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. !ISIMBLE! GER!L LEGISLlTifl


. . ~ . ' ~ . .
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r-<::o e :

1,
COLLJ.GlDOS

roR

TOMO SEGUNDO

- mo»~~~o
T~hla<ie H~ J, Pmo-'i.u!. de Bosplclo, 21.8
.. -
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1831
CAMARA DOS SRS. DEPUTADOS.

Sess&o em to de Ag-.to para a accusação do actual ministro da justiça Diogo


. "• ·~~ Aptonio Feijó ; recolhidos e apurados os votos
PBESIDENCIA. DO SR. ALENCAR sahirão eleitos os Srs. Xavier de Carvalho com
28 votos, Paraíso com 26 e Castro Alves com 25.
Foi uma alta- Teve primeira discussão o projecto de lei n. 57
ao expediente que constou dos papeis seguintes : , Continuou a discussão do prnjecto de resolução
Um officio do ministro da guerra eRvi~ndo á n. 123 sobre as aposentadorias de alguns em-
camara: 1°, uma representação do conselho geral pregados publicos com as emendas offerecidas. na .,
a rovincia do Pi uh e - · d ste - ~

anno sobre a construcção 'de um edificio para por haver chegado o Sr. ministro da fazenda,
hospital militar; 2°. uma resolução do conselho para continuar a discussão do orçamento; e tendo
geral da província de Goyaz de 7 do xeferido tomado assento o Sr. presidente deu a palavra
mez de Fevereiro para não se alterarem os uni- r . . .
ormes os m 1c1atl.os .sem acto egislat vo : o, para responder, mas tendo-a elle cP.dido
uma representação do conselho geral de Goyaz
e da mesma data, para poderem os milicianos O SB. REBouçAs disse que · não teria durado
sahir da província sem licença, excepto nos casos tanto a discussão do artigo a não se haver di-.
declarados na mesma representação. -As reso- vagado por todo o projecto, e se não fussem impu•"'
luções mandarão-se imprimir e a representação tadas ao artigo causas que elle não continha;
foi á commissão especial de conselhos geraes. que o Sr. ministro na sessão de 29 descobrira
Do secretario do senado participando haver o por uma parte no artigo qualidades que induzião
senado adoptado para dirigir á sancção im~erial a uma votação mais solemne para sua admissão;
a resolução enviada pela camara dos Srs. depu- e por outra parte causas, que no conceito delle
tados declarando em seu inteiro vigor a resolução orador, não ex:istião, nem uo artigo nem no pro-
de 9 de Agostt> de..:. 1827. jacto, o qual tinha apenas algumas proposições
accessorias ue odião ser se aradas na discussão

asseverando que os povos do seu districto, á ag ra ,n 1scussao a pres n e e1, pareceo o


~usta mesmo de suas proprias vidas, estão firmes haver desejo de fazer passos retrogrados no anda·
e resolutos para sustentar 0 systema adaptado mento do systema constitucional; passou depois
e jurado, a representação nacional, 0 governo e a sustentar o artigo com os argumentos se·
as autoridades constituídas, esperando do pro· gulntes :
fundo saber e prudencla da assembléa geral 1. • Apoiando-se na propria conllasão do Sr. mi-
aquellas reformas .que· a necessidade publica re· nistro na sessão de 29 do mez passado, de ser
clame, operadas pelos meios p,_aRcript~ pela lei precisa uma provisão do thesouro para se fazer
fundamental do imperio.-Recebida com especial a menor reparação, seguindo-se daqui muitas
agrado. - vezeR cahlr o ed1flcio em ruinas antes de chegar
o sa·. MONTEIUKA pedindo a_ palavra com -ur- a ordem para o concerto; e reclamou contra esta
gencia, para apresentar 0 raquerlmento que pre- necessidade de l)rovisões do thesouro ·para des-.
- d d " pezas que estavão determinadas por lei, o que
ten deu f azer na sessao passa a, man ou .. mesa ~arecia indicar que taes provisões erão preferidas
o requerimento seguinte : d
(( Que as sessões continuem até às tres horas s leis; eclarou-se igualmente contra a pratica
nos dias em que se c~!fcutir .a lei do orçamento, de não poder fazer-se arrematação nenhuma nas
e que principie . s sua aiscussão ás 11 horas da provincia!l sem o placet do ministro da fazenda,
manhii, etc. » , . . o que otirigava os arrematantes a diminuírem
.. no preio· do contracto a despeza que se havia
o sa. AlroBADA .E SILVA. olfereceu tambem o de fazer' ~o Rio de Janeiro para so approvar a
re uerimento se lDte : arremata>::ão acontecendo além disso ue não
« ue se prorogue o)e a sessao por maia meia send&'approvado um contracto muitas vezes por
hora para aa ganhar o tempo perdido. » mão liumor do ministro, se entregavão nas pro-
Entrando em discussão aml:ios os requerimentos, vincias as letras de contractadores quasi vencido
foi epprovada afinal a ta parte do requerimento e se ia sujeitar a uma damnosa administração
do 8r. Uon&ezuma ficando adiada a 2a parte por a renda que frequentemente niio dava a quantia
bsver empate na votaçio, e sendo comprehendido liquida da arremataçio- sem fallar na despeza de
o requerimento do Sr. Andrade e Silva. ..,, . arrecadação; procedimento que reduzia. agora as
provincias do Braz\l qua.ai ao estado de colonias,
ORDEM DO DIA como no tempo. em qut> estava sujeito a Portugal
· ··e de q_ue· rellultava de mais a mais, que apezar
l'rooedal&·!l!l 6 IIOIGGL\Çio da coaunl&&!o Ol!lf8Cial das leu,, do orçamento pertencentes aos annos
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6 SESSÃO EM 1 DE AGOSTO DE 18~1


de 182?, 28 e 29 determlnare.rn que se fizessem O Rio do Janeiro é·uma das províncias que apre·
nas provinciaii as despezas por ellall ab,lnadns, senta nos orçam<Jntos e balanços maior rendimento,
~ o •
.
nunca tal se cum rio ; de maneira que a pro-
o

estava em peior estado a respeito de edificios


.

. e!ltretanto t~~ um defic_it para_ as despez~s proviu-
, -
trago os mappas com toda a especificação. A
.
publicos do que no tempo dos antigos capitães- despeza particular do Rio de Janeiro importa em
generaes, tendo-se não só deixado de construir 2!9:000H e talvez ainda muito mais, os impostos
al uns u erão n cessa i s · - .. ~

que já existião, não se havendo applicado á O Maranhão é uma das províncias que suppre
Bahia nem a oitava parte das sobras que deter- o Pará, como se sabe da 50,000 lbs. st. para
minava a lei de 20 de Outubro de 1823. juros dos emprestimos externos, e ainda tem
2. o Que a divisão de despezas geraes e provinciaell sobras além disto ; com tudo admittida a distincção
·· fôra consagrada em leis do orçamento anterior, do projecto virá a ter um deficit de trinta e
ao que se conformava o art. 1•, assim como a tantos contos, porque a receita vem a ser de
distincção-de thesourarias feita no art. 170 da 38:000S e a ddspeza de 65:000/1. Eis a razão
constituição. porque eu disse que parecia mais .~certaào que
3. o Q11e ao intel'esse das províncias accrescia não se fizesse esta dietincção na fôrma do pro-
o ipteresse da política, o qual aconselhava a jecto por em-tuauto, e que ~·e adaptassem as
adopção do artigo, porquanto se em _tempos disposições das leis anteriores ; eu até me referi
antigos poucos sa_biã<? qutl a ~r~nde vantag~m ás leis anteriores, e não sei ortanto em que
te ep a o. u
tribuição e admiooistraçào dos impostos, hnje ti- disse que seria melhor conservar o disposto nas
nhão-sa propagado tanto os conhecimentos e theorias leis anteriores emqu,mto a assembléa não fixava os
constitucinnaes, que _na Ba.hia t"dos sabiãll que rendi!lJentus particulares das provinci~s e o~ geraes
dião não só f •Zer muito bem to elas as <tespPzas
'
opinião não diverge das que enunciei consLante-
.
provinciaes, mas até applicar sommas para cons- meute nesta casa; quero a mesma distincçãu do
trucção de obras publicas, para melhoramento projec~o, mas e"! tempo conveniente, depois de
de canses, etc. dero ando-se ai uns im ostos
ma1s pt~sados, a..Imitti a que fosse a classi cação grandes males ás províncias, e depois ·de refor·
de despezas geraes e provinciaes na importancia mada a constituição do imperio.
talvez de 2,000:000$; que a dita provincia bstando O illustre deputado analysando o art. 1•, disso
. nesta certeza e vendo que se <iueria atesar. de que tudo era feito na conformidade das leis
1
}Jlais o vinculo da centralisação, a ponto de não existeiJtes e anteriotes, porque o artigo dizia-na
-·compensar de maneira alguma os sacritlcios que conformidade das leis que as têm regulado, etc.,-
fazia, se mostraria mais propensa a ouvir as mas pela lei de 20 de . Outubro o conselho de
seducções que algumas empregavão com vistas governo taxa despezas extraordinarias, que não
sinistras, para a separar; que para conservação se poem em execução senão depois da appro-
da causa âo lkazil convinha por isso não se~em vação do governo central; por isso o que deter-
os Srs. deputados tão austeros em querer guardar mina o artigo não é o :~ue está regulado nas
c~rtas formulas cuja mante~ça mostr_aria injus- leis anteriores, é innovaçao, pois que confere ás
· · · p er e azer as
tado. despezas independentemente do governo central.
Ooncluio voliando pelo artigo por ser constitu- Disse o illustre deputado que não se podião
cional, conforme ao que se acha determinado nas fazer ~espezas nas províncias aem provis_!)e_s do
leis de or amento t rior at ·
reorganisação do thesouro, a qual subira para a José Ig~acio Borges expe io provisÕes para
aancçãó, segundo se devia. que se fizessem as despezas consignadas na lei
o t§lr. MUU.•tro :-0 illustre deputado que do orçamento, independentemente de provisões
acabou de fallar entendeu mal o que eu disse do theaouro, por isso o embaraço filho c do sys·
na ultima vez que Uve a honra ile assistir á tema colonial ou do systema de centralisação, já
discussão deate projecto, e por isso devo expU· está removido. .. ·
car-me. Quanto ao que disse ·a respeito do inconve-
Eu não me oppuz à distincção de despezas niente de não se podere111 cencluir as arremata·
geraes e provinciaes, porque além de estar con- ções nas províncias sem app~vação do thesouro,
sagrada na ultima lei do orçamento, sempre me respondo, que cabe nas attribuições do corpo
pareceu indispensavel que se fizesse ; o que eu leg1slativo revogar as disposições da lei a este
disse foi que não convtnha desde já fazer dis- respeito, mas emquanto a lei existir o governo
tincção de receita geral e particular, produzindo tem por dever executal·a (muitos apoiados) ; re-
entre outras razões esta : Se todas as 1·endas do vogue-se a lei e está removido o embaraço.
estado nllo chegao para suas despe.a-as, como Continuou fazendo algumas reflexões sobre a
poderáiJ chegar, feita a divis/fo de receita ge1•al necessidade de ter cada uma das provinéias o
e particular. para as despe:~as geraes e pro· sufllciente J;lara suas deêBSas. por não haver
vincitJes r nada mais 1njusto do que limas provindas serem
Seria necesaario primeiramente estabelecer o sustentadas pelas outras; e conolulo, que A vlcta
principio de que as partes aio maiores do que do expoato não havia rullo • ~r~ ser aocuado
o • .
As deapezaa geu.ee da naçio, para ao que.ea. o '
podl~ a mittlr-oe o ert. lo, eem ft:or·ll8 antes
todo nio chega. Or&!., lato acha-se bastantemente uma receltll tal que chegaeee para u deapeau
provado pelos factos. . geraea do imperlo e para ae pseull&i'es das
E' ineontestavel que ha provincw, es quaes, provinclaa.
puoando 41Ste primeiro artigo, ficio com sobras,
e que outras ficio sem meios para as ouas O s..
Rz'BotJQU reapondeu :
despezas. Se não são aui!lcillntes aa rendas para l.o Que longe de ser injWito, era &cto de bene·
as despezaa. se niio hc:t meios para pagar as-- ~olencia e dever proprio de irmãos o soCCdrrerem
despezas geraeo e provinciaes, como hao de ser 1lB províncias ricas áquellas que sio pobres.
su11lciantes, inttoduzida a distincçiio que se pre- " . 2. o Que havia razões politicas para se adoptar
tende, 4cando uma província com· o dobro da o artigo. nas quaes havia já fallado.
quantia que lhe é nec:essaria para as despezas · 3.o Qu.e o Sr. ministro se dealisàra sobre opi-
provinciaea ~· outra sem m~. pare. e_~ Y niões que tinha enunciado, porque auat.entava
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.
SESSÃO EM 1 nR AGOSTO OE 183 L
. 7
tenazmente a sua ciptnlio contra o artigo, com O Sr. Mln.lstro :-Sr. presidente, o illustre
o fundamento de que a distincçiio de rendas deputado que se propoz a combater as minhas
geraes e provinciaes diminuia a totalidade das opiniões em parte as defendeu, e em outra parte
rendas, e que emquanto havia deficit não se podia combateu o iniões ue su oz serem ·
i r a 1v1sao, quan o era sa 1 o que em e endeu n minha opinião quando disse que devia
occasiiio de maior deficit e em que durava ainda pertencer aoo; conselhos geraes a fiscalisaçiio e
a guerra, se fizera a distincção a que se repugnava exame das despezas, accrescentando, que taes
tanto agora. . . exames niio serião dafl.nitivos, mas ficariíio de-
a approvaçao a assem a geral;
projecto para não haver deftcft, pois que reco· eu sempre me expliquei da mesma fórma, e os
nhecendo as províncias que da boa administração argumentos que a esse respeito produzio, forão
de suas rendas lhes resultaráõ maiores vantagens, todos ;:;rn meu favor. Já na sessão passada, em
hão de empenhar-se na boa arrecadação para as que foi membro de commissão de orçamento
conseguirem ; o que fará que cheguem para as apresentai um orçamento assim concebido, dei··
despezas ordinarias e extraordinarias. xando...:a fi.scaiisação das despezas nos conselhos
5.o Que as leis que mandaviio que nenhuma provineiaes; e portanto não ha entre· nós diffe-
arrematação se fizesse sem approvaçiio do governo rença de opinião a esse respeito.
central erão leis de colonia e não estavão em Quanto á outra parte : eu não disse que ficasse
execução por serem muito antigas, até que o dependente do thesouro e do governo central
ministro da fazenda em 1828 as fez reviver, para senão aquillo que a lei manda. Ora, vejamos o
trazer maior inftuencia sobre o Rio de Janeiro ue determina a lei de ·
com grave amno as Jlrovincia.s e detrimento art. 24, § 16. "E' da attribuição dos conselhos, etc.,
das rendas geraes .da nação, como tinha mos- determinar as despezas extraordinarias, não sendo
trado anteriormente. estas determinações postas em ea:ecuçélo sem prévie1
6.o Que as des ezas determinadas or lei não approve~ção do overno; 11 ortanto só enunciei o
evtao epen er e prov1soes do tbesouro, que que eve azer-se pam que o ministro niio deixe
nesse caso erão intemimente desnecessarias. de obrar conforme o disposto na lei. · .
7.o Que entre .os primeiros enunciados pblo O illustre deputado mencionou as oitavas
Sr. ministro e sua a lica ão r ti · - partes, eu não me referi a ellas, por entender ·
malia, e que não podia encontrar-se a inconsti- · · no passa o
tucionàlidade allegada, porque então era anti- se ficou de accordo que a dita lei era provisoria
constitucional tudo quanto se praticou nas leis nesta parte e não podia continuar em vigor; ela
do orçamento de 1827, 28 e 29, e n'l ultima, que o que se su~tentoa nesta casa, e a opinião em
foi a lei magna, desde que o corpo legislativo que está o gvverno ao menos, e que é conforme
se achava installado, pois em todas ellas houve com a lei e interesse das provincias. A lei de
a distincção de despezas geraes e especiaes, des- fixação das despezas ha de regular as despezas.
cendo-se até a todas as hypotheses. todas para o anno financeiro ; e por isso as oitavas
partes que a lei de 20 de Qutubro mandou applicar
S.o Que da approvaçiio do art. to níio se seguia não. estão em pratica, d'esde que ha lei de orça-
que fosse approvado o. seu desenvolvimento, mento; não sei pois em que ó ministro se des-
podendo fazer-se-lhe muitas emendas ; não devendo lisou e mostrou retrogrado. Se a assembl.éa geral
eomtudo a camara rejeitar o systema, que seria determinar de modo diverso da uell
e reprovar a cons mçao. estabeleceu na lei de 15 de Dezembro de 1830,
9.o Que na lei de 20 de Outubro de 1823, que em eonsequencia da qual o governo considerou
applicou as oitavas partes das rendas dBs pro· revogada a lei de 20 de Outubro de 1823, o
vincias ao uso dellas, nem nas leis do orçamento governo não deixará então de conformar-se, como
nao a a a con ç o e que as espezas a cargo eve, s 1Spos1çoes a assem a gera .
dos conselhos geraes serião determinadas por O illustre Cleputado inslstio ainda em affirmar
provisões do tbesouro, e que portanto o deftmder que havia engano da parte do ministro em avançar
agora a necessidade destas provisões era dar um que a divisão das receitas em geraes e proviu·
passo retrogrado que nos abysmaria nos emba· ciaes augmentava o deflcit ; eu lhe peço perdão,
raços do systema colonial ; accrescendo que a m:1s continúo a suppôr que o enganQ está da
sancção dos actos dos conselhos provineiaes era sua parte. Aa rendas provinciaes na fórma do
lla attribuição do ministro do itr.perio e não do p1·ojecto são applicadas ás despezas provineiaes,
da fazenda. . mas ha províncias que têm 100:0008 e mais de
10. Que as doutrinas expandidas a respeito sobra, estes 103:0008 silo recolhidos hoje ao cofre
dest.e artigo e fundadas no argumento das camaras geral para satisfazer com elles a des~eza geral
munieipaes erio applicaveis e homogeneas 1 com da nação; porém, se para passar o proJeeto estas
a dift'erença unica ,de 1 (1e limitarem as municipa- sobras hão de ficar sujeitas a outra applicaçiio,
lidades aos tel'Dios de sua jurisliieção, e estende- que o presidente em conselho dá, segundo a
rem-se os . conselhos geraes a toda a província, necessidade dQ serviço provincial; isto é expresso
não havendo cousa mais importante para estes no projecto.
conselhos ;io que a distribnicão, arrecadação, Ora, aqui temos um deficit consideravel de
fi.scaliaaçio e e~tame dos impostos; porque do todas estas sobras que não se recolheráõ mais
contrario taes conselhos não passarião de ver- ao cofre geral; e por isso eu disse, que não
dadeiros espantalhos, embora ficasse por ultimo sendo sufficiente · o todo, como podião as suas
o dito e:ame sujeito 'i approvaçiio da assembléa, t s · d a
e sse asstm ·eonvemen e., pezas geraes e particulares.
Lembrou aAnal., .que a camara havia já sane·
clonado ·o. prlnctpio de qui!', á excepção da ml- Declarou finalmente emquanto ás arrematações,
clativa eolire impostos, tudo o mais que lhes que o ministro actual não era responsavel por
dizia rupaito pertencia aos conselhos provin- actos de ministro anterior; que a camara havia
ciMe, aomo vig1ar sobre a sua distribuição e já mandado expedir um aviso requerendo e:r.pli·
&rrt41&4aolo, fiecalisar o emprego que delles se eaç.ões a esse respeito!. e que emqwmto ellas não
fasla nas despezae, representar sobre as altera- viessem, a camara nao revogasse a lei, o mi-
ç<Jes ele que necassltessem, etc., segundo a camara nistro nio tinha mais que fazer do que e:r.ecu·
decidira q11ando emglo doa consellios geraes e de tal·a.
presldencre. lnformaoõea sobre a vantagem da ' O SR. REBOUQA.s es:{llieou ter dito só que
aubatituloilo de impostos territoriaes e sobro ,o talvez parecesse cooveweu&e deixar lil assemblér.
melhor methodo de arrecadaç!o. ,. o ex:1me definitivo das cont!ls; e que a lei de 20
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8 SHSSlO EM 1 DE AGOSTO DE 1831


de Ontubro não estava revogada senão emquanto sustentar sophismas, e_
dlU"asse a do orçamento para o presente anuo
:financeiro.

suas necessidades, e não dar sõ aos ricos e


abandonar os pobres, eotno se pretende fazer ~or
meio deste prOJecto, o qual que!: que as pro'V'inc1as
fação suas âespezas A proporçao de suas rendas.
E aquellas, 11ergunto eu, que não têm rendas com
que hão de fazer as despezas ? Ficarãõ abando·
nadas a si proprias?
Um Sr. deputado disse, combatendo o Sr. mi-
nistro, que as províncias ricas suppririão ás pobrest
por õenevolencía; porém eu entendo que ta
supprimento é mandado pela constitutçàE e pela
justiça, porque as rendas da na ão sao o seu
· · eve ser rapar o pe as pro·

poreíonadas ao eommereio, industria e população


a despeza do imperio. de cada uma, dependendo o maior rendimento
O SR. HoLLA.NDA attribuio Q defeito do regi· muitas .vezes
. da localidade.
mento da casa a grande discussão que tinha
· · ' , q au o ev1a aver discussão toda, sô os Srs. ~eputados da",Bahia,
uma discussão primeira em globo a respeito de Pernambuco e Maranhão havião defenlltdo o
todos os projectos, quer fossem regulamentares projecto, emquanto aquelles senhores que repre·
ou não ; afim de ver se podião ser tomados em sentavão províncias, cuja reGetta não chegava
con~;ideração ou rejeitarem-se logo; ,e o mesmo para as despezas, não bavião ainda Iallado a
deveria .praticar-se no caso de não desempenhar favor do projecto, declarando-se contra elle até nas
. este vroJecto os desejos da camara, ficando o conversações particulares : advertia que longe de
·Sr. mmistro encarregado de pro pôr outro novo que aer exach a proposição de que a distincção era
os satisfizesse. . ~ necessaria para termos constituição, se o pro-
Reproduzindo alguns .dos argumentos apre- jacto passasse podia dar·se por acabado dentro de
santados em outra sessão a favor do artigo, pouco tempo.
accrescentou que a assembléa geral havia appro· Apoiou a idéa do Sr. Holll\nda sobre a eon·
vado u - · , · · · cussao em g o o, cerca a
publicas, etc., na qual erão autorisados os
presidentes a construir estas obras, a impõr taxas
para ellas e a fi.scalisar Q:,. seu ·emprego, sem que
nenhuma destas cousos fosse ·
a gera.
Observou que .:>11 ministros da fazenda devião
pôr todo o seu. empenho em obtsr a confiança
4f eamata, e conseguir que esta lhe abone tal
ou tal despeza, sem. lhe importar se as rendas
chegão para as despezas decretadas, porque não
sendo safticientes a aseembléa lhes coneederá
um credito supplementar que não póde negar,
uma vez que as despezas sejão legalmente
feitas. -
Entendeu que o Rio de Janeiro não tinha o
deficit para suas despezas provinciaes que indicára
o Sr. ministro, em cujo calculo entravão 37:000/1,
que pertenclão a despezas jteraes, devendo as
particulares ser 18:000$ ahallc.o do rendimento.
Coneluio dizendo que estava prompto para
votar por um etnprest1mo para soccorro das pro-
víncias pobres; e mostrando que as provisõeS\
erio muito necessarias, pua insinuar o melhor
met'llodo de dar execução 1\a leis, assim como para
ter conhecimento do ue ae faz · -
s. que níio tendo. sido' eonte!JU)la as. nos oroamentos
O Sa. MI.Y defendeu a aua emenda.
anterioru erio reclamadas de todas as partes,
e níio pocdlo deixar de ser attendldu, visto que
O Sa. CAII"rRO E SILVA dl!!!lle que pret~~ndo perteuctão a despezt\'1!1 indtspencaveie, e continuou
muitA attençilo aos dlecurao!J na camara, obsen!\ra da fó1·ma seguinte: -
gue os Srs. deputados, quando as eousas eriio Disse um nobre depueado : « O que tem-: o
jastaa, se moatravão concisos na defeza, e pelo ministro com a falta de meios para oecorrer As ,
contrario faziiio discursos multo long()a quando despezas't Procure alcançar o credito da camara, .:
erão injuatae, que sern embargo de se haverem e deixe· ne de sustos por falta de me! os,& lt.lulto
produzido tantos argumentos em lavor do artigo, desejão os ministtos aetuaea obter a cunflanoa
n!o pudera ainda conhecer a justiça delle, ou da camara (apoiadoa) ; ma& o ministro é chamAdo
-para melhor dizer, de todo o projecto (apoi4dos}, p~ assistir i discussio, cnle111io·&e as despeaaa.
achando que os ditos argumentOs nlo paseavão eonsignão-se as rendas par» ellaa, se .elle vê .$U8
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SESSlO EM 1 DE AGOSTO DE 1831


artigo é que tenho enunciado a minha opiniil:o
em contrario delle. ·

deixa de ser brazileiro, de desejar o melhora·


manto de seu palz e sua prosperidade. (Muitos
apoiados.) __
Demais, sEi o ministro não deve dar á camara
as informações que julgar necessarias pari\ se
decretarem as despezas, se deve contentar-se com
o dinheiro que se lhe der, declare-se, porém creio,
que neste caso, de pouca utilidade será a pre-
sença do ministro. Eu entendo que as rendas
são insufiicientes para as despe:zas, ao menos
segundo as informações, e pelo que tenho observado
no pouco tempo de mlnl:u~ administra ão.
Determina-se pelo projecto que se separem a
receita geral e provincial, e que os presidentes
em conselho appliquem as receitas provinciaes
dentro dos limites das rendas da s · •
vmc1a. eu o art. 1. 0 ) Ora, tem-se mostrado que
em algumas províncias ha sobras considerave1s ;
pois se com estas sobras parciaes que hoje silo
reunidas no cofre geral, as.reridas não são sufficien·
e espezas ge1·aes e provioc1aes, seja excedente. proseguio :
como chegaráõ depois de feita a divisão que se Sr. presidente, levantarei agora uma lebre,
pretende, não entrando no cofre geral estas sobras 't porque quero apresentar uma emenda, . quando
P11rece-me que seria necessario demonstrar que afinal se tratar do objecto. Nõs ainda não temos
a parte de um todo cerceado seria bastante tido um budget, nem o temos agora mesmo.
para fazer o que não pôde o todo inteiro. (.d.poiados.) O que é uma lei de fazenda ou budget!
(.d.poiaàos.) · E' um balanço geral de receita e despeza orçada
. Mas disse-se : destas receitas que sobrão 13111 para o anno futuro. Tivemos já uma lei de
algumas provincias destinem-ae as quantias contas? Não. Porque? Porque nilo temos nenhum
precisas para supprimento das provincias, cujos documento para examinar se uma conta é legal,
rendimentos lhes não chegão. Porém então para e o que é mais importante ainda é que no ba·
que. é a distincçã.o! Então é_ nulla: ( Muitos lanço de des eza se dá or des ez f t
nao e1 a, o que não se vê em parte nenhum!l.
quer o projecto. O projecto não quer que se Se um empregado dei;ou de receber todo o seu
destinem as sobras de um11s províncias para ordenado ou parte delle, não . se di isto em
aquellas, cujas rendas não bastão para as des- saldo, mas faz-se u declaração de que tal ou
ezas r · · · · ao co rou, '\Ue a e t" espeza
pressamF.:lite, porque di?. : « Que o presidente resta a fazer. Da minha província vem o balanço
« poderá decretar todas as despezas que julgar àe despeza Mta, que não está feita; quando eu
« neceasarias para o serviço provincial dentro das sahi da minha provincia as tropas de Santos
« rendas consignadas. » Orn, em uma província esta vão, havia dous mezes, por pagar; os pro-
que tem uma sobra de 100:0006 ou mafa, o pre· fessores, havia tres e quatro quartela, e to·
stdente tera de destinar esta quantia para as davia vem o balanço dessa despeza., Ela porque
despezaa yrovinciBea; obrando assim conforma-se ·exigi s1•mpre que se tomasaem aa contas, e
com a le que autorlsa para determinar aa dbs· porque quero que venha uma tabella da divida
pezas dentro das rendas consignadas. activa e passiva de cada uma d•ll provlnciaa,
Portanto estando demonstrado que. o.~ presl· com declaração do anno em que foi. contrabida,
dentes .podem, aegundo o projecto, dispOr das porque então sEi ha de vêr que todos os annos
sobras, claro está que o projecto é vulneravel, ha um de1icit continuo. Apresentarei minha emenda
segundo as razões expandidas : e se as sobras, em tempo opportuno.
como alguns senhores entenderão, entriio no Não tenho duvida em deixar p~ssar o artigo,
cofre geral, é ociosa a distincção ; e portanto o mas com as modificações da minha emenda. Prl·
projecto opposto á constituição, que não admitte meiramente não tenho duvida em admittir. a
lei que não tenha utilidade publica. · divisão. de despezas nacioriaes. e erovinci&e!l; se
Nada mais tenho a dizer; cumpre com tudo que os senhores que siio desta ópiniao e a illustl,'e
se fixe bem a intelligencia do projecto, o qual commissão quizerem entender esta parta d,o ar\igo
quer que se faça a distincção ent:e despezas simplesmente como uma divisão de ordem,. c.o~o
erae · · · · · . a - , o . c mo
selho façao as despezas provinciaea, .ainda que classificação mais metliodlca ; mas n)lnca para
aejão despezas novas não determinadas. por lei, se deduzirem della as consequenciaa que. se
uma vez que aejiõ para isto sufficientes as rendas querem tirar ; porque ellas vão executllr uma
consignadas, que os presidentes obrem indepen· cousa que eu não posso fazer, que e superior
dentemente . da asaembléa geral .e do governo ás minhas attribuições, e que é invalidar .~ con-
central ; e que emquanto ás rendas que se arreca· stituição, pela quàl tenho II!SBento ueata casa. o
darem na província, e que são por esta lei deno; que não posso .. Tod~~ovia desejo ir com os hon-
minadas provinciaes, o presidente em conselho rados membros que querem aft'rouxar estes laços
disponha dellas, e seja tambem indeP,endente a dlli .centralisação, mas de que fôrmt.? .Fazendo
este _respeito da asllêmbléa geral e· do governo independente do consentimento «Jo poder .execu-
centrial, para nenhum . dos quaes resta· recursos tivo aquellas despezas que são determinadas por
contra o presidente em conselho. Eis o que de- lei; porque isto é até pur~ economia' de despeza
termlna o pwjecto, e por· ser eSte o séJitido do do governo centrAl. Que precisão ba de ordenar
'IPOHO 2 2
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10 SESsÃO EM 2 DE AGOSTO DE 1831


aquillo que a lei determinou 't Por isso posso expedido as convenientes ordens para obter as
atf'couxar o !aço nesta pat·ta ; mas aquellas des- informações nece,;saria.s áeerca da repr~11entaç&o
pezas que não estão determinadas por lei não da camara municipal da vi\la de Nova Friburgo,
podem ser feitas senão por or~em do governo que prtltende admini:~trar os predios e terrenO!!
imperio; e porque as prOVII>cias são parte deste Do mesouo ministro, acompanhando a repre-
todo, tal qual cGmo o legislador o concebeu. sentação da carnara municipal da villa de S. sal-
Fez vêr mais a necessidade de equilibrar por vador dos Campos, sobre a obstinação de José
1 a f a as receitas d s rovincias fazenào Peixoto de OliveiN em não uerer tomar osse
com que soccorrão ás mais pobres aquellas que do cargo de vereador, para que fõra eleito.-
tiverem sobras, não se podendo suppôr em uma A' commissào especial de camaras municíplle;:.
extensão tão grande como o Braztl, que t•1das Do mesm•l ministro, re..nettendo a representação
as províncias estejão em estado identico de pro- do conselho geral da provincil\ de Pernambuco
gressiva prosperidade: que era indispensavel oão sobre o officiu a elle dirigidv pela <:amara mu-
deixar umas provincias em ab•oluta miseria por nicipal da villa do Cabo, em que se queixa do
falta de rendas para suas despezas, e lembruu procedimento de Joaquim Manoel Carneiro da
A camar11 e ao governo central a cnnsideraçíi'l Cunha, e•u não querer aceitar o officio que se
em que devia ter a província de 'Matto-Grosso lloe dirigira para tomar o assento de vereador
pela sua extensão, posição geographica e impor- na mesma camara, na falta de um verea:ior
tancia., cuja populllçào não podia soffrer augmtlnto effectívo, e em que representa contra o juiz de
paz de Ipojuca pela falta de cumpritnentu dos
de taxas para ~uas de~pezaa, não havendo ~por· ' .- .
municipaes.
Do mesmo ministro, com a representação da
camara municipal da villa de
bre in · a
occorrer às despezlls das obras de que care.:e
o municipio.-A' commissão de justiça civil.
Do ministro da ju:~tiça, acompanhando outro
officio do chanceller interino da casa da su pli-
caçao, em que expoe a necess1 a e e revo·
gar-se o alvará de 24 de Janeiro de 1809, e as
ptovisões de 18 de Abril de lls2() e I) de Janeiro
de 1822.-A' commissão de j11stiça civil.
Do presidente da provincia de S. Paulo, com
as cópias dos artigos das actas das sel!sões do
conselho do governo, relativas á creação de
cadeiras de primeiras letras, e determinação de.
seus or<ienados nas villns e freguezias da mesma
provincia.-A' commissão de instruepão publica.
Remetterão-se á eommissão especial das ca-
maras municipaes 1\ re resentaçiio d~ camara
a v1 a e agua y so re ca as, e e 1ns·
trucção publica ns da camam da mesma villa,
e da de Santa Maria de Baependy ; esta pedindo
a restituição da cadeira de grammatíca l~tin~, e
letras, 11ma na dita villa e outra no arraial d.a
:Mangaratiba.
Recebêrão-se com especial agrado a felicitação
e protestos das camaras municipaes das villas
de Coritib~ Lorena e Atibaia.
O Sa. SBOBli:T.UU:o passou a dar conta doa papeie
seguintes:
Seeeh ea li 4e qoato Do officio do marquez de Baependy, remettendo
a sua defeu sobre a accusaçiio que contra elle
PIU:SIDENCU. !JO SB. .U.ENCAB se fizera. - Remettido por deeisio da c:amara á
commissão que julgára procedente a denuncia.
Depois de approvada a neta. lerão-se os o:m- Do otllclo do ministro do impel:io, para que
cios seguintea : se autorise o otllcial-maior da secretaria do
Do · ministro da guerra, informando que o registro geral das mercês, a fazer a mudança da
decreto àeerca de A:ntonio Caetano da Silva, fOra mesma secretaria para o salão desta casa, eon-
expedido pela secretaria de estado dos negocios tiguo ã administração do correio, que se acha
da fazenda. desoecupado e sem uso, afim de restituir-se a
Do meamo ministro, dando os esclarecimentos seu dono a outra caaa em que estt. Gstabt>lecida
a dita secreta-rit. e evitar-se a d.espeza daquelle
pedidoo Acerca das pensões concedidas pelo o-
erno a lC liB ernan es o re ra e a os . .
Approvou·se em ultima redacçio a resolução
Lemos da Silva. - A' commissão de pensões e
ordenados. · da aasembléa geral, concede!ldo um anno de uoldo
Do memmo ministro. remettendo o orçamento das respectivas patentes a cada um dos ofilciaes
da. despeza vrovavel com o reparo do ed.ificio do estrangeiros que sem condições estilluladas forio
e.rsenal do exercito.-A' eommioeiio de g11erra. mandados vir para o serviço do Brazll e que
Do ministro do imperio, ramettendo os papeis foriio dGmittidos em virtude da lei de 24. de
l!'8Spi!Ctivos a umas terras em San\8. CaUlarina, Novembro de 1880, afim de ser enviada à sancçi.o.
que Bernardo José Bitancourt e outros dizGm, O sa. BoLt.AMDA. CA.vu.o~ maudou i mesa
que forão U1U'pe.das ~lo ex-governador Jovar. o requerimento de Joio Francisco de Ohaly, em
-Remettidos i secretaria. que . pede ser declarado cide.dlo brullelro e em
Do mesmo aiDJst;io, i'eapouclendo que tem ctrc1&metàllciu de dever I!8J' relntegrado no poato
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SESSlO EM 2 DE AGOSTO DE 1831 11

beração e mandou:se imprimir. ·


Foi approvado um requerimento do Sr.Carneiro
da Cunha, para que fosse remettido á commissão
de catechese o seu projecto ácerca dos índios,
assim corno as propostas dos conselhos geraes
ao mesmo respeito, afim de tomar-se uma medida
geral com brevidade.
Regeitou-se a 2a parte do requerimento do
Sr. M:ontezuma, sobre começar a discussão da lei
do orçamento ás 11 horas, nos dias em que a
houvesse, a qual tinha ficado empatada na sessão
de hontem.
01 am em reJel a o o requenmen o
reira Ribeiro: declarou em discussão o adiamento do projecto
« Que fossem dadas para a ordem do dia as
de lei do orçamento para ir outra vez á commis-
são como havia proposto na sessão anterior o
propostas e . re~oluções dos conse.lh<!s gerae~, Sr. n•Jrada e il .
Grande cadêas, ex- O SP.. CARNEIRO LEÃO apoiou o adiamento afim
postos e escolas de primeiras letras de se reformar o projecto, cujas bases estavão
concedessem ás csmaras de Porto em cont.r~..l~cção com a constituição; e. d_isse
dião fazer o seu patrimonio, sem o que não se só podia admittír-se, como jà affirmára em ot.tra
podia executar a lei do lo de Outubro de 1828. » occasião, para boa fiscalísação e administração,
Foi approvado o parecer da commissão de mas de maneira nenhuma para so lhe dar a in-
constituição, para se pedirem informações ao 1luencia e resultados que se pretendia por meio
governo écerca do requerimento do Sr. deputado do p,rojecto com offensa da constituição, a qual
Baptista Pereira, para o governo mandar fazer manJava fixar annualmente as despezas publicas,
entrega do seminario da Lapa na villa de Campos, e que o tribunal do thesouro estivesse em reci-
Foi approvado tambem o parecer da commissíio prtlca correspondencia com as thesourarias . pro-
de justtça civil, para ser indeferid~· o requeri- vinciaes, a qual corres~ondeollia se annullava no
mento do padre Joaquim Martins Zimblão, o projecto, porque o mimstro flté não podia saber
qual pedia que se ordenasse ao tribunal supremo qual era o rendimento da província: que o minis-
de justiça. que tomasse conhecimento de uns tro da fazenda tinha obri ação de ~presentar todos
u os nos quaos m a 10 erpos o recurso ora o
praso da lei.
A. commissão de constituição apresenta o
requerimento de João Blo~m, n!'tural da Prussia,
nheiros, casado com mulher brasileira, o qual
'
Propoz·se depois responder aos argumentos
.
pede carta de naturalisação. A oommissão é de trazidos em favor do projecto, randadna já em
parecer qua se defira ao BUJ!plicante. um artigo da constituiçllo que especificava rendas
Foi julgada objecto de debberação a resolução para um caso particular, e que não podia ter
prop?st!' no sentido do parecer, e maudou-se applicaçllo geral, jà tirados da declaração de an.·
1mpr1m1r. tecedentes leis do orçamento; os quaes argumentos
O Sa. C&sTRO ALvEs requereu que voltasse o servião para provar justamente o contrario do
parecet· 1\ eommissão, afim de tomar uma medida que defilndia qu3m os adduzio e proseguio:
geral !\cerca dos estrangeiros em iguaes circum- 1. • Que apezar dos conhecimentos e estudos
stancias, que qtlizessem ser naturalisados.-Não da mataria do Sr. deputado, que considerava
foi approvado. · a fszenda publica como sua fillia querida; elle
nada esclarecêra a mataria com as suas luzes,
pois o seu argumento uni co fóra que as 4 pro-
ORDEM DO DIA. . víncias do Rio d~ Janeiro, Bahia, Pernambuco e
Maranhão carregavão sós com as despezas de
Continuou a discussão adiada da resolução todo o imperio; o .:J.U& não sendo exacto tendia
n. 12S, sobre aposentadorias, com as emendas eomtudo a exercitar paixões pela olfensa do
apoiadas nas sessõee anteriores. amor proprio e a despertar odios e caprichos,
Venceu-se o adiamento pedido pelo Sr.Hollande. quando naquella caea todos deviiio dirigir-se a
Oava\can\i, até che arem infvrmações do governo con~Utar .e reunir a vontade das dilferente partes
noe ano ncio de Vasconcellos.
O Sa. 1\i. DO Alua.u. pedio tambem adiamento geral a nação: que não sendo possível calcular
quanto a José Procopio de Castro e Francisco o peso que sotl'ria esta ou aquella província era
Caetano da Silva: mas não passou. comtudo bem clara a inexactidão com que se
Julgada finda a discussão da resolução, e pll.S· amrmára que 4 províncias sós suotentavio o
sando·se, a votar sobre cada um dos agraciodos imperio todo: porquanto não só na guerra da
approvou-se q11anto a .José Caetano Gomes a independencia todos os brazíleiros soccorrerão os
emend~ do Sr. Luiz Cavalcanti, para que se ihe habitantes da Bahia, e na ultima guerra defen-
conB.rmasse e aposentadoria dada pelo governo, derão tambem as fronteiras do imperio (muitos
depois de ter sido rejeitado em globQ, ficando apoiados), como todas as províncias pAgão im·
prejudicadas ·a do Sr. Maciel, e a 1~~"parte da postos geraes, sendo Ali rendas de algumas pro-
· do Sr. M. do Amaral sendo rejeitatla a 2a parte. víncias muito maiores do que as de outras, por
Foriio tambem a{Jprovadas ~ aposentBdorias serem algumas provinciao da costa, emporios
concedida& a Faustino Maria de Lima, Joaquim de outras do interior nas quaeo depositavão os
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12 SESSAO El\l 2 OE AGOSTO DE 1831


Reneros de exportação, e onde ião buscar os se lhes incumbira só o d·•r as informações neces-
g.-nerl)s de eon11utno: e portanto as grande rendas sarias a t .1 r.;speito, não podendo t•:r intelli-
das dttas provi"eias não provinh~o sinaple::~m~>nte gencia divP.rsa a lei rllspectiva, p11i~ que taea
) ro de ado ficarão de ende da nitiv •
productos de outras províncias, aol!l quaes por vacão da assenablé< gtJral.
alli se dava sabida, ou sobre generos estranhos Concluio finalmente explic!lndo que o proj ecto
que alli se ião buscar ; e a confiuencia de taes não tratava de meras informações, porém de dar
tributos no cofre das referidas rovineiaá fazia aos presidentes em conselho um poder indepen-
avultar tanto o seu ren 1men o ; o contrano a en e que nao se compa ec10. com a cons 1 u1çao;
·pouco e:r.tensa proviocia do Rio de Janeiro não e que era necessario conseguintemente que o
poderia apresent'lr o rendimento de 5,000:000H, e proJecto fosse a uma commissão, não só eara ser
era bem sabido que grande parte delle se devia organisado de accordo com a conatituiçao, mas
á província de 'Minas, tanto pelo que respeitava para evitar que a camara gastasse tempo infinito
aos direitos de importação, como os de expor- com uma discussão, que seria quasi interminavel
taç.\io; aquelle11 sobre generos de consumo que e sem nenhum resultado bom, por causa do
ião ·para a mesma província, e estes pelos pro- grande numero de emendas que havia de offere•
duetos de sua lavoura que exportava; e o mesmo cer-se e que não farião mais do que baralhar o
facto se verificava tambem nas suas relações negocio.
com a província de Bahia: que tanto não erão O Sa. REBouçAs disse que importando todas as
só 4 províncias a~ que carregav~o com o Brazil razões produzidas a rejeição do jl~ojecto, era
7,000:0008 emquanto 10 ao norte do dito rio pagavão Srs. deputados entendião promover assim inelhor
apenas 4,000:000il: não havia portanto motiv" o bem do Brazil, para fazer cousa nova, do que
para produzir um argumento · tão insufficiente, approvar o adiam~nto que não tpba lugar algum.
mas ao mesmo tem o tão odioso e ue servia
unicamente para az~dar paixões, nutrir rivalida es apontados para mostrar a necessidade do adia-
e suscitar invejosas distincções. mento, e a não serem validos como se tinha dito,
Passando a refutar o argumento fundado no tornava-se forçoso continuar na discussão par_a
art. 1?9 da constituição, mostrou ~ue não se podia -0 . . . . o

e 1 o u pr 1 ; au do systeml constitucional. E respondeu aos ditos


dito artigo dizia- a applicaçi!o de suas rendas fundamentos com as razões seg11intes :
será decretad4 por uma lei. regulamentar-o que
não indicava um cofre particular para cada pro· 1.• Que havendo-se já mostrado cem o exemplo
vincia, que não estava autorisado por outra dis· das nações cultas, e com &a disposi9ões da consti-
posíçio da lei fundamental, antes havia nella tllição q11e devia tratar·se prime1ro da despeza
um artigo bem expresso, o qual determinava que e depois da receita, estava claro que não ho1l·
a receita e despeza publica fossem flxadas an· vera erro no que tinha .vraticado a assembléa
nualmente pela assembléa geral (§ 10 do art. 15) nas sessões da primeira leg1slat11ra e nas seguintes,
e gue a mesma assembléa tomasse contas de porém, que a entender·se o contrario, e que
todas ss depezas publicaa ; cujas attribuições convinha fuzer alteraçito da ordem do projecto,
niio terlão pleno exercicio adopLando-se o art. 1• facil era esta emenda de redacoilo.
do ro ·~teto em discusssil: . 2. • ue era att ndi vel a ob· ec Ao a e
Rebate11 tambem o meio termo que se propoz lei contivesse mataria estranha ao orçamen o, visto
de se chamarem despezas publicas s6mente ~aquel­ que era lei annual e que. não podia fazer·se de-
. las que se claasUlcavão agora de geraes, cha- pendente da sancção do poder moderador, o qual
mando~se Aa outras rovinclaes ou parUculares ; do contrario viria a ser eu erlor A constituição,
mas que n o es ru a a ou r na cap11 a o
projeeto, pois que a lei de 20 de Outubro de
1823 commetteu ja aos presidentes em conselho
a applicaçilo das outras partes das sobras, sem
dapendencla de poder superior {ftcando s6mente
dependentes pelo que pertencia ê.s delipetas extra-
ordinarias), e conferia aos conselhos a attribuiçio
de esmerilhar e approvar aa contns dos presi·
dentes, etc. ; lei que continuava a subsistir,
extremando-se do projecto os objectos que não
fossem proprios da !e i do orçamento ; citou igual-
mente a le1 de Agosto de 1828 sobre emprezas,
a qual determinava que no caso de dizer respeito
a uma província sõ, qualquer emprez~~o sobre cauaes,
estradas, pontes, encaname.ntos de rios, etc.,
ella ficasse a Cilrgo dos municípios, e que se tocasse
a mais de uma provincia :ficasse a cargo do ministro
do imperio, principios que subsistirião ainda fazen-
do-se a extremac;ão lembrada, porque taes leis esta-
vão em vigor emquanto não fossem revogadas. En·
tendeu qae havia engano em dizer-se que as
r s ra espezas geraes, porque segun o
1111rbltrio de ~ no111ear separedamente ·aflm de que as lembranças que conservava a respeito das
nlo deiuoaem de ser comprehe!ldidaa. disposições sobre caminhos de transito publico em
Reprovoulga4lm~nté o argumento que se f~ia França, parecia-lhe que os departe.mentolõ se
com a lei e;pprovada nestl!i sesoão, para que os occupavão tambem de taes conotrucçõee (apoiado#),
presl.d~utaa em conselho ·pudessem mandar pro- ssndo in'negavel que podiiu existir eotradM pe·
eecier • construeçiio de canaea, estradas, etc., culiares de um municipio, povoaoão ou arraial,
pois que envolvendo tal lei uma delegação que e até mesmo de uma fazenda; e eete meamo
a eonetituiçio Jiio autóri&ava, o argumento devia tinha sido o_ syatema adopte.do ns lei de 28 de
·servir ut.ee pam prova de que ~ dita lei se devia Agosto da 1828 ; que meamo quando nio pndeeee
li'<IVOJIU'• esta pr*'tica ter em seu fevor o exemplo · ele
Ucatrou que nio se b~via deleg!Mio aoa eon· outraa aaçõea. como acabava de ·provar exu~e·
Hlhos o 4iroi&o ü ~ ordealidos, m38 que raatemen&e, aio 11e COIJCluia qu9 os e~emploo
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SESSlü EM. 2 DE AG.O~TO DE 1831 13


contrarias serião" arplicaveis ao Brazil, attanta
a sua extensii:.> e partir.ularidatl~ de circumsttln-
cias, as qnaes tornavão indispensavel que as
estradas fossem por agora objecto d1:1 despeza
prOVlnCla.
Julgou-se dispensado de fallar na constitucio-
nalidade por lhe parecer ter jã provado irrefra-
gavelmente que. o artigo era ~onstitucional, lem-
e no senado tinhão a seu favor a presumpção
de constitucionalidade, porque sendo então muito
forte o poder não era de suppôr que deixasse
ganhar muito sobre si a democracia, e tanto que
muitos Srs. deputados appellavão para a camara
de 18ài, que teria mais força do que a de 1826.
lnsistio em que não estava revogada pela con-
stituição a lei de 20 de Outubro, intelligencia,
na qual a cama r a sempre estivera, de maneira qne
ha bem pouco tempo tinha determinado que hou-
vesse um presidente, etc.
Declarou ter sem re entendido ue as rovincias
faltas dos meios necessarios para se sustentarem
devião ser soccorridas por suas irmãs, e não
que ficassem em abandono como lhe imputarão ;
pois que até fôra de1 parecer que os deficits par-
c1aes es as provmc1as en rassem na ser1e a
despezas ~~:eraes do imperio; e que portanto não
existia este motivo de objecção ao proj ecto. Pro-
pugn:ou. pela necessid~de de dar alg~ma cousa ás
abarcar tudo deixando-as privadas de recursos
para as suas necessidades, e que convinha não
se enganarem os Srs. deputados com as appa-
rencias de serenidade para puxar-se tanto o cordel
. que viesse a arrebentar ; não se achando depois
remedio a um mal que tão facil era agora de
prevenir, ou exigindo depois remedios lieroicos
e irritantes que trouxessem comsigo grandes sa~
crifleios ou a total dissolução e extincção do
corpo moral: que cumpria conseguintemente CJft'e·
recer As províncias compensação pelos sacrificios
ue faziào aflm de conservar a . resente ordem
e cousas, como el e ora or mu1to eseJava e
pela qual trabalhava, lembrando ultimamente que
a província da Bahia teria 8,000:000S de receita
e que não se utillsava nem de 600:000SOOO.
O Sa. ANDRADA E SILVA fez algumas:reftexões de lntere11ae v tal para o Brazil nas alltuael'l clr•
a favor do adiamepto. íO tachygrapho nilo p6às cumatancla~, mas que estaria disposto o concorrer
colher o discur1o.r para a desunlito, no caao de que a aua provlncla
O Sa. MARIA. DO AMARAL disse que se havia estlvease em tal eatado de augmento e proaperl·
fallado multo na mataria tanto hontem como boje, dado que esta desunllo plldeaae ter lug:\r • fosse
havendo-se os Sra. deputados separado da ordem do seu intereaae; porque lato era da natureza
para esse flm, ao que déra motivv o primeiro das cous&a; porém que reconhecia a necessidade
Sr. deputado que tivera a palavra depois de da união e que por esse motivo mesmo é que
proposto o adiamento, porque em vez de limitar· se defendia o projecto.
a elle como cumpria, segundo o regimento da 6,o Qoe não havia intenção de abandonar as
essa, tinha chamado á questão todos os argu- províncias pobres, havendo·se dado mé. intelligencla
mentos a 1 e" j.Jeito do projecto, e os mais Srs. de- é.s expressoes do Sr. Rebouças, o qual não tinha
putados se deixarão arrastar por aquelle exemplo. dito sõ que era acto de benevolencia o soccorrerem
Julgou-se muito honrado por haver sido eleito o as províncias ricas é.quellas que erão pobres,
Sr. Andrada e Silva na província que elle orador porém que era um de'Der, e tal abandono entrava
representava; mas apezar do grande conceito em tão pouco nos princípios do projecto, que coll-
que tinha o dito Sr. deputado, não podia con- templâra as despezas da província de Matto-
formar-se com a sua opinião. Emqullnlo ás ob- Grosso, por exemplo, como despezas geraes re-
jecções contra o artigo respondeu: lativas é. guerra, por ser fronteua, de modo que
l.o Que a contradicção pretendida entre o art. não eod!a deixar de ser s~p~rida para conservação
DS ' • , je - 8 i 0
porquanto, longe de se oppõr o projecto á • reci- 7.o Que não sabia se o Braz'n era peça inteiriça,
proca corres~ndencia do thesouro com as the· mas lembrava que t.ambem a Suissa não deixava
sourariee proünciaes, » elle a determinava expres- de fazer um corpo inteiro, e apresentàva entre-
samente · qendo dizia a respeito das despezas tanto 22 cantõeo, que tambem o era a Gri-
geraes: ·_o serio de hora em diante ordenadas pelo Bretanba e est.ava dividida em Inglaterra, Eecocis
ministro da fRzeilda na conformidade dos credito& fi Irlanda; e que os Estados-Unidos formavio umra
abonados annualmente ãs difterentes secretariu nação,~ mesmo tempo que constavão de estados
de estado. 11 · · · indepenaentes ligados apenas pelo que respeiteva.
2.• Que elle orador nio quizen fazer argumento aos Interesses geraes.
odioso conti'a ninguem quando diallSra. que erão S.o Que tsnto o artigo da conatitulçio como o
quatro provinciu as que concorriio para a aus- exemplo das nações estrangeiras mostraviio. que
~Dtav!ó cio im{»erio , facto ~ue e'- de façil não ~via· e;oro · da ~arte d- commiuio em tratar
Câmara dos Deputados - Impresso em 07/01/2015 16:19 - Página 5 de 5

1.4 SESSÃO EM 2 OE AGOSTO OE 1831 ·


primeiro da despeza do que da receita: para maneira qne não só era. exigida pelo proprlo
prova do que mandava para a mesa o budget interesse do governo, mas reclamada pelas nossas
francez, o qual assim praticava, no que estava circumst!lncias, sem tfue elle orador tivesse na
além disso de accordo com todos os escriptores sua ídéa o re~eio da separação das provincias
q e ra rao ma ena. no caso _ e nao passar o proJeC o, porq e m a
9. 0 Que as constituições in~leza. e franceza não toda a confiança e certeza de que os brazileiros
erão comparaveis em liberalismo com a consti- havião de receber as leis da assembléa com a
tuição brazileira, · e com tudo naguellas .uaç_5ies os melhor vontade. (Muitos apoiados. 1
celtas e despezas• proprias, até se impunb.iio taxas onc u1o na men e com a a ver enCia e m •
que se as administrações locaes são sujeitas fi
ou impostos particulares, que ap(llicavão para abusos, estes fazem muito pequeno m&l compa-
as suas necess1dades locaes ; não podendo ignorar rados com aquelles que resultão dos gravíssimos
'isto mesmo o Sr. miniatro, cujos conhecimentos prejuízos que se arreigão e se desenvolvem na
em mataria de finanças erão incontestaveis. administração geral.
Accrescentou que desde o tempo de Napoleão
oe departamentos votavão as despezas locaes, as 0 SR. FERREIRA. DE MELLO notou quanto era
quaes não erão inclui das no budget das dosper.as ge- diflicil entender a constituição, pois que no armo
raes e montavão 60.000,000 de francos; que em Ingla- passado navião sido combatidas como anti-con·
terra se praticava o mesmo a re~peito dos condados, stitucionaes as idéas do projecto que se aehavão
. havendo além das rendas particulares para suas hoje coustitucionaes; aflirmou que o projecto era
despezas a taxa dos pobres que subia a 8.000,000 impraticavel, havendo immensos inconvenientes
e 8. 8 8; e nen uma es as sommas en rava na 1visao as espezas geraes e par 1cu ares :
no budget. }.o Que na Franca só se compre- 1•, porque a commíssão apphcou rec6itas geraes
heódiào no budget as despezas de estradas quaudo a despezas particulares em algumas províncias,
eri'\o geraes, e interessa vão mais de um depar. copo, por ex.emi?lo, o quinto do ouro de :Minas
OonclÚio advertindo que rejeitado o lo artigo tinha levado para as despezas geraes, sendo a vontade
cabido o projecto; e representou os inconvenientes delle orador que a sua província tivesse ainda
que haveria em iniciar o ministro a .le~ do or- mais rendas com. que. concorresse para as des·
que a não poderia organisar ant.es do (flm da possibilidade de calcular exactamente sobre taes
sessilo, que estava proximo. despezas, até porque o projecto abolia alguns
O SB. MoNTEZOHA principiou com expressões ·impostos e substítoia·os por outros, cujo producto
do seu sentimento por discordar da opinião do niio podia bem determinar para saber se seria
Sr. Andrada e Silva, a quem muito respeitava equivalente aos impostos abolidos.
pelas suas luzes e patriotismo, apezl\r de que a Disse que estr.va persuadido de qui! a intençio
disccrdancia não era àcerca de opiniões políticas, dos deputados que havi4o propugnado a favor
mas a respeito do objecto em Jiseussiio. do!i soccorros da>~ pruvinclal maia ricas h q11e
Entrando em mataria reproduzia os argumentos tivessem Calta da meios, era qu~ taes aoccorros
jã di,os ; que os presidentes não tinhl\o arbítrio se veríftcaseem e niio 11e tornaaaem em palavtas,
e independencia, por ue o .projecto dizia que mas que de !ac'o passando o projecto ftcavio
reduzida& " mlsetla ue elle orador não advo-
gavl\ neste ponto a eallt\a da IIU8 provi11ola
que tinha aotiraa, mas sô a cauaa da ju&tiça c
que elle bem p•lrcebia o que aiJt••ifl.ca•t~o os ar•
umentos que ulevllVtlo a 8,000:000$ o rllndlmento
a a : pnr m 11 o quer a reapon er a 81
que podia ser revog!lda pare o anno futuro 'ae argumen&ott, nem dla11olvel•o1.
pareeeue que aaelm convinha t\ nação; repetio o Ent•mdeu qun que•n Re jactasse de economista
argumento de que o projecto era da eommi,.silo, polltlco devia formar aeua calculoil sobre elemen-
e nilo de um membro unico dell••; o que nilu tos dados, e baaes certa.• e ee~turas para nio
deverill comtudo obstar a que se tomasse em se contentar com o>~ alRI\rlamos e fazer eontiUI
consideração, pois que assim se tinha feito com simples, a cuja composlçllo iria proCilder qual·
projeetos sobre assumpto muito impGrtante, pro- quer m~>nino que soube~se as quatro especies ~
postos por um deputado; repetio igualmente que que elle orador est.tva certo de que o Sr. depu-
a doutrina do artigo fôra vencida em leis ante- tado que se quizesse limitar aos algarismos
riores; mostrou que elle era necessario para melhor sabia muito bem que a província de Minas coa-
arrecadação, ftscalisação e applicação das rend,lS., some muitos generos e exporta outros muitos, e
!un~ando-a~ nos ditos de alguns autores que
lD<.hcou, e c1tou tambem passagens de Mc.ntesquieu paga direitos tanto de uns como de outros no
e Stewart, que recommendavão a justiç~ distri· Rio de Janeiro ; mas quizera esqoecer-se disto
butiva em mataria de finanças, afim de que cada naquella occasião.
um pague segundo suas posses. Apoio o adiamento por julgar que elle fõra
Provou que o projeeto era constitucional, não pedido em razão de não haverem concordado no
era anti-monarchtco e era util; constitucional, projecto os membros da commissão, ou menos
porque a conatiLuiçilo chamava publico o que de não o terem combinado entre si. sendo muito
pertencia a todos, e. não tratava de. despezas d~ receiar qu~ não pas~ndo o adiamant!l se
caee : nio era anti-monarehieo, porque esta dou· por nio terew concordado os membros ·a com-
trina tinha sido ~ralicada ainda nos governos miasio, e por ser do dever de cada nm Sr. depu-
monarchicoe abaolutos , como fez ver cit.e.ndo tado mostrar que a eua provincift fica sem
alguma• lei.s de Frsnça ante11 dt> tempo da re- recureoa. ete.
voluc;lo, e Julgou neste lugar a propoaito apre- Nao quiz responder aos exemploe produzidos
SGntar o 11eu credo político, que consistiaem ser Acerca da prAtica em França, porque tiobio applic
e=cravo da coostitUiçlo, mas qullrendo ~as as cação para aque\le reino e não para o Brazll,
uformM que e!"ão compativeia com a uua exís· pois os ditos exemplos devilo ser conformes 111
ten_!:la, umo das quaes era esta que vinha no constituic;lo franceta, mas elle orador ignor8'VA
artigo, e tlnalm~nt.e que era util porque tendia se estava de accordo com ll constituição brazileira:
a eotabelecer economia, boa ordem e flscaliaaçilo declarou não duvidar de que o aystema proposto
.
n~ edmlnislroçio e dia\ribulçiio du rendas, de pudesse ser util e trazer vantagens; mme·cumprla
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:29 - Página 1 de 6

SESSÃO EM 3 DE AGOSTO DE 1831 15


primeiramPnte reformar a constituição pelos meios tos, dos quaes parecia concluir-se, ou induzir-se
nella marcados. a fazer pen8ar que algum,•s provlncias tiuhllo
Cllncluio votando p~lo adiamento- para ir o interesses div~rsos da uação, formando por assim
projecto a u•Ea com.missão: porque na fórma ~m diz~r uma a<s,:ciação. á p11rte, como elle oradc:>r

esejava que a nação não ' ficass~> s~:m lei de deviã·• se: para a B.tllía.
orçamento. Concluía votando q~e o projeeto voltasse a uma
O Sa. HoLLA.NDA exigio que se apresentasRem commissiio
a por motivo
. de serem inconstitueionaes
. . . .
s s so re ue p · - não podia admittir-se a divisão nelle proposta
sem o que votava cont::n o adiamento. que ia estabelecer uma barreira entre as provín-
Declarou qua quando dissera que o ministro cias de uma mesma nação, ao mesmo tempo que
devia apresentar uma proposta, não tivPra em privava as mais pequenas dos meios de se man-
vista que a camau assim o determinasse, ou terem.
que se seguisse á carta franceza, em lugar da
carta br11zileira ; mas que elle otferecesse alguma O Sr. adiamento,
base para informação da commissão, sendo certo
que ao Sr. ministro era licito fa-~:er a dita pro-
posta.
Accrescentou qu13 defendendo o projecto tinha
em vista a execução da constituic;ã••, e comparo11
o Brazil a um laneta cercado de satellites cada
um dos quaes girava na sua orbita sem sahir
do systema geral que erão as províncias com as
suas orbitas provinciaes, as quaes 'Beguião a orbita
geral, e disse que o systema de outra fórma não
se conservarJa 1n euo, nem se po IR<' provt enctar
as suas necessidades presentes e p11ssadas.
Fez varias ·observações, mas sobre a dífficuldade
de qualque! ser aereditad? sem provar p~r factos
indispensavel o exame das con'tas dos dinheiros '
presum1vel, de onde p:~:oviria o mão resultado
despendidos ; o qual só podia ter lugar se pas- de não se poderem satisfazer as despezas geraes
sasse o ·projecto. ou provincia~s : e continuou fazendo mais algumas
O SR. CARNEIRO LEÃO lembrou que o Sr. Hen- reftexõe!l sobre a inconstitucionalidade de se at-
riques de Rezende havia otferecido bases, e que tribuirem aos presidentes em conselho f111H:çõés
pancia portanto que a commissão já tinha sobre legislativas, quando elles só forão instituídos para
que pudesse organisar novo projecto. tratar da admini&tração e erão ramificações do
poder executivo, ao qual devião ser sempre subor·
O SR. CASTRO E SILVA approvou o adiamento, din11dos ; e concluio aepois de varias observações,
não só pelas razões que se tinhão dado, como ap_provando o adiamento.
por não estar o projecto conforme ao regimento Dando a hora ftc'J•l ainda adiada a discussão
da ca!Ja,_ o qual exigia que no caso de ser uma do adiamento.
lho, este seja apresentado pela maioria de seus
membros ; o que não se cumpria no presente
caso, apparecendo apena,s ~ssignado um Sr. de·
res tendo assign11do com restrieções ; e portanto
não estava o trabalho na fórma do regimento.
Aponton o exemplo do qne acontecera, havia
poucos dias, quando o Sr. Ernesto apresentára
u.m parecer seu como membro da commissão de
constituição, o qual 11arecer a camara niio quizera
tomar em conslderaçilo, voltando o dito parecer
á commissilo para ser presente á camara o tra-
balho da commissão, e não o de um membro della.
Advertio que tendo qualquer Sr. deputado o
direito do apresentar um pro~cto, ninguem podia
privar deste direito ao Sr. Hollanda ; mas isto PaU:SWBNCIA DO BB· .lLBNCAB
niio desonerava a commissão de apresentar um
projecto concertado entre a maiona dos seus Depois de àpprovada a aeta, o Sr. lo secretario
membros. deu conta do expediente seguinte :
Quanto aos exemplos deFrança,lembrousómente Um officio do ministro do imperio enviando a
que tínhamos constituição escripta, á qual os co~U~ulta do conselho da fazenda, tomada sobre o
Srs. deputados @6 devião ligar para não exorbita- requerimento do capitão de mar e guerra Desi·
rem de suas attribuições, e para observarem o derio Manoel da Costa.- A' eommissão de pen-
seu juramento. . sões e ordena~os. .
havião avaliado ~m mais de 3,000:000S, decla- sido aanccionada a resolução da assembléa geral
rou que o seu modo de pensar era muito que autorisava o governo a despender com Thomaz
dili'erente a eate reapeito, e que taes rendimen· Haydon a quantia necessaria.para o seu transporte
tos nio erio da Bahia, mas dos brazileiroa A Grã-Bretanha, conservando-se 1\ mulher do mesmo
{muifol apuiacloB); e que portanto não era poli' a pendo do monte-pio.
equidade, favor 011 benevolencia que a Bahia Farão ê. primeira commiasão de fazenda doWI
auppria com a aua Quota cones~ondente para B!!l ofilcios do vice-presidente da Bahia, fazendo vêr
des~zM dA naoio como parecia haver-se querido no loêque t. quantia orçada para despender-se
inculcar : que eenao o patrimonio do eatado devia com w obras publiCAs não era aufilciente : e
aer por elle dividido, e nil~ pertencer só a algumas reguerendo no 2° mais um cou&c de réis annusl-
fracçilea do mesmo estado. mente por J:)Brts do c:onselho do governo para
Pedio que nlo ;e fizessem na ccuxu1ra argumen· arranjos da llibllotheca publica.
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16 SESSÃO EM 3 DE AGOSTO OE 1831


Appareceu outro officfo do mesmo viee-presíden te ORDEM DO DIA
com uma exposição circumstanciada dos aconteci-
mentos que tiverão lugar naquella província desde
os principias do mez de Abril.- Foi ás com missões
de constill.'ti<jão e justiça criminal.
. . - - s
querimento de Bento Barroao Pereira, que pede
confirmação de uma pensão.
Foi ao 1• secretario o requerimento de Aqui,li}lo
' e
da secretaria da camara. . procuradores perante os juizes de paz, e decla-
Forão approvados dous requerimentos : rando o modo porq!le se devia procede~,. a qual
O 1.• do Sr. Toledo.- Para que se pedissem ao ficou adiada por haver chegado o Sr. m1mstroda
governo varias informações dadas ácerca da junta fazenda para assistir á discussão da lei do orça-
da fazenàa de S. Paulo, desde o tempo da presi- mento.
dencia do Sr. José Carlos ate á presidencia. do
Sr. Aureliano inclusivamente. O SR. PRESIDENTE declarou em discussão o adia·
O 2.o do Sr. Hollanda Ca-valcant.i.- Para sa ment.o do projecto da commissão, adiado da sessão
pedirem ao governo os officios, informações e antecedente.
balancetes da sobredita junta quando foi es~:rivão 0 SR. CARNEIRO DA CUNHA diSSe que julgava
Manoel Innocencio de Vasconcellos, assim como desneces~ari? fa~er profissão ·de credo politic_g,
informa ões ue i tiã
a .escripturação da fazenda na mesma província e actuai, e se os Srs. deputados que fallavão contra
consultas do conselho da fazenda a tal respeito. o projecto erãll accusados de procurarem prevenir
Julgarão-se objecto de deliberação e mandarão-se os votos da camara com argumentos estranhos
imprimir o parecer e pro'ecto de 1el da commi são
espec1al encarregada de examinar a:> representações
elle, e que se referião aos sens princf,ios
liticos, igual increpação se podia fa~er .que! es
yo-
de alguns conselhos presidenciaes sobre a expulsão que o defendião ; pois alguns tinhao d1to que
de certos empregados publicos; e bem assim o resultarião grandes males á conservacão da ordem
voto separado do Sr. Soares dn Rocha. e cousas presentes se o projecto não fosse ado·
A commtssao propoe que o governo seja auto- ptado : propl)síção que elle orador .sempre COII}·
risada a conservar suspensos do exercício de seus bateria, pl)rque a maioria dos brazJleiros.quena
postos pelo tempo que JUlgar conveniente aquelles constituição e união do Brazil (muitos apo1aàos) ;
militares que o farão até aqui, expulsos como e por isso aceitaríão todas as medidas que os
desaffectos á causa constitucional, e que os em- seus representante~ tomassem para felicidade
pregados civis ._te cargos vitalícios só seiil:o reinte· da patria : que não era occasião proprla de fallar
grados depois de se justificarem ; e regula o modo em federação; aliás elle orador pediria uma ex·
como se hão de preencher as vacaturas, e como se plicação a tal respeito! pttl'a que se l~e . d!ssesse
ha de fazer processo aos empregados su.spensos, a cont<Jrmidade que tmha com a constltu1çao com
ou que forem accusadoa. as nossas clrcumsta.ncia.s actuf\es, e com o systema
No par~cer separado do Sr. Soares da Rocha, jm·ado : que estava convencido de que na con-
propõe-se que haja osquecimento e amnistia geral stituição se nchavão já ll.B disposições federativas
n cessar1as, s a r m a o r
já dernittidoa em consequimcia das ultimas com· se propuzerã'l ; e que elle mesmo npoiára as
moções poUtícas, seji\o admittidos n justificar· se. idé'a.e de federação que euuncillra na assembléfl
Approvou· se o arecet: da commlssão especial cons~i~uinte um honrado deputado iembrand<? uté
ministro da justiça, para 9ue se exija uma cópia como sabião muitos seus collegas que pertencerão'
da portaria de 22 de Julho desto anno sobre a ta.mbem á dita assembléa : palo que nüQ podia
suspensão das cartas de seguro·. ser increpado de inimigo, antes de muito amigo
Approvou-se o parecer da commissão ecclesias- da federação.
tlca sobre a resolução offerecida pelo Sr. Costa Declarou que no cas~ de vet· provado 9uo .o
Ferreira, para se reunirem em um ou mais con· projecto seria util, prat1cavel, tendente a Blmph·
ventos os religiosos que não formarem communi· ficar a admínistraliiio e a extirpar muitos abusos
dada, applicando-se para a;inatrucção da mocidade hoje introduzidos, elle votaria pelo artigo em
as casas que elles deixarem. A commissão propõe discussão, por não encontrar nelle aquella inco~­
que se junte este prospecto com outro semelhante stitlwionalldade que outros Srs. deputados baviau
do Sr. Castro e Silva, e que se imprimão para encontrado ; mas não devendo attende! em un!a
entrarem em discussão. . lei de finanças senão á utilidade que della podxa
A commissão de ordenados e pensões apresentou resultar aos brazileiros, votava contra o proi'acto
o requerimento de varios negociantes da cidade por estar persuadido da que era impossive na
de Belém no Grã-Pará, que se queixão dos emo- pratica tudo quanto elle apresentava de bom.
lumentos e alcavalas com que os sobrecarregão Comparou as províncias ricas do Br!\zil a gran-
os offi.ciaes da alfandega da .Iilesma cidade, sem des rios que tinhão engrossado suas aguas com
fundamento algum em lei, inventando formalidàdes os !iachos confluentes, fazendo ver que na pro-
e multiplicando intelligencias, só como pretextos víncia da Bahia, por exemplo, os seus rendimentos
para os fazer pagar mais, e apontão muitas destas não nascião sómente della mas de outras ro-
·. · • · - e e recer que v1s vincias contíguas que não tinhão porto de mar,
do decreto de 12 de Março de 1 1, sanccionado pela ou que o não tinhão tão seguro e tão frequentado
carta d& lei de 20 de Outubro do 1823 que prohíbe como era o daquella cidade.
a percepção de quaesquer ordenados e emolu- Lembrou mais que um capitão-general da Bahia
mentos não fundados em lei, não é preciso acto tinha influído pat·a que fossem dallimuitos moços
legislativo, e basta remetter o requerimento ao estudar a Coimbra, os quaes, depois de· voltarem,
governo para fazer cessar quanto antes taes tendo obtido empregos em todo o Brazil, enrl·
abusos. quecerão nas diversas provincias e transportarão
FicoU: adiado pela hora, porém pedida a U$ncia seus lucros para a Bahia ; e accumulando-se
pelo Sr. Montezuma, e sendo veucida, entrou em assim capitaea disponíveis, se desenvolve11 de tal
discussão e foi approvado depois de curtas refle- modo a industria e co'mmercio da dita provincia
xões. que chegou ao ponto de apresentar hoje uma
receita de 3, 000:0003 : advertia porêm que as
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SESSÃO EM 3 DE AGOSTO DE i831 :17


outras províncias por não terem gozado destes cedeu em multss das suas idéas para se conformar
recursos, não era justo que ficassem privadas dos com a maioria da commissão ; e assim mesmo
meios de fazer suas despezas, como, por exemplo não foi possível tnlzer a um accôrdo commum
acontec-ia nas províncias centraes que estavão ao a maioria da commíssão. O illustre deputado
mesmo tempo concorrendo . como .
. tributarias para tir~ha direito a apresentar o seu voto já de ante-

para combinar o meu trabalho com o outro


honrado membro da com missão. Parece-me por-
tanto qu(< não houve commissão : o illustra
deputado apresentou seu voto separado, como nós
intentavamos fazer tambem. mas para o que não
tivemos tempo.
O Sa. DIAs disse que o adiamento era de u.ti-
lídade : que o corpo social se compunha de nervos
e ossos, e que a união deste composto é que dava
força. a todas as partes do mesmo corpo, e quando
fossem separados os ne.r~os dos ossos ficaria o

claramente a simplificação de arrscadação e dis- unido o composto se destruiria a machina.


tribuição, assim como a fiscalisação das rendas Conveio em gue seria necessario tratar de
e l!lelhoramentos que havião de seguir-se do igualar quanto fosse possível as forças das pro-
víncias m s ad ertio ue era im os ivel esten
Ajunt~u mais a reflexão sobre a composição uma perfeita igualdade entre as do interior e
as marítimas, as quaes tínhão muito maiores
imperfeita dos conselhos provinciaes que não
tinnâo todos os homens capa.1:es e instruidos para recursos por causa do comrnercio de importação
tratarem destas matarias, segundo se havia e de exportação, sem que resultasse mal algum
conhecido por experíencía ; pois que alguns conse- ás outras deste e:x.cesso de força, uma vez que
lhos haviilo apresentado propostas que erão con- não fosse sustentado pelo egoísmo contra a ma-
trnrias á constituição : e portanto se tornaria cbina toda.
difficultoso que fossem elles os que fixassem as Declarou não poder persuadir-se de que os
rendas; no que accrescia q1:1e o projecto em presidentes das províncias tivessem melhores
discussão não podia chegar a todas as províncias conhecimentos dos negocios e mais pratica do
a tempo do estarem trabalhando os conselhos que a assembléa geral, e affirmou que a divisão
da receita geral e provincial ia produzir grandes
Pondorou que o proj ecto substit.uia uns impostos mconvemen es e nen umas vau g ns,. a m o
por outros, e que podia ser tambem impraticavel mal de se adaptarem formulas mais federaes do
nesta pnrto, nilo devendo con!la1··se inteiramente que a constituição estabelecera ; para o que a
nos calcu o e s f iii · · camara não estava ~ut.orisada, devend~ ella cir-
por todns quo erão perigosas as subitas inno- o que elle orador sustentava, apezar de que fórà
vnçõos do impostos, em t·aziio de gue os povos sempre chamado demP.gogo e republicano, sendo
acostumados a pagar certas contnbuições com o seu fim propugnar pelo systema monarchico
dialculdade se prestavão a outras diffarentes. representativo, e não querendo republica ímpro·
O Sn. MuNIZ BARRETO notou que a decisão do visada a toda pressa, como certos sujeitos de
adiamento envolvia a rejei~.ão do projecto, e que faca e cutelo. · '
a apresentaç;to da emenda para o adiamento Concluio votando pelo adiamento.
tinha por objecto encobrir a votação sobre o artigo
para que alguns senhores, os quaes querião ter O SB. ERNESTo defendeu que o artigo em dis-
a satisfação de votar por elle, deixassem de cussão era constitucional, sem embargo .do ar·
aproveitar a occasião de declararem o seu parecer gumento que se havia feito em contrario, fundado
em mataria de tanta monta : rebateu a objecçâo em que pertencia á assembléa fixar as despezas
feita ao parecer de que não pertencia á commissão, publicas, e que sendo tambem publicas as despezaa
em razão de terem assignado alguns membros provinciaes devíão igualmente ser :fixadas pela
com restricções, dizendo que · a diversidade de assembléa geral; porquanto cumpria examinar a
opinião não existia ácerca dos fundamentos e etymologia da palavra publica. e o sentido em
totalidade do parecer, mas só emquanto a algum aue até aqui tem sido usada : e vinha a ser
ponto ou artigo, aliás os membros não o terião êousa do povo ; que a primeira significação do
assignado, mas darião voto separado. povo era muito extensa, porque abrangia todos
Continuou com mais ar umentos ue o decidião os cidadãos de uma nação : ue se lhe poderia
a vo ar contra o a lamento.
uma província, villa ou municifiiO; .ao que elle
o sr. Mlni.stro: -Estou persuadido que orador niio se oppunha, convmdo em que as
me não compete fallar sobre o adiamento, por despel!!as de um município tambem erão pulSlicas ;
ser uma questão de ordem, mas pediria licença, mas lembravll ao mesmo tempo que cumpriu dar
se me fosse permittido, para explicar o motivo por- aos termos 11. accepção que lhes déra a consti-
que ass!gnei com restl'lcções o parecer de commissiio tUição.
a que o Sr. deputado se referio, o qual declluarei Notou quo o federalismo era niio só reconbocido
se m~ fór concedido. (A cama1•a annuio com pell\ constituição, mas indisponsavel ainda 11ns
muitos apoiados ; e S. Eo:. continuot,.) monarchias absolutas, como mostrê.ra o Sr. Mon·
Todos os membros da commissão concordarão tezuma no dia antecedente oom dltrorentl!s aut<)·
em muitas disposições do projecto ; e o mesmo rídades, as <1uaes ello orador ajuntava n de
lllustre deputado que assignou sem restricções, Beojamin1 0Jnstant : que dizendo a conatltuiçiio
'1'01\fO 2 3
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:29 - Página 4 de 6

18 S~SSÃO E~l 3 DE AGOSTO OE 1831


(arts. 71 e 72) que ?"econhecia e ga?·antia o di?·eito 0 Sn. BAPTISTA DE OLIVEIRA., · para explica.r O
de inte?·vir todo o cidadão nos negocias peculiares sentimento em que offerecêra a sua emenda ( se·
da sua província, sendo tal di1·eito ea:e1:citado gundo foi possível ouvil') declarou ser objecto
:tJelas camaras dos distl'ictos e pelos conselhos della, que o negocio fosse a uma o.:ommissão, a
p?·ovinciaes: e commettendo no ~ fio do art. 15 qual tendo em consideração as idéas enunciadas
assem a gera o ve ar na guar a a cons 1.- na camara, as eme s e i as, p puzesse
tuiçllo e ~wcmove?· o bem geral da naçllo, era uma resolução para · continuar no futuro anno
cláro que toda a disposição tendente a pôr em financeiro em vigor a lei de orçamento de 15 de
execução os artigos. citHdos da. constituil)ão,. longe Dezembro ~e .1830 com as a~terações i~dispe~-
, , . ,
e neste caso se achava o artigo em questão, o lhe parecia manifestamente anti-constitucional :
qual deixava á assembléa geral a fixação das em segundo lugar pela falta de &pplicaçào e de
despezas geraes, e aos conselhos provinciaes a desenvolvimento que se notava no mesmo pro-
das despezas proprias de cada uma província, jacto, o qual se contentava com deixar as des-
devendo entender-se por despezas publicas (art. pezas provinciae~; ao arbítrio completo e indepen-
15 S) 10 da constituição) as despezas gllraes da dente. dos presidentes em contradicção á lei fun-
nação. damental.
Não achou força na opposição que se tinha Advertio que a constituição era federal, mas ·
mostrado ao artigo debaixo do fundamento de não na administração da fazenda, a respeito da
que os conselholl geraes não podião iniciar sobre qual tinha estabelfJcido centralisnção, não sõ em·
impostos, vi~to _que não se tratava de impostos, quanto á :?-xação das ~espezas, mas emqu!lnto á
administraçõos todas de fazenda; desejando elle
orador ver refutadas estas objecções que se alle-
gavão, e não que se argumentasse com princípios
·- · · i a
constituição fosse alterada pelas fôrmas nella
prescriptas, como esperava.
Depois de mais algumas refl.eYões foi posto á
vota ão o adi:1mento ue não , ;sou.
Continuou portanto a discussão sobre o art. lo
do projecto com as emendas apoiadas. ;
0 SR. DUARTE SILVA disse que as sU:às idéas
de federalismo, cujos princípios reconhecia na
constituição, não se oppunhão ás bases do pro-
jacto, mas sómente a que elle se puzesse em
execução, sem que para isso se déssem providen·
elas antecipadamente, não estando oinda prepa·
radas as províncias para tal mudança; que em
consequencia não approvava que houvesse por
ora d1visão emquanto à receita, assim como, que
d s se ntre e ás autoridades admi·
nistrativas, sem ser marcada pelos conselhos
geraes : razão porque não podia votar pelo 1°
artigo tal como estava : que admittiria apenas a
rimeira arte mas não uizera ue desde "á. ·
e de promover os interesses geraes da nação ; sem orçamento dos conselhos geraes, e sem
mas sem offensa dos interesses locaes, cuja par- nenhuma preparação prévia, se entregasse isto
ticular direcção só podia ser bem desempenhada ao arbitrio dus presidentes. ·
pelas autoridaàea locaes, e não pelas geraes · Declarou que assim mesmo votaria pelo artigo
sendo certo que não só llada província tinha lnte: se visse que delle poderia resultar grande bene-
resses particulares distinctos, mas até os indi· ficio, mas achava que por agora teria grandes
vlduos ; aliãs se teria adoptado o systema da inconvenientes em razão de que os calculos apro-
communidade de bens, recolhendo-se toda a pro- sentt\dos no projecto não tinhão base alguma, e
priedade particular a um coft·e, para depois ser ainda quando a tivessem não podia fazer-se con-
repartida por todos o producto das fadigas de todos. fiança uellas sem a eltperiencia ao menos de um
Pronunciou-se contra o argumento do Sr. mi- ao no.
nistro, de não poderem chegar para as despezus o Sr. Ministro:- Se o artigo em discussão
as partes cerceadas de um todo, quando eRte fizesse unicamente distincção entre despezas ge-
todo já era insufficiente, não f!.Ó porque a má admi- raes e particulares podia approvar-se, porque
nistração continuaria, se a camara fundada neste então o mais que se poderia notar no artigo tlra
principio dei.xasse de corta_r o_ nó górdio para o conter uma definição que as nossas leis não
tornar pratJcavel a fiscahsaçao, e destruir a têm adoptado, definindo expressamente o que são
.causa principal do desfalque das rendas ; mas despezas geraes e particulares, o que não se fez
até porque logo que a camara passasse a executar até ã lei do orçamento do anno passado ; mas
a 2• parte do Si 10 do art. 15, l'epartir a contri- o arti o não se limita a esta distincção, e uer
1ç o 1rec a com ma a com o o art. 179: estabelecer. um poder novo, um po e r m epen·
ninguem serd isento de contribuir para as des- dente ; e é neste sentido que julgo poder-se fallar
pe.zas do esta:lo em proporçao dos seus haveres, contra o artigo. Tem-se querido mostrar que o
as rendas ~avião de chegar para _as despezas, ou artigo é muito conforme á constituição, e produ·
antes sobeJar, pondo-se tambem em harmonia zirão·se varios argumentos para o provar.
com a constituição a administração da fazenda, Um Sr. deputado recorreu ao art. 71, que reco·
porq?-e não podia deixar de ser geralme~te reco- nhece e garante o direito de todo o cidadllo para
nhecidO que os povos soffrião actualmente muitas intervir nos negocios da sua província, e que
extorsões, e despendião em dinheiro mais do que silo immediatamente relativos a seus interesses
o dobro das sommas recebidas nos cofres. particulares. Mas como pôde o Sr. dev.utado
Ooncluio votando contra o e,diamento reco· conr.luir da disposição deste artigo da const1tuição
nbecendo com tudo que o artigo devia ser' conve· a creação e lndependeneia· de um poder 7 A con·
nientemente emendado. stltuição garante o direito de todo o cidadão
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SESSÃO EM 3 DE AGOSTO DE 183l 19


Intervir nos negocios de sua província, mas não e tambam á despeza provincial ; e que as quantias
se tira da'lui que taes negocios sejii.o incumbidos consignadas para as despezas provinciaes podem
a uma autoridada inteiramente ínliependente da ser despendidas pelos presidentes em conselho,
assembléa geral e do poder executivo : não póde independentemente da assembléa geral e do poder
concluir-se semelhante cousa, muito mais quando ex,eeutivo, ainda que excedão a despeza deter-
a co i iç- n · uin es pa - or et. )) - r , n o e o sen 1 o o
plicar o modo como se ha de exercer este direito, artigo, concluio, que havendo sobras em algumas
o qual, a fallar a verdade, a mesma constituição províncias, vinhào estas a diminuir a receita, e
restringe muito porqu~ d}z ! que sará exercitado se a receita geral não erll sufftc!ente pa~a. ~s
pl·ovinciaes. Eis como hão de intervir os cidadãos '
e cerceamento :ia receita.
nos negocias de suas províncias. Por isso sou de opinião que o projecto não se
DeJ!ois paesa a declarar qual é o objecto dos póde admittir desde já, visto que vai diminui._..
trabalhos dos ditos conselhos geraes, membros a receita geral, e além disto vai prejudicar al-
de que deve constar, etc, gumas províncias.
Não sai pois como so possa sustentar a indepen- Eu entendo que a despeza do Rio de Janeiro,
delicia destas autoridades. A constituição per- a qual é hoje de 249:0008 deve ter augmento
mitte a intervenção de todos os cidadãos nos indispensavel. Bem se sabe o estado ern que se
negocios de sua província, porém não diz que se acha a illuminação da cidade. Temos apenas
faça isto conferindo uma autoridade especial em uma escola de meninas. Os mestres de escolas
tudo independente dos poderes centraes. primari~s estão percebendo 200$, ~endo es~a a.

ções e execução das leis (art. 8'~, ~ 1 a 4 in- apresenta, -vai soffrer muito.
clusiva), mas que podião propôr todas as outras O Maranhão acha-se nas mesmas circumstan-
medidas. cias: é uma província que tem uma renda tão
Eu concordo com o ue diz de utado consideravel ue não só su re o Pará mas a
mas por ventura o projecto trata de propôr ? 50 mil libras annuaes para o emprestimo de
Não; Trata de resolver e mandar executar estas Londres: entretanto esta provincia fica com um
propostas sem reflexões e ulterior exame. De grande deficit, porque sendo as despezas de
certo que o art. 83 não permitte que proponhão 79:000$, não comprebendida a despeza do canal
os conselhos sobre os objectos especificados nos que entra no orçamento do imperio, a receita pro-
seus paragraphos ; e por isso taes conselhos vincial é de 40:000$, e ha portanto defi.cit de
podem fazer propostRs a respeito da todos os quasi a metade da despeza. Nem se dig~_ que
outros objectos, logo, o argumento do Sr. depu- umas províncias não pagão mais do que outras;
tado parece servir para demonstrar que os con- não duvido, que isto nasça do máo systemu de
selhos geraes podem propõr sobre objectos de imposição, porém é certo que a desigualdade existe.
despeza, mas porpôr:-não resolver, nem decretar. O Maranhão paga mais o tributo de carno verde,
Por consequencia, se esta e a opinião do Sr. e é onerado com outras imposições quo não têm
epu a o, e en en e nes e sen o o ar tgo, en ao a ma1s provmClas, en re an o q e as suns
não é contra a constituição ; porque sendo pro- rendas provinciaes não chegito para as suas des-
posta não póde executar-se immediatamente, e pezas. Esta medida so podia adoptar-se depois que
nesse caso não continuarei a fazer reflexões al- a assem?Iéa desse as provid~n~ins para occorrer
U O O lO O. ,
porque a sua opinião não deve ser combatida ; Disse·se que hão de ser socorridas 'as províncias,
porém, se eu o não entendi bem, e se elle quer cujas rendas não chegarem para suas despezas,
9.ue os conselhos geraes decretem despezas, con· e assim se tem argumentado. Po~ém pergunto eu:
tmúo na minha opposição, porque isso é contra o projecto em discussão dá estas providencias ?
a lei fundamental. Não dá. --Não é elle fundado no principio de que
Outro Sr. deputado propôz·se mostrar que a cada uma pro,,incia deve · contribuir com quanto
doutrina do artigo era muito monarchica : eu seja necessurio para as despe:zas geraes, além das
entendo que a distincção de despezas geraes e provinciaes 'l Eu acho isto bom, mas para outras
particulares, e de receita geral ·e particular pócle occasiões; e ainda insisto na minha opinião,
ser admittida em uma. monarchia sem offensa apezar de dizer o Sr. deputado que é -da gene-
do principio monarchico ; sobre este objecto não rosidade brazileira não consentir que as provin·
tenlio duvida nenhuma; mas de se ter adaptado cias soffrão, quando outras abundarem. Ainda
em algumas monarchias absolutas este ou aquelle não se combateu a minha opinião. Eu disse,
principio, não se deduz que seja monarchico, que não se devia adoptar já o projecto porque
porque ellas têm commettido erros, os quaes se hia fazer muito mal ás províncias que não
para felicidade do governo humano têm sido tinhão nas suas mãos o augmentar as suas rendas, .
causa da su.a dissolução ; e por tanto aquella e que ficarião sem meios de satisfazer as suas
prova de que a proposição ~ monarchica, não é despezas particulares, deduzida a quota com que
terminan.te .: e~ estou per.suadido, como já disse, devem concorrer para as despezas geroes : assen-
t n o u u e la devião ser ridas no caso
provinciaes em nada ataca o principio monarchico, de não poderem pagar as suas espezas particu-
mas parece·me que o exemplo citado pelo Sr. lares.
deputado é contra o espírito do artigo, porque a Creio que não fui bem entendido ; pois ainda
ordenança de 1771 reservava a decisão final dos que approve a doutrina do projecto, não vou
negocios locaes ao monarcha, e o artigo manda com aquelles Srs. deputados que querem a sua
dec~dir 08 negocias nas províncias definitiva- execução desde já, mas que se nonha em pratica
mente. depois da camara obter as informações necessa-
:Mas, Sr. presidente, a principal duvida é sobre rias das províncias, para que umas não soffrão
o estado a que ficiio reduzidas as províncias, consideravel deficit, e outras fiquem com grandes
uma v-ez que seja este o ·sentido do . artigo. sobras. Não desejo que se desgostem as províncias,
O íllustre autor do projecto entendeu e sus- e por isso mesmo não quero que se introduza
tentou o artigo por este modo:-« que a receita desde já esta mudança, porque entendo que o
provincial ficll independente da assembléa geral, la~o m~~s forte que póde unir as p1·ovincias é 11:
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20 SESSÃO EM 3 OE AGOSTO DE 1831


religiosa observancia da constituição. Eu já· tribunal de contas que examinasse a parta arithme-
declarei que a minha opinião é C:tlntraria ao t:ca e a parte legü; e nem era possivd _que a
systema actu~l de cenlralisaçno; e não concebo camara se encarn'lg:lsse de semelhante Lrabalho,
que possa haver boa administração quanclo a apezar dos seus melhores desejos, por causa do
autoridade ue fiscalisa está tão distante elos lab rintho de suas occu a ões.
administradores como o ministro do thesouro : Accrescentou que podia dizer-se que a Bahia
entendo portanto que a doutrina do projecto é tinha aproveitado para seu uso maior "porção das
optima, porém executada desde já como nelle suas rendas antes da constituição do que depois;
está desenvolvida, sem a reforma da constituição, porquanto al uns edificios que se havião feito
e sem que se en ao a o as proVl enCias neces- en ao, es avao OJe ca m o em ruma, e outros
l!larias, afim de que as províncias tenhão meios. carecião de grandes reparações, não havendo na
})ara fazer suas despezas, parece-me injusta. Bahia um chafariz, uma prisão capaz, pois a que
E' quanto se me. offerece ponderar sobre o existia era mais um carcere para flagello do
art. I•. . que casa forte para segurança.
O Sa. MoNTEZUMÁ disse que -as reflexões de ReftJrio ter ouvido que a despeza do Rio
S. Ex. contra o artigo o tinhão confirmado mais de Janeiro se ia augmentar de 30:000/i, para
na sua opinião a favor delle ; pois ver~audo estabelecer uma policia secreta ; e apezar de
toda a duvida do Sr. ministro sobre a receita, ser um boato que nãc> acreditava, desejava.
e tratando-se hoje da despeza e não da receita, comtudo que o Sr. ministro, a ser-lhe possível,
era evidente que o artigo devia passar, visto que desse alguns esclarecimentos a este respeito,
elle achava muito justo e conf,,rme aos interesses p'lra _socegar os ~spiritus: porque_ sem emba~go
ac1on es a i v são a rece1 a e espeza, e es ava
de accordo com a doutrina do projecto, versando da inutilidade de p~licias ·secretas e dos damnos
a sua duvida apenas súbre a receita. que produzem, que achava ser este o maior mal
Não achou_ que o arti~o _ pudesse li!_er conside- que o governo podia faze~ ao_ !3mzil ; podendo
prio das nossas leis, nem éonforn.e aos nossos apoiai-o, pois ninguem desejava mais do que elle
estylos ; e por isso tinha de refutar a inconsti- que o governo gozasse de opinião e força moral
tucion~lidade que ali~s se impu~ava ao art_igo, a que tinha direlt_? pelo merecimento dos membros
es provinciaes de que se fallára ; pois a cl!iU- orctem publica: e po1· is~o aproveita.va esta occa-
sula exprimia que as despezao; serião de ora em sião de pedir os ditos esclarecimentos. ao Sr.
diante ordenadas pelos presidentes em conselho, ministro, bem que o negocio não pertencesse de.
na conformidade das leis que as Mm 1·eguladoetc., todo á sua repartição.
claro estava que não tinhll lugar o argumento, o S.:•. Mi:ntstro:-Se esse é o unico obsta-
de que ia crear-se um 5• poder no estado: e culo que o Sr. deputado encontra para depositar
lembrou mais q11e semelhante creação do 5• pode1·, no governo a sua confiança, tal obstaculo não
não se dava em uma lei que era annual e que existe. O ministerio actual detesta a espionagem.
havia de ser reformada todos os annos. Mos- Os membros deste minit~terio que tiverão a honra
trou-se admirado de que o Sr. ministro fallasse de ~er assento na representação nacional, sempre
no artigo 2• do projecto, tratando-se só da discussão se oppuzerii:o á esp~onagem ; e escusado é lembrar
. o· ~

instruido pela sua longa pratica parlamental' na


opposição. Advertio que no exemplo da lei fran·
ceza que eitára, só se deixava á approvação da
admimstra ão central de finan as o i ·
respeito aos negocias geraes, mas não aos pura- actual a prohiblria pela sua parte, porque detesta
mente pro-vinciaes, sendo e11ta a doutrina de todos tal meio de administração. Isto são boatos, nssim
os gaoinetes e economistas ; por isso que o corno outros que sempre existirão e hão de existir
systema. da divisão das despezns em geraes e om todos os temfos e fórmas de governo;
provinciaes tinha o resultado, por todo~ reconhe- porque ó impossive que o governo agrado a
cido, de-exactldão nas contas, de melhor arreca- todos, sendo esta opposiQitO ató de reconhecida
dação, e fiscal!sação: motivos que de certo o utilidade, para quo o governo ee não desllso
recommendarido muito ao Sr. minlsLro da fazenda, dos seus devereg o para quo melhor possa atinar
o qual se mostrâra sempre tão convencido da ne- com o vel'dadoh·o caminho da prosperidade publica.
cesGidade de economia e fiscalisaoiill. Notou que, (Foi apoiado geralmente.)
defendendo tanto S. Ex. a utilidade do artigo, se
eoppuzesse á sua execução ; contradicção em que o Sr. Mo:ntezu:a:na.:-Eu dou os parabens
niio devia insistir: 1•; porque não se havia ainda a mim mesmo pela pergunta que me lembrou
provado que fosse constitucional o artigo, ao fazet·, sem a qual não teriamos ouvido a segu·
qual se julgava opposto o projecto ; 2•, por não rança que S. Ex. acaba de nos dar.
se haver ainda mostrado que fosse· impraticavel Estou persuadido de que tantas são as pessoas
o artigo I• do menl)ionado projecto. Sustentou que a ouvirão, quantos os clarins que vão espa-
que devião resultar delle muitas vantagens por lhar por esta cidade que não temos pohcia
não existir no Brazil um tribunal separado do secreta ; que o boato a esse respeito é falso e
thEJsvuro, . que servisse de . i~termedio e gara~te nã~ merece credito .al~um .(E dirigindo-se d! ga·

como era o exchiquier em Inglaterra, onde s~ policia secreta, que é falso quanto se espalhou
examinava a legalidade das despezas antes de a esse respeito, porque não temos espionagem,
se fazerem, ainda que para ellas houvesse ordem nem policia secreta.
do ministro e onde depois se approvava as contas •. Dada a hora ficou a mataria adiada.
~dvogou a necessidade do projecto para se Passou-se, depois de se retirar o Sr. ministro, á
ue~ fazendo pouco a pouco algumas reformas · 2• parte da ordem do dia, que era a nomeaQ!io
e n~o de chofre; sendo taes reformas indispen- da meza, e procedendo-se ao 1• escrutinio sahirão
savels para que a opinião não se declarasse eleitos:
contra a assembléa, por não tomar a unica medida Presidente.-0 Sr. Alencar com 50 votos
capaz de remediar o cabos, em que estavão as Vico-presidente.-0 Sr. Araujo Lima. 41 >>
nnanoas, em consequencia de não haver fiscalisa- I• secretario.-0 Sr. Chichorro. 44 I)
oio dos dinheiros publicas, porque as contas não 2o dito.-0 Sr. Soares de Souza. 39 »
podiio ser ex!'minadas no thesouro, não havta 3o dito.-0 Sr. :M:onteiro de ~arras. ~7 >>
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SESSlO EM 4 DE AGOSTO OE 1831 21


4• dit•>.-0 Sr. "Fen·~>1ra Ca,tro. 33 » os articr ;s da constiluicão que tiverem relaçfio
Supplentes.-0 ::i•·. Valhls·lll~~. 2ô >> com o t•t 1 cilpitlll•, a~sim · como o art. 10 e os
2. 0 dilo.-0 Sr. Mell,J Mattos. 17 >> que tltJlle dAp<~n•ler~m. o al't. 40 e cap. 1° do
Levantou-sé a sessão depuis das 3 horas. tit. 7• tr ,zqndn ;;>ara isso os competentes poderes
os deputado:> para a proxitl)a legislatura.
O Sa. CosT,\ FERREIRA. requereu urgen cia para.
ent1·ar ern discussão o parecer da com:n issão de
Sessão·:em 4 de .\.gosto justiça criminal sobre a repredentação de Oypriano
José arat
-Foi apoiada e vencida.
'Entrou em di~cussão o parecer, qile depois do
Depois de appro-vada a acta, lerão-se os seguintes preambulo diz da fórma seguinte:
ofiicios : « A commissão tem primeiro que tudo de faz9r
Do ministro do imperio parUcipando terem-se lembrar que ácerca do mesmo supplicflnto elle íá.
expedido as ordens convenientes ao inspector da foi approvado, pelo qu~:ll se mandou_ remetter ao
colonisação estrangeira uesta província, pedin-· governo t•1dos. o~ papei~ qlle lb." f·•rao prese!1tes
do-se as inform~Qões snlicita•iaK pPia camara a rd••tiv••s á pnsão e maB procedimentos havtdos
respeito da éol•11da suissa de Nova Fr1burgo, sua com elle, afim ·1e qu•; se lhes désS•1 o andan~~nto
directoria, empregados, exerdci11 e ordenados, legal e o dito govei'D • fiz.,sse proceder na for,na
su"s propriedades rustica,; e urbanas, etc. d .. s leí:s; m .. s como não consta que o ~upplicante
Do me ... mo minil?tro sub!flettendo á consideracão tenha aiud,l recorri•l•> ao rne.srno governo, nem
OS lO <I I V<lS 'l tl'l p S4 tl <J C r r·: O e . i t
cio Pires Camargo, pedindo d•sp~nsa de lapso de é de parecer 11 rne~m' c••m•n1ssao que a dita re·
tempo para transitar na secr!ltaria do registro
geral das
. ..
mercê,; as cartas
' de con!:.rmaçào
- . de .
pre,wntação não póci'l ainda .ser tomad~ !'m ~01l•
sidaraçào, por n>io estar suffieie.,tern.ente mstrutda.
O SR. C<~.STRO A.LVI!:S offdrecett a emenda
seguinte:
" Q118 se peç:'io informaçêills _ao gover~o sob.ra o
estadn do nAcrocio d.;sle c1dadao, a se Já ve10 a
que se tem susc1tad•> ácerca da intHlligencia do deva~sa em que e le oi pronuncia o. >>
art. 5• da· carta de lei de 4 de Dezembr<.> do anno )<',,j apoiada.
pfls•ado. - Remettido á commissào de justiçll Depois de curtas refl~xões foi approvado o
civil. parecer da commissão, e rejeitada a emenda.
Do secretario do senado participando ficar o
senado inteirado de haverem sido sanccionadas ORDEM DO DIA
as seguintes resoluções da assembléa geral lt,gis-
lativa, tomadas sobre propostas do conaelho
geral da província do Maranhão: 1•, restabelecendo Entrou em 2• discussão o parecer da commissão
a aula do commercio na capital da mesma pro- especial encr1rre~ada da accusação do ex-ministro
víncia, e 2•, nutorisando a camara municipal da de estado José Clemente Pereira, com a emenda
mesma ca ital a levantar um tAlheiro para a apoiada na 1• discussão.
ven a o pe1x:e em uma as pra1as J es1gua as O Sa. PARAiso mostrou em um breve discurso
pela referida camara. que não sendo claro o art. 143 da constituição, e
Foi remettida á commissão da guerra a repre- estando o governo na posse de o entend~r como
sentação de José Joaquim Machado de Oliveira e · o in ·co. do na sua dofeza não odia ro-
accompan a a e um projec o e or enança ceder a accusaçãü a respeito •io recrutamento.
exercito do :Brazi1. Q~tanto á encommenda das armas parece u-l~e
Forão adiados, por se pedir a palavra, o pare· qu.:. havia críminalidade, porque a despeza na()
cer da com missão de constituição sobre o projecto fóra decretada pela asdembléa, e ~Si 1° do art. §•
do Sr. Lessa, creando um conselho geral na da lei de 5 de Outubro de 1827 d1Z1a, que aerao
provlncia do Rio de Janeiro ; e o d1\ commis- responsaveis os ministros que ordenarem ou ~e
aão de justiQa criminal sobre a representação alg~tma fórma conco1·rerem para de8pesas nao
do cidadão Oypriano José Barata, queixando-se determinadas por lei. .
do. violencia com que fôra preso sem oulpa Acct·escentou que ainda quando se qutzesse
formada. prescindir da questão_ de direito._ arg~tmen_tando
Forão ap{lrovados os seguintes pareceres: com a necessidade, nao proceder1ao as_ razoes do
Da com missão de guerra, para exigir-se do go· ex-ministro accuso.do na. sua. contestaçao ao pa·
verno a consulta por que fóra promovido o cirurgíão- recer do commissão especial, não só porque .o
mór do exercito Manoel Antonio Henriques Totta. art. 18 da convenciio preliminar entre o impeno
Da commissão de justiça criminal, para que e Buenos Ayt·es dizia-que quando se. houvessem
André Joaquim da Çosta, preso senten~iado a de romper as hostilidades nunca ser1a antes de
trabalhos publicos, que pede ser remov1do por 5 annos;-sendo portanto demasiada a antecedencia
causo. de molestía da fortaleza de Santa Cruz; do ministro na encommenda das. armas, coiD:O
requeira ao governo. porque a rflzão allegada a respe1to da nec~sst·
J?a mes~a commissã'?, d!ide de .armar . a!! n1ilicias, para ~reve?1r .a
trabalhos no dique, os quaes pedem por suas tal insurreição nunca tinha apparecido a_nt~s, ~o
molestias ser removidos para a fortaleza de Santa menos da maneira como tinha apparemdo ultl•
Cruz ; e delibera que se d1rijão a·o governo com
os documentos que provão suas molestias, pois mamente. - . · 1
Fez mais algumas reflexões que nao fo1 posstve
a elle compete deferir-lhes. ouvir.
Teve la leitura e 1\cou pa.ra 2,o., sendo apoiada
pela terça parte dos Srs. deputados presentes, a o sa. REBOUÇAS expoz a djffic~lda~e de defender
proposição do Sr. Hanriques de Rezende sobre a uma causa tão falta de razoe~ Justtftcadas, como
reforma do capitulo 5o tit. 4o da cons~ituição do havia mostrado os esforços fe1tos por um Sr. de·
imperio no sentido federal, investindo-se os con- putado a favor della na sessão passada, o 9ual se
selhos geraes de attribuições legislativas e in· vira obrigado a recorrer_ ao compadec1me~to,
teiras nas respectivas provincia111 e até mesmo meio tão capaz de expansa_o, quanto era poss1v~l
para impór·se, I!Eiudo ig11almeu~e reformados ~odos q~e 0 coração hume,no se tnç~maass em be~efl.ctQ
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:34 - Página 2 de 8

SE~SÃO El\1 4 DE AGOSTO DE 1831


dA um ou de outro individuo que se achasse em stitniçiio, a re•pllito tl11 recrntam<>ntll, motivl) ·que
afilh:çiin. n:'i'' t!fll suffi<}ieate para ell~ a nà·• Pxecutar tam-
A,Jvertio que o Sr. Ptlraiso ·l)iiO tinhll encarado bem, pois dtlvia ent~n·lAr mdhor a,lei de 1827,
a qUdtitli.o pelo lado por que .a ·uevh\ con~iderar; a qual decretando·2,789 praças para a marinha,
ois a princi al uestão. era se o ex-ministro se diz: -esta força é extra01·dinaria ara, tempo de
avia arroga o irei os que nao tin a, sen o guer1·a,. Of!O que cessar esr.e tempo· e guerra esta
certo que a não ter elle direito para encommendar (orça sera l"edwrida d metade ; ê devia seguir
•·armas, COIDC)·O Sr. ParaiiiO- r.econhecêra, muito antes então a· exemplo do ministro da marinha,
; menos o tinha para decretar·recrutl\meuto ,; pois reduzindo igualmente· á' me.tade a força de terra.
que se o ac o a xaçao as orças se segut_!l as es a et e ll que se re ere o m I··
que o ministro. ficava autorisado a recruta'r~ ciado air>.d<\ não é tão ' economica como é a lei
muito mais se seguia que ficava autorisado a en- que em úütra occasião tambem cita, e que vem a
. commendar armas, porque estas armas erão para ser a de 8 de Outubro de 1828, que no art. 3o
os recrutados; e portanto se devia. passar impune diz:-quando se.effectue a paz, as despezas arbi- .
em quanto á primeira accusaçíio muito. mais tradas para os ministros da marinha e guerra
havia para livrai-o da segunda, porqne rili.o po- serão reduzidas, logo que ser possa de. moà(J que
dia haver soldados sem armas, e se havia necessi· não excedflo ao terço do arbitramento ·feito -pa-ra
dada de soldadqs tambsm se precisavão armas ; o tempo de guerra ;-e isto não só nesta província
e por isso aquêlles senhores que votavão pela 2a mas em todas as do imperio. Como pois em vez
parte da accusação de.vião votar igualmente pela 1.a de diminuir augme'ntou a força? Mas,· diz-sé .-
Continuou: ·diminuir. a força não é diminuir o p11ssoal,-m_as

o ex·ministro commettesse, porque era questão quanto não se seguia daqui que o ministro ficasse
secundaria, que sõ podia ter lugar se elle hou· a.utorisado para iujciar sobre reerutaménto, de-
vesse decretado legalmente o recrutamento e cretando-o ; pois não sendo licito nem á camara.
tivesse executado mal a lei. nem ao corpo legislativo .o ceder de attdbuiçÕiljl
Que o facto de haverem procedido a recruta- privativamente suas, e autorisar o ministro para
ll\9nto os ministros da marinha e guerra, sem aquelle fim, ma& sõmente fazer lei que elle hou-
que por isso fossem punidos, era modo do defesa vesse de cumprir, não podia ter lugar nenhum
de que lançaria mão um assas.sino, o qual con- o decretar um ministro o recrutamento e ser o
vencido do crime dissesse, não achando outros proprio qne o execute.
meios de defender-se, que muitos assassinos não Nada valem ignalmente ao accnsado os discur-
têm sido trazidos a juizo nem cnridemnados, sos dos Srs. deputados que allegou; elles não
logo, elle o não devia ser tambem ; maneira odião ter-se roferido senão or causa de duvi-
es ran a. e rac10c nar· e que con nzta a conse- as e con as ações que se estabelecêrão ; logo, era
quencias ainda mais estranhas: que demais se duvidosa a intelligancia do art. 146. O t;tue podia
não sabia ainda se os outros ministros não pois fazer ? Recorrer ao poder legislattvo para
serião tambem chamados ã responsabilidade ara que interpretasse authenticamente a constituição.
por esm ac o em que tn a 1ncorr1 o o erta o ex·mtms ro ao mesmo empo po er egts-
ex-ministro da guerra, não havendo portanto lativo e executivo pa&a interpretar a lei e exe·
motivo para ficar desconsolado de ter só cabido ental-a segnndo a sua interpretação ? Demais, na
sobre elle a espad·a da justiça. colUsão entre a letra da constituição e discursos
Que o argumento tirado da lei de 15 de Setem- pronunciados vagn e transitoriamente, cumpria
bro de 1827, por não vir nella inclulda a palavra acaso ao ministro postergar a lei para guiar-se
-recrutamento- era de alta logica;- como se por ditos de pessoas a quem elle não acreditava ?
o tratar de uma proposição, não envolvendo Esses dlscnrsos não apadrinhão contra a letra
outra, foss.~conceder est'outra. -Que além disto, da constituição assim como não servirião para
elle orador já dissera na primeira discussão, que accusar o ex-ministro se elle fosse aliás justift-
a ser comprehendído o direito de recrutar na cavel, apesar de que o maior numero de discur·
disposição de mandar conservar a força, se- sos feitos na occasião a que elle se refere, foi
gula-se tambem que pelo facto de autorisar dirigido contra elle.
certas creações que exigião despezas, se per- Diz o indiciado na sua defeza, que o art. 36
mittia a imposição de tributos sobre o povo, se refere á lei geral, que determina a maneira
porque estas duas cousas estaviio na mesma porque deve proceder-se aos recrutamentos, e
razão. E proseguio: não indica a nec!issidade de um decreto especial
Como se decretarão forças segne-se que o que autorise dentro do' numero designado pela
ministro fica autorisado para decretar. o re- lei de fix:ação das forças. Porém todo o mundo
crutamento 11 Isto não é ra~iocinio que . se sabe que a lei de recrutamentos das naçõss civi-
l"
defeza, porque se para o povo concorrer com tar, ·o numero de pessoail que se hão de recrutar,
contribuições é necessaria uma lei iniciada nesta e tempo dur!'nte o. qual os recrutados hão de servir,
casa privativamente. e que seja adaptada pelo etc. Como dtz pois o ex-ministro que o art. 36 se
corpo legislativo e sanccionada pelo poder moda· refere a um11. lei ger~l para dete•·minar o recru~
radar, muito mais é precisa para recrutar, que tameoto? Melhor farza se invocasse antes para
imi!orta perda necessaria; po1s que os tributos sua defesa as leis para decretar força, as quaes
·muttaa vezes concorrem para melhoramentos; mas têm determinado, emquanto a recrutamentos,
isso raras vezes acontece com o recrutamento, o que o governo· prefira alistamentos vo!untarios,
qual destrõe os cidadãos, além do dinheiro que ou qne se regule pelas leis antigas, etc. , e por-
se gastll com os recrutas ; demais, a lei de 1827 é .tanto isto é de lei e reconhecido pela assembléa
contra o indiciado, o qual até não se fundava geral, exercitando legitimamente as· suas funcçõea
nella quando recorria ao costume e habito em quRndo fixa as forças.
que eataviio os ministros de não. executar a con- Demais, na ~ypothese marcada na deteza- de
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.. ":·

SESSÃO EM· 4 DÊ AGOSTO DE 1831 23


que a não serem substituídos os soldados já não pavão para fazerem o serviço de tropa, a qual
existia nenhum nos corpos:- cons~rvar fo1·•;a nfio estava reduzida. a menos de dous terços.
quer dizer recrutar; porque ha outros meios de Affirmou que este mal cessou com o recruta-
a augmentar ou co~serva': se!ll ser pc.r . meio mento, . o qual
. permittio alliviar as. milicias
. deste
dioso para a nação, ' do qual só força fôra aug~erit~da, pois que depois do recru-
lança mão .. tamento coustava do 12,000 e tantos homens ; e
Concluio votãndo pelo parecer. ~or cons<;>quen_cia era evidente que· _o ex·ministro
R. m cur a exp tcaçao. baixa aos homens~qile se tinhão 'ajustado por·
0-"S:R. XAVIER Dlll CAR'irLHO disse que o ex- certo espaço de tempo já vencido , mostrando
ministro recrutava sem·· lei, prohibindo-lh'o assim a boa fé. com que o governo cumpria
expressamente a constituição, porque dava 1\ o'ii' contractos, a qual não tinha existido até
camara dos deputados exclusivamente a iniciativa então, e cuja falta havia originado_ a descon-
de recrutamento; logo,· o ex-ministro estava cri- fiança e má vontade dos recrutas; e fizera além
minoso; que era evidente que o adverbio então, disto o grande beneficio de dispensar o serviço
de. que usaya o art. 146 não se referia á tropa dos Iliilicianos, pelo que não podia elle ora-
extstent_e,: .ll!._a.s . áquella que existir quando a dor em sua consciencia admittir esta parta da
.aSfil!lml:llea nao houver decretado a força; intel- accusação. .
ligencia da qual elle orador não se arredaria Quanto ao segundo ponto da~accusação, disse
ainda que os proprios redactores da constitui ão ue no anno de 1829 não houvera lei da fixação
e assem ou r a, porque sena su verter a de receita e despeza, ·cousa in tspensave em
phraseologia da língua portugueza, e fazer della paiz constitucional ; que ignorava quem fôra
um cabos; que não podia admittir-se tambem o culpado nesta falta, nem queria lançar a culpa
que dizia o ex·ministro << que ·uma vez fixada a sobre a camara que devia· fazer a dita lei, mas
i, o ra au ortsa o a recru ar cumpna con essar que e a nao se 1mpu ra ao
dentro das forças fixadas, afim de conservar a ex-ministro, ou ao menos que não se lhe fez
força decretada, )) pois segnir-se-hia o absurdo culpa por isso, nem podiA fazer-se-lhe,_ segundo a
de .9.ue fixa~a a_ despez~~: de certos obj ectos o constituição; que n~o existindo lei ~e orçamento
i m- mtms ro nao po 1
prestimos sem autorisação especial; que entendia as despezas, comtanto que ellas coubessem nos
portantó valida a primeira parte da accusação rendimentos oufazendo-as depender de um credito
sem o menor escrupulo, não havendo mesmo supplementar, no que não havia culpabilidade,
defeza da arbitrariedade e criminalidade do facto segundo mostrúra o Sr. Amaral ; por isso que o
indicado. negociante com quGm fôra tratada a encommenda
· Em quanto á 2• parte da aceusação, declarou que das armas, se havia sujeitado para o pagamento
o ex-ministro fizera uma encommenda ou contracto á decisão da assembléa ; e se havia crime, o
per_feito de compra, convencionando-se com o negociante ficava bem castigado, não approvau4o
vendedor de re et prcetio parte essencial a todos a nação a despeza.
os contractos, sem que possa valer-lhe o dizer Protestou contra a proposição que se avaiiÇára
q_ue ~ satisfação do contracto dependia da au~o- de que. a impunidade dos ministros que havião

armas, pois que devia decorrer consideravel espaço tivesse commettido um crime, e as autoridades
até que começassem as hostilidades, no caso de zeladoras da. lei não se intromettessem com isso
as haver." e o deixassem dormir a somno solto, o que
Concluio pronunciando-se contra a opinião dos devia entender-se? E' que a lei que o cr.iminoso
que se oppunhão a esta parte da accusação com tinha transgredido estava derogada. Ha duas
o fim de evitar que a nação ficasse obrigada ao f&rmas de derogar leis: uma quanao a lei cabe em
desempenho do contracto, porque entendia que a desnso; outra quando a autoridade compe_tentc
nação não era obrigada a verificar um contracto a tleroga.
que tinha desapprovado alta e legalmente, accu- Se um assassino escapa dtl soffrer a pena da
sando por elle o ministro. justiça, ou é porque o .9rime . se acha encapotado
de tal maneira que é Imposstvel provai-o com a
O Sa. PERDIGÃO declarou que intentando votar evidencia que as leis exigem, ou porque não
contra o parecer lhe era forçoso motivar o seu existe lei pela qual seja condemnado, q~er seja
voto ;- e continuou, que em quanto . ao primeiro por estar derogada, quer por ter- cah1do em
ponto da accusação, a commissão o não havia desuso. Qual será hoje o homem de senso e de ··
convencido de que fosse obvia a intelligencia do razão depurada, que vá votar contra um falsifi-
a!t· 146, porque a mesma camara o havia enten- cador de moeda no Brazil'? Não por meu voto
dtdo de diversos modos, assim como não tinha certamente, se o governo é o primeiro que cunha
provado que o recrutamento tivesse servido para moeda falsá, coc:.o hei de eu criminar um homem
s~ conservar a fo.rça além da que existia ; qae que imita este exemplo, só porque a moeda por
o a comm ssao ser a orça ex1s en e em e a SI ca a am a mai
18211 20,000 e tantos homens, e argumentando govorn<1?
para sua diminuição com a lai de 8 de Outubro Não me parece valioso o argumento que fez
de 1828 que mandou reduzir a um terço as des- um illustre deputado contra a distlncção feita
pezas arbitradas para os ministerios da marinha pelo ex-ministro entre a lei do rec~uta!Dento. e
e guerra, logo que se concluísse a paz ; não se lei da fixação das forçRs, sendo a pr1meua para
lembrou de que em muitas prõ'Vincias as milicias declarar as circumstancia.s ~:~xigidas no recrutado,
fazião o ser;iço da 1• linha, como acontecia na e a segun.la para lixar o numel'o de ncrutas
delle orador, que podia fallar como testemunha que devião fazer-se afim de preencher a força ;
. de vista, onde existia apenas um batalhão de por isso que muitos entenderão a constituição·
caçadores e . um corpo de artilharia, e causava da mesma fórma sem se lembrarem de que devia
dôr ver lavradores pobres e miseraveis, e mesmo haver uma lei annual de recrutamento diversa
senhores de engenho sahirem de suas casas e desta ultima. E não havendo a assembléa en-
largarem os trabalhos lucrativos.em que se occu- trado no conhecimento de quantos recrutamentos
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SESSÃO EM 4 DE AGOSTO DE 1831


se têm feito desde 1826 até ao presente, haveria porquanto, se uma vez fixada a despeza do es-
talvez quem ousassll avançar que elle quizera fazer tado, no caso de não chegar para alia a receita
complicas para ter R gloria e direito, e o re~ozijo orçada, o ministro não tinha autoridade para
de impõr-lhes, penas; porquanto t~ndo sido fixada augm.entar os trib~tos, nem. para contrahir em-
a força e os ministros não Tecrutassem ar d r
cumprimento á disposição a 'tiü respeito, serião
responsanis por essa falta ; e hoje que recrutárão
em observancia da dita disposição, são por isso
chamados á responsabilidad\l J I
ema1s, mo que a ca_- :ra eixa em silencio
um facto indicado pelo ex-íninisti'O, que devemos
ter em muita conta ? Conviria chamar este ex-
ministro e saber delle que fundamento têm :"à-s
seguintes allegações de_ sua defuza (apoiados) :
« Teve conhecimento exacto fundado -em doeu-
« mentos escriptos, e provas de facto de plena fé
« de que se promovia uma perigosa insu!teiÇâo,
« se bein que obscura, que tinha por fim alçar
« sua negra fouce sobre as cabeças da melhor
<< porção dos _habitantes do imperio li Liberdade
<< absoluta eni tg.da a plenitude era a sua di visa li
. -·-._: . .

« a sua existencia. »-> deputndus a iniciativa sobre racrutamento; que


Pois um ministro que foi incumbido da segu- contra i~to re&ponuia o ex-ministro, que este
rança interna. e externa de um paiz, que pub_Ji.:a pat·11grapho dizia respeito a uma l~i _especi_al_ de

de que estava para aver isto, será criminoso na recruta, eto., mas este argumento era sem
por ter empregado os meios n'3cessarios para força, porque o SI 2o do art. ::Sô da constituição
conservação do socego interno I Havemos nós era generlco, e comprehendia não só esta lei
de accusar um tal ministro, porque semelhante especial, mas o acto de recrutar; intelligencia
ao nautico prevideute, antes de chegada a bor- Inteiramente conforme a todas as regras de.
rasca, chamou mninheiros a postos, cassou velas, gramrnatica, pois logo que a constituição -não
e dispõz a náo de maneira que não corresse fizera dilitincção nenhuma, e não explicára que
risco? - a assembléa devia iniciar só a lei especi~l de
recrutamento; mas lhe tinha conferido a direcção
Concluio que não era exacto o dizer-se que privativa da matada de recrutamento, seguia-se
a nação teria de despender os 350:000/1 em que que o ministro tinha manifeshmente infringido a
importa~ão as armas;. p~is que o attestado de COIIStitui ão.
Entendeu que não merecia attenção o argumento
O Sa. LIMPO DE ABREU, em defeza do parecer produzido pelo ex-ministro a respeito da lei rela-
da commissão, como membro della disse que a tiva ao corpo de artilharia da marinha, porque
existencia dos factos pelos quaes a commissão a assembléa nunca tivera em vista. autorisar
· i e so re os ous pon os por e a o mmistro a recrutar, e se 2 ou 3 de
da accusação, não admittia duvida por ser pro- seu~ membros forão dessa opinião, muitos outros
vada pela evidencia do caso, e por documentos opinarão diversamente, sende de notar que o
authenticos; que em quanto ao primeiro ponto ex-ministro da guerra nunca citava as opiniões
estava claro em razão de oppõr-se ao artigo da destes Sra. deputados quando defendião o bem
constituição que incumbe á assembléa geral a geral da nação e erão uteis, mas quando dellas
attribuição de fixar as forças de terra e de mar, podia resultar algum mal ao Brazil.
e ao outro artigo da constituição que dá á Emquanto ao 2• ponto de a~cusação, disse que
cam,ra dos deputados a iniciativa sobre recruta- tendo a coilstituição feito privativa da assembléa
"mento; que o indiciado allegava em sua defeza geral a fixação da despeza; e não havendo sido
que o art. 146 da "constituição fõra sempre consi- autorisada em 1829 a despeza das armas encom-
deradu como lei da ·fixáção da força militar_ de mendadas, o ex-ministro não podia fazer tal
mar e terra, que devia subsistir emquanto o encommenda, cuja necessidade não existia: que
corpo. legislativo não fizesse lei especial para esse o indiciado na sua contestação ao parecer da
fim, devendo o governo conservar o numero de commissão especial, pretendia que esta tinha
combatentes de que se compunha o exercito ao suppJsto que elle dava por prova da necessidade
tempo do juramento da constituição, por isso que do armamento o officio do conde do Rio Pardo,
foi em 1830 que se fez a primeira lei de fixação que então era general das armas, ao mesmo tempo
de forças para o anno financeiro de 1831 a 1832 ; que elle ex-ministro a fundára na pessima qua"
mas que a commissão não interpretou deste modo lidada ~e ~rmamento exi~tente, etc., et~-, :p~rém
o art. 146 assentando ue · - -
só tem referencia ao tempo em que a assembléa se convenceu de que estes não forão os motivos
se encerrar; toda- a vez que a assembléa se qlle o induzirão a fazer a dita encommenda i
encerrar sem ter feito lei de ·fixação de forças de pot·que elle mesmo diz que pretendia submetter o
mar e tel'ra deve subsistir a força que houver negocio á assembléa · geral e pedir-lhe um éredito
na occasião em que a assembléa se encerrar, isto supplementar: pois se as circumstancias do mo·
é, devião continuar a servir aquelles soldados manto exigião que-~e comprassem aquellas armas e
que havia então, não o mesmo numero, porque se d!stribuissem logo pela tropa de linha e milícias,
iBB!> era impossivel attentas as deserções, mo- não se podia isso fazer tendo a compra de ser
_,ilestias, mortes, etc., mas aquellas praças que aluda suJeita á approvação da assembléa gerar;
continuassem a existir ; que não podia entender- e se as circumetancias permittião que se espe·
se de outro modo, tanto pela força -grammatical rasse até á reunião da assembléa, não era tão
· do advarbio-:-então,- como pela analogia entre o instante a necessidadtl como se aftl.rmava: que
dito . art. 146,. e o§ 10 do art. 16 da conatituiçito i apezar de tudo,, elle orador se persuadia de que
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"'•
SESSÃO EM 4 DE AGOSTO DE 1831 25
no o:fficio do então commandante das armas se Argumentou que se o governo estava na posse
tinha fundado a dita encommenda, porque foi de recrutar por entender assim a constituição,
feito logo depois do mencionado officio, celebran- tambem estivera na posse de crear commissões
do-se então o contracto e sendo este officio o unico militares até que.a;n 1828, cahira a espada da justiça
doc~mento ~que apparec~a para mostrar a n~- so_bre o ministro·qU:e havia calcado assim aos pés a
que na Conceição e em outros depositos havia mui-
tas armas tendo elle srador, sido informado por
pessoa fidedigna que exislião perto _de _!30,000
, tado3 citadas em contrario, erão proferidas no
calor da discussão, e não podia tomar-se como
fundamento senão por aquellas que quizessem
sacrificar o sangue brazileiro ;· notou haver dito
o ex-ministro que a com missão. não fizera cargo
"de .refutar os seus argumentos, e respondeu que
a commissão tratára de simplificar por Rão haver
o ex-ministro escripto dous quadernos de papel
ou mais para se justifica~ Ae dous factos, aliás
bem simples, mas que ~oc~ra.'.!i!m todos os argu-
mento~:~ deixando o cles81).volV!mento delles aos
Srs. deputados que estavã.o ao Jacto da mataria
para a e uc arem ..na IBcussao, como m a
acontecido; que . vota-,;) po_rtanto a f~vor do pa·
recer,. no pnmeuo ponto de ·acusaçao, o qual
não fôra desvanecido pelas razões contra elle
raz1 as ; nem pe o orror que causava o v r
milicianos servindo como tropa de linha, pois
não podia affirmar-se que o governo tivesse di·
reito de m~ndar recrutar logo que acontece~~e
pezas que' quizesse encerrando-se a assembléa. cianos.
sem autorisar as despezas, facto que os Srs. Emquanto ao armamento, ponderou que no
deputados devião ter presente para votarem pró officio do conde do Rio Pardo não se inôulcava
ou contra o parecer da com missão; pois fazendo necessidade de àrmas, porém maior utilidade de
neste caso de jurados devião não se restringir ás se substituírem outras novas: que a guerra do
provas mas julgar segundo os factos; que votava sul, a verificar-se, só poderia ter lugar depois de
a favor do parecer por tüdas estas razões que 5 annos, e dava muito tempo para se fazer a
ainda .não tinha ouvido refutar, pois que os argu- proposta á camara.
mentos produzidos contra elle, ou não convencião, Pelo que se referia á noticia da perigosa in-
ou erão razões de conveniencia inadmissível em surreição fundada em documentos escriptos, ad-
semel!J.ante caso, como, por exemplo,_ a_quella de vertio que o Sr. José Clemente não tomára medida
m . , - .
incorrerão ua mesma culpa, não devia accusar sessão secreta para communicar-lhe tal noticia:
este ; a qual de nada valia porque não estava e entendeu que isto não era mais do quelançar
concluído o prazo em que. prase~·eve o ~irei to de mão. habilmente de certos . acontecimentos destes
Votou pelo parecer. noso.
O Sa. MARIA DE MouRA disse que havendo o Votou pois pelo parecer da comrmssao, não
.indiciado tachado a commissão de falsa nos seus querendo fallar nos outros pontos em que to-
-princípios, justo era que na qualidade de mem- cára o ex-ministro, por se haver já rf)spondido
bro da commissão especial tomasse a sua defeza ; a ell'3s.
que se· allegára não ser justo lançar sobre o O SR. CosTA FERREIRA julgou tão fortes os
ex-ministro a culpa de actos que erão proprios argumentos a favor do parecer da illustre com- .
do poder ·moderador; mas <;ue respondia a isto missão já produzidos e não refutados, que não
que·· as falias da abertura e encerramento da se animava quasi a gastar tempo em o sustentar ;
assembléa geral tambAm competião ao poder e disse que o ex-ministro se fundára em quatro
moderador, e entretanto a assembléa geral as motivos, para mostrar a necessidade do recru-
tinha reconhecido como papeis ministeriaes, tanto tamento: lo, alliviar as milícias do serviço tão
que em uma das respostas á falla do thr,mo pesado como injusto que estavão fazendo em
dissera a camara que agradecia ao throno que algumas províncias; 2o, dar baixa do serviço a
tivesse demittido um ministerio, .o qual havia todos os voluntarios e recrutados que a ella tivessem
aconselhado o encerramento da assembléa geral, direito pela lei ; Bo, não deixar aniquillar o exer·
sem que se tivesse conclui do a lei do orçamento ; cito ; 4•, a ndcessidade de uma força disponível,
que o ex-ministro a:ffirmàva ter diminuído a capaz de obrar defensivamente e com vantagem
forçB em lugar de a ter augmentado ; mas dos nas fronteitas do Rio Grande do Sul, quando
rios os s con eC!a o con rar10, os se necessano.
pois· que elle dava como força existente 16,518 Quanto ao lo motivo, entendeu ser grande a
bayonetas no fim da guerra: ora, dizendo a lei dissimulação do ex-ministro, que comparou nesta
de 8. de Outubro de 1828 no art. 3o: <C quando parte com Tiberio; e limitando-se ao Maranhão;
se eft'ectue a paz as desp~za:s arbitradas para os por estar mais bem informado a respeito desta
ministerios de marinha e :guerra serão reduzidas província, expoz que existia nella uma força de
logo que ser possa, de modo que não exceda ao 1• linha na época do recrutamento, sem·· que as
terço do arbitramento feito para tempo de guerra, milicias estivessem em serviço effectivo neiif'o
e isto não só nesta província, mas em todas as estiverão nunca, senão no tempo do presidentE!
do imperio » o proprio ministro confessa que Pinto, o qual serviço tinha· cessado ·logo que
depois do recrutamento ficarão 12,262 bayonetas chegou ao Maranhão o honrado e digno presidente
que não . e~a o terço de 16,51S,.,.e portanto. obrára Candido José de A.raujo Vianna;. nem · havia
contra, a lea. . · precisão disso porque a força de 18 · linha era
\\'OKO 2 4
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SESSÃO EM ~ DE AGÔSTO DE 1831


muito consideravel e desproporcionada á pavoa- Notou que o Sr. Costa Ferreira não acabára
ção da província, de ll)aneira que as milicias se de ler o resto do período d11. defeza do Sr. José
reunião só para os exercícios semanaes e rnen- Clemente a que alludira, o qual dizia cc liberdade
saes, e notou a contradicção·;do ex-ministro em « absuluta em toda a plenitllde era sua .divisa 11-
recrutar para acudir á de fez a da fronteira do Rio << Uma. direcçiio calcu1a.la, acti va; teimosa, collo-
• ·, 'r in uia aqui os
" seus agentes 1 1 Infelizmente os.symptomas desta
11 parte exterminadora já apparecerão manifes-
« tados de _fórm~ que não pod~m pôr e~ duvi_da
art. 3• da lei de 8 de Outubro da 1828, que que tem d~do esta riam ara sobre isto? Eu vej<l
mandou reduzir o exercito a um terço. a camara tão desc'ançada que parece estar dor-
Tratou como muito galante o 4• motivo, isto mindo sobre nagocio de tanta monta, podendo
é, a necessidade de procedel·-se a um recruta- dizer com o Sr. Costa Ferreira que estamos afie-
mento, já para uma guerra que tinha de rebentar, recendo o collo ao cutello. Não foi portanto des-
quando tal acontecesse, dahi a cinco antfos. vanecida esta parte da defeza do Sr. José Cla·
Muito bella achou tambem a parte da defesa, em mente, nem a necessidade do argumento porquanto
que o Sr. José Clemente fallando do armamento dos mappas, pelos quaes consta a existencia de
diz:. << Não propuz o negocio á assembléa geral, 16 mil e tantas armas, se vê que muitas estão
porque ·não c'o!lheci a nece~sidade senão d~pois a concertar e que outras não têm concerto.
que a ass~mblea geral se nao achava reumda.>> S1'. p~esidente, f!e ha necessidade de armamento
Isto é bello I I O Sr. José Clemente recebeu o experiencia mostrará. Todo o mundo sabe que
officio do géneral das·â'rmas conde do Rio Pardo um:l arma em tempo de guerra· não dura mais
em 31 de Outubro de 1828, não quiz dizer então de 4 annos, no fim deste tempo está incapn
nada á asse.nbléa e de ois de e tar ell fe h de ser ir - ·
mandou buscar as armas I 1 Póde-se dizer que elle de 10 annos. .
nãõ sabia da necessidade dns armas quando a as- Nas Alagôas, enr 1B22, um inglez vendeu ao
-sembléa estava reunida? Talvez a este respeito governo provisorío armamento que lhe havia
se udesse dizer: · custado cento e tantos mil ruzados
<c Nos meus versos nunca louvarei, ganhou logo 400 e tantos mil cruzados, forão ven-
<1: Ao capitão que disse: não cuidei. 11 didas a 16HOOO, livres de direitos etc., entretanto
Mostrou que não tinha lugu a resposta que que erão armas velhas já servidas no exercito
dava o ex-ministro , de não ser responsavel inglez, e muitas desmanteladas, e com os carco-
porque nenhuma despeza havia feito, pois que midos de polvora. E' o que vemos no Brazil.
havia compromettido . a nação que devia pagar, O armamento das milícias não tem serventia
aliás Iiinguem se fiaria l!lais para o futuro em pela maior parte, digão os homens desapaixonado:;;
um ministro brazileiro ; e demais, do attestado dígão os que como eu não queretn fazer victimlis;
gracioso de Young constava que o pagamento devia e por isso . voto contra o parecer uniéamente
ser feito, versando a duvida apenas sobre o espaço com os olhos fitos na justica.
de tempo em que havia de re1_1lisar-se; sendo 0 SR. COSTA FERREIRA lembrou que quando
fallára e r ' · ·
onde tinha hido o batalhão 4o, o qual deveria
antes marchar para o Rio Grande do Sul, se
h9:via tanta necessidade de tropa naquella fron-
teira .
. Perguntou se o ex-ministro havia responsabi-
~Isado o~ generae~ que fizerão a guerra com armas
ImP,ropnas: e ajuntou que antes havião sido
rec•1mpensaJos os generaes que tinhão feito uma
guerra, cujo resultado era por todos conhecido,
em vez de passarem por conselho de guerra.
Concluio dizendo que descobria agora o motivo
dos desastres que havinmos soffrido na campanha
do sul, o qual tinha sido, não falta de valor na
tr?pa ou de perícia nos generaes, mas de se haver
feito com armas improprias; resultando dahi que
o governo tinha atraiçoado á nação, por não
haver o Sr. José Clemente castigado a quem fóra
culpado nisso. .
O SR. REZENDE declarou que não fallaria de
n_?vo se não tive;;~e ?UVido lançar sobre a camara
tao vehemente odJOsidade, como quando se dissera
que ella .queria fazer victimas, ao mesmo tempo9
q~e. o obJecto com que devião ser punidos os
mm1stros que malversarão era ara salvar victi-
mas raz1 eiras e mm1stros perverso!!.
nina contra sua liberdad.e. Julgo que é destes Affirmou depois que o ex-ministro nenhuma
brazileiros que falia o Sr. José Clemente; do tenção tinha de pedir credito supplementar, nem
contrario é um malvado. Quero requerer portanto, fizera depen_dente disso a compra, como se deduzia
que venhão estes papeis, para que ·não fique im- d.e que Gu_llherme,Young dirigira logo um reque-
pune o facto, que· elle assevera, não por meras nmento á· càma~;a, para mandar-lhe passar as
suspeitas, mas pc.r provas authenticas •. Não deve- armas. _,. ""'-.
+ mos ofierllcer o collo com braços encruzados. Concluio com .algumas reflexões sobre a compra
() SR. PERDIGÃO disse que os seus argumentos ~e .armas velhas feita na província das Alagôas;
nii.f. havião sido destruidos: que as milícias ha- msmuando que a junta provisoria deveria ser
-vi~9 fe.ito servio;o activo pela escala que lhes responsabilisàda por isso. ·
tocava JUntamente com a tropa de linha, facto que O SR. PER~GÃo re_spondeu que costumava sem-
não podia ser contestado. _ pre fallar com .a dev1da cautela, para não o1fender
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SESSÃO EM 4 DE. AGO~TO DE 1831 27


alguem nos seus discursos· porque sabia res- outrn; e só um nobre deputado ha pouco se
pe.itar os devAres do um homem para C(•m outro>', propoz !, · .m~s1ua tarefa, que eu, de refutar am-
atacando unicamente aê idéas, corno era ·licito bos as p!irtes do parecer da cumrnissão. A vista
fazer a qualquer Sr. dPputado a respeito das dtslo fica bem claro. quanto será :lifficil justificar
ue elle orador ex uzesse: ue amhiciunava n a minh,l o iniã•> e moRtrar a ill~ alitJ,;Je com
palma da victoria, mas expôr sómente os seus que foi redigido o parecer•da commissào, o qual
sentimentos em qualquer parte, e debaixo de toda tem sido susten~arlo por oradores eloquentes e de
a fórma de governo, e desejava que t•idos os Srs. grande momento I
deputados procedessem do mesmo modo : ue Ve"o de mai< or outro la•io ue esta accusa ão
tin a si o escnvao ~'puta .o a junta da faze.nda e talVPZ pedida pela npiniã•> publica. O que tudo
das Alagôas, e durante o seu ~erviço uào havia contdbue p.•ra me embaraçar; mas val~·me uma
soffrido a nac;ão o minuno desfalque em suas rendas; razão, e é, qull em c.. da a pa1 te do mundo, e prm-
que por não querer duplicar os Heus encargos cipalrnentR no Brazil def..,nd<Jr é melhor do que
se tinha demittido dos lugares que Pxercera, e accu~ar, não porque sej>l menos legal uma causa
não receiava que ainda o ma1s apurado micros- do que otüra; mas porque o coração brazileiro
copio da iutriga procurasse divisar a mais pequena se inclina tantl! á def.;sa, ·e tão pouco á accusação
macula no seu comportamento. que aquelle que toma S!lbre si a emproo;a grande
O Sa. Onoaxco lembrou um argumento ainda e importante, porém dd'ficil, de dtJfeuder, conta
não produzido o qual vinha a ser: que o ex·mi- com o apoio de todos os corações brazileiros. ·
nistro dizia que o exe:çcito ficara reduzido a 12 Por isso tendo refiectido sisuda e maduramente
mil homens tendo antes 15 mil entretanto ue sobre o pa"rect>r da illustre commissão me ab~-
o conde do Rio Pardo, na qualidade de ministro
da guerra pedira 1& mil homens para o anno da nistro da guerra não póde se~ accusado, que a
1831 ct1zendo que não pedia mais do que a força accusação não procede, e que o parecer deve ser
l<xister.te e roseauio: intei~a~ente. rej.eJtado_. ..
u não enten o isto: como havemos nós saber
a força que existia senão pelas informações do ção dos artigos· da ..:onstituição, notada pela
ministro respectivo 1 E se pelas daquelle que exis· commissão e que, a meu ver, não .existe: em se-
tia em 1830 havião 18 mil homens, os uaes se g~:mdu lugar fallarei do comportament? do ex-mi-
comp e arao por me10 e recrutamento no mlms·
terio de José Clemente que o precedera, não foi de merecer reproche, merece elogios ... C~m que
exacto o accusado, quando disse que ficarão só dôr do meu coração me explico, senhores, desta
12 mil homens. Demais, já se mostrou aqui que maneira quando vejo no semblante de todos a
12 mil não era o terço, mas 4/5 de 15 mil ; e admiração e espanto de ouvirem uma proposição
portanto creio que ainda assim faltou a lei .de 8 de talll ...
Outubro de 1828, a qual mandava reduzir a 1/3 Emfim, tomo a liberdade de cc.ntinuar porque
a força terrestre e marítima; o que bastava para a cada um é permittido exprimir seus sentmentos
ser accusado, ainda quando não tivesse infringido .e opiniões com toda a franl1ueza, e porque fallo
os artigos da constituição apontados pela com· diante dos. representantes do Brazil, diante de
liiÍSSãO. legisladores cheios de inteireza e possuídos do
Eu_ nunca j ul.guei que se ac~usasse a camara a~o~- da I?~tr!a, sem temo.r de gu~ . as minh~s

com missões militRres; o que fe~ que não restasse


o tempo necessario para fazer a lei da fixação
da força, e conclúir a do orçamento, sendo para
casos taes, que a con~tituição deu ao poder
moderador a attribuição de prorogar a assembléa,
attribuição que foi conferida para bem da nação;
porque os poderes todos são estabelecidos para
utilidade publica, a qual exige que annualmente
se fixe a despeza, e orce a receita do estado ;
e por isso não devia encerrar-se a assembléa sem
o fazer: no que não deixava de ser culpado o
ex-ministro, apezar de que a prorogação pertence
ao poder moderador, visto que a não pedia ou
aconselhou. E são tantos os factos em que elle está.
culpado, que·a/camnra não teria tempo para mais
cousa alguma se quizesse accusal·o por todos,
limitando-se a commissão só aos 2 pontos que
a camara lhe ordenára.
E concluio reservando-se para fallar sobre o 2o
auto de accusa ão no caso de se a resentarem
novas razões para comba~er o parecer da com-
missão. ·
.
não podendo o ministro impedir as faltas que
'
naturalmente devião acontecer, nem remedial-as, ·
o Sr. MontezuiD.a: -Sr. presidente, bem chegaria um termo em que des11pparecesse in·
difiicil é a minha posição; em outra occasião teira e absolutamente a força do Brazil ; porque
quando me levantei para fali ar contra o. parecer ninguem podia negar que as .mortes, deserções
da com missão reconheci já e~ta di:fficuldade, de- e outros accidentes trarião afinal este resultado;
clarando que . ella nascia de circumstancias que e seguir-se-hia então que o poder executivo, a
não mencionaria e que t0dos sabem agora; por- quem pela constituição incumbe provêr á defeza
que grande parte dos m.embros da camara têm de estado e tranquillidade interna, se acharia
!lncarado este objecto, havendo ~s mais delles sem força permanente para aquelle fim ; ve~·do·a
Julgado valida a accusação e approvando o pare- extinguir-se pouco a pouco sem que p~desse
~er da commissão; emquaoto ·o:::-menor numero lançar mão dos meios necessarios para a manter;
sustenta só uma parte do parecer, rejeitando a que resultando portanto semelhante absurdo da
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SESSÃO EM 4 DE AGOSTO,DE 1831


· sobredita interpretação, não devia esta admittir·se se questio~~ sobre:' intelligeneia da constit~iç~o,
conforme as regras· .da boa · hermeneutica, mas ou produz1rao deseJOS de a .. reformar, attrlbum-
procurar~sé a intelligencia naturate. rasoavel em do-se;lhe interpretações' éinistras. Sendo o meu
todas as suas consequencias,. a qual éra que devia . desejo que ella seja respeitada e veiierada·po.r todos,
subsistir a fof a com leta :e 11anto não· se fizesse ·como· a arca santa, na ual niio se devia bolir
outra lei,. e não a . força · que accjdentalmente sob pena e ser morto. . ·
existisse áffectiva em qualquer occasião até ·acabar Julgo ter respondido por esta maneira a todos os
de todo. · . ·. · . Srs. ·deputados que combaterão a minha opinião;
Advertio que · era tão obvia e racionavel esta porém devo accrescentar além disto uma reflexão
m er.pretaçao o ar . , que ra segu1 a sempre mUl o 1gna e pon eraçao :. quan o se tra a e ma·
sem. reparo ou difficuldade, havendo o governo terias cnminaes, e ha duvida sobre a intelligencia
recrutado corlstantemente, não obstante a falta de uma lei ou da constituição, quero dizer, quando
de lei de recrutamento; sem que um só deputado não tando um ministro duvidado da constituição,
se tivesse levantado para arguir o governo de · antes dizendo tel-a seguido á risca, lhe oppõe
tal procedimento; oufizesse a este resJ>eito algum por outra parte a eamara « que a constituição
requerimento, indicação ou projectc. E proseguio. << não deve assim ser entendida; » varece:me .. que
Entenderemos nós· que isto aconteceu porque emqnanto se não provll.sse que houve dolo na
a eamará se acb.ava coacta, e não tinha a liber- dita interpretação do ex·ministro, se ti.vessem em
dade necessaria por motivo da conducta pouco vista os principias de razão e de justiça, pelos
constitucional do governo transacto? Porém eu quaes nos devemos inclinar em caso de duvida
não pos~o concordar em semelhante cousa. S~i ao lado favoravel. Eis porque olhando para-
os seus membros duránt.e .f38tas épocas calami· delle, e digo que o ex:·ministro não esta de ma·
tosas; e por isso não tenho a menor duvida neira alguma incurso na lei da responsabilidade.
em affi.rm~r _g:ua a. se~ differente a intelligencia , Tenho assim provad~ q1;1e f> ~x-min!stro, em·
indicações . ou requerimentos para a declarar, e da constituição. .
de protestar-se nos discursos contra a pratica Um Sr. deputado interpretou o art. 146 por
contrari.a; e eom2 nada disto houve, não posso anal~g}a, dizend_? que, !lssim comcr, orçada a receita,

art. 146, como eu entendo e como entendião os que foi estabel<:)cida ainda no caso de apparecer
ex-ministros que recrutarão. Tanto era esta a alguma despeza util, por não haver lei qutl para
opinião da · eamara, que fixando na lei de 15 de isso o autorise ; tambeni não podia recrutar sem
Setembro de 18'tt,7 a força de mar, nem sequer ordem expressa depois de preenchida a força:
toca na palavra << recrutamento ; )) sendo assim responderei ao illustre deputado, que segundo as
concebido. o art. to: « A força de mar para o regras de interpretação os argumentos da ana-
« anno .. futuro· de 1828, constara ·da brigada da logia são difficeis e fracos, pela falta de iden-
« marinha, segundo sua organisaçllo, e de tantos tidade que sempre apresentão, a qual faz toda
« marinheiros, quantos sejão sufficiente.s para a a forç~ dos argumentos ; e sendo grande a dis·
« tripolação das embar.cações actuaes. »-Se acaso paridade no caso de que se trata, como poderáõ
a mente da camara fosse que o governo niio podia elles servir? Mas ainda que fosse posslvel admittir
reallsar esta for à ole mar fixada ela lei s · semelhantes r · ·
que houvesse autorisação para recrutamento, se- do ministro devia ser approvada, se elle provasse
guia-ee o completo ·absurdo de querer a camara, que a rtJceita não chegava para a despeza, porque
e não querer ao mesmo tempo ; por isso entendo a seguJ·ança do estado exigia que tal despen
ue a iniciativa de uo trata o 2o art. 36 não é se fizesse · e se elle não cu ri e o e
uma e1 annua , mas uma ei que t!clare a qualidade podia ser culpado aos olhos da c11mara. Salu1
daquelles que devem ser recrutados . e a fórma do populi suprema lex: não é um principio illusorio
recrutamento, etc. Lei <JUS não p6M ser annual, que não deve ser posto em exacuçi\o, é uma
nem-ter porftm marcar força, a qual já está determi· verdade eterna.
nada na-lei de fixação. E bem se vê que a camara E' evidente que todas as vezes que · o ser-
ainda ha bem pouco tempo pensava desta ma· viço da nação o requerer e a segurança publica
nelra, pt•rque no art. S• do projecto de lei remet- o reclamar, oe ministros devem lançar mão dQS
tido ·neste anno para o senado se diz: <I que o meios neoessarioa para não perigar a náo do
« recrutamento cessara desde jã, e s6 terá lugar estado, e re~resentarem depois ao corpo legislativo,
« q_uando fOr determinado pela camara » dispo· quando estiVer junto, a necessidade urgente que
a içao . que seria inteiramente inutll e absurda houver de tomar-se uma medida afim de ser
se não estivesse recebido o uso contrario. Mas approvada; pois que não podia entrar .na mente
disse-se .que o ex-ministro é s&mpre responsavel, do legislador o sacrificar tudo aos princípios
porque não veio pedir interpretaçtio á camara seguindo a maxima dos revolucionarias de França.
do artigo constitucional. Porem, quando vem o Passou depois a mostrar que a conducta do
governo pedir taes interpretações 'l Quando du· ex-ministro merecia louvor em lugar de vituperio,
vida. ou quando da interpretação natural resulta por isso que havia mandado dar baixa aos volun-
por um lado absurdo ou damno publico, então tarios que a ella tinhão direito e alliviado os
recorre ao corpo legislativo para dar a interpre· milicianos do serviço, que era um dos maiores
tação auth~nt~~a; mas quando ~ão ha ·duvida, damnos par!' '! ast~do; e tanto. u'!la Cf?U~a, como .
Estas duVidas só oécór~em aos membros desta ravel do comportamento do ex-ministro; sendo
casa/ g,uê olhando todos os dias plira a con· certo que da fiel execução das. condições do enga· ·
stituiÇã:o. e· meditando sempre sobre ella, deseo- -ja~ento nascerá o ·apresenta.rem-,se muitos volun-
brem mais facilmente imperfeições. tariOs e dispensar-se o. recrutamento, reconhecido
Q ex~ministro não fez outra coilsa mais do que por_ ~odos como ~m mal "publico, segundo dizia o
cingir-se á letra da constituição; e eu antes quero md1C1ado. '' · • •.·
que7'os mitiistr.os assim obrem e que não suscitem Notou que estava provado além disto, que o
duvidas.. !!Obre artigos constitucionlles; filhas pela ex-ministro não augmentára . a força, ' argumento
maior' p~rte 1 • não da boa fé .e do desejo de pro· de que a eommissão não tinha feito caso ; mas
mover, !li.'feüctdade do imper10, mas de ma fé, e _se a camara devia' decidir da bondàde ciu maldade
de vontade de embaraçar e de pOr tropeços ao das medidas pelos·· effeitos que prod~zirão não
a~damento da causa ·constitucional, e que a farão havia duvida que ·não existia criminalidade no
menoa respeitada, veQdo a nação 'lue diariamente caso {lresen~e ; pois que o eJJ;·IQinistro recrutl\ra
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SESSÃO EM 5 DE AGOSTO DE 18:31 29


800 praças, faltando na força 408 praças, e por- votação ; porque a não se c.onformare.m com eU es,
tanto o recrutamento fôra nominal e tendente não poderia ser justificada a accusação; e a pos-
a conservar. a força necessaria para o serviço teridade examinflria as opiniões e argumentos
do estado; e não para preparar uma revolução ' produzidos pró e contra, impondo sobre _a _ça_mara
Emquanto 8 encommenda das arma.s disse: que
tendo· o Sr. José Clemente reconhecido que não
h~ via o arma mentE necessario _para a força d~te~-

para· as' circumstancias da nação, e não estando « autoridade que está encarregada da manuten·
reunida a assembléa geral, nem sendo facil reunil·a « ção do socego e segurança publica, lançando
pela falta de communicações e pela distancia « mão d·os meios necessarios para a conservar,
das províncias, fizera encommenda das armas, 11 depois achar quem o accuse no seio da verdade,
no que não tinha obrado mal, antHs devia ser 11 de arbitraria, des potica e de infractora das
accusado se existindo aquella necessidade em que 11 leis. »
tanto interessava o socego ·publico, não tratasse Tendo j8 dado a· hora, ficou a questão
de a remedi.ar. . adiada.
Respondeu á objecção feita por um Sr. de· Levantou-se a sessão.
putado, de que o ex·ministro não tinha inten·
ção de pe~ir um credito suppleme~:ltar, vi~t<? tet·
quizera, segundo expunha, prevenir delongas, tra·
tando com a casa ingleza, para que mandasse vir o
armamento, mas contractou condicionalmeqte, em· PRESIDENCIA DO SR· ALENCAR
nt · do credito
BUQplementar, como bem mostravão as palavras De.pois de approvada a acta, leu o Sr. secre-
do attestado do proprio negociante: « que o paga· tario Pinto Chichorro, os offi.cios seguintes :.
manto ficava dependante da approvação da assem· Do ministro do imperio, participando que pelos
bléa eral. » · officios de 2 de Maio e 3 de Junho deste anno,
Ponderou que se o ex·ministro não tivesse consta achar-se em perfeita tranqu1 1 a e a pro-
praticado assim, se trataria primeiro -da utilidade víncia do Píauhy.
da encommenda, decidida a qual, se iria tratar Do mesmo ministro, tran13mittindo dous offi.cios
com a casa ingleza que a quizesse . aceitar, no do presidente da província das Alagóas, sobre
que haverião muitas delongas prejudiciaes ao suspen~ão de varios empregados J.l.UUlicos na
tllssouro e á brevidade que se exige em taes mesma província, afim de se tomareu1 em con-
negocioá, como sabião todos os que delles tra· sideração com outros officios do mesmo presi ·
tavão; e que por isso o ex·ministto tinha obrado dente a tal respeito, que já fóra envia•io á
excellentemente. camara.-Remettidos à commissão de constituição
Provou que não houvera distracção dos di· e á de justiça criminal.
nheiros publicas, porquanto não se havia feito Do mesmo ministro, acompanhaud,l o offi.cio
nenhum p'agamento e não exilltia por isso facto do vice.presidente da província, com out~u de.
re que reca 1sse a cnmma a e, ain q n ra VI a , .
não tivessej8 mostrado que fóra boa a conducta motivos porque não procedeu á e eiçiio tio~ i u-
do ex·min.iatro. Sustentou que os Srs. deput•ldos, rados.-A' commissão especial <le camaras muui-
os q-u:aes mostrar~~ não have~ criminalidade no cipaes.
em que a não' havia tambem na encommenda das rimeuto de Gustavo Henrique Brown, ex-mat'lH:hnl
armas; porque a primeira admissão envolvia o de campo do exercito, em que pede ser r~for!liiiUO
fornecimento dos meios que ella exigia, o qual só com o solJo daquelle posto; e á commtssno de
poderia escusar· se no caso. de se ter provado con· petições os re_querlmentos de Thomas B. Tilden
vincentemente que existia armamento proprio que e de Antonio Francisco do Nascimento Franoa. •
chegasse para armar todas as praças dos corpos do Approvarão ·se os pareceres seguintes:
exerc.ito; cuja existencill se não mostrava pelos Da commíss!io de con~tituiçiio, para que s~'
mappas, sendo aliás indispensa.vel pelas·. circum· peção esclarecimentos ao governo sobre O· reque·
stancias particulares em que a nação se achava, rimento de 14 · guardns do numero da alfandega,
havendo-se feito recentemente uma paz duvidosa e ·que se queixão de terem sido despedidos pelo
condicional. juiz da alfandega.
Accrescentou que elie orador se achava então Da commissão do banco, para que seja con-
na Europa e tinha lido os papeis publioos e verti.ia em projecto de lei a proposta do governo
folhetos em que muitos escriptores fr11nctlzes e de 23 de Julho ultimo, sobre medidas para
inglezes que tratarão da· refenda paz, e que uem liquidação do banco, faze'ndo·se-lhe suppressão
erão brazileiros nérn tinhão nada que faz~r com de parte do art. 1• e do art. 7•. - Mandou-se
a defeza do· ex·ministro, erão unanimes na opinião imprimir com a proposta. · ··
de que a paz era condicional e duvidosa, e que Da commissão diplomatica, sobre o requeri-
não .se realisaria em consequencia . da condição mento do Sr. deputado Montezuma, para que o
esti a õe savel o ex-embaixador ·em
a constituição que liouvesse de fazer a a~sembléa Londres marquez de Santo Amaro, por haver
constituinte de Montevidéo ; fundando-se os ditos promeltido sub sperati, como garantia do ell_l-
escriptores nas contestações que devia produzir prestimo contrahido pelos agentes da regenc1a
a di1ferença de systeme. de governo das duas estabelecida na ilha Terceira com a casa de João
nações. contractantes -e te. E ainda q11e e.ssim não Maberly, os fundos destinados pela assemblea
acon~eceu, o estadista que devia precaver-se contra geral para pagamento dos juros e amortisaçiio
o caso menos favoravel, não> poderia livrar· se do emprestimo portuguez. - · ·.
de culpa se não estivesse preparado para o caso A commissão é de parecer que o marquez de
· de novo rompimento. Santo Amaro não pôde justificar·se por não
Advertia á camara que cumpria usar de toda estar autorisado para semelhante negociação, e
a imparcialidade e justiça, segundo os dictames que se peoão ao governo inf'>rmações sobre· as
d_a . dignidade da nação brazileira e do seu espi· providencias que se têm dado para sah;ar a
r1to de generosidade, principias de que os Srs. de- honra e o credito nacional compromettido, ou
~utados devi~o necessariamente reve~tif-se na challlando 8 responsabilidade os que se achão
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:46 - Página 2 de 7

~-

30 SESSÃO E\\1 5 DE AGOSTo~ng 1831


·envolvidos neste n:>gocio, ou por outro qualquer algum bem, para me oppôr a este novo genero
me10 a•• seu alca11ce. de ç.. ntr,than<lo, quero apre$entRr urn .projecto
Da cnrumi,;sào d~ pensões e ordenado~. que de res.,luçfio se a can.ara o julgar urgente; do
julg:t niio déve ser ddcri<.lo o requerimento dos contrario, guar.1arei para outro dia. ( Leu uma
emp~ega<~os da extinc~a bulia da cruza·la, que l'esoluçào no sentido do seu discurso.)
, O ::>a. REBOUQA~ ent,mdeu que o mal se podia
remediar por meio de uma recommenda~ão ao
governo, para que cumpra as leis existentes, sendo
este o molh·•r meio de evitar os male~ ue .odião
f,lzenda aposentado com o resp~ctivo ~rd-P.nado, causar os libert"s afl"icanos, pois era sabido que
por lei os estrangeiros não pot.liào vender a re- /
que pede~ ,;e lhe dec'.:.re o venciment•J dA orde- tRibo em o n·,~so JM,z, o uma v~z que fosse
nado de lent& do curso jurídico em S. Paulo, prohibido a estP-S lihertos o venderem pa11DOS
sem prejuízo do outro ordenado, o qual decide da costa, berimbáo!', etc., pd vados do meio
que deve ser ind"f"rido, porquanto, nii•J pod~ndo uniC•l q11e lhes dá a subsistencia, sabiri:'io im-
o dito conselheiro accumular o;; dous ordenados, tnediatamente do paiz, pois elles não querem
se fosse dfectivo, por ser contra a lei, muito trabalhar.
menos o pó de f 1zer sendo aposent tdn. Q11anto
Da mesma commissão, para se pedirem in for· d'Afnca e
maçõe.;, ao governo sobre o requerimento de J,,.,é
~odrigues Pe.reira, alrnoxarife dos armazens na-

aposeutadoria com
vivencia para sua mulher e
Ficãrão adiados varias parece1·es de com-

O SR. MoNTEZUMA requereu que se désse para


a ordem do dia um projecto vindo do senado
sobre . impor~nções d_e escravos, . pela urgente
indicação, e que devia mandar-se
impnnm, julgando-se objecto de deliberação.
O Sá. REBOUÇAS apresentou o seguinte requeri·
menta:
(( Que se recommende ao governo que faça
executar exact.1me.nte as leis que prohibem que
os estraugeiros (com os quaes não houverem
tratados ) vendão a retalho e mascatêem neste
paiz. »
Foi remettido ás commissõas de commercio e de
di lomacia.

para que chegasse ao conhecimento d~quelles servaçào da ordem legal, a qual é, que sa pratique
homens e soubes$e o imperio todo que n camara a respeito desta o mesmo que se faz com outras
dos Srs. deputados tomavn muito a peito este repre~entações identicas.
negocio. Da commissão de pensões e orden11doa, J>Bra
Concluidas estas reflexões pedio que lha fosse ser indeferido o requerimento d9 Joaquim José
p$1)mittido o:lf~recer um projecto de resolução Ezequiel de Almeida, 2• official da camara mu-
ao qual fez preceder a exposição seguinte: nicipal da Bahia, que se queix•l da privação de
Sr. presidente, dos Estados-Unidos, da costa seu emprego, em consequencia da lei do 1• ele
d'Africa· e de muitas outras partes são remettídos Outubro de 1828.
para aqui os refugos dos libertos, que nos vêm
servir de maior peso do que vêm augmentar o ORDEM DO DIA
numero de braços c>~pazes de se empregarem em
objecto productivo. Todos sabem que os Estados- Continuou a 3a discussão, adiada da sessão
Uni,Jos estabelecêrão uma republica denominada antecedente, do parecer da eommissão especial
Liberia, para onde vão os libertos africanos ; de accusação contra o ex-mini-.tro da guerra, o
mas todas as vezes que não podem conseguir Sr. José Clemente Pereira. .
mandai-os para lá, visto que os não podem
forçar a ir, dão-lhes certo geito, fazendo ajustea O Sn. MAY declarou não encontrar crhninalidade
com elles, adiantão-lbes ajudas de custo afim emquanto ao primeiro ponto de accusação ; mas
de serem enviados ar d" erente art o só emquauto ao segundo, sobre o qual unica-
para S. Domingos, para o, Brazil, etc, evia 1D erpor acçao para o sena o.
Outro motivo ainda me move a apresentar o O SR. LIMPO DE ABaEu disse que depois dos
projP.cto que vou lêr, e é que muitos contra- conhecimentos do direito criminal e político.
bandistas de escravos da costa d' Africa, ven- desenvolvidos pelos nobres oradores na ultima
do-se impedidos de poderem continuar neste sessão, não teria pedido a palavra a não ver-se ,
infame .trafico, mandão vir .escravos e os declarão forçado a isso para~ defender-se da iucrepação
nas alfa11degas do Brazil como libertos de Angola, feita á commissào, e que lhe tocava como membro
Moçambiq)le, etc. E depois delles entrarem são della ; e para provar a boa fé e sinceridade
vend.id•>S nos leilões, ou quando não cheguem com que déra o seu parecer e com que ainda o
aos leilões são vendidos de outro qualquer. modo; sustentava, que o Sr. Montezuma pretendêra
e, em ·uma palavra, os contrabandistas satis- demonstrar: 1•, que os artigos da constituição
fazem o seu fim. Ora, para me oppôr a esta citados pela commissão, não havião sido infrin-
jm~ortação, que nin~uem dirá que possa produzir gidos; 2•, que a conducta do e~·ministro na :parte
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SE~SÃO E~l 5 DE AGOSTO OE 18'31 31


relativa ao recrutamento, longe de ser criminosa um parecer da commissão de constituição, a res-
era digna de elogio; que elle com tudo, se contra- peito do qual se maníf,starã•> varias opiniões a
dissera logo no principio do seu di:;curso, affir- 'favor e coutra na assem'bléa, increpando muito
mando que a commissã~ no se~ parecer e~a á commissão os Srs. H·>llanda e Lino o não
.
mava a tomar a 'defeza do ex-minísLro,
' pelo o recrutamento ; mostrando-se nessa occas1ao
conhecimento que tinha de que era mais louvavel victoriosamente que não era permittido aos mi-
e proprio defender. d_o que accu~ar ; porque o nistros .recrutar sem e~press~ _autorisação da
favorecer do que a criminar de onde resultava que se fizei?a a f~vor da facnldade que os ministros
que n1nit0 grandes erão os crimes do ex-ministro, tinhão de recrutar, pela razão .de que a assembléa
e mui fortes as provas, visto que apezar da em lei recente determinára que cessasse o re-
generosidade do caracter brazi!eiro, a qual elle crutamento; porquanto havia já d'antes um:l ex·
oradcr tan1bem reconhecia, a opinião publica pressa proh':Jição de recrut,,r no ~ 2• do nrt. 3ü,
culpava a José Clemonte, formando a commissão 'á qual servia de conformação a sobredita lei;
nesta parte o seu juizo pela evidencia dos factos, que da mesma fórma se tinba suRtentado por
a qual tivera a satisfação de encontrar conforme occa~iiio da accusa~âo do Sr. Oliveira Alvaros,
aos sentimentos qnasi universaes: que o prin- que não estava prohibida a creação de commissões
. cipio do salux populi sup1·ema lea;, sobre o qulll militares até uma época em que uma lei especial
se fundamentára a justificação do ex-ministro da assembléa geral ordonara que não ·se esta-
a s · e n · h ce e and tanto neste caso como no
debaixo deste ponto de vista, era muito elastico do recrut~smento a assemblea não tinha feito
e servia de pretexto a todos os despotas para mais do que repetir uma diiilposição constitucional,
commetter toda a qualidade de arbitrariedades e o que não era novo, e se praticava todos os
de ue o r. Montezuma só lancára mão afim diaR. E rose uio da maneir" se uiate :
de não deixat· meio algum poasi:vel d~ def<mder Disse mais o nobre deputado que reconhecia
um homem a quem desejava salvar, levado uni- ser . o caso duvidoso, ou pelo menos que assim
camente dos • san timentus de generosidade, que tinha parecido a alguns, porém que o ministro
lhe erão ro rios: ue o ar umento ara rovar não duvidara da intelligencia do artigo da con-
que não ouvera infracção . e constituição, se stitu1ção, e não estava por ISso o nga o a pe Ir
fundára em qut~ o art. l4G er•l uma lei de fixaç>to interpretação á camara ; nem eu pretendo que
4e força, e que pM consequenci~ o ex-ministro os ministros venhão consultar á camara quando
·estava obrigado a conserVflr aquella força que . não duvidâ·', mas digo, que um ministro quando
existisse ao tempo do juramento da constituição, praticar um acto constitucional dando aos artigos
ou na época do encanamento da assembléa, e da constituição falsa intelligen cia por erro ou
que a não se considerar autorisado a recrutar por malici!l. sem consultar préviamente a camara,
pnra preencher o rrumero de .praças que fosse esta tem. a obrigação de os accusar, para serem
faltando,· seguir-se-hia o absurdo qu-; a consti- punidos da sua má fé ou da sua ignorancia que
tuição lhe impunha uma obrigação negando-lhe não pôde servir-lhes de desculpa.
os meios de a desernpenhcn•: porém que a resposta Eu não quero que os ministros venhão todos
delle _orador era que havia distincção entre os d_ias a est~ casa com duvidas futeis, nem era

e praças por meio do recrutamento; 1•, não ~6 por saçiio, não haveria cousa mais facil do que sujeitar
ser cousa muito diversa, podendo completar se o o Brazil a tod•>f:l os males, e desculpar-8e elle
numero das praças por engaj ameuto ou por outro depois, dizttndo-não duvidei e por isso ntio dt~via
meio, como, pDr exemplo, com o nuxilio das consut;lr il cumara-nuo podendo portanto vuler
mllicias; purqne conservando em serviç.o numero este nrgumento, mas cumprindo examinur se faz
sufficionte de milicianos p>lra a defesa do <'stado mal.
preenchia a disposição du art. 1-iü, sem ofldnder Pretandeu o nobre deputado demonstrar 'lljUe
aquella do Si 2• do art. !36; 2•, mas · tambem a conducta do ex-ministre era digna de elogio
porque tal recrutamento lhe era expressamente em· vez de accusução: 1•, porque o recrutame11to
prohibido pelo citado ~ 2• do art. 36, o qual teve por fim dispensar as milicias do s~rviço
declarava ser da privativa attribuição da camara pesado que estav{io fazendo, e 2•, por dar baixa
dos Srs. deputados a iniciativa sobre recruta- aos solJaúos que tinhão completado o tempo do
mento: que não se havia provado ainda que a seu engajamento ; respondo que eu não acho que
palavra << recrutamentu ll, significava uma lei es- o ex-ministro seja digno de elogio, ou a conducta
pecial para marcar a condição dos que havião de qualquer ministro, quando não faz mais do
de ser recrutados, etc., e não simplesmente o que conformar-se á lei, porque me limito apenas
acto de recrutar; e que tanto não havia absurdo em a confessar que o ministro cumprio com o seu
:fixar o numero das praças que devião conservar-se dever. r .
em serviço activo, e não autorisar ao mesmo tempo O Sr. José Clemente no licenciamento das
ara o rP.crutamento ue se undo lhe arecia o ra as ue tinhão concluído o tempo de seu ...,
mesmo Sr. Montezuma tinha votado pela lai da llngajamento satisfazia a uma o rigaçao a que
fixação das forças de mar e terra para o anno estava ligado, e se ddxasse de conceder escusa
futuro, em que se determinava que o recruta- a qualquer praça que por aquelle motivo a re·
mento cessasse desde já, apezar de fixar-se em quereõse tinha commettido um crime. Logo, pelo
outro artigo o numero de 6,000 praças para as facto de cumprir. a lei dando estas escusas, não
forças terrestres. . é o Sr. Josó Clemente digno de louvores, nem
Que o argumento apresentado de que o ex- mesmo pelo facto da dispensa das milicias, por
ministro tinha a seu favor a pntica do governo isso que estava até na opinião do Sr. deputado;
era cont1·a p1·oducentem porque o governo sempre trouxe a n·ecessidade do- recrutamento que reputo
q11iz e praticou actos contrarias á prosperidade peior do que a conservação do serviço· das mi-
do Brazil; sendo exacto dizer-se que a cam&ra . ltcias, por ter-se feito com ofiensa da constituição
nunca impugnara a marcha do governo nesta do imperio, acto que acho o m11is pr•judicial de
- parte, pois em 1828 sobre o requerimento do todos. Por consequencia entendo que os argumen-
Sr. Hollanda Ci\valcanti hou~era a este respeito tos do Sr. deputado, longe de provarem o que
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SESSlO EM 5 DE AGOSTO DE 1831


elle deseja, apenas . confl.rmão a diffieuldade de era o·· melo mais .diminuto, menos profl.euo, .mala
defender o ex-ministro a respeito dos actos que difficil e tortuoso qtie tinba o· ministro da guerra
pratico11 contra .a constituição; e que não pode para chamar cidadãos ao serviço do exercito. E
ortanto justificar-se pelo que pertence ao recru· . continuou:
ameno.- . .
. .Pelo -que diz respeito . ás arn:ias e o discurso
do illustre deputado a que me proponho responder,
foi conciso e red:uz·se a esta proposição, que
estava a necessidade das armas para se 'atm!!rem todo o fogo da imaginação, tem sobre nõs a gloria
as _praças que se tinhão recratado ; mas permitta- maiot· poaer do que sobre as nações da Europa,
me dizer-llie que: ainda quando se oppuzesse que mas porque os cidadãos desejão ·servir á patria
o recrutamento era necesario, nem por isso se de outro modo), não e o serviço militar o mais
seguia que havia necessiliade de armamento, procurado. No Brazíl ha uma razão unica pela
porgue ex1stião nos depositoq do Brazil armas qual não apresenta a clas;~e militar a probabili-
s_uffieientes para armar os recrutas; pessoas de da de adquirir gloria que se offerece na Eu-
boa fé me affirmão que existem quasi 80,000 ropa.
armas, das quaes 3,000 estão em circumstancias Sem inimigos externos não ba. estimulo que
de não poderem servir, e restão portanto 25 a desperte o. impulso de generosidade e de amor
27.000 _arma~ que erão de sobejo para os recrutas da patria n_ecessario para se e:xpó!' ao ril!co de
. Quanto mais que as mesmas proposições .:io acções valorosas, e portanto ninguem corre a
ex-nliuistro na sua defeza dão a conhecer que o alistar-se no exercito, e são ínuteis os engajamen-
armaruenta era d~sne~easario ; dizia elle que os tos. Esta é e tem sido sempre a ol!inião da camara
- foríiu ns circumstancias urgent,es em que se achava militares que são nossos collegas, têm affirínado
o. <'lstado por causa da_ guerra do sul, e porque que não é possível haver engaJamento para pre-

.
f!é ~~mil!- a insurre.içiio obscura, cujos symptomas
.
sulres,>ondo: que fossem quaes fossem os calculas
encher as filas com os voluntarios, e sempre se
ti adoad i d
uma lei de recrutamento. Ora, se isto acontece
em tempo de paz, quem duvidará que a difficuk
dos e~tadistas europeus sobre a probabilidade de
renovar-~e, o ministro nada tinha com isto, por dade deve duplicar em tempo de guerra 'l Se
que estav!l. obrigado pela lei de 8 de Outubro em tempo de pnz os engajamentos não produzem
.., de lf:i28 a reduzir as despezas do minist-ro da o fim, como havião ce produzíl-o em tempo de
guerra pelo menos á terça parte, e ainda. quando guerra? E note-se mais uma circumstancia digna
a guerra se renovasse, (o que era provavel, da consideração da camara no tempo de uma
sern que mediasse um grande intervallo), elle se guerra que nlto era nacional, Não havia uma sõ
defenderia com a lei, cuja revogação entretanto pessoa grada quando estive na Europa, que du-
devia pedir logo que tivesse receios bem fuvdados vidasse que a guerra com Buenos-Ayres não era
de que as hostilidades. começassem ds novo. de opinião nacional; todos os brazileiros não
uerião fazer esta guerra pela fôrma or que ella
necessi<tade urgente das armas com a attestaoii.o tln a s1 o en en 1 a e prosegu1 a. s as con-
que apresenta (a qual para mim nada vale) de aiderações são de importaneia ou não 'I Eu dei-
que não ~e p~garião !ls armas senão quando o xarei á reflexão da camara o decidir, á vista do
que acabei <te expór: l.o Se os engajamentos podião
pagamen o 'f Pois que a ser indispensavel dis· en ao, e po em a o p u 1 1o a g m
tribuil-as não. se podia esperar pela. approvação effeito que e necesaario para qrle o exercito do Bra-
do corpo legislativo, a qual tinha grande demora, zíl não desappareça. 2.• Sa os ditr>s engajamentos
desde Novembro em que se fez a eneommenda, e1·ào possl.veis um \\m tempo em que a guerra nil:o
até 3 de Maio ; ·e se podia esperar seis ou sete se julgava terminada, mas suspensa por um armls·
fuezes, porque não podia esperar 12' Não sai tlcio: da sorte que nenhum brazi\eiro duvidava
como se fez esta calculo, porque o nobre deputado de que a guerra houvesse de romper de novo.
;t diz que era necessario antecipar a encommenda Onde irei eu buscar esta opinião a favor da dita
, para esta1: em progresso -quando se reunisse o probabilidade de guerra? Nos espíritos de pessoas
corpo legislativo ; mas admittindo a demora do 1sentas de parcialid!lde das circumstaneiaslocaes
po1· não pertencerem ao imperio, que esta vão nas
negocio, qual era o motivo de não· esperar pela · circumstancias de julgarem mais acertadamente,
autorlsação do corpo legislati-vo, que podia ac- e que sabião mais dos nossos negocias do que
erescentar mais dous ou tres mezes a esta de- nó~ mesmos. · ·
mora? Eu me lembro do que me acontecia em
Subsistindo pois os pdncipios em que a com- Inglaterra ; quando eu queria saber dé- noticias
missão se fundou, voto pelo parecer. · do :Brazil ia á casa do meu banq'Q.eiro em Londres,
O Sn. MONTJ;;ZUMA.. disse que não se conformava que me mostrava uma carta de um papel tão
com o preopinante, nem na explicação que dera comprido como não temos aqui, e lia nella tudo
ao art. 146, nem nas razões com que combatera o que havia de m_ai~ sec!:eto, qu!! dizia respeito
os seus r -
na fôrma porque sustentara a segunda parte do íntimos.
parecer da commissão : que o art. 146, mesmo Eu espantava-me com isto ; e dizia comigo
sendo julgado como lei de fixação de forqa, devia mesmo: -é possível que os estrangeiros saibão
entender-se a ~espetio da forya eft'ectiva, e niio tudo isto! Então todo o mundo no Brazil sabe
de outra maneua ; aliás segu1r-se-ia um absurdo mais_do que isto, e entretanto não sabia : mas
e -vinha a _!Jer, que depois de um tempo dado a razão é clara e simples. Os estrangeiros têm
a nação. de1xaria de ter força permanente ; que interesse em saber as menores noticias do nosso
· oti '(dous meios lembrados para completar a força estado político, examinão tudo, e • nós ainda não
sem Iiece!!Sidade_ de recrutamento: o lo de engaja- temos este interesse pela administração que é alma
mento, e ,o 2o de conservar as miUcias no serviço. da liberdade constitucional ; não nos emtiaraçamos
1levia admirar que fossem lembrados por àquelle muito da fórma~porque vão os negocíos ; chegarA.
Sr. deput~d2· não, em razão de não ser ll:lllitar, tempo, e não vem longe, em que isto aconteça,
mas em razao de iler brazileiro e saber muito e emquanto não chegar não podemos chamar-no•
bem por experiencia como tal que o engajamento nação livre. · ·
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SESSÃO EM. 5 DE AGOSTO DE 1831


- '''!'-

alguns outros

preencher as :dlas do exercito ; e não existindo Notou o. nob;e deputado contradieção 'no meu
nem um nem outro, é claro que seus argumentos discurso, por affirmar que a conen~tlJ do ministro
nesta parte são inattendiveis. ar~ ~igna de. ~logio na par~e que se ·referia__ao
Diss o · 1 re . ,
que a constituição se devia entender do modo e nas escusas dadas aos voluntarios, ao mesmo
que a commissiio a entendêra, não envolvendo tempo que eu tinha anteriormente confessado que
na lei de fixação das forças a necessidade de a opinião publica estava pronunciada contra o
conservai-as completas ; que os Sra. deputados, ex-mini!'tro. Eu porém não entendo que haja tal
e até eu inesmo, haviamos votado pela lei de contradicção, porque, além de ser muito difficil .
fixação das forcas para o anno finance1ro proximo conhecer qual é a verdadeira opinião publica, '
futuro, na qual se determina que o recrutamento ella não póde influir no espírito das deliberações
deixará de ter lugar, e que portanto eu mesmo do corpo legislativo.
tinha reconhecido a possibilidade de fixar a força Eis como respondo ao nobre deputado sobre
sem recrutamento ; mas o nobre deputado ha de o que disse ácerca da opinião : respeito a opinião
perdoar-me : eu citei este artigo a meu favor publica, mas é necessario que seja pronunciada
hontem, e de tal maneira, que não se óde tomar de um modo muito formal e solemne
o meu argumen o como con ra producentem. assim não fõr, eu quero antes votar segundo
Demais, o que disse o nobre deputado niio minha consciencia, do que deixar-me arrastar
concluet porque as circumstancias actuaes são por uma opinião que não seja talvez senão a
multo ai versas : tlxámos uma força mas negámos de um artido.
n , purque m nutmos o exet'(lJ o, e uan o encommen a das armas, os nobres
queremos experimentar se é posslvel conseguir deputados não responderão a um argumento que
um engajamento voluntario nas actuaes circum- a meu ver é sem replica; para se verificar res-
stancias em que estamos; porque achamo-nos ponsabilidade é preciso que haja dfspendio de
em paz, não nos ameaça guerra, e por canse· âinheiro e malvorsação, que não ·póde dar-se sem
queacia nenhuma dlfficuldnde nos obstava a negar existencia de facto nem realisação de contracto :
o recrutamento. Porém o meu argumento de hontem se elle tivesse sido realisado, e se mostrasse gue
foi que por isso mesmo que nós julgamos nacos· forão distrahidos dinheiros nacionaes sem autorl·
sario negar este recrutamento era evidente que sação da 'assembléa concedo, mas não houve
no art. 146 se comprehendia faculdade de recrutar. nada disto, não tem lugar a accusaQào.
A isto não respon.:leu o nobre deputado. Estranhou o illustre deputado que o ex-ministro
Se passou este artigo na lei de fixação da força não requeresse um credito supplementar antes
é porque julgé.mos que o . governo estava autori" de fechada a assembléa geral: a isto respondo:
sado a recrutar, e podia continuar a fazel-o não que foi reconhecida a necessidade . urgente das
se lhe suspendendo tal autorisação. Se é esta a mesmas armas depois de fechada a assembléa,
interpretação qlte a cama1·a acaba de dar á e isto mesmo é o que diz o ministro ·na sua
constituição ainda neste anno, por que razão defeza, e que pretendia pedir a. approvação da
accusaremos o ministro que a entendeu tambem assembléa logo que ella se reunisse, o que tudo
assim 'l O ex-ministro produz ainda o facto da e muito consentaneo com os governos repreKen-
lei de 25 de Agosto de 1827, que ratificou as t~tiV!JB, e como se pratica em todas as nações
i -
Ora, não é evidente que havia autorisação para Resta responder a um argumento sobre qaa
poder recrutar de uma fôrma especificada, propria não fallei llontem por esquecimento.
e providenciada pela assembléa geral ; quando Disse um illustre deputado que podendo pro·
rátiftcou taes instrucções, não foi porque julgou rogar a sessão não o havia feito, e notando-se-lhe
que o ministrQ se achava autorisado para re- que isso ara attribuição do poder moderador,
. crutar em consequencia. do art. 146? Não é esta replicou CJ.Ue deveria têl·o aconselhado ; porém
a illterpretação authentica, justa e legal, que esta argu1ção é \nadmissive\, porque os m~sistros
deve dar•se ao art. 146 'l Tendo pois provado que , não têm assento no conselho de estado uma vez
a interpretação do art. 14.6, e do_ § 2<> do art. que não são consultados, e porque o poder
36 feita pela commissiio não procede, e que deve moderador é inviolavel e irresponsavel. E' pois
. ser considerada nesta -parte soli!ia e fundamen- com os conselhelros de estado e com o podel'
tada. que acabei de proferir nesta casa e que moderador que se deve ventilar esta questão, e
tive a aatisfação de ver defendida por um bonra!lo não COUl ,OS JXWUStros ; mas apezar jl\sto leip.brarei
lj ..
ONOoli ~
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SESSÃO EM 5 DE .AGOS':fO DE 1831


que . a camara de 1828 foi,.prorogada por um Não· tràtemé,:~"mais do colosso que foi derribado
decreto referendado por. José Clemente Pdreira. mostrando a pouca força de seus alicerces, pro-
Oomo pois se póde accusar o ex-ministro por não curemos antes ·accusar aqnelles que estão ainda
qu~~et· .o poder moderador e conselho _de estadõ em p~._ os quaes ain_da. q':le sejão tambem frHCOS
gir-nos. (Apoiados.)
O Sa. Oooawo entrou em duvida, 'se
da man'3ira or ue acabára o discurso antece-
não foi prorogada por culpa do ex-ministro. · edente : que dev1a começar-se por ou ro m1n1s ro,
que não convinha fazer distincções, seu nobre
Disse-se que o recrutamento produzira grande autor requeria o adiamento.
mal ; de facto o recrutamento é um grande Sentio não estar presente o Sr. Limpo de Abreu
mal, mas é. necessario advertir que tal recruta- que refutaria melhor os argumentos avançados,
.. manto nunca chegou a existir senão em papel , e seria o combate m lis igual entre dous athletas
-os mappas tirão toda a duvida a_este respeito, de forças correspondentes, mas que tomara a
elles apoião isto com a maior evidencia e o põem palavra para responder aos argum(\ntos de novo ·
tão claro como a luz meridiana, ipois não ha a produzidos em razão de ter assignado o parecer
menor duvida de que em lugar de augmento da commissão, e estar obrigado a defendei-o, e
houve a diminuição de 408 praças. que não faria repetições desnecessarias, e pres ·
Ponderárão-se aqui os males que podião resultar cindiria de digress?es para as q~ae~ não era
o e · -
· podião servir de instrumento ao poder despotico • uma causa má.
defender
para acabar com a liberdade que exhauria o
thelilouro nacional, e que ia privar a agricultura, Respondeu ao argumento feito pelo Sr. Mon·
a índustria e o commercio dos bra os ue nestes tezuma, de que não devia entender-se a força
ramos se emprega-vão. Ora, se estas forão r.s razões para conservar no es a o e ec IVO, mas ·stm no
em que se fundarão os legisladores para prohibi- estado completo, aliás seguir-se-hia o absurdo
rem ao poder executivo a iniciativa de recruta- de poder ficar aniquillado o exercito ; que era
mento ; é evidente que não se mostrando a os- preciso para que assim acontecesse suppôr•se
s 1 i a e destes ma es a accusação não tem ugar. , ua era, u
. · Resumindo pois os argumentos principaes em geral se havia de reunir muitos annos sem fixar
que me fundo para votar contra o parecer da nunca a força; hypothese que não se podia
commissão, e que julguei dever apresentar á admittir, por isso ter acontecido uma vez ou
consideração da camara, direi que o art. 146 da outra; porquanto, quando o exercito estivesse
constituição foi sempre considerada como uma para se aniquillar seria isso mais um motivo que
lei de fixação de força, seja ou não clara a in.. teria a assembléa para fixar a força como a
terpretação dada pelo ministro, elle não prohibe constituição lhe incumbia ; que se tinha dado
o recrutamento, jll)rque uma lei de recrutamento como escusa do recrutamento a necessidade de
é aquella que marca as qualidades dos qua d~vem alliviar .as milícias do serviço arduo a qtle estavão·
ser recrutados; e vendo o ministro que a segu- sujeitas, porém que ainda no anno passado quando
rança d? estado exigia nas circumstancias cr_!ticas começárão a vit: á _camara os .trabalh?s dos con-
sentações delles para que as províncias fossem
alliviadas do serviço dos milicianos, e isto no
tempo em que. o Sr. J<!sé Clemente era !ll~nistro,
" .
que pretende justificar-se o recrutamento.
suas escusas. Logo, é evidente que a accusação
não pôde proceder nesta parte • Que se havia dito igualmente que os brazi-
Quanto ao segundo ponto de accusação, o mi- leiros não gostavão do serviço militar sem em-
nistro julgou que nito tinha armas para at·mar bargo de serem amantes da gloria ; mas elle
o exercito para a defeza publica, e fez a encom- orador não podia entender como estabelecido este
menda; disse o illustre deputado que existião principio se defendera que convinha recrutar,
30,000 armas, eu não ct·eio porque os mappas fazeL' mais tropa, e forçar ao serviço militar os
·mostrárão o contrario, e não devemos preferir brazileiros que tinhão para elle repugnancia ;
o dito de pessnas que poderáõ talvez ter infor- que tambem se affirmára que estivera sempre
mado mal ao·nobre deputado a mappas authenticos em uso o recrutar-se sem autorisação expressa,
e dignos de todo o credito. ·p•lr isso que na lei de fixação de força para
E co.ncluio o seu di3curso dizendo: Por isso o anno financeiro proximo futuro· se determinava
mesmo,, Sr. presidente, que existe contra uma que cessasse o recrutamento ; porém que não se
classe de cidadãos do Brazil certa indisposição podia admittir semelhante argumento em razão
publica, filha .de circumstancias particulares per- de que a dita declaração se tornára necessaria,
tencentes, não ás acções individuaes desses cida- por haver dito na lei do anno passado que se
dãõs;- mas á naturalidade de que era o chefe da fizesse recrutamento ; havendo-se entendido em
nação a quem por concomitancia ou analogia se todas as leis de fixação que todas aquellas..dis-
attribuem as hostilidades que só aquelle tinha posições que não forem revogadas por lei sub-
em vista ; permitta-se-me ue eu di a ue não se uente fi uem no seu inteiro vi or · e or isso
ence amos a carreua as accusaçoes depois do não podia colligir-se de maneira alguma que
grande dia 7 de Abril por esta classe de cidadãos ; existisse uma faculdade constante nos ministros
mostremos que somos brazileiros, que encetaremos para recrutar; que assim se tinha querido de·
·a carreira das aceusações por todos,- sejão de fender o Sr. Oliveira Alvares com a · lei especial
uma classe ou de outra, segundo a corrente dos para que não houvessem commissões militares,
factos, e não segundo a occasião, para que a pretendendo-se que erão ·até alli permittidas e
post_widade não diga qué para punir a D. Pedro que o ~ 17 do art. 179 da constituição, o qual
tratamos estes homens com despeito e desagrado prohibia . to das as commissões especiaes, não
sem que elles o merecessem. comprehendia estas; ao mesmo tempo que a
O dia 7 de Abril devia passar a eaponja sobre proposição incidente fóra mencionada na dita
01 acontecimentos preteritos, e marcar uma época lei de proposito como fazem muitas vezes os
nova no Braz\1, moaLrando nóa 6& nações civill- legisladores (talvez erradamente, o que elle autor
aadaa, que a11lm como temos aldo goneroaoa nas nlo queria decidir) para avivar· a execução
éJIOilll de reseneragllo, o somo• bOJo llll._ftlmente. de uma lei, sem proceüer contra os que a in-
1_ -'~~.~j:i :,r.
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SESSÃO ~M 5 IJE AGOSTO DE 1g31 . 35


mente, mas repetia que depois do dia 1 de Abrll.
se devia obrar com mais generosidade, imitando
nisto o exemplo de todas as nações que se tinhão
regenera o, para que a pos en a e nao iga que
a camara, só depois de derribado o supremo
colosso é que se atreveu a ir contra os seus
agentes.
m r u o que acon eceu com a accusaçao
proposta por Mr. de Pompieres contra o ministro
Villéle, a qual este patriarcha da liberdade fôra
obrigado a retirar, por assentarem os mais depu-
tados que não devião ser perseguidos ministros
quA nenhum mal podião já fazer.
Concluía que devia tocar-nos o exemplo da
grande nação franceza, que fóra a causa principal
do grande dia 7 de Abril; pois se os feitos da
semana heroica em Paris não houvessem soado
no Brazil, a nossa posição não seria qual hoje
é; que estava longe de .querer diminuir
~ . o esplendor

O Sa. MoNTEZUMA respondeu que este negocio


não podia vir á camara senão para que esta O Sa. Dus sustento11 o parecer da commissão,
votasse o credito supplementar no caso de reco- reproduzindo argumentos Já referidos, pronun-
nhecer a necessidade do armamento ; e por isso ciou-se contra o que dissera o Sr. Montezuma,
antes do ministro fazer a sua proposta para de que a revolução de França fóra a causa prin-
semelhante objecto devia colher os neceasarios cipal e proxima do dia 7 de Abril, o qual achava
esclarecimentos além do officio do conde do Rio ser devido só nos esforços dos brazileiros ; e pon-
Purdo, os quaes elle tinha podido obter depois de derou a nec.essidade de que o Sr. José Clemente
encenada a camara. E como posteriormente se apresentasse os documentos de que fall~va em
apresentarão motivos mais fortes a favor da ne- sua defeza, dos quaes constava a existencia do
cessidade do armamento, tratQu o negocio em plano da perigosa insurreição, até para salvar
sentido condicional, de qua o pagamento ficaria sua consciencia.
dependente da approvação do corpo legislativo, . Não havendo mais quem fallasse, perguntou
com o que não tinha compromettido a honra na· o Sr. presidente se a materia estava discutida.
cional, aliás votaria contra elle. 0 SR. CUSTODIO DIAS pedio o adiamento, que
Repetia o argumento du que não havendo mal- não foi apoiado.
versação nem distracção de dinheiros publicas, Julgada finda a discussão, o Sr. presidente
não se dava a accusação. · propoz, se tinha lugar a accusação.
Declarou que não lançára Decidia-se affirmat1 vamen te ; vencendo-se igual·
mente ue tinha lu ar tanto na 1• como na 2a
prevüegio da maior importancia e um direito parte.
proprio da nação, previlegio e direito que devião Passou-se á discussão tambem adiada da reso·
ser sagrados, e que não pensára . nunca que a lução n. 38 vinda do senado, J?ara se poderem
commissão exercendó·o tomas!le sobre si a menor fazer conciliações perante os ju1zes de paz, por
odiosidade. meio de procuràdores.-Oom a emenda addltiva do
Quanto á obE~ervação de· que elle orador na Sr.<< EFerreira de Mello :
pratica não desgostava de accusar, respondeu citada correrá unicamente á revelia quando a parta
estiver em paiz estrangeiro. >>
que não desejava dar em homem deitado, pois
os colossos já cahidos merecião commiseração O SR. CASTRO E SILVA offereceu a emeuifa se·
pelo seu abatimento, mas outros, que apezar de guinte: ·
serem tão fracos como elles estavão atnda em « A distancia de uma legua é impedimento legal
. pé exigião mais alguma consideração, porque para que as partes possão deixar de comparecer
podião cahir sobre elle deputado e submergel:o ; pessoalmente para o acto de reconciliação perante
que não pedira o adiamento para que se atcu- os juizes de paz, podendo em tal caso nomear
~assem outros Jllini!!tros ante~ do !:)r. Jesé Ole· seus pr~CIU.'adores com poderes illimitados, na
~· ...:~ ':•
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:47 - Página 1 de 1

SESSÃO· EM. 6 DE AGOSTO DE 1831


fôrma do art. 5o ~ lo da lei de 15 de Outubro se houverão de pagar o dito imposto, pondo-
de 1827. >> se>·lhes á margE)Pl a verba « isentos. >> E offereceu
. O R EIRO ·LEÃO a resentou a se inte uma resolução_ neste senti_do,_ gue foi a imprimi~.
emenda: · .. manto de José Militão da Rocha segundo tene.nte
<< Serã::. admittidos a reconciliarem-se por meio
de procura.dorés. munidos de poderes illimitados as da armada nacional, em que pede ser declarado
artes ue rilsidirem fóra dos districtos dos juízes cidadão brazilei~o, s. qua_l acl!a_ que o supplicante
de paz perante quem se eve proce er recon- lei fundamental.
ciliação, ou em distancia. de tres leguas do lugar Da commissão de guerra sobre o requerimento
da audiencia. » de João Baptista do Amaral e Mello, segundo
O MÉsMo SR. OARNÉIRO LEÃO pedio o adiamento, tenente de artilharia, o qual tendo 11oncluido os
que foi apoiado, discutido e rejeitado. quatro annos mathematicos da academia desta
Afinal forão tambem rejeitadas a resolução e as côrte, pedia licença para ir estudar em alguma
emendas. das universidades da Europa com as mesmas
Passou-se á discussão da resolução n. 106 sobre vantagens que têm aqui os alumnos da academia,
o augmento dos ordeundos dos o:fficiaes das dif- a qual licença lhe fôra negada pelo governo por
ferentes secretarias de estado. não caber nas suas attribuições. A commissão
Veio á mesa e foi apoiada a emenda do Sr. Oar- é de parecer que o governo está autorisado a
·ro· da unha: f .•
« Que e,stes ordenados :fiquem estabelecidos Da com missão de justiça criminal para que não
até quando durar o depreciámento do papel- se tome em consideração o requerimento de João
moeda. >> . da Silva Grego, preso das galés que pede ser
alliviado do tem o ue lhe resta. a cum rir de sua
sentença e que não se lhe imponha pena pela
segunda fuga que praticou.
Da mesma commissão sobre os requerimentos
de Antonio José Ferreira Meirelles e Felippe de
Siqueira presos sentencta os, os q11aes pe em
perdão de suas sentenças ; e acha a dita commis-.
são que não compete á camara deferir-lhes. ·
Da commissão de pensões e ordenados sobre
um officio do ministro da fazenda de 11 de
Agosto de 1829, com a representação da junta
da caixa da amortisação, para se crear um fiel
do thesouro da mesma caixa, afim de que se peção
Sess•o em 8 de Agosto informações ao governo se existe ainda necessi-
dade da creação do dito emprego.
PRESIDENCIA DO SI!.. ALli:NCAR O Sn. CosTA FERREIRA mandou ·á mesa uma
s - fi ssem rohibidas as colla-
epo1s e approva a a ac a o r. sacra ar1o ções dos parochos até que houvesse uma esta-
Pinto Ohichorro deu conta do expediente se- tlstica da população do imperio.
guinte: Não se JUlgou objecto de deliberação.
Um officio do ministro da fazenda remettendo Foi tambem a rovado o ro"ectb n. 107 ácerca
c p1a au en 1ca o ecr o o dos registros e passap;em do Parahybuna, com
de 1828, que diz respeito aos vencimentos man- as emendas do Sr. Ferreira de Mello e Muniz
dados continuar a Antonio Caetano da Silva..- Barreto. ·
Remett\do á secretaria. Começou-se com a terceira leitura do projecto que
Forão approvados os seguintes pareceres : reforma a constituição do imperio, apresentado
Das commissões de constituição e de ordenados pela commissão especial, e foi esta interrompida
para que o governo haja de deferir a Antonio por pedir o Sr. Carneiro da Cunha a palavra
Joaquim da Silva Veiga, injusta e arbitraria- com urgencia para ler um aviso impresso -aos
mente privado do seu emprego vitalício de aju- habitantes da província de Minas, e como o não
dante da fundição da casa da moeda desta cidade, mandasse á mesa e um Sr. deputado dissesse
por decreto de 6 de Fevereiro de 1828, reparando que não era objecto urgente;· terminou-se a ques-
o mal que se lhe tem causado. tão para tratar-se em occasião <ipportuna. ·
Da commissão de redacção sobre a resolução Entrou o ministro do imperio e depois de
n. 15, · a respeito da creação de varias escolas varias observações fez duas propostas, as quaes
de primeiras letras na província de Santa Catha- ficarão para serem tomadas em consideração, re-
rina. tirando-se o ministro sendo remettida a primeira
Da. mesma commissão apresentando o projecto ás com missões de comm&rcio e primeira de fazenda
das aposentadorias com as emendas offerecidas, e a· segunda á commissão de ca.maras muoicipaes.
e bem assim expondo na segunda parte a maneira Continuou-se com a leitura do projecto das re-
de classificar as ditas aposentadorias e emendas formas de _Eonstituição, e find~ e~ta foi <? proje_!lto
a mesa para que se conceda, para collocar
a secretaria do registro das mercês, o salão
terreo do paço da camara, comtanto que se REQUERIMENTOS E PROJEOTOB
fechem .as communicações internas com o mesmo
paço. . , O Sa. HoLLANDA requereu que fosse alterado o
Da 3• commissão de fazenda sobre o reque- régimento da casa para que não fosse adiada
rimento do administrador dos hospitaes de s. Pedro uma discussão, senão por votação especial. sobre
de Aiôantara e Lazaretos na cidade do Recife, adiamento, e nunca por ter acabado a sessão pois .
em que pedia isenção da decima para os predios devêra proceder-se á votação, ainda que algum
urbanos, patrimonio dos mesmos hospitaes ; a membro da casa tenha a palavra.- Que nenhum
commissão j_ulga· que os ditos hospitaes gozão do discurso durasse mais de meia hora, para o
indulto do ~ lo do alvará de 27 de Junho de que houvesse uma ampulheta em cima da mesa.
lt;OS; e que os predios urbanos de estabeleci- Foi á mesa para dar o seu parecer.
mento de caridade das casas de misl!ricordia sejão Julgarão-se objectos de deliberação, e forão ~
teva~oa ao lançamento geral da 4~olma, como imprimir os seguintes projectos de lei:
.. ' . ..... . .
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SESSÃO EM 8 DE AGOSTO DE 1831 37


Dós Srs. deputados do Rio Grande do Sul para de Pernambu~o, e a promoção feita pela dita junta
que cs estrangeiros estabelecidos na qualidade de em consequencia,
cclrmos na província de S. Pedro en~rem no gozo Do ministro do imperio remettendo o officio do
dos direitos de cidadãos brazileiros or natural-i- residente · · Parah ba -
sação.- 11e o governo fique autorisado a conce- nhando ·uma representação da camara municipal
der catta de naturalisáção a qualquer estrangeiro da villa de Pombal, recusando-se annuir a um
residente ha um anno no Brazil com boa conducta convite que lhe fez a villa do Crato, para se unir
e exercendo um ramo de industria. á ella e formarem uma rovincia. - Remettido
o r. arneno a un a para co omsaçao e commissão de camara:> inunicipaes.
cultura das províncias de Goyaz, Matto-Grosso e Do mesmo ministro remettendo dous officios do
Pará, concedendo sesmarias a. nacionaes e estran- presidente da Parahyba que acompanhão os reque-
geiros que lá se forem estabelecer e dando ajuda rimentos dos officiaes e porteiro da secretaria do
de custo a familias pobres que para lá queirão ir. governo pedindo augmento de ordenado.- A' com-
Do Sr. Vallasques para que os j llizes dos orphãos missão de pensões e ordenados.
possão emprestar com o juro ou premio as quantias Do mesmo ministro acompanhando a represen-
pertencentes aos orphãos de suas jurisdicções que tação do presidente da província da Bahia, pe-
não puderem ser immediatamente empregados em dindo providencias para serem novamente admit-
bens de raiz. tidos ao serviço dos arsenaes daquella província
Do Sr. Brito Guerra para se extinguirem os muitos dos jornaleiros que forão despedidos em
reconhecimentos e _justificaçõe~ de India e ~i~a consequencia da lei do orçamento.- A' commissão
do imperio para outra. Do ministro da justiça remettendo varios officios
Do Sr. Maciel para que o cidadão que transitar e requerimentos que dependem de medidas legis-
de ~O! para ou~ro lu~ar do imper~o fóra do seu lativa~·-:: A' secret~ria para se distribuírem pelas

passe- do seu juiz de paz, e aJ:iresental-o ao juiz Do mesmo ministro a~ompanhando dous ofli.cios
de paz do lugar para onde fõr, ou por onde passar. do chanceller interino da casa da supplicação,
Dos Srs. Perdi~ão e Fernandes da Silveira represent~ndo a ne.cessidad~ ?e se.c~ear~m mais

Alagõas e Piauhy o decreto de 25 de Junho de cõrte, de darem-se ajudantes aos escrivães crimi-
1831. naes e outras providencias que dependem de
Do Sr. João Candido de Deos e Silva para que medidas legislativas.- A' commissão de justiça
o governo mande por pessoas habeis e intelligentes civil.
indagar nu interior do imperio q, ponto central Do secretario do senado participando que o
mais conveniente para alli se edificar a capital delle, senado adoptou, e vai dirigir á sancção imperial
e declarando as condições e modo de proceder. as seguintes resoluções remettidas desta camara :
Não se julgou objecto de deliberação a proposta Ia, declarando dia de festividade nacional na pro-
do Sr. Fernandes da Silveira, para se empregarem víncia da Bahia o dia de 2 de Julho; 2a declarando
tres hiates por conta do governo em as barras de que os membros dos conselhos do governo das
Cotinguiba, Sergipe e do Rio-Real no auxilio e p~ovincias, a.:!sim como os das camaras municipaes
direc ã do · ue d -
SEGUNDA PARTE DA ORDEM DO DIA
Foi a rovada a rasolu ão n. 13 tomada sobre a
proposta do conselho geral da província do Rio Leu-se e approvou-se a redacção do decreto de
Grande do Norte, para o estabelecimento de uma accusação contra o ex-ministrü e secretario de
cadeira de grammatica latina, assim como de estado dos negocios da guerra, José Clemente Pe-
escolas de meninas, e de escolas de primeiras reir~.
letras na cidade, villas e povoações designadas da Forão approvados os seguintes pareceres :
mesma província. · Da commissão diplomatica sobre o officio do
' Entrou em discussão a seg11nda proposta debaixo ministro e secretario de estado dos negocios
do n. 50, da Parahyba do Norte, que ficou adiada estrangeiros que remetteu cópia da nota do ei.l-
pela hora. carregado de negocias interino da regencia da ilha
· 0 SR. PINTO ÜHICHORRO leu Um officio do minis- Terceira, em que reclama do governo imperial o
tro do imperio, em que communica que a regencia effectivo pagamento dos juros e amortisação per-
em nome do imperador receberá a deputação tencentes ao emprestiml) portugttez pelo qual o
encarregadR de pedir a sancção de alguns decretos governo brazileiro se responsabilisou exigindo uma
da assembléa geral legislativa na segunda-feira resposta franca e categorica. A commissão julga
8 do corrente pelas 2 horas da tarde. qae o principio adaptado pelo governo do Brazil
O SR. PRESIDENTE nomeou os membros da de suspender todo e qualquer pagamento do
deputação, indicou a ordem do dia seguinte, e citado emprestimo, logo que a córõa de Portugal
levantou a sessão ás duas horas e um quarto. se tornou contenciosa,é derivado do direito publico
da!l gent.:.s; e outro sim que os tratados depois de
ratificados não reoonhece!n outros juizes nas du-
SessAo em 8 de A.arosto que não sejl'io novos ajustes, e convenções entre as
altas partes contractantes 011 arbitras de sua mutua
PREBIDENOIA. DO SR. ALENCAR escollia, ou por ll.m outro qualquer expediente
que o direito das gentes autorisa, e que portanto
Depois de approvada a acta, o Sr. to secretario se responda ao ministro neste sentido.
leu os officios seguintes : Da ta commissão de fazenda para que se peção
Do ministro da fazenda com as informações que esclarecimentos ao governo sobre os motivos-da
se pedirão em 29 de Julho ultimo, sobre a repre- falta de pagamento dos juros de 3 apolices do
sentação dos negociantes da Bahia, que pedião ser emprestimo contrahido na província de Pernam-
indemnisados de uns direitos que tinhão pago em buco em 1796, pertencentes ao hospital da cari-
dobro. dade da villa do Penedo.
Do ministro da guerra remettendo a cópia da Ficárão adiados por pedir-se a palavra, um
portaria de 9 de Agosto de 1822, expedida pela parecer da C9intnissão diplomatica e outro Q:\
repartição
,
dos negocias
'
da guerra
..
ãjunta provisoria
' ..
commissão de'-"guerra,
' .... '
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··,~,

',...:·

38 SESSAO EM 9 DE AGOSTO DE 1831


'!'

