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Resiliência: nova perspectiva na Promoção da Saúde da Família?

ARTIGO ARTICLE
Resilience: a new perspective in health promotion?

Maria Glícia Rocha da Costa e Silva Noronha 1


Paloma Sodré Cardoso 2
Tatiana Nemoto Piccoli Moraes 2
Maria de Lourdes Centa 3

Abstract This descriptive study deals with some con- Resumo O estudo é descritivo a respeito de alguns
cepts of resilience seeking to understand the concept conceitos sobre resiliência, buscando um entendi-
from the viewpoint of health promotion, one of the mento, considerando os pressupostos da promoção
basic principles of the Brazilian Family Health Pro- da saúde no contexto do Programa Saúde da Família
gram (FHP). Resilience appeared as a new subject in (PSF). A resiliência apresenta-se na área das ciênci-
human sciences and in the health area. In human as humanas e da saúde como um tema novo. Nas
sciences, resilience means the positive capacity of an ciências humanas, a resiliência representa a capaci-
individual to construct itself coping with adversities, dade de um indivíduo construir-se positivamente
a dimension more attentive to social conditions. Al- frente às adversidades, procura abranger outras di-
though there is no consensus with regard to this sub- mensões mais atentas às condições sociais. Obser-
ject, there seem to be some aspects related with Health vou-se que não há consenso sobre o tema, mas que
Promotion. We emphasize the modern understand- este apresenta aspectos concernentes com a promo-
ing of Health Promotion in order to illustrate some ção da saúde. Destacou-se o entendimento moderno
aspects associated with resilience such as the greater de promoção da saúde de modo a ilustrar aspectos
capacity of Man to decide about the determinants of que se relacionam à resiliência, como a ampliação
his health condition. Given that Health Promotion da capacidade dos indivíduos de apropriarem-se dos
is one of the attributions of the Family Health Pro- determinantes das condições de saúde. Consideran-
gram, we contextualized the program emphasizing do que a promoção da saúde é uma das atribuições
the action of the health professionals in this area in do PSF, contextualizou-se esse programa, enfatizan-
relation to the subject, seeking to promote health do a atuação dos profissionais dessa área e sua rela-
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Centro de Educação working with resilience. The multi-professional teams ção com o tema, buscando a promoção da saúde e
Ambiental/SMMA, of the Family Health Program represent at the same trabalhando com a resiliência. A equipe multipro-
Prefeitura Municipal de
time a network of support and protection for the fam- fissional de Saúde da Família é fator de proteção jun-
Curitiba. Av. Manoel Ribas
2727, Mercês. 80810-000 ilies, identifying possible risk factors. The emphasis to às famílias, identificando possíveis fatores de risco
Curitiba PR. given to the promotion of resilience however should e, ao mesmo tempo, se mostrando como uma rede de
mglicia@gmail.com
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not substitute the public policies for fighting the so- apoio e de proteção. A ênfase na promoção da resiliên-
Núcleo de Estudos. em
Saúde da Família, cial inequality and precarious life conditions of part cia não deve substituir as políticas de combate à de-
Universidade Federal do of the population. sigualdade social e condições de vida precárias de
Paraná.
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Key words Resilience, Health Promotion, Family alguns sujeitos.
Departamento de
Enfermagem, Universidade Health Program Palavras-chave Resiliência, Promoção da Saúde,
Federal do Paraná. Saúde da Família
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Noronha MGRCS et al.

Introdução Nas ciências humanas, a resiliência representa


a capacidade de um indivíduo construir-se positi-
A resiliência apresenta-se na área das ciências hu- vamente face às adversidades. O dicionário de lín-
manas e da saúde como um tema novo. Por essa gua inglesa Longman Dictionary of Contempora-
razão, buscou-se inicialmente elucidar alguns con- ry English apresenta como definição de resiliência:
ceitos a respeito desse tema que fossem pertinentes “[...] habilidade de voltar rapidamente para o seu
no contexto da Saúde Coletiva. A resiliência carac- usual estado de saúde ou de espírito depois de pas-
teriza-se pela capacidade do ser humano responder sar por doenças e dificuldade” 3. A partir daí, ob-
às demandas da vida cotidiana de forma positiva, serva-se que vários conceitos teóricos sobre resili-
apesar das adversidades que enfrenta ao longo de ência surgem fundamentados numa variedade de
seu ciclo vital de desenvolvimento, resultando na disciplinas como a psicologia, biologia, sociologia,
combinação entre os atributos do indivíduo e de psiquiatria, educação, dentre outras.
