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PROGRAMACAO NEUROLINGUISTICA PROGRAMACAC | PROGRAMACAO NEUROLINGUISTICA PROGRAMACA "A PROGRAMACAO NEUROLINGUISTICA PROGRAMA ICA PROGRAMAGCAO NEUROLINGUISTICA PROGRAMA TICA PROGRAMACAO NEUROLINGUISTICA PROGRAM STICA PROGRAMACAO NEUROLINGUISTICA PROGRA| JiSTICA PROGRAMACAO NEUROLINGUISTICA PROGR/ SUISTICA PROGRAMACAO NEUROLINGUISTICA PROG! i OGRAMACAO NEU OM aon EMOCIONAL Poms o- RESGATE SUA AID) Uae U AYA STICA PROGRAMACAG ISTICA PROGRAMACAO NE UISTICA PROGRAMACAO NEUROLINGUISTICA PROG! GUISTICA PROGRAMACAC* NEUROLINGUISTICA PRO Dados Intemnacionais de Cataloga¢ao na Publicacao (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Cameron-Bandler, Lestie 0 refém emocional : resgate sua vida afetiva / Leslie Came- ron-Bandler, Michael Lebeau; [tradugao de Heloisa Martins-Cos- ta]. - Sao Paulo : Summus, 1993. Bibliografi ISBN 85-323-397-8 1. Emogées I. Lebeau, Michael. IL. Titulo. 92-2936 cop-152.6 Indice para catalogo sistematico: 1. Emogdes: Psicologia 152.4 \ aj J NS Compre em lugar de fotocopiar. Cada real que vocé da por um livio recompensa seus autores @ 0s convida a produzir mais sobre o tema; incentiva seus editores a encomendar, traduzir ¢ publicar outras obras sobre o assunto; € paga aos livreiros por estocar e levar até vocé livros para a sua informacao e o seu entretenimento. Cada real que vocé da pela fotocopia nao autorizada de um livio financia 0 crime ajuda a matar a producio intelactual de seu pats Sumario Caran a wne 11 12 O refém emocional Um mundo de escolhas emocionais . As emocées sao a fonte A eStrutUra GAS CEMOCOES .....eeeeeeeeeseseeeeeeeteeteeteeteeeeees As pecas do quebra-cabeca ............ssessscsceeeeceeceecseeenenten Como direcionar aS CMOCGES..........sceseeeeeeeeeseeeseseeeseenes Como selecionar as emocdes Como ter acesso as emocgées Como expressar as emogées. Comio Utilizar a5: CMOCOES.....ccrsssereteeveresreverevseseviessesacents PIOVENICE Oo. scessiaseassscessavawasscastesineasenereovresasscavesteensens Expectativa i Resumo dos procedimentos. Bibliografia 23 31 47 55 87 97 il 133 149 169 179 183 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. 1 O refém emocional Viviamos um conto de fadas. Pelo menos, era 0 que pensavam nossas familias, amigos, colegas e alunos. Como prova, apontavam nosso su- cesso profissional, nossa casa encantadora, nosso filho alegre e o amor romAntico e apaixonado que tinhamos um pelo outro. Mas, por tras das armadilhas do sucesso profissional, oculta das pessoas que nos cerca- yam, nossa vida era um tormento. Eramos reféns de uma forga podero- sa € pouco compreendida: nossas emogées. Nas primeiras tentativas pa- ra nos libertar delas, aprendemos a dar valor a seriedade da nossa luta. Também descobrimos que nao estavamos sozinhos. Todos nés somos, de uma maneira ou de outra, reféns de nossas emog6es. Algumas pessoas sentem-se presas e reprimidas por temerem a intensidade da sensacdo de incapacidade, tristeza, m4goa e rejei¢do. Para essas pessoas, as emocGes so como um terreno minado. Elas pas- sam pela vida pisando nas pontas dos pés, tentando evitar sentimentos perigosos. Ao primeiro sinal de uma forte reacao emocional, se retraem. Evitam situagGes carregadas emocionalmente, como discutir com 0 com- panheiro, visitar um doente canceroso ou um amigo deprimido. Para se pouparem da dor e da rejeicéo, evitam o contato mais intimo com outras pessoas. Fogem também dos desafios profissionais. Somente as- sim evitam surpresas desagradaveis, como a impressao de incapacida- de. Essas pessoas evitam grandes areas da vida, assim como outras evi. tam ver filmes de terror. Nesse processo, deixam de experimentar mui- tas coisas valiosas da vida. Outras pessoas jamais conseguem expressar seu potencial porque suas emogdes como medo, incapacidade e divida, impedem-nas de to- mar uma decisao e correr um risco. Como reféns de suas emog6es, es- tao como que paralisadas. Uma mulher solitaria se acha timida e evita a companhia de outras pessoas. A mae desempregada sente-se incapaz 7 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. o estilo das comunicagées e produzir mudangas pessoais foram adota- das por dezenas de milhares de psicdlogos e conselheiros, Ela teve um papel importante na criagao de uma rede internacional de centros de trei- namento. Seus livros eram usados no treinamento de terapeutas e fo- ram responsdveis por mudangas significativas na capacidade desses te- rapeutas de obter resultados positivos com seus clientes. Educadores € homens de negécios comecaram a aplicar sua metodologia em seus cam- pos de aco, e como resultado milhares de pessoas passavam a usufruir os efeitos gratificantes das mudangas pessoais. Seja através do seu tra- balho ou de suas amizades, as pessoas gozavam os beneficios da inteli- géncia, dedicagdéo e compaixao de Leslie. Ela podia ser considerada um sucesso profissional. Era admirada e respeitada nao apenas pelo seu trabalho, mas também pela forma co- mo colocava em pratica seus ensinamentos no contato com as outras pessoas. Muitos de seus alunos, amigos e colegas usavam-na como mo- delo. Mas s6 ela sabia de uma coisa: sua vida emocional era extrema- mente confusa. A maioria das pessoas passa por varios estados emocionais a cada dia. Algumas chegam a sentir mais de doze emogées diferentes em um unico dia. Mas Leslie chegava a ser afetada por doze ou mais emogées em uma tnica hora. E a cada mudanga de emogao correspondia uma mudanga de comportamento. Isso fazia com que as vezes ela tivesse rea- gdes contraditorias em circunstancias