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Curso
de
Mercado
Financeiro
da
Liga
de
Mercado
Financeiro
–
FEA/USP
Aula
2:
Introdução
ao
Mercado
de
Derivativos
Sumário
A)
Derivativos:
conceitos
e
definições.....................................................................................................................2
1.
Introdução........................................................................................................................................................2
2.
Mercados
de
derivativos:
conceitos
básicos......................................................................................2
3.
Considerações
Finais...................................................................................................................................4
B)
Mercado
a
Termo........................................................................................................................................................5
1.
Introdução.......
................................................................................................................................................5
2.
Características
gerais...................................................................................................................................5
3.
Exemplo
de
operação............
......................................................................................................................6
4.
Deficiências
dos
contratos
a
termo........................................................................................................7
5.
Considerações
finais.....................................................................................................................................8
C)
Mercado
Futuro:
características
e
funções.....................................................................................................9
1.
Introdução........................................................................................................................................................9
2.
Características
dos
contratos
futuros...................................................................................................9
3.
Importância
do
mercado
futuro...........................................................................................................12
4.
Condições
para
o
funcionamento
do
mercado
futuro.................................................................16
5.
Participantes
do
mercado
futuro.........................................................................................................17
6.
Considerações
finais..................................................................................................................................19
D)
Introdução
ao
mercado
de
opções....................................................................................................................20
1)
Opções
e
os
mercados
de
derivativos...............................................................................................20
2)
Como
surgiram
as
opções?.....................................................................................................................23
3)
Mercado
futuro
e
mercado
de
opções...............................................................................................24
4)
Conceitos
básicos
do
mercado
de
opções........................................................................................26
1
A)
Derivativos:
conceitos
e
definições
Esta
seção
esclarece
os
principais
conceitos
relacionados
ao
mercado
de
derivativos.
Apresenta-‐se
a
sua
definição,
os
contratos
que
o
envolvem
e
onde
são
negociados.
1.
Introdução
Suponha
que
eu
e
você
moremos
no
interior
de
São
Paulo,
em
Araçatuba.
Eu
sou
pecuarista
e
você
planta
milho
em
uma
fazenda
a
25km
de
distância
da
minha.
Ao
longo
destes
últimos
anos,
tenho
comprado
seu
milho
para
utilizá-‐lo
como
ração
para
meu
rebanho.
Nessas
negociações,
estabelecemos
que
o
pagamento
é
a
vista,
ao
preço
vigente
no
mercado,
no
dia
em
que
ocorre
a
entrega
do
milho.
Nota-‐se,
portanto,
que
o
milho
é
uma
commodity
fundamental
tanto
para
você
como
para
mim.
Entretanto,
temos
uma
grande
diferença:
eu
torço
para
que
o
preço
do
milho
caia
o
máximo
possível;
você,
ao
contrário,
anseia
que
o
preço,
após
a
safra,
seja
o
mais
alto
possível.
• Como
fazer
para
evitar
tanta
incerteza?
Considere
que
estamos
a
cinco
meses
da
safra
e,
nestas
últimas
semanas,
as
cotações
do
grão
estão
extremamente
voláteis,
causando
certa
apreensão
nas
duas
partes.
Diante
desse
cenário,
podemos
fazer
o
seguinte
acordo:
fixamos,
agora,
o
preço
do
milho
que
será
colhido
daqui
a
cinco
meses.
Escolheremos
um
preço
razoável
para
os
dois
lados,
o
qual
permitirá
a
obtenção
de
bons
lucros
nas
respectivas
atividades.
Desse
modo,
não
precisaremos
nos
preocupar
com
o
que
vai
acontecer
na
próxima
safra.
Sabendo
de
antemão
o
preço
do
milho,
podemos
planejar:
eu,
a
engorda
de
bois
e
você,
o
plantio.
Esse
acordo
é
chamado
de
contrato
a
termo,
o
qual
iremos
definir
mais
adiante.
Liquidação
futura
A
história
acima
ilustra
o
fato
de
os
ativos
poderem
ser
negociados
por
meio
de
operações
a
vista
e/ou
de
liquidação
futura.
Nas
operações
no
mercado
a
vista
(também
chamado
de
mercado
spot),
a
transação
é
liquidada
imediatamente,
existindo
a
entrega
do
ativo
e
seu
pagamento.
Nas
operações
de
liquidação
futura,
a
entrega
do
ativo
e
seu
pagamento
ocorrem
em
momento
posterior
ao
da
negociação.
Essas
últimas
operações
são
instrumentalizadas
por
meio
dos
chamados
contratos
de
derivativos.
2.
Mercados
de
derivativos:
conceitos
básicos
Derivativos
é
o
nome
dado
à
família
de
mercados
em
que
operações
com
liquidação
futura
são
implementadas,
tornando
possível
a
gestão
do
risco
de
preço
de
diversos
ativos.
Quatro
modalidades
de
contratos
são
negociados
nesses
mercados:
a
termo,
futuro,
de
opções
e
de
swaps.
Iremos
conceituar
tais
contratos
ao
longo
desta
seção.
A
origem
do
termo
derivativos
está
associada
à
idéia
de
que
os
preços
desses
contratos
possuem
estreita
ligação,
ou
seja,
derivam
dos
preços
do
ativo
subjacente
ao
contrato.
É
importante
mencionar
que
as
negociações
com
derivativos
podem
ocorrer
no
mercado
de
balcão
ou
em
bolsas
organizadas.
2
O
mercado
de
balcão
é,
em
boa
parte
dos
casos,
espontâneo
e
informal.
Surge,
geralmente,
entre
grandes
instituições,
sem
local
fixo
de
encontro,
com
baixa
transparência
na
divulgação
de
preços
e
não
segue
regras
específicas.
É,
basicamente,
um
mercado
em
que
as
partes
negociam
diretamente
entre
si.
Assim
sendo,
os
derivativos
negociados
em
mercado
de
balcão
são
feitos
“sob
medida”,
existindo
grande
flexibilidade
na
negociação
dos
itens
do
contrato,
tais
como
a
qualidade
e
a
quantidade
do
ativo,
as
garantias
do
negócio,
a
forma
de
liquidação
etc.
Exemplos
desses
derivativos
são
os
contratos
a
termo,
os
swaps
e
as
opções
flexíveis.
Contratos
a
termo
são
acordos
de
compra
e
venda
de
um
determinado
ativo
que
estabelecem
um
preço
entre
as
partes
para
liquidação
em
uma
data
futura
específica.
Esses
contratos
são
intransferíveis
e
sua
negociação
pode
ocorrer
tanto
em
mercado
de
balcão
como
em
bolsa.
Swaps
são
acordos
privados
entre
duas
empresas
ou
instituições
financeiras
para
a
troca
futura
de
fluxos
de
caixa,
respeitada
uma
fórmula
preestabelecida.
Consistem
em
um
tipo
de
contrato
a
termo.
Os
swaps
podem
ser
registrados
em
bolsa
e,
assim,
possuir
garantias
quanto
ao
cumprimento
dos
itens
acordados.
Opções
flexíveis
são
acordos
privados
entre
duas
partes
nos
quais
os
termos
dos
contratos
são
negociados.
Com
um
pagamento
inicial,
uma
das
partes
tem
o
direito
de
comprar
ou
vender
o
ativo
em
uma
certa
data
a
um
preço
preestabelecido.
A
outra
parte
da
operação
recebe
esse
pagamento
como
remuneração
por
sua
exposição
ao
risco.
Já
as
bolsas
oferecem
locais
apropriados
de
transação,
organizam
o
mercado,
preparam
regras
e
contratos,
fazem
a
compensação
e
liquidação
dos
contratos
e
se
auto-‐regulam,
além
de
serem
reguladas
pelo
governo.
Os
contratos
ali
negociados
são
padronizados,
tais
como
os
contratos
futuros
e
de
opções.
Contratos
futuros
são
acordos
nos
quais
as
partes
são
obrigadas
a
comprar
ou
a
vender
determinada
quantidade
de
um
ativo
a
determinado
preço
e
em
certa
data
futura.
Esses
contratos
são
padronizados
em
relação
à
quantidade
e
qualidade
do
ativo,
formas
de
liquidação,
garantias,
prazos
de
entrega,
dentre
outros,
e
têm
negociação
apenas
em
bolsa,
sendo
possível
a
liquidação
do
contrato
antes
do
prazo
de
vencimento.
Contratos
de
opções
são
acordos
nos
quais,
por
intermédio
de
único
pagamento
(inicial),
uma
das
partes
tem
o
direito
(e
não
a
obrigação)
de
comprar
ou
vender
o
ativo
em
certa
data
a
preço
preestabelecido.
A
outra
parte
da
operação
recebe
esse
pagamento
como
remuneração
por
sua
exposição
ao
risco,
que
pode
chegar
a
ser
ilimitado.
As
opções
também
podem
ser
negociadas
em
mercado
de
balcão,
caso
das
opções
flexíveis.
No
caso
daquelas
negociadas
em
bolsa,
a
padronização
dos
itens
contratuais
é
realizada,
da
mesma
forma
que
nos
contratos
futuros.
Importante:
A
partir
de
novembro
de
2006,
iniciaram-‐se
negociações
de
contratos
de
opções
com
ajuste
diário,
que
diferenciam-‐se
das
opções
convencionais
vistas
anteriormente,
por
serem
marcadas
a
mercado,
ou
seja,
por
terem
seus
valores
atualizados
diariamente
e
liquidadas
no
dia
útil
seguinte
de
acordo
com
as
variações
de
preços.
3
3.
Considerações
Finais
A
administração
de
riscos
de
preços
e
de
crédito
por
bancos,
fundos,
agroindústrias,
exportadoras,
indústrias
e
empresas
em
geral
tornou-‐se
parte
essencial
de
sua
gestão
financeira
nos
últimos
anos.
Neste
contexto,
encontram-‐se
os
contratos
de
derivativos.
4
B)
Mercado
a
termo
O
contrato
a
termo
é
um
dos
mais
tradicionais
contratos
derivativos,
largamente
utilizado
em
muitos
segmentos
da
economia.
Vamos
examinar,
a
seguir,
suas
características
principais
e
mostrar
exemplos
de
uso.
1.
Introdução
Os
mercados
a
termo
têm
origem
muito
remota,
associada
ao
problema
da
sazonalidade
dos
mercados
agrícolas.
Nesses
mercados,
são
realizados
acordos
privados
de
compra
e
venda
de
um
ativo
para
liquidação
em
data
futura
por
preço
predeterminado.
Dessa
maneira,
um
contrato
a
termo
corresponde
a
negociação
privada,
em
que
as
duas
partes
chegam
a
um
acordo
sobre
o
preço
da
commodity
a
ser
entregue
no
futuro.
A
mercadoria
não
troca
de
mãos
até
a
chegada
da
data
de
entrega
acertada
entre
as
partes.
No
entanto,
todas
as
incertezas
advindas
da
livre
movimentação
das
forças
de
mercado,
que
poderiam
causar
grandes
variações
nos
preços,
são
eliminadas
pelo
expediente
das
partes
em
acertar
com
antecedência
qual
o
preço
de
fechamento
do
negócio.
2.
