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1831
CAMARA DOS SRS. DEPUTADOS.
anno sobre a construcção 'de um edificio para por haver chegado o Sr. ministro da fazenda,
hospital militar; 2°. uma resolução do conselho para continuar a discussão do orçamento; e tendo
geral da província de Goyaz de 7 do xeferido tomado assento o Sr. presidente deu a palavra
mez de Fevereiro para não se alterarem os uni- r . . .
ormes os m 1c1atl.os .sem acto egislat vo : o, para responder, mas tendo-a elle cP.dido
uma representação do conselho geral de Goyaz
e da mesma data, para poderem os milicianos O SB. REBouçAs disse que · não teria durado
sahir da província sem licença, excepto nos casos tanto a discussão do artigo a não se haver di-.
declarados na mesma representação. -As reso- vagado por todo o projecto, e se não fussem impu•"'
luções mandarão-se imprimir e a representação tadas ao artigo causas que elle não continha;
foi á commissão especial de conselhos geraes. que o Sr. ministro na sessão de 29 descobrira
Do secretario do senado participando haver o por uma parte no artigo qualidades que induzião
senado adoptado para dirigir á sancção im~erial a uma votação mais solemne para sua admissão;
a resolução enviada pela camara dos Srs. depu- e por outra parte causas, que no conceito delle
tados declarando em seu inteiro vigor a resolução orador, não ex:istião, nem uo artigo nem no pro-
de 9 de Agostt> de..:. 1827. jacto, o qual tinha apenas algumas proposições
accessorias ue odião ser se aradas na discussão
que já existião, não se havendo applicado á O Maranhão é uma das províncias que suppre
Bahia nem a oitava parte das sobras que deter- o Pará, como se sabe da 50,000 lbs. st. para
minava a lei de 20 de Outubro de 1823. juros dos emprestimos externos, e ainda tem
2. o Que a divisão de despezas geraes e provinciaell sobras além disto ; com tudo admittida a distincção
·· fôra consagrada em leis do orçamento anterior, do projecto virá a ter um deficit de trinta e
ao que se conformava o art. 1•, assim como a tantos contos, porque a receita vem a ser de
distincção-de thesourarias feita no art. 170 da 38:000S e a ddspeza de 65:000/1. Eis a razão
constituição. porque eu disse que parecia mais .~certaào que
3. o Q11e ao intel'esse das províncias accrescia não se fizesse esta dietincção na fôrma do pro-
o ipteresse da política, o qual aconselhava a jecto por em-tuauto, e que ~·e adaptassem as
adopção do artigo, porquanto se em _tempos disposições das leis anteriores ; eu até me referi
antigos poucos sa_biã<? qutl a ~r~nde vantag~m ás leis anteriores, e não sei ortanto em que
te ep a o. u
tribuição e admiooistraçào dos impostos, hnje ti- disse que seria melhor conservar o disposto nas
nhão-sa propagado tanto os conhecimentos e theorias leis anteriores emqu,mto a assembléa não fixava os
constitucinnaes, que _na Ba.hia t"dos sabiãll que rendi!lJentus particulares das provinci~s e o~ geraes
dião não só f •Zer muito bem to elas as <tespPzas
'
opinião não diverge das que enunciei consLante-
.
provinciaes, mas até applicar sommas para cons- meute nesta casa; quero a mesma distincçãu do
trucção de obras publicas, para melhoramento projec~o, mas e"! tempo conveniente, depois de
de canses, etc. dero ando-se ai uns im ostos
ma1s pt~sados, a..Imitti a que fosse a classi cação grandes males ás províncias, e depois ·de refor·
de despezas geraes e provinciaes na importancia mada a constituição do imperio.
talvez de 2,000:000$; que a dita provincia bstando O illustre deputado analysando o art. 1•, disso
. nesta certeza e vendo que se <iueria atesar. de que tudo era feito na conformidade das leis
1
}Jlais o vinculo da centralisação, a ponto de não existeiJtes e anteriotes, porque o artigo dizia-na
-·compensar de maneira alguma os sacritlcios que conformidade das leis que as têm regulado, etc.,-
fazia, se mostraria mais propensa a ouvir as mas pela lei de 20 de . Outubro o conselho de
seducções que algumas empregavão com vistas governo taxa despezas extraordinarias, que não
sinistras, para a separar; que para conservação se poem em execução senão depois da appro-
da causa âo lkazil convinha por isso não se~em vação do governo central; por isso o que deter-
os Srs. deputados tão austeros em querer guardar mina o artigo não é o :~ue está regulado nas
c~rtas formulas cuja mante~ça mostr_aria injus- leis anteriores, é innovaçao, pois que confere ás
· · · p er e azer as
tado. despezas independentemente do governo central.
Ooncluio voliando pelo artigo por ser constitu- Disse o illustre deputado que não se podião
cional, conforme ao que se acha determinado nas fazer ~espezas nas províncias aem provis_!)e_s do
leis de or amento t rior at ·
reorganisação do thesouro, a qual subira para a José Ig~acio Borges expe io provisÕes para
aancçãó, segundo se devia. que se fizessem as despezas consignadas na lei
o t§lr. MUU.•tro :-0 illustre deputado que do orçamento, independentemente de provisões
acabou de fallar entendeu mal o que eu disse do theaouro, por isso o embaraço filho c do sys·
na ultima vez que Uve a honra ile assistir á tema colonial ou do systema de centralisação, já
discussão deate projecto, e por isso devo expU· está removido. .. ·
car-me. Quanto ao que disse ·a respeito do inconve-
Eu não me oppuz à distincção de despezas niente de não se podere111 cencluir as arremata·
geraes e provinciaes, porque além de estar con- ções nas províncias sem app~vação do thesouro,
sagrada na ultima lei do orçamento, sempre me respondo, que cabe nas attribuições do corpo
pareceu indispensavel que se fizesse ; o que eu leg1slativo revogar as disposições da lei a este
disse foi que não convtnha desde já fazer dis- respeito, mas emquanto a lei existir o governo
tincção de receita geral e particular, produzindo tem por dever executal·a (muitos apoiados) ; re-
entre outras razões esta : Se todas as 1·endas do vogue-se a lei e está removido o embaraço.
estado nllo chegao para suas despe.a-as, como Continuou fazendo algumas reflexões sobre a
poderáiJ chegar, feita a divis/fo de receita ge1•al necessidade de ter cada uma das provinéias o
e particular. para as despe:~as geraes e pro· sufllciente J;lara suas deêBSas. por não haver
vincitJes r nada mais 1njusto do que limas provindas serem
Seria necesaario primeiramente estabelecer o sustentadas pelas outras; e conolulo, que A vlcta
principio de que as partes aio maiores do que do expoato não havia rullo • ~r~ ser aocuado
o • .
As deapezaa geu.ee da naçio, para ao que.ea. o '
podl~ a mittlr-oe o ert. lo, eem ft:or·ll8 antes
todo nio chega. Or&!., lato acha-se bastantemente uma receltll tal que chegaeee para u deapeau
provado pelos factos. . geraea do imperlo e para ae pseull&i'es das
E' ineontestavel que ha provincw, es quaes, provinclaa.
puoando 41Ste primeiro artigo, ficio com sobras,
e que outras ficio sem meios para as ouas O s..
Rz'BotJQU reapondeu :
despezas. Se não são aui!lcillntes aa rendas para l.o Que longe de ser injWito, era &cto de bene·
as despezaa. se niio hc:t meios para pagar as-- ~olencia e dever proprio de irmãos o soCCdrrerem
despezas geraeo e provinciaes, como hao de ser 1lB províncias ricas áquellas que sio pobres.
su11lciantes, inttoduzida a distincçiio que se pre- " . 2. o Que havia razões politicas para se adoptar
tende, 4cando uma província com· o dobro da o artigo. nas quaes havia já fallado.
quantia que lhe é nec:essaria para as despezas · 3.o Qu.e o Sr. ministro se dealisàra sobre opi-
provinciaea ~· outra sem m~. pare. e_~ Y niões que tinha enunciado, porque auat.entava
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SESSÃO EM 1 nR AGOSTO OE 183 L
. 7
tenazmente a sua ciptnlio contra o artigo, com O Sr. Mln.lstro :-Sr. presidente, o illustre
o fundamento de que a distincçiio de rendas deputado que se propoz a combater as minhas
geraes e provinciaes diminuia a totalidade das opiniões em parte as defendeu, e em outra parte
rendas, e que emquanto havia deficit não se podia combateu o iniões ue su oz serem ·
i r a 1v1sao, quan o era sa 1 o que em e endeu n minha opinião quando disse que devia
occasiiio de maior deficit e em que durava ainda pertencer aoo; conselhos geraes a fiscalisaçiio e
a guerra, se fizera a distincção a que se repugnava exame das despezas, accrescentando, que taes
tanto agora. . . exames niio serião dafl.nitivos, mas ficariíio de-
a approvaçao a assem a geral;
projecto para não haver deftcft, pois que reco· eu sempre me expliquei da mesma fórma, e os
nhecendo as províncias que da boa administração argumentos que a esse respeito produzio, forão
de suas rendas lhes resultaráõ maiores vantagens, todos ;:;rn meu favor. Já na sessão passada, em
hão de empenhar-se na boa arrecadação para as que foi membro de commissão de orçamento
conseguirem ; o que fará que cheguem para as apresentai um orçamento assim concebido, dei··
despezas ordinarias e extraordinarias. xando...:a fi.scaiisação das despezas nos conselhos
5.o Que as leis que mandaviio que nenhuma provineiaes; e portanto não ha entre· nós diffe-
arrematação se fizesse sem approvaçiio do governo rença de opinião a esse respeito.
central erão leis de colonia e não estavão em Quanto á outra parte : eu não disse que ficasse
execução por serem muito antigas, até que o dependente do thesouro e do governo central
ministro da fazenda em 1828 as fez reviver, para senão aquillo que a lei manda. Ora, vejamos o
trazer maior inftuencia sobre o Rio de Janeiro ue determina a lei de ·
com grave amno as Jlrovincia.s e detrimento art. 24, § 16. "E' da attribuição dos conselhos, etc.,
das rendas geraes .da nação, como tinha mos- determinar as despezas extraordinarias, não sendo
trado anteriormente. estas determinações postas em ea:ecuçélo sem prévie1
6.o Que as des ezas determinadas or lei não approve~ção do overno; 11 ortanto só enunciei o
evtao epen er e prov1soes do tbesouro, que que eve azer-se pam que o ministro niio deixe
nesse caso erão intemimente desnecessarias. de obrar conforme o disposto na lei. · .
7.o Que entre .os primeiros enunciados pblo O illustre deputado mencionou as oitavas
Sr. ministro e sua a lica ão r ti · - partes, eu não me referi a ellas, por entender ·
malia, e que não podia encontrar-se a inconsti- · · no passa o
tucionàlidade allegada, porque então era anti- se ficou de accordo que a dita lei era provisoria
constitucional tudo quanto se praticou nas leis nesta parte e não podia continuar em vigor; ela
do orçamento de 1827, 28 e 29, e n'l ultima, que o que se su~tentoa nesta casa, e a opinião em
foi a lei magna, desde que o corpo legislativo que está o gvverno ao menos, e que é conforme
se achava installado, pois em todas ellas houve com a lei e interesse das provincias. A lei de
a distincção de despezas geraes e especiaes, des- fixação das despezas ha de regular as despezas.
cendo-se até a todas as hypotheses. todas para o anno financeiro ; e por isso as oitavas
partes que a lei de 20 de Qutubro mandou applicar
S.o Que da approvaçiio do art. to níio se seguia não. estão em pratica, d'esde que ha lei de orça-
que fosse approvado o. seu desenvolvimento, mento; não sei pois em que ó ministro se des-
podendo fazer-se-lhe muitas emendas ; não devendo lisou e mostrou retrogrado. Se a assembl.éa geral
eomtudo a camara rejeitar o systema, que seria determinar de modo diverso da uell
e reprovar a cons mçao. estabeleceu na lei de 15 de Dezembro de 1830,
9.o Que na lei de 20 de Outubro de 1823, que em eonsequencia da qual o governo considerou
applicou as oitavas partes das rendas dBs pro· revogada a lei de 20 de Outubro de 1823, o
vincias ao uso dellas, nem nas leis do orçamento governo não deixará então de conformar-se, como
nao a a a con ç o e que as espezas a cargo eve, s 1Spos1çoes a assem a gera .
dos conselhos geraes serião determinadas por O illustre Cleputado inslstio ainda em affirmar
provisões do tbesouro, e que portanto o deftmder que havia engano da parte do ministro em avançar
agora a necessidade destas provisões era dar um que a divisão das receitas em geraes e proviu·
passo retrogrado que nos abysmaria nos emba· ciaes augmentava o deflcit ; eu lhe peço perdão,
raços do systema colonial ; accrescendo que a m:1s continúo a suppôr que o enganQ está da
sancção dos actos dos conselhos provineiaes era sua parte. Aa rendas provinciaes na fórma do
lla attribuição do ministro do itr.perio e não do p1·ojecto são applicadas ás despezas provineiaes,
da fazenda. . mas ha províncias que têm 100:0008 e mais de
10. Que as doutrinas expandidas a respeito sobra, estes 103:0008 silo recolhidos hoje ao cofre
dest.e artigo e fundadas no argumento das camaras geral para satisfazer com elles a des~eza geral
munieipaes erio applicaveis e homogeneas 1 com da nação; porém, se para passar o proJeeto estas
a dift'erença unica ,de 1 (1e limitarem as municipa- sobras hão de ficar sujeitas a outra applicaçiio,
lidades aos tel'Dios de sua jurisliieção, e estende- que o presidente em conselho dá, segundo a
rem-se os . conselhos geraes a toda a província, necessidade dQ serviço provincial; isto é expresso
não havendo cousa mais importante para estes no projecto.
conselhos ;io que a distribnicão, arrecadação, Ora, aqui temos um deficit consideravel de
fi.scaliaaçio e e~tame dos impostos; porque do todas estas sobras que não se recolheráõ mais
contrario taes conselhos não passarião de ver- ao cofre geral; e por isso eu disse, que não
dadeiros espantalhos, embora ficasse por ultimo sendo sufficiente · o todo, como podião as suas
o dito e:ame sujeito 'i approvaçiio da assembléa, t s · d a
e sse asstm ·eonvemen e., pezas geraes e particulares.
Lembrou aAnal., .que a camara havia já sane·
clonado ·o. prlnctpio de qui!', á excepção da ml- Declarou finalmente emquanto ás arrematações,
clativa eolire impostos, tudo o mais que lhes que o ministro actual não era responsavel por
dizia rupaito pertencia aos conselhos provin- actos de ministro anterior; que a camara havia
ciMe, aomo vig1ar sobre a sua distribuição e já mandado expedir um aviso requerendo e:r.pli·
&rrt41&4aolo, fiecalisar o emprego que delles se eaç.ões a esse respeito!. e que emqwmto ellas não
fasla nas despezae, representar sobre as altera- viessem, a camara nao revogasse a lei, o mi-
ç<Jes ele que necassltessem, etc., segundo a camara nistro nio tinha mais que fazer do que e:r.ecu·
decidira q11ando emglo doa consellios geraes e de tal·a.
presldencre. lnformaoõea sobre a vantagem da ' O SR. REBOUQA.s es:{llieou ter dito só que
aubatituloilo de impostos territoriaes e sobro ,o talvez parecesse cooveweu&e deixar lil assemblér.
melhor methodo de arrecadaç!o. ,. o ex:1me definitivo das cont!ls; e que a lei de 20
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esejava que a nação não ' ficass~> s~:m lei de deviã·• se: para a B.tllía.
orçamento. Concluía votando q~e o projeeto voltasse a uma
O Sa. HoLLA.NDA exigio que se apresentasRem commissiio
a por motivo
. de serem inconstitueionaes
. . . .
s s so re ue p · - não podia admittir-se a divisão nelle proposta
sem o que votava cont::n o adiamento. que ia estabelecer uma barreira entre as provín-
Declarou qua quando dissera que o ministro cias de uma mesma nação, ao mesmo tempo que
devia apresentar uma proposta, não tivPra em privava as mais pequenas dos meios de se man-
vista que a camau assim o determinasse, ou terem.
que se seguisse á carta franceza, em lugar da
carta br11zileira ; mas que elle otferecesse alguma O Sr. adiamento,
base para informação da commissão, sendo certo
que ao Sr. ministro era licito fa-~:er a dita pro-
posta.
Accrescentou qu13 defendendo o projecto tinha
em vista a execução da constituic;ã••, e comparo11
o Brazil a um laneta cercado de satellites cada
um dos quaes girava na sua orbita sem sahir
do systema geral que erão as províncias com as
suas orbitas provinciaes, as quaes 'Beguião a orbita
geral, e disse que o systema de outra fórma não
se conservarJa 1n euo, nem se po IR<' provt enctar
as suas necessidades presentes e p11ssadas.
Fez varias ·observações, mas sobre a dífficuldade
de qualque! ser aereditad? sem provar p~r factos
indispensavel o exame das con'tas dos dinheiros '
presum1vel, de onde p:~:oviria o mão resultado
despendidos ; o qual só podia ter lugar se pas- de não se poderem satisfazer as despezas geraes
sasse o ·projecto. ou provincia~s : e continuou fazendo mais algumas
O SR. CARNEIRO LEÃO lembrou que o Sr. Hen- reftexõe!l sobre a inconstitucionalidade de se at-
riques de Rezende havia otferecido bases, e que tribuirem aos presidentes em conselho f111H:çõés
pancia portanto que a commissão já tinha sobre legislativas, quando elles só forão instituídos para
que pudesse organisar novo projecto. tratar da admini&tração e erão ramificações do
poder executivo, ao qual devião ser sempre subor·
O SR. CASTRO E SILVA approvou o adiamento, din11dos ; e concluio aepois de varias observações,
não só pelas razões que se tinhão dado, como ap_provando o adiamento.
por não estar o projecto conforme ao regimento Dando a hora ftc'J•l ainda adiada a discussão
da ca!Ja,_ o qual exigia que no caso de ser uma do adiamento.
lho, este seja apresentado pela maioria de seus
membros ; o que não se cumpria no presente
caso, apparecendo apena,s ~ssignado um Sr. de·
res tendo assign11do com restrieções ; e portanto
não estava o trabalho na fórma do regimento.
Aponton o exemplo do qne acontecera, havia
poucos dias, quando o Sr. Ernesto apresentára
u.m parecer seu como membro da commissão de
constituição, o qual 11arecer a camara niio quizera
tomar em conslderaçilo, voltando o dito parecer
á commissilo para ser presente á camara o tra-
balho da commissão, e não o de um membro della.
Advertio que tendo qualquer Sr. deputado o
direito do apresentar um pro~cto, ninguem podia
privar deste direito ao Sr. Hollanda ; mas isto PaU:SWBNCIA DO BB· .lLBNCAB
niio desonerava a commissão de apresentar um
projecto concertado entre a maiona dos seus Depois de àpprovada a aeta, o Sr. lo secretario
membros. deu conta do expediente seguinte :
Quanto aos exemplos deFrança,lembrousómente Um officio do ministro do imperio enviando a
que tínhamos constituição escripta, á qual os co~U~ulta do conselho da fazenda, tomada sobre o
Srs. deputados @6 devião ligar para não exorbita- requerimento do capitão de mar e guerra Desi·
rem de suas attribuições, e para observarem o derio Manoel da Costa.- A' eommissão de pen-
seu juramento. . sões e ordena~os. .
havião avaliado ~m mais de 3,000:000S, decla- sido aanccionada a resolução da assembléa geral
rou que o seu modo de pensar era muito que autorisava o governo a despender com Thomaz
dili'erente a eate reapeito, e que taes rendimen· Haydon a quantia necessaria.para o seu transporte
tos nio erio da Bahia, mas dos brazileiroa A Grã-Bretanha, conservando-se 1\ mulher do mesmo
{muifol apuiacloB); e que portanto não era poli' a pendo do monte-pio.
equidade, favor 011 benevolencia que a Bahia Farão ê. primeira commiasão de fazenda doWI
auppria com a aua Quota cones~ondente para B!!l ofilcios do vice-presidente da Bahia, fazendo vêr
des~zM dA naoio como parecia haver-se querido no loêque t. quantia orçada para despender-se
inculcar : que eenao o patrimonio do eatado devia com w obras publiCAs não era aufilciente : e
aer por elle dividido, e nil~ pertencer só a algumas reguerendo no 2° mais um cou&c de réis annusl-
fracçilea do mesmo estado. mente por J:)Brts do c:onselho do governo para
Pedio que nlo ;e fizessem na ccuxu1ra argumen· arranjos da llibllotheca publica.
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ções e execução das leis (art. 8'~, ~ 1 a 4 in- apresenta, -vai soffrer muito.
clusiva), mas que podião propôr todas as outras O Maranhão acha-se nas mesmas circumstan-
medidas. cias: é uma província que tem uma renda tão
Eu concordo com o ue diz de utado consideravel ue não só su re o Pará mas a
mas por ventura o projecto trata de propôr ? 50 mil libras annuaes para o emprestimo de
Não; Trata de resolver e mandar executar estas Londres: entretanto esta provincia fica com um
propostas sem reflexões e ulterior exame. De grande deficit, porque sendo as despezas de
certo que o art. 83 não permitte que proponhão 79:000$, não comprebendida a despeza do canal
os conselhos sobre os objectos especificados nos que entra no orçamento do imperio, a receita pro-
seus paragraphos ; e por isso taes conselhos vincial é de 40:000$, e ha portanto defi.cit de
podem fazer propostRs a respeito da todos os quasi a metade da despeza. Nem se dig~_ que
outros objectos, logo, o argumento do Sr. depu- umas províncias não pagão mais do que outras;
tado parece servir para demonstrar que os con- não duvido, que isto nasça do máo systemu de
selhos geraes podem propõr sobre objectos de imposição, porém é certo que a desigualdade existe.
despeza, mas porpôr:-não resolver, nem decretar. O Maranhão paga mais o tributo de carno verde,
Por consequencia, se esta e a opinião do Sr. e é onerado com outras imposições quo não têm
epu a o, e en en e nes e sen o o ar tgo, en ao a ma1s provmClas, en re an o q e as suns
não é contra a constituição ; porque sendo pro- rendas provinciaes não chegito para as suas des-
posta não póde executar-se immediatamente, e pezas. Esta medida so podia adoptar-se depois que
nesse caso não continuarei a fazer reflexões al- a assem?Iéa desse as provid~n~ins para occorrer
U O O lO O. ,
porque a sua opinião não deve ser combatida ; Disse·se que hão de ser socorridas 'as províncias,
porém, se eu o não entendi bem, e se elle quer cujas rendas não chegarem para suas despezas,
9.ue os conselhos geraes decretem despezas, con· e assim se tem argumentado. Po~ém pergunto eu:
tmúo na minha opposição, porque isso é contra o projecto em discussão dá estas providencias ?
a lei fundamental. Não dá. --Não é elle fundado no principio de que
Outro Sr. deputado propôz·se mostrar que a cada uma pro,,incia deve · contribuir com quanto
doutrina do artigo era muito monarchica : eu seja necessurio para as despe:zas geraes, além das
entendo que a distincção de despezas geraes e provinciaes 'l Eu acho isto bom, mas para outras
particulares, e de receita geral ·e particular pócle occasiões; e ainda insisto na minha opinião,
ser admittida em uma. monarchia sem offensa apezar de dizer o Sr. deputado que é -da gene-
do principio monarchico ; sobre este objecto não rosidade brazileira não consentir que as provin·
tenlio duvida nenhuma; mas de se ter adaptado cias soffrão, quando outras abundarem. Ainda
em algumas monarchias absolutas este ou aquelle não se combateu a minha opinião. Eu disse,
principio, não se deduz que seja monarchico, que não se devia adoptar já o projecto porque
porque ellas têm commettido erros, os quaes se hia fazer muito mal ás províncias que não
para felicidade do governo humano têm sido tinhão nas suas mãos o augmentar as suas rendas, .
causa da su.a dissolução ; e por tanto aquella e que ficarião sem meios de satisfazer as suas
prova de que a proposição ~ monarchica, não é despezas particulares, deduzida a quota com que
terminan.te .: e~ estou per.suadido, como já disse, devem concorrer para as despezas geroes : assen-
t n o u u e la devião ser ridas no caso
provinciaes em nada ataca o principio monarchico, de não poderem pagar as suas espezas particu-
mas parece·me que o exemplo citado pelo Sr. lares.
deputado é contra o espírito do artigo, porque a Creio que não fui bem entendido ; pois ainda
ordenança de 1771 reservava a decisão final dos que approve a doutrina do projecto, não vou
negocios locaes ao monarcha, e o artigo manda com aquelles Srs. deputados que querem a sua
dec~dir 08 negocias nas províncias definitiva- execução desde já, mas que se nonha em pratica
mente. depois da camara obter as informações necessa-
:Mas, Sr. presidente, a principal duvida é sobre rias das províncias, para que umas não soffrão
o estado a que ficiio reduzidas as províncias, consideravel deficit, e outras fiquem com grandes
uma v-ez que seja este o ·sentido do . artigo. sobras. Não desejo que se desgostem as províncias,
O íllustre autor do projecto entendeu e sus- e por isso mesmo não quero que se introduza
tentou o artigo por este modo:-« que a receita desde já esta mudança, porque entendo que o
provincial ficll independente da assembléa geral, la~o m~~s forte que póde unir as p1·ovincias é 11:
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:29 - Página 6 de 6
como era o exchiquier em Inglaterra, onde s~ policia secreta, que é falso quanto se espalhou
examinava a legalidade das despezas antes de a esse respeito, porque não temos espionagem,
se fazerem, ainda que para ellas houvesse ordem nem policia secreta.
do ministro e onde depois se approvava as contas •. Dada a hora ficou a mataria adiada.
~dvogou a necessidade do projecto para se Passou-se, depois de se retirar o Sr. ministro, á
ue~ fazendo pouco a pouco algumas reformas · 2• parte da ordem do dia, que era a nomeaQ!io
e n~o de chofre; sendo taes reformas indispen- da meza, e procedendo-se ao 1• escrutinio sahirão
savels para que a opinião não se declarasse eleitos:
contra a assembléa, por não tomar a unica medida Presidente.-0 Sr. Alencar com 50 votos
capaz de remediar o cabos, em que estavão as Vico-presidente.-0 Sr. Araujo Lima. 41 >>
nnanoas, em consequencia de não haver fiscalisa- I• secretario.-0 Sr. Chichorro. 44 I)
oio dos dinheiros publicas, porque as contas não 2o dito.-0 Sr. Soares de Souza. 39 »
podiio ser ex!'minadas no thesouro, não havta 3o dito.-0 Sr. :M:onteiro de ~arras. ~7 >>
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:34 - Página 1 de 8
o ex·ministro commettesse, porque era questão quanto não se seguia daqui que o ministro ficasse
secundaria, que sõ podia ter lugar se elle hou· a.utorisado para iujciar sobre reerutaménto, de-
vesse decretado legalmente o recrutamento e cretando-o ; pois não sendo licito nem á camara.
tivesse executado mal a lei. nem ao corpo legislativo .o ceder de attdbuiçÕiljl
Que o facto de haverem procedido a recruta- privativamente suas, e autorisar o ministro para
ll\9nto os ministros da marinha e guerra, sem aquelle fim, ma& sõmente fazer lei que elle hou-
que por isso fossem punidos, era modo do defesa vesse de cumprir, não podia ter lugar nenhum
de que lançaria mão um assas.sino, o qual con- o decretar um ministro o recrutamento e ser o
vencido do crime dissesse, não achando outros proprio qne o execute.
meios de defender-se, que muitos assassinos não Nada valem ignalmente ao accnsado os discur-
têm sido trazidos a juizo nem cnridemnados, sos dos Srs. deputados que allegou; elles não
logo, elle o não devia ser tambem ; maneira odião ter-se roferido senão or causa de duvi-
es ran a. e rac10c nar· e que con nzta a conse- as e con as ações que se estabelecêrão ; logo, era
quencias ainda mais estranhas: que demais se duvidosa a intelligancia do art. 146. O t;tue podia
não sabia ainda se os outros ministros não pois fazer ? Recorrer ao poder legislattvo para
serião tambem chamados ã responsabilidade ara que interpretasse authenticamente a constituição.
por esm ac o em que tn a 1ncorr1 o o erta o ex·mtms ro ao mesmo empo po er egts-
ex-ministro da guerra, não havendo portanto lativo e executivo pa&a interpretar a lei e exe·
motivo para ficar desconsolado de ter só cabido ental-a segnndo a sua interpretação ? Demais, na
sobre elle a espad·a da justiça. colUsão entre a letra da constituição e discursos
Que o argumento tirado da lei de 15 de Setem- pronunciados vagn e transitoriamente, cumpria
bro de 1827, por não vir nella inclulda a palavra acaso ao ministro postergar a lei para guiar-se
-recrutamento- era de alta logica;- como se por ditos de pessoas a quem elle não acreditava ?
o tratar de uma proposição, não envolvendo Esses dlscnrsos não apadrinhão contra a letra
outra, foss.~conceder est'outra. -Que além disto, da constituição assim como não servirião para
elle orador já dissera na primeira discussão, que accusar o ex-ministro se elle fosse aliás justift-
a ser comprehendído o direito de recrutar na cavel, apesar de que o maior numero de discur·
disposição de mandar conservar a força, se- sos feitos na occasião a que elle se refere, foi
gula-se tambem que pelo facto de autorisar dirigido contra elle.
certas creações que exigião despezas, se per- Diz o indiciado na sua defeza, que o art. 36
mittia a imposição de tributos sobre o povo, se refere á lei geral, que determina a maneira
porque estas duas cousas estaviio na mesma porque deve proceder-se aos recrutamentos, e
razão. E proseguio: não indica a nec!issidade de um decreto especial
Como se decretarão forças segne-se que o que autorise dentro do' numero designado pela
ministro fica autorisado para decretar. o re- lei de fix:ação das forças. Porém todo o mundo
crutamento 11 Isto não é ra~iocinio que . se sabe que a lei de recrutamentos das naçõss civi-
l"
defeza, porque se para o povo concorrer com tar, ·o numero de pessoail que se hão de recrutar,
contribuições é necessaria uma lei iniciada nesta e tempo dur!'nte o. qual os recrutados hão de servir,
casa privativamente. e que seja adaptada pelo etc. Como dtz pois o ex-ministro que o art. 36 se
corpo legislativo e sanccionada pelo poder moda· refere a um11. lei ger~l para dete•·minar o recru~
radar, muito mais é precisa para recrutar, que tameoto? Melhor farza se invocasse antes para
imi!orta perda necessaria; po1s que os tributos sua defesa as leis para decretar força, as quaes
·muttaa vezes concorrem para melhoramentos; mas têm determinado, emquanto a recrutamentos,
isso raras vezes acontece com o recrutamento, o que o governo· prefira alistamentos vo!untarios,
qual destrõe os cidadãos, além do dinheiro que ou qne se regule pelas leis antigas, etc. , e por-
se gastll com os recrutas ; demais, a lei de 1827 é .tanto isto é de lei e reconhecido pela assembléa
contra o indiciado, o qual até não se fundava geral, exercitando legitimamente as· suas funcçõea
nella quando recorria ao costume e habito em quRndo fixa as forças.
que eataviio os ministros de não. executar a con- Demais, na ~ypothese marcada na deteza- de
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.. ":·
armas, pois que devia decorrer consideravel espaço tivesse commettido um crime, e as autoridades
até que começassem as hostilidades, no caso de zeladoras da. lei não se intromettessem com isso
as haver." e o deixassem dormir a somno solto, o que
Concluio pronunciando-se contra a opinião dos devia entender-se? E' que a lei que o cr.iminoso
que se oppunhão a esta parte da accusação com tinha transgredido estava derogada. Ha duas
o fim de evitar que a nação ficasse obrigada ao f&rmas de derogar leis: uma quanao a lei cabe em
desempenho do contracto, porque entendia que a desnso; outra quando a autoridade compe_tentc
nação não era obrigada a verificar um contracto a tleroga.
que tinha desapprovado alta e legalmente, accu- Se um assassino escapa dtl soffrer a pena da
sando por elle o ministro. justiça, ou é porque o .9rime . se acha encapotado
de tal maneira que é Imposstvel provai-o com a
O Sa. PERDIGÃO declarou que intentando votar evidencia que as leis exigem, ou porque não
contra o parecer lhe era forçoso motivar o seu existe lei pela qual seja condemnado, q~er seja
voto ;- e continuou, que em quanto . ao primeiro por estar derogada, quer por ter- cah1do em
ponto da accusação, a commissão o não havia desuso. Qual será hoje o homem de senso e de ··
convencido de que fosse obvia a intelligencia do razão depurada, que vá votar contra um falsifi-
a!t· 146, porque a mesma camara o havia enten- cador de moeda no Brazil'? Não por meu voto
dtdo de diversos modos, assim como não tinha certamente, se o governo é o primeiro que cunha
provado que o recrutamento tivesse servido para moeda falsá, coc:.o hei de eu criminar um homem
s~ conservar a fo.rça além da que existia ; qae que imita este exemplo, só porque a moeda por
o a comm ssao ser a orça ex1s en e em e a SI ca a am a mai
18211 20,000 e tantos homens, e argumentando govorn<1?
para sua diminuição com a lai de 8 de Outubro Não me parece valioso o argumento que fez
de 1828 que mandou reduzir a um terço as des- um illustre deputado contra a distlncção feita
pezas arbitradas para os ministerios da marinha pelo ex-ministro entre a lei do rec~uta!Dento. e
e guerra, logo que se concluísse a paz ; não se lei da fixação das forçRs, sendo a pr1meua para
lembrou de que em muitas prõ'Vincias as milicias declarar as circumstancia.s ~:~xigidas no recrutado,
fazião o ser;iço da 1• linha, como acontecia na e a segun.la para lixar o numel'o de ncrutas
delle orador, que podia fallar como testemunha que devião fazer-se afim de preencher a força ;
. de vista, onde existia apenas um batalhão de por isso que muitos entenderão a constituição·
caçadores e . um corpo de artilharia, e causava da mesma fórma sem se lembrarem de que devia
dôr ver lavradores pobres e miseraveis, e mesmo haver uma lei annual de recrutamento diversa
senhores de engenho sahirem de suas casas e desta ultima. E não havendo a assembléa en-
largarem os trabalhos lucrativos.em que se occu- trado no conhecimento de quantos recrutamentos
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de que estava para aver isto, será criminoso na recruta, eto., mas este argumento era sem
por ter empregado os meios n'3cessarios para força, porque o SI 2o do art. ::Sô da constituição
conservação do socego interno I Havemos nós era generlco, e comprehendia não só esta lei
de accusar um tal ministro, porque semelhante especial, mas o acto de recrutar; intelligencia
ao nautico prevideute, antes de chegada a bor- Inteiramente conforme a todas as regras de.
rasca, chamou mninheiros a postos, cassou velas, gramrnatica, pois logo que a constituição -não
e dispõz a náo de maneira que não corresse fizera dilitincção nenhuma, e não explicára que
risco? - a assembléa devia iniciar só a lei especi~l de
recrutamento; mas lhe tinha conferido a direcção
Concluio que não era exacto o dizer-se que privativa da matada de recrutamento, seguia-se
a nação teria de despender os 350:000/1 em que que o ministro tinha manifeshmente infringido a
importa~ão as armas;. p~is que o attestado de COIIStitui ão.
Entendeu que não merecia attenção o argumento
O Sa. LIMPO DE ABREU, em defeza do parecer produzido pelo ex-ministro a respeito da lei rela-
da commissão, como membro della disse que a tiva ao corpo de artilharia da marinha, porque
existencia dos factos pelos quaes a commissão a assembléa nunca tivera em vista. autorisar
· i e so re os ous pon os por e a o mmistro a recrutar, e se 2 ou 3 de
da accusação, não admittia duvida por ser pro- seu~ membros forão dessa opinião, muitos outros
vada pela evidencia do caso, e por documentos opinarão diversamente, sende de notar que o
authenticos; que em quanto ao primeiro ponto ex-ministro da guerra nunca citava as opiniões
estava claro em razão de oppõr-se ao artigo da destes Sra. deputados quando defendião o bem
constituição que incumbe á assembléa geral a geral da nação e erão uteis, mas quando dellas
attribuição de fixar as forças de terra e de mar, podia resultar algum mal ao Brazil.
e ao outro artigo da constituição que dá á Emquanto ao 2• ponto de a~cusação, disse que
cam,ra dos deputados a iniciativa sobre recruta- tendo a coilstituição feito privativa da assembléa
"mento; que o indiciado allegava em sua defeza geral a fixação da despeza; e não havendo sido
que o art. 146 da "constituição fõra sempre consi- autorisada em 1829 a despeza das armas encom-
deradu como lei da ·fixáção da força militar_ de mendadas, o ex-ministro não podia fazer tal
mar e terra, que devia subsistir emquanto o encommenda, cuja necessidade não existia: que
corpo. legislativo não fizesse lei especial para esse o indiciado na sua contestação ao parecer da
fim, devendo o governo conservar o numero de commissão especial, pretendia que esta tinha
combatentes de que se compunha o exercito ao suppJsto que elle dava por prova da necessidade
tempo do juramento da constituição, por isso que do armamento o officio do conde do Rio Pardo,
foi em 1830 que se fez a primeira lei de fixação que então era general das armas, ao mesmo tempo
de forças para o anno financeiro de 1831 a 1832 ; que elle ex-ministro a fundára na pessima qua"
mas que a commissão não interpretou deste modo lidada ~e ~rmamento exi~tente, etc., et~-, :p~rém
o art. 146 assentando ue · - -
só tem referencia ao tempo em que a assembléa se convenceu de que estes não forão os motivos
se encerrar; toda- a vez que a assembléa se qlle o induzirão a fazer a dita encommenda i
encerrar sem ter feito lei de ·fixação de forças de pot·que elle mesmo diz que pretendia submetter o
mar e tel'ra deve subsistir a força que houver negocio á assembléa · geral e pedir-lhe um éredito
na occasião em que a assembléa se encerrar, isto supplementar: pois se as circumstancias do mo·
é, devião continuar a servir aquelles soldados manto exigião que-~e comprassem aquellas armas e
que havia então, não o mesmo numero, porque se d!stribuissem logo pela tropa de linha e milícias,
iBB!> era impossivel attentas as deserções, mo- não se podia isso fazer tendo a compra de ser
_,ilestias, mortes, etc., mas aquellas praças que aluda suJeita á approvação da assembléa gerar;
continuassem a existir ; que não podia entender- e se as circumetancias permittião que se espe·
se de outro modo, tanto pela força -grammatical rasse até á reunião da assembléa, não era tão
· do advarbio-:-então,- como pela analogia entre o instante a necessidadtl como se aftl.rmava: que
dito . art. 146,. e o§ 10 do art. 16 da conatituiçito i apezar de tudo,, elle orador se persuadia de que
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•_·F
"'•
SESSÃO EM 4 DE AGOSTO DE 1831 25
no o:fficio do então commandante das armas se Argumentou que se o governo estava na posse
tinha fundado a dita encommenda, porque foi de recrutar por entender assim a constituição,
feito logo depois do mencionado officio, celebran- tambem estivera na posse de crear commissões
do-se então o contracto e sendo este officio o unico militares até que.a;n 1828, cahira a espada da justiça
doc~mento ~que apparec~a para mostrar a n~- so_bre o ministro·qU:e havia calcado assim aos pés a
que na Conceição e em outros depositos havia mui-
tas armas tendo elle srador, sido informado por
pessoa fidedigna que exislião perto _de _!30,000
, tado3 citadas em contrario, erão proferidas no
calor da discussão, e não podia tomar-se como
fundamento senão por aquellas que quizessem
sacrificar o sangue brazileiro ;· notou haver dito
o ex-ministro que a com missão. não fizera cargo
"de .refutar os seus argumentos, e respondeu que
a commissão tratára de simplificar por Rão haver
o ex-ministro escripto dous quadernos de papel
ou mais para se justifica~ Ae dous factos, aliás
bem simples, mas que ~oc~ra.'.!i!m todos os argu-
mento~:~ deixando o cles81).volV!mento delles aos
Srs. deputados que estavã.o ao Jacto da mataria
para a e uc arem ..na IBcussao, como m a
acontecido; que . vota-,;) po_rtanto a f~vor do pa·
recer,. no pnmeuo ponto de ·acusaçao, o qual
não fôra desvanecido pelas razões contra elle
raz1 as ; nem pe o orror que causava o v r
milicianos servindo como tropa de linha, pois
não podia affirmar-se que o governo tivesse di·
reito de m~ndar recrutar logo que acontece~~e
pezas que' quizesse encerrando-se a assembléa. cianos.
sem autorisar as despezas, facto que os Srs. Emquanto ao armamento, ponderou que no
deputados devião ter presente para votarem pró officio do conde do Rio Pardo não se inôulcava
ou contra o parecer da com missão; pois fazendo necessidade de àrmas, porém maior utilidade de
neste caso de jurados devião não se restringir ás se substituírem outras novas: que a guerra do
provas mas julgar segundo os factos; que votava sul, a verificar-se, só poderia ter lugar depois de
a favor do parecer por tüdas estas razões que 5 annos, e dava muito tempo para se fazer a
ainda .não tinha ouvido refutar, pois que os argu- proposta á camara.
mentos produzidos contra elle, ou não convencião, Pelo que se referia á noticia da perigosa in-
ou erão razões de conveniencia inadmissível em surreição fundada em documentos escriptos, ad-
semel!J.ante caso, como, por exemplo,_ a_quella de vertio que o Sr. José Clemente não tomára medida
m . , - .
incorrerão ua mesma culpa, não devia accusar sessão secreta para communicar-lhe tal noticia:
este ; a qual de nada valia porque não estava e entendeu que isto não era mais do quelançar
concluído o prazo em que. prase~·eve o ~irei to de mão. habilmente de certos . acontecimentos destes
Votou pelo parecer. noso.
O Sa. MARIA DE MouRA disse que havendo o Votou pois pelo parecer da comrmssao, não
.indiciado tachado a commissão de falsa nos seus querendo fallar nos outros pontos em que to-
-princípios, justo era que na qualidade de mem- cára o ex-ministro, por se haver já rf)spondido
bro da commissão especial tomasse a sua defeza ; a ell'3s.
que se· allegára não ser justo lançar sobre o O SR. CosTA FERREIRA julgou tão fortes os
ex-ministro a culpa de actos que erão proprios argumentos a favor do parecer da illustre com- .
do poder ·moderador; mas <;ue respondia a isto missão já produzidos e não refutados, que não
que·· as falias da abertura e encerramento da se animava quasi a gastar tempo em o sustentar ;
assembléa geral tambAm competião ao poder e disse que o ex-ministro se fundára em quatro
moderador, e entretanto a assembléa geral as motivos, para mostrar a necessidade do recru-
tinha reconhecido como papeis ministeriaes, tanto tamento: lo, alliviar as milícias do serviço tão
que em uma das respostas á falla do thr,mo pesado como injusto que estavão fazendo em
dissera a camara que agradecia ao throno que algumas províncias; 2o, dar baixa do serviço a
tivesse demittido um ministerio, .o qual havia todos os voluntarios e recrutados que a ella tivessem
aconselhado o encerramento da assembléa geral, direito pela lei ; Bo, não deixar aniquillar o exer·
sem que se tivesse conclui do a lei do orçamento ; cito ; 4•, a ndcessidade de uma força disponível,
que o ex-ministro a:ffirmàva ter diminuído a capaz de obrar defensivamente e com vantagem
forçB em lugar de a ter augmentado ; mas dos nas fronteitas do Rio Grande do Sul, quando
rios os s con eC!a o con rar10, os se necessano.
pois· que elle dava como força existente 16,518 Quanto ao lo motivo, entendeu ser grande a
bayonetas no fim da guerra: ora, dizendo a lei dissimulação do ex-ministro, que comparou nesta
de 8. de Outubro de 1828 no art. 3o: <C quando parte com Tiberio; e limitando-se ao Maranhão;
se eft'ectue a paz as desp~za:s arbitradas para os por estar mais bem informado a respeito desta
ministerios de marinha e :guerra serão reduzidas província, expoz que existia nella uma força de
logo que ser possa, de modo que não exceda ao 1• linha na época do recrutamento, sem·· que as
terço do arbitramento feito para tempo de guerra, milicias estivessem em serviço effectivo neiif'o
e isto não só nesta província, mas em todas as estiverão nunca, senão no tempo do presidentE!
do imperio » o proprio ministro confessa que Pinto, o qual serviço tinha· cessado ·logo que
depois do recrutamento ficarão 12,262 bayonetas chegou ao Maranhão o honrado e digno presidente
que não . e~a o terço de 16,51S,.,.e portanto. obrára Candido José de A.raujo Vianna;. nem · havia
contra, a lea. . · precisão disso porque a força de 18 · linha era
\\'OKO 2 4
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art. 146, como eu entendo e como entendião os que foi estabel<:)cida ainda no caso de apparecer
ex-ministros que recrutarão. Tanto era esta a alguma despeza util, por não haver lei qutl para
opinião da · eamara, que fixando na lei de 15 de isso o autorise ; tambeni não podia recrutar sem
Setembro de 18'tt,7 a força de mar, nem sequer ordem expressa depois de preenchida a força:
toca na palavra << recrutamento ; )) sendo assim responderei ao illustre deputado, que segundo as
concebido. o art. to: « A força de mar para o regras de interpretação os argumentos da ana-
« anno .. futuro· de 1828, constara ·da brigada da logia são difficeis e fracos, pela falta de iden-
« marinha, segundo sua organisaçllo, e de tantos tidade que sempre apresentão, a qual faz toda
« marinheiros, quantos sejão sufficiente.s para a a forç~ dos argumentos ; e sendo grande a dis·
« tripolação das embar.cações actuaes. »-Se acaso paridade no caso de que se trata, como poderáõ
a mente da camara fosse que o governo niio podia elles servir? Mas ainda que fosse posslvel admittir
reallsar esta for à ole mar fixada ela lei s · semelhantes r · ·
que houvesse autorisação para recrutamento, se- do ministro devia ser approvada, se elle provasse
guia-ee o completo ·absurdo de querer a camara, que a rtJceita não chegava para a despeza, porque
e não querer ao mesmo tempo ; por isso entendo a seguJ·ança do estado exigia que tal despen
ue a iniciativa de uo trata o 2o art. 36 não é se fizesse · e se elle não cu ri e o e
uma e1 annua , mas uma ei que t!clare a qualidade podia ser culpado aos olhos da c11mara. Salu1
daquelles que devem ser recrutados . e a fórma do populi suprema lex: não é um principio illusorio
recrutamento, etc. Lei <JUS não p6M ser annual, que não deve ser posto em exacuçi\o, é uma
nem-ter porftm marcar força, a qual já está determi· verdade eterna.
nada na-lei de fixação. E bem se vê que a camara E' evidente que todas as vezes que · o ser-
ainda ha bem pouco tempo pensava desta ma· viço da nação o requerer e a segurança publica
nelra, pt•rque no art. S• do projecto de lei remet- o reclamar, oe ministros devem lançar mão dQS
tido ·neste anno para o senado se diz: <I que o meios neoessarioa para não perigar a náo do
« recrutamento cessara desde jã, e s6 terá lugar estado, e re~resentarem depois ao corpo legislativo,
« q_uando fOr determinado pela camara » dispo· quando estiVer junto, a necessidade urgente que
a içao . que seria inteiramente inutll e absurda houver de tomar-se uma medida afim de ser
se não estivesse recebido o uso contrario. Mas approvada; pois que não podia entrar .na mente
disse-se .que o ex-ministro é s&mpre responsavel, do legislador o sacrificar tudo aos princípios
porque não veio pedir interpretaçtio á camara seguindo a maxima dos revolucionarias de França.
do artigo constitucional. Porem, quando vem o Passou depois a mostrar que a conducta do
governo pedir taes interpretações 'l Quando du· ex-ministro merecia louvor em lugar de vituperio,
vida. ou quando da interpretação natural resulta por isso que havia mandado dar baixa aos volun-
por um lado absurdo ou damno publico, então tarios que a ella tinhão direito e alliviado os
recorre ao corpo legislativo para dar a interpre· milicianos do serviço, que era um dos maiores
tação auth~nt~~a; mas quando ~ão ha ·duvida, damnos par!' '! ast~do; e tanto. u'!la Cf?U~a, como .
Estas duVidas só oécór~em aos membros desta ravel do comportamento do ex-ministro; sendo
casa/ g,uê olhando todos os dias plira a con· certo que da fiel execução das. condições do enga· ·
stituiÇã:o. e· meditando sempre sobre ella, deseo- -ja~ento nascerá o ·apresenta.rem-,se muitos volun-
brem mais facilmente imperfeições. tariOs e dispensar-se o. recrutamento, reconhecido
Q ex~ministro não fez outra coilsa mais do que por_ ~odos como ~m mal "publico, segundo dizia o
cingir-se á letra da constituição; e eu antes quero md1C1ado. '' · • •.·
que7'os mitiistr.os assim obrem e que não suscitem Notou que estava provado além disto, que o
duvidas.. !!Obre artigos constitucionlles; filhas pela ex-ministro não augmentára . a força, ' argumento
maior' p~rte 1 • não da boa fé .e do desejo de pro· de que a eommissão não tinha feito caso ; mas
mover, !li.'feüctdade do imper10, mas de ma fé, e _se a camara devia' decidir da bondàde ciu maldade
de vontade de embaraçar e de pOr tropeços ao das medidas pelos·· effeitos que prod~zirão não
a~damento da causa ·constitucional, e que a farão havia duvida que ·não existia criminalidade no
menoa respeitada, veQdo a nação 'lue diariamente caso {lresen~e ; pois que o eJJ;·IQinistro recrutl\ra
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:46 - Página 1 de 7
para· as' circumstancias da nação, e não estando « autoridade que está encarregada da manuten·
reunida a assembléa geral, nem sendo facil reunil·a « ção do socego e segurança publica, lançando
pela falta de communicações e pela distancia « mão d·os meios necessarios para a conservar,
das províncias, fizera encommenda das armas, 11 depois achar quem o accuse no seio da verdade,
no que não tinha obrado mal, antHs devia ser 11 de arbitraria, des potica e de infractora das
accusado se existindo aquella necessidade em que 11 leis. »
tanto interessava o socego ·publico, não tratasse Tendo j8 dado a· hora, ficou a questão
de a remedi.ar. . adiada.