idénticas. Por exemplo, sempre que descobria que Mark, nosso filho de treze anos, nado havia cumprido al- guma tarefa — o que acontece com freqiiéncia com criangas dessa idade —, sua reagdo variava de acordo com seus sentimentos naquele momento. Se estivesse cansada apos um dia especialmente duro, irrompia em um ataque verbal furioso sobre o comportamento irresponsavel de Mark — para se desculpar poucos minutos depois. Se estivesse em uma maré ge- nerosa, seria compreensiva, soliddria até, inventando desculpas para ele, e no final acabava fazendo a obrigagao dele. No trabalho, Leslie reagia a exigéncias ¢ incidentes semelhantes co- mo se fossem inconveniéncias, oportunidades, crises, obrigagdes ou im- posigdes, dependendo do humor do momento: preocupada, ambiciosa, ansiosa, responsdvel ou desanimada. Seus colaboradores tinham difi- culdade de formular uma estratégia ou de se preparar de maneira ade- quada, pois nunca sabiam qual das suas variadas opinides estaria pre- valecendo naquele dia, ou hora. E Mark nao estava aprendendo a rela- ¢4o entre as agées do presente e as conseqiiéncias futuras, como gosta- riamos que acontecesse. E como poderia, diante das reagdes variadas e contraditérias de sua mae? Em quase todas as areas de sua vida, eram suas emogées rapidamente mutaveis, e nao os resultados que ela deseja- va, que controlavam suas reacées. Por outro lado, nunca havia um momento de tédio quando Leslie estava por perto. E verdade que casar-se com ela era como almocar 1 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. do semindrio, porém, a emocdo que a levara a aceitar o seminario em fevereiro ja nao estava mais presente. Entao, ela se via longe de casa, diante de um publico estranho, reagindo 4 sua emogao mais recente — que tinha pouco ou nada a ver com a situa¢ao na qual ela se encontra- va. Naturalmente, ela se arrependia de ter aceito o convite e se sentia desapontada por ter mais uma vez caido em tal situagao. Hoje, quando Leslie chega para dirigir um seminario, ela revé os valores e consideragGes que a levaram a tomar a decisdo no passado, vendo-se, através do presente, no futuro no qual os beneficios de ter rea- lizado este trabalho j@ se concretizaram. Dessa forma, ela lembra por que estd realizando o semindrio ¢ sente-se positivamente “‘responsdvel”” a medida que vé seus esforgos contribuirem para a realizacdo de objeti- vos ainda maiores no futuro. O resultado é que ela se sente determinada a atingir tal objetivo e confiante de que podera realiza-lo. Em outra area mais pessoal de sua vida, Leslie ficou desanimada porque uma lesdo no joelho impediu-a de participar de varias ativida- des importantes para ela. Em vez de continuar desanimada, ela estabe- leceu 0 objetivo de correr oito quilémetros ao redor do lago, perto de sua casa. Imaginou correr de maneira facil e confortavel, desfrutando a agradavel sensacao de movimento. A partir dai, estabeleceu uma roti- na que incluia visitas a médicos, fisioterapia, exercicios e até uso de pe- sos — todas as coisas que a levariam a atingir seu objetivo. Cada uma das atitudes de Leslie a incentivava, aumentando a confianca em sua capacidade de atingir o objetivo, mesmo que ele sé possa ser inteiramente realizado alguns meses depois. Um dos beneficios da escolha emocional é que ela permite viven- ciar emogdes antes negadas. No caso de Leslie, sentimentos de conten- tamento, aceitacdo e paciéncia eram desconhecidos. Eram apenas pala- vras descritivas, destituidas de qualquer vivéncia real. Antes, quando ela nao obtinha imediatamente o resultado desejado, sentia uma determi- nacao premente. Era compelida a alcancar de imediato seu objetivo. E, assim que o atingia, sua atencao se voltava para a proxima meta. Mas agora ela é capaz de dar sua atencao para o futuro e ter mais paciéncia, enquanto elabora um plano para atingir 0 objetivo em algumas sema- nas, meses e até mesmo anos. Levando uma acao ou resolucado para 0 futuro faz com que ela aceite o fato de que nem todas as situacGes preci- sam ser resolvidas no presente. Talvez possibilite a ela aceitar que as pes- soas de quem mais gosta terao sentimentos desagradaveis, e, em funcdo do futuro bem-estar delas, é ndo apenas adequado mas necessario que isso acontega. Usando os métodos e técnicas apresentados nos préximos capitu- los, Leslie atingiu um nivel de escolha em sua vida que jamais acredita- ra ser possivel. Ela transformou suas emog6es em instrumentos para vi- ver, amar e expressar plenamente a vida. A mudanga foi acompanhada por novas sensacoes de liberdade e seguranga. Ao acordar, ela sabe que, 15 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. direto na expressao de suas necessidades e desejos. Ele se tornou mais sensivel 4s mudangas de seu mapa emocional, capaz de reagir de manei- ra mais rapida e adequada as minhas necessidades e desejos. O resulta- do é que ele se tornou mais atencioso, carinhoso, apaixonado e com- preensivo. Agora ele possui um caleidoscépio de novas emogées e experién- cias a sua disposicdo. Sua paleta inclui dezenas de emogGes, desde a hu- mildade e a gratidao até a alegria e a ma-criagao. Em vez de levar uma vida andando por um museu onde observava retratos das emogées de outras pessoas, hoje ele pinta seus proprios quadros, escolhendo ¢ criando experiéncias emocionais como alegria, paixdo ¢ seguranga, ou quaisquer outras que deseje sentir, quando deseja senti-las. Michael nao tem mais medo de certas emogées. Ele sabe extrair o valor subjacente de emogées desagradaveis ¢ dolorosas e seguir adiante, usando seus sinais para alcancar