O Sa. REBOUQA.S pedia a palavra com urgeneia . 13. Se se approvava a emenda do Sr. Maia.-
e mandou á mesa uma resolução ácerca da moeda Não passou.
de cobre correr depois de certo prazo só por 14. Se se approvava a emenda do Sr. Rebouças.
metade do seu valor, pagando-se a o_utra .met~de -Não passou.
e
que se hão de resgatar. judicada.
l!,oi julgada objecto· de deliberação, e mandado 16. Se se approvava a sua doutrina.-Passou.
imprimir com urgencia. O Sa. MENDE:S RIBEIRO orador da de uta ão
O Sa. A.Y apresen ou os pedindo a palavra disse, que sendo a deputação
rimentos: introduzida com as formalidades do costtLme
1. o « Que se peção ao gover.no informaÇões nova- entregára os dois decretos da assembléa geral ao
mar, te sobre o estado de occupação em_ que presidente da regencia, o qual respondeu que a
possa estar a ilha do Focinho de Cabo Frio regencia os examinaria em conselho de estado.-
pelos inglezes, occupados apparatusamente h a tanto Foi recebida com muito especial agrado.
tempo em tirar do fundo do mar dinheiros que O SR. PRESIDENTE indicou a ordem do dia da
se dizem naufragados o anno passado, e ácerca sessão seguinte e levantou a sessão ás 3 horas
do que ha tres mezes correspondeu esta augusta
camara com o governo. 11 e meia.
Foi apj>rovado, salva a redacção.
2. ~ << Que se peça ao governo· uma min_uta
padrão) que se tem lançado na circulação, e do Sessão em 9 de Agosto
papel vell:lo que se recolheu e carimbou, e que
possa estar em reserva até o dia lo do corren~e PnESlDEl\'fOrA DO SB, ALENCAR

dade. » Leu·se a acta e foi approvada com uma pe-


Foi approvado. quena· alteração ; depois do que o Sr. secretario
3.o .« Que se peQão ao gover':lo ~nformações sobre P~nto Chichorro deu conta do seguinte expe-

nados e gratificacões elo official-maior e ofliciaes Um officio do ministro da justiça, respondendo


de secretaria do senado, e mais .quantidades e que os decretos relati.vos á extincção de ordens
qualidades de empregados na .dita casa, e os religiosas lavrados em 1809 ou lSlO, não existião
da camara effectiva, tudo a bem do budget. » naqu.ella secretada, por !sso que foi creada em
Foi rejeitado. . 1822.
Do ministro dos negocias estrangeiros remet,
ORDEM: DO DIA tendo por cópia as ordens que se expedirão pela
sua repartição, para.. virem estrangeiros para este
imperio.-Remettida á commissão especial de
Continuou a discussão do adiamento da reso- accusação de alguns ex-ministros de estado.
lução n. 106, que trata dos ordenados dos officiaes Do ministro do imperio acompanhando o decreto
das secretarias de estado, e foi rejeitado. elo ual se concedeu a D. Maria Alves de
rog 1 1s -o . com RB e as lmeida e Albuquerque a pensão de 400fl. -A'
apoiadas, e outras que se o:lferecêrão . de novo. commissão de pensões e ordenados.
Ao meio dia ficou adiada a mataria em dis- Do secretario do senado remettendo as emendas.
cussifo oom a chegada do ministro da !azend_!l, a rovadas elo seriado á resolu ão desta camara,
marcando o tempo que devem servir os in iVl·
do art. lo do projecto de lei que fixa a receita duos nos corpos das tres armas do exercito.
e despeza ·do anuo financeiro de 1832 a 1833. Sendo dispensada da impressão e vencida a
Interrompeu·se depois a discussão alguns mi- urgencia, entrárãc. em discussão e separadamente
nutos antes das duas horas, e lerão-se, afim de approvadas, forão remettidas á commissão de
serem remettidos á sancção os dois decretos da redacção com a resolução. ·
assembléa geral creando as guardas nacionaes e
mareando as attribuições do tutor do imperador O SR. ALvEs BaA.Noo E MANOEL AMABA.L man-
menor; e concluída a leitura, o Sr. presidente dárão á mesa a seguinte declaração :
convidoU:· aos senhores da deputação a que se << Declaro que na sessão de 8 de Agosto . votei
retirassem. não só a favor do art. lo da lei do orçamento
Dando-se por finda a discussão do art. lo, passou em discussão como pela minha emenda e pela
a votar-se· sobre elle e sobre as emendas, e houve do Sr. Souto, e contra tudo o mais que se
as seguintes votações: venceu. n
La A emenda de suppressão de nrtigo.-Rejei- Approvou·se a redacção da resolução creando
tada. varias cadeiras na província do Rio Grande do
2.• O artigo, salvas as emendas.- Rejeitado. Norte, afim de ser envi11da â sancção.
8.• O artigo tal equal.-Rejeitado. Approvou·se tambem a redacção da resolução
4.• O artigo por partes.-1• e 2• approvadas, extinguindo os emolumentos, que a titulo de
3• su primiaa. termos se cobrão no reE:istro da Parahyba ou
. a a em outros quaesquer re 1stros dos portos seccos,
Amaral.- ao passou. a m e serem env1a os ao sena o.
6 ... Se approvava e. 2• parte da mesma. emenda.' Foi julgado objecto de delib~:~ração e mandou·se
-Não passou.'. imprimir o parecer da commissão de.. estatística
7. a Sobre a emenda do Sr. Ribeiro de An- sobre o requerimento dos habitantes da freguezia
drada.-Foi approvada a 1• parte e rejeitada de Mangaratiba, que pedem que ella seja erigida
a 2&. em villa ; o qual parecer é a resolução para que
8.• Se a emenda do Sr. Carneiro Leão estava a freguezia de Nossa Senhora da Guia de Man-
prejudicada.-Não passou. garatiba seja erigida em villa, com a. mesma
9.• Se se approvava a sua doutrina.-Passou. denominação, creando·se nella as autoridades
10. Se estava prejudicada a emenda do Sr. Souto. administrativas e judiciarias que são de lei. _
Não passou. O SR. Mumz ll&RRE~o enviou á mesa a seguinte
11. Se se approvava a sua doutrina.-Passou. declaração :
12. Se se devia supprimir a palavra pub!içf,ç. « Declaro que na sessão de bontem votei pelo
-Não passou. · •• . art. to do pro~ecto da ~ei do or9amento. ll
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SESSÃO EM 11 DE AGOSTO DE 1831 ·39


ORDEM DO DIA Foi á commissão de poderes o diploma de
Manoel Rodrigues Jardim, 'deputado supplente
Continuou a discussão da resolução n. 106 au- pela província do Goya z.
gmentando os ordenados dos officiaes das secre- Forão approvados os requerimentos seguintes :
ari s o, o imeiro r i ,) r. on ezjlma:
qual apparecêrão varias emendas. cc Que se peça ao go'\'erno cópia do aviso pas·
Julgando-se finda a discussão foi proposta a sado pela secretaria de estado da marinha com
emenda ·de suppressão do artigo, e foi rejeitada data de 29 de Julho, de que falia o aviso da
.
Entrou em discussão o art. 2•, mas ficou adiado
. p i -
anno; outrosim, informe o mi.nistro os fundamentos
pela hora. . que teve para ordenar que S!' fizessem despezas
O SR. PRESIDENTE indicou a sessão do dia se- do monte-pio com os fundos consignados pela lei
guinte e levantou a eessão depois das duas do orçamento do anno passado para despezas
horas. · eventuaes. u :
Do Sr. Maciel, exigindo: 1•, a carta topogra-
_phica do canal projectado entre o Rio Grande e
a bahia desta cidade. 2o, a carta do mesmo canal
entre o rio Merity e a Pavuna. 3•, as memorias
Sessão em li de Agosto e officios que acompanhárão aquellas cartas, assim
C?mo o livro que contém as observa~ões do

Approvada a acta, o Sr. secretario Pinto Chi-


chorro deu conta. d? expediente seguint~ :
que por urgente negocio do serviço não podia
vir assistir á sessão para que fôra convidado.
Do ministro da marinha remettendo dois ofii·
· cios dos residentes das rovincias de Ser i e
e das Alagôas, com os requerimentos _que os de Baependy, para se pedirem informações á
acompauhavão.-Remettido tudo á commissão de repartição da fazenda ácerca da especie de moeda
marinha. em que a sociAdade de mineração de Eduardo
Do ministro da justiça ·pedindo uma somma Oxenford tem f :ito os pagamentos de direitos, se
razcavel para concerto' da cathedral da Bahia, tem pago agio e em que épocas.
á vista do orçamento a que se· mandou proceder Julgou-se objecto de deliberação par>\ entrar
e attenta a urgencia daquelles reparos.-A' com- em discussão sem ser impressa uma resolução da
missão 'de orçamento. commissão de pensões.
Do mesmo ministro . enviando os o:flicios do Recebêrão-se com agrado as observações feitas
chanceller interir1o da cas11 da supplicação e do pol' Eusebio Vanerio acerca· de melhoramentos na
chnnceller da relação da Bahia, que pedem va· alfandega_ da Bahia, apresentadas pe)o Sr. depu-
rias providencias. - A' commissão de justiça
C VI .
Do mesmo ministro remettendo o officio du juiz
de paz supJ~lente da freguezia de Marapicú.-A'
commissão das camaras municipaes.
. i
presidente da província de Pernambuco com a
re~resentação da camnra municipal da cidade de
Olmda.-A' commissão das 1:amaras municipaes.
Do mesmo ministro communicando não existir
naquella repartição documento algum por onde
"'conste a cessão feita por Salvador Pereira da
Costa do officio que ootivera e de que trata a
consulta do conselho da fazenda de 24 de Abril
de.l826.-A' commissão de pensões e ord~nados.
- Do mesmo ministro enviando o officio do vice-
presidente da província do Rio Grande do Norte,
em que participa a reunião da tropa que teve. ORDEM DO DIA
lugar naquella província, o por que motivo.-
A's commissões de constituição e justiça criminal. Continuou a discussão da resolução n. 106, acerca
Do secretario do senado enviando duas pro- dos ordenados dos officiaes das secretarias de
• posições daquella camara: estado, no art. 2•, adiada da sessão anterior com
- ,,·t.a Declarando que aos 21 annos completos varias emendas e outras que de novo se offerecêrão.
termipa a minoridade. Afinal depois de varias reflexões foi approvado
2. • Para se construir o paço das duas camara.s o artigo com a emenda do Sr. Carneiro da Cunha,
le lsla i té a u· s
mente as aulas da academ a millt,1r. secretarias, sejão recolhidos ao thesouro.
Do mesmo secretario com a resolução do senado Entrou em discussão o art. 3•, que foi approvado
marcando o tempo porque devem servir os actuaes com uma pequena emenda. .
· ve.readores das camaras municipaes.-A impri- Entrarão em discussão alguns artigos additivos ;
mir. e forão approva dos o do Sr. Carneiro Leão e- o
Forão recebidas com especial agrado as repre· do Sr. Maciel: depois do que, a res(llução foi á
sentações das camaras municipaes de Pitanguy commissão de redacçãn com as emendas appro-
e de S. João d'El-Rei, em que expoem a sua vadas.
disposição a favor da· ordem de co usas actual, e Entrarão em discussão e forão approvadas as
felicitão á camara. . · emendas do senado ao projecto de lei que fixa
Foi ã commissão de orÇamento o requerimento as for.;as navaes para o anno financeiro de 1882
de- Guilherme Young, pedindo o pagamento das -a 1833.
armas que mandou vil· por encommenda do go- Approvou-se o requerimento seguinte do Sr.
verno. V~ira Souto:
'"'7,
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:48 - Página 1 de 1

.to SESSÃO EM tt DE AGOSTO DE 18,31


<I Que se ofticie ao senado para saber se consente
em,que o art.- 2o se redija em harmonia com co,
vencido- o9 lei da o.:ganisação do corpo de arti~:·_
lharia de m~rinha. » · '_, _,-_ ·

ÇÕeS, as quaes ficarão adiadas, emquanto aos OU·


tros, por se pedirem esclarecimentos. - -
O SR. PRESIDENTE .. nomeou para membros da
eommissão das contas de Londres, em lugar dos
impedidos, aos Srs. Maria do Amaral e Baptista
de Oliveira.-
· Indicou a ordem do dia para a sessão seguinte
e levantou-se a sessão depois das 2 horas.

'-sessão em 4lZ de &gosto Da· mesma commissão sobre ififormações e do-


cumentos remettidos pelo ministro da marinha,
PllESID!!.NOIA DO SR. ALENCAR âcerca da apo_:;entadoria de Anton~o José de
ida e approvada a acta, o Sr. secretario Pinto
Obfchorro leu os oJiicios seguintes :
- Do ministro da guerra parti'cipando que se ião
-expedir as mais terminantes or ens a com an· ' .
an e mt ttar da villa de Campos, para fazer les que a pedem pelo mesmo motivo.
desoccupar e entregar á autorídaile competente o «Paulo de Lewenroth, to sargento do extincto
seminario denominado da Lapa. batalhão de caçadoras, queixa-se de haver sido -
_. Do ministro do imperio submettendo á conside· demittído como estrangeiro, estando \mpossibili·
"':' ração desta c11mara os requerimentos- do conego tado de ganhar a sua vida por feridas que recebera
João Marciano de Campos Lima e Julio Casar na campanha do sul. As commissões reunid11s de
Muzzi, expondo as duvidas que se lhe offerecerão guerra e de ffensões são de parecer que se remetta
sobre o transito dos seus diplomas pela. raspe· o requerimento ao :gove~no para deferir-lhe á
ctlva chancellaria, para a profissão do habito da vista da carta de léi' de 24 de Novembro de 1830. "
ordem de Ohristo, de que t.iverão mercê por de· Da commissão de pensões e .o!denados .sobre •
eretos de 4 de Abril de 1821 e 15 de Dezembro a representação <ta camara muntc1pal rla Vllla de
de 1830. -A' commissão de justiça civil. Alnoba a na ro i · ·
so re a correcçao o corro do thesouro, ou os dízimos e direitos que
engano de uma palavra em uma resolução da ca· alli se cobrão, afim de edificar a respectiva matriz
mara sobre propostas do conselho geral de Per· já começada : e julga emquanto á 2• arte que
nambuco. -A. Cttmar~ conveio na emenda. (Jeva ser indeferida · e em uan '
reme a commissil:o de orçamento.
adoptou e vai dirigir á aancção Imperial em fórma Da commiEJsiio. de fazenda sobre o requeri·
de decreto, a proposta do governo sobre a organi· manto dos ajudantes da escript11ração da a.lfandega
sação do thesouro publico nacional com ns emen· despedidos em consequenc1a da ultima . lei de
das postas e appro'Vadas por esta camara ; e bem orçamento que pedem reintegração ; a qual julga
assim as duas resoluções sobre outras do conselho que os supplicantes não têm direito ao q11e pedem,
geral da província de Pernambuco, prohibindo na por serem os seus lugares interinos~· porém em"
mesma província as congregações dos religiosos attenção a terem servido ô annos, manda remetter
capuchinhos e dos carmelitas descalços o requerimento ao governo, afim de serem atten·
_Teve segunda leitura e ficou para terceira a di dos como convier ao serviço nacional.
proposição do Sr. Henriques de Rezende sobre Da commissão de guerra pata se pedirem ao
reforma do cap. 5o do tit. 4° da constituição. ;- -'governo os esclarecimentos seguintes : ··
Foi remettido á commissão de poderes o reque-; ": . - 1. o Se além da proposta feita pela junta
rimento do Sr. Valasques para licença de retirar-se provisoria de Pernambuco, em consequencia da
para a Bahia, por causa de negocias urgentes de portaria de 9 de Agosto de 1822, existem na se·
familia. ereta ria da guerra outras feitas ·pelas difierentes
Remetteu·se á commissão de constituição o juntns provisorias da mesma província até o anno.
requerimento do Sr. Carneiro da Cunba, . para de 1824. - \ -
que déase o seu parecer sobre a indicação que 2.o Se o general Labatut, commandá'!lte -~4o
tinha feito sobre o desembargador Aragão, a exet'cito da Bahia foi autorisado para pt~over ·, .
respeito da duvida do colle io ei . . • · - -. ' · -
nam uco, se era-ou não cidadão brazíleíro_ Pedro na . secretaria alguma propqsta· f~ita, pàJ~'-"dito
. Borges; e ultimamente sobre o requetimento do general.. - _ . ,\f .·.
cidadão Domingos Lopes, pedindo se faça effe- S;o Se quando se recolherao as tropas . de
ctiva a responsabilidade dos membros do conselho Pernambuco átjuella província, o governo della
supremo nülitar. fizera alguma proposta nos corpos que se reco·
Approvarão-se os seguintes -requerimentos : 1herão.
J)a commissão de pensões para pedir-se ao
governo cópia da portal'ia de 7 da Março de 1825, ORDEM DO DIA-, .
a favor do filho primogenito do desembargador
Joaquim Bernardino de Souza Ribeiro, concedendo-
-lhe o oftlcio _de tabellião de notas do Rio Grande. Continuou a discunlir · da,.res~J!19iio n. 59, na
· Do Sr. Montezuma exigindo informações do ultim~ parte relativa l'pt~nsiii4•(g(q' a D. :Maria
-governõ : 1°, sobre o estado actual da barca de Joag_uma Gomes. ·
'Vapor ; 2o, se o seu oo!lcerro é ou não proyavel ; Nao foi approvada.
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·-SESSÃO .EM :18 OE AGOSTO DE 1831 41


··. EDtrou em discussão e foi approvada a resolução .
.n .. 60 ;ácerca de aposentadoria. . ·.
· Entrou em 3a discussão a proposta do governo,
pedin~o autorisação . para despender S:OOOROOO
mens·aes com o concerto das muralhas e ante
o arsena •
O Sa. MoNTEZUM::A. requereu o adiamento e foi
approvado, até a com missão de guer~a aprese~tar
concertos.
Entrando em discussão ~ resolução n. 168 para
poderem dispensar no . lapso de tempo os juizes
qu~ cpnhecerem das appellações, foi interrompida
por . Vlr á mesa. o parecer da com missão de guerra
sobre o orçamento ·p_ara completar os edificios
do arsenal que· se _çomputava na somma . de
75:176R630 o qual se ·•cha :.excessivo, visto o
. auxilio que podem dai'· a~ ofll.cinas do arsenal,
:;,e julga reductivel a 48:ooon divididos pelos 12
· ínezes do anno, arbitrando-se para elles . 4:000R
mensaes.
ntrou em . cussão.
O SR. O.umÊmo LEio o:ffereceu uma emenda
para se consignarem 64.:~0$.
-votar e :ficou rejeitada, tanto a em·enda da com-
missão, como a do Sr. Oarneiro Leão : e foi ada-
ptada e remettida á commissão de redacção a
mesma ro osta do overno.
Voltou outra vez á discussão aresolução n.168. minhante meios de tran§.Porte em to a a occasião.
O SR. · SoARES ·DA RoCB:A. propôz o adiamento 2.• A.'s camaras compete a arrematação das pas-
até se discutir o codigo do· processo, mas não se sagens dos rios nos seus respectivos municípios, .,
venceu. ou providenciar como· fór mais util ao publico,
Offerecerão-se duas emendas, as quaes afinal tendo só em vista a segurança e commodidade
ficarão prejudicadas, porque a 1esolução não do transito e não o augmento de renda.
passou. · ;. · Foi approvado o seguinte parecer :
Entrou em- discussão o :prajecto de lei n. 96 « As commissões reunidas de guerra e pensões,
que prohibe o estabelecimento de morgados e em additamento ao seu parecer approvado na
chegou ao 3• artigo no qual ficou adiado por dar sessão de hontem sobre o requerimento de Paul
a Jiora. Lewenroth, requerem que se substitua o seguinte:
Levantou-se a sessão ás 2 horas e 3 uartos. . ue o overno lhe defira á vMa não da lei citada
e sim da constituição, art. • »
Ficou adiado por se pedir a palavra o parecer
da com missão de guerra sobre o requerimento 'de
Sess6o em 18 de osto William Me. Ewing. ·· ··
u gou-se o JSC o e e eraçao e ot a mpr -
PRII:BIDENOIA DO SR, ALENCAR mir com o parecer a resolução seguinte, offere-
cida pela commissão espacial das camaras muni-
Depois de approvada a acta, o Sr. secretario cipa11s. · ·
Pinto Chichorro passou a ler os officios seguintes : · « A multa imposta pelo art, 28 da lei do
Do mesmo ministro da.guerra participando ter sido 1• de Outubro de 1828 a cada uma das ' faltas,
. sanccionada a resolução que autorisa o governo sem justificado motivo, tem tambam lugar naqu·el-
a dar um anno de soldo aos officiaas estrangeiros, las, ·a que der causa o vereador que sendo cha-
mandados vir para o serviço do Brazil, sem con- mado pela camara para tomar possa não com-
dições estipuladas. parecer depois de tempo arrazoadamente bastante
· ·c Do ministro remettando a cópia que se· exigia, : . para assim o fazer, salvo· se allegar escusa ;
· do decreto da 6 de Dezembro de 1822, pelo qual·· t porque principiarão a qualificar-se as faltas d·epois
foi promovido a cirurgião-mór do exercito Manoel da decisão_ da camara sobre a escusa·, e que tiver
Antonio Henriques Tota. · . decorrido su:fficiente tempo da intimação o:fficial
Do ,ministro do imperio remattendo _por cópia da mesma decisão ao eleito. .. ' · ·
a acta do conselho do governo de Santa Oatharina, u A com missão porém assenta no parecel' sobre
com a_,re_présentação do. CÇ>mmandante da villa da que assa!ltou esta resol_ução, refe.rindo:se ao ,caso
_,J:iag~st afim de se apphcarem á abertura de uma commumcado pelo min1stro do 1mper10, .ob1acto
"'~listra!}a entre aquella província e a de S. Paulo da representação da camara municipal da villa
·. 91 dil'eitos, <lue s.e p_agão do gado vaccu~ e cavallar de_ O~mpos, que!xando-se de que José P2ixoto: ~e
. )iiettfdo ·'i com missão de orçamento. tomar posse do dito lugar, pretextando .que se
·fio· secretario do senado acompanhando a reso- achava no exercicio do cargo de juiz d~ paz, do
lução ·daqualla camara ·que declara que as espadas qual era supplente, que com e:ffeito elle .não
dos o:fficiaes militares, os espadins de 3 palmos póde ser constrangido a aceitar o emprego; de
fóra o punho, a as bengalas . desarmadas, não vereador, na. conformidade' do art. 19 da- lei da
são comprehendidas na prohibição dó art. 297 lo da Outubro de 1828. » .,., 1
do codigo crjminal. · - Dispensada a impressão Forão 8p1_1ro!'ados o~~re~eres s,eguin.tes: .
para entrar na ordem dos trabalhos. Da comm1ssao dos JUIZes ·de ·p11'z ·e cam11ras
Do mesm·o ~~cretariQ. reenviando a resolução municipaes sobra o o:fficio do .conselhó .g~ral da
(}~st~ ~a~a,!aj:·~. r~s~do presidente da pro- provincia de Pernambuco, :pedindo .providencias
'Vlll~la •d()<ato;:{!ltl~~~elr<Jif• seu .cons~lho ; .ã .qual para os easos: t.o De não· .querer.. ,um. vereador
o sen.ado· nio "tem ·podido dar o ·seu consenti· eleito comparecer para·tomar posse,~· nem aceitar
mento. o otlicio que para isso o chamava. 2<>. De .ter o
'TOIIO 2 6
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S~SSÃO EM 16 DE AGOSTO DE 1831


juiz de paz da Ipojuca, além de não cumprir OIJ todos os orçamentos que devem acompanhar as
seus deveres, desobedecido ás posturas da camará pronostas, ou os projfjctos sobre obras publicas.
da villa do Cabo, oppondo·se á cobrança das'i A~ mesa. ··
~

.
• • a :

emquanto no lo caso, que ficará provi encfado ' ~da


julgada objecto de deliberação e dispensada
com a resolução e.cima transcriJ?ta ; · e emquanto impressão, a resolução que foi applicavel a todas
ao 2o pelo art. 12 da lei de 6 de Junho_ deste as províncias, o decreto de 25 de Junho .do cor·
. o. . .
Da mesma commlssão sobre um officio da camara
municipal de Cabo Frio, que tendo chamado ·no O SR. DuARTE E SILVA. havia tambem mandado
impedimento de um juiz de paz e do seu supplente uma resolução no mesmo sentido que depois de
o immediato em votos, este era um mestre de lida se reunia á outra.
embarcação de cabotagem, cujo officio era incom· Vencendo-se a urge:u<lia pedida para se tratar
pativel com o eàrcicio daquelle cargo, ao mesmo do objecto destas resoiuções, entrárão em dis·
tempo que a lei de 15 de Outubro de 1827 o cussão, e sendo approvadaE! e adoptadas, forão
não exceptuava. A com missão julga que a camara remettidas á com missão ~as, redacção.
deve conferir o emprego ao mais votado, achan- Leu-se e julgou-se obje<;to· de deliberação e foi
do-se presente, pois que lhe compete, e logo que a imprimir o seguinte•oprojecto de lei ofierecido
elle tenha de retirar·se, por assim demandar a pelo Sr. Correia de Albúquerque:
occupação de que tira meios de subsistencia, « Art. 1.•. Os prelados ~iocesanos delegará?
J:
eve r ~~ · i ,

correição e dar-lhes regulamentos.


O SR. FERREIRA. DE MELLO pedio urgeneia para
se tratar desta resolução, e sendo apoiada . e
discutida, foi appro'\rada, depois de se ter tambem
decidido por votação da camara, que nenhum
Sr. deputado podia fallar a titulo de explicar-se,
tendo falladotuma vez sobre urgencia, adiamento
ou ordem. .
Entrou em discussão o art. 1•, sobre o qual se
ofi'erecerão muitas emendas, e dando a hora ficou
a di~c~ssão adi~da,.vencendo·se que se co~vidas~e
assim como se fez ao physico-mõr e o:fllciaes d~ adiada.
tribunaes abolidos: para que se pergunte ao O SR. Pa.ESIDlllNTE deu a ordem do dia para a
governo, se o supplicante recebe da fazenda sessão seguinte e levantou-se a sessão depois das
oras.
Da· commissão de diplomacia sobre o requeri-
mento de Ruy Germach Possollo, que se queixa
dos ministros de estado dos negocios estrangeiros,
que têm havido desde 1828 até hoje, pelo haverem Sessàu em t 8 de Agosto
arrancado do seu lug11or de consul em Angola com
o pretexto de falsificação de certo documento no PRESIDENCIA. DO SR. ALENCAR
commissariado, de que foi absolvido no juizo
competente ; ·e por não se lhe haverem pago os Approvada a acta, o Sr. secretario Pinto Chi·
ordepados do dito emprego, do qual -não foi de- chorro leu o expediente que constou dos officios
mittido. A· commissão não acha que providenciar e papeis seguintes: .
sobre a primeira parte, porque os lugares de Do ministro do imperio enviando um autograph<i
consul não são de propriedade, mas de commissão, da lei sanccionada que marca as attribuições ·do
que se póde suspeoder a arbitrio do governo ; e tutor do imperador menor, e de suas augustas
emquanto á 2a, julga que deve dirigir-se ao irmãs.-Remetteu-se o autographo para o archivo.
governo .para lhe deferir como fór justo á vista Do ministro da justiça dandu os esclarecimentos
de' seus documentos ; o que o supplicante parece exigidos a respeito do padre José Joaquim Monteiro
nllo ter tei to. · de Carvalho e· Oliveira, parocho da freguezia de
Julgou-se objecto de deliberação e mandou-se Nossa Senhora das Dores de Itapicurú•Mirim, -
imprimir a segui!lte resolução o1ferecida pela com. n.a p;;ovincia do Maranhão.-A' commissão ,.~cclê·
• .· Ck··' ,_:.
« Fica approvada a eongrua. de 200S concedida ao Do mesmo ministro accusando a•.~epção do
cura da catlledral e freguezia ·da cidade de Mari- decreto de accusação do ex.-minlstrd·.• da ~err~c
anna por alvarã de 11) de Maio de 1827 ~» José Clemente Pereira, e participando aó- m•mo
O Sa. RlmouçAs otfereceu um requerimento para tempo as providencias dadas, e a duv(!fa · que
o governo fazer responsaveis os magistrados que encontra.-A' commissão especial de. accusação.
têm feito prender, ou consentem que se conservem Requerimento do Sr. deputado Paula Araujo,
])rezos nas cadêas mui.toa menores de 17 annos. expondo o seu incommodo de saude, e pedindo
. Bemetteu-se á commisál'o'. de justica criminal. licença para se retirar para a sua __ provlncia.-~·
commissão de poderes. ·•· .
.. O Sa. MoNTBZUlloL\ offereceu o seguinte artigo Requerimento de João Luiz Ferreira Drummond,
additivo ao regimento. em que pede o paga~~ dos VBP.I!imentos, como
Da secretaria enviar-se-hão a um ou mais jor- empr~gado do ex~mw comQU;J_.,anado geral do
naes da capital e dentro do menor espaço de exerc1to.~Remett1do ás commtBil'-e~t, de marinha
tempo depois da sua aprese~taoão na oamara, e guerra.
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SESSÃO EM 16 DE AGOSTO DE 1831 4S


Representação e plano dos cirur~iões do exer- estndante~ se matricularão em cada um dos cinco
cito ~obre o melhoramento daquella classe.-A' . auh •S !'assados na aula do comm~rcio da corte.
commissão de saude publica. ·· -~ 2,ó DdsteR, q11antos frequentarão até o fim de
'Re resentação dos fiscae~ desta cidade edindo éada urn dos armos lectivos e forão a ro a 'lS.
serem atten i os na 1visâo do producto dos -a:o Qllantos frequentão presentemente. - 4.o·
arruamentos.-A' commíssão de camaras muni- Q11és são as cadeiras oue se achão providas e em
dpaes. exercieio.
A commiasão de redac9ão apresentou redigido o Julgou-se objecto de delibera ão e mandou-se
projec o e reso uçao, que con ere gra 1 caçoes tmprtmtr o parecer e re~olução aptest'ntada pela.
aos ofiiciaes das secretarias de estado. commissão de pensões e ordenados sobre Qs tenças
Foi approvado. concedida~ ãs viuvas do~ militares.
Sendo approvado o_ parecer da commissão de Ficou adiado, por pedir-se a palavra, o parecer
constituição e poderes, sobre o diploma do Sr. da commissão de pensões e ordenados, sobre as
Manoel Rodrigues Jardim, deputado supplente pretenções de José Jacome Doria. e de Manoel
pela província de Goyaz, foi introduzido, e prestou Pereira Heitor de Macedo.
Juramento. · ..._., .-
Foi approvado o parecer da-commissão especial
das camaras municipaes, para se pedir ao governo ORDEM DO DIA
:· :Cópia do titulo da nomeação do actual adminis-
trador .do jardim botanico da ~agôa ~e Rodrigo Entrou em
. ,
redacção.
Passou a discutir-se a resolução n. 78 sobre
a maneira de indemnisar os prejuízos soffridos
· , · vi o
encarregada. da accusação do actual ministro da sido approvadas por motivo de se terem achado
justiça, adiado pelo voto separado de um membro complicados em commoções politieas. E entrando
iia. ~!lesma commissão, que tambem foi a. im·
Foi approvado o seguinte requerimento do Sr.
Hollanda:
.
suc~essivamente. em discuss~o . os seus artigos
-
emenda do Sr. Zeferino dos Santos, e sendo apJ!ro-
vado um artigo additivo do Sr. Rezende. Em
<< Que se peçiio ao governo as informaçõs que consequencia desapprovadas todas as mais emen-
em consulta da jllnta de commercio . de 14: de das; remetteu-se o vencido á commissão ds re-
Julho de 1827 subirão 1\ secretaria de estado da dacção,
marinha sobre um plano para ~se conhecer e O Sn. PINTO OH1ouo:ano pedia a palavra com
regular a marlnha mercante do imperio. Igual· urgencla e leu um officio do ministro da justiçl!,
mente que se peoiio os relatorlos a respeito dos communicando que por aftluencia de negocias
pharóes que de ordem do governo fez o conselheiro não tinha ainda podtdo examinar os edificios de
José Antonio Lisboa, e farão dirlgidofl aos mi- que fallava o projecto da casas da correcção,
nistros do im erlo e marinha, em iiata de 80 de assim como outros que lha constava por infor-
• •
secretaria de estado . da fazen a o ba anço do e q:e por isso na. 2• iscussão iria dar os ejscla:
cofre geral da junta do commercio, remettido em reclmentos neoessa.rios, sendo avl!1ado, sscusan-
26 de Fevereiro de 1831. » do-so de co1n arecer. agor~. . .
a. AULA UQUEBQum apresen ou os seus
trabalhos sobre a segunda parte do processo n. ó7 sobre o recrutamento do exercito ; e
ordinario da primeira instanc1a. - Mandarão·se ap_provado o !}rt. lo sem debate.
imprimir. Entrou depois em discussão o art. 2o:
Forão approvados 8 requerimentos do Sr. Mon- (\ Art. 2.o Serão recrutados para o exercito os
te:~Juma: brazileiros livres comprehend1dos entre a idade
« l.o Que se peoão ao governo o compromisso, dA 18 a 30 aúnos. l>
cartas régias, decretos -e avisos respectivos O Sn.. HoLLANDJ.. achou que o projeeto estabe-
á. casa da misericordia desta cidade; informando lecia uma. distincção, não só odiosa, mas até pre-
· outrosim, qual é o montante da renda provavel e judicial, pois que no caso de invasão, rebellião
e@'ectiva daguelle estabelecimento, o numero de ou em outro qualquer. em que finalmente a voz
- enfermos alli existentes, incluindo igualmente os da patria chamasse ao seu serviço e defesa todos
invalidas e doudos. os cidadãos, em consequencia do artigo ficavão
« 2. 0 Que se peça ao governo uma estatística excluídos certos cidadãos do mius que devia ser
judiciaria desta cida~e, e seu termo, contendo : commum a todos ; porque níio havia duvida em
. 1. 0 O numero de causas civéis e crimes distribui· que era geral a obrigação nos cidadãos de ser·
das em cada um dos cinco annos :~?assados, men- virem como soldados e de entrarem igualmente
. cionando o numero destas que obtlVerão sentenÇa todos nos perigos.
p~ec-o numero daquellas gue farão sentenciadas Reconheceu a necessidade da existencia de um
. ~ontr!'• ~~.o Nos cril!les declare-se a qualidade, exerci~o, por~m peqúeno, visto. que não era n~-

· n11me~o, de causas que se achão demoradas no manto proximo das guardas nacionaes, instituição
f6:ro tia :lO, 20 e mais annos, declarando-se nas de que era idolatra pelos optimos resultados que
civeié· a classe, qualidade, _sexo e naturalidade tinha produzido em outras nações, e que nã~
do autor- e réo, e se vierão por appellação. - podia deixar de corresponder á sua espectativa,
4.0 O numero de presos que existem nas cadêas attentos os preciosos elementos de que tal guarda
desta cõrte, sua idade, qualidade, sexo e natura· era composta. Oppoz-se comtudo a que este pe-
lidade. - 5.o O tempo que alli tem já estado. - queno exercito fosse .composto de homens violen-
6. 0 Por quem são sustentados os presos pobres; tados que nunca podl'ão prestar bom serviço ;
de que consta, esse alimento, e a despesa que devendo antes ser formado de homens volunta-
com elles, ;~pm_.. as M __dd~ s e seus empregados riamentG alistados, como se fazia em Inglaterra
faz o estadtt. :'Vindo ~a parcella especificada. e em outras nações, e cumpria por consequencia
-7.o Um~'illaJ.,;.estatistica, logo que puder ser, que o projecto fosse concebido de fôrma que
venha de to~às .as provincias do imperio. contivesse um só artigo, no qual se declarasse
8,e Que 88 pergunte ao gOV8l'QO: -1. 0 Quantos que serião recrutados para o eurcito eidadiio•
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.u, SESSÃO EM 16 DE -AGOSTO DE 1831


brazlleiros ijo'r contracto ou voluntariamente aHs-
tados. E mandou emenda neste sentido. .· ·
O Sa. SouTo disse que o projecto não excluía
os en a·amentos antes tratava de voluntarios'
que os privilegias não erão permanentes e a
favor de certàs e determinadas pessoas, mas da
industria e dos officios uteis, sendq de notar que
el11,s condições do projecto a rotec ão concedida , ao
oJe a ~ c1 a ao po er nao e va ar no anno t· u t tinha servido "t"'
seguinte-; que pão erão applicaveis á n!!_ção bra- con lll ar a execu ar-se a que. . .. "
zileira todos os exemplos de outras naçoes como agora.
de França, Inglaterra etc., e achava tão grande O Sa. MAY em um breve discurso representou
neste ponto a di:tfetCtóil que tinha toda a certeza a diffi.culdade de repartir igualmente· o onus, a
de que o Sr. Hollanda, S4JldO encarregado de não ser pelo se11 methodo das administral(ões
preencher as filas do exercito por meio de alista- parochiaes. . .
mantos voluntarios se acharia só com duas ou o Sa. MAciE:L ex.plicoU(f:41 ue a commissão apre-
tres pessoas; porque era conhecido que 0 numero sentára em primeiro lugar os voluntarios e esta-
de voluntarios estava sempre na razão inversa belecêra a respeito dos outros a condição necessaria _
da maior ou menor facilidade de obter os meios de elegibilidade, para não ir de encontro á nossa
de subsiste11~ia; por isso em um paiz fertiUssi~o i · . ·

a. OLLANDA. ns11!1 o na sua op1n ão. di- Disse que na verdade não só recrutava para
zendo que assim como ninguem era obrigado a desembargador, para empregado da fazenda. etc.,
ser desembfirgador, official de fa-zenda ou a exer- mas que se devia attender a differença que havia
cer outro empre o publico, assim tambem ne- entre um soldado e um em re ado ublic
· uo ev a eer orça o ao serv1ço as sujeição em que estava o prime rode um numero
armas, quanto mais que a obrigação de defender maior de indivíduos, pois que deve obedecer a
a patria era de todos, e uns cidadãos não podiiio todos os que estão acima delle, desde o o:ffl.cial
mandar outros em seu lugar, porq11e o art. 145 da ma.ior patente ate o cabo e anspeçada e
da oonstltuiçilo dizia- « Todos os cidadãos bra· tambem pelos perigos, fadi«as e mais trabalhos
zllairos silo obrigados a pegar em armas para arduos e inseparaveis da vida militar; ao que
s_uatontar a lnder.endenola e integridade do im- se ajuntava ainda as injustiças que com elles se
perto e defende •O do seus inimigos internos e puticavão, os caprichos de que muitas vezes
externos. 11 erão victimas, os mãos trntamentos que experi·
Fez mais re1lexões sobre a distinaoil:o odiosa mentavão da parte de administradores prevari·
do projeoto que Impunha maior carga a uns cados, a falta de cumprimento das promessas que
oidadilOI do que a outros, sendo toaos iguaes s& lhes fa.ziã:o em uanto ás suas . escusas, etc.,
, .s pG· . i a 1 cu a o o a1 s amen o
erlilo ter completa negaoilo para a pro.ll.asã:o dos voluntarios, mal que só o tempo remediaria,
militar. desvanecendo-se a desconfiança existente.
Supi)GDhamos, disse elle, um homem fraco, Conveio na grande utilidade das guardas nacio-
' • , o · o erv r

n. ao.;.se os me1os que os ns ao e CGnseguir-sa. estudo para exercerem taes lugares em razlio 'd.e
Que ·diftlculdade ·navérá em encontrar voluntarios serem obrigados, pela maior parte, por- seus
se 'iló,s 'v;emos que hoje ainda estando suspensa pais, para esse modo de vida; mas que a ·nã;o se
a pro01ooão do exeroit'o ha quem tome serviço Julgar valiosa esta re1lexão ella responderia. me-
voluntaríamente. . Ihor, que quem não quizesse ser recrutado, tra-
Oonêluio que leria motivo sufllciente para se ta.sse de fazér-se medico ou desembargador, etc.,
àllátarem voluntarlos o coD,Ceder-se uma sesmaria pois que seg11ndo o projecto só érão recruta4os
por. um serviçq de 4 QU 6 ãrinos, fazendo-se com · aq_uelles <J_ue nilo se empregaviio em industria
elle!!;um c_ontracto de c~a observancia estiverem . utll á soc1edade, etl}. .. , ,· ..
certOs·; oomtanto que nao se tomassem para o · - -,. · ·- · ·
exercito homens viciosos e de mãos costumes, Darido .a hora ficou adia~& a dis~:~~.,
ctne .f!ervlão.· unicamente para deshon1ar 'aquella O Sa. Pr_!i:SIDENT~ deslgn()u~*'17!114~in do dia
~-~sse e fazer _que nenhum homem de bem qui- para a sessao seg11mte e lavan~ou '" sessªo C\e-
-'e"eli$rar neua, l'oia daa duas horas! · ·
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SESSÃO EM 17 DE AGOSTO DE 1831


Sessão em t 't de Agosto o decreto de 25 de Junho do corrente anno sobre
resoiução do conselho geral da Bahia.'
PRESIDENClA ,DO SR. ALENCAR _-. Ficóu adiado por se pedir a palavra o parecer
a mesa a respe1 o :> re . -
Approvada a acta passou-se ao expediento, que landa, para que não ficasse adiado objecto algnm,
constou dos papeis seguintes: - _ _ a não ser a requerimento de algum Sr. depu~
De um ó:tlicio do ministro da guerra, reen- tad_o, e para que os discursos ·não excedessem a
vtan o o req · . _ u_ .. _i
talhão de caçadores l:l. 10, e participando que o
' .
Forão approvados os pareceres seguintes:
governo na nova organisação do eurcito Bão Da commissão de justiça civil sobre o reque-
deiurá de ter em vista a commodidade de todos rimento dos indios da aldêa. de ·s. Felix de
os -outros o:tliciães que se acharem no caso dos Pacatuba na pro.,-incia de Sergipe, para que seja
supp\icarites,. quanto fór compatível com o bem remettido ao governo, afím?de-,dar a favor delles
do serviç(). _ _ os remedios e providencias que requerem contra
Do mesmo ministro, remettendo a proposta do os seus oppressores. -". ~--
conselho do governo da provJncia de S. Paulo, Da mesma commissão .sobre o requerimento de
substituindo ao hospital'iiiilitar da praça de San- Manoel Gomes Nunes que pede revista em um
tos por outro regimental.-Remettido á commis- processo qne labora em nullida.de por falta de
são de marinha. conciliação, afim da .seE indeferido. .
ração desta camara, se n int·elligencia do decreto nistro do imperio, emquanto á duvida para transita-
de 27 de Janeiro de 1829, que declara que os rem na cllancellaria os diplomas do conego João
subditos deste imperio não -precisão ~e auto!isação Marcianno de O_ampos Li~a e de Jnlio Cezar M?zzi

documentos e decreto pelo qual a regencia em


nome do imperador concedeu n D. Escolastica
Angelica Verelro, viuva do conselheiro João José
Rodrigues Verei! o, a titulo de pensão, a teroa parte
do ordenado que este vencia como contador gortll
do thesouro, aposentado.-A' commlssilo de pensões
e ordenados.
Do secretario do senado partlciJ!ando terem Rido
sanoeionadas as seguintes resoluções da assemblôa
geral:
1.• Autorisando o governo a pagar a Pedro
Nlcoléo Fa erstell e a outros officiaoa on a ados
por con rac o para o aerv oo o raz , os 110 -
dos do tempo que lhes faltava para proonohor
o prazo do 110u engajamento, quando lorilo do·
mittidos •
. • ncarregan o a ous o o aos ongon e roa
na. provlncla ao Minas Ger110s de levantar plan· dldo na excopoi'io do art. O da lel de 24 de
tas de todas as estradas e rios navegavela. Novembro de 1880 o marechal de campo Gustavo
S. • Para se conservar em sou Inteiro vigor a Henrique Brown, por haver sido ferido n:o serviço
resolução de 9 de Agosto de 1827. do Brazil ; porém solicitn informações do governo
4.• Para que o dia 2 de Julho seja de festi- para saber o motivo da sua demissão. ·
vidade nacional na província da Bahta. Da commissão de constituição sobre o reque-
5.• Para que os membros dos conselhos de rimento de Antonio Joaquim da Silva 1• tenente
governo das províncias, assim como as das camaras da armada nacional, que pede ser declarado ck
-m]lnicipaes · não possão ser dos conselhos ge- dadão bra.o:ileiro, visto que apezar de tel-o jus-
raes~ · - tificado como .se lhe ordenon, se acha ainda sus-
·.-:·6·..~J)eclarando habilitados os filhos illegitimos penso do seu pósto.-A commissão acha que o
para herdarem de seus paes em testamento, não supplicante está pleMmente no S) 4• do art 6• da
tendo estes herdeiros necessarios. . constituição, não lhe sendo necessario mais acto
_7. a Elevando em parochia ·a caJ>ella filial da algum_ legislativo para ser reconhecido cidadão
povoação da Barra na villa de S. Matheus, da brazileiro. ·
província do Espírito Santo. . Julgarão-se objecto de deliberação e mandarão-se
8. • Creando duas freguezias na província de. imprimir as resoluções apresentadas- pela çom-
Santa _Oatharina . missão especial de juizes d'e paz e camaras mu-
. F C? i~ remettida ao nicipaes nos pareceres seguintes: ·_
o r res nta ão da camara da villa de
da Silva, acompanhada de um plano para a re· S. Francisco Xavier de Itagnahy, a respeito a
dacção ê impressão dos diarios desta camara. factura da cadêa e concerto de duas cadêas mi·
Foi approvado o seguinte requerimento do Sr. litares, em que resolve que aquella despl'za _seja
Montezuma: feita pelos rendimentos da camara qne não t_iverem
« Que o governo remetta a esta camara uma applicação, em vez de ser feito ' eusta dôs mo·
tabella por onde conste da parte da renda que radores como determinava a lel 4e 20· de Julho
nos .·annos financeiros de 1829 a 1880 e de de 1818. . ·
1830 a 1881 entrou no . thesouro nacional em Sobre a representa~JãO do vice-presidente da
assignados e letras não cobraveis ; especificando província do !Jetiré. ácerca da falta de pes'loaa
sua natureza .,.!1 :classe respectiva ; assim como as . elegíveis para JUrados na villa de Soure da mesma
letras•. sol:>re -':~u,e,m .e a ._ quanto tempo de ven- província; e resolve que a dita villa fi,que .per·
cl~ento; em~n,'lr tudo que fôr conducante a in- tencendo ao termo· dl\ villa de Me~ejana ', .. em·
telrar o .corpô''legislativo deste objecto. quanto o consel,ho geral não fizer _oútra' 4ivisiio
Leu-se e foi ãpprovada a redacção da resolução de termos. .
~ue faz e~teuslv• a ~o4a.~ as vroVl~elas do imperio · Sobre ·o requeri~ento de ;Joa«:luirp José Jl)ze-
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46 SESSÃO EM 18 DE AGOSTO DE 1831


quiel de Almeil]a ·Galeão, 2o official da secretaria Do ministro da fazen1a pedindo -dia e hora
da camara .lliUnicipal da cidade da Bahia, qu$ para àpr~$-~atar uma p1·opost<1.-Marcou·se o dia.
p_ede 5006 de ordenado, em razilo do- s~u bom sel!uinté- ao mei() dia.
serviço ha mais de 23 annos ; e resolve deferindo Do secrt~tarlo do senado participando que aquella.
a retensão do su ticante. camar coucorda em ua se onh e h o i
ORDEM DO DIA o projllcto da lei que Jilca as forças navaes para
o anno ünancair<f de 1832 a 183.3, com o vencido
na lei qu'l deu· nova ·orgalii~Ííção ao corpo da
·artilharia da marinha:- ·
Remetteu-so á commissão ·especial das camaras
municipaes o offioio da camara mumcipal desta
cidade com o balanço de sua receita e despeza,,.
110 anno de 1830, _ · _, .::
Remettarão-se á commissão de petições os re•
querimentos de' ;.Demetrio Gracümno de Souze
:Mattos e de Carlos Bertran ; e á de instrucção
publica 1t repre)lentação i:lo Padre Francisco Sa·
bino, reitor do seminario dos meninos pobres e
orphãos na ilha Grande, em que expõe o estado
de ruina do Pdificio em que habitão, de mais
de 50 meninos com rande perigo de vida.
i p s o ra ue i n
• do Sr. Ribeiro de Andrada pedin o licença
para regressar ã sua prov!ncia afim de tratar
da sua saude.
Oarnelro da Cunha:
cc Para se pedirem ao governo: 1•, cópia da por-
taria que mandou suspender os pag~meutos das
dia para a sessão seguinte, ' ' ao
cópia da in ormaoiio que o intendente deu
depois das duas horas. g_overno flcotca elo pagarnento que fez a Albino
Qomos Guorrn; 8°, a portaria que suspendeu o
lntondento da marinha.
Ficou ndlndo por ter voto separado o parecer
da oommis11llo encarregada da aocuscoilo do ex-
ministro marquoz do Pnranaguá, e ambos os
l'BBSIDENOU DO SR. ALBNOAn pllreacron forllo a Imprimir.
Approvou·ae a redaooiio das resoluções :
Depois de approvada a acta, o Sr. secreta· 1.• Para que· a disposição do art. 18 da lei
rio Pinto Ohiohorro deu parte do aegulnto Olt· d11 6 do Junho do- corrente anno, ácoroa do
e :
Um oftlcio do ministro dos ne((ocloa ostrangsi·
roa, dando as informaçi5es exigidas áoerca do
marquez de Santo Amaro,-A' comtnlssão de di·
lomacia.
Do ministro da marinha remettendo cópia dos
avisos expedidos por aquella repartição ácerca
do pagamento do monte-pio.-A' secretaria. ORDEM DO DIA
Do ministro do imperio ácerca da declaração
pediqa pelo presidente da província de Minas Entrou em discussão o art. 1° da resolução
Geraes, a:fitn de serem ou não conservados os vinda do senado sobre armas não prohibidas; e
véncimentos que percebem estrangeiros já apo- depois de algum debate ficou adiada por chegar
sentados por serviços feitos em seus antigos em· o ministro da fazenda, tendo tomado ~asen~o, -
pregos.-A' commiBBão de pensões e ordenados. continuoa a discussão adiada da sessão -.antE!OO·
Do· mesmo ministro acompanhando o resultado dente sobre o art. 1° da resolucão n. 188, ácerca
dos trabalhos do conselho geral da província de da moeda de cobre.
Minas Geraes ácerca da arrecadação dos dizimos.
-A! eommissão de impostos. O SB. HoLLA.NDA. OA.VALCANTI requereu que en·
Do mesmo ministro remettendo o officfo do trasse conjunctamente em discussão a proposta do
vi!'.~~pr.e~id.ilnte d~ província do Espfrito Santo, governo sobre objecto identico.
pedtnilQ;;1lpprovaçao dos ordenados dos mestres E assim se venceu.
de PJ'imeiras letras de duas viUas da dita pro· O SB. OA.sT:ao ALVES propOz o adiamento para
vineta •..;..A' commissão de insttucção publica. irem todos os projectos que trataviio dos meios
Do mesmo ministro com officio do ilirector do de remediar o cobre, juntamente com a proposta.
c~so juridico ·em S. Paulo~ participando a ma- do goyerno, a uma eommissii~ .nomeada por ea-
cru 1 10, , m . . ,
·alguíiias aulas depois das nóticias desagradaveis désse o seu parecer, e apresentasse um projecto
· que alll chegarão desta córte .....;.A' commissiio de sobre o qual deveria unJcameate versar a dia·
. instrqeçio publica. cussão da camara e a respectiva votaoão.
- Do-·mesmo :,ninistro. acompa~hando dous offi· Foi apoiado emquanto ao adiamento, e venceu-se
cios do:"Viee·presidente da província do Espírito a prorogação da sessão até a decisão deste in-
Santo, pedioao approvação da creação de tres cidente. .
cadeiras de primeiras letras e do arbitramento Afinal cerrou-se a discussão, e foi reJeitado o
de ordenados dos professores.-A' commissão de adiamento, assim como não se venceu que os
_instrucção publica. projectos fossem á mesa ou a uma commissão,
. Do mesmo ministro com outro offieio do dito segundo se tinha requerido. .
vice-presidente sobre o augmento do ordenado Levantou-se a sessão ás 8. horas da tarde. ·
do professor de primeiras l.etras da cidade da -

Victorla.-A' commissilo de iostrucção llublica.


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SESSÃO EM 19 DE AGOSTO DE 1831 47


Sesslo em t 9 de Agosto . trarios ás leis merecião a desapprovação da as-
sembléa geral (muitos apoiados) ; e que a mesma
PaESlDE:!{OIA. DO SR. ALE:!iCAn assembléa estava comtudo disposta a entregar
tae.s _actos ao esquec~mento, serv~ndo-~e das attrl•

ao meio aia.
Do .. mesmo ministro c-om as informações q1l&
lhe forão requeridas por officio de 16 do cor-
. rente.
,:t,,Do ministro do impHio enviando o officio do
'VIce-pJ;esidente da província do Ceará que acom-
panhava o requerimento de José da Silva Porto.
A commfssão de redacção apreséntou redigida
a lei . de fixação das forças navaes, e bem asa.im
a resolução ofi'erecida pela commissão de guerra
á respeito dos officiaes estrangeiros, que erão
com rehendidos na exce ão do art. 10 da lei
de 24. de Novembro de 1830; e o artigo additivo
approvado pela camara, sobre a consignação de
8:000$ para concerto das muralhas do arsenal;
o que tudo foi a rovado.
· o. a Imprimir o parecer as commJssoes e
commercio, e 1• de fazenda, com voto separado
do Sr. Hollanda Cavalcanti, sobre a proposta do
ministro do imperio, pedindo um credito supple·
men ar e : mensaes uran e a a er ura a
estrada da Policia ou ramificação de Sant'Anna; cados no Rio de Janeiro nos djas 14, lõ e_ 16
a commissão reforma a dita proposta, mandando de Julho, por identico motivo havia de pronunciar-
applicar para a estrada o direito de portagem . se contra est('R que houve na BabJa, devendo
collectado no rio Parabyba, nas estradas do Mar comtudo tratar com urgencla do projecto de
de Hespanba, Estrella, Commercio, Policia, Re· amnistia, como propunha a commissiio, tdlm de
zende e Picú, e que depois de concluida seja o entregar ao esquecimento todas estas diacordlas,
rendimento total applicado pelo governo pro rata como convinha á caus!\ publica.
para conservação nas mesmas estradas. Votou pelo pnrecer, e contra o adiamento.
O Sa. HoLLANDA. CA.VA.LOANTI sendo de parecer O Sn. Oooxuoo notou que o Sr. deputado estava
que a lei de 29 de Agosto de 1827 presta os meios em oqulvocaçiiot porque ije tratava da mnterla do
para a construcção pretendida, e que póda ter parecer o não ae adiamento ; e disse quo ambas
p e a execuçao ao mesmo emo que a ta ra~ç1 o
daquelles rendimentos produzirá deiiclt para as
despezas geraes, discorda do parecer da com·
missão.
pare r
civl , sobre as duvidas do ouvidor de Porto a mesma assembléa em decretar a amnls 11&, o
Alegre na execução dos decretos de 5 e 15 de que comtudo nito devia ser tratado do repente,
Dezembro do anno passado, que crearão as vlllas e que por isso convinha que o pro}eoto reapeotJvo
de -Piratinim e S. Francisco de Paula de Pelotas; entraase em discussuiio, sendo dado para a ordem
as quaes duvidas acha que não procedem, e que do dia com urgencia como propunha a com·
o governo deve mandar cumprir os ditos decretos, missão,
exp~dindo instrucções adequadas para a sua exe- Declarou por fim que votaria pela amnistfa :
cuçao. mas que segundo sua opinião devia ser antes
,Ficou adiado por se pedir !:\ palavra o parecer approvado o parecer .em discussão. ,
, ,'da-- com missão de poderes sobre o requerimentro O SR. OAsTRé. ALVEs lembrou que havendo
do Sr, Araujo e Almeida, em que {lede licença na casa trabalho mais amplo e comprehensivo
afim de · retirar-se para a sua provinc1a por causa convinha que se tratasse conjunctamente de tudo
- de molestia. quanto se referisse ao mesmo objecto, afim de
· O SR. MoNTEZUMA. requereu a urgencia e ven· concluir de uma vez, o que aliás se faria par-
eendo-se entrou em discussão, e foi approvado cialmente.
afinal para se dar a licença, O Sa. REBouçAs disse que ninguem fallara ainda
Segui o. os mesmos passos outro parecer igual contra o parecer, e por isso nã<r ~rataya .de
sobre requerimento do Sr. Vallasques. · defendei-o que logo que chegarão a!f 'noticias
O SR. CASTRO E SILVA. adio a alavra e offe- destes factos da Bahia, elle apresentara' um pro-
receu o seu trabalho sobre o orçamento, segun o JBC o e amn1s ia com n a, · a
as idéas vencidas. · necessario sepultar no ·esquecimento crimes aliás
não pequenos ; que o dito projecto fôra éJ)viado
O Sa. REBOUQAs pedio a leitura do parecer das às commissões de constituillâO e justiça criminal,
com missões de constituição e justiça criminal sobre e exigindo estn~ informações o governo mandou
os ultimas acontecimentos da Bahia. um officio do vice-presidente da provincia da
Havendo declarado os senhores assignados com Bahia, que continha o relatorio dos factos sobre
r~stricrões no parecer que a süa opposição não que havia de versar a delib~raçito; q'tle, ~ vista
dizia respeito á conclusão, pedio um Sr. deputado delle, e depois de bem exammado o negocio, as
a pe!avra contrQ o parecei·, em conseque:ncia do com missões concluiào que reprovavão semelhantes
· q11e ia ficar adiado. actos ; nem podiiio . debtar de . o fazer pois
· O SR~ RmlouQA.s pedio a urgenciâ~ com o fun- era necessario que os membros da oo.mmis-
damento de que era necessario declarar que estes são não fossem constitucionaes, ou tivessem
ac:tos anti-con:~titucionaes, e manifestamente con- idéas contrarias á razão, para não acharem crJ.
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48 SESSÃO EM :19 DE AGOSTO DE_ 183t


miriosos taes procedimentos, tanto mais quanto
·as duas commissões havião declarado sua repr{)·
vação a respeito dos acontecimentos da capital .
do imperio nos dias 15 e seguintes ·de Ju1ho.
Não sem vergonha que o di o Sr. presidente,
prosegmo o 1 ustre epu a o.
Os actos do Rio de Janeiro nos di᧠"meneio·

projecto sobre amnístía, eu mostrarei que lhe


.pôde_ dar mais amplitude, fazendo-o e:~ttensivo a
OJl~~os lugares do Brazil, segundo o bem publico

- O SR. OosTA FERREIRA disse que era necessario


tratar da amnistia. com toda a urgencia, a que
ella se estendesse ao Rio de Janeiro ; pois sendo
mais escandalosos os acontecimentos da Bahia,
por isso que puzerão em pratica o que nesta
côrte apenas se intentou fazer ou se pedio, con·
vinha não haver privilegio odioso a favor da
Bahia ; ao que accrescia acharem-se presos os
individuas complicados nos factos da capital, ao
_ mesmo tempo que os da Bahia estaviio palitando
os dentes ; quando na Bahia farão expatriados
ui -
de Janeiro não se expulsou pessoa alguma; quando
na ·Bahia fizerão verdadeiras desordens, e no Rio
de Janeiro só mostrarão eltigencias contrarias á
lei ue era verdad ue ti - d
.e querido transtornar a harmonia conttitucional, com missão, e que emquanto á segunda,· quail,do
mas qu!l elle orador devia dizer sem a menor inten· se tratasse do projecto de amnistia, os_ Srs. ·Ae·
ção de lisongear semelhantes homens, os quaes não putados pesarião as circumstanclas publicas para
conhecia, que . elles forão os mesmos que resti· ver os lugares que nella deverlão ser contemplados; .
tuirão a pa?. á cidade como era sabido ; pois que não tomaria o tempo á camara tratando
- ).argarão as armas e forão para suas casas dei- agora desta ma teria; porém diria sõ que era
- xando sobre a mesa um requerimento, ClJja de· necessaria empregar muito cuidado a tal respeito,
cisiio ninguem appareceu depois a reclamar : e pois poderia talvez appar11cer mão invisivt~l. até
que fôra igual o comportamento dos militares, á aqui ·que tenha movido estas co_usas, ou seja
'excilpção "de um· ou de outro. estr,mgeira, ou de algum individuo llilcional
Conclú.io estando pelo parecer. que seduzisse e arrastasse cidadãos ci·edulos e
·O SR. Lmz CAVALCANTI· entendeu que pela con· desacautelados a fazer cançar, que deshoJ;I_ravão
stitUição a camara _não tinha a attribuição de o dia 7 de Abril, e que podião comprometter. ·a
declarar sua plena reprovação a respeito de qual· segurança e interesses da patria; que era·poi'tanto
quer actó"; parecendo-se isto muito com a pratica imprudente o dizer- salvem-se todos-e cumpria
dos governador~ capltães-generaes em outro tempo, meâitar maduramente sobre o negocio; aliln',-de
que estranhavilo os actos máos dos empregados, não precipitar medidas improprias ,.,. e de o
etc., e como ,tambem podia fazer qUQlquer re· não confundir com os successos ·dá ··Bahia, que
daotor ae um-p~riodlco, declarando estranhar que tinhão muita differença daquelles do Rio de Ja-
n camat>a ftzes!lo esta re rovação; que qualquer neiro. ~
• epu 11 a po a m11n es 11r naque a casa a O Sn. OAsTno ALvEs disse que o parecer
·auâ .deiQprovaqilo deste ou daqualle aoto: mas
_... que':a. caínara toda niio padill publicar a sua tlnbo. dua11 ptlrtes, uma para se fazer sciente o
governo de que a camara reprovava os actos
. reprovação de um acontecimento, pois que isso praticadas na B11hia, e outra para se tr11tar coot
não entrava nas suas attribuições, que a camara urgencla
.sõ ·o podia fazer lndirectamente, dizendo, por admittir ado primeira decreto de amnistia ; que não podia
parte em razão de ser uma
exemplo, que o caso não precisava de medida sentença, á qual faltava sõ a pena, e .que a
l!Jgisla~va, ou concedendo amnistla, o que era
considerar criminosos os factos praticados. camara não podia pronunciar, sendo su1llcien'e
Votou portanto contra a primeira parta do· pa• os para desapprovar o acto da amnistia,. pelo qual
reeer. Srs. deputados, bem como uma carinhosa mi\i
faria com seus :filhos, deixavão óS:'éidiidãos·isentos
O Sn. REBouQAs ponderou que senda o negocio do câstigo que merecião;"mas .de 'que deviilo··ser
-extraordinario nio podia sujeitar'-se á' aérie''doa · 'dlspe'ds'ados por ··motivos·· parti'éuiiU'esj·' além ·do
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:50 - Página 3 de 4

SESSÁO EM -19 DE AGOSTO DE 1831 49


~eios repressivos para conservação da tranquil-
~zd"~e publica ( apoiados), caia a espada da
JUStiça sobre quem fór; e carrP-gue ea.da um com
o m!)recimento de seus actos, seja nas paixões ou
Concluio repetindo o .seu voto a favor do pare-
cer, e respondendo-se da .fôrma que propuzera
se a camara alilsim julgasse conveniente. '
muito
. . a ouvir hoje que esta camara está ap-
RTOvando tudo quanto faz o ·governo, e causas de _
·tal natureza que em···outro tempo clamaríamos
C~l)tra ellas, trazen~o-se para exemplo os aconte-
czmentos do dia 15. ,;,
Sejamos francos, ·'senhores, tambetn os acon-
tecimentos do dia 1[) são criminosos ( muitos
apoiados 1, não podemos negar a verdade. Segue.
se agora daqui que a assembléa deve fazer ·co!ll
que certos homens illudidos e _alguns com mere-:
Cimento, e que têm feito serviços pa'Íeção, que
nao use a assem a o zreitO que em e ar
amnistia? Dig? 9ue nfio: (Apoiados.) E' justo
que se dê amniStia ( apo~ados) ; mas não que
se ju•tifiquem causas, as quaes não podem ser
JUS .' cavets. , Ut os apota os.. s o nao po e ser.
Dtsse-se que de proposito se faz a rivalidade·
as ri validadea são conformA o partido a q u~
pertencemos, segund.o el\e achão·se as cousas mais
de pensar. Pedir a dep~rto.ção de. 89 cidadãos sem
culpa provada e sem processo (e os que têm
culpa dr.v<'m ser castigados legalm~<nte) não é cousa
boa. (Muitos apoiados.) Sou amigo de muitas
das pessoas que ussignárào a representação, por-
que assento que slio homans de bem, pes~oas
boas (apoiados), que illudidas entrárão naquillo
outras até julgando q11e fazião um serviço. '
Ha homens assim, por essas considerações
mesmas é que quero amnistia; dá-se amnistia
quaQdo os liomens não são incorrigíveis como .no

.
nunca temi ' o des!(overno ou governo·' ao Raverno o que houve S<JUi no campn, fui ao menns com
em•1uanto legal fui ob•·dieute, ao' de~governo fôrma de requerimento, ainda que requerimento
áqueltes que me querem opprímír sem lei sempre com armas na mão, não sei se é requeri•nento
resi<~ti e hei de resi~tir, seja meu irm'ào pai t apoiados); mas em fim houve e~sa fôrma Ru
· parGnte <•U amigo;- porque não sou escravo' de 1' menos; na Bt~hia não houve isto, porque não
d~ 4, de 10 ou ~e milhares, mas da lei e só dà disserão- nã•) largaremo~ as armas sem fazer-se
1e1, porém da lei bem entendida. o que queremos,-porém mandamos, ordenamos.
Passou depois a mostrar que o ministrei •da.
Sr. presidente, membros desta casa talvez sejão justiça tinha feito bem em· mandar tirar a de·
testemunhas que soldados mandados vir estão a vassa; porquanto se havião acontecido fl\ctos
esp.ancar e a insultar as pe!'lsoas: por todos os criminosos, o qu~ não se nega, o ministro devia
rnei9s se. procura irritar, espalhar-se com anteci- mandar devassar St>bre elle:;., e obrou bem (apoia-
pa_ça,~'.q':'e haverá be1·mwdas, como se fez n•l dia dos) dando esta ordem.
da Glorlll em·qu~ e~tavão prognosticada~ rusgas, c,mveio em que podia haver nessa devassa
bernard.as, e se InCitou de proposito os animos: causas desagradaveis, porque estando os animas
. h.~ r>ouco te~po q~e isto• seria objecto de grande irritados podião algumas pessoas ir .4Zer deposições
clamor, ;hoJe VeJo todos tranquillos e dis- . unicamente por motivos particulares (apoiados) ;
p~stos a appr?nr actos illegaes li Ah I Sr. pre- mas taes razões o movião só a favor _,da amnistía,
Sidente, esp~nJa sobre as cnmmoções politicas por~m não a reprovar ~quillo que, o governo
-
passadas.; nao é sobre o gasto. dos dinheiros da devia faz_er,. (muitos apo~ados ), até; segundo o
casos.
qor.clnio apoiando a necessidade de ampliar O Sa. LrMPO DE ABREU votou contra ã·!•.ptÍ~te
do parecer, por assAntar que a camara não .\inlla. ~:.
malt~. a BPgunda parte d<• parecer, admittindo-se
â dlscuHsiin os projectos existentes na casa dir'lito de approvar ou reprovar um preeedimento
e declarando. i nu til a primeira parte por ntiÓ qualquer. . ·
ser necessarw que a camara desapprovasse Declarou que Jallava assim, não por que appro-
actos qua nenhum homem cordato podia sp- vasse taes actos, mas porque entendia que não
pfovar. cabia nas attribuições da camara a repiOvação
que exprimia o parecer; que era verdade que os
.Q Sa. REZENDE assentou que convinha respon- conselho.s geraes tínbão o_brigação de dt.r parte â
der que .a camara fl.cava inteirada: adve1tio que assemblea geral de todos os acontecimentos que
não ~ev1a fallar-se contra as autoridades que occorrem nas provinc1as, tnRS não era, ao que
queriao refrear a desordem, ainda quando fosse no parecia, para a assembléa proferir um juizo es··
meio das paixões, pois era do seu dever usar de teril e sem resultado, a razão era outra; a par-
'l'OMO ~ 7
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50 SESSÃO EM 19 DE AGOSTO DE 1831


ticipação habilitava a assembléa a comparar amnistià razoavel e fundadas em justas consi-
estes factos com a lei, e ver se ellas forão dera'ções; E proseguio: · . · .. :
observadas e se podião ou não remediar os factos 1\!Ias; .· Sr. presidente, pedi pa:rtkqJarmente a
succedidos · no rimeiro caso sendo as leis suffi- alavra ara rebatgr alg~a$,,:próposições que se
cientes para remediar os factos, a assembléa geral avançárão com m_enos. exa_c I ao.,;; -
parecia não ter outra obrigação mnis do que Teni-se ditO que' a 'éap(~àl;. 'dA) :hnperio se .acha
recommendar ao go_verno que faça executar as· leis em e_stado de .~errot: ~, co!U,r_iioçãocmuito g~ande,
existentes; e além aisto tinha de examinar ·.se as Eu d1go que ~ao. Se ha p-or acaso . terror é em
autor1 a es su a ernas execu avao as e1s, para um pequeno cucu o que o - , : . . epu a o em
no caso contrario, recommeltdar ao governo que visto e não na capital; pelo,'Çontr~rio tem appa-
responsabilise estas autoridades; que na segunda recido o maior socego 'nos bons· cjdadãos, o com"
hypothese, quando as. leis existentes ou medidas mercio vai-se nnimando,;assimcéomo a industria.
ordinarias não bastavão, vinha a participação á Não é pois exacto que a capitaVest~ja ater~acia
assembléa geral para que--tomasse medidas ex- como o illustre deputado suppõe.. . · · , ·
traordiuarias afim de remediar o mar; que não E.;te grande terror bouve·O nos dias 14 e:'tf)_
po'dia o parecer por isso approvar-se na la parte, do mez passado (muitos apoiados), porqu~ ~l'guhs
porque a commissão reprovt1ndo os factos tinha cidadãos desvairados ousá rãc até pôr e oi' coacÇão
obrigação de dizer se erão precisas medidas extra- todas as autoridades constituídas. Tambem,não
. ordinarias, ou achflndo que não erão precisas é exacta a propo•ição do Sr. deput11,do.''de que
devia ~~ppôr-se que ~s a~toridades da. Bahia _não .
soldados . a espancar·
mandados vil- estão ,. :e. a

prohibiJos pelas leis; e nisto têm 'cumprido seu


dever e hão de continuar a cumprir (muitos
(apoiados), multo embora alguem queira lançar
o odioso sobre elles nesta casa, os . ·.soldados
mineiros hão de ser exactos em cumprir com as
O Sr. Oost:a Ferreira :-Eu pedi a pala· suas obrigações coUlo até aqui. Terror 'portuoto
vra sómente para oppõr-me o certos principias têm só os criminosos que se sentem cúlpados,
de um illustre deputado. que promovêrão os attentadoa e crimes commet·
Eu entendo, Sr. presidente, que estes homens tidos nos dias 14, 15 e 16 de. Julho (muitos
commettêrão crime por llaverom requerido com apoiados), doem-lhes as consciencias, estão assus-
as armas na mão, a,;aim corno que o governo , tados e tremem que sobre elles caia a espada tia
ez bem em mandar roceder contra elles. 'us i c m n m r ·da união do crime ·ar ue
Disse-se que se promovia a immoralidade da os b\lns cidadãos estão pacifico~. certos de que
nação, mas eu digo que par11 não se fazer im- na autoridades traLão de punir legalmente aquelles
moral a nação é prech;o que não folgue a im- que infringirão a consti tuiçào . e a .. lei, e que
'dade a u l o alistamento do crime e uzerão em coac ão as autorldBdes' le almente
por cau!!a della é que a naçilo chrgou ao ponto constituídas. Não quero dizoJr mais.
de devassi~ào em que se acha. Por isso o go- Approvo o parecer da commisaão.
verno antigo não fazia senão desmor:üísar a
nação por meio da impunidadoJ, afim de a escra- O SR. CASTRO ALVES disse que cada vez a gente
visar, sabendo que a impunidade, convidando ao ia sabendo mais, e por isso sabia ligora que as
crime tornava immoraes niio só os que já erão senhoras do Rio de Jilneiro erão as terroristas,
mfi'of!, porém ainda os bons ; e deixava portanto e que fizerão a revolução, pois nellas havia
.sem ·castigo estes grandes peccadoraços que apu- encontrado grande susto de que fallára; mas
nbalavão a nação. Conseguintemente, se nós que- achava bom que se désseoi por contentes do
remos dar moralidade á nação, devemos ser estado das cousaa os que estavão de cimtl ; que
pontuaes em fazer ca.hir a pena da lei sobre os elle não mencionára se os soldados erão mineiros
criminosos. · ou deixavão de o ser, mas que se não fôra o
receio de incommodar alguns Srs •. deputados que
Argumentou-se que t9do o cidadão póde requerer. havião presenciado o f11cto succedidona Gloria.
-De certo póde.-0 cidadão pôde matar, mas que elle orador referira no seu discurso antece-
não d~v'e · matar; póde requerer, mas uão deve dente, lhes pediria o obsequio de darem llc esse .
requerer com as armas na mão. Nunca louvarei respeito o seu testemunho ; que ainda hontem
iSSo, nem nin_guem o louvará. . tinha visto U:nia fttmilia muito assustada, a qual,
"_ Coni:luio com mais algumas reflexões e votando eutre muitas cousa:~ que o havião _penet~:ado, lhe
pelllo a!'mi~t.ia Jlelai! razões que já tinha dado no fallava em uma bernarda que estava ,para a~on:

· ~()t,~ll.• C~NErao LEio djsse que o parecer era decltuou que os soldados mineiros, os qúaes
digno d~ ser approvado; que a camara na ver· h11viiio sido tratados de muito con~titucionaes e
,. dade . po!fia respo·nder que fir.ava inteirada, mas amantAB da lei, no dia da Gloriá havião dado .
como tinha de enunciar a sua opinião sobre os pancadas ~m quem lhes uão tirava o cbapéo.
._factos: da Bahia, não obrava mal ern reprovar E prosegu10:
de!ldli jã todll)3 essas violencias de que se tratava; O Sr. -dPputado fallou na tropa do Minas. Eu
não lhll obstando itoso a que houvesse de adaptar niio queria d1zer tanto, mas jA que fullou a
··um pfojei:to _de amnistia, á qual elle orador não este respeito, digo que sim, que é ella que tem
se oppori~, ainda_ que entendesse que as anú:ístias espancado e feito o que acabo de referir a homens,
em ~emp\)!J de commoções só servião para animar é verdade que erão pretos; porém o preto e
o crime · e para convidar a desordens. Como homem como eu sou e como qüalquer rel e lm-
.porém, a puniÇã:l teria de ser dirigida contra . perador, stlndo cidadão; e quando tenha a des-
massas, nellas' podião haver indivíduos de boa graça de ser escravo, não deixa por isso de ser
fé e 'illudidos, não duvidaria sustentar uma nos.so irmão. A escriptura não apresenta a menor·
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SESSÃO EM. 20 DE AGOSTO DE 1831 51


distineção. Todos nós nascemos de um h•,mem O Sa. ERNE~TO reqnereu que a resolução do
só. e somcos filhos .?e 'DP.os ; eu sou igual a .. meu Sr. R«bouças He conv.·•rtesse em decreto para
i7mào, on:' nãii't()mb~. religrào e,·eutão deixemo· entrar em Ia di:wus.-;ão com a prop0sta do governo.
nos àe jurai' .àqtii'.'.gire· sus(er~tar~>mos. a religião As~im se v•'DC6U. ··
c<~tholica. apo.4vlicá e- roman!l~ Hü'emos~,.de, per- FlcClll a ma terra adiada pela boi: a, e levantou-se
.-' .... ' • J • .
. . .. . .·-"' . . -: - e •
car:se. a torto e a dirt:ito os que furem de côr
diffáente. . .'. ·:: · ..
.Pr,lnl!~'ci.o_ti:s~ ·depois contra a~ ordens illegRes,
a rman n, qll,é.-~.urié!l. as cumpnra, res1sttn o·
. lhes sempre-durairte,muitos annoR, e nbiidecendo
só. ás que ei~'o'legaes; que nunca se havia abai- P:RESIDEliCIA DO SR. .U.E~CAR
xado ao poder_ e que desafiava a qualquHr em-
. pregado, quer fosse do cnnsulado quer da alfandega, Approvada a neta, passou-se ao expediente que
-repartições onde tinha servido, que diss.,sse o constou rins selluintes p·1peis: ·
côtitrario; que nãü era homem- servil 11em se Um officio do ministro lia guerra restituindo o
'lllnçaya_ aos pés de quem se lhe punha adiante requerim.;nto de RAnato Pi!dro Boiret, coín a.
como Ja!liào muit·•s, aquelles que temião; mas inf-•rrn,•ção que se lhe pedío. · ,
que elle orador não podia ver cahir um homem Do ministro da justiça remettendo por cópia,
Bem que o procurasse levantar, e sem que lamen- em respost11 ao nffido •le 16 do corrente, u de·
tasse o seu accidente, etc. c~, to dF 9. de ~arçn d': 1825, pel() 9ual foi confe-
. h - •
a·. VARisTo embrou que sendo o parecer gad0r Joaquim B~rnardino de Sllnna a serventia
sobre acontecimentos áa Bania a discussão tinha. vitalícia de um do~ officios de tabelliào' do publico
tomado uma. d1recção. ·diversa, tratando-se de judicial_e_ notns da villa de~· Pedt·o do ~ul.
cousas ·acontecidas. n'o 'Rio de Janeiro e ar isso
· pe ta que o r. pres1 ente conv1 asse os rs. mações que se pedirão sobre os vencimentos de
deputados a. Umitarem-se ao objecto em dis- Antonio Caetano da Silva. .· ·
cils::~ãa.
~o me~mo ministro com as informn9ões q11e

á regimento. do Snl.
Do secretario do senado remettendo a cópia do
o Sr. osrneh.•o Leão:- O nobre depu- juramento que prestou 110 senado o Exm. Sr. José
tado acabou de dizer que era um bom empre- Bonifacio de Andrada e Silva, como tutor nomeado
gadó; ningilem tratou disto, tratou-se de homens pela assembléa geral ao imperador menor o Sr.
criminosos. No Rio de Janeiro e nas outras D. Pedro II, e ás suas augustas irmãs.- Ao ar-
provincia'IJ do Brazí! ha empregados que se prezão chívo.
iJe ser bons; a differença e, que nãü fazem tanto Do meRmo remett.endo as emenda~ feitas e appro-
alarde dessa virtudH. (Apoiacl(JS.) vadas pelo sen1do á p.-oposiçiio desta camara para
E' facto, Sr. presidente, que varios soldados extincção do tribunal da junta do commercio.-
puzerão em terror a capital do imperio, que A imprimir-se as emendas.
querendo n re resentaçiio nacion11l sahír da cama:ra Foi remetUda á com missão de im ostos a re re·
um so a o a guar a o correio fez pontaria s<mtaçii.o da camara municipal da cidade do Ltro
contra alguns Srs. deputados, e que outras pes- Pret•>, pedindt) interpretação do urt. 12 do alvará
soas que pasii.-.rão perto dellea forll>~ alvo de seus do 27 de Junho de 1808 sobre a decima dos predios
tiros ; Isto ó verdade, mas nem por lsNo o nobre urbR4ros. ·
epu a o c amou en no an o como a~ora .c ama. eu-se o requenmen o o r. er igiio, pe in o
Eu jà disse e rop\to, os soldados mineiros têm lícança para retirar-se para a sur1 proviucia por
obrado legalmente, têm dissipado ajuntamentos todo o moz de Seternbro.-A' commissão de po-
criminosos e talvez separado á força alguns deres.
escravos que perturbavüo o socego, que estavão Remetteu·se á commissão de guerra o reque·
em desordem ou que se ajuntavão contra as rlmento de Manoel F1·anklln do Amar.~l pedindo
posturas municipaes. O nobre deputado quiz fazer desaggravo das injustiças e preterições que softreu
uma accusação aos soldados mineiros que anda· no tempo <lo governo transacto. . -
vão ·de ronda, ôu respondo, que os actos por A' com missão de' constituição remettén· se o
elles praticados são proprios do serviço da ronda re.querímento de Ernesto Frederico de ·verna,
qu~_.se lhes incumbio, que obrárão legalmente, pedindo que esta, camara mande recomníendar ao
e·. que. !'líio de continuar a cumprir seu dever, governo que o contemplt;! nà nova org~nisação do
. embora isto não agrade ao Sr. deputado ou a thesouro ou na alfandega.
Qutras -pessoas que se achào complicadas neste
negocio. a
Foi julgado objecto de deliberação .. ~esólução
da commissão de guerra sobre a pr'Óposição do
O- Sn. CAS'rRo ALvÊs pedio a palavra para Sr. Rezende, para autorisar ó ,governo a contem-
exigir uma. explicação sobre o que acabára de plar os officiaes, cujas propostás não forão app~o­
ouvir, dizendo ~ue o caso era de honra, e por vadas, por terem entrado .em commoções. polí-
isso lhe não podia ser negada a palavra. {Ordem, ticas.-Pedida. e vencida a. urgencia entrou logo
ordem.) em discussão. ·· .-
o·s:a. PREsfi>_ENTE négou·lhe a palavra porque O Sn. REBOUÇAS mandou uma emenda para. se
a não podia obter pelo regimento. supprimirem as palavras (( offlciaes ·inferiores. »
Ficou o objecto adiado em razão da cl'legada do Posta á votação a resolução, foi adaptada a
Sr. ministro da fazenda, o qual entrou e leu mandou-se á commissiio de redacção, rejeítada a
primeiro uma proposta da parte do governo. emenda, ' . , ;-
O Sn. PaEsiDENTl!: disse que a carhara tomaria Forão remettidos ã eommissão de orç9mento o
a proposta na devida considera~ão ; depois do requerimento dos Srs. Araujo:> [rimcf?; e Deos e
que foi dirigida á 1• commissão de fazenda. Silva para se incluir no orçamento 'd'as despezas
militares os soldos que se e~tão, devend.o á tropa.
O Sa. MINISTRO passou a. tomar o lugar com- da 1• e 2• linha na provincia'. do Pará,_ cujo.;p~­
petente para assi~tlr á discussão sobre a moeda gamento se mandou suspen;der, e -9~.tr~i req'He.rl-
de cobre adiada da ..sessão antecedente. mento igu11l dps Sra. ~a~íele Bj,\pt~s.tá, dll,O_lr~eira
Offerec6rão-se vari~&s emendas. a respeito da provi11cíá de' S. P~dro
~. ..
ilQ
- ,Sul. .
'
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SESSÃO EM '20 DE A.GÓSTO DE 1831


Leu-se o seguinte req-qerimento do_ Sr. Ca~tro
Alves : · . ~
- << RH•\Ueir<l se saiba d•l gnverno se 1nn .. a. se
cr•nserva. pr~s•l A sem culp-. f-·r•na:la o 11!'\trang<nro
J0ão B •nlfacio Alv11s da Srlva_, dt'pois. de achar:se
re~tab~lecida a ordem nesta ctdade e JÓ. tran,rut!•
1:-Hl ,g os ammns .. s que ora,, a voz por o 1<>' ou a commissao: e po. eres a m. ~ S'e . ar ·a
vi:lgança, indispostos acmt~mente contra e~se licença pedtdil. pelJ Sr. deputad., R•be•.~.o de An-~
ind1viduo; e se ainda o pretende lançar para fóra d rada para regressar á sua prov-incia para tratar.
do Bra:l:il sem crime!! ,, da !'lua saude. · ·
n e ave p en a a ommtssao e gu r~ par .
:supra, disse mações ao governo a respetto da.,quantla, em que
0 SR. CASTRO ALVES,_ que tendo Vindo para importã:o os soldos qué se devem á tropa de 1•
esta capital em um dos mezes do anno proxímo e :?,a linha. da -provincia de S. Pedro du Sul.
passado um pnrtuguez capiblista P•lr nome Jo!io
Bonifacio e tendo o dito portuguez espalhado ORDEM DO DIA
aqui seu~ capitaes, se vira depois em circum-
stancias de·ser preso em uma das fortalezas do Consultando o Sr. presidente á camara; se ·a
porto: que bem sabido erá. como se. costumava commis,;ào especiat que tem de encarregar-se no
fazer isto quando se t.~Uena pe!se:;tnlr_;- al€1uem ; senado da accusação do ex-ministro da guerra
que inimigos espalharão que Joao Bomfac10 era José Clemente Pereira, devia ser de 5 ou 7 mem·
inimigo do Brazil, desaff~cto á _sua causR des oti· bros decidio-se que fosse d.e 5, e carrendo·se o
o • • - • o

co etc., consas que o ora or ca 1ra em acreditar até


oe;to tempo, mas mudára depois de modo de pensar votos Rebouças com 38, Carneiro Leão com '31~
attendendo a que elle mesmo não escapava de Xavi~r de Carvalho e Odorico com 2:3.
ser· viclima dos inf~tmes clubistas, e a esar de Teve 3a leitura a proposiç\o do Sr •.. R_ez_e)lde
vn 1artamen e e sua casa camara, e a camara . '
sendo adrnittida á discussão mandou-se· imprimir.
'
voltai para casa, .s.e espalhava a seu re~peit? ~ua
é amanté dos haitia-nos, a quem escondtd.o dmge, Remetteu-se à commissão a que estão aft'ectos
etc.; que sa cot~vencera de que taes boatos a os papeis ácerca de Albino Gomes. Gue~ra a
o O - o I

n a i i ue a a a car a o nra e
a restituir 1:800H irnportancia dos t~oldos que
gloria de um home!U de bem: que elle orador
se não embar~tçava com o que a se!l respeito se tem recebido indevidamente durante a sua sus-
diz\a, nem se aterrava com calummas, porque, pensiio. · · .
- continuou: - sou sempre Castro Alves- ex LE'u-se a resolução seguinte oiierectda ·pelo
[1·uctibus eorum cogntMceti.v eos - disse Jesus Sr. Oosta Ferreira. :
<< Fi cão em perpetuo esquecimento todos ·os
Chrísto: olhem para minha vida pasi!ada, e por
ella julguem: não para a minha vida futura, mas actos praticados nos dias 14 e 15 de Julho~ tll~~s
para traz. Não me hão de tapar a boca naquillo da anti-constitucional juncção de algun~ lnt.ltVl-
que eu vir que é para bem de minha patria duos e tropa no C•lmpo da honra; são port!!ll
de>~graçada e do po-vo, desgraçado povo I Qn~ é exceptuados desta amnistia os que perpetrarão
mnrt~s e latrocinic•s. 11
levado por aquelles ue os m~Ltem talvez na mo1ta,
. . E a edido d seu o f · i c
missão de ju,tiça criminal. - •
Foi julgado objecto de deli~eração e mandou-ae
irnprimir a resolução oft'erectda pelo Sr. Fer-
nandes de Vasconcell•1s na ual marca os razos
não quere.ia para vós.-Por isso digo que as cir- entro dos quaes deveráõ ser interpostas par~ a
cumstancias me tbm convencido de que este hc>mem relação do Ma1·anhão os aggravos e appeil.açoas
(João- Bonifaeio) é perseguido grat!litamente, e da província do Pará., em proporção ás d1stan·
·que eeut!'inimigos, talvez seus proprlos devedores cias.
o perseguem para se l!vra~em de um homem E foi rejeitado o requerimento do mesmo senhor
qq_é os socconeu com dmhetro, e é seu credor I em que pedia dispensa da impressão e urgencia
E. -que pela· imn1oralidade .e~ 9-ue estamo~, espa- parn entrar logo em <:J.iscussão. . .
lharão. que este homem. é tmm1go do Braz• I, COJ:!· Forão igualrnente Julgados ob_Jecto ~e delibe-
trario ao· bem da patr1a I Este homem era capi- ração e mandãriio·se imprimir os segumtes pro-
talista quan'do veio para o Brazil ; não .vei_o . jectos e rAsoluções :
distrair as riquezas do Brazil, veio antes ser util Do Sr. Fernandes de Vasconcellos para extiJlC·
ao Brazil; nós deveriam os recebei-o de joelhos, ção do arsenal da marinha e dos- armazena na~:
beijai-o._ Não estava ao seu arbitrio, á sua escolha cionaes- na província do Pará: assim como -·-ct~s.
procurar outro paiz onde podia empregar seus fabricas que ministravão madeiras de construcçao
cablldaes 'l Para que veio olle para o Brazil? Para par11 o mesmo arsenal. E indicando mais pro-
·ofiendel·o com seu cabedal 'l Ah I meus patrícios, videncias a tal respeito.
não nos deixemos illudir. · Do Sr. Baptista Pereira decretando varias res-
tric<;ões ou direito de testar a titulo de legados
Foi lido, a rogQ do Sr. Rebouças, o parecer das pios ou de bens de alma. .
coinmissões oo;- ·constituição e diplomacia sobre o Dos Srs. deputados Manoel Amaral e . ~lvea
mesmo o · cto
re-:tuerimento do dito João Bonif&cio Alves da possão' contrahir emprestimos- em que circum•
Silva, e todos os factos que se têm praticado a stanuias e quMs serão os moios de p~gl\mento.
'respeito cdelle, julgão que o supplieante se queixa Do Sr. Pereira Brito para quo se fizesse n~&
com justá- razão, e supposto considerar que só- arrecl\dação dos direitos do algodilo a mesm~&
mente. razões sobrenaturaes defenderiio o com· reducçilo proporcional 1\ distancia dos lugares dr&
portamerito do ministro da justiça, constaute do proctucção que se praticava na arrooadacdo dos
!-f!U- ·aviso de 5. do corrente, exigem com tudo ur- dízimos do café e assucar.
ge~ia informações do governo ao mesmo respeito. Do Sr. Vallasqués :para que se suRpondesse •
-•, Foril:9 approvados o parecer e o requei'imento, venda dos metaes preCJosos existentes no thesouro
ApprovoP·Be tal!Jbem o requerimeuto do Sr. e ·mais repartições publicas do imperio. . ~.;
Rezendé pata se perguntar ao governo que ob- Ao meio dia chegou o ministro da guerra e depois
jecto trouxe dqui · oi,o.libelicJJ amct~nos de Aoitola de introduzido le11 d11as provostas do governo 1 a~
.;.•
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:50 - Página 1 de 1

.. :r..:.. SESSÂO EM 22 DE AGOSTO DE 1831 53


quaes depois delle ,_sahir f,1rão remettidas ãs • · mili-
commis~ões de guerra'' e' d!); orÇ;;1,me"to. , . "
Entrarão em díscuss.iiõ as s··gtli nt~s rElsoluçqes
da conselhos g!'ratls e fdrào appt:ov.,tl~s à adopta~
das. . , ·. . .·
1.• Da '·provincia·dn Ceará para ér··ar e demar·.
· · " ç ·o a " 1a uma reguez1a su ra·
ganea da matrfz da vílla de S. Matheus.
2.a··Da mesma província par01 creaçiio e demar-
cação ~~ uma freguezia na povoação da S. Oosme
Da província de'Pernambueo sobre a org·1ni·
sação e administração dos hospitaes de caridade
das cidades de Olinda e do Recife.
Da prcvincia de Goyaz.
1.~> Para creação de uma aula de ensino mutuo
no arraial do Pilar.
2.a Para creação de uma nula de pt•imeiras
letras no arraial do Ourrulinho.
Entrando em diseussào a ta propnsta do con·
selho geral de S. Paulo snb n. 19, ficou adiadll.
por ~cabar-se o tempo da la e 2• parte da ordem
Paisou-se á 3• parte e leu-se o p'lrecer da com·
missão de justiça civi1osobre o officio do ministro
da justiça, a, ~espeito da representação. do presi·

no dito codigo, Ra devia continuar a observar


o regimento de 11 de Julho de 1799, ·que pro·
hibe taes córtes, debaixo de penas. A commis-
são julga que deve· observar-se o regimento com
as mod1tl~açõHs nas penas, que ex:1ge a con·
stitui<;ão o o co<ligo ponaL; e que s~ remettão
eHtes p11peis oi commltlsüo de minas e b<>sq__uas,
O Sa. MELLO MAT'l'OS como J•elator da mes1na para, junta com as de agricultllra e de ju,j"f.iça
cominissão .mandou ã mesa um projllcto, em lugar criminal, ftiZer<lffi um trablllho desenvolvido e
do apresentndo' com algumas alterações na parto sy~tematico para conservação das mattas.
Foi á cor~mi~siio de orçamento a St1!1Uinte reso-
-..
de admini$tração.

da commissl'io de instrucção publica so ro os


requerimentos de diversos proftJssores que pedem
ser jubilados com seus ordenado~ por inteiro, os
quaes havião sido remetti•los pelo ministro do
imp11rio, por não existir lei que regule . esta
mataria. A commissão é de parecer qut~ tornem
a mandar-se ao governo, para que guarde o costume
sujeitándo á approvação da assembléa aquellas
jubilações que conceder. -
Entrou em .discussão o parecer da commissão
de constituiçuo · · s•,bre o requerimento feito por << Requeiro que as representações di!.s camaras
João Francbmo Chaby para ser declarado cidadão municipaes das villas de Campina Grande e Brejo
braziloiro sobre o qual houve longo debate e de Arêa, feitas a esta augusta camara contra o
se offerecerão varias emendas. Afinal foi rejeitada procedimento criminoso do presidente da provincia
o parecer e adiada uma emenda do Sr. Hollando da Parahyba, José Thomaz Nabu.co, vão.. á. com-
a respeito delle por empate de votos. missão, a que se remetterão os otficios e· actos do
O Sa. PRESIDENTE indicou assumpto para a conselho da mesma província sobre a deposição
ordem do dia 22. dos commandantes das armas e da 'artilharia,
Levantou-se a sessão ás 3 horas. e de outros officiaes, afim de dar o sêu 11arec.er,
a responsabilidade de tão infame presidente: e que
sejào remettidos á com missão de guena um reque·
rimento do ex-commandante de artilharia e lente
de geometria da me~ma · provincia, J oag ui m José
< SessAo em ~~ de Agosto Luiz de Souza; como tambem duss UJdicações
que me remetterào do Rio-Negro Merc>l de dous
Pl!.ESIDENCIA DO SB. ALENCAR o:fficiaes estrangeiros de quem se queixavão. 11
Venceu-se que fossem á commissi\o .. de .consti·
Approvou·se a 11cta com uma pequena alteração, tuição as representações das sobreditas 'camaras
e pa.sNou-'tie ao expediente, que constou dos papeis e. á de guerra o requerimento de Jo!lquim José
seg_umtes: Luiz de l:)ouza e %9 duas J.Jldicaçõ.~:; acima men•
· {]m offioio do miqistro . da guerra res~ituindo çion~;~d,as, · ·

.
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SESSÃO EM ~3 DE AGOSTO DE 18~~ -l;'

ORDEM DO DIA tricio T"ixqira pr.qfessol' d.á· grammatica latiu,


da fre~u~z1a Je Mat~v.·Dell~r.o, da provlnolll do
Teve 1• discussão e passou á 2• o projecto. M;ináii Geraes. . · *,
de te.\ para ser livre o commercio do pil.o· · Lt>rãoiso,~ as felicita~:ões seguintRs.:
br••zíl. Da carn•lra munleípal ci·~ Villa Franca do Im•
Eulrou em 2~ diRcussão o art. 1• do ro"ecto ·• 8Ta•\or con~tit11 íon a ·via • h
e ie1 o.· , vin o o senado, sobre e~cravás dos habitantes do seu •itstricto, em qne pro•
que entrartJtn n" t1rritorio do Brazil; ao qual testão a sua firme adh,.sào ao systema ndopt11tio,
se offerecerão muitas emend-.s: e afinal foi appro- e se off<lrecem para defe11der a liberdadt1 l11gal e
vado o .artigo com uma emenda do Sr. Luiz inda endencia do im erio.-Recebid o
ava c11n 1. agrado. ·
. Tendo entrado e tomado assento o Sr. ministro Da camara municipal da villa de Antonl.n~.- .
da fazenda, continuou a discussão da propost" do O,meRmo.
governo e projecto do Sr. Rebouças sobre a re- Foi lido o officio da camara municipal da vllla
ducção da moeda de cobre. de Macahé, enviando as suas posturas par·1 serem
O Sa. E&NESTo mandou á mesa a seguinte approvadas.-A' uommissão especial de eamaras
declaraÇão: mzzuicipaes. . ·
<< Declaro que na sessão ultima votei a favor
Furão ~;nviadas tambem a sobredit~ commfasi'ío
do par!lcer da commissão de constit._-qição áce:·ca a representação da camara municipal de Ollnda,
de João Francisco Chaty. · em que se queixa da oppressào que lhe f~z o
Tendo dado a hora ficou a discussão adiada. conselh;o geral da provincta de Pernambuco, com
ínfracção nntoria· do direito de prnpria1Jatle. lll
s represen açoes as camaras muntctpaes as
seguinte e levantou a,.sessão ás· 2 horas e tres cidades do Recife e Olinda, sobre a rnu ll!nçlt e
quartos. cou,oervação do· curso jur4lico na mesma OJidade
de Olinda.
officio da camara municipal da villa do MIIOI\hé,
remettendo por certidão a composição falta pola
Sessão em ~3 de 1\.gosco dita camara. com as da villa de Cantug,llfo o
· · · ma1:1 v as
pedindo a conftnnação.
Foi enviado á commissão especial do oousolhos
geraes um officio do presidente do cuusolho ROral
ÁJ'pro'Vada a seta passou-se ao expediente, que do Pnrá, ucompanhan,lo as actas dl\ll tlOMÕea
const1•U dos seguintes papeis : do mesmo conselho nos dias 15, 19, 23 e 28 doa
Um .,fficio do ministro dos negocias estr-angAiros, mez-es de n~zembro do anno paHsauo e UIJ Feve·
env111ndo por cópia a conta das quantias entradas reiro deste anno.
no tbesouro publico, producto da$ vend<1s das Foi enviad~ á commissão de cor:stltulqi'lo a
presas •!Uli por offi.eio de 9 de Junho pflssado havia representação da camara municipal da aldad6 do
sido requerido. • Pará queixando-se da víolencia e infrMQÕú& de
Do ministro da marinha, transmittindo a con- -leis ?OID!l!ettidas p~lo commandante das arml\s,
sulta da junta do commercio. datada de 14 de
IÍh o e 9, acompanh"da o regulamento por
ella organisado para registro da. marinha mercante
do imperio. ,
Do ministro · da ·usti a enviando um i
o .l>re•t•lente dá província de MiMa 6era..,s aCllll'l· nahyba em que pede a trasladação da capital
;;~>anb1ldo t;le uma representação da camara muni· provincia do Piauhy par>~ aquella villa •
.clpar da villa do Parac;~tú, sobre a duvida de Foi enviada á commissão de constituiçt'io a
.Serem . ou. não couten1plados como· offieiae:~ de representação da camara municipal dt\ chiada de
iu:s.ti~; os~éscrivães do ]uíz de paz.-A' com missão Cabo-Frio, acompanhando a queixa, que contra o
ds~:ju~tiça ·civil. . juiz de paz da aldêa. de S. Pedro fazem os habitantes
. :::D<i, ''nttsmo- ministro enviando nm dos auto· da mesma freguez1a. .
grilphos do .decreto sancciunado de 4 do corrente Foi mandado para a commissão de poderes o
J»~•Areando neste imperio os guardas nacíonaes. officio do Sr. João Ricardo da Costa Durmond,
-A.o- archiv.o •. deputado suppleute pela Bahia, participando que
.Do ministro do imperio, em resposta ao officio pelo seu estado de molestia não póde comparecer ua
desta camara de 31 de Agosto do anno passado, presente sessão. .
relativo As providencias, para ser repar:1da a O SR. CASTRO E SILVA mandou ·o seguinte re-
injustiça praticada c\lm os in lios da aldêa Mon. querimento : -
temór o novo da província do Ceará, enviando <C Requeiro se pergunte ao governo as razões
os papeis relativos a tal objecto. eru que ae funda o ju1z da alfa.ndega desta eórta
Du mesmo ministro, euviando 1\ consulta do eon· para alterar a pauta na parte dos direitos sobra
selho de {azend>l> sobre o requerimento do capitão as obras de prata e de ouro; que sendo abrigada
de ma f· e· guerra reformado José Jaaquim da sõmente pela mão de ob~a e pela avaliação. da
Silva,. qúe pedio em rert1uneração de seus serviços
·· -- s e s o, em que e I

f(ira c:Onc~dida a de 25S, Jepartida pelas filhas do


E>m contravenção não só da pratica constantemente
mesmo offieial.-Ã' eommissio de pen~Õjls e orde·
alli seguida, como dos tratados e da resoluçllo de
nados. .,., · 10 de Setembro de 1830, que declarou livre. de
direito a prata em pinha. u · ·
Dn. mesmo•mínistro, expondo a duvida que ha Foi approva!Ja a primeira parte e rt~Keltada a;,
muito ·ae tem suscitado; se a villa de s. Salvador segunda. -· ,' .
dos campos e seu districto P•·rtence a esta provincia
do 'Rio• da. ·Janeiro ou a do Espírito-Santo pedindo Do mesmo para que ficassem adiadas aa. pro-
. soluÇão- aóbre este uegocio.• postas dos conselhos geraes quando . houve11se
-"· Do··secretario do se_n!!-A-, p<~rticipando haver opposição.- Regeitado. i\ ·: •
'o senádo·:·adopt>tdo, e~que\vai ·dirig•r á sancção Farão approvados os clous pareceres ileglllnteé :~
a. resolução approvando a, ·aposentadoria com Das commissões de guerr11 e marinha'para que
ordenado :por ín~eiro, concedida á Joaquim Pa- seja' ouvido o ministro da marinha• sobre a quei~a
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SESSÃO EM 25 DE AGOSTO DE. 1831 55


que faz Alexandre Jos.é pe Oliveira, de ter elle do senado; declarando nulla a. do conselho geral
. !llandado entregar ao cirurgiâ·o da fr&gclta D. Fran. da provincia de S>1rgipe d'El Rei, que derog •• u a
cisctJ um escravo que- se ac~ava na dita fragata, postura da carnara munici pai de Itabaiana, sobre
o qual elle queixos'kpédira que fosse remov~do a prohibição da soltura de gados nas t~rras de
para a presiganga, aum deJ?rovar que era. seu .. _,.•. lavoura; assim c<>mo o projecto de lei marcando
Da commissão de guerrà··•sobre o requerimento a._cada um d••s juizas do crime desta. cidade o
de, ·Pedro Berm}lldes, capitã~ do exercitn; por orde~ad<? de~· 600SOOO:
,'
como commandante em chefe do exercito do sul pensada da impressão para' entrar na ordem dos
que pede se lhe mande passar patente, porque na trabalhos.
theso~ra!:ia _não qUilrem reconh_ecer aquella.- A Foi remetti!la á com missão de instrucção publica
. '
. .
.
- - '
gocio não compete á camara, mas sim ao governo. tendente a equipat·aros'vencimento>~ e prerogativas
Foi lido o parecer da commissão de pensõ~s e d\Js i'rof~ssort.> de lingua latina aos de primeiras
ordenados sobre fi consulta, documentos e decretos h•tra8.
· pelo qual n regencia em nome do impara.lor Forão remettidas á commil!siio ecclesiastica duas
. concedeu a D. Escolastica Angelica Varei! o, vi uva representações da cidade de Belém do Grão· P11rá,
do conselheiroJuãoJoséRodrigues Vareiro, a titulo pedindo em uma, certas alf•i 1s e ornamentos
de pensão, a terça parte do ordenado que ello ven· llldispensaveis á celebração do culto divino na
cia como contador geral do thesouro nposonlado. cathf:dral da<luella cidade: e na outra o p<~gameoto'
 commissào approva, mas julga qut• devo t~or da cnugrua atrazada.
elevada. a pensão á metade do ordenado pelos Foi á commissão de p'lderes o rPquerimento do
motivos que ·all~oga. Sr, deputado P!!.checo Pimentel q11e p?de licença
Jul ou-se ob> · r · r · o 1 de.
imprimir com urgencia. F .. riio approvaqos os s~guintes pareceres :
Foi appr<>vada a 'redacl.)ão da seguinte resolução Da comrnis~ão''de justiça criminal sobre o.re·
segundo o que se vencêra no dia 16 do corrente. ({UP.rimento de Carlos E1mbelbe, oeguciante ham·
cc O overcw fica autorisado a confirmar nos os· bur uez.
os a que forão elevadas em cooRequencia de Da ctlmmiss!io de guerra, que exige informa.ções
propostas legalmente feitas por serviços prestados do gowrno, a respeito do requerimento dfl João
!las differêt~tes províncias do imperio a bem da. Luiz Ferreira Drummond que se queixa de lbe
mdependencia. do Braz\\, á uelles officiaes e não serem a os os vencimentos ue lhe cvm e tem
o c1aes m eriores que tendo sido promovidos, nao como deputad•J commissario o extinc o comuus·
. forão todavia confirmados por terem tomado parte sariado. " ·
em commoções políticas. Ficou adiado por se pedir a palavra o parecer
das commis;,õe.s de justiça criminal, marinha e
ORDEM DO DIA guerra, sobre a represe11tação do chefe de esqua·
dra da armada nacional Luiz de Cunha More1ra,
Entrou àm discussão o projecto de resolução, O Sa. MAniA. no AMAltAL pedindo a palavra
~Plo q~al'o g•werno é autoriaado -para continuar
eom urgencia, que foi apoiada e approvada, man·
P_,Çlr mals'illm .:anno o pagamento de todas as pen- dou á mesa o seg11inte requerimento :
soes. tenças, etc. « Requeira que por uma votação da cama.ra se
pepois,de algumas ~efle1ões, po~to á votaç~o, vença, se se deve tratar com preferencia a todos os
mais oL'ectos e trabalhos d<t camara .reforma sob
_Foi tambem approvada depois de alguma disc~s: n. 69, propo8ta pelo S'r. Ferreira França. ».
sao a resoluvão a favor de João de Siqueira Ü Sa. FERREIRA DE MELLO mandou â rneiÍII.O
Camp~llo. . _ seguinte additamento : ·
jecto de lei n. sa,
ví.ndo do senado, sobre' o trafico
illicito da escravatura.a.o qual sfl offerecerão muitas
que se trate igu~l!nente do parllcer da commi.~são.
sobre a. aceusaçâo do actual ·tiiiílistro da j U!ltiça.n
e~1endas : mas ficou adiado pela chegada do mi· O Sa. ÜAllXB{RO LEÃo offereceu: a .segul_nte
n1stro da fazenda. · pr,Jposta : · ·< . };.. .·
Continuou a discussão sobre o projecto n. 188 e tt Proponho que sedêm para a discussãn~odós os
proposta do governo a respeito da moeda de projectos de refurma const1tutional, 'e q!le; E!e· dia·
cobre que ficarão adiados pela hora. cuta preliminarmente então, qual oU: quaes,~entre.
Leva~tou-se a sessão depois das 3 horas. os ditos projectos_ d~vem t_er a prefereueía. ·:o ;.. .' ;
Postos á vutaçao depo1>1 da algum debate•,fm
rejeitado o do Sr. Maria do ~maral, prejúdica,do
o additamento do Sr. FHrre1ra', :e a.pprovado o
requerimento do Sr. Carneiro Leão.
Se~sa\o em ~G de Agosto ORDEM DO DIA.
PRli:SlDENClA. DO SB, ALENCAll. Entrou 1.\m dillcussão a re11olução n. 13\l, únindo
a villa dos Campos á provincia do Rio de Janeiro.
App~ovada a aeta, lerão-se os offi.cios seguintes : o Sa. B.\'PTl'STA. P~Rlllll>A. mandou ~ mesa. uma
-- Do ministro dR fazenda remettendo o balanço do emenda qu>~ r,,i apoiada ; mas fico'ú adiaqa che·
co re a junta do comroercio, que se lhe requisitou gan o o nnntstro a a. zen a. ... ·..
em officio de 19 do corrente. Continuou depois a discnasào da prÓJÍOI!Itá do
Do ministro do imperio scomp1nhando uma governo e do proj~cto n. 188, quQ t.ra.~à<> da.
·reJiresentação da sóciedada de mineiraçào de Gongo moeda de cobre, e ficou afi•laladiada á discussão
OSocco, pedmdo a reducçiio do imposto de 25 %que por causa dd hora.
lhe foi arbitrado_ sobre o prog_ucto que reco~her, Levantull·se a sessão ás duas boras e ·meia.
:_li. mesma proporçao qu~ pagão as outra~ suc!eda
dos estrange1ral\l de mmeuçào neste imperlo.-
,,A• colilmissàO de minas.
,. · Do 18ecretario do senado remettendo com os
doc~mêntos que lhe dizem respeito a resolução
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56 SESSÃO El\1 26- DE AGOSTO DE 1831


Sessão em ~6 de Ag~sto

PllESIDENCIA DO SR. A]:;ENCAB. '·

cons ou os papeis segnm es :


Um officio do ministro da justíça enviando dous
o:fficios do chanMller in te ri no da casa da suppli-
cação, expondo no primeiro a impossibilidade do
o re imeu o as es emun as ausen es para a
conclusão das devassas ; e nCJ segundo o procedi·
mento da rehção de ·Pernambuco nos nutos em
que foi recorrente ·Joaquim Manoel Gago da
()amara, visto de~enderem taes objectos de medidas
legislativas.- As commis:;ões de justiça civil e
criminal.
D.1 ministro da guerra satisfazendo com dous
documentos o que lhe fôra requísítndo, ácerca
de não terem sido pagas . as de,;pezas feitas com o
exercito na província do Rio Grande do Sul.- A'
secretaria .

.,
desta cidade. _
Do mesmo ministro ~n-yj,ando a consulta da
junta do commercio sobre ~ representação da
província da Bahia, quanto á construcção do pharol
dRquelle porto com as sobras de que fazmenção.-
A' commissão de commeicio. _
O conselbn geral da província do Maranhão pede
a creação da juizes de fóra de cível, crime e
orphàos para à;fferenJes villas daq uella província,
attenta a morosidaue e illflgalida·le dos juizes
leigos,
' . as~im. o augmento rla populnção.-
e . bem

O Sa. DEPUTADO PAULA E Souu pede liceuca ~


no ~ 20 ordena que o arsenal d() .. exercito.. dê
'
par.a.:.retirar·sa á sua provlncia, por se terem cont«s ao thesoureiro mensalmente; e nos Si&i 31
. _ag _mvado suas molestias. - A' commissão de (; 53. explicitame"te_. Ordena que os.thesou~eiros e
alvará de 13 de M~io de 1808 da creação da conta<
PABJiÓ1mii:~- DE
..:j;-_;,._~_>.f.,:.-~....
COYMISSÕES
doris do arsenal da marinha não altera tambem
semelhante systema: e quando o houvesse alta·
rado, estaria revogado pelo ~ 12 da citada lei de 28
~- .- ·. : FiÓôu adiadô por se pedir a palavra o pijrecer da de Junho de 1808. .
< coâluiissão :- especial das camaras municipaes « Qu~t.nto á thesouraria geral das tropas, dis·
sob!e a reJ_j're-sentação da camara municiptLl da posições das leis regulamentares do thesouro na-
vllla, do Príncipe_ n•t província do Rio Grande do cional a seu resp~ito não podem ter sido modi·
Norte, ·ãcerca dos seus !imites. ticadas, como diz o ministro, por ordens ulteriores ;
, 0-SR. I>EPUTA.Do Mouat.. pedio a urgencia, mas principalmente á face do alvará de 21 de Feve-
não: se.· venceu. reiro de 1816, na sua creação nos S!Si 6, 31
Ficárão tambem adiados os seguintes pareceres : e 35.
Da commissão de poderes sobre os requeri· << Que a lei fundamental do thesouro nacional
mentos dos Srs. deputados Odorico Meudes e foss.; postergada logo em sua origem durante ·
Rebouças que pedião licença para se retirarem o regimen despotico, onde a lei é a vontade
por motivo de um voto que se assignou vencido. do despota modificada pela dos executores, é o
J>a commissão de orçamento sobre R pretenção que não admira, porém que o continue a ser
dos prnprietarios dos predios urbanos desta côl:te, d~baixo do regimen constitucional é de certo
por se pedir a palayra_: lamontavel 't
dos Sr11•:. 'deputados Araujo Franco, Deos e Silva. não se tomar contas mensáimente no thesouro
Baptista tle Oliveira e Maciel, para incluir·se a todos os thesoureiros, ,,lmoxarif•s e a quaes" _,
no · <lrçamanto o pagamento atrasado da tropa quer funccionarios que recebem e desp~ndem di"'
,-,_ de suas províncias respe.:tivas. Por se pedir a nheit·o da nação é abuso escandalosissimo que
palavra; ' cumpre remediar: para o qu,e prcpõe a com·
Ficando adia .:lo, por pedir· se a palavra, o parecer missão que se officie ao actual miuistro e secre,'
da commissão de justiça civil sobrfl o requeri meu to tario de estado ·_,los negocios da fazenda_ com.·
de. Lourenço Autonio do Rego e Manoel Martins mettendo-se ao s-ãu zelo a stricta observancia das
_ Vieirajliá~rca de reclamações de presas, foi com- leis de ~2 da D~zembro de 1761, e de 2tl de J_unh<J
- tudo- .ifi.'·:,iG!jrimir junta:llente os pareceres das de 1808 a tal respeito; e a proposta de quaeequer
·eommisaõelfde·marinha e fazenda sobra o mesmo medidas que julgar consentaneas {1. boa e-.mensàl
objeoto. -~ flscalisação em um centro uni co em cada· uma .
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:51 - Página 2 de 8

SESSÃO EM !6. DE AGOSTO DE i831


""'"·'·
51
provineia do ímperío, 1Ías contas dos dinhelr()s
âes!Jendiilos por conta da nação. ~·
cc Paço da camara dos deputados, 19 de Agosta
de 1831.-B. Lobo de Sou$a.-M. N. Castro;'e
Silva.
2.• Da c~nnmissão de guerra que acha pe!téncer

ORDEM DODIA

O SR. CA.Sl'RO. ALv:ss, :membro da commissão, ao


contrario acha manifesta a responsabilidade do
'·"ministro e que usurpou a attribuição do poder
·.
legi!>lativo, pelo .que este incurso no § 2• do
ju gando procedente a. denuncia dada contra o
, mínís.tro, quer que, observacto. o _que se deve a tal
. I '
assim julgasse conveniente, pois que esta me"
dida era peculiar a Portugal e Hespanha, de onde
''

· respetto, se .nomêe . a comm1ssao para. (segundo nos tinha _vindo, e nunca·:!óra. admittida e?l
sação. baver em punir os criminosos ;~ ma~:níil) po<iia
entretanto dizer·><e que estavao Vlrtu!J,lmente
O SR. REBOUÇAS àisse que desejaria que este abolidas pela constituição, e muito menos ~ainda
negocio não tives~e apparecido na camara, mas dal·as expressflme11te por extinctas ;· .. ·pois ·neste
visto que apparecera, não podia d(lixar como caso de duvida devia. o ministro esperar ,pela
deputado de proferir sobre elle o voto que a decisão do corpo legislativo. . ·
lei lhe prescrevia; pois tal era o dever dos de-
putados nl)ste caso, quer como )u\zes, quer como Advertia qu.e o mesmo ministro t\O l)rlm~it9
Dlantenedores da mesma lei que o ministro da officio ao regador da justiça parecera mostrar
justiça tinha determinado ao governador da alguma hesitação a respeito da ~uspensão orde·
relação, ou regedor de jusliça na eôrte, que nada ; mas que depois i:! e baver sido denunciado
deixasse <ie permittir, ou que fizesse com que· na camara pelo Sr. Montezuma, de haver mandado
os magistrados não continuassem a conceder cartas suspender as leis, fallou em tom decisivo, e
de seguro, por mothro ,de considerar taes cartas chegou até a ameaçar os magistrados com as penas
de .seguro em antinomia com a constituição (art. que no codígo são impostas a quem desobedece
179. ~ 9), até que fosse resolvida a proposta ás autoridades superiores e daqui resultou que
que, como orgão do poder executivo, havia feito as leis ficarão suspensas, porque os magistrados
á camara, para declarar abusivas as cartas de por medo, ou por. outra ,.qualq'!ler cqusa... ~espe~·
seguro: que tião tendo o ministro da justiça tárão mais a ordem do ministro, do ··que ·.a
autoridade para interpretar Jei.s ou disposições lei.
eonstitu i · - ··
sua execução ; donde se concluia qne commet- commissão, a respeito da não exi~ten~ia de· cri-'. ·
tera crime, ou se ndoptasse a hypothese mais mlnalidnde, por não haver a ordem chegado a
fa'Voravel de ter. feito uma. interpretação de lei, executar-se, achando muito ine:ucto tal principio ;
ou se tomasse o caso mais · desfavoravelmenLe porque a cam,ua ·tinha a julgar·se o acto de
póru!lurpação do ·poder legislativo ; verificando-se qualquer autoridade era violaçii!l da lei, ·e não
· ~ primeira, em persuadir-se o ministro que o ~ 9• sobrt) as <lonsequencias de taes actos ; .P(lij assim
do aitigo 179 por tratar unicamente de fianças, como pelas más consequencias de UID,t.a'ctô' bom,
ezc1uii. as csrtss de seguro e mandando logo não se podia crim(nar o autor delle~' :tàmbem ,o
execufar li; sua opinião ; e mostrando•se a segunda bom ou nenhum resultado de um acto .contrarJo
na derogação de todas as leis que concedião as áa leis e á constituição não devia influir para
cartas de seguro, algulllas das quaes erão poste- ser absolvido o .autor de um aeto mão.
'l'O!IO 2 '• ' 8
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:51 - Página 3 de 8

58 SESSÃO EM 26 DE AGOSTO DE 1831


._,
Lembrou que do mesmo argumento se havião dentre aquelles da mésma ordenação que a lei de
aproveitada os que em outro tempo suspenderão ga- -:JQ de Outubro de 1823 conserva ainda em vigor;
rantias crearão commissões militares, allegando pois que o meio de livramento de éartas-"'lde
que não se tinha matado a pessoa alguma e que seguro não se acha ~encionado entre os que_ a
conseguinteme!lte a nenhum procedimento estavão Cónstituição indicou ·restrictamente. E' verdade
sujeitos. os que expedirão semelhantes decr.etos; que a lei de 22 de Setembro de 1828 r·s
· _ · · n o, e com- s r e açoes para concederem, havendo justo motivo,
missões militares erão medidas para inlimidar, reforma das cartas de seguro, e o decreto de· 10
que exigia a salvação da causa do Brazil ; raZõ<ls de Setembro de 1830 diz que as juntas de just~ça
q~e os ':erd~delros _amigos. d~ lei e. da constituição militar concedão cartas de seguro nos casos em
, qu os au z ores as nao po em ar. as o que.
a causa do Brazil devia ser defendida na con- fizerão estas leis 'l Crearão e restaurarão um meio
formidade da constituição. de livramento que a constituição não quiz, ou
. Declarou que sentia muito tE>:r de onunciar um que a constituição excluio dentre os meios que ·
voto contra um ministro que tinha sitio' seu expressamente numerou e que declarou queterião
companheiro na camarr., e que naturalmente o lugar: nem se queria dizer que foi omissão ;
continuaria a ser; mas por ser amigo, pai ou pois que tal argumento além de inadmissível não
parente o autor de alguns máos feitos não devião póde soppôr-se Dos autores da constituição que
por isso deixar de ser declarados como taes ; bem conhecião o meio de livramento das cartas :ie
podendo apenas cada um fazer quanto estiver da seguro, o qual eJ:cluirão e regeitarão na redacção
sua parte para que se adocem os máos eff<litos do sobredito ~ 9°; por não quererem que mais
dos erros das pes~oas que lhes são conjunctas : subsistisse. Temos pois que a constituição excluio
· • os- . ' i s
trassem no seu procedimento para com os amigos o autorisão, a quem pois se ha de obedecer, á
e -pessoas que lhes erão mais caras quanto erão constitui cão ou ás leis citadas 'l A resposta é
tambem amigos da lei. · obvia.
que 1vera o
exemplo de rigor praticado por Bruto, condem·
nando seu filho á morte, salvando a causa
consolidando a republica nascente, não
· · ; a s1m como .as cartas de seguro. Vejamos o que diz a portaria. ·
tambem o exemplo de Mâ.nlio, que punira o (Leu-a.) Ora, das suas palavras se vê que o
:filho por ter peleíjado contra as suas ordens, ministro não manda, mas diz que espera que os
apezar de ter alcançado a victoria, acto que con- juizes criminaes suspendão. E que disserão os
corrêrá poderosamente para o estabelecimento da juizes 'l Que era necessario que precedesse medida
disciplina do exercito. legislativa : logo, nem o ministro mandou, -nem
O Sa. PA'RArso propoz-se comp membro da com- os juizes suspenderão a concessão das cartas de
missão a defendet• o parecer, pela maneira se- seguro.
guinte : Onde está. pois a criminalidade '! Em dizer o
Du&s l!ão as proposições que affirma o parecer: ministro q\1!1 tem levado ao . conhecimento da
L• Ha 11ntinomia entrlil o$ 9• do art. 179 da consti- assembléa .a duvida em que entrará, e que es·
tuiçã~, e as lei~ s<?bre. éartas de seguro que a anta. era va em canse uencia -
• p r atu\ o mmis· pendessem a concessão das cartas de aeguro:;Yeí.t
tro;c para que seja procedente a denuncia. As confesso que não encontro criminalidade !Ü·
cartas de seguro desconhecidas entre oil romanos guma.
e até mesmo ~m Portu 1l até o anno de 1399, Senhores,qu~nào a autoridade uer ser
· . " . J:as c r es nao uRa a pa avra - espera .,- • mas sim das im·
de Elvas, a . peil.i<lo dos povos, para oppôr uma perativas - manda, ordena - ; e é principio bem
barreira .ao espírito de vingança, que muito se tl'ivial e sabido que em matarias crimínaes, quero
havia manifestado entre pessoas desaffectas 13 dizer, ouando os juizes comparão e confrontão
inimigas. E trago ~sto para fazer ver que as os factos com as leis, não têm lugar algum
cartas de seguro, f orao uma medi dá do occasíão interpretações, mas só tem lugar a força das
tomada para chamar no reino de Portugafmuitas palavras no sentjdo vulgar e commum. A' vista
pessoas qjle tinhão fugido delle e que a dita do que tenho expandido devo concluir · que o
medida ·deveria ter cessado logo que não houves- ministro não sa arrogou poder algum, e portanto
sem os mesmos motivos ; porém o facto é que não incorreu e111 criminalidade, a qual ainda mais
não o entenderão assim os compiladores da or· desapparece quando se observa que nenhum efftJito
denação affonsina, os quaes inserirão a legislação teve a portaria.
sobre cartas de s~guro no livro 5• titulo 57, donde Agora, passarei a responder a alguns argu-.
passou para a manoelina, e dahi para a felip· meotos que forão apresentados pelo nobre orador
pina livro 5o título 129, pela qual nos governá- que acaba de se oppôr ao parecer.
mos a este respeito, até que foi derogada pelo Disse elle que era necessaria a concessão das
§ 9<> do art. 179 da constituição. A letra deste C)lrtas db seguro, por isso que estas servião para
paragrapho e artigo constitucional classificou os que se achavão soltos .e receiavão ser presos,
todos os crimes em os que têm até a pena de quando lls fianças só erão dadas aos que já se
6 mezes de prisão, ou desterro para fóra da
comarca, e nos ue têm maior en : · ·
achavã.o .
. . reclusos em prisão e pretendião ser dellas
.
.. _m1 e aos. accusa os o livrarem-se soltos, e tuição não podia entender·se que abolisse e dero·
· n.os· segundos'só permittio e reconheceu a fiança gasse as cartas de seguro, por isso que as fianças
· ·:no8 casos que a lei admitte, e em todos os mais nelle mencionadas estavão ainda _dependentes de ·
torna indisperisavel t1. prisão, porque não faz uma lei 1·egulamentar que niio se achava feita. As
menção alguma das cartas de seguro adaptadas tian~;as não só são concedidas aos que se achão
pela ordenação felippina. _presos, mas tambem ha cAsos em que se cOn-
Ora, sen_'!_o inquestionavel que as leis regulamen- cedem aos que se achão Sültos : bem que se deva
tares;:ilsteJaO de accordo e se conformem coro o fazer uma lei regulamentar relativa ás fianças,
codigo ei:)nlititueional, que é de 'terto a primeira estas comtudo já são concedidas : por isso quo
base, é eonsequeneia necessaria, e fóra de toda a constituição as permittio nos casos em que a
a duvida, que a constituição derogou e fez lei as admitte, e nós temos leis que·marcão os
desappar&cer o titulo 129 da o_rdenaçiio felippina casos e as m~ncionadas fianças : e portanto a
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SESSÃO EM ~6 DE AGO~TO DE 1831 59


concessão dellas não está dependente da It,i re- o Sr. Pa:ra1zo :-··Sr. presidente, torno a
gulamentar : e de facto ellas já sii.o concedidas levantar-me para responder aos argumentos que
e 1l.erihuma necessidade .ba das cartas de se,guro, de n11vo produ•do o mesmo nobre orador em
pois que temos as fia!)Ças que são reconhecidas op_po;~ição ao parec~r. ·Dil;lse el!e. que julgava.
pela con.stituição, recoahecimento de que não crttmnos'1 o preced1mentn do mtm~tro enviando
.gozão as cartas de sPguro : pelo que parece-me. ao t<Jgedor da casa da supplicação· a portarià de
im rocedentes os argnmentos do nobre orador e 22 de Jttlho ,·
u s1s en e o parecer. ...·
consultlvamente como parecia que eu "tamb.em
O Sa. RE:souçAs disse 'lUe o nobre preopinante fizera, quer a considerasse como um verdadeiro
tratára mait< de mostrar no seu discurso que as mandato, e que mais ;;aliente po.recia a criminali•
cartas de e uro rão i · dado do ministro á vis a d , ·
systema, do que de sustentar que o ministro não mesmo miniHtro apezar de já denunciado uesta
v:iol!lra as leis mandando suspender aquellas que augusta camara, tiuha manrl>ldo ao regador como
concediiio ·cartas de seguro ; no que princip ll- por acinte á denuncia, na 'lUal insi-;tindo sobie a.
ment& versára o discurso antecedente delle orad .. r: suspenf!ão das carta,; de seguro, infundia terror e
que no· mesmo discurso fizera vér primeiro quij f·>rça aos juizes ctimina~s para que o ffgessem.
o ministro laborava em erro, pois que não PXistia. accrescetltand<l que muito perig<l><O j ulg~>va que
f\ preta .. dida antiuotuia das leis com a constitntçi'io, se pr~feril's"m aos priucipio& geraes de justiça as
segundo que elle usurpára poderes que lhe nlio indlviàaalid,,des.
competíão : que n<'io valia o dizer-se que 110 aviso Se a portaria do ministro não póde ser clas-
dirigido ao goveruadur da relaçào elle aconselhára. sificadl como ver,la<i.Aifa ordem que devesse ser
serviudo·se da palavra-esperava-; pois niio podia ex •ctamente cnmprid>l, m•1s é o seu conteúdo
deixar de ser criminoso o conselho de violar as . considerado comfl c·>nsu ltivo · eu nà o ·
ei a oca e um m1n s ro encanegado e f•1zer e1 a respunsabilidade dos ministros pena para y·
effectiva a resp<)>>sa.bilidade de seu~ subditos, procedimentos taes' tJ pela patria novamente citada.
.quando estes violarem as leis; seguindo-se daquí pP-la nobre deputado vejo que o ministro só pro-
que, mesmo na hypothese tle ser conselho, o mi· curon expender as razões ue com rovão a d 'd
• _ .$. · • m e 1 .J um crime exptesso na e1 em que e e en r ra, e que não permittem as
· de responsabilidade : além de que depois do cartas de seguro, concluindo que o regedor as
ministro-"saber que havia sido denunciado na ca- communique aos juizes criminaes, como se observa
mara pelo facto de que se tratava, e de ver a das palavras finae>~ da. mesma portaria e do -
· · ni e u ar a por- u p -se o rege or,- que 01- cumpra-se e
taria, expedir.a outm. {Leu a 2• portaria, e con· comrm.lnique·se-; sem que desta portaria se deixe
tinuou) ver alguma força e terror que se pretenda incutir
Que cadêa de cousas ha nqui I Se cnnonisamos aos juizes, e na verdnde seria prec:so que muito
isto, não ha lei que não possa ficat· suspensa a fracos fossem os juizes, para fazerem só pelas
arbitrio do governo ; pois logo que o governo palavras da. portaria o quo e!les estivessem persua-
aprasente duvidas na assembléa sobre uma lei, didos que não devião fazer; mas não se deixe
verifica-se a suspensão I Senhores, é necessal'io de notar que a. mencionad•l portRria é da data
que as noss.::~s relações particulares desappareção de 28 de Julbl:l, e çue a denuncia foi dada nesta
quando fazemos de julgadores : tem()s então de casa em 29 do mesmo mez ; e por isso desap-
.olflar . para o facto. pnt·ece toda a idéa de reincídencia da parte do
t)linistro, e do inculcado tlcinte: ~.sou obrigado
'Seja íLuito embora o 9• do nrt. 179 da con·
s 1 utçao es rnt ar e uma vez de todas as publica, quando se prefirão aos prinéipios de jus-
cartas de seguro, sej&. assim muito embora ; tiça as indi victualidades, mas é segundo os meu.
mas, senhores, as leis da 22 de Setembro de 1828 cionados princípios que eu encaro a accusação do
e de 10 de Setembro de 1880 existem os ma is· • o • • ~ o

resen ao que convenct os !I suava 1- ridades tenho, e o· s.ccusára se me parecesse


dade não podem deixar. de continuar n conferir criminoso com a mesma imparcialidade com que
as cartas de sPgiJrO e o ministro da justiça quer julgo improcedente a sua accusação, regulando-
forçar a cooscíencia dos magistrados, quer que me pelos princípios de justiça. e sem interpreta-
duvidem daquillo em que não achiio duvida ; e ções que, torno a dizer, não têm lugar algum em
diz no seu segundo ofll.clo que não ha lei qu!'t matarias criminaes. Não me recordo de .mais
os puna por obedecerem ás ordens do ministro. alguns argumentos de que se servia o nobre orador
mas encontra muitas que os faz puníveis por não por não ter feito apontamento delles, e por isso
obedecerem ; de sorte que se o ministro por um agora lhes não respondo, porém o farei depois
seu manJado quizesse fazer suspender todas as se delles me recordar.
leis, os magistrados lhe devião obedecer, apezar
de irem de encontro ás leis l I o Sr. Oastro A.1ves:- Nomeado por vós,
Ora, senhores, como á vista ·disto se póde senhores, para membro da commissiio especial
dizer que o ministro não usurpou poder legisla· gue devia rever a accusação dada contra. o mi-
tivo 'i Se elle achou necessaria uma proposta, se nistro da justiça, eu me vi nas circumstancias de:
a. trouxe a esta casa como orgão do poder execu- separar-me dos meus nobres companheiros, e dei
tivo, certo de que sem a decisão della as leis não me11 voto separado. E se não fosse do meu dever
podiãa cessar em seu eft'eito, como sern estas leis" dar os motivos que tive para assim praticar, eu
terem sido revogadas pelo poder legislativo, passa estava satisfeito e summamente contente com a
a reprehender os magistrados que pretendem defesa plena, energica "e sublime feita ao voto
observar · · - ·
cutindo-lhes temor na occasião em que estão Todavia direi que existindo.uma proposta do mi-
ameaçados de proscripção I I nistro dos negocias da justiça, feita nesta casa,
Oonc~ui~ .rel?resent~ndo que a independenci~ do pela qual via ou reconbecià que se davão cartas
poder JUdlciarlo hav1a sido gravemente ferida, âe seguro contra o seu modo de pensar, ou talvez
e 9u~ !JUmpria n~o antep!)r os in.dividuos -J!I?S contra a sua vontade; e convencendo-me que no
prtnciptOs; advertmdo que a constituição havia acto de vir apresentar a esta casa uma proposta
sómante fallado em fianças, sem que por isso ex- a este respeito o ministro se reconhecia sem força,
cluísse outro remedio de que os réos pudessem sem vígor para pór em execução sua vontade,
lançar mão para se llvrarem soltos, e explicando assentei que era do dever de qualquer ministro
a differença qua havia entre cartas de seguro, prudente esperar pela decisão da assemblea geral
fiança, homenagem, etc. · legislativa. Por~m appareceu aqui uma accusaomp
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60' ···~ESSÁO EM.26 DE AGOSTO DE 1831


• de seus artigos (~ 17 do art. 179) diz p()sitiva-
mente que não existiráõ privilegias de fôro, e Q
ministro ·-manda que· continúe a existir, e sobre
as cartas 'àe seg11ro, a. tespei.to das·· QUae,; a
const1tuiçào nada prohibió, e em 11ada toca·,
, .
entende ? ministro que de!e!ll ~er su.spensas.?
.
concediJa aos · omens que tinhiio o;ie livrar-se de
qualquer crime ; a constituição não. fa.l,lou, nesta ·
garantia, não toc(IU nella, nem a n~gou,',De~ais.
' , ' ...
um~:-prôposta. pedindo remedio a este respeito 'I seus representantes assentarem que .Jião. deveiXi ·
Oo,_nst.aúdo por noticias que alguns magistrados h a ver mais cartas de seguro, faça.-se . uma lei~-·'
Q~j'jlizes tlfihão repugnancia de pór em execução q'ue as prohiba, mas não consintamos.. quà ó'.
~·õ;_;que determinava o ministro, vejo a respo~ta ministro a seu arbítrio suspenda a exeéução das
d.ellé a tal respeito ; e á vista della não posso leis. O que será da Jib,..rdade e segurança índiyídual
'entender como não seja determinativa tal ordem dos cidadãos brazileiros se tal acontecer '1
par!', .forçar os magistrados a cumpri! a. Mas Continuou observando que emquanto a c.onsti-
diZ.·s!L que elle usa da palavra - espera - ; tuição não havia dito a menor cousa contra as
·ma![l·::o que. quer dizer uma autoridade superior cartas de seguro, as leis de 22 de Setembro de
diz~r a um subdito- espero que f<ça 'I - E' di- 1828 e 10 de Setembro de 1830 havião feito dellas
zer-..que s_e_ não quer não o faça 'l Isto é cousa expressa menção, mandando continuar a suá
nova·! .. . oncess-o onde e e i
am:~1s; o ministro diz mais alguma cousa assembléa tinha entendido que taes cartas de
nesta segunda resposta ; porque nella se lê: << não seguro devião continuar.
« encoAtrando o governo artigo algum no codigo Fez algumas reflexões para mostrar '[Ue Q
« criminal ap licavel ao ministro ue deixar de credito dus ministros não de ndia a. decisã
"executar a e1, quan <> seriamente se torna du- da casa, a respeito da su" criminalidaJe, .e quq
<< vidosa a sua intelligencia; muito mais quando não se teria talvez declarado a. opinião pilblica·
u se tem pedido á autoridade competente a ne· contra Joaquim de Oliveira Alvares, no. caso de
· a cessaria interpretação, encontra no mesmo co- ue elle fosse coudemnado. -~
go mu1 .os ar 1gos que recommen ao a puDiçao cone uio que segundo os dictames de sua
« dps magistrados que nào obedecem as ordens conscioncia votava pela criminalídade do ministro
<f"das a,utoridades superiores, etc. » Logo, funda·se da justiça, embora contra elle orador açulassem
p._a,propria lei para mandar e insistir na execução do 0<3 cães de fila,
que tinha determinado. E dir-se·ha que isto não O Sa. X.\VIER DE 0ARVAL:a:o declarou que na
é uma ·correria no poder judiciario ? Pó de um mem- sua opinião, logo que se dava antinomia mani-
bro do poder el!:ecutivo ingerir-se em outro poder, festa e conhecida, o executor devia suspender a
qu~ndo os poderes politicos do estado são inde- execução, do que em muitos casos não resultava
pendentes no imperio do Brazil ~ Defende-se O\l preju1zo, e o que livrava o executor do perigo de
pretende-se defender o ministro contrR a constl- w terpretar as leis, o que lhe era ved~do, . ou de_
. tuiQão no § 99 do art. 179. Vejamos o que elle escolher a qual dellas devia obedecpr; que não
diz_.: <<Ainda COJl!. culpa formada ninguem serà odi ne r -se e a · · ' · ·
• do art. 179 da constituição, e o ~ 6o do art. 2B
já,<jlreso, se prestar fiança idonea nos ~asas em da carta de lei de 22 de Setembro de 1830,
que" a lei a admitte, e em gernl nos crimes que antinomia que era claríssima a todas as luzes
nlo t.lverem maior pena do que a de 6 mezes e ue não admittia a menor sombra e duvi a ·
~er o do livrar-se solto.'» Prohib0 este ~rt1g~ em que po1s tendo a constituição estabelecido os casos
a conces~ão das cartas de seguro'/ Onde a anti- os réos se podião livrar soltos absoluta-
nomia 'l Será porque a constituição não falla em mente sem ftança, e outros em que tal fiança se
cartas dE! seguro 'I exigia, etc, e não tendo fallado em cartss de
No ~rtigo. só diz que se concederà livrar-se seguro, antes dizendo bem claramente que se
solt() o téo que prestar fiànça, etc.: e ainda darão fianças em todos os casos em que a lei as
permittia, excluia todos os outros meios, e por
quando se pudesse dar ao artigo a intelligencia consequenoia tambem as cartas de· seguro. E con-
que' lhe dá o ministro, era elle autoridade propria. tinuou pela fórma seguinte :
para interpretar a constituição ou entendel·a ao
seu arbítrio·. · Mas disse-se que não tendo a constituição fallado
Eu vejo que a constituição não talla em com- em cartas da seguro, ellas subsistiiio D\} conformi-
.. m!lndilntesde armas, entretanto ha commandantes dade das leis anteriores á constituição. Eu não sei
~ãa~;àrD;iaS : a <:O~stituição não falia_ nem sustenta onde está a força deste argumento ; o meu modo de
·. oJiire1to dos JUIZes de fóra e ouvidores ; entre- vêr é que a constituição, se não f!lllou em cartas
~afl~o _existem juiza~ de fóra e ouvidores : p~r de seguro, é porque de proposito as não quiz
1sso· nao se põde d1zer que é contra a constl- mencionar. (Apoiados.) Mas argumenta-se com as
tuiçiio. a concessão de cartas de seguro. Existe leis de 1828 e 1830, diz-se que estas leis são a
conselho de fazenda, e a constituição não falla prova da maneira porque a assembléa legislativa
e~ conselho de fazenda : existe casa de suppli- entende a constituição. Eu nego este principio.
cação.'.e a eons~ito,i·ão. não falia em casa da Estas leis são talvez provas de descuido, de menos
supp 1caça.o. • 1 · 'man. ou o. ministro suspender a ençao com que m e zmen e mu1 as cousas
as. leis que crearã~--~/:!Júpplicação? Demais, eu passiio nos cJorpos legislativos. ·
-veJo que pela. consti~u~çli.o estão derogados os Os juizes pois, ou· .hão de obedecer á consti-
fóros, e o mesmo minis~o· sustenta o fóro militar tuição, ou á estas leis, e achão-se na colUsão, ou
em uma correspoti_dencia com o ministro da guerra de ofl'enderem a constituição ou de infringirem
no§ to.·. da portaria de 28 de Julho de 18-31 em as4leis. Eu mettido entre a bigorna e o martello,
que ~ ministro da justiça diz ao da guerra, que como lá dizem, quereria .antes obedecer á consti~
não obstante sarem derogados pela. constituição tuiçiio que é a lei das leis. (Muitos apoiados.)
os privilegias 'de fõro, comtudo pela falta de lei Porém apezar desta minha rigidez de principios,
regulamentar que marque previamente os crimes não posso deixar de dizer que em verdade o
civis e militares, contiaúa o mesmo privilegio,. ministro indici11do não ordeno11, nem ainda pela
eto. lllntiQ co~o é lato ' A. constit~ção em ~m 2• ~ortaria quG se apresenta ; mas expó2i a dq.vid~
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SESSÃO EM· ~6 DE AGOSTO-DE 183.1 61
e insistio mostràndo que os juizes devião antes e tamanha a necessidade de. Ca~er-se a lei do
obedecer é. constituição do que ás outras leis. orçamento. ·
Não. sei pois onde está a criminalidade ; não a_ O Sa. HoLLA.NDA OA.VA.LC~NTI tó.mo~- a palavra~
veEjo. · · mui'to d ec1'd'd t t - e disse, que. na. sua opinião ·a primeira questão
u me l!ronunc10 1 amen a con ra
o p~incipio' que ouvi; e que alguma. causa me
que dflveriJ. ter·s.e enc11tado
- . .
era, se ·il c••mmíssão
'

ocou so re a pre ,_,rencla e m tvi uos a prm-


cipios ; é causa que nunca segui, e tenho dado
provas neste augusto recinto do contrario, pois
se eu estivesse convencido de que existisse cri·
•_ • -i lU! O l e S VlO a O S
_-princípios; não avia como el!e, porém eu não vejo
<-v~olaQão :de prineipios, não descubro este crime
que .S:e quer attribuir ao miniatro.
Disse-se que as cartas de seguro erão um
remedio, uma garantia para os cida<iãos ; mas a
lsto respondo que erão sim uma garautía, porém
para os malvados {muitos apoiados J para a
impunidade dos !lrimes. Qualquer criminoso com
o auxilio das cartlls d~ seguro em que gasta 2!i,
- fic!l impune e continúa a exercer sua maldade ;
não podem ser g~rantia para homen_s bons, para
atituição estabelece no ~ 9• do art. 179.
_Disse-se que não ha lei regulamentar : já se
respondeu a isto, que ha leis existentes que
- . ue as ancas nao po em
ser cow:edidas. Oonce ão-se as fianças na fórma
da '-~constituição, a a execução das leis a este
respeito ~rá ~omple_ta, e. de_iltemo-nos ~e ob~de·
,
a me~or duvida. Eu nào sei sophisticar, sei dizer o
qae sinto, e é com o contingente da minha razão
e conscieo.cia que tenho a honra de concorrer ,_
par_a .esta socieda_de, só com ella é que posso
votar, e por isso voto pelo parecer da com-
. missão.
Flcou adiàdo. está objacto por annnnciar-se a
chegada do ministro da fazenda, e sendo admit·
tido continuou a discussão sobre o meio circu.·
lante, adiada das sessões anteriores.
E cerrada a primeira discussão a rovou·se
que passassem segunda, tanto a proposta do
·governo como o projecto do Sr. Rebouças, fi.
cando' prejudicadas as bases otferecidas pela
commlssão encarregada do exame da proposta,
0 SR. RIBEIRO DE ANDRADE mandou a mesa a
sua declaração de haver votado contra este
objecto: e retirando-se o ministro por expór que
tinha necessidade de o fazer, eutrou em discussão
·a lei do orçamento.
Depois de varias reflexões suscitou.se a questão
de ordem : se devia entender·se que a lei do
orçamento tinha passado em segunda discussão,
e por isso devia entrar em terceira, sendo uns
de opinião que devia continuar a segunda discussão
por ser durante ella que o ministro vinha assistir
â discussão do orçamento das respectivas repar-
tições, cousa que ainda até então não se tinha
verificado, allegando mais que pela difficuldade
de ser apoiada. na terceira discussão qualquer
emenda que se propu~esse se privaria qualquer
Sr. deputado do direito, para que isso tinha.
E aendo outros sanh()res de opinião que vencida
a base· de que a lei do anno passaa() seria
ado tad · •
cações que se julgassel!l n!lcessarias 1 estava con- da ord~m não eontinl}í>• ' , ~ __ _ ·
cluída a Seij'unda discussão, sem que servisse de
objec!(âO a düficuldade de apoiamento das emendas MuiTos S~s. DEPu'l'mosi~ ~ôntinúe, contin:ú,e.
_em terceira discussão pela benevolencia que a O SR. HoLLANDA CAVALCANTI:- O negocio à
camnra sempre tinha mostrado, apoianJo q_uasi muito sério, senhores ; delle depend~ a felicid11de
sempre as emendas que se apresentavão : ·\'! do governo e o seu cred)to que nao é cousa. de.
otferecendo-se mais alguns argumentos ácerca da brinco, o .credito do governo é o credito d~
demora desnecessaria que teria a lei entrando nação ; a. nação precisa muito de çredito, e o
outra. vez em segunda discussão, para depois meio de acredital·a é acreditar o governo, é
passar á terceira, na qual se reproduzião pela livrar o ministro de certos amargos de boca que
maior parte as mesmas idéas, argumentos e podia ter sentado naquella cadeira. Não suppo-
~mendas, ~uando aliás o tempo era tão precioso nham()s que haja falta de meios~ pórqae autor~·

Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:51 - Página 7 de 8

SESSÃO EM 26 DE AGOSTO DE 1831


sando-se o ministro a poder usar do "thesouro á perdoasse a quem buscava âquefíe meio de satis-
sua vontade, t.udo está direito, tudo fica cor- fazer suas p:1iXÕ~'S·
rente. c Ooncluio asseverando que em sua consciencia
· Quanto as nosso comportamento não temamos ; assentava que o projeeto devia passar ã 3• dis-
não ha de faltar ·quem nus defenda, o nosso voto cussão.
ha'd~> ficar •>ccult•>,'nós acbarem·o~ gente boa que
· ' · - 0 s, que s que- feliz o. homem que nunca se engana, e tal vez
remos 'o bem ; e quem duvidará do peso que que o illu.-;tre deputado o Sr. Hollanda Cavalcanti
isto· tem. nú_n~~ se tenha enga11ado nesta cas_a e qu~. a sua
Portanto quero
ll '
e muito feliz seria o Brazil a possuírem todos.
marcha regul~r do governo : a mesma vantagem; pois em marcha serena se
dente •.. aporoxirnaria cada vez mais ã sua prosperidade •
. Não sei se votarei, mas sou de opinião que Mas nas cousas humanas não concedo tal infalli-
devs passar já e já neste momento uma reso· bilidade: assim como o nobre deputado combate
luçào approvando a lei do anno passado; nem as minhas opi uiões, e11 tenho direit,, de combater
com isso nos deslisamos du m:~rcha que a con· as suas, embora esteja enganado ; e a votação
stituição nos prescreve; porque ti·ndo nós fixado mostra qual é o juizo da càrnara, sem· qus os
as despPzas por meio de urna rPsoluçào, fazemos Srs, deputados devào lançar em rosto a outros
o que manda a constituição: até podíamos auto- o Rerenr de opinião div'3rsa.
risar ao g"verno para pôr tributos, porque com Mas, Sr. presidente, quando vej<) que se trata
eRta autorisação erames nós os que fazíamos, e se de discutir um ne ocio como o resente
ll . .
set~cto que se procura lançar o ridículo
necPSSidadea, fica logo prepurado corn a antori· maioria da camara ...•
sação para ímpõr. O que são alguns milhares
de contos de réis á vista_ de um governo que O SR. HoLLANDA :-Não, não, não.
faz a felicidade do B a~.:il 'I • • A E DA UNHA: - , • •. maioria,
putad;J conviào·u o nobre orador d o1·dem.) Estou Sr. presidente, que talvez estivesse e"Q,gal.)ada
·na ordem, muito na ord11m; e nisto que digo quando votou pelo orçamento do anno passado,
sou muito coherente. Eu acho qui! a cousa mais e que julgou então, como eu, que estava-oconcluida
vantajosa ue nodiamos fa:z:er ho· · - , a urou um ia, mas
a lei do orçamento do anno passado tal qual, seis ou sete dias; não posso deixar de nl'tar a
juntamente com a proposta do governo, sem mais sem razão com qua se l11nçára o ridículo sobre as
discussão, e de o habilitar indefinidamente para as decisões da camara nas criticas circumstancias
despezas de que car~cer. Aquelles senhor~>s que ern que estamos. O dia 7 de Abril foi sem duvida
pensarem assim, e•tiio muito·· coherentes com os glorioso, mas corre grande risco de transtor-
princípios e decisões anteriores. Reclamação .do nar-se, e de não preencher os fins que delle
povo? Não temos reclamações do povo, não fal• se espera~ão. Os Srs. deputados devem portanto .
taráõ meios para as reprimir. Por isso os pezw· mu1to as suas expressões quando fal111rem,
selfh.,res que se inclinão a deixar passar já a porque dependem da camara os destinos do Brazíl,
lei para a 3• discussão, não podem deixar de vi~to que nella se acha depositarlo todo o podar,
crncordar nisto. em conse<,Iuencia de haver a lei das uttribuições
os . DI
dit~eussões lentas para
délucidqçào das matarias e molhor dHcisão dos
negocios, como provavão os longos deb11tes que
haviào assado sern e ri
Fez algumas re1lexões sobre a deport•rçnol pe· oonform11r· me com a opinião del es.
rigos e incommodo~ a que se suje1tàriio a guns Ohamem·me embor•l ministerial, não me importa,
illustres deputados, l;!'H' defenderem a llbt~l"dade niio receio mesmo perder a popularidade : liei de
constituclcnal, quo nao puderdo peroebnr·· so. pordel·a, so fOr preciso, para salvar o Brazil.
Declarou·He fortemente contra a in!!ultante ironia Eu hei de fazor opposlçiio no governo quando eu
e tara mord••cldade com que 81Jhava haver-se julgar que elle tenha Infringido a constituição:
exprimido o Sr. Holhmda O•lValcantl, Ironia o enttlo sim, estarei prompto a votar pela accu-
mordacidade que se enr.aminhavão oliroctnmente SaQdo dos ministros respectivos i porém apresen-
á maioria da C11mara. (Apoiado geralmente.) tando factos o não por meio de uma hostilidade
O Sa. HoLLANDA:- Ndo foi ironia. que não se pôde definir. O nobre deputado terá
- O Sa. Dus (continuou): -Se niio é ironia, então muito patriotismo, mas eu não o troco pelo
é' absurdo quadradisslmo. (Muitos apoiados.) Não meu. Estou pois na opinião de que o projecto
é. intenção da camara que passem negocios de já tem 2a discussão e deve passar para a 3•.
tanta monta e peso sem discus~ão. Prouvera a Póde ser que esteja enganado, mas as minhas
· Deos que se conhecesse nas diseus~;ões o objecto intenções são puras e voto segundo a minha
que nos occupa : estarei illudido, porém a minha consciencia, e sómente cederei da minha opinião
razão se me não illude, me faz duvidar de que em qualquer objecto quando veja que pôde ser
os Srs. deputados que mais se estendem nos nociva á minha patria ; porém não posso approvar
seus discursos tenhão o mesmo fim e sentido \ a ironia e escarneo com que se feria a maioria
ue tem · · ' da camara dos .
Lembrou que nã9 podia provir bem algum de ; O Sa. DuARTE SILvA julgou necessario de-
sustentar-se _um gOverno depravado, e por isso ' elarar que de muito boa fé apoiára a opinião de
os Srs. deputados que pudessem provar a mal- : que a lei passasse á 3• discussão, que nada
dade dos actos delle devião accusar os ministros, i tinha tido com o antigo governo e hoje muito
porque elle orador estava prompto a fazer-lhes menos com o presente que não podia fazer a
censura quando se provasse a sua maldade ; ' 1$mor cousa: que não se oppunha a que os roi-
porém não podia vêr ~ sangue frio declamar , nistros viessem para discntir os orçamentos de
vagamente e. invectivar contra um governo que suas repartições, tendo sido antes a sua opinião
era da escolha da nação, e contra cujos actos que matarias desta importancia devião ser muito·
não se apresentava prova de maldade ou de pensadas, muito discutidas e examinadas, o que
infracção da l~i ; e não vent.lo o proveito que tudo entendêra que se podia fazer em sa dis·
resultava de taes declamações, es.perava que Deos cussão.
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:51 - Página 8 de 8

·sESSÃO EM 26 DE AGOSTO DE 1831 63


O Sr. Ferreira. de 1.\l:ollo: -Sr. presi- q~e nenhum Sr. deput~do tinha direito de fazer
dente, como tenho de votar para que a discussão a seus collegas, não existindo superioridade na
a que vamos proceder seja a 3•, e entendi que camarn e tendo to•los igual direito a serem tra-
o Sr. deputado tinha lançado um ridículo uma tados com civilidade e decencia. .
ironia acre sobre a maioria da camara c~mpre
que eu n_ão dê sile~ciosamente o meu ~oto. O Sr. Carneiro Leão: - Sr.
. . ~ .
tinha figur~do ~o mo baixos ~ir..!steriaes' os Srs. de-
putados que erão de voto que a lei do orçamento
passass~ para 3a_discussão, _e tr~tou aos senhores

que devo declarar que não o esperava do Sr. Rol~


!anda, em. quem aliás supponho boas intenções.
Sr. pres1dente, eu felizmente não tenho sido
~mpregado publico, sou lavrador e como tal
mdependente, não ambiciono adular o governo
(muitos a_poiddos), e não supponho mesmo que
chegue~ 1r a esses lugares que talvez transtornão
os s~~tldos de outros. ( muit~s apoiados ) , não
ambiCiono pastas (muttos apotados) porque não
estou felizmente em circumstancias para isto: ao
menos, por venturt\ minha, conheço-me e não me
acho ossuido dos dese· s u a
algu~s, os _quaes no tempo do antigo governo
ambxctonavao pastas e se lançavão a ellE>.s como
um faminto tubarão, ao qual sA deite um pedaço
de baeta vermelha muitos a oíados sendo
no ar que haviA. então quem apoiasge nesta
casa actos de ministros do tyranno do Bruzil
e que hoje fazem cega opposiçáo ao govern~
actua!. ·
en ores~ nas mrcums anc1a_:; em que estamos
é necessano que as disCU8soes não se iação
lançando o ridiculo sobre os collegas e empre-
gando insultante ironia contra aquelles que têm
a ~~~~~licidade de não concordar com as nossas
o-pmwes ; agora mais que nunca convém que
dt~c':l~amos com serenidade, digamos as nossas
opunoes com franqueza e procedamos com toda
~ fr~ternid!~-de, banindo ataques, recriminações e
xronu;s od1osas. _(Muitos apoiados.)
?assou depois a lembrar quanto fôra impro-
prxo exigir-se em outra. occa&ião, que um Sr. de-
requerimento do epitbeto de infame a res r-eito se o governo é nacional e promovo estes inte·
de um ex-presidente da província da Parahyba resses. E' verdade que poderáõ dizer esses que
José Thom!lz ;N_abuco, quanto era improprio ta!n~ apnião o governo actua! que o fazem . porque
rofessão as mesmas o iniões do
publicas o fazerem-se longos episodios sobre um administração e niio com vistas em cargos ou
-apoiado-, exprimindo-se contra o Sr. deputado intP.r.,sses, e que tendo passado para o governo
que o déra, acres reflexões e invectivas, comu se aquelles que partilhavão com alies a opposição
a qualquer membro da casa fosse vedado o expOr naturalmente se achão de accordo corn elles '.
P?r este O!J .l~or aquell~ modo quo julgar conve- q11e é da natureza das cousas, que uma vez qué
mente, opmwes que suo -suas e que não estão algum membro da opposição dirija o governo
subordin.. das ás opiniões de outrem. os outros pMsem paru. o partido minh;tllria.l e
Notou que aind•l hontem elle orador fOra mi- os deste partido passem a ser da opposição.
moseado com o epitheta de ntrabilario, em razão Não aLtendamos pob aos interesses da nação que
de um -apoiado- que proferira, .e isto por um é nada; attendamus sómente aos interesses desses
~r. dP.putado que tem gasto à camara tempo aristocratas brazileiros, desses membros da ca·
mcalculavel (aliâs tão precioso e que poderin ser ball.~ aristocratica, que nun~a er~ào, que nunca
e~pregado a beneficio da patria), lançando inve- ap01ao cousa alguma que nao SeJa do interesse
ctivas contra outros Srs. deputados. batendo com da sua família.
o pé, dando com o punho na balaustrada e Eis porque votaria que o projecto continuasse
· fallando em tom superior aos collegas, como em 2d discussão ainda quando isto não fosse
~Ue'!_l procnrava aterrai-os ; mas debalde, porque da justiça, pois que não. nos devemos importar'
tmhao bastante independencia de opiniões para com a justiça nem com o interesse da nação
quando se trata da illustre caballa aristocratica .
. votare~ c?nfor~e sua consciencia, o que com·
tudo nao 1mped1a qne se cara·cterlsasse tal pro-
ce .tmen o como pouco propr10 aque e augusto
rectnto. . m~ndem
.
Eu _convido a. todos os Srs. deputados para qua
a'? povo que faça uma revolução para.
dextar abaixo o governo actu·al que é nacional
-
Ajuntou que elle orador não tinha muitas
vezes respondido áquellas invectivas, por assentar e não é da caballa que devemos proteger con-
que era melhor não gastar o tempo que o Brazil tra os interesses da nação. Esta é a minha
reclama\l_a, para s_er empregado em promover ,.a opinião. (Este discw·so teve muito~ apoiados.)
sua m_oc1dade, e nao porque lhe faltasse coragem O Sa. Luiz CAVALCANTI disse que fóra elle
e. deseJOS de repellir as aggr essões que se lhe quem no anuo passado affirmára que não achava
tmbão feito e continuavão a fazer. bom re~en.:ia de tres membros por 12 annos; e
Concluio pedindo á camara perdão sa havia muito insistira tambem antes de ser eleita a
algum e_xcesso no que acabava de dizer, pois só nova regencia, para que durasse tanto tempo,
era mov1do pelo desejo de não ouvir mais insultos tendo proposto uma reforma á constltuioiio nesta
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:52 - Página 1 de 1

- ' .. .. . ' ..... ) ~

6.4 SESSAO EM !7 DE AGrOSTO DE 1831


_paJ!te, ,de on~~ se.,deixava vêr que o seu procedi-. tos. pedidos ãcerca do port'uguez João Bonifacio
roento ·neste ·anuo era coherente com o do anno Alves da Silva.
passado: que D. Pedro I era _chefe do estado, Do ministro da guerra participando ter sido
era um -dever sustentai-o.... . ' sanccionada a resolução da assembléa geral l"gis·
lativa, que marca o tempo de serviço aos indivi·
O Sa •. HoLLA.Nl)A. disse que o contrario era ser duos alistados nas tres armas do exercito. -Foi o
traidor •. · ·..

