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Gestão de Estoques e Sistemas de Embalagem

Aula 02
Custos em Estoques

Objetivos Específicos
• Compreender os principais custos que estão associados à gestão de estoques;
descrever o impacto dos custos na gestão de estoques.

Temas

Introdução
1 Custos de estoques
2 Indicadores de desempenho da gestão de estoques
Considerações finais
Referências

Professora
Carolina Schmitt Nunes
Gestão de Estoques e Sistemas de Embalagem

Introdução
A gestão de estoques é um tema importante e fundamental no orçamento de uma
organização. Tanto seu excesso como sua falta podem prejudicar as operações da empresa e
comprometer o fluxo de caixa. Por exemplo, uma organização pode perder clientes e prejudicar
a sua credibilidade no mercado por atrasar a entrega de pedidos ou ainda não entregá-los.
A organização também estará em um situação delicada caso invista demasiadamente em
estoques e tenha que arcar com os custos crescentes de sua manutenção. Há situações em
que a empresa perde dinheiro por investir em estoques sem considerar os seus custos.

Portanto, todas as decisões pertinentes a esse assunto devem ser tomadas com atenção.
Para se ter mais subsídios para a tomada de decisão, é necessário conhecer quais são os
custos associados aos estoques e como calculá-los. Também é muito pertinente para o dia a
dia gerencial saber como medir a eficiência da gestão através da análise de alguns indicadores.

O dilema na área de gestão de estoques, também conhecido pela expressão tradeoff


(o significado desse termo, segundo o IMAM ([s.d.], [s.p.]), é uma troca compensatória, a
incorrência de um custo maior em determinada área para obter uma vantagem em outra) é
o de quanto e onde manter os estoques e qual nível de serviço oferecer.

Da perspectiva logística, as decisões referentes aos estoques são de alto impacto.


Isso ocorre, porque a falta de um estoque adequado pode acarretar perdas de vendas,
insatisfação dos clientes, interferência nas operações de marketing, ou ainda, sob o ponto de
vista da produção, a falta de matérias – primas pode parar e atrasar as linhas de produção,
aumentando custos e, potencialmente, a falta de produtos acabados.

Em contrapartida, estoques excessivos também geram problemas, pois aumentam


os custos e reduzem a lucratividade. Isso se dá em virtude da necessidade de tempo de
armazenagem ser maior e de haver imobilização de capital de giro e custos adicionais de
deterioração, seguros e obsolescência. Dessa forma, o bom planejamento e controle se faz
necessário para todas as empresas que utilizam estoques. A boa gestão de estoques agrega
valor de tempo à organização, pois permite que ela responda rapidamente às necessidades
dos clientes, melhorando o seu nível de serviço, e, na produção, o adequado suprimento de
matérias-primas garante que não haja tempo ocioso.

Portanto, o tradeoff logístico caracteriza-se como a busca pelo nível de estoque ideal,
considerando os custos de estoque e o nível de serviço que a organização visa oferecer aos
clientes (POZO, 2007).

Para auxiliar na tomada de decisão sobre os níveis de estoque, é imperativo que se


conheça os custos associados a esse item. Na próxima sessão, serão apresentados os custos
de estoque e, na sequência, indicadores que auxiliam a avaliar a gestão dos estoques de uma
organização.

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1 Custos de estoques
Um dos fatores que auxilia a ponderar quanto se deve armazenar em estoques são
os custos que irão incorrer em mantê-los ou não. Dias (2007) afirma que duas variáveis
aumentam os custos: a quantidade em estoque e o tempo de permanência em estoque,
pois maiores volumes de estoque só podem ser movimentados com mais pessoal ou mais
equipamentos, aumentando assim os custos. Baseado nisso, apresenta-se os principais custos
e a maneira de calculá-los. Segundo Dias (2007, p. 45,) os custos gerados pelos estoques são:
juros, depreciação, aluguel, equipamentos de movimentação, deterioração, obsolescência,
seguros, salários e conservação. Ele propõe uma agrupação da seguinte forma:

Quadro 1 – Componentes dos custos de estoque

Custo Componente
Custos de Capital juros, depreciação
Custos com pessoal salários, encargos sociais
Custos com edificação aluguel, impostos, luz, conservação
Custos de manutenção deterioração, obsolescência, equipamento

Fonte: Adaptado de Dias (2007, p. 45).

