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PÁGINA: “A globalização contra-hegemónica da universidade como bem público é, A primeira iniciativa deve partir do desejo da comunidade
pois, um projecto político exigente que, para ter credibilidade, tem de saber acadêmica, o projeto deve partir do entendimento da
ultrapassar dois preconceitos contraditórios mas igualmente enraizados: o de universidade e da relação que esta venha acreditar em
que a universidade só pode ser reformada pelos universitários e o de que a contrato com a vontade da mudança social, outros três
165 universidade nunca se auto-reformará. Para isso, o projecto tem de ser fatores também fazem parte desse processo sendo eles o
sustentado por forças sociais disponíveis e interessadas em protagonizá-lo. O Estado nacional, os grupos sociais coletivos ou não,
primeiro protagonista é a própria universidade pública, ou seja, quem nela está organizados, e o capital
interessado numa globalização alternativa.”
PÁGINA: “A resistência tem de envolver a promoção de alternativas de pesquisa, de “Enfrentar o novo”, o ideal parte dessa alternativa, tornar a
formação, de extensão e de organização que apontem para a democratização palavra universidade fiel a sua etimologia, é que a ênfase
do bem público universitário, ou seja, para o contributo específico da univer- deve ter por demanda a organização e promoção da
167 sidade na definição e solução colectivas dos problemas sociais, nacionais e pesquisa, formação e extensão, visando o foco em ações
globais” coletivas, solucionando e diminuindo problemas sociais
mesmo diante das crises em que por um todo a sociedade
vem enfrentando.
PÁGINA: “As reformas devem partir do pressuposto que no século XXI só há universi- Vejamos que B.Santos também vê como solução a
dade quando há formação graduada e pós-graduada, pesquisa e extensão. Sem necessidade da formação continuada, que propicie a
qualquer destes, há ensino superior, não há universidade. Isto significa que, em sociedade em formação, pós graduação, pesquisa e extensão,
169 muitos países, a esmagadora maioria das universidades privadas e mesmo parte afinal todo objetivo de conhecimento deve ligar a
das universidades públicas não são universidades porque lhes falta a pesquisa universidade com o mundo a sua volta.
ou a pós-graduação.”
PÁGINA: “A definição do que é universidade é crucial para que a universidade possa Outro ideal, da politica contra-hegemónica, antes de
ser protegida da concorrência predatória e para que a sociedade não seja discorrer até chegar a um objetivo é necessário saber o que
vítima de práticas de consumo fraudulento. A luta pela definição de universi- se procura, que “c’ est la universidade”, é a primeira
dade permite dar à universidade pública um campo mínimo de manobra para pergunta filosófica que norteia a sua insubordinação a
170 poder conduzir com eficácia a luta pela legitimidade.” globalização predatória.
PÁGINA: “ A luta pela legitimidade vai assim ser cada vez mais exigente e a reforma da Apesar de B. Santos situar seus plano de transformação, ele
universidade deve centrar-se nela. São cinco as áreas de acção neste domínio: também não deixa de mostrar que seus objetivos vão além
acesso; extensão; pesquisa-acção; ecologia de saberes; universidade e escola da universidade, suas engrenagens fazem parte de um plano
pública. estrutural muito complexo e utópico, mas fazem parte de um
170 plano de possível transformação necessária para a sociedade
entre essas engrenagens o autor divide da seguinte maneira:
acesso, Extensão, Pesquisa –ação, ecologia e saberes,
universidade e escola pública,