Características
gerais
Observe,
pelo
diagrama
abaixo,
que,
no
momento
inicial,
as
partes
pactuam
a
operação
a
ser
liquidada
em
data
posterior.
No
vencimento,
o
vendedor
entrega
a
commodity
negociada,
conforme
definido
no
contrato,
e
o
comprador
paga
o
valor
combinado
em
t0.
Nota-‐se
que
ambas
as
partes,
quando
negociam,
enfrentam
risco
de
crédito
(da
contraparte)
por
100%
do
valor
da
operação.
No
diagrama:
• t0
=
momento
atual
no
qual
se
desenvolve
a
negociação
a
termo;
• ty
=
data
do
vencimento,
em
que
as
partes
estão
obrigadas
a
cumprir
sua
obrigação;
• comprador
=
quem
se
obriga
a
pagar
ao
preço
negociado
no
presente,
nas
condições
definidas
pelo
contrato
termo;
• vendedor
=
quem
se
obriga
a
entregar
o(s)
produto(s)
no
vencimento
do
contrato,
nas
condições
nele
determinadas;
• operação
=
o
ato
de
negociação
em
que
as
partes
definem
os
itens
do
contrato
(quantidade,
qualidade,
condições
de
entrega
e
de
liquidação
financeira).
O
preço
da
operação
é
resultado
da
barganha
entre
compradores
e
vendedores.
5
3.
Exemplo
de
operação
As
operações
a
termo
são
freqüentes
nos
mercados
agrícolas.
Veja
a
seguir
um
exemplo
de
operação
nesse
mercado.
Imagine
a
situação
do
produtor
e
do
torrefador
de
café
no
início
da
safra.
O
produtor
não
tem
nenhuma
garantia
do
preço
que
poderá
ser
praticado
ao
final
da
safra;
já
o
torrefador,
que
compra
o
café
do
produtor
e
vende
para
o
consumidor
final,
também
não
sabe
a
que
preço
poderá
negociar
o
café
no
final
da
safra,
pois,
de
forma
geral,
podem
ocorrer
duas
situações:
SITUAÇÕES
POSSÍVEIS
SITUAÇÃO
A
–
safra
recorde
SITUAÇÃO
B
–
escassez
de
café
As
condições
climáticas
favoreceram
A
ocorrência
de
pragas,
geadas
ou
muito
o
cultivo
de
café
e
ocorreu
outras
intempéries
dificultara
o
cultivo,
superprodução
no
período.
O
excesso
provocando
sua
escassez.
Essa
situação
de
oferta
levará
a
queda
acentuada
de
também
poderia
ser
causada
pela
preços
de
venda,
reduzindo
a
margem
existência
de
problemas
vinculados
à
de
lucro
do
produtor.
Pode
ser
possível
logística
da
safra
ou
então
por
eventos
que
o
valor
de
venda
seja
insuficiente
externos
que
estimulem
a
exportação
até
para
cobrir
os
custos
de
produção.
em
detrimento
do
abastecimento
no
Nesse
caso,
o
produtor
poderá
preferir
mercado
local.
Nesses
casos,
haverá
destruir
o
café
a
colocá-‐lo
no
mercado,
alta
nos
preços
do
café
e
o
produtor
pois,
dessa
forma,
ele
minimizará
seus
conseguirá
vender
sua
produção
por
custos
com
armazenagem
e
transporte
preço
mais
elevado
do
que
ele
e,
ao
mesmo
tempo,
poderá
conter
a
imaginava
anteriormente.
pressão
da
oferta.
No
exemplo
acima,
o
vendedor
estará
correndo
o
risco
de
queda
acentuada
nos
preços
e
o
comprador,
de
uma
alta
nos
preços
do
café
no
mercado
a
vista
no
final
da
safra.
A
fim
de
eliminar
os
riscos
de
variações
adversas
de
preços,
o
cafeicultor
e
o
produtor
poderão
realizar
contrato
a
termo
com
as
características
abaixo
descritas.
Suponha
que
ao
preço
de
R$100,00
para
cada
saca
de
60kg,
o
produtor
consiga
pagar
todos
seus
custos
de
produção
e
ainda
obter
lucratividade
razoável
dentro
de
sua
atividade.
Suponha
também
que
R$100,00
seja
o
preço
máximo
que
o
torrefador
possa
pagar
para
auferir
lucro
e
não
realizar
prejuízo
em
sua
atividade.
Para
ambos,
R$100,00
é
preço
de
negociação
razoável.
Logo,
o
torrefador
e
o
cafeicultor,
por
meio
de
um
contrato
a
termo,
poderão
fazer
um
compromisso
de
compra
e
venda,
em
que
o
produtor
se
compromete
a
vender
café
de
determinada
qualidade
em
local
específico
a
esse
preço
no
final
da
safra
e
o
torrefador
se
compromete
a
comprar
esse
café
por
essa
quantia
na
data
predeterminada.
Dessa
forma,
independentemente
do
resultado
da
safra
e
dos
preços
estabelecidos
no
mercado
a
vista
no
período
da
entrega,
ambos
terão
seus
preços
de
compra
e
de
venda
travados
em
R$100,00
por
saca.
RESULTADOS
DA
OPERAÇÃO
SITUAÇÃO
A
–
safra
recorde
SITUAÇÃO
B
–
escassez
de
café
Suponha
que,
no
final
da
safra,
esteja
Suponha
que
o
preço
em
vigor
no
final
vigorando
o
preço
de
R$90,00.
da
safra
seja
de
R$120,00.
6
Produtor:
obterá
êxito
nessa
operação,
Produtor:
venderá
a
mercadoria
para
pois
conseguirá
vender
sua
produção
o
torrefador
a
um
preço
inferior
ao
por
R$100,00,
preço
superior
ao
do
estabelecido
pelo
mercado,
mas
que
mercado
(R$90,00).
Os
custos
de
ainda
assim
cobre
todos
seus
custos
de
produção
serão
cobertos
e
a
produção
e
garante
lucratividade
lucratividade,
garantida.
razoável
para
sua
atividade.
Torrefador:
pagará
preço
mais
alto
do
Torrefador:
obterá
êxito
nessa
que
o
preço
no
mercado
a
vista,
mas
operação
ao
comprar
por
R$100,00
que
ainda
lhe
convém,
pois
R$100,00
é
mercadoria
cujo
valor
de
mercado
é
de
preço
que
o
torrefador
considera
R$120,00.
razoável
dentro
de
sua
atividade.
Tanto
para
o
comprador
como
para
o
vendedor
no
mercado
a
termo
e
nas
duas
situações
(alta
ou
queda
de
preços)
o
prejuízo
realizado
não
será
encarado
propriamente
como
um
prejuízo
e
sim
como
algo
que
se
deixou
de
ganhar,
como
um
prêmio
de
seguro.
Nesse
exemplo,
ao
preço
de
R$100,00/saca,
ambos
tinham
seus
custos
cobertos
e
a
lucratividade
dentro
de
suas
atividades
garantida.
Quando
o
participante
entra
no
mercado,
com
a
finalidade
de
obter
proteção,
ele
estará
abrindo
mão
de
possível
ganho
para
não
incorrer
num
prejuízo
efetivo.
No
mercado
financeiro,
também
são
realizadas
operações
semelhantes,
por
exemplo
no
mercado
de
ações
ou
com
títulos
públicos
e
privados.
A
Bolsa
de
Valores
de
São
Paulo
(Bovespa)
possui
mercado
de
operações
a
termo
em
que
muitos
atuam
visando
arbitrar
taxas
de
juro.
Em
geral,
o
preço
a
termo
se
iguala
ao
preço
a
vista
mais
a
taxa
de
juro
até
a
data
do
vencimento,
pois,
caso
contrário,
haverá
oportunidades
de
arbitragem.
Na
Bolsa
de
Mercadorias
&
Futuros
(BM&F),
estão
listados
os
contratos
a
termo
de
ouro
e,
mais
recentemente,
na
Clearing
de
Ativos,
são
realizadas
operações
de
compra
e
de
venda
a
termo
de
títulos
colocados
em
leilões
do
Tesouro
Nacional
a
serem
liquidados
em
data
futura.
Além
disso,
são
registradas
operações,
realizadas
no
mercado
de
balcão,
com
contratos
a
termo
de
troca
de
rentabilidade
entre
diversas
variáveis
e
índices
como,
por
exemplo,
variação
da
taxa
prefixada
x
taxa
dos
de
Depósitos
Interfinanceiros,
ou
taxa
do
cupom
de
taxa
de
DI
x
IGP-‐M.
Você
pode
consultar
as
especificações
desses
contratos
no
endereço
eletrônico:
http://www.bmf.com.br
–
link
Contratos
4.
Deficiências
dos
contratos
a
termo
Os
contratos
a
termo
não
eliminam
o
risco
de
a
contraparte
não
honrar
o
contrato.
O
risco
de
crédito
está
relacionado
com
a
ausência
de
sistema
de
garantias
adequado.
Os
negócios
para
liquidação
a
termo
envolvem
elevados
riscos
dessa
natureza.
A
incerteza
com
relação
ao
crédito
e
o
cumprimento
do
contrato
também
representam
grandes
fatores
de
desestímulo
a
esse
tipo
de
negociação.
Para
resolver
esse
problema,
cada
uma
das
partes
da
transação
faz
o
depósito
de
uma
soma
de
dinheiro
(ou
oferece
algum
ativo
líquido
em
garantia)
com
uma
terceira
parte,
neutra,
pelo
montante
que
se
acredite
que
seja
o
risco
de
não-‐cumprimento
do
contrato.
Caso
uma
parte
não
o
honre,
a
outra
parte
recebe
o
dinheiro
como
reembolso
pela
inconveniência
ou
perda
financeira.
No
entanto,
outros
problemas
permanecem,
especialmente
nos
mercados
agropecuários.
Os
contratos
a
termo
especificam
o
prazo
e
o
local
da
entrega
da
mercadoria,
assim
como
sua
7
qualidade
mínima
e
a
quantidade
negociada.
Apesar
dessas
especificações,
na
prática
diária,
surgem
muitas
dúvidas,
contrariedades
e
disputas
em
relação
aos
itens
acordados,
gerando
custo
de
transação
muito
alto
à
negociação
e,
assim,
tornando-‐o
pouco
ágil
e
limitado.
Além
disso,
temos
outros
problemas:
• inadequação
dos
sistemas
de
armazenamento;
• variação
nas
condições
de
pagamento
de
um
contrato
para
outro;
• falta
de
transparência
na
formação
de
preços:
como
os
mercados
a
termo
são
negociações
privadas,
os
demais
participantes
do
mercado
não
têm
informações
em
relação
ao
fechamento
dos
negócios.
Não
existe
nenhum
tipo
de
divulgação
formal
dos
preços
que
são
praticados,
logo
nenhum
participante
do
mercado
estará
certo
se
está
realmente
negociando
pelo
preço
mais
justo.
Ele
não
sabe
como
está
ocorrendo
a
formação
de
preços
da
commodity
no
mercado
como
um
todo;
• impossibilidade
de
recompra
ou
revenda
caso
uma
das
partes
deseje
sair
do
contrato
antes
do
prazo
estabelecido:
os
contratos
a
termo
não
oferecem
a
possibilidade
de
intercambialidade
de
posições,
ou
seja,
nenhuma
das
partes
consegue
encerrar
sua
posição
antes
da
data
da
liquidação.