Os autores Garcia et al. (2006) e Pozo (2007) consideram os mesmos custos como os de
estoque, mas os organizam em três grandes grupos: custo de pedido, custo de manutenção e
custo de falta. Vejamos a que se refere cada um deles:

• Custos de pedido – são todos os custos referentes a ordem de ressuprimento; a cada


nova ordem de pedido ou requisição, custos fixos e variáveis incorrem. Os custos
fixos, em geral, estão relacionados aos salários das pessoas envolvidas no processo
de emissão de pedidos e não são influenciados diretamente pela política de estoques.
Os custos variáveis, por sua vez, referem-se aos recursos utilizados no processo de
pedido aos fornecedores (como por exemplo, o sistema operacional utilizado) e
são diretamente estabelecidos de acordo com o volume de pedidos realizado em
determinado período de tempo (GARCIA et al., 2006; POZO, 2007).

• Custos de manutenção de estoques – são referentes ao armazenamento do material,


como, por exemplo: sistemas de controle, espaço físico, sistema de armazenagem e
movimentação, pessoas alocadas nessa área, equipamentos e sistemas de informação
especializados. Além desses, tem-se ainda os custos de impostos e seguros (contra
roubos e incêndios). Deve-se ainda considerar que os estoques estão sujeitos a perdas,
danos, roubos e obsolescências, onerando ainda mais os custos de manutenção, que
são proporcionais à quantidade estocada e ao tempo de estocagem (GARCIA, et al.,
2006; POZO, 2007).

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• Custos de falta – são aqueles custos decorrentes do não atendimento de um pedido


por falta de estoques, são exemplos: perdas de vendas, pagamento de multas
contratuais, reprogramação da atividade produtiva, perda de market share, entre
outros (GARCIA et al., 2006).

É possível determinar os custos citados anteriormente através de fórmulas matemáticas.


As fórmulas utilizam operações matemáticas básicas e é possível automatizar o cálculo
desses custos com softwares ou programando uma planilha de Excel. O mais importante,
nesse momento, é compreender quais componentes formam cada custo. Então, vamos
detalhar cada componente e como calcular os custos tendo como base os ensinamentos do
autor Dias (2007).

1.1 Custo de armazenagem


Observa-se, nas últimas décadas, um crescimento da atenção que as empresas
dispendem com a área de estoques. Isso se dá, entre outros fatores, pelos custos que podem
ser minimizados nessa área e pelo potencial aumento de competitividade da organização
com essa redução. À medida que o preço do metro quadrado fica cada vez mais caro, a mão
de obra mais dispendiosa e os seguros mais onerosos, a atenção dos gestores para a área de
estoques, e, por consequência, seus custos devem ser maiores (DIAS, 2007).

Para calcular o custo de armazenagem de um determinado material ou produto, é


necessário saber a quantidade de material em estoque no tempo analisado, o preço unitário
do material, a taxa de armazenamento e o tempo de armazenagem. Esses fatores que
compõem o referido custo são obtidos com base nos estoques médios (a média contabilizada
dos itens que compõem todo o estoque) das matérias – primas e produtos, bem como nas
despesas mensais (POZO, 2007).

Segundo Pozo (2007), pode-se calcular o custo de armazenagem para cada item de estoque
e para todo o estoque. Comumente, as empresas calculam o custo total da armazenagem e,
quando há necessidade, calculam de um item em específico.

Observe abaixo as expressões para calcular:

Custo de armazenagem por peça CAi = (Q÷2) x P x T x i

Custo de armazenagem geral CAT = {[(Q÷2)] x P] + Df} x T x i

Onde:

CAi= Custo de armazenagem de um item

CAT= Custo de armazenagem total


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Q = Quantidade de peças em estoque

P = Preço unitário por peça

Df = Despesas de material auxiliar, de manutenção, de edificações, de equipamentos, de mão


de obra etc.

i = Taxa de juros, custo do dinheiro no período

T = Período de estocagem

A seguir um exemplo de como calcular o custo de armazenagem:

Exemplo A: Para calcular o custo de estoque da engrenagem beta, a indústria Alfa


informou os seguintes dados:

• há 200 engrenagens beta em estoque, cada unidade custa 25 reais;

• há 1.250.000,00 reais em estoque (matéria-prima e produto pronto);

• 85 mil reais são gastos mensalmente com gastos gerais da área de materiais;

• 15 mil reais são gastos mensalmente com pessoal (mão de obra);

• 25 mil reais são gastos em despesas gerais de compras;

• há 80% de encargos da folha salarial;

• 22% de custo do dinheiro ao ano.

