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A escolha do seguinte tema se deu em virtude da importância das obras de

Vygotsky para à educação, principalmente a de pessoas com algum tipo de deficiência.


Vamos iniciar falando sobre a educação inclusiva de modo geral, em seguida, serão
apresentadas algumas reflexões sobre as contribuições de Vygotsky para essa temática.

O modo pelo qual o deficiente era visto e tratado em sociedade sofreu algumas
transformações ao longo do tempo. Por exemplo, na Grécia antiga, especificamente em
Atenas e Esparta, as crianças que nasciam com algum tipo de deficiência, seja ela física,
mental ou sensorial, eram consideradas sub-humanas, sendo, por isso, comum a prática
de exterminá-las ou abandoná-las em praças públicas e nos campos. Na idade média,
com o advento do cristianismo na Europa, há uma mudança no trato dessas pessoas, em
virtude de dois conceitos: Pecado e alma. Nessa concepção teológica, as pessoas,
mesmo que sejam deficientes, possuem uma alma e que, por isso, seria considerado
pecado tirar-lhes a vida. Apesar dessa igualdade teológica e moral, essas pessoas
permaneceram desprovidas de direitos na sociedade, sendo comum a prática de
abandono de crianças em conventos e igrejas.

De acordo com ROMERO e SOUZA (2010), existiram três grandes paradigmas


sociais em relação ao deficiente, sendo o primeiro o paradigma da Institucionalização,
onde os deficientes eram levados para hospitais psiquiátricos, permanecendo nestes
locais. O segundo é o de Serviços, que tem como ideia principal a integração. As
instituições deixam de ser locais de confinamento e passam a ter a função de preparar o
deficiente para o convívio em sociedade. A Inclusão Social caracteriza o terceiro
paradigma da relação da sociedade com o deficiente – o paradigma de suporte, o qual
postula que a sociedade é quem deve fornecer os serviços que o deficiente necessita
para ter acesso aos bens culturais e sociais, sendo a educação um desses serviços.

A educação direcionada às pessoas que apresentam algum tipo de deficiência é


denominada Educação Especial. Durante algum tempo, o princípio de integração
norteou os ideais da educação especial. Esse principio objetiva integrar o aluno à escola,
através do atendimento que lhe é oferecido. Nesse modelo, a criança com deficiência é
vista como sendo portadora do problema, necessitando se adequar à escola.

Atualmente, este conceito de integração é considerado ultrapassado, sendo a


proposta vigente a da Educação Inclusiva. Nesse novo paradigma educacional, o
sistema de ensino é implementado para adequar a realidade das escolas à realidade do
aluno, ou seja, as escolas devem modificar-se para que os deficientes possam acessar
seu currículo. Além disso, a estrutura física da escola deve ser arquitetada de modo que
facilite o acesso desses indivíduos, por meio da construção de rampas, elevadores,
banheiros adequados, portas largas, etc. Além da estrutura física, a escola deve elaborar
propostas de ensino que se adequem ao repertório dos estudantes, de acordo com seus
limites e potencialidades. Sendo necessário também a qualificação dos professores, os
quais devem compreender a língua de sinais e o Braille.
A legislação garante a matrícula de todo aluno no ensino regular independente
de sua deficiência, condição socioeconômica, raça, religião, orientação sexual, etc.
Nenhum tipo de aluno deve ser rejeitado pelas escolas.

Apesar de haver um crescente reconhecimento da Educação Inclusiva como


norma prioritária de atendimento a alunos com necessidades especiais, na prática, esse
modelo ainda não se configura em nosso país como uma proposta educacional
amplamente difundida e compartilhada. Isso porque a maioria das redes de ensino
carecem das condições institucionais necessárias para sua viabilização.

Ressalta-se que, apesar dos avanços nas politicas e nos direitos dessas pessoas,
elas ainda são colocadas, muitas vezes, numa posição infantilizada e dependente, bem
como são excluídas simbolicamente de muitos espaços da sociedade.

(CHARGE) Imagine que você é cadeirante e seja privado de explorar


determinado espaço, pois o acesso a este local se dá apenas por meio das escadas. Como
o SPA da UECE, por exemplo. A tirinha, que eu entreguei para vocês, mostra um tipo
de violência simbólica sofrida por uma criança que é deficiente física na escola. Por
mais que essa criança tivesse acesso à escola assim como as demais, não há uma
inclusão. Ao invés disso, há uma exclusão simbólica, pois percebe-se que a estrutura
dessa instituição não foi elaborada para pessoas cadeirantes.

Não existe deficiência, a sociedade que é deficiente.

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