maiores satisfagdes. Em vez de as emo- ¢des determinarem suas reagdes e dominarem suas acées, ele agora as avalia para determinar a melhor reacdo. Isso lhe permite ser a pessoa que deseja ser — sensivel, atenciosa e forte —, tanto em relagdo a si mesmo como 4s outras pessoas. Sua nova capacidade de escolher a melhor maneira de expressar seus sentimentos cria novas oportunidades para concretizar suas metas. Por exemplo, aprendeu a orquestrar os acontecimentos que criam as emo- ¢Ges desejadas. Michael gosta de se sentir ligado aos outros e de se sen- tir amado, e amoroso, e aprecia especialmente ter essas emocGes em re- lacdo a criancas. Ele planeja atividades com os filhos pequenos dos nos- sos amigos, ensinando-os a esquiar ou a velejar, ou levando-os para as- sistir a um filme ou passar uma tarde no zooldégico. Nesses momentos, Michael cria uma ligacdo especial com cada crianga, estabelecendo a base para uma amizade duradoura — e também um sentimento de ligacdo e amor — significativa para ele e para a crianca. Num nivel mais pes- soal, Michael faz com que as coisas boas acontecam em sua vida, nao apenas no nivel da fantasia. E como aplicar isso a sua vida? Mesmo que ja tenha pensado nisso antes, encontrar 0 caminho certo no mundo de escolha emocional pode parecer tao assustador quanto orga- nizar uma expedi¢ao a um planeta desconhecido. O caminho a seguir, até mesmo o primeiro passo correto, muitas vezes é pouco claro. Mui- tas pessoas sentem-se viajantes que progridem no caminho como se fos- sem postes emocionais de iluminaco, sujeitos a ciclos alternados de cal- ma e furia, como se estivessem no centro de um furacdo. Seus sentimen- tos parecem surgir de repente, tomando-as de supetao e afogando-as em sensa¢des que modelam e matizam sua visdo de si mesmas e do mundo ao seu redor. 19 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. A vida pessoal seria bastante diferente, também. Todos conhece- mos casais que, como resultado de anos de privagao emocional que pas- saram juntos, agarram a oportunidade de situagGes sociais para se agre- direm mutuamente. Mesmo revestidas de humor, como acontece em ge- ral, essas observacdes ferem profundamente, somando ainda mais res- sentimento ao ja desgastado relacionamento. Mas, em um mundo de es- colha emocional, seria dificil criar ressentimento. Em vez disso, duas pessoas reconheceriam e reagiriam as suas proprias necessidades e dese- jos, bem como aos de seu companheiro. Ano apés ano, eles vivencia- riam maior senso de confianca e seguranca, pois a cada dia teriam exem- plos de sua capacidade de observar e reagir as flutuacdes da atmosfera emocional que acompanham naturalmente os relacionamentos. A educacao recebida por cada um de nds a respeito dos nossos re- lacionamentos também seria diferente. A maioria das pessoas cresceu sem ter passado por algumas experiéncias emocionais e deseja nao ter passado por algumas outras. No entanto, precisamos das emocées as quais nao temos acesso e ao mesmo tempo parecemos nao saber como evitar aquelas que nos assustam. Aprendemos que existem certas emo- ces que nao deveriamos sentir, ou expressar. Entretanto, nés sentimos essas emogoes, ou desejamos senti-las — quando estivéssemos bem, ou se soubéssemos como senti-las. Recebemos, na melhor das hipoteses, uma educacao aleatoria e implicita para reconhecer os estados emocionais das outras pessoas, geralmente apenas para reconhecer quando adentramos um terreno perigoso. Chegou o momento de os adultos, que agora ten- tam reunir os pedagos de sua experiéncia, se educar e reeducar a respei- to dos detalhes — e possibilidades — da sua vida emocional. Essa ree- ducacao da um certo trabalho. Mas, como todo trabalho bem-feito, é empolgante, surpreendente, interessante e compensador. Nao é exagerado acreditar que as criancas um dia viveréo em uma sociedade em que aprenderao a tirar vantagem de toda a gama e escolha das emogées e também da habilidade de influenciar, de maneira respei- tosa, as emog¢ées dos outros. Leslie e eu escrevemos este livro para par- tilhar nosso conhecimento e ferramentas, acreditando que, no momen- to em que as pessoas souberem do que sao capazes, elas usarao essas ferramentas para tornar a vida mais parecida com 0 seu ideal. Além dis- sO, esperamos que as ligOes aprendidas aqui sejam passadas para outras pessoas, de forma a perpassar a sociedade e 0 tempo, formando uma rede para a proxima geracgao que usara sem temor as ferramentas aqui apresentadas, assegurando a satisfagdo da vida emocional de cada um. Nos muitos anos de experiéncia em semindrios e terapias individuais eno trabalho conosco mesmo, ajudamos a transformar uma imensa ga- ma de problemas e males em triunfos gratificantes — incluindo os nos- sos. Em cada um dos casos, as pessoas que ajudamos enfrentavam basi- camente a mesma situacAo: o sentimento de que nao tinham outra esco- lha a nao ser agir de uma certa maneira em uma situacdo especifica. 