Para calcular o custo de estoque da engrenagem beta:

CAi = (Q÷2) x P x T x i
CAi =(200÷2) x R$25,00 x 1x 0,22
CAi = 100 x R$25,00 x 0,22
CAi = R$ 550,00 –> o custo anual de armazenagem da engrenagem beta é de 550 reais.

Para calcular o custo de armazenagem de todo o estoque:

Note que nessa equação o Q passa a ser R$


CAT = {[(Q÷2)] x P] + Df} x T x i 1.250.000,00 e não mais 200, pois se está
procurando o custo total dos estoques, logo se
[(Q÷2)] x P] = R$ 1.250.000,00÷2 usa o valor dos estoques totais e não apenas
o de uma peça. E o valor de P já não é mais
[(Q÷2)] P] = R$ 625.000,00 necessário, pois temos o valor monetário total
das peças em estoque.

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Observe também que, para conseguir o valor


Df = R$ 85.000,00 + R$ 15.000,00 + (R$ total das despesas de material auxiliar e outros
15.000,00 x 0,80) (Df), foi somado o valor de gastos gerais da
área de materiais (R$ 85.000,00), os gastos
Df =R$ 112.000,00 com pessoal (R$ 15.000,00) e também os
encargos da folha salarial (R$ 15.000,00 x 0,80).

CAT = (R$ 625.000,00 + R$ 112.000,00) x 1 x 0,22


CAT = 737.000,00 x 0,22
CAT = R$ 162.140,00 -> o custo anual de armazenagem da indústria Alfa é de 162.140 reais.

Calcular o custo de armazenagem é uma importante forma de avaliar a gestão da


organização e o quanto há de dinheiro imobilizado em estoque (POZO, 2007).

1.2 Custo de pedido


Também conhecido como custo de obtenção de material, estão relacionados os custos
de comprar as matérias-primas e demais materiais. Estão intimamente ligados à área de
compras da empresa, responsável pela seleção de fornecedores, negociação e por efetuar
as compras. Atualmente, a tendência é aumentar o número de pedidos ao longo do ano
e diminuir a quantidade comprada, fazendo com que seja necessário menos espaço para
armazenar os materiais, mas, em contrapartida, aumenta os custos relativos a pedidos.
Ainda nesse sentido, outra tendência é o aumento do uso de tecnologias da informação
que conectam fornecedores com compradores e automatizam parte ou todo o processo de
aquisição. Esse custo pode ser expresso da seguinte forma:

CTA = B × N

Onde:

CTA: Custo total anual de pedidos


B: Custo unitário do pedido
N: Número de vezes que foi realizado o pedido em um ano

Para encontrar o valor do custo unitário do pedido (B), é necessário somar as despesas
de: a) mão de obra envolvida no processo de aquisição (salários dos funcionários), b) material
necessário para que esse processo ocorra (material de escritório, por exemplo), c) custos
indiretos (como internet, telefone e luz); além de dividir pelo número de pedidos realizados
durante o ano (N).

Observe o exercício resolvido sobre custo de pedidos.

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A empresa Beta realiza 36 pedidos ao ano. Cada pedido custa R$ 245,32. Nesse valor,
estão incluídas as despesas com o salário do analista de compras, os encargos trabalhistas e
a internet. Para calcular o custo total anual de pedidos, basta multiplicar o custo unitário pelo
número de pedidos ao ano. Da seguinte forma:

CTA = R$ 245,32 × 36
CTA = R$ 8.831,52
O custo de pedidos para a organização ao final de uma ano é de R$ 8.831,52.

1.3 Custo de falta


Os custos de falta de estoque são mais difíceis de precisar, mas há meios de determiná-
los. Dias (2007) sugere que ele pode ser obtido das seguintes maneiras:

• Por meio dos lucros cessantes: em virtude da incapacidade de fornecer determinado


produto ao cliente.

• Por meio dos custos adicionais: quando é necessário recorrer a terceiros para honrar
os contratos.

• Multas contratuais: valor que deve ser pago de acordo com o contrato estabelecido
entre fornecedor e cliente. Além de multas contratuais, pode haver bloqueios de
reajustes.