seu ambiente familiar, social e cultural. Trata-se de A resiliência como foco da temática do desen-
um conceito que comporta um potencial valioso volvimento humano em situações de risco vem sen-
em termos de prevenção e promoção da saúde das do estudada por vários autores em diversas partes
populações mas ainda permeado de incertezas e do mundo desde a década de 1970, dos quais desta-
controvérsias. O estudo é descritivo sobre a resili- camos as pesquisas4-9 que buscam identificar os fa-
ência, o tema da promoção da saúde e o PSF, pre- tores de risco e de proteção que contribuem para a
tendendo refletir e analisar a resiliência como nova adaptação dos indivíduos, subsidiando programas
perspectiva na assistência às famílias no cotidiano de intervenção e políticas públicas no âmbito da
da equipe multiprofissional de Saúde da Família. saúde mental, em que a principal preocupação des-
Buscou-se na extensa bibliografia sobre o tema ses pesquisadores reside em identificar fatores que
da resiliência extrair subsídios que pudessem ins- auxiliam as pessoas a manter um desenvolvimento
trumentalizar os profissionais da equipe multipro- saudável na presença das adversidades.
fissional da Saúde da Família na utilização correta Percebe-se que a utilização do conceito de resili-
da resiliência como nova perspectiva na promo- ência nos espaços médico-psico-social é recente. Esta
ção da saúde junto às famílias. Entretanto, obser- transposição, inicialmente, aconteceu de forma
vou-se que não há consenso sobre o tema, mas mecânica, desconsiderando a complexidade intrín-
que este apresenta aspectos concernentes à pro- seca ao desenvolvimento humano. Os indivíduos
moção da saúde. resilientes eram aqueles que, como uma bola de
O presente estudo apresenta o conceito de resi- borracha ou uma verga de aço, seriam capazes de
liência como uma nova perspectiva para a promo- sobreviver a prolongadas situações de estresse sem
ção da saúde da família. Buscou-se destacar o apresentar qualquer tipo de dano definitivo em sua
entendimento moderno de promoção da saúde de saúde emocional ou competência cognitiva10. Atu-
modo a ilustrar aspectos que se relacionavam à almente, embora esta concepção ainda seja freqüen-
resiliência. A seguir, considerando que a promo- te nos estudos sobre o tema, o conceito procura
ção da saúde é uma das atribuições do PSF, reali- abranger outras dimensões, menos deterministas e
zou-se a contextualização da criação desse progra- mais atentas às condições sociais, que propiciaram
ma, enfatizando a atuação dos profissionais dessa a emergência do fenômeno3,10.
área e sua relação com o tema, buscando a pro- Inicialmente, pensava-se existir condições ina-
moção da saúde e trabalhando com a resiliência. tas para resistir e ter imunidade a adversidades es-
tressantes e não se tornar vítima. A partir da década
de 1990, ampliando os conhecimentos sobre o tema
Resiliência da resiliência, diversos estudiosos7,10,11 reconhecem
a resiliência como um fenômeno comum e presente
A palavra resiliência origina-se do latim, resílio, re + no desenvolvimento de qualquer ser humano e ou-
salio, que significa “ser elástico”. Em 1807, surgiu no tros enfatizam a necessidade de cautela no uso na-
cenário científico moderno compondo o vocabu- turalizado do termo, sendo freqüentemente referi-
lário da Física e da Engenharia, sendo um de seus do por processos que explicam a “superação” de
precursores o cientista inglês Thomas Young1. A re- crises e adversidades em indivíduos, grupos e orga-
siliência de um material é a energia de deformação nizações. A partir de uma revisão crítica das publi-
máxima que ele é capaz de armazenar sem sofrer cações sobre resiliência no final dos anos noventa,
deformações permanentes. Isto é, a resiliência refe- verifica-se que o conceito não apresenta uma defi-
re-se à capacidade de um material absorver energia nição consensual, sendo caracterizado em termos
sem sofrer deformação plástica ou permanente2. mais operacionais do que descritivos.