Respondeu á objecção feita por um Sr. de· Levantou-se a sessão.
putado, de que o ex·ministro não tinha inten·
ção de pe~ir um credito suppleme~:ltar, vi~t<? tet·
quizera, segundo expunha, prevenir delongas, tra·
tando com a casa ingleza, para que mandasse vir o
armamento, mas contractou condicionalmeqte, em· PRESIDENCIA DO SR· ALENCAR
nt · do credito
BUQplementar, como bem mostravão as palavras De.pois de approvada a acta, leu o Sr. secre-
do attestado do proprio negociante: « que o paga· tario Pinto Chichorro, os offi.cios seguintes :.
manto ficava dependante da approvação da assem· Do ministro do imperio, participando que pelos
bléa eral. » · officios de 2 de Maio e 3 de Junho deste anno,
Ponderou que se o ex·ministro não tivesse consta achar-se em perfeita tranqu1 1 a e a pro-
praticado assim, se trataria primeiro -da utilidade víncia do Píauhy.
da encommenda, decidida a qual, se iria tratar Do mesmo ministro, tran13mittindo dous offi.cios
com a casa ingleza que a quizesse . aceitar, no do presidente da província das Alagóas, sobre
que haverião muitas delongas prejudiciaes ao suspen~ão de varios empregados J.l.UUlicos na
tllssouro e á brevidade que se exige em taes mesma província, afim de se tomareu1 em con-
negocioá, como sabião todos os que delles tra· sideração com outros officios do mesmo presi ·
tavão; e que por isso o ex·ministto tinha obrado dente a tal respeito, que já fóra envia•io á
excellentemente. camara.-Remettidos à commissão de constituição
Provou que não houvera distracção dos di· e á de justiça criminal.
nheiros publicas, porquanto não se havia feito Do mesmo ministro, acompanhaud,l o offi.cio
nenhum p'agamento e não exilltia por isso facto do vice.presidente da província, com out~u de.
re que reca 1sse a cnmma a e, ain q n ra VI a , .
não tivessej8 mostrado que fóra boa a conducta motivos porque não procedeu á e eiçiio tio~ i u-
do ex·min.iatro. Sustentou que os Srs. deput•ldos, rados.-A' commissão especial <le camaras muui-
os q-u:aes mostrar~~ não have~ criminalidade no cipaes.
em que a não' havia tambem na encommenda das rimeuto de Gustavo Henrique Brown, ex-mat'lH:hnl
armas; porque a primeira admissão envolvia o de campo do exercito, em que pede ser r~for!liiiUO
fornecimento dos meios que ella exigia, o qual só com o solJo daquelle posto; e á commtssno de
poderia escusar· se no caso. de se ter provado con· petições os re_querlmentos de Thomas B. Tilden
vincentemente que existia armamento proprio que e de Antonio Francisco do Nascimento Franoa. •
chegasse para armar todas as praças dos corpos do Approvarão ·se os pareceres seguintes:
exerc.ito; cuja existencill se não mostrava pelos Da commíss!io de con~tituiçiio, para que s~'
mappas, sendo aliás indispensa.vel pelas·. circum· peção esclarecimentos ao governo sobre O· reque·
stancias particulares em que a nação se achava, rimento de 14 · guardns do numero da alfandega,
havendo-se feito recentemente uma paz duvidosa e ·que se queixão de terem sido despedidos pelo
condicional. juiz da alfandega.
Accrescentou que elie orador se achava então Da commissão do banco, para que seja con-
na Europa e tinha lido os papeis publioos e verti.ia em projecto de lei a proposta do governo
folhetos em que muitos escriptores fr11nctlzes e de 23 de Julho ultimo, sobre medidas para
inglezes que tratarão da· refenda paz, e que uem liquidação do banco, faze'ndo·se-lhe suppressão
erão brazileiros nérn tinhão nada que faz~r com de parte do art. 1• e do art. 7•. - Mandou-se
a defeza do· ex·ministro, erão unanimes na opinião imprimir com a proposta. · ··
de que a paz era condicional e duvidosa, e que Da commissão diplomatica, sobre o requeri-
não .se realisaria em consequencia . da condição mento do Sr. deputado Montezuma, para que o
esti a õe savel o ex-embaixador ·em
a constituição que liouvesse de fazer a a~sembléa Londres marquez de Santo Amaro, por haver
constituinte de Montevidéo ; fundando-se os ditos promeltido sub sperati, como garantia do ell_l-
escriptores nas contestações que devia produzir prestimo contrahido pelos agentes da regenc1a
a di1ferença de systeme. de governo das duas estabelecida na ilha Terceira com a casa de João
nações. contractantes -e te. E ainda q11e e.ssim não Maberly, os fundos destinados pela assemblea
acon~eceu, o estadista que devia precaver-se contra geral para pagamento dos juros e amortisaçiio
o caso menos favoravel, não> poderia livrar· se do emprestimo portuguez. - · ·.
de culpa se não estivesse preparado para o caso A commissão é de parecer que o marquez de
· de novo rompimento. Santo Amaro não pôde justificar·se por não
Advertia á camara que cumpria usar de toda estar autorisado para semelhante negociação, e
a imparcialidade e justiça, segundo os dictames que se peoão ao governo inf'>rmações sobre· as
d_a . dignidade da nação brazileira e do seu espi· providencias que se têm dado para sah;ar a
r1to de generosidade, principias de que os Srs. de- honra e o credito nacional compromettido, ou
~utados devi~o necessariamente reve~tif-se na challlando 8 responsabilidade os que se achão
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~-
aposeutadoria com
vivencia para sua mulher e
Ficãrão adiados varias parece1·es de com-
para que chegasse ao conhecimento d~quelles servaçào da ordem legal, a qual é, que sa pratique
homens e soubes$e o imperio todo que n camara a respeito desta o mesmo que se faz com outras
dos Srs. deputados tomavn muito a peito este repre~entações identicas.
negocio. Da commissão de pensões e orden11doa, J>Bra
Concluidas estas reflexões pedio que lha fosse ser indeferido o requerimento d9 Joaquim José
p$1)mittido o:lf~recer um projecto de resolução Ezequiel de Almeida, 2• official da camara mu-
ao qual fez preceder a exposição seguinte: nicipal da Bahia, que se queix•l da privação de
Sr. presidente, dos Estados-Unidos, da costa seu emprego, em consequencia da lei do 1• ele
d'Africa· e de muitas outras partes são remettídos Outubro de 1828.
para aqui os refugos dos libertos, que nos vêm
servir de maior peso do que vêm augmentar o ORDEM DO DIA
numero de braços c>~pazes de se empregarem em
objecto productivo. Todos sabem que os Estados- Continuou a 3a discussão, adiada da sessão
Uni,Jos estabelecêrão uma republica denominada antecedente, do parecer da eommissão especial
Liberia, para onde vão os libertos africanos ; de accusação contra o ex-mini-.tro da guerra, o
mas todas as vezes que não podem conseguir Sr. José Clemente Pereira. .
mandai-os para lá, visto que os não podem
forçar a ir, dão-lhes certo geito, fazendo ajustea O Sn. MAY declarou não encontrar crhninalidade
com elles, adiantão-lbes ajudas de custo afim emquanto ao primeiro ponto de accusação ; mas
de serem enviados ar d" erente art o só emquauto ao segundo, sobre o qual unica-
para S. Domingos, para o, Brazil, etc, evia 1D erpor acçao para o sena o.
Outro motivo ainda me move a apresentar o O SR. LIMPO DE ABaEu disse que depois dos
projP.cto que vou lêr, e é que muitos contra- conhecimentos do direito criminal e político.
bandistas de escravos da costa d' Africa, ven- desenvolvidos pelos nobres oradores na ultima
do-se impedidos de poderem continuar neste sessão, não teria pedido a palavra a não ver-se ,
infame .trafico, mandão vir .escravos e os declarão forçado a isso para~ defender-se da iucrepação
nas alfa11degas do Brazil como libertos de Angola, feita á commissào, e que lhe tocava como membro
Moçambiq)le, etc. E depois delles entrarem são della ; e para provar a boa fé e sinceridade
vend.id•>S nos leilões, ou quando não cheguem com que déra o seu parecer e com que ainda o
aos leilões são vendidos de outro qualquer. modo; sustentava, que o Sr. Montezuma pretendêra
e, em ·uma palavra, os contrabandistas satis- demonstrar: 1•, que os artigos da constituição
fazem o seu fim. Ora, para me oppôr a esta citados pela commissão, não havião sido infrin-
jm~ortação, que nin~uem dirá que possa produzir gidos; 2•, que a conducta do e~·ministro na :parte
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e praças por meio do recrutamento; 1•, não ~6 por saçiio, não haveria cousa mais facil do que sujeitar
ser cousa muito diversa, podendo completar se o o Brazil a tod•>f:l os males, e desculpar-8e elle
numero das praças por engaj ameuto ou por outro depois, dizttndo-não duvidei e por isso ntio dt~via
meio, como, pDr exemplo, com o nuxilio das consut;lr il cumara-nuo podendo portanto vuler
mllicias; purqne conservando em serviç.o numero este nrgumento, mas cumprindo examinur se faz
sufficionte de milicianos p>lra a defesa do <'stado mal.
preenchia a disposição du art. 1-iü, sem ofldnder Pretandeu o nobre deputado demonstrar 'lljUe
aquella do Si 2• do art. !36; 2•, mas · tambem a conducta do ex-ministre era digna de elogio
porque tal recrutamento lhe era expressamente em· vez de accusução: 1•, porque o recrutame11to
prohibido pelo citado ~ 2• do art. 36, o qual teve por fim dispensar as milicias do s~rviço
declarava ser da privativa attribuição da camara pesado que estav{io fazendo, e 2•, por dar baixa
dos Srs. deputados a iniciativa sobre recruta- aos solJaúos que tinhão completado o tempo do
mento: que não se havia provado ainda que a seu engajamento ; respondo que eu não acho que
palavra << recrutamentu ll, significava uma lei es- o ex-ministro seja digno de elogio, ou a conducta
pecial para marcar a condição dos que havião de qualquer ministro, quando não faz mais do
de ser recrutados, etc., e não simplesmente o que conformar-se á lei, porque me limito apenas
acto de recrutar; e que tanto não havia absurdo em a confessar que o ministro cumprio com o seu
:fixar o numero das praças que devião conservar-se dever. r .
em serviço activo, e não autorisar ao mesmo tempo O Sr. José Clemente no licenciamento das
ara o rP.crutamento ue se undo lhe arecia o ra as ue tinhão concluído o tempo de seu ...,
mesmo Sr. Montezuma tinha votado pela lai da llngajamento satisfazia a uma o rigaçao a que
fixação das forças de mar e terra para o anno estava ligado, e se ddxasse de conceder escusa
futuro, em que se determinava que o recruta- a qualquer praça que por aquelle motivo a re·
mento cessasse desde já, apezar de fixar-se em quereõse tinha commettido um crime. Logo, pelo
outro artigo o numero de 6,000 praças para as facto de cumprir. a lei dando estas escusas, não
forças terrestres. . é o Sr. Josó Clemente digno de louvores, nem
Que o argumento apresentado de que o ex- mesmo pelo facto da dispensa das milicias, por
ministro tinha a seu favor a pntica do governo isso que estava até na opinião do Sr. deputado;
era cont1·a p1·oducentem porque o governo sempre trouxe a n·ecessidade do- recrutamento que reputo
q11iz e praticou actos contrarias á prosperidade peior do que a conservação do serviço· das mi-
do Brazil; sendo exacto dizer-se que a cam&ra . ltcias, por ter-se feito com ofiensa da constituição
nunca impugnara a marcha do governo nesta do imperio, acto que acho o m11is pr•judicial de
- parte, pois em 1828 sobre o requerimento do todos. Por consequencia entendo que os argumen-
Sr. Hollanda Ci\valcanti hou~era a este respeito tos do Sr. deputado, longe de provarem o que
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.
f!é ~~mil!- a insurre.içiio obscura, cujos symptomas
.
sulres,>ondo: que fossem quaes fossem os calculas
encher as filas com os voluntarios, e sempre se
ti adoad i d
uma lei de recrutamento. Ora, se isto acontece
em tempo de paz, quem duvidará que a difficuk
dos e~tadistas europeus sobre a probabilidade de
renovar-~e, o ministro nada tinha com isto, por dade deve duplicar em tempo de guerra 'l Se
que estav!l. obrigado pela lei de 8 de Outubro em tempo de pnz os engajamentos não produzem
.., de lf:i28 a reduzir as despezas do minist-ro da o fim, como havião ce produzíl-o em tempo de
guerra pelo menos á terça parte, e ainda. quando guerra? E note-se mais uma circumstancia digna
a guerra se renovasse, (o que era provavel, da consideração da camara no tempo de uma
sern que mediasse um grande intervallo), elle se guerra que nlto era nacional, Não havia uma sõ
defenderia com a lei, cuja revogação entretanto pessoa grada quando estive na Europa, que du-
devia pedir logo que tivesse receios bem fuvdados vidasse que a guerra com Buenos-Ayres não era
de que as hostilidades. começassem ds novo. de opinião nacional; todos os brazileiros não
uerião fazer esta guerra pela fôrma or que ella
necessi<tade urgente das armas com a attestaoii.o tln a s1 o en en 1 a e prosegu1 a. s as con-
que apresenta (a qual para mim nada vale) de aiderações são de importaneia ou não 'I Eu dei-
que não ~e p~garião !ls armas senão quando o xarei á reflexão da camara o decidir, á vista do
que acabei <te expór: l.o Se os engajamentos podião
pagamen o 'f Pois que a ser indispensavel dis· en ao, e po em a o p u 1 1o a g m
tribuil-as não. se podia esperar pela. approvação effeito que e necesaario para qrle o exercito do Bra-
do corpo legislativo, a qual tinha grande demora, zíl não desappareça. 2.• Sa os ditr>s engajamentos
desde Novembro em que se fez a eneommenda, e1·ào possl.veis um \\m tempo em que a guerra nil:o
até 3 de Maio ; ·e se podia esperar seis ou sete se julgava terminada, mas suspensa por um armls·
fuezes, porque não podia esperar 12' Não sai tlcio: da sorte que nenhum brazi\eiro duvidava
como se fez esta calculo, porque o nobre deputado de que a guerra houvesse de romper de novo.
;t diz que era necessario antecipar a encommenda Onde irei eu buscar esta opinião a favor da dita
, para esta1: em progresso -quando se reunisse o probabilidade de guerra? Nos espíritos de pessoas
corpo legislativo ; mas admittindo a demora do 1sentas de parcialid!lde das circumstaneiaslocaes
po1· não pertencerem ao imperio, que esta vão nas
negocio, qual era o motivo de não· esperar pela · circumstancias de julgarem mais acertadamente,
autorlsação do corpo legislati-vo, que podia ac- e que sabião mais dos nossos negocias do que
erescentar mais dous ou tres mezes a esta de- nó~ mesmos. · ·
mora? Eu me lembro do que me acontecia em
Subsistindo pois os pdncipios em que a com- Inglaterra ; quando eu queria saber dé- noticias
missão se fundou, voto pelo parecer. · do :Brazil ia á casa do meu banq'Q.eiro em Londres,
O Sn. MONTJ;;ZUMA.. disse que não se conformava que me mostrava uma carta de um papel tão
com o preopinante, nem na explicação que dera comprido como não temos aqui, e lia nella tudo
ao art. 146, nem nas razões com que combatera o que havia de m_ai~ sec!:eto, qu!! dizia respeito
os seus r -
na fôrma porque sustentara a segunda parte do íntimos.
parecer da commissão : que o art. 146, mesmo Eu espantava-me com isto ; e dizia comigo
sendo julgado como lei de fixação de forqa, devia mesmo: -é possível que os estrangeiros saibão
entender-se a ~espetio da forya eft'ectiva, e niio tudo isto! Então todo o mundo no Brazil sabe
de outra maneua ; aliás segu1r-se-ia um absurdo mais_do que isto, e entretanto não sabia : mas
e -vinha a _!Jer, que depois de um tempo dado a razão é clara e simples. Os estrangeiros têm
a nação. de1xaria de ter força permanente ; que interesse em saber as menores noticias do nosso
· oti '(dous meios lembrados para completar a força estado político, examinão tudo, e • nós ainda não
sem Iiece!!Sidade_ de recrutamento: o lo de engaja- temos este interesse pela administração que é alma
mento, e ,o 2o de conservar as miUcias no serviço. da liberdade constitucional ; não nos emtiaraçamos
1levia admirar que fossem lembrados por àquelle muito da fórma~porque vão os negocíos ; chegarA.
Sr. deput~d2· não, em razão de não ser ll:lllitar, tempo, e não vem longe, em que isto aconteça,
mas em razao de iler brazileiro e saber muito e emquanto não chegar não podemos chamar-no•
bem por experiencia como tal que o engajamento nação livre. · ·
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alguns outros
preencher as :dlas do exercito ; e não existindo Notou o. nob;e deputado contradieção 'no meu
nem um nem outro, é claro que seus argumentos discurso, por affirmar que a conen~tlJ do ministro
nesta parte são inattendiveis. ar~ ~igna de. ~logio na par~e que se ·referia__ao
Diss o · 1 re . ,
que a constituição se devia entender do modo e nas escusas dadas aos voluntarios, ao mesmo
que a commissiio a entendêra, não envolvendo tempo que eu tinha anteriormente confessado que
na lei de fixação das forças a necessidade de a opinião publica estava pronunciada contra o
conservai-as completas ; que os Sra. deputados, ex-mini!'tro. Eu porém não entendo que haja tal
e até eu inesmo, haviamos votado pela lei de contradicção, porque, além de ser muito difficil .
fixação das forcas para o anno finance1ro proximo conhecer qual é a verdadeira opinião publica, '
futuro, na qual se determina que o recrutamento ella não póde influir no espírito das deliberações
deixará de ter lugar, e que portanto eu mesmo do corpo legislativo.
tinha reconhecido a possibilidade de fixar a força Eis como respondo ao nobre deputado sobre
sem recrutamento ; mas o nobre deputado ha de o que disse ácerca da opinião : respeito a opinião
perdoar-me : eu citei este artigo a meu favor publica, mas é necessario que seja pronunciada
hontem, e de tal maneira, que não se óde tomar de um modo muito formal e solemne
o meu argumen o como con ra producentem. assim não fõr, eu quero antes votar segundo
Demais, o que disse o nobre deputado niio minha consciencia, do que deixar-me arrastar
concluet porque as circumstancias actuaes são por uma opinião que não seja talvez senão a
multo ai versas : tlxámos uma força mas negámos de um artido.
n , purque m nutmos o exet'(lJ o, e uan o encommen a das armas, os nobres
queremos experimentar se é posslvel conseguir deputados não responderão a um argumento que
um engajamento voluntario nas actuaes circum- a meu ver é sem replica; para se verificar res-
stancias em que estamos; porque achamo-nos ponsabilidade é preciso que haja dfspendio de
em paz, não nos ameaça guerra, e por canse· âinheiro e malvorsação, que não ·póde dar-se sem
queacia nenhuma dlfficuldnde nos obstava a negar existencia de facto nem realisação de contracto :
o recrutamento. Porém o meu argumento de hontem se elle tivesse sido realisado, e se mostrasse gue
foi que por isso mesmo que nós julgamos nacos· forão distrahidos dinheiros nacionaes sem autorl·
sario negar este recrutamento era evidente que sação da 'assembléa concedo, mas não houve
no art. 146 se comprehendia faculdade de recrutar. nada disto, não tem lugar a accusaQào.
A isto não respon.:leu o nobre deputado. Estranhou o illustre deputado que o ex-ministro
Se passou este artigo na lei de fixação da força não requeresse um credito supplementar antes
é porque julgé.mos que o . governo estava autori" de fechada a assembléa geral: a isto respondo:
sado a recrutar, e podia continuar a fazel-o não que foi reconhecida a necessidade . urgente das
se lhe suspendendo tal autorisação. Se é esta a mesmas armas depois de fechada a assembléa,
interpretação qlte a cama1·a acaba de dar á e isto mesmo é o que diz o ministro ·na sua
constituição ainda neste anno, por que razão defeza, e que pretendia pedir a. approvação da
accusaremos o ministro que a entendeu tambem assembléa logo que ella se reunisse, o que tudo
assim 'l O ex-ministro produz ainda o facto da e muito consentaneo com os governos repreKen-
lei de 25 de Agosto de 1827, que ratificou as t~tiV!JB, e como se pratica em todas as nações
i -
Ora, não é evidente que havia autorisação para Resta responder a um argumento sobre qaa
poder recrutar de uma fôrma especificada, propria não fallei llontem por esquecimento.
e providenciada pela assembléa geral ; quando Disse um illustre deputado que podendo pro·
rátiftcou taes instrucções, não foi porque julgou rogar a sessão não o havia feito, e notando-se-lhe
que o ministrQ se achava autorisado para re- que isso ara attribuição do poder moderador,
. crutar em consequencia. do art. 146? Não é esta replicou CJ.Ue deveria têl·o aconselhado ; porém
a illterpretação authentica, justa e legal, que esta argu1ção é \nadmissive\, porque os m~sistros
deve dar•se ao art. 146 'l Tendo pois provado que , não têm assento no conselho de estado uma vez
a interpretação do art. 14.6, e do_ § 2<> do art. que não são consultados, e porque o poder
36 feita pela commissiio não procede, e que deve moderador é inviolavel e irresponsavel. E' pois
. ser considerada nesta -parte soli!ia e fundamen- com os conselhelros de estado e com o podel'
tada. que acabei de proferir nesta casa e que moderador que se deve ventilar esta questão, e
tive a aatisfação de ver defendida por um bonra!lo não COUl ,OS JXWUStros ; mas apezar jl\sto leip.brarei
lj ..
ONOoli ~
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passe- do seu juiz de paz, e aJ:iresental-o ao juiz Do mesmo ministro a~ompanhando dous ofli.cios
de paz do lugar para onde fõr, ou por onde passar. do chanceller interino da casa da supplicação,
Dos Srs. Perdi~ão e Fernandes da Silveira represent~ndo a ne.cessidad~ ?e se.c~ear~m mais
Alagõas e Piauhy o decreto de 25 de Junho de cõrte, de darem-se ajudantes aos escrivães crimi-
1831. naes e outras providencias que dependem de
Do Sr. João Candido de Deos e Silva para que medidas legislativas.- A' commissão de justiça
o governo mande por pessoas habeis e intelligentes civil.
indagar nu interior do imperio q, ponto central Do secretario do senado participando que o
mais conveniente para alli se edificar a capital delle, senado adoptou, e vai dirigir á sancção imperial
e declarando as condições e modo de proceder. as seguintes resoluções remettidas desta camara :
Não se julgou objecto de deliberação a proposta Ia, declarando dia de festividade nacional na pro-
do Sr. Fernandes da Silveira, para se empregarem víncia da Bahia o dia de 2 de Julho; 2a declarando
tres hiates por conta do governo em as barras de que os membros dos conselhos do governo das
Cotinguiba, Sergipe e do Rio-Real no auxilio e p~ovincias, a.:!sim como os das camaras municipaes
direc ã do · ue d -
SEGUNDA PARTE DA ORDEM DO DIA
Foi a rovada a rasolu ão n. 13 tomada sobre a
proposta do conselho geral da província do Rio Leu-se e approvou-se a redacção do decreto de
Grande do Norte, para o estabelecimento de uma accusação contra o ex-ministrü e secretario de
cadeira de grammatica latina, assim como de estado dos negocios da guerra, José Clemente Pe-
escolas de meninas, e de escolas de primeiras reir~.
letras na cidade, villas e povoações designadas da Forão approvados os seguintes pareceres :
mesma província. · Da commissão diplomatica sobre o officio do
' Entrou em discussão a seg11nda proposta debaixo ministro e secretario de estado dos negocios
do n. 50, da Parahyba do Norte, que ficou adiada estrangeiros que remetteu cópia da nota do ei.l-
pela hora. carregado de negocias interino da regencia da ilha
· 0 SR. PINTO ÜHICHORRO leu Um officio do minis- Terceira, em que reclama do governo imperial o
tro do imperio, em que communica que a regencia effectivo pagamento dos juros e amortisação per-
em nome do imperador receberá a deputação tencentes ao emprestiml) portugttez pelo qual o
encarregadR de pedir a sancção de alguns decretos governo brazileiro se responsabilisou exigindo uma
da assembléa geral legislativa na segunda-feira resposta franca e categorica. A commissão julga
8 do corrente pelas 2 horas da tarde. qae o principio adaptado pelo governo do Brazil
O SR. PRESIDENTE nomeou os membros da de suspender todo e qualquer pagamento do
deputação, indicou a ordem do dia seguinte, e citado emprestimo, logo que a córõa de Portugal
levantou a sessão ás duas horas e um quarto. se tornou contenciosa,é derivado do direito publico
da!l gent.:.s; e outro sim que os tratados depois de
ratificados não reoonhece!n outros juizes nas du-
SessAo em 8 de A.arosto que não sejl'io novos ajustes, e convenções entre as
altas partes contractantes 011 arbitras de sua mutua
PREBIDENOIA. DO SR. ALENCAR escollia, ou por ll.m outro qualquer expediente
que o direito das gentes autorisa, e que portanto
Depois de approvada a acta, o Sr. to secretario se responda ao ministro neste sentido.
leu os officios seguintes : Da ta commissão de fazenda para que se peção
Do ministro da fazenda com as informações que esclarecimentos ao governo sobre os motivos-da
se pedirão em 29 de Julho ultimo, sobre a repre- falta de pagamento dos juros de 3 apolices do
sentação dos negociantes da Bahia, que pedião ser emprestimo contrahido na província de Pernam-
indemnisados de uns direitos que tinhão pago em buco em 1796, pertencentes ao hospital da cari-
dobro. dade da villa do Penedo.
Do ministro da guerra remettendo a cópia da Ficárão adiados por pedir-se a palavra, um
portaria de 9 de Agosto de 1822, expedida pela parecer da C9intnissão diplomatica e outro Q:\
repartição
,
dos negocias
'
da guerra
..
ãjunta provisoria
' ..
commissão de'-"guerra,
' .... '
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:47 - Página 1 de 1
··,~,
',...:·
O Sa. REBOUQA.S pedia a palavra com urgeneia . 13. Se se approvava a emenda do Sr. Maia.-
e mandou á mesa uma resolução ácerca da moeda Não passou.
de cobre correr depois de certo prazo só por 14. Se se approvava a emenda do Sr. Rebouças.
metade do seu valor, pagando-se a o_utra .met~de -Não passou.
e
que se hão de resgatar. judicada.
l!,oi julgada objecto· de deliberação, e mandado 16. Se se approvava a sua doutrina.-Passou.
imprimir com urgencia. O Sa. MENDE:S RIBEIRO orador da de uta ão
O Sa. A.Y apresen ou os pedindo a palavra disse, que sendo a deputação
rimentos: introduzida com as formalidades do costtLme
1. o « Que se peção ao gover.no informaÇões nova- entregára os dois decretos da assembléa geral ao
mar, te sobre o estado de occupação em_ que presidente da regencia, o qual respondeu que a
possa estar a ilha do Focinho de Cabo Frio regencia os examinaria em conselho de estado.-
pelos inglezes, occupados apparatusamente h a tanto Foi recebida com muito especial agrado.
tempo em tirar do fundo do mar dinheiros que O SR. PRESIDENTE indicou a ordem do dia da
se dizem naufragados o anno passado, e ácerca sessão seguinte e levantou a sessão ás 3 horas
do que ha tres mezes correspondeu esta augusta
camara com o governo. 11 e meia.
Foi apj>rovado, salva a redacção.
2. ~ << Que se peça ao governo· uma min_uta
padrão) que se tem lançado na circulação, e do Sessão em 9 de Agosto
papel vell:lo que se recolheu e carimbou, e que
possa estar em reserva até o dia lo do corren~e PnESlDEl\'fOrA DO SB, ALENCAR
.
• • a :
· n11me~o, de causas que se achão demoradas no manto proximo das guardas nacionaes, instituição
f6:ro tia :lO, 20 e mais annos, declarando-se nas de que era idolatra pelos optimos resultados que
civeié· a classe, qualidade, _sexo e naturalidade tinha produzido em outras nações, e que nã~
do autor- e réo, e se vierão por appellação. - podia deixar de corresponder á sua espectativa,
4.0 O numero de presos que existem nas cadêas attentos os preciosos elementos de que tal guarda
desta cõrte, sua idade, qualidade, sexo e natura· era composta. Oppoz-se comtudo a que este pe-
lidade. - 5.o O tempo que alli tem já estado. - queno exercito fosse .composto de homens violen-
6. 0 Por quem são sustentados os presos pobres; tados que nunca podl'ão prestar bom serviço ;
de que consta, esse alimento, e a despesa que devendo antes ser formado de homens volunta-
com elles, ;~pm_.. as M __dd~ s e seus empregados riamentG alistados, como se fazia em Inglaterra
faz o estadtt. :'Vindo ~a parcella especificada. e em outras nações, e cumpria por consequencia
-7.o Um~'illaJ.,;.estatistica, logo que puder ser, que o projecto fosse concebido de fôrma que
venha de to~às .as provincias do imperio. contivesse um só artigo, no qual se declarasse
8,e Que 88 pergunte ao gOV8l'QO: -1. 0 Quantos que serião recrutados para o eurcito eidadiio•
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:49 - Página 3 de 3
a. OLLANDA. ns11!1 o na sua op1n ão. di- Disse que na verdade não só recrutava para
zendo que assim como ninguem era obrigado a desembargador, para empregado da fazenda. etc.,
ser desembfirgador, official de fa-zenda ou a exer- mas que se devia attender a differença que havia
cer outro empre o publico, assim tambem ne- entre um soldado e um em re ado ublic
· uo ev a eer orça o ao serv1ço as sujeição em que estava o prime rode um numero
armas, quanto mais que a obrigação de defender maior de indivíduos, pois que deve obedecer a
a patria era de todos, e uns cidadãos não podiiio todos os que estão acima delle, desde o o:ffl.cial
mandar outros em seu lugar, porq11e o art. 145 da ma.ior patente ate o cabo e anspeçada e
da oonstltuiçilo dizia- « Todos os cidadãos bra· tambem pelos perigos, fadi«as e mais trabalhos
zllairos silo obrigados a pegar em armas para arduos e inseparaveis da vida militar; ao que
s_uatontar a lnder.endenola e integridade do im- se ajuntava ainda as injustiças que com elles se
perto e defende •O do seus inimigos internos e puticavão, os caprichos de que muitas vezes
externos. 11 erão victimas, os mãos trntamentos que experi·
Fez mais re1lexões sobre a distinaoil:o odiosa mentavão da parte de administradores prevari·
do projeoto que Impunha maior carga a uns cados, a falta de cumprimento das promessas que
oidadilOI do que a outros, sendo toaos iguaes s& lhes fa.ziã:o em uanto ás suas . escusas, etc.,
, .s pG· . i a 1 cu a o o a1 s amen o
erlilo ter completa negaoilo para a pro.ll.asã:o dos voluntarios, mal que só o tempo remediaria,
militar. desvanecendo-se a desconfiança existente.
Supi)GDhamos, disse elle, um homem fraco, Conveio na grande utilidade das guardas nacio-
' • , o · o erv r
n. ao.;.se os me1os que os ns ao e CGnseguir-sa. estudo para exercerem taes lugares em razlio 'd.e
Que ·diftlculdade ·navérá em encontrar voluntarios serem obrigados, pela maior parte, por- seus
se 'iló,s 'v;emos que hoje ainda estando suspensa pais, para esse modo de vida; mas que a ·nã;o se
a pro01ooão do exeroit'o ha quem tome serviço Julgar valiosa esta re1lexão ella responderia. me-
voluntaríamente. . Ihor, que quem não quizesse ser recrutado, tra-
Oonêluio que leria motivo sufllciente para se ta.sse de fazér-se medico ou desembargador, etc.,
àllátarem voluntarlos o coD,Ceder-se uma sesmaria pois que seg11ndo o projecto só érão recruta4os
por. um serviçq de 4 QU 6 ãrinos, fazendo-se com · aq_uelles <J_ue nilo se empregaviio em industria
elle!!;um c_ontracto de c~a observancia estiverem . utll á soc1edade, etl}. .. , ,· ..
certOs·; oomtanto que nao se tomassem para o · - -,. · ·- · ·
exercito homens viciosos e de mãos costumes, Darido .a hora ficou adia~& a dis~:~~.,
ctne .f!ervlão.· unicamente para deshon1ar 'aquella O Sa. Pr_!i:SIDENT~ deslgn()u~*'17!114~in do dia
~-~sse e fazer _que nenhum homem de bem qui- para a sessao seg11mte e lavan~ou '" sessªo C\e-
-'e"eli$rar neua, l'oia daa duas horas! · ·
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:49 - Página 1 de 1
ao meio aia.
Do .. mesmo ministro c-om as informações q1l&
lhe forão requeridas por officio de 16 do cor-
. rente.
,:t,,Do ministro do impHio enviando o officio do
'VIce-pJ;esidente da província do Ceará que acom-
panhava o requerimento de José da Silva Porto.
A commfssão de redacção apreséntou redigida
a lei . de fixação das forças navaes, e bem asa.im
a resolução ofi'erecida pela commissão de guerra
á respeito dos officiaes estrangeiros, que erão
com rehendidos na exce ão do art. 10 da lei
de 24. de Novembro de 1830; e o artigo additivo
approvado pela camara, sobre a consignação de
8:000$ para concerto das muralhas do arsenal;
o que tudo foi a rovado.
· o. a Imprimir o parecer as commJssoes e
commercio, e 1• de fazenda, com voto separado
do Sr. Hollanda Cavalcanti, sobre a proposta do
ministro do imperio, pedindo um credito supple·
men ar e : mensaes uran e a a er ura a
estrada da Policia ou ramificação de Sant'Anna; cados no Rio de Janeiro nos djas 14, lõ e_ 16
a commissão reforma a dita proposta, mandando de Julho, por identico motivo havia de pronunciar-
applicar para a estrada o direito de portagem . se contra est('R que houve na BabJa, devendo
collectado no rio Parabyba, nas estradas do Mar comtudo tratar com urgencla do projecto de
de Hespanba, Estrella, Commercio, Policia, Re· amnistia, como propunha a commissiio, tdlm de
zende e Picú, e que depois de concluida seja o entregar ao esquecimento todas estas diacordlas,
rendimento total applicado pelo governo pro rata como convinha á caus!\ publica.
para conservação nas mesmas estradas. Votou pelo pnrecer, e contra o adiamento.
O Sa. HoLLANDA. CA.VA.LOANTI sendo de parecer O Sn. Oooxuoo notou que o Sr. deputado estava
que a lei de 29 de Agosto de 1827 presta os meios em oqulvocaçiiot porque ije tratava da mnterla do
para a construcção pretendida, e que póda ter parecer o não ae adiamento ; e disse quo ambas
p e a execuçao ao mesmo emo que a ta ra~ç1 o
daquelles rendimentos produzirá deiiclt para as
despezas geraes, discorda do parecer da com·
missão.
pare r
civl , sobre as duvidas do ouvidor de Porto a mesma assembléa em decretar a amnls 11&, o
Alegre na execução dos decretos de 5 e 15 de que comtudo nito devia ser tratado do repente,
Dezembro do anno passado, que crearão as vlllas e que por isso convinha que o pro}eoto reapeotJvo
de -Piratinim e S. Francisco de Paula de Pelotas; entraase em discussuiio, sendo dado para a ordem
as quaes duvidas acha que não procedem, e que do dia com urgencia como propunha a com·
o governo deve mandar cumprir os ditos decretos, missão,
exp~dindo instrucções adequadas para a sua exe- Declarou por fim que votaria pela amnistfa :
cuçao. mas que segundo sua opinião devia ser antes
,Ficou adiado por se pedir !:\ palavra o parecer approvado o parecer .em discussão. ,
, ,'da-- com missão de poderes sobre o requerimentro O SR. OAsTRé. ALVEs lembrou que havendo
do Sr, Araujo e Almeida, em que {lede licença na casa trabalho mais amplo e comprehensivo
afim de · retirar-se para a sua provinc1a por causa convinha que se tratasse conjunctamente de tudo
- de molestia. quanto se referisse ao mesmo objecto, afim de
· O SR. MoNTEZUMA. requereu a urgencia e ven· concluir de uma vez, o que aliás se faria par-
eendo-se entrou em discussão, e foi approvado cialmente.
afinal para se dar a licença, O Sa. REBouçAs disse que ninguem fallara ainda
Segui o. os mesmos passos outro parecer igual contra o parecer, e por isso nã<r ~rataya .de
sobre requerimento do Sr. Vallasques. · defendei-o que logo que chegarão a!f 'noticias
O SR. CASTRO E SILVA. adio a alavra e offe- destes factos da Bahia, elle apresentara' um pro-
receu o seu trabalho sobre o orçamento, segun o JBC o e amn1s ia com n a, · a
as idéas vencidas. · necessario sepultar no ·esquecimento crimes aliás
não pequenos ; que o dito projecto fôra éJ)viado
O Sa. REBOUQAs pedio a leitura do parecer das às commissões de constituillâO e justiça criminal,
com missões de constituição e justiça criminal sobre e exigindo estn~ informações o governo mandou
os ultimas acontecimentos da Bahia. um officio do vice-presidente da provincia da
Havendo declarado os senhores assignados com Bahia, que continha o relatorio dos factos sobre
r~stricrões no parecer que a süa opposição não que havia de versar a delib~raçito; q'tle, ~ vista
dizia respeito á conclusão, pedio um Sr. deputado delle, e depois de bem exammado o negocio, as
a pe!avra contrQ o parecei·, em conseque:ncia do com missões concluiào que reprovavão semelhantes
· q11e ia ficar adiado. actos ; nem podiiio . debtar de . o fazer pois
· O SR~ RmlouQA.s pedio a urgenciâ~ com o fun- era necessario que os membros da oo.mmis-
damento de que era necessario declarar que estes são não fossem constitucionaes, ou tivessem
ac:tos anti-con:~titucionaes, e manifestamente con- idéas contrarias á razão, para não acharem crJ.
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:50 - Página 2 de 4
.
nunca temi ' o des!(overno ou governo·' ao Raverno o que houve S<JUi no campn, fui ao menns com
em•1uanto legal fui ob•·dieute, ao' de~governo fôrma de requerimento, ainda que requerimento
áqueltes que me querem opprímír sem lei sempre com armas na mão, não sei se é requeri•nento
resi<~ti e hei de resi~tir, seja meu irm'ào pai t apoiados); mas em fim houve e~sa fôrma Ru
· parGnte <•U amigo;- porque não sou escravo' de 1' menos; na Bt~hia não houve isto, porque não
d~ 4, de 10 ou ~e milhares, mas da lei e só dà disserão- nã•) largaremo~ as armas sem fazer-se
1e1, porém da lei bem entendida. o que queremos,-porém mandamos, ordenamos.
Passou depois a mostrar que o ministrei •da.
Sr. presidente, membros desta casa talvez sejão justiça tinha feito bem em· mandar tirar a de·
testemunhas que soldados mandados vir estão a vassa; porquanto se havião acontecido fl\ctos
esp.ancar e a insultar as pe!'lsoas: por todos os criminosos, o qu~ não se nega, o ministro devia
rnei9s se. procura irritar, espalhar-se com anteci- mandar devassar St>bre elle:;., e obrou bem (apoia-
pa_ça,~'.q':'e haverá be1·mwdas, como se fez n•l dia dos) dando esta ordem.
da Glorlll em·qu~ e~tavão prognosticada~ rusgas, c,mveio em que podia haver nessa devassa
bernard.as, e se InCitou de proposito os animos: causas desagradaveis, porque estando os animas
. h.~ r>ouco te~po q~e isto• seria objecto de grande irritados podião algumas pessoas ir .4Zer deposições
clamor, ;hoJe VeJo todos tranquillos e dis- . unicamente por motivos particulares (apoiados) ;
p~stos a appr?nr actos illegaes li Ah I Sr. pre- mas taes razões o movião só a favor _,da amnistía,
Sidente, esp~nJa sobre as cnmmoções politicas por~m não a reprovar ~quillo que, o governo
-
passadas.; nao é sobre o gasto. dos dinheiros da devia faz_er,. (muitos apo~ados ), até; segundo o
casos.
qor.clnio apoiando a necessidade de ampliar O Sa. LrMPO DE ABREU votou contra ã·!•.ptÍ~te
do parecer, por assAntar que a camara não .\inlla. ~:.
malt~. a BPgunda parte d<• parecer, admittindo-se
â dlscuHsiin os projectos existentes na casa dir'lito de approvar ou reprovar um preeedimento
e declarando. i nu til a primeira parte por ntiÓ qualquer. . ·
ser necessarw que a camara desapprovasse Declarou que Jallava assim, não por que appro-
actos qua nenhum homem cordato podia sp- vasse taes actos, mas porque entendia que não
pfovar. cabia nas attribuições da camara a repiOvação
que exprimia o parecer; que era verdade que os
.Q Sa. REZENDE assentou que convinha respon- conselho.s geraes tínbão o_brigação de dt.r parte â
der que .a camara fl.cava inteirada: adve1tio que assemblea geral de todos os acontecimentos que
não ~ev1a fallar-se contra as autoridades que occorrem nas provinc1as, tnRS não era, ao que
queriao refrear a desordem, ainda quando fosse no parecia, para a assembléa proferir um juizo es··
meio das paixões, pois era do seu dever usar de teril e sem resultado, a razão era outra; a par-
'l'OMO ~ 7
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:50 - Página 4 de 4
· ~()t,~ll.• C~NErao LEio djsse que o parecer era decltuou que os soldados mineiros, os qúaes
digno d~ ser approvado; que a camara na ver· h11viiio sido tratados de muito con~titucionaes e
,. dade . po!fia respo·nder que fir.ava inteirada, mas amantAB da lei, no dia da Gloriá havião dado .
como tinha de enunciar a sua opinião sobre os pancadas ~m quem lhes uão tirava o cbapéo.
._factos: da Bahia, não obrava mal ern reprovar E prosegu10:
de!ldli jã todll)3 essas violencias de que se tratava; O Sr. -dPputado fallou na tropa do Minas. Eu
não lhll obstando itoso a que houvesse de adaptar niio queria d1zer tanto, mas jA que fullou a
··um pfojei:to _de amnistia, á qual elle orador não este respeito, digo que sim, que é ella que tem
se oppori~, ainda_ que entendesse que as anú:ístias espancado e feito o que acabo de referir a homens,
em ~emp\)!J de commoções só servião para animar é verdade que erão pretos; porém o preto e
o crime · e para convidar a desordens. Como homem como eu sou e como qüalquer rel e lm-
.porém, a puniÇã:l teria de ser dirigida contra . perador, stlndo cidadão; e quando tenha a des-
massas, nellas' podião haver indivíduos de boa graça de ser escravo, não deixa por isso de ser
fé e 'illudidos, não duvidaria sustentar uma nos.so irmão. A escriptura não apresenta a menor·
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:50 - Página 1 de 2
á regimento. do Snl.
Do secretario do senado remettendo a cópia do
o Sr. osrneh.•o Leão:- O nobre depu- juramento que prestou 110 senado o Exm. Sr. José
tado acabou de dizer que era um bom empre- Bonifacio de Andrada e Silva, como tutor nomeado
gadó; ningilem tratou disto, tratou-se de homens pela assembléa geral ao imperador menor o Sr.
criminosos. No Rio de Janeiro e nas outras D. Pedro II, e ás suas augustas irmãs.- Ao ar-
provincia'IJ do Brazí! ha empregados que se prezão chívo.
iJe ser bons; a differença e, que nãü fazem tanto Do meRmo remett.endo as emenda~ feitas e appro-
alarde dessa virtudH. (Apoiacl(JS.) vadas pelo sen1do á p.-oposiçiio desta camara para
E' facto, Sr. presidente, que varios soldados extincção do tribunal da junta do commercio.-
puzerão em terror a capital do imperio, que A imprimir-se as emendas.
querendo n re resentaçiio nacion11l sahír da cama:ra Foi remetUda á com missão de im ostos a re re·
um so a o a guar a o correio fez pontaria s<mtaçii.o da camara municipal da cidade do Ltro
contra alguns Srs. deputados, e que outras pes- Pret•>, pedindt) interpretação do urt. 12 do alvará
soas que pasii.-.rão perto dellea forll>~ alvo de seus do 27 de Junho de 1808 sobre a decima dos predios
tiros ; Isto ó verdade, mas nem por lsNo o nobre urbR4ros. ·
epu a o c amou en no an o como a~ora .c ama. eu-se o requenmen o o r. er igiio, pe in o
Eu jà disse e rop\to, os soldados mineiros têm lícança para retirar-se para a sur1 proviucia por
obrado legalmente, têm dissipado ajuntamentos todo o moz de Seternbro.-A' commissão de po-
criminosos e talvez separado á força alguns deres.
escravos que perturbavüo o socego, que estavão Remetteu·se á commissão de guerra o reque·
em desordem ou que se ajuntavão contra as rlmento de Manoel F1·anklln do Amar.~l pedindo
posturas municipaes. O nobre deputado quiz fazer desaggravo das injustiças e preterições que softreu
uma accusação aos soldados mineiros que anda· no tempo <lo governo transacto. . -
vão ·de ronda, ôu respondo, que os actos por A' com missão de' constituição remettén· se o
elles praticados são proprios do serviço da ronda re.querímento de Ernesto Frederico de ·verna,
qu~_.se lhes incumbio, que obrárão legalmente, pedindo que esta, camara mande recomníendar ao
e·. que. !'líio de continuar a cumprir seu dever, governo que o contemplt;! nà nova org~nisação do
. embora isto não agrade ao Sr. deputado ou a thesouro ou na alfandega.
Qutras -pessoas que se achào complicadas neste
negocio. a
Foi julgado objecto de deliberação .. ~esólução
da commissão de guerra sobre a pr'Óposição do
O- Sn. CAS'rRo ALvÊs pedio a palavra para Sr. Rezende, para autorisar ó ,governo a contem-
exigir uma. explicação sobre o que acabára de plar os officiaes, cujas propostás não forão app~o
ouvir, dizendo ~ue o caso era de honra, e por vadas, por terem entrado .em commoções. polí-
isso lhe não podia ser negada a palavra. {Ordem, ticas.-Pedida. e vencida a. urgencia entrou logo
ordem.) em discussão. ·· .-
o·s:a. PREsfi>_ENTE négou·lhe a palavra porque O Sn. REBOUÇAS mandou uma emenda para. se
a não podia obter pelo regimento. supprimirem as palavras (( offlciaes ·inferiores. »
Ficou o objecto adiado em razão da cl'legada do Posta á votação a resolução, foi adaptada a
Sr. ministro da fazenda, o qual entrou e leu mandou-se á commissiio de redacção, rejeítada a
primeiro uma proposta da parte do governo. emenda, ' . , ;-
O Sn. PaEsiDENTl!: disse que a carhara tomaria Forão remettidos ã eommissão de orç9mento o
a proposta na devida considera~ão ; depois do requerimento dos Srs. Araujo:> [rimcf?; e Deos e
que foi dirigida á 1• commissão de fazenda. Silva para se incluir no orçamento 'd'as despezas
militares os soldos que se e~tão, devend.o á tropa.
O Sa. MINISTRO passou a. tomar o lugar com- da 1• e 2• linha na provincia'. do Pará,_ cujo.;p~
petente para assi~tlr á discussão sobre a moeda gamento se mandou suspen;der, e -9~.tr~i req'He.rl-
de cobre adiada da ..sessão antecedente. mento igu11l dps Sra. ~a~íele Bj,\pt~s.tá, dll,O_lr~eira
Offerec6rão-se vari~&s emendas. a respeito da provi11cíá de' S. P~dro
~. ..
ilQ
- ,Sul. .
'
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n a i i ue a a a car a o nra e
a restituir 1:800H irnportancia dos t~oldos que
gloria de um home!U de bem: que elle orador
se não embar~tçava com o que a se!l respeito se tem recebido indevidamente durante a sua sus-
diz\a, nem se aterrava com calummas, porque, pensiio. · · .
- continuou: - sou sempre Castro Alves- ex LE'u-se a resolução seguinte oiierectda ·pelo
[1·uctibus eorum cogntMceti.v eos - disse Jesus Sr. Oosta Ferreira. :
<< Fi cão em perpetuo esquecimento todos ·os
Chrísto: olhem para minha vida pasi!ada, e por
ella julguem: não para a minha vida futura, mas actos praticados nos dias 14 e 15 de Julho~ tll~~s
para traz. Não me hão de tapar a boca naquillo da anti-constitucional juncção de algun~ lnt.ltVl-
que eu vir que é para bem de minha patria duos e tropa no C•lmpo da honra; são port!!ll
de>~graçada e do po-vo, desgraçado povo I Qn~ é exceptuados desta amnistia os que perpetrarão
mnrt~s e latrocinic•s. 11
levado por aquelles ue os m~Ltem talvez na mo1ta,
. . E a edido d seu o f · i c
missão de ju,tiça criminal. - •
Foi julgado objecto de deli~eração e mandou-ae
irnprimir a resolução oft'erectda pelo Sr. Fer-
nandes de Vasconcell•1s na ual marca os razos
não quere.ia para vós.-Por isso digo que as cir- entro dos quaes deveráõ ser interpostas par~ a
cumstancias me tbm convencido de que este hc>mem relação do Ma1·anhão os aggravos e appeil.açoas
(João- Bonifaeio) é perseguido grat!litamente, e da província do Pará., em proporção ás d1stan·
·que eeut!'inimigos, talvez seus proprlos devedores cias.
o perseguem para se l!vra~em de um homem E foi rejeitado o requerimento do mesmo senhor
qq_é os socconeu com dmhetro, e é seu credor I em que pedia dispensa da impressão e urgencia
E. -que pela· imn1oralidade .e~ 9-ue estamo~, espa- parn entrar logo em <:J.iscussão. . .
lharão. que este homem. é tmm1go do Braz• I, COJ:!· Forão igualrnente Julgados ob_Jecto ~e delibe-
trario ao· bem da patr1a I Este homem era capi- ração e mandãriio·se imprimir os segumtes pro-
talista quan'do veio para o Brazil ; não .vei_o . jectos e rAsoluções :
distrair as riquezas do Brazil, veio antes ser util Do Sr. Fernandes de Vasconcellos para extiJlC·
ao Brazil; nós deveriam os recebei-o de joelhos, ção do arsenal da marinha e dos- armazena na~:
beijai-o._ Não estava ao seu arbitrio, á sua escolha cionaes- na província do Pará: assim como -·-ct~s.
procurar outro paiz onde podia empregar seus fabricas que ministravão madeiras de construcçao
cablldaes 'l Para que veio olle para o Brazil? Para par11 o mesmo arsenal. E indicando mais pro-
·ofiendel·o com seu cabedal 'l Ah I meus patrícios, videncias a tal respeito.
não nos deixemos illudir. · Do Sr. Baptista Pereira decretando varias res-
tric<;ões ou direito de testar a titulo de legados
Foi lido, a rogQ do Sr. Rebouças, o parecer das pios ou de bens de alma. .
coinmissões oo;- ·constituição e diplomacia sobre o Dos Srs. deputados Manoel Amaral e . ~lvea
mesmo o · cto
re-:tuerimento do dito João Bonif&cio Alves da possão' contrahir emprestimos- em que circum•
Silva, e todos os factos que se têm praticado a stanuias e quMs serão os moios de p~gl\mento.
'respeito cdelle, julgão que o supplieante se queixa Do Sr. Pereira Brito para quo se fizesse n~&
com justá- razão, e supposto considerar que só- arrecl\dação dos direitos do algodilo a mesm~&
mente. razões sobrenaturaes defenderiio o com· reducçilo proporcional 1\ distancia dos lugares dr&
portamerito do ministro da justiça, constaute do proctucção que se praticava na arrooadacdo dos
!-f!U- ·aviso de 5. do corrente, exigem com tudo ur- dízimos do café e assucar.
ge~ia informações do governo ao mesmo respeito. Do Sr. Vallasqués :para que se suRpondesse •
-•, Foril:9 approvados o parecer e o requei'imento, venda dos metaes preCJosos existentes no thesouro
ApprovoP·Be tal!Jbem o requerimeuto do Sr. e ·mais repartições publicas do imperio. . ~.;
Rezendé pata se perguntar ao governo que ob- Ao meio dia chegou o ministro da guerra e depois
jecto trouxe dqui · oi,o.libelicJJ amct~nos de Aoitola de introduzido le11 d11as provostas do governo 1 a~
.;.•
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.