• Abalo à imagem da empresa: desgaste à imagem da empresa, quando esta não


cumpri o acordado, como o atraso ou cancelamento da entrega.

Imagine a seguinte situação: você está no mês de outubro e a previsão para


o próximo verão é de temperaturas acima dos 30 graus. Então resolve utilizar um
pouco de suas economias para comprar um ar condicionado e assim garantir seu
conforto térmico. Faz uma pesquisa e encontra o modelo que você queria por
um preço justo. Realiza a compra e aguarda a entrega que estava prevista para
ser realizada em cinco dias. Mas, a loja não faz a entrega. Logo, você entra em
contato e dois meses depois recebe a resposta que a loja não tem o produto em
estoque e irá devolver o seu dinheiro. Você voltaria a comprar nessa loja? A
indicaria para outras pessoas? Provavelmente não. Assim, a loja perdeu uma
venda, um cliente e terá publicidade negativa. Essa venda perdida (que a
empresa teve que devolver o dinheiro para o cliente, pois não entregou o
produto) pode ser contabilizada como um custo decorrente da falta de estoques.

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1.4 Custo total de estoques


Para obter o custo total de estoques, é necessário somar o custo total de armazenagem
e o custo total de pedido.

Custo total = custo total de armazenagem + custo total de pedido

A Figura 1 apresenta a curva da equação do custo total.

Figura 1 – Curva de custo total

Custos
$
Custo total

Custo de manutenção
de estoques

Custo
ideal

Custos Custo de pedidos


de
falta

Quantidades

Fonte: Pozo (2007, p. 32).

O objetivo dos gestores de logística deve ser buscar um equilíbrio entre os custos de
armazenagem, de pedido e de falta de estoques, chegando em um denominador ideal. O
desafio é grande, pois segundo Pozo (p. 32, 2007):

[…] quanto maior a quantidade estocada maior será o seu custo de manutenção.
Maior estoque requer menor quantidade de pedidos, com lotes de compras maiores,
o que implica menor custo de aquisição e menores problemas de falta ou atraso, e
consequentemente, menores custos também.

Ou seja, se aumentar o custo de armazenamento, acaba diminuindo o custo de pedidos,


mas, se diminuir o custo de armazenamento, aumenta o de pedidos. Portanto, é imprescindível
que se busque balancear os custos para se chegar ao ideal e também se considere o custo de
falta de estoques nessa equação.

Para o tradeoff de estoques, é imperativo que se conheça os custos de cada estoque


e que se encontre o custo ideal de estoques, pois a partir desse denominador os gestores
podem avaliar e decidir com mais segurança quanto custo oferecer o nível de serviço que
desejam. Com essa análise, os gestores terão mais informações úteis que auxiliarão a tomar
decisões estratégicas para a empresa, como o mercado-alvo e o mix de produtos que deve
ser ofertado.
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2 Indicadores de desempenho da gestão de estoques


Indicadores são medidas que auxiliam a retratar uma determinada situação. Para saber
como está a situação dos estoques de uma determinada organização, há indicadores que
são simples de utilizar e podem trazer informações importantes para a análise dos estoques.
Nesta aula, serão apresentados dois, são eles: retorno de capital e giro de estoque ou
rotatividade.

2.1 Retorno de capital


O indicador Retorno de Capital se refere aos valores monetários investidos em estoque.
O cálculo é feito baseado no lucro de vendas anuais sobre o capital investido em estoque
(POZO, 2007). A seguir a fórmula:

RC = L/C

Onde:

RC = Retorno de capital

L = Lucro

C = Capital em estoque

Com essa expressão, chega-se a um valor e é necessário compreender o que ele significa.
Pozo (2007) afirma que, como parâmetro para uma boa administração de estoques, deve-se
considerar o coeficiente acima de 1, pois quanto maior o coeficiente, melhor estará o resultado
da gestão de estoques. O coeficiente abaixo de 1 significa que há muito capital investido em
estoque e que a organização pode estar comprometendo seu capital de giro em estoques. O
coeficiente acima de 1 significa que a empresa tem um investimento adequando em estoques,
não comprometendo a sua saúde financeira com estoques. O retorno considerado ideal no
caso de estoques é entre 15 e 25.

Observe um exemplo da aplicação desse coeficiente.

