constituem sua base de cálculo, a área, em metros quadrados,
de cada um dos imóveis.

Ademais, claro, o serviço que dá origem a Taxa de Limpeza Pública não é


divisível, logo não se coaduna com o mandamento inserto no artigo 145, II, da
Constituição Federal, razão pela qual também se encontra contaminada por vício
insanável.

É importante observar que o IPTU, bem como a Taxa de Limpeza Pública,


conforme artigos 32, 69 e 70 da Lei Municipal de número 5.641/89, com a redação
da Lei Municipal 7.237/96, se utilizam como base de cálculo a área, em metros
quadrados, de cada um dos imóveis, senão vejamos:

Art. 32 - A Taxa de Limpeza Pública será calculada de


conformidade com a Tabela I anexa a esta Lei e será
lançada junto com o IPTU, ou na forma e prazos previstos
em regulamento.

Tabela I Para lançamento das Taxas Instituídas pelo


Município de Belo Horizonte:

III - Taxa de Limpeza Pública


Por ano, por unidade:
3.1.3 Tipo normal
3.1.3.1. até 100 m2 74,08 UFIR
3.1.3.2. acima de 100 m2 até 200 m2 111,30 Ufirs
3.1.3.3. acima de 200 m2 167,01 UFIRs

IPTU
Art. 69 - A base de cálculo do imposto é o valor do imóvel.

Parágrafo único - Na determinação da base de cálculo não


será considerado o valor dos bens móveis mantidos em
29
caráter permanente ou temporário, no imóvel, para efeito
de sua utilização, exploração, aformoseamento ou
comodidade.

Art. 70 - O valor venal do imóvel será determinado em


função dos seguintes elementos, tomados em conjunto ou
separadamente:

I - preços correntes das transações no mercado


imobiliário;
II - zoneamento urbano;
III - características do logradouro e da região onde se
encontra o imóvel;
IV - características do terreno como:
a) área;
b) topografia, forma e acessibilidade;
V - características da construção como:
a) área;
b) qualidade, tipo e ocupação;
c) o ano da construção;
VI - custos de reprodução.

Assim, resta induvidoso que a composição da base de cálculo para incidência


da "Taxa de Limpeza Pública" utiliza-se dos mesmos elementos que integra a
base de cálculo do IPTU, além de tratar-se de serviço público indivisível.

A Constituição Federal, a seu turno, estabelece no artigo 145:

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios poderão instituir os seguintes tributos:

I - impostos;

II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela


utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos
específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou
postos a sua disposição;

§ 2º. As taxas não poderão ter base de cálculo própria de


impostos.

O Código Tributário Nacional, em seu artigo 32, 33 e 77, estabelece, com


absoluta clareza, a definição legal de do IPTU, sua base de cálculo e das taxas:

Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre


a propriedade predial e territorial urbana tem como fato
gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem
imóvel por natureza ou por acessão física, como definido
na lei civil, localizado na zona urbana do Município.
30
Art. 33. A base do cálculo do imposto é o valor venal do
imóvel.

Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo


Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas
respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício
regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou
potencial, de serviço público específico e divisível,
prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou
fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto,
nem ser calculada em função do capital das empresas.

A jurisprudência do STF, pacífica, também se assenta nas teses ora


apresentadas e têm reconhecido a inconstitucionalidade de tributos com a mesma
base de cálculo e sem obediência a divisibilidade dos serviços.

TAXA DE FISCALIZAÇÃO - MUNICIPIO DE BELO


HORIZONTE - PODER DE POLÍCIA - BASE DE CÁLCULO -
CF ART 245, II, PARÁGRAFO 2O.- Ilegitimidade da taxa de
fiscalização dado que a base de cálculo - incidência ou
sobre a área total do imóvel, ou recaindo sobre a área
ocupada pelo estabelecimento - faz coincidir, nas duas
hipóteses, o elemento fundamental, ou seja, o metro
quadrado da superfície do imóvel. A base de cálculo da
taxa, no caso, coincide basicamente com a base de cálculo
do IPTU: Ilegitimidade constitucional: CF, art. 145,
parágrafo 2o. - (STF RE 195.926-6 - 2a. Turma - Relator Min.
Carlos Veloso, DJU 12.12.1997)

TAXA DE FISCALIZAÇÃO, LOCALIZAÇÃO E


FUNCIONAMENTO - BASE DE CÁLCULO VINCULADA A
ÁREA OCUPADA PELO ESTABELECIMENTO -
IMPOSIBILIDADE. 1. É firme a jurisprudência desta Corte
no sentido do reconhecimento da impossibilidade de
utilização de base de cálculo idêntica para a cobrança de
tributos distintos. 2. Havendo identidade de base de
cálculo da taxa com alguns dos elementos que compõem a
do IPTU, resta vulnerado o artigo 145, parágrafo 2o. da
Constituição Federal. Agravo Regimental não provido. (STF
AGRRE 216.528 -MG - 2a. Turma - Rel. Ministro Maurício
Corrêa, DJU 27.02.1998, pag. 9).

31
TAXAS DE LIMPEZA PÚBLICA E DE CONSERVAÇÃO DE
VIAS E LOGRADOUROS PÚBLICOS. - Classe / Origem RE-
199969 / SP RECURSO EXTRAORDINARIO
Relator Ministro ILMAR GALVAO
Publicação DJ DATA-06-02-98 PP-00038 EMENT VOL-
01897-11 PP-02304
Julgamento 27/11/1997 - Tribunal Pleno
EMENTA: TRIBUTÁRIO. LEI Nº 11.152, DE 30 DE
DEZEMBRO DE 1991, QUE DEU NOVA REDAÇÃO AOS
ARTS. 7O, INCS. I E II; 87, INCS. I E II, E 94, DA LEI Nº
6.989/66, DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO. IMPOSTO
SOBRE A PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL
URBANA. Inconstitucionalidade declarada dos dispositivos
sob enfoque. O primeiro, por instituir alíquotas
progressivas alusivas ao IPTU, em razão do valor do
imóvel, com ofensa ao art. 182, § 4o, II, da Constituição
Federal, que limita a faculdade contida no art. 156, § 1o, à
observância do disposto em lei federal e à utilização do
fator tempo para a graduação do tributo.
Os demais, por haverem violado a norma do art. 145, § 2o,
ao tomarem para base de cálculo das taxas de limpeza e
conservação de ruas elemento que o STF tem por fator
componente da base de cálculo do IPTU, qual seja, a área
do imóvel e a extensão deste no seu limite com o
logradouro público. Taxas que, de qualquer modo, no
entendimento deste Relator, tem por fato gerador
prestação de serviço inespecífico, não mensurável,
indivisível e insuscetível de ser referido a determinado
contribuinte, não sendo de ser custeado senão por meio
do produto da arrecadação dos impostos gerais.
Recurso conhecido e provido. (Grifos Nossos)

IV - DOS REQUISITOS DO PEDIDO DE LIMINAR

Conforme consta, data venia, o fumus boni juris está fartamente


demonstrado pela clara violação dos dispositivos do Código Tributário Nacional e
Constituição Federal e pelo reconhecimento jurisprudencial da injuridicididade da
cobrança de taxas nos moldes praticados pela Autoridade Coatora.

Por outro lado, o periculum in mora se aflora quando o contribuinte, sendo


compelido a pagar taxas indevidas, sob pena de multa, não goza da mesma
facilidade de receber o indébito, sujeitando-se, inclusive ao procedimento ordinário
e, depois de julgada a demanda, ainda a esperar longos anos pelo ressarcimento via
precatórios.

Assim, atendidos os pressupostos do artigo 7º, III da Lei 12.016/09, exigidos


para a concessão de liminar, deve essa ser deferida.