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.,
desta cidade. _
Do mesmo ministro ~n-yj,ando a consulta da
junta do commercio sobre ~ representação da
província da Bahia, quanto á construcção do pharol
dRquelle porto com as sobras de que fazmenção.-
A' commissão de commeicio. _
O conselbn geral da província do Maranhão pede
a creação da juizes de fóra de cível, crime e
orphàos para à;fferenJes villas daq uella província,
attenta a morosidaue e illflgalida·le dos juizes
leigos,
' . as~im. o augmento rla populnção.-
e . bem
ORDEM DODIA
· respetto, se .nomêe . a comm1ssao para. (segundo nos tinha _vindo, e nunca·:!óra. admittida e?l
sação. baver em punir os criminosos ;~ ma~:níil) po<iia
entretanto dizer·><e que estavao Vlrtu!J,lmente
O SR. REBOUÇAS àisse que desejaria que este abolidas pela constituição, e muito menos ~ainda
negocio não tives~e apparecido na camara, mas dal·as expressflme11te por extinctas ;· .. ·pois ·neste
visto que apparecera, não podia d(lixar como caso de duvida devia. o ministro esperar ,pela
deputado de proferir sobre elle o voto que a decisão do corpo legislativo. . ·
lei lhe prescrevia; pois tal era o dever dos de-
putados nl)ste caso, quer como )u\zes, quer como Advertia qu.e o mesmo ministro t\O l)rlm~it9
Dlantenedores da mesma lei que o ministro da officio ao regador da justiça parecera mostrar
justiça tinha determinado ao governador da alguma hesitação a respeito da ~uspensão orde·
relação, ou regedor de jusliça na eôrte, que nada ; mas que depois i:! e baver sido denunciado
deixasse <ie permittir, ou que fizesse com que· na camara pelo Sr. Montezuma, de haver mandado
os magistrados não continuassem a conceder cartas suspender as leis, fallou em tom decisivo, e
de seguro, por mothro ,de considerar taes cartas chegou até a ameaçar os magistrados com as penas
de .seguro em antinomia com a constituição (art. que no codígo são impostas a quem desobedece
179. ~ 9), até que fosse resolvida a proposta ás autoridades superiores e daqui resultou que
que, como orgão do poder executivo, havia feito as leis ficarão suspensas, porque os magistrados
á camara, para declarar abusivas as cartas de por medo, ou por. outra ,.qualq'!ler cqusa... ~espe~·
seguro: que tião tendo o ministro da justiça tárão mais a ordem do ministro, do ··que ·.a
autoridade para interpretar Jei.s ou disposições lei.
eonstitu i · - ··
sua execução ; donde se concluia qne commet- commissão, a respeito da não exi~ten~ia de· cri-'. ·
tera crime, ou se ndoptasse a hypothese mais mlnalidnde, por não haver a ordem chegado a
fa'Voravel de ter. feito uma. interpretação de lei, executar-se, achando muito ine:ucto tal principio ;
ou se tomasse o caso mais · desfavoravelmenLe porque a cam,ua ·tinha a julgar·se o acto de
póru!lurpação do ·poder legislativo ; verificando-se qualquer autoridade era violaçii!l da lei, ·e não
· ~ primeira, em persuadir-se o ministro que o ~ 9• sobrt) as <lonsequencias de taes actos ; .P(lij assim
do aitigo 179 por tratar unicamente de fianças, como pelas más consequencias de UID,t.a'ctô' bom,
ezc1uii. as csrtss de seguro e mandando logo não se podia crim(nar o autor delle~' :tàmbem ,o
execufar li; sua opinião ; e mostrando•se a segunda bom ou nenhum resultado de um acto .contrarJo
na derogação de todas as leis que concedião as áa leis e á constituição não devia influir para
cartas de seguro, algulllas das quaes erão poste- ser absolvido o .autor de um aeto mão.
'l'O!IO 2 '• ' 8
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--
SESSÃO EM· ~6 DE AGOSTO-DE 183.1 61
e insistio mostràndo que os juizes devião antes e tamanha a necessidade de. Ca~er-se a lei do
obedecer é. constituição do que ás outras leis. orçamento. ·
Não. sei pois onde está a criminalidade ; não a_ O Sa. HoLLA.NDA OA.VA.LC~NTI tó.mo~- a palavra~
veEjo. · · mui'to d ec1'd'd t t - e disse, que. na. sua opinião ·a primeira questão
u me l!ronunc10 1 amen a con ra
o p~incipio' que ouvi; e que alguma. causa me
que dflveriJ. ter·s.e enc11tado
- . .
era, se ·il c••mmíssão
'
68 '·'·· :<~~;~-·-~
SESSÃO EM 29 DE
.
AGOS'fQ
~· '•, ~-
OE t8â~:-'
-··· ··.;..
mostrar que. 'bo•.Jve·us.ur.pação e violação do S) 3 de outra' sorte em,.. :c:urto espaço saltava .um Sr.
do art. 15 da constit~iÇ,ão; e ao depois respund~rei dBput·•do daqui outro da·colá a sustentar este
tambeni a. alguns· argumentos apresentados por principio; porém ·· permittão-me dizer-lhes que
um dos illustres membros da commissão. O citado su>tentarião um absurdo em jurisprudencia, tnnto
pa,r<>gràpho diz: tt E' da attribuição da assembléa mais saliente. quanto o poder que faz as leis é
geral fazer leis, interpretai-as, suspendel-as - e <) mesmo que tem direito de reformar e interpre-
revogal·a~. » · tar a consti~uição ; ~ n~ste caso não se t~ata ~e
estabelecem as fianças ·para os pr~sos se defen- estivesse suspe~sa, e que então um poder que
derem soltos, devião ser abrogados e derogadaa; não tinha autoridade de legislar fizesse leis de
e depois desta declaração formnl feita em. uma circumstancia, as quaes d!Jpoie se 'achassem em
proposta do governo, o ministro escreve aos tribu- opposição com a constituição, conc!lderia que
naes que tendo elle ofl'erecido á consideração do ficassem suspensas, porque diria: ·a attJ;ibuição
corpo legislativo esta proposta do governo, suspen- de fazflr leis foi conferida pela constituição ao
dão a execução das leis que mandão dar cartas de corpo legislativo, e a autoridade que fez esta lei
seguro l i Pergunto eu se isto não é tomar elle sobre não tinha essa faculdade, demais a lei é filha
ei a interpretação do ~ 9o do art. 179? Não de circumstanciaa extraordinarias que a exigirão,
julgou elle que o artigo ou o sentido delle era não tem o cunho da prudencia, nem está de
duvidoso, e não ofl'ereceu em conse~uencia uma accôr~o COEJ- as 11eces~dades, da nação por cons~-
pensão e interpretação de lei, que não seja capaz occasião de a reformar, tem adaptado uma me-
de negar. a luz do dia? Certamente que nin- dida legislativa, uma determinação, vem aqui
guem. (Apoiados.) dizer-se que as determinações feitas sobre tal _e
Limito-me or a ora a esta considera ão :visto tal ob'ecto não odem ser obedecidas e ue devem
que a .nuiteria é de uma clarez~ tal que querer executar-se outras disposições que provêm talvez
discorrer ·sobre ella é sem duvida obscurecei-a; unicamente da maneira de interpretar. e de en·
ainda mais é gastar tempo e zombar da camara; tender de alguma cabeça desejosa de não achar
(apoiados), porque é suppór que nem ao menos delicto naquillo em que elle é tão claro como a
~em _senso commum para conhecer uma verdade luz dó dia l l
de primeira intenção. Não é preciso procurar sen- Deve então procurar-se interpretação e uma inter-
tido genuíno, interpretações tortuosas para accu- pretação forçada, para se declarar que uma lei pos-
sar: -mão- trata-se do sentido litteral do $ So terior á constituição ha de ficar invalidada por
do art. lõ da constituição ; veja-se a conducta um artigo da constituição, cujo sentido ao mesmo
do governo, faça-se a leitura da proposta do mes- tempo se confessa ser duvidoso? Então estes
mo -governo assignada pelo ministro, e concerdará Srs. deputados certos em sua consciencia, de
todo o mundo commigo que houve suspensão e que o seu modo de entender é mais claro e
n erpre ação a e1 a par e o mm1s ro. ss1m ma1s ev1 en e, o genumo sen o as pa avras e
é evidentíssimo que o ministro usurpou um poder o mais conforme á intelligoncia litteral, ou ao
do corpo legislativo e por consequencia incurso espírito da constituição? Será esta maneira de
na lei de l'esponsabilidade. . interpretar aquella que a camara ha de adaptar,
• . •• a ça per e s.
permitti, senhores, que eu responda ao argumento Porque razão não dizem estes senhores com
especial trazido aqui por um dos illustres mem~ mais franqueza:-perdoemos ao ministro-em lu-
bros da commissão, quan.do perguntou: «A quem gar de affirmarem que não houve infracção de
devemos nós obedecer, á constituição ou ás leis?» constituição, sendo ella tão clara? Este objecto
Eu . responderei que devemos obedecer tanto a não é digno de tratar-se de tal maneira, porque
umas como á outra: á constituição quando ella envolve suspensão de garantia, como ·agora me
diz « que a suspensão e interpretação das leis proponho mostrar.
só pertence ao poder legislativo ; - ás leis, quando Sr. presidente, .já um Sr. deputado disse que
mandão que se dêm cartas de seguro. Diz o nas cartas de seguro principiarão em Portugal no
nobre deputado qne se obedeça á constituição e reinado de Pedro I, e forão estabelecidas a pe-
não ás· leis que forão posteriores a ella. Eu não dido dos povos; um Sr. deputado para diminuir
entendo isto, senhores; sempre ouvi dizer que a força deste argumento que sem duvida é de
quando se encontra uma lei anterior em anti- grande pezo, affirmou q11e os povos a requererão
nomia com a lei posterior, esta revoga a pri· induzidos por circumstancias particulares ; por
meira e nunca que se despresasse a posterior e exemplo, de fazerem regressar muitos homens
executasse a anterior: isto no caso dado de que tinhão fugido para Hespanha, etc.
antinomia, que eu nego e que não existe nem E com este modo de argumentar podia tambem
se póde provar o contrario. · dizAr·se, que quando em 1688 o .povo inglez pedi o
Senhores, uanto mais se vive mais se aprende. o seu Bi!l. o( rights foi porque .a se~urança do
que disse Franklln, que quanto mais vivia mala direitos que a mão de Deos gravou no coração
descontlava de al ; o mesmo digo a meu respeito, de todo llomem para sua defeza e felicidade.
quanto mala vivo mais desconfio das cousaa, Se os illustres deputados se lembrarem da ma-
nilo doa prlncipioa (j,U& são claros, visto que ouvi neira porque se fazem os nossos processos, da
aftlrmar a um Sr. magistrado, membro desta nQtureza das cartas de seguro e da occasião em
casa, que havendo antinomia entre a constituição que são dadas, terão por ventura alguma duvida
e as leis, se devia observar áquella e não exe- na importancia e consideração com que o povo as
cutar estas l Poderà argumentar-se que uma é olhava? As cartas de ssguro não differem dos alvarás
constituição e a outra é lei.... (Apoiados) .... de fiança, senão porque em um caso os alvarás de
Apoiado, disse o Sr. deputado, por isso tive ao fiança só são concedidos em certas occasiões, e
menos a agudeza de prever este argumento ; exigem Jl.ança, e n'outro caso as cartas de
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.):SESSÃO
. ": oi-~ ·. • f; •
EM. 29
: - _.. ~;.
DE AGOSTO DE 1831
.
69
crimes que n;to tiverem ma1or pena do que a de
seis mezes de prisão ·ou_ desterro para fóra. d!\
comarna poderá o 'réo livrar-se solto. ,, Ora, é
evidente que este paragrapho não se oppõe
ás cartas de seguro segundo a sua intelli-
g~ncia propria e . genuína ; o. mais que se póde
fiador de si mesmo inteira e absolutamente, e garantia a algum comprehendido nella, mas com
no outro caso é um terceiro que fica fiador : isto alguma duvida quizerão tirar na constituição o
basta para provar a utilidade das cartas de se· arbítrio ao .iuiz, e determinar os casos,- em que os
guro que devem ser consideradas como uma alvarãs de fiariça devião ser concedidos, para que
garantia. do cidadão, e de que cidadão, senhores ? fosse obrigado a dal-os nos casos em que a lei
Do cidadãó pobre. Os alvarás de fiança são para os admitte, e em geral nos crimes que não. tive-
os ricos, elles defendem os ricos e as cartas de · rem maior pena do que a de seis mezes de prisão
seguro defendem os pobres. · ou desterro para fóra da comarca. Ora, não se vê
· Quando digo que os alvarás de fiança defendem que esta segunda parte do Si 9• do art. 179
os ricos, não .quero dizer de maneira nenhuma explica o sentido do seu principirl ?
que os ricos não possão valer-se das cartas de A constituição niio quiz pois senão determinar
seguro ; mas porque com especialidade ellas ser- os casos em ue os ma istrados erão obri ados a
vem e pro ecçao ao po re, ·v1sto que para o ter conce er alvarâs de fiança, sem comtudo destruir
fiador é preciso gosar de certa consideração so- o principio existente na legislação a respeito das
cial, ter alguns amigos, estar em circumstancías cartas de seguro ; porque uma cousl! nada tem
que raras vezes se encontra em um pobre mi- com a outra, e são objectos mui differentes: em
sera , o qua a em a esgraça e m1sena e um caso como J 1sse, o C! a ao a or e Sl
ser criminoso luta com a indigencia, e por isso não proprio, n'outro precisa de terceiro-que fique por
acha fiador e a não ser a carta de seguro teria de fiador. ,
defender-se da cadêa. Como poderá pois dizer-se Ora, por isso que a constituição determina os
· · , r ão s ,. m que o c1 a ao eve ar . . or para
tem a garantia que têm os ricos? Ao mesmo tempo livrar-se solto segue-se : que esta destruição é·
que haveria talvez razão para proteger mais os destructiva de outt·o remedio de lei pelo qual o
primeiros ou ao menos tanta contemplação devem cidadão sem fiador póde livrar-se solto? Não.
merecer una como outros; porque têm igual direitQ. Este é o ponto essencial da qnestâo. •
Entretanto os ricos poderáõ livrar-se nas suas Daqui se vê pois que não ha antinomia ne·
casas, os pobres terão de o· fazer na-cadêa. Será nhuma entre a constituição .e as leis existentes a
isto philantropico ? tal respeito. Ao menos creio que, ou não sei o que
Demais o Sr. deputado argumentou que po- é antinomia ou os nobres deputados não pensarão
dendo ser obtida a carta de seguro por 2SOOO dava bem quando proferirão esta palavra, porque uma
lugar a muitos abusos, e não convinha que se cou!:!a ha inteiramente diversa da outra.
-
estabelecessem
. semelhantes
. princípios de legisla- Tenho pois provado, senhores, o .segundo. P.onto
outra sessão re!erio um dos senhores da commis- Stlguro. Parece-m{' haver provado tambem de ma-
são : reparai, senhores, que não forâo os ricos que neira clara e precisa que a constituição art., 169
as pedirão, mas sim os pobres, isto é ; o povo : ~ 9•, não tem antinomia com as leis existentes.
e porque ? Por conhecer a necessidade de seme· (Apoiados.)
lhante garantia afim de ter em um governo tão Mas senhores, permitta-me a camara que eu a
absoluto uma especie de igualdade na presença da este respeito faça mais uma reflexão. Suppo-
lei. nhamos que existe esta antinomia sem duvida
Pllra ainda inais provar que as cartas d_e seguro nenhuma (o que não acontece como fica provado)
são verdadeira garantia, eu rogo a cada um dos e que a constituição não admitte cartas de sAguro:
senhores que se têm visto diante da justiça, que de duas uma ; ou o ministro reconhece que ha du·
· ponhão a mão na sua consciencia e que declarem vida a este respeito ; porque até nos fez uma pro-
se não têm achado difliculdade em obter um alvarã posta, ou não hesitou nisto cousa alguma. Se
de fiança, a qual não encontrarão nas cartas de não era duvidoso para elle, para que nos veio
seguro. Se ha abusos a respeito das cartas de aqui offerecer uma proposta ? E se era duvidoso
seguro, abusos que nunca apoiarei, porque de- como toma uma deliberação antes de resolvida a
fendo a lei e não os abusos que estão necessaria- duvida pela unicll autoridade que tem direito de
mente em opposição á lei. Se taes abusos existem intrepretar a constituição e as leis 't
marquem-se os casos em que as cartas de seguro Eu convido os Srs. deputados que têm tençiío
devem ser concedidas, concilie-se a legislação de defender o ministro, a que respondão positi-
deltas com a segurança dos cidadãos; determine-as vamerJte a este ont() reciso da accusa ão.
s · iça i ·
livre permittem as cartas de seguro ; para que Disse um Sr. deputado que as leis devem
os poores tenhão esse recurso nos casos per- estar de accordo com a constituição? Quem duvidou
mittidos, sem dependerem de um terceiro, para disto ? Eu digo que estão. Porém dizem os Sra.
responder por elles em juizo. deputados que não. Mas pergunto eu :- Quid
Depois do que acabo de e-x:pôr poderá alguem inde?- Quem é o juiz da questãp?- E' o lJOder
deixar de convir em que não ha antmomia entre o executivo.- Então para que veio elle aqui pedir
~ 9• do art. 179 da constituição e as leis· existentes.
que se decidisse se era ou não duvidoso o ~ 9o do
O .que diz o ~ 9•? << Ainda com culpa formada art. 179 da constituição ? .-Decidi o o minidtro.
ninguem será conduzido á prisão, ou nella con- Estava elle autorisado para o fazer ? Se me res-
servado estando já preso, se prestar fiança idonea pondem que sim então abaixo a cabeça... ·
nos casos que a lei a admitte ; e em geral nos O Sa. CASTRO ALVES:- E eu taml;lem,
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<,:,'
70 SES'\ÁO EM 29 DE AGOSTO
. . ~. -. -:. DE '1831
.......
' . "
O Sr. MoNT.I!:ZJJMA. :...:.. Disse um Sr. deputado impuz a lei de não fallar senão· sobre o ponto
que O ministro mandou, porém OS tribunaP.S não da accusação ; n.im quero que se julgue de fôr-
-ol>edecerão e por isso. nenhum mal resultou da ma nenhuma que outro motivo fóra; ci deci-
ordem do ministro li S!lbe o illustre deputado se dido desE:jo pelo. bem da nac;ão me obrigou a
a portaria foi para as llelações das outr~s pro· fazer esta denuncia, e por isso calarei outros
vincias, e .se lá tem sido executada, e se lia nell~s objectos.
ao · uvt o po s recon ecer que o ministro da
darão offendidos nos seus direitos, em razão de justiça é digno de continuar a exercer o seu em·
não se concederem as cartas de seguro na confor· prego, mas viemos nós aqui defender homens,
midade da lei de 6 !le Dezembro de 16~2 ? zelar a pasta de Pedro ou de Paulo, e trabalhar
, . n in e no mm1s eno este ou. aque e
gal do ministro em que transgredia o sentido indivíduo? Tenho portanto provado que a minha
Iitteral da lei, não teve effeito, obstando os denuncia deve proceder. ·
empregados inferiores a sua execução, deduz-se Resta fallar agora sobre um assumpto, que
dabi que o ministro não é responsavellll posto não ter absoluta ou ao menos estreita
Disse .o nobre deputado que a portar.ia de 28 connexão com a mataria, todavia pôde servir de
de Julho não decidia a questão, nem mostrava ingucção aos Srs. deputados que têm de !aliar
insistencia do :ministro depois da denuncia dada contra a denuncia e a favor do parecer ·da com·
contra elle nesta casa, em razão de ser expedida missão, para interpretarem_ as minhas intenções,
um dia antes ; mas -pôde o illustre deputado Senhores, eu tenho manifestado nesta casa uma
provar que depois da accusação ou denuncia con· disposição zelosa por demasia a respeito do mi·
tra o ministro se _!llandou_ ou~ro officio para f!O· nisterio . actual :. attendei b!!m que é por estar
trados darem por não recebido, tanto este, como zelo tem feito muito beneficio á causa publica e ao
o segundo officio, visto que a camara dos deputa· governo presente ; e é deste zelo que ha de seguir·
dos havia tomado o negocio em consideração e se o grande resu~tado de ter a nação aquelle
a · n~ s · · I
Não deve por isso acreditar-se que o ministro do dia 7 de Abril; é advertindo á ·autori ade
p_ersiste ainda no primeiro e segundo officio, en· que não discrepe, que não ponha em oscilação
tendendo que sua mataria é muito legal 'l E a os princípios jurados pela nação; é accu.sando
decidir- se nesta camara ue a accu a ão ·
nistro não procede, deixará elle de julg~assim nova ordem de causas, e que se h a de alcançar
como os seus successores, que é licito ao poder que o dia 7 de Abril, este dia da regeneração
judiciario suspender a execução das leis todas da nação brazileira, dê aos nossos concidadãos
as vezes que o sentido fôr duvidoso, e o poder aquelles bens que cada um de nós deseja.
executivo tiver offerecido a sua duvida á conside· (Apoiados.) ·
ração da camara ? Não assentará igualmente o o Sr. Oass!a:no :-Sr. presidente, animado
ministro e seus successores que as autoridades sõmente dos princípios de razão e de justiça, não
subalternas são obrigadas a submetter-se a qual- me proponho a considerar a importancia que tem,
quer ordem do poder executivo quer seja legal e quanto influe na causa publica , a boa ou
ou não, e apezar de ser oftensiva ás leis, como má organisação de um ministerio ou governo ;
quer sustentar o ministro na sua portaria de 28 limitarei os meus argumentos e discurso ao obje·
de Julho? Qual serã a autoridade ue se queira
e s e prlDCIJHO ua o pa z que
com semelhante principio pôde manter oA direitos
individuaes do cidadão, sua segurança e liberdade?
Serà possível q~e a nação tirazileira esteja em
v amo aqu1 ec a·
rar nullos os principias r.elos quaes temos pugnado
á cust~ de mil sacr1fl.cios para conservarmos
nossa independencia e liberdade? Será este o
fim da regeneração do dia 7 de Abril 'I Deverá
decidir-se que uma vez duvidosa a intelligencia
de uma lei, havendo o ministro respectivo feito
proposta;t, camara, offerecendo sua duvida a auto·
ridade tem obrigação de obedecer ás ordens do
ministro suspendendo a mesma lei ? Eu peço perdão
á camara de haver repetido este argumento que já
:produzi: eu o considero de tal importancia que
JUlguei Cünveniente a repetição afim de inculcar
aos Srs. dE!putados que. defendem o parecer da.
commissão, a necessidade de impugnarem estes _
dous erincipios essenciaes vendo as consequencias
que hao de resultar do sobredito parecer da com·
missão uma vez que se approve. (Apoiados.)
Senhores, nas nações constitucionaes não se
olha aos homens, olha-se ás, maxiinas legaes, a
exe · ·
depender a felicidade de uma nação. (Muitos leis.
apoiados.) Se olharmos para os homens e des· Vejamos o <tue fez o ministro. Eu leio a
presarmos os principias proclamados pela -nação, portaria de 2;a de Julho proximo passado.
não podemos colher c.s fructos que ella espera do Diz o ministro que parecendo· ao _governo
systema felizmente adoptado no Brazil. Quero abusivas ·as cartas de seguro á vista da consti-
conceder que os senhores que se empenhão na tuição do imperio, _e tendo demais _feito uma
approvação do parecer da commissão, o fação por proposta á assembléa geral sobre este objecto,
amizade ao ministro, poi~ que é licito ser amigo, esperava que o regador dfl justiça fizesse sus·
ou por conhecerem que elle possue as qualida· pender a concessão dellas, até que a mesma
dea proprias daquelre cargo ; mas eu não tenho .assembléa tomasse uma resolução ·sobre - a dita
nada com os seus motivos, porque antes de entrar proposta. O que faz o governo c_om. esta portaria f
nesta casa ( attendei bem ao IJ'ta eu digo ) me Diz q,ue está na intelligenela de <!Ue as cartas
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elle quizesse revogar ou suspender uma lei, e não eu, está claramllnte reconhecido que o ministro
procuraria o poder legislativo, poder competente, da justiça está comprehendido na lei da respon-
a quem só é dado o interpretar as leis afim de sabilidade? N \•J. Porque todos os senhores que
dar a verdadeira interpretação. têm fallado contra os ministros, têm recorrido aos
Vamos ver agora se o ministro oft'endeu igual- fraquissímos argumentos de an>:~logia, e não pro-
mente a independencia do poder judiciario ou várão ainda que se achava coml?rehendido ná lei
se o aterrou por meio desta portari11, e fez da responsabilidade dos ministros. (Apoiados.)
com que os magistrados respectivos deixassem Todos tirárão _conclusão daquillo que podia pra.~
de contin~r na pratica de conceder cartas de ticar o ministro com intenção de defraudar a lei;
seguro, em observancla não só das leis antigas, mas não provárão que o ministro assim obrasse,
mas das de _1828 ~ 1830. ~~pponhamos mes~o e que por__ acto algum esteja incurso n_a lei de
trados não continuassem a concedel-as ; poderia gue não Rerá applicavel tambem o principio de
elle ser chamado á responsabilidade na fórma . justiça universal, tantas vezes allegado a favor do
da lei da responsabilidade dos ministros e con- ex-ministro da guerra 'l Não será tal principio
selheiros de est do e ba t •
sómente quaes erão· os suas intenções a este nistro da justiça. (Apoiados.)
respeito, as dirigio ou communicou uo regador das Disse-se que não devemos defender homens,
justiças, afim de que julgando-o conveniente, o eu quizera, Sr. presidente, que este principio
cor o ·udiciario rocedesse á sus ensão das cartas fosse entendido em toda a sua extensão muitos
e seguro a é a decisão do corpo legislativo ? apoiaàn), e com toda a ig11aldade pelos Srs. de-
Póde deprehender-se da portaria de 22 de Julho. putados que q•lerem sustentar a accusação do
e mesmo da de 28 de Julho que existia algum ministro de jutitiça. (Muitos apoiados.) Conheça·
direito de obediencia de subdito a superior 'l se o seu zelo tambem para sustentar o governo,
Obedeceu o poáer judiciario a esta ordem? Não porque nenhum Sr. deputado que está em união
foi apresentado nesta casa o artigo do codigo, que com um poder deve procurar o descredito de
mostra que os empregados não são obrigados outro poder, que tem tanta influencia na pros-
a cumprir ordens illegaes? Neste caso obedeceu peridade ou desgraça do estado. E' preciso
o poder judiciario directa ou indlrectamente. Não ostentar ig11aldadade em todas as cousaa para
sei pois como possa haver razão para concluir poder .conservar-se o edificio do estado, e con-
que o ministro impôz, infundio te1·ror ao poder seguir-se o desejado fim que é a felicidade da
judici!lr~o para não cumprir a lei, mas a ordem nação; do contrario digo que o _dia 7 ~e ~bril,
Tambem não existe usurpação do poder como
se tem dito. Supponhamoe que o ministro com-
m~U~u um erro, e é. ~o que eu convenho.
interpretação do poder competente, podia pedir Teu o de lembrar· mais· outro principio sus-
a suspensão do exerclcio da concessão das cartas tentado nesta casa por occaaião do accusação do
de seguro, omquanto não era feita a declaração ex- ministro d:l guerra, disse. se então : « Que
pela autoridade competente: errou, ffii\S qual é << para uma orção ser condemnavel, como ma e
o artigo da lei de responsabilidade de ministros « prejudicial á causa publica ou particular, era
que pune erros dos ministros 'l Ella é clara no << ne.cessario que trouxesse comsigo dólo e má fé.ll
artigo da usurpação de qualquer das attribuições (Muitos apoiados.) Semelhante dólo e ~á:fé não
do poder legislativo e judiciario, de que preten- pôde descobrir-se no actual mini~tro da Justiça,
dem culpar o actual ministro da justiça. Ora, examinando-se quaes erão as suas intenções.
não se provando esta usurpação, não ha outro Vendo elle a tranquillidade publica perturbada,
artigo algum em que o ministro possa ser com- e que esta camara tinha tornado medidas para
preliendido. sua conservação e restabelecimento, alterando até
. Quiz-se aqui provar que o ministro está incurso penaa do codigo, em uma lei que aqui se fez,
em um dos artigos do codigo criminal! Mas o assentou que podia ser prejudicial á. _!llesma
caso de responsabilidade dos ministros de estado tranquillidade a continuação de concessao das
não tem nada com o codigo, porque elles estão cartas de seguro, pelo que fez a camara uma.
sujeitos á lei particular de res'{lonsabilidade, assim proposta neste sentido, e commetteu o erro que
como os conselheiros de estado. Nem ·se diga Já disse de não esperar pela decisão da.mesma
que o codigo criminal revogou esta lei anteriov: camara, e expedir a portaria que raz obJec~o da
é tão re ulamentar uma como a outra· e é claro denuncia; er untando aos ma istrados·crumnaes
que os ministros de estado nos. crimes, que como se concordavão na suspensão da concessao · as·
taes commetterem, não podem ser sujeitos ao co· cartas de seguro, para pÕl' carreira aos mala!! '
digo criminal, mas só mente ao artigo da lei publicos .. ~is porque o mini~tro, não tem.-. dólí:l, •
da responsabilidade dos ministros ( art. 134 da nem intençao de olfender á lei, porque veto pedir
constituição). Por consequencia não acho que em- à autoridade competente que interpretas$~ ·o ·artigo
caso nenhum possa ser accusado o actual mmistro: constitucional. Não póde pois ter criuiinalidade
da justiça, nem como usurpador do poder legis- por hàver feito um erro. . ·
lativo, nem por ter offendido a independencia do Além disto ha um terceiro argumento allegado
poder judiciai'io • por occasiiio do ex-~inistro da guerra, e !em:a
. Passando' a outros argumentos que, segundo • ser : « que é necessar1o olhar para a conventellcla
~e..Parecem, se devem ter em vista para julgar· da accusação, isto é, se em taes oli taes tempos ·
mos da accusaçíio, lembrarei qtie quando se tratou convém proceder á aeeusação de · um ministro
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o numero de escolas que se hflvião creado, sobre beração do conselho do governo ácerca dos dízimos.
a nacesRidade que havia de se crearem mais 30; -A.' commissão de impostos.
per~untou t.ambem se existia no thesiJuro o d~i· Do secretario do senado communicando . que
nheuo que deixou de gastar-se com a creaçao aquella camara adoptára, afim de dirigir á sancção,
das escolas fixadas na lei do orçamento do anno a resolução que crea diversas aulas de pri-
passado, porque podia então o dito fundo in- meiras letras para meninas na província de Ser-
cluir-se na deste anno. gipe; e bem assim que havia sido sanccionado
Lembrou tambem que dilferentes empregados o decreto da assembléa ~eral que dissolve os
dependentes da repartição do imperio poderião não corpos de milicianos ligeuos da província do
ter recebido os seus urdenados, o que tambem Pará.
convinha saber. Do mesmo secretario remettendo uma emenda
f . -
a. INISTR raspo eu que ogo que en r ra dos Srs. deputados sobre a aposentadoria de
no mlnlsterio fizera começar uma vida nova, que Francisco Caetano da Silva, e bem assim o ori-
mandára abrir nma conta corrente com o the- ginal e um requerimento do mesmo Francisco
souro para de um lançar de olhos poder saber Caetano.-Fic -
, u o e res ava balhos, dispensa a a impressão.
do credit'>, etc. ; que sobre as escolas podia Do mesmo secretario enviando as emendas feitas
lnformar já: que 40 escolas estavão preenchit.las, pelu senado á resolução do conselho geral de
faltando pouco mais ou menos outras 40 ; que ~ergipe sobre a creação das aulas de philosopbia,
destas 40 só ultimamente 5 havião sido provi· geometria, rhetorice. e francez, já approvada pela
das e tlnhão apparecido candidatos para mais caml\ra dos Srs. deputados.- Forão a imprimir
tres, que brevemente se porião a concurso, não as emendas.
podendo dizer se todos ficarião approvados. A camara municipal desta cidade envia as suas
Quanto ao dinheiro, não podia satisfazer com posturas para serem appi•ovadas, e a da villa
a explicação pedida, porque não havia no thll:.•. ·de Mucahé a conta de sua receita e despeza.-
souro cofre á parte, para nelle se gJtardarem as Mandárão-se á commissão de camaras munici-
quantias designadas para cada ministerio, ·não paes. ·
fazendo elle ministro m.ais do que ir assentando Forão recebidas com especial agrado as felici-
na sua conta quanto se ia recebendo, para ver tações das camaras da villa do Rio Grande da
no fim do anno em quanto importárão as des- provincia de S. Pedro, e da villa de S. João da
pezas ordinarias e extraordinarias da sua repar- Cachoeira da mesma provlncia.
tição. A commissão de redacçã.o apresentou redigidas
Reservou-se para dar em outra occasião os mais duas resoluções, que forão approvadas, uma ácerca
esclarecimentos pedidos. de João Francisco Ohaby e outra sobre o plano
Ficou ~~iada a mataria pela hora, e retirou-se de uma nova ponte.
O Sa. SECRETARIO PINTo OmcHoaao leu um I'AREOE:kES
officio do ministro da justiça pedindo dia e hora
para -vir fazer uma proposta.- Marcou-se·lhe o Ficárão adiados por pedir-se a palavra os se-
dia 30 ao meio dia. guintes pareceres :
· O Sa. GETULIO, relator da deputação, disse que Da commisKão de minas e bosques sobre o
apresentando os projectos de lei ao presidente offtcio do ministro do lmperio de 12 do corrente.
da regenci11, este respondêra que a regencia pas· llcerca de mineração.
saria a examinai-os. Da commissão de guerra sobre o requerimento
E foi recebida a resposta com muito especial de M·moel Franklin do Amaral, sargento de ar-
agrado. tilharia da marinha em que pede ser reintegrado
no posto a que fôra elevado pela junta provisoria
O S•· PBUQ>BNTll indicou a ordem dos traba· da província do Oeerã.
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:52 - Página 2 de 11
, , r
estabelecimento de uma guarda municipal per-
manente.
Conclui da. ella_, o Sr.
tirou-se o ministro com as formalidades • do
estylo.
Continuou a discussão interrompidfl.
o Sr. Luiz oava1oan't1 (orou da fórma
seguinte, pouco mais ou menos): - Sem me im-
portar qual serà a votação da camara sobre este
objecto, tratarei de expór o~ mõtivos tlo meu
voto. Eu entendo, seguindo os votos em sopa·
rado da um dos membros da commiss•io, quo o
ministro accusado e~tá incurHo na lei do rospon·
sabilidada por usurpaçt\o lio poder loglslntivo,
van · s.
Um lllustra dsputo\do membro da oommlssi\o
escusou o mlnlstro1 affirmnnllo que nito tlovln Ror
proceRsado em razao de 1111,, so haver oxucutndo
faz (lbj>:lcto da denuncia; matl este ó um t os tndns jltlg.\rrlo cl'lmm"so; porém agora nãü acon-
muitos ar~urnontos quo fori\o produzidos n f•wur tnoo ns~im, pois que um dos senhorBs da cnm·
do e:r.·millll:'tro da guerra Jouquim de Olivelri\ misK1\o aoh•tU bom o neto, o que com effeito
Al\·ares, accusado por te1· crendo commlssões multo estranho.
militares, prohibldas pela constituição, o qu-11 Dlflso o dito Sr. deputado que havia contra-
expedio tRmbem ordem para se estabelecer uma dlcçiio entro a constituição o as leis da assem-
commissão militar em Pernambuco, ordem que bléa, porqua ost11~ admittião cartas de seguro e
não teve execução pel,,s boas iutencões do bri· aquella não; e que o ministro obrára bem man-
gadeiro Antero, mas não pôde sustentar-se que dando-as suspender, visto que se devia antes
a inexecução de uma ordem offeusiva da con· oheáecer á constituição do que ás leis. Não sei
stituiçãl) e das leis deva diminuir a culpa de que o governo tenha a faculdade de dir.er que
quem a deu determinantemente, porque não deixou é contra a constituição uma lei que passou por
de executar-se por iuftuxo do ministro, e a boa ambos os ramos do corpo legislativo e que foi
acção pertence em tudo a quem não quiz exe- sanccionada, porque então seria a intelligenoia
cutar a determinação illegal: o acto da parte do do ministro superior à dos tres ramos do poder
ministro foi completo e devem recahir sobre elle ler.islativo.
os seus effeitos, nem pôde ser desculpado pelo Quando se diz que é contra a constituição
que fizerão outras pessoas que lhe não obede- uma lei ou acto legislativo qualquer, segundo a
cêrão. opinião de um ou mais individuas, estes devem
Além de ue como havemos de estar ela su· eitar a sua o inião ao oder ue tom auto-
asserção do illustre deputado que a portaria não ridade e direito de interpretar a Iet e prop r
se executou? Como tem elle esta certeza? Quem talvez a revogação da lei, porém nunca devem
o sabe? A portaria foi para as províncias, qual deixar de a cumprir, do contrario serião legis-
é a prova de que lá não se cumprio? Quem ladores os sup&dores á lei.
assegura que mesmo na côrte não se executasse. Aliirmou·se que erãn mãs as cartas de seguro;
Demais, nunca os actos do poder executivo são assim seria se os cidadãos brazileiros não , pu-
executados pelos ministros, ao menos bem raras dessem ser pronuncia tos senão por 12 jurados,
vezes succeae que o S'ljão, entretarito a boa ou como acontAce nas nações livres; mas o que se
má execução dos subalternos não tira a respon· vê aqui ? Um juiz criminal tem direito de pro-
sabilídade de quem mandou. nunciar um homem em devassa, e escolhe as
Outro argumento que o parecer da commissão testam'qnhas 'Para formar culpa ao :réo ? Emquanto
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' .
- • f
tem ainda. Assim ficará a arbítrio do ministro corrente anno ; que antes de entrar· nesta tarefa
o executar a lei que lhe agradar e não cumprir ia responder aos argumentos feitos por alguns
o qu_e lhe não con':ie_r na occasião ? Não. Ilosso Srs de utad ' · · - ·
samente do que entendeu a assembléa mandou,
segundo a sua opinião, que não era conforme ás
disposições da lei, e como a lei de responsabi-
lidade chama a isto fazer actos contrarios ao
que a lei ordena, e!le está incurso nas penas
da· lei de Outubro de 1827, e não em as do
codígo penal.
O ministro tendo apresentado uma proposta
sobre o dito assumpto ao poder legislativo, mos-
trou que hRYia reflectido ácerca do 1iegocio, e
portanto o seu acto de suspender a concessão
das cartas de se uro foi rem di -
ouve nelle precipitação alguma. Diz porém a não tinha portanto paridade o argumento, por
commissão que elle fez isto com boa intenção. isso que as cartas de seguro não tinhão apoio
Póde ser que assim fosse, mas primeíra~pente a na constituição e os tribunqes se fundavão sobre
préssa com ue obrou não rova muito · sua creaçao ou so re o ar 1go da
1n ençao ; parec1a nver interesse especial em não constituição.
esperar pela resolução da assembléa, como devia Declarou que não ouvira bem o argumento
ter feito. Ainda porém que tivesse boas intenções, que se fez contra o ministro põr sustentar o
o caso é que errou e opprimio os cidadãos. A · · , · - e ac ava ana ogta
ç: s e an o a ma a e como da igno- com o objecto, ainda quando o ministro tivesse
rancia, e não póde supportar um ministro que sustentado o fóro militar e commettesse nisso
procede assim, quer seja mão, quer ignorante. crime, seguia-se que era novamente criminoso ;
Affi.rmou o ministro que elle era executor das mas nunca podia inferir-se que por um crime
cartas de seguro, e tambem não mostrou com estranho ao objecto da presente denuncia devesse
tal asserção muita sciencia, porque o executor elle agora ser accusado: porém já que se tinha
da lei das cartas de seguro é poder judicial, que tocado nei'Jte ponto, via-se obrigado a dizer que
nada tem com isto. o ministro com 1·azão sustentára o fóro militar.
Um Sr. deputado advertia que a accusação á vista do art. 179 da constituição, ~ 16: << Fic.to
não devia ter em vista o homem ou tal homem. « abolidos todos os prívlltJgios que nio forem
Niio estou de todo por isso, entendo quA o. ca- << essencial e inteiramente ligados aos cargos por
mara dos Srs. deputados deve nccusar o homem
' . o • ' -
. .
orador que um bom juiz,. um juiz constitucional,
que é de quem eu fallo, é só aquelle que é
capaz de considerar, não só as circumstancias
do crime, mas as posses do réo, para lhe marcar
uma quantia para o fiador responder por elle.
Entretanto este argumento é muito fraco p. meu
ver e não merecia os apoiados que se lhe derão ;
porque tanto se concedem as cartas de seguro
aos ricos, como aos pobres ; antes menos a estes
de que áquelles, e a fiança estê. tanto ao alcance
de uns como de outros.
• STA. RE A.
que o ministro era accusado só pelas palavras
de que se servira, que não tinha praticado facto
algum contrario à con.stituição, e estava i~no·
t
se a comparação fosse estabelecida entre duas arguliDentos que h11vlão já produzido 011 illustres
leis regulamentares, mas trat:mdo-se da compa- oradores que defenderão o ministro, poitJ sem
ração de nma lei regula.mentnr com o nosso coiligo duvida perderiilo sua bellesa. e força, tanto mais
sagrado, a. constituição do imptlrio que envolve qtte não hnvião aindn sido derribados pelos senha·
o pacto social com essa lei das leis, que não res que sustentarão o voto separado: que se olhava
ha quem seja capaz de derogar; não tendo para para o presente reco1·dava o passado e consul·
isso aut.oridade a assembléa geral, e não ser pelo~ t11 v a o fu Luro, tudo lhe dizia que o nlmlo zelo
tramites marcBdos na constituição no art. 174 pela execução da constituiçiio fóra • que movera
e seguintes (muitos apoiados) é bem claro que o actuat ministro da justiça a expedir a portaria.
seria absurdo dizer-se que uma lei posterior á em razão da qual havia sido denunciado: que
constituição e opposta á ella devia ser executada se trazia á mente os tempos passados e per-
com praferencia á mesma constituição e muito scrutava a conducta do ministro da justiça, o
maior absurdo seria ainda que uma lei fosse Sr. Diogo Antonio Feijó, encontrava um homem
capaz de derogar a constituição do imperio. (Mui- inteil o, · recto, cheio de honra e probidade, cons-
tos apoiados.) tante propugnador pela constituição; se olhava
Um illustre deputado interrogou- Quem sabe para o presente não podia deixar da affirmar
· se esta portaria de 22 de Julho foi para as· que era o mesmo homem possuído das eminen!es
províncias do imperio· e se lá estarão os juizes virtudes. e qualidades que sempre o caracterisarao,
criminaes dando-lhe execução e em consequencia tendo o Sr. Feijó aceitado a past<1 nas circum-
disto dane ando as cartas de se uro '/ Res ondo stancias mais melindrosas na maior crise política
do mesmo modo interrogando.-Sabe o nobre ora- que tinhamos ti o, quando a s1tuaçao a pa ria
dor que a portaria de 22 de Julho foi par•l as clamava altanunte ao empregado que não se devia
províncias do imperio, a que os juizes criminaes escusar, não havendo meio entre o capitolio e a
estão lá dando-lhe execução, e que por consa- rocha tarpeia. Se attendia ao futuro, via-se obrigado
quencia está suspenea a concessão das ·cartas de a perguntar: o que pretenrl.ia o ministro colher co~
seguro'l Parece·me que estou já ouvindo dizer esta portaria? Escravisar o Brazil? Sr. presi·
ao nobre orador que o devemos crer á vlstt\ dente, qual é o mentecapto que quer hoje escra-
da portaria : e eu respondo que o não devo crer visar o Brazll 'l Q11em não conhece que aquelle
A vista da portaria, porque o ministro ni'io mautlou que tiver taes intento~ será pulverisado e expe-
expressamente, communlcou apenas aos magls- r1montaril na sua pessoa a pena <JUB só segue
tr~doi um" ins~nuaçilo mllUOB bem pensada, A ao odme oom a velocidade do nio 'l O que intentou
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a tendeneia desta administração que tratão de que não sei se serão melhores ou peiores, mas
accusar. Se esta tend~ncia fo,se na verdade que acredito mãos, porque só e unicamente
destructiva das liberdades publicas então teriào pelos principias que a administração actual tem
razão em accusar o min1sterio ; ma8 não sendo manifestado é qu11 podemos salvar o Brazil,
assim, fica fóra de toda a duvida que procurando permitta-nos que contmuemos a defender a admi·
uma accusação perniciosa como esta, têm só em nistração a.:tual sem que a compare com a pe>~te,
vista os howens e não as maximas. (Muitos podendo·se·talvez retorquir ao Sr. deputado, que
apoiados.) aquelles a quem elle quer levantar serão peste,
Tenho portanto encarado a accusação pelo lado e entretanto achão defensor no Sr. deputado.
político, segundo o qual me parece inquastiona· A proposição que. o Sr. deput~do_ avanç~u! de
velmente ue não óde sustentar· se a accus1t ão ·
por11ue na verdo1de a accusaçào do ministro da são aquelles qua lhe acarretão defensores, é um
JUstiça actualmente não signitl.oava senão que a verdadeiro insulto li camara. (Muitos apoiados.)
camara dc.os Srs. deputa<ios quer a anarchia Eu não tenho em vista cargos, e a maior parte
(muitos a oiados , quer ue se destrúa a ordem •lS me b os da - -
pu ca muttos apotaàos), quer que as autori· ti mantos (apoiados) ; portanto o que disse o Sr.
ílades constltuidas se ponhão em coacção (muitos deputado não póde ter applicação a alguem ; e se
11poiados) ; visto que accusaria o ministro da a tiver, o tempo mostrará quaes são os aspi·
justiça precisamente no ponto em que elle tem rantes a carl{os, e quaes silo os que os desejão.
feiLo grandes serviços, restabelecendo a tranqull· (Muitós apotados.)
lldade publica e pondo de alguma fôrma freio Tenho concluldo. Julgo que a mataria é clara,
aos anarchistas; por Isso uma açcusação do que só por odio e rancor é que se p~d!'J acc!!-·
ministro da, Justiça actual seria o mesmo que sar o ministro aetual, e toda a admJoJstraçao
uma .dpclaraçllo plena da camara dos Srs. depu· que considero boa e vantajosa á nação. (.\Cuitos
tadoai~.;que quer a· destruição da ordem publica apoiados.) ·
e legal; que quer a· anarchia (muitos apoiados l ; O Sa. CASSIANO disse que · fóra elle um dos
oujo resultado será talvez o estP.belecimento de primeiros que produzira argumentos a favor do
outra fórma de governo. E' como eu encaro esto ministro da justiça, e como tinha ouvido .pedir
objecto. a palavra a alguns senhores, talvez para repellir
Agora responderei alguma causa ao illustre os groseseiros insultos que contra a camara havia
deputado que me precedeu. Este Sr. deputado proferido o Sr. Ernesto, pedia aos Srs. deputados
parece· que não teve em vista provar que o que não fizessem o gosto ao dito Sr. Ernesto,
ministro devia ser accusado com razões convin· o qual, segundo lhe parecia, tinha algum :fi'm
cantes, mas servindo-se da habilidade que tem occulto no seu discurso ; que o Sr. Ernesto
. para lançar o odioso sobre to~o~- os qu~ não tê.,!ll
estigmatiâar a maioria da camara, tornar 'odiosos. devia lembrar·se, que tanto· .:>S que defendião
o parecer a comm1ssao, como os que. sus-
tentavão o voto separado, tinhão o direito a ex-
os Srs; deputados que defendem o parecer da pender as suas razões, e a votar segundo a sua
commissâo. E~sa comparação que Q dito Sr. de· consciencia ; que era inadmissível na camara o
putado 0 pretendeu estabelecer com a accusação tom de s11perioridade que pretendêra aifecta.r,
do ex•,!jl'. ·,s~ro da guerra Jo,!'quim de Olivei.ra sendo todos os Srs. deputados perfeitamente
Alv ·, - · - mparação que nao pôde ser admtt· iguaes.
·tid~ . · Sr. deputado se convencer disso
. b~o: ar. ,os insultos que alguns indivi- O Sa. O..t.s~ao ALVBs.:- Apoiado.
·duôs, il . 8flãs fizerão aos Srs. deputados, e O Sa. Cusu.No (continuando):- A respeito
. que ,11-._ :... )i mesma conducta das galerias nesta deste apoiado que acabo· de· ouvir, lembra-me';uma
idéa muito boa e que vem para o caso; Tenho visto
.,~~~:.·~·
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sempre muito' respeit·' ao Sr.· iogo A~tonio Fe1jó pois quando o partido obtinha poder já .não erà
como pessoa p11rticular, mas. receio que como partido, mas sim maioria ; que comparando-se o
ministro da justiça não deixe cahir o Brazil no pnder com o partido se veria que aquelle tinha
abyilmo, e ·que as nossas cousas políticas· se a seu f>tvor os princípios políticos, a lei que
precipitem na anHrchia; Deos queira que eu estabeleceu castigos contra os que desobedecião
esteja eng<1nado I Ob, quanto feliz eu serifll Eu ao governo, todos os empregados do estado· que
·digo aos honrados membros que esta é"'L minha contribuião para su~tentar este poder, todos os
o"pinião, a qual sustento por convicção propria, homens que não estando envolvid:~s nos nego·
mas cedo aos que pensão differentemente; pense cios, querião ordem e regularidade, além dos
cada um como· quizer, tenha os motivos que que lhe fazião a córte; quando o partido não
tiver;, Apresente suas razões e obre corno lhe tinha a seu favor nenhuma destas causas; e por
paijóer, eu não escarneço do seu juizo, folgarei isso devia ter-se em muita consideração o homem
.de ver que estavB enganado; o Brazil fará seu que se pronunciava pela parte mais fraca; que
juizo de cada um de nós, os nossos cunstitaintes em consequencía das nossas lo~tituições s.ó devia
nos j ulgaráõ ••• governar a maioria, a qual não podi:\ conhecer-se
Passou depois, por occasião de comparar a in· sem exiatirem partidos na sociedade, que destes
:ftuencia do poder com a acçiio de um partido o que estivesse de cima e pudesse conciliar a
opposto, a exprimir a alta consideração que lhe seu favor a maioria de seus concidadãos ·dei·
merecia o Sr. Ernesto, que produzia o dito argu- xava de ser partido e tomava o poder, devendo
mento, de utado ue tinha coberto de lo sahir delle quem o occu ava visto ue erdêra
suavi•la, assim publica como particular, em quem a ma. or1a a naçao.
o Brazil tinha rruitas e~peranças, e cujas expres· Um homem por consequencJa. que em oppo-
sões nada envolvião que pudesse escandalisar sição ao poder seguia um partido que julgava
alguem, visto que fallára genài'icàménte, séi:n per· mais justo, não era baixo, antes era, uma pessoa
. sonalidade, e não podendo· prever~se de antémão digna, porque tinha tudo a ·perder e. nada . a
qual será a, "maioria, não tmha 1ug11r o odioso ganhar no partido ; mas quando. fosse tão justo
que .se p1·etendeu imputar-:lhe. o partido que seguio e chegasse a ter uma. tàl
Declarou que desejavA ver punidos os preva- maneira que o governo lhe não pudesse resistir,
ricadores: e que os Srs. deput,ldos deuünciassem .,.~ntão devia apoderar-se da administração, .não
.o&; que fossem do seu contiecimento, .e por i liso ·para ganhar, mas para sacrificar·se·;·' e appellou
pêd!a que q ualqu~r. delles apontasse all{ilm facto para o exemplo dos Caunings e doutor nas mesmas
,,~~~...,.aoub~e da vida publica ·ou particular do . eircumljtaDci~s, que não tinllão .desfrli'a~o yid~~
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:53 - Página 1 de 16
a nossa ~ategoria é capaz de satisfazer as nossa~ perdão aos honrados membros por entrar nesta
ambições, deixemos pois que os empregos sejiio theoria constit.ricional. Com t:lfteito, entendo que
occupados por outros ; não solicitemos nem para as leis ']Ue furem oppostas á co~tstituição não
nós, nem para outros essas providencias que devem ser executadas. E' este um artigo expresso
devem recahir sobre os mais dignos. Nesta parte na constituição dos Estados Unidos, e que a nossa
me conformo inteiramente com a opinião daquelles não tem. Eu acho que é superabundancia; mas
que ordinariamente não sigo. Se eu vir que o comtudo é necessario RHber q nem h a de declRrar
ministerio é sustentado pala maioria, sem servir· se a lei é ou não contraria á constituiçã.J. E11
se para obter esse apoio dos meios que. constan- considero uma divisão de poderes bem h>~rmoni
temente se usão na formação de~ta maioria. Se sados: assim supponhamos que passa em . uma
eu vir apoiado o miuisterio por deputados livres lei artigo opposto á constituição, quem vai julgar
e inde endentes · feliz atria I diHto ? E' od r 'u icia ual ·
Tratou-stl aqui de ridícula a possibilidade de lei é . contra a con~tituiç!io , e que por isso
apparecer no Brazil um Napoleão, mas reparando não julga por ella: ·o ministro da justiça pOde
nos exemploa_ ...ie Culumbia e Bolívia, que estaudo chamar o magistrado á respo,.sabilidade, o tri-
mais atraza,los do ue o Brazil tiverào o seu bunal su remo.o "ui a e absolve-o ou condemna-o
o 1var; isto · uma sombrinha d<> Napoleão, quem segundo sua justiça. Mas querer o ministro da
sabe quantas destas sombrinhas haverá entre nós? justiça, a seu bel prazer declarar que uma lei
Além de que não é tão pequena ainda hoje em é contra a constituição, quando o poder judicial
dia a influencia e. ambição dos sacerdntes, como tem julgado que não se dá contradicção, é uma
se qmz p1n ar, como rovao a guns exemp os na nvasao mam es a e po eres. .