24 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. do e a culpa. Geralmente as pessoas tentam escapar dessas emocdes através da fuga, da violéncia, ou usando e abusando de substancias tdxicas. Terceira: muita gente acredita que é errado sentir certas emocées, como desejo, inveja, raiva ou irritacéo. Por causa dessa crenca, quando elas sentem alguma dessas emogGes, véem-se mergulhadas em sentimen- tos de vergonha ou culpa. Mas essas mesmas situacdes que invocam emocées debilitantes em algumas pessoas criam reacGes invejdveis em outras. Todos nds conhe- cemos pessoas que nao apenas lidam bem como também se saem muito bem em situacdes em que a maioria de nds se sente e age de forma ina- dequada. Essas pessoas estao manifestando sua escolha emocional e pos- suem dois atributos comuns. O primeiro atributo da escolha emocional é que essas pessoas rea- gem com uma maior variedade de emogdes. Ou elas nao sentem ne- nhuma emogao debilitante ou, se as sentem, nao se deixam engolir por elas. A diferenca neste caso reside em termos de quantidade ou facilidade de movimento dentre as varias emocdes que podem ser sen- tidas. E como a diferenca entre um ou dois pratos congelados, ou a imensa variedade de escolha de uma boa loja de pratos prontos. Tendo varias emogées a escolher, elas nao se sentem presas a uma emocao negativa mais do que o tempo que levariam para provar uma comida ruim e joga-la fora. O segundo atributo é que as pessoas reagem as suas emog6es (tanto agradaveis quanto desagradaveis) como se fossem avisos reais e signifi- cativos de como melhorar suas vidas, em vez de as considerarem golpes aleatorios dados por um meio ambiente hostil. Ao usar suas emogées como uma forma de tomar o pulso do seu bem-estar, elas guiam sua atencado e comportamento de forma a criarem para si mesmas experién- cias desejaveis. Vocé estard no caminho certo para a escolha emocional quando comecar a apreciar o fato de que existe uma grande gama de emo- ¢des a serem vivenciadas e comegcar a entender o que cada uma de suas emogées estd tentando comunicar. Este livro é 0 apice de anos de estudos sobre emogées e sobre a forma de ter acesso a elas e manté-las. Através desses estudos, apren- demos a escolher, modificar e usar as emog6es para enriquecer nossa vida e a das pessoas que nos rodeiam. O que aprendemos transforma- mos em ferramentas acessiveis a qualquer pessoa. Pode-se criar para si mesmo as experiéncias emocionais que se deseja ter, no momento 28 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. go cujo filho adolescente estivera de cara amarrada a tarde toda. Quan- do nosso amigo Ihe perguntou o que estava acontecendo, ele descobriu que o menino estava triste porque seus amigos estavam fazendo pouco caso dele. Portanto, teria sido errado deduzir a partir do seu comporta- mento que o menino estava zangado. Ele nao estava. A emogdo que ele estava sentindo era de ‘‘tristeza’’, que no seu caso se manifestava com um comportamento que seu pai considerava ser mau-humor. Outro exem- plo comum é 0 comportamento agitado e violento em que algumas crian- cas parecem mergulhar, para grande desespero dos pais. Em vez de se sentirem frenéticas ou violentas, muitas dessas criancas esto se sentin- do solitarias ou abandonadas. E elas reagem a necessidade de se senti- rem notadas com aquele comportamento. Seus sentimentos levam-nas a recorrer a qualquer tipo de atenc4o ou contato, mesmo que exagerado. Claro, o sentimento de uma pessoa afeta seu comportamento, e vice- versa, mas ainda assim sao distintos e podem ser bem diferentes em de- terminado momento. E importante lembrar disso, pois é facil partir do principio de que sabemos 0 que acontece dentro das pessoas apenas ob- servando seu comportamento. Nosso julgamento nesses casos pode re- velar a maneira como nds expressamos as nossas emocGes, em termos comportamentais, mas nem sempre reflete a realidade quando aplicado a outra pessoa. Uma emocio é uma rea¢gdao de sentimento completa em um certo momento, bastante diferente dos termos racionais usados para descrevé- la. No The Language of the Heart (Basic Books, 1985), o dr. James J. Lynch documenta a ligacdo entre as emogGes e as reac6es fisioldgicas como a pressao arterial ¢ batidas cardiacas. Num capitulo intitulado ‘‘The Hidden Dialogue”, ele revela como os pesquisadores do Massachusetts General Hospital descobriram que muitos de seus pacientes ou estado to- talmente inconscientes de seus sentimentos ou podem apenas descrevé- los em termos racionais, dissociados e secos. Um dos médicos da equipe de pesquisa criou o termo ‘‘alexitimico’’ (alexithymic) para descrever es- Sas pessoas. A seguir, damos um exemplo tipico do problema que tém os pa- cientes alexitimicos para articular seus sentimentos, tal como foi publi- cado pelo dr. Nemiah e seus colegas: “‘Relacionado a dificuldades em descrever os sentimentos e localizar emocées estd o fato de que muitos pacientes ndo conseguem distinguir entre as formas diferentes de problemas comuns. (Um de nossos pacientes), por exemplo, quan- do interrogado sobre como era estar amedrontado, respondeu: ‘Como é estar amedrontado? (Siléncio). Nao consigo me lembrar do termo certo’. Médico: ‘Vocé sente isso em seu corpo?’ Paciente: ‘Acho que esta mais na mente’. Médico: ‘Em sua mente?’ Paciente: ‘Acho que mais na cabeca. Coisas que se passam na minha cabeca’. Médico: ‘E isso nao afeta seu corpo?” 