V - DOS PEDIDOS

32
Diante do exposto requer a V. Exa.:

a) Seja concedida com urgência liminar, após a exigência do art. 22, § 2º da Lei
12.016/09, para suspender os efeitos do artigo 32 da Lei Municipal número 5.641/89,
expedindo-se ordem à Autoridade Coatora para, deduzindo as parcelas já
eventualmente pagas, emitir novas guias de recolhimento das parcelas mensais do
IPTU, para todos os proprietários de imóveis que se identificarem como associados
da entidade impetrante abstendo-se de incluir os valores correspondentes à
atual e futuras "Taxas de Iluminação Pública", e, caso a Autoridade Coatora
assim não proceda até o prazo máximo de 05 dias anteriores ao vencimento de cada
parcela, facultar aos associados da entidade impetrante a efetivação dos depósitos
judiciais respectivos, em conta DCM à disposição deste juízo, como procedimento
liberatório da exigibilidade do tributo, com validade até o julgamento definitivo da
demanda, sob pena do art. 26 da Lei 12.016/09, fixando multa diária para o caso de
descumprimento da ordem;

b) Seja notificada a Autoridade Coatora, na pessoa do seu representante legal, à


Avenida Afonso Pena, n. 1.212, centro, nesta Capital, para que, no prazo legal,
preste a este juízo as informações que entenda importantes ou necessárias à
avaliação da segurança reclamada e, em se deferindo a liminar, também para
conhecimento e cumprimento da decisão;

c) Seja dada ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica


interessada, enviando-lhe cópia da inicial para, querendo, ingresse no feito;

d) Seja dada vista ao Ministério Público;

e) O deferimento da assistência judiciária, nos termos do art. 4º da Lei 1.060/50.

f) Seja concedida a segurança definitiva, ratificando a liminar porventura deferida,


para conceder a segurança impetrada, suspendendo-se os efeitos do artigo 32 da
Lei Municipal número 5.641/89, culminando com a expedição de ordem dirigida à
Autoridade Coatora para, deduzindo as parcelas já eventualmente pagas, emitir
novas guias de recolhimento das parcelas mensais do IPTU para todos proprietários
de imóveis que se identificarem como associados da entidade impetrante e/ou
constem da relação de associados inclusa, abstendo-se de incluir os valores
correspondentes à atual e futuras "Taxas de Iluminação Pública", e, caso a
Autoridade Coatora assim não proceda até o prazo máximo de 05 dias anteriores ao
vencimento de cada parcela, facultar aos associados da entidade impetrante a
efetivação dos depósitos judiciais respectivos, em conta DCM à disposição deste
juízo, como procedimento liberatório da exigibilidade do tributo;

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais).

Nestes termos, pede deferimento.

Belo Horizonte, 25 de setembro de 2009.

33
André Luiz Lopes
OAB/MG – 70.397

Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da ª Vara da Fazenda Pública Estadual da


Comarca de Belo Horizonte/MG.

34
MARCEL CARVALHO PAIVA, brasileiro, casado, desempregado, C.P.F –
510.133.445-17, residente na Rua Roberto Coutinho, 120/apto. 202 – Bairro
Belvedere/Belo Horizonte – MG., e-mail, vem respeitosamente perante V. Exa., por
seu advogado abaixo assinado, conforme procuração em anexo, propor AÇÃO
ANULATÓRIA DE ATO ADMINISTRATIVO COM PEDIDO DE TUTELA
ANTECIPADA, contra o ESTADO DE MINAS GERAIS, pessoa jurídica de direito
público interno, ente federado da República Federativa do Brasil, podendo ser citado
na pessoa de seu Procurador Geral, localizado na Avenida Afonso Pena, 1901 –
Bairro Funcionários/Belo Horizonte – MG., pelos fatos e fundamentos a seguir
expostos:

I - DOS FATOS

A Academia de Polícia Civil do Estado de Minas Gerais, órgão da Secretaria


de Estado de Defesa Social do Estado de Minas Gerais, através da Academia de
Polícia Civil, no dia 25/06/2008 publicou no Diário oficial o Edital nº 04/08 de
Concurso Público de Provas para o cargo de AGENTE DE POLÍCIA, integrante da
série inicial da carreira do quadro de pessoal da Policial Civil do Estado de Minas
Gerais, cuja inscrição se deu no período de 21/07/08 a 08/08/08.

Conforme o item 3 do Edital 04/08, o concurso público para o provimento das


383 vagas ao cargo de AGENTE DE POLÍCIA tem a previsão de 05 fases, sendo
elas:

3.1. São fases do Concurso Público, de caráter eliminatório


cada, cuja realização obedecerá a seguinte ordem de sucessão:
3.1.1.Prova de Conhecimentos: objetiva.
3.1.2.Avaliação Psicológica;
3.1.3.Exames Biomédicos e Biofísicos;
3.1.4.Investigação Social;
3.1.5.Curso de Formação Policial (Aspirantado).

O Autor nasceu no dia 17/03/1974 e preenchendo os requisitos exigidos no


Edital nº 04/08, inscreveu-se no concurso, recebendo sua inscrição o nº 37-0,
contando, portanto, há época da inscrição, com 33 anos de idade.

A Academia de Polícia Civil do Estado de Minas Gerais submeteu o Autor e


demais candidatos à prova de conhecimento, avaliação psicológica, exames
biomédicos e biofísicos, tendo declarado o Autor apto/aprovado para o Curso de
Formação Policial (Aspirantado), conforme comprovam os documentos em anexo,
tendo, inclusive, convocado o Autor para a apresentação dos documentos a fim
deste efetivar a matrícula no referido curso, cujas exigências estavam previstas no
item 11 do Edital 04/08, sendo elas:

35
11. CURSO DE FORMAÇÃO POLICIAL: REQUISITOS

11.1. Os requisitos legais para o provimento no cargo de


Agente de Polícia, os quais o candidato deverá atender,
cumulativamente, são:
a) Ser brasileiro (art. 37, I da Constituição Federal e art. 80, I
da Lei nº 5.406/69).
b) Ter no mínimo 18 (dezoito) anos de idade e no máximo
32 (trinta e dois), à data da matrícula (art. 37, I da
Constituição Federal e art. 80, II da Lei nº 5.406/69).
c) Estar em dia com as obrigações eleitorais.
d) Estar em dia com o serviço militar, para o candidato do sexo
masculino.
e) Possuir comprovante de conclusão do Ensino Médio,
expedido por estabelecimento oficial ou reconhecido.

Contudo, o Diretor Geral da Academia de Polícia Civil do Estado de Minas


Gerais, através da Portaria nº 051/DRS/ACADEPOL/PCMG/2010, tornou público o
resultado da análise dos documentos e requisitos estabelecidos no Edital nº 04/08
de Concurso Público de Provas para o cargo de AGENTE DE POLÍCIA, da matrícula
no Curso de Formação Policial (Aspirantado), realizado no dia 30/03/2010, onde o
mesmo indeferiu a matrícula do Autor no referido curso, conforme documento em
anexo, convocando as pessoas que tiveram suas matrículas deferidas para o início
do curso, que se iniciará no dia 31/03/2010 (quarta-feira) às 13:00 horas na
Academia de Polícia Civil do Estado de Minas Gerais, localizada na Rua Oscar
Negrão de Lima, 200 – Bairro Nova Gameleira/BH – MG.

Assim, o Autor não teve outra alternativa senão buscar a tutela jurisdicional a
fim de buscar a satisfação de seu direito.

II - DO ATO ADMINISTRATIVO COMBATIDO

No dia 31/03/2010 o Diretor Geral da Academia de Polícia Civil do Estado de


Minas Gerais – Sr. Cylton Brandão da Matta – através da Portaria nº
051/DRS/ACADEPOL/PCMG/2010, tornou público o resultado da análise dos
documentos e requisitos estabelecidos no Edital nº 04/08 de Concurso Público de
Provas para o cargo de AGENTE DE POLÍCIA, da matrícula no Curso de Formação
Policial (Aspirantado), realizado no dia 30/03/2010, onde o mesmo indeferiu a
matrícula do Autor no referido curso, conforme documento em anexo, convocando
as pessoas que tiveram suas matrículas deferidas para o início do curso, que se
iniciará no dia 31/03/2010 (quarta-feira) às 13:00 horas na Academia de Polícia
Civil do Estado de Minas Gerais, localizada na Rua Oscar Negrão de Lima, 200 –
Bairro Nova Gameleira/BH – MG.
O indeferimento da matrícula do Autor foi motivado pelo fato deste contar hoje
com 36 anos de idade, visto que nasceu no dia 17/03/1974, e, portanto, contrariar
o malfadado limite de idade de 32 anos fixado no item 11.1.b do Edital nº 04/08.