- 'niã nem mos ra'Va 1mm sa e


aos membros da regencia, nem tinha tRl inimisade,
antea era amigo de alguns, Advertio porém, que
·quandq se· fallava no poder executivo cumpria
não :llriv,olver- membros da regencia, mas fallar a
.respeito· de ministros contra os quaes elle fallaria
sempre· na camara .com a maior franqueza ; que
defendera no anno passado as medidas de um
·ministro que lhe pert11ncia muito de perto, e não
só se presâra disso, mas estimaria muito ter
sempre no .ministerio pessoa por quem elle
res!'otid~sse; pois. entendia que o lugar .d~ oppo·

q:Je completarem o 4• anno e fizerem delle o com·


patente acto.-A' commissão de instrucção pu·
blica.
vice-presidente da provincia do Espirito Santo,
em que expõe a necessidade de se crearem duas
divisões de pedestres.-A' commissão de guerra.
Do mesmo ministro dando os esclarecimentos
pedidos sobre a suspensão dos pagamentos rala·
tivos ás despezas da guerra do sul. ·
Do secretario do seuado participando ter sido
sanccionado o decreto da assembléa geral que
dá nova organisação ao corpo de artilharia da
marinha.
Os Sas. ANDRA.DA. E SILVA. e 0A.STBO ALVES
mandarão á mesa declaração de terem votado
contra passar á 2• discussão a proposta do go·
. verno e o projecto do Sr. Rebouças a respeito
da moeda de cobre.
Ficou adiado por ter voto separado, e man·
dou-se imprimir o parecer da commissão de com·
mareio e de industria sobre o requerimento de
Fructuoso Lucio da Motta.
gua men e se proce eu cerca do parecer da
commissão de contas sobre um o:fficio do ex·
ministro da fazenda José lgnacio Borges que
·_acompanhou o e~tado actual da divida liquida
activu. e passiva do ex-imperador do Brazil o Sr.
Sesslo em ~'f de Agosto D. Pedro de Alcantara. A com.missão julga que
tendo o ex-imperador deixado no Brazil bens
PBBSIDENOIA. DO SR • .A.LENOA.R moveis e de raiz se diga ao governo que mande
proceder na f_rma das leis fi•caes contra Aquelles
Lida e approvada a acta, passou-se ao expe· bens até a quantia do debito, e outroslm, se
dlente que constou doa ofD.clos seguintes: peçil:o ao governo copias authenticas de tod~&s
Do ministro da justiça dando os esclarecimen. as ordens que autorisario aquellas despezas aflm
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:52 - Página 1 de 11

SESSÃO EM 29 DE AGOSTO DE 1831 65


...
de poder fazer-se efi'eetiva na parte criminal SessAo· em !19 de Agos•o
a responsabilidade doe ministros que as orde-
nárão. . PBESIDENCIA. DO SR. ALENCAR
O sii, MANoEL AMA:&AL opina em voto separado
que se deve proceder contra os empregados Approvada a acta, leu o Sr. secretario Pinto
s"ll.ba1ternos ou contra os ministros de estado Chichorro os o:flicios seguintes:
que· fizerão sahir dinheiros dos ofres · · · azen a, aIS azen o s reqm~
para espezas particulares do ex-imperador, não sições que 3e fizerão em data de 11 deste mez,
autorisadas por lei, e que estão obrigados a repór sobre notas do banca do papel do novo padrão
taes sommas: outrosim, ··que o mínistro da fa- emittida, do velho recolhido e ealimbado, e do
zenda remetta quanto antes á eamara as ordens
q e u or1sarae as 1 as espezas afim de que á -A' secretaria.
vista dellas sejão accusados os ministros res- Do mesmo ministro, submettendo á consideração
ponsaveis. da ca~ara a representação da junta da ~aixade
Approvou-se um requerimento do Sr. Manoel amorbsação, que pede, na parte qu;; lhe to.ca;
Amaral no sentido desta ultima parte do seu providencias sobre o desempenho e . execução da
parecer. lei de 8 de Junho do corrente anno.-A' com-
Approvou·se tambem outra requisi,.ão por parte missão de fazenda.
··~· da commissão encarregada· de tJxaminar o pro- Do ministro da marinha remettendo a repre-
jacto de reforma da alfandega da Bahia, afim sentação de Píchon le Jeune, constructor de uma
de que o governo remé~sse cópia do acto dE: fragata que ainda está por concluir no, Pará,
arrematação da meslli~ ,alfandega no triennio acompanhada de um officio do presidente da mesma
findo. · rovincia - ' · - · ·..
. ã
guerra e marinha para se pedirem informações
sobre o requerimento de Francisco José da Silva
-
Leal, 1• tenente da armada, que se queixa de
. . - o mesmo ministro subine tendó:: 'éôn1h ração
zileiro, que prova ser pelos seus documentos. da camara a reducção que vat"'·..so-w.ér ó',êxercitó
- F,oi approvado o parecer da commíssão de com a ex:ecução da resolução que ·acaba de ser
;,. publica
in'strucção .-
. " sobre o requerimento do reitor sanccionada, e o 15 do art. 102 da con titui ão.
comm1ssao e guerra. ,,,..;;.r
pedia o ·concerto daquelle edifício, mandando que Do ministro da justiça remett'endo 'u.~.-,;~epre­
o governo faça mudar o mesmo estabelecimento sentação e uma proposta do conselh<r :gereJ. ~a
para outro edifício. desoccupado da mesma ilha provincia do Maranb.ão, pedindo a cr81tr}ão~}ll12
ou i>ara algum convento. de fóra, do crime e de orphãos em diverSM?,f.Illi!.s ,
Julgou-se objecto de deliberação uma resolução da mesma provincia.-A' commissão d$ fÁI~selhoíl
da eommissão de orçamento para a construcção geraes. ' ~ :\~ \'
d(l uma ponte. E a requerimento do Sr. Lobo jul-
g<\u-se urgente para entrar em discussão. e foi Os SRs. CASTRO E SILVA, FERREIRA. nz:-·C.&:sno\ ·
afinal approvada. BELISARio E ToLEDo mandarão á mesa declaração
de terem votado contra a resolução q"lle declarai\
o Sa. ALVES BRANco mandou á mesa o codigo cidadão brazileiro João Francisco Chab .
do processo c?m. uma res?l~ção para ~e regul_ar Foi a rovado o re uerimento do . 11
a os, em additamento aos esclarecimentos pe-
que se julgou obj ecto de delibera!,lão. didos hontem ao governo sobre a .,altan~ega da
O SR. PAuLA. AaAu.:ro pedio que se dispensasse Bahia, que se perguntasse pelos rendimentos
da imJ?ressão a mesma r~solu~ão e codigo, • e della nos ultimas mezes deste anno. · ·· ·: ·.
erao-~e e orao JU ga os o jectos · de dali•
se venceu mandando-se imprimir tudo com beração, mandando-se imprimir, os seguintes pa·
gencía. · receres: ··
Foi tambem a imprimir um projecto de lei Da commissão de marinhn e guerra, que
para regulamento das prisões. appresenta uma resolução pa:ra ser naturalisado
O SR. SE:oBETABIO PINTO CmcHORRO participou ctdadào brazileiro, e reintegrado no posto de
á camara que ia officíar ao governo pedindo dia 1• tenente da marinha, Thomaz B. Tilden, ci·
e .hora em que fosse recebida a deputação da · dadão dos Estadoli-Unidos.
camara a saber da hora e lugar do encerramento Da commissão de pensões e ordenados, sobre
da sessão ordinaria: assentou-se que fosse ex· varias decretos de aposentadorias.
pedido na segunda-feira. Da commissão de industria commercio e artes,
sobre o requerimento de Antonio Joaquim de,
ORDEM DO DIA Azevedo. · _
Da commissão de guerra., sobre a -prop~sta ·
Entrou em discussão a resolução que ·declara do poder executivo, pedindo autorisação ]lara
o cidadão brazileiro João Francisco de Chaby, despender na província de Pernambuco 59:}29~560.
que tinha ficado adiado na sessão de 20 de Agosto Da mesma commissão, sobre outra proposta ·do
por empate de votação. poder executivo, pedindo um creditó supplementar
Julgada :finda a discussão foi approvada e ado· de 15:748H600. '. ·
ptada a resolução e remettida á commissão de Forão app!o'?:_ados os par~ceres seguintes: · .
redac ão. ·
requer uma relação nominal e circumstancia.da
O SR. SECBETA.BLO PINTO CmcaonB.o leu o oflicio de todos os empregados que accumulã~ orde.!'ados,
do ministro do lmperio, participando que a re• com pensões, subsidias, tenças, gratlficaçoes ou.
gencia.· receberá. a d(lputação que tem de levar quaesquer outros -vencimentos com declaração das
leis á sancção na segunda-feira. reis ou títulos em que taes accumulações se
O SR. P!tESIDENTE nomeou para membros da fundão ; outrosim dos militares de mar e terra,
dita commissão os Sra. Paula Simões, Veiga e que accumulão soldos e.m. ordenB:d?S ou gr~ifi.·
Gabriel Getulio. cações, por empregos CIVJS, subsidiOs, pensoes,
Indicou a ordem do dia para a sessão seguinte on tenças ; á excepção das grati!ic~ções de c_om·
e levantou a sessão depois das 2 horas da mando, afim de poder a eommtssao org~ntsar
tarde. um projecto geral de reforma a este respeito. ·
'1'01110 ~ 9
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66 SESSÁO--EM 29 DE AGOSTO DE 1831.:


piarei o meu discurso sem nenliu·m dos pream -
bulos com que ordinariament"l se começão, para
commover ou insinuar-se. Não preciso de com-
mover porque não tenho de excitar a commiseração
da camara, nem desejo qu? a_ma teria deixe de

dê uma explicação do m!m comportamento ; quero


declarar o motivo porque não pedi até agora a
palavra para fallar sobre o assumpto.
Eu fui aquelle que fez a denuncia do proce-
dimento do ministro da justiça ; sobre esta de-
nuncia assentou o parecer da. commissão, e sobre
ella é que versa a questão presente. ·
Põde portanto dizer:-Tu que fizeste a denuncia
porque não pediste immediatamente a palavra e
não expuzeste os fundamentos ·que tiveste para
fazer a denuncia, e para. occupar-nos com uma
questão tão séria; se o· teu discurso hou ess
r , para que se peçao prece 1 o, ou e outros oradores que sobre ella,
informações ao governo ãcerca do requerimento fallarão, talvez que a dita questão se terminasse
de- José Antonio Esperança, que pede ser rein· desde logo, decidindo-se com menos · demora ?
tegr~do no . posto de cirurgião-mõr. Estas. arguiçõe5l que são de eso necessitavão
a. AuaE;LlANO ajuntou que se pedissem tam- e uma exp 1caçao, que ou agora.
_bem os·pap'llis relativos' á pretenção do supplicante, Não tendo mais desejo. de accusar do que dé
os· qtiaêS eiistiíio na secretaria. respectiTa.-E foi defender, cumprindo a obrigação rigorosa que me
approvado. · •: · · impoz a nação quando me mandou para a ui
· iar-me pe as 1 as e meus 1 •
ORDEM DO DIA lustres collegas; e por.isso deixei que expuzessem
'' ;> seus principias na primeira discussão ; se .me
Continúou a discussão do parecer da commissão convencessem eu não teria pedido a pal<lvra, se me
especial;, encanegada da denuncia contra o actual apreseutasssem razões pelas quaes ficasse salvo
ministro dá"'.justiça, e o voto separado de um da responsabilidade moral que tem cada um dos
dos ifeüs m\ftn bros. representantes da nação, quando não zela a exe-
. o· Sa. MONTEZUMA. perguntou se nos papeis cução das leis, e não vigia sobre a sua consér. ·
vação, não tinha necessidade de fallar e o negocio
remettidos. pelo ministro á requisição da camara,
vinha. ·alguui que dissesse respeito á remessa de estava decidido; porém não aconteceu assim, e
ordem para as províncias para a suspensão das por isso pedi a palavra. Eu tinha tenção de
cartâs de seguro. dem,orar-me hoje até que ~ivesse a satisfação de
B. A.RA.ISO E O SR. 1• SECRETARIO informa~
rão. que não apparecêra officio algum a tal res-
p~ito;

. . . ' vidual, nem fazer opposição de natureza alguma.


saber:'se a comm1ssao tivera tambem em vista
>esté7objecto, e que estando convencido da im- o interesse publico é que me dirige, e por .isso
portailcia que a camara. dava aos escl:\recimentos apezar de ter apresentado a denuncia, queria que
··!\cerca de cousas dest>l ordem, exigia mais esta todos- os senhores se explicassem, para ceder d&
declaração por ignorar se na generalidade do palavra no caso de me convencerem; mas elles
parecer da commissão havia alguma expressão não o entenderão assim, e esperarão que eu
relativa. ao dito objecto. pedisse a palavra para me combaterem.
Entremos pois em liça, mas teri!\ sido melhor
O SR. PA.RA.tso respondeu que a commissão tra- que os ditos Srs. deputados se pronunciassem
balhara sõmente sobre os papeis que lhe tinha primeiro, porque assim se tornava a discussão
sido presentes, interpondo logo o seu parecer mais facil e breve, e talvez fosse melhor discu-
promptamente. tida e provada a justiça do indiciado ; mas como
VozEs :~Votos, votos, vetos. não quizerão vou entrar em mataria.
o Sr. :M:on:tezu:JD.a. :-Eu peço n pàlavra, Primeiramente, senhores,. mostrarei que o mi-
Sr. presidente. nistro da justiça usurpou uma das attribuições
~-Seria na verdade extraordinario, Sr. presidente,
do poder legislativo, que se acha exarada no art.
que eu não fallasse sobre esta mataria, e que 15,s; 8• da constituição do imperio (é da attribuição
a deixasse passar sem pedir a palavra, sendo da assembléa geral fazer leis, interpretal-as,
eu o autor da denuncia. Isto não podia_ ser. suspendel-as e reyogal-as), e em Psgundo lugar,
ue esta usurpação ss torna :mais criminosa, ou
1gna e ma1s s r1a a ençao pelos seus resul-
O SR. MoNTEZUliU. :-Se o nobre deputado quer tados, por isso que foi usurpação. que teve por
fallar primeiro ••• fim a suspensão de uma garantia socia~. (Apoia-
dos.) · ··
O ·1\h:s:t.~o Sn. DEPUTADO respondeu que nilo, e Para demonstrar a primeira. parte analysarei
9.ue continuasse. antes o parecer dá commissão, e depois a portaria
O Sa. MoNT.EZUMA :-Entilo prlnolplarol o meu do 28 de Junho deste anno. ·Não tratarei da
discurso. primeira portaria porque já foi examinada pelo
lllustro deputado qtte combateu o parecer da com-
, MuiTos Sas. DEPUTADos pedlrio a palavra ontilo, mla•llo, e que fallou primeiro na matería, sendo
e á medida que o nobre orador fol enunciando nilo 116 por Isso escusado que especialmente me
as suas idéas. · oooupo dolla, mas atli porque tratando da. seguuda,
O Sa', MoNTEZUH4. :-Sr. presidente, eu prlnol· tooarel naturalmente na primeira.
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:52 - Página 3 de 11

__- SESSIO EM 29 DE AGOSTO nE 18'H oi


Os pontos cardeaes do parecer da commiRsão não pÓde ter C.li'RCter Õ (l rórma a]gllm'l n··em QS
são: que o ministro não mandou pela sua por- avi<o nem dfl o.fficio? D •s ... jarei que os illustres
taria, por6m esperou. A com missão bem quere- deputados que "ustt"utárào o parecer da com-
conheça que o ministro não deve ser accusado, missão examinem bem a materi:\ e respondão
todavia diz que não tem criminalidade sufficiente categoricamente a estes argumen;os; não quero
r mmuns que nao v m
existe em certo grão: em segundo lugar .não só para o_caso. Trata-se de objecto serio, reduza.
a comissão no seu parecer, mas tambem o hon- mos nossos argumentos. (Apoiados.) Por con-
rado
. .
membro que
e
o defendeu, fundou-se - no seu sequencia nesta parte rejeito o parecer da com-
·-.·, ·· naoe-
malias, cousas heterogeneas das nossas institui- decer, e em segundo lugar porque o ministro
ções, improprias dos nossos tempos. ordena que se participe ao poder judiciario
Ora, senhores, uma vez que a commissão defende que deve iufallivelmente concordar com a delibe-
a portaria do governo por dizer espera e não ração do governo, a qual foi que se suspendesse
manda, pedirei ã commissão que se refira aquillo a execução da lei, e que ao poder executivo per-
que todo o mundo entende, não só quando falla tencia interpretar a mesma lei ..
em particular, mas em publico; esp6ra é expres- Vejamos agora se são justas as razões do mi-
são do amo para o servo. nistro,· se no codigo criminal apparecem alguns
Nas portarias ou ordens. quando o superior quer artigos, nos quaes se diga que o poder judiciario
usar de civilidade para o inferior serve-se da pa- é oorigado a obedecer a portarias expedidas pelo
lavra -espero - em vez de -mando; - mas em ministro, e se elle não atacou a independencia
ambos os sentidos são synonimos de ordeno mando· do o · · · - · ·
e se o nao sao en ao a e per oar a commissão tuição. Se não houvesse outro motivo para ·ser
que eu lhe diga, que o ministro está incurso em accusado, a portaria de 28 de Julho seria um
um dos artigos do codigo criminal que vou ler, é corpo de delicto; porque nella o ministro ataca
o art. 129: a inde endencia do d · · ·
<< a g o prevariCa ores os emprega os neutro, poder independente, poder que -deve ser
publicas que por adio, affeição ou contemplação, respeitado, poder finalmente de que depende a
ou para promoverem interesse pessoal seu, julga- segurança dos cidadãos. . . . :
rem ~u procederem contra a litteral expressão Vejamos se está no codi o o ue · 's ·
ms ro, se aspa avras <<proceder contra ós .delin-
.O ministro não mandou, esperou, aconselhou, quentes e obedecer aos superioreS » são exactas;
insinuou, ao poder judicíario, para por meio de não o são, senhores. Eu tive o trabalho de ler
contemplações se oppôr ã execução das leis, in- o co digo todo, desde o primei r() até o ultimo ar-
fringir uma lei que existe. Existe ou não a lei? tigo para ver se achava algum em que o· ministro
Existe não só a lei que extinguia o desembargo do baseasse a sua proposição, ou se •!listo mesmo
paço, mas outra de 1830; porém o ministro disse elle era arbitrario. Eu encontrei o art. '128, o
que esperava;· isto é, insinuou ao poder judiciario qual diz cc que. são culpados os su11àltern:o·s que
que suspendesse a execução das leis ; por este não cumpril·em as ordens legaes das autoridades»
facto acha-se responsavel conforme o dito artigo note-se a palavra legaes; e com esta advertencia
do codigo, visto que concorreu para que estes em- tenho declarado que não tem o artigo appli-
pregados subalternos fossem prevaricadores, dei- cação ao cas.o.
. i e IZ: « a
vigor, que não se acha derogada de fórma alguma. mesma pena incorrerá (suspensão do emprego
Porém não ha tal, não é este nem pôde ser o por um a nove mezes) o que demorar a exe-
sentido da ortaria: ella m~ndou, e qu!lndo cução da ordem ou requisição para representar
. , · · , .a o.
eu direi que esta portaria deve ser explicada' houver motivo para prudentemente se duvi ar da
pela de 28 de Julho, a qual agora passarei a sua authenticidade; 2•, quando parecer evidente
examinar. que fôra obtida-oh e subrepticiamente ou contra
A portaria depois de mostrar ou sustentar o a lei ; 3•, quando da execução se devão pruden-
principio de que as cartas de seguro devem ser temente receiar graves males que o superior ou
suspendidas, depois de apontar que havia mesmo requisitante não tivesse podido prever. ,,
legislação que forçava os magistrados a obede- Com a leitura deste artigo tenho feito ver
cerem a seus superiores acaba dizendo• · que elle do fórma nenhuma póde servir de fun-
cc Manda a regencia que V. S. participe aos damento ao que disse o ministro; pois todas as
juizes que duvidão convir com a deliberação vezes que um empregado subalterno vir que a
do governo, etc. » - Logo, o governo deliberou, ordem é contra a lei, tem direito de a suspender
e. deliberou o que 'l ·A suspensão da lei. Quando? para representar sobre ella, e logo que eu prove
.Quando se tratava de interpretar a lei. Logo, o- que o aviso era contra a lei, é evidente que
mini,stro interpretou com deliberação; mandou não havia razão para que a autoridade subal-
suspender a execução das leis e por meio de terna obedecesse; pelo contrario, se tivesse obe-
deliberação disse ao poder judiciario que concor- decido tornava-se responsavel.
dasse com a deliberação. Ora, eis-aqui os unicos artigos que podião servir
Perguntarei eu, se dizer que concorde com a ao ministró, se as suas ordens fossem legaes,
deliberação do governo, deliberação que tendia a mas de fôrma alguma sendo illegaes como são.
àtacar a constituição, a qual confere unicamente A sociedade brazileira seria até inca az
· ivo o m erpre ar e suspen er as viver nella por falta de garantias que existem
leis, não é infracção da constituição. em uma sociedade bem constitufda, se esta fosse
Se o ministro diz, como notou já. um Sr. de- á disposição do codigo ; e portanto o ministro
putado, que no codigo encontra muitos artigos tem de livrar-se de n-ova arguição por causa da
que recommendão observancia da constituição, Patria de 28 de Julho, que atacou a indepen-
a proceder contra os delinquentes. e a obedecer deneia do poder judiciario. Mostra-se bem por
a superiores., etc.; as palavras obedecer aos su· esta maneira quanto elle é inclinado a mandar
periores não se referem ao caso da suspensão seguir sómente sua opinião, pondo de parte a
das .cartas de seguro 'l Não pôde negar-se isto, disposição das leis mais sagra<ias. .
a não se negar a luz do dia. Tenho pois respondido, senhores, não só ao
Como é po~s~vel que se di_ga que _!.S palavras principio em que se fundamentou o parecer, mas
com que o mw1stro se enunc1ou erao de mero até ao que se deu para a portaria de 28 de JulhQ.
obsequlo e eortezia, como se fosse uma carta que Ago1·a direi as razões em que me fundo, para
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68 '·'·· :<~~;~-·-~
SESSÃO EM 29 DE
.
AGOS'fQ
~· '•, ~-
OE t8â~:-'
-··· ··.;..
mostrar que. 'bo•.Jve·us.ur.pação e violação do S) 3 de outra' sorte em,.. :c:urto espaço saltava .um Sr.
do art. 15 da constit~iÇ,ão; e ao depois respund~rei dBput·•do daqui outro da·colá a sustentar este
tambeni a. alguns· argumentos apresentados por principio; porém ·· permittão-me dizer-lhes que
um dos illustres membros da commissão. O citado su>tentarião um absurdo em jurisprudencia, tnnto
pa,r<>gràpho diz: tt E' da attribuição da assembléa mais saliente. quanto o poder que faz as leis é
geral fazer leis, interpretai-as, suspendel-as - e <) mesmo que tem direito de reformar e interpre-
revogal·a~. » · tar a consti~uição ; ~ n~ste caso não se t~ata ~e

estabelecem as fianças ·para os pr~sos se defen- estivesse suspe~sa, e que então um poder que
derem soltos, devião ser abrogados e derogadaa; não tinha autoridade de legislar fizesse leis de
e depois desta declaração formnl feita em. uma circumstancia, as quaes d!Jpoie se 'achassem em
proposta do governo, o ministro escreve aos tribu- opposição com a constituição, conc!lderia que
naes que tendo elle ofl'erecido á consideração do ficassem suspensas, porque diria: ·a attJ;ibuição
corpo legislativo esta proposta do governo, suspen- de fazflr leis foi conferida pela constituição ao
dão a execução das leis que mandão dar cartas de corpo legislativo, e a autoridade que fez esta lei
seguro l i Pergunto eu se isto não é tomar elle sobre não tinha essa faculdade, demais a lei é filha
ei a interpretação do ~ 9o do art. 179? Não de circumstanciaa extraordinarias que a exigirão,
julgou elle que o artigo ou o sentido delle era não tem o cunho da prudencia, nem está de
duvidoso, e não ofl'ereceu em conse~uencia uma accôr~o COEJ- as 11eces~dades, da nação por cons~-

pensão e interpretação de lei, que não seja capaz occasião de a reformar, tem adaptado uma me-
de negar. a luz do dia? Certamente que nin- dida legislativa, uma determinação, vem aqui
guem. (Apoiados.) dizer-se que as determinações feitas sobre tal _e
Limito-me or a ora a esta considera ão :visto tal ob'ecto não odem ser obedecidas e ue devem
que a .nuiteria é de uma clarez~ tal que querer executar-se outras disposições que provêm talvez
discorrer ·sobre ella é sem duvida obscurecei-a; unicamente da maneira de interpretar. e de en·
ainda mais é gastar tempo e zombar da camara; tender de alguma cabeça desejosa de não achar
(apoiados), porque é suppór que nem ao menos delicto naquillo em que elle é tão claro como a
~em _senso commum para conhecer uma verdade luz dó dia l l
de primeira intenção. Não é preciso procurar sen- Deve então procurar-se interpretação e uma inter-
tido genuíno, interpretações tortuosas para accu- pretação forçada, para se declarar que uma lei pos-
sar: -mão- trata-se do sentido litteral do $ So terior á constituição ha de ficar invalidada por
do art. lõ da constituição ; veja-se a conducta um artigo da constituição, cujo sentido ao mesmo
do governo, faça-se a leitura da proposta do mes- tempo se confessa ser duvidoso? Então estes
mo -governo assignada pelo ministro, e concerdará Srs. deputados certos em sua consciencia, de
todo o mundo commigo que houve suspensão e que o seu modo de entender é mais claro e
n erpre ação a e1 a par e o mm1s ro. ss1m ma1s ev1 en e, o genumo sen o as pa avras e
é evidentíssimo que o ministro usurpou um poder o mais conforme á intelligoncia litteral, ou ao
do corpo legislativo e por consequencia incurso espírito da constituição? Será esta maneira de
na lei de l'esponsabilidade. . interpretar aquella que a camara ha de adaptar,
• . •• a ça per e s.
permitti, senhores, que eu responda ao argumento Porque razão não dizem estes senhores com
especial trazido aqui por um dos illustres mem~ mais franqueza:-perdoemos ao ministro-em lu-
bros da commissão, quan.do perguntou: «A quem gar de affirmarem que não houve infracção de
devemos nós obedecer, á constituição ou ás leis?» constituição, sendo ella tão clara? Este objecto
Eu . responderei que devemos obedecer tanto a não é digno de tratar-se de tal maneira, porque
umas como á outra: á constituição quando ella envolve suspensão de garantia, como ·agora me
diz « que a suspensão e interpretação das leis proponho mostrar.
só pertence ao poder legislativo ; - ás leis, quando Sr. presidente, .já um Sr. deputado disse que
mandão que se dêm cartas de seguro. Diz o nas cartas de seguro principiarão em Portugal no
nobre deputado qne se obedeça á constituição e reinado de Pedro I, e forão estabelecidas a pe-
não ás· leis que forão posteriores a ella. Eu não dido dos povos; um Sr. deputado para diminuir
entendo isto, senhores; sempre ouvi dizer que a força deste argumento que sem duvida é de
quando se encontra uma lei anterior em anti- grande pezo, affirmou q11e os povos a requererão
nomia com a lei posterior, esta revoga a pri· induzidos por circumstancias particulares ; por
meira e nunca que se despresasse a posterior e exemplo, de fazerem regressar muitos homens
executasse a anterior: isto no caso dado de que tinhão fugido para Hespanha, etc.
antinomia, que eu nego e que não existe nem E com este modo de argumentar podia tambem
se póde provar o contrario. · dizAr·se, que quando em 1688 o .povo inglez pedi o
Senhores, uanto mais se vive mais se aprende. o seu Bi!l. o( rights foi porque .a se~urança do
que disse Franklln, que quanto mais vivia mala direitos que a mão de Deos gravou no coração
descontlava de al ; o mesmo digo a meu respeito, de todo llomem para sua defeza e felicidade.
quanto mala vivo mais desconfio das cousaa, Se os illustres deputados se lembrarem da ma-
nilo doa prlncipioa (j,U& são claros, visto que ouvi neira porque se fazem os nossos processos, da
aftlrmar a um Sr. magistrado, membro desta nQtureza das cartas de seguro e da occasião em
casa, que havendo antinomia entre a constituição que são dadas, terão por ventura alguma duvida
e as leis, se devia observar áquella e não exe- na importancia e consideração com que o povo as
cutar estas l Poderà argumentar-se que uma é olhava? As cartas de ssguro não differem dos alvarás
constituição e a outra é lei.... (Apoiados) .... de fiança, senão porque em um caso os alvarás de
Apoiado, disse o Sr. deputado, por isso tive ao fiança só são concedidos em certas occasiões, e
menos a agudeza de prever este argumento ; exigem Jl.ança, e n'outro caso as cartas de
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.):SESSÃO
. ": oi-~ ·. • f; •
EM. 29
: - _.. ~;.
DE AGOSTO DE 1831
.
69
crimes que n;to tiverem ma1or pena do que a de
seis mezes de prisão ·ou_ desterro para fóra. d!\
comarna poderá o 'réo livrar-se solto. ,, Ora, é
evidente que este paragrapho não se oppõe
ás cartas de seguro segundo a sua intelli-
g~ncia propria e . genuína ; o. mais que se póde

fiador de si mesmo inteira e absolutamente, e garantia a algum comprehendido nella, mas com
no outro caso é um terceiro que fica fiador : isto alguma duvida quizerão tirar na constituição o
basta para provar a utilidade das cartas de se· arbítrio ao .iuiz, e determinar os casos,- em que os
guro que devem ser consideradas como uma alvarãs de fiariça devião ser concedidos, para que
garantia. do cidadão, e de que cidadão, senhores ? fosse obrigado a dal-os nos casos em que a lei
Do cidadãó pobre. Os alvarás de fiança são para os admitte, e em geral nos crimes que não. tive-
os ricos, elles defendem os ricos e as cartas de · rem maior pena do que a de seis mezes de prisão
seguro defendem os pobres. · ou desterro para fóra da comarca. Ora, não se vê
· Quando digo que os alvarás de fiança defendem que esta segunda parte do Si 9• do art. 179
os ricos, não .quero dizer de maneira nenhuma explica o sentido do seu principirl ?
que os ricos não possão valer-se das cartas de A constituição niio quiz pois senão determinar
seguro ; mas porque com especialidade ellas ser- os casos em ue os ma istrados erão obri ados a
vem e pro ecçao ao po re, ·v1sto que para o ter conce er alvarâs de fiança, sem comtudo destruir
fiador é preciso gosar de certa consideração so- o principio existente na legislação a respeito das
cial, ter alguns amigos, estar em circumstancías cartas de seguro ; porque uma cousl! nada tem
que raras vezes se encontra em um pobre mi- com a outra, e são objectos mui differentes: em
sera , o qua a em a esgraça e m1sena e um caso como J 1sse, o C! a ao a or e Sl
ser criminoso luta com a indigencia, e por isso não proprio, n'outro precisa de terceiro-que fique por
acha fiador e a não ser a carta de seguro teria de fiador. ,
defender-se da cadêa. Como poderá pois dizer-se Ora, por isso que a constituição determina os
· · , r ão s ,. m que o c1 a ao eve ar . . or para
tem a garantia que têm os ricos? Ao mesmo tempo livrar-se solto segue-se : que esta destruição é·
que haveria talvez razão para proteger mais os destructiva de outt·o remedio de lei pelo qual o
primeiros ou ao menos tanta contemplação devem cidadão sem fiador póde livrar-se solto? Não.
merecer una como outros; porque têm igual direitQ. Este é o ponto essencial da qnestâo. •
Entretanto os ricos poderáõ livrar-se nas suas Daqui se vê pois que não ha antinomia ne·
casas, os pobres terão de o· fazer na-cadêa. Será nhuma entre a constituição .e as leis existentes a
isto philantropico ? tal respeito. Ao menos creio que, ou não sei o que
Demais o Sr. deputado argumentou que po- é antinomia ou os nobres deputados não pensarão
dendo ser obtida a carta de seguro por 2SOOO dava bem quando proferirão esta palavra, porque uma
lugar a muitos abusos, e não convinha que se cou!:!a ha inteiramente diversa da outra.
-
estabelecessem
. semelhantes
. princípios de legisla- Tenho pois provado, senhores, o .segundo. P.onto

outra sessão re!erio um dos senhores da commis- Stlguro. Parece-m{' haver provado tambem de ma-
são : reparai, senhores, que não forâo os ricos que neira clara e precisa que a constituição art., 169
as pedirão, mas sim os pobres, isto é ; o povo : ~ 9•, não tem antinomia com as leis existentes.
e porque ? Por conhecer a necessidade de seme· (Apoiados.)
lhante garantia afim de ter em um governo tão Mas senhores, permitta-me a camara que eu a
absoluto uma especie de igualdade na presença da este respeito faça mais uma reflexão. Suppo-
lei. nhamos que existe esta antinomia sem duvida
Pllra ainda inais provar que as cartas d_e seguro nenhuma (o que não acontece como fica provado)
são verdadeira garantia, eu rogo a cada um dos e que a constituição não admitte cartas de sAguro:
senhores que se têm visto diante da justiça, que de duas uma ; ou o ministro reconhece que ha du·
· ponhão a mão na sua consciencia e que declarem vida a este respeito ; porque até nos fez uma pro-
se não têm achado difliculdade em obter um alvarã posta, ou não hesitou nisto cousa alguma. Se
de fiança, a qual não encontrarão nas cartas de não era duvidoso para elle, para que nos veio
seguro. Se ha abusos a respeito das cartas de aqui offerecer uma proposta ? E se era duvidoso
seguro, abusos que nunca apoiarei, porque de- como toma uma deliberação antes de resolvida a
fendo a lei e não os abusos que estão necessaria- duvida pela unicll autoridade que tem direito de
mente em opposição á lei. Se taes abusos existem intrepretar a constituição e as leis 't
marquem-se os casos em que as cartas de seguro Eu convido os Srs. deputados que têm tençiío
devem ser concedidas, concilie-se a legislação de defender o ministro, a que respondão positi-
deltas com a segurança dos cidadãos; determine-as vamerJte a este ont() reciso da accusa ão.
s · iça i ·
livre permittem as cartas de seguro ; para que Disse um Sr. deputado que as leis devem
os poores tenhão esse recurso nos casos per- estar de accordo com a constituição? Quem duvidou
mittidos, sem dependerem de um terceiro, para disto ? Eu digo que estão. Porém dizem os Sra.
responder por elles em juizo. deputados que não. Mas pergunto eu :- Quid
Depois do que acabo de e-x:pôr poderá alguem inde?- Quem é o juiz da questãp?- E' o lJOder
deixar de convir em que não ha antmomia entre o executivo.- Então para que veio elle aqui pedir
~ 9• do art. 179 da constituição e as leis· existentes.
que se decidisse se era ou não duvidoso o ~ 9o do
O .que diz o ~ 9•? << Ainda com culpa formada art. 179 da constituição ? .-Decidi o o minidtro.
ninguem será conduzido á prisão, ou nella con- Estava elle autorisado para o fazer ? Se me res-
servado estando já preso, se prestar fiança idonea pondem que sim então abaixo a cabeça... ·
nos casos que a lei a admitte ; e em geral nos O Sa. CASTRO ALVES:- E eu taml;lem,
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<,:,'

70 SES'\ÁO EM 29 DE AGOSTO
. . ~. -. -:. DE '1831
.......
' . "

O Sr. MoNT.I!:ZJJMA. :...:.. Disse um Sr. deputado impuz a lei de não fallar senão· sobre o ponto
que O ministro mandou, porém OS tribunaP.S não da accusação ; n.im quero que se julgue de fôr-
-ol>edecerão e por isso. nenhum mal resultou da ma nenhuma que outro motivo fóra; ci deci-
ordem do ministro li S!lbe o illustre deputado se dido desE:jo pelo. bem da nac;ão me obrigou a
a portaria foi para as llelações das outr~s pro· fazer esta denuncia, e por isso calarei outros
vincias, e .se lá tem sido executada, e se lia nell~s objectos.
ao · uvt o po s recon ecer que o ministro da
darão offendidos nos seus direitos, em razão de justiça é digno de continuar a exercer o seu em·
não se concederem as cartas de seguro na confor· prego, mas viemos nós aqui defender homens,
midade da lei de 6 !le Dezembro de 16~2 ? zelar a pasta de Pedro ou de Paulo, e trabalhar
, . n in e no mm1s eno este ou. aque e
gal do ministro em que transgredia o sentido indivíduo? Tenho portanto provado que a minha
Iitteral da lei, não teve effeito, obstando os denuncia deve proceder. ·
empregados inferiores a sua execução, deduz-se Resta fallar agora sobre um assumpto, que
dabi que o ministro não é responsavellll posto não ter absoluta ou ao menos estreita
Disse .o nobre deputado que a portar.ia de 28 connexão com a mataria, todavia pôde servir de
de Julho não decidia a questão, nem mostrava ingucção aos Srs. deputados que têm de !aliar
insistencia do :ministro depois da denuncia dada contra a denuncia e a favor do parecer ·da com·
contra elle nesta casa, em razão de ser expedida missão, para interpretarem_ as minhas intenções,
um dia antes ; mas -pôde o illustre deputado Senhores, eu tenho manifestado nesta casa uma
provar que depois da accusação ou denuncia con· disposição zelosa por demasia a respeito do mi·
tra o ministro se _!llandou_ ou~ro officio para f!O· nisterio . actual :. attendei b!!m que é por estar
trados darem por não recebido, tanto este, como zelo tem feito muito beneficio á causa publica e ao
o segundo officio, visto que a camara dos deputa· governo presente ; e é deste zelo que ha de seguir·
dos havia tomado o negocio em consideração e se o grande resu~tado de ter a nação aquelle
a · n~ s · · I
Não deve por isso acreditar-se que o ministro do dia 7 de Abril; é advertindo á ·autori ade
p_ersiste ainda no primeiro e segundo officio, en· que não discrepe, que não ponha em oscilação
tendendo que sua mataria é muito legal 'l E a os princípios jurados pela nação; é accu.sando
decidir- se nesta camara ue a accu a ão ·
nistro não procede, deixará elle de julg~assim nova ordem de causas, e que se h a de alcançar
como os seus successores, que é licito ao poder que o dia 7 de Abril, este dia da regeneração
judiciario suspender a execução das leis todas da nação brazileira, dê aos nossos concidadãos
as vezes que o sentido fôr duvidoso, e o poder aquelles bens que cada um de nós deseja.
executivo tiver offerecido a sua duvida á conside· (Apoiados.) ·
ração da camara ? Não assentará igualmente o o Sr. Oass!a:no :-Sr. presidente, animado
ministro e seus successores que as autoridades sõmente dos princípios de razão e de justiça, não
subalternas são obrigadas a submetter-se a qual- me proponho a considerar a importancia que tem,
quer ordem do poder executivo quer seja legal e quanto influe na causa publica , a boa ou
ou não, e apezar de ser oftensiva ás leis, como má organisação de um ministerio ou governo ;
quer sustentar o ministro na sua portaria de 28 limitarei os meus argumentos e discurso ao obje·
de Julho? Qual serã a autoridade ue se queira
e s e prlDCIJHO ua o pa z que
com semelhante principio pôde manter oA direitos
individuaes do cidadão, sua segurança e liberdade?
Serà possível q~e a nação tirazileira esteja em
v amo aqu1 ec a·
rar nullos os principias r.elos quaes temos pugnado
á cust~ de mil sacr1fl.cios para conservarmos
nossa independencia e liberdade? Será este o
fim da regeneração do dia 7 de Abril 'I Deverá
decidir-se que uma vez duvidosa a intelligencia
de uma lei, havendo o ministro respectivo feito
proposta;t, camara, offerecendo sua duvida a auto·
ridade tem obrigação de obedecer ás ordens do
ministro suspendendo a mesma lei ? Eu peço perdão
á camara de haver repetido este argumento que já
:produzi: eu o considero de tal importancia que
JUlguei Cünveniente a repetição afim de inculcar
aos Srs. dE!putados que. defendem o parecer da.
commissão, a necessidade de impugnarem estes _
dous erincipios essenciaes vendo as consequencias
que hao de resultar do sobredito parecer da com·
missão uma vez que se approve. (Apoiados.)
Senhores, nas nações constitucionaes não se
olha aos homens, olha-se ás, maxiinas legaes, a
exe · ·
depender a felicidade de uma nação. (Muitos leis.
apoiados.) Se olharmos para os homens e des· Vejamos o <tue fez o ministro. Eu leio a
presarmos os principias proclamados pela -nação, portaria de 2;a de Julho proximo passado.
não podemos colher c.s fructos que ella espera do Diz o ministro que parecendo· ao _governo
systema felizmente adoptado no Brazil. Quero abusivas ·as cartas de seguro á vista da consti-
conceder que os senhores que se empenhão na tuição do imperio, _e tendo demais _feito uma
approvação do parecer da commissão, o fação por proposta á assembléa geral sobre este objecto,
amizade ao ministro, poi~ que é licito ser amigo, esperava que o regador dfl justiça fizesse sus·
ou por conhecerem que elle possue as qualida· pender a concessão dellas, até que a mesma
dea proprias daquelre cargo ; mas eu não tenho .assembléa tomasse uma resolução ·sobre - a dita
nada com os seus motivos, porque antes de entrar proposta. O que faz o governo c_om. esta portaria f
nesta casa ( attendei bem ao IJ'ta eu digo ) me Diz q,ue está na intelligenela de <!Ue as cartas
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:52 - Página 7 de 11

:SESSÃO EM~- ~9 DE AGOSTO DE 183'1 71

elle quizesse revogar ou suspender uma lei, e não eu, está claramllnte reconhecido que o ministro
procuraria o poder legislativo, poder competente, da justiça está comprehendido na lei da respon-
a quem só é dado o interpretar as leis afim de sabilidade? N \•J. Porque todos os senhores que
dar a verdadeira interpretação. têm fallado contra os ministros, têm recorrido aos
Vamos ver agora se o ministro oft'endeu igual- fraquissímos argumentos de an>:~logia, e não pro-
mente a independencia do poder judiciario ou várão ainda que se achava coml?rehendido ná lei
se o aterrou por meio desta portari11, e fez da responsabilidade dos ministros. (Apoiados.)
com que os magistrados respectivos deixassem Todos tirárão _conclusão daquillo que podia pra.~
de contin~r na pratica de conceder cartas de ticar o ministro com intenção de defraudar a lei;
seguro, em observancla não só das leis antigas, mas não provárão que o ministro assim obrasse,
mas das de _1828 ~ 1830. ~~pponhamos mes~o e que por__ acto algum esteja incurso n_a lei de
trados não continuassem a concedel-as ; poderia gue não Rerá applicavel tambem o principio de
elle ser chamado á responsabilidade na fórma . justiça universal, tantas vezes allegado a favor do
da lei da responsabilidade dos ministros e con- ex-ministro da guerra 'l Não será tal principio
selheiros de est do e ba t •
sómente quaes erão· os suas intenções a este nistro da justiça. (Apoiados.)
respeito, as dirigio ou communicou uo regador das Disse-se que não devemos defender homens,
justiças, afim de que julgando-o conveniente, o eu quizera, Sr. presidente, que este principio
cor o ·udiciario rocedesse á sus ensão das cartas fosse entendido em toda a sua extensão muitos
e seguro a é a decisão do corpo legislativo ? apoiaàn), e com toda a ig11aldade pelos Srs. de-
Póde deprehender-se da portaria de 22 de Julho. putados que q•lerem sustentar a accusação do
e mesmo da de 28 de Julho que existia algum ministro de jutitiça. (Muitos apoiados.) Conheça·
direito de obediencia de subdito a superior 'l se o seu zelo tambem para sustentar o governo,
Obedeceu o poáer judiciario a esta ordem? Não porque nenhum Sr. deputado que está em união
foi apresentado nesta casa o artigo do codigo, que com um poder deve procurar o descredito de
mostra que os empregados não são obrigados outro poder, que tem tanta influencia na pros-
a cumprir ordens illegaes? Neste caso obedeceu peridade ou desgraça do estado. E' preciso
o poder judiciario directa ou indlrectamente. Não ostentar ig11aldadade em todas as cousaa para
sei pois como possa haver razão para concluir poder .conservar-se o edificio do estado, e con-
que o ministro impôz, infundio te1·ror ao poder seguir-se o desejado fim que é a felicidade da
judici!lr~o para não cumprir a lei, mas a ordem nação; do contrario digo que o _dia 7 ~e ~bril,
Tambem não existe usurpação do poder como
se tem dito. Supponhamoe que o ministro com-
m~U~u um erro, e é. ~o que eu convenho.

interpretação do poder competente, podia pedir Teu o de lembrar· mais· outro principio sus-
a suspensão do exerclcio da concessão das cartas tentado nesta casa por occaaião do accusação do
de seguro, omquanto não era feita a declaração ex- ministro d:l guerra, disse. se então : « Que
pela autoridade competente: errou, ffii\S qual é << para uma orção ser condemnavel, como ma e
o artigo da lei de responsabilidade de ministros « prejudicial á causa publica ou particular, era
que pune erros dos ministros 'l Ella é clara no << ne.cessario que trouxesse comsigo dólo e má fé.ll
artigo da usurpação de qualquer das attribuições (Muitos apoiados.) Semelhante dólo e ~á:fé não
do poder legislativo e judiciario, de que preten- pôde descobrir-se no actual mini~tro da Justiça,
dem culpar o actual ministro da justiça. Ora, examinando-se quaes erão as suas intenções.
não se provando esta usurpação, não ha outro Vendo elle a tranquillidade publica perturbada,
artigo algum em que o ministro possa ser com- e que esta camara tinha tornado medidas para
preliendido. sua conservação e restabelecimento, alterando até
. Quiz-se aqui provar que o ministro está incurso penaa do codigo, em uma lei que aqui se fez,
em um dos artigos do codigo criminal! Mas o assentou que podia ser prejudicial á. _!llesma
caso de responsabilidade dos ministros de estado tranquillidade a continuação de concessao das
não tem nada com o codigo, porque elles estão cartas de seguro, pelo que fez a camara uma.
sujeitos á lei particular de res'{lonsabilidade, assim proposta neste sentido, e commetteu o erro que
como os conselheiros de estado. Nem ·se diga Já disse de não esperar pela decisão da.mesma
que o codigo criminal revogou esta lei anteriov: camara, e expedir a portaria que raz obJec~o da
é tão re ulamentar uma como a outra· e é claro denuncia; er untando aos ma istrados·crumnaes
que os ministros de estado nos. crimes, que como se concordavão na suspensão da concessao · as·
taes commetterem, não podem ser sujeitos ao co· cartas de seguro, para pÕl' carreira aos mala!! '
digo criminal, mas só mente ao artigo da lei publicos .. ~is porque o mini~tro, não tem.-. dólí:l, •
da responsabilidade dos ministros ( art. 134 da nem intençao de olfender á lei, porque veto pedir
constituição). Por consequencia não acho que em- à autoridade competente que interpretas$~ ·o ·artigo
caso nenhum possa ser accusado o actual mmistro: constitucional. Não póde pois ter criuiinalidade
da justiça, nem como usurpador do poder legis- por hàver feito um erro. . ·
lativo, nem por ter offendido a independencia do Além disto ha um terceiro argumento allegado
poder judiciai'io • por occasiiio do ex-~inistro da guerra, e !em:a
. Passando' a outros argumentos que, segundo • ser : « que é necessar1o olhar para a conventellcla
~e..Parecem, se devem ter em vista para julgar· da accusação, isto é, se em taes oli taes tempos ·
mos da accusaçíio, lembrarei qtie quando se tratou convém proceder á aeeusação de · um ministro
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7! SESSÃO EM 29 DE AGOSTO DE 1831


denunciado )) , o qual argumento eu reclamo para equivocacão se havia supprimido na Bahia um
agora. E' preciso ver se convém intentar a accu- lugar de official da secretaria da presidencia,
sação neste tempo contra o ministro da justiça, quando a intenção da camara fóra evitar a ac:
quando elle claramente não tinha violado a lei, cumulação n'um individuo de dous cargos incom-
e se em vez de contribuirmos para a transuilli- patíveis, sendo um no collegio medico-cirurgíco
dade publica, não vamos assim concorrer ara a da mesma ecretaria · e iv - ·
per ur açao o es a o. e então foi licito apresen- remediar agora para poder ser pago o official,
tar este argumento de conveniencia para defender que estava exercendo o lugar que o outro deixãra
a causa de um ministro tal, como o ex-ministro vago na secretaria, ausentando-se da Bahia para
da guerra, muito mais deve .aproveitar a ora ir estudar á Euro a.
u min1s ro, CUJas cucumstanctas são bem Propoz que os mestres das escolas de ensino
differen tes. mutuo de meninos e meninas na capital da pro-.
. Por todas estas razões não posso julgar pro- vincia tivessem 500SOOO, maximo dos ordenados
cedente a denuncia, e sustento o parecer da na conformidade do que se vencêra no anno pas-
comll'!issilo. sado, e do que o conselho geral tem proposto
O SJi; MA.Y achou que as razões apresentadas repetidas vezes: e que para interassar ruais as
pelo sr: Oassianno erão sufficientes para pronr províncias na boa arrecadação das rendas publi·
que o Sr. ministro da justiça não estava incurso cas fossem applicadas para as suas obras, pu-
na,, lei da responsabilidade : e àdvertio que o blicas as oitavas partes das sobras na confor-
resultado do parecer da commissão devia ser uma midade da lei de 20 de Outubro de 1823. E mandou
explição do Officio do dito Sr. ministro, pbr isso emenda neste sentido.
mesmo que estava demonstrado ue a ca a
seguro nao orao suspendidas~ o art. 5o ·do projecto n. 117 com todas as suas
Ajuntou que o discurso do Sr. M:ontezuma, parcellas, pedindo que fosse substituido ao artigo
posto que 'l:irilhante e eloquente não poderá con- em ~iscus.são.
vencei-o da verdade de sua theoria em uanto á
ev ga o e e1 an er10r por outra posterior no
caso de antinomia; pois entendia que nenhuma
lei sobre mataria tratada anteriormente em artigo
constitucional, podia invalidar a disposição da
. . . - , e 1 a e1 llaO UVBSI!O
passado pelos tramites marcados no art. ·174, e O SB. MI.lilSTBO disse que sendo esta a primeira
seguintes da constituição. (Muitos apoiados. ) vez que tinh!\ a honra de vir á eame.ra, pata
Principio quQ elle orador escrevêra e sustentê.ra discutir o objecto de sua repartição julgava de seu
em 1828, sem que achasse quem o combatesse. dever declarar que sentado na cadeira de minil!tro
-Entendeu que devia ofiiciar-se ao ministto que era o mesmo homem, que fóra quando sentado
se a constitucionalidade das cartas de seguro era em seu respectivo banco tinha exercido as au-
duvidosa. para elle, não devêra ter expedido a guatas funcções de representante da nação, pro-
portaria de 22 de Julho de 1831:--; e se tal duvida testando desde já á camara que concorreria com
não tinha, devia ter declarado immediatamente todas as suas forças para poupar o dinheiro da
as cartas de seguro como não existentes á Iórma nação .!lssim como declarava, que se ap,:>arecesse
da co~stituição. alguma pa.rcella de despeza, que elle desejasse
Vl8 acre z ar·se, que o azul
1823 era causa do atrazo, em que nos achamos por convicção inlima de que a q.1uantia :lh.ada
porque nella se estribou a quéda da constituição: não chegava para preencher os fl.ns a que se
e fe~ mais observações cuja tendencia não !oi propunha tal aespeza.
n ran o em ma aria recommandou para eco-
0Gncluio ponderando o pessimo resultado da nomia de tempo e facilidade de discussão, que
p~rplexidade, em que parecia, que estavão os se tratasse: primo das despezas que erão verda·
m1nisttos e em que o governo todo sA achava, a Jaira.me~ta geraes, e depois das particulares ou
qual perplexidade attribuio a cousss passadas provme1aes.
respirava vêr remediada pelo tempo. A respeito das emendas do Sr. Rebouças disse,
O SR. PaEsÍDENTE declarou que achando-se na que de facto no anno passado quando se tratou
sala imlliiijtiata o Sr. ministro do imperío, qae do interprete de· lingnas da secretaria da presi-
vinha· assistir á discussão do orçamento da sua dencia da provincia da Bahia, não se abolio o
reparticão era forçoso adiar a mataria em dis- dito lugar mas teve-se em vista que um s(> homem
cussão. não exercesse dous lugares imcompativei'"s, como
Introduzido na sala o Sr. ministro com as erão o de lente do collegio rueàico-cirurgico, e de
formalidades do costume, declarou o mesmo Sr. o:fficial da secretaria pela impossibilidade de estar
presidente em discussão o lo artigo do projecto ao mesmo tempo exercitando as funcções de um,
n. 190. e de outro: que em consequencia da lei de 15
de Dezembro de 1830 o presidente da pro~ncia
Q SR. MONTii:zuw. pedio algumas explicações não tinha querido dar o ordenado respectivo ao
sobre o vencido à respeito do projecto n. 117, individuo, que hoje exercia o lugar de official de
cujas bases se havião adaptado em parte, pelo secretaria: o que convinha remediar: emquanto
que respeitava ao art. lo. 1ll foi satisfeito mos- ao augmento de ordeuados aos mestres de ri-
trando-~e-lhe ue o ro' to . · · . , a r ou que nao s na a 1a mas
mente conforme ao vencido, quanto à c1assifl.cação em todo o imperio se carecia de accrescimo ncs
das despezas nacionaes em geraes ou provinciaes. meios pecuniarios para a instrucpão publica: que
Houve depois um curto debate Acerca de entrar a camara dos Srs. deputados mandára saber do
tambem em discussão a lei de 15 de Dezembro governo pela repartição dos negocios do imperio,
de 1820, ·que havia sido offerecida pelo Sr. Re- porqae motivo não se acha.vão providas as ca-
ZE-nde, como base do projecto ·de lei de orçamento dei!aS creaJas e approvadas pela assembléa geral,
para o anno financeiro prox.imo futuro com as e pelo governo; que era ol:irigado a responder :
modificações que se julgassem neceosarias; e se que o governo tinha mandado põr a concur~o todas
· v.enceu que se votasse sobre o projecto n. 190, as cadeiras, que se devião preencher na capital
que estava feito nDquellé sentido ; e sobre as emen- do imperio, as quaes andavão por 40 fóra as que
das que appa.recessem. estavuo occupadas, mas que no anno paas11do
O SB. BBBouçA.s disse que no anno passado por não havi~ apparecido ninguem para o dito con·
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SESSÃO EM 29 J)E AGOSTO DE 1831 73


curso, que ultimamente se apresentárão 3 candi· uma emenda: que dizendo o artigo citado« logo
datos, a cuj1> exame elle ia presidir na segunda que o imperador sueceder no imper.io J> se via
feira prox.ima futura. forçado a perguntar se o augusto menino não
Advertia porém que no caso de se preencherem era nosso imperador, tanto por successão como
todas as 40 cadeiras, a consignação annual de por acelamação; e sendo assim se a assembléa não
26:0oon era insufficiente para as despezas respe· tinha ~,;obri ação. de lhe ~ssignar. uma. dotação
i ·a~: u t · -
podiã? preencher:se tod~s, ~as achava ccmtudo
indubitavel que nao pod1a delxat· de augmentar-s&
a consignação para a instrucção publica em todo
o im erio e rinci almente na c i
ás obras publicas fez ver que se havião fixado
para a província do Rio de Janeiro 80:0oon para
dividir por todas as camaras; e tendo começado
a def:l~nglobar estes 80:0008 achou que fiearião
cabendo a algumas camaras 1:5ooa, cada uma;
entretanto que havia camara, que orçavão as
despezas de suas obras em 30:000fl e mais, que
na verdade vinhão parcellas Incluídas nestas des·
pezas, que não pertencião á repartição do imperlo
mas á da justiça como 5 custodias, paramentos etc.,
porém era incontestavel que as despezas das
obras publi~as importavão em muito mais do
Declarou que mandãra continuar na!! obras mais
essencia' s, pelo que dizia respeito á província
do Rio de Janeiro; como '? canal chamado do Rio
. a, r ao per er-se o I·
nheiro que se tem gasto nesta obra, encanamento
de aguas para o Rio de Janeiro, calçada de ruas,
alguns caminhos etc., as quaes obras se deverão
. , · - egun o o
orçamento feito por s. Ex. devia caber á camara
da capital, mas que não chegav~>: que devia tam·
bem por consequencia haver augmento no quan-
titativo marcado para obras publicas; e isto em
todo o imperio mas principalmente na capital;
porque as obras erão muitas ; que a camara da
Praia. Grande á .qual pelo orçamento feito por
S. Ex. devião. tocar 4:0008; não podia tambem
occorrer ás necessidades daquella villa com tão
diminuta quani1a, não havendo alli nem se quer
um chafariz ou fonte par~ agu~, a qual se ia
. ' isso sujeitos
ministro o vexame a que estavão por
os habitantes, tinha mandado começar o chafariz
porque. sendo obra _morosa, poderião , coneorr~r
sando para accelerar a conclusão da obra com a '
orç9mento da consignação para o imperador menor,
possível brevidade e perfeição. não inhibia que uma lei particular tratasse es·
Emquanto ás oitavas partes declarou que não pecialmente da dotação : concordou com o Sr.
sabia como ellas se entendido: se erão tiradas José Bonifacio a respeito de ser diminuta a quantia
do remanescente, então devião marcar-se as des· arbitrada, parecendo-lhe improprio que se esti-
pezas geraes, e provinciaes; porque os remanes· vesse a mesquinhar com o 1mperador, apezar de
centes erão das receitas provinciaes ; porém es· que elle orador com muita promptid~o tinha
tando englobadas as rendas por não se haver votado contra a dotação de 1,()00: OOOROOO ao ex·
passado o 1• artigo do pr,,jecto n. 117, era melhor imperador, por entender que era muito, mas hoje
que a assembléa designasse a quantia, de que votava que se dessem 200:000/1000 ao imperador
cada província devesse dispôr para applicar ãs aetual.
suas necessidades.
Concluio observando que sendo muito difficil O SR.- MINISTRO declarou que ia limitar-se ao
ter presentes ao mesmo tempo na idéa tantas Rio de Janeiro para não ÍtlZer confusão, vista a
emendas, quantas as que se havieo já proposto grande quantidade de emendas oflerecidas e
sobre as despezas de diversas províncias convi· apoiadas.
nha, que dellas se tratasse á medida que se dis- Ponderou que nada podia dizer a respeito da
cutissem as despezas de cada província. dotação, não lhe sendo licito examinar se o artigo
do projecto nesta parte era anti-constitucional
O SR. 0ASTko E SILVA depois de comparar cada como se avançára ;_ po.rque R.. eamar~ competia
uma das arcellas do ro· ecto do or am•
uma emenda, que produzia submetteu a dita eHe ministro tratar do dinheiro necessario para
emenda á. consideração da camara. as despezas da sua repartição ; mas como esta
O SR. ÃNDRADA. E SILVA dPpois de ler o art. pareella vinha no projeeto de orçamento, sempre
107 da cou, tit uição. « A assembléa geral logo diria que tudo erão leis, quer fússe a de àot·<ção
11 que o imp·~rador succeder no imperio, lhe assi· especial, quer fosse a lei de orçamento, e que
11 gnarà e á imperatriz sua augusta esposa uma portanto era indiffsrente que viesse a dotação
11 dotação correspondente ao decoro de sua alta nesta ou naquella. ·
« dignidade; I> disse que o artigo do orçamento Quanto á quantia declarou que ignorava como
gue mareava lOO:ooon, para a do,ação do Sr. o Sr. tutor pretendia governar a casa do ·au·
. D. Pedro II era ou anticonstitucional, ou- irri·. gusto pupillo, que tivera uma conferencia com elle
sorio; e por isso· se propunha a offerecel'·lhe logo depois da sua nomeação para tutor, afim de
'1'0](0 ~ 10
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'74 SESSÃO EM 29 DE AGOSTO DE. 1831


arranjar o plano economico ·da casa e de ver elle ministro disposto a não dar nem mais um
em quanto importarião as despezas, sem faltar á real. (Apoiados.) .
decencia devidà ao augusto pupillo ; porque só Fez ver que a quantia de 30:000$ para despezas ·
depois deste arranjo se podia assentar na quantia eventuaes em todo o imperio, que se havia fixado,
que devia fixar-se, não convindo dar a esmo nem era insufficiente, dividida por 18 províncias como
faltar. ao neeessario e decente. elle fizera manJando dar ás rovinci s m n
. an o os mes res, even o e e mm1 ro ser 1:200$, 1:500/1; ás maiores 2:5009 e reservando.
zelador da fazenda nacional , porque ~ governo para o Rio de Janeiro 3: 500H; pois que havia a
hoje se _apartava inteiramente do methodo de fazer despezas muito grandes, sendo mais eco no-
disperdicio até agora seguido (muitos apoiados), ·mico fazel-as de uma vez : e lembrava ara lrova
- · ·. · er que nao sa 1a porque ISSo a casa o sana o, que sendo fáita, como lá
motivo residindo o Sr. D. Pedro II no mesmo dizem, com pão de mamão, e na qual se havia
palacio com . suas augustas irmãs, os mestres balido e tornado a bolir fazendo-se-lhe quantas
·que ensinão ás ditas senhoras não ensinarião nigromancia5 se quiz, e que teria sido melhor
tambem ao imperador naquíllo em que o ensino fazel-a de novo para não gastar um horror de
podia ser commum, como dansa, desenho. geo- contos de réis talvez sem proveito : que não era
graphia, et<;., podendo portanto nesta parte pou- possível por consequencia fazer a despeza do corpo
par-'se alguma causa, assim como na conducção legislativo com 68:000S, e que elle a or~ava em
dosmestres que é desnecessario, vivendo Sua Ma- 86:000/1.
gastada e altezas imperiaes no palacio da cidade. Quanto á industria publica, disse que todos os
Adverti o que a palavra- mestre- que se achava annos esta despãza ia em augmento, que as ca-
no lo ~ do art. lo era superabundante, até de!ras se ião preenchendo ; e q_ue a ca_mara havia
' o

claro portanto que a quantia destinada para pa-


gamento dos mestres n&o era deduzida da do-
fação, entendendo elle ministro que os salarios
do e · - • · o
Achou na verdade pequena a dotação de 100:000/1, guma sem um plano geral de instrucção elementar,
mas não se propunha dizer nada a respeito da porque uns mestres têm o que falta a outros,
somma que devia ser, por depender isso do plano muitas cousas se quebrão, etc. Emfim era tudo
já referido : mas pelo que respeit:wa aos 24:00011 uma perfeita desordem, entretanto que a nação
consignados para os mestres achava que erão lhe pagava mensalmente 30/; para papel, penas,
sufficientes ; por isso que ficava naturalmente etc.
supprimi•la a eonducção de eada um delles q1:.e Que com effeito pouco progresso se encontrava
importava em 4S por lição, e havia sido dispensado neste ramo, mas que entretanto era pouco o
o director dos eJ:~tudol:l, o bispo de Anemuria que dinheiro que lhe estava consignado, ainda mesmo
vencia 1:000/1 por ser desnGcessario quando havia não entrando os estudos maiores que tinhão con·
um tu~or tão digno e tão sabia que melhor podia· signação particular.
olhar para o regimen dos estudos do seu au usto Pas a
pup1 o. Ut os apota os. . muito atrasados nesta parte, que não tínhamos
Que nada se lhe offerecia a dizer emquanto pontes, estradas, canses e meios necess~rios para
aos ordenados dos 111embros da regencia, por faeil communicação, e que não podíamos ser nada
serem de lei. or isso · visto ue da facil comm · ca íi •
eservou-s para a ar cerca a 1 10 eea pendia o augmento e progresso da industria e
de Pernambuco, quando se tratasse daquella pro- riqueza nacional, pois que os productos da agrl·
vincia, mesmo porque se tratava agora de despezas cultura ficavão estagnados e sem sabida ; e que
geraes, e aquella era provincial. em uma palavra, nada progredia e tudo retro·
Declarou que na s•la opinião devião accres· gradava {apoiados) ; chegando a acreditar que
eentar-se algumas despezas geras11, como por até disso dependia a moralidade da naoão, por
exemplo as do corpo legislativo, as quaes sendo nascer essencialmente do amor do trabalho :
orçadas em 68:000g tinhão crescido pelo melhora· sendo duas as eousas que lniluli'l:o prlnulpalmente
mento dos ordenados dos ofticiaes das secretarias sobre a felicidade de uma nação; uma, a instruc-
da camárà dos Srs. deputados e do senado, sendo ção elementar, e outra, o amor ao trabsiho, donde
estes ultimas elevados a 1:000S e os primeiros provinha honesta subsistencia.
a 900S, tendo tambam sido augmentados os orde- Em quanto às patcellas dos ordenndos dos canse·
nados dos porteiros, continuas e mais officiaes lbeiros de estado não offereceu reflexão alguma,
da casa ; o que tudo faria montar esta parcella por serem os que a lei mandava. _
de SO:OOOS para cima, e não a 68:000$ como es- Pelo que respeita á secretaria. de estado dos
tava orçada, sem fallar em alguma despeza negocios do imperio, declarou que a quantia
extraordinaria que pudesse occorrer. aroitrada (50:809S\l00} chegava para a despeza, a
Representou que cumpria ter em muita conside- qual elle tinha feito reduzir ao absolutamente
. ração estas circumstancias, por isso que elle necessario, havendo unicamente mandado co!Uprar
ministro não sabia onde i!ia buscar o dinh~iro, depois que entrou para o. m~ni~terio um diccionario
julgou necessario declarar que vacatura d~ um lugar de official da secretaria, o
havia mandado riscar um livro na respectiva se- qual elle não intent,•va preencher, ainda quando
cretaria de estado, com deve e ha de haver, afim lh'o não vedasse o art. 45 do tit. So da lei de 15 de
de lançar de. um lado a quautia de que podia Dezembro de 1880 : que era verdade que tinha que
servir· se para as despezas da sua repartição, nomear um oftieial-maior porque a lei lh'o não
designando como fundo em caixa a quantia dis- prohibia ; mas isso não /azia dífferença, porque
ponível, segundo a lei ; e do outro lado as des- a citada lei de 15 de Dezembro de 1830 havia
peZRS á medida que occorrião com a necessaria contado com elle.
especificação dos objectos em que erão empregadas; Nada disse ãcerca do pagamento do escrevente
fazendo mais uma· exposição das receitas e des- do visconde de Cayrú, por estar ja supprimido
pezas extraordinarias, afim de não exceder por e sobre a chancellaria-mór.
fórma nenhuma ã quantia fixada por lei, estando E mencionando a academia das bellas·artes,
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SESSlO EM 29 DE AGOSTO OE 1831 75


·ez ver que podia ser muito util para o estado ;
porque, além de instructiva, promovin uma in-
dustria agradavel; mas que no e5tado actual não
era praticavel que desse os resultados que deHa
se esperavào, em razão de que dependendo todo
aquelle estudo do genio do individuo que a elle
. ' . - o nga o com u o a passar
tantos annos primeiro que entrasse na profissão
de pintura ou de esculptura, etc , para que
tivesse gosto ; além de que a maior parte dos mes-
- · . e wis ro J ex-
pedira uma portaria para que lhe fosse apresen-
tado um plano regular, afim de então proceder
ás reformas necessarias : accrescentou que os pen-
sionistas da dita ~eademia não erào jovens que
estudassem fóra do imperio ; mas aquelles que
tendo completado os seus estudos na academi,,
em certo ramo, ficavão sendo substitutos para
servir•-m no lugar dos proprietarios, quando elles
estivessem doentes, na fôrma dos estatutos, os
quaes mandavão proceder a concurso, vagatldO
algum lugar. . . . _

mãos. em os ultimas tempos estragos que erão avaliados


Representou tambem pelo que respeitava á em mais de 4:0006, os quaes contiuuarião ··se a
bibliotheca publica que, podendo ser de grande obra não fosse acabada, como devia fazer-se, não
utilidade, se achava no mais incrivel abandono, só pela razão indicada, mas porque não se
tanto que não havia nella catalo~o systematico tratava de um objecto de mero luxo, mas util e
dos li>roi! existentes com classificaçao de materias, necessario, pois a capit"'l devia ter um lugar
de maneira que para achar um livro se gastava de distracção e r&frigerio socegado e tranquíllo
muito tempo, o que resultava igualmente da falta para allivio das perturbações e desgostos inss-
de classlficação, acbandll·se os livros todos mis- para veis da vida humana.
turados, e o que era ainda mais para notar, a Entendeu que era sufficiente a consignação para
livraria do conde dn Barca que talvez fosse mais a -vaccina.
ropria para a nossa instrucção por constar de uanto á. illumina ão disse ue não
· os, e quo cus ra grossas sommas a quautia arbitrada chegava, mas presumia. que
á naodo, se achava entregue á traça e bichos. neste ramo faltava dinheiro e havia descuido,
Que procurando ellll ministro pelos sermões de visto que as ruas esta vão quasi sempre escuras;
Antonio Vlelra, se lbe respondera ue pertencião que achava preferível a illuminação de az orem
. e r a os que ac ou nao es an o agora a naçao em circumstanc1as da
á sua entrada para f ministerio, em vez de sa- gastar as sommas necessarias para semelhante
tisfazer aot~ deveros do lugar de seL·vente que estabelecimento, havia elle ministro expedido as
occupava na blblíutheca, nunca tinha posto lá ordens convenientes, recommendando ás autori-
o pé, e servia de guarcla na alfandega : que outro dades respectivas a vigilancia necessaria sobre
em lugar de limpar os livros com o cuidado um objecto que interessava á segurança publica.
necessario, e de buscar algum preservativo contra Ooncluio rep'ltindo que era necessario arbitrar
os bichos, tinha por costume metter pelos livros maior qnantia para as despezas evàntuaes, além
um prego amolado para matar as traças que das razões já dadas, por motivo de haver tambem
descobria, com o que deitava a perder a enca- encarregado a um homem habil o procurar abrir
dernação: que demais havia muitas vezes 4 e 5 un1 trilho de S. Paulo a Ouyabá; e que estava
jogos das mesmas obras, os quaes poderião te:r-se prompLo a dar os esclarecimentos necessarios
distribuído pelas provincias, afim de generalisar logo que lhe fossem requeridos.
a instrucção por todas as partes do imperio : O SR. ANoRA.DA. E SILVA proferia algumas
que os exemplares da Flol·a Fluminense, a qual palavras sobre a impossibilidade de formar
já custou á nação a enorme somma de 2 milhões, um plano para a administração da casa imperial
não se tinhão ainda distribuído por nenhuma no curto espaço que tem ·passado depois que
repartição, mas se achavão encaixotados ou e!?- entrou para a tutoria. ·
tavão na alfandega, havendo-se mandado lithô'-
grephar perto de 3 mil exemplares ue ninguem O SR. REZENDE dtJclarou que votari~ cont~a
queria com rar: · · - ·-
o os passado por mão de um homem particular, approvado a emenda que alie o:tferec~ra quan o
existindo na secretaria do imperio, apenas uma se tratou do art. lo do projecto n. 117, para que
ordem ou decreto para esta emprez.a : que S. Ex. fosSO'l adaptada a lei de 15 de Dezembr'J de 1830,
recebera communicação· do ministro brazileiro em com as modificações e addições necessarias, e
Pariz para ratiftcar·se o contracto feito com o por lembrar-se qae tinha custado suores de
emprebendedor desta obra, ao que não se prestára, sangue no anno proximo preterito o desenglobar
apssar de se dizer que elle tinha desempenhado as despeza e conhecer os diversos canaes pelos
as condições por ignorar tudo quanto se havia quaes se gastava o dinheiro da nação, assim como
passado a tal respeito. por não desejar que a discussão do orcamento
Fez uma digressão sobre os conhecimentos que na pL'esente se-são se diflicultasse tanto, quando
se exigião ~m um bibliothecario, além dos mais haVLa já este grande trabalho feito; que se oppu-
simples que demaudavão o methodo e arraujo dos nha especialmente á oínenda do Sr. Luiz Oaval-
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:52 - Página 1 de 11

76 SESSÃO EM 30 DE AGOSTO DE 1831


canti, que propuzera a substituição do art. 1• lhos para o dia seguinte, e levantou a sessão ás
do projecto n. 190 pelo art. 5• do projecto n. 117; tres horas e um quarto.
porque Isto era nem mais nem menos do que
tornar inutil a adopção que a camAra fizera da
lei de 15 dé Dezembro fa citada, vindo aliás no
ro·ecto eor discussão es ecificadas as des ezas
gH"aes e provinciaes; e declarando-se no art 3•
que as despezas provinciaes fixadas por lei serão PRESIDENCIA. .DO SR.. .U.ENCAR
autorisadas nas províncias por despacho dos presi-
dentes, podendo as extraordinarias ser determi-
na as em conse o e governo, quan o a urgenc1a 1ente, que constou dos officios seguintes :
das circumstancias o exigir ; além da disposição Do ministro da guerra enviando as segundas
do art. 4•, para que no anno futuro as despezas vias de uma proposta e representação do con-
provinciaes assentem sobre propostas dos res- selho geral da província do Maranhão a bene-
pectivos conselhos geraes; do que tudo se con- ficio das milicias daquella provincia.-A. proposta
cluía, que quanto se accrescentasse não faria foi a imprimir, no caso de não estar já imprt>ssa,
mais do que complicar a votação. a a representação á commissão de conselhos
Lembrou por ultimo que o Sr. ministro não geraes.
contára com ·o augmento dos ordenados para ?S Do ministro do imperio transmittindo um au-
officiaes· das secretarias de estado, o qual devia tographo da resolução do r.onselho geral de Santa
fazer uma differença na sua conta, que ficaria Catharina, approvado pela assembléa geral e
por isso menos exacta. tambem pela regencia, sobre a creaçào de algu-
. · au ograp o 01 para
O Sa. MINISTRO explicou que não ignorava o o archivo.
que se lhe advertio, mas como não tinhJ. ainda Do mesmo ministro remettendo o officio <lo
passado definitivamente a resolução respectiva, presidente da provin~ia. de Perna~tiuco, que
não calculára de ro osito com este au manto
e no caso de passar era necessario que a camara dos na secretaria daquelle governo sobre emolu-
votasse um credito supplementar, para dar-se mentos.
cumprimento á sobredita resolução. D~ mesmo mini~tro transmittindo o officio d.o

o numero de escolas que se hflvião creado, sobre beração do conselho do governo ácerca dos dízimos.
a nacesRidade que havia de se crearem mais 30; -A.' commissão de impostos.
per~untou t.ambem se existia no thesiJuro o d~i· Do secretario do senado communicando . que
nheuo que deixou de gastar-se com a creaçao aquella camara adoptára, afim de dirigir á sancção,
das escolas fixadas na lei do orçamento do anno a resolução que crea diversas aulas de pri-
passado, porque podia então o dito fundo in- meiras letras para meninas na província de Ser-
cluir-se na deste anno. gipe; e bem assim que havia sido sanccionado
Lembrou tambem que dilferentes empregados o decreto da assembléa ~eral que dissolve os
dependentes da repartição do imperio poderião não corpos de milicianos ligeuos da província do
ter recebido os seus urdenados, o que tambem Pará.
convinha saber. Do mesmo secretario remettendo uma emenda
f . -
a. INISTR raspo eu que ogo que en r ra dos Srs. deputados sobre a aposentadoria de
no mlnlsterio fizera começar uma vida nova, que Francisco Caetano da Silva, e bem assim o ori-
mandára abrir nma conta corrente com o the- ginal e um requerimento do mesmo Francisco
souro para de um lançar de olhos poder saber Caetano.-Fic -
, u o e res ava balhos, dispensa a a impressão.
do credit'>, etc. ; que sobre as escolas podia Do mesmo secretario enviando as emendas feitas
lnformar já: que 40 escolas estavão preenchit.las, pelu senado á resolução do conselho geral de
faltando pouco mais ou menos outras 40 ; que ~ergipe sobre a creação das aulas de philosopbia,
destas 40 só ultimamente 5 havião sido provi· geometria, rhetorice. e francez, já approvada pela
das e tlnhão apparecido candidatos para mais caml\ra dos Srs. deputados.- Forão a imprimir
tres, que brevemente se porião a concurso, não as emendas.
podendo dizer se todos ficarião approvados. A camara municipal desta cidade envia as suas
Quanto ao dinheiro, não podia satisfazer com posturas para serem appi•ovadas, e a da villa
a explicação pedida, porque não havia no thll:.•. ·de Mucahé a conta de sua receita e despeza.-
souro cofre á parte, para nelle se gJtardarem as Mandárão-se á commissão de camaras munici-
quantias designadas para cada ministerio, ·não paes. ·
fazendo elle ministro m.ais do que ir assentando Forão recebidas com especial agrado as felici-
na sua conta quanto se ia recebendo, para ver tações das camaras da villa do Rio Grande da
no fim do anno em quanto importárão as des- provincia de S. Pedro, e da villa de S. João da
pezas ordinarias e extraordinarias da sua repar- Cachoeira da mesma provlncia.
tição. A commissão de redacçã.o apresentou redigidas
Reservou-se para dar em outra occasião os mais duas resoluções, que forão approvadas, uma ácerca
esclarecimentos pedidos. de João Francisco Ohaby e outra sobre o plano
Ficou ~~iada a mataria pela hora, e retirou-se de uma nova ponte.
O Sa. SECRETARIO PINTo OmcHoaao leu um I'AREOE:kES
officio do ministro da justiça pedindo dia e hora
para -vir fazer uma proposta.- Marcou-se·lhe o Ficárão adiados por pedir-se a palavra os se-
dia 30 ao meio dia. guintes pareceres :
· O Sa. GETULIO, relator da deputação, disse que Da commisKão de minas e bosques sobre o
apresentando os projectos de lei ao presidente offtcio do ministro do lmperio de 12 do corrente.
da regenci11, este respondêra que a regencia pas· llcerca de mineração.
saria a examinai-os. Da commissão de guerra sobre o requerimento
E foi recebida a resposta com muito especial de M·moel Franklin do Amaral, sargento de ar-
agrado. tilharia da marinha em que pede ser reintegrado
no posto a que fôra elevado pela junta provisoria
O S•· PBUQ>BNTll indicou a ordem dos traba· da província do Oeerã.
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SESSÃO ~M 3o DE AGOSTO DE 18:11 77


Da commissiio ,do orçamento, sobre o requeri· offerece a favor de> ministro é que elle nã:o usou
mento de Guilherme Young. de palavras imperativas, ma& em phrase juridica
Da commissão de contas, sobre o requerimento a palavra imperativa ou rogativa te.n o mesmo
do Sr. deputado Cuilto•iio Dias, para que Albino eff.,ito, sendo de pes~oa de certo poder não
Gomes Guerra repuzesse o soldo indevidamente precisa ser da poder político, porém mesmo de
recebido. autoridade particular. Um testador tanto faz em
Da commissão de diplomacia, ~obre o officio determinar no seu testamento que se dêm certos
• • • o • ' e ega os, como em rogar qutl se açao. caso
corrente, ácerca do comportamento do marquez que a lei lhe attribue este poder; e se isto
de Santo Amaro, na qualidade de embaixador acontece eom o pobre particular, quanto mais
extrao~dinario na côr~a de Lrmdres, in~ervin~o e nos chefes do poder. A condição unica é que
Terceira.-Foi tudo a imprimir, com um officio pouco importa que se use daso palavras
'
« manda,,
da commissão encarregada do exame das contas ou «espera "• quanto mais que o ministro ser-
da caixa de Londres. ve-se de palavras suasorias, que têm força de
Da commiP.são de instrucção publica, sobre o imperativas, principalmente nas circumstancias
requerimento de Nicoláo Rodrigues dos Santos, actu 1es, em que <\ maior parte dos magistrados
em que havia voto separado. não têm muita liberdade, uma determinação con-
cebida por semelhante fôrma e com os motivos
ORDEM DO DIA que apresenta não podia deixar de aterrar
alguma causa os magistrados ; não digo o poder
discussão adiada da sessão ante- judiciario, mas as pessoas que o exarcitão, as
do actual ministro quaes, além de não._gozarem da independencia

, , r
estabelecimento de uma guarda municipal per-
manente.
Conclui da. ella_, o Sr.
tirou-se o ministro com as formalidades • do
estylo.
Continuou a discussão interrompidfl.
o Sr. Luiz oava1oan't1 (orou da fórma
seguinte, pouco mais ou menos): - Sem me im-
portar qual serà a votação da camara sobre este
objecto, tratarei de expór o~ mõtivos tlo meu
voto. Eu entendo, seguindo os votos em sopa·
rado da um dos membros da commiss•io, quo o
ministro accusado e~tá incurHo na lei do rospon·
sabilidada por usurpaçt\o lio poder loglslntivo,
van · s.
Um lllustra dsputo\do membro da oommlssi\o
escusou o mlnlstro1 affirmnnllo que nito tlovln Ror
proceRsado em razao de 1111,, so haver oxucutndo
faz (lbj>:lcto da denuncia; matl este ó um t os tndns jltlg.\rrlo cl'lmm"so; porém agora nãü acon-
muitos ar~urnontos quo fori\o produzidos n f•wur tnoo ns~im, pois que um dos senhorBs da cnm·
do e:r.·millll:'tro da guerra Jouquim de Olivelri\ misK1\o aoh•tU bom o neto, o que com effeito
Al\·ares, accusado por te1· crendo commlssões multo estranho.
militares, prohibldas pela constituição, o qu-11 Dlflso o dito Sr. deputado que havia contra-
expedio tRmbem ordem para se estabelecer uma dlcçiio entro a constituição o as leis da assem-
commissão militar em Pernambuco, ordem que bléa, porqua ost11~ admittião cartas de seguro e
não teve execução pel,,s boas iutencões do bri· aquella não; e que o ministro obrára bem man-
gadeiro Antero, mas não pôde sustentar-se que dando-as suspender, visto que se devia antes
a inexecução de uma ordem offeusiva da con· oheáecer á constituição do que ás leis. Não sei
stituiçãl) e das leis deva diminuir a culpa de que o governo tenha a faculdade de dir.er que
quem a deu determinantemente, porque não deixou é contra a constituição uma lei que passou por
de executar-se por iuftuxo do ministro, e a boa ambos os ramos do corpo legislativo e que foi
acção pertence em tudo a quem não quiz exe- sanccionada, porque então seria a intelligenoia
cutar a determinação illegal: o acto da parte do do ministro superior à dos tres ramos do poder
ministro foi completo e devem recahir sobre elle ler.islativo.
os seus effeitos, nem pôde ser desculpado pelo Quando se diz que é contra a constituição
que fizerão outras pessoas que lhe não obede- uma lei ou acto legislativo qualquer, segundo a
cêrão. opinião de um ou mais individuas, estes devem
Além de ue como havemos de estar ela su· eitar a sua o inião ao oder ue tom auto-
asserção do illustre deputado que a portaria não ridade e direito de interpretar a Iet e prop r
se executou? Como tem elle esta certeza? Quem talvez a revogação da lei, porém nunca devem
o sabe? A portaria foi para as províncias, qual deixar de a cumprir, do contrario serião legis-
é a prova de que lá não se cumprio? Quem ladores os sup&dores á lei.
assegura que mesmo na côrte não se executasse. Aliirmou·se que erãn mãs as cartas de seguro;
Demais, nunca os actos do poder executivo são assim seria se os cidadãos brazileiros não , pu-
executados pelos ministros, ao menos bem raras dessem ser pronuncia tos senão por 12 jurados,
vezes succeae que o S'ljão, entretarito a boa ou como acontAce nas nações livres; mas o que se
má execução dos subalternos não tira a respon· vê aqui ? Um juiz criminal tem direito de pro-
sabilídade de quem mandou. nunciar um homem em devassa, e escolhe as
Outro argumento que o parecer da commissão testam'qnhas 'Para formar culpa ao :réo ? Emquanto
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78 SESSÃO EM BO DE AGOSTO DE 1831


existir a legislação actual, emquRnto não tivermos convirá accusar um ministro que está faMndo
jurados, n>io se póde prescindir de cartas de mal ao Bt·azil, para que não continue a fazel·o.-
seguro. Demai~, se o ministro reconheceu que não Vuto que tem lugar a accusação.
devia haver entre nós cartas de seguro, seguindo o O SR. PA.n.uso disse que tornava a levantar-se,
exemplo das uutras nações livres, porque não não pau defender a pessoa do ministro, que
-
acabuu elle com -o modo. de tirar as devassas?
"

' .
- • f

especial sobre a portaria de 22 de Julho do


• -

tem ainda. Assim ficará a arbítrio do ministro corrente anno ; que antes de entrar· nesta tarefa
o executar a lei que lhe agradar e não cumprir ia responder aos argumentos feitos por alguns
o qu_e lhe não con':ie_r na occasião ? Não. Ilosso Srs de utad ' · · - ·
samente do que entendeu a assembléa mandou,
segundo a sua opinião, que não era conforme ás
disposições da lei, e como a lei de responsabi-
lidade chama a isto fazer actos contrarios ao
que a lei ordena, e!le está incurso nas penas
da· lei de Outubro de 1827, e não em as do
codígo penal.
O ministro tendo apresentado uma proposta
sobre o dito assumpto ao poder legislativo, mos-
trou que hRYia reflectido ácerca do 1iegocio, e
portanto o seu acto de suspender a concessão
das cartas de se uro foi rem di -
ouve nelle precipitação alguma. Diz porém a não tinha portanto paridade o argumento, por
commissão que elle fez isto com boa intenção. isso que as cartas de seguro não tinhão apoio
Póde ser que assim fosse, mas primeíra~pente a na constituição e os tribunqes se fundavão sobre
préssa com ue obrou não rova muito · sua creaçao ou so re o ar 1go da
1n ençao ; parec1a nver interesse especial em não constituição.
esperar pela resolução da assembléa, como devia Declarou que não ouvira bem o argumento
ter feito. Ainda porém que tivesse boas intenções, que se fez contra o ministro põr sustentar o
o caso é que errou e opprimio os cidadãos. A · · , · - e ac ava ana ogta
ç: s e an o a ma a e como da igno- com o objecto, ainda quando o ministro tivesse
rancia, e não póde supportar um ministro que sustentado o fóro militar e commettesse nisso
procede assim, quer seja mão, quer ignorante. crime, seguia-se que era novamente criminoso ;
Affi.rmou o ministro que elle era executor das mas nunca podia inferir-se que por um crime
cartas de seguro, e tambem não mostrou com estranho ao objecto da presente denuncia devesse
tal asserção muita sciencia, porque o executor elle agora ser accusado: porém já que se tinha
da lei das cartas de seguro é poder judicial, que tocado nei'Jte ponto, via-se obrigado a dizer que
nada tem com isto. o ministro com 1·azão sustentára o fóro militar.
Um Sr. deputado advertia que a accusação á vista do art. 179 da constituição, ~ 16: << Fic.to
não devia ter em vista o homem ou tal homem. « abolidos todos os prívlltJgios que nio forem
Niio estou de todo por isso, entendo quA o. ca- << essencial e inteiramente ligados aos cargos por
mara dos Srs. deputados deve nccusar o homem
' . o • ' -

quanto n constituioão abolira sim os privilegias,


cnma!a dos deputoclos contra llm ministro mas não oa que erüo inherentes e ligados aos
é fazer com que elle seJa domlttldo o 11ilo com cargos ; e tambem admittiüo os juizos particu-
quo se lhe Imponha quafquer pena. Nos Esto.dos- lares que existiào por lei. (Oonti?~uou a (alla.1•, ma.s
Unidos pelo acto da accUHaçi\o um ministro só em uoa- que mal póde perceber-se, e p01· isso se
p6de ~er demittido, e se tem que soffrer outra refere unicamente a!lui. o !ZUe se ouvia ao seu dis-
pena é remettido para os tribunaes ordinarios. curso.!
Portanto o objecto principal é que o ministro
deixo de oppriln1r a nação ; e se qualqul)r um Ouvi nesta casa um argumento apresentado,
Sr. deputado julgar que o ministro não é bom segundo me parece, pelo Sr. Montezuma, que o
ministro, deve accusal-o só para o fazer largar ministro suspAndeu uma garantia. (Apoiado.)
o poder. E' o que eu entendo. Senhores, se as cartas de seguro merecerem
Disse-se tamóem que esta accusaçã.o desacre- algum nome, é seguramente aquelle de meio de
ditaria o poder, para cujo descredito nós não impunidade (muitos apoiados), principalmente se
devíamos contribuir. Parece-me que não se trata nós consultarmos a experieucia. Senhores, as
neste caso de poderes pnliticos; mas então era garantias dos cidl\dãos consistem nas fórmas con-
melhor revogar a lei da accusação dos ministros, stitu.cionaes estabelecidas e muito expressamente
e não devia nunca accusar-se um !llinistro para declaradas na constituioão, na qual não se faz
não desacreditar o poder. Eu creio que os po- menção das cartas de seguro, como já mostrei
deres devem sustentar-se uns aos outros, porém no III:eu p~imeil·.o dis_curso ; e que por isso escuso
nunca os homens do oder. Por ve t
servlloão <jeste ou aquelle ministro fal>. cum passagem a um Sr. deputado que avançou não
que o poder tenha tudo quanto lhe pertence? se poder prescindir das cartas Je seguro em-
Quando um homem exercer mal o poder, ponha· quanto durasse a nossa actual fôrma de pro-
mol-o fóra substituindo-o por outro que o exerça cesso; por isso que o juiz tinha a escolha das
melhor, e assim ganhará o poder. testemunhas para fazer culpa ao r~o. e digo
Disse um Sr. deputado que não era agora que não tne consta de lei alguma, que dê ao
tempo de accusaçõos. Não sei quando virá esse juiz a escolha das testemunhas e que aquelle
tempo, IDas respondo que suppo.r; portanto ser que obrar assim se mostrará parcial, e não será
este o tempo das accusações, que até accusou juiz integro, imparcial o justiceiro. (Muitos apoia·
um ministro morto e detunto, n11 pessoa de José das.)
Clemente. Quererá dizer-se que não convém Quanto á portaria de 22 de Julho (eu devo
aecuaar ,um. homem qu.e está no poder? Pois nãq declarar que não tenho nenhumas relações com
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SESSÃO EM 30 DE AGOSTO DE 1831 79


o ministro da justiça, por isso nada posso dizer qual elles responderão que não esta.vão por ella.
sobri a bondade do seu caracter, m·1s devo crer que e que esperavão pela decisão ela. assembléa p;Aral.
a tem em todos os pontos necessarios): disse um Faç01mos justiça aos juizes criminaes (apoiados)
Sr. deputado, que a palavra« espera » equivalia e mais justiça do que se lhas fez hoje. nesta
a ordena., manda, porém esta palavra de que casa: e acr<Jditemos que elles nas províncias não
usa o ministro não póde ser tomada nesta accepção: darão cumprimento á portaria.
pois quando se trata de ordenar, não teolll lugar
es a. nem ou ras pa avras seme an es. ue orça seguro não tinhão differença dos alvarás de
teria uma sentença. em que o juiz dissesse « espera fiança senão em serem concedidas as cartas de
que a. parte faça isto ou soffra tal pena 'l >> Serão seguro aos pobres e os alvarás de fiança ser·
e!'tas as pa~avras de que se seryem as aut~· virem ara ic , • a '
. '
mando, ordeno que fação isto ou aquillo etc., o pobre era fiador de si mesmo, e obrigado a
estas são as formulas. comparecór em todas as audiencias; o que não
· Disse um illustra deputado que a commissão acontecia com as fianças, qtte era muito difficil
não reconhecia criminalidade sufficiente par>~ pro· ao pobre achar fiador etc., de passagem direi,
ceder á denuncia, porém achava criminalidade. que o comparecimento nas audiancias pertence
Não, senhores, a commissão não encontrou cri- tanto ás cartas de seguro como aos alvará!! de
minalidade alguma, nem a portaria está compre- fiança. Esta passagem do digcurso do nobre orador
bandida em nenhum dos grãos de criminalidade recebeu alguns apoie.dos, por cansa da palavra
da ltli: a commissão a comparou com os tres gráog pobres, que foi sem duvida o que deu impor-
de criminalidade, maximo, media e mínimo, e não tancia a este argumento; pois que elle cahe por
achou que o mi~istro tivesse cahido a~ nenhum si mesmo, se nos lembrarmos que as cartas de
Reguro não erão exclusivamente dadas aos pobres,
por m prom1scuamen e o os s ci ãos ricos
ou pobres que se achavão em circumstancias
de as obterem, e portanto erão mais os ricos,
que as alcançavão do que os pobres. Demais,

. .
orador que um bom juiz,. um juiz constitucional,
que é de quem eu fallo, é só aquelle que é
capaz de considerar, não só as circumstancias
do crime, mas as posses do réo, para lhe marcar
uma quantia para o fiador responder por elle.
Entretanto este argumento é muito fraco p. meu
ver e não merecia os apoiados que se lhe derão ;
porque tanto se concedem as cartas de seguro
aos ricos, como aos pobres ; antes menos a estes
de que áquelles, e a fiança estê. tanto ao alcance
de uns como de outros.
• STA. RE A.
que o ministro era accusado só pelas palavras
de que se servira, que não tinha praticado facto
algum contrario à con.stituição, e estava i~no·
t
se a comparação fosse estabelecida entre duas arguliDentos que h11vlão já produzido 011 illustres
leis regulamentares, mas trat:mdo-se da compa- oradores que defenderão o ministro, poitJ sem
ração de nma lei regula.mentnr com o nosso coiligo duvida perderiilo sua bellesa. e força, tanto mais
sagrado, a. constituição do imptlrio que envolve qtte não hnvião aindn sido derribados pelos senha·
o pacto social com essa lei das leis, que não res que sustentarão o voto separado: que se olhava
ha quem seja capaz de derogar; não tendo para para o presente reco1·dava o passado e consul·
isso aut.oridade a assembléa geral, e não ser pelo~ t11 v a o fu Luro, tudo lhe dizia que o nlmlo zelo
tramites marcBdos na constituição no art. 174 pela execução da constituiçiio fóra • que movera
e seguintes (muitos apoiados) é bem claro que o actuat ministro da justiça a expedir a portaria.
seria absurdo dizer-se que uma lei posterior á em razão da qual havia sido denunciado: que
constituição e opposta á ella devia ser executada se trazia á mente os tempos passados e per-
com praferencia á mesma constituição e muito scrutava a conducta do ministro da justiça, o
maior absurdo seria ainda que uma lei fosse Sr. Diogo Antonio Feijó, encontrava um homem
capaz de derogar a constituição do imperio. (Mui- inteil o, · recto, cheio de honra e probidade, cons-
tos apoiados.) tante propugnador pela constituição; se olhava
Um illustre deputado interrogou- Quem sabe para o presente não podia deixar da affirmar
· se esta portaria de 22 de Julho foi para as· que era o mesmo homem possuído das eminen!es
províncias do imperio· e se lá estarão os juizes virtudes. e qualidades que sempre o caracterisarao,
criminaes dando-lhe execução e em consequencia tendo o Sr. Feijó aceitado a past<1 nas circum-
disto dane ando as cartas de se uro '/ Res ondo stancias mais melindrosas na maior crise política
do mesmo modo interrogando.-Sabe o nobre ora- que tinhamos ti o, quando a s1tuaçao a pa ria
dor que a portaria de 22 de Julho foi par•l as clamava altanunte ao empregado que não se devia
províncias do imperio, a que os juizes criminaes escusar, não havendo meio entre o capitolio e a
estão lá dando-lhe execução, e que por consa- rocha tarpeia. Se attendia ao futuro, via-se obrigado
quencia está suspenea a concessão das ·cartas de a perguntar: o que pretenrl.ia o ministro colher co~
seguro'l Parece·me que estou já ouvindo dizer esta portaria? Escravisar o Brazil? Sr. presi·
ao nobre orador que o devemos crer á vlstt\ dente, qual é o mentecapto que quer hoje escra-
da portaria : e eu respondo que o não devo crer visar o Brazll 'l Q11em não conhece que aquelle
A vista da portaria, porque o ministro ni'io mautlou que tiver taes intento~ será pulverisado e expe-
expressamente, communlcou apenas aos magls- r1montaril na sua pessoa a pena <JUB só segue
tr~doi um" ins~nuaçilo mllUOB bem pensada, A ao odme oom a velocidade do nio 'l O que intentou
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80 SESSÃO EM 30 DE AGOSTO OE 1831


espera-de que se servia, não podia ter tal accepção
a respeito de subditos como se tinha dito, visto
que o poder judicial era independente pela coast i·
tuição (art. 151), e podião os magistrados respon·
der categoricamente - não quero- como fizerão.
R~pito neste lugar. a exposiÇãf-> que já t_in.ha

religiosamente -obsorvadas á' letra (não sendo isto


novo ao Sr. Mnntezuma) ; que fôra absolvido um
homem que tinha casado com tres mulheres,
unicamente porque a lei só fallava dos casados
duas vezes I I E que ficára livre de crime um
baronet que matou um official de justiça que o
queria prender, porque a ordem que apresentou
o dito official de justiça para a captura, o não
tratava de baronet, mas de cavalheiro li Tão
restrictos são os inglezes na intelligencia das
leis criminaes. Protestou o seu sentimento, por
vêr-se obri ado a fallar n favor de m · ·
e estado que estava no poleiro ; tendo fallado
antes contra um minbtro morto, que era José
Clemente, como se havia notado, podendo talvez
pensar-se ue elle orador não se restava a cobri
e ouros e e onras o tumulo do morto, mas
se curava com facilidade aos que estavào na
cupola do edificio ; mas era errada semelhante
conjectura, pois elle nunca incensára ídolo al um
o re os a ares, nem ca c ra ou espesinhára o
ao juizo. prostrado; e defendia o Sr. Feijó unicamente por
Por consequencia podemos julgar que, qualquer assentar na sua consciencia que não era cri-
que fosse o seu fim, não foi o de acabrunhar minoso.
ao povo, antes -me inclino a crer que o ministro . Advertia que era fatalidade entre nós o
entendeu que as cartas de seguro são oartes do querer-se perseguir com todo o rigor das leis a
- infame governo absoluto, e não importão mais qualquer liberal, apenas lhe _escorregava o pé ;
do que um salvo-conducto de que os criminosos pois via que estavão presos muitos cidadãos
e delinqul'ntes se servem para illutlir ás leis, desses principias, emquanto os Ohichorros, Pintos
promovendo-se a mais perniciosa impunidade, Madeiras, etc. andavão soltos, e o marquez de
assentou que não se deviào passar mais cartas Paranaguá estava sentado no senado cc1m a mesma
de seguro, as quaes .s"'. co'!.cedião áquelles q~e sem· vergonha, com que Oatilina outr'ora se sen-
ava no sena o romano. ue se dizia que estes
homens estavão morto~, mas que elle orador
replicava que talvez nóil fossemos mortos por
elles. ·
imperio, o que fez? Offereceu uma pr.. posta á oncluio votando pelo parecer da commissão.
cam!+J"a e expedia uma portaria ao regador da o S9'- Ernesto:-Sr. presidente, o negocio
justi~a ••. Eu desejaria ver a portaria. mo pallêce tão claro que me limitarei a nlgumas
reflexões, especialmente dirigidas a enunciar o
O Sa. lo SECRETARIO mandou a portaria ao mP-u voto cotn clareza; para que os meus consti-
nobre deputado que se demorou algum tempo tuintes conheção, e a nação saiba as razões em
a lel-a. que me fundo para votar pelo parecer f!eparado,
O Sa. MoNTEZUMA, respondeu depois, repetindo se é preciso dar razões em causa tão clara, como
o argumento de que uma lei regulamentar ainda esla.
que seja posterior á constituição, não a podin revo- Muito desejava eu saber, Sr. presidente, os
gar e.que não procedia igualmente o dizer-se que motivos por que sendo tão evidente a crimina-
se ia assim acabrunhar os pobres; porque a nação lidade do mimstro, os senhores que defendem o
era composta de ind1viduos de differentes posses, parecer da commissào nem ao menos querem
como se fazia tal distincção que existio só nos sotfrer que responda á denu,.cia, e instão porque
paizes absolutos, que era inexacto o dizer que sej • julgado innocente, in limine, e considerado
o pobre não achava :fiador, pois não .faltarião bemfeitur da causa publica com todo o seu des·
os pobres de honra e probidade, mas sim aos potismo e tyrannia. Desejava com effeito o11vir os
ricos immoraes que erão então favorecidos pelas mo ti vos que ha para isto. Sr. presidente, re-
cartas de seguro, os quaes corr>prarão a peso de fiectindo nas obras dl3 alguns escriptores que mais
ouro para pôrem a coberto os seus crimes. têm observado a natureza humana ve·fl
··o · m o argumen o que se prwCJpa mente dizem couS;lS qu~ sendo escriptas
fez com o terror inspirado pel"' portaria ; porque par:' outros paiY.l>S, não deixão de ter applicação
o magistrado inte~ro não sossobrava com esta em toda a p:trte. Diz um delles. << Apresentllm-me
facilidade, cumprindo comtudo coufessar que isso hojcJ um tyranno ~ue eu me obrigo a d.tr·vos
poderia acontRcer a alguus d~Iles que tendo am·•nhà um adv!lgado para o defendPr, e um car-
vendido escandalosamente a ju,tiça, quize::~sem rasco para executar as suas ordens.» Outro diz.
condescender com uma ordem qualquer, por mais <<Se a peste tivesse pensões e despachos a dar,
ill<\gal que fosse, para uão serem accusados de não f citaria quem a 1isongeasse, quem lhe diri-
sua~ malversações, e para não se descobrirem gisse panegyricos, apezar de ser peste. » Mas isto
seuâ crimes. · não vem para o caso, porque eu reconheço a
Mostrou igualmente, á vista da portaria, que independencia de caracter âa cam11ra dos depu·
·o miDiatro- nio mandára, porque a palavra- tados do Brazil ; e ainda que a não conhecesse,
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SESSÃO EM 30 DE AGOSTO DE 1831 81


não teria a oüsadia de applicar-lhe os ditos da- minoso, porém que tem prestado serviços, e que
quelles escriptores. Por consequencia, Sr. presi- convém conservai-o para continullr ainda a prestar
deute, quaes sejão os motivos püos quaes, nem mais serviços que sendo delicados ninguem quer~;rá
. ao menos se quer que o _ministro responda, não fazer tiio bons como elle fará e que deverá por isso
os posso descobrir, talvez o tempo os descobrirá, ser conservado por todos os modos. Mas estarão
talvez mesmo que o tempo venha a encher de eE'tes Srs. persuadidos de que o governo póda mar-
honras e de louros aos senhores que sustentarão char com se uran a e mant r a tran · ·
a a so vu;;ao. s a e ec1 o 1s o, nao posso deixar publica quando os executores das leis pisão aos
de ·fazer alguma increpação ao Sr. deputado, pés as mesmas leis 'l Estão enganados. Demais,
autor da denuncia, a quem pedirei licença para este ministro quo parece tão diligente em
pergunt!!r: Não sabia o f?r. deputado, ainda que prender, por ue não é tambem dili ente em
Zl , m s ao e cons ava so tu· quan o as a1s assim ordenão ? O caso
ao menos a historia da accusação do ex-ministro de João Bonifacio assáz prova que não é tão
da guerra, Joaquim de Oliveira Alvares 'l Não diligente em uma cousa como na outra.
sabe o Sr. deputado que sendo evidente a sua Eu não tenho medo de que recaia sobre mim a
criminalidade, foi comtudo purificado e absolvido? odiosidada, por assim fallar. Quando estou seguro
Que por fim os Srs. deputados que sustentavão em minha consciencia, nãl) cedo nem ro.esmo á
a accusação, soffrerão insultos das galerias, que opinião publica. O ministro conhece que João
alguns forão até atacados ao sabir desta casa Bonifscio está preso sem culpa formada ; sabe
porque estava no poder o homem criminoso ? como foi recebido o requerimento delle na camara,
Oomo, tendo o Sr. deputado este exemplo; sem que mandou que fosse a informar ao ministro,
a prudencia necessaria, vai sem mais nem menos esperando que elle o mandaria soltar : mas não ;
accusar um _p.omem que está no poder? o ministro continua n<;!_ seu obs~inado e criminoso

votarão aquelles mesmos que exprimião desejo de


suffocar os ímpetos do coração, para não votarem
contra u.m homem que estava decahindo 'l Não
sabia o Sr. de utado d · ·-
da accusação do ex-nÍinistro da guerra Oliveira sinceramente declarado os meus sentimento's, agora
Alvares, e que sste trama havia de ser posto caião embora sobre mim as calumnias a as per-
em pratica, ainda que com fio mais subtil, e seguições.
por isso mesmo mais perigoso ? Porque não o Sr. oarneiro Leií.o:-Voto pelo parecer
esperou pois que alguns novos tartufos políticos da commissão e contra o voto se:P,arado do Sr.
fossem de todo desmascarados ? Não sabe qri.e a Castro Alves. Eu não tenho a habilidade de ser
razão de não se terem vistu insultos das galerias longo em matarias que são claras, nem o desejo •
é porque em parte não ha gente que se preste por isso resumirei quanto puder o que tenho a dizer:
lloJe a este infame serviço e porque em parte
estes insultos são reservados acs eseriptores que Farei tambem por não ter em vista senão o
succederiio á Ga.-.eta do Bra.ziZ, e ao Brazileiro interesse publico, como prometteu um Sr. deputa-
Impat•cial 'l Mas a estas observações responderá do. Eu na verdade sou amigo do min_istro accu-
au or a enunc a: que am a quan o ' os dictames da consciencia, e da minha
seja absolvido o ministro e fique pnrecendo um seguir
santo, era obrigado a accusal-o: que muitas vezes razão, creio q ne poderei separar esta amisade,
a minoria nos corpos le islativos vai com a para não attender por ell!J, quando se trata da
·- , so r p
para R liberdade: que era preciso protestar contra Eu julgo, Sr. presidente, que a conttituição do
um precedente perigoso, que autorisa qualquer imperi'l nã0 exige providencia para livrar-se solto
ministro, sustentRdo pela força, a pOr em duvida o reo pronunciado, quando a pena do crime não
um artigo da constituição, ou uma lei, deixando exceder a 6 mezes de prisão ou desterro para
de executar as leis, embora gritem contra isso fóra da comarca ; mas para os crimes de pena
os amigos da liberdade, que não seguem o systema maior de 6 mezes de prls!lo e desterro para fóra
de Napoleão, servindo-se do_ nome de bem publico da comarca não ha outro meio constitucional de
para mais facilmente cravarem o punhal nos seus se livrarem soltos o~ réos senão os alvarás de
concidadãos. fiança. Entretanto entendo que apezar de ser isto
Mas dizem alguns que o ministro não é crimi- o que se deduz da constituição .do imperio ,(§ 9o do
noso porque mandou (até não sei como se lem- art. 179) havia mister de uma lei regulamentar
brárão de produzir este argumento), porém mal para se pôr em execução o citado artigo da
pens"damente esperou que os magistrados seguis- constituição : por isso que na camara dos Srs.
sem o seu parecer, suspendendo as leís feitas, deputados havião passado duas leis que tiverão
como ordena a constituição. A isto responderei. sancção, as quaes parecião admittir a continuação
E' muito honroso e digno de um patriota o con- das ca!tas de seguro.
vidar ás autoridades que de algum modo lhe E' verdade que na camara em todos os artigos
são subordinadas para postergar as leis ? E' do cndigo do processo que têm appárecido, tem-se
muito digno de um patriota que 1uer a salvação acabado com as cartas de seguro: porém a ca-
publica e ue occu a o em re o em ue se acha mara 'ul ou ue não odia aéabar de todo com
o mm1stro actual, propôr-se a sacrificar a nação ella$, sem uma lei regulamentar. Eu pensaV'! ao
por esta fórma ? Outros senhores disserão ; que a contrario, que bastaria uma simples recommenda-
constituição tinha abolido as cartas de seguro. ção ao governo· para acabar com ellas, com·
Talvez sejão abolidRs depois de desenvolvido um tudo a camara decidia de outro modo. Porém, como
bom systema de fiança. Porém ainda nesta voto eu então pelo parecer da commissão ? Eu
hypotelise, se o ministro duvida, como é que digo a razão. . ..
passa a resolver a duvida que só pertence á o ministro julgando ocaso duvidoso epedindo in- .
assembléa geral desfazer 'I terpretaçã.o ao corpo legislativo, map~~MtoU. que
Sr. presidente, eu não sei quaes são as razões . esperava que se suspendessem emqnaqtQ,~~!>''fo&,Se
para absolver. o ministro da justiça mas creio, que resolvida a duvida pelo poder competente;·l11to quer
se diz por de~raz da cortina que o homem ê cri· dizer que se os magistrados convlesse~~i'lil que o
'rOlloiO 2 H!?-1.,:"" ..
,.. -. ··,,"
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82 SESSÃO EM 30 DE AGOSTO DE 1831


caso era duvidoso, suspendessem as cartas de segu· Sr. presidente, tudo quanto o Sr.
ro : porém não quer dizer que o ministro lhes nada mais
dava ordem .para que as negassem.
Emquanto os Srs. deputados me não convencerem·
de que a palavra «esperar,, tem a accepção de de·
terminar·, mandar, . ordenar, não cederei desta
opinião, ue me· arece tanto mais 'usta uanto
c aro qut~ não JU gando os magistrados proce;
dente a duvida conpederlào as cartas de seguro,
e não terião em consideralião a portaria do minis-
tro, como fizerão.Não ve'o portanto que possa ter
ugar a accusaçao.
Mas vejamos se aquelles senhores que cos·
tumão encarar estas accusações pelo lado da
politica e não. pelo da justiça, têm razão para
accusar o actual ministro da ju~tiça. Eu me persua-
do que não. Todos nós sabemos a época em que
entrou este ministerio lia administração, como as
leis esta vão sem execução; todos nós sabemos
quo as autoridades constitucionaes tinhiio sido
postas em coacçào ; e pergunto eu, o ministro
que tem restabelecido o socego publico, que tem
propugnado pela execução das leis, de!'erá_ ser

os homens, mas vejo que, promettendo assim,


praticão o contrario. (Muitos apoiados.) Se elles
cu.m.P.rissem ~uas p~omess.as n~_o accusarião o
todo da administração actual, e verião qual era
.
quer outra administração que tenha princípios
. '

a tendeneia desta administração que tratão de que não sei se serão melhores ou peiores, mas
accusar. Se esta tend~ncia fo,se na verdade que acredito mãos, porque só e unicamente
destructiva das liberdades publicas então teriào pelos principias que a administração actual tem
razão em accusar o min1sterio ; ma8 não sendo manifestado é qu11 podemos salvar o Brazil,
assim, fica fóra de toda a duvida que procurando permitta-nos que contmuemos a defender a admi·
uma accusação perniciosa como esta, têm só em nistração a.:tual sem que a compare com a pe>~te,
vista os howens e não as maximas. (Muitos podendo·se·talvez retorquir ao Sr. deputado, que
apoiados.) aquelles a quem elle quer levantar serão peste,
Tenho portanto encarado a accusação pelo lado e entretanto achão defensor no Sr. deputado.
político, segundo o qual me parece inquastiona· A proposição que. o Sr. deput~do_ avanç~u! de
velmente ue não óde sustentar· se a accus1t ão ·
por11ue na verdo1de a accusaçào do ministro da são aquelles qua lhe acarretão defensores, é um
JUstiça actualmente não signitl.oava senão que a verdadeiro insulto li camara. (Muitos apoiados.)
camara dc.os Srs. deputa<ios quer a anarchia Eu não tenho em vista cargos, e a maior parte
(muitos a oiados , quer ue se destrúa a ordem •lS me b os da - -
pu ca muttos apotaàos), quer que as autori· ti mantos (apoiados) ; portanto o que disse o Sr.
ílades constltuidas se ponhão em coacção (muitos deputado não póde ter applicação a alguem ; e se
11poiados) ; visto que accusaria o ministro da a tiver, o tempo mostrará quaes são os aspi·
justiça precisamente no ponto em que elle tem rantes a carl{os, e quaes silo os que os desejão.
feiLo grandes serviços, restabelecendo a tranqull· (Muitós apotados.)
lldade publica e pondo de alguma fôrma freio Tenho concluldo. Julgo que a mataria é clara,
aos anarchistas; por Isso uma açcusação do que só por odio e rancor é que se p~d!'J acc!!-·
ministro da, Justiça actual seria o mesmo que sar o ministro aetual, e toda a admJoJstraçao
uma .dpclaraçllo plena da camara dos Srs. depu· que considero boa e vantajosa á nação. (.\Cuitos
tadoai~.;que quer a· destruição da ordem publica apoiados.) ·
e legal; que quer a· anarchia (muitos apoiados l ; O Sa. CASSIANO disse que · fóra elle um dos
oujo resultado será talvez o estP.belecimento de primeiros que produzira argumentos a favor do
outra fórma de governo. E' como eu encaro esto ministro da justiça, e como tinha ouvido .pedir
objecto. a palavra a alguns senhores, talvez para repellir
Agora responderei alguma causa ao illustre os groseseiros insultos que contra a camara havia
deputado que me precedeu. Este Sr. deputado proferido o Sr. Ernesto, pedia aos Srs. deputados
parece· que não teve em vista provar que o que não fizessem o gosto ao dito Sr. Ernesto,
ministro devia ser accusado com razões convin· o qual, segundo lhe parecia, tinha algum :fi'm
cantes, mas servindo-se da habilidade que tem occulto no seu discurso ; que o Sr. Ernesto
. para lançar o odioso sobre to~o~- os qu~ não tê.,!ll
estigmatiâar a maioria da camara, tornar 'odiosos. devia lembrar·se, que tanto· .:>S que defendião
o parecer a comm1ssao, como os que. sus-
tentavão o voto separado, tinhão o direito a ex-
os Srs; deputados que defendem o parecer da pender as suas razões, e a votar segundo a sua
commissâo. E~sa comparação que Q dito Sr. de· consciencia ; que era inadmissível na camara o
putado 0 pretendeu estabelecer com a accusação tom de s11perioridade que pretendêra aifecta.r,
do ex•,!jl'. ·,s~ro da guerra Jo,!'quim de Olivei.ra sendo todos os Srs. deputados perfeitamente
Alv ·, - · - mparação que nao pôde ser admtt· iguaes.
·tid~ . · Sr. deputado se convencer disso
. b~o: ar. ,os insultos que alguns indivi- O Sa. O..t.s~ao ALVBs.:- Apoiado.
·duôs, il . 8flãs fizerão aos Srs. deputados, e O Sa. Cusu.No (continuando):- A respeito
. que ,11-._ :... )i mesma conducta das galerias nesta deste apoiado que acabo· de· ouvir, lembra-me';uma
idéa muito boa e que vem para o caso; Tenho visto
.,~~~:.·~·
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SESSlO EM 30 DE AGOSTO DE 1831 83


algumas vezes nos theatros, quando .se representão continuou o mal até agora, com os resultados
peças sérias, apparecer algum bufo a fazer gati- que hoje erão patentes á camara.
manhos para divertir os espectadores. Applico o Notou falta de analogia entre a accusação do
-conto. Emfim, Sr. presidente, eu torno a rogar aos ex-ministro da guerra e a do actua\ ministro da
Srs. deputados que não tomem despique dos justiça, e que se perdill o tempo com lugares
insultos dirigidos contra nós. communs, por não haverem boas razões contra o
· E'. de notar que na opinião dos senhores que parecer da commissão ; que attenta a natureza
defendem o parecer separado, só os ue fallão dos ar · · ·
con ra o lUIS ro m razao, tudo o mais sao justiça, era licito a elle orador duvidar do pa-
absurdos: e não cessa o risco e escarneo contra triotismo e amor da causa publiea da.quelles
os de opinião diversa : esta é a grande liber- senhores que os apresentavão, dAvendo antes
dade que se proclama !I Não ha quem não diga ensar ue talvez mot' ·
· me 1 us ra os, sa os pugn<~r pela accusação do dito ministro, quando
e prudentes, que têm igual direito de ex:pen- nito era e'te o lugar para vinganças particulares;
d~>r as suas opiniões: isto ouço eu toclos os que cumpria defender a administração actual, a
dias, entrt~taudo apenas um depuhdo quer sus- qual longe de obstar a prosperidade do Brazil,
tentar uma opinião contrarh, todos fitão olhos tratava de promovei-a quanto lne era possível,
de· lynce sobre elle, não o querem deixar respirar, estando elle or!dor prompto para accusar os mi-
temem que ·a verdade app~reça, e l'á preju- nistros logo que visse que não preencbião as
dicar a grandeza de sentimentos destes homens vistas da camara, quA não gozavão da mainria
illustrados I I nella, e que abuRavão da constituição, ou que erão
Insistio depois sobre o inconv.miente de não ~Rmelhantes áq uelie ministro da justiça que se
réspnnder a razões com outras razõ~s, mas com punh!;l de joelhos diante do ex-imperador, dizendo-
_ insultos como erão, chan11H a muit"s Srs. _de· lhe que estava pr.11npto a assignar quanto filie
· . , , " or ·>~sem as me 1 as ma1s sangu1-
as~im como diff •mal-os de vendidns ao governo', n>tri •s e oppressoras da patria.
sem que ao m';nos se produzisse u•n argu · Cl)rnparo~u u c.. ns~>ll o de e~t>~<fo desse tempo
m~n.to logico-juridico para provar a culpa do ao parlamento de H"nrique VIII, que a nada
- ·o. ava, mas qu:' OJe
Notou que os argumentos dos defensores da ninguem se atrevia a sanccionar raios como no
denuncia assentavào todos em probabilidades governo do ex-imp••rador, bastando para o pro-
-contra factos ple11amente provados, por ex~mplo: var que os m~nistros erão a~cusados pela. mais
uem sabe se a ortari · · ?
sabe se linha 13m vista pro.luzir tal ~ffeito 'l Argu- constit.uiçãu:nem tocado n'' mais pequen>l garantia.
mentos~ que poderião parecer bons a quem os Disse rnais que descobria outros motivos por-
apresent,lva, mas qu"' infelizmente nada concluião que um Sr. deputado instava tanto pela accu~ação,
e que pela sua diffusão e falta de solidez se em razão dos quaes duvidava . elte orador do
desfazião em um momento. (Foi muito apoiado.) zelo desse Sr. deputado, mas que os calava por
O Sa. HoLLt\NDA CAVALCANTI pedio 110 Sr. pre- decencia, estando comtudo disposto a communi-
sidente que advertisse qualquer Sr. deputado que car-lh'os em particular com a sua franqueza cos-
excedes,;e na di11cussão os limites de decencia, tumada; que~ o ministro d'' justiça actual podia
permittindo invectivas de parte a parte. na verdade commetter muitos crimes e dellctos,
O SR. PRESIDENTE recommendou a observancia podia querllr tranRtornar a ordem publica, embora
de regimento. tivesse prestado grandes serviços ao Brazil quando
foi de utadó da -
r. arne ro da Ou:nha : - r. pre- lasse o poder ; podia ter mudado porque o coração
sidente, eu não fallaria se um Sr. deputado em humano é susceptível de mudança ; mas em-
vez de defender só a sua opinião, não .tratasse quanto, como até agora, ex:ecutass·e a constituição
de lançar uma. especie d& inRulto ou de rapro- e as leis não devia ser nccusado. e havião
- ao om e e. n es s1 o presos alguns homens, era por terem com·
de entrar em mataria, eu peço licença para dizer mettido crimes ; o cid>1dão tranquillo e restricto
que considero a todos os Srs. deputados com observador da lei não era preso : não. devião
iguaes direitos para enunciar livremente as ~uas haver ajuntamentos tulmultuosoa, nem andar-se
opiniões em todas aH matarias que se tratão nesta com facas de ponta pois já se Unha passado a
casa, e com mais particularidade sobre a presente, circumstt~ncicl ex:traordinaria em que fõra neces-
que é de tanta 1mportancia; assim como creio sario lançar mão de meios igualmente extraor·
que ha todo o direito em cada um de replicar aos dinarios para salvar á nação : que era forçoso
argumentos que se produzirem ou tiverem produ- para bem geral de todos o castigo na fôrma das
:t.ldo da parte contraria. Oomo é pois que se quer leis de todos os que commettessem crim~li!i pois
lançar sobre os senhores que defendem o parecer não conhecia nos cidadãos o direito de tl'aJ).'agredir
da' ccommissi'io uma espeeie de odioso, dizendo-se a lei impunemente : que 11ão · designava pessoas,
qué a peste acharia defensores se tivesse que dar I mas que cumpria que os comprebandidos debaixo
Quem pôde acreditar isto 'l Domo é possível que os da lei tivessem paciencia e mostrassem a sua
mesmos que hontem se sacrificarão pela patría, innocencia pelos meios, que as leis exigião, ou
sejão menos gabados hoje, por não partilharem as soffressem a pena no caso de não se justificarem; o
opiniões de outrem 'f que, longe de servir de carga ao ministro da justiça,
. Fez, mais algumas re:llexões neste sentido, e mostrava a boa fé e legalidade com que obrava;
aftlrmou~ depois que se enchêra de susto e terror . que defendeu o ministro actual, estando per·
ouvindo dizer na. camara que as cartas de se-·
, uro. erão ·uma arant' . · · -
suadido
. de que não .
. estava. culpado, longe de
' .
quando ellas não, se achav:ão na consti.tui ção que tiça :·.que muita gente desejava hoje que houvesse
só admittb fiança, lembrando·se de que • em accusações pelas menores qpusas, não se repa-
Pernambuco. fóra preso um homem reconhecido rando que estavamos eni tempo de partidos, e
como o maior faccinoroso, o qual tinha 7 cartas de. uma opposição obstiMda que queria. por força
de seguro. ·. · · que ·prevalecesse a su·a opinião, exer,çenl!o uma
· Referio que tinha jà. offereeido uma indieação verdadeira tyr"nnia para com aquelles:.:que pensa·
para abolir as cartas de seguro, sobre a qu~l,a "lão ·diversamente, dizendo que não. _<luSFi~Ç~:,o bem
eommissão respectiva formára. um projecto extenso, da patria, quando, segundo a divers):d~~~;a.e,,opi·
que não teve andamento por ser muito difticll niões, cada um pod\a assentar que,, o• P.~IP.O~la a
CJis~u~ll-o C()IJ! a }?revidad~ ~acessaria; e por Isso a seu modo. · ·:
'~·.'
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84 SESSÃO EM ~O DE AGOSTO DE 1831


Concluio declàrando . que nchára muito aggra- Clesiastico cercado de bayonetas, concebendo o
vant~s e oftensivas as expressões do Sr. Ernesto. ·plano de conquistar a Ame rica Meridional,. como
O SR. MoNTEZUMA. requereu ao Sr. presidente se estivessem os no seculo XIII ou XIV.
que ~ouvidasse o nobre. preopinante a decl~rar a Notou que a comparação feih da accusação do
allusao feita no seu discurso, porque a.ss1m se ex-ministro Oliveira Alvares com a actual, acom-
costumava em todos os corpos legislativos, quando panhada de uma longa .apostrophe ao Sr. depu-
m ro 1 ig1a a ou ro expressoes eqUlVO·
cas, ou reticencias que precisavão dt~ explicação, ministro emquanto esta~a no poder, tivera por
a qual em taes casos não se negava, e que se fim sómente mostrar a differança entre o governo
fazia indispensavel a respeito do. facto prese1:~e, actual e o transacto, pois então virã~·se os. Srs.
• a un a 1ao ,
correr o Brazíl inte~iro, podendo ser preferida a terror;· o que não se encontrava hoje, estando
explicação particular á publica : que devia por· os Srs. deputados discutindo em plena liberdade,
tanto- declarar o Sr. Carneiro da Cunha: 1°, rodeados de cidadãos pacificas e votando cada
o nome do Sr. deputado a quem se referia; 2° um conforme lhe dictava a sua consciencia.
os motivos que calára; mas como o regimento Quanto aos successores da. Gazeta e d~ In:!:-
obstava á designação dos nd'w.es de pessoas, parcíal, que o Sr. Ernesto dissera·que se tmhao ·
contentar-se·hia com a declaração áce1·ca do se· reservado á distribuição das injurias contra os
gundo ponto. indivíduos que votassem contra o_ministr<?, ella
Depois de algumas observações a este respeito, orador ignorava quaes fossem, a nao ser o JOrnal
e sobre a necessidade de não perder com incidentes de que o Sr. Ernesto tirára a expressão elegante
tempo precioso, e de pav~r declara~o o Sr. Çar· dos << novos tartufos ; >> e sendo assim, elle
rndor confessava e e ·
os motivos a qualquer Sr. deputado em particular cessor da Gazeta pelas suas immundas expr~ssões
que os quizesse saber, decidia a camara que não e muita semelhança que com ella tinha. (Apo1aàos.)
devia de.ferir-sa á requisição do Sr. Montezuma. Declarou que . . propunha
. não ... se
~ . -
fallar sobre a
já mostrado qu~ a den_!?.ncía não podia pr_ocedar,
pois que o mimstro nao offendêra ás le1s, n~m
a. sua portaria.
. tivera resulta~o ;, porquanto eXl!l•
leis o ministro havia representado ao corpo le·
gisl~tivo que podia interpretar a constituição
consultimdo ao mesmo tempo outro poder inda-
pendente: se elle julgava util que se sobreestivesse
na concessão das cartas de seguro que se torna·
vão duvidosas, até vir a decisão da duvida que
se achava affecta á assembléa geral : que nisto
não descobria crime algum, que talvez. p~dess~m
julgar· se cr!minosos !JUtros actos ~a admim~tr_açao,
como já t10ha ouvido a respeito da pr1sao do
portug~ez João .Bo~ifacio qu~ fôra feita por ordem
do ministro da ust1ça antenor com o fim de ser
apor a o o lto portuguez, por julgar-se que
assim o pedia o socego publico : mas que nada se
tinha dito contra este facto senão depois que o
actual ministro entrára para o ministerio, pondo·
se- a am em a cargo, a vez pe o mo 1vo e es ar
não acharia tambem cortesões {muitos apoiados) elle em pé, e não devar·se atacar a qllbm estava
pois er.a cer~o de que a força e o pc>der attrah!~o deitado : que até certa época s.e tinha espalhado
satellites vis e baixos, os quaes não se reun1ao que João Bonifacjo era protegido do governo,
só em roda de h.omens que exercião grandes sendo este um dos crimes que se lhe lançava em
cargos da nação, mas mesmo ao redor de um rosto, e affirmando-se que muito dinheiro de João
partido, qualquer que fosse o nome que se lhe Bonifacio tinha corrido po1· algumas mãos para
désse, e no qual se apressarião a entrar homens o absolverem (muitos apoiudos), mas que de
sem fortuna que pret&ndião melhorar por esta repente se mud~ra de plal!.o pub~ica~do-se que
fórma a sua sorte, além dos illudidos e de erão os perseguidores de Joao Bomfac1o q!!-e rece-
outro&;.g:ue receiosos da sua segurança, julgarão bião dinheiro e que seus devedores estavao cons-
talveí'>escapar assim aos punhaes dos assassi~os, pirados contra elle para o opprimirem {multas
po!'ém debalde, porque hão de ser victimas 1~e· apoiados) : de onde se via que sendo ~iflerente a
vitavelmente, se por desgraça um tal partido linguagem se empregav.a a mesma tactica. que_ era
prevalecer. {Muitos apoiadas.) deitar a perder o .conce1to dos melhores c1dadaos.
. Accrescentou que emquanto á tyrannia, ella não
se manifestava na época presente em que só se · Ooncluio asseverando que o maior crime do
· via 11 observancia dalei, procedendo-se legalmente ministro actual era a . sua firmeza de· caracter,
contra homens que erão pronunciados criminosos, em fazer effectiva pelos meios legaes a responsa-
.e que a não o serem, elle desejava que fos'!em bilidade dos empregos discolos e relaxados que
declarados innocentes ; assim como que cah1ssa temendo que sobre elles caia a espada da. l~i, e
as a espa a . a ai, no. caso con r~rio,
unico regimen ·.que . podia salvRr o estado, amda não podião continuar no seu desleixo,-considera!ão
que por outra parte lhe pesasse de .os vêr em o Sr. Feijó como um grande criminoso. ( Mu1tos
taes circumstancias. · apoiados.) ·
Pelo que dizia· respeito ao exemplo de Na- O Sa. OosTA. FERREIRA. disse que emquanto .á
poleão,, a que se alludira, não _!labia coll!o allusão sobre a peste, se lembrava do dito do pau~
. elle pujlesse lembrar ; porque nao conhecia lista, que tendo ido a Lisboa para dar um cacho
no, .Braz~l~.um genio transcendente que pudesse Ir&. bananas de ouro ao rei, respondêra, perguntao,·
co~ar~•se . com elle; e achava a idéa bur· do-se-lhe o que queria: 11 eu não venh.o pedir!venho
Iéâcai,}'ê1)tiazlda talvez para metter a ridi· dar » que não sabia se por gosto phllosoph1co, s~
enio, ./quaD.1lo se referia a um eccleslastico ; não por genio natural, concluido o seu curso de estudos
lulv~"ld·~. mt,ie ~ala.nte do que a de 'U,Jl! ec· em Qoimbra, nunca quizera pedir nada ao governo,
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SESSÃO EM 30 DE AGOSTO DE 1831 ~5


cultivando as terras de seus pais, preferindo paga·r em certos crimes os réos se livrassem soltos e
tricutos a requerer fitas : que muitos de seus . sem fiança; vindo· assim a verificar-se a igualdade
companheiros de Coimbra se achavão hoje no po- perante a lei, de que fallára o Sr. Montezuma,
leiro, mas elle se contentava com o estado inde- e que cel'tamtlnte não consistia em dar aos pobres
pendente de agricultor, e que portanto não lhe maiores garantias do que aos ricos.
cabia de modo algum. >1 carapuça, sendo com tudo Decl~~:rou que se havia espalhado que se faria
a o e ser a so v o o m n s ro
poleiro tinha muitos aduladores : que elle se da justiça, mas elle orador não se deixaria In·
recordava de que os antigos erigião altares fluir por este e por outros boatos para anorlfloa1'
a f~bre, e não era por isso de admirar que tambem um homem innocente a nenhum partido (muitos
tinha constantemente despres~do os despotas, lei,. não ~ ju~gav: criminoso e~ sua oonsclor~ala~
lutando com os presidentes da sua poovincia no e nada seria capaz de o mover e. votar aontríl
tempo talvez em que elles erão mais temíveis do o que entendia, como havia já mostrndo na
que o imperante no Rio de Janeiro ; pois mettião discussão da accusação contra José Olemonto, niio
debaixo das escotilhas dos navios os homens que admittindo um dos._ pontos della poL" asaontar
lhes não agradavão, e lá os deixavão morrer, como que não tinha criminalidade, sendo isto a roHpolto
acontecêra com 200 cidadãos ; o que era muito de um homem que se dizia morto; e hoje votava
sabido : que não teniia pot• isso exame sobre a a favor do actual ministro da justiça, pot•que
sua vida passada, e que tinha fallado a favor do não podia acbar criminalidade no acto denun-
ministro por assim o entender, do mesmo modo ciado. ·
que já manifestAra querer que passasse uma O Sa. PAR.AISO &'!_tendeu. !}Ue as expr~R~ões do
amnistia para os cidadãos ue na sua o inião • l
nao eVIao es ar presos ; mas ao mesmo passo que por isso tinha que dizer alguma cou~••· HtJlll lho
se accusava o ministro de gostar de prender, não importar com a vehemencia de que as mnK!niiS
·se promovia a resolução sobre amnistia ; de ma· expres~ões farão acompanhadas, porque como J.uit.
neira que "'na Bahia estavão soltos os indiciados • t
n mesmos prace 1men os, porque estavão presos .decidindo com a. frieza da raz;io p11lu conviCQilo
outros indivíduos desta capital ; o que envolvia da sua consciencia; que o Sr. Ernestfl n1in tinha,
grande contradicção mas que não era imputevel segundo dizia, podido descobrir a I'azilo t.lo quo-
ao ministro, o qual estava obrigado a cumprir a
·, . m
justiça, até sem obrigai-o a responder ú unnunnla,
Repetio os mesmos argumentos do seu discurso mas que recordando-se do qu., lêra em 11111 l1vrl·
anterior1 que o convencíão de que o ministro não nho, resolve11 o problema, diz~ntlo quu n ptlsto
tinha cr1minalidade, talvez porque a razão delle acharia aduladores quando tivHsse pe111iÕ119 n •Jns·
orador não chegava a mais, havendo·s~ occupado pachos a dar. Ao que respondia: qun ollu orn·lnr
principalmente na vida do campo ; mas que nem não queria nem que o mini~tro f<liHW d1Hllnrl\1lo
por isso se lhe podia applicar o dito de que a peste criminoso, nem que tosse julgado lnnocunt.n, qua
acharia aduladores se tivesse graças para distribuir; tinha proferido a sua opinião Se(ZUiltitJ nnl.nrulla.
pois que mesmo depois de ter entrado para o sem lhe importar com o resultado pulo 'lunl 111l•>
ministerio do Sr. Feijó, nunca mas o encontrãra era responsavel; que porém se j11lgn mnl 11 olfnn·
senão uma vez em casa de um amigo, a quem fôra di do por dizer o Sr. Er·nesto que KU 11 p1•ste
vis i ta r por acaso. · tivesse rem10s a dar encontrarll.l dofnnllOI'OK tlffi
O Sa. REZENDE disse que aquelle que absolvesse razão de ter e e or•1dor tomado grumJo jlUI'tn llll
um morto, só porque era morto, e condemnasse defeza do ministro, sendo até o prlwoh•o •tUu HO
um vivo só por estar vivo mere~ia igual censura; levantou para o defender, pelo qlijl m·u Clbrlgudo
pois cum r\a ue o nome do criminoso assa · a dizer-lhe que o Sr. Ernestl) . t\nlm todo o
com orror á posteridade -em qualquer estado con ecnmen o nece sano o orl~ or pum aupp r
que estivesse : que sa o miniRtro da justiça que elle. não sabia dobrar-se ao pnt.iot• (mu\lo s
actual não tinha criminalidade, devia ser conser- apoiados), assim como não sabia t.IBIXIll'·Bfl urrustur
vado para fazer mais serviços á naçãn (apoiados.): pele pãrtido das paixões. (Muitos n]JOillc.loa.) E
que elle orador niio so tinha escandalisado do que se elle orador tivesse querido ou pudo111111 rontler
a:tfirmára o Sr. Ernesto a respeito do11 aduladores cultos ao poder, tal vez se achasse ngnru I' m nltos
da peste se elll\ tive>~se graças e pensões a dis- empregos, mas c mtentava·se c~m o vlvor priva·
tribuir ; porque a experiencia do mundo lhe tinha damente na sua casa, tanto. que o lugar de
mostrado que assim era ; e reconhecia que a ter deputado que certamente devia honrar multo a
elle orador obrado de maneira que pudesse ser- qualquer cidadão brazileiro, e devia ser o mu·
lhe applicada aqueUa observaçao, bem orr que ximo dos seus . desejos, não fóra sollcltadll· por
sobre elle cahisse a censura publica ; Lc'~J no elle pois havia sido nomeado com a mlli"r im·
caso presente seguia um principio, o qual o mesmo par~ialidade e viera occupar o seu lugul' na
Sr. Ernesto applicára a si proprio, isto é, votava. camara por obediencia á oi>_inião publica.
segundo a sua consciencia, embora o seu voto Concluio pedindo ao Sr. Ernesto que lhe fizosae
desagradasse ou fosse de encontro á opinião publica; n1aís justiça, que examinasse os factos da vida.
que no seu modo de entender a constituição não publica delle orador e os confrontasse com os
admittia as cartas de seguro, e achava repugnante da sua e acharia talvez que elle orador sabia
a · eUa as leis que as davão, julganq.o elle tam- fazer a~ Sr. Ernesto aquella justiça que este lhe
betn que em nosso systema as leis anti-constitu- neiava, não tendo razão alguma para o tratar
. . - - . . . .. a ue zera.
as leis devião ser r~speitadas não erão crimi- O SR. HoLL.\NDJ.. CA.VALCANTifez ver que a acc~­
nosos os encarregados da .sua execução, quando sação apresentl\va difier.e~tes fac.es, as qua~s. erao
em circumstancias como as actuaes, suspendião as seguintes : uma dectdtda a!Dizade ao .m}nistro,
esta execução até que a assembléa geral·resolvesse zelo pela causa publica, deseJO de prec1p1tar um
a duvida proposta. passo que seria melhor deixar até que .ficasse
· Accrescentou que as cartas de seguro não forão,. mais maduro com o tempo; que as pessoas menos
g!lrantia para o pobre em tempo algum, poiilt experientes allegavão o seu desejo .d~ ordem e
quando não tinhão com que pagar os novos tranquillid!Uie para sulrtentar a admmtstração~ e
direitos flcavão sem ellas, emquanto no ~ \lo do muitos Srs. deputados induzidos , por esta idéa
art. 179 da constituição se davão mais garantias vulgar, dirião talvez que não convinha· qu.e.....P. ro •
e seguranç!\ ao rico e pobre, permittindo até que gredlsse uma. accusação na qual appare.~rl~o
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86 SESSÃO EM 30 DE AGOSTO DE 1831


grandes debates e se desenvolverião os partidos; Sr. Ernesto, o qualmanchasse o seu credito, que
emquanto outros affirmavão com os homens que não era com effeito a camara o lugar para per-
querião un:a admíni~tração boa e contorme · ás sonalidades, mas que alli muitas vezes se tinhão
círcumstancias do Brazil, que por meio desta empregado contra elle orador, chamando-o tão
discussão se distrah1a a opiniiio publica e se fazia avido de pa~tas como o faminto tubarão, que
ver ao povo que seus ~ep.r~senta11tes erãq exactos quando se lhe atirava com um pedaço de baeta
· n -o e ans·
a sua execução e que querÍão liberdade, etc., tocrata. É proseguio :
e ao mesmo tempo servia de estimulo ao governo Dizem que amo a aristocracia ••• Sim ..• Amo.
para se comportar melhor, pois sabendo ~lle q~e a aristocrMia do rnerito, minha família deve sua
· · n · er11çã s c1e a e aos ssus
· tulárão nunca com o crime ou com o despotismo serviços, ao seu. credito e comport•tmento, e não
e vendo-sf> posto em· aperto por seus passos mal a baixeza e indignidades. Se a minha família
pensados seria mais discreto, sendo assim con·. figura no Brazil, se eu fui ministro de estado,
ciliado tambem o interesse dos membros .do go· devo-o aos pernambacanus que rne elegêrão depu-
verno, e opinião daqnelles que desejavão a esta· tado. Sou aristocrat,1, sim, mas aristocrJta do
bilidade delle. merito, do bom comportamento, e não dos pri·
·Olhando pari\ outra face da accusnção, disse : vilegios e das prerogativas. Dizem que ambiciono
alguns brazileiros têm muita confiança no actual o P:>der. Oh,.senb"res, e quem ha de ir ao poder
ministro, e muitos outros têm receio do seu senao .o mento 'l Quem ha de ser? Os ·sevan-
caracter despotico e maneiras menos confvrmes dijas, os intrig>tntes, os calumniadores 'l Quem
á ordem de causas presentes, persu,tdindo-se de aspira a emprego_ do estado fazeud·.• ver em pu·
ue a continuar este ministro na admiuistra ão
nós teremos de vef no Brazil um systema · de
governo, que h'l de combinar ao mesmo passo o
arbítrio napoleonico com .o jesuitismo, e por isso
dizem : vamos accusal-o vamos ver-nos livres de
um mmts ro que recetarnos
Porém, Sr. presidente, porque motivo não
esperárào estes Srs. deputados que assim pensão
por mais · um passo? Não vai esta accusação
c ocar com o espn1 o os pru en es e os mo- ·
derados que querem uma administração, seja qual
fór? Eotretanto a nação ver·se-ha obr1gada · a
soffrer uma administração despotica e jesuítica I
Parece-me pois, que da parte dHst~s senhores que
desejão uma boa adrninistraçã<Y, e não uma admi,
ni~tração qualquer que ella seja,houve alguma pre-
cipitação, pois era rnP.lhor deixar encher o potinho,
e depois de aheio mostrar ao Brazil todo " conceito
em que estes Srs. dt~putados tinbào o sobredito mi- ·
nistro. Não póde com tudo deixar-se de confessar que
o illustre autor da denuncia foi. movido pP.lo desej~

sempre muito' respeit·' ao Sr.· iogo A~tonio Fe1jó pois quando o partido obtinha poder já .não erà
como pessoa p11rticular, mas. receio que como partido, mas sim maioria ; que comparando-se o
ministro da justiça não deixe cahir o Brazil no pnder com o partido se veria que aquelle tinha
abyilmo, e ·que as nossas cousas políticas· se a seu f>tvor os princípios políticos, a lei que
precipitem na anHrchia; Deos queira que eu estabeleceu castigos contra os que desobedecião
esteja eng<1nado I Ob, quanto feliz eu serifll Eu ao governo, todos os empregados do estado· que
·digo aos honrados membros que esta é"'L minha contribuião para su~tentar este poder, todos os
o"pinião, a qual sustento por convicção propria, homens que não estando envolvid:~s nos nego·
mas cedo aos que pensão differentemente; pense cios, querião ordem e regularidade, além dos
cada um como· quizer, tenha os motivos que que lhe fazião a córte; quando o partido não
tiver;, Apresente suas razões e obre corno lhe tinha a seu favor nenhuma destas causas; e por
paijóer, eu não escarneço do seu juizo, folgarei isso devia ter-se em muita consideração o homem
.de ver que estavB enganado; o Brazil fará seu que se pronunciava pela parte mais fraca; que
juizo de cada um de nós, os nossos cunstitaintes em consequencía das nossas lo~tituições s.ó devia
nos j ulgaráõ ••• governar a maioria, a qual não podi:\ conhecer-se
Passou depois, por occasião de comparar a in· sem exiatirem partidos na sociedade, que destes
:ftuencia do poder com a acçiio de um partido o que estivesse de cima e pudesse conciliar a
opposto, a exprimir a alta consideração que lhe seu favor a maioria de seus concidadãos ·dei·
merecia o Sr. Ernesto, que produzia o dito argu- xava de ser partido e tomava o poder, devendo
mento, de utado ue tinha coberto de lo sahir delle quem o occu ava visto ue erdêra
suavi•la, assim publica como particular, em quem a ma. or1a a naçao.
o Brazil tinha rruitas e~peranças, e cujas expres· Um homem por consequencJa. que em oppo-
sões nada envolvião que pudesse escandalisar sição ao poder seguia um partido que julgava
alguem, visto que fallára genài'icàménte, séi:n per· mais justo, não era baixo, antes era, uma pessoa
. sonalidade, e não podendo· prever~se de antémão digna, porque tinha tudo a ·perder e. nada . a
qual será a, "maioria, não tmha 1ug11r o odioso ganhar no partido ; mas quando. fosse tão justo
que .se p1·etendeu imputar-:lhe. o partido que seguio e chegasse a ter uma. tàl
Declarou que desejavA ver punidos os preva- maneira que o governo lhe não pudesse resistir,
ricadores: e que os Srs. deput,ldos deuünciassem .,.~ntão devia apoderar-se da administração, .não
.o&; que fossem do seu contiecimento, .e por i liso ·para ganhar, mas para sacrificar·se·;·' e appellou
pêd!a que q ualqu~r. delles apontasse all{ilm facto para o exemplo dos Caunings e doutor nas mesmas
,,~~~...,.aoub~e da vida publica ·ou particular do . eircumljtaDci~s, que não tinllão .desfrli'a~o yid~~
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SESSÃO EM 31 DE AGOSTO DE 1831 87


de parasytas, antes morrêrão cheios de trabalho e melhor dirigir a opinião publica? Sll eu fo!!se
pobres. E cuntinuou da fórma seguinte : jurado, raríssimas vezes ou nenhuma vutaria
Sr. presidente, uma das grandes vautagens que pela acc11sação de um jornal escripto contra o
considero nesta tliscussão, é a manifestação feita poder. E quand<:> eu estive no podt~r gostava al-
peloo Srs. deputados nesta carnara sobre a sua gu•nas. vezes quando via ataque contra mim em
conducta futura; elles não qu~re!D_ metter nos algum jornal, porque achava qne servia de apoio,
esmo ou vesse 11 a o escrever

a nossa ~ategoria é capaz de satisfazer as nossa~ perdão aos honrados membros por entrar nesta
ambições, deixemos pois que os empregos sejiio theoria constit.ricional. Com t:lfteito, entendo que
occupados por outros ; não solicitemos nem para as leis ']Ue furem oppostas á co~tstituição não
nós, nem para outros essas providencias que devem ser executadas. E' este um artigo expresso
devem recahir sobre os mais dignos. Nesta parte na constituição dos Estados Unidos, e que a nossa
me conformo inteiramente com a opinião daquelles não tem. Eu acho que é superabundancia; mas
que ordinariamente não sigo. Se eu vir que o comtudo é necessario RHber q nem h a de declRrar
ministerio é sustentado pala maioria, sem servir· se a lei é ou não contraria á constituiçã.J. E11
se para obter esse apoio dos meios que. constan- considero uma divisão de poderes bem h>~rmoni­
temente se usão na formação de~ta maioria. Se sados: assim supponhamos que passa em . uma
eu vir apoiado o miuisterio por deputados livres lei artigo opposto á constituição, quem vai julgar
e inde endentes · feliz atria I diHto ? E' od r 'u icia ual ·
Tratou-stl aqui de ridícula a possibilidade de lei é . contra a con~tituiç!io , e que por isso
apparecer no Brazil um Napoleão, mas reparando não julga por ella: ·o ministro da justiça pOde
nos exemploa_ ...ie Culumbia e Bolívia, que estaudo chamar o magistrado á respo,.sabilidade, o tri-
mais atraza,los do ue o Brazil tiverào o seu bunal su remo.o "ui a e absolve-o ou condemna-o
o 1var; isto · uma sombrinha d<> Napoleão, quem segundo sua justiça. Mas querer o ministro da
sabe quantas destas sombrinhas haverá entre nós? justiça, a seu bel prazer declarar que uma lei
Além de que não é tão pequena ainda hoje em é contra a constituição, quando o poder judicial
dia a influencia e. ambição dos sacerdntes, como tem julgado que não se dá contradicção, é uma
se qmz p1n ar, como rovao a guns exemp os na nvasao mam es a e po eres. .
Italia; e o certo é que se metteu na constituição Concluio julgando digno de accusa~ão. o facto
de uma nação illustrada, e versada no caminho denunciado, assim c.omo outros mais, porém que
da liberdade um artigo que exclue os sacerdotes seria melhor ter deixado encher o potinho. (0 dis-
dos 'cargos publicos, dizendo que devem occupar.-se curso foi algum,as vezes apoiado.)
sómente do seu ministerio espiritual. Verdade é Tendo dado a hora o Sr. Lessa pedio proro-
que no Brazil elles são dignos patriotas, mas gaçiio para se votar, m!!s não passou.
quem sabe se o serão para o futuro. 0 SR. SECRETARIO PINTO CHICHORRO leu ultima-
Disse-se que não havia paridade entre esta. mente um officio do ministro do imperio, enviando
accusação. e a do ex-ministro da guerra Oliveira a cópia de um decreto da regencia com data de
Alvares porque estão as galerias ·em silencio, e hoje, em que a mesma regencia prorogava a as-
nós discuti_mos em Jiberda:de. Naquella accusaçiio sembléa geral le i8lativa até o dia 15 de Outubro.
tação, hoje pronuncia-se uma opposição ou luta - 1cou a camara m eua a. .
antes de saber se o objecto é de criminalidade, Levantou-se a sessão depois da~ 2 horas.
an~~s d~ se ~ecidir q':le o ministro responda.

nuncia, qual será o extremo a que chegaráõ as


cousas quando o negocio estiver no ponto em Sessão em 31 de .!\.gosto
que se achava o do ex-ministro da guerra; com-
l:iinem bem as épocas e circurnstancias, vejão nos PREcilDENCIA DO SR. ALENCAR
jornaes o dedo do gigante sem duvida nenhum~.
Quem não dirá que são herdeiros e testamen- Approvada a: acta com uma pequena alteração,
teiros do Analista? Quem ha de dizer que um passou-se ao expediente, que constou dos papeis
govemo brazileiro, um governo que deve marchar seguintes:
segundo os princípios da ordem e da justiça é Um officio do secretario. do senado, participando
o mesmo que no seu Diario estabelece rivalidade que pela repartição da justiça furão sanccio~;~.adas
e perseguições? E quantas dessas porcarias que duas resoluções da assembléa geral, tomadas_ sobre
apparecerão no Analista não se apre8então em outras do conselt10 geral da proviucia de Per-
outros jornaes escriptos a favor do governo, e que nambuco, pr0hibindo, a primeira, a corporação
são provocadores, em vez de terem estylo de- religiosa dos c•<rmelitas descalços, e a segunda,
cente'/ Affirmou-se aqui que um jornal só enunciava a dos missionarios italianos capuchinhos.
opiniões subversivas. Pelo que vejo a imprensa Foi á com missão de poderes o requerimento do
está dividida em dous· partidos, e se me per- Sr. Paes de Andrada pedindo licença para retirar-se
mittem que o diga, a nova lu; é o unico jornal á .sua provi ncia.
que leio com interesse e gosto ; não digo que Approvarão-se os dous pareceres seguintes.
to~e ali sua~ doutrinas-po.rque não sigo as dou- Da commissão ds guerra que não acha atten-
v i o
um jornal. da opposição, acho-lhe interesse. tenente-coronel aggregado de milícias, que pedic\ o
Sr. presidente, ponhamos as cousas no SijU soldo mensal de 456000. . .
lugar, deixemos a minoria fallar com liberdadll Da commissão de contas sobre o requer.imento
e . desabafar seus sentimentos. Como se quer de João Comon, que se queixava de haver sido
espesinhar e pesquizar a este respeito 'l Que vi· pago dos fretes que se lhe devião p;,r conducção
lania I O que importa que as doutrinas deste .. da tropa lusitana que sabio de Montevidéo. para
periodico sejiio mais ou menos fóra da ordem t Lisboa, em apolices da. ·d.i vida puplica pelo se !I
Se .as. doutri.nas arrastarem a .maioria são boas, valor nçmiinal. ~A. c,omrni!il~ijo acha -<Iue se. ob~0'\1
e se não arrastão, devemos deixar a cada um · conform,e a. lei ma~ Pede_ ~~rtas,,. ipfo.Jrnaç96!J,a~_.
exprimir os seus pensamentos. Não proclamamos. · governo, allm de ver se Corao respeitados os P.tln~ ·
nós a liberdade de exprimir os peDIIIWl&Dtos para cipios do credito nacional. · .:'<.
.r-:·,~
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88 SESÃSO EM 31 DE AGOSTO DE 1831


Devendo :ficar adiado por se pedir a palavra,
e v.encida a urgencia, entrou em discussão o
«regulamentos políciaes, e salvo o prejuízo de
« t.erc~iro » ; e que demais o ~ 11 do artigo
· parecer "da commissão de pensões e ordenados citado dizia~ « Ninguem será sentenciado senão
sobre approvar-se a opção concedida pelo gove1no << pela autoridade eompetente, por virtude de lei
a D. Maria José Leal da Nobrega, viuva do cc anterior, e na tó~ma pqr ella prescri pta », ~ o
brigadeiro Luiz Pereira da Nobre -
correspon ente patente do dito seu marido e
o meio soldo do posto que elle occupava.-A
commissão julga que a opção é conforme á lei.
E oft'erecendo-se duas emendas ara se elev r a
p n ao ou para conce er-se-lhe o meio soldú, mandarão conservar até a decisão de uma de-
além da tença, não passarão ; e foi approvado vassa para ser processado no caso de s13r nella
o parecer. pronunciado, tendo elle sabido livre na devassa;
Entrou em discussão o parecer das com missões não sabia elle orador como se lhe ordenava que
de conbtituição e diplomacia ácerca do portuguez se fosse embora. E continuou:
João Bonifacio Alves da Silva com o voto em De maneira que se na devassa sahisse culpa- .
separado a'o Sr. M·•y, depois da resposta do mi· do, havia de ser processado na fôrma das leis do
nistro da· justiça. -As com missões são de parecer paiz, mas como sahio livrll, ponha-se fóra do im-
que uma vez reconhecidos pelo- miniRtro da justiça paria l I Isto é, pelo que se deve ás leis e á
como meros rumores vagos os que formavão essa constituição.
opinião publica contra o supplicante declarada,
ainda quando este não s~ a~b;asse legalmente illi- _Perguntarei

das .saas funcções.


O SR. ~iAY declarou que se oppunha ao parecer
na parte sómente em que duvidava do exercício
a remproct a e es tpu a a nos tratados, a res-
peito de estrangeiros perigosos que pudessem
1<ir a ser obj ..cto do uso do poder âiscricionario.
sem applicar ist11 com tudo ao caso em queatão, apre·
sentou um esboço do seu parecer ou voto sepa-
rado, que pedio permissão de ler, por desejar que
estai!J suas iMas apparecessem, afim de ficar
plenamente infocm•ldo do seu modo de pensar
(leu então o seu voto separct,do e depois <le lido
repetia): que era do voto da commissão, mas
queria_ que se praticasse com os estrangeiros o
mesma qtie no;; p·tizes delles se praticav!i com

O SR. RE»otrçA.s disse. que nã:o se mostrando


opposição ao parecer, prescindira de fallar sobre
a mataria, se .-não houvesse um e uivoco no oto
separa o o . ay, em 1zer que o supplicante diz: « :Mae. se a camara dos Srs. deputados, cujo
não havia requerido ao ministro dos negocias voto é para o governo uma expressão menos
estrangeiros, quando do primeiro parecer se via equivoca da opinião publica, daquelle q~e '(lr~?·
que elle tinha . recorrido ao seu consul, depois cede de vagos rumores, julgar que a restdenc•a
de requerer directamente ao ministro, e q11e o do mesmo supplicante nesta córte não trará in-
consul dirigira uma nota em fôrma diplomatica conveniellte, o governo imperia~ nonhum~,~o repu-
ao ministro dos negocias estrangeiros, o qual gnancia tem. em deferir a sua prete11ção., » -
submetteu o caso ao ministro da justiÇa, a cuja Havendo dito acima que : cc Tendo, quando en·
ordem estava o preso ; porém este ultimo mi· trára na repartição da justiça encontrado João
nistro desgraçadamente. antepoz á constituição, ás Bonifacio na prisão e informado de que o princi·
leis naturaes, á equidade, ao interesse do Brazil, pai motivo d\3Ha era haver-se a opinião publica
á política, e emfim a tudo, uma opinião publica declarado contra elle, e que a sua presença na
a que' chamava« vagos rumores»; que o Sr. May capital seria motivo de alterar-se a tranquillidade
se enganâra tambem sobre o direito de recjpro- publica, julgára conveniente indeferir por então o
cidade, porque a estipulação do tratado consistia seurequerimento,etc.» Donde se seguia que em um
em terem os portuguezes no Brazil os mesmos caso a opinião publica era tão poderosa que fizera
direitos de residencia que tinhão os subditos da o min1stro conservar João Bonifacia preso contra
nação mais favorecida; ora, os inglezes e fran· toda> as leis, e no outro caso não era nada se a
cezes não podião ser lançados tóra do Brazil se- camara dos Srs. deputados pronunciar outra. opi·
não ~m caso de guer!a, quando a reside1,1cia d<?s nião I I Ora, senhores, se a opinião pubhca é
, · uma responsa 1 1 a e no governo
em guerra se tornava perigosa á. causa publica, por seus actos contrarias á lei, como é que tud()
condição sine qua non, para serem lançados fóra, isto se apresenta ê camara dos 8rs. deputad~s
e mesmo nesta hypothese lhes era concedido fi. e se offerece como um sacrifi.cio do voto que haJa
carem por espaço de seis mezes, para pôrem de pronuuciar para soltar este estrangeiro? Se
. neste prazo em boa arrecadação o que lhes per- acaso a· opinião publica em alguma cousa fosse
tencia: e sendo isto em tempo de .guerra muito contra as leis que queremos observar e defender,
mais se devia garantir tal direito ás nações que a camara. dos deputados não era voto tambem
estavão em paz com o Brazil, e com eft'eito se que tivesse mais força do que as leis e do que
achava garantido pelo ~ 4o do art. 179 da con· a opiniã" publica. Portanto, senhores, o parecer
stituição, o qual dizia: «Qualquer póde conservar- da commissão está conforme com estes pqncpioS
« Ji19 ou saliir do imperio como lhe convenha, e não encontra opposição. Com isto tenho dito
« leYando comaigo os ·•sua bens, guardados os tudo •.
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SESSÃO EM 31 DE AGOSTO DE 1831 89


O SR. CA.RNEIM DA. CuNHA disse qu.e não se aqui estão alguns collegas, os quaes sabem que
opporia ao parecer da commissão se fosse justo, eu sómente deliberei como conselheiro! do governo
mas que o nãu podia approvar, entendendo o pela suspensão do commandante das armas, por
contrario; que lhe parecia achar hoje em contra- me incumbir isto a lei de 20 de Outubro de 1823;
dicção o Sr. Rebouças com o que tínha praticado mas declarei-me fortemente e em bom tom contra
na Bahia; assignando como representante da- as medidas arbitrarias: divagavão homens pelas
quella província uma acta ela ual reconhecêra r - .
a necess1 a e e ce er ao zelo popular, por nem tenho e terei fóra daqui, e
occasião da gloriosa revolução, que veio a ser aqui.
coroada pelo dia 7 de Abril; que elle orador Senhores, eu faço tal idéa ?~ qualidade de
estava sciente do que r.contecêra antes da dita . pe-
· o ção, quan a o a .a razr es ava rior a todos os receios e considerações humanas:
em armas pelo justo motivo que a isso move~a portanto quando trato de defender a minha patria
os brazileiros, para se libertarem da tyranma e direitos, que como deputado estão a meu cargo,
que sobre elles pesava; que fôra por esta occa- posso esquecer-me das relações amigaveis que me
sião que apparecêra uma accusação publica co!ltr.a Ii""ão aos meus concidadãos. Por isso saibão qu.e
João Bonifacio, dizendo-se que elle era crimi- o; erros, quaesquer que sejão, não dão direito
noso, que tinha feito dubs em qu~ tinha adll!it- para calcar os princípios, se eu tivesse errado os
tido socios portugueze.s, para coadJuvar o antlgo meus erros não autorísavào o honrado membro
govArno, etc., causas sobre que tanto se tinha nem a uinguem para commetter erros tnaiores
fallado no Brazil desde o ministerio de José Cle- com isto tenho feito ver que o erro do primeiro
mente Pereira; havendo-se visto demais, como ministro da justiça em mandar prender João
desde .a época da . sua indepe~dencia, se havia Bonifacio ou em consentir ue fo e -
autorisava o outro ministro a conservai-o preso.
consumindo-se grossas sommas do Bt·azil, etc.,' Demais ha alguma differença: o outro ministro
além da política que se manejára e que tinha prendeu-o no melo da conflagração e sujeitou-o
sacrificado . tantos portuguezes innocentes desde a uma devas~a or cu"o resultado es a -
mas o m1ms ro ac ua , en o o supplicante sabido
tentar a cortstituição: que de tudo isto resultá!a livre na devassa, no tl:lmpo da serenidade, quando
grande desconfiança dos brazileiros, os quaes nao as le1s devem ser guardadas, pronuncia diante
podião ver que estrangeiros, sem go:z:arem dos da camara e do mundo inteiro os princi ios es-
direitos de cidadãos br · · . o cw nes a occas1ao, que á
nos negocias do Brazil, etc. -vista. de um dever, depois de ésgotaàos DIJ meios
P11ssou depois a fallar sobre os bo!ltos que se legaes e os recursos possíveis elle insi11te pela
havião espalhado contra o Sr. Odonco e contra conservação deste homem na prisão I Compare-se
o redactor do Republico, de estarem vendidos aos 0 procedimento de um e de outro. Quall.to aos
portuguezea, porque tinhi\:o puL.li~ado_ um discurso exemplos de França e de Inglaterra, disse que
e proclamação, mostrando a lllJUStlça da perse- admittia os bons mas não os máos.
guição contra os brazileiros de qualquer classe 0 SR. CARNEIRO DA CUNH.\ replicou qu{l O não
e nascimento, e contra os portuguezes, o que ter assig11aàv o Sr. Reàouç4s a. acta. de que f~l­
bem mostrava o odio que o povo nesse tempo lára, désse o dito por niio dito. Não concordou
lhes tinha; que em razão da de~u,ncia ac~ma em que depoifl do dia 7 de Abril estivessemos
dita contra João Bonifacio, o ex-m1mstro da JUS· em paz e tranquillidade, lernbrando os factos dos
tiça Manoel José de Souza Fran a i e u o, que am a es avao muito
prender da mesma fôrma que acontecêra em perto paN tão depressa nos esquecermos delles;
1824. eU: {)ernambuco, onde ajuntando-se dez e ainda todos os dias, agQra mesmo se fallava
testemunhas ou mais jura vão contra os portugue- em berna~das, e~c.
zes, os quaes erão resos e obri ado~ a rodu-
zuem ou ras antas testemunhas para provarem Bahia, tanto que o Sr. Rebouças pedira a.mnistia
sua innocencia; e assim continuára por algum para a sua província, pot acontecimentos que
tempo esta luta terrível e àesgraçada., mas era houve depois do dia 7 de Abril; e que era bem
de notar 9,ue tendo-se P.assado tud? isto com a sabida a emigração extraordinaria de ca,PHalistas
maior publicidade no Rto de Janetro, até certo e de gEmte utU que se verificou na Bah1a, a qual
tempo ninguem se queixára por isso <lo gov:erno fôra muito maior .do que no Rio de Janeiro,
ou do ex-ministro Souza França, por&m boJe se emí~ração funestíssima par&. um paiz em que não
fallava ·e ~e gritava, formando a co!I!ll!issão um haVIa grande accumulação de capitaes, onde a
grande relatorio contra o actual m11llstro, en- população era tão diminuta e a lndusttia nas-
thusiasmando-se muito a favor do referido preso, cente i mas apesar d!'l serem tã~_criminosos os
o membro que defendêra o par.ee:er, quando que infringindo as le1s, ptomov1ao taes desor-
devia attender-se ao qlle se ex1g1ra naquella dens, e de merecerem exemplar castigo, o Sr.
época a salvação da patria i que não dizia que Rebouças havia pedido uma amnistia pata elles,
fOra louvavel a prisão do supplicante. mas lem- emquaato ã Bahia, por enCendGr que era _as~im
brava que o governo francez, apesar de ser conveniente para o socego da sua provmma;
constitucional mandára expulsar Saldanha, que motivo que fõra igualmente o que tinha obrigado
tinha sido secretario do govel'no de Pernambuco, o actual ministro da justiça a conservar preso
e que de Inglaterra se referião tambe~ muitos João Bonihcio por mais algum tempo, e portanto
factos semelhantes; que elle orador qu1zera uma não merecia tamanha censqra.
vez apresentar uma res~lução para o. governo
z a
de acabar com rivalidades de nascimento, de-
Concluio declarando que não se oppnnha a vendo todos os brazileiros esquecerem-se comple-
todaff'as partes do parecer, mas approvava o voto tamente do que se passou. antes ~o dia 7 de
separado do Sr • May. " Abril · sentimentos que sempre forno oa seus,
o sr. :Q.eõouças :-Eu. gosto_ de ser ar~uido porque se presava de philant~op~a, as~i~ como o
nesta camara· porque me dá occasião JUSti- nobre deputado, não tendo md1spos1çao alguma
ficar- me, f! e é preciso de justifi~ação (p_orque contra estrangeiros; mas achava que a ~au.tela
no juiza dos bomen.s .sensatos creio que nao), o do ministro em reter este homem na prisao fóra
que não posso fazer ·quando as cousa.s se dizem com o fim de não perigar a tranquillidade publica,
detraz da porta. O nobte deputado enganou-se que se dizia estar ameaçada o até mesmo para
quando disse que eu asE~lgnei medidas illegaes; segurança do sobredito individuo; podendo asse-
'l'OKO ~ 12
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90 SESSÃO EM 31 DH AGOSTO DE 1831


varar que se elle orador fosse ministro não se algum tempo, ao menos por 6 mezes, afim de não
pejaria de dizer em circumstancias identicas concorrer {Iara a. tJerturbaçã:o da tra~quill~dade
áquellas do ministro da justiça, que estava promp~o publica. Elle sabe bellatnent.e q':!e nao fo~ um
a soltar o dito estrangeiro, se a camara entendia sugeito só, mas todos os ctda~aos do ~to de
que dahi não resultava mal; pois cumpria ter Janeiro, estavão exacerbados e amda o- estao, ao
muito em vista ue ainda não estavamos na menos- se undo ou o dizer á uelles com uem
feliz situação que se suppunha, de paz e tran· fallo, o povo todl) está exacerbado contra elle.
quillidade. O SR. CASTRO ALVEs:-Não ha tal.
Prouvera a Deus, Sr. presidente, concluio o O ST. CosTA. FE:RREIRA:-Está bem : se não ba
nobre orador, que o Sr. Rebouças fallasse por
oca rvwa e que nos conserv::assemos para o uu{ento era, que elle 'se retirasse por 5 ou 6
futuro socegados. mezes, porque dizem que este homem fazia clubs
O Sa. REzÊNDE disse que convinha responder e conciliabulos contra o Brazil.
ao governo que não achando este homem incurso Concluio quo, não sendo unauime a opinião geral
em culpa alguma, a- opinião da camara era que a respeito do supplicante, dizendo uns que era
o mandasse soltar. Entende'u que era melhor que perigoso, e outros, que não podia a ~ua soltura
elle se retirasse por algum tempo para bem seu ser motivo de discordia, e por isso assentava que
e nosso, mas se o não quizesse fazer podia devia eUe fazer o pequeno sacrificio de retirar-se
ficar. Concluio com algumas reflexões sobre a por 6 mezes por beneficio du mesmo homem, o
parte em que discordava do parecer e s•Jbre a qual elle não conhecia e com quem nada tinha.
opinião pu.biica, a qual umas vezes era a rainha
do ~undo_ e em outras era tratada sem a menor O SR.
. 0DORlco
. -
disse que fôra elle. quem
. tivera
O Sa. ARAUJO LIMA advertio que o Sr. May
não discordava do parecer da commfssão, e só
quizera accresentar algumas idéas sobre o direito
e · r c1 a e. perigoso def'lnder aquelle estrangeiro; que elle
o Sr. Oosta. Ferretra:-Pouco direi por- orador tinha fa!lado a um membro da regencia
que ainda que -julgue muito subido o lugar de provisoria·, o Sr. Vergueiro, na pre~ença ~é U?l
de utado ainda ue eu se·a mui ra aos eu . e u o · en e cta
comprovincianos por me elegerem, comtudo en" aquella prisão, p•1rém que hojeera facil proteger
tendo que o brilho deste lugar não me des- este cidadão portuguez, por aquelles mesmos
lumbra a ponto de julgar-me divino. Não desejo que lança vão então o odioso sobre quem o defendia,
augmentar a a:fllicção de um homem já cheio de procuravão hoje tornar odiosos os que de alguma
desgostos, e muito sinto ter de )aliar contra o fórma querião desculpar o ministro que o mandou
subdito de uma nação tão acabrunhada por um prender.
despota, como a portugueza; nação infeliz e cer- Eu entendo sempre, Sr. presidente, que a
tamente digna de melhor sorte; nação que tanto prisão fui injusta (apoiados), continuou o nobre
brilhou, que abtio as portas do Orienta; nação orador. Deoa não permitta, Sr. presidente, que
finalmente que n11s cartas antigas era reputada eu defenda medidas arbitrarias. (Apoiados.) Este
como capital da Europa. home~ está mal preso, porque. o está sem culpa
M:f~:s, senhores, 2 que. ~ou dizer a respeito do formada, e p()rque ape:z.ar de quantos exemplos
u•u viu • nações e rangetras, eu n o ereto
que nenhum governo justo possa mandar sahir
um estrangeiro arbitrariamente do paiz.
Os liberaes bastante censurarão quando o go·
.
sto e é _escusado acarretar para aqui exem{lloa
. a
nossas praias o fraucez Chapuis ; bem censurarão
que se acbão em qualquer parte. a arbitrariedade desse governo quando. fez sahir
Portugal assim obrou com Beresford, a França o general Labatut ; e muito mais dignos de
e Inglaterra assim têm obrado com outros indi- censura seriamos nós se defendes.;emos taes
víduos : emftm isto é principio geralmente seguido. arbitrariedades quando a nação quer estabelecer ..
Este João Bonifacio era perigoso ou não? Quando o imperio das lei!' : mas tratemos de desculpar
eu aqui cheguei todos dízião que sim; e agora, alguma causa o ministro actual ; não se venha
Sr. presidente, ainda por ahi todos com quem dizendo que elle fez ainda maior mal do que o
tenho fallado dizem o mesmo. Eu não o conheço. seu antecessor, por ordem do qual se fez a prisão,
Se elle não é perigoso, com que direito o teve em conservar preso este homem quando acinte-
preso este ministro 1 Pergunto eu, por que motivo . mente se tinha espalhado pelo Rio de Janeiro e
não havemos de accusar por isso o ministro ? por todo o Brazil, que o partido portuguez estava
E se é P-erigoso, porque motivo havemos de de cima; e que o governo defendia o partido
soltal·o ? Queremos nós azedar mais este povo ? portuguez. · ·
Não sei onde vai parar isto I Disse-se que é ·Por isso, senhores, bem que me pareça que os
contra a constituição estar este homem preso I receios do actual ministro da- justiça não· são
E', Sr. presidente 'l Mandemos pois chamar attendiveis, e que eu os não approve, comtudo
D. Pedro. Não era elle inviolavel, divino e sa- desculpo-os porque têm mais força do que os
grado ? Como pois sahio D. Ped~o ? E. como :ficárão do outro ministro, ao menos se attendermos ás
os homens ue o rodeavíio 'l Mas D. Pedro não a.zetas e pal)eis do dia• Vamos ortanto bene-
, snaros CJ!Ir o omem azendo com que sara solto,
princípios da constituição os deveres os mais porque é justo ; mas. não queiramos chamar· o
sagrados, as leis mais santas, não será necessario odioso sobre o ministro actual. Tambem não
ein certas crises esquecer as leis para salvar a sou do voto do nobre orador -que acaba de re-
patria 'l Não se trata de cousas ordin'ar.ias : se c. commendar _a sahida deste estrangeiro. do _Rio de
com effeito não tivesse acontecido o que aconteceu, Janeiro por algum tempo, em razão de que- eUe
eu diria, Sr.- presid-ente, accilse-se o ministro; o não póde· fazer ; tem muitos bens, e consta
eu não. annuiria- nêni consentiria em que um que tem muitó dinheiro fóra de suas mãos. Como'
ministro agarrasse em um estrangeiro e o pren- pois se hade obrigar' est~ homem' a sahir Sem
desse, quanto mais que este homem se quizer levar os seus bens ? Deve· ser solto e :ficar no
pôde-se ir embora, e se elle ama tanto o Brazil, paiz até quando 'quizer.
çõmo · elle diz, seria prudente que se retirasse por Notou depois que o ministro actual não era
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SESSÃO EM 31 DE AGOSTO DE 1831 91


tratado por algumas pessoas com a devida justiça, de pés de chumbo e pés de cabra, com.que o povo
pois tendo o dito ministro por largo espaço occu- se deixou illudir.
pado distincto lugar na opposição, fazendo guerra Estamos nós hoje no governo de Pedro I ? Como
constante á tyrannia, .se esquecião taes pessoas pois continuão nisto aquelles homens que .desejão
das brilhantes qualidades e virtudes patrioticas introduzir moralidade neste povo, e ensinar-lhe que
que o ornavão para não achar nelle senão crimes ame ~eu~ irmãos; que todo o homem ~ homem ; que
e delictos ; e ue á vista de sem Ih ·
eraçoes . e la não podia deixar de desculpar o Como se está vilipendiando pelos papeis publicos
ministro, ainda que o não justificasse. a quem teve esta ou aquella opinião ? Apresentem
Referio tambem ter ouvido que a grande ancia as minhas opiniões, comtanto que lhes ajuntem
manifestnda el ol - · · sm · - - · -
trama urdida por certos inimigos da ordem pu- feitas na_ noite de 14 dt> Julho 'f Votei eu acaso por
blü:a para confirmar depois delle solto o que já ellas? Disse uma palavra só que apoiasse essas
se tinha espalhado anteriormente de que o go- pretenções? Requerimentos, indicações, propostas,
veruo estava protegendo o partido portuguez ; tudo houve para se deitar fóra certa gente que
boatos que não deixa vão de dar algum funda- não se queria, de que não se gostava, no que
mento aos receios do ministro. não entrei ; e hoje diz-se que tive até certo tempo
Concluio apoiando a emenda do Sr. Castro um sentimento, e agora outro? Provem. Mas não
Alvares, a qual era que se recommendasse ao quero provas, porque é costume desenterrar os
governo a execução das leis e da constituição mortos. Meu tio teve culpa em fazer assim, logo,
ácerca deste estrangeiro, o que era o mesmo que eu mudo de opinião I I
dizer que o soltasse, paree;endo-lhe que esta devia Parece-me, senhores, que estamos em estado
ser a conclusão do arecer. · · de carecer da um lente de moral e de ·usti a
multo apoiado.) niversa, que an es e en rarmos aqui nos dê
lições parr, cumprirmos com os nossos deveres I I
O Sa. CosTA FERREIRA disse, que se era verdade E' assim que havemos de instruir o povo, des-
q~e o ministr<? tinha infringido a constituição, graçado povo que se desmoralisa a ponto de re-
1 c r a o correro e . au o, que
mas devia ser accusado. acho aberta desta sorte (levanto.u a carta para
O Sa. OnoRxoo respondeu que a lei da respon- mosr.,·ar .) E' assim que a constituição manda
sabilidade dos ministros e conselheiros de estado respeitar o segredo das cartas I Em que estado
e recommen açao ao o n s as c1r-
governo para cumprir seu dever, e que no caso cumstancias que fizemos o dia 7 de Abril 1
do governo não obrai' como devia depois desta Senhores, é preciso que a náo do estado mude
recommendação, que o ministro tivesse maior de rumo, senão está. perdida, e infallivelmente
pena : que se devia ser accusado o actual mi- vai dar comnosco nos cachopos. E' preciso dar
nistro da justiça tambem o devia ser o seu ante· moral á nossa gente, e que não promovamos a
cessor que foi causa principal dos incommodos espionagem. Cada um de nós tem uma mosca
que este cidadão portuguez tem soft'rido illegal· que nos persegue, isto é, tem um espião á colla.
mente, mas não julgando conveuiente accusar o Tenho razões para o dizer, e até se tem mandado
dito ministro pelas circumstancias em que ordenou para fóra indivíduos para espionar outros, para
a prisão, tambem lhe não parecia justo accusar ver com quem fflllão, ou para onde vão. Cvm
o ministro actual. que ~m se faz isto, senhores? ]!:' preci~o que_ a
. as ro veR : - mas vezes ó dorogadas : porque nenhum homem conheço su·
anarchia pndir-se a expulsão e prisão de certos perior ã lei. E' possível que queiramos no Brazíl
homens, outras vezes ó um dever conRervar os um homem que pise as leis a seu arbitrio 1
homenA prasos contra toda n legalidade. Os homens, Peccou o ministro c ·
- o requer mon o pvnde ús perguntas que a camara lhe fez sobre
para expulsão de certos lndlvlduos, esti'io presos; o t'eqnerimento dtJ João Bonifacio, illudindo-nos
ngora nno póde soltar-se um sujeito lllegalmente e achincalhando-nos (eis o unico crime que lhe
preso sem que a Cllmarn, 1\ qual encerra em ai acho), e negando o direito a este cidadão por-
a op!nii'io publica, dlga que ao devo soltar I ! ... tuguez. Nem o il\ustre deputado autor do voto
Entrego isto a vossas reflexões, e não direi mais separado deve duvidar do que está impresso.
uma palavra sobre tal raciocínio. Este cidadão portuguez requere11 ao ministro dos
Respollderei ao nobre deputado que apresentou negocios estrangeiros'; depois recorreu ao seu
seu voto em separado, no qual nada conclue, ou consul, que dirigio uma nota diplomatica ao
ao mPnos não lhe vejo a conclusão, e por isso póde mesmo ministro, o qual rametteu este negocio
só ser considerado como um discurso escripto. E ao ministro da justiça. Isto consta. dos Impressos.
vendo eu que nem o voto separado, nem o parecer (Leu-os na parte respectiva.) O ministro da jus-
da com missão da vão uma decisão em beneficio deste tiça, antecessor do actual, é desculpavel no.meu
homem, lembrei-me de fazer a emenda que remetti modo de pensar, por um principio que já. foi aqui
ã mesa, e que julgo muito conforme á constitui- enunciado, e com que concordo"
ção ; diz a constituição : << Qualquer póde ~onser­ No dia 7 de Abril appareceu um requerimento
var-se ou sahir do imperio como lhe convenha, igual ao que se fez depois em 15 de Julho, o
levando consigo os seus bens, guardados os regu- qual foi entregue a um membro da regencia,
lamentos policiaes, e salvo o prejuízo de terceiro.~> como já se referio em algum diario, segundo
(~ 6• art. 179.) Não se póde portanto obrigar a creio, mas não_ o ~ai exactamente : os inimigos,
a1 uem a s h" · · · -
manda, porque ninguem é obrigado a fazer ou que não me consta que fizesse acto algum con-
a deixar de fazer alguma cousa senão em virtucle trario ao Brazil, senão para beneficiar- o Brazil,
de unta lei ($ 1• do artigo citado). Ha alguma. trazendo dinheiro para aqui. Se isto é com
lei ou sentença que julgasse este homem, que eft'eito querer destruir o governo, a paz, a tran·
o condemnasse ao extermínio ? Se ha, então nem quillidade do Rio de Janeiro, então este homem
maiS!. uma palavra. Se não . ha, como se quer é criminoso. A cousa unica que se diz delle, é
forçar este homem a sahir coritra .a sua vontade ? ser inimigo do Brazil. ·
Não sabemos. nós por ventura, que D. Pedro I Estamos no tempo das accusações vagas li
querendo nos div1dir para mel~or opprimír Mas é de reparar que não houve quem desper-
aquellel! que.amavão sua. patria, e não tra.nsigião tasse estas jdéas a respeito. de ,todos ps -outros,
com o despotismo, levantou entre nós a divisão e 86 ha dfl ser este o desgraçado sobre quem
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92 SESSÃO EM 31 DE AGOSTO DE 1831


é sobre este homem só mente; o que é tambem uma nota da immorali-
dade que desgraçadameota tem grassado entre
nós.
0 SR. CASTRO ALVEB:-Estou prompto a provar
que estou espionado. ·
VozEs:-Prove, prove.
O SR. CA.sTao ALVES :-Se dão licença. que eu
traga para_ aqui a~ testem_!lnhas: e se o regimento

tramas da que elle foi victima, e que os instru- o Sr. RebouQeu:-Eu insist•J no principio
mentos desta trama são aquelles que gritavão geral de direito publico, que os estrangeiros
que os cidadãos a quem chamavão moderados pelo facto da residencia em um aiz têm direito
vã · · - · a pro ecçao as e1s civis deste paiz: é este um
(Muitos apoiados.) principio geral que se entende em todos os com-
Estou persuadido que o governo se deixou pendias de direito (iublico e das gentes sem
levar mal por estes boatos,· que lançou mão de excepcão, e que está consagrado na constituição,
medida forte contra este homem, rico capitalista porque embora se diga que o cap. So trata dos
que póde ser e será proveitoso ao Brn'l:il; mas dos direitos dos cidadàod brazileiros; pois que
não concordo com os princípios enunciados no tambem ulli se encontrão disposições geraes, que
preambulo do parecer da com missão; e inclino·me se referem 11os que não são cidadãos brazileiros
antes aos principias do Sr. May. tanto que nos seus artigos ,e. paragraphos falla
Eu me persuado que nós devemos observar especillcadamente em nenhum c'dadllo umas vezes,
segundo os tratados, perfeita reciprocidade com e outras indétorminadamente ninguem qualquer
os estrangeiros, e que os devemos tratar do mesmo . o que se
e todos, . applica aos homens em. .geral.
ç-
modo com ue nos tratão -
tomem medidas arbitrarias para expulsar do este respeito, que declara os direitos do homem
Brazil o cidadão de qualque:: nação Injustamente, em sociedade, q11er faça parte della, quer lhe esteja
mas quererei que nos momentos de crise, qunndo aggregado: quando !l constituição! POE exemplo,
um estrangeiro se tornar summamente erf
pree1so mos rar o perigo) se lance mão desta admittido nos cargos p'ublicos » etc., mas quando
medida que na verdade devia ser mais poupad11 trata de segurança individual diz « ninguem po·
do que tem sido entre nós. der á ser vre8o •• etc. Mas quando uesim não fost!e
Voto assim porque entendo que as disposições pelos pl'lncipios geraes consagrados na nossa
do tit. 8° da constituição não têm app\icação aos constituioão, eate direito existia pelos tratados
estrnngeiros á vista da inscripção delle. << Daa que os nobres deputados têm querido entender
dillpOSJções e garantias dos direitos ci vis e políticos differentemente o tratado celebrado com Portugal
dos cidadãos brazileiros. n . Estrangeiros não são no art. f>o diz: que no Brazil gosaráõ os portu-
cidadãos brazileiros, logo, não se trata nesse ti tu lo guezes dos mesmos direitos que tiverem os sub-
das garantbs e direitos politicos dos estr&ngeiros. ditos das nações mais favorecidas das nações
Isto não tira que elles não possão ser mantidos ingleza e franceza, logo, a reciprocidade consiste
em o nosso paiz e que se observem com elles em que o brazileiro gosa em Portugal dos mes-
as leis de justiçn. Não quero que sejão presos mos direitos que alli têm os subditos das nações
sem culpa formada, etc. Por este motivo não voto mais favorecidas : isto é, pelo que respeita aos
pela emenda que propõe que se recommende ao direitos individuaes e de propriedade, e não a
governo que observe a constituição; por que respeito dos direitos· commerciaes ; porque não
vejo que a constituição diz respeito aos cidadãos houve ainda tratado de commercio com Portugal.
brazileiros e não áos estrangeiros. Desejaria E' necessario que fiquemos muito certos neste,
antes que se dissesse que se observem a res- que importa direitos dos cidodãos brazileiros; por-
peito de João Bonifacio as estipulações dos tra· que a liberdade da commercio e as garantias das
tados: então bem · · ra o nosso pa1z ene ciar
bida neste sentido a approvaria, mas não havendo a patria ou por meio do seu commercio ou de
emenda neste sentido, . voto pela conclusão do sua industria etc., são direitos do cidadão do
parecer da commissão que segundo julgo preenche Brazil que ·muito ganhão com isto em riquesa e
os nossos fins. commercio.
Concluirei o meu discurso fazendo votos com o 'O Sa. MA.Y fez uma curta explicação.
nobre deputado, penultimo em fallar, para que a
nação chegue ã meta da moralidade ; porque efttão O Sa. MoNTEzuMA. disse 9-ue tendo-se avançado
seremos felizes e deixaremos de ouvir accusações que na Inglaterra havia dtreito de expellir es-
vagas e destituídas de toda a prova que de certo trangeiros, se via obrigado a declarar que isto
são tambem faltas de moralidade. Assim quando era menos ex:acto; porque no tempo de Canning
por exemplo fallarmos em espionagem havemos sd acabára o bill que autorisava para isso, esta·
de ~var o «lue avançarmos, e não accus~ va~a- l:lelecendo-se porém cer*os re!rulamentos de JIOlicia
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SESSÃO EM 31 DE AGOSTO DE 1831 93


cumpridos os quaes, o governo não podia lançar salvação publica, é que devião regular naste caso ?
fóra de Inglaterra estrangeiro algum: que estes CQmo é que o ministro na sua celebre resposta
regulamentos consistião em se apresentar o estran- exprime que não tem duvida de estar pela <•pí·
geiro á policia na sua chegada, e em participar nião da camara, por que a suppõe Pxpressão
a sua resideti.cia durante os primeiros 4 annos menos equivoca da opinião publica li E' asBim
etc., mas que elle orador estivera em Inglaterra que responde um ministro em 1831 e depois do
2 annos e 9 mezes sem cumprir esta condição, e dia 7 de Abril, sendo membro de um ..governo
n- i a · o ançR o ora. que se 10 1 u a nacwna orque nao man ou
0 SR. CASTRO E SILVA advertío que Se teria o ministro soltar este homem ~epois do parecer
poupado discussão tão renhida, se a commissão da commissão de constituição com que lhe foi
não tivesse redi ido o seu arecer com tanta rem~ttido . o requerime~to? Isto não c~m~ina.
acrimonia; que a camara toda concordava na
conclusão do parecer, versando a discussão apenas
sobre cousas individuaes: que os membros da
opposição no tempo da administração passada
recommendavão, para o governo poder marchar,
que se lançasse nos braços da representação na-
cional, que não se lhe mostrasse hostil, aflm de
haver harmonia êntre os poderes: mas que hoje
este procedimento era. objecto de censura, pois
tendo respondido o ministro sobre os motivos de·
haver sido preso e conservado na prisão este
homem e q~lil ser~a solto se a ca.mara enten-

elles serião obrigados ao seu cumprimento; porlim'


não os havendo o governo não podia mandar
para fóra um estrangeiro porque era obrar sem
lei que o autorisasse. D<>mais, que o governo
não podia prender a quem quer que fosse, com·
petindo taes prisões ao poder judicial, não conce·
bendo elle orador, como se conservava preso um
individuo á ordem da secretaria de estado, o que
era despotismo, pois erão sómt~nte os juizes cri·
minaes que podião prender, o os commandantes
militares nas cousas miliLares.
uanto a dizer-se ue He fu!lav~& a ora a este
respeito •.1uando em outro tempo se conservou
pa·ofundo silencio, lemb1·ou que j1\ Linha fallado
em ontro tempo âcerca do mandar o governo
perseguir o conde do Rio P1u·do ue era mais
creio que excederia a de todos. N do devo replicar o 1a o o quo oao on1 ac o ; e quan o nas e
a nenhuma das individualide.des que se apresen· anno se tratára dtl resposta a falia do throno,
tariio, senão que apezar de não sor isento do ello orador se pronunclilra de uma fórmfl bem
erros, ou infalllvel como homem e de ter dete!Los, clum a respeito da secretaria da jtn!tiça que com·
me hão de permlttir, que ain(ia assim me satis- purou á lntenJencia geral di\ policia, alludindo
faça de ser como sou, sem trocar o m~u proce- ao mos mo f~&cto acontecido com João Bonifacio,
dimento particular e publico com nenhum dessos mas que se lhe respondêra enti\1) que nil.o convinha
senhores. A minha humilde opinião a respeito fallar contra o mioisterio de 7 de Abril.
de mim mesmo deixa· me pensar que tenho sem· Concluía votando contra o parecer da commissão
pre cumprido com o dever de homem publico. e pela emenda do Sr. Castro Alvares.
(Apoiados.) O Sa. CARNEIRO DA CuNH.A. explicou em breves
Voltando ao objecto em questão, disse-se aqui palavras que o seu comportamento tivera sempre
que João Bonifacio não era cidadão brazileiro por fim o bem do seu paiz, podendo hlvez ter·
e por isso lhe não pertencião as garantias dos se enganado, mas sempre com os olhos fitos na
direitos naturaes estabelecidas na constituição. prosperidade da patria: e- declarou que não tro-
Já um honrado membro refutou isto satisfactoria- cava sua conducta com a de nenhum membro
mente; além de que os Srs. Odorico e Castro da casa.
Alves disserão o que se podia desejar. Passou a votar-se e afinal farão rejeitadas
Estou persuadido que a constituição quando todas as emendas, assim como o voto separado
no tit. So reconhece os direitos civis e politicos do Sr. May, e •P rovou-se o arecer das com·
· - · i -o en-o mlSSOeS.
cor a inviolabilidade destes direitos individuaes
quo competem a qualquer homem, seja cidadão O Ss. PRESIDENTE declarou a continuação da
ou não, e que a unica differença do cidadão ao discussão· adiada da sessão anterior sobre a
estrangeiro consiste nos direitos políticos. Se isto accusação do ministro da justiça.
é assim, como se conserva preso um estrangeiro, O Sa. XAVIER DE CARVALHo notou que havendo-se
que depois de ter passado por um processo legal, dito na camara que a peste encontraria adula·
mostrou que não tinha crime algum? Como se dores se tivesse ~raças a dar, convinha mostrar
combina isto com a declaração de princípios em que não lhe serVIa a carapuça, pois no tempo
que se promettia sustentar as leis e a conati· de D. Pedro I, o qual tinha a força, o prestigio:
tuição? Qomo se quer dizer que ~rincipios de de faDJ,ilia, era fonte de graças e estava cercado:·
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9.4 SESSÁO EM 31 DE AGOSTO DE 1831


de esplendor, elle o orador cumprira sempre com nos entende-
os seus deveres, defendendo quanto as suas fracas
forçàs lhe permittião, os direitos da nação e vo-
tára sempre contra o imperador naqulllo que a
sua consciencia lha dictava.
Continuou que não podia tolber-~e de ma1,1eira
ai uma aos Srs de utados e r1 · -
mente os seus sentimentos e por isso ouvira
com magoa a censura acre que se fizera a um
Sr. deputado por ter-lhe es~apado uma phrase
menos reflectiàa contra um individuo ausente ·
ass1m como, que se pe isse em outra sessão ao
Sr. presidente que reprehendesse alguns Srs.
deputados que liavião assignado o projecto de
resolução para a adopção do codigo do pr.,cesso,
causas que o fazião tremer peh liberdade das
discussões: que elle se tinha imposto á lei de não
responder ás allusões que hontem se fizerão,
mas· que ~mquanto á ·pergunta feita com tanta
empha.se sobre o motivo que induzira alguns
Srs. deputados a votar a favor do ministro,
elle replicava que fôra a justiçll, a razão e a
verdade, unica bussola que seguia. E proseguio

Entrando em mataria, repito, que o facto pelo


qual é deuunciado o actual ministro da justiça
não contém c~iminalidade; e o repito com fran-
· , o~ o m1 ...
nistro da justiça não esteve nunca em duvida
sobre a antinomia das leis posteriores . ácerca
d_e cartas de ._seguro com a constituição. E' pre-
, .
convencido disto, como se vê da sua. proposta á
camara. O qu~ diz a proposta? Não diz que o
governo estava em duvida, mas que julga abu-
siva a concessão das cartas de seguro. Sendo
esta pois a npinião do ministro ou do .:;overno,
o que f•·z elle, senhores? Enunciou com fran-
queza esta sua. opinião ao poder judiciario, e
dis;;e.fhe : cc O governo está nesta opinião, tem
apre~entado a dita opinião á autoridade que só
pôde confirmai-a, e espera que entretanto não
se continue na concessão das cartas de seguro.>>
Deu-se a ui mandato? Or enou
po er JUdiciario que sobreestivessa na concessão
dos seguros? Nada m11uos: esperou á vista da
opinião que tinha e da communicação feita de
havel-a aubmettido á autoridade com atente e
umca que po 1a ec1 1r este negocio. Mas diz-se
contrB isto que os termos suasorios de autoridade
superior têm forca imperativa, e que a palavra
esperar indicava neste caso ordem, trazendo-se
pura prova desta asserção que o testador quando
faz um legado se serve és veza11 de taes expres-
aões.
Primeiramente tenho de advertir que os nr·
gumentos de analogia _Poucas vezes provão ,
porque poucas vezes c01ncidem exactamente; e
em segundo lugar que não se dá analogia ne-
nhuma. 0 SR. CASTRO E SILVA disse que não J>ertencia
O ministro da justiça não é, nem se suppõe, nem pertencera nunca á classe daquelles que
nem. pôde suppôr-se superior ao poder judicíario ; querião sustentar a administração, qualquer que
o governo está muito convencido de que o poder ella fusse, nem conhecia que houvesse na camara
judiciario é independente e tem dado todas as deputado algum a quem se pudesse attribuir tal
provas disso, conseguintemente não ha duvida desejo ; mas declarava francamente que havia
-que o ministro reconhece que não é superior e de sustentar a administração emquanto ella
não pôde reputar-se imperativa. a sua pnrtaria: procedesse segundo o . systema · proclamado e
nem pôde servir o ·argumento do testador u11.ndo-o • d - . •
e amen o, CUJOS ermo a n a que sejão se deslisasse destes princípios lhe faria toda a
rogatorios importão ordem, porque o testador resistencia legal, porque tinha feito parte da
dispõe do que é sau. O ministro reconhece que opposição legal contra a administração passada,
não é superior ao poder judiciario a quem põde no que tinha muita honra ; porém não faria
sb chamar á responsabilidade; e é para isto nunca uma opposição obstinada, frenetica e re·
talvez e para proceder com maia justiça que volucionaria (muitos apoiadas), visto que para
elle adverte e insinua a opinião Am que está e sustentai' uma tal opposição servião como armas
a dependencia da resolução ácerca della. Se nós principaes de que era preciso lançar mão, a
continnamos na marcha desgraçada de confundir "imprudencia, animosidade, etc., etc., c;lo que elle
a etym.ologia das pàLavras e de mu.dar a .accepção orador _se julgava incapaz e f~~ozia igual justioa
que o uso lhes tem dado, a poucos llassos es- aos ma1s membros da casa.
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SESSÃO EM 31 DE AGOSTO DE 1831 95

Joaquim de Oliveira Alvares, as quaes tinhão esta augusta camara em 1828 quiz 'emendar a
então sido julgadas muito fortes, e havião dado lei sobre as c>lrtas de seguro, appareceu um pro-
o triumpho á minqsja contra a maioria e por jacto em que não se admittia outro meio' de
isso devião ·agora 'valer tambem muito que os defesa senão o das fianças, o qual projecto teve
defensores do ministro argumentarão, que apezar discussão. O codigo do processo admittio o
de dizer o ·§ 17 do art. 179: «A' excepção das mesmo principio. E tendo a nossa constituição des-
causas que por sua natureza pertencem a j:~izos conhecido este meio das cartas de seguro; como
particulares na conformidade das leis, não haverá queremos nós accusar o ministro por querer
fôro privilegiado nem commissões especiaes nas sustentar a constituição que elle entende como
causas cíveis ou crimes >> ; todavia a camara re- a camara, e todo o mundo entende.
conheci~ que !la via a_nti no mia ~a cons~ituição Appnrecerão ha poucos dias nesta casa um officio
· · a· · re a du i ue tinha e
projecto para abolição das commissôes militares expPdir os títulos a um conego nomead•l p•ua a
que as leis antigas autorisavão: que elle, com Sé do Pará, por causa da lei que suspPndeu a
os que sustentavão a accusação respondera a concessão de canonicatos, e outro do mmistro do
isto ue a constitui ão era a lei das leis salvo im erio com duvida semelhante ácArca dos des-
aquellas que erão regulamentares, e ainda quando pnchos necessarios para profissão da Ol'dem de
aquelle artigo· do projecto houvesse de passar, Christo a dous sujeitos que tinhão aquella graça,
era redundante, porque o artigo da constiLui- a qual estava prohibida na lei das attribuições
ção devia executar-se e o ministro o tinha da regencia : ambos esLes officios forào mandados
Vlo ado. s comm1ssoes e JUS IÇa CIVI e ecc es1as 1ca, as
Outro argumento produzimos tambem, conti- quaes decidirão que não devia haver duvida algu-
nuou o nobre orador, quando o dit') ministro ma, porque as di tas graças erãu anteriores ás leis
ordenou que nas províncias se houvessem de que as prohibirão. Ora, daqui se vê claramente que
executar as sentenças, independentemente de virem o ministro suspendeu a execução da lei que manda
ao poder moderador. Os defensores do ministro expedir estes titulos; mas as.commissões e a cama-
o justificavão com o artigo da lei de 11 de Se- ra que approvou o seu parecer, não o entenderão
tembro de 1826 : i< As excepções sobre o artigo assim, e resolverão a duvida sem que se achasse
precedente em circumstancias urgentes são de criminosa a suspensão, e agora tendo o mini.stro
priv!ttivo conhecimento do poder moderador. D recorrido a esta camara por um c~>so identico
Ao que nós respondemos: que esta lei não podia havemos de achar-lhe criminalidade? Se o ministro
ir de encontro á constituição,
. . . a qual dava ao appellando p~ra a carnar~, !l_resi?eito d~s ?art~s
tenças antes da sua execução ; logo, não podÚio comrnetteu' quando appellou para ' a camara a
executar-se sem esta formalidade e por isso o respeito de concessão do titulo de conego, e então
ministro tinha
. exorbitado
. .
da constituição,
. . - porque
. . '
apparecerá a major contradicção. se o acc11sarmos
se então este~;~ argumentos farão tão valentes Um illustre <leputado disse que defendia as cartas
como hoje em um caso destes se quer sustentar de seguro, porque erão garantia dos cidadãos, e
o contrai'io disto? Vejamos o ~ 9o do art. 179. principalmente dos. cid11dãos pobres. O illustre
(Leu-o.) deputado encarou as Mrtas de seguro. sómente
Note-se bem que a constituição em diversos por este laJo, quando as devia· encarar tambem
artigos, .quando quer que fiquem dependendo de pelo lado da innocencia. Não mereceria conside-
uma lei regulament,lr, diz como no · art. 151 : ração ao nobre deputado uma desvalida viuva e
<< nos casos e pelo modo que os codigos deter- míseros orpbãos, cujo marido, crijo pai fôra morto ás
minarem.>) E no art. 153: cc pelo tempo e maneira mãos de um assassino sendo assim privad:1 a pri-
porque a lei determinar», etc. Ora, de todos meira do unico protector que tinha, e os outros
estes artigos se vê que a constituição em alguns da unica fonte que lhes ministrava os meios de
dellés submette a sua execução ás leis regula- snbsistencia ? Não o moverião as ·lagrimas de
mentares, em outros casos não admitte lei re- tão infelizes entes reduzidos ao desamparo pela
gulamentar e falla no presente. Ora, dizendo o maldade de um assassino, de um faecinoroso,
~ 9o do art, 179: «nos casos que a lei adrnitte » prompto a commetter todos os crimes. · · ·
pergunto eli :..:..temos leis que tratão das fianças Estou certo pois, senhore!'l, que antes devemos
ou não 'l-Temos; logo, existe esta lei regulamen- attender aos innocentes do que aos criminosos, e
tar para ter andamento a constituição; e se nós não concorrer de modo algum para a impunidade.
dizíamos em outro tempo que todo o artigo con- Além de que as cartas de seguro não sã•J dadas
stitucional devia ser cumprido independentemente aos pobres. Estes valem-se da carta de seguro
e.: 81, como queremos su r in r um i n ur . -.. _, ' . .
futura a execução · do paragrapho citado quando precisei muito dinheiro para as obter ás vez~!'! ;
a constitnição se refere· a uma lei existente 'l ellas servem para um Pinto Madeira~ etc. ·
Isto é càntradictorio. No meu modo de pensar acho por isso que
Os princ:ipios da camara sempre forão que com muita sabedoria farão abolidas pela consti-
nenhuma lei podia ter força contra a constituição ; tuição as cartas de seguro : &fim d_e qüe o, cri-
e como o governo tem iguaes deveres de sustentar minoso conheça e tenha a certeza de que, com·
a constituição, é claro que infallivelmente a deve mettàndo crime, ha de ser castigado p~ra que
executar' 'com prefel'encia a outras quaesquer não attentem contra a vida dos cidadãos ; 'i'~zões,
lets; · · pelas quaes sou de voto,' segundo a minha c~m­
um· lllUJtre deputado disse que nós não podia- scietrcip, que não deve proceil'er R' denuncia feita
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96 SESSÃO EM 31 .DE AGOSTO DE 1831


contra o actual ministro da justiça. Peço por para que nunca houvesse um pqnto central no
fim aos Srs. deputados que attendão ao p~e­ Brazil. Não ha pois esta opposição, esta con-
cioso tempo que estamos gastando,_quando al!~s trariedade. E' como hei de fallar em a tal anti-
trabalhos mais importantes reclamao nossos cul- nomia.
dado_s. Sobre .o fôro . militar disse o nobre
. . deputado
.