Esses
contratos
são
particulares
e
pessoais,
ou
seja,
suas
especificações
só
atendem
às
necessidades
de
seus
detentores;
logo
o
detentor
dificilmente
encontrará
outro
participante
que
aceite
assumir
sua
posição,
o
que
o
obriga
a
permanecer
no
mercado
até
o
vencimento
do
contrato;
• impasses
e
litígios
surgidos
na
liquidação
dos
contratos:
causados
pela
inexistência
de
um
organismo
que
resolva
eventuais
problemas
que
surjam
neste
momento
–
cabe
a
cada
uma
das
partes
a
fiscalização
e
o
gerenciamento
de
sua
liquidação.
No
sentido
de
aprimorar
os
negócios
para
liquidação
futura
e
sanar
os
problemas
acima
citados,
foram
desenvolvidos
os
mercados
futuros.
Como
o
setor
produtivo
agrícola
necessitava
avançar
e
aumentar
a
eficiência
de
suas
ligações
com
os
outros
elos
da
cadeia
produtiva,
as
bolsas
de
futuros
surgiram
como
resposta
a
essas
necessidades.
5.
Considerações
finais
Neste
capítulo,
estudamos
os
fundamentos
dos
mercados
a
termo,
mostrando
suas
características
e
suas
deficiências.
Moldados
em
um
longo
processo
de
evolução,
os
mercados
a
termo
perderam
parte
do
espaço
no
conjunto
dos
derivativos
devido
ao
crescimento
de
outros
produtos.
Sua
importância
como
instrumento
de
hedge
é
inegável,
sendo
usado,
primordialmente
nos
mercados
de
balcão.
8
C)
Mercado
futuro:
características
e
funções
Nesta
sessão,
analisam-‐se
as
principais
características
do
mercado
futuro,
suas
funções
e
sua
importância
para
a
economia
de
um
país,
bem
como
as
condições
para
seu
bom
funcionamento.
Adicionalmente,
serão
apresentados
os
agentes
que
nele
atuam.
1.
Introdução
Os
contratos
futuros
são
muito
semelhantes
aos
contratos
a
termo,
pois
são
utilizados
em
operações
de
compra
e
venda
de
um
ativo
para
uma
data
futura
por
um
preço
determinado.
Todavia,
os
contratos
futuros
são
padronizados
e
as
operações
são
realizadas
por
meio
de
pregão
de
bolsa,
mediante
um
sistema
de
leilões
múltiplos
onde
ofertas
de
compra
e
de
venda
são
realizadas
simultaneamente
e
cujos
preços
são
divulgados
publicamente
a
todos
os
participantes
do
mercado.
2.
Características
dos
contratos
futuros
Muitas
características
dos
contratos
futuros
surgiram
como
aperfeiçoamento
dos
contratos
a
termo.
Duas
dessas
características
–
a
padronização
dos
contratos
e
a
liquidação
centralizada
em
uma
clearing
–
são
fundamentais
para
o
bom
funcionamento
do
mercado
futuro
e
marcam
a
diferença
em
relação
ao
mercado
a
termo.
A
padronização
facilita
a
participação
dos
agentes
e
a
liquidação
centralizada
outorga
credibilidade
e
segurança
às
operações
realizadas
nesse
mercado.
2.1.
Padronização
dos
contratos
Todos
os
termos
do
contrato
futuro
são
padronizados
e
estabelecidos
pela
bolsa
antes
de
começar
a
negociação.
Após
o
comprador
ou
vendedor
escolher
o
contrato
a
ser
negociado,
sua
quantidade
e
a
data
de
vencimento
desejada,
a
única
variável
sujeita
à
negociação
entre
as
partes
é
o
preço.
Contrato
padronizado
é
aquele
que
possui
uma
estrutura,
previamente
definida
por
regulamentação
de
bolsa,
estabelecendo
limites
quanto
à
especificação
do
produto,
à
qualidade,
aos
locais
e
meses
de
entrega,
aos
meios
de
transporte
e
às
formalidades
de
entrega
e
pagamento.
É
muito
importante
que
não
haja
ambigüidade
e
que
todas
as
cláusulas
do
contrato
estejam
bem
claras
para
os
participantes.
As
chamadas
especificações
contratuais
incluem
itens,
tais
como:
⇒ o
objeto
da
negociação
(em
que
se
define
a
qualidade
da
commodity
negociada);
⇒ a
unidade
de
negociação;
⇒ a
maneira
como
a
cotação
é
feita;
⇒ a
variação
mínima
da
apregoação;
⇒ a
oscilação
máxima
diária
da
cotação;
⇒ meses
de
vencimento;
⇒ número
de
vencimentos
em
aberto;
⇒ data
do
vencimento
e
último
dia
de
negociação;
⇒ condições
de
liquidação;
⇒ custos
operacionais
e
outras
regras
e
normas.
Veja,
a
seguir,
dois
exemplos.
9
Exemplos
a)
Contrato
futuro
de
boi
gordo
da
BM&F
O
objeto
de
negociação
é
um
boi
gordo
acabado
para
abate
–
tipo
bovino
macho,
castrado,
bem
acabado,
em
pasto
ou
confinamento
com
peso
vivo
individual
entre
o
mínimo
de
450kg
e
máximo
de
550kg
(verificado
na
balança
do
local
de
entrega)
e
idade
mínima
de
42
meses.
A
cotação
é
em
reais
por
arroba
líquida.
A
unidade
de
negociação
é
de
330
arrobas
líquidas.
Os
meses
de
vencimento
são
todos
os
meses
do
ano.
A
data
de
vencimento
e
último
dia
de
negociação
é
o
último
dia
útil
do
mês
de
vencimento.
No
vencimento,
as
posições
podem
ser
encerradas
de
duas
maneiras:
financeiramente
(com
base
em
um
índice
de
preços)
ou
pela
entrega
dos
bois
negociados
em
cada
contrato.
Veja
outros
itens
deste
contrato
em:
http://www.bmf.com.br
–
link:
Contratos
–
Derivativos
Agropecuários
b)
Contrato
futuro
de
taxa
de
câmbio
de
reais
por
dólar
da
BM&F
As
especificações
do
contrato
futuro
de
taxa
de
câmbio
de
reais
por
dólar
negociado
na
BM&F
estabelecem
que
o
objeto
de
negociação
é
a
taxa
de
câmbio
de
reais
por
dólar
dos
Estados
Unidos,
para
entrega
pronta,
contratada
nos
termos
da
Resolução1690/90,
do
Conselho
Monetário
Nacional
(CMN).
Ao
relacionar
as
condições
de
liquidação
no
vencimento,
o
contrato
esclarece
que
a
taxa
de
câmbio
é
definida
como
a
taxa
média
de
venda
apurada
pelo
Banco
Central
do
Brasil
(Bacen),
segundo
critérios
por
ele
definidos,
e
divulgada
pelo
Sisbacen,
transação
PTAX800,
opção
"5-‐L"
(cotação
de
fechamento),
e
que
será
utilizada
com
até
quatro
casas
decimais.
Veja
outros
itens
deste
contrato
em:
http://www.bmf.com.br
–
link:
Contratos
–
Derivativos
Financeiros
• Você
pode
obter
as
especificações
dos
contratos
futuros
negociados
na
BM&F
acessando
seu
site:
http://www.bmf.com.br
–
link:
Contratos
A
padronização
dos
contratos
é
condição
imprescindível
para
que
a
negociação
possa
ser
realizada
na
bolsa.
Isso
se
deve
a
duas
razões:
a. Viabiliza
a
negociação
em
pregão:
imagine
um
pregão
em
que
cada
um
dos
participantes
estivesse
negociando
um
tipo
de
boi
ou
de
café
de
variedades
diferentes
ou
com
cotações
e
unidades
de
negociação
diferentes.
A
negociação
de
pregão
seria
impraticável.
Graças
à
padronização,
os
produtos
em
negociação
se
tornam
completamente
homogêneos,
tornando
indiferente
quem
está
comprando
ou
vendendo
a
mercadoria.
Padronização
Existem
duas
variedades
de
café
(arábica
e
conillon),
que
admitem
oito
tipos
de
classificação
(tipos
1
a
8)
e
sete
qualidades
de
bebida
(dura,
mole
etc.).
Na
BM&F,
o
dólar
é
cotado
em
reais
por
mil
dólares,
sendo
a
cotação
do
mercado
de
câmbio
comercial
(não
se
considera
o
câmbio
turismo).
b. Intercambialidade
de
posições:
os
contratos
negociados
em
balcão
não
são
intercambiáveis,
já
que
são
instrumentos
particulares
e
pessoais,
sendo
praticamente
impossível
encontrar
substituto
para
uma
das
partes.
Com
a
padronização
dos
contratos,
esse
problema
foi
substancialmente
mitigado.
Os
contratos
podem
passar
de
mão
em
mão
com
maior
facilidade,
tanto
entre
os
vendedores
quanto
entre
os
compradores.
Assim
10
sendo,
nenhum
participante
precisa
carregar
sua
posição
até
a
data
do
vencimento
do
contrato,
podendo
encerrar
sua
posição
a
qualquer
momento,
desde
a
abertura
do
contrato
até
a
data
do
vencimento.
Esse
encerramento
é
feito
por
meio
de
uma
operação
inversa
à
original,
o
que
implica
transferir
sua
obrigação
para
outro
participante.
Intercambiabilidade
Uma
operação
iniciada
entre
“A”
e
“B”
pode
transformar-‐se
facilmente
em
uma
operação
entre
“B”
e
“C”
caso
“A”
queira
ou
precise
desfazer
sua
obrigação
antes
de
seu
vencimento.
Como
o
contrato
é
padronizado,
o
que
foi
negociado
entre
“A”
e
“B”
é
o
mesmo
entre
“B”
e
“C”.
Vale
observar
que
os
contratos
futuros
são
perecíveis.
Sua
vida
é
limitada,
sendo
o
prazo
bem
especificado.
Por
exemplo,
o
contrato
futuro
de
Ibovespa,
negociado
na
BM&F,
tem
seu
vencimento
nos
meses
pares
e
o
último
dia
de
negociação
é
a
quarta-‐feira
mais
próxima
do
dia
15
do
mês
de
vencimento.
O
número
de
vencimentos
em
aberto
é
no
máximo
de
seis.
Já
o
contrato
futuro
de
dólar
tem
seu
vencimento
em
todos
os
meses,
sendo
24
o
número
máximo
de
vencimentos
em
aberto.
2.2.
Câmaras
de
compensação
(clearing
houses)
Outro
avanço
em
relação
aos
contratos
a
termo
foi
reduzir
os
problemas
relativos
ao
risco
de
crédito
por
meio
da
criação
das
câmaras
de
compensação
(clearing
houses).
Com
a
atividade
das
clearings;
•
desenvolveu-se
sistema
de
garantias
adequado,
formando
mercado
seguro
a
seus
participantes.
Todas
as
transações
são
registradas
e
as
entregas
da
commodity
dos
vendedores
para
os
compradores
e
o
pagamento
destes
passaram
a
ser
documentados
e
supervisionados
pela
clearing;
•
a
liquidação
financeira
dos
contratos
futuros
foi
facilitada,
já
que
estes
eram
padronizados
e
podiam
ser
trocados
facilmente.