36
III - DA LIMITAÇÃO DE IDADE EM 32 ANOS PREVISTA NO EDITAL Nº 04/08

A Constituição Federal estabelece a igualdade de todos perante a lei, sem


distinção de qualquer natureza (art. 5º, caput), sendo vedada a diferença de critérios
de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil (art. 7º, XXX).

Entretanto, a própria Constituição prevê que "os cargos, empregos e funções


públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos
em lei" (art. 37, I) e que a lei poderá "estabelecer requisitos diferenciados de
admissão quando a natureza do cargo o exigir" (art. 39, § 3º).

Desse modo, o limite de idade pode ser observado como critério de admissão
em cargos públicos, desde que tal limite esteja de acordo com a natureza e
atribuições do cargo em referência e que esteja previsto em lei, tudo dentro de
uma razoabilidade.

Assim, o que está implícito na malfada limitação de idade (32 anos) é a


exigência do vigor físico e mental para o provimento do cargo de Agente de Polícia,
que a própria ACADEPOL – realizadora do concurso, verificou ter o Autor quando
o aprovou nos exames de capacidade intelectual, psicológica, biomédica e
biofísica, credenciando-o ao cargo concorrido, apesar da idade superior aos 32
anos fixados no item 11.1.b do Edital nº 04/08, não havendo razão para o
indeferimento de sua matrícula no curso de Formação Policial (Aspirantado).

IV - DA APROVAÇÃO DO AUTOR NOS EXAMES DE CONHECIMENTO,


PSICOLÓGICO, BIOMÉDICO E BIOFÍSICO CHANCELADA PELA ACADEPOL

Conforme se verifica nos documentos em anexo, a ACADEPOL – Academia


de Polícia Civil do Estado de Minas Gerais submeteu o Autor à verificação de sua
capacidade intelectual, psicológica, biomédica e biofísica, aprovando-o em todas
estas fases do concurso, considerando-o apto ao provimento do cargo de Agente de
Polícia, apesar de estar fora do limite de idade de 32 anos, fixado no Edital nº 04/08.
Desta forma, pouco importa sua idade para o exercício desta função, pois, a própria
ACADEPOL constatou sua boa saúde mental e seu vigor físico, requisitos que julga
necessário ao provimento do cargo de Agente de Polícia.

Assim, MM. Juiz, se a própria ACADEPOL, que realizou o concurso, aprovou


o Autor nos exames de capacidade intelectual, psicológica, biomédica e biofísica,
considerando-o apto ao provimento do cargo de Agente de Polícia, não pode agora
discriminá-lo em razão do limite de idade de 32 anos fixado no Edital nº 04/08 – item
11.1.b, indeferindo sua matrícula no Curso de Formação Policial (Aspirantado), pois,
o que está implícito nesta malfadada limitação de idade é a exigência do vigor físico
e mental, que ela própria verificou ter o Autor quando o aprovou nos citados
exames realizados nas fases do concurso, não havendo razão para o
indeferimento de sua matrícula no curso de Formação Policial (Aspirantado).
V - DA JUSTIFICATIVA DE FIXAÇÃO DE LIMITE DE IDADE PARA O CARGO DE
AGENTE DE POLÍCIA

37
O objetivo da fixação do limite de idade para o provimento do cargo de Agente
de Polícia é explicitado no item 9 do Edital nº 04/08, que trata dos objetivos dos
exames biomédicos e biofísicos.

Os EXAMES BIOMÉDICOS têm o objetivo de “aferir se os candidatos gozam


de boa saúde física, se não são portadores de doenças, sinais ou sintomas que os
inabilitem ao exercício da função policial e, ainda, se possuem acuidade visual e
auditiva compatível com a carreira policial.” tendo estes “caráter pré-admissional
para o ingresso na carreira de AGENTE DE POLÍCIA da Polícia Civil do Estado de
Minas Gerais” - item 9.4 e 9.4.1 do Edital 04/08.

Já quanto aos EXAMES BIOFÍSICOS, o Edital 04/08 prescreve que “são


relativos à capacidade física, e visam aferir se o candidato apresenta condições de
saúde condizentes com o peso, altura e idade, além de capacidade física para
suportar os exercícios a que será submetido durante o Curso de Formação e as
tarefas típicas do policial civil, especialmente para o cargo de Agente de Polícia.” –
item 9.14 do Edital 04/08.

Contudo a exigência de limite de idade para inscrição em concurso público


deve satisfazer a uma finalidade juridicamente aceitável e relevante, sob pena de se
configurar discriminação abusiva, inconstitucional.

As atribuições do cargo de Agente de Polícia estão previstas no item 1 do


Edital nº 04/08:

1. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
1.1.Descrição sumária das atividades: O AGENTE DE POLÍCIA é o servidor que
tem por atribuições as atividades integrantes da ação investigativa para o
estabelecimento das causas, circunstâncias e autoria das infrações penais,
administrativas e disciplinares e, ainda, o cumprimento de diligências policiais,
mandados e outras determinações da autoridade superior competente,
contribuindo na gestão de dados, informações e conhecimentos na execução de
prisões; a execução de busca pessoal, identificação criminal e datiloscopia de
pessoas para captação dos elementos indicativos de autoria de infrações penais;
execução de ações necessárias para que a segurança das investigações,
inclusive a custódia provisória dos presos no curso dos procedimentos policiais,
até o seu recolhimento na unidade responsável pela guarda penitenciária; coleta
de dados objetivos pertinentes aos vestígios encontrados em bens, objetos e
locais de cometimento de infrações penais, inclusive em veículos, com a
finalidade de estabelecer sua identificação, elaborando autos de vistoria,
descrevendo suas características e condições, para fins de apuração de infração
penal e de trânsito; e coleta de elementos objetivos e subjetivos para fins de
apuração de infrações penais, administrativas e disciplinares (art. 4º da Lei
Complementar nº 84/05).”

Assim, é desarazoada a fixação de limite de idade para o cargo de Agente de


Polícia Civil, visto que este não exige vigor físico diferenciado, tendo o Supremo
Tribunal Federal no Enunciado nº 683, se manifestado in verbis:

38
"Súmula 683 - O limite de idade para a inscrição em
concurso público só se legitima em face do art. 7o, XXX, da
Constituição, quando possa ser justificado pela natureza
das atribuições do cargo a ser preenchido."

Com efeito, tratando-se de concurso para provimento do cargo de Agente de


Polícia, que se refere à polícia judiciária e que, a teor da LC nº 84/05, possui
atribuições de natureza eminentemente investigativa e intelectual, a imposição
editalícia de limite de idade máxima de 32 (trinta e dois) anos para inscrição, em
princípio, configura discriminação inconstitucional, nos termos dos arts. 5° e 7°, XXX,
da Constituição Federal, visto que a natureza e atribuições do cargo não evidenciam
a necessidade de exclusão de candidatos em razão de idade, mormente porque a
própria ACADEPOL os chancelou como aptos/aprovados nos exames de
conhecimentos, psicológicos, biomédicos e biofísicos, demonstrando, estes dois
últimos, que o Autor está apto ao cargo de Agente de Polícia, independentemente da
idade que tem.

Certo é que indivíduos que têm idade inferior a 32 anos podem não ter o vigor
físico que outros que ultrapassam os 32 anos têm, e, no caso em tela, o Autor
demonstrou que, apesar de ter hoje 36 anos, foi considerado apto/aprovado pela
ACADEPOL ao provimento do cargo de Agente de Polícia.

Ademais, os dispositivos legais em análise até o momento não especificam


qual o critério objetivo a justificar o limite etário fixado para o provimento do cargo de
Agente de Polícia.

Outro fato que merece registro é que no item 1.4.1 do Edital nº 04/08 há
previsão para o preenchimento de 39 (trinta e nove) vagas a candidatos
portadores de deficiência, observada a exigência de compatibilidade entre a
deficiência e as atribuições do cargo, demonstrando, mais uma vez, que a fixação do
limite de idade em até 32 anos para o provimento do cargo de Agente de Polícia,
sob o pretexto de selecionar candidatos com saúde e vigor físicos, é relativa e
insubsistente, pois, até uma pessoa que tem limitações em face de deficiência física
pode exercer o cargo de Agente de Polícia.