entreg11es a si mesmos, não serião capazes de se essencialmente ligado aos cargos, isto é, que o
consolidar, e acabarião ·por se destruirem uns aos alferes o tenente, o capitão estão debaixo do
outros. » Olhemos para esta propheciu, e prescin- fôro ge~al da nação. .
damos das opiniões daquelles qut: au,;rem levar Não farei carga aos que pe.nsarão de Ul!l mod~
a nação não sei aonde. Por isso V·•to pelo pa· em certo tempo, e pensã(l hPJ.e de outro ; Jã falle1
recer das commissões e contra o voto separado. nisto em outra occasião, e estejlllo certos os senhores
(Apoiados.) desta ·casa, assim como todo o mundo, que não
o Sr. Castro Al. -ves : - Como sou autor sou levado pelo terror ; a minha marcha é em
linha recta · poderei encontrar esses punhaes e
do voto separado, é natural que o defenda e que ameaças, rr:as andarei para diante emquanto não
analyse o voto dos outros Srs. deputados, mem· cahir aos pés do assassino. Castro AlvAs J?ãO
bros da commissão. Ver~ tambem se entendC! se arreda da carrtlira da lei, da razão e da justiça,
r avra são es as as mw as usso as; e respon o asstm
preciso explicar. a tudo quanto se tem dito, escripto e continuar
Quanto ã antinomia, creio que antinomia é a escrever: não dou peso a papeis sujos .que
opposição entre as leis. Ha no parecer tambem sujão aos proprios redactores, trato-os como papeis
outro lu ar em ue se diz : cc ue o ministro é e em ru ar, escrevao o que qu1zerem : po 1ao
evidentemente louvavel. » Concedo que louvemos vender papel limpo, vendão papel sujo.
aos amigos. No segundo diz: cc ainda que menos Negou-se que as cartas de seguro fossem ga-
bem pausado. »- Que quererá dizer este cc menos rantias do~ cid~dãos; po~s vamos ver a consti-
pensado, » a respeito de co11sa de tanta monta,
quau o se ra a a suspensão e uma ei. ' feito por se querer accommodar de um lado e
erro 'l Erro de offiCio 'l Logo, o ministro errou
no seu officio. Será isto assim ? Creio que é bam não do outro.
deduzido. Diz que obrou em cousas de tanta pon- Notemos, senhor.,s, que o art. 179 ~ 9• diz :
<c Ainda com culpa formada ninguem serã con·
deração menos bem pensadamente, quer dizer que cc duzido ã prisão ou nella conservado, estando
não refiectio, não pensou como devia o ministro, « jã preso, se prestar fiança, etc. » Logo, antes
a respeito de leis existentes, de mandar-se dar de formada a culpa pôde haver uma causa iJUe
ou negar aos cidadãos uma garantia. evite a este homem u ir ã prisão. Q11al. ·é esta
Trata11do-se de negocio tão importante diz a com- cousa? E' a carta de seguro. Eis porqne não ha
mi~são que o ministro obrou menos bem pensa- antinomia, isto é contrariedade, opposição : ha-
damente, não refiectio, errou ; logo, tem erro de vendo sempre ambas us cousas cartas de segu~o
.offi.cio. •.
parte do espera. E11 dizia quando nomia ou opposição, porque o artigo não diz,
tinha escravo, hoje não tenho nenhum, nem quero haverá só fianças ; nem declarou que não havia
ter, mas quando dizi>l ao meu escravo: cc eu no Brazil autoridade alguma que concedesse se-
espero que tu faças isto ; » dizia o escravo : uro or ue então eu nada izi · -
« eu vou aze -o, senao ll).eu sen or me vai ao fallando nisto a constit11ição, terã autoridade o
pello. >>Havemos de nos desenganar sobre este sen- ministro de atacar leis positivas consuet11diilarias
tido se attendermos ã portaria em que o ministro que existião antes da constituição ? A constituição
estranha aos magistrados o não lhe terem obede- prohibio? Não. Logo, ao menos permittio, con-
cido. sentio, e se falia nas taes fianças é para os casos
Mas, Sr. presidente, louvores sejão dados mFmlados na constituição. Nfio ha opposição entre
aos que não quizerão obedecer : entretanto que a consti tuiçã.o e as leis posteriores ; e se acaso
vejo ~e alguns obedecerão,. porquanto a portaria a houvesse, quem é entre nós que tem direito
de 28 de Julho diz : «A regr.ncia tendo em vista de interpretar leis ? E' a assem bléa f:teral legis-
<< o seu officio de 26 do corrente, em que mostra lativa unicamente ; e só da assembléa é . que
« a repugnancia de· alguns juizes em deixar de adaptarei interpretação de lei e não de nenhum
cc conceder cartas de seguro, etc. » Logo, não In di vi duo ou corporação.
forão todos os que não quizerão obedecer ; logo, D11as assembléas geraes legislativas que têm
houve alguns que deixarão de as conceder ; e existido depois do juramento da constituição, têm
está em pé a ordem do ministro ; e demais é determinado e providenciado sobre as .~artas de
facto que não sabemos se a ordem foi só para seguro, como Vbmos nós pois um só homem dar
a côrte ou tambem para as províncias. Como uma intelligencia differente, e resistir a tanta
pois se quer defender o ministro, affirmando que gente de juizo e de conceito no Brazill Senhores,
a ordem não teve effeito ? vale ou não vale a lei ? E11 não quero tratar de
Quero .responder a alguns senhores, e princi- indivíduos, não quero tratar de doutrinas op-
almente a u · - · . . ; . . -
mysteriosamente, e que entendeu que não proce- ha lei sobre ai cnrtas de seg11ro? S~ ha lei, quem
diiio os arg11m9ntos por mim apresentados em foi que atacou positiva e expressamente .? E'
outra sessão. Por mais, Sr. presidente, que eu para mim maravilhoso o principio· de que as
folhêe a constituição e a examine no artigo cc força cartas de seguro são contra a co nstituiçiio, por-
militar, » não vejo as palavras cc commandante que ella as não mencionou I Se passar tal prin-
das armas. » Se a examino .sobre o governo das cipio, toda aquella e~pecie em que a constituição
províncias, nem uma palavra encontro sobre os não fallou é contra a constituição.
mesm11s commanda.ntes de armas, entretanto elles Senhores, eu quero obediencia á lei, •Seja quem
continuiio, apezar de não dizer nada a constituição fór: não conheço ninguem que niio esteja sujeito
a respeito delles; e não sei tambem que lei á lei ; se por isso me quizerem enxovalhar,
consuetudinaria os mandou conservar, se não é acabarei mas com gloria, defendendo este prin-
- certo desejo que houve de separar as províncias cipio que ha de acabar commigo. Ha leis antig!ls
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SESSÃO E~f 31 DE AGOSTO DE 18:31 97


sobre as cartas de seguro e outras posteriores sidente que occupára (apoiados) ; lugar a que
á constituição, sendo estas duas pelas duas . havia alludido o Sr. Ernesto.
legislaturas unicas que têm existido, as quaes
maodárão dar cartas de seguro. Como é pois O Sa. MARIA. no AMARAL disse que votay-àl'pela
que não se devem dar as cartas de seguro 'l accusação do ministro, afim de que elle~,reilp_oll;
Porque um homem diz que entende a consti- desse e se ventilasse o negocio ~ais prq"{gli~aj· •
tuição de outra fôrma e que fez aqui uma proposta mente, podendo acontecer que depo1s disso. votasse" .
a favor do ministro. ' ·1<
ácerca da uelle ob'ecto I I Tomára u
mmis ro da fazenda assente lá para si de propôr a. ONTEZUMA disse que nunCJl .esperára
um imposto (~ 1• do art. 36 da constituil)ão) e que tantos ora~ore.s toll!-es:;em parte n~_:c;lj,scusaão,,,';·,
viesse aqui fazer a propos.ta do imposto ou tri- porque no primeiro dia em que se· tratou da
buto, e depois dissesse: já fiz. a ro osta á denuncia do Sr. Feijó oucos orador-es havião
. r o~ epu a os, Eague po1s o povo o apparecz o, c egan o muitos Srs. deputados a
Imposto. E par~angaçao, senhores, ou é para retirar-se da sala na occasião de estar-- fallando
decidir o negocio que o ministro vem fazer a elle orador, o que attribuio a terem. elles já
proposta ã camara 'l Decidio a camara a proposta formado a sua opinião sobre o· caso e não se
aqui trazida pelo ministro? Já autorisámos o intere&sarem nas delucidações que poderia haver,
mini~tro a suspender as cartas de seguro ? Não as quaes comtudo erão precisas para encarar o
, haviao as leis de 1828 e 1830 que davão provi- objecto por todas as suas faces, a produzião
dencias sobre as cartas de seguro'! Jurou-se a muitas vezes mudança de votos, aliás pensados
constituição em 1824. Desde 8 época em que 8 e meditados em casa ; mas hoje o negocio tinha
constituição rege nunca se encontrou opposição tomado outro caracter á vista do grande numero
entre as cartas de seguro e a constituição, era de illustres oradores que tinhão debatido a ques-
pr~ciso que houvesse artigo expresso da consti- tão. Antes de entrar no assumpto pedia . aos
quer lei posterior estar em antinornia ou oppo- commissão, que respondessem passo a p~sso e
sição com a constituição: não ha tal artigo nem argumento por argumento, e que fossem francos,
cousa que o indique; por consequencia o ~in.is~ro pois não era o propr~o interesse q~e _o moveu
,
da 'ãssembléa geral legislativa e está bem accu- defendia assim a causa da nação, e não só
sado. Vendo-me na necessidade de cumprir o lhes pedia mas atá o aconselhava aos ditos
aque vós, senhores, .me mandastes, de satisfazer
. Srs. dep~tados por interesse, honr.a e dignidade
opinião, eu a enuncio nesta casa com toda· a por ser dado gratis.
franqueza e sustentarei o meu parecer separado Continuou. ·a fazer mais reflexões sobre este
valos rnotivos e1.postos, pois não concederei ponto, dizendo que os Srs. deputados forão postos
nunca que um ministro diga que é preciso sus· · pela nação naquelle lu_gar, para dizerem com
pender garantias, e as suspende por ter vindo franqueza as suas opinioes, para defenderem a
fazer·· urna proposta â camara ; assim como que lei e serem os primeiros zeladores da causa
prop11nha a creação de um imposto (S) 1•, art. 36 publica, como homens livres e amantes de seu
da constituição) e passe logo a eJtigir este im- paiz, e trouxe para exemplo o Sr. visconde de
posto do povo. E' este o estado a que preten- Cayrú, a quem fez os maioresi'. elogios, porque
díamos chegar ? E' para isto que temos tra- esse velho honrado e respeitavel (muitos apoiados)
balhado? E' isto o que quer a nação brazileira? constantemente tinha enunciado as suas opiniões
Então quem quer que !ór õde man ar com a no mesmo sentido como esultado da
assem a gera , pode I udir a nação, pó de vicção sem attender a circumstancias e lugares.
opprimil-a, sem que ao menos tenhamos a con- E proseguio: ·
solaçãO' de dizer : não faça tal. Entrando em mataria direi que a maior parte
dos ar umentos or mim roduzidos no meu
primeiro scurso a este respeito, acha-se ainda
. 9 Sâ. AURELIANO disse que não tivera tenção intacta: tem-se insistido unicamente em que ha
de fallar, nem o faria se não julgasse necessario antinomia. Eu comparei, Sr. presidente, as pa-
pelo ·que hontem ouvira ao Sr. Ernesto, dar as lavras do paragrapho da constituição com as da
·. razões.-- porque votava a favor do parecer da primeira portaria e depois com as da segunda,
com~issão: que não tratava d~ questão se o e prova que havia criminalidade: não se tocou
mimsti'o fez bem ou mal para nao correr o risco porém neste ponto, nem tão pouco na demons-
de .repetir argumentos já produzidos, aos -{).uaes tração que fiz de que a portaria de 22 de Julho
pouco ~eria que accrescentar; e por isso limi- tinha por fim suspender uma garantia, ao que
tava-se..~'& declarar que julgava conveniente que só se respondeu repetindo o argumento feito sobre
a accusação não procedesse; no _que ia de accordo a palavra '' espera » o qual não vinha para o
.COII"-''PS:.principios que o Sr. Hollanda Cavalcanti caso e tinha já sido refutado por mim. Nenhum
·suilteu~'ê:ra por occasião da accusação de José Sr. deputado tomou a seu cargo rebater os ar-
Clemente,. que votava tambem contra a accusação, gumentos que formei sobre a comparação das
, em··-~vittude de outro argumento que o dito duas portarias, os quaes eu agora não repetiria
Sr~ Hollanda aportára na mesma occasião, e se não fosse necessario que os Srs. deputados
vinha a ser, que se tinha pegado neste ministro que me querem fazer a honra de me combater,
da justiça por uma têa de aranha (apoiados) ficassem mais certos nas razões q11e me servirão
quando elle orador queria que sEI' lhe pegasse de fundamento. O principal argumento, o argu-
por uma amarra ; que fóra obrigado a fallar or mento essencial aqu! produzido, f<!i' dizer·se que
ter ue ·
os eputados favoraveis ao parecer, dizendo que não mandava nem tinha fim nenhum impe-
que querião empregos, e recommondava que se rativo ; todavia não sei como se possa continuar
appellaese para o tempo, o qual havia do provar sempre nesta asserção â vista do ofilcio de 28
.quem erão os que mais dosoJ.rwão empregos, ao de Julho, que depois de enumerar muitas razões
. aquelles senhores que votaviio a favor do mi- pelas quaea o ministro pretende justificar a sua.
nistro, ou que votavão contra (apo~mlo1) ; oum· conducta, acaba assim: << muito mais quando o
prindo comtudo declarar que apezar delle orador << principal executor della tem pedido à autori-
não· ser abastad? ern liens nll'o f11rla balxesas ct dado competente a necessarfa interpretação,
. para obter empregos; entretanto quo oatava por· " encontra muitos artigos no codigo · criminal
suadido de ter feito serviços no lugar de pro· u quo lbo recommendiio observar a constituição,
TOMO~ I;J
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98 SESSÁO EM 3.1 DE AGOSTO DE 1831


{( proceder contra os deli~quentes e-obedecer a~s sustentar o offi.cio das duas portarias de 22 e· 28
superiores. >> Perguntaret eu: ent~o qu~D:l sao de Julho. O que só podem provar, é que no
os S)Jperiores de que se trata? E o mtmstro. Rio de Janeiro não teve effeito1 porque o corpo
.-. A_·· em"·· se refere a idéa de superiores ? Ao judiciario que tem sido aqui tantas vezes' mal-
'· ~6;o ''judiciario; a_ quem .elle mandou. Istp é - tratado, se conduzia da melhor maneira possível
.•l~IP,éQ .. é exaeto, e nao . admüte ~ menor duvida. e os magistrados de França e de Inglaterra não
se es onranao e a ver pra 1ca o um al acto:
honra lhe seja dada por isso e muito me com-
prazo de achar esta occasião para advettir que
não póde deixar de ser injusta a censura que
r - i en s. or consequenCJa,
•,[,;.« isto ui~s&íô' aos _juizes que duvidão 'coll:cord~r não se havendo tocado nos meus argumentos a
······com aAeliberaoao do g?verno, para mt_!!l!!-· tal respeito, elles ficão em pé.
« gericia.,. dpª mesmos ll; Isto é, que d~v1dao Um illustre deputado to'l!lê!!do a seu cargo
executar fázer o que o governo deliberou. To· rebater o argumento por mim"-ptoduzido, de que
ma·se bem sentido nas palavras (( deliberação as cartas de seguro são uma verdadeira garantia
do governo 11 não foi pois m~l pensadamente que para os•pobres, entendeu que eu dissera que as-
elle expedia a \)ortarla.-Nao.-0 meu honrado cartas de seguro erão sómente dadas aos pobres,
collega membro da comm!ssão deve saber que e que não sendo isto exacto, o meu argumento:
« cieliberação 11 em boa logtca e em casos taes, não convencia.
é depois de discussão, de ter sido o objecto Mas o illustre deputado ha de permittir qué
apresentado no conselho de ministros, onde se lhe lembre que eu não disse que se d~vão as
· uramente e s n
o Sr. deputado querendo defend.er o governo, lhe
fez 0 maior ultrage que se lhe podta fazer, porque o
tratou de ligeiro, de irreflectido, de obrar sem
uresa ar ui ão ue me are e i ·
porque o governo discutia e deliberou ; e disse
na sua portaria de 28 de Julho, cit11ndo artigos
do codigo, que os magistrados devião confor-
mar·se C"Om esta deliberação. E fallatldo assim:
mandou? u pe to e esperou s rs. deputados putado affi.rmou que os alvarãs de fiança· erão
que me ouvem e a nação responderá, dirá quem dados R todo o mundo, que era cousa" pequena
tem razão. A. p;,.lavra <<espera», é, genhores, o prestar fiança, porque havia muita :..hq~ra e
um destes subterfugios improprios, como que se generosidade na sociedade brazileira e que não.
quiz salvar o ministro nesta occasião, não póde h11via por isso difficuldade em os obter. Creio
merecer a attenção nem dos meninos nec pueri que pouco mais ou menos disse isto~ . Porém,
credunt. senhores, eu não neguei que algum hoinefu· :capaz
Nem se trate este argumento de sophismn, e honrado, apezar de pobre, obtenha .fiádores ;
porque quem o disse é que. s~phismou quando mas isto não quer dizer que em geral e em .~heee
redigio o parecer da commt~sao, e em outras as cartas de seguro não sejão mais racifme~t~
occasiões mais QUe eu podena apontar, sa tem obtidas do que os alvarás de fiança, e pOJ: :isso
•sop~lismado e que não ap~nto porqu.e gosto tenho razão para clamar ue as cartas de se ro
sao uaran tas para os po res, e insisto ·neste
argumento emquanto não se provar o contrario.
Disse eu mais que o ~ 9° do art. 179 da con·
, . . stituição, que se queria considerar antinoinico com
ns e1s ex1s en es, nao m a ta an nomia e
os irei eu buscaL·, a não ser em uma nação tão que o verdadeiro sentido delle não era. m•is ~o
civilisada e cuja experiencia nos póde ser de que uma cautela que tomou a constituiÇió'para
tanta utilidade? Na Inglaterra, senhores, não ee firmar, regular, consolidar este recurso, este·'refue·
costuma usar dos argumentos ad homínem, por~ dio de direito. para que não se abuse ·,dQlle e
que muitas vezes póae um individuo pensar com para que o. juiz não tenha arbítrio algliuf~j~ilta ·•
alsuma differenQa do que pensara em outra occa· é a manetra porque entendo a COll~tjtaJçaQi e
síao, ·sem ter mudado de princípios, porém por é o que se deJ>rehende das palilvras <do ·§''9•:
causa de outros accessorios que o fazem encarar « Ainda com culpa formada ninguatn:Jierâ. ·.rí9n·
o objecto por outro lado, que não está compre- << duzido á prisão, ou nella conservàdo···e!!tando
bandido nos ditos principias, e por isso não se « já preso, se prestar fiança idonea nos -casos
• admitte lá esta maneira de argumentação. << que a lei a admitte, e em geral nos Crimes
Não referirei pois os Srs. deputados que têm << que não tiverem maior pena do ql!e::,â de 6
sophismado em outras occasiões; mas como « mezes de prisão e desterro para fóra d~Dlarea,
um illtistre d'eputado, citou um ·pedaço de meu « poderá o réo livrar-se solto. >> E' pata~~lbar
discurso e alguns argumentos meus quando sus- com a pratica de encarcerar a multtpll8ld$dê'dà
tentei que não era criminoso José Clemente Pereira; infelizes que vão acabar seus dias ~cadêaá
responderei ao illustre deputado que sem razão que a constituição estabelece uma regra 'fixa,
nenhuma 'de boa ou má fé poz na minha para serem concedidos os alvarâ.s de fiancr., · e··
boca o que eu não disse, e s11bsistirá portanto para independente delles o réo poder-se -u'trar
a demonstração que fiz, foi subterf11 io o argu· solto em cert
so re a pa avra << espera >>, v1sta Ora, v11jamos agora o que faria a constituição
das expressões das portarias de 22 e 28 de Julho. quando quizesse excluir outro remedlo. Em tal
· Mas, senhores, para ir com mais ordem exami· caso diria: o unico remedlo que p6de privar o
narei os outros eorollarlos que se devem tirar cidadão de ir à cadêa, ou fazer com que nilo
do meu discurso, e que não forão tocados pelos seja preso, será a fiança. Se acaso a· constUulollo
senhores que falládo contra a accusação do determinasse que este era o unico meio, ainda
.. Sr. ministro da justiça. Provei mais, senhores, que não especificasse as cartas de segt1ro, poderia
·-:que· posto ,que a portaria de 28 de Julho fosse o argumento do Sr. deputado ter algum ponto
antecedente á denuncia dada nesta casa contra de veracidade; ainda quo lhe obstaria . sempre '
o ministro, comtudo nenhum Sr. deputado tinha a objecoão lembrada pelo Sr. OasLro Alves, :de
-ainda mostrado para attenuar a criminalidade que· não _podia conclulr·se, · por não ter . a con·
~o ministro, que elle tomára alguma medida para stituioão mencionado qualquer cousa ou disposição
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:53 - Página 13 de 16

SESSÃO EM H1 UE AGOSTO Dli um1 99


que tal cousa não ,devia existir, ou tal dispo- e admittindo em these, deixaria impunes a todos
sição está revogada; porquanto daqui se seguirião os réos, visto que sempre o juiz poderia affirmar
os maiores absurdos. que tinha duvida, e entender a lei pelo -lado
-Oomtudo eu acharia bom o principio de admittir favoravel: e portanto julgava não se ter .enuiL~,
sõ -a constituição, e desejaria, se fosse exequível, ciado de tal maneira em o assumpto tãd' gravlt~:
que elle se· consolidasse em nosso ·paiz ; porque · antes haver-se ex rimido com mui · -·
~· - s i mçao, cava scten e o que pretendia provar não bullas falsas, mas
de toda a legislação do. imperio e obtinha-se um com o Correio da Gamara dos Deputados, ·em qué
grande desideratum. não tinha a menor ingerencia, e que lhe parecia
Mas é absurdo, e por isso não pôde admittír-se isento de parcialidade, o ual Ool·reio.:leu··no lu ar.·
· - , o rs. e- correspon en e, e izia: << quando· ,à~f,;;,t ata de
putados sobre si a nota de sustentarem um « materias criminaes, e ha duvida sdti!<ti"a intel-
absurdo. << ligencia ·de uma lei ou da constitui~'; quere)'
Insisto tambem e!!) outro argumento que apre- << dizer, quando não 'tendo um ministrcf dUvidado
sentei no meu primeiro discurso e de que igual- « da constituição, antes dizendo tel-a seguido á
mente não se fez caso, sobre ter a commissão « risca, lhe oppõe por outra parte a camara,
reconhecido a criminalidade do ministro, se bem << -que a constituição não deve assim ser enten-
que lhe não achasse o grão sufficiente para merecer « dida: - pare<Je-me que emquanto não se· pro-
castigo. « vasse que houve dolo na dita interpret~ção do
· Notou depojs que o. proprio ministro dava « ex-ministro se tivessem em vista os principias
ao · artigo dá constituição diversa intelligencia u de razão e de justiça, pelos quaes nos deve-
daquella que indicavão os seus defensores; pois « mos inclinar . em caso de duvida ao lado favo-
e c'. m . . . '

fôro militar dizia: que não obstante o ~ 17 do correio, em que se encontrava a seguinte passagem.
art. 179 da constituição, devião continuar os pri- do mesmo. discurso :
vilegies por falta de lei regulamentar, que ponha « Tenho a desgraça de não ser bem enten-
em aiJ.d.amento o artigo da constituição. « dido, porque se toma sempre absolutamente
Ponderou que examinando-se bem o estado do « quando fallo debaixo de hypothese: eu disse
processo em casos crimes, se veria que não só « que no caso de duvida sobre a interpretação
as ,cartas de seguro erão uma garantia social, « de um artigo constitucional ou de lei, que um
mas )lma garantia muito necessaria nas actuaes « ministro entendesse de fórma differente daquella,
circumstancias, em que todo o mundo sabia, como « porque era entendida por alguns Srs. depu-
a·e tiravão as devassas; e ainda suppondo exactis- « tados ou pela camarn, era necessario que neste
sirno ,quanto disse o Sr. Paraizo ácerca da impar- « caso apparecesse ao menos dolo drt parte do
cialidade dos juizes; em não escolher testemunhas « ministro, para que a criminalidade · pudesse
paJ;a fazer. crime;. não se poderia escapar aos cc proceder. » E á vista destas citações conclui o;
abusos :que não vinhão tanto dos magistrados que o Sr. deputado lhe attribuira o que elle
como ,(lou-. escrivães, alguns dos quaes e~corr~· não dissera; e advertlo que tanto cuidado tivera
ando.::se~Íhes uma porção de leuras não duv1davao o redactor ·do Correio · · -
seus everes: quo a car a e seguro a opinião delle orador, que até puzera em grifo
e:ra: ,9- unico meio que tinha muitas vezes um as palavras << neste caso »: e depois de feitas
Q.oQ1e~ a que_m seus inimigos querião perde_r com mais algumas reflexões breves, proseguio:
uma •ccus&çao falsa, de livrar-se solto eVltando Sr. presidente, o Sr. deputado me obriga a tomar·
grav.ss !hcommodos a ver-se confundido com gran- uma. tarefa que eu não tinha tenção de encetar
des· criminosos nas prisões, ou antes nesses car- quando fiz o meu primeiro discurso; pois prin-
ceres e outros de horror, onde gemia a huma- cipio por declarar á camara que tratando desta
nidade ..desvalida, sem bem crmparavel á morte accusação, intentava limitar-me ao objecto àella,
o s~ntimento que experimentaria qualquer homem sem tocar em causas que não tivessem relação
probo ~dj} . ver·se obr1gado a sepultar-se em seme- com elle, num me importar com a conducta do
lh~n.~s:masm,orras, antes de poder-se conhecer ministerio ou com os princípios da administração
a ·s.uaJnocencia . presente; mas um Sr. deputado disse que deve
.·:J?~~pu ,a .responder aos argumentos dos que accusar-se toda a administração, e não parte ;
def~tp\31.~0 ~_-,parecer da commissão, e parecendo- e que se o todo da administração não fôr mão,
lhe que: .u,m .dos que se reputava mais forte, era então não deve accusar-se. Este desafio que me
aq~elle'q!fê f~ião com ns circumstancias do temeo fez o HlusLre deputado, me o_!Jriga a ent~a~ na
não: olhava para estes accidentes, mas era obri- '
accusado, inas dos outros ministros que formão
gado. a, zelar a execução da lei e a vigiar por- a administração actual. E notára a camara, depois
que 'eUa não soffress<1 quebra ou infracção ; e de feita esta analyse que a al'bitrariedade e o desejo
por .iss'o ..,eUe orador -não se julgava autorisado, de intervir em tudo indicavão a physionomia e
pa~à . fuporisar a tal respeito, faltando a seu parte característica por onde se deve conhecer
d~ · unir pela constituição e pelas leis. a administração presente.
·:: . ji suspensão que o e:~:ecutor deveria Passou depois a ler as duas portarias seguintes:
fàzér,A• is, em caso de antinomia entre ellas ; de 20 e 23 de Julho proximo passado.
julg01i' qult não podia ficar a dita suspensão ao « Tendo apparecido nestes ultimas dias alguns
· arl>itrio do poder executivo, porque não tastando <I amotinadores, promovendo por meio de sedição
regulado se ella devia rocahir sobre a lei re- « e conspiraçtlo, e).á por se~ucção. pôr ~m coacção
ulamentar O S • - ·-
ministros suspender esta ultima conclusão con- « se tornáriio tão publicas que bem facil é conhe-
traria lks intenções do Sr. deputado que apre- (( cer-se os indivíduos que nisso entrárão, manda
sentou este· argumento.·~ Declarou· se contra a « a regencia em nome do imperador, que v. m.
dlatlncoi!o ue se faz de ue o tnistro o met· C( f . - , ,
ra erro, mas nilo deltoto e que portanto não « crimes, tendo em lembrança que a lei · de 6
devia ser condemnado pois quo admittida olla « do mez pasiado impõe a pena de complicidade
nlo haveria criminoso que fosse punido. cc aos juizes que se mostrarem omissos em. casos .
Qllelxou·se de se lhe attribuirem expressões na « taes; devendo então antes de proceder contra ..
defeza .de José Olemente Pereira, que não tinha pro- c< os indivíduos dat· parte circumstanciada delles
ferido·, como era, por exemplo, que no caso de « a estfl secretaria de estado e d.as testemunhas
duvida o julz devia decidir-se pelo lado favoravel; cc que nppareceràm.
principio que . se fosse adoptado genericamente cc Deoa guarde a -v. m.-Paço, em 20 de .Julho
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1ocr·· · -?( SESSÃO Ei\1 31 DE AGOSTO OE 1831 ' ,'<":)~ ~


--
de l831.~Diogo Antonio Feij6.-Sr. desembar· conhecer na presença U.a lei, nem entendo á vista
gador _do crime da. córte e casa int~rin?· » . della o que é brazileiro adoptivo; porque não
« Sendo tão pubhcos os factos que ttverao lu_ gar achv semelhante classe nem conheço brazileiros
;1:11esta capital desde a noite de 14 do corren~e senão na fórma da constituição. Como· pois ·se
etp di~nte, onde grande n~mero_ de pes~o.as um- diz que um é brazileiro nato e outro adoptivo, e
das· á tro a armada derao gr1tos sedtctosos e isto em um na el authentico e edido ·
·,ngtrao ao governo reqmsu;oes por um modo cretaria de estado? Semelhante distincção é uma
illegar'rodeando o paço da camara dos deputados trffensa directa dos direitos desta pqrção de cida·
com attitude e vozes ameaçadoras com fim talvez dãos brazíleiros. ·
~de os obr_igar a acce.~er a taes requisições ; outras O Si 4• do art. 6• da constitui ão diz : « S-
·.vezes em ...{.9,1 _ • e mesmo en ro o paço c1 a aos raz1 e1ros.... todos os nascidos em
~i~perial';'•'')i\·. querendo arrancar um preso das Portugal e suas possessões, que sendo já resi-
·'ê"·nHiós dOi!-~Oldados, que o havião feito em fia· dentes no Brazil na época em que se proclamou
gránt'é; e?1sto com gritos e ameaças, já susten· a independencia, nas províncias onde habitavão,
tando a ·requisi~ão illegal do campo da honra~ adherirão a esta expressa ou tacitamente pela
no que _se declaravão complicas, mostrando ter continuação da sua residencia. >>
tido parte naque\la requisição e -ameaçando sus· Diz o ministro que p'egarão em armas! Quando'!.
tentai-a á força, já querendo tirar armas do Depois que forão cidadãos brazileiros e declarados
arsenal, já emfl.m commettendo assassinos e roubos como taes? Póde-se colligir do decqlto, que depois
em differentes partes. Manda a regencia em nome de serem brazíleiros pegarão em armas 1 Não.
do imperador, que·v. m. declare se já procedeu ao Antes disso obrarão aquillo que ~brolt muito·
necessario corp_o de delicto, e s_e deu principio á l;Jrazil~iro, e que tin~ão dir~it?_ de obrur. Ninguem

noticia do governo chegou, q~e muitos se con· ser convencido. Esta parte da população e muitos
stituirão réos dos crimes publicas, decl~rados nos nascidos no Brazil assentárão que não era, bom
arts. 85, 89, 93, 9-1,, 95, 9'!, 111, 117, 121, 192, o que se fazia. E que direito temos~_nó·s: de
o crime de sedição e de ameaças ao governo,
art. 97, o requerimento que se lhe remette e
que lhe fôra apresentado por differentes juizes
de az á instancía de mu'tos ·
Concluido o processo e feita a pronuncia dará derramar lialsamo salutar sobre as feridas·; ou
v. m ..parte circumstanciada de todo elle. por outra liouidar contas que só podião .ser
" Deos guarde a v. m.- Paço, em 23 de Julho liquidadas pÕr um esquecimento geral? ·Não é
de 1831.-Diogo Antonio Feijó.-Sr. corregedor este o genuíno sentido da constituição? Póde ser
do crime da cõrte e casa. )) outro? De fôrma nenhuma.
Depois de lidas estas duas portarias, notou Insistio depois sob~e o absurdo e ~m p~litica dtf
que na 2a o ministro havia invadido a indepen· um tal decreto que ta avivar esta r1val~dade -de.;:
dencia do poder judiciario, a qual era uma sal· classes de cidadãos, para della se valerem espíritos·
vaguarda da nação, por isso que especificára escandecidos, e introduzirem discordias até· nõ
os artigos do codigo nos quaes conforme a sua centro das familias, por haverem muitos brazt:.
opinião estavão,..incursos os indivíduos que to· leiros, cujos pais são nascidos em Portugal, e.que ·
mãrão parte nos a~ontecimentos de 14 e 15 de la despertai· o ciume e avidez e! s e
. p 'metra por arw. pronun~ pu 1cos, excitar rixas e promover calumnias, a m ,_
ciou-se da maneira seguinte : de serem expulsos uns para entrarem outros, e
Ora, senb.ores, pergllntarei ã camara, que tem mostrou que havião bastantes exemplos nas pro-·
que fazer o ministro da justiça com pron nncia viucias de desordens desta natureza sómerite or
causa a occupaçao os empregos.
das testemunhas e dos individuas antes de se Concluía esta parte do seu discurso manifes-
proceder contra elles? Terá elle de pronunciar tando desejo de que fosso recolhido. este décreto, .
tambem de commum com o poder judiciario? Terã o qual seria talvez causa de sahire~ do Brazu·
que tirar alguma folha de papel do processo? muitas familias. . .
Tel'á que fazer-lhe alguma emendo.! Ter~ que Censurou depois o mesmo ministro do imperlo
determinar alguma causa ácerca das provas ou pela expedição do officio de 5 do corrente mez de.
de entrar na consciencia do magistrado para Agosto ao director dos estudos em S •. Paulo, no
saber se pronunciou bem ou mal ? E' elle por qual pareci~ querer entrar no fóro da consciencia
assim dizer uma autoridade absolutamente reco· dos lentes do curso jurídico, como fez ver pelo
nheeedora ou fiscal do processo nesta parte. ou conteúdo da sobredita portaria, que leu. . ,
em mataria alguma ? Passando a tratar do ministro da marinha,.
A.cha concebida no mesmo espírito a outra disse que elle se tinha conduzido pessimamente
portaria de 23 de Julho de que já fallei, e que como provaria com as despezas illegaea~ or elle.
póde fazer ·suspeitar que o governo por- este meio feitas quando se discutisse a lei do . ofç ento,-
quiz prevenir que se procedesse. contra alguma e que era tal o estado daquella rapa ·,~que.
pessoa que não quizesse ver pronunciada. os pesos com que se pesavão os géiier-oa:,: para
Passando depois á repartição do imperio e consumo della não erão afferidos haviâ Jlíáis de
declarando-se amigo do ministro que a dirigia, 40 annos ; e affirmou, depois de mais alguma·s.
faltou contra o decreto de 18 de Agosto de 1831, reflexõ~s, que este ministro. era m~to inepto· e
ue mandava roceder a certos exames e mediJ
cerca os por uguezes que indevidamente fossem coi'tezão de uma córte despotica. .
considerados cidadãos brazileiros, depois de o ler Emquanto ao mlnisterio da guena, estranhou
pela maneira seguinte : que elle tivesse expedido uma portaria a qual
Não posso deixar de notar esta decreto, Sr. pre· mettla horror pela indlsclpllna em que la lanoar
sidente, cuja consequencia ha de ser a anarchia a tropa como se manifestava do seu contexto.
em todas as provlncias, em todas as reparti- « Seudo muito conveniente que as praças dos
ções onde por infelicidade existirem brazilwros differentes corpos da la linho. sirvilo não aó nos
.:uascidos em Portugal. Notarei que este ministro lugares de suas naturalidades, porlfm mlsmo
· sem razão alguma dá um titulo de brazileiros onde (ÔI" mais de seu gosto e escolha, para assim
adoptlvos e isto em papeis authenticos, quando desempenharem com mais alacridaàe as obriga-
tal differença não existe na constituição, que faz tlles que lhes incumbem·; e tendo sido esta· a
ª divil[lão dQs cid~dãos, dijferença ~ue não posso fet;eqte marc:Qa do ministerio, e o espirito de
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:.•
SESSÀO. EM 31 DE AGOSTO DE 1331 101
suas. ordens a tal respeito. Determina a regencia
em nome do imperador pela secretaria de estado
dos negocias da guerra, que o ·commandante das
armas da província de S. Paulo conceda pas-
sagem para a de Santa Catharina áquellas praças
do 3• corpo de artilharia de posição da la linha
(antiga numeração}que quizerem servir naquella
província ..
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.liA il I il

.
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• ·1831
CAMARA DOS SRS. DEPUTADOS.
Sessa\o em f o de Setembro algum debate os parecerem sobre os requeri~en·
toa para licença dos Srs. 'Pacheco Pimentel, Per·
PSESIDENOIA. DO sa·. .A.LENOA.B dlgão, Rebouças, Odorico, Paula a Souza e Paes
de Andrada.
D~poia,de a.pprovada .a acta, leu o Sr. lo secre·
tarlo: os· segumtes offic10s : ORDEM DO DIA
Do ..ministro da i ustiQa. -remettendo um offi.cio
do ._presidente da província da Parabyba, datado
de 'll do mez passado, sobre a requisição que Continuou a discussão da resolução n. 133 que
ó -f~zem as .car;naras muriicipaes da_s villas da refe· une _a villa dos Campos á província do Rio da
seus' respectivos municipios.-Remettido á com·
missão das cámaras municipaes.
o sa.. BA.FrlSTA. Pmn~mA. mandou à mesa a
emenda:
Do mesmó: ministro acom_pan~ando o requeri- « Em lugar de resolve-diga-se-decreta. »
• , ISCUS88
mação . do arcebispo da Bahia.-A' .commissão o proje~ · e depois de algum debate ficou adiado
ecclesiastica. yeta chegada. do ministro do imperio .
. Do mini.slro da fazenda satisfazendo as requi- . Tend~ tomado assento o ministro continuou a
'si ões ue- :em~ data de 11 do me ssa o e
. ~~i'~() sobre;:ii falta de llagamento dos juros de
tres· apolices do empresttmo contrahldo na pro· Os Sns. REZENDE E Rmvouç.ts requerlJriio que
viricia de Pernambuco em 1'796, pertencentes á se discutisse separadamente provincia por pro·
·irmandade de S. Gonçalo Garcia. v1ncia, e assim se decidio, comeoando·se pela do
. Do mesmo ministro remettendo as informações Rio de Janeiro •
que s~ 'j>édit_:ão sobr~ o requerimento de José O SJl. 0AsT.ao ALvEs propóz a suppressão da
Antonio ·pere1ra da Silva, despezs. com os tachygraphos, allegando a in·
.. Do miniRtro do imperio satisfazendo ás infor-
mações que se pedirão sobre a creação das ordens
utilidade della, não só pelo atrazamento dos
diarios, mas pelas inexactidões que nelles appa·
denominadas da Rosa e Pedto I : e igualmente recião, etc.
sobre os .fundos que o goveruo applicou a favor Houve a este respeito um curto debate, sendo
dos ·.emigrados portu uezes, e do modo porque al uns senhores de o inião ue os defeitos ue
. . . lDIB r · se no av o não erão causa sufficiente para e·
Dó me.smó ·ministro a~resentando novamente cidir logo a ext\noção do estabelecimento para
o requerimento do padre Luiz Bartholomeu Ma,!- publicação dos .Diaríos da Oama,.a, sem tratar
ques, o. qual não podendo obter a .conflrmaçao primeiro de ver se odião remediar-se os ditos
e e1 os. u roa sen ores sus eu rao que n o ao
cidade de Goyaz, deseja continuar a podia obstar aos viclos e erros que havia, e que
mesma cidade a lingua fta.nceza.- A! sendo tão necessarl.a a economia, como tant'\B
de instrucção publica. vezes alli se tinha clamado, era preciso princi·
Do ministro da marinha satisfazendo ás in- piar por c~sa, abolindo aquellas despezas que se
• 'formações ~ se pedirão sobre v requerimento pudessem evitar.
de Ale:r.an<fre José de Oliveira. O Sa. SoARES DA Roam além de varias rede·
O S:a. ':roLEDo pedindo a pa1avra, declarou que xões que fez sobre a necessidade de se supprimi·
na sessão . antecedente tinha votado que não era rem os tacbygraphos; achou tambem desnecessaria, .
attendivel<h denuncia dada contra o actual mi-. · a quantia orçada de 2:000H para. despezas. even·
nistro .da 'jústiça, e constando-lhe que na acta tuaes ou extraordinarias da camara ;. pois· que
.que acabava de ser approvada não se fizera occorrendo qualquer despeza extraordinaria se
me.nçã<;~ .delle, requeri~ que na. me11ma acta. se podia incluir na folha menàa1 que se remette ao
declarasse. o seu nome. thesouro, sem :fixar umasomma constanta, houvesse
E assim se decidio. ou não houvesse' despezas indispensaveis, e .que
D:en·se destino a varias requerimentos. elle oradnr- não sabia em que se gastava, pois
'\'L·eu-se o'. parecer da. comwissão . de poderes · quanto não era de suppôr quo todos .os annos-
slibre.o. offi.cio do St. 'M.anMl Pacheco Pimentel, sobre'i'i&sse a mesma necessidade. . .. ·.
afim, de se lhe conceder a licença que pedia para
recolher-se á sua provinci:a por causa de molestia,
o Ss. MoNTEZUMA perguntou se a suppreSilâO
ro os ta a res eito. das das ezas ·do diario m·
p.re endia tamoem o di~rio do senado~ ou se este
membros, requereu o Sr.- Fernandes da Silveira ilependia do regi.Inen econ_omico da dita camara, á '
a urgencla,. e sendo apoiada e vencida. entrou em. qual nesse caso competia unicamente determinar
discussão~ . o que julgasse conveniente ; se · be'm que ·elle.
o S:a.. REBOUQA.S · 1'6q:uereu que e!itranem em orador entendia pertencer exclusivamente a 0 · ditô
discussão igualmente todos os pareceres adiados regimen economico, o ·que se referia á secretaria,
relativos . á ·licença de alguns Brs. deputados ; . porteiro, eontiouos; etc., e não o qu!l dizia. rés•
assim.'ae venGeu, $ forio approvadoa depois de· peito à · publicação daa sessões, porém Ignorava
. . . TOMO 2 . . ' 14 .
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106 SESSÃO EM 1 DE SETEMBRO DE 1881: ~ ..1.


,.._...
~

--~

se havia sobre aquelle assumpto algum regula- faze1· uma relação de livros ; isto seria · muito
. manto particular. improprio e roubaria até a S. _Ex. o tempo que
Concluio que no caso de se entender que a tem de empregar em muitos trabalhos de sua
dita despeza dos diarios do senado não era repartição. -.
priv-atiya do regimen ~conomico da dita camara, - Disse ~gualmente o Sr. !Dinistro, quando fallou
Sr. Castro Alves.
Alguns senhores m!lnifestárão que a menc~o­
nada despeza era privativa do regimen econom1co
, .
o Sr. Ribeiro de Andrada: -Eu não a um pregador dizer : 11 Dai. que Deus vos dará.!>.
fallarei sobre o additamento ou accrescentamento Respondeu : « Com sua espera. >> Eu digo "'0
de despeza das outras províncias, visto ·que a mesmo. As leis novas proporcionão âs autoridades
novamente craadas meios para fazerem alguma
camara deliberou que se tratasse dellas separa· causa, não logo ; immediatamente não,- .a expe-
'damente, nem -farei observações sobre todas_ riencia o mostra. Eu não fallo da municipali-
aquellas despezas que tenderem realmente a prl>- dade do Rio de Jàneiro, fallo de todas. O que
mover a prosperidade e melhoramento de uma ou têm ellas feito ? Nada. · Quaes são as obras
mais provincias do imperio, antes serei o primeiro publicas de seus municípios, que têm emprehen·
em annuir a e!las ; eu nunca obstarei a que o dido ou adiantado 'l Nada ou quasi nada •.. Nós
meu paiz prospere ; mas farei sómente uma trilhamos pela primeira vez uma vereda inte'f~.
observação á camara. ramente nova· não é ossivel ue a ·· ·
exce em autoridades immedlàtamente entrem nos deveres
à receita, é mister que a camara empregue todas e obrigações. a seu cargo , ellas terão de aprên·
as suas diligencias em ver se 1póde economisar der. pouc:·o a pouco, até que por fim fiquem .
.
outras despezas, de maneira que a receitf\ fique
. babeis.
uan o s ou rá.s au or1 a as civis, não sei
com a despeza ; porque eu nunca votarei por como vão, mas pelo que diz respeito ao juiz de
credito supplementar ao go-verno. Se eu reconhe- paz , não. vejo quando se indireitará, . e . digo
cer q.u~ a despeza nece~sa~ia excede á receita, mesmo que não sei se esta · autoridad~ é ne-
cessarz a regtman cons 1 uc10na . e isto
u:ma renda- porém não concorrerei nunca cóm engano meu, engano-me com muitas c9piltituiçqes
o meu voto para que se dê um credito supple- do mundo. , ··,: .:-
mentar, com o qual venha a autorisar o governo A experiencia mostrará que emquanto esta ui~~ .
para contrahir um emprestimo, que nas circum- gistratura não_ entrar na verdad~ira intellig.encJa.
stancias em que. estamos .,não póde deixar de ser dos deveres a seu cargo, o que ha de levar multo~
muito oneroso, e pelo duplo talvez da quantia tempo em razão de achar-se muito espalháda a ·
que se carecer, sem que a nação fique salva de nóssa população e separada por desertos, e pel~.&' ..
pagar depois este deftcit. falta de instrucção geral ha de produzir UJ1l8 .
Passarei .agora a _fa2er a1gum11s re:tlexões sobre quantidade immensa de males. .. -
as emendas· que têm sido otrerecidas. Pedio·se Tratarei agora da emenda que mandei relativa
a suppressão da despeza do bolsinho. Não sei ~ dotação, e convém aqui lembrar que no pro·
sobre uem reca
peza do bolsinho recahe sobre velh1:1s incapazes
de trabalhar, e de ganhar por suas miios os
meios de subsistencia, a camara não consentirá
ue e uenas ba atellas se'ão
p u e e in lgencia. vação tirada da constituto o : es1.1o papel em
Approvo porém a suppressão da despeza que virtude do qual estou aqui. .
se faz com a publicação do Diaria da Oamara, Diz a constituição, art. 107 : « A assembléa
attenta a impossibilidade confessada pelo proprioI< geral logo que o imperador sucoeder no lm·
director de conseguir que se publiquem coin 11 perl.o, ·lha asslgnar9. e â lmperatrl21· sua
poncos dias de atrazo, e visto não haver mesmo '' augusta esposa, uma dotação correspondente
onde se imprimão. Apoi<) esta suppressão ainda I< ao decoro de sua alta dignidade. » Orelo P.Ois,
por outro motivo, e vem a ser: que devendo que a lei dl\ dotação dave ser nma lei par_ tleúlar
desta camara, e que pre<Jede á lei ~de contas.·
estes diarl.os conter a expressão fiei e imparcial
das opiniões de cada individuo, só têm apresen- •Fez-se isto? Não. Dir-se-ha que a lél de contas
tado aquellas de uma p'Orção mais ou menos tambem é lei, e que l!le têm introduzido n'ella ·
dominante, nem estes diarios são precisos para assumptos estranhos e legislação·' inteiramente
manifestar a tendencia e o modo de pensar dos diversa. Respondo a isto: que o uso centra a carta
partidos que existem, e que dizem existir em todo o
fundamental ou contra lei uiio envolve necessi·
governo constitucional, havendo tantos períodícos dada de observancia; e digo mais, que tenho
no Rio de Janeiro de differentes córes politicas, um exemplo de que a dotação do imperador deve
que não se descuidaráõ em apresentai-os. Dei- ser por 'lei particular ; e este exemplo existe na
xemos que elles se combatão ; cada um faça o lei das attribuições da regencia, cujo srt; . Bo
elogio do deputado que professar o seu mesmo estabelece os ordenados dos -membros da mesma
er~do, at~que os outros; e sejamos n.õs imparciaes
re encia.
i r onae1 asaru·
tiver razão ganhará por fim a victo~ia. ções da regencia o ordenado de seus·:membros;
Passarei a fazer algumas reflexões sobre os se não era necessario 'l Tambem se podia dizer
o~jectos_ que merecerão a C!lrisideração do Sr. -tantos contos para cada regente. ·. · ·
m~nistro. Elle nos .deu uma idéa do estado . Quanto aos mestres, diz a constituição artollO:
, ~ desgraçado em que se achava a bibliotheca. De «'Os mestres dos principes serão da .escolha e
·· facto ella existe no. peior estado possível. O « nomeação do imperador • e a assembléa 'geral
Sr. ministro por zelo quiz encarregar-se do in- «lhes designará os ordenados que deverão· ser
ventario , e depois to~ou o aecõrdo de crear uma « pagos pelo theso~ro nacional.» J,.~g~, ~ eyj~ente
comm!ssão para fazer o dito inventario ; o que que os me11tr~s sao _pagos á cus!a da. nação !l.
approvo, . porque o Sr. ministro desceria muito não da dotaçao do Imperador.~ sao ob)ectos de
da .dJgnidade de tal cargo se fosse oceupar-se leis particulares; e é aesta xórma que _pod.Êún
com Wll trabalho tão mechanico, como o de vir no budget. Senhores, a dotação e ordenados
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SESSÃO EM 1 DE ~ETEMBRO DE 1831


J/-

·~·
107
dos mestres são quantidades constantes no budget,
e para serem quantidades constantes faz-se ne-
cessario que leis precedentes as tenhão ·marcado
e designado, porque não devem apparecer no
budget sem• lei ·anterior.
Digo mais. que não podem ser assim incluídas
i an r10r, a e por ou ro
motivo. O qúe é o budget 'l E' lei de contas
preterltas de despeza feita e receita arrecadada,
e lei de . das eza e receita orçada. Ora, tem-se
· · - • o oi
·qlle ella .vem aqui? E' orçada 'l Senhores, tudo
o que se orça é sempre quantidade sumivel, não
é. quantidade constante ; mas a dotação do im ·
perador pela constituição é constante, e depois
de determinada por lei não se póde alterar ; por
todos estes motivos pois, creio que o artigo deve
ser supprimido; a camara deve apresentar uma
lei particular, pela qual se determine a dota-
ção do· -imperador menor. Reservo para então
o· mostrar que a dotação lembrada é mínima,
.salvo . s~ . queremos reduzir !! mona~ch~ menor

gra~ificiíçiio para o tutor que já d~clarou nesta. as sobras da somma destinada para compras
..Cj\Sa. que·· nada queria., mas deduzido o ordenado miudas, como papel, pennas, etc., e principal·
· '·deis mestres vem a ficar o imperador com quasi mente fazer a obra da casa da camara dos Sra.
.. nada. . senadores com este dinheiro, que convinha porém
em que fosse supprimida a despeza: ex.traordi-
.} o Sr. Ministro:- Concordo com as idéas
_-: ~geraes que acaba de enunciar o nobre deputado,
naria orçada, uma vez que elle ministro fosse
autorisado para fazer àlgumas despezas extr.a-
uias tenho de fazer uma advertencia sobre as ordinarias quando conhecesse que erão indis-
suas refie:xões. Nós devemos calcul!lr a despeza pensaveis.
que temos para fazer, segundo as rendas do Quanto á bibliotheca, declarou que não esparava.
imperio, para não haver deflcit; por isso não con· que se considerasse ter descido da sua dignidade
vém augm~ntar desp~zas ainda que s~jão mui]!o em ir examinar o lamentavel est
• quem es a e ec1mento, aliás indispensavel; porque nil:o
dentro dos limites da nossa renda ; por<;ue assentava que fosse indigno do ministro do im-
gasta mais do que ganha faz banca-rota. Nós perio, quando tratava de promover o bem publico
temos orçado as nossas ~endas em Jl!-Uito mais do e de melhorar a administração de ual uer cou
" seu cargo, por ma1s or mar a que fosRe, o ir
tantos por cento sobre o orcamento, quando isto pessoalmente dar as providencias; o que faria
não é cousa que se JlOSsa dizer assim por um sempre que ft:~sse necessario, para se informQr
calculo aéreo ; pois bem se vê que pôde uma da todos. os negocias relativos á sua repartição ;
· recelta ~er fallivel. que iria a todas ns aulas de primeiras letras,
Demais,. as despezas são feitas em todos ·os se sentaria nos bancos dos m6ninos, lhes to-
quarteis, mas as rendas não entrão em todos r,s maria a lição, e não se envergonharia de ser
mezes; porque ha rendas que não se cobrão visto nos bancos de pinho por qualquer in·
.senão de um anno para outro, como contractos individuo que entrasse, nem perderia cousa al-
impostos eobre o gado vaccum, que não cobra guma de sua dignidade.
muitas vezes senão depois de 3 annos, quando o A respeito da illuminação não julgou necessario
gado está crescido, etc. dizer mais nada, porque todos vião o estado em
Ora, não entrando a receita á proporção da que se achava; mas era difficil melhorar*se já;
despeza todos os tres mezes, o ministro da fazenda, que não deixaria de recommendar frequentemente
a quem pertence isto, ha de ver-se .em · apertos a todas as camaras que cumprão seus deveres,
pàra pagar a despeza, e por isso pôde· ser que e de ex. pedir portarias todas as vezes que a 11-
o ministro competente proponha que se emittão luminação não fôr boa para que a melhorem ;
bilhetes do thesouro á maneira aos ex:chequer pois se apezar de todas estás ordens e recom-
bills de Inglaterra, que entraráõ em circulação mendações a illuminação não era boa, que faria
quando as rendas não chegarem. Entretanto isto se as não houves~e ;_ ~ffirmou que esperava me-
. é ne ocio do ministro da fazenda i .
o 1mperio .eu não tenho senão que ex.igir do beiro de Andra a, de que as cousas no pi:incipio
thesouro a consignação que a assembl~a decretar. não erão boas, mas que ião melhorando com o
P()rém quando na minha repartição appareça tempo; e por isso I!lesmo não queria que as
umà despeza imprevista, ou se fOr necessario em cousas fossem pela agua abaixo, mas. fallaria e
êertas circumstancias fazer uma despeza extraor- instaria sempre pelo melhoramento afim de yer se
diaaria, ou hei de deixar perlgar o negocio e o conseguia; que a illuminação, posto poder ·
o interesse publico, ou hei de pedir um credito melhorar-se alguma cousa, nunca seria boa em-
stipplementar; e apresentando-se despezas even· quanto não se fizesse com gaz; mas exigia isso
tuaes e:r.traordinarlas q11e não vêm no orçamento, grande despeza, incompatível com as circumstan·
c:omo poderá negar-se ao ministro o credito sup- cias presentes. . .
plementar se a camara reconhecer a legalidade Quanto ás pensões do bolsinho do imperador-
e· necessidade de taes despezas? Isto seria não menor, lembrou que S. Ex. tinht\ .,f\"
.- • I '·, I•
sido na oamara
1
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. ~108 SESlSO EM ··1 DE SETEMBRO DE 1831


um dos que muito se compadecêra das misedas hu- · a raspeito dos Diariós da camara que estavão
manas, não tendo sido muito rigoroso por isso, pois atrasa•ios, que não publicavão as opiniões inteiras
por ser legislador não deixava de ser homem, e de todos, accrescentaudo que as não podião pu-
portanto era de opinião que se désse sempre algum blicar como consequencia qu<:~ dell).ais tirava, e que
d~nh~iro para soccorrer á· gente velha et~., m~s era resultado da nossa fôrma de. go·verno, a. qual
· · a1; 1 os .c · 1 eren es
tinctamenta da dotação, devendo antes accres· opiniões politicas, e nenhum tachygrapho era
cantar-se a. dotação afim de não ficar para o fnturo tão impassível, que uma vez ·ou: outra não fosse
-
o costume de se. marcar
. sempre uma quantia. para . arr~stado pelo credo politico flUe professava, e

em concordar que o imperador menor devia dat homem que faltou no seu sentido, oú désse côr
esmolas, pois eta proprio de um coração bem mais baça á opinião daquelle que fallou em
formado o compadecer·se da miseria de seus se· sentido contrl\rio ; extractando com mais ou menos
melhantes; mas cumpria que estas esmolas fos· vigor as fallas conforme fossem pro ou contra.
sem dadas a pessoas que as merecessem e não as suas idéas : e assim acontecis em todos os
a pessoas indignas, vis, sevandijas, etc., para paizes. _
as quaes não era o dinheiro da nação. Quanto ao credito supplementar parecia-lhe que
Sobre a dotação declarou que não diria uma as rendas não tin:hão sido orçadas em mais do
só palavra, porque seus princípios erão, que só que realmente moutavão, e que o não se inteirar
depois que o tutor tivesse apresentado o plano a somma orçada. -provinha. de não se arrecadar .a
da economia domestica do seu augusto pupillo, renda; que o orçamento não contemplava .cousa
se podia dar uma dotação conveniente mas não al um · · ·
a esmo, sem asa xa e determinada. Janeiro importava em muitos contos de réis, que
Quanto aos mestres, lembrou, vista a necessidade resta vão a receber tanto de decima,como de vellios
da economia, que podião os mestres que ensina vão e novos direitos, qu11 nunca se cobrarão, etc.,
as mesmas cousas, dar lições no mesmo tem o ao tendo elle orador soffri o · · -
· no a suas augus as 1rmas, e a sua administração, por querer cobrar estas
fazendo-se assim chegaria a somma orçada para dividas : mas sem embargo disso forçara muitos
os mestres ; não lhe parecendo ter sido a in· a pagal·as; que além disto havia nas provincias
tenção da commisaão que as despezas com os muitas dividas activa.s taes como decíma de he·
· - o · per or. ranças e egados que ninguem arrecadava ; e
E concluio repetindo o mesmo que dissera sobre mesmo dizimas, etc., havendo desgraçadamente
as qualidades do tutor, que fazião desnecessario quem espalhasse a idéa que a liberdade era
o dtrector dos estudos. incompatível com os impostos, quando a pratica
O Sa. 0Doaxco referia ter dito quaiJ.do fallara tinha mostrado até hoje, que o onus está na
na. suppressiio dos Diarios, que nelles existião razão directa do maior gozo; mas suppondo mesmo
que a renda não chegasse, era uo dever da camata
erros, sem que comtudo pudessem taes erros ser regular as despezas de maneira que fossem sem·
attrlbuldos á influencia de um partido ou massa inferiores a receita, mas nunca conceder um
dominante, como se exprimira o Sr. Ribeiro da pre credito supplementar. _
Andrada i pois todac as pessoas da camara tinhão A respeito dos erocheguer biZls notou que nem
que se queixar destes erros, qnaesquer que fos-
sem as o ln!.ões doB membros que havião ro- to~os os , estomagos pollíão digerir os omesmos razt
a avao: e maneua que as
inexactldões resultBvão tanto do máo estado da eraEmquanto muito differente daquelle de Inglaterra.
á. explicação dada pelo Sr. ministro
tachygraphta, como da falta ou abuso dos reda-
otores pelo motivo acima declarado, não podendo sobre o ról. dos livro~ d!\ bib~iotlieca, pareceu-~he
que 1- que o não podia fazer, e 'nomeara pará isso uma.
veaeo falto a falia em razão do tempo que se
demorava a publicação, não dando elles de or- commissão ; além de que um ministro curava de
dlnarlo por escripto os seus discursos. maroimis, e deixava aos subalternos tratar de
s~.>m que disso ae tiras&e que elle
Quanto á despeza com o DiGrio do senado, pa.- minimis
raceu·lhe que a camara dos deputados podia devia lançar os· olhos sobre tudo, mas sim que
supprlmlr aquella despeza no orçamento, visto não cabia na possibilldade o fazer as cousas
• ser despe:ta publica, assim o senado podia incluir todas por snas mãos, aliás lhe faltaria o tempo
para os negocias mais importantes da süa repar-
de novo alguma despeza que quizesse fazer. tição, como S. Ex. mesmo havia ent~ndido, en·
Advertio que o Sr. ministro se enganara quando carregando a outros a factura da lista dos livr-as,
julgou que a quantia orçada ~ara pen!iões do bol- resultava sempre maior perfeição da divisão _de
sinho era destinada para o 1m12erador menor dar etrabalho, como a nossa legislação reconheceu, tanto
esmolas ; pois erão certas pensoes ~ue forão con- que distribuía a gerencia dos negocias do estado
cedidas· no tempo do Sr. D. Joao VI, sendo pelo ~ue respeitava ao poder executivo ein seis
algumas conferidas por serviços feitos ao estado, . repartições, pondo um chefe á testa de cada uma
que naquelle tempo não se distinguião dos pres- para vigiar sobre ella, e não para se empregar em
tados ao rei e outros por serviços particulares. trabalhos taes como em escrever um ról de li·
~ensões que pela maior parte recahião sobra
pessoas miseraveis, que a camara não podia vros. -
Emquanto á illuminação disse que o Sr. ministro
permittir que :ficassem ao desamparo i accrescendo tambem conco-rdava em ue continuaria a r
ue a maior arte dos · · ..
ve as e doentes, que iicarião reduzidas á ex· leis, (orecon que
ecen o que por melhoras que sejão as
não podião ser as nossas faltando-lhes
trema desgraça sem estas pensõGs, com que se o cunho da perreição que só o tempo podia dar)
alimentavão e estava certo por isso de gue a ca- não pódem logo ter prompta execução ; observou
mara conviria na sua conttnuaçiio. que a despeza das pensões do bolsinho era uma
-- Notou que era engano o suppór-se que a do· despeza decretada, sendo taes pensões recompensa
taçiio n~o podia eBtrar no orçamento, não só de servioos bem ou mal feitos, dadas pela maior
porque. 1sto não se oppunha á constUuioão, como parte a velhos; e que a camara em todos os
se bavJa provado em o11tra sessão, mas porque budgets tinha mandado
não sendo o orçamento tlxaçílo exacta da despeza qual comtudo era talvezpagar o
esta bagatella, a
unieo recurso que
que se havia de fazer 10 réis por 10 réis, podia estes homens tinhão contra a mlseria ; e não
orçar-se uma quantia_ para aquelle dm. conveio em que as ditas penaf,ies fosse~q tncor-
O Sa. Rmmao I>B Am>al»4 e:a:plicou haver dito poradalt na dotaoão. -

"'!"'·
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:54 - Página 7 de 8

SESSÃO EM 1 DE SETEMBRO DE 183\ 109.


Pelo que respeita aos mestres, insistia em que O SR. GosTA FERREIRA recordando-se haver
devia ser contemplada. separadamente á despeza dito o Sr. ministro em outra sessão que achãra
feita com elles, e não ajuntada a dotação ; quanto na bibliotheca um servente, o q_ual para matat:
mais que em, t<Jdos os budgets se havi.a decretado as traças mettia um sovelão pelos livros, e assim
uma somma difi!tlncta para aquelle fim. os estragava, fez muitas reflexões sobre o con-
Concordou em·. que era inutil o director dos es- ceito que farião de nós outras na ões sabendo e
a a uso, e se elle não fosse logo cohibído ; e sobre
Deciarou passand·o a dotação do -imperador, , a necessidade da conservação dos livros para
que ainda- não . .tinha ouvido argumellto algum instrucção dos homens : perguntou se havia sido
combate~do:o que e,ne tinha dito, _pois ~e não castigado aquelle homem, por ue não o sendo,
a r nao vo ar1a mais nem r 1s para o
nhuma das pensões carecia de lei, e devião todas dito estabelecimento á vista da descripção que
metter-se logo no budget, o que nunca até agora delle fizera S. Ex_. em outra sessão.
se praticára, e que finalmente havendo a a.ssem- O SR. MINISTRO respondeu que despediria do
blêa reconhecido a ne.:essidade de uma lei especial serviço da bibliotheca, não ~;ó alguns officiaes
a respeito do ex-imperador, não podia deixar de de penna, mas tambem outros serventes que
reconhecer a mesma necessidade a favor do tratavão dos livros ; e determinára o modo de os
Sr. D. Pedro li. beneficiar.
O Sr. Mint.s-tro·.-Parece que o nobre de- Quanto á descripção por elle feita, declarou
putado está enganado quando diz que não se que o mínistro do imperio não vinha á camara
incorporou no orçamento da receita a divida activa tecer ramalhetes, mas dizer a verdade núa e crúa,
da província do !!-to de Janeiro, o que facilmente deixando á camara o fazer a idéa ue uizer
gun o o om ou m o esta o em que estiverem
as cousas.
O SR. OosTA FERREIRA louVOt!. muito o procedi·
men o o · · ·
, toda a franqueza, mas foi de opinião que não
occorrer às despezas quando aconteça que não devião ser despedidos, só porém castigados os
chegue para ellas a receita arrecadada em um serventes que destruião os livros.
mez ; porém isto pertence ao mínisterio da fa- Defendeu a conserva ão dos JJiario a
porque o povo coll:lia muito delles, e não podia
Passando á bibliotheca, disse que o Sr. Ribeiro seguir~se a pratica de nbolir tudo quanto fosstl
de Andrada o não havia entendido, pois elle susceptível de abuso, aliás nada existiria, cum·
ministro nunca podia propór-se a fazer lista de prindo portanto emendar os defeitos mas conservar
livros, o que além de. levar muito tempo, não o estabelecimento, visto que os povos das pro·
e~~. trabalho proprio do seu mioisterio ; que se vincias estimavão ler os disl)ursos de seus repre-
queixára de não haver um catalogo systhematico, sentantes e ver as suas opiniões ; o que só podia
o qual não era facil de obter sem dar esta incum- conseguir-se por meio da tachygraphia.
bancia a um homem de instrucção e com a prat íca
nocessaria ; que o motivo de nomear a com missão A respeito do bolsinho advartio que se soubesse
fóra não ter alcançado do ministro da fazenda as que os agraciados todos erão pessoas velhas, não
duas pessoas que lhe pedira para aquelle fim, deixaria de votar pela conservação das pensões,
e não o ver ue não oderla desem nhar porém ue descon1la~do muito do overno assa
ra a o ; e ez mais algumas reflexões a este nao admí t1a a fusão proposta.
respeito dizendo que em lugar de um catalogo Emquanto á dotação, lembrou que sendo o
de 80 e tantos mil volumes se occuparia antes budget uma lei, e entrando nella a dotação,
com a classi1lcação dos livros, ae undo as scieil· ficava desem enhada a obri a ão im osta
c as e que ra av o, &e t vosso tempo para oonstltuição \ e a respeito da somma orçada nada
semelhante tt·abalho. se propóz a dizer, não podendo formar o seu
Pelo que respeitava ao bolsinho à vista da expli- juizo sem os competentes esclarecfmentos do
cação que ouvira, assentava que as suas parcellas tutor.
devia passar para a filha das pensões onde O Sn. Lono votou pela emenda do Sr. Soares
pertenc1ão, e por estarem fóra della presumira da Rochll ácerca da suspensão da somma para
elle ministro quo eríio cousa nova. deapezas extraordinarias da camara ; pois tooa
O Sa. RIBEIRO DE A.NDRAlilA respondeu que longe monsaes lhe parecião chegar para semelhantes
de, provar-se pelo orçamento o que dissera o Sr. despezas, porque gastando a secretaria de estado
mimstro ácerca da divida activa, antes por elle dos negocios do imperio em um anno extraordi-
se con1lrma'\fa a observação delle orador, !>Ois nariamente 1:800/i por todo o anno, era impos-
sível que a camara dos Srs. deputados despendesse
importando a dívida activa da decima dQs predios mais de 100/i por nlez, trabalhando apenas 4
uroanos, decima de legados e heranças, novos e mezes em um anuo.
velhos direitos, etc. etc., em muito mais de Lembrou mais que 1 segundo o projecto, S. Ex.
lOO:ooonooo, vinha o1·çada a sua cobrança em podia mandar fazer a de·speza que fosse neces-
24-:000ROOO. saria, sendo esta necessidade reconhecida _pelo
Emquanto A bíbliotheca, disse que entendêra, Sr. secretario.
assim como outros Srs. deputados, do modo por
elle referido o que- S. Ex. enunciára. O SR. :MINISTRo disse que o nobre deputado
ar · · ·
. . narias com as ordinarias ; pois que os marroquins
Andrada afiirmára que não tinha sido contem- para forrar os bancos, e outros gastos iudispen-
plada no orçamento da renda do Rio de Janeiro saveís para conservação da casa, erão despezas
para o anuo financeiro prox:ímo futuro a cobrança extraordinarias, as quaes elle não sabia como
da divida activa, proposição cuja inexactidão S. serião pagas, se não houvesse para ellas uma
Ex. prová.ra á vista do orçamento sem comtudo somma arbitrada pelo orçamento.
attender ao quantitativo orçado.
O Sa. Rtsl!:tR<l nE A.~llRA.llt.. -replicou. q_ue havia
O Sa. ERNE!i'rO perguntou que -reeo\uoii.o havia
sobre a proposta para o lugar de presidente da
dito !lua niio entrára no orçamento a cobrança província do .Rio de Janeiro ; porque a ser no·
da d1vida activa, porque contemplai-a com meado, devia fixar-se-lhe ordenado.
24:000", ou niio a contemplar era quasi a mesma
causa. Q Sn. PRESIDENTE respondeu quo o senado
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uo SESSÃO EM ·1 DE SETEMBRO DE i831


participára não ter podido dar o seu consenti-
mento ã referida resolução.
O Sa. DuA.RTE SILVA disse que 'R commissão
assentara ser difficultoso arbitrar desde já uma
quantia para a dotação do imperador, porque
devendo esta ser bastante ara o seu decente
tratamento, não devia ao mesmo tempo exceder
delle, porque não era dado pela nação para o
:fim de accumular dinheiro ; que tendo o impe-
rador apenas 6 annos, era im ossivel fixar-lhe
uma o açao como e e v1r1a depois a precisar ; que. erão fornecidos a cada mestre
e seguir-se-hia que, ou a nação ficaria prejudi- cip1avão a ter exercício.
cada fixando uma somma JXJ.Uito superior á neces-
sidade do imperador, emquanto menor, e que O SR. DUARTE SILVA lembrou que o antecessor
serviria só para accumular, ou que se lhe con- de S. Ex. no minísterío não tinha pedido mais
signaria uma somma sufficiente para seu trata- do que 2B~ooon e tanto, entrando nesta quantia
mento sõ até certa idade, a qual não chegaria as 80 cadeiras, apezar de não estarem todas
de modo algum quando elle tomasse as rédeas preenchidas ; porém no caso de não chegar a
do governo ; que é. vista disto a commissão jul- quantia orçada, entendeu que devia ser autori-
gã.ra que se devia. estabelecer uma dotação pro- sado o Sr. ministro para gastar mais, apresen·
visaria proporcional ás necessidades actuaes do tando-se com este objecto uma emenda na 2a ou
imperador, a qual ~ra melhor que se fosse 3• discussão, _pois que elle orador entendia que

fazendas não sõ têm diminuído, mas têm des- apresentar o plano economico do tratamento do
apparecido, apezar de estarem cheias de escra- augusto pupillo, de que se fazia depender a
vatura e de terem o melhor terreno cumpria fixação da dotaçllo, porque a lei da dotação o
que o digno tutor tratasse de urrendar ou de não obrigava a isso, mas que não tendo duvida
tomar as medidas precisas afim de fazel-as pro- em o dar, elle orador não pudera ainda fazel-o
duzir o rendimento que dellas devia esperar-se. em tão pouco tempo, quando apenas começava a
Quanto. á instrucção primaria achou sutliciente fazer-se o inventario.
a quantia orçada por lhe parecer que poderião Apontou algumas despezas que erão indispen-
prover.se algumas cadeiras, mas não preencher-se saveis, e concluio declarando que não requeria
todas. para si, pois se contentaria com a honra de ter
A respeito das pensões do bolsinho, lembrou ed.ucado um imperador digno da nação J>razi-
ue no anno assado 1 .
O Sn. MoNTmZUMA. p&dlo ao Sr. ministro que
lhe explicasse: 1o Se j ã se tinhão creado as 10
cadeiras que faltavíl_?, ou se o ministerio havia
av a ne a pessoas que rece lito outros venci· ca e1ras,
mantos pela fazenda publica, afim de que fosse ma a sõmente 80; o 11 se pedia 80 por estarem jâ
continuado o pagamento daquellas pensões aos areadas 10 : 2. 0 Se existia no thesouro a quantia
que não percebessem mais nada pela fazenda que deveriil:o ter vencido os mestres, se fossem
publica, porém que a sua emenda fóra regeitada, logo preenchidas as 4.0 cadeiras, contado o tempo
resolvendo-se a suppressão de toda a despeza do desde ll ópoca em que devia ter vlfior a lei ao
bolsinho, supprossão que na:o passou no sanado, orçamonto até aquella em que forao providas
em consequenc!a. do que, o do consentimento da algumas das ditas cadeiras e até hoje naquellas
camara dos deputados tornarão a apparecer no que não estivessem providas; afim de 'se saber
orçamento de despezas do bolsinho ; que para se havião sido applicados a outras despezas os
acabar de uma vez com esta questão, apoiava a fundos decretados para sustentação das meneio.
emenda offerecida para que as referidas pensões nadas escolas ; tendo esta sua e:dgencia tambem
se . unissem ás outras na folha competente. por objecto fixar o principio de que todas ·as
Snstentou a necessida:ie da conservar-se a repartições, no fim do anno financeiro, devião
con~ignação de 2:000/1 para as despezas extra-
dar conta das sobras ou deficit que tiverem,
ordmarias da camara, visto que podião oft'erecer-se ou se a receita equilibrou a despeza: que devia.
taes despezas, e no caso de as não haver, não portanto passar na lei do orçamento um artigo
era forçoso que se gastas;;e a somma só por ter additivo obrigando os ministros a fazerem estas
sido incluida no orçamento. · declarações quando apresentarem seus orçamen-
Advogou pela co?servação do~ Diarios das Oa- tos ; e que já com estas vistas elle orador· tinha
offerecido uma i .:li ã ·
.~s povos as opiniões dos seus representantes · e
se exigissêm do Sr. ministro da fazenda infor-
quando se .supprimissem, pedío que se puzessem mações ác~rca de qual ti oba sido ·a parte da
em dia e se publicassem as actas das sessões renda publica que tinha entrado em essignados,
das camaras. ou em letras não pagaveis, para se calcular
Cloncluio dQ}larando que votaria pelas emendas qual era a parte da renda publica que não
qu~ propunhao. s~mmas para algumas despezas
tendo sido arrecadada podia servir. de saldo
ute1s nas prov1nc1as, como para obras -publicas para a receita do aono futuro: que pedira igual-
estradas. etc. • mente antão que se declarassem os'' nomes das
pessoas. sobre quem havião sido sacadás as letras ·
· O ,Sa. MINISTao notou que, a completar-se o quesitos, aos quaes não tivera ainda resposta;
numero de escolas de primeiras lotras decretado quando era natural que no thesouro existissem
para o Rio de Jaueiro, que vlnhilo . a ser 80 não os documentos necessarlos para satisfazer aos
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SE5;SÃO EM 2:DE SETEMBRO DE 1831 111


referidôs quesitos, e desejava elle orador que· praticos e locaes, e não podia por isso ser desem-
ch&j;(I!SSe a informação official antes de discu- penhado por uma pessoa que estivesse na côrte ;
tir-se o orçamento ; o que comtudo não era de tanto mais que no Brazil havia pouca gente que
absoluta necessid·ade que se verificasse já, visto soubesse o que era o Brazil e que tenha sabido
que pertencia ã·,. répartição da fazenda, cujo orça- dos litoraes para o interior, havendo aliás muita
mento não prilí(:jpiára
'."-
ainda..a discutir-se. gente que tem ido á Europa.
e p e , que az1a com
as suas intenções, em-quanto aos correios terres- o expediente da camara, era só durante os 4 mezes
tres e marítimos, se erão de conservar o regu- da sessão, ou em todos os mezes do anrio ; pare-
l!!mento. aetual ou de fazer ne~le alguma alte.ra- cen'ªo·lhe que não poderia fazer-se este gasto
,
!\cerca dos correios maritimos, por estarem sujeitos A respeito dos officiaes da secretaria da eamara,
á repartição da marinha, tendo o ministro do perguntou se em vez de 8 officiaes não seria melhor
imperio sómente o direito de exigir que lh'os que houvesse unicamente 6, dos quaes 3 fossem
apromptassem. de uma classe, e os 3 restantes de outra, dan-
O Sa. MÍmsTRO explicou que estavão sujeitos do-se aos primeiros l:OOOfl, e aos segundos 90011·,
em tudo á repartição do imperio, menos em a com o que se economisava alguma cousa, e se
nomeação dos commandantes. . promovia a emulação dos officiaes da 2a classe
para passarem á ta, fazendo-se mais capazes :
O Sa. MONTEZUMA requereu mais que se lhe praticll seguida com muita vantagem nos Estados-
dissesse, se era sufficiente o numero actual dos Unidos da America, aproveitando-se assim o ta-
correios ·_ para os portos do sul e do . norte. lento dós empregados para tirar delles o maior
Se o Sr. ministro entendia· ue nas circumstan- artido ossi
c as ac uaes n s ev amos viver tão indifferen- Tendo dado a hora ficou a mataria adiada e
tes ás causas do Maranhão e do Pará como pre- o Sr. presidente levantou a sessão.
sentementtl ·se estava ; pois tinha ouvido dizer
que. os correios não che avão ao Pará.· . .
O Sn. MINISTRO explicou que havia paquetes
daqui para Pernambuco que correspondião com Sessão em ~ de Setembro
outros daquelle porto para o da província do
Pará os uaes erão
PBESIDENOIA DO SR. ALENOÃR
<f Sa. MoNTEZUMA : - Por consequencia não
havia paquetes do porto desta capital que vão ao De.pois de approvada a acta, lerão-se q~, o:fficios
Pará.-E sobretudo isto erão necessarias informa- segumtes: ,, :.. _
ções para se conhecer bem a conveniencia ou Do ministro dos negocios estrangeiros ,lim res-
inconveniencia de taes estabelecimentos. En· posta ás informações que se lhe pedirão sobre
tendeu que as estradas erão tambem objecto de apozentadorias dos empregados.
muita importancia, em o nosso estado presente, Do ministro da marinha remettendo sanccionado
que o ministro tinha feito uma proposta a res· pela regencia um dos autogra.phos da lei que
peito de fazerem-se algumas, e sobre a construcção , fixa as forças navaes activas do imperio nos
de uma ponte, poréu1 tudo relativo só a esta annos de 1832 a 1833.
provincia, e não àpresentára o plano geral sobre Do ministro .da j!lstiça enviando dons ~:ffictos
et
O Sn. MlNIST:ao decluou que a sua proposta que demandii:o medidas 1egislativas sobre o pro-'
fOra ácerca de uma estrada chamada real, que cesso das querellas.- A' commissil.o de justiça
abrangia duas províncias. criminal. . .
n, ONTEZUMA. continuou, notando que elle despeza feita por José Joaquim da Rocha e seus
faltava sobre a necessidade de apresentar-se um dons tilhos, quando em 1823 farão deportados para
plano geral para abertura e construcção de estra- a França, afim de que a camara delibere. a tal
das, o qual fosse applicavel a todas as províncias, respeito.-A' Ja commissão de fazenda.
tratando-se nelle dos caminhos que ó.evião ser Do ministro da fazenda remettendo-a informa·
considerados geraes e erão comprehendidos na ção do juiz da alfandega, ácerca do carregamento
despeza geral; assim como dos que se reputavão dos dous navios portuguezes, vindos ultimamente
especiaes e que devião ser objecto de despeza da costa d'A.frica.
provincial ou local: havendo muito grande diffe. Do mesmo ministro dando os esclarecimentos
rença entre estradas chamadas reaes que atra- exigidos sobre os pagamentos dos direitos do
vessão differentes províncias e servem de com- ouro extrahido pela sociedade de mineração de
municação universal. Eduardo Oxenford.
Estradas geraes ctue abrangião uma provlncia Do mesmo ministro remettendo a representação
inteira, e, interessão ás vezes parte de outra do tutor do imperador menor, e de suas augustas
provincia, e estradas locaes ou de município, irmãs, ácerca da despeza da casa imperial. - A'
{\Ue se farião de'nma cidade ou vílla para outra commb;são de orçamento.
limitadamente: etc. Fez vatias reflexões sobre o Do secretario do senado, communicando que
máo estado em ~ue se achavão as estradas, prin- aquella camara adoptára e que havia dirigir ·á
cipalmente na Bahia, como conbecêra por expe- sancção a respeito de varias aposentadorias.
r~encia propria, quando vigiára na' mesma ~ro- Forão ap rovados os pareceres seguintes:
m1ssao e -as s r o requer men o
trilhos' com o nome de estradas, sendo obrigado dos trabalhadores da· casa do sello da alfandega,
o viàjante as mais das vezes a dormir no meio que se queixão dl'! não se lhes pagar jornal· nos
do matto entre as feras e cobras. domingos e dias sa.nt OS, CO_!UO d'ante~ se fazia ;
Declarou que pedia com especialidade esclare- para que se peção mformacoe.s ao governo.
cimentos a respeito da sua provincia, desejando Da mesma commissão sobre um officío do mi-
saber, se ~· Ex. tinha já meditado, em alg~m nistro da justiça, ácerca da. propried~de do.officio
plano para melhoramento das ·communicaçoes de tabeUião de notas da vllla do Rto Grande do
ípternas, ou se havia nomeado alguina commissão Sul, concedida· ao filho primogenito · dó. fal~e.cido
para encarregar-se d<!ste assumpto, como seria dezembargador Joaquim :Bernardino' d'e"-·S'éiinà-.
mais proprio ; porque elle abrangia conhecimen- .!\ commissão julga ,que a resoliloão, ,, coni:e4'epcio
tos de certa naturesa, tanto tlieoricos, como a pensão de 30011 á Viuva do referido dezembar·
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112 SESSÃO EM 2 DE SETEMBRO DE 1831


<
gador . deve continuar a discutir-se, porque ella. ex-ministro José Clemente Pereira, para que o
não teve parte alguma na citada mercê. . · governo lhe subministre todos os 'documentos e
Da mesma commisaão que julgava inattendi· informações, a réspeito dos armamentos que exis·
vel o requerimento de Thomaz Antonio Nunes, tião nos depositas desta cõrte e da provincia
o q';lal se queixa de b.aver-~e-lhe tirado. o ~ugaT de s. :J?aulo; . e foi appro\7ado_, :ficando. o Sr.
pendente da approvação da actJíj pedindo
urgencia os ditos esclarecitnento'S:

os do arsenal do exercito·, relativos ao mesmo


tempo. A coi'nmissão nota que no arsenal da ma- Entr<lu em discussão <l t~a.reeeT da commissão
rinha se não observão os regimentos das cous~ de saude publica sobre o plano apresentado
communs e geraes ao!l! officiaes dos armazena e pela sociedade de medicina desta córte a res·
mais leis de fazenda ; muito principalmente no peito das r,scolas da mesma faculdade, e susci-
que toca ao processo d.os documentos da despeza ; tando-se duvida sobre não poder entrar em dis-
porque os despachos de pagamentos não declarão cussão um plano offerecido pela sociedade, o Sr.
as quanti~s dos mesmos pagamentos, e são con· Paula Araujo o assignou e tomou como seu. ·
cebilios em termos tão geraes que dão de certo O. SR. ~RAUJo LIMA off~receu como emenda que ·
azo a incalculaveis fraudes ; porque devendo o a d1scussao fosse por tJtulos, e foi approvada.
conhecimento de qualquer despeza ser passado Passou a disclitir-s~ o art. 1D, e depoi~ de
pelo escrivão respectivo, e assignado por elle e
• p que rece e, o serva.-se o a uso e
llssígnar o escrivão, pondo de mais uma cruz
que diz ser o signal do pagamento dn parte
que não sabe let: nem escrever I 1 E porque de-
1 r n ensa · O Sa. XAVIER DE Ot..RV.U.ao disse que· a ser
mente no thesouro nacional na fórma O.o ~ 12 do possível remediar os defeitos do Diarió das
titulo 4° do alvarà de 28 de Junho de 1808 do
Oamaras não dev!a acabar-se com a sua impressão
.
dinheiro recebido e despendido, o não faz, tl final·
. -
deixou de mencionar. Brazil tivessem conhecimento dos trabalhos das
No arsenai do exercito porém o regimento e mais camaras e soubesse o modo com que cada um
dos Srs. dep!ltados expande a.s suas idéa.s, El
leis da fazenda são melhor observadas, a escriptu· finalmente
ração está methodica; porém nota a com missão para íiiustração do fõro . e de todos,
que os despachos de pagamentos são lançados porquanto não referindo a.s leis os princípios
pela junta respectiva da mesma maneira abusiva, que lhes servirão de base, estes se encontrará.õ
e que no pagamento das partes que não sabem nas discussões ; de sorte que elle orador mesmo
ler, ee pratica o mesmo que se usa no arsenal da lei, vendo·se embaraçado na intelligencia de alguma
marinha.-Estes abusos no entender da com missão recorria. muitas vezes aos âiarios e lá en·
formão, por assim dizer, a immensa calhe do contrava as explicações que precisava: comtudo·.
canal, pelo qual se podem esgotar infructuosa· se a experiancia tivesse mostrado que era im·
mente os di 1h roa - · - • possivel emendar os defeitos dos diari f e
tanto, deixando á sabedoria desta aug11sta ca- com que an assem menos atrazados, então era
xnara o indagar a causa que produzia esta uni- de opmião que se supprimisse a despe?.a.
formidade, é de parecer que se declare nos mi- Não conveio na suppressão do artigo que tratava
nistros res ectivos ue semelhant s ro d" da dotação do im erador, or ue não sabia
são o enstvos ás leia e contrarias aos interesses ·nesse caso como av1a e azer·se o supprimento
da nação, cujas leis lhes cumpre fazer executar das sommas necessarias, não sendo o ministro
eatrictamente. E' mais de pareeer a commissão ; autorisa!!o para esse fim. :Ponderou que as dis·
posições da constituição não so podido verificar
que na sessão proxima de 18.'12 os mencionados
ministros informem sobre as providenc1as que a este com rJ imperador actual pois que suas circum·
respeito houveram dado, pata que se possa tomar ataucins exiglão que se lbe marcasse annualmente
uma decisão final. uma dotação até ehegar a certa idade, e verift·
Da commíssão do orçamento sobre o orçamento Clll'·Be entãa o que estava determinado na oon·
apresentado pela commissão de guerra para as stltu\ção, porque h<lie nlnguem podia dizer quo
despezas ~a dita repartição. Séntlo o imperador de 6 annos podaria su bslsth·,
Mandarao-se imprimir as emendas da commissão tendo 12 annos, com o que so fixasse agora para
de orçamento á proposta dll governo de 18 de a sua docente sustentação.
.Agosto.proximo preterito, emquanto á moeda de Qttanto R explicação que fizera o Sr. Andrada
coore Juntamente com a mesma proposta. e Silva sobre a necessidade que havia de fazer
Approvou-se o requerimento da commissão, para. certas deepezas, vista a falta que havia de cl\r•
se pedirem ao governo informações sobre o quan- rua~ans, tíestaK, etc., admiíiava-se de ouvir fallar
titativo em moeda de cobre necessario para fazer em falta quando era conhecido que a antiga córte
.face ás urgencias indicadas no artigo 3• da tinha de sobejo todas estas cousas, sendo ~ata
sobredita proposta. . falta nascida talvez do abandono em que ficou
Foi approvada ~ redacção de duas resoluções: a casa im~erial.
pensões, ~~nças e mais mercês pecuniarias que menor o que fosse necessario para a sua decente ·
se percebtao pela reso[uçíio de 21 de JuihQ de subsistenci a.
1828, R excepçao daquellas que tiverem sido o Sr. oarnelro Leão: -Sr. presidente,
deso.ppr<>vadas~ e outra para considerar-se cidadão eu levan tei·me para fallar particularmente sobre
brazileiro João de Siqueira Oampello, tenente o artigo que estabelece a dotação do imperador;
graduado do esquadrão de linha de Pernam- julgo que temos a necessidade de uma lei que
b~. . ·. :fixe a dotação, para satisfazer ae art. 107 da con-
Ficou adiada por pedir-se a palavra a exposição stituição do imperio que manda assignar uma
do Sr. deputado dlrector dos Diarios, ácerca dos dotação ao imperador logo que 'i!ueceder uo im-
tacbygrapbos. · perio; mas a existencia desta fei que so ha de fazer,
Entrou em dlsausi$ii.o o requerimento da eom- não tira que. no orçamento seja incluida a mesma
misaio encarregada dQ ;r,~et; .a "ccusaç~o do dotação, pois devemos atteu<ler a que n~~t lQi.llo
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SESSÃO EM 2 DE SETEMBRO DE 1831 113


orçamento passado entrou a quantia que se dava dotação quanto bastasse para satisfazer estas
ao ex-imperador sem embargo de achar-se já despezas.
fixada na lei da dotação. Apoiou a insinuação feita na sessão antecedente
Mas dirão alguns Srs. deputados que assim se pelo Sr. Montezuma, sobre a necessidade de
vai fixar já a> dotflção, mas isto não é exacto, por- introduzir nas repartições publicas uma salutar
que a lei do·~rçamento não fixa a dotação e emulação que fizõss~ sobre~a~ir o merecime!JtO,
fica livre á assembléa o fazer mes -
a e1 a o ação declarando a quantia que se
ha de fixar; não ha mesmo o impedimento que
alguns senhores têm ponderado, de arbitrar-se a
somma para a dotação por estar o ím erador
· o 1 a e, porque p e assignar-se uma
quantia mais pequena emquanto durar a mino-
ridade e outra maior para a época em que passar
á maioridade, no que nào ha inconveniente.
Portanto, creio que a necessidade que ha de
se fazer uma lei especial da dotação, não impede
que no orçamento se autorise o governo a des-
pender alguma quantia com o imperador emquanto
não h a lei de dotação.
Parecendo-me pois que deve ir no orçamento
um artigo que autorise o ministro a fazer esta
despeza, julgo que é sufficiente a quantia da
Quanto á reoommendação do Sr. Carneiro Leão
sobre o arbitramento de certa quantia para des-
pezas eventuaes a ezar de er
so uc uano. c o e am1go dos actuaes ministros e de faze1:
Por consequencia julgo que emquanto não se alta idéa da probidade pessoal del!es, desejando
fixar definitivamente a dotação do imperador, o que o mechanismo das suas repartições corres-
que pôde talvez fazer-se na presente sessão se pondesse ao grande conceito ua lhe merecião
· . · o orçamen o es a quant a que - s ava com u o casa o e tal fórma com o
vai ol'çada e que me parece sufficiente. ministerio que deixasse inteiramente ao seu
arbítrio a disposição de sommas que não tinhão
Pelo que toca ás pensões do bolsinho já se fez applicação determinada.
ver que forão dadas no tempo de D. João VI, e
que têm quasi a mesma natureza das outl.'ns Fez mais algumas reflexões a este respeito, e
pensõt~s.
concluio com observações ácerca da bibliotheca
publica.
Accrescentarei que a t·.:.solução da assembléa
que autorisou o governo a pagar as pensões O Sa. MINISTRO deu uma informação circum-
dadas por D. João VI, autorisou tambem o stanciada sobre I) numero de cadeiras de instrucção
pagamento destas pensões sobre as quaes se têm publica providas na província do Rio de Janeiro
suscitado duvidRs por virem sempre debaixo do que subião a 64; insistia em que a som ma do
titulo de pensões do bolsinho uan o ·- or •lmento nã
en rar e a xo a enominação geral de pensões- chidas as 80 cadeiras, não sabendo como seu ante-
Voto contra a continuação do Diario da Oamara cessor
nistro
havia calculado, pois as bases que elle mi-
agora apresentava erão exactas, e o seu
porque não produz utilidade, não apresenta os calculo arithmetico não admi ·
trabalhos em tem o e ta · v1 a, porquanto os ordenados dos mestres an-
emprezas purticulllres se estabeleçiio para a pu- davào por 500$, 400H, 350H e 200H, e no termo
blicação dos trabalhos da camara, mas não voto médio 362S500 ; o aluguel de uma casa para
pela suppressão do DiariCJ do Senado, em razão escola capaz de conter 150 meninos, importava
âe que sobre isto pertence ao mesmo senado em 400H pelo menos ; as despezas de lapis, pedras,
determinar. traslados em J20H para cada escola, e a despeza
Terei de accrescentar que julgo necessario, .• mensal de OOS ao menos para papel, penas, etc. ;
Não sei, Sr. presidente, se ha alguma emenda vinha pois a despeza annual de cada escola
na mesa que dê llllliS algum dinheiro para obras a importar em 1:242$500 que multiplicados por
publicas no Rio de Janeiro. (Foi lida uma em~nda 80 fazião n computo de 99:400fl donde claramente
a este resp~ito.) se concluis que não se chegava a quantia orçada
Votarei por esta emenda, a niio apparecer para us despezas neste ramo de instrucção pu-
alguma melhor, visto que dá mais algum dinheiro blica, não podendo S. Ex. appllc,Jr o dinheiro
para obras publicas nesta cidade; mas parecia de outras consignações á despezas diversas, o
melhor que se estabelecesse _uma quantia certa que não faria nunca como h~ de ve1·-se nà sua·
para despezas eventuaes na repartição do imperio, conta. no fim do anno, a qual mostrará os sobejos
de sorte que pudesse applicar-se para obras que houverem em qualquer ramo de despeza
publicas, ou para a instrucção publica, segundo concernente ao seu ministerio. ·
as precisões que houver, pois acho conveniente Accrescentou neste lugar que no caso de acon-
que além de se consignar em cada uma das pro- tec~r ue algum dos mi;Distros muda~se a appli-
yincias _do iml?erio nma somma P!lra obras e
' outros gastos, não passava delle a responsabili-
quantia proporcionada ás suas rendas para des- dade, nem podia recahir sobre o corpo moral,
pezas eventuaes, começando pela do Rio de Ja- porque não havia lei que formasse o ministerio ;
neiro. e sem embargo de que os ministros actuaes
O SR. MãY lembri)U que existia um parecer da confertão entre si sobre os negocias de ponde-
eommissão de pensões e ordenados que tinha por ração, comtudo cada. um era responsavel pelas
objeeto tira.r da lista de pensões do thesouro ordena expedidas pela sua repartição, que refe-
tudo quanto podia dizer respeito á casa imperial, rendava ou assignava ; e por isso não hiLVia
o que achava conveniente para proceder-se ácerca meio que obrigasse um ministro a obrar pelo
desta com mais exaetidão arithmetica, e desemba- voto da maioria dos seus collegas, e seria mesmo
raçar o thesouro, devendo então augmentar-se a iniquo obrigai-o, visto que elle carregava com
TOM() 2 15
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114 SESSÃO EM 2 DE SETEMBRO DE 1831


a responsabilidade, de maneira que era pratica facil communicação entre as províncias e au-
seguida, quando um ministro, ácerca do negocio gmento do commercio e de industria dO imperio ;
da sua repartição, não concordava com o voto dos fazendo-se além destas todas as mais estradas
seus collegas o tomar elle sobre si a responsa- interiores á proporção que fosse pol:!sivel.
bilidade, e obrar como entendia melhor ; o que O Sn. CHrcii:oRRO (1 o secretario) disse que era
S. Ex. tambem faria quando julgasse m~is co~- de o inião que houvesse na secretaria da camara
camente sua, sujeitando -se de um s o cta , a quem se désse' o dinheil·o para
responsabilidade. pagar aos outros de que carecesse para o trabalho
Advertia .que . a repartição .do imperio não da mesma secretaria ; porém como ella não se
u - achava montada nesse pé, nem talvez haveria
despendesse a quantia que se lhe consignava., quem qu1~esse encarregar-se a empreza, en-
pois ia exigindo do thesouro as sommas á pro- tendia que não convinha diminuir o numero dos
porção que se tornrwão I<ecessarias para fazer officiaes; pois por falta de um se achava paradn
face ás despezas legaes deixando o thesouro de grande parte do trabalho da casa. Pelo que tocava
pagar qualquer excesso que houvesse n» despeza. ás despezas, declarou que havia. mez em que não
Quanto aos correios marítimos representou que se gastava a consignação de lOOSOOO, e outro em
elles fazião uma despoza extraordinaria, sem que se despendia mais, porém que compensadas
produzirem o desejado effeito, que acabava agora as despezas de uns mezes pelos outros importa-
de entrar um com os mastros partidos 6 que esteve vão pouco mais ou menos na despeza annual de
em grande perigo, porque o commandante só pnra 1 :200SOOO, e por isso era de opinião que se esta-
ostentar valentia tinha recebido um temporal com belecesse no orçamentu uma consignação igual,
todas as -vellas fóra ; que entrára depois em e_ que se supprímisse a de 2:000SOOO ; porque
u o, n e ez espeza enorme, e ve10
depois para este porte, e que mandando-se a
bordo a mestrança do arsenal para examinar o
tinha avaliado em mais de 7:000S a obra

os correios marítimos debaixo de duas autoridades S. Ex. a idéa de examinar em tempo proprio,
independentes, ·sendo sugeitos ao ministro d•l se o systema actualmente seguido para creação
marinha na nomeação do commandante, nas des· das escolas seria o mais util.
pezas de construcção, etc. , e subordinados no O SR. MINISTRO lembrou ao Sr. deputado que
resto ao n1inistro do imperio ; além da colUsão a sociedade protectora da instrucção havia já
q~ exi~t~a sempre entr~ !JS commandantes que nomeado uma com missão do seu seio, para organisar
arao mthtares e o adm1mstrador do correio que um plano regular, não só para a instrucção ele-
era paisano, que; reconhecendo elle ministro a mentar do imperio do Brazíl como para a admi-
necessidade dtl um Jlano de reforma sobre este nistração das escolas.
o~jecto e:xpedira ord• aos presidentes de provín-
Cias mantJmas para fotlnarem sobre isso um plano O SR. MoNTEZUMA disse que muito
em rela ão âs suas ro · · · · - vêr ue S. Ex. convinha em a necessid e d
podia ter todos os conhecimentos locaes precisos reformar a instrucção elementar : que lhe pa'i'ecia
ptu•a f"z.;l· um plano desta nt~ltueza. Axr.Assivo o numero de 6! escolns para a população
Emquanto aos correios terrestres, disse q11e do Riu de Janeil'O, pois que para estes estabele-
resultava rande inconveniente de se metterem cimentos devia contar-se só a metade da o ula-
uma s t;na.a cartas para diversas estações, pelas çao ex1s en e, corno se IIZJa em todos os paizes,
quaes multa3 vezes as cartas passavão no cami- nos quaes se pagava as escolas que não ora com-
n~o sem p~derem ~er _entregues porque a mala tudo geral o ter escolas á custa do estado ; pois
nao se abr1a, e vmhao todas parar ao Rio de na Inglaterra cada um pagava a escola para seu
Janeiro, de onde se remettião depois por expresso, filho, excepção d11s escolas, de caridade que erão
mas que para remediar este Inconveniente man- pagas por sociedades philuntrnploo.s ; na França,
dâra fager malas pequenas separadas para se dei- havendo trinta e oito mil o tantns commlmea, só
xarem nos ''l'_ ares dos seus destinos, 24,000 commlmes tinhiio escolaR pagas pelo go-
Achou outro inconveniente na falta de moedas verno : que e.lle orador queria tamtiem mostrrvr
de 10 réis e 5 réis para trocos, de que nascia ás com isto que a naçilo franceza nito reoonhoola a
vezes di:ffi.culdade em receber os portes de cartas necessidade de dur.se escolas a todos os oommlmes,
teimando a parte em não ~agar os 5 réis ou 10 réis, que na escola se julgavK dllferentemento• do que
de maneira gue o admmistrador como homem provinha, como afflrmavilo muitos escriptores lia·
prudente punlla algumas parcellas da sua algibeira ver naquelle reino mais gente que sabia ler e
por este motivo; as quaes ainda que pequenas escrever, do que na. Inglaterra e na França:
faritío reiteradas uma somma importante, ou tal que portanto devíamos ir de vagar não estabele-
pelo menos que ninguem a desejasse perder. cendo tantas escolas ao mesmo tempo, gue não
Accrescentou que não lhe parecia bem este es- podendo ter elfectivídade se tornavão obJecto de
tabelecimento, e que julgava carecer de reforma. luxo, e resultava dellas, em vez de vantagem
:para a (_!Ual elle trataria de ajuntar algumas P!lblica, uma d~speza. inutil para. a na~ão ; e
1n
A respeito de estradas confessou que se achavão ça.da, nem por isso convinha que o .orçamento
todas no estado da natureza, que havia alguns fosse demasiado em parcella alguma, afim de
·_trilhos, e bem poucas estradas, as quaes mesmas não .apparecer depo}s deficit, que seria de pouc9
se ião inutilisando por falta de concertos : credito para a naçao.
representou a necessidade de empregar neste ramo Lembrou tambem que era mais economico
o:ffl.ciaes engenheiros ha.beis, tanto na theoria dar-se a. cada mestre annualmente um tanto, para
como na pratica, que tratassem de as melhorar e elle se encarregar de todas. as despezas das
construir pouco a pouco ; e sem esperar por um aulas, do que continuar a nação a pagar casas,
plano geral que nunca chegaria. concertos, pennas, etc., porque então os mestres
Conveio em q11e era preciso abrir estradas geraes terião mais cuidado em que estes objectos se
de norte ao sul e de leste ao oeste para ll!ais não arruinassem, etc.
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SESSÃO EM. 2 DE SETEMBRO DE 1831 115


Qnanto ás estradas disse que tinha querido
lembrar a S. Ex. a adaptação de ttm plano geral,
afim de que se fossem abrindo, e fazendo pela ne-
cessidade (\Ue deUas tinharnos para desenvolvi-
mento de nossa índustria e commercío, sem que
se deixasse de cuidar parcialmente na uellas ue
e c n ec1 a e 1mme 1a a precisão ; mas
"Vendo que o Sr. ministro estava convencido de
que era urgentíssima a construcção de estradas,
estava elle orador muito contente, porque assim
~.· e i que governo
não se descuidava de nm objecto de tanta monta
para a nossa propriedade.
Representou qu13 os correios erão de grande
interesse para o Brazit, até mesmo pal'a a tran-
guillidade do estado, e conservação da ordem pu-
blica, cousas que combinadas até contribuião para
o grande bem de augmentar-se a população; que
havia porém grandes defeitos no regulamento dos
correios, tanto te1·restre, como maritimos, os
quaes devião emendar-se com a maior promptidão
possível; reconhecendo comtudo elle orador, que
nã · · · ,
esperando que o Sr. ministro fosse dando para o
dito fim as suas providencias.
Insistio sobre a conveniencia de haver na se-
cretaria a cl ·
com mais ordenado, e quatro de outra com menos
ordenado e accesso â primeira, afim de introdu-
zir t~mulação e promover o desenvolvimento dos
talentos e de bom servi o.
u gou escusado dizer cousa alguma ácerca do
Diario das ()'amaras e dos tacbygraphos, porque
todos reconhecião a sua inutilidade.
Lembrou que o governo ainda nãn tinha satis-
feito aos esclarecimentos que se bavião pedido
sobre a casa da misericordia, a respeito da qual
elle orador conserva va as mesmas idéas que
enunciára na nssembléa constituinte, parecendo-
lhe que aquelle estabeleci.mentq não tem produ-
zido bons resultados, ou a menos os que todos
desejavão, ignorando comtudo se isso provinha
da má administração, ou de outra cousa: mas que se
' e a ecer-se uma casa e
misericordia, elle orador seria de opinião que
lhe désse um regimento fundado nas idéas mo_der-
nas das nações mais civiliaadas e phila.ntrotncas,
- · s · e
para curativo de enfermos devião servir só para o numero de mulheres que concorrêra a elles
casos accidentes, como por exemplo : quandn se se tinha augmentado consideravelmente, de ma-
quebra uma perna, ou acontece pur acaso al- neiríl que faz agora dous annos, os membros de
guma fractura ou lesão desgracada : porquanto sociedade gritavão que não tinl.:.ão fundo" que
se fossem examinadas as causas de tantas doenças chegassem para acudir ás despezas de semelha:11te
que apparecião naquella casa. se veria que a estabelecimento : que era por isso bom qus se
maior parte dellas nascia de immoralidade, e fossem publicando estas ídéas para niio se faze·
que o individuo enfermo oontribuia em grande rom grandes queixas, quando se desenvol vereut
parte para o estado em ~ue se ach~va ; e prote- estes princiJ>ios, e se tratar do os applit~ar .a
gendo a sociedade este individuo concorria quando algum estabelecimento desta natureza; mus quer1a
não directamente, ao menos indirectamente para agora que se :Bzesso o maior beneficio possível
n ·immoralidade, fazendo com que elle não soffra a estes estabelecimentos existentes : isto é, tanto
neste mundo a punição que lhe devia resultar a casa da misericordia como ã dos expostos, para.
dos seus vic\os ; e por isso a caridade neste cujo ftm tinha requerido varias esclarecimentos,
caso era mal entendida como pensavão as nações os quaes de certo S. Ex., tinhll podido dar ainda
modernas; de sorte aue apesar de haver na In- visto que com tanta promptidão .havia satisfeito
glaterra mnitos est&beleoimentos philantropico!!, outros que tambem se lhe pedirão.
se reconhecia tanto este principio que elles amo O Sa. MINISTRO declarou que havendo-lhe sido
só para al!iviar os desgraçados accidentes a que requeridos compromissos, ordens e decretos .ll'lUi~o
está su eito o cor o humano e ão ue e r .
que a quu:iao m<)lestias -p~la sua immoralídade; fazer uma bsuca muito demorada ; respondêra
não se estendeu mais este assumpto, por enten- que só no archivo da c~sa da !D.isericordia se
der que t~stas ídéas só podião ser aproveitadas, poderião achar os papeis requ1s1tados, e que
quando se tratasse de estabelecer uma casa de não era possivel satisfa7,er com a brevidade pre·
miseticordia, ou de reformar a existente : niio cisa pela secretaria de <~stado dos negocias do
lhe parecia comtado inutil que ellas se fossem imperio : que não propunha fallar sobre a _mo·
espalhando para illustração do povo, o qual ralidade do estebelecimento, mas que ouvmdo
achava grande falta da caddade Q <Ieixa.r de curat diseotrer sobre o assnmpto o Sr. Monteznma,
estas molestias. llle parec&ra que elle ia repetir a celebre propo·
Quanto a expostos, lembrou a estatistica feita sição de Rous$eau :- Fechai os hospitaes e aca·
a esse respeito por um autor russo, cujo nome bai com. as esmolas que a menàicidade será elll•
não se recordava, o qual fóra xnandadJ vigiar, tirpacla.
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Mostrou desojos do quo o Sr. Montezuma en- particulares todas as dotaçõeil do hospital da
trasse na casa dos ex.Postos, como elle mi:listro misericordia, porque tnmbem LInha rendas pu-
fizera, e não podia de1xar de dizer com toda sin- blicas proprias, deduzindo-se daqui o direito do
ceridade, que muito gostl\ra do arranjo e boa governo em influir 11aquelle estabelecimento, assim
ordem da dita casa, pois achou as caminhas bem como tlnhão os particulares que contribuião
feitas e muito aceiadas, e vío algumas meninas para elle, não se offerecendo assim objecção
com sse ep em ca o a as nos seus eltos, a guma re orma.
com muito asseio e sooego e tratadas com os Notou que não era um só o estabelecimento,
medicamentos competentes, tendo S. Ex. entrado mas tres estabelecimentos cada um delles com
naquelle estabeloclmento ás 5 para. as 6 horas uma administração, o que julgava inconveniente,
i es an o e a1xo e uma a m1ms raçao s a·
Tinha pesar do não poder dizer o mesmo a respeito veria mais cuidado e melhor fiscalisação étc.: que
do recolhimento, que era a casa mais desgraçada convinha portanto furmar-se um plano geral, o
que podia dar-se, contendo apenas 26 cubículos qual estava certo que S. Ex. como grande co·
para encerrar conto o sessenta e tantas raparigas, nhecedor da materia trataria de organisar e de
l:lavendo quartos onde dormem 12 raparigas e me- apresentar 1\ camara , porquanto era de absoluta
ninas em esteiras, não tendo nem um banco em necessidade pôr estes estabelecimentos em bom
qua posstio sentar-se; que destas moças, deze- pé, sendo melhor não os ter do que havel-os
nove eríio as chamadas filhas da casa, as que mãos, de maneira que possão ser ínterpretrados
leva.vão dote quando sahião para se casarem, de um modo desairoso á nação.
que depois destas existia u.ma alasse muito nu· Propoz-se a enumerar os objectos que princi-
merosa chamada de aspirantes, havendo muita palmente ex:ígião a attenção do Sr. minis_tro,
a
vaga ae algum destes lugares; que a 3a classe do imperio era a mais importante nas clrcum-
era de meninas expostas, as quaes chegando á stancias actuaes do Brazil, por t~er aquella a
idade de 7 annos passaviio para o recolhimento; q:nem comp~tia abrir e dar direcçílo 1\s fontes _de
de homens pobres, as quaes o governo mandava cipios solidos e proveitosos rocobldoa om todns
para alll quando seus pais representavão a sua as naçõés llluatradas ; não achando ollo orador
miseria e impossibilidade de ali.m~ntarem suas tanta importancia no mlniaterio da fn~on~_a, ue
Fez diversas reflexões sobre a impropriedade de occasiões em que emprehendin 'graullos opnrações
ter tantas jovon!l do sexo feminino em tão pe- financeiras, ao mesmo tempo que o miniHtro do
queno espaço, som os arranjos e liberdatle neces- imperio tinha por encargo Instruir, civilisar e
saria para trat1uern do seu aceio e educação, ind ustrialisar.
limitando-ao o onsh10 npenas ás primeiras letras, Depois de fazer mais algumns reJle:xões neste
e isto multo mal. sentido perguntou a S. Ex. ao não achava con-
Explicou mais que uma commissão, a qual fôra veniente que se estabelecesse um comité dlrector
encarregada antigamente de examinar aquellt:~ es· e preparador dos trabalhos para esta repartição,
tabeleclmunto, aprosentâra um plano para sua assim como uma especie de directorio sobre
reforma o propuzera que o recolhimento fosse obraa publicas, comprehendendo est!'adas, canses,
mudado para o convento da Ajuda onde havia etc., composto de ~embros uaU~cados e . co-

freiras ensinassem as meninas, etc., o que tudo


acontecêra no tompo do marquez de Queluz ;
antes dollo ser foi to ~parquez; mas sobre o que
não se lnh d · · ·
apparecldo hoje o requerimento, elle ministro o madureza, depois de examinada a utilidade dos
apresentâra á rogencla para ver que passos se projectos; elle orador bem sabia que não se
havião de dar sobre esto negocio, propondo-se tratava de semelhante cousa na lei do orçamento,
além dla&o a officiar ao ministro competente, mss aproveitava a occasião de estar presente o
afim de sabor se o recolhimento podia passar Sr. ministro para lhe lembrar assumpto tão impor·
para o convento da Ajuda. tanta, do qual não exigia resposta agora, mas
Quanto ao hospital dos enfermos, declarou que esperava que para o anuo elle propuzesse algu·
ainda não pudéra Ir vêl·o, mas con6tava·lhe que ma causa a este respeito.
os doudos erilo mal tratados· e que alguns estu- O SR. MINISTRO disse que havia proposto como
dantes da academia medico-cirurgica quando pas· deputado a creação de uma commissão central de
liavil:o pelos oubloulos entendião com os alienados· officiaes engenheiros com ramificações nas pro-
e exacerbavão o seu furor; que isto carecia de víncias, á imitação dos Corps du Génie em França,
grande reforma e que na sua opinião pertencia para fazer a estatistica e o cadastro geral do lm-
á sua repartlQão tazel·a, pois apesar de ser sus· perio, tratar dos caminhos, estradas, canaes e
tentado aquelle estabelecimento por dotações par- finalmente de todos os meios de communicação
ticulares estava oomtudo considerado como pu· interior; que havia muitos annos elle tinha
blico. . aquellas idéas, porém que estava na situação do
Concluto dizendo: oxalá que pudessemos dis· commandante da fortaleza que deixou de fazer
pensar os males que resultão destes estabeleci· fogo por não ter polvora, visto que estas cousas
me.n~os; nós queremos obviar ao. C_!'im.e de infan· não odião executar-se m a lic ão de meios
pecuniarios que falta vão ; e para dlzer tudo havia
O SR. MoNTEZU!IU. disse que os esclarecimentos tambem falta do pessoal ner.essario, se não absoluta
que tivera em vista fazendo a indicação, erão ao menos consideravel, não sendo sufficiente o
relativos à parte financeira e não á parte admi· numero de officiaes engenheiros com os conheci·
nlstrativa, por ser -necessario dar dtfferente di· . mantos tanto theoricos como praticas lndispen-
reccão áquella casa. Que elle orador tinha pre· aaveis, para formar uma corporação que devia
visto tambem a difiiculdade de encontrar as cartas desempenhar diligencias tão arduas e tão impor-
regias e ordens antigas, etc. , mas pedira sómente tantes; nem devião escandalizar -se os Srs. offi.-
os esclarecimentos que fossem essenci~lmeote ciaes 'tlngenheiros desta sua asserção, pois era
necessjlrios para não comprometter na reforma sabido que para trabalhos daquella natureza não
qualquer direito de propriedade que pudesse bastavão os conhecimentos theoricos, e os pra-
e~iatir. Que S. Ex. ea~av~ equivocado em suppór ticas se adquirião só pelo emprego continuado
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SESSÃO E~l 2 DE SETEMBRO DE 1831 H7


nestes exercícios, que tinhão sido por ora pouco ratifique o contt·acto, porque o empresario cum-
communs no Brazil. prio as condições delle? Pois eu hei de approvar
Que á vista do exposto bem podia o ministro este contracto? Hei de responsabilisar-me desta
ter muitos planos, sem comtudo os poder realizar fórma por mais de 2 milhões da cruzados? Nessa
immediatamente; que reputava tambem a secre- não caio eu I Isto é o que queria o Sr. deputado
taria de estado do imperio uma das mais impor- para depois me cahir em cima e gritar com toda
tantes
. comtanto
. .
que se lhe submínistrassem os a força: - responsabilise·se esse ministro ue
pprovou um con rac o estvo a naçao, ou sem
quanto pudesse para promover o bem da nação. ter o conhecimento e dados necessarios para
O Sa. MoNTEZUMA explicou que o comité lem- saber do cumprimento das respectivas condições?
brado por elle não devia con•tituir em re I) u- Eu hei de fazer por cumprir religiosamente o meu
co, os quaes a'fta numero demasiado mas , - · · mpo agum eon-
de-yia ser composto de ho_mens que soubes'sem e tracto~ sem saber se farão satisfeitas as su11s
quizessem trabalhar, movidos só de patrictismo e condições, diga o Sr. deputado o que quizer. Eu
de zelo do bem publico sem onerar o thezouro, não sei se as condições forão cumpridas ; o Sr.
estando elle orador certo de que muitos se apre- ministro dos negocias estrangeiros, a quem a mti-
sent~rião só por estes motivos, fossem empregados ficação foi pedida, passou o negocio á secretr.ria
publ!cos ou não, para serem depois objecto de do imperio, por não se achar bem instruído ácerca
gratidão da nação. delle ; eu tam,b~m nada sei a tal respeito porqua
~otou qu~ 11; des~ulpa p_or f~lta de gente e de as despezas não forào feitas por mim, entre-
m8los pecuDJano~ nao podia livrar o Sr. minis- tanto a nação gastou perto de 2 milhões e eu hei de
tro da responsabilidade pe::ante a nação, se nada ratificar o contracto 1 1
fizesse durante o . seu ministeri'> ; pois não se O SR. ~ONTEZUII!A. achou que o Sr. ministro
, - 80 o que
que provasse para a sessão futura que traba- se lhe havia pedido, aproveitando-se do lado
lhava por desobstruir os canaes da communicação favoravel e mais popular da questão; que elle
a~terior,_etc., deve~do S. Ex. e_:;tar certo de que orador advertir,, que os ~inisterios erào solida-
'
~lle orador cla.m~ria contr~ S. Ex:. quanto suas' do contrario não acharião com quem contr;ctar,'
wrças o permltttssem; nao se podendo exigir por isso que a parte não teria certeza de que
que ? trabalho _fosse perfeito porque nada sahia ficaria no ministerio até á conclusão do seu
tudo o que pudesse estando ' neste caso elle preferiria uão fazer contracto algum, o que cà.u-
o_rador ~rompto a affirmar que o Sr. ministro saria grnndlls embaraços á administração ; por
tmha fetto o Sllu dever, assim como a respeito estes motivos entendia elle orador que incumbia
de todos aquelles que assim praticassem. o Sr. ministro o mostrar que o contracto havia
. ~assando depois a fallar sobr~ algumas propo- sido illegal, caso uni co em que podia dispensar-se
stçoes avançadas pelo Sr. mmistro ácerca do do seu cumprimento. Não llle pareceu sufficiente
orçamento, principiou pela declaração que fez de a razão allegada por S. Ex., de que ignorava
não querer approvar o contracto relativo a Flora se as condiçoes do contracto havião sido satis-
Fluminense, por ignorar se havião sido cum~ feitas, porquanto na secretaria do imperio devião
pridas as condições delle ; e disse ~ue no caso existir documentos que provassem se farão pre-
~e_ o tere!? sid~, o que podi~~;_ saber-se na repar- enchidas ou não; que era indubitavel não dever
tlçao do 1mperw, ondtl havtao de existir os o coutracto ratificar-se não tendo sido satisfeitas
ocumen os essenctaes necessarios para esta ave- as con ições, mas se o farão por uma pat·te
riguação, S. Ex. não devia dispensar-se de appro- tambem o devião ser pela outl·a; que bem se
va~ o !lito contracto, visto que o governo era conhecia pelas expressões delle orador, que jámais
sohdarw um do outro ; e no caso de não ter o tivera em vista que os Srs. ministros appro-
o com que pagar agora, cana em ivida vassem a esmo os ac os os mm1s ros an e-
pan satisfazer quando puder, devendo o negocio riores, mas sim que não se faltasse á te dos
ser submettido á consideração do corpo legislativo contractos.
afim de o encarar pelas suas differentes faces; Declarou-se contra o principio de ser preciso
porém nunca o Sr. ministro tomar sobre si o para fixar a dotação do imperador, que seu digno
invalidar um contracto feito pelo governo pas- tutor désse um plano da economia da casa im-
sado, no caso de tere~I sido cumpridas as con- perial, sern que daqui pudesse inferir-se que o
dições delle, pois não lhe competia ser fiscal da dito tutor não haja de expõr a fórma pela qual
bondade ou maldade do eontracto para o des- hrl de administrar. mas só que devia ir-se de
fazer, sendo unicamente da attribuição da assem- accordo com o art. 107 da constituição, o qual
bléa geral em tal caso o responsabilisar o ministro mandava que se désse dotação ao imperador logo
que o celebrou. que subisse ao throno, e se o imperador menor
o Sr. Mintstro:-Um acto de um ministro era imperador do Brazil, como nínguem podia
que deixou a administração não á lei para o seu negar, devia ter uma dotação e estava nas mesmas
successor, e póde o ministro novo desfazer as circumstancias em que se acharia se fosse maior,
asneiras que tiver feito o seu antecessor. Como visto que por ser menof não soffria quebra na
posso eu ser nbrigado n seguir o que tenha feito dita dignidade, de que o reveste a naçã9..._(Muitos
outro, e ser ao mesmo tempo responsavel pelo apoiados.)
que assim obro, e por não desfazer os actos Apoiou ao mesmo tempo a emenda para não
mãos do ministro meu antecessor ? se incluir a dotação na lei do orçamento, em
- · e is de
illustre deputado, não está bem informado do que fixada; tendo ·a assembléa ainda tempo sufficiente
ha a este respeito. Todas as despezas da Flora para discutir a lei da dotação neste anno, pois
farão feitas por mão do bispo de Anemuria e a sua discussão não tinha complicação nenhuma.
tle outro indivíduo chamado José Marcellino Gon- Pedio explicação ao Sr. ministro da portaria
çalves. As contas erão mandadas ao bispo de seguinte, com data de 29 de Agosto de 1831 :
Anemuria, e. nada veio para a secretaria do im- (< De ordem de S. Ex. o ministro dos negocias
perio onde existe apenas o decreto que .mandou do imperic. se faz saber a todos os empragados
fazer a despeza. aposentados por molestias pela nspectiva secre·-
Como é pois que apparece um officio do mi- taria de estado, que a regencia em nome do
nistro bra?<ileiro em Pariz, para que o governo imperador houve por bem mandar proceder a
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118 SESSÃO EM 3 HE SETEiHBRO DE 1831


uma iuspecção de saudtJ por meio da compe- fosse pôr em desasocego os pobres velhos e in·
tente commissão de facultativas da sociedade de validos, cujas aposentadorias já estavão appro·
medicina desta côrte, para se conhecer do estado vadas pela assembléa geral. Pelo que se via com
de molestía de cada um delles ; deverãõ pais os evidencia que a portaria estava mal redigid!l,
referidos empregados dirigir-se sem perda de não sendo aliás negocio de pequena mont'l.
tempo á dita commissão, na casa onde costuma Adverti~ JJ?ais que o seu fim não. fôra maltratf!r
reunir-se e nos dias designados ás suas func ões
para que e a possa proce er á competente ave- beira cousas com que o pudesse fazer, o que
riguação, sendo llepois apresentados os títulos não pretendia agora, porque o seu fim unico era
de suas aposentadorias com os documentos que dar mnis uma prova a S. Ex. da necessidade
lhes pertencerem na mesma secretaria de estado de se faz re - -
· · _ i , a m e o erem a appro- sejão mal interpretadas.
vação da assemb!éa geral. Concluio dizendo que não gostava de v-er ago-
" Rio de Ja"!leíro, em 29 de Agosto de 1831.- niado o Sr. ministro, mas q\te estivesse tran-
Lui; Joaquim dos Santos M al·rocos. >> quillo e a seu commodo, afim de lhe poder
Concluida a leitura mostrou desejo de saber ministrar os esclarecimentos que esperava de
para que fim S. Ex. mandára inspeccionar estes S. Ex. assim como dos outros membros da admi-
aposentados. nistração.
O S.a. MINISTRo disse que seria melhor que o O SR. MINlSTRO disse que sempre vinha para
nobre orador pedisse esta explicação á camara, a camara possuído da maior tranquillidade de
que mandára proceder á dita inspecç,ão. espírito e a conservava como no tempo em que
O SR. MoNTEZUMA perguntou se a camara man- fôra deputado, porque não receiava nem o_s ar-
dára isto a res eito dos a osentados -
sen an os. pações, e vinha disposto a responder a tudo com
O i:>R. MINISTRO respondeu que a ordem se o mesmo sangue frio e desembaraço que tivera
referia aos empregados cujas aposentadorias não em todo o tempo; que o dito Sr. deputado se
tinhão sido in escandaliaára d a ( ·
muito bem, segundo elle ministro acreditava, que
0 SR. MONTEZUMA. (exclamou): Ahl. .. logo Vi a sua significação era-calor, enthusíasmo, ener-
que havia aqui alguma causa, porque não podia gia,-a qual sem duvida havia empregado no
tratar-se daqueUes cujas aposentadorias forão seu discurso sobre uma cousa de mera r -
e que e mais não fôra feita por elle ministro,
O SR. MINISTRO pedi o ao Sr. deputado que mas pelo offidal-maior interino da secretaria do
examinasse bem se não era isso mesmo o que estava imperio, accrescendo que o objecto do exame vinha
declarado na portaria. declarado no fim da mesma portaria, e vinha a
ser: (< afim de obterem a. approvação da assembléa
O SR. MoNTEZUM:A explicou que :fizera aquella geral. » E como o Sr. deputado a entendêra por
pergunta, porque se fosse empregado aposentado diverso modo, elle ministro para mostrar a im •
assentaria que a dita portaria tambem se entendia possibilidade de lhe dar este sentido, pelo absurdo
a respeito delle, fJ.uando era relativa só aos que que dabi resultava, dissera que ninguem haveria
devião ser aposentadoil. que acreditasse que attestações de medicas de
O SR. Mm1sTao disse que a redacção da por- que tal e tal individuo estava doente pudessem
taria l}ão estava exacta, mas nem por isso pod!a ser objectos da approvação da assembléa geral,
- · · m neira a guma

,
bléa geral os attestados dos medicos, em que os termos imperativos que costumava usar o
se dissesse que Fuão ou Fuão tinha tal mole~tia; Sr. Montezuma, pois que sentado naquella. ca-
logo, era bem claro que a inspecção dizia respeito deira como ministro do imperio, não reconhecia
aos aposentandos ou ãquelles cujas aposentadorias esta supremacia que queria estabelecer, convindo
não tinhã.o sido approvadas ainda pelo corpo mesmo para boa intelligencia proceder com fra-
legislativo. ternidade, não escandalisar a ninguem e não
empregar termos como u isto é ridiculo », etc.,
O Sa. MoNTEZUM:A respondeu que S. Ex. se que devião ser banidas do augusto circulo dos
exprimira. muito mal, e o não havia entendido; representantes da nação.
que elle 01ador não fallou com colera nem afan, E conclui o com estas palavras:- Não apresente
e cumpria que o Sr. ministro se explicasse com o nobre orador causas que choquem o amor
a mesma doçura e man~idão que el!e orador tinha proprio de ninguem, e respeite se quer ser
usado, sem proferir que não entravn na cabeça respeitado. (Foi muito apoiado.)
de ning11.em aquillo que entrára na cabeça, não Ficou a mataria adiada pela hora.
só delle orador, mas de mais alguem; que não Levantou-se a sessão.
achava motivo para o Sr. ministro se exprimir
desta maneira, principalmente havendo elle mesmo
brincado e caçoado com a dita portaria pelo ri·
diculo que otrerecia, entendendo ·o seu contexto
do modo q\te eUe orador entendêra. Sessi\o em 3 de Setembl'O
Declarou haver n t
vinhão com prevenção á camara, sendo tão me- PRESIDENOIA. DO SR. ALENCAR
lindrosos que não querião que nada se lhes
dissesse ; que dado . o caso de ter elle perguntado Approvada a acta, lerão-se os ofllcios seguin-
um disparate era .ia dignidade, não só do Sr. mi- tes'
nistro para com elle orador, mas para com a Do ministro do imperio participando ter sido
casa, o emendar o erro sem o tratar de dis\)a· sanccionada a resolução da assembléa geral creando
rate, quanto mais não o sendo, porque seria algumas cadeiras na província do Ri.o Grande
necessario suppôr um estupido completo e que do Norte.-Fo! o autographo para o archivo.
não tivesse um angulo na cabeça em que pu- Do mesmo ministro remettendo o ofllcio do juiz
desse collocar·se uma idéa para afllrmar que a de paz da freguezia de S. João de Itaborahy,
portaria não podia ser entendida de maneira que com o requerimento dos moradores della, em que
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SESS10 EM 3 DE SETEMBRO DE 1831 119


pedem seja elevada a villa a dita freguezia.- vincia de S. Paulo, creando varias escolas de pri·
A' commissão de justiça civil. meiras letras.
Do ministro da guerra participando ter sido Entrou em discussão a proposta 4a do conselho
sanccionado o decreto da assembléa geral, que da Parahyba para creação de escolas de primeiras
fixa as forças de terra para o anno de 1832 a letras, á qual o Sr. Araujo Lima propóz adiamento,
1833.-:fo.i o autograp?-o pat·a o archivo .. mas a!_inal foi approvada.

A 11• do conselho geral da pro~incia de S. Pe·


dro do Rio Grande do Sul, sob n. 10, dividindo
em tres a frc<uezia da Senhora da Madre de Deus
da cidade de Purto·Alegre.
A 1• do conselho geral da pr•lVincia das Ala-
gôas, sob n. 48, creando 2 villas.
A 5~ do conselho geral da província de Sergipe,
sob n. 51, creando uma freguezia na povoação do
Rozario.
Entrou 11m discussão a proposta do conselho
geral da provincia do Piauhy, já. approvada pelo
senado ara se a licarem á edifica ão de cemi·
terios, além dos rendimentos da fabrica das igrejas
os da capella de S. João do Piauhy.
Foi adiado pela hora.
. Passou-se á 3• parte da ordem do dia: e entrou
hora, e para que se votasse logo que alguns o em tscussao o pareeer so re o requertmento
requeressem. do alferes Thomaz Lourenço da Silva Castro,
que se queixava do ex.ministro conde do Rio
F?i approvado o requerimento e retirado o Pardo, por tel-o removido dos estudos da academia
mi 1 ar, com imptt çã e esapp 1ca o pe a sim-
O SR. BAPTISTA CAETANO mandou á. mesa um ples informaçto de um só lente. -A com missão
projecto de resolução ácerca do ouro em pó, que acha que o ministro P.xorbitou de suas a.ttribuições
foi julgado objecto de deliberação e ficou para e que se póde reenviar ao governo o requerimento
entrar na ordem dos trabalhos, por estar já do supplicante, para guardar com elle a lei regu.
impresso. lamentar da academia.
O Sa. CASTRO E SILVA offereceu e foi a impri- Entrou em discussão o parecer adiado em 30
mir a tabella geral das rendas e contribuições de Julho sobre a representação do conselho geral
pu}?licas de todo o imperio do Brazil. da província, a favor dos empregados da casa
da moeda.-A commissão julga que se lhes deve
deferir fazendo effectiva á responsabilidade de
ORDEM DO DIA quem os admittio.
Julgou-se objeo.to de deliberação e mandou-se R. ETTO o ereceu emen a para suppnmll'-se
imprimir a seguinte resolução, offerecida pelo a parte do parecer relativa a responsabilidade,
Sr. Vallasques: e foi approvada.
« A sentença de ue falla o arti o da lei de 18 O SR. AMARAL a resentou o tra emenda ar
e Setem ro de 1828, para quo den ro os O se conservarem os vencimentos do mestre, aju-
dias se interponha o recurso de revista, enten- dantes, etc., da casa da moeda da Bahia, na
de-se ser tanto da proferida definitivamente sobre fórma d11 lei do orçamento, tendo em vista seus
a causa principal, como sobre quaesquer em- annos de serviço.
bargos a ella oppostos na acção O!l na exe- Foi approvad11 a 1• parte e regeitada a 2a.
cução. Julgando-se finda a discussão, foi approvado
Julgou-se objecto de deliberação e .foi dispen- o parecer salvas as emendas.
sada da impressão para entrar na ordem dos Procedeu·se á eleição da mesa e corrido o
trabalhos uma resolução offerecida pela commis· escrutínio sahil'ão eleitos, sendo 66 os votantes
são de instrucção publica, àcerca dos ordenados com a pluralidade abaixo indicada~
dos professores. Para presidente, o Sr. Alencar com 46 votos.
Mandou-se imprimir, depois de julgar-se objecto Vice·presidente, o Sr . .Araujo Lima com 44
de deliberação uma resolução offerecida pe~o votos.
Sr. Pacheco Pimentel, para que o monte-piO
resultante das multas por dispensas matrimo- lo secretario, o Sr. Chichorro com maioria de
niaes, reverta todos os annos para as. mesmas 1:>4 votos.
fregqlezias donde emanou, afim de apphcar-se a 2o dito, o Sr. Monteiro de Barros com 48
obras pias. . votos.
Mandou,se imprimir com o preambulo a segumte 3o dito, o Sr. Belisario com 47 votos.
resolução offerecida p~lo .s!. Ma;Y: 4o dito, o Sr. Ferreira de Castro com41 votos.
nenhuma se póde entender nem julgar iuvali- Supplentes, os Srs. Vallasques com 9 votos e
dado pela letra, nem pelo espírito dos artigos, Montezuma com 7 ditos.
desde 175 a 178 da constituição, que marcando O SR. PRESIDEN'l'E deu assumpto para a sessão
a linha constitucional do procedimento da assem- do dia 5, e levantou a sessão depois das 2
bléa geral, em ma teria~> de reforma na consti · horas.
tuição, já.mais sem um est~ottdoso absurdo . se
poderia estendt~r á massa nacwnal das assembleas
primarias, em quem na fórma do art. 12 residem
todos os poderes e soberania da nação.
· Passou-se á 2a parte da ordem do dia, e foi
approvada a proposta 8• do conselho geral da pro-
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1~0 s~:SSÃO EM 5 DE SETEMBRO DE 1831


Sessão em S de Setembro carencla das causas mais indispensaveis, como
infallivelmenta aconteceria, dando· se-lhe lOO:ooon
PRE:SIDJ;;NCIA DO SQ. ALE~CAR em moeda papel, que reduzidos a moeda forte
produzirião um terço desta somma ou menos.
Approvada a acta, lerão-se os seguintes of- Niio querendo apresentar exemplos dos riquís-
iicios: simos lords ingleze;;, muitos dos quaes tiohão
Do ministro di)S negl)cios estrangeiros, parti- de 100,000 a 500,000 Ibs. sts. de renda, conten ·
• - • • - fi - va-se em re enr que o uque e a o.(ls em
cimentos pedidos relativamente á demora que Portugal recebia maior rend_a, do que teria o
tem tido na ilha do Focinho de Cabo-Frio os imperador do Brazil, no caso de passar esta
inglezflS que i para. alli forão com o destino de dotação de loo:oooaooo.
. qu
fragata Thetis, que alli naufragou, porque espera
pela indagação a que mandou proceder o ministro
do imperio a semelhante respeito.
Do ministr:0 da marinha, satisfazendo ás infor-
mações que se lhe pedirão sobre os individuas
aposentados na sua repartição, cujos decretos
dependião da approvação da assembléa geraL-
A' commissão de penaões e ordenados.
Do mesmo ministro, restituindo o requorimento
do capitão de mar e guerra, Matheus Welsh, com
as informações sobre elle exigidas.
Do ministro da fazenda submettendo á c ns·-
eraçao a camara o plano e orçamento da ' que exercesse o cargo da
fixado para a pessoa
obra, que se carecA fazer na administração fiscal, tutor; assim como desejava renunciar ó. admi-
na povoação do norte, da província do Rio Grande n~stração da ~asa l~peria~ etc. ; reservando para
do Sul, acompanhados de officios do res ectivo
mints r!l r; o que u o úZ parte de outras
semelhantes exigencias da junta de fazenda res-
pectiva em conta dada ao the!ouro nacional, de
7 de Abril deste auno.
· · r , p r c pau o que o man-
do-se a João Candido Fragoso, 2° escripturario
do thesouro, para continuar no exercício do seu
lugar, visto não ter sido approvada a sua aposen-
tadoria, elle não pudér>l satisfazer por se achar
enfermo, como mostra por attestações recentes;
em consequencia parece estar nos termos de
merecer a approvação que solicita.- A' commissão
de pensões e ordenados.
Foi presente a representação da ca.mara. munici-
pal da vil! a da Praia-Grande, acompanhada de outra
dos moradores dos lugares denominados Itocaia
o •• .... A.~
o • ~

municipio da dita villa. -A' cominissão especial


de camaras municipaes.
Leu-se u o:fficio da commissão da sociedade
defenso a · · · ·
convidando á camara em nome da mesma sacie· imperador menor e suas irmãs, nnmero de lições
dade para comparecer em S. Francisco de Paula, quq davfio por dia e o que se pagava a cada um
as 11 horas do dia 7 do corrente, e assistir á destes mest'res: obtidos os quaes 8$Clarecimentos,
festividade com que se pretende solemnistlr a continuaria o seu discurso.
recordação de tão fausto dia.- Recebido com 0 SR. ÂNDRA.DA E SILVA respond6U que OS mes-
agrado. tres geraes e os seus ordenados erão os se-
Foi remetLída á commlssão de pensões e orde- guintes:
nados a representações dos empregados civis do
arsenal do exercito, pedindo augmento de orde· De francez e geographia. 4.00$000
nados. De musicn . . . . . . . . . . . . 4.00gOOO
De ler e escraver, que era um frade o
qual se reiirou. 400SOOO
ORDEM DO D!A. Do desenho . . . . •. 420UOOO
D~ dança. . . . . . . . . . • • • . . . 900SOOO
Tendo entrado ás 11 lioras e meia o Sr. mi-
nistro do imperio e tomado assento, continuou 2:520$000
a .2• discussão do projecto de orçamento n. 190 0.1 quaes mestres geraes, isto é, do imperador
na parte do ministerio do imperío relativa á men·.Jr e de. suas augustas irmâes, da vão lição
província do Rio de Janeiro com as emendas 3 dias por semana: que antos delie orador entrar
apoiadas nns sessões antecedentes. na tutoria, estas lições se verifica vão nos quar~os
Offerec rã . ·
'
O SR. AND!l.ADA. E SILVA. disse que havendo cezas; mas que depois de encarregar-se da tutoria
sido o assumpto da dotação esquecido, aban- tinha feito com que as lições se dessem em com·
donado e postergado durante o espaço de 5 mezes mum, afim de se applicarem melhor; que o
atá agora não insistiria sobre a execu~ão do imperador tinha só um mestre particular da lingua
art. 107 da constituição; visto que para muita ingleza. ·
gente a constituição do imperio era papel bo-r- O Sn.. LE:ssA. estranhou exigirem-se na camara
rador, e para outros o imperador era uma ideali· explicações do Sr. José Bonifacio ácerea da tutoria,
dade platonica; mas queria mostrar quanto era quando elle só era naquelle lugar deputado, e
indecoroso á nação brazíieira que um Imperador
de sua escolha, por voto unanime do Brazil, tivesse l taes esclarecimentos devião ser exigidos pela se.
cretaria de estado dos negocias do imperio ; e
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SES:;Ã.O EM 5 Ois SETEMBRO DE 1831 121


accrescentou que por este modo a discussão uma emenda para se apresentar 3ô:OOOS á con-
levaria mezes sendo tão minuciosa. signação da vaccina.
O SR. CosTA FERREIRA respondeu que precisa.va Expoz tambem a necessidade de se continuar
des~es esclarecimentos para não votar as cegas, a obra do canal da 'Pavuna, que fóra abando·
e nao estando o Sr. winistro do ímperio em cir- nada, e recommendou que se dessem 400:0006 ao
cumstancias de os fornecer ao mesmo tempo Sr. ministro dn imperio, afim de os empregar
que o Sr. Andrada e Süva se prestavs com nas obras que fossem mai~ neeessarías e uteis,
tanta bondade a dal-os, não lb.e parecia justa a das quaes seria obrigado a dar conta especi·
observação que ouvíta. .fica da.
Notou que o Sr. Andrada O Sn. CARNEIRO DA. CuN!I.\. affirmou que votaria
i a es r e por 1 ao. e : a , porque aven o " e
0 SR. ANDRADA. E SILVA tornou que estes 4(/ com certo wodo sido obrigado a retirar uma
erão para sege e não constituíão ordenado. emenda sua ·para que se dessem mais lOOSOOO á
sua provincia, por se lhe dizer que não convinha.
O SR. CosTA. FERREmA. continuou: que addicio" augmentar despezas quando a receita não che-
nada esta parcella dos 4S por lição, o vencimento gava, não podia com justiça convir em a11gmentos
dos mestres que tinhãn 400$ de ordenado, che- que se pi'Opunhão de quantias muito maiores:
garia a l:OOOH, pouco mais ou menos. que por isso teria sido muito conveniente come-
Manifestou o seu desejo de que na dotação çar-se pela discussão da receita, para que as
entra5Se tambem a despeza da capella imperial despez·,\S houvessem de regular-se por ella, visto
que estava hoje junta com a da cathedral, quando que o Sr. ministro da fazenda já tinha mostrado
devia ser separada. a impossibilidade de v~rifi.car-se a entrada nos

do. bolsinho recahiiio principalmente sobre pessoas a mais da 11 ou 12,000:000BOOO.


pobres e invalidas, pois 'lia na lista dellas pes- Advertio que era inutil o requerer cada um
soas muito abastaJas, cout~ndo-se :>té entre ellas Sr. deputado para a sua província algum accres-
ci r à ce tas ·
. ·alguns conegos com diversas parcellas, etc., etc:, não pa>sa.ria isso do explendor que lhes resul-
,e disse n_ntre outras r~flex.ões que se por um lado tava, em razão de terem requerido, sem que tal
... a humamdade o mov1a a votar a favor do pa- accrescimo se realizasse, porque não haveria
- ~ ;- dinheiro ara isso.
decrepitude e miseria, por outro as necessidades A.' respeito da dotação disse que com grande
da naÇão o induzião a excluir todos os que não magoa do seu coração não podia concordar com
estavão nestns circumstancias, visto que o liUg- o Sr. Andrada e Silva, tendo aliás igual respeito
men~o da despeza não &ra compen.;ado pelo da ao monarcha menor, desejando que . elle fosse
rece1ta. muito feliz e o Brazil com elle: felicidade porém
Propoz-se apresentar· uma emenda emquanto que não podia consistir na grande quantia que
ao JJiario das Camaras, para que se continuasse se marcasse para a dotação, mas no amor dos
a sua publicação atá aeabar este anno, em o povos, verdadeiro throno do monarcha justo e
caso de ser supprimida esta despeza para o anno liberal, que o imperador devia ser tratado com
simplicidad~, sem comtudo !!e faltar â decencia,
futuro, porque aliás ficaria a obra imperfeita. e não com o luxo com que viera para o Brazí\
Apr~sntou varias obs_erv:ações a favor da con- o Sr •.D. João VI, par~cendo mais um monarcha

em dia; porque ainda. quando estivef!ssm em dia os emp~egados ~eclamavão augmento de orde·
não podião ser immediatamente lidos por todos nado.
os habitantes dó Brazil, sendo certo quo os povos Citou o exempl.o do pai do nosso augusto im·
gostavão de ler os diarios para verem como seus perador, o qual tinha gozado de maior consi,
representantes .:iefendião seus direitos. Quanto deração e grungeado mais o amor dos povos,
ás iaexactidões na redacção dos discursós, lem- quando recebia só 90:000$ de dotação annual, do
brou que havia meio de as remediar por decla- quo depois que teve l,OOO:OOOS.
rações feitas nos mesmos d!arios ou em outros RepresentoQ que a fazenda de Santa Cruz podia
periodicos, accrescendo que em parte nenhuma produzir grau !e renda com o argumento de que
do mundo os discursos se publicavào como erão antes da vinda da córte para o Rio de Janeiro
pronunciados, pois erão revestidos de melhor fervião os empenhos para conseguir u adminis-
ordem e redacção. tração- daquella fazenda, e os que a obtlnhão
Concluio lembrando a contradicção que haveria fica vão ricos dentro de pouco tempo; e a ser
supprimiodo o IJiarío da Camara dos Deputados impossível obstar ao destacamento dos rendi-
e conservando o do senado. mentos da mesma fazenda, conviria mais arren-
dai-a· a diversos lavradores, que muito desejarião
O Sa. MACIEL apoiou a suppressão dos diario.s fazer
pela grande despeza que fazião e pelas inexa· •haviãoo de aosteio uella só pelo lucro que della
tirar.
ctictões que continhão, das quaes apontou algumas,
Propoz que o excesso da quantia appli· Concluía reprovando todas as emendas, á
ex:ce ão da uella ue versava sobre a vaccina,
á compra de uma livraria sobre matarias propriaa pareceu o-1 e com udo ex or itants o accresc1mo
para os trabalhos da camara, como, por exemplo, pedido.
obras de princípios geraes, leis e regulamentos O Sn. CA.STRO ALvES disse que tendo muito em
da adminisb·ação das outras nações, a. qual vista o estado actual do Brazil, ainda que des.e-
livraria se fosse organisando pouco a pouco. java vêr nelle quanto houvesse de grande e pres-
Ponderou a necessidade de promover a intro- tante no mundo, limitava seus deseJos pela falta
ducção da vaccina no interior do imperio, paz·a de meios e votava que se diminuíssem as des·
nos livrarwos dos estragos que as bexigas na- pezas o mais possível, reservando-se o luxo para
tur&es têm causado a muitas nações, as quaes- quando pádesse havei-o', e estimaria que . então
offerecêrão grandes premias aos propagadotes fosse superior ao de outra qu_alquer naÇão; .
deste antídoto, e ap~:esentou com eate objecto Representou, em consequencta de sous desejos
TOMO 1 1G
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:07 - Página 3 de 6

122 SESSÃO EM. 5 DE SETEMBRO DE 1.831


-de economia, que dnndo o dMreto da creação outra: que o melhoramento da renda resultaria
do conselho de estado 2:4008 de ordenl!do aos principalmente da b9a administração, não con-
conselhei.ros de estado que não tivessém esta sistindo a sciencia do financeiro em augmentar
quantia por vencimentos de outros empregos, consicleravelmente os tributos, não em arrecadar
como os actuaes conselheiros erão pela maior e empregar bem os ~inheiros da n~çãp, ~':_vendo
arte senadores não de i- ac mu
cimentos destes dous cargos, mas perceber só tributos que pesavão sobre as classes productoras
os de senadores, que erão maiores. augmentavão as rendas em vez de diminuil-as.
O Sa. MINISTRO lembrou que a Apoiou a necessidade de abrir estradas, e fazer
cana · . ·
dios, na conformidade da qual se punhão no florescer, cumprindo seguir o exemplo do la-
orçamento os vencimentos dos dous cargos. vrador que deitava semente na terra e depois
era indemnisado da p9rda desta semente pelo
O Sn. PERDIGÃO disse que sendo muito amigo consideravel fructo que ella produzia: e fez mais
de economia não podia comtujo approvar que reflexões sobre os obstaculos que soffria n pro-
por causa d!llla se faltasse ao neccessario, pare- ducção por falta de semelhantes obras-.
cendo-lhe que seria talvez melhor examinar por- Quanto ao projecto n. 117, entendeu que po-
que motivo em um paii de progressiva indnstria e deria ter passado com algumas emendas, mas •
commercio diminuião as rendas do estado, em não entrava na questão, visto estar decidida ;
vez de se augmentarem, do que negar ás pro- devendo dizer comtudo que CLtmpria preparar
víncias os meios indispensaveis para a cons · pouco a pouco as províncias para a especie de
trucção de pontes, estradas, cauaes, etc., que federação em que tanto ouvira fallar, não sendo
ião levar a industria a a e· e açao Ittcompa tve com o 1mpena tsm0,
sua felicidade, pois taes economins produzirião pois a nação tiuha admittido que o imperador
o resultado de não terem os povos com que fosse chefe da federação e não um presidente
pagar os tributos, de maneira que em vez de como nos Estados-Unidos da America, pelo que
a roveitar com ellas arderia muito. · · ' · servat· o governo 1m-
apresentou contra a má arrecadação das perial, deixando as províncias folgar um pouco
rendas e falta de cobrança da;; dividas, referindo para se adiantar a federação. _
-o caso de um negociante doudo que ia todos os Quanto a tur dito o ~r. Perdigão -que o bürro
dias para o escriptorio augmentar as contas dos -,
seus eve ores, e e pois IZia -hoje ganhei isto allusivo ao governo, devia estar certo o·:.;.-.
tanto-, mas o resultado quando morreu, fôra Sr. deputado: que se este governo cahir, o que
achar-se sua viuva sem meios alguns. vim· cahirá igualmente, e tantos se,· ao os governos
Ponderou as grandes vantagens que terií'io que se .1ubstituil·áó uns aos out,·os, tantas as
resultado do projecto n. 117, da commissão de revoluções Jlelas quaes passm·á o B1·azil, tamanha
orçamento, o qu>~l se rej~itára, quando na sua a anarchia e desgraça de todas as ciasses da so-
opittiào teria levado a industria e ecouomia ao ciedade, que ou se1·á ,·eduzido a nada, ou appa·
coração dos povos, que examinarião) e fiscalisa· ,.e,·ad um homem fol·te que declamndo-se díctador
1·ião a administravfio das suas rendas, unico nos reja cum bastão de (er1•o e nos pl"Ítle da, libel·-
methodo de feder<1ção que podia ir predispondo dade pol·que temos pugnado com tão grandes sa-
o Brazil pnra o gráo de prosperidade a que deve cl'ificio_s .. (Apoiados geralmente.) Do que. tudo
cbPgar.

então elle orador seria federalista. cont!nuavão por mais algum tempo em agitação
Fez mais algumas reflexões sobre a impossi- até chegar a bonança, e e~perava que em breve
bilidade de continuar a marcha presente e sobre se restabPlecesse. o socego; esperança em que
a necessidade de examinar a causa da deca- havia 1·azâo de confiar á vista do espírito de
dencia progressiva das rend:1s, para tratar de o1·dem que animava todas as classes da socie-
as augmentar sem privar as províncias de e,.;- dade, po1·que estavâo convencidas, pelo exemplo
colas, de pontes e de estt·adas, etc., porque em de todas a.s outms nações, qtte onde ha ,·evolu-
ultimo resultado chegaríamos a tal apuro, que ção sob1·e revoluçlio como acontece1·á se o go·
o estado não poderia fazer as suas despezas, e ve1·no actual cahü·, o ,·esultado se1·d o apode,•ar-se
teria du soffrer males incalculaveis, de experi- algum ambicioso da dictadU1·a e ficar a naçtlo
mentar revoluções e de passar a nação por di- sem liberdade, e reduzida á maiOl" das des-
versas fórmas de governú, acabando tnlvez pu r graças.
não ser nem federalista, nem republicano, ne.m Concluio representando quanto a prosperidade
realista. da causa da liberdade e nossos interesses exigião
Mostrou mais a impossibilidade de prosperar que todos os brazileiros se unissem em Nenti-
com impostos que atacavão directamente a pro- mentos e vontade, para que se vá flmansando o
ducção e industria, qual era o da sisa, sendo espírito revolucionaria que tem apparecido, sendo
certo que afinal o burro de carga havia de o unico meio de obter a nação os resultados que
cahir. espem do grande dia 7 de Abril o marcharmos
Concluio dizendo ql!-e não orava para agradar Rem re unidos or ue se n-o · · ·
. ,. _ ons an emen e que na não caminharmos de accordo, com a lei na
sua pro!mcia. n~o havia uma cadêa, uma ponte, mão, tristíssimos serão os rdsultados. (Muitos
emfim nao existia obra nenhuma publica, ao apoiados.)
mesmo tempo que as suas rendas ministravão O SR. PERDIGÃO explicou, que fallando em
meios para isso. burro de carga tivera em vista os povos, que
~ Sn. MINISTRO disse que longe de desprezar não tendo forças para sustentar a carga havião
a 1déa do Sr. deputado sobre a necessidade de de cahir, isto é, não tendo meios com que pa-
tratar-se de .melhorar a renda, convinha muito gassem os impostos. Referia o grande numero
promover tal melhoramento sem comtudo perder de impostos que existião no Brazil, affirmando
de v~sta a economia; porque o melhoramento que passavão dfl mais de 150 especies differentes,
da . dita r~nda com a eco!lomia produziria muito sendo alguns taas que a nação gastava mais com
mawr effe1to do que a primeira causa só sem a os col!ectores do que recebia com os impostos;
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SESSÃO .hM 5 Ll.li. SETEltlB.RO DE 183i 123


. e accrescentou mais algumas reflexões em prova imperador menor, não era de certo ainda a do-
de que a suppressão do imposto produzia muitas tação dil que tratava a constituição, nem o podia
vezes augmento de renda. ser pela razão j à dada, de que o im per>ldor ua.
O Sa. CARNEIRO DA CuNHA letnbrou ao Sr. depu- idado de 12 annos não fará as mesmas despezas
tado quA não havia motivo algum para estranhar quo fe~z hoje tendo 6 an nos de idade, achando-se
que cahisse o projecto n. 111, visto haver-se assim a camara na collisão de votar uma dotação
prova o na 1scussao que era an l-constitucional · • · cessiva para
e inexAquivel, c.mtendo um principio novo, que a minoridado, no caso de pretender-se desde já
não podia introduzir-se de repente; e notou que fixar esta dotação, doncle resultaria de duas
alguns Srs. deputados, apologistas do dito pro- co usas uma : ou não tet· o iu: perador dotação
• , ·, , es -viio ameaçan o os e
opinião contraria com revolução e mais revolu- ou accumularerr.-so sommas de dinheiro. durant~
ção, como para conseguirem deste modo que elles a sua minoridade, cousas que cumpria evitar
mudassem de parecer. « Risum. teneatis. 11 Pois pois so por um lado nada devia faltar ao mo~
o~ êrs. deputados mud>wão de opinião por con- narcha brazildro para ser tratado decente e
vicçao e nao por ameaças. magn ificamente, por outro lado a nação não queria
Apoiou a necessidade de reforma em o systema monarcha rico, e com grandes capitaes accumu-
de impostos, principianllo por aqueUes que mais lados, que pudesse applicar para o futuro á. des-
incommoda V>iO as classes pmd uctoras, como os tl'uiç.ão da liberdade.
dízimos, mas advertio que era necessario cami- Confessou iguorar se a quantia do IOO:OOOH era
nhar a este respeito com muita cautela e não ou não su[ficiente, pois não tinha dados para
querer rtnnediar tudo de• repente; porque então formar seu juizo a este respeito, sendo de voto
'l'l • • < ue se au(}'mentasse no caso de ser .' ·
vindo portanto ouvir os conselhos geraes, ter assim como que se diminuísse sendo excessiva,
em vista representações de camaras munici- Otl finalmente que se conservasse se fos~e suf-
paes, etc. ficiente, na certeza de que esta dotaçii o não era
ainda a uella de ue tratava a constitui ão a
qua, se fana quando a camara tivesse as infor-
de estradas, pontes e de meios de circulação, mações que já pedio ao gov~1 no e soubesse exacta-
sendo a de Pélrnarnbuco uma das que estava em mente quanto ren<lião os bens nacionaes de que
maior n_eces~idade, porque não tinha un1a :strB:d~ o imperador tinha usofructo. Achou ue era na
ver a e e.,pan oso que aes e1tS uao ren· essem
que' no mesmo caso se achava a proviucia d~ nada, mas devendo com tudo acredi tal-o, pensava
Parahyb~, mas se dt1sejava promover por unr que isto aconteceria só emqnanto se achassem
lado os mteresses ue Pernambuco por ser a sua debaixo da pessima administtaçào antiga, mas
pntria, e da Parahyba por ser o lugar da sua que sorião muito rendosos lego que passassem
residencia, não queria por outro lado qu<l a para a optima admi11istração dv tutor do impe-
nação fizesse sacrificios com que não podia. rador menor.
E coucluio com outras reflexões neste seu- Entendeu que o Sr. Andrada e Silva não podia
lido. eximir-se da administração da casa imperial,
O Sn. CosTA FERREIRA. oppoz-se a qne fossem por(1ue lhe era incumbida por lei.
applicados pura compra de uma livraria Estranhou que alguns mestres, est,mdo sem
ma"ll:esce.ntes dus deJpHzus da ca~a •. ni'io só .
exerácio, tivessem ordenado constante, como se
' '

dral. Declarou estar persuadido de que os ordenados


O Sn. MINISTRo respondett quo esto objecto
dos mestres, nem mesmo o subsidio para o tutor,
pertencia uo ministorio da justiça. . se o não tivesse renunciado como louvavelmente
praticou, não devião sahir da dotação, e que não
O Sn. XAvmn DE O.uWALilo disse quo o sen, deveria ter-se empregado neste caso a palavra
sibilisára em dllm uziu, !IBsim como lho parecia « dotação », porquanto~o que se lixava por agora
que htwia de penaliHnr muito u nuçi'io o affirmar era alimento ou subsidio quoJ a nação prestava ao
o Sr. Andrndn e Silvn que roputnviio o impe· imperador menor, mas que em todos os modos
rador D. Pedro II como itloulidudo plntonica: o seu voto era que se separassem da dotação estes
pois não llra possi vol quo a unção bl'!lzileil'a e t.lous artigos.
seus representantes que havião acclamarlo o Sr. Quanto á ameaça de que a nação irá de revo-
D. Pedro II com tanto gosto e eu thusiasmo no lução em ravolução, ameaça que ouvira fazer na
dia 8 de Abril, o reputasôem uma idealidade camara todos os dia;~, mas que deveria ser baniu a
platonica, sentimentos qufl ninguem tinha, pois do augusto recinto da representação nacional;
todos os membros da sociedade brazileira olhavão atlvertio que os fins das revoluções erão funes-
para este senhor como um ente sobre maneira tíssimos, e que e\le deputado se horrorisava até
respeitavel, credor dos respeitos e adorações dos do termo de revolução, assentando por isso que
brazileiros, respeito que elle orador por sua parte os gloriosos successos do dia 7 de Abril não
l!le tributava em muito elevado gráo, C'>IDO ao merecião bem o nome de revolução, pois não fôra
che~e e primeiro representante, resl?eito que a~n~a o Brazil ~ue. exp~lsára o ex-i~perador, mas a
(se lhe eN permiltido exprimir-se por esta fórma), mente. E proseguio:
que merecia pelas suas circumstancias, meninice Sr. presidente, dirijamos nossos votos aos céos
e desamparo de todos os que podião ser-lhe mais para que não hajão mais revoluções (muitos
caros. apoiados) ; esta não acabou ainda; anarchistas
Tambem achou offensiva para a camara. a se apresentão talvez com a cabeça mais alta do
asserção do dito Sr. Andrada e Silva, de que que devia ser, é do nosso dever ft~zer-lhes abaixar
ella queria amesquinhar, pois deixava de supprir a cabeça, fazer com que as leis sejiio obedecidas,
o imperador do Brazil com o necessario para unica taboa que nos póde salvar; sem fiel exe-
se tratar com toda a decencia possível, convindo cução das leis não ha liberdade. (Muitos apoia-
notar que a quantia que houvesstJ de estabele- dos.)
cer-se na lei do orçamento para a dotação do Concluía fazendo algumas refl.ex.ões sobre a
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124 SES~ÃO ~M 5 DE SliTEM.BRO DE 1831


justiça com qu<; a camarn votf'lra contra o projecto actuaes serem maiores do que füi estabelecido
n. 117, pela necessidade de preparar primeiro as na lei da m·eação do conselho de estado, du-
províncias, para que possa ter execução, e fazendo vidando de que estivesse em vigor a lei dos
ver que a~ províncias não ficavão privadas dos subsídios apontada, e que fosse legal o dito
recursos necessarios á vista do art. 3• do. projecto accrescímo.
n. 190: « As des ezas rovinciaes fixadas or tei aclarou ue est
serão nas províncias autorisadas por despacho de uão ser mestre della sempre fizera dífferença
dos presidentes, e quando motivos urgentes exijão entre economisar e arrecadar, assentando que-
despezas extraordinarias, serão estas determinadas economisar- era gastar o menos possível, e-
em conselho de governo. n arrec~dar - era · rocarar ue entrasse em caixa
O SR. AN:oR.l.DA. E SILVA. explicou ter dito que tudo o que fosse possível ; e por isso não devião
muita gente no Brazil tinha o imperador por uma confundir estas duas cousas, como lhe parecia
idealidade platonica, o que de maneira alguma que se fizera. E continuou :
se referia á camara dos ~rs. deputados; pro· Senhores, eu sempre fui economico porque
vando-se que existia semelhante gente m6smo tenho vivido em circumstancias apertadas; sei o
pelo que o Sr. Xavier de Carvalho acabava de que é economisar, sempre desejei andar de car-
representar ácerca dos anarchistas. ruagem, mas não posso; e como não tenho com
Emquanto á dotação, continuou a mostrar que que sustentar carruagem, ando a pé. Esta é a
100:000$ em moeda fraco. não podião chegar para minha idéa. Quem puder ter carruagem que a
as despezas da casa imperial. tenha, e quem não puder que ande a p9.
Junot quando entrou em Portugal prometteu ·
O SR. :x;AvrER DE 'OAJW~LHO tornou, qu~ a dize- ~st.radas, pontes, ~anaes, etc. : quer~mos nós
elle tinha notado, estava muito de accordo com
o illustre preopinante, porque alies erão não só
~apazes de considerarem idealidade platonica o

muito peiores. (Apoiados.)


O SR. LoBo propoz uma emenda para que os
membros dos conselhos provinciaes vençfio quantia
governo, pois que havendo passado uma reso-
lução que prohibia a accumulação dos cargos de .. -~. '
conselheiro de província com os de conselheiro
do governo e de membro da camara municipal,
dando-se a opção aos que actualmente occupavão
estes cargos, era provavel que preferissem ficar
no conselho do governo, então era necessario
supprir a falta no conselho provincial, a qual
continuaria se estes não recebessem alguma cousa
pelo seu trabalho, tendo talvez de vir os mem-
bros delle de grandes distancias das capitaes
das · · · , ·
gens, a sua j:'l'BSsoa.
O Su. REZENDE entendeu que em lugar de Qoncluio com mais algumas reflexões sobre a
100:000H em papel, a dotação_do impe~ador deveria necessidade de economisar nas actuaes circum-
: , st · ·
tanta p111'a seu ecente tratamento. E pareceu que sendo reconhecida pela nação a necessidade
oppór·se á emenda do Sr. Lobo. do seu socego, sem o que não podia ser feliz,
não progredil·ia o espírito revolucionaria que se
O Sa. PEREIRA. RIBEIRO disse que todos os tinha manifestado em alguns indivíduos.
dias recebia cartas da:; camaras municipaes da
sua província, reclamando a favor della a atten- O Sa. CAsTno E SILVA disse, emquanto á obser-
ção d11 assembléa [Bral; que os povos da mesma vação feita de irem as rendas em diminuição, que
província reconb.ecio.o que não era muito prospero erão bem conhecidas algumas causas di~;so como
o estado das nossas finanças, mas contentavão·se por exemplo o. extinccão do· trafico da escr!lva-
tambem por ora com a1gumas providencias tura, havendo montado os direitos dos escravos
sobre os objectos mais urgentes ; que fallando em importadolil nos annos de 1828 e 1829 em sommas
beneficio da província que tinha a honra de re- muito avultadas, a cessação da venda das apolices
presentar, não o fo.zia pela gloria de ter advogado do. dívida fundada, assim como da seohoreagem
os seus interesses, sem lhe importar com as da moeda de cobre, etc., etc.
outras, pois era deputado da nação inteira, mas Enumerou differentes augmentos indispensaveis
porque sendo a receita da sua província maior de despeza que tinhão havido.
do que a despeza, lhe parecia que tinha· mais Declarou-se contra a accumulação dos ordenados
direito a ser attendido, o que o tinha animado a que fazião os conselheiros de estado como opposta
offerecer as emendas que se achavão na mesa ; á constituição, entendendo que devia supprimir-
uma para se soccorrer á cas~ dos expostos com se o excesso sobre o ordenado legal dos referidos
cons&lheiros de estado.
prvvincia, e do estado de desgraça a que se mquan o aos zanos da (]amara, achou de
acha vão reduzidos os expostos, morrendo á mingua algum pezo a consideracão de que supprimindo-se
e miserla; e a outra com uma consignação para elles desapparecia d'entre nós a arte de tachy-
obras publicas. graphia.
Votou a favor da emenda que propunha 200:000/1
Ooncluio representando a satisfação que devia pat·a a dotação do imperador ; e pronunCiou-se
resultar áquelles povos de verem que a camara ia contra a idéa de satisfazer ao par os 100:000/1
promovendo assim o seu melhoramento, o qual de dotação.
só podia conseguir-se caminhando de vagar, como
a mesma província não ignorava. O Sa. MMIEL sustentou a sua emenda, em-
quanto á compra de certos livros para uso da
O SR. CASTRo ALVES insistio na sua reflexão camara com as sobras das despezas do .seu
ãcerca do vencimento dos conselheil:os de estado expediente observou que a bibliotheca public~
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SE8SÃU EM. 5 lJE SETEMBRO DE 1831


não produzia toda a utilidade que della devia pela nação recebíão dinheiros dos discípulos não
esperar-se, por estar aberta &ó de manhã a horas lhe constãva que acontecesse; pois só tivera uma
em que os empregados publicos, estudantes, etc., denuncia de que um mestre de uma freguezía se
tinhão de satL•fazer ás suas obrigações e não negára a receber em sua escola meninos de outra
podião applicar-sa á leitura; e recommendou frtlguezia, a respeito do que elle ministro déra
que a bibliotheca publica estivesse aberta de immedíatamente providencia determinando que os
mau a e e ar e s oras conventen es, accres- mes res pu tcos rece essem os tsetpu os que
contando·ee por esse motivo alguma cousa os se lhes apresentassem, de qualquer freguezia que
ordenados dos respectivos empregados , para fossem.
o qual fim comtudo t~á'? propu_nha emenda, Declarou que a bibliotheca estava aberta todos
" · · oras a ar e, mas ao in a.
peito uma proposta com as explicações !leces· difficuldHde em que estivesse tambem aberta de
sarias. tarde, distribuindo as horas como havia feito
A respeito da instrucção publica notou que o ácerca dos mestres de primeiras letras para os
ordenado de 200$ para mestre de primeiras letras quaes tinha regulado no verão, que dessem escola
era muito limitado, parecendo-lhe esta a razão de m~nhã e de tarde, e no i,nverno só de
da difficuldad<:l de encontrar pessoas para este manha.
magisterio. Referio que lhe constava que alguns Emquanto aos correios marítimos referião que
mestres commettião o abuso de receberem dinheiro estavão em pessimo estado, sendo a principal
dos discípulos, o que cumpria prevenir; pois sendo causa disso o dependerem de duas repartições,
pagos os mestres pelos cofres nacionaes não tinbão porque o ministr0 da marinha nomeava os com-
dír?ito . de receberem tal ~ratificação; e julg~?_U mandantes, e o ministro do imperio pagava as
-. .

·os correios marítimos, cuja tripolação achvu perdeu os mastros, como havia referido em outra
demasiada, notando que do Rio de Janeiro para occasião, vindo a importar avultada somma o
Pernambuco navegão com 34 praçfls, e de Per- concerto feito em Pernambuco, e aquelle por que
nambuco ao Pará tinbão só os correios 24 ra as tem de assar a ui de sorte ue a via em do dito
quando a viagem era muito mais difficultosa ; e paquete Nige1· viria a importar em não menos
se esta differença provinhfl de serem mais pequenas de 13 a 14:oooaooo.
estas ultimas embarcações do que as primeiras, Accrescentou que chegára á pouco outro. pa-
isso mesmo er!\ um mal, porque as embarcações quete da Bahia que pr~cisnva de concerto, o
devião ser propor<}ionadas á natureza das marés qual est!IVa avaliado em mais de 2:000$, e qua
que tiuhüo de na\'egar. levaria 15 dias, entretanto que já passárão :25
Entendeu que neste ramo existião muitas pro· sem ficar prompto. _ Em consequencia do que,
digalidades, as quaes sómente poderião cess,l r estando . dous paquetes a· concertar ao mesmo
regulando-se os correios pela economia das em- tempo, fóra necessario pedir á repartição da
barcações de commercio, sendo os commandantes marinha uma embarcação emprestada, e destinar
paisanos que fossem Jespedidos quar1do não para o norte um paquete que era do sul, porque
servissem bem. convinha muito saber o que se passava pelo

se com este ~bjecto uma prestr:cão de 400 ou pessima e muitoo '


indecentes os commodos; e que
600:000~ para todo o Brazil: e insist.io em que convinha acabar com o pomposo estabelecimento
se conchlissf' o canal da Pavuna, para não se de paquetes, s•lbstituindo-llies embarcações de
perder o tmbalbo feito. competeute lote, ~e sirvão de correios marítimos
Mostrou tambem quanto seria util para me- entre os diver~os portos, sem officiaes de ma-
lhoralllento da agric.ultura, dostiunr um terreno rinha que recebem consideraveis gratificações,
ontlo aa somoussom o plnnlnsscm os pl'incip:ws como nos paquétes actuaes.
gonoros do Bmzil, o trntn8som ,je aperfeiçoar-se Roferio quo antigamente em Inglaterra se cos-
pnm sorvir do oscola nos ngrlcultores, recei>1ndo tumava f>1zer isto por empreza, ficando o porte
ollo orador, quo 11 niio so promuver tal me- das cart!ls a fav<>r da na~ão, e as passagens
lhoramento chegará ópoca em que importwomos met:lde pal'fl a nação e outra metade para os
astiucar da America Septentrional. emprehendedores, mas que depois se mudára
de systema introduzindo paquetes por conta do
Concluio declarando que vendo os povos que a estadQ, não sabendo S. Ex:., que motivo tivera
camara promovia todos estes melhoramentos, para isto o governo ingle z.
desappareceria a desconfiança que os tornava Affi.rmou que estava determinado a procurar
mais susceptíveis de seducções e intrigas, e tudo meios de remediar tantos inconvenientes que se
iria melho1· logo que recebessem tam:ilnbos bene- encontravão nos paquetes flctuaes, porque assim
ficios da nova administração. como estavão de nada servião.
O SR. MINISTRO re~ ondett quanto ao diminuto A respeito de obras publicas notou a neces-
ordenado dos mestres as prlmetras etras, re- St a e que av1a e app tear no to e anewo
produzindo o calculo, pelo qual mostrára em outras fundos para a conclusão do encanamento da agua
sessões que se despendia annualmente com cada da Oario..:a, etc., para livrar-se a cidade dos
escola para cima de 1:200$, importando a des- soffrimentos a que tem estado sujeita por falta
peza das 80 escolas de 96 a lOO:OOOS pouco mais de agua, para o que de certo não era sufliciente
ou menos, e não na quantia orçada. a quantia de 42:000$, que tinha de distribuir-se
Advertio que conhecia a necessidade de um por muitas obras indispensaveis, e das quaes
plano ·geral de instrucção elementar, o qual esta.vã.o já cumevadas algumas, ~:omo era o anca·
pedira á respectiva sociedade por jul~ar que este namento do Maracanã ; os chafarizes de Santa
era um dos principaes objectos a que ella se Rita e das Larangeiras, assim como o da Praia.
destinava. Grande, onde havia já uma pnvoação muito
Quanto á denunilia de que os mestres pagos consideravel, se v~a na ne:essidade de ir buscar
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126 SESSÃO EM 6 DE SETE~IBRO DE i8~H


agua a grandíssima· distancia; e apontõu fl.n:ü- vincia, fosse excluído destes cargos algum sujeito
mente a conclusão do canal da Pavuna que devia que possuindo as qualidades exigidas tivesse
trazer muita utilidade ao commercio desta comtu,Jo falta de meios parn exercer o dito cargo;
bahia. vindo desta man~ira o povo a ficar privado das
suas luzes e capacidade: que era injusto depois
o • • • •

as escolas precisão fazer no Ri~ de Janeiro, não os conselheiros de província, que trabalhavão
é n mesma em outra q11alquer villa da província. em publico, sujeitos á animadversão que sempre
Seja embora a despeza de cada escola no Rio acompanhava os r?formadores, deixando . suas
de Janeiro á razão de 1:2008 ; mas em qualquer casas e seus interesses, vendo- se privado de con-
villa fóra da cupi tal, talvez não exceda a des- tinuar em as suas occupações diarias, em que
peza a 400 ou 5008 ; e por isso digo que 80 e talvez procuravi'io obter. o pão para alimento
tantas escolas orçadas para a província do Rio de seus filhos.
de Janeiro poderáõ importar em 40 e tantos Fizerão outros senhores mais algumas reflexões
contos. Calcúlo assim pela província de Minas, sobre n mal que pareceria se a camara, que
onde ha menos escolas, e têm-se calculado que continha um tão grande numerú de conselheiros
as despezas não excedem de 300S. Mas quero de província, votasse por semelhante emenda;
ue sE-· ão .rovi das tod r a · fazendo sentir ao mesmo tem o a differença que
muitas o não estão, não excederáõ então de 600t/ avm a respe1 o ctos mem ros o corpo egls-
umas por outras; e por consequencia 80 escolas lativo por trabalharem muito mais tempo e em
são 48: 000 HOOO. causas que não erão privativas de sua província,
Como me levantei uero fallar sobre ~tl u as e fóra della nela maior parte, e pelos incom-
emendas. O Sr. Lobo de Souza propóz uma e' -o su"e1 os; em razao os quaes
emenda para que os membros dos conselhos longe de acbarem vantagem no subsidio mui to
geraes vencessem su bsidios: julgo que isto é muito mais perdião em consequencia de estarem ausentes
máo (apoiados), os membros dos conselhos •eraes de suas casas, e em gra!tdes d_!.st:mcias.
nao evem vencer cousa nen mma.
Eu estimaria que o Brazil estivesse em cir- O Sa. PRESIDENTE poz successi vamente á vota-
cumstancias que nem os deputados vencessem ção os artigos do projecto e as emendas. Na-
nada. (Apoiados.) Se os membros dos conselhos quelle foi regeitado o Si 1o.
geraes ven..:erem subsidio, veremos pessoas in- Forão approvados o 2o e 3o.
aignas que nada têm que perder, e não se em- E ficou res6rvado o ~ 4<> a respeito da consi-
baração ~'ºm o socego e prosperidade da patria, gnação para a bibliotheca de Pernambuco para se
influírem muito para ver se ganhão estas dez tratar em lugar competente.
patacas por dia, e intrigarem afim de ftzer recahir Das emendas farão approvadns as dos Srs. Duarte
sobre elles estes empregos electivos, para os quaes Silva, Henriques de Rezende, Soares da Rocha e
todos eu quizera que não houvesse subsidias, Maria do Amaral na parte relativa ao Rio de Ja-
incluídos os lugares de membros do corpo legis- neiro; e a do Sr. Castro Alves p:wa que as pensões
1 - - •
· · o com s ou r s

' ~
uma emenda para dar uma consignação a certas Sr. Baptista Pereira para se augmentar a con-
províncias para obras publicas a qual acho in- signação das escolas da mesma província ficou
justo que comprehenda só 4 províncias e que não a materia adiada pela hora.
seja extensiva n todas. Eu intento votar contra Levantou-se a sedsão ás 3 horas da tarde.
todas as emendas, porém. a passar algum11 quero
que a sua disposição seja igual para todas.
Tambem ha uma emenda sobre a dotnção do
imperador: eu tenho sabido que as despezas Sessão em 6 de Setembro
que se fazem actualmente, andão por 12 a 13:000H
mensaes. Estou persuadido que havendo mnis
alguma economia poderá esta quantia de 12:000H PRESIDENOIA DO SR. ALENCAR
chegar para ser tratado com decencia o imperador,
e por isso quero que seja dotado com 144:000H Depois de approvada a acta, lerão-se os officios
annuaes ou 12:000# mensaes. seguintes:
Do ministro da justiça communicando em nome
o sr. ~ebouças:-Não quero deixar pass~r da regencia, que tendo de celebrar-se no dia 7
algumas contradicções que apparecerão. Disse-se seguinte uin Te-Deum solemne na capella impe-
que se os membros dos conselhos provinciaes rial, por ser o anniversario da independencia, alli
vencessem diaria, aconteceria que pessoas indignas se achava preparada uma tribuna para os Srs.
havião de aspirar a este e~prego. A m~sma ~·azão deputados q~e quizes~e~ assistir.
n1esma razão se dava para os deputados e com '
respostas ácerca de João Luiz Ferreira Drummond,
muito maior motivo; mas segue-se daqui que e Gustavo Henrique Brown.
assim aconteça? Não. Um officio do secretario do senado communi-
Continuou com mais algumas reflexões neste· cando haver a regencia sanccionado duas resolu-
sentido, e mostrando que não podia valer contra ções: 1•, approvando a aposentadoria de Joaquim
uns o receio que não existia a respeito de outros, Patricia Teixeira, professor de latinidade ; 2a,
á vista do que cabia por terra a conclusão. approvaudo a resolução da proposta do conselho
Disse mais que as pessoas para os cargos geral de Sergipe para se crearem varias aulas
electivos erão escolhidas pelo povo, que bastante de primeiras letras.
zelava seus interesses, para escolher homens Do mesmo secretario participando que o senado
capazes: podendo acontecer que não se estabele- adoptára, e ia dirigir á sancçiio differentes apo-
cendo esta diaria para os conselheiros de pro- sentadorias resolvidas nesta camara.
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SESSÃO EM 6 DE SETEMBRO DE 1831 127


Do mesmo sect•etario enviando a emenda do
senado á resolução que aposenta Vicente José
de Araujo. Pedia-se dispensa de impressão e ur·
gencia, vencida a qual entrou em discusstto a
emen~a, e foi approvauu.

para lêr·se o parecer da commissão poderes


sobre a licença pedida pelo Sr. deputado Lemos,
entrou em discus8ão, e foi approvada a concessão
da licen a.
Tambem se pedío a urgencía para díscutír o . certeza de ser approvada pela ' camara; e
havla
projecto sobre a dotação do imperador menor, no caso de o não ser ficava a provincia sem te1·
mas não se vencflu. com que acutiir ás despezas da instrucção prima-
O Sa. ANDRADA E SILVA depois de haver refe- ria; pois que '' lei do orçamento tinha estabe-
rido os terríveis estrag,>s que ia produzindo a lecido quota para as despezas das aulas creadas,
cholera-morbus, o qual tendo principiado na Asia e não marcár<1 um só vintem para despezas ex-
passára á Russiu, e dahi para 11. Pülonia. donde traordinarias.
tinha progredido a devastar differentes paizes Propoz que elevassem os ordenados dos mes-
do norte da Emopa, achando-se ultiml\men te em tres a 300flOOO com o que se achatião pes-
Hamburgo, do qual porto se receiava que se com· soas capazes para preencher as cadeiras; tendo
municaslSe á Inglaterra em razão do muito com· mostrauo a experienci>> em 2 províncias, que as
me rei o ue h a via en re os dous aizes a ezar cadeiras de O 00 h avião · ··
das precauções tomadas para prevenir o contagio, rando a ellas pessoas capazes de desempenhar
disse: que por este motivo sendo S>ibida a con- este importante ministerio ; donde se concluia que
tinuada correspondencia em que cstrtvamos iam· em a mesquinhez dos ordenados e não a f<1lta
bem com a Grã-Bretanha e ortos do nm·te da de essoas habeiH ue fazia com ue não a a-
uropa, offerecia uma indicação para que se racessem candidatos.
encarregasse á commissão de saudo publica o Não conveio P.m que a illuminação fosse feita
apresentar um plano para prevenir a entrada de ã custa da camara municipal, porque estava em
semelhante fbgello. todt\s as províncias a cargo da fazenda ublica;
01 ap01a a e venct a a urgenc1a. e mesmo na provrnc1a o 10 e ane1ro entraqa
O Sa. XAVIER DE ÜA.RVALIIO entendeu que con- esta despeza ua massa geral; porque o producto
'Vinha recommendar ao governo que fizesse dar do imposto sohl·e os escravos novos que se appli·
rigorosa execução ás rnedit.las policiaes, emquanto cava para a dita illuminação antigamente estava
não passasse medida legislativa que houver de acabad•) com a extincção do trafico; e achando-se
tomar-se sobre objecto tão grave. introduzida na província do Espirito Santo ha
Depoia de breves reflexões foi a indicação re· 20 annos a pratic'' de fazer·se a illuminação á custa
mettida á commissão de saude publica. do estado, assim como nas outras províncias forçoso
era continuar do mesmo modo, porque convinha
progrtldir e não retr0gradar.
ORDEM DO DIA. Advogou tambem "nece:~ll!idade de applicar meios
I!ara a conclu_são da estr~da que vai de> Espírito
tição do imperio, na parte relativa á prctvi~cia
do Espírito Santo, com a emenda do Sr. B<lpttsta
Pereira para augmento da consignação das escolas,
e com outras ue se offerecerào.
O SR. REzENDE OP'!JvZ·Se á emenda sobredita província, que poderia estar aliás muito flores-
por inutil e ·não produzir beneficio algum; P•>is cente.
que não se tendo preenchido as cadeiras creadas O Sn. Cosu FERREIRA disse que a depender do
até agor9. na1uella província, muito menos He augme11to de oruenado a acquisição de bons mas-
preencherião as que se creassem do novo; visto tros, podia es· n ser feito pelos presidentes em
que o accrescimo da prestação não podia servir conselho, como se h'wia praticado no Maranhão,
para augmentar os ordenados, com o Jirn do con· dan•lO·S'1·lltGs 500fl000; mas que entretanto não se
vidar pessoas para o dito magisterio, om ro.zão tinhão pre~nchiclo todas as cadeiras naquella
de estarem fixados por lei. . província, por niío appnrecerem homens que se
Estranhou que se aprésontas,;om !'Ó ou\on•lns quizosMJm examinar pua pre<1ncher as cadeiras.
para propór augrnento de despcza, qunnt.lo não O Sn. Ononrco pronunciou-se contra a susten-
se sabia ainda se a receita chognrin. p1wu o quo tação da illuminacão na ci<lad!l da Victoria por
existi>tjá estabelecido; e sendo ella distruhlda pura conta. da fazenda publica, em razão de lhe Pll·
tantas partes necessariamente l1a via de fultur. recor quo nas cidades de Pernambuco, Bahia e
Adverti'J que o art. 3° do projecto n. 190 pro- M'1ranl1ão havião tributos pri-vativos para aquelle
'Videnciava quanto era necessario a favor das objecto; accrescendo que a illuminaçã() só era
províncias; ordennndo que: « as despezas provin- indispensavel nas cidades populosas, como aquel-
tt ciaes fixadas por lei serão nas províncias auto- las nomeadr~s e a do Rio de Janeiro, por haver
tt risadas por despacho dos presidentes e quando nellas . . mais
tt motivos urgentes exij ão despezas extraordinarias . . probabilidade
e de se apresentarem
.
« sera.o es e.s e ermwa as em canse o e escapar; o que não podia
t< governo»; e que pelo contrario as emendas ac· da capital da proTincia do Espirito
cumuladas só poderião causar maior confusão. que a passar esta emenda a . fayor de~la en~ão
Quanto á illuminação entendeu que devia ser devia abranger todas as pro-vmCias do 1mpeno.
feita á custa da camara municipal e não por Fechada a discussão e posto á votos o artigo
conta da fazenda nacional. com as emendas sahio approvado ; e forão re-
O SR. PEREIRA RIBEIRO lembrou que a assem· jeitadas as emendas do Sr. Getulio aos differentes
bléa podia alterar a lei estabelecendo maiores orde· paragrapà.os àe que fazjão menção, menos '? artigo
nados para os mestres de primeiras letras, não se additivo para despezas eventuaes, que fo1 adop·
devendo fazer reparo em todo o dinheiro que fosse tado.
necessario para boa educação da mocidade brazi- Rejeitou-se tambem a emenda do Sr. Baptista
leira. E concluio com varios argumentos sobre a Pereira.
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128 SESSÃO EM 6 DE SETEMBRO DE 1831.