Italia; e o certo é que se metteu na constituição Concluio julgando digno de accusa~ão. o facto
de uma nação illustrada, e versada no caminho denunciado, assim c.omo outros mais, porém que
da liberdade um artigo que exclue os sacerdotes seria melhor ter deixado encher o potinho. (0 dis-
dos 'cargos publicos, dizendo que devem occupar.-se curso foi algum,as vezes apoiado.)
sómente do seu ministerio espiritual. Verdade é Tendo dado a hora o Sr. Lessa pedio proro-
que no Brazil elles são dignos patriotas, mas gaçiio para se votar, m!!s não passou.
quem sabe se o serão para o futuro. 0 SR. SECRETARIO PINTO CHICHORRO leu ultima-
Disse-se que não havia paridade entre esta. mente um officio do ministro do imperio, enviando
accusação. e a do ex-ministro da guerra Oliveira a cópia de um decreto da regencia com data de
Alvares porque estão as galerias ·em silencio, e hoje, em que a mesma regencia prorogava a as-
nós discuti_mos em Jiberda:de. Naquella accusaçiio sembléa geral le i8lativa até o dia 15 de Outubro.
tação, hoje pronuncia-se uma opposição ou luta - 1cou a camara m eua a. .
antes de saber se o objecto é de criminalidade, Levantou-se a sessão depois da~ 2 horas.
an~~s d~ se ~ecidir q':le o ministro responda.
tramas da que elle foi victima, e que os instru- o Sr. RebouQeu:-Eu insist•J no principio
mentos desta trama são aquelles que gritavão geral de direito publico, que os estrangeiros
que os cidadãos a quem chamavão moderados pelo facto da residencia em um aiz têm direito
vã · · - · a pro ecçao as e1s civis deste paiz: é este um
(Muitos apoiados.) principio geral que se entende em todos os com-
Estou persuadido que o governo se deixou pendias de direito (iublico e das gentes sem
levar mal por estes boatos,· que lançou mão de excepcão, e que está consagrado na constituição,
medida forte contra este homem, rico capitalista porque embora se diga que o cap. So trata dos
que póde ser e será proveitoso ao Brn'l:il; mas dos direitos dos cidadàod brazileiros; pois que
não concordo com os princípios enunciados no tambem ulli se encontrão disposições geraes, que
preambulo do parecer da com missão; e inclino·me se referem 11os que não são cidadãos brazileiros
antes aos principias do Sr. May. tanto que nos seus artigos ,e. paragraphos falla
Eu me persuado que nós devemos observar especillcadamente em nenhum c'dadllo umas vezes,
segundo os tratados, perfeita reciprocidade com e outras indétorminadamente ninguem qualquer
os estrangeiros, e que os devemos tratar do mesmo . o que se
e todos, . applica aos homens em. .geral.
ç-
modo com ue nos tratão -
tomem medidas arbitrarias para expulsar do este respeito, que declara os direitos do homem
Brazil o cidadão de qualque:: nação Injustamente, em sociedade, q11er faça parte della, quer lhe esteja
mas quererei que nos momentos de crise, qunndo aggregado: quando !l constituição! POE exemplo,
um estrangeiro se tornar summamente erf
pree1so mos rar o perigo) se lance mão desta admittido nos cargos p'ublicos » etc., mas quando
medida que na verdade devia ser mais poupad11 trata de segurança individual diz « ninguem po·
do que tem sido entre nós. der á ser vre8o •• etc. Mas quando uesim não fost!e
Voto assim porque entendo que as disposições pelos pl'lncipios geraes consagrados na nossa
do tit. 8° da constituição não têm app\icação aos constituioão, eate direito existia pelos tratados
estrnngeiros á vista da inscripção delle. << Daa que os nobres deputados têm querido entender
dillpOSJções e garantias dos direitos ci vis e políticos differentemente o tratado celebrado com Portugal
dos cidadãos brazileiros. n . Estrangeiros não são no art. f>o diz: que no Brazil gosaráõ os portu-
cidadãos brazileiros, logo, não se trata nesse ti tu lo guezes dos mesmos direitos que tiverem os sub-
das garantbs e direitos politicos dos estr&ngeiros. ditos das nações mais favorecidas das nações
Isto não tira que elles não possão ser mantidos ingleza e franceza, logo, a reciprocidade consiste
em o nosso paiz e que se observem com elles em que o brazileiro gosa em Portugal dos mes-
as leis de justiçn. Não quero que sejão presos mos direitos que alli têm os subditos das nações
sem culpa formada, etc. Por este motivo não voto mais favorecidas : isto é, pelo que respeita aos
pela emenda que propõe que se recommende ao direitos individuaes e de propriedade, e não a
governo que observe a constituição; por que respeito dos direitos· commerciaes ; porque não
vejo que a constituição diz respeito aos cidadãos houve ainda tratado de commercio com Portugal.
brazileiros e não áos estrangeiros. Desejaria E' necessario que fiquemos muito certos neste,
antes que se dissesse que se observem a res- que importa direitos dos cidodãos brazileiros; por-
peito de João Bonifacio as estipulações dos tra· que a liberdade da commercio e as garantias das
tados: então bem · · ra o nosso pa1z ene ciar
bida neste sentido a approvaria, mas não havendo a patria ou por meio do seu commercio ou de
emenda neste sentido, . voto pela conclusão do sua industria etc., são direitos do cidadão do
parecer da commissão que segundo julgo preenche Brazil que ·muito ganhão com isto em riquesa e
os nossos fins. commercio.
Concluirei o meu discurso fazendo votos com o 'O Sa. MA.Y fez uma curta explicação.
nobre deputado, penultimo em fallar, para que a
nação chegue ã meta da moralidade ; porque efttão O Sa. MoNTEzuMA. disse 9-ue tendo-se avançado
seremos felizes e deixaremos de ouvir accusações que na Inglaterra havia dtreito de expellir es-
vagas e destituídas de toda a prova que de certo trangeiros, se via obrigado a declarar que isto
são tambem faltas de moralidade. Assim quando era menos ex:acto; porque no tempo de Canning
por exemplo fallarmos em espionagem havemos sd acabára o bill que autorisava para isso, esta·
de ~var o «lue avançarmos, e não accus~ va~a- l:lelecendo-se porém cer*os re!rulamentos de JIOlicia
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:53 - Página 7 de 16
Joaquim de Oliveira Alvares, as quaes tinhão esta augusta camara em 1828 quiz 'emendar a
então sido julgadas muito fortes, e havião dado lei sobre as c>lrtas de seguro, appareceu um pro-
o triumpho á minqsja contra a maioria e por jacto em que não se admittia outro meio' de
isso devião ·agora 'valer tambem muito que os defesa senão o das fianças, o qual projecto teve
defensores do ministro argumentarão, que apezar discussão. O codigo do processo admittio o
de dizer o ·§ 17 do art. 179: «A' excepção das mesmo principio. E tendo a nossa constituição des-
causas que por sua natureza pertencem a j:~izos conhecido este meio das cartas de seguro; como
particulares na conformidade das leis, não haverá queremos nós accusar o ministro por querer
fôro privilegiado nem commissões especiaes nas sustentar a constituição que elle entende como
causas cíveis ou crimes >> ; todavia a camara re- a camara, e todo o mundo entende.
conheci~ que !la via a_nti no mia ~a cons~ituição Appnrecerão ha poucos dias nesta casa um officio
· · a· · re a du i ue tinha e
projecto para abolição das commissôes militares expPdir os títulos a um conego nomead•l p•ua a
que as leis antigas autorisavão: que elle, com Sé do Pará, por causa da lei que suspPndeu a
os que sustentavão a accusação respondera a concessão de canonicatos, e outro do mmistro do
isto ue a constitui ão era a lei das leis salvo im erio com duvida semelhante ácArca dos des-
aquellas que erão regulamentares, e ainda quando pnchos necessarios para profissão da Ol'dem de
aquelle artigo· do projecto houvesse de passar, Christo a dous sujeitos que tinhão aquella graça,
era redundante, porque o artigo da constiLui- a qual estava prohibida na lei das attribuições
ção devia executar-se e o ministro o tinha da regencia : ambos esLes officios forào mandados
Vlo ado. s comm1ssoes e JUS IÇa CIVI e ecc es1as 1ca, as
Outro argumento produzimos tambem, conti- quaes decidirão que não devia haver duvida algu-
nuou o nobre orador, quando o dit') ministro ma, porque as di tas graças erãu anteriores ás leis
ordenou que nas províncias se houvessem de que as prohibirão. Ora, daqui se vê claramente que
executar as sentenças, independentemente de virem o ministro suspendeu a execução da lei que manda
ao poder moderador. Os defensores do ministro expedir estes titulos; mas as.commissões e a cama-
o justificavão com o artigo da lei de 11 de Se- ra que approvou o seu parecer, não o entenderão
tembro de 1826 : i< As excepções sobre o artigo assim, e resolverão a duvida sem que se achasse
precedente em circumstancias urgentes são de criminosa a suspensão, e agora tendo o mini.stro
priv!ttivo conhecimento do poder moderador. D recorrido a esta camara por um c~>so identico
Ao que nós respondemos: que esta lei não podia havemos de achar-lhe criminalidade? Se o ministro
ir de encontro á constituição,
. . . a qual dava ao appellando p~ra a carnar~, !l_resi?eito d~s ?art~s
tenças antes da sua execução ; logo, não podÚio comrnetteu' quando appellou para ' a camara a
executar-se sem esta formalidade e por isso o respeito de concessão do titulo de conego, e então
ministro tinha
. exorbitado
. .
da constituição,
. . - porque
. . '
apparecerá a major contradicção. se o acc11sarmos
se então este~;~ argumentos farão tão valentes Um illustre <leputado disse que defendia as cartas
como hoje em um caso destes se quer sustentar de seguro, porque erão garantia dos cidadãos, e
o contrai'io disto? Vejamos o ~ 9o do art. 179. principalmente dos. cid11dãos pobres. O illustre
(Leu-o.) deputado encarou as Mrtas de seguro. sómente
Note-se bem que a constituição em diversos por este laJo, quando as devia· encarar tambem
artigos, .quando quer que fiquem dependendo de pelo lado da innocencia. Não mereceria conside-
uma lei regulament,lr, diz como no · art. 151 : ração ao nobre deputado uma desvalida viuva e
<< nos casos e pelo modo que os codigos deter- míseros orpbãos, cujo marido, crijo pai fôra morto ás
minarem.>) E no art. 153: cc pelo tempo e maneira mãos de um assassino sendo assim privad:1 a pri-
porque a lei determinar», etc. Ora, de todos meira do unico protector que tinha, e os outros
estes artigos se vê que a constituição em alguns da unica fonte que lhes ministrava os meios de
dellés submette a sua execução ás leis regula- snbsistencia ? Não o moverião as ·lagrimas de
mentares, em outros casos não admitte lei re- tão infelizes entes reduzidos ao desamparo pela
gulamentar e falla no presente. Ora, dizendo o maldade de um assassino, de um faecinoroso,
~ 9o do art, 179: «nos casos que a lei adrnitte » prompto a commetter todos os crimes. · · ·
pergunto eli :..:..temos leis que tratão das fianças Estou certo pois, senhore!'l, que antes devemos
ou não 'l-Temos; logo, existe esta lei regulamen- attender aos innocentes do que aos criminosos, e
tar para ter andamento a constituição; e se nós não concorrer de modo algum para a impunidade.
dizíamos em outro tempo que todo o artigo con- Além de que as cartas de seguro não sã•J dadas
stitucional devia ser cumprido independentemente aos pobres. Estes valem-se da carta de seguro
e.: 81, como queremos su r in r um i n ur . -.. _, ' . .
futura a execução · do paragrapho citado quando precisei muito dinheiro para as obter ás vez~!'! ;
a constitnição se refere· a uma lei existente 'l ellas servem para um Pinto Madeira~ etc. ·
Isto é càntradictorio. No meu modo de pensar acho por isso que
Os princ:ipios da camara sempre forão que com muita sabedoria farão abolidas pela consti-
nenhuma lei podia ter força contra a constituição ; tuição as cartas de seguro : &fim d_e qüe o, cri-
e como o governo tem iguaes deveres de sustentar minoso conheça e tenha a certeza de que, com·
a constituição, é claro que infallivelmente a deve mettàndo crime, ha de ser castigado p~ra que
executar' 'com prefel'encia a outras quaesquer não attentem contra a vida dos cidadãos ; 'i'~zões,
lets; · · pelas quaes sou de voto,' segundo a minha c~m
um· lllUJtre deputado disse que nós não podia- scietrcip, que não deve proceil'er R' denuncia feita
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entreg11es a si mesmos, não serião capazes de se essencialmente ligado aos cargos, isto é, que o
consolidar, e acabarião ·por se destruirem uns aos alferes o tenente, o capitão estão debaixo do
outros. » Olhemos para esta propheciu, e prescin- fôro ge~al da nação. .
damos das opiniões daquelles qut: au,;rem levar Não farei carga aos que pe.nsarão de Ul!l mod~
a nação não sei aonde. Por isso V·•to pelo pa· em certo tempo, e pensã(l hPJ.e de outro ; Jã falle1
recer das commissões e contra o voto separado. nisto em outra occasião, e estejlllo certos os senhores
(Apoiados.) desta ·casa, assim como todo o mundo, que não
o Sr. Castro Al. -ves : - Como sou autor sou levado pelo terror ; a minha marcha é em
linha recta · poderei encontrar esses punhaes e
do voto separado, é natural que o defenda e que ameaças, rr:as andarei para diante emquanto não
analyse o voto dos outros Srs. deputados, mem· cahir aos pés do assassino. Castro AlvAs J?ãO
bros da commissão. Ver~ tambem se entendC! se arreda da carrtlira da lei, da razão e da justiça,
r avra são es as as mw as usso as; e respon o asstm
preciso explicar. a tudo quanto se tem dito, escripto e continuar
Quanto ã antinomia, creio que antinomia é a escrever: não dou peso a papeis sujos .que
opposição entre as leis. Ha no parecer tambem sujão aos proprios redactores, trato-os como papeis
outro lu ar em ue se diz : cc ue o ministro é e em ru ar, escrevao o que qu1zerem : po 1ao
evidentemente louvavel. » Concedo que louvemos vender papel limpo, vendão papel sujo.
aos amigos. No segundo diz: cc ainda que menos Negou-se que as cartas de seguro fossem ga-
bem pausado. »- Que quererá dizer este cc menos rantias do~ cid~dãos; po~s vamos ver a consti-
pensado, » a respeito de co11sa de tanta monta,
quau o se ra a a suspensão e uma ei. ' feito por se querer accommodar de um lado e
erro 'l Erro de offiCio 'l Logo, o ministro errou
no seu officio. Será isto assim ? Creio que é bam não do outro.
deduzido. Diz que obrou em cousas de tanta pon- Notemos, senhor.,s, que o art. 179 ~ 9• diz :
<c Ainda com culpa formada ninguem serã con·
deração menos bem pensadamente, quer dizer que cc duzido ã prisão ou nella conservado, estando
não refiectio, não pensou como devia o ministro, « jã preso, se prestar fiança, etc. » Logo, antes
a respeito de leis existentes, de mandar-se dar de formada a culpa pôde haver uma causa iJUe
ou negar aos cidadãos uma garantia. evite a este homem u ir ã prisão. Q11al. ·é esta
Trata11do-se de negocio tão importante diz a com- cousa? E' a carta de seguro. Eis porqne não ha
mi~são que o ministro obrou menos bem pensa- antinomia, isto é contrariedade, opposição : ha-
damente, não refiectio, errou ; logo, tem erro de vendo sempre ambas us cousas cartas de segu~o
.offi.cio. •.
parte do espera. E11 dizia quando nomia ou opposição, porque o artigo não diz,
tinha escravo, hoje não tenho nenhum, nem quero haverá só fianças ; nem declarou que não havia
ter, mas quando dizi>l ao meu escravo: cc eu no Brazil autoridade alguma que concedesse se-
espero que tu faças isto ; » dizia o escravo : uro or ue então eu nada izi · -
« eu vou aze -o, senao ll).eu sen or me vai ao fallando nisto a constit11ição, terã autoridade o
pello. >>Havemos de nos desenganar sobre este sen- ministro de atacar leis positivas consuet11diilarias
tido se attendermos ã portaria em que o ministro que existião antes da constituição ? A constituição
estranha aos magistrados o não lhe terem obede- prohibio? Não. Logo, ao menos permittio, con-
cido. sentio, e se falia nas taes fianças é para os casos
Mas, Sr. presidente, louvores sejão dados mFmlados na constituição. Nfio ha opposição entre
aos que não quizerão obedecer : entretanto que a consti tuiçã.o e as leis posteriores ; e se acaso
vejo ~e alguns obedecerão,. porquanto a portaria a houvesse, quem é entre nós que tem direito
de 28 de Julho diz : «A regr.ncia tendo em vista de interpretar leis ? E' a assem bléa f:teral legis-
<< o seu officio de 26 do corrente, em que mostra lativa unicamente ; e só da assembléa é . que
« a repugnancia de· alguns juizes em deixar de adaptarei interpretação de lei e não de nenhum
cc conceder cartas de seguro, etc. » Logo, não In di vi duo ou corporação.
forão todos os que não quizerão obedecer ; logo, D11as assembléas geraes legislativas que têm
houve alguns que deixarão de as conceder ; e existido depois do juramento da constituição, têm
está em pé a ordem do ministro ; e demais é determinado e providenciado sobre as .~artas de
facto que não sabemos se a ordem foi só para seguro, como Vbmos nós pois um só homem dar
a côrte ou tambem para as províncias. Como uma intelligencia differente, e resistir a tanta
pois se quer defender o ministro, affirmando que gente de juizo e de conceito no Brazill Senhores,
a ordem não teve effeito ? vale ou não vale a lei ? E11 não quero tratar de
Quero .responder a alguns senhores, e princi- indivíduos, não quero tratar de doutrinas op-
almente a u · - · . . ; . . -
mysteriosamente, e que entendeu que não proce- ha lei sobre ai cnrtas de seg11ro? S~ ha lei, quem
diiio os arg11m9ntos por mim apresentados em foi que atacou positiva e expressamente .? E'
outra sessão. Por mais, Sr. presidente, que eu para mim maravilhoso o principio· de que as
folhêe a constituição e a examine no artigo cc força cartas de seguro são contra a co nstituiçiio, por-
militar, » não vejo as palavras cc commandante que ella as não mencionou I Se passar tal prin-
das armas. » Se a examino .sobre o governo das cipio, toda aquella e~pecie em que a constituição
províncias, nem uma palavra encontro sobre os não fallou é contra a constituição.
mesm11s commanda.ntes de armas, entretanto elles Senhores, eu quero obediencia á lei, •Seja quem
continuiio, apezar de não dizer nada a constituição fór: não conheço ninguem que niio esteja sujeito
a respeito delles; e não sei tambem que lei á lei ; se por isso me quizerem enxovalhar,
consuetudinaria os mandou conservar, se não é acabarei mas com gloria, defendendo este prin-
- certo desejo que houve de separar as províncias cipio que ha de acabar commigo. Ha leis antig!ls
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fôro militar dizia: que não obstante o ~ 17 do correio, em que se encontrava a seguinte passagem.
art. 179 da constituição, devião continuar os pri- do mesmo. discurso :
vilegies por falta de lei regulamentar, que ponha « Tenho a desgraça de não ser bem enten-
em aiJ.d.amento o artigo da constituição. « dido, porque se toma sempre absolutamente
Ponderou que examinando-se bem o estado do « quando fallo debaixo de hypothese: eu disse
processo em casos crimes, se veria que não só « que no caso de duvida sobre a interpretação
as ,cartas de seguro erão uma garantia social, « de um artigo constitucional ou de lei, que um
mas )lma garantia muito necessaria nas actuaes « ministro entendesse de fórma differente daquella,
circumstancias, em que todo o mundo sabia, como « porque era entendida por alguns Srs. depu-
a·e tiravão as devassas; e ainda suppondo exactis- « tados ou pela camarn, era necessario que neste
sirno ,quanto disse o Sr. Paraizo ácerca da impar- « caso apparecesse ao menos dolo drt parte do
cialidade dos juizes; em não escolher testemunhas « ministro, para que a criminalidade · pudesse
paJ;a fazer. crime;. não se poderia escapar aos cc proceder. » E á vista destas citações conclui o;
abusos :que não vinhão tanto dos magistrados que o Sr. deputado lhe attribuira o que elle
como ,(lou-. escrivães, alguns dos quaes e~corr~· não dissera; e advertlo que tanto cuidado tivera
ando.::se~Íhes uma porção de leuras não duv1davao o redactor ·do Correio · · -
seus everes: quo a car a e seguro a opinião delle orador, que até puzera em grifo
e:ra: ,9- unico meio que tinha muitas vezes um as palavras << neste caso »: e depois de feitas
Q.oQ1e~ a que_m seus inimigos querião perde_r com mais algumas reflexões breves, proseguio:
uma •ccus&çao falsa, de livrar-se solto eVltando Sr. presidente, o Sr. deputado me obriga a tomar·
grav.ss !hcommodos a ver-se confundido com gran- uma. tarefa que eu não tinha tenção de encetar
des· criminosos nas prisões, ou antes nesses car- quando fiz o meu primeiro discurso; pois prin-
ceres e outros de horror, onde gemia a huma- cipio por declarar á camara que tratando desta
nidade ..desvalida, sem bem crmparavel á morte accusação, intentava limitar-me ao objecto àella,
o s~ntimento que experimentaria qualquer homem sem tocar em causas que não tivessem relação
probo ~dj} . ver·se obr1gado a sepultar-se em seme- com elle, num me importar com a conducta do
lh~n.~s:masm,orras, antes de poder-se conhecer ministerio ou com os princípios da administração
a ·s.uaJnocencia . presente; mas um Sr. deputado disse que deve
.·:J?~~pu ,a .responder aos argumentos dos que accusar-se toda a administração, e não parte ;
def~tp\31.~0 ~_-,parecer da commissão, e parecendo- e que se o todo da administração não fôr mão,
lhe que: .u,m .dos que se reputava mais forte, era então não deve accusar-se. Este desafio que me
aq~elle'q!fê f~ião com ns circumstancias do temeo fez o HlusLre deputado, me o_!Jriga a ent~a~ na
não: olhava para estes accidentes, mas era obri- '
accusado, inas dos outros ministros que formão
gado. a, zelar a execução da lei e a vigiar por- a administração actual. E notára a camara, depois
que 'eUa não soffress<1 quebra ou infracção ; e de feita esta analyse que a al'bitrariedade e o desejo
por .iss'o ..,eUe orador -não se julgava autorisado, de intervir em tudo indicavão a physionomia e
pa~à . fuporisar a tal respeito, faltando a seu parte característica por onde se deve conhecer
d~ · unir pela constituição e pelas leis. a administração presente.
·:: . ji suspensão que o e:~:ecutor deveria Passou depois a ler as duas portarias seguintes:
fàzér,A• is, em caso de antinomia entre ellas ; de 20 e 23 de Julho proximo passado.
julg01i' qult não podia ficar a dita suspensão ao « Tendo apparecido nestes ultimas dias alguns
· arl>itrio do poder executivo, porque não tastando <I amotinadores, promovendo por meio de sedição
regulado se ella devia rocahir sobre a lei re- « e conspiraçtlo, e).á por se~ucção. pôr ~m coacção
ulamentar O S • - ·-
ministros suspender esta ultima conclusão con- « se tornáriio tão publicas que bem facil é conhe-
traria lks intenções do Sr. deputado que apre- (( cer-se os indivíduos que nisso entrárão, manda
sentou este· argumento.·~ Declarou· se contra a « a regencia em nome do imperador, que v. m.
dlatlncoi!o ue se faz de ue o tnistro o met· C( f . - , ,
ra erro, mas nilo deltoto e que portanto não « crimes, tendo em lembrança que a lei · de 6
devia ser condemnado pois quo admittida olla « do mez pasiado impõe a pena de complicidade
nlo haveria criminoso que fosse punido. cc aos juizes que se mostrarem omissos em. casos .
Qllelxou·se de se lhe attribuirem expressões na « taes; devendo então antes de proceder contra ..
defeza .de José Olemente Pereira, que não tinha pro- c< os indivíduos dat· parte circumstanciada delles
ferido·, como era, por exemplo, que no caso de « a estfl secretaria de estado e d.as testemunhas
duvida o julz devia decidir-se pelo lado favoravel; cc que nppareceràm.
principio que . se fosse adoptado genericamente cc Deoa guarde a -v. m.-Paço, em 20 de .Julho
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noticia do governo chegou, q~e muitos se con· ser convencido. Esta parte da população e muitos
stituirão réos dos crimes publicas, decl~rados nos nascidos no Brazil assentárão que não era, bom
arts. 85, 89, 93, 9-1,, 95, 9'!, 111, 117, 121, 192, o que se fazia. E que direito temos~_nó·s: de
o crime de sedição e de ameaças ao governo,
art. 97, o requerimento que se lhe remette e
que lhe fôra apresentado por differentes juizes
de az á instancía de mu'tos ·
Concluido o processo e feita a pronuncia dará derramar lialsamo salutar sobre as feridas·; ou
v. m ..parte circumstanciada de todo elle. por outra liouidar contas que só podião .ser
" Deos guarde a v. m.- Paço, em 23 de Julho liquidadas pÕr um esquecimento geral? ·Não é
de 1831.-Diogo Antonio Feijó.-Sr. corregedor este o genuíno sentido da constituição? Póde ser
do crime da cõrte e casa. )) outro? De fôrma nenhuma.
Depois de lidas estas duas portarias, notou Insistio depois sob~e o absurdo e ~m p~litica dtf
que na 2a o ministro havia invadido a indepen· um tal decreto que ta avivar esta r1val~dade -de.;:
dencia do poder judiciario, a qual era uma sal· classes de cidadãos, para della se valerem espíritos·
vaguarda da nação, por isso que especificára escandecidos, e introduzirem discordias até· nõ
os artigos do codigo nos quaes conforme a sua centro das familias, por haverem muitos brazt:.
opinião estavão,..incursos os indivíduos que to· leiros, cujos pais são nascidos em Portugal, e.que ·
mãrão parte nos a~ontecimentos de 14 e 15 de la despertai· o ciume e avidez e! s e
. p 'metra por arw. pronun~ pu 1cos, excitar rixas e promover calumnias, a m ,_
ciou-se da maneira seguinte : de serem expulsos uns para entrarem outros, e
Ora, senb.ores, pergllntarei ã camara, que tem mostrou que havião bastantes exemplos nas pro-·
que fazer o ministro da justiça com pron nncia viucias de desordens desta natureza sómerite or
causa a occupaçao os empregos.
das testemunhas e dos individuas antes de se Concluía esta parte do seu discurso manifes-
proceder contra elles? Terá elle de pronunciar tando desejo de que fosso recolhido. este décreto, .
tambem de commum com o poder judiciario? Terã o qual seria talvez causa de sahire~ do Brazu·
que tirar alguma folha de papel do processo? muitas familias. . .
Tel'á que fazer-lhe alguma emendo.! Ter~ que Censurou depois o mesmo ministro do imperlo
determinar alguma causa ácerca das provas ou pela expedição do officio de 5 do corrente mez de.
de entrar na consciencia do magistrado para Agosto ao director dos estudos em S •. Paulo, no
saber se pronunciou bem ou mal ? E' elle por qual pareci~ querer entrar no fóro da consciencia
assim dizer uma autoridade absolutamente reco· dos lentes do curso jurídico, como fez ver pelo
nheeedora ou fiscal do processo nesta parte. ou conteúdo da sobredita portaria, que leu. . ,
em mataria alguma ? Passando a tratar do ministro da marinha,.
A.cha concebida no mesmo espírito a outra disse que elle se tinha conduzido pessimamente
portaria de 23 de Julho de que já fallei, e que como provaria com as despezas illegaea~ or elle.
póde fazer ·suspeitar que o governo por- este meio feitas quando se discutisse a lei do . ofç ento,-
quiz prevenir que se procedesse. contra alguma e que era tal o estado daquella rapa ·,~que.
pessoa que não quizesse ver pronunciada. os pesos com que se pesavão os géiier-oa:,: para
Passando depois á repartição do imperio e consumo della não erão afferidos haviâ Jlíáis de
declarando-se amigo do ministro que a dirigia, 40 annos ; e affirmou, depois de mais alguma·s.
faltou contra o decreto de 18 de Agosto de 1831, reflexõ~s, que este ministro. era m~to inepto· e
ue mandava roceder a certos exames e mediJ
cerca os por uguezes que indevidamente fossem coi'tezão de uma córte despotica. .
considerados cidadãos brazileiros, depois de o ler Emquanto ao mlnisterio da guena, estranhou
pela maneira seguinte : que elle tivesse expedido uma portaria a qual
Não posso deixar de notar esta decreto, Sr. pre· mettla horror pela indlsclpllna em que la lanoar
sidente, cuja consequencia ha de ser a anarchia a tropa como se manifestava do seu contexto.
em todas as provlncias, em todas as reparti- « Seudo muito conveniente que as praças dos
ções onde por infelicidade existirem brazilwros differentes corpos da la linho. sirvilo não aó nos
.:uascidos em Portugal. Notarei que este ministro lugares de suas naturalidades, porlfm mlsmo
· sem razão alguma dá um titulo de brazileiros onde (ÔI" mais de seu gosto e escolha, para assim
adoptlvos e isto em papeis authenticos, quando desempenharem com mais alacridaàe as obriga-
tal differença não existe na constituição, que faz tlles que lhes incumbem·; e tendo sido esta· a
ª divil[lão dQs cid~dãos, dijferença ~ue não posso fet;eqte marc:Qa do ministerio, e o espirito de
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:53 - Página 15 de 16
:.•
SESSÀO. EM 31 DE AGOSTO DE 1331 101
suas. ordens a tal respeito. Determina a regencia
em nome do imperador pela secretaria de estado
dos negocias da guerra, que o ·commandante das
armas da província de S. Paulo conceda pas-
sagem para a de Santa Catharina áquellas praças
do 3• corpo de artilharia de posição da la linha
(antiga numeração}que quizerem servir naquella
província ..
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.
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• ·1831
CAMARA DOS SRS. DEPUTADOS.
Sessa\o em f o de Setembro algum debate os parecerem sobre os requeri~en·
toa para licença dos Srs. 'Pacheco Pimentel, Per·
PSESIDENOIA. DO sa·. .A.LENOA.B dlgão, Rebouças, Odorico, Paula a Souza e Paes
de Andrada.
D~poia,de a.pprovada .a acta, leu o Sr. lo secre·
tarlo: os· segumtes offic10s : ORDEM DO DIA
Do ..ministro da i ustiQa. -remettendo um offi.cio
do ._presidente da província da Parabyba, datado
de 'll do mez passado, sobre a requisição que Continuou a discussão da resolução n. 133 que
ó -f~zem as .car;naras muriicipaes da_s villas da refe· une _a villa dos Campos á província do Rio da
seus' respectivos municipios.-Remettido á com·
missão das cámaras municipaes.
o sa.. BA.FrlSTA. Pmn~mA. mandou à mesa a
emenda:
Do mesmó: ministro acom_pan~ando o requeri- « Em lugar de resolve-diga-se-decreta. »
• , ISCUS88
mação . do arcebispo da Bahia.-A' .commissão o proje~ · e depois de algum debate ficou adiado
ecclesiastica. yeta chegada. do ministro do imperio .
. Do mini.slro da fazenda satisfazendo as requi- . Tend~ tomado assento o ministro continuou a
'si ões ue- :em~ data de 11 do me ssa o e
. ~~i'~() sobre;:ii falta de llagamento dos juros de
tres· apolices do empresttmo contrahldo na pro· Os Sns. REZENDE E Rmvouç.ts requerlJriio que
viricia de Pernambuco em 1'796, pertencentes á se discutisse separadamente provincia por pro·
·irmandade de S. Gonçalo Garcia. v1ncia, e assim se decidio, comeoando·se pela do
. Do mesmo ministro remettendo as informações Rio de Janeiro •
que s~ 'j>édit_:ão sobr~ o requerimento de José O SJl. 0AsT.ao ALvEs propóz a suppressão da
Antonio ·pere1ra da Silva, despezs. com os tachygraphos, allegando a in·
.. Do miniRtro do imperio satisfazendo ás infor-
mações que se pedirão sobre a creação das ordens
utilidade della, não só pelo atrazamento dos
diarios, mas pelas inexactidões que nelles appa·
denominadas da Rosa e Pedto I : e igualmente recião, etc.
sobre os .fundos que o goveruo applicou a favor Houve a este respeito um curto debate, sendo
dos ·.emigrados portu uezes, e do modo porque al uns senhores de o inião ue os defeitos ue
. . . lDIB r · se no av o não erão causa sufficiente para e·
Dó me.smó ·ministro a~resentando novamente cidir logo a ext\noção do estabelecimento para
o requerimento do padre Luiz Bartholomeu Ma,!- publicação dos .Diaríos da Oama,.a, sem tratar
ques, o. qual não podendo obter a .conflrmaçao primeiro de ver se odião remediar-se os ditos
e e1 os. u roa sen ores sus eu rao que n o ao
cidade de Goyaz, deseja continuar a podia obstar aos viclos e erros que havia, e que
mesma cidade a lingua fta.nceza.- A! sendo tão necessarl.a a economia, como tant'\B
de instrucção publica. vezes alli se tinha clamado, era preciso princi·
Do ministro da marinha satisfazendo ás in- piar por c~sa, abolindo aquellas despezas que se
• 'formações ~ se pedirão sobre v requerimento pudessem evitar.
de Ale:r.an<fre José de Oliveira. O Sa. SoARES DA Roam além de varias rede·
O S:a. ':roLEDo pedindo a pa1avra, declarou que xões que fez sobre a necessidade de se supprimi·
na sessão . antecedente tinha votado que não era rem os tacbygraphos; achou tambem desnecessaria, .
attendivel<h denuncia dada contra o actual mi-. · a quantia orçada de 2:000H para. despezas. even·
nistro .da 'jústiça, e constando-lhe que na acta tuaes ou extraordinarias da camara ;. pois· que
.que acabava de ser approvada não se fizera occorrendo qualquer despeza extraordinaria se
me.nçã<;~ .delle, requeri~ que na. me11ma acta. se podia incluir na folha menàa1 que se remette ao
declarasse. o seu nome. thesouro, sem :fixar umasomma constanta, houvesse
E assim se decidio. ou não houvesse' despezas indispensaveis, e .que
D:en·se destino a varias requerimentos. elle oradnr- não sabia em que se gastava, pois
'\'L·eu-se o'. parecer da. comwissão . de poderes · quanto não era de suppôr quo todos .os annos-
slibre.o. offi.cio do St. 'M.anMl Pacheco Pimentel, sobre'i'i&sse a mesma necessidade. . .. ·.
afim, de se lhe conceder a licença que pedia para
recolher-se á sua provinci:a por causa de molestia,
o Ss. MoNTEZUMA perguntou se a suppreSilâO
ro os ta a res eito. das das ezas ·do diario m·
p.re endia tamoem o di~rio do senado~ ou se este
membros, requereu o Sr.- Fernandes da Silveira ilependia do regi.Inen econ_omico da dita camara, á '
a urgencla,. e sendo apoiada e vencida. entrou em. qual nesse caso competia unicamente determinar
discussão~ . o que julgasse conveniente ; se · be'm que ·elle.
o S:a.. REBOUQA.S · 1'6q:uereu que e!itranem em orador entendia pertencer exclusivamente a 0 · ditô
discussão igualmente todos os pareceres adiados regimen economico, o ·que se referia á secretaria,
relativos . á ·licença de alguns Brs. deputados ; . porteiro, eontiouos; etc., e não o qu!l dizia. rés•
assim.'ae venGeu, $ forio approvadoa depois de· peito à · publicação daa sessões, porém Ignorava
. . . TOMO 2 . . ' 14 .
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:54 - Página 4 de 8
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se havia sobre aquelle assumpto algum regula- faze1· uma relação de livros ; isto seria · muito
. manto particular. improprio e roubaria até a S. _Ex. o tempo que
Concluio que no caso de se entender que a tem de empregar em muitos trabalhos de sua
dita despeza dos diarios do senado não era repartição. -.
priv-atiya do regimen ~conomico da dita camara, - Disse ~gualmente o Sr. !Dinistro, quando fallou
Sr. Castro Alves.
Alguns senhores m!lnifestárão que a menc~o
nada despeza era privativa do regimen econom1co
, .
o Sr. Ribeiro de Andrada: -Eu não a um pregador dizer : 11 Dai. que Deus vos dará.!>.
fallarei sobre o additamento ou accrescentamento Respondeu : « Com sua espera. >> Eu digo "'0
de despeza das outras províncias, visto ·que a mesmo. As leis novas proporcionão âs autoridades
novamente craadas meios para fazerem alguma
camara deliberou que se tratasse dellas separa· causa, não logo ; immediatamente não,- .a expe-
'damente, nem -farei observações sobre todas_ riencia o mostra. Eu não fallo da municipali-
aquellas despezas que tenderem realmente a prl>- dade do Rio de Jàneiro, fallo de todas. O que
mover a prosperidade e melhoramento de uma ou têm ellas feito ? Nada. · Quaes são as obras
mais provincias do imperio, antes serei o primeiro publicas de seus municípios, que têm emprehen·
em annuir a e!las ; eu nunca obstarei a que o dido ou adiantado 'l Nada ou quasi nada •.. Nós
meu paiz prospere ; mas farei sómente uma trilhamos pela primeira vez uma vereda inte'f~.
observação á camara. ramente nova· não é ossivel ue a ·· ·
exce em autoridades immedlàtamente entrem nos deveres
à receita, é mister que a camara empregue todas e obrigações. a seu cargo , ellas terão de aprên·
as suas diligencias em ver se 1póde economisar der. pouc:·o a pouco, até que por fim fiquem .
.
outras despezas, de maneira que a receitf\ fique
. babeis.
uan o s ou rá.s au or1 a as civis, não sei
com a despeza ; porque eu nunca votarei por como vão, mas pelo que diz respeito ao juiz de
credito supplementar ao go-verno. Se eu reconhe- paz , não. vejo quando se indireitará, . e . digo
cer q.u~ a despeza nece~sa~ia excede á receita, mesmo que não sei se esta · autoridad~ é ne-
cessarz a regtman cons 1 uc10na . e isto
u:ma renda- porém não concorrerei nunca cóm engano meu, engano-me com muitas c9piltituiçqes
o meu voto para que se dê um credito supple- do mundo. , ··,: .:-
mentar, com o qual venha a autorisar o governo A experiencia mostrará que emquanto esta ui~~ .
para contrahir um emprestimo, que nas circum- gistratura não_ entrar na verdad~ira intellig.encJa.
stancias em que. estamos .,não póde deixar de ser dos deveres a seu cargo, o que ha de levar multo~
muito oneroso, e pelo duplo talvez da quantia tempo em razão de achar-se muito espalháda a ·
que se carecer, sem que a nação fique salva de nóssa população e separada por desertos, e pel~.&' ..
pagar depois este deftcit. falta de instrucção geral ha de produzir UJ1l8 .
Passarei .agora a _fa2er a1gum11s re:tlexões sobre quantidade immensa de males. .. -
as emendas· que têm sido otrerecidas. Pedio·se Tratarei agora da emenda que mandei relativa
a suppressão da despeza do bolsinho. Não sei ~ dotação, e convém aqui lembrar que no pro·
sobre uem reca
peza do bolsinho recahe sobre velh1:1s incapazes
de trabalhar, e de ganhar por suas miios os
meios de subsistencia, a camara não consentirá
ue e uenas ba atellas se'ão
p u e e in lgencia. vação tirada da constituto o : es1.1o papel em
Approvo porém a suppressão da despeza que virtude do qual estou aqui. .
se faz com a publicação do Diaria da Oamara, Diz a constituição, art. 107 : « A assembléa
attenta a impossibilidade confessada pelo proprioI< geral logo que o imperador sucoeder no lm·
director de conseguir que se publiquem coin 11 perl.o, ·lha asslgnar9. e â lmperatrl21· sua
poncos dias de atrazo, e visto não haver mesmo '' augusta esposa, uma dotação correspondente
onde se imprimão. Apoi<) esta suppressão ainda I< ao decoro de sua alta dignidade. » Orelo P.Ois,
por outro motivo, e vem a ser: que devendo que a lei dl\ dotação dave ser nma lei par_ tleúlar
desta camara, e que pre<Jede á lei ~de contas.·
estes diarl.os conter a expressão fiei e imparcial
das opiniões de cada individuo, só têm apresen- •Fez-se isto? Não. Dir-se-ha que a lél de contas
tado aquellas de uma p'Orção mais ou menos tambem é lei, e que l!le têm introduzido n'ella ·
dominante, nem estes diarios são precisos para assumptos estranhos e legislação·' inteiramente
manifestar a tendencia e o modo de pensar dos diversa. Respondo a isto: que o uso centra a carta
partidos que existem, e que dizem existir em todo o
fundamental ou contra lei uiio envolve necessi·
governo constitucional, havendo tantos períodícos dada de observancia; e digo mais, que tenho
no Rio de Janeiro de differentes córes politicas, um exemplo de que a dotação do imperador deve
que não se descuidaráõ em apresentai-os. Dei- ser por 'lei particular ; e este exemplo existe na
xemos que elles se combatão ; cada um faça o lei das attribuições da regencia, cujo srt; . Bo
elogio do deputado que professar o seu mesmo estabelece os ordenados dos -membros da mesma
er~do, at~que os outros; e sejamos n.õs imparciaes
re encia.
i r onae1 asaru·
tiver razão ganhará por fim a victo~ia. ções da regencia o ordenado de seus·:membros;
Passarei a fazer algumas reflexões sobre os se não era necessario 'l Tambem se podia dizer
o~jectos_ que merecerão a C!lrisideração do Sr. -tantos contos para cada regente. ·. · ·
m~nistro. Elle nos .deu uma idéa do estado . Quanto aos mestres, diz a constituição artollO:
, ~ desgraçado em que se achava a bibliotheca. De «'Os mestres dos principes serão da .escolha e
·· facto ella existe no. peior estado possível. O « nomeação do imperador • e a assembléa 'geral
Sr. ministro por zelo quiz encarregar-se do in- «lhes designará os ordenados que deverão· ser
ventario , e depois to~ou o aecõrdo de crear uma « pagos pelo theso~ro nacional.» J,.~g~, ~ eyj~ente
comm!ssão para fazer o dito inventario ; o que que os me11tr~s sao _pagos á cus!a da. nação !l.
approvo, . porque o Sr. ministro desceria muito não da dotaçao do Imperador.~ sao ob)ectos de
da .dJgnidade de tal cargo se fosse oceupar-se leis particulares; e é aesta xórma que _pod.Êún
com Wll trabalho tão mechanico, como o de vir no budget. Senhores, a dotação e ordenados
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·~·
107
dos mestres são quantidades constantes no budget,
e para serem quantidades constantes faz-se ne-
cessario que leis precedentes as tenhão ·marcado
e designado, porque não devem apparecer no
budget sem• lei ·anterior.
Digo mais. que não podem ser assim incluídas
i an r10r, a e por ou ro
motivo. O qúe é o budget 'l E' lei de contas
preterltas de despeza feita e receita arrecadada,
e lei de . das eza e receita orçada. Ora, tem-se
· · - • o oi
·qlle ella .vem aqui? E' orçada 'l Senhores, tudo
o que se orça é sempre quantidade sumivel, não
é. quantidade constante ; mas a dotação do im ·
perador pela constituição é constante, e depois
de determinada por lei não se póde alterar ; por
todos estes motivos pois, creio que o artigo deve
ser supprimido; a camara deve apresentar uma
lei particular, pela qual se determine a dota-
ção do· -imperador menor. Reservo para então
o· mostrar que a dotação lembrada é mínima,
.salvo . s~ . queremos reduzir !! mona~ch~ menor
gra~ificiíçiio para o tutor que já d~clarou nesta. as sobras da somma destinada para compras
..Cj\Sa. que·· nada queria., mas deduzido o ordenado miudas, como papel, pennas, etc., e principal·
· '·deis mestres vem a ficar o imperador com quasi mente fazer a obra da casa da camara dos Sra.
.. nada. . senadores com este dinheiro, que convinha porém
em que fosse supprimida a despeza: ex.traordi-
.} o Sr. Ministro:- Concordo com as idéas
_-: ~geraes que acaba de enunciar o nobre deputado,
naria orçada, uma vez que elle ministro fosse
autorisado para fazer àlgumas despezas extr.a-
uias tenho de fazer uma advertencia sobre as ordinarias quando conhecesse que erão indis-
suas refie:xões. Nós devemos calcul!lr a despeza pensaveis.
que temos para fazer, segundo as rendas do Quanto á bibliotheca, declarou que não esparava.
imperio, para não haver deflcit; por isso não con· que se considerasse ter descido da sua dignidade
vém augm~ntar desp~zas ainda que s~jão mui]!o em ir examinar o lamentavel est
• quem es a e ec1mento, aliás indispensavel; porque nil:o
dentro dos limites da nossa renda ; por<;ue assentava que fosse indigno do ministro do im-
gasta mais do que ganha faz banca-rota. Nós perio, quando tratava de promover o bem publico
temos orçado as nossas ~endas em Jl!-Uito mais do e de melhorar a administração de ual uer cou
" seu cargo, por ma1s or mar a que fosRe, o ir
tantos por cento sobre o orcamento, quando isto pessoalmente dar as providencias; o que faria
não é cousa que se JlOSsa dizer assim por um sempre que ft:~sse necessario, para se informQr
calculo aéreo ; pois bem se vê que pôde uma da todos. os negocias relativos á sua repartição ;
· recelta ~er fallivel. que iria a todas ns aulas de primeiras letras,
Demais,. as despezas são feitas em todos ·os se sentaria nos bancos dos m6ninos, lhes to-
quarteis, mas as rendas não entrão em todos r,s maria a lição, e não se envergonharia de ser
mezes; porque ha rendas que não se cobrão visto nos bancos de pinho por qualquer in·
.senão de um anno para outro, como contractos individuo que entrasse, nem perderia cousa al-
impostos eobre o gado vaccum, que não cobra guma de sua dignidade.
muitas vezes senão depois de 3 annos, quando o A respeito da illuminação não julgou necessario
gado está crescido, etc. dizer mais nada, porque todos vião o estado em
Ora, não entrando a receita á proporção da que se achava; mas era difficil melhorar*se já;
despeza todos os tres mezes, o ministro da fazenda, que não deixaria de recommendar frequentemente
a quem pertence isto, ha de ver-se .em · apertos a todas as camaras que cumprão seus deveres,
pàra pagar a despeza, e por isso pôde· ser que e de ex. pedir portarias todas as vezes que a 11-
o ministro competente proponha que se emittão luminação não fôr boa para que a melhorem ;
bilhetes do thesouro á maneira aos ex:chequer pois se apezar de todas estás ordens e recom-
bills de Inglaterra, que entraráõ em circulação mendações a illuminação não era boa, que faria
quando as rendas não chegarem. Entretanto isto se as não houves~e ;_ ~ffirmou que esperava me-
. é ne ocio do ministro da fazenda i .
o 1mperio .eu não tenho senão que ex.igir do beiro de Andra a, de que as cousas no pi:incipio
thesouro a consignação que a assembl~a decretar. não erão boas, mas que ião melhorando com o
P()rém quando na minha repartição appareça tempo; e por isso I!lesmo não queria que as
umà despeza imprevista, ou se fOr necessario em cousas fossem pela agua abaixo, mas. fallaria e
êertas circumstancias fazer uma despeza extraor- instaria sempre pelo melhoramento afim de yer se
diaaria, ou hei de deixar perlgar o negocio e o conseguia; que a illuminação, posto poder ·
o interesse publico, ou hei de pedir um credito melhorar-se alguma cousa, nunca seria boa em-
stipplementar; e apresentando-se despezas even· quanto não se fizesse com gaz; mas exigia isso
tuaes e:r.traordinarlas q11e não vêm no orçamento, grande despeza, incompatível com as circumstan·
c:omo poderá negar-se ao ministro o credito sup- cias presentes. . .
plementar se a camara reconhecer a legalidade Quanto ás pensões do bolsinho do imperador-
e· necessidade de taes despezas? Isto seria não menor, lembrou que S. Ex. tinht\ .,f\"
.- • I '·, I•
sido na oamara
1
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em concordar que o imperador menor devia dat homem que faltou no seu sentido, oú désse côr
esmolas, pois eta proprio de um coração bem mais baça á opinião daquelle que fallou em
formado o compadecer·se da miseria de seus se· sentido contrl\rio ; extractando com mais ou menos
melhantes; mas cumpria que estas esmolas fos· vigor as fallas conforme fossem pro ou contra.
sem dadas a pessoas que as merecessem e não as suas idéas : e assim acontecis em todos os
a pessoas indignas, vis, sevandijas, etc., para paizes. _
as quaes não era o dinheiro da nação. Quanto ao credito supplementar parecia-lhe que
Sobre a dotação declarou que não diria uma as rendas não tin:hão sido orçadas em mais do
só palavra, porque seus princípios erão, que só que realmente moutavão, e que o não se inteirar
depois que o tutor tivesse apresentado o plano a somma orçada. -provinha. de não se arrecadar .a
da economia domestica do seu augusto pupillo, renda; que o orçamento não contemplava .cousa
se podia dar uma dotação conveniente mas não al um · · ·
a esmo, sem asa xa e determinada. Janeiro importava em muitos contos de réis, que
Quanto aos mestres, lembrou, vista a necessidade resta vão a receber tanto de decima,como de vellios
da economia, que podião os mestres que ensina vão e novos direitos, qu11 nunca se cobrarão, etc.,
as mesmas cousas, dar lições no mesmo tem o ao tendo elle orador soffri o · · -
· no a suas augus as 1rmas, e a sua administração, por querer cobrar estas
fazendo-se assim chegaria a somma orçada para dividas : mas sem embargo disso forçara muitos
os mestres ; não lhe parecendo ter sido a in· a pagal·as; que além disto havia nas provincias
tenção da commisaão que as despezas com os muitas dividas activa.s taes como decíma de he·
· - o · per or. ranças e egados que ninguem arrecadava ; e
E concluio repetindo o mesmo que dissera sobre mesmo dizimas, etc., havendo desgraçadamente
as qualidades do tutor, que fazião desnecessario quem espalhasse a idéa que a liberdade era
o dtrector dos estudos. incompatível com os impostos, quando a pratica
O Sa. 0Doaxco referia ter dito quaiJ.do fallara tinha mostrado até hoje, que o onus está na
na. suppressiio dos Diarios, que nelles existião razão directa do maior gozo; mas suppondo mesmo
que a renda não chegasse, era uo dever da camata
erros, sem que comtudo pudessem taes erros ser regular as despezas de maneira que fossem sem·
attrlbuldos á influencia de um partido ou massa inferiores a receita, mas nunca conceder um
dominante, como se exprimira o Sr. Ribeiro da pre credito supplementar. _
Andrada i pois todac as pessoas da camara tinhão A respeito dos erocheguer biZls notou que nem
que se queixar destes erros, qnaesquer que fos-
sem as o ln!.ões doB membros que havião ro- to~os os , estomagos pollíão digerir os omesmos razt
a avao: e maneua que as
inexactldões resultBvão tanto do máo estado da eraEmquanto muito differente daquelle de Inglaterra.