Exemplo A: A empresa Alpha registrou, em seu último ano contábil, o lucro de R$ 50.000,00
(ao ano) e tem em estoque (matéria-prima, material auxiliar e de manutenção e produtos
prontos) o valor de R$ 13.500,00. Qual é o retorno de capital da Alpha?

RC = L / C

RC = R$ 50.000,00 / R$ 13.500,00

RC = R$ 50.000,00 / R$ 13.500,00
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RC = 3, 7 --> é um bom retorno de capital, de acordo com os parâmetros apresentados


por Pozo (2007), pois está com o coeficiente acima de 1, o que indica que não há capital
demasiado imobilizado em estoque.

Exemplo B: A empresa concorrente Omega apresentou um lucro de R$ 6.000,00 (ao mês) e


tem o valor de R$ 240.000,00 em estoques (matéria-prima, material auxiliar e de manutenção
e produtos prontos). Qual é o retorno de capital da empresa Maricota?

Note que o valor do lucro está em mês, visto que, para aplicar a fórmula, precisamos
transformar o valor de mês para ano. Para isso, basta multiplicar o valor do lucro por mês por
12 (número de meses que compõe um ano).

R$ 6.000,00 * 12 = R$ 72.00,00

RC = L / C

RC = R$ 72.00,00 / R$ 240.000,00

RC = R$ 72.00,00 / R$ 240.000,00

RC = 0,3 é um péssimo retorno, segundo o parâmetro apresentado por Pozo (2007). O valor
inferior a 1 indica que a administração do estoque da empresa Omega não está sendo eficiente
e eficaz e há muito dinheiro imobilizado em forma de estoque.

2.2 Giro de estoques ou rotatividade


A rotatividade (esse é o termo mais popular) é também uma forma de avaliar a gestão
de estoques. Ela expressa a quantidade de valor que o estoque gira em um ano; em outras
palavras, é a quantidade de estoque (pode ser em número de peças ou valor monetário)
que atende a um determinado período de tempo. Para calcular, é necessário ter o valor dos
estoques (pode-se utilizar a quantidade monetária ou a quantidade de peças do estoque) e
o custo anual de vendas, que é o custo anual de vendas menos a mão de obra e as despesas
gerais (POZO, 2007). A fórmula:

R = CV/E

Onde:

R = Rotatividade

CV = Custo de vendas anuais

E = Estoques

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Taylor (2005) afirma que a medida mais utilizada para monitorar os níveis de estoque,
como contagens atuais e médias, é a rotatividade. Pozo (2007) complementa ao dizer que
o indicador de rotatividade é um padrão mundial para avaliação da gestão de estoques; o
valor resultante da fórmula apresentada anteriormente significa o número de vezes que
o estoque girou em um ano. Quanto maior esse valor, melhor será a administração dos
estoques da empresa. O mesmo autor fez uma comparação entre a rotatividade de estoque
do Brasil, do Japão e dos EUA, Europa e Ásia (estes últimos foram agrupados em um grupo
chamado mundial). A rotatividade média de estoque das empresas no Brasil é de 14, no
grupo denominado mundial é 80 e, no Japão, é 160.

A seguir, três exemplos de como calcular a rotatividade:

Exemplo A: Utilizando a mesma empresa que vimos no exemplo anterior, a empresa Alpha
tem um lucro anual de R$ 50.000,00, um estoque na ordem de R$ 13.000,00 e tem vendas
anuais de 250.000,00. Seu custo anual de vendas é de R$ 162.000,00. Qual é a rotatividade
dos estoques da empresa Alpha?

R = CV/E

R = R$ 162.000,00/ R$ 13.000,00

R = R$ 162.000,00/ R$ 13.000,00

R = 12,46 o estoque gira 12,46 vezes ao ano. Esse valor indica uma gestão regular dos estoques,
pois o parâmetro no Brasil é próximo de 14 vezes.

Exemplo B: Volte ao segundo exemplo, com a empresa Omega. A empresa tem um lucro
anual de R$ 72.000,00, um estoque no valor de R$ 240.000,00. Vendas na ordem de R$
500.000,00 e custo anual de vendas de R$ 300.000,00. Qual a rotatividade dos estoques da
empresa Maricota?