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Autores7, 10,11 consideram a resiliência como a Estudos na área de psicologia social junto ao
capacidade do sujeito, em determinados momen- Centro de Estudos e Pesquisas CEPRUA – UFRS16
tos e de acordo com as circunstâncias, lidar com a detalham pesquisas sobre fenômenos ligados ao
adversidade, não sucumbindo a ela, alertando para sofrimento emocional de indivíduos e famílias que
a necessidade de relativizar, em função do indiví- vivenciam de maneira intensa os processos de ex-
duo e do contexto, o aspecto de superação de even- clusão social. Estes estudos16 definem resiliência
tos potencialmente estressores apontado em algu- como fenômeno caracterizado por resultados po-
mas definições de resiliência. Defendendo que o sitivos na presença de sérias ameaças ao desenvol-
termo resiliência traduz conceitualmente a possi- vimento da pessoa. Segundo essa autora, a resili-
bilidade de superação num sentido dialético, re- ência pode ser observada quando há união famili-
presentando não uma eliminação, mas uma res- ar, qualidade no relacionamento de pais e filhos,
significação do problema12. em práticas educativas envolvendo afetos, recipro-
A resiliência surge, então, como estratégia, ha- cidade e equilíbrio de poder. Refere ainda que, nas
bilidade válida e competência para se enfrentar as pesquisas sobre resiliência, a exclusão social e a
adversidades da vida e, assim, ser capaz de superá- pobreza têm sido destacadas como adversidades
las, adaptar-se, recuperar-se, inclusive sendo trans- crônicas que podem comprometer o potencial de
formado por elas, participando de uma vida ativa desenvolvimento dos sujeitos.
e participativa13. Após estas abordagens sobre resiliência e ten-
A resiliência14 seria resultante da interação entre do em vista às características do trabalho em saú-
fatores genéticos e ambientais, os quais, também, de no qual os profissionais preservam um certo
oscilam em sua função, podendo atuar como pro- grau de autonomia no cotidiano dos serviços, au-
teção em certos momentos e, em outros, como fa- tonomias que são expressas nas definições de pri-
tor de risco. O autor trata a resiliência como uma oridades decorrentes dos arranjos institucionais e
relativa “resistência” manifestada por algumas pes- que representam oportunidades para uma atua-
soas diante de situações consideradas potencialmente ção transformadora como produto do saber acu-
de risco psicossocial para seu funcionamento e de- mulado, num dado momento histórico servindo a
senvolvimento. Para o autor, é justamente esse ca- uma determinada lógica de organização das práti-
ráter relativo que faz com que o fenômeno seja ob- cas, entende-se que a resiliência possa constituir-se
servado em algumas circunstâncias, mas em ou- numa possibilidade de intervenção na práxis coti-
tras não, dependendo da etapa do ciclo vital na qual diana do agir da equipe multiprofissional de Saú-
o sujeito se encontra quando enfrenta a adversida- de da Família16-18.
de e do domínio examinado no estudo. Pela mesma Chiesa17 refere-se à resiliência conceituada como
razão, fica excluída a possibilidade de se pensar a categoria práxica, entendida como patrimônio re-
resiliência como um constructo universal aplicável lacional e circunstancial capaz de fortalecer indiví-
a todas as áreas do funcionamento humano, pois duos que vivenciam situações adversas de sofri-
se as circunstâncias mudam, a resposta da pessoa mento emocional e exclusão social. Segundo essa
também pode ser modificada. Ressalta, ainda, que autora, a categoria práxica do agir profissional
esta “capacidade” para superar as adversidades in- implica instrumentalizar as famílias a se reconhe-
clui desde a habilidade da pessoa para lidar com as cerem como importantes no cotidiano de seus inte-
mudanças que acontecem em sua vida, sua confi- grantes valorizar o patrimônio (conjunto de recur-
ança na própria auto-eficácia, até o repertório de sos materiais e relacionais potenciais disponíveis)
estratégias e habilidades de que dispõe para enfren- de que dispõem, resgatar seus direitos sociais, com-
tar os problemas com os quais se depara14. preender as diferentes fases do ciclo de vida e valori-
A concepção da resiliência como a capacidade zar o diálogo como ferramenta para exercitar a to-
de recuperar o padrão de funcionamento após ex- lerância e respeitar as diferenças existentes entre seus
perienciar uma situação adversa, sem que, no en- integrantes.
tanto, deixe de ser atingido por ela, é feita por Gar- Neste sentido, dentro da proposta de reorga-
mezy15. Em seus estudos, a ênfase na capacidade nização das práticas de assistência que orienta o
do sujeito para retomar os padrões de comporta- PSF, novos e antigos instrumentos de trabalho
mento habituais que possuía antes de vivenciar a podem ser incorporados para proporcionar me-
adversidade pressupõe que ela funcionava relati- lhor execução das atividades e facilitar o alcance
vamente bem ao se deparar com a situação negati- dos objetivos de promoção da saúde junto às fa-
va e somente a partir deste momento passa a ter mílias. Além da consulta médica e de enfermagem
dificuldades, mas que algo se produz, levando-a a individual, como também na realização de visitas
recuperar sua forma. domiciliares e atendimentos coletivos, em educa-
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ção em saúde, a resiliência pode estar sendo utili- níveis de exposição e dos limites individuais de cada
zada por estes profissionais como mais uma ferra- um, nos períodos mais críticos do desenvolvimen-
menta na atuação junto às famílias. to como a infância, adolescência e terceira idade11.