á. explicação dada pelo Sr. ministro
tachygraphta, como da falta ou abuso dos reda-
otores pelo motivo acima declarado, não podendo sobre o ról. dos livro~ d!\ bib~iotlieca, pareceu-~he
que 1- que o não podia fazer, e 'nomeara pará isso uma.
veaeo falto a falia em razão do tempo que se
demorava a publicação, não dando elles de or- commissão ; além de que um ministro curava de
dlnarlo por escripto os seus discursos. maroimis, e deixava aos subalternos tratar de
s~.>m que disso ae tiras&e que elle
Quanto á despeza com o DiGrio do senado, pa.- minimis
raceu·lhe que a camara dos deputados podia devia lançar os· olhos sobre tudo, mas sim que
supprlmlr aquella despeza no orçamento, visto não cabia na possibilldade o fazer as cousas
• ser despe:ta publica, assim o senado podia incluir todas por snas mãos, aliás lhe faltaria o tempo
para os negocias mais importantes da süa repar-
de novo alguma despeza que quizesse fazer. tição, como S. Ex. mesmo havia ent~ndido, en·
Advertio que o Sr. ministro se enganara quando carregando a outros a factura da lista dos livr-as,
julgou que a quantia orçada ~ara pen!iões do bol- resultava sempre maior perfeição da divisão _de
sinho era destinada para o 1m12erador menor dar etrabalho, como a nossa legislação reconheceu, tanto
esmolas ; pois erão certas pensoes ~ue forão con- que distribuía a gerencia dos negocias do estado
cedidas· no tempo do Sr. D. Joao VI, sendo pelo ~ue respeitava ao poder executivo ein seis
algumas conferidas por serviços feitos ao estado, . repartições, pondo um chefe á testa de cada uma
que naquelle tempo não se distinguião dos pres- para vigiar sobre ella, e não para se empregar em
tados ao rei e outros por serviços particulares. trabalhos taes como em escrever um ról de li·
~ensões que pela maior parte recahião sobra
pessoas miseraveis, que a camara não podia vros. -
Emquanto á illuminação disse que o Sr. ministro
permittir que :ficassem ao desamparo i accrescendo tambem conco-rdava em ue continuaria a r
ue a maior arte dos · · ..
ve as e doentes, que iicarião reduzidas á ex· leis, (orecon que
ecen o que por melhoras que sejão as
não podião ser as nossas faltando-lhes
trema desgraça sem estas pensõGs, com que se o cunho da perreição que só o tempo podia dar)
alimentavão e estava certo por isso de gue a ca- não pódem logo ter prompta execução ; observou
mara conviria na sua conttnuaçiio. que a despeza das pensões do bolsinho era uma
-- Notou que era engano o suppór-se que a do· despeza decretada, sendo taes pensões recompensa
taçiio n~o podia eBtrar no orçamento, não só de servioos bem ou mal feitos, dadas pela maior
porque. 1sto não se oppunha á constUuioão, como parte a velhos; e que a camara em todos os
se bavJa provado em o11tra sessão, mas porque budgets tinha mandado
não sendo o orçamento tlxaçílo exacta da despeza qual comtudo era talvezpagar o
esta bagatella, a
unieo recurso que
que se havia de fazer 10 réis por 10 réis, podia estes homens tinhão contra a mlseria ; e não
orçar-se uma quantia_ para aquelle dm. conveio em que as ditas penaf,ies fosse~q tncor-
O Sa. Rmmao I>B Am>al»4 e:a:plicou haver dito poradalt na dotaoão. -
"'!"'·
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:54 - Página 7 de 8
fazendas não sõ têm diminuído, mas têm des- apresentar o plano economico do tratamento do
apparecido, apezar de estarem cheias de escra- augusto pupillo, de que se fazia depender a
vatura e de terem o melhor terreno cumpria fixação da dotaçllo, porque a lei da dotação o
que o digno tutor tratasse de urrendar ou de não obrigava a isso, mas que não tendo duvida
tomar as medidas precisas afim de fazel-as pro- em o dar, elle orador não pudera ainda fazel-o
duzir o rendimento que dellas devia esperar-se. em tão pouco tempo, quando apenas começava a
Quanto. á instrucção primaria achou sutliciente fazer-se o inventario.
a quantia orçada por lhe parecer que poderião Apontou algumas despezas que erão indispen-
prover.se algumas cadeiras, mas não preencher-se saveis, e concluio declarando que não requeria
todas. para si, pois se contentaria com a honra de ter
A respeito das pensões do bolsinho, lembrou ed.ucado um imperador digno da nação J>razi-
ue no anno assado 1 .
O Sn. MoNTmZUMA. p&dlo ao Sr. ministro que
lhe explicasse: 1o Se j ã se tinhão creado as 10
cadeiras que faltavíl_?, ou se o ministerio havia
av a ne a pessoas que rece lito outros venci· ca e1ras,
mantos pela fazenda publica, afim de que fosse ma a sõmente 80; o 11 se pedia 80 por estarem jâ
continuado o pagamento daquellas pensões aos areadas 10 : 2. 0 Se existia no thesouro a quantia
que não percebessem mais nada pela fazenda que deveriil:o ter vencido os mestres, se fossem
publica, porém que a sua emenda fóra regeitada, logo preenchidas as 4.0 cadeiras, contado o tempo
resolvendo-se a suppressão de toda a despeza do desde ll ópoca em que devia ter vlfior a lei ao
bolsinho, supprossão que na:o passou no sanado, orçamonto até aquella em que forao providas
em consequenc!a. do que, o do consentimento da algumas das ditas cadeiras e até hoje naquellas
camara dos deputados tornarão a apparecer no que não estivessem providas; afim de 'se saber
orçamento de despezas do bolsinho ; que para se havião sido applicados a outras despezas os
acabar de uma vez com esta questão, apoiava a fundos decretados para sustentação das meneio.
emenda offerecida para que as referidas pensões nadas escolas ; tendo esta sua e:dgencia tambem
se . unissem ás outras na folha competente. por objecto fixar o principio de que todas ·as
Snstentou a necessida:ie da conservar-se a repartições, no fim do anno financeiro, devião
con~ignação de 2:000/1 para as despezas extra-
dar conta das sobras ou deficit que tiverem,
ordmarias da camara, visto que podião oft'erecer-se ou se a receita equilibrou a despeza: que devia.
taes despezas, e no caso de as não haver, não portanto passar na lei do orçamento um artigo
era forçoso que se gastas;;e a somma só por ter additivo obrigando os ministros a fazerem estas
sido incluida no orçamento. · declarações quando apresentarem seus orçamen-
Advogou pela co?servação do~ Diarios das Oa- tos ; e que já com estas vistas elle orador· tinha
offerecido uma i .:li ã ·
.~s povos as opiniões dos seus representantes · e
se exigissêm do Sr. ministro da fazenda infor-
quando se .supprimissem, pedío que se puzessem mações ác~rca de qual ti oba sido ·a parte da
em dia e se publicassem as actas das sessões renda publica que tinha entrado em essignados,
das camaras. ou em letras não pagaveis, para se calcular
Cloncluio dQ}larando que votaria pelas emendas qual era a parte da renda publica que não
qu~ propunhao. s~mmas para algumas despezas
tendo sido arrecadada podia servir. de saldo
ute1s nas prov1nc1as, como para obras -publicas para a receita do aono futuro: que pedira igual-
estradas. etc. • mente antão que se declarassem os'' nomes das
pessoas. sobre quem havião sido sacadás as letras ·
· O ,Sa. MINISTao notou que, a completar-se o quesitos, aos quaes não tivera ainda resposta;
numero de escolas de primeiras lotras decretado quando era natural que no thesouro existissem
para o Rio de Jaueiro, que vlnhilo . a ser 80 não os documentos necessarlos para satisfazer aos
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:54 - Página 1 de 7
os correios marítimos debaixo de duas autoridades S. Ex. a idéa de examinar em tempo proprio,
independentes, ·sendo sugeitos ao ministro d•l se o systema actualmente seguido para creação
marinha na nomeação do commandante, nas des· das escolas seria o mais util.
pezas de construcção, etc. , e subordinados no O SR. MINISTRO lembrou ao Sr. deputado que
resto ao n1inistro do imperio ; além da colUsão a sociedade protectora da instrucção havia já
q~ exi~t~a sempre entr~ !JS commandantes que nomeado uma com missão do seu seio, para organisar
arao mthtares e o adm1mstrador do correio que um plano regular, não só para a instrucção ele-
era paisano, que; reconhecendo elle ministro a mentar do imperio do Brazíl como para a admi-
necessidade dtl um Jlano de reforma sobre este nistração das escolas.
o~jecto e:xpedira ord• aos presidentes de provín-
Cias mantJmas para fotlnarem sobre isso um plano O SR. MoNTEZUMA disse que muito
em rela ão âs suas ro · · · · - vêr ue S. Ex. convinha em a necessid e d
podia ter todos os conhecimentos locaes precisos reformar a instrucção elementar : que lhe pa'i'ecia
ptu•a f"z.;l· um plano desta nt~ltueza. Axr.Assivo o numero de 6! escolns para a população
Emquanto aos correios terrestres, disse q11e do Riu de Janeil'O, pois que para estes estabele-
resultava rande inconveniente de se metterem cimentos devia contar-se só a metade da o ula-
uma s t;na.a cartas para diversas estações, pelas çao ex1s en e, corno se IIZJa em todos os paizes,
quaes multa3 vezes as cartas passavão no cami- nos quaes se pagava as escolas que não ora com-
n~o sem p~derem ~er _entregues porque a mala tudo geral o ter escolas á custa do estado ; pois
nao se abr1a, e vmhao todas parar ao Rio de na Inglaterra cada um pagava a escola para seu
Janeiro, de onde se remettião depois por expresso, filho, excepção d11s escolas, de caridade que erão
mas que para remediar este Inconveniente man- pagas por sociedades philuntrnploo.s ; na França,
dâra fager malas pequenas separadas para se dei- havendo trinta e oito mil o tantns commlmea, só
xarem nos ''l'_ ares dos seus destinos, 24,000 commlmes tinhiio escolaR pagas pelo go-
Achou outro inconveniente na falta de moedas verno : que e.lle orador queria tamtiem mostrrvr
de 10 réis e 5 réis para trocos, de que nascia ás com isto que a naçilo franceza nito reoonhoola a
vezes di:ffi.culdade em receber os portes de cartas necessidade de dur.se escolas a todos os oommlmes,
teimando a parte em não ~agar os 5 réis ou 10 réis, que na escola se julgavK dllferentemento• do que
de maneira gue o admmistrador como homem provinha, como afflrmavilo muitos escriptores lia·
prudente punlla algumas parcellas da sua algibeira ver naquelle reino mais gente que sabia ler e
por este motivo; as quaes ainda que pequenas escrever, do que na. Inglaterra e na França:
faritío reiteradas uma somma importante, ou tal que portanto devíamos ir de vagar não estabele-
pelo menos que ninguem a desejasse perder. cendo tantas escolas ao mesmo tempo, gue não
Accrescentou que não lhe parecia bem este es- podendo ter elfectivídade se tornavão obJecto de
tabelecimento, e que julgava carecer de reforma. luxo, e resultava dellas, em vez de vantagem
:para a (_!Ual elle trataria de ajuntar algumas P!lblica, uma d~speza. inutil para. a na~ão ; e
1n
A respeito de estradas confessou que se achavão ça.da, nem por isso convinha que o .orçamento
todas no estado da natureza, que havia alguns fosse demasiado em parcella alguma, afim de
·_trilhos, e bem poucas estradas, as quaes mesmas não .apparecer depo}s deficit, que seria de pouc9
se ião inutilisando por falta de concertos : credito para a naçao.
representou a necessidade de empregar neste ramo Lembrou tambem que era mais economico
o:ffl.ciaes engenheiros ha.beis, tanto na theoria dar-se a. cada mestre annualmente um tanto, para
como na pratica, que tratassem de as melhorar e elle se encarregar de todas. as despezas das
construir pouco a pouco ; e sem esperar por um aulas, do que continuar a nação a pagar casas,
plano geral que nunca chegaria. concertos, pennas, etc., porque então os mestres
Conveio em q11e era preciso abrir estradas geraes terião mais cuidado em que estes objectos se
de norte ao sul e de leste ao oeste para ll!ais não arruinassem, etc.
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 09:54 - Página 5 de 7
,
bléa geral os attestados dos medicos, em que os termos imperativos que costumava usar o
se dissesse que Fuão ou Fuão tinha tal mole~tia; Sr. Montezuma, pois que sentado naquella. ca-
logo, era bem claro que a inspecção dizia respeito deira como ministro do imperio, não reconhecia
aos aposentandos ou ãquelles cujas aposentadorias esta supremacia que queria estabelecer, convindo
não tinhã.o sido approvadas ainda pelo corpo mesmo para boa intelligencia proceder com fra-
legislativo. ternidade, não escandalisar a ninguem e não
empregar termos como u isto é ridiculo », etc.,
O Sa. MoNTEZUM:A respondeu que S. Ex. se que devião ser banidas do augusto circulo dos
exprimira. muito mal, e o não havia entendido; representantes da nação.
que elle 01ador não fallou com colera nem afan, E conclui o com estas palavras:- Não apresente
e cumpria que o Sr. ministro se explicasse com o nobre orador causas que choquem o amor
a mesma doçura e man~idão que el!e orador tinha proprio de ninguem, e respeite se quer ser
usado, sem proferir que não entravn na cabeça respeitado. (Foi muito apoiado.)
de ning11.em aquillo que entrára na cabeça, não Ficou a mataria adiada pela hora.
só delle orador, mas de mais alguem; que não Levantou-se a sessão.
achava motivo para o Sr. ministro se exprimir
desta maneira, principalmente havendo elle mesmo
brincado e caçoado com a dita portaria pelo ri·
diculo que otrerecia, entendendo ·o seu contexto
do modo q\te eUe orador entendêra. Sessi\o em 3 de Setembl'O
Declarou haver n t
vinhão com prevenção á camara, sendo tão me- PRESIDENOIA. DO SR. ALENCAR
lindrosos que não querião que nada se lhes
dissesse ; que dado . o caso de ter elle perguntado Approvada a acta, lerão-se os ofllcios seguin-
um disparate era .ia dignidade, não só do Sr. mi- tes'
nistro para com elle orador, mas para com a Do ministro do imperio participando ter sido
casa, o emendar o erro sem o tratar de dis\)a· sanccionada a resolução da assembléa geral creando
rate, quanto mais não o sendo, porque seria algumas cadeiras na província do Ri.o Grande
necessario suppôr um estupido completo e que do Norte.-Fo! o autographo para o archivo.
não tivesse um angulo na cabeça em que pu- Do mesmo ministro remettendo o ofllcio do juiz
desse collocar·se uma idéa para afllrmar que a de paz da freguezia de S. João de Itaborahy,
portaria não podia ser entendida de maneira que com o requerimento dos moradores della, em que
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 10:51 - Página 2 de 2
em dia; porque ainda. quando estivef!ssm em dia os emp~egados ~eclamavão augmento de orde·
não podião ser immediatamente lidos por todos nado.
os habitantes dó Brazil, sendo certo quo os povos Citou o exempl.o do pai do nosso augusto im·
gostavão de ler os diarios para verem como seus perador, o qual tinha gozado de maior consi,
representantes .:iefendião seus direitos. Quanto deração e grungeado mais o amor dos povos,
ás iaexactidões na redacção dos discursós, lem- quando recebia só 90:000$ de dotação annual, do
brou que havia meio de as remediar por decla- quo depois que teve l,OOO:OOOS.
rações feitas nos mesmos d!arios ou em outros RepresentoQ que a fazenda de Santa Cruz podia
periodicos, accrescendo que em parte nenhuma produzir grau !e renda com o argumento de que
do mundo os discursos se publicavào como erão antes da vinda da córte para o Rio de Janeiro
pronunciados, pois erão revestidos de melhor fervião os empenhos para conseguir u adminis-
ordem e redacção. tração- daquella fazenda, e os que a obtlnhão
Concluio lembrando a contradicção que haveria fica vão ricos dentro de pouco tempo; e a ser
supprimiodo o IJiarío da Camara dos Deputados impossível obstar ao destacamento dos rendi-
e conservando o do senado. mentos da mesma fazenda, conviria mais arren-
dai-a· a diversos lavradores, que muito desejarião
O Sa. MACIEL apoiou a suppressão dos diario.s fazer
pela grande despeza que fazião e pelas inexa· •haviãoo de aosteio uella só pelo lucro que della
tirar.
ctictões que continhão, das quaes apontou algumas,
Propoz que o excesso da quantia appli· Concluía reprovando todas as emendas, á
ex:ce ão da uella ue versava sobre a vaccina,
á compra de uma livraria sobre matarias propriaa pareceu o-1 e com udo ex or itants o accresc1mo
para os trabalhos da camara, como, por exemplo, pedido.
obras de princípios geraes, leis e regulamentos O Sn. CA.STRO ALvES disse que tendo muito em
da adminisb·ação das outras nações, a. qual vista o estado actual do Brazil, ainda que des.e-
livraria se fosse organisando pouco a pouco. java vêr nelle quanto houvesse de grande e pres-
Ponderou a necessidade de promover a intro- tante no mundo, limitava seus deseJos pela falta
ducção da vaccina no interior do imperio, paz·a de meios e votava que se diminuíssem as des·
nos livrarwos dos estragos que as bexigas na- pezas o mais possível, reservando-se o luxo para
tur&es têm causado a muitas nações, as quaes- quando pádesse havei-o', e estimaria que . então
offerecêrão grandes premias aos propagadotes fosse superior ao de outra qu_alquer naÇão; .
deste antídoto, e ap~:esentou com eate objecto Representou, em consequencta de sous desejos
TOMO 1 1G
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:07 - Página 3 de 6
então elle orador seria federalista. cont!nuavão por mais algum tempo em agitação
Fez mais algumas reflexões sobre a impossi- até chegar a bonança, e e~perava que em breve
bilidade de continuar a marcha presente e sobre se restabPlecesse. o socego; esperança em que
a necessidade de examinar a causa da deca- havia 1·azâo de confiar á vista do espírito de
dencia progressiva das rend:1s, para tratar de o1·dem que animava todas as classes da socie-
as augmentar sem privar as províncias de e,.;- dade, po1·que estavâo convencidas, pelo exemplo
colas, de pontes e de estt·adas, etc., porque em de todas a.s outms nações, qtte onde ha ,·evolu-
ultimo resultado chegaríamos a tal apuro, que ção sob1·e revoluçlio como acontece1·á se o go·
o estado não poderia fazer as suas despezas, e ve1·no actual cahü·, o ,·esultado se1·d o apode,•ar-se
teria du soffrer males incalculaveis, de experi- algum ambicioso da dictadU1·a e ficar a naçtlo
mentar revoluções e de passar a nação por di- sem liberdade, e reduzida á maiOl" das des-
versas fórmas de governú, acabando tnlvez pu r graças.
não ser nem federalista, nem republicano, ne.m Concluio representando quanto a prosperidade
realista. da causa da liberdade e nossos interesses exigião
Mostrou mais a impossibilidade de prosperar que todos os brazileiros se unissem em Nenti-
com impostos que atacavão directamente a pro- mentos e vontade, para que se vá flmansando o
ducção e industria, qual era o da sisa, sendo espírito revolucionaria que tem apparecido, sendo
certo que afinal o burro de carga havia de o unico meio de obter a nação os resultados que
cahir. espem do grande dia 7 de Abril o marcharmos
Concluio dizendo ql!-e não orava para agradar Rem re unidos or ue se n-o · · ·
. ,. _ ons an emen e que na não caminharmos de accordo, com a lei na
sua pro!mcia. n~o havia uma cadêa, uma ponte, mão, tristíssimos serão os rdsultados. (Muitos
emfim nao existia obra nenhuma publica, ao apoiados.)
mesmo tempo que as suas rendas ministravão O SR. PERDIGÃO explicou, que fallando em
meios para isso. burro de carga tivera em vista os povos, que
~ Sn. MINISTRO disse que longe de desprezar não tendo forças para sustentar a carga havião
a 1déa do Sr. deputado sobre a necessidade de de cahir, isto é, não tendo meios com que pa-
tratar-se de .melhorar a renda, convinha muito gassem os impostos. Referia o grande numero
promover tal melhoramento sem comtudo perder de impostos que existião no Brazil, affirmando
de v~sta a economia; porque o melhoramento que passavão dfl mais de 150 especies differentes,
da . dita r~nda com a eco!lomia produziria muito sendo alguns taas que a nação gastava mais com
mawr effe1to do que a primeira causa só sem a os col!ectores do que recebia com os impostos;
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:07 - Página 4 de 6
·os correios marítimos, cuja tripolação achvu perdeu os mastros, como havia referido em outra
demasiada, notando que do Rio de Janeiro para occasião, vindo a importar avultada somma o
Pernambuco navegão com 34 praçfls, e de Per- concerto feito em Pernambuco, e aquelle por que
nambuco ao Pará tinbão só os correios 24 ra as tem de assar a ui de sorte ue a via em do dito
quando a viagem era muito mais difficultosa ; e paquete Nige1· viria a importar em não menos
se esta differença provinhfl de serem mais pequenas de 13 a 14:oooaooo.
estas ultimas embarcações do que as primeiras, Accrescentou que chegára á pouco outro. pa-
isso mesmo er!\ um mal, porque as embarcações quete da Bahia que pr~cisnva de concerto, o
devião ser propor<}ionadas á natureza das marés qual est!IVa avaliado em mais de 2:000$, e qua
que tiuhüo de na\'egar. levaria 15 dias, entretanto que já passárão :25
Entendeu que neste ramo existião muitas pro· sem ficar prompto. _ Em consequencia do que,
digalidades, as quaes sómente poderião cess,l r estando . dous paquetes a· concertar ao mesmo
regulando-se os correios pela economia das em- tempo, fóra necessario pedir á repartição da
barcações de commercio, sendo os commandantes marinha uma embarcação emprestada, e destinar
paisanos que fossem Jespedidos quar1do não para o norte um paquete que era do sul, porque
servissem bem. convinha muito saber o que se passava pelo
as escolas precisão fazer no Ri~ de Janeiro, não os conselheiros de província, que trabalhavão
é n mesma em outra q11alquer villa da província. em publico, sujeitos á animadversão que sempre
Seja embora a despeza de cada escola no Rio acompanhava os r?formadores, deixando . suas
de Janeiro á razão de 1:2008 ; mas em qualquer casas e seus interesses, vendo- se privado de con-
villa fóra da cupi tal, talvez não exceda a des- tinuar em as suas occupações diarias, em que
peza a 400 ou 5008 ; e por isso digo que 80 e talvez procuravi'io obter. o pão para alimento
tantas escolas orçadas para a província do Rio de seus filhos.
de Janeiro poderáõ importar em 40 e tantos Fizerão outros senhores mais algumas reflexões
contos. Calcúlo assim pela província de Minas, sobre n mal que pareceria se a camara, que
onde ha menos escolas, e têm-se calculado que continha um tão grande numerú de conselheiros
as despezas não excedem de 300S. Mas quero de província, votasse por semelhante emenda;
ue sE-· ão .rovi das tod r a · fazendo sentir ao mesmo tem o a differença que
muitas o não estão, não excederáõ então de 600t/ avm a respe1 o ctos mem ros o corpo egls-
umas por outras; e por consequencia 80 escolas lativo por trabalharem muito mais tempo e em
são 48: 000 HOOO. causas que não erão privativas de sua província,
Como me levantei uero fallar sobre ~tl u as e fóra della nela maior parte, e pelos incom-
emendas. O Sr. Lobo de Souza propóz uma e' -o su"e1 os; em razao os quaes
emenda para que os membros dos conselhos longe de acbarem vantagem no subsidio mui to
geraes vencessem su bsidios: julgo que isto é muito mais perdião em consequencia de estarem ausentes
máo (apoiados), os membros dos conselhos •eraes de suas casas, e em gra!tdes d_!.st:mcias.
nao evem vencer cousa nen mma.
Eu estimaria que o Brazil estivesse em cir- O Sa. PRESIDENTE poz successi vamente á vota-
cumstancias que nem os deputados vencessem ção os artigos do projecto e as emendas. Na-
nada. (Apoiados.) Se os membros dos conselhos quelle foi regeitado o Si 1o.
geraes ven..:erem subsidio, veremos pessoas in- Forão approvados o 2o e 3o.
aignas que nada têm que perder, e não se em- E ficou res6rvado o ~ 4<> a respeito da consi-
baração ~'ºm o socego e prosperidade da patria, gnação para a bibliotheca de Pernambuco para se
influírem muito para ver se ganhão estas dez tratar em lugar competente.
patacas por dia, e intrigarem afim de ftzer recahir Das emendas farão approvadns as dos Srs. Duarte
sobre elles estes empregos electivos, para os quaes Silva, Henriques de Rezende, Soares da Rocha e
todos eu quizera que não houvesse subsidias, Maria do Amaral na parte relativa ao Rio de Ja-
incluídos os lugares de membros do corpo legis- neiro; e a do Sr. Castro Alves p:wa que as pensões
1 - - •
· · o com s ou r s
' ~
uma emenda para dar uma consignação a certas Sr. Baptista Pereira para se augmentar a con-
províncias para obras publicas a qual acho in- signação das escolas da mesma província ficou
justo que comprehenda só 4 províncias e que não a materia adiada pela hora.
seja extensiva n todas. Eu intento votar contra Levantou-se a sedsão ás 3 horas da tarde.
todas as emendas, porém. a passar algum11 quero
que a sua disposição seja igual para todas.
Tambem ha uma emenda sobre a dotnção do
imperador: eu tenho sabido que as despezas Sessão em 6 de Setembro
que se fazem actualmente, andão por 12 a 13:000H
mensaes. Estou persuadido que havendo mnis
alguma economia poderá esta quantia de 12:000H PRESIDENOIA DO SR. ALENCAR
chegar para ser tratado com decencia o imperador,
e por isso quero que seja dotado com 144:000H Depois de approvada a acta, lerão-se os officios
annuaes ou 12:000# mensaes. seguintes:
Do ministro da justiça communicando em nome
o sr. ~ebouças:-Não quero deixar pass~r da regencia, que tendo de celebrar-se no dia 7
algumas contradicções que apparecerão. Disse-se seguinte uin Te-Deum solemne na capella impe-
que se os membros dos conselhos provinciaes rial, por ser o anniversario da independencia, alli
vencessem diaria, aconteceria que pessoas indignas se achava preparada uma tribuna para os Srs.
havião de aspirar a este e~prego. A m~sma ~·azão deputados q~e quizes~e~ assistir.
n1esma razão se dava para os deputados e com '
respostas ácerca de João Luiz Ferreira Drummond,
muito maior motivo; mas segue-se daqui que e Gustavo Henrique Brown.
assim aconteça? Não. Um officio do secretario do senado communi-
Continuou com mais algumas reflexões neste· cando haver a regencia sanccionado duas resolu-
sentido, e mostrando que não podia valer contra ções: 1•, approvando a aposentadoria de Joaquim
uns o receio que não existia a respeito de outros, Patricia Teixeira, professor de latinidade ; 2a,
á vista do que cabia por terra a conclusão. approvaudo a resolução da proposta do conselho
Disse mais que as pessoas para os cargos geral de Sergipe para se crearem varias aulas
electivos erão escolhidas pelo povo, que bastante de primeiras letras.
zelava seus interesses, para escolher homens Do mesmo secretario participando que o senado
capazes: podendo acontecer que não se estabele- adoptára, e ia dirigir á sancçiio differentes apo-
cendo esta diaria para os conselheiros de pro- sentadorias resolvidas nesta camara.
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:08 - Página 2 de 7
commissão liquidadora do banco por parte do O Sr. R.ebouQac :-Sr. presidente, devendo
governo, dando novos esclarecimentos sobre o dar meu voto sobre a preferencia das reformas
papel do novo padrão em circulação e do velho propostas, direi o modo de pensar que tinha sobre
recolhido.-A' commissão do banco. a reforma da constituição.
Do mesmo ministro acomp~nhando dous officios ~u assento, segundo as observações que tenho
do presidente da província da Bahia, ácerca dn fetto, que a nação brasileira não exige por ora
nomeação do escnpturario para a caixa filial de reforma da constituição, e que não é exacto o
amortisação da mesma província e arbitrando affirmar-se que ella as pede. O que a nação bra-
o ordenado.-A' commissão de fazenda. zileira deseja é que a constituição seja cumprida
·Do mesmo ministro remettendo as cópias das e observada, porque a nação brazileira pensando
ordens que autorisarão a legação em Londres a bem, deve saber que a constit~iqão bem execu-
fornecer o dinheiro preciso para as despezas feitas
e con a par 1cu ar o ex-1mpera or.
Do mesmo ministro acompanhando uma repre-
sentação e proposta de alguns accionistas do
extincto banco do Brazil.
impostos um projecto para augmento dos direitos fazerem notaveis; e por outra de sujeitos illu-
de consumo da aguardente , e para.· ·maiores didos, que considerando estas pessoas de alguma
direitos sobre vinhos e carnes ~e vacca, mandado importancia, e sendo ávidos de opinião publica
correm atraz jella uando assim nunca a en-
contrão, nem verdadeiramente a conseguem. Eis
o que penso a respeito da reforma da constitui-
ORDEM DO DIA
.. ção donde tiraria a consequencía de negar toda
e qualquer reforma da constituição, se nós ti-
vessemos de a r9alísar desde já; mas como não
fazemos senão autorisar a legislatura que nos
ha de succeder para esta reforma, vão correndo
os tempos, e os que forem eleitos melhor co-
nheceráõ a opinião publica, e poderáõ usar da
autoridade que está em nossas mãos conceder-lhes
na conformidade dn constituição, para lhe accres-
centar, alterar_ ou ~o.dificar aquelles artigos que
e entrou em discussão a questão de ordem quai reforme, não devsndo nós comtudo' fixar o modo
ou quaes das propostas sobre reformas da con- porque se ha de verificar esta reforma.
stituição deveráõ ter a preferencia para entrarem Quanto a mim, entendo que nós não podemos
em discussão. autorisar senão para alterar ou reformar algum
artigo, e não para supprimir ou extinguir; e
O SR. REZENDE disse q•le a não lhe obstar a muito menos para eliminar capítulos da consti-
falta de tempo e mesmo alguns princípios que tuição, e addicionar outros, como se faz em al·
lhe profess11va, a respeito da reforma da consti- guns projectos.
tuição preferia a proposta da commissão especial ;
porém que era muito longa e gastaria muito Reformar uma cousa é melhorai-a, dar-lhe nova
tempo na discussão, além de que elle orador não feição, mas não obrar de fôrma que fique ex·
julgava que a camara tivesse autoridade de in- tincta.
sinuar que a constituição fosse reformada desta A constituição diz que admitte a reforma a
ou daquella maneira, porque então seria feita a respeito de alguns dos artigos da mesma con-
reforma pela camara actual, quando a constitui- stituição, porém como póde isto estender-se a
ção ordenava que a conhecer-se quatro annos capítulos inteiros? A constituição providenciou,
depois da constituição jurada, que alguns dos para que se fosse melhorando, segundo as cir·
seus artigos merecia reforma, se faria a proposi- cumstancias exigissem, mas providencias para
ção por escripto, a qual seria lida por tres vezes melhoramento, não se podem transtornar em
e d~p.ois _de vencida a reforu:.a do artigo, ~e ex- meios de an~q~il~ção. Se excedermos a faculdade
,
dos deputados para a seguinte legislatura, que o fim que ella terá e que é da ordem natural
nas procurações lhes confil•âo especial faculdade das causas. Sirva-nos de exemplos o que acon·
para a pretendida aZte1·açlio ou reforma ; além tece nas outras nações. As nações que se têm
de que não achava conveniente que passasse uma feito felizes nté agora têm respeitado as suas
proposta, na qual se queria que a reforma se leis fundamentaes de um modo mesmo que póde
:fizesse no sentido federal, em razão de que a chamar-se supersticioso.
coroara não podia proceder ussim, e assumir um As outras nações quo têm feito uma consti·
dire~to que não tinha, e que só pertencia á nação. tuição primeiro, e depois outra, que fazem sue-
Lembrou quando Carlos X publicára o decreto ceder por outras progressivamente têm acabado
sobre a independencia do Haiti, se dissera então por não ter constituição. Isto tem açontecido
'!ue aquelle e&tado havia recebiqq 130berania dada çom as nações limitrophes que se achão elevas-
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:08 - Página 2 de 9
cousa, pvr(t.<e não tem sido executada? Nem o attenção que a mataria exigia, antes pensava que
exemplo de outras nações, nem o bom senso, todos assim havião feito, pois não era assumpto
nem o respeito que devemos ter á lei funda- para tratar-se de improviso, mas geralmente fal-
mental nos acon~.lhão que entremos em reformas, lando, quando se dizia que um trabalho fóra
e reformas destructivas. Portanto debaixo da executado por uma commissão da casa, vinha
hypothese de não ser a reforma feita já, mas associada a idéa de que ella reflactio e gastou
depois, só admrtto que 11e possa reformar ou al- tempo, havendo maior probabilidade de per-
terar algum artigo, como a mesma constituição feição.
admitte, e nesta mesma conformidade não approvo Quant'l ao exemplo produzido do decreto de
que sejão prescriptaEt por nós as alterações que Carlos X, não tinha peso, não só porque não se
devem ter os artigos alterados ; porque então era- tratava de dar soberania, como porque referindo-se
mos nos ue fazíamos a reforma e a le isla ão .. - - t
futura uão faria mais do que sanccional-a. não podia tal decisão ter lugar neste debate,
Eu convenho em que a ~·~forma dê logo uma cujo fim era ver qual das propostas devia ser
idéa de qual seja a reforma, até para que sejamos preferida, e não o rejeit11r ou approvar alguma,
convidados a votar sobre ella; concordo nisto visto ue as outras dev riã s r d ·
mas o acre o que passar não ha de dizer a depois.
maneira como se ha de verificar a reforma, e só Entendeu que havia contradicção em considerar
deve determinar que os eleitores antorisem os anti·constilueional a proposta, e não querer que
deputados para a legislatura futura a reformar alia fossa discutida primeiro, pois isto era motivo
tal artigo da constituição ; porque esta diz ((na bastante para ter a preferencia, afim de que,
qual (lei) se ordenará aos eleitores dos depu- entrando já em discussão e conhecendo-se os seus
tados para a seguinte legislatnra, que nas pro- defeitos e inconstitucionalidade, fosse desprezada
curações lhes confirão espacial faculdade para a in limine; porque ficarem objectos inconstitucio-
pretendida alteração ou reforma. » (Art. 176.) naes em mortuorio, e suRpensa a opinião. a tal
Quanto a mim assento que nestes artigos da con- respeito, não sra das melhores causas.
stitui-tão o que será conveniente que se reforme Accrescentou que a proposta da commissão
é o artigo da nomeação da regencia; porque com abrangia todos os objectos desde o primeiro até
effeito a esperança na execução do ~ 2• do artigo o ultimo dos artigos que podia ser reformado ; e
15 mostrou que é um máo encargo para a as- proseguio:
sembléa geral o de nomear os membros da regencia Ora, o que queremos nós fazer com esta dis-
(apoiados) ; e que é inconveniente que estes mem- cussão da reforma da constituição ? E' provar á
bros da regencia sejão tres (apoiados); e por isso nação que zelosos pela sua prosperidade e inte-
quero reforma do artigo. Outro artigo que a resse, não nos esquecemos de rever a constituição
experiencia mostra conveniente reformar, é o para descobrir se entre seus artigos havia algum
artigo ue trat!l ?as attribuições dos consel~?-os reformavel (creio que forão est~s _as vistas da
pelo lado da larguesa pôde ir 'ao infinito e enten- videnciar de melhor fôrma suas ne-
dido estrictamente. pôde aniquilar estes conselhos, cessidades.
por isso proponho estas duas reformas, e não Mostremos á nação que vamos discutir um pro-
me lembro de outro artigo algum que deva ser jacto que envolve todos os outros, e o zelo de
retormado ; o mais fique entregue ao espírito da que estamos animados para em nada discrepa~:mos
cam.ara, e desde já .fica conhecido.· qu.al . será o daquillo que ella nos incumbe se fará.. patente, ..
meu 'voto quando se tratar da materi'a. Infelizmente quer rejeitemo's a ·maioria ou.. todos os 'artigos· ·
já não estarei aqui. discut.idos um por um, com o interesse e afinco
Nesta conformidade mando uma emenda á que cada um dos Srs. deputados e todos juntos
mesa. tratão de mostrar em occasiões tão solemnas como
0 Sa, 'MO~TEZUMA disse que a questão era de em discussões desta ordem, quer seja rejeitado
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:08 - Página 3 de 9
'
seu modo de ver, não poderião fazer-se' as reformas que erão seduzidos agora pela força magica da
da maneira proposta pela com missão, acontecendo reforma, vendo que não era praticavel em ra?:ão
como quando se concedia qualquer revista de uma de que o debate, artigo por artigo, levaria 3
sentença, porquanto alguns entendião que po.r ou 4 annos ; porquanto, tendo·se,gasto 3 annos
este facto a sentflnça estava reformada, e o juiz em discutir a constituição de França, esta cus-
da revista era obrigado a reconhecer que houvera taria ainda mais tempo, e &.ssim muito demoradas
nullidade ; e assim se a camara dissesse ((a serião as reformas que uma parte' dos cidadãos
reforma da constituição seja federal,» não ficaria reclamava, mas não a nação, a qual como elle .
á legislatura futura nenhum direito de reforma orador já tinha dito, queria uma constituição
de outro modo, podendo para este caso applicar·se que se cumprisse e·se. guardQ"sse, e esperava os
o dito do Sr. deputado «que o Brazil não reclamava maiores beneficios e bençãos da observancia exacta
a reforma orém ue ia a execu ã ·. nstitui - e niio d entidades latonicas
tuição : >> porque me11mo se fosse este o voto que occupaviio as cabeças de algumas· pessoas
nacional, a legislatura seguinte ficaria obrigada interessadas nestas reformas ; que 11 querer a
a· reformar a cont:~tituição marcando-se-lhe desde camara attender a estes desejos de reforma, a
já a maneira como hão de ser feitas taes reformas ro osta era muito lon a e não adia ser decidida
quan o alvez a i a legislatura possa entender senão daqui a muitos annos, ao mesmo tempo
que taes reformas não são reclamadãs pela nação, que se pretendia que para a legislatura futura os
ou niio devem fazer-se pela maneira que tivttr deputados viessem já autorísados para proceder
decretado a presente législatura. á dita refotma; e se a~ camare. niio tratava
Lembrou os clamores que se haviiio levantado deste objecto para que a reforma tivesse I ugar
contra o procedimentn da assembléa de França na legislatura seguinte, ia·se gastar t11mpo na
por acclamar r~uiz Felíppe sem consultar á nação discussão desta proposta, e podia attribuir·se á
para provar a necessidade de ouvir a opinião dos camara má fé e vontade de illudir a expectativa
constituintes e de deixar depois disso á legislatura de uma parte da nação que clamava pela reforma,
futura o fazer as reformas que a nação exigir. e portanto ambas as razões em que se fundara o
Sr. Montezuma milítavão pela exclusão da pro·
Declarou que insistia nisto, levado mais pelos posta da coltlm issão.
se~timentos do coração, do que pelas regras e
prmcipios de theoria, sendo bem conhecidos os Conveio na necessidade de ouvir a opinião
principias que sustentara em 1824; ·mas estava publica, a qual comtudo só podia ser bem expli-
convencido que nenhuma nação pôde ser feliz, cada pela legislatura futura ; porque ,se a nação
sem que se reformasse nella um espirito publico e eleger os deputados que forem desta reforma,
constitucional para q~te se habituasse aos prin- claro estava que a nação a desejava, e no caso
cipias constitucionaes como na Inglaterra, onde só contrario se tirava conclusão inversa ; sendo
se governava hoje mais por este hflbito, do que este meio das eleições o melhor que podião
por ~ms verdadeira constituição ; motivo porque excogitar os publicistas, afim de co!l~~cer-s~ qual
e aJa a que o ecre o passasse e m1wem1 que
a constitu.ição pudesse ser reformada no menor mórmente a respeito de reformas, como se tinha'
tempo po10sivel. visto na Inglaterra ; pois os eleitores que partiiio
Fez ver que concorrêra quanto pôde pela sua das massas tinhão de necessidade conhecido bem
parte, para que a constituição presente não fosse as opiniões e nec~ssidades da nação, e erão elles
feita COitlo se fez, porém fosse discutida antes de que as havião de declarar, servindo-lhes tambem
jurada, afim de não se estar revolvendo depois como de auxilio as opiniões enunciadas por toda
todos os dias, o que era conforme á vontade de a especie de papeis publicas, memoria.s, opuscu-
.srande parte do Brazil naquella época, que dese- los, etc .
Java que a obra se melhorasse emquanto havia Advertia que o seu voto para não se preferir a
tempo ; isto é emquanto não havia obrigação proposta. da commissão, se estendia tambem á
imposta, mas hoje que o Brazil tinha adaptado tnd1caçiio o:fferecida pelo Sr. Henriques de Rezende,
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:08 - Página 4 de 9
ti~ulo 4o da. constituição, dizendo não só que soria com madureza, reflexão e metho o ; acerescendo,
felta a reforma .no sentido federal, se a proxima quo obrongiá' tmlus as rerormns propostas separa-
legis_l!\tu~a o j~lgasse util e necessatio, moi! quo
dnmento pelos SrH. depntados, os quaes na in-
{
, H • ·-
tribuiçoes legislativas e inteiras nas respoctivu~ embnrgo dis11o, por nmor proprio.
pro'lrincias, até mesmo para impór-se 1>, com o O Sn. FmnnmmA. DA VEWA disse que seguiria
que se atacavão não só as nttribuiçõos da ns- o oplnilto do Sr. Montezuma para que se prefe-
sembléa geral, rnna os do poder tnodorador; o rlsso o trabalho do commissito, a qual sendo um
desta maneira se abal'IVa toda a macbina social, o compondlo, como so lho podia chamar, e tend•1
se reformava a constituição em todas as suas proposto ns rorormns porque o nação clamava,
partes mais vitaes. devli1 ser tomado entro mãos para se examinar,
Declarou que a proposta mandada por elle á estando ello oradol' persuadido que muitos Srs.
n:~sa era a mesma que tinha passado por t1·es deputados e o o moamo Sr. Reboucas não havião
leituras como a constituição ordenava e fazia entendido o Sr. Montezuma emquanto a que·
:Parte do projecto da íllustre commissão, s8 com rer que entrassem em discussão primeiro os
alguma mudança de redacção, para que admittida trabalhos da commissão, afim de serem. logo
a ·necessidade da reforma dos dous artigos, fosse approvados ou reprovados, pois estas expressõos
tomada em consideração na discussão que se significavão que o dito senhor tinha em vista
seguir, no caso de não se tratar della já. opprovar umas cousas, e reprovar outras : que
Concluio, mostrando que a sua proposta era o estado da opinião e o juizo da· coroara depois
concebida com pequenas excepções da maneira de terem decorrido dous ou tres mezes desde a
que prescrevia a constituição hespanhola de 1812 época em que se tratou da questão tornarjão
e a de França de 1791. muito facil a discussão, e farião com que não
os. se com licasse tanto com a ontec u · -
própondo no seu projecto, que a regencia cons- sobre a melhoramento do meio circulatite, pois
tasse de um membro só, incorrera ·no mesmo no caso contrario seria muito triste a posição
defeito que tinha reprovado. da camara por se manifestar . que os Srs. deputa-
dos não fixa vão suas idêas, sobre tiS . questões
O Sa. REBouQA.s respondeu que tinha indicado agitadas na camara nem attendião á necessidade de
a !Daneira como se liavia de fazer a reforma, reformar o mais promptamente possível aquelles
umcamente para explicar a convénie!lcia della, pontos, por cuja reforma a opinião publica se
para que se entendesse melhor, como tinha de- l:Javia · pl'onunciado ; deixandQ elles ·não só de
clarado na occasião em que apresentou a proposta. approvar ·as reforniás que estivessem perfeita-
. O Sa. CARNEIRo DA CUNHA. representou que era mente neste 'caso, mas vacillando (na occa:sião ·em
conhecido, tanto o desejo, ·como a necessidade que .'se tre.ta;e. de proferir um dos projectos offe-
da reforma da constituição presente ; á qual os reci'dos) sobre a intelligencia 'dos artiglls 17~ a
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a minha opinião, que a constituição mente nos negocias publicas), " se não cabirmos
excellente, e no meio das differentes torno a dizer, nos males que impedem sobre nós
o Brazil tem passado, conservo·me pe~as ex!?re~s.ões destes mesmos Srs. deputados,
o inião: · · · - · OIS O VI • .
por política, mas por convi'cção e por affecto a esta reforma, e que perigará a causa pubiica
aos mteresses da patria, não vejo por agora se ella não se fizer. Talvez as nossas causas
que ella tenha necessidade de reforma, ao menos políticas estejiio já no estado de nii" haver força
de tantas reformas como se inculca e se affirma de sustentar este grande movimento mechanico,
que a o!?iniã? publica exige, que está pondo em perigo a conservação da
Demms digo que não conheço esta opinião ordem política do Brazil. Se assim fór, nem que
apezar de quo se allega 43ncontrar-se nas folhas~ façamos a. ref~rma, nem que façamos quantos
publicas, nas representações das camaras muni· autos de fe qmzermos podemos dar remedio; mas
cipa~s e do~ conselhos geraes, nas correspon- se achamos ainda a constituição boa, se é com-
denctas parttculares, etc., antes insisto em que patível ainda com a felicidade do. Brazil, se ainda
segundo a minha fraca esphera de relações a !la remedio pela constituição, toca-nos influir para.
nação brazileira não reclama esta serie de efo r ' que estejiio á testa dos negocios publicas e~soas
e un o se a la. possão conc1 rar o esptn o da constituição
Eu devo porém declarar que entendo a con- com as necessidades publicas ; ·então façamos
esforço~ para isto, mas deixemos estas grandes
stituição mui díversamentA de alguns senhores,
o mesmo do que a têm entendido os le i,;ladores questões de raforma, qtte segundo a discussão
·• eu raco mo o e ver se a constitui- · · ·, - ei como s~ 1a. e p r
çiio fosse entendida segundo o seu espírito e votação, não sei mesmo o que !lavemos de esperar
applicl\(la ao imporia do Brazil, ella não te'rifl em mez e meio de prorogação. Prorogar .de novo
tuntos. detractores, nem haveria tanta gente que a sessão? Qli8tn sabe se isto aggravará nossos
a desoJa~so reformar. A constituição não póde jul- m!lles? Entrar na discussão de mataria tão im-
gnr-80 all1dn carecer de reforma, porque não tem portante G complicada quando não fizomos aind~
sido ~oHta em pratica e ~s leis reguh1mentares qutJ o nosso orçamento? Eu confesso quo supporia
a ?evu'io pór em oxecuçao e andamento, tem sido muito feliz a camara so no fim de mez e meio
foltns fóm do sentido da constituição. Não temos pnssasse a lei de orçamento; a neces>idnde que
ainda tido um ministerio no sentido da con- temos desta lei é talvez a primeirn, sem olla
stltuiç!'io 11 O espírito de reforma que se tem não póde marchar a constituição nem us nossas
introduzido não nasce do Brazil, vem do nordeste instituições.
ou norte, que tanto mal nos faz. Portanto entendo que por meio de boas leis
_A Europa reclama reformas, e o Brazil que ainda podíamos harmonisar a constituição com as ne-
nao assentou as bases da grande revolução de sua cessidades da na.;ão e com o espírito da asso·
i~dependencia política, já quer imitar a Europa e ciação brazileíra. Eu já mostrei como entendia,
dizer- vamos á reforma. Note-se quaes são as in· que podia ser . remediada uma neces;ldade por
stituições europeas e a applicação que podem ter uma Jei de eleições. Um Sr. deputado fallou no
na America, e vejão se as reformas na Europa mesmo sentido, expr1mindo pouco mais ou menos
as minhas idéas. Qualquer desharmonia que haja
podem ser applícaveis ao Brazil. Mais de um tacto,
mais de umn 'n · · .- - -
a desgraça do BraziL (Apoiados.) Comparemos o verdadeira, póde ser remediada pela legislatura
nosso estado com o dessa nação, que tanto reclama actuat com um aperfeiçoamento na lei das elei·
a reforma. Se fosse inglez eu seria euthusl"asta ções.
da reforma. Por' ventura esta nação, que póde cha- Mas falla-se no tribunal supremo de justiça
mar-se nação de heróes patriotas, quer deitar por que se acha em anomalia com a constituição,
terra as suas institui~ões? Não, senhores, ella quer quando eu julgo que a anomalia consiste em se
melhorar as suas eleições, quer constituir ou orga· fazerem dependentes deste tribunal as causas mais
nisar o poder legislativo segundo as bases da insignificantes. Diz a constituição, art. 163 :<<Naca-
nacionalidade. Eis todas as reformas que a Ingla· pitnl do imperio, além da relação que deve existir,
terra reclama e que se rendessem a fazer com que assim como nas demais provinci11s, haverá tambem
os representantes do povo representem juntamente um tribunal com a denominação de tribunal supremo
a vontade nacional. Isto é o quo faz tanta bulha e da justiç11, composto de juizes letrados tirados
que nos induz n presumir que toda a nossa das relações por suas antiguidades, etc., » e no
constituição precisa de ser reformada quando, art. 164 confere ao dito tribunal o negar ou
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Tambem muita gente diz que a inviolabilidade e defensor perpetuo ?-Quem a deu? Foi um floreado I
congraçiio da pessoa do monarcha ...é anomalia; -Assim se poderia chamar cacique, regente, im-
a minha capamdade não é das mais sublimes, perador, etc. A questão é sobre as attribuições.