VI - DO PRINCÍPIO DA IGUALDADE

IVES GANDRA (1992:154) preleciona que a Constituição Federal de 1988


adotou o princípio da igualdade de direitos, prevendo a igualdade de aptidão, uma
igualdade de possibilidades virtuais, ou seja, todos os cidadãos têm o direito de
tratamento idêntico pela lei, em consonância com os critérios albergados pelo
ordenamento jurídico.

O Mestre ALEXANDRE DE MORAIS (2000:64) registra que a proibição


genérica de acesso a determinadas carreiras públicas, tão-somente em razão da
idade do candidato, consiste em flagrante inconstitucionalidade, uma vez que não se
encontra direcionada a uma finalidade acolhida pelo direito, tratando-se de
discriminação abusiva, em virtude da vedação constitucional de diferença de critério
39
de admissão por motivo de idade (C.F., art. 7º, XXX), que consiste em corolário, na
esfera das relações do trabalho, do princípio fundamental da igualdade (C.F., art. 5º,
Caput).

Assim, toma-se irrelevante a discussão axiológica acerca das razões


motivadoras da Administração para a fixação de critérios de admissão em concurso
público. É que a Constituição, neste particular, impõe valor retirando do legislador
ordinário, do Administrador Público e do próprio intérprete o poder de escolher
valores ou critérios dissonantes.

Desta maneira, o Constituinte não permite que se criem requisitos ou critérios


envolvendo idade, ou ainda que se entenda razoável, por motivação metajurídica, a
limitação de idade, invocando-se aspectos físicos ou biológicos de discriminação. O
texto proíbe, textualmente, qualquer critério nesse sentido, ressalvados,
evidentemente, os próprios critérios constitucionais. Assim, a refrega axiológica
sobre os benefícios da idade, antepondo ao vigor dos anos à sageza da experiência,
resta inteiramente superada.

A pretexto de estabelecer requisitos do cargo, emprego ou função, a lei não


pode prever a diferença no critério de admissão baseada na cor, no sexo, na idade
ou no estado civil dos postulantes do cargo. O princípio da isonomia veda
expressamente tais distinções que tomam em consideração a pessoa dos
candidatos e não as características específicas dos cargos, empregos ou funções.

Portanto, é inconstitucional a limitação de idade prevista no item 11.1.b do


Edital nº 04/08, sendo desigual e discriminatória a imposição de limite de idade,
contrariando, assim, o preceituado no art. 7º, XXX, c/c art. 39, § 3º da Constituição
Federal, mormente porque esta malfadada limitação é insubsistente em face da
aprovação do Autor nos exame intelectual, psicológico, biomédico e biofísico pela
ACADEPOL – órgão que realizou o concurso e avaliou os candidatos.

VII - DO ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL PELA INCONSISTÊNCIA DA


FIXAÇÃO DO LIMITE DE IDADE EM 32 ANOS PARA O CARGO DE AGENTE DE
POLÍCIA

Nossos Tribunais vêm entendendo pela falta de razoabilidade na fixação de


limite de idade para o provimento do cargo de Agente de Polícia, e que configura,
inclusive, discriminação, nos termos dos arts. 5° e 7°, XXX da Constituição Federal,
visto que a natureza e atribuições do cargo não evidenciam a necessidade de
exclusão de candidatos em razão de idade, mormente porque aprovados pela
ACADEPOL nos exames intelectual, psicológico, biomédico e biofísico. Vejamos:

Número do processo: 1.0024.07.383403-8/001(1) Númeração


Única: 3834038-98.2007.8.13.0024
Relator: HELOISA COMBAT
Data do Julgamento: 27/11/2007
Data da Publicação: 11/03/2008

40
Ementa: ''APELAÇÃO CÍVEL - CONCURSO PÚBLICO PARA
O PREENCHIMENTO DE CARGO DE AGENTE DE POLÍCIA
CIVIL - LIMITAÇÃO MÁXIMA DE IDADE - ATRIBUIÇÕES DO
CARGO - PECULIARIDADE DO CASO CONCRETO - Em face
do disposto nos artigos 7º, XXX, da CF/88, é vedada a
imposição de limite de idade para o preenchimento de cargo
público, salvo nos casos em que a limitação possa ser
justificada pela natureza das atribuições do cargo a ser
preenchido, o que não ocorre no concurso público para
provimento do cargo de Agente de Polícia Civil, mormente se
foi permitida a inscrição e aprovação do candidato em todas as
fases do certame, com proibição apenas ao final, após ter
freqüentado, com êxito, o curso de formação na Academia de
Polícia.- Recurso provido.''
Súmula: REJEITARAM PRELIMINAR. DERAM PROVIMENTO,
VENCIDO O VOGAL.

Número do processo: 1.0024.07.384138-9/001(1) Númeração


Única: 3841389-25.2007.8.13.0024
Relator: HELOISA COMBAT
Data do Julgamento: 27/11/2007
Data da Publicação: 11/03/2008
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL - CONCURSO PÚBLICO PARA O
PREENCHIMENTO DE CARGO DE AGENTE DE POLÍCIA
CIVIL - LIMITAÇÃO MÁXIMA DE IDADE - ATRIBUIÇÕES DO
CARGO - PECULIARIDADE DO CASO CONCRETO- Em face
do disposto nos artigos 7º, XXX, da CF/88, é vedada a
imposição de limite de idade para o preenchimento de cargo
público, salvo nos casos em que a limitação possa ser
justificada pela natureza das atribuições do cargo a ser
preenchido, o que não ocorre no concurso público para
provimento do cargo de Agente de Polícia Civil, mormente se
foi permitida a inscrição e aprovação do candidato em todas as
fases do certame, com proibição apenas ao final, após ter
freqüentado, com êxito, o curso de formação na Academia de
Polícia.- Recurso provido.
Súmula: REJEITARAM PRELIMINAR. DERAM PROVIMENTO,
VENCIDO O VOGAL.

Número do processo: 1.0024.09.695318-7/001(1) Númeração


Única: 6953187-66.2009.8.13.0024
Relator: EDUARDO ANDRADE
Data do Julgamento: 16/03/2010
Data da Publicação: 26/03/2010
Ementa: AÇÃO CAUTELAR - CARÁTER INIBITÓRIO -
CONCURSO PÚBLICO PARA AGENTE DE POLÍCIA CIVIL -
LIMITE DE IDADE - REQUERIMENTO DE LIMINAR -
41
PRESENÇA DO FUMUS BONI IURIS E PERICULUM IN
MORA - CONCESSÃO - RECURSO DESPROVIDO - Tratando-
se de concurso para provimento do cargo de agente de polícia,
que desempenha a função de polícia judiciária e, a teor da LC
84/05, possui atribuições de natureza eminentemente
investigativa e intelectual, afigura-se relevante o argumento do
impetrante de que a imposição editalícia de limite de idade
máxima de 32 (trinta e dois) anos para inscrição configura, em
princípio, discriminação inconstitucional, não passando pelo
crivo da razoabilidade, sendo o caso, portanto, de concessão
da liminar. - Presentes os requisitos do fumus boni iuris e
periculum in mora, deve ser deferido o pedido de liminar, -
Recurso desprovido.
Súmula: REJEITARAM A PRELIMINAR E NEGARAM
PROVIMENTO.

Número do processo: 1.0024.07.485588-3/001(1) Númeração


Única: 4855883-72.2007.8.13.0024
Relator: EDUARDO ANDRADE
Data do Julgamento: 04/11/2008
Data da Publicação: 28/11/2008
Ementa: AÇÃO ORDINÁRIA - CONCURSO PÚBLICO PARA
AGENTE DE POLÍCIA CIVIL - LIMITE DE IDADE -
DISCRIMINAÇÃO - SÚMULA 683 DO STF. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS MAJORADOS. - Tratando-se de concurso
para provimento do cargo de agente de polícia, que, diga-se,
refere-se à polícia judiciária e que, a teor da LC 84/05, possui
atribuições de natureza eminentemente investigativa e
intelectual, a imposição editalícia de limite de idade máxima de
32 (trinta e dois) anos para inscrição configura discriminação
inconstitucional, nos termos dos arts. 5° e 7°, XXX, da
Constituição Federal, visto que a natureza e atribuições do
cargo não evidenciam a necessidade de exclusão de
candidatos em razão de idade. - Primeiro recurso provido,
majorando-se os honorários advocatícios. Segundo recurso
desprovido.
Súmula: DERAM PROVIMENTO AO PRIMEIRO RECURSO E
NEGARAM PROVIMENTO SEGUNDO.