Reforçando nossa colocação, importante cola- Os fatores protetores possuem quatro funções
boração nos aponta o estudo dessa autora17 ao se principais, conforme descritos19: 1) reduzir o im-
referir sobre a valorização do sujeito profissional pacto dos riscos, fato que altera a exposição da
quando diz ser de crucial importância a re-signifi- pessoa à situação adversa; 2) reduzir as reações
cação da contribuição da sabedoria, da atitude, dos negativas em cadeia que seguem a exposição do
compromissos e da responsabilidade do profissional indivíduo à situação de risco; 3) estabelecer e man-
como tecnologias necessárias para a construção de ter a auto-estima e auto-eficácia, através de esta-
práticas transformadoras na superação do modelo belecimento de relações de apego segurança [favor
biomédico17. rever a construção] e o cumprimento de tarefas
Entretanto, os estudos16-18 mostram que deve- com sucesso; 4) criar oportunidades para reverter
mos estar atentos ao viés negativo e reducionista os efeitos do estresse.
da atenção a saúde que responsabiliza os indivídu- Alguns autores pesquisados7,11,19 referem que
os na superação das adversidades, os quais bus- os fatores de proteção relacionam-se, em primeira
cam a sobrevivência numa sociedade desigual instância, a aspectos orgânicos do indivíduo, em
como a nossa, desresponsabilizando o Estado de seguida, envolvem aspectos subjetivos que pesa-
suas obrigações como poder público provedor. rão na forma como o indivíduo vai administrar a
Apontam também que devemos fomentar e pos- situação vivenciada no presente e, posteriormente,
tular abordagens de promoção da saúde salutares envolvem as redes de apoio e amparo parentais ou
com enfoque numa ciência que focalize as potenci- não que possam se fazer presentes. Enfocam ainda
alidades e qualidades humanas, as quais exijam a importância das condições do ambiente, econô-
tanto esforço, reflexão e seriedade conceitual, teó- micas, psicológicas e familiares, fornecidas pelas
rica e metodológica nos estudos e abordagens de relações construídas através das redes de apoio
distúrbios e desordens humanas. social na comunidade19.
Neste sentido, o apoio social construído pelo
coletivo contribui para o bem-estar do indivíduo,
Fatores de risco e fatores de proteção amortecendo o efeito provocado pelas situações
adversas surgidas. Diversas referências documen-
Diversas situações, muitas vezes relacionadas a tam os benefícios físicos e psicológicos do apoio
problemas sociais, podem ser consideradas como social, relatando melhor ajustamento dos sujeitos
fatores de risco e estariam afetando a capacidade com apoio social a acontecimentos indutores de
de resiliência em indivíduos e famílias4. Dentre os “estresse”, os quais se recuperam mais rapidamen-
diversos exemplos, podemos referir: as condições te da doença recentemente diagnosticada, diminu-
de pobreza, rupturas na família, vivência de algum indo o risco de mortalidade a doenças específicas,
tipo de violência, experiências de doença crônica além de usufruírem qualidade de vida mais satis-
ou aguda do próprio indivíduo ou da família e fatória 19-21.
outras perdas importantes. As relações familiares funcionam como promo-
Outra questão bastante enfatizada7 é a visão ção da vida e bem-estar social, propiciando condi-
subjetiva de um indivíduo sobre determinada situ- ções adequadas de vida, favorecendo o desenvolvi-
ação, ou seja, sua percepção, interpretação e senti- mento das potencialidades de cada um e do grupo
do atribuído ao evento estressor é que o classifica- com respeito “à individualidade e a manutenção do
rá ou não como condição de estresse. Os eventos ambiente físico e simbólico favorável às trocas e ao
considerados como risco são obstáculos individu- crescimento grupal e pessoal”22.