mas acho que isto é uma instituição sublimis- -As attribuições· que tem o monarcha pela consti-
sima e a comprehendo bem. Nunca me achei tuição não são contra as vantagens da sociedade
em dítli.culdade quanto á inviolabilidade do mo- nem contra os interesses d<' Brazil.
narcha por motivo de execução da sua vontade. E' verdade que a nomeação dos bispos e auto-
Como a execução do acto de um poder depende ridades ecclesiasticas deve ser popular, mas nota·se
da mi'i.o de outro poder, sempre considerei e con- que osta attribuição é do poder executivo e não
sidero ainda a inviolabilidade do monarcha boa do moderador.-A religião não pôde ser prescripta
para a felicidade publica; porém esta in viola- pela sociedade, mas pela crença de cada indi·
bilidade nunca tira a responsabilidade dos agentes viduo, portanto os ministros da religião devem
de c:utro poder, visto que o monarcha nunca é ser escolhidos pelos que proÍessão a mesma reli-
agente do poder, e que para se exP.cutar qualquer gião (apoiados), porque o perigo vai nisto, e é
acto é preciso que seja referendado por ministro nisto que as instituições reclamào reforma; é na
ou pessoa responsavel. Dir-me-hão talvez que nomeação dos empregados, a qual pertence ao
existia influencia- do momlrcha, mas o que im- executivo, como a dos bispos, das autoridades
portava isto 'I Existia esta influencia para com ecclesiasticas, e dos magistrados (art.102 ~~2° e 3°).
os prevarica.dores que querião condescender com Porém repare-se que os magistrados não são os
o monarcha para que este C'Jn~escendesse co!U que julgão as cousJs; quem as julgão são 08
j ra s. ue receto po1s a os magts ra os
responsaveis os agentes do poder e ;er-se·ha Não-vemos nós a Inglaterra, cuia magistratura
quanto é compatível a inviolabilidade do monarcha é respeitavel? A da França, cuja instituição parece
com a felicidade da nação. O monarcha reune o ainda mais respeitava!, a ponto de que o monarcha
poder moderador ao exercício de chefe do poder tendo chegado a eorromper a mesma legislatura.
executivo. Para exercer o poder moderador é não conseguia corromper os magistrados? Qual
necessario a concurrencia dos votos dos conse- é o nosso mal? E' de serem nomeados pelo go-
lheiros de estado e quando um acto fór preju- verno os magistrados, ou de não ter a consti-
dicial á nação, ella tem classificado certos actos tuição sido executada? O nosso mal não provém
do poder moderador, cuja. responsabilidade rocahe da constituição, mas da sua fa\tl\ de ox.ecuçiio.
sobre os ministros de estado e tnmbem sobre o8 Apezar do turlo o quo tenho exposto Acerca
conselheiros de estado. Eis a verdadeira intel- dnR nossas instituiçõtJs e dos sentimentos do
ligencia da constítuiçílo. E!s como é compatlvel respeito o de veneraQão do quo mo acho posauldo
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:08 - Página 9 de 9
derão esta confianca ; não. Devem nomear as pequenas cJousas; e pur isso a opinião ddle
peseoas nas quaes depositem semelhante confiança. orador era que este tribunal devia ser reformado,
A prudencia reclama tambem que se faça a organisando-se um na côrte e tambem nas pro-
reforma em algum artigo só, aliás não teremos víncias de diverso modo, o que se podia fazer
tempo e então só faremos exasperar mais os na mesma reforma.
espíritos, talvez não muito inclinados a respeitar Advertia que o Sr. Hollanda não tocára no
a ordem. Vejamos pois a idéa m•lis simples para senado, a cuja organisação elle orador não podia
se adaptar e reformemos aquillo que fôr mais accommodar-se, porque nunca com ella. se con·
justamente reclamado nas circumstancias actuaes; formára, sendo este um dos artigos que não
no meu fraco entender parecia·me que em lugar quereria vê r na constituição, pois ·se devesse
dos tres regentes devia ser um só, porque eu fui ficar pela constituição o senado vitalício, antes
membro do poder executivo e todos os dias me preferiria que fosse hereditario; orém não que·
gura na 1magmaçao as scenas t<S con erenc1as rm nem uma cousa nem outra, por não ter o
do conselho de estado E- do conselho de ministros; Brazil o elerr.ento que existia na Europa, onde
e, sem embargo de se passarem na presença do a nobreza fôra causa de existir can~aras vita·
mo::archa, um só a quem se tinha tanto respeito licias. ·
- a 's v- on i·
tucional, vi então causas as quaes me fazião
pensar ás vezes que seis ministros era-muito
minis.tro-, dez conselheiros de estado-muito con-
. .
vatura deve continuar a servir-lhe de norma Emquanto aos negocios de Portugal, sabia uni-
dep0is de acai·ado o trafico; o que seria uma camente que os francezes tinhão batido as fortalezas
anomalia perfeita, indigna certamente de uma de S. Julião e deBelem, "HQS quae~ fizerão muitos
nação tão illustrada como a nação ingleza. estragus e cuja entrega exigião, a qual parecia
Em ultimo lugar desejaria que S. Ex. tivesse a ter·se effectuado, tendo- se retirado o infante, se·
bondade de nos explicar mais amplamente, quaes gundo se dizia, para Elvas com um corpo de po·
erão as intenções do governo a respeito da nossa licia.
pol.itica com os outros governos da America, Quanto ao caso do Cavallão, que ello ministro
entrando não só as nossas relações com os Es- se havia comportado com tode. a energia, mas não
tados-Uni!los da America do Norte, porém com reéebêra até agora decisão alguma. ·
todos os outros estados, ainda os mais pequenos. "Pelo que tocava ás presas da costa d'Africa que
Se me permittem pararei a ui ara continuar lo o ellas im ortavão em mais de 1 300:000 e ue o
que . x. 1~er esc arec1do camara sobre estes encarregalio de negocios em Londres havia feito
pontos que tomei a liberdade de lhe indicar, e as mais efficazes teclamações empregando quantos
farei então observaçõ, s sobre a resposta que e>forços estaviio da sua parte a favor deste negocio,
S. Ex. quizer dar, e sobre outros pontos do mas que infelizmente lord Aberdeen nenhuma
c 1 n o. respos a ra s notas que se e irigirão a tal
Algumas das perguntas por mim apontadas respeito, t> tendo mudado a face política da Europa;
talvez não possão obter resposta positiva já, mas o que fizera conceber algumas esperanças de bom
então S. Ex. a dará quando puder. exito para este negocio, não tinha acontecido assim
0 SR. MINISTRO (quanto foi possivel OUVi1·, pois a respos a o novo m1ms ro ra uma com-
pa1·ece que respondeu dcerca do primeiro ponto): pleta recusa, e Apezar de terem interposto suas
que não podia dizer-se a maneira como as po- appellações os nossos procuradores, fundados al-
. tencias tinhão recebido as noticias dos aconteci· guns em que as embarceções tomadas não tinhão
meu tos de 7 de Abril; tendo chegado apenas a escravos a bordo, outros por não estar com preto
communicação feita pelos ministro:; respectivos, o tribunal que tinha juliado as presas, pois devia
de que levarião a seus altos destinos as cartas ser composto de 2 commis~arios inglezes e 2 brazi·
de participação que a este respeito SCl lhes en· leiros, sendo muito difficil con~ervar lá dous brazi-
viarão, sendo na verdade ainda muito pouco o leiros por haver pouca gente que quizesse arrostar
tempo decorrido para que algum governo se com aquelle clima, de maneira que suppunba
tivesse já pronunciado sobre o conteúdo das terem sido as presas condemnadas sómente pelos
mesmas cartas. inglezes; e afinal pouco se podia contar com o
e eno neste ugar que recebera duas cartas
do marquez de Rezende depois de sua demissão
do lugar de ministro junto á côrte de Paris, uma
escripta de Chambon, outra de Londres, nas
quaes o raz11 ~era ra a o e um mo o pouco A' cerca de diplomaticos para os novos estados
decoroso. da America do Sul, fez ver que uão se podião
Quanto ao segundo ponto, declarou que o nosso mandar homens para alguns pontos da America,
encarreg•1d0 de negocias participava que se est'ava onde nem segurança pessoal tinhão, sendo impos-
apromp tando uma esquadra, cujo des~ino igno- sível em tal casQ tratar dos interesses da naçãa,
rava, aconselhando toda a circumspecçao e cau- poi~ até havia exemplo de insultos Mtos a um
tela, mas de uma fórma vaga; e que elle ministro diplomata brazileiro ; ponderou além disto a difil--
não tinha noticia de que tal esquadra se diri- culdade de enviar homen~ para o Mexioo que era
gisse para o Brazil. uma polencia tão remota, falta de communica~ões,
Quanto ao terceiro, que nada havia estipulado, e estando om guerra umas províncias com outras.
nãu tendo nós tratados a respeito do numero de Julgou necessar1o tor um aRente em Bolivia para'
vasos de guerra que porlião conservar·se nos tamlJem espreitar os movimentos do Paraguay, em
portos do Brazil; posto que .segundo acreditava raziio de estar em contacto aquelles dous estados
os tr.,tados com Portugal fixavão certo numero com a nossa fronteira de M:atto Grosso, mas havia ·
de navios de guerra: convinha portanto fazer grande difficuld.1do em apparecer alguem que fosse
alguma li:onvenção a este respeito vista a gravi- parn lá em razão da providencia dada ua lei do
vidade das circumstancias presentes, e a dispo· orçamento, para serem estes empregadós pagos
sição da Europa; que a Europa era forte physica immodiatamente pelo thesouro, providencia que
e moralmente, tanto pelas tropas e mater1aes, experimentava gravíssimos inconvenientes na pra·
ue. tinh!'- á s~a disposição, como pela grande ~uge tica u qut> tinha excitado o clamor g~ral dos ditos
. , a ser- ig os a azer saques
't·chegado ; e era natural por consequencia, que sobro t• thesouro, com gr.~~ove prejuízo da fazenda e
.Quizesse usar das forças e . meios que tinha, ín- com quebra da dignidade delles, pois que até o
fl.ui11do sobre as outras, como era lei geral, cons· encarregado dos ne.gocios em Londres, praça que
tando mesmo de uma correspondencia pas~ada tem ::ommercio tãú grande como o Brazil, encon-
que as potencins europeas tinhão tal ou qual trava difficuldade em achar quem lhe quizesse
intenção de pacificar como dizião as differen tes aceitar uma letra pelo seu ordenado, sendo por·
'nações da Ame rica; e era patente a todos por tanto necessario adoptar-se a emenda que propu-
experiencia, apezar do principio tão propagado de nha para que taes pagamentos se fizessem por
não intervenção, 1JS passus que se naviào dado intermedio de uma casa de commercio na Europa
a respeito da Grecia, mesmo na Europa, affir· para ':" qual o governo reme~ta os fundos ne·
maudo sempre que não querião intrometter-sa cessanos. . '· ··
naquelles negoclos ; que seria bom conseguinta- Concluio com algumasôhsarvações a respeito da
JnGllte determinar·se o numero de vasos que necessidade de providenciar :~obre o pagam~nto
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:09 - Página 4 de 11
de ser sustentada.
Quanto á segunda resposta, não me satisfez
em tudo: disse S. Ex. que não sabia se havia
esquadra destinada ao Brazil, mas não exprimia
categoricamente que os encarregados em França
e na Inglaterra, cujos governos, !legundo ~e d~,
mandão taes esquadras a:ffirmarao ou de1xarao
do affirmar que as ditas esquadras não vinhão.
S. Ex:. não nos disse igualmente, ~e no caso de
ser a:ffirmativa a resposta desses agentes diplo-
mllticos, elles não informarão alguma cousa so·
bre as intenções com que são mRndadas estas
esqua ras.
de Portugal, os membros do parlamento tan- Quanto ao que disse ácercn da força naval que
tas vezes fizerão indicações sobre tal assumpto pó de permanecer nos portos do Brazil, eu quizera
que este governo forte e ~nergico nada fez directa- saber isto muito categoricamente; eu estou en-
. . . . x. q o
D. Mi~uel ; trabalhou sim, quanto pôde contra a esta !orça permanente estrangeira; pois ó claro
a ilha Terceira, mas nem por isso se atreveu a que nenhuma uaçiio tem direito de conservar em
reconhecer D. Miguel: o mesmo aconteceu com um porto estrani(eiro, maior força do que aquella
o minisLerio anti-nacional da :França que desejando que é essencialmente necessnrin para defezn e
fazer todo o mal á causa da Grecia, toi obriga.:lo a soccorro dos navios, que podem navegar nas
conceder que se fizessem subscripções a favor dos mesn1as aguas ; a respeito disto lembrarei a con·
gregos, e ainda mais, que fossllm militaras frall- ducta de lord Wclliugton t\corcn dos emigrados
cezes combatar a favor de uma nação tão antiga e portuguezes quo se acliavão am Plimouth, o caso
heroica. não é identico, mas n razi'ío ó n mesma que devo
O mr,smo governo austrlaco foi tambem obrigado servir de fundamouto á !oi quo fizemos soJ:l!e
_a ceder até certos pontos á opinião publica a este objecto; poquanto disso quo nilo podmo
respe~to da Italia. existir alli tnntos sol<.lados portugnezes dis()ipli·
Se pois na Europa os governos se dirigem pela nados, bem que. estivessem desarmados, porque
opinião publica, uma vez que ella se declare por não era da dignidade da nação ingleza, nem da
qualquer modo, podiamos prever, se não com eviden- politica do gabinete de S. James, quo uma força
cia ao menos com grand11 .!Jrobabilidade qual a ma- tamanha como aquella estivesse reunida em um
neira como as<côrtes europeas possão olhar as cousns só ponto da Grã-Bretanha. Ora, se isto_ so. dlz!a
do Brazil ; S. Ex. porém não disse nada sobre isto. a respeito de homens desarmados, que nuo tmhao
E' verdade que ainda ha muito pouco tempo, mas apoio no universo para assim me bX:pllcar, quo
na Europa conceituão-se os randes ne ocios lo o não tinhão atria senão uo coração faltos de
que apparecem, porque sao tantos os vehiculos recursos, que não constituao mesmo u~ gran . e
pelos quaes se mani~sta a opinião publica que numero em comparação da força do pa1z em que
se conhece logo. Póde mudar a opinião publica se acha vão, não teremos nós direito ~e dizer·que
mas eu trato sómente da opinião exprimida logo não podemos permittir em nossos portos a con·
rio momento da chegada do ex-imperador. servação de uma força tão grande, mas'sómeute
Tenho a pedir esclarecimentos sobre outros factos, um certo numeto de vasos? Não é isto expresso
não o a:ffirmo, porque como é que um membro no direito das gente~ 'l Eu j~lgo Il!esmo que ~ara
da camara dos deputados póde saber o que acon- isto niit> era necessar1a uma lei, e nao posso de1xar
tece na Europa, e desgraçadamente um membro de ver neste objecto alguma negligenc!a, por não
da opposição que não póde fallar com os mem- ter feito ou insinuado esta declaraçao aos en-
bros . da admY.!~stração, com os quaes ~em a carregados de negocias aqui r~sidentes. _
honra de viver • rosto a rosto e commumcar de Disstl S. Ex., que as naçoes europe.as erao
banco a banco; uomo acontece nas assembléas inclinadas a intervir nos negocias domestlcos C!_as
da Europa, e que portanto nada conhece de as- outras nações, e muito especialmente das naçoes
TOMO 2 19
•, .. ·,.,
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:09 - Página 5 de 11
americanas; e fallàndo, ·de Portugal, penso_ que Era :~ne que havia de tratar negocios diploma-
S. Ex. referia o facto· de ter a esquadra entrado ticos;. •.mas nada fez, como disse o Sr. ministro,
em Lisboa, e D. Miguel· fugido para Elváii;~· e porque ·o-~ marquez de Sa~t() A~~ro nada era
a · cre· · · e · rimeir ··.. · ·····
pedi que S. Ex. dissesse se sa ia quaes são as
mtenções do governo francez, o que queria o
governo francez com isto '1. 'Se era fazer cabir
D. :Mi uel e restabelecer o overno de D. Maria l i
se havia entre a França e a Inglaterra alguma
convenção a este respeito ou se a não havia,
entrando a França só neste negocio, porque era
então de suppôr que a Inglaterra tendo guardado.
Portugal sempre debaixo da sua tutela, não per-
mittiria em tempo algum, que ficasse debaixo da
tutela da França. .
Se houvesse desconfiança ou razão de dissenção
entre um e outro gabinete, servir-nos-ia de muito
essa informação para tirarmos o corollario de
qual era a marcha que a administração devia
se ~ir, para evitar. todos os sinistros que podem
Disse S. Ex. que não restava esperança, tanto
ácerca das presas brazileiras, como a respeito
da dissolução da commissão d~ Serra Leôa'(posto
deixar de fazer uma pequena censura ' nesta oc· trata, seja nomeado ministro. Se não serve para
casião, se bem que respeitofla, porque em tudo aquella côrte vá para outra; mas cumpre que
os princípios de S. Ex. e a marcha da adminis· a nação não perca os bons servidores, e que os
tração me parecem dignos de elogio ; não poderei servidores como o marquez de Rezende e outras
todavia deixar de notar uma falta que tem havido fiquem no esquecimento quando não sejão pu-
talvez por pouco uso de negocios diplomaticos. nidos : se houver indulgencia para com. elles,
Todo o mundo sabe que na Europa e nos ga· fiquem embora perdoados ou impunes, mas des·
binetes não decidem as cousas sómente por sua appareção seus nomes da lista dos funccio:narios
justiça, mas affi.uem muito as pessoas que vão publicos. Póde parecer este modo de discorrer
tratar os negocios, não basta que tenhão saber, um pouco usurpador ou iutromettldo, póde oc·
é ne.::essario tambem que sejão revestidas de certa correr que falla!ld? ~u assim a respeito de um
cate oria. I
Não sabe a administração que estando a nação ção. Deus me acuda, e me livre de semelhante
brazileira costumada a tratar com embaixadores cousa : não quero de modo algum tomar sobre
e ministros, e tendo passado o principio de que mim essa responsabilidade, e no que tenho expostõ
na córte de Londres sa recisa de um ministro refiro-me ao ue disse o Sr. in! ·
_qy_e devia jã ter nomeado este ministro ? E por nada sei a semelhante respeito senão o que lhe
que não nomêa S. Ex., ministro ao encarregado ouvi. Não tenho o menor desejo de recommimdar
de negocias, se elle é digno como acaba de dizer? empregados ; porque, como hei de ter afilhados,
Eu entendo que nesta parte o governo não póde eu que me julgo excommungadci, e talve2: em-
ser livre de censura. Se a conducta daquelle pastado? I
funccionario é illibada, se é honrado, e as suas Tenho mais uma reflexão a fazer; consts.-me
notas são cheias de saber como acabou de affirmar que no tratado feito com a França, em um artigo
S. Ex., porque não merecerá elle passar a mi- se trata de cousas commerciaes, este artigo
nistro, em vez de ser encarregado de negocies ? não tem duração de mais de 6 aono,ll : talvez à'
Será. porque não tem o titulo de marquez, conde nação franceza procure cedo renovar esta dis·
ou visconde '1 Será porque não possue este pres· posição, ou obter de novo as vantagens que a
tlgio que serve só de encapotar a ignorancia e nação brazileira cede á. França : se assim fór,
encobrir a falta de merito? desejava que S. Ex. tomasse em vista que nós
Não merecerá este encarregado~de negocias que devemos ter tratados reciprocas com as potencias
tem annos e annos de serviços, que é talvez um que não tiverem colonias; e isto por uma razão
dos primeiros diplomatas do Brazil, que foi no- muito simples.
meado encarregado de negocias, desceu a secre- As nações que possuem colonia11,Jêm os mes·
-~ario de legação, e de~ois foi outra vez nomeado mos generos que nós temos, e pal'i protegerem
encarregado de negoctos para Londres em occa· suas colonias não admittem no seu mercado IJ
sião a mais critica, para sustentar causas muito
... - ;:1 •
nos_so café, ass_!:lcar!.. etc._ Estes _ge!J-eros da nossa
.
ell!Je/encarregado de negocios ' subir á alta
de sumo, nem na Inglaterra , nem na França ; ·
cslegoria · de ministro plenipotenciario junto a porque a França desejando proteger' as suas
côrte de Londres ou de qualquer outra côrte 'l colonias não quer receber de fôrma nenhuma do
Guardar~se-ha este lugar para algum marquez, bem Brazll os mesmos generos que ellas produzem.·
que ignorante, velho, e sem capacidade physica Houve grande difiiculdade em conseguir-se .da
ou moral 'l "' França que deixasse entrar o nosso assucar para
O marquez de Santo Amaro coberto de com- se refinar, e não sei se isso se conseguio da
mandas, chegou a Londres (bem que em Londres Inglaterra.
se olh~ para a categoria da personagem que A respeito de França creio que tenho certjlza
vai tratar de negocios politicos , exige-se certo de que se conseguia isto ; mas quando estive
merit.o intellectual): e o que aconteceu? E' que em Londres li que o governo· cto Brazil exigfa
foi para sua casa, e não só não visitou ninguem, isto da Inglaterra, mas não sei se o chegou a
mas ninguem o visitou ; e não appareceu na conseguir, S. Ex. nos informará sobre este ponto,
cOrte, nem foi aos menores cireulos diplomaticos. assim como sobre os meios de fazer com que a
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lei do orçamento do anno passado, nelle se diz que ao Sr. ministro que tivesse em vista, para que
os empregados diplomaticos a consulares saquem tenhamos em Londres, em França "' no norte da
letras sobre o thesouro; para mostrar quanto os Allemanha homens que nos indicas~ ;n o que por
diplomaticos soffrem com isto, basta considerar lá se passava, pois muitas vezes em uma pequena
que quem é pobre e vai negociar uma letra não côrte se sabia mais do que nas grandes por ser
merecendo a m~sma confiança que o ..homem do interesse daquellas o pôrem-se a salvo de
rico, ha de pagar tanto mais quanto o risco fôr qualquer sorpreza destas, porquanto disso dependia
maior. a sua conservação ; por essa razão acontecia muitas
E' o maior risco quando se contracta com um vezes que os agentes das pequenas côrtes da
homem que tem privilegias do que com outro que Europa sabião mais da política tenebrosa das
os não tem; os membros do corpo diplomatico grandes potencias, principalmente de uma sobre
nas na ões estran eiras têm o rivile io de não a ual convinha ter olho muito vivo or ue a
po eram ser presos por lVI as, e por isso pagão sua tão proclamada-não intervenção-não pas-
mais interess.e a quem lhe aceita uma letra, etc. sava de uma chimera, pois talvez quizesse fazer
Demais, póde um agente diplomatico ter sido desgraçado ·o nosso bello paiz, excitando nelle
·· demittido, e dizer o thesouro que não paga a commoções e desordens internas para seus fins
e ra, e c, occu os; porquan o, se to os os omens e pro-
Outra consideração ha de maior força ainda, e bidade preferião a boa fé ao interesse não sue-
é que esta meditl.a obriga os agentes diploma- cedia assim aos gabinetes que erão sómente
ticos a irem mendigar estas letras do corpo movidos pelo interesse; seguindo-se daqui que
mercantil, fazer zumbaias, descer finalmente de todo o diplomata que partir de princípios baseados
certo caracter de um agente diplol"1atico. Não t~a fé das nações se.,havia de achar illudido;
ganhamos nada por uma parte e perdemos muito Declarou que podia estar enganado, mas diria
por outra. Podemos negociar com uma casa forte francamente que lhe constava mais que se urdia
para que mande dar os fundos aos diplomaticos uma liga entre Corrientes, Entre-Rios, e a nova
e consules para serem pagos dos seus orde- republica do Uruguay, para corromper o espírito
nados. . dos habitantes do Rio Grande do Sul, afim de
·'Assim a emenda deve passar. se reunir a província áquelles estados, e constava
mais ao nobre orador que esta liga ia muito
O SR. ANDRADA E SrLvA disse que nas actuaes adiantada, razão porque lembrava ao Sr. ministro
.circumstancias em que se achava o nosso paiz, a necessidade de termos homens capazes em
julgava ser uma das cousas mais importantes Montevidéo e Buenos-Ayres. .
para a sua tranquillidade e prosperidade, que a Tambem julgou necessario que t'ivessemos um
· repartição dos negocios estrangeiros tivesse homens diplomatico habil na America do Norte, e con-
abalisados em algumas partes da Europa, que cordando com o Sr. Montezuma na parte do seu
. . -
entretenhão relações, ainda que não sejã.9 offi- discurRc. e~ que affirmá~a que ~ gabin_ete dos
afim de saberem das disposições da Europa sobre seiro do mundo, avançou que era innegavel
cousas que nos pudessem dizer respeito, princi- possuir diplomatas da maior capacidade, princi-
palmente depois da abdicação do ex-imperador e palmente para a política da Europ11. .
de sua ·chegada á França e Inglaterra, pois Outro ponto em que consi~erava tambem neces- _
constava ao nobre orador que de longo tempo saria a residencia de um emissario nosso habiL.
existia na Europa um club debaixo da denomi· era o de Bolívia, podendo esse homem ter relaÇõe~
nação d1-hispano-luso-o qual ha longo tempo no Perú, pois convinha muito vigiar .a impor.,.
tambem trabalhava por arrancar daqui o ex-im- tantissima província de Matto-Grosso, .pa~a ,,que •·
peradúr e destruir a tranquillidade interna e a não houvesse de reunir-se á Bolívia, como e1le.
ordem deste paiz ; e que com o fim de levar orador receiava á vista de noticias qu~''.tinhâ.• ·' .
D. Pedro de Alcantara a qualquer parte que Concluía pedindo ao Sr. ministro que .. puzesse
fosse fóra do Brazil, tinha figurado que convinha todo o cuidado, sobretudo nas circumstancias
a seus -planos políticos, que D. Pedro de Al· actuaes, na politica da E;uropa, .A,merica do· l;l~l
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não tinha receio de que tal plano se reaíisasse, como sobre o nosso systema monetario, arranjo de
apezar de ter igualmente ouvido a uma pessoa b~~.~- .
que tivera grandes relações •lom o ex-imperador Accrescentou que elle orador tinha con!Iecido
ue e . . . . ·- . pela nota do nuncio a ostolico e mais membros
sula, e de apoderar-se depois da província do o corpo tp omat1co em dias de Abril, que o
Pará, mas não considerava o ex-imperador dotado leme da boa ordem interna e externa do Brazil
dos talentos, constancia e poder necessarios para estava nas mãos do Sr. ministro dos negocias
desempenhar este plano, ou para conservar a seu estrangAiros.
lado pessoa capaz disso, Entre outras reflexões affirmou que não existia
Insistia depois sobre a necessidade de economia só o projecto do club-luso-hispano-, de que
pelas razões constantes de seu primeiro discurso ; fallára ct Sr. Andrada e Silva, mas outro mais
e emquanto ao receio de aggressão externa, formidavel, como acharia quem lesse c!Jm attenção
lembrou que muitas vezes grandes males trazem as notas de 7 ds Abril, que contrasta-vão com a
comsigo beneficios correspondentes, como tinha singeleza e procedimento pacifico dos ministros dos
acoutecido no Mexico, onde achando·se muito Estados-Unidos, e da Columbia e dos dois con-
ateados os partidos oliticos lo o ue constou a soles da America Meridional.
c 1ega a as orças espanholas para hostilisar posta á mesma nota, que não se tratava de segurar
e conquistar o paiz, contando com a divisão o estabelecimento de Gongo Socco, nem de destruir
intestina, acabárão as questões politicas, todos trata~os, nem de estabelecer uma anarchia ficti~Ia
os cidadãos se reunirão e derrotárão completa·
men e as 1 as orças; aJUn ou que nao quena mos ao pag::\mento das presas, etc.
comtudo dizer que o Sr. ministro não tivesse todo Continuou a fallar mais algum tempo, mas foi
o cuidado que se lhe recommendára em vigias impossível percebei-o.
sobre as tramas que possão fazer-se contra nós,
pois era do maior interesse que estivessemos O Sa. HoLLANDA disse que apezar de tudo quanto
scientes das intenções da Europa, cuja guerra tinha ouvido sobre os princípios da diplomacia
todavia confessava não receiar pelo seu estado europea, e sobre a necessidade de termos homens
político, e tambem nada temia da parte do ex- de pulso e talento nos diversos estados, para
imperador, ainda quando chegasse a alcan.;ar a que o Brazil ficasse em segurança, não podia dei-
fortuna de entrar em Portugal, que seria o mais xar de declarar que pensava de um modo intei·
que poderia fazer ; accrescendo que os emigrados ramente diverso, parecendo-lhe que as relações
não estavão de muito boa fé para com o ex-im- estrangeiras do Brazil niio devião alongar-se além
perador, e muito menos no que tocava ao interesse da esphera de confrontações do seu territorio,
particular delle, como se deduzia do exemplo de pois quaesquer que fossem os interesses das
um militar portuguez a quem o ex-imperador grandes potencias, elles serião mais bem conhe·.
offerecêra a pasta da guerra, no c<~so de se querer cidos por nós aqui do que pelos nossos diplo·
interessar por elle, o que comtudo o dito militar matas lá. E continuou:
não quizera fazer, dando muitas desculpas. A nossa diplomacia, Sr. presidente, não é a
Ooncluio que lhe parecia impossível que mudada diplomacia europea. Na Europa a habilidade
a face po~itica .da H~spanha, como era àe esperar~ destes empregados
. . ministra .meios
. -
para averiguar.
imperador do Brazil. mas entre nós, pobres de nós! Não. são os nossos
O Sa. MAY (pelo que foi possível ouvir-se-lhe) diplomatas que hão de ter tempo para isto.
notou a differença <ttte apparecia na discussão do Não nego a existencia de homens de pulso em
orçamento deste anno a respeito do& orçamentos que aqui se fallou, mas declaro que veria com
dos annos preteritos, em que os ministros mos- magoa sahirem do Brazil, para empregarem seus
. travão .. .sum·ma repngnancia de fallar em outra talentos, homens, que naquelleslugares nenhum ser-
.. cousa que não fosse dinheiro, dinheiro e mais viço poderião prestar ao Brazil. Eu faria votos por-
. ··dinheiro; :quando neste anno já os membros do que taes homens não se afastassem do Brazil. Como
corpo legislativo podião perguntar por explicações é possível que um brazileiro quizesse prestar
e".·obtinhão ·resposta, entrando no amago dos ne- serviços indirectos em lugares onde não podia
gocias políticos, e obtendo esclarecimentos mais estar em dia a respeito das necessidades da sua
ou menos· profundos a respeito das co usas exter- patria quando esta tanto reçiama seus esforço§
. pa~; ·disse mais que depois do brilhante discurso . aqui mesmo. ·
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."
ser para o Brazil ou não ser, porque o não sabião; tratar comnosco, quando até hoje estamos mais
mas era provavel que as estações fossem refor- em estado de responsabilisar os ministros, embora
çadas, visto que depois dos acontecimentos tão caia alguma vez a accusação, porque não cahirá
notaveis que tinha havido, podia temer-se que a na outra; e entretanto sempre se produz o effeito ;
tranquil!idade fosse perturbada nesta ou naquella pois estou p.ersuadido de que o ministro da
occasião, e portanto era· necessario proteger os justiça, cuja accusação não procedeu, não ha de
seus nacionaes de alguma fórma, posto que lhe outra vez suspender a concessão das cartas de
era impossível indicar a torça armada que se seguro, nem metter-se em cousas que não são
destinaria pRra aqui; que o governo não julgára da sua repartição.
conveniente entabolar tratados a este respeito, Disse o Sr. ministro que nas actuaes circum·
a.ttendendo á opinião pronunciada na reunião das stancias a administração necessitava do maior
camaras cCintra uaes uer tratados e or dese·ar a oio e da maior · ·- ·v 1
1r sempre de accõrdo com os votos da represen- Eu tomo a confiança de explickr as idéas do Sr.
tação nacional. ministro. Não julgo que nisto S. Ex. queria
Sobre Portugal nada mais podia informar, dizer que devemos approvar tudo quanto faz ll
referindo-se a o:fficios do consul em Lisboa, não administra ão nem ue nós determinemos á
en o a os para JU gar as m ençoes o governo administração tudo quanto quizermos, porque
francez no desenvolvimento das hJstilidades de ambas estas co usas são capazes de produzir
que fallára. (Deu mais alguns escla,·ecimentos os maiores males possíveis, mas o. apoio que
que o tachyg,·apho nl'to QUvio.) S. Ex. pretende é o das virtudes : quando a
o Sr. Malitezuxna·:- Sr. presidente, res- administração fôr honrada, proba, integra, ainda
ponderei ao Sr. ministro, notando-lhe algumas quando acontecesse que a maioria da camara
inexactidões. fosse injusta como tem succedidv em outras, e que
Disse o Sr. ministro que no men primei r o 42 votos sempre votassem no mesmo sentido,
discurso eu avançára que o governo devia entabolar talvez contra o voto nacional, e contra a admi·
tratados soltre a força que deve ficar permanente no nislraçlio, ella havia de marchar, e a nação lhe
Brazil. Não foi assim que eu me exprimi : eu disse levantarin estatuas, porquo não podia deixar de
.;,:q!le. concord~""a com o Sr .. m.in!stro em que não honrar os cidadãos probos, honrados, virtuosos e
_de,v1a se~ licito ter força llhmttada nos IJOrtos amantes do seu paiz.
.:do· Braz1l, mas não assentava que devesse haver P0r consequencia, estou persuadido que este é-
, Ufi!a medida legislativa ou tratados sobre isto ; o apoio que S. Ex, quer, porque lhe reconheço
\p()IS que S. Ex. d6via achar no direito das
estas grandes qualidades, e muito me lisongeio
. gentes princípios segundo os quaes podia sustentar com a occasião de fazer esta confissão ~ublica,
·que. as nações estrangeiras não tlnhão direito de que talvez seja sui generis na admimstração
conservar neste porto uma força illimitada, actual, desejando muito que os Srs. ministros sa
apresentando para este fim como exem lo o dirigissem por esta. fórma.
ce im n o o uque e e mg on, nao como nossas circumstancias o Sr. m'inistro dos negocias
argumento identico, mas analogo. No direito das estrangeiros era a chave da administração, e que
gentes acharia S. Ex:. muitos argumentos e razões nada se devia fazer senão de accôrdo ·com-- elle ,
em apoio deste principio, e veríamos então como está enganado o nobre deputado a respeito da-
os gabinetes manifestavão suas opiniões ; e ha- administração presente que é toda composta de
ven~o. duvida B?br~ o assumpto que não pudesse
conc1har-se, se na ttrada pelo corpo legislativo. elementos heterogeneos, não querendo uns senão
empregar a força, outros, meios brandos-; etc., e
Disse o Sr. ministro que eu tinha repre'l!entado procedendo cada um como entende melhor. -
que devíamos ter em Bolívia um encarregado de Julgou o Sr. ministro que eu dissera que o
negocios. Eu oppuz-me tanto a isto, que fallei encarregado de negocíos em Londres .devia ser
contra o emenda mandada à mesa, em que se nomeado ministro plenipotenciario, .PerdOe-me.
determinão os agentes diplomaticos1-qg.e devemos S. Ex., eu não disse isto. A g1·ande-~misade que
..:··,
.....·.. . .
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.... -·· ·.
SESSÃO EM 12 DE SETEMBRO DE 1831 153
tenho com tão digno empre~ado, póde fascinar-me, de um só exemplo na França de pass:w um
porém não a este ponto. Eu não só em particular consul para a diplomacia a que havia escola3
como mesmo em publico não posso dizer a S. Ex. onde se aprendia a ser consul, e outras em que
que nomêe este ou aquelle para tal ou tal emprego ; se applicava a mocidade ao estado da diplo-
e se eu talvez me não julgue com valor para maci~> sem ue udesse- assar-se de r·
i em par ICU ar a x. qué nomeasse a reií·a para outra; no menos que não sabia de
alguem para um emprego, como me atreveria a exemplo disso, e lembrava-se que um Mr. Lam-
fazel-o ao publi.:o, e comt1 legislador, tendo eu bert, que era V'ice-consul na Corunba lhe havia
o direito de accusar >l S. Ex. por su~ má admi- dito em 1826 que trabalhava or assar ara o
- , · , e . e orma corpo 1p oma Ico, e não o pôde conseguir, como
nenhuma foi pois minha intenção pedir que fosse soube depois elle orador, obtendo apenas passar
tal empregado nome·td<l para ministro, nem os para o consulado para a secretaria dos negocias
meus elogios ao actual encarregadu de negocias estrnngeiros. E na Inglaterra acontecia o mesmo,
do Brazil em Londres tiverão por fim mostrar pofque os estudos e as carreiras erão differentes.
que eu tinha desejos de infinir nos netos da o- Emquanto aos pagamentus,julgava que depois
administração. da lei de 15 de Dezembro de 1830 não era livre
·S. Ex. disse que o encarregado de negocias em ao governo o fazel-os como quizesse, e tanto assim
Londres era habil e muito capaz em todos os que não se atreverão a fazer excepção em cnso
sentidos, e devendo esta asserção sympathisar com algum, sem embargo de serem muitos os clamo-
um coração que é amigo deste encarregado de res dos diplcmatico!!.. e era preciso, ou attender
negocias, perguntei porque não era promovido: a el~es, ou mandar-ines ordem para que se re-
e a é · le ' ·
podia nomear a um homem, em quem 8. Ex. Seguio diversa opmmo ácerca do procedimento
mesmo confessára encontrar eminentes qualida- que se devia ter com o marquez de Rezende ;
des pàra ministro, quer elle ficasse na Ingla- entendendo que t9do o brazileiro póde .dizer ?U
terra uer fosse ara outro lu ar· · ·
que eu só quiz relevar as expressões de S. Ex. bem aqnelle marquez não annuir á revolução de
com as quaes o meu coração sympathisou. 7 de Abril, sendo o dever da adrninistra~o não
Quanto aos Estados-Doidos, eu .disse que o · o empregar; mas não achava objecto de crimi-
diplomatico para Já mandado era novo no em- n lidad · · ·- r
prego, nao me con orman o com as idéas do Sr. quer outro, uma vez qu~ não perturbasse a ordem
ministro a respeito daquelle gabinete, porque existente, ou tramasse contra ella, etc.
entendo que o homem que para lá fór, deve Tendo dado a hora, ficou o objecto adiado, e
possuir grande talento e saber, e como não levantou-se a sessão.
conheço estas qualidades no sujeito que teve esta
missão, o qual posto que bacharel formado passou
de secretario do marquez de Tauhaté para en-
carregado de negocias, notei que não me parecia Sessão em t 2 de Setembro
sufficiente para servir junto ao dito gov~rnn ;
o que considero caber nas minhas attribuições
absolutamente ; sem que possãc imputar-se-me PRESIDENCIA DO SR. ALENCAR
desejos de solicitar a remoção do referido em-
Sobre consules: sem entrar na questão de ser Do ministro da guerra, em resposta ao offi.cio
ou não preciso que sejão brazileiros, limitar- de 3l de Agosto ultimo, remettendo o requeri-
me-h~i a inf<!rmar que a Inglate~ra, França,
mento e documentos de José Antonio Espe-
'
palavra, quasi todas . '
as nações do mundo, em- Do ministro da fazenda, enviando um officio da
pregão estrangeiros, de maneira que quando me junta da fazenda de Pernambuco, .e outro da junta
achei na Luconia com outros deportados tivemos da fazenda da Parahyba.
a infelicidade de que o consul inglez a quem nos Do secretario d.o senado, remettendo as emendas
devíamos dirigir, era portuguez de nação e era ao feitas pelo senado á prffposta dirigida desta camara,
mesmo tempo consul portuguez, circumstancia marcando os vencimentos dos officiâes das secreta-
muito notavel, pois que podia súppór-se nclle rius de estado e das províncias.
alguma par~ialidade, quando os interesses dos Do mesmo secretario communicando que aquella
portuguezes estivessem em collisão com os dos camara adoptára, e ia dirigir á sancçào o decrr.to
ínglezes ; mas o governo britannico não fez caso áctlrca da admissão de homens livres nas estações
disclo, e nós dirigimo-nos ao consul francez, de publicas. ·•
quem recebemos os serviços de maneira que a Do mesmo secretario enviando a emenda do
sua humanidade, probidade e esforços foriio os senado á proposição desta camara, que dAclara o
que nos salvarão das gnrras de Portugal I art. 10 da lei de 24 de Novembro de 1830. -A
Apontou outros exemplos de governos que em- imprimir. ,
prega vão estrangeiros nos lugares de consules, Do mesmo secretRrio remettendo a proposição . do
e referia mais que a córte da Russia tinha o seu senado ácerca dos eleitores.-A imprimir. . ··
corpo diplomatico quasi todo composto de estran-. Foi á commissão de justiça criminal a represen-'.
geiros; de maneira que o seu embaixador em taçiio da camara municipal de Cabo Frio contra
Paris, o qual podia considerar-se o 1• diplomata o juiz de paz da aldêa de S. PcJdro, pelos·moti-
, genera ozzo e orgo, na ura e
Corsega,. o por isso grande inimigo de Napoleão,
verificando· se a respeito destes dous homens o ORDEM DO DIA
ditado-quem é teu inimigo ?-0 offi.cial do teu
offi.cio.-Não podendo portanto ter lugar a razão de Continuação da discussão do orçamento na repar-
conveniencia, para não se admittir tambem esta tição dos negocias estrangeiros.
pratica. O Sa. REBOUÇAS declaro·u que não traria exemplos
. Quanto ã outra razão apontada pelo Sr. Re- de diplomaticos sabidos de differentes classes da
bouças, de que por esta maneira deixaríamos socieàade, sem terem aquelles estudos de que
de ap~;oveitar uma escola de diplomacia, resp~n fa.llára o Sr. Montezuma na sessão precedente,
deo,,qu_e se enganava, porqua·nto em as nuçoes mesmo no~ outros paizes; propondo-se apenas
bem constituídas a classe consular era diversa · responder que as suas observações versa vão sobre
absolutamente da diplomatica, e não constava os princípios seguintes: 1.0 Que não permittinJ.>
. 'l'Ol!O ~ 20
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nações amigns, pagando 24 •/o; e tendo os ingle- navios, generos, fazendas, mestre' e maruja bra-
zes consoguido fazer o tratado de 1810, pelo qual zileira que devem proteger? Só porque fiS outras
ficnr1lo ruauzidos os direitos sobre as fazendas nações mandão consules par,l o Brazil, em razão
inglezrts a 15 •/o, foi necessario reconhecer as dos navios que para cá mandão, nós lambem
manufactnras da industria ingleza e aquellas que havemos de et,viar consules para seus portos sem
o iliin erãu ; e dahi nasceu a necessidade de qu11 importt:mos nelles um só grão de café por
manllnr consules para a Inglaterra e para outros· nossa conta? l Isto deve acabar. E' necessario
portos que mais direetamente negociassem com ter conta em nossos dispendios, reconhecer o que
o Brazil. é ut1l ou não.
Appnreceu entiio uma medida lembrada espon- Qaando tivermos commercio, quando nossos
taneamente pelos consules, que dava maior intel- generos, prorluctos e embarcações ·.forem a estes
ligencitt aoH officiaes da alfandega do Br:1zil, portos, nomêem·se então protectores e haja esta
ácerca das fazendas importadas, até que se adoptou especie de tribunal p>lra preencher o unico fim tio
outra por novo tratado que veio escurecet· mais consulado. Daqui rest!ltaria que o dinheiro ar-
o negocio. Os ccmsules punhão nas costas de ..... bitrado ou ainda monos cheg,n·ia com profusão
não me lembra agora o nome .... são estes papeis para o encarregado tle negocios necess•uios que
que trazem os navios .... devem ser não só da nomeação do govemo, mas
UM Sa. DEPUTA.DO lembrou que erão conheci- até nas localidades que o governo escolher por-
mentos. que nós não podemos determinar isto, nem devemos
· entrar em uma attrib i - ·
que não nos pertence.
brazileira que então se chamava portuguez::f- os
consules punbão nas costas dCis conhecimentos a Convém que cada poder se mantenha nos limites
naturalidade da mercadoria ou genero, de rr.aneira das suas attribuições, não se faz pouco com isso.
que qualquer o:fficial da alfandega não necessitava A nós compete-nos legislar; não venha o governo
saber outra !ingua para conhecer a origem das fazer correrias no legislativo, nem vamos nós
fazendas, e ver se esta vão sujeitas a pagar 24 ou fazer correrias no executivo. Portanto supponho
25 •/o. Isto não agradou, e fez·se convenção para que devemos fixar o menos dinheiro possível, e
ser substituído pelos cockets ou despachos inglezes; creio que com os 81 :OOOH propostos por uma emenda
entrou immediatamente o segredo na repartiçã•J, o que está na mesa haverá mais do que o sufficiente
negocio ficou ao alcance de um individuo; e até se ao mesmo tempo se determinar que não haja
em uma portaria se determinou que assignando o consules Renii.o nos portos a que forem embarca-
official da alfandega encarregado dos cockets qual- ções nossas.
quer factura se devia entender que a fazenda era 0 SR. CARNEIRO DA CUNHA sustentou a emenda
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:10 - Página 1 de 7
56$000
Primeiramente não sei porque razão se emprega
neste ensino um rimeiro tenente uan r o i
ser desPtr.penhado por qualquer primeiro mari·
nheiro : depois observo que aqui, ou ha duplicação
ou falta de ordem ; pois este soldo de 29SOOO
devia vir incluido na parcella dos soldos dos pri-
meiros tenentes, e então eliminar-se neste lugar
a duplicata que apparece ; e se é falta de ordem
por não se achar incluido o dito soldo na parcella
dos primeiros tenentes, então conviuha que S. Ex:.
remediasse este defeito, ·do qual podia resultar
desperdício do dinheiro da nação.
Pnssando ã tabella G. disse : Aqui temos outra.
Um primeiro escripturario graduado com 40SOOO.
A lei não creou OH te lug•lr, portantõ não pó de
exLltir e deve ser eliminado até que a lei crie este
emprego. A lei igualmente niio creou cinco pra-
ticantes extranumerarios ganhando 4$166 por mez
cada um, e por consequencia não podem tambem
ser pagos. Já me parece estar ouvindo a resposta "
de S. Ex:. que estará dizendo comsigo, que isto
é um viveiro de officiae~ de. fazenda para !lq~ella
de S. Ex:. para permittir se~elhante abuso da queria fazer semelhantes imputaçÕes aos empre-
lei, então os praticantes não devião perceber gados da repartição, antes era o seu desejo que
cousa alguma. . todos appurecessem innocentes, honrados e pro-
Depois de apontar outros abusos differentes bos, perguntava por estes esclarecimentos : que
que nesta repartição se commettião, de fallar lhe affirmavão comtudo que h~via extravio, que
tambem sobre os escravos da nação, que entendeu vinha grande quantidade de madeiras, as quaes
ser melhor que se vendessem ; ponderou a neces- apodree~ão ; porque não haviiio agora con,trucções
sidade de acabar-se com a maior presteza pos· para fazer; e por isso conviria ni'io cortar ma·
sivel a casa forte, para se recolherem nella os deiras inutilmente, partl ollas niio se t1ll'narom
presos que se achavão na preziganga, onde sof· mais vasqueiras ; destruindo ns mnLtn~ ; o que
frião horrivelmente, além do prejuízo que expe· nos poria na necessidade de ir buscul-as dnnols
rimentavR, tanto a moral dos mesmos presos, a grandes distancias com despeza eonsidernvui:
como a fazenda nacional. Explicou que nas outras nações se propflt'llvi\o
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:10 - Página 4 de 7
Sessão em 14 de Setembro
me a esta entenda. Convém fazer economias nesta
Pl'IESIDE~CIA DO SR. ALENCAR repartição, as quaes serão faceis pelas circumstan-
cias em que estamos.
Leu-se a seta, e foi approvada. A base adaptada pela commissão é a melhor
Remetteu-se á commissão de guerra o requeri- possível, o penso assim porque nos mesmos
mento de Marianna Victoria Carneviva, pedindo estados regidos pelo systema federal ha muito
se lhe satisfação os soldos vencidos por seu tempo a tropa é sempre unitaria, e o governo
defunto marido Wencesláo Miguel Soares Carne- póde mandal-a para onde convier, o por conse-
viva, e que se lhe ficarão devendo. quoncia a despeza pertence sempre no governo
Approvou-se a redacção ·da resolução quo con- centrtll. Com isto respondo ás queixas tlo Sr. de-
cede n. D. Maria José Leal da Nobrega, viuva putado flue representou contra a ida para Campos
do fallecido brigadeiro Nobrega, o soldo por inteiro de varios ofliciaes; quer estojito alli, qner estejão
correspondente á pate-cte de seu mando, repar- aqui, são officiaes de primeira linha, e o governo
tindo-se com igualdade entre as filhas por falle· póde dispór delles como entender melhór obrando
cimento da agraciada. com justiça.
A's 10 horas e tres quartos eutrou o ministro Assim acontece na Ame1·ica do Norte, onde a
da guerra, e poz o Sr. presidente em discussão tropa é empregada pelo governo central naquelles
o· orçamento respectivo. lugares que julga mais conveni~nte!l R? b~m _da
O SR. GETULIO perguntou que providencias se republica, e onde a despeza nao e d1stnbmda.
tinhâo dado para o pagamento da tropa na pro- pelas províncias, mas se_ paga na thesouraria
- - -- , a po pag r
em consequencia da falta de meios da província, é exceÜente, mas nesta não póde tur lugar.
da que podião resultar grandes males. A quantia orçada para pagamento dos soldados
O SR. MINISTRO respondeu que na verdade a crüculou-se sobre a base de 10,000 praças que se
província não tinha meios de supprir ás despezas ficarão ; porém não sei se e:x:istiráõ com en::eito
da tropa, mas que havia de ser soccorrida pelo no Brazil, segundo os successos que têm occorndo,
thesouro como acontecia com ·outras. estas 10,000 praças, quando houver de se realisar
Disse mais algumas palavras .que não se per- o orçamento, e caminhando as cousas do modo
ceberão. por que vão, e ha-:endo, como h_a, s~~ma
e extrema repugnanc1a para o serViço mthtar,
O SR. MARIA DO AMARAL achou excessiva a des- não poderá preencher-se aquelle numero, e haverá
peza de 60: OOOJI gue se fazia com as theso~naria~; nesta repartição sobras em vez de faltas. Se acaso
e pedio explicaçoes sobre o trem e hospltal ml- em algum destes artigos que estão designados
litar da Bahia. ' se conhece que ha falta, mande-se uma emenda
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cer o dever que tem cada cid~dão de cumprir que póde constituir o homem incapaz de disci·
a lei. plina. Não se vê a levesa do soldado pela
Demais, é gente acostumada a servir· se d.e força, puerilidade da requisição que mostra que uma
e a raciocinar com logica de bronze. Ora, esta mão habil, um ofiicial experto seria capaz de os
gente que está acostumada a convencer-se por trazer á ordem, o de evitar esses desvarios; por-
meio da espada, deve tirar-se do grão de disci- que são só perfeitos desvarios os que têm acon-
plina em que se acha para a pôr fóra de nenhum tecido sem que os soldados tenhão a menor
grão de disciplina? Pôde-se contar com que <:lSta intenção de se tornarem guardas pretorianas,
gente venha a conduzir-se bem, e haja de me- ou esses janisaros que na Turquia destruião o
lhorar na sociedade pat·a dizer-se que as baixas governo e o imperador. Deve-se ir muito de
são meio de salvação publica? vagar, devia ter-se mesmo uma força já estabe-
Creio ue nin nem ne ará ue tal meio não lecida ara evitar ue se perturbe geralmente a
e e salvação, e que eve haver pelo contrario or em, e que estes mesmos so a os a quem se
a maior cautela e circumspecção possível na concede baixa não vão fazer mal. Isto não estã
execução da lei das baixas. Os soldados têm feito. As guardas nacionaes erão necessarias para
direito até certo ponto a uma subsistencia. este fim.
s so a os, passa a uma gran e cr1se nac10na , o os os rs. epu a os conv1erao em u e -
sempre se deslisárão um pouco relaxando-se ellas que devião substituir a falta de tropa
alguma cousa a disciplina a que estavão acos- permanente, que poderia provir do cumprimento
tumados e restrictos em tempos ordinarios. A da lei, emquanto ás baixas dos soldados que
ei · ·s ze i- cioo ,
chefes que até alli tinhão como dez ·de prudencia,
energia, actividade e espírito conciliador, capa-
cidade intellectual, tenhão como vinte para
manter a sua autoridade para com os soldados,
afim de ver se podem assim evitar os males
que ordinariamente seguem ás grandes revolu-
ções, quando mudão os governos ou a ordem
natural das cousas. As baixas não produzem estes
effeitos.