Número do processo: 1.0024.07.485588-3/001(1) Númeração


Única: 4855883-72.2007.8.13.0024
Relator: EDUARDO ANDRADE
Data do Julgamento: 04/11/2008
Data da Publicação: 28/11/2008
Ementa: AÇÃO ORDINÁRIA - CONCURSO PÚBLICO PARA
AGENTE DE POLÍCIA CIVIL - LIMITE DE IDADE -
DISCRIMINAÇÃO - SÚMULA 683 DO STF. HONORÁRIOS
42
ADVOCATÍCIOS MAJORADOS. - Tratando-se de concurso
para provimento do cargo de agente de polícia, que, diga-se,
refere-se à polícia judiciária e que, a teor da LC 84/05, possui
atribuições de natureza eminentemente investigativa e
intelectual, a imposição editalícia de limite de idade máxima de
32 (trinta e dois) anos para inscrição configura discriminação
inconstitucional, nos termos dos arts. 5° e 7°, XXX, da
Constituição Federal, visto que a natureza e atribuições do
cargo não evidenciam a necessidade de exclusão de
candidatos em razão de idade. - Primeiro recurso provido,
majorando-se os honorários advocatícios. Segundo recurso
desprovido.
Súmula: DERAM PROVIMENTO AO PRIMEIRO RECURSO E
NEGARAM PROVIMENTO SEGUNDO.

O STF se pronunciou reiteradamente sobre a matéria:

'CONCURSO PÚBLICO - POLICIAL MILITAR - LIMITE DE


IDADE - PRECEDENTES - AUSÊNCIA DE RAZOABILIDADE
NA EXIGÊNCIA. Os pronunciamentos do Supremo são
reiterados no sentido de não se poder erigir como critério
de admissão não haver o candidato ultrapassado
determinada idade, correndo à conta de exceção situações
concretas em que o cargo a ser exercido engloba atividade
a exigir a observância de certo limite - precedentes:
Recursos Ordinários nos Mandados de Segurança nºs
21.033-8/DF, Plenário, relator ministro Carlos Velloso,
Diário da Justiça de 11 de outubro de 1991, e 21.046-0/RJ,
Plenário, relator ministro Sepúlveda Pertence, Diário da
Justiça de 14 de novembro de 1991, e Recursos
Extraordinários nºs 209.714-4/RS, Plenário, relator ministro
Ilmar Galvão, Diário da Justiça de 20 de março de 1998, e
217.226-1/RS, Segunda Turma, por mim relatado, Diário da
Justiça de 27 de novembro de 1998. Mostra-se pouco
razoável a fixação, contida em edital, de idade máxima - 28
anos -, a alcançar ambos os sexos, para ingresso como
soldado policial militar.' (STF - RE-AgR 345598/DF -
Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO - Julgamento: 29/06/2005).

EMENTA: CONCURSO PÚBLICO PARA O CARGO DE


DELEGADO DE POLICIA DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO. ACÓRDÃO QUE CONCLUIU PELA
ILEGITIMIDADE DA EXIGÊNCIA DA IDADE MAXIMA DE 35
ANOS. ALEGADA VIOLAÇÃO AS NORMAS DOS ARTS. 7.,
INC. XXX, E 37, INC. I, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. A
Constituição Federal, em face do princípio da igualdade,
43
aplicável ao sistema de pessoal civil, veda diferença de
critérios de admissão em razão de idade, ressalvadas as
hipóteses expressamente previstas na Lei e aquelas em
que a referida limitação constitua requisito necessário em
face da natureza e das atribuições do cargo a preencher.
Existência de disposição constitucional estadual que, a
exemplo da federal, também veda o discrime. Recurso
extraordinário não conhecido.
(RE 140945, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 04/08/1995, DJ 22-09-1995 PP-30600
EMENT VOL-01801-05 PP-00832)

VIII - DA CONVOCAÇÃO TARDIA DOS CANDIDATOS PELA ACADEPOL –


CAUSADORA DE PREJUÍZO AOS CANDIDATOS EM RAZÃO DO LIMITE DE
IDADE

MM. Juiz, o concurso teve sua inscrição no período de 21/07/08 a 08/08/08,


mas somente no dia 31/03/2010 convocou os candidatos aprovados para efetivarem
a matrícula no Curso de Formação policial (Aspirantado), causando prejuízo aos
candidatos que tinham os 32 anos exigidos no edital há época da inscrição, mas,
que por desídia da ACADEPOL, órgão realizador do concurso, hoje têm idade que
ultrapassa a malfadada exigência editalícia, não podendo os candidatos serem
apenados ou prejudicados pelo descaso e inconsequência do Poder Público.

IX - DA NECESSIDADE DO DEFERIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA INITIO


LITIS

Os fatos e fundamentos exaustivamente exposto acima demonstram a prova


inequívoca e a verossimilhança dos fatos alegados, razão pela qual se fazem
presentes os requisitos legais do art. 273 do C.P.C.

A convocação dos candidatos para o Curso de Formação Policial


(Aspirantado), que se iniciou no dia 31/03/2010 às 13:00h, conforme Portaria nº
051/DRS/ACADEPOL/PCMG/2010, em anexo, torna irrefutável a existência de
fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação (art. 273, I do C.P.C),
decorrente da iminente possibilidade do Autor perder o curso, ou, sua integração
tardia culminar na sua eliminação por frequência, conforme previsão editalícia,
estando presentes todos os requisitos para a concessão da tutela antecipada ora
requerida que, se não deferida, esvaziará o objeto da presente ação.

X - DOS PEDIDOS

Diante do exposto, o Autor requer a V. Exa:

44
I) Seja deferida LIMINARMENTE, initio litis, em CARÁTER DE URGÊNCIA, tutela
antecipada para ordenar ao Diretor Geral da Academia de Polícia Civil do Estado de
Minas Gerais que matricule/inscreva o Autor no Curso de Formação Policial
(Aspirantado), independentemente do limite de idade exigido no Edital nº 04/08,
permitindo que o mesmo participe desta e demais fases do concurso, até decisão
final deste processo, fixando multa diária para o caso de descumprimento da ordem,
em valor a ser arbitrado por V. Exa;

II) a citação do Réu, nos termos do art. 12, I do C.P.C., no endereço constante do
preâmbulo desta, para, querendo, contestar a presente ação, no prazo legal, sob
pena de confissão e revelia;

III) A concessão dos benefícios da Assistência Judiciária Gratuita por se tratar de


pessoa pobre na acepção jurídica do termo, conforme declaração em anexo;

IV) A intimação do Ministério Público;

V) A procedência do pedido inicial, ratificando a tutela antecipada porventura


deferida, para anular o ato administrativo que indeferiu a matrícula/inscrição do Autor
no Curso de Formação Policial (Aspirantado), consubstanciado na Portaria nº
051/DRS/ACADEPOL/PCMG/2010, ordenando ao Diretor Geral da Academia de
Polícia Civil do Estado de Minas Gerais que matricule/inscreva o Autor no Curso de
Formação Policial (Aspirantado), independentemente do limite de idade exigido no
Edital nº 04/08, permitindo que o mesmo participe desta e demais fases do
concurso, abonando as faltas oriundas do indeferimento da matrícula, e, se
aprovado, o direito à nomeação ao cargo público. Em sede de pedido sucessivo,
caso não seja deferida a tutela antecipada e julgado tardiamente procedente o
pedido, seja o Autor incluído no primeiro Curso de Formação Policial a ser instituído
pela ACADEPOL;

VI) A condenação do Réu no pagamento das custas e honorários de sucumbência a


serem arbitrados por V.Exa.;

VII) A produção de prova por todas as modalidades em direito admitidas,


especialmente, a documental, testemunhal e pericial.

Dá-se à causa o valor de R$500,00 (quinhentos reais) para efeitos


meramente fiscais.