33 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. ter conseguido o que queria. Qual a diferenca entre a sensacao de frus- tracdo da sensagao de decepcao? Mais uma vez, a resposta que invaria- velmente recebemos quando fazemos essa pergunta é que, quando se es- ta frustrado, ainda tentamos conseguir aquilo que queremos, apesar de nao sabermos exatamente o que fazer para conseguir. A decepgao é util para abandonar um objetivo, aceitar a realidade e passar para algo mais produtivo. Pode ser muito oportuno ficar de- cepcionado quando vemos um amigo continuar tomando drogas apesar dos nossos esforgos em ajuda-lo e nao queremos continuar insistindo. Ou quando sua filha detesta as aulas de balé, apesar de todo incentivo e apoio, é bom sentir-se decepcionado, depois aceitar 0 fato e criar pos- sibilidades mais adequadas tanto para vocé quanto para ela. A frustragao faz com que continuemos a lutar. A nao ser que se pense que nao ha nada mais a fazer, ¢ adequado sentir-se frustrado com Os problemas comportamentais dos filhos ou com os problemas de co- municac4o entre vocé e seu cénjuge, ou com o fato de sua satide nao estar cem por cento. E bom sentir-se frustrado, para em seguida ter acesso as emocoes de paciéncia e determinacao para conseguir atingir 0 objeti- vo. O valor de uma emogao, portanto, nao pode ser medido pela quan- tidade de prazer que se tem ao senti-la, mas apenas pelo resultado final que podera atingir. Atributos funcionais Imagine observar dois amigos intimos seus, Jim e Linda. Vocé gosta mui- to dos dois e os respeita e sabe que eles se preocupam muito um com 0 outro. Enquanto observa, vocé ouve Jim insistir com Linda para que ela siga seu conselho. Os argumentos de Jim sao tao insistentes que pa- recem exigéncias. E claro para vocé que essas ‘‘exigéncias’’ so motiva- das por uma real preocupacdo e cuidado em relagao a Linda. Ela, entre- tanto, continua ignorando Jim e tudo o que ele diz. Agora mude de perspectiva e imagine-se no lugar de Jim. Vocé sa- be que Linda precisa de ajuda e orientacdo. Ela esta prestes a cometer um terrivel erro ignorando os sinais de atenc¢do — seja num relaciona- mento, Ou um investimento, Ou em seu trabalho —, sinais que sao cla- ros para vocé, mas que esto sendo ignorados por ela. Vocé é a unica pessoa que pode evitar que ela se machuque. Vocé esta mais do que preo- cupado, esta desesperado para ajuda-la. Vocé implora, mas ela nado dé a minima atengdo. Linda continua olhando para 0 outro lado, ignorando-o completamente. Finalmente, mude novamente de ponto de vista e imagine-se no lu- gar de Linda. Vocé é a pessoa que nao sabe que esté ignorando uma mensagem importante. Um bom amigo, um amigo sabio, que quer 0 melhor para vocé, esta implorando para que o ouga. Ele estd imploran- do e mesmo exigindo que vocé faga o necessdrio para proteger seu 37 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. so envolvimento pessoal ¢ passar a accitagdo ou quem sabe a uma espe- ranga mais passiva de que a pessoa mude sem nossa ajuda. Ou, se no for conveniente nos afastar do caso, talvez seja melhor aumentar o pra- ZO para que © nosso amigo sc livre das drogas, permitindo-nos assim ter paciéncia. Qualquer uma dessas opg6es seria melhor tanto para nés como para 0 nosso amigo, em vez de se ficar simplesmente frustrado. Outros exemplos de contextos em que a decepgao ¢ uma reagado emocio- nal apropriada incluem o reconhecimento de que um relacionamento se tornou realmente ruim, ou deixar que outra pessoa viva sua vida da ma- neira que melhor lhe convier, mesmo que do nosso ponto de vista isso nao leve a nada. Outros tipos de colocagaéo adequada abrangem a sen- sacdo de determinacdo em vez de desesperanca quando desejamos man- ter um compromisso a longo prazo, ou a sensacgdo de ser capaz, em lu- gar de incapaz, de levar um novo plano adiante. De vez em quando, reagimos a certas situagdes com uma emocao que nao é a mais indicada, ou a que gostariamos de ter naquela ocasiao. A pessoa que tem escolha emocional, apds ter reconhecido que sua rea- ¢4o emocional é inadequada ou cerceadora, pode identificar as melho- res emoc6es para a situacdo, e passar a senti-las sempre que necessario. Por exemplo, essa pessoa reconheceria a necessidade de abandonar a frus- tracdo e passar a sentir-se decepcionada e depois aceitar o fato de que seu filho nao sente o menor interesse por futebol, por danca classica ou por freqiientar a mesma faculdade em que ela se formou. Apés ter sido explorada algumas vezes, Leslie decidiu rever 0 con- texto de algumas de suas emo¢ées, modificando a maneira de se sentir durante uma negociacdo, deixando de se sentir generosa e obsequiosa e passando a sentir-se prudente e cuidadosa em relacéo aos compro- missos que esté assumindo. Sempre que Michael comeca a desconfiar da sinceridade do nosso filho, ele passa a se sentir confiante e prote- tor, tanto para dar a Mark a oportunidade de ser sincero e sentir-se digno de confianga como para que Michael possa sentir-se 4 vontade e carinhoso. Para selecionar as emogdes adequadas em relacao as nossas neces- sidades dentro de um contexto especifico, é necessario conhecer as pro- priedades de varias emog6es e os comportamentos por elas provocados, e também ter uma idéia do que gostariamos de obter naquela situacao em particular. Expressado O segundo ponto importante para a escolha emocional é a capacidade de expressar uma certa emogao. E desejavel expressar uma emogao de forma que seja congruente com o nosso autoconceito e com o objetivo que queremos atingir. Expressar emocdes de uma forma incompativel com aquilo que somos so nos trard uma incongruéncia desconfortavel 41 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. Rejeigéo? Algumas horas de desprazer? Algo realmente importante?” Geralmente, ela descobre que estd arriscando, no maximo, uma possi- vel rejeigao por parte de pessoas que nao se encontram em posigao de deprecia-la e cuja rejeigdo nao sera importante daqui a alguns anos. Com freqiiéncia ela percebe que esta arriscando apenas algumas horas de des- conforto. A partir do momento em que a ansiedade é identificada, ela desaparece, e Leslie sente-se informada, resignada e assume as respon- sabilidades dos riscos. Preven¢ao O quarto ponto da escolha emocional é a capacidade de influenciar nos- so comportamento e as situagGes do dia-a-dia para evitar emogdes