Se me dissessem que a administração devia
ter. cuidado de _pôr á testa dos corpos ho~ens
derei que não sejão tão indignamente calum- aqui ou ailí? Não sei usa~ destn tactica: haj~
niadores que queirão fazer perder a opinião massas ou não, tenho de dtzer a verdade, e he1
publica de um homem q11e desde a indepen- de dizel-a. (Apoiados.)
dencia tem sido on
brazileiro. e mostrou ou procurou mostrar que os soldados
o Sr. Cos-ta Fe:rrelra :-Peço a paJavra, sendo demittidos ião viver na sociedade e torna-
não para fazer o elogio á tropa, e ainda menos vão-se funestos, e affirmou que estes homens ra-
para a menoscabar. Todos conhecem que a trooa ciocinavão com logica de bronze. J?ois serão mais
brazileira é a melhor do mundo, e a que têm temíveis depois de desunidos do que estando . em
feito menos deBordens em crises compat·ada com massa com as armas na mão? Cuido que não. (Apoi-
outras tropas, tanto no antigo como em o novo ados.) Depois de dissolvidos são cidadãos, cada um
mundo. dos quaes vai procurar o seu modo de subsistencia.
Trata-se de saber se deve ou não d>u~se baix'l para a qual o Brazil apresenta mil meios, além de
ãs tropas. Sobre isto falla a lei ; quando h11 que muitos têm o.fficios e tornão a empregar.se nelles.
uma lei nli:o cur;upre ao mini~tro senão execu!al-a Não estamos como 1 na Europa onde falta. o pão,
ninda á ueHe ue uer trabalhar. Por ís o não e
consciencia, quer um deputudo falle pró, quer segue damno ao Brazil da dissolução da força
falle contra, porque a opinião de um deputado armll.da que der baixa, a qual unicamente podia
não é a opinião da camara. Tanto esta como a. seguir-se em um paíz onde os 1oldados se alistão
asse léa · · · · por não terem i\o ara comer ao mesmo tem o
est1.1 respeito, e só toca ao Sr. ministro execut>lr que nmguem se apresenta entre nós para soldado
a lei que dahi 1·esultou. Parece que sabre isto por esse motivo, e não encontramoa quasí nenhum
não deve haver questão, nem temos que gastar voluntt~rio, quando nos out.ros pai~es ha muitos e
tempo COD! isto. da classe dos fabricantes.
Di~se-se que nas províncias as tropas têm [eito Se as baixas fossem offerecidas lloje, os soldados
desordens. Na minha província, Sr. presidente, as quereriãa de bom gmdo e aceitarião anciasos
têm ellas estado boas e muito disciplinadas, porque estilo certos de encontrar melhores meios de
cumprindo exactamente as deveres de militares subsístencía.
honrados. Nas outras províncias têm apparecido Disse o Sr. deputado que não lhes demos liber-
desordens, mas não sei a que se devão attribuir. dade e que o unica remedio era a mudança ·de
Se as tropas estão indisciplinadas é natural que officiaes ; pois será um crime, Sr. presidente, dar a
~e lh~s ~ê ba.ix.a, não. só. por isso, mas porque liberdade a estes homens 1 Ou estão alies em
a de JUStiça mudar os wd1viduos de que se com- prisão e oppressão, que seja. preciso irmos nós.
paem os corpos, para que não aconteça o mesmo dar-lhes Iíl:lerdade ? Mas elles existem com tal
que no Maranhão, onde ha indivíduos com mais ou qual disciplina, disse o Sr. deputado e depois
de oit<? annos. de serviços que querem debalde não terão disciplina alguma. Depois, Sr. presi-
dar baixa. Creio que não póde haver maior deS"- denta, terão a disciplina da necessidade, irão
ordem. Demais, dadas as baixas como elles ftcão recorrer a este ou áquelle meio de vida para sub·
!solados, todos se contém ao mesmo tempo, que sistir ; e tornar-se-hão cidadãos uteis como muitos
JUntos P?dem fazer mal. deites que. já. tive!ão baixa. Assim com_o est~o
• que popular 011 qualquer outra. (Muitos apoiados.) '
propunha que se distribuíssem pelos lavrador&s
os cavallos e g~do vaccum pertencentes á fazenda O Sr. "deputado se offandeu de alguns apoiados
n!lcional e eXIstentes no Rio Grande do Sul, que se lhe darão. Não louvo os Srs. deputados
v1sto que a nação não estava em circumstaHcias que tal fi.zerão, mas tem·se introduzido a este res-
de fazer esmolas,; e cumpria que estes animaes peito um abuso muito grande. Tem-se dado muitos
se vendessem, revertendo o seu praducto a favor apoiados malignos e ironicos e entretando ninguem
d~ faz~~da na~ional , porquanto os lavradores se tem mostrada offendido coma o Sr. deputado.
nao .tenao duv1da em os comprar quando lhes Ha porém pessoas que têm uma disposição tão
conv1esse. delieada, tão melindrosa e ao mesmo tempo tão
irascivel que não estão affeitoi:l aos menores motejos,
O Sa. FEB~Enu. DA. VEIGA. depois de declarar os quaes reputão injurias. O Sr.deputado está nesta
que procuraria responder o mais resumidamente caso, punge·se da mais pequena allusão.Entretanto
possivel, çonti!luou ; entendo que a expreesão « indi~namente cal um-
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.
pelos motivos' que apresentaria. sem bases e ás cegas, e talvez que não fosse
Que havendo a nação despendido muito na absurdo não se orçar quantia alguma para esta
acquisição de 20,000 e tantos animaes cavallares, repartição até a sessão seguinte; porque o or-
além de alguns que morrerão ou se perderão, não çamento que {Jfa estamos fazendo é para o anno
podia hoje contar com mais de 10 a 12,000, dos quaes financeiro de 1832 a 1833 e nós temos quantia
apenas 5 ou 6,000 se achariãu guardados e os mais orçada até o fim de Junho de 1832; e para o
todos andavão espalhados pelas immensas cam- anno que vem, o Sr. ministro poderá apresentar
pinas da província e por innumeraveis fazendas; á camara informação exacta do estado da força
que na occasião em que fóru presidente da existente e da quantia que a camara podia então
província tinha procurado meios de remediar este orçat• para ella; e conseguintemente julgava util
prejuízo da fazenda nacional, indagando o que adiar se para então este orçamento da guerra;
b i . - poi~ S. Ex:. não ficava sem meios para continuar
gente que tinha indicado ao governo a lembraw;a as espezas a e n re an u nac me a revo
de se distribuírem os cavallos pelos fazendeiros a pedir o adiamento e sómente apresento estas
com obrigação de os restituírem quando fossem reflexões que a camara acolherá como julgar
recisos · e tendo elle orador examin::~do se esta conveniente, e que poderá desprezar se não tive-
medida causaria prejuízo ou lucro á fazenda n!l-
cional tinha assentado que era muito vantajosa á Agora, Sr. presidente, sou forçado a declarar
fazenda, pois os cavallos, dos quaes muitos erão qu~ fui eu um doi:! membros destt\ casa que dei
velhos e maltratados, podião render naquella pro· apoiados. Talvez os meus apoiados não fossem
vincia talvez 4 ou 5 patacos cada um ; entretanto prudentes, mas não sei que direi to tinha o Sr.
que seria muito diffir:il saber em que fazendas deputado que me arguio para chamar-me indigna-
existia a maior parte desses cavallos, an mesmo mente calumumdur, e aos mnls senhores que
tempo que pelo methodo apontado seria fncil que dr1·ão apoiados, e de usar de outras oxpreasões
os, fazendeiros declarassem a vet·dade, ficando que a boa educação não admitte, o que não são
oQ.rigados a pagar á nação ou restituir-lhe os dignas do augtAsto recinto da representação na-
·. cavallos de que carecer em caso do necessidade, o cional.
- ·..<rne alliviaria a nação de grandes gastos; entre- Eu espero que meus illustres collegas, quando
tanto que se fossem vendidos nada renderião, não algum Sr. deputado se exceder o corrljão, dan-
· só pelo diminuto preço que se obteria, mas até do-lhe exemplos de moderação e civilidade, e·
, 1>orque não appareceria nem metade delles. não usem de expressões tão pouco dignas, como
· Concluio que se acharia talvez difficulade em esti\S que acabamos ha pouco de ouvir, e que
encontrar tantos lavradores que quizessem ficar se applicão a alguns companheiros, talvez porque
com 'estes animaes, mas talvez alguns ficassem não subscrevem á palavra do mestre, porque não
com 2 ou 3,000, e quando não se achasse quem os concordão com as opiniões de algum senhor ou
quizesse então seria conveniente vendei-os. de ~lguns._ Eu te!lho ouyido dar muitos apoiad~s
animaes de.vião ser guardados por conta da fa- ser o Sr. deputado, e por uma semtllhante ' ma-
zenda nacional. neira I ..•
O Sa. ALMEIDA ToRRES mostrou que era impossí- Fique o Sr. deputado certo que não é por
vel guardar 20,000 cavallos, para os quaes não medo, nem por falta de coragem e sentimentos
havia cavallariças e cuja gua1·da exigia para isso que se lhe não responde, como podem ser res-
grande numero de peões e de outros indivíduos, pondidos os grosseiros insultos que elle por
na boa fe dos quael! o governo era obrigado a vezes lança contra os seus collegas : é sim pelo
respeito que todos os deputados devem guardar
confiar-se ; e neste caso era melhor que os ca- dentro do augusto recinto da representação na-
vallos se vendessem em basta publica. cional. E' preciso que o Sr. deputado nos dê
O Sa. CosTA FRRREIRA. respondeu que havia lições de civilidade, por isso mesmo que por tantas
proprietarios que tinhão este numero de animaes e vezes tem feito e.le:rd.e de seus c.onhecimentos, e
entretanto não achavão tamanha difllculdade em que não trate de calumnie.dores aos s.eus colltlgas.
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aquella despeza, pois não se tendo orçado quantia ministro ignorava qual fôra a resposta do pre-
alguma para a compra do cobre necessario para sidente do thesouro naquelle tempo, mas parecia
o pret da tropã, fôra expedida pelo thesoureiro que com evasivas illusorias se tinha feito o
uma provisão, afim de que as quantias fossem desconto de 50,000 lbs. st.. no emprestimo por-
pagas integralmente, vindo assim o gravame dos tuguez, contando-se com o emprestimo pago até
trocos na thesouraria a cahir sobre os empre- o anno de 1828, quando não se podia considerar .
gados, que se virão constrangidos a comprar cobre feita a amortização de 1828, porquanto o dinheiro'\
com sacrifi.cio para satisfazer aos dites trocos, foi emprestado ao marquez de Palmella, que o
que avultavão ainda muito mais por causa da empregou para promover seus interesses, resul-
falta de bilhetes pequenos, e isto além de rece- tando daqui contar-se com a divida de 1,250,000
berem seus ordenados em moeda tão depreciada lbs. st., quando era 1,300,0go lbs,_ st., _por_ isso
que tinha de abatimento mais de 30 % · ue este
gravame era an o mais sensível, por se limitar
sómente a duas províncias, pois na província de
S. Paulo, onde circula vão tambem notas do banco,
estas se realisavão em cobre immediatamente ue
presen a as catxa ta , e como nas outras em Londres fundos "nenhuns com aquel!e destino,
províncias não giravão notas, só a Bahia e Rio devendo-se os annos de 1828, 1829, 1830 e 1831,
de Janeiro soffrião esta nova imposição. que poderáõ andar pouco mais ou menos por
Ooncluio que era forçoso que passasse no orça· 400,000 lbs. st.
mento a consignação necessaria para occorrer ao
rebate das cedulas por cobre, que importava O SR. REZENDE disse que reparára em que no
em pouco e que serviria de remedio a ef!te orçamento deste anno não entrava a importancia
~ · ma1. do juro e amortização da divida portugueza, que
O Sn. DuARTE E SILVA. com breves reflexões devia estar em deposito, e pedia que se lhe
mostrou a necessidade de despeza com o rebate dessem alguns esclarecimentos sobre o destino que
que devia ser accrescentada ao orçamento de tivera este dinheiro.
quo so tratava. o S1•, Ministro :-Eu não posso dizer senão
O Sa. REZENDE disse que havia na mesa uma que não exista dinheiro em Londl'es; foi consumido
emenda do Sr. Montezumo. sobre indemnit~ação dAste modo: ao marquez da Palmella deu o vis-
dos estragos feitos pela tropa lusitana e brazi- conde de Itabayana em 1828 pela primeira vez
lelra na Bahia, emenda que talvez fosse justa 110,000 lbs. st., e depois lhe fez a doação ou
mali' que devia ser llxtensiva a todo o Brazil, emprestimo de 28,000 lbs. st. em apolices, que
porque em toda a parte estiverão tropas lusitanas o visconde tinha. comprado para amortização por
e todas as províncias tinhão soffrido mais ou continuar a escassez de meios na embaixada
menos, pelo que tinhão direito â indemnisa ão ortu ueza.
e ou ra qua quer. n en eu, porém, Não contente pois o Sr. deputado ou a cama r a
que era mais justo que os prejudicados recla- com quantia alguma em Londres, ao menos não
massem esta indemnisação daquelles que lhe :fi· tenho noticia della pelos exames que se têm feito
zerão o damno; isto é, do governo portuguez, no theRouro.
devendo ter lugar a indemnisação indicada só-
mente naquella parte dos prejuízos causada pelas O Srt. REZENOE disse que se tinhão gasto grossas
tropas brazileiras. sommas pela caixa de Londres para a Flora
Pedio ao Sr. ministro que o informasse sobre Fluminense, embaixada do marquez de Santo
a existencia de 240,000 lbs. st. em apolice$ do Amaro e viagens de Francisco Gomes, sendo a
primeiro emprestimo contrahido em Londres pelo maior parte destas despezas destinada a escra-
governo dEi Brazil, pois constava que taes valores visar a America Meridional, e reqnereu que se
não existião, nem o deposito da importancia dos lhe declarasse se acaso se havia. tratado de res-
dividendos e juros do emprestimo portuguez, por ponsabilisar estes empregados que tinhão feito
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que creasse, e igualmente a suppressão de tres attenta a pratica seguida pela camara em negocias
gratificações de 400S cada uu1a a empregados do de menor monta, eu diria que este assumpto devia
thesouro, por não terem sido ainda approvadas tornar á commissão para dar seu parecer a este
ela assembléa eral. res eito e harmo isar a lei com as e1 1 d
Tambem pedia a suppressão d'l ordenado do - Tenho medo de propõro adiamento, porque estou
marquez de Aracaty e as ajudas de custo por ouvindo d~zer que já gastámos uma manhã sem
molestia. fructo, e seria perder tempo adiar agora quando
Requereu mais a suppressão de todos os em- ha muita urge:1cia de passar a lei do orçamento, etc.
pregos novamente creados na cosa da moeda depois Como me animarei a propõr o adiamento, quando
~do juramento da constituição. já se diz que desejo atrnpalhar, interromper e
" Notou que diminuindo consideravelmente are- estorvar os trabalhos da camara? Mas quizera
ceita attenta a crise actual, convinha acautelar que a CRmara tomasse em consideração o objecto.
os inconvenientes que podião resultar da fallencia Se algum Sr. deputado póde lembrar-se de um
de meios para pagamento nas repartições publicas, meio para satisfazer esta necessidade, se tem
do que devia necessariamente provir grande des- meditado bem sobre elle, de modo que tenha a
ordem. seu favor a presumpção da madureza, propo·
coma.issão. Quanto á outra objecção do Sr. Hollanda, ella
o Sr. Hollanda :-Sr. presidente, 6Upeço é solida, mas a camara votou que se devia dis-
a V. Ex. ue me di a o ue é ue s á e cutir a despeza em todas as províncias, para
discussão. Tem-se fe.llado aqui em tudo o que ver se p e cone mr·se a 1scus5ao a espeza,
ha no mundo. Eu não sei se se trata da receita, e talvez tambem da receita; está pois em dis-
se da despeza, se do projecto da com missão, se cussão a despeza em todo o imperio.
da lei do anno passado, ou sobre as eme:ndas dos Eu votei por isto porque tenho notado um
l::lrs. deputt~dos. Nesta repartição qualquer objecto espírito de ab1 eviar esta discussão, e eu não dtlsejo
de despeza era digno da uma discussão especial. estorvar nem interromper os trabalhos, por isso
Como se quer uiscutir desta fôrma sem ee achar havendo-se leu1brado a discussão por províncias,'",.
o verdadeiro ponto da questão? O que acontece é en me oppuz e requeri que fosse discutida. a
que vão á mesa 200 emendas e que ninguem despeza em todo o imperio, para adiantar a dis-
sabe a atten~ão que lhes póde dar. Eu tenho cussão e para ver se faço boa figura para com
estado muito attento, mas não sei ainda dA que aquelles senhores que me têm dado o appellido de
se está tratando. O Sr. presidente não é culpado estorvador.
nisto, mas a camara deve tomar uma direcção, seja Ooncluio com mais algumas reflexões neste
qual fôr. O que se venceu foi que se discutisse sentido.
a lei do anno passado com as emondas de um
Sr. deputado. Mas quantas são as emendas que O Sn. Lono disse que não era possivel que
estão na mesa? A minha opinião era que se repentinamente se reformasse o thesouro publico,
principiasse a discutir a despeza fixada no anno no que havia muita difficuldade como se tinha
passado, e que se deixassem as idéas de receita ponderado por occasião da discussão da dita lei,
e qua_esquer artigos additivos para uma discussão attenta !1 falta de individuas co~ ~ capacida~e
Depois de contiuuar por mais algum tempo de custar a achar os homens precisos para este
sobre a questão de ordem, mostrando a impos- tribunal. Entendeu porém que ficava prevenido
sibilidade de discutir o orçamento englobadamente, o inconveniente, passando um artigo no qual se
porque havia objectos muito delicados, como a autorisasse o presidente do thesouro e juntas de
divida interna e externa, a respeito dos quaes fazenda para üzerem as despezas decretadas por
convinha examinar os defeitos que tinhão passado lei. ·
no orçamento do anuo preterito, comparando os Advertia finalmente que era indispensavel que
differentes quadros, examinando as informações, para a 3a discussão a commissão apresentasse
etc., etc., perguntou se já tinha sido Sflllccionada uma emenda geral sobre causas aQs6lutamenta
a lei do thesouro (1·espondeu-lhe o Sr. secreta1·iCJ necessarias, como differença de camsici' ll,e.Londres
gue já '!)iera a participaçao da sancçâo} ; . obser- para a Bahia, Rio de Janeiro, Pernambuco e
vou que não se podia orçar a despt>za do the- Maranhão para o pagamento da dívida exter-
souro segundo a lei antiga, e fez de novo varias na, etc., etc.
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:15 - Página 4 de 7
•.
esti'J ponto nas províncias; não tendo elle orador
adquirido este conhecimento senão pela analyse
e estudo que havião empregado ácerca deste
objecto ; nascendo tudo isto do defeito da lei da
caixa de amortisação ; pois se dependessem todos
os titulas de divida, da fiscalisação do thesouro,
e se esta mesma fiscalisação do thesouro ficasse
sujeita a um acto especial da camara, como elle
orador julgava que devia ser para ajuizar-se da
justiça della, o qual acto seria mais proprio
p~ra se generalisar 110 imperio, rnai'" proprio
tambem ara a economia da administra ão ublica
e scalisação da fazenda nacional, e mais proprio
finalmente para concorrer para o credito nacional
no actual estado de causas.
Requereu ser informado se al uma cousa se
av1a pago na~ provmCias conta os empres-
timos antigos, cujos titulas ignorava em que estado
se achavâo, havendo até a maior confusão possível
na Bahia a respeito da lamentavel operação do
, o a e co re, porque se em1 o
thesouro c~m a declaração de que se achavão uma quantidade extraordinaria de cedulas sem
líquidos, em consequencia da qual se mandavão a menor attenção, e mesmo sem haver conheci·
tambem inscrever ; e por isso avultou t~nto a menta no thesonro, ao rnenns no tempo em que
divida talvez indevidamente, porquanto era bem elle deputado fôra ministro da fazenda, se chegava
sabido que muitos possuidores de antigvs padrões justamente o rendimento applicado para o resgate
de divida requerião com sacrificio delles com- daquellas cedulas, nem constava tambem que
mandas e outras mercês, as quaes obtinhâo, amortisação tinha havido.
ficando estes documentos na repartição do imperio Fez algumas reflexões sobre a necessidade de
donde era facil terem-se tirado ua occasião das refundir toda a divida, e de se estabelecerem
mudanças da secretaria. delegações de amortisação nos lugares em que
Accrescen tou que sendo semelhantes. titulas fossem necess_arias, debaixo da responsabilidade
que a sua conservação estivesse particularmente
confiada a um archivista, só Deos sabia quantos
destes papeis se terião tirado e seriào pagos
du licadamente · tornando-se isto ain a·
facil pela circumstancia de nunca ter havido quem necessidads de sua discussão por competir seme-
lhes désse balanço, ou que os cortasse e inutili- lhante objecto ao ministerio, e se elle o propuzera
sasse. . sem ser ministro, nem sonhar então que o SElria,
Daqui concluio que attento o consideravel ar- foi por interesse da causa publica. ,.
bítrio deixado ao governo, a respeito da liquidação Concluio observando que naquelle project(!/SIL. ·
da divida fiuctuante, se a navegação não tiver achavão muitas causas indíspensaveis para ó"
sido lesada, devia-se isso á boa fé das pessoas credito publico e para o credito pessoal do ministro
que desta liquillação se encarregarão. que estivesse á testa dos negocios da fazenda.
Notou ainda outro inconveniente, o qual vinha Pnnderou a necesídade de fixar ;uma 'quantia
a ser, ter-se feito a liquidação da divida do Rio pa:ra pagamento dos empregados das .mezas de
de Janeiro, e não das outras províncias do im- diversas rendas, que a lei de 15 de Dezembro
perio :·dizendo a lei qúe a divida fl.uctuante seria de 1830 tinha mandudo crear nas províncias em
liquidada perante as caixas filiaes nas províncias, que fossem necessarias. ·
as quaes muito ajuizadamente uão se havião Declarou que a idéa de emittir o thesouro
mandado crear, e elle orador esperava que Deos bilhetes para occorrer ás suas despezas, não podia
livraria o Brazil de taes caixas ; porque se no ser admittida em 1831 na camara do Brazil, que
thesouro podia tão facilmente ser cornmettido de fôrma nenhuma podia autorisar o Sr. ministro
abu.so, o que aconteceria nas províncias I 1 a emittir os bilhetes que quizesse, sem prescrever-
Mencionou que a junta de fazenda da província lhe a quantia; pois a camara. não podia depositar
da ;Bahia tinha feito a liquidação com mão larga, tanta con~a_nça em ministro algum, que ella devia
emittir, ao mesmo tempo que na opinião delle o que fosse necessario para as despezas ; assim
orador, urna vez liquidada a divida os titulas como elle devia reclamar qua•1do a quantia fixada
devião ser restituídos ás partes, para o thesouro não fosse sufficiente, mostrando exacta e circum-
fiscalisar a este respeito, dando-lhes depois o stanl)iadamente os objectos em que tinha de ser
mesmo thesouro os títulos definitivos : mas nunca gasto o dinheiro pedido á vista da qual de-
rernettendo as apolices para as províncias sem monstração, se a receita não chegasse para a
ver os títulos: que elle orador não se atrevera a despeza a camara autorisaria o ministro para
pôr assim em execução a lei, e que esta era a fazer um emprestirno, e não para a emissão de
causa de não se ter pago a divida fiuctuante bilhetes ; medida que seria boa Pata o thesouro
nas províncias, tocando-a por apolices da divida de Inglateua, mas não para o nôss<r:
fundada, como se praticou no Rio de Janeiro, Emquanto ás alfandegas, sustentou ·q,ue se havia
talvez com excessiva vantagem dos credores. desejo de as reformar, era isso muito facil até
:t'OMO 2 23
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a alfandega, como se via em muitas províncias, Adverti.o que segundo lhe parecia os orçamen-
em cujas alfandegas entravão muito poucas fa- tos apresentadvs á camara não tinhão sido muito
zendas, mas existia. grande numero de empre- ex!lctos em algumas cousas, como por exemplo
gados. emquanto a alfandega; e este era o motivo
Declarou-se igualmente contra o costume de pol'que não tem sido executada nesta repartição
mandar um guarda para cada navio, podendo os a lei de 31 de Dezembro de 1830 em todas a~
navios serem vigiados por escalares ou barcas que suas vartes ; e fazia-se necessario que a camara
poderia emprestar o ministro da marinha, eco- ficasse inteirada do estado pt·esente das cousas:
nomisando-se assim 11 não pequena quantia de pelo que fallaria como sempre com a maior
2!:ooon annuaes. franqueza. Continuou:
Disse finalmente que se animava a pedir á Diz o orçament!l : 66 guardas _a lHOOO pot•
camara ue di.scutisse a fixação da des eza dia e 74 ditos 6!0 réiH r 1a ·
propos a no projecV) a commissão de fazenda se-me declara!' quaes são as obrigações destes
com preferencia ãquella que foi approvada na guardas. Depois que se abolio o uso de lacrar
lei do orçamento de 16 de Setembro do 1830, que as escotilhas das embarcações meJ:cantes, asentou
não podia ser applicada ãs circumstunciaH actuaes, o overno ue devião haver uardas ue ca sen
e no caso e nao se querer !'s ar por es e re- a or o as mesmas embarcações para melhor
querimento então peJh que fossem proferidas as fiscalisação, e creou 200 ou 300 que dão fiança,
emendas do Sr. Castro e Silva, que oriio melhores chamados guardas afiançados : no orçamento se
do que a lei citada. calculão 66 guardas afiançados por dia; e a este
O SR. MINISTRO repetio a lnformaçiio dada respe1 o nao en o que azer re exão alguma
acerca das 50,000 lbs. sts. quu havia ilo diiferonça porque é o que se podara despender por dia com
na conta do emprestimo portuguez, Rondo a aí- estes guardas. Vamos aos outros ; 74 a 640 réis por
vida 1.300,000 lbs. !lts., e não 1.250,000 lbd. sts., dia. Nesta parte não tem sido executada a lei
com(• estava. do orçamento, pois o numero destes guardas que
existe actualmente na alfandega é de 101 guardas,
Referio que não se tinha pago o juro e amor c o juiz e a administração daquelle estabele-
tisação do emprestimo portuguez em 1828, 1829, cimento entende (\Ue, segundo o estado actunl
1830 e 1831; e importando em 100,000 lbs. ::.ts. dava das cousas, não devem existir menos de 130 guar-
o clomputo de 400,000 lbs. st. que tinhão de pagar-se das, para serem occupados dentro da casa em
cessando o obstaculo que até aqui havia de não comm1ssões e em outros misteres da mesma al·
se ter reconhecido o governo presente de Portugal. fande!tll: diversos são os ?bjectos em . que . so
e como elo estado actual d~s causas na Euro a
parecia que este obstaculo ia desapparecer bre- formaçõ~s a este respeito. Portanto o numero de
vemente se veria o governo do Brazil obrigado 74 guardas, segundo o estfldo actunl, não é suf-
a apresentar em Londres 400,000 lbs. sts. sendo ficiente, nem o serviço da casa se_póde s.atisfazer
de esperar que as apolices respectivas subissem
mUl o ogo que 1s o acon ecesse. Nas leis do. orçamento anteriores não tinhãÔ
Declarou que a sua intenção fôra aproveit<~r a vindo as explicações necessarias a este respeito,
baixadas apolices para as mandar comprar por nem nesta camara as houve, ácerca de quaes erão
< conta da amortisa.ção, e mesmo para lucrar no as; occupações destes guardas .
.,>;juro que ali:ís o governo teria de pagar ; mas Em 1830 se apresentou a quantidade de 130
que já tinha affirmado á camara que não havia guardas, que erão us que sejulgavão necessarios,
em Londres quantia alguma para este pagamento, cercearão 56, e reduzirão-se ao numero de 74
tendo-se absorvid•J quanto existia, e não se tendo sem que se déssem á camara as informaçõe~
dado até ás apolices que havião sido amortisadas necessarias sobre este respeito. O mesmo aconte-
a applicação que devião ter, porque o visconde ceu a respeito dos fiels.
de ltabayana tendo comprado 25,000 lbs. st. em No orçamento passado declarou-se que erão
apolíces do emprestimo portuguez as entregou ao necessaríos 24 fieis, ao mesmo tempo que achão-se
marquez de Palmella, que com ellas contrahio agora occupados 29 destes empregados e não 2.J.
um emprestimo de 12,000. lbs. st. Fizerão-se as reducções possíveis, os arll'lazens
Disse mais que o Brazil passara a ser credor pequenos communicarào-se com os grandes, e fi-
da corôa portugueza pot·120,000 lbs. st. pela liqui- carão reduzidos a 12, nem se podem reduzir a
dação a que se havia procedido e que ainda numero menor conservando-se o systema actual
continuava ; que nada se lhe offerecia para expôr porque um só fiel não pôde fazer toda a escriptu~
emquanto a divida interna senão que se tem as ração da entrada e sabida de muitos volumes dos
consignações determinad!ls na lei, apezar de q~e armazens, razão pela qual não devem estes ser
' · · , - · i o mesmo o edi cio
qualquer as apolices tinhão descido, convindo que se alarguem mais. E' portanto indispensavel
talvez applicar maior. consignação para no estado que haja 12 fieis para estes armazene, e além
actual fazer al~erar o valor dos fundos que estavão destes um fiel no trapiche da cidade, · outro no
a 44, e que talvez descessem ainda mais. telheiro da estiva, outro no pateo, etc. : de ma-
Quanto ãs despézas da divida interna nas pro- neira qutl o numero de fieis não póde ser reduzido
víncias, informou que recebera pelo correio par- a menos de 17, e não a 12 como está no orça-
ticipação das inscripções que se têm feito, e que mento ; e é este o nnmero que existe actualmente
como ministro do thesouro era obrigado a cumprir porque se entendeu que era impossível executaf
a lei de 15 .~ Novembro de 1827, executando-a nesta _p~rte a lei do orçamento, sem que dejxem
pontualmé~~"'ap~zar dos defeitos que nella en· de extst1r estes armazens. Sendo necessarios
contrava o Sr. Hollanda ; e coino havia algumas tambem fieis : um no armazem do deposito do
provmçil\s, cujas rendas não chegavão para as consumo, outro na ponte.
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:15 - Página 7 de 7
Á. respeito da cadêa na villa dos Ilheos notou zenda, e não incluidas no orçamento que julga
que não fôra lembrança sua, mas do conselho indispensaveis.
geral da província, havendo o senado reconhecido Do Sr. Veiga :-Para se pagarem os juros de
a necessidade desta despeza por uma resolução 63:/lOOH que a fazenda da província de Matto-Grosso
sua, visto que o edificio em que estavão os presos deve á casa da misericordia, por l'hos ter tomado á
se achava em tal ruina que elles sahião quando forçfl no gqverno do marquez de Aracary, com
querião. approvação do ministerio d'el·rei D. João VI.
Defendeu a necessidade da especificação das Do Sr. Beliza.rio : - Que consigna 40,000 lbs. st.
despezas, como até agora se tinha feito e como para pagamento da amortisação e juros dos
se praticava em todos os pai.zes constitucionaes; em prestimos brazileiros.
não devendo ser permittido applícar as sobras Que autorisa o governo a pa ar aos empregados
de umas des ezas ao a amento de outras ara das es s i rs re · -
as quaes a prestação não fosse sufficiente, pelos mente nas províncias, assim como aos funccio-
muitos abusos que desta condescendencia podião re- narios que forem nomeados em consequencia. da
sultar, sendo melhor prevenir os crimes do que nova lei da roganisação do thesou.ro.
punil·os. u~ destina4:800 ooo· ara as des ezas da barca
ppo:11·se a que se au onsasse o r. mims ro da de soccorro e pharóes.
fazenda para emittir bilhetes do thesouro, jul- Ficou adiada por empate outra emenda do mesmo
gando inapplicavel o exemplo da Inglaterra por Sr. Belizario que autorisava o governo a no-
ser differente a fiscalisação e arrecad~ão das mear os officiaes da casa da moeda e das in-
rendas daquelle paiz, havendo gn.rantia lá contra tendencías das minas que julgasse precíf!os.
os abusos que se poderião commetter na emissão Entrou em discussão a resolução n. 230 que
de bilhete!! do thesouro, e quem fiscalise as ordens approva o codigo do processo criminal, a depois
de !lagamento do ministro: sendo certo que se de breves reflexões ficou adiada pela hora.
fosse autorisado o Sr. ministro da fazenda a Levantou-se a sessão ás tres horas.
emittir bilhetes do thesouro, seguir·Se·hia uma
desconfiança muito grande de maneira que o negai··
lhe esta faculdade era obrar a favor do Sr. mi·
lUstro. Sassão em ~~ de Setembro
Depois de mais algumas reflexões sobre este
ponto, maQifestou a su11 admiração de ver seguir PRESIDENOIA. DO SR. ALENCAR
no Brazil tactica perfeitamente inversa daquel\a
que se observava na Europa, onde os membros· Approvada a a cta, lerão-se os offi.cios seguintes·:
da opposição gritavão continuamente que tudo Do ministro dos negocias estrangeiros, pedindo
ia mal, que as rendas do estado não chega."~Tão dia e hora para uma sessão secreta.- Designou· se
para as despezas, etc.; ao que os ministros res· o dia se_g~inte ás 1~ hora.s.
n ·- . •
possivel, que o commercio fiores~ia, que as rendas presidente da província do Maranhão com are-
excedíão consideravelmente a despeza, emquanto presentn.ção do juiz de paz da freguezia de S. Fran-
no Brazil se ouvia da boca dos ministros a lin- cisco Xavier do Tury-Assú da província do Pará,
guagem dos primeiros;'ê- dos deputados da oppo· em que pede a incorporação da mesma freguezia
sição a inversa, e que usavão os segundos. á província do Maranhão.- A' commissão de es-
Não conveio &m que fosse preciso fazer este tatística.
anno o pagamento dos juros do emprestimo por- Do mesmo ministro acompanhando o offi.cio do
tuguez, dewndo tratar-se esta questão quando vice-presidente da província do Ceará, informando
em Londres houvesse um legitimo rellresentante o requerimento de Joaquim Francisco de Paula,
do governo portuguez, e quando fossem liqui· professor da cadeira de ensino mutuo da cidade da
dadas todas as contas que tínhão relação com Fortaleza, em que pede augmento de ordenado.-
este negocio, o que não podia tratar-se no orça· A' commissão de pensões e ordenados.
manto actual, mas de\'ia ser objecto de uma !)o mesmo q>.inlstro remettendo o officio do )lre-
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:16 - Página 2 de 6
,
Affirmou ter conhecido por um calculo que o resultar da livre transmissão das propriedades,
dizimo da farinha consumida na cidade da Parabyba a qual necessariamente augmentando as transac-
em um anno, á razão de 4 patacas, rendêra mais elo ções subministraria outros recursos maiores ás
que o outro dizimo todo da província. rendas, com menor gravame õos contribuintes.
Declarou-se outrosim pela abolição da dizima e
Achou que o Sr. Lobo tinha cahido em contra- redizima do pescado ; e não só por esta ultima
dicção, pois oppondo-so a impostos sobre consumo como fazia a commissão, pois era impossível aos
-propuzera aquelle de mais 5 réis em libra de carne pescadores o levantarem cabeça por causa destes
verde, que era um genern de primeira necessidade. impostos, não se conhecendo na l3ahia meia duzia
Mostrou com varias refl.e·xões o transtorno que de pescadores com mediana fortuna, quando aliás
que iria produzir o sobredito projecto que intro- este ra~ era tão importante naquella provincia,
d~ziria _um systema novo na occasião em que . -
nhum commodo de vida, a qual expunhão a
grandíssimos riscos nas occasiões das pescas.
Emquanto ao projecto do Sr. Lobo, mostrou-se
indeciso ácerca da stã se co i a rnai ei-
encontro o projecto do Sr. Lobo, • como pelas
xar o dizimo como estava, cobrar este imposto
sómente na exportação; sendo o seu parecer,
razões que tinha exposto não poderia dispensar-se quo nas circumstancias actuaes do Brazil não
de -votar contra elle. convinha tocar nesta imposição, o que devia
O SR. MARIA no AMARAL ponderou que a cnmara fazer-se com muita madureza, circumspecção e
não tinha ainda da.los suffi.cientes patr~ proceder conhecimento de causa.
á substituição de impostos como se pretendia. Advertia que o imposto do baneo sobre lojas
Propóz· a suppressão do art. 29 do t\t. 7• da lei e tabernas estava mal equilibrado, e precisava
do orçamento de 15 de Dezembro de 1830, por muito de reforma·, pois não era justo que aquellaa
11ão poder-se ainda :fixar a importancia da receita; casas que tinhão de fundo 40:000/l pagassem
assim como á do art. 30 nos ~~ lo, !:!o e 3• do o mesmo que outras, as quaes tinhiio muito
indicado titulo da referida lei, porque tendo menor fundu ; e -por isso não duvidaria votar
certificado o Sr. ministro da fazenda que não a favor de uma emenda que estava sobre a
existia cousa alguma. na caixa da legação de mesa a este respeito, modificando-se alguma cousa
Londres e que não havião apolices, tendo-se por emrtuanto á fixação da quantia.
outra parte vendido até a ultima acha de páo· Votou a favor de outra emenda, para que o
brazil não podia contar-se com esta receita. ministro em cuj:l repartição faltarem meios para
Requereu tambem a suppressão do art. 34 ibi alguma consignação especificada na lei do orça-
por se ter tornado impraticavel hoje, não só mento, possa applicar a esta despeza dinheiro que
pela falta de concurrencia de contractadores ou sobejar de C?utra ;.o que era da maior i:'_llp~rt~ncia,
arr a · · ·
mas até porque à vísta do novo estado de causas acha vão da côrte, em razão" da qual não podião
politicas talvez não conviesse fazer tal arrema- recorrer com facilidade ao Sr. ministro da. fa-
tação. zenda.
Recommenàou igualmente a suppt·essão do artigo Tambem julgou necessaria a emenda r~lativa
offerecido pela commissão especial -para que o mente ao aforamento das marinhas, peio inte-
ministro da fazenda no Rio de Janeiro e nas resse que devia resultar delle á fazenda e afor-
demais províncias os conselhos geraes propuzes- moseamento das cidadGs e lugares maritimos,
sem o melhoramento do systema e da arrecadação para o qual havia de contribuir, o angmento de
dof! impostos territoriaes, para ser presente à. capitaes, que viria a promover, accrascend() a
assembléa geral, quando se estabelecer a divisão razão já produzida a respeito da provinoia da
de rendas, não só porque a respeito da arrecadação Bahia, onde alguns proprietarios não podião pro-
dos impostes se achava iá providenciada na lei grlldir nas edificaçõe~ principiadas pol' falta desta
novíssima da reorganisação do th~souro, mas prQvidencia.
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:16 - Página 6 de 6
publicas: cumprindo observar, porém, que havia rado sem consentimento d~s que o celebrárão ; e
grande ilifferença na maneira porque erão pedidos: os possuiiores das apolices não podião achar
poio o ministro respectivo ia á camara com intet·esse na transmissão do encargo só para o
todo o trabalho feito no qual se declaravão os governo do Brazil e nJ traspasse da divida por
objectos a. que devia ser applicado o credito meio de innovação do contracto feito com o go-
supplementar, qusl era a sua natureza, se em- verno de Pot·tugal, porqnanto se este fizesse banca-
prestimos ou novos impostos, etc., pois convinha rota a nação brazileira não deixa va 1le continuar
illustrar o corpo legislativo para poder votar na religiosa e inteira execução do tratado feito
sobre mataria desta ordem com todas as informa- com Portugal, e os possuidores das apolices tinhão
ções da parte do ministerio ; notando elle orador assim seguro o seu pa~amento ; e se a banca-
que o nosso governo ~ o Sr. mini~tro pelo seu rota fosse do governo do Braz i! continu,lria sempre
em vi or a obri 17 a ão ue tinha Portu al de lhes
negoeio á camara ao que repugnava, não só que- pagat·.
rendo que a camara. se intromettesse na. seára. Ooncluio destas observações que lhe parecia
do governo, porque isto tinha consequencias fa- p.1uco ext1cta a opinião de S. Ex. , emquanto a
. ue o overoo em vez de considerar ainda como divida do Brazil as 50,000
tratar á camara com demasiada consideração, libras ester i nas en regues ao marquez e a me a
querendo sb executar as ordens da a~sembléa para fazer o pagamento de um semestre dos juros
geral, usasse do poder discricionario que lhe d•> emprestimo purtuguez.
pertencia na fôrma da lei, sugcitando-se á respon- Proseguio : que vinha a ser outra a questão
sabilidade em caso de abuso. «se devia cuidar·se já do pagamento dos divi-
Votou coutra o augmento da parcello de 150:000H dendo~ da divid'l portugueza » que o Sr. minis-
que se tinha arbitrado para despezas eventuaes, tro parecia disposto, segundo elle orador lhe en-
porque conhecia que a nação não podia d>lr mais. tendera, pela affit•m:Jtiva, com o que não se con-
A respeito do emprtistimo portuguez, adverti o formava, >~em que pudesse considerar-se parchl,
que a primeira questão que devia ser examinada ou sér accusad.-, de não querer que a nacão cum-
era se o Brazil se tinha obrigado a pagar irnme- prisse seus contractos, ou de contribuir para
diatamente no:~ possuidores das ap0lices daquelle que olla sofTt'eHse o tnenot· desfalqutJ por uma
emprestimo, ou ao gllV•~rno de Portugal: e como banca·rota debaixo d9 qualquer nome que fosse;
eN innegavel que a obrigação tinha sido só de go- pois h wia provado em outr11s occasiões quanto
verno a governo, lhe parecia da maior evidencia era zeloso pelo cumprimento dos contractos e
que Lodo o dinheiro que se tiver dado para o quanto desejava que a nação nà•l soffresse a me-
fim de pagar os juros e amortisação do dito em- nor mingua no seu credito, mas que a sua
prestimo aos agentes legítimos daque\le governo, opinião era corollario dos princípios que acabá.ra.
d·evia consiólerar-se incluído na quota do pagfl- de estabelecer. « Se a nação brazileira não con-
me!}to a Javor .do governo do Brnzil, q,ue de cer~o trahio obrigação alguma para com os possnidores
· m o overno de
gado pela convenção a pagar immediatamente aos Portugal, é vreciso que se soubesse a que
possuidores das apolices, os quaes nada tinhão governo se deve entregar o pagamento : » que
com a illegitimidade do gover.no de Portugal, havia hoje dous governos, dous chefefl que repre-
porém a maneira porque foi interpretada a letra sentavão aquelle reino, um reconhecido por
do tratado por ambos os governos desde o principio todas as nações, porém cujo reconhecimento foi
tinha decidido a questão; pois o governo do Brazil suspenso depois ; outro não reconhecido por nação
nunca pagára um penny aos donos das apolices, alguma, mas que é governo intruso e rei de facto,
mas sempre ao agente do governo portuguez em que não queria entrar no exame da legitimidade
Londres, que tratava de se entender com os pos- dos governos, porém perguntava se deviamos
suidores das apolices; de fôrma que desde que o entregar o dinheiro ao agente de qualquer destes
governo do Brazil reputou legitimo e achou JUsto governos : e decidio-se pela negativa por ser
reconhecer um agente daquelle governo para doutrina recebida no direito publico e das gentes,
~azer estes pa~amentos, tudo o q,ue s~:Jho ,den assim como entre ~articulares, que havendo ques-
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:16 - Página 5 de 8
grandes povoações.
Emqnanlo á venda de páo~brazil lembrou que
vedando a lei de 15 de Dezembro de 1830 o córte
e venda de I>áo-brazil, e não sendo as nossas
rendas tamanhas, que se possa dispensar o lucro
que póde dar este genero, até porque na Europa
se estão procurando meios para supprir a falta do
dito páo que Já se tem experimentado o que era por
extremo prejudicial aos nossos interesses, con-
vinha alterar o art. 21 cap. 2° das disposições
communs da lei citada.
uro
Ajuntou que demais não podia capacitar-se de coll.lo não tinha elle ministro fallado ainda sobr~
que as despezas legaes comprehendião as des- tal emissão, as refiexõss do Sr. Montezuma a essa
pezas necessarias e essenciaes que devião fHer-se respeito podiã_o referir-se ~alvez á opi~ião de
em u · · · · ·
occorresso uma dcspeza não marcada na lei, e o que 'havia de fazer-se' no caso de não haver
de necessidade absoluta, e não havendo com que outro meio de supprimir as despezas publicas; e
n satisfazer, seria preciso pedir ao presidente do desejaria que o Sr. Montezuma, a par dos in-
thesouro permissão para fazer a despeza com convenientes que tinha notado ácerca da emissão
grande risco de não ser ap;provadn : aléu1. de que dos ditos bilhetes tivesse apresentado e indicado
podia acontecer que o mimstro da fazenda abu- um meio de oMorrer a qualquer falta que possa
sasse tirando as rendas de uma província para haver no thesouro para acudir ás despezas, com
a.s dar a ou.tra por affeição ou desaffeição par- a qual o governo ficaria satisfeito ; pois do con-
ticular. trario se veria obrigado a dizer aos credores
Mostrou depois que a economia do eambio nem que não havia dinheiro, que esperassem ou apon-
sempre podia ter lugar, fuzendo-se ns remessas tassem as suas letras, e era esta a unica resposta
diroctnmente das províncias para Londres, fun- que podia dar-lhes.
dando o seu calculo nos dados seguintes : Apontado o meio de prevenir este mal o go-
Supponhamos que ha a remetter da Parabyha do verno se prestaria immediatamente a seguil-o,
Norte oooaooo, duns partes desta quantia em porque podia certificar áquella augusta camara
prata e uma em cobre ; que a prata, deduzidas que o governo actual do BrazH nada tanto de-
1\S despezns de transporte, etc. , venha a ser sejava como caminhar de accordo com a as-
vendida ,producto liquido, por 120 •fo ; e o cobre sembléa geral.
a 40 "/o, dos quaes deduziremos 4 ofo de trans- Notou tambem que o Sr. Montezuma se enganara
porte, etc. ; viríamos por consequencia a ter o combatendo uma o inião ue sn · oz roferi a
. ae pe o por . x:. a respeito do credito supplementar,
cobre : quantia total 1:728fl000. quando apenas tocara de passagem na difficuldade
Ora, suppondo o cambio do Rio de Janeiro para que encontrava na execução da lei de 15 de De-
Londres a 26, ou mesmo a 24 pencas por 1SOOO, zembro de 1830, que não autorisa ou parece não
teremos a proporção 1, 000 : 1:7288000 : : . 24 : x. consentir que se fação pagamentos de dividas
Ou, 1 : 1,728 :: 24 : x=173lbs. st. 9s. 4 ds. Por- anteriores ao anno financeiro, porque determina
tanto dar-nos-ha em Londres 173 lbs. st. 9 s. 4 ds. que o governo faça taes e taes despezo.s, e de-
Ora, supponhamos que estP. dinheiro é remettido clara que para occorrer a estas despezas se appli-
para Londres em direitura, e que se obtem pela carão as rendas, tanto do anno corrente como
prata um cambio de 50 pences por 1/1000, e pelo dos annos anteriores que se forem cobrando; de
cobre 37 pencas por 1/1000, teremos 1 : 600 ::50 : x= maneira que quando apparecesse um credor dos
125 lbs., e 1 : 300 :: 37 : x=45lbs.st. 5 s. Som- annos precedentes, entendia o governo que lbe •
ma~do tudo :-110 lbs. s~ .5 s. De maneira que é não podia pagar, ao mesmo tempo que este credor
JU'!ll~as ye~e~ m1u~ vantaJoso fazer a operação por era ~tas ve<~~s um empregado publico 'lue
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:16 - Página 6 de 8
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sendo feita com grande prejuízo das propriedades, vernas, o qual' não era em razão do capital, mas
porém queria que se aforassem, pois a fazenda da renda, porque os taverneiros não vendião só
tin.v'l por este meio um lucro real, e tinha quem cachaça, vinho, etc.
zelasse a conservação do predio, e não aconteceria Mas aproveitavão os furtos que lhes levavão
como em Cantagallo, onde algumas propriedades os eocravos, de maneira que se o capital da
tinhão cabido, e elle orador desejaria que se venda era de 100$, elles ganhavão annualmenta
tivessem dado ainda que fosse de graça á camara 300, 4.00S, emquanto que empregado aquella
municipal, porque ao menos não as deixaria dinheiro em outro objecto não produziria talvez
cahir, mais de 5 °/o; que dem,üs o estado do Rio de
Fez ver que era tambem melhor que se arren- Janeiro a este respeito era tal que muitas ru~s
d~ss~m as fazenda.s existAntes @m diversas prC?- esta-;:ã? cheias de tavernas, o que era muito
a semelhante multiplicação, podendo o imposto
ser cobrado na occasião de se concederem as
licenças para as tavernas.
' r a o ·m osto naci.:>nal cu·a aboli ão se
havia pedido, lembrou que o Maranhão tinha já
ganho muito no anno preterito com o allivio
do tributo que pesava sobre o algodão, de 600 rs.
por arroba, sendo bem para desejttr que o im-
perio todo puc!esse experimentar uma diminuição
de impostos na mesm11 proporção, e tftndo a dita
província merecido já. tamanha contemplação,
parecia-lhe que não tinha muito que reclamar.
Accrescentou que lhe constava que este imposto
era máo, porém nas outras províncias existião
muitos que erão tarnbem máos; e como era re-
conhecido que o Sr. deputado, o qual advogava
a necessida,le da abolição deste impost.o, queria
que a lei foRse igual para todos, o nobre orador
111io duvidava de qu~ elle não quereria a •tbuliçiio
dos impostos mó.os para a sua província só-
monto, deixando os das outras províncias no
mesmo estado.