Se,
como
conseqüência
de
sucessivas
operações,
um
participante
é,
simultaneamente,
comprador
e
vendedor,
sua
posição
na
câmara
de
compensação
é
liquidada.
As
contrapartes
de
cada
um
desses
negócios
mantêm
seus
direitos
e
suas
obrigações
originais.
A
vantagem
adicional
é
que
se
tornou
possível
a
entrada
no
mercado
de
pessoas
que
não
têm
interesse
de
entregar
ou
de
receber
a
commodity.
Ou
seja,
viabilizou
a
participação
de
especuladores
e
investidores,
aumentando
a
liquidez
das
operações.
Liquidação
antecipada
Se
um
participante
compra,
em
junho,
um
contrato
futuro
de
taxa
de
juro
(DI
de
um
dia,
por
exemplo)
com
vencimento
em
agosto,
basta
que
venda
um
contrato
de
DI
de
um
dia
para
o
mesmo
vencimento,
a
qualquer
momento,
para
sair
do
contrato.
•
cada
transação
possui
uma
terceira
parte,
pois
a
clearing
passa
a
ser
o
comprador
para
cada
vendedor
e
o
vendedor
para
cada
comprador.
Na
realidade,
o
vendedor
vende
para
a
câmara
de
compensação
e
o
comprador
compra
da
mesma
câmara.
Isso
assegura
a
integridade
dos
negócios
realizados.
11
3.
Importância
do
mercado
futuro
O
mercado
futuro
desempenha
duas
funções
básicas
na
economia:
a
possibilidade
de
realização
do
hedging
e
a
descoberta
de
preços.
Veja
a
seguir
cada
uma
dessas
funções
e
os
benefícios
por
elas
gerados.
3.1.
Hedging
A
incerteza
dos
preços
futuros
é
uma
das
maiores
causas
de
ineficiência
dos
negócios.
Veja,
por
exemplo,
a
agropecuária
e
o
próprio
setor
financeiro.
Agropecuária:
trata-‐se
de
atividade
produtiva
que
se
assemelha
a
verdadeiro
jogo
de
incertezas
com
elevado
risco
financeiro.
A
produção
tem
forte
dependência
dos
fatores
climáticos;
algumas
culturas
e/ou
criações
permanecem
no
campo
sem
apresentar
retorno
ao
investimento
realizado
por
prolongados
períodos
(devido
ao
próprio
processo
de
maturação
ou
de
crescimento);
a
comercialização
é
difícil
devido
ao
perecimento
dos
produtos,
bem
como
à
volatilidade
dos
preços
que
serão
recebidos.
Setor
financeiro:
o
mercado
de
câmbio,
em
regime
de
livre
flutuação,
reflete
forças
econômicas
internas
e
externas
e
a
relação
entre
ambas
(veja
gráfico
abaixo),
dificultando
o
planejamento
e
a
execução
da
atividade
industrial
quando
há
insumos
importados
ou
quando
o
produto
é
vendido
externamente.
Títulos
financeiros
também
oscilam
muito
e
as
taxas
de
juro
apresentam
muita
volatilidade,
adicionando
riscos
extras
na
atividade
de
intermediação
financeira
que
se
traduzem
em
maiores
custos
para
o
usuário
final
do
crédito.
Os
mercados
futuros
propiciam
os
instrumentos
necessários
para
melhorar
essa
ineficiência.
Por
meio
de
operações
de
hedge,
todos
aqueles
que
detêm
o
produto
ou
direitos
sobre
este
obtêm
um
tipo
de
"seguro"
ou
"garantia"
dos
efeitos
negativos
de
uma
queda
ou
elevação
de
preços.
No
linguajar
do
mercado,
denomina-‐se
hedging
o
ato
de
defender-‐se
contra
variações
adversas
nos
preços
por
meio
da
tomada
de
posição
no
mercado
futuro
igual
e
oposta
a
posição
no
12
mercado
disponível
já
existente
ou,
então,
já
acertada
antecipadamente;
enquanto
dá-‐se
o
nome
de
hedge
à
defesa
em
si.
Veja
exemplos.
Exemplos
• 13
Uma
importadora
que
faz
hedge
cambial
para
ter
certeza
do
custo
de
suas
compras
externas.
• 13
Uma
empresa
que
faz
hedge
de
seu
endividamento
para
predeterminar
o
montante
a
ser
pago
no
• médio
prazo.
• 13
Um
banco
que
faz
hedge
dos
C-‐Bonds
em
sua
carteira,
visando
manter
estável
o
rendimento
de
• suas
aplicações.
• 13
Um
fundo
de
pensão
que
faz
hedge
de
seu
portfólio
de
ações
para
evitar
perdas
de
patrimônio.
É
possível
ainda
distinguir
as
operações
de
hedge
em
dois
tipos:
a)
hedge
de
venda:
é
realizado
ao
vender
contratos
futuros,
ou
seja,
ao
assumir
uma
posição
vendida
em
futuros
contra
uma
posição
comprada
no
físico.
O
objetivo
é
buscar
proteção
contra
uma
queda
dos
preços
do
ativo
com
o
qual
trabalha.
Veja
um
exemplo.
Exemplo
Uma
empresa
exportadora
que
receberá
futuramente
o
valor
de
sua
venda
corre
o
risco
de
queda
da
taxa
de
câmbio.
O
hedge
se
realiza
vendendo
contratos
futuros
de
“dólar
comercial
da
BM&F
pelo
valor
do
montante
a
receber.”
Caso
a
taxa
de
câmbio
caía,
o
lucro
no
mercado
futuro
compensa
a
perda
no
mercado
a
vista,
travando
uma
taxa
de
câmbio
razoável
à
sua
atividade.
b)
hedge
de
compra:
é
realizado
ao
comprar
contratos
futuros,
ou
seja,
ao
assumir
uma
posição
comprada
em
futuros
contra
uma
posição
vendida
no
físico.
O
objetivo
é
buscar
proteção
contra
alta
dos
preços
do
ativo
com
o
qual
trabalha.
Veja
um
exemplo.
Exemplo
Uma
importadora
de
equipamentos
eletrônicos
cujo
receio
é
de
que
a
taxa
de
câmbio
de
reais
por
dólar
suba
(ou
seja,
se
desvalorize).
Por
meio
da
compra
de
contratos
futuros
de
dólar
comercial,
ela
pode
fazer
um
hedge,
garantindo
taxa
de
câmbio
razoável
à
sua
atividade.
Na
realidade,
o
que
ambas
empresas
fizeram
foi
eliminar
o
risco
de
preço,
podendo
dedicar-‐
se
às
atividades
típicas
de
seu
negócio.
3.2.
Descoberta
de
preços
A
segunda
função
principal
dos
mercados
futuros
é
a
de
“descobrir
preços”.
Em
um
mercado
concorrencial,
compradores
e
vendedores
são
os
que
determinam
os
preços.
A
descoberta
dos
preços
é
um
processo
dinâmico
e
contínuo,
em
que
se
recolhem
informações
e
interpretam-‐se
sinais
sobre
as
forças
de
oferta
e
demanda,
incorporando-‐se
novas
informações
aos
preços.
13
Os
mercados
futuros
aproximam-‐se
muito
de
um
modelo
ideal
de
formação
de
preços:
provêem
mecanismo
centralizado
de
negociação,
com
ampla
transparência
e
facilidade
de
acesso,
no
qual
as
informações
são
recebidas,
processadas,
interpretadas
e
incorporadas
com
velocidade
e
dinamismo.
No
pregão
do
mercado
futuro
de
taxa
de
juro,
por
exemplo,
os
operadores
negociam
por
conta
e
ordem
de
bancos
e
instituições
interessadas
em
fixar
a
taxa
de
juro
para
um
período
posterior.
As
ofertas
realizadas
refletem
todas
as
expectativas
desses
agentes,
fundadas
em
todas
as
informações
disponíveis.
O
preço
futuro
de
uma
commodity
ou
instrumento
financeiro,
observado
nos
pregões
de
uma
bolsa
em
determinado
dia,
pode
ser
interpretado
como
refletindo
o
consenso
dos
agentes
de
mercado
naquele
dia
sobre
quanto
será
o
preço
em
ponto
futuro
do
tempo.
A
“descoberta
de
preços”
permite
o
planejamento
estratégico
pelos
agentes.
Tomando
como
exemplo
o
mercado
do
boi
gordo,
observa-‐se
que
algumas
atividades,
como
a
de
confinamento
para
engorda
do
gado,
baseiam-‐se
em
cálculos
complexos
de
rentabilidade,
no
qual
expectativas
sobre
preços
futuros
são
os
parâmetros
principais.
O
pecuarista
compra
um
lote
de
bezerro
ou
de
boi
magro,
investe
em
sua
engorda
durante
um
tempo
e
vende
o
lote
de
boi
gordo
no
final
do
período
de
investimento
em
ganho
de
peso.
Porém,
a
que
preço?
Este
é
o
ponto-‐chave,
e
o
mercado
futuro
fornece
a
resposta.
Na
ausência
de
mecanismo
de
mercado
“descobrindo
preço”
e
possibilitando
o
hedging,
essa
atividade
de
engorda
seria
muito
arriscada.
Haveria
preço
certo
quando
da
compra
do
lote
do
boi
magro
e
também,
possivelmente,
dos
insumos
de
engorda.
Mas
o
preço
do
boi
gordo,
seis
ou
oito
meses
à
frente,
seria
uma
incógnita.
Com
um
mercado
futuro
em
funcionamento
e
com
o
preço
aí
descoberto,
o
pecuarista
decide
se
vai
ser
ou
não
lucrativo
confinar
o
gado.
Veja
pelo
gráfico
a
seguir
que
o
pecuarista
em
maio
de
2006,
por
exemplo,
pôde
utilizar
o
mercado
futuro
para
realizar
a
“descoberta
de
preços”
da
arroba
do
boi
para
o
mês
de
dezembro
de
2006.
14
Várias
conclusões
podem
ser
obtidas
desse
gráfico:
Desde
maio
de
2006,
havia
referência
de
preços
para
novembro
daquele
ano.
O
preço
futuro
oscilou
entre
R$58,00
e
R$63,00,
aproximadamente,
em
boa
parte
do
período
facilitando
o
planejamento
dos
pecuaristas,
dos
processadores
e
até
dos
exportadores
de
carne.
Em
julho,
o
preço
a
vista
(aqui
denominado
indicador
Esalq/BM&F)
subiu
acentuadamente
(provavelmente
devido
à
piora
das
pastagens
habitual
nessa
época),
mas
o
mercado
futuro
teve
oscilação
menor.
Os
preços
do
mercado
futuro
já
incorporavam
essa
informação
desde
muito
antes.
Em
períodos
menores
há
também
um
efeito
de
retroalimentação
entre
os
preços
no
presente
e
no
futuro.
Inflexões
de
preço
em
um
mercado
influenciam
o
outro
(em
ambas
direções),
pois
a
dinâmica
do
ajuste
das
forças
de
oferta
e
demanda
causa
arbitragem
entre
a
produção
presente
e
a
futura.