ais ou ambientais que aumentariam a vulnerabili-
dade de indivíduos ou família durante o desenvol-
vimento em seu ciclo de vida; além disso, certos Programa Saúde da Família (PSF)
atributos da pessoa têm uma associação positiva na atenção básica
com a possibilidade de enfrentar os fatores de ris-
co no cotidiano, de aproveitar os fatores proteto- No Brasil, as transformações contemporâneas da
res, de ser resiliente, sendo crítico e sujeito ativo na sociedade, subseqüentes ao regime militar pós-
sociedade7. Neste sentido e considerando-se que 1964, exigiram tanto a crítica sistemática do saber
as experiências de vida negativas são inevitáveis hegemônico-dominante que direcionou as políti-
para qualquer indivíduo, sobressai a questão dos cas públicas no país, inclusive no setor saúde, quan-
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to à construção de um saber contra-hegemônico e Saúde de 1996 (NOB SUS nº 1/96) com o objetivo
politicamente efetivo23. Nesse contexto, ocorreram de provocar a inversão do modelo e, assim, am-
as discussões decorrentes de grave crise no setor pliar o conceito de atenção básica, através de in-
saúde que fortaleceram os movimentos sociais e centivos financeiros para sua implantação27. His-
populares deste período, que abrem caminho para toricamente, sabe-se que o modelo hegemônico de
a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e mais atenção à saúde no Brasil esteve centrado na inter-
tarde, do PSF. venção dos sinais, sintomas e queixas apresenta-
Com a aprovação da Constituição em 1988 e das pelo indivíduo, que ao percebê-los procura as-
das Leis Orgânicas em 1990, garantiu-se legalmen- sistência à saúde e, nesta, o profissional promove a
te um sistema público e único de saúde, com dire- intervenção específica, eliminando ou minimizan-
trizes fundamentadas nos princípios de eqüidade, do o desconforto do usuário. O PSF, ao contrário
integralidade, universalidade, controle social e hie- desse modelo, preconiza que o indivíduo seja visto
rarquização da assistência. Muito cedo, entretan- de maneira integral e acompanhado continuamente
to, movimentos populares, academia e movimen- em seu modo de viver, que as ações sejam de pro-
tos contra hegemônicos percebem que a escrita do moção à saúde e proteção de doenças e, ainda, que
texto constitucional não é suficiente para o enfren- a intervenção do setor saúde deva ser para garan-
tamento de uma hegemonia sanitária capitalista23,24. tir a qualidade de vida da população de sua área de
Apesar dos avanços alcançados no campo or- abrangência26,27.
ganizacional, com a instituição legal do SUS, ainda Destacamos, nestas políticas públicas, pontos
continua acentuado o modo predominante de pro- importantes como a estratégia de atuação em vigi-
dução dos serviços de saúde, característico da he- lância à saúde e atenção continuada à população,
gemonia sanitária capitalista, aqueles voltados para ações estas que não devem se restringir ao setor
a doença, sem território definido e centrados no saúde, devendo ser articuladas com diferentes se-
atendimento curativo e assistencial24-26. A luta se tores a nível local e regional, para intervir nos fato-
estende para alcançar mudanças nas ações de saú- res determinantes e condicionantes do processo
de que busquem a maior e melhor resolutividade saúde-doença. Nesta atenção continuada à popu-
das ações na sua integralidade, de forma a produ- lação, deverá ser considerada a história de vida
zir um considerável efeito na qualidade de vida da dos sujeitos, que deverão ser capazes de participar
população25. juntamente com a equipe multiprofissional, inter-
As tentativas de reversão da tendência hege- vindo no enfrentamento dos problemas de saúde
mônica foram de reforçar o controle social, assu- vividos26,27. Essa participação deverá ir além da
mir a administração de municípios, elaborar por- construção da proposta de assistência individual
tarias e normas operacionais, criar programas e ou coletiva, bem como da representação organiza-
fomentar mudanças na trajetória de formação de da de sua comunidade nos diferentes níveis do SUS,
seus profissionais24,26. Por volta de 1993, o Minis- conferências e conselhos de saúde. Desta forma, o
tério da Saúde iniciou a implementação no Brasil, PSF passa a se constituir numa estratégia inova-
através da Portaria no 692, do Programa Saúde da dora no cenário dos serviços de saúde, priorizan-
Família (PSF), em que este é caracterizado agora do as ações de promoção, proteção e recuperação
como uma estratégia. Dentre as justificativas para da saúde das pessoas e das famílias de forma inte-
sua implementação está o fato de que o modelo gral e contínua28. Entretanto, a possibilidade de
assistencial do PSF dá prioridade, além da assis- identificar de forma dramática a necessidade de
tência médica individual, a ações de proteção e pro- mudança e transformação do estabelecido possi-
moção à saúde26. bilita ao profissional de saúde, numa leitura sócio-
O PSF como estratégia surgiu para romper com antropológica, observar detalhes íntimos da vida
o modelo hegemônico assistencialista, curativista, familiar, suas dificuldades e possibilidades, e isto
medicamentoso e hospitalocêntrico, pautado na vem sendo destacado como princípio central da
compra de serviços e na especialização das ações de estratégia do PSF29.