Tendo sido rejeitada entre as primeiras emen- quantia fôra destinada para o arsenal do exercito
das aqu~lla relativa a obras publicas, ficou nessa com o objecto de occupar braços que não tinhão
parte sem effeito a votação por approvar-se pos- que fazer.
teriormenta a emenda do Sr. Baptista Caetano, Louvou muito as diligencías do Sr. Er-
que fixa para todas as províncias quantias de- nesto a ~avor da instrucção ~e economia política
terminadas nara obras ublicas fillando com re- e
hendida a província do Espírito Santo e todas geral da província creasse estas cadeiras, e que
as mais de que se fará menção. o conselho do governo indicasse os ordenados
O SR. _Io SECRETA;ar_o deu pa!te de lhe haver dos professores, submettendo-os á decisão da
assem bléa era!· or ue assim vinhão as leis a
podia achar-se na discussão por ter de assistir a ser mais accommodadas . ás circumstancias das
uns exames. provincias. Manifestou desejo de que iguaes ca-
Entrou em discussão o or~amento para a pro- deiras se estabelecessem na província de Pernam-
víncia da Bahia. buco.
O SR. REBOUÇAS sustentou a emenda do Sr. O SR. REBOUÇAS disse que vota v a pela emenda
Maria do Amaral, para que se applicassem do Sr. Maria do Amaral para ir de accordo com
SO:OOOS áo 'obras publicas da Bahia, somma o que se tinha feito ãcerca do Rio de Janeiro,
muito pequena e que não estava em relação com onde estavão de facto applicados lOO:OOOSOOO
os reditos daquella província, pois se ella dispu- para obras e mais S:OOOS mensaes, valendo para
zesse da Sa parte das suas rendas, na conforc a Bahin a mesma razão que se dava a respeito
midade da lei de 20 de Outubro de 1823, teria do Rio de Janeiro, de ser conveniente aprovei-
ara mais de 200:000 .· mas ue se contentava tat• a barateza actual da mão d obra e os m -
com SO:OOOS porque vira te~:.em-se applicado para o teriaes, applicando ao mesmo tempo para inte-
Rio de Janeiro lOO:OOOS, além de S:OOOS mensaes resse publico os braços desoccupados e desvian-
que se havião estabelecido por outra lei, para do-os de andarem commettendo malfeitorias; pois
concerto das muralhas do arsenal etc. se havião des edido na Bahia do trem militar
ez ver que ss a quantia não ia pesar sobre do arsena da marin a e e outras repartições mais
os povos da Bahia, nem tornaria necessaria novas de 400 trabalhadores que ficarão sem meios de
imposições, porque as rendas excedião muito ás subsistencia em razão de haverem cessado tam-
despezas, importando aquellas em 2,000:000$ e bem as edificações e construcções particulares; o
es as m : , que com pre az1ao per o que os ornava pengosos ranqut 1 a e pu 1ca
ds 200:000S de despeza. devendo a camara pôr cobro a tantas desordens
Advertio que ainda na hypothese, não conce- com o decretamento da despeza requerida, muito
dida, de que não chegassem as rendas para a pequena ainda em comparação dos bens que do
dita despeza, ella devia ser decretada porque seu emprego resultarião ao Brazil, visto que
della resultava tanto· o bem moral como político todas essas machinas que tinhão concorrido para
de se persuadirem as províncias que a assembléa o mal, t1ahi por diante concorrerião para o bem.
geral não era indifl'erente ás necessidades dellas, Concluio lembrando a necessidade de uma emen-
e quando vissem que as rendas não chega vão para da sobre as despezas da impressão dos papeis da
acudir ás precisões geraes e provinciaes do im- presidencia, do conselho geral, etc., porque tendo-
perio aceitarião de oom grado certas imposições, se mandado vender a. imprensa nacional que exis-
uma v~z que te_nhão por. objecto augmentar a tia '!aq uella cidade era forçoso pagar ás imprensas

0 SR. CAETANO DE ALMEIDA representou quanto


seria conveniente evitar tanta discussão sobre
obras publicas, approvando-se uma emenda que
tão util como aquella que se destinava para o in a propos o a respe1 o as o ras pu 1cas
obras publicas, principalmente sendo de necessi- de todas as provinci<1s; pois do contrario, sendo
dade indispensavel e de natureza producllva, 18 as provin~;ias haveria 18 discussões renhidas
como pontes, canaes, estradas, etc., havendo unicamente sobre o artigo de obras publicas.
demais na Bahia a particularidade que um monte Ponderou o grande interesse de se darem consi-
sobranceiro á cidade ameaçava a cada pa~so uma gnações para obras publicas, com particularidade,
ruína extraordiuaria, a qual niio se evitando com por terem de ser promovidas e fiscalisadas pelos
con~elhos geraes, o que ia faze·· om que estes
os socalcos de urgentíssima necessidade, a pro- dinheiros todos revertessem em beneficio do !m-
víncia viria a expeÍ'irnentar uma perda conside- perio todo.
ravel, tanto em valtires como em povoação que
abalaria o Brazil inteiro, porque deixaria de O Sa. DuARTE E SILVA apoiou a emenda de ap-
produzir tanto, como poderia produzir progressi- plicaçào rle SO:OOOS para as obras da Bahia, pur
vamente, e virião a faltar-lhe as grandes sobras ser des .. , · 1 productiva. Emquanto ás sobras lem-
que tinha . actualmente, e que el!e orador espe- brou que a verdade era que a despeza de 117:000S
rava que continuasse a ter, afim de contr.ibuir só dizia respeito á repartição da fazenda, porque
para as grandes despezas da nação em geral. as despezas de todos os ministerios andavão por
Lerão-se varias emendas e entre ellas uma do 700:000$000.
Sr. Ernesto para crear-se uma cadeira de economia O Sa. REBOUÇAs disse que visto concordar o
poli~ica e outra de agricultura na cidade da Sr. Duarte Silva na applicação dos SO:OOOSOOO
Bahia. ara obras uerla notar sómente ue a des eza
O. a. REZENDE mostrou que a receita geral da da a ia anJava por 600: OOOS ; e restando ainda
Bahia estava orçalla em 1, 776:000S que com 1,300:000$,segundo o calculo da commissão,SO:OOOS
117:000S de rendimento provincial davão o com- não vinhão a se,- a Sa parte distas sobras.
puto total de 1,900:000H, pouco mais ou menos, O Sa. SoAREs DA RoCHA. representou que, ha-
e não 2,000:000S como avaliára o Sr. Rebouças; vendo-se adoptado;por base a lei do anno passado,
que a passar a emenda do Sr. Maria do Amaral viria a lei actual a ficar ainda peior do que
teria sido melhor que a província applicasse ás aquell-a, porque não só se omittião as mesmas
sua~ obras a oitava parte das sobras, que' de- parcellas que já no anuo passado se tinhão omit-
duzidas todas as despezas não avultarião a tanto tido, mas ainda estavão propostas outras suppres-
como queria dar-se-lhe. sões novas, de maneira que a lei teria duas serias
Quanto á autorisação dada ao governo para de omissões e seria portanto mais mánsa do
despender mensalmente s·:ooon, lembrou que esta que a existente.
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SESSÃO EM 6 DE SETEMBRO DE 1831 129


gens emquanto á instrucção primaria .do que o
Rio de Janeiro, em razão de haver lã maior
numero de mestres na capital.
Oonc1uio com algumas reflexões sobre o risco
de augmentar consideravelmente as despezas sem
haver certeza de que as rendas chegassem.
R. ANDRADA E SILVA. propoz·se a fallar sobre
o augmento da prestação para obras publicas;
sobre o estabelecim.ento das cadeiras de economia
politica e de agricultura e ãcerca da catechese dos
ln !OS.
Emquanto á primeira, declarou-se pelo augmento
da consignação, por não haver nada mais des-
agradavel para uma província que por um lado
apresentava sobras consideraveis e por outro tinha
grande necessidade destas obras, do que ver que
se lhe faltava com o soccorro p<~ra ellas, como
tinha succedido na Bahja, estando a Sé em um
estado deploravel pela ruína que ameaçava, de
onde concluio ser um dever de justiça elevar a
quota de 4.0 a 70 ou so,ooos, como podião melhor
informar os ~ra. deputados daquella província a

de economia J!Olit~ca de primeira necessidade 81?


um paiz constituciOn ai. Quanto á cadeira de agr1·
cultura, attenta a pequena prestação de soon que
ra la s edi e - ·
' chegar para fazer-se outro estabelecimento
duvida que sobreveio ácerca do numero delles. cultura senão alguma pequena chacara, quando
Quanto á reflexão que se fez de que aos conselhos era preciso que se annex>Jsse á cadeira um grande
·geraes competia propôr o que julgassem mais estabelecimento para fazer experiencias, sem o que
conveniente a este respeito, lembrou que o con· não poderia a dita cadeira preencher o seu fim.
selho da província da Bahia fizera muitas repre- Fez Vdrias reflexões sobre o máo estado da
sentações sobre objectos urgentíssimos, dos quaes agricultura De) nosso paiz por falta da applicação
comtudo não fôra possível tratar ainda pela necessaria para obter os conhecimentos que ella
a:flluencia de negocias com que tem estado occu· exigia.
pada a camara, não havendo até apparecido im- Quanto á catechese entendeu ser .ne~essari? .f~zer
preasa algumas piJr agora. uma lei organica para chamar os md1os á ClVlllsa-
Apoiou a necessidade de ção e melhorar sua desgraçada sorte.
· i gar s O Sa. PERDIGÃO apoiou a necessidade da c~deira
despezas de impressão dos seus papeis e para de agricultura para se adiantar nos conhecimen-
metter mais um official de secretaria no dito con· tos desta profissão que era a fonte perenne da
se lho, por ser impossível que um só vença_ o ros eridade nacional estando em decadencia a
cultura do algodão e de outros generos pela igno-
haver sessões 4 ou 5 'dias por estar o conselho rancia dos lavradores.
á espera de cópia. Rogou ao Sr. presidente que submettesse á vo-
Tambem julgou necessario augmentar a con- tação a Amenda do Sr. Caetano de Almeida para
signação para o passeio publico, para o qual se cessar tanta discussão sobre obras publicas de
havia mandado fazer uma gradaria de ferro com cada uma das províncias.
que devia ser cercado, a qual depois de feita se O SR. PnEsiDENTE respondeu que entraria na
desencommendou pelo motivo de não ter sido a votnçrio depois de cerrada a discussão.
despeza autorisada pela lei do orçamento.
Achou tambem diminuta a prestação para a O SR. OA.s:r•RO E SILVA apoiou a suppressão da
illuminação publica, principalmente tendo a cidade despeza com a catechese dos índios na Bahia, pela
da Bahia ruas muito estreitas e escuras, assim mesma razão dada pelo Sr. Soares Rocha, compre-
como a que se designava para obras publicas. hendendo·Se tambem o ordenado dos escl'ivaes que
Concluio recommendando a suppressão da des- erão incumbidos de ensinar a ler os índios, ·mas
pesa com missionarios para a catechese dos ín- nunca o fizerão e demais erão desnocessarios,
dios, pois não hr.via taes missionarios. visto que se haviã? estabele~ido escolas. Opp?z-se
O SR. REZENDE disse que não lhe parecia tão ·á nomeação de mais um offiClal para· o exped1ente
má a lei do orçamento feita no anno passado, como do conselho geral da pro.-incia da Bahia, 'porque
entendêra o Sr. Soares da Rocha, porque o terem em caso de grande a:ffi'uencia de trabalho era me-
se supp::imido no anno passado algumas despezas lhor que se pagasse a alguem para ajudar por
ue se · ul rã · - · oucos dias á uelle ue e · ·
para deixarem de se supprimir neste anno outras O SR. SOARES DA RocHA oppoz-se á suppressão
que estivessem tambem no mesmo caso; por- da despeza dos escrivões com o fundamento de
quanto o ter· se gasto certa ·quantia no anno pas- que. a1!ezar de não se ter~U!_ encarregfll]O de ensinar
sado, não era argumento para ·se querer gastar os md10s, comtudo, escr1vao nas suas camaras e
a mesma quantia· ou mais . alguma· causa ainda em todas as causas relativas aos índios que não
neste anno; muito mais quando era contecida a sabião lêr nem mesmo os juizes ordinarios.
tendeilcia que tinha o governo passado para fazer Emquanto ás cadeiras de primeiras letras decla·
despezas desnecessarias; o que t'udo convidava rou que a ~ahia' nã.o estava .nas circumstanc!liS das
á camara a emendar taes desvarios, reduzindo a mais provmcias ond.e havu~ falta _de cand1da.tos,
despeza a·o absolutamente necessario. ·porque todas as cadeuas ·alll esta.vao .. preenc.hldas
Fez ver que a Bahia tinha muito mais vanta- • e erão bem frequentadas de menmos e memnas ;
TOMO 2 17
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130 SESSÃO EM 6 DE SETEMBRO .DE 1831


convindo, porém, que os . mestres, os quaes na de Luiz XVIIT, que se abria emoccasiã<> de
borrascas e se fechava . em tempo de bonança e
conformidade da lei nova tinhão passado por exa-
mes, gozassem do ordenado de 500/J, como se tinha onde a constituição era verdadeiramente nma
proposto ern um projecto que não passou por ratoeira para nella cahirem aquelles que manifes-
cau~a de duv~da s_9bre 9 ~umero de professores, tavã_o seu amor pela liberdade e prosperidade da
achava inteirada do numero e até dos nomes de
todos elles.
A respeito da catechese representou que seria
· r ex e ão da d ue
recebia um religioso barbadinho, a qual não devia suas terras ao que não se oppunha o exemplo
supprimir-se, porque elle tinha feito e continuava citado dos Est~dos-Unidos, onda havia por assim
a fazer grandes serviços. dizer duas nrtções differentes, sendo uma dellas
O SR. CosTA FERREIRA advertio que pertencia ainda muito pouco adiantada na civilisação, a
aos conselhos geraes o conhecer dos ordenados que qual deitava abaixo mattos que não sabia apro-
devião vencer os mestres, segundo as localidades veitar, emquanto outra tirava vantagem destes
dos estabelecimentos das escolas, e que a camara mattos, vendia-os a outros agricultores que vi-
não havia podido ainda occupar-se das propostas nhão estabelecer-se e seguião o mesmo systema.
dos conselhos geraes por causa' da afi'luencia de Disse mais que deitar abaixo e queimar as nossas
negocias importantíssimos de que tinha tratado. preciosas madeiras parã abrir uma cova e dei-
Declarou que votaria por toda a_ctespeza ten_dente tar-lhe dentro um grão de feijão ou de milho era
cultura r ·-
vantagem della que presciudia de expôr as razões comparar-se ás tribus errantes dos desertos de
em que se fundava. Sahra e da Arabia, aquelles lavradores que mu-
E!mqu11nt9 ás aulas. de agr2cultura d!sse que davão de posição logo que a terra começava a
não roduzir tanto como uando havião rinci-
por todas as classes" da sociedade brazileira, sendo piado a plantai-a: que o lavrador devia saber
muito amigo de que houvessem muitos doutores. contentar-se com interesse razoavel do seu dinheiro:
comt!lnto que. não ~6 de pe~gaminho, mas ver- não sendo necessario que o Brazil tivesse enge-
nhos de muitos escravos, pois a India roduzia
e moral ; mas convinha em todas as co usas humanas mUI o assucar e nao m a escravos ; que a o-
marchar passo a passo. Disse mais que seria ab- chinchina exportava muito, tendo a proporção
surdo em querer um paiz tão pouco povoado como menor de trH.balhadores, e isto porque sabião tirar
o nosso que. o lavrador fosse preparar a terra partido dos seus terrenos e os aproveitavão tendo
como fazem os agricultores da Europa, que nem nos mesmos exemplos de casa, pois homens havia
mesmo na America Septentrional era seguido que com cem escravos fazião mais do que outros
este exemplo, pois os mattos virgens erão derri- com mil.
bados a ferro e fogo e só adubavão os terre- Referio então varias experiencias sobre a qua-
nos depois de fatigados por muitas sementeiras, lidade productora de certos terrenos, a qual depen-
não sendo por ora seguido pelos lavradores o dia da sua maior ou menor elevação, ou de estarem
exemplo de adubar os terrenos .pela grande quan- mais proximas da agua ou menos, conforme a
tidade de terrenos fortes cobertos de mattos vir- natureza dos fructos.
gens que havia no Brazil, convindo•lhes mais R. OSTA ERREIRA ISSe que ac ava mUI O
fazer nov:1s derribadas uma vez cançadas as terras boas as reflexões que acabava de ouvir mas que
em que lavravão, do que preparai-as á maneira o nosso paiz nenhuma comparação tinha com a
da Europa, o que aconteceria sómente quando Europa, porque tudo era novo e a natureza nunca
prmc1p1assem a a ar os ma os VIrgens, que por- · , ' a popu açao ; -que
tanto o que cumpria fazer era não acabrunhar os sabia por experiencia propria quanto e!a dispen-
lavradores com tributos como se praticava no dioso o methodo europeu de lavrar as terras, por-
Maranhão onde pezavão tântos impostos sobre a quanto tinha . procui"ado preparar um pequeno
águardente que nenhum lavrador a podia distillar ; terreno do seu quintal adubando-o, no que empre-
o que daria pouco cuidado R elle orador por ser gára muitos braços, colhendo de tamanho e tão
genero cujo uso desejava ver desterra.:lo do seu dispendioso trabalho apenas fructas para comer;
paiz, se os estrangeiros disso não se utllisassem entretanto que um pequeno espaço de cem braças
para colher lucros que podião ser em beneficio dos quadradas de terras fortes lhe havião dado um
nacionaes ; que a remoção destes gravames sobre producto espaatoso e nimiamente lucrativo, sem
a agricultura e a fiel execução da constituição, tanto dispendio e trabalho e que esta era a razão
que no tempo do antigo governo era calcada aos porque no Brazil não se adubava e estrumava a
pés a cada instante, a conservação da paz e da terra como na Europa.
tranquillidade interna em nosso paiz erão os Depois de mais algumas reflexões passou a vo-
unicos meios de chamar estrangeiros que viessem tar-se e ficou approvado o artigo.
augmentar a população e exercer a sua industria, Houve um pequeno debate ácerca de ser ou não
de onde resurtaria augmentarem-se as commodi- applicavel a Pernambuco a emenda que marcava
dades e os gozos da vida, como conhecia por ex- a quantia destinada para obras publicas em todas
periencia, bastando lembrar que havia poucos as provincias; e decidio-se por fim que ficaria
annos não apparecia no Maranhão que~ vendesse reservada a emenda a respeito de Pernambuco
ara uando se tratasse desta rovincia.
especles de verdura, existindo muitas quintas bem ão houve discussão a respeito das despezas
plantadas, etc. da provincia de Sergipe.
Concluio citando o exemplo da America Ingleza Passou-se á das Alagôas.
para provar quanto um governo justo e fiel O SR. NETTO apezar de reconhecer que a consi-
executor das leis convidava a introducção de es- gnação de 8:000H para obras publicas na provincia
trangeiros, os quaes perseguindo por opiniões das Alagôas era insufficiente para as estradas, etc.,
politicas preferirão sujeitar-se ás febres da Ame- que aquella província carecia, pois o algodão
rica lngleza a virem para o nosso abençoado chegava muitas vezes á praça avariado por causa
paiz, que bem podia chamar-se o paraizo do mundo, da falta de meios de communicação, não se pro-
.só porque não contavão com a segurança de punha comtudo a pedir augmento, visto o que
suas proJlriedades e vidas em um paiz onde a estava vencido ; mas requeria que nessa quantia
constituição era como o chapéo de sol do tempo dos S:OOOU se designassem 800/l para o hospital do
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SESSÃO EM 6 DE SETEMBRO DE 1831 131


Penedo, pela nàcessidade que tinha aquella pro· vava estacionaria naquella provincia, pela impos-
vi::cia de tal auxilio, em razão das molestias e sibilidade em que o lavrador se via de transpor-
enfermidades a que era sujeita nas occasiões das tal-os para o mercado por falta de pontes, estra-
enchentes do rio, tendo já acontecido ser tão das, etc.
grande a mortandade que não havia quem enter- Tornou a requerer conseguintemente que fosse
rasse os defuntos. tomada em consideração a sua emenda, afim de
n i - ·
publícas da província das Alagôas.
Quanto á instrucção. publica, representou que
se achava em misero estado naquella provincia
e lembrou ue havia sobr ·
grande proveito á fazenda nacional, em razão de uma proposta do conselho geral) não se encon-
poupat·-se a grande despeza que se fazia na con- trando na mesma província uma aula de francez
ducção das madeiras: que além disto se tornava ou de geometria; e finalmente co usa nenhuma ;
necessaria a construcção de uma ponte, para não vendo·se portanto seus habitantes forçados a
continuarem os lavradores a soffrer os graves pre- mandar educar seus filhos a Pernambuco com
juízos a que estavão expostos na passagem do grandes dispendios.
rio, perdendo muitas vezes caixas de assucar, 0 SR. ÜARNEIRO DA CUNHA. disse que posto
saccas de algodão etc. estar preparado para votar contra todas as
Propoz-se tambem a offerecer uma emenda emendas, comtudo, se a camara annuisse áquella
sobre escolas, porque a maior parte dos mestres que elle queria propõr, offereceria uma, para
nas Alngõas percebia o ordenado de 200SOOO. que as províncias de Alagõas, Parahyba, Ce1Há e
A respeito do hospital unico ue existia na uella Piauhy pudessem a licar 12:000 ara obras
proVIncia, e que servia de grande auxilio para pu ICas, quantia que julgava rasoavE:l á vista das
muitbs pobres, que a elle concorrião lembrou rendas das ditas províncias. ..
que nos cofres de Pernambuco existia uma porção O Sa. FERREIRJI. DA VEIGA declarou acreditar
de dinheiro pertencente ao mesmo hos ital ; e ue todos r e • - · -
1m cumpr1a ao rnenos que e assem pagos quando reclamarão para as suas províncias res·
os juros deste capital, afim de os applicar ás pectivas certos beneficios e melhoramentos, pois.
suas despezas. era um facto que cada um dos pontos do Brazil
Concluio, representando que esta província me- soffria, e soffria muito ; mas não obstante est r
· · ra - e os egis a o- dis o convencido convinha olhar tambem aos re-
res, não sb pelas suas rendas que muito· se cursos que tinl:zamos P!lra despender, e vendo-se
podião augmentar, desobstruindo os canaes de que podia providenciar desde já sobre tudo,
communicação interior, mas tambem pelas quotas, contentarmo-nos por ora com o possível, propor-
com que contribuía já para o pagamento dos cionando as despezas á l'eaeita; a qual, segundo
imprestimos externos em páo-brazil, já para outros affirmavão todos os Srs. deputados, havia dimi-
ramos do ser.viço publico. _nuido consideravelmente em todas as províncias,
O SR. Onomco disse que visto não se poder augmentando·se ao mesmo tempo a despeza, em
providenciar já sobre a1 obras de que tanto consequencia das commoções politicas que têm
carecia a província das Alagôas, como tinhão succedido, não se sabendo ainda se a& rendas
feito ver satisfactoriamente os Srs. àaputados chegaráõ para a despeza.
que havião fallado anteriormente, queria proJ?~r Notou que não. tinha lugar o augmento propo~to
e
destinar para o hospital, deduzido dos 8:000S vota-
dos para obras publicas daquellas província~,
não fossem deduzidos daquella quantia, mas se
'
beração privativ~, adaptando para as outras pro-
O Sa. PE!lDmii.o disse que não obstante a camara
haver já votado S:OOOS para obras publicas da víncias a emenda do. Sr. Baptista Caetano de
província das Alagõas, elle insistia em represen. Almeida; e quando houvesse alguma cousa a
tar que aquella província não tinha uma só ob'ra representar a este respeito, convinha que se
publica, nem tinha até uma cadêa, de maneira fizesse na terceira discussão.
que ns autoridades se vião na necessidade de Repetio que não tinha duvida nenhumfl em que
misturarem homens apenas indicados e talvez fossem necessarios os melhoramentos requeridos
innocentes, com outros criminosos ; ficando por- para as Alagóas assim como para a Parahyba ; os
. tanto evidente que não era com os S:OOOS que se quaes tambem erão reclamados talvez com mais
havião de supprir as suas necessidades neste objecto. razão pela provincia <lo Ceará por motivo de
Declarou que a villa do Penedo era a uuica da fiagellos que tinhão soffrido os habitantes daquellas
província, que tinha um lugar que impropria- províncias, tanto da natureza como dos homens
mente se chamava cadêa, sendo melhor dar-lhe (apoiados), sem fallar nas outra·s províncias,
o nome de inferno; porque era cavada em uma rocha pois que todas precisavão de l!lene.ficio e soccorrolil,
e tão escura e tão insalubre, pela falta de luz e de mas não era possível soccorrer a todas comple-
communicação de ar, que movia a compaixão tamente ao mesmo tempo: e attendendo-se a
ver nella tantos miseraveis, a quem olevião bastar uma e não a outras, a caroara seria injusta ; por-
os remorsos para 8erem assás punidos. que o seu cuidado não devia limitar-se a uma
Accrescentou algumas reflexões ·em favor da província ou outra, mas estender-se ao Brazil
conte - · · · todo.
por ser maritima, cortada de muítos rios q_ue O Sa. Onoarco nchou toda a justiça nas razões
necessitavão de pontes e pelas suns producçoes que acabára dG ouvir: mas advertia que a sua
que augmentarião consideravelmente quando se emenda não versava sobre augmento de prestação
facilitassem os meios de communicação, e para obrne publicas, pois o hospital estava feito;
quando o lavrador tivesse a certeza de que porém dirigia·ae ao fim de subministrar soccor-
poderia transportar sem risco o producto das ros, a que era obrigada a assembléa ·geral :pela··
suas fadigas ; o que viria a excitar nelle aquella constituição.
justa ambição que exige a prosperidade das Quanto á emenda que propunha 20:00011 para
estados e que devia ser defindida por todas as obras publicas nas Alagõas, julgou-a injusta e
classes da sociedade. Porém muite pelo contrario excessiva á proporção da que se tinha consignado
a producção dos generos de lavoura se conser- para o mesmo objecto nas outras prõvincias;
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132 SESSÃO EM 6 DE SETEMBRO DE 1831


e fez ver que não guardava proporção alguma legislativa era apresentar aos olhos do povo
com a somma arbitrada para o Maranhão, segundo uma contracçii.o muito estranhavel.
as circumstancias relativas das duas províncias. Ooncluio com algumas reflexões sobre a utilidade
Votou-se, e foi approvado o artigo com algumas que podia resultar á lavoura destes estabeleci·
emendas. mantos; pois aind~ que um ~orne!!! soubesse
Passou a tratar-se da
buco. !ructos que colheria, sabendo e vendo pratica-
O SB. REZENDE disse que todos o~ que tives- mente como se fazia melhor a dita cultura ; ao
sem estado em Pernambuco não po~iãc:> deixar que accrescia que todos oa povos, tinhão estes
estabeleciment s de conhec· a 'li
talvez mais carecesse de obras publicas; pois a não estavamos na costa d'Africa.
agua que se bebia era a peior do Brazil, sendo · vado. Votou-se sobre o orçamento que foi appro·
conduzida em canóas cheias sem aceio nenhum Provincia de S. Paulo.
etc.; e a cidade de Olinda nem agua tinha pela
má administração da ca.mara municipal que dei- O SR. SoAREs DA RocHA notou que se gastava
xára seccar o unico manancial mais abundante muito dinheiro em estrume para o jardim bota-
que havia ; que a ponte de communicação de nico de S. Paulo, o que provava esterilidade do
Olinda para a cidade de Pernambuco estava terreno em que se achava collocado ; e que
destruída, sendo tão necessaria como o pão para portanto seria melhor acabar com aquelle esta·
a boca, por assim dizer, mas não havia outro belecimento.
meio de passagem: que em consequencia, se O SR._ FER!\EIRA DE MJi!LL~ advertio
fosse a cuidar-se 'á de todns as obras necessa-
nas em ernam uco, as prestações applicadas a estabelecimento que as outras tinhão.
.
todas as outras províncias do imperio não che-
garião para semelhante fim ; porém eHe or,1dor O Ss. MoNTEIRO DE BAII.ROS fallou no mesmo
reconhecia que convinha fazer-se o ue fosse sentido, e que não convinha inutilisar a des·
poss1v , e pouco a pouco; e con en ava-se peza e1 , nllm pr var a provmma aquelle re-
por este motivo, com que se fixasse a quan- curso.
tia de 60:000S para obras publicas de Per- Votou-se e foi approvado.
nambuco, etoperando que o pragresso desta pro- Província de Santa Catharina.
· , - i o rç o, mas O SR. DuARTE E SILVA offereceu uma emenda
reforma da coostituição, a qual habilitará as afim de augmentar-se a consignação para ex·
províncias a poderem providenciar sobre as suas postos.
necessidades e recursos; e se não forem então
mais felizes só terião de culpar-se a si proprias. O SR. 0DOI\Ico disse que desejava que passasse
uma emenda para supressão das casas de expostos
Approvou-se igualmente a emenda que se offe· em todas as províncias ; porque este recurso
recêra a respei~o da bibliotheca publica. que havia de. ver-se livre das crianças fazia
Depois de breves reflexões, votou-se sobre o vontade de as irem lá levar: que havia pouco
orç~mento de Pernambuco que ficou approvado tempo não existíão no Maranhão mais de 4 ou 5
com algumas emendas. expostos que se criavão em casas particulares;
Não se .off'~recerão r~fl.ex.ões sobre os orçamentos porqu~ era até honra criar as crianças q?-Ef se
hyba, Ceará e Pinuhy, que :ficarão approvados sem
emendas.
Seguio-se o orçamento do .Maranhão.
R. OSTA ERREIFtA sustentou a necessidade
de passar uma emenda que fôra proposta, para
compra de livros parlf. a bibliotheca do Maranhão,
assim como de outra relativa á catechese dos
índios, afim de não reverterem á vida selvagem,
porque não havia padre para os doutrinar, nem
apparecia quem se encarregasse de os avisar,
por ftüla de dinheiro, !lendo portanto necessario
fixar uma quantia para sustento dos padres,
havendo alguns que querião empregar-se neste
serviço, mas que niio o podião fazer, emquanto
se lhes não subm1nistrassem meios de subsis·
tencia, ao que tinhão todo o direito, uma vez
que trabalhavão.
Entendeu tambem que devia ser adaptada uma
emenda que destinava uma quantia para o jardim
botanico, o qual não podia conservar-se sem
meios.
Ooncluio que a camara não deixaria de approvar
estas.emeD.das, reconhecendo a ~;ua justiça.
• VNHA., oppoz-se emen a
relativa ao jardim botanico, porque o Maranhão com o seu filho, seria tão deshumana que o fosse
delta não carecia attentas as drogas que produzia, expór, ao mesmo tempo que as outras, faltando
Achou igualmente desnecessaria a prestação para este recurso comrrietterião o horroroso crime de
a catechese dos índios, por não resultar dahi infunticidio. ·
utilidade alguma, devendo esperar-se que a Houve votação, e foi approvado o orçamento.
· commiasão respeotiva apresentasse um plano de Tendo dado a hora, o Sr. presidente deu para
catechisação. a sessão seguinte a continuação da discussão do
orçamento, e finda ella, a discussão da ordem
O Sa. Onolltco disse que havendo passado uma determinada pela camara, de qual ou quaes das
proposta do conselho geral da província do Ma- reformas da constituição devião ter a preferencia.
ranhão sobra o jardim botanico, negar agora os. para entrar em discussão.
meios !'&.ra. dar cumprimento á<;luella disposiçãl). Levanto'l+-ile a sessão depois ·das 3 hora fi!.
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:08 - Página 1 de 9

SESSÃO EM 9 OE SETEMBRO DE 1831 133


Sessão emo 9 de Setemobro por quem a não tinha; porque elle a havia con·
quistado pelos seus proprios esforços. Que en·
PRESIDENCIA DO SR. ALENCAR tendia portanto, que devia decretar-se que tal
e tal artigo da constituição precisavão de reforma,
para que revestidos os deputados da seguinte
legislatura dos pod~res especiaes para este ~m

commissão liquidadora do banco por parte do O Sr. R.ebouQac :-Sr. presidente, devendo
governo, dando novos esclarecimentos sobre o dar meu voto sobre a preferencia das reformas
papel do novo padrão em circulação e do velho propostas, direi o modo de pensar que tinha sobre
recolhido.-A' commissão do banco. a reforma da constituição.
Do mesmo ministro acomp~nhando dous officios ~u assento, segundo as observações que tenho
do presidente da província da Bahia, ácerca dn fetto, que a nação brasileira não exige por ora
nomeação do escnpturario para a caixa filial de reforma da constituição, e que não é exacto o
amortisação da mesma província e arbitrando affirmar-se que ella as pede. O que a nação bra-
o ordenado.-A' commissão de fazenda. zileira deseja é que a constituição seja cumprida
·Do mesmo ministro remettendo as cópias das e observada, porque a nação brazileira pensando
ordens que autorisarão a legação em Londres a bem, deve saber que a constit~iqão bem execu-
fornecer o dinheiro preciso para as despezas feitas
e con a par 1cu ar o ex-1mpera or.
Do mesmo ministro acompanhando uma repre-
sentação e proposta de alguns accionistas do
extincto banco do Brazil.
impostos um projecto para augmento dos direitos fazerem notaveis; e por outra de sujeitos illu-
de consumo da aguardente , e para.· ·maiores didos, que considerando estas pessoas de alguma
direitos sobre vinhos e carnes ~e vacca, mandado importancia, e sendo ávidos de opinião publica
correm atraz jella uando assim nunca a en-
contrão, nem verdadeiramente a conseguem. Eis
o que penso a respeito da reforma da constitui-
ORDEM DO DIA
.. ção donde tiraria a consequencía de negar toda
e qualquer reforma da constituição, se nós ti-
vessemos de a r9alísar desde já; mas como não
fazemos senão autorisar a legislatura que nos
ha de succeder para esta reforma, vão correndo
os tempos, e os que forem eleitos melhor co-
nheceráõ a opinião publica, e poderáõ usar da
autoridade que está em nossas mãos conceder-lhes
na conformidade dn constituição, para lhe accres-
centar, alterar_ ou ~o.dificar aquelles artigos que

e entrou em discussão a questão de ordem quai reforme, não devsndo nós comtudo' fixar o modo
ou quaes das propostas sobre reformas da con- porque se ha de verificar esta reforma.
stituição deveráõ ter a preferencia para entrarem Quanto a mim, entendo que nós não podemos
em discussão. autorisar senão para alterar ou reformar algum
artigo, e não para supprimir ou extinguir; e
O SR. REZENDE disse q•le a não lhe obstar a muito menos para eliminar capítulos da consti-
falta de tempo e mesmo alguns princípios que tuição, e addicionar outros, como se faz em al·
lhe profess11va, a respeito da reforma da consti- guns projectos.
tuição preferia a proposta da commissão especial ;
porém que era muito longa e gastaria muito Reformar uma cousa é melhorai-a, dar-lhe nova
tempo na discussão, além de que elle orador não feição, mas não obrar de fôrma que fique ex·
julgava que a camara tivesse autoridade de in- tincta.
sinuar que a constituição fosse reformada desta A constituição diz que admitte a reforma a
ou daquella maneira, porque então seria feita a respeito de alguns dos artigos da mesma con-
reforma pela camara actual, quando a constitui- stituição, porém como póde isto estender-se a
ção ordenava que a conhecer-se quatro annos capítulos inteiros? A constituição providenciou,
depois da constituição jurada, que alguns dos para que se fosse melhorando, segundo as cir·
seus artigos merecia reforma, se faria a proposi- cumstancias exigissem, mas providencias para
ção por escripto, a qual seria lida por tres vezes melhoramento, não se podem transtornar em
e d~p.ois _de vencida a reforu:.a do artigo, ~e ex- meios de an~q~il~ção. Se excedermos a faculdade
,
dos deputados para a seguinte legislatura, que o fim que ella terá e que é da ordem natural
nas procurações lhes confil•âo especial faculdade das causas. Sirva-nos de exemplos o que acon·
para a pretendida aZte1·açlio ou reforma ; além tece nas outras nações. As nações que se têm
de que não achava conveniente que passasse uma feito felizes nté agora têm respeitado as suas
proposta, na qual se queria que a reforma se leis fundamentaes de um modo mesmo que póde
:fizesse no sentido federal, em razão de que a chamar-se supersticioso.
coroara não podia proceder ussim, e assumir um As outras nações quo têm feito uma consti·
dire~to que não tinha, e que só pertencia á nação. tuição primeiro, e depois outra, que fazem sue-
Lembrou quando Carlos X publicára o decreto ceder por outras progressivamente têm acabado
sobre a independencia do Haiti, se dissera então por não ter constituição. Isto tem açontecido
'!ue aquelle e&tado havia recebiqq 130berania dada çom as nações limitrophes que se achão elevas-
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134 SESSÃO EM 9 DE SETEMBRO DE 1831


,tadas pela anarchia ; aconteceu com a França ordem, e não se tratava · de apreciar cada um
que deiJois de 1791 teve quatro constituições an- dos projectos propostos e existentes na mesa, já
tes de Bonaparte, duas no tempo delle, e duas apoiados pela camara, e que tiverão as leituras
depois de 1814, etc. competentes ; porém tratava-se de saber qual dos
Quanto ao modo de reformar a nossa consti- projectos havia de ser preferido para entrar em
tuição, elle é o mesmo que foi admittido na con- discussão, qu~stão que lhe pareci~ ser no-.;;a na
. .- ')

e na de Noruega de 1814, e que tambem se acha na


dos Estados-Unidos da America, sendo todas consti-
tuições dadas em occasiões iguaesáquellas em que
foi dada a nossa. Entretanto est s st· ui - nã
têm sido reformadas desde logo em alguns paizes, mente organisada ; e por isso sentia summa-
e até em. outros não se tem querido usar do mente não poder conformar-se com as opiniões
beneficio da reforma legal que a constituição con- do Sr. Rebouças e do Sr. Rezende, que h avião
fere como nos Est.ados·Unidos. Passou lá a con- fallado ambos no mesmo sentido : que a razão
stituição apezar da opposição dos grandes homens, prodúzida pelo Sr. Rezende, de que era muito
e como erão grandes patriotas, depois que se extensa a proposta da commissão, era a mesma.
venceu contra o seu voto fizerão-se apostolos da pela qual elle julgava que devia ser preferida ;
constituição, e apezar de haver faculdade de se pois em um corpo tão Hluminado ·como era a
reformar a constituição, ninguem se tem servido camara, devia merecer a preferencia o que tivesse
della, e muito menos para tocar-lhe no essencial. maior amplitude por ter a seu favor a probabi·
O resultado não tem sido o mal, mas antes o lidada de que fosse o melhor e mais maduramente
bem daquelles povos que nós trazemos aqui todos meditado e onderado pela commissão encarregada
· · · , e i · es e ra a o, a qua examtnou e vro o es a o
de suas instituições. Ora, st> a nossa do Brazil, e o comparou com as disposições da
monarcbica como é, não tem nada constituição, consultando tambem as diJI'erentes
9.ue a _dos Estados-Unidos,_ e se nós necessidades da nação, e apresentou depois o seu

cousa, pvr(t.<e não tem sido executada? Nem o attenção que a mataria exigia, antes pensava que
exemplo de outras nações, nem o bom senso, todos assim havião feito, pois não era assumpto
nem o respeito que devemos ter á lei funda- para tratar-se de improviso, mas geralmente fal-
mental nos acon~.lhão que entremos em reformas, lando, quando se dizia que um trabalho fóra
e reformas destructivas. Portanto debaixo da executado por uma commissão da casa, vinha
hypothese de não ser a reforma feita já, mas associada a idéa de que ella reflactio e gastou
depois, só admrtto que 11e possa reformar ou al- tempo, havendo maior probabilidade de per-
terar algum artigo, como a mesma constituição feição.
admitte, e nesta mesma conformidade não approvo Quant'l ao exemplo produzido do decreto de
que sejão prescriptaEt por nós as alterações que Carlos X, não tinha peso, não só porque não se
devem ter os artigos alterados ; porque então era- tratava de dar soberania, como porque referindo-se
mos nos ue fazíamos a reforma e a le isla ão .. - - t
futura uão faria mais do que sanccional-a. não podia tal decisão ter lugar neste debate,
Eu convenho em que a ~·~forma dê logo uma cujo fim era ver qual das propostas devia ser
idéa de qual seja a reforma, até para que sejamos preferida, e não o rejeit11r ou approvar alguma,
convidados a votar sobre ella; concordo nisto visto ue as outras dev riã s r d ·
mas o acre o que passar não ha de dizer a depois.
maneira como se ha de verificar a reforma, e só Entendeu que havia contradicção em considerar
deve determinar que os eleitores antorisem os anti·constilueional a proposta, e não querer que
deputados para a legislatura futura a reformar alia fossa discutida primeiro, pois isto era motivo
tal artigo da constituição ; porque esta diz ((na bastante para ter a preferencia, afim de que,
qual (lei) se ordenará aos eleitores dos depu- entrando já em discussão e conhecendo-se os seus
tados para a seguinte legislatnra, que nas pro- defeitos e inconstitucionalidade, fosse desprezada
curações lhes confirão espacial faculdade para a in limine; porque ficarem objectos inconstitucio-
pretendida alteração ou reforma. » (Art. 176.) naes em mortuorio, e suRpensa a opinião. a tal
Quanto a mim assento que nestes artigos da con- respeito, não sra das melhores causas.
stitui-tão o que será conveniente que se reforme Accrescentou que a proposta da commissão
é o artigo da nomeação da regencia; porque com abrangia todos os objectos desde o primeiro até
effeito a esperança na execução do ~ 2• do artigo o ultimo dos artigos que podia ser reformado ; e
15 mostrou que é um máo encargo para a as- proseguio:
sembléa geral o de nomear os membros da regencia Ora, o que queremos nós fazer com esta dis-
(apoiados) ; e que é inconveniente que estes mem- cussão da reforma da constituição ? E' provar á
bros da regencia sejão tres (apoiados); e por isso nação que zelosos pela sua prosperidade e inte-
quero reforma do artigo. Outro artigo que a resse, não nos esquecemos de rever a constituição
experiencia mostra conveniente reformar, é o para descobrir se entre seus artigos havia algum
artigo ue trat!l ?as attribuições dos consel~?-os reformavel (creio que forão est~s _as vistas da
pelo lado da larguesa pôde ir 'ao infinito e enten- videnciar de melhor fôrma suas ne-
dido estrictamente. pôde aniquilar estes conselhos, cessidades.
por isso proponho estas duas reformas, e não Mostremos á nação que vamos discutir um pro-
me lembro de outro artigo algum que deva ser jacto que envolve todos os outros, e o zelo de
retormado ; o mais fique entregue ao espírito da que estamos animados para em nada discrepa~:mos
cam.ara, e desde já .fica conhecido.· qu.al . será o daquillo que ella nos incumbe se fará.. patente, ..
meu 'voto quando se tratar da materi'a. Infelizmente quer rejeitemo's a ·maioria ou.. todos os 'artigos· ·
já não estarei aqui. discut.idos um por um, com o interesse e afinco
Nesta conformidade mando uma emenda á que cada um dos Srs. deputados e todos juntos
mesa. tratão de mostrar em occasiões tão solemnas como
0 Sa, 'MO~TEZUMA disse que a questão era de em discussões desta ordem, quer seja rejeitado
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:08 - Página 3 de 9

SESSÃO EM 9 DE SETEMBRO DE· 18:11 135



um sõ artigo ou outro, provando em debate por- os princípios da mesma constituição, por julgar
fiado que elle 11ra incapaz de ser admittido e de que era melhor aceital·a do que esperar mais
produzir o bem da nação. tempo ; cumpria observai-a até nos artigos que
Concluio com varias reflexões sobre a necessi- se reconhecião reformaveis; e sustentf\Va por
dade de consultar a opinião, que sõmente podia isso a sua proposta para. salvar os direitos da
conhecer·se pelos papeis publicas re resent.u<ões le islatura futura. ·
as camaras e os cansei os proVlnciaes para o Era tambe>m de parec&'r" que se precisava de
g.ue er.a n~cesstHio ~mito tempo, e convinha por muito tempo para. conhecer a. opinião a tal res-
ISSO d1s.cuhr com mu1to vagar cada um dos artigos peito, porém achava sufficiente aquelle que devia
do J;!rOJecto da com missão, para. que a nação mediar entre as eleições futuras, e a promulgação
e por mew a rmprensa, o acre o que ratasse a au or1saça.o para as
em fol~e~os e diarios, quer fosse em representações reformas. ·
ou pet1çoes abertas á assignatura dos cidadãos, O SR. REBouçAs não conveio em que fosse
uso que desgraçadamente não tinha sido adaptado preferido pan' entrar em discussão um projecto
entre nõs.
anti·constitucional a outro que o não fosse ; por
O SR. REZENDE disse que a discussão sobre acreditar que a preferencia dada a qualquer cousa
preferencia de um dos projectos o:fferecidos sobre devia sempre fundar-se sobre a bondade della e
alguma mataria não era cousa nova entre nós sobre a supposição de que slltisfaça melhor ao
pois igual pratica se havia seguido com os pro: fim proposto ; qualidades que não podia ter um
Jectos sobre o cobre, etc. ; que desejava que projecto que atacava a lei fundamental ; e a
passasse o seu projecto, porque não havia tempo provar-se que estava neste caso a proposta da
e_o orador penk!ára, e ainda pensava que a~ commíssão não devia ser preferida.
rã a m e pe 1 a e ese]a AS ; e ec arou que Jll gava r.n ·cons 1 llCiona a pro-
em segundo lugar, potque alguns principias que posta da commissão em razão de apres•mtar
a commissão adoptára não estavão de accbrdo uma constituição nova por caminho ainda não
com os .seus. tril~ado, determinando a suppressão de capi~ulos

'
seu modo de ver, não poderião fazer-se' as reformas que erão seduzidos agora pela força magica da
da maneira proposta pela com missão, acontecendo reforma, vendo que não era praticavel em ra?:ão
como quando se concedia qualquer revista de uma de que o debate, artigo por artigo, levaria 3
sentença, porquanto alguns entendião que po.r ou 4 annos ; porquanto, tendo·se,gasto 3 annos
este facto a sentflnça estava reformada, e o juiz em discutir a constituição de França, esta cus-
da revista era obrigado a reconhecer que houvera taria ainda mais tempo, e &.ssim muito demoradas
nullidade ; e assim se a camara dissesse ((a serião as reformas que uma parte' dos cidadãos
reforma da constituição seja federal,» não ficaria reclamava, mas não a nação, a qual como elle .
á legislatura futura nenhum direito de reforma orador já tinha dito, queria uma constituição
de outro modo, podendo para este caso applicar·se que se cumprisse e·se. guardQ"sse, e esperava os
o dito do Sr. deputado «que o Brazil não reclamava maiores beneficios e bençãos da observancia exacta
a reforma orém ue ia a execu ã ·. nstitui - e niio d entidades latonicas
tuição : >> porque me11mo se fosse este o voto que occupaviio as cabeças de algumas· pessoas
nacional, a legislatura seguinte ficaria obrigada interessadas nestas reformas ; que 11 querer a
a· reformar a cont:~tituição marcando-se-lhe desde camara attender a estes desejos de reforma, a
já a maneira como hão de ser feitas taes reformas ro osta era muito lon a e não adia ser decidida
quan o alvez a i a legislatura possa entender senão daqui a muitos annos, ao mesmo tempo
que taes reformas não são reclamadãs pela nação, que se pretendia que para a legislatura futura os
ou niio devem fazer-se pela maneira que tivttr deputados viessem já autorísados para proceder
decretado a presente législatura. á dita refotma; e se a~ camare. niio tratava
Lembrou os clamores que se haviiio levantado deste objecto para que a reforma tivesse I ugar
contra o procedimentn da assembléa de França na legislatura seguinte, ia·se gastar t11mpo na
por acclamar r~uiz Felíppe sem consultar á nação discussão desta proposta, e podia attribuir·se á
para provar a necessidade de ouvir a opinião dos camara má fé e vontade de illudir a expectativa
constituintes e de deixar depois disso á legislatura de uma parte da nação que clamava pela reforma,
futura o fazer as reformas que a nação exigir. e portanto ambas as razões em que se fundara o
Sr. Montezuma milítavão pela exclusão da pro·
Declarou que insistia nisto, levado mais pelos posta da coltlm issão.
se~timentos do coração, do que pelas regras e
prmcipios de theoria, sendo bem conhecidos os Conveio na necessidade de ouvir a opinião
principias que sustentara em 1824; ·mas estava publica, a qual comtudo só podia ser bem expli-
convencido que nenhuma nação pôde ser feliz, cada pela legislatura futura ; porque ,se a nação
sem que se reformasse nella um espirito publico e eleger os deputados que forem desta reforma,
constitucional para q~te se habituasse aos prin- claro estava que a nação a desejava, e no caso
cipias constitucionaes como na Inglaterra, onde só contrario se tirava conclusão inversa ; sendo
se governava hoje mais por este hflbito, do que este meio das eleições o melhor que podião
por ~ms verdadeira constituição ; motivo porque excogitar os publicistas, afim de co!l~~cer-s~ qual
e aJa a que o ecre o passasse e m1wem1 que
a constitu.ição pudesse ser reformada no menor mórmente a respeito de reformas, como se tinha'
tempo po10sivel. visto na Inglaterra ; pois os eleitores que partiiio
Fez ver que concorrêra quanto pôde pela sua das massas tinhão de necessidade conhecido bem
parte, para que a constituição presente não fosse as opiniões e nec~ssidades da nação, e erão elles
feita COitlo se fez, porém fosse discutida antes de que as havião de declarar, servindo-lhes tambem
jurada, afim de não se estar revolvendo depois como de auxilio as opiniões enunciadas por toda
todos os dias, o que era conforme á vontade de a especie de papeis publicas, memoria.s, opuscu-
.srande parte do Brazil naquella época, que dese- los, etc .
Java que a obra se melhorasse emquanto havia Advertia que o seu voto para não se preferir a
tempo ; isto é emquanto não havia obrigação proposta. da commissão, se estendia tambem á
imposta, mas hoje que o Brazil tinha adaptado tnd1caçiio o:fferecida pelo Sr. Henriques de Rezende,
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:08 - Página 4 de 9

136 SESSÃO EM ·9 DE SETEMBRO DE 1831


o· ·qual tinha advogado a favor dó litteral cum- brazileiros se submetterão pela grande vontade
primento do art. 174 e seguintes da constituição, de ter uma constituição, apezar de nella reconhe-
motivo que elle orador tomava por argumento de cerem alguns artigos que carecião de reforma.
analogia para se oppdr ao dito proj ecto do Sr. Não concordou em que o art. 174 com a expres-
Rezende; porque elle;ra reforma em globo pres- são «alguns artigos l> quize~se dizer que ~6 ~o~ião
crevia ao mesmo tempo._ á legislatura futura e
a azer, e porque na pm:neira parte
queria a reforma de um capitulo inteiro da
constituição, quando o art. 17! dizia : alguns dos
seus artigos ; e qão algum capi~ulo que comp,·e-
. , u azs a cans I uzçao havião apparecido estavão na razão dE! 'serem
deter~inava ql,le a legislatura . seguinte fosse admittidos sem exclusão <ie nenhum; mas como.
autor&Sada para a reforma, o que não se podia se tratavr~ de vêr qual dos projuctos era mais
fa3er _prescr~ve_ndo, potque a legislatura presente conveniente que fosse discutido primeiro, elle
nao tmha dtretto para prescrever, rnas só para julgava que a reforma devia principalmente versar
autorisar para a refonna ... sobre a divisão dos poderes, a qual cumpria que
_q Sa. RÉZEND~ explicou q~e a ":;:ua proposta
dzzz~ : se a ·Iegrslatura segumte JUlgar que é
se fizesse melhor ; pois em quanto á federação,
ella existia já podendo ser mais ou menos lata,
necessaria a reforma no sentido federal a poderá assim como a tinha existido tambem nos Estados-
fazer. . . .· ... Unidos ainda no tempo em que dependião da
O Sa. ·i:tEBÕUQA.S 'respondeu que, autorisar para metropole, sendo certo que aquel!es republicanos
a .reforma com a. con i ão : cc • depois que vencer~o e conse uirão a sua inda-
·seguinte a julgasse conveniente>) era, ou ocioso, pen enma, poucas cousas ou . nenhumas refor-
ou an~·constitucional ; que era ociosa esta facul- márão da sua constituição, porquanto as províncias
dade que se.;lhe dava para decidir cc se era con ve- tinhiio o direito de se fintarem a si proprfas,
niente 011 não a ~eforma » · or ue a e co · como' bem se tirava de ter dado ori em á uerra
· --..- erava. 1nc u o-na constituição, e se com effeito a 1 en enc1a a usurpaçao es e Irei o e1 o
.: pão, se acha.va ~Hi incluída, era uma usurpação pela Inglaterra ; e já tinhão tambem antes da
d!i!·.parte da eamara dos deput~dos, era levantar-se independecia os conselhos provinciae;~, e os mais
COID =poderes ·.que lhe não forão conferidos ela lei elementos da federação ; ponderoa os inconveni-
• c • • •• ·• • :ile propos a o r. ezende tinha
; •
.- r r ns ar tgos
co~seg'!nJteme~te o mesmo vicio contra quEm elle
sem tocar nos outros ou alterar o capitulo inteiro,
.. mesmo·: se hav1a declarado, e era peior até que em razão de estarem connexos entre si, e de serem
·: . ·_a proposta da .eommissão, e por isso merecia ser uns corollarios dos outro!! ; que a legislatura
''. ·:POS~o- á margem, porque a propoata 1ia commis!i!ão futura não :ficava obrigada a seguir o que fosse
-pod1a te.r··e.D:\.-'Sell_favor a razão de a}!lresentar decretado pela lei que havia de fazer-se nesse
um preªrnbulo ou cbm,Plentario para dar a entender anno, no caso de não entender que por este meio
·: q:u~ a ·-.reforiJ!a· ·e~~ conye_niente, e gúo podia se promovia o bem da nação : pronunciou-se a
·.:, venlicar-se da mane1ra pmposta.· . favor da proferencia do projecto da commissUo,
, !bs o projectó-'do Sr. R~ende. que tinha por como mais amplo, e de mais facil discussão por
fim;..;e~clu_ir. o da · coP,.stitulção, ia mais adiante
ser mais bem redigido e roaultar do trnbalho de
al!regeqtando-se lo!N. em fórma àe lei, .e deter- uma ~ommissuo, para este fim especialm~nte

ti~ulo 4o da. constituição, dizendo não só que soria com madureza, reflexão e metho o ; acerescendo,
felta a reforma .no sentido federal, se a proxima quo obrongiá' tmlus as rerormns propostas separa-
legis_l!\tu~a o j~lgasse util e necessatio, moi! quo
dnmento pelos SrH. depntados, os quaes na in-
{
, H • ·-
tribuiçoes legislativas e inteiras nas respoctivu~ embnrgo dis11o, por nmor proprio.
pro'lrincias, até mesmo para impór-se 1>, com o O Sn. FmnnmmA. DA VEWA disse que seguiria
que se atacavão não só as nttribuiçõos da ns- o oplnilto do Sr. Montezuma para que se prefe-
sembléa geral, rnna os do poder tnodorador; o rlsso o trabalho do commissito, a qual sendo um
desta maneira se abal'IVa toda a macbina social, o compondlo, como so lho podia chamar, e tend•1
se reformava a constituição em todas as suas proposto ns rorormns porque o nação clamava,
partes mais vitaes. devli1 ser tomado entro mãos para se examinar,
Declarou que a proposta mandada por elle á estando ello oradol' persuadido que muitos Srs.
n:~sa era a mesma que tinha passado por t1·es deputados e o o moamo Sr. Reboucas não havião
leituras como a constituição ordenava e fazia entendido o Sr. Montezuma emquanto a que·
:Parte do projecto da íllustre commissão, s8 com rer que entrassem em discussão primeiro os
alguma mudança de redacção, para que admittida trabalhos da commissão, afim de serem. logo
a ·necessidade da reforma dos dous artigos, fosse approvados ou reprovados, pois estas expressõos
tomada em consideração na discussão que se significavão que o dito senhor tinha em vista
seguir, no caso de não se tratar della já. opprovar umas cousas, e reprovar outras : que
Concluio, mostrando que a sua proposta era o estado da opinião e o juizo da· coroara depois
concebida com pequenas excepções da maneira de terem decorrido dous ou tres mezes desde a
que prescrevia a constituição hespanhola de 1812 época em que se tratou da questão tornarjão
e a de França de 1791. muito facil a discussão, e farião com que não
os. se com licasse tanto com a ontec u · -
própondo no seu projecto, que a regencia cons- sobre a melhoramento do meio circulatite, pois
tasse de um membro só, incorrera ·no mesmo no caso contrario seria muito triste a posição
defeito que tinha reprovado. da camara por se manifestar . que os Srs. deputa-
dos não fixa vão suas idêas, sobre tiS . questões
O Sa. REBouQA.s respondeu que tinha indicado agitadas na camara nem attendião á necessidade de
a !Daneira como se liavia de fazer a reforma, reformar o mais promptamente possível aquelles
umcamente para explicar a convénie!lcia della, pontos, por cuja reforma a opinião publica se
para que se entendesse melhor, como tinha de- l:Javia · pl'onunciado ; deixandQ elles ·não só de
clarado na occasião em que apresentou a proposta. approvar ·as reforniás que estivessem perfeita-
. O Sa. CARNEIRo DA CUNHA. representou que era mente neste 'caso, mas vacillando (na occa:sião ·em
conhecido, tanto o desejo, ·como a necessidade que .'se tre.ta;e. de proferir um dos projectos offe-
da reforma da constituição presente ; á qual os reci'dos) sobre a intelligencia 'dos artiglls 17~ a
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SESSÃO EM 9 DE SETElUBRÓ DE 183:t 137


176 da constituição. que dizião respeito á reforma
della; vacillação que se conhecia á vista das
differentes maneiras pelas quaes havião expri·
mido as suas o ini-es â · · ·
gencia ; affirmou que elle orador se inclinava
mais á opinião de se indicarem apenas os artigos
que merecessem reforma, e que depois à legisla-
tura seguinte, a ual vinha mu id
espec1aes, e que seria de algum modo uma assem- tivamente, qual era a reforma que se devia fazer,
bléa constituinte, pelv menos a respeito dos artigos porquanto se a camara entender na discussão
cuja reforma se julgasse 11ecessaria, estabeleceria que a constituição não permitte. que a reforma
o modo porque esta reforma devia ter lugar, se decrete por esta maneira, e que á legisla-
o que era até conforme á natureza da causa, tura seguinte é que pertence ~essa· faculda•le,
porquanto a legislatura presente não estava mu- podia dizer-se simplesmente que a legislatura
nida de poderes espcciaes para determinar o mo1o segu1nte reformasse taes e taes artigos.
como devia proceder-se á reforma : que não sendo Entendeu tambem que não era admissivel o
comtudo seguida por todos os Srs. deputados argnmento fundado em não haver tempo ; pois
esta opinião delle orador e de alguns outros, e assim como a assembíéa havia determinado por
podendo sobre ella excitar-se ainda renhido debate, uma resolução que se fizesseib as eleições como
9:0 mesmo .P~sso que se f~zí.a urgente tra~'luil- aanra se praticava, isto é no terceiro anno da.I is-
; ura, por outra podia determinar que se fizessem
no quarto an:1o, tendo .àssim a nssembléa ger.at
algum tempo para a discussão das• .reform·as que
se Julgqrem necessarias, accrescendo ue os Srs.
·v p tao azer o empo curto ou ongo,
legislatura faculdade especial para a reforma que segundo a extensão das suas fallas, pois se o
se julg:1r necessaría, elle se declarava por todos g11stassem em discursos de apparat.o muito tempo
estes motivos contra a preferencia para discussão seria necessario. (Apoiados.). ' .
da r o ta · - · · · t·save pre eren·
achar bem redigida e com harmonia em todas ciR. do projecto da commlssãd .~ porque nenhum
as suas pal-tes, em razão de julgar que não podia dos outros tratava do tribunal s'upre'lnQ da justiça,
provir resultado algum da sua disc11ssão, visto cuja reforma elle orador julgava i:le. grande neces·
que não erão mui longas e complicadas as mate- sid11de por motivo de estar em ·contradicção
rias que se devião tratar, para as quaes não chega· com aquelles artigos da c?nstitu!cão, n~s que.es
ria o tempo da sessão; e fic~ndo conseguintemente se quiz estabelecer duas 1usta~clas, em~uanto o
por decidir, o resultado seria dizer-lhe que o modo pratico que usava o tr1l!innal, vtera es· .
corpo legislativo lançára mão do pr(Jjeto mais tabelecer tres instaucias, o que era' muito oneroso"
longo só com o fim de procrastinar, porque não para a'!! províncias distantes. da 'ca&iital.
queria reformas, o que· poderia trazer comsigo uma Igualmente . fez reparo em qll.e ~ maíór parte das
guerra civil nas províncias com todos os males outras p~opostas não f,, na vão na ref,wma .de ser
que a acompanhavão, e ue não era necessario
re aru.
Accrescentou. que se lembrava de uma idéa, a
qual talvez conciliasse as difficuldades ; e vinha
a ser, ue as r o ostas offereci r
se expedir na sessão seguinte a 'lei que ordene outras.
aos eleitores que confirã•l aos deputados da Advertio que da preferencía da proposta do. com-
legislatura seguinte poderes especiaes para as missão não se seguia que fosge adoptndn. tndn,
reformas que a presente legislatura julgar neces· podendo rejettar-se as reformas que nlio Ro jnlf.ll\~·
sorias; e que igualmente se faça uma lei deter· sem boas, e 0 addicionar-sa outras quo purocossom
minando que não se proceda ás eleições senão necessarias; o que no cnso do quornr 11 CIIIIIIJrt&
no quarto anno da present•J legislattu11, uté para deixar ao arbitl'in dA lllgisluturn soguinto o snnticlo
que o Brazil todo soubesse os objectos da refurma da rt'fol'm!l, podia fazel•O da llJiliiHÍl'fl lombrnda
e exe.miRasse os artigos que deveráõ ser reformll- por elle orador, devendo os doptttndos dfl loglslal-
dos ; de maneira que os Srs. deputados elll1832 turn futuru conhecer melhor a opiuitio puhlítH\
pudessem vir munidos de lnzes que hoje lhes fal- do Brazi!, na certezEI do que o povo fnn\ as
ta:vão : obstava-lhe porém por ontra parte que esta eleições favornveis ás reformas, sogundo o o~pirlto
idéa se complicava com a reforma da lei das elei- publico; o a cnmara tinha tempo bastnnto para
ções, a qual tal vez não se obtivesse ; e portanto alterar a lei actual das eleições que carecia
a camara devia contai' com o que tinha, razão de pouca reforma: isto é, ordenar que as eleições
porque elle orador se decidia pela proposta do se fação no 4<> anno, e que ninguem saia eleito
Sr. Rezende, modificada conforme a reflexão feita sem que obtenha maioria absoluta de votos {apoia-
pelo Sr. Rebouças para não ter fórma de lei. dos); e aquelles que não obtiverem a maioda
Refutou o argumento que se fizera de autorisar entrem em duplo em segunda Vútação. ·
a constituição só para a reforma de um artigo,
· , m a en e o e- materiil era a de maior ponderação de que se
gislador podião admittir tal intelligencia, visto tinha tratado; pois della dependia a nossa feli·
que a ex:pressão « algum artigo >> não queria dizer cidade ou infelícidade futura, como todos assen-
um só ; concluio notando que a julgar-se a pro- tarião, não sendo portanto necessario provar a
posta. do Sr, Rezen~e incursa em.anoma~ia por ex'lctidão de tal asserção: que elle acreditava
menc1onar a ·a!teraçao de um capitulo ; 1sto se não haver quero duvidasse do voto geral, segundo
podia remediar na discussão. parecia, a favor da reforma da constituição.
O SR. 0AJU!1EIRo I,EA:o disse que o estado. da (Depois de algumas palavras que nllo se pudeJ•âo
sua saude não lhe permittia estender-se mUlto, perceber, continuou dizendo) que esta ladainha
mas que julgava dever seu manifestar qual era de artigos reformaveis tinLa vindo em occasião
a &ua opiniã() : que no seu juizo as reformas não muito má ; por ser objecto que requeria todo
podião produzir muito proveito, mas podião sem- o socego e tranquillidadt~ da nação soberana pal"•l
pre produzir algum, sendo certo que segundo en- alterar-se o t::eu pacto socinl: (lstado em que ella
tendia não hllvião forças humanas que pudessem não julgava que estivessemc;>~·
TOMO 2 18
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138 , SESSÃO EM 9 OE SETEMBRO OE _1831


Passou depois a defender a commissão, a qual que se fizesse a reforma de tal artigo, sem
lhe parecia não ter feito mais do que compillar indicar a maneira porque esta. reforma havia de
o que tinha ouvido aos Srs. deputados, e o que ter lug•tr; porquanto a simples proposta para
se tinha fallado fóra da camara e em conse- s~ reformar este <?u aque!le ~rtigo ~a constituiçã?,
u ncia · · ·-
declarava qua,es. ei:ão. os artigos que podião ser
reformados para a camara. escolher; apresentando
na verdade um volum_e: mas isto provinha de
ter ella uerido a·untar tambem os ar i o 11t
os quaes uão havia opinião de reforma, afim futura para fazer a r~formn, ·devendo portanto
de se vêr a _relação en1 que ficavão com os passar a proposi~ão indicativa do sentido em
outros. que a camara queria que a reforma se fizessê
Concluio affirmando que lhe parecia não poder proposição que havia de ser o resultado da dis·
fazer-se reformá senão em um ou outro artigo cussão, não estando porém sujeita ou obrigada
da constituição e não em 50 ou 60 artigos, e a fazer a reforma sendo-lhe licito approval-ti
como não competia ao poder constituirlo transpas- ou não, segun<io julgar melhor depois de séria
sar os limites da constituição, entendia que devia discussão.
dizer-se em geral. cc A constituição do imperio o S1•. Castro Alves:-Sr. presidente, le·
será reformada em um ou mais artigos pela vanto-me para dizer que se eu fôra só a con·
legislatura futura; ll porque deste modo se obtinha siderar-me n_o ~m_perio do Brazil, estava contente
o _que se. de.s~ava:, e não passava_ a camara. além
•• o e s o Brazil e olho pa~a a sua população, decido-me
deputados com poderes e'speciaes os quaes reunidos pela reforma da constituição; porque assim quer
farão a · refórma ~ .resultando dahi tamb.em a van- a generalidade da nação brazileira, pelo que ouço
t~gem c!e não· perder a_ camara t~nto tempo_. na e leio
Estou pela reforma e declaro qne estou por
todas as emendas da reforma, pois quero o que
quer o Brazil, por dar o m13u voto começando
ela ue está mais a l -
perca o tempo e se faça 11lguma cousa.
A commissão especial, encarregada de apresentar
as reformas á constituição, fez o que a camara lhe
mandou. Eu fui um dos que requererão para se
nomear uma commissão que tratasse de apontar
os artigos qua devião ser refo.rmados na nossa
constituição e uma das razões que se produzirão
contra a opiníão daquelles senhores que querião
sustentar o direito que devia ter cada membro
da camara, de apresentar sua proposta, foi a
economia de tempo, melhor desenvolvimento de
idéas, etc.; o que não podi1. dar-se em uma pro osta
,., p e en a a por um ou outro r. epu-
tad,). Venceu-se isto e man•lou-se que se remot·
tessem á comtnissão que se nomeou todas as pro·
posta8 que apparecerão; e olla apresentou por fim
, . • 8 r igos UOCOAS 11. OS
isenta, a reform~ systematica era reconhecida- de reforma. Nem so dig•l que a commiss1io por iijHo
mente pre ferivel, cumprindo que a camara se que desenvolveu ~uaH idóas, deixou do fóm n con-
aproveitasse dos meios legaes Qi,e lhe estavão stituiçiio uo sou trabalho; porquanto ollu llfli"ORún·
abertos para decretar reformas com que o povo tou os artigos, o o '1 U<J foz ? Do~en voii'IIU·oH o
se contente, sem esperar mais tempo, por ser de ajuntou os nrtlgos ott pnrnP;rnpllos quo t•lrn rolnç1io
receiar que fechada a estrada legal, se rompesse com nquolles quo propõo (Hifll roformll. ITiis o
outra no caso de nalliar-se com os seus soffri- que fuz nppnrucer o~so grnndo volurno ou corpo
rnentos. - que tem o projocto; mas so uttondormos 11os
Pas!JOu depois a mostrar que a occasião pro· artigos só quo so apnntüo pata reforma, ni"io so
sente era a mais propria para se decretar a aclHná tamanho volume.
refvrma ; porque não passando nesta sessão o . D~clarou-se depois n favor dn l'P.f,Jrma do potler
decreto, os deputados da legisl•ttura seguinte não modorador, idéa roubada a Benjamin Oonstant,
:podião vir m1midos dos poderes especiaes neces- que disto primeiramente se lembrou, debaixo do
sarios; e só daqui a 7 annos se poderia fazer a titulo de p•Jder neutro. e que logo se quiz pôr
reforma, tempo que não d.evia demorar-se para não em pratica no Brazil, do que tinhão resultado
apurar os so:ffrimentos do povo; principalmente graves damnos·, por inutilisar completamente os
quando a reforma tinha por fim· melhorar o pacto mais poderes constitucionaes que a constituição
social. declarava independentes, e cuja. harmonia ficava
Decla~ou ter sido _prevenid? em grande parte
destruída por um só dispôr de tudo. ..
uanto ao t" 1 ·
rencía das propostas; e por isso se limitaria a que tinha sido lembrança de um homem, fez ve~
manifestar a sua opinião, a qual era: que devia quanto seria improprio appellidar defflnsor perpetuo
ser preferida a proposta mais ampla, a qual sem do Br~zil um menino que _precisa ser por ora
duvida era a da commissão, não sendo forçoso defendido ·eJle mesmo, convmdQ portanto aban-
que se tratasse de todas as reformas nella indi- donar estes palavrões que nada significavão para
cadas ; porém dependendo do bom senso da camara ir ao util e ao necessario.
o lançar mão daquellas que a n~ção exigia com Cllncluio lembrando a conveniencia de indica-
mais instancias, taes como as relativas ao con- rem sómente os Srs. deputados a necessidade
selho de estado, a ser temporario o senado etc. de reforma dos artigos que julgassem carecer
Fez mais algumas reflexões neste sentido e della sem entrarem na discussão da materia e
propóz-se depois provar que á vista do art. 174 no desenvolvimento da mesma fórma, por não ser
e Se(!;uinte da constitui~ão não podia sustentar-se esse o objecto da questão.
a oplnião de que só competia á camara decretar . O SR. Dus declarou adoptar não aõ a proposta
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SESSÃO EM 9 DE SETÉMBRO DE 1831 139


da C?!Omissão, mas todas as outras, e que na
occas!ao de proceder á votação seguillia o que
lhe dtctasse a sua consciencia. '

a minha opinião, que a constituição mente nos negocias publicas), " se não cabirmos
excellente, e no meio das differentes torno a dizer, nos males que impedem sobre nós
o Brazil tem passado, conservo·me pe~as ex!?re~s.ões destes mesmos Srs. deputados,
o inião: · · · - · OIS O VI • .
por política, mas por convi'cção e por affecto a esta reforma, e que perigará a causa pubiica
aos mteresses da patria, não vejo por agora se ella não se fizer. Talvez as nossas causas
que ella tenha necessidade de reforma, ao menos políticas estejiio já no estado de nii" haver força
de tantas reformas como se inculca e se affirma de sustentar este grande movimento mechanico,
que a o!?iniã? publica exige, que está pondo em perigo a conservação da
Demms digo que não conheço esta opinião ordem política do Brazil. Se assim fór, nem que
apezar de quo se allega 43ncontrar-se nas folhas~ façamos a. ref~rma, nem que façamos quantos
publicas, nas representações das camaras muni· autos de fe qmzermos podemos dar remedio; mas
cipa~s e do~ conselhos geraes, nas correspon- se achamos ainda a constituição boa, se é com-
denctas parttculares, etc., antes insisto em que patível ainda com a felicidade do. Brazil, se ainda
segundo a minha fraca esphera de relações a !la remedio pela constituição, toca-nos influir para.
nação brazileira não reclama esta serie de efo r ' que estejiio á testa dos negocios publicas e~soas
e un o se a la. possão conc1 rar o esptn o da constituição
Eu devo porém declarar que entendo a con- com as necessidades publicas ; ·então façamos
esforço~ para isto, mas deixemos estas grandes
stituição mui díversamentA de alguns senhores,
o mesmo do que a têm entendido os le i,;ladores questões de raforma, qtte segundo a discussão
·• eu raco mo o e ver se a constitui- · · ·, - ei como s~ 1a. e p r
çiio fosse entendida segundo o seu espírito e votação, não sei mesmo o que !lavemos de esperar
applicl\(la ao imporia do Brazil, ella não te'rifl em mez e meio de prorogação. Prorogar .de novo
tuntos. detractores, nem haveria tanta gente que a sessão? Qli8tn sabe se isto aggravará nossos
a desoJa~so reformar. A constituição não póde jul- m!lles? Entrar na discussão de mataria tão im-
gnr-80 all1dn carecer de reforma, porque não tem portante G complicada quando não fizomos aind~
sido ~oHta em pratica e ~s leis reguh1mentares qutJ o nosso orçamento? Eu confesso quo supporia
a ?evu'io pór em oxecuçao e andamento, tem sido muito feliz a camara so no fim de mez e meio
foltns fóm do sentido da constituição. Não temos pnssasse a lei de orçamento; a neces>idnde que
ainda tido um ministerio no sentido da con- temos desta lei é talvez a primeirn, sem olla
stltuiç!'io 11 O espírito de reforma que se tem não póde marchar a constituição nem us nossas
introduzido não nasce do Brazil, vem do nordeste instituições.
ou norte, que tanto mal nos faz. Portanto entendo que por meio de boas leis
_A Europa reclama reformas, e o Brazil que ainda podíamos harmonisar a constituição com as ne-
nao assentou as bases da grande revolução de sua cessidades da na.;ão e com o espírito da asso·
i~dependencia política, já quer imitar a Europa e ciação brazileíra. Eu já mostrei como entendia,
dizer- vamos á reforma. Note-se quaes são as in· que podia ser . remediada uma neces;ldade por
stituições europeas e a applicação que podem ter uma Jei de eleições. Um Sr. deputado fallou no
na America, e vejão se as reformas na Europa mesmo sentido, expr1mindo pouco mais ou menos
as minhas idéas. Qualquer desharmonia que haja
podem ser applícaveis ao Brazil. Mais de um tacto,
mais de umn 'n · · .- - -
a desgraça do BraziL (Apoiados.) Comparemos o verdadeira, póde ser remediada pela legislatura
nosso estado com o dessa nação, que tanto reclama actuat com um aperfeiçoamento na lei das elei·
a reforma. Se fosse inglez eu seria euthusl"asta ções.
da reforma. Por' ventura esta nação, que póde cha- Mas falla-se no tribunal supremo de justiça
mar-se nação de heróes patriotas, quer deitar por que se acha em anomalia com a constituição,
terra as suas institui~ões? Não, senhores, ella quer quando eu julgo que a anomalia consiste em se
melhorar as suas eleições, quer constituir ou orga· fazerem dependentes deste tribunal as causas mais
nisar o poder legislativo segundo as bases da insignificantes. Diz a constituição, art. 163 :<<Naca-
nacionalidade. Eis todas as reformas que a Ingla· pitnl do imperio, além da relação que deve existir,
terra reclama e que se rendessem a fazer com que assim como nas demais provinci11s, haverá tambem
os representantes do povo representem juntamente um tribunal com a denominação de tribunal supremo
a vontade nacional. Isto é o quo faz tanta bulha e da justiç11, composto de juizes letrados tirados
que nos induz n presumir que toda a nossa das relações por suas antiguidades, etc., » e no
constituição precisa de ser reformada quando, art. 164 confere ao dito tribunal o negar ou
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:08 - Página 8 de 9

140 SESSÃO EM 9 DE SET!.'.MBRO DE 1831


causas e pala maneira que a inviolabilidade do

nunca as peiorará. '


u •
resultará daqui um peso enorme para as pro·
vincias distantes. Por isso a constituição marca, Nós sabemos que as eleições são inviolaveis
prescreve que não é para todas as causas o recurso e que saia eleito quem sahir, bom ou máo, não
de revista, porém só para aquellas que a lei de· ha remedio senão aceitai-o; entretanto o poder
terminar. Segue-se pois daqui· que a constituição moderador escolhe d'entre tres dos que farão
não é que ..fez u mal, mas sim a lei posterior, propostos por eleição popuhr, segundo o conselho
podendo a constituição conciliar-se muito bem com que toma para estfl escolhi\; logo, ha respon·
as necessidades publicas. sabilidade dos membros do conselho de estado e
O tribunal supremo é necessario para as causas do ministro que referenda, toda a vez que a
geraes da nação; digo mesmo para servir de escolha não fôr a melhor. Os ministros e conse-
fóro aos magistrado!!, para julgar os magistrados lheit·os de estado não só perdem a opinião pu-
bl'ca mas cão -u· i r
pena que depois se lhes impuzer no caso de veri·
ficar-se a responsabilidade. A-;sim, o chefe do poder
executivo exerce uma influencia benefica sobre a
camara vitalícia or meio da elei ão bem como
tem outra não menos impnrtante sobre a camara
electiva por meio da dissolução, sem o que esLa
seria de todo independente.
Eu estou fallando no Brazil, senhores, não
expon o prtnctptos po 1 wos em a stracto. u.
reconheço a monarchia no Brazil de uma neces~
sid,1de absoluta e refiro-me em tudo as instituições
monarchicas.
Mas, senhores, eu vejo que uma analyse desta
'll.atureza, a comparação e harmonia de todos os
artigos constitucionaes C)m a felicidade do Brazil
seria talvez fastidiosa e poderia ate acontecer
que eu não me explicasse bem, e que minhas
opiniões fossem entendidas err,ldamente, por isso
não g!lstarei mais tempo, e direi só que não vejo
nenhum a~uso a receiar da parte d_o_poder, porque

Tambem muita gente diz que a inviolabilidade e defensor perpetuo ?-Quem a deu? Foi um floreado I
congraçiio da pessoa do monarcha ...é anomalia; -Assim se poderia chamar cacique, regente, im-
a minha capamdade não é das mais sublimes, perador, etc. A questão é sobre as attribuições.
mas acho que isto é uma instituição sublimis- -As attribuições· que tem o monarcha pela consti-
sima e a comprehendo bem. Nunca me achei tuição não são contra as vantagens da sociedade
em dítli.culdade quanto á inviolabilidade do mo- nem contra os interesses d<' Brazil.
narcha por motivo de execução da sua vontade. E' verdade que a nomeação dos bispos e auto-
Como a execução do acto de um poder depende ridades ecclesiasticas deve ser popular, mas nota·se
da mi'i.o de outro poder, sempre considerei e con- que osta attribuição é do poder executivo e não
sidero ainda a inviolabilidade do monarcha boa do moderador.-A religião não pôde ser prescripta
para a felicidade publica; porém esta in viola- pela sociedade, mas pela crença de cada indi·
bilidade nunca tira a responsabilidade dos agentes viduo, portanto os ministros da religião devem
de c:utro poder, visto que o monarcha nunca é ser escolhidos pelos que proÍessão a mesma reli-
agente do poder, e que para se exP.cutar qualquer gião (apoiados), porque o perigo vai nisto, e é
acto é preciso que seja referendado por ministro nisto que as instituições reclamào reforma; é na
ou pessoa responsavel. Dir-me-hão talvez que nomeação dos empregados, a qual pertence ao
existia influencia- do momlrcha, mas o que im- executivo, como a dos bispos, das autoridades
portava isto 'I Existia esta influencia para com ecclesiasticas, e dos magistrados (art.102 ~~2° e 3°).
os prevarica.dores que querião condescender com Porém repare-se que os magistrados não são os
o monarcha para que este C'Jn~escendesse co!U que julgão as cousJs; quem as julgão são 08
j ra s. ue receto po1s a os magts ra os
responsaveis os agentes do poder e ;er-se·ha Não-vemos nós a Inglaterra, cuia magistratura
quanto é compatível a inviolabilidade do monarcha é respeitavel? A da França, cuja instituição parece
com a felicidade da nação. O monarcha reune o ainda mais respeitava!, a ponto de que o monarcha
poder moderador ao exercício de chefe do poder tendo chegado a eorromper a mesma legislatura.
executivo. Para exercer o poder moderador é não conseguia corromper os magistrados? Qual
necessario a concurrencia dos votos dos conse- é o nosso mal? E' de serem nomeados pelo go-
lheiros de estado e quando um acto fór preju- verno os magistrados, ou de não ter a consti-
dicial á nação, ella tem classificado certos actos tuição sido executada? O nosso mal não provém
do poder moderador, cuja. responsabilidade rocahe da constituição, mas da sua fa\tl\ de ox.ecuçiio.
sobre os ministros de estado e tnmbem sobre o8 Apezar do turlo o quo tenho exposto Acerca
conselheiros de estado. Eis a verdadeira intel- dnR nossas instituiçõtJs e dos sentimentos do
ligencia da constítuiçílo. E!s como é compatlvel respeito o de veneraQão do quo mo acho posauldo
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SESSÃO EM 9 DE SETEMBRO DE 1831 141


pela constituição, não posso deixar de reconhecer julgar elle praopinante, que isto era sufficiente,
que poderia já exigir-se reforma sobre um ponto emqu"nto outros senhores erão de opinião con-
ou outro e não essa multidão de I'eformas que traria, em cujo numero entrava elle tambem
nhi está em ci~a d~ mesa. Não. duvido. ?e que orador.

derão esta confianca ; não. Devem nomear as pequenas cJousas; e pur isso a opinião ddle
peseoas nas quaes depositem semelhante confiança. orador era que este tribunal devia ser reformado,
A prudencia reclama tambem que se faça a organisando-se um na côrte e tambem nas pro-
reforma em algum artigo só, aliás não teremos víncias de diverso modo, o que se podia fazer
tempo e então só faremos exasperar mais os na mesma reforma.
espíritos, talvez não muito inclinados a respeitar Advertia que o Sr. Hollanda não tocára no
a ordem. Vejamos pois a idéa m•lis simples para senado, a cuja organisação elle orador não podia
se adaptar e reformemos aquillo que fôr mais accommodar-se, porque nunca com ella. se con·
justamente reclamado nas circumstancias actuaes; formára, sendo este um dos artigos que não
no meu fraco entender parecia·me que em lugar quereria vê r na constituição, pois ·se devesse
dos tres regentes devia ser um só, porque eu fui ficar pela constituição o senado vitalício, antes
membro do poder executivo e todos os dias me preferiria que fosse hereditario; orém não que·
gura na 1magmaçao as scenas t<S con erenc1as rm nem uma cousa nem outra, por não ter o
do conselho de estado E- do conselho de ministros; Brazil o elerr.ento que existia na Europa, onde
e, sem embargo de se passarem na presença do a nobreza fôra causa de existir can~aras vita·
mo::archa, um só a quem se tinha tanto respeito licias. ·
- a 's v- on i·
tucional, vi então causas as quaes me fazião
pensar ás vezes que seis ministros era-muito
minis.tro-, dez conselheiros de estado-muito con-

Hoje são tres regentes, cada um delles como


qttalquer outro cidadão, forão nomeados antes
de se pronunciar por eller:s a nação, forão feitos
segundo a constituição, mas tão pr~cipitadamente O Sa. Lurz CAVALCANTI nbservou que equiva-
que a nação não tinha apresentado a sua opinião lendo esta á primeira discussão dos proj ectos,
sobre os indivíduos. Ha além disso os mesmos ou mesmo sendo a primeira discussão, se podia
seis miuistros e dez conselheiros de estado. A entrar na avaliação delles para preferir o melhor.
situação das nossas causas presentes, a lembrança
das cousas passadas e a complicação de tudo, O Sa. MONTEZUMA. disse que lhe parecia que
muito mal me fazem agourar de. combinação do se tratava da preferencia de alguma dafl pro·
poder executivo misturado .com o poder mode- po~tas que se acha vão na mesa,. e não da. ma-

geava do sHr o unico que não tinha fallado


fóra. da ordem, o que confes~ava ser raro nelle;
de maueira que quando ouvira alguns senhores
roferirem a sua o iniiio sobre deverem ser ou
que se quer const tuir livremente, então o pri- não ser adaptadas taes e taes reformas ; dissera
meiro passo era fazer-se um só regente, dizendo comsigo não ser ;;ste o objecto da questão, e
que a constituição fosse tlltorada ne•se artigo continuando a proceder do mesmo modo, se
da tríplice nomeação. ~e quizermos mais, aca- levantava para sustentar a opinião que tinha
bemos com o conselho de estado, mas nada de enunciado, votando a favor da preferencia do
entrar em materia; indique· se sómente o artigo projecto da commissão, por se persuadir que
refurmavel. Eu porém niio insistiria muito a tinha t•azõ•:s solidas para esta preterer.Cifl. E
respeito llo conselho de estado, mas contenta- quanto ás reflexões do S1·. !lollauda, reservou-slíl
va-me com a refotma ácerca dos regentes. para dizer o que entendia quando se tratasse
Quanto à federação, o Brnzil é federado; quem da discussão do projecto que fos~e preterido.
não é federalista não é constitueional, porque a Passando a responder fi alguns argumentos
constituição é toda basenda em federalismo, e mais proeminentes de quo tomám nota, eutPndeu
por isso sempre achei na constituição tudo quo o Sr. Rebouças se pronunciára contra a
quanto se ._dizia a respeito. dessas quest.ões de proposta da commissão por auU ·Con,;titucional,
federalismo que têm apparec1do. Se orgarusarmos em consequencia de julgar que a discussão ver·
a lei de finanças no sentido da unidade feder!l- sava sobre o valor da proposta, quando não era
tiva e não naquelle ~m que tem ido e que talvez isso o que estava em discussão, mas tratava-se
seja uma das caus>~s dos males que pesão sobre apenas de saber qual das proposttts devia ser
preferida, por offerecar mais facilidade no seu
nós, se fizermos eflectiva a responsabilidade dos andame~to e mais utilidade para a nação ; que
ministros, se não apoiarmos o poder senão
quan o e e or VIr uoso e nao 1ver capnc os projecto constitucional, era isso mais um motivo
particulares opJoostos ao interesse geral da nação, a favor da sua preferencia para a discussão, não
então o Brazil se irá constituindo: do contrario avançára de proposito opinião alguma a esta
não faremos reforma nem cousa nenhuma. respeito, recommendára a preferencia para ser
Ooncluio votando contra tudo o que é com- respeitflda a materia se fosse inconstitucional, não
plicado e a. favor do que fôr simples. dizendo porém uma só palavra !>Obre o valor della:
0 SR. CARNEIRO DA. CUNHA reparou em que O que a ser preferida a proposta do Sr. Ferreira
Sr. Hollanda começára o seu discurso como França, que era a mais simples, se teria depois
quem não queria reforma, e depois concorJára que discutir as outras, e parecia portanto melhor
em que dev1a fazer-se alguma reforma, Apontando tratar daquella que por ser mais ampla satis-
dous artigos: um sobre a regencia (art. 123,} e fazia a todos, isto é, tanto aos que querião
outro sobre o conselho de estado {art. 137,) con· muito como aos que querião pouco, e até aos
s~stindo a di~eren~a de opinião unicamen~e em que não querião na~a; porquanto os que qui-
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142. SESlSO EM 10 DE SETEMBRO DE 1831


zessem tudo .a . a?._provarião, os que quizessem requerimento dos cunhadores, contadores e mais
pouc.o. f\ t:P;.stnngmao, os que não quizessem nada empr_eg~dos d9: casa qa moeda desta cidade. .
a rejeitariao, sendo este o motivo porque -elle Fui h da e a·pprovaàa ···a redacção da resolução
orador avançára. que tinha razões solidas para approvanrl~ a aposef!tadoria concedida pelo go-
susteutar a proposta Ja commissão, verno a Vwente Jose de Araujo.
Fez mais algumas refl•·xões ~obre a necessidade Partici a
e ql!-e se esse empo _para con 1ecer eQl o opinião ministt·o dos nrgoc.ios estrangeiros, fui intro-
pubhca sobre matena de tanta monta, não se duzido com as formalidades do estylo, e tomando
perdendo tempo quando elle ata empregado para a~sento _declarou _o Sr. presidente estar em 2a
:q~aior esclarecimento da. materia, não podendo de d1scussao o ro ecto d ·
. ua. quer eput.a o parte relativa á sobredita repartição.
que fallasse neste sentido o dese;o dl'l anarcbia
ou de despotismo, quando estivesse convencido O Sr .. oarneiro da Cunha:- Nas cir~
em sua consciencia de que este era o meio de _cumstanCias em que está o Brazil, Sr. presidente,
salvar a patria, manifestando á nação a sua a respe1to ~e finanças, parece-me que nos ·cum-
opinião ; · e accrescentou que o argumento de que pr~ econom1sar em todas as repartições e muito
a nação ficaria exposta á anarchia se a reforma pnnc1palmente nesta.
não passasse, era um daquelles de que desejaria Na sessão passada se notou que erão precisos
q1:1e não se lançasse mão, pois elle orador tinha tantos empregadc,s no corpo diplomatico e con-
esperanças bem fundadas do restabelecimento su1a~ nos differentes estados da Europa: então
inteiro da ordem. se d1sse que nós devíamos· ter relações com os
E d_e~~is de mai_s algumas estados d~ America, ma:~ foi por~ue o governo
nos uena em -
não promovia as relações com povos que se achão
no mesll!O continente e que têm interesses mais
analogos aos do Brazil. Eis porque se determinou
ainda na lei de or amento
aà hoc, impressa sob n. 102. par?~ ~s pa~a _as despezas com os di plomaticos que
Levantou-se a sessão ás 3 horas. devwo 1r res1d1r nos d1fferen tes estados da America:
mas a e~perien~ia tem _mostrado que aquelles
estados nao estao em circ:mmstancias de co ser-
var-se _em mu ua correspondencia comnosco, à
excepçao talvez de Bueoos-Ayres, Montevidéo e
Sessão em f O de Setemb!'o ~stados-Unidos. Eis os governos onde precisamos
S? no estado presente ter encarregados de nego-
PRESIDENC!A. DO SR. ALENCA.R mo~._ Os outros estados pela incerteza do systêma
poht1co q_ue têm adaptado ou da fôrma de go-
Approvada a acta, deu conta o Sr, 1o secre. veruo, nao apresentão nada que cause rGceio, ·-e
tario dos seguintes officíos: qu_ando houv~sse algum negocio a tratar a res-
Do ministro do imperio, enviando a consulta peit_o . das províncias que confinão com o Perú,
da junta do commercio com a carta topographica Bohv1a ou mes_mo Columbi11, poderia o encarre-
do canal projectado entre o Rio Grande e a bahia gad~ _de negoc10s nos E~tados-Unidos fazer a
desta cidade, a a carta topographica do mesmo partiCip~ção. necessaria para o governo nomear
e i eri y e a avuna, e as me- e negocws.
moti!lS e officios que acompanhárão aquellas PortarJ_to mandarei ~ma emenda á mesa para
cartas com o livro que contém as observaçües que n110 só se suppnmão alguns empr8gados no
do nivelamento, etc. corpo diplomatic~ e consular na Europa, mas
· · , · e ação
do ajudante do contador geral da la repartição do Fallarei prin_cipal~ente sobre a legação de Roma
tbesouro, sobra o z·equerimento de Renato Pedro porque tenr.o hdo toda a correspondencia official do
Boiret. encar~egado de negocias cio Brazil; por ella se vê
Do. mesmo ministro,· enviando a informação que nao se refere a cousas de grande importancia
do aJudante do contador geral da 3a repartiçilo a pon~o de occuparem a attenção do ministro dos
do tbesouro nacional e mais papeis relativos á negocws estrangeiros com a participação de quo
arrematação da metade do rendimento da alfan- una cardeal adoeceu de gotta em um pé ou perna;
dega da cidade da Bahia, pelo lriennio do lo dá que ba u~ lugar bom na praça de Respanha
Fevereiro de 1828 a ill de Janeiro deste anno para recreiO, dando parte do procedimento de
e a importancia total do rendimento da mesmá certos pequerio~ empregados naq11el1a legação o
alfandega desde Janeiro a Maio ultimo. que parece ma1s depressa intriga por causa' de
Do secretario do senado, participando que o um encarregado de negocias que lá esteve cha-
mesmo senado adaptou e vai dirigir á sancçào ~ado M0utinbo, do que desejo de promover o
imperial duas res.oluções desta camara, uma ~nte~esse dp estado. Toda esta despeza me parece
declarando que João Francisco de Chaby está wutil_ e pode poupar-se ; achando-se Roma atá
no gozo dos direitos de cidadão brazileit·o e n~s CI~cumstancias de não se poder manter no
outra decl~r.ando extensiva_ a todos os factos, p~los pe antigo em que estava, porque o embaixador
quaes os JUizes de paz sao responsaveis á dis· de França fe_z ver ao governo daquelle estado
posição do art. 13 da lei de ô de Junho de 1831 que era preciso adop~ar outra política, transigir
· Forão lidas as re resent ões · · · com os povos que nao odem mais conservar·se
a camara municipal da villa do Paracatú agn oa os por esse systema político que a
sobre o estabelecimento das guardas nacionaes: côrte de Roma tem seguido até aqui.
-A' secretaria, visto estar já satisfeita a medida Mando a minha emenda e rogo á camara que
requ.erida. . attendendo ás nossas circumstancias supprima
·'- Da mesm~ camara municipal, acompanhando a tud!:! o qua fôr possível, suppressão em que não
represen taçao dos moradores do districto da duvido que o Sr. ministro dos negocios estran·
Senhora do Patrocínio do julgado de S. Domingos geiros concordaré..
d? Araxà, comprehendido no município da mesma Um il\ustre deputado quandofallou a este res~
vJlla,_ e a do z:espec~ivo juiz de paz, pedindo a p~ito no. senado mostrou que estes empregados
creaçao ~e um Jule;ado desmembrado daquelle . - d_I:(llomaticos não erão mais do qu~ espiões po·
A' commissão de justiça civil. htiCOS.
Foi mandado á commiasão de constituição um A Europa. no estado· e1n que estava. de guerra
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SESSÃO EM 10 DE SETEMBRO DE 183L 143


Brazil. Esta questão é tanto mais importante,
tanto mais urgente, quanto em outras occasiões
.
- victim:is da grande facilidade nesta
temos. sido

o Sr. Montezuma·:-Sr. presidente, eu


• • D ~ H
tenho seguido até aqui de aproveitar-me da dis- verdade do que acabo de dizer.
cussão do orçamento, para conhecer o espírito que O comportamento da Inglaterra a respeito da
dirige a administr~>ção actual. Tenho praticado ilha de Cuba na occasião em que o Mexico unido
isto a respeito de outros ministerios : mas parece com a Oolumbi 1 quizerão fazer um ataque para
que nas actuaes citcumstancias nenhum ministel"io diversão das forças de Hespanha, que premedi-
é tão importante como o dos negocies estrangeiros, tavão o ataque sobre Tampico, manifesta suffi-
a respeito da nossa segurança externa, eu desejam cientemente que ella a reconhece relativamente
primeiramente que S. Ex. fosse convidado para ás nações da America os mesmos princípios que
dizer se é possível conhecer já qual foi o modo dirigem a sua política ácerca dos da Europa.
porque as côrtes estrangeiras recebet·ão a. noticia E' necessario que haja a este respeito uma ex-
da abdicação do ex-ímp•Jrador. plicação muito categorica, e. que o mundo saiba
ue a nação brnzileira se acha ta
todos os direitos das nações, como outro qualquer
()stado.
Quízera em quinto lugar que S. Ex. me dis·
aesse tudo o que fôr ossivel dedarar ãcerca de
q uan o ou ver e cer o e de o cial a respeito
no dia 7 de Abril os membr,•s do parlamento, e dos negocias de Portugal; se com effeito as tropas
geralmente de todos os corpos legislativos sempre francezas entt·arão em Lisboa, se D. Miguel se
dirigem ao ministerio, para ficarem sciente3 da ach:!. em Elvas ou fugido, e quaes erão as in-
maneira porque ns governos e~tranhos tornão os tenções da Franç•< a respeito dessa parte da Pe ·
factos praticados; por isso quizera que S. Ex., nin~ula, que a induzirão a fazer tamanho ataque
sendo possi vel, dissesse o modo como as córtes sobre Portugal.
estrangeiras receberão a noticia da abdica~ão do Não é inutil, senhores, esta pergunta, nem me
ex-imperadnr. julguem por ella ocioso e amigo do gastar o tempo
. Eu me calaria por um pouco a querer o Rr. mi- :la camara debalde, é muito nACes~ario que nos
nistro responder agora , para não accunmlar informemos disto; nós ainda que niió" quAiramos
difierentes cousas ; pois que tenho mais perg11ntas temos connPxiio com 11 Europa, pnrquo as nações
·que fazer, a cada uma rias LJ'lf ~s S. Ex. poderia s1\o c:orno unneis de uma ca.tõa, tito llgadns que
responder separadamente; mas talvez Hf'j>l melhor toct\do um dtJlles >~e communica. o movimento
fazer todas as perguntas: e depois S. Ex. res- a toda a catlõu, e já que g•1stamos dinheiro com
ponderá como quizer; seguirei este ultimo ar- os diplomnticos na Europn, devemos tirar destes
bitrio. empregados toda a vantagtJm que pudermos, e
:c,.,, java pois saber em segundo lugar, se está que todas as mais nações tirão. ·'
S • ..i:l>.. inteirado da noticia. que corre de pre- Tambem perguntllrei 6m sexto lugar, qual tem
parar-se em Inglaterra uma grande esquadra para sido o resultado das r~preser_1tações sobre o ho~-
os ortos do Brazi se sabe t mb 1 é
o destino della emquanto aos portos, e o motivo bamos, e haja aqui pessoas que pugnem pela
da sua vinda ; assim como se está destinada pRra dignidade da nação tão infamemente ultrajaçla
estacionar-se nos portos do imperio, ou se a sua naquella occasião. · -.
demora será temporaria. Em setimo lugar estimaria saber alguma cousa
Eu creio que não haverá difficuldade alguma sobre presas th costa da Afnca. Parte destes
em responder a taes perguntas, se houver decorrido negoc'.os foi traLado por S. Ex. no seu relatiorio,
o te_mpo necAssario para chegarem estas inf?r- mas este só podia referir-se ou fundamentar·se
maçoes, porque os nossos encarregados de negoc10s em causas sabidas até aquelle tempo ; e é pro-
na Europa devem indagar e examinar todos estes vavel que ácerca dos ditos negocias s. Ex. huja
negocivs para informarem sobre elles a repartição recebido noticias e informações ulteriores, em
respectiva. Quizera saber quaes são os principio~ consequencia das quaes possa . informar-nos de
de S. Ex:. a respeito da permissão que até aqui mais alguma cousa, além do que se acha no seu
tem tido '}Ualquer nação da Europa ds conservar bem escripto, claro e ~igno relatotio;· . .
·uma !orça maritima' permanente nos portos do Em oitavo lugar querxa saber qual fo1 a ultima
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144 SESSÃO EM 10 DE SET.EMBRO DE 1831


disposição do gabinete de S. James, ácerca da podião permanecer em nossos portos, para não
comndssão mixta de Serra Leóa, se está•resolvido se reproduzir outro triste acontecimento seme-
a continuai-a ou a dissolvel·a; e insistindo na lhante.áquelle em que. vimos entrar o almirante
re soluçã<! de a co!!Se!var, qual. é a ma11eira por- fraf!cez para nos ameaçar, . e q~e era de receia r

. .
vatura deve continuar a servir-lhe de norma Emquanto aos negocios de Portugal, sabia uni-
dep0is de acai·ado o trafico; o que seria uma camente que os francezes tinhão batido as fortalezas
anomalia perfeita, indigna certamente de uma de S. Julião e deBelem, "HQS quae~ fizerão muitos
nação tão illustrada como a nação ingleza. estragus e cuja entrega exigião, a qual parecia
Em ultimo lugar desejaria que S. Ex. tivesse a ter·se effectuado, tendo- se retirado o infante, se·
bondade de nos explicar mais amplamente, quaes gundo se dizia, para Elvas com um corpo de po·
erão as intenções do governo a respeito da nossa licia.
pol.itica com os outros governos da America, Quanto ao caso do Cavallão, que ello ministro
entrando não só as nossas relações com os Es- se havia comportado com tode. a energia, mas não
tados-Uni!los da America do Norte, porém com reéebêra até agora decisão alguma. ·
todos os outros estados, ainda os mais pequenos. "Pelo que tocava ás presas da costa d'Africa que
Se me permittem pararei a ui ara continuar lo o ellas im ortavão em mais de 1 300:000 e ue o
que . x. 1~er esc arec1do camara sobre estes encarregalio de negocios em Londres havia feito
pontos que tomei a liberdade de lhe indicar, e as mais efficazes teclamações empregando quantos
farei então observaçõ, s sobre a resposta que e>forços estaviio da sua parte a favor deste negocio,
S. Ex. quizer dar, e sobre outros pontos do mas que infelizmente lord Aberdeen nenhuma
c 1 n o. respos a ra s notas que se e irigirão a tal
Algumas das perguntas por mim apontadas respeito, t> tendo mudado a face política da Europa;
talvez não possão obter resposta positiva já, mas o que fizera conceber algumas esperanças de bom
então S. Ex. a dará quando puder. exito para este negocio, não tinha acontecido assim
0 SR. MINISTRO (quanto foi possivel OUVi1·, pois a respos a o novo m1ms ro ra uma com-
pa1·ece que respondeu dcerca do primeiro ponto): pleta recusa, e Apezar de terem interposto suas
que não podia dizer-se a maneira como as po- appellações os nossos procuradores, fundados al-
. tencias tinhão recebido as noticias dos aconteci· guns em que as embarceções tomadas não tinhão
meu tos de 7 de Abril; tendo chegado apenas a escravos a bordo, outros por não estar com preto
communicação feita pelos ministro:; respectivos, o tribunal que tinha juliado as presas, pois devia
de que levarião a seus altos destinos as cartas ser composto de 2 commis~arios inglezes e 2 brazi·
de participação que a este respeito SCl lhes en· leiros, sendo muito difficil con~ervar lá dous brazi-
viarão, sendo na verdade ainda muito pouco o leiros por haver pouca gente que quizesse arrostar
tempo decorrido para que algum governo se com aquelle clima, de maneira que suppunba
tivesse já pronunciado sobre o conteúdo das terem sido as presas condemnadas sómente pelos
mesmas cartas. inglezes; e afinal pouco se podia contar com o
e eno neste ugar que recebera duas cartas
do marquez de Rezende depois de sua demissão
do lugar de ministro junto á côrte de Paris, uma
escripta de Chambon, outra de Londres, nas
quaes o raz11 ~era ra a o e um mo o pouco A' cerca de diplomaticos para os novos estados
decoroso. da America do Sul, fez ver que uão se podião
Quanto ao segundo ponto, declarou que o nosso mandar homens para alguns pontos da America,
encarreg•1d0 de negocias participava que se est'ava onde nem segurança pessoal tinhão, sendo impos-
apromp tando uma esquadra, cujo des~ino igno- sível em tal casQ tratar dos interesses da naçãa,
rava, aconselhando toda a circumspecçao e cau- poi~ até havia exemplo de insultos Mtos a um
tela, mas de uma fórma vaga; e que elle ministro diplomata brazileiro ; ponderou além disto a difil--
não tinha noticia de que tal esquadra se diri- culdade de enviar homen~ para o Mexioo que era
gisse para o Brazil. uma polencia tão remota, falta de communica~ões,
Quanto ao terceiro, que nada havia estipulado, e estando om guerra umas províncias com outras.
nãu tendo nós tratados a respeito do numero de Julgou necessar1o tor um aRente em Bolivia para'
vasos de guerra que porlião conservar·se nos tamlJem espreitar os movimentos do Paraguay, em
portos do Brazil; posto que .segundo acreditava raziio de estar em contacto aquelles dous estados
os tr.,tados com Portugal fixavão certo numero com a nossa fronteira de M:atto Grosso, mas havia ·
de navios de guerra: convinha portanto fazer grande difficuld.1do em apparecer alguem que fosse
alguma li:onvenção a este respeito vista a gravi- parn lá em razão da providencia dada ua lei do
vidade das circumstancias presentes, e a dispo· orçamento, para serem estes empregadós pagos
sição da Europa; que a Europa era forte physica immodiatamente pelo thesouro, providencia que
e moralmente, tanto pelas tropas e mater1aes, experimentava gravíssimos inconvenientes na pra·
ue. tinh!'- á s~a disposição, como pela grande ~uge tica u qut> tinha excitado o clamor g~ral dos ditos
. , a ser- ig os a azer saques
't·chegado ; e era natural por consequencia, que sobro t• thesouro, com gr.~~ove prejuízo da fazenda e
.Quizesse usar das forças e . meios que tinha, ín- com quebra da dignidade delles, pois que até o
fl.ui11do sobre as outras, como era lei geral, cons· encarregado dos ne.gocios em Londres, praça que
tando mesmo de uma correspondencia pas~ada tem ::ommercio tãú grande como o Brazil, encon-
que as potencins europeas tinhão tal ou qual trava difficuldade em achar quem lhe quizesse
intenção de pacificar como dizião as differen tes aceitar uma letra pelo seu ordenado, sendo por·
'nações da Ame rica; e era patente a todos por tanto necessario adoptar-se a emenda que propu-
experiencia, apezar do principio tão propagado de nha para que taes pagamentos se fizessem por
não intervenção, 1JS passus que se naviào dado intermedio de uma casa de commercio na Europa
a respeito da Grecia, mesmo na Europa, affir· para ':" qual o governo reme~ta os fundos ne·
maudo sempre que não querião intrometter-sa cessanos. . '· ··
naquelles negoclos ; que seria bom conseguinta- Concluio com algumasôhsarvações a respeito da
JnGllte determinar·se o numero de vasos que necessidade de providenciar :~obre o pagam~nto
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SESSÃO EM JO DE SETEMBRO DE 1831 ·· H5


dos funccionarios diplomaticos que não tíverem pecial sobre a administração: por isso se eu não
cobrado seus ordenados dentro do anno financeiro, fôr exacto é porque não sei o facto a que me
porque nem todos tinhào. procuradores .na' cõrte refiro.
para fazerem taes cobran as,
tanto a mal os s uccessos de 7 de Abril, que
tendo convidado para uma grande festa a todos
os diplomaticos residentes na· cOrte excluio o
do Brazil. Se não aconteceu este f <:to •
da Prussia, mas em alguma outra, ou se é mero
boato, S. Ex:. o dirá, mas eu como zelador da
dignidade nacional, como brazil!!iro, filho do dia
7 de Abril, tenho obrigação muito formal de
examinar e procurar saber tudo isto.
Eu quizera pois que S. Ex. me explicasse o
facto se é verdadeiro, e se podemos já conhecer
alguma cousn a respeito dá politica da Prussia
para dahi deduzirmos qual será a da Russia,
pois que todo o mundo sabe que a côrte de Berlim
tem immediatamente connnexão com o gabinete
de S. Petersburg?; e o que s~ lhe colh~ com gosto

de ser sustentada.
Quanto á segunda resposta, não me satisfez
em tudo: disse S. Ex. que não sabia se havia
esquadra destinada ao Brazil, mas não exprimia
categoricamente que os encarregados em França
e na Inglaterra, cujos governos, !legundo ~e d~,
mandão taes esquadras a:ffirmarao ou de1xarao
do affirmar que as ditas esquadras não vinhão.
S. Ex:. não nos disse igualmente, ~e no caso de
ser a:ffirmativa a resposta desses agentes diplo-
mllticos, elles não informarão alguma cousa so·
bre as intenções com que são mRndadas estas
esqua ras.
de Portugal, os membros do parlamento tan- Quanto ao que disse ácercn da força naval que
tas vezes fizerão indicações sobre tal assumpto pó de permanecer nos portos do Brazil, eu quizera
que este governo forte e ~nergico nada fez directa- saber isto muito categoricamente; eu estou en-
. . . . x. q o
D. Mi~uel ; trabalhou sim, quanto pôde contra a esta !orça permanente estrangeira; pois ó claro
a ilha Terceira, mas nem por isso se atreveu a que nenhuma uaçiio tem direito de conservar em
reconhecer D. Miguel: o mesmo aconteceu com um porto estrani(eiro, maior força do que aquella
o minisLerio anti-nacional da :França que desejando que é essencialmente necessnrin para defezn e
fazer todo o mal á causa da Grecia, toi obriga.:lo a soccorro dos navios, que podem navegar nas
conceder que se fizessem subscripções a favor dos mesn1as aguas ; a respeito disto lembrarei a con·
gregos, e ainda mais, que fossllm militaras frall- ducta de lord Wclliugton t\corcn dos emigrados
cezes combatar a favor de uma nação tão antiga e portuguezes quo se acliavão am Plimouth, o caso
heroica. não é identico, mas n razi'ío ó n mesma que devo
O mr,smo governo austrlaco foi tambem obrigado servir de fundamouto á !oi quo fizemos soJ:l!e
_a ceder até certos pontos á opinião publica a este objecto; poquanto disso quo nilo podmo
respe~to da Italia. existir alli tnntos sol<.lados portugnezes dis()ipli·
Se pois na Europa os governos se dirigem pela nados, bem que. estivessem desarmados, porque
opinião publica, uma vez que ella se declare por não era da dignidade da nação ingleza, nem da
qualquer modo, podiamos prever, se não com eviden- politica do gabinete de S. James, quo uma força
cia ao menos com grand11 .!Jrobabilidade qual a ma- tamanha como aquella estivesse reunida em um
neira como as<côrtes europeas possão olhar as cousns só ponto da Grã-Bretanha. Ora, se isto_ so. dlz!a
do Brazil ; S. Ex. porém não disse nada sobre isto. a respeito de homens desarmados, que nuo tmhao
E' verdade que ainda ha muito pouco tempo, mas apoio no universo para assim me bX:pllcar, quo
na Europa conceituão-se os randes ne ocios lo o não tinhão atria senão uo coração faltos de
que apparecem, porque sao tantos os vehiculos recursos, que não constituao mesmo u~ gran . e
pelos quaes se mani~sta a opinião publica que numero em comparação da força do pa1z em que
se conhece logo. Póde mudar a opinião publica se acha vão, não teremos nós direito ~e dizer·que
mas eu trato sómente da opinião exprimida logo não podemos permittir em nossos portos a con·
rio momento da chegada do ex-imperador. servação de uma força tão grande, mas'sómeute
Tenho a pedir esclarecimentos sobre outros factos, um certo numeto de vasos? Não é isto expresso
não o a:ffirmo, porque como é que um membro no direito das gente~ 'l Eu j~lgo Il!esmo que ~ara
da camara dos deputados póde saber o que acon- isto niit> era necessar1a uma lei, e nao posso de1xar
tece na Europa, e desgraçadamente um membro de ver neste objecto alguma negligenc!a, por não
da opposição que não póde fallar com os mem- ter feito ou insinuado esta declaraçao aos en-
bros . da admY.!~stração, com os quaes ~em a carregados de negocias aqui r~sidentes. _
honra de viver • rosto a rosto e commumcar de Disstl S. Ex., que as naçoes europe.as erao
banco a banco; uomo acontece nas assembléas inclinadas a intervir nos negocias domestlcos C!_as
da Europa, e que portanto nada conhece de as- outras nações, e muito especialmente das naçoes
TOMO 2 19
•, .. ·,.,
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146 .SESSÃO EM 10 DE SETEMBRO


.. .. DE 1831 - " -.

americanas; e fallàndo, ·de Portugal, penso_ que Era :~ne que havia de tratar negocios diploma-
S. Ex. referia o facto· de ter a esquadra entrado ticos;. •.mas nada fez, como disse o Sr. ministro,
em Lisboa, e D. Miguel· fugido para Elváii;~· e porque ·o-~ marquez de Sa~t() A~~ro nada era
a · cre· · · e · rimeir ··.. · ·····
pedi que S. Ex. dissesse se sa ia quaes são as
mtenções do governo francez, o que queria o
governo francez com isto '1. 'Se era fazer cabir
D. :Mi uel e restabelecer o overno de D. Maria l i
se havia entre a França e a Inglaterra alguma
convenção a este respeito ou se a não havia,
entrando a França só neste negocio, porque era
então de suppôr que a Inglaterra tendo guardado.
Portugal sempre debaixo da sua tutela, não per-
mittiria em tempo algum, que ficasse debaixo da
tutela da França. .
Se houvesse desconfiança ou razão de dissenção
entre um e outro gabinete, servir-nos-ia de muito
essa informação para tirarmos o corollario de
qual era a marcha que a administração devia
se ~ir, para evitar. todos os sinistros que podem
Disse S. Ex. que não restava esperança, tanto
ácerca das presas brazileiras, como a respeito
da dissolução da commissão d~ Serra Leôa'(posto

deixar de fazer uma pequena censura ' nesta oc· trata, seja nomeado ministro. Se não serve para
casião, se bem que respeitofla, porque em tudo aquella côrte vá para outra; mas cumpre que
os princípios de S. Ex. e a marcha da adminis· a nação não perca os bons servidores, e que os
tração me parecem dignos de elogio ; não poderei servidores como o marquez de Rezende e outras
todavia deixar de notar uma falta que tem havido fiquem no esquecimento quando não sejão pu-
talvez por pouco uso de negocios diplomaticos. nidos : se houver indulgencia para com. elles,
Todo o mundo sabe que na Europa e nos ga· fiquem embora perdoados ou impunes, mas des·
binetes não decidem as cousas sómente por sua appareção seus nomes da lista dos funccio:narios
justiça, mas affi.uem muito as pessoas que vão publicos. Póde parecer este modo de discorrer
tratar os negocios, não basta que tenhão saber, um pouco usurpador ou iutromettldo, póde oc·
é ne.::essario tambem que sejão revestidas de certa correr que falla!ld? ~u assim a respeito de um
cate oria. I
Não sabe a administração que estando a nação ção. Deus me acuda, e me livre de semelhante
brazileira costumada a tratar com embaixadores cousa : não quero de modo algum tomar sobre
e ministros, e tendo passado o principio de que mim essa responsabilidade, e no que tenho expostõ
na córte de Londres sa recisa de um ministro refiro-me ao ue disse o Sr. in! ·
_qy_e devia jã ter nomeado este ministro ? E por nada sei a semelhante respeito senão o que lhe
que não nomêa S. Ex., ministro ao encarregado ouvi. Não tenho o menor desejo de recommimdar
de negocias, se elle é digno como acaba de dizer? empregados ; porque, como hei de ter afilhados,
Eu entendo que nesta parte o governo não póde eu que me julgo excommungadci, e talve2: em-
ser livre de censura. Se a conducta daquelle pastado? I
funccionario é illibada, se é honrado, e as suas Tenho mais uma reflexão a fazer; consts.-me
notas são cheias de saber como acabou de affirmar que no tratado feito com a França, em um artigo
S. Ex., porque não merecerá elle passar a mi- se trata de cousas commerciaes, este artigo
nistro, em vez de ser encarregado de negocies ? não tem duração de mais de 6 aono,ll : talvez à'
Será. porque não tem o titulo de marquez, conde nação franceza procure cedo renovar esta dis·
ou visconde '1 Será porque não possue este pres· posição, ou obter de novo as vantagens que a
tlgio que serve só de encapotar a ignorancia e nação brazileira cede á. França : se assim fór,
encobrir a falta de merito? desejava que S. Ex. tomasse em vista que nós
Não merecerá este encarregado~de negocias que devemos ter tratados reciprocas com as potencias
tem annos e annos de serviços, que é talvez um que não tiverem colonias; e isto por uma razão
dos primeiros diplomatas do Brazil, que foi no- muito simples.
meado encarregado de negocias, desceu a secre- As nações que possuem colonia11,Jêm os mes·
-~ario de legação, e de~ois foi outra vez nomeado mos generos que nós temos, e pal'i protegerem
encarregado de negoctos para Londres em occa· suas colonias não admittem no seu mercado IJ
sião a mais critica, para sustentar causas muito
... - ;:1 •
nos_so café, ass_!:lcar!.. etc._ Estes _ge!J-eros da nossa
.
ell!Je/encarregado de negocios ' subir á alta
de sumo, nem na Inglaterra , nem na França ; ·
cslegoria · de ministro plenipotenciario junto a porque a França desejando proteger' as suas
côrte de Londres ou de qualquer outra côrte 'l colonias não quer receber de fôrma nenhuma do
Guardar~se-ha este lugar para algum marquez, bem Brazll os mesmos generos que ellas produzem.·
que ignorante, velho, e sem capacidade physica Houve grande difiiculdade em conseguir-se .da
ou moral 'l "' França que deixasse entrar o nosso assucar para
O marquez de Santo Amaro coberto de com- se refinar, e não sei se isso se conseguio da
mandas, chegou a Londres (bem que em Londres Inglaterra.
se olh~ para a categoria da personagem que A respeito de França creio que tenho certjlza
vai tratar de negocios politicos , exige-se certo de que se conseguia isto ; mas quando estive
merit.o intellectual): e o que aconteceu? E' que em Londres li que o governo· cto Brazil exigfa
foi para sua casa, e não só não visitou ninguem, isto da Inglaterra, mas não sei se o chegou a
mas ninguem o visitou ; e não appareceu na conseguir, S. Ex. nos informará sobre este ponto,
cOrte, nem foi aos menores cireulos diplomaticos. assim como sobre os meios de fazer com que a
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SESSÃO E~40.DE ~ETEMBRO DE 1831 147


reciprocidade não seja illusorla, porque. não a tomar sobre mim semelhante responsábllldade •
póde haver uma vez que alies não admitteni õs porq~e não sei onde devemos ter ou não ter
generos que . podemos dar em troco, pelo>1 J:!lotivo agentes diplomaticos. S. Ex. sabe isto melhor
. de os terem proprios. do·. que. ~nguem,· se nós dissermos ho· e ue não
. t<~arei a ora ai umas o
p omacia : eu reconheço com muitos escriptores
que a diplomacia ó uma verdadeira milicia ex-
terna com que as nações se sustentão ; e segura-
mente serve ttlmbam do vehi(mlo ara ue m
pa z possa apor e1çoar-so tomando o que ha da diplomatico. Ha de então reformar-se a lei nesta
bom em outro: são vodetas não só pera segurança, casa?
mas para melhoramentô. Eu quizera que o Sr. H!! de se convocar a assembléa para revogar
. ministro segulsso o exemplo do grande Oolbert, a le1, ou ha de S. Ex. ter o arbítrio de mandar
que desde quo enviava um diplomatico, dava- logo um diplomatico 'l Todo o mundo dirá que
lhe instrucções quo podião talvez chamar-se de nã_o, e que em tal caso isto pertencia á assem-
economia \)Olitica, por meio das quees se entrava bl~a, porque o governo não póde revogar leis.
· no conhecimento de todas as vantagens e adian- Nao devemos dar dinheiro á administração não
tamento que tlnhão tido outras nações, em cujas tudo quanto elle puder pedir, mas tambem não
côrtes os diplomaticos residião. . tão pouco como pretendem 11quelles que desejão
Pelo que eu ouvi dizer, e segundo as con- muito economiser, E' necessario dar a S. Ex •
. versações que tive com. os nossos agentes nas fundos sufficientes para administrar da melh
aneJra poss1ve , e eixa ·o nomear empregados,
supprimir aque!les que lhe não parecem neces-
sarios,,etc. E se apparecer repentinamente negocio
importante, para o qual careça mandar um novo
·· 1 na o eve ser m 1 o e o
das co usa~ que fez foi dar instrucçõe~: andão im- fazer.
pressas em um livrinho, e são dignas talvez de Passando a fallar sobre os consules, lambraroi
serem copiadas i sis verbis. E' esta a ·doutrina que como o nosso estado de finanças ó miso-
, . . s uuçoos
Estou perfeitamente de accórdo com o que europeas que não têm consulas pagos. Procura-se
S. Ex. disso a respeito das nações da America: um negociante abastado, um homem, como se
e lisongeio-me muiLo de poder declarar agora costuma dizer em direito, maior de toda a oxcep-
que devemos tor relações com os estados da ção, pela sua honra e integridade, e nomOa- se
America, mas qullndo puderem dar-nos alguma consul daquelle lugar onde reside. O inconve-
utilidade, quando os nossos encarregados de niente gue pôde lembrar é que elle hu de sacrificar
negocios puderem viver nelles com segurança. De os interesses do Brnzil quando elles estiverem
que nos serve termos encarregados de negocios em collisão com os interesses da nação a que
em Oolumbia, Bolivia, Perú, e assim por diante: pertence ; mas ha da perdoar-se·me que nem
procuremos um homem habil e de respeito para sempre esta objecção tem lugar, e a respeito da
os Estados-Unidos, que deite vedetas e procure Europa é injusta. Estes consules a maior parte
instruir-ao do estado dll America. E' do dever da dns ez ·
a mm1strnç o n o man ar agentes diplomaticos privilegies de consules, têm certas vantagens,
que podem dar antas aso ao ridiculo do que estão ao abrigo de certas exigencias que soffre
produ?.ir utilidndo; porque isso seria gastar di- a nação de que fazem parte, ou entre a quai
nheiro dobuldo. E' necossario que a administração vivem· e or isso não se afastã
en a mu o om v s a os prmc1 p1os amencanos; onra e da :fidelidade para não perderem o
refiro-mo á leguçiio dos Estados-Unidos quo julgo emprego.
da maior importancia ser occupada pela mesma Demais, se discrepão o clamor é immediato,
fórma quo a do Londres, regulada segundo o particularmente na Europa, oade a liberdade
mesmo pó o dobnlxo de princípios ídenticos, tanto da imprensa é levada ao maior grão, não como
máis quo o gnbinote de Washington é de uma aqui, que se dirige mais ao ataque pessoal do
habilidade oxtraordlnaria, sem exemplo, sebe, que á prosperidade nacional, mas lé examina-se
·como se costuma dizer, ler, escrever e contar as acto por neto da administração e dos empre-
quatro aspocles, sabe muito. Por isso não devia gados publicos; em cJnsequencia de que· os
ter ido um homem novo, que nunca servio de ditos consules são mu.íto vigiados, e não podem
encarregado do uegocios, ou da. agente diplo- abusar.
matico, o quo foi pela primeira vez apenas . Apresentou alguns exemplos de consules que
secretario de legaçiio em Napoles com o mar- estavão nestas circumstancias, e tinhão sempre
quez de Taubaté; que nunca tratou de negocios cumprido bem com os seus deveres, e continuou:
dip\omaticos, e andou gastando dinheiro pela Por consequencia, Sr. presidente, nós podemos
Italia, etc. Esto homem apparece de repente allíviar o nosso thesouro de pagar uma immen-
encarregado 1le negocios, e dos Estados-Unidos, sidade de consoles que existe; per exemplo, um
um centro de observaciio da maior importancia I consul em !iiapoles; podia muito bem servir·
Eu quizera quo so lançasse as vistas sobre um negociante e não se gastavão estes 600S, os
esta mataria, a se mandasse um homem de pulso, quaes estou certo que f~zem pouco interesse ao
deste babinete de Washington. Se o actual iguaes não deixão de' beneficiar o thesouro.
encarregado dos negocios tem esta capacidade, Alguma reforma devia tambem fazer-se no con-
S. Ex. o poderá dizer , mas pratica não tem sulado geral de Inglaterra, o que não é tão
nenh~ma. Nas outras nações se formão até em- pobre como isso pois, consta das gazetas de Londres
pregados para cada repartição , em tódos os que an<lão por 2,000 lbs. st., as quaes ao cambio
ramos da administração publica ; aqui vai-se da prata de 51 1/2, dão 8:000$, principalmente
buscar um homem novo, e põe-se logo á testa depois de uma tarifa de emolumentos feita pelo
da uma lagjlção muito importante I l Se Isto Paiva, que é exuberante e immensa. Isto cabe
é justo, . S. ~x. o dirá, que o sabe melhor do sobre nós.
que .en .. Não se creia que nós não pagamos os direitos
Emqulinto. ás reducções que forão recommen- que recebem taes consules, porque as mercado-
dadas a S. Ex. por um nobre deputado, não rias vêm sobrecarregadas com mais estes tantos
nab.e isso ·am nossas attribuições, nem eu quero por cento.
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148 SESSlO EM 10 DE SE1EMB!l0 DE 1831


Na França poderia ta~bem nãq ter vencimen~õ;
porque o Ferreira ·s.e coriduzio·- aignissimam~n~e,
e se lhe dissessem qüe seria COlf!!ltl.Bem te(os6008,
elle os cederia.· Não se me.estr.anll,~. o faze~ estas,.
e exões a • Ex. ois .. as· ê.ntO<•-' ile nas cir.:.. ·
cut'1stancias em que nos ach~mó's:toda a economia·
é essencial, tanto mais· qv.arito. eu não posso
aproveitar certos salarios que se dão aos nossos
encarre ados de ne ocios na Euro a. Não uero
economias com des ouro a nação ; é mel or
não ter diplomaticos, do que têl-os com tão
pequenos ordenados. Um díplomatico em Londres
com 10,000 cruzados não póde ter as causas que
com este dinheiro se obtêm de outras partes, ou
com ·menos. Em Vianna d'Austria que não tem
P!Oporção com Londres dão-se tambem 4:0DOS.
Um encarregado de negocias em Londres com
10,000 cruzados, se tiver negocias a tratar com
ministros ha de ir peàibus calcantibus, o que é
muito improprio.
Nada mai~ direi a este respeito, l?orque na

lei do orçamento do anno passado, nelle se diz que ao Sr. ministro que tivesse em vista, para que
os empregados diplomaticos a consulares saquem tenhamos em Londres, em França "' no norte da
letras sobre o thesouro; para mostrar quanto os Allemanha homens que nos indicas~ ;n o que por
diplomaticos soffrem com isto, basta considerar lá se passava, pois muitas vezes em uma pequena
que quem é pobre e vai negociar uma letra não côrte se sabia mais do que nas grandes por ser
merecendo a m~sma confiança que o ..homem do interesse daquellas o pôrem-se a salvo de
rico, ha de pagar tanto mais quanto o risco fôr qualquer sorpreza destas, porquanto disso dependia
maior. a sua conservação ; por essa razão acontecia muitas
E' o maior risco quando se contracta com um vezes que os agentes das pequenas côrtes da
homem que tem privilegias do que com outro que Europa sabião mais da política tenebrosa das
os não tem; os membros do corpo diplomatico grandes potencias, principalmente de uma sobre
nas na ões estran eiras têm o rivile io de não a ual convinha ter olho muito vivo or ue a
po eram ser presos por lVI as, e por isso pagão sua tão proclamada-não intervenção-não pas-
mais interess.e a quem lhe aceita uma letra, etc. sava de uma chimera, pois talvez quizesse fazer
Demais, póde um agente diplomatico ter sido desgraçado ·o nosso bello paiz, excitando nelle
·· demittido, e dizer o thesouro que não paga a commoções e desordens internas para seus fins
e ra, e c, occu os; porquan o, se to os os omens e pro-
Outra consideração ha de maior força ainda, e bidade preferião a boa fé ao interesse não sue-
é que esta meditl.a obriga os agentes diploma- cedia assim aos gabinetes que erão sómente
ticos a irem mendigar estas letras do corpo movidos pelo interesse; seguindo-se daqui que
mercantil, fazer zumbaias, descer finalmente de todo o diplomata que partir de princípios baseados
certo caracter de um agente diplol"1atico. Não t~a fé das nações se.,havia de achar illudido;
ganhamos nada por uma parte e perdemos muito Declarou que podia estar enganado, mas diria
por outra. Podemos negociar com uma casa forte francamente que lhe constava mais que se urdia
para que mande dar os fundos aos diplomaticos uma liga entre Corrientes, Entre-Rios, e a nova
e consules para serem pagos dos seus orde- republica do Uruguay, para corromper o espírito
nados. . dos habitantes do Rio Grande do Sul, afim de
·'Assim a emenda deve passar. se reunir a província áquelles estados, e constava
mais ao nobre orador que esta liga ia muito
O SR. ANDRADA E SrLvA disse que nas actuaes adiantada, razão porque lembrava ao Sr. ministro
.circumstancias em que se achava o nosso paiz, a necessidade de termos homens capazes em
julgava ser uma das cousas mais importantes Montevidéo e Buenos-Ayres. .
para a sua tranquillidade e prosperidade, que a Tambem julgou necessario que t'ivessemos um
· repartição dos negocios estrangeiros tivesse homens diplomatico habil na America do Norte, e con-
abalisados em algumas partes da Europa, que cordando com o Sr. Montezuma na parte do seu
. . -
entretenhão relações, ainda que não sejã.9 offi- discurRc. e~ que affirmá~a que ~ gabin_ete dos
afim de saberem das disposições da Europa sobre seiro do mundo, avançou que era innegavel
cousas que nos pudessem dizer respeito, princi- possuir diplomatas da maior capacidade, princi-
palmente depois da abdicação do ex-imperador e palmente para a política da Europ11. .
de sua ·chegada á França e Inglaterra, pois Outro ponto em que consi~erava tambem neces- _
constava ao nobre orador que de longo tempo saria a residencia de um emissario nosso habiL.
existia na Europa um club debaixo da denomi· era o de Bolívia, podendo esse homem ter relaÇõe~
nação d1-hispano-luso-o qual ha longo tempo no Perú, pois convinha muito vigiar .a impor.,.
tambem trabalhava por arrancar daqui o ex-im- tantissima província de Matto-Grosso, .pa~a ,,que •·
peradúr e destruir a tranquillidade interna e a não houvesse de reunir-se á Bolívia, como e1le.
ordem deste paiz ; e que com o fim de levar orador receiava á vista de noticias qu~''.tinhâ.• ·' .
D. Pedro de Alcantara a qualquer parte que Concluía pedindo ao Sr. ministro que .. puzesse
fosse fóra do Brazil, tinha figurado que convinha todo o cuidado, sobretudo nas circumstancias
a seus -planos políticos, que D. Pedro de Al· actuaes, na politica da E;uropa, .A,merica do· l;l~l
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SESSÃO EM 10, DE, SETEMBRO DE 18:U. 149


e Est~dos-Unidos a este _respeÜo;:-e, faze~d~ v~ri':,aosr. Montezuma e quesitos porelle apresentados
_qu~ nao era com eeonom1as puens. que ç B!aZll,· naqa::restava para; dizer a elle orador, e se limi-
sena grande; que ver(lade era :_qp.e o Brazll ·.f!t. tana por isso a .to;c~r.em uma esp~cie ainda não
achava em eommoçõ~~· mas queren?o Deo!l-•em·· .lflmbrada, a qual •.vwha a ·ser a mfluencia ue
. . . ... , . .1 ana ao. es a. o· m a na nossa· sorte oes a o os nossos negocias
de tranqul1!1dade e o_ Braz1~ che10 . de .recurso~, ~xternos, e_ at~ .mesmo. e~ nosso arr~njo e socégo
grande e poderoso nao tena que mveJar naçao mterno, pots Julgava ·deveras que hoJe no estado
alguma ~9 mundo, sendo este o _motiv~ porque e~. que estava o Brazil mado em globo, prín-
. ·- , . a, que er. o m1ms er10 os nego-
por econonnas_ que podtao comprometter a segu- CIOS estrangeiros., e passando ao ventre, minísterio
. rança da na9ao, estando _certo o nobre orad<?r, d!t faze? da, e a todns .as mais partes da admi-
que quem tlVesse alma tao acanhada que assim mstraçao, tudo dependeria de maneira pela qual
obr~sse, não pod_ia ter coração brazileiro. (Foi se começasse desde já a olhar para isto, indo o
. .apowdo ·o seu ducurso.) nobre orador ainda mais longe e não receiando
· Q. Sa.!-' CARNEIRO DA CUNHA affirmou que este avançar q~e as desordens de 15 de Julho e ~a
plano da .reunião das corôas de Portugal havia 29 de M~10! e todo este esta~o. de salsada de!'1a
já apparecido no tempo da rainha de Portugal pesar m~ts as costas do Sr. rn1n1stro dos. n_egoc!OS
que- morrêra ultimamente, e era um daquelles estrangetros do gue .dos a~paratosos m1mstenos
planos que pela dif!iculdade da sua execução e da _g~erra e da JUBt19a, alem da enorme r~spon-
pelo seu objecto gigantesco parecia impraticavel sabthdade q~e recahm so?re o mesmo m1mstro
· · · - 'dto

não tinha receio de que tal plano se reaíisasse, como sobre o nosso systema monetario, arranjo de
apezar de ter igualmente ouvido a uma pessoa b~~.~- .
que tivera grandes relações •lom o ex-imperador Accrescentou que elle orador tinha con!Iecido
ue e . . . . ·- . pela nota do nuncio a ostolico e mais membros
sula, e de apoderar-se depois da província do o corpo tp omat1co em dias de Abril, que o
Pará, mas não considerava o ex-imperador dotado leme da boa ordem interna e externa do Brazil
dos talentos, constancia e poder necessarios para estava nas mãos do Sr. ministro dos negocias
desempenhar este plano, ou para conservar a seu estrangAiros.
lado pessoa capaz disso, Entre outras reflexões affirmou que não existia
Insistia depois sobre a necessidade de economia só o projecto do club-luso-hispano-, de que
pelas razões constantes de seu primeiro discurso ; fallára ct Sr. Andrada e Silva, mas outro mais
e emquanto ao receio de aggressão externa, formidavel, como acharia quem lesse c!Jm attenção
lembrou que muitas vezes grandes males trazem as notas de 7 ds Abril, que contrasta-vão com a
comsigo beneficios correspondentes, como tinha singeleza e procedimento pacifico dos ministros dos
acoutecido no Mexico, onde achando·se muito Estados-Unidos, e da Columbia e dos dois con-
ateados os partidos oliticos lo o ue constou a soles da America Meridional.
c 1ega a as orças espanholas para hostilisar posta á mesma nota, que não se tratava de segurar
e conquistar o paiz, contando com a divisão o estabelecimento de Gongo Socco, nem de destruir
intestina, acabárão as questões politicas, todos trata~os, nem de estabelecer uma anarchia ficti~Ia
os cidadãos se reunirão e derrotárão completa·
men e as 1 as orças; aJUn ou que nao quena mos ao pag::\mento das presas, etc.
comtudo dizer que o Sr. ministro não tivesse todo Continuou a fallar mais algum tempo, mas foi
o cuidado que se lhe recommendára em vigias impossível percebei-o.
sobre as tramas que possão fazer-se contra nós,
pois era do maior interesse que estivessemos O Sa. HoLLANDA disse que apezar de tudo quanto
scientes das intenções da Europa, cuja guerra tinha ouvido sobre os princípios da diplomacia
todavia confessava não receiar pelo seu estado europea, e sobre a necessidade de termos homens
político, e tambem nada temia da parte do ex- de pulso e talento nos diversos estados, para
imperador, ainda quando chegasse a alcan.;ar a que o Brazil ficasse em segurança, não podia dei-
fortuna de entrar em Portugal, que seria o mais xar de declarar que pensava de um modo intei·
que poderia fazer ; accrescendo que os emigrados ramente diverso, parecendo-lhe que as relações
não estavão de muito boa fé para com o ex-im- estrangeiras do Brazil niio devião alongar-se além
perador, e muito menos no que tocava ao interesse da esphera de confrontações do seu territorio,
particular delle, como se deduzia do exemplo de pois quaesquer que fossem os interesses das
um militar portuguez a quem o ex-imperador grandes potencias, elles serião mais bem conhe·.
offerecêra a pasta da guerra, no c<~so de se querer cidos por nós aqui do que pelos nossos diplo·
interessar por elle, o que comtudo o dito militar matas lá. E continuou:
não quizera fazer, dando muitas desculpas. A nossa diplomacia, Sr. presidente, não é a
Ooncluio que lhe parecia impossível que mudada diplomacia europea. Na Europa a habilidade
a face po~itica .da H~spanha, como era àe esperar~ destes empregados
. . ministra .meios
. -
para averiguar.
imperador do Brazil. mas entre nós, pobres de nós! Não. são os nossos
O Sa. MAY (pelo que foi possível ouvir-se-lhe) diplomatas que hão de ter tempo para isto.
notou a differença <ttte apparecia na discussão do Não nego a existencia de homens de pulso em
orçamento deste anno a respeito do& orçamentos que aqui se fallou, mas declaro que veria com
dos annos preteritos, em que os ministros mos- magoa sahirem do Brazil, para empregarem seus
. travão .. .sum·ma repngnancia de fallar em outra talentos, homens, que naquelleslugares nenhum ser-
.. cousa que não fosse dinheiro, dinheiro e mais viço poderião prestar ao Brazil. Eu faria votos por-
. ··dinheiro; :quando neste anno já os membros do que taes homens não se afastassem do Brazil. Como
corpo legislativo podião perguntar por explicações é possível que um brazileiro quizesse prestar
e".·obtinhão ·resposta, entrando no amago dos ne- serviços indirectos em lugares onde não podia
gocias políticos, e obtendo esclarecimentos mais estar em dia a respeito das necessidades da sua
ou menos· profundos a respeito das co usas exter- patria quando esta tanto reçiama seus esforço§
. pa~; ·disse mais que depois do brilhante discurso . aqui mesmo. ·
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150 SESSÃo EM- tO OE


'
SETEMIIRO
,-- ·, ~ .
DE 1831
-•-passado,-- com~ a -maneira de obrar dos Estados~-.
_Qni!!OB ~a -4.merica do Norte J Já quando aquella
!laçao. amaa· .. uo. berço soube .aproveitar-se ha· .
.bilmente. da ·~ivalidade das nações ingleza e fran-
. · a j va se na sua m e-
pCir meio das estipulações feitas com
Franklín 1 Já quando Hamilton ou Adams, ou
algum outro de quem não me recordo, foi con- ·
· · e ran- ·
jarem os negocios depois da guerra com- Ingla-
terra I Negocias externos, que nenhuma paridade
têm com os nossos, e dos quaes sô poderia ·o c-
correr agora o de um emprestimo, para o qual
todavia nenhuma necessidade ha d<'l acto diplo-
matico.
Todas as nossas diligencias e eapacidad·e devem.
ter por alvo o iiosso arranjo interno, que nos
de~>e merecer todo o cuidado ; assim éomo tém
feito os Estados-Unidos, cujo governo não se im·
porta com o que se passa em os gabinetes de
Londres ou Pa · · ,
e chama em seu apoio o sentimento nacional,
protecção unica com a qual os americanos in·
glezes são respeitados por todo o mundo; Se o
Brazil ois uer ser ·
arranJO interior; e deixe-se de relações diploma-
ticas, nem espere que brazileiros de pulso e de
saber vão actualmente prestar os seus serviços
em côrtes astran eiras: não di o ue isso dei ar
e acon ecer a gum dia, mas não por ora. Se
ministro de estado dos negocias ' estrangeiros fosse possivel eu não queria que se désse um real
enviando logo oflicio ao mjnistro da fazenda para negocios estrangeiros, nem que tivessemos
que anda em passo de cão para satisfazer á um só diplomatico ou conanl em lugar algum.
reclamação. Entretanto um francez insulta os Pois, pergunto, vão por ventura as nossas embar·
brazileiros na pessoa de um cidadão, onde está eações para portos estrangeiros ? Não. Para que
a satisfação 'l O que têm ft3ito os nossos dip1o- então queremos consules actualmente? Para ter-
maticos? Cada vez vejo mais enxovalhada a nação mos espiões que nos atrailioem em lugar de
brazileira. Os inglezes fazem reclamações e apre- nos servirem ? O Brazil nào tem nada a ganhar
sentão o ultimatum de sua vontade, para que o com isto. '
Brazil pague taes e taes causas como bem lhes Nem devo ser accusado de querer o systema
convém l eblnez: I?ois applico e.~ta minha idéa só às cir-
ra , DlS SI aliao ac ua.
haverá algum brazileiro que queira servir debaixo Secco e severo com as relações estrangeiras, trate
de tal direcção? Oomo poderá um brazilelro que o governo com a dignidade correspondente á
ama a sua patria querer-se sacrificar por actos naç~o. esses estran~teiros que nos querem metter
de fra ueza s --
Ell não tomaria a palavra, se não quizesse do territorio dn Brazil para fazer respeitar o
perguntar a S. Ex. o ')Ue ha sobre presas inglezas. nome .brazileiro dentro e fóra do imperio.
No tempo do meu ministerio vi umas poucas de Quanto âs reclamações uma vez que sejão exa-
letras do thesouro para pagar a estrangeiros: geradas, contra a dignidade nachmal e injustas,
eu não tinha negocios com e·strangeiros, mas como escore-se e procure a camara dos deputados para
. erão letras passadas pelo thesouro o ministro da ter apoio : não digo que tenhamos força para
fazenda as devi!\ pagar, porém não achei decretada bater as esquadras estrangeiras: conheço que
a despeza: vi p~etenções de inglezes sobre com- somos nação nova e ainda não temos de.;envol•
missões mixtas liquidações, etc. Comtudo :o Sr. vido a força e poder, a que um dia devemos
ministro não tem tratado disto na camara ; e chegar, mas podemos deixar de tratar com
creio que se<~. ha de encerrar a assembléa geral, essa nação, e recusar entrada em nossos por-
e depois os mglezes com sua maneira.JJ9,Stumada tos, aos seus generos. Venhão suas esquadras
de tratar os brazileiros, hão de ünpôr táes "e •taes bloquêem nossos portos, o mal deste bloqueio
quantia!! e o Sr. ministro aassigna r á as letras, serà menor do que a cessação das vantagen~
e_ afinal a nação paga, porque então é do brio que os estrangeiros tirão do nosao paiz. Já aqUl
nacional pagar, embora não houvesse lei para se mostrou que as reclamações não estavão na
se efi'ectuar este pagamento; mas o que importa fórma da constituição. Mas disse-_se em outra oc-
qu~ isto aconteça, se já se fez assim em outra <Jasiii.o que nos havião da tratar como argelinos.
~ccasião? Porque desgraçadamente não vi ainda Tratem embora, mas o Sr. ministro não conserve
áté J:toje um ministerio appellar para o sentimento o silencio res onda com i ·da os · n u
_ · g n es o enc as e apo ado pela nação. Esse desmembramento do
até mesmo um honra o membro lembrou uma Rio Grande em que aqui se faUou, para mim é
grande potencia; com que devemos procurar rela- nada, logo que os brazilairos todos eonheção e
ções diplomatas, os Estsdos-Unidos outros fallarão vejão que a administração quer a sua f~lici_d!!de,
na Inglaterra e França; pois eu, senhores, acho Se chegarmos a ter uma administração n~ç1onal, ·.
uma potencia. muito maior com a qual convém haja as pretenções que houveram ou <m~z.ereJU,
ligar os nossos interesses, e esta potencia é o os nossos interesses serão todos -chamaaos,tf..,1J.m ·
sentimento nacional. Se f6rmos procurar protec- centro. Mas se não fôr nacional w aamini!l~raç~o.
ção externa desprezaremos a nacionalidade. Para interna da naliãO havemos de ser iJ;úeH~.e~ ~por
que havemos pois de procurar esses planos de i.sso votarei pela menor despeza possível ·:pt;r~ ·
protecção externa quando não olhamos para as o corpo dlplomatlco e consula~-·. · " .. ·. _.. · · ';'
causas internas, quando somos enxovalhados por Quanto á emenda relativa aos_ l!lei,_Oil de· f~Z('Ir ,
quem quer. Q11e grande differença se encontra em os pa~amentos aos diplomatico!l .. ~cho-~ .l}!ls~e-cc
as nossas circumstanoias actuaes e .Rr~eedimento ces~ana porque a dita providen~a. .-compe~e _ao
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."

SESS:ÃO EM·,J.O ·.DE SETE~IBRO DE 1831 151


Sr. ministro, sem que seja declarada na lei. O mais que o Brazil tendo~as admittido, e estando
Sr. ministro tem a quantia consignadl).. para essas .compromettido nellas não pôde abandonai-as de
oespezas ; não tem ordenados estipulâdos ; e por· iodo. e muito mais. agora que os seus interesses
tanto proporciona . as despezas, se undo.as neces· se achão • ·
i a es e metos quer SeJa por intermedio de que sahirão daqui para·"a. Europa, onde convém
uma casa estrangeira, quer se pague no thesouro, que o Brazil conserva todas as relações que
isto é indi:fferente, mas o que não é indifferente puder, para que sendo-nos presente tudo o que
é que se dê o menos possível até que a adminis· venha a interessar-nos assamos reunir-no e
- or uma orma a que possa· azer-nos ortes para repellir qualquer aggressão
mos entrar em grandes despezas. externa.
ó ·sr.R.ebouQas :-Sr. presidente, um hon· Dizer que não haverá homAns ·de capacidade
que queirão estes <Jmpregos não me parece exacto.
rado membro que expendeu muito bem as suas
idéas a respeito das nossas relações externas O h.omem qne fór patriota, e vêr Que o Brazil
avançou que era preferível occupar nos consula- interessa mais nos seus serviços fera do im perio
dos alguns negociantes existentes nos portos da -do que dentro delle, nenhuma duvida terá em
Europa, . afirmando que não faltarião pessoas as ir prestar estes serviços. Demais, ha homens que
quaes qu!zessem exercer estes empregos sõmente não sendo proprios para serviços internos, das·
pelo interesse dos emolumentos, e que erão mais empenhão bem as relaçõAs externas.
habeis que outro consul qualquer que se despache, Por consequencia, creio que isto não é appli-
C?mprovando com muitos exemplos tudo quanto cavel_á situação do _Brazil, ne~ pel_o que toca aos

Creio que é necessario primeiramente considerar ' acha


pelo que diz respeito ás relações em que se
se o lugar de consul é emprego nacional ou não. com as outras nações. Portanto voto pela emenda
Se é em rego nacional, do ue não duvidará o que m~ndou á mesa o Sr. Montezuma, e estou
no re epu a o, m 1spensavel que seja exer- as medidas posslvels para que estejamos ao al~
cido por cidadão brazileiro, na conformidade da cance de tudo quanto se passar na ll;_uropa,
constituição do imperio. Ha por ventura cidadãos que tenha relações co~ o Brazil. .
brazileiros em todas as parttls da Europa, nas
quaes evem aver consu es e que se ac em nas operamos todos para que melhorem, não reputando
circumstancias de bem desempenharem as funcções unicamente mal individual o despeito ou indiffe·
do consulado? Eis uma grande difficuldade que rença com que tratarmos este ou aquelle membro
me parece que o nobre deputado não dissolve. da administraç"io, porque o nosso prejuízo pessoal
Ha de responder pela negativa , porque estou tem de estar ua razão do grande mal nacional
persuadido que será necessario mandar· de facto que ha de resultar desta e de outras cousas.
consules daqui para differentes pontos da Europa Isto, a meu ver, deve occupar mui sériamente
e da Amerlca, nos quaes elles são necessarios; a attenção de todos os brazileiros.
e onde não se encontraráõ cidadãos brazileiros
proprios para este encargo. O SR. MARIA. no AMARAL disse que lhe parecia
Advertio tambem o mesmo illustre deputado, que o i:lr. ministro havia de ver-se muito emba·
que os emolumentos consulares não cahião SJbre raçado quando tivesse de estabelecer or_denad~s
os negocian es es range1ros con r1 um es Jmme· tendo quantia fixa nem determinada, por' isso
diatos ou sobre quaesquer productores ou fabri- que o cambio oscillava continuamente, razão por·
cantes' que importavão generos para o Brazil, que offerecia uma emenda suppressiva do. cambio,
mas sahião do c:msumidor brazíleiro , porque o . .
g •
nero que levava para o mercado toda a despeza ouro, a qutil quantia vinha a dar justamente no
que S. Ex. havia pedido.
a gue elle estava sujeito. Requereu esclarecimentos sobre o que ouvira a
Este principio que é _verdadeiro, vem !ICcres: S. Ex. relativamente ás duas cartas escriptas
cantar mais uma razao áquella que Já de1 pelo marquez de Re:~;ende, cujo conteúdo era
fundada na constituição, e que determina que os offensivo ao Brazil, não só a reapeito do dito
empregos publi~os sej~_? exercidos por brazileiros, conteúdo, mas tambem a respeito dãs provi~encías
afim de que nao seJao estrangeiros nomea.:los d11das pelo Sr. ministro para responaabibsar ou
consules, porque então virião os ditos estrangeiros expulsar d'entre nós tão máo homem ; porquanto
a perceber imposições que recahirião sobre ci- ouvira dizer que _até o ~arquez de R~zen~e
dadãos brasileiros. annunciára que nao quena mais ser mdadao
Ha de mais outra razão d& decencia de política brazileiro, além de pedir a demissão dts empregos
além desta economia. Ainda quando a constituição aue exercia, prefel'indo ser camarista do ex-
não vedasse que os estrangeiros occupassem impera'dor do Brazil : facto pelo qual, a ser ver-
empregos nacionaes, não _deviamos ... Jlm,p~egal-?~ dadeiro, devia ser julgado em tribunal competente;
nos consulados porque dar1amos assim a entender· 'tanto elle como o seu secretario que tinha escripto
que não temos brazileiro algum capaz para ser no mesmo sentido.
consul, e mesmo perderíamos esta primeira escola Perguntou se o Sr. ministro tinha mandado,
de diplomacia : e portanto fica demonstrado ~ue conhecer da legalidade das contas das despezas
não sêria justo nem decente nomear estrangeiros feitas pelo marquez de Rezende. de
ara cons las do razil.
. Pelo · qu!l acabou de dizer o Sr. Hollanda, q~e estas despezas, as quaes i~p_?rtavão al~~s
entendo que elle se persuadio que tratando nós em muitas mil libras esterlinas, nao só hav1ao
das relaçãe's exteriores, abandonaremos os nossos sido feitas sem autorisação da camara, mas até
in~eresses- e arranjos ,internos, porq?o a fall~r fóra das ordens do governo.
'em "outro sentido, ereto que o seu discurso nao
·vem muito a proposito. Nos não prescindimos dos O Sa. MINISTRO parece ter dito (segundo ~oi
, interesses internos, quando nos occupamos dos possivel ouvir), que os d~us officios .co~tin~ao
. e;;ter~os/ ân~es' o _nosso objecto _é fazer ~om. qu.e cousas injuriosas ao Braztl, mas attnbu10 Isto
·estes. cllltii:nos apoiem e promovao os prtmetros. a uma ,,especie de desafogo da parte do marquez
· ,, . 'Mas d,isàtr· o nobre deputado que não convém de Rez~nde por ter sido demittido, como podia
·. q~e ti;!phàmos'·reJações extern~s .. Isto é . em tu~o conhecer-se, combinando as datas da Aemissão e
'COntrBI,'iO ·às regras geraes de direitO publico, pOIS dos officios ; e quanto á. responsabthdade que
.·~iA e:iéepção·. do·' Francia no Paraguay nenhum ella não se _podl11 ainda ·verificar por terem chegado
. gj>veruo: exelu~o aindf! as relações externas, tanto os ditos' ó!H'clos havia muito pouco tempo.
..
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152 S:KSSÃO EM 10 UE SETEMBRO DE 1831 ,-


Proferio depois algumas palavras ácerca do ter, os lugares em que hão de estar, etc., com
marquez de S. Amaro, que uão se poderão eri~ o fundamento de que á .administração compete
tender ; e continuou dizendo que o facto do o determinar os., lugares para a residencia de taes
recebimento do ex-imperador em Inglaterra, e o diplomatas, e o escolher- as pessoas que devem
boato de que el!e se .ia;";_ Pôr ~ testa do governo occupar .estes. empregos, porque não. 9uero que
relação com' o Brazil; e portanto o encarregado pertence ao governo ; pois um diplomata que
de negocios prevenira d':l que ~rão necessarias hoje é necessario em um lugar, pôde set· neces-
medi~a~- de cau~ela e prudencia ·~' que em quanto s':rio amanhã ; e por isso jul o que tal emenda
Abril, não tinha havido ainda tempo para ella Disse o Sr. ministro que eu lhe tinha insinuado
se dE>senvolver. que fizesse tratados com as nações que não tinhão
Emquanto ao jantar, referio que, visitando col<mias, mas_ eu lembrando-me que no tratado
el-rei de Napoles, segundo lhe parecia, os esthdos com a França ha um artigo que trata de cousas
da Prussia, houvera um jantar diplomatico J1â mercantis, e que só deve durar 6 annos,e que por-
côrte, ao qual não fôra convidado o nosso encar- tanto talvez esteja proxima a época de se renovar 1
regado de negocios ; o que comtudo podia ter indiquei que o principio de reciprocidade com as
muitas causas ; que quanno se déra um baile ao nações que têm colonias, devia se~ entendido _de
ex-imperador em Londres, não fôra tambem con- outra maneira do que se entendia a respeito
vidado o nosso encarregado de negocios, assim daquellas naçõea que as tião tinhão, as quaes
como em outro festim que houvera, mas que em não possuindo as producções que nós tínhamos,
um grande jantar dado pelo rei tivera igualmente podião levar estas e dar-nos em troca manufa-
· ' · i , e por onsequencta, c uras ou pro uc os 1 eren es.
attento o pequeno espaço de tempo decorrido não Quanto a tratados com a Russia e Sueciâ, não
era possível dar á camara informações exactas tenho idéas oppostas a tratados ; não me importa
sobre a mane~ra porqu~ ~inha sido !e6e_!Jida pelas que elles se fação ; e s~ a camara s.e t~~ decla-

ser para o Brazil ou não ser, porque o não sabião; tratar comnosco, quando até hoje estamos mais
mas era provavel que as estações fossem refor- em estado de responsabilisar os ministros, embora
çadas, visto que depois dos acontecimentos tão caia alguma vez a accusação, porque não cahirá
notaveis que tinha havido, podia temer-se que a na outra; e entretanto sempre se produz o effeito ;
tranquil!idade fosse perturbada nesta ou naquella pois estou p.ersuadido de que o ministro da
occasião, e portanto era· necessario proteger os justiça, cuja accusação não procedeu, não ha de
seus nacionaes de alguma fórma, posto que lhe outra vez suspender a concessão das cartas de
era impossível indicar a torça armada que se seguro, nem metter-se em cousas que não são
destinaria pRra aqui; que o governo não julgára da sua repartição.
conveniente entabolar tratados a este respeito, Disse o Sr. ministro que nas actuaes circum·
a.ttendendo á opinião pronunciada na reunião das stancias a administração necessitava do maior
camaras cCintra uaes uer tratados e or dese·ar a oio e da maior · ·- ·v 1
1r sempre de accõrdo com os votos da represen- Eu tomo a confiança de explickr as idéas do Sr.
tação nacional. ministro. Não julgo que nisto S. Ex. queria
Sobre Portugal nada mais podia informar, dizer que devemos approvar tudo quanto faz ll
referindo-se a o:fficios do consul em Lisboa, não administra ão nem ue nós determinemos á
en o a os para JU gar as m ençoes o governo administração tudo quanto quizermos, porque
francez no desenvolvimento das hJstilidades de ambas estas co usas são capazes de produzir
que fallára. (Deu mais alguns escla,·ecimentos os maiores males possíveis, mas o. apoio que
que o tachyg,·apho nl'to QUvio.) S. Ex. pretende é o das virtudes : quando a
o Sr. Malitezuxna·:- Sr. presidente, res- administração fôr honrada, proba, integra, ainda
ponderei ao Sr. ministro, notando-lhe algumas quando acontecesse que a maioria da camara
inexactidões. fosse injusta como tem succedidv em outras, e que
Disse o Sr. ministro que no men primei r o 42 votos sempre votassem no mesmo sentido,
discurso eu avançára que o governo devia entabolar talvez contra o voto nacional, e contra a admi·
tratados soltre a força que deve ficar permanente no nislraçlio, ella havia de marchar, e a nação lhe
Brazil. Não foi assim que eu me exprimi : eu disse levantarin estatuas, porquo não podia deixar de
.;,:q!le. concord~""a com o Sr .. m.in!stro em que não honrar os cidadãos probos, honrados, virtuosos e
_de,v1a se~ licito ter força llhmttada nos IJOrtos amantes do seu paiz.
.:do· Braz1l, mas não assentava que devesse haver P0r consequencia, estou persuadido que este é-
, Ufi!a medida legislativa ou tratados sobre isto ; o apoio que S. Ex, quer, porque lhe reconheço
\p()IS que S. Ex. d6via achar no direito das
estas grandes qualidades, e muito me lisongeio
. gentes princípios segundo os quaes podia sustentar com a occasião de fazer esta confissão ~ublica,
·que. as nações estrangeiras não tlnhão direito de que talvez seja sui generis na admimstração
conservar neste porto uma força illimitada, actual, desejando muito que os Srs. ministros sa
apresentando para este fim como exem lo o dirigissem por esta. fórma.
ce im n o o uque e e mg on, nao como nossas circumstancias o Sr. m'inistro dos negocias
argumento identico, mas analogo. No direito das estrangeiros era a chave da administração, e que
gentes acharia S. Ex:. muitos argumentos e razões nada se devia fazer senão de accôrdo ·com-- elle ,
em apoio deste principio, e veríamos então como está enganado o nobre deputado a respeito da-
os gabinetes manifestavão suas opiniões ; e ha- administração presente que é toda composta de
ven~o. duvida B?br~ o assumpto que não pudesse
conc1har-se, se na ttrada pelo corpo legislativo. elementos heterogeneos, não querendo uns senão
empregar a força, outros, meios brandos-; etc., e
Disse o Sr. ministro que eu tinha repre'l!entado procedendo cada um como entende melhor. -
que devíamos ter em Bolívia um encarregado de Julgou o Sr. ministro que eu dissera que o
negocios. Eu oppuz-me tanto a isto, que fallei encarregado de negocíos em Londres .devia ser
contra o emenda mandada à mesa, em que se nomeado ministro plenipotenciario, .PerdOe-me.
determinão os agentes diplomaticos1-qg.e devemos S. Ex., eu não disse isto. A g1·ande-~misade que
..:··,
.....·.. . .
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.... -·· ·.
SESSÃO EM 12 DE SETEMBRO DE 1831 153
tenho com tão digno empre~ado, póde fascinar-me, de um só exemplo na França de pass:w um
porém não a este ponto. Eu não só em particular consul para a diplomacia a que havia escola3
como mesmo em publico não posso dizer a S. Ex. onde se aprendia a ser consul, e outras em que
que nomêe este ou aquelle para tal ou tal emprego ; se applicava a mocidade ao estado da diplo-
e se eu talvez me não julgue com valor para maci~> sem ue udesse- assar-se de r·
i em par ICU ar a x. qué nomeasse a reií·a para outra; no menos que não sabia de
alguem para um emprego, como me atreveria a exemplo disso, e lembrava-se que um Mr. Lam-
fazel-o ao publi.:o, e comt1 legislador, tendo eu bert, que era V'ice-consul na Corunba lhe havia
o direito de accusar >l S. Ex. por su~ má admi- dito em 1826 que trabalhava or assar ara o
- , · , e . e orma corpo 1p oma Ico, e não o pôde conseguir, como
nenhuma foi pois minha intenção pedir que fosse soube depois elle orador, obtendo apenas passar
tal empregado nome·td<l para ministro, nem os para o consulado para a secretaria dos negocias
meus elogios ao actual encarregadu de negocias estrnngeiros. E na Inglaterra acontecia o mesmo,
do Brazil em Londres tiverão por fim mostrar pofque os estudos e as carreiras erão differentes.
que eu tinha desejos de infinir nos netos da o- Emquanto aos pagamentus,julgava que depois
administração. da lei de 15 de Dezembro de 1830 não era livre
·S. Ex. disse que o encarregado de negocias em ao governo o fazel-os como quizesse, e tanto assim
Londres era habil e muito capaz em todos os que não se atreverão a fazer excepção em cnso
sentidos, e devendo esta asserção sympathisar com algum, sem embargo de serem muitos os clamo-
um coração que é amigo deste encarregado de res dos diplcmatico!!.. e era preciso, ou attender
negocias, perguntei porque não era promovido: a el~es, ou mandar-ines ordem para que se re-
e a é · le ' ·
podia nomear a um homem, em quem 8. Ex. Seguio diversa opmmo ácerca do procedimento
mesmo confessára encontrar eminentes qualida- que se devia ter com o marquez de Rezende ;
des pàra ministro, quer elle ficasse na Ingla- entendendo que t9do o brazileiro póde .dizer ?U
terra uer fosse ara outro lu ar· · ·
que eu só quiz relevar as expressões de S. Ex. bem aqnelle marquez não annuir á revolução de
com as quaes o meu coração sympathisou. 7 de Abril, sendo o dever da adrninistra~o não
Quanto aos Estados-Doidos, eu .disse que o · o empregar; mas não achava objecto de crimi-
diplomatico para Já mandado era novo no em- n lidad · · ·- r
prego, nao me con orman o com as idéas do Sr. quer outro, uma vez qu~ não perturbasse a ordem
ministro a respeito daquelle gabinete, porque existente, ou tramasse contra ella, etc.
entendo que o homem que para lá fór, deve Tendo dado a hora, ficou o objecto adiado, e
possuir grande talento e saber, e como não levantou-se a sessão.
conheço estas qualidades no sujeito que teve esta
missão, o qual posto que bacharel formado passou
de secretario do marquez de Tauhaté para en-
carregado de negocias, notei que não me parecia Sessão em t 2 de Setembro
sufficiente para servir junto ao dito gov~rnn ;
o que considero caber nas minhas attribuições
absolutamente ; sem que possãc imputar-se-me PRESIDENCIA DO SR. ALENCAR
desejos de solicitar a remoção do referido em-
Sobre consules: sem entrar na questão de ser Do ministro da guerra, em resposta ao offi.cio
ou não preciso que sejão brazileiros, limitar- de 3l de Agosto ultimo, remettendo o requeri-
me-h~i a inf<!rmar que a Inglate~ra, França,
mento e documentos de José Antonio Espe-
'
palavra, quasi todas . '
as nações do mundo, em- Do ministro da fazenda, enviando um officio da
pregão estrangeiros, de maneira que quando me junta da fazenda de Pernambuco, .e outro da junta
achei na Luconia com outros deportados tivemos da fazenda da Parahyba.
a infelicidade de que o consul inglez a quem nos Do secretario d.o senado, remettendo as emendas
devíamos dirigir, era portuguez de nação e era ao feitas pelo senado á prffposta dirigida desta camara,
mesmo tempo consul portuguez, circumstancia marcando os vencimentos dos officiâes das secreta-
muito notavel, pois que podia súppór-se nclle rius de estado e das províncias.
alguma par~ialidade, quando os interesses dos Do mesmo secretario communicando que aquella
portuguezes estivessem em collisão com os dos camara adoptára, e ia dirigir á sancçào o decrr.to
ínglezes ; mas o governo britannico não fez caso áctlrca da admissão de homens livres nas estações
disclo, e nós dirigimo-nos ao consul francez, de publicas. ·•
quem recebemos os serviços de maneira que a Do mesmo secretario enviando a emenda do
sua humanidade, probidade e esforços foriio os senado á proposição desta camara, que dAclara o
que nos salvarão das gnrras de Portugal I art. 10 da lei de 24 de Novembro de 1830. -A
Apontou outros exemplos de governos que em- imprimir. ,
prega vão estrangeiros nos lugares de consules, Do mesmo secretRrio remettendo a proposição . do
e referia mais que a córte da Russia tinha o seu senado ácerca dos eleitores.-A imprimir. . ··
corpo diplomatico quasi todo composto de estran-. Foi á commissão de justiça criminal a represen-'.
geiros; de maneira que o seu embaixador em taçiio da camara municipal de Cabo Frio contra
Paris, o qual podia considerar-se o 1• diplomata o juiz de paz da aldêa de S. PcJdro, pelos·moti-
, genera ozzo e orgo, na ura e
Corsega,. o por isso grande inimigo de Napoleão,
verificando· se a respeito destes dous homens o ORDEM DO DIA
ditado-quem é teu inimigo ?-0 offi.cial do teu
offi.cio.-Não podendo portanto ter lugar a razão de Continuação da discussão do orçamento na repar-
conveniencia, para não se admittir tambem esta tição dos negocias estrangeiros.
pratica. O Sa. REBOUÇAS declaro·u que não traria exemplos
. Quanto ã outra razão apontada pelo Sr. Re- de diplomaticos sabidos de differentes classes da
bouças, de que por esta maneira deixaríamos socieàade, sem terem aquelles estudos de que
de ap~;oveitar uma escola de diplomacia, resp~n­ fa.llára o Sr. Montezuma na sessão precedente,
deo,,qu_e se enganava, porqua·nto em as nuçoes mesmo no~ outros paizes; propondo-se apenas
bem constituídas a classe consular era diversa · responder que as suas observações versa vão sobre
absolutamente da diplomatica, e não constava os princípios seguintes: 1.0 Que não permittinJ.>
. 'l'Ol!O ~ 20
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1M. SESSÃO EM 12 DE SETEMBRO DE 1831


a constituição que estrangeiro fosse empregado rentes estados, sem o que seria temeridade votar
publico, era evidente que não se podiãn admittir pelas som mas necessarir~,; para as despesas dGsta
em contrario os exemplos de outras nações. repartição, apesar de que elle orador n!-lnca
2.• Que a pôt·-se em pratica a insinuação do Sr. tive~se esperanças qn~ d_e taes empregados v1esse
on e · .• ,
sendo indispensavel pela constituição que fossem · Outro objecto, ácerea do qual desbjava informa-
nacionaes, não se achariiio negucian tes brazileiros ções, era sobre quem pagaria á naçno as gn.ndes
em todos os lugares, onde necessariamente devL1 sornrnas gastas na contradança que se fazia muito
· · un u ares
Quanto a darem nos outros paizes os luga- para outros; ir.do o que estava na Russia para·
res de consules a estrangeiros, pretendeu que divina côrte, o de Paris para a Russia etc.
nisto havia engano, e que só acontecia isto nolil e assim por diante : mas como não esperava
cargos de vice-consules, como tambem se praticava obter estas explicações, votaria pela menor
a respeito do Brazil. · quantia, apesar de que elle orador era de opi-
Sustentou que não tinha confundido as carreiras. niüo que se desse ao ministro quanto fosse indis-
consular e diplomatica, nem dito que podião pensavel para promover o maior bem da nação:
sabir de uma para outra, por serem os consul;t- mas não soJm ter absolutamente conhecimento da
dos escolas de diplomacia; pois bem sabia que applicação que tem tido, e que deverá ter o
os secretarias de legação erão mais proprios dinheiro da nação.
para os empregos diplomaticos, mas que ontendia 0 SR. MARIA DO AMARAL disse que havendo sido
tambem ue na falta destes os ccmsule$ erão I uma fôrma na sessão recedente
mais babeis para um emprego e 1p omac1a de que era intolerante, pelo que dizia respeito
do que um sujeito que sahia da nniversida:le ; a. opiniões poJiticas, julgava do seu devH decla-
e por isso assentava que os consules brazileiros rar que era mui to tolerante e desejava que o
podião ter mais disposição para a diplomacia, fo~sem todos os brazileiro~, comtanto que esta
sem que nunca a rmasse que era o mesmo ser tolerancia não atacasse o governo nacwna , po1s
consul ou ser diplomatico, pois sabia muit0 uma cousa era ter tolerancin, e outra permittir
bem distinguir as funcções rio consulado da alta que fosse atacada a pessoa de um ministro da
-diplomacia. E continuou da fôrma seguinte. administração até com vilipendio da nação; e isto
p . . -- . - '
por um su 1to. sen o cer o q ,
posso conformar nem com o Sr. Ministro, nem de Rezende se conduzira pessimamente, cunl-
com o Sr. Montezuma, sobre a sua asserção, de pria que fos~e responsabilisado pelo tribunal
que não podia ter lugar a indicação feita pelo competente.
Sr. Maria do Amnral, afim de ser accusado o Achou que devião tambem ser responsabilisfldos
nosso ex-ministro em Paris, o marquez de Rezende. os marquezes de Maceió, Taubaté e Rezende pelas
Dis•e o Sr. ministro que o dito marquez, sabendo grandes sommas que despenderão em viagens im-
que lhe in a demissão, quizera desabafar ; e o provisadas, como uma que o mnrquez de Rezende
Sr. Montezuma accrescentou que gostava muito dizia ter feito á Russia, na qual, segundo as contas,
de que todos escrevessem o que entendessem_ a nação despendeu para mais de 6,000 libras est.,
Pelo que respeita á razão do Sr. min istr,1, não sem esta r autorisado para isso.
é . admissivel, porque um... diplomata brazileiro,
-
. o Sr. J\I:ontezum.a :-Sr. presidente, eu não
continuaria, não devia, pam se mostmr indepen- sa 1a que o marquez e ezen e av1a insu a 0
dente, como quem não queria mais estar no o ministro dos negocios estrangeiros, nem o podia
serviço do Brazil, vilipendiar a nação na pessoa saber porque, nem os officios apparecerão impres-
do ministro dos ne ocios estran eiros estando sos, nem forão presentes á casa ; eu sabia só quo
ainda empregado, e portanto não póde deixar de e e a ra m. , · ·
ser responsavel por este comportamento. Tanto Abril, é o que eu pude colligir das expressões do
faz que elle proferisse estas injurias estalldo Sr. ministro; e e sobre isto que eu fundei a minha
no serviço do Brnzil em paiz estrangeiro, como opinião dizendo que não era objecto de re~ponsn­
se estivesse no proprio paiz: se elle escrevesse bilidade o fallar mal sobre alguns assumptos
de pois de rocon}lecer a sua demissão, seria res- políticos. Em uma palavra, a minha tolerancia
ponsavel do crime no paiz em que o commetteu, política é tamanha como a minha tolernncia re-
mas como foi antes, era o mesmo, como se o ligiosa.
praticasse no Brazil. Assim como entendo que ninguem tem direito de
metter a mão n11 consciencia do outro, pnra o obrl·
Tambem não estamos na hypothese em que gar a adorar a Deus debaixo de uma fórma con·
fallou o Sr. Montezumu, porque a consti- traria á sua vontade, julgo igualmente que não
tuição permiíte que se expendiio as idéas ; ha direito para forçar alguem a seguir um credo
comtanto que fiquem responsaveis pelos abusos polit.ico, qualquer que elle soja, quando elle lhe
que commetterem e a tolerancia destes abusos repugna; por is~o quando ha poucos dias ouvi
não podia ter lug.w algum, porque se converteria dizer que em Minas se estava fazendo um abaixo
em pura licença. assignado para representar á camara o desejo q_ue
Quanto á opposição em que aqui se fallou, têm os povos de que não se toque nas instituiçoes
creio que não existe na casa opposição, como monarchico-constitucionaes, nchei isto muito justo.
nos outros paizes. A <•pposição nesta casa está na "Dizem que se está trabalhando para f,lzer aqui
razão da.quella que os cidadãos de Athenas re- um abaixo assi nado ara sustentar a mesma
commeu avao a r1s 1 es e em1stoc es, para opinião e para esclarecer o corpo legislativo sobre
rivalisarem em prestar cada um os melhores esta importante base das reformas que se tem
serviços que pudesse á sua patria. Esta oppo- meditado para a nossa constituição. Supponha-
sição não é caprichosa, mas dirige-se unicamente mos que os cidadãos que assim têm prouunciado
ao bem da patria. Por isso, quando o goveruo a sua opinião a sustentão, e não querem con·
apresentar uma medida que é boa, hei de repro- vencer-se da utilidade das reformas em contrario,
val-a, e apresentar outra melhor se a julgar neces- não são por isso responsaveis nem criminosos.
saria. E' assim que eu entendo a opposição. Eis debaixo de que ponto de vista eu disse que
O SR. Dus manifestou pesar de que não esti- o marquez de Rezende não devia ser responsa·
vesse ainda presente o Sr. ministro dos negocies bilisado. Se o Sr. miujstro estivesse presente
estrangeiros, para obter delle certos esclarecimen- eu pediria explicações sobre alguns pontos que
tos sobre o numero de empregados diplomaticos desejo ver esclarecidos... . ·
e consulares de que podiamos carecer nos diffe· 0 SR. PRESIDENTE:-Estâ na sala immediata.
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SESSlO EM J 2 DE SETEMBRO IJE 1~31 155


O Sa. MoNTEZUM.I.:-Então permitta V. Ex. que aos direitos na-
eu fique com a palavra, afim de poder·lhe pedir
as d1 tas explicações.
Depois de entrar o Sr. ministro com as formali-
u es o es y o e e tomar assento, conLinuou a
discussão.
O Sa. MoNTEZUMA.:-Desejava que S. Ex. me
informasse se é verd · · ·
blicou na Europa uma proclamação, manifesto ou ' '
origens das fazendas, pwa haverem de pagar 24
o quer que Séja, e quaes são os objectos ou ou 25 o;•. Ets um motivo mais pat·a não haver
princi pios que alli são sustentados; e se esta consules. Huje venhão a~ fazendas donde vierem
proclamação ou manifesto foi remetLida compe- pagã<l no Brazil 15 %.
tentemente pelos nossos agentes diplomaticos; Digo até que da existencia dos consules tem
eu queria quo S. Ex. n mandasse publicar quanto ·"vindo oppressão ao commerciu. Entra um.1 e-m-
antes no Diario do Go1)e1·no, para a nação ficar barcação aqui o por isso que urio sahio de algum
della inteirada e se fazerem sobre; •l se'.I con- dos portos onde ha consulado brazileiro, não se
teúdo as observações que bem se entender e se de,;pacha na alfandega; muitas embarcações têm
julgar convenientes. sahido outra vez e vão para outros P''rtos, per-
O Sa. MINISTRO respondeu que vir:t uma espe- dendo nós assim os dit·eitos só porque não trou-
cie de manifes o e a · · xerão o cocket ssi nad< ·· -'-
desta elle não o sabia : que o não havia recebido se não houvP.s~e consulados não h•lvia esta ne-
officialmente, nem o tal manifesto era assignado cessidade que tem sido prejudicial ao commercio
pelo ex·imperador. que vem para este porto; entretanto que a nação
faz com estes consulos não e uena des ez
facto que muitas naçõ<Js nomeão consul
pôde ser considerado por isso algum negociante dos portos para onde fazem
nada ha que dizer a commercio; e assim praticou Buenos-Ayres logo
o Sr. Castro Alves' - Sr. presidente, eu que se concluio a paz com o Brazil nomeando
es a o esgraça o o raz1 a por seu C<Jnsu um negociante, o qual nem bra-
respeito do commercio, e que sei que rara será zileiro era, e não percebia co usa alguma mais que
a embarcnção brazilAira que vá á Europa, e que a honra e gloria de servir na·1uelle lugar e tal vez
vejo um numero extraordinario de consules no- alguma comrnis~ão e vantagem nos despachos
meados, levanto-mA para dizer que sendo uma l'll que o homem se contentava e servia bem.
especie de magistratura commercial psra prote- mho visto além deste, outros consules nestas
ger o commercio da nação que nomêa os homnns circumstancias: lembra·me bem que era um prus-
pnra estes empregos, afim de decidirem questões siano o primeiro que aqui esteve.
sobre mestres e maruja, e que só nt~ste caso Mas deixemos í,;to de estrang•liros; eu suppo-
podem dar interesse á nação, e vendo eu que não nho, senhores, que a despeza com o consulado
ba um só navio brazileiro que navegue para esses brazileiro deve ser muito pequena ou insignifi-
portos, desejava saber que vantagem no~ res.ul~a cante, salvo se para poupar. a grande despeza

nações amigns, pagando 24 •/o; e tendo os ingle- navios, generos, fazendas, mestre' e maruja bra-
zes consoguido fazer o tratado de 1810, pelo qual zileira que devem proteger? Só porque fiS outras
ficnr1lo ruauzidos os direitos sobre as fazendas nações mandão consules par,l o Brazil, em razão
inglezrts a 15 •/o, foi necessario reconhecer as dos navios que para cá mandão, nós lambem
manufactnras da industria ingleza e aquellas que havemos de et,viar consules para seus portos sem
o iliin erãu ; e dahi nasceu a necessidade de qu11 importt:mos nelles um só grão de café por
manllnr consules para a Inglaterra e para outros· nossa conta? l Isto deve acabar. E' necessario
portos que mais direetamente negociassem com ter conta em nossos dispendios, reconhecer o que
o Brazil. é ut1l ou não.
Appnreceu entiio uma medida lembrada espon- Qaando tivermos commercio, quando nossos
taneamente pelos consules, que dava maior intel- generos, prorluctos e embarcações ·.forem a estes
ligencitt aoH officiaes da alfandega do Br:1zil, portos, nomêem·se então protectores e haja esta
ácerca das fazendas importadas, até que se adoptou especie de tribunal p>lra preencher o unico fim tio
outra por novo tratado que veio escurecet· mais consulado. Daqui rest!ltaria que o dinheiro ar-
o negocio. Os ccmsules punhão nas costas de ..... bitrado ou ainda monos cheg,n·ia com profusão
não me lembra agora o nome .... são estes papeis para o encarregado tle negocios necess•uios que
que trazem os navios .... devem ser não só da nomeação do govemo, mas
UM Sa. DEPUTA.DO lembrou que erão conheci- até nas localidades que o governo escolher por-
mentos. que nós não podemos determinar isto, nem devemos
· entrar em uma attrib i - ·
que não nos pertence.
brazileira que então se chamava portuguez::f- os
consules punbão nas costas dCis conhecimentos a Convém que cada poder se mantenha nos limites
naturalidade da mercadoria ou genero, de rr.aneira das suas attribuições, não se faz pouco com isso.
que qualquer o:fficial da alfandega não necessitava A nós compete-nos legislar; não venha o governo
saber outra !ingua para conhecer a origem das fazer correrias no legislativo, nem vamos nós
fazendas, e ver se esta vão sujeitas a pagar 24 ou fazer correrias no executivo. Portanto supponho
25 •/o. Isto não agradou, e fez·se convenção para que devemos fixar o menos dinheiro possível, e
ser substituído pelos cockets ou despachos inglezes; creio que com os 81 :OOOH propostos por uma emenda
entrou immediatamente o segredo na repartiçã•J, o que está na mesa haverá mais do que o sufficiente
negocio ficou ao alcance de um individuo; e até se ao mesmo tempo se determinar que não haja
em uma portaria se determinou que assignando o consules Renii.o nos portos a que forem embarca-
official da alfandega encarregado dos cockets qual- ções nossas.
quer factura se devia entender que a fazenda era 0 SR. CARNEIRO DA CUNHA sustentou a emenda
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156 SESSÃO :EM 1:3 DE SETEMBRO DE 1831


lembrando que na sessão do anno passado se havia tudo mand:w um agente diplomatico com outro
dito que não precisavam os de tantos diplomaticos caracter, para conclurr entre aquella republica e
em todos os pontos da Europa, e que neste anno o Brazil um tratado definitivo de paz.
o Sr. ministro dos nego cios estrangeiros, além de
r · e • ,
. Não havendo .mais -quem fallasse,
"
o Sr. pre-
que não podião mandar-so diplomaticos para Passando a votar-se, depois de sahir o Sr. mi·
alguns pontos da America pelo estado político em nistro, foi approvado c orçamento com as emendas
que se achavão, não offerecendo nem ao menos se- do Sr. Maria ~o Am~ral e sub-emenda do Sr,. Mon-
Declarou que -lhe parecia desnecessar~o termos Cunha.'
. consul na Bolívia, porque este estado tmba con- O Sa. PRESIDENTE mandou passar á outra parte
servado a mélhor intelligencia comnosco, bastando da ordem do dia, que era leitura dos pareceres
dizer que se houve aggressão n_a gue~ra passa~a de commissões.
foi da parte do governo que tntao havia no Braztl; Foi a imprimir o parecer e voto separado das
accrescendo que lJara conservarmos alli um cons?l commissões de justiça criminal e de guerra, sobre
ou aaente diplomatico qualquer, era .nec.es~ariO a proposta do governo ácerca da creação de um
dar-lhe muito dinheiro, para poder alh existtr, a corpo permanente de guarda municipal.
querermos ter homens que possão representar Approvou-se o parecer da commissão de con-
com dignidade a nação brazileira. stituição para ser remettido ao governo, afim de
. o. SR. MINISTRO _(segundo o .que foi po!lsiyel lhe deferir como ~ôr de justiça, o requ_erimento

encarregada da accusação do ex-ministro marquez


de Baependy, julgando não procedente a dita
accusação.
O SR. HoLLANDA pedia a impressão deste pa-
recer, mas não se venceu.
Entrou em discussão o parecer das commissões
de justiça criminal, marinha e guerra, sobre a
representação do ex-intendente da marinha desta
córte, Luiz da Cunha Moreira, em que se queixa
do actual ministro.
Offerecerão-se duas emendas, mas ficou adiada
por causa da hora.
Levantou·Stl a sessão depois das 3 Loras.