Rnquoreu que na repartição da guerra se pu-
dessem applicar a outras despezas as quantias
alguem pensava. empregando no mataria o que sobrasse do peS·'
Fall.:>u sobre os armazens da alfundega, pare- soal, porque, segundo o seu modo de pensar,
cendo·lhe que depois de certo prazo, por exemplo, pouco se ganhava em ter muitos homens em
de 6 mezes, as fazendas nelles guardadas devião armas, porém sim em aperfeiçoar as construc-
pag,w 4 •/o de armazenagem, não sabendo cointudo ções, não querendo dizer clom isto ·que se
se esta disposição podia ser incluída na lei do mandassem construir fortalezas, fundir canhões
orçamento, por isso que seria necessario attender ou broquear peças de artilharia, mas que se
ao praz.i dos bilhetes da alfandega, o qual devia promovesse a industria e que se mantivesse em
ser prolongado, pois que não podia tomar~se pé respeitava! o material nesta repartição da
aquella pwvidencia emquanto os bilhetes fossem guerra como nos Estados-Unidos; e por isso
a 3 mezes. qualquer quantia que o respectivo ministro con-
Em quanto á reforma da alfandega, entendeu que seguisse economisar no pessoal. bom era que
precisava de uma lei muito trabalhada e com fosse applicuda ao material ; mas nas outr~;~s
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:17 - Página 5 de 5
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SESSÃO EM 27 DE SETEMBRO DE 1831 207
19:000H e em Julho de de orçamento, não podendo mesmo às juntas de
fazenda informar com a promptidão necessaria :
certificou que havia já m.andado tirar a conta
do que se ficára devendo ·alo ue. res eita>a a
esouro do Rio de Janeiro; porém a com missão
não se contentava com isto;. e queria saber de
quaes erão as despezas ·de todo o 1mperio, para
que o thesouro não tinha dados exactos, nem
· e igt -os para c egarem a empo e estar
dos emprestimos externos que erão feitas pelas a camara ainda reunida, pela distancia em que
províncias do norte, assim como para pagar os ficão algumas províncias, não tendo até vindo o
emprestimos internos e gastos das diversas re- balancete de algumas juntas de fazenda havia
partições, etc. mais de, 6 mezes, queixando-se de falta de offi-
Rijferio de mais, que havia recebido dous dias ciaes, quando n tinha recebido de outras juntas
antes um officio da junta da fazenda do Rio situadas em províncias mais distantes.
Grande do Sul, em que se dizia que o governo Depois de mais algumas reflexões pôz o Sr.
devia mais de 400:000H naquella província: que presidente o orçamento em votação e foi appro-
verdade era que para este pagamento se havià vado com as emendas da commissão.
dado um ct·edito supplementar, mas que este Forão tambem adaptadas as emendas se-
credito não tivem a app!icação que devia ter, guintes :
de maneira · ·
quantia para aquella divida. « Os hospitaes da caridade são casas de mise-
Lembrou que tinha apresentado já uma pro- ricordia, e como taes gozão do indulto do SI lo do
posta para o governo fazer os despezas a que alvará de 27 de Junho de 1808. ))
estivesse le almente obri ado sendo uma dellas Do
o pagamento do soldo da tropa do Rto Grande « Fiquem isentos de direitos os livros e ma-
do Sul ; e portanto fizera da sua parte o que chiuas. ))
era possível, mas já tinha lido o parecer da Do Sr. Maciel :
commissão de fazenda que regeitava esta pro osta cc Todos os im ostos sobre
o governo, tzerr c que nao tm a ugar, e qua quer que seja a sua denominação, serão re-
propondo a suppressãll do artigo em que o go- duzidos a 20 ojo , quando se destinar para con-
verno requeria esta autorisação, exigindo antes sumo. )l
que o governo apresentasse uma lista de todas Do Sr. Duarte Silva :
as dividas a que estava obrigado, o que não « Contemple-se na receita o producto da venda
era tão facil de fazer no estado actual da es- de 24 mil quintaes de páo-brazil na Europa,
cripturação, pois que não sabia anteriormente ficando o governo autorisado para o córte deste
quanto se devia á tropa do tempo da guerr~, artigo no anno de que se trata até preencher os
e só o soubera pelo officio recebido do Rto 24 mil quintaes. ))
Grande do i3ul, em que se dizia que erão 400:000~, Do mesmo Sr. :
não os ten.io podido satisfazer o governo, porque cc Que não se exija decima pelo tempo em que
pela lei do orçamento era obrigado ~ applicar o predio se acha desoccupado e sem rendi-
Do Sr. Carneiro da Cunha :
« Fica imposta a taxa de 411 nos palanquins,
cuja cobrança será igualmente feita pelos col-
' . . i -
erna. posição terá lugar immediatamente depois de
Declarou que a lei do orçamento determinãra sanccionada a presente lei. >>
que se pudesse vender sómente a terça parte do Foi remettido tudo depois á commissão de re-
páo-brazil existente na Europa, porque o governo dacçào afim de apromptar o projecto para 3• dis-
contava com grande porção de pào-brazil na cussão.
Europa; mas parecia que a qurmtidade hoje exis- Levantou-se a sessão depois das 3 horas.
tente não era considerava!, porquanto grande
parte delle fóra vendido por ordem do Sr. H•ol-
landa Cavalcanti, e outra porção fóra consumido
no incendio dos armazena de Antuerpia.
Sobre notas do banco foi da opinião do Sr. Hol- Sessão em ~'7 de Setembro
landa, que não convinhl\ tirnl-as de repente da
circulação, porque iria alterar as fortunas de todos PRESIDENCIA DO SR. ALENCAR
os particulares, alteando subitamente o cambio,
e produzir grandes prejulzos ao commercio. Leu-se a neta, e foi approvada com uma pe-
O Sa. MAY pediu licença para retirar uma quena alteração.
emenda sua, o que lhe foi concedido. Seguio-se o expediente, lendo o Sr. secretariá
os officios seguintes :
O Sa. MARIA no AMARAL perguntou o motivo Do ministro do imperio remettendo os docu-
por que en~e~dendo o Sr. ministro que não podia mentos e informações a res eito das ensões de-
- .
an eriores, por não estar autorisado para isso
' c ara as em uma lista. E participa que não póde
assistir á discussão para que fóra convidado.
pela lei do orçamento, não tinha apl'esentado um Do secretario do senado participando que a
orçamento das quantias que se haviiio deixado regencia em nome do imperador consente nas 4
de pagar, pedindo que o governo fo11se autorisado seguintes resolnções da assembléa geral: la, de-
a procurar os meios de satisfazel-as ; pois sem clnrando a Joàll FranciSC<) Chaby no gozo dos
uma informação semelhante a camara nada podia direitos de cidadão brazileiro; 2a, fazendo exten·
deliberar a tal respeito. sivo a todas as províncias do imperio o decreto
O Sa. MINISTRO advertia que não era praticavel sobre a admissão de homens livres nas obras e
satisfazer a esta exigencia, pois não podia fazer- trabalhos publicos ; 3a, creando uma aula de en-
se orçamento do que havia deixado de pagar-se sino mutuo no arraial do Pilar na província de
pertencente a ordenados de empregados que os Goyaz ; 4•, creando outra de primeiras letras no
não receberão, ou a despezas que se tinhão man- arraial do· Curralinho da mesma provincia.
pado fazer em um anno em que não havia lei Foi approvada a redacção da resolução que
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1831
CAMARA DOS SRS. DEPUTADOS.
pedia, os 1·elatorios feitos pelo conselheiro Jr•sé para crear nesta cidade um corpo de guardas
Antonio Lisboa n respeito dos pharóes. municípaes volnntarias a pé e a cavallo.
Do ministro da marinha pedindo restituição O Sn. Mo:c<TEZUMA. off<Jreceu a seguinte emenda:
dos documentos do despeza da conta do suspenso « Qtle se creern guardas municipaes em todas
thesoureiro .Gregorio Manoel do Couto, relativos as cidades onele forem julgadas nec~ssarias, c não
ao primeiro quartel do anno financeiro de 1829 sómente na côrte como diz o pro]ecto. 11
a 1830.-Mandarão-se restituir os docun:entos. Esta emenda foi retirada a pedido do seu
Do secretario do senado acompanhando a reso- autor.
lução da dita cam~ra, ácerca da construcção das Forão mflrrdadas á mesa as emendas seguin-
fontes chamadas artesinnas. tes:
Apoiada e vencida u urgencia pedida pelo Sr. Do Sr. · Francisco do Rego:
Henriques de Rezende, entrou em discussão a « O <>overno fica autorisado a mandar crear
mr:smn r.,solução. na pro~ncia de; Pernambuco.um corpo de guard~s
«Art. l.o O governo mandará vir da Europa municipaes permanentes, cuJO numero será arbt-
dc1us pngenheiros, pnra se empregarem em nhrir trado pelo presidenttl em conselho. 11
poços art~sianoe. >> Do Br. Carneiro da Cunha:
Depois ele breve discussão foi approvado o ,, Para o me;;mo fim se ·~•-earáõ nus cidades
artigo com a en_:~cndfl do _Sr. Frandsco do R8gO capitaes das pt"<JVincins, ond•' os presidentes om
concAbicta n(ls termos Fegumtes: conselho n julgarem uecoss1rios, corpos se~e·
a O governo fica autorisado a empregar rngc- lhant ~ om u numero do 11'& as ro orc10-
n 1e ros, quer se) ao na uraes quer es rang01t'os, nado. 1>
como lhe convier melhor. 11 D·• Sr. Monteiro de Barros:
EntrQu tambem em discussão e foi approvado " Requeiro que a providencia do art. 1° se
o art. 2o-tambem mandará comprar instrumentos, estenda á provincia de S. Paulo, ficando o numero
etc. a arbitrio do presidente em conselho, comtanto
Foi supprimido o art. 3o; nssim como um que não exced!l. a 350 homens. n
artigo addíci<Jn!\l do Sr. Mtq, para que o governo Do Sr. Alves Branco:" Parfl que as guardas
pudesse despender neste ensaio de fontes arte- fossem contractadus pelos juizes de paz, marcando
sianas ate a quantia do 20:000,~000. o aoverno o numero e para serem commandadas
Julgnda findR a dis0ussão foi ndoptada a res0- alt~rnativamente pelos chefes de familin de cada
lução com as emendas approvadas.
freguezia. '' . .
O SR. LoBo DE SouzA mandou á mesa a seguinte O SR. ERNESTO ped10 o adrarnento, que foi
declaração do voto: apoiado, discutido e rejeitado.
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freguezia a povoação do Rosario de Nossa Senhora · << 3. o E como muitas despezas se fizerão que
do Cattete. não se achão classificadas, mas que estão com-
Foi á commissão de pensões e ordenados o prehendidas em outras que a commissão não
requerimento do marechal de campo Luiz An- póde de maneira alguma extremar, e que precisão
tonio de Oliveira Bulhões. ser esclarecidas, entende a commissão que nesta
Forão approvados os pareceres seguintes : parte se espere pelo parecer da commissão de
Da commissão de redacção sobre as emendas Londres, afim de que á vista delle se dê com
desta cRmara ao projecto vindo do senado para mais conhecimento de causa um parecer definitivo,
se abrirem fontes artesianas. pela intim;l rolação que têm taes contas com os
Da coll'lmissão de justiça civil sobre o reque- serviços dos differentes ministerios, e que devem
rimento de Manoel José de Menezes, juiz de paz constar dt~s ditas contas, tanto mais quanto se
da villa de Maricá, que se qu11ixa da multa que ig11ora o destino que tiverão as ditas 400,000
lhe impoz o collegio eleitoral por haver faltaJo lbs. st. ·
a comp:trecer na eleição dos juizes de facto, e « A com missão reconh~ca não ter bem desempe-
dá as razões da sua falta.-A commissão, em- nhadv a tarefa que parece se lhe tinha encarre-
quanto entenda injusta e até illegal aquella multa, gado, mas ella espera que a camara, reflectindo
á vista do art. 3• do decreto de 29 de Julho no estado das contas, na sua nenhuma classi-
de 1828, que parece exigir uma falta continuada ficação, máo arranjo e disposição dellas nos
e reincidente, e não a que commetteu o sup- limitados· esclarecimentos na parte, e emfim na
plicante, que plllo Sbu comparecimento immediato falta da documentos, ausencia dos res ectivos
no segum e e mais tas, a e u 1maçao as e el- 1vros as tversus repart1çoes e azen a, convirá
ções, bem mostra justificada a causa da falta que a commissão fez o que pôde ; entretanto
de um só dia, comtudo está persuadid:l que á ella espera que á vista das providencias exigidas
vista do § 4o da mesma lei não pertence a esta na lei de 16 de Dezembro de 1830, e pela reor-
augusta camara conhecer de tal pena, mas sim ganisação da admiuistração de fazenda nas pro-
á autoridade judiciaria do lugar, quando houver víncias, que no futuro anno os nossos negocios
de se fazer a cobrança, porque apresentando então financeiros serão melhúrmente apresentados no
o supplicante as tão justas e fortes razões que corpo legislativo. »
o abonão, deverá obter o desaggravo que pre- O parecer da commissão especial do banco,
tende. comprehendendo o relatorio do estado actual do
Da commissão de contas sobt·e o officio do banco e do modo por que tem sido executada a
ministro da fazenda, que acompanhava o reque- lei de 23 de Setembro de 1829, que o mandou
rimento de Samuel Philips & O.•, pedindo a liquidar, no fim do qual, para apressar a liqni-
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se dizia que uma autoridade havia officlado com o seu desgosto por haver 'passado o referido co-
desafóro. digo criminal, em razão de o julgar insufliclente
Quanto a serem os juizes de paz despotas le: para certos delictos, havendo até de algum modo
gaes, declarou que não sabia o que significava censurado o nobre orador, por ter sido um dos
ser despota legal, nem o que era despotismo que votarão a favor do codlgo: o que tudo cum-
legal; pois as palavras despotismo e legalidade pria que elle confessasse em abono do ministro
se excluião uma á outra: ponderou que a camara da justiça contra a imputação que se lhe fizera.
e todo o mundo sabia bem que os juizes de Quanto aos defeitos do codígo, declarou que erão
paz não tinhão sido despotas, antes havião sido conhecidos por todo3, tendo assentado os Srs.
firme barreira contra a anarchia e contra aquelles deputados na occasião em que elle passC!u, que
que se a.proveitavão da anarchia, assassinando, seria melhor do que a ordenacão do llv. 5o ;
roubando as propriedades; e que era talvez o assim como hoje se assentava que era melhor
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seus agentes, ou contra particulares. » dencias tinha dado a respeito dos acontecimentos
Offerecerão-se as emendas seguintes, que forão de Pernambuco.
apoiadas: Forão approvados os seguintes pareceres:
Do Sr. Moura: Da commissão de pensões e orden~dos, sobre
cc As offensas physicas leves, as injurias e a indemnisação que pretendia Ignacio Alvares
calumnias não impressas, as ameaças, serão Pinto de Almeida, pela abolição de seu officio
reputadas crimes políciaes e como taes proces- de corrector da fazenda, de que tinha proprie-
sados; e isto, ou ellas sejão dirigidas contra as dade. -A commissão observa que este negocio
autoridades publicas e seús agentes, ou contra já foi decidido com approvação da carnara ao
particulares.» parecer della em sessão de 22 de Julho do cor-
Do Sr. Mello Mattos: rente a uno, e que portanto nada mais ha de
cc Em lu ar dos arts. 5o 6o 7o So e go ue se deferir.
deveráõ supprimir, substit.ua-se o seguinte artigo: Da commissão de guerra, sobre o requeri-
-S~rão processados e julgados como crimes poli- mento de Carlos Ferdinand, boticario que foi
cines os feriment••s simples marcados no art. 201 da armada nacional, o qual pede ser incluído na
do codigu crllninal, a:o off~nsas h ~icas dirigidas resolução que mandou dar passa em ara a sua
con ra as auton• a es pu 1cas, ass1m como Boi pa r1a aos o c1aes estrangeiros man a os v1r
resistencias feitas ás guardas municipaes, ou a para o serviço de> Brazil. - A commissão julga
quaesquer outras no exercício de sU•IS obriga- que deve ser indeferido o requerimento, porque
ções, serão punidos com as penas dos arta. 116, o supplicante não é oflicial do corpo.
, . , e o co igo cnmma . »
Finda a discussão, approvou-se a emenda do ORDEM DO DIA
Sr. Mello Mattos, salva a redacção ; ficou pre-
judicada a do Sr. Maria de Moura e suppri-
midus os arts. 5o, 6o, 7°, 8o, 9• e 10, este ultimo Continuou a discussão do projecto de lei vindo
por estar <Jomprehendido na votação. do senado, reformando alguns artigos do codigo
Dando a hora e não se vencendo a prorogação penal.
pedida, o Sr. presidonte designou para a ordem cc Art. 11. Nos crimes policiaes e nos que
do dia 10: Continuação da discussão adiada. Con- são processados politic>\mente em virtude desta
tinuação da 2a discussão do projecto de lei sobre lei não se concederáõ seguros nem fianç •s. >>
a reforma da constituição. O SR. CASTRO ALVES propoz a suppressão do
Levantou-se a sessão ás 3 horas. artigo.
O SR. REZENDE offereceu como emenda:
cc Supprima-se a palavra - fianças. >>
O ~R. Fn:RR.ti:IRA. DA VEIGA apresentou a emenda
a Nos crimes mencionados nos arts. 1•, 3o e
PRI!:SIDENCIA DO SR. ALENCAR 4•, não se concederáõ cartas de seguro nem
fianças. >>
Lida e approvada a acta, leu o Sr. 11• secre- O SR. PRESIDENTE propoz que se interrowpesse
tario os officios seguintes: a discussão para se ler um offi.cio do mluistro
Do Sr. ministro da justiça, participando que dos negocios do imperio; e annuindo a isso a
a ilha das Oobr!ll:l fóra atRcada e a fortaleza carnara, leu-se o ofiicio, o qual reftlrindo-se a
escalada á vivo. força, sendo presos os rebeldes. outro de 22 de Julho proximo preterito, pedia
- Ficou a camara inteirHda, não passando a deeisão sobre considerar-se ou não de festividade
idóa do ir ás commh1,;ões de constituição e jus· nacional o dia 12 de Outubro.
tica criminal, segundo se pedlo. Julgada urgente a materil\ do officio, entrou em
D" secretnrio do seuado, participando que discussão a resolução proposta a tal respeito pela
squella camara suspendêra a sessão permanente, commis8ãO de constituição ; e depois de approvados
tondo resolvido continuai-a quando lho seja re- os seus artig•>s, foi mandada á commisslio de re-
mottida algnllla modicla UJ'gAnte. dacção, ven<lendo-se que depois de approvada a
Hect,hAIHIIl cum osp~<cial agrarlo o ofiicio do .redacçáo se mandasse a resolução para o senado
vice-prosidenle da província dtl Goyaz, em que sem dependencia da app~ovaçãu da acta:. .
dá part0 que tem tomado conta do governo Continuando a mater1a em discussao, fol
daquel\a província, e qutl tanto e~le como os approva•io o artigo com a emenda do Sr. Re-
habittmtes da província estavào dec1didos a sus- n f rão re eitadas as outras duas.
en 'll' o s Entrou em discussão o art. 12:
rege. « Art. 12. O governo fica autorísado para
Foi á commissão de justiça criminal um ofiicio suspender as posturas e deliberações da policía
com documentos do mesmo vice-presidente, rela- das camaras municipaes, e substituir tempora-
tando os acontecimentos que tiverão lugar riamente por outras qut~ achar convenientes para
naquella província no dia 14 de Agosto, quanto estabelecer ou firmar a tranquillidade. »
á demissão do presidente do governo e mais factos
que menciona. O SR. REZENDE prnpoz a suppressão do artigo,
Foi á Ia commissão de fazenda o rGquerimento e foi approvada, fin~a a ~iscussão. . _
e documentos do cabido da Sé do Pará, em que Concluída a 2a dtscussao deste proJecto, fo1
se queixa da junta da fazenda daquella pro- remettido á commissão de justiça criminal afim
víncia. de o redigir para a aa discussão.
Jfoi á commissão de policia· o requerimento de Approvou.-se a redacQão da resolu.ção sobre os
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nuação da 2• discussão da proposta adiada. dados de pensão não podem ' chegar para sua
Levantou-se a sessão depois das 3 horas. subsistencia: e diz o agraciado que apezar da
sua penur!a lhe será mai~ a~roso renu?cil!-r a elle~
Entrou em discussão a resolução n. 258 sobre E annunciando-se estar fóra o ministro do i:n-
os orphãos da Bahia. A' qual se offerecerão as perio, ficou outra vez adiado.
emendas seguintes: Depois de entrar o ministro continuou a dis-
Do Sr. Jardim: cussão do art. 3o do parectlr da commissão sobre
<< A providencia a respeito dos orphãos seja a proposta do governo para melhoramento da
extensiva aos demais accionistas do banco, u estruda ds Minas, chamada da Policia com as
Do Sr. Lobo de Souza. emendas apoiadas na sessão antecedé)!te e outras
« O governo fica autorisado para adiantar por em- mais que se apresentárão. ,
prestimo ao collegio dos orphiios do. Bahia, 24:ooon << Art. 3.o Concluída a obra mencionada no art. 2o
até a liquidação das contas do mesmo banco. )) o total do rendimento da portogem renrterá em
Do Sr. Pnraizo: p?·o ?"ata tlm beneficio da conservação das estradas
11 Artigo additivo.- A nação garanto a impor- que produzem a renda e se achão citadas no artigo
tancia dos mencionados 60 °/o, quando em liquiüa- antecederito. 1>
ção final se mostrar não compntir aos orphãos a Por fim foi approvado o artigo com a emenda
mesma quantia. 11 do Sr. Duarte Silva, pnra que depois da pnlavra
Afinal foi approvada a resolução corr. o artigo addi- -conservação - se accrescentasse ·-e augmento.
tivo do Sr. Paraizo, e rejeitadas as outras emendas. Os arts. 4• e 5o forão supprimidos por proposta
O SR. ARAUJO LI_JI!:A mandou á mesa a seguinte do Sr. Rezende.
resolução: Dando-se _por feita a 2• discussão para passar
« A as em éa e · · á 3• o Sr. Ferreira da Vei are uereu ur enci
I< Fica approvado o regulamento das prisões que e sen o vencida passou a proposta á 3• discus-
se segue. )) são; e foi adaptada e remettida para a redacção.
Julg.ndo-se objecto de deliberação e pedindo O SR. ANTONIO JoAQUIM DE MouRA mandou á
o seu mesmo autor urgencia e dispensa de im- mesa a seguinte declaração:
pressão, foi apoiada e vencida: e entrando em << Declaro que votei contra a adaptação das
discussão a resolução, foi approvada e remettida emendas do Sr. deputado Maria de Moura ao
á commissão de redacção. projecto vindo do senado sobre o processo dos
Entrou em 2a discussão o projecto vindo do crimes publicas e policiaes. ))
senado, que augmenta o ordenado dos juizes do A's 2 horas retirou-se o ministro com as for-
crime desta cidade. Ao qual se offerecerão as malidades do estylo, e continuando a mesma
emendas seguintes: discussão do art. 2o do projecto sobre contra-
Do Sr. Castro e Silva: bando de escravos, foi !'Lpprovado, rejeitadas as
t< Os juizes do cível e do crime da côrte do emendas.
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:54 - Página 1 de 2
..
236 SESSÃO .EM 15 DE OUTUBRO DE 1831
viHa, segundo os supplicantes repre- primeiro-tenente da armada nacional. Julgada finda
a discussão foi rejeitada a 2a pflrte, e approvada
a la salva a redacção ; e adoptada assim a resolu-
ção, foi á commissão de redacção.
Apoiada e vencida a ur encia pedida pelo Sr.
umz arreto, en rou em 1scussao, 01 appro-
vada, adoptada e remettida á commissão de re-
dacção a resolução autorisando o governo a
conceder carta de naturalisação a David Jewet,
na ura os s a os- m os a menca.
ORDEM DO DIA Entrou em discussão a resolução n. 169 ácerca
de José da Gosta Freire de Freitas, que pretende
Entrarão em discussão, cada uma por sua vez, ser declarado cidadão brazileiro.
e farão approvadas as seguintes resoluções de Afinal foi approvada e adaptada a resolução, e
differentes conselhos geraes : enviada á commissão de redacção.
A 1•, 2•, 3• e 4• do conselho geral da província Apoiada e vencida a urgencia pedida pelo Sr.
de Goyaz, impressas sob n. 100, erigindo em Soares da Rocha, entrou em discussão a reso-
villas, com demarcação dos respectivos municí- lução n. 185 do anno passádo, autorisando o
pios, os arraiaes de Cavalcanti, Porto Imperial, governo a conceder carta de naturalisação ao Dr.
Trahiras e Pilar. Raphael Pillate Baggi. E julgada concluidr, a dis-
A 6• do da l?rovincia da. Bahia, _impre.ssa sob cussã~~ foi approv~da_ e adoptad~ v. resolução,
800fl. As cadeiras de agricultura poderáõ ser Passou-se á ultima parte . da ordem do dia, à
occupadas por estrangeiros se não houver cida· discu tio-se a resolução n. 25!, autorisando o
dãos brazileiros que concorrão a exercei-as, mas governo para mandar pagar a José Antonio de
o lente estrangeiro será admittido sómente por Oliveira Guimarães, :filho do fallecido coronel
commissão. Manoel José de Oliveira Guimarães; os soldos
« Art. 2.• Os professores das aulas acima in- atrazados que o dito coronel deixou de receber
dicadas serão nomeados pela mesma fórma e quando major da cavallaria de milícias de Pa-
maneira que o são os professores de escolas de racatú.
primeiras letras, e na conformidade do art. 7• da Oerrada a discussão, foi approvada e adaptada
carta de lei de 15 de Outubro de 1827. a resolução, e enviada á commissão de redacção.
<< Art. 3.• Um anno depois da creação das Ooncluida a ordem do dia entrou em discussão
aulas da lin ua franceza, alumno nenhum será o arecer adiado im resso sob n. 229 ácerca de
a m1t 1 o s os es u os ma10res sem preCiso Lom·enço Antonio do R~go e Manoel Martins
exame, e attestado do corrente no conhecimento Vianna. .
necessario da sobredita língua.>>
A sa do da província do Maranhão creando uma O. Sa. SoARES DA RocHA . mandou á mesa a se·
ca e1ra a mgua ranceza na cap1 a a mesma << Que se peção informações ao governo sobre
província. a mataria em questão. >'
A 5a e 6a do da província da Parahyk, mar- Dando a hora, ficou adiada a discussão.
cando uma os ordenados de alguns p!ofessores de
primeiras letras ; e outras erigindo em villa a O SR. PRESIDENTE deu para ordem do dia 17 de
povoação de Piancó. Outubro: Sa discussão do projecto de lei n. 83 vindo
Passou-se á segunda parte da ordem do dia, do senado sobre contrabando de escravos, com
e entrou em discussão a resolução approvando as emendas approvadas na 2• discussão. 2• dis-
a pensão de 200S, concedida a Francisco Antonio cussão do projecto de lei n. 102, sobre reforma
de Oliveira, e elevando·a a 400aooo. de constituição. Resolução não impressa, natura-
Finda a discussão foi approvada a 1• parte lisando Bartholomeu Bartholanzi. Resolução não
e rejeitada a 2•. impressa vinda do senado, sobre mestres de latim.
Adaptada a resolução foi á commissão de re- Resolução approvada no senado sobre escolas de
dacção. · primeiras letras na província do Espírito Santo.
Approvou-se, adaptou-se e foi remettida á com- Resolução n. 262 naturalisando José Pereira de
missão de redacção a r'esolução n. 161, vinda do Azevedo. 2• discussão do projecte ne lei n. 247,
senado, autorisand:~ o governo a conceder carta sobre posturas de camaras municipaes. Resolução
de naturalisação a Valentim Garcia Monteiro. n. 186, fazendo extensivo ás provincias de Ala-
Eritrou em discussão a resolução adiada em gôas, Sergipe e Piauhy o decreto de 25 de Junho
11 de Agos_to ulti~o, para ser considerado c~pitão de 1831. R•solução n. 145, sobre officiaes a mili-
w • • • .
quem se dera ·baixa como estrangeiro. E jul- cussão das propostas do governo sob ns. 231 e
gada :finda a discuss~o, !oi approvada, adaptada 233 sobre creditas supplementa.res para despezas ..
e remettida á commissão de redacção. do trem de Pernambuco, e para a província· do
Foi igualmente approvada, adaptada e remet- Espírito Santo, quando chegar o ministro ·da
tida á commissão de redacção a resolução n. 21, guerra.
autorisando o governo a conferir carta de natu- Levantou.se a sessão depois das 2 horas.
ralisação a Jonathas Abbot.
Igual sorte teve a resolução n. 170, autorisando
o governo · a passar carta de naturalisação a
Julio Frederico Koeler.
Entrou em discussão a resolução n. 225 ácerca
·de Thomaz B. Tilden, que pretendia ser natu-
ralisado cidadão brazileiro, e restituído ao posto de
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 11:54 - Página 1 de 1
Sessão em 4 8 de Outubro
PRESIDENCIA DO SR. ALENCAR
as despezas da sua reexportação para os portos Foi approvada, adaptada e remettida á com·
donde vierão. missão de redacção a resolução o. 145 e sobre
cc Art. 3.o O montante das multas de que falla os officiaes militares naturaes da. provincia. Ois-
o paragrapho antecedente, será entregue aos cofres platina ou nella residentes.
das casas de expostos, deduzida a quantia de 50/J Passou-se á
que deve ser dada ar) denunciante da transgressão
desta lei. » SEGUNDA PARTE DA ORDEM DO DIA
Do mesmo Sr. Montezuma:
<<O art. 3• do projecto n. 83 redija-se no'pl·in- Entrou em Ia discussão a proposta do governo
cipio assim:-São importadores s.} o commandante, relativa ao trem . e hospital militar de Pernam·
mestre e contra mestre-2•-etc. b buco, e julgando-se finda, o Sr. Ferreira da Veiga
Do Sr. Oustodio Dias: edio ara entrar em 2• discu ão
« or a 1 amento ao art. 2o do pro]ecto n. 83. foi approvada a primeira parte da proposta. e o
-0 governo fica autorisado a contratar com as artigo addicional da commissão, assim. como a
autoridades africanas para dar algum asylo aos primeira parte de uma emenda do Sr. Souto.
escravisandos reexportados. » -
r. 1ena ou o: assistir á discussão por incommodo de suude.
«Os arts. 5•, 6o e 8• redijão-se do modo se· Entrou em primeira discussão a proposta do
guinte, salva a melhor redacção: governo pedindo um credito supplementar de.
<< Artigo substitutivo. -Toda a pessoa que der
· · m i s e appre en er-se qua - financeiro na provillcia do Espírito Santo, e
quer numero de pessoas importadas como escravos, dando-se por feita para passar á segunda, pedia
ou sem preceder denuncia ou mandato judicial fizer urgencia o Sr. Getulio, e vencendo-se entrou em
qualquer apprehensão desta natureza,. ou que segunda discuss.ão, fi11da a qual ficou approvada
perante o jui:~; tle paz ou qualquer autoridade com as emendas da commissão.
local der conhecimento de desembarque de escra-
vos por materia tal que sejão apprehendidos, O Sa. PRESIDENTE1designou a ordem do dia 19.
receberâ do thesouro publico a quantia de 30~ Levantou-se a sessão depois das duas horas.
por cabeça de pessoas apprehendidas.
Adaptado o projecto foi reniettido a commissão
de redacção.
Entrou em 2• Sessão em t.O de Outubro
3• discussão com .PRESIDENCIA) DO SR. ALENCAR
Ribeiro.
Entrarão em discussão separ~damente e ~or~o Depois de approvada a acta, lerão-se os officios
de redacção ~s seguintes resoluções: Do ministro da marinha pedindo se lhe indique
1.• Autorisando o governo a mandar passar dia e hora para apresentar uma proposta do
carta de naturalisação a Bartholomeu Bartho· governo, cuja decisão é de maior urgencia .-
lanzi. Marcou-se hoje mesmo ao meio dia.
~.n Vinda do senado, igualando os ordenados Do ministro da justiça remettendo o officio do
dos professores de grr.mtnatica latina aos de pri- chanceller da casa da supplicação, com o orça-
meiras letras, quandq. estes ultimas nos mesmos mento para a obra que convém fazer-se para
lugares sejão maiores do que os primeiros. execução do decreto de 17 de Abril de 182! e do
3.• Oreando tros escolas de primeiras letras na art. 159 da constituição.- A' la com missão de
província do Espírito Santo. · fazenda.
4.• Autorisando o governo a passar carta de Do ministro do imperio propondo a duvida,
natur alisação a José Pereira de Azevedo. se depois da lel de 14 de Junho, os lugares
5.a Determinando que as posturas -municipaes preenchidos por nomeação dos governos das pro-
não poderáõ ser executadas sem npprovação. víncias precisão de confirmação do governo cen-
Entrou em discussão a resolução fazendo ex- ttal.-A' . commissão tle justiça civil com ur-
te~sivo ás províncias de Sergipe, Alagôas e gencia.
Ptauhy, o art. lo do decreto de 25 de Junho Do ministro dos negocias estrangeiros enviando
de 1831 que creou na capital do Ceará cadeiras as cópias exigldas dos officios do marquez de
de philosophia racional e moral, rhetorica, geo- Rezend'El.
metria e lingua franceza com 600 de orden d ])o rninistr ·
ca a uma. menta de João Liberali, em que, pelas razões que
O:fferecêrão-se e forão apoiadas as emendas se- allega, pede ser conservado no officio de porteiro
guintes: da secretaria do conselho da fazenda.-A' com-
Do Sr. Castro e Silva: missão de constituição. .
<< Fica extensiva a todas as provincias do im- Do mesmp mi.nistro pedindo providencias sobre
perio a disposição do decreto de 25 de Junho os objectos mencionados nas suas propostas, para
do corrente anno, creando diversas cadeiras no se autorisar o governo as dividas preteri tas pos-
Ceará. 11 teriores ao anno de 1826-para emittir bilhetes
Do Sr. Lobo de Souzà.: do thesouro, para comprar o cobre indispensavel
<r Depois das palavras-de 1831-accrescente-se : para varias despezas.- A' la commissão de fa·
-As cadeiras serão providas de conformidade com zenda.
a lei da creação das escolas de primeiras letras, Do mesm•1 ministro pedindo providencias ácerca
pelo presi~ente em conselho. » da substituição das notas do novo padrão já
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ORDEM DO DIA
Sessão em ~O de Outubro Entrando em discussão a resolução n. 265, foi
a prov.ada ado tada e ·remettida á commissão de
l'I\ESIDENCIA DO SR. ALENCAR re acção. · ·
Estando a discutir·se a resolução n. 253 a
Depois de approvada a acta, passou-se ao favor de Fructuoso Luiz da Motta, ficou adiada a
expediente, lendo o Sr. 1• secretario um offieío. materia por ter chegado o ministro dos negocias
Do secretario do senado communicando haver estrangeiros.
sido sanccionada a resolução, tomada sobre outra E sendo introduzido, e tendo tomado assento
do conselho geral da província de Sergipe, eri• entrou em la discussão a proposta do governo,
gindo em freguezia a povoação do Rosario de sobre o pagamento das presas feitas a negociantes
No.ssa Senhora do Cattete. britannicos por causa do bloqueio de Buenos-
Foi á commissão de guerra o requerimento de Ayres; e finda a la discussão passou á segunda,
Emilio Luiz Mallet, pedindo ser reintegrado no pedindo-se e vencendo-se a urgencia.
seu posto. Afinal ficou a mataria adiada.
Approvarão-se duas redacções de resoluções Levantou-se a sessão depois de.s 2 horas.
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camaras ..
' mumcrpaes. ' ·
Approvou-ile igualmente a redacção da resolução O SR. MANOEL Do AMARAL pedio o adiamento
autorisando o governo a conceder dispensa de para se tratar deste objecto em outra .sessão, e
idade a Augusto José Monteiro Diniz, para poder sendo apoiado, foi por fim approvado. ·
exercer qualquer officio publico, ·afim de ser en- Passou· se a discutir a seguinte resolução n. 276:
viada ào senado. « Os direitos dos credores á fazenda publica, em
Julgou-se objecto de deliberação, e ficou para virtude de soldos, ordenados e vencimentos de
entrar na ordem dos trabalhos, dispeasada da empregados, quaesquer que tenhão assentamento
impressão uma resolução da com missão de justiça em folha, não forão prescriptos pelo alvará de 9
civil, a favor de Manoel Innocencio Pires Camargo de Maio de 1810. »
para dispensa de lapso de tempo na posse de Julgada discutida, foi regeitada a resolução.
uma sesmaria. Entrou em discussão, e foi approvado o arti~o
Ficou adis.do por se pedir a palavra o parecer lo da resolução o:fl'erecida pela commissao
das commissões de justiça civil e criminal sobre especial das guardas nacionaes, para que as fre·
o requerimento de João José Rodrigues, segundo guezias e capellas-curadas, situadas em mais de
tenente da armada nacional, que se queixava da um município, pertenção sómen te áquelle onde
apprehensão que lhe :fizerão estando embarcado estiver collocada a matriz e capella.
na fragata D. Francisca, de 70011000 de cobre Foi tambem approvado o artigo 2o :
que levava para seus gastos. As commissões enten- «.O governo E-esta .P~ovincia, e os pr~sidentes nas
dendo que o su licante como oflicial de marin
promp o a sahir para os portos do norte podia
levar aquella quantia para supprir ás suas necessi-
dades pois claramente se conhece que a importancia 0 Sa. FERREIRA DA VEIGA pedi o urgencia para
de 70011000 que levava um official de marinha, . entrar em discussão o projecto de lei que extin·
nem tinha o caracter de contrabando para poder gue a guarda de honra, e vencendo-se nesta con-
ser comprehendida na prohibição da lei, nem formidade, mandou-se buscar á secretaria.
podia ser considerada objecto de negociação para Entretanto discutia-se, e aprpovou-se a reso-
ser transportada furtivamente ; são de parecer que lução n. 189, erigindo em villa a freguezia de
sendo manifesta a injustiça da apprehensão, espere Nossa Senhora da Guia da Mangaratiba, com um
o supplicante pela decisão do poder judiciario, additamento do Sr. Maciel.
a que está o negocio aft'ecto. Foi mandada á commissão de iedacçiio.
. Pedindo-se urgencia, e vencendo-se, entrou em Entrou finalmente em discussão a resolução
discussão. n~ 89 vinda do senado, abolindo no rio Jaguaribe
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,
recommendação de reparar logo essa injustiça que recebeu de seus soldos, depois que no · the-
á supplicante; porquanto não dependendo da snuro se lhe suspenderão os supprimentos de
approvação da assembléa geral as mercês pecu- dinheiro, por não haver dado conta legalmente
niarias concedidas antes do juramento da consti- dos dinheiros recebidos e dospendídos.
tuição, não podia a supplicante ser privada desta 0 MESMO Sn. CUSTODIO DIAS pedia adiamento
graça sem que por uma lei fosse supprimida, não até á sessão su~uinte, e assim se venceu.
sendo bastante o pretexto allegado de não correr Passou-se a d1scutir o parecer adiado da com-
mais essa despesa pelo cofre da policia ; pois missão de pensões e ordenados, sobre o requeri-
assim como a sua receita passou para o tllesouro monto de Francisco Antonio do Rego, que pede
deve a sua despeza passar tambem pam o mes- uma gratifl.~ação pelo serviço que tem presttldo
mo thesouro. ha 12 nnnos ao museu.
Da mesma commissão, para se pedirem ao go-
verno os papeis relativos á pretençiio do padro O Sn. Lona fez um requerimento para se pe-
Jacintho José Pinto Moroira, vigario collado da dirom esclarecimentos a este respeito, o que foi
igreja de Piratiny na província de S. Pedro, approvado e considerado como adiamento.
para ser approvada a sua apusentadoria. Entrou em discussão o parecer adiado da com-
Julgou-se objecto de deliberação a resolnç.ão da missão dfl constituição, indeferindo o requeri-
mesma commissão approvando a aposentadoria mento de Jacintho Vieira do Couto Soares, que
concedida a Joaquim Rodrigues dos Santos. pretende ser declarado cidadão brazileiro.
Pedindo- ur n ·a e o ·· ·ou Offerecerão-se algumas emendas, e :ficon a dis-
em discussão a resolução e foi adaptada. cussao a 1a a por se vencer a urgenc1a para
tratar-se do negocio das presas, e entrou em 3a
Os SRs. SEBASTIÃo no REGO E MACIEL offereca- · discussão a proposta do governo com a emenda
rão a seguinte resolução: do Sr. Montezuma, approvada na 2• discussão,
<< Matheus Welsh está comprehendido nas ex- substiiuindo a mesma proposta.
cepções da lei de 24 de Novembro de 1830, como
ta tem direito ao seu posto de capitão de mar O Sn. ARAUJO LIMA mandou á mesa a seguinte
e guerra da armada nacional. » emenda, que foi apoiada:
Julgada objecto de deliberação, e vencida a ur- <c Supprima-se a ta parte. »
gencia entrou em discussão e foi rejeitada. Vencida a prorogação até ás 3 horas, e julgada
:finda a discussão, foi regeitada a emenda do Sr.
Araujo Lima a adaptada a do Sr. Montezuma, e
ORDEM DO DIA remettida á commissão de redacção.
Decidindo-se que houvesse sessão no dia 28 de
Entrou em discussão o parecer adiado da co1n- Outubro, o Sr. presidente deu para ordem do
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•
SESSÁO EM 28 DE OUTUBRO DE 1831
dia a mesma dé- hoje e a resolução não im tempo ; e portanto a commissíio não se acha em
pressa, naturalisando a. Francisco Antonio de· circumstancias de dar parecer a tal respeito com
Miranda. a urgencia exigida. »
Pareceres adiados do meio dia em diante. _Da commissão de guerra e marinha;,que jul a
Levantou-se a sessão de ois das 3 horas.
Sessão em 28 de Outubro
l'REBJDENCIA DO SR. ALENCAR
requerimento de Jacintho Vieirà do Couto Soares, mentar para despezas das províncias de Pernam-
que pretendia ser declarado cidadão brazileiro. buco e do Espirito-Santo.
Sendo a commissão de parecer que fosse inda· Do mesmo secretario, participando que o se-
ferida a re n ã · nado ado tou e i · i · sa - •
Finda. a discussão foi approvado o parecer, ção, marcando o lugar a que ficão pertencendo
:ficando prejudicadas as emendas, e julga::~do-se as freguezias que estão em ter rito rio sujeito a
objecto de deliberação· a resolução offerecida pelo differentes municipios.
Sr. Carneiro da Cunha n'' sessã Do mesmo secretario artici ando ue o s •
ren e, para se autorisar o governo a passar na o a optou, e vai dirigir ã ·sancção o decreto
carta de naturalisação ao supplicante; foi appro- da assembléa geral sobre o contrabando de es-
vadR, adoptada e reme1.tida á col,1lmissão de cravos e as resoluções, 1• declarando, que Jorge
redacção. . Brown está comprehendido na excepcão do ultimo
periodo do art. 10 da lei de 2! de"Noyembro
O S:a. SEcRETARIO PINTO OrucHORRO deu conta de 1880, 2• autorisando o governo a mandar
de dois officios do ministro do imperlo partici- pagar a José Antonio de Oliveira Guimarães os
pando que a regencia receberá segunda-feira às soldos que se devem a seu fallecido pai, 3• auto-
11 horas da manhã a deputação que tem de levar risando tan1bem o governo a mandar pagar os
à sancção a lei do orçame11to, e a que vai saber. respectivos ordenados nos empregados do \lXtincto
o dia; hora e lugar do encerramento da assembléa commissariado, que forão confirmados por aviso
geral. da secretaria d~:~ estado dos ~egocios ~a guerra,
Assentando-se u bastava
os fins indicados, o Sr. presidente nomeou os
Sra. 1\:Iaciel, Toledo e Fernandes da Silveira.
Approvou-se a redacção do decreto da assem·
bléa geral que faz terminar a minori
annos. completos, afim de ser enviadá á senado á resolução, dando varias providencias
sancçãO. sobre as notas do banco do velho p·.u:lrão. -A
Foi igualmente approvada a redacção da reso- imprimir. não se vencendo a urgencia pedida e
lução dispensando a falta de matricula de Antonio apoiada, para entrar em discussão.
de Cerqueira Carvalho, para ser admittido a Lido para subir á. sancção o decreto da assem-
exame das ma terias do· 5o anuo do curso juridico bléa geral, que reduz a minoridade a 21 annos
de S. Paulo, que frequentou, afim de ser enviada completos; c Sr. presidente nomeou o Sr. Guerra
ao senado. em lugar do Sr. Fernandes da Silveira para
Lido para subir á sancção o decreto da assem- membro da deputação, que foi convidada para
bléa geral, que fixa n despezn e orça a receita sahir pouco antes das 11 horas. ·
para o anno Jinance,iro de 1832 a 1833 ; venceu-se Leu-se mais o officio do secretario do senado,
que não se emendasse a quantia de 25:280$ orçada remettendo a resolução do senado afim de se
para a despeza com a instrucção publica na pagar aos accionistas do banco . que ainda não
provinci a de Goyaz. receberão o dividendo do banco de 1829.
0 SR. PRESIDENTE deu para ordem do dia 31 Apoiada e vencida a urgencia entrou em dis·
de Outubro: Resolução n. 275 vinda do senado, · cussão a resolução.
sobre viu vas de militares, e pareceres adiados. ·o SR. MACIEL como orador da deputação, deu
Levantou-se a sessão perto das 3 horas. conta de ter apresentado á regencia as leis para
a. sancção, ouvindo em respost~ : q.ue a regen-
da assembléa geral.
Sessão em :U. ae Outubro 0 MESMO SR. DEPUTADO mandou ã mesa O dis·
curso que por escripto dirigira ã regencia, pedindo
PRESIDEJ:';CIA. DO SR. ALENCAR o dia, hora e lugar do encerramento da assem·
bléa geral ; ao qual respondera o presidente da
. Depois . de approvada a acta, lerão-se os offi- regencia : que amanhã ao meio dia na camara
clos segmntes : dos deputados.
Do nlinistro dos negocias estrangeiros pedindo Recebidas as respostas com muito especial
que se lhe restituão todos os officios originaes agrado.
entregues ao official-maior da secretaria desta. Voltando-se á discussão interrompida, foi ap•
provada e adaptada a resolução.
eamara.- Mandarão-se remetter.
Do ministro da guerra remettendo os autogra- l 0 SR. ERNESTO FERREIRA FRANÇA mandou á.
Leia-se: Sessão em 31 de outubro de 1831 pag. 251
GERAL LEGI~LATIVA
P.I.LLA
1831
INDICE .
DO
e 93. '
Orarão os Srs. Castro Alves, Rebouças, Paraíso,
Xavier de Carva~ho, Montesum~, Cassi!lno, B
'
Carneiro ' Caval-,
da Cunha, 'Rezende, Hollanda
canti, Castro e Silva e Aureliano. Banco-parecer da respectiva commtssao sobre
A discussão foi longa, tratando-se de pontos ju- a p~oposta do governo,-pags. 29 e 220; nesta
rídicos sobre a concessão de cartas de seguro, pagma trata-se da liquidação do ~ntigo banco.
sua origem e historico :
A denuncia contra o ministro da justiça Feijó Baepend-y. - Vid. Accusaçao do ex-ministro
era fundada na suspensão que ordenára das marquez de BatJpe'lld!f.
referidas cartas de seguros, tendo encontrado
da parte de alguns magistrados reluctancia no
cumprimento daquella determinação.
Na sessão de 31 de A osto, a pag. 101, decidio·se
or vota ão in - ·
c
nuncia contra o dito ministro. Campos-discussão do projecto unindo a villa
Votárão 57 deputados neeste sentido e 15 de modo de Campos á província do Rio de Janeiro,-
contrario. pags. 55 e 105.
Accusação do ex-ministro marquez de Bae·· Codigo do processo-o Sr. Alves Branco enviou
pendy,-pags. 10, 39 e 156. á mesa o couigo do processo com uma reso-
A commissão julgou improceiente a accusação ~u9ão para revular·se o processo criminal nos
e o parecer foi approvado. JUizos de 1~ ~nstancia,-pags. 65, 188 (dis-
cussão), 191 (adopção do prujecto1 207 e 208.
Aposentadoria a diversos funccionarios publi- A resolução do codigo tem o n. 230.
cos,-pag. n.
Codigo criminal-discussão do projecto do senado
Accnsação do ex.·ministro Clemente Pereira- alterando diversas penas do citado codigo,-
discussão do parecer da commissão especial pags. 223, 229 (passou em 2a discussão), 231
que julgára procedente a accusação,-pags 21, e 234.
30, 37, 52, 208 e 218.
Orárão os Srs. Castro Alves, Evaristo (seu dis-
Orárão os Srs. Paraíso, Rebouças, Xavier de curso foi muito apoiado), Xavier de Carvalho,
Carvalho, Perdigão, Limpo de Abreu, Maria Rezende, Aureliano & Luiz Cavalcanti.
de Moura, Costa Ferreira, Odorico, Montezuma O deputado Luiz Cavalcanti dirigia ex])_robrações
e Maia. veliementes ao ministro da justiça Feijó pela
A pag. 35 decidia-se que tinha lugar a accu- maneira irregular por que officiára á camara e
sação. pelas suas opiniões autocraticas; o deputado
Eva ris to defendeu o ministro em termos en er-
u • gi os. << u nao careço o governe, disse Eva-
são do parecer das commissões de constituição ris to, não sou homem de ninguem ; o governo não
e justiça criminal sobre aquelles acontecimentos; me fez beneficio algum, e se quizer fazel·o,
tratou-se da amnistia para os que havião nelles regeito·o. Vendo livros em minha casa e disto
tomado parte,-pag. 47. recebo uma subsistencia honrada. (Muitos
apoiados.) »
Acontecimentos sediciosos de 6 e 7 de Outubro As galerias manifestárão vivos signaes de adhesão
na côrte -officio do ministro da justiça e do aos actos do governo.
senado, este declarando-se em sessão perma-
nente; parecer das commissões de constituição Clemente Pereira (José) .-Vid. Accusaçiio dQ
e justiça criminal, all"qdindo á linguagem in- ex-ministi'O Clemente Per~;~ira,
Câmara dos Deputados - Impresso em 08/01/2015 12:00 - Página 2 de 4
., .
de diplomacia sobre a reclamação da regencia
da ilha Terceira áquelle respeito,-pag. 37.
Escravos que entrassem no territorio do Brazil
-discussão do projecto-do senado n. 83,-pags.
o
54 e 55. Orçamento da fazenda e orçamento da receita
Es:Joht.s de medicinn-discus~ão. do plano pat·a e despeza- discussão,- pags. 6, 11, 16, 38
organisação daquellas escolas.,- pag. 112. e 61.
Rego .Barros, M~'ntez~ma, Costa Ferreira, Al- Proposta do· ministro da justiça-creação de um
meida Torres e p~rre1ra de Mello. . corpo municipal permanente,-pags. 77 e ·156.
Orçamento do min~terio da justiça-discussão,
r
Prorogação da assembléa gcral,-pag. 87.
-pags. 168, 173 e 2~0.
a propost" do 'governo áquelle
208, 2~-:1 e 24r!. .
impe1~-apresent.ação,
tit. 4o da constituição no
psg5. 21, 40 e 52.
Propostas do ministro do
- a • Sô. '
especial,-pags. 36, 55,
Pensões-concessão de,-pag. 40. e 232.
Presidente d.l rovincia do Rio e Janeiro--o Orárão _os Srs. Rezende, R~boucas2 Mont~zum~,
. [3