saúde. [...] O Ministério da Saúde reconhece no Pro- Estas possibilidades29 envolvem dois aspectos;
grama de Agentes Comunitários de Saúde e no Pro- em primeiro lugar, as possibilidades da família no
grama de Saúde da Família importante estratégia para enfrentamento da doença e de riscos, e o segundo
contribuir no aprimoramento e na consolidação do aspecto refere-se às de intervenções da equipe. Este
Sistema Único de Saúde, a partir da reorientação da último aspecto está diretamente relacionado com
assistência ambulatorial e domiciliar26. as condições do serviço, equipamentos, habilida-
A estratégia do PSF foi regulamentada pela des profissionais, formação permanente da equipe
Norma Operacional Básica do Sistema Único de multiprofissional, dentre muitos outros. Entende-
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mos que, somente assim, os profissionais possam fomentar uma adequada rede de apoio social. Nes-
estar intervindo junto os usuários que vivem em se estudo, compreende-se por “rede de apoio so-
estado fragilizado, angustiante, frustrante e de im- cial” os recursos estruturais e humanos disponí-
potência diante das dificuldades encontradas, re- veis numa localidade e, no caso do PSF, aqueles
sistindo e criando meios de valorizar a vida, cons- existentes em sua área de abrangência, para aten-
truindo e explicitando o sentido do cuidar, do res- dimento às famílias em situação de risco social,
peito, da troca, do sorriso, da solidariedade. podendo ser institucionais ou não, os quais desta-
Surge então, a necessidade de que os serviços de cam-se as unidades de saúde, entidades ligadas à
saúde e seus profissionais sejam mais flexíveis, des- defesa de direitos da criança, como Conselho Tu-
vinculados dos procedimentos tradicionais crista- telar, e outras organizações não governamentais
lizados no núcleo de suas formações, passando a (ONGs) e entidades assistenciais da sociedade ci-
adotar uma forma de interação inovadora, contex- vil, associações comunitárias locais (moradores,
tualizada e em consonância com as crenças e valo- bairro), abrigos e albergues municipais, escolas e
res das famílias no cenário social e político. Além de creches, centros de juventude ou educacionais, es-
exigir uma atuação integrada entre os diversos pro- colas, programas de fornecimento de alimentação,
fissionais componentes da equipe multiprofissio- esportes e lazer, dentre outros. Essa abordagem
nal, deve haver a interação articulada com as reais pode contribuir para afastar e amenizar os efeitos
demandas e necessidades da comunidade28. da adversidade, como também gerar novos meca-
As funções e ações desenvolvidas pela equipe nismos protetores nas comunidades em que está
multiprofissional, dentro do processo de trabalho inserida, ao enfocar aspectos interacionais de vín-
na Saúde da Família, vêm sendo distribuídas entre culo e de confiança, trazendo à tona a singularida-
visitas domiciliares, ações programáticas e atendi- de e a delicadeza das relações ditas microssociais
mentos no consultório30. Esse autor refere que a de promoção em saúde31,32. Entretanto, vale res-
estratégia deve trabalhar com a idéia de que “a in- saltar que a abordagem utilizando a resiliência não
tervenção no ambiente familiar é capaz de prevenir pode ser distorcida para sustentar o discurso de
os agravos à saúde”30. Dessa forma, torna-se fun- superação individual, desagregada das condições
damental a formação e educação permanente da de desigualdades sociais, econômicas e das rela-
equipe multiprofissional, quer seja a que atue na ções macrossociais do sistema, subestimando cir-
assistência, no planejamento ou na programação cunstâncias de vida penosas das pessoas.
de suas ações.
As ações de saúde buscam solucionar o proces-
so saúde-doença num contexto de família com pres- Promoção da saúde
supostos básicos, como o desenvolvimento emoci-
onal, a socialização, a organização dos papéis e das A promoção da saúde tem se tornado cada vez mais
relações de seus membros com a comunidade e a presente na prática dos profissionais de saúde e, na
preservação do patrimônio28. Essa atenção à famí- atualidade, é incluída como componente de desta-
lia permite aos profissionais uma compreensão que na organização de novos modelos de prestação
mais ampla do processo saúde-doença, permitin- de serviços no campo da saúde pública, como é o
do-lhes o reconhecimento das necessidades de in- caso do Programa de Saúde da Família. A noção de
tervenções para além das práticas curativas25. promoção à saúde foi introduzida por Leavell e
O PSF apresenta muitos desafios, entre eles o Clark, em 1976, no desenvolvimento do modelo
de como qualificar e classificar uma família, con- denominado história natural da doença, que era
solidando as informações provenientes de seus aplicado a partir do grau de conhecimento do cur-
membros, de modo a compreender sua organiza- so de cada doença, definindo-se em três níveis de
ção. Além disso, ele deve reconstruir as “práxis” prevenção: o primário, secundário e terciário33.