O
fato
de
todos
os
negócios
serem
realizados
em
pregão,
com
grande
número
de
participantes,
e
a
informação
ser
imediatamente
disseminada
aproxima
os
mercados
futuros
do
ideal
de
competição
perfeita.
Além
disso,
a
divulgação
dos
preços
em
jornais,
televisão,
terminais
e
sistemas
on-‐line
permite
a
vendedores
e
compradores
conhecerem,
a
qualquer
momento,
o
preço
das
mercadorias
ou
instrumentos
financeiros
que
pretendem
comprar
e
vender.
E,
ainda,
as
regras
da
negociação
em
pregão
proporcionam
a
certeza
de
que
os
negócios
foram
realizados
pelo
melhor
preço
possível,
sem
favorecimentos
ou
discriminações.
3.3.
Benefícios
gerados
pelos
mercados
futuros
As
funções
de
hedge
e
de
descoberta
de
preços
garantem
uma
série
de
benefícios
para
as
empresas
e
para
os
negócios.
Podemos
sintetizá-‐las
nos
itens
abaixo:
a)
Facilita
a
administração
de
risco:
os
agentes
econômicos
enfrentam
riscos
de
preços
em
suas
atividades.
Ao
administrar
seus
recursos,
esses
agentes
se
guiam
por
relações
de
preços.
No
entanto,
preços
esperados,
que
entram
nos
respectivos
cálculos
de
rentabilidade,
estão
sujeitos
a
grandes
mudanças
no
futuro,
de
modo
que
alguns
desses
agentes
podem
acabar
tendo
custos
maiores
que
receitas.
Os
mercados
futuros
se
constituem
numa
maneira
eficiente
de
administrar
esse
risco.
b)
Ajuda
as
empresas
a
planejar
estrategicamente
suas
atividades:
o
preço
futuro
representa
o
consenso
dos
participantes
do
mercado
sobre
o
preço
que
se
espera
vigorar
numa
data
futura.
Em
23/6/2006,
o
preço
futuro
do
dólar
comercial
(R$/US$1.000,00),
com
vencimento
em
setembro/06,
estava
cotado
em
R$2.275,010
e
para
janeiro/07
em
R$2.339,68.
Com
essa
informação,
produtores,
importadores,
exportadores,
instituições
financeiras
e
outros
que
dependam
do
câmbio
podem
ajustar
planos,
rever
metas
e
calibrar
estratégias.
c)
Os
contratos
futuros
permitem
a
criação
efetiva
de
um
mercado
de
“papel”:
embora
o
objeto
desses
contratos
sejam
commodities
e
instrumentos
financeiros,
na
prática,
menos
de
1%
dos
contratos
são
liquidados
com
a
entrega
física
dos
bens
e
serviços.
A
grande
maioria
é
liquidada
via
reversão
da
posição,
ou
seja,
o
comprador/vendedor
de
um
determinado
contrato
se
torna
o
vendedor/comprador
de
um
idêntico
contrato,
eliminando
a
posição.
Isso
é
possível
porque
os
contratos
são
15
padronizados
e
porque
os
custos
operacionais
são
baixos.
Dão
também
muita
flexibilidade
aos
especuladores,
que
podem
comprar
ou
vender
futuros
de
commodities
ou
instrumentos
financeiros
sem
se
preocuparem
em
ser
donos
desses
bens.
d)
Contribui
para
estimular
a
liquidez
do
próprio
mercado
físico
da
commodity:
o
mercado
futuro
permite
melhor
planejamento
estratégico
das
atividades
produtivas,
especialmente
as
agropecuárias,
evitando
que
os
produtores
tenham
de
vender
sua
colheita
logo
após
a
safra
para
fazer
caixa.
Dessa
maneira,
as
vendas
se
distribuem
melhor
no
tempo.
Um
benefício
adicional
é
o
de
racionalizar
o
uso
da
capacidade
de
armazenamento.
f)
Atrai
participantes
de
fora
da
cadeia
produtiva,
pela
atuação
dos
especuladores:
se
o
mercado
fosse
depender
apenas
dos
membros
da
cadeia
para
operações
de
hedge
de
compra
e
venda,
isso
limitaria
a
liquidez
dos
contratos.
Por
exemplo,
suponha
que
pecuaristas
queiram
fazer
hedge
de
venda.
Quem
estaria
na
outra
ponta,
ou
seja,
quais
seriam
os
compradores
de
contratos
futuros
de
boi
gordo?
Uma
possibilidade
seria
os
frigoríficos
e
os
supermercados.
O
mercado
futuro
do
boi
gordo,
no
entanto,
pode
se
beneficiar
caso
os
especuladores,
percebendo
oportunidades
de
lucros
na
compra
ou
na
venda
de
contratos
futuros,
participem
do
mercado.
Com
isso,
aumenta
a
liquidez
e
o
volume
de
negociação,
e
a
formação
de
preços
fica
mais
eficiente.
4.
Condições
para
o
funcionamento
do
mercado
futuro
Diversas
commodities
e
ativos
financeiros
servem
como
base
para
contratos
futuros.
Verifica-‐
se,
no
entanto,
que
muitas
outras
commodities
ou
ativos
financeiros
não
têm
contratos
futuros.
• Você
poderia
questionar
a
razão
pela
qual
produtos
como
o
arroz
e
o
feijão
não
possuem
contratos
futuros.
Não
existem
fórmulas
precisas
para
indicar
quais
commodities
ou
ativos
financeiros
podem
ou
não
ter
contratos
futuros
negociados.
Na
verdade,
as
bolsas
do
mundo
têm
o
maior
interesse
em
ter
maior
número
de
contratos
futuros
negociados.
O
grande
problema,
no
entanto,
não
está
em
desenhar
ou
lançar
um
novo
contrato.
O
problema
é
se
há
interessados
em
negociá-‐los,
com
a
freqüência
e
o
volume
que
lhes
dêem
um
mínimo
de
liquidez.
Estima-‐se,
com
base
na
experiência
de
bolsas
no
mundo
inteiro,
que,
de
cada
dez
novos
contratos
lançados,
apenas
um
tem
êxito.
Embora
não
haja
receita
mágica
para
se
lançar
um
contrato
futuro
que
tenha
êxito,
a
experiência
acumulada
de
muitas
décadas
aponta
para
alguns
requisitos:
1.
grande
e
ativo
mercado
físico
ou
a
vista
da
commodity
ou
do
ativo
financeiro:
quanto
maior
for
o
mercado
comercial,
maior
a
probabilidade
de
um
contrato
futuro
dar
certo.
Seus
participantes,
ademais,
devem
ter
atuação
ativa
no
mercado
físico,
para
assegurar
conexão
lógica
e
consistente
entre
os
preços
a
vista
e
a
futuro;
2.
atomicidade
dos
participantes
e
mercado
competitivo:
tanto
a
produção
quanto
o
consumo
da
commodity
devem
estar
distribuídos
por
grande
número
de
agentes,
para
que
haja
competição
e
uma
livre
formação
de
preços
de
mercado.
Ou
seja,
nenhum
participante,
isoladamente,
deve
ter
condições
para
influenciar
o
preço.
Os
participantes,
na
linguagem
da
economia,
são
“tomadores
de
preço”,
ao
invés
de
“formadores
de
preço”;
16
3.
homogeneidade
do
produto:
o
produto
ou
ativo
financeiro
deve
ser
homogêneo
e,
no
caso
de
uma
commodity,
passível
de
padronização
e
classificação.
Essa
condição
é
bastante
importante
do
ponto
de
vista
do
comprador,
porque
o
deixa
indiferente
a
quem
está
ofertando
o
produto.
Por
exemplo,
para
um
comprador
de
soja,
em
geral,
não
importa
saber
quem
é
o
produtor,
desde
que
a
soja
negociada
cumpra
requisitos
de
qualidade,
preço
e
entrega;
4.
inexistência
de
excessiva
intervenção
governamental,
principalmente
controle
de
preços
e
de
comercialização
de
produtos,
já
que
tais
situações
impedem
a
livre
formação
de
preços;
5.
o
produto
não
pode
perecer
rapidamente,
pois
seria
difícil
estabelecer
regras
de
data
de
vencimento
e
entrega
e,
portanto,
de
dar
liquidez
aos
contratos;
6.
regras
de
mercado
estáveis:
os
contratos
são
desenhados
e
lançados
para
atender
situações
que
reflitam
um
dado
conjunto
de
regras
de
mercado.
Caso
essas
regras
mudem
com
demasiada
freqüência,
fica
difícil
manter
os
participantes
ativos
no
contrato,
devido
ao
risco
de
que
mudanças
das
regras
de
mercado
provoquem
prejuízos
para
uma
ou
ambas
as
partes;
7.alta
volatilidade
do
preço
da
commodity
ou
do
instrumento
financeiro:
os
preços
do
ativo
devem
ser
suficientemente
voláteis
para
causar
desconforto
e
apreensão
aos
participantes
do
mercado,
e
induzi-‐los
a
querer
administrar
o
risco
de
variação
dos
preços;
8.disponibilidade
de
informação
pública
sobre
a
oferta
e
demanda
do
ativo:
a
atividade
de
negociação
será
seguramente
maior
caso
a
informação
possa
ser
facilmente
encontrada
e
ajude
a
fazer
previsões
de
preços.
5.
Participantes
do
mercado
futuro
A
Tabela
1
sintetiza
a
participação
de
cada
um
dos
integrantes
do
mercado
futuro.
Neste
tópico,
vamos
focar
nossas
atenções
para
o
primeiro
grupo
de
participantes:
os
clientes.
Veja,
a
seguir,
uma
descrição
mais
completa
sobre
cada
um
desses
agentes.
17
5.1.
Hedgers
Os
hedgers
atuam
nos
mercados
futuros
visando
proteção
contra
as
oscilações
de
preços
dos
ativos
com
os
quais
trabalham.
A
principal
preocupação
do
hedger
não
é
obter
lucro
por
meio
de
operações
no
mercado
futuro,
mas
garantir
o
preço
de
compra
ou
de
venda
de
determinado
ativo
numa
data
futura
e
eliminar
o
risco
de
variações
adversas
de
preço.
Veja
alguns
exemplos
de
hedgers.
Exemplos
• Uma
instituição
financeira
que
possui
uma
carteira
de
ativos
pós-‐fixados.
Como
seu
risco
é
de
queda
da
taxa
de
juro,
ela
vende
contratos
de
DI
de
um
dia.
• Uma
empresa
que
tem
um
passivo
em
dólares.
Como
seu
risco
está
associado
à
alta
do
dólar,
ela
compra
contratos
de
taxa
de
câmbio
de
reais
por
dólar
no
mercado
futuro.
5.2.
Especuladores
Os
especuladores
são
participantes
cujo
principal
objetivo
é
a
obtenção
de
lucro.
Sua
atuação
consiste
na
compra
e
na
venda
de
contratos
futuros
apenas
com
o
objetivo
de
ganhar
o
diferencial
entre
o
preço
de
compra
e
o
de
venda,
não
tendo
nenhum
interesse
no
ativo-‐objeto.
O
conceito
de
especulador
tem
recebido,
freqüentemente,
conotação
muito
depreciativa,
talvez
devido
ao
fato
de
seu
objetivo
ser
apenas
o
lucro.
No
entanto,
sua
participação
é
fundamental
nos
mercados
futuros,
pois
são
os
únicos
tomadores
de
risco.