Sessão e1n f. 3 de Setembro


PRESIDENCIA DO SR. ALENCAR

não merecião a confiança da ilação, conservando Approvada a acta, passou-se ao expediente,


apenas aquelles que gozavão na maior latitude que constou dos papeis seguintes:
da mesma confiança, cortando até por amizades e Um officio do ministro da justiça, remettendo
relações particulares, que se cala vão só por um officio do desembargador procurador da corôa,
attender ao interesse da nação. soberania e fazenda nacional, propondo algumas
Fizerão-se mais algumas reflexões. sobre. a ne- duvidas, cuja decisão depende do corpo legisla-
cessidade de termos em Buenos Ayres um homem tivo.-A' commissão de justiça civil.
hábil para tratar dos negocias que em breve ha- DI) ministro dos negocias estrangeiros, satis-
vemos de concluir com aquella republica. Ao fazendo ás informações que em 23 de Agosto
que o Sr: ministro respondeu que o encarregado ultimo ·se pedirão sobre oito africanos libertos
de negoClOfi que se achava em Buenos-Ayres, chegados de Angola no bergantim Trajano.
desempenhava muito bem e satisfactorinmente os Do ministro da guerra, satisfazendo em parte
deveres do seu cargo ; mas que tencionava com- ás informações que em data de 2 do corrente se
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SESSÃO EM 13 I~E. SETEMBRO DE 183l 157


?espeza do anno proximo passado de 1830, e
Jgualmente as suas posturas para serem appro-
vadas.
Fur~o recebidas com especial agrado ns re re-
oes o JUIZ mun1mpa supp ente da reguezia
da Conceição na cidade do Maranhão, do presi-
d~nte do Piauhy, das camaras muniripae,s das
Cidades do Maranhão e Oeiras, e dus villas do
·, · · a es a augus a camara
Ferreira, em que pede augmento de ordenado.- pelos acontecimentos do dia 7 de Abril.
A' commissão de pensões e ordenados. .
Do mesmo ministro, remettendo um oflicio do O Sa. FERREIRA DE MELLO mandou á mesa a
nresidente da província de Minas, em que repre· representação do brigadeirv Pedro Labatut, em
senti\ a necessidade do augmento dos ordenados que patentêa os seus respeitosos agradecimentos
dos officiaes e mais empregados na secretaria á camara pelo firmissimo apoio que nellil achou
daquelle governo. -A' COltlmissão de pensões e c?ntra as injustiças do transacto governo, pe-
ordenados. dmdo ao mesmo tempo o andamento da reso-
Do mesmo ministro, remettendo um oflicio do lução que o naturalisa cidadão brazileiro. -Foi
presidente da província de Minas, em que repre· recebida com agrado emquanto a uma parte, e
senta a necessidade do augmento dos ordenados erl?q'!an to á outra parte foi remettida á com-
mls~ao de constituiçào,,prescindindo-se drt appro-
i e tl" n s ·etari
daquelle governo. -A' commiesão de pensões e .me o o r. e ouças.
ordenados. O Sa. CosTA. FERREIRA. mandou á mesa duas
Do m11smo ministro, remettendo um requeri- representações dos povos oia cidade do Maranhão.
mento dos moradores das fre uezias de Mar i · -A' commissão de petições.
Sant' Anna do Pirahy, S. João Marcos, Arrosal, as n rou o mtnts ro a mann a, e
Posse e vílla de Rezende, em que pedem facul- o Sr. presidente póz em discussão o orçamento.
dade para applíe<~rem uma parte do rendimento O Sa. MoNTEZUMA. observou que era esta uma
da assa em geral do rio Parah ba ou de seus das repartições em ue as leis Prão menos uar-
ramos, a bene CIO a o ra e uma nova estrad,, a as, J pe o que dizia respeito á escandalosa
projectadn desde a dita yil~a de Rezende para a~curnulação de maiorias, gratificações, comede-
esta cidade.-A' la comrr11ssao de fazenda. nas,. alugueis de casa, já pelo desarranjo e
Do mesmo ministro, acompanhando um officio desl~1xo que se conhecia na dita repartição, sendo
do presidente da província de Goyaz, em que pess1ma a SUd administração, não havendo ne-
participa a necessidade que ha naquella capital nhuma arrecadação e nenhum respeito ás leis,
de um facultativo medico-cirurgico e de um boti- a ponto de acharem-se muitos empregados de
cario.-A' commissão de saude publica. posse do dinheiro da nação, sem terem nunca
Do mesmo ministro, submettendo á conside- prestado fiança; e propondo-se demonstrar a sua
ração da camara a urgente necessidade que ha asserção, continuou:
de energicas providencias sobre a relaxação, insu· Não falia rei nos soldos por ser obj e cto fix()
bordinação e fa!ta de applicação em que se a.chão que não póde ser alterado; passarei pois a tratar
. ' ' ' . g ·n
como dos 'preparatorios do curso jurídico de pareellas:- Um capitão de mar e guerra empre-
S. Paulo, por não haverem estatutos proprios quo gado ás ordens do ministro da repartição e
bajão. d~ obst_ar a tã_g puniyeis excessos. - A' encarregado do expedie_nte do quartel-gene~al.
Do secretario do senado, participando que o Maiori&, por mez ...... .
senado approvára e vai dirigir á sancção imperial Comedo.-ias ........•....
quatro resoluções remettidas por esta camara: Soldo para 1 creado ... .
duas • sobre resoluções do conselho geral da Duas rações ... , ....... , .
província de Goyaz, pelas quaes ficão creadas Gratificação para casas ..
uma escola de primeiras letras no arraial do
Currallinho e uma aula. de ensino mutuo no arraifü Por mez .........•... Rs. 13Gil600
do Pilar, e duas sobre resoluções do conselho Além do soldo da sua patente.
geral da província do Ceará, a primeira creando Eu desejava que S. Ex. tivesse a bondade de
uma freg1lezia na povoação de S. Cosmc e S. Da- me mostrnr qual é a lei em que se funda esta
mii'io, na serra do Pereira, e a segunda creuntlo dnspeza e que autorlsa o Sr. miniotro a dar
tam bllm outra frognezia na povoação da Telha. comedoria~ dobradas ou extraordinarias a este
Do mesmo secretario do senado, participando Bncarregado do . expediente do quartel-general.
que o senado adaptou e vai dirigir á sancçào Não é necessario ser homem do mar, nem estar
imperial as resoluções approvando as aposenta- versado nas leis quo regulão esta rapar tição,
dorias concedidas pelo governo a Gonçalo Garcia para saber-se que as comedorias c: amadas sin-
Fernandes Vieira, a Mannel Mr.chado Coelho e ao gelas são as que competem ao~ officiaes de
padre João Ruffo da Costa Freitll.s, assim como marinha empregados em terra.
a pensão concedida por decreto de 17 de De- Nàf\ se vê um oflicial que não tenha come·
zembro de 1827 ao tenente-coronel Francisco darias singelas. Corno é ois ue este or urr.
av1er e arras a vao. pr1v1 eg10 extraor mano em comedorias dobradas
Do mesmo secretario do senado, participando de 72SOOO? Demais, quizera que S. Ex. me
que o senado adaptou e vai dirigir á sancção dissesse porque razão se dão casas a tantos empre-
imperial a resolução autorisando o governo a gados ofliciaes de marinha q11ando se achão em
confirmar nos postos a que forão elevados em terra 'l Não ha lei alguma que autorise ao Sr. mi-
consequencia de propostas regularmente feitas nistro da marinha a dar 9S600 como gratificação
por serviços prestados nas differentes províncias para casas a um oflicial ás suas ordens e que
do imperio a bem da independencia, os ofliciaes mande abonar casas até aos ofliciaes empregados
e ofliciaes inferiores que sendo promovidos não de marinha que vivem no arsenal da marinha,
farão confirmados. de sorttl que comem a dous carrinhos; têm co-
Foi · remettida. á commissão especial de ca- medorias que... lhes ficão no bolso e gratificação
maras mumc1paes, a representação da camara para casas, emquanto vão dormir no arsenal.
municipal da villa de Angra dos Reis da ilha Quizera que se me explicasse semelhante patro-
Grande, remettendo as contas da sua receita e· nato, pois não posso dei4.ar de considerJl·o assim
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158 SESSÃO EM 13 DE SET~l\IBRO DE 1831


á vista da notavel desigualdade que observo, a Notou qua S. Ex. não mandára ainda as in-
qual necessariamente deve causar grande desgosto formações pedidas, ácerca da barca de vapor, esse·
ãquelles que estando nas mesmas circumstancias grande sorvedouro do dinhAiro da naçi'io. ( O Sr.
não gosã? de taes vantagens. . sec1·etnrio infor~~u que já .tinhão vinà!!. )
rinha. Todo o mundo sabe que a lei impõe lido; pois desejava saber o que seria mais util,
multas Ros aspirantes e guardas-marinhas que se vendel·a, ou se conserval-a ·? qual seria o
fazem f>Jltas. Ora, é evidente que deve existir preço que se .
. podia obter ? quanto a barca tinha
.
a applicação que teve. Desejava que S. Ex:. me Janeiro? E quanto se poderia perder com a venda?
informasse a este respeito, porque grão a grão Objectos a respeito dos quaes havia pedido es-
enche a gallinha o papo; deve-~e tomar conta clarecimentos, afim de preparar- se para a dbcussão
de cinco em cinco réis: não é ridículo tomar do orçamento.
conta d~J reaes, porque é do nosso dever zelar os Affirmou que bavião. a re;:peito desta barca
dinheiros da nação. cousas extranrdinarias, pois fazia uma despeza
Eu niio quererei de maneira nenhuma que a exorbiLante quando aliás não servia, achando-se
administração soffra o menor desfalque para fazer sem exercicio havia muitos annos, e acreditava
as despezas indespensaveis, ainda que seja ne- que até nunca servira. Referi o então as parcellas
cessario vendermos a camisa, mas desde que de despeza, que vinbão a ser.
não houver esta necessidade, o dinheiro da nação 1 Primeiro tenente :
não deve ser applicado a gastos iUegaes e su- Maioria.................. 158000
per uos. nme orias.............. O
A lei que creou a academia da marinha, não 1 Escrivão soldo e comedorias ...... .
me consta que creasse mais de quatro lentes e 1 Guardtão do numero servindo de
dous snbstitutos; mas na tabe!la- O- vejo um mestre:
su " 1 u o e en o.- mo 01 pois crea o • atorta .......................... .
este emprego o qual vence salario? Se foi por 1 Guardião extranumerario ....•.... 1õSOOO
aviso não reconheço autoridade em aviMs para 1 Primeit·o engenheiro .....•........ 1508000
dinheiro, não h!lv~ndo lei qne au~orise a despez~. 1 Segur.do ditc1 ......... : . ......... . 6oS <20
......... [j
recorreu S. Ex:. á camara? Venha mostrar-nos 10 Primeiros marinheiros a lOSOOO .. 1008000
a grande utilidade que daqui deve resultar, sus· 13 Segundos ditos a SdOOO ........... . 10!8000
tente a proposta que a tal respeito fizer ao corpo 1 Grumete ......................... . 46800
legislativo, mas niio venha aqui subr!lpticiamente 3! Rações para os ditos a 200réif! por
incluir esta parct:>lla para depois de passar na dia GSSOO .........•.•...•...•..... 20!$000
lei do orçamento, se argumentar que a assembléa
aJ>provou esta creação. 34 Praças .. .. . . . . . . .. .. • .. .. . . .. . .. . 867$220
Diz mais a tabella- C.- Depois de ler esta tR.bella da despeza mensal da
Um primeiro tenente e mestre de appa~elho : barca que era 81)76220, mas que f!.cou reduzida
Soldo . . . . . . . . • . . . . • • . . . . . . . • . . . . • . . . . 298000 á metade pela lei do orçamento de 15 de Dezem-
Maioria.: • . . • • . . . • • • . . • . . . . • . . . • . • . . . .lf>$000 bro de 1830, pas~ou a aualysar _cada uma destas

56$000
Primeiramente não sei porque razão se emprega
neste ensino um rimeiro tenente uan r o i
ser desPtr.penhado por qualquer primeiro mari·
nheiro : depois observo que aqui, ou ha duplicação
ou falta de ordem ; pois este soldo de 29SOOO
devia vir incluido na parcella dos soldos dos pri-
meiros tenentes, e então eliminar-se neste lugar
a duplicata que apparece ; e se é falta de ordem
por não se achar incluido o dito soldo na parcella
dos primeiros tenentes, então conviuha que S. Ex:.
remediasse este defeito, ·do qual podia resultar
desperdício do dinheiro da nação.
Pnssando ã tabella G. disse : Aqui temos outra.
Um primeiro escripturario graduado com 40SOOO.
A lei não creou OH te lug•lr, portantõ não pó de
exLltir e deve ser eliminado até que a lei crie este
emprego. A lei igualmente niio creou cinco pra-
ticantes extranumerarios ganhando 4$166 por mez
cada um, e por consequencia não podem tambem
ser pagos. Já me parece estar ouvindo a resposta "
de S. Ex:. que estará dizendo comsigo, que isto
é um viveiro de officiae~ de. fazenda para !lq~ella
de S. Ex:. para permittir se~elhante abuso da queria fazer semelhantes imputaçÕes aos empre-
lei, então os praticantes não devião perceber gados da repartição, antes era o seu desejo que
cousa alguma. . todos appurecessem innocentes, honrados e pro-
Depois de apontar outros abusos differentes bos, perguntava por estes esclarecimentos : que
que nesta repartição se commettião, de fallar lhe affirmavão comtudo que h~via extravio, que
tambem sobre os escravos da nação, que entendeu vinha grande quantidade de madeiras, as quaes
ser melhor que se vendessem ; ponderou a neces- apodree~ão ; porque não haviiio agora con,trucções
sidade de acabar-se com a maior presteza pos· para fazer; e por isso conviria ni'io cortar ma·
sivel a casa forte, para se recolherem nella os deiras inutilmente, partl ollas niio se t1ll'narom
presos que se achavão na preziganga, onde sof· mais vasqueiras ; destruindo ns mnLtn~ ; o que
frião horrivelmente, além do prejuízo que expe· nos poria na necessidade de ir buscul-as dnnols
rimentavR, tanto a moral dos mesmos presos, a grandes distancias com despeza eonsidernvui:
como a fazenda nacional. Explicou que nas outras nações se propflt'llvi\o
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SESSAO E~l 13 DE SETE.MBRO DE 1831 159


governo não devia passar, salvo quando circums-
tancias extt·aordinarias e imperiosaH o constranges-
sem a isso para a salvação do estado; mas era
limite para mais e não para menos, porque não
e~volyia necessidade !lbsoluta de g1star todo o

mas que suppunh~ ser assim provavel. '


Reparou em queanaçi\o estivesse gastando 258600
por mez para pagamento do aluguer do lugar,
anue se achava a cordoaria; emquailto se per-
mittia que o f<~rnecedor de lenha se aproveitasse
para guardat· a lenh!l de um lugar que havia na
ilha das cobras, optimo para o estabelecimento
da cordoaria e tanoaria.
Notou mais algumas duplicações, em que a
nação pagasse jornaes quotidianos a certos jor-
naleiros que devião ser pagos só nos dias, em
rab as e .
Encontrou tambem algumas dnplicações na
d&speza da marinha de outras províncias, além
de despezas que se faziào por 1:1 vizos e contra r~s
leis ersuadindo-se elle orador de que se pu·
desse continuar esta pratica, e \e pretertrta ser
fszedor de leis, porque com os seus avizos ar-
ranjaria os seus afilhados, de maneira que teria
por si mais de metade da nação.
onc u1o que a a mm1s raçao a marm
cheia de abusos e não era nada boa, e que a inventada; para ti;ar o pão da bocca do pobre.
quantia. em quP. era orçada a d~speza era tão Pronunciou-,;' contra a multiplicidade de maio-
excessiva que podia deduzir-se della 90:000SOOO, rias, comedorias, abonações para casas e para
e ainda ficava dinheiro de sobra para os gastos criados etc., que contribuião para estarem em-
indispensaveis. pregados no arsenal officu~es que devião estar
O Sa. CASTRO E SILVA achou menos bem fun- em serviço activo á excepção do inspector, in·
dada a censura a respeit0 dos empregados na tendente e de outros lugares superiores que não.
contadoria, pois havendo a lei do orçamento no podião deixar de ser exercidos por officiaes habeis.
anno passado m11ndado pagar-lhes, este paga- Declarou-se contra a conservação dus constructo-
mento não era arbitraria, como se tinha quer1do res em tvdas as províncias, aconselhando que se
inculcar, mas sim legal ; visto que os ditos em- seguisse a pratica dos negociante;; que mandavão
prega os J se cons1 eravao approva os por u · • do mercado · e
lei anterior, qual, a referida lei do orçamento. advirtio que no Pará não era tão barata a con-
Emquanto aos alugueis da casa, lembrou que no. strucçiio como se suppunha, pois apenas se encon-
anno passado se havia suprimido a quantia para tra vão alli madeiras, e faltwa tudu o mais ; e que
pagamen o a casa o mspec o . era necessario mandar vir ex res~:~amente todos
A'cerca dos escravos da nação observou que as os mais artigos indispensaveis que coneorrião
mesmas idéas offerecidas neste anno a semelhante em postos de maior commercio.
respeito se tinhão já apresentado no anno pre- Fez mai~ algumas reflexões sobre este nssumpto
terito e haviào sido rejeitadas, assim como uma e propóz que os vasos estrangeiros comprados
emenda do Sr. França que pouco dift••ria; ao- por conta de naeionaes pagassem 15 para se ana·
crescendo agora as circumstancias do pouco que lysarem em lugar de 5%, que pagavão até aqui ;
hoje valião os escravros, cuja venda produziria porquanto sendo os direit•JS que paga vão o breu,
bem pE'quena vantagem. cabos e velame 15 %, quando vinhào separados,
Quanto á barca de vapor, notou que o Sr. mio sabia porque motivo não deviàtl pagar iguaes
Montezuma censurára o governo em outra occr.sião; direitos, quande vinhão empregados em o navio
que so comprava; além do que esta alteração
p_orque tendo sido extinctas por lei as Jespezas da serviria de protecçlio á construcção nacional.
casa da moeda da Bahia, o ministro da fuzenda
despendera os empregados em observancia da lei : O SR. MAY ponderou que era necessario levan-
e hoje tomava a censurar o governo, por cumprir tar a suppressão; que houve de um official da
a lei, fazendo com a barca de vapor aquellas des- secretaria de estado dos negocios da marinhh ;
pezas, que havião sido decretadas na lei do orça- qual havendo sido nomeado ha quatro annos para
mento. vencer ordenado, quand;> estivesse em circum~hn­
Declarou finalmente que a razão principal de cias de servil· se achava trabalhando já ,m effectivo
ter pedi<!o a palavra farão as expressões, que serviço.
· e te sse Passou-se a votar e ficou approvado o orça-
fazedor·· de avisos em lugar de legislador teria por me11to, emquanto provmc1a o 10 e aneiro.
si metade da nação brazileira, por me10 de arranjo Entrou em discussão a parte do orçamento
9ue faria aos seus afilhados ll, pois elle orador relativo á Bahia.
Julgava ter bastante razão para suppór que a O SR. MARIA DO AMARAL disse que concordava
nação br•1zileira ainda não estava tão corrompida em que se fizessem economias, comtanto que dellas
e immoral, que por semelhante motivo se houvesse não resultasse prejuízo maior para a nação do
de declarar a favor de um individuo. que a vantagP.m da diminuiçíio na despeza que
Affirmou porém que estava certn, de que não produzissem, pois economisar por um lado como
fôra este o sentido em que o Sr. Montezuma qui- 4, para a nação perder por outro lado como 12,
zera fallar. não era economia; qúe elle orador no anuo pas-
O SR. MACIEL disse que a fixação de uma des- sado, em consequencia da pequena consignação
peza qualquer indicava o limite, além da qual o. da lOO:OOOH, proposta para as despezas da repar"
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160 SESSÃO EJH 13 DE SETEMBRO DE 1831


então cumpria generalisal-a para todo o Brazil,
pois nas províncias e tambem na côrte se encon·
trava gente vania, que não queria trabalhar nem
empregar-se na cultura ou em al u · ·
UI •
Declarou que votaria antes para que esta quantia
fosse empregada en'i obra,; publicas, tendo attenção
ã moeda fraca que circula na Bahia.
· mos ran o a nu 1 a e da intendencia
e productos, a qual leve sua origem na lei do . da marinha em Pernambuco, e propondo a sua
orçamento, pois antes de se pôr em exec!lçã(l suppressão.
havião apparecido algumas desordens parCiaes, O SR. MARIA DO AMARAL sustentou a sua emenda,
mas a tropa da provincia se conserva v!! na melhor mostrando que em crises não era tão facil obter
ordem, tinha merecido elogios pela sua disciplina, os meios de subsistencia, que o governo era
e tudo ia bem; logo porém, que em fins de obrigado a subministral-os á classe dos operarios,
Fevereiro e princípios de Março chegára a ordem como tinha feito a camara dos commur•s na In·
do miníst.ro, para que se désse execução ã lei do glaterra, no exemplo apontado dos fabricantes
orçamento, o presidente da província se vira de Manchester; e declara_ndo que elle orador
obrigado a despedir a maior parte dos trabalha- nunca votaria nem costumava votar por econo·
dores do arsenal; de maneira que pt•r occasião mias desta ordem, cumprindo advertir ue na
dos boatos ãcerca do dia 7 de Abril a ressan- · , · a av1 o a e agora arsenal da
ia a azer a sua obrigação, "m lugar marinha com grandes officinas em as quaes tra-
de esperar pelas noticias officiaes, apparece o baihavão muitos center:ares de operarias, não podia
resultado, que mais de 600 trnbalbadores despe- de subito dar-se emprego a tanta gente em obras de
didos dos arsenaes da marinha e do exercito - · , · i meu e es an o
-o, e amo w rao, cor r rlio todas paradas, e assim era necessario que o go-
á cidade baixa e fizerãn os maiores e~tragos, taes verno désse que fazer a esta gente, para o que
que o vinho, azeite, vinagl'e, aguardente, etc., a camara devia approvar a sua emenda.
tudo corria pelas ruas publicas; offe.recia pois uma
, · · s sgn.· . o DA UNHA respondeu que a
ç:~s, para que se orçasse em 10:000$ a despeza Inglaterra não tinha comparação alguma com o
da marinha na Bahia, e rogava á camara que Brazil.-Com uma· popubção extremamente. com-
a adaptasse para não precipitar a província em pacta, estando desenvolvidos completamente todos
novas desordens. os princípios da industria, não hrwendo um boca-
Lembrou que em 1825, quando por inesperada di11ho de terra que não esteja lavrada, os meios
falta de consumo de um genero, os fabricantes de subsistencia se difiicultavão alli muito mais
de Manchester se levantãrão e destruirão as ma- do que no Brazil, paiz novo, com uma ropulação
chinas de vapor, ás quaes attribuião a culpa de disseminada e onde a prodiga natureza retribuía
estarem privados de emprego, o governo inglez largamente a quem quizesse occupar-se em tra-
tratára de os occupar, o que devia seguir agora balho util; qae havia porém no Brazil muita
o governo do Brazil para conservação do socego gente que preferia a ·ociosidade ao trabalho, á
puolico. u l . '
onc u1o notando que o orçamento do intendente o rejeitava e queria antes viver na ociosidade
da marinha da Bahia já era o mais economico que produzia todos os vícios, immoralidade e
possível, porém como talvez houvesse duplicatas, desgraças; que a emenda do Sr. Maria do. Amaral
assentava que em lu ar de 161:00 ·- ainda ue fos e · · .- ·
_.._.v;.., "" para as _espezRs desta repartição na ·a que el!e se propunha, pois a quantia de 150:000$
Bahia. seda despendida de 1832 a 1833, quando, segundo
devia colligir-se do seu discurso, urgia que a medida
0 SR. DUARTE E SILVA fez algumas :reflexões fosse irnm.,diata.
ãcerca do abuso de se pagarem aos operarios Accrescentou que ninguem mais do que elle
todos os dias, quando um mestre carpinteiro não or:1dor estaria disposto a votar com mais gene·
podia considerar-se um empregado public?; in- ro,idade a favor das despezas das províncias,
dicou a inutilidade de haver um offic1al do se não estivesse convencido de que não havia
registro especial, pode!ldo o oflicial de dh fazer meios pnra tanto.
o serviço respectivo. E mandou emenda. Concluio com algumas observações sobre o máo
Depois de so terem feito varias rdlexões sobre estado destas reJ:'">rtições, princip&lmente em Per-
os lugares de intendentes da marinha, sendo nambuco e no Maranhão, pelo descaminho que
uns de opinião que devião ser conservados, e levavão muitas causas, e pelo grande custo de
outros que devião extinguir-se. qu·.1lquer obra feita nos nrseuaes, quaudo os par·
0 SR. CARNEIRO DA CUNHA. disse que não podia ticnlares as faziào igualmente boas ou melhores
concordar com o Sr. deputado que propunha a e com muito menos dispendio, sendo esta tambem
somma de 150:000$ para as despezas da marinha uma das razões porque votava contra as despezas
da Bahia, principalmente pela razão em que se destes dois arsenaes; e estava muito dispostu a
fundãra d€1 que era necessario dar que fazer aos mudar de accordo quando visse as ditas repartições
operarias afim de não perturbaram a ordem bem montadas, te.ndo á sua testa chefes cheios
publica, ois entendi · · e seus everes e.
a mtttlr·se semelhante principio, não obstante o inspeccionem o procedimento de seus subalternos
exemplo da Inglaterra que nada valia, porque lançando-lhes em rosto suas malversações, etc.
naquelle paiz erão muito difficeis os meios de O SR. MARIA no AMARAL replicou que nenhuma
subsistencia, ao mesmo tempo que no Brazil quem duvida havia em que não se podia comparar o
queria ganhar a vida honestamente não carecia Brazil com a Inglaterra, pois seria não ter conhe·
de fazer desordens para alimentar-se e com cimento das forças productivas e commerciaes
fartura. claquelle paiz; mas entretanto convinha confessar
Apontou varias provas de serem taes estabe- que a Inglatort·n lír,ha muito mt~is em que em·
lecimentos o sorvedouro dos dinheiros da nação, pregar braços do que o Brazil, porque em relação
e lembrou que outros erão os meios de cohibir á sua populaçr(o produzia onze vezes mais do
samelhantes desordens, representando. que a sua que a França, e por CE>nsequencia achavão·se em
adaptada para a Bahia por aquelle motivo n Inglaterra mais meios do ganhar a vida; que
,providencia proposta pelo Sr. Maria do Amaral, cumpria advertir por outro lado que a pobreza
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- SESSÃO EM 13 DE SETEMBRO DE 1831 161


de Inglaterra era muito diversa daquella do Brazil, mens sem emprego e sem ter de que subsistão?
porque os pobres deste paiz nada tinhão, em quanto Além disto é no meio da paz que as nações
os pobres de Inglaterra tinhão a sua casa mobí- se preparão para a guerra ; e por isso con-vém
li~da como um homem de riqueza mediana no que ponhamos as repartições da marinha e guerra
Brazil, e tinhão as mais commodidades da vida em é muito sério e attendivel tanto elo ue
couespon entes a seus meios .. respeita á nossa segurança externa como á in·
o Sr. Rebouças: -A causa porque no terna.
anno pas~ado se fez g~ande reducção nestas des· Os acontecimentos do Rio de Janeiro e Bahia
devem ter-nos indicado o caminho que devemos
de força. contra a nação, porque o governo não seguir. e n s mo~ rmdos na or em as causas erra·
dava boas informações, e quando as dava não mos nos meios de as melhorar, como não bão
merecia confiança para ser acreditado. Hoje rnu- de errar os carpinteiros que têm aos seus ouvidos
dárão as circumstal)cias, o governo é nacional, bastantes energumenos, que não perderáõ occasião
não ha razão de temer que a força que decretamos de gritar que a assembléa é a culpada de não
seja contra R nação, e o governo merece confiança terem elles meios de subsistencia, e que ella
para ser acreditado ; não existem pois os mesmos é que os priva do seu modo de vida? Isto é
motivos que houve no anuo passado. meio de revolução, do qual hão de valer-se pes-
soas que antes devião aconselhar os nossos
O intendente da marinha na província da Bahia, conterraneos para o bem; mas que os seduzem
transcendendo até das suas attribuições, apezar com muita facilidade achando-os com faltl\ de
de ter feito algumas restricções justas, mandou · Il!eios de s~b~istencia; do que t~m resultado as
o seu or amento ao consdho eral da rovin ia
que possuído ao mesmo espírito da ussembléa geral lugares e a perturbação em que se achão muitas
do anuo passado, o restrin~io o mais que póde, províncias do Brazil.
porém njio chegou a dimmuir a despeza tanto O t~r o operari? um~~: tarefa ordinaria que l~e
ue baixasse de 125:000 . Lo o a ex eriencia
mos rou que este orçamento não tinha sido reunir para fazer desordens, como aconteceu na
exacto. Bahia com os homens de machado no arsenal.
Ora, se os motivos que urgirão, se não compel- Con_sE!_guintemente as circ_um_stancias_ que nos con"
lirão a fazer tantas restric õ não is m
o governo merece nossa confiança ao menos pela no anno passado não existem hoje, o governo
profissão de princípios, e ainda que erre nesta já não é o mesmo: nós então não sabíamos quaes
ou naquella cousa não receiamos que os navios erão as quantias necessarias para a manutenção
que se fazem nas províncias sejão empregados indispensavel desta repartição; agora o sabemos ;
contra ellas, mas para o bem geral do Brazil ; necessitamos além disto occorrer á subsístencia
devemos pensar de diiferente modo, e não acceder destes indivíduos, . para que não se pervertão, e
por maneira alguma a que se supprimão os arse- a terem a sociedade e governo construido: deve-
naes de Pernambuco e do Maranhão, como aqui mos portanto decretar as sommas necessarias
se propoz. Lembremo-nos, senhores, de que nestes até para o governo exercer o principio de bene-
arsenaes está empregada muita gente que tira ficencia, fazendo com que tanhão meios de subsis-
subsistencia unicamente do seu trabalho, e que tencia os indivíduos que os não têm.
necessita ter com que compre o seu alimento. Concluío com mais algumas reflexões sobre os
· m espo a s em ou e suppnm1r me10s a un an es que possUJa a provmc1a a
repartições por esta maneira: supponhamos que Bahia, e sobre a carencia em que estava de obras,
uma.-calamidade reduzisse o Sr. deputado a não até as mais indispensaveis.
ser mais pro rietari_o, ~stava el~e prepara:io para O Sn. CARNEIRO DA CuNHA res ondeu ue a
outro objecto de industri~? Da mesma fórma os camara não teria duvida de votar generosamente
ferreiros e carpinteiros, quando são despedidos, as quantias necessarias para todas as províncias
não podem immediatamente cavar a terra nem fazerem as obras nellas indispensaveis, se não
ser caixeiros de taverna, porque não haverá tiveBse primeir,lmente de attender ao aperto em
tavernas para occupar um tão grande numero de que se achavão as nossas finanças, cujo mão
caixeiros, e mesmo em razão das calamidades estado era constante: que segundo tinha obser ·
acontecidas, as quaes têm diminuído os meios para vado em Pernambuco os meios de subsistencia
applicar a construcções e emprezas, nas quaes no Brazil não erào tão difficeis, visto que para
ainda não poderião occupar-se estes homens facil· se encarregar de uma obra qualquer operario era
mente, porque é muito difficil mudat· de uma preciso pagar-lhe adiantado.
fórma de viver para outra. Fação o honrado Pronunciou-se contra as ameaças continuadas
membro desembargador e veremos que o não póde de revolução, que ouvia a cada passo para fazer
ser porque não sabe arranjar um processo, rever com que se approvassem estas ou aquellas reso·
as ordenações, etc., entretanto que é legislador e luções, porquanto os membros da camara só mu-
C(lncorre para a factura das leis. Demais, ha em da vão de parecer por convicção como já ante-
todos os governos uma cousa que se chama riormente havia notado.
beneficencia, a qual consiste em procurar o governo Emquanto ás reflexões feitns pelo Sr. Rebouças
por todos os modos, que tenhão meios lícitos e sobre a dif!iculdade em que elle se veria sendo
honestos de subsistencia aquelles que lhe obede- obrigado a mudar de modo de vida, ou perdendo
cem e ue fazem arte da associa ão de cu- o a sua propriedade; de~larou que ~lle orador tinha
SJJ.o·es ar se acha encarregado. Este é um dever
essencial e inauferivel de todo o estado ou as· as suas mãos' para não incommodRr pessoa alguma,
sociação, portanto ainda quando estes indivíduos e á custa do seu trabalho tornára a grangear
não fossem necessarios para os trabalhos das meios independentes de subsistencia, dos quaes
estações publicas, assim mesmo o governo havia sido privado durante a sua prisão na
devia empregai-os. Olhemos para o exemplo do cadêa da Bahia.
governo. Elle podia dizer aos seus fabricantes Conclnio que se os Sra. deputados querião
desempregados :-Ide para os differentes paizes da praticar actos de beneficencia não o devlão fazer
America, onde \'os receberãõ porque lhes levais a á custa da nação, mas por sua conta particular.
industria de que uecessitão,-mas não disse isto, O SR. SoAREs DA RoaHA declarou-se contra a
tratou de os empregar. emenda que propunha a abolição do córte das
Ora, nós que necessitamos de gente industriosa, madeiras, não só porque l!aviu um regimento
e mesmo de gents bruta, deixaremos assim ho· que o regulava, o qual não podia ser abolido
o:ro~.ro 2 21
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162 SESSÃO EM 13 DE SETEMBRO DE 1831


de uma pennaJa, tendo empregados a respeito. ~e massem se entre os guardas-marinhas havia algum
cuja sorte conviria -providenciar, os quaes possmao de menor idade, .porque em tal caso não podia
títulos de serventia vitalicia, e tinhão por isso vencer soldo.
direito á sua conservação; mas até porque não Votou pelas razões expendidas, mas porque
conviria abandonar o .::órte afim de nos . não tendo sido o dito orç~m~nto_ examinado pelo con-

em razão de ser máo accumular trabalho a qual-


quer pessoa sem a remuneração competente; pois
os outros capellães ajustados para dizer missa
a bordo, não estavão de fórma alguma sujeitos a
obrigações QL\e não tinhão contrahido; accrescendo
que este capellão da intendencia era indispensavel
pnra ensinar a doutrina e pratica dos actos . de
religião tão necessarios para o homem adqu1rir
moral e instruir-se em seus deveres. E disse:
que não queria que este capellão tivesse augmento
.te vantagens, mas que se lhe conservassem os
seus vencimentos legaes.
mquan o xaçao as espezas provmCJaes,
achou pessima a pratica que se havia seguido
na camara de cercear as parcellas dos orçamentos
f~itos nas mesmas prov_incias co_!ll pleno conhe-

mesmo a que taes despezas '~e achavào fundadas


em leis: queixou-se de que não se queria neste
anno _admittir accrescimo algum á quantia orçada
constante que tendo sido despedido~ em conse- ment<), eu me declararia contra a emenda; mas
quencia desta lei muitos officiaes, parte delles voto a favor della porque estou persuadido que
não tendo com que alimentar-se e ás suas familias, o conselho geral á vista das necessidades reaes
se suicidou, e outra parte entrou a gritar e clamar da piovincia e da precisão que tem do trabalho
contra a assem bléa geral ; e se isto aconteceu destes operarias é que approvou o orçamento,
então por causa da diminuição do orçamento, e não por me terem convencido as razões que
convinha hoje abandonar semelhante pratica, não aqui se expenderão, as quaes pelo contrar!o me
só porque o orçamento vindo da província fôra horrorisárâo: pois porque se desempregárao ho-
feito com muita circumspecção e prudencia, mas mens, cujos trabalhos ·erão ínuteis ou não erão
até porque era necessario dar emprego a certos precisos á nação, e estes homens quizerão fazer
operar:os que o não tinhão, como calnfates, car- revolução, devemos continuar-lhes os salarios,
inteiros de machado etc. or isso ue os estalei- para que a não fação? 1 1 E a não estou por tal
ros particulares, os quaes occupavão grande nu- prmc1p10.
mero delles, tinhão deixado de trabalhar. Devemos proceder contra os que se insurgem
com todo o rigor das leis. Na manutenção dos
O SR. VEIGA mostrou _qu~ a quantia orçada princípios-de justiça está a conservação da ordem:
· e uerer man er · ·
era insufficiente, porque cada uma gastava mais Não senbores é por vias indirectas, que o go-
de 13SOOO, sem metter em conta o velame, soldo verno deve acautelar os males, promovendo a
de um official de marinha, etc. Insistia na neces- industria para acabar com a mendicidade, e com
sidade de conservar estas barcas para obstar ás a vadiação, mas não prodigalisando o dinheiro
exageradas pretenções que tinha o dictador Francia. da nação. Se os serviços destes operarias são
Pedio ao Sr. ministro que man-dasse para a inuteis,. procurem meios honestos de subsistencia,
sobredita província o modelo de uma barca com e se são necessarios empreguem-se.
rodeio na prôa, para poderem trabalhar contra Eu voto pela ultima emenda que sobre este
barcos pequenos, etc.; pois no tempo de paz con- objecto se apresentou na mesa, convencido como
-vinha que nos preparassemos para a guerra. _estou de que o conselho geral votou esta quantia
O SR. LoBo disse que era preciso indagar a por estar certo que a província teria partido da
causa do espantoso desperdício e dissipação qutJ despeza, e quer aproveitar o serviço dos ope-
havia na repartição da marinha; dissipação que rarias.
não podia deixar de attribuir á falta de execução Depois de oppór-se á emenda proposta a respeito
das leis, como reconhecera, examinando elle mesmo dos escravos da nação, porque podião tornar-se
os documeutos de despeza dos arsenaes da mari- outros tantos sicari0s e assassinos; sendo neces-
nha e do exercito, em as quaes repartições as sario tomar sobre tal assumpto medidas lentas,
leis erão absolutamente letra morta, com espe- para livrar o Brazil deste flagello, advertia que
cialidade na marinha, como podia conhecer-se pelos apezar de que se gastava dinheiro êom capellão,
documentos que existião na casa e havião sido os rasos na Bahia não ~inhão missa como elle
examma os pe os rs. eputa os mem ros a com- avia recon ecido por e:x:periencia propria, durante '
missão de contas, versando taes abusos sobre 3 annos que lá esteve preso, não havendo até
compra de generos, a respeito da qual e do um sacerdote que ouvisse os presos de confissão
seu pagamento não se observa vão as leis; assim annualmente.
como sobre carga e descarga dos almoxarifes, etc. O SR. MaNTEZUMA disse que a emend,a que
Recommendando ao Sr. ministro que mandasse propunha o augmento de despeza do arsenal,
pOr em execução em todos os arsenaes as leis e não era baseada no principio de premiar os mal-
regulamentos respect! vos que erãu pela maior parte vados que andavão fazendo desordens no Rio
desconhecidos e postergados, e pronunciou-se a de Janeiro e na Bahia, mas em qm; n provincia
favor da conservação dos arsenaes da Bahia e tirasse a maior utilidade possivel úe suas rendas,
Pernambuco. como aconteceria executando-se a lei de 20 de
O Sa. CosTA FERREIRA 1·equereu que o infor- Outubro de 1823, que mandou applicar á pro-
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SESS10 Eftl H HE SETEMBRO DJ~ 1ô31 163


vincia as oitavas partes de suas sobras, pois então S. Ex. se comprornetteu a dal-as depois.
teria a província da Bahia uma quota annual O Sa. BAPTISTA PERElR.A. disM que a província
mais que sufficiente para a construcção das obras do Espírito Santo tinha um deficit de 15:000H,
de que c~recia. e como não poderia talvez discutir-se o credito
emen ar para o cu nr, sem o qua não podia
pagar-se a tropa daquella província, não estando
o presidente habilitado para fazer aquelle paga-
mento; era preciso qne a camara tomasse o negocio
orçamento e as emendas: e ficou approvado o - i - na e1 o
orçamento com as emendas seguintes que forão orçamento podia dar algum remedio a i;,to, pois
igualmente adaptadas: não era possível deixar a tropa sem soldo, o que
Uma grnnde lista de suppressÕe$ apresentada seria de graves consequencias, principalmente em
uma província pequena.
pelo Sr. Montezuma, a qu11l consta<'á da lei elo Recnmmendou ao Sr. ministro a necessidade
orçamento.
A emenda do Sr. Baptista Pereira, para que de dar providencias para supprimento de uma
n inhibição na admissão para o.fficiaes da respectiva
porção de tropa que foi ultimamente para o
secretaria de estado não seja comprehensiva de um Espírito Santo, entendendo-se para este fim com
oflicial com clausulas que nel!a existe ha annos, o Sr. ministro da fazenda, e advertia que a falta
logo que o respectivo ministro o julgue digno de rendas da província devia tambem attribnir-se
de ser contemplado ; como os outros officiaes, com a que pelos seus cofres erão pagos muitos apo-
os seus venc1men os.
A respeito da Bahia foi approvada a emenda
tio Sr. Soares "~ Rocha, para que se auonasse
a quantia pedida no _or~ament.o npprovado pelo
Nas AlagOas approvada n. suppressão do seta-
patrão, proposta pelo Sr. Perdigão.
No R_io _Grande do Sul a indicaçã_? do Sr. Pe-
em lugar do' intendente, seja o ofncial de patente bons para curativo dos soldados.
superior, mas sem receber por isso gratificação. Referio que a tropa mandada daqui para Per·
Em Matto-Grosso determinou-se que fosse de nambuco havia perturbado o socego da província
4:000S a consignação para as barcaP por indicação pela sua insubordinação, e que em casos taes se
do. Sr. Veiga. costumavn, ou misturar estes soldados insubordina-
Foi tambem approvadn n indicação do Sr. Per- dos com outros subordinados ou dissolver o corpo,
digão, parr. que as embarcações da armada na- afim de que a província não soffresse as violencias
cional não possão receber carga e frete senão de uma soldadesca desenfreada.
na conformidade do regulamento dos correios marí· o Sr. Ferreira da Veiga. :-Sr. presi-
ti mos. dente, eu peço desculpa de fallar em mataria,
Levantou-se a sessão ás 3 horas.. cujo d_etalh~ não entendo: se _bem que não 1escerei

Sessão em 14 de Setembro
me a esta entenda. Convém fazer economias nesta
Pl'IESIDE~CIA DO SR. ALENCAR repartição, as quaes serão faceis pelas circumstan-
cias em que estamos.
Leu-se a seta, e foi approvada. A base adaptada pela commissão é a melhor
Remetteu-se á commissão de guerra o requeri- possível, o penso assim porque nos mesmos
mento de Marianna Victoria Carneviva, pedindo estados regidos pelo systema federal ha muito
se lhe satisfação os soldos vencidos por seu tempo a tropa é sempre unitaria, e o governo
defunto marido Wencesláo Miguel Soares Carne- póde mandal-a para onde convier, o por conse-
viva, e que se lhe ficarão devendo. quoncia a despeza pertence sempre no governo
Approvou-se a redacção ·da resolução quo con- centrtll. Com isto respondo ás queixas tlo Sr. de-
cede n. D. Maria José Leal da Nobrega, viuva putado flue representou contra a ida para Campos
do fallecido brigadeiro Nobrega, o soldo por inteiro de varios ofliciaes; quer estojito alli, qner estejão
correspondente á pate-cte de seu mando, repar- aqui, são officiaes de primeira linha, e o governo
tindo-se com igualdade entre as filhas por falle· póde dispór delles como entender melhór obrando
cimento da agraciada. com justiça.
A's 10 horas e tres quartos eutrou o ministro Assim acontece na Ame1·ica do Norte, onde a
da guerra, e poz o Sr. presidente em discussão tropa é empregada pelo governo central naquelles
o· orçamento respectivo. lugares que julga mais conveni~nte!l R? b~m _da
O SR. GETULIO perguntou que providencias se republica, e onde a despeza nao e d1stnbmda.
tinhâo dado para o pagamento da tropa na pro- pelas províncias, mas se_ paga na thesouraria
- - -- , a po pag r
em consequencia da falta de meios da província, é exceÜente, mas nesta não póde tur lugar.
da que podião resultar grandes males. A quantia orçada para pagamento dos soldados
O SR. MINISTRO respondeu que na verdade a crüculou-se sobre a base de 10,000 praças que se
província não tinha meios de supprir ás despezas ficarão ; porém não sei se e:x:istiráõ com en::eito
da tropa, mas que havia de ser soccorrida pelo no Brazil, segundo os successos que têm occorndo,
thesouro como acontecia com ·outras. estas 10,000 praças, quando houver de se realisar
Disse mais algumas palavras .que não se per- o orçamento, e caminhando as cousas do modo
ceberão. por que vão, e ha-:endo, como h_a, s~~ma
e extrema repugnanc1a para o serViço mthtar,
O SR. MARIA DO AMARAL achou excessiva a des- não poderá preencher-se aquelle numero, e haverá
peza de 60: OOOJI gue se fazia com as theso~naria~; nesta repartição sobras em vez de faltas. Se acaso
e pedio explicaçoes sobre o trem e hospltal ml- em algum destes artigos que estão designados
litar da Bahia. ' se conhece que ha falta, mande-se uma emenda
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164 SESSÃO EM 14 DE Sl~Tt:l\'J.BRO DE 1831


a respeito delle, porém não posso approvar um ducção q11e a tropa tinha s•;ffrido em consequencia
augmento geral semelhante. das baixas que se havião dado ; porquantu
Digo que não podemos ter 10, 000 homens por havendo-se feito o orçamento no anno passado
que sabemos o estado em que se ach;a a força para !lma .força de 1:.!,000 home~s, e estando e!la
dinheiro, o não haveria •difficuldade em 11-PPl'1car
algum para as despezas do hospital militar.
O SR. MoNTEZUMA. ponderou a necessidade de
s a e ecer um mon e-p10 m1 1 ar, que era e
puzerão ha pouco tempo em desasocego esta c~-' grande vantagem para a moralisação da tropa,
pital. Os commandantes dos corpos declararao porque a idéa de poder deixar pa!a o fu~uro á
que não respondião por elles. su~ familia um meio de subsistenCia, faz1a com
Pernambuco que estava tranquillo, vio pertur- que o soldado tomasse interesse pelo esta~o
bado ó socego publico depois da chegada da tropa militar, e ae tornasse melhor soldado do que ser!a
que acompanhou o commandante das armas, a se não tivesse esta espectativa: perguntou se havia
qual tropa se sublevou, e assassinou até um sido apresentado na casa algum plano de monte-
estudante do curso jurídico, que dava_ esperanças pio militar, afim de se tratar quanto antes da
'li e ser cidadão util, e excellente patnota. sua discussão, havendo-o, ou de convidar-se no
No Rio de Janeiro a insubordinação tem che- caso contrario o Sr. ministro para o apresentar
gado a ponto que os offi~iaas em. algun!l corpos ou para dizer se tinha em- vista fazer algu.~a
encontrão os soldados deitados aJO ar, os uaes
ficão jogan o a mesma rma,_ sem az~r_em caso cipios geralmente adoptádos nas nações civili-
de seus superiores, a quem nao respeitao. sadas.
O corpo que foi comma!'dado pel? ~r .. ministro,
que dizem que era o mms bem diSCiplmado que . ' -
.Declarou-se cont.·a
. a opinião
. . hospitaes
de que os .
av1a, e no qua se man ave por ma1~ empo .a do que os rllgímentaes; pois entendia que a
disciplina, tem chegf!odO ao ponto de msu~ordt­ despeza destes não podia igualar, e muito meno11
nação que acabo dd mdicar ; quero que haJa e'X.- exceder a dos prim~iros ; ao mesmo tempo q~e
cepções entre elles, m'!-& com soldados taes nada nos hos itaes re 1mentaes o soldado era 1
respeito d~lle; a lei das baixas. bem tratado, nã.J só porque os cirurgiõ_es. e
medicas, tendo menos enfermos a que ass1stu,
Já que toquei neste ponto, tomarei à ousadia lhes davão maior attenção, applicando-lhes re-
de perguntar, que especie de execução se tem medios aos males que soffrião com maior prom-
dado a esta lei? Que numero de soldados tem ptidão e cuidado, mas até porque os hospitaes
sahido com baixa aqui e nas províncias ? Digo regimentaes tinhão um caracter de família, estandó
nas províncias, porque na Bahia em uma pro· o soldado debaixo das vistas do seu commandaute
clamação do commandante das armas, em que e officiaes respectivos, vendo-se uns aos outros,
trata a tropa de modo bastante acerbo, não se e tratando-se como irmãos, sendo isto até um
falla em âar baixas por cumprimento da lei, mas meio de augmentar a disciplina, a qual não
por motivo de insubordinação dos soldados. A' deixava relaxar por não sahir o soldado das
v~st~ do que não sei se forão expedidas ás pro·
rela~ões em que estava no corpo a que per-
baixas. Poderá responder-se a isto que a lei dev~ Emquanttl á importancia da despeza fez ver que
ser executada logo que a~pareça, ma_s ha ~a !e1 era igual á proposta pelos projectos ns. 90 &117,
um artigo um P<?Uco amb1g!lo que de_1xa arbitno, e que devia se_r adaptada, admittindo-se mais
e não óde or 1sso cum nr-se a le1 em ordem
do governo. E' este o unico meio de salvar o as razões dadas pêlo Sr. Rego Barros ' lhe pa-
Brazil da anarchia militar. Com soldados que recerião convincentes e indestructiveis.
atacão as leis, e que querem decidir da sorte do Que finalmente , não convinha dar de mais
estado não podemos caminhar. (Muitos apoia- para não haver _defiei'!_ no orçamento, e devia; li-
dos.) mitar-se a constderaçao ao que fosse essencial-
Quero lJOrtanto saber que numero de soldados mente indispensavel, contando já com a reducção
·têm sido demlttidos, e que execução consta haver- que tinha havido na tropa. E proseguio.
se dado nas províncias á lei e ás ordens que se
expedirão a tal respeito. Depois disto vem a pello tocar em uma questão
lembrada por um Sr. deputado. Não posso ex-
O Sn. MINISTRO respondeu que a lei fóra já exe- plicar-me pelas suas proprias, palavras; mas
cutada em parte no Rw de Janeiro, tendo o lo ba- creio que exprimirei as suas idéas.
talhão de caçadores apenas 81 soldados, o 3o ba-
talhão 72 soldados, o 5° batalhão 67, etc. ; estando Disse elle que a lei das baixas é uma lei de
a força reduzida a menos de um terço, que por salvação, se não foi assim o que formalmente
esta maneira se havia dado cumprimento ás proferia ao menos a sua idéa reduz-se a isto.
disposições do art. 3o da lei, o qual mandava Ora, isto é uma proposição tal que merece gr11nde
dar baixa áquella força, cuja falta não causasse exame : porque se ella é verdadeira, então deve-
detrimento. mos cuidar em que a lei seja posta !lm execução
Quanto ás províncias, informou que havia ex- o mais promptamente possível, e se não é ver-
adido as ordens necessarias as uaes estavão dadein . em to~a a .extensão, c~mvém que o
agora em caminho.
peia fórma em que o Sr. deputado opinou,
O Sa. REGo BAaaos disse que a commissão fi- e vá para fóra cuidar de dar as baixas. Cum-
zera o orçamento sobre uma b11se dada, a qual pre-me examinar até onde E>sta proposição é
vinha a ser a lei da fixação da força; que elle vet·dadeira e p.)de produzir bens ou males á
orador, hoie mais do que nunca estava persuadido nação.
de que o Brazil não carecia de 10,000 homens de A lei das baixas não é uma lei de salvação,
tropa, necessitando talvez uni.:amente de uma é uma lei de muita circumspecção. Se ha .lei
força ainda inferior a 6,000 homens. sobre cuja execução o ministro deve ter a maior
Emquanto á emenda que propunha uma con- . prudeucia, a maior cautela para não dar algum
signação para o hospital militar de Pernambuco, passo que possa parecer rapido e inconsiderado
declarou que a 'Commissão entendêra. que esta. é esta lei. Medite-se bem, senhores, que é tirar
quantia podia -sa} _deduzid_a do dinheiro qu~ ne- gente que está debaixo de certa disciplina,
cessariamente <leVIa sobeJar1 restlltaqte da r e- qualquer que seja, para a pOr de· todo o tmpe-
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SESSlO EM 14 DE SETEMBRO DE 1831 165


dimento, é tirar gente que tem que comer e os soldados, e mande já desmantelar e esquar-
certo modo de vida p:wa a pôr em circumstancias tejar o exercito: póde ser q11e assim vote, porém
de lhe faltar a subsistencia, é tirar gente de eu salvo a minha consciencia que se achava
uma certa classe em que ha subordin~ção , graya_da com as consequencias do pr_incipio e pro-
certo respeito ás leis, onde ha certa obedien- o que vimos ~qui. Na Báhia os soldados fizerão
cia para a pôr sem freio algum, não tendo uma desordem agora, porque não querião trazer
talvez esta . geu te ha_hilidade bastan ta para ver mai~ ~rava~as de !JOU_ro I

cer o dever que tem cada cid~dão de cumprir que póde constituir o homem incapaz de disci·
a lei. plina. Não se vê a levesa do soldado pela
Demais, é gente acostumada a servir· se d.e força, puerilidade da requisição que mostra que uma
e a raciocinar com logica de bronze. Ora, esta mão habil, um ofiicial experto seria capaz de os
gente que está acostumada a convencer-se por trazer á ordem, o de evitar esses desvarios; por-
meio da espada, deve tirar-se do grão de disci- que são só perfeitos desvarios os que têm acon-
plina em que se acha para a pôr fóra de nenhum tecido sem que os soldados tenhão a menor
grão de disciplina? Pôde-se contar com que <:lSta intenção de se tornarem guardas pretorianas,
gente venha a conduzir-se bem, e haja de me- ou esses janisaros que na Turquia destruião o
lhorar na sociedade pat·a dizer-se que as baixas governo e o imperador. Deve-se ir muito de
são meio de salvação publica? vagar, devia ter-se mesmo uma força já estabe-
Creio ue nin nem ne ará ue tal meio não lecida ara evitar ue se perturbe geralmente a
e e salvação, e que eve haver pelo contrario or em, e que estes mesmos so a os a quem se
a maior cautela e circumspecção possível na concede baixa não vão fazer mal. Isto não estã
execução da lei das baixas. Os soldados têm feito. As guardas nacionaes erão necessarias para
direito até certo ponto a uma subsistencia. este fim.
s so a os, passa a uma gran e cr1se nac10na , o os os rs. epu a os conv1erao em u e -
sempre se deslisárão um pouco relaxando-se ellas que devião substituir a falta de tropa
alguma cousa a disciplina a que estavão acos- permanente, que poderia provir do cumprimento
tumados e restrictos em tempos ordinarios. A da lei, emquanto ás baixas dos soldados que
ei · ·s ze i- cioo ,
chefes que até alli tinhão como dez ·de prudencia,
energia, actividade e espírito conciliador, capa-
cidade intellectual, tenhão como vinte para
manter a sua autoridade para com os soldados,
afim de ver se podem assim evitar os males
que ordinariamente seguem ás grandes revolu-
ções, quando mudão os governos ou a ordem
natural das cousas. As baixas não produzem estes
effeitos.
Se me dissessem que a administração devia
ter. cuidado de _pôr á testa dos corpos ho~ens

devia haver este cuidado desde o 1° · sargento até


o governador das armas, comprehendendo não só os
ofiiciaes superiores e subalternos, mas até os
ofliciaes inferiores. Supponhamm> que a tropa é
com effeito insubordinada, será por meio das
bailms qutJ se ha de fazer com que o e8tado não
seja perturbado por homens acostumados a ma-
nejar as armas, e já pela pratica a fazerem
requisições e a verem suRs requisições satisfeitas
ao menos em grande parte ? Não se tornaráõ
mais perigosos desarmados pela sociedade, onde
poderãõ fazer-se salteadores e talvez grandes
delinquentes, quando poderião ser reprimidos pela
disciplina, ou por outroR meios que estão á dis-
. ··posição dos commandantes dos corpos?
Demais, quando se propaga a idéa de que a
lei das baixas é uma lei de salvação, não quc•rerá
dizer·se com isto que a sociedade tem medo dessa
gente ate certo ponto e que não é possível ·
salvar a patria o não se dar a essa gente
_'1_,·•-•v U ' • ' • ,. • •-
plina e desencadeai-os de todo o laço e prisão a ponto de se tornar a primeira perturbadora
que póde conter o cidadão nos limites dos seus da sociedade, a unica causa capaz de pôr em
deveres. Não póde esta gente fazer-se mais duvida os gran.ies resultados do dia 7 de Abril?
orgulhosa e vir a ficar mais perigosa? Não seria Não. Nem isto vem da qualidade da tropa,
melhor espalhar antes a idéa que a camara teve depende desta idéa capital de quererem seus
muito em vista, quando esta lei de baixas aqui cornma ndantes em tempos extraordiuarios gover-
passou, satisfazer a contractos feitos expressa ou nar a tropa, como nos tempos ordinarios. Ha-
tacitamente com os soldados? vendo algum cuidado sobre isto grandes males
Se são de peso estas considerações a camara SEl evitaráõ.
decidirá, mas eu creio que o são, e que eu tinha Quero responder a uma objecl}ão q•1e talvez a
necessidade de me levantar para as fazer. Póde malignidade possa lembrar, e é'. 'que tomo sobre
ser que a camara as não ache solidas e queira mim fazer o elogio · da tropa,:·. porque quero ..
que o Sr. ministro passe já a dar baixa a todos ganhar-lhe a vontade ou parei:'êr•·seu tribnn 0
. ~
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166 S\1:SSÁO E!1 14 DE SETEMBRO DE 18!31


(apoiados), e que é isto o que me excita a.
obrar assim. (Apoiados.) Mas não, senhores,
não têm sido estes os meus principias enunciados
nest;j casa, nem tem sido esta a minha conducti\,
tenho cortado direito tenho criminado a ue
e cnmmoso , mas tanho.me declarado constante-
mente nesta casa contra insultos feitos á lei e
contra a couducta da tropa logo que me convenci
do seu crime; mas pela mesma razão não oderei
x e a ar a avor e so a os neste au·
gusto recinto quando se fazem accusações ás
massas; e declarar.me contra taes accusações as
quaes devem necessariamente abranger innocentes
e probos; por consequencia interpretem bem
minha opinião, e minhas palavras em occa-
siões desta ordem; e aquelles Srs. deputados
que têm indirectamente o prazer de insultarem a
um deputado com seus apoiados, fazendo crer
com elles q~e as cousas a que correspoudem e
a maneira por que ellas se dizem envolvem
c~lpa):>ilidade, permittão que lhes diga que tal

derei que não sejão tão indignamente calum- aqui ou ailí? Não sei usa~ destn tactica: haj~
niadores que queirão fazer perder a opinião massas ou não, tenho de dtzer a verdade, e he1
publica de um homem q11e desde a indepen- de dizel-a. (Apoiados.)
dencia tem sido on
brazileiro. e mostrou ou procurou mostrar que os soldados
o Sr. Cos-ta Fe:rrelra :-Peço a paJavra, sendo demittidos ião viver na sociedade e torna-
não para fazer o elogio á tropa, e ainda menos vão-se funestos, e affirmou que estes homens ra-
para a menoscabar. Todos conhecem que a trooa ciocinavão com logica de bronze. J?ois serão mais
brazileira é a melhor do mundo, e a que têm temíveis depois de desunidos do que estando . em
feito menos deBordens em crises compat·ada com massa com as armas na mão? Cuido que não. (Apoi-
outras tropas, tanto no antigo como em o novo ados.) Depois de dissolvidos são cidadãos, cada um
mundo. dos quaes vai procurar o seu modo de subsistencia.
Trata-se de saber se deve ou não d>u~se baix'l para a qual o Brazil apresenta mil meios, além de
ãs tropas. Sobre isto falla a lei ; quando h11 que muitos têm o.fficios e tornão a empregar.se nelles.
uma lei nli:o cur;upre ao mini~tro senão execu!al-a Não estamos como 1 na Europa onde falta. o pão,
ninda á ueHe ue uer trabalhar. Por ís o não e
consciencia, quer um deputudo falle pró, quer segue damno ao Brazil da dissolução da força
falle contra, porque a opinião de um deputado armll.da que der baixa, a qual unicamente podia
não é a opinião da camara. Tanto esta como a. seguir-se em um paíz onde os 1oldados se alistão
asse léa · · · · por não terem i\o ara comer ao mesmo tem o
est1.1 respeito, e só toca ao Sr. ministro execut>lr que nmguem se apresenta entre nós para soldado
a lei que dahi 1·esultou. Parece que sabre isto por esse motivo, e não encontramoa quasí nenhum
não deve haver questão, nem temos que gastar voluntt~rio, quando nos out.ros pai~es ha muitos e
tempo COD! isto. da classe dos fabricantes.
Di~se-se que nas províncias as tropas têm [eito Se as baixas fossem offerecidas lloje, os soldados
desordens. Na minha província, Sr. presidente, as quereriãa de bom gmdo e aceitarião anciasos
têm ellas estado boas e muito disciplinadas, porque estilo certos de encontrar melhores meios de
cumprindo exactamente as deveres de militares subsístencía.
honrados. Nas outras províncias têm apparecido Disse o Sr. deputado que não lhes demos liber-
desordens, mas não sei a que se devão attribuir. dade e que o unica remedio era a mudança ·de
Se as tropas estão indisciplinadas é natural que officiaes ; pois será um crime, Sr. presidente, dar a
~e lh~s ~ê ba.ix.a, não. só. por isso, mas porque liberdade a estes homens 1 Ou estão alies em
a de JUStiça mudar os wd1viduos de que se com- prisão e oppressão, que seja. preciso irmos nós.
paem os corpos, para que não aconteça o mesmo dar-lhes Iíl:lerdade ? Mas elles existem com tal
que no Maranhão, onde ha indivíduos com mais ou qual disciplina, disse o Sr. deputado e depois
de oit<? annos. de serviços que querem debalde não terão disciplina alguma. Depois, Sr. presi-
dar baixa. Creio que não póde haver maior deS"- denta, terão a disciplina da necessidade, irão
ordem. Demais, dadas as baixas como elles ftcão recorrer a este ou áquelle meio de vida para sub·
!solados, todos se contém ao mesmo tempo, que sistir ; e tornar-se-hão cidadãos uteis como muitos
JUntos P?dem fazer mal. deites que. já. tive!ão baixa. Assim com_o est~o
• que popular 011 qualquer outra. (Muitos apoiados.) '
propunha que se distribuíssem pelos lavrador&s
os cavallos e g~do vaccum pertencentes á fazenda O Sr. "deputado se offandeu de alguns apoiados
n!lcional e eXIstentes no Rio Grande do Sul, que se lhe darão. Não louvo os Srs. deputados
v1sto que a nação não estava em circumstaHcias que tal fi.zerão, mas tem·se introduzido a este res-
de fazer esmolas,; e cumpria que estes animaes peito um abuso muito grande. Tem-se dado muitos
se vendessem, revertendo o seu praducto a favor apoiados malignos e ironicos e entretando ninguem
d~ faz~~da na~ional , porquanto os lavradores se tem mostrada offendido coma o Sr. deputado.
nao .tenao duv1da em os comprar quando lhes Ha porém pessoas que têm uma disposição tão
conv1esse. delieada, tão melindrosa e ao mesmo tempo tão
irascivel que não estão affeitoi:l aos menores motejos,
O Sa. FEB~Enu. DA. VEIGA. depois de declarar os quaes reputão injurias. O Sr.deputado está nesta
que procuraria responder o mais resumidamente caso, punge·se da mais pequena allusão.Entretanto
possivel, çonti!luou ; entendo que a expreesão « indi~namente cal um-
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:10 - Página 5 de 5

SESSÃO El\1 14 DE SETEMBRO DE 1831 167


niador » de que o Sr. deputado usou contra os guardai-os, distribuindo-os em divisões e subdi-
seus col!egas não devia ser permittida neste augusto visões. ·
recinto. (Muitos apoiados.) O Sr. deputado devia o Sr. Ferreira de Mello: -Sr. presi-
ser chamado á ordem. Indignamente ca~umniador dente tendo de inter ór o meu voto ácerca de te
expressões terião outra ' resposta. negocio, devo dizer o meu modo de pensar.
E~tou persuadido, Sr. presidente, que o orça-
O Sa. REZENDE fez ver a differença que havia mento da repartição da guerra que estamos dis-
entre um soldado isobdo ou acompanhado de cutindo nã() tem base sobre ue possa fundamen-
ou ros; represen an o como era con ec1 o a o os a e ser e1 o, por ass1m tzer, a esmo,
os que tinhão pratica de semelhantes cousas, que pois que tendo passado a lei que manda dar
os soldados dispersos pouco se fazião temer, mas baixa áquelles s0ldados que tiverem completado
que reunidos e servindo-se do uso que tinbão de o seu tempo, não se póde por ora saber, nem o
manejar as armas, podião ser muito perigosos, pelo Sr. ministro deu ainda informações á camara
que· era de absoluta necessidade que o governo ácerca do nuuturo a que ha de ficar reduzida a
puzesse em pratica a lei das baixas pelo que tropa. Poderá talvez reduzir-se a 4 ou 5,000 ho-
respeitava á província de Pernambuco. mens e então o orçamento não corresponde á
Declarou que nem atacava nem defendia as força que deve ficar existindo.
massas, e que não tinha por costume adular, mas Na lei da fixação da força passou um artigo
sim dizer sempre a verdade, e por isso affirmava que mandava que o recrutamento cessasse desde
q.ue ~ ;ma p~ovincia. e as mil;iS províncias do Brazil já, e pelas opiniões que tenho ouvido a muit~s

.
pelos motivos' que apresentaria. sem bases e ás cegas, e talvez que não fosse
Que havendo a nação despendido muito na absurdo não se orçar quantia alguma para esta
acquisição de 20,000 e tantos animaes cavallares, repartição até a sessão seguinte; porque o or-
além de alguns que morrerão ou se perderão, não çamento que {Jfa estamos fazendo é para o anno
podia hoje contar com mais de 10 a 12,000, dos quaes financeiro de 1832 a 1833 e nós temos quantia
apenas 5 ou 6,000 se achariãu guardados e os mais orçada até o fim de Junho de 1832; e para o
todos andavão espalhados pelas immensas cam- anno que vem, o Sr. ministro poderá apresentar
pinas da província e por innumeraveis fazendas; á camara informação exacta do estado da força
que na occasião em que fóru presidente da existente e da quantia que a camara podia então
província tinha procurado meios de remediar este orçat• para ella; e conseguintemente julgava util
prejuízo da fazenda nacional, indagando o que adiar se para então este orçamento da guerra;
b i . - poi~ S. Ex:. não ficava sem meios para continuar
gente que tinha indicado ao governo a lembraw;a as espezas a e n re an u nac me a revo
de se distribuírem os cavallos pelos fazendeiros a pedir o adiamento e sómente apresento estas
com obrigação de os restituírem quando fossem reflexões que a camara acolherá como julgar
recisos · e tendo elle orador examin::~do se esta conveniente, e que poderá desprezar se não tive-
medida causaria prejuízo ou lucro á fazenda n!l-
cional tinha assentado que era muito vantajosa á Agora, Sr. presidente, sou forçado a declarar
fazenda, pois os cavallos, dos quaes muitos erão qu~ fui eu um doi:! membros destt\ casa que dei
velhos e maltratados, podião render naquella pro· apoiados. Talvez os meus apoiados não fossem
vincia talvez 4 ou 5 patacos cada um ; entretanto prudentes, mas não sei que direi to tinha o Sr.
que seria muito diffir:il saber em que fazendas deputado que me arguio para chamar-me indigna-
existia a maior parte desses cavallos, an mesmo mente calumumdur, e aos mnls senhores que
tempo que pelo methodo apontado seria fncil que dr1·ão apoiados, e de usar de outras oxpreasões
os, fazendeiros declarassem a vet·dade, ficando que a boa educação não admitte, o que não são
oQ.rigados a pagar á nação ou restituir-lhe os dignas do augtAsto recinto da representação na-
·. cavallos de que carecer em caso do necessidade, o cional.
- ·..<rne alliviaria a nação de grandes gastos; entre- Eu espero que meus illustres collegas, quando
tanto que se fossem vendidos nada renderião, não algum Sr. deputado se exceder o corrljão, dan-
· só pelo diminuto preço que se obteria, mas até do-lhe exemplos de moderação e civilidade, e·
, 1>orque não appareceria nem metade delles. não usem de expressões tão pouco dignas, como
· Concluio que se acharia talvez difficulade em esti\S que acabamos ha pouco de ouvir, e que
encontrar tantos lavradores que quizessem ficar se applicão a alguns companheiros, talvez porque
com 'estes animaes, mas talvez alguns ficassem não subscrevem á palavra do mestre, porque não
com 2 ou 3,000, e quando não se achasse quem os concordão com as opiniões de algum senhor ou
quizesse então seria conveniente vendei-os. de ~lguns._ Eu te!lho ouyido dar muitos apoiad~s
animaes de.vião ser guardados por conta da fa- ser o Sr. deputado, e por uma semtllhante ' ma-
zenda nacional. neira I ..•
O Sa. ALMEIDA ToRRES mostrou que era impossí- Fique o Sr. deputado certo que não é por
vel guardar 20,000 cavallos, para os quaes não medo, nem por falta de coragem e sentimentos
havia cavallariças e cuja gua1·da exigia para isso que se lhe não responde, como podem ser res-
grande numero de peões e de outros indivíduos, pondidos os grosseiros insultos que elle por
na boa fe dos quael! o governo era obrigado a vezes lança contra os seus collegas : é sim pelo
respeito que todos os deputados devem guardar
confiar-se ; e neste caso era melhor que os ca- dentro do augusto recinto da representação na-
vallos se vendessem em basta publica. cional. E' preciso que o Sr. deputado nos dê
O Sa. CosTA FRRREIRA. respondeu que havia lições de civilidade, por isso mesmo que por tantas
proprietarios que tinhão este numero de animaes e vezes tem feito e.le:rd.e de seus c.onhecimentos, e
entretanto não achavão tamanha difllculdade em que não trate de calumnie.dores aos s.eus colltlgas.
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168 SESSÃO EM 15 OE SETR~IBRO DE 1831


O Sn. MoNTEZ1JMA disse que era obrigado a res- pretou o apoiado que ouvia, como em confirmação
ponder a alguns pontos dos discursos que se ba· âe que com effeito se fazia deU e este juizo. :
vião proferido em opposição ao seu, e pata se Fez mais algumas reflexões a este respeito,
salvar de uma_ argu\ção de in~iscr:eto que se lhe c<;n~cltün.do que era muito injusto _o procurar
f '
no que nã:o fôra elle o culpado, mas outrol'! se· á su.1 vida politica, quando ella estava persuadido'
nhores deputados. que desde que apparecêra na vida publica não
p~aticára. ~cto que o pudesse injur!ar, tendo ao ~~s
Declarou que fôra mal entendido, pois não havia
• . • - • I • •

que a respeito do outro ponto acontecêra o m'es-


mo, talvez porque elle se expt·imisse mal; porém
que a sua intenção era dizer, que havia razão
para presumir que a bai:lca dada aos soldados não
faria bem á tranquillidade publica, porque os
individuas sahidos do exercito erão gente acostu-
mada a ser dirigida pala espada, e por isso devia
ter mais energia para levar ao cabo seus inten·
tos. Que um Sr. deputado havia dito que uão se
restabeleceria a paz nas províncias do imperio sem
que Sfl puzesse em execução as baixas, as quaes
ortanto devião ser d as · epo1s e um c.urto de ate cerrou-se a d1scussao,
ele orador respo<ldêra, que a tranquillidade pu· e foi approvado o orçamento com algumas
blica não se restabeleceria nas províncias sem emendas.
que o Sr. ministro da guerra tivesse cuidado em Levantou-se a sessão ás 3 horas.
nomear o:ffi.ciaes di nos ossuidos de um es irito
conc1 1a or, reunindo a estas qualidades o amot·
da disciplina para poder salvar o exercito da
indisciplina em que se achava e manter o socego
como acontecêra em Portugal por occasião do rin-
· g err penmsu ar, sen o o exercito a-
quelle reino em breve tempo disciplinado pelos PRESlDENClA. DO SR. ALENCAR
esforços e habilidade de Berasford e dos habeis
offi.ciaes por elle postos á testa da mesma tropa, Approvada a acta deu conta o Sr- 1° secretario
principiando pelo alferes e acabando no official de do expediente que constou de 2 o:fficios do secre-
patente superior, porquanto um official podia ser tario do senado.
bom e integro e apesar disso incapaz de comman- 1.• Remettendo duaa resoluções do senado: uma
. dar em tempos extraordinarios ; exigindo-se por· para augmento de ordenados de differentes pro-
tanto nos chefes tacto tal que descubrão nos indi- fessores da cidade da Bahia, e outra providen-
, ·viduos á primeira intuição as qualidades que ciando sobre a execnção das posturas munici·
devem ter para satisfazer a esta :necessidade. paes.
Declarou que se sentava hoje defronte do Sr. 2.• Enviando as emendas do senado á ro osta
· · · , as no empo a o governo qu~ foi desta para aquella camara,
constituinte occupára o lado, do qual se disse que consignando 8:000$ mensaes para concerto dfls
Yinhão os discursos que cau~:n\rão a suo. dissolução, murnlhns e o:fficlnns do arseual do exercito.
e !10 caso da s.e lhes attribuir parte 11este facto Apoiada e vencida a ur encia entrárão em dis·
• n ssao os as emen ns e orao approva as e remet-
merecia, e que por modos tia não acoitava, podondo tidas á com missão de redacção.
apenas affirmar que tendo menos iàado ora mala A commissão de orçamento apresentou redigido
'Vehemente ; mas que ninguem provaria com pnm a• díscussiio o orçamento na parte cortes-
factos que elle orador tinha vendido a sun con· pondilnte á repartição do imperio e dos negocias
sciencia, ou não fõra independente, sympathlannuu osll·nngoiros.- Forão a imprimir com urgencia.
sempre com os Srs. Andradns ; o quo, a sor dofoito, JCnlrou om 2a discussão 0 orçamento dos. negocias
provinha do coração . da justiça, depois de entrar e tomar assento o
Apontou que o Sr. Rezende fórn: sempre um minist1·o respectivo.
dos que argumentára contra n logalidndo do de- O SR. MoNTRZUMA pedia que o informassem):~~ ..
- ereto da dissolução, achando até que (lrn a maior havia ua. casa uma proposta do conselho_ da _
offensa que se podia fazer á soberani~ rwclonnl, província de Minas sobro augmGnto da coqgrua·- ·.
o que pareceria não ser muito cohorent~ com as âos conegos. • ·ê~~ii;;;_t
observações que hoje havía enunciado. Notou de Respondeu.se-lhe que existia na commissã~-·1,
pouco exacto o dizer-se que elle queria que se uma proposta do conselho geral da provincia~_de~~~ :.
subscrevesse á palavra do mestre, pois o cuidado Minas para que fosse elevada a congrua a 400 e .·.·.
que tinha em responder a todos os argumentos a 500S ; e isto em consequencia da representação
que se offerecião, e a attençiio que lhes prestava dos conegos respectivos.. . • ·
provavão ass"az o respeito que tinha acs Srs.
deputados que combatião, não dando apoiado que O S/l. MaNTEZUMA. continuou: que em conse-
udesse inter retar-se m · · · · ueucia do ue tinha ouvid di ·
energico do que devia ser, ou do que era talvez emenda afim de não exceder ao que propunha
necessario para repellir a o:ffensa, pedia licença o conselho geral de Minas, e para requerer que
para dizer que era defeito que não podia ser a dita proposta fosse tomada em consideração.
censurado ate o ponto de imputar-se·ll:ie descor- Ajuutou varias reftexões sobre o depreciame:nto
tesia, nem tal energia podia ser considerado da moeda em algumas províncias que produzia
como offensa em razão de não ter sido ene o sensível diminuição naa congruas, pois na Bahia
}lrirneiro, porque fôra atacado a respeito de causas um conego pagando-se-lhe em papel, vinha a
em que todo o mundo devia ser melindroso. ter menos 8DD!i ; assim como sobre a necessidade
Que não havia sido esta a primeira vez em que de prover de meios de subsistencia áquelles qua
se mQslrát!)o desejos de o offender ; pois em outras se alimentavão unicamente com as suas congruas,
occasiões se havião dado apoiados desta ordem e que não tinhão o chamado pé de altar.
como na occasião em que elle tinha dito que talvez Foi apoiada n emenda..
se julgasse qué alie era ambicioso, na qual inter- o Sr. ~Ionte:>:u:Ql.a: -Muito folgo de ver que
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SESSÃO El\1 15 DE SETEMBRO DE 1831 1(}9


a: camara se acha bem disposta a favor de cidadãos fossem para os sertões cumprir seus offi.cios
.'·tão·. conSJ>icuos e uteis como cs que formão o religiosos, e por isso rogava a S. Ex. em nome
.., plero.. do Brazil ; o que infiro de ver que a minha da moral e da tranquillidade da nação brazileira,
emenda foi apoiada por quasi todos os Srs. que o Sr. ministro tive•se sol.Jre este ponto o
deputados. maior zelo, fazendo com que os padres se diri-
. Em minha opinião é de. absoluta . . necessidade
. ·- gissem para os lugares em que erão necessarios ;
en o por m que e a e se appA ana
do estado. Logo que ficou consagrada uma religião para a religião dos padres, a não haver meios
dominante pela constituição, ê indispensavel que que lhes dar para sua subsistencia.
sel!-s ministros ten!J.ão cousider~ção .e sejão re~- Notou igualmente que era necessario que os
- ns· n r mora
que não vivão na miseria, que não mQrriio de nos domingos aos seus freguezes pobres que não
fome, que não sejão arrastados por acções indignas tinhão tempo nem meios para a estudar ; assim
de seu ministerio ; o que acontece não só no como se fazia na Inglaterra, onde ninguem era
Brazil, mas em outros paizes em que tenho estado. confirmado sem examinar·se em doutrina e na
Em França e Inglat.erra tenho visto padres religião que queria seguir : que no Brazil muita
criminosos de firmas e letras falsas, etc. gente em toda a sua vida nunca declarou qu·erer
Na França tambem h a padres pobres, mas no por seu livre arbítrio: e consentimento seguir o
Brazil são pobres e miseraveis quasi todos, como credo christão e continuar na religião que rece-
poderáõ ter observado todos os brazileiros que têm berão : o que fazião só os que ião casar.se, ao
viajado pelo Brazil, e que os têm encontrado por mesmo tempo que era de absoluta ne.cessidade
toda a parte nas cidades, villas e povoações do in- que qualqu&r homem dissesse se queria a religião
terior. Per unto eu: não convém fazer ue este mal ue lh - ·
esappareça em uma nação christã que niio se nascido, quando não era possível que soubesse
acha na barbaridade, e quer passar por civili· do que se tratava, sendo a confirmação o unico
sada? E' verdade que não temos muitos meios, sacramento pelo qual o homem declarava abraçar
não estamos em estado da B>ugmentar des ezas a reli ião de seus ais · e ·
en as as Circums an01as po 1 Icas.; a nação ; os parochos tratassem de instruir todos os seus
mas devemos fazer alguma cousa. freguezes para o receberem, e que fossem vigi-
Pedio ao Sr. ministro que apresentasse um lantes nisso : que elle orador julgava que os
plano geral de instrucçào do clero, por estar canones recommendavão isto mesmo e fixavão a
· i o e esen vo ver 1 a e parf1 a con rmação, a qual na lnglflterra
e aproveitar os talentos do clero era a instituição se fazia entre os 14 e 16 anuos, mas não antes
de semin11rios onde se lhes ensinasse a mora;. de 14, porque nesta idade não se suppunha que
theologia, etc. o homem tivesse bastante conhecimento de causa
Observou além disto, que era necessario esta- para declarar·se.
belecer que os beneficios do Brazil fossem pro- Propolr. o augmento de congrua dos coadjutores
vidos em concurso, precedendo exame dos eccle- de 25 a 50SOOO. .
siasticos, o que dava o melhor resultado :I:"Ossível, Passou depois a fallar sobre a magistratura,
porque obrigava os clerigos a instruir-se conti- não lhe pat·ecendo necessario trazer razões para
nuamente em tudo quanto era necessario para mostrar que era um dos primeiros esteios e
desempenhar seu ministerio, de m<weira que apoio da liberdade individual, e que a sua inde
alé~ de .s~r. esta a pr~tica .seguida em todas as pendencia era uma das melhores garantias que
• • 1 socie-
publicos de todas as classes, tinha mais especial dade civilisada, pois geralmente se mostrava
applicação ao clero, por motivo de melhor conceito que esta independencifl nuo podia oxisLir som
em que ficava tido o parocho quando obtinha quH a . constituição ti. vesse
. o sen
. devido !mdu.-
i . -
em concurso, sem auxilio de pat.ronato. aos juizes a mai~r indepondenciu quo fosso COIIl·
Apresentou como importante outra consideração pntivel com as leis actunes, vislo quo fnllav!'i.o
que davião ter em vitita quanto fosse possi vel, ainda muitas leis rogulamenbu·es a os to rospoiLo,
os arcebispos e bispos para cumprit'etn os canones pflra dar pleno cumpriii!Cl!to á conatituiçtio : quo
que determinavão não ordenar-se de presbytero o sou Hm ora pois lombrnr quo osl!\ indopcn-
ninguem que não seja de necessidade cura de doncia i.lovi~ estender ·BC. ji\ om um ponto nos
~1ilmas, porquanto desde qne os padres uuo j•Ji~es do direito, quo orão a'1uollos do quo ft\llnvu.
forem superabundante~ mns só os necossarios a constituiçito, d~ndu·so·lhoH n inamuvibilltl11t.lo
e habilitados para curas da nlnllls, desde qut1 dos seu~ lugares ; porrtuanto do niio poder-ao fi\ZOL'
•,tiverem de entrar logo em exercício haverá tudo ao mesmo temp•>, nilo so sogn1a justam11nto
, mais cuidado sobre a escolha dos que devE1m quu não HO fosse já princlpiandv por nlguma
'-Bel' sacerdotes ; o principio da vocução terá providencia no sentido da constitniç1io, ntim do
mais lugar, encontrar-se· ha mais npplicação pouco a pouco !:!e lhe dar desenvolvimento, quanto
e desenvolvimento, e não fará do estado eccle- mais quo as reform:1s judiciarias erão sempre
siastico simplesmente um genero de vida : além perigosas qu mdo se fazião de subito e radical-
de que eyitar-se·hão os males da ociosidade e da mente : opinião em que elle orador seguia o.
indigencia, visto que o padre passando a cura grande autoridade de lord Brougham, o qual
de almas terá logo occupação e subsistencia. chegava a sustentar que nunca podia reformar-se
Por falta de um recurso semelhante não se tem em tudo e por tudo a magistratura, e que era
tirado .<!_o clero, em Ir.glaterra ~s vantagens que melhor soffrer alguns inconvenientes ue não
po i o ser e o o reme Ia os, o que expór-se
as despezas o din'heiro que ganhavão os parochos aos prejuízos que havião de seguir-se de uma
em consequencia da carestia· do paiz. reforma geral. ·
Que por iguaes motivos não gozava o clero da Declarou ter ouvido que forão suspensos alguns
consideração do Brazil que devia ter, pois oca- juizes de direito, e se assim era, S. Ex., que
pellão de uma fazenda era antes tratado como devia saber as razões disso, as diria se quizesse,
um feitor do que como padre e ministro de devendo porém ter em vista que convinha· ·ir
De os. pondo a constituição em pratit~a nflquillo que
Disse mais que lhe constava que os arcebispos era possível : que seria bom que a nação tivesse
e bispos não tinhão o cuidado necessario, nem o julgamento pelo juizo dos jurados em todos os
empregavão toda a cautela possível para que os casos, assim como acontecia Í1aquel1os da liber·
padres que andavão desoccupados nas capitaes dade da imprens<l ; mas que não era possível
'l'OWJ 2 2~
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no SESSÃO EM 15 DE SETEMBRO DE 1831


fazer tudo em um dia, convindo antes ir de A respeito da policia referio · ter ouvido ·que
-vagar, pois ainda que a nação clamava contra os Srs. deputados havião votado uma ou .duas.
a magistratura, não podia de repente gozar de vezes pela extincção da inten~e.ncia ge~(ll d~i:.
todos os beneficios dos .i urados que precisavãC' policia, e suppunba que o Sr. m1mstro sustentára '
pôr·se de acco~do com os nossos costumes em· estas idéas ; . á vista do que e . da nov'l
. é ocae
E' certo que apezar de não haverem jurados Abril, o qual devia produzir os bens que todos
na Austria, ninguem lá se queixava da magis· deseja vão; esperava que S. Ex. lhe dissesse se
~rat';lra, pórque. não havia_ ~stado em que a tinha em vista a extincção da pol~cia, ou se
vinha da ntoralisação, probidade e inteireza dos jecto que lá se achava a este respeito.
magistrados. Lembrou que já pedira ao Sr. ministro da
T.;embrou tambem que tendo a Inglaterra fazenda esclarecimentos sobre a veracidade do
jurados, não os havifl ainda na "Escocia, tra· boato que corrêra de haver policia secreta, mas
tando-se agora de os estabelecer, para o que se repetia a pergunta por achar que tinha ganho
fizera a proposta de os tirar de entre os advo· maior consistencia o dito boato, e julgava a
gados da Inglaterra, em razão de estarem mais proposito citar por prevenção os factos contados
aptos pelo conhecimento que tinhão do processo por Bourienne na sua hiatoria em 10 volumes,
dos jurados naquelle paiz, para irem fazer a a respeito da policia secreta de Napoleão, quo
experiencia de o pôr em pratica e desempenhar .Q1ostravão bem o que e\la era, e a nenhuma
na Escocia, e que este exemplo mostrava bem utilidade que produzío em Fraw;a, apezaJ" de
a necessidade de irmos de va ar sem ficarmos ser a melhor de . uantas s ti ã ·
c tn u o es acwnanos, porque uma nação em tal os quaes factos comtudo não tinba tempo de
estado se faz retrograda. referir, e limitava-se por fim a dizer que no
Manifestou desejo de que o Sr. rninistro não fim de alguns mezes a policia se tinha de h!
se intromettesse com os processos e pedio que modo a oderado do es irito do con uistador d
· wo 1zer as pa avras uropa, que na a obrava sem ter lido primeiro
de uma portaria em que determinava aos juizes os relatorios da policia, socegando só então da
que não procedessem sem Jar parte ao governo, inquietação que o incommodava; de tal sorte
o que tinha escandalisado a alg(tem, e principal- que Fouché, ·ministro da policia, tinha ganho
. . . . . . i . o re e e ao gran e pre om1n1o que o zera
Mostrou igualmente desejo de ou vir algumas acreditar em bruxas ; e tendo Napoleão despedido
informações sobre os presos dos dias 14 e 15 de Fouché, este fizem tantas revoluções, creára
Julho, pelos quaes se interessava em razão de tantas conspirações por meio dos propl'ios es-
serem cinadãos e de muitos delles terem prestado piões da pvlicia para o incommodar, que Bona·
serviços no grande dia, em que elle orador não parte se vira- obrigado a reintegral-o, dizendo· lhe
tivera a gloria de tomar parte, e por isso os o dito Fouché depois: rc Então, sou util ou não ? ''
não conhecia, fazendo esta pergunta por curio- Accrescentou que temia não acontecesse o
sidade e por. necessidade de saber. mesmo no Brazil, se tal instituição tivesse lugar
Emquanto a cadêas, disse que não pretendia e que a policia secreta viesse a decidir de tudo,
entrar agora no desenvolvimento de tal materia, porque era o interesse dos espiões da policia
P?iS s~ re!ilervava para quando _entras~e em
d1scussao uma l" •
na camara, mas queria aómente lembrar a ne·
cessidade de terem um capellão de facto, assim
.
tornarem-se ~ece~aarios e fing~rem para i8HO
.
e mais certo que a verdadeira policia era a li·
berdade da imprensa bem desenvolvida e pra·
como o tinhão de direito, pois o celebre Mr. Lew.is ticamento arranJada.
ue tinha a licado 1raticament os · õ s so re a
cipws. as casas de correcção nos Estados-Unidos necessidade de tomar medidas contra o contra-
e que ainda hoje era intendente de uma casa bando dos escravos que eriio introduzidos COIIIO
de correcção, dizia que não se podia conseguir livres e depois eriio vendidos, o declarou quo n
oa fructos que por toda a nação civitisada espe· extensão dos discttraos feitos na cnmara havia
rava das cadêas, se não existisse um capetlão sido cansa de ni"io se tratar deKte importnntisslmo
permanente interessado no desenvolvimento da objecto, extensão que não causava espAnto, por-
moral dos presos, o que não se podia obtor por quo sendo a camara americana, necessariumonte
meio de um capellão que ia Já estar alguns devia participnr da doença dos amel'icanos do '
minutos para dizer missa; porém só por meio norte, que eriio aind1\ muito mais extensos nos
de um homem que vâ explicar doutrina, que no seus discursos. ·~
domingo não se contente com a missa mas lêa
a bíblia. O Sr. CaeTano de Alznetda:- Sr: pre: '·' .
Lamentou que houvesse tão poucas bíblias no sidente, pedi a palavra para offerecer uma emenda.
Brazil, e que ao menos não se explicasse nas Julgo que não ha dínheiro para augmentar des-
escolas, porque nas cadêas não se admirava que pezas, mas como o orçamento é feito na hypotheae
ninguem fallasse em biblia. Referio que não ae o hav:er, oft'ere~o uma emenda geral para
ouvira, emquanto esteve· em Londres, dançar, prisões.
tocar ou cantar nos domingos, mas vira oa pais O orçamento do mínisterio da justíça do anno
de familia explicandQ a biblia a seus filhos, e não passado dava 90:0008 para prisões, e 25 contos
qu~rendo ell.? orador dizer causa ~l~uma em. u_anto para sustento dos presos; e eu quero apresentar
: a m e
aasentava comtudo que o governo devia fazer este• serem applicados pelo governo em todo o impe·
melhoramento a respeito dos capellães. rio, na construcção de edifícios para prisão com
:Requereu mais que o informassem das provi· trabalhos, etc. (Leu a emenda.) Julgo que esta
· dencias que lie haviào tomado ácerca. do alimento quantia posta na mão do governo para elle
dos presus,. os quaes, segundo lhe constava, não applicar segundo a precisão de cada província,
er~o tratados como cumpria ; e por isso era produzirá mais interessante resultado do que
necessario fixar quantia sufficiente para isto, o fazendo nós a applicação como fizemos no orça·
que não empobreceria a nação nem a obrigaria mento passado, porque ba algumas prisões prin·
a .fazer banca-rota, reconhecendo elle orador que cipiadas e que se podem acabar com qualquer
a camara não teria nisto a menor duvida, pois adjuctorio ; e ha em outros lugares as mesmns
era possuída doii'' sentimentos os mats philan· prisões antigas que podem ser concertadas a
tropícos. preparadas com pequeno díspendio.
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SESSÃO E~l 15 DE SETEJ}JBRO DE 18:31 171


Quanto aos 25:000H para sustento dos presos, ' necessidade de assalariar os juizes de paz, que
creio que esta quantia chega e que foi a mesma era melhor acabar com e1les, em razão de que
fixada no orçamento preterito. E aproveitando não poderiãú então produzir os bons effeitos que
esta occasião pedirei á camara que não inter· se tiverão em vista na creação de taes lugares .
.,, reta mal os . . . . J • em que era necessano ar m eiro
mente assim peço a alguns Srs. de.putados. Eu para alimento dos presos na importancia de fiO,
quando dou apoiados, é com sinceridade, é sem· tiO ou IOO:OOOS, estando prompto a votar por
pre apoiando o que dizem os Srs. deputados, e uma capitação, no caso d6 não haver com que
nunca or ironia. · , e presos não po 1ao
uaHdo ha dous ou tres dias apoiei o dis- ser reduzidos a morrer de fome, e só de pen-
curso do Sr. Montezuma, foi em referencia a ~al-o se horrorisava.
algumas causas em que elle fallou, exprimindo Lembrou que seria. muito util estabelecer a
eu por esta maneira os sentimentos do meu este respeito sociedades protectorns das cadêas,
coração. O Sr. Montezuma disse que se espalhava como se fazia na Europa, e de uma das quaes
no publico a idéa de que elle era ambidoso, e eu na França fôra membro o proprio hQrdeiro da
apoie~ esta sua asserção porque realmente assim -corôu, concorrendo por isso muita gente para
se dlz e estou persuadido disso pela minha fim tão philantropico ; e que devia lançar-se
part~, pedindo licença. ao nobre deputado p~ra mão de taes meios quando a nação não tinha
servir-me a este respe1to das proprias expressoes com que preencher deveres tão sagrados, porque
d? que elle usou em outra occasião, quem se era preciso que os presos tivessem ao menos
ptca:, alhos come. um cal · - ·
R. MINISTRO concordou· em que a sorte dos libra de carne por dia como tinhão na America
presos era desgraçada, e convinha applicar meios Ingleza, fóra o mais.
para a remediar. um dos quaes seria dar maior Accrescentou que conviria tirar á misericordia
ordenado ao solicitador ar ·· ai uma re ta ào ·
m JS so ura delle~; pois era muito insuffi.ciente concorrer com o alimento que foruecia aos pre·
o ordenado quE< tinha de 80hOOO. zos, afim de se lhe dar melhor applicação.
. _Quanto. ~o sustento, declarou que todos os dias Pedia que se publicassem balancetes mensaes
1ao caldenoes da casa da misericordia ue l das despezas ue se fizessern om os r
a u os era o ngada a dar de comer aos para que a nação soub.ssse qual era a applicação
p!:_esos, mas e~a tão pouco o que mandava que do dinheiro que fosse votador para este fim.
nao era suffic1ente a maior parte das vezes, e Não julgou necessario o augmento de ordenado
era. algumas vezes tão salgado e outras tão mal do solicitador, por estar providencia do no codigo
cosido e temperado que se lançava á praia por do processo o modo ds dar expediente a todas
não se poder comer; que era portanto necessaria as causas crimtls. Entendeu que devia au gmentar-se
uma providencia sobre este ponto, que come- o ordenado dos magistrados, o que era tanto
çasse fi ter execução desde já. mais f;lcil, quanto as reducções que fazia o codigo
Ponderou mais que os officiaes de justiça não do processo a respeito do numero dos ministros,
ti_!lhão rendimento bastante para viver, e que submin istrava meios para isso.
nao podião por isso fazer a sua obrigação e que Concluio de não se ter opposto o St·. ministro
era Jgualmente necessario dar remedio a isto ao augmento das congruas que convinha n.ella
~ m meiOs · · · ·ç- sem.nanos, quer
de subsistencia e poderem então empregar-se fosse subscripções, quer por outro meio.
homens bons e capazes de cumprir bem os Notou que S. Ex. não se lembrára de responder
respecti~os. . . ácerca dos prezos de 14 e 15 de Julho, da in eren·
ci o po er JU rcrarw, e u Imamente sobre o
reduzida hoje a passar pnss~portes e a mandar facto de não terem os juizes de direito aquella
prender alguns negros fugidos que esttlvão uos independencifl e ínamovibilidade de que devião
quilombos, para o que cumpria que houvessem gozar na fórma da constituição, segundo elle
pedestres, porque os soldados não erão proprios orador entendia.
para este serviço, dl3vendo portanto ser fixada Declarou não ter dito causa alguma sobre
uma quantia para pagamento dos ditos pedesLres, uma emendil que propunha a extincção da ca-
os qu~es tt·atarião da apprehensão dos negros e pella imperial, esperando que S. Ex. informasse
obstanão a que os habitantes não fossem ata· a este respeito, pelo desejo que tinha de confor-
cados pelos pretos fugidos e salteadores. mar-se com as idéas pratir.as da administração
Lembrou tambem a necessidade de determinar actual.
alguma gratificação para a guarda nacional,
porq~anto na lei respectiva se determinflva que O SR. Ltrrz CAVALCANTI declarou que tinha espe·
·os fardamentos fossem á custa da nação. xado pela resposta do Sr. ministro a varios
-observou finalmente que era necessario fixar quesitos que se lhe fizerão, e principalmente
!llguma observação para os juizes de paz, prin· sobre um facto de que na sua opinião podião
clpalmente das grandes capitaes; pois o o nus resultar maiores consequencias do que se pensava;
que sobre elles carregava era tal que não lhes sendo este facto a prisão dA certos indivíduos,
permittia cuidarem dos meios de sua subsistencia, por occasião dos acontecimentos de 14 e 15 de
ficando os juizes de paz ainda mais sobrecarre· Julho ; e desejava elle orador que nn sua resposta
gados pelo codigo do rocesso ue havia assado S. Ex. dissesse, no caso de o saber como e
a. provava , qua era o corpo de delicto, e qual o
objecto da devassa ; porque a ser de sedição,
O SR. MoNTEZUMA. disse que o Sr. ministro não queria saber em que se tinha feito consistir esta
havia dado informação ácerca da policia se devia sedição; pois tinha ouvido dizer que o corpo de
subsistir na fôrma em que estava montado, ou deiicto fôra o assignado, pedindo a deportação
passar por alguma reforma, ou :finalmeute extin· de c-ertos individuas, quando era conhecido, que
guir·se de todo: que ã vista do que S. Ex. uma petição não podia ser uma sedição que
dissera, que a policia estava reduzida a dar na verdade o direito de petição tinha limites,
passaportes e a mandar prender negros fugidos, mas estes não erão conhecidos pelos requerentes,
se deduzia que não existia policia secreta, mas porém por aquelles a quem se requeria ; aliás
que entretanto era bom sabel-o. não estava garantido o direito de petição que
Declarou-se contra dar·se salada ou graU· autorisava cada um a pedir o que julgasse con·
:ficação aos juizes de paz, porque era de opinião voniento, sem qu.e pudesse crjminar·se quando
no caso de chegar a napão n convencer-se da pedisse de mais.
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172 SES1SO E~l 16 DE SETEMBRO DE 1831


tecia nos Esta•ios-Unidos que não tinha religião
do esta-io, sem embargo de que a nação vivia em
ordem e prosperava; não querendo comtud'? el~e,
orador dizer com isto que se não siga a rel1gíão
c~tholica romana, mas unicamente. que n_ão cdn~:'

Julgou da maior necessidade tratar-se do alimento


dos presos; pois verdade era que não podião haver
ain~a as casas de corr~cção, porque tud? :não

o máo processo que tínhamos e que era exces·


sivamente demorado haveríão muitos presos ;
cumprindo por isso emendar quanto antes a
. - ~

hoje que o criminoso quando chega a soffrer a


pena da sentença já tem padecido maior castigo
do que devia; o que se preveniria por meio das
fianças e seguros.
Oppoz·se a que se désse ordenado ao;; juízes
de paz, e dando-se-lhe, queria que fossem pagos
pelo município e não pelo thesouro, e receiava
que sendo pagos estes juizes o mal se aggra·
vassEl, porque passarião taes lugares p[lra homens
pobres que gozarião de menos confiança, sendo
opinião delle orador que, ou daverião ter grandes Seto~são em t 6 de Setembro
ordenados ou nenhuns, sendo talvez mais con·
vemen e es a e ecer emo umen os que erão melb.O· PI\ESIJ)ENCIA SI\. ALli:NCAR
res uo que ordenados, generalisando-se estfl pra- DO
tica. o. tudo quanto fosse p.)ssível, com excepção
dos soldos e mais vencimentos do exercito e
, cujo p gamen o n 1spensave se
calcularião os impostos. âeputados para formar casa, e foi approvada.
Com este objecto indicou que se estabelecesse para O SR. 1• SE()RE'.CARIO leu depois os seguintes
os empregos civis e de justiça uma caixa, onde officíos:
fossem recolhidos os emolumentos para depois se Do ministro da fazenda remettendo a informa·
distribuírem, chegando para pagamento dos em- ção da junta. da fazenda da Bahia. sobre a re-
pregados de justiça criminal as m1tltas que se presentação da Simão Alves Barrelo.--A' com-
pagavão. missão de fazenda.
A respeito da congrua dos ecclesiastícos !em- Do mesmo ministro acompanhando o relatorio
orou que a primeira regt·a do legislador na do exame a que se procedeu a respeito de
imposição dos tributos era, que aquelle que alguns empregados aposentados peh mesma re-
gosava dos commodos tinha os incommodos, e partição. -A' commissão de pensões e orde-_
não permittindo a constituição ~ 3• do art. 95, nados.
que aquelle que não professat· a religião do Do ministro do imperio remettendo tres offiéios
estado seja deputado, clara era a injustiça de do presidente da província do Maranhão : um
se obrigar um homem que não era catholíco com o requerimento de Francisco de Salles Gomes,
romano a pagar impostos para os ministros de em que pede que a aposentadoria com metade
uma religião que não professava: e por isso en- do seu ordenado de official da secretaria daquelle
tendia que os parochos não devião ter congrua, governo, seja com o ordenado por inteiro: outro
mas emolumentos. com as a~tas do_ conselho do_ _governo, sobre a
Advertio ue a
uma caixa ecclesiastlca, a favor da qual votaria, officio do julz de paz supplente do julgado de
porque assim 1.\ontribuirião só os catholicos: e Mearim, acomp~<nhando a representação de muitos
fundado nestes principias votava contra o accres- habitantes do mesmo julgado, que pedem a crea-
cima das congruas que havia de sahir do ren- ção de uma camara naquelle districto. - Forão
dimento gera1 da nação. Fez mais algumas remettidos, o 1• á com missão de pensões e ordena-
reflexões neste sentido, insistindo em que as dos, o 2• á de impostos e a 3• á das camaras
idéas liberaes ensinavão que o governo não municípaes. .
devia obrigar os cidadãos a seguir uma religião Do mesmo ministro acomQanlumdo o officio
· a respeito do que se fazia. preciso reformar a do presidente da provincía de Minas Geraes, com
constituição para que cada. individuo tenha a os das camaras das vi\las de Sabará e Baependy,
religião que quizer, pagando cada communhão pedindo providencias para serem os cidadãos
religiosa os seus ministros de c:ulto, como acon. nomeados fiscaes, obrigados a servir e pars
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SESSÃO E~I 17 DE SETEblBRO DE 1831 17~l


serem punidos os que desobedecerem ás ordens redacções que julgar convenientes no pessoal e no
e mandados legaes daquelles empregados muni- material da capella imperial. ll
cipaes.-A' comrnissão das camaras municipaes. cc O ministro da justiça dará conta na sessão
Do mesmo ministro remettendo a representação futura do estado desta repartição.
da camara"davilla das Lu.vras, em que pedia a cc Fica suspenso o prcvimento dos lugares ou
cre çao e uma.. provmc1a na camara o ra o. empregos que vagarem na cape a. ll
-A' commíssào-de estatística. Do Sr. Castro e Silva:
Do mesmo ministro remettendo o offi<:io do cc Que a despeza da capella imperial se reduza a
více;presídente da província do C~arà, com o 50:00011 em lugar de 56.
pp imão-se os su s1 10s conven os e
ácerca da demissão do1> indivíduos nascidos e~ religiosos que designa.
Portugal que servirem empregos civis e militares. cc Supprima-se a ajuda de custo dada ao bispo do
-A' commissão de constituição. Para quando sae em Tisita.»
Do mesmo ministro acompanhando o officio do Ü S:n. PEREIRA RIBEIRO apresentou um reque-
presidente da orovincia de S. Paulo, informando rimento para que a camara se reunisse nos dias
o requerimento de Benedicta da Trindade do Ludo- santos 19 e 21, afim de se approvarem ou rejei·
de-Christo, mestra de meninas, em que pede tarem as resoluções de todos os conselhos geraes.
augmento de ordenado. -A' com missão de pensões Pedida e l\doptada a urgencia entrou ·em dis-
e ordenados. cussão.
Do mesmo ministro remettendo o officio da
camara mun.icipal d~ 'i'illa do Parac~tú, em que O SR. MoNTEZUMA depois de curtas reflexões
o o
bléa geral, sobre outra do conselho geral da em todos os dias santos até o fim da prorogação.
província de Minas Geraes, relativa á creação Cerrada a discussão foi approvada a emenda.
de duas cadeiras de logica e rhetorica naquella e rejeitado o requerimento.
villa - ' i - · - · Teve la e assou á 2a discussão o ro · ect
Do mesmo ministro remettendo o officio do lei n. 102 sobre a reforma da constituição.
presidente do conselho geral · da província de Levantou-se a sessão ás 3 horas.
Pernambuco, em que expõe a discordancia de
o iniões ácerca da intelli encía do art. 73 do
decreto do lo de. Outubro de 1828, sobre a ma-
teria do requerimento de queixa feito contra a Sessão em f '1 de Setembro
camara da cidade do Recife por João Maria de
Albuquerque e Oliveira.-A' commissão de justiça
civil.
Do secretario do senado participando que por
officio do ministro da fazenda se communicára
ao senado ter sido sancciouado o decreto da
assembléa geral sobre a orgunisação do thesouro
nacional.
Do mesmo secretario participando que o senado
adaptou e vai dirigir á sancção duas resoluções:
· mais um nn o
pagamento de todas as pensões, tenças e mais Do rne;mo ministro com o officio do presidente
mercês pecuniarias; outra declarando que João do Maranhão sobre o pharol da ilha de Sant' Anna.
de S_ique!ra Cam~e~lo estava no gozo dos direitos -A' 1• commissão de fazenda.
o mesmo mtms ro reme en o o requet•Jmen o
de Manoel Paul'\ Quintella, ofiicial da secretaria
ORDEM DO DIA do governo de Pernambuco.
Do mesmo ministro enviando o officio do dire-
Continuou a discussão do orçamento da repar- ctor interino do curso jurídico de Pernnmbuco, e
tição dos nego~:ios da justiça; e afinal, finda a outro do lente proprietario da cadeira do lo anno
discussão, foí approvado o orçamento com as do mesmo curso, sobre a approvaç!i.o dos esta-
emendas seguintes: tutos. -A' com missão de instrucc;ão publica.
Do Sr. Oustodio Dias: A commissão de orçamento aposentou redigido
« Para dar-se 60:000Spara sustento dos presos para 3a discussão, o orçamento concernente ás
das cadêas do imperio,repartidos em justa pro- repartições de guerra e marinha para o anno fi-
porção, segundo a informação do governO.>l nanceiro de 1832 a 1833. -A imprimir com ur-
Do Sr. Montezuma: gencía.
« Para que as congraas fossem todas de 200SOOO.l> . Foi á commissão dos juízes de paz a represen-
Dos Srs. Caetano de Almeida, Maciel e Baptista tação de muitos habitantes desta córte, apresen·
de Oliveira : tada pelo Sr. deputado Andrada e Silva, sobre
cc Que se arbitrem 200:000$ para o governo a reforma da lei de 15 de Outubro de 1827.
applicar a construir, ou apropriar em todo o im- Offerecerão-se muitas emendas e afinal ficou
perio edificios accoruodados, para servirem de adiado.
prisões com trabalhos.l>
Do Sr. Getulio:
cc Na província do Espírito-Santo. - Accres-
cente·se uma consignação de 22511 para a freguezia Havendo sido introduzido com as formalidades
creada ultimamente pela assembléa geral.l> do costume o ministro da fazenda e tendo tomado
Do mesmo Sr.: assento, o Sr. presidente poz em discussão o
<t Na dita província. -Dêem-se 200$ para a orçamento daquella repartição.
congrua do capellão curado da colonia dos Propoz·se que a discussão tivesse lugar por
Ilhéos, na villa de Vianna que era até aqui pago pela províncias.
policia. ll
Do Sr. Costa Ferreira : O SR. MoNTEZUMA oppoz-se a isto, não só por
cc Consigne-se 1 :OOOS á superiora do recolhimento economia de tempo, mas tambem porque nit•.da
da Annunciação na cidade do Maranhão. ll quando houvesse alguma causa a emendar depois
Do Sr. Lobo de Souza : desta discussão se podia fazer na 3" discussão.
!( o aoverno ~ca a.utoris~do para~_fazer todas as O S:r;.. CAR:t{EIRO DA CuNHA disse que tratancl.o
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174 SESSAO .EM 17 DE SETEMBRO DE 1831


se achar a caixa de Londres de fundo

estes objectos pura a occasião em que se tratasse


da, receita. ) -
Depois de brevBs reflexões sobre a questão de
ordem, se convinha tratar p-rimeiro da receita
ou da despeza, decidia-se que primeiro sé tra-
tasse da despeza, ficando u receita para ultimo
lugar.
O SR. SoARES :O.A. RocHA notando o engloba-
menta das despezas, pedio aos Srs. membros da
commissão gue lhe dessem alguns esclarecimentos
~fim _de poder votar, sendo estes_: se tinha sido

aquella despeza, pois não se tendo orçado quantia ministro ignorava qual fôra a resposta do pre-
alguma para a compra do cobre necessario para sidente do thesouro naquelle tempo, mas parecia
o pret da tropã, fôra expedida pelo thesoureiro que com evasivas illusorias se tinha feito o
uma provisão, afim de que as quantias fossem desconto de 50,000 lbs. st.. no emprestimo por-
pagas integralmente, vindo assim o gravame dos tuguez, contando-se com o emprestimo pago até
trocos na thesouraria a cahir sobre os empre- o anno de 1828, quando não se podia considerar .
gados, que se virão constrangidos a comprar cobre feita a amortização de 1828, porquanto o dinheiro'\
com sacrifi.cio para satisfazer aos dites trocos, foi emprestado ao marquez de Palmella, que o
que avultavão ainda muito mais por causa da empregou para promover seus interesses, resul-
falta de bilhetes pequenos, e isto além de rece- tando daqui contar-se com a divida de 1,250,000
berem seus ordenados em moeda tão depreciada lbs. st., quando era 1,300,0go lbs,_ st., _por_ isso
que tinha de abatimento mais de 30 % · ue este
gravame era an o mais sensível, por se limitar
sómente a duas províncias, pois na província de
S. Paulo, onde circula vão tambem notas do banco,
estas se realisavão em cobre immediatamente ue
presen a as catxa ta , e como nas outras em Londres fundos "nenhuns com aquel!e destino,
províncias não giravão notas, só a Bahia e Rio devendo-se os annos de 1828, 1829, 1830 e 1831,
de Janeiro soffrião esta nova imposição. que poderáõ andar pouco mais ou menos por
Ooncluio que era forçoso que passasse no orça· 400,000 lbs. st.
mento a consignação necessaria para occorrer ao
rebate das cedulas por cobre, que importava O SR. REZENDE disse que reparára em que no
em pouco e que serviria de remedio a ef!te orçamento deste anno não entrava a importancia
~ · ma1. do juro e amortização da divida portugueza, que
O Sn. DuARTE E SILVA. com breves reflexões devia estar em deposito, e pedia que se lhe
mostrou a necessidade de despeza com o rebate dessem alguns esclarecimentos sobre o destino que
que devia ser accrescentada ao orçamento de tivera este dinheiro.
quo so tratava. o S1•, Ministro :-Eu não posso dizer senão
O Sa. REZENDE disse que havia na mesa uma que não exista dinheiro em Londl'es; foi consumido
emenda do Sr. Montezumo. sobre indemnit~ação dAste modo: ao marquez da Palmella deu o vis-
dos estragos feitos pela tropa lusitana e brazi- conde de Itabayana em 1828 pela primeira vez
lelra na Bahia, emenda que talvez fosse justa 110,000 lbs. st., e depois lhe fez a doação ou
mali' que devia ser llxtensiva a todo o Brazil, emprestimo de 28,000 lbs. st. em apolices, que
porque em toda a parte estiverão tropas lusitanas o visconde tinha. comprado para amortização por
e todas as províncias tinhão soffrido mais ou continuar a escassez de meios na embaixada
menos, pelo que tinhão direito â indemnisa ão ortu ueza.
e ou ra qua quer. n en eu, porém, Não contente pois o Sr. deputado ou a cama r a
que era mais justo que os prejudicados recla- com quantia alguma em Londres, ao menos não
massem esta indemnisação daquelles que lhe :fi· tenho noticia della pelos exames que se têm feito
zerão o damno; isto é, do governo portuguez, no theRouro.
devendo ter lugar a indemnisação indicada só-
mente naquella parte dos prejuízos causada pelas O Srt. REZENOE disse que se tinhão gasto grossas
tropas brazileiras. sommas pela caixa de Londres para a Flora
Pedio ao Sr. ministro que o informasse sobre Fluminense, embaixada do marquez de Santo
a existencia de 240,000 lbs. st. em apolice$ do Amaro e viagens de Francisco Gomes, sendo a
primeiro emprestimo contrahido em Londres pelo maior parte destas despezas destinada a escra-
governo dEi Brazil, pois constava que taes valores visar a America Meridional, e reqnereu que se
não existião, nem o deposito da importancia dos lhe declarasse se acaso se havia. tratado de res-
dividendos e juros do emprestimo portuguez, por ponsabilisar estes empregados que tinhão feito
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SESSÃO EM 17 DE SETEMBRO DE 1831 i75


reflexões contra o methodo de discussão que
obstava a que as materias fos$em bem esclare-
cidas e delucidadas.
O Sr. Montezum.a :-Quando edi a ala-
vra 01 para encetar meu discurso por uma questão
de ordem, perguntando ao Sr. ministro, como fez
o Sr. Hollanda, que me dissesse se foi sanccio-
nada a lei do thesouro. Não assisti á discussão
a e1, nao a cou eço, J a pe 1 na secre arxa,
legação tinha remettido todas as contas com os mas respondeu-se-me que não existia um só
documentos justificativos, e portanto não era exemplar. Porém, segundo as informações que
necessaria a sua presença no Brazil, porque á tenho, sei que a lei do thesouro, bem que não
vista das contas e de um folheto que imprimira seja organisaO.ora faz grandíssimas reformas no
em 1826, estava persuadido que ficava livre de pessoal printi palmente, e pot• isso as quantias
toda a responsabilidade. - que votámos na lei do orçamento que regula este
Emquanto a outros individuas sobre os quaes anno não podem comprehender o pessoal do the-
a camara pedia informações, declarou que não som·o segundo a ·lei nova, e pôde por conse-
cabia na alçada de sua repartição responsabili· quencia haver falta por uma parte e excesso por
sal-os. outra, donde necessariamente deve resultar grande
O SR. CASTRo E SILVA. disse que convinha ?rçar desord~m- Pretendi~ eu _pois que a camara t~-

que creasse, e igualmente a suppressão de tres attenta a pratica seguida pela camara em negocias
gratificações de 400S cada uu1a a empregados do de menor monta, eu diria que este assumpto devia
thesouro, por não terem sido ainda approvadas tornar á commissão para dar seu parecer a este
ela assembléa eral. res eito e harmo isar a lei com as e1 1 d
Tambem pedia a suppressão d'l ordenado do - Tenho medo de propõro adiamento, porque estou
marquez de Aracaty e as ajudas de custo por ouvindo d~zer que já gastámos uma manhã sem
molestia. fructo, e seria perder tempo adiar agora quando
Requereu mais a suppressão de todos os em- ha muita urge:1cia de passar a lei do orçamento, etc.
pregos novamente creados na cosa da moeda depois Como me animarei a propõr o adiamento, quando
~do juramento da constituição. já se diz que desejo atrnpalhar, interromper e
" Notou que diminuindo consideravelmente are- estorvar os trabalhos da camara? Mas quizera
ceita attenta a crise actual, convinha acautelar que a CRmara tomasse em consideração o objecto.
os inconvenientes que podião resultar da fallencia Se algum Sr. deputado póde lembrar-se de um
de meios para pagamento nas repartições publicas, meio para satisfazer esta necessidade, se tem
do que devia necessariamente provir grande des- meditado bem sobre elle, de modo que tenha a
ordem. seu favor a presumpção da madureza, propo·
coma.issão. Quanto á outra objecção do Sr. Hollanda, ella
o Sr. Hollanda :-Sr. presidente, 6Upeço é solida, mas a camara votou que se devia dis-
a V. Ex. ue me di a o ue é ue s á e cutir a despeza em todas as províncias, para
discussão. Tem-se fe.llado aqui em tudo o que ver se p e cone mr·se a 1scus5ao a espeza,
ha no mundo. Eu não sei se se trata da receita, e talvez tambem da receita; está pois em dis-
se da despeza, se do projecto da com missão, se cussão a despeza em todo o imperio.
da lei do anno passado, ou sobre as eme:ndas dos Eu votei por isto porque tenho notado um
l::lrs. deputt~dos. Nesta repartição qualquer objecto espírito de ab1 eviar esta discussão, e eu não dtlsejo
de despeza era digno da uma discussão especial. estorvar nem interromper os trabalhos, por isso
Como se quer uiscutir desta fôrma sem ee achar havendo-se leu1brado a discussão por províncias,'",.
o verdadeiro ponto da questão? O que acontece é en me oppuz e requeri que fosse discutida. a
que vão á mesa 200 emendas e que ninguem despeza em todo o imperio, para adiantar a dis-
sabe a atten~ão que lhes póde dar. Eu tenho cussão e para ver se faço boa figura para com
estado muito attento, mas não sei ainda dA que aquelles senhores que me têm dado o appellido de
se está tratando. O Sr. presidente não é culpado estorvador.
nisto, mas a camara deve tomar uma direcção, seja Ooncluio com mais algumas reflexões neste
qual fôr. O que se venceu foi que se discutisse sentido.
a lei do anno passado com as emondas de um
Sr. deputado. Mas quantas são as emendas que O Sn. Lono disse que não era possivel que
estão na mesa? A minha opinião era que se repentinamente se reformasse o thesouro publico,
principiasse a discutir a despeza fixada no anno no que havia muita difficuldade como se tinha
passado, e que se deixassem as idéas de receita ponderado por occasião da discussão da dita lei,
e qua_esquer artigos additivos para uma discussão attenta !1 falta de individuas co~ ~ capacida~e
Depois de contiuuar por mais algum tempo de custar a achar os homens precisos para este
sobre a questão de ordem, mostrando a impos- tribunal. Entendeu porém que ficava prevenido
sibilidade de discutir o orçamento englobadamente, o inconveniente, passando um artigo no qual se
porque havia objectos muito delicados, como a autorisasse o presidente do thesouro e juntas de
divida interna e externa, a respeito dos quaes fazenda para üzerem as despezas decretadas por
convinha examinar os defeitos que tinhão passado lei. ·
no orçamento do anuo preterito, comparando os Advertia finalmente que era indispensavel que
differentes quadros, examinando as informações, para a 3a discussão a commissão apresentasse
etc., etc., perguntou se já tinha sido Sflllccionada uma emenda geral sobre causas aQs6lutamenta
a lei do thesouro (1·espondeu-lhe o Sr. secreta1·iCJ necessarias, como differença de camsici' ll,e.Londres
gue já '!)iera a participaçao da sancçâo} ; . obser- para a Bahia, Rio de Janeiro, Pernambuco e
vou que não se podia orçar a despt>za do the- Maranhão para o pagamento da dívida exter-
souro segundo a lei antiga, e fez de novo varias na, etc., etc.
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171) ·SES~ÃO EM. 17 DE SETF::MBRO DE 183 t


0 SR. MONTEZUMA. pedio o adiamento. systema novo e marcha differeiüe daquella que
a adminisiração segttia, a qual apezar áe defei-
O Sa. MINISTRO disse que mandãra tirar o tuosa era melhor que se reformasse pouco a
calculo da despeza com o tbesouro, segundo a pouc~ ~o que fazendo uma .r~~orma radical; pois
nova lei, mas con10 hoje era dia santo não se
. , ' i O·
risar-se o governo para· fazer a despeza segnndo
a nova lei, do qu€ havia exemplos, como quando
se c_re?u o trib_unal supremo da justiça, que foi
mento. Entretanto elle estava prompto para apre-
sentar amanhã o calculo da despeza do thesoaro,
.. segundo a nova reorganisação.
O Sa. HoLLANDA achou o adiamento necessario•
não parfi voltar o projecto á commissão, mas
para f!e suscitar a questão dn preferencia na dis-
cussão, afim de !l methodiznr, razão porque apoiára
o adiamento e até pedira em particular ao Sr.
Montezuma que insistisse nelle, porque tendo
fallado uma vez por amor da ordem estava per-
dido. o direito ~e tor_nar a fai~ar sobr:e _el~a, e
que deixando-se de discutir a mataria para tratar:
sobre a ordem, podia dizer-se outra vez quaes
erão. os Il!_Otivos que havia para não continuar
methodo de discussão que servisse de esclarecer
á camara.
Entendeu que se apresentavão mil difficuldades
a res eito da lei do t ·
propostos e a lei posterior, o que era muito digno mais inconvenientes que existião na dita lei em
de cunsideração. outra occasião em que pretendia propór um artigo
Quanto ao calculo da despeza com a nova para suspender a sua execução, quando mostrar·ia
organisação elle orador poderia satisfazer á camara que o thesouro como estava actualmente podia ser
com a differença de alguns centos de mil réis, melhorado pouco a pouco, reformando-se o systema
que não era attendivel, visto o nrbitrio que existia de administração, e que na mesms lei do orça-
na lei, sendo preciso adverti r que este cal- mento podiào ser incluídas muitas reformas que
culo fôra feito pelo tbesouro mesmo por occaaião não farião mudança geral e repentina, mas ten-
de apresentar o ex-ministro da fazenda ao senado derião a remover muitas difficuldades que exis-
um projecto substitutivo quando a dita lei esteve tii'io agora na antiga instituição da thesouraria;
em discussão naquella camara, projecto no qual porém se o Sr. ministro entendesse que a execução
comparou as· vantagens e desvantagens do ro· da lei sancciona a i - -
· n a que o erec1a ca cu ando a camam tornaria a resolução que julgasse conve-
a despeza das repartições de fazenda em todo o veniente, deixando de approvar o artigo que elle
imperio em 266:000$: que elle orador podia affir- orador intentava offerecar; mas em tal caso fi-
mar, segundo o exame por elle mesmo feito, que cavão destruidas todas as bases obre e
· ll, a en o o ar l- w ao SI o eitos tanto o orçamento como os pro-
trio estabelecido pela lei, que fazia com que os jectos com elle apresentadl).
calculos não pudessem ter toda a ex.actidão a Passou depois a mostrr\r a impossibilidade de
. . tal res[leito: que esta difflculdade era portanto fixar-se as despezas por províncias, segundo o
~ -"~ 'vencivel, mas que cxistião outras, as quaes nas- methodo seguido no orçamento do anno preterito;
·. • cião de não ser a lei do thesouro conhecida pela em consequencia do que acontecia que não tendo
· · maioria da camara, niio estando até impresso. o o thesouro os meios necessarios para fazer as
projecto. remessas, sem lançar mão das sobras das pro-
Declarou que nunca ,Pensára que tal lei fosse víncias, ficava privado o presidente do thesouro
sanccionnda, nutrindo a1nda um raio de esperança de aproveitar o melhor cambio que frequente-
na presente administração, porque ouvírn dizer mente se encontrava entre as provincias e Londres,
qne a dita lei Hão estava sanccionada, mas que sendo obrigado a sacar sobre as províncias, e
perdera de todo esta esperança quando lhe cons- depois comprar letras no thesouro; o que era
tou, quo fóra sauecionada; patecen·.lo-ll.le até um mal por multiplicar as operações: e movido
haver naquella lei artigos contra a lei das attri- por es~es principias quando e1le orador fora mi-
buições da regencla, sendo de admirar que não nistro da fazenda, niio tivera receio de obrar a
l!ouvesse a tal respeito reflexão alguma no senado, este respeito com a latitude, que julgou conve-
nem mesmo na sancção, pois que pnssãra na niente mandando que as províncias remettessem
camara vitalicia, e já obtivera sancção. Que um os fundos directamente.
dos grandes mates da dita 1ei era o chuveiro E assentav~ que dev!a s~r licito ao _ministro
de empregado~ ue creava 'ui ando
o m ms erio igno de lastima porque no momento fosse mais favoravel á mesma nação para fazer
em que fosse prover estes empregos, cuidando as despezas a que estava obrigada; pois marcadas
fazer clientella veria contra si uma chusma de as quotas que cada província devia remetter para
inimigos; accrescendo que da maneira porque vão Londres, era necessario calcular c0m o cambio
marcadas na lei as attribuições dos empregados, nos differentes lugares donde se movião os fundos
o thesouro ia ficar em completa desordem; ex- para aproveitar aquelle que achass-<J mais vantajoso,
cepto se o Sr. ministro a puzesse em execução o que era tambem applicavel ao movimento dos
só na parte conveniente, conforme o arbítrio da fundos de umas províncias p~ra outras, porquanto
mesma ·1:11!.- que declarava ser um ensaio; mas se o Rio da Janeiro tinha de fazer remessas
passand~a executal-a completamente seria neces- para Goyaz, era muito mais util havendo !!Obras
sario destruir muitas instituições do systema em Minas fazer a remessa desta provlncia mais
· antigo, acabar com o conselho de fazenda e com proxima do que de outra remota.
as formulas das arrematações estabelecendo um Apontou como outro objecto de grande canse-
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:15 - Página 5 de 7

SESSÃO EM 17 DE SETEMBRO DE 1831 177


quencia o pagamento da divida interna, e referia Advertio que havia ainda muita c ousa a liquidar,
que tinha fallado contra a crenção da caixa de e que se tinha até confundido o pagamento de
amortisação, não por ser opposto a tal estabele· divida com os das despezas do serviço, tendo
cimento de· que fóra sempre enthusiasta; mas chegado alguns escrivães de junta e agentes da
por desconfiar que o fiD?- da ins~it)lição d_esta caixa fazenda a distrahir _fundos destin!ldos para pa ..

•.
esti'J ponto nas províncias; não tendo elle orador
adquirido este conhecimento senão pela analyse
e estudo que havião empregado ácerca deste
objecto ; nascendo tudo isto do defeito da lei da
caixa de amortisação ; pois se dependessem todos
os titulas de divida, da fiscalisação do thesouro,
e se esta mesma fiscalisação do thesouro ficasse
sujeita a um acto especial da camara, como elle
orador julgava que devia ser para ajuizar-se da
justiça della, o qual acto seria mais proprio
p~ra se generalisar 110 imperio, rnai'" proprio
tambem ara a economia da administra ão ublica
e scalisação da fazenda nacional, e mais proprio
finalmente para concorrer para o credito nacional
no actual estado de causas.
Requereu ser informado se al uma cousa se
av1a pago na~ provmCias conta os empres-
timos antigos, cujos titulas ignorava em que estado
se achavâo, havendo até a maior confusão possível
na Bahia a respeito da lamentavel operação do
, o a e co re, porque se em1 o
thesouro c~m a declaração de que se achavão uma quantidade extraordinaria de cedulas sem
líquidos, em consequencia da qual se mandavão a menor attenção, e mesmo sem haver conheci·
tambem inscrever ; e por isso avultou t~nto a menta no thesonro, ao rnenns no tempo em que
divida talvez indevidamente, porquanto era bem elle deputado fôra ministro da fazenda, se chegava
sabido que muitos possuidores de antigvs padrões justamente o rendimento applicado para o resgate
de divida requerião com sacrificio delles com- daquellas cedulas, nem constava tambem que
mandas e outras mercês, as quaes obtinhâo, amortisação tinha havido.
ficando estes documentos na repartição do imperio Fez algumas reflexões sobre a necessidade de
donde era facil terem-se tirado ua occasião das refundir toda a divida, e de se estabelecerem
mudanças da secretaria. delegações de amortisação nos lugares em que
Accrescen tou que sendo semelhantes. titulas fossem necess_arias, debaixo da responsabilidade
que a sua conservação estivesse particularmente
confiada a um archivista, só Deos sabia quantos
destes papeis se terião tirado e seriào pagos
du licadamente · tornando-se isto ain a·
facil pela circumstancia de nunca ter havido quem necessidads de sua discussão por competir seme-
lhes désse balanço, ou que os cortasse e inutili- lhante objecto ao ministerio, e se elle o propuzera
sasse. . sem ser ministro, nem sonhar então que o SElria,
Daqui concluio que attento o consideravel ar- foi por interesse da causa publica. ,.
bítrio deixado ao governo, a respeito da liquidação Concluio observando que naquelle project(!/SIL. ·
da divida fiuctuante, se a navegação não tiver achavão muitas causas indíspensaveis para ó"
sido lesada, devia-se isso á boa fé das pessoas credito publico e para o credito pessoal do ministro
que desta liquillação se encarregarão. que estivesse á testa dos negocios da fazenda.
Notou ainda outro inconveniente, o qual vinha Pnnderou a necesídade de fixar ;uma 'quantia
a ser, ter-se feito a liquidação da divida do Rio pa:ra pagamento dos empregados das .mezas de
de Janeiro, e não das outras províncias do im- diversas rendas, que a lei de 15 de Dezembro
perio :·dizendo a lei qúe a divida fl.uctuante seria de 1830 tinha mandudo crear nas províncias em
liquidada perante as caixas filiaes nas províncias, que fossem necessarias. ·
as quaes muito ajuizadamente uão se havião Declarou que a idéa de emittir o thesouro
mandado crear, e elle orador esperava que Deos bilhetes para occorrer ás suas despezas, não podia
livraria o Brazil de taes caixas ; porque se no ser admittida em 1831 na camara do Brazil, que
thesouro podia tão facilmente ser cornmettido de fôrma nenhuma podia autorisar o Sr. ministro
abu.so, o que aconteceria nas províncias I 1 a emittir os bilhetes que quizesse, sem prescrever-
Mencionou que a junta de fazenda da província lhe a quantia; pois a camara. não podia depositar
da ;Bahia tinha feito a liquidação com mão larga, tanta con~a_nça em ministro algum, que ella devia
emittir, ao mesmo tempo que na opinião delle o que fosse necessario para as despezas ; assim
orador, urna vez liquidada a divida os titulas como elle devia reclamar qua•1do a quantia fixada
devião ser restituídos ás partes, para o thesouro não fosse sufficiente, mostrando exacta e circum-
fiscalisar a este respeito, dando-lhes depois o stanl)iadamente os objectos em que tinha de ser
mesmo thesouro os títulos definitivos : mas nunca gasto o dinheiro pedido á vista da qual de-
rernettendo as apolices para as províncias sem monstração, se a receita não chegasse para a
ver os títulos: que elle orador não se atrevera a despeza a camara autorisaria o ministro para
pôr assim em execução a lei, e que esta era a fazer um emprestirno, e não para a emissão de
causa de não se ter pago a divida fiuctuante bilhetes ; medida que seria boa Pata o thesouro
nas províncias, tocando-a por apolices da divida de Inglateua, mas não para o nôss<r:
fundada, como se praticou no Rio de Janeiro, Emquanto ás alfandegas, sustentou ·q,ue se havia
talvez com excessiva vantagem dos credores. desejo de as reformar, era isso muito facil até
:t'OMO 2 23
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178 SESSÃO EM 17 DE SETEMBRO DE 1831


despezas, entendia que seria conveniente ·qu.e Sj)
adaptasse alguma medida legislativa, deix11ndo
maior arbltrio aos credores para prl)curarem o
pagamento no thesont:o- .,
~el? que respelta_va á alfllpdega via·se obrigado
o es a o
deeretatlo ; podendo fazer-se as reformas qu.g
fossem julgadas convenientes, emquanto não se
fiz~ssem cumpria-lhe só executar a legislação

a alfandega, como se via em muitas províncias, Adverti.o que segundo lhe parecia os orçamen-
em cujas alfandegas entravão muito poucas fa- tos apresentadvs á camara não tinhão sido muito
zendas, mas existia. grande numero de empre- ex!lctos em algumas cousas, como por exemplo
gados. emquanto a alfandega; e este era o motivo
Declarou-se igualmente contra o costume de pol'que não tem sido executada nesta repartição
mandar um guarda para cada navio, podendo os a lei de 31 de Dezembro de 1830 em todas a~
navios serem vigiados por escalares ou barcas que suas vartes ; e fazia-se necessario que a camara
poderia emprestar o ministro da marinha, eco- ficasse inteirada do estado pt·esente das cousas:
nomisando-se assim 11 não pequena quantia de pelo que fallaria como sempre com a maior
2!:ooon annuaes. franqueza. Continuou:
Disse finalmente que se animava a pedir á Diz o orçament!l : 66 guardas _a lHOOO pot•
camara ue di.scutisse a fixação da des eza dia e 74 ditos 6!0 réiH r 1a ·
propos a no projecV) a commissão de fazenda se-me declara!' quaes são as obrigações destes
com preferencia ãquella que foi approvada na guardas. Depois que se abolio o uso de lacrar
lei do orçamento de 16 de Setembro do 1830, que as escotilhas das embarcações meJ:cantes, asentou
não podia ser applicada ãs circumstunciaH actuaes, o overno ue devião haver uardas ue ca sen
e no caso e nao se querer !'s ar por es e re- a or o as mesmas embarcações para melhor
querimento então peJh que fossem proferidas as fiscalisação, e creou 200 ou 300 que dão fiança,
emendas do Sr. Castro e Silva, que oriio melhores chamados guardas afiançados : no orçamento se
do que a lei citada. calculão 66 guardas afiançados por dia; e a este
O SR. MINISTRO repetio a lnformaçiio dada respe1 o nao en o que azer re exão alguma
acerca das 50,000 lbs. sts. quu havia ilo diiferonça porque é o que se podara despender por dia com
na conta do emprestimo portuguez, Rondo a aí- estes guardas. Vamos aos outros ; 74 a 640 réis por
vida 1.300,000 lbs. !lts., e não 1.250,000 lbd. sts., dia. Nesta parte não tem sido executada a lei
com(• estava. do orçamento, pois o numero destes guardas que
existe actualmente na alfandega é de 101 guardas,
Referio que não se tinha pago o juro e amor c o juiz e a administração daquelle estabele-
tisação do emprestimo portuguez em 1828, 1829, cimento entende (\Ue, segundo o estado actunl
1830 e 1831; e importando em 100,000 lbs. ::.ts. dava das cousas, não devem existir menos de 130 guar-
o clomputo de 400,000 lbs. st. que tinhão de pagar-se das, para serem occupados dentro da casa em
cessando o obstaculo que até aqui havia de não comm1ssões e em outros misteres da mesma al·
se ter reconhecido o governo presente de Portugal. fande!tll: diversos são os ?bjectos em . que . so
e como elo estado actual d~s causas na Euro a
parecia que este obstaculo ia desapparecer bre- formaçõ~s a este respeito. Portanto o numero de
vemente se veria o governo do Brazil obrigado 74 guardas, segundo o estfldo actunl, não é suf-
a apresentar em Londres 400,000 lbs. sts. sendo ficiente, nem o serviço da casa se_póde s.atisfazer
de esperar que as apolices respectivas subissem
mUl o ogo que 1s o acon ecesse. Nas leis do. orçamento anteriores não tinhãÔ
Declarou que a sua intenção fôra aproveit<~r a vindo as explicações necessarias a este respeito,
baixadas apolices para as mandar comprar por nem nesta camara as houve, ácerca de quaes erão
< conta da amortisa.ção, e mesmo para lucrar no as; occupações destes guardas .
.,>;juro que ali:ís o governo teria de pagar ; mas Em 1830 se apresentou a quantidade de 130
que já tinha affirmado á camara que não havia guardas, que erão us que sejulgavão necessarios,
em Londres quantia alguma para este pagamento, cercearão 56, e reduzirão-se ao numero de 74
tendo-se absorvid•J quanto existia, e não se tendo sem que se déssem á camara as informaçõe~
dado até ás apolices que havião sido amortisadas necessarias sobre este respeito. O mesmo aconte-
a applicação que devião ter, porque o visconde ceu a respeito dos fiels.
de ltabayana tendo comprado 25,000 lbs. st. em No orçamento passado declarou-se que erão
apolíces do emprestimo portuguez as entregou ao necessaríos 24 fieis, ao mesmo tempo que achão-se
marquez de Palmella, que com ellas contrahio agora occupados 29 destes empregados e não 2.J.
um emprestimo de 12,000. lbs. st. Fizerão-se as reducções possíveis, os arll'lazens
Disse mais que o Brazil passara a ser credor pequenos communicarào-se com os grandes, e fi-
da corôa portugueza pot·120,000 lbs. st. pela liqui- carão reduzidos a 12, nem se podem reduzir a
dação a que se havia procedido e que ainda numero menor conservando-se o systema actual
continuava ; que nada se lhe offerecia para expôr porque um só fiel não pôde fazer toda a escriptu~
emquanto a divida interna senão que se tem as ração da entrada e sabida de muitos volumes dos
consignações determinad!ls na lei, apezar de q~e armazens, razão pela qual não devem estes ser
' · · , - · i o mesmo o edi cio
qualquer as apolices tinhão descido, convindo que se alarguem mais. E' portanto indispensavel
talvez applicar maior. consignação para no estado que haja 12 fieis para estes armazene, e além
actual fazer al~erar o valor dos fundos que estavão destes um fiel no trapiche da cidade, · outro no
a 44, e que talvez descessem ainda mais. telheiro da estiva, outro no pateo, etc. : de ma-
Quanto ãs despézas da divida interna nas pro- neira qutl o numero de fieis não póde ser reduzido
víncias, informou que recebera pelo correio par- a menos de 17, e não a 12 como está no orça-
ticipação das inscripções que se têm feito, e que mento ; e é este o nnmero que existe actualmente
como ministro do thesouro era obrigado a cumprir porque se entendeu que era impossível executaf
a lei de 15 .~ Novembro de 1827, executando-a nesta _p~rte a lei do orçamento, sem que dejxem
pontualmé~~"'ap~zar dos defeitos que nella en· de extst1r estes armazens. Sendo necessarios
contrava o Sr. Hollanda ; e coino havia algumas tambem fieis : um no armazem do deposito do
provmçil\s, cujas rendas não chegavão para as consumo, outro na ponte.
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:15 - Página 7 de 7

SESSlO EM 17 DE SET.KMBRO .D.E 1831 179


E' o que tenho a dizer ; devendo certificar 200:000HOOO, ao mesmo tempo que a dita provín-
tambem que tendo-se abolido os vencimentos dos cia não tinha meios para fazer suas desllezas.
officiaes e ajudantes da escripturação das diversas
mesas, torna-se nece.ssario _que se conservem i:l ou O Sa. MINISTRO respondeu que as circumstan-
4 deste~ officiaes ~ue se supprimirão, por ua cias. do th~souro. erão bem conhecidas, não tendo
e UI o grau e, e sem e es nao
poderá fazer-se quanto é indipensavel: são as
informações que posso dar, e que procurarei
lla.vet com toda a. ex.act\dão.
i o ar que
nestes ultimos dias apparecerão algumas pessoas ou o ministro do 'the'>ouro despenderá no ann~
que apresentarão ouro para cunhar, o que não financeiro de 1831 a 1832 a quantia de tanto com
tem sido possível porqne era necessario fazer taes e taes objectos, declarando ao mesmo tempo
cunh? no':o, a res~eito do que já se acha agora que tudo quanto se arrecadar pertencente aos
prov1denc1ado : })OI em h a falta de offtciaes, e es. annos passados, servirá. de. Tecei. ta deste anno, e
tando suspenso o provimento dos empregados da como a lei citada não mandava applicar esta
casa da moeda parecia-me que se devia antorisar receita a despezas anteriores, elle ministro tinha
o governo para prover os lugares que forem de escrupulo em pagar, e por isso queria uma
absoluta necessidade, declaração da camara, s.; devia ou não satisfazer
Quanto á mesa de administração do diversas ás despezas anteriores a q11e o thesouro estava
rendas nacionaes, a despeza desta administração obrigado, mas que náO podia pagar em conse-
foi alcul · · . quencia de virem declaradas e es ecificadas na
e foi supprimido um escalar nesta repartição ~ e1 o orçamen o, quaes erão as despezas do
mas a experienoia mostra a necessidade de o res- anuo de 1831 para Hl32 que o governo estava
tabelecer de novo, para evitar que embarquem autorisado a fazer, não se lembranJI) do que se
eneros sem erem · · devia nos annos anteriores.
naqu.ella. a.dmin\stração, a qual é necessario tam- A?e 10 que ers. m tspensave es a a.u onsaçao
bem consignar maior quantia ; pois na lugares particular, a qual estava em pratica om todos os
na costa onde parece que se embarcão generos governos constitucionaes ; porquanto não sendo
para a Euro a sem a arem direitos o . possivel fazer um orçamento tão perfeito que
emp o (( araty » donde consta que sabem embar- as as espezas, e a receí a
cações carregadas para a Europa; e não estando de um anno, e acontecendo que nos annos posterio-
alti o agenle dl\ mesa de diversas rendas que res se an::ecadavào t:eoeitas, e se fazi.ão desllezas
GXistia no anno passado para fiscalisar os direitos pertencentes aos annos anteriores, ><e usava em
deixarão de ser pagos. alguns paizes npresentar as contas chamadas
Por isso conviria até estabelecer miquelle porto por anno de exercício, as quaes comprellendião
urna t·epartição fiscal, em ponto economico para todas as despszas e receitas relativas ao anno
e·'l:i ta r este extravio. de que tratavão, ainda que fossem feitas e co-
bradas em diversos a.nnos: e em outros paizes,
Tenho fallado até aqui das despezas do Rio como na Inglaterra, se prestavão as contas por
de Janeiro. Quanto ás outras provincias Ji. anno, entrando na despeza annual tudo o que
mltão-s11 as minhas observações, a que não tinha de pagar:se, e na receita o que havia de
tendo sido or ada as d e . ' .
1ção da fazenda, segundo 11 lei ultima que lb.e no buget para cobrir os restos de pagamentos
dá nova organisaçâo, será necessario que se ll:te atrazados, e a.~ d~spey;a.s a.eeidantaes em cada
consigne maior quantia, em razão do accreacimo ramo do . serviço publico.
dos or<ienados.
Amanhã apresentarei o calculo que mandei que o thesouro tinha sentido algum desfalque na
fazer da impurtancia desta despeza. receita, por haver rendido pouco a alfandega, e
O SR. MARIA. :oo AMA.RA.L pedio que S. Ex. lhe outros ramos, porem esperava que em breve
explicRsse se tinhão sido pagos os emprestimos tempo o tb.esou.t:o ~\\tatia. habi\itado ]:}ara fazer as
externos ditas t•emessas, _e para supprir as mais despezas;
porque as rendas ião já voltando ao seu antigo~
O SR. Mrm:sTRO informou que parte da amorti- estado, e pensava que llaverião meios para exe-
sação dos emprestimos brazileiros não havia sido cutar pontualmente a lei, mais tinha feito as
feito em 1830 e 1831, mas que forão completamente suas reflexões, para mostrar a necessidade da
pagos os juros, e que do emprestimo portu- autorísaçã.o que peolia., a. qual não se encontrava
guez não se pagavão os juros e 11-mortisação desde na presP.nte lei do orçamento, porque Jião podia
1828, pelos motivos de que a camara estava considerar-se que se pudesse encabeçar debaixo da
informada. quantia de 150:000SOOO para despezas eventuaes,
O SR. BAPTISTA PEREIRA observou que na lei visto qua era muito certa e constante aquella
do orçamento do anno passado niio se fazia despeza, e que os ditos 150:000SOOO se deviiio ap-
men~;ào de um thesontei.to d11s rendas do di.stri.cto plicar a deposito;; de dinheiro, a. restituição de
de Campos, o qual arrecadava quarenta e tantos direitos, accrescimos sobre algumas consigna-
contos, e fôra ainda pago no e.nno passado por uma ~ões orçadas para obras publicas, etc. ; e cer-
provisão do tbesouro com o ordenado de 50011000, tam&nte não chegarião para as suas applicações
im ortancia ue elle orador 'ui ava ille almente diversas.
paga, se em que não queria por isso dizer que O Sa. BAPTISTA PEREIRA. declarou que não fôra
achava justo q\\e um homem empregado neste o seu fim exigir a remessa immediata de todas
trabalho, e carregado da responsabilidade que lhe as quantias que se devíão, mas pedir a S. Ex.
resultava delle não recebesse paga. que lançasse os olhos sobre isto, por motivo de
Lembrou igualmente a necessidade de incluir que as remessas não tinhão sido feitas, ou por
no orçamento o ordenado do escrivão deste falta de ordem ou por esquecimento, havendo um
arrecadador, na importancia de 100$000, etc. , deficit de cento e tantos contos que causava
assim como de augmentar tambem a prestação grande detrimento á província : que não entrava
para os transportes dos remanescentes de Campos. na questão, se S. Ex. estava autorisado a pagar
E pedio ao Sr. ministro que tivesse a bondade o que se devia dos annos passados$'mas lembrava
de examinar que remessas se tinhão feito do só que devendo mandar-se 4:000SOOÕ mensalmente
subsidio -para a província do Espit:ito Santo, não se tínhào feito estas 1:emessas que hoje se
pois acreditava que se estavão devendo mais de reclamavão com tanta maior razão, havendo-se
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:16 - Página 1 de 4

180 SESSÃO EM 19 DE St TEMBRO DE 1831


mandado. para aquella província um batalhão, importancia das despezas que restava a fazer dos
que fazia maior a :ma despeza, não tendo ella annos preteritos. .
já d' antes os meios nacessarios. O SR. HoLLANDA significou a S. Ex. quanto
O Sa. MINISTRO res ondeu ue daria as ro- estimava ue os di n·os membros da commissão
videncias que o ca~;o exigisse, não o tendo feito e exame a ca1xa de on res merecessem a sua
até agora attentas as circumstancias e o pouco confiança, e sem desconhecer a difficuldade apon-
tempo que tinha dE: ministerio. tada, ponderou a necessidade de serem presentes á
camara as informações pedidas, afim de proceder
era que pagasse quem tinha dado mais de 120,000 com con ec1men o e causa, e e c amar res-
lbs. st. á corôa portugueza, ·fosse q nem fosse, pois ponsabilidade oa ministros culpados, pois ainda
a pessoa que pagava o que não devia, estava que não fossem accusados já, por estar proxirno
obrigada a repól·o, principalmente nas actuaes o termo da sessão, convinha saber-se quaes erão
circumstancias. . os prevaricadores, o que era tanto mais urgente
Pedio que sa accrescent~sse ao buget que hou- quanto ao Sr. ministro incumbia reclamar ares·
vesse de ser apresentado para os annos futuros tituição das quantias desencaminhadas nos diffe-
uma tabella da divida activa, e outra da divida rentes annos, procedendo ao exame das ordens,
passiva interna do tbesouro, vindo declarados na designação das pessoas que as expedirão, etc.
tabella da divida activa os nomes dos credores, Apoiou a necessidade de maduro exame para
época em que se contrahio a divida, e sua origem ; não ficarem depois gualdidas as accusações.
assim como seria acompanhada de outra declaração Apontou um e~g~no .que houve no orçamento
seme an e a e a a 1v1 a passiva, p01s e
outro modo nunca saberia a camara de quanto
o thesouro era credor ou devedor.
Ponderou tambem a necessidade de se proceder
: , . . i
foi mal pago, e saber-se o que se ficou devendo instrucções, das quaes dera uma cópia ao juiz
etc. , etc. Convindo muito nomear uma commissão da alfandega e outra ao ministro da marinha,
ex.te!na de -:eriftcação das contas de todos os para ver se acabava com o grande numero de
a da a lfan ic n · ·
. ' mag1ca
nar a chamada ca1xa . de Londres.· orçado para elles a outras despezas que melhor
preenchessem o fim e não fossem tão onerosos á
O SR. HoLLANDA disse que não podia votar-se nação.
um credito supplementar para pagamento das Tendo dado a hora, ficou a mataria adiada. e
despezas dos annos atrazados, sem que o Sr. levantou-se a sessão.
ministro apresentasse á camara uma conta cir·
cumstanciada das quantias que se ficarão a
dever, e uma informação completa sobre os ren·
dimentos dos annos respectivos, afim de se exa· Sessão em f 9 de Setembl"o
minar se chegárão para se fazerem essas despezas
e proceder-se ao ajuste de contas. PRESlDENCI.l :00 SR. ALENCAR
. ~onderou tambem fi necessidade de responsa-
· e1 a a chamada, e havendo, 10 minutos antes
quez de Barbacena por dinheiros que tinhão gasto das 11 horas, sufliciente numero para formar-se
da caixa de Londres. casa, o Sr. presidente declarou aberta a sessão, e
O Sn. MINISTRO notou que a ezar de ser a lida a acta da antecedente pelo Sr. secretario
· commtssao e exame aa ca1xa de ou res com- erretra e as ro, 01 approva a.
posta de pessoas muito habeis, com tudo não era Comparecerão 57 Srs. deputados, faltando com
tão facil este trabalho que pudesse concluir-se _causa communicada os Srs. Pacheco, Pimentel,
de repente, tendo-se encontrado até algumas Paula Barros, Sebastião do Rego, Paes de An-
equivocaçõss por falta de documentos que devião drade, Silva Tavares, M. de Brito, Rebouças,
ter-llite sido presentes; que era por isso pouco Ferreira França, Paula Araujo, Mello e Mattos,
conveniente que se fosse proceder sem existir Costa Carvalho, Carneiro Leão, Ribeiro de An·
prova cabal de'responsabilídade contra pessoas drada, Lemos, Oliveira Coutinho, Mendes Ribeiro,
que se presumião incursas nella, podendo em Pinto Coelho, Lessa, Castro Alvares, Clemente
tal caso ser arguido elle ministro de precipita- Pereira, Corrêa Pacheco, Paula Souza, Paula Si·
ção; que o Sr. ministro dos negocias estran- rnões, Fernandes de Vasconcellos, Odoríco, Brau-
geiros havia communicado ao thesouro um o:fficio lio, Ernesto, Almeida Torres; e sem o partici·
do visconde de ltabaynna, pelo qual constava parem os Srs. Joaquim de Moura, Pires Ferreira,
que elle não queria vir ao Brazil, dizendo que Luiz Cavalcanti, Alves Branco, Souto, Lado,
já dera contas, além das quaes imprimira um P!"es de Barros, Baptista de Oliveira e Deus e
folheto em 1826, no qual o governo acharia os Silva.
esclarecimentus necessarios, em consequencia do 0 SR. PINTO CHICHORRO dando conta do expe-
que, elle ministro mandára tirar a conta dos diente leu os seguintes officios : .
dinheiros indevidamente . despendidos pelo dito 1.• Do ministro da fa:>:enda remettendo sanccio-
~isconde, a:fi!D d_e se proceder cont~a elle á reve· nadO" um dos autographos da resolução que ap·
sente, etc. · ri e 1cen e ose e rau,1o.
-Ficou a camara inteirada, e o autographo foi
Emquanto ao Sr. marquez de Barbacena, cujas para o archivo.
contas forào entregues havia poucos dias, advertia 2.• Do ministro do imperio com officio do pre-
que as quantias por elle recebidas em Londres sidente do Maranhão e requerimento do coronel
tinhão sido mandadas dar por ordem dos minis· de la linha Manoel de Souza Pinto de Magalhães,
tros respectivos e despendidas em negocias pàr- sobre o que pretende. -A' c·ommissão de gmJrra.
ticulares do ex-imperador ; que havião, ·porém, 3.o Do mesmo ministro com officio do presi-
causas mandadas pagar pelo dito Sr. marquez dente do Maranhão, sobre o pha.rol da ilha de
na qualidade de ministro do thesouro, a respeito Santa Anna. - A' la commissão de fazenda.
das quaes não- existião ainda as informações ne- 4.• Do mesmo ministro remettendo o requeri-
cessarías no thesouro; e que igual motivo em- mento de Manoel Paula Quintella, oflicial da
baraçava a elle ministro de apresentar as contas secretaria do governo de Pernambuco. -A' com-
especificadas, para se conhecer e~actamente a. missão de justiça civil.
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SESSÃO EM 19 DE ~ETEMBRO DE 1831 181


5. o Do mesmo ministro enviando o officio do << Ao escrivão ....................... . 200$000
director interino do curso jurídico de Pernambuco, « De expediente e m ••..•...•...... 60$000
e outro do lente proprietario aa cadeira do lo anno << Para a conducção das sobras .... . 600$000
do mesmo curso sobre a approvação dos estatutos.
-A' commissão de instruc ão ublica. Somma ....... . 1:36(} 000
O requerimento e documentos de Antonio José Baptista Pereira. >>
da Camara. - Foi á commissão do pensões e or-
denados. s.a (( Que se orce para a divida interna e por
Forão á commissão de petições os re ueri- províncias as sommas ue constão da tabella
mantos : o, os a 1 an es as 1 as e erra apresao a a pe o mmls ro a azen a no corrente
firme da villa de Itaguahy ; 2o, de Zeferino anuo. -S. da Rocha. >>
Ferraz. 9.• c< Que se orce mais uma somma para re-
A commissão do orçamento apresentou redigido bate de bilhetes das alfandegas na província da
para 3a discussão o orçamento concernente ás Babia para poder occorrer ao pagamento dos ptet
repartições da guerra e marinha para o anno e dos empregados publicas. - Soares da Rocha, »
:financeiro de 1332 a 1833. - A imprimir com 10. << Que faça extensiva á província do Rio Grande
urgencia. de S. Pedro, a providencia que se adaptar rela-
Foi á commissão dos juizes de paz a repre- tivamente ás perdas dn província da Bahia :
sentação de muitos habitantes desta côrte apre- sendo os proprietaríos daquella província iudem-
sentada pelo Sr. Andrada e Silva, sobre a reforma nisados da mesma maneira das enormes perdas
da lei de 15 de Outubro de 1827. que na. ultima guerra lhe causou o inimigo.
ORDEM DO DIA 11. « A illustre com missão de orçamento tendo em
vista as quantias pedidas pelas diversas juntas
Achando-se na sala ~m!Jlediata. o ministro dos da fazenda, e que não vêm incluida.s no _?rça-
lemnidade~; do costume, e entrando em discussão quantias indispensavois ás mesmas juntas para
o orçamento desta repartição antes de tudo o Sr. as suas despezas. -Salva a redacção. -Lobo
presidente J>fOJ?ÔZ a gues~ão de. ordem se este de Souza. »
por provincias, venceu-se que fosse conjuncta- zas da junta dÓ ~ommercio.- Salva a redacção.
mente, principiando pela despeza. - Lobo de Souza. »
Víerão á mesa, e forão apoiadas as seguintes 13. << Que na liquidação se faça differença : lo, dos
emendas: damnos occasionados pelas tropas brazileiras e
1. • cc As despezas provinciaes fixadas por lei da dos occasionados pelas tropas luzitanas ; 2o, dos
assembléa geral e não orçadas, serão autorisadas reclamantes que seguirão a causa brazíleíra e dos
pela junta da fazenda ; e quando motivos ur- que seguirão a causa portugueza.- Montezuma. »
gentes e:x:ijão despezas extraordinarí.as serão estas << Artigo additívo. Durante o anno financeiro
determinadas pelo presidente da província em de 1832 a 1833 fi.c·a o governo autorisado a de-
conselho. -Salva a redacção.- Lobo de Souza. n duzir de todas e quaesquer parcellas de ordenados,
2.a « Artigo additivo ao § 42 do tít. 6o da lei soldos, pensões, dotações, subsídios, congruas,
de 15 de Dezembro de 1830. -Com a construc ão ratificações, monte-pio e outros quaes uer i uaes
da ponte de bruço do rio Parahyba denominada pag;•mentos 5 o, CUJa Impor anela reco 1da em
Sanhuuã 13:000S, para cujo fim se applicará o cofre separado será reservada para fazer face
dinheiro que existe nos cofres -da alfandega e ao pagamento das roclamações dos neutros ácerca
·unta da fazenda respectiva, pertencente aos ren- das presas feitas durante o bloqueio da guerra
1mentos a JUR a o commerc10. - a va a re- argen ma : even o es e escon o gera e
dacção. -Lobo de Souza. » ser considerado como um emprestímo nacional
S.a << O presidente da província da Bahia fica que em tempo opportuno será embolsado com
nutorisado á pagar a despeza com o arrendamento preferencia a or.tra qualquer divida. - O deputado
de ama casa segura e espaçosa nos Ilhéos que May. »
sirva de prisão, e ao mesmo tempo para as sessões << Offereço como emenda ao projecto em discussão
da camara municipal daquella comarca. O que os tits. 6•, 7P e 8• do projecto n. 203 com todos
terá e:ffeito desde já. - Montezuma. » os seus artí~os e paragraphos. - fJastro e Silva. »
4.• « Fica reconhecida dívida publica a ímpor-
tancia dos damnos causados, tanto pelo exercito ARTIGOS ADDITIVQS
brazileiro, como pelas tropas luzítanas na pro-
víncia da Bahia durante a guerra da indepen- c< l.o Quando em qualquer dos ministerios se der
dencía. O governo dará as providencias para esta o caso que em alguns dos artigos de despeza
liquidação na fôrma a mais conveniente e pro- especificadamente concedida, seja diminuta a quan-
veitosa aos interesses da fazenda. publica e par- lía calculada, ou se tenha deixfldo de calcular
ticular, dando no relataria que deve apresentar por alguma outra despeza legal poderá o res-
em Maio vindouro informações á camara subre o pectivo ministro supprir a falta com as sobras
que tivet· feito a este respeito. - Montezuma. » de despezas de outros artigos, dentro porém dos
õ.a cc Com o pagamento dos juros da quantia de limites da somma designada, sugeito todavia,
63: ooon qu_e a. fazepda daquella proyincia d.eve á pela sua ~es12_onsabilidade, pelo uso que fizer
noel Fernandes Guimarães, cuja quantia foi tomada << 2. o Quando falte a receita orçada, e pari\ fazer
à força pelo ex·governador e capitão-general face ás despezas decretadas, o governo poderá
marquez de Aracaty, com obrigação de pagar os em i ttír letras ou bilhetes de crei:lito assigna.das
juros da lei, o que tudo foi approvado por el- pelo thesoureiro-mõr e escrivão do thesouro, e
rei D. João 6°. - Veiga. » de chancella pelo seu presidente, a prazos e do
6.a cc Se passar a emenda do Sr. Montezuma a valor que convier, comtflnto que a sua totalidade
respeito de indemnisações dos estragos feitos na não exceda no futuro anno financeiro á impor·
Ba hía pelos luzitanos, ellas sejão extensivas a tancia do orçamento que deve servir de hypo•
todo o Brazil. - Henriques de Re%enàe. » thec!l· ao seu pagamento integral. Estas letras
<' No orçamento da despeza da fazenda com a ou bilhetes de credito serão dadas em pagamento
província do Espirito-Santo accrescente-se : aos credores do thesouro por mutuo accordo, e
tt .A.o tbesoureiro das rendas do dis- ás di:fferentes repartições. Igualmente podeíráõ
tJ:i.cto de Campos.. .. .. .. .. .. .. .. .. 5006000 estas letras 1 assim como os bilhetes ou escriptos
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182 SESSÃO E~1 20 DE SETEMBRO DE 1831


da alfandega ser descontados ua praça, quando sundido de que a nação deve pagar a todos
assim fôr indispensavel. aquelles que a servem; entendo que este paga-
« 3.o O governo poderá comprar o cobre que mento deve ser feito com igualdade, e não á
fôr necessario para as despezas que se não fazem só a villa de Campos que tem um thesourtliro
de fazer ás províncias. sem ordenado; muitas províncias estão no mesmo'
11 4. o O disposto nos tres artigos antecedentes caso, segundo creio, e eu citarei uma de cuja
fica desde já extensivo ao orçaml'nto do anno ad_ministração est~u ma~s sciente que _é a de
fi anc iro de a
dacção. -Castro e Silva. » carregados de' nrrecador as rendas, e alguns arr~­
O SR. MoNTEZUMA propôz o adiamento pelos cadão quantias não pequenas, o !azam pot· effal-
motivos que expendeu, e sendo apoiado não se tos de puro patl'iotismo, sem vantagem algum~,
venceu. esperando melhores tempos para que a naçao
Continuou a mesma discussão e foi apoiada a lhes possa então dar ordenado.
seguinte emenda : Os escrivães que servem para esta arrecadação
« Supprimão-se os arts. 2o, 3o e 4o do projecto
têm sido os escrivães de outras repartições ; em
n. 190 da commissão.- Manoel Amaral. 11 algumas partes são os da intendencia, em outras
Dando a hora ficou adiada a discussão. são os das camaras. Como pois se ha de esta·
belecer um ordenado para o escrivão e thesoureiro
O SR. PRESIDENTE deu para ordem do dia 20 : da villa de Campos, deixando de o estabelecer
continuação desta di~cussã~, porém na ultima' ara estes em re ados em outras rovincias ue
estão em identicas circumstancias? E' verdade
approva o codigo do processo criminal. que o Sr. deputado autor da emenda se limitou
Depois das o horas da tarde levantou-se a a•J lugar, no qual terr. conhecimento do grande
sessão.-:- Jo~é Mar.tíniano de Alencar, presiden~e. trabalho deste thesoureiro e escrivão ; mas osso
~ Rodrigo Antonio Monteiro de Barros, 2o se:
cretario,

fazer a certo individuo. Estou convencido de que


Sessão em ~O de Setembro o não á; mas assim parecerá e dirão as outras
províncias: <' aquella província teve um deputado
PBESIDENCIA DO SR. ALENC.LR que reptesAntou a favor dos direitos de seus empre·
gados e os mais esti verão silenciosos. ,,
Approvada a acta, passou-se ao expediente, que Tambem ha uma emenda para autorisar o pre·
constou das representações seguintes : sidente da província da Bahia, para a~ugar desde
Da camara municipal da villa da Cachoeira, já uma casa na comarca dos Ilheos, que possa
felicitando a esta augusta camara e pedindo va- servir de casa de camara e prisão. Acho esta
rias providencias a bem do seu município. -Re- emenda justa, mas observo que está na mesma
cebida c~m especial a_gr~do emq~anto á 1a parte. razão das outras, porque conheço muitas villas
- · i 1(), as quaes os
municipaes emquanto á 2•. cidadãos em prestão as suas casas por patriotismo
Da camara municipal da cidade para esse fim ; e em outras villas as sessões são
ratificando por si e seu município feitas na~ matrizes. A determinar-se poi.s, isto
de lealdade á i · - ·
especial agra•lo. para as outras villas em que est~ providencia
Da camara municioal da villa do Crato, pon· fór necessaria; porque a camara deve olhar com
derando a necessidade da creação de uma pro- igualdade para todas as províncias do imperío
víncia naquella comarca. - A· commissão de es- e vet· se as finanças chegão. Se pudermos deve-
tatística. mos fazer isto com igualdade: do contrario não
O SR. PEREIRA RIBEIRo ofi'ereceu um reque- se faça por ora.
rimento que entrou em discussão, vencida a Por isso mandarei uma emenda parn que no
urgencia, e foi •approvado. Para que se pergun- caso de passar alguma ou todas as emendas de
tasse ao governo quaes erão as providencias que que fiz menção, seja a sua disposição generalisada
tinha dado sobre o conteúdo dos officios do a todas as províncias do imperio:
presidente da província da S. Pedro do Sul em o Sr. Carneiro da Ounha:-Sr. presi-
1830, a respeito das colonias allemãs de S. Leopoldo dente, não foi só a província da Bahia que sof-
e de S. Pedro de Alcantara. freu prejuízos, muitas outras províncias os sof-
Tendo entrado o ministro da fazenda continuou frerão e fizerão grandes sacrificios: homens houve,
a discussão do orçamento de sua repartição, com cujas propriedades foriio inteiramente destruídas.
as emendas apoiadas emquanto á despeza. E' necessarío saber se homens que se pronun-
o Sl'. Ferreira de MeHo: -Tenho de ciarão tão denodadnmente a favor da liberdade
votar contra algumas das emendas que se achão de seu pai:>:, que tanto soffrerão, níio devem ter
sobre a mesa; e vou dar as razões. Uma d~s~as alguma indemnisaçiio agora que estamos no tempo
. · . rao pnme1ro para
publica as perdas e prejuízos que sofi'rerão os ella devem merecer alg•1ma contemplação.
habitantes da Bahia, em consequencia da occupa· Além dos sacrificios de 1817, houve reincidencia
ção dos soldados lusitanos e tambem da tropa no norte em 1824, que resultou da dissolução da
brazileira. Esta emenda parece-me justa, mas constituinte: uns querião a integridade do imperio;
não acho justa em que se limite á província outros que não retrogradasse a liberdade do Brazil,
da Bahia, porque a guerra da independencia causou e sacrificarão bens e vidas pela liberdade.
prejuízos em muitas provincias do imperio, e a Eu mesmo padeci muito. Eis como têm estado os
ter de passar essa emenda eu votaria que se negocios do Bq1zil.-Não houve prejuízo e soffri-
fizesse extensiva a todas as províncias do imperio, mento sómente por occasião da independencia,
ás quaes pudesse ter applicação. houve tambem os que acabei de apontar. Ver-
Outra emenda estabelece um ordenado para o the- dade á, que as províncias da Bahia e Piauhy,
soureiro e escrivão encarregado da arrecadação soffrerão muito das tropas lusitanas: llouve grande
(las t."anda~;~ das villaa de Oampos. Eu estou per- Jeaistencia; os povos do . Oeará. forão ao Piauby
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SESSÃO EM 20 DE SETEMBRO DE 1831 183


entrarão na villa Caxias ; houve muitos prejuizos tambem sel-o a que fizessem outros Sra. depu-
e perdas ; além de que foi necessario pagar com tados a respeito de suas províncias.
generosidade a estes homens que farão ajudar O SR. MINISTRO apresentou o calculo das re-
os pa~riotas do Piauhy_, de maneira que muitos messas que devião. fazer-se ~ara Londres no
sões, mas por generosidade dos habitantes do
, .
e amortisação do emprestimo portuguez, cujo
Piauhy. Não farão porém sós Ceará e Piauhy que pagamento havia cessado desde o anno de 1828,
soffrerão, mas muitas outras províncias como po- seg_t<ndo ~ostrára honte~, e que naturalmente
Ha uma emenda para se alugar uma casa, probabilidade de que terminasse as causas que
para servir de casa de camara e de cadêa nos derão lugar á suspensão deste pagamento, e como
Ilheos. Eu posso não estar por ella, porque acho o computo annual para p11gamento deste empres-
que é injusta, havendo províncias em que não timo era de 100,000 lbs. st., vinha a ser e..
ha uma só casa de camara, uma só cadêa I Todo o som ma total u pagar 300,000 lbs. st., além de
Brazil está hoje pouco mais ou menos nestas outras 100,000 lbs. st. de juros e amortisação
circumstancias, e eu não posso votar para que deste anno, por conta das quae~ o governo não
se estabeleça uma cadêa ou casa de camara em tinha ainda feito remessa alguma, importando
um logarinho, c:_uando todo o Brazil reclama pro- portanto em 400,000 lbs. sts. a quantia a pagar
videncias a este respeito, as quaes é impossível dos juros e amortisação do emprestimo portuguez,
tomar por agora, attento o estado das nossa.s e 4,000 lbs. st. para satisf«zer á amortisação
finan s. Como se hão de fazer estas des ezas se dos em restimos brazileiros relativa ao anno de
não ha dinheiro~ Só se descobrimos a pedra philo· 1830, das quaes 4,000 lbs. st. devião ficar na mão
sophal. Não ouvimos nós uma proposta do ex- dos contractadores como hypotheca.
ministro da fazenda pnra suspensão do pagamento Declarou que estava prompto para pedir um
dos em restimos externos? AI uns Srs. deputados credito su lementar á camara como no dia
disserão então que udo tin a estremeci o, eu antecedente o i nsmu r a o r. o an a, mas
não estremeci, porque sabia as circumstancias que o não tinha feito pela persuasão em que
em que estavamos, as quaes agora se vão des· estava, de que despezas legaes correntes e ordina-
cobrindo. Alguns Srs. representarão que o Brazil rias não precisavão de credito supplementar para
era vas o e nco, que 1n a mm os recursos, e c. serem sa ts e1 as.
Chegamos á discussão do orçamento e estamos Continuou outra vez a fallar sobre a divida
vendo nossa miseria. externa, para cujo embolso tinha o governo que
Eu hei de votar contra todas as emendas, porque remetter pam Londres pelo menos 10 milhões
não sei de onde virá tanto dinheiro. de cruzados ; e advertia que as transacções feitas
o Sr. costa Ferreira:-Sr. presidente, na praça de Londres por conta do governo bra-
não voto a favor da emenda que propõe a iudem- zileiro lhe erão pouco favoraveis, pois em vez de
nisação dos brazileiros que pugnárão pela inde- se comprarem as apolices antes da amortisação
pendencia, não por deixar de achal-a justíssima, para não pagar o juro, compravão·se depois, sendo
porque devemos fazer isto por meio de uma ainda maior a infelicidade, porque sempre se
resolução. Creio que está sobre a mesa uma reso- compravão por alto preço e se vendião quando
- 'to ueria ue ella se dis- estava baixo.
cutisse, e não que passe por uma emenda, pois Sobre a duvida interna disse que es 1mar1a
desejo que sejão contemplados os primeiros pro- muito, e julgava conveniente que a camara dos
pugnadores pela independencia do Brazil. . Srs. deputados nomeasse a commissão de que
tratava a lei de 15 de Novembro de 1827, para
Jr mspecc1onar a ca1xa e amor 1saçal), para q e
zenda de Pastos-Bons porque não rende nada. o publico se convencesse d!l que estava na melhor
Quando eu lá estive pedi uma conta do que tinha ordem, e de que o governo tinha mandado para
rendido a fazenda em 1825, 1826 e 1827, e achei que aquella casa as consignações determinadas por
o rendimento é zero e que a despeza anda para lei com toda a pontualidade, e que por conse-
cima de 400:0úOS. Julgo que a respeito desta fa- quencia não devia haver receio algum sobre o
zenda podíamos dizAr o mesmo que o testador no cumprimento ua palavra da nação. (Apoiados.)
testamento.- Não deixo nada ao meu mordom) Tornou a mostrar que a lei do orçamento não
porque me servia como tal tantos annos. -Na havia sido executada a respeito da alfandega,
minha província ha muito quem queira comprar os pois não podendo 74 guardas fazer o serviço o
gados que estão nesta fazenda e por bom dinheiro. governo tinha conservado 101, os quae11 tinhão
Tudo se póde vender por bom preço logo que sido sufficientes até agora por não se haver
se ponha á venda. accumulado muito trabalho, mas logo que o
O SR. SoARES DA RocHA sustentou a necessi- socego e tranquillidade publica se restabeleces-
dade da emenda sobre a indemnisação dos pre- sem era provavel que não se pudesse passar sem
juízos causados pelas tropas lusitanas que achou 120 guardas pelo menos; que tambem não havia
de toda a. justiça, sendo a camara a autoridade 12 fieis como já tinha feito ver no dia antece-
competente, a quem se devfão representar as dente, pois o numero indispensavel e que estava
necessidades das províncias, e se acaso ella actualmente em exercício erão 17, distribuídos
felicitava tambem o Brazil todo, de que a dita pelos armazena, trapiche da cidade, pont'\, arma-
· · · rte. . das telheiro da
Mostrou que era de. absoluta necessidade reco- estiva e sello, não permittindo o edificio que se
nhecer aquelles prejuízos como divida, para dar fação os armazena maiores, e sendo impossível
ao menos uma satisfação áquelles povos, porque que um fiel só faça toda a escripturação de um
muitas famílias ficárão desgraçadas por causa da armazem muito grande.
guerra da independencia. rApoiados.) Disse mais que se poderia compensar talvez
Quanto á casa da camara di&se que a lei o maior numero de guardas pela diminuição nos
determinára que a houvesse, mns não se tinha vencimentos respectivos, mas que isto não era
podido estabelecer ainda por falta de casa capaz conveniente de fôrma alguma, porque o venci-
para isso, não valendo a razão produzida de mento de duas patacas já era bastantemente
que havia. a mesma falta nas outras províncias, diminuto, entendendo S. Ex. que os ordenados
pois assim como fóra attendida a representação devião ser tanto maiores quanto os empregados
feita pelos Sra. ·deputados da província da Bahia pelos lugares que exercerem, estiverem mais
sobre a necessidade desta providencia, podia sujeitos á peita e suborno; e por esse motivo
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18i SESSÃO EM 20 DE SETEMBRO DE 1831


pturação, e recebendo elle ministt·o todos os dias
offi.cio das juntas de fazenda participando que
não podiào fazer est~ ou aquelle trabalho por
falta de offi.ciaes. ·
c ou necessana a emen a so re o esouretro
e escrivão da arrecadação das rendas da villa
de Campos, por serem precisos alli aquelles em-
pregados, parecendo-lhe que não vínhão incluídas
para lá mandárão, entretanto que o governo
,
dido que devia ser igual ao de lõ de Dezembro
-
gastava 10:000$ com 32 dos seus empregados na de 1830.
mesma alfandega. Quanto á emenda que propunha a indemnísação
Ponderou, á vista do exposto, a necessidade de dos damnos e prejuízos causados pelas trop:~s
revogar nesta parte a disposição da lei do orça· luzitanas por occasião da guerra da indepen·
mento; pois a diaria dos guardas era insigni· dencia, achava justo que os que experimentárão
:ficante e convinha augmental-a e não reduzir damnos fossem indemnisados pela nação, mas
na importancia dos 10:0006 como fizera a dita advertia que todas as províncias estavão nas
lei. mesmas circumstancias, e por isso tínhão direito
Insistia tambem sohre a necessidade de con· a serem igualmente contempladas ; desejava
servação dos offi.ciaes ajudantes da escriptu ração porém elle ministro que. a. emenda passasse por
das diversas mesas ois a administra -o da ll
estabelecimento necessitava dos ditos offi.ciaes, camara dos Srs. deputados entendido no anuo
porque a escripturação era muito importante e proximo passado que era muito difficil extre-
consideravel; e por isso não se podião fazer as mar os que tinhão soffrido pela causa do Brazil,
reducções determinadas na lei das uaes resultava dns ue tinhão i · · ·
que os guar as estavao empregados na escriptu- migos.
·ração quando não convinha empregar guardas Representou que seria muito conveniente que
naquelle objecto. o cot·po legislativo désse as convenientes provi·
A respeito da casa da moeda referio que havia dencias sobre as remessas das consi na ões ara
o ciaes, os quaes presen emen e nao tn ao oc- as províncias, cujos rendimentos não chegavão
cupação, mas que havia ao mesmo tempo falta para occorrer âs suas despezas, visto que o
de outros, dos quaes se carecia estando enfermos thesouro não tinha tido meios de fazer as rlitas
ou ausentes, sendo conveniente por este motivo remessas, sendo estas províncias Espirito Santo,
autorisar o governo para nomear para os em- Santa Catharina, S. Paulo, Goyaz e Matto·
pregos vagos que forem de absoluta necessidade Grosso ; para melhor provar a necessidade desta
não preenchendo todos os lugares, porque isto não medida leu um officio do presidente da província
é necessario, mas os que são indispensaveis ; de S. Paulo, em que dizia que nada havia mais
estendendo-se esta providencia ás intendencias penoso para quem se achava á testa de uma
de Minas Geraes que· trabalharem, como as de administração do que conhecer os males e não os
Ouro-Preto e Sabará, pois os offi.ciaes das ditas poder r~:Jmediar por falta de meios, que tal era
casas trabalhão muito, em razão de que o ouro o estado da jun~a de fazenda daquella P!ovincia ;
Declarou que tinha trabalhado e continuava a
trabalhar para fazer as reformas nas alfandegas
que melhor lhe parecião, tanto a. respeito da
immediatamente em execução as que depandião zenda de Santa Catharina, que contrnhio um
do governo, e reservando-se para propôr as que emprestimo de 32:000fl para pagar o soldo da
dependerem da assembléa; que não sabia se no tropa, e qu•3 lhe participára por ofiicio recebido
estado actual das causas poderia fazer-se a hontem, que tinha sacado sobre o thesouro
reforma com a brevidade requerida, mas que 20:000S por conta das despezas do anno passado,
representava ao corpo legislativo as necessidades vendo-se elle ministro na collisão, ou de pedir
publicas para que resolvesse o que fosse mais um credito suptJlementnr para pagamento desta
conveniente. letza {quando aliás pensava que não era admi-
Mostrou a necessidade de autorisar o governo rava! a requisição de um credito supplementar
para fi.scalisar a meza de diversas rendas que não par.1 pagamento de despezas ordinurias, legaOOJ e
tinha, ftscalisação alguma, podendo embarcar-se correntes), ou não aceitar a letra, do que re-
em um navio. que se achasse á carga os generos sullarião graves prejuízos á fazeuda, sendo o
que se quizesse. principal a perda de seu credit•J, mal que podia
Emquanto á nova lei da organisação da the· ter algum remedio emquanto o corpo legislativo
souro disse que estava sanccionada, e que era estava reunida; mas a respeito do (jual não
innegavel que havia melhorar muito o syst~ma havia a quem recorrer logo que se fechassem
de compatibilidade, e sem duvidar de que pudesse as camaras, vendo-se o thesouro obrigado a nãt)
fazer-se obra mais perfeita estava certo de que pagru·, porque a lei o não autorisava para isso
havia de melhorar muito a administração da · e o governo não havia de couvocar a assembléa
fazenda ; que não ~ra este o l!:_gar proprio para geral para pedir um credito su lamentar ara
pagamen o e ou e : en retanto que
lei, mas lembrava sempre que um delles e não o militar se verá na necessidade de venr!er esta
pequeno, era o melhoramento de condição dos divida por um preço insignificante, parecendo a
empregados de fazenda, pois era impraticavel que S. Ex. que poderia obstar-se a taes inconvenientes
um empregada pudesse trabalhar venceudo 50U admittiudo o que está em pratica nas nações
annuaes. mais entendidas em administração, como em
Advertio que a não ser esta lei que o auto- França onde se faz dift'erença entre receita e des-
risa'va a organisar as repartições fi.scaes das peza do anno corrente e dos annos anteriores,
províncias, se teria visto obrigado a requerer á sendo a conta da receita e despeza dos annos
camara a ·conservação dos offi.ciaes que pedião anteriores apresentada á parte, chamando-se isto
as juntas de fazenda das províncias, as quaes contas de exercicio, ou na Inglaterra onde se
não podiii:o íaze-r o ·serviço que estava a seu considera tudo receita ou despeza do mesmo
cargo com os. officiaes unicos que lhes. deixárão, anno, e se mandão satisfazer ás despezas legaes
achando-se por este motivo muito atrazada a escri- correntes e ordinarias como se fossem do mesmo
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:16 - Página 4 de 6

SESSÃO E.M 20 DE SETEMBRO DE 1831 185


anno, procedendo-se do mesmo modo na ar· aqu~Ue. lugar, e dahi_ a 5 dias escreveu que não
recadação das rendas a que chamavão receita do podia Ir e que carecHI de um anno de licença.
anuo. A.dvertio que o Sr. ministro dos negocias es-
Daqui concluio que não havia necessidade de trangeiros havia .officiado a este respeito para
credito su plementar ara des ezas des a u- t . .
reza, mas Sim para despezas extraordinarias, havia tempo de proceder contra o dito m:1rquez
para as quaes cumpria então recorrer ao corpo p~ra restituição desta somma, a qual não era
legislativo. tao pequena que devesse desprezar-se.
(No sentido destas observações leu um re ne-
o que zera, o qua epols e assignado . '
as informações pedidas em
por um dos Srs. secret~rios foi apoiado pela quente. E retirou-se com
camara como emenda.) til o.
Terminou dizendo que não se podia demorar
mais por ser vespera de sahir o paquete, e I>Or
isso tendo de dar alguns esclarecimentos, de-
sejava que o Sr. presidente convidasse os Srs.
deputados a declararem que esclarecimentos pre-
tendião; afim de satisfazer-lhes.
O SR. MARIA DO AMARAL notou que S. Ex.
tinha dito que o Brazil era credor á corôa
portugueza de 110,000 lbs. st., entretanto que
· eve or e
51,000 lbs. st.
O SR. MINISTRO respondeu que não tinha for-
mado aquelle quadro, nem sabia os dados em ue
cessor se un ra para o fazer assim ; em Jan~:>iro, o que envolvia diminuição de orde-__
mas podia asseverar á camara que segundo contas nados, quando elles já não erão grarides. '
verificadas, o Brazil era credor de 110 para 120 Não lhe pareceu necessario o provimento dos
millbs. st. á corôa portugueza. em · ·
O SR. MoNTEZUMA referio que pedira, havia tivesse apparecido algum ouro para cunhar, não
mais de 15 dias ou de u::n mez esclarecimentos seria em tanta quantidade que valesse para encher
sobre a parte da receita que entrára em as- estes empregos, pagar ordenados, gratifica-
signados ou em letras não cobradas nos annos ções, etc.
de 1829 e 1830, mas como S. Ex. os não tinha Lembrou a respeito dos empregados e operarias
mandado ainda, era de suppôr que não tivesse da casa da moeda da Bahia, que deverião ser
podido sabel-o até agora, e portanto era impos- occupados em trabalhos semelhantes em outra
sível tratar deste objecto. qualquer repartição, pois não podia descobrir o
lilntendeu que a opinião de S. Ex. sobre a motivo porque um ferreiro da casa da moeda
necessidade de mandar já o dinheiro necessario não prestaria os seus serviços no trem,. ou no
para pagamento do emprestimo portuguez não arsenal, etc., requerendo elle orador a mesma
era exacta. providencia em uanto aos officiaes de en
io na op1mao cerca o ronunciou-se contra a fixação das quotas sobre
credito supplemen tar, mas não quiz fallar sobre as províncias para pagamento da divida externa,
estas cousas, por não dizerem respeito a escla- devendo o ministro da fazenda ter a autoridade
recimentos e dependerem só de raciocínio. de fazer as remessas daquella rovincin. em uo
· . • • l a in or· o cam 10 osse mais avorave ; pelo contrario
mações, se pudesse, sobre duas representações do entendeu que a despeza da divida interna devia
conselho geral da Bahia, relativas aos impostos ser marcada por províncias, pois que taP.s dividas
que estavão a cargo da extincta mesa de inspecção, erão verdadeiramente provinciaes, La vendo-as
como os impostos para o banco, para a divida apenas em o Maranhão, Pernambuco, Bahia e
publica, etc., ou não sendo possível dar agora Rio de JanPi~:o. .
a dita informação, se o Sr. ministro a poderia Declarou·S'l fortemente contra os procedimentos
remetter ou apresentar para as discussões se- praticados a respeito do emprestimo portuguez, e
guintes. não sr1bia como a camara tinha coragem de fnllai'
Tambem requereu esclarecimentos sobre uma a semelhante respeito, não se achando deposihrla
representação de Minas, ácerca da encorporação em Londres a importaooia do juro e amortização
da renda do subsidio voluntario das vendas o do emprestimo como se nffiançó.ra, etc., parocendo
tavernas, arrecadado nas diversas partes da pro· ao nobro orador que neste negocio havia tanta
vincia, e applicação para as cnmaras municipaes, gente compromettida, que melhor era lançar um
porque estas nada podiüo fazer por falta de véo sobre o passado o dar tudo por concluido.
meios. Avertio neste lngflr que n commissão do contas,
Desejava igualinento informações ácerca de uma a qual havia sildo do alguma fórmr1 incropada
representação da província de Santa Oatharina, no dia antecedente por não ter apresentado os
para se applicar uma conti·ibuição a favor do seus trabalhos a este e n outros respeitos, o não
hospital da cidade do Desterro, assim como ácerca pudera fazer por ign•Jrar muitos esclarecimentos
de outra representação sobre o hos ital da Bahb• indis ensaveis ra ;
que es ava em miserave estado. épocas, destinos, etc., etc., causas que nem no
Requereu ser informado sobre a importancia thesouro constavão, entretanto era obrigado a
dos dízimos em todo o imperio no anno d~ 18:JO dizer que a commissão fazia esforços muito grandes
sobre os proprios nacionaes, dos quaes desejava para apresentar varias c~msas e tinha já algum
ver uma lista com declaração do estado em que trabalho prompto, que tem deixado de oft'erecer
se achavão e de quanto rendi1lo, especialmente porque tinha visto que a camare tem estado
das fazendas do Piauhy e Matto-Grosso. muito occupada, e tambem porque q11eria ver se
Queria saber tambem se o marquez de Tau- a commissão encarregada do exame da cai~a de
baté já tinha entrado com 3,028 lbs. st. 18 s. e 4 d., Londres concluía seus importantes trabalhos.
producto dos vencimentos e ajudas de custo que Passando a fallar sobre a quantia que tinha-
cobrou indevidamente como ministro brazileiro mos a mandar para Londres, affirmou que não
junto á córte da Russia, pois recebêra suas cre- era menos de 10 milhões, como o Sr. ministro
denciaes e o respectivo dinheiro para ir exercer demonstrára, a qual quantia se destinava a pagar
'l'OMO 2 2!
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186 SESSÃO EM 20 DE SETEMBRO DE 1831


um emprestimo, cuja utilidade para o Brazil igl}-~­ lares, porque ignorava a quanto mo:ntaria a sua
zava até agora, não podendo por esta occas1ao importancia, e as nossas circumstancias nã.o per-
deixar de o increpar ao marque~ de Mari~à., pois mittião fazer taes despez~s. O nobre orador dese-
era inexpugnavel que a elle de.viao ser attrtbm.das java que ~ esse respeito seguisse_mos . o e::remplo
o as s gr ç ''
Declarou com tudo que ouvira dizer boas cousas se encontrava que se tivessem exigido indemni-
a respeito de suas qualidades, mas não lhe sações de prejuízos experimentados na guerra da
obstava i;:;so !1. crer que o qito marquez era a ind~pende!lcia daquelle paiz, _a qua~ aliá~ foi

que se contrahio o emprestim~ em 1824, princi- estragos do que a do Brazil. (Apoiados.)


piâra. a immoralidade e devassidão do governo Votou por uma emenda em que se recommen-
do Brazil, tendo sido talvez um passo dado de àava á commissão de orçamento que inclui.sse
boa fé, mas m11ito fatal. para 3• discussão as quantias peilidas pelas juntas
Julgou necessario que as indemnisações das de. fazenda, que julgasse legaes e indispensa-
perdas soffridas por occasião. da guerra da inde- vels.
pendencia fossem decret~das e as respectivas quan· Advogou a necessidade de passar uma emenda
tias reduzidas a divida publica do Brazil, porque propondo consignação para factura de uma ponte
os proprietarios tinhão as suas fortunas em em a Parahyba do Norte, a respeito da qual jâ
balanço e era necessario que se acabasse com havia passado uma resolução na camara, sendo
este estado de incerteza, occupando-se a camara portanto superfiuo repetir as razões que se alle-
deste ne ocio desde o anno de 182G e não se gárão sobre a sua necessidade e conveniencia.
havendo vistJ mais do que chicana manifesta na · otou contra a emenda que propunha a venda
commissão mixta, a quem se submetteu o dito dos proprios nacionaes, porque estando a tratar-se
objecto, a qual não tem feito causa alguma. da reforma da constituição do ímperio no sentido
federal, parecia que de alguma fórma se atacava
sibilidade de decretar estas índem~isações na lei o 1re1 o que 1n a ca· a prov1nc a e ve ar so re
do orçamento e que ellas devião fazer objecto de os propríos nacionaes nella situados, os quaes
bem administrados poderião dar uma somma
uma lei par.ticu~ar, para. serem indem~lisados consideravel em beneficio das rendas da nação,
" o - - c
bem se havia advertido muitos não tinbão expe- guma, como elle conhecêra pelo exame que tinha
rimentado prejuízos por pugnarem pela indepen- feito da receita e despeza destes bens no Pará,
dencia, mas por lhe serem oppostos e que era Maranhão e Matto-Grosso, etc., otc. Accrescentou
portanto materia muito complicada, a qual não que além de não achar justa a venda lhe parecia
podia decidir-se assim por uma emenda na lei prejudicial, porque a carencia de demandadores
do orçamento. faria com que não se pudesse obter o preço
Emquanto á emenda que propunha uma con- conveniente, sendo portanto melhor que cada uma
signação para uma cadêa, lembrou que quando província, ou antes, cada um dos novos estados,
se fixára as despezas das obras publicas nas depois de reformada a constituição no sentido
províncias se havia decretado esta despeza, se- federal, faça de taes p1·oprios o que melhor en-
gundo as despezas de cada uma dellas, e por- tender ou mais convier.
tanto não er en o.
• emen a re a-
o SR. REZENDE tiv~ ás barcas de. soccorro e pharóes, a qual
todas as emendas, pois quando se tratava da ass11n como a relat1va á construcção da ponte na
despeza todos advo~avão a nec.ess_idade do au- Parabyba devia passar porque importava execução
ninguem se lembrava de examinar ~e a receita A respeito da divida externa mostrou que era
chegaria. melhor orçar. a q~antia em libras esterlin!is ; pois
Advertia que o art. 3o das emendas da lei do attenta a osclllaçao do cambio seria imoossivel
orçamento do anno passado tirava todas as du- orçar exactamente em réis a somma quê devia
vidas que poderião apparecer ácerca da execução ser applicada áquelle pagamento.
da lei do thesouro. Emqll:anto âs aifandegas declarou que a do Rio
Emquanto á ino.lemnisação dos prejuizoa cau- de Janeuo era por excellencia mal administrada·
sado!? pelas tropas, lusitanas disse que estava o que era muito antigo porque provinha da im:
este negocio affecto â commissão mixta, que perfeição da primeira lei de reform!l do antigo
tra~aya a respeito da mutua ind~mnisação dos foral.
preJUtzos causados pela guerra da mdependencia, · Affi:muu que tendo.:se applicado ao estudo da
receiando _muito o nobre orador quo aquellos que rnane1ra pela qual erao org11nisadas as alfande~ns
conEorrêrao pura ·os prejuízos quoiriio indemni- dos Es_!:ados-l!nic' s ~ da Inglaterra ao convencOm
saçoes, assim como aquelles que padecêrão sem que na_o sen~ appl~cavel por ngorn no Brnzíl;
para elles terem contribuído, não sabendo elle e por 1sso nno pod1a concordar com o Sr Hol-
oradot· qual será o meio de os separar, mas landa a tal. respeit~, nii~ . sendo por orn admissivel
apontando-se meio de os separar, approv:n<, a a extraordmana slmphcldade ·quo se notava nas
emenda comtanto que se estendesse a toú~" as alfandegas daquellas nações; pois não have.~ia
provin cias. certeza da exactid~o _9as facturas, nem mesmo
se os volumes contmhao as fazendas es e i
· q e propu- nas . mesmas ac uras, além da differença das
nha contemplar-se no orçamento o ordenado do qu~itdades que muito influía para pagar direitos
thesoureiro e escrivão da arrecadação das rendas ma1ores ~u menores ; sendo de notar que com
de Campos, porque seria então necessario deter- toda a chtcana das nossas alfandegas e exame
lJ?inar _o mes~o a respeito de todos os func- a que ~~ procede n_ellas, os maiores abusos se
~tonanos em ~guaes circumstancias, o que não commetttao na classllicação das qualidades das
Julga': a convemeute pelo máo systema de impostos faze!ld!ls, abu~o que poderia ser muito maior
que tmhamos, os quaes rendião pouco apezar de admlttldas as 1dél!s do Sr. Hollanda ; pois ainda
serem muito onerosos. , q!le se pudesse dizer que as fazendas poderíão
V_ot_ou contra. a emenda para indemnisação dos Vlr com attestados dos consules residentes nos
preJUlzos expenmentados por occasião da guerra ·lugares;onde ellas se embarcassem, como acontecia
~a independencia! s~m em~argo de parecer-lhe no .tempo em que se exigia documento da nacio-
JUsto que a naçao mdemmsasse dos prej uizos nahd!\de da fazenda importada, t>ela differença
que por causa della havião soffrido os particu- de dueitos entre as fazendas inglezas e as de
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SESSÃO El\1 20 DE SLTEfflBRO DE 18:-31 187


outt'as nações, era impossível que os consules era honrosa para quem a requeria com justiça, mas
conhecessem esta veracidade ; pois os negociantes não devia tambem admittir a esmo por uma
lhes apresentarião as facturas e despachos emenda como div1da nacional uma quantia in·
alfandegas, dizendo: « São estes os generos certa.
tenho embarcado ; » e o consul assígnaria A~vertio que nas guerras civis todos erdião
ue udesse ex ·
nha o negociante, ou proceder a fiscalisação alguma
para o que era preciso que o consul assistisse
ao encaixotamento das fazendas.
Entendeu comtudo u.e era
re orma, a qua não devia limitar·se ao augmento mquestwnavel quo o homem nunca aprendia me-
- dos ordenados, pois em tal caso os abusos não lhor do que á propria custa.
deixarião de continuar; mas simplificando a ad- Fez mais reílexões a este respeito e recommen-
ministração, a chicana da alfandega e seus des- dou 9u~ a disposição da lei abrangesse todas as
pacJ:~s e escolhendo empregados probos, honrados prOVlli!!laS.
e ~hllgentes; reconhecendo elle orador que havia Emquanto á venda dos proprios nacionaes con-
hoJe na alfandega muitos empregados que possuião formou-se com os princípios do Sr. Duarte Silva,
estas qualidades. Feita a reforma, tanto no pessoal achando com tudo attendivel a obj ecção de qll8
como no. mechanismo da alfandega, julgava que haverião poucos comprndores, mas como a venda
se conseguiria o desejado fim , porque um em- não era decretada com urgencia, o governo apro-
pregado bom servia mais do que 30 mãos, e o veitaria a occasião que melhor lhe parecesse.
nu!llero consideravel do empregado~ que havia
· e es orvarem • ONTEZUMA sus en ou a sua emenda sobre
uns aos outros, e de desmoralisação, como poderia a indemnisação dos prejuízos soffrido por occasião
provat• com alguns factos. da lucta da indopendencia, que se fundava no !S
Advertio que a verdadeira fiscalisução da alfan- 22 do art. 179 da constituição do imperio: « E)'
' • o " · · · e roprle a e em o a a
nullo tudo o mais ; pois a fi.scalísação do mar « sua plenitude. Se o bem publico legalmente
de nada aproveitava, sendo inutil o exame de << verificado exigir o uso e emprego da proprie·
guardas, que della se occupava- « dade do cidadão, será elie :previamente indem·
. · . · os casos,
« em que terá lugar esla unica excepção e dará
dos prejuízos soffrirlns na Bahia por occasião da
guena da independencia, pois era necessario « as reg~as para se determinar a indemnisação.))
estabelecer fundos para isto, e não decretar a Advert10 que aquelles senhores que se tinhão
despeza a esmo, convindo tambem determinar a opposto á sua emenda, não havião entrado betn
maneira porque taes quantias devião ser pagas, no seu verdadeiro sentido; pois ella tinha por
se por amortisação, se á vista etc., que era por· fim: 1°, reconhecer como divida nacional os dam·
tanto melhor autorisar a liquidação para no anno nos causados pelas tropas brazileiras e lusitanas;
proximo fnturo se tratar do pagamento. 2o, autorisar o governo para mandar liquidar a
Ajuntou que receiava até votar a favor de uma ímportancía destes damnos, estabelecendo certos
p~ov.iucia, e prejudicar . ás outras; pois a pro· dados indispensaveis para desempenho da justip,
V1nc1a de Santa Cathnrma soffrera perdas incal· fazendo-se distincção entre aquelles que padecerão
culaveís, tendo os Reus habitan es or cansa da i de · · .-
seus eres e ug1do para longe; e outras províncias damnos por seguirem partido opposto; sendo
se achavão em iguaes circumstancias, como o certo que o não reconhecer como divida publica
Piauhy etc. a importancia dos prejuízos que experimentarão
Advertio, porém, que muitos soffrião tambe os brazileiros ela uerra da in ·
j iz s por serem oppos os á causa da inde· o mesm? que d!Jclarar que não devia executar·se
pendencia, e qud deveria pezar-se muito madu- a respeito destes damnos o S) 22 do art. 179 da
ramente toda a deliberalião que a camara tomasse constituição, e que não tinha applíca"ão ú Bahia
a este respeito. esta protecção do direito de propriedade; do que
não poderia fugir··Se por mais interpretações que
Não achou difiiculdade ou injustiça na venda se dessem ao artigo citado. >
dos proprios nacionaes, pois ainda que a consti-
tuição do estado fosse reformada, logo que os Quanto ao argumento de que. este negocio estava
bens estavão destinados para pagamento da affecto á commissão mixta, notou que os trabalhos
divida nacional pertencião ã naçfio, e não a desta commis5ão estavão parados, e •que não ha-
cada provincla em particular. Indivou que ara da via inconveniente em se fazer a liquidação da
ultima necessidade providenciar sobre a venda ou maneira proposta; porquanto, sabendo o governo
arrendamento dos ditos proprios, para que a nação o montante destas perdas toma.-á sobro si o pa-
tivesse com que pagar as suas dívidas; pois do gamento dellas, e exigirá do governo portuguez
contrario apenas servirião de alimentar a immora· a indemnisação; de maneira que não vinha isto
lidada. a ser senão executar-se o tratado com mais me-
thodo e fiscalisação, não deixando fazer osta liqui-
Concluio, depois de outras reflexões, dizendo dação por particulares a torto e a direito, e
que não tratava das necessidades da sua pro- evitando que ficasse muito remoto o deferimento
vincia por nã•J estar presente o Sr. ministro da dos prejudicados, e dependente do arbítrio dos
fazenda. membros da commissão, mostrando assim o go-
s propne a es lD IV -
prejuízos mais consi- duaes; que ac ava desnecessario demonstrar a
sideraveis experimentados pela guerra da irlde- justiça desta indemnis:Jção; pois a camara e a
pendencia, conforme uma resolução que jã se nacão toda não ignotli'Va que a província da
apresentára, se bem que na sua opinião todos Bahia tinha feito mais sacrificios do que nenhuma
devião participar das calamidades publicas, e como outra, não por exceder ãs mais províncias em
havião prejuízos taes como os do sangue, que não patriotismo e esforços heroicos, pois que o espírito
podião sanar-se, achava desigualdade em indem- d.; nacionalidade e independencia fõra igual em
nisar perdas de bens em uma província, quando todos os habitantes do imperio, mas porque a
era ·impossível restaurar. as dividas daquelles Bahia soffrera um assedio estivern por muito
que correrão em defesa da causa nacional de tempo occup1da por tropa, tanto a cidad'l como
todos os pontos do imperio. A cnmara comtudo o reconcavo, resultando daqui a probreza de muitas
não podia op:,Jôr-se a uma justa_indemnisação1 que familias d'antes abastadas.
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188 SESSÃü E~l 21 DE SETE11BRO DE 1831


sessão inteiramente destinada para este fim, por
envolver esta questão princípios de direito pu-
blico que convinha examinar.
Concluio quo não .se fazia preciso. credito SUJ?·

do Ol"çamento relativa á despeza, que foi approvada.