humanas, de forma a reinventar maneiras de ser O conceito moderno de promoção da saúde e
no âmbito familiar e comunitário28. sua prática foram bastante estudados nos últimos
Ao longo do tempo, o PSF vem se mostrando vinte anos, principalmente no Canadá, Estados
como excelente estratégia de intervenção, encon- Unidos e países da Europa Ocidental. Entre 1986 e
tra-se aberto a propostas inovadoras para melhor 2000, foram realizadas importantes conferências
atuar junto à comunidade que assiste26-31. É neste sobre a promoção da saúde a nível internacional,
sentido que visualizamos possibilidades de traba- dentre elas: Ottawa (1986), Adelaide (1988), Sun-
lhar com a resiliência, utilizada como nova pers- dsval (1991), Bogotá (1992), Jakarta (1997) e no
pectiva de promoção da saúde. A utilização, no México (2000)34.
PSF, da abordagem focada na resiliência, parece Após a Carta de Ottawa, desenvolveu-se uma
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nova forma de intervenção em saúde, a qual passa mente por não existir ainda um consenso em rela-
a enfocar a capacitação das populações para, no ção à definição do termo. Contudo, mesmo em
confronto com os riscos, conseguir um rápido res- face da incompletude, a resiliência foi instaurada
tabelecimento, com o mínimo de danos causados no campo da promoção da saúde, discutindo-se
pela exposição aos fatores de risco34. Assim, a pro- hoje a ampliação do conceito para além dos indiví-
moção da saúde envolve um vasto conjunto de duos, por intermédio de expressões como escolas
fatores que incluem adaptações ambientais e com- resilientes ou comunidades resilientes36,37.
portamentais, conseguidas através de estratégias Muitos são os conceitos sobre resiliência e
educacionais, mantendo como foco a ação sobre como esta influencia o comportamento humano
as pessoas35. frente às condições da vida. Contudo, deve-se res-
Na Declaração de Jakarta, está descrito que, para saltar que existem dois aspectos a serem conside-
se ter saúde, são necessários pré-requisitos como a rados que auxiliam essa conduta: “a capacidade de
paz, abrigo, instrução, segurança social, relações so- resistência frente às situações adversas e a capaci-
ciais, alimento, renda, um ecossistema estável, uso dade de construção positiva que garante as condi-
sustentável dos recursos naturais, justiça social, res- ções de enfrentamento”31.
peito aos diretos humanos e eqüidade26. Nesta compreensão, a resiliência31 é constituída
Dessa forma, o conceito de promoção da saúde de acordo com as relações que são estabelecidas
deve ser entendido como um novo modo de com- entre o indivíduo e o meio; entretanto, não poden-
preender a saúde e a doença e uma nova forma dos do desconsiderar os aspectos individuais, familia-
indivíduos e da coletividade obterem saúde. A pro- res, sociais e culturais. A identificação e desenvolvi-
moção, diferentemente da prevenção, caracteriza- mento de características resilientes em pessoas ou
se por um conjunto de intervenções que têm como grupos podem tornar-se um instrumento de resta-
meta a eliminação permanente ou pelo menos du- belecimento dos membros que compõem as famí-
radoura da doença, tentando-se eliminar suas cau- lias, permitindo-lhes a buscar novas condições de
sas mais básicas e não apenas evitar que se mani- vida para que não fiquem acomodados face à ad-
festem35. Por outro lado, é importante atentar para versidade4. Deste modo, pode-se pensar a resiliência
as armadilhas do pensamento e interesses dominan- como nova perspectiva que contribui para as ações
tes que estimulam a responsabilização dos sujeitos, do PSF, segundo os princípios norteadores deste,
como se percebe nos discursos dentro do contexto da dentre eles, a promoção da saúde. Ela não está en-
chamada terceira revolução da saúde, somada a abs- focada nas ações desenvolvidas pelos profissionais
tenção das responsabilidades do Estado, voltada à re- que atuam no PSF e nem nas construídas pelas ins-
dução da racionalização dos custos, o que muitas ve- tituições de formação profissional.
zes significa a precarização dos serviços35.