Quando
os
hedgers
entram
no
mercado
futuro,
eles
não
estão
propriamente
eliminando
o
risco
de
variações
adversas
de
preços,
mas
transferindo
esse
risco
para
outro
participante,
o
especulador.
Nesse
contexto,
o
especulador
tem
o
papel
importante
de
equalizador
de
oferta
e
demanda,
pois
nem
sempre
o
volume
de
hedgers
procurando
proteção
contra
queda
de
preços
iguala-se
ao
volume
de
hedgers
procurando
proteção
contra
alta
de
preços.
Os
especuladores
dificilmente
mantêm
suas
operações
em
aberto
por
muito
tempo
devido
à
magnitude
do
risco
assumido
e
por
não
estarem
envolvidos
com
a
negociação
física
do
ativo-‐
objeto.
Em
geral,
eles
abrem
e
fecham
posições
rapidamente,
provocando
o
aumento
do
volume
negociado
no
mercado
e
assim
favorecendo
sua
liquidez.
Na
ausência
dos
especuladores,
o
volume
de
negócios
nos
mercados
futuros
seria
bem
mais
restrito,
pois
muitas
ordens
de
grande
vulto
ficariam
sem
contraparte
e
não
poderiam
ser
cumpridas.
Assim,
a
atividade
dos
especuladores
amplia
o
mercado,
o
que
ajuda
a
minimizar
as
flutuações
de
preços.
Isso
vai
contra
o
senso
comum,
que
costuma
atribuir
ao
especulador
a
intensificação
de
flutuações
nos
preços.
Os
especuladores
formam
grupo
muito
variado
de
participantes,
incluindo
instituições,
fundos
de
commodities,
membros
do
público
em
geral
e
outros
participantes
que
procuram
ganho
financeiro
e
tomam
posições
em
mercados
voláteis.
Dentre
eles,
também
se
incluem
os
operadores
especiais
da
BM&F,
figura
semelhante
aos
scalpers
e
position
traders
das
bolsas
de
futuros
no
Exterior.
Operadores
especiais:
pessoa
física
ou
firma
individual,
detentora
de
título
da
bolsa,
nessa
categoria,
habilitada
a
atuar
nos
pregões,
executando
operações
por
conta
própria
e
por
conta
de
corretoras
de
mercadorias,
desde
que
autorizadas
pela
bolsa.
18
Scalpers
são
os
especuladores
que
operam
com
um
curtíssimo
horizonte
de
tempo.
Em
geral,
fazem
previsões
sobre
o
comportamento
dos
preços
de
contratos
futuros
para
os
próximos
segundos
ou
no
máximo
para
uns
poucos
minutos
à
frente.
Não
planejam
obter
grandes
ganhos
em
cada
negócio
e
sim
esperam
obter
pequenos
lucros
de
cada
vez
com
a
movimentação
dos
preços.
Position
traders
especuladores
que
carregam
posições
de
um
dia
para
outro.
Algumas
vezes
por
semanas
ou
mesmo
meses.
A
operação
de
especulação
mais
conhecida
é
a
de
day-trade.
Day
trade:
operação
que
consiste
na
abertura
e
no
encerramento
da
posição
no
mesmo
dia.
A
compra
e
a
venda
são
realizadas
no
mesmo
pregão,
para
o
mesmo
cliente,
pela
mesma
corretora
de
mercadorias
e
registradas
pelo
mesmo
agente
de
compensação.
A
compra
e
a
venda
possuem
como
objeto
contratos
idênticos
e
em
igual
número.
5.3.
Arbitradores
O
arbitrador
é
um
participante
que
tem
como
objetivo
o
lucro,
evitando
assumir
riscos
diretamente.
Sua
atividade
consiste
em
buscar
distorções
de
preços
entre
mercados
e
tirar
proveito
dessa
diferença
ou
da
expectativa
futura
dessa
diferença.
A
estratégia
do
arbitrador
consiste
em
comprar
no
mercado
em
que
o
preço
está
mais
baixo
e
vender
naquele
em
que
estiver
mais
alto,
tendo
como
lucro
o
diferencial
de
compra
e
de
venda.
Atuando
geralmente
com
operações
simultâneas,
elimina
riscos
de
mercado
porque
ele
sabe
exatamente
por
quanto
ele
comprará
e
por
quanto
venderá.
É
importante
notar
que,
uma
vez
que
os
arbitradores
compram
no
mercado
A
e
vendem
no
mercado
B
estão
aumentando
a
procura
no
mercado
A
(e,
conseqüentemente,
seus
preços),
enquanto
há
aumento
de
oferta
e
queda
de
preços
no
mercado
B.
Num
dado
momento,
os
dois
preços
tendem
a
voltar
ao
equilíbrio.
Dessa
forma,
o
arbitrador
acaba
por
agir
exatamente
como
um
árbitro
por
acabar
com
as
distorções
de
preços
entre
os
mercados.
6.
Considerações
finais
Vimos,
ao
longo
desta
sessão,
as
principais
características
dos
contratos
futuros,
suas
funções
e
os
benefícios
que
os
diferentes
agentes
de
mercado
auferem
com
seu
uso.
Dada
a
volatilidade
dos
preços
nos
mercados
financeiros,
agropecuários
e
de
energia,
dentre
outros,
a
utilização
dos
contratos
futuros
para
a
realização
da
gestão
financeira
dos
negócios
vêm
sendo
ampliada.
Nesse
sentido,
é
essencial
que
o
conhecimento
desses
mercados
seja
aprofundado
de
forma
a
melhor
entendê-‐lo
para
utilizá-‐lo
com
maior
eficiência.
19
D)
Introdução
ao
Mercado
de
Opções
A
seguir
apresenta-‐se
uma
visão
geral
dos
fundamentos
e
do
funcionamento
do
mercado
de
opções
em
comparação
com
outros
derivativos.
O
estudo
se
complementa
com
a
discussão
dos
conceitos
e
definições
básicas
utilizadas
nesta
modalidade.
1.
Opções
e
os
mercados
de
derivativos
O
mercado
de
opções
é
um
dos
chamados
mercados
derivativos.
Assim
como
os
mercados
a
termo,
futuro
e
as
operações
de
swaps,
são
instrumentos
destinados
à
gestão
do
risco
de
preço.
As
opções,
todavia,
apresentam
algumas
características
que
lhe
conferem
maior
flexibilidade
com
relação
às
operações
a
termo
e
futuro.
Por
meio
de
um
único
pagamento
(inicial),
uma
das
partes
realiza
o
hedge
(se
protege
contra
variações
adversas
de
preço)
sem
abrir
mão
dos
movimentos
que
lhe
favorecem.
A
outra
parte
da
operação
recebe
esse
pagamento
como
remuneração
por
sua
exposição
ao
risco,
que
pode
chegar
a
ser
ilimitado.
Admitindo
diferentes
graus
de
padronização,
as
opções
são
negociadas
no
chamado
mercado
de
balcão
ou
em
ambientes
organizados
(bolsas).
Quanto
mais
padronizadas,
mais
facilmente
ambas
as
partes
podem
anular
suas
posições
iniciais
(compradora
ou
vendedora)
com
operações
inversas
(de
maneira
semelhante
ao
que
acontece
no
mercado
futuro).
Assim
como
os
mercados
futuros,
as
opções
têm
vocabulário
próprio
associado
à
negociação,
que
conserva
muitas
palavras
em
inglês.
Por
exemplo,
prefere-‐se
dizer
“comprar
uma
call”
e
não
“comprar
uma
opção
de
compra”.
Por
essa
razão,
quem
se
propõe
lidar
com
opções
deve
ter
em
mente
esses
diferentes
termos.
Todavia,
antes
de
aprofundar
na
terminologia
de
opções
é
conveniente
situá-‐la
no
contexto
dos
mercados
derivativos.
1.1.
Mercado
a
termo
"No
mercado
a
termo,
as
partes
se
obrigam
a
liquidar
em
uma
data
definida
entre
as
partes
a
operação
combinada
no
presente”.
20
No
momento
inicial,
as
partes
pactuam
a
operação
a
ser
liquidada
em
data
posterior.
No
vencimento,
o
vendedor
entrega
a
commodity
negociada,
conforme
definido
no
contrato,
e
o
comprador
paga
o
valor
combinado
em
t0
Nota-‐se
que
ambas
as
partes,
quando
negociam,
enfrentam
risco
de
crédito
(da
contraparte)
por
100%
do
valor
da
operação.
No
diagrama:
• t0
é
o
momento
atual
no
qual
se
desenvolve
a
negociação
a
termo;
• ty
é
a
data
do
vencimento,
data
em
que
as
partes
estão
obrigadas
a
cumprir
sua
parte;
• comprador
é
quem
se
obriga
a
pagar,
em
outra
data,
o
preço
negociado
no
presente,
nas
condições
definidas
pelo
contrato
termo;
• vendedor
é
quem
se
obriga
a
entregar
o(s)
produto(s)
no
vencimento
do
contrato,
nas
condições
nele
determinadas;
• operação
é
o
ato
de
negociação
em
que
as
partes
definem
os
itens
do
contrato
(quantidade,
qualidade,
condições
de
entrega
e
de
liquidação
financeira).
O
preço
da
operação
é
resultado
da
barganha
entre
compradores
e
vendedores.
Formação
do
preço
no
mercado
a
termo
Quem
estiver
exposto
às
variações
de
preços
de
seu
produto
ou
de
seus
insumos
poderá
minimizar
esse
risco
com
um
contrato
a
termo.
Esse
contrato
resulta
de
uma
negociação
privada,
em
que
comprador
e
vendedor
chegam
a
um
acordo
sobre
o
preço
da
commodity
a
ser
entregue
no
futuro.
Em
um
contrato
a
termo,
a
mercadoria
não
troca
de
mãos
até
a
chegada
da
data
de
entrega
acertada
entre
as
partes.
No
entanto,
todas
as
incertezas
sobre
o
comportamento
dos
preços
são
eliminadas
pelas
partes
ao
fechar,
com
antecedência,
o
preço
do
negócio.
Exemplo
de
operação
a
termo
As
operações
a
termo
são
freqüentes
nos
mercados
agrícolas
onde,
por
exemplo,
o
produtor
de
soja
e
a
indústria
acordam,
antecipadamente,
a
entrega
do
produto
por
certo
preço
a
ser
pago
com
a
entrega
do
produto
até
determinado
dia
da
safra.
Em
novembro,
um
sojicultor
pode
combinar
um
preço
de
US$11,00/saca
para
entrega
em
março
da
soja
à
indústria
BSR
em
Cascavel
(PR).
Com
essa
operação,
não
precisa
se
preocupar
se
o
preço
cair
a
US$9,00/saca,
por
exemplo,
pois
sua
operação
foi
fechada
a
um
preço
superior.
Todavia,
se,
ao
contrário,
em
março
o
preço
subir,
o
sojicultor
não
poderá
aproveitar-‐
se
do
melhor
preço
porque
já
fixou
sua
venda
em
US$11,00/saca.
Sua
contraparte,
a
indústria,
21
se
beneficia
nesse
segundo
caso,
mas
não
consegue
aproveitar
o
menor
preço
suposto
no
primeiro
exemplo.