R = CV/E

R = R$ 300.000,00/ R$ 240.000,00

R = R$ 300.000,00/ R$ 240.000,00

R = 1,25 o estoque gira 1, 25 vezes ao ano. Esse valor indica que, possivelmente, há problemas
na gestão de estoques dessa organização, pois o estoque gira apenas 1,25 vez ao ano, muito
aquém da média nacional (14). No entanto, é necessário considerar que setores que possuem
um ciclo produtivo mais demorado tendem a ter um giro menor. Portanto, é importante
comparar com os giros de empresas do mesmo setor e assim poder fazer uma análise melhor.

Exemplo C: Pode-se ainda calcular a rotatividade de acordo com o número de peças vendidos
e o número de peças em estoque. Suponhamos que a empresa Beta vendeu 5.300 peças de
artesanato no último ano e possua em estoque 1.400 peças. Qual a sua rotatividade?

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R = Quantidade de vendas/Estoque

R = 5.300/1.400

R = 3,78 o estoque gira 3,78 vezes ao ano. Esse valor indica que a empresa tem uma baixa
rotividade no estoque, o que é um sinal de problemas na gestão de estoque.

Os valores encontrados expressam quantas vezes o estoque girou ao ano. Pode-se


transformar esses valores em meses, semanas e dias. Para transformar para mês, é necessário
dividir 12 (número de meses em um ano) pelo giro; para semanas, divide-se 52 (número de
semanas em um ano) pelo giro; e, para dias, divide-se 240 (número de dias úteis em um ano)
pelo giro. Observe como transformar o valor da rotatividade do exemplo C (3,78):

• Tempo em meses: 12/ 3,78 = 3,17 (Na empresa utilizada no exemplo, o estoque troca
a cada três meses e, aproximadamente, 5 dias).

• Tempo em semanas: 52/3,78 = 13,75 semanas (Em semanas, significa dizer que o
estoque gira a cada treze semanas e cinco dias).

• Tempo em dias: 240/3,78 = Em dias, o estoque na empresa Beta troca a cada 71 dias,
aproximadamente.

Adotando esses dois indicadores – rotatividade e retorno de capital – na prática


profissional, o gestor conseguirá fazer uma análise baseada em dados de como está a gestão
de estoques da sua organização. No entanto, é imprescindível ressaltar que os indicadores
devem ser analisados dentro de um contexto. Há parâmetros internacionais que auxiliam a
interpretar os coeficientes, porém há itens de estoque que podem ter características distintas
do padrão ou empresas que atuam em contextos muito particulares que não seguem os
parâmetros.

Considerações finais
Nesta aula, foi apresentado que as decisões referentes a estoques têm alto impacto em
toda a organização, pois o efeito das decisões irá impactar na produção, no financeiro, na
área de compras e no nível de serviço prestado aos clientes. Portanto, é necessário saber
avaliar a gestão de estoques, bem como conhecer os custos envolvidos em ter e quais os
custos que a empresa pode ter por não possuir estoques.

Foi apresentado também, os custos de estoques, que são formados por despesas com
juros, depreciação, aluguel, equipamentos de movimentação, deterioração, obsolescência,
seguros, salários e conservação. Esses custos estão agrupados em três principais categorias:
os custos de armazenagem, os custos de processamento de pedidos e os custos de falta
de estoque.

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Para os dois primeiros, há fórmulas matemáticas com as quais é possível mensurar


esses custos. Para o custo de falta de estoque, não há uma formula precisa, mas há
maneiras de mensurá-lo através, por exemplo, dos lucros cessantes, do pagamento de
multas ou pelos custos adicionais gerados pela compra de materiais de terceiros para
honrar os prazos de entrega.

Para avaliar a gestão de estoques, foi apresentado dois indicadores: retorno de capital e
giro de estoque ou rotatividade. Evidentemente esses dois indicadores não explicam a total
complexidade da situação dos estoques, mas podem ser adotados por qualquer organização
e darão uma primeira visão da situação.

Referências
DIAS, M. A. Administração de materiais: uma abordagem logística. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2007.

GARCIA, E. S. et al. Gestão de estoques: otimizando a logística e a cadeia de suprimentos. São


Paulo: E-PAPERS, 2006.

IMAM. Dicionário de Logística On-line. Revista Logística. Disponível em: <http://www.imam.


com.br/logistica/dicionario-da-logistica/?pag=21&a=T>. Acesso em: 17 mar. 2015.

POZO, H. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem logística. São


Paulo: Atlas, 2007.

TAYLOR, D. A. Logística na cadeia de suprimentos: uma perspectiva gerencial. São Paulo: Editora
Pearson, 2005.

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