Nestes termos, pede deferimento.

Belo Horizonte, 02 de abril de 2010.

André Luiz Lopes


OAB/MG - 70.397
QUADRO COMPARATIVO DA NOVA LEI DO MANDADO DE SEGURANÇA.

45
LEI N. 12.016 DE 07 DE AGOSTO DE 2009
LEI 1.533 DE 21 DEZEMBRO DE 1951 ALTERAÇÕES
(PROJETO DE LEI DA CAMARA N. 125, DE 2006)

ART. 1º ART. 1º ART. 1º

Conceder-se-á mandado de segurança para


Conceder-se-á mandado de segurança para proteger
proteger direito líquido e certo, não
direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus
amparado por habeas-corpus, sempre que,
ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso acrescentou os termos
ilegalmente ou com abuso do poder, alguém
de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer grifados
sofrer violação ou houver justo receio de
violação, ou houver justo receio de sofrê-la, por parte de em roxo
sofre-la por parte de autoridade, seja de que
autoridade, seja de que categoria for e sejam quais
categoria for e sejam quais forem as funções
forem as funções que exerça.
que exerça.

§ 1º - Consideram-se autoridades, para os


§ 1o Equiparam-se às autoridades, para os efeitos
efeitos desta lei, os representantes ou
desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos
administradores das entidades autárquicas e
políticos e os administradores de entidades autárquicas,
das pessoas naturais ou jurídicas com acrescentou os termos
bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as
funções delegadas do Poder Público, grifados em roxo
pessoas naturais no exercício de atribuições do Poder
somente no que entender com essas
Público, somente no que disser respeito a essas
funções. (Redação dada pela Lei nº 9.259,
atribuições.
de 1996)

§ 2o Não cabe mandado de segurança contra os atos


de gestão comercial praticados pelos administradores de parágrafo acrescentado ao
empresas públicas, de sociedade de economia mista e texto
de concessionárias de serviço público.

§ 2º - Quando o direito ameaçado ou violado § 3o Quando o direito ameaçado ou violado couber a


couber a varias pessoas, qualquer delas várias pessoas, qualquer delas poderá requerer o sem alteração
poderá requerer o mandado de segurança. mandado de segurança.

ART. 2º ART. 2º ART. 2º


Considerar-se-á federal a autoridade coatora
se as conseqüências de ordem patrimonial Considerar-se-á federal a autoridade coatora se as
do ato contra o qual se requer o mandado conseqüências de ordem patrimonial do ato contra o
sem alteração
houverem de ser suportadas pela união qual se requer o mandado houverem de ser suportadas
federal ou pelas entidades autárquicas pela União ou entidade por ela controlada.
federais.

ART. 3º ART. 3º ART. 3º

Fixado prazo de 30 dias, a


O titular de direito liquido e certo decorrente
O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, partir da notificação, para
de direito, em condições idênticas, de
em condições idênticas, de terceiro, poderá impetrar que terceiro se manifeste
terceiro, poderá impetrar mandado de
mandado de segurança a favor do direito originário, se o caso o titular do direito não
segurança a favor do direito originário, se o
seu titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta) dias, o faça.
seu titular não o fizer, em prazo razoável,
quando notificado judicialmente. Anteriormente, se fixava
apesar de para isso notificado judicialmente.
"prazo razoável".

Parágrafo único. O exercício do direito previsto no caput


deste artigo submete-se ao prazo fixado no art. 23 desta prazo de 120 dias
Lei, contado da notificação.

ART. 4º ART. 4º ART. 4º

46
Em caso de urgência, é permitido,
Texto extraído da 1ª parte
observados os requisitos desta lei, impetrar o Em caso de urgência, é permitido, observados os
do art. 4º caput da lei
mandado de segurança por telegrama ourequisitos legais, impetrar mandado de segurança por
1.533/51, com o acréscimo
radiograma ao juiz competente, que poderá telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletrônico de
de ou outro meio eletrônico de autenticid
determinar seja feita pela mesma forma a autenticidade comprovada.
comprovada.
notificação a autoridade coatora.

§ 1o Poderá o juiz, em caso de urgência, notificar a


Texto extraído da 2ª parte
autoridade por telegrama, radiograma ou outro meio que
do caput do art. 4º da lei
assegure a autenticidade do documento e a imediata
1.533/51
ciência pela autoridade.

Fixação de prazo para


apresentação da peça
§ 2o O texto original da petição deverá ser apresentado
original quando impetrado
nos 5 (cinco) dias úteis seguintes.
o MS na forma do art. 4º

§ 3o Para os fins deste artigo, em se tratando de


documento eletrônico, serão observadas as regras da parágrafo acrescentado ao
Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP- texto
Brasil.

ART. 5º ART. 5º ART. 5º


Não se dará mandado de segurança quando Não se concederá mandado de segurança quando se
sem alteração
se tratar: tratar:

I - de ato de que caiba recurso administrativo


I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito
com efeito suspensivo, independente de sem alteração
suspensivo, independentemente de caução;
caução.

II - de despacho ou decisão judicial, quando


II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito
haja recurso previsto nas leis processuais ou alterada a redação
suspensivo;
possa ser modificado por via de correção.

III - de ato disciplinar, salvo quando praticado


por autoridade incompetente ou com III - de decisão judicial transitada em julgado. alterada a redação
inobservância de formalidade essencial.

Parágrafo único. O mandado de segurança poderá ser


impetrado, independentemente de recurso hierárquico,
parágrafo acrescentado ao
contra omissões da autoridade, no prazo de 120 (cento e
texto
vinte) dias, após sua notificação judicial ou extrajudicial.
(VETADO)

ART. 6º ART. 6º ART. 6º

A petição inicial, que deverá preencher os A petição inicial, que deverá preencher os requisitos
requisitos dos artigos 158 e 159 do Código estabelecidos pela lei processual, será apresentada em
do Processo Civil, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a
alterada a redação
duas vias e os documentos, que instruírem aprimeira reproduzidos na segunda, e indicará, além da
primeira, deverão ser reproduzidos, porautoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à
cópia, na segunda. qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.

47
Parágrafo único. No caso em que o
documento necessário a prova do alegado
se acha em repartição ou estabelecimento
publico, ou em poder de autoridade que § 1o No caso em que o documento necessário à prova
recuse fornece-lo por certidão, o juizdo alegado se ache em repartição ou estabelecimento
Suprimida a expressão Se a autoridade
ordenará, preliminarmente, por oficio, a público, ou em poder de autoridade que recuse fornecê-
a ordem far-se-á no
exibição desse documento em original ou em lo por certidão, ou de terceiro, o juiz ordenará,
próprio instrumento da
cópia autêntica e marcará para cumprimento preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento
notificação, que passou a
da ordem o prazo de dez dias. Se aem original ou em cópia autêntica e marcará, para o
ser o § 2º do projeto de
autoridade que tiver procedido dessa cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O
lei
maneira for a própria coatora, a ordem far-escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à
se-á no próprio instrumento da notificação. O segunda via da petição.
escrivão extrairá cópias do documento para
juntá-las à segunda via da petição. (Redação
dada pela Lei nº 4.166, de 1962)

§ 2o Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira redação do parágrafo


for a própria coatora, a ordem far-se-á no próprio único do art. 6º da Lei
instrumento da notificação. 1.533/51

§ 3o Considera-se autoridade coatora aquela que tenha


parágrafo acrescentado ao
praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem
texto
para a sua prática.

§ 4o Suscitada a ilegitimidade pela autoridade coatora,


parágrafo acrescentado ao
o impetrante poderá emendar a inicial no prazo de 10
texto
(dez) dias, observado o prazo decadencial. (VETADO)

§ 5o Denega-se o mandado de segurança nos casos


parágrafo acrescentado ao
previstos pelo art. 267 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro
texto
de 1973 - Código de Processo Civil.

§ 6o O pedido de mandado de segurança poderá ser


parágrafo acrescentado ao
renovado dentro do prazo decadencial, se a decisão
texto
denegatória não lhe houver apreciado o mérito.

