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R. C. Sproul
Primeira, a própria queda. Desde que o homem foi criado com a posse peccare, ele
teve a capacidade para cair desde o começo. Ele foi criado bom, mas também
mutável. Esta possibilidade de pecar foi mais tarde chamada por Karl Barth como
“possibilidade impossível.” Esta, obviamente, é uma declaração absurda, uma
contradição veraz de termos. Desde que Barth não se preocupava com as
contradições, não achou dificuldade em usar esta frase. Mas talvez tenha usado
deliberadamente esta contradição dissonante como um artifício literário para
mostrar a incompreensibilidade de uma boa criatura cair em pecado. A queda é uma
irracionalidade manifesta.
Para Agostinho, a severidade da queda é vista através de seu contraste severo com a
sublimidade da condição original do homem. A palavra queda dificilmente faz
justiça à idéia de salto das alturas exaltadas para a profundidade abismal. Schaff
comenta: “A queda de Adão apresenta-se como a maior e a mais digna de castigo se
considerarmos, primeiramente, a altura que ele ocupava, a imagem divina na qual
foi criado; então, a simplicidade do mandamento, e [a] tranqüilidade de obedecê-lo,
na abundância de todos os tipos de frutos no paraíso; e, finalmente, a sanção do
mais terrível castigo do seu Criador e mais formidável Benfeitor.” [1]
Depois da queda, o homem ainda possui uma mente. Ele ainda pode pensar. Ainda
pode raciocinar. Ele não perdeu a faculdade da mente. A faculdade permanece; a
facilidade está perdida. O que foi fácil uma vez, agora é difícil. Nossa habilidade
para raciocinar foi claramente afetada. Somos agora inclinados para o pensamento
confuso e para cometer erros lógicos. Fazemos inferências ilegítimas a partir de
dados e cometemos falácias lógicas. Nossos argumentos não são sempre sadios.
Há uma analogia entre a função da mente e a função do corpo após a queda. Ainda
temos corpos que exibem força física. O corpo ainda trabalha. Mas o trabalho do
corpo agora é acompanhado de suor e fadiga. Semelhantemente, a mente ainda
trabalha, mas o pensamento correto é laborioso para a mente.
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08/02/2018 Agostinho e as Conseqüências da Queda - R. C. Sproul
advertência foi negada pela serpente, que alegou que Adão e Eva não morreriam
mas se tornariam como deuses.
Notamos rapidamente que Deus havia ameaçado a morte imediata: “no dia em que
dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17). Porém Adão e Eva não
experimentaram a morte física (thanatos) no mesmo dia da sua transgressão. Isto
tem levado alguns a concluírem que a penalidade “real” para o pecado foi a morte
espiritual, a qual aconteceu imediatamente. Mas, para o texto e para Agostinho, o
castigo para o pecado não foi limitado à morte espiritual. Ele incluía a morte física
também, a qual Adão e Eva eventualmente experimentaram. Este foi o grande
inimigo que Cristo mais tarde conquistaria para seu povo. Como um resultado da
queda, a morte física é agora uma necessidade, não uma mera possibilidade.
Agostinho mencionou que para Adão e Eva, a morte física não foi totalmente adiada
até que respirassem seu último fôlego. A morte física começou no momento em que
transgrediram. A partir daquele momento, as ruínas da morte- envelhecimento,
declínio físico e doenças- acompanharam a vida humana. Desde o pecado de Adão,
cada bebê nasce em meio às dores de parto. Com as dores do parto e o primeiro
choro do infante, o processo da morte é inaugurado. Toda a vida é parte deste
processo. A vida marcha inexoravelmente em direção à sepultura. Este é o preço do
pecado.
Estas conseqüências do pecado original são o que Pelágio achou tão odioso. Ele viu
uma certa injustiça na descendência de Adão sendo afetada tão adversamente por
causa das ações de Adão. Agostinho, por outro lado, considerava o pecado original
como um castigo justo para Adão e para todos aqueles a quem ele representava. Ele
escreve no The City of God :
Schaff observa: “...o batismo, de acordo com Agostinho, remove apenas a culpa
(reatus) do pecado original, não o próprio pecado (concupiscentia). Na procriação,
o agente não é o espírito regenerado, mas a natureza que ainda está sob o domínio
da concupiscentia. 'Pais regenerados não produzem como filhos de Deus, mas como
filhos do mundo'”.
NOTAS:
[1] - Philip Schaff, History of the Christian Church, 8 vols. (1907-10; Grand
Rapids: Eerdmans, 1952-53), 3:825.
[3] - Agostinho, The City of God, em Agostinho, Basic Writings, 2:260 (14.15). Em
nome da leitura, desmembrei uma sentença extremamente longa
("consequentemente, porque o pecado era um desprezo à autoridade de Deus...ele
renegou a vida eterna.") em cinco sentenças.
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