que imobilizam e amedrontam — e até mesmo emogées menos desagrada- veis. Emog6es muito fortes como raiva, vergonha, humilhacdo, terror e o profundo desamparo, mesmo tendo atributos funcionais, sao nor- malmente tao debilitantes que vale a pena evita-las sempre que possivel. A prevencao de tais emogées poderosas inclui antes de mais nada identificar as circunstAncias que as provocam para depois modificar o comportamento em relac&o aquela emocdo ou reorganizar as situagdes cotidianas para impedir 0 aparecimento da emocao. Vejamos uma pes- soa que sempre se sente humilhada numa pista de danca. Ela pode evi- tar a situac&o que gera a emocao evitando ir a festas ou bailes, ou pode, aprendendo a dangar o suficiente, adotar um comportamento para nao se sentir mais humilhada. A pessoa que se sente oprimida por um chefe dominador pode identificar aquilo de que precisa para sentir-se mais forte diante dele, adotar essas percep¢des e incorporar os comportamentos. Ou ainda, ela pode sair da situacéo mudando para outro emprego, com um chefe mais amistoso. Existem muitas formas de criar nosso bem-estar, inclusive mudar a maneira como pensamos, nosso comportamento e nos- sa vida em geral. As quatro habilidades — a colocacao, a expressao, 0 emprego e a prevencao — serao examinadas com mais detalhes nos préximos capi- tulos. Esses capitulos também contém um prémio. A medida que vocé desenvolve uma maior escolha emocional aprendendo técnicas especi cas que o levarao a controlar bem as habilidades, ira se tornar mais agil em reconhecer as emogoes que outras pessoas estado sentindo e em utili- zar essa informacao para determinar a melhor maneira de reagir a elas. Isso dependera de consideragGes sobre a maneira como quer intensifi- car ou melhorar a emogdo que a outra pessoa esta sentindo. Se desejar mudar a emocao do outro, estard mais bem preparado do que antes. Suas reagGes aos outros serao baseadas em uma questdo de escolha, em vez de ser simplesmente uma reacdo. Por exemplo, caso perceba que sua filha sente-se insegura, pode rea- gir com preocupagao, chegando a aumentar a inseguranga da crianga. 45 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. nao havera uma guerra nuclear ou que seu casamento sera duradouro. Depois tenha expectativa de que nado haverd uma guerra nuclear, ou que seu casamento vai durar. De que maneira a passagem da esperanca a expectativa altera sua experiéncia? Qual a diferenca entre a esperanga e a expectativa, em seu caso? As pessoas geralmente descobrem diferengas significativas. A resposta em geral é: ‘‘Quando tenho expectativa, estou certo de que algo vai acon- tecer, enquanto quando sinto esperan¢a nado tenho mais certeza. Tam- bém sinto-me mais comprometido ou envolvido quando estou com ex- pectativa de que algo aconteca’’. Como é possivel que a expectativa pareca certa e envolvente, en- quanto a esperanga parece incerta e passiva? Qual a diferenca de quali- dade entre as duas? Apesar de existirem muitas diferengas possiveis en- tre as duas emogées, as diferengas subjetivas mais importantes entre a esperan¢a e a expectativa sao as seguintes: Expectativa Esperanga Sensacao de se dirigir de forma Sensagado de se estar mais ativa em diregao ao passivamente esperando 0 resultado imaginado ou ao objetivo imaginado. objetivo daquilo que é esperado. 7 “ bjerivo daquilo que € espe! Imagina-se tanto o que esta Imagina-se apenas uma sendo esperado quanto aquilo possibilidade ou objetivo. que ndo se deseja que aconteca. Ao se criar emogées de expectativa e de esperan¢a, os pontos das duas listas acima podem ser comparados aos diversos convidados de uma festa ou a uma organizacao especial de d4tomos de uma molécula. Esse grupo especial de convidados compée a estrutura de uma festa da mes- ma maneira que a organizacao especifica dos atomos compoe a estrutu- ra da molécula. E exatamente dessa maneira que os componentes enu- merados acima (e outros que mencionarenos no proximo capitulo) com- poem a estrutura das emocées da expectativa e da esperanca. Os pontos enumerados acima sao os mais importantes para a dife- renciacao entre a expectativa e a esperanga. Quando esperamos alguma coisa, mantemos uma dupla imagem entre o que pode acontecer, uma imagem que nos mostra o que pode vir a acontecer, na qual vemos tan- to a possibilidade de que aquilo que desejamos venha realmente a acon- tecer quanto a probabilidade de que nao aconteca aquilo que desejamos. Porém, quando criamos uma expectativa, mantemos diante dos olhos a imagem de apenas um resultado final possivel — quer seja 0 que dese- jamos ou o que nao desejamos que acontega. Se essas diferencas nao tiverem ficado evidentes a partir dos exem- plos que acabamos de dar, ha ainda outra maneira de vivencia-las. Pen- se em algo a respeito do qual sinta expectativa, como, por exemplo, ter 49 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. mesa de trabalho, sentir a expectativa de estar descansado e preparado para o dia de trabalho que teremos amanh e ainda sentir a expectativa de ter um filho. Porém, no caso das coisas que estao fora do nosso con- trole e as quais nao queremos nos esforgar para obter, é melhor ter sim- plesmente esperanca. Ter esperanca que as salamandras de trés dedos sejam salvas, ter esperanca que as dangas tipicas de uma longingua tri- bo da Nova Guiné sejam preservadas e esperar que nossa filha entre na faculdade dos seus sonhos. Todos nés podemos identificar muitas situacdes nas quais, apesar das nossas melhores inten¢des, temos emocées que nos levam a reagir € a nos comportar de maneiras que ndo desejamos que acontecessem. A ccompreensao de como a estrutura das emoc6es induz nossas experién- cias e comportamentos faz com que almejemos satisfazer nossos dese- jos e necessidades. 