ART. 7º ART. 7º ART. 7º


Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:

I - que se notifique o coator do conteúdo da


petição entregando-lhe a segunda via reduzido o prazo para a
apresentada pelo requerente com as cópiasI - que se notifique o coator do conteúdo da petição autoridade coatora
dos documentos a fim de que no prazo de inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as apresentar as informações
quinze dias preste as informações que achar cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 de 15 para 10 dias, que estava previsto
necessárias. (Redação dada pela Lei nº (dez) dias, preste as informações; "a", da Lei 4.348/64,
4.166, de 1962) (Prazo: vide Lei nº 4.348, de vetado.
1964)

II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação


judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe
inciso acrescentado ao texto
cópia da inicial sem documentos, para que, querendo,
ingresse no feito;

48
III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido,
II - que se suspenda o ato que deu motivo ao quando houver fundamento relevante e do ato
pedido quando for relevante o fundamento e impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso acrescentou os termos
do ato impugnado puder resultar a ineficácia seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do grifados em roxo
da medida, caso seja deferida. impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de
assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.

§ 1o Da decisão do juiz de primeiro grau, que conceder


ou denegar a liminar, caberá agravo de instrumento, Parágrafo acrescentado ao
observado o disposto na Lei 5.869, de 11 de janeiro de texto
1973 - Código de Processo Civil.

O art. 5º da Lei 4.348/64 já proibia a


equiparação de servidores públicos e a
§ 2o Não será concedida medida liminar que tenha por
(assim como a lei 9.494/97 já vedava
objeto a compensação de créditos tributários, a entrega
inclusão de proibição à
de mercadorias e bens provenientes do exterior, a
compensação de créditos
reclassificação ou equiparação de servidores públicos e
tributários (em consonância com o art. 1
a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou
mercadorias e bens
pagamento de qualquer natureza.
provenientes do exterior

§ 3o Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou Parágrafo acrescentado ao


cassada, persistirão até a prolação da sentença. texto

§ 4o Deferida a medida liminar, o processo terá Parágrafo acrescentado ao


prioridade para julgamento. texto

§ 5o As vedações relacionadas com a concessão de


liminares previstas neste artigo se estendem à tutela
Parágrafo acrescentado ao
antecipada a que se referem os arts. 273 e 461 da Lei nº
texto
5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo
Civil.

ART. 8º ART. 8º

Será decretada a perempção ou caducidade da medida


liminar ex officio ou a requerimento do Ministério Público
quando, concedida a medida, o impetrante criar Texto do art. 2º da Lei 4.348/64, sendo
obstáculo ao normal andamento do processo ou deixar de (20) vinte dias.
de promover, por mais de 3 (três) dias úteis, os atos e as
diligências que lhe cumprirem.

ART. 9º ART. 9º

49
As autoridades administrativas, no prazo de 48 (quarenta
e oito) horas da notificação da medida liminar, remeterão
ao ministério ou órgão a que se acham subordinadas e Texto semelhante ao do primitivo art. 3º
ao Advogado-Geral da União ou a quem tiver a porem substittuindo a
representação judicial da União, do Estado, do Município remessa dos autos ao
ou da entidade apontada como coatora, cópia Procurador Geral da
autenticada do mandado notificatório, assim como República, por envio do
indicações e elementos outros necessários às feito ao Advogado Geral da
providências a serem tomadas para a eventual União.
suspensão da medida e defesa do ato apontado como
ilegal ou abusivo de poder.

ART. 8º ART. 10 ART. 10

A inicial será desde logo indeferida, por decisão


A inicial será desde logo indeferida quando
motivada, quando não for o caso de mandado de Acrescentou os termos
não for caso de mandado de segurança ou
segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou grifados em roxo
lhe faltar algum dos requisitos desta lei.
quando decorrido o prazo legal para a impetração.

§ 1o Do indeferimento da inicial pelo juiz de primeiro Ressaltou que quando o


grau caberá apelação e, quando a competência para o MS for de competência
Parágrafo único. De despacho de
julgamento do mandado de segurança couber originária (TJ), quando
indeferimento caberá o recurso previsto no
originariamente a um dos tribunais, do ato de relator houver indeferimento da
art. 12.
caberá agravo para o órgão competente do tribunal que liminar pelo relator caberá
integre. agravo e não apelação

§ 2o O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido parágrafo acrescentado ao


após o despacho da petição inicial. texto

ART. 9º ART. 11 ART. 11

Feitas as notificações, o serventuário, em cujo cartório


Feita a notificação, o serventuário em cujo corra o feito, juntará aos autos cópia autêntica dos
cartório corra o feito juntará aos autos cópiaofícios endereçados ao coator e ao órgão de acrescentou o termos
autêntica do ofício endereçado ao coator, representação judicial da pessoa jurídica interessada, grifados em roxo e
bem como a prova da entrega a este ou da bem como a prova da entrega a estes ou da sua recusa alteração da redação
sua recusa em aceitá-lo ou dar recibo. em aceitá-los ou dar recibo e, no caso do art. 4o, a
comprovação da remessa.

ART. 10 ART. 12 ART. 12

Findo o prazo a que se refere o item I do art.


7º e ouvido o representante do Ministério
Público dentro em cinco dias, os autos serão Findo o prazo a que se refere o inciso I do art. 7o desta
Alterado o prazo para o MP
conclusos ao juiz, independente de Lei, o juiz ouvirá o representante do Ministério Público,
opinar que passou a ser de
solicitação da parte, para a decisão, a qual que opinará, dentro do prazo improrrogável de 10 (dez)
10 dias.
deverá ser proferida em cinco dias, tenham dias.
sido ou não prestadas as informações pela
autoridade coatora.

Desmembramento do
Parágrafo único. Com ou sem o parecer do Ministério
caput do art. 10 da lei
Público, os autos serão conclusos ao juiz, para a
1.533/51, alterando o
decisão, a qual deverá ser necessariamente proferida
prazo para a decisão de
em 30 (trinta) dias.
5 dias para 30 dias.

50
ART. 11 ART. 13 ART. 13

Julgado procedente o pedido, o juiz


transmitirá em ofício, por mão do oficial doConcedido o mandado, o juiz transmitirá em ofício, por
juízo ou pelo correio, mediante registro com intermédio do oficial do juízo, ou pelo correio, mediante
alterada a redação, sem
recibo de volta, ou por telegrama, correspondência com aviso de recebimento, o inteiro
modificação do sentido
radiograma ou telefonema, conforme oteor da sentença à autoridade coatora e à pessoa
requerer o peticionário, o inteiro teor da jurídica interessada.
sentença a autoridade coatora.

Parágrafo único. Os originais, no caso de


transmissão telegráfica, radiofônica ou
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o juiz alterada a redação, com o
telefônica, deverão ser apresentados a
observar o disposto no art. 4o desta Lei. mesmo sentido
agência expedidora com a firma do juiz
devidamente reconhecida.

ART. 12 ART. 14 ART. 14

Da sentença, negando ou concedendo o


Da sentença, denegando ou concedendo o mandado,
mandado cabe apelação. (Redação dada sem alteração
cabe apelação.
pela Lei nº 6.014, de 1973)

Parágrafo único. A sentença, que conceder


o mandado, fica sujeita ao duplo grau de
§ 1o Concedida a segurança, a sentença estará sujeita desmembramento do § 1º
jurisdição, podendo, entretanto, ser
obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição. do art. 12 da lei 1.533/51
executada provisoriamente. (Redação dada
pela Lei nº 6.071, de 1974)

§ 2o Estende-se à autoridade coatora o direito de parágrafo acrescentado ao


recorrer. texto

§ 3o A sentença que conceder o mandado de


desmembramento do § 1º
segurança pode ser executada provisoriamente, salvo
do art. 12 da lei 1.533/51
nos casos em que for vedada a concessão da medida
liminar.

§ 4o O pagamento de vencimentos e vantagens


pecuniárias assegurados em sentença concessiva de
mandado de segurança a servidor público da
administração direta ou autárquica federal, estadual e Texto do art. 1º da Lei 5.021/66
municipal somente será efetuado relativamente às
prestações que se vencerem a contar da data do
ajuizamento da inicial.