No
mercado
financeiro,
também
são
realizadas
operações
semelhantes,
por
exemplo
no
mercado
de
ações
ou
com
títulos
públicos
e
privados.
A
Bolsa
de
Valores
de
São
Paulo
(Bovespa)
possui
um
mercado
mais
ou
menos
ativo
de
operações
a
termo
em
que
muitos
atuam
visando
arbitrar
taxas
de
juro.
Em
geral,
o
preço
a
termo
se
iguala
ao
preço
a
vista
mais
a
taxa
de
juro
até
a
data
do
vencimento,
pois,
caso
contrário,
haverá
oportunidade
de
arbitragem.
Na
Bolsa
de
Mercadorias
&
Futuros
(BM&F)
são
registradas
operações,
realizadas
no
mercado
de
balcão,
com
contratos
a
termo
de
troca
de
rentabilidade
entre
diversas
variáveis
e
índices
como,
por
exemplo,
variação
da
taxa
prefixada
versus
taxa
dos
Depósitos
Interfinanceiros,
ou
taxa
do
cupom
de
taxa
de
DI
versus
IGP-‐M.
Você
pode
consultar
as
especificações
desses
contratos
no
endereço
eletrônico:
http://www.bmf.com.br
–
Link:
Contratos
-‐
Balcão
1.2
Mercado
futuro
Na
própria
definição
de
mercado
futuro,
pode
se
encontrar
uma
primeira
distinção
com
relação
ao
mercado
a
termo.
Embora
permaneça
a
liquidação
diferida,
ela
será
realizada
sobre
a
base
de
uma
obrigação
diferente.
No
mercado
futuro,
as
partes
assumem
obrigações
de
comprar
(e
a
contraparte
de
vender)
uma
commodity
em
data
futura,
pelo
preço
negociado
e
na
quantidade
e
condições
determinadas
no
contrato.
O
comprador
se
obriga
a
comprar
(e
não
a
pagar
uma
compra
já
pactuada)
e
o
vendedor
se
obriga
a
vender
(e
não
a
entregar
um
produto
vendido
em
uma
operação
já
realizada).
A
negociação
é
feita
em
contratos
completamente
padronizados
criados
pelas
bolsas.
Ao
negociar
um
contrato
futuro
em
pregão
de
bolsa,
as
partes
chegam
a
um
preço
submetendo
suas
ofertas
de
compra
e
de
venda
à
interferência
do
mercado.
O
último
preço
do
dia
geralmente
é
utilizado
para
definir
o
preço
de
ajuste
e
este
é
a
base
de
cálculo
dos
ajustes
diários
(ou
liquidação
das
diferenças
de
preço
de
um
dia
para
outro).
Dessa
maneira,
e
como
preço
a
vista
e
futuro
convergem
no
vencimento,
as
partes
terão
realizado
uma
diferença
(positiva
ou
negativa)
entre
o
preço
da
operação
inicial
e
o
verificado
no
vencimento
no
mercado
a
vista,
permitindo
a
realização
do
hedge.
Para
dar
garantia
a
esse
procedimento
de
liquidação,
as
bolsas
exigem
garantias
(margens
iniciais)
que
permitam
cobrir
eventuais
faltas
de
pagamento
desses
ajustes
diários.
Exemplo
de
operação
a
futuro
Visando
preço
que
lhe
garanta
lucro,
um
pecuarista
decide
vender
20
contratos
futuros
(6.600
arrobas),
no
dia
08/05,
para
vencimento
julho,
ao
preço
de
R$53,20/arroba.
Com
isso,
ele
assegura
o
preço
da
arroba
para
julho,
podendo
assim
programar
sua
atividade.
Em
31/07,
no
último
dia
de
negociação
do
contrato
e
após
uma
seqüência
de
baixas
e
altas
nos
preços
a
arroba
com
vencimento
julho
estava
cotada
a
R$50,10/arroba,
conforme
tabela
de
ajustes
a
seguir:
22
Hedge
de
venda
de
boi
gordo
Cotação
Cálculo
do
ajuste
Ajustes
para
o
vendedor
Data
09/05
R$
53,20
15/05
R$
53,10
(53,20
–
53,10)
x
6.600
R$
660,00
27/07
R$
49,25
(53,10
–
49,25)
x
6.600
R$
25.410,00
30/07
R$
49,65
(49,25
–
49,65)
x
6.600
-‐R$
2.640,00
31/07
R$
50,10
(49,65
–
50,10)
x
6.600
-‐R$2.970,00
TOTAL
R$
20.460,00
No
dia
31/07,
a
BM&F
liquida
financeiramente
os
contratos
pelo
indicador
Esalq/BM&F,
fechando
a
posição
do
pecuarista
no
mercado
futuro.
No
mesmo
dia,
ele
vende
o
equivalente
a
6.600
arrobas
no
mercado
físico
a
um
preço
de
R$50,10/arroba.
Mercado
físico
(A)
R$330.660,00
(50,10
x
6.600)
Ganho
no
mercado
futuro
(B)
R$20.460,00
(53,20
–
50,10)
x
6.600
Total
(A
+
B)
R$351.120,00
(ou
R
$53,20/arroba)
• Saiba
mais
sobre
as
especificações
dos
contratos
futuros
da
BM&F:
http://www.bmf.com.br
–
Link:
Contratos
2.
Como
surgiram
as
opções
As
bolsas
americanas
foram
o
berço
em
que
se
desenvolveram
os
primeiros
contratos
de
opções
na
forma
como
são
conhecidos
hoje.
Talvez,
o
principal
fato
da
história
desses
instrumentos
seja
a
criação,
em
1973,
da
Chicago
Board
Options
Exchange
(CBOE),
onde
começaram
a
ser
negociados
contratos
de
opções
de
compra
sobre
um
total
de
16
ações.
Nos
anos
subseqüentes,
outras
bolsas
como
a
American
Stock
Exchange,
a
Philadelphia
Stock
Exchange
(PHLX)
e
a
Pacific
Stock
Exchange
também
lançaram
contratos
semelhantes.
Apenas
em
1977
começaram
a
ser
negociadas
opções
de
venda,
coincidindo
com
a
realização
de
alguns
estudos
que
procuravam
precificar
essas
opções.
Luiz
Maurício
da
Silva,
em
seu
livro
Mercado
de
Opções
–
Conceitos
e
Estratégias
(1996),
lembra
que:
“Nos
anos
80,
além
das
opções
sobre
ações,
os
contratos
de
opções
se
estenderam
também
aos
instrumentos
financeiros,
como:
opções
sobre
índices
de
ações,
divisas,
bônus
(obrigações),
futuros
de
índices
de
ações,
futuros
de
commodities,
futuros
de
bônus
do
tesouro
e
futuros
de
moedas.
Além
dos
mercados
americanos,
os
contratos
de
opções
também
se
desenvolveram
nos
principais
centros
financeiros
como
Amsterdã,
Londres
e
Paris,
e
em
outros
mercados
de
países
mais
desenvolvidos
como
Canadá
(Toronto),
Suécia,
Nova
Zelândia
e
Austrália.
No
que
concerne
a
América
Latina,
as
primeiras
bolsas
a
iniciarem
negociação
com
opções
foram
às
brasileiras.
Os
primeiros
contratos
foram
de
opções
de
ações,
lançados
na
Bolsa
de
Valores
do
Rio
de
Janeiro
(BVRJ)
e
na
Bolsa
de
Valores
de
São
Paulo
(Bovespa),
no
início
da
década
de
setenta.
Já
as
negociações
com
futuros
e
opções,
se
iniciaram
ao
final
de
1984
na
Bolsa
Brasileira
de
Futuros
(BBF)
e
no
ano
seguinte
na
Bolsa
Mercantil
e
de
Futuros
(BM&F).”
23
3.
Mercado
futuro
e
de
opções
No
mercado
futuro,
todas
as
negociações
são
realizadas
com
contratos
padronizados,
que
especificam
claramente
qualidade,
quantidade,
local
e
condições
de
entrega
do
produto
que
está
sendo
negociado,
bem
como
a
forma
de
cotação
e
as
condições
de
liquidação
financeira
e
garantias
exigidas
aos
participantes.
A
padronização
dos
contratos
torna
possível
que
as
obrigações
originalmente
constituídas
na
negociação
de
um
contrato
futuro
sejam
canceladas
unilateralmente
por
meio
de
uma
operação
inversa.
O
vendedor
original
de
um
contrato
não
precisa
procurar
a
contraparte
para
cancelar
sua
obrigação,
basta
comprar
no
mercado
uma
quantidade
equivalente
de
contratos
para
o
mesmo
vencimento
para
se
desobrigar.
A
contraparte
vendedora
dessa
segunda
operação
fica
obrigada
com
a
contraparte
compradora
da
primeira
operação.
A
saída
unilateral
de
uma
das
contrapartes,
como
descrito
acima,
torna-‐se
possível
também
porque
diariamente
acontece
a
liquidação
de
diferenças
conhecidas
como
“ajuste
diário”,
que
é
determinado
pelas
oscilações
de
preço.
A
liquidação
(pagamento
e
recebimento)
diária
minimiza
o
risco
de
crédito
entre
as
partes,
pois,
se
uma
delas
não
honrar
sua
obrigação
rapidamente,
serão
acionados
mecanismos
para
completar
a
liquidação
(possibilitar
o
recebimento
pelos
credores)
e
evitar
novos
inadimplementos.
Para
efetivar
esse
processo
de
liquidação
diária
e
cuidar
das
exigências
de
garantia
de
compradores
e
vendedores,
é
imprescindível
a
existência
de
uma
câmara
de
compensação
(clearing
house).
Não
é
possível
conceber
a
negociação
de
futuros
sem
a
figura
da
câmara
de
compensação
e,
portanto,
sem
uma
Bolsa
que
organize
o
mercado.
Assim,
a
negociação
de
futuros
é
sempre
realizada
em
ambientes
organizados.
O
diagrama
a
seguir
mostra
as
principais
características
de
uma
operação
do
mercado
futuro,
onde:
• comprador
é
quem
assume
a
obrigação
de
comprar
contratos
futuros
para
determinado
vencimento,
conforme
as
condições
estabelecidas
no
próprio
contrato.
• vendedor
é
quem
assume
a
obrigação
de
vender
contratos
futuros
para
determinado
vencimento,
conforme
as
condições
estabelecidas
no
próprio
contrato.
24
• operação
é
a
transação
realizada
em
t0
resultante
do
encontro
de
ofertas
de
compra
e
de
venda
de
contratos
futuros
que
serão
liquidados
em
ty.
• margem
é
o
valor
exigido
de
compradores
e
vendedores,
geralmente
em
ativos
de
alta
liquidez,
e
que
serão
utilizados
em
caso
de
inadimplência
(falta
de
pagamento
dos
ajustes
diários).
• ajustes
diários
são
as
diferenças
entre
o
preço
de
ajuste
do
dia
e
o
preço
de
ajuste
do
dia
anterior
(para
as
posições
em
aberto),
ou
entre
o
preço
de
ajuste
do
dia
e
o
preço
da
operação
(para
as
operações
realizadas
no
dia),
que
devem
ser
liquidadas
diariamente
pelas
partes
até
a
data
do
vencimento
dos
contratos
ou
até
a
data
da
reversão
por
operação
contrária.