2. O conhecimento da estrutura das emocdes nos permite modificd-las. Sentir-se ‘‘preso a uma emocao’’ é uma experiéncia bastante comum. Comegamos a nos sentir de uma certa maneira e, ainda que queiramos mudar nossa maneira de sentir — e mesmo quando sabemos 0 que que- riamos estar sentindo —, simplesmente nao conseguimos nos livrar da emocao que tomou conta de nds. Um exemplo bastante comum é a emo- cao do citime. Sabemos conscientemente que nao temos por que ficar enciumados e sentimos que 0 citime esta ameacando nossa relacaio, mas nao conseguimos deixar de ter citime. Mas nao é necessdrio ficar 4 mercé das emogdes. Conhecendo-se aestrutura das emogGes que estamos sentindo e, o que é mais importan- te, aestrutura daquelas que gostariamos de sentir, podemos escolher criar para nos as percep¢oes que irao nos levar a sentir as emocOes que dese- jamos. Na verdade, se vocé tiver seguido os exercicios indicados nestes capitulos, isso ja tera acontecido algumas vezes. Ao conhecermos as estruturas das emoc6es, seremos capazes de pas- sar de uma para outra, afetando dessa forma tanto a qualidade de nos- sa experiéncia quanto 0 nosso tipo de comportamento. 3. O conhecimento da estrutura coloca todos os estados emocionais a nossa disposi¢ao. Usando o exemplo da decepgao e da frustragéo, mostramos que emo- gGes desagradaveis e indesejaveis podem ser importantes e uteis. A pes- soa que tem acesso a decepgao, porém nao a frustracdo, pode desistir sistematicamente de objetivos preestabelecidos, afastando-se deles ao pri- meiro sinal de complicacéo. Da mesma maneira, a pessoa que tem aces- so apenas a frustragdo ¢ nado a decepgao descobre-se lutando para atin- 52 gir um objetivo que jd demonstrou ser impossivel de ser alcangado, ou pelo menos que nao vale a pena o esforgo de se alcangar. Na verdade, todas as emogées sao validas em alguma situacao. Quando nos sentimos imobilizados por uma emog¢ao, estamos ou em um. estado inadequado aquela situagao (como, por exemplo, sentir-se decep- cionado quando nao conseguimos tocar violao apos uma semana de au- las) ou nao temos como deixar de sentir aquela emogao para sentir ou- tras mais apropriadas (como, por exemplo, nao conseguir passar da de- cepgao para a frustragdo e dai para a determinagéo, quando descobri- mos que nao somos ainda capazes de tocar violao). O conhecimento dos componentes de nossos estados emocionais nos possibilita entender por que reagimos de certa maneira. Além disso, 0 conhecimento dos componentes dos estados emocionais aos quais ainda nao temos acesso faz com que possamos criar aquelas emogdes quando as queremos e precisamos delas. As emocoes tém uma estrutura. O conhecimento da estrutura nos leva a um senso de utilidade. O conhecimento da estrutura nos permite mudar nossas emogées. O conhecimento da estrutura nos facilita 0 acesso a todas as emo- ¢0es. O préximo capitulo mostrara 0 conhecimento da estrutura neces- saria para evitar armadilhas emocionais para construirmos uma vida de escolhas emocionais. A partir do momento em que vocé estiver familia- rizado com os oito componentes dos chamados blocos criadores de emo- ges, tera uma base para determinar a melhor emocao para cada situa- ¢ao. Também ensinaremos a organizar esses blocos de criacéo para cons- truir a emogao que desejamos sentir. No mundo de escolha emocional, como em outros mundos, 0 conhecimento é 0 poder. E 0 conhecimento da estrutura é o maior de todos os poderes. 53 5 As pecas do quebra-cabeca O tempo faz parte do nosso dia-a-dia, afetando-nos de diversas manei- ras. Apesar de algumas pessoas fazerem apenas duas distingGes a res- peito do tempo, ou seja, ele esta bom ou ruim, a maioria faz outro tipo de distincdo a respeito do clima, ou seja, o tempo pode estar tempestuo- so, calmo, ameacador, fechado, com ventos ou limpo. Cada uma des- sas condic6es meteorolégicas é formada pela ocorréncia simultanea de fatores como umidade, vento, temperatura, nuvens e presséo do ar. O tempo de um dia é determinado a partir da interacao desses diversos fa- tores. O mesmo acontece quando cozinhamos, pois 0 que chegamos fi- nalmente a comer é determinado pela mistura dos ingredientes, 0 tempo ea temperatura de cozimento e outros fatores. Da mesma forma que a temperatura e a preparacdo dos alimentos, as emoc6es sao manifestacGes de uma série de fatores, ou ingredientes. Da mes- ma maneira que a tempestade é definida a partir de caracteristicas especifi- cas de umidade do ar, do vento, da temperatura e da formacdo das nuvens, e da mesma maneira como a crosta de uma torta é determinada a partir do cozimento de certos ingredientes misturados de uma certa maneira a uma temperatura especifica, emogdes como ansiedade e alegria sao determina- das por um conjunto de padrées de pensamento a que chamamos compo- nentes. Na verdade, todas as emocées sao determinadas por um conjunto de componentes. Alguns desses componentes das emogGes ja foram apre- sentados com exemplos nos capitulos anteriores. Neste capitulo, mostrare- mos esses componentes de maneira mais explicita e detalhada. Talvez os componentes ainda Ihe sejam desconhecidos do ponto de vista das distin- ¢6es conscientes, embora eles Ihe sejam familiares do ponto de vista da ex- periéncia pessoal. Como podemos aprender mais sobre eles? Aprender a reconhecer os componentes das emocGes € como apren- der a reconhecer os diversos paladares