O conceito moderno de promoção da saúde
deve implicar atividades voltadas tanto a grupos Conclusão
sociais como a indivíduos, por meio de políticas
públicas abrangentes, em relação ao ambiente físi- Resiliência é um conceito complexo e amplo, enfo-
co, social, político, econômico e cultural e do es- cado em vários contextos e abordagens. Nesse sen-
forço comunitário, na busca de melhores condi- tido, compreendemos, juntamente com as consi-
ções de saúde36. Desta forma, entendemos que es- derações dos vários autores pesquisados, a resili-
tratégias de promoção da saúde podem provocar ência como o conjunto de processos sociais e in-
e modificar estilos de vida, bem como as condições trapsíquicos que possibilitam o desenvolvimento
sociais, econômicas e ambientais que determinam de uma vida sadia, mesmo vivendo em um am-
a saúde, implicando um enfoque prático para a biente não sadio10. Esta resulta da combinação en-
obtenção de maior eqüidade em saúde. tre os atributos da pessoa e seu ambiente familiar,
A promoção da saúde implica um novo para- social e cultural. Deste modo, a resiliência não pode
digma de saúde e doença, além de uma mudança ser pensada como um atributo que nasce com o
social significativa em direção a uma sociedade in- ser humano, nem que ele adquire durante seu de-
dependente do princípio da produção para o mer- senvolvimento, mas sim como um processo inte-
cado e para o lucro36,37. Este contemporâneo mo- rativo entre a pessoa e seu meio, considerado como
vimento pela promoção da saúde tem revelado a uma variação individual em resposta ao risco, sen-
resiliência como um conceito importante nessa área do que os mesmos fatores causadores de estresse
de conhecimento. Por ser um tema recentemente podem ser experienciados de formas diferentes por
incorporado ao campo da saúde, encontra-se em pessoas diferentes, não sendo a resiliência um atri-
fase de construção, discussão e debate, principal- buto fixo do sujeito/indivíduo4-9.
504
Noronha MGRCS et al.

Falar sobre resiliência e fatores de proteção para resiliência. Visto dessa forma, não se torna um ser
sua promoção exige um olhar sensível à pluralida- passivo e conformado frente às adversidades en-
de cultural que caracteriza a existência humana. Os contradas, o que é diferente de uma adaptação pura
fatores de proteção estão associados a resiliência, e simples, que reproduz os interesses dominantes.
visto que buscam estratégias para incrementar as ca- O PSF auxilia as famílias e indivíduos no en-
racterísticas pessoais e condição de vida que são fun- frentamento de situações de risco principalmente
damentais para a tentativa de Promoção da Saúde31. pela possibilidade da construção, de acolhimento
A equipe multiprofissional de saúde da família e de vínculo, independente de queixas agudas re-
pode tornar-se fator de proteção junto às família, correntes. Entretanto, torna-se fundamental o apri-
identificando possíveis fatores de risco e, ao mes- moramento das políticas públicas e de ação social,
mo tempo, se mostrando como uma rede de para que não sejam apenas as disponibilidades
apoio/fator de proteção7,11,19,31. Ao exercer esse pa- subjetivas ou a generosidade individual de mem-
pel, busca fortalecer a resiliência, promovendo saú- bros da equipe multiprofissional que possam vir a
de. Para tanto, são necessários recursos materiais garantir o atendimento32. Mesmo com a visualiza-
e estruturais dos serviços públicos de saúde, de ção dos avanços que a resiliência possa oferecer,
formação e educação básica e permanente dos pro- quando utilizada como uma nova perspectiva de
fissionais para planejamento e programação promoção da saúde, deve-se ter a preocupação de
das ações. A experiência da resiliência é compatível não subestimar circunstâncias penosas de vida e a
com a existência de conflitos que produzem com- desigualdade social.
portamentos freqüentemente considerados desvi- Nas sociedades ocidentais contemporâneas,
antes pela sociedade4-9. motivadas por valores extremamente individua-
Entende-se que a resiliência apresenta uma ca- listas, há um risco de que essa linha de pensamen-
racterística diferenciada, que pode ser utilizada pela to possa nos levar a retroceder para a era de Da-
área da saúde, que é o caráter de enfrentamento e rwin, na qual a sobrevivência era dos mais capa-
construção positiva frente à adversidade, possibi- zes4-9. Daí a importância de pesquisas futuras den-
litando que os indivíduos participem de uma vida tro da perspectiva humanista do desenvolvimento
ativa e participativa, com a capacidade de se trans- do ser humano e da saúde coletiva, levando em
formar, tornando-se um sujeito crítico frente às consideração a ética, eqüidade, ambientes huma-
condições que propiciaram o desenvolvimento da nos sustentáveis e equilíbrio ecológico.

Colaboradores

ML Centa, PS Cardoso e TNP Moraes participa-


ram igualmente da revisão bibliográfica, concep-
ção teórica, elaboração e redação do artigo.
505

Ciência & Saúde Coletiva, 14(2):497-506, 2009


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