ART. 13 ART. 15 ART. 15

Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito


público interessada ou do Ministério Público e para evitar
Quando o mandado for concedido e o
grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à
Presidente do Tribunal, ao qual competir o
economia públicas, o presidente do tribunal ao qual
conhecimento do recurso, ordenar ao juiz a
couber o conhecimento do respectivo recurso Texto semelhante ao do art. 4º da lei 4..
suspensão da execução da sentença, desse
suspender, em decisão fundamentada, a execução da 5 dias.
seu ato caberá agravo para o Tribunal a que
liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo,
presida. (Redação dada pela Lei nº 6.014, de
sem efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, que
1973)
será levado a julgamento na sessão seguinte à sua
interposição.

51
§ 1o Indeferido o pedido de suspensão ou provido o
agravo a que se refere o caput deste artigo, caberá novo
Texto do § 1º art. 4º da lei
pedido de suspensão ao presidente do tribunal
4.348/64
competente para conhecer de eventual recurso especial
ou extraordinário.

§ 2o É cabível também o pedido de suspensão a que se


refere o §1º deste artigo, quando negado provimento a Parágrafo acrescentado ao
agravo de instrumento interposto contra a liminar a que texto
se refere este artigo.

§ 3o A interposição de agravo de instrumento contra


liminar concedida nas ações movidas contra o poder
Parágrafo acrescentado ao
público e seus agentes não prejudica nem condiciona o
texto
julgamento do pedido de suspensão a que se refere este
artigo.

§ 4o O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido


efeito suspensivo liminar se constatar, em juízo prévio, a Parágrafo acrescentado ao
plausibilidade do direito invocado e a urgência na texto
concessão da medida.

§ 5o As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser


suspensas em uma única decisão, podendo o presidente
Parágrafo acrescentado ao
do tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares
texto
supervenientes, mediante simples aditamento do pedido
original.

ART. 14 ART. 16 ART. 16

Nos casos de competência do Supremo Nos casos de competência originária dos tribunais,
Tribunal Federal e dos demais tribunais caberá ao relator a instrução do processo, sendo Alterada a redação
caberá ao relator a instrução do processo. assegurada a defesa oral na sessão do julgamento.

Parágrafo único. Da decisão do relator, que conceder


Parágrafo acrescentado ao
ou denegar a medida liminar caberá agravo ao órgão
texto
competente do tribunal que integre.

ART. 17 ART. 17

Nas decisões proferidas em mandado de segurança e


nos respectivos recursos, quando não publicado, no
prazo de 30 (trinta) dias contados da data do julgamento, Artigo acrescentado ao texto
o acórdão será substituído pelas respectivas notas
taquigráficas, independentemente de revisão.

ART. 18 ART. 18

52
Das decisões em mandado de segurança proferidas em
única instância pelos tribunais cabe recurso especial e
Artigo acrescentado ao texto
extraordinário, nos casos legalmente previstos, e recurso
ordinário, quando a ordem for denegada.

ART. 15 ART. 19 ART. 19

A decisão do mandado de segurança não A sentença ou o acórdão que denegar mandado de


impedirá que o requerente, por ação própria, segurança, sem decidir o mérito, não impedirá que o
Alterada a redação
pleiteie os seus direitos e os respectivos requerente, por ação própria, pleiteie os seus direitos e
efeitos patrimoniais. os respectivos efeitos patrimoniais.

ART. 16

O pedido de mandado de segurança poderá


ser renovado se a decisão denegatória não
lhe houver apreciado o mérito.

ART. 17 ART. 20 ART. 20

Os processos de mandado de segurança


terão prioridade sobre todos os atos judiciais,
salvo habeas-corpus. Na instância superior Os processos de mandado de segurança e os
deverão ser levados a julgamento narespectivos recursos terão prioridade sobre todos os alterada a redação
primeira sessão que se seguir a data em atos judiciais, salvo habeas corpus.
que, feita a distribuição, forem conclusos ao
relator.

§ 1o Na instância superior, deverão ser levados a


Texto da segunda parte do
julgamento na primeira sessão que se seguir à data em
art. 17 da lei 1.533/51
que forem conclusos ao relator.

Parágrafo único. O prazo para conclusão alterado o prazo de


§ 2o O prazo para a conclusão dos autos não poderá
não poderá exceder de vinte e quatro horas, conclusão que passou de
exceder de 5 (cinco) dias.
a contar da distribuição. 24 horas para 5 dias

ART. 21 ART. 21

O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado


por partido político com representação no Congresso
Nacional, na defesa de seus interesses legítimos
relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou
por organização sindical, entidade de classe ou Texto do art. 5º, LXX, "a" e
associação legalmente constituída e em funcionamento "b" da Constituição
há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos Federal de 1988
líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus
membros ou associados, na forma dos seus estatutos e
desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada,
para tanto, autorização especial.

Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado parágrafo acrescentado ao


de segurança coletivo podem ser: texto

53
I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os
transindividuais, de natureza indivisível, de que seja
inciso acrescentado ao texto
titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou
com a parte contrária por uma relação jurídica básica;

II - individuais homogêneos, assim entendidos, para


efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da
inciso acrescentado ao texto
atividade ou situação específica da totalidade ou de
parte dos associados ou membros do impetrante.

ART. 22 ART. 22

No mandado de segurança coletivo, a sentença fará


coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou artigo acrescentado ao texto
categoria substituídos pelo impetrante.

§ 1o O mandado de segurança coletivo não induz


litispendência para as ações individuais, mas os efeitos
da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título
parágrafo acrescentado ao
individual se não requerer a desistência de seu mandado
texto
de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da
ciência comprovada da impetração da segurança
coletiva.

§ 2o No mandado de segurança coletivo, a liminar só


poderá ser concedida após a audiência do representante parágrafo acrescentado ao
judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá texto
se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.

ART. 18 ART. 23 ART. 23

O direito de requerer mandado de segurança


O direito de requerer mandado de segurança extinguir-
extinguir-se-á decorridos cento e vinte dias
se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da sem alteração
contados da ciência, pela interessado, do ato
ciência, pelo interessado, do ato impugnado.
impugnado.

ART. 19 ART. 24 ART. 24

Aplicam-se ao processo do mandado de


Aplicam-se ao mandado de segurança os arts. 46 a 49 Alterada a redação. Os
segurança os artigos do Código de Processo
da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de artigos do CPC se referem
Civil que regulam o litisconsórcio. (Redação
Processo Civil. ao litisconsórcio
dada pela Lei nº 6.071, de 1974)

ART. 25 ART. 25

Não cabem, no processo de mandado de segurança, a


interposição de embargos infringentes e a condenação
Artigo acrescentado ao texto
ao pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo
da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé.

54
ART. 26 ART. 26

Constitui crime de desobediência, nos termos do art. 330


do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, o
não cumprimento das decisões proferidas em mandado
Artigo acrescentado ao texto
de segurança, sem prejuízo das sanções administrativas
e da aplicação da Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950,
quando cabíveis.

ART. 27 ART. 27

Os regimentos dos tribunais e, no que couber, as leis de


organização judiciária deverão ser adaptados às Artigo acrescentado ao
disposições desta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) texto
dias, contados da sua publicação..

ART. 20 ART. 28 ART. 28

Revogam-se os dispositivos do Código do


Processo Civil sobre o assunto e mais Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
disposições em contrario.

ART. 21 ART. 29 ART. 29

Revogam-se a Lei no 1.533, de 31 de dezembro de


1951; a Lei no 4.166, de 4 de dezembro de 1962; a Lei
no 4.348, de 26 de junho de 1964; a Lei no 5.021, de 9
Esta lei entrará em vigor na data da sua de junho de 1966; o art. 3o da Lei no 6.014, de 27 de
publicação. dezembro de 1973; o art. 1o da Lei no 6.071, de 3 de
julho de 1974; o art. 12 da Lei no 6.978, de 19 de janeiro
de 1982; e o art. 2o da Lei no 9.259, de 9 de janeiro de
1996.

PROMULGADA A LEI N. 12.016, DE


PRESIDENTE O
TERMOS ACRESCENTADOS AO TEXTO TEXTO ACRESCENTADO À NOVA LEI PARÁGRAFO ÚNICO DO
ART. 5º E O PARÁGRAFO
4º DO ART. 6º

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