que se misturam para formar o 55 sabor especifico do vinho. Criou-se um aparelho engenhoso eeficiente para ensinar as pessoas a fazerem esse tipo de distingao. O aparelho compoe- se de quatro frascos, cada um deles contendo um odor puro entre os qua- tro componentes essenciais para a formacao do sabor de um vinho (os qua- tro componentes sao esséncias de frutose, tanino, acido e alcool). A idéia consiste em ficar tao habituado ao odor e gosto de cada um desses com- ponentes individuais que a pessoa possa distinguir os diferentes odores e paladares que foram combinados para compor um certo tipo de vinho. Da mesma maneira, alguém que nunca tenha tido a oportunidade de ouvir individualmente cada um dos instrumentos de uma orquestra, tendo apenas assistido a concertos sinf6nicos, teria muita dificuldade em distinguir o som de cada instrumento. Pode-se distinguir a diferenca entre 0 som de um instrumento de sopro de madeira e um de metal, po- rém a menos que ja se tenha ouvido o timbre de um oboé, de uma trom- pa ede um fagote, sera praticamente impossivel diferenciar a contribui- ¢do por cada um desses instrumentos ao som da orquestra. Porém, a partir do momento em que nos habituamos a eles, podemos diferencia- los e apreciar melhor o papel que cada um deles exerce para a criacgéo dos efeitos musicais. Os exemplos sobre o vinho e a orquestra ilustram um dos princi- pios do aprendizado — a compreensdo de que o todo é composto do conhecimento e da compreensao das partes. Para se ter uma compreen- sao mais profunda e tirar o maior proveito do material que exporemos nos préximos capitulos, convém conhecer as distinc¢des que usaremos como exemplo. Entéo comecaremos nossa viagem de reconhecimento do tempo, do sabor e da musica das emogdes comecando por examinar seus componentes. Os componentes das emogoes _ _ Referéncia temporal Comparacao Modalidade Ritmo Envolvimento Critérios Intensidade Abrangéncia do segmento Referéncia temporal Por mais de dez minutos, Stephen, um de nossos assistentes, tentava ter uma conversa com sua mulher que nao deveria levar mais que alguns minutos. O problema era Jay, o filho de seis anos, que interrompia os pais a cada minuto com perguntas, pedidos e queixas. No inicio, Ste- phen respondia o mais rapido que podia, para tentar reatar a conversa com a esposa, mas as interrup¢des aumentaram, ao mesmo tempo que a impaciéncia de Stephen. Como previsto, Jay tentou interromper mais uma vez, e Stephen sentiu que subia pelas paredes. Quando olhou para 56 © menino, com os olhos em chamas, prestes a partir para uma bronca inesquecivel, Stephen sentiu sua imaginagdo dar um salto para o futu- ro. E naquele futuro ele viu o filho, j4 adulto, agindo de maneira gros- seira, sentindo-se sozinho ¢ infeliz por causa disso. E, entao, a conversa que Stephen queria ter com a esposa pareceu-lhe insignificante. As cha- mas do olhar de Stephen transformaram-se em brilho. Ele ajoelhou-se ao lado do filho e comecou a explicar-lhe o que significava ser uma pes- soa grosseira e o que era preciso fazer para evitar ser alguém assim. O que fez com que Jay aprendesse uma lic&io com o pai em vez de simplesmente levar uma bronca? A sensagdo inicial de irritagao de Ste- phen transformou-se em raiva por ver-se impossibilitado de fazer 0 que queria, por causa do comportamento do filho. A mudanga de reagao de Stephen aconteceu quando ele substituiu sua preocupagdo com o pre- sente (a conversa) por uma preocupacao com o futuro (a felicidade de Jay). Ao fazer a substituicao na referéncia temporal, Stephen levou em consideragao 0 atual comportamento de Jay do ponto de vista de um futuro indesejavel; portanto, suas emocgdes mudaram da raiva para 0 cuidado ea paciéncia. Quando falamos em referéncias temporais, fala- mos do passado, do presente e do futuro. Quase todas as emogées in- cluem nossa referéncia ao passado, ao presente e ao futuro. Na realida- de, é necessdria uma certa referéncia temporal para que muitas emocées possam existir. Por exemplo, pense em algo a respeito do que se sinta ansioso ou preocupado. Se prestar atencao ao que esta acontecendo na sua imagi- nac&o, vera que esta se sentindo assim em relacdo a algo que podera vir a acontecer no futuro, iminente ou remoto. Em outras palavras, a sen- sacao de ansiedade ou preocupacao implica imaginar-se alguma possi- bilidade futura indesejavel. Mesmo que procure muito em sua experién- cia passada, nao sera capaz de se preocupar a respeito de algo que ja aconteceu ou que estd acontecendo neste exato momento. Para se preo- cupar agora é necessdrio usar uma referéncia temporal de futuro. Ao prestar atencdo a outras referéncias temporais, pode-se criar um contraste de emocGes que tornard evidente a obrigatoriedade de imagi- nar possibilidades futuras indesejaveis para gerar sensacdes de preocu- pacdo ou ansiedade. E no momento em que se entra numa dessas emo- gGes € possivel transformar a preocupacdo ou ansiedade em outra emo- ¢4o simplesmente trazendo sua percepcéo ao momento presente, pres- tando atengao ao local onde se esta e 0 que esta acontecendo ao nosso redor. Mesmo quando nos sentimos preocupados ou ansiosos, a verda- de é que em geral estamos bem no momento presente. Descobrimos que, na realidade, é necessdrio que a pessoa esteja bem no momento atual para que a mente possa se preocupar com 0 futuro, gerando ansiedade. Se a pessoa nao estiver bem e segura no presente, os assuntos atuais se- rao muito mais prementes para que ela perca tempo preocupando-se com o futuro. 57

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