Farão "tflmbem approvadas as emendas se-
guintes :
Do Sr. Duarte e Silva:
<< O governo fica autorisado a reformar as
alfandegas em tudo o que possa melhorar o seu
expediente e fiscalisação, com especialidade a do
Rio de Janeiro, não excedendo a 100:000$ a sua
despeza, e dando conta á assembléa geral para
sua devida approvação. )>
Do Sr. Moura :
<< Consigne-se á repartição da fazenda na pro-
. i ear : ; para sem emmsarem
os cofres dos orphãos de duas villas das quan-
tias que lhes tirarão para fazer a expedição na
guerra da independe!J.cia, com atte.nção aos juros.>>
'de ler a historía para o examinat·, não podendo
. :-.
a pagar as differenças resultantes do cambio.
mesmo ser applicavel tal exemplo, quando a con- Do Sr. Lobo de Souza:- Para que a com missão
stituição do imperío era terminante no~ 22 do d~ orçamento ~eclare na terceira diSC)J.SSiío, quaes

Á. respeito da cadêa na villa dos Ilheos notou zenda, e não incluidas no orçamento que julga
que não fôra lembrança sua, mas do conselho indispensaveis.
geral da província, havendo o senado reconhecido Do Sr. Veiga :-Para se pagarem os juros de
a necessidade desta despeza por uma resolução 63:/lOOH que a fazenda da província de Matto-Grosso
sua, visto que o edificio em que estavão os presos deve á casa da misericordia, por l'hos ter tomado á
se achava em tal ruina que elles sahião quando forçfl no gqverno do marquez de Aracary, com
querião. approvação do ministerio d'el·rei D. João VI.
Defendeu a necessidade da especificação das Do Sr. Beliza.rio : - Que consigna 40,000 lbs. st.
despezas, como até agora se tinha feito e como para pagamento da amortisação e juros dos
se praticava em todos os pai.zes constitucionaes; em prestimos brazileiros.
não devendo ser permittido applícar as sobras Que autorisa o governo a pa ar aos empregados
de umas des ezas ao a amento de outras ara das es s i rs re · -
as quaes a prestação não fosse sufficiente, pelos mente nas províncias, assim como aos funccio-
muitos abusos que desta condescendencia podião re- narios que forem nomeados em consequencia. da
sultar, sendo melhor prevenir os crimes do que nova lei da roganisação do thesou.ro.
punil·os. u~ destina4:800 ooo· ara as des ezas da barca
ppo:11·se a que se au onsasse o r. mims ro da de soccorro e pharóes.
fazenda para emittir bilhetes do thesouro, jul- Ficou adiada por empate outra emenda do mesmo
gando inapplicavel o exemplo da Inglaterra por Sr. Belizario que autorisava o governo a no-
ser differente a fiscalisação e arrecad~ão das mear os officiaes da casa da moeda e das in-
rendas daquelle paiz, havendo gn.rantia lá contra tendencías das minas que julgasse precíf!os.
os abusos que se poderião commetter na emissão Entrou em discussão a resolução n. 230 que
de bilhete!! do thesouro, e quem fiscalise as ordens approva o codigo do processo criminal, a depois
de !lagamento do ministro: sendo certo que se de breves reflexões ficou adiada pela hora.
fosse autorisado o Sr. ministro da fazenda a Levantou-se a sessão ás tres horas.
emittir bilhetes do thesouro, seguir·Se·hia uma
desconfiança muito grande de maneira que o negai··
lhe esta faculdade era obrar a favor do Sr. mi·
lUstro. Sassão em ~~ de Setembro
Depois de mais algumas reflexões sobre este
ponto, maQifestou a su11 admiração de ver seguir PRESIDENOIA. DO SR. ALENCAR
no Brazil tactica perfeitamente inversa daquel\a
que se observava na Europa, onde os membros· Approvada a a cta, lerão-se os offi.cios seguintes·:
da opposição gritavão continuamente que tudo Do ministro dos negocias estrangeiros, pedindo
ia mal, que as rendas do estado não chega."~Tão dia e hora para uma sessão secreta.- Designou· se
para as despezas, etc.; ao que os ministros res· o dia se_g~inte ás 1~ hora.s.
n ·- . •
possivel, que o commercio fiores~ia, que as rendas presidente da província do Maranhão com are-
excedíão consideravelmente a despeza, emquanto presentn.ção do juiz de paz da freguezia de S. Fran-
no Brazil se ouvia da boca dos ministros a lin- cisco Xavier do Tury-Assú da província do Pará,
guagem dos primeiros;'ê- dos deputados da oppo· em que pede a incorporação da mesma freguezia
sição a inversa, e que usavão os segundos. á província do Maranhão.- A' commissão de es-
Não conveio &m que fosse preciso fazer este tatística.
anno o pagamento dos juros do emprestimo por- Do mesmo ministro acompanhando o offi.cio do
tuguez, dewndo tratar-se esta questão quando vice-presidente da província do Ceará, informando
em Londres houvesse um legitimo rellresentante o requerimento de Joaquim Francisco de Paula,
do governo portuguez, e quando fossem liqui· professor da cadeira de ensino mutuo da cidade da
dadas todas as contas que tínhão relação com Fortaleza, em que pede augmento de ordenado.-
este negocio, o que não podia tratar-se no orça· A' commissão de pensões e ordenados.
manto actual, mas de\'ia ser objecto de uma !)o mesmo q>.inlstro remettendo o officio do )lre-
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SESSiO E~l 21 DE SETEi~lBRO D.E 1831 189


sidente da província do Maranhão em que pede ella desde a assembléa constituinte, e seria im·
providencias sobre a despeza que é necessario possível que depois de ter manifestado tão cla-
fazer-se com o pharól da ilha de Santa l\iaria.- ramente minha opinião e sentimentos a este
A.' primeira commissão de fazenda. respeito, fosse agora pot· um momento mudar de
Do secretario d~ senndo_ ~articipando que lhe linguage~, é por~m necessario advertir que o seu

forão sanccionadas as resoluções da assembléa mas cumpre aplanar as difficuldades a c. tes d~


geral, approvando as aposentadorias de Antonio pôr-se em execução tal systema, não de maneira
Caet>lr_w da S~lva, F~ustino ~aria de Lima, tãa absoluta com_o nos Estados- Unidos, ~as do
Almeida, Francisco de ~eixas Souto-Maior, Joa- stancias.
quim José Ribeiro de Barros, Joaquim José de Porém, Sr. presidente, vamos á nosS:l questão.
Souza, João Carlos Corrêa Lemos, José Caetano E' impraticavel tambem agora qnt> em uma lei do
Gomes, Jose Procopio de Cnstro, José Teixeira, orçamento se possa estabelecer outro systema
Manoel Corrêa Maciel, Manoel José Monteiro de de imposição : isto pede mais tempo e conhe-
Barros e Manoel Machado Coelho. cimento exacto de todas as circumst'lncias privati-
Do mesmo secretario participando que o senado vas dao differentes províncias, qualidade de generos
adoptou, e vai dirigir á sancçã<>. , resolução que que são mais sobrecarregados e impostos que mais
declara comprehendiilos na ultima excepção do atacão á producção e industria : portanto tenho
art. 10 da lei de 24 de Novembro de 1830 os varias emendas que mandar á mesa diminuindo
officiaes illferiores, cabo~>, anspeçatlas e soldados, impostos, cujo vasio proponho encher em parte
etc. , dos extinctos corpos de estran eiros, ue com outros.
por mspecçao os acu tattvos se ac 1arem com- 1 as a guns Srs. deputados dizem : nada de
pr8hendidos nos casos alli mencionados. mudar este systerna de impostos com que o
Forão recebidos com especial agrado os protestos Brazil está acostumado .... ? Pois alguem póde
de adhesão ao systema constitucional feito pelo acostumar-se com o mal? Corno é que o povo se póde
1 n n as armas a provmc1a o 10 acos umar com o 1mpos o o IZirnO tn!l co ra o
Grande Sul em nome da tropa da mesma província. que carrega sobre uns, emquanto outros o não
Remetteu-se ás commissões de constituição e pagão, conforme fez vêr 'bem um deputado na
justiça criminal o requerimento de Domingos sessão passada, que declarou que não pagava
. . u • • , "t s -
aclia o governo, quanto á intelligencia do art. 154 decreto promulgado no tempo de D. João VI.
da constituição acerca da suspensão dos juize'l Fez mais reflexões ãcerca deste objecto, e re-
membros do conselho supremo militar, e pedindo presentou a necessidade de promover a pesca para
decisão a este respeito. augmento da nossa marinha mercante e de guerra;
Foi a imprimir com urgencia o orçamento da o que podia conseguir-se diminuindo a imposição
repartição da justiça, redigido para terceira dis· que pesava oobre homens que ião buscar o peixe
cus são. ao m!tr alto com risco de suas vidas, para depois
O SR. PRESIDENTE nomeou o Sr. Deos e Silva os dizimeiros tirarem dizima e redizima.
para membro da commissão de constituição em Advertio que o seu desejo era que nenhum im-
lugar do Sr. Rebouças. posto pesasse sobre esta iudustl'ia; mas como
Continuou-se a segunda discussão do orçamento reconhecia que a~ nossas circumstancias o_ não
1 • par e re a iva recet a com as dizimo e redizimo do pescado na conformidade de
emendas apoiadas e offerecerão-se muitas mais. uma emenda (Leu·se.)
O Sr. Carneiro da Cunha :-O systema Fez vêr que outro imposto muito
d i . ã . . . . . ··ã fa i o· d
o mesmo que foi estabelecido pelo governo por- a respeito do qual propôz emenda.
tuguez que naquelle tempo não podia ter em vista Pronunciou·se contra o imposto que se cobrava
o engrandecimento e prosperidade de um paiz sobre a aguardente, debaixo de differentes deno-
para o qual elle olhava com ciume, sendo até minações, recommendando que se estabelecesse
bem conhecido que por uma politica singular um tributo só de tantos por cento ad valoJ•em,
fazia remover daqui os homens ricos, donde nas- o qual lhe parecia conveniente que fosse de 10 ofo
ceu recahirem as imposições principalmente sobre de consumo e 5 ofo de exportação. Para encher o
a agricultura e commercio. desfalque que poderia resultar da adopção destas
Sabe-se mais que os homens que de Portugal emendns, propôz um impos~o sobre letras de cam-
vinhão para o Brazil não erão verdadeiros ne· bio, lembrando que n:~ Inglaterra o tributo do
gociantes, mas simples commissarios que vinhão sello das letras produzia muito, ao mesmo tempo
vcmdor as fllzendas por conta de· outrem, conforme que era pequeno o gravn.me que soffria o povo,
os preços que lhes indícavão os grandes capitalis· porque este imposto recahia qua~i exr.lusivamente
tns : elles não só punhão preço ás mercadorias sobre os riscos que podião pagar melhor ; porque
que tinhão para vender, mas até por falta de erão elles os que emprehendião grandes especu-
concurrentes de mercado, e por serem aliás os lações ; e notou que no Brazil acontecia o inverso
unicos demandadores fazião monopolio e marca- porque o homem rico não pagava nada e o povo
vão os preços dos productos da nossa agricul- contribui a.
tura, não tendo os lavradores outro remedio senão Propôz finalmente um imposto sobre os escravos
sugeitar-se ~ es!a lei, po~s que a !J-âO serem muito das cidades e villas grandes que não se empre-
garem na agr1cu ura, ou ro so re azen as con-
transportar os seus generos por sua conta propria. servadas nos armazens das alfandegas ; assim
O Brazil ainda se acha com o mesmo systema de como um tributo sobre cavallos de pessoa e sobre
·imposições então estabelecido, entretanto que a palanquins. ·
difficuldade das cocnmunicações continúa. Nós Ooncluio pedindo a. suppressão do imposto que
não temos estradas : e como hão de estabelecer-se se pagava na Parahyba sobre cada fecho e caixa.
estradas em um paiz tão vasto e deserto, onde de assucar : pois havia sido estabelecido para
emquanto se concerta uma estrada de um lado, um fim, alcançt\do o qtial devia cessar.
se vai destruindo por outro ? Por isso o commer-
cio anterior não póde florescer no Brazil, e por O SR. VALL.\SQUEB propóz u supressão do im-
consequencia a agricmltura não se adianta : e posto denominado -ntlcional- na pr~>vincia do
assim ficamos estacionarias. Maranhão, o qual fóra estabelecido por occasião
fa.Ua-se em federação I ~u sempre votei J?Or de uma guerra (segundo StiJll>Unha) dos Ct·o.ncozes
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190 Si~ssAo r:~l 21 DE SETEMBRO DE t831


com que foi ameaçada aquella província, o que consistia na falta àe rendas, mas na ma arre·
se applicou para manter uma porção de tropa que cadação e no máo systema de impostos, podendo
veio de Pernambuco ; pois lhe parecia claro ã elle orador a:ffirmar que o Bt·azil tinha rendas
vista desta exposição que não havia direito de sufficientes para suas despezas, se bem que não
continuar. a exigir o pagamento. de um imposto tivesse para desperdícios.
s xce u os e oramen o
Emq uanto a proprios nacionaes declarou que os terrenos do litoral necessarios para logradouros
na sua opinião a nação se devia desftlZer delles, publicas. ·
porque em lugar de lhe darem lucro lhesenião de des- A, respe!to de prçprios nacionaes ob~er:vou. que
a ver ainda execuções de 60 e 70 an nos contra lembrar que nada havia mais prejudicial do que
devedot'es da fazenda nacional por dividas pro- ser o governo agricultor, negociante, contracta-
cedidas de arrematações de bens da mesma fa- dor, etc., etc., pois dahi resultava grande perda
zenda, não podia convir em que se mandasse para a nação e muita immoralidade, sendo por-
vende•·, porquanto se houve tal difficuldade em tnnto o seu Parecer que da venda destes bens
cobrar o pre~;o da venda destes bens nuqu.elles proviria grande proveito não só pelo lado pecu-
tempos felizes em que giraya muito dinheiro, niario e pelo bem moral apontado, porém mesmo
muito maior serifl esta difficuldade hoje que não porque repartidos .-.s terrenos se augmentava a
estavamos em tempos tão prosperas. producção. e a população crescia, mas eht~ndeu
Emquantu . ao aforamento de terrenos das mari- que não ia bem collocada na lei do orçamento
nhas, referio que :havia a este respeito uma grande urna disposição semelhante, pois devia ser mais
questão na Bahia or uanto tendo a camara da- bem e ·
que a c1 ade mandado fazer o alln!Jamento na peculiarmente destinado a este fim, para ver se
praça do Commercio, abai:x:o do caes de Cal, os tiravnmos as mesmas vantagens que tirou a
homens arrendarão os ditos terrenos o princi- A.merica do Norte, que pagou grande parte de
piarão a edificar, porém quAndo estavão em ro- suas dividas com o roducto a en rre -
gress s e cons rucçoes e magm cos e 1 ctes, amanto dos terrenos nacionaes.
foi uma ordem do minstro da marinha mandando Pronunciou-se contra a accumulação de fazendas
suspender estas obras, de maneira que os donos nos armazena da alfandega, não só pelas enor-
dellas, os quaes havião tomado dinheiro a pre- tn -
· vão so ren o am a gra- arma;;:ens, mas até porque a dita accumulação
víssimos prejuízos, não se havenJo decidido até muito concorria para a desmoralísação dos em-
hoje cousa alguma a respeito apezar de reiteradas pregados daquelle estabelecimento, mas como não
reclamações por elles feitas, ao mesmo tempo era possível desde já dar um remedio a isto,
que expirimentava tambem prejuizo a fazenda parecia-lhe conveniente que se adaptasse a emenda
nacional, por não receber rendimento algum deste do Sr. HollaRda sobre a armazenagem que devião
e de outros terrenos em semelhantes circumstan- pagar os negociantes que conservarem fazendas
cias que produzirião não pequenas sommas. na alfandega depois de certo tempo, mas fi.xan-
Entendeu que deviâo abolir-se as ptnsões para do·se um prazo, depois da qual tivesse vigor esta
a capella imperial, por lhe parecer injusto que providencia, para não lesar os interesses daquelles
fossem os parochos obrigados a concorrer para cujas mercadorias estaríão em caminho ou se
o sustento da d.i~a capella, quando não era só embarcassem antes de poderem ter conhecimento
es a e ennmaçao.
Apoiou as idéas do Sr. Carneiro da Cunha 0 SR. FERREIRA DA. VEIGA. disse que uão tendo
sobre o dizimo do pescado, pela necessidade de
ani!!Jar a pesca como esc~la de. marinheiros, em a camara tido sufficientes dados e9tatisticos sobre
im o tos e ão · - ·
te!· grande furça marítima, que era o principal podido apresentar um trabalho completo a este
objecto em que se devia cuidar para sua defeza, resp61to, trabalho que talvez foflse o mais inte-
assim como para promover o seu commercio. ressante que se pouia fazer nas circumstancias
actuaes, mas em cuja apresentação julgava que
O SR. CARNEIRO .IM CuNHA pedia que se addi- a commissão tinlia encontrado difficuldades in-
cionasse á- sua emenda que a imposição sobre superaveis, sendo de mais de receiar que pudesse
os escravos das cidades, que não forem empre- apparecer um deficit, segundo a posição em que
gados na agricultura, recahirá sobre aquelles que nos achamos, cumpria que os Srs. deputados
tivessem de 14 a 50 annos. fossem muito acautelados em reduzir impostos,
O Sn. DUARTE E SILV.!. advertia que niio se npezar de serem onerosos, não valendo o argu-
podia votar sobre a emenda que taxavn a receita mento de que podião ser substituídos, pois a.
do imperio, por niio se saber qunes serião os camara não estava sufficientemente informada para
impostos supprimidos, assim como quaes os que decidir objecto de tanLa monta.
serião addic10nados, sendo portanto melhor que Lembrou-se de que se dissera que ninguem
isto ficasse incumbido á commissão quando hou- podia acostumar-se ao mal, mas convinha a este
vesse de redigir o projecto. respeito observar que quando se tirava de um
A respeito da emenda do Sr. Carneiro da Cunha, lado que estava sobrecarregado passando-se para
para que os senhores de engel'lhO ficassem outro não se agradecia o favor, antes se lasti-
isentos de pagar dizimo dos generos que con- mava o novo encargo, verdade que era reconhecida
sumissem os trabalhadores respectivos, disse , que por grandes economistas, devendo-se por isso
g aviao marc ar com mut a e tca eza quan o se ra-
pagar tanto como outros quaesquer lavradores, tava. de. alterar qualquer imposição; e por isso
e por isso era necessario estender a isenção a os inglllzes erão sobre este assumpto muito
todos os lavradores, do contrario votaria contra prudentes, e ainda que alguns os tachavão de
elln. morosos em excesso podíão servir sempre de
Oppoz-se á emenda sobre o tributo de 14 "/o modelo em mataria de administração, pois cami·
imposto ás letras de cambio, não só porque este nhavão com muito cuidado,de maneira que quando
imposto seria o mais imaginaria possível, por- na camara dos communs algum membro propunha
que estas transacções se fazião com muita faci- a substituição de um imposto, esn1erilh:wão as
lidade, importando aliás em contos de réis, mas causas com muita exactldão attendião ás mais
até porque deste modo se punha grande gravame pequenas eircumstancias, entravão em analyses
sobre o commercio, quando tal imposto não era tão minuciosas que causarião se fossem ditas entre
necessario, visto que o nosso mal maior não nós, ou parecerião inuteis, mas que elles entretanto
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SESSÃO EM 21 PE SETElHBRO DE 183i 191


julgavão necessaria; que não pretendia inculcar tanta o retardamento que tinha hoje, e parecendo
á camara do Brazil que seguio-se marcha tão pro- ao nobre otador que se alguma das outras
bixa, mas julgava que ao menos devia !'mpregar- emendas pudesse ter lugar, não era comtudo agora
se muita circu?'lspecção ~ara não cah1r no ex- porque os .tempos_ presentes não erão propríos
Por isso acreditava que devia haver muito
cuidado na mudsnca dos impostos que alguns Srs.
deputados requerião para suas províncias, pois
a camara tinha visto ue nando se tratou da
:fixação da despeza, o patriotismo dos Srs. depu- facilitando a circulação dos valores, e estabele:
tados :fizera como que reclamassem certos au- cendo um methodo exacto e economico de admi·
gmentos de despezas para suas províncias, e hoje nistração e arrecadação de rendas.
quando se tratava da receita requerião ~ revo- Fundando-s~> nestes princípios argumentou que
gação de impostos como se de repent~ pudesse não encontl'aVt\ nenhuma injustiça em que os
melhorar-se a administração; pois amda _que senhores de engenho fússem alliviados de pagar
tenbão muito patriotismo os que se . achao á dizimo dos generos necessaríos para consumo dos
frente della, era impossível dar immedia~arnente indivíduos empregados nas respectivas lavouras,
movimento regular ãs molas secundanas q~e com a declaração expressa de que tal bene-
estavão muito cheias de ferrugem e custavao
muito a mudar de andamento, militando de ~ais ficio não se devia limitar sómente aos senhores
de engenho, mas generalisar-se a todos os agri-
outra. razão para que .
. . por algum tempo mnda cultores.
Lembrou que tinha apresentado neste sentido
um projecto na sessão do anno proximo passa.do,
cuja idéa principal era que nad~ pagasse dizi-
mo senão no acto da ex orta ao mas u
ito pTojecto ficára adiado para se pedirem es-
clarecimentos aos conselhos geraes da província
sobre os dízimos ; o isto na occ.asião em que se
ia proceder ã votação sobre o dito pro'ecto de
que elle orador pouca fé tinha na esperança de maneua q11e o re en o a 1amen o teve lugar
melhoramento de nossas :finanças, exigindo ao pela consideração que_ merecia o Sr. deputa~ o
menos a prudencia que não se contasse com taes que o propuz"ra, e FJ.ao porque a camara nao
melhoramentos no calculo da receita do anuo estivessR decid,Ja a admittir o dito projecto; que
financeiro proximo futuro. elle orador attentendo a que a illustre commis-
Approvou-se a emenda que propunha a venda são encarregada de simplificar e melhorar o
dCis proprios nacionaes, mas achou pouco apto systema de impostos, a quem forão remettidas as
o tempo para se proceder a esta venda quando informações dos conselhos geraes d!ls províncias,
os capitalistas estavão assustad_os, podend? acon· não déra ainda o seu parecer, certamente pela
tecer nas províncias em taes ClrcumstanClas que delicadeza e importuncia da ma teria, estava de·
3 ou 4 homens poderosos tomassem t~es b~ns cidido a propôr e sustentar o projecto que havia
or ouco mais de 11ada ardendo a naçao mUito, offerecido no anno _Passado! não po.r ser seu,
e mdo-se sacri car agora as esperanças pu icas
por maneira bem semelhante áquell.a com que
o herdeiro gastador .vende as. p~opr1edades que
lhe deixãrão seus pa1s para diSSipar o seu pro-
uc o. . dizimas, v, rdade que era reconhecida peta camara,
E accrescentou, que não procedia. o argumen~o e a:ffirmada pelo Sr. i?ires Ferreira na sessão pas·
de que tal venda se faria progr~ssivam~n~e, po1s sada, porque entendião que o •llvará de 6 de Abril
que não se havia regulado mew ou hnute al- de 182t tinha derogado este imposto, quando o
gum para que assim se vendessem, deixando-se dito alvará havia sido revogado.
isto ao cuidado do gcv.erno ~m quem el~e orad?r Ponderou quo o seu projecto ia estabelecer um
supponha muito boas mtençoes, mas nao quena systema de arrecadação de dízimos que havia de
dar-lhe tamanha latitude para não c~nti~uar~m augmentar muito a receita da fazenda publica,
os abusos do transacto governo que tmhao Sido como já se havia conhecido a respeito de alguns
objecto de censura geral._ . . ramos de nossa exportação em annos anteriores,
Concluio suas observaçoes a este respeito, dl· como algodão, tabaco, etc.
zendo que a venda devia ser objecto de um_a lei
particular pela mesma fôrma que se pmt1cára Concluía com mais algumas reflexões neste
nos Estados-Unidos e não entrar .c?mo eme_nda sentido, afim de se admittir o seu projecto.
na lei do orçamento, que se dec1d1a por Isso O SP.; CARNEIRO DA CuNHA declarou que na
contra as emendas que propunhão a veuda dos occasiiio em que o Sr. Lobo offerecêra o seu
proprios nacionaes, não p~rque quizesse que a projecto, e ainda hoje não podia conformar-se
nacão continuasse a adm~mstr.a!:_ taes ~~ns, mas com elle, por notar que gostando o Sr. Lobo da
por entender que estas d1spos1çoes devrao guar- administração dos Estados-Unidos propuzera e
dar-se para uma lei particular, feita com o cu~1bo continuava a sustentar um projec.to diametr_al-
· u ce r
para prevenir os abusos que daqui podião que naquelle governo se tratava de onerar o
resultar. - consumo, e de deixar livre a sahida dos produ-
Julgou util a emenda q~e .Propunha o afora- ctos e generos do paiz, emquanto o Sr. Lobo
mento das marinhas, admJttmdo a cautela in- propunl:l;a ? . contrario em ?PPosi_ç~o a todos ~s
dicada nelo Sr. Duarte Silva, para ficarem ás sãos prmc1p10s de economu1 politJCa que erao
camaras"municipaes os terrenos destinado'-' p&m facilitar a exportação para promover a industria
logradouros publicos. interna.
Não tomou a empreza de entrar na analyse ~e Advertia mais que adoptando·se o projecto
todas os emend&.s, otrerecidas havendo-se Já ofi'erecido de cobrar o dizimo só no acto do
notado que aquella em que se propunha . um exportação dos generos, a renda desappareceria
grr.vamo sobro as letras de cam~io ia ser fat~l inteiramente logo que houvesse guerra e fossem
âs livres traneacções do commerc10, que ~umpna bloquel\dos os nossos portos, o quo havia do
antes promover do que retardar, sendo Já bas-_ cl\usar om tal caso gravissimos omonraços l\ ad-
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192 SESSÃO EM ~~ DE SETI~MBRO DE 1831


ministração ·por não ser essa a occasião mais até porque dar ao ministro da fazenda e conselhos
opportuna para a substuição de impostos. geraes a iniciativa sob're impostos era ferir o
Notou que o assucar actualmente pouco ou ne- § lo do art. 36 cap. 20 da constituição do im-
!Jhum lucro deixava ao pr~duc~or, e que o _pro- perio.
circumstancias, pois vinha a cahir sobre elles passado já a assembléa geral havia dado uma
o dizimo de exportação emquanto ia alliviar os grande providencia com a lei que abolira o subsidio
c?nsumidores d~ um direito que pagavi'io insen- ..
do algodão; o que fõra. de grande interesse, tanto

,
Affirmou ter conhecido por um calculo que o resultar da livre transmissão das propriedades,
dizimo da farinha consumida na cidade da Parabyba a qual necessariamente augmentando as transac-
em um anno, á razão de 4 patacas, rendêra mais elo ções subministraria outros recursos maiores ás
que o outro dizimo todo da província. rendas, com menor gravame õos contribuintes.
Declarou-se outrosim pela abolição da dizima e
Achou que o Sr. Lobo tinha cahido em contra- redizima do pescado ; e não só por esta ultima
dicção, pois oppondo-so a impostos sobre consumo como fazia a commissão, pois era impossível aos
-propuzera aquelle de mais 5 réis em libra de carne pescadores o levantarem cabeça por causa destes
verde, que era um genern de primeira necessidade. impostos, não se conhecendo na l3ahia meia duzia
Mostrou com varias refl.e·xões o transtorno que de pescadores com mediana fortuna, quando aliás
que iria produzir o sobredito projecto que intro- este ra~ era tão importante naquella provincia,
d~ziria _um systema novo na occasião em que . -
nhum commodo de vida, a qual expunhão a
grandíssimos riscos nas occasiões das pescas.
Emquanto ao projecto do Sr. Lobo, mostrou-se
indeciso ácerca da stã se co i a rnai ei-
encontro o projecto do Sr. Lobo, • como pelas
xar o dizimo como estava, cobrar este imposto
sómente na exportação; sendo o seu parecer,
razões que tinha exposto não poderia dispensar-se quo nas circumstancias actuaes do Brazil não
de -votar contra elle. convinha tocar nesta imposição, o que devia
O SR. MARIA no AMARAL ponderou que a cnmara fazer-se com muita madureza, circumspecção e
não tinha ainda da.los suffi.cientes patr~ proceder conhecimento de causa.
á substituição de impostos como se pretendia. Advertia que o imposto do baneo sobre lojas
Propóz· a suppressão do art. 29 do t\t. 7• da lei e tabernas estava mal equilibrado, e precisava
do orçamento de 15 de Dezembro de 1830, por muito de reforma·, pois não era justo que aquellaa
11ão poder-se ainda :fixar a importancia da receita; casas que tinhão de fundo 40:000/l pagassem
assim como á do art. 30 nos ~~ lo, !:!o e 3• do o mesmo que outras, as quaes tinhiio muito
indicado titulo da referida lei, porque tendo menor fundu ; e -por isso não duvidaria votar
certificado o Sr. ministro da fazenda que não a favor de uma emenda que estava sobre a
existia cousa alguma. na caixa da legação de mesa a este respeito, modificando-se alguma cousa
Londres e que não havião apolices, tendo-se por emrtuanto á fixação da quantia.
outra parte vendido até a ultima acha de páo· Votou a favor de outra emenda, para que o
brazil não podia contar-se com esta receita. ministro em cuj:l repartição faltarem meios para
Requereu tambem a suppressão do art. 34 ibi alguma consignação especificada na lei do orça-
por se ter tornado impraticavel hoje, não só mento, possa applicar a esta despeza dinheiro que
pela falta de concurrencia de contractadores ou sobejar de C?utra ;.o que era da maior i:'_llp~rt~ncia,
arr a · · ·
mas até porque à vísta do novo estado de causas acha vão da côrte, em razão" da qual não podião
politicas talvez não conviesse fazer tal arrema- recorrer com facilidade ao Sr. ministro da. fa-
tação. zenda.
Recommenàou igualmente a suppt·essão do artigo Tambem julgou necessaria a emenda r~lativa­
offerecido pela commissão especial -para que o mente ao aforamento das marinhas, peio inte-
ministro da fazenda no Rio de Janeiro e nas resse que devia resultar delle á fazenda e afor-
demais províncias os conselhos geraes propuzes- moseamento das cidadGs e lugares maritimos,
sem o melhoramento do systema e da arrecadação para o qual havia de contribuir, o angmento de
dof! impostos territoriaes, para ser presente à. capitaes, que viria a promover, accrascend() a
assembléa geral, quando se estabelecer a divisão razão já produzida a respeito da provinoia da
de rendas, não só porque a respeito da arrecadação Bahia, onde alguns proprietarios não podião pro-
dos impostes se achava iá providenciada na lei grlldir nas edificaçõe~ principiadas pol' falta desta
novíssima da reorganisação do th~souro, mas prQvidencia.
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SESSÃO EM 21 DE SETEMBRO DE 1831 193


O Sn. VEIGA representou que era r.ecessario tempo que ella nos annos phígues produz 200$ 'l
supprimir os direitos de entr:1da em Mat&o-Grosso Isto não pó de ser.
e todos os direitos sobre os generos transpor- Disse o Sr. Vallasques que não queria que
tados de umas para outras províncias do imperio. se vendesse, porque havia c:1rencia de merca-
O SR. REZENDE pedio á camara que tomasse dores. Não . ha tal. As fazendas têm gados, têm
'l . - - • • a! uns escra v s · e ar i o · -
em poucos dias, podião incluir-se proposições que dores na minha província. Alguns é corto que
dependião de muito maduro exame, principal- têm sabido, mas ainda que saião alguns por causa
mente nas circumstancias actuaes: ponderou que das commoções políticas, os gados não têm des-
nenhuma refcrma de admini r - · · cidl). Antigamente um boi valia 10 ho"e vale
quando não recahisse tambem sobre o pessoal, e ma1s: por isso quero que se vendão.
:'e era preciso ter em lembrança o examinar que Disse-se que bom seria que se demorasse esta
fim levou o deposito no banco de Inglaterra venda, porque tinham os de emendar a constitui-
que havia desapparecido sem que os empregados ção no sentido federal; bem. Ainda que eu disse
que para isto concorrerão tivessem até hoje a a minha opinião a este respeito, e ainda que en·
menor responsabilidade. tendia que devíamos ser muito melindrosos sobre
Notou que quando se tratava de despeza, por reformas, comtudo vou-me persuadindo todos os
todos os lados se propunhão novas despezas e, dias que nada faremos sem esh federação porque
hoje tratando-se ácerca da receita se exigia sup- os negocias são muitos e é necessario dar alguma
pressào de impostos, a qual não podia deixar causa para as províncias, que snbem muito bem
de produzir diminuição de rendas. onde lhes aperta o sapato. Mas ainda que se
Concluio propomlo que o overno se· a autorisado reforme a const~tu~ção os bens na~ionaes não pe~-
a co rar as ren as em moe a arte, não só para
que pagando na mesma moeda, os militares e
empregados filhos da folha não sofi:rão injusta
diminuição nos seus ordenados, os quaes farão
e :t m e a or e, mas a e para que o
governo não se veja em circumstancias de pagar
por um preço exorbitante os generos de consumo
de que carecer.
o Sr. oosta Ferreira:-Sr. presidente,
direi duas palavras, apezar de que já estou desa-
nimado por me parecer que as emendas não
passão, porque vejo que nós queremos aqui o
syslema dos corvos-cras-cras.-Quer-se fazer o
bem, e diz-se que não é tempo, que devemos
esperar para logo. Logo li Não pôde ser, é neces-
sârio que se vão remediando os males da nação
pouco a pouco. Eu se entendesse que continuava a
vogar este systema do desperdício das nossas ren-
das e que não serão respousabllisados os que
roubarào a nação, me levantaria, não para pro-
· pin rao
contra as minhas emendas, mas para diztr á
nação em geral q'tle não pagasse causa alguma
ao gov~rno, até que tomasse outro. trilho, porque
verno, não sei onde chegaria. do Maranhão era sujeita ao donatario e outra
Quem poderia com as dividas contrahidas por parte ao rei ; e quando os povos ficarão em tota-
Maricá, com o systema de Santo Amaro, que lidade sujeitos ao rei se havia lavrado um termo
queria mudar as instituições democraticas dos em virtude do contrato, para que não pagassem
estados americanos, para estabelecer na America maiores tributos do que aquelles R que estavão
testas coroadas I I sujeitos nos tempos passados; mas a junta depois
começára a impór tributos, que alguns pRgavão
Quem poderia com os desperdicios de Taubaté, e outros não, donde resultárão demandas que
que roubou sem pejo 36:000$ e continúa a andar ainda existião, porque de um lado se argumen-
folgando, sem ser responsabilisado? Entretanto tava que não havia obrigação de pagar, a qual
a nação geme e não pôde com o peso dos tributos. se affirmava do outro, e a abolição do tributo ia
Se continuar assim, então é melhor principiar acabar com esta contenda.
vida nova. Mas creio que não ha de continuar Accre~centou que elle recallia sobre um ramo
a ir assim, porque tenho confiança em que o de industria fabril, que vinha a ser: nos rolos
governo ha de f,,zer o que puder para melho· de pannos grossos, dos quaes se vestião os es-
rar as circumstancias da uação. cravos, quando parecitl que devião ser premiados
Quero que se venda a fazenda de Pastos-Bons da os que promoves-;em semelhante industria, e re-
minha província. Esta emenda foi addicionada por cahia tambem sobre os escravos vendidos em
um Sr. dep•ltado que a fez,extensiva a todo o Brazil. praça e sobre a aguardente, tendo feito tal damno
Lisongeio-me muito disto, mas não convenho intei- aos lavradores do Maranhão ue nin uem fabri-
aml:ln e na sua opinião, porque as cucumsLanc1as cava a aguar ente; o que não seria grande mal
das differentes provincias não são identicas, e se os estrangeiros não se aproveitassem desta
não por deixar de desejar que se acabe já com circumstancia para tirarem lucros que reverterião
as fazendas, as quaes são só boas para os que em favor dos brazileiros, se a producção deste
as administrão, emquanto a nação não tira dellas licor estivesse menos onerada de tributos.
utilidade, antes tira despeza. Uomo poderáõ subsis- Declarou que o dito tributo recahit1 tambem
tir fazendas, Sr. presidente, que nos annos de sobre outro objecto, que era a sola, a qual se
1825 e 1827, causárão á nação uma despeza de importava em grande quantidade, não sendo tam·
433H820, como posso mostrar pelas cópias das bem fabricada no paiz pelos grandes tributos que
suas contas e que entretanto não produzem nada, pagava.
nada ? Como póde subsistir uma fazenda, cujo Concluía que este tributo era só privativo do
administrador ganha SOOH por anno, ao mesmo Maranhão, não existindo em outra provinci-l
'1'01110 2 25
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194 SESSÃO E.~I 23 DE SETEMBRO DE 1831


·nenhuma, e que rendendo elle unicamente 7:000H Sendo este introduzido passou a commissão de
não valia a pena por uma somma. tão modica policia a examimar se estavão fechadas todas as
fazerem-se tantos gravames a indusl;ria. portas, e voltando depois de preenchido este dever,
O SR. MAciEL depois de declarar que o s~u leu o ministro a proposta do governo.
rincipio era adoptar as emendaiil que alteravao 0 SR. PRESIDE. T
a reee1 a e espesa cuJa u 1 1 a e osse mant esta, ordem o julgar-se se a sessã·) devia continuar
reservando as outras para se tratarem depois em secreta ou tornar-se publica; deciditH;e que não.
separado afim de ser a mataria bem di\ucidada, E continuando a discussão sobre informações
pedio ao' Sr. preside~te que lhe mandasse as que se ex:i ião, o ministro or acccordo da cama
men a r 1 er re e as n e1xou a cadeira em que fizera a proposta o
suas observações. (Foi sa~is{e~to). . tomou a outra destinada aos ministros para dis- -;,.
E continuou: que a pnmelfl'l medzda de que cu tirem.
devia lancar-se mão era aqueHa proposta pelo Dada a hora prupoz-se a prorogação até ás 3
Sr. Montezuma sobre o aforamento das marinhas, horas, e assim se venceu.
Jlorque havia sobre isto Hmítas questões como na E continuando a discussão sobre o ponto prin-
Bahia e tambem pela utilidade que devia dahi cipal, decidio-se por fim que se discutisse a pro-
result~r para a fazenda publica, que lhe parecia posta do go~erno p~blicam~nte, depois d~ P.a~e~er
emquanto á venda da fazenda de Pastos·Bons e da commissao de d1plomac1a para onde fo1 dlrlgtda
de outros proprios naoionaes, que era melhor que e resolveu-se tambem que no dia seguinte se lêsse
estes terrenos se arrendassem, pagando um cet·to ·esta acta publicamente.
fó_!O para l;lM';l c_aixa territ~rial, mas como isto A's 3 hora<', tendo-se po_!lco antes retirado o
posta, podendo o producto desta. venda ser appli·
cado ao pagamento do emprestlmo.
Apoiou a abolição do tributo. nacional na fórma Sessão em ~3 de 8etem r
o s o '
Emquanto aos dízimos era de opinião qu" para PRESIDENOIA DO SR. ALENCAR
o futuro deveria extinguir·se tal imposto, mas
entendia que isto devia ficar reservado. para mais Lerão-se as actas dos dias .21 e 22, e forão appro-
séria meditação, não uerendo elle tr1butos ue
puzessem o exactor em contacto com o lavrador. papeis' seguintes:
Lembrou que na ·França tenda. s!~o ~balados Um offieio do ministro da fazenda satisfazendo
pela revolução os elementos de ClV!lisaçao, e no ás informações que se pedirão S()bre a alteração
meio da desgraça publica a extincção do tributo da pauta da alfandoga, na parte relativa aos
do dizimo produzira incremento de felicidade, dirE~itos ácerca das obras de prata e ouro.
por maneira que quando se fez a paz geral os Do mesmo ministro, remettendo o requerimento
inglezes ficarão espantados do augmento de pros- de Samuel Pbilips & C., relativo a ultimação de
peridade qne acharão em França. ajuste de contas do ex-imperador, de quem são
Assentou que .er~ melhor aC!lb~r em to. do. o procuradores.-A' commissão de contas.
l3razil com os dtre1tos de prov1_ncza a provmma, Do mesmo mi~istro acompanhando o requeri-
assim como com o .:iizimo do pe1xe para augmen- mento dos trabalhadores da casa do sello da ai·
tar a força public~ mari~ma, p_romovendo a pesca, fande a desta côrte com a infor -
o sou objecto pelo a5udante do contador geral da
fazer~ae respeitar senão por meio do pessoal, sem 1• repartição do theaouro nacíonal.-A' commissão
o que pouco vale o material e aquelle muito se de pdnsões e ordenados.
adia~tava. prosperando a.s pescarias que acostu- Do ministro da ·ustil)a remettendo dois offici
um o pres1 en e_ e Pernambuco e outro do ou-
Declarou que não gostava de diminuir impostos vidor da comarca do Sertão de Pernambuco, por
sem tratar de os sttbstituir por outros, e propunha dependerem ambos de medidas legislativas.-0 lo
J)or isso que todos os navios estrangeiros que á commissào de fazenda e o 2o á de justiça civil.
fossem comprados pal'a se nacionalisarem, em Do ministro do ímperio, temettendo o o:ffi.cio
lugar de 5 •/o que hoje pap;av~o ~cassem pagando do vice-presidente da província de S. Paulo, em
15 •/o , o que era de mmta JUStiça, porque pa- que participa a resolução que o conselho admi-
gando os nossos constructores 15 •/a pelos obje- nistrativo tomou de conceder licença a varias pes-
ctos importados para serem applícados á cous- soas que requererão para edificar nos terrenos
trucção de navios e barcos, não sabia o motivo devolu tos em certos lugarea, principalmente na
porque estes mesmos objectos importados em colonia de S. Leopoldo, ficando sujeitas a 9ual-
fabrico ou em obra não havião de pagar iguaes quer onus que por lei fôr imposto.-A' comm1ssão
direitos, quando o contrario era favorecer a cons- de fazenda.
trucção estrangeira em prefereneia á nossa. Do mesmo ministro, acompanhando o offlcio da
Depois de lidas varias emendas ficou a ma teria camara municipal desta cidade, expondo a neces-
adiada pela hora. sidade de ser auxiliada para o augmento de despeza
Passo•.1-se á outra parte da ordem do dia, e da illuminação. - A' mesma commissão de fa·
continuou a discussão da resolução para se appro- zen da.
var o projecto do cod~go do pr<!c~sso. E 9;fin!\l Foi recebida com especial a8rado a represen-
foi adaptada a resoluçao e remett1da á. commu;sao ta~ã? do major Manoel Rodr1gues de Moura,
de redacção.
nicipal da vílla de Aquiraz da província do Ceará,
pelos acontecimentos do dia 7 de Abril.
Foi remettida á mesa a represenação de Manoel
Joaquim Xavier de Barros, pedindo ser admittido
Sc;ssi& em ~~ de Se~mhro a trabalhar na secretaria, afim de ser contem-
plado quando houv~r lugar.
P2ESIDENCIA. DO SR. A.LENCAI\ A' commissão de poderes farão remettidos os
requerimentos dos Srs. deputados Baptistà de Oli-
:Estando presentes âs 10 horas e 1/4 73 Srs. de- veira e Ribas, pedindo licença para se retirarem
putados, o Sr. preside~te declarou aberta a sessãc:>, ás suas províncias.
e nomeou a deputação que na fórma do regt· ·
mento devia receber o ministro dos negoctos O SR. AnAUJ(> Lnu reguereu que á commissão
estrangeiros. de diplomacia se unisse a de fazenda, para darem
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SESSAO E.l\'1 ~3 DE SETEMBRú DE 1t;31 195


o seu pRrecer sobre a proposta do governo ácet·ca esta providencia fóra da dita lei, só poderia.
de presas. r•assar para o anno futuro, continuando os obsta-
E assim se venceu. culos e vexações que soffrião os possuidores dos
terrenos.
ORDEM DO D
Continuação da 2a discussão do orçamento da
repartição da fazenda, relativa á receita.
Lbrão-se val'ia~ emendas.
O SR. Gull:RRA advogou a necessidade da sua
emanda, para que não pagassem decima as po-
voações que tinhão menos de 200 fogos ; porque
não valia a pena o ter um collector e um escri-
vão da decima, quando esta só podia render
uma quantia muito limitada, ao mesmo tempo
que ia fazer-se grande bem com a supressão
ás povoações pequenas, além de que as casas
destas povoações não erão de ordinario para vi.
venda continuada, mas servião s.:. para os habi-
tantes dos campos virem á villa nos dias de
festa dom in os etc.· elo u r · ·
mais razoava! que a emenda passasse, sendo até
os donos das ditas casas privados de as aluga-
rem porque não achavão alugadores, emquanto
nas cidades grandes ual uer sotão se alu a
por om m e1ro.
Emquanto á extincção .do tributo do dizimo em despezas, do qual tanto precisava, pois como elle
todo o imperio, achou que era ímpràticavel, visto orador fizera ver por occasião de discutiN;e o
or~a~ento. da _repartição do imperio, a ca_sa da
que algumas províncias não tinhão outras rendas
para su s s 1r ma1s que as os lZlmos, princi· '
paluiente no Rio Grande do Sul onde os povos era maior em uns annos e menor em outros,
estavão contentes com aquelle imposto pela idéa e a continuar assim por maif:l algum tempo
de que o pagamento delle era um dever reli- não poderia ;,ubsistir, sendo então necessario
gioso e que era portanto necessario conserval-o. pagar as divida;; e acabar com elle, o que cer-
tamente não convinha a respeito de um estabe-
O SR. MoNTEZUMA propôz-se a sustentar algu- lecimento desta ordem, mesmo segundo os prin-
mas emendas que se achavão sobre a mesa e a cípios das nações civilisadas sobre hospitaes ;
refutar outras, como as que tratavão do credito que era portanto indispensavel que a camara de
suplementar, compra de cobre, etc. alguma fôrma lhe désse a mão, sem gravame do
Approvou a emenda para venda das marinhas, thesouro, vistas as circumstancias em que este
exceptuadas aquellas que ~s camaras designassem se achava, segundo a informação do Sr. ministro.
como logradouros publicas ; cum rindo-lhe orém Manifestou ue fazia tambem arte da re re-
ar uma pequena exp tcaçao sobre o motivo que sentação da casa da misericordia o objecto de
tivera para offerecer a esta respeito uma sub- outra emenda que se offerecêra, propondo a ex-
emenda, e vinha a ser que estes terrenos tinhão tincção de um juizo privativo que ganhava 400H
duas classes de possuidores, uns tinhão de acções e não servia de utilidade alguma ao dito esta-
gr ui as es es errenos por ecre os o empo e e eCJmen o, e maneua que se ·1rava a
D. J'oão VI sem onus ou condição alguma de· boca dos pobres desvalidos e miseraveis para se
pagar fôro, os quaes já tinhão edificado sobre dar a um juiz pri-;-ativo, o que além de ser pre- .
elles e não podião sujeitar-se a condição alguma, judicial ia de encontro á· constituição do imperio,
visto que a doação fóra inteiramente graciosa: que não admittia juizos privativos, os quaes sem-
outros obtiverão semelhantes terrencs depois de pre farão estabelecidos para vantagem daquelles
estabelecido. o_ governo independente do Brazil, a quem se concedião, acontecendo o conh·ario
com a condtçao de pagarem um fôro convencio- unicamente neste caso, e portanto era reconhecida
nado entre elles e o governo, e por isso elle a justiça da sua ext.incção, ate porque não devião
orador com a sub-emenda queria que se declarasse fazer-se graças contra a vontade do agraciado.
que os possuidores de marinhas que as tinhão Enquanto ao credito supplementar, entendea
alcançado debaixo desta condição pagassem o que era necessario averiguar qul\l era a natureza
fôro convencionado, sendo approvado pela assembléa dos creditos supplementares, e se este seria sup-
desde a época em que entrarã.> na posse dos prido por meio de um emprestimo nacional ou
terrenos, cuja importancia segundo as informa- estrangeiro, de que maneira havia de ser feito e
ções que lhe tinlião dado podia montar de 80 com que condições, pois todas estas considerações
para 90:000HOOO. devíão proceder a decretação de um credito sup-
Declarou que não fixára o fôro porque elle plementar.
dependia da qualidade do terreno e porque o Pedi o ao Sr. secretario que lesse a emenda que
governo estava mais bem informado do valor d~s havia sido offerecida a este respeito.
conveniente aos interesses nacionaes. Lembrou R. EOUETARIO respon eu que nao exts 1a
que já. tinha havido sobre este objecto uma pro- na mesa a emenda sobre o credito supplementar
posta do governo em 25 de Mato de 1829, a de que fallára o Sr. Montezuma, pois havia sido
respeito da qual apresentara a commissão de sujeita na occasião em que se tratava do orçamento
guerra uma resolução em 13 de Agosto do mesmo da despeza.
anno ; mostrou a necessidade de incluir esta dis- O SR. MoNTEZUMA. passou á emenda que pro·
posição na lei do orçamento, por não haver nada punha que o ministro da fazenda fosse autori-
mais util quando se tratava da receita do que sado a emittir bilhetes do thesouro, quando não
estal>elecer um artigo. o qual ao mesmo tempo chegassem as rendas para occorrer ás despezas
que a augmentava ia extinguir muitas desordens necessarias, e foi de opinião que taes bilhetes
que se tinhão levantado sobre este objecto na não se emittissem no Brazil emquanto a organi·
Bahia e em outras províncias, como podião in- sação do thesouro não offerecesse suffi.cientes
. formar melhor outros Srs. deputados, e ficando garantias para a boa arrecada~ão e distribuição
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196 SESSÃO EM 23 DE SETEi\'IBRO DE 1831


das rendas publicas, garantia que não se dava do nos~o thesouro emittidos
quando o Sr. ministro da fazenda po~ia dispôr
das rendas, mandando fazer as desp-ezas cor·
rentes e rovidenciando sobre a sua arrecadação
e fiscahsaçao, sen o necessano para prevemr os
inconvenientes que podião ·resultar da adopção
da medida de emittir bilhetes do thesouro, que
houvesse uma autoridade neutra, independente da
a ça a o r. mini aze , ·
de garante á nação para taes despezas, e para o mais inter~ssante do mundo, porque apontava
a distribuição das renda'! nacionaes, e •votaria todas as sine curas, despezas i!legaes e super-
sempre contra emquanto tal autoridade não existir,fluas, etc.
assim como emquanto não se estabelecesse um Outra obj ecção que julgava muito attendivel
tribunal de contas que examinasse as contas no e de grande monta era o es.ta?o do nosso meio
fim do anno financeiro, para conhecer da lega- circulante, pois o papel emlthdo pelo thesouro
lidade da despeza, não sobre a palavra do mi- ia concorrer com os bilhetes do banco, os quaes
nistro da fazenda, mas sobre documentos dos experimentarião por isso maior descredito, que
particulares ou de todos os agentes que concor- não podia deixar de refluir. tambem sobre_ os
rêrão para as ditas despezas. outros, considerações todas tiradas do~ sohdos
Não ..~dmittio os argumentos de analo ia que principi-:>s financeiros, e que se oppunhao a que
se cone tal autorisação, apezar da bondade,
emissão dos referidos bilhetes, porque não erão capacidade e honra das pe?soas que OJe com.-
applicaveis taes exemplos ao fim com que se punhão o ministerw, de cujas excellentes quali-
allegavão, sendo antes o da Inglaterra inteira- dades elle orador estava em parte capacitado.
rinci i elle orador or- Votou ois coutra a emenda para emissão de
quanto havia ali! um empregado vitalicio que bilhetes do· thesouro, o ;ervan
assignava as ordens do ministro do thesouro, e exemplos das outras nações erão applicaveis p~ra
sem a sua assignatura não se fazia despeza al- o Brazil sendo comtudo bom estudar a admmlS·
uma em re ado inde endente em tudo do mi- tração das differentes naçõe~ para podermos
nistro, e cujo dever era comparar a or em e aprov:e1 ar o que pu - _.
despeza com a lei, com a sua necessidade e com Disse mais que em uma das sessoes passadas o
tudo quanto convinha que fosse comparada para Sr. ministro havia declarado que os apuros do the-
ser legalisada a despeza, e depois ordenar que souro erão extraordinarios, como todo o mundo
se faça, achando a sua conformidade com estes sabia e que em consequencia de tal declaração elle
principias; que no thesonro do Brazil não só orado~ notára em outra sessão, a que não assistia
faltava esta garantia, mas não existia nenhuma; o Sr. mini~tro, quanto se admirava de seme-
porque demais disto as contas em Londres erão lhante linguagem, porque ~as outras n~ç?es .os
submettidas a um tribunal composto de 20 mem- ministros, logo que entravao para o mm1sLeno,
bros, que não só examinava as contas sobre os a primeira cousa que tinhão em vista era moatrar
documentos especiaes de todos os agentes que que no fim de certo tempo da sua administração
-
figurárão. nellas,
. mas tambem~ . indagava se as tudo havia. mudado para
~ -
. melhor, quer no . arranjo
.. -
recursos do estado, quer na arrecadação das
rendas, etc., etc., affirmando que a nação cami-
nhava para a sua prosperidade, expondo as me-
. sa ecer o defi.cit
cesse á. nação alguma segu~~nça sobre a dis· mostrando as providencias dadas para augmento
tribuição dos dinheiros publicas. e protecção da agricultura, industria e commercio,
Accrescentou que na França não existia a o que fazião por uma razão bem clara, a qual
mesma garantia em toda a sua plenitude, pois viuha a ser, que todo o ministerio que dissesse:
o tribunal examinava as contas em segredo, e - nóa caminhamos para a desgraça, penuria e
não havia publicidade, que era a primeira con- miseria .,_dava a entender que não tinha força,
dição para negocias desta importancia; respoudeu nem meios para melhorar a sorte da nação, e por
á objecção que se lhe podia f,lzer com a com· consequencia que devia ser mudado não se achando
missão da camara dos Srs. deputados, que er[l em circumstanclas de satisfazer a seu encargo;
nomeada para examinar as contas, fiscalisar as que esta comtudo não fóra a consequencia que
despezas, a qaal prestava toda a garantia neces- tinha em vista o Sr. ministro da fazend,l, pois
sarh; que apezar do grandíssimo eonceit•l que se pr·•p'unha a fallar com franqueza estimulado
fazia dos Srs depu ta dos encarregados de tarefa pelo amor da causa publica, porém elle orador
tão importante, todavia o mnndo todo e os me:nnos pedia licença para responder-lhe que a nação
Srs. deputados conrordarião em confessar que havia de prosperar, que não podia parar na sua
a multiplicidade dos trabalhos não permittia que carreira se a administração fosse boa, e que os
se applicassem afincadamente a este encargo para erros desta só poderião entorpecel·a e precipi-
que se concluísse com a possível brevidade e com tar-nos, pois introduzindo-se as reformas neces-
a e:xactidão na cessaria. sarias que todo o Brazil desejava e que a assem-
Apresent_ou mais a consideração de que a emis· bléa geral tinha a~r.açado_com tanto enthusiasmo,
sao os 1 e es o esouro ão e a i ara
Inglaterra immediatamente pelo governo, que ei:xos, o nobre orador não temia affiançar que
não se punha em contacto com a nação quando tudo tomaria a melhor ordem, e quando assim
emittia bilhetes, porque esta operação se fazia não acontecesse cumpria procurar outro piloto
por meio do banco, o que era outra especie de · que dirigisse a náo do estado, indagando as
garantia que contribuía muito para o seu credito, causa~ 'pelas quaes deixárão de conseguir-se os
e no Brazil não havia banco que salvasse a fins desejados, no caso de se ver que não havia
nação da desbonra e descredito de ver que os melhoramento depois da substituição. ·
seus bilhetes nem podião mesmo sustentar a Asseverou que tendo lido, havia pouco tempo,
comparação O?m. as _letras de qualquer casa de uma falla do presidente da republica do Mexico,
commerc10 po1s tmhao desconto que aquellas não
experimentavão, descEedito que seria tanto mais l
a qual tinha chegado á condição mais misera-
vel, dilacerada por uma anarchia devastadora,
sensível, quanto pela comparação dos bilhetes · vio que tinha pago um milhão e tantos mil pesos
do thesouro de Inglaterra lá emittidos com os de divida publica, que tinha e~perin:wntado taes
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:16 - Página 4 de 8

SEsSÃO EJ\l 23 DE Si!.Tl!..MBRO OE 1831 197


e taes melhoramentos, que a agricultura florescia, com este destino entrava como parte salda da da
que o commercio augmentava, e finalmente que divida do Brazil ; que o governo portuguez déra
tudo concorria para a felicidade da nação ; e igual int.elligencia ao referido trabdo, tanto assim
assentava elle orador que se isto era pratícavel que continuára sempre a existir a • sua obl'igação
• o l . , .

o a <... •

publicas: cumprindo observar, porém, que havia rado sem consentimento d~s que o celebrárão ; e
grande ilifferença na maneira porque erão pedidos: os possuiiores das apolices não podião achar
poio o ministro respectivo ia á camara com intet·esse na transmissão do encargo só para o
todo o trabalho feito no qual se declaravão os governo do Brazil e nJ traspasse da divida por
objectos a. que devia ser applicado o credito meio de innovação do contracto feito com o go-
supplementar, qusl era a sua natureza, se em- verno de Pot·tugal, porqnanto se este fizesse banca-
prestimos ou novos impostos, etc., pois convinha rota a nação brazileira não deixa va 1le continuar
illustrar o corpo legislativo para poder votar na religiosa e inteira execução do tratado feito
sobre mataria desta ordem com todas as informa- com Portugal, e os possuidores das apolices tinhão
ções da parte do ministerio ; notando elle orador assim seguro o seu pa~amento ; e se a banca-
que o nosso governo ~ o Sr. mini~tro pelo seu rota fosse do governo do Braz i! continu,lria sempre
em vi or a obri 17 a ão ue tinha Portu al de lhes
negoeio á camara ao que repugnava, não só que- pagat·.
rendo que a camara. se intromettesse na. seára. Ooncluio destas observações que lhe parecia
do governo, porque isto tinha consequencias fa- p.1uco ext1cta a opinião de S. Ex. , emquanto a
. ue o overoo em vez de considerar ainda como divida do Brazil as 50,000
tratar á camara com demasiada consideração, libras ester i nas en regues ao marquez e a me a
querendo sb executar as ordens da a~sembléa para fazer o pagamento de um semestre dos juros
geral, usasse do poder discricionario que lhe d•> emprestimo purtuguez.
pertencia na fôrma da lei, sugcitando-se á respon- Proseguio : que vinha a ser outra a questão
sabilidade em caso de abuso. «se devia cuidar·se já do pagamento dos divi-
Votou coutra o augmento da parcello de 150:000H dendo~ da divid'l portugueza » que o Sr. minis-
que se tinha arbitrado para despezas eventuaes, tro parecia disposto, segundo elle orador lhe en-
porque conhecia que a nação não podia d>lr mais. tendera, pela affit•m:Jtiva, com o que não se con-
A respeito do emprtistimo portuguez, adverti o formava, >~em que pudesse considerar-se parchl,
que a primeira questão que devia ser examinada ou sér accusad.-, de não querer que a nacão cum-
era se o Brazil se tinha obrigado a pagar irnme- prisse seus contractos, ou de contribuir para
diatamente no:~ possuidores das ap0lices daquelle que olla sofTt'eHse o tnenot· desfalqutJ por uma
emprestimo, ou ao gllV•~rno de Portugal: e como banca·rota debaixo d9 qualquer nome que fosse;
eN innegavel que a obrigação tinha sido só de go- pois h wia provado em outr11s occasiões quanto
verno a governo, lhe parecia da maior evidencia era zeloso pelo cumprimento dos contractos e
que Lodo o dinheiro que se tiver dado para o quanto desejava que a nação nà•l soffresse a me-
fim de pagar os juros e amortisação do dito em- nor mingua no seu credito, mas que a sua
prestimo aos agentes legítimos daque\le governo, opinião era corollario dos princípios que acabá.ra.
d·evia consiólerar-se incluído na quota do pagfl- de estabelecer. « Se a nação brazileira não con-
me!}to a Javor .do governo do Brnzil, q,ue de cer~o trahio obrigação alguma para com os possnidores
· m o overno de
gado pela convenção a pagar immediatamente aos Portugal, é vreciso que se soubesse a que
possuidores das apolices, os quaes nada tinhão governo se deve entregar o pagamento : » que
com a illegitimidade do gover.no de Portugal, havia hoje dous governos, dous chefefl que repre-
porém a maneira porque foi interpretada a letra sentavão aquelle reino, um reconhecido por
do tratado por ambos os governos desde o principio todas as nações, porém cujo reconhecimento foi
tinha decidido a questão; pois o governo do Brazil suspenso depois ; outro não reconhecido por nação
nunca pagára um penny aos donos das apolices, alguma, mas que é governo intruso e rei de facto,
mas sempre ao agente do governo portuguez em que não queria entrar no exame da legitimidade
Londres, que tratava de se entender com os pos- dos governos, porém perguntava se deviamos
suidores das apolices; de fôrma que desde que o entregar o dinheiro ao agente de qualquer destes
governo do Brazil reputou legitimo e achou JUsto governos : e decidio-se pela negativa por ser
reconhecer um agente daquelle governo para doutrina recebida no direito publico e das gentes,
~azer estes pa~amentos, tudo o q,ue s~:Jho ,den assim como entre ~articulares, que havendo ques-
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:sESSÁO EM 23 DE St.Tt.MBRO DE 1831


tões entre duas pessoas sobre o direito de rece-
berem qualquer quantia de dinheiro, o devedor
suspendia o pagamento até decisão da questão
para não_ pagar_ duas vezes, no caso de o ter feito
..
Fez então varias observações sobre a necessi-
dade de ser bem dilucidada esta materia, na
qual- interessava o nosso crtdito .publico e fé

grandes povoações.
Emqnanlo á venda de páo~brazil lembrou que
vedando a lei de 15 de Dezembro de 1830 o córte
e venda de I>áo-brazil, e não sendo as nossas
rendas tamanhas, que se possa dispensar o lucro
que póde dar este genero, até porque na Europa
se estão procurando meios para supprir a falta do
dito páo que Já se tem experimentado o que era por
extremo prejudicial aos nossos interesses, con-
vinha alterar o art. 21 cap. 2° das disposições
communs da lei citada.
uro
Ajuntou que demais não podia capacitar-se de coll.lo não tinha elle ministro fallado ainda sobr~
que as despezas legaes comprehendião as des- tal emissão, as refiexõss do Sr. Montezuma a essa
pezas necessarias e essenciaes que devião fHer-se respeito podiã_o referir-se ~alvez á opi~ião de
em u · · · · ·
occorresso uma dcspeza não marcada na lei, e o que 'havia de fazer-se' no caso de não haver
de necessidade absoluta, e não havendo com que outro meio de supprimir as despezas publicas; e
n satisfazer, seria preciso pedir ao presidente do desejaria que o Sr. Montezuma, a par dos in-
thesouro permissão para fazer a despeza com convenientes que tinha notado ácerca da emissão
grande risco de não ser ap;provadn : aléu1. de que dos ditos bilhetes tivesse apresentado e indicado
podia acontecer que o mimstro da fazenda abu- um meio de oMorrer a qualquer falta que possa
sasse tirando as rendas de uma província para haver no thesouro para acudir ás despezas, com
a.s dar a ou.tra por affeição ou desaffeição par- a qual o governo ficaria satisfeito ; pois do con-
ticular. trario se veria obrigado a dizer aos credores
Mostrou depois que a economia do eambio nem que não havia dinheiro, que esperassem ou apon-
sempre podia ter lugar, fuzendo-se ns remessas tassem as suas letras, e era esta a unica resposta
diroctnmente das províncias para Londres, fun- que podia dar-lhes.
dando o seu calculo nos dados seguintes : Apontado o meio de prevenir este mal o go-
Supponhamos que ha a remetter da Parabyha do verno se prestaria immediatamente a seguil-o,
Norte oooaooo, duns partes desta quantia em porque podia certificar áquella augusta camara
prata e uma em cobre ; que a prata, deduzidas que o governo actual do BrazH nada tanto de-
1\S despezns de transporte, etc. , venha a ser sejava como caminhar de accordo com a as-
vendida ,producto liquido, por 120 •fo ; e o cobre sembléa geral.
a 40 "/o, dos quaes deduziremos 4 ofo de trans- Notou tambem que o Sr. Montezuma se enganara
porte, etc. ; viríamos por consequencia a ter o combatendo uma o inião ue sn · oz roferi a
. ae pe o por . x:. a respeito do credito supplementar,
cobre : quantia total 1:728fl000. quando apenas tocara de passagem na difficuldade
Ora, suppondo o cambio do Rio de Janeiro para que encontrava na execução da lei de 15 de De-
Londres a 26, ou mesmo a 24 pencas por 1SOOO, zembro de 1830, que não autorisa ou parece não
teremos a proporção 1, 000 : 1:7288000 : : . 24 : x. consentir que se fação pagamentos de dividas
Ou, 1 : 1,728 :: 24 : x=173lbs. st. 9s. 4 ds. Por- anteriores ao anno financeiro, porque determina
tanto dar-nos-ha em Londres 173 lbs. st. 9 s. 4 ds. que o governo faça taes e taes despezo.s, e de-
Ora, supponhamos que estP. dinheiro é remettido clara que para occorrer a estas despezas se appli-
para Londres em direitura, e que se obtem pela carão as rendas, tanto do anno corrente como
prata um cambio de 50 pences por 1/1000, e pelo dos annos anteriores que se forem cobrando; de
cobre 37 pencas por 1/1000, teremos 1 : 600 ::50 : x= maneira que quando apparecesse um credor dos
125 lbs., e 1 : 300 :: 37 : x=45lbs.st. 5 s. Som- annos precedentes, entendia o governo que lbe •
ma~do tudo :-110 lbs. s~ .5 s. De maneira que é não podia pagar, ao mesmo tempo que este credor
JU'!ll~as ye~e~ m1u~ vantaJoso fazer a operação por era ~tas ve<~~s um empregado publico 'lue
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SESSÃO EM 23 DE SETEMBRO DE 1831 199


deixou de cobrar os SBus ordenados dous ou tres se oppunhà a reformas, querendo sustentar o
annos, e que exigia pagamento delles; ao que o statu quo ; e por isso os respectivos ministros
thesouro se vifl forçado a responder que não dizião que tudo ia bem, que a nação prosperava,
podia satisfazer-lhe por causa da lei do orça- o commercio florescia, a industria se augmentava,
etc. em uanto os membros da o osição os uaes
querião mostrar a necessidade das reformas, pio-
tavão tu~o pelo contrario ; que as circumstancias
do Brazll erao bem differentes, pois o governo
era o primeiro que desejava reforma, que reco-
con ema a sua necess1 a e, e por Isso JU gav
seu dever fallar com toda a sinceridade e fran-
queza, não occultando á assembléa o menor escla-
recimento para se conseguir o :fim tão desejado ; e
emquanto a diz?r-se que seria talvez melhor que o
ministro se qetnittisse do que fallar assim, respon·
dia: que faria o que entendesse, não tendo o lugar
de ministro o attractivo que o Sr. Montezuma
talvez lhe suppunha.
Acl.vertío que o mesmo Sr. Montezuma deixara
de prestar-lhe attenção em todas as vezes que
S: Ex. !aliara sobre os dinheiros entregues pelo

curso do credito supplementar ; além do grande


inconveniente de tomar o tempo á assembléa geral-
com ropostas de credito supplementar para 30
Advertio porém, que não era esta a occasião
de tratar de semelhante assumpto, no qual tocam
sómente para rectifi.car a inexactídão dos aponta·
m~n.tos tomados pelo Sr. Monteznma, quando elle
mmistro fallou a tal respeito.
Representon que a quantia fixada para despezas
eventuaes era iusufficiente; porque L.avia muitas
despezas extraordinarias que fazer em varias
obras, como no concerto da alfandega de Per-
nambuco, para o qual se pedião -10:000/i; além
da despeza que elle julgava necessaria empregar
para montar uma macbina dtl escavar que o
governo tm a man a o vtr, e que cumpna App i
e aproveitar nos lugares em que pudesse fazer-se
neces5aria.
Notou que o Sr. Montezuma, fallando do empres-
Jmo por uguez, n a a rma o ·-
ministro que se pagassem actualmente os divi- e amortisaçiio do emprestimo portuguez.
dendos dos juros e amortisaçüo do dito empres· Declarou que era tambem de parecer assim como
timo, o que nascera de niio ter o Sr. Montezuma o S!'. Mo11tezuma. de que não devia pagar-se o
dado bastante attenção ao discurso de S. Ex., emprestimo portuguez, sem que houvesse em
no qual não se explicara nssirn, nem foi de opinii'io Portugal um g()verno reconhecido por legitimo.
que se pagasse absolutnmonto o empt·ostimo por- afim de fazer sem perigo o pagamento; porém
tuguez, como so lhe attribuia, mas que attentns lembrara que podi:io ter-se mandado fundos para
as circumstnncins d11 Europa era prnvnvül q 11e se empregarem nas apolices, que estavão hoje por
se removessem os obstaculos que ao tinhiío o!Te- baixo preço com o que lucrava o juro correspondente
recido no pagamento desto omprostimo ; o logo de satisfazer-se, ao tempo decorrido, e que depois
que desnpparecossem o governo se vorln nn no· de maneira que a terem sido feitas as reme.ssas
cessidado de o pngnr, e como ollo suppunhn quo determinadas por lei, se podião haver comprado
a questiio portugueza ostnrin hoje decidida nn ns apolices a 43 ou 44 do que resultava grande
Europa; segundo o trntnllo feito com Portugnl, proveito á nação ; o que era muito diverso da·
o ministro do tbesouro tiniu\ obrignçitu do satisfazer quilio g,uo o Sr. Montezuma entendera, dizendo
áquelle pngamento, o qual fóra tnterrompii.Io poln que S. liJX. queria fazer o pngamento do empres·
razão de estar o throno de Pt~rtu~nl occupndo por timo portuguez antes de cessarem as circumstan-
um usurpador; porém reconhec1do um govemo cias em que se achava Portugal.
legitimo no mesmo paiz, fosse este qual fosse, Quanto ás observações do mesmo Sr. Montezuma
. ; · el ue na lei do or amento sobre a provisão do thesouro, a respeito do saque
se dessem meios a elle ministro para desempenhar 1rec o a ara y para n · ra, ·
o novo encargo que lhe resultaria do dito acou- satisfação de que o dito senhor limitasse as suas
teclmento. observações a esta provisão, unicamente sendo
Admirou-se de que o Sr. Montezuma o tivesse muitas as que o governo tinha mandado· publicar
censurado por ter sido franco na sua exposição, no Diario, seu1 en·,bargo de que não se podia
porque entendia que os ministros do actu11l go- conformat· cum as opiniões enunciad~s por occasião
verno do Brazil devião fallar ao corpo legislativo da censura ácerca da referida provisão: 1• porq1.1e
com toda a franqueza, sendo certo que se não nella mesma se declarava que as sobras das
acontecia assim nos outros paizes, provinha isso províncias estavão á disposição do governo para
de serem diversas as circumstancias, as quaes serem applicadas na f6rma da lei do o1·çamento ;
influião para que os princ!pios de umas nações e portanto não havia o menor a.rbitrio da parte
não pudessem muitas veZeR transplantar-se para do governo, que estava autorisado a applicar as
outras ; que nos outros paizeil a administração sobras do umas províncias para despezas de outras
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200 SESSÃO EM 23 DE SETEMBRO.J)E 1831


que tinbão deficlt,_ assim como a destina~-a para milias, impondo-se nos demais um tributo de 3,
pagamento da div1da externa, sem que msso pu· 4, 5 ou 6S como parecesse a proposito, o que elle
desse haver o menor excesso, visto que 9 governo deixava á discrição do Sr. deputado que houvesse
· só fazia applicações para objectos decretados por de propõr a emenda para este :fim, pois não
lei: 2o p9rque não podia exi~tir o perigo .l~mbrado pretendia entrar ness~ obj~cto.
fazenda opprimir uma província para fornecer para que se apontasse um meio para supprir as
outra, applicando a esta as rendas daquella, despezas quando não chagassem as rendas, di·
porque sobras erão « excedente de despeza ,, e feitas verso daquelle da emissão dos bilhetes do_th~souro,
todas as de a 1 a ·
tentemente não podia verificar-se o caso de não
ter qualquer província rendosa com que fazer as
suas despezas.
Ernquanto á necessidade de providenciar para
occorrer a qualquer delicit que pudesse sobrevir
para os annos futuros, notou que a não ser o fim
desta observação o estabelec~r deposito de rendas
em cada província não podia tomar-se em con-
sideração, e se tinha o dito fim, cumpria que o
Sr. deputado reparasse em que nem as círcum-
stancias do thesouro permittião semelhante de-
posito, nem podia apparecer deficit em tempo
· i or · inmçao
subita de suas rendas, visto que em tal caso
seria soccorrida pelas sobras das outras províncias,
das quaes o_ governo podia dispõr para e_ss_:l fim:

vincia,· como bavia parecido indicar, oppondo-se


ao movimento directo dos fundos das províncias
para Londres ou para outro qualquer destino , se
não ~ó se ·não obteria o lucro, que suppuzera o
Sr. Montezuma, mas até poderia haver prejuízo ;
pois se o governo fosse vender na praça o cobre
e prata em questão não obt~:·ia certamente o
preço com que calculAra o Sr. Montezuma, e fa-
lhando as bases do seu calculo outro seria o
resultado ; pois era manifesto que o governo eeria
victima de especuladores habeís, como tem sido
até o presente, do que não adia deixar de
resu ar- e gran e preJuízo, como tem soffl'ido soubesse que existia a dita lei.
já ; e por isso não era admissivel em regra tal
opinião, mas sómente em um ou outro,caso. O Sa. MINISTRO tornou, que havia a lei do
Concluía que a provisão não podia causar orçamento, a qual tixára a quantia de 150:000S
ejuizo a esouro como se avanç ra, a que p ra espezas even u3es, nas quaes se compre-
ella não fazia mais do que confirmar a dispo- hondia a dos rebates a que tinha mandado
sição de outras provisões e:z:peàidas por um dos proceder por necessidade.
seus antecessores para a Parahyba e para outrns O Sa. MoNTEZUMA entendeu que desta decla-
províncias. rnçiil) ~odi11 inferir-se que o principio da adml-
O Sa. MONTEZUM:A declarou qne h vlsb1 da nistraçao era, que todas as vezes que a lei da
interpretaciio authontica quo tinha ac!lbo.do <lo nccossidado lhe disser que obre, ella o faria,
ouvir, o á quul devia conformar-se, nuo llnhi'io omborf.l nua soja autorisado por lei o que ella
lugar as suas obHervnçõeB nos punLos om quo flzor.
o Sr. minio~tro notara corno inox~~etos. O 81~. MINIBTBO replicou que tf.ll conclusão era
Advertia que se ostiveasomos om outro tampo lnlu!missivol, podando antes tirar-se est'ouh·a:
serin objecto de grnndo nota o nito tor comp11· cc qrttJ todag ns vezes que o thesouro niio tivesse
recldo uo dia untecodento o Sr. ministro pRI'l\ nH.Io:i para occorrer às suas despezas sem fazer
nssistlr â discussão do orçamonto dn rocolta do os clescontos Indicados, para os quaes estava
importo, parecendo ·lhe poder achar no~ Dial'ios autol'isado pela lei do Ol'Çamento, havia de nro-
da Oamm·a daquelle tempo razões para concluir cetlor a elles n ; havendo se feito os descontos
que a carr.ara dos Sra. deputados neste nono nlto nestos ultimos dias porque o governo tinha de
tem encontrado grandes attenções. mandar a prestação legal para a caixa de amor-
Propóz-se então mostrar que S. Ex. não fôra tisação, que não podia ir em bilhetes da alfan-
inteiramente exacto em tudo o ue dissera e- dega, nem devia retardar- e -
m o com an ec1paçao que ora em diante as credito publico.
suas expressões fossem entendidas com salva de O SR. MoNTEZOMA disse que a camara decidiria
redRcção, para não parecer que tinha desejos de se a lei de necessidade podia autorisar o Sr. mi-
combatoJr sombras •. nistra a descontar bilhetes da alfandega, e exa-
Principiando pelo imposto sobre os escravos, mina ria se existia esta lei de necessidade na
declarou que votaria contra todas as emendas occasião em que a assembléa estava aberta, e
que se tinhão oft'erecido, pois não queria que se o c!ito desconto não era uma perfeita mal-
ficassem carregados com tamanho onus os pobres versaçao.
que carecião de 2 ou 3 escravos que tinhão para Fez então muitos protestos de que as suas
poderem viver; e quando se est!lbelecesse um reflexões não nascião de sentimentos desfavoraveis
imposto queria que se tivesse em r.onsideração ao Sr. ministro, com g·uem sympatbisava muito,
o numero indlspensavel para o serviço das fa· nem de opposição á administração presente, .~
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SESSÃO EM 23 DE SETEMBRO DE 1831 201


qual desejava apoiar, fazendo-lhe as advertencias tres, e que: o tinha offerecído como hypothese
necessarias, e cuja utilidade o tempo mos traria, para o Sr. ministro impedir qualquer prejuízo que
porque quem apoiava uma boa administração pudesse resultar á fazenda, de entender-se com
promovia o bem da nação, pedindo que o julgasse tanta latitude o principio em questão.
por su_as acções, etc., etc. Quanto á caixa de deposito nas províncias,
· s a epmiao o nã· rgon ar1a uma
fosse entendida de maneira prudente,
porque no .caso de pretender-se enthesourar
debaixg daqu~lle princi(!io, _entãu seri_a melhor
repetia, emquanto ao dinheiro entregue pelo ~ia­ contribuintes, porém a repugnancia em deixar
conde de Itabayana, terem sido as suas expressões dinheiro nas thesoura.rias das províncias devia
-que não dev~od.o os pagamentos ser feitos evitar-se para não ter lugar a not~ que o marquez
immediatamente aos possuidot·es das apolices do d'Argenson fazia a respeito da França, dizendo
dito emprestimo, mas · ao agente diplomatico que não era possivel pôr um ferrolho em uma
portuguez, o qual devia satisfazer aos ditos porta nas províncias sem ir a Paris buscar a
possuidores, era evidente que todas as quantias ordem, podendo tal vez attribuir-se a estas e
entregues pelo agente diplomatico brnzileiro ao outras vexações as crises politicns que acabru-
referido agente diplomatico portuguez, com este nhárão a nação franceza por tantos annos : e
fim devião reputar-se pagas por conta do men- conseguintemente as sobras devião ser applicadas
cionado emprPstimo. no Brazil a beneficio das províncias correspon-
Entendeu que S. Ex:. havia cabido em contra- dentes até onde fosse raticavel.
1cçao grave, quan o quena que se remettessem
fundos · para Londres, compra de apolices do O Sa. MINISTRO notou que havendo o Sr. Mon-
emprestimo portuguez, reconhecendo ao mesmo tezuma increpado ao governo no discurso quo
tempo os. apuros do thesouro, e que estavamos a~abava ~e ouvir, o não ter tratado com a de-
Cl ums anc1as a vez e con ra 1r a gum
emprestimo; pois a não ter o Sr. ministro em tinha dito no seu primeiro discurso. que o go-'
vista um emprestimo, cujos resultados devião ser verso se entregava todo á cama r a.; e portanto
fatalissimos, não sabia onde elle iria buscar di- a . contradicção manifesta destas
. duas proposições
· - , - o e o
comtudo combinar-se semelhante intento com a Manifestou que fóra outra vez mal entendido
declaração feita por S. Ex. de estar o thesouro pelo Sr. Montezuma, pois elle ministro dissera
no maior ap•~ro, o que observat:ia a que el!e se -que se estivesse depositada em Londres a
contrahissa na Europa, e sendo quasi impossível importancia dos dividendos do emprestimo por-
negociar-se aqui pela oscillação política em que tugue7: dos annos de 1828, 1829, 1830 e 1831
o paiz se achava. como se determinára, este dinheiro poderia ser
A'cerca da sua observação sobre ser muito empregado na compra de apolices do dito em-
differente a linguagem dos ministros das outras prestimo , as quaes, pelas circumstancias que
nações daquellas que usavão os Srs. ministros ti11hão occorrido, estavão por baixo preço ;-o que
do Brazil assim como tambem a dos membros da não era dizer, como entenJêra o Sr. Montezuma,
opposição ; explicou que não s~ ~ncamiuhára. a que convinha remetter dinheiro para Londres
afim de o applicar a esta operação, nem que
feita na intelligencia de que S. Ex. represen· ev1a con ra 1r-se um empres liDO 1n erno ou ex-
tára os flpuros em que havia de continuar a terno com este objecto. ·
a!!har-se o thesouro por m11is algum tempo Fez algumas observações contra a pratica que
or modestia não u ren o ·· se quer i_a introduzir_ de _pedir esclarecimentos
reconhecidos talentos, os quaus erão capazes de u ' 8
melhurar convenientemente a administração, não que certamente não existia no parlamento ínglez,
contando talvez com os recursos que deverião cujo systema era tarnbem conhecido pelo Sr.
resultar do desenvolvimento da industria, agri· Montezuma, e que era totalmente inadmis$i ve!,
cultura, etc. pois qualquer ministro não podia ostat· presente
Declarou não ter proferido que S. Ex:. devia em todos os negocias da sua repartição do maneirn
demittir-se, não sendo taes as suas idólls, pois que pudesse rosponder sobro qualquer fnforrnaçíio
ninguem mellwr do que o Sr. ministro da fa- que algum Sr. deputndo so lembrnsso do pedir,
zenda sabia que elle orador não era candidato nua pertencendo ao negocio em discussíio, nlto
do minisi.ro, tendo fallacto em sentido hypothe- podendo até serem acertados os sons raciocinlos ;
tico, isto é, que no caso de julgar o Sr. ministro observação que mio em nascida do desejo de
que não podia salvar o estado, então nesse caso occultar co usa alguma, poró m da nocossidade do
devia demittir·se. conservar n ordem do debnte, estando S. Ex.
Pareceu-lhe que estava melhor informado do prompto a du os esclarecimentos que se
que o ~. . ministro sobre o procedimento do Julgarem necessarios sobre o negocio em dis-
visconde de Itabayana, pois sabia que elle tinha cussão.
principiado por declarar que havia de pagnr o Emquanto no imposto nos escravos, fez ver
dividendo .do emprestimo portuguez a D. Maria II, que em lugar de recahir sobre os pobres se
houvesse em Portugfll o que houvesse, mas de· destinava aos ricos, que erão os que tinhão mais
pois. cahindo em si, publicára qu~ suspendia o escravos.
e verificando-se e~tão dahi por diante o que geral a opinião de fazer as remessas directa-
expõz o Sr. ministro, tendo talvez o visconde mente das províncias para seus destinos, ex-
de Itabayana documentos em sua mão que appro- ceptuando um ou outro caso em que talvez
vavão esta suspensão, o que porém não vinha julgasse conveniente adaptar a idéa do Sr.
para o caso, havendo o nobre orador tocado Montezuma, porque era sabido quanto os eco-
nisto apenas com o objecto de mostrar que não nomistas reprovavão especulações por conta dos
houve banca-rota, e que as quantias pagas ao governos, pois sempre lhes erào desfavoraveis,
marquez de Palmella devião entrar na liquidação talvez por desgraça, mas não por culpa do
geral. governo.
A respeito do saque sobre as províncias, affir- Quanto á proporção que arra.njára o Sr. Mon·
mou que o seu calculo era exacto, que se fazia tezuma, não negava a sua exactídão, mas du-
com muitr. facilidade por meio de uma regra de vidava da exactidão das bases adaptadas, como
TQ;,f() 2 ' 26
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·.~

202 SESSÃO EM 26 DE SETElUBRO DE .1831


ORDEM DO DIA

do

ruina da agricultura, dos genoros de exportação;


Acta de 24 de Setembro além de poder verificar-se a hypothese; já por
elle mencionada em outra sessão de grande des·
falque das rendas, quando por occasião da guerra
Depois das 10 horas fez-se a chamada, e não fossem bloqueados nossos portos ; argumento in·
se VP.rificando numero sufficiente para formar-se vulneravel, e a que não se tinha podido res·
casa, o Sr. pre-sidente ás 11 horas e meia declarou ponder ainda.
não haver sessão, tendo comparecido 45 Srs. ::le·
putados, faltando com causa os Sr!:!. Pacheco Achou desnecessario offerecer mais argumentos
Pimentel, Paúla Barros, Sebastião do Rego, Paes contra um systema que ia aggravar a exportação,
de Andrade, Silva Tavares, Marcel!ino de Brito, quando todas as nações entendidas em adminis·
Rebouças, Paul~ Arauj~, Cost!l qarvalto, Baptista ~ração seguião ve:eda pex:_feitamente contrari~,

Getulio, Xavier de Carvalho, Pires Ferreira, Luiz


.
lasques e Braulio: e sem o p11rticiparern os' Srs. de abandonarem esta cultur:1, se a camara reco-
nhecendo isto mesmo não tivesse alliviado os
c~valcanti, Ernesto, H·•llanda, Bello, Netto, Cor- direitos de exportação de. tão importante ramo:
rôade r ~· · bem ue se conse uio el - ·
meida TorraR, Alves Branco, Jardim, Lopes Gama, sobre a exportação e não sobre o consumo.
Pinto Peixoto, Vieira Souto, Ledo, May, Tobias, Conco.rdou em que a suppressão de um imposto
Toler:io, Baptista de Oliveira, Baptista Pereira e gravoso e oppressivo tendia a augmentar as rendas
Araujo Franco.-José Mw·tiniano de Alencar, do estado, ao mesmo tempo que alliviava aos
presidente.-Antonio Pinto Chichon·o da Gama, povos, mas a ser esse o fim do Sr. Lobo cumpria
1° secretario.- Vicente Ferreira de Castro e Silva, que examioasse quaes erão os tributos que mais
4° secretario. pesavão sobre os povos, para propór a sua sup-
pressão, havendo muitos, como em Pernambuco
por exernplo, onde a libra de carne verde paga
10 rs., quando nas outras provincias paga õ rs.
Q11anto á imposição sobre os escravos, ponderou
Sessão em e8 de Setembro que o ~egislador apoi~ndo umA. medida que 'ul-
a1z, nao se az1a cargo se e a
a tambem recahir sobre os pobres, porque todos
PRlllSIDENCIA. DO BRo A.LENCA.ll tinhão obrigação de concorrer para as despezas
publicas, devendo as leis serem iguaes para todos,
·- · , -o a an o e e
que no dia 2-! não houve sessão por faltar ' o orador. contra os pobres a favor dos ricos, nem
numero dos Srs. deputados necessario para formar contra os ricos a favor dos pobres ; sendo de
casa. notar que o individuo que tinha dinheiro para
E passou-se depois ao expediente seguinte: comprar escravos indo empatar tão grande somma
Um o:fficio do ministro da justiça remettendo não era pobro; quanto mais que o menor rendi·
a representação do actual ouvidor da comarca do manto de um escravo em uma pataca por dia.
Ouro-Preto, sobre a intelligencia do art. 37 da Declarou que não quereria novas imposições se
lei de 20 de Setembro de 1830.- A' com missão de o Brazil estivesse em circumstancias de poder
justiça criminal. prescindir dellas; mas sendo reconhecido o apuro
Do mesmo ministro com o o:fficio do presidente das nossas finanças e grande o abuso que havia
da província de Minas Geraes, pedindo autúri· a respeito da escravr~tura nas cidades, havendo
sação para despezas.- A' primeira com missão de cidadão que tem 100 Ascravos os quaes perturba vão
fazenda. a tranquillidade puolica, cumpria que este negocio
Do secretario do senado communicando haver fosse considerado, não tanto pelo lado do melho·
sido sanccionada a resolução que autorisa o ramonto da fazenda como pela necessidade de
governo a confirmar nos postos a que forão ele· remediar este mal.
vados em consequencia de propostas legalmente Affirmou que devia tambem estender-se o im-
feitas por serviços prestados a bem da indepen- posto aos escravos o:fficiaes de oftlcios, pois havia
dencia nacional áquelles o:fficiaes e ofiiciaes homens que tinhão 10, 12, até 50 escravos com
inferiores que tendo sido promovidos não forão o:fficios ue odião a ar tan o me
· a o • ucravão mais com elles: e ajuntou que a servir
Do mesmo secretario remettendo a proposição de motivo para a regeição deste tributo, o querer
do senado sobre o regimento do conselho de estado. poupar os pobres então devia propôr-se a abolição
-A imprimir. do tributo sobre a carne fresca e sobre outros
Foi recebida com especial agrado a felicitação objectos de primeira necessidade.
da camara de Porto Alegre, em que tambem con- A respeito de imposto sobre cavallos de pessoa,
vida aos representantes da nação para recolhe· allegou que quem tinha dinheiro para sustentar
rem-se áquella capital e alli exercerem suas fu.nc- este luxo, o tinha. igualmente para pagar a pequena
ções no caso de continuarem as desordens na quantia de 46000, vindo este imposto a cahir
capital do imperio. · unicamente sobre· pessoas abastados.
A camara municipal da capital de S. Paulo Advogou tambem por ultimo a necessidade de ser
remette a cópia authentica da acta que contém abolido o tributo sobre os feixos de assucar re-
os cidadãos que tivsrão votos para senadores por produzindo argumentos de que se tinha servido
aquella provincia. quando propoz a respectiva emenda.
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SESSÃO Ei\1 26 DE SETEMBRO DE 1831 203


o Sa. PERDIGÃO propoz-se a sustentar as emen- O Sa. HoLLANDA declarou que entraria na questão
das que tinha mandado á mesa; uma das quaes pela comparação das necessiclades restrictas e
era para que se reunissem em uma folha só do d"ebito có'in o crPdito para lhes fazer face; e para
thesouro debaixo do titulo de- remunerações de que a camara ficasse mais bem informada do que
serviços- as pensões, tenças e meios soldos que se tinha pas~ado, pedio licença para apresentar
- · i ; e n a cuja um ex rac o as vo açoes av1 as so re despezas,
utilidade era reconhecida por se encaminhar a isto é, a somma geral das quantias decretadas.
estabelecer uma escripturação mais metbodica e Na repartição do imperio neste anuo mostrou
abreviada, e poder-se assim conhec~r e.m um la~çar que se votarão mais do que no anuo passado
. , presa as racçoes; e manena que
sendo a fixação do anno passado 1,438:142S, neste
anno se havia votado 1,886:491/1.
Ajuntou que se havia votado a quantia de
80:0008 em moeda forte ao par para a repartição
dos negocias estrangeiros, que com o cambio po-
deria importar em 262:000/i. e pouco mais ou menos
era equivalente ao que se decretára no anuo
passado: que na repartição dos negocios da jus-
tiça se havião augmentado 248:000H, que com
686:44511 fazião o computo de 934:44511, deducção
feita ~o~ pequeno.s córtes que hou':e: . que ~a
feliz do que nas outras repartições, pois votando
no anno passado a somma de 1,780:818H, neste
anno se fixára de menos 227:0008, sendo portanto
a .
fôra ainda muito mais feliz na repartição da guerra,
pois votára neste anue 2,473:0008, quando fixára
no anuo passado a somma de 3,8-17:9268, donde
a differen a ara menos de 1 410:92(i ; e ue
nalmente no anno pa;;sado fixára para a repar-
tição da fazenda 4,963:.1,938 incluída a dotação
do imperador, e neste anno tirada a dotação
vinha a importar ainda a desp.eza E>m 5,321:00011,
donde se colligia o augmento de 1,357:50711, ou
abstração feita da dotação 357:50711, cumprindo po-
rém observar que o augmento não era tamanho
como parecia, porque do anuo passado se havia
calculado o cambio das quantias que se devião
remetter para Londres para pagamento da nossa
di v!da externa, a 50 e a 55 pe11ces por 111000; e
neste ann? a. com missão se julgou forçada em
I
111000 ; porque o governo podia aproveitar o
cambio favoravel de alguma província onde hou-
verem sobras; que desta demonstração resultava
em que era pago ; e em cunsequencia tinha des- Na repartição do imperio .....• 1,886:49111000
cido a 4:00011, e ainda assim se conservava, in- » dos negocias estrangeiros ..• 262:000HOOO
fluindo tambem para isso as commoções politicas. » justiça ...............•.•.•.• !!34:4458000
Enunciou como principio incontestavel que quan- » marinha.................... • 1,553:8188000
to mais facil era a arrecadação dos impostos, tanto » guerra ...•...........•...•.• 2,473:000SUOO
menor peso soffria o povo porque tudo revertia >> fazenda ....•.............. · • 5,321:0008000
a favor da nação, sendo mais barata !i cobrança.
Ofi'ereceu portanto a sua emenda deixando ao Somma 12,430:754HOOO
arbítrio da camara o fazer-lhe as alterações que Demonstrada assim a importancia da despeza
julgasse convenientes no caso de entender que total do imperio passou a examinar se es~a
ia desfalcar muito as rendas, pondo 6, 7, ou mais votação devia assustar a camara e se havena
por cento em lugar de 5 •/o que elle propunha, que temer algum futuro desastroso no Brazil, ou
attendendo a que o agricultor era obrigado a pagar antes, se este futuro era muito lisongeiro, como
em prata, e que a taxa de 10 •/o além das despezas elle orador suppunha, porque pelos calculas feitos
de conducção vinha a ficar muito onerosa para no anuo passado e demonstração da receita do
o lavrador. thesouro nos primeiros 6 mezes deste anno finan·
Passou a fallar sobre o imposto do dizimo de ceiro, guardada a proporção e contin~ando. a
miunças, a respeito do qual disse: que o extinguir cobrança, davia resultar uma arrecadaçao mmto
impostos que não davão proveito á nação mas superior a 15,000:000H, não obstante a extincção
só aos collectores, era augmentar as rondas e do im osto de 600 rs. em arroba de ai odão
nao 1mmu1 -as, porque ava ma1s poss 1 ida e mas prescindindo mesmo deste augmento e admit~
aos collectados para pagar os outros impostos. tindo que a receita não venha a exceder a 15,000:0008,
Mostrou então a imperfeição do methodo de haveria uma sobra de 2,567:24611, sobra que no
cobrança que se observava neste imposto e que anno preterito se havia applicado na lei do or-
o decreto de 11 de Abril de 1821 não se limitára çamento ao resgate. do papel d? b.l'n~o, o qual
sómente ao Rio de Janeiro, mas fóra extensivo resgate não lhe parec1a urgente, vtsto na? estarm~s
a todo o Brazil; ainda que soffresse alteração na por lei obrigados a elle, porque ~ le1 que n~o
sua origem, comtudo havendo sido executado em- pi·orogou o banco mandava amort1zar na .ra~ao
quanto ao Rio de Janeiro, devia sel·o tambem . de 5 % annualmente sobre a massa da _em1ssao,
nas mais províncias; e como a emenda do Sr. mas depois de liquid~da a divida d? governo, o
Lobo era mais ampla, porque sujeitava ao dizimo que não se achava fe1to; que dema1s era neces-
só os generos de exportação e não os de consumo sario ter muito cuidado no resgate do papel
v9tava por ella. circulante no Brazil, pois que viria a ser muito
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204 SESSÃO EM 26 DE Sh TEMBRO DE 1831


prejudicial se elle tolhes.se a circulação. neces- com um exercito novo, porém appellando para
saria, e sem ser enthus1asta do papel JUlgava o patriotismo dos ameriéanos do norte, sacrifi-
qne achando-se a circulação nas circumstancias cárão tudo e souberão vingar a independencia
em que estava a do Brazil, onde o :cobre era nacional; que elle não queria pôr os brazileiros
quasi moeda geral, o papel era um meio excel- nas nuvens, mas não duvidava affirmRr que se
en e e mu 1p 1car as ransacçoes e e ac1 1 ar c egasse a ser necessano o compor amen o e as
o commercio •.. ,· seria igual, e neste caso sendo indispensavel
Declarou que elle queria que se tomassem me- alguma medida para sustentar a independencia,
didas para que se introduz~Hse uma circ~lação não hesitari!l_ em vot~r por ella, porém não era
con an e e
por sua natureza, nem podia desejar que con- providenciar sobre a receita e despeza de 1832
tinuasse o estado actual das cousas, não se para 1833; e havia meios além dos necessarios,
sabendo qual era o meio circulante, se prata, como já tinha feito ver pelo orçamento apresen-
cobre ou papel, mas emquanto não se adaptassem tado e arrecadação feita nos primeiros mezes do
medidas para melhorar a circulação, lhe parecia anno passado, que mostravão uma receita de
que aquella de papel era muito vantajosa em 15,000:000S, a qual podr,ria até encontrar-se no
certas províncias, e que se faria grande mal quadro da renda do anno de 1829 para 1830;
destruindo-a actualmente, sem a substituir por além do que devia refiexionar que as rendas
outro meio de circulação, em razão de que ficaria devião ir em augmento progressivo, pois não se
só a moeda de cobre, visto que a prata e o ouro podia considerar o Brazil estacionaria e o aug-
tinhão desapparecido. Sendo isto assim, e send.o mento
. das rendus seria necessariamente
. . na r11zão
.
e riqueza do paiz.
Passou depois a fallar sobre a suppressão de
alguns impostos pouco importantes, como erão a
decima da ill s e lu ares e uenos ue não
produzia nada, emquanto vexava muito aos povos
o dizimo do pescado pelas razões já allegadas,
e ultimamente os direitos de província a pro-
víncia.
Pedill que se contasse no orçamen o com a
venda do páo-brazil, pois ainda que não existia
em Londres a grande quantidade que se referira
no anno passado, e que olle orador sempre negára,
havia comtudo algum na Europa, tendo nós até
perdido uma porção na queimE> dos armazena de
Antuerpia; e não sabia que motivo tinhão os
nossos especuladores para guardarem o páo-brazil
á espera de melhor preço, pois resultava dahi
que tinhão concorrido outras madeiras de tintu-
raria da Bahia, de Campeche e de outras partes,
que p~ejudica.~ão o merca.do do páo-brazil, se bem

' capazes de desafrontar a independencia


cursos afim de prevenir que o seu mercado se arrui-'
nacional; lembrou, porém, á camara, quaesquer nasse cada vez mais, e ainda assim daria grande
que fossem essas necessidades, que não era agora lucro.
o tempo de tratar dellas, nem a lei da fixação Referio que no tempo do seu ministt>rio não
das despezas do anno que vem o lugar de pro- mandãra cortar páo-brazil porque lh'o vedava a
vide!lciar taes rocursos, e por isso convinha, logo lei de 15 de Dezembro de 1830, mas fizera remetter
que a occasião o permitte, que os Srs. deputados para Londres quanto cavaco deste páo existia,
mostrassem á nação que ella haveria de ser des- com ordem de o v~nder pelo maior preço que se
onerada daquellas contribuições que se fazião offer.Jcesse, pois ainda que se vendesse por 4S
desnecessarias, porquanto, se depois uma ne- dava lucro, e era melhor vendel·o por esso preço
cessidade qualquer exigisse um esforço pecu- do que expôr-nos a ter um concurrente no mer-
niario, a CRmara acharia toda a disposição nos cado que nos fizesse mal.
cidadãos para o prestarem, ou mesmo para offe- Sustentou por consequencia que devião ser
recerem as suas vidas. incluídos no orçamento da receita 20,000 quintaes
Portanto, na crise actual, segundo o seu modo de páo-brazil, que, segundo os calculos feitos e
de entender assentava que não devia impôr-se apresentados pelo nobre orador devião produzir
tributo algum, mas pelo contrario tratar de os 3i30:000SOOO.
diminuir, porque não via necessidade de aug- Quanto á administração dos brilhantes, entendeu
mental-os havendo excesso de receita á despeza; que era com effeito melhor continuar com este
e quando al uma necessidade se a resentar então estabelecimento a ezar de não vir dahi lucro
se vena o que devia ançar-se mão. nen um, pois gastava-se com a extracção tanto
Manifestou que via, talvez não longe, uma neces- como ella produzia.
sidade tal que faria necessario sacrificar vida, Confessou que não tinha idéas exactas a respeito
fortunas e bens dos brazileiros, pegando elles dos proprios nacionaes, sabendo sómente que o
em armas para sustentar a sua independencia, thesouro nada lucrava com elles, emquanto este
pois apezar de reconher que o Brazil não estava ramo era um daquelles que podia produzir grandes
em estado de arrostar com as nações grandes, vantagens á nação, mas não se animava a dizer
lembrava-se comtudo de que os Estados-Unidos cousa alguma S•)bre a sua fiscalisação, e deixava
da America se atrevêrão com um colosso europêa isto aos Srs. deputados que erão mais versados
em uma época em que não estavão melhores do neste negocio.
que o Brazil, tendo apenas 5 milhões de habi- Quanto á emenda que propunha que fosse
tantes quando declarárão guerra á Grã-Bretanha eliminado do orçamento o juro das apolices bra-
e não montando sua renda a 5 milhões de pef:los, zileiras, mostrou que em Londres existia sempre
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SESSÃO EM 26 DE SETEMBRO DE 1831 205


uma quantia em apolices, que estavão na mão grande desenvolvimento, para a qual não havia
dos contractadores, servindo de bypotheca ao agora tempo, mas que podião fazer-se algumas
pagamento nos 6 mezes futuros, as quaes apolices reformfls parciaes, proc~dendu desde já áquellas
vencião j~ro e este entrára nos :H.videndos q.ue que não precisavão de ·revogação de leis ante-
receita, por isso não se podia supprimir o artigo, leis ' que' obstavão a outras réformas fllceis e
devendo ir a parcella de juros das apolices em necessarias que a experiencia tem indicado.
ser em Lond!es, sem com tudo declarar a impor· Pa.ssando ás officina~ lembrou que podião ser

'
sendo feita com grande prejuízo das propriedades, vernas, o qual' não era em razão do capital, mas
porém queria que se aforassem, pois a fazenda da renda, porque os taverneiros não vendião só
tin.v'l por este meio um lucro real, e tinha quem cachaça, vinho, etc.
zelasse a conservação do predio, e não aconteceria Mas aproveitavão os furtos que lhes levavão
como em Cantagallo, onde algumas propriedades os eocravos, de maneira que se o capital da
tinhão cabido, e elle orador desejaria que se venda era de 100$, elles ganhavão annualmenta
tivessem dado ainda que fosse de graça á camara 300, 4.00S, emquanto que empregado aquella
municipal, porque ao menos não as deixaria dinheiro em outro objecto não produziria talvez
cahir, mais de 5 °/o; que dem,üs o estado do Rio de
Fez ver que era tambem melhor que se arren- Janeiro a este respeito era tal que muitas ru~s
d~ss~m as fazenda.s existAntes @m diversas prC?- esta-;:ã? cheias de tavernas, o que era muito
a semelhante multiplicação, podendo o imposto
ser cobrado na occasião de se concederem as
licenças para as tavernas.
' r a o ·m osto naci.:>nal cu·a aboli ão se
havia pedido, lembrou que o Maranhão tinha já
ganho muito no anno preterito com o allivio
do tributo que pesava sobre o algodão, de 600 rs.
por arroba, sendo bem para desejttr que o im-
perio todo puc!esse experimentar uma diminuição
de impostos na mesm11 proporção, e tftndo a dita
província merecido já. tamanha contemplação,
parecia-lhe que não tinha muito que reclamar.
Accrescentou que lhe constava que este imposto
era máo, porém nas outras províncias existião
muitos que erão tarnbem máos; e como era re-
conhecido que o Sr. deputado, o qual advogava
a necessida,le da abolição deste impost.o, queria
que a lei foRse igual para todos, o nobre orador
111io duvidava de qu~ elle não quereria a •tbuliçiio
dos impostos mó.os para a sua província só-
monto, deixando os das outras províncias no
mesmo estado.
Rnquoreu que na repartição da guerra se pu-
dessem applicar a outras despezas as quantias
alguem pensava. empregando no mataria o que sobrasse do peS·'
Fall.:>u sobre os armazens da alfundega, pare- soal, porque, segundo o seu modo de pensar,
cendo·lhe que depois de certo prazo, por exemplo, pouco se ganhava em ter muitos homens em
de 6 mezes, as fazendas nelles guardadas devião armas, porém sim em aperfeiçoar as construc-
pag,w 4 •/o de armazenagem, não sabendo cointudo ções, não querendo dizer clom isto ·que se
se esta disposição podia ser incluída na lei do mandassem construir fortalezas, fundir canhões
orçamento, por isso que seria necessario attender ou broquear peças de artilharia, mas que se
ao praz.i dos bilhetes da alfandega, o qual devia promovesse a industria e que se mantivesse em
ser prolongado, pois que não podia tomar~se pé respeitava! o material nesta repartição da
aquella pwvidencia emquanto os bilhetes fossem guerra como nos Estados-Unidos; e por isso
a 3 mezes. qualquer quantia que o respectivo ministro con-
Em quanto á reforma da alfandega, entendeu que seguisse economisar no pessoal. bom era que
precisava de uma lei muito trabalhada e com fosse applicuda ao material ; mas nas outr~;~s
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206 SESSÃO EM 26 OE SETEMBRO OE 1831


repartições e principalmente na da fazenda não· nomeasse; que o resultado destas conferencias
podia admittir-se esta emenda, pois seria o mesmo e que fosse julgado debito liquido e verdadeiro
qu~ não haver. fixação,.d_e des!?e~as, e seria. u!D das differentes repartições, houvesse de ser
mew de dar ao respectiVO mm1stro um arb1tno satisfeito por meio da emissão de bilhetes. de
muito perigoso:'; ·· credito operação cu·o termo technico lhe não
uan o aos.< 1 e es o esouro, ac ou que em rava, afim de que os credores pudessem
erüo prejud\~iáes por qualquer lado que os en- negociar os creditas, como melhor lhes conviesse,
carasse, sendo a Inglaterra a unica nação que resultando daqui o benHficio de se liquidarem
os adoptava, dando ao governo a faculdade de as contas dos differentes annos, conhecer-se com
· · , para os pagar com exac 1 ao qua era a espeza rea o imperio,
as receitas que não estavão ainda arrecadadas, para servir de base aos orçamentos futuros,
o que acontecia na Inglaterra, por ser um paiz manifestarem-se os abusos dos ministros nas
em que abundavão os capitaes e o numerario,- respectivas repartições e nas diversas épocas
procurando o governo meios para os empregar; e em que servirão, e pagar a nação a quem deve.
por isso esta medida não era perigosa ao thesouro Conclllio declarando que estas erão as suas
de Ingla.terra, além de que a sua organisação pre- idéas a respeito da emissão de bilhetes d()
venia os abusos que daqui podião resultar ; thesouro, a qual devia ·ser combinada com a
entretanto que no Brazil não havendo capitaes fiscalisação das rendas nacionaes e da contabi-
avultados, mas antes carencia delles, não se podia lidade do mesmo thesouro, fazendo-se logo effe-
entrar nestas especulações sem peiorar as nossas . ctivo o pagamento em bilhetes que vão correr
circmn~tancia_s.. Convinha f~llar. com_ franqueza, na P.ra_C'1 e que hão de servir de titulo le~itimo

zileiros havião deixado de ter os pagamentos


em dia.
Pedio que se attendesse a que elle orador
tinh>~ estado sem re e boa fé ois n c
jectâra revoluções em tempo algum nem quizera futuro.
pôr a administração em aperto, e quando emittíra O Sa. MINISTRO disse que a disposição do
a sua opinião no anno passado, não fóra para artigo do projccto da commi~são de orçamento,
metttlr em perigos a causa publica, tanto que que autorisava a applicação das sobras de umas
não tivera medo. de aceitar a administração da despezas á carencia que houvesse em outras,
fazenda e de mostrar que era capaz de executar devia comprehender tod>~s as repartições e muito
o que se tinha determinado na lei do orçamento principalmente as do imperio e justiça: que era
de 1830; e hoje o nobre orador estava nos incontestn.vel que a instrucção publica não tinha
mesmos sentimentos, querendo dar os meios de tido o dt Jnvolvimento de que necessitRva, por-
fazer as despezas mas não votando pela auto- que não tínhamos aulas bem organisadas, pois
risação de emittir bilhetes do thesouro. por maior que fosse a quantia que s~ decre-
Que, a querer-se fallar de providencias para
· · an e 10res, 1sso en ao sana exactamente, que não se tinhão creado igual-
outra cousa, pois era necessarlo tomar alguma mente escolas de ensino mutuo, e não se havião
medida ácerca da divida de 1827, 1828, 1829 e feito muitas outras cousas que tinhão sido decre-
1831, !1~- quaes !lledidas, assim como aquellas ada or · - - · - ·
sufiicientes: que não via razão bastante para
1827, que creou a caixa da amortisação, convinha que a dita disposição comprehendeese sómente
que o governo propuzesse, estando o nobre orador as repartições da mat"inha e não as outras ;
prompto a tomar a proposta em consideração quanto a passar o artigo parecia que devia ser
quando tivesse por fim estabelecer medidas boas, extensivo ás outras repartições e tambam á. da
as quaes não fazia opposição, se é que oppo- fazenda, pois havia muitos edificios indispen-
sição alguma se fazia ao governo actual. saveis a fazer, como editicios para arrecadação
Lembrou que havião varias pagamentos atra- de rendas, etc.
sados que devião ser satisfeitos, assim como Quanto á substituição de impostos, ponderou,
ordenados não pagos na occnsiiio do seu ve-nci- como já fizera em outra. occasião, que o pro-
mento, letras por conta de despez.as atrazadas, dueto daquelles que se propunhito não enchia
etc., não nermittindo a boa fé e credito da o vacuo que deixaviio os q11e se pretendião
administração a desculpa de dizer qua não ha supprimir, e quando tivesse lugar a substitllipão
dinheiro, porque o ministro do theeouro vendo convinha ter em vista o pagamento dos empre-
que não tem com que pagar estas despezas, gados destas arrec!\dações até serem de novo
deve procurar meios de occorrer a ellas, deve postos em serviço.
rep_resentar â camnra dos Srs. deputados as
difficuldades em que se acha a administração, Fez algumas observações sobre a necessidade
para ella as tomar na devida consideração. de que a lei sobre o pagamento da ancoragem
Disse que não tinha duvida em declarar a dos navios fosse bem expressa para que nlu-
maneira or ue encarava este e ia t" guem deixasse de a ar este im osto.
como de grande importancia e os meios que A respeito das capas na alfandega, declarou
cumpria empregar, os quaes erão estabelecer que o computo recebido por cada uma constituía
commissões não só na córte como nas provín- o ordenado dos empregados respectivos, para os
cias do imperio, fazer que as thesourarias liqui· quaes era preciso determinar o ordenado, suppri-
dassem todas as contas das dividas desde 1827 mido que fosse aquelle emolumento.
até 1881, mas c:!e fórma que não ficassem englo- Quanto a cheginem as rendas a 15,000:000$,
badas confusamente, porém extremadas anno por S. Ex. não duvidou de que pudesse acontecer
anno; que estas contas depois dE:' examinadas isto, e ncs que pudessem ter-se elevado a muito
fossem submettidas a novo exame dos membros maior quantia, mas o certo era. que as rendas
dos conselhos geraes de província ou da assem- actualmente tinhão diminuido muito, bastando
bltia geral na córte, por meio de conferencias lembrar que a renda da alfandega da Bahia, a
entre os encarregados da liquidação pelo thesouro qual regulava de 100 a 120:000$ por mez, em
{l a ºommissão reyisora de taes eredUos que se . Abril ~roximo passado não tinha excedido d~
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:17 - Página 1 de 2

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SESSÃO EM 27 DE SETEMBRO DE 1831 207
19:000H e em Julho de de orçamento, não podendo mesmo às juntas de
fazenda informar com a promptidão necessaria :
certificou que havia já m.andado tirar a conta
do que se ficára devendo ·alo ue. res eita>a a
esouro do Rio de Janeiro; porém a com missão
não se contentava com isto;. e queria saber de
quaes erão as despezas ·de todo o 1mperio, para
que o thesouro não tinha dados exactos, nem
· e igt -os para c egarem a empo e estar
dos emprestimos externos que erão feitas pelas a camara ainda reunida, pela distancia em que
províncias do norte, assim como para pagar os ficão algumas províncias, não tendo até vindo o
emprestimos internos e gastos das diversas re- balancete de algumas juntas de fazenda havia
partições, etc. mais de, 6 mezes, queixando-se de falta de offi-
Rijferio de mais, que havia recebido dous dias ciaes, quando n tinha recebido de outras juntas
antes um officio da junta da fazenda do Rio situadas em províncias mais distantes.
Grande do Sul, em que se dizia que o governo Depois de mais algumas reflexões pôz o Sr.
devia mais de 400:000H naquella província: que presidente o orçamento em votação e foi appro-
verdade era que para este pagamento se havià vado com as emendas da commissão.
dado um ct·edito supplementar, mas que este Forão tambem adaptadas as emendas se-
credito não tivem a app!icação que devia ter, guintes :
de maneira · ·
quantia para aquella divida. « Os hospitaes da caridade são casas de mise-
Lembrou que tinha apresentado já uma pro- ricordia, e como taes gozão do indulto do SI lo do
posta para o governo fazer os despezas a que alvará de 27 de Junho de 1808. ))
estivesse le almente obri ado sendo uma dellas Do
o pagamento do soldo da tropa do Rto Grande « Fiquem isentos de direitos os livros e ma-
do Sul ; e portanto fizera da sua parte o que chiuas. ))
era possível, mas já tinha lido o parecer da Do Sr. Maciel :
commissão de fazenda que regeitava esta pro osta cc Todos os im ostos sobre
o governo, tzerr c que nao tm a ugar, e qua quer que seja a sua denominação, serão re-
propondo a suppressãll do artigo em que o go- duzidos a 20 ojo , quando se destinar para con-
verno requeria esta autorisação, exigindo antes sumo. )l
que o governo apresentasse uma lista de todas Do Sr. Duarte Silva :
as dividas a que estava obrigado, o que não « Contemple-se na receita o producto da venda
era tão facil de fazer no estado actual da es- de 24 mil quintaes de páo-brazil na Europa,
cripturação, pois que não sabia anteriormente ficando o governo autorisado para o córte deste
quanto se devia á tropa do tempo da guerr~, artigo no anno de que se trata até preencher os
e só o soubera pelo officio recebido do Rto 24 mil quintaes. ))
Grande do i3ul, em que se dizia que erão 400:000~, Do mesmo Sr. :
não os ten.io podido satisfazer o governo, porque cc Que não se exija decima pelo tempo em que
pela lei do orçamento era obrigado ~ applicar o predio se acha desoccupado e sem rendi-
Do Sr. Carneiro da Cunha :
« Fica imposta a taxa de 411 nos palanquins,
cuja cobrança será igualmente feita pelos col-
' . . i -
erna. posição terá lugar immediatamente depois de
Declarou que a lei do orçamento determinãra sanccionada a presente lei. >>
que se pudesse vender sómente a terça parte do Foi remettido tudo depois á commissão de re-
páo-brazil existente na Europa, porque o governo dacçào afim de apromptar o projecto para 3• dis-
contava com grande porção de pào-brazil na cussão.
Europa; mas parecia que a qurmtidade hoje exis- Levantou-se a sessão depois das 3 horas.
tente não era considerava!, porquanto grande
parte delle fóra vendido por ordem do Sr. H•ol-
landa Cavalcanti, e outra porção fóra consumido
no incendio dos armazena de Antuerpia.
Sobre notas do banco foi da opinião do Sr. Hol- Sessão em ~'7 de Setembro
landa, que não convinhl\ tirnl-as de repente da
circulação, porque iria alterar as fortunas de todos PRESIDENCIA DO SR. ALENCAR
os particulares, alteando subitamente o cambio,
e produzir grandes prejulzos ao commercio. Leu-se a neta, e foi approvada com uma pe-
O Sa. MAY pediu licença para retirar uma quena alteração.
emenda sua, o que lhe foi concedido. Seguio-se o expediente, lendo o Sr. secretariá
os officios seguintes :
O Sa. MARIA no AMARAL perguntou o motivo Do ministro do imperio remettendo os docu-
por que en~e~dendo o Sr. ministro que não podia mentos e informações a res eito das ensões de-
- .
an eriores, por não estar autorisado para isso
' c ara as em uma lista. E participa que não póde
assistir á discussão para que fóra convidado.
pela lei do orçamento, não tinha apl'esentado um Do secretario do senado participando que a
orçamento das quantias que se haviiio deixado regencia em nome do imperador consente nas 4
de pagar, pedindo que o governo fo11se autorisado seguintes resolnções da assembléa geral: la, de-
a procurar os meios de satisfazel-as ; pois sem clnrando a Joàll FranciSC<) Chaby no gozo dos
uma informação semelhante a camara nada podia direitos de cidadão brazileiro; 2a, fazendo exten·
deliberar a tal respeito. sivo a todas as províncias do imperio o decreto
O Sa. MINISTRO advertia que não era praticavel sobre a admissão de homens livres nas obras e
satisfazer a esta exigencia, pois não podia fazer- trabalhos publicos ; 3a, creando uma aula de en-
se orçamento do que havia deixado de pagar-se sino mutuo no arraial do Pilar na província de
pertencente a ordenados de empregados que os Goyaz ; 4•, creando outra de primeiras letras no
não receberão, ou a despezas que se tinhão man- arraial do· Curralinho da mesma provincia.
pado fazer em um anno em que não havia lei Foi approvada a redacção da resolução que
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:17 - Página 2 de 2

208 SESSÃO EM 27 DE SETEMBRO DE 1831


provisoriamente approva o codigo do processei presentação do director do mesmo curso pará
criminal. obstar ás faltas de frequencia e mão comporta·
~: mento dos estudantes.
Da commissão de minas e bosques, sobre não
..
;·ORDEM DO DIA
~ ~· ·- . ·- ' • pe O m1111S ro O
Entrou em 3•' djscussãQ o orçamento da repar- impcrio, se o decreto que declarava livre aos
tição do imperío. · · cidadãos brazileir0s a numeração de terras pro-
Posto á '!o.tação forão aJ:>provadas. as Iimita~a . ás provi~cias denomi:;:tadas

valcanti, Lnbo de Souza e Ferreira dà Veiga, e outras.


do Sr. Maria do Amaral, excepto na ga parte. Leu-se o parecer das commissões reunidas de
Pllssou-se á 2a parttJ da ordem do dia. . fazenda e diplomacia com os votos sr.parados de
Entrou em 3a discussão o orçamento da, repar- dous dos seus membros, os Srs. M,1ria do Amaral
tição dos negocias estrang-:>iros. ' e May, sobre a proposta do governo relativa a
Tendo-se escusado o ministro respectivo de as- presas.
sistir á discussão e findo o debate foi mandado Forão julgados objecto do dolibomçüo, tanto
á commissão de redacção, assim como o orça- o projecto das commissões, como nquollr, apre-
mento da repartição do imperio. sentado pelo Sr. May, e mandarito-so imprimir
Passou-se á Sa parte da ordem do dia, eleição juntos com a proposta.
de dous membros para a commissão especial en- Todos os pareceres não roconlwcam validas
carregada da accusação de José Clemente em as obri a ões a tal r ·
ugar os rs. e ouçns e do rico ; e sahirão razão de serem algumas das reclamações fun-
eleitos com 24 votos cada um os Srs. Ferreira da dadas em ameaças, e ainda mais na imbecili·
Veiga e Ernesto. dade e pouco zelo do decoro nacional dos minis-
Restando tempo, propôz o Sr. presidente que tros brazileiros; mas diver em no n
eceres e se !SCutuJsem os VI enc1ar so re este negocio.
adiados. A commissão propõe a seguinte resolução sub-
stitutiva:
O Sa. BRITO GuERRA pedio urg~ncia para entrar « 1. o O go;erno fica autorisado a li ui dar os
em discussão a resolu ào vinda do sen o á r · · que rec amao os agentes das Mções
os 1mites a villa nova do Príncipe da província nentras, por occasiào tl•1s presas feitas no Rio da
do Rio Grande do Norte : e sendo apoiada, e Prata pelas forças navaes do imporio durante a
vencida a urgencía entrou em discussão a reso- guerra argentina, entabolando para isso conven-
lução. ções baseadas sobre os prinCipias da justiça e
0 MESMO SR. DEPUTADO propôz uma emenda, do direito das gentes.
a qual foi adiada. - E afinal_approvou-se a re- rr 2. o A' proporção que se fot·orn apurando as
solução e a emenda. reclamações, o governo emittirá codulas Je valor
Ficarão adiados 5 pareceres da commissão de correspondente com o maior pr11sa qu.e puder
constituição, sobre requerimentos dos Srs. depu· conseguir, e que dê lugar a ser levado no conhe-
tados que peãião licença para se retir.trern, por cimento do corpo legislativo pura a nocessaria
ter assignado vencido um dos membros. decretação dos fundos.
Forão a rovados os areceres
a commissão de constituição e poderes para a. AY offerectl um extenso decreto, pondo
se dar licença ao Sr. deputado do Ceará, Fran· á disposição do governo 4,000:000# para fazer
cisco de Paula Barros afim de se retirar para face ãs ditas reclamações, o qual fu,ldo se tirará
tratar-se de suas molestias. da suspensão de todas as accumula ões de
a comm1ssao e orçamento para que se peção c' os por empo e annos.
todos os papeis e documentos da divida perten· Recommendou tambem que se mande ás capi-
cente a Felix de Abreu e Mello pelos seus soldos taes dos ditos paizes reclamantes uma legação
e ordenados, sobre a qual consultou o conselho ambulante de segunda ordem, afim do negociar ade·
da fazenda que devia ser salva da prescripção quadamente, já publicando todas as peças e
comminada pelo decreto de 1797, e alvará de 9 actos que tiverão lugal" nas I'(Jclumuções respecti-
de Maio de 1810. vas, já negociando por mei11 do reconvenção ãs
Da commissão dà guerra para que se imprima justas retractações de vnrios prlucipios avançados
o projecto de ordenança militar offerecido pelo por alguns neutms nas divorsaij hostilidades por
commandante das armas de Sergipe, José Joa- elles praticadas durante a guerra argentina.
quim Machado de Oliveira que acha digno de 0 SR: DEPUTADO MANOEL AMAn/l.r, julgr. dever
tomar-se em consideração, tanto para dar um rejeitar-se a proposta do govorno, Ucantlo este toda-
testemunho de estima a seu illustre autor, como via autorisado a tratar com o governo lnglez, logo
para conhecimento da camara. que este desapprevar os netos anteriores sobre
Da mesma commissão para se pedirem ao a justiça e liquidação de suas rodnmações, cujo
governo certos documentos ácerca do requeri- pagamento a nação désae jú gnrunte, na parte
mento do cirurgião-mór Manoel Antonio Henri- que se julgar devida.
ques Tota. Foi tambem lida. a resoluçiio apresentada pala
Da mesma commissão sobre o requerimento de commissão de constituição, autorisnndo o governo
Manoel Franklin do Amaral, sargento do lo corpo a:1conferir carta de naturalísação n Pedro Lubatut ·
d . ' . . . · · nnpros~no e urgencia,
a sua promoção, o qual acha comprehendido na
resolução passada já a este respeito pela assem-
bléa.
Da. commissão de pensões e ordenados para
que se peção ao governo os titulas das tenças
declaradas em uma relação que apresenta.
Da commisaão de instrucção publica para que se
discuta quanto antes a resolução aptesentada por
ella, afl.m de ser approvado o projecto dos es-
tatutos para o curso jurídico na cidat.le de S.
Paulo, que jã está distribuído e impresso; com
o que fl.cari!.õ dadas as providencias que requer
o ministro do imperio, em consequencia da re-
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SESSÃO EM 29 DE SETEMBRO DE 1831 209


soldos que seu pai, o coronel Manoel José de Forão dispensadas da impressão as resoluções
Oliveira Guimarães deixou a receber quando era e ficárão para entrar na ordem dos trabalhos,
major de milícias <\o Paracatú, Remelteu-se ã. commissão de guerra o officio
Do banco p•ua mandar pela caixa dos descontos do vice-presidente da pro.yincia do Ceará, parti-
da Bahia effectuar o pagamento de 60 "/• dos cipando ter o conselho do governo resolvido pedir
· io os menmos or- camara a conservaçao ·naque a provmc1a a
phãos da mesma cid11de. tropa de 1• linha, ora..am existente.'
Foi tarnbem julg,ldo objecto de dflliberaçãcr, e Foi ã. commissão de ··constituição o officio do
mandou· se imprimir a resolução ap_resentada no mesmo vice-presidente, participando ter o con-
., o ' i
membro ua 3• commis~ão de fazenda, approvando camara, haja de decretar que sejão_ aposentados e
a aposentadoria dada a Elias Aniceto Martins reformados todos os empregados nasc1dos em Por-
Vidigal, por decreto de 26 dP. Junho de 182fl, tugal e brazileiros adoptivos. .
com o ordenado de 1 :200S ; e pedindo-se dispensa Dirigirão-se á mesa os requerimentos de Manoel
de impressão e urgencia para entrar em discussão, José Pereira da Silva, e de 2 tachygraphos, pedindo:
venceu-se a dispensa de impressão, mas não a o primeiro ser nomeado official da secretaria desta
urgencia. camara, e os segundos offereceado um plano para
Entro~ em discussão o parecer da 3• com- tomarem por empreza a promptificação dos diarios
missão de fazenda, e o voto separado de um desta mesma camara.
dos seus membros sobre o requerimento de Fran- Approvou-se a redacção do decreto da assem-
cisco Antonio Soares, mas ficou adiado pela bléa geral, autorisaD:d<:J o g_overno para despender
ora.
Levantou-se a sessão. extraordinaria de B:oooa, para ser empregada em
materias primas para o concerto das muralhas do
arsenal, não excedendo esta prestação á quantia
de 75:200 afim de ser enviado ã. sane ão.
Sessão em 28 de Setembro
ORDEM DO DIA
PRESIDENCIA. DO SR. ALENCAR

a e approvada a ac a, erao-se os o CIOS partu;ao a mar1n a. oi approva o epo1s de


seguintes: algumas refl"xões com ali emendas dos Srs. Pereira
Do ministro do imperio, remettendo o oflicio da Ribeiro, Vif>ira Souto, Costa Ferreira, Maciel, Mon-
camara municipal da cidade do Desterro, em que tezuma, Duarte Srlva e Manoel Amaral.
pede providencias pflra compellir os vereadores Põz o Sr. pre,;idente em 3• discussão o orça-
eleitos a prestarem jurarnorotu e a assistirem ás mento da repartição da guerra, tendo-se lido pri-
ses-ões quando He recuHarcm. -A' commi8são espe- meiro o officio do respectivo ministro coin a
cial de camarns municipaoR. desculpa de não poder llSsistir á discussão. E
Do mesmo ministro, romottondo cópias da~ Retas foi approvado com as emendas dos Srs. Vieira
dos ex,rmes pnra os provimentos das cad~iras Souto, Sebastião do Rego, Montezuma, Maciél,
de primeiras letras de difft~rentes villas e freguezias Manoel do Amar&!, Duarte Silva e Ferreira de
da província de~- _Paulo. , Castro.
,
acta do exame para o ' provimento da ta discussão, e ficou para 2•, a proposta do
ensino mutuo da cidade de S. Paulo. governo sobre a creação de um corpo de guarda
Do mesmo ministr.J, remett~ndo as II?unicipal permanente, para fazer a policia da
dtJ primeiras letras para meninas em dil!erentes Apoiada e venci<la a urgencia pedida pelo Sr. Soa·
villas da província de S. Paulo. res da Rocha entrou em discussão a resolução
Do mesmo ministro, remettendo as cópias das n. 219, vinda do senado, que declara nulla a
actas dos exames para o provimento das cadeiras resoluçio do conselho geral da província de Ser-
de primeiras letras das vi\las do Cunha e de gipe, a qual revogou a postura da camar~ muni-
S. Carlos da província de S. Paulo. cipal da villa de Itabayana, sobre a prohibição
Do mesmo ministro, acompanhando o requeri- da soltura de gado nas tarras de lavoura.
mento do P•ldre Candido José de Castro, que pede E afinal ficou adiada a votação, por não haver
confirmação do seu provimento na cadeira de pri- mais do que 51 Srs. deput<tdos presentes, e retirar-se
meiras letras da vi lia de Bragança. o Sr. Custodio Dias dizendo que não podia votar
Do mesmo ministro, remettendo o reqnerimento por f,llta de esclarecimentos sobre a materia.
de José Alves Pitangueira, em que pede confir- Levantou-se a sessão.
mação do seu provimento na cadeira de grammatica
lati na da villa do Lagarto.
Furão todos á commissão de instrucção publica.
Do ministro dos negocias da justiça, remettendo Sessão em 29 de Setembro
o oflicio do presidente da província de Minas-Geraes,
dando conta dos procedimentos il\egaes da camara PBESIDENCIA DO SR. ALENCAR
municipal da villa de Caeté, em romper o pelouro
e declarar nulla a eleição das justiças legalmente Lida e approvada a acta, lerão-se os officios
e1 as pe correge or comarca.- comm1ssao segulll es:
de justiça criminal. Do ministro da fazenda, satisfazendo as infor-
Do ministro da marinha, participando que não mações que se pedirão em ofliciü de 2 do cor-
podia comparecer para a discussão do orçamento. rente.
Do secretario do senado, participando que aquella Do ministro da justiça, enviando o officio do
camara approvou e V~>i dirigir á sancção a reso- presidente da província do Maranhão, acompa-
lução creando varias villas na província de Minas- nhando outro da camara municipal da villa de
Geraes. Vinhaes.-A' com missão de justiça cric:inal.
Do mesmo secretario, acompanhando duas reso- Do secretario do senado, communicando que
luções do senado: uma creando 3 cadeiras de pri- aquella camara adoptára, ·e ia dirigir á sancção
meiras letras na província do Espírito-Santo i e imperial, a resolução tomada sobre outra do con-
outra sobre ordenados de professores de gram- selho geral da província de S. Paulo, creando
matica !atina. · varias cadeiras de primeiras letras.
'.l'O:.IO 2 27
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210 SESSÃO EM 30 DE ~.&TEMBRO DE 1831


Approvou~se a ·redacção da resolução vinda do Foi 'âpprovado o parecer.
senado e discutida~ .marcando os limites do ter- Julgóu~se objecto de deliberação uma resolu-
ritorill da vil la nova· ~o Príncipe na província do ' ção o:!f'erecida pela com missão de guerra, sobre
Rio GranJa do Norte'~" .. 'o.--·. .. .empregados da ~xtincta
.. requerimênto:dbs
.... . rapar-

. , a camara sobre parecer da commissão de con-


abonando·S!l·lhe as despezas que fizer para esse fim.
Julgou-se· objecto de consideração, e foi ás com· stituição conRiderou cidadãos braiileiros a Antonio
missões de çonstituição e de estatística. J?aq~im da Silva e Jo~~ Militão da Rocha; parti-
ctpaçao que elles ped1ao. ·
Leu-se o pfirecer adiado da commissão de ins-
ORDEMDO DIA trucção publica sobre o requerimento de Nicoláo
Rodrigues dos Santos França, estudante do 2o
Entrou em 3• discussão o orçamento da repar- anno do curso jurídico de Olinda, ao qual o
tição dos negocias ecclesiasticos e da justiça. E Sr. Montezuma offereceu uma emenda, para que
foi approvado com as emendas dos Srs. Luiz o supplicante fosse admitt.ido a fazer exames das·
Cavalcanti e Getulio. matarias dos 3 annos que lhe faltavão, sendo_ dis-
Entrou !'m di~cussão. a resolução n. 59 na par~e pensado da frequencia e que se lhe corlferi~sem_
' ' • l os gr os so con 1ça.o e pagar as matriculas
Emilia de Castro Borges Leal, vi uva do desem- e mais despezas legaes. .
bargador Joaquim Bernardino de Senna Ribeiro, A emenda não se julgnu objecto de deliberação
a resp~ito da pensão de 300/i, a que tem direito. e o parecer ficou adiado pela hora.
Entrou em disc~ssi'io a resolução n. 118, que
approva provisoriamente o projecto de estatutos
do curso jurídico da. cidade de S. Paulo.
MARAL requereu que se esten-
desse tambem ao curso juridico da cidade de
Olinda.-Assim se venceu, depois de approvada a PRESIDENCIA DO BB· ALENCAR
resolução.
- ...Passou a discutir-se o art. lo da resolução offere- Leu-se a acta e foi approvada.
Clda pelos Srs. deputados de Minas, sobre a ma- O Sa. HENRIQUES DE REZENDE pedia a palavra
neira da cobrar-se o imposto do ouro. cJm urgencia, e offereceu um projecto de reso-
O SR. LoBo offereceu uma emenda para que lução para que os estrangeiros estabelecidos e
u ouro em pó corresse livremente em todas as seus caixeiros entrassem nas guardas muuicipaes.
províncias de mineração, a qual foi apoiada, mas N:io foi julgado objecto de deliberação. :~
afinal :ficou approvado o artigo e rejeitada a Foi rejeitado um parecer da. commissão de
Procedeu·se á discussão do art. 2o. por emprestimo as ordenanc"s da marinha ·de
O SR. LoBo mandou emenda para que fosse França, no tempo de Luiz XVill, que havião na·
supprimido assim como os mais restantes do secretaria_ de estado da !J!Brinha e que não se
· j i a e
adoptad~ a resolução. Forão approvados c>s pareceres seguintes:
Da commissão de · marinha e guerra sobra o
O Sa. lo SECRETARIO deu conta de um officio requerimento de varios proprietarios, aos quaes
do ministro da justiça, communicando a nomea- forào embargados vurios edificios que tinhão
ção do Sr. José Maria Pinto Peixoto para com- construido em algumas porções de marinhas,
mandante geral das guardas municipaes, e em junto ao cáes novo da Bahia, debaixo do pretexto
que pedi~ _licença para elle entrat; quanto antes de serem prej udiciaes ao cães da alfand.:lga e
em exerci elo. -~ ao arsenal da marinha; e que pedem se levante
Foi com urgenciR á commissão de poderes. o embargo, porque os engenheiros da vistoria
Lerão-se differentes pareceres adiados da com- affirmão que não póde segu.ir-se tal prejuízo. -
missão de poderes sobre os requerimentos dos A com111issão assenta que deve remetter-se ao
Srs. deputados Carneiro Leão, Paes de Barr(Js, governo, dizendo-lhe que o embargo não deve sub-
Paula Simões, Pinto Coelho, Maria de Moura, sistir por ser contrario ao art. 179 ~ 22 da consti-
:Baptista de Oliveira, Gomes da Fonseca, Ferreira tuição ; e que quanto aos pretendidos direitos de
de Mello e Sá Ribas; em que, um expondo incom· alguns particulares, sua decisão deve depender
modos de saude e outros a necessidade de irem só da autoridade judiciaria.
para suas casas, aproveitando as embarcações Da com missão de contas para se restituírem nos
que estão para sahir, pedem licença para se ministros da guerra e da marinha os documentos,
retirarem. que remetterão relativos ás contas dos arsenaes do
Of!erece~ão-se algumas emendas: e finda a di_:;-
-
exercito e marinha
. desta .córte.
as·,. icenças pedidas, e rejeitado~:~ aquelles que as merecer consideração a representação do vice-
concedião. presidente da província do Ceará, pedindo a apo-
Approvou-se o parecer da commissão de poderes sent<•doria dos empregados publicas braz.ileiros,
que concedia dispensa ao Sr. José Maria Pinto nascidos em Portugal, levando a mal a dispo-
Peixoto de assistir ás sessõ;,s da camara como sição do titulo 2• art. B• $ 4o da constituição
havia requerido o ministro da justiça. do imperio.
As commissões de constituição e diplomacia Da 18 commissão de fazenda sobre o requeri-'
julgarão de muita importancia e que envia a im- manto de D. Jllsepha Joaquina de Albuquerqúe
primir-se para entrar em discussão um projecto Mflranhão que se queixa da perseguição que
âo Sr. Antonio Ferreira França, para que as soifre o seu casal, em consequencia do alcance
nações americanas renunciem á guerra entre si, e na arrematação de contractos fl.scaes que soifreu
nomeem um conselho, para estabelecer as suas seu defunto marido João de Albuquerque Mara-
. . relaçijes mutuas e decidir as suas desavenças. nhão, alcance que jã recebeu o ouvidor da co-
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SESSÃO EM 30 DE SETEMBRO DE 1831 2H


marca, e que desencaminhou, pondo-se em fuga. pagarem-se-lhes os domingos e dias santos, ao
-A commissão entende que não deve hav·er pro- que o governo poderá attender, .visto achar-se
cedime.nt? algum contra a supplicant~, antes ella autorisado para fazer as reformas na alfan-
excesso que haja em seu favor. entre a quantia Da· mesma commissão, ,para qué se remettão
do debito primitivo, e a levantada dos cofres do á commissão de constitúição,'os papeis relativos
fisco po~ orde~ do governo; e por um ~eu ao cap!tão de mar e gu~r:rá; :f4atheus Wel~h 9ue
se officie ao g~verno. que nella se acha o offi.cio do ministro di mari-
Da commissão de pensões a ordenados, para nha de 6 de Junho sobre á duvida que lhe
se juntar a representação do senador, consellieiro occorria a respeito do supplicante.: ::. .
e marechal de campo Bento Barroso Pereira, Das commissões de commercio e especial do
sobre uma pensão de soon concedida pelo governo, banco, sobre o requerimento de Fernando Joaquim
aos mais papeis a este respeito afim de entrar de Mattos, em que se queixa da má administra-
tudo em· discussão. ção da sua casa por culpa do banco, e de outros
Da com missão de guerra ordenando que requeira administradores, para que use dos meios compe-
ao governo a quem compete deferir-lhe, o ex- tentes.
cirurgião"mór do extincto batalhão de fuzileiros, Fir.arão adiados, por pedir-se a palavra, dous
Melchior Billcker que pedia pagamento do anno pareceres da commissão de guerra e um da de
de soldó concedido aos offi.ciaes estran eiros. ensões e o
Foi julgado objecto de deliberação, e mandou-se
imprimir a resolução da com missão de constituição,
para passar-se carta de naturalisação a José Pe-
reira de Azevedo natural do Porto casado com
razileira o residente na província do Rio Grande
do Norte, como pedia em seu requerimento.

Entrou em discussão o projecto n. 102 sobre a


reforma da constituição : e ficou adiado o reque-
rimento do Sr. Oastro e Silva.
Levantou-se a sessão ás 2 horas.

--------~1r~~lr~-------
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MEZ DE OUTUBRO ,.,_c

t.SSt.
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,.
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1831
CAMARA DOS SRS. DEPUTADOS.

Sessão em I o de Outubro quanto é, não só Ulegal, mas injustisslma a


violenta expulsão do supplicante, arraucaqdo·o
PRESIDENCIA. DO ·SR. ALENCAR do meio da sua familia, e da província onde estava
empregado, na qual havia merecido que os
Lida e approvada a acta, o Sr. Castro e Silva povos o elegessem membro do conselho geral,
-requereu que o director dos Diarios da Oamara send~ u~ tal procedimento _não só oppo,to á
fosse nomeado pelo Sr. presidente. E assim se conshtu•cao, mas até destruidor das garantias
sociaes. Todavia sendo ore uerimento do su ·-
cante uma accusação contra o presidente da pro•
vincia, é a com missão de parecer quo se remetta
ao governo o requerimento do supplicante para
providenciar como fõr ·uslo e roceder na fórma
a 81.
O Sa. HENBIQUES DK REZENDE: o:tfereceu uin
requerimento para que se pedisse informação ao
ove o · · · '
pela esquadrn ingleza surta neste porto, e sobre
os p~ss~ que o governo tinba- dado a este
respe1to~ ···""
O Sa. MANOEL no At.U.RA.L pedl9 o .adiamento
por algunsJ:dias, e sendo apoiado assim se
venceu.
Julgou-se objecto · de deliberação, e mandou-se
imprimir com o parecer da commissão de' pe,n·
sões e ordenados o seguinte projecto de reso·
luçào:
«.Artigo uni~o.-Ficão approvad,as as aposenta·

dos o requerimento do marquez de . Jacarepaguâ souro nacional, por decreto de 19 de Dezembro de


ácerca da pensão que lhe foi concedida e depois 1828, com o ordenado de 400UOUO.
transferidfl para sua filha, e sobre a remunera- Juigou-se objecto de deliberação, e foi a im·
cção de seus serviços militares. primir juntamente com o parecer uma resolução
Approvou-se a redacção das quatro resoluções da commissào de constituição a favor de Antonio
seguintes, afim de serem enviadas ao senado. Carlos Figueira de Figueiredo.
1.a Autorisaado o governo a mandar passar
barta de naturalisação ao brigadeiro Ptldro La- Approvou-se o parecer da comrnissão de pen-
a tut. sões e ordomados sobre o requerimento de Antonio
2. • Approvando a pensão de 300S annuaes, José da Camara que se queixa de ter sido pri-
concedida pelo governo a D. Ignacia Emilia de vado de uma pensão de 6$400 mensaes por
Castro Borges Leal. uma ordem das cõrtes de Portugal, _e de não
a.a E:~taoelecendo o modu de se arrecadar o haver sido comprehendido no decreto .im_perial de
imposto do ouro n11s províncias· onde houver mine- 6 de Dezembro de 1823 que ,annulfl)·u .a dita
ração. ordem, assim como forào .todos os qJie estavão
4.• Approvando provisoriamente os estatutos nas mesmas circumstancias. A co' ·L.issão.,depois
para serviram de regulamento aos cursos de de ter bem examiuado os documentas com
sciencias jurídicas de S. Paulo e Olinda. que o supplicante instruio seu requerimento,
Approvou-se tambem a redacção da resolução achou verdadeira toda a sua exposição, e julga
da assembláa geral, declarando nulla a do con· que o supplicante tem toda justiça a seu favor,
o . i i
a postura da camara municipa de Itabayana, com um _,,reito adquirido que a constituição lhe
sobre a prohibição de S(•ltar gados nas terras de garante ; .por isso é de parecer que se r~metta
lav(\ura, afim de ser enviada á sancção. ao ·governo o requerimento do supplicaute para
Foi igualmente approvado o parecer da com- lhe deferir com a justiça que elle merece.
missão de guerra sobre o requerimento de Joa- • O SR. DEus E SILVA mandou á mesa o seguinte
quim José de Souza, commandante do 5• corpo req uerimAuto.
de artilharia, e lente do 1• anno mathematico (( Constando que se ·devem ·soldos atrazados á
na província da Parahyba, em o qual se queixa tropa da província do Pará, requeiro se officie no
da violencia com que fôra expulso da província governo para que dê providencias sobre .o .seu
pelo presidente della : a commissão reconhece pagamento, sendo certo o facto.»
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:19 - Página 4 de 4

~16 Sl:SSÃO EM 1 DE OUTUBRO DE 1831


E foi remettido ás commissões de marinha e «Art. 7.o A administração poderá revindicar os
guerra. bens e rendas dolosamente con tractadas pelos
Não se julgou objecto _de deliberação um pro- ditos padres, desde que se tratou no conselho
jacto de re~olução apresentado pelo Sr. Andrada geral da província- da extincção da congregação.
e Silva, para que se executasse provisoriamente O SR. ERNESTO mandou á mesa, e foi apCliado
o ro ·e cto de lei ácerca das ele i õ s. e çã , segurn e ar 1go
Julgou-se objecto de deliberaçà<l, e mandou-se
imprimir o seguinte projecto de lei oflerecido
pelo Sr. Carneiro Leão:
A assembléa geral legislativa decreta :
(( r • •o o açao o r. . Pedro I1 será
.
Julgada finda a discussão da resolução foi esta
durante a sua menoridade de 160:000S aunuaes, adoptada e reroettida com as emendas approvadas
e chegando á maioridade de 365:(itl0H annuaes. á commissão de r&dacção.
(< Art. 2.• Nesta despeza se comprehendem todas
as despezas da imperial casa, reparos de pala-
cios e quíntus, servi<}o de decoro do throno, á ORDEM DO DiA
excepção sõmente da capella imperial, bibliotheca
publica, mestres e das acquisições de palacios Entrárão em discussão cada uma por sua vez
q•le a nação julgar convenientes para a decen- e fnrào apprQva<ias e adoptadas 9 resoluções de
cia e recreio do imperador e de sua augusta differentes conselhos ger~es.
família, conforme o art. 115 da constituição. Do da provinci:l ida. Bahia, a la, 4a e 5 8. impressa,
« Art. _?.o Log~ que o Sr. D. Pedro II se case .
Jorumunha, outra para se construirem duas barcas
cincoenta contos de réis annuaes.IJ para o transporte de pessoas c animaes que se
Não se venceu a urgencia apoiada e pedida. eucaminharem a passar o rio no porto da villa
pelo _Sr. }\[outezuma p·•ra entrar em di.scussão de S. Francisco das Cha as · e ti
á categoria de villa a povoação de Nazareth das
cedida a Elias Aniceto Martins Vidigal, por isso Farinhas.
que ficou empatada a votação.
Julg~m-se objectn de. deliberação o Do da ?rovincia _d~ Goyaz, a .1• e 3• imp~essas

de um estabelecimento de orphãos em Carolina, e a outra crtlando uma cadeira de


nambuco. . .. primeiras letras para meninas na cidade de
Pedida, apoiada· e vencida a urgencia, éhtrou em Goyaz.
discuss:lo : Do da província de Sergipe, a 8& impre.•sa sob
" Art. 1. 0 O governo fica autorisado a mandar n. 51, promovendo a villa de Santa Luzia do
pôr e.m execução o estabel<lcimeuto de orphâos de rio Real para a povoação da Estaneia, com a
ambos os sex<.>s, para que f,r-ão destinados pela den<~winação de villa Cun,titucional da Esta11cia.
lei de 9 de D~zembro de ISi:lO as rendas dos bens Do da província de Mattu·Grosso, a ta im-
que farão da congregação dus padres de S. Felippe pressa sob n. 55, eriginúo em villa com a deno-
Neri em Pernambuco. " minação de villa do Puconé o arraial de S. Pedro
Depois de brHves reflexões f>i approvado. d'EI-Rei.
E"trou em discussão : ,, da rovin
« rt. ..• camara a Cl a e do ecife nomeará d•l Sul, impresso sob n. 10, a 6a creando quatro
os administradores para o estabeLcimento. » villas n .. s lugares Triuropho, S. José do Norte,
Offllrecerào·se as seguintes emendas : Caç11pava e Alegrete ; e · 9a, creando differentes
Do l::lr. Araujo Lima: escolas de rimeiras letras ar · -
a j-o a op a os prov1snrramen e os es a u os ninas.
do collegin dos orphãos da Bahia, supprímida a 1• Entrou em discussão e ficou adiada pela hora
parte do artigo.» a 3• re>~olução do cons~lho ~era! da província da
Do Sr. Henríques de Rezende : Parnbyba, impressa sob n. 54, ácerca dos t~rrenos
<1 O presidente em conselho nomAará a junta de~tinadog para a creaçào de g•1do.
adminí:;trativa para este estabelecimento, e tratará Pas:wu-se á 2• parte da ordem ào dia, e entrou
de todo:~ os meios para o seu arranjamento. » em dbcussão o pnrecer adiado da commissão de
Do Sr. Araujo Lima: guerra sobre um officio do ministro da guerra,
(( O presidente nomeará uma commlssão para ácerca da reducção que experimentaria o exercito
apresentar os estatutos que serão definitiva- E'm cunsequencia da execuçilo que ia dar á reso-
mente approvados pelo conselho geral da pro- lu<{íio da ussembléa geral, para que se désse
vincía. btlixa a todos os Holdados Vl\luntarios que. tivessem
<< O administrador da casa administrará igUtÜ· 4 annos de 2erviço, e aos recrutados que tives-
mente .oiirbens que lhe pertencerem.)) sem G annos de serviço.
Julgant\o~e finda a discussão forào approvadas A com missão parece pelo que ex põe o ministro,
as emendas salva a redacção. quo elle so julga não ficar com forçns sufficientes
O art. 3• foi supprimido e forão approvados para mant~r a se(:{urançn interna e externa do
os seguintes : . estado : porém, observando que a segurança in-
" Art. 4. o Logo que a administraçiio fór nomeada tern!l deve ser mantida pelos guardas nacíonaes,
assaráõ ao aeu poder o inveutario, titu!os e ji\ hoje manda? as. pr9a.r por lei, e qu.e ? serviço
en .. ·• ·
as rendas que se houverem percebido desde que garantia da sf'gurança externa, para o que julga
a congregação fui extincLa. uecessari>~. pouca furça, em consequencia de
(< Art. 5. o A' mesma adudnistraçiio fica perten- estarmos em paz com todos os nossos visínhos;
cendo o direito de haver quaesqUP.r bens e rendas curlltudo t,.lvez a tropa que reste depois de dadas
que tenhào sido sonPgados pelos padres que rPglii.<l as baixas seja menos do que· a nece~saria ; e
a casa, ou por quaesquer outras pessoa~ ; assim como o ministro não informou a esta caroara
como fica a seu cargo o cumprir os encargos a com exactidào qual o numero de tropas que
que os mesmos bens ficarão sugeitos pela supra- ficará existindo depois da execução daresolução,
:mencionada lei de 9 de Dezembro de H:l30. nem o que elle julga indispensavel existir, é a
« Art. 6. 0 A administração não poderá vender, com1nissão de parecer que esta augusta camara
alienar, nem permutar os bens por qualquer ma- nada póde decidir sem gue o ministro a informe
niira que seja. qual a tropa de primeira linha que :fica existindo,
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:19 - Página 1 de 1

SESSAO EM 3 DE OUTUBRO DE 18:-Ji 217


dadas as baixas, e qual a indispensavel á segu- Sessão em 3 de Outubro
rança externa do estado, o que elle deverá fazer
por uma proposta no caso de julgar que a for.;a PRESIDE:!iCIA DO SR. ALENCAR
que fica existindo necessita de ser augmentada.
Depois de approvada a neta, lerão-se os officios
<< Supprima-se a conclusão do parecer desde as 11eguintes :
palavras - O que elle deverá fazer por uma Do ministro da marinha, dando conta dos re-
proposta. E peça-se informação ao governo em- su I tados das ins ec õ -
uant · aos empreg!ldos 1·eformados naquella repartição,
tmdo depois das baixas, e de qual é o numero cujas reformas dependíão ainda da approvação
indispensavel para manter a segurança externa. da assembléa.- A' commlssão de pensões e orde-
O SR. CASTRO ALvEs apresentou uma emenda nados.
para que em lugar <ia palavra- proposta- se Do mesmo ministro s~tisfazendo ás informações
substituísse -Mensagem. exigidas das repartições do arsenal da marinha,
· Depois de breve discussão foi approvado o e da intendencia da marinha, com varios docu-
parecer da commissão com a emenda do Sr. Car- mentos annexos.
neiro Leão, regeitada a outt·a emeudfl. Dn ministro do imperio, remetten~ um officio
Entrou em discussão o parecer adiado da 3a do presidente da província do Maranhão em que
cornmissão de fazenda com voto separado sobre dá conta dt\S cadeiras de primeiras letras que se
requerimento de Franciscu Antonio Soares, em achã? providas. -A' commissão de instrucção
ue narrava extensamen · ·
elle prestados, e differeutes empregos que havia Do 1~esmo ministro, com o offi.cio do vice-pre·
exercido, e pedia a sua reforma com todos os sidente do Ceará, dando tambem conta das cadeiras
vencimentos que tinha tido. A com missão a na· de pri~eiras letras creadas naquella província.
lys~ os documentos e "ul a ue deve · · ' . . -
~ vo o separado, depois de uma analyse mais Do mesmo ministro, reme.ttendo a cópia do decreto
circumstanciaJa tanto dos documentos como da pelo qual a regencia houve por bem que a pensão
informação dada ultimamente pelo governo a este de 300S. concedida ao mar~c_hal de campo João
respeito, recommenda ao rnesrnu overno ·usti a a
- o go ernpo e servu;o o supplicante para filhas, afim de obter a compe.tente approvação.
lhe deferir. ...:. A' commissão de pensões. ':
Foi approvado o 'loto separado, e regeitado o Forão á commissão de guerra o requerimento
parecer da commissão. de Anna Maria de Jesus, em que pede uma
Continuou· a discussão adiada nrt sessão de 12 pensão pelos serviços de seu defunto marido o
de Setembro passado sobre os pareceres das com- cirurgião-mór Manoel Caetano Cardoso, e o reque·
missões de justiça criminal, marinha e gu ·rra, rirnento de João Baptista Pereira Sudré.
ácerca do requerimento de Luiz da Cunha Mo· Receberão-se com agrado a felicitação e folhetos
reira, em que se queixava do procedimento que offerecidos pelo medico francez Imbert. E mau·
o governo com elle tivera, .. demittindo-o do dou-se um dos exemplares á comm1ssão de saude
emprego de intendente da marmha de~>ta córte, publica.
com as emendas então apoiadas, e outra que de
um requerimento afim de pedir·se ao governo
Afinill foi appro~ado o parecer, o qual convindo cópia do ultimo offi.cio do marquez de Rezende,
no merecimento e serviços do. supplicante, e quando encarregado dos nossos negocios em
desappEovando as violencias. pratiçadas contra Fran a - ,
conhecimento deste negocio. E forão rejeitadas
as emendas.
Passou a discutir-se o ·parecer da commissão ORDEM DO DIA
de instrucção publtca, adiado na sessão de 29 de
Setembro sobre o requerimento de Nicoláo Ro· Entrou em 3a discussão o orçamento da repar-
· drigues dos Santos França, estudante do 2o anuo tição da fazenda na parte da despeza, com as
no curso jurídico de Olinda, em que pede dis- emendas que se offerecerão e forão apoiadas.
pensa na lei para fazer exame das mat~rias dos Finda -a hora destinada para esta discussão a
3 annos que lhe restão. pedido de alguns Srs.deputados,põz o Sr. presidente
E foi approvado o parecer que indeferia o á. votos se devia continuar ainda esta mesma
requerimento,não se julgando objecto de deliberação discussão, ou entrar a que fóra dada para ·a
um projecto de resolução otlerecido como emenda ordem do dia. Venceu-se que continu~se a mesma
plllO Sr. Montezuma, em que marcava os casos discussão.
nos quaes os estudantes podiào ser admittidos Chegada a hora que tinha· sido marcnda para a
ao exame sem embargo de não terem frequentado eleição da mesa, resolveu a cnmara por proposta
os annos do curso. do varios Srs. deputados, que flcasso subsistindo
Entrou finalmente em discussão o pnrecer a actual até o fim da prorogação.
adiado da commissiio de instruccão publica sobre E continuou o debate sobre o orçamento, uffe-
o requerimento de Antonio de Cerqueira Carvalho, recendo -se ain~a ma!s emendas.
em que pede dispensa do lapso de tempo para
ic ar no o anno o curso JUrl ico votação, ficarão approvadas as seguintes:
de S. Paulo, fazendo acto do 4° anno. Do Sr. Soares da Rocha:
E ficou adiado ainda pela hora, não se vencendo « Requeiro que se addicione ás despezas da
a prorogação pedida. Bahia 33:320# de rebates de bilhetes da alfandega,
0 SR. PRESIDENTE deu pa1·a ordem do dia 3 e cedulas para as despezas miudas. »
de Outubro: 3• discussão do orçamento da repar- Do Sr. Duarte e Silva:
tição da fazenda na parte da despeza: Conti- <C 1.• Seja fixada a despeza legal dos empregados
nuação da discussão adiada sobre o proJecto de na junta de commercio. 2.• Que se destinem
reforma da constituição. De uma hora em diante, 50:000H para a compra de páo-brazil. 3.• Se passar
2" discussão da proposta do governo para a creação a emenda do Sr. deputado Rocha fixando uma
da guarda municipal permanente. Na ultima hora. quantia para os descontos na Bahia, que .igual
Eleição da mesa. procedimento haja para com o Rio de Janeuo. »
Levantou-se a sessão depois das 2 horas. Do Sr. Montezuma:
'1'0:140 ~ 28
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218 ~ESSÁtl EU 4 DE OUTUBRO DE 1831


(( O ministro fará as remEssas em gencros de resolução, para que depois da p_alavra-nesta
ou letras, como fôr mais proveitoso. l> côrt·~ -se accrescentasse-uma cadenu de geome·
Do Sr. Lobo: tria e mechanica applicada ás artes, pelo curso
« Com l\ obra da ponte no braço do rio Parabyba ·normal do Dupin. _
denominado San"hanã, na fôrma do plano appro· E foi approvaJa com a redacçao.
va o : I) SR. CASTRo ALVES mandou â mesa o reque-
Do mesmo SI'.: rimento seguinte, qu~· foi julgado Urgente 0
u Ao§ lo depois da palavra-remessas-aceres· approvado:
cente-se-a~ qua_es poderáõ. ser feibs em generos, " Be( ueiro uo se e'iio infürma õns sobre em'
azen · e ' ·· acontecimentos do theatro desta cidade em a
mesmos generos e o cambio das letras. » noite de 28 de Setembro, e se os artigos 289
Farão rejP.i\.ãda,; to<las as mais emendas, e A 290 olo codi~o penal forão bem e litteralmente
julgou-se finda a 3• Jiscussão do orçam~nto nesta observados por a·1uelle juiz de paz.
parte.
E teudo dad<J a hüru, o Sr. pre3ideute deu para O SR. XaVIER DE CaRVALHO r·~quereu urgencia
a· ordem do dia 4: 3• discussáo do orçamento para entrar em discussão o projecto de lei vindo
no que toca a receita. Continuação d~ disc•1ssã.o do senado," autorisando o governo para crenr
adiat1a sobre a reforma da constltlll~no. 2• dn;- nesla cidade um corpo de guardas municipaes.
eussão da proposta <lo gov'eruo sobre a creação ~endo apoiada não passou.
de uma guarda do pulicia. O mesmo Sr. requereu que se cdiicie~sse a? s~nado
E levantou-se a sessão depoi,; das 3 horas. pedindo clia para r.,cebimEonto da comrmssa? es·
ceia! encarre ada da accusa ,ão do ex mil1lstro
dos negocio~ da guerra José Clemente Pereira.
E ass\m se decidio,
Sessão em 4 1le Outubro ORDEM DO DIA
PRE~IDiiNCH DO SR, ALENCAR
Depois de npprova·!R a acta, lerão-se os offieios
seguintes:
Do llJÍn istro do i!llperio acom panilillldo d ua~
propost>~s d0 corisPlho ger~tl da. pruvineia dn
Maranhüo; uma sobre o resl.ab lecimento da.nula
do commerc\o da capital da tnPS<l~<t proVlllci:l, e
outra admittindo um concurso publicn e :wnnal,
de todos os alum no R elas tlifferentes aulas com
exercício na mesma cidad>J.-Foi á imprimir.
Do ministro da fazend11, remetteudo um re-
querime!lto dos procuradores do ex-imperador.
-A' comnlis>ão ue contas.
Do secretario do senado, participando
. ( .· . I ~

as quatro seguintes resoluções, remettidas desta


camara:
La Concedendo a D . .M.aria José Leal ua No-
o do or inteiro de seu fallecido marido
o brigadeiro Luiz Pereira da Nobrega. porém as dividas mais de 200$ continu~ráõ a
2.H Sobre resolução do conselho gera~ da pro- sur pagas por prestações annuaes, segundo se
víncia de Pernambuco, reunindo en1 uma só ad- convencionarem com o governo na fôrma da carta
ministração as cinco casas de caridade da mesma de lei de 13 do mesmo mez e anno que trata das
p'rovincia. dividas da fazenua.
3." Sobre rasolução do conselho geral da pro- Do Sr. Duarte e Silva:
-víncia das Alagôas, creando duas villas desmem- 1. a u Ao artigo. To tias as arrecadações, 11tc.
bradas da villa da Atalaya. -accresceoto-se-a aaecadação, porém, do im-
4.a Sobre resolução do conselho ger:<lda P!-"Ovincia posto uo ouro continuará nos termos das leis em
da Parahyba du Norte, creando C!!-deiras de vigor.)) .
primeiras letras pelo methodo do ensmo mutuo 2.• (( Ao Si 5. 0 -0 pagamento de ancoragem
em varias villas. seja de 50 •lias. ))
Do mesmo secretario, remettendo um t'rojecto 3. • u Ao Si 8, o-A armazenagem seja de meio
de lei do senado, autorisandoJ u governo para
crear nesta cidade um corpo de guardaR municipaeb por cento. ''
D'1 Sr. Ferroira da Veiga:
voluntariosa pé e a cavailo.-A' secretaria visto (( t.o Que sB lance sobre cada uma das casas
achar-se já impresso. de modas o imposto de 40S annuaes.
Do mesmo secretario, com um proj:lcto de lei (( 2.o Sobro cada casa de leilão o imposto de
provideuciando a respeito de difterentes casos 808 annuaes. ))
crim~s.-Igua~ de~tino ao . an~ecetlente. Dtl Sr. Montezumn:
« O governo ca autorisauo a anendar ou a
civilisação dos indios a representação de. A~selmo empregar da fórma que rnais proveitoso fõr á
Muniz de Souza sobro o estado dos md1genas fazenda nacional, a barca de vapor depois de com-
brazíleiros, e meius de seu melhoramento. pleto o sen concorto. J>
Leu se a redacção da resoluçU:o, autorisando o D.) Sr. Maria do Amaral:
govemo a mand_!lr pôr em execução os est.abele- 1. o « O art. 108 da lei do thesouro, compre-
címentos Je orphaos de aUibos os sexos, apphcando hende só os 6!ll pregados que forP-m promovidos
as renda~ para isso destin>tdas pola lei de 9 de a ouiros empregos, depois da publicação da dita
Dezembro de 1830 dos bens que forão da con- lei.
gregaçáo dos padres de S. Felippe Nery em '' 2.• A pol-vora estrangeira pagará pora con-
Pernambuco. sumo 50%. ))
O SR. ERNESTO mandou á mesa e foi upoiada Do Sr. Soares da Rocha:
uma emenda ao ultimo artigo do sobreuito projecto ,, Que so abula o direito nacional no Piauhy. ))
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:32 - Página 1 de 1

SFS~ÃO rmi 5 DE OUTUDRO UE 183,t 219


Do Sr. Lobo: u Declaro que na sessão de hontem, não só
rc 1. 0 Depois da palavra decima do § '1" acct·es· votei pela miuh,, emenda Lle abolição dos dízimos
cento se-as povoac,;õl's c villus fJUe não cxcouerem eu1 taclas as provindas marítimas, como até
u 100 casas-e ~upprima·se o resto do artigo. mesmo pela emenda do Sr. Carneiro da Cunha,
<C 2.• De ois das alavras-o mesmo ministro- sobre a · · · - dizimo a
no § 11 accrescente-se-na côrte e nas províncias do Norte.
os presidentes em conselllo poderáõ aforar-e cc PtlÇO da camara dos deputados, em 5 de Ou-
com as mesmas alterações o resto do para- tubro de 183l.-Lobo de Souza. >>
grapho. » Furão mandados á mesa os re uerimentos so-
o r. ny:- ara se co rar de todas a;; aguar- guinles:
dentes 20 % do consumo, que substituirá os outros Do Sr. Montezuma:
impostos sobre Bste gencro. «Que tlS sessões contiuuem até ás 3 horas,
Forão rejeitad<Ls toJas as outra~ emendas, e dando-se sempre para a ultima hora propostas
julgou -se finda a 3• discussão. dos conselhos e requerimentos c!B partes. 11
E sendo adaptada toda a lei do orçamento, Dv Sr Costa Ferreira:
rumetteu·se á comrnissão de redacção. « Que a ultitll a hora seja entretida na reforma
0 SI<. SECRETARIO PINTO CHICHORRO leu um officio da constituição. ''
do ministro da ·justiça, participando que por Do Sr. Carneiro da Cnnha:
l'ffiuencia -de negocios não podia assistir. á dis- « Requeiro que hajii.u duas sessões, uma de
cussão para que fôra convi:lado. ' manhã uté.ás 2 horas, e outm de tarue, que dure
drJStl!l us 5., horas até ás no v o. >>
de redacçii:Q <lo~ Dial"ios, €n1 Íugar d<1 Sr. Ocl0rico
o (. J.;Jo

a Que se trate com !Jrefer!lncia di.is emendas da


o Sr. Ant:_mio Joaquim de Moura. constituição, eontinuanull as sessões até ás 3 horas,
O ~R. Pa_ESIDENTE _deu ·para o_niei!I rio dia 5: Olllquanto n~o se .concluirem. 11
. ...
algum rJçbate, approvarão-se u primeira parte do
''
nado para 'creação da guarda policial; assim
CO!IlQ da pruposta do governo sobre u mesmo 'lU" off,,rectJu o S•·· 1\{nnLezu,lla, <l a pritneira
parte da do Sr. UasLru Alve.;, b rejeitamu-se os
projecto. Cuntinua~.iio da disc:ussiio adiada sobre a . . .- '

Levantou-se tu vota\;ri'J d--s dor1s primoiros.