• commodity
é
o
produto
descrito
no
objeto
de
negociação
do
contrato
futuro,
que
deve
ser
entregue
na
data
de
vencimento
(exceto
quando
há
reversão
antecipada
da
posição).
• R$
é
o
valor
devido
pelo
comprador
que
receber
a
mercadoria
no
vencimento.
• A
linha
vermelha
tracejada
representa
a
data
de
vencimento
do
contrato
futuro.
• t0
é
o
momento
no
qual
se
desenvolve
a
negociação
a
futuro;
• ty
é
a
data
do
vencimento,
data
em
que
as
partes
estão
obrigadas
a
cumprir
suas
obrigações.
Na
negociação
de
opções,
a
padronização
de
contratos
deixa
de
ser
tão
importante
como
é
no
mercado
futuro.
Geralmente
não
há
ajustes
diários
(ajustes
diários
ocorrem
apenas
no
mercado
de
opções
com
ajuste
sobre
Taxa
de
Câmbio
de
reais
por
dólar
dos
EUA),
as
garantias
exigidas
são
diferentes,
e
a
reversão
das
posições
se
realiza
de
outra
maneira.
A
partir
de
novembro
de
2006,
iniciaram-‐se
negociações
de
contratos
de
opções
com
ajuste
diário
sobre
taxas
de
câmbio
de
reais
por
dólar
dos
EUA.
As
opções
com
ajuste
diferenciam-‐se
das
opções
convencionais,
pois
são
marcadas
a
mercado,
ou
seja,
possuem
seus
valores
atualizados
diariamente
e
liquidadas
no
dia
útil
seguinte
de
acordo
com
as
variações
de
preços.
Além
disso,
diferentemente
das
obrigações
pressupostas
na
negociação
de
contratos
a
termo
e
de
futuros,
no
mercado
de
opções,
compradores
e
vendedores
realizam
suas
ofertas
para
adquirirem
(ou
venderem)
direitos.
• Como
classificar
ou
categorizar
esses
direitos?
É
possível
distinguir
entre
direito
de
comprar
e
direito
de
vender.
Quando
se
negocia
o
direito
de
comprar
determinado
produto,
as
partes
estão
negociando
uma
opção
de
compra,
denominada
também
call.
As
opções
de
venda,
ou
puts,
permitem
negociação
de
direitos
de
venda
de
certo
produto.
Em
ambos
os
casos,
o
direito
adquirido
na
negociação
tem
prazo
de
validade
(um
dia
ou
um
período)
refere-‐se
a
um
produto
denominado
ativo-‐
objeto
(definido
no
contrato)
e
é
exercido
a
um
preço
(de
exercício)
previamente
estabelecido.
Por
exemplo:
OPÇÃO
DE
COMPRA
sobre
OURO
para
(ou
até)
MARÇO/2006
OPÇÃO
DE
VENDA
sobre
CAFÉ
para
(ou
até)
SETEMBRO/2006
Convém
analisar
cada
um
dos
elementos
da
definição,
iniciando
pelos
participantes.
25
4.
Conceitos
básicos
do
mercado
de
opções
4.1
Participantes
O
titular
da
opção
é
quem
detém
o
direito
de
comprar
ou
vender.
Já
o
vendedor
(chamado
“lançador”
da
opção),
seja
de
compra
ou
de
venda,
é
quem,
no
ato
da
negociação,
outorga
(por
assim
dizer)
o
direito.
É
preciso
notar
que
não
há
simetrias
entre
compradores
e
vendedores
de
calls
e
puts:
• titular
de
uma
call
adquire
o
direito
de
comprar;
• lançador
de
uma
put
está
obrigado
a
comprar
(sempre
que
exigido
pelo
titular
da
put);
• titular
de
uma
put
adquire
o
direito
de
vender;
• lançador
de
uma
call
está
obrigado
a
vender
(sempre
que
exigido
pelo
titular
da
call).
Tipo
de
Opção
/
Titular
Lançador
Participante
Paga
prêmio
Recebe
prêmio
CALL
Direito
de
comprar
Obrigação
de
vender
PUT
Direito
de
vender
Obrigação
de
comprar
4.2
Ativo-objeto
da
ação
O
direito
de
compra
ou
de
venda
negociado
por
meio
de
uma
opção
pode
estar
referido
a
diversos
tipos
de
ativos.
Pelo
menos
quatro
tipos
podem
ser
diferenciados:
•
ativos
tangíveis
ou
físicos,
como
ouro
em
lingotes
ou
um
produto
agrícola
como
o
milho;
•
valores
mobiliários,
como
a
ação
de
uma
companhia
cotada
em
bolsa;
•
um
conceito
abstrato
como
o
preço
de
outra
commodity
–
uma
opção
sobre
“taxa
de
câmbio”,
por
exemplo;
•
um
outro
contrato
derivativo
(futuro
ou
de
swap)–
os
contratos
de
opções
sobre
o
contrato
futuro
de
café
da
BM&F,
sobre
o
contrato
futuro
de
DI,
dentre
outros.
4.3
Vencimento
De
acordo
com
o
“período
de
validade”
de
uma
opção,
ela
se
classifica
em:
• americana:
quando
o
direito
pode
ser
exercido
pelo
titular
a
qualquer
momento,
após
a
compra
da
opção
e
até
a
data
de
seu
vencimento.
Por
exemplo:
uma
opção
de
compra
sobre
o
contrato
futuro
de
café
pode
ser
exercida
a
partir
do
dia
subseqüente
ao
de
sua
aquisição
e
até
o
vencimento
da
opção,
previsto
no
contrato.
• européia:
quando
o
direito
só
pode
ser
exercido
na
data
de
vencimento
da
opção.
Por
exemplo:
o
titular
de
uma
opção
de
venda
sobre
ouro
disponível
só
poderá
exercer
o
direito
na
data
do
vencimento
da
opção
prevista
no
contrato.
• asiática:
quando
o
direito
se
refere
a
uma
média
de
preços
durante
certo
período.
Por
exemplo:
um
banco
pode
vender
a
uma
empresa
importadora
o
direito
de
comprar
dólares
durante
certo
período
(ou
em
um
número
preestabelecido
de
operações)
a
um
preço
médio
predeterminado.
Nota-‐se
que,
na
atualidade,
os
nomes
apenas
são
utilizados
para
marcar
diferenças,
sem
qualquer
referência
geográfica
(por
exemplo,
quanto
ao
local
de
negociação
etc.).
Todavia,
na
26
sua
origem,
os
nomes
decorrem
de
práticas
das
bolsas
americanas
(Chicago)
diferentes
das
usadas
em
Londres.
4.4
Preço
de
exercício
Dois
preços
devem
ser
distinguidos
no
mercado
de
opções:
o
preço
de
exercício
e
o
preço
(prêmio)
de
uma
opção.
O
primeiro
é
preestabelecido
e
define
um
valor
de
referência
para
o
exercício.
Já
o
prêmio
é
a
quantia
paga
pelo
comprador
ao
vendedor
de
uma
opção;
sendo
o
resultado
da
negociação
(oferta
e
demanda)
entre
as
partes.
Quando
a
cotação
de
uma
ação,
por
exemplo
da
EMBR3,
é
de
R$19,00,
a
bolsa
poderá
fixar
preços
de
exercício
de
R$18,50;
R$19,00
e
R$19,50
para
o
vencimento
subseqüente
das
opções
de
compra.
Uma
call
de
R$19,50
para
esse
vencimento
pode,
por
exemplo,
ser
negociada
a
R$1,00.
Isso
significa
que
o
titular
pagou
prêmio
R$1,00
para
ter
o
direito
de
comprar
a
ação
EMBR3,
no
vencimento
determinado,
a
R$19,50.
O
preço
de
exercício
é
um
valor
de
referência
que
permitirá
ao
titular
decidir
se
exerce
ou
não
seu
direito
na
época
do
vencimento.
As
opções
de
compra
geralmente
serão
exercidas
quando
o
preço
do
ativo-‐objeto,
na
época
do
vencimento,
for
superior
ao
preço
de
exercício
preestabelecido.
Nas
opções
de
venda,
o
preço
de
exercício
marca
o
nível
mínimo:
quando
o
preço
do
ativo-‐
objeto
estiver
abaixo
desse
nível,
o
direito
geralmente
é
exercido
pelo
titular.
Nos
dois
casos
descritos,
usou-‐se
a
expressão
“geralmente”,
pois
existem
outros
fatores
que
também
incidem
sobre
a
decisão
de
exercício,
além
da
relação
preços
de
exercício
e
preço
do
ativo-‐objeto
na
data
de
vencimento.
O
valor
do
prêmio
de
uma
opção
estará
determinado
pela
oferta
e
demanda,
isto
é,
deverá
refletir
o
ponto
de
encontro
das
intenções
de
venda
e
compra,
e
poderá
diferir
do
chamado
“preço
justo”
(que
é
um
preço
teórico
calculado
por
complexos
modelos
matemáticos
geralmente
para
decidir
a
conveniência
de
realizar
uma
operação).
4.5
Série
Reunindo-‐se
todos
os
conceitos
apresentados,
define-‐se
a
série
de
uma
opção
como
o
conjunto
formado
pelo
tipo
de
opção,
ativo-‐objeto,
preço
de
exercício
e
vencimento.
As
diferentes
séries
costumam
receber
uma
sigla
ou
denominação
que
facilita
sua
identificação.
Por
exemplo:
-‐
a
série
DOLJL02
identifica
as
opções
de
compra
do
tipo
européia
sobre
a
taxa
de
câmbio
de
reais
por
dólar
comercial
com
preço
de
exercício
de
R$3.000,00/US$1.000,00,
para
o
vencimento
julho/2004.
-‐
a
série
DOLAG29
identifica
as
opções
de
venda
do
tipo
européia
sobre
a
taxa
de
câmbio
de
reais
por
dólar
comercial
com
preço
de
exercício
de
R$3.200,00/US$1.000,00,
para
o
vencimento
agosto/2004.
-‐
a
série
ICFMA57
identifica
as
opções
de
compra
do
tipo
americanas
sobre
o
contrato
futuro
de
café
arábica
de
US$70,00/saca,
para
o
vencimento
maio/2004.
-‐
a
série
ICFST83
identifica
as
opções
de
venda
do
tipo
americanas
sobre
o
contrato
futuro
de
café
arábica
de
US$75,00/saca,
para
o
vencimento
setembro/2004.
27
Denominações
mais
ou
menos
complexas
são
adotadas
nos
diversos
mercados
em
que
as
opções
são
negociadas,
sendo
sempre
o
objetivo
condensar
em
um
código
a
informação
relativa
ao
tipo
específico
de
contrato
aberto
à
negociação.
• Veja
as
séries
autorizadas
para
lançamento
nos
mercados
de
opções
da
BM&F
em:
http://www.bmf.com.br
–
Link:
Boletim
-‐
Vencimentos
–
Vencimentos
e
Séries
autorizados
Foram
apresentados
aqui,
os
conceitos
básicos
e
muito
do
jargão
usado
na
negociação
de
opções,
ou
seja,
as
ferramentas
necessárias
para
entender
o
funcionamento
do
mercado,
bem
como
as
estratégias
mais
usuais.
28