Fui ri. <;Olll!llÍSHÜO de peusões o ruquerimcnto do
.Joil<i Mido:;i :\cerca ·ht grutiticaçà<> que recebia, e
qu,, llcix,;u d,, ~er iuduiJa nu orçatll<mt•J. E á
Sessão em I'> tle Outubro de gu~rra. a r•lpre~enta<:.<h> de Firrniuo Guede,;
l\íollt<oiro, sobre a orgauisaçiio •H um C•Jrpo de guar-
PRESIDENCIA DO SR. ALENOA.R das munidpaes pennan:mtes.
Os Sns. CA.t1NEmo LEÃ.o E BA.PTB'rA ÜA.ETANO
DHpois de approvada a actfl, leu o Sr. lo ~s­ parLicipan'iu qu·; por duet1tes mio poJJàO contwuar
cretari'> os officioR seguintes : a comparceer nas ses,ões.
Do ministro do impcrio _remcttend? a proposta
1 • "

subre a ereaçã~ de uma acade~1i:1 m~ctico-cirurgid,;


na capital dP. provincia.-Foi a imprimir a pro-
posta. Entron em 2• discu::;siio o art. lo do projecto

pedia, os 1·elatorios feitos pelo conselheiro Jr•sé para crear nesta cidade um corpo de guardas
Antonio Lisboa n respeito dos pharóes. municípaes volnntarias a pé e a cavallo.
Do ministro da marinha pedindo restituição O Sn. Mo:c<TEZUMA. off<Jreceu a seguinte emenda:
dos documentos do despeza da conta do suspenso « Qtle se creern guardas municipaes em todas
thesoureiro .Gregorio Manoel do Couto, relativos as cidades onele forem julgadas nec~ssarias, c não
ao primeiro quartel do anno financeiro de 1829 sómente na côrte como diz o pro]ecto. 11
a 1830.-Mandarão-se restituir os docun:entos. Esta emenda foi retirada a pedido do seu
Do secretario do senado acompanhando a reso- autor.
lução da dita cam~ra, ácerca da construcção das Forão mflrrdadas á mesa as emendas seguin-
fontes chamadas artesinnas. tes:
Apoiada e vencida u urgencia pedida pelo Sr. Do Sr. · Francisco do Rego:
Henriques de Rezende, entrou em discussão a « O <>overno fica autorisado a mandar crear
mr:smn r.,solução. na pro~ncia de; Pernambuco.um corpo de guard~s
«Art. l.o O governo mandará vir da Europa municipaes permanentes, cuJO numero será arbt-
dc1us pngenheiros, pnra se empregarem em nhrir trado pelo presidenttl em conselho. 11
poços art~sianoe. >> Do Br. Carneiro da Cunha:
Depois ele breve discussão foi approvado o ,, Para o me;;mo fim se ·~•-earáõ nus cidades
artigo com a en_:~cndfl do _Sr. Frandsco do R8gO capitaes das pt"<JVincins, ond•' os presidentes om
concAbicta n(ls termos Fegumtes: conselho n julgarem uecoss1rios, corpos se~e·
a O governo fica autorisado a empregar rngc- lhant ~ om u numero do 11'& as ro orc10-
n 1e ros, quer se) ao na uraes quer es rang01t'os, nado. 1>
como lhe convier melhor. 11 D·• Sr. Monteiro de Barros:
EntrQu tambem em discussão e foi approvado " Requeiro que a providencia do art. 1° se
o art. 2o-tambem mandará comprar instrumentos, estenda á provincia de S. Paulo, ficando o numero
etc. a arbitrio do presidente em conselho, comtanto
Foi supprimido o art. 3o; nssim como um que não exced!l. a 350 homens. n
artigo addíci<Jn!\l do Sr. Mtq, para que o governo Do Sr. Alves Branco:" Parfl que as guardas
pudesse despender neste ensaio de fontes arte- fossem contractadus pelos juizes de paz, marcando
sianas ate a quantia do 20:000,~000. o aoverno o numero e para serem commandadas
Julgnda findR a dis0ussão foi ndoptada a res0- alt~rnativamente pelos chefes de familin de cada
lução com as emendas approvadas.
freguezia. '' . .
O SR. LoBo DE SouzA mandou á mesa a seguinte O SR. ERNESTO ped10 o adrarnento, que foi
declaração do voto: apoiado, discutido e rejeitado.
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:36 - Página 1 de 1

SESSlO EM 6 DE OUTUBRO DE 1831


Os SRs. HoLLANDA, MAY E FERNANDES DEVAs- ultimação das contas do ex-impera<!or, de quem
coNcELLos apresentárão outras emendas. são procuradores. A commissão não pó,da julgar,
E o Sr. Castro Alves o requerimento se- nem ao menos plausivelmente, a razão porque o
guinte: winistro remette a esta augusta camara o reque-
« Requeiro que se decida rimento ~os_ s~pplicantes,_ porquanto cabendo nas
para autorisar o governo, é ou não iniciativa da '
que as partes usem dos meios prescriptos pelas
camara dos deputados. » leis em casos taes, nenhum lugar tinha uma tal
. Julgada discutida a ma teria e rej_eitado o reque- remessa. Portan~o é de parecer que ~e lhe reenvie
artigo, salvas as emendas, e destas a do Sr. Car- Da commissão de orçamento, a qual tendo-lhe
neiro da Cunha, ficando comprehendidas as dos sido remettido o parecer da commissão de pensões
Srs. Rego e Monteiro de Barros, e forão rejei- e orJenados, approvado pela camara, sobre a
tadas as mais. continuação do ordenado de João Midosi, inter-
Levantou-se a sessão depois das 3 horas. prete d::t. policia, que tinha sido supprimido pela
lei de 15 de Dezembro proximo passado, só acha
a ponderar que seja a doutrina vencida tomada
em consideração na d'iscussão que fixa as despezas
Sessão em O de Outubro do anno financeiro. E foi á commissão de redacção
para incluir na lei do orçamento.
PRESIDENCIA. DO SR. ALENCAR Julgou-se objecto de deliberação e mandou-se
im rimir a se uinte resolu ão da commissão de
Depois de approvada a acta, lerão:se os officios constituição :
seguintes: « A assembléa geral legislativa resolve :
.Do ministro da fazenda remettendo differenteH « Art. 1.• O dia 7 de Abril o será de festa
officios de 'untas de fazenda sobre informa nacional em todo o im erio.
que se ex1gtrao.- primeira commissão (( rt,No0 e
fazenda. mente.
Do mesmo ministro enviando os officios da << Art. 3.o Fica supprirr.ida a festa nacional do
junta de fazenda das Alagôas, e provisões em dia 12 de Outubro. »
respos a so re a msu Clencta a quanLia mar- orao a 1mpnm1r com urgenc1a :
cada na lei do orçamento para as despezas de O parecer da commissão de contas com o re-
que faz menção.-A' primeira commissão de fa- sultado de seus trabalhos na ·parte respectiva
zenda. ás despezas, o qual conclue pela maneira se-
Do ministro da justiça com o officio do presi- guinte :
sidente da província do Espírito Santo, infor- « A' vista de todo o exposto entende a com-
mando o requerimento de. Ignacio Pereira dos missão :
Remedios.- A' commissão de pensões e orde- « Lo Qae se recommende ao governo o exame
nados. das despezas feitas pelas províncias, e que res-
Do ministro da guerra sobre o requerimento ponsabilise os empregados prevaricadores, afim
de Henrique Ernsdorf. de que possa marchar com segurança o systema
Do secretario do senado communicando haverem constitucional.

freguezia a povoação do Rosario de Nossa Senhora · << 3. o E como muitas despezas se fizerão que
do Cattete. não se achão classificadas, mas que estão com-
Foi á commissão de pensões e ordenados o prehendidas em outras que a commissão não
requerimento do marechal de campo Luiz An- póde de maneira alguma extremar, e que precisão
tonio de Oliveira Bulhões. ser esclarecidas, entende a commissão que nesta
Forão approvados os pareceres seguintes : parte se espere pelo parecer da commissão de
Da commissão de redacção sobre as emendas Londres, afim de que á vista delle se dê com
desta cRmara ao projecto vindo do senado para mais conhecimento de causa um parecer definitivo,
se abrirem fontes artesianas. pela intim;l rolação que têm taes contas com os
Da coll'lmissão de justiça civil sobre o reque- serviços dos differentes ministerios, e que devem
rimento de Manoel José de Menezes, juiz de paz constar dt~s ditas contas, tanto mais quanto se
da villa de Maricá, que se qu11ixa da multa que ig11ora o destino que tiverão as ditas 400,000
lhe impoz o collegio eleitoral por haver faltaJo lbs. st. ·
a comp:trecer na eleição dos juizes de facto, e « A com missão reconh~ca não ter bem desempe-
dá as razões da sua falta.-A commissão, em- nhadv a tarefa que parece se lhe tinha encarre-
quanto entenda injusta e até illegal aquella multa, gado, mas ella espera que a camara, reflectindo
á vista do art. 3• do decreto de 29 de Julho no estado das contas, na sua nenhuma classi-
de 1828, que parece exigir uma falta continuada ficação, máo arranjo e disposição dellas nos
e reincidente, e não a que commetteu o sup- limitados· esclarecimentos na parte, e emfim na
plicante, que plllo Sbu comparecimento immediato falta da documentos, ausencia dos res ectivos
no segum e e mais tas, a e u 1maçao as e el- 1vros as tversus repart1çoes e azen a, convirá
ções, bem mostra justificada a causa da falta que a commissão fez o que pôde ; entretanto
de um só dia, comtudo está persuadid:l que á ella espera que á vista das providencias exigidas
vista do § 4o da mesma lei não pertence a esta na lei de 16 de Dezembro de 1830, e pela reor-
augusta camara conhecer de tal pena, mas sim ganisação da admiuistração de fazenda nas pro-
á autoridade judiciaria do lugar, quando houver víncias, que no futuro anno os nossos negocios
de se fazer a cobrança, porque apresentando então financeiros serão melhúrmente apresentados no
o supplicante as tão justas e fortes razões que corpo legislativo. »
o abonão, deverá obter o desaggravo que pre- O parecer da commissão especial do banco,
tende. comprehendendo o relatorio do estado actual do
Da commissão de contas sobt·e o officio do banco e do modo por que tem sido executada a
ministro da fazenda, que acompanhava o reque- lei de 23 de Setembro de 1829, que o mandou
rimento de Samuel Philips & O.•, pedindo a liquidar, no fim do qual, para apressar a liqni-
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SESSlO EM 7 OE OUTUBRO DE 1831 221


dação das contas do governo e a substituição das Do Sr. Maciel :
notas R seguinte resolução ' « As maclünas ainda não conhecidas ou não
<< Art. Lo As notas do velho padrão não serão usadas na província. »
recebidas nas estações publicas nem admittidas Forão regeitadas as mais emendas.
nus pagamentos legaes seis mezes de ois da
· ç-o a presen e e1, . nesta corte e nas
províncias em que ellas circulavão. feitas .devião o~ não sujeitar~se outra vez á
« Art. 2. o As commistiões prompt1ficaráõ o maior approvação da camnrll e decidi o-se pela nega ti v a.
numero de notas de 1 a 12S que lhe fôr pos- Passou-se á mnteria em discussão, que ficou
· , circu açao em roco
pelas notas velhas, repartindo-as com a caixa
filial da Bahia.
« Art. 3. 0 O governo nomeará uma commissão
de exame para a caixa filial da Bahia, a qual
lhe transmittirá, e este á camara dos deputados, Sessão em ':a' de Outubro
um relato rio fiel e exacto de todas as operações
desta caixa desde o recebimento da lei de 23 PRESIDENCIA DO SR. ALENCAR
de Setemsro de 1829. Depois de approvada a acta, lerão-se os o:fficios
« Art . .J..o As commissões do governo e banco seguintes :
promptificaráõ a somma de l,OOO:OOOn em notas Do ministro do imperio enviando o requerimento
do novo padrão. e de todos os diversos valores e mais papeis de Fra!lcJsco Antonio de Oliv~ira,
da · - · - - -
tregues á junta da caixa de amortização para - A' commissão de pensões e ordenados. ·
fazer f !ice ao troco de notas que se lace r arem. Do ministro da guerra satisfazendo ás informa·
« Art. 5. 0 Estas notas E:~erão conservadas em ções que em data de 4 do corrente se !>e~irão
caixa reservadll -
notas laceradas que se lhe apresentarem. Deste depois de dadas as baixas, segundo a lei ; e ácerca
tl'Oco haverá escripturação separada e com todas da força que parecia indispensavel para manter a
as precisas especificações, carimbando·se no acto segurança ext~rna do estado.- A' com missão de
do troco a nota substituída e uardando-se ar
ser con eri a e balanceada a caixa pela commissão Do ministro da justiça remettendo as informa-
de exame que para esse fim nomear a camara dos ções que se exigirão sobre os acontecimentos
deputadús. que tiverão lugar no theatro em a noite de 28 de
« Art. 6. o A com missão especial do banco fica Setembro ultimo; e bem assim se os arts. 289 e
autorisada para ir á caixa de amortização veri- 2()0 do codigo criminal forão bem e litteralmente
ficar o resgate alli feito nas notas antigas com observados.- A's com missões de constituição e
os metaes preciosos do banco, e achando-o exacto justiça criminal.
q'leimar as ditas notas, celebrando de tudo os Do secretario do senado acompanhando a reso-
necessarios termos e dando conta á camara dos lução do senado, restaurando a villit de Itamaracá.
deputados Pwlinuo-se r1 ispensa da impressão.-Foi approvad 'l.
« Art. 7 ·" Outro tanto fará no banco com as A' commissão especial do banco foi remettido
notas recolhidas em virtude Ja substituição feita o requerimento de alguns accionistas do banco,
o pa rão. )l pe m o me 1 as eg1s a 1v as so r e o 1VI en o.
Foi á commissão de constituição o requerimento A' commissão de constituição o rP.querimento
do ::Sr. Custodio Dias, para se decidir se o. com- de Antonio Oardozo de Carvalho, pedindo ser
mandante das gu~~das municipaes podia conti· reconhecido cidadão brazileiro, e como tal rein-
" o no pos e segun o enen e a arma a
da sessão. nacional.
A' commissão de marinha e guerra o de Marcos
ORDEM DO DIA José Evangelista, pedindo o andamento de outro
requerimento que fez para ser conservado no ser-
Continuou a discussão adiada. do decreto vindo viço da armada nacional. .
do senado para creação de guardas municipaes Leu-se, e ficou adiado por se pedir a palavra,
permanentes, no art. 2°, ao qual os Srs. Monte- um parecer da commissão de marinha e guerra
zuma e Alves Bt·anco offerecêrão emendas. sobre a representação tte varias officiaes estran-
0 SR LUIZ CAVALCANTI membro da commissão geiros que tiverão baixa de seus postos, em
de redacção pedio urgencia para ler-se a redacçrio consequencia da lei de 2-1 de Novembro. de 1830.
da lei ào orçamento, e lida ella, interrompida a Foi approvado o parecer da cnmmissão de guerra
discu,são, apresentarão-se Vi\rias emendas. snbt·o o requerimento de D. Maria Magdalena da
Finda a discussão, approvou·se a redacção salvas Cunha.
as emendas, das quaes forão adaptadas as se- Foi tambem approvado o parecer da commissão
guintes: de con~tituiçilo sobre a indicação do Sr. Custodio
Do Sr. Hollnnda: Dias para que Ho declarasse, se o commandante
<< Quo seja supprimlda a clausula declaratoria das guardas municipaes, o Sr. deputado José
da abolição dos impostos de umas para outras Marh1 Pinto Peixoto podia continuar a ter exer-
províncias, que foi nddicionada na redacção. cício na camara durante o resto dll. sessão. A
commis ão 'ul a ue lhe ob t~ art. 32 da con-
1. a « Que se declare ~a redacção o destino das stituição, o qual diz que o exercicio de qualquer
quantias votadas para casas de correcção, como em prego, á excepção dos de conselheiro ou
foi -vencido. » ministro de estado, cessa inteiramente, emquanto
2. a « Que a quantia votada J>ara sustentação durarem as funcções de deputo1do ou senador ;
dos presos seja exrressamente declarada na lei.11 e portanto que o dito Sr. deputado não pôde
3 a « Que as quantias destinadas para cadêas, exercer ao mesmo tempo o cargo de commanda~te
isto é, a de 200:000$000, e a marcada na lei de 15 geral e as funcções de deputado, tendo sah1do
de Dezembro sejão englobadas com a declaração para aquella commissão por deliberação desta
da emenda acima. >l · camara, segundo o art. 34 da constituição.
Do Sr. Getulio :
<I Para a província da Parabyba.. - Presidencia, ORDEM DO DIA
secretario do governo e seu conselho - 5:127S480,
que é a. quantia venciqa. 11 Continuou a disc~ssão do segundo artigo do ~ro·
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SESSÃO El\1 7 DE OUTUBRO DE 1831


jecto de lei qne autorisa o governo a crear um Foi remettido ãs commissões de constituição e
corpo de guardas municipaes a pé e a cavallo justiça criminal com urgencia.
com as emendas apoiadas. Continuou a discussão sobre o art. l.o:
<< Art. 1. o Ü$ eleitores dos deputados pura a
0 Sa. SECRETARIO PINTO ÜHICHORRO interrom·
pendo a discusstlo,. leu um officio do ministro da seguinte legisl:'ltura conferiráõ. e~pecial f_aculdade,
· · , ic"p s movimen os quo em
a noite de 6 para 7 tiverão lugar, occasionados scriptas rBformar os artigos da constituição. ''
pela guarnição da presiganga que tomando as armrs O SR. HENRIQUES DE REZENDE offereeeu uma
e abandonando a ~uarda dos prez~s foi reunir-se emenda :
pedindo ou ordenando ''m estado de revel ta, qu~
não fosse mandado sahir desta côrte o capitão AMARAL mandou R emenda Stl·
José Custodio do mesmo corpo ; dando igualmente
parte da presteza com que os guardas munici-
paes tinhão acudido a oppôr-se á tropa rebelde
do estado de inquietação em que estava a cidade
ameaçada pela continua('ão de rebeldia dos mesmos
soldados, e ponderando ultimamente a insuffi·
ciencia das leis para conter os perturbr1dores e
os facciosos.
Foi remettido ás commissões de constitu_içiio
e ·usti .a crimin
seu parecer.
Continuando a discussão, e julgando-se finda,
poz-se o artigo á votação, e foi approva:lo na
fórma se uinte reo-eitada to ·. ,
« A organisação do corpo, pnga::nento de cada
individuo, e nomeação e despedida dos commandnn-
tes, as instrucções necessarias para a boa disciplin!
serão feitas provisoriamente pelo guverno, que
dara conta na futura sessão para a approvaçiio da
asseml.Jléa geral. »
O SR- iVIONTEZUMA mandou á mesa, e foi apoiada
a seguinte emenda additiva eomprbhcmdida em tr<Js
artigos.
<< 1. 0 1\'Iandar-se-ha logo publicar nos jorna~s,
não só o rlano adaptado de organisaçã", mas
ainda as instrueçõe,; geraes, e toda~ as ordens
que houverem de ser dadas HO commandaute e
mais pessoas encarregadas do emprego e direcção
do corp" da policia.
« 2. o Tendo a olici!l só or fim o
crimes, não poderá o dito corpo em circumst:<n-
cia ulguma ser empregado para outro objecto ou
fim.
« 3. 0 Nas instrucções eraes ;·erão daramentt>
xat os os o Jectos que são da alçada da policia. >> e conforme' com os verdadeiros interesses nacio-
Propondo-se que entrasse em discussiio artigo naes, merecerá sem duvida toda a attenção e
por artigo não passou ; e por isso entrárão todos desvelo da mesma camara.>>
juntos ; e pondo-se depois separadamente á votação Entrando em discussão, foi approvado.
forão regeitados.
Dando· se por finda a segunda tliscussão. o St·. Continuando a discussão do projecto, e julgnn·
Henriques de Rezende pedio urgencia pára en- do· se finda, foi approvado o primeiro artigo, e
trar orn terceira discussão, e assim se venceu. forii:o regeitadas as ernendHs dos Srs. Lobo de
Souza e Henriques de Rezende ; ficando reserTada
Conseguintemente entrou em discussãe todo o a do Sr. Mlllloel Amaral, para quando SB tratasse
projecto, e depois de curtas reflexões foi ad&ptado, dos outros artigos.
e remettido á commissão de redacção. Entrando em discussão o segundo artigo, foi
O Sa. FERREIRA DA VEIGA mandou ú mesa o interrompida pela leitura uo seguiu to parecer:
requP.rirnento s"guinte : • " As commissões de constituição e ele justiça
« Que Stl prr.firão para base da segunda discus- criminal reunidas, virão o officio do sena.:lo, em
são as proposições do mc,mbro ela commissão de que participa a esta camara ter-se declarado em
refvrma da constituição, como contendo o es,;encial sessão permanente, e resolvido nomear uma com-
do projecto da commmissiio. >> missão do cinco membro:' que, reunida com outra
Foi approvado, e em consequencia entrou em de igual numero desta ca,•ara, haja de propôr
discussão ,, primeiro artigo do pr0jecto de Sr. o qtto fô_r !_fliste! para a salvação da patria.
Miranda .ib ir
O SR. SECRETARIO PINTO CHICHORRO interrom- vida se [lóde offerecer a esta cam•;ra, em aceitar
pendo outra vez a discussão, leu o o:fficio do se· o convite do senado, passando a nomtar um igual
cretario do s~nado, participando que o senado em numero dos seus membros para conferenciar com
consequencia de um o:fficio que acnbava de receber aquella commissão ; e que se indique ao mesmo
do ministro da juEtiça, no qual pir•ta o perigo senado qtte n reunião seja no paço desta camara,
imminente que ameaça esta capital e de que uào logo depois do recebida a participação. >>
se póde livrar sem remedios fortes e mui promptos Foi approvado.
resolveu ficar ern s~ssão permanente, e nomear O Sa. So:cRBTAaru PINTO ÜHICRORRO leu o officio
uma commissii.o de cinc" membros, para que do ministro da justiça, participando que não que-
reunida com outra rio igual numero desta camura rendo os rebeldes da ilha .das Cobras entregar-se
l1ajão do propór o quo fôr mister para salvação pedindo unicamente as suas baixas e perdão, o
da pntria. governo está resolvido a fazer-se obedecer, e tem
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SESSÃO tM 8 IJE OUTUBilO DE 1831 223


dado touas as providencias para serem atacados, mesa
desaffrontada aôsim a capital de tantos actos de
ameaças, insubordmação e rebeldia.
Ficou a camara inteirad:L
Da_ndo a hora, ficou adiada a mataria em dis-

O SR. PRESIDENTE nomeou o Sr. May para mem-


bro da com missão encarregaua de examinar ostra-
brllhos da li uidução de c·lntas da caixa da !e a ão
de ondres. iL • »
Propondo-se a prorogaç:lo para se nomear a Não se vencendo que fosse á commissão de
commissão de cinco membros que tem de se reunir con~tituição, foi approvauo, assim corno o seg11Ínte
á do senado, assim se venceu ; e requerendo-se do Sr. Aranj0 Lima :
que fosse feHa a nomeação pelo Sr. prnsidente, cc Cjue sejã·., votados os agradecimentos nacio-
não passou ; e procedendo-se á eleição por escrn- naes em officio do Sr. lo secretario ao governo,
tinio secreto, sahirão eleitos o.> Srs. P;traiso com em que se participe este votu da carnara para
37 votos, Miranda Ribeiro com 36, Araujo Lima ser por elle communicado aos commandantes
com 27, Mello Mattos com 26 e Aureliano com 24. gPraes,,
Foi regeitado um requerimento do Sr. Soarekl
O SR. PRESIDENTE deu para a ordem do dia 8. da Rocha para haver ses~ão no dia seguinte.
Continuação da mesma discussão, e o projecto
vindo do senado, alterando ns penas do codigo
criminal.
Levantou-se a se:;são ás tres horas e mein.
Dada a preferencia para entrar em discussão
o p_rojecto de_ lei vindo do senado, sobr_e a altil·
perturbi'io a rJt'uem p~blíca, leu-se e entrou em
dis~ussão o art. lo :
Sessão em 8 de Outubro
a J\rt. J.o N,,s c~·irnes do conspiração, rebel!ião_,
., l,

PRESIDENCIA DO SR. ALENCAR inquirição judicial, so.m t8mpo determinado, nem


numero crn-tr, de testemunhas. >>
Depois de approvada a acta, lerão-se vs officius Offerecerão-i>e as emendas seguintes:
seguintes : Do Sr. Araujo Lima:
Du ministro do impario rernettendo a consulta ct Suppriwão-se as palavras- sem tempo deter-
da junta Jo coutmercio, a r<ospeito dos esclared- llliHaJr,, n"m numero corto de testemunhas.>>
mentos pt;didos sobre a aula do commercio desta Du Sr. Ernesto:
cidade. cc Supprima-se o artigo, e não passando esta
Do mesmo ministro remettendo o requerimento suppressão, supprima-se desde as palavras-
em uome do ]JOVO das Mercês da Pomba, no qual sem tempo- até o fim. "
pede' que a. dita Do Sr. Monteiro de Barros :
- . povoaçiio
. .seja elevada a villa. " e is da alavra- 'udicial- i a- -sem
Do ministro da fazenda respondendo qutl em numero c6l'to do testemuuhas-cumtanto que não
25 de Novembro de 1830 enviou a esta camara exceda á se dias-supprimido o re:;to. ))
11 consu!La sobre a divida de Felix de Abreu e O Sr., Castro Alves:- A ép.oca,
., .... -
Do · secret •rio do senajo parLicipando ter o tratar ·:ie leis penaes, pehs quaes se deve reger
senado adoptado a emeucla desta camara á re- o Brazil para o futuro. Não temos nós um
solução a respeito dos limites da villa novu_ do codigo criminal que passou aqui? Não acaba de
Príncipe na proyincia do Rio Grande do Sul, e. passar o codigo do processo? Ainda não basta?
que a vai dirigir á sancção. Nilo.
Do ministro da justiça respondendo ao officio Venhão as lois ria Draco, as leis de sangue
de 7 do corrente, quaes as medidas do que o au Brazill I Desgraçado Brazill l Pois, senhores,
governo se persuade poder se lançar mão parA como é que se pócle estabelecer o principio de
salvar o estado nas presentes circumstancias. que as devassas sejão eterua;;, que o numero de
- A's commissões de constituição e justiça ~ri­ testemunhas não tenha limite'? E' assim que se
minai. governava o Brazil no tempo do governo a que
Approvou-se a redacçiio das emendas desta ca- t:hamamos despotico.
mara ao projecto de lei vindo do senado, ~ubre Continuou: que llle parecia haver certa coinci-
a creação de um corpo de guardas munic1paes clencia entre as circumstanoias actuaes, e a appa-
l'Oluntarias. riç.Lo deste projecto: presumindo igualmente quo
Approvou-se o parecer seguinte; havia entre nós algum perfido que queria
c< As commissões reunidas tendo em vista o apresentar no templo sagrado das leis o cavallo
officio • do ministro de estado dos uegocios da truyano, cujo bojo prenhe de belligerantes, assim
justiçn, em que expondu o estado crítico desta como espalhou os estragos, incendio e morte ao
capital, pede medidas prompt!!ti e effi.cazes para redor de si poderia tender ao a•dquillamento do
prevemr os ma s q • sys ema cons 1 uc10na , po1s nmgu~m p · ·
tranquillidade publica: são de parecer que quanto ditar que se curasse com cauterto o enfermo
a!Jtes se promova a di-cussão da~ medida:> do que jazia em irritação.
projecto do lo de Outubro remett1do do senado Mostrou quc: o art. lo não podia passar, do
para a ~amara dos deputados, as q~aes as com- contrario decretar-se·hia n escravidão do Brazil,
missões entendem por ora suffi.c1eutes para que não consistia só no Rio de Janeiro, con-
autorisar o governo a poder prover na tranquil- vindo antes ter prudencia, porque não era agora
lidade publica na crise actual, emquanto o m~smo o tempo proprio para tratar de leis desta. na-
governo não apresenta alguma proposta na forma tureza. Além i:le que:\ sedição estava aquietada, a
do convite feito pela l!amara dos deputados." suppunha que se devia acabar já com a artllh~ria,
O SR. PRESIDENTE, a requerimento do Sr. Tobias, do contrario apparoceria outro pretoxt,•, como
nomeou os Srs. Zeferino e Costa Ferreira pam wri<H\ir:alltr!nt.e liulw appureciJo .~lesdt! o ~~a 14
J~ Julho, em que a tropa su !um rcun;r li c'
lll~Ulbros da commissào de cowmercio.
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5ESÃSO EM 8 DE OUTUBRO DE 1831


campo, por ordem, onde depois appareceu o reque- custa alheia, que então as paixões se desenfreavão
rimento que a todos era conhecido, não sabendo princip:Jmente nas pessoas que não ganhárãu o
elle orador que é o que fizera apparecer aquelle habito de se empregar na industria e trabalho
requerimento, mas advertindo sómente que a e querião pratica_r acçõ.~s con~a as. leis, home~s
tro a se fôra reunir or orde " ·
fórma seguinte : q~eria dizer leis barbaras, pois para tudo havia
· Appareceu depois um homem desafiando outro meio termo, não leis de !la ngue, não leis de
no theatro. O quA ha aqui de nacional? Nunca Draco, _nã? finalmente o ~i~. 5o das <;rd_enações,
houve des:1fios? Nunca um homem foi ir i
01 ms 1gar ou ru . uem sRbe os motivos ? nã~· leis a que o povo tem Jado o nome de ieis
Quem sabe os conselhos? E é neste concurso de de agu11 de Colonia para os assassinos.
circumstancias que appareceu uma sessão secreta Conveio em que se poderia dizer que um ou
no senado. E logo este projecto l Como pode- outro dos artigos comprehendidos no projecto
remos approval-o nas circumstancins actuaes ? não estava bem redigido, mas que em geral
Seremos crianças? Deixar-nos-hemos illudir? Ou existião nelle cousas que a opinião publica re-
seremos a pella dos perversos que ~stão jogando clamava, assim como as nossas necessidades e o
comnosco a bola? Que mão malvada ha ent1·e estado da nossa civilisação ; que bastava par.a
nós? Não aggravemos nossos males. Nós somo? pro v:\ da desmoralisaç~o de certa class.e . refenr
_pais da população do Brazil, para isso nos esco- que em um só mez forao presos pelos JUIZes de
lherão. Devemos cnstigar ou fazer com que se pa:o- 500 pess?as, não por acto desp_otico ou por
castiguem os que errão, sim, mas nunca perdendo dr.masiado 1'1 or dns nossas autondades ue
· ·. · mo os. antes perdião por demasiada brandura, por~_!ll
Não é na occasião do furor das paixões que legalmente· sendo uma das causas que prornoVIaO
se estabelecem leis penaes. Eu ... eu me sento .... estes attentados a pouca severidade da nossa
Sr. presidente. legislaç&o.
onc u1o que o gava mm o e que o co 1go
penal tivesse passado no seio ~a assembléa geral,
pois era obra de que lhe faz1~ honra, m!ls em
todas as obras humanas havia sempre lmper-
, is as ou rmas que se eiçoes que se ev1ao Ir amm an o Pt:opo~-
inserirão no projecto podião 3er de maior ou ção que fossem descobertos e que a expenenCia
menor rigor para os criminosos, mas não para fosse mostrando os defeitos que havia e~ tal ou
illaquear o innocente; não havendo portanto nem tal ponto.
perfidia, nem traição como se presumia. (Foi muito apoiado este discurso.)
Advertio q•1e contemplando-se os differentes O Sr. Xavier de Carvalho : - Até
codigos de outras nações livres, como por el.emplo, quando, Sr. presidente, ouviremos a~ vogar neste
a dos Estados-Unidos, e comparando as penas augusto recinto a causa da anarch1a? Quando
estabelecidas no codigo a respeito de delictos mostraremos nós um aspecto sizudo de legisla-
policiaes, com as do nosso codigo e do projecto dores contra anarchistas que querem destruir a
em diticussão, se veria que as daquella nação sociedade e reduzir tudo a fogo e a sangue 'l
erão muito mais rigorosas. A h I senhores, é cousa terrível! I Diz-se ue no
o ou e mexacto o dizer-se que a occasião empo o con emna o espo 1smo não aVIa e1s
não era propria para tratar de leis pen•1es, destas li No tempo do condemnado despotismo
pois a occasião que mostrava a deficiencia das havia acaso anarchia tão desenfreada?
instituições era a mais opportuna ara sere VozEs :-Não não não.
, p01s que os eg1s a ores tinhão visto O SR. XAVIER ng CARVALHO:- Mas que leis
que tal e tal lei não era sufficiente para manter havia então? A ordenução do liv. 5°. E ser.ão
a ordem publica, e para proteger a segurança essas leis comparaveis com o decreto em dis-
pessoal do cidadão. cussão? E' preciso não ter idéa alguma da
L9mbrou que quando passára na camara o legislação antiga para comparar com ella o pre-
codigo penal fôra reconhecido que elle não era sente decreto.
perfe!t~, porque fôra loucura suppôr o apic~ da Diz-se que isto é um codigo de sangue li Eu
perfe1çao em obra humana; mas se dissera que se não vejo senão abreviação do processo e augmento
iria emendando á proporção qu'3 fossem appa- em algumas penas do nosAo codigo, o qual desde
recendo os defeitos, com os quaes o novo codigo que passou e desde que se apr.esentou nest_a ca~a
era melhor do que o que até então regia ; e não foi considerado como perfeito, nem d~1xa.rao
tendendo o projecto do senado a accommodar o de se reconhecer nelle algumas faltas, porem JUl-
codigo aos usos, babitos, estado da policia e gou-se que á vista do codigo de sangue que re-
necessidade da população, não podia deixar de gia era muito preferível e devia ser appr?vad_o.
ser admittido com as emendas que se julgassem Desde então se appellou para a experwnc1a,
n acessarias. essa meetra da legislação. Só a experiencia, se·
Declarou que. estava- em contacto com lliUita nhnres, é que póde ensinar-nos a corrigir os erros.
gente do povo e com algumas das autoridades Ora, a experiencia (e que triste experiencia I) nos
policiaes e juizes de paz, e sabia que os crimi- tem mostrado que a extrema brandura das penas
nosos zombavão do nosso codigo penal, pois o do nosso codigo tem sido a causa. do atrevimen~o
homem - ( · e ane1ro, povo o ma1s om ,
com um sovellão, que não serve senão para branJo e de melhores costumes que eu tenho visto
assassinar, ria e folgava quando via que o codigo !muitos apoiados,) mas de uma porção de h01r_1ens
o punia com 60 dias de prisão, escarnecia e es- perdidos, homens cheios de inveja e não sei_ de
tava prompto a commetter o delicto porque pouco que, os quaes têm transtornado o socego pubhc_?,
arriscava; que stmdo as penas do dito codigo têm levado as lagrimas, os sustos, a consternaçao
muito fracas em proporção aos delictos, assentava ao seio das famílias, e têm causado até abortos ...
que o projecto conti,,ha cousas não só uteis, mas E nós deixaremos clamar uma população inteira
de primeira necessidade, tanto nas circumstancias sem dar-lhe pequenos e leves remedios que estão
a!ltuaes. como ainda mesmo em tempos ordina- ao nosso alcance, os quaes se reduzem a fazer
rws; que era conhecido que depois de qualquer pequenas alterações na legislação existente, nessa
m~v!_mento revolucionaria sempre apparecião legislação que está dando azo aoa malvados li
pa1xoes de certos indivíduos que não querião Não tem já mostrado a experiencia que carece-
ganhar o pão com o suor do seu rosto, mas á mos de remedio para mnles tão sérios? Não fallo
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SESSÃO EM 8 DE OUTUBRO DE 1831 225


com o povo do Rio de Janeiro, eu o repito, elle palzes estaria fechado havia muito tempo pela
é o mais docil, bem morigerado e do melhor ca- falta de educação e decencla que tinha appareeido
racter possível ; mas entre o povo estão derra- nelle nestes ultimas tempos, o que muito atacava
mados certos homens miseraveis, desgraçados, o decoro das famílias, sendo para desejar que o
invejosos, ou não sei que, cujos crimes cum re Sr. Castro 1ve t· e
i · . sem a gera , pms, nada melhor ma noite no theatro, para melhor conhecer a ver-
pôde fazer do que approvar estas medidas, não dade do que elle orador referia.
digo todas, haverá talvez nestes artigos alguns Notou que havia já apparecido um projecto para
que devão emendar-se, alguma exposição que deva alterar o codi o e ue se a resentava a ora outro
e que as a requencia de alterações azia com
Não presinta porém o p~blico de maneira ne- que elle orador não se pronunciasse pelo projecto
nhuma que neste augusto recinto se quer prote- em discussão, apesar de estar disposto a votar
ger o crime. Deus nos livre e defenda disto. por uma emenda que propunha que não houvesse
Se a fiel execução da lei é que nos pôde salvar, ft!lnças em certos casos; não lhe parecendo com-
quando a lei não tem fort;a o povo se desenfrêa e tudo peior o projecto do que a legislação exis-
impera o crime. · tente, pois segundo determinava o dito projecto
Voto pelo art. 1°, e votarei pelas emendas offe- se poderia concluir um processo em muito menos
recidas ou por algumas que fôrem apparecendo, ter11p0 e com menor numero de testemunhas.
no caso de as julgar uteis ou necessarias. 'Foi Advertia que lhe parecia que as autoridades
muitas vezes apoiado.) ' tinhão força bastante,quer physica,quer moral para
o exe_cutar, sendo certo que o mal nas.cia ~a

O SR. AuRELIANo disse que a disposição do ar-


tigo que tanto havia arripiado a um Sr. depu-
tado estaria já em vigor se tivesse passado o
· , · · r". 1Ss1ma a nossa
Pare~e que me legislação a tal respeito, pois a ordenação que
que estudassem nossas vidas... Mas não, se- regulava nesta parte mandava que jurassem na de-
nhores, continuarei. vassa 30 testemunhas além das referidas, e que
Atacado nos meus nervos não posso fallar ás se tirasse em um mez, passado o qual a devassa
vezes como queria. Porém não ha aqui lei de era nulla; e sendo assim e não podendo os
sangue? O que é uma legislação que deixa aberta juizes tirar muitas devassas neste praso com
uma devassa per omnia so;cula sceculorum? Será tamanho numero de testemunhas, principalmente
esta demora para se conhecer de crimes ou factos tendo outras que fazer, apparecião muitas vezes
sabidos ou de outros que se quer saber ou co- nullidades o que se removeria adaptando-se o
nhecer? Para que. tanto tempo? Em 15 dias não projecto; pois os juizes julgando provado o ne-
se póde sabP.r de u!Il crime commPt.tido por uma gncío com .5 .testemunhas ou mais. reme_!;teráõ. a
devassa tirada odre os visiuhos E' ·
eternidade de devassa?... Para que?.... A h I motivo para tamanho arrepio, nem para encarar
Sr. presidente, para ter occaRiào de se dizer: - este decreto como o cavallo de Troya, nem para
dou-lhe isto e aquillo para ir jurar contra fulano o ~uppól" lei de Draco ou traição insinuada por
ou beltrano ; para se com rehenderem crimes ou Cimon.
suppos os cr1mes, ta vez posteriores áqu!llles sobre Decl!•rou porém que não era a sua opinião
que se devia tirar a devassa. · que o Sr. Castro Alves se oppuzesse ao projecto
Demais, este numero illimitado de testemunhas, em discussão, por querer proteger a anarchia,
este numero extraordinario que póde vir a ter pois fazia delle melhor conceito, persuadindo-se
uma devassa, dará azo a que se mandem vir antes que o patriotismo levado talvez o. excesso
homens da China para jurar nella. E convirá o fizera considerar esta lei como a lei de Draco,
esta legislação a um paiz que proclama a liber· devendo lembrar porém que grande parte da
dade 't Não nos illudamos, senhores, nada de população clamflva contra os a::.sassinos, e outra
l,laixões quando se trata do interesse da nação. parte que gostava talvez dos as~assinios clamava
Nada de paixões, v~mos ao bem geral. Desen- contra o rigor das leis; cumprindo em tal caso
ganem-se, senhores, que hão de ser comprehen- examinar qual destes clamores era mais atten-
didos na massa geral ; se em um momento se divel e de maior peso, se o clamor dos proprie-
julgão superiores, em milhares de momentos hão tarios, pais de familia e cidadãos pacíficos, se o
de estar sujeitos a esta legi~lação, e se alguem dos assassinos que gritavão que era muito forte a
quer legislar para os outros eu quero legislar legislação, porque desejavão commetter mais
para nós. Serei nisto um malvado, protegerei os assassinos e delictoa, circumstancias que devião
assas:;iuos, serei o que quizerem. fazer muito peso a um legislador circumspecto,
O Ss- Rn:zENDE propôz-se a tirar umaequivo- respeitado r da lei e amante da humanidade.
eação que havia apparecido, dizendo-se que não Concluio votando pelo artigo e contra a emenda
era nestas circumstancias que se devião fazer as de suppressão, assim como contra as outras
· penaes, uan e e ora or a rmava pe o ineficaz.
contrario que havia circumstancias contingentes,
em que se podia e em que convinha tomar 0 Sa. LUIZ 0AVA.LOANTI principiou observando
uma deliberação para bem do estado; lembrando, que sendo este um projecto devia ter primeira
por exemplo, que os athenienses, quando os the- discussão, pois as leis do senado estavão sujP.itas
banos baterão ás portas de Athenas, chegarão a a ter primeira discussão em geral, e só entr•~vão
suspender a execução da lei que votava á infa- logo em segunda discussão quando erão regula-
mia muitos ou a maior parte dos principaes cida- mentares; e ainda neste caso se discutia a ma-
dãos da republica, que havião fugido do inimigo, teria em geral ao mesmo tempo que se discutia
sendo certo que as circumstancias chamadas con- o lo artigo, razão porque entendia que se podia
tingentes mudavão o caracter e educação do povo. fallar sobre a utilidade da lei, sem embargo;:de
Emquanto á suspenilão das representações no estar já em discussão o lo artigo.
theatro, de que se fallára, advertia que em outros Disse mais que o seu desejo seria declarar só
TOMO 2 29
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~26 SESSÃO El\1 8 DE OUTUBRO DE 1831


o seu vóto e deixar á camara votar como qui· e á pronuncia dos réos, parecendo-lhe que a au-
zesse ; mas não o fazia por julgar que seus toridade dos juizes de paz nestes casos era um
deveres não lhe permittião proceder assim ; que despotismo creado por lei, o que não era novo
tinha deixado de fallar na camara para não estor- na sua boca, porque sempre assim fallára desde
var a sua marcha tendo sido tão oucas as vezes ue se discutia a lei dos · uizes de az.
que fallára que não podia ser arguido de haver Notou mais que as injurias verbaes e por ma-
obstado o andamento das cousas neste anno, e nuscripto, segundo o projecto, não ião mais ser
que lhe parecia que até não devêra tornar mais julgadas por jurados, mas por juizes de paz,
á camara, porém como já se achava hoje pre- cujo julgamento não tinha appellnção, se undo o
sen e 1scussao nao e consen 1a seu ever seu regunen o senao em certo caso, e cavão
que deixasse de fallar da lei sendo elle da assim os juizes de paz conhecendo dos crimes
profissão. ou abuso!! da liberdade da imprensa, pois logo
Na opinião delle orador as leis felippinas davão que apparecesse qualquer impresso poderia ir-se
melhores garantias no processo do que as que se procurar o autographo que era necessariament9
propunhão no projecto, cuja barbaridade nunca manuscripto e acabar-se assim com os jurados.
tinha sido igualada. Entendetl. que os senhores Observou que no projecto se tratava de pôr
que não podião ouvir defender a anarchia tinhão penas contra os que injuriassem as guardas mu-
os ouvidos muito delicados; pois o nobre orador nicipaes emquanto exercitassem o seu officio, o
podia ouvir defender o despotismo para ir contra que parecia ser extremamente melindroso, pois
elle, sendo de parecer que a todos dove ser não podia coaceber como estes guardas tinhão
licito defender as matarias e opiniões que quize- medo de uma palavra de algum homem que
. N:>tou mai3 que havia q~em fizesse leis só
para os outros, havendo o Sr. ministro da jus-
tiça actual, e~le e a sua gente votado para que
co digo criminal que hoje regia, e acha vão agora governo de autoridade legislativa : que o governo
má a dita lei por ser muito doee e por isso a de hoje não conh>Jcia constituição, nem se enten-
querião fazer severa, afim de a applicarem aos dia com ella, nem sabia o que era obedecer á lei:
outro . e affirman · ·
Lembrou que elle orador votára contra o co- continuasse no ministerio o Brazil ia soffrer uma
digo penal que fôra approvado na camara por revolução em poucos dias, e que deixaria de vir
uma grande maioria, julgando-se conseguinte- á camara em consequencia do modo porque ella
mente melhor assim ; que elle orador ficára sa- continuava a trabalhar.
tisfeito com o voto que déra; que votaria com·
tudo por muitas cousas do mesmo codigo, apesar O SR. FI<:RREIRA. DA VEIG.l representou que não
de ter fallado contra elle em geral, e hoje que- era na força das paixões que devião discutir-se
nao reformai-o aquelles mesmos que então fizerão leis penaes: que hoje não vinha tratar-se do
com que elle passasse. ministro da justiça, mas do projecto de lei em
Representou que alguns officios do actual Sr. questão, e que se elle orador tivesse de discutir
ministro da justiça lhe parecião insultantes e ácerca do ministro da justiça, ~e era bom ou
violentos, como dando a entender que se querião máo !l}inistro. e se. podia ser substituído por um
x orqmr a camara. me 1 as que aca assem com
a constitl!ição, como se tinha manifestado por
um officio lido na sessão antecedente, em que o
Sr. mi~istro da just~ça req.ueria a ..:mspensão de
'
não se sabia '
hoje em que parte do Brazil esta de ser amigos (muitos apoiados): que podia ter
rebellião existisse. E proseguio da maneira se- defeitos, pois tal é a partilha da humanidade,
guinte: podia ser precipitado em suas deliberações, pensar
Esse ministro hontem mandou um officio di- mesmo singularmente sobre este ou aquelle objecto
zendo que os poderes estavão mal constituídos, havendo cousas contra as quaes o nobre orador
que a legislação não prestava, u codigo criminal já s~ t.inha declarado, e que não approvava; mas
não prestava, o codigo do processo não prestava, era IDJUSto calumniar as iutenções deste ministro,
não prestavão os jurados I... Só esse ministro é homem proprio para tempo de revolução, para
bom I Se fosse rendido por um sapateiro havia aterrar os facciosos que nos querião envolver
este servir melhor de ministro da justiça do que nos horrores da anarchia. (Apoiados geralmente
este homem (grande sussun·o nas galerias: o Sr. n,t camara que foi seguido de applausos e vivas
presidente convidou os espectadores a que se con· das galerias, os. quaes d·w·arllo alguns minutos; e
servassem em silencio.) só cederlto a muttas vozes de ordem p1·oteridos pelo
O desafôro com que este ministro escreve para Sr. p1·esidente e por varios Srs. deputados.)
esta camara, o officio que appareceu impresso, o Restabelecido o silencio, o Sr. presidente, a
desaforo com que insulta á representaçãn na- requerimento de alguns Srs. deputados, leu aos
cional e á propria constituição I Como diz que espectado•·es o artigo do regulamento que lhes
Ol! crimes da imprensa não devem ser julgados prohibe dar signaes de approvação ou desappro-
por jurados I I O governo de hoje do Brazil não vação e que recommenda o silencio com que devem
uer ue ·urados conhe ão dos crimes da im- estar.
prensa, mas que sejão conhecidos pelos juizes de 0 SR. FERREIRA DA VEIGA (continuando) repetia
paz, eslies despotas que a lei creou ha 8 annos, que não era na força das paixões que se devia
e á qual me oppuz aqui, não por ser contrario discutir mataria de tanta transcendencia, nem
á creação dos juizes de paz, que é da constituição questionar sobre a liberdade e segurança indivi-
para os casos de conciliação, porém por ser con- dual de cada um dos cidadãos, não involvendo
trario á parte da lei que fez dos juizes de paz o artigo do p);'ojecto menos do que isto; mas pedia
despotas, sobre projecto deste homem que é mi- que lhe fosse licito continuar por algum tempo
nistro da justiça e que fazia as confusões na na digressão que encetára, porque as proposições
camara, que hoje está fazendo no ministerio. do Sr. Luiz Cavalcanti envolvião a honra, não
Apresentou depois varios argumentos para pro- sõ do nobre orador mas de muitos Srs. deputados:
var que as disposições do projecto erão peiores que o dito Sr. Cavalcanti dissera que no anno
· do que as do codigo felippino, no q_ue respeita á passado o ministro da justiça e sua gente querião
inquirição das testemunhas pelos JUizes de paz, que taes e taes cousas passassem. (Apoiados.) O
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SESSÃO EM 8 DE OUTUBRO DE 1831


nobre orador su~plicou que lhe não dessem apoia· motivo do adio que tinhão contra elle certas
dos e que o detxassem fallar: E proseguio. pessoas, o terem-se apresentado como forte mu-
Ha aqui gente de um individuo, e gente do mi· ralha contra os perturbadores da ordem publica;
nistro da justiça T l l E' por ventura o ministro nem apparecia outra razão por que com tanta.
da justiça che~e de uma fa~ção? E nós somos injustiça .se c~iminavão cidadãos que. sem re~e-
putado não media a latitude das palavras que desde manhã até a noite despresavão seus in-
pronunciou, O nobre deputado fallou sem pensar, teresses proprios, ao mesmo tempo que no exer-
não soube .que por esta maneira injuriaya os se~s cício d~ juizes de. paz ganhavão ini!lligos a odios,
merecem. serviços e. sacriftcios saberião finalmente que na.
Eu não careço do governo para nada, não sou camara dns Srs. deput:.dos, um deputado que se
homem de ningnem, o governo não me fez beneficio intitulava amigo das liberdades publicas, que se
algum, e se quizer fazel-o eu o rejeito. Vendo prezava de ser athleta da liberdade os ultrajava
livros na minha casa e disto recebo uma subsis- por semelhante modo.
tencia honrada. (Muitos apoiados.) Repetio que no projecto havia artigos defeituosog
Continuou fazendo ver que seus collegas esta- que cumpria emendar, porque respiravão despo-
vão nas mesmas circumstancias, e nutrião iguaes tismo e elle se opporia sempre ao despotismo.
sentimentos, que não carecião do Sr. ministro da Toda a vez que o ministro, de quem sou amigo,
justiça, mas apreciavão nelle as suas qualidades; ou por erru de entendimento ou por maldade,
sendo facto que a voz publica de todos os cidadãos, porque os homens são susceptíveis de se corrom-
movido de um só pensamento-o de esca ar ao perem a resentar idéas contra o acto social e
pengo-proc amavao o actua mmts ro da justiça 1 er ude do meu paiz hei de afastar-me de suas
como salvador da patria. (Muitos apoiados.) Bem opiniões.
longe de o considerarem como homem que pro- Quero liberdade constitucional, mas que o go-
movia as revoluções, a massa dos cidadãos ho- verno tenha a força necessaria para não se ver
e amem comprrm1a as orça o a azer-se yranmco ; porque ornar o go-
paixões e sanh11 revoluaionaria que se tinhão verno fraco para não punir os crimes, é querer
manifestado nestes ultimas tempos. que seja arbitraria, porque a necessidade o levará
Accres~entou gue !llle orador estava em Eontacto a isso. Foi a esta extremidade que os francezes
' ' n i içã ai u · i
entretinha em conseqdencia dil seu modo de vida, feitas levarão o governo do directorio, que era
lhe davão occasião a poder fallar com conhecimento fraco e por isso foi obrigado a lançar mão da.
de causa; e por isso não duvid11va affirmar que violencia e rigor. meios que não empregaria se
a massa dos cidadãos hunestos do Rio de Janeiro tivesse leis que lhe prGstassem a força necessaria.
tinha no actual ministro da justiça confiança sem para pór em acção os cidadãos amantes da ordem
limites : e se elle largasse a administração, como contra os facciosos, mas de maneira que est~
o Sr. Luiz Cavalcanti parecia dr.sejar reviveria, força não viesse a oft'ender as liberdadPs publicas.
a facçiio revolucionaria q11e os apresentava com os Concluio que devia ser conservado tudo o que
caracteres do jacobinismo, promettendo armar os fosse garantia de liberdade e de direitos, malil
pobres contra os ricos e investir as propried:1des, ao mesmo tempo era necessario que uma lPgislação
facção em. cujas fileiras and~vão homens illudidos, forte punis~e os culpad?s; que el~e orador queria
cidos, os quaes talvez nos tivessem aniquilado
se não encontrassem o espírito forte e recto do
actual ministro da justiça.
Fez ver ue tão rande ser · r
favor da liberdade legal e ordem interM de nossa O SR. AURELU.No oft'ereceu uma emenda ao
patria devlãc fazer com que se lançasse um véo a1·tigo, que o livraria das objecções que se lhe
sobre alguns erros que pudesse ter commettido tinhão feito sem comtudo destruit· o seu objecto
o Sr. ministro da justica, cuja pr<lbidade, e a qual era concebida por esta fôrma.
honra de caracter que tinha apresentado na legis-
latura não podia ser manchada, não havendo que « Nos crimes publicas se procederá ex-offtcio,
imputar-lhe a menor corrupção (muitos apoiados), inquirindo de 10 até 12 testemunhas no perempto rio
sendo antes sempre temido pelos despostas pela termo de 15 dias, que todavia poderá ser ampliado
firmeza de caracter e virtudes que sempro man- até um mez, quando niio se possa concluir
teve. neste prazo. ))
Quanto á expressão do Sr. Luiz Cavalcanti de E disso: que se levantára para destruir uma as-
haver o Sr. ministro da justiça officiado com serção que se fizera n respeito da adopção do codigo
desafóro, advertia que se o ministro tinha obri- criminal, o qual se tinha dito que o ministro da jus-
gacão de respeitnr aos membros do corpo legis· tiça com a sua gente fizera passar naquella camara;
!ativo, os Srs. deputados a tinhão tambem de pois elle orador em apoio da verdade era obrigado
conservar a decencia, e gravidade a que os a dizer que quando passou o co digo críminnl na ca-
convidava a mesma inviolabilidade de que se mara estava em S. Paulo o actual ministro da justiça,
achavão revestidos; pois já que não podião res- que havia pedido e alcançado licença e tinha
ponder diante da lei, responderião diante da partido para lá: que era obrigado a referir mais,
opinião publica, ~umprindo d~r exemplo de moral q~e. conversa!J.dO. depois em S. Paulo COII} o dito

se dizia que uma autoridade havia officlado com o seu desgosto por haver 'passado o referido co-
desafóro. digo criminal, em razão de o julgar insufliclente
Quanto a serem os juizes de paz despotas le: para certos delictos, havendo até de algum modo
gaes, declarou que não sabia o que significava censurado o nobre orador, por ter sido um dos
ser despota legal, nem o que era despotismo que votarão a favor do codlgo: o que tudo cum-
legal; pois as palavras despotismo e legalidade pria que elle confessasse em abono do ministro
se excluião uma á outra: ponderou que a camara da justiça contra a imputação que se lhe fizera.
e todo o mundo sabia bem que os juizes de Quanto aos defeitos do codígo, declarou que erão
paz não tinhão sido despotas, antes havião sido conhecidos por todo3, tendo assentado os Srs.
firme barreira contra a anarchia e contra aquelles deputados na occasião em que elle passC!u, que
que se a.proveitavão da anarchia, assassinando, seria melhor do que a ordenacão do llv. 5o ;
roubando as propriedades; e que era talvez o assim como hoje se assentava que era melhor
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228 SESSÃO EM ~ DE OUTUBRO DE 1831


que passasse o codigo do processo, do que deixal-o querião tanto, isto é, não querião acabar com
ficar na fórma em que estava ; porque o processo a tropa, o que talvez fosse conveniente, questão
de querella e devassa que tínhamos era o mais em que elle orador não entrava.
barbaro e inquisitorio possível. Depois de mais algumas reflexões fechou-se a.
O SR. LUIZ CAVALCANTI disse que discussã~ so~re o artigo, e . posta á votos a
em c e e ou comman an e, nem pre en era es-
candalisar a pessoa alguma não se envergonhando
elle orador de pertencer a alguma gente, assim
como julgava que ninguem disso se envergo-
n anr..
Quanto a dizer-se que não estava em discussão
o ministro da justiça, respondeu: que segundo
alie entendia o governo estava sempre em discussão
pelo estylo da casa; podendq comtudo acontecer
que o regimento da casa neste anno não fosse
o mesmo que o do anno passado, quando se fallava
contra o governo a todos os momentos, emquanto
neste anno o governo é que podia insultar a
camara, mas não a camara ao governo, sem em·
bargo de que na sua opinião deixava de haver
r~ciprocidade a este respeito entre as duas auto-

o exemplo de. todas as nações.


Em lugar de entender que o actual ministro
da justiça era sa~vador da patria, pare?i~lhe ·que
tinha suscitado, armando uma parte da população Do· Sr. Mello Mattos:
contra outra parte, espalhando a sizania para « NfJ ar~. 2•, diga-se: - pelos juizes de paz
que uma parte fizesse guerra á outra, afim de cumulativamente com os mais juizes criminaes,
se fazer necessario, pelo que tinha armado bra- segundu os arts. 8• e 9• da resolução de 6 de
zileiros contra brazileiros, soprando a discordia Junho do presente anno. »
e a dhisão entre os diversos brazileiros. Não foi apoiada a suppressão do artigo, pro-
Emquanto á reflexão que se fez de que os posta pelo Sr. Castro Alves. · ·
juizes de paz erão talvez odiados porque se Finda a discussão foi approvado o artigo,
tinhão opposto á facção revolucionaria da faca salvas as emendas, e destas as dos Srs. Moura
e punhal, declarou que fazia ao Sr. Evaristo a e Mello Mattos, regeitada a do Sr. An.drada.
justiça de SUjlpôr que não quizera applicar-~he « Art. 3. 0 O uso de p~stola, bacamarte, faca

erão despotas pela lei e pela pouca intelligencia prohibidas. »


que tinhão de legislação, não se podendo admittir Ofl:'erecerão-se as seguintes emendas, que forão
o dizer-se que o despotismo e a legalidade se apoiadas:
chocão e se destróem uma á outra, porque po· Do Sr. Carneiro da Cunha:
dião haver leis vexatorias, as quaes em direito << Nas penas impostas sobre as armas prohi-
Se dava o nome de leis dtlspoticas, e por isso bidas, diga-se - pena de prisão com trabalho
era possivel haver despotismo legal, e era inne- por 3 a 9 mezes, duplicando-se na reincidencia. »
gavel que os legisladores tinhão obrigação de Do Sr. Ferreira da Veiga:
vêr se havião leis destas e de propór a sua « Supprima-se a palavra- mais. ))
annullação, pois quando elles não olhavão para Do Sr. Paraiso:
o interessa e felicidade dos povos derogando « Em lugar das palavras - ou qualquer ins·
taes leis, o povo tomava a seu cargo o livrar-se trumento perfurante, - diga-se - ou qualquer
dellas. outro de igual natureza.J>
Fez vêr mais que em um governo constitu- Do Sr. Xavier de Carvalho:
cioual os poderes não estavão ligados ás pessoas, « Depois da palavra - perfurante - accrescen-
podendo sustentar-se o poder sem sustentar te-se- nas povoações, não se passando em jor-
algúma das pessoas que o exercitão, a qual podia nada. 1>
ser mudada sem que o poder deixasse de con- Do Sr. Mello Mnttos:
servar·se igualmente em todo o seu vigor, e fallar « Diga-se- o uso sem licença. »
contra um min~stro era diminuir a for.ça e vigor Foi ap rovado o artigo com as emendas
, . e err i a eiga, sen o
ministro algum, cumprindo em tt\1 caso rasgar a. regeitadas as outras.
lei da responsabilidade dos ministros e acabar « Art. 4. • As penas impostas aos vadios no
com ella. art. 295 do codigo, fi.cão elevadas de 1 a 6 mezes
Disse mais que a camara nenhuma força tinha de prisão com trabalho e o duplo na reinei-
tirado ao governo, não tendo passado lei alguma dencia. J>
que tirasse esta força, havendo-se antes decre-
tado 10,000 homens de tropa, como no anno
o SR. PARA.Iso propoz a. suppressão do ar-
passado, dizendo-se nessa occasião que os que tigo.
querião diminuir este numero pretendião tirar ·r· O sR.. AuRELIANO ofl:'ereceu emenda para se dizer
a força ao governo, emquanto hoje se via que
o mesmo governo estava diminuindo a tropa,
quando o.s que propunhão a sua diminuição não
I
3 mezes em lugar de 6 mezes.
O SR. VEIGA apresentou por emenda:
« As penas impostas aos vadios pelo art. 295
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:37 - Página 1 de 1

SESSÃO EM 10 DE OlJTUBRO DE 1831 229


do codigo, serão duplicadas nas reincidencias. >> Cyriaco Cypriano Claro, que pede o lugar de
Afinal foi approvado o artigo e rejeitadas as continuo desta augusta· camara.
emendas. Requerendo-se urgencia para se discutirem as
Entrou em discussão o art. 5•: emendas do senado sobre o projecto que fixa
(( ;A-rt. 5.o o~ juize~ de paz processar_áõ sum- os ordenados dos officlaes das secretarias da
· , ão se venceu,

seus agentes, ou contra particulares. » dencias tinha dado a respeito dos acontecimentos
Offerecerão-se as emendas seguintes, que forão de Pernambuco.
apoiadas: Forão approvados os seguintes pareceres:
Do Sr. Moura: Da commissão de pensões e orden~dos, sobre
cc As offensas physicas leves, as injurias e a indemnisação que pretendia Ignacio Alvares
calumnias não impressas, as ameaças, serão Pinto de Almeida, pela abolição de seu officio
reputadas crimes políciaes e como taes proces- de corrector da fazenda, de que tinha proprie-
sados; e isto, ou ellas sejão dirigidas contra as dade. -A commissão observa que este negocio
autoridades publicas e seús agentes, ou contra já foi decidido com approvação da carnara ao
particulares.» parecer della em sessão de 22 de Julho do cor-
Do Sr. Mello Mattos: rente a uno, e que portanto nada mais ha de
cc Em lu ar dos arts. 5o 6o 7o So e go ue se deferir.
deveráõ supprimir, substit.ua-se o seguinte artigo: Da commissão de guerra, sobre o requeri-
-S~rão processados e julgados como crimes poli- mento de Carlos Ferdinand, boticario que foi
cines os feriment••s simples marcados no art. 201 da armada nacional, o qual pede ser incluído na
do codigu crllninal, a:o off~nsas h ~icas dirigidas resolução que mandou dar passa em ara a sua
con ra as auton• a es pu 1cas, ass1m como Boi pa r1a aos o c1aes estrangeiros man a os v1r
resistencias feitas ás guardas municipaes, ou a para o serviço de> Brazil. - A commissão julga
quaesquer outras no exercício de sU•IS obriga- que deve ser indeferido o requerimento, porque
ções, serão punidos com as penas dos arta. 116, o supplicante não é oflicial do corpo.
, . , e o co igo cnmma . »
Finda a discussão, approvou-se a emenda do ORDEM DO DIA
Sr. Mello Mattos, salva a redacção ; ficou pre-
judicada a do Sr. Maria de Moura e suppri-
midus os arts. 5o, 6o, 7°, 8o, 9• e 10, este ultimo Continuou a discussão do projecto de lei vindo
por estar <Jomprehendido na votação. do senado, reformando alguns artigos do codigo
Dando a hora e não se vencendo a prorogação penal.
pedida, o Sr. presidonte designou para a ordem cc Art. 11. Nos crimes policiaes e nos que
do dia 10: Continuação da discussão adiada. Con- são processados politic>\mente em virtude desta
tinuação da 2a discussão do projecto de lei sobre lei não se concederáõ seguros nem fianç •s. >>
a reforma da constituição. O SR. CASTRO ALVES propoz a suppressão do
Levantou-se a sessão ás 3 horas. artigo.
O SR. REZENDE offereceu como emenda:
cc Supprima-se a palavra - fianças. >>
O ~R. Fn:RR.ti:IRA. DA VEIGA apresentou a emenda
a Nos crimes mencionados nos arts. 1•, 3o e
PRI!:SIDENCIA DO SR. ALENCAR 4•, não se concederáõ cartas de seguro nem
fianças. >>
Lida e approvada a acta, leu o Sr. 11• secre- O SR. PRESIDENTE propoz que se interrowpesse
tario os officios seguintes: a discussão para se ler um offi.cio do mluistro
Do Sr. ministro da justiça, participando que dos negocios do imperio; e annuindo a isso a
a ilha das Oobr!ll:l fóra atRcada e a fortaleza carnara, leu-se o ofiicio, o qual reftlrindo-se a
escalada á vivo. força, sendo presos os rebeldes. outro de 22 de Julho proximo preterito, pedia
- Ficou a camara inteirHda, não passando a deeisão sobre considerar-se ou não de festividade
idóa do ir ás commh1,;ões de constituição e jus· nacional o dia 12 de Outubro.
tica criminal, segundo se pedlo. Julgada urgente a materil\ do officio, entrou em
D" secretnrio do seuado, participando que discussão a resolução proposta a tal respeito pela
squella camara suspendêra a sessão permanente, commis8ãO de constituição ; e depois de approvados
tondo resolvido continuai-a quando lho seja re- os seus artig•>s, foi mandada á commisslio de re-
mottida algnllla modicla UJ'gAnte. dacção, ven<lendo-se que depois de approvada a
Hect,hAIHIIl cum osp~<cial agrarlo o ofiicio do .redacçáo se mandasse a resolução para o senado
vice-prosidenle da província dtl Goyaz, em que sem dependencia da app~ovaçãu da acta:. .
dá part0 que tem tomado conta do governo Continuando a mater1a em discussao, fol
daquel\a província, e qutl tanto e~le como os approva•io o artigo com a emenda do Sr. Re-
habittmtes da província estavào dec1didos a sus- n f rão re eitadas as outras duas.
en 'll' o s Entrou em discussão o art. 12:
rege. « Art. 12. O governo fica autorísado para
Foi á commissão de justiça criminal um ofiicio suspender as posturas e deliberações da policía
com documentos do mesmo vice-presidente, rela- das camaras municipaes, e substituir tempora-
tando os acontecimentos que tiverão lugar riamente por outras qut~ achar convenientes para
naquella província no dia 14 de Agosto, quanto estabelecer ou firmar a tranquillidade. »
á demissão do presidente do governo e mais factos
que menciona. O SR. REZENDE prnpoz a suppressão do artigo,
Foi á Ia commissão de fazenda o rGquerimento e foi approvada, fin~a a ~iscussão. . _
e documentos do cabido da Sé do Pará, em que Concluída a 2a dtscussao deste proJecto, fo1
se queixa da junta da fazenda daquella pro- remettido á commissão de justiça criminal afim
víncia. de o redigir para a aa discussão.
Jfoi á commissão de policia· o requerimento de Approvou.-se a redacQão da resolu.ção sobre os
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:41 - Página 1 de 1

230 SESSÃO EM 11 DE OUTUBRO DE 1831


dias de festividade nacional, e mandou-se para rimento de Jacintho Hyppolito Guion, em que
o senado. pede ser reintegrado no posto de tenente-coronel,
Continuou- se com a 2• discussão do projecto de que fóra demittido em virtude do decreto de
da reforma de constituição com as emendas 6 de Maio prox:imo passado.
apoiadas. A' commissiio de justiça criminal o de Anna
Joa uina do · · · ·
receu a emenda seguinte : de paz da freguezia
<< Proponho que a camara dE<cida primeiro se
Praia Grande.
podem offerecer-se emendas ás propostas sobre O SR. CASTRO ALVES mandou á meaa. d~us
reforma d constitu· ã
podem ser de tal fórma concebidas que envolvão de constituição e justiça criminal. E assim se
mataria nova. » venceu.
Posta ã votos esta indicação depois da breve_~ Forão approvados os pareceres seguintes :
reflexões decidio a camara a:ffirmativamente a Das commissões de constituição e justiça
primeira parte, e negativamente a segunda criminal sobre o officio do ministro da justiça,
parte. no qual em resposta ã recommendação feita pela
Dando a hora, ficou a mataria adiada. camara, para que propuzesse as providencias que
O Sa. PRESIDENTE deu para ordem do dia 11: julgasse nocessarias para a segurança publica,
Continuação da mesma discussão, Emendas do diz que nas circumstancias presentes, não tendo
senado á resolução sobre os officiaes das se- o governo força alguma de confiança pArmanente
cretarias de estado. Resolução n. 217 approvando como ha muito tempo requereu, não passando
a ensão da i va · · · no senado a ro osta de um
a aposentadoria de Elias Vidigal, que a camara para serem considerados certos crimes como po-
dispensou da impressão. liciaes e como taes processados ; não tendo sido
Levantou-se a sessão depois das 3 htlras. até agora approvado o projecto vindo do mesmo
senado sobre estas medidas ur entes se rs ·
o governo que so a inteira concessão do que
lembra o art. 179 Si ::!5 da constituição, compre-
hendendo-se a attribuição de lançar mão de todas
SessAo em t. t. de Outubro as medidas de precaução que a ur encia das
i 1s anmas exigir, po er sa var o estado.
PRESIDENCIA. DO SR. ALENCAR
As commissões considerando que o citado paragra-
pho da constituição só permitte que se dispensem
Depois de approvada a acta, lerão ·Se os officios por tempo determinado algumas das formalidades
seguintes : que garantem a liberdade individual pedindo-o a
Do ministro da fazenda remettendo um officio segurança do estado, e nos casos de rebellião e
da junta do Maranhão, relativo á creação da mesa invasão do inimigo, observando qne estes dou·s
de diversas rendas, conforme o disposto na lei unicos casos em que estas medidas podem ter
de 15 de Dezembro do anno passado.-A' 1• c.om- lugar, e com clausulas expressas no dito para-
missão de fazenda. grapho, felizmente não consta que existão entre
Do mesmo ministro acompanhando o requeri· nós; ponderando que a attribuição (de que tambam
mento dos emrregados na commissão de exame fall~ o ministro) à~ lançar mão de_ todas !!S
das contas da caix:n de Londres, relativamente á
· - se es eve ar 1 rar con orme a
lei de 4 de Dezembro passado.- A' mesma com-
missão de fazenda.
Do ministro do imperio remettendo o quadro
· 1m e e pr1me1ras giosamente a constituição, em virtu<le da qual
letras, pertencente á província do Espírito Santo, existem ; não podem deixar de estranhar que não
com declaração das vagas e providas, e as vinte vindo o ministro fazor curialmente a proposta
e urna cópias relativas ao mesmo quadro.- A' de nenhuma das medidas que dissera poderia
commissão de instrucção publica. propór, ouse indicar providencias inconstitucio-
Do secretario do senado participnndo, em res- naes e puramente arbitrarias ; e são por isso de
posta ao o:fficio de 7 do corrente, que na futura parecer que essas medidas que o ministro indica
sessão se communicará o dia e hora para ser na conclusão de seu dito o:fficio devem ser regei·
recebida a com missão especaal. - A's commissões tadns.
de constituição e justiça criminal a requerimento Da commissão de instrucção publica sobre o
do Sr. Getulio. requerimento remettido pelo ministro dos negocias
Do mesmo secret1uio do senado, participando do imperio de José Alves Pitangueira, que pede
·quo o senado adaptou a emenda feita por esta ser confirmado na cadeira de grammatica latina
camara ao projecto de lei gue autorisa a creação da villa do Lagarto na provincia de Sergipe, e
de guardas municipaes voluntarias a pé e a ca· porque não compete á assemblé:l gerul, mas sim
valio; o vai dirigil-o á sancção imperial em ao governo a approvação de tfles provimentos
fórma de decreto; assim cumo que o senado ada- conforme o decreto de 15 de Novembro de 1827,
ptou, e vai dirigir tambem á sancção imperial duas é de parecer que se lhe envie o mesmo requeri-
rPsoluções desta camara : uma autorisando o mente afim de ser executada a lei já referida.
governo para mandar passar carta de naturalí-
sa ão ao bri >~deiro P Da commissã f
vando a pensão concedida pelo governo a D. da junta da caixa de amortisação remettida pelo
Ignacia Emília de Castro Borges Leal. ministro da fazenda, em a qual se ex:punhão as
Do mesmo secretario ri'Jmettendo as emendas razões que obstavão á execução da lei de 8
do senado feitas á resolução :remettida desta de Junho do corrente anuo que mandou recolher
camara, e tomada sobre outra do conselho geral áquella estação o cofre dos depositas publicas.
da província do Rio Grande de S. Pedro do Sul, A commissão é de parecer que o ministro faça
que dividio em 3 freguezias, a da Madre de Deos exet:utar a lei como lhe cumpre, admittindo depois
da capital daquella província. deste primeiro passo as expandidas razões, que,
Pedindo o Sr. Duarte e Silva dispensa da im· referindo-se apenas aos meios praticas de um
pressão, assim se decidio e ficou para entrar na methodo expediente, não podião tolher o cumpri-
ordem dos trabalhos. mento do objecto principal e de transcendente
Foi remettido á commissão de guerra o reque- interesse publico, qual é o de pôr em boa ar-
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:53 - Página 1 de 2

SESSÃO EM 12 DE OUTUBRO DE 1831 231


recadação e cautela aquelle interessante cofre. << Art. 1.• As eleições para representantes da
Parece-lhe pois, que se responda ao ministro nação brazileira serão feitas no ultimo anno de
que faça cumprir com toda a brevidade á citada cada legislatura.
lei, procedendo desde já ao balanço e contagem « Art. 2. o Na primeira oitava da Pascoa da
das somma~ existentes em caixa ara de ois es . - . -
ser este conferido com o resultado do ex.ame dos mesas paroehiaes para a aceitação e mais pro·
livros respectivos. cessos das listas dos eleitores primarias.
Das commissões de constituição e commercio « Art. 3. • Em observancia do que fica ordenado
sobre o requerimento do padre José Luiz da elo 1• e 2• arti os d~sta resolu ão serão enten-
un a as os, o qua cou a 1a o por se pedir didos e observados os paragraphos do artigo das
a palavra, não se julgando objecto de deliberação instrucções e leis relativas.»
a resolução apresentada em voto separado de um Pedida e apoiada a urgencía para entrar em
dos membros. diicussão, não passou, vencendo-se que fosse ás
commissões do constituição e especial de elei·
ORDEM DO DIA. ções.
Approvou-se o parecer da commissão sobre a
Continuou a discussão da la pr<>postçao do resposta dada pelo ministro da guerra aos quesitos
projecto da reforma d~ constituição, apresentado de qual seria a força existente depois de dadas
pelo Sr. Miranda Ribeiro, substituindo o da com· as baixas, e qual aquella que seria necessaria
missão ; e posta á votação foi approvada. para defeza do imperio; no qual parecer diz a
- .
Entraudo em discussão e. sendo postas á votacão
,..,.
co~missão que á vis~a do máo estado de disc!·
'
7•, 8•, 9", 10•, 11•, forão igualmente ' approvadas,
, ' ' mentos occorridos em differentes províncias do
sendo regeitada a emeuda proposta e assignada imperio, nenhuma resolução por ora se de-ve
pelos Srs. Ernesto Ferreira França, :âlves Branco
,. o
tomar.
Foi approvada a emenda e artigo additivo do das commissões ecclesiastica, e de pen~ões e or·
Sr. Maria do Amaral. danados· sobre o requerimento assignado por 24
Dada a hora, e suscitando-se a questão, se as musicas.
utr s r o · - e a · A
da constituicão estavão ou não imprimir, depois de ser julgada objecto de deli-
ainda adiada a materia. beração a resolução offerecida pela commissão
O Sa. PRESIDENTE deu para ordem do dia 12 : encarregada dcl examinar os trabalhos da liqui-
Contiuuação da mesma discussão. Resolução n. daç§:o da caixa de Londres :
133 do anno passado sobre José Teixeira Chaves. « A commissão entende que os trabalhos apre-
Parecer impresso debnixo do n. 229 sobre Lou· sentados á camara têm sido dirigidos com a
renço Antonio do Rego. Projecto approvado no regularidade conveniente a taes liquidações ; de-
senado restaurando a antiga villa de Itamaracá duzindo porém dos documentos que as acompanhão
na província de Pernambuco, que a camara dis· ter havido abuso da parte de differentes minis·
pensou de impressão. tros de estado da repartição da fazenda nas ordens
Leva . tou·se a sessão ás 3 horas. transmittidas para despezas por nquella caixa,
que não tinhão autor!sação legal, requer que se
requtsl em o governo o os os ocumen os o -
ciaes, pelos quans deva fazer-se effectiva a res-
ponsabilidade de taes ministros, devendo estes
llesaão em f~ de Ou.tubro d.oc.umentos s~r trans~ittido~ á .camara .no prin·
PRESIDENOU. DO !IR. ALENCAR a conti~uaci'ío do p~ocesso da liquidação, ainda
quaudo ella não seJa ultimada. Outrosim, a com·
Depois de nppro-vada a acta lerão-se os oílicios miss1io em observancia do art. 3• da lei da creação
seguintes: da com missão liquidado, propõe a resolução se-
Du minlst~o da justiça remotlondo o onlcio do guinte :
chanceller da casa da supplicaçiio, om quo podo << Arti~o unico. - O ministro da fazenda poderá
declarações no decreto de 9 ue Novembro de 1830. nrhitt·ar umfl !(rutillcaçiio mensal, não excedente a
-A' commissüo de justiça <:i vil. ~WOH, piH'n cada membro da commissii.o de liqui·
Do ministro da fazenda, remettondo a infor· daçiio das cont1\S da caixa da legação de Londres,
maç1io do juiz da alfandog•l sobro o roquerlmonto cont•mdo-so o seu vencimento desde o dia que
de alguns gual'das da mesma nlfandegn. ontmnio um exorcicio os mem brc,s da mesma
Do secretario do sonario, participtmdo quo o coJnmissilo ; o e~ta despoza sorá comprehendida
senado adaptou o vai dirigir (l sancçiio as seguintas nn>~ oxtraordinaritlB que foriio votadad pam are·
resoluções : uma tomada sobre a do consulho partiçiio da fazond1l, ficando reservada á assem-
geral da província de Sorgiptl, removendo a vil la blóu gorai quulquer out.ra _remuneração dos tra-
de Santa Luzia do Rio R•ml para a povoaçi'io da balhos da mesma comnussao. 1>
Estnncia . duas tomadas sobre a do consellw gor!ll Foi rejeitado o parecer dll commissão de pensões
da província da Bahia, das quaes uma erige om e ordenados, para que não 1:1e approvasse a apo-
-villa o julgado de Jorumenha, e outro eleva a sentadoria concedida a Joaquim José Ferreira
villas a'! povoaçõe~ de Nazar.eth das Farinhas Chaves almoxarife ue foi dos armazena da ma-
a a e . rinha.
marca como dias de festividade nacional em todo Julgou-se objecto de deliberação, e dispensou-
o imperio os de 7 de Abril e 2 de Dezembro, se da impressão uma resolução a fllVO! de p.
e supprime o dia 12 de Outubro. Anna Maria de Jesus, a qual entrou em d1scussao,
A commissão de justiça criminal apresentou pedida e vencida a urgencia ; e foi afinal appro-
redigidas para 3a discussão as emendas appro· vada com a emenda do Sr. Duarte Silva para
vadas por esta camara ao projecto de lei vindo "qua se désse á supplicante metade do soldo que
do senado, reformando alguns ~<rtigos do codigo percebia seu finado marido.
penal.
Forão a imprimir. PRIMEIRA. PARTE DA. ORDEM DO DIA
O SB~ CASTRO ALvEs mandou á mesa o se-
guinte projecto: Julgada finda a 2a discussão do projecto de lei
« A assem bléa geral legislativa rt1!3ol ve : sobre a reforma da constituição, o Sr. Ferreira
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SESSÃO EM 12 DE OUTUBRO OE 1831


da Veiga pedio urgencia, e venceu-se que en- Sessão em 13 de Outubro
trasse em 3a discussão.
O SR. FERREIRA FaANQA. mandou á mesa as PRESIDENOIA DO SR. ALENCAR
seguiutes emendas : . Depois de a rovada a acla lerão-se os officios
o 1
que faça a sua constituição particular.
,, 2. o Supprima-se a proposição 9a que trata de
rendas e impostos. 11
ão forão a viadas. o míms ro a azen a pe m o a ec sao com
Julgada find!i a 3• d~scussão, fo~ a~optado o a brevidade possível, a respeito das machinas de
projecto de lei e remettido à comm1ssao de ra- cunhar, encommendadas pelo g.,verno. - Remet-
dacção. tido á commissão a que está affecto este ne-
Passou-se á gocio.
SEGUNDA PARTE DA ORDEM DO DIA . Do mesmo ministro pedindo que se lhe faça
a remessa dos differentes offi.cios e documentos
Entrou em discussão a resolução n. 217 appro- sobre a legação de Londres, reliltivos a negocios
vando e elevando a 600fi a pensão de 400S concedida com Portugal. - Mandarão-se restituir.
pelo governo a D. Escola,;tica Angelica Vareiro, Do mesmo ministro pedindo tambem os offi.cios
vi uva do conselheiro João José Rodrigues Vareiro. da junta da fazenda da provincia de Minas de 6
Finda a discus~ão, e rejeitada a resolução tal d_e Novembro, e o da admin~stração da caixa fi.
, o " · ...o e ;
assim a resolução, foi á commissào de redacção.
TERCEIRA PARTE DA ORDEM DO DIA
Entrarão em discussão, cada uma por sua vez,
'
solteiras e mãis dos officiaes fallecidos. - ' A im·
e forão approvadas as emendas do senado á re- primir.
solução que marca os vencimentos dos o~ciaes Deu-se destino a varios requerimentos.
Leu-se d - ·
. . .. ' constituição, e não se yencendo que ficasse sobre
a resolução á commissão de redacção. a mesa até o dia seguinte, como se requereu,
QUARTA PARTE DA ORDEM DO DIA foi approvado com uma emenda do Sr. Pinto
Chichorro, o qual, assim como toda a mais re·
Entrou em discussão a resolução npprovando dacção, se mandou remetter para o senado.
a aposentadoria de Elias Aniceto Martins Vidigal ORDEM DO DIA
com o ordenado de 1:200S do lugar que servio
de contador geral do thesouro publico.
Julgada finda a discussão, foi rP.jeitada a re- Entrou em la discussão, e ficou para 2• a pro·
solução ; vencendo-se, a requerimento do Sr. Mon· posição sob n. 102, ácerca de reformas da con-
tezuma, que se ratificasse a votação; procedeu-se stituição.
a esta novamente a rovou-se e do tou-se a
resolução que foi remettida á commissão de re· '
propóz que ia officiar ao governo para pedir dia'
dacção e llora para o encerramento da sessão, no que
Passou-se á a camara
. conveio..
mediata o ministro do impGrio, foi introduzido
Entrou em discussão a resolução n. 13~ do anno e entrou em 1• discussão a proposta do goverM
pasGado sobre a aposentadoria com o ordenado por sobre a estrada de Minas, chamada da- Policia.
inteiro de Joaquim José Ferreira Chaves, alma· Pedindo-se o adiamento desta mataria, e sendo
xarife que foi dos armazena do arsenal da ma- apoiad>\ não se venceu afinal.
rinha desta córte. Ooncluida a 1• discussil", um Sr. deputado
Afinal foi rejeitada a aposentadoria com o or- pedio urgencia para entrar já a proposta em 2a
denado por inteiro 1 e approvada a do metade discuHsiio, e sendo approvada , leu-ae, e entrou
do ordenado concoaido pelo governo. om discussão o Srlguinte:
Entrou em discussão o foi approva<la a roAO· " Art. 1. • Que o gov,;rno seja dispensado de
lução vinda do senado, para se rostnurur a villn propôr por empreza o melhoramento da estrada
de Itamaracá nn província do llornumbuco. do Minas chamada da Policia, o a abertura da
Passou-se á ultltnn parte da ordom do din, e rnmilicaçiio dunominad>l de Santa Anna, cujo
entrou em discussão o parecer i111prosHo sob n. 22\J, trilho ja se acha aberto, attenta a proximidade
ácerca do requerimento do Louronco Antonio do da t3stacuo chuvosa e a urgencia da obra. 11
Rego e Manoel Martins Vieira. E como dés51e a O !:JR. CAsTRo ALVES apresentou a emenda
hora, ficou a discussão adiada. seguinte, a qual foi apoiada:
O SR. PRESIDENTE deu para ordem do dia 13 « Que o poder executivo fique autorisndo a fazer
de Outubro. 1• discussão da proposição sobre desde já a estrada po~ administração; e a todo
reforma de constitui ão sob n. 102: I• discussão
a proposta o governo sobre a. estrada da Po- queirão tomar por em preza no todo ou em parte
licia sob n. 212, quando chegar o ministro do com elles possa contractar-se a todo o tempo. »
lmperio. Continuação da 2• discussão do projecto Afinal foi approvado o artigo, salva a emenda
de lei vindo ·do senado, ácerca do contrabando que tambem foi approvada.
de escravos, sob n. 83. Emendas do senado á « Art. 2.• Que concertada a estrada e aberta a
resolução desta camara, explicaudo o art. 10 da ramificação, sou entretenimento e boa conservação
lei de 24 de Novembro de 1830, impressa soQ. seja incumbida ás camaras municipaes dos dis-
n. 244. 2.• discussão do projecto de lei, vindo trictos por onde ellas passare.m, cada uma na parte
do senado, marcando o ordenado dos juizes do que lhe competir. »
crime desta côrte, e dispensando de impressão. Foi supprimido.
Continuação da discussão hoje adiada do projecto « Art. 3. o Que para isso se dê ao governo um
n. 229. credito supplementar de 4:000S mensaes )>
Levantou-se a sessão ás 3 horas. Foi supprimido.
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SESSlO EM 14 DE OUTUBRO DE 1831 233


Pas~ol!:"se a ~iseutir o art. 2o proposto pela secretarias de estado. 4•, approvaodo a aposenta-
comm1ssao na forma seguinte : doria concedida a Elias Aniceto Martins Vidigal :
« O governo fica autorisado a applicar a venda e 5 8 , restaurando a antiga villa de Itamaracá.
conectada no rio Parahyba, nas estradas do Mar
O Sn. CosTA FERREIRA. apresentou o seguinte
. . . -
de H!ilspanha, Estrella, Commercio Policia Ro-
, .' - re uerimento ue foi a ro ado :
da estrada de Santa Anna. » « ~equeiro que se peça ao governo por cópia o
offic10 do ex-ministro plsnipotenciario junto á
O Sn. MoNTEZUMA propõz como emenda : cõrte de Frnnça, o marquez de Resende, remet-
<t Qu~ para. o come9o já desta obra seja o minis- tido de Cherbur o em data de 17 de Junho assado
er no esouro e o e o anno corrente datado em
o m?ntante de 4:000$ mensaes durante 3 mezes. >> Londres.
Fo1 approvado tanto o artigo como a emenda. Leu-se o seguinte parecer sobre o requerimento
Dada a hora ficou a mataria adiada. de Francisco Antonio de Oliveira.
O . Sn. ~RESIDENTE deu para ordem do dia 14 : cc A commissão de pensões e ordenados depois
3• d1scussao do projecto vindo do senado para de bem examinar os documentos juntos que derão
reforma do co~igo penal, com as emendas appro- lugar ao decreto de 20 de Março de 1830, não
vadas na 2• dis?u..:~sào. 1• discussão do projecto póde deixar de lamentar a falta de equidade,
de lei sobre pnsoes, sob o n. 226. Resolução n. se não de justiça com que o governo encarou os
76. do anuo de _1829 sobre o hospital de Paraty. relev&.ntes serviços prestados por um subdito bra-
Dita. sob _n. 2o8 ácerca dos orphãos da Bahia. zileiro que sendo negociante abastado, hoje, por
Contmuaçao da ordem do dia dada para hoje,
, i is ro, a con 1-
- .
esses seus serviços, está. . reduzido a mendigar -o
(';

nuação da 2• discussão da proposta adiada. dados de pensão não podem ' chegar para sua
Levantou-se a sessão depois das 3 horas. subsistencia: e diz o agraciado que apezar da
sua penur!a lhe será mai~ a~roso renu?cil!-r a elle~

Sessão em t.4 de Outubro

responde a 3:200$ por parecer á commissão mui


De_Pois de a pprovada a acta, lerão-se os officios razoavel para a fazenda e de muita vantagem
segumtes : ao agraciado que com este capital começaria a
Do ministro do imperio remettendo um offi.cio sua vida commercial, levantando-o assim a nação,
do ex-presidente da província do Pará acompa- por cujo respeito cahira, e tornando-se outra vez
nhando a cópia de um artigo da acta 'da sessão util ao estado. Mas não sendo isto possível pelo
do conselho do governo da masma província, em apuro das nossas finanças propõe que seja ele-
que resolveu arbitrar o ordenado de 400$ aos vada a pensão ao duplo por meio da seg11inte
prof~ssores de latim dos bairros da Campina e resolução:
da cidade.- Remettido á commissão de pensões << A r.ssembléa geral legislativa resolve:
e ordenados. cc Ar ti o unico.- Fica approvada a pensão con-
Dom • • • o • •

ex-presidente da província do Pará, acompa-


nhando o requerimento do padre Antonio Joaquim
Gomes, professor publico de primeiras letras do ·
bairro da Cam ina e <>
ordenado, e a cópia da acta do conselho do go- Foi approvado o parecer seguinte:
verno sobre o mesmo objecto. -A' commissão cc A co mmissão espevial do banco vi o a repre-
de pensões e ordAnados. sentação do inspector da caixa da amortisação
Do mesmo ministro satisf<1zendo ás informações remettida a esta camara pelo ministro da fazenda,
que se lhe pedirão em 11 do corrente, sobre os em a qual pedo que se mande verificar as notas
acontecimell.J;os que ultimamente tiverão lugar velhas compradas com os metaes do banco, assim
em Pernambuco.- A' secretaria. como as sobras que existem naqut•lla caixa o
Do ministro da marinha reenviaudo o reque- que se mandúriio inutilisar; por isso dependendo
rimento do capitão-tenente da armada nacional, deste exame para serem queimadas, ello se tornará
Jorge Brow, e satisfazendo ás informações que diflicil deixando-as apodrecer e tornando-se por isso
sobre elle se pedirão. - Remettido á commissão illogi:veis. A com missão entende que a represen taçiio
de guerra. está conforme flloi, que ordena q11e a verifi.caçíio do
Do secretario do senado participa.ndo qne o processo confiado ó. caixa da amortisaçiio seja
senado adaptou e vai dirigir á sancção imperial feita por uma commissíio do seio desta co.mam,
as resoluções seguintes: dua~ tomadas sobre nutr,ls que achando-o oxacto passará a quuimnr as notas
do conselho geral da província de Goyaz, erigindo inutilistldns; o que em tal caso, ou a camara
em villa o arraial da Carolina, e creando uma dignar-so·hu nomear uma commissiio ad hoc, ou
escola de primeiras letras para meninas na cidade determinar á commissiio especial do banco, a
de Goyaz: duas sobre resoluções do conselho quem u lei de 23 de Setembro commetto este
ger~l ·da proyincia de S. Pedro d.o ~ul, creando onus, _que l?a~se a cumpril-.a, offi.cia~do-se ao
u!lla sobre resolução do conselho geral da pro• o dia em que a commissão se ha de apresentar
vmcia de Matto·Grosso, erigindo em vi!la o ar- naquella estação.
raial de S. Pedro d'El-Rei, e outra sobre reso· «A commissão aproveita esta occasião para repre-
lução do conselho geral da Bahia, mandando sentar a esta augusta camara, que na casa forte
construir duas barcas no porto da vi!la de do banco se achtio tambem 6,000:000$ em notas
S. Francisco. velhas, recolhidas pela substituição das notas do
Farão approvadas as redacções das resoluções novo padrão, as quaes requerem a mesma pro-
seguintes: la, approvando a aposentadoria con- videncia pot· iguaes ou ainda mais urgentes mo-
cedida pelo governo a Joaquim José Ferreira tivos . A lei de 23 de Setembro não marcou destino
Chaves. 2a, concedendo a Anna Maria de Jesus algum a estas notas: IJorque a queima de que
a metade do soldo que percebia seu finado marido. falia o seu art. 12, é relativa aquellas que forem
3•, augmentando o ordenado dos officiaes das 5 resgatadas pela caixa de amortisação, em virtude
TOMO 2 30
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234 :sESSÃO EM 14 DE OUTUBRO DE 1831


de fundos que para esse effeito se lhe destinou. Rio de Janeiro terão o ordenado de 2:0008: os
Todavia parece que existinno nella esta provi- de fóra d•t côrte e 'das mais províncias 1:600/J,
dencia, foi su:< intenção que se subentendesse sem mais emolumento, assignatura ou esportula
applicnvel á immensa quantidade dnquel!as que alguma; e ainda quando exerção algum outro em-
se havia de tirar da circula ão, uma vez ue uma prego, não poderáõ erceber ou accumular outro
mesma commissão é que havia de fazer o exame a g11m or eu_a o. 11
e verificação do processo commettido ás duas Do Sr. Ve1ga: .
differentes estações. » <I Os juizes de fóra do civel e crime desta cidade
terão o ordenado de 2:000H : e os das mais villas
as provmcJas erao o or ena o que o governo
Entrou em I:Ja discussão, com as emendas appro- marcar; e nas outras províncias o ordenado que
vadas na 2a, o projecto vindo do senado, que os presidentes em conselho assignarem, inclusivos
altera alguns artigos do codigo criminal. os desembargadores das relações, ficando os orde-
nados marcados pendentes da approvação da
O Sn. MARIA DE MounA offereceu as emendas assrmbléa. I)
seguintes: Cerrada a discussão, julgando-se finda, passou
l.a << Os crimes publicas serão processados ex- para a 3•, ficando rejeitadas as emendas.
otficio emquanto não prescreverem, procedendo o
juiz de paz a corpo de delicto, e depois á in- O Sa. SoARES DA RocHA pedio urgencia para
quirição de duas até cinco testemunhas que sai- entrar na se discussão, e assim se venceu, e foi
hão do delinquente; e quando este não fôr afinal adoptado e remettido para a redacção.
descoberto ela )rim eira in uiri ão roceder·se·ha 0 R. P! TO CH
contra elle em qualquer tempo que se descubra, para melhor execução do art. 1° do regulamento
salvo sempre o caso de prescripção.» das prisões, a qual entrou logo em discussão,
2.• 11 Em lugar da suppressão dos arts. 5o, 6o, 7o, vencida a urgencia e dispensada da impressão:
So e go, ro anho os seguintes : offerecerão-se ares eito de !la as emenda se ·
<< rt. .o s o ensas p ysicas eves, as inju- Do Sr. Ernesto:
rias e calumnias não impressas, e as ameaças serão << A resoluçll:o etc., fica extensiva ãs capitaes
reputados crimes policiaes e como taes processados. de todas as outras províncias. I)
<< Art. 6.o Quando o juiz de paz, seu escrivão << Que o mais da resolução, além do art. 1° fi ue
o c1aes e j ns iça ou pa ru 11s, em ac os e seus ambem extensivo a o as as outras províncias.))
officios forem offendidos, injuriados ou ameaçados, Da Sr. Araujo Lima:
o processo será feito pelo juiz critJlinal respectivo cc Os inspectores serão nomeados pelas camar as
ou pelo juiz de paz supplente. )) das capitaes, e por esles os outros empregados
« Art. '7.o Todo o tumulto, motim oa assoada da casa. I)
não r-specificado no codigo criminal será punido Foi approvada a resolução com as emendas e
com um a seis mezes de pl'isão com trabalho. n remettida para a redacção.
Cerrada a.. discussão e pondo-se á votação as Entrou em discussão e foi rejeitada a emenda do
emendas, forão approvadas e remettidas com o senado á resoluçã<:> desta camara, declarando o
projecto á commissào de redacção. · art. 10 da lei de 2! de Novembro de 1830, a respeito
Entrou em la discussão e julgou-se finda, pas· dos o.fficiaes e;;trangeiros.
sand.o _para a 2a, o projecto sobre casas de correcção Entrando em discussão o requerimento do Sr.
, · ~ is s ão
Ent1·ou em discnRsão, e foi npprovada e adoptada do projecto vindo do senado, sobre o contrabando
a resolução permittindo ao hospital da miseri- dos escravos, foi rejeitado e continuou a discussão
cordia d1\ villa de Paraty a fa~uldade de possuir , do 2° artigo adiad,J do mesmo projecto com as
.l • -

Entrou em discussão a resolução n. 258 sobre E annunciando-se estar fóra o ministro do i:n-
os orphãos da Bahia. A' qual se offerecerão as perio, ficou outra vez adiado.
emendas seguintes: Depois de entrar o ministro continuou a dis-
Do Sr. Jardim: cussão do art. 3o do parectlr da commissão sobre
<< A providencia a respeito dos orphãos seja a proposta do governo para melhoramento da
extensiva aos demais accionistas do banco, u estruda ds Minas, chamada da Policia com as
Do Sr. Lobo de Souza. emendas apoiadas na sessão antecedé)!te e outras
« O governo fica autorisado para adiantar por em- mais que se apresentárão. ,
prestimo ao collegio dos orphiios do. Bahia, 24:ooon << Art. 3.o Concluída a obra mencionada no art. 2o
até a liquidação das contas do mesmo banco. )) o total do rendimento da portogem renrterá em
Do Sr. Pnraizo: p?·o ?"ata tlm beneficio da conservação das estradas
11 Artigo additivo.- A nação garanto a impor- que produzem a renda e se achão citadas no artigo
tancia dos mencionados 60 °/o, quando em liquiüa- antecederito. 1>
ção final se mostrar não compntir aos orphãos a Por fim foi approvado o artigo com a emenda
mesma quantia. 11 do Sr. Duarte Silva, pnra que depois da pnlavra
Afinal foi approvada a resolução corr. o artigo addi- -conservação - se accrescentasse ·-e augmento.
tivo do Sr. Paraizo, e rejeitadas as outras emendas. Os arts. 4• e 5o forão supprimidos por proposta
O SR. ARAUJO LI_JI!:A mandou á mesa a seguinte do Sr. Rezende.
resolução: Dando-se _por feita a 2• discussão para passar
« A as em éa e · · á 3• o Sr. Ferreira da Vei are uereu ur enci
I< Fica approvado o regulamento das prisões que e sen o vencida passou a proposta á 3• discus-
se segue. )) são; e foi adaptada e remettida para a redacção.
Julg.ndo-se objecto de deliberação e pedindo O SR. ANTONIO JoAQUIM DE MouRA mandou á
o seu mesmo autor urgencia e dispensa de im- mesa a seguinte declaração:
pressão, foi apoiada e vencida: e entrando em << Declaro que votei contra a adaptação das
discussão a resolução, foi approvada e remettida emendas do Sr. deputado Maria de Moura ao
á commissão de redacção. projecto vindo do senado sobre o processo dos
Entrou em 2a discussão o projecto vindo do crimes publicas e policiaes. ))
senado, que augmenta o ordenado dos juizes do A's 2 horas retirou-se o ministro com as for-
crime desta cidade. Ao qual se offerecerão as malidades do estylo, e continuando a mesma
emendas seguintes: discussão do art. 2o do projecto sobre contra-
Do Sr. Castro e Silva: bando de escravos, foi !'Lpprovado, rejeitadas as
t< Os juizes do cível e do crime da côrte do emendas.
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SE~SÀO EM 15 DE OUTUBRO üE 1831 235


Forão tambem approvados os arts. 3o, 4o e 5o braço do rio Parahyba, denominado Sanhad,
do mesmo pro:jecto com a supressão da palavra na província da Parahyba.
-contra-mestre. Do mesmo secretario participando que o senado
Entrarão em discussão separadamente, e assim adaptou e vai dirigir á sancção a resolução que
forão approvados os arts. 6o, 7o, 8o e 9o, approva provisoriamente os estatutos para os
· ussao para passar cursos JUI'l 1cos e .. au o e lll a.
3a, o Sr. Ferreira da Veiga requereu urgencia, Do mtsmo secretario participando que por off!CiO
mas não passou ; e foi o projecto remettido á do ministro da justiÇa se communicára ao senado
commissão !le ju~tiça criminal, afim de o redigir ter sido sRnccionado o decreto da. assembléa geral,
· o creaçã e corp gu r m •
0 SR. SECRETARIO PINTO CHICHORRO leu O offi.cio nicipaes voluntarias.
do ministro do imperio remettendo copia do de- Approvou-se a redacção íias emendas ao pro-
creto da data de hoje pelo qual a regeucia em jacto de lei, vindo do senado, sobre o processo
nome do imperador houve por bem prorogar a e penas dos crimes publicas e policiaes.
assembléa geral legislativa até o fim do corrente Approvou-se o requerimento seguinte, do Sr.
mez. Pereira Ribeiro:
Passando·se á ultima parte da ordem do dia, « Que as informações pedidas ao governo sobre
entrou em discussão o parecer da commissão as colonias allemãs do Rio Grande do Sul vão
de justiça civil sobre o requerimento de Lourenço á respectiva commissão para dar o seu parecer
Antonio do Rego, e por dar a hora ficou adiado. com urgencia. »
Forão remettidos á commissão de guerra os
0 SR. PRESIDENTE deu ara a ord
Varias resoluções de conselhos geraes. Reso-
luções sobre requerimentos para naturalisação
e outras.
Levantou·se a sessão ás 3 horas.

ciar o pagamento da tropa da 1• linha da pro·


vincia do Santa Catharina. a car 6 J da sua re-
PRES!DENCIA DO SR. ALENCAR partição na lei de 15 de Dezembro ultimo,
porque existe na maior penuria, devendo-se-lhe
Depois de approvada a acta, lerão·se os offi.cios mais de 9 mezes.ll
seguintes: Remetteu-se á commi~são de fazenda outro
Do ministro do imperio remetttlndo o autographo requerimento do Sr. Duarte Silva, para se
da resolução da assembléa geral annullando a pedirem informações ao ministro da fazenda
do conselho geral da província de Sergipe de sobre as providencias que haja dado para occor-
3 de Fevereiro deste anno. - Foi para o ar- rer ao deficit da mesma província acima dita,
chivo. e execução da lEi de 15 de Dezembro, caso sub-
Do ministro da fazenda remettendo a consulta sista ainda a ordem enviada á junta dn fazenda,
10 a azen a, com to os os o HllOS e para nao con muar os saques como pra !Cava.
mais papeis relativos ao procedimento d:l junta Approvou-se o requerimento do Sr. Castro e Silva,
da fazenda do Rio Grande do Sul, de permittir ó para quo o governo satisfizesse aos officios da
recebimento dos direitos nacionaes na alfandega camara, E.'rn data de 2 e 16 de Setembro do anno
· - •:aes em moe a e co re, passa o ; e com espeC!a 1 a e reme a as re a-
e não em prata., como fóra sempre observado.- ções dos proprios nacionaes da Bahia e Sergipe,
A' primeira commissão de fazenda. ns quotas das passagens de rios e as tabellas
Do ministro da justiça remettendo o requeri- dús emolumentos que se cobrão nas secretarias
mento de João Marques de Mattos, em que á do govemo das pruvincias do Rio Grande do
vista dos documentos a elle juntos, pede ser Sul, Alagóas, Sergipe o Ceará, e dos emolumentos
declarado cidadão brazileiro. -A' commissão de dos officios que pertencem ú fazenda na alfandega
constituição. desta cót'te, de Pernambuco e do Maranhão.
Do ministro da guerra remettendo as infor- Approvou-se igualmente a redação da resolução, ·
mações exigidas ácerca do vencimeuto de lOOH adoptando o regulamento das pdsões afim de sor
mensaes, mandados dar ao cirurgião·mór <lo exer- enviada ao senado.
cito, Manoel Antonio Henriques Totta, por decreto · Approvou-se o parecer da com missão do pensões
de 28 de Agosto de 1834. e ordenados sobre o requerimento de Maria
Do secretario do senado participando que pelas Angelica Fet'l'eira de Andrade, a qual se queixava
repartições da justiça e da guerra se communi- de lhe haver suspendido a junta da fazenda da
cára ao senado · terem sido sanccionadas as Bahia o p11gamento de\ sua pensão de 20fi men-
seguintes resoluções da assembléa geral: 1.• Decla- saes, debaixo do pretexto que não fôra approvada
rando que João de Seqneira Campellc. está no pela assembléa geral, quando a dita sua pensão
gozo dos direitos Je cidadão brazileiro. 2.• Decla- foi conce•iida antes do juraliH:mt& da constituição.
rando que são comprehendidos na ultima excepção A commissão julga que se peção informações
do ar · 9 ·
officiaes inferiores, cabos, anspeçadas, etc .. dos esse engano da dita junta, examinada a ver-
extinctos corpos dos estrangeiros, que por inspec- dade.
ção dos facultativos forem incluídos em algum Approvou-se tambem o parecer da commissão
dos casos alli mencionados. 3.a Concedendo a especial de camaras municipaes, para que· se
D. Maria José Leal da Nobrega o soldo por remetta ao governo o requerimento e documentos
inteiro que tinha seu fallecido marido, o briga- de Vicente Ferreira Coutinho, e de outros mora-
deiro Luiz Pereira da Nobrega de Souza Coutinho. dores na praia do Carmo da villa da ilha Grande,
4.• e 5.• Tomadas sobre resoluções do conselho afim de que mande executar o art. 71 da lei
geral da província do Ceará, creando alli duas do lo de Outubro de 1828, que incumbe ás
freguezias, e marcando-lhes limites. camaras o promover a saude e commodidade dos
Do mesmo secretario participando que o senado povos, o qual artigo ni'io teve em vista a camara
adaptou e vai dirigir á sancção a resolução da ilha Grunde, quando mandou estabelecer o
approvando o plano da obra de uma ponto no matadouro publico om uma rua povoada da
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..
236 SESSÃO .EM 15 DE OUTUBRO DE 1831
viHa, segundo os supplicantes repre- primeiro-tenente da armada nacional. Julgada finda
a discussão foi rejeitada a 2a pflrte, e approvada
a la salva a redacção ; e adoptada assim a resolu-
ção, foi á commissão de redacção.
Apoiada e vencida a ur encia pedida pelo Sr.
umz arreto, en rou em 1scussao, 01 appro-
vada, adoptada e remettida á commissão de re-
dacção a resolução autorisando o governo a
conceder carta de naturalisação a David Jewet,
na ura os s a os- m os a menca.
ORDEM DO DIA Entrou em discussão a resolução n. 169 ácerca
de José da Gosta Freire de Freitas, que pretende
Entrarão em discussão, cada uma por sua vez, ser declarado cidadão brazileiro.
e farão approvadas as seguintes resoluções de Afinal foi approvada e adaptada a resolução, e
differentes conselhos geraes : enviada á commissão de redacção.
A 1•, 2•, 3• e 4• do conselho geral da província Apoiada e vencida a urgencia pedida pelo Sr.
de Goyaz, impressas sob n. 100, erigindo em Soares da Rocha, entrou em discussão a reso-
villas, com demarcação dos respectivos municí- lução n. 185 do anno passádo, autorisando o
pios, os arraiaes de Cavalcanti, Porto Imperial, governo a conceder carta de naturalisação ao Dr.
Trahiras e Pilar. Raphael Pillate Baggi. E julgada concluidr, a dis-
A 6• do da l?rovincia da. Bahia, _impre.ssa sob cussã~~ foi approv~da_ e adoptad~ v. resolução,

800fl. As cadeiras de agricultura poderáõ ser Passou-se á ultima parte . da ordem do dia, à
occupadas por estrangeiros se não houver cida· discu tio-se a resolução n. 25!, autorisando o
dãos brazileiros que concorrão a exercei-as, mas governo para mandar pagar a José Antonio de
o lente estrangeiro será admittido sómente por Oliveira Guimarães, :filho do fallecido coronel
commissão. Manoel José de Oliveira Guimarães; os soldos
« Art. 2.• Os professores das aulas acima in- atrazados que o dito coronel deixou de receber
dicadas serão nomeados pela mesma fórma e quando major da cavallaria de milícias de Pa-
maneira que o são os professores de escolas de racatú.
primeiras letras, e na conformidade do art. 7• da Oerrada a discussão, foi approvada e adaptada
carta de lei de 15 de Outubro de 1827. a resolução, e enviada á commissão de redacção.
<< Art. 3.• Um anno depois da creação das Ooncluida a ordem do dia entrou em discussão
aulas da lin ua franceza, alumno nenhum será o arecer adiado im resso sob n. 229 ácerca de
a m1t 1 o s os es u os ma10res sem preCiso Lom·enço Antonio do R~go e Manoel Martins
exame, e attestado do corrente no conhecimento Vianna. .
necessario da sobredita língua.>>
A sa do da província do Maranhão creando uma O. Sa. SoARES DA RocHA . mandou á mesa a se·
ca e1ra a mgua ranceza na cap1 a a mesma << Que se peção informações ao governo sobre
província. a mataria em questão. >'
A 5a e 6a do da província da Parahyk, mar- Dando a hora, ficou adiada a discussão.
cando uma os ordenados de alguns p!ofessores de
primeiras letras ; e outras erigindo em villa a O SR. PRESIDENTE deu para ordem do dia 17 de
povoação de Piancó. Outubro: Sa discussão do projecto de lei n. 83 vindo
Passou-se á segunda parte da ordem do dia, do senado sobre contrabando de escravos, com
e entrou em discussão a resolução approvando as emendas approvadas na 2• discussão. 2• dis-
a pensão de 200S, concedida a Francisco Antonio cussão do projecto de lei n. 102, sobre reforma
de Oliveira, e elevando·a a 400aooo. de constituição. Resolução não impressa, natura-
Finda a discussão foi approvada a 1• parte lisando Bartholomeu Bartholanzi. Resolução não
e rejeitada a 2•. impressa vinda do senado, sobre mestres de latim.
Adaptada a resolução foi á commissão de re- Resolução approvada no senado sobre escolas de
dacção. · primeiras letras na província do Espírito Santo.
Approvou-se, adaptou-se e foi remettida á com- Resolução n. 262 naturalisando José Pereira de
missão de redacção a r'esolução n. 161, vinda do Azevedo. 2• discussão do projecte ne lei n. 247,
senado, autorisand:~ o governo a conceder carta sobre posturas de camaras municipaes. Resolução
de naturalisação a Valentim Garcia Monteiro. n. 186, fazendo extensivo ás provincias de Ala-
Eritrou em discussão a resolução adiada em gôas, Sergipe e Piauhy o decreto de 25 de Junho
11 de Agos_to ulti~o, para ser considerado c~pitão de 1831. R•solução n. 145, sobre officiaes a mili-
w • • • .
quem se dera ·baixa como estrangeiro. E jul- cussão das propostas do governo sob ns. 231 e
gada :finda a discuss~o, !oi approvada, adaptada 233 sobre creditas supplementa.res para despezas ..
e remettida á commissão de redacção. do trem de Pernambuco, e para a província· do
Foi igualmente approvada, adaptada e remet- Espírito Santo, quando chegar o ministro ·da
tida á commissão de redacção a resolução n. 21, guerra.
autorisando o governo a conferir carta de natu- Levantou.se a sessão depois das 2 horas.
ralisação a Jonathas Abbot.
Igual sorte teve a resolução n. 170, autorisando
o governo · a passar carta de naturalisação a
Julio Frederico Koeler.
Entrou em discussão a resolução n. 225 ácerca
·de Thomaz B. Tilden, que pretendia ser natu-
ralisado cidadão brazileiro, e restituído ao posto de
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SESSÃO EM 17 DE OUTUBRO DE 1831 237


A.cta de I '2' de Outub.ro
PRESIDENCIA DO SR, ALENCAR

Andrade, Silva. Tavares, ' Perdigão, Marcellino


' de creando varias cadeiras de primeiras letras na
, '
Brito, Rebouças, Paula Araujo, Costa Carvalho, província de S. Paulo ; 7•, erigindo em villas
Baptista Caetano, Carneiro Leão, Ribeiro de An- diflerentes povoações em Minas Geraes ; creando
drada, Ferreira de Mello, Lemos, Oliveira Couti- cadeiras de primeiras lettras pelo methodo de
nho, Miranda .Ribeiro, Pinto Coelho, Pinto Peixoto, ensino mutuo em algumas villas na província
Lado, Castro Alves, Clemente Pereira, Corrêa Pa- da Parahyba ; ga, creando duas villas, desmem-
checo, Paes de Barros, Paul:• Souza, Tobias, Ribas, bradas da villa de Atalaya na província das Ala-
Paula Simõas, Baptista de Oliveira, Baptista gõas ; 1Qa reuniado em uma só administração as
Pereira, João Fernandes, Odorico, Vallasques e cinco casas de caridade da província de Per-
Braulio; e sem participarem os Srs. Joaquim nambuco.
de Moura, Paula Albuquerque, Pires Ferreira, Foi recebida C?II} especial ~grado a representação
Sebastiã d e or · ·
Andrada e Silva, Montezuma, Gomes da Fonseca,
Lessa e Deus e Silva. - Josê Ma1·tiniano de
Almcm·, presidente.-Antonio Pinto Ghich01·ro da
Gama 1° secretario -Rodri o Antonio ·
de Barros, 2o secretario.

Sessão em 4 8 de Outubro
PRESIDENCIA DO SR. ALENCAR

Leu-se a acta do dia 15 em razão de não ter


havido sessão no dia 17 por falta de numero
suffi.ciente de Srs. deputados, e depois de appro-
vada lerão-se os offi.cios seguintes: .
Do ministro do imperio remettendo um o:ff.cio
do vice-presidente da província de Goyaz acom-
panhando o requerimento de Antonio José de
Castro, professor de eusino mutuo na capital
· · , e pe e s r i emmsa o
de uma-quantia equivalente aos vencimentos que
tinha como official inferior em exercício do dito
magisterio. -A' com missão de pensões e orde-
Do ~esmo ministro remettendo um officio do O SR. MELLO MAT"Cos mandou ã mesa o seguinte
presidente da província de Minas, acompanhando requerimento:
o requerimento de Vicente Luppi, em que pede << Requeiro que se tornem a pedir novas infor-
carta de naturalisação.-A' commissão de con- mações ao governo sobre o requerimento de Lou·
stituição. reoço Antonio do Rego, em que pede o pagamento
Do ministro da justiça acompanhando um offi.cio do brigue 01·iente apresado pela esquadra do
do juiz de paz da fregueziu de Inhaúma, pon- almirante Cochtane ; assi~ como as portarins de
derando a falta que tem de officiaes de justiça, 5 de Fevereiro e 28 de Abril de 1824, e diversas
e necessidade de tomar-se alguma medida para informações dadas pelo procurador da corôa sobre
os obrigar a servir.-A' commissão dos juizes esse obj ecto. >>
de paz. Entrando em discussão foi approvado.
· Do mesmo ministro submettendo á consideração Lerão-se os pareceras seguintes:
da camara a collisiio e desintelligencia que tem Da commissão dos juizes de paz sobre o reque-
havido entre os juizes de paz na execução da rimento de Silvestre 'de Souza Telles, e julgando·
resolução do·anno passado, que determinou que se objecto de deliberação, pedio o Sr. Montezuma
os limites do município fossem os mesmos dos dispensa de impressão, e assim se venceu.
juizes de paz a elle pertencentes, e na da carta Da commissão de fazenda sobre a consulta trans-
de lei que creou as guardas nacionaes; e pedindo mittida pelo ministro da fazenda em 25 de No-
por isso o andamento de uro projecto, apresen- vembro de 1830,, ãcerca do ~ireito dos credores
tado ela mesma commi são es ecial e -
ganisou as mesmas guardas nacionaes, a qual '
de ordenados dos empregados anteriores ao anno
remove todas essas duvidas.-A' commiossão dos de 1792, haver ou não prescripto em consequencia
juizes de paz. do alvará de 9 de Maio de 1810, que declarou
Do secretario do senado, participando que o prescriptas as dividas anteriores á sobredita época.
senado adoptou e vai dirigir á sancção. imperial -A commissã:o entende que não tem o Qlvará
a resohação remettida desta camara sobre a cir- referencia a taes dividas, e propõe uma resolução
culação de ouro em pó. nesse sentido.
Do mesmo secretario participando tambem ha- Foi julgada objecto de deliberaçã0,e mandou-se
verem sido sanccionadas as seguintes resoluções: imprimir.
1•, declarando desnecessario o termo, e indevidos
os emolumentos que a titulo delle se cobrão nos PRIMEIRA PARTE DA ORDEM DO DIA
registros de portos seccos ; 2•, approvando ns
aposentadorias concedidas a Manoel Machado Entrou em 3• discussiio o projecto de lei sobre
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:16 - Página 3 de 4

238 SESSÃO EM 19 DE OUTUBRO DE 1831


o contrabando dos escravos, e passou depois de Do Sr. Castro Alves, se passar a· resolução:
algum dP.bate com as seguintes cmeP.das: << Fique extensivo tambem ás cadeiras já exis·
Do Sr. Montezuma os artigos abaixo transcriptos tentes ua capital desta província e ás de todas
sobre o desAm barque dos libertos: as outras. »
cc Art. 1._• ~enhum homem liberto não brazileir_o, Do Sr. Araujo Franco :
qualquer que seja o motivo allegado para isso.' do Pará o decreto de 25 de Junho de 1831. »
rc Art. 2.o O mestre, piloto e contra mestre das Julgando-se finda a discussão, foi approvada.
embarcações que os trouxerem, não só pagar~õ ju~t~mente com _as emendas a remettida á com·

as despezas da sua reexportação para os portos Foi approvada, adaptada e remettida á com·
donde vierão. missão de redacção a resolução o. 145 e sobre
cc Art. 3.o O montante das multas de que falla os officiaes militares naturaes da. provincia. Ois-
o paragrapho antecedente, será entregue aos cofres platina ou nella residentes.
das casas de expostos, deduzida a quantia de 50/J Passou-se á
que deve ser dada ar) denunciante da transgressão
desta lei. » SEGUNDA PARTE DA ORDEM DO DIA
Do mesmo Sr. Montezuma:
<<O art. 3• do projecto n. 83 redija-se no'pl·in- Entrou em Ia discussão a proposta do governo
cipio assim:-São importadores s.} o commandante, relativa ao trem . e hospital militar de Pernam·
mestre e contra mestre-2•-etc. b buco, e julgando-se finda, o Sr. Ferreira da Veiga
Do Sr. Oustodio Dias: edio ara entrar em 2• discu ão
« or a 1 amento ao art. 2o do pro]ecto n. 83. foi approvada a primeira parte da proposta. e o
-0 governo fica autorisado a contratar com as artigo addicional da commissão, assim. como a
autoridades africanas para dar algum asylo aos primeira parte de uma emenda do Sr. Souto.
escravisandos reexportados. » -
r. 1ena ou o: assistir á discussão por incommodo de suude.
«Os arts. 5•, 6o e 8• redijão-se do modo se· Entrou em primeira discussão a proposta do
guinte, salva a melhor redacção: governo pedindo um credito supplementar de.
<< Artigo substitutivo. -Toda a pessoa que der
· · m i s e appre en er-se qua - financeiro na provillcia do Espírito Santo, e
quer numero de pessoas importadas como escravos, dando-se por feita para passar á segunda, pedia
ou sem preceder denuncia ou mandato judicial fizer urgencia o Sr. Getulio, e vencendo-se entrou em
qualquer apprehensão desta natureza,. ou que segunda discuss.ão, fi11da a qual ficou approvada
perante o jui:~; tle paz ou qualquer autoridade com as emendas da commissão.
local der conhecimento de desembarque de escra-
vos por materia tal que sejão apprehendidos, O Sa. PRESIDENTE1designou a ordem do dia 19.
receberâ do thesouro publico a quantia de 30~ Levantou-se a sessão depois das duas horas.
por cabeça de pessoas apprehendidas.
Adaptado o projecto foi reniettido a commissão
de redacção.
Entrou em 2• Sessão em t.O de Outubro
3• discussão com .PRESIDENCIA) DO SR. ALENCAR
Ribeiro.
Entrarão em discussão separ~damente e ~or~o Depois de approvada a acta, lerão-se os officios
de redacção ~s seguintes resoluções: Do ministro da marinha pedindo se lhe indique
1.• Autorisando o governo a mandar passar dia e hora para apresentar uma proposta do
carta de naturalisação a Bartholomeu Bartho· governo, cuja decisão é de maior urgencia .-
lanzi. Marcou-se hoje mesmo ao meio dia.
~.n Vinda do senado, igualando os ordenados Do ministro da justiça remettendo o officio do
dos professores de grr.mtnatica latina aos de pri- chanceller da casa da supplicação, com o orça-
meiras letras, quandq. estes ultimas nos mesmos mento para a obra que convém fazer-se para
lugares sejão maiores do que os primeiros. execução do decreto de 17 de Abril de 182! e do
3.• Oreando tros escolas de primeiras letras na art. 159 da constituição.- A' la com missão de
província do Espírito Santo. · fazenda.
4.• Autorisando o governo a passar carta de Do ministro do imperio propondo a duvida,
natur alisação a José Pereira de Azevedo. se depois da lel de 14 de Junho, os lugares
5.a Determinando que as posturas -municipaes preenchidos por nomeação dos governos das pro-
não poderáõ ser executadas sem npprovação. víncias precisão de confirmação do governo cen-
Entrou em discussão a resolução fazendo ex- ttal.-A' . commissão tle justiça civil com ur-
te~sivo ás províncias de Sergipe, Alagôas e gencia.
Ptauhy, o art. lo do decreto de 25 de Junho Do ministro dos negocias estrangeiros enviando
de 1831 que creou na capital do Ceará cadeiras as cópias exigldas dos officios do marquez de
de philosophia racional e moral, rhetorica, geo- Rezend'El.
metria e lingua franceza com 600 de orden d ])o rninistr ·
ca a uma. menta de João Liberali, em que, pelas razões que
O:fferecêrão-se e forão apoiadas as emendas se- allega, pede ser conservado no officio de porteiro
guintes: da secretaria do conselho da fazenda.-A' com-
Do Sr. Castro e Silva: missão de constituição. .
<< Fica extensiva a todas as provincias do im- Do mesmp mi.nistro pedindo providencias sobre
perio a disposição do decreto de 25 de Junho os objectos mencionados nas suas propostas, para
do corrente anno, creando diversas cadeiras no se autorisar o governo as dividas preteri tas pos-
Ceará. 11 teriores ao anno de 1826-para emittir bilhetes
Do Sr. Lobo de Souzà.: do thesouro, para comprar o cobre indispensavel
<r Depois das palavras-de 1831-accrescente-se : para varias despezas.- A' la commissão de fa·
-As cadeiras serão providas de conformidade com zenda.
a lei da creação das escolas de primeiras letras, Do mesm•1 ministro pedindo providencias ácerca
pelo presi~ente em conselho. » da substituição das notas do novo padrão já
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SESSÃO EM 19 DE OUTUBRO DE 1831 .. 239


dilaceradas por um novo papel, como propuzera. e achão á vista delles, que de facto nenhum
-A' commissão do banco. motivo ao menos plausível poderia desculpar essa
Do mesmo ministro remettendo o decreto pelo delibernção, porém, pondo de parte tod11S essas
qual se concedeu a D. Maria Quitaria Bricio a considerações, não podem deixar de observar que
pensãv de 320S . ...,. A' commissão de pensões e fosse ual fosse o merito ou damerito do su -
o . p !Cante, tal acto não deixaria de ser um atten-
Approvou-se a redacção das emendas á proposta tadu contra as garantias individu11os dollo e um
do governo sobre a estrada chamada da Policia, ataque de funestas c<msequencias i\ Hogumnça
afim de serem com a mesma proposta enviadas publica de todos os braziloii"OB om geral, atten-
en o-se pnnc1pa men e a quo nm rnom ro do
Foi igu;lmente approvada a redacção das se- c<mselho do governo tem o seu principio nn propria
guintes resoluções: eleirão popular, quo cumpre smnpro rospeitnr.-
1.• Autorisando o governo para mandar pagar Portanto as mesmas commissõos si'io de parecer
a José Antonio de Oliveira Guimarães os soldos que se officic ao governo com a mencionada
devidos a seu fallecido pai o coronel Manoel José representação, recommendando-so-lhe que sendo
de Oliveira Guimarães, quando major de cavallaria certo o allegado faça reintegrar o HUPI'licante no
de milícias de Paracatú. seu devido lugar e responsabiliHar os membros
··2.a Para que os empregados da extincta repar- do conselho e presidente da província que forem
tição ào commissariado, que se acharem confir- culpados. n
mados por aviso da secretaria de estado dos " A commissão do banco, sobre o officio do
negocias da guerra continuem a receber os seus ministro da fazenda em duta de (i d!l Novemb~o,
3.• Declarando que Manoel José Duarte\Vos-
gien é capitão de ;: artilharia do exercito do
Brazil.
..
naturalisação a Thomaz B.
Estados·Unidos da America.
5.• Idem a Julio Frederico Koeler, natural de
Mo uncia.
6. a Idem a Jonathas Abbot, natural de Lon · ao dividendo de 1,095:9368, que, segundo o ultimo
dres. balanço alli dado em 21 de Junho do 1831, resulta
7.• Idem ao Dr. Raphael Pill1•ti Baggi, natural de lucros prn..-indos de operações posteriores á
de ltalia. lei de 23 de Setembro rle 1829, qtte o mandou
8.• Idem a David Jewet, natural dos Estados- liquidar, e conservou como hypoth,lca ús notas
Unidos da America. em circulação os haveres do mosmo banco. A
9.• Approvandoa pensão concedida pelo governo commi~são é de parecer que niio torn lugar esta
a Francisco Antonio de Oliveira. pretenção á vista do art. 21 da ci tnda !oi que
10. Decluando que José da Costa Freire de diz:- Emquanto não estiver liquidada a divida
Freitas está no gozo dos direitos de cidadão do governo ao banco, e existir n responsabilidade
b,;w:ileiro. do mesmo banco ás notas em circulação, que
Approvou-se tambem a redacção da resolução sómente cessa pela execução com >lflla do art. õ. o
a assem a gera , :m onsan o o governo a • < a su s 1 u1çao as notns V<'IIns poias do novo
passar carta de naturalisação a Valentim Garcia padrão), não se poderá faz~r dividendo de quaes-
Monteiro, nat11ral de Murça, afim de ser enviada· qlljlr de seus· fundos apurados. >>
á sancçãó.
u gou· j i n -se ORDEM DO DIA
imprimir com o parecer da comrnissão de com-
mareio e industria, e voto separado de um dos seus
membros, a seguinte resolução: Teve primeira e passou á sogunda discussão
<< O governo fica autürísado a despender com
o projecto d11 lei n. 177 habilltatHio os officiaes
a acquisição das 17 machinas constantes da des- do exercito pRra fim pregos civis,
cripção junta da introducção, invenção e prospe- Passando-se a discutir as omr.ndnR do senado
ridade de Cculos Bertrand, na fórma do art. 2o ao projecto de lei que ext.inguo 11 junta do com-
da lei de 28 de Agosto de 1830, aquella somma mercio, entrou em discussão e fui approvada a
em que orçar o valor das referidas machinas, emenda ao art. 3o.
depois de haver mand11do proceder a um cir- A emenda da su ppressão do nrt. ()o foi rejei-
cumspecto exame da sua utilidade. » tada.
Ficárão adiados por se pedir a palavra os dois · O Sn. MoNTEZUMA pedio o adinmento da dis-
pare1:eres : cussão das mesmas emendas até á sessão do anno
Da commissão de constituição sobre o reque- seguinte, c assim se venceu.
rimento de Jacintho Vieira de Castro Soares. Entrou em discussão, foi approvnda, adoptaua
Da 1• commissão de fazenda sobre o requeri- e remettida á commissão de redacçiio n resolução
mento de Manoel Martins Vieira. autorisando o governo a conceder dispenba de idade
Approvárão-se os tres parecerAS seguintes : a Augusto José Monteiro Diniz.
« As coil!mi_s~ões ~e!_lnidas de justiça_ criminal Passou-se a t~atar do projecto de lei vindo do
esta augusta camara dirigia o cidadão José Pinto municipaes, e entrou em discussão o art. lo:
de Carvalho, membro do conselho do governo da « Art. Lo O anno para as contas das camarns
província de Sergipe, em que expõe que gozaudo muni"Cipaes do imperio será contado do lo de
de reputação sempre illesa, fôra excluído do Outubro ao ui ti mo de Setembro. >>
assento que lhe competia no dito conselho, pela Interrompida a discussão por se achar na sala
simples causa de haver nascido em Portugal, e immediata o ministro da marinha. foi este in-
por isso comprehendido na generalidade da reso- troduzido depois do meio dia com as formalidades
lução do mesmo conselho em data de 2 de Maio do regimento, tomou assento e leu uma proposta ·
do corrente anno, tomada em consequencia da para a extincção do corpo de artilharia da ma·
requisição forçada do povo e tropa reunidos na rinha, e creação de um corpo novo para o substi-
capital. tuir. ~
<< As commissões examinárão os documentos que Depois de lida e da resposta do Sr. presidente,
aiJonão a conducta e procedimento do supplicante, -que a camara tomaria na devida consideração
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240 SESSIO EM 20 DE OUTUBRO DE 1831


a proposta do governo, e lhe daria o andamento para cartas de naturalísação, e a que se refere
da constituição,- o ministro se retirou com as aos officiaes da província Cisplatina.
formalidades com que entrára; e a proposta foi Forão approvados os dons pareceres seguintes
remettida á commissão de marinha e guerra com da commissão de guerra:
urgencia. Para s~ pedirem inf?rmações ao 15overn? sobre
finda, foi approvado o art. 1•.
Entrou em discussão ·o art. 2•• :
(( Art •.2 •. Estas c_outas se acharáõ nas capitaes
o -·"·,
apresentadas aos conselhos geraes, e as desta Que julga inadmissível a pretenção dos capitães
província serão enviadas á secretaria de estado ajudantes dos batalhões ns. 92 e 93 da 2• linha,
dos negocias do imperio, para se remetterem á para serem incluídos na disposição·da lei de 24
assembléa gel'al em seu devido tempo. » de Setembro de 1829, a favor dos que servirãó
Foi afinal approvado com a emenda do Sr. Souto, na 1• linha, por se jalgarem nas mesmas cir-
para que em vez das palavras-desta província cumstancias.
-se dii:!sesse-da província onde estiver a capital Foi approvado o requerimento seguinte do Sr.
do imperio. Castro e Silva:
Forão approvados os artigos seguintes : (C Requeiro que os documentos remettidos pelo
« Art. 3.• As camaras devem balancear exacta- ministro e secretario de estado dos negocias do
mente suas contas, contendo as da receita : 1•, imperio, em officio de 23 de Julho do corrente
quanto efi'ectivamente se arrecadou; 2•, a que anno sobre o donativo ou subscri ão l'O o id
anno per ence; •, quanto se eixou e co rar; polo corpo do commercio em 816 a bem da
4•, se está a divida em execução ou fallida. E educação da mocidade, se lhe enviem para que
na conta da despeza : 1•, quanto se despende!l, o mesmo ministro lhes dê o andamento requerido
e em que ; 2•, a que anno pertence; 3•, qual seJa pelo procurador da corôa soberania e fazenda
a lVl a pas tva. JJ nacwna ; e ass1m tambem os outros sobre o
(( Art. 4. o No balanço se devem nGtar margi- producto da subscripção para a estatua equestre
nalmente as disposições legislativas que autorisão do ex-imperador, que constando ser de 45:1548924
as camaras para sua receita e despeza, remet- apenas existem depositados no banco 21:665tl543
.. .. -- -0 ' a m e que se aça Iqu1 ar es a con a i e ogo
posturas que legalisão as mesmas despezas, mi- que se tenha ultimado o processo de uma e de
nistrando-se aos conselhos geraes todas as infor- outra o communique a esta augusta camara para
mações e documentos que por elles forem exi- lhe dar o conveniente destino.
gidos. » (c E quanto ao 1• quesito, não satisfeito pelo
Entrou em discussão o art. 5•: mesmo ministro por pertencer ao thesouro pu-
(C Art. 5.o As camaras que ní'io cumprirem a blico, requeiro que se peção essas informações
presente disposição serão multadRs pelo ministro por esta repartição; e vem a ser : qual a lei
e secretario de estado nesta província, e nas que isenta do pagamento dos novos direitos as
outras pelos conselhos geraes na quantia de 40 cartas de cirurgia, pharmacia e medicina, pas-
a 120a, applicada para as despezas do muni- sadas na corformidade da lei de 30 de Agosto
cípio, e arrecadada pelos respectivos procura- de 1828 i e assim tam bem as cartas dos inten-
Por fim foi approvado com a emel}da do art. 2°,
. '
maiores, menores e mais officiaes 'da casa im-
e além desta com as seguintes: ---~ perial. J>
Do Sr. Soares da Rocha : O Sa. REZENDE mandou á mesa a se uinte
- reso uçao:
não cumprirem as glosas feitas c< Fica approvado o decreto pelo qual o governo
provinciaes.IJ regularisou a fórma do laço nacional.»
Do Sr. Souto : E pedio urgencia, mas não se vencendo, ficou
(( Depois da palavra- réis- nc~rescente·se­ para entrar na ordem dos trabalhos.
paga pela fazenda particular dos membros das Pela mesma fórma ficou para entrar em dis-
mesmas camaras pro rata.>J cussão a seguinte resolução ofi'erecida pelo Sr.
Concluída a 2• discussão, passou á terceira a Carneiro ·da Cunha :
requerimento do Sr. Soarees da Rocha~ e foi (( Art. 1• O governo fica autorisado a cunhar
adaptada depois desta com as emendas do Sr. moeda de cobre para pagamento da tropa e dos
Paraizo, para que na emenda do Sr. Souto ao empregados gue tiverem menos de SOOS de or-
art. 5• se accrescentasse- culpados, e do Sr. denado.
Castro Alves pilra que a pena de 40a fosse (c Art. 2.• Fica igualmente autorisado o mesmo
imposta ás camaras que fossem q~ais pobres. governo· a emittir 150:000S em notas de lH cada
Levantou-se a sessão depois das 2 horas. uma para facilitar os trocos. IJ

ORDEM DO DIA
Sessão em ~O de Outubro Entrando em discussão a resolução n. 265, foi
a prov.ada ado tada e ·remettida á commissão de
l'I\ESIDENCIA DO SR. ALENCAR re acção. · ·
Estando a discutir·se a resolução n. 253 a
Depois de approvada a acta, passou-se ao favor de Fructuoso Luiz da Motta, ficou adiada a
expediente, lendo o Sr. 1• secretario um offieío. materia por ter chegado o ministro dos negocias
Do secretario do senado communicando haver estrangeiros.
sido sanccionada a resolução, tomada sobre outra E sendo introduzido, e tendo tomado assento
do conselho geral da província de Sergipe, eri• entrou em la discussão a proposta do governo,
gindo em freguezia a povoação do Rosario de sobre o pagamento das presas feitas a negociantes
No.ssa Senhora do Cattete. britannicos por causa do bloqueio de Buenos-
Foi á commissão de guerra o requerimento de Ayres; e finda a la discussão passou á segunda,
Emilio Luiz Mallet, pedindo ser reintegrado no pedindo-se e vencendo-se a urgencia.
seu posto. Afinal ficou a mataria adiada.
Approvarão-se duas redacções de resoluções Levantou-se a sessão depois de.s 2 horas.
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:55 - Página 1 de 1

SESSÃO EM 21 DE OUTUBRO DE 1831 24.1


Sessão em 2t. de Outubro João Miers, o qual havia contractado com o
governo as novas machinas de cunhar, e estava
PRESIDENOIA DO SR. ALENCAR pendente da decisão da camara. A commissão
informa que o seu parecer a este respeito fóra
apresentado em 11 de Julho, lido em 15 do
segum es : , e ao a la o ; por an o ac an o-se
Do ministro da marinha satisfazendo ás infor· na mesa podia elle ser dado para a ordem do
mações que se pedirão a respeito das circum- dia.
stancias dos indivíduos q11.e se acha vão em re ados Da commissão de guerra sobre o requerimento
. : · · , pe e
i n enCia a marm a a provmcia de reconhecimento da legalidade das propostas em
S. Pedro do Rio Grande do Sul. que foi contemplado seu defunto mal'ido Wen·
Do ministro do imperio remettendo por cópia cesláo Miguel Soares Carneiro, major do corpo de
as actas do conselho do governo da província artilharia de Pernambuco, afim de ser indemnisada
do Rio Grande do Norte, sobre a creação das do restante dos soldos que elle deixou de per·
cadeiras de primeiras letras das povoações Papary, ceber. A commissão é de parecer que sendo o
Mossoró, e da Ribeira da cidade do Natal, e da fallecido marido da supplicante um dos compre·
de latim na villa de Porto-Alegre, com o arbi· hendidos nas differentes propostas na província
tramento de seus ordenados.- A' commissão de de Pernambuco, e que não fóra confirmado por
instrucção publica. te_r tomado parte nas commoções politicas, já a
Foi remettido á commissão do constituição o camara tinha deferido a pretenção da supplicante
requeri~ento d_e J~ão Lib~ra_li, em que pede ser om - · ·
Forão approvadas as redacçõ.es das seguintes tal respeito.
resoluções : Tambem foi lido- o parecer da commissão de
justiça criminal e guerra sobre o requerimento
1.• _Fazend_o ex~e_!lsiva a todas as províncias do de Jacintho Fran isc • •
de 1831. tencias contra elle praticadas pelo ex·commandante
das armas da provincia do Pará o brigadeiro
2.• Approvando a aposentadoria concedida à Francisco José de Souza Soares Andréa ; e ficando
João Candido Fragoso 2o escripturario do the· adiado or assi nar-se com r6stric ões um dos
souro na · mem ros da com missão, o Sr. Custodio Dias
a.a Determinando que as posturas municipaes pedio urgencia, e vencendo-se, entrou em dis·
não poderáõ ser executadas sem approvação. cussão o parecer, o qual é que se remettão
4. • Igualando os ordenados dos professores de todos os papeis ao governo para fazer responsavel
grammatica latina, aos de primeiras letras quando na fôrma das leis ao mencionado commandante
estes sejão maiores do que aquelles. das armas.
O SR. MACIEL mandou á mesa o seguinte ra· E afinal foi approvado.
querimento, que foi approvado: Igualmente foi lido o parecer da commissão de
cc Para dar o meu parecer com pleno conheci- pensões e ordenados sobre a pensão concedida
mento sobre a proposta do ministro da marinha, pelo governo a D. Maria Quitaria Bricio, viuva
preciso, se peção ao governo as ordenações de de Marcos Antonio Bricio, e julgando-se objecto
mnrinha do_ tempo de _Luiz XVIII, que se achã~ de deliberação apresentada no mesmo parecer,
· . , i , i e impressao
em tempo opportuno. »
Igualmente foi approvado o seguinte requeri-
mento :
((

recer sobre a indicação dos illustres deputados


os Srs. Deus e Silva, Duarte Silva e Getulio, Continuou a discussão da resolução n. 253 para
precisa se exijão do governo as informações se- que o govor110 fizesse uma prestação a Fructuoso
guintes: lo, se.ás tropas das províncias do Pará, Luiz da Motta de 24:000/1 para o auxiliar na sua
Santa Catharina e Espírito Santo se estão devendo fabrica de tecidos de seda.
soldos, etapa, fardamento, e caso se devão, qual O SR. MAY offereceu a seguinte emenda, que
é a divida, de que tempo e o motivo por que ; foi apoiada : .
2o, se nas demais províncias as tropas estão <c Quo seja concebido o artigo unico da resolução
pagas exactamente, e caso se deva, qual é a com a palavra- emprastimo- <~ubstituida a de
quantia que se .lhes deve, de que é proveniente -prestação- e no sentido do parecer da com-
e de que tempo.» missão, ·quanto aos pagamentos e expressa menção
Lerão-se e forão approvados os seguintes pa· ácerca das cautelas e seguro ao caso de incendio
receres : para o reembolso.»
Da la commissão de fazenda sobre o requeri· Cerrada a discussão, e posta a votação a reso-
mento dos directores da companhia de Gongo· lução, não passou, ficando por isso prejudü:ada
Soco, para que se lhes abone o juro de lOO:OOOH, a emenda.
que entregárão em d.epl!lsito no thesouro para
hypotheca do pagamento dos direitos a que por O Sic. AuRELIANO, membro da commissão en-
contracto se obrigárão, ou que lhes seja entregue carregada do exame da administração passada na
o eq~valente do deposito em apolices da divida repartição dos negocios estrangeiros, pedindo a
a pe o va or o merca . com· · , u mesa uma e~un·
Jl!ls~iip é de parecer que se os supplicantes têm cia contra o ex-ministro e secretario de estado
due1tos a reclamar, em virtude do contracto do marquez de Aracaty.
est~bel~cimento da companhia, usem dos meios O SR. PRESIDENTE declarou que se nomearia a
ordlllarws. commissão especial, a quem deveria ser remettida
Da mesma commissão, a qual examinando o a dita denuncia.
requerimento do Sr. deputado Duarte Silva, Entrou em discussão, foi approvada, adaptada
sobre esclarecimentos ácerca das providencias e remettida á commissão de redacção a resolução
dadas pele thesouro para supprimento das des- n. 57, concedendo carta de naturalisação a José
pezas na província de Santa Catharina, é de pa- Gonçalves Corrêa.
recer· que se peção ao ministro respectivo. Ao meio dia annunciando-se estar na sala im-
Da mesma commissão sobre offi.cio do ministro mediata o ministro dos negocias estNngeiros, foi
da fazenda que pedia a decisão do negocio de introduzido com as formalidades do estylo, e depois
. TOMO 2 81
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:56 - Página 1 de 1

242 SESSÁO EM 22 DE OUTUBRO OE 1831


de tomar assento continuoa a discussão da proposta O Sa. MACIEL offereceu como emenda á seguinte
do governo sobre presas, com os votos separados. resolução :
O Sa. MoNTEZUMA requereu que o ministro fosse (( Os decretos ou leis que prohibião a. sahida
convidado a deixar sobre a mesa os officios em da moeda de um para outro lugar do imperio
que na. discussão fallára, afim de que·sendo vistos ficarão annullados pelo ~ 22 do art. 179 da consti-
mais conhecimento de causa se pudesse vdtar e Afinal ficou approvado o parecer, e a emenda
decidir um negocio de tanta importancia e magni- foi enviada a pedido do seu autor ás commissões
tude. de justiça civil e criminal.
~
e o ministro retirou-se, ' ORDEM DO DIA
requisitados.
Levantou-se a sessão. Entrou em discussão a resolução n. 26!, ga·
rantindo a Antonio Carlos Figueira de Figueiredo
no seu posto de segnndo-tenente da armada na·
cional, e autorisando o governo a conceder- lhe
Sesstio em ~~ de Outubro carta de naturalisação.
Vierão á mesa, e farão apoiadas as emendas :
PRESIDENCIA DO SR. ALENCAR Do Sr. Ferreira da Veiga :
(( Antonio Carlos Figueira de Figueiredo é ci-
Depois de approvada a acta, lerão·se os officios dadão brazileiro. »
se uintes , Do Sr. Castro e Silva :
o ministro do imperio remettendo por cópia << governo fica autorisado a passar cartu de
os decretos pelos quaes se concederão mercês naturalisação a Antonio Carlos Figueira de Fi·
pecuníarias a Agostinho Pereira da Costa, e ao gueiredo, natural de Portugal. >>
padre Thomaz A ui no de las Casas.- A' com- Do Sr. Henriques de Rezende :
m1ssão e pensões e ordenados. a governo au or1sado a conceder carta de
Do secretario do senado pedindo o consenti- natl!-ralisação a Anto~io Carlos Figueira de Fi-
mento desta camara, para se fazer uma alteração gueJredo : e a ter começado sua carreira militar,
na redacção das emendas a provadas ao ro·ecto sentando praça 'Je soldado do exercito brazileiro. »
e e1 a eran o as penas o co 1go cnminl:ll · iscussao 01 reger a a a t:rrmeíra parte,
ãcerca dos crimes publicos e policiaes.-Assim se e approv~da. a segunda parte da resolução, fi-
decidi o. cando Pl"eJUdJcada a emenda do Sr. Ferreira da
Remetteu-se á commissão de agricultura o V&iga, comprehendida a do Sr. Castro e Silva e
requerimento de Carlos Augusto Taunay, pedindo a primeira parte da do Sr. Benriques do Rezende,
se autorise o governo a tomar 200 subscripções e regeitada a segunda parte.
do Manual de Agricultura B7·az-ileiro que pretende Adaptada assim a resolução · foi á. commissão
publicar. de redacção. ,
A'. com missão de guerra o requerimento de Car- Passou-se a tratar da resolução n. 270, offe-
los Ferdinand,.que foi boticario da ·armada nacio- recida pela commissão especial do banco. dando
nal, e pede um anuo de soldo para voltar á sua providencias ácerca das notas do velho padrão, e
patria. da substitui~ão. E foi approvada em todos os
' . - vz

camaras ..
' mumcrpaes. ' ·
Approvou-ile igualmente a redacção da resolução O SR. MANOEL Do AMARAL pedio o adiamento
autorisando o governo a conceder dispensa de para se tratar deste objecto em outra .sessão, e
idade a Augusto José Monteiro Diniz, para poder sendo apoiado, foi por fim approvado. ·
exercer qualquer officio publico, ·afim de ser en- Passou· se a discutir a seguinte resolução n. 276:
viada ào senado. « Os direitos dos credores á fazenda publica, em
Julgou-se objecto de deliberação, e ficou para virtude de soldos, ordenados e vencimentos de
entrar na ordem dos trabalhos, dispeasada da empregados, quaesquer que tenhão assentamento
impressão uma resolução da com missão de justiça em folha, não forão prescriptos pelo alvará de 9
civil, a favor de Manoel Innocencio Pires Camargo de Maio de 1810. »
para dispensa de lapso de tempo na posse de Julgada discutida, foi regeitada a resolução.
uma sesmaria. Entrou em discussão, e foi approvado o arti~o
Ficou adis.do por se pedir a palavra o parecer lo da resolução o:fl'erecida pela commissao
das commissões de justiça civil e criminal sobre especial das guardas nacionaes, para que as fre·
o requerimento de João José Rodrigues, segundo guezias e capellas-curadas, situadas em mais de
tenente da armada nacional, que se queixava da um município, pertenção sómen te áquelle onde
apprehensão que lhe :fizerão estando embarcado estiver collocada a matriz e capella.
na fragata D. Francisca, de 70011000 de cobre Foi tambem approvado o artigo 2o :
que levava para seus gastos. As commissões enten- «.O governo E-esta .P~ovincia, e os pr~sidentes nas
dendo que o su licante como oflicial de marin
promp o a sahir para os portos do norte podia
levar aquella quantia para supprir ás suas necessi-
dades pois claramente se conhece que a importancia 0 Sa. FERREIRA DA VEIGA pedi o urgencia para
de 70011000 que levava um official de marinha, . entrar em discussão o projecto de lei que extin·
nem tinha o caracter de contrabando para poder gue a guarda de honra, e vencendo-se nesta con-
ser comprehendida na prohibição da lei, nem formidade, mandou-se buscar á secretaria.
podia ser considerada objecto de negociação para Entretanto discutia-se, e aprpovou-se a reso-
ser transportada furtivamente ; são de parecer que lução n. 189, erigindo em villa a freguezia de
sendo manifesta a injustiça da apprehensão, espere Nossa Senhora da Guia da Mangaratiba, com um
o supplicante pela decisão do poder judiciario, additamento do Sr. Maciel.
a que está o negocio aft'ecto. Foi mandada á commissão de iedacçiio.
. Pedindo-se urgencia, e vencendo-se, entrou em Entrou finalmente em discussão a resolução
discussão. n~ 89 vinda do senado, abolindo no rio Jaguaribe
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:56 - Página 1 de 1

SESSÃO EM 24 DE OUTUBRO DE 1831 243


o uso dos curraes, e de qualquer outro modo de
pescar quE~ seja nocivo á. navegação do mesmo
rio. ,.
Dando _a hora ficou a discussão adiada,
.. !OI - •

examinar e combinar o que tem havido naquella


repartiÇão, julgou que era de urgente net:essidade
sessão em 24 de Outubro uma medida qualquer, por isso que não tendo
nella a confiança necessarla não devia expór a
PRESIDENCIA. DO SR. ALENCAR maiores males. P<•r consequencia julgou em ul-
timo resultado a commissão ser mais conveniente
Depois de approvada a acta, lerão·se os officios preferir por ora a proposta com as emendas se-
seguintes: guintes ; portanto é de parecer que se reduza a
Do ministro da justiça remettendo o requer'imento proposta a projecto de lei com as emendas seguintgs:
de. José Silvestre Rebello.- Foi á commissão de <I la emenda ao art. 1• : - Accrescente-se ao
justiça criminal. estado-maior do corpo. um piloto que terá a
Do ministro da malinha remettendo os esclare- r - .
ctmen os pe 1 os so re o apresentamento do bri- pilotagem, um sargento-ajudante que servirá
gue Oriente. tambem de mestre de primeiras letras, e um sar-
Do secretario do senado communicando haver gento ajudante de commissario.
aquella camara adaptado inteiramente as emendas ~ < •
i p r es a augus a camara ao projecto de lei ao estado-maior das companhias dous guardas-
sobre o processo e penas dos crimes publicas e marinhas, e dous sargentos-guardiães que tenhão
policiaes. precedencia aos sargentos.
'Foi á commissão das camaras munici aes o
· u ICipa ezen e « o a r . .• o os os o emas, além do
remettendo as suas posturas. soldo, vénceráõ como gratificação as maiorias
Approvarão-se as seguintes redacções de re- respectivas ; e os commandantes do corpo e das
soluções : companhias terão de mais as comedorias singelas
2. a Para serem naturalisados Antonio Carlos como embarcados.
Figueira de Figueiredo, e João Gonçalves Corrêa. « Art. 1• additivo. Os sargentos-guardiães serão
E a sa, marcando um praso para a substituição os unicos que terão accesso a contra-mestres e
das notas do antigo padrão, e regulando a fórma mestres dos navios da armada, e se~ vencimento
como havia de verificar-se esta operação. será, como actualmente, de 12HOOO.
A redacção das emendas feitas por esta camara « Art. 2• additivo. Os sargentos-guardiães serão
ao projecto vindo do senado sobre o crime de - tirados dos actuaes guardiães de numero, emquan to
africana se~vitude - ficou adiada até amanh~, os houver cu azes de bem desem enhar seus
veres, e na falta destes dos melhores marinheiros
nada por quem quizesse. da armada, passando por um exame em toda a
Venceu-se a urgencia apoiada para discutir-se arte de marinheiro.
a resolução mandada á mesa pelo Sr. Fran.cisco <c Art. 3o additivo. Os sar autos-artilheiros terão
pre erenCia para os ugares de escrivães da armada,
armada nacional, e por fim foi approvada e ada- quando tenlião bom comportamanto e a precisa
ptada. · idoneidade.
Leu-se o seguinte parecer da commissão de « Art.4• additivo. Os marinheiros-artilheiros farão
marinha, e foi a imprimir juntamente com a todo o serviço de bordo e se exercitaráõ na árte de
proposta: marinheiro, desde o uso de remos até apparelhar
<I A commissão de marinha,· a quem foi remet- e governar de roda.
tida a proposta do governo, apresentada pelo « Art. 5• additivo. Os officiaes embarcados em na-
ministro e secretario de estado daquella repartição vios armados serão obrigados a fazer suas derrotas
em que extingue o corpo de artilharia da marinha, e c::~lculos astronomicos, como os demais officiaes
e pretende organisar outro debaixo da denomi· da guarnição.
nação dei corpo de marinheiros artilheiros nacionaes
e depois de refiectir maduramente sobre elle, a Art. 6o aditivo. O ministro da marinha, em seu
tem a honra de ponderar a esta augusta camara, relataria na proxima sessão, dará conta do resul-
que tendo infelizmente o dito corpo de artilharia tado da presente organisação.
da marinha perdido a confiança nacional, uma <c Art. 7oadditivo. Os sargentos-guardiães,sargen-
das providencias que cumpria dar, era sem duvida tos, cabos, marinheiros e artilheiros que servirem
a sua extíncção aproveitaado porém aquellas praças de escoteiros, fieis de paióes de polvora e àe
que se tlvessem conservado fieis aos seus deveres. palamenta e cordoalha, venceráõ quando embar-
Nota pórém a commissão que tendo-se verifi- cados nos navios armados, de mais a terça parte
cado o máo rocedimento da uelle cor o no dia
o correu e mez, só no dia 19 foi que o governo « Emenda ao art. 9.• Os officiaes, officiaes ínfe-
se dignou apresentar a esta augusta camara sua riol'eS e mais praças do corpo que se extingue serão
proposta, faltando tão sómente 8 dias uteis de. distribuídos pelo corpo novamente organisado e
sessão para o encerramento. E seria possível que pelo exercito, como o governo julgar conveniente
o ministro julgasse que ern tão curto espaço de e segundo sua aptidão. »
tempo a commíssão pudesse bem desempenhar
o que lhe incumbira a camara sobre uma pro- Approvou-se o parecer adiado da commissão
posta de tanta magnitude, que pretende dar uma de guerra, a qual, á vista dos documentos a~re­
nova fôrma á nossa marinha, e que tivesse sentados por Hilario José Beant e José Perr1~r •.
ainda tempo para ser discutida como devia suissos do cantão de Fribourg, e do-que determma
ser nos doua ramos do poder legislativo? A o decreto de 14 de Agosto de 1827, é de parecer
commit~são, pois não querendo que a camara que os supplicantes têm direito aos postos de
tomasse uma medida precipitada asseutou pri- que forão demittidos e aos soldos correspon-
meiro em reservar-se a dar o seu parecer na sessão dentes, e que assim se participe ao governo.
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244 SESSÃO .EM 25 OE OUTUBRO DE 1831


ORDEM DO DIA
Entrando em discussão a resolução
pela commissão
- de Jlensões,
. para. que
de 18 do corrente a ~ D:
Maria Qui teria Bricio,
viuva de Marcos Antonio Bricio, escrivão deputado
aposentado . da junta d~ f.azenda. da. pro'llincia. do
Hav'endo sido introduzido na fórma do costume Foi approvado.
o ministro dos negocias estrangeiros, poz o Sr. pre- Da commissão de guerra, pedindo informações
sidente em discussão a proposta do governo sobre ao governo sobre o requerimento de Carlos João
o pagamento das presas. Appleton, primeiro-tenente da armada nacional.
O Sn.MoNTEZUMA apresentou a emenda seguinte, !<'oi approvado.
que foi apoiada: Da commissão de pensões e ordenados, sobre
« O governo exigirá do governo inglez a satis-
o requerimento de Francisco Antonio do Rego,
fação tão altamente requerida pela independencia pedindo que no orçamento se lhe marque uma
e dignidade da nação brazileira sobre o negocio gratificação.
das represalias, :ficando autorisado a pagar-lhe, Adiado por se pedir a palavra.
assim. como às mais nações reclamantes, fazendo Da commissão de constituição, sobre o reque-
rimento de João L' erali bdindo ser natura-
'
As quantias que forem ajustadas -ex equo et bono lisado cidadão brazileiro; e julgando-se objecto
- do que dará parte espe.::ificada á assembléa de deliberação a resolução npresentada no mesmo
geral.» • parec&r, pedio·se dispensa de impressão e ur-
encia a ual sendo a oiada e vencida entrou
O ':a. ALVES RA.Noo o ereceu am em a emenda em discu~>são e foi approvada, adaptada e re-
seguinte: mettida á commissão de redacção.
<< Em lugar da proposta, se substituiráõ os Da mesma comm1ssão, sobre o requerimento
artigos seguintes: de Aleíxo Bosh, pedindo ser naturalisado cidadão
« r . ,o naç o raz1 eJra se comprome e a raz1 mro, e JU gan o-se am em o J6C o e
pagar á Inglaterra o valor das presas feitas no deliberação a resolução apresentada no mesmo
Rio da Prata sobre embarcações britannicas, parecer, pedindo-se e vencendo-se dispensa de
comtanto que assim seja decidido por um ou impressão e urgencia, foi igualmente adaptada
mais arbitras nomeados, tanto por uma como e remettida á commissão de redacção.
por outra parte. · Da mesma commissão, sobre o requerimento
<< Art. 2.o O governo brazileiro immediatamente de 14 guardas da alfandega, despedidos em con-
proporã ao governo inglez este arbítrio, como sequencia _da reducção feita em cumprimento da
o uníco justo e por conseguinte capaz Je salvar lei, os quaes se queixão de que o juiz da alfan-
a dignidade dos dous povos, e :fica autorisado dega procedêra injustamente. A commissão é de
para ajustar as condições do juizo arbitral e fazer par6cer que se recommende ao governo tenha
a .no•neação do vogal ou vogaes entre os estran- em consideração o estado dos requeren~es, para
Ficoa a mataria adiada por causa da hora e
-
serviços já prestados, quando se offerecer occa-
levantou-se a sessão depois das 2 horas e meia. sião.
Approvado.
mend~ ao governo a ju~tiça com que Antonio
Sesslio em ~õ de Outubro Cardoso de Carvalho Mattos pede ser declarado
ci.dadão brazileiro e reintegrado no posto de se-
PRESIDENCU. DO SR. ALENCAR gundo-tenente da armada nacional, em razão de ter
desertado das tropas de Portugal para vir servir
Depois de approvada a acta, lerão-se os o:fficios no Brazil em o tempo da iddependencia, como
segUlntes: acha provado pelos documentos que apresenta ..
Do ministro do imperio,participando em resposta Foi approvado o parecer.
ao officio de 19 do corl'ente, hdverem-se expedido as Leu-se tambem e foi app1•ovado o seguinte
convenient-es providencias sobre o requerimento de parecer·
Vicente Ferreira Coutinho e outros moradores A commissão especial das camaras municipaes
da villa da ilha Grande. vio a representação que a esta augusta camara
Do mesmo ministro, satisfazendo ás informa- dirigia a municipal da cidade de Olinda, em
ções que em data de 17 de Agosto se pedirão a data de 2 de Julho do corrente anno, queixan-
respeito dos empregados aposentacloi por moles- do-se do conselho geral da provincia respectiva;
tias, cujas aposentadorias não forão ainda 1°, por lhr. não haver concedido a faculdade
approvadas.- A' commissão de pensões e orde- que ímpetrára na fórma do art. 12 da· lei do la
nados. de Outubro de 1828, para poder aforar varias
Do secretario do senado, participando que o sólos devolutas no recinto do seu foral (como
senado ado tou inteiramente as emendas feitas se eJ> rime a camara · • r ha r
por esta camara á proposta do governo, sobre varias parcellas de despezas por ella feitas nos
a estrada denominada da Policia, e vai dirigil-a. annos de 1829 e 1830. Quanto á la parte, a com-
na fôrma do decreto á sancção imperial. . missão observando que a lei do lo de Outubro
Do mesmo secretario do senado, participando ·deixou sabiamente aos conselhos gera3s a con-
tambem que o senado adaptou e vai dirigir á cessão de tal faculdade, por isso que mais
sancção imperial as seguintes resoluções: uma bem instruidos devem ser das necessidades
declarando no gozo dos direitos de cidadão bra- provinciaes, é de parecer que não tem lugar o
zileiro a José da Costa Freire de Freitas, e seis attender-se á queixa daquelle município ; e
autorisando o governo a passar cartas de natu- quanto ã 2a parte, a commissão admirando-se
ralisação a David Jewet, Thomas B. Tilden, de que ainda em 1831 haja uma camara de uma
Jonatb.as Abbot, Julio Frederico Koeler, Bartho· cidade do imperio que gastasse em 1829 e 1880
lomeu Bartholazzi e José Pereira de Azevedo. as rendas do eeu município em pagar propinas
Lerão·se os seguintes pareceres: aos actuaes vereadores, ao ouvidor da comarca,
« A 1• eommissii.o de fazenda, l;\ quem foi Ol:'denados a alca.id,es e escrivães de alcaides, e.
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SESSÃO EM. 26 DE OUTUBRO DE 1831 245


aachriBtães a administradores de capellas, a genas ; e pondo-se â votação foi approvado em
solicitadores de causas, etc., e em fazer festas, todos os seus artigos ; e passando immediata-
por exemplo, a dã restauração de Pernambuco, mente á 3a discussão, por se pedir e vencer a
a do Anjo Custodio. etc., etc., distribuindo por urgencia foi afin~ approvado e adaptado para se
oo r ·
vereadores, ouvidor e mais empregados, e repar- Entrou em discussão e foi approvada a reso-
tindo por elles folhinhas de algibeira, etc., uão lução não impressa, offerecida pela commissão
póde deixar de louvar o zelo do conselho geral das camaras municipaos escusando do cargo de
em losar semelhantes des ezas ue sem du- "uiz s z · c-
vida, devem ser pagas pelos bens dos vereadores por permissão de governo aceitflrem os empregos
que se autorisârão com o especioso argumento de consules e vice-consules das nações estran-
de que sempre farão feitas e approvadas pelos geiras.
corregedores: argumento na verdade estranho, Entrou em discussão a resolução n. 269, arbi-
depois da lei do 1• de Outubro de 1828. trando uma gratificação annual aos membros da
(( Portanto é a commissão de parecer que se commissão de liquidação de contas da caixa da
indefira a queixa da referida camara, remettendo legação de Londres, e ficou adiada por chegar
os papeis ao governo, tanto para lhe fazer o ministw dos negocias estrangeiros.
constar o indeferimento, como para fazer que Tendo entrado e tomado assento o dito ministro
se tornem ~effectivas aquellas glosas. segundo o estylo, continuou a discussão da pro-
Leu-se e foi approvada a redacção da raso· posta do governo sobre o pagamento das presas,
lução, erigindo em villa a freguezia de Nossa com os votos separados e emendas apoiadas nas
· n ar i a. sões an erwres.
Leu-se a redacção da resolução marcando as O Sa. AaAuio LIMA mandou á mesa a seguinte
divisões das · freguezias e capellas curadas ; e emenda que foi apoiada:
entrando em .discussão o Sr. Araujo Lima .mandou (( O croverno fica o i do a emittir ce l
do thesouro cu apolices, segundo melhor entender,
« Supprima·se - capellas curadas. >> para pagamento das indemnisações que exigem
Tambem se leu e entrou em discussão a re· as nações neutras. por occasião dos apresamentos
dacção adiada do. projecto sobre o contrabando feitos no Rio da Prata elas for as navaes do
1mperio .»
suppressão 'proposta pelo Sr Ferreira da Veiga. Dando a hora,· pedi o-se a pro rogação e ven·
Foi approvado o parecer da commissão de CeU·Se.
constituição, sobre a representação de João Mon- Oerrada a discussão, pondo-se á votação a
teiro Salazar, que se queixa de haver sido proposta com o parecer da commissão, assim
demittido do posto de primeiro.tenente da armada como os votos ~aparados, não passou nenhum
nacional, afim de que se peção informações ao delles. E afinal foi approvada a emenda do Sr.
·governo sobre os motivos do aviso que faz objecto Montezuma. .
da dita representação. Assignou-se ao ministro da marinha o dia
Leu·se aiuda, e foi approvado o parecer da seguinte ao meio dia para apresentar duas pro-
commissão de fazenda sobre a representação de postas, como pedia.
Guil~erme Cotteo ex-coronel do ~xercito do Brazil, E levantou-se a sessão âs 3 horas.
Tambem foi lido o parecer da commissão da
constituição sobre o requerimento de Eduardo
Evald, e julgando-se objecto de deliberação, Sessão em 28 de Outubro
edio·se dis en · .- ·
vencendo-se entrou em di~cussão e for approvado
e remettido para a redacção. PRESIDENOIA DO SR. ALENCAR
Leu-se por fim o parecer da commissão de fa-
zenda sobt·e o officit1 do ministro da fazenda quo Depois de approvada a acta, lerão-se os officios
acompanhava o oilicio do pt·esidGnte da província seguiutes :
da Bahia, ácorca da nomoaçilo de um escriptn- Do ministro da marinha enviando as ordenanças
rario pura a caixa filial da amortização; e julgou-se da marinha de França que se lhe havião pedido.
objecto de deliberaçuo, mand11u·so lmpl"imir a Do ministro da justiça pediudo a restituição
resolução seguinte da mesma commissüo. de um documento relativo á execução que fazia
O governo é autorisado a grntificar com a quantia o extincto tribunal da bulla ao barão da Macahé.
de 50S mensabs ao official que servir de escripturario -Mandarão-se entregar.
á caixa filial de amortiznciio, em quanto fór neces- Do secretario do senado enviando as emendas
sario o exercicio de tal official na mesma caixa.» feitas e approvadas por aquella camara â reso-
lução que autorisa o governo a mandar pór em
execução os estabelecimentos dos orphãos de ambos
ORDEM DO DIA os sexos na província de Pernambuco.
O Sa. HENRIQUES DE REZENDE pedio a dispensa
Eu trou em 2• discussão o projecto para extiucção de impressão, e urgencia que foi appt·ovada, pelo
da imperial guarda de honra, e farão approvados que entrárão em discussão separadamente, e forão
o~ seus_ dous artigos. E julg~ndo-se find~ a 2a appr~vadas e remettidas á commissão de re-
foi apoiada e vencida. Farão approvadas as redacções das resoluções
0 SR. FERREIRA DA VEIGA mandou á mesa, e seguintes :
foi apoiado o seguinte artigo additivo: · Declarando esta1· comprehendido na excepção do
« Os offi.ciaes da guarda de honra conservaráõ art. 10 da carta de lei de 24 de Novembro de
as honras etc. de seus postos, como se venceu 1830 Jorge Brown, capitão-tenente da armada
na lei das guardas municipaes ácerca dos ofliciaes nacional e imperial.
de milícias e ordenanças. » Autorisando o governo a despendtn· l:OOOn com
Dando-se por finda a Sa discussão, e sendo ap- a obra da casa da relação desta côrte.
:provado o artigo additivo, foi adaptado o pro· Dispensando os cidadãos brazileiros que forem
Jecto, e remettido á commissão de redacção. consules e vice·consules das nações estrangeiras,
·Entrou em 2a discussão o projecto vindo do do exercício do corpo de juizes de paz e verea-
senado n. 159 revogando a carta de lei de 5 de dores das camaras municipaes.
:tiovembro de 11308, ác~rca da g-q.erra com os indi· Lerão-se os pareceres seguintes ;
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246 SESSÃO EM 27 DE OUTUBRO DE 1.831


Da commissão de constituição que julga não Sessão em 2" de Outubro
ter lugar a pretenção de José Thomaz de Queiroz,
emquanto a ser declarado cidadão brazileíro, PRESIDENCIA DO s:a. ALENCAR
por não constar se adherio tacita ou expres-
samente á independencia deste imperio ; e em- Depois de a rovada a . acta lerão-se os
· - pe 1 a na a par e : segumtes:
que dava o supplicante provar qual é o seu modo Do ministro da guerra acompanhando o offi.cio
de vida e profissão, seus teres, se é casado ou · do commandante das armas da província da
solte~ro, etc. Bahia, com a representa ão dos officiaes dos
corpos a a Ih a a mesma província, em que
Da commissão de guerra sobre o requerimento se queixão de não ter havido, ha muito tampo,
do marechal de campo Gustavo Henrique Brown. promoção nos referidos corpos.- A' commissão
E devendo ficar adiado por se pedir a palavra, de guerra.
pedio-se urgencia para entrar em discussão ; e Do ministro do imperio, participando ter en-
vencendo-se entrou em discussão, e foi appro- viado ao thesouro nacional todos os papeis rela-
vado. tivos ao donativo ou subscripção promovida em
1816 a bem da educação da mocidade, assim como
ORDEM DO DIA os que dizem respeito á subscripção para a pro-
jactada estatua equestre do ex-imperador, afim
Entrou em discussão o parecer da commissão de lhes dar o andamento exigido por es~a camara.
d_e faz~nda sobre o requerimento de Manoel Mar- Do mesmo ministro, respondendo qu~ ·não sa
. . ·a UlSlÇaO
fundos para pagnmento de duas sentenças, que que se lhe fez ácerca de não pagarem novos
alcançàra contra o thesouro publico. A commissão direitos as cartas de cirurgia, pharmacia e me-
entende que o supplicante d~vs requerer ao go- dicina, e _bem assim as dos. intend~ntes da policia
de 1827.
E foi approvado com a emenda
zuma:
« Não erten ce á
isso requeira a parte ao governo Do mesmo ministro remett~ndo o offi.cio do
como fôr de justiça. » presidente da província de S. Paulo, com a cópia
Entrou em 3• discussão a proposta do governo de um artigo da acta da sessão do conselho do
examinada pelas commissões de orçamento e de governo, relativo aos esclarecimentos pedidos
guerra, ácerca das prestações ás despezas do sobre os dizimos.- A' commissão de impostos.
trem e do hospital em Pernambuco. E foi ada- Do ministro da fazendft, dando os esclareci-
ptada e remettida á commissão de redacção. mentos pedidos Acerca do deficit da província de
Entrou tambem em 3a discussão a proposta do Santa Oatharina : enviando o orçamento da receita
governo, pedindo um credito supplementar ás e despeza deste 2• trimestre, e submettendo á
aespezas da província do Espi1·ito Santo ; e foi camara varias considerações relativas á falta de
approvada e adaptada com a emenda das com- meios para occorrer ás despezas do estado :
missões de guerra e de orçamento. offerece-se · ~
O Sa. DEPUTADO GETULIO pedio que se dispen- remettido o oflicio ns informações que a mesma
sasse da approvação da acta, e que fosse quanto precise ou verbalmente, ou por escripto.- A.' 111
antas remettida á commissão de redacção. commissão de fazenda com urgencia.
s Do ministro a a ·•
Entrou etn dlscussílo a resolução n. 277, resti- · manto e mais papeis de alguns cidadãos da
tuindo o o1·denado a Luiz Antonio Ribas, fiscal Bahia, em que se queixâo de lhes serem
da intendencia do Ouro Preto ; mas ficou adlâda embargadas as obras que construirão em porções
por chegar o ministro da marinha. da marinha que havião aforado, afim de que â
Depois de entrar e tomar assento o mlnlistro vista das razões expandidas, pelas quaes se per·
leu duas propostas, as quaes forüo enviadas ás suada o governo não poder cassar ou suspender
eommissões de marinha e guerra a orçamento. as ordens expedidas a tal respeito, se toma medida
Je~islativa que o habilite ·para isso.- A' com·
Passando-se á discussão da proposta do gov&rno m1ssão de marinha.
sobre a oxtincção do corpo de brigada da marinha Do secretario do senado participando quo o
e creaçiio de um corpo de artilheiros marinheiros, senado adaptou e vai dirigir a sancção duas
a uando·se por finda a 1• discussão passou logo resoluções da camara ; uma confirmando nos
á 2•, a requerimento do Sr. Belizario, e se offe·
recerão e forão apoiadas varias emendas. postos militares os officiaes domicillarios ou na-
turaes de Montevidéo que adherirão á causa do
O Sa. FERREIRA DA VEIGA pedio o adiamento Brazil, quando aquella província se separou do
da. mataria que foi apoiada ; e dando a hora iraperio ; e outra declarando que Manoel José
ficou a discussão adiada, não se vencendo a Eduardo Vosgien é capitão de artilharia do exer-
prorogação para a discussão deste objecto. cito do Brazil.
Leu o Sr. Pinto Ohichorro os dous officios se- Lidos tres decretos da assembléa geral; o Sr.
gui~tes : presidente convidou os membros da deputação
Do ministro do im erio çao que sa ISI!em,
amanhã ás 11 horas, para a deputação desta o que se verificou ás 11 horas. ·
camara ir apresentar á regencia para a sancção Remetteu-se á commissão de constituição o
varios decretos da assembléa geral. requerimento de Luiz Brown que pede ser natu-
Ficou a camara inteirada, e o Sr. presidente no- ralisado cidadão brazileiro, e á de guerra o de
meou para a deputação os Srs.. Paraíso, Brito David Ootter, requàrendo se lhe dê o anno de
Guerra e Jardim. soldo decretado para os offi.ciaes estrangeiros
Do secretario do senado remettendo as emendas demittidos, afim de regressar para o seu paiz.
feitas e approvadas pelo senado á lei do orçamento. Approvou-se a redacção das emendas ás duas
UM Sa. DEPUTADO pedio urgencia para se dis- propostas do governo sobre creditas supplemen-
cutirem logo as emendas, e vencendo-se, entrArão tares para despezas nas províncias de Pernam-
logo em discussão, cada uma de per si, e forão buco e do Espírito-Santo, afim de serem com as
todas approvadas e adaptadas. propostas enviadas ao senado, assentando-se que
Levan~ou-se a sessão ás 3 horat;; e meia. fossem independentes da approvação da acta,
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:58 - Página 2 de 2

SESSÃO EM 27 DE OUTUBRO DE 1831 247


Approvou-se igualmente a redacção dos seguintes missão sobre o requerimento de Francisco Theo-
projectos de lei e de resoluções: baldo Sanches Brandão, tenente-coronel reformado
1. a Extinguindo a imperial guarda de honra. da 2• linha, em que pede voltar ao serviço effe-
2a, 3• e 4.a Ausorisando a assar carta de natu· ctivo do exercito no mesmo osto · sendo a com-
. - ã m1ssao e parecer que não tem lugar a pretenção
Rosch. do supplicante, visto que a seu peiido é que lhe
Foi tambem approvada a redacção da resolu- foi concedida a reforma.
ção da assembléa geral, autorísando o governo a ~D;terrompeu-se a discussão com a chegada do
I) - • s ns ro a marm a.
orphãos de ambos os sexos, para que forão desti-
nadas as rendas dos bens que farão da conare- O Sn. PARAiso, como orador da deputação que
gação dos padres de S. Felippe Nery em Pernam- levou as leis á sancção, participou que recebida a
buco, afim de ser enviada á sancção. mesma deputação com as formalidades do estylo
Julgou-se objecto de deliberação uma resolução e apresentad:1q as leis, o presidente respondêra:
offerecida pela commissão de justiça civil, ácerca que a regencia em conselho de estado examinaria
do julgamento de antiguidade dos magistrados. os decretos da assembléa geral.
PediJ.a e vencida a urgencia entrou em discus- Recebida a resposta com muito especial agrado.
são e foi approvada e remettida á commissão Depois de tomar assento o ministro da marinha
de redacção. continuou a discussão do adiamento pedido e
Passou a ler-se o officio do secretario do se- apoiado na sessão antecedente, da proposta do
governo, extinguindo o corpo 'de artilharia da
mann a e su s 1 um o-o por um corpo e mar -
nheiros artilheiros nacionaes.
Finda a discussão foi approvado o adiameuto
até á sessão do proximl) futuro anuo.
O Sa. MACIEL mandou á mesa uma resolução,
autorisando o governo a dar destino aos officiaes
do corpo de artilharia da marinha, e a dar nova
ur anisa ão ao dito cor o.
~as depoi~ de apoiad':l e vencida a urgencia não
se Julgou ob]ecto de deliberação.
O MINISTRO retirou-se com as formalidades com
que entrára.
0 Sn. CARNEIRO DA CUNHA mandou á mesa a
declaração seguinte:
« Declaro que votei contra o adiamento e a
fav?r do 1• artigo da proposta do governo, que
extmgue o corpo de artilharia da marinha. »
Voltando-se á discussão interrompida foi ap-
provado o parecer da commissão d~ guerra ácerca

,
recommendação de reparar logo essa injustiça que recebeu de seus soldos, depois que no · the-
á supplicante; porquanto não dependendo da snuro se lhe suspenderão os supprimentos de
approvação da assembléa geral as mercês pecu- dinheiro, por não haver dado conta legalmente
niarias concedidas antes do juramento da consti- dos dinheiros recebidos e dospendídos.
tuição, não podia a supplicante ser privada desta 0 MESMO Sn. CUSTODIO DIAS pedia adiamento
graça sem que por uma lei fosse supprimida, não até á sessão su~uinte, e assim se venceu.
sendo bastante o pretexto allegado de não correr Passou-se a d1scutir o parecer adiado da com-
mais essa despesa pelo cofre da policia ; pois missão de pensões e ordenados, sobre o requeri-
assim como a sua receita passou para o tllesouro monto de Francisco Antonio do Rego, que pede
deve a sua despeza passar tambem pam o mes- uma gratifl.~ação pelo serviço que tem presttldo
mo thesouro. ha 12 nnnos ao museu.
Da mesma commissão, para se pedirem ao go-
verno os papeis relativos á pretençiio do padro O Sn. Lona fez um requerimento para se pe-
Jacintho José Pinto Moroira, vigario collado da dirom esclarecimentos a este respeito, o que foi
igreja de Piratiny na província de S. Pedro, approvado e considerado como adiamento.
para ser approvada a sua apusentadoria. Entrou em discussão o parecer adiado da com-
Julgou-se objecto de deliberação a resolnç.ão da missão dfl constituição, indeferindo o requeri-
mesma commissão approvando a aposentadoria mento de Jacintho Vieira do Couto Soares, que
concedida a Joaquim Rodrigues dos Santos. pretende ser declarado cidadão brazileiro.
Pedindo- ur n ·a e o ·· ·ou Offerecerão-se algumas emendas, e :ficon a dis-
em discussão a resolução e foi adaptada. cussao a 1a a por se vencer a urgenc1a para
tratar-se do negocio das presas, e entrou em 3a
Os SRs. SEBASTIÃo no REGO E MACIEL offereca- · discussão a proposta do governo com a emenda
rão a seguinte resolução: do Sr. Montezuma, approvada na 2• discussão,
<< Matheus Welsh está comprehendido nas ex- substiiuindo a mesma proposta.
cepções da lei de 24 de Novembro de 1830, como
ta tem direito ao seu posto de capitão de mar O Sn. ARAUJO LIMA mandou á mesa a seguinte
e guerra da armada nacional. » emenda, que foi apoiada:
Julgada objecto de deliberação, e vencida a ur- <c Supprima-se a ta parte. »
gencia entrou em discussão e foi rejeitada. Vencida a prorogação até ás 3 horas, e julgada
:finda a discussão, foi regeitada a emenda do Sr.
Araujo Lima a adaptada a do Sr. Montezuma, e
ORDEM DO DIA remettida á commissão de redacção.
Decidindo-se que houvesse sessão no dia 28 de
Entrou em discussão o parecer adiado da co1n- Outubro, o Sr. presidente deu para ordem do
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SESSÁO EM 28 DE OUTUBRO DE 1831
dia a mesma dé- hoje e a resolução não im tempo ; e portanto a commissíio não se acha em
pressa, naturalisando a. Francisco Antonio de· circumstancias de dar parecer a tal respeito com
Miranda. a urgencia exigida. »
Pareceres adiados do meio dia em diante. _Da commissão de guerra e marinha;,que jul a
Levantou-se a sessão de ois das 3 horas.

Sessão em 28 de Outubro
l'REBJDENCIA DO SR. ALENCAR

Depois de approvada a actá, lerão-se os o:fficios


seguintes:
Do ministro da faz~nda, acompanhando o de-
creto de 18 do corrente e os documentos a elle
juntos, pelo qual a regencia em nome do impe·
rador houve por bem aposentar com meio orde-
nado ao escrivão da mesa da estiva da alfandega
de Pernambuco, dependendo esta mercê da appro-
vação da assembléa.-A' commissão de pensões
. Do ministro da marinha satisfazendo ãs infor-
mações que em data de hontem se pedirão, sobre
o r~querimento de João ~onteiro Salazar e re·
Do mesmo acompanhando as informações que
em 26 do corrente ·se requisitarão,. ácerca do
requerimento do primeiro tenente da armada Car·
lo ã
Do secretario do senado, participando que
aquella camara adaptou as emendas feitas por
esta ao projecto marcando o tempo em que as
camaras municipaes devem apresentar as suas
contas, e vai dirigil-a á sancção.
Do mesmo secretario participando que o senado
approvou e vai dirigir á sancção imperial as cinco
resoluções seguintes, remettidas desta camara:
duas autllrisando ao governo para passar a carta
de natmalisnção a Antonio Carlos Figueira de
Figueiredo, e para a dispensa a Augusto José
Monteiro Diniz; duas a rovando a a os •
or1a conce 1 a a João Candido FrRgoso, 2o
escripturat•io do thesouro nacivnal, e a pensão
de 400SOOO concedida a D. Escolastica Angelica
Vareiro; e uma concedendo a Anna Maria de
e a e o so o e seu a ecido marido, urgencia, entrou em discussão.
cirurgião-mér do extincto regimento de Santa O Sa, MuNrz BARRETO offereceu a emenda :
CathariDA. << Que se responda ao governo, que sendo clara
Do mesmo secretario, remettendo um projecto a intelligencia da lei, nada tem a camara que
de lei marcando o tempo em que deverâõ ter resolver. »
lugar as futuras eleições para deputados. Oerradíl a discussão e posta á votacão a re.
Dispensada a impressão pedida e apoiada a ur- solução, foi rejeitada e approvada a emenda.
gencia não passôil; e mandou-se á;; com missões
de constituição e especial de eleições. ORDEM 1>0 DIA
Foi recebida com especial agrado a representa·
çãa da camara municipal da vil! a da Laguna, feli. Entrou em discussão a resolução seguinte ·da
citando a esta camnt'a pelos acontecimentos do dia commíssão de constituicão :
7 de Abril e pela boa escolha dos membros da « O governo fica autorisado para passar carta
regencia. de naturalisação ao cr1pitão Vicente Antonio de
Farão remettidas â commissão do constituição as Mirand11, natural de 1'uy em Galliza, e morador
representações das camaras munícipaes da vílla no Pará. >>
de Montemór o Novo, villa Viçosa e villa Nova
na provincia do Ceará, pedindo a convocação de O SR. CASTRO ALVES offereceu emenda para sup·
uma assembléa constituinte. · primir-se a palavra-capitão.
Approvou-se a redacção da emenda substituída Posta á votação foi approvada, tanto a resolução

presas e dispensou-se da àpprovação da acta, • Entrou em discussão a resolução n. 269 sobre


afim de ser mandado para o senado. · a gratificação mensal a favor dos membros da
Forão approvados os pa1·eceres seguintes: commissão liquidadora da caixa de Londres, e
«A commissão de fazenda, a quem foi remettido foi approvada afinal com a emenda do Sr. Manoel
o o:fficio do ministro da fazenda com os documen- do Amaral, para que se supprimissem na con-
tos pelos quae;; pretende mostrar a necessidade clusão as palavras-ficando reservada ã assembléa
de ser habilitado com um credito de 2,250:000,11, geral qualquer outra remuneração dos trabalhos
para occorrer ás despesas dos 3 ultimos trimes· da mesma com missão.
tres do corrente anno financeirr, depois do exame Entrou em discussão a resolução n. 284 para
que permittlo o tempo, julga dever declarar a compra das machinas oíferecidas por Carlos
esta augusta camara que um objecto de tanta Bertrand.
transcenâencia e que exige a maior circumspecção O S:a. MELLO MATTOS apresentou a emenda
impossível é tratar-se ligeiramente e em breve seguinte:
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:59 - Página 1 de 1

SESSÃO EM 29 DE OUTUBRO DE t8ill 249


« Que o governo fique autorisado a contractar da Sé da mesma cidade, mandando-o prender por
com o estrangeiro Carlos Bertrand a concessão ter elle feito citar a João Paulo dos Santos
de uma porção de terreno nacional que seja suf- Barreto, que havia deixado de ser alli comman-
ficiente ryara o estabelecimentú de uma escola d~J'!te das armas, privando-o na prisão de ser
normal de agricultura e experimento das ma- VISitado or seus · ' -
· · · s ramos por e e apre- ca a um por sua vez, no que violou de certo
sentadas . » aquelle commandante as leis do impsrio e as
Dada a hom ficou adiada. garantias do cidadão, como se vê dos documentos,.
Leva<~tou·se a sessão. e não devendo fi.c'lr im une de taes a
para exemp o aquel es que ainda julgão que a
constituição é irrisoria e nulla, é a commissiio
de parecer que se remetta ao governo, afim de
mandar proceder contra elle na fórma das leis
Sessão em 29 de Outubro dando IJarte do que resolver a tal respeito. n
3.• «Manoel da Encarnação Silva, ex-guarda
PRE~IDENCIA DO SR. ALENCAR da alfandega de Montevidéo, e Joaquim Moreno,
ex-porteiro da junta da fazenda da província
Depois de approvada a acta, passou-se ao Cisplatina representão a esta augusta camara,
expediente, e leu o Sr. secretario Pinto Chi- que sendo os supplicantes daquelles empregados
chorro: que adherirão á causa do Brazil, aos quaes por de·
Um officio do ministro da justiça participando ereto de 20 de Julho de 1822 o goyerno doBrazil pro-
a nomeação de J oa uim o ·
para ministro e secretario de estado dos negocios
da marinha.
Approvou-se a redncção das resoluções seguintes,
afim de serem enviadas ao senado :
u onsan o o governo a passar ca1'ta de na- por indemnisação, foi dado ao primeiro• o lugar• de
turalísaçào a Vicente Antonio de Miranda, natural guarda supra da alfandeg'l, com o vencimento
de Galliza. de 14S, e quando se achava no gczo deste pequeno
Para se poder arbitrar a cada um dos membros em re o c m · ·
i - e 1qU1 açao a ca1xa e on res sua família, fóra demittido em virtude da lei do
uma gratificação que não exceda a 200$ mensaes. orçamento, e reduzido por isso a pedir esmolas ;
Para que o julgamento da antiguidade dos ma- e ao segundo, por mais que tenha reclamado
gistrados fique pertencendo ao supremo tribunal seu direito, em nada tem sido attendido. A com-
de j nstiça. missão de pensões e ordenados respeitando, como
A.pprovando a aposentadoria concedida pelo lhe cumpre a fé dos contractos, julga os reque-
governo a Joaquim Rodrigues dos Santos. rimentos dos supplicantes dignos da consideração
Approvárão-.s.e os pareceres seguintes: desta augusta camara; e é por isso de parecer,
1.• « À commissão de guerra examinou o re- que acbando·se esse decreto . sanccionado pela
querimento de Manoel Antonio Henriques Totia, carta de lei de 20 da Outubro de 1823, se re-
pedindo se lhe continuem a pagar os vencimentos commende ao govsrno a execução do mesmo
que antes r~cebia e forão suspensos por aviso decreto, tanto a respeito dos supplicantes, como
es uer ou ros em 1guaes cucumstancias. »
« O supplicante foi despachado cirurgião-mór Julgou-se objecto de deliberação e mandou-se
em 10 de Dezembro de 1822, com o soldo da imprimir a resoluçüo seguinte da commissão de
P!ltent~ da sua graduação e 6$ para o ex. e- guerra:
« m1 10 ar os a let, que sentou praça em
lhe foi concedido o soldQ · ou vencimento de 100S 13 de Novembro de 1822 é capitão do exer-
mensaes. cito. »
<< O decreto de 28 de Março de 1825 marca-lhe Leu-se o parecer adiado da com missão de instruc-
o soldo rl a patente e as gratificações que per- ção publica indeferindo o requerimento de Antonio
cebia, isto é, o soldo <te... coronel e os 6H por mez; Cerqtleira Carvalho, que pe.dia: 1•, dispensa do
mas por aviso de 11 da Maio da 1825, foi con- lapso de tempo que tem rlecorrido des•le o encer-
side,rado pertencer á 1• classe dos ofiiciaes em- ramento da matricula até o tempo em que se
pregados, e vencer mais duas rações de etapa e deve verificar a s•1a. 2•, a faculdade para ma-
tres de forragens. · tricular-se no 5• anno, sem quf;l tenha feito pri-
« Pelo artigo 14 do supradlte decreto devia o meiramente o acto do 4• anno, ficando obrigado
supplicante escolher, ou os IOú$ sem nenhuma a fazel-o no decurso do presente anno lect1 vo.
outra gratificação, ou o soldo da patente e os
ditos 6fl ; mas o que succedeu foi continuar a O SR. LoBo mandou á mesa como emenda a
accumular (systema tanto em voga na nossa seguinte resolução :
administração)" todos aquelles vencimentos; isto (( A assembléa geral legislAtiva resolve :
é, soldo de cirurgião-mór, soldo de coronel e os « Antonio de Oerqueira Carvalho será admit-
6$, augmentados ainda com as cavalgaduras e tido a fazer exame das matarias do 3• anno do·
rações de etapa e de forragens. curso jurídico de S. Paulo, que frequentou como
« A commíssão acha· muito judicioso o aviso ouvinte, dispensado o lapso de tempo e pagas
do governo atalhando tão escandalosas accum u-. as des ez;lS le aes. »
- , JU ga que o ar • o já mencio- Discutido e rejeitado o parecer, foi julgada
nado decreto dá o direito de opção, por isso é objecto de deliberação, approvada e adoptada a
de parecer que o supplicante deve ter opção; resolução, e remetteu-se ã commissão de redacção,
ou o soldo de 100U sem nenhuma outra grati- independentemente da approvação da acta.
ficação, ou de sua patente~ na fórma do art. 8•
do decreto de 28 de Março de 1825. » ORDEM DO DIA
2. • « Foi vista e examinada pela com missão
de constituição a representação e documentos da
camara municipal da cidade do Pará, em que se Entrou em 2a discussão o projecto de lei vindo
queixa das injustiças e violencias praticadas pelo do senado, reduzindo a minoridada a 21 annos
commandante das armas Francisco José de Souza completos. .,
Soares Andréa, contra o cidadão Jacintho Fran- Finda esta, e vencidA a urgencia, entrou em 33
cisco Lopes, supplente do juiz de paz da freguezia discussão, concluída a qual foi adoptado o pr•J·
TOMO 2 32
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SESS10 E~l 31 DE OUTUBRO DE 1831


jacto de lei, e remettido â commissão de tedacção, phos dos decretos da assembléa geral sanccio·
independente da approvação da acta. nados : um autorisando a despeza extraordinaria
Passou-se a tratar da resolução n. 248, vinda com o concerto das muralhas do arsenal do exer·
do senado, marcando os ordenados dos professores cito e outro revogando a carta regia de 5 de
de gram.m~tica france~a, latina e ingleza da capital Novembro de 1808, sobre os indios bugres. -
- ara os are 1vos.
Entrou em discussão o art. 2o : Do mesmo ministro dando as .informações
,, Art. 2. o Os professores publicos de gram· exigidas sobre o alferes Joaquim de Sant'Anna
mati_ca latina, _!ranceza e ingleza da capital da . de Souza Campos.- A' commissilo de guerra.i
o o o o • o

500#000. )) sanccionada a resolução da assemb!éa geral,


O SR. VIEIRA SouTo pedia o aâiamento, que foi restaurando a antiga villa do Itamaracá.
apoi~do, rliscutido e approvado.
Do ministro da fazenda de 27 do corrente, re·
Entrou em discussão a resolução n. 277 resti- mettendo os officios dos presidentes e das juntas
tuindo a Luiz Antonio Ribas, fiscal da inten- de fazenda das províncias de S. Paulo, Santa
dencia do Ouro Preto o ordenado que vencia. Oatharina, Goyaz e 1\iatto Grosso, ácerca da falta
Afinal foi" approvada a resolução, com o orde- de meios para as suas indispensaveis despezas.-
nado de SOOfl, proposto no voto separado do A' ta commissão de fazenda.
Sr. Castro e Silva; adoptada assim a redolução Do secretario do senado, participando que o
foi remettida á commissão de redacção. senado adaptou e vai dirigir â sancção as pro·
Passou-se a disc~J.ti! com as em_en~a_s apoiadas postas do go,verno. com a~ emendas ~pprovadas

requerimento de Jacintho Vieirà do Couto Soares, mentar para despezas das províncias de Pernam-
que pretendia ser declarado cidadão brazileiro. buco e do Espirito-Santo.
Sendo a commissão de parecer que fosse inda· Do mesmo secretario, participando que o se-
ferida a re n ã · nado ado tou e i · i · sa - •
Finda. a discussão foi approvado o parecer, ção, marcando o lugar a que ficão pertencendo
:ficando prejudicadas as emendas, e julga::~do-se as freguezias que estão em ter rito rio sujeito a
objecto de deliberação· a resolução offerecida pelo differentes municipios.
Sr. Carneiro da Cunha n'' sessã Do mesmo secretario artici ando ue o s •
ren e, para se autorisar o governo a passar na o a optou, e vai dirigir ã ·sancção o decreto
carta de naturalisação ao supplicante; foi appro- da assembléa geral sobre o contrabando de es-
vadR, adoptada e reme1.tida á col,1lmissão de cravos e as resoluções, 1• declarando, que Jorge
redacção. . Brown está comprehendido na excepcão do ultimo
periodo do art. 10 da lei de 2! de"Noyembro
O S:a. SEcRETARIO PINTO OrucHORRO deu conta de 1880, 2• autorisando o governo a mandar
de dois officios do ministro do imperlo partici- pagar a José Antonio de Oliveira Guimarães os
pando que a regencia receberá segunda-feira às soldos que se devem a seu fallecido pai, 3• auto-
11 horas da manhã a deputação que tem de levar risando tan1bem o governo a mandar pagar os
à sancção a lei do orçame11to, e a que vai saber. respectivos ordenados nos empregados do \lXtincto
o dia; hora e lugar do encerramento da assembléa commissariado, que forão confirmados por aviso
geral. da secretaria d~:~ estado dos ~egocios ~a guerra,
Assentando-se u bastava
os fins indicados, o Sr. presidente nomeou os
Sra. 1\:Iaciel, Toledo e Fernandes da Silveira.
Approvou-se a redacção do decreto da assem·
bléa geral que faz terminar a minori
annos. completos, afim de ser enviadá á senado á resolução, dando varias providencias
sancçãO. sobre as notas do banco do velho p·.u:lrão. -A
Foi igualmente approvada a redacção da reso- imprimir. não se vencendo a urgencia pedida e
lução dispensando a falta de matricula de Antonio apoiada, para entrar em discussão.
de Cerqueira Carvalho, para ser admittido a Lido para subir á. sancção o decreto da assem-
exame das ma terias do· 5o anuo do curso juridico bléa geral, que reduz a minoridade a 21 annos
de S. Paulo, que frequentou, afim de ser enviada completos; c Sr. presidente nomeou o Sr. Guerra
ao senado. em lugar do Sr. Fernandes da Silveira para
Lido para subir á sancção o decreto da assem- membro da deputação, que foi convidada para
bléa geral, que fixa n despezn e orça a receita sahir pouco antes das 11 horas. ·
para o anno Jinance,iro de 1832 a 1833 ; venceu-se Leu-se mais o officio do secretario do senado,
que não se emendasse a quantia de 25:280$ orçada remettendo a resolução do senado afim de se
para a despeza com a instrucção publica na pagar aos accionistas do banco . que ainda não
provinci a de Goyaz. receberão o dividendo do banco de 1829.
0 SR. PRESIDENTE deu para ordem do dia 31 Apoiada e vencida a urgencia entrou em dis·
de Outubro: Resolução n. 275 vinda do senado, · cussão a resolução.
sobre viu vas de militares, e pareceres adiados. ·o SR. MACIEL como orador da deputação, deu
Levantou-se a sessão perto das 3 horas. conta de ter apresentado á regencia as leis para
a. sancção, ouvindo em respost~ : q.ue a regen-
da assembléa geral.
Sessão em :U. ae Outubro 0 MESMO SR. DEPUTADO mandou ã mesa O dis·
curso que por escripto dirigira ã regencia, pedindo
PRESIDEJ:';CIA. DO SR. ALENCAR o dia, hora e lugar do encerramento da assem·
bléa geral ; ao qual respondera o presidente da
. Depois . de approvada a acta, lerão-se os offi- regencia : que amanhã ao meio dia na camara
clos segmntes : dos deputados.
Do nlinistro dos negocias estrangeiros pedindo Recebidas as respostas com muito especial
que se lhe restituão todos os officios originaes agrado.
entregues ao official-maior da secretaria desta. Voltando-se á discussão interrompida, foi ap•
provada e adaptada a resolução.
eamara.- Mandarão-se remetter.
Do ministro da guerra remettendo os autogra- l 0 SR. ERNESTO FERREIRA FRANÇA mandou á.
Leia-se: Sessão em 31 de outubro de 1831 pag. 251

SESSÃO EM 31 DE SETEMBRO DE 1831 . '!!51


mesa o seguinte requerimento de ordem, que foi « Declaro que votei contra a emenda do senado
remettido á commíssão de constituição. sobre as presas. (Assignados os Srs.)- Manoer
« Que se resolva,se pôde ser amanhã a sessão im- Ama1·al.-Antonio Joaquim de Moura.-Antonjo·
perial de encerra~ento, te~do ~ assembléa geral Fernandes da Silveira.-Joilo Gandido de Deus e
sido prorogada somente ate hoJe. Silva. -Antonio Fer1•eil·a França. - Manoel
l •
ler os officios seguintes : tiilo do Rego. -Lobo de Souza. »
Do ministro do imperio, dando as informa- cc Declaramos ter votado contra a emenda do se-
ções exigidas sobre Francisco Antonio do Rego. nado sobre o negocio das presas, e credito supple-
-A' commi ã - mentat· ara a ame t d !la · · ·-
Do mesmo ministro participando que forão satisfação tão altamente requerida pela dignidade
sanccionadas as resoluções : la, declarando os da nação brazileira.-(Assignados os Srs.) -ilfon-
vencimentos dos ofiiciaes das secretarius de es- tezuma.-Muniz Bm·reto.-CastJ·o Alves.-Vieira
tado. 2a, autorisando o governo a mandar passar Souto. -Gosta Ferreira. »
carta de nnturalisação a Valentim. Garcia Mon- ORDEM DO DIA
teiro. Sa, determinando que os professores de
grammatica latina que tiverem menor ordenado Entrou em discussão o parecer adiado da com-
do que os mestres de primeiras letras dos mes- missão de contas, que entende não poder ter lugar
mos lugares, venção igual ordenado ao destes. o requerimento do Sr. Custodi~ Dia~, par~ que
4•, sobt·e a execução das posturas das camara.s o ex·commissario geral do exerctto seJa obngado
municipaes. f>a, creando vurias escolas de pn· a repôr a quantia ge LSOO#OOO que recebeu de
meiras letras na província do Espírito Santo. seus soldos.
s a o, par tctpan o que se O Sa. CusTomo DIAs apresentou a emenda se·
commuuicára ao senado terem sido sanceionados guinte :
os decretos e resoluções da assembléa : mar- · Que se remetta á comrnissão liquidadora da
cando .a maneira por que devem ser _processados i .
execute sobre este
verem. Approvando provisoriamente os estatutos existentes.>>
que hão de serviL· de regulamento aos cursos Afinal foi approvado o parecer, ficando prejudi·
juridicos de S. Paulo e de Olinda. Decla.ra~do cada a emenda .
• • o

Passou-se a discutir a resolução vinda do se·


do termo da villa nova do Príncipe da província nado, para que o vencimento concedido ás v~ uvas,
do Rio Grande do Norte. Elevando á categoria orphãos menores de 18 annos, filhas s<;>lteuas e
de villas 11 povoação de Nazareth das Farinhas mãis dos officiaes fallecidos antes da let de 6 de
e a ilha ··de Itaparica na província da Bahia. Novembro de 1827, declarado pelo decreto de 6
Autorisando o governo a mandar passar carta de Janho do corrente anno, deva ser contado
de naturalisnção ao brigadeiro Pedro Labatut. da data da dita lei, e ás dos ofiic!ae~ fallecidos pos-
Declarando de festa nacional em todo o irnperio teriormente a ella,seja contado desde o dia do obito.
os dias 7 de Abril e 2 de Dezembro, e suppri- Julgada finda a discussão, foi approvada e
mindo a do diu 12 de Outubro. Removendo a adoptada a resolução.
villa de Santa Luzia do Rio Real para a po- Ficou adiada por se pedir a palavra o parecer ·
voação da Estancia e creando freguezi'l a capella da commissão de constituição sobre tres represen-
de Nossa Senhora da Guadalu e da mesma o- - .. . .
voação. El'igindo em villa o julgado de Joru- temór o Novo, d~ villa Viçosa e de . villa nova
menha. Creando villas nos quatro lugares: d'El-Rei, todas na província do Cea:á .a~ quaes
Triumpho, S. José do Norte, Caçapara e Alegrete requerifi.o que se annull!lsse a c.on~tt tmçao e se
da província de S. Pedro do Sul. Eri indo em
vt a o arra1a a arolina da província de
Goyaz. Creando uma escola de primeiras letras
para meninas da cidade de Goyaz. Permitind.o a
construcção de duas barcas no porto da VtlJa·
de S. Francisco das Chagas da província da
Bahia. E creando escolas de primeiras· letras em
differentes lugares da pt ovincia de S. Pedro do Sul.
Do mesmo secretario, remettendo a fmenda do
senado, substituindo a feita por esta cam!lra na
proposta do governo sobre o pagamento das pres~s.
Apoiadll e vencida a urgencia, entrou em dis-
cussão a emrnda, que dfpois de algum debate
foi approvada por 27 votos contra 25.
Do mesmo secretario, remettendo a ~UDenda
do senado á resolução que .approva a epos~n­
tadoria concedida a Joaqmm José Ferreua
Chaves. -A imprimir, não se vencendo a urgen-
cia para entrar em discussão.
Approvou-se a redaccão da resolução autor~
sand~ o _governo ':1 mand~r. passar carta de na-

afim de ser enviada ao senado.


Vencendo-se a prorogação até ãs 3 ~oras, o
Sr . Montezuma mandou á meza o segumte re-
querimento, que foi approvado :
cc Proponho que so mandem imprimir, formando
um volume, todos os papeis, notas, momo~nn­
dos ou mais ordens respoctivns 1\H presas fmtas
aos neutraes no bloqueio do lUo da Prnln roln
esquadra brnzileira; assim como os rolnt voa
âs presas feitas na costa d' Afrlcn polos m·mmlio-
res inglezes.
Vierão â meza as seguintes declarações do voto 1
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 12:00 - Página 4 de 4

SE~SÃ~ IMPERIAL DO EN~ERRAMENTO


DA

GERAL LEGI~LATIVA

El!>l lo DE NOVEl\J:BI~O DE 1831

P.RESIDENCIA DO SR. BISPO CAPELL.ÃO-MÓR

os mawres pengos, esquecidos de


por diante u que lhes merece a

Gama, Aureliano de Souza e Oliveira, Pedro de


Araujo Lima, Cassiano Speridiiio rle Mello
Mattos, Salvador José Maciel, Augusto Xavier de
Carvalho, Gabriel Getulio Monteiro de 1\:Iendonça,
José Maria Pinto Pelxoto, José Martiniano de
Alencar, Manoel do Nascimento Castro e Silva,
Joaquim MarianfJ de Oliveira Br.Jlo, Francisco de
Brito Guerra, os Srs. senadores J,tciuthf1 Furtado
de Mendonça, marquez de Jacarépaguá, Francisco
dos Santos Pinto, José.Saturnino da Costa Pereii·a
e marquez de Caravellas.
Ao meio dia annunciando·se a che ada da rc-
genCia sa 10 a esperai a a deputação nomeada.
Logo que a regencia tomou assento, o pre::oi-
dente da mesma dirigia á mesma nssembléa a
seguinte

P.I.LLA

« Augustos e dignissimos senhores representan-


tes da nação.
« No momento em que termina a presente sessão
offerecem os negocias do estado um aspecto menos « Depoi.' do tantas fadigas é neccssnrio o re-
desagradavel aos amigos das liberdrtdes publicas. pouso, i!r.porta que lé•rneis ás vossas habituaes
« Nossas relações de paz e amizade com as occupações afim de que deis o mais vivo exemplo
nações de um e outro hemispherio continuão sem da obediencia ás leis, dus quaes m'io pequena
alteração. parte são obras vossas.
« Algumas potencias têm já reconhecido o Sr. '' Idr, senhores, receber as felicitações e ben·
D- Pedro !I, havendo os Estados-Unidos da Ame- çãos dos vossos concidadãos e afiançar-lhes que
rica de novo acreditado o seu encarregado de o governo de vossa eleição põe todo o seu des-
negocias, e é de esperar que se realize o reco- velo e solicitude em promover a publica pros·
nhecimento dos outros estados, 'attenta a justiça peridade, e velar na independencia, integridade e
do mesmo augusto senhor, e os imprescriptiveis honra nacional.
direitos da nação. '' Está fechada a sessão.
« No interior a lei cobra o seu imperio, e se '' Francisco de Lima e Silva.- José d
os artidos d sen o ~ · - ·
paixões violentas, arrnstiio aqm o nlli a licença, arva ho. - oâo Braulio Muniz.»
e produzem commoções, a nnçiio os repdle e Terminando esta acto retirou· se a regencia com
detesta comtl fntaes precursores da anarchin o o mesmo ceremonial com que tinha sido recebida
despotismo. O Brazil se recordará sempt•o grato e immediatamente levantou-se a sessão. -Bispo
dos relevantes serviços prestados pelos guardas capellr1o-mór, presidente. - Oo?1de de Valença,
municipaes, officiaes, soldados e antros bravos So secretario.- Visconde de Oongonhas do Campo,
militares; estes dignos brazileiros têm arrostado 2• secretario.
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1831
INDICE .
DO

A conv~nient~. para a camara de que usára o


refendo ministro ~m _seu officio. Outro J?arecer
·S
Accusação do ministro da justiça Diogo Antonio á resposta do ministro á mesma camara estra-
Feijó-forão eleitos para a respectiva com missão nhavão que solicitasse medidas arbitrarias e
os Srs. Xavier de ~arvalho, ~araiso_ e Castro i~constitucio~aes, como a suspensão de garan-
I

e 93. '
Orarão os Srs. Castro Alves, Rebouças, Paraíso,
Xavier de Carva~ho, Montesum~, Cassi!lno, B
'
Carneiro ' Caval-,
da Cunha, 'Rezende, Hollanda
canti, Castro e Silva e Aureliano. Banco-parecer da respectiva commtssao sobre
A discussão foi longa, tratando-se de pontos ju- a p~oposta do governo,-pags. 29 e 220; nesta
rídicos sobre a concessão de cartas de seguro, pagma trata-se da liquidação do ~ntigo banco.
sua origem e historico :
A denuncia contra o ministro da justiça Feijó Baepend-y. - Vid. Accusaçao do ex-ministro
era fundada na suspensão que ordenára das marquez de BatJpe'lld!f.
referidas cartas de seguros, tendo encontrado
da parte de alguns magistrados reluctancia no
cumprimento daquella determinação.
Na sessão de 31 de A osto, a pag. 101, decidio·se
or vota ão in - ·
c
nuncia contra o dito ministro. Campos-discussão do projecto unindo a villa
Votárão 57 deputados neeste sentido e 15 de modo de Campos á província do Rio de Janeiro,-
contrario. pags. 55 e 105.
Accusação do ex-ministro marquez de Bae·· Codigo do processo-o Sr. Alves Branco enviou
pendy,-pags. 10, 39 e 156. á mesa o couigo do processo com uma reso-
A commissão julgou improceiente a accusação ~u9ão para revular·se o processo criminal nos
e o parecer foi approvado. JUizos de 1~ ~nstancia,-pags. 65, 188 (dis-
cussão), 191 (adopção do prujecto1 207 e 208.
Aposentadoria a diversos funccionarios publi- A resolução do codigo tem o n. 230.
cos,-pag. n.
Codigo criminal-discussão do projecto do senado
Accnsação do ex.·ministro Clemente Pereira- alterando diversas penas do citado codigo,-
discussão do parecer da commissão especial pags. 223, 229 (passou em 2a discussão), 231
que julgára procedente a accusação,-pags 21, e 234.
30, 37, 52, 208 e 218.
Orárão os Srs. Castro Alves, Evaristo (seu dis-
Orárão os Srs. Paraíso, Rebouças, Xavier de curso foi muito apoiado), Xavier de Carvalho,
Carvalho, Perdigão, Limpo de Abreu, Maria Rezende, Aureliano & Luiz Cavalcanti.
de Moura, Costa Ferreira, Odorico, Montezuma O deputado Luiz Cavalcanti dirigia ex])_robrações
e Maia. veliementes ao ministro da justiça Feijó pela
A pag. 35 decidia-se que tinha lugar a accu- maneira irregular por que officiára á camara e
sação. pelas suas opiniões autocraticas; o deputado
Eva ris to defendeu o ministro em termos en er-
u • gi os. << u nao careço o governe, disse Eva-
são do parecer das commissões de constituição ris to, não sou homem de ninguem ; o governo não
e justiça criminal sobre aquelles acontecimentos; me fez beneficio algum, e se quizer fazel·o,
tratou-se da amnistia para os que havião nelles regeito·o. Vendo livros em minha casa e disto
tomado parte,-pag. 47. recebo uma subsistencia honrada. (Muitos
apoiados.) »
Acontecimentos sediciosos de 6 e 7 de Outubro As galerias manifestárão vivos signaes de adhesão
na côrte -officio do ministro da justiça e do aos actos do governo.
senado, este declarando-se em sessão perma-
nente; parecer das commissões de constituição Clemente Pereira (José) .-Vid. Accusaçiio dQ
e justiça criminal, all"qdindo á linguagem in- ex-ministi'O Clemente Per~;~ira,
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Contrabando de escravos-discussão do l'espectivo


projecto,-pags. 234e238. . J
D
plomacia sobre o acto do ministro da justiça
Dlarios da Camara-exposição do deputado di- pondo fóra da protecção das leis ao dito João
rector dos diarios ácerca dos tachygraphos ; Bomfacio,-pag. 88.
na discussão do or amento do rninisterio uo
imperio tratou-se da suppressão da verba para Orárão os Srs. May, Rebouças, Carneiro da Cunha,
as Jespezas dos diarios,-pag. 112. Costa Ferreira, Odorico, Castro Alve>l, Carneiro
Leão, .Montezuma, Ernesto, Françà e outros.
Dotação do Sr. D .. Pedro II-proj!lcto do S1·.
Oarueiro Leão estipulando a quantia,-pag. 216.
L
E Laço nacional-decreto do governo,-pag. 240.
Expulsão de certos empreg<1dos r,ublicos desaffec-
tus á causa constitucional-parecer importante da
commissão especial sobre este assumpto,- M
lllorgados-discu;;são do projecto vedando seu
Eleição· da mesa-Agosto-forão eleitos presi- estabelecimento,-pag. 41.·
d~nte o Sr. Alenc':'r; vice-preside~te o Sr. Araujo

., .
de diplomacia sobre a reclamação da regencia
da ilha Terceira áquelle respeito,-pag. 37.
Escravos que entrassem no territorio do Brazil
-discussão do projecto-do senado n. 83,-pags.
o
54 e 55. Orçamento da fazenda e orçamento da receita
Es:Joht.s de medicinn-discus~ão. do plano pat·a e despeza- discussão,- pags. 6, 11, 16, 38
organisação daquellas escolas.,- pag. 112. e 61.

E!ciçào da mesa-Setembro- forão eleitos os Orárão os Srs. Rebouças, Vasconcellos (minist,·o


. . . da fa~enda), H_ollanda Cav~lcanti, Qastro e.Silva,

Estatutos do curso jurídico de S. Paulo-dis- Amaral, Montezu~a, Ferreira de Mello, Duarte


cussão da resoluçiio n. 118 approvando pro- Silva, Carneiro da Cunha, Ernesto França e
visoriamente o ro'ecto da !lelle .>t Luiz Cavalcanti. · .
rag. 210. Ordenados dos officiaes das secretarias de estado
Eleição da mesa-Outubro-resolveu-se que con- -discussão do projecto n. 106 de •.•..•• -
tinuassem os mesmos membros até o fim da pag. 39.
prorogaçào,-pag. 217. Orçamento do !Dinisterio do imperio-discussão,
-pat;s. 72, lOi), ll2, 120, 127 e 133. .
F Orárão os Srs. Montezuma, Lino Coutinho (mi.
Forças navacs-emendas do senado ; discussão, nistro do impe1·io), José Bonifacio, Odorico,
-pag. 39. Rezen·le, Castro Alves, Soares da Rocha, Martim
Francisco, Duarte Silva, Xavier de Carvalho,
Fontes artesianas-discussão do projecto relativo Carneiro Leão, .May, Maciel e Carneiro da
-ai F} ~abertura e construcção daquellas foJltes,- Cunha.
,ori!P~H1.i}
219. 01•çamento do ministerio dos negocios estran-
2W~ de nacional-farão declarados taf!s os geiros,-pags. 142 e 153.
!l!o 97i! ft,,Abril e 2 de Dezembro. O dia 12· de
a 13 ttl:tsrq:, i'l'A eliminado daquelle numero, -
ohillfiijen2:W:: e.s:JL
-.f~!k<Í OfhlrJ. t.ô%!ol.-::Yid. Accusaçâo do mi-
olir9'4~ffl'1to~<b i1'HM~iJi'et;o. _
,o-Ia~wl ~s:<:i/Jl! ea 9 fDL '
Orçamento do minislerio da marinha-discussão,
olê~~ :J tiHl<frl!Bt Wk,' eruifframento da assembléa -pags. 157 e 209.
~O!~ ,-JN!l:.-u~ .Bi:wojaiBL
Orárão os Srs. Castro e Silva, Montezuma, .Maria
oliae.dbn eb ae.sngie aoviva,·Ji:Jar.lt . do Amaral, Carneiro da Uunha e outros.
. M·1avog f.'JJ
Orçamento do minislerio da guerra-discussão,
0 ~u~JJl'k~l{lllnicilJ~l- p,er~Mnente -:-ç;;discussão
dn
propos-.a 'ao · Jlfi!;ver~fNlO.!<J pfiW1b %0\r~-e 218
O
-pag. 163.
senado remettffiii~§'p~e~~~Efl'iWltffibre ·estll Orârão os Srs. Ferreira da Veiga; Manoel da
f!)Gsmo assum:pto,- pngs. 219, 221, 22~ e 230, J!'onseca, ~ima e Silva ·(mfn~st,·o da guer1·a)~
•, .
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Rego .Barros, M~'ntez~ma, Costa Ferreira, Al- Proposta do· ministro da justiça-creação de um
meida Torres e p~rre1ra de Mello. . corpo municipal permanente,-pags. 77 e ·156.
Orçamento do min~terio da justiça-discussão,
r
Prorogação da assembléa gcral,-pag. 87.
-pags. 168, 173 e 2~0.
a propost" do 'governo áquelle
208, 2~-:1 e 24r!. .

e receita-discussão,-p,ags. li''l:. 1.31, 1SO, 1\)E•, i


.... H'(.: ....
202, 217 e. 218. \ .. l do · pro)Ylt~ _n.
Recrut::-.'!ni'Jl\t~>-:Esoussão [1). 'l.à
Orárão os Srs. Montezu!rla, So ~. 9S da Rocha, 18iH sobre o recrutamento,-pag. 43.
Rezende, Vasconcellos (~Ü~istn. ;da (azenda) 1 Orárão os Srs. Hollanda Cavalcanti, Souto, Car·
Hollanda Cavalcanti, Ba~ttsta J?eretra, Jose neiro da Cunha, Maciel e Rebouças.
Bonifacio, Ferreira de Mell~Carnetro da Cunha,
Costa Ferreira, Maria do .A:. aral, Duarte Silva, Befm•ma eleitoral-projecto do Sr. Castro Alves,
Evaristo e Lobo. , \ -pag. 231.
Be~orma da constituição-projecto do Sr. Hen-

impe1~-apresent.ação,
tit. 4o da constituição no
psg5. 21, 40 e 52.
Propostas do ministro do
- a • Sô. '
especial,-pags. 36, 55,
Pensões-concessão de,-pag. 40. e 232.
Presidente d.l rovincia do Rio e Janeiro--o Orárão _os Srs. Rezende, R~boucas2 Mont~zum~,

facio, José CJ~ario,' Castro Alves 'e Hollanda..


sena _o não adoptJu a resolução ~a cam9:ra a '

respetto do prestdente da provínCia( do Rto de Cavalcanti.


Janeiro e seu conselho,-pag. 41. 1
Na sessão de 10 de Setembro discutia-se sobre
' a preferencia das propostasí de reforma> consti-
Proposta do ministro da fazenda-aprl~sentação, tucionaes para a discussão. Foi preferido o
-pag. 51. \ projecto da commisaão espe.::ial sob n. 102.
Páo-bra?.il-discussão do projecto consl,derando
livre o commen:io daquel'a madeira,-p'.~g. 54. T
Prisões_'- regulamento das- projecto de 'lei, - Tr'afego de escravos-observações do Sr. Mon-
pa~. 6o, w.zuwa sobre este assumpto,-pag. 30.

. [3

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